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Confissões a uma Bela Adormecida (Alicia M) by tradução: Teca Confissões a uma Bela Adormecida Autora: Alicia M Durante sua estada em Netherfield, cuidando de sua irmã, Elizabeth vai à biblioteca procurar um livro, se sente sonolenta, e se recosta momentaneamente. Antes que ela caia em sono profundo ou desperte e se levante, o Sr. Darcy entra e declara seu amor à mulher que ele acredita estar dormindo. Prólogo Este era o terceiro dia de Elizabeth em Netherfield. Ela viera cuidar da irmã, Jane, que se adoentara durante sua visita às moças da casa. Durante sua estada, Elizabeth se interessara pela leitura das seleções encontradas na biblioteca do sr. Bingley. Embora não fosse uma leitora ávida, e tivesse prazer com várias outras atividades, Elizabeth achava que um livro poderia mantê-la ocupada à cabeceira de Jane e estava curiosa para ver o que a biblioteca de Netherfield tinha para lhe oferecer. A curiosidade de Elizabeth se aguçara com a declaração do sr. Bingley de que sua biblioteca estava incompleta, pois ela sabia que deveria ser muito superior à de seu próprio pai pelo simples fato de que a fortuna do sr. Bingley era muito maior. Elizabeth também estava ciente de que o sr. Darcy apreciava bastante a biblioteca. De fato, era lá que ele passava a maior parte de suas horas livres, e Elizabeth sorriu para si mesma ao tentar imaginar se seria pelo fato de que as mulheres das casa raramente entravam naquele cômodo. Pois Elizabeth aprendera duas coisas durante aquele tempo em Netherfield das quais ela não tinha dúvidas: que a srta. Bingley estava decidida a conseguir que o sr. Darcy se tornasse seu marido, e que o sr. Darcy se sentia profundamente irritado com seus avanços. Assim, Elizabeth se vira impedida de visitar a biblioteca não só por precisar fazer companhia à irmã, mas também pela constante presença do sr. Darcy no local, pois não desejava estar em sua companhia. Na verdade, Elizabeth gostava cada vez menos daquele homem. Ele era o homem mais orgulhoso, frio e desagradável que ela já conhecera. Era espantoso que uma pessoa tão simpática e amigável como o sr. Bingley pudesse manter uma amizade tão estreita com Texto original (original text: Confessions to a Sleeping Beauty): http://www.austen.com/derby/aliciam5.htm Fonte: http://www.network54.com/Forum/243927/message/1084844524/Confiss%F5es+a+uma+Bela+Adormecida+%28Alicia+M%29 1

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Confissões a uma Bela Adormecida (Alicia M)by tradução: Teca

Confissões a uma Bela AdormecidaAutora: Alicia M

Durante sua estada em Netherfield, cuidando de sua irmã, Elizabeth vai à biblioteca procurar um livro, se sente sonolenta, e se recosta momentaneamente. Antes que ela caia em sono profundo ou desperte e se levante, o Sr. Darcy entra e declara seu amor à mulher que ele acredita estar dormindo.

Prólogo

Este era o terceiro dia de Elizabeth em Netherfield. Ela viera cuidar da irmã, Jane, que se adoentara durante sua visita às moças da casa. Durante sua estada, Elizabeth se interessara pela leitura das seleções encontradas na biblioteca do sr. Bingley. Embora não fosse uma leitora ávida, e tivesse prazer com várias outras atividades, Elizabeth achava que um livro poderia mantê-la ocupada à cabeceira de Jane e estava curiosa para ver o que a biblioteca de Netherfield tinha para lhe oferecer. A curiosidade de Elizabeth se aguçara com a declaração do sr. Bingley de que sua biblioteca estava incompleta, pois ela sabia que deveria ser muito superior à de seu próprio pai pelo simples fato de que a fortuna do sr. Bingley era muito maior.

Elizabeth também estava ciente de que o sr. Darcy apreciava bastante a biblioteca. De fato, era lá que ele passava a maior parte de suas horas livres, e Elizabeth sorriu para si mesma ao tentar imaginar se seria pelo fato de que as mulheres das casa raramente entravam naquele cômodo. Pois Elizabeth aprendera duas coisas durante aquele tempo em Netherfield das quais ela não tinha dúvidas: que a srta. Bingley estava decidida a conseguir que o sr. Darcy se tornasse seu marido, e que o sr. Darcy se sentia profundamente irritado com seus avanços. Assim, Elizabeth se vira impedida de visitar a biblioteca não só por precisar fazer companhia à irmã, mas também pela constante presença do sr. Darcy no local, pois não desejava estar em sua companhia.

Na verdade, Elizabeth gostava cada vez menos daquele homem. Ele era o homem mais orgulhoso, frio e desagradável que ela já conhecera. Era espantoso que uma pessoa tão simpática e amigável como o sr. Bingley pudesse manter uma amizade tão estreita com alguém como o sr. Darcy. Na noite em que ela o encontrou pela primeira vez, Elizabeth o ouvira rejeitá-la como parceira de dança e sentiu repulsa por seu orgulho e pretensão. Desde então, ela o pegara, por mais de uma ocasião, observando-a com uma expressão crítica, deleitando-se, sem sombra de dúvida, com os defeitos que achava nela e em sua família, e se regozijando com sua própria superioridade.

Elizabeth estava certa de que os sentimentos do cavalheiro em relação a ela eram, no mínimo, tão desagradáveis quanto os dela por ele. Ele havia indicado claramente sua opinião desfavorável a seu respeito na mesma noite em que se encontraram, embora ela não tivesse certeza se ele percebera que ela o havia

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escutado, o que não a preocupava. Desde que ouvira dele mesmo esta expressiva informação sobre o que pensava dela, Elizabeth não notara nada vindo dele que pudesse modificar a idéia que ela tinha sobre os sentimentos dele em relação a ela. Ele parecia estar sempre procurando por defeitos nela e em sua família e conhecidos, e normalmente mostrava um olhar de desaprovação.

Elizabeth não tinha razão para questionar a própria e embasada opinião de que o sr. Darcy não sentia nada mais que desprezo por ela. Portanto, estava alheia ao fato de que a opinião dele a seu respeito havia se modificado de tal maneira que ele passara a admirá-la. Ele mesmo se sentia chocado e mortificado com os próprios sentimentos. Ele se pegara observando-a, escutando-a e desejando falar com ela. Ela era diferente de qualquer outra moça que ele já conhecera. Ela não tentava impressioná-lo empregando os mesmos subterfúgios que tantas vezes ele vira em outras. Na verdade, ela discordava dele abertamente e desafiava seu julgamento e opiniões. Ele mal podia se lembrar de alguma outra jovem que se arriscasse a ter uma opinião diferente da dele em qualquer assunto. Ela não parecia interessada em conquistar o seu apreço. Era autêntica e, gostassem dela ou não, não tentava adaptar sua personalidade em benefício de quem estivesse ao seu redor.

O sr. Darcy foi também conquistado pelo jeito descontraído e brincalhão de Elizabeth. Estava impressionado com sua astúcia e sua vivacidade, assim como com sua inteligência. E embora ele a houvesse recusado como parceira de dança com a desculpa de que ela não era bonita o bastante para ele, começava a notar que sua figura era delicada e agradável, e questionava-se por não ter percebido antes a graça de suas feições, e em particular a beleza de seus olhos que emprestavam ao seu rosto um ar de incomum inteligência. Para ela, no entanto, ele era apenas o homem que não a achara bonita o suficiente para acompanhá-lo na dança e que não se mostrava simpático em ocasião alguma.

O sr. Darcy estava tão impressionado com a srta. Bennet que começara a sonhar com ela na mesma noite em que se conheceram. Foi um sonho muito agradável, e assim que a frustração por ter acordado se dissipou, ele se repreendeu por ter tido tal sonho. Ele sonhava com ela todas as noites desde então, mas recusava-se a admiti-lo. A lembrança dela também preenchia seus dias, mas ele tinha mais controle sobre os próprios pensamentos durante o dia, e se esforçava em ocupar a mente com outras coisas.

Não estava contente consigo mesmo depois de tais reflexões e estava decidido a não se envolver emocionalmente com a jovem, já que sua razão lhe dizia que ele nunca poderia se casar com ela. Era verdade que ela não tinha fortuna, nome ou status, mas era igualmente verdade que ele não precisava de tais qualidades numa esposa, já que possuía o suficiente das três. Estas considerações, no entanto, certamente não seriam suficientes para derrotar um amor tão forte quanto o que se estava desenvolvendo, embora ele ainda não estivesse preparado para tomar consciência da força de seu próprio sentimento. Mas ele tinha outras objeções. Na verdade, a maior objeção que fazia quanto à conveniência de ter Elizabeth como esposa se referia à família dela, particularmente ao comportamento impróprio das irmãs mais novas e da

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mãe, e algumas vezes até mesmo do pai. Embora a sta. Elizabeth e a irmã mais velha sempre se comportassem de maneira irrepreensível, ele sentia que uma ligação com tal família o colocaria em uma posição altamente censurável. Mesmo assim, era cada vez mais difícil resistir ao charme de Elizabeth e, para seu próprio espanto, viu-se enfeitiçado como nunca estivera antes. Confuso, o sr. Darcy ficou sujeito à ansiedade causada pela consciência da presença permanente dela na mesma casa em que ele se encontrava e assim, no terceiro dia da estada de Elizabeth, ele ainda não decidira se o fato de ela estar em Netherfield o agradava ou desagradava. Seu coração e sua mente estavam em constante conflito em relação à srta. Elizabeth Bennet.

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Capítulo 1

Jane acabara de cair em sono profundo e Elizabeth sabia que os cavalheiros haviam saído e as moças se encontravam na sala de estar. Ela se via agraciada com a oportunidade perfeita para explorar a riqueza de livros oferecida pela biblioteca de Netherfield. Elizabeth chamou uma das criadas da casa para ficar com sua irmã e lhe deu instruções para procurá-la na biblioteca imediatamente caso houvesse alguma mudança no estado de Jane.

Elizabeth tomou o caminho da biblioteca sem se fazer notar pelas irmãs Bingley. Ela passou alguns momentos caminhando ao longo das prateleiras, pegando alguns volumes que a interessaram. Sem querer levá-los todos para cima, aos aposentos de Jane, ela decidiu examiná-los lá mesmo e então levar um ou dois consigo. Assim, olhando ao seu redor, viu um atraente sofá voltado para uma janela do outro lado do cômodo. A luz do sol se projetava da janela, cobrindo o sofá. Elizabeth depositou sua pilha de livros sobre uma mesinha próxima e, pegando o primeiro deles, sentou-se confortavelmente no calor do raio de sol. Após ler por aproximadamente meia hora, os olhos de Elizabeth começaram a pesar, pois havia dormido muito pouco nas duas últimas noites enquanto cuidava de Jane e se preocupava com ela.

Elizabeth não queria sair da aconchegante posição, pois ainda gostaria de examinar os outros livros que selecionara, portanto, embora soubesse que não poderia adormecer na biblioteca, resolveu fechar os olhos para aliviá-los por alguns minutos. Assim, com o livro ainda nas mãos, ela se recostou confortavelmente sobre a almofada na ponta do sofá e fechou os olhos. Nessa posição, ela não podia ser vista da porta, já que o encosto do sofá estava voltado nessa direção. Dali a poucos minutos, ouviu a porta se abrir e se fechar enquanto alguém se esgueirava biblioteca adentro.

Elizabeth sabia quem era a pessoa mais provável a entrar ali e não tinha o mínimo desejo de conversar com ele. Sabendo que não seria vista, manteve-se na mesma posição esperando que ele escolhesse um livro e saísse. Com o passar do tempo, ao ver que ele não saía, ela pensou, ‘e se ele ficar aqui para ler? Ficarei presa.’ Estava incerta quanto a simplesmente continuar imóvel esperando que ele fosse embora ou fazer-se notar e arriscar uma conversa não desejada, da qual ela poderia escapar rapidamente usando Jane como sua

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desculpa, mas então, como ela explicaria não se ter feito notar imediatamente?

Neste estado de incerteza, Elizabeth continuou a ouvir atentamente quando escutou os passos ao longo das prateleiras. O cavalheiro, que havia entrado em busca de um livro específico, sem encontrá-lo no lugar habitual ou em qualquer outra prateleira, avistou ao longe uma pilha de livros sobre uma mesinha. Deu largos passos naquela direção para ver se o livro que desejava ler se encontrava ali. Ao ouvir seus passos por trás do sofá e circundando a lateral, Elizabeth percebeu que ele estava se aproximando dela. Nesse exato momento ela o ouviu exclamar, ‘Elizabeth!’

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Capítulo 2

A voz confirmou o que ela já sabia, era o sr. Darcy, e que impertinência a dele em usar seu nome de batismo! O cavalheiro esqueceu-se completamente do livro ao sentir-se totalmente dominado pela imagem que via. Ali estava ela, dormindo tranqüilamente, com a respiração regular, seu peito subindo e descendo a cada entrada de ar. Ela era a imagem da serenidade, cercada pelo brilho da luz do sol. Arrebatadora. Imediatamente ele visualizou esse mesmo adormecer em sua própria cama em Pemberley, com a cabeça dela repousando em seu peito, porém em sua visão, que não lhe era desconhecida, o cabelo dela estava solto, caindo em cascata por sobre os ombros, e o vestido azul, que no momento tinha o privilégio de adornar sua forma adorável, não era visto em lugar algum. Ele afastou o pensamento, recobrando-se da visão à sua frente. Suavemente ele disse, “Srta.Bennet.” Ela não se moveu, ainda esperando que ele se fosse. Ele repetiu o nome dela por duas ou três vezes aumentando o volume da voz a cada repetição. Ela continuava imóvel, mas ligeiramente divertida com o ridículo da situação. Sua imobilidade o convenceu de que ela estava adormecida e ele disse baixinho, “Não, não vou acordá-la.”

Ao ouvir as palavras do sr. Darcy, Elizabeth teve certeza de que ele se retiraria da sala. Ao invés disso, e para sua surpresa e curiosidade, ela o ouviu puxar uma cadeira para perto dela no sofá. Ela permaneceu deitada, imóvel, mantendo a compostura, perguntando-se o que ele pretendia. Por fim ele começou a falar, suave, gentil, e muito próximo. Ela podia sentir que ele se inclinara para frente. “Querida, adorável Elizabeth, como você é bonita.” Elizabeth mal pôde se conter para não reagir àquelas palavras. Ele disse que ela era bonita? Ela, que não era bela o suficiente para tentá-lo a dançar? Não, não podia ser. Ele continuou, “Como pude sequer sugerir o contrário?”. Nesse ponto ela estava certa de tê-lo escutado emitir um pequeno riso abafado de arrependimento, “Que tolo eu fui. Me pergunto se você escutou. Se apenas eu pudesse fazê-la entender que meu comentário teve mais a ver com a minha falta de vontade de dançar do que com alguma coisa pessoal em relação a você. Mas acredito que isso não justifique. Eu deveria ter dançado com você. Gostaria de tê-lo feito.”

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Elizabeth estava realmente presa agora, de uma forma que não poderia ter previsto. Não podia fazer nada além de ouvir.

De repente, o sr. Darcy foi tomado pela emoção ao prosseguir, “Que idiota eu fui ao pensar que pudesse reprimir meus sentimentos por você, e que tolo fui por sequer querer fazê-lo,” ele pronunciava as palavras ao mesmo tempo em que ele próprio percebia seu significado pela primeira vez. Elizabeth estava tão espantada que ele tivesse esse tipo de sentimentos por ela, que não teve idéia de questionar, nesse momento, as razões pelas quais ele tentava reprimi-los. “Mas eu não quero mais reprimi-los. Quero me entregar a eles, a você.” Elizabeth estava estupefata, mas manteve-se imóvel (um ato estarrecedor em si!). Seu admirador prosseguiu com suas declarações, “Se você soubesse o que me fez. Nunca antes imaginei que fosse possível me sentir assim.” Outra pequena pausa e então, “Deus, como a amo.” Elizabeth mal pôde se conter diante de tal declaração, e se perguntou se esse interlúdio era adequado para qualquer um dos dois. O próprio interlocutor não estava menos surpreso com suas próprias palavras. Ele havia resistido em identificar seus sentimentos como sendo amor e agora se conscientizava disso muito antes do que o teria feito não fosse pelas circunstâncias.

Após alguns momentos necessários para se acostumar com a repentina descoberta da intensidade de seu interesse, o que deu também a Elizabeth tempo para organizar seus pensamentos de modo a manter o equilíbrio, o cavalheiro continuou, “Mas e quanto a você, minha doce Elizabeth?” ele disse enquanto afastava uma teimosa mecha de cabelo do rosto dela. Ela estremeceu com a sensação do toque da mão dele quase roçando a lateral do seu rosto e... ele dissera que ela era dele? Tendo ajeitado a mecha, ele prosseguiu, “Você... será que você pode... me amar algum dia?” Imediatamente Elizabeth pensou, “não, não posso.” Apesar da maneira delicada com que ele se expunha agora, não se poderia esperar que uma aversão tão forte como a de Elizabeth por ele pudesse desaparecer com algumas palavras doces. Após um breve pausa, ele continuou, “Você me deixa confuso. Às vezes você é tão animada e divertida que me faz acreditar estar flertando comigo,” Elizabeth ficou indignada com uma interpretação tão presunçosa de seu jeito impertinente. Como ele podia crer que ela se comportaria de maneira tão imprópria? Como podia acreditar nisso e ainda amá-la? Ele continuou, “mas por vezes penso detectar desprezo em sua doce e melódica voz e na expressão de seus belos olhos, e não posso suportar. Suponho que eu deva merecer seu desdém depois de tê-la ofendido daquela maneira. Creio que você ouviu meus insultos. Essa deve ter sido a razão pela qual recusou-se a dançar comigo em Lucas Lodge,” e ele riu sutilmente ao dizer, “doce vingança.” Elizabeth estava surpresa que ele fosse capaz de rir, que ele de fato possuísse algum senso de humor!

O sr. Darcy permaneceu quieto por um momento como se estivesse se recordando dos acontecimentos daquela noite, e então prosseguiu, “Sabe que eu sonho com você todas as noites, meu amor?” Elizabeth estava completamente chocada, não conseguia decidir o que a escandalizava mais, o fato de que ele sonhava com ela ou a impropriedade da situação. “E penso constantemente em você, todos os dias. Como anseio ver seus vivos olhos

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pousando sobre mim um olhar amoroso, ver seu sorriso e saber que é somente para mim.” Elizabeth começou a sentir pena do homem, pois sabia que tais desejos nunca seriam satisfeitos. Ele prosseguiu, “Me pergunto se você já conseguiu me decifrar. Às vezes penso que tenho sido muito óbvio em minha admiração, olhando-a fixamente cada vez que estamos na companhia um do outro.” Desta vez Elizabeth estava surpresa com sua própria má interpretação do comportamento dele. Ele continuou, “Tenho tentado me controlar para não demonstrar meus sentimentos, mas não estou certo de meu sucesso. Tenho certeza de que alguns notaram minhas atenções para com você, mas e você? Com freqüência tento adivinhar o que passa por sua cabeça quando me vê, o que você vê? O que pensa de mim? De minha parte, eu a adoro, e em breve terei a coragem de lhe dizer... quando você estiver acordada,” ele acrescentou rindo baixinho. “Então lhe direi o quão ardentemente a admiro e a amo. E pedirei que seja minha esposa, rezando para que você me aceite. Realmente, eu não suportaria que fosse diferente, porque meu coração é e será sempre seu.” Elizabeth ficou compreensivelmente ainda mais abalada com essas últimas palavras, mas esforçou-se para manter a imobilidade. Após um momento de silêncio, parecia que ele havia expurgado seu coração de tudo o que queria dizer. Somente agora ela percebia que havia gostado de ouvir seus elogios e não sabia bem se gostaria que acabassem embora a partida dele fosse aliviá-la da incômoda situação.

Ao terminar de falar, o sr. Darcy tocou-lhe levemente a mão que caía por sobre a beira do sofá. Ela se espantou com o calor excitante que se espalhou por todo o seu corpo, talvez fosse apenas efeito dos raios de sol. O toque foi rápido, no entanto, já que o sr. Darcy, pensando melhor, voltou atrás, resistindo ao impulso. Ele se endireitou na cadeira sem tirar os olhos dela, sabendo que deveria se retirar, mas sem saber como conseguiria se afastar dali.

Só então a porta da biblioteca se abriu e Elizabeth se deu conta do perigo de serem descobertos naquela situação. Ouviu uma voz feminina, “Ah, aí está o senhor, sr. Darcy, já havíamos perdido a esperança de encontrá-lo.”

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Capítulo 3

Não vendo livro algum nas mãos do sr. Darcy, a srta. Bingley inquiriu, “E o que faz aqui sozinho?” enquanto se aproximava dele. Ao vê-la indo, em sua direção, o sr. Darcy levantou-se imediatamente para não permitir que ela descobrisse Elizabeth. Lançando um último olhar à sua amada, ele foi de encontro a srta. Bingley e a acompanhou para fora da biblioteca. Ela se sentiu triunfante por ser escoltada pelo sr. Darcy até a sala de estar e só se sentiu desapontada por Elizabeth não estar presente para testemunhar o fato. Ele se divertiu ao imaginar a reação da srta. Bingley se soubesse o que ele estivera fazendo na biblioteca.

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Assim que a porta se fechou atrás da srta. Bingley e do sr. Darcy, Elizabeth imediatamente se sentou, soltando um suspiro de alívio. Após se refazer por um momento, já esquecida de seus livros, ela retornou ao quarto de Jane e dispensou a jovem criada. A menina voltou ao andar térreo e, ao passar pela sala de estar, encontrou sua patroa em frente à porta. “Lucy, onde você estava? Precisamos de refrescos na sala agora mesmo.”

“Desculpe, senhora, eu estava cuidando da srta. Bennet um minutinho...”

“Srta. Bennet, por quê? Onde estava a irmã dela?”

“Ela passou esta última hora na biblioteca. Acabou de voltar de lá.”

A srta. Bingley ficou imaginando se Elizabeth estivera com o sr. Darcy na biblioteca. Era muito estranho, pois ela não vira Elizabeth no corredor que levava ao cômodo, e tampouco a vira na biblioteca. Só podia concluir que Lucy estava exagerando sobre Elizabeth ter retornado ao quarto tão recentemente para encobrir sua própria indolência com as tarefas na cozinha. Assim, a srta. Bingley se convenceu de que Darcy e Elizabeth definitivamente não haviam estado juntos na biblioteca. Acabou rindo de si mesma por ter se preocupado. Naturalmente o sr. Darcy não perderia tempo com aquela impertinente e presunçosa arrivista. Com uma risadinha estridente, retornou à sala de estar em busca de sua presa.

Elizabeth optou por jantar com Jane em seu quarto; embora quisesse ficar com a irmã, a decisão foi também instigada pelo receio de encarar o sr. Darcy. Tinha medo que sua fisionomia e o colorido de sua face denunciassem tudo o que ouvira. Não conseguia pensar em outra coisa. As palavras dele haviam sido tão doces, tão gentis, tão sinceras, em nada relacionadas com o que ela pensava dele. Ele se arrependera de ter se recusado a dançar com ela. Ele a amava. Ela não podia acreditar que tivesse inspirado, sem se dar conta, tanta estima em um homem de tanta influência. Ele certamente está sempre rodeado de lindas mulheres da sociedade que buscam sua atenção. No entanto, ela refletiu, se forem todas como a srta. Bingley, é compreensível que ele mostre tanta resistência em relação a elas!

Pouco após ter retornado à cabeceira de Jane, a paciente acordou e Elizabeth se viu ocupada em auxiliar a irmã, sobrando pouco tempo para novas reflexões sobre o assunto. Ela ainda não estava preparada para falar sobre o que acontecera, nem mesmo com Jane.

As irmãs fizeram a refeição juntas nos aposentos de Jane e lá Elizabeth teria se contentado em ficar pelo resto da noite e, a bem da verdade, pelo resto de sua estada em Netherfield, só para evitar de se encontrar com o sr. Darcy. No entanto, não seria assim, pois Jane a lembrou da sugestão que ela mesma lhe dera mais cedo de passar algum tempo na sala de estar aquela noite. De fato, Elizabeth achara aquela manhã, ao ver o quão melhor Jane se sentia, que ela já estaria apta a, mais tarde, se juntar aos outros por um momento, e gostaria que Jane passasse algum tempo na companhia do sr. Bingley. Mas agora Elizabeth se sentia mortificada com a perspectiva de ficar face a face com o sr. Darcy. Mesmo assim, ela não podia se negar a atender o desejo de Jane de

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estar com o sr. Bingley. Assim, com todo o cuidado, ajudou Jane a se vestir e as duas desceram juntas para o salão.

Jane foi recebida com entusiasmo pelo sr. Bingley, que a deixou confortável em uma grande poltrona junto à lareira e, sentando-se ao seu lado, envolveu-se em um discreto diálogo. Ao entrar na sala, Elizabeth teve o cuidado de não dirigir o olhar ao sr. Darcy embora ela pudesse sentir o olhar dele fixo nela. Ele desviou a atenção por um breve momento a fim de cumprimentar Jane por sua melhora. Seus sentimentos fizeram eco moderado nas irmãs Bingley. O sr. Darcy voltou o olhar para seu livro, embora não conseguisse focar uma única palavra na página. Elizabeth, achando que um livro seria muito conveniente, procurou ao redor, mas não havia um só livro disponível com exceção da pilha sobre a mesinha ao lado do sr. Darcy. Surpreendeu-se ao reconhecer os mesmos livros que ela havia selecionado na biblioteca e colocado sobre a mesa ao lado do sofá. Reunindo toda sua coragem, Elizabeth aproximou-se furtivamente da mesinha para escolher um dos volumes e retornou ao seu assento. O olhar do sr. Darcy não se desviou do livro à sua frente, mas ela pensou ter detectado um sorriso sutil no canto de seus lábios no momento em que ela esteve em pé próxima a ele. Também não pôde deixar de notar que ele estava lendo exatamente o mesmo livro que estivera segurando enquanto “dormia” na biblioteca. Tirando o primeiro livro da pilha sem ao menos olhar para o volume, Elizabeth encontrou uma cadeira o mais distante possível do sr. Darcy.

