condições de saúde auto-referidas da população masculina

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Universidade Federal de Juiz de Fora Faculdade de Medicina Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva Leandro Hermisdorff Bernardo CONDIÇÕES DE SAÚDE AUTO-REFERIDAS DA POPULAÇÃO MASCULINA JUIZ DE FORA 2013

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Universidade Federal de Juiz de Fora

Faculdade de Medicina

Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva

Leandro Hermisdorff Bernardo

CONDIÇÕES DE SAÚDE AUTO-REFERIDAS DA POPULAÇÃO MASCULINA

JUIZ DE FORA

2013

Leandro Hermisdorff Bernardo

CONDIÇÕES DE SAÚDE AUTO-REFERIDAS DA POPULAÇÃO MASCULINA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre.

Orientador: Prof. Dr. Ronaldo Rocha Bastos

JUIZ DE FORA

2013

LEANDRO HERMISDORFF BERNARDO CONDIÇÕES DE SAÚDE AUTO-REFERIDAS DA POPULAÇÃO MASCULINA

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Saúde Coletiva.

Aprovado em:____/____/____

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________

Prof. Dr. Ronaldo Rocha Bastos Universidade Federal de Juiz de Fora

_____________________________________________ Profa. Dra. Elenir Pereira de Paiva Universidade Federal de Juiz de Fora

_____________________________________________ Profa Dra. Arlinda Barbosa Moreno Fundação Oswaldo Cruz - Fiocruz

AGRADECIMENTOS A um Deus que não está apenas assentado em um trono distante, mas que se importa comigo e quer sempre estar ao meu lado. A Ele toda honra por mais esta conquista na minha vida... Dele recebo todos os dias força para caminhar e nunca desistir dos sonhos que Ele mesmo planta no meu coração! Obrigado por iluminar os meus passos sendo lâmpada para os meus pés, abençoar meus pensamentos, minhas palavras, minhas mãos e minhas escritas.

A minha linda Renata, hoje minha esposa, que tanto amo, por sempre estar ao meu lado mesmo nos momentos difíceis, acreditando nos meus sonhos e me incentivando a não desistir nunca! Obrigado por dividir comigo tantos momentos difíceis e por me fazer tão feliz! Obrigado por se lançar na “empreitada” de se casar com um “mestrando”... foi difícil, mas faria tudo outra vez com você ao meu lado!

A minha mãe que mesmo em meio a tantas dificuldades nunca mediu esforços que me proporcionassem chegar tão longe! Se hoje cheguei até aqui é porque ela foi sensível a voz de Deus e confiou Nele para que, através dela, muitos propósitos na minha vida fossem cumpridos! Muito Obrigado!

A minha irmã Eliza, pela compreensão e carinho.

Ao meu orientador, Professor Dr. Ronaldo Rocha Bastos, pela competência e serenidade com que conduziu esse trabalho. Obrigado por me tranquilizar nos momentos desesperadores e por me impulsionar nos momentos desafiadores.

As queridas professoras Dra(s). Arlinda, Elenir e Mariângela, pela imensurável contribuição na dissertação e paciência diante dos vários e-mails enviados!

Ao Professor Lenildo Moura, do Ministério da Saúde, por possibilitar minha pesquisa através de sua atenção em todos os momentos em que precisei contar com sua colaboração.

Aos meus queridos mestres da Faculdade de Fisioterapia da UFJF, em especial as professoras Jaqueline Frônio, Danielle Teles, Érica Defilipo e Maria Alice que aguçaram em mim o gosto pela pesquisa, docência e Saúde Coletiva, me incentivando a prosseguir mesmo em meio a tantas lutas inerentes da vida! Sem elas essa caminhada não teria começado!

Aos meus amados irmãos do Ministério Álef da Igreja Missionária Filadélfia por toda compreensão e pelas orações! Obrigado por relevarem os momentos de tensão e por estarem sempre ao meu lado! A cada dia aprendo com vocês como Deus usa aqueles que nos cercam para nos tornar mais maleáveis e sensíveis a voz de Deus! Vocês me inspiram a crescer cada dia mais, sobretudo aos olhos de Deus!

A Colega de profissão e amiga Filomena Linhares por me incentivar no mestrado, mas, sobretudo na vida profissional, sendo um exemplo de fisioterapeuta e de perseverança na busca pelos sonhos!

Aos colegas de trabalho da Associação de Livre Apoio ao Excepcional por me tranquilizarem nos momentos tensos.

A todos os meus amigos, que souberam compreender minhas ausências e cansaço, e ainda assim continuaram de braços abertos.

Aos meus queridos professores de graduação e hoje colegas de trabalho por despertarem em mim a vontade de seguir carreira acadêmica e por todo o apoio recebido.

A todos os professores do programa de pós-graduação em Saúde Coletiva, que abriram meus olhos diante de tantas portas a serem conquistadas e pela significante e valorosa contribuição na minha formação acadêmica.

A todos os funcionários do NATES e do Programa de Pós-graduação, pelo carinho e atenção.

RESUMO

O foco específico na relação homem e saúde vêm ocorrendo, nos últimos anos,

tanto nos meios acadêmicos quanto no âmbito dos serviços de saúde. Incluir a

participação do homem nas ações de saúde é, no mínimo, um desafio, por

diferentes razões. Apesar de avanços no campo da saúde do homem, muitas

questões ainda precisam ser consideradas no cuidado destes com a própria

saúde. Uma questão importante seria como esta população avalia seu próprio

estado de saúde, bem como os fatores que estão associados a esta avaliação

pois permite identificar o perfil desta população ainda pouco estudada, o que

pode, assim, auxiliar no planejamento de medidas de prevenção e promoção

de saúde, bem como subsidiar estratégias necessárias para o maior alcance

destes homens em termos de saúde. O objetivo do presente estudo foi avaliar

condições de saúde auto-referidas, e os possíveis fatores relacionados, da

população masculina na cidade de Belo Horizonte (MG), nos anos de 2006 e

2011. Trata-se de um estudo epidemiológico longitudinal, que se propõe fazer a

análise desta população em 2006 e 2011, através de inquérito telefônico

(VIGITEL 2006 e 2011). As amostras foram compostas por 782 indivíduos em

2006 e 836 em 2011, com idades superiores a 18 anos. Os dados foram

processados em um banco de dados criado por meio do software Statistical

Package forthe Social Sciences (SPSS), versão 20.0, que permitiu verificar a

associação entre cada uma das variáveis independentes com a variável

dependente, através da utilização do teste Qui-quadrado (χ²). Houve uma

significativa mudança na idade dos indivíduos entrevistados, onde a média

passou de 41,9 em 2006 para 44,2 anos em 2011; diminuição significativa, de

59,2% para 51,7% (2006 e 2011, respectivamente), do consumo

alcoólico;melhora nas condições de saúde auto-referidas, aumentando de

21,1% (0,18 – 0,23) para 28,1% (0,24 – 0,31) a proporção de indivíduos que

referiram a saúde como excelente. Esses dados chamam a atenção para a

necessidade de políticas públicas e ações de saúde voltadas para essa

população, com ênfase em ações educativas, preventivas, e de promoção à

saúde. Apesar de o VIGITEL constituir um importante instrumento de coleta de

dados que favoreçam o entendimento acerca das doenças crônicas não

transmissíveis, a inclusão de questões referentes às condições econômicas

dos participantes seria importante para se traçar com maior clareza os fatores

associados às morbidades nas populações estudadas.

Palavras-chave: Saúde do Homem, Saúde Auto-Referida e Inquéritos

Populacionais.

ABSTRACT

The specific focus in the relationship between man and health has been

occurring, in the last years, both in academic terms and in scope of health

services. For many reasons, it's a challenge to include man's participation in

care health. Although there are advances in the field of human health, many

questions have to be considered in the care of man with own health. An

important point would be how this population evaluates its own state of health,

as well as the factors that are associated to this evaluation because it allows us

to identify this population profile, which is still not very studied, which may, thus,

help in the planning of prevention methods and health promoting, as well as

support strategies, which are necessary to a higher reach of these men in terms

of health. The objective of this study was to evaluate conditions of self-reported

health and the possible factors related of the male population in Belo Horizonte

(MG) in 2006 and 2011. This is a longitudinal epidemiological study which

proposes to do an analysis of this population in 2006 and 2011 through

telephonic survey (VIGITEL 2006 and 2011). The samples were composed of

782 people in 2006 and 836 in 2011 with more than 18 years. The data were

processed on a database created through the software Statistical Package for

Social Sciences (SPSS), version 20.0, which allowed to verify the association

between each one of the independent variables with the dependent variable,

through the use of qui-square test. There was a meaningful change in the

interviewed individuals age, in which the average changed from 41.9 in 2006 to

44.2 years old in 2011; meaningful decrease, from 59.2% to 51.7% (2006 and

2011, respectively), in the alcoholical consume; self reported health condition

improvement, increasing from 21.1% (0.18-0.23) to 28.1% (0.24-0.31) the

individuals proportion that referred to the health as excellent. These data call

our attention to the need for policies and health public actions focused on this

population, with emphasis on educational actions, preventive and promotion to

the health. Although VIGITEL be an important tool for data collection to

encourage the understanding of chronic diseases, including questions relating

to economic conditions of the participants would be important to more clearly

delineate the factors associated with morbidity in the populations studied.

Key words: Men’s health. Self-reported health. Population surveys

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AC – Análise de Correspondência

ACM – Análise de Correspondência Múltipla

APS – Atenção Primária Á Saúde

DCNT – Doenças Crônicas não Transmissíveis

DP – Desvio Padrão

FR – Fatores de Risco

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IC – Intervalo de Confiança

IMC – Índice de Massa Corporal

MG – Minas Gerais

OMS – Organização Mundial da Saúde

PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio

POF – Pesquisa de Orçamentos Familiares

SE - Sudeste

SUS – Sistema Único de Saúde

VIGITEL – Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico

LISTA DE SÍMBOLOS

< menor ou igual

> maior ou igual

% por cento

χ2 qui-quadrado

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................ 13

2 REVISÃO DA LITERATURA.......................................................... 17

2.1 SAÚDE DO HOMEM....................................................................... 17

2.1.1 Aspectos Gerais............................................................................ 17

2.1.2 A Saúde do Homem à Nível Mundial........................................... 21

2.1.3 A Saúde do Homem no Brasil...................................................... 24

2.1.3.1 A Política Nacional de Atenção Integral a Saúde do Homem......... 27

2.1.3.2 Diagnósticos para a Formulação da Política................................... 30

2.2 SAÚDE AUTO-REFERIDA.............................................................. 32

2.3 INQUÉRITOS POPULACIONAIS.................................................... 35

2.3.1 VIGITEL........................................................................................... 37

3 OBJETIVOS.................................................................................... 40

3.1 OBJETIVO GERAL.......................................................................... 40

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS........................................................... 40

4 METODOLOGIA............................................................................. 41

4.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO...................................................... 41

4.2 LOCAL DO ESTUDO...................................................................... 41

4.3 AMOSTRAGEM E POPULAÇÃO.................................................... 42

4.4 VARIÁVEIS DO ESTUDO............................................................... 44

4.4.1 Variável dependente..................................................................... 44

4.4.2 Variáveis independentes.............................................................. 49

4.5 COLETA DE DADOS...................................................................... 47

4.6 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS..................................... 49

4.7 ANÁLISE DOS DADOS.................................................................. 49

5 RESULTADOS................................................................................ 52

5.1 ANÁLISE DOS RESULTADOS DE 2006 E 2011............................ 53

5.2 ANÁLISE DESCRITIVA DOS DADOS EXCLUSIVOS DE 2011..... 67

5.3 ANÁLISE MULTIVARIADA.............................................................. 70

5.3.1 Análise de Correspondência Múltipla 2006................................ 73

5.3.1.1 Interpretação Resumo dos Eixos (2006)......................................... 73

5.3.1.2 Representação Espacial das Variáveis de 2006............................. 76

5.3.2 Análise de Correspondência Múltipla 2011................................ 84

5.3.2.1 Interpretação Resumo dos Eixos (2011)......................................... 85

5.3.2.2 Representação Espacial das Variáveis de 2011............................. 88

5.4 ANÁLISE DAS MUDANÇAS ENTRE 2006 E 2011......................... 96

6 DISCUSSÃO................................................................................... 99

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................ 118

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................. 121

ANEXOS........................................................................................................ 137

13

1 INTRODUÇÃO

Desde a segunda metade do século XIX, quando a saúde se torna questão de

Estado e intervenções de diferentes feitios passam a atravessar o “corpo” social com

o objetivo de saneá-lo ou de aperfeiçoá-lo eugenicamente, determinados sujeitos

mereceram atenção especial, singularizando-se na medida em que a ação do

Estado os interpelava. Alguns deles, como criminosos, loucos ou homossexuais,

receberam tal atenção pelo perigo social que supostamente representavam; outros,

como foi o caso das mulheres durante grande parte do século XX, pela

responsabilidade que lhes era atribuída na reprodução de uma raça forte e sadia

(STOCKLE, 1993). Outros ainda, como crianças ou idosos, por serem considerados

particularmente frágeis frente a doenças e outros infortúnios. Mas, qualquer que

tenha sido a justificativa para tal singularização, na medida em que seus corpos

eram medicalizados, alguns sujeitos ganhavam visibilidade, enquanto outros

permaneciam na penumbra. Esse é especialmente o caso dos homens.

Para as mulheres, as medidas específicas de saúde tiveram início no Brasil

em meados dos anos 30, concentrando seu foco na chamada “saúde materno-

infantil”. Já em 1983, com a criação do Programa de Atenção Integral à Saúde da

Mulher, pelo Ministério da Saúde, o foco muda e a política foi implantada no país

como um todo, com o objetivo de levar as mulheres ao maior conhecimento do

próprio corpo, bem como enfatizar sua autonomia no que tange à vida sexual e

reprodutiva. O objetivo era substituir o foco da saúde materno-infantil por uma visão

mais politizada da saúde da mulher que englobasse os direitos reprodutivos

(CARRARA; RUSSO; FARO, 2009).

Depois de mais de duas décadas, o então Ministro da Saúde, José Gomes

Temporão, no segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, em seu discurso de

posse em 2007, listou a implantação de uma “política nacional para assistência à

saúde do homem” entre as metas a serem alcançadas em sua gestão. Já em 2008,

o departamento de Ações Programáticas Estratégicas de Atenção à Saúde cria

então a Área Técnica de Saúde do Homem (CARRARA; RUSSO; FARO, 2009).

A partir de então, do ponto de vista das políticas de saúde voltadas para

grupos específicos, os homens passam a ter um lugar ao lado de outros sujeitos,

focos mais antigos de ações de saúde específicos, como as mulheres, adolescentes

14

e jovens, idosos, pessoas com deficiência, usuários de serviços de saúde mental e

indivíduos sob custódia do Estado. Dessa forma, o Brasil se tornou um dos primeiros

países da América Latina com um setor específico para a saúde do homem

(CARRARA; RUSSO; FARO, 2009).

O foco específico na relação homem e saúde vêm ocorrendo, nos últimos

anos, tanto nos meios acadêmicos quanto no âmbito dos serviços de saúde. Keijzer

(KEIJZER, 2003) observa que o campo da saúde reprodutiva é um dos que mais

vem advogando a participação do homem, seja no sentido exclusivamente de

informação e como apoio à saúde das mulheres, seja no sentido de reconhecer o

homem como sujeito que tem necessidades, assim como direitos sexuais e

reprodutivos.

Incluir a participação do homem nas ações de saúde é, no mínimo, um

desafio, por diferentes razões. Uma delas se refere ao fato de, em geral, o cuidar de

si e a valorização do corpo no sentido da saúde, também no que se refere ao cuidar

dos outros, não serem questões colocadas na socialização dos homens. Por outro

lado alguns quando promovem o cuidado de seu corpo apresentam um extremo

fisiculturismo, quando o cuidado de si transforma-se em risco de adoecimentos

(KEIJZER, 2003). Gomes (GOMES, 2003) e Keijzer (KEIJZER, 2003) advertem que

a reivindicação de uma política de saúde mais integral voltada para a população

masculina poderia, à primeira vista, ser tomada como um movimento contrário ao

empenho de promover programas de gênero destinados à saúde da mulher. No

entanto, é a partir da própria dimensão de gênero que se advoga uma abordagem

também do masculino, uma vez que tanto homens quanto mulheres necessitam ser

vistos em sua singularidade e em sua diversidade no âmbito das relações que

estabelecem (GOMES, 2003).

O conhecimento das singularidades permite melhor aproximação da forma

imediatamente relacional do par masculino-feminino, assegurando uma maior

densidade de conhecimento das especificidades de cada polo em interação.

Tomando-se em particular as questões da prevenção e da promoção, pode-se

perceber que os efeitos do movimento de incluir o homem no debate sobre saúde

não se restringem à saúde masculina. Por consequência, consegue ganhos para a

saúde feminina em temas que só avançam na medida em que se consegue a

participação masculina em seu enfretamento (KEIJZER, 2003).

15

Apesar de avanços no campo da saúde, com um programa específico,

voltado para a saúde do homem, muitas questões ainda precisam ser consideradas

ao se avaliar o homem e seus cuidados com a própria saúde. Uma questão

importante a ser compreendida seria como esta população avalia seu próprio estado

de saúde, bem como os fatores que estão associados a esta avaliação.

Conhecer as características e fatores associados à auto-percepção de

saúde na população masculina é extremamente importante, pois permite identificar o

perfil desta população ainda pouco estudada, o que pode, assim, auxiliar no

planejamento de medidas de prevenção e promoção de saúde, bem como subsidiar

estratégias necessárias para o maior alcance destes homens em termos de saúde.

Dentro dessa perspectiva, a análise de dados provenientes de inquérito

populacionais é imprescindível, pois subsidiam a formulação de indicadores

associados à saúde desta população específica, e não apenas àqueles vinculados

as doenças, assim como, permite um maior conhecimento sobre os fatores

associados e os determinantes sociais do processo saúde/doença. Constituem-se

como importantes instrumentos para a formulação e avaliação das políticas públicas,

pois abarcam as várias dimensões da saúde e da qualidade de vida dos indivíduos,

que passam a ser analisadas e quantificadas (BARROS, 2008; COSTA, 2008;

VIACAVA, 2006).

Diante do exposto, é imprescindível a necessidade de verificar como a

população masculina lida com a própria saúde bem como entender os fatores que

estão ligados à percepção de saúde por parte destes indivíduos, por meio de

estudos epidemiológicos baseados em inquéritos populacionais. Assim, o presente

estudo foi idealizado com o objetivo de avaliar as condições de saúde auto-referidas,

e os possíveis fatores relacionados, da população masculina na cidade de Belo

Horizonte (MG), nos anos de 2006 e 2011. Os conhecimentos advindos desta

investigação poderão subsidiar o planejamento de ações e programas específicos

dirigidos a esta população, a fim de promover a melhoria das condições de saúde e

contribuir para a promoção da qualidade de vida deste grupo de indivíduos.

Em seguida será apresentada uma revisão da literatura, contendo pontos

importantes para a pesquisa relacionada à saúde do homem, onde será apresentado

o panorama desta população a nível mundial e no Brasil, bem como o contexto para

a formulação da Política Nacional de Atenção Integral a Saúde do Homem. Ainda

dentro desta revisão serão abordados importantes apontamentos da literatura a

16

respeito de saúde auto-referida e sua contribuição como preditora de morbi-

mortalidade e sobre a importância dos inquéritos populacionais para o entendimento

do panorama da saúde dentro das populações, trazendo especificações a respeito

do Sistema VIGITEL, que será fonte de dados para a pesquisa. Adiante, serão

apresentados os objetivos, a metodologia utilizada na obtenção e tratamento dos

dados, os resultados obtidos para a população estudada e a discussão final,

contendo as considerações finais da pesquisa.

17

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 SAÚDE DO HOMEM

2.1.1 Panorama Geral: No campo da saúde a diferença entre homens e mulheres vem sendo pauta

de estudos e discussões. Quanto à expectativa de vida, sabe-se que as mulheres

apresentam maior longevidade a nível mundial; entretanto apesar disto, os homens

são mais privilegiados em termos de poder, influência e riqueza (MÅNSDOTTER;

LINDHOLM; ÖHMAN, 2004; MARICATO, 2000). Ao se fazer uma analise dos

usuários dos serviços de saúde, nota-se que as mulheres são aquelas que mais os

frequentam, além de auto-referirem pior estado de saúde, entretanto, apresentam

menores taxas de mortalidade em todas as faixas etárias ao longo da vida, o que

pode indicar uma maior preocupação com a saúde e a busca por uma vida mais

saudável (CASE; PAXSON, 2005).

Os diferentes tipos de riscos de adoecimento e morte entre homens e

mulheres têm sido estudados por vários pesquisadores, tendo em vista, sobretudo, à

promoção da saúde, mas acabam se deparando com questões de direito e equidade

inerentes de cada sexo (SCHRAIBER; GOMES; COUTO, 2005). As questões

relacionadas ao gênero no processo saúde-doença têm contribuído para a

abordagem das individualidades entre a saúde do homem e da mulher e, assim, das

características do padrão de morbi-mortalidade em cada sexo, com o interesse de

extrapolar tais determinantes para questões relacionadas ao âmbito biológico, social

e cultural, abrangendo também comportamentos, condições e estilos de vida

específicos (LUIZAGA, 2010).

Por muitos anos, acontecimentos masculinos foram analisados com base

exclusivamente biológica, como se esta fosse capaz de predeterminar,

isoladamente, o comportamento de morbi-mortalidade desta população. Porém, à

medida que a complexa relação entre sexo e gênero passou a ser analisada,

atentando para o fato de que os homens não são todos iguais, esse ponto de vista

vem sendo superado paulatinamente (SCHRAIBER; GOMES; COUTO, 2005).

18

A maioria da população brasileira é composta de pessoas do sexo feminino,

reflexo da sobremortalidade masculina, sobretudo nas faixas etárias jovens e

adultas, decorrentes da alta incidência de óbitos por causas violentas. Apenas na

região Norte e na região Centro-Oeste (esta em 1991 e 1996), a proporção de

homens supera a de mulheres, por razões socioeconômicas que condicionam o

emprego majoritário de mão de obra masculina (RIPSA, 2010). Muitos estudos

sugerem através de indicadores de morbidade (inquéritos populacionais, estatísticas

de demanda aos serviços) e dados empíricos, que as mulheres adoecem mais,

apresentando, como exemplo, maiores prevalências de doenças crônicas não fatais,

além do fato de se distinguir ainda o padrão das mortes por causas evitáveis entre

os gêneros (LAURENTI et al, 1998; GÓMEZ, 2001).

No século XX, muitas mudanças ocorreram no comportamento do binômio

saúde-doença, sendo que algumas estão associadas às transformações na estrutura

etária populacional, tendo na transição demográfica e epidemiológica, o

envelhecimento populacional e as alterações no panorama das doenças e suas

causas e consequências (LUIZAGA, 2010).

Segundo a OMS, a diferença entre esperanças de vida masculina e

feminina, mundial, em 2006, era de quatro anos (mulheres viviam em média 69 anos

e os homens, 65 anos). Há grandes discrepâncias entre países, sendo que as

maiores diferenças encontraram-se no leste europeu. Na Rússia em 2006, a vida

média feminina era 13 anos maior do que a masculina (73 e 60 anos). Já em países

desenvolvidos, a discrepância é menor, cerca de cinco anos nos EUA (esperanças

de vida de 80 anos para mulheres e 75, para homens), quatro anos no Canadá (82 e

78 anos) e, no Japão, chegou a sete anos (vidas médias de 86 e 79 anos,

respectivamente). Em países latinos, uma das menores diferenças entre os sexos

(três anos) foi encontrada na Bolívia, onde a expectativa de vida feminina foi 67 anos

e a masculina, 64 anos (OMS, 2008).

Considerando dados de saúde brasileiros, nota-se que há maior mortalidade

masculina em, praticamente, todas as idades e para quase a totalidade das causas

e que as esperanças de vida são sempre menores para a população masculina

(LAURENTI et al, 1998; LAURENTI; JORGE; GOTLIEB, 2005). Antes de 1980 nota-

se que a diferença entre expectativa de vida média feminina e a masculina no país

era de, aproximadamente, cinco anos (RIPSA, 2008). De acordo com a Rede

Interagencial de Informações para a Saúde (RIPSA) em 2009, esta diferença entre

19

as expectativas feminina mostrava diferença de, no mínimo, 7,5 anos, em relação ao

indicador masculino (respectivamente 77,1 e 69,6 anos) (RIPSA, 2010).

Observa-se quanto à tendência da mortalidade no sexo masculino, um

decréscimo mais lento e menos intenso do que entre mulheres, o que gera uma

proporção menor de homens idosos na população. Em 2009 no Brasil, 9,2% dos

homens estavam com 60 e mais anos e 1,2% com, no mínimo, 80 anos; as

mulheres, por sua vez, nessas idades eram, respectivamente, 10,5% e 1,7%,

proporções essas 20% e 43% maiores, em relação aos homens (RIPSA, 2010).

Partindo-se então dos resultados de várias pesquisas e de um detalhado

diagnóstico sobre a situação de saúde dos homens brasileiros o Estado reconheceu

que a forma de socialização da população masculina compromete significativamente

seu estado de saúde, e que a condição de saúde dos homens no Brasil corresponde

a um problema de saúde pública.

Em seu artigo sobre questões relacionadas ao gênero em saúde, Korin

(KORIN, 2001) relata que existe um modelo normativo ou hegemônico de

masculinidade, incorporado pelos diferentes gêneros, que determina reações

desiguais entre eles, mostrando os homens como fortes, ativos e capazes do

trabalho físico árduo, competitivos e produtivos. Sendo aqueles com

comportamentos contrários taxados de imediato como inferiores, subordinados,

afeminados ou homossexuais, considerando então tal determinação de gênero como

padrão universal e absoluto. Além disso, os homens aprendem a desprender-se das

qualidades identificadas como tipicamente femininas, como: passividade, debilidade,

enfermidade, dependência e sensibilidade. Assim, o desejo e a capacidade de

cuidar desaparecem durante a socialização do homem sob um modelo hegemônico,

que o obriga a ter poder, autonomia, força, racionalidade e reprimir suas emoções.

Se os homens decidem realizar seu papel masculino prescrito, comportando-se de

forma inexpressiva e competitiva, suas necessidades psicológicas básicas ficam

insatisfeitas e, com frequência, resultam em condutas compensadoras,

disfuncionais, agressivas e de risco; estas os predispõem às doenças, lesões e

morte, inclusive, propiciando lesões graves nas pessoas que os rodeiam. Se forem

satisfeitas as necessidades básicas, mas não as expectativas da sociedade, o

homem pode terminar sendo considerado "pouco homem" pelos outros ou por si

mesmo (LUIZAGA, 2010).

20

Questões de gênero são construções sociais e desta forma a adesão de

homens e mulheres para uma ou outra dependerá da educação e influencias a que

foram submetidos ao longo de sua vida. Assim, quando homens tendem a adotar

condutas consideradas femininas e as mulheres, por sua vez, adotar condutas

masculinas, geralmente tendem a enfrentar conflitos de gravidade variável, na

medida em que a sociedade aceita ou rejeita estes desafios (HARDY; JIMÉNEZ,

2001).

Assim, deve ser considerado que agravos à saúde são reconhecidos como

multifatoriais (culturais, ocupacionais e sociais de risco ou de proteção). Porém, não

há dúvidas de que existem fatores biológicos de risco ou de proteção associados às

diferenças entre os gêneros. (LAURENTI et al, 1998).

