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  • 7/26/2019 Criterios Dx Diabetes

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    Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto

    Desenvolvimento de um dispositivo mdico

    para Diabticos Insulinodependentes tipo 1

    Dissertao realizada no mbito do Curso de

    Mestrado em Design Industrial e do Produto

    Orientador: Prof. Dr. Joo Manuel R. S. Tavares

    Co-orientador: Prof. Dr. Antnio Augusto Fernandes

    Setembro de 2014

    JOO ANTNIO DE ABREU

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    II

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    III

    Agradecimentos

    Aos meus camaradas,

    Carlos Ribeiro

    Patrcia Costa

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    IV

    Resumo

    Tendo em considerao o aumento da prevalncia de diabetesem Portugal, nomeadamente do

    tipo 1, torna-se pertinente o desenvolvimento de um novo dispositivo mdico que promovauma melhoria de qualidade de vida destes doentes insulinodependentes.

    A diabetes, tambm conhecida por diabetes mellitus, uma doena crnica do metabolismo, que

    pode ter vrias causas e que caracterizado pelo aumento da glicose (acar) no sangue,

    acompanhado de alterao do metabolismo dos hidratos de carbono, das gorduras e das

    protenas. Na base destas alteraes esto anomalias na secreo pancretica de insulina, na sua

    ao ou em ambas.

    Esta doena classificada em quatro classes clnicas, designadamente diabetes tipo 1, diabetes

    tipo 2, diabetes devido a outras causas e diabetes gestacional.

    No que respeita diabetes tipo 1, os dispositivos que atualmente existem no mercado para

    administrao de insulina, so demasiado invasivos e complexos, resultando num processo

    moroso para os utilizadores.

    Deste modo, no mbito desta tese de mestrado apresentada uma possvel soluo que visa

    melhorar ou facilitar o uso deste tipo de equipamentos no dia-a-dia dos doentes

    insulinodependentes.

    Palavras chave: diabetes mellitus; glicose; insulina; aparelhos de administrao de insulina;

    alimentao nos diabticos; acompanhamento mdico dos doentes.

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    V

    Abstract

    Considering the increasing prevalence of diabetes in Portugal, namely type I, it is pertinent to

    the development of a new medical device that promotes improved quality of life of theseinsulin-dependent patients.

    Diabetes, also known as diabetes mellitus, is a chronic metabolic disease, which may have

    various causes and is characterized by increased glucose (sugar) in the blood, accompanied by

    altered metabolism of carbohydrates, fats and proteins. On the basis of these changes are

    abnormalities in pancreatic insulin secretion, its action or both.

    This disease is classified into four clinical classes, namely type 1 diabetes, type 2 diabetes,

    diabetes due to other causes and gestational diabetes.

    With respect to type 1 diabetes, the devices currently existing on the market for insulin

    administration are too invasive and complex, resulting in a lengthy process to users.

    Thus, under this master's thesis is presented a possible solution that aims to improve or

    facilitate the use of such equipment on a day- to-day insulin-dependent patients.

    Keywords: diabetes mellitus; glucose; insulin; insulin delivery devices; supply in diabetics;medical monitoring of patients.

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    - 1 -

    ndice

    Resumo ...................................... ................................................................ ............................................... IV

    Abstract ............................................................ ................................................................ .......................... V

    1. Introduo ........................................................................................................................................ 14

    1.1 Enquadramento .................................................................................................................. .... 15

    1.2 Definio do problema ........................................................... ............................................... 16

    1.3 Objetivos ............................................................. ................................................................. .... 16

    1.4 Metodologia do projeto .......................................................... ............................................... 16

    1.5 Contribuies para o projeto ............................................................................................ .... 17

    1.6 Estruturao da dissertao .............................................................. .................................... 18

    2. Definio da doena (Diabetes Mellitus) .................................................................................... .... 21

    2.1 Histria .......................................................................................................... .......................... 22

    2.2 Tipos de diabetes .......................................................... .......................................................... 24

    2.2.1 DiabetesMellitustipo 1 Insulinodependentes (DMID) ............................................. 27

    2.2.2 DiabetesMellitustipo 2 No-insulinodependentes (DMNID) ................................. 28

    2.3 Epidemiologia ............................................................... .......................................................... 29

    2.4 Insulinoterapia........................................................................................................................ 34

    2.5

    Educao do diabtico ............................................................ ............................................... 40

    2.5.1 Alimentao .............................................................. .......................................................... 41

    2.5.2 Exerccio Fsico ......................................................... .......................................................... 48

    2.6 Complicaes ...................................................................................................................... .... 50

    2.6.1 Complicaes agudas ......................................................... ............................................... 50

    2.6.2 Complicaes crnicas ................................................................ ...................................... 51

    2.6.3 Impacto psicossocial da diabetes mellitusnas crianas ................................................. 54

    2.6.4 Qualidade de vida ........................................ ................................................................. .... 57

    2.7 Resumo .......................................................................................................... .......................... 58

    3. Tratamento da diabetes tipo 1 Dispositivos mdicos utilizados ............................................ 59

    3.1 Histria da insulina ............................................................................................................... 60

    3.2 Medio da glicemia ............................................................... ............................................... 62

    3.3 Dispositivos mdicos para a administrao de insulina ................................................... 64

    3.3.1 Seringa de insulina ....................................... ................................................................. .... 65

    3.3.2 Caneta de insulina .............................................................. ............................................... 67

    3.3.3 Caneta de insulina sem agulha ........................................................................................ 79

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    - 2 -

    3.3.4 Bombas de infuso de insulina .................................................................................... .... 81

    3.3.5 BLOB ............................................................... ................................................................. .... 84

    3.3.6 Novos tratamentos na diabetes ............................................................... ......................... 85

    3.4 Novos tipos de insulina .......................................................... ............................................... 87

    3.4.1 Insulina via oral ................................. ................................................................ ................ 87

    3.4.2 Insulina intra-nasal .............................................................................................. .............. 88

    3.4.3 Outras vias de administrao de insulina ...................................................................... 89

    3.5 Resumo .......................................................................................................... .......................... 89

    4. Identificao do problema/necessidades dos insulinodependentes ......................................... 91

    4.1 Metodologia ............................................................................................................. ............... 92

    4.2 Recolha de dados ................................................................................................................... 93

    4.2.1 Inquritos ....................................................... ................................................................. .... 94

    4.2.2 Entrevistas ................................................................ ........................................................ 105

    4.3 Identificao das necessidades ......................................................... .................................. 114

    4.4 Resumo .......................................................................................................... ........................ 115

    5. Interao do designer com o problema identificado/ desenvolvimento de um novo produto

    117

    5.1 Introduo .......................................................... ................................................................. .. 118

    5.2 Patentes ............................................................... ................................................................. .. 1205.2.1 Patente n US 8206340 B2 .............................................................. .................................. 121

    5.2.2 Patente n US 20020013522 A1 ....................................................................................... 122

    5.2.3 Patente n WO 2011139110 A2 ....................................................................................... 123

    5.2.4 Patente n US 5728074 A ............................................................... .................................. 124

    5.2.5 Patente n EP 0749332 B1 ................................................................................................ 125

    5.2.6 Patente n US 8556865 B2 .............................................................. .................................. 126

    5.2.7 Patente n EP 0777123 B1 ................................................................................................ 127

    5.3 Brainstorming...................................................... ................................................................. .. 128

    5.3.1 Conceitos ........................................................ ................................................................. .. 128

    5.4 Seleo de conceitos ................................................................ ............................................. 135

    5.5 Resumo .......................................................................................................... ........................ 136

    6. Definio do projeto tcnico-construtivo ................................................................................. .. 138

    6.1 Introduo .......................................................... ................................................................. .. 139

    6.2 Metodologia ............................................................................................................. ............. 139

    6.2.1 Renders ............................................................................................................................. 140

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    - 3 -

    6.3 Anlise do produto ...................................................... ........................................................ 147

    6.4 Anlise do pblico-alvo ...................................................................................................... 147

    6.5 Anlise do mercado ............................................................................................................. 149

    6.6 Prottipo final ............................................................... ........................................................ 150

    6.7 Resumo .......................................................................................................... ........................ 150

    7. Concluses e verditos na aplicabilidade futura ........................................................................ 152

    7.1 Concluses mbito geral da dissertao ........................................................................ 153

    7.2 Veredito do designer ........................................................................................................... 154

    7.3 Aplicabilidade futura ....................................... ................................................................. .. 155

    8. Referncias bibliogrficas ........................................................................... .................................. 156

    9. Anexos ................................................................ ................................................................ ............. 171

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    - 4 -

    Lista de figuras

    Figura 1 Esquema da estruturao da dissertao. ............................................................ .............. 17

    Figura 2 Comparao entre a decomposio dos alimentos numa pessoa sem e com diabetes,

    adaptado de [11]. ..................................................... ................................................................. ............... 25

    Figura 3 Valores de referncia da glicemia em jejum e aps refeio, adaptado de [12]. ........... 26

    Figura 4 Prevalncia estimada de diabetes no mundo no ano de 2035, adaptado de [19]. ........ 30

    Figura 5 - Prevalncia da Diabetes em Portugal em 2012, por Sexo e Escalo Etrio, [3]. ............. 31

    Figura 6 - Prevalncia da Diabetes em Portugal por Escalo do ndice de Massa Corporal (IMC)

    em 2012, adaptado de [3]. ............................................................. .......................................................... 31

    Figura 7 Tipos e caratersticas de insulina, adaptado de [23]. ........................................................ 37

    Figura 8 - Locais de administrao de insulina, adaptado de [33].................................................... 39Figura 9 Plano de educao ao diabtico, adaptado de [34]. .......................................................... 40

    Figura 10 Passos de uma medio de glicemia capilar , adaptado de [36]. .................................. 41

    Figura 11 Equivalncias de hidratos de carbono dos amidos, adaptado de [34]. ........................ 43

    Figura 12 Equivalncias de hidratos de carbono de laticnios, sopas e frutas, adaptado de [34].