Dessa forma, a noite passou com Jane e Bingley conversando em voz baixa, o sr. Hurst roncando, a sra. Hurst brincando com seus braceletes e anéis, a srta. Bingley dando restauradoras caminhadas pelo salão e tentando atrair a atenção do sr. Darcy, e Elizabeth e o sr. Darcy olhando fixamente para seus respectivos livros e virando as páginas descuidadamente, mas sem realmente ler qualquer coisa.

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Capítulo 4

Na manhã seguinte, Elizabeth sentiu que Jane já estava suficientemente bem para ir para casa. Sentia-se muito ansiosa para deixar Netherfield e se ver livre do constante perigo de estar na presença do sr. Darcy. As duas irmãs concordaram que já haviam ficado tempo demais e deviam estar ultrapassando o limite da hospitalidade. Por esse motivo, Elizabeth escreveu um bilhete para sua mãe pedindo-lhe que enviasse a carruagem para buscá-las. A senhora Bennet, no entanto, estava convencida de que Jane deveria permanecer a semana toda em Netherfield e escreveu, em resposta à Elizabeth, que a carruagem não poderia ser cedida e que ela e Jane deveriam ficar mais tempo, se convidadas para isso. Contudo, Elizabeth estava determinada a voltar e por fim convenceu Jane a pedir a carruagem do sr. Bingley emprestada. Ao receber tal solicitação, no entanto, a srta.Bingley insistiu, por pura educação, para que elas ficassem mais um dia. Ela se arrependeu de ter feito tal convite assim que este foi aceito, pois seus ciúmes e aversão por uma das irmãs ultrapassava em muito a afeição que sentia pela outra, e estava ansiosa para que Elizabeth

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partisse. Assim, ficou decidido que Jane e Elizabeth deixariam Netherfield na manhã seguinte. Tanto o sr. Bingley quanto o sr. Darcy estavam desapontados que elas tivessem que ir embora, mas somente o sr. Bingley expressou tal sentimento.

Mr. Darcy ficou ainda mais desapontado por Elizabeth não ter descido para o café da manhã. Obviamente não lhe ocorreu que ela estivesse tentando evitá-lo. Na verdade, ela pretendia passar o dia inteiro nos aposentos de Jane, não se atrevendo nem mesmo a sair ao corredor com receio de encontrá-lo. Naturalmente, esta situação era muito desagradável para ela, que tanto apreciava ficar ao ar livre, e que estava habituada a caminhar ao menos uma vez ao dia. Elizabeth convenceu Jane, sem muito esforço, de que seria melhor ela não se cansar muito esta noite, descendo após o jantar, para que ela estivesse bem descansada pela manhã para a viagem. Embora Elizabeth quisesse evitar mais uma noite silenciosa e constrangedora, sua preocupação com a irmã era real e não queria arriscar que seu estado piorasse. Até mesmo solicitou que suas refeições fossem servidas no quarto. Assim, tudo foi arranjado para que ela permanecesse recolhida o dia todo.

Ao passar o dia encerrada e ociosa, Elizabeth teve tempo de refletir a respeito dos recentes acontecimentos que dominavam seus pensamentos. A princípio ela não teve dúvidas, a partir do momento em que o sr. Darcy se declarara, de que teria que recusar seu iminente pedido de casamento quando fosse manifestado. Porém, depois de pensar mais a respeito, não conseguiu decidir por que o faria. Era verdade, ela não o amava e não se casaria sem amor, mas dispensá-lo tão prontamente depois de suas ternas confissões não parecia certo. Deu-se conta de que passara muito pouco tempo em sua companhia, e conversara menos ainda, e que não sabia nada sobre ele. Pelo menos, não o suficiente com o que se embasar para uma decisão como esta. De fato, tudo o que sabia dele era que ele era rico e reservado, e que era dono de uma grande propriedade em Derbyshire. Sim, Derbyshire, Elizabeth teve uma idéia! Ela ganhou alguns momentos de privacidade enquanto Jane descansava e resolveu escrever uma carta à tia, sra. Gardiner, que já vivera muitos anos em Derbyshire. Ela já havia escrito à tia com as novidades sobre os habitantes de Netherfield, e em resposta a sra. Gardiner havia declarado que, embora conhecesse a família Darcy de nome e sua propriedade Pemberley, ela não os conhecia pessoalmente e sabia muito pouco a respeito deles. Assim, Elizabeth escreveu,

Minha querida tia,

Sei que posso confiar-lhe um assunto que exige total segredo. Não tenho dúvidas de que posso confiar em sua discrição. Inteirei-me por mero acaso de informações referentes aos sentimentos de um certo cavalheiro por mim. Querida tia, da mesma forma que havia decidido odiar o sr. Darcy por causa de seu jeito orgulhoso, fiquei sabendo por mero acaso, mas da fonte mais confiável possível, que ele me admira e pretende pedir minha mão. Ele não sabe que estou ciente disso. Sei que a senhora deve estar curiosa, mas prefiro guardar minhas explicações até que eu a encontre pessoalmente, mesmo assim tenho que lhe fazer esta solicitação que, eu espero, seja atendida mesmo sem maiores detalhes de minha parte.

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Como meu futuro (e também o de minha família) pode depender do pronunciamento deste homem, achei que não seria prudente recusá-lo com base nas informações deveras limitadas que tenho sobre seu caráter. Embora eu pretenda conhecer mais sobre ele aqui, nas oportunidades que se apresentarem, o propósito de minha carta é implorar-lhe que procure se informar com seus conhecidos de Derbyshire sobre a reputação e o caráter deste homem. Admito que não o amo, tia, e não poderia aceitá-lo a não ser que o amasse, portanto tento saber se eu poderia amá-lo. Na verdade, sinto que posso tê-lo julgado de maneira precipitada e espero que minha dúvida recentemente descoberta quanto à validade da minha opinião a respeito dele não seja apenas o resultado de minha própria vaidade por saber dos sentimentos dele por mim. E mesmo sabendo que a resposta que procuro virá principalmente de minha própria interação com ele aqui, me sentiria melhor se soubesse mais a seu respeito. Obrigada, tia, por sua generosa ajuda nesta questão. Por favor, escreva-me tão logo tenha alguma informação a comunicar.

Sua sobrinha, com amor

Elizabeth Bennet

Elizabeth confiou a carta a um criado com instruções de postá-la no expresso daquele mesmo dia. Agora ela só teria que esperar por notícias. Considerou a forma como a revelação do sr. Darcy a levara a questionar a opinião negativa que formara a respeito dele, quando anteriormente ela não tivera escrúpulos em formar tal opinião baseada em informações demasiado limitadas.

O sr. Darcy também se vira afetado pelo encontro com uma adormecida Elizabeth na biblioteca. Ele fora levado a se entregar aos próprios sentimentos por ela e sua resolução não fora abalada ao deixar o lugar. Ao contrário, ele havia definido seu curso de ação e, assim, interrompeu seus esforços de uma maneira muito agradável. Uma vez decidido a propor casamento a Elizabeth, ele começou, pela primeira vez, a contemplar as reações dela e percebeu que sempre dera por certo de que ela o aceitaria. Agora já não tinha tanta certeza. Decidiu se entregar à onerosa tarefa de desvendar os sentimentos dela em relação a ele, e se fossem desfavoráveis, de tentar conquistar seu amor. Portanto, ele não poderia se declarar prematuramente. Decidiu sensatamente que não a pediria em casamento enquanto não estivesse relativamente certo de que ela assentiria. Com tal resolução e um plano de ação definido, ele já antecipava com prazer a corte que faria à mulher que amava.

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Capítulo 5

Elizabeth permaneceu encerrada nos aposentos de Jane durante todo o sábado, apesar das súplicas por parte das irmãs Bingley para que ela se juntasse aos outros para o jantar e na sala de estar, mais tarde. Até mesmo Jane insistiu com ela que fosse tomar um pouco de ar fresco, mas Elizabeth estava decidida a evitar a possibilidade de um encontro com o sr. Darcy. Conseqüentemente, ela se deitou cedo, assim que Jane se arrumou para

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dormir, mas teve um sono agitado. Acordou repentinamente na manhã seguinte, após um pesadelo no qual se viu presa em um cômodo pequeno e sem janelas ou portas e que, a cada vez que ela tentava sair, ficava ainda menor. Assim que se recompôs, concluiu que o sonho era provavelmente efeito de ter permanecido enclausurada o dia todo. Ela não queria voltar a dormir temendo aquele o sonho horrível continuasse, e sabia que precisava sair. Pensou, então, em fazer uma caminhada matutina, perguntando-se que horas seriam. Seu quarto ainda estava escuro, e quando ela abriu as cortinas pôde perceber apenas um pálido vislumbre de luz solar. Ficou animada com a idéia de ver o nascer do sol e pensou que estaria livre de encontrar quem quer que fosse a uma hora dessas. Enquanto ela se aprontava para sair, a lembrança de que retornaria para casa naquele dia melhorou ainda mais seu humor.

Quando Elizabeth finalmente saiu, sentiu-se estimulada pelo ar fresco da manhã. Pôs-se a caminho dos jardins ao leste onde começou a vaguear enquanto as últimas estrelas desapareciam uma a uma. Após fazer o circuito do jardim e virar na última curva de volta em direção ao caminho da mansão, ela viu uma figura vindo de encontro a ela que, sem que ela soubesse, sorria consigo mesmo enquanto as lembranças de seu mais recente e agradável sonho ainda ocupavam sua mente. Em questão de segundos Elizabeth já se encontrava a poucos passos do sr. Darcy. Ela ficou sem ar ao vê-lo, e sensivelmente ruborizada, mas logo se recuperou o suficiente para dizer suavemente um “bom dia, sr. Darcy,” acompanhado de uma educada reverência, enquanto imaginava se poderia escapar à sua companhia.

Ele se surpreendeu ao vê-la e disse, ainda sorrindo, “Bom dia, srta. Bennet, como se sente nesta bela manhã?”

“Muito bem, obrigada,” ela respondeu, ainda aflita com a sua presença.

“E sua irmã, como está se sentindo hoje?” ele perguntou, encarando-a.

“Ainda não a vi esta manhã. Ela estava dormindo quando saí, mas ontem ela já se sentia muito melhor e hoje deveremos voltar para casa.” O olhar firme dele a deixou bem desconfortável e ela desviou os olhos enquanto falava.

“Sim, fiquei sabendo ontem que vocês estariam nos deixando esta manhã. Fico contente em saber da melhora de sua irmã.” Ele ainda sustentava o olhar, com um leve sorriso.

“Obrigada.”

Esta conversa foi seguida de uma pausa embaraçosa, durante a qual Elizabeth se moveu em direção a um banco a poucos passos dali e o sr. Darcy a seguiu, sentando-se a seu lado. Ela se sentia aliviada por não estarem se encarando agora, mas a proximidade dele aumentou seu desconforto mesmo assim, e tudo o que ela pôde pensar foi em querer se afastar dele. No entanto, ela se manteve onde estava e ambos permaneceram sentados, apreciando os tons rosados e alaranjados da luz da manhã acariciando o horizonte. O silêncio foi quebrado pelo sr. Darcy, “O que a trouxe tão cedo ao jardim, srta. Bennet? Ou a srta. normalmente se levanta e caminha a esta hora?”

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“Não, não tão cedo. Tive um sonho ruim e não consegui dormir novamente. Achei que um pouco de ar fresco me ajudaria a desanuviar.”

“Sinto muito que tenha tido um sonho ruim. O ar fresco surtiu o efeito esperado?”

“Sim, obrigada,” ela já se sentia suficientemente recomposta para manter uma conversa educada, então continuou, “E o senhor, o que o fez sair tão cedo? Espero que não tenha tido um pesadelo também.”

“Não, felizmente, eu raramente tenho pesadelos,” ele disse, sorrindo para si mesmo, e prosseguiu com um olhar de soslaio na direção dela, “eles são, na realidade, bem agradáveis.”

Ela lhe lançou uma olhadela, mas os olhos dele já estavam fixos no horizonte. Ela disse, então, “Que sorte a sua. Não entendo como quis abandonar sonhos tão agradáveis para sair tão cedo. Agora estou curiosa para saber a resposta à minha pergunta que, a princípio, foi feita apenas por educação. Porém, como o senhor não a respondeu diretamente, talvez prefira guardar para si mesmo suas razões para ter saído tão cedo.”

Ele sorriu com o discurso dela e disse, “Confesso que não costumo sair tão cedo, mas minha razão é simples e de forma alguma misteriosa. Eu simplesmente gosto de observar o nascer do sol e, toda vez que acordo cedo o suficiente, aproveito a oportunidade para fazê-lo.”

Ambos se mantiveram em silêncio enquanto o sol emergiu no horizonte quase subitamente. Elizabeth suspirou e murmurou, “Que lindo,” e voltando-se para seu acompanhante, perguntou, “Gostou?”

O sr. Darcy a fitou por um momento e observou a brisa da manhã agitar de leve alguns fios soltos dos cabelos dela e os afastou de seu rosto, dizendo, “adorável,” e voltou o olhar para o horizonte novamente, sem ver o tom rosado colorindo o rosto dela.

“Bem, acho que devo voltar para casa para ver como a Jane está, ela deverá acordar logo e precisamos nos preparar para partir,” ela disse já se levantando e se movendo na direção da casa.

Sem uma palavra, ele se levantou e a acompanhou. Ao se aproximarem da mansão, ele disse, “Percebe que esta foi a primeira vez que conversamos sem discutir?”

“Creio que sim,” ela respondeu, acrescentando de maneira jocosa, “teremos que corrigir isso na próxima vez que conversarmos.”

“Não vejo a hora.”

“Gosta de discutir? Imagino que a maioria das pessoas ache desagradável.”

“Gosto do desafio, creio eu. Acho uma agradável alternativa para as conversas mais triviais que se costuma ter.”

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“Isso está de acordo com a opinião que faço do senhor, pois nunca achei que se interessasse por questões triviais.”

“Deveras? E que outras opiniões têm a meu respeito?” perguntou o sr. Darcy, aproveitando a oportunidade para tentar descobrir o que ele desejava desesperadamente saber.

“É melhor que eu não responda, pois temo que se o fizer eu acabe negando a observação que o senhor acabou de fazer sobre o nosso encontro esta manhã, e por fim acabaremos discutindo,” ela disse rindo.

Ele ficou um pouco desapontado, e disse, “Suas opiniões a meu respeito não podem ser boas se acredita que possam incitar uma discussão entre nós.”

Ora, sr. Darcy, nunca me pareceu que desse importância à opinião dos outros. Não é possível que uma pessoa como o senhor se importe com o que uma pessoa como eu pensa a seu respeito.”

“Srta. Bennet, eu não desejo que pensem mal de mim.”

“Mas se alguém pensasse, não teria muita importância para o senhor, teria?”

“Depende da pessoa que tiver tal opinião.”

“Exatamente. Depende da importância que a pessoa tem para o senhor. Se a pessoa for meramente um membro de uma comunidade pequena e insignificante no campo sem qualquer status ou influência, a opinião de tal pessoa não significará nada para o senhor. De fato, se o senhor entra em contato com pessoas que considere sem importância ou inferior, o senhor não faz nada para lhe inspirar uma boa opinião. Já que não se importa com o que pensam do senhor, não precisa se mostrar agradável. Ao contrário, pode se dar ao luxo de ficar calado e indiferente, de evitar conversas banais que acha tão desagradáveis, e de decidir falar somente quando o que tem a dizer cause espanto a todos e passe à posteridade com todo o respeito de um provérbio.” Nesse ponto eles já haviam atingido o hall de entrada e, sem lhe dar qualquer oportunidade de resposta, ela disse, “Me desculpe, tenho que ir ver minha irmã,” saindo em seguida.

O sr. Darcy foi deixado com muito em que pensar, pois percebeu que, afinal, ela lhe havia revelado sua opinião sobre ele.

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Capítulo 6

Elizabeth e Jane tomaram o café da manhã juntas, e Jane foi mais uma vez recebida com entusiasmo e simpatia pelo sr. Bingley. Elizabeth e o sr. Darcy não trocaram uma só palavra com a exceção dos cumprimentos de praxe. Ele estivera meditando sobre o que ela lhe dissera mais cedo, e ansiava por continuar a conversa, mas não houve oportunidade durante o café ou a

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caminho da igreja e durante o retorno, já que não queria sua conversa sujeita ao escrutínio das irmãs Bingley. Após retornarem da igreja, Jane e Elizabeth partiram imediatamente para Longbourn na carruagem do sr. Bingley. Ambas se sentiam felizes por estarem voltando para casa. Não foram muito bem recebidas pela mãe, porém o pai se mostrou feliz em vê-las de volta.

O sr. Darcy ficou apenas com suas próprias conclusões quanto ao significado das palavras de Elizabeth. Ao analisá-las, começou a se perguntar se seu comportamento em Hertfordshire havia deixado a impressão geral de que ele se sentia superior aos habitantes locais, como ela havia sugerido. Refletindo sobre sua conduta durante todo o último mês, percebeu que se conduzira como ela o descrevera. A princípio ele se mostrara tímido, mas a seguir não procurou maior contato com ninguém já que sua estada naquela região seria muito breve e ele não encontrara ninguém que quisesse conhecer melhor, exceto Elizabeth. Ela estava certa ao dizer que ele não se importava com o que seus vizinhos pensassem dele. Ele certamente não queria que tivessem uma opinião desfavorável a seu respeito, mas não lhe passara pela cabeça considerar a opinião da população local. Aparentemente ele era considerado desagradável por ser quieto e reservado. Porém nunca havia revelado o suficiente de si mesmo que permitisse a alguém formar uma idéia precisa sobre seu caráter.

No começo, o sr. Darcy só conseguiu pensar em como Elizabeth estava enganada a seu respeito. Ficou um pouco indignado que ela se imbuísse do direito de julgá-lo tão severamente, embora ele tivesse pedido sua opinião. No entanto, ele logo percebeu o quão fortuita fora a reprovação de Elizabeth. Ela lhe dera uma idéia de seus sentimentos e uma oportunidade de modificá-los. Ele não poderia simplesmente fazê-la gostar dele, precisaria permitir que ela enxergasse sua verdadeira natureza.

Elizabeth, por sua vez, também refletiu sobre as palavras que dirigira ao sr. Darcy naquela manhã. Queria saber como ele reagiria à sua repreensão. Ele aceitaria a chance que ela lhe dava, ou aquelas palavras mudariam os sentimentos dele por ela? “Bem, “ ela pensou, com alguma satisfação, “foi ele quem pediu.” Elizabeth percebeu que a vantagem era dela, pois sabia o que ele sentia por ela, e também conhecia seus próprios sentimentos. Ela não o amava, e não o amaria se ele não a deixasse conhecê-lo o suficiente para saber se isso seria possível. Conhecia-o o suficiente para saber que ele nunca seria inautêntico, e dessa forma, não estava preocupada que ele demonstrasse maneiras falsas só para agradá-la. Ela observara o quanto esse tipo de comportamento o incomodava nos outros, principalmente na srta. Bingley. Ela só queria que ele revelasse mais de sua verdadeira personalidade, e se pegou desejando que não se sentisse desapontada.

No dia seguinte, o primo do sr. Bennet e herdeiro de Longbourn. sr. Collins, chegou a Longbourn à procura de uma esposa, com o falso pretexto de remediar a distância que existia há muito entre seu pai e o sr. Bennet. Esperava exonerar-se da culpa de ser o herdeiro de Longbourn ao se casar com uma das filhas daquela família. O homem era uma tal mistura de presunção e humildade que Elizabeth o achou engraçado. Falava por longos momentos sobre a humildade de sua residência, expondo com orgulho todos os confortos

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oferecidos por sua modesta casa. Dissertava incessantemente e com muita eloqüência sobre sua nobre patronesse, Lady Catherine de Bourgh, a quem dedicava a mais ampla gama de elogios. A própria Lady havia sido tão boa e beneficente a ponto de lhe conceder uma visita ao humilde chalé e aconselhá-lo de maneira generosa quanto à arrumação de sua modesta morada. Elizabeth e o pai acharam o sr. Collins muito engraçado, mas a mãe estava encantada com a intenção dele de se casar com uma de suas filhas. Ele deixara de ser “aquele homem odioso” que tomaria Longbourn dela e de suas filhas e “a poria na rua antes que seu marido esfriasse em seu túmulo,” para se tornar o “caro sr. Collins” que era “um jovem tão agradável.”

No dia seguinte à sua chegada, o sr. Collins se incluiu em um passeio a Meryton com todas as meninas Bennet, exceto Mary. Lá, eles encontraram o sr. Denny, um oficial conhecido de Lydia e Kitty que lhes apresentou um novo oficial, George Wickham. Bem quando estavam todos juntos conversando, o sr. Bingley se aproximou do grupo para inquirir sobre a saúde da srta. Jane Bennet, seguido por Darcy, um pouco mais atrás. O sr. Darcy, que tentava não olhar para Elizabeth, estacou ao reconhecer o sr. Wickham e uma expressão de frio rancor estampou seu rosto, o que não passou despercebido à Elizabeth, e que aguçou intensamente a curiosidade dela. O primeiro impulso do sr. Darcy foi se retirar imediatamente e se ver livre da presença daquele homem. Mas aquele homem estava com a sua Elizabeth, e ele não poderia deixá-lo com ela. Pensou também nas palavras de Elizabeth dois dias antes e sentiu que a opinião dela a seu respeito só pioraria. Assim, ele se juntou ao grupo enquanto Bingley dizia à srta. Bennet que estavam a caminho de Longbourn para saber de sua recuperação. Após trocar cumprimentos formais com todas as irmãs e ser apresentado ao sr. Collins, o sr. Darcy apenas se manteve imóvel, observando Elizabeth continuar sua conversa com o sr. Wickham. Por sua vez, Elizabeth tentava manter a compostura e não parecer abalada pela presença do sr. Darcy. Achou difícil manter a conversa com o sr. Wickham.

O sr. Darcy não conseguia chegar ao ponto de falar tranqüilamente com o sr. Wickham e se viu, assim, privado de conversar com Elizabeth. Porém, num esforço para lhe mostrar que podia ser agradável, travou conversa com o sr. Collins, o que não escapou à observação de Elizabeth, e lhe inspirou um imediato sentimento de simpatia. Tão empenhado estava o sr. Darcy em considerar a reprovação de Elizabeth que nem ao menos se arrependeu de ter que falar com o sr. Collins. Assim que este mencionou sua nobre patronesse, que estava sempre a poucas palavras do início de qualquer de seus discursos, o sr. Darcy a identificou como sendo sua própria tia. O sr. Collins ficou tão extasiado com a sorte de encontrar o estimado sobrinho da honorável senhora a quem ele servia com a maior humildade, e era tão generoso em seu louvor a ambos, tia e sobrinho, incluindo alguns elogios à prima também, que o sr. Darcy se viu com liberdade para prestar mais atenção à conversa entre o sr. Wickham e Elizabeth do que à própria interlocução. Ouviu o sr. Wickham dizer que havia ingressado no regimento de Meryton e que sua residência naquela vizinhança, portanto, ele estava feliz em informar, seria de certa duração. O sr. Darcy ficou desanimado com a notícia. O sr. Wickham também ansiava pela estimulante interação social da qual ele certamente faria parte durante sua estada em Hertfordshire. E o sr. Darcy não gostou nem um pouco da maneira com que Wickham olhava para Elizabeth enquanto dizia isso.

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As irmãs Bennet estavam a caminho de ir tomar chá com a tia, sra. Phillips, que morava em Meryton. Desta forma, todos caminharam na direção da residência dos Phillips. Ao chegarem, a duas garotas mais novas insistiram para que os oficiais se juntassem a elas, e a sra. Phillips reiterou o convite de uma janela do segundo andar. O convite foi, porém, declinado e os oficiais partiram. Imediatamente após, Bingley e Darcy, este último satisfeito com o fato de que as moças estivessem finalmente livres da companhia dos oficiais, particularmente de um deles, também se despediram para que elas pudessem prosseguir com a visita à tia. Depois que o sr. Collins foi apresentado à sra. Phillips, Kitty e Lydia começaram a falar animadamente sobre o sr. Wickham. Com isso, a tia as convidou a voltar no dia seguinte à noite para o jantar e prometeu que o marido convidaria os oficiais, incluindo o sr. Wickham.

Na tarde seguinte, as cinco garotas saíram novamente em companhia do primo com destino à casa dos Phillips. Assim que chegaram, Elizabeth aproveitou a primeira oportunidade para conversar com o sr. Wickham esperando que pudesse descobrir a razão da troca fria de cumprimentos entre ele e o sr. Darcy no dia anterior. Para sua surpresa, o sr. Wickham prontamente lhe contou toda a sua história com a família Darcy (a versão dele é bem conhecida e portanto, não precisa ser recontada aqui), embora ela não tenha percebido que ele deixara de fora importantes detalhes. Elizabeth estava espantada com a história relatada. Logo, a atenção do sr. Wickham foi atraída por suas duas irmãs mais novas e Elizabeth foi deixada a sós com seus pensamentos. Ela admitia gostar do sr. Wickham, pois ele tinha um jeito franco e afável que ela achava charmoso e envolvente. Entretanto, ela não podia imaginar o sr. Darcy sendo tão horrível como o sr. Wickham o descrevera. Mesmo assim, ele havia lhe contado a história sem a mínima cerimônia e pretensão, e com tamanha sinceridade que ela se sentia tentada a dar crédito a todas as suas afirmações.