21

2.1.2 A Saúde do Homem à Nível Mundial:

De acordo com a explanação demonstrada por Luizaga (LUIZAGA, 2010), a

partir da década de 90, iniciou-se na Inglaterra e País de Gales um crescente

interesse sobre questões relacionadas à saúde do homem, resultando na publicação

do Annual Report of the Chief Medical Officer, em 1992. Tal documento apresenta

uma extensa análise de dados de morbi-mortalidade e de comportamentos relativos

à saúde, a partir do qual, emergiram as discussões sobre diferenças de gênero em

saúde, que resultaram na criação da seção denominada “Melhorando a saúde dos

homens” (LUCK; BANFORD; WILLIAMSON, 2000).

Apesar disto, a autora descarta que um número relativamente pequeno de

trabalhos, relatórios e livros foram escritos a partir de então, entretanto estes

documentos propiciaram maior fundamentação para o debate sobre a saúde do

homem (LUCK; BANFORD; WILLIAMSON, 2000). A partir de então, criou-se uma

rede de instituições educacionais, sem fins lucrativos, responsável por difundir

informações relacionadas à saúde do homem e propiciar debates. Desta forma,

surge a Rede da Saúde do Homem (Men’s Health Network) formada por médicos,

pesquisadores, sanitaristas, profissionais da saúde e público em geral, com sedes

em todos os estados norte-americanos e na Austrália e Reino Unido (MEN’S

HEALTH NETWORK, 1992).

Em 1994, foi fundada uma organização sem fins lucrativos, pelo Royal

College of Nursing, no Reino Unido, denominada Fórum da Saúde do Homem

(Men’s Health Forum) que contribuiu, por meio de políticas de desenvolvimento e

investigação, da prestação de serviços de informação, da promoção de debates, do

desenvolvimento de projetos inovadores e do trabalho conjunto com entidades

governamentais, organizações, profissionais da saúde e público interessado, para a

melhoria da saúde do homem. Tal organização mantém representações na Irlanda,

Escócia e Bélgica denominadas, respectivamente, (Ireland Men’s Health Forum,

Scotland Men’s Health Forum e European Men’s Health Forum) (MEN’S HEALTH

NETWORK, 1992).

A saúde do homem tem despertado interesse de profissionais da saúde, do

meio acadêmico e de organizações preocupadas com a promoção da saúde

masculina e redução das desigualdades em saúde entre homens e mulheres. Em

22

outubro de 2009, em Viena (Áustria), ocorreu o 6º Congresso Mundial sobre a Saúde

do Homem e Gênero, cujo tema central foi “Por que os homens morrem mais cedo

e sofrem mais?”. Neste evento, que refletiu o crescente interesse global pela saúde

do homem, participaram cerca de 1.000 pessoas, de 69 países (LUIZAGA, 2010).

Além de uma série de veículos que abordem a saúde do homem, com

caráter informativo e preventivo, voltadas para o público em geral, existe também

espaço para a publicação científica, por meio de periódicos específicos que abordam

a questão de gênero e saúde do homem, como Journal of Men’s Health, o

International Journal of Men’s Health e o American Journal of Men’s Health

(LUIZAGA, 2010).

Vale ressaltar que, apesar dos meios já citados de propagação de

informações, ainda não há uma definição clara e consistente sobre o que seja saúde

do homem. O que está bem definido é que saúde do homem envolve mais do que

características biológicas ou fisiológicas determinantes do sexo masculino (WHITE,

2004).

De acordo com a Australian Men´s Health Network a seguinte definição

sobre saúde masculina foi adotada: “Condições ou doenças que são exclusivas dos

homens, mais prevalentes e mais graves entre homens, para as quais os fatores de

risco masculinos são diferentes ou são necessárias intervenções diferentes". Outra,

desenvolvida pelo European Men’s Health Forum, descreve a saúde masculina

como “questões originadas de fatores fisiológicos, psicológicos, sociais ou

ambientais com impacto específico sobre meninos e homens e/ou requerem

intervenções específicas para eles, a fim de alcançar melhoras na saúde e bem-

estar, em nível individual e populacional”. Tais definições reforçam a multiplicidade

do tema e retomam a necessidade de se envolver múltiplas disciplinas, para o seu

maior esclarecimentos (WHITE, 2004).

A saúde masculina passou, então, a ser discutida por uma série de razões:

elevada mortalidade, menor expectativa de vida, menor utilização dos serviços de

saúde (especialmente os de atenção primária), são mais propensos a protelar a

procura por ajuda médica, menosprezando sinais e sintomas; adotam, mais

frequentemente, comportamentos de risco, como tabagismo, consumo de bebidas

alcoólicas, atitudes violentas e condução perigosa de veículos (LUIZAGA, 2010). De

acordo com Laurenti et. al. (1998) (LAURENTI et al, 1998), alguns fatores

23

comportamentais mais do que os biológicos favorecem ou, mesmo, propiciam

diferenças entre frequência de doenças ou mortes entre os sexos.

De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPS, 1993), as

concepções de sexo e gênero são distintas e devem ser analisadas. “Sexo,

masculino ou feminino, é uma condição biológica determinada pela natureza e,

basicamente, pelas leis da genética (...), o sexo tem base biológica que determina

uma anatomia corporal e uma fisiologia determinada”. “Gênero, homem ou mulher, é

ao invés, uma construção social a partir das diferenças entre sexos que, varia

historicamente e, portanto, está sujeita a mudanças por intervenções de políticas na

ordem social, econômica, jurídica e política. O ser homem ou mulher e as relações

que se estabelecem entre eles obedecem a papéis definidos pela sociedade em

determinados períodos da evolução histórica da humanidade”.

24

2.1.3 A Saúde do Homem no Brasil.

Quando se fala de saúde da população masculina no Brasil, perpassa-se ao

longo do último século a preocupação de médicos e sanitaristas com algumas

prerrogativas específicas do gênero, que tornavam os homens seres especialmente

perigosos (e em perigo) do ponto de vista da saúde pública. Embora longe de um

discurso exclusivo que abordasse temas relacionados especificamente a saúde do

homem como foco de preocupação, campanhas contra o alcoolismo e contra as

doenças sexualmente transmissíveis (DST) tentavam de certa forma higienizar

espaços de sociabilidade eminentemente masculinos. Seguindo tal tendência de

atuação sobre as DST’s é que nas décadas de 30 e 40 foi proposta pioneiramente

no Brasil a criação de uma andrologia, definida como “ciência dos problemas

sexuais masculinos” (CARRARA, 1996).

Buscando responder às transformações sociais resultantes do processo de

internacionalização da economia e as mudanças ocorridas na sociedade no período

pós-ditatorial, como resultado do processo de democratização, é lançada no Brasil a

Política Nacional de Saúde do Trabalhador. Esta, enquanto parte da política para o

setor saúde abarcou a população masculina, buscando dar suporte para que a força

produtiva pudesse garantir a base de sustentação da economia (OLIVEIRA E

VASCONCELLOS, 1992).

A dinâmica que se imprimiu na relação Estado-Sociedade Civil, que no caso

da Saúde do Trabalhador envolve a relação capital-trabalho, não incorporou as

questões relacionadas ao gênero e as especificidades da população masculina

capaz de responder às rápidas mudanças que foram impostas à sociedade brasileira

no contexto de democratização e internacionalização da economia.

Entretanto, com a mudança da estrutura familiar brasileira, com as mulheres

se fazendo cada vez mais presentes na base da economia, os homens ficaram mais

uma vez marginalizados no tocante a questões relacionadas à saúde.

Apesar deste cenário, não foram formuladas políticas públicas voltadas

especificamente para o público masculino, ao menos na mesma proporção em que

eram criadas para mulheres e outras categorias sociais. Nota-se, pelo decorrer da

história que a ciência sobre o homem, como sujeito passível de atenção específica

(e não como representante universal da espécie humana) encontrou, e ainda

25

encontra, grandes dificuldades para se implantar, o que pode ser notado pelo fato de

que desde o final do século XIX a ginecologia já havia se institucionalizado,

enquanto a andrologia nunca chegou a ter o mesmo estatuto (CARRARA; RUSSO;

FARO, 2009).

A partir da primeira década do século XXI tal panorama começa a sofrer

alterações, quando o homem passa por um processo de objetificação, tornando-se

objeto de estudo por diferentes disciplinas científicas, decorrentes de uma

configuração complexa de processos econômicos, políticos, tecnológicos e culturais.

Fatores como a crítica dos movimentos feministas e LGBT ao machismo tem

cooperado para que os homens percam, progressivamente, a posição de

representantes universais da espécie e a relativa invisibilidade epistemológica que

esta posição lhe proporcionava. Associado a isto, a transformação das estruturas

familiares e de padrões de masculinidade tem permitido aos homens emergirem

como consumidores de bens e serviços - entre eles os serviços de saúde - antes

voltados às mulheres ou vistos como intrinsecamente femininos (CARRARA;

RUSSO; FARO, 2009).

Associado a este panorama, o Ministério da Saúde lança em 2006 o Pacto

pela Saúde, que teria como objetivo promover a melhoria dos serviços ofertados à

população e a garantia de acesso a todos. Sua adesão constitui um processo de

cooperação permanente entre os gestores e negociação local, regional, estadual e

federal, constituindo-se em um conjunto de reformas institucionais do SUS

pactuadas entre as três esferas de gestão.

Ainda na linha de melhora na assistência à população, em 2008 o Ministério

da Saúde (MS) lança o Pacto pela Vida, que reforça no SUS o movimento da gestão

pública por resultados, estabelecendo um conjunto de compromissos sanitários

considerados prioritários, pactuados de forma tripartite, a ser implementado pelos

entes federados. Esses compromissos deverão ser efetivados pela rede do SUS, de

forma a garantir o alcance das metas pactuadas. Os objetivos e metas prioritárias

traçados pelo Pacto pela Vida foram: Atenção à saúde do idoso; Controle do câncer

de colo de útero e de mama; Redução da mortalidade infantil e materna;

Fortalecimento da capacidade de resposta às doenças emergentes e endemias,

com ênfase na dengue, hanseníase, tuberculose, malária, influenza, hepatite, aids;

Promoção da saúde; Fortalecimento da atenção básica; Saúde do trabalhador;

Saúde mental; Fortalecimento da capacidade de resposta do sistema de saúde às

26

pessoas com deficiência; Atenção integral às pessoas em situação ou risco de

violência e; Saúde do homem. (BRASIL, 2008a).

A nova política de saúde, tendo como foco específico a população masculina,

seria finalmente lançada em agosto de 2009, no bojo de uma série de atividades

relativas à campanha pela saúde do homem. Em 10 de agosto, um dia após o Dia

dos Pais, o Presidente Lula trata da saúde do homem, em seu programa de rádio

“Café com o Presidente”, e anuncia que o MS lançará em breve a Política Nacional

de Atenção Integral à Saúde do Homem. O Presidente diz então que, no que

concerne à saúde, os homens mereceriam “um puxão de orelha” por terem “medo

de agulha”, indo pouco ao médico e só iniciando tratamento depois do agravamento

do quadro. Em sua intervenção, também compara homens e mulheres, apontando a

“cultura” como raiz do problema. Por beberem mais, fumarem mais e serem mais

sedentários que as mulheres, os homens teriam uma menor expectativa de vida.

Segundo o Presidente, em larga medida dependeria deles a transformação desse

quadro. Nesse sentido, termina a entrevista com um apelo: “Então, o meu apelo para

os homens, no Dia dos Pais, é que a partir de agora vamos nos cuidar, porque nós

precisamos viver mais e viver melhor. Afinal de contas, a nossa família depende

muito de nós” (CARRARA; RUSSO; FARO, 2009).

Assim, em 28 de agosto de 2009, no auditório da Organização Pan-

Americana de Saúde em Brasília, o Ministério da Saúde lança oficialmente a Política

Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem, reconhecendo que os agravos

masculinos constituem verdadeiros problemas de saúde pública. Essa política visa a

população masculina adulta (25 a 59 anos) e um de seus principais objetivos é a

promoção de ações de saúde que contribuam significativamente para a

compreensão da realidade masculina nos diversos contextos socioculturais e

político-econômicos, possibilitando aumento da esperança de vida e a redução dos

índices de morbimortalidade por causas preveníveis e evitáveis, por meio da

ampliação e facilitação do acesso da população masculina aos serviços de saúde

(BRASIL, 2008a).

27

2.1.3.1. A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem.

Conforme o exposto, em agosto de 2008, o Departamento de Ações

Programáticas e Estratégicas, subordinado à Área Técnica de Saúde do Homem,

lançou a primeira versão do documento “Política Nacional de Atenção Integral à

Saúde do Homem (princípios e diretrizes)”. Tal formulação é apresentada como

resultado da parceria entre gestores do Sistema Único de Saúde (SUS), sociedades

científicas, sociedade civil organizada, pesquisadores acadêmicos e agências de

cooperação internacional.

A proposição da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem

visa qualificar a atenção à saúde da população masculina na perspectiva de linhas

de cuidado que resguardem a integralidade da atenção. O reconhecimento de que a

população masculina acessa o sistema de saúde por meio da atenção especializada

requer mecanismos de fortalecimento e qualificação da atenção primária, para que a

atenção à saúde não se restrinja à recuperação, garantindo, sobretudo, a promoção

da saúde e a prevenção a agravos evitáveis (BRASIL, 2008a)

Segundo Carrara (CARRARA; RUSSO; FARO, 2009), o documento teria

como proposição intrínseca “salvar os homens de si mesmos” uma vez que os

estudos que comparam homens e mulheres têm comprovado o fato de que os

homens são mais vulneráveis às doenças, sobretudo às enfermidades graves e

crônicas (FAVORITO, 2008; NARDI; GLINA; FAVORITO, 2007; COURTENAY, 2000;

GOMES; NASCIMENTO; ARAÚJO, 2007). Mesmo com a maior vulnerabilidade e as

altas taxas de morbimortalidade, os homens não buscam os serviços de saúde,

sobretudo os de atenção primária, como o fazem as mulheres (FIGUEIREDO, 2005;

PINHEIRO et al., 2002), adentrando o sistema de saúde pela atenção ambulatorial e

hospitalar de média e alta complexidade, o que tem como conseqüência agravo da

morbidade pelo retardamento na atenção e maior custo para o sistema de saúde.

Tal rejeição à atenção primária faz com que o indivíduo fique privado da

proteção necessária à preservação de sua saúde e continue a fazer uso de

procedimentos desnecessários se a procura pela atenção houvesse ocorrido em

momento anterior. Muitos agravos poderiam ser evitados caso os homens

realizassem, com regularidade, as medidas de prevenção primária. A resistência

masculina à atenção primária aumenta não somente a sobrecarga financeira para a

28

sociedade, mas também, e, sobretudo, o sofrimento físico e emocional do paciente e

de sua família, na luta pela conservação da saúde e da qualidade de vida dessas

pessoas.

Tratamentos crônicos ou de longa duração têm, em geral, menor adesão,

visto que os esquemas terapêuticos exigem um grande empenho do paciente que,

em algumas circunstâncias, necessitam modificar seus hábitos de vida para cumprir

seu tratamento. Tal afirmação também é válida para ações de promoção e

prevenção à saúde que requerem, na maioria das vezes, mudanças

comportamentais.

Podemos definir dois grupos principais de determinantes para a baixa adesão

aos serviços de saúde, apesar das várias razões apontadas por pesquisas

qualitativas, que se estruturam como barreiras entre o homem e estes serviços:

barreiras sócio-culturais e barreiras institucionais (KEIJZER, 2003; GOMES, 2003;

SCHRAIBER; GOMES; COUTO, 2005).

Ao nível cultural os estereótipos de gênero, enraizados há séculos em nossa

cultura patriarcal, potencializam práticas baseadas em crenças e valores próprios do

gênero masculino. A doença é considerada como um sinal de fragilidade que os

homens não reconhecem como inerentes à sua própria condição biológica. O

homem julga-se invulnerável, o que acaba por contribuir para que ele cuide menos

de si mesmo, rejeitando a possibilidade de adoecimento e se exponha mais às

situações de risco (SCHRAIBER; GOMES; COUTO, 2005; SABO, 2002; BOZON,

2004). Além disso, soma-se a este desinteresse pelos serviços de saúde o fato de

que o indivíduo tem medo que o médico descubra que algo vai mal com a sua

saúde, o que põe em risco sua crença de invulnerabilidade.

Outra questão que influencia na procura pelos serviços de atenção primária

está ligada a sua posição de provedor. Muitos alegam que o horário do

funcionamento dos serviços de saúde coincide com a carga horária do trabalho, fator

muitas vezes primordial de preocupação relacionada à atividade laboral, sobretudo

em pessoas de baixa condição social, o que reforça o papel historicamente atribuído

ao homem de ser responsável pelo sustento da família. Tal fato, entretanto, pode ser

rebatido pelo fato de que muitas mulheres hoje fazem parte da força produtiva,

inseridas no mercado formal e logo provedoras do sustento familiar, o que não as

impede de buscar por tais serviços (BRASIL, 2008a).

29

Além disso, outro grande desafio de uma política voltada exclusivamente para

o público masculino seria a dificuldade de se mobilizar a população masculina

brasileira para a luta pela garantia de seu direito social à saúde, o que também

coloca como objetivo da política politizar e sensibilizar os homens para o

reconhecimento e a enunciação de suas condições sociais de saúde, para que

advenham sujeitos protagonistas de suas demandas, consolidando seu exercício e

gozo dos direitos de cidadania (CARRARA; RUSSO; FARO, 2009).

Tomando-se como barreira o nível institucional, outro ponto igualmente

importante como barreira entre os homens e os serviços de saúde é a dificuldade de

acesso aos serviços assistenciais, alegando-se muita “perda” de tempo em filas para

marcação de consultas, levando a dias inteiros de trabalho perdido sem que

necessariamente tenham suas demandas resolvidas em uma única consulta

(GOMES; NASCIMENTO; ARAUJO, 2007; KALCKMANN; BATISTA; SOUZA, 2005;

SCHRAIBER, 2005).

Ainda que o conceito de masculinidade venha sendo atualmente contestado e

tenha perdido seu rigor original na dinâmica do processo cultural (WELZER-LANG,

2001), a concepção ainda prevalente e hegemônica da masculinidade é o eixo

estruturante pela não procura aos serviços de saúde. Em nossa sociedade, o

“cuidado” é papel considerado como sendo feminino e as mulheres são educadas

desde muito cedo para desempenhar e se responsabilizar por este papel (WELZER-

LANG, 2004; LYRA-DA-FONSECA et al. 2003; MEDRADO, 2005).

A compreensão das barreiras sócio-culturais e institucionais é importante para

a proposição estratégica de medidas que venham a promover o acesso dos homens

aos serviços de atenção primária, que deve ser a porta de entrada ao sistema de

saúde, a fim de resguardar a prevenção e a promoção como eixos necessários e

fundamentais de intervenção (BRASIL, 2008a).

A Política de Atenção Integral à Saúde do Homem deve considerar a

heterogeneidade das possibilidades de ser homem, levando em conta não somente

aspectos biológicos, mas culturais, socioeconômicos, além dos de gênero. Questões

relacionadas ao gênero masculino são construídas historicamente e sócio-

culturalmente, sendo a significação da masculinidade um processo em permanente

construção e transformação. Essa consideração é fundamental para a promoção da

equidade na atenção a essa população, que deve ser considerada em suas

diferenças por idade, condição sócioeconômica, étnico-racial, por local de moradia

30

urbano ou rural, pela situação carcerária, pela deficiência física e/ou mental e pelas

orientações sexuais e identidades de gênero não hegemônicas. É fundamental que

ações em saúde resguardem as diferenças nas necessidades de saúde da

população de homens no país, sem discriminação.

A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem, portanto, além

de evidenciar os principais fatores de morbi-mortalidade na saúde do homem

explicita o reconhecimento de determinantes sociais que resultam na vulnerabilidade

da população masculina aos agravos à saúde, considerando que representações

sociais sobre a masculinidade comprometem o acesso à atenção primária, bem

como repercutem de modo crítico na vulnerabilidade dessa população à situações

de violência e de risco para a saúde.

A mobilização da população masculina brasileira para a luta pela garantia de

seu direito social à saúde é um dos desafios de tal política, que pretende politizar e

sensibilizar homens para o reconhecimento e a enunciação de suas condições

sociais e de saúde, para que advenham sujeitos protagonistas de suas demandas,

consolidando seu exercício e gozo dos direitos de cidadania (BRASIL, 2008a).

2.1.3.2. Diagnósticos Para a Formulação da Política

De acordo com o Ministério da Saúde, estudos que demonstram as

especificidades da saúde da população masculina indicam possíveis linhas

temáticas que podem estruturar o debate sobre a saúde do homem, sobretudo pela

associação de déficits e/ou agravos à saúde ao modelo de masculinidade tradicional

(SCHRAIBER; GOMES; COUTO, 2005; GOMES; NASCIMENTO, 2006).

Desta forma, o Ministério da Saúde se baseou nos seguintes diagnósticos

para a formulação da política: indicadores demográficos, violência, alcoolismo e

tabagismo, pessoa com deficiência, adolescência e velhice, direitos sexuais e

reprodutivos, indicadores de mortalidade e indicadores de morbidade (BRASIL,

2008a). No presente estudo serão abordadas questões relacionadas à exposição de

risco, como uso de álcool, tabaco e alguns fatores relacionados com a consciência

de saúde, como a prática de atividade física, situação do Índice de Massa Corporal

31

(IMC), morbidades referidas (hipertensão arterial e diabetes auto-referidas) e

condição de saúde relatada.

Os indicadores apresentados visam oferecer uma visão ampliada do processo

de adoecimento e de vulnerabilidade a agravos à saúde na população de homens,

buscando conciliar, por um lado, reflexões sobre o comportamento e vida social

dessa população, e, por outro, dados epidemiológicos que ilustram os problemas

mais prementes em sua saúde, e que devem ser estrategicamente enfrentados

(BRASIL, 2008a).

A consideração de determinantes sociais sobre a saúde do homem prima pelo

desenho de estratégias preventivas e de promoção da saúde, mas o

reconhecimento das barreiras e da precariedade do acesso de homens aos serviços

de atenção primária à saúde implica na necessidade de definição estratégica de

linhas de ação com foco na atenção especializada de média e alta complexidade. O

diagnóstico sobre a situação da saúde de homens, portanto, reflete esse duplo

movimento entre a consideração de determinantes sociais que respaldem ações de

prevenção e promoção da saúde a dados epidemiológicos que sinalizam ações

necessárias e urgentes no enfrentamento de altos índices de morbi-mortalidade

(BRASIL, 2008a).

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS, 1996) cerca de

dois bilhões de pessoas consomem bebidas alcoólicas no mundo. O uso abusivo do

álcool é responsável por 3,2% de todas as mortes e por 4% de todos os anos

perdidos de vida útil. Na América Latina, cerca de 16% dos anos de vida útil

perdidos estão relacionados ao uso abusivo dessa substância. Este índice é quatro

vezes maior do que a média mundial e torna o problema da prevenção e do

tratamento dos transtornos associados ao consumo de álcool um grande problema

de saúde pública.

Transtornos graves associados ao consumo de álcool e outras drogas (exceto

tabaco) atingem pelo menos 12% da população brasileira acima de 12 anos, sendo

o impacto do álcool dez vezes maior que o do conjunto das drogas ilícitas (CEBRID,

2006). No Brasil, diversos estudos comprovam a diferença no consumo de álcool

entre homens e mulheres. O uso na vida de álcool é maior para o sexo masculino

quando comparado ao feminino. Em 2008, o Ministério da Saúde publicou resultados

da pesquisa VIGITEL (Vigiliância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças

Crônicas por Inquérito Telefônico) mostrando que a prevalência de dependentes de

32

álcool também é maior para o sexo masculino: 19,5% do homens são dependentes

de álcool, enquanto 6,9% das mulheres apresentam dependência. Segundo estes

dados, para cada seis pessoas do sexo masculino que faz uso na vida de álcool,

uma fica dependente. Entre as mulheres, esta proporção é 10:1.

Em relação ao tabagismo, os homens usam cigarros também com maior

freqüência que as mulheres, o que lhes acarreta em maior vulnerabilidade a

doenças cardiovasculares, câncer, doenças pulmonares obstrutivas crônicas,

doenças bucais e outras, relacionadas ao uso regular de cigarro.

A tendência ao uso abusivo de álcool e tabaco deve ser compreendida à luz

da crença na invulnerabilidade do homem, que deve ser informado sobre os

malefícios dessas práticas por meio de ações preventivas e de promoção da saúde

e de hábitos saudáveis. O uso de álcool e cigarros, ainda, está diretamente

relacionado aos indicadores de morbimortalidade a serem apresentados como

requerentes de ações enérgicas na atenção especializada.

2.2 SAÚDE AUTO-REFERIDA.

Como parte da estratégia Global de Saúde, lançada pela OMS em 1979,

elegeram-se, na primeira metade da década de 1980, cerca de 80 indicadores,

sendo que 21 deles foram considerados possíveis de se obter através de inquéritos

de saúde (WHO, 1990). Destes, oito indicadores estão relacionados com o estado

de saúde e incluem: a auto-avaliação, porcentagem da população economicamente

ativa empregada portadora de deficiências, número de dias de restrição temporária

de atividade por motivo de saúde, por pessoa e por ano, porcentagem de pessoas

com diversos níveis de restrição crônica por idade e sexo, expectativa de vida livre

de deficiências, prevalência de algumas doenças crônicas e incapacidade

permanente para o trabalho e suporte social. Em 1992, a partir de uma nova

consulta técnica feita pela OMS, foram avaliados 20 inquéritos e identificados como

indicadores mais frequentes a condição de saúde auto-referida, o número de dias de

restrição temporária por motivo de saúde e a porcentagem de pessoas com

diferentes graus de incapacidade de longa duração (WHO, 1992).

33

A auto-avaliação do estado de saúde é um dado facilmente coletado, sobre o

qual existem estudos que encontram taxas de 80% de concordância entre auto-

avaliação do estado de saúde e avaliação clinica da presença ou ausência da

condição crônica (BLAXTER, 1990). Alguns autores afirmam que indivíduos com

autoavaliação de sua saúde negativa apresentaram risco relativo de morte quase

duas vezes maior em relação àqueles que avaliaram sua saúde como excelente

(DESALVO et al. 2006). Assim, auto-avaliação das condições da saúde tem sido

utilizada em inquéritos populacionais por sua fácil aplicação e alta validade e

confiabilidade, além de se constituir um importante marcador de desigualdades entre

subgrupos populacionais, apresentar bom poder preditivo para morbi-mortalidade e

permitir comparações internacionais. (HÖFELMANN; BLANK, 2008).

Apesar de resultados relevantes, alguns autores indicam que o problema do

uso da auto-avaliação para medir o estado de saúde reside na falta de clareza sobre

o que se está medindo, já que os determinantes do estado são múltiplos, incluindo

aspectos físicos, cognitivos, emocionais, culturais, socioeconômicos e níveis de

satisfação com a vida, sendo que a saúde já é em si, um conceito complexo e

multidimensional (STURGIS et al., 2001). No entanto, outros autores trazem que a

percepção individual sobre a saúde é, em si, um importante indicador, uma vez que

níveis individuais de bem-estar podem influenciar a qualidade de vida

(SZWARCWALD et al. 2005). Outro aspecto importante a ser considerado é que o

dado é tradicionalmente coletado com o intuito, muitas vezes, de qualificar as

informações mais diretamente relacionadas à limitação de atividades causadas por

problemas de saúde de longa duração, sendo também um indicador importante

sobre o comportamento da população com relação à busca por serviços de saúde,

sobretudo entre a população mais idosa (STURGIS et al., 2001).

