colÉgio estadual josÉ de anchieta ensino …
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COLÉGIO ESTADUAL JOSÉ DE ANCHIETA ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO
PLANALTO - PARANÁ
NÚCLEO REGIONAL DE EDUCAÇÃO DE FRANCISCO BELTRÃO
PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO
MAIO, 2017
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SUMÁRIO
I IDENTIFICAÇÃO DA INSTITUIÇÃO DE ENSINO ...................................... 04
1.1 Localização e dependência administrativa ..................................... 04
1.2 Aspectos históricos da instituição .................................................. 04
1.3 Caracterização do atendimento na instituição e quantidade de
estudantes .........................................................................................
06
1.4 Estrutura física, materiais e espaços pedagógicos ........................ 07
1.5 Recursos humanos ........................................................................... 09
1.6 Instâncias Colegiadas ....................................................................... 09
1.7 Perfil da comunidade escolar ........................................................... 11
II DIAGNÓSTICO DA INSTITUIÇÃO DE ENSINO ........................................ 13
2.1 Gestão Escolar .................................................................................. 13
2.2 Ensino-Aprendizagem ...................................................................... 17
2.2.1 Plano de Trabalho Docente ................................................................. 17
2.2.2 Avaliação ............................................................................................. 18
2.2.3 Conselho de Classe ............................................................................ 19
2.2.4 Registros da Prática Pedagógica ........................................................ 19
2.3 Atendimento Educacional Especializado ao público-alvo da
Educação Especial ......................................................................................
21
2.4 Articulação entre as etapas de ensino ............................................ 22
2.5 Articulação entre diretores, pedagogos, professores, e demais
profissionais da educação ..........................................................................
23
2.6 Articulação da Instituição de Ensino com os Pais e/ou
Responsáveis ...............................................................................................
24
2.7 Formação Continuada dos Profissionais da Educação ................. 25
2.8 Acompanhamento e realização da hora-atividade ......................... 27
2.9 Organização do tempo e espaço pedagógico e critérios de
organização das turmas ..............................................................................
28
2.9.1 O Atendimento às Modalidades .......................................................... 29
2.9.2 Atividades de Ampliação de Jornada Escolar ...................................... 30
2.9.2.1 Modalidade Esportiva Individual – Tênis de Mesa .................... 30
2.9.2.2 Modalidade Esportiva Coletiva – Futsal .................................... 31
3
2.9.3 Sala de Apoio à Aprendizagem ........................................................... 31
2.10 Índices de Aproveitamento Escolar (indicadores externos e
internos), abandono/evasão e relação idade/ano ......................................
32
2.11 Relação entre profissionais da educação e discentes ................... 34
III FUNDAMENTOS TEÓRICOS (MARCO CONCEITUAL) .......................... 36
3.1.1 Educação e o Homem ....................................................................... 36
3.1.2 Diversidade dos sujeitos escolares ................................................ 37
3.1.3 Cuidar e Educar ................................................................................ 39
3.1.4 Formação humana integral e Educação em direitos humanos...... 39
3.1.5 Gestão Escolar .................................................................................. 41
3.1.6 Currículo e Conhecimento ................................................................ 42
3.1.7 Tecnologia e educação .................................................................... 47
3.1.8 Educação Ambiental ......................................................................... 48
3.1.9 Violências e o Uso do Álcool e outras Drogas em âmbito escolar. 50
3.1.10 Educação Especial ............................................................................ 51
IV PLANEJAMENTO (MARCO OPERACIONAL) ................................. 52
4.1 Calendário Escolar ........................................................................... 52
4.2 Projetos Desenvolvidos no Colégio ............................................... 53
4.2.1 EXPOANCHIETA ................................................................................ 54
4.2.2 ALUNO DESTAQUE ........................................................................... 55
4.2.3 Projeto de Leitura ................................................................................ 56
4.3 Ações Didático Pedagógicas ........................................................... 58
4.3.1 PROEMI .............................................................................................. 58
4.3.2 CELEM ............................................................................................... 59
4.4 Ações referentes à Flexibilização Curricular ................................. 59
4.5 Proposta Pedagógica Curricular ..................................................... 60
4.5.1 Proposta Pedagógica Curricular do Programa de Atividades de
Ampliação de Jornada ...................................................................................
60
V LEGISLAÇÕES ARTICULADAS AO CURRÍCULO .......................... 61
VI AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL .......................................................... 62
VII ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO DO PPP ............................... 63
VIII REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................. 63
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I IDENTIFICAÇÃO DA INSTITUIÇÃO DE ENSINO
1.1 Localização e dependência administrativa
Instituição de Ensino: ___COLÉGIO ESTADUAL JOSÉ DE ANCHIETA – EFM__
Código da Instituição:___00021_______________________________________
Endereço:__Rua Joaquina de Vedruna, 284, Bairro Nossa Sª de Lurdes________
Município: __Planalto – Paraná________________________________________
NRE: __Francisco Beltrão_____________________________________________
Código do NRE: __2000______________________________________________
Código do INEP: __41081366_________________________________________
Dependência administrativa: Estadual
Localização: urbana
Oferta de Ensino: Ensino Fundamenta Anos Finais, Ensino Médio, Educação
Especial.
Ato de autorização da instituição:
Resolução nº __1877/81____ de 18/08/1981
Ato de Reconhecimento da instituição:
Resolução nº __1482/88____ de 18/05/1988
Parecer do NRE de aprovação do Regimento Escolar nº: 268 de 2008
Entidade Mantenedora: __Secretaria de Estado da Educação do Paraná______
1.2 Aspectos históricos da instituição
A instituição teve a sua primeira autorização de funcionamento no ano de 1981,
na época sob a denominação de Grupo Escolar de Planalto, destinando-se somente
para 1ª à 4ª série do então Primeiro Grau. Em 1983, passou para Escola Estadual
José de Anchieta – Ensino de 1º Grau e, em 1986 foi autorizada a implantação
gradativa de 5ª a 8ª séries, tendo seu reconhecimento no ano de 1988. Somente dez
anos depois a instituição obteve a autorização para a implantação gradativa do Ensino
Médio.
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O Colégio nem sempre teve este nome. Na época de sua primeira autorização
de funcionamento, aprovada pela Res. 1.877/81 de 18/08/1981, se chamava Grupo
Escolar de Planalto, destinando-se somente para 1ª à 4ª séries. Foi em 1983 que
recebeu o nome de José de Anchieta, inicialmente como escola por ofertar somente
o Ensino Fundamental, só recebendo a denominação de Colégio quando passou a
ofertar, de forma gradativa o Ensino Médio, o que ocorreu em 1998, com a Resolução
1.452/2000.
O prédio utilizado desde a época de sua criação possuía dois blocos separados
em quadras diferentes. Num deles eram ofertadas a Educação Infantil e as Séries
Iniciais do Ensino Fundamental, e noutro as Séries Finais. Quando da municipalização
do ensino, a Educação Infantil e o Ensino Fundamental de 1ª a 4ª série tornaram-se
escola municipal e permaneceram no bloco que utilizavam desde o princípio, restando
o outro prédio para a então Escola Estadual José de Anchieta – EF. Com a
implantação do Ensino Médio, o espaço tornou-se insuficiente. Gradativamente foi
faltando salas de aula. Com isso o diretor da época, em comum acordo com o prefeito
municipal, decidiu mudar o Colégio Estadual José de Anchieta para o prédio da CNEC
–Campanha Nacional das Escolas da Comunidade, e as turmas do ensino municipal
que usavam esse espaço mudaram-se para o espaço até então ocupado pelo Colégio
Estadual José de Anchieta. De lá para cá muitos problemas ocorreram. Inicialmente
foi todo o processo de regularização do endereço. Depois, a instituição deixou de
receber inúmeras melhorias, reformas, ampliação e outras benfeitorias, a exemplo da
falta de uma quadra coberta para a prática de atividades físicas, sempre com a
justificativa de que não havia documentação que dava posse do espaço para o
município ou estado. Recentemente a Prefeitura Municipal de Planalto conseguiu a
desapropriação dos terrenos e a documentação já está em seu nome. Aguarda-se um
Termo de Cessão de Uso em nome do Estado do Paraná, para que as reformas e
melhorias, finalmente possam acontecer.