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Capítulo 7No final da noite, quando Elizabeth chegou em casa, sentia-se em dúvida e confusa. Não sabia em que acreditar e passou uma noite agitada em conseqüência. Lembrou-se da maneira como o sr. Wickham lhe contara sua história, ele fora tão franco e falara com tanta autenticidade que ela tinha dificuldade de duvidar dele. Mas então, ela se lembrou da voz suave e gentil do sr. Darcy lhe falando na biblioteca, os sentimentos que ele então relatara não podiam pertencer a um coração capaz de atos tão maldosos. De fato, mesmo em sua pior opinião sobre o sr. Darcy, ela nunca o considerara capaz de cometer atos tais como os descritos pelo sr. Wickham. Admitia que acabara de conhecer o sr. Wickham e lhe ocorreu que não havia sido totalmente apropriado que ele desse a conhecer tantas informações referentes à sua vida pessoal tendo-a conhecido há tão pouco tempo. Contudo, a história relatada pelo sr. Wickham estava de acordo com a opinião inicial que ela tivera do sr. Darcy, que ela admitia ser mais precisa por ter sido formada sem o conhecimento do apreço dele por ela. Já qualquer mudança em tal opinião não poderia ser objetiva, pois era influenciada por esse conhecimento. Mas teria ela sido objetiva mesmo no começo? Ela se permitira influenciar por sua rejeição inicial como parceira de dança, que agora ela sabia ser devida apenas à

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timidez. Estes pensamentos a levaram a novas considerações sobre as maneiras dele. Ela ficara muito decepcionada que ele não fizera nenhum esforço para conversar com ela em Meryton. Era óbvio que ele e o sr. Wickham não mantinham uma relação amigável, mas ela ficara um pouco desapontada que a estima dele por ela não superasse sua antipatia pelo homem com quem ela estava conversando, a ponto de se engajar na conversa. Ela notara, porém, que ele iniciara a conversação com o sr. Collins, o que tinha pouco a ver com o que ela conhecia dele. Perguntava-se se a atenção para com o sr. Collins não teria sido resultado da reprovação dela e ficou sensibilizada com a possibilidade. O que só aumentava a sua confusão. Não sabia em que acreditar, mas tinha que descobrir a verdade. Assim, na manhã seguinte ela escreveu uma segunda carta à tia.

Querida tia,

Estou muito angustiada. Recentemente recebi informações referentes ao sr. Darcy, mas são de natureza alarmante. Ele me foi descrito como tendo cometido atos de uma maldosa vingança contra um rapaz com quem foi criado quase como um irmão, e se recusado a atender aos últimos desejos de seu moribundo pai no sentido de garantir a subsistência de tal rapaz. Evidentemente, foi desse mesmo rapaz que obtive essas informações e não sei como encará-las. Querida tia, seria muito pedir que a senhora inclua em suas investigações junto a seus conhecidos de Derbyshire o que se sabe a respeito do sr. George Wickham e de seus negócios com a família Darcy? Mais uma vez obrigada. Espero algum dia poder lhe retribuir o favor que me presta agora. Anseio por notícias suas sobre este assunto.

O sr. Bingley continua com suas atenções para com Jane e acredito que sua coragem está aumentando. Espero ter boas notícias em breve.

Sua sobrinha, com amor.

Elizabeth Bennet

Após enviar a carta, Elizabeth foi dar uma volta em companhia de Jane pelos arbustos e relatou a ela tudo o que havia se passado entre sr. Wickham e ela no dia anterior, mas ainda não estava pronta para falar sobre o que o sr. Darcy lhe havia dito em Netherfield quando a acreditara adormecida. Jane ficou espantada com a história de Wickham e inclinada a crer que deveria haver algum mal-entendido. Ela não podia acreditar que o amigo do sr. Bingley pudesse ser tão mesquinho ou que tivesse se aproveitado da ingenuidade do sr. Bingley. Elizabeth considerou as palavras da irmã, mas sabia que ela estava sempre disposta a ver apenas o lado bom das pessoas. Achava também que Jane poderia estar sendo parcial em favor do sr. Darcy pelo que sentia pelo sr. Bingley.

Jane e Elizabeth foram chamadas de sua conversa entre os arbustos pelo chegada do sr. Bingley, de suas irmãs, e do sr. Darcy. O primeiro viera pessoalmente convidar a família Bennet e o sr. Collins para um baile em Netherfield na terça-feira seguinte, e o último aparentemente decidira vir

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apenas para fazer companhia ao amigo. Ocorreu, então, à Elizabeth que, se ela pudesse dar um jeito de ter uma conversa particular com o sr. Darcy, poderia descobrir algo mais sobre a ligação dele com o sr. Wickham. Era indubitável que o sr. Darcy também queria conversar em particular com Elizabeth. Mas era pouco provável que isso acontecesse, já que as cinco irmãs Bennet, assim como a sra. Bennet, se mantiveram presentes durante toda a visita. E, naturalmente, as irmãs do sr. Bingley também. Este conseguira se envolver numa conversa particular com Jane num canto da sala, e o sr. Darcy o invejava mas não conseguia pensar numa maneira de fazer o mesmo a sós com Elizabeth. Ficou ainda mais desgostoso visto que a conversa geral revelava que Elizabeth e suas irmãs haviam passado algum tempo na casa da tia Phillips no dia anterior, em companhia de vários oficiais, incluindo o sr. Wickham. Elizabeth observava atentamente o semblante do sr. Darcy enquanto Lydia e Kitty falavam com entusiasmo às irmãs Bingley sobre o sr. Wickham, contando-lhe o quão bonito e charmoso ele era. Ela podia notar que ele ficava cada vez mais agitado.O sr. Darcy arriscou olhar para Elizabeth várias vezes e, por uma ou duas encontrou seu olhar, mas ela o desviou. A perturbação dele se tornou ainda mais visível quando Lydia disse, “E Elizabeth passou mais de meia hora em conversa sigilosa com o sr. Wickham enquanto todos nós jogávamos cartas. Ela é bem sonsa, tentou mantê-lo só pra si, acho que ela gosta dele.”

“Lydia!” exclamou Elizabeth, mortificada, mas não pôde fazer nada porque, embora tivesse mudado de assunto imediatamente, o dano já havia sido feito. Ela estava envergonhada com o ímpeto tão inadequado da irmã e preocupada com o efeito das palavras de Lydia sobre o sr. Darcy. As irmãs Bingley se entreolharam, e o sr. Darcy se levantou, dirigindo-se a uma das janelas para esconder sua crescente raiva e frustração. A idéia de que Elizabeth pudesse gostar de Wickham lhe causou grande mal-estar. A srta. Bingley sabia que Darcy odiava Wickham, embora não conhecesse os detalhes do relacionamento dos dois. Imaginava que ele quisesse evitar maiores discussões sobre o assunto. Sempre querendo cair nas boas graças do sr. Darcy, ela arranjou para que ele escapasse de tal situação levantando-se e dizendo ao irmão que já era hora de voltarem para casa. O sr. Bingley ficou visivelmente desapontado, mas aquiesceu. O sr. Darcy mal olhou para Elizabeth ao sair, despedindo-se da maneira mais ligeira que a educação permitia. Ela se perguntou se isso significava que ele havia acreditado em Lydia.

Assim como Elizabeth, Darcy era atormentado por noites insones desde a sua confissão na biblioteca, mas os pensamentos dele haviam sido menos perturbadores que os dela, até o momento. Ele passou a noite de forma muito desagradável pensando em Elizabeth e Wickham. Seria possível que ela gostasse daquele homem? Mas ele conhecia Wickham muito bem. Suas maneiras pareciam francas e eram envolventes e as mulheres sempre o achavam irresistível. Sentiu que teria que conquistar Elizabeth antes que Wickham se aproveitasse da ingenuidade dela. Mas como poderia competir com seu jeito agradável, quando ele mesmo era exatamente o oposto? Desejava desesperadamente saber sobre o que Elizabeth e Wickham haviam falado na ocasião mencionada pela srta. Lydia Bennet. Desde que Bingley marcara uma data para o baile em Netherfield, Darcy ansiava por dançar com Elizabeth. Agora, mesmo esses pensamentos eram invadidos e maculados pela

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imagem de seu pior inimigo se insinuando para sua amada, já que Bingley havia feito um convite aberto a todos os oficiais para o baile. Será que Wickham ousaria comparecer? Daria atenção especial a Elizabeth? Perceberia a afeição de Darcy por Elizabeth? E se o fizesse, Darcy não tinha dúvida, Wickham faria tudo que estivesse ao seu alcance para envolver Elizabeth e envenená-la contra ele. Poderia até tentar seduzi-la e arruiná-la só para ferir Darcy. Com tais pensamentos torturando-lhe a mente, o sr. Darcy não encontrou paz suficiente para conciliar o sono naquela noite.

Por sua vez, Elizabeth estava mais embaraçada pela inconveniência da impetuosa indiscrição de Lydia que pelas palavras em si. Perguntava-se se mais esta evidência da falta de moderação de sua família afetaria o desejo do sr. Darcy de se ligar a ela. Refletir sobre a propensão de certos membros de sua família a se comportarem continuamente de maneira inadequada fê-la pensar se não teria sido este tipo de conduta o que causara no sr. Darcy o desejo de reprimir seus sentimentos por ela. Quanto ao que Lydia havia dito, Elizabeth sentia que, embora não pudesse definir seus sentimentos pelo sr. Darcy, ela não queria que ele acreditasse que ela gostava de outro, em particular, seu pior inimigo. Contudo, estava curiosa para ver como ele reagiria à sugestão de que ela poderia estar afeiçoada a outro homem.

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Capítulo 8Os quatro dias que se sucederam foram quase que dominados por uma chuva contínua em Hertfordshire. Não houve visitas a Longbourn. Todos os habitantes da casa certamente teriam ido à loucura se não houvesse um baile para o qual se prepararem. Um dia, enquanto a família discutia animadamente o esperado evento, Elizabeth, com seu habitual jeito provocador questionou o fato de o sr. Collins aceitar o convite para o baile. Para sua grande surpresa, ele respondeu requisitando-a para as duas primeiras danças e ameaçando dançar com todas as suas lindas primas na ocasião.

Na véspera do baile em Netherfield, Elizabeth recebeu a seguinte carta de sua tia, em resposta à sua primeira missiva,

Minha querida sobrinha,

Confesso que fiquei um tanto confusa ao receber suas cartas e ansiosa pela explicação sobre sua fonte segura de informação. Espero que seja realmente segura e que você não esteja apenas se deixando levar por sua simpatia pelo informante. Fico contente que você não tenha permitido que seus preconceitos contra esse rapaz a fizessem dispensá-lo completamente. É digno de sua parte admitir que saiba tão pouco a respeito dele e procurar conhecê-lo. Fiz como me pediu e inquiri várias de minhas conhecidas da região a esse respeito. Notei uma certa urgência em suas cartas e, por isso, agi rapidamente. Felizmente a resposta às minhas indagações foi diligente e generosa, e suponho que tal volume de informações se deva ao prazer que as pessoas sentem em mexericar, e atribuo a presteza ao fato de não ter negligenciado a correspondência com estas conhecidas ao longo dos anos.

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Agora vamos direto ao ponto. A opinião geral a respeito do sr. Darcy é unânime. Ele é conhecido como um homem bom, generoso e liberal. É reverenciado por seu juízo e sua devoção aos princípios morais. É visto como o melhor proprietário de terras e empregador da região. Tem uma boa cabeça para os negócios, vasto conhecimento sobre todos os assuntos importantes, e se mantém bem informado sobre os eventos locais, no reino, e no exterior. Dizem também que é um irmão bom, generoso e afetuoso. Ele e a irmã são sabidamente reservados, e assim costumam se manter. Entretanto, não costumam negligenciar seus conhecidos na vizinhança ao redor de Pemberley. Tampouco negligenciam seus deveres para com os mais pobres e doentes. Quando eu for a Longbourn no Natal, levarei comigo as muitas páginas exaltando as virtudes desse rapaz para que você veja por si mesma. Naturalmente, ele é muito procurado por todas as mães e tias que tenham uma filha ou sobrinha com idade para se casar.

Lizzy, quando recebi sua primeira carta, despachei imediatamente a correspondência para minhas conhecidas. Quando recebi sua segunda carta, cinco dias depois, já havia recebido algumas respostas. Ao ler tais respostas, não vi necessidade de escrever novas solicitações às minhas amigas já que todas as informações desejadas já me haviam sido dadas. Recebi de mais de uma fonte a informação de que o sr. Darcy quitou muitos débitos de seu amigo de infância quando este partiu de Lambton, deixando muitas dívidas com os comerciantes locais e até mesmo dívidas de honra. Como você já deve ter concluído, tal jovem era o mesmo George Wickham sobre quem você indagou. Ele foi criado em Pemberley com o sr. Darcy, acabou se tornando rebelde e ganhando reputação por seu comportamento inaceitável, cujos detalhes prefiro não repetir aqui. Basta dizer que ele desenvolveu muitos hábitos lamentáveis. Eu não acreditaria em uma palavra sequer do que o sr. Wickham dissesse sobre qualquer que fosse o assunto, incluindo o sr. Darcy. Você não conhece seus motivos. Suplico que se mantenha afastada desse sr. George Wickham e que tome cuidado com Kitty e Lydia quando estiverem em companhia dele, pois não confio no julgamento das duas.

Lizzy, sei que toda esta informação adicionada à fortuna e ao prestígio do sr. Darcy fazem dele um bom partido, e recomendo que considere estes incentivos; mas sua própria participação nisto, o estudo do caráter dele e sua interação com ele devem ser os fatores determinantes. Sim, ele é um bom homem, e dono de uma grande fortuna, mas certifique-se de que você o ama antes de unir-se a ele para toda a vida, pois do contrário você poderá ser muito infeliz e todo o dinheiro que ele possui e quaisquer outros estímulos não compensarão a falta de amor. Espero logo conhecer este seu sr. Darcy e ouvir as histórias sobre toda essa intriga.

Seu tio manda lembranças a você e à sua família.

Sua tia, com amor,

M. Gardiner.

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As notícias relatadas nesta carta agradaram à Elizabeth mais do que ela poderia esperar. Escreveu uma rápida nota de agradecimento à tia e passou a antecipar o baile do dia seguinte com grande ansiedade. Agora que conhecia a verdadeira natureza de Wickham, não lhe agradava mais a idéia de que o sr. Darcy pudesse pensar que ela gostava de Wickham. Ocorreu-lhe o quão doloroso deveria ser para o sr. Darcy imaginar que a mulher que ele amava estivesse enamorada de tal homem. O desejo de esclarecer tudo sobre seus sentimentos pelo sr. Wickham e de aliviar o desconforto do sr. Darcy superaram em muito a sua curiosidade quanto à reação deste ao pensar que ela gostava de outro.

Enquanto isso, em Netherfield no mesmo dia, o sr. Bingley anunciou aos seus hóspedes que ele teria que ir a Londres a negócios na manhã seguinte ao baile, e que retornaria em poucos dias, mas convidou-os todos a permanecer em sua casa. O sr. Bingley não mencionou, no entanto, que esperava ter seu pedido de casamento aceito pela srta. Bennet assim que retornasse à região. Contudo, suas irmãs e o sr. Darcy já haviam percebido sua admiração por ela e notaram que ultrapassava qualquer sentimento que ele já tivesse demonstrado em relação a qualquer outra moça. Assim, a srta.Bingley decidiu aproveitar a planejada separação temporária entre o irmão e Jane, e torná-la permanente seguindo-o até Londres, influenciando-o contra Jane, e mantendo-o na capital. Certa de que o sr. Darcy não aprovaria a srta. Bennet como uma boa escolha para seu irmão, esperava induzi-lo a concordar com o plano e teve a idéia de lembrá-lo de que ele poderia ver a irmã se viajasse para Londres.

A srta. Bingley aproveitou a oportunidade durante um planejado momento a sós com o sr. Darcy, interrompendo-o cruelmente de sua agradável meditação sobre a amada, para recrutar sua ajuda na execução do plano de seguir Bingley até Londres e mantê-lo por lá. O sr. Darcy estava preocupado com o amigo, sabia que Bingley estava apaixonado pela srta. Bennet que, assim parecia ao sr. Darcy, aceitava as atenções dele sem retorná-las. Ele considerou se sua interferência seria benéfica a Bingley; ele certamente não queria ver o amigo unido a uma jovem que não o amasse.

Embora não a achasse uma caçadora de fortunas, não tinha dúvida quanto a isso, mesmo que ela não correspondesse aos sentimentos de Bingley, poderia aceitá-lo por outras razões referentes à situação de sua família. Fora isso, a srta. Bingley parecia ser uma moça bondosa e amigável, de fato era muito simpática. Pensou, então, em Elizabeth. Tampouco tinha certeza de que correspondesse à sua afeição, porém, ele desprezaria qualquer homem que tentasse manipulá-lo para se afastar dela. Faria tudo o que estivesse ao seu alcance para conquistá-la e, com toda certeza, Bingley também gostaria de conquistar o coração da mulher que amava. Além disso, não desejava deixar Hertfordshire agora. Finalmente ele respondeu à srta. Bingley, “Não tenho intenção de interferir nos assuntos de seu irmão ou de supor que eu saiba o que é melhor para ele. Pretendo ficar em Netherfield e esperar pelo retorno dele daqui a alguns dias.” Ao pronunciar tais palavras, o sr. Darcy estremeceu com a idéia de permanecer em Netherfield sem Bingley, apenas na companhia da srta. Bingley e dos Hursts.

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“Mas sr. Darcy,” replicou a srta. Bingley, “certamente o senhor gostaria de ir à cidade, mesmo que fosse apenas para ver a sua querida irmã. Sei quanta falta ela lhe faz.”

O sr. Darcy ficou irritado com a forma que a srta. Bingley usava a sua irmã para tentar manipulá-lo, mas isso não era uma novidade. Ele apenas respondeu, “Pretendo ver Georgiana muito em breve. Agradeço pela sua preocupação, mas não é necessário incomodar-se com tais questões.”

A srta. Bingley se surpreendeu com a falta de disposição do sr. Darcy para fazer a viagem a Londres. Agora ela estava dividida entre o desejo de ir com Charles e tentar convencê-lo da falta de valor da srta. Bingley e seu desejo de ficar em Netherfield para continuar com seus esforços para conquistar o sr. Darcy, que em sua imaginação estavam começando a dar frutos. Finalmente, ela decidiu ficar. Os Hursts eram tão indolentes e incapazes de pensarem por si mesmos que decidiram ficar também, já que não se sentiam inclinados a viajar até a capital no momento.

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Capítulo 9O dia do baile finalmente chegou e Elizabeth se sentia confusa. Sentia-se mal por ter que dançar as duas primeiras músicas com o sr. Collins, tinha esperança de que o sr. Darcy a tirasse para dançar, e temia que o sr. Wickham estivesse lá.

Felizmente o sr. Wickham não compareceu ao baile. Elizabeth sobreviveu às duas primeiras danças com o sr. Collins, que foram embaraçosas pois por várias vezes se movimentou na direção errada. Elizabeth viu o sr. Darcy fitando-a, e compreendendo agora o significado de tal gesto, não se sentiu tão perturbada quanto em ocasiões anteriores. De fato, agora ela via uma suavidade em seu olhar que não observara antes, e podia jurar que o sr. Darcy sorrira ao ver o sr. Collins cometendo erros durante a dança. Assim que se viu livre de seu primo, Elizabeth procurou a amiga, Charlotte Lucas, com quem ficou conversando por algum tempo. Falaram de Jane e Bingley que ficaram juntos quase que a noite toda. O anfitrião, na verdade, estava negligenciando seus outros convidados, para a evidente surpresa de suas irmãs e deleite da sra. Bennet.

Elizabeth e Charlotte estavam concentradas em tais assuntos quando o sr. Darcy se aproximou e solicitou a companhia de Elizabeth para as próximas duas danças. Quando ela aceitou com um sorriso, o sr. Darcy exultou, mas apenas fez uma reverência e se afastou. Charlotte estava claramente impressionada, lembrando à Elizabeth que esta era a primeira vez, desde sua chegada a Hertfordshire, que o sr. Darcy fazia a concessão de dançar com qualquer moça que não as irmãs de seu amigo.

Quando a dança começou, tanto Elizabeth como Darcy estavam calados, pois ambos se sentiam constrangidos e desconfortáveis. Darcy sabia que deveria conversar com ela, mas não sabia o que dizer ou como começar. Por fim, Elizabeth fez uma pequena observação sobre a dança. Ele se sentiu

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desapontado consigo mesmo por deixar para ela a responsabilidade de iniciar a conversa, mas adequadamente fez um comentário em resposta. Então, lembrou-se de quando a vira na cidade e perguntou, “você e suas irmãs vão sempre a Meryton?”

Ela respondeu com uma afirmativa e sua curiosidade se sobrepôs a qualquer desejo que ela tivesse de poupá-lo de uma conversa desagradável. Acrescentou, “quando nos encontrou lá no outro dia, havíamos acabado de ser apresentadas a alguém.” Disse isso na esperança de arrancar dele alguma informação referente à sua ligação com o sr. Wickham e esperando que a conversa pudesse levar a uma oportunidade de esclarecer o comentário de Lydia, mas achou que ele preferiria evitar o assunto.

Ao contrário, ele ficou satisfeito e esperou poder lhe dar uma explicação quanto ao verdadeiro caráter de Wickham e talvez descobrir se ela realmente tinha algum sentimento por aquele homem. Respondeu, portanto, “O sr. Wickham tem o dom de exibir maneiras tão agradáveis que lhe garantem novas amizades – já não é tão certo que seja igualmente capaz de conservá-las.”

“Eu nunca disse que ele era meu amigo, sr. Darcy. Na verdade, eu o conheço há apenas uma semana e o encontrei apenas duas vezes.” Disse isso com a intenção de diluir qualquer efeito que o comentário de Lydia pudesse ter causado nele.

Estas palavras deixaram-no bastante aliviado e ele mal pôde conter um leve sorriso. Ela notou e concluiu que havia tido sucesso. Continuou, então, “Concordo com sua afirmação de que a maneiras dele sejam agradáveis e úteis ao fazer amigos, mas não vi nada em seus modos que pudesse trair a inabilidade de mantê-los.”

“Basta dizer que o conheço bem há muito tempo. O suficiente para saber que ele não é o que aparenta ser para a maioria das pessoas em seu primeiro contato com ele.”

Nesse momento, foram brevemente interrompidos por Sir William que fez uma observação sobre as atenções de Bingley para com Jane e expressou a expectativa geral por um compromisso próximo. O sr. Darcy estava suficientemente satisfeito com o discurso de Elizabeth, assim como com a extensão da revelação que ele fizera, para querer continuar com o assunto. Apesar de sua curiosidade com relação à conversa de Elizabeth com Wickham, ele preferia, no momento, aproveitar seu precioso tempo com ela falando sobre coisas mais agradáveis. Por isso, acolheu com alegria a interrupção, encarando-a como uma oportunidade de conseguir informações que pudessem acabar com seus temores referentes a Bingley. Assim que Sir Lucas os deixou, ele observou, “meu amigo parece gostar muito da companhia de sua irmã.”

Elizabeth continuava curiosa a respeito do sr. Wickham e ficou um pouco desapontada de haver perdido o fio da conversa, mas o assunto que ele escolhera mais do que compensava tal perda. Ela respondeu, “Sim, creio que

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ela aprecia muito a atenção que ele lhe dá.” Disse isso propositadamente, na esperança de que o sr. Darcy transmitisse a informação ao seu amigo, e que isso servisse para encorajá-lo, pois Charlotte notara que Jane não deixava transparecer sua afeição pelo sr. Bingley.

“Deveras?” respondeu Darcy, “Achei a expressão de sua irmã pouco afetada pelas atenções de Bingley.”

Novamente Elizabeth sentiu que o sr. Darcy podia estar falando pelo sr. Bingley, comunicando as dúvidas dele em relação aos sentimentos de Jane, e respondeu, “Ela é muito reservada e serena por natureza, sr. Darcy, posso lhe garantir que ela gosta muito da companhia dele.” Ocorria-lhe agora que o sr. Darcy poderia estar pensando que o interesse de Jane era financeiro.

“Fico feliz em saber,” ele respondeu, deixando Elizabeth um pouco mais sossegada.

Eles conversaram muito pouco durante o resto da dança, mas deleitaram-se com a companhia um do outro. O sr. Darcy estava encantado por estar dançando com ela. Os sentimentos dele eram instigados com cada toque em sua mão enluvada. Ele mantinha o olhar fixo em seu rosto sempre que a dança o permitia, e ela lhe devolvia o olhar com um leve rubor. Enquanto isso, Elizabeth contemplava a descoberta de estar gostando muito da companhia do sr. Darcy. Começou também a notar que ele era muito bonito e tinha uma aparência muito agradável.

Ao terminarem a dança, ela descobriu que não queria perder a companhia dele e, aparentemente, ele sentia o mesmo. Permaneceram juntos e começaram a falar sobre diversos tópicos, cada um querendo saber mais a respeito do outro. Por fim, o sr. Darcy inquiriu Elizabeth sobre seu gosto por livros. Ela corou com a pergunta e pareceu detectar um sorriso em seus lábios. Disse apenas, “Tenho certeza de que nunca lemos os mesmos livros,” e então se lembrou dele lendo o mesmo livro que ela estivera lendo em Netherfield, e acrescentou, “ou pelo menos não da mesma maneira.”

Ele respondeu, “Sinto muito que pense assim; mas se for esse o caso, podemos comparar nossas opiniões.”

“Muito bem,” ela redargüiu, prosseguindo com uma questão sobre a opinião dele a respeito daquele determinado livro, que casualmente era um romance.

Foi a vez dele de ruborizar-se e ele afirmou que havia realmente apreciado a leitura.

Ela estava surpresa que ele tivesse lido o romance todo. Não pensou que ele fosse do tipo que lia romances. “Devo dizer que estou surpresa que leia um romance. Confesso que em relação a esse especifico romance, o senhor tem uma vantagem sobre mim, já que eu nunca cheguei a terminá-lo. Contudo, gostei muito do começo.”

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Ele corou novamente, lembrando-se dela deitada no sofá da biblioteca com o livro na mão. Ele respondeu,” então não quero estragar o final revelando algum detalhe, mas gostaria de saber o que você achou uma vez que tiver terminado de ler.”

“Se algum dia o fizer, poderemos discutir sobre isso novamente,” ela disse, sorrindo.

Eles não foram, no entanto, deixados à vontade por muito tempo antes que a conversação fosse interrompida pela srta. Bingley, que deu um jeito de exigir a atenção do sr. Darcy com o pretexto de lhe pedir conselhos sobre os preparativos da ceia. A princípio, ele respondeu laconicamente à sua solicitação esperando dispensá-la, mas ela persistiu em sua resolução e insistiu em requisitar a companhia dele até a sala de jantar onde ele deveria ver as coisas pessoalmente antes que pudesse dar algum conselho. O sempre cavalheiro e educado sr. Darcy foi obrigado a acompanhá-la e seguiu-a relutantemente com um, “voltarei num momento”, e uma mesura para Elizabeth, que imediatamente pensou, rindo, “não se ela puder evitar.”