Estudos de base populacional sobre auto-avaliação de saúde são importantes

para o conhecimento das condições de saúde e seu monitoramento ao longo do

tempo, que possibilitam avaliar a efetividade de políticas, ações e serviços de saúde.

A auto-avaliação de saúde pode ser incorporada ao sistema de vigilância à saúde

por sua relativa facilidade operacional (PERES ET AL. 2010).

Diversos estudos têm sido feitos no sentido de validar as informações de

morbidade ou estado de saúde auto-referidos, visando fortalecer as análises e

interpretações obtidas em inquéritos domiciliares. Rathouz e colaboradores

(RATHOUZ et al., 1998) estudaram a consistência de informações auto-referidas

34

sobre capacidade física em idosos, mostrando que ela se mantém alta durante um

seguimento de 24 semanas. Ferraro e Su (FERRARO & SU, 2000) investigaram qual

das duas fontes de informação – exames clínicos ou auto-avaliação – eram mais

úteis para fins prognósticos, concluindo que ambas as medidas são preditoras de

incapacidade, em um período de 10 anos, mas as associações mais fortes foram

observadas para a morbidade auto-referida, principalmente para doenças crônicas

não severas. Benyamini et al. (BENYAMINI; LEVENTHAL; LEVENTHAL, 2000)

referem que os indivíduos que avaliam seu estado de saúde como regular ou ruim

têm de 2 a 5 vezes mais risco de morrer, dentro de 2 a 13 anos, do que aqueles que

avaliam sua saúde como boa ou muito boa. Wu et al. (WU; LI; KE, 2000) estudaram

a acurácia da prevalência auto-referida de doenças crônicas comparada aos

diagnósticos clínicos, entre idosos de Taiwan, observando que a morbidade auto-

referida tendeu a subestimar de maneira importante (21% a menos) a prevalência de

doenças cardíacas; levemente (4% a menos) a prevalência de hipertensão arterial; e

a superestimar ligeiramente (2% a mais) a prevalência de diabetes. Enns et al.

(ENNS; LARSEN; COX, 2000) obtiveram correlação significativa (r=0,40; p<0,01)

entre depressão auto-referida e observada entre adultos não psicóticos não usuários

de drogas. Cox et al. (COX et al., 2000) encontraram correlação significante (r=0,32;

p<0,005) entre lombalgia auto-referida e escala padronizada de performance embora

nenhuma correlação significativa fosse observada entre lombalgia e a escala de dor

(r=-0,17; p=0,13). Na PNAD/98 (BRASIL, 1998) a informação sobre a presença de

doença crônica foi obtida através de respostas – sim ou não – para 12 condições ou

diagnósticos.

No Brasil, entre os estudos de base populacional, destacam-se o inquérito da

Pesquisa Mundial de Saúde realizado em 2003, (THEME-FILHA; SZWARCWALD;

SOUZA-JÚNIOR, 2005) o módulo de saúde na Pesquisa Nacional por Amostragem

de Domicílios (PNAD) de 1998 e 2003, (BARATA, 2007; DACHS, 2002; DACHS

2006) o inquérito sobre saúde e condição de vida no estado de São Paulo, e as

edições do VIGITEL (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças

Crônicas por Inquérito Telefônico, de 2006 a 2010).

35

2.3 INQUÉRITOS POPULACIONAIS

Diante de todas as mudanças ocorridas no campo epidemiológico e no

conceito de saúde-doença, as informações na área de saúde, assim como sobre os

determinantes do processo de saúde-adoecimento assumiram papel significativo

para gestores dos sistemas de saúde, para formulação de políticas públicas e para o

desenvolvimento técnico-científico de áreas afins. Os inquéritos populacionais são

instrumentos amplamente utilizados em pesquisas epidemiológicas e

sociodemográficas, a partir de cortes transversais periódicos, para obtenção de

diversas informações de uma determinada população e são usados como subsídio

para avaliar e formular políticas públicas (BARATA, 2006; MALTA, 2008;

WALDMAN, 2008).

Tais instrumentos podem ser aplicados para estudos e monitoramentos de

situações sociais e de saúde, possibilitando a elaboração de intervenções mais

eficazes. Através dessas pesquisas é possível correlacionar resultados obtidos com

as condições de vida da população estudada, identificando problemas de saúde e

condições socioambientais; conhecer fatores associados ao estado de saúde; saber

sobre a utilização e dificuldade de acesso aos serviços de saúde e a opinião dos

usuários sobre tais serviços; além de avaliar as políticas implementadas e se houve

sucesso nessa implementação (BARATA, 2006; MALTA, 2008; WALDMAN, 2008).

Para a investigação dos diversos problemas de saúde e para descrição e

características de uma determinada população em um dado momento são usados,

freqüentemente, os estudos seccionais, que também podem ser chamados de

estudos transversais ou de prevalência. Esses estudos têm como característica

importante: a observação de cada indivíduo em uma única oportunidade

(MEDRONHO, 2007).

Os questionários com conjuntos de perguntas são os instrumentos mais

comumente utilizados nos estudos seccionais, podendo ser auto aplicados ou

aplicados por entrevistadores, que é o uso mais comum em estudos

epidemiológicos. O pesquisador pode também lançar mão de outros instrumentos,

escalas ou testes específicos e medidas objetivas, que se referem às variáveis

fisiológicas, como, por exemplo, pressão arterial e frequência cardíaca. Se as

informações colhidas são prestadas pelos indivíduos estudados, diz-se que são

36

medidas indiretas. Se forem obtidas a partir da observação do pesquisador,

configuram-se como medidas diretas (MEDRONHO, 2007).

Além dos aspectos já descritos, há aspectos éticos necessários às pesquisas

por inquéritos populacionais. Entre eles está a utilização do termo de consentimento,

que é a autorização do participante para a realização da entrevista. Atualmente

existem algumas críticas ao fato do termo de consentimento necessitar da

assinatura do entrevistado, basicamente por dois motivos: tal fato desperta

desconfiança por parte da população ao ter que assinar um termo, e, pela baixa

escolaridade, perfil encontrado entre a população brasileira. Esses fatores têm sido

causa de perdas e recusas por parte da amostra e de desgaste para os

pesquisadores. Discute-se, assim, a utilização somente do consentimento oral, como

é feito em pesquisas que utilizam outra forma de contato com o indivíduo, como as

realizadas por telefone, por exemplo (WALDMAN, 2008).

No cenário internacional, os países desenvolvidos utilizam inquéritos

populacionais desde 1960. Países como Inglaterra e Canadá utilizam esse

instrumento para desenvolver suas políticas públicas. Nos países de baixa e média

renda, a utilização dos inquéritos é mais recente e são utilizados com menor

frequência, baseados em modelos desenvolvidos por organizações como a OMS e a

Organização Pan-americana da Saúde (OPAS) (MALTA, 2008).

Inquéritos direcionados a grupos específicos vêm ganhando maior atenção e

monitoramento, visando a possibilidade de detecção precoce de agravos e

contribuição para as políticas de prevenção e promoção de saúde. Um exemplo

disso é o crescente uso desta metodologia em pesquisas com a população idosa,

por se tratar de um dos segmentos que recebe crescente atenção devido ao seu

crescimento mundial, por representarem grande parte dos usuários dos sistemas de

saúde e por apresentarem maior carga de doenças e incapacidades (MALTA, 2008).

Não existe ainda um modelo mundial de inquérito de saúde para muitos

grupos específicos, ainda mais sobre a população masculina, que há pouco tempo

passou a ser foco de maiores investigações científicas. No Brasil, estudos utilizam

com freqüência dados da PNAD, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE) e que foi um dos primeiros inquéritos domiciliares de abrangência

nacional, tornando-se fonte de informações para avaliar as condições de saúde dos

brasileiros (VIACAVA; DACHS; TRAVASSOS, 2006; MALTA, 2008).

37

Os inquéritos populacionais são importantes fontes de informações

complementares às que são coletadas rotineiramente, possibilitando melhorias na

qualidade de vida da população, além de contribuírem de forma expressiva para a

formação de pesquisadores, possibilitando a união entre ensino e pesquisa,

melhorando assim as oportunidades de aprendizado (VIACAVA; DACHS;

TRAVASSOS, 2006; WALDMAN, 2008).

2.3.1. Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por

Inquérito Telefônico (VIGITEL):

As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) se mostram hoje como um

dos principais desafios da saúde para o desenvolvimento global nas próximas

décadas, ameaçando a qualidade de vida de milhares de pessoas e representando

um forte impacto nas condições econômicas para os países, sobretudo os de baixa

e média renda. Desta forma, a OMS propôs aos países membros a redução da

morbi-mortalidade por DCNT.

Hoje, evidências demonstram ser possível a redução das taxas de morbi-

mortalidade pela prevenção destas doenças, alterando os seus cursos e

consequentemente melhorando o prognóstico e qualidade de vida dos indivíduos,

principalmente através de ações específicas sobre os principais fatores de risco,

como o tabagismo, alimentação, sedentarismo, pressão arterial, obesidade e

consumo alcoólico, que, de acordo com a OMS, corresponde a um pequeno

conjunto de fatores de risco que responde pela maioria das mortes por DCNT (WHO,

2011).

Desta forma o Ministério da Saúde tem priorizado a atenção sobre as DCNT,

a fim de estimular políticas de promoção da saúde e prevenção com o intuito de

reduzir as prevalências dos principais fatores de risco e assim diminuir a

morbimortalidade decorrente destas doenças. (BRASIL, 2007a).

A vigilância é uma ação de grande importância em saúde pública, pois

funciona como ferramenta de monitoramento e análise do perfil de enfermidades e

na detecção de mudanças nas suas tendências no tempo, espaço geográfico e em

38

relação aos grupos sociais, contribuindo assim para o planejamento de ações e

políticas na área da saúde. (BRASIL, 2007a)

A implantação do VIGITEL (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para

Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico) só foi possível em função da parceria

entre a Secretaria de Vigilância em Saúde e a Secretaria de Gestão Estratégica e

Participativa, viabilizando todo o suporte operacional necessário ao projeto, além da

retaguarda da Ouvidoria do SUS ao projeto, com o objetivo de dotar o país de

instrumentos eficazes para monitorar a frequência e distribuição dos principais

fatores determinantes das DCNT. Outra condição essencial foi o suporte técnico-

científico do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da

Universidade de São Paulo – Nupens/USP, o precursor da metodologia do sistema,

desenvolvida e testada anteriormente em cinco cidades brasileiras (Belém,

Florianópolis, Goiânia, Salvador e São Paulo), que colaborou de forma decisiva para

a implantação, das contínuas entrevistas telefônicas, no conjunto das capitais dos

estados brasileiros e distrito federal. (BRASIL, 2007a).

O monitoramento de fatores de risco ou de proteção das DCNT por inquérito

telefônico assistido por questionário eletrônico deve ser feito de forma contínua

(buscando as variações sazonais) e periódica (buscando as tendências de

mudança). Nesse contexto, o sistema VIGITEL corresponde a uma das ações da

Secretaria de Vigilância em Saúde que visa o monitoramento das DCNT nas três

esferas Sistema Único de Saúde, em todas as Unidades da Federação. O sistema

objetiva o monitoramento contínuo da frequência e distribuição de fatores de risco e

proteção para estas doenças em todas as capitais dos 26 estados brasileiros e no

Distrito Federal, apoiando-se, para tanto, na realização contínua de entrevistas

telefônicas assistidas por computador em amostras probabilísticas da população

adulta residente em domicílios servidos por linhas fixas de telefone de cada cidade

desde o ano de 2006, estando hoje em sua sexta edição. Desta forma, o Ministério

da Saúde consolida a Vigilância das DCNT, contribuindo na definição de políticas

públicas visando à melhoria da realidade sanitária brasileira (BRASIL, 2007a).

Entretanto, vale ressaltar que, nos últimos anos é possível perceber o

aumento expressivo da disseminação da telefonia móvel e a redução da telefonia

fixa. Segundo dados da PNAD, em 2001 aproximadamente 31% dos domicílios

brasileiros possuíam pelo menos um telefone móvel e 51% contavam com telefone

fixo. Em 2007 estes percentuais se alteraram para 67% e 45%, respectivamente

39

(SCHYMURA & CANÊDO-PINHEIRO, 2006). Tal fato pode influenciar na parcela da

população selecionada para o VIGITEL, gerando assim possíveis vieses de seleção,

selecionando apenas os indivíduos que possuem telefone fixo em suas residências.

O Vigitel compõe o Sistema de Vigilância de Fatores de Risco de DCNT do

Ministério da Saúde e, conjuntamente com outros inquéritos como os domiciliares e

em populações escolares, vem ampliando o conhecimento sobre estas doenças no

país, com destaque para o papel das informações do Vigitel na elaboração do Plano

de Enfrentamento das Doenças Crônicas Não-Transmissíveis, subsidiando a

definição de metas de redução dos fatores de risco a serem atingidas pelo país

nesta década - 2011 - 2022 - (BRASIL, 2012) que aborda os quatro principais grupos

de doenças (circulatórias, câncer, respiratórias crônicas e diabetes) e seus principais

determinantes modificáveis, ou fatores de risco (FR) em comum (tabagismo, álcool,

inatividade física, alimentação não saudável e obesidade). O Plano definiu metas de

redução das DCNT e de seus fatores de risco. O monitoramento das metas

referentes aos FR ocorrerá a partir dos dados do Vigitel, mostrando a importância

deste sistema na definição de políticas públicas de promoção à saúde (BRASIL,

2011; MALTA et al., 2011). Esses resultados, somados àqueles divulgados nos

anos anteriores (BRASIL, 2007a; BRASIL, 2008b; BRASIL, 2009a; BRASIL, 2010;

BRASIL, 2011), dotam todas as capitais dos estados brasileiros e o Distrito Federal

de informações atualizadas sobre a frequência, distribuição e evolução dos

principais fatores que determinam doenças crônicas em nosso meio.

40

3 OBJETIVOS:

3.1 OBJETIVO GERAL

Avaliar condições de saúde auto-referidas, e os possíveis fatores relacionados, da

população masculina na cidade de Belo Horizonte (MG), nos anos de 2006 e 2011.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

• Caracterizar o perfil sociodemográfico da população estudada;

• Verificar quais e como os blocos temáticos (sociodemográfico, medidas

antropométricas, consumo alcoólico, consumo de tabaco, atividade física e doenças

crônicas auto-referidas) estão associados à condição de saúde auto-referida;

• Identificar possíveis mudanças na saúde do homem através dos indicadores

fornecidos pelo VIGITEL, através da comparação entre os anos de 2006 e 2011,

com base nas diretrizes da Política Nacional de Atenção à Saúde do Homem;

41

4 METODOLOGIA:

4.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO:

Trata-se de um estudo epidemiológico transversal repetido (que se propõe

fazer a análise de dois momentos distintos, 2006 e 2011, de amostras distintas da

população de Belo Horizonte) que permite análises longitudinais, realizado por meio

de inquérito telefônico, conforme descrito na metodologia do VIGITEL 2006

(BRASIL, 2007a) e VIGITEL 2011 (BRASIL, 2012).

4.2 LOCAL DO ESTUDO

As entrevistas realizadas pelo VIGITEL foram aplicadas a nível nacional, nas

capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal. No presente estudo serão

analisados os dados coletados na cidade de Belo Horizonte, nos anos de 2006 e

2011.

Belo Horizonte é um município do estado de Minas Gerais, situado na Zona

Central do estado, com uma população estimada, pelo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística, em 2.395.785 habitantes, em 2012, ocupando a sexta

colocação no ranking dos municípios mais populosos do Brasil (IBGE, 2012) e a

quinta colocação quanto ao Produto Interno Bruto (PIB). A cidade foi escolhida para

a pesquisa por representar, em nível hierarquizado de esferas governamentais, a

referência mais próxima à realidade da cidade de Juiz de Fora, tendo por base as

responsabilidades institucionais, referentes aos Estados, contidos na Política

Nacional de Atenção Integral a Saúde do Homem (PNAISH). (Brasil, 2008a).

42

4.3 AMOSTRAGEM E POPULAÇÃO

Os procedimentos de amostragem empregados pelo Vigitel visam a obter, em

cada uma das capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal, amostras

probabilísticas da população de adultos residentes em domicílios servidos por, pelo

menos, uma linha telefônica fixa. O sistema estabelece um tamanho amostral

mínimo de dois mil indivíduos, com 18 ou mais anos de idade, em cada cidade, para

que se possa estimar com nível de confiança de 95% e erro máximo de cerca de

dois pontos percentuais a frequência de qualquer fator de risco na população adulta.

Erros máximos de cerca de três pontos percentuais são esperados para estimativas

específicas, segundo sexo, assumindo-se proporções semelhantes de homens e

mulheres na amostra (WHO. 1991).

A primeira etapa da amostragem do Vigitel consiste no sorteio de, no mínimo,

cinco mil linhas telefônicas por cidade. Este sorteio, sistemático e estratificado de

acordo com a região ou o prefixo das linhas telefônicas, é realizado a partir do

cadastro eletrônico de linhas residenciais fixas das empresas telefônicas que

cobrem as cidades. A seguir, as linhas sorteadas em cada cidade passam por um

novo sorteio e são divididas em réplicas de 200 linhas, cada réplica reproduzindo a

mesma proporção de linhas por região da cidade ou prefixo telefônico.

A divisão da amostra integral em réplicas é feita, essencialmente, em função

da dificuldade em estimar, previamente, a proporção das linhas do cadastro que

será elegível para o sistema (linhas residenciais ativas) e, portanto, o total de linhas

a ser sorteado para se chegar a duas mil entrevistas. Tanto em 2006 quanto 2011, a

partir dos cadastros telefônicos das três empresas que servem às 27 cidades, foram

sorteadas 135 mil linhas telefônicas (cinco mil por cidade). Em 2006, foram

utilizadas, em média, 20 réplicas por cidade, variando entre 16 réplicas em Belo

Horizonte e 25 réplicas em Porto Alegre. Já em 2011 foram utilizadas, em média,

21,3 réplicas por cidade, variando entre 17 réplicas em Belo Horizonte e 25 réplicas

em Boa Vista, Macapá, Manaus, Porto Alegre e Rio Branco.

A segunda etapa da amostragem do Vigitel é executada em paralelo à

realização das entrevistas, envolvendo, inicialmente, a identificação, dentre as linhas

sorteadas, daquelas que são elegíveis para o Sistema, ou seja, linhas residenciais

ativas. Não são elegíveis para o Sistema as linhas que correspondem a empresas

43

que não mais existem ou se encontram fora de serviço, além das linhas que não

respondem a seis tentativas de chamadas feitas em dias e horários variados,

incluindo sábados e domingos e períodos noturnos, e que, provavelmente,

correspondem a domicílios fechados. No ano de 2006, no conjunto das 27 cidades,

o sistema VIGITEL fez ligações para 107.200 linhas telefônicas distribuídas em 536

réplicas, identificando 76.330 linhas elegíveis. A duração média das 54.369

entrevistas realizadas pelo sistema VIGITEL foi de 7,4 minutos, variando entre 3,3 e

29,8 minutos). Em 2011, no conjunto das 27 cidades, o Sistema Vigitel fez ligações

para 111.200 linhas telefônicas, distribuídas em 576 réplicas, identificando 83.401

linhas elegíveis. O tempo médio de duração das entrevistas realizadas pelo Sistema,

no período, foi de aproximadamente 9,5 minutos, variando entre 5 e 50,7 minutos.

Para cada linha elegível, uma vez obtida a aquiescência dos seus usuários

em participar do sistema, procede-se à enumeração dos indivíduos com 18 ou mais

anos de idade que residem no domicílio e, a seguir, ao sorteio de um desses

indivíduos para ser entrevistado. No ano de 2006, as ligações feitas para as 76.330

linhas elegíveis redundaram em 54.369 entrevistas completas, o que indica uma

taxa média de sucesso do sistema de 71,1% (54.369 entrevistas realizadas para

76.330 linhas elegíveis), variando aquela taxa entre 64,4% em Porto Alegre e 81,0%

em Palmas. Em 2011, as ligações feitas para as 83.401 linhas elegíveis resultaram

em 54.144 entrevistas completas, o que indica uma taxa média de sucesso do

Sistema de 64,9%, variando entre 57,2% em Porto Alegre e 79,3% em Palmas.

Os Anexos A e B sumarizam o desempenho do Sistema Vigitel em cada uma

das cidades estudadas nos anos de 2006 e 2011 respectivamente.

Em 2006 cerca de 66%, para as quais não houve entrevista, corresponderam

a situações em que não foi possível o contato telefônico inicial com seus usuários

(linhas permanentemente ocupadas, com sinal de fax ou conectadas à secretária

eletrônica) ou quando não foi possível encontrar o indivíduo sorteado no domicílio,

mesmo após várias tentativas de aprazamento e depois de seis ligações feitas em

dias e horários variados. Em 2011 esta proporção foi de 90%.

Recusas em participar do sistema de monitoramento, seja no contato inicial

com o domicílio, seja após o sorteio do indivíduo a ser entrevistado, foram

observadas em apenas 9,1% das linhas elegíveis, variando entre de 5,4% em

Palmas a 15% em Porto Alegre, em 2006, e em 2,2% das linhas elegíveis, variando

44

de 1,4% em Porto Velho a 3,1% em Florianópolis, Teresina e Rio de Janeiro em

2011.

Com base no método de amostragem do VIGITEL, que consiste no sorteio,

sistemático e estratificado, das linhas telefônicas, de acordo com a região ou o

prefixo destas linhas, foram sorteadas, em 2006, um total de 3.200 linhas telefônicas

na cidade de Belo Horizonte, das quais 2.812 eram elegíveis (linhas ativas). Destas

possíveis entrevistas, foram realizadas 2.016 entrevistas, das quais 782 indivíduos

eram do sexo masculino. As recusas perfizeram um total de 796 indivíduos. A média

de duração das entrevistas neste ano foi de 7,35, variando entre 3,3 e 29,8 minutos.

Já em 2011, foi sorteado um total de 3.400 linhas telefônicas, das quais 2868

eram elegíveis. Destas, foram realizadas um total de 2006 entrevistas, das quais 836

eram do sexo masculino. As recusas perfizeram um total de 862 indivíduos. As

entrevistas duraram em média 6,14 minutos, variando entre 3,48 e 24,9.

4.4 VARIÁVEIS DO ESTUDO

4.4.1 Variável Dependente

Condição de Saúde Auto-Referida: auto-classificação do estado de saúde em

excelente/ muito bom, bom, regular, ruim/muito ruim ou não sabe/ não quis informar,

conforme questionado nos questionários VIGITEL 2006 e 2011 (BRASIL, 2007a;

BRASIL 2012)

4.4.2 Variáveis independentes (Agrupadas por blocos temáticos)¹:

45

Variáveis Sociodemográficas:

• Idade: idade do indivíduo em anos completos;

• Idade categorizada: idade dos indivíduos categorizada em: 18 a 24 anos, 25 a

34, 35 a 44, 45 a 54, 55 a 64 e acima de 65 anos.Escolaridade: avaliada

através de anos de estudo;

• Escolaridade categorizada: até 3 anos de estudo (analfabetos funcionais), de

4 a 7 (fundamental incompleto), de 8 a 10 (fundamental completo ou médio

incompleto), de 11 a 14 (médio completo ou superior incompleto) e acima de

15 anos de estudo (superior) (BRASIL, 2008d);

• Moradores no domicílio: número de moradores residentes no domicilio dos

entrevistados;

• Número de moradores categorizado: até 4 moradores, de 5 a 7 e maior ou

igual a 8;

• Estado civil: categorizado em solteiro, casado/juntado, viúvo,

separado/divorciado e não quis informar (presente apenas no questionário de

2011);

• Cor/ Raça: categorizada em branca, negra/preta, parda/morena,

vermelha/indígena, amarela, não sabe e não quis informar (sendo as três

últimas categorias presentes apenas no ano de 2011)

Medidas Antropométricas:

• Tempo da última medida de peso: menos de 1 semana, entre 1 semana e 1

mês, entre 1 mês e 3 meses, entre 3 e 6 meses, 6 ou mais meses, nunca se

pesou ou não lembra;

• Situação do IMC atual: calculado através do peso e altura referidos

(peso/altura²), os indivíduos são classificados em: normais (até 25 kg/m²),

com excesso de peso (≥ 25 kg/m² e ≤ 30 kg/m²) ou com obesidade (≥ 30

kg/m²);

• Lembra-se do peso aproximado aos 20 anos (apenas para os maiores de 20

anos): sim ou não;

___________________________________________________________________

¹ = Categorias conforme classificação do Sistema VIGITEL nos anos estudados. As variáveis

numéricas que foram categorizadas para a Análise de Correspondência Múltipla foram agrupadas de

acordo com a revisão da literatura que constarão nas referências e estarão dispostas no texto.

46

• Situação IMC aos 20 anos: calculado através do peso referido aos 20 anos e

altura (atual), os indivíduos são classificados em: normais (até 25 kg/m²), com

excesso de peso (≥ 25 kg/m² e ≤ 30 kg/m²) ou com obesidade (≥ 30 kg/m²);

Consumo Alcoólico:

• Consumo de Bebida alcoólica: sim e não;

• Frequência de ingestão de bebida alcoólica semanal: todos os dias, 5 a 6

dias, 3 a 4 dias, 1 a 2 dias, quase nunca;

• Ingestão de mais de 5 doses: referente à ingestão, nos últimos 30 dias, de 5

ou mais doses de bebida alcoólica em uma única ocasião: sim ou não;

Consumo de Tabaco:

• Tabagismo: categorizado em “sim” ou “não”;

• Quantidade de cigarros por dia: categorizada em 1 a 4, 4 a 9, 10 a 14, 15 a

19, 20 a 29, 30 a 39 ou 40 ou mais;

• Tentativa de parar de fumar: categorizadas em sim ou não;

• Histórico de tabagismo: questão que investiga se o indivíduo já fumou,

categorizada em sim ou não;

• Idade de início do tabagismo: idade que começou a fumar regularmente;

• Caso o indivíduo seja ex-tabagista, idade do início do hábito de fumar:

referida à idade de início ou “não lembra”;

• Caso o indivíduo seja ex-tabagista, idade em que parou de fumar: referida à

idade do término do hábito ou “não lembra”;

Atividade Física:

• Prática de atividade física: prática de exercícios físicos/esportes ou não nos

últimos três meses;

• Tipo de atividade física/ esporte (anotado apenas o primeiro que era citado):

caminhada (descartando-se deslocamento para o trabalho), corrida,

musculação, ginástica aeróbica, hidroginástica, ginástica em geral, natação,

artes marciais e luta, bicicleta, futebol, basquetebol, volibol, tênis, ou outros;

• Prática de atividade física pelo menos uma vez por semana: sim ou não;

• Frequência da atividade física: todos os dias, 5 a 6 dias por semana, 3 a 4

dias por semana ou 1 a 2 dias por semana;

47

• Duração da atividade física: de 1 a 19 minutos, de 20 a 39 minutos, de 40 a

59 minutos, mais de 60 minutos;

• Trabalhou nos últimos três meses: sim ou não;

• Anda bastante a pé no trabalho: sim, não ou não sabe;

• Carrega peso ou faz outra atividade pesada no trabalho: sim, não ou não

sabe;

• Costuma ir a pé ou de bicicleta para o trabalho: sim ou não;

• Tempo que gasta para ir e voltar do trabalho: menos que 10 minutos, entre 10

e 19 minutos, entre 20 e 29 minutos, entre 30 e 60 minutos, 60 minutos ou

mais;

• Quem faz a faxina da casa: categorizado em “eu” e “outra pessoa”;

• A parte mais pesada da faxina fica com: eu, outra pessoa ou ambos;

• Tempo assistindo televisão por dia: não assiste TV, menos de uma hora,

entre 1 e 2 horas, entre 2 e 3 horas, entre 3 e 4 horas, entre 4 e 5 horas, entre

5 e 6 horas ou mais de 6 horas;

• Existência de local para prática de atividade física próximo a residência do

indivíduo: sim, não ou não sabe

Morbidades Referidas:

• Hipertensão Arterial: indivíduo questionado se algum médico já o informou

que tem pressão alta, categorizado em sim, não ou não lembra;

• Diabetes: diagnóstico médico de diabetes, categorizado em sim, não ou não

lembra.