Os documentos que atualmente dão amparo legal à instituição são: o
Regimento Escolar, que entrou em vigor pelo Ato Administrativo nº. 318/2008, através
da Deliberação nº16/99 – CEE e o Parecer Conjunto nº. 268/2008 –SEF/EP/NRE; a
Proposta Pedagógica Curricular em vigor que teve sua regulamentação pelo Parecer
nº. 106/2010, de 30/11/2010; e o Projeto Político Pedagógico, aprovado pelo Parecer
nº 025/2008.
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1.3 Caracterização do atendimento na instituição e quantidade de estudantes
A distribuição e ocupação do tempo e dos espaços pedagógicos e suas
características seguem conforme quadros abaixo:
CURSOS OFERTADOS NÚMERO DE TURMAS
NÚMERO DE MATRÍCULAS
ENSINO FUNDAMENTAL 8 218 ENSINO MÉDIO 6 163
TOTAL 14 381
TURNOS ANO/TURMA NÍVEIS DE ENSINO NÚMERO DE MATRÍCULAS
MANHÃ 6º ENSINO FUNDAMENTAL 27 MANHÃ 7º ENSINO FUNDAMENTAL 25 MANHÃ 8º ENSINO FUNDAMENTAL 35 MANHÃ 9º ENSINO FUNDAMENTAL 22 MANHÃ 1ª ENSINO MÉDIO 60 MANHÃ 2ª ENSINO MÉDIO 40 MANHÃ 3ª ENSINO MÉDIO 33 TARDE 6º ENSINO FUNDAMENTAL 28 TARDE 7º ENSINO FUNDAMENTAL 25 TARDE 8º ENSINO FUNDAMENTAL 32 TARDE 9º ENSINO FUNDAMENTAL 24 NOITE 2ª ENSINO MÉDIO 9 NOITE 3ª ENSINO MÉDIO 22
PROGRAMAS E PROJETOS EDUCACIONAIS EM CONTRATURNO
NÚMERO DE TURMAS
NÚMERO DE MATRÍCULAS NO
ANO SAA – Língua Portuguesa 02 32 SAA – Matemática 02 34 CELEM – Espanhol 01 27 AULAS ESPECIALIZADAS DE TREINAMENTO ESPORTIVO
02 47
MODALIDADE EDUCAÇÃO ESPECIAL NÚMERO DE TURMAS
NÚMERO DE MATRÍCULAS
Atendimento Educacional Especializado em Salas de Recursos Multifuncionais para Deficiência Visual
04 04
Atendimento Educacional Especializado em Salas de Recursos Multifuncionais para Deficiência Intelectual, Deficiência Física Neuromotora, Transtornos Globais do Desenvolvimento e Transtornos Funcionais Específicos
08 33
7
1.4 Estrutura física, materiais e espaços pedagógicos
O Colégio Estadual José de Anchieta - Ensino Fundamental e Médio,
atualmente está situado no Bairro Nossa Senhora de Lurdes, área urbana do
município de Planalto, Estado do Paraná. O local onde encontram-se suas edificações
dispõe de espaço de terreno amplo e livre, por onde os alunos podem circular
livremente, bem como para receber novas edificações. É um espaço bastante
agradável e o pátio é um dos espaços mais elogiados pelos alunos.
Em seu interior, atualmente o Colégio dispõe dos seguintes ambientes:
secretaria ampla e equipada de acordo com o necessário para o desenvolvimento dos
respectivos trabalhos. Uma sala recentemente reformada para a direção, com espaço
amplo e agradável para receber pais, alunos, professores, funcionários e comunidade
em geral. Uma sala, também recentemente reformada, para a equipe pedagógica
mobiliada e equipada de acordo com as necessidades exigidas pela função. Outro
espaço que recebeu pequenas melhorias de revestimento e pintura foi a cozinha.
Para a melhor organização dos materiais e suplementos, há também um
depósito para a merenda, uma sala onde são guardados os materiais esportivos e
pedagógicos da disciplina de educação física, além da previsão de um espaço para a
instalação de um almoxarifado, que atualmente funciona junto com a secretaria.
Pode-se listar também como espaços disponíveis na escola: 14 salas de aula
que, apesar da carência por reformas, são bastante amplas em sua maioria; uma sala
pra os professores, com um banheiro privativo e dividida em dois espaços, onde são
realizadas as horas-atividades; banheiros masculinos e femininos para os alunos e
funcionários, cada qual contendo duchas; saguão nos dois pisos; uma sala onde
funciona a Sala de Recursos Multifuncional I; uma sala onde funcional a Sala de Apoio
à Aprendizagem; uma sala para Sala de Recursos Multifuncional Tipo II – Deficiência
Visual. Muitos dos espaços do interior da escola passaram por diferentes reformas e
transformações no decorrer dos anos, para que pudessem atender as
necessidades/carências da instituição. A exemplo, onde hoje funciona a cozinha, já
foi um banheiro no passado. Portanto, o prédio já não está da forma como fora
projetado inicialmente.
O Laboratório de Informática está instalado numa das salas de aula e é utilizado
pelos professores como um recurso didático/pedagógico na realização de pesquisas,
visualização de vídeos, modelagens, jogos educativos, atividades interativas,
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traduções, entre outros. Este laboratório tem 32 computadores e destes, 14 estão em
funcionamento, os demais necessitam de reparos.
Há também o espaço da Biblioteca Professora Clair Maria Dahmer Mumbach,
cujo nome foi escolhido como homenagem a uma ex-professora que faleceu
precocemente, e é muito utilizado para aulas de leitura, troca de livros de literatura e
pesquisa, além de alguns professores a utilizarem para a realização da hora-atividade.
Pode-se dizer que o acervo que a biblioteca dispõe é muito amplo e há uma
preocupação constante em ampliá-lo, sempre com base em consulta a professores e
alunos. Está disponível para os alunos um cantinho com tapete e almofadas para
tornar agradável e aconchegante esse espaço, além de ter um mural onde alunos,
professores e funcionários podem trocar informações e sugestões sobre as obras
preferidas. Na biblioteca estão também mapas variados, além de jogos intelectivos
que são disponibilizados aos alunos quando da falta de professores.
No final do ano de 2016 o Colégio foi contemplado pelo programa Escola 1000,
da Secretaria de Estado da Educação do Paraná, e receberá melhorias na
infraestrutura com o uso desse recurso, o que veio em boa hora, pois a estrutura física
do Colégio Estadual José de Anchieta, de modo geral, necessita de reformas e
ampliações urgentes. O fato de o colégio funcionar num espaço cedido tem dificultado
o repasse de recursos estaduais para efetivar melhorias e ampliações. Há problemas
de infiltrações e goteiras; a pintura interna já está danificada pela ação do tempo e
uso; os quadros das salas de aulas estão em péssimo estado; o padrão de energia
elétrica precisa ser ampliado para atender as necessidades demandadas pelos novos
equipamentos tecnológicos; a fiação elétrica também não segue um padrão, e foi
adaptada no decorrer do tempo para atender essas necessidades; o piso está
danificado pelos longos anos de uso e há uma mistura de madeira e concreto, porque
muitas vezes, de forma emergencial, foi-se tapando os buracos que ofereciam e ainda
oferecem riscos de acidente.
Como agora a documentação dos terrenos onde fica o Colégio já está em nome
da Prefeitura Municipal de Planalto, espera-se ser mais fácil conseguir a edificação
nova de um espaço adequado para a instalação de um laboratório de Física, Química
e Biologia, além da edificação de uma quadra poliesportiva coberta para oportunizar
as práticas das aulas de Educação Física de modo mais producente, que ainda
possibilitará o desenvolvimento de atividades culturais. Até recentemente o colégio
possuía uma quadra poliesportiva (não coberta), mas esta fora demolida e no local
9
está sendo edificada uma unidade de Posto de Saúde. Porém, em troca desses
terrenos, a prefeitura está efetivando a cessão de outros terrenos ao Colégio para que
seja executado um projeto de quadra poliesportiva já aprovado pelo governo federal,
por meio de emenda parlamentar do Deputado Assis do Couto, recurso previsto para
ser liberado para o ano de 2017. Este é um anseio de toda comunidade escolar há
muitos anos. A quadra aberta e em péssimas condições de uso sempre fora uma
queixa de todos e, inclusive, o motivo para muitos mudarem de escola.