Elizabeth começou imediatamente a procurar alguém com quem falar, provavelmente Charlotte, quando foi abordada de maneira impetuosa pelo sr. Collins, que se aproximara da prima para falar com arroubo sobre as muitas virtudes dela. Ele ainda não passara do discurso sobre sua maestria na dança quando o sr. Darcy voltou para Elizabeth, obviamente desapontado com a presença de seu acompanhante. O sr. Collins experimentava, agora, a maior das venturas por ter-lhe sido dada mais uma oportunidade de se gratificar com a deleitosa companhia do sobrinho de sua estimada patronesse e estava deveras perplexo com seu atual dilema que era, naturalmente, decidir sobre qual dessas duas pessoas tão merecedoras ele deveria derramar sua profusão de louros. Escolher entre a mulher que ele estava cortejando e o sobrinho daquela que era o centro de seu universo era realmente oneroso. Sua decisão foi rápida, no entanto, e ele imediatamente abandonou seus elogios à Elizabeth, a mulher por quem ele professaria, na manhã seguinte, estar violentamente apaixonado, para dedicá-los ao sr. Darcy, que suportou com solicitude as efusivas manifestações do humilde destinatário da beneficência e condescendência de sua tia pelos quinze minutos seguintes. “Sr. Darcy,” ele começou, “permita-me relatar-lhe o quanto me sensibiliza ser agraciado pela sorte, com a presente oportunidade, de ter a honra de sua companhia. Permita-me também apresentar-lhe as desculpas em meu nome e em nome de minha cara e bela prima,” com um sorriso cheio de doçura para Elizabeth , “pois estou certo de que ela não faria objeção a que eu me manifestasse em nome dela, por nos impor à sua tão estimada cortesia uma vez mais. E agradeço-lhe inúmeras vezes pela atenção que nos dispensa tão gentilmente no momento, pois certamente não somos merecedores da honra de sua presença de modo tão íntimo. Contudo, tenho a certeza de que meu próprio relacionamento com sua bondosa e benevolente tia fala a meu favor. Deixe-me também acrescentar que fico extremamente feliz em aceitar sua lisonja para com a minha pessoa, o mais humilde dos servos de sua venerável tia, ao demonstrar à minha cara prima Elizabeth a consideração de escolhê-la como par de sua dança. Realmente, eu não poderia pedir por mais gentil

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demonstração de apoio.”

Felizmente, Darcy e Elizabeth estavam mais preocupados com os pensamentos que mantinham um no outro e não ouviram muito daquele discurso e do que se seguiu. Não havia mesmo a necessidade de acompanharem a conversa já que o sr. Collins se encarregava de mantê-la sozinho.

Finalmente o grupo todo foi chamado para a ceia. O sr. Darcy ofereceu o braço à Elizabeth (o que o sr. Collins obviamente também considerou como um cumprimento a ele próprio) e encontraram dois – e somente dois – lugares próximos a Jane e ao sr. Bingley, e assim o sr. Collins encontrou um lugar próximo à Charlotte, de quem Elizabeth sentiu muita pena. O sr. Darcy, atentamente engajado em uma conversa com sua amada, não notou as muitas impropriedades demonstradas pelos parentes dela durante o restante da noite. Seria pouco provável, contudo, que os sentimentos dele por ela se alterassem mesmo que os tivesse observado.

A família Bennet foi a última a deixar Netherfield, e o sr. Darcy demorou-se junto aos anfitriões até que se fossem, embora os Hursts já tivessem se retirado há muito. Assim que os Bennets partiram, a srta. Bingley disse, “Bons ventos os levem, finalmente nós temos paz. Foi muito gentil de sua parte, sr. Darcy, ficar comigo e com Charles para nos despedirmos dos últimos convidados.” O sr. Darcy fez apenas uma pequena reverência e se retirou para o escritório, logo seguido por Charles que lhes serviu uma bebida.

“E então, gostou da noite, Darcy?”

“Muito, obrigado, Bingley, e você?”

“Foi a melhor noite de toda a minha vida, não me lembro de já ter me divertido tanto e de ter estado em melhor companhia.”

“É mesmo?” perguntou Darcy, com um sorriso, “e por acaso a bela srta. Bennet está incluída nessa companhia?”

“Ela não é um anjo, Darcy?” respondeu seu amigo, “mas não pense que eu estava tão entretido a ponto de não perceber suas atenções para com a irmã dela, a srta. Elizabeth.”

“Sim, estive conversando com a srta. Elizabeth em seu nome e me certifiquei de que a srta. Bennet aprecia realmente a sua companhia,” replicou Darcy, querendo comunicar ao amigo a agradável notícia o mais rápido possível, e ao mesmo tempo desviar o assunto de si e de Elizabeth.

“Verdade?! Que maravilha, é realmente uma ótima notícia, e vinda da própria irmã se torna ainda mais confiável. Obrigado, Darcy, você é um verdadeiro amigo,” e de forma mais séria, “Eu temia que você se opusesse à minha escolha. Caroline não aprova e tinha certeza de que você concordaria com ela.”

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“Só quero a sua felicidade, Bingley e, pela sua expressão quando fala na srta. Bennet, acredito que seja iminente se as coisas continuarem assim.”

“Só gostaria de não ter que viajar a Londres pela manhã. Mas vou pedi-la em casamento assim que voltar.”

“Então suponho que você pretenda ficar em Netherfield por algum tempo?”

“Sim, Darcy, e espero sinceramente que você fique comigo, até o meu casamento, apreciaria muito a sua presença e os seus conselhos nos próximos meses.”

“Sinto falta da minha irmã, Bingley, ficarei se você me permitir convidá-la para nos visitar aqui.”

“Mas é claro, Darcy, você não precisa pedir, sabe que a srta. Darcy é muito bem-vinda aqui.”

O sr. Darcy estava hesitante quanto a convidar a irmã para ir a Hertfordshire por causa da presença do sr. Wickham na região. O homem tentara induzir a pobre inocente a fugir com ele no ano anterior, quando ela estava ainda com apenas quinze anos, na esperança de se apoderar de seu dote de 30.000 libras. Mas, após alguma reflexão, concluiu que poderia evitar um encontro entre Georgiana e Wickham, e seu desejo de que a irmã conhecesse sua amada Elizabeth acabou vencendo.

Na carruagem para Longbourn, após o baile, a conversa era bem diferente. Elizabeth foi obrigada a se sentar ao lado do primo, sr. Collins, que não sabia se manter calado por dois minutos consecutivos. Enquanto isso, Kitty e Lydia conversavam no assento oposto sobre todos os oficiais com quem haviam dançado. Os pais e Jane iam em outra carruagem. Elizabeth tentava refletir sobre tudo o que se passara entre ela e o sr. Darcy, quando ouviu o primo dizer, “Notei que você passou algum tempo com o sr. Darcy esta noite, prima Elizabeth. Embora eu esteja certo de que as atenções dele para com você sejam uma demonstração de consideração para comigo, devida ao meu relacionamento com sua nobre tia, temo que outros tenham observado o longo período de tempo que passou ao lado dele. Sei que você é eminentemente qualificada nas artes da interação social, mas devo adverti-la para que não comprometa sua reputação ao passar tanto tempo ao lado de um homem comprometido com outra.”

“Como?”, exclamou Elizabeth, revelando mais emoção do que deveria.

“É certo,” disse o sr. Collins, com um sorriso triunfante, “Lady Catherine em pessoa me confirmou em diversas ocasiões que o sr. Darcy está para se casar com sua filha Anne.”

Elizabeth ficou sem fala, o que talvez a tenha beneficiado já que de outra forma sua próxima sentença poderia ter sido, “mas ele me ama!”

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Capítulo 10Elizabeth sentia-se num confuso turbilhão, deitada insone em sua cama naquela noite. Não sabia o que pensar. Seria possível que o sr. Darcy estivesse realmente noivo de sua prima? Não, pois ele lhe havia dito, embora acreditando que ela estivesse dormindo, que ele tinha intenção de pedi-la em casamento. Mas deveria ser verdade, seria impossível que Lady Catherine espalhasse tais rumores sobre a própria filha se não fosse verdade. Talvez o sr. Collins tenha se confundido. Mas era pouco provável que ele confundisse qualquer coisa dita sobre sua nobre patronesse. Contudo, essa era a conclusão mais provável e satisfatória e, por fim, Elizabeth acabou fechando os olhos.

Na manhã seguinte, o sr. Collins propôs casamento a Elizabeth, e se recusou a acreditar em sua clara e inequívoca rejeição. A sra. Bennet insistiu para que ela o aceitasse, mas o sr. Bennet insistiu para que ela mantivesse a recusa. Finalmente, o sr. Collins, indignado, aceitou um convite para jantar em Lucas Lodge, indo-se logo de Longbourn.

Elizabeth, para escapar à ira da mãe, saiu para uma longa caminhada além dos jardins de Longbourn e dos bosques ao seu redor. Andou na direção de uma pequena clareira à beira de um riacho que corria ao longo do limite das terras de seu pai. Ao se aproximar, observou um cavalo atado a um galho, pastando, e no chão, encostado numa árvore, a forma de um homem atirando pedregulhos no riacho. Ela mal teve tempo de assimilar a presença dele quando ele a viu.

“Srta. Bennet,” disse o sr. Darcy, sobressaltado, despertando de seu devaneio.

Elizabeth se perguntou no que ele estaria pensando, mas disse apenas, “sr. Darcy.”

Ele já se levantara para cumprimentá-la de forma apropriada.

“Como se sente num dia tão agradável?”

“Acredito que já tive dias melhores,” ela respondeu rindo. Ela ainda não sabia bem como abordá-lo depois do que ficara sabendo na noite anterior, mas havia decidido não dar crédito a alegações cuja veracidade ela não tivesse verificado, especialmente considerando que a fonte de tal informação era um homem muito estúpido. O sr. Darcy, por sua vez, tinha esperanças que o humor dela tivesse melhorado em vista das atenções dele para com ela na noite anterior.

“O que a preocupa?” ele perguntou com ternura, e imediatamente imaginando se a indagação era apropriada.

“Tenho certeza de que o senhor não vai querer se preocupar com os meus problemas, sr. Darcy.”

“Ao contrário, srta. Bennet. Ficarei feliz em ajudá-la da forma que me for Texto original (original text: Confessions to a Sleeping Beauty):

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possível, mesmo que seja apenas como um bom ouvinte.”

“Temo que a minha mãe esteja muito irritada comigo,” Elizabeth não podia acreditar que estava fazendo confidências a ele.

“E o que causou tal irritação?”

“É uma questão delicada sobre a qual não me sinto livre para falar.”

“Está certo então. Mas acha que os sentimentos dela se justificam?”

“Não, eu não acho que minha conduta tenha sido incorreta, entretanto, posso compreender porque ela se sente assim.”

“E por quê? Se é que se sente à vontade para revelar as razões de sua mãe.”

“Ela está pensando apenas no meu próprio bem.”

“Essa é a melhor razão para qualquer sentimento que ela tenha em relação a uma filha, não é?”

“Eu só discordo de um ponto em particular do que ela considera o melhor para mim.”

“E qual é esse ponto em particular?... se estiver livre para falar.”

“Meu próprio futuro,” respondeu Elizabeth sorrindo com a expressão de profundo interesse do cavalheiro.

“É natural que sua mãe se preocupe com o seu futuro, não é?” ele perguntou, desviando olhar e atirando um pedregulho n’água.

“Sim, mas, em relação a um determinado assunto que afetará todo o meu futuro, ela acha que o melhor plano de ação é um, enquanto estou convencida de que é exatamente o oposto o que necessito para ser feliz.”

“Por mais que eu admire a preocupação de sua mãe pelo seu bem-estar, creio que a senhorita é a pessoa mais indicada para resolver sobre o que lhe trará felicidade no futuro.”

Ao ouvi-lo dizer isso, Elizabeth se perguntou se ele teria adivinhado a causa da presente discussão. “É como penso, sr. Darcy,” ela disse, sustentando o olhar fixo dele. Desviando os olhos, ela os voltou para o caminho que levava de volta à sua casa.

O sr. Darcy notou e, sentindo que ela talvez quisesse voltar para casa, mas sem querer desistir de sua companhia, perguntou, “Posso acompanhá-la até sua casa, srta. Bennet?”

“Sim, obrigada, sr. Darcy” respondeu sua amada em voz baixa.

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O cavalheiro, então, puxou seu cavalo com uma das mãos e ofereceu seu outro braço à Elizabeth, que o aceitou mesmo não precisando. Ela podia sentir a força de seu braço e gostou da sensação. Sr. Darcy, por sua vez, sentia-se simplesmente deleitado por estar em sua companhia e chegava a ser quase demais poder senti-la tocando seu braço.

Elizabeth tentou, então, extrair-lhe a informação que queria, dizendo, “O sr. Collins está muito contente com a consideração de sua tia, e eu não acredito que ela pudesse conferir sua generosidade a alguém mais agradecido. Ele sempre se refere de maneira muito elogiosa a ela e à sua prima, srta. de Bourgh.” Ela o observava atentamente a fim de detectar sua reação ao nome da prima. Não notou reação alguma.

“Minha tia tem imenso prazer em conferir sua generosidade àqueles que lhe sejam mais gratos.”

Elizabeth sorriu com o comentário. “O sr. Collins diz que a srta. de Bourgh é adorável, mas que sua constituição frágil a impede de se apresentar na corte.” Novamente o fitou em busca de uma reação que pudesse trair o apreço dele pela prima, mas não detectou nada.

“Sim. Acredito que minha tia tenha errado nesse ponto. Não creio que Anne seja tão frágil quanto a mãe faz parecer. Minha tia não deveria privá-la de uma temporada na cidade. Receio que ela não tenha interação social suficiente. Acredito que a mãe lhe tenha prestado um grande desserviço ao não lhe permitir encontrar-se com moças e rapazes de sua própria idade.”

“Talvez Lady Catherine não queira que a filha se case e prefira mantê-la em casa, em sua própria companhia,” disse Elizabeth astuciosamente.

“Não, embora pareça que seja assim, Lady Catherine quer que Anne se case, mas não a apresentou à sociedade na esperança de que se case com alguém da família.”

“Ela tem muitos primos?”

“Eu, minha irmã, e meus dois primos da família Fitzwilliam, ambos homens, somos seus únicos primos.”

“Ela pode escolher entre três, então.”

“Receio que minha tia já tenha escolhido por ela. Na verdade, ela tem um primo específico em mente, mas ele não pretende se casar com Anne; por mais que a ame e respeite como primo, os sentimentos dele não vão além.”

“Pobre srta. de Bourgh, ela ficará muito desapontada.”

“Não creio. Ela parece tão desgostosa com os planos da mãe quanto seu primo. O desapontamento será apenas da própria Lady Catherine,” ele disse

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num tom soturno, talvez já antecipando a reação da tia com a sua escolha.

“E Lady Catherine não tem influência sobre o cavalheiro em questão?” interrogou Elizabeth.

“Não em assuntos do coração,” respondeu Darcy significativamente.

“O casamento nem sempre é uma questão do coração, sr. Darcy.”

“Para mim há de ser,” ele disse, lançando um olhar de relance.

Ela corou levemente ao responder, tentando manter o tom de voz controlado, “Devo então concluir que o senhor é o felizardo primo escolhido por sua tia? Os irmãos Fitzwilliam devem sentir ciúmes de tal favoritismo.”

Ele simplesmente lhe sorriu e, após uma breve pausa, mudou de assunto. Ela estava satisfeita e, assim, achou a mudança bem-vinda.

Elizabeth e o sr. Darcy logo chegaram aos jardins da casa dela, e conforme se aproximavam, Elizabeth começou a se arrepender de ter permitido que ele a acompanhasse, pois não queria que ele testemunhasse os acessos de raiva da mãe em relação aos acontecimentos daquela manhã (embora vê-la de braço dado com o sr. Darcy pudesse aliviar sensivelmente os nervos da sra. Bennet.) Elizabeth começou a agradecê-lo pela companhia assim que entraram nos limites do jardim, e o convidou a entrar para beber alguma coisa como exigia a etiqueta. Ele se sentiu tentado a ficar com ela, mas pôde ver que ela ainda estava embaraçada pelo desentendimento com a mãe, e declinou o convite. Antes de partir, ele alcançou um pequeno bolso da sela de seu cavalo de onde tirou um livro que ele entregou a ela, dizendo, “Eu ia deixar isto aqui no meu caminho de volta para Netherfield esta manhã. É para que possa terminar de lê-lo.”

Ela fitou o livro e notou que era o mesmo romance sobre o qual haviam conversado na noite anterior. “Obrigada, vou terminá-lo o mais rápido possível. Suponho que tenha obtido a permissão do sr. Bingley para que eu possa usá-lo?”

“Essa é a minha própria cópia. Mandei comprar em Londres depois de ter lido a cópia de Bingley.” Elizabeth sorriu.

Ele se despediu e, montando em seu cavalo, com um sorriso para ela, saiu cavalgando na direção de Netherfield. Ao deixar sua amada em Longbourn, ele tinha o coração exultante. Estivera sentado à beira do riacho revisando os eventos do dia anterior e ela aparecera diante dele num inesperado golpe de sorte. Ele suspeitava, pela conversa que haviam tido, que o sr. Collins havia pedido a mão de Elizabeth, idéia que tanto o divertia quanto lhe causava repugnância; e que ela o rejeitara, idéia que lhe dava prazer, embora já soubesse que ela nunca aceitaria aquele tipo de homem. Mas que homem ela aceitaria? Será que aceitaria a ele próprio? Sentia que ela estava se interessando por ele, mas não tinha certeza se ela sentia qualquer coisa além

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de amizade, se bem que ela lhe confidenciara sobre o desentendimento com a mãe, o que o agradara muito.

Assim que o sr. Darcy deixou Elizabeth, ela sentiu a sua falta. Sentiu seu coração palpitando ao pensar na atenção dele para com ela ao lhe trazer o livro e no fato de ele ter mandado comprar sua própria cópia. Em seguida, entrou em casa para enfrentar a mãe, e escapou para seu quarto assim que pôde para meditar sobre os acontecimentos dos últimos dois dias. Esperava decidir sobre seus sentimentos em relação ao homem em questão, pois queria estar pronta quando a hora da escolha chegasse. Sabia que essa hora seria determinada por ele, e queria não apenas estar preparada para lhe dar uma resposta como também ter certeza de que esta seria acertada.

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Capítulo 11Alguns dias mais tarde o sr. Collins ficou noivo de Charlotte Lucas. Pouco tempo depois ele retornou à sua residência. Elizabeth ficou estarrecida e desapontada que sua amiga fosse se casar com aquele estúpido, ridículo, subserviente imbecil somente para garantir sua situação. A sra. Bennet ficou fora de si e a notícia só fez aumentar sua raiva de Elizabeth. Ela não podia suportar a idéia da srta. Charlotte Lucas tomando-lhe o lugar como senhora de Longbourn. Charlotte convidou Elizabeth para ir visitá-la com seu pai, Sir William Lucas, e sua irmã, Maria Lucas, em sua nova residência alguns meses após o casamento. O convite foi cordialmente aceito.

O sr. Bingley voltou a Netherfield pouco tempo depois de o noivado anteriormente citado ser anunciado. Ele e o sr. Darcy fizeram uma visita a Longbourn na manhã seguinte ao seu retorno. As irmãs Bennet e os dois cavalheiros ficaram nos jardins durante toda a visita. A sra. Bennet tinha esperanças de que o sr. Bingley tivesse um tempo a sós com Jane para fazer o pedido. Embora os dois tivessem passado algum tempo a sós, a sra. Bennet ficou desapontada aquele dia. No entanto, após mais duas semanas de visitas quase diárias dos cavalheiros, Jane e Bingley finalmente chegaram a um entendimento.

A sra. Bennet há muito antipatizava com o sr. Darcy por ter ignorado Lizzy na festa de Meryton e por achá-lo muito desagradável. Além disso, ele era mais um obstáculo diante de seus planos para deixar Jane e Bingley a sós e, por essa razão, não ficou feliz que ele acompanhasse Bingley quase todos os dias. Ela notara, porém, suas atenções para com Lizzy durante o baile de Netherfield e, desde então começara a nutrir uma pequena esperança de que ele tivesse intenções em relação a Elizabeth. Assim, ao tentar orquestrar situações para que Jane e Bingley ficassem a sós, ela foi conivente com Elizabeth em manter o sr. Darcy ocupado e não era desprovida da esperança de que alguma coisa pudesse nascer também daquele lado. Felizmente para ela, Elizabeth e Darcy estavam dispostos a serem manipulados daquela forma em particular.

Desta maneira, a sra. Bennet mandou os quatro para o jardim insistindo que Kitty havia tossido demais para se aventurar ao ar livre. Pediu, então, para que

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Jane colhesse algumas ervas de um jardim e para que Elizabeth lhe trouxesse flores de outro, que por acaso ficava do lado oposto. Naturalmente, Bingley acompanhou Jane, e Darcy acompanhou Elizabeth.

Uma vez a sós em uma área que era, casualmente, a mais privativa possível nos jardins de Longbourn, Bingley aproveitou para se declarar. Assim que se separaram dos outros, um largo sorriso tomou conta de seu rosto. Ao chegar num dos cantos do jardim que abrigava a determinada planta de que a sra. Bennet necessitava desesperadamente, Jane começou a cortar habilmente algumas hastes com sua tesoura de poda enquanto Bingley simplesmente a observava com admiração. Passado algum tempo, ela lhe perguntou como ele se saíra com seus negócios em Londres.

“Muito bem, obrigado,” ele respondeu, e prosseguiu, “Srta. Bennet.”

“Sim?” indagou Jane, levantando os olhos e inadvertidamente apontando a tesoura para ele.

Ele riu e gentilmente alcançou o instrumento com uma expressão divertida de medo, fingindo cautela e suavemente tirando-o de suas mãos. Ela riu e colocou a ferramenta sobre um banco. Então, ele atrevidamente retirou-lhe do braço a cesta onde ela depositava as ervas cortadas.

“Não acho que eu já tenha colhido o suficiente,” ela disse distraidamente.

Mas seu acompanhante estava decidido e, encarando-a nos olhos, começou, “Srta. Bennet, não posso mais conter meus sentimentos pela senhorita.” Ela ergueu o olhar com uma expressão de surpresa e entendimento. Ele segurou a mão dela e continuou, “Eu a amo, Jane. A amo quase desde o momento em que nos conhecemos. Você é o anjo mais doce, mais bondoso e mais generoso que Deus poderia enviar a esta Terra. Minha vida nunca será completa até que eu possa compartilhar a sua. Não quero nada além de passar a minha vida fazendo-a feliz. Meu maior desejo é compartilhar cada momento de cada dia deleitando-me com sua companhia e, espero, proporcionando-lhe a mesma felicidade com a minha própria presença. Jane, você me daria a grande honra de se tornar minha esposa?”

A felicidade de Jane só aumentava conforme ele lhe falava de seus sentimentos. Quando ele terminou e fez o pedido, ela mal pôde se conter e respondeu recatadamente, “Ah, sr. Bingley, sim, é claro que sim. Estou tão feliz. Obrigada.”

A felicidade dele com tal resposta também não pôde ser contida e ele a enlaçou, beijando-a alegremente nos lábios. “Obrigado, você me fez o homem mais feliz do mundo,” ele disse. Ela havia impulsivamente deixado seus braços subirem ao redor do pescoço dele, e com ela posicionada de modo tão conveniente, os dois continuaram a se beijar. Os beijos ficaram mais ardentes e ele segurou o rosto dela com as mãos e, apoiando a testa na dela, murmurou quase sem fôlego entre os beijos, “Jane... por favor... diga... que me ama.”

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Ela sorriu e disse, “Ah sr. Bingley... Charles... claro que eu o amo. Sempre o amei muito.”

Estas palavras puseram um sorriso ainda maior no rosto de Bingley, se é que isso era possível. Eles trocaram outro beijo e ele disse, “Ah Jane, minha Jane, estou tão feliz. Eu a amo tanto.” Ele a beijou novamente e, quando se afastaram, ele assumiu uma expressão falsamente séria e disse, “Mas eu preciso saber, você me ama mais do que àquele cavalheiro de Londres que lhe escreveu poemas?”

Jane surpreendeu-se e ruborizou-se fortemente antes de dizer com um sorriso, Como ficou sabendo disso?”

“Sua mãe mencionou o fato, mas felizmente Elizabeth explicou que não surtira nenhum efeito sobre você e me salvou de perdê-la, pois eu teria prontamente escrito um poema para você se não soubesse que isso a afastaria de mim.”

“O quê?” respondeu Jane desnorteada, “Tenho que falar com Lizzy! E quanto a você, se o medo de me perder é a única coisa que o impede de me escrever um poema, então devo insistir para que o faça assim que estivermos casados.”

“Eu prometo.”

Após mais alguns minutos de agradável privacidade, eles retornaram à casa, delirantemente felizes. Quando Bingley devolveu a cesta, gentilmente pendurando-a de volta no braço de Jane, ela comentou que ainda não havia terminado de colher as ervas de que a mãe precisava. “Não creio que ela se importe,” ele respondeu sagazmente.

Entraram em casa e o sr. Bingley foi falar diretamente com o sr. Bennet. Enquanto isso, Jane contou à mãe, às irmãs e ao sr. Darcy sobre o compromisso. Elizabeth ficou imensamente feliz pela irmã, mas constrangida de ver o sr. Darcy testemunhar os arroubos de sua mãe.

As visitas constantes do sr. Bingley e do sr. Darcy, e o tempo propiciado por tais visitas a Darcy e Elizabeth proveram ampla oportunidade para que os dois se conhecessem melhor. Ela terminara de ler o romance e os dois trocaram muitas idéias a respeito do livro. O sr. Darcy sugeriu que lessem outro livro simultaneamente e que o discutissem de tempos em tempos e após terem terminado, com o que Elizabeth concordou. Ele ficou feliz por ter tido tal idéia, pois isso lhes daria muito assunto para conversarem.

