contemp junho_13

27
Bernardino de Matos: É hora de partir Marco Fontolan: A voz de um rio Marco Fontolan: A poesia Marco Fontolan: Haicais Luis Filipe: Retalhos de uma aldeia Luis Filipe: Mais uma esquina de rua Luis Filipe: Teu jeito Luis Filipe: Naturalidades José Geraldo Martinez: Você é linda José Geraldo Martinez: Ilusão José Geraldo Martinez: Dê-me Senhor Mercília Rodrigues: Amante Mercília Rodrigues: Ainda o sonho Márcia Possar - Arritmia Vera Mussi Ontem, tanta felicidade Carmo Vasconcelos Pudesse eu ser...

Upload: michelechristine

Post on 20-Jun-2015

417 views

Category:

Travel


1 download

TRANSCRIPT

Page 1: Contemp  junho_13

Bernardino de Matos: É hora de partir

Marco Fontolan: A voz de um rio

Marco Fontolan: A poesia

Marco Fontolan: Haicais

Luis Filipe: Retalhos de uma aldeia

Luis Filipe: Mais uma esquina de rua

Luis Filipe: Teu jeito

Luis Filipe: Naturalidades

José Geraldo Martinez: Você é linda

José Geraldo Martinez: Ilusão

José Geraldo Martinez: Dê-me Senhor

Mercília Rodrigues: Amante

Mercília Rodrigues: Ainda o sonho

Márcia Possar - Arritmia

Vera Mussi – Ontem, tanta felicidade

Carmo Vasconcelos – Pudesse eu ser...

Page 2: Contemp  junho_13

É HORA DE PARTIR! Bernardino Matos

Uns partindo, outros chegando, é a vida em movimento,

mas quando chega o momento, de a mala ir arrumando. a gente fica escutando,

a canção de um lamento, que açoita o sentimento, encabresta aquele afeto, que aqueceu nosso teto, e deixa a alma chorando.

A gente arruma as lembranças,

deixa o adeus num cantinho, cuida pra que o carinho,

tão presente nas andanças, eivadas de esperanças,

não se amasse com a tristeza, não amarrote a leveza,

de um amor outrora infindo,, que aos poucos foi sumindo,

no trotear das nuanças..

A gente deixa um espaço, onde se guarda a ternura,

Page 3: Contemp  junho_13

bem longe da amargura, que deixa aquele mormaço,

que, o tempo, passo a passo, com sua sabedoria,

com o dom de sua magia,, o amor vai restaurar, um amanhã vai raiar,

longe desse embaraço.

E depois de tudo pronto, resta somente a partida,

uma triste despedida, onde não vale o confronto,

dá-se à saudade um desconto, que se supunha sem fim,

que não terminasse assim, mas se não há mais carinho, resta somente um caminho,

sair sem bater o ponto.

Se o amor é verdadeiro, há uma nesga de ternura,

não há nódoa de amargura, e a chama de um candeeiro,

qual a vela de um veleiro, traz um clima de aconchego,

e a réstia de um apego, mantém-se frágil e serena, o que torna mais amena,

o acorde do violeiro.

Fortaleza, 19/05/11

Título

Page 4: Contemp  junho_13

A voz de um rio

Marco Fontolan*

Eu nasci numa fonte Escondida embaixo de árvores

Frondosas e sombrias Ao pé de um morro

Dentro de uma mata densa Escura e fria

Sou este rio que corre Sou este rio que desce

Sou este rio que avança Este rio que passa... Este rio que canta.

Este rio que se alarga como parte de um mundo

falo a voz do tempo não penso, não ouço

Não tenho respostas a dar ou perguntas a fazer

Sou um rio, apenas um rio que corre

um rio que desce.;.. Um rio,

Page 5: Contemp  junho_13

que some entre a espessa Mata virgem

e depois reaparece!

*Marco Antonio Benassi Fontolan é formado em Direito na USP, pós-graduação em Literatura Brasileira na PUC e Mackensie. Nasceu na cidade de Santa Cruz do Rio Pardo, SP. Tem participado de várias antologias, inclusive foi premiado numa antologia de contos, editada pela Fundação Cassiano Ricardo, de São José Campos.

Obras publicadas: Viajante do Tempo (poemas) e Pedaços de verão e outras histórias (contos).