1.5 Recursos humanos
Atualmente responde pela Direção o Professor Fausto Antonio de Moraes,
formando junto com as Professoras Pedagogas a Equipe Gestora do Colégio Estadual
José de Anchieta - EFM.
A tabela a seguir apresenta a equipe de profissionais que atuam na escola, em
seus diferentes setores:
RECURSOS HUMANOS Função
Qtde
Formação Manhã Tarde Interm
. Noite
Diretor 01 20 20 Ensino Superior/ Especialização
Professor(a) Pedagogo(a) QPM
02 20 20 20 Ensino Superior/ Especialização
Professor(a) Pedagogo(a) PSS
01 20 Ensino Superior/ Especialização
Agente Educacional I QFEB 06 120 60 60 Ens. Médio/Superior/ PROFUNCIONÁRIO
Agente Educacional I PSS 01
60 60 Ens. Médio/Superior
Agente Educacional II QFEB 03 60 60 Ensino Superior/ Especialização
Agente Educacional II PSS 01 20 20 Ensino Superior/ Especialização
Professor/a QPM 24 212 117 04 50 Ensino Superior/ Especialização
Professor/a PSS 19 26 10 04 04 Ensino Superior/ Especialização
1.6 Instâncias Colegiadas
São instâncias colegiadas os órgãos que, dentro do contexto escolar, são
responsáveis por efetivar os princípios de uma gestão democrática. Em nossa
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instituição de ensino contamos com a Associação de Pais, Mestres e Funcionários
(APMF), Conselho Escolar, Conselho de Classe e Grêmio Estudantil, instâncias que
auxiliam para o aprimoramento do processo educativo. Cada instância colegiada tem
seu próprio estatuto, cada qual segundo as suas especificidades.
O Conselho Escolar desse colégio é concebido como local participativo, onde
ocorre debate e tomada de decisões, permitindo que professores, funcionários, pais,
alunos e comunidade explicitem seus interesses, suas reivindicações. O Conselho
Escolar é entendido como o principal espaço de decisão e deliberação das questões
pedagógicas, administrativas, financeiras e políticas da escola. As reuniões desta
instância ocorrem de forma extraordinária, sempre convocadas pela equipe gestora,
dificilmente excedendo o intervalo de sessenta dias.
A Associação de Pais, Mestres e Funcionários – APMF, caracteriza-se, no
estado do Paraná, como mais um espaço de atuação democrática, no que diz respeito
a participação dos pais e responsáveis pelos alunos, bem como dos docentes e dos
agentes educacionais. A APMF do colégio exerce a função de sustentadora jurídica
das verbas públicas recebidas e aplicadas na escola. É um instrumento para que os
pais possam opinar, reivindicar e compreender a relevância de seu papel na vida da
escola, mobilizando a população para uma educação mais democrática e
compromissada. Porém, há um esforço contínuo para que sua organização e âmbito
de atuação possam ir além da mera função de unidade executora, considerando o
recebimento de recursos públicos e possibilidade de captação de recursos junto à
comunidade, quer de forma voluntária, quer por meio de parcerias. As reuniões
ocorrem de forma extraordinária sempre que necessário, geralmente partindo de
convocação por parte da equipe gestora e nunca ultrapassando um período de
sessenta dias.
O Grêmio Estudantil, historicamente, é uma instituição que tem sua origem,
(século XVIII) na mobilização estudantil, tendo em vista conjunturas políticas que vão
além da escola, diferentemente do Conselho Escolar e da APMF, os quais, de certa
forma foram organismos instituídos pelo Estado. O Grêmio Estudantil tem sua origem
da contradição da verdade, na conquista de seus ideais, portanto, tende a ser um
grupo a somar no crescimento das instituições escolares. É o órgão que incentiva a
participação política dos alunos do Ensino Fundamental e Médio. Participação esta,
que se inicia ainda no processo eleitoral. No intuito de organizar um processo
democrático e transparente, procura-se seguir um certo protocolo no momento das
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eleições, desde a composição da Comissão Eleitoral, passando pela publicação de
editais no decorrer do processo, culminando com o dia da votação. As reuniões
ocorrem extraordinariamente, segundo as necessidades do grupo e/ou quando há
convocação por parte da equipe gestora. Um ponto negativo é que na maioria das
vezes não há alguém da escola que possa acompanha-los e orientá-lo, assim como
manter em dia o processo eleitoral.
O Conselho de Classe é um espaço de encontro para reflexões relativas ao
desempenho dos educandos, composto por professores, alunos e equipe pedagógica.
Sua função é analisar questões didático-pedagógicas, aproveitando seu potencial de
gerador de ideias para melhorar o espaço educativo. As reuniões deste grupo ocorrem
ordinariamente uma vez por trimestre conforme previsão no Calendário Escolar. E,
tendo caráter pedagógico, contribuem para o estabelecimento de ações que visem
melhorar o desempenho escolar dos alunos. É precedido do Pré-conselho que é
realizado pelo professor regente de cada turma com os alunos, e o Pós-conselho que
acontece depois, em forma de devolutiva para as turmas.
1.7 Perfil da comunidade escolar
O Colégio Estadual José de Anchieta – EFM, está situado numa região do
Estado do Paraná em que predomina a pequena propriedade rural como ponto forte
da economia. Nestas pequenas propriedades a produção é diversa, como: produção
leiteira, avicultura, plantação de soja, milho, trigo, entre outros, e é esta variedade
produtiva que compõe a agricultura familiar, responsável pela renda de cerca de 40%
das famílias de nossos alunos. Os outros 60% das famílias vivem na área urbana. Na
cidade, o que movimenta a economia é o comércio, que depende significativamente
dos pequenos agricultores e de sua produção. Os alunos que vivem na cidade são,
em sua maioria filhos de trabalhadores assalariados que atuam nas mais diversas
áreas, como construção civil, indústria têxtil, comércio, setor público, frigorífico, entre
outros, além de que muitos são trabalhadores informais e autônomos. Ainda, cerca de
26% das famílias recebem algum tipo de benefício. Quanto à constituição familiar dos
alunos, 59% dela é constituída por pai, mãe, filhos; 23% dos alunos vivem apenas
com a mãe; cerca de 5% vive apenas com o pai e 13% com os avós, tios, irmãos, mãe
social. A média de pessoas que residem na casa é de 3 a 4 pessoas.
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Após análise dos resultados de um questionário aplicado aos pais, considera-
se importante registrar que cerca de 77% das famílias assinalam que residem em casa
própria. Porém, a renda familiar da maioria, ou seja, aproximadamente 86%, recebe
menos que três salários mínimos, sendo que destes, 42% recebem apenas o mínimo.
Ao serem indagados, 13,14% dos alunos do ensino fundamental e 44,26% dos alunos
do ensino médio afirmam que realizam algum trabalho fora de casa para contribuir
com a renda familiar. Quanto a locomoção/deslocamento, cerca de 70% das famílias
tem ao menos um automóvel ou moto, e ainda, cerca de 98% tem ao menos um
aparelho celular em casa, sendo que cerca de 70% já tem um aparelho por pessoa na
casa.
Esses dados indicam que, apesar de a renda não ser muito elevada, a maioria
das famílias tem uma estrutura mínima de moradia, locomoção e acesso a informação.
Além disso, os dados nutricionais apontam não haver carências alimentares na
maioria dos alunos, sendo que as famílias mais carentes são atendidas pela
assistência social. Vale ressaltar que os alunos tiveram uma participação de 70% no
preenchimento dos questionários destinados a eles. Já para os pais os questionários
foram entregues no dia da entrega de boletins e destes, somente cerca de 25% da
totalidade das famílias devolveu os questionários respondidos. Portanto, os dados das
famílias são estimados com base nesse percentual. Vale ressaltar que muitos boletins
permaneceram sem ser entregues e, muitos desses são de alunos que apresentam
médias avaliativas mais baixas e dificuldade de aprendizagem.