Elizabeth apreciava a companhia dele e descobriu que sua admiração por tudo o que se referia a ele crescia a cada dia. Ao conhecer melhor o sr. Darcy, Elizabeth descobriu que ele era franco, sincero, amável e inteligente, todos atributos que ela admirava. Também pôde perceber que ele era bem informado e tinha muito bom gosto e bom senso. Quando não estavam sozinhos, ela sempre sentia o olhar dele sobre si, o que a deixava animada e contente. Percebeu que esperava ansiosamente por ele todos os dias e sentia sua falta quando ele não estava presente. Seu coração palpitava com a

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expectativa quando sabia que ele estava por vir. Gradualmente deu-se conta de que ele era o melhor homem que ela já conhecera, e o que mais lhe convinha. Finalmente, concluiu que ela o amava e que ele era o único homem que ela poderia amar sinceramente. Assim, decidida quanto à sua resposta, ela mal podia esperar que ele lhe propusesse casamento.

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Capítulo 12Pouco tempo depois do noivado de Jane e Bingley, Georgiana chegou a Netherfield. O sr. Darcy a levou na manhã seguinte para conhecer Elizabeth e sua família. Ele observou com satisfação as duas mulheres que amava se conhecerem. As duas pareciam muito contentes com o encontro.

A partir de então, Elizabeth visitou Georgiana várias vezes em Netherfield enquanto Jane visitava as futuras cunhadas. Os cavalheiros ainda visitavam Longbourn com freqüência, mas Darcy preferia manter Georgiana em Netherfield para evitar que ela se encontrasse com o sr. Wickham. Ela e Elizabeth passaram a se admirar mutuamente, tanto quanto seu irmão havia esperado. Ela também gostava de passar algum tempo com as outras irmãs Bennet, que também visitavam Netherfield com a mãe de tempos em tempos. Mas o desconforto de Darcy por expor a irmã à companhia delas era evidente. Elizabeth tentava, então, manter-se ao lado de Georgiana sempre que elas lhe faziam uma visita; Georgiana, por outro lado, podia facilmente ver a mútua afeição entre o irmão e Elizabeth, assim como a felicidade dele ao lado dela, e dava um jeito de deixá-los a sós, resignando-se à companhia das irmãs Bennet mais novas.

Georgiana deveria permanecer com o irmão em Netherfield até o casamento de Bingley e ambos partiriam diretamente da igreja para Londres, pois o sr. Darcy se recusava terminantemente a continuar em Netherfield após a cerimônia. Infelizmente, as irmãs Bingley não conseguiam compreender porque eles deveriam ir embora só porque seu irmão estava se casando.

Assim, Darcy tinha um prazo. Ele deveria pedir a mão de Elizabeth antes do casamento de Bingley. Elizabeth, por sua vez, agora que já estava decidida quanto à resposta que daria, ansiava pela declaração dele e a esperava diariamente, embora soubesse que não estava sendo muito racional, já que o sr. Darcy não tinha como saber que ela se decidira a seu favor.

Enquanto isso, o sr. Collins, embora já antecipando a felicidade conjugal com sua querida Charlotte, ainda amargava a rejeição de Elizabeth. Ele não podia entender por que ela o recusara, a não ser que já tivesse algo melhor em vista. Foi então que ele se lembrou de quanto tempo ela passara ao lado do sr. Darcy no baile de Netherfield. Não era possível que ela estivesse esperando pelas atenções do sr. Darcy. Isso seria ridículo. Mas, então, lhe ocorreu que Jane conquistara a afeição do sr. Bingley que, mesmo não estando no mesmo nível do sr. Darcy, era indiscutivelmente um jovem independente, dono de uma grande fortuna, e um degrau acima na escala social para qualquer de suas caras primas. Por isso, quando sua querida Charlotte lhe escreveu para

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informar sobre o noivado de Jane, confirmando assim a ligação desta com o sr. Bingley, e comentar que o sr. Darcy passava muito tempo em Longbourn junto com o amigo, e que trouxera a irmã para Hertfordshire, levando-a consigo a Longbourn, o sr. Collins sentiu que o sr. Darcy poderia estar correndo sério perigo. Conseqüentemente, sentiu-se na obrigação comunicar à sua nobre patronesse a ligação entre o sr. Darcy e Elizabeth e suas suspeitas quantos aos motivos de sua prima. Ele não fugiu à responsabilidade de informar à Lady Catherine sobre os modos impertinentes de sua cara prima Elizabeth e, por fim, observou que notara suas presunçosas atenções para com o sr. Darcy. A princípio, Lady Catherine se mostrou indiferente, pois sabia que muitas jovens perseguiam seu sobrinho, mas o sr. Collins lhe contou que o sr. Darcy parecia ter sido afetado por tais atenções e que, na verdade, havia privilegiado Elizabeth de tal forma no baile de Netherfield que ela fora a única moça com quem ele dançara, e que, de fato, ele passara todo o tempo ao lado dela. Além disso, ele agora visitava Longbourn quase que diariamente e já havia apresentado Elizabeth à Georgiana. Lady Catherine ficou exasperada. Mandou o pastor para casa e passou o resto do dia remoendo o fato.

No dia seguinte, logo após a visita dos cavalheiros pela manhã, Lady Catherine apareceu em Longbourn exigindo uma entrevista com a srta. Elizabeth Bennet. Imediatamente iniciou, de maneira fria e seca, sua tentativa de dissuadir a srta. Bennet quanto a qualquer aspiração a um compromisso com seu sobrinho, lembrando-a de sua posição social inferior. Elizabeth não recebeu bem a interferência de Lady Catherine e após uma acalorada discussão admitiu não estar noiva do sr. Darcy, mas recusou-se a prometer não assumir tal compromisso. Lady Catherine deixou Longbourn extremamente insatisfeita.

Elizabeth se recolheu ao seu quarto para refletir, evitando a curiosidade da mãe e das irmãs da melhor maneira que pôde. Elizabeth permitiu-se uma pequena mentira inofensiva para aquietar a mãe, dizendo-lhe que Lady Catherine viera visitar o sobrinho e a sobrinha em Netherfield (o que não chegava a ser completamente falso, supondo-se ser pouco provável que Lady Catherine deixasse a vizinhança sem ver seus parentes) e que viera visitar Elizabeth para repreendê-la pelo tratamento descortês para com o sr. Collins. A sra. Bennet, sem dar maior importância à inadequação de tal comportamento de Lady Catherine, já que concordava e tinha grande consideração por ela, apenas recomeçou com suas próprias repreensões, dizendo a Elizabeth que ela fizera por merecer tal afronta e reiterando sua irritação com filha por haver recusado o sr. Collins. No entanto, ela logo se lembrou das atenções que Elizabeth vinha recebendo do sr. Darcy e se acalmou com a idéia de que talvez ela tivesse recusado o sr. Collins por sentir que poderia se dar melhor com o sr. Darcy.

De Longbourn Lady Catherine foi diretamente para Netherfield para discutir o assunto com o sobrinho. Ele lhe assegurou que saberia lidar com a situação de maneira apropriada e, com alguma persistência e fazendo-a crer que compreendera o que deveria ser feito, convenceu-a a se recolher, com a intenção de vê-la na estrada de volta a Rosings bem cedo ao amanhecer. O sr. Darcy ficou exultante com a visita da tia. Ultimamente, ele se sentia quase seguro da afeição de Elizabeth e estava quase decidido a se declarar, mas as

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afirmações de Elizabeth à Lady Catherine, repetidas textualmente por sua tia, eram muito encorajadoras. Ela se recusara a afirmar que não se casaria com ele, o que, embora lhe desse mais esperança, não o surpreendia, considerando sua índole independente. Ao dizer isso, ela mostrara que não podia ser intimidada. Mas isso não era nada em comparação com sua afirmação sobre todas as alegrias que cercariam a mulher que fosse sua esposa. Mandou a tia dormir o mais cedo que pôde, e seu impulso teria sido pular em seu cavalo e sair galopando até a mulher que ele amava para se declarar imediatamente, não tivesse ele percebido que a hora era muito inadequada para uma visita. Seu discurso teria que esperar até o dia seguinte. Por enquanto, tinha que se contentar em pensar nela. Naturalmente, além de lhe propor casamento, ele estava ansioso para pedir desculpas à Elizabeth pela conduta de sua tia e tinha a impressão de que, em benefício do seu objetivo, o mais prudente seria se desculpar primeiro. Estava furioso pelos insultos e ofensas que sua tia havia proferido contra sua amada Elizabeth e pela despudorada repetição de todos eles em seu relato a ele. Elizabeth, no entanto, parecia ter se comportado com muita compostura, e mantido sua integridade durante todo o confronto.

Mais tarde, naquela mesma noite, o sr. Darcy, sentado no escritório de Bingley com um drinque na mão, contemplava sua felicidade futura quando sua irmã entrou.

“Aí está você, Fitzwilliam. Quase não tive um minuto a sós com você desde a minha chegada. A srta. Bingley é uma anfitriã muito atenciosa.”

O sr. Darcy sorriu com a observação, e assentiu. Sentia pena da irmã e disse. “Estou à sua disposição, querida, talvez possamos planejar um passeio longe da mansão um dia destes para passarmos um tempo sozinhos.”

“Claro, eu adoraria. Tenho sentido sua falta.”

“Eu estava justamente pensando em como seria bom se você viesse morar permanentemente em Pemberley. Você gostaria? Eu não quero afastá-la de Londres contra sua vontade, mas sempre poderíamos visitar a cidade.”

“Ah, Fitzwilliam, eu adoraria mais que qualquer coisa, mas...” ela estava a ponto de lhe dizer que nunca pensara que ele se encarregaria de tomar conta dela em período integral antes de se casar, mas se deu conta do que estava acontecendo, e em vez disso, observou, “Eu gosto muito da srta. Elizabeth Bennet.”

“Fico feliz em saber, Georgiana,” foi tudo o que ele disse, mas o sorriso dele não escapou à percepção da irmã.

“Realmente,” ela respondeu, “ela parece ser uma irmã maravilhosa.” Ele a olhou fixamente até que ela disse, “Boa noite, irmão,” e lhe deu um beijo no rosto antes de sair da sala.

O sr. Darcy só podia pensar em uma coisa que o faria mais feliz naquele momento, sonhar com ela; assim, ele logo se recolheu.

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A noite de Elizabeth foi agitada novamente. Não lhe ocorrera que a família do sr. Darcy pudesse se opor tão fortemente à sua ligação com ele. Perguntou-se como ele seria afetado pela desaprovação da tia, pois não tinha dúvidas de que Lady Catherine deixaria claro ao sr. Darcy quais eram seus sentimentos nessa questão. Estava ciente de que a desaprovação de Lady Catherine estava relacionada com seu desejo de que Darcy se casasse com a prima, mas ela havia feito tantas outras objeções. Talvez a preocupação da tia reavivasse as preocupações que ele mesmo tivera anteriormente e que o haviam levado a tentar reprimir seus sentimentos por ela, pois esta parte da confissão dele naquela noite na biblioteca não lhe havia passado despercebida. Teria o desejo do sr. Darcy de reprimir seus sentimentos se originado a partir das mesmas objeções verbalizadas pela tia? Ficara tão chocada com a manifestação dos sentimentos dele por ela durante seu discurso na biblioteca de Netherfield, que nem chegara a refletir sobre esta parte da revelação involuntária daquela noite. Começou a se perguntar o que teria causado as objeções dele e se tais sentimentos poderiam ser renovados pelas objeções de Lady Catherine. Elizabeth se lembrou que o sr. Darcy havia dito que a tia não exercia nenhuma influência sobre ele nas questões do coração, mas talvez ele não fosse capaz de se opor às objeções dela se anteriormente as houvesse achado justas por si mesmo. Ocorreu a Elizabeth, então, que talvez ele já tivesse renovado suas próprias dúvidas quanto à conveniência de tê-la como esposa. Isto a induziu a pensamentos ainda mais sombrios e logo Elizabeth se sentiu perturbada. Por fim, contudo, estas reflexões não conseguiram impedir seu sono e Elizabeth pôde fechar os olhos. Seu sono, no entanto, não foi tranqüilo e de manhã ela acordou com os mesmos pensamentos confusos.

O sr. e a sra. Gardiner chegaram a Longbourn naquele mesmo dia para passar o Natal com seus parentes. O sr. Bingley e o sr. Darcy já se encontravam lá quando chegaram. Os recém-chegados expressaram sua satisfação em conhecer o sr. Bingley e reiteraram as felicitações que haviam mandado por carta. A sra. Gardiner estava particularmente interessada em conhecer o sr. Darcy. Ela gostou muito dele e em três minutos já foi capaz de perceber que ele transbordava de amor por Elizabeth. Podia ver que Elizabeth também gostava muito dele. Os cavalheiros logo partiram, pois tinham um compromisso para jantar em outro lugar. Darcy ficou tentado a quebrar o compromisso, pois ainda não havia tido a oportunidade de ficar a sós com Elizabeth. Mas não era provável que conseguisse tal oportunidade se permanecesse por mais tempo e sabia que Elizabeth queria aproveitar a companhia dos parentes recém chegados. Assim, houve um tranqüilo jantar em família em Longbourn.

Após o jantar, a sra. Gardiner solicitou a companhia de Elizabeth para uma caminhada nos jardins, onde exigiu que a sobrinha lhe relatasse a história de como ficara sabendo da afeição do sr. Darcy por ela, ao que Elizabeth prontamente se dispôs. A sra. Gardiner ficou estarrecida que Elizabeth o tivesse enganado, deixando-o pensar que ela não o estava ouvindo, mas admitiu que era uma situação muito difícil, embora pudesse ter sido evitada se Elizabeth se tivesse feito notar assim que ele entrou na biblioteca. Reconheceu, porém, que os resultados da impropriedade de sua sobrinha

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haviam sido acidentais. Como prometido, a sra. Gardiner retribuiu voltando a entrar e mostrando à Elizabeth as muitas cartas que recebera em resposta às suas inquirições referentes ao sr. Darcy. Elizabeth foi então informada de atos mais específicos de depravação cometidos pelo sr. Wickham. A sra. Gardiner ficou satisfeita quando Elizabeth lhe explicou que se decidira em favor do sr. Darcy, e pôde constatar que a sobrinha amava verdadeiramente aquele homem. A sra. Gardiner sentia, baseada no que havia presenciado antes, que o sr. Darcy logo se declararia a Elizabeth.

Elizabeth, no entanto, não estava tão otimista, pois permitira que suas próprias dúvidas quanto à constância de seu amado obscurecessem seus pensamentos. Notando a mudança na fisionomia da sobrinha, a sra. Gardiner lhe perguntou o que a incomodava. Elizabeth lhe relatou então o encontro com Lady Catherine. A sra. Gardiner lembrou à Elizabeth que o amor do sr. Darcy por ela era evidente. Disse-lhe também que um homem que permitisse que a interferência da tia se opusesse a um amor tão forte não a mereceria e não valeria sua tristeza. Elizabeth se sentiu confortada pela confirmação de sua tia da óbvia afeição do sr. Darcy, mas não estava certa de não lamentar se os sentimentos dele tivessem mudado, embora o conselho da tia fosse lógico. A sra. Gardiner e Elizabeth continuaram conversando agradavelmente até a hora de irem para a cama.

O casamento de Charlotte aconteceu no dia seguinte. Apesar de ter estado na região apenas dois dias antes, Lady Catherine não se sentira inclinada a estender sua condescendência a ponto de permanecer na vizinhança e comparecer à cerimônia de seu estimado clérigo e informante. Para reconhecer seu mérito, no entanto, poder-se-ia atribuir sua ausência parcialmente ao fato de que Darcy estivera ansioso pela sua partida. O sr. Collins se sentira inadequado por pernoitar na casa de sua noiva às vésperas do casamento e por isso ficou em Longbourn, mas, felizmente para os habitantes da casa, por apenas uma noite. Os Collins partiram para o presbitério de Hunsford direto da igreja, já que o sr. Collins seria requisitado em Hunsford para celebrar vários ofícios por ocasião do Natal. Ao partir, Charlotte rogou a Elizabeth que lhe escrevesse com freqüência.

Em seguida ao casamento, ao se demorar nos jardins da igreja com os outros convidados, Elizabeth foi abordada pelo sr. Darcy. O sr. Bingley e Jane conversavam longamente e, inspirados pela alegria de terem acabado de assistir a um casamento, antecipavam a felicidade de sua própria cerimônia. Os outros membros da família estavam igualmente entretidos em suas conversas com alguns dos outros vizinhos que ainda permaneciam nos jardins da igreja. O sr. Darcy conduziu Elizabeth até um pequeno banco e ela sentiu seu coração palpitando de excitação ao pensar que esta poderia ser a conversa que ela tanto esperara, embora ela preferisse que ele tivesse escolhido um cenário um pouco mais reservado. Após trocar cumprimentos e fazer observações sobre a cerimônia e sobre o quão afortunado o sr. Collin fora na escolha de sua noiva, o sr. Darcy mudou de assunto, dizendo, “Eu gostaria de me desculpar pelo comportamento da minha tia, srta. Bennet.”

Elizabeth olhou para ele espantada. Além da surpresa por isso não ser uma

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proposta de casamento, ela se surpreendera que ele abordasse esse assunto, embora ela já esperasse que ele soubesse daquele encontro. Ele respondeu à sua pergunta silenciosa. “Ela me fez um relato detalhado da conversa que tiveram. Já que não havia conseguido o que queria de sua parte, foi até Netherfield na esperança de consegui-lo de mim. Por favor, aceite minhas mais sinceras desculpas.”

“Sr. Darcy, não é necessário se desculpar pelo comportamento de sua tia.”

“A forma com que ela a tratou foi imperdoável,” ele replicou, “e exige uma retratação. É muito improvável que ela mesma se desculpe, me sinto na obrigação de fazê-lo. Para começar, ela não tinha o direito de abordá-la para discutir esse assunto, mas fazê-lo de maneira tão ofensiva é indesculpável.”

“Por favor, não se aflija por isso, sinceramente, A visita de sua tia me afetou muito pouco. Eu não gostaria de ser a causa de alguma discórdia em sua família.”

“Srta. Bennet, posso assegurar que se alguma discórdia surgisse como resultado da visita de Lady Catherine, a culpa não seria sua em absoluto.” Isso foi tranqüilizador para Elizabeth, mas os dois foram interrompidos por Lydia que viera chamar a irmã, a pedido do sr. Bennet, para voltarem para casa. Elizabeth se despediu do sr. Darcy e se foi na esperança de que seu próximo encontro no dia seguinte fosse mais satisfatório.

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Capítulo 13No dia seguinte ao casamento de Charlotte, Elizabeth acordou cedo, ansiosa para ver seu amado. Desceu, dirigindo-se à porta da frente para fazer sua habitual caminhada matinal, lembrando-se da conversa que tivera com ele no dia anterior e ressentindo-se pela inconveniente interrupção de Lydia (muito embora, em defesa de Lydia, ela só os houvesse interrompido a pedido de seu pai). Naturalmente, isso a lembrou da indiscrição de Lydia ao dizer que Elizabeth gostava do sr. Wickham. “É uma pena que não se possa simplesmente trancá-la em algum lugar,” Disse Elizabeth, rindo consigo mesma ao passar pelo quartinho de despejo.

Durante a caminhada, Elizabeth perguntou-se no que o encontro com o sr. Darcy resultaria hoje. Ela desejava ardentemente que eles pudessem chegar a um entendimento em breve. Começou a se recordar dos vários encontros desde o primeiro, quando se conheceram na reunião de Meryton, até seu recente pedido de desculpas na igreja, no dia anterior. Que diferença entre as maneiras dele agora e de quando chegara na vizinhança pela primeira vez. Considerou com satisfação sobre o quanto ele havia melhorado depois da reprovação dela na manhã em que assistiram ao nascer do sol em Netherfield. Desde então ele se mostrava mais agradável e mais acessível aos outros e a ela própria. Lembrou-se, então, de sua terna confissão de amor. Repetiu mentalmente toda a romântica declaração que ele fizera de modo tão doce e encantador na biblioteca de Netherfield e o imaginou lhe dizendo as mesmas coisas com a intenção de que ela ouvisse. Antecipou com prazer a alegria dele

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ao ouvir sua resposta positiva. Com tais pensamentos em mente, retornou do passeio; pouco depois o sr. Bingley chegou sozinho, sem o sr. Darcy. A decepção de Elizabeth foi enorme, e não foi aliviada pelo pedido de desculpas de que Bingley fora encarregado pelo amigo de transmitir a ela em particular.

Para sua maior surpresa, o sr. Wickham chegou a Longbourn com alguns outros oficiais. Ela não o vira com muita freqüência nos últimos tempos e, embora soubesse que Lydia e Kitty o viam sempre, não percebeu nenhuma afeição especial por ele da parte de nenhuma das duas, o que a deixou despreocupada. Enquanto a sra. Bennet e as filhas mais novas saíam para o jardim com os visitantes, Elizabeth se sentou em um banco no canto do jardim na companhia da tia, esperando que o sr. Wickham não as interrompesse. Ela tentara deixar bem claro, nas últimas poucas vezes que o encontrara, que não desejava aprofundar a amizade com ele.

Entretanto, a atenção que o sr. Darcy dispensava a Elizabeth não havia passado despercebida ao sr. Wickham, e a idéia de seduzi-la lhe era bem agradável. Com isso em mente, aproximou-se de Elizabeth e de sua tia para cumprimentá-las de maneira encantadora. A princípio, Elizabeth sentiu repulsa e só queria que ele as deixasse em paz. Mas lhe ocorreu que talvez o sr. Darcy pensasse duas vezes antes de faltar a uma visita, e pudesse até fazer o pedido mais cedo se soubesse que ela havia passado o dia na companhia de outro cavalheiro, sem contar que este era seu pior inimigo. Sentia que, estando ciente do verdadeiro caráter daquele homem, ela estava suficientemente prevenida contra ele e, portanto, não corria nenhum perigo ao lhe dar um pouco de atenção. Concluiu que, ao conversar com ele, também estaria prestando um favor às irmãs mais novas, mantendo-o longe delas, já que, por serem menos sensatas e menos informadas, não estariam tão prevenidas quanto ela. Deste modo, Elizabeth aceitou as atenções de Wickham com uma educação que não lhe mostrava desde a primeira semana em que se conheceram. A sra. Gardiner se surpreendeu com a reação de Elizabeth, mas o cavalheiro se sentiu encorajado. Pouco depois de os três terem iniciado a conversa, uma criada saiu do interior da casa para chamar a sra. Gardiner em nome do seu marido. Com relutância, ela deixou os dois no banco a conversar, sentindo que nada de mal poderia acontecer desde que eles estivessem no jardim com os outros.

Elizabeth sugeriu que o cavalheiro a acompanhasse num passeio pelos jardins e ele prontamente se levantou, oferecendo-lhe o braço. Ela o aceitou, agraciando seu indigno acompanhante com um belo sorriso. Caminharam assim, entretidos com a conversa, por mais de um quarto de hora. Elizabeth ria em cada oportunidade, dando uma convincente impressão de estar se divertindo. Percebeu que, embora as maneiras do sr. Wickham fossem agradáveis e envolventes, pareciam estudadas e insinceras. Ele tentou conquistar-lhe a simpatia usando os supostos maus tratos por parte do sr. Darcy. Embora as específicas acusações feitas pelo sr. Wickham contra o sr. Darcy não houvessem sido desmentidas ainda, ela sentia que tinha informações suficientes sobre cada uma para saber que a história estava mal contada. Intuindo o fracasso quanto a esse assunto, o sr. Wickham mudou o tópico para a srta. Darcy, que ele sabia estar na região. Perguntou a Elizabeth

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se gostara dela. Ela redargüiu afirmativamente. O sr. Wickham parecia desapontado e, sem querer manter o assunto em torno dos Darcys, começou a discorrer sobre as irmãs de Elizabeth, Lydia e Kitty. Ele as encontrara várias vezes na cidade quando de suas visitas à tia, sra. Phillips, e as achara muito amáveis e simpáticas. O assunto pareceu chamar a atenção dela e, considerando tal interesse como um sinal de ciúmes, ele prosseguiu, sugerindo que, das cinco adoráveis irmãs Bennet, era ela quem ele mais admirava. Nesse momento, Elizabeth sentiu que já agüentara demais aquele homem e que já conseguira ser notada pelo sr. Bingley, que contaria ao sr. Darcy sobre esta breve ocorrência. Assim, não se sentiu nem um pouco desapontada quando a sra. Gardiner chegou de volta, interrompendo o momento de privacidade.

O sr. Bingley e os oficiais ficaram para o jantar, mas como Elizabeth não se sentia com humor para agüentar as contínuas investidas do sr. Wickham, desculpou-se e retirou-se para o quarto, reclamando de dor de cabeça, antes que os homens se reunissem às mulheres após a refeição. Pensou consigo mesma que havia se comportado como uma criança em resposta à ausência do sr. Darcy. Eles nem mesmo estavam comprometidos e ele enviara suas desculpas; mesmo assim ela o culpava por não estar lá. Esperava que ele não tivesse nada melhor a fazer do que passar todos os dias na companhia dela. Mas não havia sido ele mesmo quem criara o hábito de visitá-la diariamente e, portando, fizera com que ela criasse expectativas? Começou a se sentir boba pela maneira como agira com o sr. Wickham; e esperava agora que o sr. Bingley não contasse nada ao amigo. Na verdade, o sr. Darcy poderia se aborrecer, e a inconseqüência dela poderia fazê-lo duvidar de seus sentimentos por ela. Agora era ela quem estava aborrecida com essa perspectiva, pois se ele fosse tão volúvel a ponto de mudar tão facilmente sua opinião sobre ela, ele não a merecia. Com esses pensamentos, toda a decepção e a raiva por ele não ter vindo visitá-la voltaram com intensidade. Desta forma, ela resolveu que no dia seguinte não estaria lá se ele aparecesse, embora ela sentisse que ainda estava sendo boba e infantil. Outro motivo para a ausência dela no dia seguinte, secundário ao desejo de vingança, era ter percebido que não queria sofrer a mesma decepção daquele dia caso ele não aparecesse novamente.