4.5 COLETA DE DADOS

As entrevistas telefônicas realizadas pelo sistema VIGITEL, foram feitas entre

agosto e dezembro de 2006, e entre janeiro e dezembro de 2011, por uma empresa

contratada. A equipe responsável pelas entrevistas, envolvendo aproximadamente

60 entrevistadores, supervisores (quatro em 2006 e dois em 2011) e um

coordenador, recebeu treinamento prévio e foi supervisionada continuamente

48

durante a operação do sistema por um pesquisador do Nupens/USP e técnicos da

Secretaria de Vigilância em Saúde.

Os questionários do sistema VIGITEL (Anexos C e D) foram construídos de

modo a viabilizar a opção do sistema pela realização de entrevistas telefônicas feitas

com o emprego de computadores, ou seja, entrevistas cujas perguntas são lidas

diretamente da tela de um monitor de vídeo e cujas respostas são registradas direta

e imediatamente em meio eletrônico. Os questionários permitem, ainda, o sorteio

automático do membro do domicilio que será entrevistado, o salto automático de

questões não aplicáveis em face de respostas anteriores, a critica imediata de

respostas não válidas e a cronometragem da duração da entrevista, alem de

propiciar a alimentação direta e contínua do banco de dados do sistema.

As perguntas dos questionários VIGITEL, curtas e simples, abordam: a)

características sociodemográficas dos indivíduos (idade, sexo, estado civil, raça/cor,

nível de escolaridade, número de pessoas e cômodos no domicilio, número de

adultos e número de linhas telefônicas); b) características do padrão de alimentação

e de atividade física associadas à ocorrência de DCNT (por exemplo: frequência do

consumo de frutas e hortaliças e de alimentos fonte de gordura saturada e

frequência e duração da prática de exercícios físicos e do hábito de assistir a

televisão); c) peso e altura referidos; d) frequência do consumo de cigarros e de

bebidas alcoólicas; e e) auto-avaliacao do estado de saúde do entrevistado e

referência a diagnóstico médico anterior de hipertensão arterial e diabetes (além de

outras questões específicas no questionário de 2011, como periodicidade de

realização de exame para controle da glicemia, prática de atividade física e/ou dieta

para controle da diabetes, uso e forma de aquisição do medicamento para controle

da hipertensão arterial e diabetes; e ocorrência de sintomas relacionados às

Síndromes Gripais; realização de exames para detecção precoce de câncer; posse

de plano de saúde ou convênio médico; e, questões relacionadas à violência no

trânsito).

O processo de construção do questionário do sistema levou em conta vários

modelos de questionários simplificados utilizados por sistemas de monitoramento de

fatores de risco para doenças crônicas (WHO, 2001a) e a experiência acumulada

nos testes de implantação do sistema, realizados em 2003, na cidade de São Paulo

(MONTEIRO et al., 2005); em 2004 no município de Botucatu, interior de São Paulo

(CARVALHAES; MOURA; MONTEIRO, 2008); e em outras quatro capitais de

49

estados brasileiros pertencentes às regiões Norte, Sul, Centro-Oeste e Nordeste

(Belém, Florianópolis, Goiânia e Salvador) (MONTEIRO et al., 2007)

4.6 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

O presente estudo terá como base os resultados obtidos através dos bancos

de dados estruturados pela Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa do

Departamento de Vigilância em Saúde (Ministério da Saúde do Brasil), criados a

partir dos questionários VIGITEL 2006 (ANEXO C) e VIGITEL 2011 (ANEXO D),

cedidos ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Universidade

Federal de Juiz de Fora (UFJF)

4.7 ANÁLISE DOS DADOS

Os dados coletados foram organizados em um banco de dados utilizando o

software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 20.0. A

preparação da base de dados utilizada incluiu a codificação e edição dos dados.

Os dados foram submetidos à análise descritiva para a obtenção de medidas

síntese como frequências absoluta e relativa para as variáveis categóricas e médias

aritméticas, medianas, desvio padrão e valores mínimos e máximos para as

variáveis numéricas. Além disso, para a comparação entre os dois momentos

estudados foram considerados os Intervalos de Confiança de 95% tanto para as

variáveis categóricas quanto numéricas.

Para a análise das associações entre variáveis independentes com o

desfecho, as variáveis foram agrupadas em blocos que foram dispostos da seguinte

forma: no primeiro bloco (determinantes distais) incluímos as variáveis

socioeconômicas e demográficas. Essas foram responsáveis por condicionar as

variáveis dos demais níveis de fatores associados. No segundo bloco foram

incluídas as questões referentes às características antropométricas da população

estudada. No terceiro bloco, foram incluídas questões relacionadas aos hábitos de

50

vida da população, incluindo consumo alcoólico, consumo de tabaco e prática de

atividade física. No quarto bloco foram alocadas as variáveis relacionadas às

morbidades referidas (determinantes proximais), que englobam diabetes e

hipertensão arterial auto-referidas pela população masculina nos dois anos

estudados.

Com a utilização do mesmo software foi possível verificar a associação entre

cada uma das variáveis independentes com a variável dependente, através da

utilização do teste Qui-quadrado (χ²), para cada ano estudado. Em seguida, as

associações que apresentaram valor de p ≤ 0,05 foram incluídas na Análise de

Correspondência Múltipla (ACM).

A ACM é uma técnica estatística multivariada exploratória utilizada para

conjuntos de dados com mais de duas variáveis categóricas, usada como uma

ferramenta flexível e útil para análise de dados, cujo objetivo principal é a

visualização de associações entre linhas e colunas de uma matriz de dados,

buscando verificar associações ou similaridades entre variáveis qualitativas ou

variáveis numéricas categorizadas (CLAUSEN, 1988). Esta visualização gráfica tem

um importante papel no fornecimento de idéias sobre a estrutura dos dados

estudados. As técnicas computacionais e estruturas matemáticas da ACM são

similares aos utilizados nas técnicas de análise canônica, componentes principais e

análise discriminante (LEBART et al., 1998).

A relação entre as categorias das variáveis é investigada sem que se precise

designar uma estrutura causal nem assumir a priori uma distribuição de

probabilidades, sendo apropriada no estudo de dados populacionais no sentido de

uma técnica exploratória, geralmente não inferencial (GREENACRE, 1981). É útil no

estudo de fatores de risco que podem estar associados a determinadas

características que se deseja analisar, bem como permite identificar grupos que

possuem os mesmos fatores de risco.

Por meio de representação gráfica, as posições das categorias de cada

variável no plano multidimensional podem ser interpretadas como associações

(PEREIRA, 1999). Para obter planos que representem a configuração das categorias

das variáveis no espaço, calcula-se um conjunto de eixos fatoriais, cada um

maximizando uma parcela da variabilidade dos dados. O conjunto desses eixos

define o espaço multidimensional e, usualmente, pode-se utilizar uma dimensão

51

perceptível, em geral de até três eixos, para analisar a posição dos pontos no

espaço.

A importância de cada categoria de variável na construção dos eixos é

medida através da contribuição absoluta. A análise da contribuição absoluta das

categorias juntamente com a observação da posição dos pontos no gráfico, em

relação aos eixos, auxilia a interpretação dos fatores e contribuem para caracterizar

os eixos conceitualmente. A contribuição relativa de uma categoria mede o quanto

da variabilidade da mesma está sendo explicado pelo eixo (CLAUSEN, 1988).

Portanto, a utilização de ACM é vantajosa, pois descreve graficamente dados

de pesquisa de grandes bancos de dados em poucas dimensões que possuem

maior importância para representar a estrutura dos dados. É uma metodologia

direcionada a dados categóricos, nominais ou ordinais, adequando-se aos dados do

presente estudo, visto que a maioria dos dados, por serem coletados por telefone,

são categóricos a priori, para permitir a escolha de um item apenas para cada

pergunta fechada. Apenas algumas poucas eram variáveis numéricas, em sua

maioria contagens, caso em que as mesmas foram categorizadas para permitir a

utilização da metodologia. Tais categorizações seguiram classificações previamente

feitas por estudos representativos realizados no Brasil (BRASIL, 2008d)

Com o intuito de verificar transição das variáveis do momento inicial (2006) ao

momento final analisado (2011) será utilizada variação da análise de

correspondência, onde as variáveis no primeiro momento são consideradas como

ativas, ou seja, determinantes da solução ótima obtida, e as mesmas são

consideradas suplementares no momento final, ou seja, sem participação na solução

ótima obtida. Desta forma, as possíveis transições entre o momento inicial e o

momento final podem ser avaliados. (THIESSEN; ROHLINGER; BLASIUS, 1994;

MÜLLER-SCHNEIDER, 1994).

52

5. RESULTADOS

Os resultados deste estudo podem colaborar para um melhor entendimento

sobre a auto-percepção de saúde da população masculina, colaborando assim para

a proposição de estratégias específicas para o enfrentamento dos principais fatores

que influenciam as condições de saúde desta população.

Para a maior clareza na explanação dos resultados, estes serão dispostos

em quatro subsessões: análise descritiva e comparativa dos resultados, fazendo

uma caracterização geral das amostras dos dois anos estudados, uma

caracterização dos dados obtidos a partir de variáveis que foram coletadas

exclusivamente no inquérito de 2011 (referentes aos hábitos relacionados a ingestão

de bebida alcoólica e direção de veículos, contribuindo para uma maior

compreensão dos índices de mobi-mortalidade por causas externas), uma análise

multivariada dos dados de 2006 e 2011, através de ACM e uma análise de transição

entre 2006 e 2011 pela metodologia modificada de ACM citada no capítulo anterior,

onde o momento final caracteriza variáveis denominadas suplementares.

Na primeira subsessão serão expostos os dados relacionados aos blocos

temáticos (Variáveis sociodemográficas, medidas antropométricas, consumo

alcoólico, consumo de tabaco, hábitos de vida, morbidades e estado de saúde) de

forma separada a fim de se entender o perfil da população masculina nos dois anos

estudados (2006 e 2011), bem como as mudanças entre os dois períodos

analisados. Na segunda serão descritos aspectos importantes abordados apenas no

questionário de 2011, que podem contribuir para um melhor entendimento da

população estudada, uma vez que englobam temas abordados pela Política

Nacional de Saúde do Homem (embora estas questões não tenham sido

contempladas na primeira versão do VIGITEL). Na terceira subsessão serão

abordadas as Análises de Correspondência Múltipla para os anos de 2006 e 2011,

separadamente. Por fim, na última subseção será apresentada a ACM, com as

variáveis que irão discriminar de forma mais compreensível as características da

amostra estudada, assim como possibilitaram avaliar as transições que porventura

possam ter ocorrido de 2006 para 2011.

53

5.1. ANÁLISE DESCRITIVA E COMPARATIVA DOS RESULTADOS DE 2006 E 2011:

Por se tratar de amostra estratificada, sorteada a partir de listagem de

proprietários de linha telefônica fixa, não utilizamos pesos amostrais no presente

estudo, visto que a expectativa é de terem sido obtidos resultados conservadores

em termos dos erros padrão dos estimadores utilizados. Além, disso, os dados

apresentados abaixo representam estimativas pontuais e intervalares para os

parâmetros populacionais, com o intuito principal de caracterizar as populações de

Belo Horizonte nos dois momentos.

A Tabela 1 apresenta as variáveis sociodemográficas das populações

estudadas nos anos de 2006 e 2011 (variáveis contínuas). Em 2006, a média de

idade foi de 41,9 (dp = 15,76) e com relação aos anos de escolaridade a média foi

10,34 (dp = 4,25). Com relação ao número de moradores por domicílio, a média foi

de 3,57 (dp=1,48). Em 2011, na população masculina estudada a média de idade foi

de 44,28 (dp = 17,38), de anos de estudo foi de 10,65 (dp = 4,71) e o número de

moradores no domicílio obteve média de 3,52 (dp = 1,61). Houve mudança

estatisticamente significativa (considerando IC de 95%), na variável idade (40,80 –

43,00 para 43,10 – 45,46).

Tabela 1. Características e sociodemográficas da população masculina de Belo Horizonte/ Minas Gerais/ Brasil – Variáveis Contínuas. VIGITEL 2006 e 2011.

Legenda: N: número de indivíduo na variável; DP: Desvio Padrão; Min.: Valor mínimo; Median.: Mediana; Máx.: Valor máximo; IC: intervalo de Confiança * = Variação do IC estatisticamente significativa ** = Houve perda de um participante para esta variável Fonte: o autor

CARACTERÍSTICAS DEMOGRÁFICAS E SOCIOECONÔMICAS – VARIÁVEIS CONTÍNUAS

Ano

Variáveis

N Média ±±±± DP Mín. Mediana Máx. IC

2006

Idade 782 41,9 ± 15,76 18 40 87 40,80 – 43,00*

Anos de Estudo 781** 10,34 ± 4,25 0 11 18 10,04 – 10,64

Moradores no domicílio 782 3,57 ± 1,48 1 4 12 3,47 – 3,64

2011

Idade 836 44,28 ± 17,38 18 42 98 43,10 – 45,46*

Anos de Estudo 836 10,65 ± 4,71 0 11 20 10,33 – 10,97

Moradores no domicílio 836 3,53 ± 1,61 1 3 20 3,42 – 3,64

54

Na Tabela 2 observamos ainda as variáveis relacionadas às características

sociodemográficas da população masculina, representadas por variáveis

categóricas. Em 2006 foi observado que a maioria da população estudada, quanto a

situação conjugal, relatou ser casados/ juntados (59,1% - 462/782), se mantendo

assim também em 2011 (52,9% - 442/836). Com relação a raça/ cor, em 2006,

grande parte da amostra se auto declarou parda/morena (49,9% - 390/781) e em

2011, grande parte se declarou ser branca (43,4% - 363/836). Vale ressaltar,

entretanto, que no questionário aplicado no ano de 2011, houve um maior número

de categorias relacionadas à cor nas quais os participantes se enquadravam, sendo

que, neste ano, além da categorias contidas no questionário de 2006 (Branca,

Negra/Preta/, Parda/ Morena,Vermelha/Indígena) foram incluídas ainda as

categorias “Amarela”, “Não sabe” e “Não quis informar”, as quais somaram 2,8% do

total da amostra. Foi observada ainda diferença estatisticamente significativa na

proporção de pardos e morenos entre os dois anos estudado (IC de 0,45 – 0,53 para

0,36 – 0,43).

55

Tabela 2. Características sociodemográficas da população masculina de Belo Horizonte/ Minas Gerais/ Brasil - VIGITEL 2006 e 2011.

CARACTERÍSTICAS DEMOGRÁFICAS E SOCIOECONÔMICAS – VARIÁVEIS CATEGÓRICAS

2006 2011

Variável Classif. F. Ab. (N)

F. Rel. (%)

IC Fr. Ab. (N)

Fr. Rel. (%)

IC

Estado Civil

Solteiro

256

32,7

0,28 – 0,35

316

37,8

0,33 – 0,40

Casado/ Juntado

462 59,1 0,55 – 0,62 442 52.9 0,48 – 0,55

Viúvo 17 2,2 0,01 – 0,02 18 2,2 0,01 – 0,02

Separado Divorciado

47 6,0 0,04 – 0,07 58 6,9 0,05 – 0,08

Não quis informar *

- - - 2 0,2 0,001 – 0,005

Total 782 100 - 836 100

-

Cor Branca 336 43,0 0,39 – 0,46 363 43,4 0,39 – 0,46

Negra/ Preta

54 6,9 0,05 – 0,08 93 11,1 0,08 - 0,13

Parda Morena

390 49,9 0,45 – 0,52 339 40,6 0,36 – 0,43**

Amarela* - - - 13 1,6 ,003 – 0,01

Vermelha/ Indígena

1 0,1 ,001 – ,003 18 2,2 0,01 – 0,02

Não sabe* - - - 9 1,1 ,003 – 0,01

Não quis informar*

- - - 1 0,1 ,001 – ,003

Total 781*** 99,9 - 836 100 -

Legenda: Classif.: Categorias das variáveis; F. Ab.: Frequência Absoluta; N: número de indivíduos; F. Rel.: Freqüência Relativa (em %); IC: Intervalo de Confiança * = Categorias presentes apenas no questionário 2011. ** = Variação do IC estatisticamente significativa *** = houve a perda de um participante para esta variável Fonte: o autor

A tabela 3 apresenta as características da população masculina com relação

às suas variáveis antropométricas. Em 2006, grande parte dos indivíduos, quando

questionados sobre a última vez em que haviam medido seu peso, informaram que a

pesagem ocorreu entre uma semana e um mês (37% - 289/782), o que também foi

observado no ano de 2011 (33,4% - 279/836). Com relação à classificação do Índice

de Massa Corporal (IMC) atual (calculados nos anos estudados), calculado através

56

de seus pesos e alturas referidas, em 2006, grande parte (46,6% - 352/754) da

amostra demonstrou estar acima do peso, sendo que 36,7% (277/754) dos

participantes foram classificados como estando com excesso de peso e 9,9 (75/754)

classificados como obesos. Já em 2011, a maioria (52%) estava acima do peso,

sendo que 38,5% (304/790) apresentaram excesso de peso e 13,5% (107/790)

obesidade.

Os participantes foram ainda questionados sobre seus pesos aos 20 anos e

assim, calculados seus IMC’s nesta idade. Dos que lembravam seu peso na idade

apontada, 9,9% (51/511) apresentavam excesso de peso e 1,5% (7/511) foram

classificados como obesos, no ano de 2006. Já no ano de 2011, este número

passou para 13,4% (72/539) e 1,9% (10/539), de indivíduos com excesso de peso e

obesidade, respectivamente.

Não houve mudança estatisticamente significativa quanto ao bloco das

características antropométricas entre os anos estudados.

57

Tabela 3. Características antropométricas da população masculina de Belo Horizonte/ Minas Gerais/ Brasil - VIGITEL 2006 e 2011.

CARACTERÍSTICAS ANTROPOMÉTRICAS

2006 2011

Variável Classif. F. Ab. (N)

F. Rel. (%)

IC F. Ab. (N)

Fr. Rel. (%)

IC

Quando pesou

menos de 1

semana

193 24,7 0,21 – 0,26 197 23,6 0,20 – 0,25

entre 1

semana e 1

mês

289 37,0 0,33 – 0,40 279 33,4 0,29 – 0,36

entre 1 mês e

3 meses

136 17,4 0,14 – 0,19 181 21,7 0,18 – 0,23

entre 3 e 6

meses

55 7,0 0,05 – 0,08 64 7,7 0,05 – 0,09

6 ou mais

meses

73 9,3 0,07 – 0,11 70 8,4 0,06 – 0,10

não lembra 36 4,6 0,03 – 0,06 45 5,4 0,03 – 0,06

Total

782 100 - 836 100 -

Situação IMC Atual

Normal 402 53,3 0,49 – 0,56 379 48,0 0,44 – 0,51

Excesso de Peso

277 36,7 0,32 – 0,39 304 38,5 0,34 – 0,41

Obesidade 75 9,9 0,07 – 0,12 107 13,5 0,10 – 0,15

Total 754 100 - 790 100

-

Lembra o peso aos 20 anos

Sim 511 65,3 0,61 – 0,69 539 64,5 0,60 – 0,76

Não 228 29,2 0,25 – 0,32 239 28,6 0,24 – 0,31

Total

739 94,5 - 778 93,1 -

Situação IMC aos 20 anos

Normal 453 88,6 0,85 – 0,90 457 84,9 0,80 – 0,87

Excesso de Peso

51 9,9 0,06 – 0,11 72 13,4 0,10 – 0,15

Obesidade 7 1,5 ,004 – 0,02 10 1,9 ,007 – 0,03

Total 511 100 - 539 100 -

Legenda: Classif.: Categorias das variáveis; F. Ab.: Frequência Absoluta; N: número de indivíduos; F. Rel.: Freqüência Relativa (em %); IC: Intervalo de Confiança Fonte: o autor

Com relação ao bloco que aborda o consumo alcoólico na população

estudada, a Tabela 4 apresenta as características dos homens nos dois momentos

do estudo. A maior parte dos indivíduos (59,2% - 463/782) relatou consumir bebida

58

alcoólica em 2006, com leve queda deste índice em 2011 (51,7% - 432/836).

Quando questionados sobre a frequência semanal do uso de bebida alcoólica, a

grande maioria (82,7 – 369/446) relatou o consumo como rotineiro, sendo que 59,2%

(264/446) relatou fazer uso de um a dois dias na semana e 7,2% (32/446) relatou o

consumo diário de álcool, sendo que o consumo maior que cinco doses foi

confirmado por 63,4% (210/331) da amostra no primeiro ano analisado. No ano de

2011, estes índices permaneceram próximos, com a maioria (82,2% - 355/432)

relatando o consumo rotineiro de álcool, sendo que 58,8% (254/432) relataram

consumir álcool entre uma e duas vezes na semana e 8,3% (36/432) afirmaram

fazer o consumo alcoólico diariamente. Neste ano, o consumo maior que cinco

doses foi relatado por 56,5% (227/402) da população estudada.

Observa-se uma mudança no padrão de uso do álcool na população estudada

entre os anos de 2006 e 2011. Há uma diminuição estatisticamente significativa do

uso do álcool entre os dois anos estudados, onde a proporção de indivíduos que

relataram fazer uso de álcool diminuiu e dos que relataram não fazer uso aumentou

(como observado na tabela, confirmado pelos IC). Vale ressaltar ainda a diferença

observada quanto ao consumo de mais de cinco doses. Apesar do número que

referiu consumir mais de cinco doses ter aumentado (que não foi estatisticamente

significativo), observa-se um aumento do número de indivíduos que não

responderam quanto a este consumo, o que pode ter gerado um viés de memória

influenciando nos achados quanto a esta variável.

59

Tabela 4. Características relacionadas ao consumo alcoólico da população masculina de Belo Horizonte/ Minas Gerais/ Brasil - VIGITEL 2006 e 2011.

CONSUMO ALCOÓLICO

2006 2011

Variável Classif. F. Ab. (N)

F. Rel. (%)

IC F. Ab. (N)

Fr. Rel. (%)

IC

Consumo de Álcool

Sim

463

59,2

0,55 – 0,62*

432

51,7

0,47 – 0,54*

Não 319 40,8 0,36 – 0,43* 404 48,3 0,44 – 0,51*

Total 782 100 - 836 100 -

Frequência de consumo alcoólico

Todos os dias 32 6,9 0,04 – 0,09

36

8,3 0,05 – 0,10

5 a 6 dias 9 1,9 0 ,006 - 0,03 9 2,1 0,007 – 0,03

3 a 4 dias 64 13,9 0,09 – 0,16 56 13,0 0,09 – 0,16

1 a 2 dias 264 57,1 0,52 – 0,61 254 58,8 0,53 – 0,62

Quase nunca 77 16,6 0,12 – 0,19 77 17,8 0,13 – 0,20

Não resp. 17 3,6 0,01 – 0,05 - - -

Total

463 100 - 432 100 -

Consumo maior que 5 doses

Sim 210 45,3 0,40 – 0,49 227 52,6 0,47 – 0,56

Não 121 26,2 0,22 - 0,29* 175 40,5 0,35 – 0,44*

Não resp. 132 28,5 0,23 – 0,32* 30 6,9 0,04 – 0,09*

Total 463 100 - 432 100 -

Legenda: Classif.: Categorias das variáveis; F. Ab.: Frequência Absoluta; N: número de indivíduos; F. Rel.: Freqüência Relativa (em %); IC: Intervalo de Confiança; Não resp.: Não responderam * = Variação do IC estatisticamente significativa Fonte: o autor

Com relação ao consumo de tabaco, no ano de 2006, 20,3% (159/782)

afirmaram ser tabagistas, sendo que 59,8% (95/159) dos fumantes consomem mais

de 10 cigarros por dia e a maioria (73% - 116/159) relatou já ter tentado abandonar o

hábito de fumar. Daqueles que relataram ser não tabagistas, 63,1% (393/623) são

compostos daqueles que nunca fumaram e 36,9% (230/623) de ex-tabagistas. Em

2011, a porcentagem de fumantes na população foi de 17,2% (144/836), dos quais

59% consomem mais de 10 cigarros por dia (85/144), sendo que a maioria (76,4% -

110/144) relatou já ter tentado abandonar o tabaco. Neste ano, dos que relataram

não fazer uso de tabaco, 33,4% (231/692) da amostra é composta por ex-fumantes.

A Tabela 5 demonstra a distribuição das características relacionadas ao tabaco na

população para os dois anos estudados.

60

Não houve mudança estatisticamente significativa quanto ao bloco das

características relacionadas ao tabagismo entre os anos estudados, conforme

demonstra os intervalos de confiança expressos nas Tabelas 5 (variáveis

categóricas) 6 e 7 (variáveis contínuas).

Tabela 5. Características relacionadas ao tabaco na população masculina de Belo Horizonte/ Minas Gerais/ Brasil - VIGITEL 2006 e 2011.

CARACTERÍSTICAS RELACIONADAS AO TABACO – VARIÁVEIS CATEGÓRICAS

2006 2011

Variável Classif. F. Ab. (N)

F. Rel. (%)

IC F. Ab. (N)

Fr. Rel. (%)

IC

Tabagista

Sim

159

20,3

0,17 - 0,22

144

17,2

0,14 – 0,19

Não 623 79,7 0,76 – 0,81 692 82,8 0,79 – 0,84

Total

782 100 - 836 100 -

Numero de cigarros por dia

1 a 4 36 22,6 0,15 – 0,28 33 22,9 0,15 – 0,28

5 a 9 28 17,6 0,11 – 0,22 26 18,1 0,11 -0,24

10 a 14 31 19,5 0,12 – 0,25 29 20,1 0,13 – 0,26

15 a 19 16 10,1 0,05 – 0,14 14 9,7 0,04 – 0,13

20 a 29 37 23,3 0,16 – 0,29 31 21,5 0,14- 0,28

30 a 39 8 5,0 0,01 - 0,08 4 2,8 ,001 – 0,05

40 ou + 3 1,9 ,002 – 0,04 7 4,9 0,01 – 0,08

Total

159 100 - 144 100 -

Tentou parar de fumar Sim 116 73,0 0,66 – 0,79 110 76,4 0,69 – 0,82

Não 43 27,0 0,20 – 0,33 34 23,6 0,16 – 0,29

Total

159 100 - 144 100 -

Ex- Fumante Sim 230 36,9 0,32 – 0,39 231 33,4 0,29 – 0,36

Não 393 63,1 0,59 -0,66 461 66,6 0,62 – 0,60

Total 623 100 - 692 100 -

Legenda: Classif.: Categorias das variáveis; F. Ab.: Frequência Absoluta; N: número de indivíduos; F. Rel.: Freqüência Relativa (em %); IC: Intervalo de Confiança Fonte: o autor

Ainda sobre o uso de tabaco, a Tabela 6 traz alguns dados sobre o início do

tabagismo na população estudada. Em 2006 a média de idade de início do hábito de

fumar foi de 16,99 (dp = 4,29), e em 2011, este valor foi de 16,43 (dp = 4,78).