Se pensarmos que a comunidade possui 5,8% dos pais analfabetos, 43,84%
de pais com Ensino Fundamental, 26,92% com Ensino Médio e 9,23% com Ensino
Superior, pode-se entender que o nível educacional é inferior à média. Os filhos, no
entanto, têm expectativa de superar a escolaridade dos pais. Cerca de 50% pretende
cursar o ensino superior e 25% tem expectativa de concluir o ensino médio. Há,
porém, uma minoria que não espera ir além do ensino fundamental. Além disso, a
pesquisa aponta que 15% dos pais ou responsáveis não pratica nenhum tipo de
leitura, alguns afirmam não sentir necessidade de ler. Por outro lado, 64,4% afirmam
gostar e citam como preferência a leitura de livros de literatura. Esse resultado se
assemelha na pesquisa com os alunos, em que 65,95% afirmam gostar de ler; 20,56%
dizem ler por necessidade e 13,47% porque o professor exige. Professores e
funcionários também manifestam seu interesse pela leitura, com preferência especial
por livros e sites na internet.
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Nesse contexto cultural das famílias, alunos e pais/responsáveis indicam que
há a conversa e incentivo para o estudo em casa, ao contrário dos professores, que
se queixam de que uma de suas maiores dificuldades é motivar os alunos para o
estudo. Segundo estes, há inclusive uma resistência dos educandos em realizar e
entregar as atividades avaliativas. Já a presença de pais na escola acontece, na
maioria das vezes quando da entrega de boletins ou quando são convocados. Ainda
assim, é muito difícil atingir a totalidade e, geralmente, os que realmente precisam
comparecer são os que não vêm. Algumas vezes é preciso contar com o auxílio do
Conselho Tutelar para trazer os pais para a escola.
Apesar dessas dificuldades apontadas, está muito presente o sentimento de
pertencimento por parte de todos que compõem a comunidade escolar que com
frequência, em fala coletiva, fazem referência à “Família Anchieta”. O espírito de luta
e defesa do colégio é muito forte, seja nas competições esportivas, seja na briga
constante por melhores condições para o espaço físico, ou seja, no esforço pelo
reconhecimento de sua qualidade no ensino.
II DIAGNÓSTICO DA INSTITUIÇÃO DE ENSINO
2.1 Gestão Escolar
A gestão do Colégio Estadual José de Anchieta é considerada democrática,
pois, conforme o resultado apresentado no questionário aplicado aos alunos, pais,
professores e demais funcionários, a maioria aponta que é convidado a participar das
decisões que envolvem os aspectos pedagógicos, financeiros e humanos da
instituição.
Os profissionais de educação sentem-se valorizados, sendo constantemente
incentivados a participar de cursos ofertados nas suas disciplinas/áreas de atuação e
sobre os temas da diversidade, jornadas, seminários e semana pedagógica, entre
outros. Avaliam que o sistema de comunicação tem melhorado com o uso de recursos
tecnológicos. Entretanto, alguns ainda não têm acesso às informações pelas vias
tecnológicas por não fazerem o uso constante de e-mails ou por não terem o recurso
do whatsapp, e apontam que ainda há falhas nos comunicados verbais.
Um ponto bastante positivo é a percepção de que há empenho na manutenção
da integração entre a equipe pedagógica, professores, funcionários e alunos, visando
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garantir um bom relacionamento entre as partes, e criando um ambiente colaborativo
e participativo. A respeito da organização do trabalho pedagógico, as dificuldades
encontradas são relativas a carga horária. A maiorias dos profissionais tem menos de
20 horas/aulas semanais nesta escola, o que compromete o envolvimento integral
com a instituição. A maioria divide seu tempo em mais de duas escolas e não
desenvolve o sentimento de pertencimento a nenhuma delas e, num processo de
gestão democrática, esse sentimento é essencial.
Quanto a interação com a comunidade escolar, há um esforço na busca de um
objetivo comum que é pautado na participação da elaboração coletiva do Plano de
Ação da escola, no planejamento curricular das disciplinas, na elaboração do
regimento interno, no conselho de classe, nas discussões em reuniões pedagógicas
e administrativas. Mesmo que nem sempre as ações definidas pelo grupo consigam
ser realizadas de forma efetiva e conforme o planejado, ou que nem sempre alcançam
os resultados esperados, ainda assim, há o empenho em discutir e planejar
coletivamente. Na tomada de decisões, no que ser refere ao ambiente escolar, a
maioria sente-se à vontade em opinar devido à disponibilidade e aceitação por parte
dos gestores. Nesse aspecto, a participação das instâncias colegiadas é fundamental,
pois a maioria de seus representantes têm participado assiduamente das reuniões e,
consequentemente, das decisões que são tomadas coletivamente, cumprindo seu
papel de decidir em conjunto com a equipe gestora e assim, representar seus pares
na gestão da escola. Nas reuniões com cada uma das instâncias, Grêmio Estudantil,
APMF, Conselho Escolar e Conselho de Classe, sempre se abre espaço para
apresentação de sugestões diante dos problemas/necessidades, e se coloca em
votação as ações definidas, respeitando a opinião da maioria.
Um dos aspectos mais importantes na gestão da escola é o olhar que se tem
sobre os equipamentos físicos e pedagógicos utilizados no processo educativo, afinal,
da sua conservação e disponibilidade é que resultarão metodologias de ensino mais
diversificadas e eficazes. Esse olhar se inicia com a preocupação em garantir que
todos os alunos tenham os livros didáticos em bom estado de conservação, uma vez
que neles estão reunidos os conhecimentos que competem à Educação Básica de
forma sistematizada e, assim, são o primeiro recurso pedagógico de que o professor
dispõe. Para sejam garantidos os três anos de uso, é muito importante que se
mantenha os livros didáticos encapados e que haja um bom controle na sua
distribuição. Em nosso Colégio, todos os alunos são incentivados a encapar e nominar
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seus livros, e mesmo assim, ainda ocorrem perdas e danos pois nem todos os alunos
tem essa preocupação de cuidar. Para os sextos anos, a pedido dos pais, há dois
anos é disponibilizado um armário com chave na sala para que os alunos possam
guardar seus livros, evitando carregar um peso enorme nas mochilas. Só levam para
casa quando têm alguma atividade ou quando for a vontade do aluno. De um modo
geral, se consegue atender a maioria dos alunos, mesmo que se tenha que buscar
sobras noutras escolas.
Outra preocupação do gestor, no que diz respeito aos equipamentos físicos e
pedagógicos, está na organização e higiene dos espaços físicos. Nesse aspecto,
pode-se dizer que em nosso colégio ainda há muito que se fazer. Alguns espaços já
ganharam reforma e ocorreu o descarte de materiais já inúteis, como é o caso da sala
da equipe pedagógica, mas ainda há outros em que esse trabalho será necessário.
Na sala dos professores, por exemplo, é urgente uma faxina geral para que
sejam selecionados os materiais realmente úteis e para que se dê maior
funcionalidade ao local e aparência mais aconchegante. Nesta sala, acumulam-se
trabalhos de alunos, inclusive de anos anteriores, além de materiais pedagógicos de
algumas disciplinas, como é o caso de Arte e Educação Física. Para estes, no entanto,
ainda não há outro local para guardar. O fator positivo é que uma reforma para melhor
aproveitamento desse espaço para os professores já está planejada e, brevemente
será executada. Assim como, a equipe gestora também prevê para este ano, com
recursos do PROEMI, a reestruturação do espaço do Laboratório de Ciências da
Natureza. O atual está acomodado numa sala muito pequena e quase não é utilizado
pela dificuldade de acomodação. Os materiais e equipamentos não estão mais
organizados como deveriam, porque já ocorreram diversas mudanças de local no
decorrer dos anos. A revitalização fará com que seja mais atrativo e possa acomodar
melhor os alunos. Para isso, será destinada uma outra sala que neste ano ficou ociosa
e, com o auxílio de estagiários, professores e técnicos da UFFS – campus de Realeza,
será reorganizado, recuperando materiais, selecionando o que pode ser reaproveitado
e adquirindo mais materiais de consumo e equipamentos para garantir o uso mais
frequente e qualitativo deste espaço.