Ao chegar em Netherfield após a agradável noite em Longbourn, o sr. Bingley procurou pelo amigo, pois sabia que ele ainda não estaria na cama. Sabia que Darcy desprezava Wickham e, embora ele não conhecesse os pormenores do relacionamento dos dois, não tinha dúvida de que os sentimentos de Darcy eram plenamente justificáveis. Também estava ciente, pois se tornara muito evidente, de que Darcy admirava a srta. Elizabeth Bennet. De fato, a sra. Bennet estava em tamanho êxtase por testemunhar as atenções do sr. Darcy por Elizabeth que se esquecera que ela nunca mais deveria ver a filha novamente depois que esta rejeitara o sr. Collins (naturalmente, até que a visita de Lady Catherine a fizesse se recordar disso por um momento). O sr. Bingley encontrou o amigo na biblioteca, sentado no sofá próximo à janela do outro lado do cômodo. Já havia notado a preferência de Darcy por esse sofá nas últimas semanas. Circundou o móvel para encarar o amigo e, vendo seus olhos fechados, disse, “Darcy, você está acordado?”

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“Sim,” disse Darcy, relutante, abrindo os olhos e emergindo de um belo devaneio sobre Elizabeth.

“Ótimo, quero falar com você. Você perdeu um dia e tanto em Longbourn,” disse bingley com um sorriso, ainda em pé diante do amigo.

“Perdi? Posso ver que você se divertiu.”

“Eu sempre me divirto quando estou com a minha querida Jane e, por mais que eu goste de discorrer sobre as muitas qualidades dela, estou aqui para falar sobre a mulher que conquistou o seu coração.”

“Como, Bingley?” redargüiu Darcy um pouco aborrecido. Ao contrário de Bingley, ele não gostava de falar sobre seus sentimentos.

“Não fique preocupado com a idéia de que a srta. Elizabeth tenha sofrido por sua causa hoje, pois ela parecia mal ter notado sua ausência, distraída que estava com o chame do sr. Wickham.”

Darcy olhou sobressaltado para o amigo. Agora, tendo conseguido a atenção de Darcy, Bingley se sentou numa poltrona em frente a ele e continuou, “na verdade ela passou mais de um quarto de hora conversando a sós com ele, caminhando pelos jardins de braços dados. Ela pareceu gostar da companhia e estava bem alegre enquanto andavam juntos.” A perturbação de Darcy era visível, e não foi nem um pouco abrandada pela revelação seguinte de Bingley, “mas parece que foi uma dose suficiente da companhia dele, pois ela se retirou com dor de cabeça imediatamente após o jantar.”

Darcy começou a questionar o próprio julgamento por ter trazido Georgiana a Hertfordshire e por tê-la levado a Longbourn mesmo por uma única vez. Sentiu-se mal só de pensar que Wickham poderia ter aparecido enquanto ela estava lá. Agora Wickham dispensava uma atenção especial a Elizabeth. Tinha que ser impedido. Ele devia pedir a mão dela no dia seguinte e contar-lhe tudo sobre Wickham.

“Você não tem nada a dizer, Darcy?” Bingley interrompeu seu devaneio.

“Obrigado pela informação, Bingley. Amanhã lhe farei companhia.” Isto foi o suficiente para provocar um sorriso de satisfação no rosto de Bingley. Querendo retomar os pensamentos aos quais estava entregue antes da interrupção de Bingley, Darcy desculpou-se, despedindo-se, e se retirou.

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Capítulo 14No início da manhã, a brisa fresca fazia farfalhar a saia da jovem que olhava no fundo dos olhos do amado. O vento levantava alguns fios soltos de cabelo e brincava com eles ao redor de seu rosto e de seu pescoço. Sua cabeça estava levemente inclinada para o lado, os olhos dançavam, o sorriso era ansioso e tentador, e sua expressão revelava uma inocência sedutora. Ela estava

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deslumbrante. “Elizabeth,” disse seu companheiro, “desde que a conheci sinto uma paixão tão intensa como nunca havia experimentado antes. Nenhuma mulher havia evocado em mim as sensações de desejo que sinto quando estou perto de você. Meu amor por você não tem limite. Elizabeth, aceita se casar comigo?”

“Claro que sim,” respondeu a jovem alegremente enquanto enlaçava com os braços o pescoço do amado. Ele se inclinou para beijá-la e justo quando seus lábios estavam a ponto de fazer contato com os dela, ela disse, “Eu também o amo, sr. Wickham.”

“Não!” grunhiu o sr. Darcy ao acordar trêmulo e suado. Após um momento falou em voz alta para si mesmo, “um sonho... só um sonho... graças a Deus,” sacudindo a cabeça como que para apagar as imagens remanescentes daquele pesadelo, “Elizabeth, o que você está fazendo comigo?”

Ele se levantou e caminhou impaciente pelo quarto. Olhou para fora e percebeu que já era quase de manhã. Olhou para a cama e disse, “Não, acho que não vou tentar dormir outra vez.” Trocou-se rapidamente e saiu na direção de um certo banco no jardim ao leste da mansão para assistir ao amanhecer e pensar em Elizabeth... com ele. Hoje ele a faria dele. E passou o tempo dessa forma até o café da manhã, imerso em alegres pensamentos associados à sua ansiosa antecipação da resposta que ela lhe daria, com o sonho desagradável já praticamente esquecido.

Mais tarde naquela mesma manhã, Elizabeth acordou com a mente ocupada pelos mesmos pensamentos que a fizeram fechar os olhos na noite anterior. Lembrando-se de sua resolução, tomou café antes de sair para caminhar, ao contrário do que costumava fazer, pois não pretendia voltar para casa logo. Saiu, então, para um longo passeio bem antes do horário em que normalmente o sr. Bingley chegava, com o intuito de estar ausente quando ele e qualquer pessoa que ele pudesse trazer consigo chegassem.

Depois de perambular por quase duas horas, Elizabeth se viu sentada e apoiada na mesma árvore onde encontrara o sr. Darcy no outro dia, jogando pedrinhas no riacho, quando ouviu passos se aproximando. Virou-se e foi tomada por uma enorme emoção ao vê-lo. “Sr. Darcy,” disse em voz baixa, baixando o olhar.

“Srta. Bennet, como está passando? perguntou o sr. Darcy, sorrindo. Ele estava realmente de bom humor.

“Muito bem, obrigada. E o senhor, como vai?” foi sua resposta ao começar a se levantar.

“Não, por favor, não se incomode,” ele disse logo, sentando-se de frente para ela enquanto continuava, “Também estou muito bem hoje, obrigado. Fico feliz em saber que já se recuperou da dor de cabeça da noite passada.”

“Obrigada,” ela respondeu com um olhar de surpresa e, depois, de

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compreensão ao perceber que o sr. Bingley deveria ter lhe contado sobre a dor de cabeça. Temia saber o que mais o sr. Bingley havia revelado.

Após um momento, o sr. Darcy disse, “Estou contente por tê-la encontrado aqui. Esperava que isso acontecesse.”

“Esperava?” perguntou, desviando o olhar.

“Sim, fiquei desapontado por não tê-la encontrado em casa.”

“Então o senhor espera que eu fique em casa à sua disposição?” ela respondeu com certa satisfação, encarando-o.

Ele ficou surpreso com a maneira atrevida com que ela lhe lançou a afronta, mas sentiu-se satisfeito e encorajado pela decepção dela com sua ausência. Resolveu manter sua resolução e não se desanimar e, ignorando a pergunta que ela lhe fizera, disse, “Tive o prazer de passar o dia com Georgiana ontem. Ela queria explorar a região e, talvez, escapar de Netherfield.”

“Ah,” exclamou Elizabeth, ruborizando de arrependimento. Sentiu-se extremamente tola por ter se zangado com ele no dia anterior. “E ela gostou do passeio?”

“Gostou muito, obrigado. Ela acha o campo muito agradável.”

“Fico feliz com isso.”

“E como foi o seu dia ontem?”

“Foi bom, obrigada, exceto pela dor de cabeça.”

Após um momento, ele disse, “ Fiquei sabendo pelo sr. Bingley que a srta. estava enlevada com as atenções de outro cavalheiro na minha ausência.”

Elizabeth ficou ainda mais corada e disse, “enlevada?”

“Creio que, na verdade, a palavra usada pelo sr. Bingley foi ‘distraída.’”

“Que bom amigo é o sr. Bingley, e eu que sempre pensei que era o senhor quem tomava conta dele. Ele normalmente lhe faz um relatório tão detalhado dos eventos do dia quando de sua ausência?”

“Não, não normalmente.”

“Entendo. E qual foi a razão de tal divulgação ontem?”

“Creio que ele achou que a informação seria de meu interesse.”

E por que o sr. Bingley acreditaria que minhas dores de cabeça e distrações seriam de seu interesse, sr. Darcy?”

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O sr. Darcy sorriu e disse, “Srta. Bennet, creio que a srta. está mudando de assunto.”

“Que assunto?”

“O de sua distração, ontem.”

“Alguns oficiais realmente estiveram em casa ontem, talvez fosse isso a que o sr. Bingley se referia.”

“Na verdade, as referências dele foram mais específicas, me parece que um oficial em particular dominou sua atenção.”

“É mesmo? E ele especificou quem seria?”

“O sr. Wickham. Aparentemente, a srta. se divertiu muito durante um passeio com ele pelo jardim.”

“Realmente! O sr. Bingley é um amigo excepcionalmente bom para lhe dar uma informação tão detalhada.”

“Sim, ele é um bom amigo, devo muito a ele, mas a srta. está mudando o assunto novamente.”

“Estou? E qual era o assunto desta vez?”

“Seu passeio com o sr. Wickham.”

“Muito bem, sr. Darcy,” ela disse na defensiva, “se insiste em discutir esse assunto, eu lhe darei todos os detalhes. O sr. Wickham se aproximou de mim e de minha tia e começou a conversar. Em seguida, minha tia foi avisada de que seu marido a chamava. Ficamos, então, conversando por mais alguns minutos, principalmente sobre minhas irmãs, ah, e sobre a sua irmã.” O sr. Darcy pareceu sobressaltar-se. “Não há nada mais além disso. Agora, eu insisto em saber por que o senhor está tão interessado no que se passou entre o sr. Wickham e mim.”

“O que ele disse sobre Georgiana?”

“Ele apenas perguntou se eu a conhecera e o que achara dela.”

“E isso foi tudo?”

“Sim.”

O sr. Darcy ficou em silêncio por algum tempo, com uma expressão muito grave, e Elizabeth resolveu não provocá-lo mais e apenas esperar que ele voltasse a falar. Por fim, ele disse, “Srta. Bennet, o sr. Wickham não é como aparenta ser, e foi por isso que me preocupei quando Bingley me contou que a

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srta. havia passado algum tempo com ele ontem.”

“Foi apenas uma conversa, sr. Darcy,” ela disse, querendo aliviar sua evidente ansiedade, “Além do mais, o que mais eu poderia ter feito senão conversar com ele? Seria muito descortês de minha parte não fazê-lo em tais circunstâncias.”

“Eu não quis sugerir que a srta. estava errada,” ele replicou, “é que simplesmente esse cavalheiro não é confiável.”

“Eu sei que o senhor e ele não se dão muito bem.”

“É mesmo?”

“Foi o que o senhor mesmo insinuou no baile de Netherfield, não foi? Mas é mais do que isso, ele me contou que ambos cresceram juntos, mas acabaram se afastando porque o senhor não honrou o pedido de seu pai de lhe conceder os meios de subsistência. Não achei que o senhor seria capaz de tal ato, mas não soube bem no que acreditar.”

“Poderia ter me perguntado.”

“Não me sentiria bem em trazer o assunto à baila,” ela não se sentia confortável em discutir o tema nem mesmo no momento presente, mas a curiosidade a atiçava, “Não seria apropriado de minha parte.”

“Posso lhe contar tudo, se quiser ouvir.”

“Muito bem,” ela aquiesceu.

O sr. Darcy prosseguiu, então, com o relato detalhado de suas transações e as de sua família com o sr. Wickham, incluindo a tentativa de fuga com sua irmã, Georgiana. Elizabeth ficou chocada. Nem mesmo seu conhecimento anterior do caráter do sr. Wickham a teria preparado para o que acabara de ouvir. Ele era realmente um homem desprezível. “Sua pobre irmã,” exclamou Elizabeth, “deve ter sido uma experiência horrível para ela.”

“Sim, não acredito que ela tenha se recuperado totalmente ainda. Eu tinha minhas reservas quanto a trazê-la para cá, sabendo que ele se encontra na região, mas eu sentia tanto a falta dela, como sempre sinto quando estamos longe um do outro. Na verdade, eu não esperava ficar tanto tempo em Hertfordshire, e fiquei feliz quando Bingley permitiu que eu a trouxesse.”

“O que o fez estender sua permanência aqui? Certamente o senhor poderia se juntar à sua irmã em Londres no momento que quisesse.”

Agora que ele já havia dado a Elizabeth as explicações referentes ao sr. Wickham, o sr. Darcy estava pronto para o segundo e mais agradável tema que pretendia abordar hoje. Assim, aproveitando a chance proporcionada pelo comentário dela, ele respirou fundo e disse, “uma moça que conheço nesta

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região se apoderou do meu coração, srta. Bennet, e me vi incapaz de me afastar dela.”

“Ela é uma moça de muita sorte, realmente, para ter conquistado seu tão cobiçado coração.”

“Fico feliz que pense assim.” Tal sentimento não escapou à percepção de Elizabeth. “Em parte, ela também foi a razão pela qual quis trazer Georgiana para cá. Eu queria muito que minha irmã a conhecesse.”

“Eu tinha a impressão de que a srta. Darcy já conhecia a srta. Bingley,” Elizabeth provocou.

A princípio o sr. Darcy pareceu desconcertado, mas depois sorriu e disse, “A srta. Bingley não é a moça de quem estou falando. Certamente a srta. deve ter uma idéia de quem seja.”

“E como eu poderia?” ela perguntou com num tom recatado.

“Bem, então por que não tenta adivinhar?

“Como quiser.”

“Ela é adorável,” ele começou, mas foi logo interrompido pela observação de Elizabeth, “Claro que é, toda mulher que conquista o coração de um homem tem essa virtude, pelo menos aos olhos desse homem em particular.”

“Muito bem então,” ele riu, “deixe-me ver se consigo encontrar algo mais revelador. Ela tem um temperamento ativo e brincalhão, com uma paixão animadora pela vida. Ao mesmo tempo é gentil e atenciosa, boa e generosa. Também é inteligente e incrivelmente espirituosa, e possui coragem e determinação. Além disso, tem princípios e bom senso. Ela toca e canta com uma paixão que raramente ouvi e é de uma elegância sutil que muito me agrada. E tem belos e expressivos olhos, cheios de vivacidade, que me enfeitiçaram,” terminou, olhando diretamente no fundo dos olhos mencionados.

Elizabeth corou com aquela descrição de si mesma, mas apenas respondeu, “Não consigo pensar em uma mulher aqui desta vizinhança que possua todas essas qualidades reunidas.”

“Posso lhe assegurar que existe uma... somente uma.”

“Não posso imaginar quem seja.” Darcy sabia que ela apenas gracejava, pois o rubor intensificado por este último comentário a traía. Naturalmente ele não podia esperar que ela admitisse saber que ele a estava descrevendo, e ele estava a ponto de esclarecer-lhe quando foram interrompidos pelo som de vozes e passos se aproximando, vindos da estrada que ficava na direção oposta à Longbourn.

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No momento seguinte, eles foram assaltados pelo som estridente de uma voz, “Ah, sr. Darcy, que agradável surpresa! O que está fazen... Ah, srta. Eliza, que bom vê-los. O que os dois estão fazendo aqui... juntos... e a sós?”

@@@@@

Capítulo 15Ali estava a srta. Bingley, carregando uma manta (e curiosamente uma vassoura!), e a sra. Hurst e a srta. Darcy, cada uma carregando um cesta de piquenique. A srta. Bingley havia organizado um piquenique para Georgiana e o condutor da carruagem lhes havia indicado aquele caminho a partir da estrada, por onde chegariam a uma adorável clareira perto de um riacho que seria ideal para o piquenique. Por acaso era a mesma clareira onde o sr. Darcy estava a ponto de propor casamento a Elizabeth.

A decepção do sr. Darcy pela inconveniente interrupção era óbvia e, não fosse pelo fato de Georgiana estar entre as intrusas, ele teria se sentido inclinado a jogar as outras duas dentro do rio. Sem esperar que os enamorados respondessem à pergunta da srta. Bingley, a srta. Darcy sugeriu imediatamente que encontrassem um outro lugar para fazerem o piquenique. Mas Elizabeth insistiu que ficassem, dizendo, enquanto se levantava, que ela as deixaria. Ela queria que o sr. Darcy fosse com ela, mas não queria se pronunciar por ele. Ao ver que ele se levantava, seguindo o exemplo de Elizabeth, a srta. Bingley disse, “Ah não, de maneira alguma queremos espantá-los,” ela já estendera a manta no chão, “vocês têm que ficar, há refrescos suficientes para todos nós.”

O sr. Darcy olhou para Georgiana e depois para Elizabeth, que podia ver que Georgiana, mesmo querendo que os dois ficassem a sós, esperava, para o seu próprio bem, que eles ficassem e a salvassem de ficar sozinha com as atuais companheiras. De qualquer forma, Elizabeth achou que seria indelicado sair naquele momento e assim, com pena da menina, aceitou o convite. A srta. Bingley ficou irritada ao ver que o sr. Darcy só decidira ficar depois que Elizabeth o fizera.

Enquanto todos partilhavam das guloseimas e refrescos, Elizabeth travou conversa com Georgiana. A srta. Bingley imediatamente atraiu a atenção do sr. Darcy para si. Pela primeira vez ele foi condescendente, na esperança de evitar que ela interrompesse Elizabeth e Georgiana. Qualquer oportunidade de aprofundar a amizade entre elas lhe era muito satisfatória.

Não havia passado despercebido à srta. Bingley que o sr. Darcy vinha visitando Longbourn com regularidade ao lado de seu irmão, mas ela não havia considerado a possibilidade de que ele tivesse outros motivos além de acompanhar Bingley e ajudá-lo a suportar os arroubos da sra. Bennet. A srta. Bingley e os Hursts haviam estado na companhia dos Bennets desde o noivado de Jane e Charles, pois não podiam evitar algumas visitas, mas, como não apreciassem tal companhia, preferiam permitir que Charles se regalasse com seus próprios erros. Assim, tais visitas haviam sido raras e curtas. O grupo se demorou no local mesmo depois que todos haviam se deliciado com suas

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quotas das abundantes cestas, pois a srta. Bingley não tinha intenção de deixar o sr. Darcy e Elizabeth a sós novamente.

Georgiana passou o tempo contando a Elizabeth sobre todos os lugares onde estivera no dia anterior e como se sentia bem no campo.

Nesse momento, a srta. Bingley, na intenção de agradar o sr. Darcy, disse, “É verdade, Hertfordshire tem uma paisagem muito agradável, mas, realmente, Georgiana, esta região empalidece se comparada à de sua residência em Derbyshire. De fato, eu não acredito que qualquer propriedade tenha maior beleza natural que Pemberley.” Pois sim, a srta. Bingley tinha pouco apreço por “beleza natural” e sempre achara a paisagem ao redor de Pemberley um tanto selvagem para o seu gosto. Vinha inclusive desenvolvendo planos de melhorias nesse aspecto de Pemberley quando se estabelecesse como senhora do local. Contudo, já ouvira outros cumprimentando a “beleza natural” da propriedade e, sendo uma observadora perspicaz, pelo menos no que dizia respeito ao sr. Darcy, notara a satisfação com que ele reagia à frase, e por isso resolveu usá-la.

“Sim, srta. Bingley, respondeu Georgiana, “mas Pemberley é minha casa. Eu quis dizer que é muito agradável ver algo novo e diferente.”

“Concordo plenamente com você, Georgiana,” o irmão veio em seu auxílio, “aprendi a apreciar a paisagem em Hertfordshire, especialmente a desta clareira. É muito agradável e serena, não concorda, srta. Bennet?”

Elizabeth pareceu surpresa e respondeu, “Sim, sr. Darcy, eu também gosto muito desta clareira, e embora tenho morado sempre em Hertfordshire, confesso que meu apreço por este local em particular é bem recente,” ela virou a cabeça na direção do riacho para esconder o sorriso e, então, prosseguiu, “mas estou em desvantagem nesta conversa pois não posso fazer qualquer comparação, já que nunca estive em Derbyshire.”

“Ah, tenho certeza de que você vai adorar!” disse Georgiana, ruborizando em seguida com a implicação de suas palavras, e olhando para o irmão com uma expressão de culpa, mas logo relaxou ao perceber nele um sorriso quase imperceptível.

“Realmente, srta. Bennet, é uma pena que sua experiência de vida tenha sido tão limitada e invariável. Se lhe fosse possível viajar pelo reino, poderia ver que há muitos lugares agradáveis fora de Hertfordshire que são simplesmente deslumbrantes.”

“Por favor, não se compadeça de mim quanto a isso, srta. Bingley,” riu Elizabeth, “pois como ocorre com as pessoas, a paisagem no campo se altera tanto que há sempre algo novo para ser observado. Além disso, há algumas vistas tão espetaculares que não consigo me cansar delas.”

O sr. Darcy fitava Elizabeth no momento em que ela disse esta última sentença e se sentiu inspirado a acrescentar, “Concordo inteiramente, srta. Bennet.”

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A sra. Hurst, que havia se mantido calada durante toda esta discussão, resolveu interferir, “Bem, eu definitivamente prefiro Londres a qualquer parte do campo, seja Hertfordshire ou Derbyshire. Todo esse espaço aberto me faz sentir isolada. Tenho total preferência pelo convívio do mais alto nível que a cidade nos proporciona.”

Assim, a conversa se voltou para Londres e foi mantida principalmente pela sra. Hurst e pela srta. Bingley com comentários ocasionais de Georgiana. O sr. Darcy apenas falava quando sua opinião era requisitada em alguma questão. Elizabeth mal se pronunciou sobre o assunto.

Por fim, Elizabeth anunciou que deveria voltar para casa e começou a se levantar. O sr. Darcy fez o mesmo para acompanhá-la, quando a srta. Bingley disse, “Sr. Darcy, o senhor também vai embora? A nossa carruagem está tão perto, certamente seria conveniente que o senhor retornasse a Netherfield conosco.”

O sr. Darcy sentiu a descortesia daquele comentário e disse, “Creio que a sta. Bennet apreciaria que eu a acompanhasse até sua casa, e meu cavalo está aqui.” Com isso, ambos se despediram das três e começaram a caminhar na direção de Longbourn.

Depois de andarem por alguns minutos em silêncio, e quando já estavam a sós, o sr. Darcy voltou o olhar na direção dela e disse, “Elizabeth.” Ela ficou rígida ao ouvi-lo chamá-la daquela forma e, sem perceber, parou de caminhar. Ele também parou e se pôs de frente para ela.

@@@@@

Capítulo 16Nesse exato momento, Kitty apareceu no caminho vindo de Longbourn. Ambos a olharam. Ela corria, sem fôlego, e chegou até eles num instante. Ao alcançá-los, imediatamente se dirigiu a Elizabeth, dizendo, “Ai, Lizzy, que bom que encontrei você. Mamãe está fora de si e me mandou atrás de você na mesma hora.”

“O que aconteceu, Kitty?”, perguntou Elizabeth.

“É a Lydia, ela não desceu para tomar café esta manhã.”

“Ela está doente?”

“Não, quando a Sarah subiu e entrou no quarto dela, ela não estava lá. Havia apenas um bilhete. Lizzy, ela fugiu com o sr. Wickham!”

“O quê?” exclamou Elizabeth, começando a correr na direção de Longbourn com a irmã. O sr. Darcy, que havia sido esquecido, as seguiu.

Quando chegaram em casa, Jane estava consolando a sr. Bennet, “Mamãe, Texto original (original text: Confessions to a Sleeping Beauty):

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tenho certeza de que tudo ficará bem. O bilhete diz que eles foram para Gretna Green. Logo estarão casados e tudo acabará bem, a senhora verá.”

“Sim, sim, claro que eles se casarão, mas como ela pode abalar os meus nervos dessa forma? Ah, estamos todos arruinados.”

Apesar da certeza da mãe de que haveria um casamento, Elizabeth não conseguia estar tão segura disso. Podia ver, só de dar uma rápida olhada para o pai, que ele também duvidava das intenções de Wickham. De fato, ele nunca havia demonstrado nenhuma afeição especial por Lydia e Lydia não tinha muitas qualidades que a recomendassem e inspirassem um amor verdadeiro em qualquer homem. Tampouco possuía algum outro incentivo, como fortuna ou parentesco. Elizabeth não tinha esperanças de que um homem como aquele pudesse ser persuadido a se casar com Lydia. Na verdade, ela estava certa de que ele não amava Lydia e de que não se casaria a não ser com uma mulher que possuísse muito dinheiro. Lembrou-se, então, da tentativa de Wickham de fugir com Georgiana e, conseqüentemente, lembrou-se da presença do sr. Darcy. Olhou para ele no intuito de verificar como ele recebera a notícia. Notou que ele se aproximara do sr. Bennet, dizendo-lhe alguma coisa em voz baixa. Pouco depois, os dois cavalheiros se despediram. Além da demonstração normal de cortesia, o sr. Darcy apenas lançou um sério olhar de despedida a Elizabeth.

Alguns instantes depois, o cel. Forster chegou a Longbourn, explicando que o sr. Wickham havia desertado na noite anterior, deixando para trás muitas dívidas em Meryton, incluindo dívidas de honra. O coronel acabara de saber que ele havia levado Lydia consigo e, assim que ouviu a notícia, veio diretamente a Longbourn. Ele não confiava no sr. Wickham e sugeriu que tentassem seguir o casal. O sr. Bennet e o sr. Gardiner lhe disseram, então, que já estavam se preparando justamente para isso. Assim, os três homens logo se puseram a caminho do correio local, na esperança de conseguir alguma informação sobre o paradeiro do casal.