    ................................................................ ................................................................ .................................... 44

    Figura 13 Equivalncias de hidratos de carbono de frutas (continuao), adaptado de [34]. .... 45

    Figura 14 Absoro de acar, adaptado de [39]. ............................................................................ 47

    Figura 15 Benefcios que so desencadeados mediante a prtica de exerccio fsico, adaptado

    de [42]. ........................................................................................................ ............................................... 49

    Figura 16 Cuidados a ter para evitar uma hipoglicemia, adaptado de [42]. ................................ 50

    Figura 17 Procedimento para monitorizar a glicemia no sangue: puno (a.), insero da tira

    teste com a amostra de sangue no glucmetro (b.) e leitura do valor de glicemia (c.), adaptado

    de [70]. ........................................................................................................ ............................................... 63

    Figura 18 Primeira seringa para administrao de insulina (1922), adaptado de [71]. ............... 65

    Figura 19 Seringas e respetivas agulhas usadas atualmente para administrao de insulina,

    adaptado de [71]. ............................................................... ................................................................. .... 65

    Figura 20 Escolha do tipo de agulha de acordo com o ndice de Massa Corporal (IMC) do

    paciente, adaptado de [73]............................. ................................................................ ......................... 66

    Figura 21 Componentes de uma seringa para administrao de insulina, adaptado de [75]. ... 67

    Figura 22 Componentes de uma caneta de insulina descartvel, adaptado de [78]. ................... 68

    Figura 23 Preparao e administrao de insulina em canetas recarregveis e recarregveis e

    pr-cheias, adaptado de [76]. ........................................................................................ ......................... 69Figura 24 Caneta HumaPen Luxura e respectivos componentes, adaptado de [84]. .................. 71

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    - 5 -

    Figura 25 Canetas para administrao de insulina Novopen 4, adaptado de [87]. ..................... 72

    Figura 26 Canetas para administrao de insulina para crianas, disponibilizadas pela Novo

    Nordisk, adaptado de [87]. ........................................................... .......................................................... 72

    Figura 27 Canetas descartveis FlexPen, adaptado de [89]. ........................................................... 73

    Figura 28 Canetas principais disponibilizadas pela Sanofi Aventis, adaptado de [92]. ............. 74

    Figura 29 Principais canetas para administrao de insulina, adaptado de [93]. ........................ 75

    Figura 30 Estrutura da caneta Safe-Inject, adaptado de [95]. ......................................................... 79

    Figura 31 Comparao da distribuio do medicamento entre um seringa comum e a Safe-

    Inject, adaptado de [41]. ................................................................ .......................................................... 80

    Figura 32 Componentes da caneta Safe-Inject, adaptado de [41]................................................... 81

    Figura 33 Componentes descartveis da caneta Safe-Inject, adaptado de [41]. ........................... 81

    Figura 34 Bomba de insulina Accu-Check Spirit (EUA), adaptado de [97]. ................................. 82Figura 35 Sistema de infuso continua de insulina Accu-Chek Combo, adaptado de [102]. ..... 83

    Figura 36 Bomba de insulina Paradigm Veo , adaptado de [104]........................................... 83

    Figura 37 Bomba de libertao de insulina OmniPod, adaptado de [105]. ................................... 84

    Figura 38 Dispositivo BLOB, adaptado de [107]. .................................................... ......................... 85

    Figura 39 Etapas do processo de identificao de necessidades. ................................................... 92

    Figura 40 Tempo do diagnstico da diabetes ................................................................... ................ 94

    Figura 41 Tipos de insulina administrados .............................................................. ......................... 95Figura 42 Dispositivo utilizado para a administrao de insulina. ............................................... 96

    Figura 43 Altura do dia para a administrao de insulina. ............................................................ 96

    Figura 44 Fatores determinantes para a escolha do dispositivo de administrao de insulina. 97

    Figura 45 Marca das canetas de insulina utilizadas. .......................................................... .............. 98

    Figura 46 Grau de satisfao perante a escolha do dispositivo de administrao de insulina. . 99

    Figura 47 Classificao dos inconvenientes dos atuais mtodos de medio de

    glicemia/administrao de insulina. ........................................... ........................................................ 102

    Figura 48 Fatores que dificultam a adeso teraputica nos doentes diabticos tipo 1. .......... 104

    Figura 49 Grau de satisfao dos doentes insulinodependentes face aos dispositivos

    atualmente disponveis no mercado. ..................................................................................... ............. 105

    Figura 50 Enfermeira Sara Pinto, Hospital de Santo Antnio Porto. .......................................... 107

    Figura 51 Professor Dr. Castro Lopes, Diretor-Presidente da SPAVC. ....................................... 107

    Figura 52 Nesta foto procede-se puno para leitura do valor de glicemia no sangue. ........ 108

    Figura 53 Aguarda-se o resultado da anlise da glicemia. ........................................................... 108

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    - 6 -

    Figura 54 Nesta foto, feita a medio de glicemia num segundo medidor (com caneta de

    puno integrada), de forma a comprovar a falta de preciso na leitura dos valores em alguns

    equipamentos. ............................................................ ................................................................ ............ 109

    Figura 55 Aguarda-se o resultado do teste realizado no segundo medidor de glicose. ........... 109

    Figura 56 Nesta foto esto evidentes os dois resultados (muito) dspares dos dois medidores

    de glicose. ............................................................................................................................................... 109

    Figura 57 Dra. Isabel (ao centro) com a sua equipa do IPO - Porto ............................................. 111

    Figura 58 Nesta sequncia de fotos a D. Edylena procede aos passos necessrios para a

    medio da glicose no sangue. ............................................................................................................ 112

    Figura 59 Esta figura representa todos os equipamentos necessrios no quotidiano de um

    doente diabtico insulinodependente. .............................................................. .................................. 113

    Figura 60 Metodologia projetual sobre o design mediante a identificao das necessidades. 115Figura 61 Hierarquia de necessidades levantadas pelos inquritos realizados. ........................ 118

    Figura 62 Adaptao do design s necessidades estabelecidas.................................................... 119

    Figura 63 Critrios de seleo na pesquisa de patentes. ............................................................... 120

    Figura 64 Conjunto de desenhos referente patente n US 8206340 B2, adaptado de [122]. ... 121

    Figura 65 Conjunto de desenhos referente patente n US 20020013522 A1, adaptado de [123].

    ................................................................ ................................................................ .................................. 122

    Figura 66 Conjunto de desenhos referente patente n WO 2011139110 A2, adaptado de [124]................................................................. ................................................................ .................................. 123

    Figura 67 Conjunto de desenhos referente patente n US 5728074 A, adaptado de [125]. .... 124

    Figura 68 Conjunto de desenhos referente patente n EP 0749332 B1, adaptado de [126]. ... 125

    Figura 69 Conjunto de desenhos referente patente n US 8556865 B2, adaptado de [127]. ... 126

    Figura 70 Conjunto de desenhos referente patente n EP 0777123 B1, adaptado de [128]. ... 127

    Figura 71 Conceito 1. ...................................................... ................................................................. .. 131

    Figura 72 Conceito 2. ....................................................... ................................................................. .. 132

    Figura 73 Conceito 3 ........................................................ ................................................................. .. 133

    Figura 74 Conceito 4 ........................................................ ................................................................. .. 134

    Figura 75 Estruturao do projeto tcnico-construtivo. ................................................................ 139

    Figura 76 Render 1 ............................................................ ................................................................. .. 141

    Figura 77 Render 2 ............................................................ ................................................................. .. 142

    Figura 78 Esquema do corte transversal do produto: categoria tcnica (1), sensorial (2) e

    espao interior do produto (3). ..................................................................................... ....................... 146

    Figura 79 Ordem sequencial do manuseamento do produto. ...................................................... 148

    http://c/Users/Jo%C3%A3o/Desktop/Tese%20corrente%203.docx%23_Toc398848125http://c/Users/Jo%C3%A3o/Desktop/Tese%20corrente%203.docx%23_Toc398848125http://c/Users/Jo%C3%A3o/Desktop/Tese%20corrente%203.docx%23_Toc398848125http://c/Users/Jo%C3%A3o/Desktop/Tese%20corrente%203.docx%23_Toc398848125http://c/Users/Jo%C3%A3o/Desktop/Tese%20corrente%203.docx%23_Toc398848128http://c/Users/Jo%C3%A3o/Desktop/Tese%20corrente%203.docx%23_Toc398848128http://c/Users/Jo%C3%A3o/Desktop/Tese%20corrente%203.docx%23_Toc398848128http://c/Users/Jo%C3%A3o/Desktop/Tese%20corrente%203.docx%23_Toc398848128http://c/Users/Jo%C3%A3o/Desktop/Tese%20corrente%203.docx%23_Toc398848129http://c/Users/Jo%C3%A3o/Desktop/Tese%20corrente%203.docx%23_Toc398848129http://c/Users/Jo%C3%A3o/Desktop/Tese%20corrente%203.docx%23_Toc398848129http://c/Users/Jo%C3%A3o/Desktop/Tese%20corrente%203.docx%23_Toc398848129http://c/Users/Jo%C3%A3o/Desktop/Tese%20corrente%203.docx%23_Toc398848130http://c/Users/Jo%C3%A3o/Desktop/Tese%20corrente%203.docx%23_Toc398848130http://c/Users/Jo%C3%A3o/Desktop/Tese%20corrente%203.docx%23_Toc398848130http://c/Users/Jo%C3%A3o/Desktop/Tese%20corrente%203.docx%23_Toc398848130http://c/Users/Jo%C3%A3o/Desktop/Tese%20corrente%203.docx%23_Toc398848132http://c/Users/Jo%C3%A3o/Desktop/Tese%20corrente%203.docx%23_Toc398848132http://c/Users/Jo%C3%A3o/Desktop/Tese%20corrente%203.docx%23_Toc398848132http://c/Users/Jo%C3%A3o/Desktop/Tese%20corrente%203.docx%23_Toc398848132http://c/Users/Jo%C3%A3o/Desktop/Tese%20corrente%203.docx%23_Toc398848132http://c/Users/Jo%C3%A3o/Desktop/Tese%20corrente%203.docx%23_Toc398848132http://c/Users/Jo%C3%A3o/Desktop/Tese%20corrente%203.docx%23_Toc398848133http://c/Users/Jo%C3%A3o/Desktop/Tese%20corrente%203.docx%23_Toc398848133http://c/Users/Jo%C3%A3o/Desktop/Tese%20corrente%203.docx%23_Toc398848133http://c/Users/Jo%C3%A3o/Desktop/Tese%20corrente%203.docx%23_Toc398848133http://c/Users/Jo%C3%A3o/Desktop/Tese%20corrente%203.docx%23_Toc398848133http://c/Users/Jo%C3%A3o/Desktop/Tese%20corrente%203.docx%23_Toc398848133http://c/Users/Jo%C3%A3o/Desktop/Tese%20corrente%203.docx%23_Toc398848133http://c/Users/Jo%C3%A3o/Desktop/Tese%20corrente%203.docx%23_Toc398848132http://c/Users/Jo%C3%A3o/Desktop/Tese%20corrente%203.docx%23_Toc398848130http://c/Users/Jo%C3%A3o/Desktop/Tese%20corrente%203.docx%23_Toc398848129http://c/Users/Jo%C3%A3o/Desktop/Tese%20corrente%203.docx%23_Toc398848128http://c/Users/Jo%C3%A3o/Desktop/Tese%20corrente%203.docx%23_Toc398848125
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    - 7 -