Título

Page 6: Contemp  junho_13

A poesia

Marco Fontolan

A poesia está em tudo Nos instantes do dia

Na chuva que cai Na ventania.

Em jardins inacessíveis Em brejos lamacentos

Em toda as coisas

A poesia está no ar A poesia está no mar

E mesmo que um dia., Nem venha a ser mais escrita Ainda assim, sempre existirá.

A poesia é invisível

Título

Page 7: Contemp  junho_13

Haicais

Marco Fontolan

Luzes na neblina da estrada que cruza a serra

num dia de maio

Colheita de frutos de um cajueiro em flor...

- imagem tropical

Dezembro chegando dias contagiantes, alegres

- festas e presentes

Dezembro chegando chuvas de verão, intensas

- Natal se aproxima

Cesta com várias frutas sobre a mesa da família

- no final do ano

Tempo de colheita de certas frutas tropicais, - caminho entre os pés

Mangas caem pelo chão num dezembro radiante

- muitas festas virão

Page 8: Contemp  junho_13

No final do ano frutas, frutas... muitas frutas

trabalho, colheita

em uma esquina grande ipê, deslumbrante

- embeleza tudo...

Na mata fechada uma embaúba surge...

- folhas prateadas...

a lua caminha sobre uma rodovia - onde tudo corre

no jardim, um jasmim perfuma a noite no verão

- intenso aroma...

Maracujá em flor lá no meio do quintal

- aroma e sabor

Num canto do quintal mangas despencam do pé

- sobre o gramado

canta o sabiá entre as árvores do quintal

como antigamente.

Título

Page 9: Contemp  junho_13

RETALHOS DE UMA ALDEIA

Luis da Mota Filipe*

Aqui…

Onde o bom dia baila de boca em boca numa dança natural, as manhãs brindam-nos com a pureza das gotas de orvalho.

Há cheiro a campos viçosos e a perfumes que vivem nos estendais de roupa sempre que se encontram povoados.

Os beirais acolhem sinfonias, anunciando a estação dos amores.

O toque do sino na torre é o orientador fiel para os que andam mimando as suas fazendas.

Diariamente, em cada morada, fumegam iguarias saloias compondo buchas, merendas e ceias.

Postigos gastos são enfeitados com a brancura da arte rendilhada.

O rossio, o mirante, a sociedade, o chafariz, o rio e o poço, são os padrinhos briosos de algumas ruas e largos.

Enquanto os pátios namoram com as travessas e os becos cobiçam as ladeiras, bancos improvisados, aquecidos pelo sol, servem de palco aos temas da vida alheia.

Agosto é mês de branquear casas e muros, para que possam combinar com a pureza dos jardins de fé que se carregam aos ombros.

Page 10: Contemp  junho_13

Neste canto saboreia-se a tranquilidade, respirando-se das marcas seculares.

Nesta terra que beija o céu, os dias morrem mais depressa e as noites nascem mais cedo.

Na aldeia, todos são primos e primas. Os sorrisos e as lágrimas são comunitários, partilham-se dores e alegrias.

Não se fantasiam sentimentos. Tudo é mais autêntico e a vida brota… ao sabor dos versos apinhados de rimas de verdades.

* (Anços – Montelavar – Sintra - Portugal)

In:geoGRAFIA do Silêncio, Edium Editores, 2010.

Título

Page 11: Contemp  junho_13

MAIS UMA ESQUINA DE RUA

Luis da Mota Filipe*

No palco turvado das madrugadas enganosas, o cenário é avesso à cor da esperança.

Naquela esquina de rua, passos de provocação abafam o medo.

As bonecas trajam vestes enaltecendo os seus contornos,

há movimentos ensaiados que adivinham a acção relâmpago.

Os pássaros surgem agrestes num cântico de devaneio,

pousando impacientes seus venenos poluidores.

Há vestígios que o líquido mais puro não branqueia nem apaga.

Quando as manhãs surgem sombrias nos corpos exaustos,

lacrimosos rios fluem pelo deserto.

A sede de amar é maior que a vergonha.

Só este desejo,

vai suavizando o seu divórcio da felicidade.

*(Anços – Montelavar – Sintra – Portugal)

In “geoGRAFIA do Silêncio”, Ed.Edium Editores, 2010.