Tendo se entregado, ainda na véspera, à agradável perspectiva de perseguir a mulher por quem o sr. Darcy mostrara um interesse especial, não estaria fora de propósito questionar por que razão o sr. Wickham abandonaria a expectativa de executar uma vingança tão perfeita. Contudo, quando alguém se vê frente a poucas alternativas, deve analisar cuidadosamente suas prioridades, especialmente se estiver vislumbrando, e não pela primeira vez, um encarceramento por débitos.

O sr. Wickham havia se comportado de tal maneira, em Meryton, que se via obrigado a sair da área sem demora. Quando retornou ao quartel na noite anterior, depois de haver jantado em Longbourn, recebeu notícias que o alertaram que seu melhor plano de ação seria partir no dia seguinte. E embora ainda não tivesse tido a oportunidade de conquistar a srta. Elizabeth Bennet, a companhia voluntária de sua irmã mais nova e mais inconseqüente se apresentou como uma nova alternativa. Sendo o homem que era, não pôde recusar.

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De fato, Lydia havia flertado descaradamente com Wickham na noite anterior após o jantar, e já que Elizabeth havia se recolhido com dor de cabeça, ele simplesmente redirecionou suas atenções para Lydia. O flerte de Lydia foi tão bem-sucedido que os dois combinaram, ao longo da noite, de se encontrar mais tarde, depois que a família dela já estivesse dormindo.

Assim, resolvido a abandonar Hertfordshire, Wickham rapidamente reuniu seus pertences, contratou uma carruagem e voltou a Longbourn para manter seu compromisso com a srta. Lydia. Ele deixou a carruagem esperando no portão de entrada de Longbourn e seguiu a pé pelos jardins até onde ela o esperava. A princípio ele planejara apenas exercer certo controle sobre ela, mas ela estava muito ansiosa para acompanhá-lo e ele achou que seria uma grande aventura. Desta forma, ela o deixou no jardim por menos de meia hora e retornou com algumas coisas guardadas em um pequeno baú. E eles se foram.

Embora os encantos da srta. Lydia exercessem menor fascínio sobre ele do que os da srta. Elizabeth, o sr. Wickham tinha que se contentar com o que podia conseguir naquelas circunstâncias. No entanto, podia contar com o consolo da esperança de que, embora não tivesse tido tempo de comprometer a amada do sr. Darcy, a ruína da irmã dela pudesse, de alguma forma, causar desgosto ao homem que o sr. Wickham adorava odiar.

No dia seguinte à fuga, o sr. Bennet já não estava em casa. A família logo recebeu um expresso seu, informando que ele e o sr. Gardiner já se encontravam na casa deste em Londres. Eles haviam conseguido rastrear Wickham e Lydia até Londres, mas não além disso, e estavam quase certos de que não haviam seguido para a Escócia. A casa estava em polvorosa. A sra. Bennet não se sentia em condições de deixar seus aposentos e estava convencida de que a família inteira estava arruinada.

O sr. Bingley passou apenas para uma rápida visita nesse dia. Ficou aproximadamente meia hora com Jane no jardim e foi embora. Elizabeth ficou sabendo por Jane que o sr. Darcy havia partido de Hertfordshire naquela manhã bem cedo, antes que todos acordassem, sem uma palavra sobre seu destino ou sobre seu retorno.

Elizabeth se sentiu mal. Ela e o sr. Darcy haviam chegado tão próximo de um entendimento e, agora, a conduta de Lydia arruinara tudo. Obviamente o sr. Darcy não queria ter nenhum vínculo com ela ou com sua família agora. Sem dúvida, tamanha demonstração de impropriedade ultrapassara o seu limite de tolerância. Ele nunca se ligaria a uma família assim. Estava claro que ele havia se ausentado da vizinhança para evitar qualquer proximidade com Elizabeth e para expurgá-la de seu coração.

Infelizmente, a única maneira possível de salvar Lydia era o único obstáculo que tornaria impossível a aproximação do sr. Darcy. Certamente ele nunca se casaria com Elizabeth se Lydia se casasse com o sr. Wickham. Ele nunca se vincularia voluntariamente àquele homem. Mesmo que a união de Wickham e Lydia ocorresse da forma mais honrada, Elizabeth não podia esperar que o sr. Darcy ainda quisesse desposá-la. E Elizabeth não podia e nem desejava, para

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seu próprio bem, que Lydia não se casasse com o sr. Wickham. Não, eles teriam que se casar. Realmente, fosse esse casamento consumado ou não, o sr. Darcy não teria mais nenhum interesse numa família tão desonrada.

Diante de tal quadro, Elizabeth pensou, ‘talvez eu devesse tê-lo encorajado, ao invés de o ficar provocando, de tal forma que ele chegasse à questão ontem. Ele teria feito a proposta e nós estaríamos noivos agora. Ou, se eu tivesse revelado que ouvi tudo o que ele disse naquele dia na biblioteca, ele teria se pronunciado naquela mesma ocasião, e já poderíamos estar casados.’ Mas acabou concluindo, ‘não, eu o teria recusado então.’ De repente, ela se deu conta, com grande pesar e desespero, ‘Eu nunca mais o verei.’

@@@@@

Capítulo 17A família Bennet não teve notícias do sr. Bennet por vários dias. Finalmente, ele chegou em casa e explicou que não havia mais nada a ser feito. Não haviam conseguido achar Wickham e Lydia e não havia mais pistas a seguir. Ele havia andado inutilmente por Londres após seguir cada indicação que pudesse leva-los até eles, mas não havia maneira de se saber se eles ainda estavam na cidade, e se estivessem, onde estariam. A sra. Gardiner voltou para seu marido e sua casa em Londres no mesmo dia. Os Gardiners continuariam a investigar e a aconselhar a família assim que tivessem qualquer notícia. A sra. Bennet estava desapontada com o marido por haver desistido tão cedo, mas ele deixou claro que realmente não havia mais nada a ser feito no momento. Ele se sentia fracassado como pai e, na verdade, teria permanecido na cidade pelo tempo que fosse necessário para encontrar Lydia se tivesse a menor informação que pudesse direcioná-lo de alguma forma.

Alguns dias depois, uma carta chegou da Rua Gracechurch. Wickham e Lydia haviam sido encontrados. Estavam morando juntos em Londres e ainda não haviam se casado. O sr. Gardiner acreditava que Wickham nunca tivera a intenção de se casar com Lydia, mas que Lydia sempre achara que ele o faria, embora ela não se preocupasse em saber quando. Entretanto, Wickham concordou em se casar com ela sob várias condições. Suas dívidas em Meryton e em Londres deveriam ser saldadas, ele deveria se certificar de que Lydia receberia uma herança por ocasião da morte dos pais, assim como um dote de cem libras por ano, e finalmente, que lhe fosse comprada uma patente no Regimento do Norte no exército regular. O sr. Bennet expressou sua surpresa com o fato de Wickham ficar com Lydia por tão pouco e comunicou a Elizabeth sua crença de que o sr. Gardiner teria desembolsado o dinheiro para realizar o casamento.

O sr. Bennet respondeu imediatamente, aceitando os termos. Logo tudo ficou resolvido e Lydia se casou, para a felicidade e o alívio de todos. E embora Elizabeth compartilhasse a felicidade da família com a conclusão satisfatória de um evento tão funesto, sua felicidade foi mitigada pela consciência de que aquele casamento, que ela sabia ter um futuro infeliz, excluía todas as suas próprias esperanças de felicidade matrimonial.

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Os Wickhams visitaram Longbourn após o casamento, antes que o sr. Wickham se incorporasse ao regimento do norte. Ainda se encontravam em Longbourn para a cerimônia de casamento de Jane. Elizabeth não tivera mais notícias do sr. Darcy desde que ele partira no dia da fuga de Lydia, portanto ficou surpresa ao vê-lo na cerimônia. Aparentemente, ele chegara na noite anterior e retornaria a Londres naquele mesmo dia. Não havia trazido Georgiana com ele e parecia se comportar da mesma maneira que costumava antes daquele encontro na biblioteca. Estava calado, reservado e alheio.

Após a cerimônia ela conversou com ele apenas o suficiente para trocar cumprimentos, pois não houve oportunidade para uma conversa particular. Ela não conseguiu discernir nada dos sentimentos dele a partir desse rápido contato que não pudesse ser explicado pela suposição de que ele estava tentando superar sua afeição por ela. Ela estava tão certa de que ele nunca se vincularia a alguém tão intimamente ligada a Wickham, não importava a intensidade de sua estima, que se satisfez com tal explicação e resolveu não lamentar a sua perda. Não importava o quanto seu orgulho lhe dissesse que ele deveria amá-la o suficiente para sobrepujar até mesmo a mais íntima ligação da família com seu pior inimigo, mesmo assim, ela não conseguia culpá-lo pela mudança de sentimentos. Portanto, Elizabeth inferiu a partir de seu comportamento que ele não mais queria se casar com ela e tinha certeza de que ele se sentia aliviado que a fuga tivesse ocorrido antes de sua proposta.

Os Gardiners também vieram a Longbourn para a cerimônia. Chegaram alguns dias antes da data e partiram no mesmo dia do casamento devido a compromissos de negócios do sr. Gardiner.

Após o casamento, os Wickhams permaneceram por mais uma semana em Longbourn e depois seguiram viagem para junto do novo regimento do sr. Wickham no norte. Embora Elizabeth desejasse escapar de Longbourn durante essa semana, ela evitou visitar Jane em Netherfield, pois queria que os recém-casados tivessem privacidade, ou pelo menos a privacidade que conseguissem ter com os parentes de Bingley ainda hospedados na residência. No dia seguinte à partida dos Wickhams, contudo, Jane convidou sua família inteira para um jantar. Também pediu a Elizabeth que passasse a manhã com ela enquanto Bingley cuidava de alguns negócios referentes à propriedade. Quando Elizabeth chegou, Jane lhe perguntou, “Lizzy, o que você sabe sobre o envolvimento do sr. Darcy no casamento de Lydia?”

“O quê?” exclamou Elizabeth, “Não sei de nada, o que você quer dizer com ‘envolvimento’? Como é que justamente ele poderia estar envolvido?”

“Acabei de receber uma carta de nossa tia. Durante sua estada aqui ela esteve me relatando todos os detalhes sobre o casamento de Lydia. Mas fomos interrompidas e, depois, com os arranjos para o casamento, nunca tivemos a oportunidade de terminar a conversa. Já que ela precisou nos deixar logo após a cerimônia, me escreveu uma carta assim que chegou em Londres. Essa carta parece indicar que ela acredita que você conhece perfeitamente as circunstâncias envolvendo o casamento da nossa irmã. Mas como você já me disse que as desconhece, vou lhe mostrar a carta.”

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Jane a entregou imediatamente a Elizabeth que leu sobre a responsabilidade do sr. Darcy pelo casamento de sua irmã mais nova. O sr. Darcy deixara Hertfordshire em direção a Londres na manhã seguinte ao dia em que ele soubera da notícia, com a intenção expressa de localizar o casal e induzi-los a se casar. Ele encontrou o sr. Wickham e Lydia e negociou um acordo que resultou no casamento. Em seguida, fez uma inesperada visita aos Gardiners para lhes explicar que se sentia responsável pela fuga já que conhecia o caráter de Wickham, mas se recusara a divulgar suas ações. Portanto, ele pagou as dívidas do sr. Wickham e lhe comprou sua nova patente.

Elizabeth ficou impressionada que o sr. Darcy tivesse passado por tantos problemas e tido tantas despesas somente para ajudar à sua irmã e à sua família. Era assombroso que ele tivesse ido em busca do sr. Wickham e negociado com ele para que se cassasse com Lydia. Elizabeth sabia que ele nutria fortes sentimentos por ela e estava certa de que tais sentimentos se haviam somado a qualquer outro estímulo que o tivesse levado a agir dessa forma. Contudo, o fato de ele ter sido responsável pelo casamento de Lydia, por mais espantoso que fosse, não mudava sua convicção de que ele não a queria mais.

Com toda certeza, depois de ter nutrido sentimentos tão intensos por ela ele ainda deveria se importar com seu bem-estar, mas ainda assim ela estava convencida de que ele não poderia querer qualquer ligação com Wickham. Ela era capaz até mesmo de compreender o que ele poderia ter sentido ao se ver atado por um compromisso que poria em risco a sua própria felicidade. Pois para ela era evidente que ele simplesmente não poderia se casar com ela em tais circunstâncias. Portanto, não condenou sua inconstância por ter desistido dela, mas considerou o fato de o sr. Darcy ter sacrificado sua própria felicidade para poupar a reputação da família dela como uma indicação da intensidade dos sentimentos dele. Além disso, embora creditasse seu envolvimento no caso ao seu amor por ela, não duvidava da veracidade das razões que ele relatara aos Gardiners. Mesmo assim, embora se mantivesse convicta de que as antigas intenções do sr. Darcy nunca se realizariam, ela desejava vê-lo ao menos uma vez mais para expressar seu agradecimento e apreço por tudo o que ele fizera por Lydia.

Jane não pronunciou uma só palavra durante o quarto de hora em que Elizabeth leu a carta e refletiu sobre seu conteúdo. Porém ambas foram despertadas de seus pensamentos quando a porta da sala de estar se abriu dando passagem ao sr. Bingley que procurava ansiosamente por sua esposa, seguido por seu recém-chegado hóspede. Os olhos do sr. Darcy imediatamente encontraram os de Elizabeth. Ele parecia tão surpreso por vê-la como ela por vê-lo.

Após trocar cumprimentos com ambas, o sr. Darcy subitamente se lembrou que acabara de chegar de uma longa viagem à cavalo e foi para seu quarto para se limpar e se trocar.

O sr. Bingley explicou que o sr. Darcy estivera em Pemberley desde o

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casamento, mas que ao ser requisitado pelo sr. Bingley, concordou em retornar a Netherfield. Ele não queria atrapalhar o casal tão cedo, mas o sr. Bingley o convencera de que sua presença, na verdade, lhes daria mais privacidade, pois ele manteria os outros hóspedes ocupados. Na ocasião, o sr. Bingley não sabia que o sr. Darcy poderia ter outro motivo para querer voltar a Hertfordshire. De qualquer maneira, o sr. Bingley explicou que o sr. Darcy viera a cavalo cedinho pela manhã e que sua bagagem viria junto com sua irmã e a dama de companhia desta na carruagem mais tarde naquele mesmo dia. Pouco depois das explicações de Bingley, suas irmãs entraram na sala e ele foi obrigado a repetir cada detalhe sobre a visita do sr. Darcy. Como já ouvira tudo, Elizabeth aproveitou a oportunidade para sair para uma caminhada a fim de livrar a mente de todos os eventos da última meia hora e de se preparar para ver o sr. Darcy mais tarde, o que ela sabia ser inevitável.

Elizabeth já estava há um tempo perambulando pelos diferentes caminhos ao redor da mansão quando encontrou o sr. Darcy, que se aventurara em sua busca depois de não encontrá-la com Jane na sala de estar. Ao vê-la no caminho, o sr. Darcy se aproximou e disse, “Srta. Bennet.”

“Sr. Darcy,” foi sua resposta em frente a um grande carvalho que ladeava o caminho. Sem hesitar, ela expôs os pensamentos que não lhe saiam da cabeça, “Fico feliz de encontrá-lo aqui. Por favor, deixe-me aproveitar a oportunidade para agradecer-lhe por tudo o que fez por minha irmã, Lydia. Acabei de saber de tudo, esta manhã. Permita-me agradecer em nome de minha família, já que, com exceção de Jane, eles não sabem a quem devem gratidão.”

“Se quiser me agradecer, faça-o somente em seu nome, sua família não me deve nada. Por mais que os respeite, acredito que pensei somente na senhorita.” Elizabeth ficou abalada com tal revelação, mas isso somente confirmava suas suspeitas.

Após alguns instantes de silêncio, o sr. Darcy falou novamente, “Srta. Bennet, creio que estávamos no meio de uma conversa quando a infeliz notícia sobre sua irmã nos interrompeu. Gostaria de retomar o assunto se a senhorita não se opuser.”

“Não faço nenhuma objeção,” ela respondeu, o que provocou um pequeno sorriso nos lábios de seu companheiro.

@@@@@

Capítulo 18Sem querer permitir uma nova oportunidade para interrupções, o sr. Darcy foi direto ao ponto, “Srta. Bennet, o que eu estava para lhe dizer naquela ocasião é que,” ele segurou as mãos dela e a olhou direto nos olhos, “eu a amo.”

Ela foi tomada por uma enorme emoção e respondeu, “Eu sei,” que não era a resposta que ele esperava, nem a que ela pretendia dar. Ela prosseguiu, “mas pensei que depois do escândalo envolvendo a Lydia... quero dizer, ela está

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casada com... eu pensei que não iria mais me querer depois disso,” ela concluiu com a voz e o olhar baixos.

“Não a iria querer?!” ele exclamou surpreso, e puxando-a para perto, continuou, “Elizabeth, eu a amo tanto. Você é tudo o que eu quero. Eu não deixaria que nada nem ninguém nos separasse. Você está constantemente em meus pensamentos. Nunca desistiria de você.”

Aquelas palavras afetaram Elizabeth, mas ela estava tão surpresa que ele ainda a quisesse depois de tudo que respondeu, “Mas o senhor saiu tão de repente e depois se manteve longe. Só voltou para o casamento de Jane e partiu novamente logo depois, voltando somente hoje.”

“Elizabeth, eu sai repentinamente porque sabia que eu seria o único capaz de encontrar Wickham. Sabia que você estranharia minha partida, mas ainda não havíamos nos entendido e por isso não pude lhe escrever. Esperava que você compreendesse. Então, após meus ‘negócios’ em Londres, precisei ir a Pemberley, já estava fora havia muito tempo. Eu tinha algumas coisas a resolver, incluindo a arrumação do lugar para receber sua nova senhora,” ela ficou ruborizada, ele sorriu “e havia duas outras razões para me manter afastado após o casamento de Bingley. Eu não quis ficar em Netherfield imediatamente após a cerimônia, e os Wickhams estavam aqui. Achei que todos se sentiriam pouco à vontade, dados os eventos recentes, se eu permanecesse aqui. Então esperei que se fossem, o que acorreu somente ontem, e aqui estou. Voltei para vê-la, querida, adorável Elizabeth. Sinto muito que minha ausência tenha lhe causado angústia. Se eu soubesse que isso a faria duvidar de minhas intenções, eu teria encontrado uma maneira de tranqüilizá-la.” Ele acariciou suavemente o rosto dela e disse, “se realmente causei tamanho sofrimento, não mereço sua clemência agora, mas imploro mesmo assim que não me mantenha em suspense. Por favor, me dê sua resposta.”

“Mas o senhor não me fez pergunta alguma,” provocou Elizabeth, “eu certamente não tenho como lhe dar uma resposta sem ouvir uma pergunta, e eu detestaria ser tão presunçosa a ponto de lhe responder baseada em minhas próprias conjecturas sobre qual seria a pretendida questão.”

Exatamente quando Darcy estava a ponto de fazer a eloqüente e tocante proposta que ele tanto ensaiara nos últimos meses, eles ouviram as vozes da srta. Bingley e da sra. Hurst vindo de trás de uma curva daquele caminho que saía da mansão. O sr. Darcy estava de costas para a passagem e Elizabeth, de frente para ele, no limite do pequeno bosque que ladeava aquela grande árvore. Ele olhou rapidamente para trás, na direção de onde vinham as vozes e, não vendo ninguém, sentiu-se confiante de que eles também ainda não tinham sido vistos. Assim, para evitar que fossem novamente interrompidos, e com uma expressão de urgência e determinação, moveu-se na direção de Elizabeth, saindo da passagem e guiou-a agilmente para trás da árvore a fim de que ficassem fora da área de visão de quem se aproximava. Ele apoiou as costas no tronco da árvore e puxou-a para si para que a saia de seu vestido não ficasse visível. Tal movimento foi tão rápido que Elizabeth não teve tempo de resistir ou reagir. Viu-se colada a ele e pôde sentir respiração dele sobre a

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lateral de seu rosto. Ficou surpresa com a sensação de segurança e conforto que sentiu em seus braços. Ela achava que consideraria muito imprópria a posição em que se encontrava, mas ao contrário, não sentiu nada de errado.

O sr. Darcy, sem querer perder mais tempo, imediatamente se inclinou e, na pressa do momento (ele não poderia continuar ali com o corpo dela de encontro ao seu sem que estivessem noivos!) seu discurso foi abandonado e ele murmurou no ouvido dela, com muita emoção, “Case-se comigo, Elizabeth, por favor.”

Elizabeth deixou escapar uma exclamação que ela logo abafou antes de levantar os olhos para encontrar os dele. Nesse instante, a srta. Bingley e a sra. Hurst já quase alcançavam a árvore e Elizabeth ouviu a primeira dizer, “Tenho certeza de que o vi caminhando nesta direção quando olhei pela janela.”

Elizabeth arregalou os olhos e ele colocou o dedo sobre os lábios dela. Elizabeth apoiou a mão por trás do pescoço dele, movimento que surtiu um efeito significativo na intensidade dos batimentos do coração de Darcy, e puxou-o suavemente para si até que pudesse sussurrar em seu ouvido, “Sim, claro, que sim.”

O sr. Darcy sentiu os joelhos fraquejarem, mas manteve-se ereto e em silêncio, com uma expressão de deleite estampada em seu rosto (parece que tanto o sr. Darcy como a futura sra. Darcy têm uma grande capacidade de manter a compostura!) Em resposta, ele simplesmente a puxou para si de forma que a cabeça de Elizabeth se apoiasse em seu peito, e com a própria cabeça ainda inclinada e muito próxima à dela, e mentalmente fez uma oração de agradecimento.

Ouviram, então a resposta da sra. Hurst, “Notei que tampouco a srta. Bennet se encontrava na sala de estar quando saímos.” As irmãs Bingley pararam de andar bem em frente à árvore por trás da qual os dois enamorados se escondiam!

O sr. Darcy foi dominado pelas provocantes sensações causadas por sua amada. Ele podia sentir o calor de seu corpo e de seu hálito, podia sentir seu doce perfume, podia ouvir os sons sutis de sua respiração, sentia o braço dela ainda ao redor de seu pescoço e sua outra mão suavemente apoiada no braço que ele mantinha ao redor da cintura dela.

“O que você está sugerindo, Louisa?” indagou a srta. Bingley indignada.

“Bem, talvez ela e o sr. Darcy tenham se encontrado aqui fora,” respondeu a sra. Hurst.

Darcy sentiu o corpo de Elizabeth estremecer ao abafar um risinho.

“Que bobagem, Louisa, você não pode estar falando sério. Você sabe que o sr. Darcy é esperto demais para se deixar iludir por uma moça como a srta. Bennet,” retrucou a srta. Bingley.

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O sr. Darcy corria o grande perigo de se distrair com tamanha proximidade de sua Elizabeth. Não pôde mais controlar suas emoções e ergueu a mão para acariciar o rosto dela com os dedos.

“De qualquer forma,” continuou a sta. Bingley, “estou certa de que ele retornou a Netherfield por minha causa.”

O sr. Darcy começou a dar suaves beijos no rosto e pescoço de Elizabeth, que, naquela posição, se encontravam convenientemente próximos aos lábios dele. Elizabeth inspirou profundamente e ele parou com medo de que ela fosse ouvida.

“Acredito que ele estava a ponto de se declarar antes de ir embora,” continuou Caroline, (ela não sabia o quanto estava certa!) “Você deve ter notado a atenção especial que teve para comigo no dia do piquenique.”

Assim que Elizabeth se recompôs, o sr. Darcy reiniciou a atividade que causara a descompostura dela.

“Ele sabe que tipo de senhora Pemberley requer,” a srta. Bingley anunciou astutamente.

O sr. Darcy continuou com seus minúsculos beijos descendo pelo rosto de Elizabeth até seu queixo, enquanto acariciava com a mão sua outra face.

“No que me toca, ele pode manter essas mulheres do tipo de Eliza Bennet em segundo plano se quiser, ...”

Os lábios dele encontraram os dela.

“... contanto que seja discreto, naturalmente,” completou a srta. Bingley com um riso estridente.

Primeiro ele a beijou várias vezes, com suavidade.

“Ah Caroline, você é demais,” respondeu a sra. Hurst.

E então o beijo se tornou mais ardente, evocando sensações de prazer em ambos que, até então, lhes eram desconhecidas; e quando as irmãs de Bingley retomaram o passo, Elizabeth e o sr. Darcy já não escutavam os risos das duas que seguiam seu caminho pela alameda.

Mesmo depois que as irmãs se foram, Elizabeth e o sr. Darcy se mantiveram na mesma posição, mas quando o beijo chegou ao fim, ela não pôde evitar de rir com vontade, no que o sr. Darcy se juntou a ela.

“Obrigado, Elizabeth, você me fez o homem mais feliz do mundo,” ele finalmente conseguiu dizer, beijando-lhe as mãos.

“Acho que meu cunhado vai discordar de você,” respondeu Elizabeth, sorrindo.

“Então dividirei o título com ele.” Os dois se afastaram um pouco com certa relutância, mas permaneceram juntos, próximos à árvore. “Eu tinha tanta coisa

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para lhe dizer. Eu havia planejado meu discurso com antecedência,” ele prosseguiu.

“Esteja certo de que não achei nada de errado em sua maneira de me propor casamento. Estou feliz que o tenha feito finalmente.”

O comentário o fez lembrar-se da reação inicial dela à sua declaração e ele disse, “Finalmente? Eu sabia que meu comportamento em relação a você denunciava meus sentimentos e eu sentia que você estava certa de minhas intenções, mas não pensei que minhas atenções haviam inspirado tanta certeza e a confiança que ouvi em sua voz quando me disse que sabia que eu a amava.”

“De fato, suas maneiras não traíram seus sentimentos a princípio, mas assim que eu soube como se sentia, pude discerni-los por seu comportamento; mas foi somente mais tarde que eles se tornaram evidentes também para os outros.”

Ele a olhou, confuso, “se não foi meu comportamento o que revelou minha afeição por você, o que foi então?”

Ela o encarou com falsa perplexidade e num tom de voz absolutamente casual lhe disse, “ora, não se recorda da primeira declaração de amor que me fez? Eu imaginava que havia sido uma experiência memorável para você.”