61

Tabela 6. Características relacionadas ao tabaco na população masculina de Belo Horizonte/ Minas Gerais/ Brasil - Variáveis numéricas - VIGITEL 2006 e 2011.

Legenda: N: número de indivíduos na variável; DP: Desvio Padrão; Min.: Valor mínimo; Median.: Mediana; Máx.: Valor máximo; IC: intervalo de Confiança * = As perdas no número absoluto se referem aos indivíduos que relataram “não lembrar” a idade. Fonte: o autor

Com relação aos ex-tabagistas, a média de idade em que iniciaram o hábito

de fumar foi de 15,81 (dp = 3,67) e a de término do hábito foi de 32,87 (dp =12,78),

para os entrevistados no ano de 2006. Para o ano de 2011, este valor foi de 16,56

(dp = 4,43), enquanto que o valor em que cessaram com o hábito de fumar foi de

35,05 (dp = 13,61). Estes dados estão dispostos na Tabela 7.

Tabela 7. Características relacionadas aos ex-tabagistas na população masculina de Belo Horizonte/ Minas Gerais/ Brasil - VIGITEL 2006 e 2011.

Legenda: N: número de indivíduos na variável; DP: Desvio Padrão; Min.: Valor mínimo; Median.: Mediana; Máx.: Valor máximo; IC: intervalo de Confiança * = As perdas no número absoluto se referem aos indivíduos que relataram “não lembrar” a idade. Fonte: o autor

CARACTERÍSTICAS RELACIONADAS AO TABACO – VARIÁVEIS NUMÉRICAS

Ano

Variáveis

N Média ±±±± DP Mín. Median. Máx. IC

2006 Idade de inicio do

tabagismo 157* 16,99 ± 4,29 7 17 32 16,32 – 17,66

2011 Idade de inicio do

tabagismo 141* 16,43 ± 4,78 7 16 42 15,64 – 17,22

CARACTERÍSTICAS RELACIONADAS AOS EX-TABAGISTAS – VARIÁVEIS NUMÉRICAS

Ano

Variáveis

N Média ±±±± DP Mín. Median. Máx. IC

2006

Idade do inicio do tabagismo

226* 15,81 ± 3,67 7 16 40 15,33 – 16,29

Idade término do tabagismo

226* 32,87 ± 12,78 12 30 66 31,20 – 34,54

2011

Idade do inicio do tabagismo

224* 16,56 ± 4,43 5 16 50 15,98 – 17,14

Idade término do tabagismo

224* 35,05 ± 13,61 14 32 72 33,27 – 36,83

62

A Tabela 8 contém os dados dos participantes relacionados à prática de

atividade física. Para o ano de 2006, a maioria relatou praticar atividade física (58,45

– 457/782), grande parte afirmou ser a caminhada o tipo de atividade mais realizada

(40,2% - 184/457), a grande maioria afirmou realizar a atividade pelo menos uma

vez por semana (94,3% - 431/457), sendo que a atividade semanal mais frequente

foi a de um a dois dias na semana (39,7% - 171/431) seguida pela de três a quatro

dias na semana (29,7% - 128/431). Com relação a duração da atividade física, a

grande maioria (73,5% - 317/431) relatou exercer a atividade por mais de 60 minutos

e a maioria (82,5% - 645/782) afirmou existir um lugar público próximo as suas

residências para a prática de atividade física. Quando questionados acerca de

trabalho, 80,6% (630/782) relataram estar trabalhando ou terem trabalhado nos

últimos três meses. Com relação às atividades físicas relacionadas ao trabalho, a

maioria afirmou andar no trabalho (51,1% - 332/630), não carregar peso em sua

atividade laboral (73,7% - 464/630), não andar ou fazer uso de bicicleta em seus

trajetos até o trabalho (76,3% - 481/630), sendo que, daqueles que andam até o

trabalho ou fazem uso de bicicleta, grande parte (38,3% - 57/149) realiza o trajeto

entre trinta e sessenta minutos. Quando questionados sobre o trabalho doméstico, a

grande maioria (80,95 – 633/782) afirmou que outra pessoa realiza a faxina da casa,

enquanto grande parte afirmou ajudar nas atividades mais pesadas da faxina (43% -

43/100). Quanto ao tempo gasto assistindo TV, a maioria (62,8% - 491/782) afirmou

ficar entre uma e três horas nesta atividade.

Em 2011, a maioria da população estudada tem o hábito de praticar atividade

física (59,6% – 498/836), grande parte afirmou ser a caminhada o tipo de atividade

mais realizada (37,6% - 183/498), a grande maioria afirmou realizar a atividade pelo

menos uma vez por semana (93,2% - 464/498), sendo que a frequência semanal

mais relatada pelos participantes foi a de três a quatro dias na semana (36,4% -

169/464) seguida pela de um a dois dias na semana (34,5% - 160/464). Com relação

a duração da atividade física, a grande maioria (65,9% - 306/464) relatou exercer a

atividade por mais de 60 minutos e a maioria (75,1% - 628/836) afirmou existir um

lugar público próximo as suas residências para a prática de atividade física. Quando

questionados acerca de trabalho, 75,2% (629//836) relataram estar trabalhando ou

terem trabalhado nos últimos três meses. Com relação às atividades físicas

desempenhadas no trabalho, 50,1% afirmou andar no trabalho (315/629), a maioria

relatou não carregar peso em sua atividade laboral (67,1% - 422/629) e não andar

63

ou fazer uso de bicicleta em seus trajetos até o trabalho (62,5% -393/629), sendo

que, daqueles que andam até o trabalho ou fazem uso de bicicleta, grande parte

(28,4% - 67/236) realiza o trajeto entre trinta e sessenta minutos, seguidos por

aqueles que percorrem o trajeto entre vinte e vinte e nove minutos (24,6% - 58/236).

Quando questionados sobre o trabalho doméstico, a grande maioria (75,8% –

634/836) afirmou que outra pessoa realiza a faxina da casa, enquanto que grande

parte afirmou ajudar nas atividades mais pesadas do trabalho doméstico (44,2% -

57/129). Quanto ao tempo gasto assistindo TV, a maioria (53,2% - 445/836) afirmou

ficar entre uma e três horas nesta atividade.

Nota-se uma pequena variação estatisticamente significativa entre os anos

estudados. Mais indivíduos passaram a praticar corrida, mais indivíduos relataram

praticar atividade física entre 40 e 59 minutos, assim como mais indivíduos relataram

ir a pé ou de bicicleta para o trabalho, aumentando também o número de indivíduos

que relataram fazer o trajeto de 10 a 19 minutos. No ano de 2011 menos indivíduos

(em relação ao ano de 2006) afirmaram conhecer lugar próximo a residência que

pudesse realizar atividade física.

Tabela 8. Características relacionadas aos hábitos de vida da população masculina na população masculina de Belo Horizonte/ Minas Gerais/ Brasil - VIGITEL 2006 e 2011.

CARACTERÍSTICAS RELACIONADAS À ATIVIDADE FÍSICA

2006 2011

Variável Classif. F. Ab. (N)

F. Rel. (%)

IC F. Ab. (N)

Fr. Rel. (%)

IC

Pratica atividade física

Sim

457

58,4 0,54 – 0,61

498

59,6 0,55 – 0,62

Não 325 41,6 0,37 – 0,44 338 40,4 0,36 – 0,43

Total

782 100 - 836 100 - Tipo de Atividade física

Caminhada 171 37,4 0,32 – 0,41 172 34,5 0,29 – 0,38

Caminhada

na esteira

13 2,8 0,01 – 0,04 11 2, ,007 – 0,03

Corrida 19 4,2 0,02 -0,06 48 9,6 0,07 – 0,12

Corrida em

esteira

- - - 3 0,6 0,03 – 0,08

Musculação 49 10,7 0,07 – 0,12 61 12,2 0,09 – 0,14

64

Ginásticas

aeróbica

4 0,9 0,06 – 0,11 5 1,0 0,07 – 0,12

Hidroginástica 2 0,4 ,001 - ,009 3 0,6 ,000 – 0,012

Ginástica em

geral

8 1,8 ,005 – 0,03 10 2,0 0,007 – 0,03

Natação 14 3,1 0,01 – 0,04 8 1,6 ,004 – 0,02

Artes Marciais e luta

9 2,,0 ,007 – 0,03 4 0,8 ,000 – 0,01

Bicicleta 16 3,5 0,01 – 0,05 29 5,8 0,03 – 0,07

Futebol 129 28,2 0,23 – 0,32 117 23,5 0,19 – 0,26

Outros 23 5,0 0,03 – 0,06 27 5,4 0,03 – 0,07

Total

457 100 - 498 100 -

Faz atividade física pelo menos uma vez na semana

Sim

431

94,3

0,91 – 0,96

464

93,2

0,90 – 0,95

Não 26 5,7 0,03 – 0,07 34 6,8 0,04 – 0,09

Total 457 100 - 498 100 -

Frequência da atividade física (semanal)

Todos os dias

64

14,8

0,10 – 0,17

49

10,6

0,07 – 0,12

5 a 6 dias 68 15,8 0,11 – 0,18 86 18,5 0,14 – 0,21

3 a 4 dias 128 29,7 0,24 – 0,33 169 36,4 0,31 - 040

1 a 2 dias 171 39,7 0,34 – 0,43 160 34,5 0,29 – 0,38

Total

431 100 - 464 100 -

Duração da atividade física (Minutos)

De 1 a 19 9 2,1 ,007 – 0,03 8 1,7 ,005 – 0,02

De 20 a 39 49 11,4 0,08 – 0,13 50 10,8 0,07 – 0,12

De 40 a 59 56 13 0,09 – 0,16* 100 21,5 0,17 – 0,24*

Mais de 60minutos

317 73,5 0,68 – 0,77 306 65,9 0,60 – 0,69

Total

431 100 - 464 100 -

Trabalha (ou trabalhou nos últimos 3 meses)

Sim

630

80,6

0,77 – 0,82

629

75,2

0,72 – 0,77

Não 152 19,4 0,16 – 0,21 207 24,8 0,21 – 0,26

Total 782 100 836 100

Anda no Trabalho

Sim 332 51,1 0,47 – 0,54 315 50,1 0,46 – 0,53

Não 308 48,9 0,44 – 0,51 314 49,9 0,45 – 0,52

Total

630 100 - 629 100 -

Carrega peso no trabalho

Sim 166 26,3 0,22 – 0,29 207 32,9 0,28 – 0,35

Não 464 73,7 0,69 – 0,76 422 67,1 0,63 – 0,70

Total

630 100 - 629 100 -

Vai a pé ou de bicicleta para o trabalho

Sim 149 23,7 0,19 – 0,26* 236 37,5 0,33 – 0,40*

Não 481 76,3 0,72 – 0,79* 393 62,5 0,58 – 0,55*

Total 630 100 - 629 100 -

Duração do trajeto que

Menos de 10 13 8,7 0,04 – 0,13 23 9,7 0,05 – 0,13

De 10 a 19 20 13,4 0,07 – 0,18* 63 26,7 0,20 – 0,31*

De 20 a 29 29 19,5 0,12 – 0,25 58 24,6 0,18 -0,29

65

faz a pé ou de bicicleta (minutos)

De 30 a 60 57 38,3 0,30 – 0,45 67 28,4 0,22 – 0,33

60 ou mais 30 20,1 0,13 – 0,26 25 10,6 0,06 – 0,13

Total

149 100 - 236 100 -

Quem faz a faxina

Eu 149 19,1 0,16 – 0,21 202 24,2 0,21 – 0,26

Outra pessoa 633 80,9 0,77 – 0,82 634 75,8 0,72 -0,77

Total

782 100 - 836 100 -

Quem faz a parte pesada da faxina

Eu 30 30,0 021 – 0,38 42 32,6 0,23 – 0,40

Outra Pessoa 27 27,0 0,18 – 0,35 30 23,3 0,15 – 0,30

Ambos 43 43,0 0,33 – 0,52 57 44,2 0,35 – 0,52

Total

100 100 - 129 100 -

Quantas horas por dia assiste TV

Não assiste TV

29 3,7 0,02 – 0,05 38 4,5 0,03 – 0,05

Menos de 1 hora

100 12,8 0,09 – 0,14 121 14,5 0,11 – 0,16

Entre 1 e 2 horas

270 34,5 0,30 – 0,37 256 30,6 0,23 – 0,33

Entre 2 e 3 horas

221 28,3 0,24 – 0,31 189 22,6 0,19 – 0,24

Entre 3 e 4 horas

92 11,8 0,08 – 0,13 126 15,1 0,12 – 0,17

Entre 4 e 5 horas

33 4,2 0,02 – 0,05 51 6,1 0,04 – 0,07

Entre 5 e 6 horas

13 1,7 ,003 – 0,01 27 3,2 0,01 – 0,04

Mais de 6 horas

24 3,1 0,01 – 0,04 28 3,3 0,04 – 0,07

Total

782 100 - 836 100 -

Lugar próximo a residência para praticar atividades

Sim

645

82,5

0,79 – 0,84*

628

75,1

0,72 – 0,77*

Não 137 17,5 0,14 – 0,19* 207 24,8 0,21 – 0,26*

Não sabe - - - 1 0,1 ,001 - ,003

Total 782 100 836 100

Legenda: Classif.: Categorias das variáveis; F. Ab.: Frequência Absoluta; N: número de indivíduos; F. Rel.: Freqüência Relativa (em %); IC: Intervalo de Confiança * = Variação do IC estatisticamente significativa Fonte: o autor

De acordo com o delineamento do estudo e as questões investigadas, para o

bloco temático referente às morbidades referidas, foram analisadas somente as

questões que aparecem nas duas versões do VIGITEL, que incluem a hipertensão

arterial e diabetes auto-referidas. A Tabela 9 apresenta os dados descritivos

referentes a essas questões.

Na amostra estudada em 2006, 24,7% (193/782) referiram hipertensão,

enquanto 3,8% (30/782) afirmaram ter diabetes diagnosticada. Já em 2011, a

66

porcentagem de hipertensos declarados foi de 24% (201/836), enquanto de diabetes

foi de 5,9% (49/836). Não houve diferença estatisticamente significativa entre os dois

anos estudados.

Tabela 9. Morbidades referidas (hipertensão arterial e diabetes) na população masculina na população masculina de Belo Horizonte/ Minas Gerais/ Brasil - VIGITEL 2006 e 2011.

MORBIDADES REFERIDAS

2006 2011

Variável Classif. F. Ab. (N)

F. Rel. (%)

IC F. Ab. (N)

Fr. Rel. (%)

IC

Hipertensão Sim

193

24,7

0,21 – 0,26

201

24,1

0,21 – 0,26

Não 589 75,3 0,71 – 0,79 634 75,9 0,72 – 0,77

Total

782 100 - 836 100 -

Diabetes Sim 30 3,8 0,02 – 0,05 49 5,9 0,04 – 0,07

Não 751 96,2 0,94 – 0,97 786 94,1 0,92 – 0,95

Total 781* 100 - 836 100 -

Legenda: Classif.: Categorias das variáveis; F. Ab.: Frequência Absoluta; N: número de indivíduos; F. Rel.: Freqüência Relativa (em %); IC: Intervalo de Confiança * = Houve perda de um indivíduo (Missing Case) Fonte: o autor

A Tabela 10 mostra a caracterização das condições de saúde referidas pela

população masculina nos anos de 2006 e 2011. No primeiro ano do estudo, a

maioria 54,6% (427/782) classificou a saúde como boa, seguidos por aqueles que

classificaram a saúde como Excelente/muito boa (21,1% - 165/782). Já no segundo

ano abordado na pesquisa, 49% (410/836) classificou sua saúde como boa,

seguidos por aqueles que a classificaram como excelente/ muito boa (28,1% -

235/836). Houve melhora na classificação de saúde por parte da população

estudada, uma vez que a proporção de indivíduos que classificaram a saúde como

Excelente/Muito boa aumentou de 21,1% (0,18 – 0,23) para 28,1% (0,24 – 0,31).

67

Tabela 10. Condição de saúde auto-referida pela população masculina de Belo Horizonte/ Minas Gerais/ Brasil - VIGITEL 2006 e 2011.

CONDIÇÃO DE SAÚDE AUTO-REFERIDA

2006 2011

Classificação F. Ab. (N) F. Rel. (%) IC F. Ab. (N) Fr. Rel. (%) IC

Excelente/ MB

165

21,1

0,18 – 0,23

235

28,1

0,24 – 0,31

Bom 427 54,6 0,50 – 0,57 410 49,0 0,45 – 0,52

Regular 160 20,5 0,17 - -0,22 163 19,5 0,16 – 0,21

Ruim/ MR 29 3,7 0,02 – 0,05 26 3,2 0,02 – 0,04

Não Sabe 1 0,1 ,001 - ,003 2 0,2 ,001 - ,005

Total 782 100 - 836 100 -

Legenda: Classif.: Categorias das variáveis; F. Ab.: Frequência Absoluta; N: número de indivíduos; F. Rel.: Frequência Relativa (em %); IC: Intervalo de Confiança; MB: Muito bom; MR: Muito ruim Fonte: o autor

5.2. ANÁLISE DESCRITIVA DOS DADOS EXCLUSIVOS DE 2011.

Além dos dados apresentados, o VIGITEL 2011 apresenta ainda algumas

perguntas sobre o consumo alcoólico relacionado à direção de veículos automotivos

e fiscalização, e questões que envolvem o convívio dos indivíduos entrevistados

com fumantes, caracterizando assim estes indivíduos como fumantes passivos. Tais

questões foram incluídas nas análises por constituírem importantes eixos da

pesquisa (como envolvimento com tabaco) e por refletirem o comportamento da

população estudada através de questões relacionadas à exposição a

comportamentos de risco, no que se refere ao hábito de consumo alcoólico com

subsequente direção de veiculo (que constitui um importante elemento dentro dos

índices de mortalidade por causas externas, que abrangem, sobretudo, os Acidentes

de Transportes, Lesões Autoprovocadas Voluntariamente e as Agressões,

correspondendo a maioria – 78% - dos óbitos por causas externas) (BRASIL,

2008).

A Tabela 11 traz os dados relacionados ao uso de álcool, e aspectos

envolvendo a direção de veículos. A maioria dos entrevistados relatou dirigir (69,1%

- 578/836), e 56,5% (227/402) consumir mais de 5 doses de bebida alcoólica

semanalmente. Quando questionados sobre a frequência mensal de consumo maior

68

que 5 doses de bebida alcoólica, as faixas que se destacaram foram àqueles que

relataram fazer este tipo de consumo em 4 dias (22,5% - 51/227) e 7 dias do mês

(19,8% - 45/227). Sobre dirigir após fazer uso de mais de 5 doses de bebida

alcoólica, a grande maioria (81,3% - 139/171) relatou não proceder desta forma.

Com relação a dirigir após consumir bebida alcoólica, independente da dose, a

maioria respondeu nunca dirigir após consumir álcool (65,7% - 184/280).

Envolvendo questões relacionadas à condução de veículos, 13,1% da

amostra (76/578) relatou ter sido multado por excesso de velocidade no último ano,

sendo que, destes, 68,4% (52/76) responderam ter sido o local da multa dentro da

cidade (via urbana). Quando perguntados sobre blitz, nos últimos 12 meses, a

grande maioria (81,9% - 684/836) relatou não ter sido parada (como motoristas ou

passageiros).

Tabela 11. Variáveis relacionadas a direção de veículo automotivo e uso de álcool da população masculina de Belo Horizonte/ Minas Gerais/ Brasil – VIGITEL 2011.

DIREÇÃO DE VEÍCULOS E USO DE ALCOOL

Variável Classificação Frequência Absoluta

(N)

Frequência Relativa

(%) Dirige

Sim 578 69,1

Não 258 30,9

Total

836 100

Consumo maior que 5 doses Sim 227 56,5

Não 175 43,5

Total

402 100

Quantos dias do mês costuma consumir mais de 5 doses de álcool.

1 dia do mês 43 18,9

2 dias do mês 36 15,9

3 dias do mês 26 11,5

4 dias do mês 51 22,5

5 dias do mês 9 4,0

6 dias do mês 8 3,5

7 dias do mês 45 19,8

Não sabe 9 4,0

Total

227 100

69

Dirigiu após consumir mais de 5 doses de álcool

Sim 30 17,5

Não 139 81,3

Não informou 2 1,2

Total

171 100

Independente da dose, costuma dirigir após ingerir bebida alcoólica

Sempre 5 1,8

Algumas vezes 32 11,4

Quase nunca 58 20,7

Nunca 184 65,7

Não informou 1 0,4

Total

280 100

Nos últimos 12 meses recebeu multa por excesso de velocidade

Sim 76 13,1

Não 499 86,3

Não lembra 2 0,3

Não quis informar

1 0,2

Total

578 100

Local da multa Via urbana 52 68,4

Rodovia 21 27,6

Ambas 3 3,9

Não lembra 0 0

Não quis informar

0 0

Total

76 100

Nos últimos 12 meses, foi parado em alguma blitz (como motorista ou passageiro)

Sim 150 17,9

Não 684 81,9

Não lembra 1 0,1

Não quis informar

1 0,1

Total 836 100

Fonte: o autor

Com relação à condição de fumantes passivos, 89,2% (579/549) da

população estudada relatou não sofrer exposição ao tabaco em suas residências e

74,8% (395/528) relatou o mesmo em relação ao ambiente de trabalho. Estes dados

estão sintetizados na Tabela 12.

70

Tabela 12. Fumantes passivos na população masculina de Belo Horizonte/ Minas Gerais/ Brasil – VIGITEL 2011.

FUMANTES PASSIVOS

Variável Classificação Frequência Absoluta (N)

Frequência Relativa (%)

Casa

Sim 70 10,8

Não 579 89,2

Total 549 100

Trabalho Sim 133 25,2

Não 395 74,8

Total 528 100

Fonte: o autor

5.3 ANÁLISE MULTIVARIADA.

Antes de se realizar a ACM, a categoria “não sabe” da variável de desfecho

“condição de saúde auto-referida”, foi retirada da análise pelo pequeno número de

casos (0,1% em 2006 e 0,2% em 2011) e por não contribuir perceptualmente nos

gráficos obtidos através desta análise. A Tabela 13 apresenta as frequências

absolutas e relativas das demais categorias para os dois anos estudados.

71

Tabela 13. Recategorização da variável condição de saúde auto-referida, após exclusão da categoria “não sabe”, referente à população masculina de Belo Horizonte/ Minas Gerais/ Brasil - VIGITEL 2006 e 2011.

CONDIÇÃO DE SAÚDE AUTO-REFERIDA

2006 2011

Classificação Frequência Absoluta

(N)

Frequência Relativa (%)

Frequência Absoluta (N)

Frequência Relativa

(%)

Excelente/ Muito bom

165

21,1

235

28,2

Bom 427 54,7 410 49,2

Regular 160 20,5 163 19,5

Ruim/ Muito ruim 29 3,7 26 3,1

Total 782 100 834 100

Fonte: o autor

A associação entre cada uma das variáveis independentes com a variável

dependente foi verificada através da utilização do teste Qui-quadrado (χ²). As

variáveis numéricas foram categorizadas para serem consideradas na ACM, uma

vez que este tipo de análise inclui apenas variáveis categóricas. As variáveis que

alcançaram um nível de significância menor ou igual a 0,05 foram incluídas na ACM.

Os dados são apresentados conforme os blocos estudados (variáveis

sociodemográficas, características antropométricas, consumo alcoólico, tabagismo,

atividade física e morbidades referidas) na tabela 14.

A variável referente ao consumo de bebida alcoólica foi incluída na AMC,

apesar de não apresentar valor estatisticamente significativo em nenhum dos anos

estudados, por constituir um importante objetivo do estudo, que se propõe a verificar

como as variáveis podem influenciar nas condições de saúde da população

estudada.

72

Tabela 14. Variáveis estudadas associadas à condição de saúde auto-referida na população masculina de Belo Horizonte/ Minas Gerais/ Brasil - VIGITEL 2006 e 2011.

CONDIÇÃO DE SAÚDE E VARIÁVEIS INDEPENDENTES

Bloco Variáveis categóricas P_ valor (a) 2006 2011 Sociodemográficas

Idade 0,000 0,000

Escolaridade 0,000 0,000

Moradores por domicilio 0,603 0,828

Estado Civil 0,006 0,000

Cor 0,485 0,137 Características Antropométricas

Quando pesou 0,071 0,073

Situação do IMC Atual 0,000 0,000

Lembra peso aos 20 anos 0,250 0,761

Situação do IMC aos 20 anos 0,211 0,450 Consumo Alcoólico

Consome bebida alcoólica * 0,393 0,355

Frequência semanal 0,785 0,001

Consumo maior que 5 doses 0,275 0,944 Tabaco Tabagista 0,289 0,012

Número de cigarros (dia) 0,036 0,037

Tentou parar 0,159 0,032

Ex-fumante 0,021 0,004

idade inicio do fumo (tabagistas) 0,798 0,465

Idade inicio do fumo (ex-tabagistas) 0,572 0,610

Idade fim do fumo (ex-tabagistas) 0,152 0,170 Atividade Física Pratica atividade física 0,000 0,000

Qual atividade física 0,006 0,141

Pratica atividade pelo menos uma vez na semana 0,753 0,013

Frequência semanal 0,167 0,013

Duração da atividade 0,003 0,156

Trabalha 0,000 0,000

Anda no trabalho 0,231 0,757

Carrega peso no trabalho 0,231 0,048

Vai a pé ou de bicicleta para o trabalho 0,068 0,378

Duração do trajeto 0,777 0,392

Quem faz a faxina em casa 0,191 0,108

Quem faz a parte pesada da faxina em casa 0,276 0,311

Quantas horas diárias assiste TV 0,347 0,093

Lugar para atividade próximo a residência 0,575 0,143

73

Morbidades Referidas

Hipertensão Arterial 0,000 0,000

Diabetes 0,000 0,000

Fonte: o autor (a) = Teste Qui-Quadrado * = Utilizada na análise, mesmo sendo inferior a 0,05, por ser um dos focos do estudo.

5.3.1 Análise de Correspondência Múltipla para 2006:

Verificadas as associações entre as variáveis independentes com a variável

desfecho, foram incluídas na AMC, para o ano de 2006 as seguintes variáveis:

idade, escolaridade, estado civil, situação atual do IMC, consumo de bebida

alcoólica (que não alcançou significância estatística, mas constitui importante

objetivo para o estudo), número de cigarros, ser ex-fumante ou não, praticar

atividade física ou não, qual atividade física pratica, a duração do exercício físico, se

trabalha atualmente ou trabalhou nós últimos três meses, hipertensão arterial e

diabetes auto-referidas.

A variável dependente foi considerada como suplementar na ACM, de forma a

permitir a verificação de uma possível consistência da classificação ordinal utilizada

para saúde auto-referida, com base nos fatores explicativos, assim como para

verificar a localização geométrica de cada categoria de estado de saúde em relação

às possíveis variáveis explicativas.

5.3.1.1 Interpretação Resumo dos Eixos (2006):

A Tabela 15 apresenta os valores de discriminação de cada variável dentro

das duas dimensões explicativas da AMC que serão consideradas no presente

estudo.

74

Tabela 15. Valores de discriminação das variáveis nas dimensões estudadas, para a população de Belo Horizonte/ Minas Gerais/ Brasil – VIGITEL, 2006.