Título

Page 12: Contemp  junho_13

TEU JEITO

Teu falar cativante,

Teu cheiro agradável,

Teu olhar ternurento,

Teu toque delicado,

Teu abraço envolvente,

Teu beijo doce,

Teu amar encantador,

Teu ser maravilhoso,

Tua presença… desejada

ambicionada

amada

Luis da Mota Filipe

(Anços – Montelavar – Sintra – Portugal)

Título

Page 13: Contemp  junho_13

NATURALIDADES

Meus versos são os gritos de esperança

Percorrendo um mundo de magia Frases que se embalam numa dança

Lembrando o valor da ecologia

Rimas são natureza em alvorada Cores da vida mais bela e sã

Gotas de um orvalho à chegada Dum dia que começa na manhã

Tantas palavras que eu invento São as inspirações do momento

Com as quais me apetece brincar

Histórias mil, feitas ao vento Entre alegria e o lamento

Onde o ambiente eu vou amar

Luis da Mota Filipe

Título

Page 14: Contemp  junho_13

VOCÊ É LINDA!

José Geraldo Martinez

Tu és tão linda senhora... Não consegues enxergar?

A doçura que tens quando sorris, a meiguice que transborda em teu olhar...

Tu és incrivelmente linda! Ainda que sem te arrumares... E nem te percebes, senhora,

quando no espelho a te contemplares?

Traços que mostram uma vida marcada de lutas vencidas?

Os sonhos que eu te entrego no colo, que me foram de eterna guarida...

Quando te vestes... Arrancas-me ainda arrepio! E teu cheiro de absinto...

Apura-me o instinto esta loba no cio!

Tuas mãos quando me tocam... Meus pecados invocam, amada minha!

E, ao teu gozo, entrego-te ao céu, mulher que amo... Com minha alma inteirinha!

Page 15: Contemp  junho_13

Não percebes a tua sensualidade? O poder que ainda tens nas mãos?

Quando me vês, ainda submisso a teus encantos, resignado e tal qual um cão?

Não confias em ti? Na leveza que carregas no coração.

Teu corpo, nem me lembro, esqueci... Vejo além da carne que me entregas com paixão!

Mulher, tu és linda! Tanto, tanto, tanto...

A mim seja sempre bem-vinda, que o tempo ainda

não conseguiu roubar teu encanto!

09/05/2011

Título

Page 16: Contemp  junho_13

ILUSÃO....

José Geraldo Martinez

Espera-me que não demoro! Sou uma ilusão qualquer...

Destas que não buscam um rosto ou colo, de quem na verdade as quiser!

Desde que não me percam, um dia chego...

Com vestes de sua imaginação! Por favor, não me cobrem realidade,

sou apenas ilusão!

Deixarei meu rosto vocês esculpirem... E até meus lábios beijarem!

Terei a cor dos olhos como quiserem, os cabelos como gostarem...

Serei alto, baixo, mediano, não importa!

Gordo, magro, careca... Um tipo que as agradam com certeza

e suas fantasias emprestam!

Serei poeta, bombeiro, policial, um super herói...

Um personagem casual que, no virtual, seu libido constrói!

Page 17: Contemp  junho_13

Levarei-as nos braços gentilmente... E dançaremos o quanto desejarem!

Cantaremos noite a dentro alegremente, melodias com lindos luares...

Faremos amor a bel prazer,

onde nossas mentes nos levarem! No carro, no mar, no rio, no banheiro...

Em todos os lugares!

Sou a fantasia amiga do(as) sonhadores... Não me cobrem a realidade!

Sou pueril, efêmera... Tenho o corpo da irrealidade!

Sou de alguns as lágrimas e

de outros a saudade... Vento nas mãos que me apertam, daqueles que buscam a verdade!

12/5/2011

Sou nada, sou tudo ao mesmo tempo...

Sem mim? Morreriam os sonhos! ( Martinez)

[email protected]

Título

Page 18: Contemp  junho_13

DÊ-ME, SENHOR...

José Geraldo Martinez

Dê-me, Senhor, uma mulher cuja fé consiga transformar-me inteiramente!

E que me faça levantar dos tombos e, com meus próprios pés, no aprendizado seguir em frente.

Uma mulher de Deus... Com resignação e sentimentos puros!