O rosto dele foi tomado por um intenso rubor e ele sussurrou, “você parece ter um talento natural para me ouvir quando não pretendo que o faça.”

“Se não pretendia que eu o ouvisse, talvez não devesse ter me falado tão diretamente e a uma distância tão próxima.”

“Pensei que você estava dormindo,” ele respondeu, sorrindo com a lembrança que as palavras dela evocavam.

“E eu pensei que você iria embora e me deixaria sozinha se eu não me mexesse,” ela disse com uma risada, “então, quando você começou a falar, eu não podia mais revelar que estava desperta, dado o tópico de seu discurso.”

“Você não queria a minha companhia?”

“Sinto dizer que não, meu amor, pois naquela ocasião eu não simpatizava com você.”

Ele se surpreendeu e pareceu ficar um pouco magoado, mas estava tão feliz que não tinha como se deixar levar por sensações desagradáveis, e seu coração ameaçou saltar de seu peito quando ela disse, ‘meu amor’. Mesmo assim, ele conseguiu indagar, “Por quê?”

Ela lhe expôs então tudo sobre as impressões iniciais que tivera em relação a ele, o efeito que o discurso dele lhe causara, e suas subseqüentes ações na tentativa de conhecer melhor o caráter dele.

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“Não posso crer que você sabia todo o tempo,” ele disse, ainda tentando digerir a idéia.

“Você está zangado?” ela perguntou.

Ele a olhou com espanto e simplesmente disse, “Zangado? Não, não creio que eu alguma vez possa me zangar com você, Elizabeth; mas você deve ter se zangado comigo pela maneira com que lhe falei em tais circunstâncias, foi muito inadequado.”

“Pois foi muito bom que você tenha sido inadequado na ocasião, ou eu teria cometido o terrível engano de recusar sua proposta.”

“E eu teria feito tudo o que estivesse ao meu alcance para fazer com que você tivesse um bom conceito a meu respeito, e teria repetido a minha proposta quantas vezes fosse necessário até que você pudesse me amar o suficiente para aceitá-la.”

“Eu já o amo.”

Tendo sido esta a primeira declaração de amor que ela já lhe fizera, a felicidade ficou evidente em cada traço de seu rosto quando ele disse, “E eu a amo, minha doce Elizabeth. Você me fez mais feliz do que eu jamais imaginei que fosse possível.”

“Então,” ela respondeu em tom jocoso, “insisto em ouvir a proposta ensaiada que você preparou. Não desejo ver seus esforços desperdiçados.”

Num só movimento ele a enlaçou pela cintura e a girou, imprensando-a suavemente contra a árvore. Ela riu e o fitou sem fôlego. Podia ver a intensa paixão nos olhos dele. Ele se inclinou, segurando suas mãos, e a beijou na base do pescoço, dizendo, “Primeiro eu pretendia dizer, ‘Elizabeth, nunca encontrei alguém como você,’” ele a beijou no outro lado do pescoço, “então eu diria, ‘você é mais do que eu jamais mereci ou esperei encontrar numa mulher,’” ele beijou uma de suas faces; o coração dela já batia ferozmente, e ele continuou, “a seguir eu teria dito, ‘Não sei como vivi vinte e sete anos sem conhecê-la,’” beijou sua outra face, “’e não posso imaginar meu futuro sem você ao meu lado,’” e beijou-lhe a testa. “Então eu diria ‘Elizabeth, preciso de você,’” e deu um beijo em seu nariz, “’e desejo passar o resto da minha vida fazendo-a feliz e empenhando-me em merecê-la,’” e beijou-a no queixo. “Por fim, eu diria o quão ardentemente eu a admiro e a amo,” beijou-lhe os lábios, “e imploraria, com fervor, que aceitasse ser minha esposa,” e finalizou com outro beijo mais ardente em seus lábios. Como se pode muito bem imaginar, Elizabeth estava completamente dominada pela emoção que tais declarações e sensações lhe causavam. Quando ele terminou, os olhos dela brilhavam, marejados de alegria. Ela passou os braços ao redor do pescoço dele e ele a acolheu num abraço apertado.

Uma vez separados, ele perguntou, “E essa teria sido a sua resposta?”

“Imagino que eu também teria verbalizado meu consentimento, mas como já o fiz, não achei necessário fazê-lo novamente.”

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“Ao contrário, eu adoraria ouvi-la aceitar ser minha esposa repetidas vezes.”

“Muito bem,” ela disse com uma risadinha marota, assumindo uma expressão zombeteira de seriedade, “Agradeço suas atenções, senhor, e tenho prazer em informá-lo de que as aceito amavelmente. Os sentimentos que o senhor descreveu e demonstrou de modo tão eloqüente são correspondidos de todo coração. Minha alegria por receber sua proposta é indescritível. Seria uma enorme honra me tornar sua esposa e chamá-lo de marido. Sim, eu aceito me casar com o senhor.”

“Terei uma esposa realmente loquaz!”

“E meu discurso nem mesmo foi ensaiado.”

“De fato, mas como poderia ser se foi em resposta ao meu, e você não tinha como saber o que eu ia dizer?”

“É verdade, mas eu já tinha uma idéia, pelo menos antes que alguns fatos recentes me fizessem mudar de idéia. Você pode me perdoar por duvidar de sua fidelidade, meu amor?”

“Não há o que ser perdoado, minha querida. Eu já deveria ter exposto meus sentimentos, ou ao menos lhe ter dito a causa de minha ausência. Sou eu quem deve pedir perdão.”

“Não, não devemos discutir por algo tão bobo. Devemos concluir que não há nada o que ser perdoado e, portanto, nenhum de nós tem que perdoar o outro, ou um deve perdoar o outro. O que você acha melhor?”

Após uma breve consideração, ele disse, “Creio que o perdão é a melhor escolha. Acho que fará mais pela nossa felicidade no casamento do que a outra alternativa.”

“Muito bem então, devemos nos considerar absolvidos e nunca mais falar sobre isso. Você deve aprender um pouco da minha filosofia, só se lembre do passado se a lembrança lhe causar prazer.”

“Então sempre me lembrarei de você.”

“Nesse caso, vou me empenhar para criar muitos momentos felizes para você, para que possa ter uma certa variedade em suas reflexões.”

Ele sorriu e disse, “Devemos começar logo então?” enquanto se inclinava para beijá-la novamente. Após alguns minutos, eles se afastaram e ele indagou, “Posso pedir o consentimento de seu pai esta noite após o jantar, meu amor?”

“Sim, mas eu mesma contarei à minha mãe quando chegarmos em casa esta noite.”

“Suponho, então, que um anúncio oficial terá que esperar até amanhã.”

“Sim, sim, mas você pode contar a Georgiana, naturalmente, e ao sr. Bingley se quiser, e eu contarei a Jane no mesmo instante.”

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“Como quiser,” ele respondeu puxando as mãos dela para si a fim de beijá-las.

Elizabeth assumiu uma expressão realmente séria e disse, “Mas eu tenho uma condição.”

“O que estiver ao meu alcance para lhe oferecer, Elizabeth.”

“Você deve me prometer que falará comigo enquanto eu estiver dormindo, depois de casados,” ela disse com uma risada.

“Assim o farei. Prometo declarar minha eterna adoração por você constantemente, com você acordada ou adormecida,” ele respondeu galantemente, e beijou-a pela última vez antes de retomarem o caminho.

E assim caminharam juntos até a casa, ambos muito contentes.

@@@@@

Epílogo

A sra. Bingley, a srta. Darcy (que chegara enquanto o irmão e Elizabeth estiveram fora), a sra. Hurst e a srta. Bingley estavam todas sentadas na sala de estar de Netherfield. A sra. Bingley bordava um lenço para o marido, a srta. Darcy praticava no pianoforte, a sra. Hurst rearranjava as próprias jóias e a srta. Bingley contemplava todas as mudanças que pretendia fazer em Pemberley. O sr. Bingley e o sr. Hurst se encontravam em algum outro lugar. Assim que Elizabeth e o sr. Darcy adentraram a sala juntos, a sra. Hurst lançou à srta. Bingley um olhar que dizia, “Eu lhe disse.” A srta. Bingley, no entanto, não se daria por vencida. Buscou rapidamente uma desculpa para chamar a atenção do sr. Darcy. Pegou um pedaço de tecido e uma agulha com linha da cesta de bordados da sra. Bingley e disse, “Ah sr. Darcy, o senhor precisa vir me aconselhar, não consigo decidir que tom de laranja usar em uma plantação de abóboras que estou bordando. Adoro abóboras. De fato, são os mais adoráveis de todos os legumes. Cenouras estão em segundo lugar entre os meus favoritos. E, naturalmente, laranja é a mais adorável das cores, há tantos tons tão bonitos que nunca consigo escolher um dentre eles.”

Com um rápido olhar para Elizabeth que fora se sentar ao lado de Jane, o sr. Darcy acedeu à solicitação da srta. Bingley e se sentou a seu lado para examinar o sortimento de fios em diversos tons de laranja na cesta da srta. Bingley. Após suficiente deliberação, o sr. Darcy selecionou a cor para a srta. Bingley, dizendo, “Creio que este é o tom mais próximo da cor do seu vestido,” e apontando para o trabalho dela, continuou, “e não deixe de me mostrar seu progresso no bordado, gostaria de ver o resultado.” Elizabeth abafou uma risada e a srta. Bingley lançou um olhar satisfeito ao sr. Darcy enquanto respondia num tom sério, “como quiser, sr. Darcy.”

O sr. Darcy conseguiu, então, cumprimentar a irmã. Pediu a Georgiana que o acompanhasse até o lado de fora da casa. Georgiana levantou-se

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imediatamente para sair e a srta. Bingley fez o mesmo, dizendo, “Que idéia esplêndida, minha cara Georgiana e eu adoraríamos caminhar.”

“Srta. Bingley,” replicou o sr. Darcy, “a srta. não acabou de voltar de um passeio com sua irmã? Eu detestaria vê-la exaurida.”

À princípio a srta. Bingley ficou intrigada, pois não entendeu como ele ficara sabendo que ela estivera fora, mas acabou se sentindo gratificada com o fato de que ele estivera prestando atenção às suas atividades. Ela disse, “Sr. Darcy, o senhor é tão atencioso, mas realmente não tenho disposição para ficar sentada dentro de casa, eu prefiro me exercitar, e como o senhor sabe, tenho muita saúde.”

“Tenho certeza que o exercício lhe faria muito bem, srta. Bingley, mas talvez a srta. possa persuadir alguém dentre os outros para fazer-lhe companhia, pois necessito falar com Georgiana em particular sobre assuntos de família.” Elizabeth corou ao ouvi-lo dizer aquilo, e ele não se atreveu a olhá-la com receio de que as expressões de ambos pudessem trair seu segredo.

O sr. Darcy saiu com a irmã para lhe contar sobre o noivado e a srta. Bingley ficou imaginando como ela bordaria uma abóbora para mostrar ao sr. Darcy mais tarde, já que ela nunca havia bordado um único ponto em toda a sua vida. Assim que os Darcys saíram, Elizabeth ofereceu-se para fazer companhia à srta. Bingley se ela ainda quisesse tomar um pouco de ar e se exercitar, mas a srta. Bingley perdeu repentinamente a disposição para caminhar. No final das contas, parecia que o esforço feito momentos antes a deixara realmente cansada.

Elizabeth perguntou a Jane, então, se eles haviam recebido o pacote de novos livros que o sr. Bingley encomendara em Londres para a biblioteca. Jane respondeu afirmativamente e se ofereceu para mostrá-los a Elizabeth. As duas irmãs deslocaram-se para a biblioteca onde Elizabeth contou a Jane sobre o noivado. Jane ficou extasiada pela irmã e as duas conversaram por mais de um quarto de hora na biblioteca antes de retornarem à sala de estar.

Pouco depois, o sr. Darcy e sua irmã também retornaram. A srta. Darcy mantinha um largo sorriso que dirigiu a Elizabeth com uma expressão significativa. Seus olhos encontraram, então, os de Jane e as duas souberam que partilhavam a mesma informação.

Em seguida o sr. Darcy perguntou a Jane pelo paradeiro do sr. Bingley. “Ele e o sr. Hurst foram a Meryton fazer algumas compras. Estou certa de que estarão de volta a qualquer momento,” foi a resposta dela.

O sr. Darcy passou os dez minutos seguintes olhando fixamente para Elizabeth enquanto ela trabalhava com aplicação. Ele não notou Caroline olhando o vazio no tecido à sua frente e desejando, com igual aplicação, que algumas abóboras aparecessem ali milagrosamente. As moças conversavam entre si enquanto se ocupavam de várias maneiras.

Quando Bingley chegou, esperava ser recebido com um grande sorriso de sua esposa, mas ao entrar ficou perplexo ao ver não somente um, mas quatro

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rostos sorridentes fitando-o ansiosamente. Após os cumprimentos de Bingley e a expressão de admiração pelo trabalho da esposa, mas antes mesmo que ele tivesse a chance de se sentar, o sr. Darcy rogou ao amigo que lhe mostrasse os novos livros na biblioteca. Os dois se retiraram enquanto Jane e Elizabeth trocavam um olhar divertido. A srta. Bingley lançou um olhar intrigado de curiosidade à sra. Hurst, mas logo concluiu que os livros recém chegados de Londres deviam ser realmente muito interessantes.

A curiosidade da srta. Bingley em ver tais livros foi despertada de tal forma que ela se desculpou e se dirigiu à biblioteca. Ao se aproximar da porta, pôde ouvir o irmão dizer, “Estou tão feliz por você, Darcy. Fico contente que tenha finalmente escolhido uma senhora para Pemberley. Estávamos nos perguntando quando você o faria.”

“Então aprova a minha escolha?”

“Darcy, eu não poderia estar mais contente por você tê-la escolhido. Seremos irmãos afinal. De fato, sempre achei que vocês dois eram perfeitos um para o outro. Você tem a minha aprovação de todo o coração.”

A srta. Bingley não conseguia conter seu êxtase. O sr. Darcy fora pedir o consentimento de seu irmão para pedir a sua mão. Ela correu de volta à sala de estar e se sentou ao lado de Louisa para sussurrar-lhe a notícia no ouvido. As duas desataram a dar risadinhas. Após informar a irmã, a srta. Bingley retomou o bordado com vigor. Estava decidida a criar a mais linda plantação de abóboras que o sr. Darcy pudesse imaginar e não se importava que pudesse espetar um dedo com a agulha a cada ponto bordado. E de fato, após trabalhar por meia hora a sra. Bingley percebeu que os dedos da srta. Bingley estavam ligeiramente inchados e vermelhos. Pareciam ter sido atacados por formigas. A sra. Bingley gentilmente ofereceu um dedal à cunhada.

Quando os cavalheiros retornaram, todos resolveram se recolher para se preparar para o jantar. A srta. Bingley queria dar uma oportunidade ao sr. Darcy para que ele lhe falasse a sós. Sabia que ele sempre se vestia rapidamente e aguardava na sala de estar. Assim, preparou-se para o jantar mais rápido do que jamais o fizera, o que era um prodígio já que queria estar mais bonita do que jamais estivera. Quando chegou à sala, o sr. Darcy lá estava, sentado, e ergueu o olhar como se já a estivesse esperando. Ela se sentou com um recato afetado, retomando seu bordado enquanto ele tentava pensar em algum cumprimento apropriado àquela massa de nós laranjas e verdes que adornava o pedaço de tecido que ela segurava em suas mãos. Finalmente ela indagou, “Sr. Darcy, há alguma coisa que o senhor queira me dizer?”.

Ele respondeu, “Bem, eu gostaria de lhe perguntar...”

“Sim?” ela disse com falsa timidez, pestanejando furiosamente.

“... como está se saindo com a plantação de abóboras?”

Ela ficou surpresa, mas concluiu que ele devia estar nervoso, então disse, “Creio que está ficando muito boa, obrigada.”

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Ela tentava pensar em alguma coisa que o encorajasse, mas nesse exato momento Elizabeth entrou na sala e pareceu se surpreender ao ver a srta. Bingley. Esta se mostrou visivelmente perturbada com a interrupção. O sr. Darcy apenas olhou para Elizabeth com uma expressão de desapontamento por terem perdido a esperada oportunidade de um momento de privacidade. Logo os outros começaram a descer e estavam novamente reunidos quando o resto da família Bennet chegou. Após o jantar, o sr. Darcy pediu ao sr. Bennet que permanecesse por um momento enquanto os outros dois cavalheiros se juntavam às damas. A srta. Bingley notou a ausência dos dois e poderia ter compreendido o significado disso se não estivesse completamente preocupada com a informação que ouvira mais cedo naquele dia.

Quando o sr. Darcy e o sr. Bennet apareceram, ambos olharam para Elizabeth, que apenas sorriu e desviou o olhar. O sr. Bennet convidou a todos, então, para jantar em Longbourn na noite seguinte. A sra. Bennet ficou extremamente animada, mas ansiosa por não saber como conseguiria organizar tamanho banquete em tão pouco tempo. No caminho de casa, o sr. Bennet informou a esposa que pretendia convidar também os Lucas, os Longs e os Phillips para o jantar.

Naquela noite, antes de ir para cama, Elizabeth contou à mãe sobre o noivado com o sr. Darcy e explicou que era essa a razão para o jantar da noite seguinte. Pode-se imaginar os arroubos da sra. Bennet ao saber que a filha estava para se casar com um homem tão rico, e como esta humilde escritora não ousa tentar imitar a superior genialidade daquela que originalmente os relatou, eles não serão repetidos aqui.

O sr. Darcy visitou Elizabeth rapidamente na manhã seguinte, já que a assistência desta se fazia imprescindível à mãe no preparo do grande jantar daquela noite. Quando o grupo de Netherfield chegou, a sra. Bingley explicou que a srta. Bingley permanecera em casa com uma terrível dor de cabeça e que a sra. Hurst ficara para cuidar da irmã. O sr. Hurst, contudo, não teve escrúpulos de se juntar ao grupo sem a esposa. Na verdade, a srta. Bingley, em sua infinita bondade, não quis sujeitar o sr. Darcy à tortura de tê-la por perto sem poder fazer-lhe a esperada proposta. O fato de que nem ela e tampouco a sra. Hurst gostassem de seus conhecidos de Longbourn pode ter contribuído para a infeliz condição da srta. Bingley e o desejo compassivo de sua irmã de lhe fazer companhia.

O jantar foi excelente e o anúncio do noivado de Elizabeth veio logo a seguir. Houve uma profusão de cumprimentos por parte de todos os presentes. Sir William Lucas chegou a afirmar ao sr. Darcy de que ele levaria embora a jóia mais brilhante da região. Finalmente, a noite chegou ao fim e todos se foram. Jane pediu a Elizabeth que a visitasse em Netherfield pela manhã, e a sra. Bennet insistiu em acompanhar Elizabeth.

Quando a sra. Bennet e Elizabeth chegaram a Netherfield na manhã seguinte, Jane se encontrava sozinha na sala de estar, e a sra. Hurst e a srta. Bingley ainda tomavam o café da manhã, pois haviam se levantado muito mais tarde que os outros. O sr. Bingley e o sr. Darcy haviam saído para cavalgar (pois o sr. Bingley queria testar o novo cavalo do sr. Darcy e este queria reacostumar o

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outro cavalo recentemente machucado, mas já curado, à montaria.) A sra. Bennet não podia conter sua euforia com o vindouro casamento de sua segunda filha e imediatamente começou a falar no assunto. A sra. Hurst e a srta. Bingley por fim entraram na sala bem a tempo de escutar a sra. Bennet dizendo, “...e tenho certeza de que Lizzy será uma senhora perfeita para Pemberley.”

A srta. Bingley ficou chocada com a afirmação presunçosa da sra. Bennet, mas apenas sorriu consigo mesma ao imaginar a decepção da mulher quando o seu próprio noivado fosse anunciado. Alguns minutos mais tarde, o sr. Bingley chegou de seu passeio. Ele cumprimentou as damas e em resposta ao seu, “como vão?,” a sra. Bennet disse, “Ah, sr. Bingley, hoje estou realmente muito bem, e tenho certeza de que o senhor conhece a razão.”

Bingley sorriu e confirmou, “realmente, estou certo que sim,” e voltando-se para a irmã, sorriu e declarou, “Caroline, não é mesmo uma notícia maravilhosa? Darcy e eu seremos irmãos afinal.”

“Sim, Charles, estou encantada,“ ela respondeu. Concluindo, então, que o irmão assumira que o sr. Darcy já lhe havia proposto casamento, ela continuou em voz mais baixa, “mas realmente não deveríamos discutir estes assuntos na presença de outras pessoas até que tudo seja formalizado,” lançando ao irmão um sorriso significativo.

O sr. Bingley parecia confuso, mas foi impedido de responder pelas manifestações efusivas da sra. Bennet com a entrada do sr. Darcy. “Sr. Darcy, que gentil de sua parte nos visitar. Eu estava justamente comentando com Jane o quão atencioso o senhor é. Ficamos desapontadas ao saber que o senhor havia saído quando chegamos há pouco. Creio que principalmente Lizzy sentiu a sua falta,” disse a sra. Bennet com um largo e significativo sorriso. A srta. Bingley ficou novamente estarrecida com a audácia da mulher em fazer insinuações presunçosas tão abertamente, e diretamente ao sr. Darcy!

Com um sorriso irônico, ela olhou para o sr. Darcy na expectativa de detectar desgosto em suas feições, e na esperança de que ele respondesse à sra. Bennet com algum comentário desdenhoso. Ela sorriu quando ele começou a falar, mas ficou pasma ao vê-lo simplesmente sorrir enquanto dizia, “Eu lhe asseguro, senhora, que também senti a ausência dela,” e se dirigiu a Elizabeth para lhe desejar um, “bom dia, querida” e beijar-lhe a mão. A srta. Bingley abafou um grito e sentou-se na cadeira mais próxima.

A sra. Bennet, lembrando-se de que a srta. Bingley estivera ausente na noite anterior, exclamou, “Srta. Bingley, ninguém lhe contou? Lizzy e o sr. Darcy estão noivos e se casarão em breve. Não é maravilhoso? Eu sabia que isso aconteceria, sempre suspeitei que ele a admirava.”

A srta. Bingley sentiu-se repentinamente mal e se desculpou, deixando a sala, seguida de sua sempre atenciosa irmã. Os outros mal notaram a ausência das duas e passaram agradáveis momentos. Darcy e Elizabeth saíram para um passeio nos jardins agregados à mansão, e a srta. Bingley teve o prazer de observá-los da janela de seu quarto, felizes na companhia um do outro.

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A cerimônia foi celebrada poucas semanas depois. A srta. Bingley resignou-se com o casamento e aprendeu a ser cortês com a sra. Darcy. A família Fitzwilliam compareceu à cerimônia e a srta. Bingley se mostrou particularmente atenciosa para com o primo do sr. Darcy, o filho mais velho do Conde de _______. Sendo ainda menos bonito que o irmão mais novo e lhe faltando as outras qualidades que faziam do cel. Fitzwilliam um homem atraente, o primogênito, apesar de sua fortuna e do título, recebia pouca atenção de mulheres bonitas e sentiu-se lisonjeado com o interesse da srta. Bingley. Logo nasceu um afeto mútuo e se casaram. A sra. Darcy deu à srta. Bingley, como presente de casamento, delicadas peças íntimas enfeitadas com renda e finamente bordadas com abóboras cercadas por uma abundante folhagem. (Elizabeth comprara as peças de roupa, mas as bordara ela mesma) A srta. Bingley gostou muito das peças para se sentir consternada com o fato de que a sra. Darcy lhe tivesse dado tal presente. Este mimo também ajudou Lord Fitzwilliam a apreciar a plantação de abóboras predileta da esposa. Ao se tornar a senhora da propriedade dos Fitzwilliams, muitos anos mais tarde já que os pais de seu marido tiveram uma vida saudável até avançada idade, Lady Caroline descobriu, com satisfação, uma área pitoresca em um dos cantos das propriedades adornada com rochas pontiagudas. Esse logo se tornou o lugar favorito de Lady Caroline, perto do qual ela fez questão de plantar um campo de abóboras, onde ela sempre encontrava conforto ao abraçar os legumes e ao relatar-lhes seus problemas.

Após se casar, Lady Caroline ficou sabendo que a propriedade do marido estava vinculada à transmissão a herdeiros masculinos. Ela lhe deu cinco filhas. O cel. Fitzwilliam se casou com Anne de Bourgh, mas ela era de constituição muito fraca para lhe dar filhos. Elizabeth gerou três meninos. De acordo com as regras de vinculação de bens, o primogênito, sr. Bennet Darcy, herdaria a propriedade e o condado. Assim, Pemberley seria legada ao segundo filho dos Darcys e o terceiro herdaria Rosings. Lady Caroline Fitzwilliam se empenhava persistentemente em conseguir que os três garotos dos Darcys se casassem com suas filhas, mas nenhum deles o fez. Em vez disso, eles se casaram com três adoráveis irmãs de pouca fortuna, habitantes de uma pequena propriedade no campo. Elizabeth também gerou duas filhas. A mais velha se casou com um jovem sr. Bingley e a segunda se casou com o primogênito de Georgiana (ambos também alvos de Lady Caroline em seus planos de casamento para suas filhas.) Uma das filhas de Lady Caroline se casou com um jovem sr. Hurst, outra, com um jovem sr. Collins, e uma terceira se casou com um jovem sr. Wickham (cujo pai morreu tragicamente, hmm... afogado, durante o serviço militar em Newcastle, antes do nascimento do menino). As outras duas ficaram solteiras. Todos os casamentos foram por amor.

O velho sr. Collins insistiu em que seu filho cooperasse, cortando a vinculação da propriedade de Longbourn assim que o garoto alcançou a maioridade. Assim que isso foi feito, o sr. Collins, em sua infinita sabedoria, decidiu dividir a propriedade para que ele pudesse prover alguma coisa a cada um de seus seis filhos (pobre Charlotte) ao invés de manter uma única propriedade sendo legada por gerações sem fim. Dessa forma, a filha de Lady Caroline, sra. Collins, nem ao menos pôde ser a senhora de Longbourn!

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FIM

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