    Figura 80 Notcia Jornal de Notcias (30/07/14), pgina 6. ............................................................ 150

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    - 8 -

    Lista de tabelas

    Tabela 1 Antidiabticos orais, adaptado de [18]. ............................................................................. 29

    Tabela 2 Incidncia da Diabetes em Portugal entre 2000 e 2012, adaptado de [3]. ...................... 32

    Tabela 3 Prevalncia da Diabetes tipo 1 nas Crianas e nos Jovens em Portugal entre 2008 e

    2012, adaptado de [3]. ............................................................................................................................. 32

    Tabela 4 Incidncia da Diabetes tipo 1 na Populao Portuguesa em diferentes faixas etrias,

    adaptado de [3]. ....................................................... ................................................................. ............... 33

    Tabela 5 bitos por DiabetesMellitusem Portugal entre 2000 e 2012, adaptado de [3]. ............ 33

    Tabela 6 Principais fabricantes de canetas de insulina e respetivos tipos de insulina que

    disponibilizam, adaptado de [80]. .......................................................... ............................................... 70

    Tabela 7 Tipos de insulina, fabricantes e modelos de canetas de insulina, e valorescorrespondentes, disponveis em Portugal, adaptado de [18]. ......................................................... 78

    Tabela 8 Grau de importncia das caratersticas a considerar num novo dispositivo para

    medio de glicemia/administrao de insulina. .............................................................................. 100

    Tabela 9 Classificao das caratersticas a melhorar no mtodo de medio de

    glicemia/administrao de insulina. ........................................... ........................................................ 103

    http://c/Users/Jo%C3%A3o/Desktop/Tese%20corrente%203.docx%23_Toc398848397http://c/Users/Jo%C3%A3o/Desktop/Tese%20corrente%203.docx%23_Toc398848397http://c/Users/Jo%C3%A3o/Desktop/Tese%20corrente%203.docx%23_Toc398848397http://c/Users/Jo%C3%A3o/Desktop/Tese%20corrente%203.docx%23_Toc398848397http://c/Users/Jo%C3%A3o/Desktop/Tese%20corrente%203.docx%23_Toc398848397http://c/Users/Jo%C3%A3o/Desktop/Tese%20corrente%203.docx%23_Toc398848397http://c/Users/Jo%C3%A3o/Desktop/Tese%20corrente%203.docx%23_Toc398848397
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    Lista de anexos

    Anexo I Questionrio para Diabticos Insulinodependentes ....................................................... 172

    Anexo II Questionrio para Mdicos de Endocrinologia e Clnica Geral ................................... 179

    Anexo III Resultados do inqurito a insulinodependentes (online) ............................................ 182

    Anexo IV Resultados do inqurito para Mdicos de Endocrinologia e Clnica Geral .............. 188

    Anexo V Desenho de atravancamento ............................................................................................ 190

    http://c/Users/Jo%C3%A3o/Desktop/Tese%20corrente%203.docx%23_Toc398848413http://c/Users/Jo%C3%A3o/Desktop/Tese%20corrente%203.docx%23_Toc398848413http://c/Users/Jo%C3%A3o/Desktop/Tese%20corrente%203.docx%23_Toc398848413http://c/Users/Jo%C3%A3o/Desktop/Tese%20corrente%203.docx%23_Toc398848413http://c/Users/Jo%C3%A3o/Desktop/Tese%20corrente%203.docx%23_Toc398848414http://c/Users/Jo%C3%A3o/Desktop/Tese%20corrente%203.docx%23_Toc398848414http://c/Users/Jo%C3%A3o/Desktop/Tese%20corrente%203.docx%23_Toc398848414http://c/Users/Jo%C3%A3o/Desktop/Tese%20corrente%203.docx%23_Toc398848414http://c/Users/Jo%C3%A3o/Desktop/Tese%20corrente%203.docx%23_Toc398848414http://c/Users/Jo%C3%A3o/Desktop/Tese%20corrente%203.docx%23_Toc398848413
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    Glossrio

    Cetoacidose diabtica uma das complicaes da diabetes e carateriza-se pela acidose

    causada pela acumulao de corpos cetnicos no organismo.

    Doena crnicadoenas que tm uma ou mais das seguintes caractersticas: so permanentes,

    produzem incapacidade/deficincias residuais, so causadas por alteraes patolgicas

    irreversveis, exigem uma formao especial do doente para a reabilitao, ou podem exigir

    longos perodos de superviso, observao ou cuidados.

    Doena auto-imune doenas autoimunes ou de autoagresso quelas patologias em que

    ocorre um fenmeno de autoimunidade, ou seja, em que h um desenvolvimento de certas

    reaes imunes aos constituintes naturais do organismo, que levam a leses localizadas ou

    sistmicas.

    Doena coronria consiste na insuficincia das artrias coronrias, os vasos sanguneos

    encarregues de irrigar o corao, de proporcionarem ao msculo cardaco, o miocrdio, os

    nutrientes e o oxignio de que este necessita para manter a sua constante actividade.

    Glicemia quantidade de glicose (acar) no sangue. Os nveis normais de glicose no sangue

    de at 99mg/dL pr-prandial (antes de comer) e de at 140mg/dL ps-prandial (depois de

    comer).

    Hiperglicemiacaracteriza-se pelo elevado nvel de glicose no sangue.

    Hipoglicemia uma diminuio no nvel de glicose no sangue.

    Sistema de Infusosignifica, em medicina, injeco lenta, geralmente por via endovenosa, de

    uma substncia diluda num meio lquido.

    Nefropatia diabtica A nefropatia diabtica consiste numa alterao nos vasos sanguneos

    dos rins, que leva perda de protena atravs da urina. Os rins comeam a reduzir a sua funo

    lentamente, de forma progressiva, at paralisao total. Esta resulta, essencialmente, das

    leses que a diabetes provoca nos rins.

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    Neuropatia diabtica resulta de vrias alteraes nos nervos cuja causa especfica no est

    totalmente esclarecida. No entanto, sabe-se que uma concentrao persistentemente elevada de

    acar no sangue que envolve as clulas nervosas desempenha um papel importante.

    Polidipsiaexcessiva sensao de sede.

    PoliriaVolume excessivo de urina; significa que a pessoa elimina volumes significativos e

    anormais de urina diariamente.

    Retinopatia diabtica a leso retina causada pelas complicaes do diabetes mellitus;

    problema ocular que afeta os doentes com diabetes, e que pode levar a perdas de viso ou

    mesmo cegueira.

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    Lista de siglas

    ADN cido Desoxirribonucleico

    AVCAcidente Vascular Cerebral

    DIMOVAssociao de Diabticos em Movimento

    DMIDDiabetesMellitusInsulinodependentes

    DMNIDDiabetesMellitusNo Insulinodependentes

    HCHidratos de Carbono

    IDFInternational Diabetes Federation

    IMC ndice de Massa Corporal

    INE Instituto Nacional de Estatstica

    INFARMEDAutoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Sade

    IPOInstituto Portugus de Oncologia

    NPHNeutral Protamine Hagedorn

    SICISistema de Infuso Contnua de Insulina

    SNS Servio Nacional de Sade

    SPAVCSociedade Portuguesa do Acidente Vascular Cerebral

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    1. Introduo

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    1.1 Enquadramento

    A diabetes uma doena crnica em larga expanso em todo o Mundo, sendo que, segundo os

    nmeros da International Diabetes Federation(IDF), para 2030 prevem-se cerca de 438 milhes depessoas com diabetes. Todos os anos morrem aproximadamente 3,8 milhes de pessoas por

    diabetes ou causas com ela relacionadas [1] [2].

    Em Portugal o estudo observacional PREVADIAB apontava em 2009 uma taxa de prevalncia

    de diabetes de 11,7% em indivduos entre os 20 e os 79 anos de idade [3].

    A diabetes mellitus compreende um grupo de doenas que afetam a forma como o nosso

    organismo utiliza a glicose presente no sangue. A glicose vital, j que se trata da principal

    fonte de energia que as clulas do nosso corpo utilizam. O aumento deste componente no

    sangue reflete a presena de diabetes e pode conduzir a graves complicaes para a sade [4].

    Esta doena classificada essencialmente em tipo 1 e tipo 2. Na diabetes tipo 1, o pncreas

    produz pouca ou nenhuma insulina, hormona necessria para que a glicose entre nas clulas e

    produza energia. Aparece tipicamente na infncia e adolescncia, mas pode desenvolver-se em

    qualquer idade [4].