VALORES DE DISCRIMINAÇÃO

Bloco Variáveis Dimensão Média

1 %

% Bloco

2 % %

Bloco

Sócio- demográficas

Idade 0,762 22,1

46,64

0,133 5,96

15,58

0,448

Escolaridade 0,356 10,3 0,161 7,21 0,258

Estado Civil 0,493 14,3 0,054 2,42 0,273

Medidas Antropométricas

Situação do IMC Atual 0,055 1,59 1,59 0,038 1,7 1,70 0,047

Consumo Alcoólico

Consome alcoólico * 0,082 2,37 2,37 0,006 0,27 0,27 0,044

Tabaco Número de cigarros (dia) 0,038 1,1

5,50 0,179 8,02

9,18 0,109

Ex-fumante 0,152 4,4 0,026 1,16 0,089

Atividade Física

Pratica atividade física 0,309 8,95

30,60

0,736 33

69,14

0,523

Qual atividade física 0,371 10,7 0,410 18,4 0,39

Duração da atividade 0,184 5,33 0,335 15 0,259

Trabalha 0,193 5,59 0,063 2,82 0,193

Morbidades Referidas

Hipertensão Arterial 0,353 10,2 13,32

0,071 3,18 4,08

0,212

Diabetes 0,107 3,1 0,020 0,9 0,063

Condição de Saúde Auto-Referida 0,158 4,57 4,57 0,010 0,45 0,45 0,084

TOTAL 3,454 100 100 2,233 100 100 2,843

Fonte: o autor

Considerando o número total de dimensões possíveis para o ano de 2006

serão consideradas apenas as inércias que estiverem acima da inércia média para

todas as dimensões, totalizando 43 dimensões (BENZÉCRI, 1992). Assim, o valor

75

total de inércia para as dimensões consideradas (que foram as 20 dimensões com

inércias superiores a inércia média) foi de 2,366. As duas primeiras dimensões serão

consideradas no presente estudo, pois apresentam maior contribuição percentual

para a explicação final da distribuição das variáveis. De acordo com os valores das

discriminações totais das dimensões consideradas e dos valores de inércias dos

eixos, apresentadas na Tabela 16, observa-se que a dimensão 1 explica 11,2%

(0,266/ 2,366) da inércia total dos dois eixos considerados, sugerindo que esta

dimensão é mais significativa para explicar o comportamento dos dados do que a

dimensão 2 (7,2% - 0,172/ 2,569).

Tabela 16. Valores de discriminação e inércia das dimensões. Vigitel, 2006.

Dimensão Contribuição Inércia (λ)

1 3,454 0,266 2 2,263 0,172 Total 27,369 2,366

Fonte: o autor

Observa-se ainda na Tabela 15 que a maior parte da variância da dimensão 1

é representada pelas variáveis referentes ao bloco sociodemográfico, representando

46,64%, enquanto na dimensão 2 a contribuição do bloco relacionado a pratica de

atividade física é dominante (69,14%). No primeiro eixo a idade faz grande

contribuição relativa (22,10%) na variância total, seguido pelo estado civil e

escolaridade dos participantes (14,3% e 10,3% respectivamente). Já no segundo

eixo, a variável que mais contribui com a variância é a pratica de atividade física

(33%), seguida por qual atividade física realizada (18,4%), duração da atividade

(15%) e muito discretamente por ter trabalhado nos últimos três meses (2,82%).

Além dos valores referidos de discriminação das dimensões, o Gráfico 1

demonstra, perceptualmente, a contribuição de cada variável que foi incluída na

ACM, que influenciaram na condição de saúde auto-referida. Através deste gráfico,

observa-se que o bloco com variáveis socioeconômicas e demográficas (idade,

estado civil e escolaridade) foi o que mais apresentou discriminação na dimensão 1.

Já as variáveis referentes ao bloco de prática de atividade física (pratica exercício

76

físico ou não, qual atividade física pratica e a duração do exercício) foram as que

mais demonstraram discriminação na dimensão 2.

Gráfico 1. Discriminação gráfica das variáveis estudadas da população masculina de Belo Horizonte/ Minas Gerais/ Brasil. Vigitel, 2006.

Fonte: o autor

5.3.1.2: Representação Espacial das Variáveis de 2006:

Após a realização da ACM com as variáveis que apresentaram significância

estatística, aquelas que apresentaram pouca discriminação perceptual nos gráficos

foram retiradas dos mesmos com o intuito de facilitar a visualização das variáveis

que mais contribuíram na variável de desfecho. Apesar de terem sido retiradas dos

gráficos, tais variáveis permaneceram na ACM, mesmo apresentando contribuições

menores no resultado final desta análise.

Em seguida, serão apresentados os gráficos com as variáveis consideradas,

divididas de acordo com os blocos temáticos apresentados no presente estudo. Para

o gráfico final, serão apresentadas apenas as variáveis com discriminação

77

considerável no gráfico, de acordo com o critério perceptual, ou seja, as variáveis

com pouca discriminação, que permaneceram mais concentradas no centro do

gráfico, foram excluídas do gráfico final. São elas: idade, escolaridade, estado civil,

indivíduos ex-fumantes ou não, praticar atividade física, qual exercício e duração,

hipertensão arterial e diabetes auto-referidas.

Quanto a variável desfecho observa-se que esta ficou dispersa ao longo da

dimensão 1, ficando a categoria Excelente do estado de saúde mais a direita do

gráfico e Bom na posição intermediária, enquanto as piores (Regular e Ruim)

permaneceram a esquerda.

No bloco das variáveis sociodemográficas, apresentadas no Gráfico 2,

observa-se que as variáveis estão mais distribuídas ao longo da dimensão 1, e

seguem uma lógica na distribuição de suas respectivas categorias. Na variável

idade, observa-se que os indivíduos mais jovens (18 a 24 anos) concentram-se no

lado direito do eixo, enquanto que os mais velhos encontram-se a esquerda do

gráfico (acima de 65 anos), sendo que as demais categorias mostram-se de forma

ordenada entre estes dois extremos. Semelhantemente, indivíduos com maior

escolaridade (Com ensino superior/ acima de 15 anos de estudo) apresentam-se à

direita do gráfico, diminuindo os anos de estudo a medida que se caminha ao lado

oposto do gráfico. Com relação ao estado civil, nota-se que os indivíduos solteiros

estão á direita do gráfico, enquanto que aqueles que já estiveram em algum

relacionamento estável (casados/juntados, separado/divorciados ou viúvos)

mostram-se distribuídos do lado esquerdo.

78

Gráfico 2. Representação gráfica do bloco das variáveis sociodemográficas da população masculina de Belo Horizonte/ Minas Gerais/ Brasil. Vigitel, 2006.

Fonte: o autor

O Gráfico 3 mostra a distribuição das categorias referentes ao consumo de

bebida alcoólica na população estudada. Nota-se que esta variável tem sua

distribuição bem próxima à origem do eixo da dimensão 1, e que os indivíduos que

consomem bebida alcoólica estão a direita do eixo, enquanto aqueles que não

consomem estão à esquerda no gráfico. Além disso, vale ressaltar que ouve baixa

correlação entre a condição de saúde auto-referida e o consumo de bebida alcoólica

observada pelo qui-quadrado e confirmada pela AMC, onde observou-se uma

proximidade com o eixo 1 e praticamente nenhuma variabilidade ao longo do eixo 2.

79

Gráfico 3. Representação gráfica da variável relacionada ao consumo alcoólico da população masculina de Belo Horizonte/ Minas Gerais/ Brasil. Vigitel, 2006.

Fonte: o autor

Quanto ao bloco das variáveis relacionadas ao uso de tabaco, nota-se que, os

indivíduos que se declararam ex-fumantes estão à esquerda, enquanto aqueles que

nunca fizeram uso de tabaco (que declararam não ser ex-fumantes, e nuca terem

fumado), apresentam-se a direita do gráfico. Quanto ao número de cigarros

consumidos pelos participantes, houve apenas uma diferenciação entre o consumo

de um número pequeno de cigarros por dia (de 1 a 4), que ficou na região superior

(mais distribuída ao longo da dimensão 2), enquanto as demais categorias ficaram

distribuídas na parte inferior do gráfico. Apesar desta diferenciação, entre indivíduos

que consomem até 4 cigarros por dia e aqueles que consomem acima de 5, não

houve uma distribuição com sequência lógica na porção inferior do gráfico, pois não

houve uma sequência de distribuição de número de cigarros que obedecesse há um

critério crescente ou decrescente, apresentando-se de forma aleatória nesta porção

80

do gráfico. A distribuição das categorias destas variáveis podem ser observadas no

Gráfico 4.

Gráfico 4. Representação gráfica do bloco relacionado ao consumo de tabaco da população masculina de Belo Horizonte/ Minas Gerais/ Brasil. Vigitel, 2006.

Fonte: o autor

O Gráfico 5 apresenta as distribuições das categorias das variáveis

relacionadas a prática de atividade física. Observou-se que praticar atividade física

ou não ficou mais distribuída dentro da dimensão 2, sendo que a categoria referente

a prática de atividade física ficou na região superior do gráfico, enquanto a categoria

referente a não praticar atividade apresentou-se na região mais inferior. As demais

variáveis apresentaram suas categorias mais distribuídas ao longo da dimensão 1. A

variável “qual atividade física”, demonstrou as categorias “artes marciais” e futebol

mais a direita e hidroginástica mais a esquerda do gráfico. Quanto a duração,

tempos maiores (60 minutos ou mais) de atividade física permaneceram mais na

81

porção direita do gráfico, diminuindo a medida que se caminha para a porção

esquerda. Com relação à atividade laboral, os indivíduos que responderam estar

trabalhando, ou terem trabalhado nos últimos três meses se concentraram mais na

porção direita do gráfico.

Gráfico 5. Representação gráfica do bloco relacionado a prática de atividade física da população masculina de Belo Horizonte/ Minas Gerais/ Brasil. Vigitel, 2006.

Fonte: o autor

Com relação ao bloco das morbidades referidas, as categorias referentes a

presença de hipertensão arterial e diabetes ficaram mais concentradas na porção

esquerda do gráfico, sendo as categorias destas variáveis mais distribuídas ao longo

da dimensão 1. As localizações destas categorias podem ser observadas no gráfico

6.

82

Gráfico 6. Representação gráfica do bloco relacionado às morbidades referidas da população masculina de Belo Horizonte/ Minas Gerais/ Brasil. Vigitel, 2006.

Fonte: o autor

O gráfico 7 apresenta de forma condensada as categorias das variáveis que

apresentaram maior discriminação com relação à variável suplementar “condição de

saúde auto-referida”. Observa-se que as categorias destas variáveis distribuíram-se

próximas ao eixo referente à dimensão 1, o que indica forte ligação entre esta e a

variável de desfecho estudada. A categoria “excelente” mostrou-se mais a direta,

“bom” na posição intermediária e “regular” e “ruim” mais a esquerda do gráfico.

83

Gráfico 7. Representação gráfica das variáveis do estudo que apresentaram maior discriminação, referente à população masculina de Belo Horizonte/ Minas Gerais/ Brasil. Vigitel, 2006.

Fonte: o autor

5.3.1.2.1: Interpretação do Eixo/Dimensão 1 (λ1 = 0,266):

Observadas as proporções em que as variáveis, ou bloco de variáveis,

contribuem com a variância dentro das dimensões, e a distribuição das categorias

dentro dos gráficos, podemos afirmar que para o ano de 2006 há evidências que

indicam ser o eixo 1 melhor explicado pela condição de vida dos participantes,

fortemente associado com a condição de saúde auto-referida.

Assim, observamos que no lado esquerdo se concentraram aqueles que

declararam a saúde como regular e ruim, indivíduos mais velhos, com menor

escolaridade, que relataram estar (ou já terem estado) em uma relação estável.

Além disso, percebe-se também que neste lado do gráfico, concentram-se

indivíduos que relataram presença de doenças crônicas (diabetes e hipertensão).

84

Em contrapartida, ao lado direito, concentram-se os indivíduos que declararam

melhores condições de saúde (bom e excelente, sendo esta última com maior

discriminação dentro do eixo 1), os mais novos, com maior escolaridade, solteiros, e

que não relataram presença de morbidades crônicas. Desta forma, a dimensão 1

agrupa, em contraposição indivíduos com piores condições de vida (lado esquerdo)

e indivíduos com melhores condições de vida (lado direito).

5.3.1.2.2: Interpretação do Eixo/Dimensão 2 (λ2 = 0,172):

Já a preocupação com a saúde pode ser a interpretação dada à dimensão 2.

Observa-se que, neste eixo a atividade física é o fator que mais discrimina dentro da

dimensão, estando os indivíduos que praticam a atividade física na parte superior do

gráfico enquanto os que não praticam na parte inferior. Assim, podemos definir que

na região superior do gráfico se concentram indivíduos com alguma preocupação

quanto a saúde, enquanto que na região inferior aqueles que apresentam menos

preocupação com a saúde.

5.3.2 Análise de Correspondência Múltipla para 2011.

Assim como na análise para o ano de 2006, após verificadas as associações

entre as variáveis independentes com a variável dependente, foram incluídas na

AMC, para o ano de 2011 as seguintes variáveis: idade, escolaridade, estado civil,

situação atual do IMC, consumo de bebida alcoólica (que também não alcançou

significância estatística neste ano, mas foi incluído na análise por constitui

importante objetivo para o estudo), frequência semanal de álcool, ser tabagista ou

não, número de cigarros consumidos por dia, ter tentado parar de fumar ou não, ser

ex-fumante ou não, praticar atividade física ou não, praticar atividade física pelo

menos uma vez na semana ou não, frequência semanal da atividade, se trabalha

atualmente ou trabalhou nós últimos três meses, carregar peso durante a atividade

laboral ou não, hipertensão arterial e diabetes auto-referidas.

85

5.3.2.1 Interpretação Resumo dos Eixos (2011):

A Tabela 17 apresenta os valores de discriminação de cada variável dentro

das duas dimensões explicativas da AMC.

Tabela 17. Valores de discriminação das variáveis nas dimensões estudadas, para a população de Belo Horizonte/ Minas Gerais/ Brasil – VIGITEL, 2011.

VALORES DE DISCRIMINAÇÃO

Bloco Variáveis Dimensão

1 % %

Bloco 2 % %

Bloco Média

Sócio- demográficas

Idade 0,519 12,71

27,60

0,43 12,02

23,10

0,475

Escolaridade 0,342 8,37 0,087 2,43 0,215

Estado Civil 0,266 6,51 0,309 8,64 0,287

Medidas Antropométricas

Situação do IMC Atual

0,038 0,93 0,93 0,031 0,87 0,87 0,035

Consumo Alcoólico

Consumo Alcoólico *

0,001 0,02 2,47

0,142 3,97 2,63

6,60 0,072

Freqüência semanal

0,1 2,45 0,094 0,097

Tabaco

Fumante 0,469 11,48

37,22

0,677 18,93

55,40

0,573

Número de cigarros (dia)

0,438 10,72 0,526 14,71 0,482

Tentou parar 0,411 10,06 0,524 14,65 0,468

Ex-fumante 0,202 4,95 0,254 7,10 0,228

0,00

Atividade Física

Pratica atividade física

0,328 8,03

23,51

0,014 0,39

7,86

0,171

Atividade pelo menos 1 vez na semana

0,113 2,77 0,007 0,20 0,06

Frequência semanal

0,131 3,21 0,013 0,36 0,072

Trabalha 0,313 7,66 0,212 5,93 0,262

Carrega peso no trabalho

0,075 1,84 0,035 0,98 0,055

86

Morbidades Referidas

Hipertensão Arterial

0,194 4,75 4,75

0,145 4,05 4,05

0,169

Diabetes 0,144 3,53 0,074 2,07 0,109

Condição de Saúde Auto-Referida 0,199 4,87 4,87 0,053 1,48 1,48 0,126

TOTAL 4,084

3,576

3,83

Fonte: o autor

Considerando o número total de dimensões possíveis para o ano de 2011

serão consideradas apenas as inércias que estiverem acima da inércia média para

todas as dimensões, totalizando 38 dimensões (BENZÉCRI, 1992). Assim, o valor

total de inércia para as dimensões consideradas (que foram as 14 dimensões com

inércias superiores a inércia média) foi de 2,226. Assim como em 2006 serão

consideradas as duas primeiras dimensões, pois apresentam maior contribuição

percentual para a explicação final da distribuição das variáveis. De acordo com os

valores das distribuições das dimensões consideradas e dos valores de inércias dos

dois eixos apresentados na Tabela 18, observa-se que a dimensão 1 contribui

10,8% (0,240 / 2,226) da inércia total, sugerindo que esta dimensão é mais

importante para explicar o comportamento dos dados do que a dimensão 2 (9,4% -

0,210/2,266).

Tabela 18. Valores de contribuição e inércia das dimensões. Vigitel, 2011.

Dimensão Contribuição Inércia (λ)

1 4,084 0,240 2 3,576 0,210 Total 37,865 2,226

Fonte: o autor

Observa-se que a maior parte da variância da dimensão 1 é representada

pelas variáveis referentes ao bloco sociodemográfico, representando 27,60%,

enquanto na dimensão 2 a contribuição do bloco relacionado ao tabaco é dominante

(55,40%). No primeiro eixo a idade faz grande contribuição relativa (12,7%) na

87

variância total, seguido pela escolaridade e estado civil dos participantes (8,3% e

6,5% respectivamente). Já no segundo eixo, as variáveis que mais contribuem com

a variância são o hábito de fumar ou não (18,9%), número de cigarros consumidos

(14,7%) e ter tentado parar de fumar ou não (14,6%), seguido por uma contribuição

menor da variável “ex-fumante ou não” (7,1%).

Além dos valores de discriminação das dimensões apresentadas

anteriormente, o Gráfico 8 demonstra, perceptualmente, a contribuição de cada

variável que foi incluída na ACM, que estão associados à na condição de saúde

auto-referida. Através deste gráfico, observa-se, assim como na análise realizada

para o ano de 2006, que o bloco com variáveis socioeconômicas e demográficas

(idade, estado civil e escolaridade) foi o que mais apresentou discriminação na

dimensão 1, contribuindo também algumas variáveis relacionadas a atividade física

(praticar exercício físico e ter trabalhado nos últimos três meses. Já na dimensão 2,

as variáveis referentes ao bloco relacionado ao tabagismo (ser fumante ou não, ter

tentado parar de fumar ou não e número de cigarros por dia) foram as que mais

demonstraram discriminação.

Gráfico 8. Discriminação gráfica das variáveis estudadas da população masculina de Belo Horizonte/ Minas Gerais/ Brasil. Vigitel, 2011.

Fonte: o autor

88

5.3.2.2: Representação Espacial das Variáveis de 2011:

Em seguida, as variáveis que apresentaram pouca discriminação perceptual

nos gráficos foram retiradas dos mesmos com o intuito de facilitar a visualização das

variáveis que mais contribuíram na variável de desfecho, como foi realizado para o

ano de 2006. Em seguida, serão apresentados os gráficos com as variáveis,

divididas de acordo com os blocos temáticos apresentados no estudo. Para o gráfico

final, serão apresentadas as variáveis: idade, escolaridade, estado civil, fumantes ou

não, número de cigarros por dia, indivíduos ex-fumantes ou não, praticar atividade

física, ter trabalhado nos últimos três meses, hipertensão arterial e diabetes auto-

referidas.

No bloco das variáveis sociodemográficas, apresentadas no Gráfico 9,

observa-se que as variáveis estão distribuídas de forma semelhante a observada no

ano de 2006. Mostram-se mais dispersas ao longo da dimensão 1 (exceto a variável

“estado civil”), e seguem uma lógica na distribuição de suas respectivas categorias.

Na variável idade, observa-se que os indivíduos mais jovens (18 a 24 anos)

concentram-se no lado direito do eixo, enquanto que os mais velhos encontram-se a

esquerda do gráfico (acima de 65 anos), sendo que as demais categorias mostram-

se de forma ordenada entre estes dois extremos. Semelhantemente, indivíduos com

maior escolaridade (Com ensino superior/ acima de 15 anos de estudo) apresentam-

se à direita do gráfico, diminuindo os anos de estudo a medida que se caminha ao

lado oposto do gráfico. Com relação ao estado civil, nota-se uma distribuição um

pouco maior ao longo do eixo da dimensão 2, sendo que os indivíduos solteiros e

aqueles que não informaram seu estado civil estão á direita e abaixo no gráfico,

enquanto que aqueles que já estiveram em algum relacionamento estável (união

estável, separado/divorciados, casado legalmente ou viúvos) mostram-se

distribuídos do lado esquerdo e acima do eixo da dimensão 1 (exceto a categoria

“união estável” que apareceu sobre este eixo).

89

Gráfico 9. Representação gráfica do bloco das variáveis socioeconômicas e demográficas da população masculina de Belo Horizonte. Vigitel, 2011.

Fonte: o autor

O Gráfico 10 mostra a distribuição das categorias do bloco referente a

bebida alcoólica na população estudada. Nota-se que a variável “consumir ou não

bebida alcoólica” apresentou sua distribuição bem próxima à origem do eixo da

dimensão 2, onde a categoria referente ao consumo de bebida alcoólica ficou mais

abaixo e o não consumo mais acima no gráfico. Quanto a frequência de ingestão de

álcool, nota-se que quanto menos o consumo, mais alta a categoria representada

graficamente, enquanto que as categorias referentes ao maior consumo estão

representadas mais abaixo no gráfico.

90

Gráfico 10. Representação gráfica da variável relacionada ao consumo alcoólico da população masculina de Belo Horizonte. Vigitel, 2011.

Fonte: o autor

Quanto ao bloco das variáveis relacionadas ao uso de tabaco, nota-se que os

indivíduos que se declararam fumantes estão representados mais na região superior

do gráfico, sendo esta variável mais relacionada a dimensão 2, enquanto que a

categoria referente aos ex-fumantes apresentou-se mais a esquerda do gráfico e

daqueles que nunca fumaram mais a direita, seguindo a dimensão 1. As demais

variáveis (número de cigarros e “tentou parar de fumar”) ficaram concentradas na

região inferior esquerda do gráfico, não demonstrando discriminação significativa.

Vale ressaltar ainda que a categoria referente aos fumantes e todas as categorias

relacionadas a quantidade de cigarros se mostraram do lado ruim quanto a condição

de saúde auto-referida. A distribuição das categorias destas variáveis pode ser

observada no Gráfico 11.

91

Gráfico 11. Representação gráfica do bloco relacionado ao consumo de tabaco da população masculina de Belo Horizonte. Vigitel, 2011.

Fonte: o autor

O Gráfico 12 apresenta as distribuições das categorias relacionadas a pratica

de atividade física. Observou-se que as variáveis deste bloco ficaram mais

distribuídas ao longo da dimensão 1. No lado direito do gráfico se concentraram as

categorias referentes a praticar atividade física, e ter trabalhado nos últimos três

meses. As variáveis “pratica atividade física pelo menos uma vez na semana” e

carregar peso não demonstraram discriminação significante, permanecendo

próximas e no mesmo quadrante do gráfico. A variável referente a frequência

semanal de atividade também não apresentou discriminação relevante por suas

categorias se mostrarem próximas em sua distribuição espacial.

92

Gráfico 12. Representação gráfica do bloco relacionado a prática de atividade física da população masculina de Belo Horizonte. Vigitel, 2011.

Fonte: o autor

Com relação ao bloco das morbidades referidas, as categorias referentes a

presença de hipertensão arterial e diabetes foram as que mais discriminaram,

permanecendo na porção esquerda e superior do gráfico e mais distribuídas ao

longo da dimensão 1. As localizações destas categorias podem ser observadas no

Gráfico 13.

93

Gráfico 13. Representação gráfica do bloco relacionado às morbidades referidas da população masculina de Belo Horizonte. Vigitel, 2011.

Fonte: o autor

O Gráfico 14 apresenta de forma condensada as categorias das variáveis que

apresentaram maior discriminação com relação a variável suplementar “condição de

saúde auto-referida”. Observa-se que as categorias desta variável distribuíram-se

próximas ao eixo referente a dimensão 1, o que indica forte ligação entre esta e a

variável de desfecho estudada. A categoria “excelente” mostrou-se mais a direta,

“bom” na posição intermediária (bem próxima ao encontro dos eixos) e “regular” e

“ruim” mais a esquerda do gráfico, assim como observado no ano de 2006.

94

Gráfico 14. Representação gráfica das variáveis do estudo que apresentaram maior discriminação, referente à população masculina de Belo Horizonte. Vigitel, 2011.

Fonte: o autor

5.3.2.2.1: Interpretação do Eixo/Dimensão 1 (λ1 = 0,240):

Para o ano de 2011 a distribuição das categorias dentro do gráfico sugere que

este, assim como no ano de 2006, pode ser melhor explicado pela condição de vida

dos participantes, fortemente associado com a condição de saúde auto-referida.

Observa-se que no lado esquerdo se concentraram aqueles que declararam a

saúde como regular e ruim, indivíduos mais velhos, com menor escolaridade, que

relataram não serem solteiros. Diferentemente do ano de 2006, outro fator

importante para a interpretação desta dimensão, (uma vez que apresenta segundo

lugar em variância) é que neste, a atividade física se mostra como importante fator

explicativo, sendo que do lado esquerdo concentram-se as categorias “não praticar

atividade física”, menos frequência de atividade e não terem trabalhado nos últimos

95

três meses. Em contrapartida, no lado direito, concentram-se os indivíduos que

declararam melhores condições de saúde (bom e excelente), os mais novos, com

maior escolaridade, solteiros, e que relataram praticar atividade física e com maior

freqüência e terem trabalhado pelo menos nos últimos três meses. Desta forma, a

dimensão 1 agrupa, em contraposição indivíduos com piores condições de vida (lado

esquerdo) e indivíduos com melhores condições de vida (lado direito).

5.3.2.2.2: Interpretação do Eixo/Dimensão 2 (λ1 = 0,210):

Na dimensão 2, podemos interpretar o eixo como comportamentos de risco,

estando na parte superior do gráfico as categorias menos relacionadas a

comportamentos de risco para a saúde, como a menor frequência no uso de álcool e

se declararem como não fumantes e na porção inferior, mais relacionada com

comportamento de risco, as categorias de maior frequência de uso de bebida

alcoólica e uso de tabaco no dia a dia.

5.4 ANÁLISE DAS MUDANÇAS ENTRE 2006 E 2011:

As tabelas 19 e 20 apresentam os valores absolutos e relativos das

referências cruzadas entre as condições de saúde auto-referidas e faixas de idade,

dos participantes nos dois anos estudados. A idade representou a variável que mais

esteve associada a condição de saúde nos anos estudados, apresentando as

maiores contribuições para as inércias das dimensões 1.

96

Tabela 19. Tabela de referências cruzadas de idade e condição de saúde auto-referida. Vigitel, 2006.

CONDIÇÃO DE SAÚDE E IDADE 2006

Idade Categorizada Total

18 a 24

anos

25 a 34

anos

35 a 44

anos

45 a 54

anos

55 a 64

anos

65 ou

mais

(N) (%) (N) (%) (N) (%) (N) (%) (N) (%) (N) (%)

Saúde

Auto-

Referi-

da

E. 29 25,22 46 26,74 49 25,93 21 15,67 10 11,49 10 11,90 165

B. 68 59,13 94 54,65 105 55,56 76 56,72 45 51,72 39 46,43 427

Re. 14 12,17 27 15,70 26 13,76 33 24,63 28 32,18 32 38,10 160

Ru. 4 3,48 5 2,91 9 4,76 4 2,99 4 4,60 3 3,57 29

Total 115 100 172 100 189 100 134 100 87 100 84 100

Fonte: O autor

Tabela 20. Tabela de referências cruzadas de idade e condição de saúde auto-referida. Vigitel, 2006.