O Colégio também dispõe de outros espaços de aprendizagem e que a equipe
gestora se esforça para mantê-los em pleno funcionamento e em boas condições de
uso, como é o caso da biblioteca, que possui um acervo considerável e é bastante
aconchegante. E, o laboratório de informática que é o espaço mais “cobiçado” pelos
16
alunos e é um forte aliado dos professores para a realização de pesquisas,
desenvolvimento de diferentes habilidades por meio dos jogos ou softwares
educativos. Há, porém, a dificuldade na sua manutenção porque o Colégio não dispõe
de um funcionário laboratorista que possa acompanhar o dia a dia de seu uso e a
maioria dos professores também não consegue resolver os problemas técnicos que
podem surgir por causa do o uso contínuo por diversas pessoas. Uma forma que o
gestor encontrou para melhorar o acesso às possibilidades de pesquisa pela internet,
foi disponibilizando aos alunos um sinal por rede wireless, assim, com a indicação do
professor, podem acessar as mídias com seus celulares em sala de aula. Esse sinal
ainda precisa ser ampliado, mas já tem trazido bons resultados. Complementarmente,
em sala de aula o professor também tem a possibilidade de utilizar notebook e
Datashow, e pode-se dizer que desses equipamentos, até o momento é possível
atender a demanda.
Uma série de outros recursos tem sido muito úteis, independentemente dos
ambientes e laboratórios específicos, disponíveis para serem usados durante as aulas
em sala comum, enriquecendo-as. Falamos de equipamentos como a televisão (TV
Pendrive), o videocassete, aparelho de DVD, filmadora, aparelhos de som e máquinas
fotográficas. Sem esquecer de mapas, globos, jornais, revistas, livros, dicionários,
cartazes. E ainda, os tablet’s distribuídos aos professores; computadores; a lousa
digital (pouco utilizada); jogos matemáticos e de língua portuguesa para a Sala de
Apoio à Aprendizagem; lupa eletrônica e uma tela touch scream para alunos inclusos;
além de muitos jogos pedagógicos.
Em se tratando de organização e melhor aproveitamento dos espaços, a escola
carece também de um depósito para equipamentos sem conserto e que não podem
ser descartados por pertencerem ao patrimônio da instituição. Muitas carteiras e
cadeiras estragadas estão depositadas na área exterior do prédio.
Quanto ao atendimento/acolhimento por parte da equipe gestora, o coletivo, em
sua maioria, afirma que há uma grande empatia e empenho em tentar ajudar a
solucionar os problemas apresentados pela comunidade escolar. Neste sentido,
aponta como necessário que se tenha conhecimento e consciência de qual é o
verdadeiro papel daquele que está à frente da escola, e afirmam que é preciso que se
vista a camisa, arregace as mangas e trabalhe muito, para que, ao final da gestão,
possa colher bons frutos e ótimos resultados. É uma tarefa árdua, porém possível de
realizar, se baseada no comprometimento e engajamento de toda a comunidade
17
escolar num objetivo comum, de construir o conhecimento de forma coletiva e formar
cidadãos conscientes e responsáveis.
2.2 Ensino-Aprendizagem
O grupo entende o ensino-aprendizagem como um processo contínuo que
acontece por meio da mediação do professor e se efetiva quando o sujeito/aluno se
apropria de conhecimentos que lhe possibilitem a compreensão do meio em que vive,
do mundo real. A partir disso, o grupo defende que a apropriação do conhecimento
historicamente produzido pela humanidade, se dá no momento que o professor
consegue fazer uma ponte entre o conteúdo/objeto do conhecimento e o aluno, numa
concepção dialética de transformação.
Como esse processo depende de um planejamento, elenca-se alguns
mecanismos fundamentais no intuito de garantir o sucesso no processo ensino-
aprendizagem, que serão discutidos a seguir:
2.2.1 Plano de Trabalho Docente
Considerado como ponto de partida do professor, o PTD em nosso colégio é
estruturado com o Cabeçalho, Conteúdo Estruturante, Básicos e Específicos,
Justificativa/Objetivos, Encaminhamentos Metodológicos, Avaliação e Referências
Bibliográficas. Neste ano todos os professores receberam um modelo de Plano de
Trabalho Docente com o objetivo de estabelecer um documento padrão.
Anteriormente todos recebiam uma apostila com orientações sobre sua elaboração.
Cada professor organiza seu Plano de Trabalho Docente, agrupando os
conteúdos afins para cada trimestre, e procura organizar de uma forma que fique mais
fácil para o aluno aprender. Neste ano, os professores da rede estadual do município
reuniram-se na formação de início de ano para reorganizar coletivamente os PTDs,
objetivando maior unidade entre todas as escolas. Todo material produzido foi
mandado para que os técnicos do N.R.E avaliassem e dessem seu parecer. Isso
ocorreu em dois momentos no ano, no intuito de rever e replanejar o trabalho docente.
Como ponto negativo, os professores do colégio apontam que nos momentos
do planejamento anual há uma certa dificuldade em conseguir a participação de todos,
pois muitos atuam em mais de uma disciplina. E, em consequência disso, muitas
vezes o conteúdo numa mesma instituição é trabalhado em momentos diferentes.
18
2.2.2 Avaliação
Por decisão da comunidade escolar, desde 2011 o ano letivo é dividido em
trimestres e, o sistema avaliativo se caracteriza como diagnóstico, formativo,
somatório e contínuo, realizado durante todo o processo de ensino-aprendizagem. No
entanto, para fins de registros numéricos, cada instrumento de avaliação tem peso
10,0. Os conteúdos avaliados nos instrumentos ofertados, são revisados e
recuperados por meio de um instrumento diferente de recuperação, que é ofertado na
sequência, prevalecendo a nota maior. Durante o trimestre, é garantido ao aluno um
mínimo de dois instrumentos de recuperação. Ao final do trimestre, é calculada a
média aritmética alcançada pelo aluno no respectivo período.
A avaliação é realizada em função da justificativa/objetivos propostos, através
da apresentação das atividades solicitadas e pela participação dos alunos nas
propostas de trabalho. Ao aluno cabe cumprir os prazos estabelecidos em aula,
conforme combinado com cada professor, além de corresponder quantitativa e
qualitativamente nos resultados apresentados em cada instrumento avaliativo
realizado nas diferentes disciplinas curriculares.
Para os alunos com necessidades especiais, os instrumentos de avaliação são
adaptados conforme as necessidades particulares de cada um. Com auxílio da equipe
pedagógica e professores da Educação Especial, é realizado o planejamento de
atividades e avaliações que contemplem as potencialidades, dificuldades e as
individualidades dos alunos inclusos matriculados na Sala de Recursos Multifuncional
do tipo I e Sala de Recursos Multifuncional tipo II, sendo realizadas adaptações
curriculares específicas.
Todos os alunos têm garantida a oportunidade de recuperação dos conteúdos,
através de novas situações/estratégias de ensino-aprendizagem propostas pelo
professor. Assim, após a aplicação de cada instrumento e depois de garantidas as
diferentes estratégias de recuperação dos respectivos conteúdos, aos alunos é
ofertado um novo instrumento de avaliação, cujo peso é equivalente a esta mesma
pontuação.
Neste modelo, o aluno deve atingir a soma anual de dezoito (18,0) pontos, e
média aritmética mínima de seis (6,0) pontos, para ser aprovado para o ano/série
seguinte.