    A monotorizao e administrao de insulina realizada atravs de aparelhos de administrao

    especficos para esta doena, como so as canetas de injeo e bombas infusoras de insulina.

    imprescindvel melhorar a qualidade de vida dos utilizadores deste tipo de aparelhos e evitar

    preconceitos e estigmas associados doena. Sendo estes aparelhos indispensveis no controlo

    da mesma, fatores como ergonomia, design e a praticabilidade so fundamentais.

    A motivao para o desenvolvimento desta tese consistiu na inexistncia de um dispositivo

    especfico que englobe todos os instrumentos que fazem parte do quotidiano de um doente

    insulinodependente, bem como plataformas interativas, dentro do mesmo dispositivo, que

    sugiram boas prticas para a monotorizao da doena, visando melhorar a qualidade de vida

    destes doentes.

    Neste mbito, portanto, crucial que o designer esteja o mais prximo possvel da realidade

    desta doena, e responder da melhor forma s necessidades deste pblico-alvo.

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    1.2 Definio do problema

    Atualmente, o principal inconveniente para os doentes insulinodependentes precisarem de

    um kit/estojo complexo e de grandes dimenses, que contenha todos instrumentos necessrios,

    desde a realizao do teste de glicose no sangue administrao de insulina. Assim sendo, em

    vez de termos aparelhos separados para cada funcionalidade inerente monitorizao e

    administrao de insulina, pretende-se que a definio da soluo possvel seja integrar todos

    esses componentes num nico dispositivo.

    1.3 Objetivos

    De acordo com o que foi mencionado no item anterior pretendeu-se, contrariamente ao que j

    existe, integrar num mesmo aparelho todo o processo inerente doena diabetes tipo I. Sendo

    esta uma doena que aparece com maior frequncia em crianas e jovens, pretende-se criar um

    produto simples e discreto, que omita o aspeto medicinal com que o equipamento atual visto.

    Desenvolver um dispositivo que se adeque s necessidades de um pblico-alvo mais afetado

    pela doena, nomeadamente crianas e jovens, o principal desafio a enfrentar. Contudo, h

    uma responsabilidade na ateno no desenvolvimento deste produto, no que respeita a adultos

    e idosos.Se, por um lado, o setor jovem tem mais facilidade em manusear e lidar com novas tecnologias,

    preciso ter em conta um pblico-alvo de uma faixa etria mais avanada, cuja capacidade de

    abertura para essas inovaes no to evidente.

    1.4 Metodologia do projeto

    A metodologia aplicada para esta dissertao foi desenvolvida com base no conhecimento dos

    produtos j existentes no mbito deste tipo de mercado (equipamentos para

    insulinodependentes).

    Por estes dispositivos estarem diretamente ligados com a sade das pessoas, h uma peculiar

    importncia em garantir a segurana e eficcia do produto, bem como conhecer normas e

    requisitos impostos pelas autoridades competentes por esta rea.

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    Sucintamente, toda a metodologia patente nesta dissertao est esquematizada na figura

    abaixo (figura 1).

    Figura 1 Esquema da estruturao da dissertao.

    Por forma a cumprir esta metodologia, foi estabelecido um planeamento do projeto para definir,

    passo a passo, as etapas necessrias ao desenvolvimento deste novo dispositivo. Para cada

    etapa, foram estabelecidas tarefas para auxiliar a estruturao do projeto, respondendo quer em

    questes de timing, quer do ponto de vista de concretizao realista do produto final.

    1.5

    Contribuies para o projeto

    Para o desenvolvimento deste novo dispositivo mdico, que visa melhorar o conforto e

    qualidade de vida dos diabticos tipo I, foram tidas em conta as etapas seguintes:

    o Estudo da doena diabetes mellitus e o seu impacto na qualidade de vida dos

    doentes;

    o Anlise da informao relacionada com diabetes tipo 1 insulinodependentes;

    o

    Identificao dos equipamentos existentes atualmente para o tratamento;

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    o Desenvolvimento de um dispositivo que integre todas as funcionalidades dos aparelhos

    comuns, num mesmo produto;

    o Aplicao da metodologia mencionada no tpico anterior, por forma a validar a sua

    aplicabilidade num futuro prximo;

    o Contribuio da vertente designer para distanciar o produto final de um rtulo patente

    na sociedade. imperativo tentar contrariar o estigma de ser insulinodependente, ao

    utilizar aparelhos convencionais disponveis (lancetas, aparelho de medio da glucose,

    agulhas para administrao de insulina e canetas (descartveis e reutilizveis).

    1.6 Estruturao da dissertao

    Para a concretizao da fase de planeamento, a dissertao est organizada atendendo aos

    objetivos e etapas anteriormente definidas. Deste modo, foi subdividida em sete captulos

    posteriormente apresentados:

    Captulo 2 Definio da doena DiabetesMellitus

    Neste captulo so mencionadas todas as informaes relevantes para melhor compreender esta

    patologia, nomeadamente o que a doena em si; a sua histria e classificao; diagnstico; a

    prevalncia e como se pode manifestar a diabetes; cuidados a ter e tratamento da diabetes.

    Captulo 3 Identificao do pblico-alvo (Insulinodependentes)

    A diabetes tipo 1 requer obrigatoriamente o uso de um dispositivo mdico para a administrao

    de insulina. Como tal so descritos os dispositivos mdicos actualmente existentes no mercado

    para este fim, e feito um estudo comparativo dos mesmos.

    Captulo 4 Levantamento e anlise de necessidades

    Para a concretizao desta fase foram realizados inquritos a doentes insulinodependentes e

    feita uma recolha de dados. Da resultaram informaes relevantes que foram cruciais para o

    desenvolvimento de um novo produto, que compense as lacunas existentes nos dispositivos

    atuais, bem como a melhoria da qualidade de vida do pblico-alvo.

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    Captulo 5 Interao do designer com o problema identificado/ desenvolvimento de um

    novo produto

    Neste captulo foi feita a reflexo daquilo que foi apurado dos inquritos e do que realmente

    necessrio e possvel concretizar, projetualmente falando. Se por um lado j existem aparelhosque atendem s necessidades uma vez defendidas pelos fabricantes com base no estudo dos

    inquritos e das entrevistas realizadas, foram destacadas algumas desvantagens. Assim, o

    designer poder debruar-se sobre o que atualmente a tecnologia disponibiliza e desta forma

    aplic-la diretamente em vrios conceitos, surgidos atravs de brainstormings. Esta foi uma fase

    em que as ideias contariam apenas para um estado embrionrio do projeto em si. Daqui

    resultaram comparaes entre vrios conceitos que foram surgindo dentro de uma lgica

    projetual cujo designer habitualmente executa, nomeadamente atravs de modelos de estudo

    (maquetes escala real). Atravs dos vrios conceitos criados, o designer selecionou, por fim, o

    melhor modelo de experincia, que reflita de forma realista e concretizveis as necessidades

    manifestadas pelo pblico-alvo.

    Captulo 6 Definio do projeto tcnico-construtivo

    Esta fase representou a projeo do modelo final do produto, baseado em todos os conceitos

    desenvolvidos na etapa anterior. Assim, foram selecionadas todas as caratersticas importantespara o produto final, bem como componentes e tecnologias aplicadas, materiais e processos de

    fabrico aplicados. Contudo, ainda que nesta fase todas as diretrizes do projeto tenham

    assumido uma projeo muito prxima do que resulta, em base, o produto final, foi necessrio

    ter em considerao o aprofundamento de detalhes tcnicos, nomeadamente normas aplicadas

    para a sua comercializao e certificao. Aqui, o dispositivo demonstra que alm ter seguido as

    condutas e normas legislativas, teve que evidenciar o conjunto de funcionalidades e interface

    que permitiram torn-lo operacional e funcional na sua prtica.

    Captulo 7 Concluses e vereditos na aplicabilidade futura

    A ttulo de concluso, so apresentados neste captulo os resultados obtidos ao longo do

    desenvolvimento de cada uma das fases da dissertao.

    Porm, existem trs consideraes a ter sobre todo o processo. Em primeiro lugar, destaque

    para o que foi apurado e apreendido no contato com o tema da dissertao; a aprendizagem,

    caminhos e tomadas de deciso que o designer optou, bem como o veredicto pessoal sobre o

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    produto que desenvolveu e o que contribuiu para o seu conhecimento e crescimento pessoal e

    profissional. Por fim, salienta-se o contributo da proposta apresentada para futuras aplicaes,

    quer do ponto de vista de investigao (acadmica), quer do ponto de vista comercial, na rea

    em que este aplicado.

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    2. Definio da doena (Diabetes Mellitus)

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    2.1 Histria

    A diabetes uma das mais antigas doenas humanas de que h conhecimento, tendo sido

    identificada na Grcia Antiga. Todas as histrias da diabetes so iniciadas com a referncia ao

    papiro de Ebers, datado de 1500 antes de Cristo (A.C.), no qual se fala de uma doena

    caracterizada por poliria (urinar em grandes quantidades e muitas vezes, especialmente

    durante a noite). Segundo Pedro Eurico Lisboa, foi no sculo II A.C. que Demtrio de Apamea

    lhe deu o nome e Apolnio de Mnfis a definiu como uma doena do corpo como um

    aqueduto percorrido por gua em abundncia entrada pela boca e sada como urina [1].

    Clinicamente, a doena s foi definida no sculo II depois de Cristo (D.C.) por Areteo da

    Capadcia. Segundo o mesmo autor, a medicina indiana tambm identificou a doena,

    referindo a sede e poliria, o coma e a melitria. No mundo rabe foi Avicena quem descreveu

    as complicaes como a gangrena, a impotncia, a furunculose e a tuberculose [5] [6].

    A descoberta da melitria ficou a dever-se, segundo Pedro Lisboa, a Thomas Willis, no sculo

    XVII. Este mdico observou um carreiro de formigas que se dirigia para um recipiente que

    continha urina; mergulhou um dedo na urina e provou-a, verificando assim que esta era doce

    como o mel. Este fato foi comunicado Real Academia de Cincias Britnica [7].

