crônicas

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Professora: LIDIANE S. OLIVEIRA Aula de Produção de texto: Crônicas de autores brasileiros Crec-crec Toda morte é prematura, mas algumas doem mais do que outras nos que ficam. Até hoje, os amigos lamentam a falta que faz a inteligência aguda do José Onofre, que partiu cedo demais. Foi o Onofre que, certa vez, reagindo à velha máxima de que não se pode fazer omelete sem quebrar ovos, usada para justificar toda sorte de violência, disse: “É, mas tem gente que não quer fazer omelete, gosta é de ouvir o barulhinho de cascas de ovos se quebrando”. Segundo o Zé, era preciso distinguir o sincero desejo de revolução ou mudança da busca do crec-crec pelo crec-crec. Na véspera das manifestações anunciadas para o dia 7, e ainda no rescaldo das manifestações passadas, a distinção é vital. E não parece difícil: a turma do crec-crec é a turma do quebra-quebra, identificada pelos rostos tapados ou pelo cuidado em não ser identificada. Mas não é tão simples assim, há mascarados com boas causas e caras limpas que só estão ali pela baderna, os aficionados do crec-crec como espetáculo de rua. E, como um complicador a mais, há a natureza indefinida das omeletes pretendidas. “Abaixo tudo!”, como li num dos cartazes sendo carregados em junho, tem a virtude da síntese, mas não parece ser uma reivindicação viável. Li que a extrema direita pretende encampar a megamanifestação de sábado e que seu objetivo – uma omeletaça – é derrubar a Dilma. De qualquer maneira, pode-se prever mais algumas cabeças sendo quebradas, como cascas de ovos, nas manifestações contra tudo e a favor de, do, da… enfim, depois a gente vê – que vem por aí. O PADEIRO Levanto cedo, faço minhas abluções (ritual de limpeza), ponho a chaleira no fogo para fazer café e abro a porta do apartamento – mas não encontro o pão costumeiro. No mesmo instante me lembro de ter lido alguma coisa nos jornais da véspera sobre a “greve do pão dormido”. De resto não é bem uma greve, é um lockout, greve dos patrões, que suspenderam o trabalho noturno; acham que

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literatura brasileira: cronicas

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Professora: LIDIANES. OLIVEIRAAula de Produo de texto: Crnias de autores !rasileiros Crec-crec"oda #orte $ %re#atura& #as al'u#as doe# #ais do (ue outras nos (ue fia#. At$ )o*e& os a#i'os la#enta#a falta (ue fa+ a inteli',nia a'uda do -os$ Onofre& (ue %artiu edo de#ais. .oi o Onofre (ue& erta /e+& rea'indo 0/el)a #1xi#a de (ue no se %ode fa+er o#elete se# (ue!rar o/os& usada %ara *ustifiar toda sorte de /iol,nia& disse:23& #aste#'ente(ueno(uerfa+ero#elete& 'osta$deou/iro!arul)in)odeasasdeo/osse(ue!rando4.Se'undo o 5$& era %reiso distin'uir o sinero dese*o de re/oluo ou #udana da !usa do re6re %elo re6re.Na /$s%era das #anifesta7es anuniadas %ara o dia 8&e ainda no resaldo das #anifesta7es %assadas&adistino $ /ital. Eno%aree dif9il: atur#ado re6re$ atur#ado (ue!ra6(ue!ra&identifiada %elos rostosta%ados ou %elo uidado e# no ser identifiada. :as no $ to si#%les assi#& )1 #asarados o# !oas ausas e arasli#%as (ue s; esto ali %ela !aderna& os afiionados do re6re o#o es%et1ulo de rua. E& o#o u# o#%liador a#ais& )1 a nature+a indefinida das o#eletes %retendidas. 2A!aixo tudo4 De%ois a #e reol)e as /elas& torna a 'uard16las na !olsa. A ne'rin)a a'arra final#ente o !oloo# as duas #os sfre'as e %7e6se a o#,6lo. A #ul)er est1 ol)ando %ara ela o# ternura = a*eita6l)e a fitin)a noa!elo res%o& li#%a o farelo de !olo (ue l)e ai ao olo. O %ai orre os ol)os %elo !ote(ui#& satisfeito& o#o a seon/ener inti#a#ente do suesso da ele!rao. D1 o#i'o de sC!ito& a o!ser/16lo& nossos ol)os se enontra#& elese%ertur!a&onstran'ido = /aila&a#eaa a!aixaraa!eaasaa!asustentando o ol)are enfi# sea!re nu#sorriso.Assi# eu (uereria #in)a Clti#a rnia: (ue fosse %ura o#o esse sorriso.4,ernando -a.ino