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2.2.3 Conselho de Classe
Com a finalidade de acompanhar todo o processo educativo, o Conselho de
Classe é entendido como fundamental pela comunidade escolar, pois é o momento
em que se reúnem todos os envolvidos com o processo ensino-aprendizagem com
poder de deliberação. Desta forma, em nosso colégio ele é organizado em três
etapas: Pré-conselho: realizado com a turma na presença do professor representante
e sob orientação da equipe pedagógica, onde os alunos colocam as necessidades e
dificuldades encontradas no decorrer do trimestre. Conselho de Classe: formado
pelos professores da turma, direção, equipe pedagógica e alunos representantes, é o
momento em que o professor representante leva aos demais as propostas e
considerações da turma e procura-se de forma coletiva sanar as dificuldades
apresentadas e dar os devidos encaminhamentos. Pós-conselho: é o momento da
devolutiva para a turma. A equipe pedagógica leva aos alunos o que foi acordado no
conselho de classe, se a turma precisa melhorar ou não, traçar metas para o próximo
trimestre, sempre em busca de um melhor aprendizado. É acordado com os alunos
representantes, que somente no dia do Pós-conselho poderão comentar com os
colegas os assuntos discutidos no Conselho de Classe.
Numa avaliação com o coletivo da escola, chegou-se à conclusão que o
conselho de classe nem sempre alcança os resultados positivos esperados. Entende-
se que é um momento de desabafo, mas que por vezes se estende muito com relatos
extensos de fatos que ocorreram em sala, deixando de se refletir sobre os fatores que
impedem/dificultam a aprendizagem, bem como de se estabelecer de forma mais
prática e efetiva, os encaminhamentos necessários para garanti-la ao aluno. Além
disso, corre-se o risco de não ser imparcial e tomar medidas diferentes, para diferentes
alunos. Para evitar esse tipo de situação, decidiu-se no último conselho reunir todos
os participantes antecipadamente e estabelecer previamente alguns
encaminhamentos. Na opinião da maioria, já se percebeu alguns resultados positivos.
2.2.4 Registros da Prática Pedagógica
Todo o processo educativo do Colégio está organizado de forma que fique
registrado, a começar pelas fichas individuais dos alunos onde são anotados os
atrasos, saídas antecipadas, contatos com a família dos alunos, além dos
comparecimentos familiares e orientações mais simples que não demandam registro
de ocorrência. Além destas fichas, há também o Livro de Registro de Ocorrências,
20
onde são escritas as atas de queixas e orientações pedagógicas para os casos mais
sérios, que exigem um registro mais formal. Como no caso de brigas, prática de
bullying, desacato e atos indisciplinares.
As atas dos Conselhos de Classe também são registros da prática pedagógica
porque nelas são pontuadas todas as situações que interferem na aprendizagem dos
alunos. Além dessas situações pontuadas, nestas atas ficam registradas as decisões,
encaminhamentos que serão dados para que esses problemas apontados sejam
resolvidos ou ao menos diminuídos.
Os registros das atividades pedagógicas em sala de aula, a partir deste ano,
são feitos no Registro de Classe OnLine – RCO, onde se relata a frequência dos
alunos, conteúdos trabalhados, avaliações, atividades pedagógicas e formativas.
Além disso, aos professores cabe registrar as situações diversas que ocorrem no dia
a dia em sala de aula, para que informações e atitudes importantes não sejam
esquecidas no decorrer do processo ensino-aprendizagem. Esta prática tem sido
muito interessante, pois a cada visita de um pai ou responsável na escola, é possível
emitir um relatório do aluno e a família pode acompanhar melhor seu desempenho
pedagógico. A equipe pedagógica forneceu aos professores uma apostila/tutorial com
orientações gerais para os professores quanto ao preenchimento do Registro de
Classe OnLine, tendo como base a INSTRUÇÃO Nº 005/2014 - SEED/SUED. Além
disso, a cada nova situação ou atividade diferente, a equipe pedagógica também faz
as devidas orientações de como proceder o registro. Durante o trimestre a equipe
pedagógica faz o acompanhamento dos registros e, ao final, emite seu parecer,
podendo ser favorável ou não, cabendo ao professor retomar e fazer as correções
necessárias. Essa é uma atividade bastante demorada e nem sempre consegue ser
eficaz, porque a demanda de trabalho é bastante intensa e esse acompanhamento
não ocorre com a frequência que deveria.
Não podem ser esquecidos e devem ser considerados como registros
pedagógicos as fotografias dos trabalhos pedagógicos desenvolvidos no Colégio e,
para este ano há a previsão da publicação de um livro/álbum para a divulgação de
trabalhos dos alunos selecionados pelos professores no decorrer do período letivo. Já
foi desenvolvido no ano anterior e o resultado foi muito bom, mas para este ano
pretende-se um trabalho mais abrangente e com um número de exemplares mais
significativo.
21
2.3 Atendimento Educacional Especializado ao público-alvo da Educação
Especial
Neste estabelecimento funcionam duas modalidades de Atendimento
Educacional Especializado em Salas de Recursos Multifuncionais para Deficiência
Intelectual, deficiência física neuromotora, transtornos globais do desenvolvimento e
transtornos funcionais específicos, bem como, Atendimento Educacional
Especializado em Salas de Recursos Multifuncionais para Deficiência Visual.
Atendimento Educacional Especializado em Salas de Recursos Multifuncionais
para Deficiência Intelectual, deficiência física neuromotora, transtornos globais do
desenvolvimento e transtornos funcionais específicos funciona de acordo com a
Instrução nº 07/2017 – SEED/SUED, em 40 horas semanais. Este atendimento
compreende 20 horas no período da manhã e 20 horas no período da tarde, com
professor especializado e sala específica. O Atendimento é no turno contrário ao que
o aluno está matriculado, através de cronograma com 20 alunos em cada período
(manhã e tarde), divididos em 4 turmas (A,B,C,D), atendendo os alunos de 2 à 4 vezes
na semana, não ultrapassando 2 horas/aulas por dia. Este atendimento possui
natureza pedagógica que complementa a escolarização no ensino comum. O trabalho
é desenvolvido através de atividades lúdicas, jogos de estimulação, uso de
tecnologias, atividades práticas, leitura, raciocínio, adaptação de conteúdos afim de
suprir o déficit de aprendizagem.
Atendimento Educacional Especializado em Salas de Recursos Multifuncionais
para Deficiência Visual (antigo CAEDV - Centro de Atendimento Especializado em
Deficiência Visual), funciona de acordo com a instrução Nº 06/2016, com professor
especializado com 20 horas no período da manhã e está preparada para atender
alunos cegos e com baixa visão que, preferencialmente, estejam matriculados na rede
de ensino comum, em turno contrário ao atendimento. A matrícula do aluno é efetivada
após a procura da família que precisa apresentar o laudo oftalmológico.
No momento estão matriculados quatro alunos com baixa visão, que são
divididos nos cronogramas de atendimento e recebem atendimento duas vezes por
semana. Estes alunos, divididos nas turmas A, B,C,D, onde a intervenção pedagógica
é realizada de acordo com a especificidade de cada estudante. Este serviço de
natureza pedagógica, possibilita o trabalho de estimulação visual, para alunos de
baixa visão, buscando preservar e melhorar o aspecto visual que o aluno possui. Em
22
busca de melhores resultados trabalha-se com jogos pedagógicos, com atividades de
estimulação: com luzes, memória visual, focalização, fixação, acomodação visual,
entre outras. Bem como, trabalha-se através de um currículo básico, o sorobã,
atividade de vida autônoma, estimulação tátil, Braille e informática. Também, pode-se
trabalhar orientação e mobilidade, estimulação essencial.
A grande dificuldade que se sente na escola é a falta de convencimento e
comprometimento dos alunos quanto a necessidade de frequentar e aproveitar ao
máximo os atendimentos ofertados. Falta comprometimento dos pais e/ou
responsáveis em acompanhar e estimular seus filhos para melhorar seu desempenho
escolar. Para diminuir o problema da evasão nestes programas, os professores das
respectivas salas procuram utilizar metodologias diversificadas e interessantes para
atrair o interesse dos alunos. Procura-se manter um contato frequente com a família
e mostrar o quanto o atendimento pode auxiliar no processo ensino aprendizagem.