    O seu nome completo diabetes mellitus foi dado mais tarde para a distinguir de outra

    doena na qual o doente tambm urina grandes quantidades, mas a urina no doce (diabetes

    inspida, cujas causas so totalmente diferentes da diabetes mellitus). O mesmo autor refere duas

    figuras importantes para a histria da diabetes no sculo XIX: Claude Bernard e Apolinaire

    Bouchardart. Claude Bernard fez estudos sobre um metabolismo intermedirio, descobriu o

    glicognio, a neoglicognese, a importncia do fgado na glicogenlise heptica, definiu o

    conceito de secreo interna e inventou um mtodo de doseamento de glicose no sangue.

    Bouchardart foi o primeiro diabetologista, em justia assim designado, pois foi o primeiro ausar uma teraputica que, seguida com rigor, prolongou a vida a muitos diabticos do seu

    tempo. Foi este clnico quem iniciou a prescrio de uma dieta restrita em hidratos de carbono,

    assente em base cientficas, descobrindo tambm a importncia do exerccio fsico [1] [7].

    Ainda no sculo XIX outras figuras destacaram-se, como Minkowski e von Mering, que

    produziram a diabetes experimental no co, retirando no pncreas. Paul Langerhans descobriu

    as estruturas que produzem a insulina no pncreas (ilhus de Langerhans) [1].

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    No sculo XX, Pedro Lisboa reala dois grandes diabetologistas: Elliot P. Joslin e Frederick M.

    Allen. Joslin foi o maior diabetologista de todos os tempos. Fundou uma clnica nos EUA,

    escreveu um tratado sobre diabetes e ensinou muitos seguidores. Allen tambm escreveu um

    tratado sobre diattica da diabetes experimental, tratou muitos diabticos e dedicou algum do

    seu tempo s nefropatias e hipertenso arterial [1].

    No entanto, a grande preocupao dos investigadores era a descoberta e posterior uso clnico da

    insulina. Depois de muitos ensaios, onde se distinguem Bang, Scott, Kleiner, Meltzer e Paulesco,

    a equipa constituda por McLeod, Banting, Best e Collip (1922) que vai fazer a passagem da

    investigao animal para a humana. Leonard Thompson foi o primeiro diabtico salvo pela

    insulina, quando j estava em coma e lhe foram aplicadas as primeiras injees desta hormona.

    Os quatro investigadores foram galardoados com o Prmio Nobel [1].

    Em 1926 criada a primeira Associao de Diabticos em todo o mundo. Essa Associao

    portuguesa e tem as suas instalaes em Lisboa. Nesta Associao trabalharam, fizeram e fazem

    clnica diabetolgica nomes bem conhecidos da Medicina e da Diabetologia como Ernesto Roma

    (fundador da primeira Associao de Diabticos, fundador da diabetologia social e pioneiro da

    educao do diabtico), S Marques, Pedro Lisboa, Castelo Branco, Nunes Correia, Gardet

    Correia (foi o investigador principal do estudo PREVADIAB) e Jos Boavida (presidente atual

    da Sociedade Portuguesa de Diabetes e coordenador do Programa Nacional de Preveno eControlo de Diabetes) [4].

    Portugal sempre acompanhou os progressos da cincia mdica, o que se verificou, tambm, no

    campo da diabetologia pela qualidade cientfica e clnica de endocrinologistas e internistas

    dedicados particularmente diabetes, dos quais destacamos Manuel Hargreaves (primeiro

    presidente da Sociedade Portuguesa de Diabetologia), Igncio Salcedo, Emlio Peres, Almeida

    Ruas, Charneco da Costa, Lusa Vila-Cova, Manuela Cravalheiro, Lus Marques, Francisco

    Carrilho, Silvestre Abreu, Rui Csar, Rui Duarte, Baldaque Faria, Lima Reis, Daniel Braga,Celestino Neves, Joo Raposo e outros colegas que, no sendo aqui nomeados, so tambm

    lembrados pelos doentes pelo seu saber e pelo seu elevado humanismo [1].

    Anos mais tarde, em 1935, o Roger Hinsworth identificou a existncia de duas formas distintas

    da doena: DiabetesMellitusInsulinodependente (DMID), tambm designada tipo 1 e Diabetes

    Mellitusno-insulinodependentes (DMNID) tipo 2.

    A diabetes uma doena crnica em larga expanso em todo o mundo. Segundo os nmeros da

    International Diabetes Federation (IDF), em 2010 existiriam cerca de 284 milhes de pessoas

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    com diabetes, prevendo-se para 2030 cerca de 438 milhes, um aumento de cerca de 54%.

    Aproximadamente 3.8 milhes de pessoas morrem todos os anos por diabetes ou por causas

    com ela relacionadas [3] [8].

    Em Portugal, o estudo observacional PREVADIAB apontava, em 2009, 11,7% como taxa deprevalncia de diabetes em indivduos entre os 20 e os 79 anos de idade. Destes 905.035

    portugueses com diabetes, 395.134 (43,6% do total) desconheciam que tinham esta doena

    crnica. Um total de 23,2% dos indivduos com idades compreendidas entre os 20 e os 79 anos,

    a que correspondem 1.782.663 pessoas, tm pr-diabetes, uma situao que est associado ao

    risco de desenvolver diabetes e doenas do foro cardiovascular [9].

    Deste modo, torna-se imperativa a evoluo dos conhecimentos nos tratamentos e o avano na

    descoberta de novos medicamentos que contribuam para a melhoria da qualidade de vida e

    eficcia teraputica dos doentes.

    2.2 Tipos de diabetes

    A diabetes mellitus compreende um grupo de doenas que afetam a forma como nosso

    organismo usa a glicose presente no sangue, comummente designada acar. A glicose

    vital, j que se trata da principal fonte de energia que as clulas do nosso corpo utilizam. A

    glicose existente no sangue provm da digesto dos alimentos e das alteraes qumicas

    produzidas pelo fgado. Parte da glicose armazenada e parte dela usada para obteno de

    energia [10]. A insulina possui um formato prprio que encaixa em receptores especiais na

    superfcie das clulas de todo o corpo. Ao encaixar-se nesses receptores, a insulina faz com que

    as clulas extraiam a glicose do sangue e tambm impede que elas destruam as protenas e a

    gordura. a nica hormona que consegue reduzir a glicose no sangue, f-lo de diversas

    maneiras:

    o Aumentando a quantidade de glicose armazenada no fgado na forma de glicognio;

    o Impedindo que o fgado liberte demasiada glicose;

    o Encorajando as clulas de outras partes do corpo a receberem glicose.

    Outros mecanismos do corpo trabalham em conjunto com a insulina para ajudarem a manter o

    nvel correto de glicose no sangue. No entanto, a insulina o nico meio que o corpo

    efetivamente possui para baixar os nveis de glicose no sangue, por isso quando o fornecimento

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    de insulina falha, todo o sistema perde o seu equilbrio (figura 2). Aps uma refeio, no h um

    travo para a quantidade de glicose absorvida por aquilo que comeu, por conseguinte o nvel de

    acar no seu sangue continua a aumentar [9] [11].

    Figura 2 Comparao entre a decomposio dos alimentos numa pessoa sem e com diabetes, adaptadode [11].

    Quando a concentrao sobe acima de um determinado nvel, a glicose comea a espalhar-se da

    corrente sangunea para a urina. As infees, tais como a cistite ou a candidase, podem

    desenvolver-se mais rapidamente quando a urina doce, uma vez que os germes responsveispodem aumentar com maior rapidez [11].

    No indivduo no-diabtico, a glicose no sangue varia entre 70 e 80 mg/dl e no ultrapassa os

    100 mg/dl, em jejum. Num perodo a seguir a uma refeio, o valor da glicose no sangue deve

    ser inferior a 140 mg/dl [12] [5].

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    Figura 3 Valores de referncia da glicemia em jejum e aps refeio, adaptado de [12].

    Os critrios para o diagnstico de diabetes (excluindo a diabetes gestacional) so os seguintes:

    o Quando uma pessoa tem sintomas de diabetes e o valor da glicose no sangue (colheita

    feita a qualquer hora do dia sem estar obrigatoriamente em jejum) superior ou igual a

    200 mg/dl. Os sintomas clssicos da diabetes incluem poliria (urinar com muita

    frequncia), polidipsia (ter muita sede, desidratao, perda de peso inexplicada,

    infees do trato urinrio (como por exemplo cistite) ou candidase, cansao e letargia,

    perturbaes na viso resultantes da desidratao do cristalino dos olhos [13].

    o Quando o valor da glicose em jejum superior ou igual a 126 mg/dl (o jejum deve ser

    de, pelo menos, 8 horas).

    o Numa prova de tolerncia glicose (que obriga ingesto de um copo de gua com 75g

    de glicose), quando o valor da glicose na colheita de sangue duas horas aps o incio da

    prova for superior ou igual a 200 mg/dl.

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    O aumento da glicose no sangue que no atinja os valores suficientes para o diagnstico de

    diabetes pode ser classificado de duas maneiras, a que corresponde designao, muitas vezes

    referida, de pr-diabetes:

    - alterao da glicose em jejum: quando a glicose em jejum est entre 100 e 125 mg/dl;

    - alterao da tolerncia glicose: quando o valor da glicose no sangue da colheita feita duas

    horas aps o incio da prova de tolerncia glicose for entre 140 e 199 mg/dl.

    Entre outras, este grupo de doenas inclui a diabetes tipo 1 (DMID) e a diabetes tipo 2

    (DMNID). Outras alteraes potencialmente reversveis so a pr-diabetes (quando os nveis de

    glicose esto mais elevados do que o normal, mas no suficientes altos para se considerar

    diabetes), e a diabetes gestacional (que ocorre durante a gravidez) [14] [5].

    2.2.1 DiabetesMellitustipo 1 Insulinodependentes (DMID)

    Este tipo de diabetes, mais rara, resulta da destruio das clulas pancreticas produtoras de

    insulina (as clulas beta), o que implica que o pncreas produza insulina em quantidade

    insuficiente ou em qualidade deficiente ou ambas as situaes. Como resultado, as clulas do

    organismo no conseguem absorver, do sangue, o acar necessrio ainda que o seu nvel se

    mantenha elevado e seja expelido para a urina [15].