Que eu farei com ela levantarem os ateus, incrédulos, ao Pai, tão obscuros...

Dê-me, Senhor, uma mulher bendita! Eu gritarei ao mundo teus ensinamentos e de

minha fé, também contrita... Levantarei os pecadores num só momento! Dê-me, Senhor, uma mulher de verdade, que as bainhas não terão mais espadas!

Os conflitos estarão terminados, na força viva desta mulher amada...

Dê-me, Senhor, uma mulher à Tua imagem e deste espelho serei cópia fiel!

Quando nesta terra em pueril passagem possa nos receber ao teu lado, com glória ao céu...

Dê-me, Senhor, uma mulher companheira, uma profeta poderosa!

Serei capaz de enfrentar os canhões, tombar os soldados com buquês de rosas...

Hei de edificar os teus santuários destruídos, o nosso mundo perdido!

Dê-me, Senhor, uma mulher que eu ame o suficiente,

Page 19: Contemp  junho_13

para me deixar mais perto de Ti.

19/5/2011

"Inspirado no belíssimo texto de Oswald Chambers. "

Leia o texto a seguir que o Poeta citou e se inspirou... é belo demais....

(colaboração da poeta Vera Mussi)

"Dê-me um homem de Deus - um homem, Cuja fé seja mestre de sua mente,

E eu removerei todas as transgressões E abençoarei toda a humanidade.

Dê-me um homem de Deus - um homem, Cuja língua seja tocada com fogo do céu,

E eu incendiarei os corações mais impuros, Com grande determinação e desejos puros. Dê-me um homem de Deus - um homem,

Um profeta poderoso do Senhor, E eu lhe darei paz na Terra,

Conquistada com oração e não com espada. Dê-me um homem de Deus - um homem,

fiel à visão recebida, E eu edificarei seus santuários quebrados, E conduzirei as nações aos seus joelhos."

(Oswald Chambers)

Título

Page 20: Contemp  junho_13

AMANTE

Mercília Rodrigues

Cubro meu pudor com teu abraço, em noite de sensatez tão pouca!

Encontro ainda calor no teu abraço... Sinto teus beijos atrevidos em minha boca.

Meu corpo responde a teu carinho,

no aconchego sedutor de teus cabelos. Deixo fluir a chama de mansinho, evoluindo no ardor de teus apelos!

Loucos! Loucos de paixão em desatino!

Param as horas... Silencia o mundo . Dois corpos enlaçados no carinho

inebriados de prazer profundo.

Somos um no vivido desvario. Abandono, então todo pudor.

Entrego-me completa, corpo em cio meu ser que responde ao teu calor!

Arranca de mim esta entrega!

Nada sei, pois a paixão me cega. Toma-me o corpo que te quer...

Neste momento sou amante, sou mulher!

Page 21: Contemp  junho_13

Owner: Eme Paiva Moderadoras: Anna Peralva, Marilda Ternura, Eliana (Shir)

Midi: Aranjuez Mon Amour Tube: Nikita e Site Laumidia

Arte e formatação Marilda Ternura

Mercília Rodrigues nasceu no mês de junho em Monte Alto (São Paulo). Sendo a pequenina de uma família de cinco filhos cresceu na vila, no campo. Rodeada pela simplicidade das pessoas e o carinho dos seus. Sonhadora, conheceu José casou e com ele teve um casal de filhos. A menina ficou nas lembranças do passado... Nascia uma nova mulher, ave mãe protegendo e educando as crias num ninho de amor e ternura. Atualmente reside em Araçatuba. Licenciada em Português exerceu o magistério por aproximadamente trinta anos. Hoje se dedica à poesia almejando a ampliação cultural e troca de conhecimento entre amigos. Seus poetas preferidos: Drummond, Fernando Pessoa, Cecília Meirelles e Ferreira Gullar. Mercília é a essência pura da poesia, tem o dom de fazer com a gente embarque em seus versos e voe ao encontro dos seus sonhos... Tal encontro só é possível pelo lirismo poético, pela sensibilidade exposta em seu estilo singular de poetar. Ela conhece profundamente as variações e movimentos de cada palavra, pois escreve com a alma!