Além disso, o fato de os professores do ensino regular estenderem o tempo de
realização das atividades da sala regular para a Sala de Recursos, também tem
contribuído para a permanência dos alunos.
2.4 Articulação entre as etapas de ensino
A articulação entre as etapas de ensino no Colégio Estadual José de Anchieta
se restringe mais à recepção dos alunos. Não há um contato anterior quando ainda
estão no final da etapa anterior. Porém, algumas vezes a escola organiza uma
recepção especial para todos os alunos no centro cultural, com atividades culturais
para comemorar o início do ano letivo. Apesar do resultado positivo, os dois últimos
anos iniciaram de forma tumultuada por desacordos entre governo e profissionais da
educação, em função disso essa atividade não pôde ser realizada.
Quando chegam à escola, os alunos dos 6º anos do ensino fundamental são
recebidos de maneira diferenciada dos demais. Inicia-se o ano letivo com muito
diálogo, apresentação dos alunos aos professores, são realizadas dinâmicas de
socialização e apresentadas as normas do colégio. Nas aulas seguintes são levados
para conhecer o colégio e todos seus espaços, como o laboratório de informática, a
biblioteca, a cozinha, sala de recursos, secretaria, salas da direção e equipe
pedagógica, bem como o ambiente externo do colégio. Há também uma preocupação
com as saídas para o recreio e final da aula, e toma-se o cuidado de deixá-los sair
23
alguns minutos antes para evitar que sejam empurrados pelos maiores nos
corredores. Os professores relatam que os trabalhos desenvolvidos em sala também
são diferenciados com temas, imagens, textos com desenhos, figuras e com muita
ajuda individual. Neste ano, por solicitação dos pais, foi colocado na sala dos 6º anos
um armário para deixarem os livros didáticos, evitando o peso excessivo nas mochilas.
Levam para casa somente quando tem atividades para concluir. Até o momento o
resultado é bem positivo.
Já a articulação entre os 9º anos do ensino fundamental e as 1ª séries do ensino
médio se reconhece as fragilidades. Há algumas falhas na recepção dos alunos, e
nem sempre um atendimento diferenciado acontece. Há apenas uma conversa inicial
da equipe gestora com os alunos, principalmente em função dos que vem de outras
escolas do município, mas essa conversa se resume a apresentar os funcionários do
Colégio, as principais regras e espaços de aprendizagem disponíveis. Os professores
também são orientados a fazer uma breve revisão dos conteúdos básicos das
disciplinas. O coletivo da escola admite que precisa repensar e planejar algumas
ações para promover essa articulação entre o ensino fundamental e o ensino médio,
de forma a torna-la menos impactante para os alunos.
2.5 Articulação entre diretores, pedagogos, professores, e demais
profissionais da educação
A Equipe Pedagógica na escola funciona como intermediária na relação aluno
X professor, aluno X direção, chegando até os pais ou responsáveis quando
necessário. Procura também auxiliar os professores e direção na parte burocrática de
registros e elaboração de documentos, bem como na orientação para as práticas
pedagógicas. Dentre os demais profissionais da educação, todos buscam
desempenhar seu trabalho da melhor forma possível. Enquanto os professores nas
práticas diárias vêm sempre buscando melhorias e respeitando a especificidade de
cada aluno, os Agentes I e II também procuram fazer o melhor possível de sua função
para que o trabalho pedagógico possa acontecer na escola. Alguns Agentes chegam
a ouvir e orientar alunos, dos quais ganharam a confiança e simpatia por estarem
dispostos a ajuda-los. A direção procura tomar decisões coletivamente, respeitando a
opinião de cada um, mas por outro lado, são poucos os momentos em que percebe a
interação entre toda a equipe da escola. Na maioria das vezes o trabalho se distancia.
24
Entre os professores há a carência de um tempo maior de contato entre si, pois
muitas vezes se utiliza a hora do recreio para falar de alunos ou no horário
intermediário, que, além de não ser o momento adequado, acaba por não atender as
expectativas. O grupo avalia que a equipe pedagógica está sobrecarregada de
funções e não consegue corresponder a toda demanda. Aponta que no dia a dia são
muitos os casos de indisciplina que são levados para orientação e registro, além de
muito trabalho burocrático. Como ponto positivo, o grupo destaca uma Reunião
Pedagógica cujo tema foi indisciplina. Foi organizada de forma que os professores
pudessem se agrupar de acordo com as turmas que trabalham e o resultado foi bem
produtivo, foram definidas ações e encaminhamentos necessários para solucionar os
problemas levantados. Destacou-se a dinâmica de trabalho coletivo desta atividade,
mas como um momento bastante restrito e que precisaria ser repetido outras vezes,
pois a participação dos professores, funcionários, equipe pedagógica, direção, pais e
comunidade, tornam a gestão mais transparente e dinâmica. Cada um, em seu
trabalho e nas suas relações, tem uma forma diferente e especial de perceber a sua
realidade, podendo sugerir e opinar na construção de uma escola mais participativa.
A divisão de funções e responsabilidade é definida em diversas reuniões
coordenadas pela direção e realizadas por setor, conforme as ações exigem. Porém,
fica evidente em todo o grupo da escola que há o anseio dos profissionais por um
entrosamento ainda maior dentro dos vários setores. Anseio por valorização da
coletividade e condições para que todos possam participar das atividades
desenvolvidas na escola. Neste sentido, a escola precisaria de mais profissionais e
mais tempo; do auxílio de um psicólogo ou psicopedagogo para tratar especificamente
dos problemas com o aluno; a previsão de mais tempo para as discussões e
planejamento no Calendário Escolar e dentro do período letivo, possibilitando reuniões
mais produtivas com levantamento de problemas e definição de ações efetivas.
2.6 Articulação da Instituição de Ensino com os Pais e/ou Responsáveis
No Colégio Estadual José de Anchieta, a articulação da instituição com a família
ocorre ainda no momento da matrícula, quando há o primeiro contato dos pais com a
escola. Entretanto, é na assembleia de pais e/ou responsáveis que ocorrem os
informes principais, como é o caso da explicação sobre o sistema de avaliação. Nesta
reunião também são colocadas em votação algumas normas de conduta, como o uso
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do uniforme, a proibição do uso do celular em sala de aula, entre outras. E, os pais
são informados da forma de comunicação com as famílias por meio de bilhetes
(comunicado, convocação, entre outros), além do uso do telefone quando necessário.
Há um entendimento na instituição de que todo problema de indisciplina ou de
dificuldade de aprendizagem deverá ser levado ao conhecimento dos pais ou
responsáveis. Quando esses não comparecem, as convocações são encaminhadas
através do Conselho Tutelar. A prática é interessante, mas nem sempre se consegue
a efetividade e algumas convocações não atendidas acabam esquecidas em função
das inúmeras atividades que vão surgindo no dia a dia. Esse é um ponto que precisa
ser repensado e reorganizado.
Quanto à entrega de boletins, os pais fazem questão de vir retirar e conversar
pessoalmente com os professores. Em alguns casos especiais e conforme decisões
do Conselho de Classe, chama-se para reuniões específicas com particularidades de
determinadas turmas. Já houve momentos em que os boletins foram entregues
diretamente aos alunos que estavam com as notas acima da média e com bom
comportamento. Enfim, a escola busca formas diversas, em diferentes momentos e
situações, para proceder a entrega de boletins.
Após discussão, o grupo aponta que é preciso aproximar mais os pais ao
ambiente escolar, porém, esta é a grande dificuldade encontrada, trazer os mesmos
até a escola sem a necessidade de convocação, ou seja, comparecendo ao espaço
escolar por conta própria durante todo o ano. Essa ação, em especial, faz o nível de
rendimento dos alunos aumentar. Uma boa estratégia e argumento para a
conscientização dos pais citada pelo grupo é realização de atividades que envolvem
brincadeiras, palestras, sorteio de brindes, coquetéis, entre outras. Porém, apesar de
funcionar, não é o ideal, porque o maior interesse nos pais virem para a escola deveria
ser o sucesso e aprendizagem do aluno, pois a escola não pode abrir mão do
comprometimento e do compromisso da família com a educação, como vem
ocorrendo no cenário atual.