    A insulina tem um papel muito importante na manuteno da estabilidade do corpo, limitando

    a eliminao de protenas (de que depende a estrutura da massa muscular) e gorduras. Quando

    h uma falha de insulina, formam-se produtos secundrios, resultantes da eliminao de

    gordura e massa muscular, verificando-se o aparecimento no sangue de substncias

    denominadas cetonas. Se nada for feito para impedir esta situao, o nvel vai aumentar at

    poder, eventualmente, fazer com que o doente entre em coma diabtico. Hoje em dia, isto

    menos comum, j que a diabetes normalmente diagnosticada muito antes deste tipo de

    manifestao. No entanto, quando sucede, os pacientes necessitam de tratamento hospitalar

    urgente com insulina e soro por via intravenosa [16].

    Este tipo de diabetes aparece com maior frequncia nas crianas e nos jovens, podendo tambm

    aparecer em adultos e at em idosos.

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    2.2.2 DiabetesMellitustipo 2 No-insulinodependentes (DMNID)

    Esta classe clnica de diabetes a mais frequente (cerca de 90% dos casos), e resulta de uma

    diminuio progressiva da secreo de insulina associada a um estado de resistncia insulina. uma doena relacionada, sobretudo, com os estilos de vida moderna, constitudos por

    ingesto exagerada de calorias e vida sedentria (a maior parte destes doentes tm excesso de

    peso) [16].

    Este tipo de diabetes aparece normalmente na idade adulta e o seu tratamento, devido menor

    perigosidade da doena, a maioria das vezes basta que a alimentao seja adequada e que o

    exerccio fsico passe a fazer parte da rotina diria para que, com a ajuda de outros

    medicamentos especficos (que no a insulina), a diabetes consiga ser perfeitamente controladapelo doente e pelo mdico. Os medicamentos usados no tratamento deste tipo de diabetes so

    geralmente frmacos (comprimidos) que atuam no pncreas, estimulando a produo de

    insulina [17]. Na tabela seguinte (tabela 1) esto indicados as principais substncias ativas

    utilizadas no tratamento deste tipo de diabetes.

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    SULFONILUREIAS BIGUANIDASOUTROS ANTIDIABTICOS

    ORAIS

    INIBIDORES DA

    GLUCOSIDADE

    INTESTINAL ALFA

    GLUCAGON

    Glibenclamida

    Metformina

    Glibenclamida + Metformina

    Acarbose Glucagon

    Gliclazida Glimepirida + Pioglitazona

    Glimepirida Metformina + Pioglitazona

    Glipizida

    Metformina + Sitagliptina

    Metformina + Vildagliptina

    Nateglinida

    Pioglitazona

    Saxagliptina

    Sitagliptina

    Vildagliptina

    Tabela 1 Antidiabticos orais, adaptado de [18].

    Seguindo uma alimentao correta e adequada, praticando exerccio fsico dirio e respeitando

    a toma dos comprimidos indicada pelo mdico, o doente com diabetes tipo 2 garante a

    diminuio do risco de tromboses e ataques cardacos; a preveno de doenas nos olhos e nosrins e da m circulao nas pernas e nos ps, fator que diminui significativamente o risco de

    amputaes futuras.

    2.3 Epidemiologia

    A diabetes uma doena crnica cuja prevalncia tem vindo a aumentar quer em Portugal quer

    no resto do Mundo, pelo que se torna importante fazer investigaes e pesquisas por forma a

    contrariar esta tendncia [3].

    A Diabetes no Mundo

    A diabetes atinge mais de 382 milhes de pessoas em todo o mundo, correspondendo a 8,3% da

    populao mundial e continua a aumentar em todos os pases. Em 46% destas pessoas, a

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    diabetes no foi ainda diagnosticada, prosseguindo a sua evoluo silenciosa. Em 2013 a

    Diabetes matou 5,1 milhes de pessoas.

    Estima-se que em 2035 o nmero de pessoas com diabetes no mundo atinja os 592 milhes, o

    que representa um aumento de 55% da populao atingida pela doena (figura 4).

    Portugal posiciona-se entre os pases europeus que registam uma mais elevada taxa de

    prevalncia da diabetes [19] [20].

    Figura 4 Prevalncia estimada de diabetes no mundo no ano de 2035, adaptado de [19].

    Epidemiologia da Diabetes

    Prevalncia da diabetes

    A prevalncia da diabetes em 2012 de 12,9% da populao portuguesa com idades

    compreendidas entre os 20 e os 79 anos (7,8 milhes de indivduos), a que corresponde um

    valor estimado de 1 milho de indivduos [2].

    O impacto do envelhecimento da estrutura etria da populao portuguesa (20-79 anos)

    refletiu-se num aumento de 1,2 p.p. da taxa de prevalncia da diabetes entre 2009 e 2012.

    Em termos de composio da taxa de prevalncia da diabetes, em 56% dos indivduos esta j

    havia sido diagnosticada e em 44% ainda no tinha sido diagnosticada.

    Por prevalncia ajustada entende-se a aplicao das taxas de prevalncia por escalo etrio e

    por sexo distribuio da populao no ano em anlise [3].

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    - 31 -

    Verifica-se a existncia de uma diferena estatisticamente significativa na prevalncia da

    Diabetes entre os homens e as mulheres (figura 5). Verifica-se a existncia de uma correlao

    direta forte entre o incremento da prevalncia da diabetes e o envelhecimento dos indivduos.

    Mais de um quarto da populao portuguesa integrada no escalo etrio dos 60-79 anos tem

    diabetes [3].

    Figura 5 - Prevalncia da Diabetes em Portugal em 2012, por Sexo e Escalo Etrio, adaptado de [3].

    Verifica-se a existncia de uma relao entre o escalo de ndice de Massa Corporal (IMC) e a

    Diabetes, com perto de 90% da populao com Diabetes a apresentar excesso de peso ou

    obesidade, de acordo com os dados recolhidos no mbito do PREVADIAB (figura 6). Verifica-

    se, ainda, que uma pessoa obesa apresenta um risco 3 vezes superior de desenvolver Diabetes

    do que uma pessoa com peso normal [3].

    Figura 6 - Prevalncia da Diabetes em Portugal por Escalo do ndice de Massa Corporal (IMC) em 2012,adaptado de [3].

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    Incidncia da Diabetes

    A taxa de incidncia da diabetes fornece-nos a informao respeitante identificao anual do

    nmero de novos casos de diabetes. Verifica-se um crescimento acentuado do nmero de novos

    casos diagnosticados anualmente em Portugal na ltima dcada (tabela 2), o qual, contudo, foi

    bastante atenuado pelos valores registados no ltimo ano [3].

    Tabela 2 - Incidncia da Diabetes em Portugal entre 2000 e 2012, adaptado de [3].

    Prevalncia da Diabetes tipo 1 nas Crianas e nos Jovens

    A diabetes tipo 1 nas crianas e nos jovens em Portugal (Registo DOCE), em 2012, atingia perto

    de 3 200 indivduos com idades entre 0-19 anos, o que corresponde a 0,15% da populao

    portuguesa neste escalo etrio, manifestando uma tendncia de crescimento significativa ao

    longo do perodo considerado (tabela 3) [3].

    Tabela 3 - Prevalncia da Diabetes tipo 1 nas Crianas e nos Jovens em Portugal entre 2008 e 2012,adaptado de [3].

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    Incidncia da Diabetes tipo 1 nas Crianas e nos Jovens

    A taxa de incidncia da diabetes tipo 1 fornece-nos a informao respeitante identificao

    anual do nmero de novos casos. A incidncia da diabetes tipo 1 nas crianas e nos jovens tem

    vindo a aumentar em Portugal (tabela 4). Em 2012 foram detetados 19,7 novos casos de diabetes

    tipo 1 por cada 100 000 jovens com idades compreendidas entre os 0-14 anos, valor bastante

    superior ao registado em 2003 (dinmica semelhante verificada no escalo etrio dos 0-19

    anos) [3].

    Tabela 4 - Incidncia da Diabetes tipo 1 na Populao Portuguesa em diferentes faixas etrias, adaptadode [3].

    A diabetes assume um papel significativo nas causas de morte, tendo a sua importncia relativa

    crescido ligeiramente no ltimo ano. De salientar que em 2012 o ano em que se regista o maior

    nmero de bitos por diabetes mellitus desde que existem registos informatizados da

    mortalidade no Instituto Nacional de Estatstica (INE) (tabela 5) [3].

    Tabela 5 - bitos por DiabetesMellitusem Portugal entre 2000 e 2012, adaptado de [3].

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    2.4 Insulinoterapia

    O principal objetivo do tratamento da pessoa com diabetes conseguir um timo controlo

    metablico, para que possa ter uma vida com qualidade, evitando ou atrasando as complicaes

    crnicas da diabetes [17].

    No caso dos diabticos tipo 1, no h nenhuma alternativa ao tratamento que no sejam as

    injees dirias para substituir a insulina em falta. Um determinado nmero de pessoas cuja

    diabetes no-insulinodependente no seja eficazmente controlada atravs da alimentao e de

    comprimidos pode ter que mudar para um regime de injees de insulina.

    A insulinoterapia consiste na administrao de insulina por via subcutnea (por baixo da pele).

    No existem comprimidos de insulina pois no possvel absorv-la uma vez que os cidos do

    estmago a destroem [21].

    Desde a primeira injeo de insulina, h mais de 90 anos, tanto a sua descoberta como o incio

    desta teraputica, foram um marco na histria da medicina e dos doentes diabticos. A partir

    da, a diabetes deixou de ser considerada uma doena fatal e passou a ser classificada como

    uma doena crnica de evoluo prolongada devido s suas complicaes a curto, mdio e

    longo prazo. Esta descoberta proporcionou progressos para os diabticos insulinodependentes

    quer pela melhoria na sua qualidade de vida quer no que respeita ao desenvolvimento normal

    das crianas diabticas e na reduo de complicaes agudas [7].