CONDIÇÃO DE SAÚDE E IDADE 2011

Idade Categorizada

Total 18 a 24

anos

25 a 34

anos

35 a 44

anos

45 a 54

anos

55 a 64

anos

65 ou

mais

(N) (%) (N) (%) (N) (%) (N) (%) (N) (%) (N) (%)

Saúde

Auto-

Referi-

da

E. 47 38,52 60 37,74 44 28,39 43 25,60 23 23,00 18 13,85 235

B. 59 48,36 79 49,69 88 56,77 87 51,79 35 35,00 62 47,69 410

Re. 15 12,30 16 10,06 21 13,55 31 18,45 36 36,00 44 33,85 163

Ru. 1 0,82 4 2,52 2 1,29 7 4,17 6 6,00 6 4,62 26

Total 122 100 159 100 155 100 168 100 100 100 130 100 122

Fonte: o autor

Ao se considerar os percentuais das colunas dos dois momentos estudados,

estes não seriam comparáveis por apresentarem proporções obtidas de formas

distintas. Desta forma, os valores foram ajustados através dos percentuais das

linhas, tornando então os anos de 2006 e 2011 comparáveis.

Para a Análise de Correspondência, o ano de 2006 foi constituído como ano

base e o ano de 2011 como variável suplementar, constituindo perfis históricos

comparáveis, que constituem dados coletados em diferentes momentos no tempo

97

que podem ser comparáveis por AC (MÜLLER-SCHNEIDER, 1994). O Gráfico 15

mostra os dados sobre estado de saúde auto-referido nos dois momentos estudados

(2006 e 2011).

Gráfico 15. Análise de Correspondência Simples – Perfis Históricos – Belo Horizonte/ Minas Gerais/ Brasil. Vigitel, 2006 e 2011.

Fonte: O autor

Os movimentos geométricos dos perfis de cada categoria podem ser

interpretados como uma medida de mudança estrutural ao longo do tempo

(MÜLLER-SCHNEIDER, 1994).

A inércia total do modelo de AC foi de 0,08, indicando uma variação entre os

perfis explicada pela idade relativamente baixa. No entanto, foi verificado

anteriormente ser a variável idade a de maior contribuição para a inércia total do

conjunto de dados nos dois momentos considerados. Na solução aqui apresentada

a primeira dimensão explica aproximadamente 89% e a segunda apenas 9%, o que

nos permite concluir que apenas a dimensão 1 tem significado substantivo. Ou seja,

quanto mais próximo do eixo 1 estiver os movimentos geométricos referentes as

mudanças dos perfis históricos, mas significativos serão estas mudanças.

98

As localizações dos perfis de estado de saúde e de idade devem ser,

portanto, interpretadas em relação ao eixo representado pela dimensão 1. Os mais

jovens se encontram à esquerda e, consequentemente, as faixas etária maiores

encontram-se à direita. As categorias do estado de saúde estão ordenadas de

excelente (E) e bom (B) à esquerda, até regular (R) e ruim (RU) à direita. É clara,

portanto, a correlação entre idade e estado de saúde auto-referido. Ao manter a

mesma estrutura etária, as categorias de estado de saúde observadas em momento

posterior ao momento base (2006) são projetadas no gráfico com base nos perfis

observados em 2006. Logo, os perfis de 2011 são considerados como

suplementares para a solução de AC e não influenciam a orientação geométrica do

modelo.

Os considerados “movimentos dos perfis” ao longo do tempo (MÜLLER-

SCHNEIDER, 1994) estão representados por setas ligando os pontos nos dois

momentos considerados. Observa-se, ao longo da dimensão 1, não haver

mudanças nas categorias de estado de saúde excelente e bom, assim como regular.

99

6. DISCUSSÃO:

Para a caracterização a população estudada, serão abordados os resultados

obtidos através dos dados da amostra para os anos de 2006 e 2007, agrupados por

blocos temáticos. O bloco com as variáveis sociodemográficas foi o que apresentou

maior associação com a variável de desfecho estudada, condição de saúde auto-

referida, tanto na associação feita através do teste qui-quadrado quanto na AMC.

Quanto à idade, houve uma variação estatisticamente significativa da média e

desvio padrão que passaram de 41,9 e 15,76 em 2006 para 44,28 e 17,38 em 2011,

seguida pela mediana, que passou de 40, em 2006, para 42 em 2011, com variação

do IC de 2006 (40,80 – 43,00) para 2011 (43,10 – 45,46). Tal fato pode ser explicado

pela transição demográfica vivenciada pela população mundial e que no Brasil se

reflete com o estreitamento da base da pirâmide e alargamento de seu ápice

(PAIVA; WAJNMAN, 2005). Paiva e Wajnman (2005) (PAIVA; WAJNMAN, 2005),

afirmam que as relações de causa e efeito deste fenômeno são extremamente

complexos e os efeitos, positivos e negativos, se anulam quer seja em relação ao

crescimento da renda, quer seja em relação à pobreza, e por isso os apontamentos

da literatura não demonstram decisivamente uma relação de causalidade. Além

disso, Almeida et al (2002) traz que (ALMEIDA ET AL., 2002) o entendimento da

dinâmica do envelhecimento da população contribui para o melhor conhecimento e

enfrentamento das doenças crônicas que passam a representar uma expressiva

demanda aos serviços de saúde que acompanham os indivíduos, o que no caso

masculino se reflete sobretudo na busca por serviços de atenção secundária e

terciária.

Várias pesquisas associando prevalências de doenças às diferentes faixas

etárias têm sido realizadas, entretanto a variação destas faixas consideradas, o

número e tipo de morbidades incluídas, a terminologia empregada, o modo de

formular as questões, a existência de listagem de doenças a serem investigadas, o

requisito de que a doença tenha sido informada por médico, o tipo de entrevista (se

face a face ou auto-respondida) e o tipo de respondente (a própria pessoa ou um

proxy), entre outros aspectos metodológicos, levam a prevalências distintas,

dificultando a uniformidade dos dados, além das verdadeiras diferenças existentes

entre as prevalências de doenças de populações que vivem em localidades e

100

contextos diversos (KNIGHT; STEWART-BROWN; FLETCHER, 2001., 2005;

ALONSO ET AL., 2004)

Quanto à escolaridade, grande parte possui o ensino médio completo ou o

superior incompleto (tendo estudado de 11 a 14 anos), taxa esta muito distinta do

restante do país, que em sua totalidade indica que a maioria (50,2%) são

classificados em sem instrução ou fundamental incompleto, que na amostra

estudada constituiu 21,3% e 21,1%, em 2006 e 2011 respectivamente (IBGE, 2010).

Além dos fatores inerentes a educação, o nível de escolaridade é essencial na

análise das condições de saúde da população, uma vez que constitui importante

preditor de morbidades. Barros et al (2006) ressaltam também em sua pesquisa que

as condições crônicas estudadas foram mais prevalentes no segmento da população

de menor nível de escolaridade (BARROS ET AL., 2006).

A partir dos resultados obtidos, observa-se no presente estudo que, tanto

para o ano de 2006 quanto 2011, que a maioria dos indivíduos estudados se

declarou em união estável, o que difere dos dados do Censo 2010 acerca da

população brasileira geral onde a maioria dos indivíduos entrevistados se declarou

solteira (cerca de 55%) (IBGE, 2010).

Quanto à cor, grande parte da amostra se declarou branco ou pardo/moreno,

o que também vai de encontro aos dados gerais da população brasileira, divulgado

pela mesma publicação, que indicou que mais da metade da população masculina

se declarou parda ou preta. (IBGE, 2010b). Houve no presente estudo uma

mudança significativa na proporção de pardos/morenos de 2006 (0,45 – 0,52) para

2011 (0,36 -0,43), o que pode refletir uma mudança geral no perfil da amostra, que,

por não se tratar de um painel, acabou selecionando indivíduos diferentes para a

composição amostral nos dois anos estudados. Além disso vale ressaltar que

houveram mudanças referentes a esta variável, sendo que no ano de 2011 foram

incluídas as categorias de cor “amarela”, “não sabe” e “não quis informar”,

contribuindo também para a mudança nas frequências observadas.

Vários estudos vêm demonstrando a forte associação entre cor e morbidades.

Em um estudo realizado por Barros e colaboradores (2006), com base na

PNAD/2003, foi apontado uma forte associação entre a cor/raça e a presença de

tipos específicos de morbidades referidas. Neste estudo foram observadas maiores

prevalências de doenças, para os indivíduos que se auto declararam pardos, de

doenças da coluna ou costas e hipertensão (com prevalências de 18,58% e 17,07%,

101

respectivamente), o que foi também observado para os indivíduos brancos, com um

pequeno aumento nas respectivas prevalências (19,78% e 18,07%) (BARROS ET

AL., 2006). Um estudo realizado na Carolina do Norte (EUA) revelou que os

indivíduos negros apresentavam mais hipertensão e diabetes, enquanto os brancos

tinham maiores prevalências de depressão, dor nas costas e doença do coração,

com análise ajustada para idade, sexo, escolaridade, obesidade, tabagismo e

atividade física (COEYTAUX ET AL., 2004; LETHBRIDGE-CEJKU; SCHILLER;

BERNADEL, 2004). No presente estudo, foi investigada uma associação entre as

variáveis dependentes com a condição de saúde auto-referida, não sendo

consideradas outras possíveis associações entre as variáveis. De acordo com a

metodologia proposta, a variável cor/raça não foi incluída no modelo de ACM por

não ter apresentado significância estatística pelo qui-quadrado, e assim não se pode

identificar associação entre ela e as demais variáveis.

Na presente amostra, constatou-se, para os dois anos estudados, que a

maioria dos indivíduos relatou fazer uso de bebida alcoólica. Sendo que, destes, a

maioria relatou fazer uso de um a dois dias na semana. No ano de 2006, grande

parte (45,3%) dos usuários de álcool relataram beber mais de cinco doses

frequentemente, proporção que se mostrou ainda maior para o ano de 2011 (52,6%).

Entretanto, vale ressaltar ainda que houve uma diminuição significativa dos

indivíduos que relataram ingerir bebida alcoólica, passando de 59,2% (0,55 – 0,62)

em 2006 para 51,7% (0,47 – 0,54) em 2011.

Apesar de boa parte da amostra relatar fazer uso de bebida alcoólica, em

ambos os anos estudados, não foi observada forte associação desta com a variável

de desfecho, nem uma discriminação relevante na ACM apontando para

diferenciação na condição de saúde devido ao uso ou não de álcool. Para 2011, foi

observada uma associação entre a frequência semanal de uso de álcool e condição

de saúde auto-referida, apresentando entretanto, pouca discriminação quando

analisada a AMC, uma vez que as categorias não demonstram, perceptualmente,

uma lógica de distribuição dentro dos eixos. Observa-se também que a contribuição

deste fator (frequência de bebida alcoólica) não demonstrou forte tendência para

explicação por um dos eixos. Além disso, não foi observada mudança nas variáveis

referentes ao consumo alcoólico nos dois anos estudados.

Além das variáveis constantes nos anos de 2006 e 2011, outros aspectos

importantes sobre consumo alcoólico foram analisados a partir de dados presentes

102

apenas na última versão do sistema VIGITEL. Dados como dirigir, consumir mais de

cinco doses de bebida alcoólica, dirigir após consumir mais de cinco doses de

bebida alcoólica, receber multa por excesso de velocidade e ter sido parado em

alguma blitz podem contribuir para um melhor entendimento acerca de indicadores

de morbi-mortalidade presentes na literatura.

Em 1996, a OMS apresentou em sua publicação “Classificação Estatística

Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde” as Causas Externas

(CID 10 – Cap XX) (OMS, 1996) como o principal componente do índice de

mortalidade dentro da população masculina, dos 25 aos 59 anos.

Dentre estas causas, destacam-se os Acidentes, sobretudo os Acidentes de

Transporte, que, no ano 2000, foi responsável por cerca de 22.102 mortes e

408.070 feridos (BRASIL, 2002a). A nível mundial, os acidentes de transito são

responsáveis por cerca de 1,2 milhão de pessoas, por ano, representando 2,3% do

número total de mortes no mundo. (OMS, 2002)

Em um estudo realizado por Abreu e colaboradores (2006) (ABREU et al.,

2006) em que foram coletados dados dos prontuários de 267 vítimas fatais de

acidentes de trânsito, do o Instituto Médico-Legal Afrânio Peixoto (RJ), constatou-se

que 33% dos indivíduos nos quais foi realizado teste de alcoolemia (que

correspondeu a 32% - 88/267), apresentaram resultado positivo. O autor ainda

ressalta que, o ponto de corte adotado para o resultado positivo no teste de

alcoolemia foi de 0,6g/l, mas que os indivíduos que tiveram resultado negativo não

obtiveram alcoolemia zero. Reforçando a análise de Abreu et al (2006), nos EUA, a

ingestão de álcool antes de dirigir é responsável por 50 a 55% dos acidentes

automobilísticos fatais (BLINCOE, 2002). Já, no Brasil, este percentual chega a

75%(MOURÃO, 2000).

De acordo com os dados coletados pelo Sistema VIGITEL 2011, uma boa

parcela da população estudada referiu dirigir após ingerir bebida alcoólica,

independente da dose (33,9%), o que requer ainda muita atenção por parte dos

órgãos públicos e traz fortes implicações para a saúde pública, sobretudo quanto

aos gastos gerados por estes acidentes e ainda pela diminuição de parte da

população economicamente ativa das cidades. O consumo de bebidas alcoólicas

pode ser apontado como um dos principais fatores responsáveis pela alta incidência

dos acidentes com vítimas. De uma maneira geral, em vários países, costuma-se

103

considerar que entre metade e um quarto dos acidentes com vítimas fatais estão

associados ao uso do álcool (PINSKY; LARANJEIRA, 1998).

Nos Estados Unidos, segundo dados do Relatório sobre o impacto

socioeconômico dos acidentes de trânsito, apresentado pelo Departamento Nacional

de Trânsito, os acidentes de trânsito são responsáveis por cerca de 41.000 mortes /

ano, correspondendo a prejuízos de cerca de U$ 230 bilhões. Nesse Relatório, a

influência do álcool responde por 40% de mortes, ou seja, cerca de 16.000 vítimas

fatais, o que representa gastos em torno de U$ 50 bilhões (BLINCOE, 2002).

Em aproximadamente 70% dos acidentes de trânsito violentos com mortes, o

álcool é o principal responsável. O que nos faz concluir que ele, certamente,

contribui fortemente na etiologia e manutenção de vários problemas sociais,

econômicos e de saúde enfrentados em nosso país (GALDURÓZ & CAETANO,

2004). Além dos estudos epidemiológicos que reforçam o papel do álcool nos

índices de morbi-mortalidade, outros estudos demonstram ainda a relação do uso de

bebida alcoólica por parte da população masculina como parte da construção do

gênero. (SOUZA, 2005).

No presente estudo identificou-se a partir da interpretação das dimensões 2

(2006 e 2001), que são as segundas dimensões que mais contribuem para a

explicação da distribuição das variáveis, que a preocupação com a saúde (2006) e

os comportamentos de risco (2011), são os fatores que podem melhor explicar o

perfil da população estudada. Greig (2001) (GREIG, 2001) ressalta que precisam ser

feitas conexões entre homens, gênero e violência, a fim de articular mais claramente

o papel e a responsabilidade dos homens no fim dos comportamentos de risco

baseados no gênero. Para ele é necessário entender o comportamento dos homens

no contexto de suas vidas e focalizar o processo de socialização que produz

conexões entre masculinidade e comportamento de risco. Isto destaca o papel da

família e da cultura na produção de homens violentos e inclui questões sobre a

violência estrutural de gênero, como uma construção social que determina uma

relação desigual e opressiva entre as pessoas. Inclui ainda questões sobre

conexões entre gênero e outras formas de violência estrutural, em torno da

sexualidade, da raça e da classe social e diferencia o papel e a responsabilidade

dos homens em relação a essa violência. Significa explorar as conexões entre

gênero e violência em um contexto de estruturas de desigualdade e opressão.

104

Na população estudada observa-se uma tendência de diminuição na

proporção dos indivíduos tabagistas, passando de 20,3% para 17,2%, em 2006 e

2011, respectivamente, não sendo, entretanto, estatisticamente significativa. Tal

redução acompanha a tendência dos dados divulgados pelo Ministério da Saúde

referentes ao Brasil, que teve este índice passando de 20,2% em 2006 para 17,9 em

2010 (BRASIL, 2010a; BRASIL, 2006a). Já em relação à proporção de ex-fumantes,

no presente estudo houve uma pequena diminuição, passando de 36,9% para

33,4%, em 2006 e 2011, respectivamente, o que também foi observado a nível de

Brasil (embora em menor escala), onde houve uma discreta diminuição deste índice

(20,2% para 20,0%, para 2006 e 2010 respectivamente) (BRASIL, 2006a) . Com

relação ao número de cigarros, nota-se um discreta, porém importante, redução na

proporção de indivíduos que referiram o uso de 20 cigarros ou mais (30,2% em

2006, para 29,2% em 2011), acompanhando o ritmo de diminuição observado na

pais entre os anos de 2006 e 2010 (passando de 6,3% para 5,6%) (BRASIL 2006a;

BRASIL 2010a). De acordo com a ACM feita no presente estudo, para o ano de

2006 não houve uma distribuição lógica das categorias de número de cigarros

(categoria que apresentou significância estatística) dentro do gráfico, para

quantidade acima de cinco cigarros por dia, podendo representar uma baixa

acurácia dos dados, proporcionada talvez por um possível viés de memória quanto

ao número de cigarros fumados pelos indivíduos entrevistados.

O tabagismo é, hoje, a principal causa de enfermidades evitáveis e

incapacidades prematuras e é hoje uma das mais importantes causas de morte

evitável no mundo. A cada ano morrem cerca de três milhões de pessoas em todo o

mundo devido ao tabaco (ROEMER,1995). Segundo a Organização Mundial de

Saúde em 1999, para os próximos 30 a 40 anos, a epidemia tabágica será

responsável por 10 milhões de mortes por ano, sendo que 70% dessas mortes

ocorrerão nos países em desenvolvimento (WHO, 1999).

No Brasil, em 1989, uma pesquisa nacional de base populacional (PNSN),

(INAN, 1989.) demonstrou que de um total de aproximadamente 30 milhões de

adolescentes entre 10 e 19 anos, 2,7 milhões eram fumantes. Em relação ao

tabagismo, os homens também aparecem, assim como no uso de bebida alcoólica,

com maior frequência que as mulheres, o que lhes acarreta maior vulnerabilidade a

doenças cardiovasculares, câncer, doenças pulmonares obstrutivas crônicas,

doenças bucais e outras, relacionadas ao uso regular de cigarro.

105

Devido a forte influência da indústria do tabaco e de suas estratégias

específicas de marketing, a cada dia, cerca de 100.000 jovens começam a fumar, e

80% destes são de países em desenvolvimento. A idade média da iniciação é 15

anos, o que levou a Organização Mundial de Saúde (OMS) considerar o tabagismo

como uma doença pediátrica (WORLD BANK, 1999; WHO, 2001a; WHO 2001b).

Vale ressaltar, no presente estudo, as idades referidas pelos participantes como

início do hábito de fumar, em torno dos 17 anos para os dois anos estudados, tendo

como mínimo, nos dois anos, a idade de 7 anos para o inicio do fumo. Tal fato

remete mais uma vez à característica inerente do gênero que busca sempre por

novos desafios a serem superados sem observar as consequências destes atos,

buscando assim uma auto afirmação perante a sociedade, imposta, direta ou

indiretamente, por ela.

O total de fumantes no mundo atinge hoje a cifra de 1,1 bilhão, dos quais 800

milhões concentram-se em países em desenvolvimento. O resultado são as atuais 5

milhões de mortes por doenças causadas pelo tabaco, das quais 50% já ocorrem em

países em desenvolvimento (WORLD BANK, 1999)

Esse cenário põe em evidência que a expansão do consumo de tabaco é um

problema altamente complexo que envolve muito mais do que questões de

bioquímica e clínica médica. O papel fundamental de estratégias de marketing

sofisticadas e globalizadas no fomento da expansão do consumo em escala

planetária fez a OMS considerar o tabagismo uma doença transmissível pela

publicidade (WHO, 1999; WHO, 2001b). Dessa forma, toda e qualquer ação dirigida

ao controle do tabagismo deve ter um foco muito além da dimensão do indivíduo,

buscando abarcar tanto as variáveis sociais, políticas e econômicas que contribuem

para que tantas pessoas ainda comecem a fumar quanto os fatores que aqueles que

se tornaram dependentes parem de fumar e se mantenham abstinentes.

(AMERICAN CANCER SOCIETY, 2003).

O inquérito domiciliar sobre comportamentos de risco e morbidade referida de

doenças e agravos não transmissíveis, realizado pelo Ministério da Saúde em 15

capitais brasileiras e no Distrito Federal entre 2002 e 2003 mostrou que a

prevalência total na população acima de 15 anos foi de cerca de 19%, variando de

13% em Aracaju a 25% em Porto Alegre (BRASIL, 2004). Em 1989, a prevalência de

fumantes era de 32%, de acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição do

IBGE. Corrobora esses dados o monitoramento do consumo per capita de cigarros

106

no Brasil, realizado pelo INCA, que caiu em torno de 33% entre 1989 e 2004,

mesmo computando-se as estimativas de consumo de produtos provenientes do

mercado ilegal (BRASIL, 2004).

Essas informações, somadas ao fato de que o cigarro brasileiro é um dos

mais baratos do mundo, colocam grandes desafios que precisam ainda ser

enfrentados para o controle do tabagismo no Brasil. O fácil acesso físico e o preço

baixo são juntos, fatores potencializadores da iniciação do hábito de fumar

(GUINDON, TOBIN, YACH, 2002). Esse cenário é agravado pelo amplo mercado

ilegal de cigarros, que hoje responde por cerca de 35% do consumo nacional,

inserindo no mercado brasileiro cigarros ainda mais baratos que os legais (BRASIL,

2003).

Ainda morrem no país cerca de 200.000 pessoas por ano, provavelmente

como conseqüência dos efeitos tardios da expansão do consumo de tabaco, que

teve início nas décadas de 50 e 60 do século passado, e atingiu o seu apogeu na

década de 1970 (PAHO, 2002.).

No presente estudo foi observado que a maioria dos indivíduos entrevistados,

nos dois anos estudados, relataram praticar atividade física (58,4% e 59,6%, em

2006 e 2011, respectivamente), sendo a caminhada e o futebol as formas de

atividade mais encontradas nos dois momentos estudados. O tipo de atividade

física, visto através dos gráficos de AMC do ano de 2006, remete a um fatores

relacionados à idade e pode ser associado à condição de saúde auto-referida, uma

vez que as categorias relacionadas à atividade física menos intensa e com

característica de individualidade (como caminhada), ficaram mais próximas dos

indivíduos mais velhos e no mesmo quadrante em que se encontravam as

categorias referentes ao estado de saúde regular e ruim. Em contrapartida, no lado

do gráfico relacionado às categorias ótimo e bom na condição de saúde,

encontravam-se também as categorias dos indivíduos mais jovens e de atividades

físicas mais intensas e com características de coletividade (como por exemplo,

futebol). Com relação a frequência a grande maioria (mais de 93% nos dois anos

estudados) relatou praticar atividade pelo menos uma vez na semana, sendo que

grande parte (39,7%) em 2006 relatou ser a frequência semanal de atividade de um

a dois dias por semana, enquanto em 2011, grande parte respondeu praticar

atividade física de três a quatro dias na semana (36,4%).

107

A atividade física tem sido considerada um meio de preservar e melhorar a

saúde (BAPTISTA, 2000). Sedentarismo e estilos de vida que incorporam pouca

atividade física têm sido observados, gerando preocupação por parte dos órgãos de

saúde pública no Brasil (BRASIL, 2002b). A prática de atividade física tem se

mostrado benéfica na redução de diversos fatores de risco, propiciando, por

exemplo, melhora no metabolismo das gorduras e carboidratos, controle de peso

corporal e, muitas vezes, controle da hipertensão (AMERICAN HEART

ASSOCIATION, 1992). Essa prática contribui também para a manutenção de ossos,

músculos e articulações mais saudáveis; diminui os sintomas de depressão e

ansiedade, estando, ainda, associada à prevenção de enfermidades como diabetes

mellitus, doenças cardiovasculares, osteoporose e alguns tipos de câncer, como os

de cólon e mama (BRASIL, 2002b).

Dessa forma, a atividade física, além de poder contribuir para a melhoria da

qualidade de vida dos indivíduos, gera economia de recursos financeiros com

tratamentos médicos (BRASIL, 2002b). Não foram encontrados na literatura dados

específicos sobre a população masculina, no tocante à prática de atividade física e

condição de saúde auto referida. Desta forma, mais estudos abordando este tema

devem ser realizados para o maior entendimento dos fatores determinantes na

prática de atividade física influenciadoras do padrão de vida desta população,

buscando-se sempre o cuidado na generalização dos resultados para outras

populações, em face das diferenças no padrão cultural e estilo de vida específicos

de cada população.

A inatividade física encontrada (41,6% e 40,4%, em 2006 e 2011,

respectivamente) foi maior do que as observadas na Suécia (32%) e na Irlanda

(35%) (VOURI, 2001), apesar de as metodologias empregadas nos estudos feitos

em ambos os países terem considerado apenas as atividades físicas recreacionais.

Em Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil, verificou-se prevalência de inatividade

física de 80,7% na população geral (DIAS-DA-COSTA, 2005). Em Santa Catarina,

68,1% dos trabalhadores de indústrias eram inativos fisicamente (BARROS; NAHAS,

2001). Deve-se observar que a pesquisa realizada em Pelotas considerou as

atividades somente no tempo de lazer, em indivíduos de 20 a 69 anos de idade. Os

indivíduos que são inativos durante o tempo de lazer podem ser mais ativos em

outros contextos. Outros estudos nacionais de base populacional encontraram

prevalências semelhantes à da nossa pesquisa (HALLAL et al., 2003; MATSUDO et

108

al., 2002) como, por exemplo, em Florianópolis, onde 46,1% dos indivíduos foram

considerados insuficientemente ativos (BRASIL, 2004c)

Em um estudo realizado por Barros et al. (2001) a percepção negativa do

estado de saúde apresentou-se associada à inatividade física, reforçando a idéia de

que a atividade física tem impacto positivo sobre a percepção da saúde dos

indivíduos (BARROS; NAHAS, 2001).

De acordo com Baretta et al. (2007) conhecer o perfil da atividade física nos

diferentes contextos da vida dos indivíduos tem uma implicação importante na

definição de políticas públicas de saúde do município podendo, portanto, ser

cuidadosamente considerado em futuros estudos. (BARETTA; BARETTA; PERES,

2007).

Com relação à classificação quanto ao Índice de Massa Corporal (IMC),

36,7% da população estudada foi considerada com excesso de peso e 9,9 com

obesidade, para o ano de 2006. Já para o ano de 2011, este valores foram de 38,5%

e 13,9, para excesso de peso e obesidade, respectivamente, demonstrando um

discreto aumento, sobretudo na proporção dos indivíduos classificados como

obesos. De acordo com estudo realizado por (GIGANTE, 2009), realizado com base

nos dados do VIGITEL 2006, estes valores estão inferiores ao apresentado pela

população brasileira, que apresentou, para este ano, valores de 47,3% quanto ao

excesso de peso e 11,3% quanto a obesidade.