Anna Peralva

Título

Page 22: Contemp  junho_13

AINDA O SONHO

Mercília Rodrigues

Fujo de conflito e inutilidades. Teimosa sou com a vida e acredito

no hoje pleno de possibilidades, num amanhã abrindo portas, bendito!

Abraço o tempo sem qualquer tristeza e arrumo em sonhos a mala de viagem.

Olho pra o futuro com a certeza de levar esperança na bagagem.

Se me veem como maluca? Beleza! Quero olhar até o universo com coragem

e ter gratidão pela sua grandeza!

Sei que, no final de sonhos em viagem, haveremos de ver, com sutileza,

os que puseram sonhos na bagagem!

[email protected]

Título

Page 23: Contemp  junho_13

Arritmia

Márcia Possar*

E foi assim, com um pé na estrela. Foi querendo sê-la

que entreguei-me à sua parecença.

Deixei-me cintilar de seu brilho trepidante, para, quem sabe, ou até que pudesse,

me ver volível desse acaso, que foi dos meus acasos o maior e mais excedível.

Quis-me pauta

para conter-te em dó maior. Quis-me versos e odes.

Quis-me leve, solta, para que, ainda que em prelúdio,

pudesses ouvir-me dos teus acordes.

Fiz-me brilho e calor, fiz-me música e fiz-me musa

para ouvir-te em declaração de amor! E ouvi teu canto... Meu encanto...

Recanto de insensatez em noite de lua, onde me quiseste nua e eu... Quis-me tua!

Page 24: Contemp  junho_13

Rua escura cheia de madrugadas, cheia de loucura,

para sempre e inteira das tuas baladas.

Chamadas... Foram as marcas da falta de ritmo

daquela minha estrela louca. Centelha falta de mim, que me fazia cismar. Que me fazia pouca, para tanto desvairar,

como se o que de anuência em mim, não me fosse bastar.

E foi assim que eu parti.

Foi nessa trama, que o meu drama virou poesia.

Foi nessa arritmia que chamei e ainda chamo por ti...

*****************************

*Nasceu em Santo André (Grande ABC Paulista) - SP no dia 30 de setembro de 1957, atualmente mora na Cidade de Uberaba - MG.

Título

Page 25: Contemp  junho_13

Ontem, tanta felicidade

Vera Mussi

Tudo muda em função do passado, tão recente !

O inesperado, a cada dia, alavanca nossas escolhas do presente

Repleto de magia...

O ontem não nos pertence É a presença da "vontade ausente"

É nuvem passageira... transformando o momento em

pensamento "sem eira nem beira..."

O sentimento ignora ( joga fora)

as lembranças de outrora... Agora, a emoção é estrangeira!

Da razão, é simples a consequência Fala-se de um Amor - ominisciente!!

Na cor azul da transparência... O coração continua reluzente

As escolhas entre o Eu e o Tu, imanentes

repelem o "Nós"- em contradição... Uma "vontade ausente"

é o fruto do adeus consciente, à voz da ilusão amante.

Page 26: Contemp  junho_13

A divergência entre o segredo e os fatos É gritante!

Vence o enredo dos boatos... Impertinentes!

Foram sonhos inadimplentes Verdades incoerentes.

Ontem, tanta felicidade!

Hoje, nos caminhos distantes, morre a saudade de antes...

"Bem que eu quis te ofertar meu destino, meu sonho,

minha vida, e até mesmo esta efêmera glória que desperdiço a cantar nos versos que componho...

Nada quiseste...E assim, os sonhos que viviam, se ontem, puderam ser um começo de história, hoje, são dois caminhos que se distanciam..."

J.G.de Araujo Jorge

Título

Page 27: Contemp  junho_13

PUDESSE EU SER...

Carmo Vasconcelos

Pudesse eu ser... A concha onde abrigas

pérolas de palavras inúteis O cofre onde ocultas

jóias de pensamentos calados A ânfora onde derramas

cristais de lágrimas antigas

Pudesse eu ser... Faísca e fogo

na lenha húmida dos teus olhos Sol e Lua

na sombra difusa do teu corpo Verde e água

na aridez do teu deserto

Pudesse eu dizer... Pertenço-te!

***

(In "Geometrias Intemporais" - publicado em Maio/2000)

Publicado no Recanto das Letras em 08/04/2005 Código do texto: T10392

Título