    A administrao de insulina deve ser feita a par de uma vigilncia correta da glicemia e de uma

    alimentao saudvel e prtica de exerccio fsico regular.

    As administraes de insulina nos diabticos tipo 1 so sempre adaptadas a cada caso. Dever

    ser realizada administrao de insulina de ao prolongada (1 ou 2 vezes por dia em funo da

    insulina e das caratersticas individuais de cada pessoa) e administrao de insulinas de aorpida/ultra-rpida, pelo menos 4 vezes por dia. Para a administrao de insulina e ao

    rpida/ultra-rpida antes das refeies, recomenda-se a contagem de hidratos de carbono [22].

    As insulinas so de vrios tipos, dependendo da sua estrutura molecular, do incio de ao

    (tempo que a insulina demora a comear a atuar, depois de injetada), pico mximo (perodo de

    tempo em que a insulina atua com maior atividade maior capacidade de diminuio do acar

    no sangue) e do seu tempo de ao (tempo de atuao no organismo) (figura 7) [23] [24] [25].

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    Insulina de ao rpida a soluo lmpida e aps a injeo subcutnea o seu efeito

    hipoglicemiante inicia-se de 30 a 45 minutos aps da sua administrao. O pico e a durao da

    ao so de duas a quatro horas e de seis a oito horas, respetivamente. Este tipo de insulina

    pode ser utilizado nas bombas de insulina e pode ser administrado por via endovenosa.

    Existem tambm associaes deste tipo de insulina com insulina de ao intermdia (NPH -

    Neutral Protamine Hagedorn ou Isofano). Os nomes comerciais so: Actrapid, Humulin

    Regular e Insuman Rapid [23] [25].

    Insulina de ao ultra-rpida (anlogos) so insulinas obtidas por uma modificao da

    estrutura da insulina no que diz respeito aos cidos aminados. Esta modificao da molcula de

    insulina vai condicionar uma absoro subcutnea mais acelerada, o que d um efeito mais

    imediato (10 a 15 minutos), um pico mais precoce (uma a duas horas) e uma durao de ao

    encurtada (quatro a seis horas). Este tipo de insulina pode ser utilizado nas bombas de infuso

    de insulina. So exemplos a Lispro, Asparto e Glulisine [23].

    Insulinas de ao prolongada (anlogos)incluem a insulina Glargina e insulina Detemir.

    - Insulina Glargina: esta insulina tem um efeito contnuo de 24 a 28 horas, sem pico de ao.

    No deve ser misturada com outras insulinas e o seu local de injeo deve ser diferente quando

    h necessidade de administrar outro tipo de insulina [25].

    - Insulina Detemir: Esta insulina tem um efeito contnuo de 24 horas no mximo, sem pico de

    ao. Tem um aspeto cristalino apresentada em canetas pr-cheias de 3 ml ou 300 unidades.

    No deve ser administrada por via endovenosa pois pode ocorrer uma hipoglicemia grave, a

    mistura de insulinas tambm deve ser evitado de modo a que nenhuma sofra alteraes no seu

    perfil de ao [23].

    Insulina de ao intermdia com Protamina NPH este tipo de insulina tem aspeto turvo e

    deve ser agitada, 20 vezes, com cuidado antes da sua administrao. Tm um incio de ao deuma a duas horas, um pico mximo de quatro a doze horas e uma durao de ao de dezoito a

    vinte e seis horas. Os nomes comerciais so Humulin NPH, Insulina Insulatard e Insuman Basal

    [26] [27].

    Insulina Pr-misturada a insulina NPH misturada com insulina rpida, em que existem

    vrias concentraes, por exemplo, 30% de insulina de ao rpida misturada com 70% de

    insulina de ao intermdia. Os nomes comerciais so: Insulina Humulim M3 30% de ao

    rpida; Insulina Insuman Comb 25 25% de insulina de ao rpida; Insulinas Mixtard 10, 20,

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    30, 40, 50 o nmero significa a percentagem de insulina de ao rpida; Novo Mix 30 mistura

    de insulina ultra-rpida (30%) com 70 % de insulina asparte protaminada sob a forma de cristais

    de ao prolongada; Humalog Mix 25 e 50 misturas com anlogo de insulina Humalog nas

    propores respetivas de 25% e de 50% [25] [28].

    As insulinas com zincotm um incio de ao de uma a trs horas, um pico mximo de seis a

    quinze horas e uma durao de ao de dezoito a vinte e seis horas. O nome comercial :

    Insulina Monotard [27].

    Insulinas de ao ultralentao incio de ao de seis a catorze horas, no tm pico mximo e

    a durao de ao de mais de vinte e quatro horas. Nome comercial: Insulina Ultratard.

    Anlogos lentos da insulinao incio da ao de uma a duas horas, no tm pico mximo e a

    durao de ao pode variar de acordo com o tipo de anlogo, entre vinte e vinte e quatro

    horas. Depois de injetadas, tm uma libertao mais regular e constante. Nomes comerciais:

    Lantus (glargina 24 horas) e Levemir (detemir 20 horas) [25] [27].

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    Figura 7 Tipos e caratersticas de insulina, adaptado de [23].

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    Est em fase avanada de ensaios uma insulina que aplicada trs vezes por semana que pode

    ser associada a outras insulinas, antes das refeies (Degludec). Este tipo de insulina tem

    demonstrado nos ensaios clnicos uma baixa variabilidade do seu efeito permitindo melhoria do

    equilbrio entre o controlo glicmico desejado e o risco de hipoglicemia [29].

    At h cerca de vinte anos a insulina utilizada era extrada do pncreas do porco ou da vaca,

    existindo com frequncia casos de alergias e outros efeitos adversos.

    Atualmente, a insulina existente em Portugal obtida atravs de tcnicas de engenharia

    gentica (a partir de uma hormona humana geneticamente elaborada por tecnologia de cido

    desoxirribonucleico (ADN) recombinante ou por modificao qumica da insulina porcina),

    tendo, por isso, um grau de pureza bastante elevado, o que reduz, em grande nmero, os casos

    de alergia [25].

    Alm deste avano surgiram outros desenvolvimentos, tais como o aumento da durao do

    tempo de ao atravs da adio do zinco e da protamina e a criao de anlogos da insulina

    que permitem uma absoro mais fisiolgica por parte do organismo [30].

    A tcnica de administraode insulina extremamente importante para que esta cumpra o seu

    efeito. Nos ltimos anos as recomendaes para a administrao de insulina mudaram bastante.

    Esta aprendizagem deve ser feita junto do profissional de sade j que a tcnica deadministrao varia de pessoa para pessoa tendo em conta especificidades como por exemplo a

    espessura do tecido adiposo (camada de gordura por baixo da pele). Todas as pessoas tm

    tecido adiposo, mesmo as mais magras [31].

    A insulina tem de ser administrada por baixo da pele, no tecido adiposo e no no msculo, por

    isso o tamanho da agulha muito importante. Se a prega da pele apanhar o msculo existe o

    perigo de acelerar a absoro da insulina podendo provocar hipoglicemia. Outra das situaes

    a insulina ser administrada dentro da pele (intradrmica), esta situao pode causar dor e/oureaes alrgicas [27].

    Para administrar a insulina deve ser feita uma prega na pele com o dedo polegar e com o dedo

    indicador e injetar com a agulha perpendicular pele. A agulha no deve ser retirada

    imediatamente, devendo esperar-se entre a 10 a 15 segundos [31].

    A insulina pode ser injetada na regio abdominal, nas coxas, nos braos e nas ndegas (figura

    8). A parede abdominal o local de eleio para uma mais breve absoro da insulina de ao

    rpida. Deve ser usada para as injees realizadas durante o dia. A coxa utiliza-se

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    preferencialmente para as injees de insulina de ao intermdia, sendo a regio das ndegas

    uma boa alternativa. Se depois da injeo nestas zonas tiver atividade muscular (andar a p ou

    praticar alguma atividade desportiva como jogar futebol, por exemplo), a insulina absorvida

    mais rapidamente [25] [27].

    importante a rotao dos locais onde administrada a insulina, de forma a evitar a formao

    de ndulos na pele (lipodistrofias) que interferem na sua absoro, alm disso massacra a pele e

    pode causar feridas [32].

    Figura 8 - Locais de administrao de insulina, adaptado de [33].

    A definio da dosagem diria de insulina varia de acordo com alguns fatores, nomeadamente a

    idade, peso, durao da doena, comportamento nutricional e psicolgico, doenas

    intercorrentes clnicas ou cirrgicas e os estados de puberdade do doente. O mdico deverestipular a quantidade de vezes que o doente deve administrar a insulina, de forma a evitar o

    prolongamento de hiperglicemia e, consequentemente, reduzir as complicaes tardias [15].

    - Conservao da insulina

    A insulina deve ser protegida do calor, do frio excessivo e da luz solar direta, pois ocorre o

    perigo de se deteriorar. Assim, as recargas das canetas ou das ampolas que ainda no foram

    utilizadas devem ser guardadas numa prateleira do frigorfico (no do congelador). As recargas

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    das canetas e das ampolas que esto a ser utilizadas so estveis fora do frigorfico a 25 ,

    durante 4 semanas [32].

    Se a insulina tiver sido exposta a calor excessivo ou congelado, se tiver um aspeto granuloso ou

    com uma cor diferente da habitual (acastanhada), deve ser inutilizada e utilizar-se uma novarecarga ou ampola.

    Hoje em dia, a administrao da insulina pode ser feita atravs de diversos dispositivos, sendo

    os mais conhecidos as seringas de plstico, canetas de injeo reutilizveis, canetas pr-cheias

    descartveis e bombas infusoras de insulina.

    2.5

    Educao do diabtico

    A educao do diabtico assenta em trs pontos fulcrais: a alimentao, o exerccio fsico e o

    tratamento, quer seja com medicamentos como o caso da diabetes tipo 2, quer a

    insulinoterapia em diabticos tipo 1 (figura 9) [34]. Esta educao teraputica feita entre

    mdico, enfermeiro ou nutricionista, estando sempre centrada no doente. A troca de

    conhecimentos entre todos estes elementos visa resolver os problemas associados diabetes,

    tendo em considerao as particularidades culturais e psicossociais do diabtico [35].

    importante que o diabtico conhea bem o seu tipo de diabetes para que, dessa forma, possa

    cumprir e melhorar o tratamento.