Problemas crônicos associados com obesidade podem ser agrupados em:

doenças cardiovasculares, condições associadas com resistência à insulina, alguns

tipos de câncer e doença da vesícula (WHO, 1997). Indivíduos obesos apresentam

pelo menos o dobro da chance de desenvolver diabetes, resistência à insulina,

dislipidemia, apnéia, doença da vesícula, hipertensão, doença coronariana,

osteoartrite e gota (WHO, 1997.). Essas associações e o crescente aumento na

prevalência de obesidade, bem como de outros fatores de risco para doenças

crônicas não transmissíveis (DCNT), como inatividade física, tabagismo, pressão e

colesterol elevados são responsáveis por grande parcela dos gastos em

saúde.(WHO, 2002).

No Brasil, pesquisas de abrangência nacional mostram que as prevalências

de excesso de peso e obesidade aumentaram na população adulta de forma

diferenciada entre os sexos. No período entre 1974-75, a obesidade entre os

homens triplicou e na população feminina com prevalência mais elevada no início do

109

período, houve aumento de 50% em 2002 – 03. As prevalências de excesso de peso

e obesidade encontrados foram semelhantes àquelas obtidas pela Pesquisa de

Orçamentos Familiares (POF) em 2002/2003 (IBGE, 2004). Entre os homens

estudados, essas prevalências foram mais elevadas nos diferentes grupos etários.

Os resultados do estudo de Gigante et al. (2009) (GIGANTE, 2009) confirmam

resultados sobre magnitude do efeito do IMC sobre diabetes, hipertensão arterial

sistêmica e dislipidemia, com riscos relativos de 2 ou mais, mesmo com base em

morbidade auto-referida em inquérito por telefone. Assim como para a população

dos Estados Unidos entrevistada por telefone (MOKDAD et al., 2003) os resultados

deste estudo mostraram associação entre IMC e maior chance de referir a saúde

como ruim ou regular, indicando risco cerca de duas vezes maior do indivíduo obeso

avaliar sua saúde ruim ou regular.

A partir destes dados, busca-se através do entendimento da relação da

atividade física, índice de massa corporal e condição de saúde, possibilitando o

estabelecimento de medidas de prevenção e controle por meio de políticas públicas

propostas com base na periodicidade e curto intervalo para obtenção dessas

informações por meio de inquéritos telefônicos. (GIGANTE, 2009)

No presente estudo observa-se para os dois anos estudados, um índice

considerável de hipertensão arterial auto relatada (24,7% em 2006 e 24,1% em

2011). De acordo com estudo realizado em 2009, com base nos dados do VIGITEL

2006, Shimidt et al. (SCHMIDT et al., 2009) trás a prevalência padronizada de

hipertensão arterial no Brasil é de 21,2%, e seu estudo encontrou um valor superior

desta condição auto-referida, fixando-se em 21,6%, para o conjunto das capitais, na

população geral. Entretanto, para a população masculina, o autor demonstra uma

prevalência inferior (18,4%) a padronizada para o conjunto das capitais.

De acordo com as publicações dos resultados do VIGTEL (2006 a 2010),

observa-se que, para a população masculina brasileira, houve uma pequena

variação nos índices de hipertensão arterial auto-referida, obtendo seu menor valor

em 2006 (18,4%) e maior em 2009 (21,1%) (BRASIL, 2006a; BRASIL, 2007; BRASIL

2008c; BRASIL, 2009; BRASIL, 2010a)

Com relação aos índices de diabetes, observa-se um aumento no relato dos

indivíduos acerca da presença desta morbidade, passando de 3,8% em 2006 para

5,9% em 2011. O que coaduna com os dados do Ministério da Saúde divulgados

que demonstram um aumento neste índice, na população masculina brasileira, que

110

demonstra um aumento gradual no relato de diabetes ao longo dos anos do

VIGITEL, chegando a 5,4% em 2010 (Brasil, 2010a)

Desta forma, concluímos que os valores encontrados na população residente

da cidade de Belo Horizonte, mostram-se sempre maiores quando comparados ao

restante do país. Tal fato pode ser explicado pelo maior nível de informação,

proporcionada pelo maior nível econômico da região, a qual os moradores do

sudeste estão expostos, contribuindo assim para o maior entendimento sobre sua

saúde e melhor acesso aos serviços de saúde. Assim, este índice em regiões mais

desenvolvidas mostram-se maiores em detrimento ao encontrado pelo Brasil, uma

vez que valores de regiões menos desenvolvidas tendem a subnotificar ainda mais

valores de morbidades referidas por parte da população, ocasionada pelo menos

nível de informação e desenvolvimento destas regiões.

As transições demográfica e epidemiológica ocorridas no século passado

determinaram um perfil de risco em que doenças crônicas como a hipertensão

arterial e o diabetes assumiram ônus crescente e preocupante. Ambas são doenças

muito frequentes, constituindo sérios problemas de saúde publica em todos os

países, independentemente de seu grau de desenvolvimento (TOSCANO, 2004).

A alta morbimortalidade associada ao diabetes e à hipertensão demanda

estratégias de promoção da saúde e a detecção de grupos de risco para

intervenções preventivas. No Brasil, políticas e estratégias para seu controle vêm

possibilitando a integração de ações preventivas na atenção básica à

saúde.(BRASIL, 2006; BRASIL, 2004b).

Diabetes e hipertensão são condições clínicas que podem ser assintomáticas,

cuja totalidade dos casos podem estar subestimados em uma população. Da mesma

forma, a utilização da morbidade autoreferida em inquéritos de saúde pode

subdimensionar a prevalência das doenças envolvidas. Estudo realizado em

amostra nacional nos Estados Unidos, o National Health and Nutrition Examination

Survey III, 1988-1991, mostrou que o auto-relato de hipertensão tem boa

sensibilidade (71%) e especificidade (92%), sugerindo que a hipertensão pode ser

mensurada por este instrumento na população (VARGAS, 1997). Resultado

semelhante foi encontrado em estudo brasileiro de base populacional em Bambuí

(MG) (72% de sensibilidade e 86% de especificidade), sendo um indicador

apropriado para estimar a prevalência da hipertensão arterial, mesmo fora dos

grandes centros urbanos.(LIMA-COSTA; PEIXOTO; FIRMO, 2004).

111

Em relação ao diabetes auto-referido, a sensibilidade é menor, uma vez que o

rastreamento do diabetes é mais complexo e menos difundido que o da hipertensão,

restando mais pessoas sem diagnóstico na população. Estudo entre idosos em

Bambuí mostrou sensibilidade de 57,1% (IC 95%: 50,3;63,8) para diabetes mellitus

auto-referido comparado com o diagnóstico médico complementado com glicemia de

jejum (PASSOS et al., 2005)

Na Pesquisa Mundial de Saúde a prevalência de diabetes auto-referido em

adultos brasileiros foi de 6,2%. (THEME-FILHA; SZWARCWALD; SOUZA-JÚNIOR,

2005). A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2003 mostrou

prevalências menores de diabetes auto-referido (2,0% e 2,7% em homens e

mulheres, respectivamente) e de hipertensão auto-referida (8,8% e 14,4% em

homens e mulheres, respectivamente) (BARROS, 2006). Esses dois estudos

basearam-se em amostras probabilísticas da população brasileira. A baixa

prevalência obtida na PNAD pode ter sido subestimada devido ao relato de

morbidade por pessoas próximas ao indivíduo sorteado.

Por se basearem em relatos de diagnóstico médico prévio, as prevalências

apresentadas no presente estudo podem sofrer vieses de relato, com falsos

positivos, o que aumentaria erroneamente a prevalência baseada em morbidade

referida. No entanto, estudo de validação de inquérito telefônico realizado nos

Estados Unidos mostrou um valor preditivo positivo de 88,2% (IC 95%: 77,4;99,1),

indicando que a maioria dos indivíduos que relatou ter diabetes tinha diagnóstico

prévio de diabetes (sensibilidade 73,2% e especificidade, 99,3%). (MARTIN et al.,

2000).

Outros inquéritos realizados no Brasil e em demais países apontam que as

condições crônicas tendem a acometer mais intensamente as camadas de menor

nível socioeconômico. Inquérito realizado pelo Inca (BRASIL, 2004.) em 15 capitais

brasileiras e no Distrito Federal detectou freqüências mais elevadas de diabetes,

hipertensão e doença isquêmica do coração nas pessoas com ensino fundamental

incompleto. Em pesquisa realizada em alguns municípios do Estado de São Paulo,

com exceção de alergia e depressão, todas as condições crônicas pesquisadas

apresentaram nítido gradiente com aumento da freqüência acompanhando a

redução dos anos de escolaridade. No Inquérito Mundial de Saúde (THEME-FILHA;

SZWARCWALD; SOUZA-JÚNIOR, 2005.), diabetes apresentou-se

significativamente mais prevalente entre os de menor escolaridade. A magnitude das

112

diferenças observadas entre os estratos socioeconômicos é considerada ser

subestimada pelo fato de os segmentos de menor escolaridade tender a sub-referir a

presença de morbidades. As disparidades sociais estimadas pelas prevalências de

doenças crônicas avaliadas em inquéritos seriam, assim, menores do que as

verdadeiras (MACKENBACH et al., 1996). Apesar desta possível tendência,

constata-se maior índice de morbidade e co-morbidade nos segmentos de menor

nível socioeconômico, que também são os que utilizam os serviços de saúde com

mais frequências (DROOMERS; WESTERT GP, 2004).

Há maior concordância entre informações de inquérito e de registros médicos

em casos de doenças que provocam maior grau de incapacidade. Mas também foi

detectado que a informação obtida em inquérito tem maior validade na predição de

futuras incapacidades (FERRARO; SU, 2000). Informação referida sobre a presença

de diabetes e hipertensão, bem como a de infarto do miocárdio e de acidente

vascular cerebral, tem sido considerada válida, enquanto que outras morbidades,

como insuficiência cardíaca, teria pouca acurácia. Cricelli e colaboradores

(CRICELLI et al., 2003) observaram que as informações auto-referidas sobre

diabetes e hipertensão produziam estimativas adequadas de prevalência, não

ocorrendo o mesmo para doença pulmonar obstrutiva e úlcera gastroduodenal.

Considerando o potencial do VIGITEL para a vigilância das DCNT no Brasil,

estudos de validação contra um padrão-ouro para o diagnóstico de diabetes e

hipertensão permitiriam fazer as correções necessárias dos falso-positivos e falso-

negativos. Adicionalmente, seria desejável aperfeiçoar as questões formuladas

visando à redução do percentual de falsos relatos dessas doenças (SCHMIDT et al.,

2009).

Concluindo, hipertensão e diabetes diagnosticados são condições prevalentes

que podem ser monitoradas por estratégias como a do VIGITEL, especialmente se

acompanhadas de estudos de validação. Considerando o alto custo e a difícil

operacionalização de inquéritos domiciliares regulares com medidas objetivas da

glicemia e da pressão arterial, as informações resultantes do VIGITEL podem

contribuir para o planejamento, monitoramento e avaliação das ações nacionais para

seu controle.

No tocante à condição de saúde auto-referida, observa-se no presente estudo

que a maior parte (54,6%), em 2006, e grande parte da amostra (49%) em 2011, se

auto declararam como bons, em relação ao seu estado de saúde. O que corrobora

113

os dados da literatura que indicam que a população masculina tende a superestimar

sua saúde devido a componentes sociais históricos referentes à construção da

subjetividade inerentes ao gênero. Segundo Machin et al. (2011), no tocante à

saúde, os homens muitas vezes negam aspectos relacionados à vulnerabilidade

masculina, negando a existência de dor ou sofrimento para reforçar a ideia de força

do masculino demarcando a diferenciação com o feminino (MACHIN et al., 2011).

Ao se analisar possíveis mudanças entre 2006 e 2011 notam-se que a

categoria do estado de saúde ruim tende a mover-se mais ao longo da primeira

dimensão. Isto parece refletir as frequências relativamente altas observadas para os

piores estados de saúde no ano base (2006), situação que não se repete em 2011 e

que, de certa forma, tende a ser corrigida, com as maiores frequências de piores

estados de saúde observadas nas faixas etárias maiores. Isto se reflete na maior

inércia das categorias de 2011, que no gráfico voltam a ter sua característica ordinal

totalmente retomada nas categorias regular e ruim, o que era esperado na solução

de AC para uma variável como estado de saúde auto-referido. Tais resultados

corroboram os achados de Dachs (2006), com base nos dados da PNAD/ 2003, que

mostra que a porcentagem de pessoas para as quais se avalia o estado de saúde

como ruim e muito ruim aumenta com a idade (DACHS, 2006).

O conhecimento acerca das condições de saúde auto-referidas é essencial

para o entendimento das populações, uma vez que tem forte relação com as

desigualdades em saúde e no acesso e utilização de serviços de atenção à saúde,

sobretudo na região das Américas. Esta apresenta, dentre todas no mundo, maiores

desigualdades internas do ponto de vista de situação socioeconômica de seus

grupos populacionais e de condições matérias de vida em geral. (DACHS, 2002).

Em um estudo realizado por Dachs em 2002, utilizando dados da PNAD/

1998, o autor afirma haver uma forte relação entre o estado de saúde auto-referido

com os níveis de renda, o que não pode ser verificado no presente estudo uma vez

que variáveis relacionadas a renda não são abordadas nos questionários do

VIGITEL. No artigo citado observa-se que a porcentagem de classificações na

categoria muito bom sobe de 28,5% no decil de renda mais baixo a 39,1% no decil

de renda mais alto, enquanto a porcentagem de classificações ruim e muito ruim cai

de 3,7% a 1,6%. Cerca de 50%, com pouca variação por nível de renda, são

classificações na categoria de bom. Outro fator importante considerado pelo autor é

a variação da classificação do estado de saúde de acordo com as regiões do país

114

(que em seu estudo apresentou que os indivíduos da região sudeste obtiveram

maiores índices de classificação “muito bom” e menores “muito ruim”), mas que as

maiores variações observadas estão associadas com os níveis de escolaridade,

sendo esta variável a principal mediadora entre as condições socioeconômicas e a

percepção de saúde, como encontrado em outros países (DACHS, 2006).

O mesmo autor ressalta ainda que, mesmo em condições de aparente

comparabilidade, têm sido detectadas diferenças significativas. Nos países da

Comunidade Européia participantes dos projetos de levantamentos de dados

mediante inquéritos populacionais existem enormes diferenças entre os países.

Como exemplo, dados de 1997 a 2000 mostram que a porcentagem de pessoas

relatando saúde boa ou muito boa, no grupo de 55 a 64 anos de idade, variava de

14% em Portugal a 80% na Irlanda (DACHS, 2006)

Tomando-se a definição de saúde adotada pela OMS como sendo “um

completo estado de bem-estar físico, mental e social, e não simplesmente a

ausência de doença ou enfermidade”, o fato de que ocorram estas variações é

natural e esperado. Mais ainda, são naturais e esperados também os gradientes

observados no estudo de Dachs (2006) e em muitos outros estudos, tanto para nível

econômico como nível de escolaridade.

Outro ponto importante a ser destacado por dificultar a comparação entre os

estudos, são as diferenças metodológicas nas categorizações da variável condição

de saúde auto-referida utilizada pela literatura mundial. O Inquérito de Saúde do

Estado de São Paulo para idosos, acima de 60 anos, utilizou o Medical Outcome

Study (MOS) 36 item (Short form 36 – SF 36), validado no Brasil (PERES, 2010).

Theme-Filha (2008) mostra que pesquisas baseadas em entrevistas sobre saúde em

Barcelona e a PNAD 98 utilizaram as categorias: muito boa, boa, regular, muito ruim

e ruim, semelhantes à adotada pela Pesquisa Mundial de Saúde Brasil 2003 (muito

boa, boa, moderada, ruim, muito ruim) (THEME-FILHA, 2008). No National Health

Interview Survey de 1996, nos Current Population Survey dos EUA e no Health and

Social Survey realizado em Quebec, Canadá, as alternativas foram as mesmas

adotadas no estudo de Peres e colaboradores (2010).

Apesar das dificuldades mencionadas, recomenda-se que a auto-avaliação de

saúde integre o sistema de vigilância à saúde, pois é de obtenção relativamente

simples na realização de inquéritos populacionais e constitui um importante preditor

de morbi-mortalidade (PERES, 2010).

115

É fundamental que os profissionais de saúde tenham uma maior sensibilidade

para as interações entre as concepções de gênero e as demandas trazidas pelos

homens no uso do serviço (FIGUEIREDO, 2005.). Segundo Couto (COUTO et al.,

2010) a concepção de gênero condiciona a percepção do mundo e do pensamento,

funcionando como um crivo por meio do qual o mundo é apreendido pelo sujeito e

assim atributos relacionados ao masculino, como a invulnerabilidade, baixos

autocuidado e adesão às práticas de saúde (especialmente de prevenção),

impaciência, entre outros tornam estes espaços “generificados” e potencializam

desigualdades sociais, invizibilizando necessidades e demandas dos homens e

reforçando o estereótipo de que os serviços de Atenção Primária à Saúde (APS) são

espaços feminilizados.

A vulnerabilidade masculina se caracteriza pela inconsistência entre a

perspectiva de saúde como prevenção, atualmente incentivada pela Política

Nacional de Atenção Integral a Saúde do homem, e a perspectiva de saúde pautada

na medicalização (curativo) e nas características funcionais (poder econômico e

acesso ao trabalho). Somando-se a isso, o cuidado é atribuído pelo homem à

família, em especial as mães, que são fonte de informação sobre cuidados e

“cuidadoras por essência”. Aos homens, em especial aos adolescentes e adultos

jovens, resta seguir as expectativas de um contexto cultural e social muitas vezes

perverso: o jovem como plenitude de força, virilidade e invulnerabilidade, que

percebe o cuidar de si mesmo ou do outro como um atributo que não lhe cabe ou

não lhe identifica (CAMARGO et al., 2011.). Segundo Camargo e colaboradores

(2011), a informação e o conhecimento são aspectos relevantes no estudo sobre a

vulnerabilidade masculina em saúde, sendo, portanto imprescindível compreender

aspectos como: representações sociais da saúde, normas subjetivas sobre cuidado,

além dos comportamentos de risco e de prevenção apresentados pelos homens

(CAMARGO et al., 2011.)

Estudar grupos e sua vulnerabilidade tem se mostrado um meio importante de

aprofundar questões que caracterizem as necessidades, o risco e a prevenção, de

modo que, programaticamente, essas pessoas tenham um atendimento mais efetivo

e os serviços de saúde sejam mais eficientes (CAMARGO et al., 2011.)

A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem instituída em

2008, com o intuito de integrar o universo masculino as ações promotoras de saúde

e de práticas de auto cuidado, leva os profissionais que trabalham na área da saúde

116

a refletirem sobre a abordagem que deve ser feita a esse público, levando em conta

dados importantes de morbi-mortalidade e vulnerabilidade masculina (BRASIL,

2008a).

Nessa política enfatiza-se a necessidade de mudanças de paradigmas em

relação à percepção desta população específica ao cuidado com a sua saúde e de

sua família. Historicamente, percebe-se que o homem tem dificuldade em

reconhecer suas necessidades por cultivar o pensamento mágico que o faz rejeitar a

possibilidade de adoecer. Além disso, os serviços e as estratégias de comunicação

privilegiam as ações de saúde para a criança, o adolescente, a mulher e o idoso.

Dessa forma, a Política de Atenção Integral à Saúde do Homem considera a

heterogeneidade das possibilidades de ser homem. As masculinidades são

construídas historicamente e sócio-culturalmente, sendo a significação da

masculinidade um processo em permanente construção e transformação. Masculino

e feminino são modelos culturais de gênero que convivem no imaginário dos

homens e das mulheres. (BRASIL, 2008a)

Não basta apenas se propor uma política pública focalizada, mas propiciar

meios para que a população alvo seja alcançada e garanta seu acesso à saúde

dentro do sistema. De acordo com Araújo e Leitão (2005) faz-se necessário

fortalecer os serviços de nível de atenção primária, ou seja, organizar e programar

ações e implantar serviços que respondam às demandas advindas da sociedade

(ARAÚJO; LEITÃ, 2005). Os profissionais devem, durante o planejamento das

atividades da equipe, problematizar as demandas da população masculina e

delimitarem ações para incluir o homem nas atividades do serviço.

Segundo Gomes (GOMES; NASCIMENTO; ARAÚJO, 2007) os serviços de

saúde são considerados pouco aptos em absorver a demanda apresentada pelos

homens, pois sua organização não estimula o acesso e as próprias campanhas de

saúde pública não se voltam continuamente para este segmento. Aspecto

importante também é a divulgação dos serviços oferecidos, para que a comunidade

de um modo geral tenha conhecimento e passe a utilizá-los adequadamente.

Segundo Araújo (2005) e Figueiredo (2005) (ARAÚJO; LEITÃ, 2005; FIGUEIREDO,

2005) existi uma dificuldade de interação entre as necessidades de saúde da

população masculina e a organização das práticas de saúde das unidades de

atenção primária. De acordo com Gomes (GOMES; NASCIMENTO; ARAÚJO, 2007)

a questão do horário de funcionamento dos serviços de saúde representa um

117

problema, uma vez que não atende às demandas dos homens, por coincidir com a

carga horária de trabalho.

118

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS:

As mudanças do perfil das populações, bem como o entendimento dos fatores

determinantes do gênero que emergem no cenário nacional demandam uma nova

compreensão e olhar sobre a saúde da população. Analisar a população masculina

e suas necessidades, apesar de sua crença de invulnerabilidade, torna-se primordial

para a evolução de um cuidado apenas curativo para o preventivo. Dentro dessa

ótica, os comportamentos de risco, como a utilização de álcool, tabaco e atividade

física, assumem papel central para a orientação das práticas e ações de saúde,

assim como das políticas públicas.

De acordo com a metodologia utilizada e com a análise dos resultados

obtidos, pode-se concluir que: houve uma significativa mudança na idade dos

indivíduos entrevistados refletindo a transição demográfica evidenciada na

população brasileira, onde a média de idade passou de 41,9 em 2006 para 44,2

anos em 2011; uma diminuição significativa do consumo alcoólico por parte da

população masculina, diminuindo de 59,2% para 51,7% (2006 e 2011,

respectivamente); Não houve mudança estatisticamente significativa quanto ao uso

de tabaco nos indivíduos entrevistados; Quanto à atividade física, não foram

encontradas mudanças relevantes para a definição de uma nova realidade entre os

homens estudados; Com relação às morbidades investigadas também não forem

encontradas mudanças estatisticamente significativas. Já nas condições de saúde

auto-referidas houve uma melhora na classificação de saúde por parte da população

estudada, uma vez que a proporção de indivíduos que classificaram a saúde como

Excelente/Muito boa aumentou de 21,1% (0,18 – 0,23) para 28,1% (0,24 – 0,31).

Associando os dados comparativos entre os dois anos e Análise de mudança

dos perfis históricos entre 2006 e 2011, não foram encontradas mudanças

significativas que poderiam indicar fortemente uma mudança no comportamento da

população masculina nos anos estudados, o que poderia indicar que a Política

Nacional de Saúde do Homem ainda é incipiente na região estudada, requerendo

maiores avanços com relação a sua implementação e manutenção.

Com relação as limitações do estudo, pode-se citar a origem do banco de

dados, uma vez que, ao recebê-lo pronto, requer mais dedicação no entendimento

dos dados armazenados. O fato de terem sido incluídos no estudo todos os

indivíduos do sexo masculino abordados pelo VIGITEL nos anos estudados, uma

119

vez que a Política de Saúde do Homem foca nos indivíduos entre 25 e 59 anos.

Outro fator que deve ser considerado é que algumas perguntas dos questionários

podem gerar vieses de memória, uma vez que faz alusão há anos anteriores ao

pesquisado, bem como quantificações que podem também gerar confusão por parte

dos entrevistados.

Apesar do delineamento do presente estudo ser transversal repetido,

composto por dois estudos transversais que demonstram vantagens quanto à

velocidade e custos, apresentam, contudo, limitações em relação às inferências

causais, pois as variáveis independentes e dependente são coletados em um

mesmo momento.

Os Sistemas VIGITEL utilizados no estudo se mostraram satisfatórios para o

entendimento do perfil das populações estudadas. Mesmo considerando que a

validade das informações referidas é um limitante para as estimativas de

prevalências de doenças crônicas e condição de saúde auto-referida, os dados

observados tendem a ser alinhados com os obtidos por outras fontes de dados, e os

inquéritos de saúde têm sido crescentemente utilizados para avaliar o estado de

saúde das populações e a ocorrência de morbidade. Outros pontos importantes a

serem considerados são: o VIGITEL não considera questões econômicas

importantes em seu questionário, como por exemplo, o rendimento salarial dos

entrevistados, que poderia ser um importante fator na descrição das populações

abordadas pelo programa e o fato de se basear em entrevistas feitas apenas por

linhas telefônicas fixas, que estão em declínio no país em detrimento da móvel.

Apesar disso, o sistema constitui uma importante ferramenta para fornecer

informações relevantes para tomadas de decisão em saúde pública.

Os dados apresentados sobre a população masculina não teve como objetivo

a caracterização da população masculina da cidade de Belo Horizonte, mas sim,

através de uma metodologia específica se traçar o perfil de uma população com

base em dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde, que poderiam se

analisados independentes da localidade. Optou-se pela capital mineira pela lógica

hierarquizada das esferas de governo, na qual a realidade de Belo Horizonte

refletiria de maneira mais próxima a cidade de Juiz de Fora. A identificação dos

fatores que estão mais associados à saúde do homem pode contribuir para a

elucidação e compreensão dos fenômenos causais e possibilitar, assim, o

desenvolvimento de medidas e ações preventivas eficazes.

120

Além disso, em virtude do caráter multifatorial sobre o qual o homem enxerga

sua própria saúde e para que as práticas preventivas realmente sejam eficazes, a

intervenção deve ser realizada de forma multidimensional, englobando profissionais

habilitados e aptos para compreender a realidade complexa desta população que

requer atenção. Neste sentido, somente a alocação de recursos em saúde que

atente para a eqüitativa igualdade de oportunidades asseguraria a justiça. A regra da

oportunidade eqüitativa em relação à assistência em saúde, no que concerne ao

sexo, implica não somente na exclusão de políticas que privem os homens, por

exemplo, dos serviços de saúde, mas aqueles que busquem uma cobertura integral

e universal destes indivíduos.

A análise de todos esses dados assim como da revisão de literatura realizada

apontam imperiosamente para a necessidade de compreender a saúde do homem

de forma integrada e ampliada, incluindo as dimensões biológica, psicossocial,

ambiental e social. No entanto, para que realmente ocorra essa nova concepção de

saúde é necessário também que os atrasos das políticas públicas voltadas para

esse segmento sejam devidamente solucionados.

Os resultados do presente estudo poderão ser úteis para o planejamento e

execução de outros trabalhos que envolvam a temática saúde do homem, sejam

eles estudos de avaliação específica de algum fator associado ou de programas

preventivos específicos. Espera-se também que os resultados sejam capazes de

contribuir com as práticas e políticas de saúde com o intuito de se ampliar o

atendimento e sobretudo a cobertura destes homens, considerando as

particularidades do gênero e a necessidade de mudança tanto no enfoque em

relação ao homem, quanto ao funcionamento dos serviços que não priorizam esta

parcela da população.

121

REFERÊNCIAS

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137

ANEXOS

138

ANEXO A - Linhas telefônicas sorteadas, linhas telefônicas elegíveis e

entrevistas realizadas nas capitais dos estados brasileiros e no Distrito

Federal. Vigitel, 2006.

139

ANEXO B. Linhas telefônicas sorteadas, linhas telefônicas elegíveis e

entrevistas realizadas nas capitais dos estados brasileiros e no Distrito

Federal. Vigitel, 2011.

140

ANEXO C – Modelo do Questionário Eletrônico (VIGITEL-2006)

141

142

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ANEXO D – Modelo do Questionário Eletrônico (VIGITEL-2011)

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