    Figura 9 Plano de educao ao diabtico, adaptado de [34].

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    O principal objetivo do tratamento controlar os nveis de glicemia, mantendo-os dentro dos

    valores normais para que haja menor probabilidade de sofrer de complicaes associadas

    diabetes. Desta forma, importante vigiar os valores de glicemia, fazendo as medies

    necessrias (figura 10). Este controlo facilmente feito a partir de casa, utilizando aparelhos de

    dimenses reduzidas e fceis de utilizar [36].

    Figura 10 Passos de uma medio de glicemia capilar , adaptado de [36].

    2.5.1 Alimentao

    Uma alimentao saudvel e equilibrada faz parte do tratamento das pessoas com diabetes, em

    conjunto com a atividade fsica e a medicao (antidiabticos orais ou insulina) [37].

    Os principais objetivos da alimentao de um diabtico so: obter um bom controlo da glicemia,

    colesterol, triglicridos, presso arterial e atingir e manter um peso saudvel, de forma a

    prevenir o aparecimento das complicaes da diabetes. Para ajudar a controlar estes fatores de

    risco, recomendada a reduo da ingesto de gordura e sal e o aumento da ingesto de fibra.

    A alimentao das pessoas com diabetes no tem que ser montona e restritiva aos cozidos e

    grelhados. Existem muitos mtodos de culinria saudvel que permitam variar a alimentao a

    obter uma maior riqueza em nutrientes. No entanto, como medida preventiva do aumento

    excessivo de peso e de doena cardiovascular, os fritos e pratos com molhos gordurosos

    devero ser pouco frequentes [34].

    Existem outros aspetos, para alm da culinria saudvel, que ajudam o diabtico a manter os

    seus nveis de glicemia controlados, como por exemplo saber contabilizar os hidratos decarbono.

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    A alimentao saudvel para uma pessoa com diabetes faz parte do seu tratamento e, na

    verdade, no difere muito da alimentao que qualquer outra pessoa deve fazer.

    A melhoria dos hbitos alimentares permite que o tratamento, quer para os diabticos tipo 1

    quer para os diabticos tipo 2, seja muito mais eficaz.

    Alimentao saudvel

    Uma alimentao saudvel e equilibrada deve ser variada e incluir as pores corretas de

    nutrientes e de vitaminas e de hidratos de carbono. A roda dos alimentos indica quantas

    pores de cada grupo devem ser ingeridas, devendo, no entanto, ser diferenciadas consoante a

    constituio fsica e o nvel de atividade fsica de cada pessoa. importante que a ingesto dos

    alimentos seja repartida em pequenas refeies ao longo do dia, sendo recomendadas entre

    cinco e seis refeies dirias [37].

    Equivalncias de Hidratos de Carbono (HC)

    Como parte integrante do tratamento da diabetes, a distribuio dos alimentos com HC pelas

    vrias refeies, sabendo quais as quantidades adequadas e a forma de mant-las de dia para

    dia, igualmente importante.

    Assim, o diabtico deve aprender a substituir os alimentos ricos em HC uns pelos outros, semalterar o total recomendado, ou seja, aprender as equivalncias de HC (figuras 11, 12 e 13). Esta

    consistncia em HC nas refeies e ao longo do dia, importante para os diabticos que tomam

    comprimidos ou fazem doses fixas de insulina, para evitar oscilaes nos valores de glicemia. A

    quantidade total de HC aconselhada pelo dietista ou nutricionista de acordo com a idade, o

    peso, o gnero e o nvel de atividade fsica de cada pessoa [34].

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    Figura 11 Equivalncias de hidratos de carbono dos amidos, adaptado de [34].

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    Figura 12 Equivalncias de hidratos de carbono de laticnios, sopas e frutas, adaptado de [34].

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    Figura 13 Equivalncias de hidratos de carbono de frutas (continuao), adaptado de [34].

    Todos os alimentos da tabela, nas quantidades indicadas, tm os mesmos HC (a que se

    considera uma poro de HC). Por exemplo, uma batata pequena tem os mesmo HC do que

    duas colheres de arroz ou massa, ou do que trs colheres de gro ou de feijo, ou do que seis

    colheres de ervilhas ou favas. Isto significa que todos estes alimentos se transformam na mesma

    quantidade de acar tendo o mesmo efeito na subida da glicemia [38].

    Uma pea de fruta tem o mesmo total de HC do que uma batata do tamanho de um ovo ou doque 25g de po. No entanto, os HC da fruta, entre os quais a frutose, tm uma transformao

    em acar mais rpida devendo, por isso, quando se ingere fruta fora das refeies, juntar-se

    25g de po ou o equivalente em bolachas.

    Alguns doentes diabticos optam por reduzir o convvio com amigos e familiares e evitar festas

    com receio de terem vontade de comer um doce e ficarem com as glicemias muito elevadas. Por

    outro lado, tentam evitar o constrangimento de terem os familiares a controlarem o que

    escolhem para provar e terem de justificar todas as opes alimentares que fazem.

    A diabetes e os cuidados alimentares a ter, no devem por em causa a vida social do diabtico e

    a soluo para controlar a diabetes no passa de modo algum por evitar este tipo de ocasies

    especiais. A estratgia para incluir um doce num dia festivo sem que a glicemia fique

    descontrolada passa por reduzir ou eliminar os ouros HC de uma refeio.

    No entanto, importante no esquecer que os doces so maioritariamente ricos em gordura e

    calorias, levando muitas vezes ao aumento de peso, o que acaba por contribuir para piorar o

    controlo da diabetes.

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    Aprender as equivalncias em HC uma forma de ajudar a controlar a glicemia, o que til

    para as pessoas com diabetes, bem como para todas as outras que pretendam manter um peso

    ideal e uma alimentao equilibrada [38].

    Consumo de acar

    Erradamente se associa que uma pessoa com diabetes no pode ingerir acar. Por exemplo,

    numa situao de baixa de acar no sangue (glicemia) moderada, o acar sem dvida o

    melhor tratamento pois, sendo rapidamente absorvido pelo organismo, permite que a pessoa

    tenha uma subida imediata da glicemia e atinja com a maior rapidez os valores normais [39].

    Por outro lado, o acar presente nos doces no serve para tratar uma hipoglicmia, pois,

    devido existncia de outros nutrientes (por exemplo a gordura) no tm uma absoro rpida,

    tendo que passar por todo o processo de digesto at chegar ao sangue. Deste modo, facilmente

    se conclui que ingerir um bolo, um gelado ou um chocolate, no a melhor forma de se tratar

    corretamente uma hipoglicemia. Estes alimentos devem ser reservados para ocasies especiais,

    fazendo uma compensao na reduo da quantidade de outros HC (arroz, po ou batata) na

    mesma refeio.

    Noutras circunstncias, as pessoas podem ingerir os HC extra do doce e compensar com a

    teraputica, mantendo desta forma as glicemias estveis. Trata-se de pessoas de diabetes tipo 1que fazem insulina de ao rpida s refeies. Tal como o nome indica, este tipo de insulina

    atua rapidamente no organismo, permitindo que o acar ingerido no se acumule no sangue.

    Neste caso o diabtico pode fazer mais insulina a contar com os HC existentes no doce.

    Contudo, nem todas as pessoas insulinodependentes administram insulina de ao rpida s

    refeies e relativamente a quem as administra, se este tipo de compensao for feita

    demasiadas vezes, acaba por contribuir para um aumento de peso e da gordura corporal que

    nenhum benefcio lhe trar e ir contribuir para um pior controlo da diabetes [39].

    Acar

    Existem variados tipos de acar: sacarose, glucose, dextrose, frutose, maltose, maltodextrina,

    xarope de glucose, xarope de milho, geleia de milho, acar invertido, melao e mel.

    exceo da frutose, a maioria dos acares, quando digeridos isoladamente, so rapidamente

    absorvidos pelo organismo, provocando um aumento dos nveis de acar no sangue

    (hiperglicemia). Quando so utilizados como ingrediente de algum alimento, como por

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    exemplo de um bolo, o acar absorvido mais lentamente, devido presena de outros

    nutrientes que necessitam passar pelo processo de digesto, e por isso no beneficiam o

    tratamento de uma hipoglicemia, mas contribuem para o aumento do valor calrico desse

    produto (figura 14) [39].

    Figura 14 Absoro de acar, adaptado de [39].

    Adoantes

    Tal como o acar, os adoantes no so todos iguais. Existem essencialmente dois tipos: os

    calricos e os no calricos [39].

    Os poliis so adoantes com cerca de metade das calorias do acar. Destes so exemplo o

    manitol, o xilitol, maltitol, lactitol, isomalte e o sorbitol. Estes podem ser consumidos pordiabticos mas quando ingeridos em excesso (mais do que 10g por dia, no adulto) podem

    provocar clicas intestinais ou at diarreia [37].

    No caso das crianas ou de pessoas com menor constituio fsica, as quantidades dirias

    devem ser menores.

    Um exemplo de adoante calrico a frutose (existente na fruta e tambm pode ser comprada

    em supermercados), que contm as mesmas calorias que o acar e tambm aumenta a

    glicemia. No entanto, a sua absoro mais lenta que a do acar e, quando consumida em

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    excesso, pode contribuir para o aumento dos nveis de gordura no sangue, nomeadamente dos

    triglicerdeos, como tambm pode aumentar a resistncia insulina.

    A sacarina, o aspartame, o acesulfame de potssio, a sucralose, o ciclamato de sdio e a estvia

    so exemplo de adoantes no calricos. Este tipo de adoantes tm mais vantagens do que osanteriores, j que no aumentam os nveis de glicemia nem de triglicerdeos e ajudam a

    controlar o peso.

    Nenhum destes adoantes aconselhado a crianas com menos de dois anos, e a sacarina e o

    cicl