2.7 Formação Continuada dos Profissionais da Educação
Na instituição as formações principais são aquelas organizadas pela SEED, e
estão previstas em Calendário Escolar. Além destas, a direção e a equipe pedagógica
contam com a participação de todos os educadores em reuniões administrativas e
26
pedagógicas, nas quais são realizados estudos, troca de experiências e encontros por
disciplinas para elaboração dos Planos de Trabalho Docente, além de discussões
acerca da Proposta Pedagógica Curricular.
Houve também no colégio a adesão ao programa Pacto Nacional Pelo
Fortalecimento do Ensino Médio, que na ocasião contou com apenas seis
participantes. Mesmo com um número reduzido, a formação foi muito válida. Na
ocasião, pelo contato mantido com professores da UNIOESTE nas formações do
Pacto, a escola realizou uma formação com alguns desses professores utilizando
recursos do PROEMI (Programa Ensino Médio Inovador). Para este ano uma nova
formação neste formato está prevista, agora para atender as áreas das Ciências da
Natureza que não foram contempladas na outra ocasião.
Outra possibilidade de formação que a escola dispõe é a composição da Equipe
Multidisciplinar, que realiza encontros mensais, onde são realizados estudos que
proporcionam embasamento teórico sobre as diversidades, propondo ações a serem
realizadas, almejando o envolvimento e entendimento da comunidade escolar. Os
temas estudados são tratados ao longo do período letivo e não apenas nas datas
festivas. A escola possui um grupo formado e atuante na equipe multidisciplinar, que
tem a responsabilidade de orientar e auxiliar o desenvolvimento das ações relativo à
educação das Relações Étnico-Raciais e ao Ensino de História e Cultura Afro-
brasileira, Africana e Indígena. Fazem parte dela representantes da equipe
pedagógica, professores das diversas áreas do conhecimento, funcionários e
instancias colegiadas. As reuniões para os estudos acontecem no período
intermediário para que todos possam participar, e a cada encontro, um componente
fica responsável por preparar o estudo e discussões.
Há ainda as formações organizadas pela equipe do Núcleo Regional de
Educação e disponibilizados aos profissionais da educação. Essas formações
ocorrem eventualmente na sede do núcleo, ou de forma centralizada em alguns
municípios da região e dispõe de uma demanda de vagas para que os interessados
efetivem sua inscrição. Muitas destas formações são voltadas para o uso de mídias
na escola. Além destas, o Núcleo Regional de Educação tem estabelecido parcerias
com instituições de ensino superior da região e, por meio destas, também ofertado
formações na área educacional, como palestras, oficinas, seminários, entre outras.
Dos professores QPM que compõem o quadro de professores da escola, são
poucos os que cursaram e concluíram o PDE. Atualmente são quatro. O que ocorre é
27
que a maioria não se enquadrava nos requisitos de pontuação quando ocorreu a
última seleção e agora, muitos que concluíram o curso a mais tempo, já estão
aposentados. Para que tivesse um retorno maior para a escola, deveria ser ofertado
aos professores quando ainda no auge de sua carreira.
O grupo avalia que a formação continuada e especializada deveria ser
organizada de forma itinerante, com apresentação e compartilhamento de trabalhos,
materiais e experiências de sucesso. Encontros centralizados por área, para troca de
experiência e conhecimento. Outra possibilidade de formação é a apresentação dos
trabalhos realizados no PDE aos demais profissionais da educação, para dar
conhecimento a todos.
2.8 Acompanhamento e realização da hora-atividade
A hora-atividade é um momento destinado para o professor, conforme a
instrução Nº 06/2017 – SUED/SEED, que deve ser cumprida na instituição de ensino
onde o professor esteja suprido, em horário normal das aulas a ele atribuído. Portanto,
ele pode estar preparando ou corrigindo atividades, planejando, pesquisando
metodologias, organizando o Registro de Classe OnLine, dialogando com pais
interessados em saber da vida escolar do filho, ou quando o próprio professor julgar
necessário, chamar os pais de alunos com defasagem, dificuldades de aprendizagem
ou com problemas de comportamento, também é um momento para conversar com
equipe pedagógica sobre assuntos referentes a escola e a aprendizagem dos alunos,
portanto, é neste momento que estará disponível para conversar junto com os demais
profissionais da escola sobre os problemas e as referidas soluções.
O acompanhamento e realização das ações executadas na hora-atividade dos
educadores é responsabilidade dos mesmos que vão desenvolver suas ações, com
orientação, supervisão e acompanhamento da equipe pedagógica ou do diretor da
escola. A escola possui um livro ata “ livro de convocações e outros informes” onde
contém as assinaturas e são registrados os dias que os educadores irão cumprir as
horas atividades. Porém, mesmo com este registro, tem-se dificuldade em
acompanhar a realização das mesmas. Contudo, os educadores realmente utilizam
deste momento para fazer suas atividades e seus planejamentos, pois cada um tem
consciência que este momento é para realizar ações referentes à escola e ao
planejamento.
28
Sob estes aspectos levantados, a hora-atividade está atingindo os objetivos da
escola. As maiores dificuldades estão nas excessivas trocas de horários em função
das substituições de professores, inclusive por causa das inúmeras escolas que
alguns professores têm distribuída sua carga horária, e, também no número de horas
que tem sido insuficiente para a demanda de tanto trabalho pedagógico fora da sala
de aula. Como solução para este problema, a maioria dos professores acaba por levar
trabalho para fazer em casa, extrapolando sua carga horária semanal. Vale ressaltar
que noutros tempos era pior, não tinha este momento para planejar, e o professor
precisava planejar e organizar seus materiais em casa, no momento de folga e nos
finais de semana. Por isso, os professores hoje reconhecem que, se há este momento
para realizar suas atividades, devem aproveitá-lo ao máximo, então alguns, quando
já concluíram suas atividades pedagógicas, aproveitam o tempo para estudos,
realização de atividades e cursos, ou leitura em geral.
2.9 Organização do tempo e espaço pedagógico e critérios de organização
das turmas
Neste colégio, os alunos são separados por turmas nas séries em que estão
matriculados, de acordo com a opção ou disponibilidade de vagas no turno. De um
ano para o outro, procura-se manter os mesmos alunos, respeitando o vínculo já
criado. Em turmas da mesma série/ano, procura-se manter um equilíbrio no número
de alunos. Há porém, os casos em que tem alunos inclusos e há um esforço da escola
por deixar a turma menor, o que nem sempre é possível.
A rotina de horários se organiza da seguinte forma:
MANHÃ:
Entrada: 7h30min
Intervalo: das 10h00min às 10h15min
Saída: 11h55min
TARDE:
Entrada: :13h00min
Intervalo: das 15h30min às 15h45min
Saída: 17h25min
NOITE:
Entrada: :19h00min
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Intervalo: das 21h30min às 21h45min
Saída: 23h25min
Quanto ao uso dos espaços escolares, há algumas rotinas implementadas que
são constantemente melhoradas para dar mais funcionalidade ao atendimento. Na
biblioteca, por exemplo, os professores de Língua Portuguesa têm horário
determinado na semana para fazer as trocas dos livros de literatura com seus alunos.
Para usar o laboratório de informática com os alunos, o professor precisa agendar
com antecedência no almoxarifado, espaço que foi recentemente criado na escola. Já
o laboratório de Ciências Naturais está desativado por falta de espaço. Seus materiais
estão armazenados no almoxarifado e o professor leva o que precisa para a sala de
aula para utilizá-los como recurso pedagógico. Há, porém, uma ação prevista para
este ano, onde se pretende revitalizar o referido laboratório para que ganhe
funcionalidade e consiga acomodar os alunos.
2.9.1 O Atendimento às Modalidades
No Colégio Estadual José de Anchieta há a oferta da modalidade Educação
Especial através do Atendimento Educacional Especializado em Salas de Recursos
Multifuncionais para Deficiência Intelectual, deficiência física neuromotora,
transtornos globais do desenvolvimento e transtornos funcionais específicos (período
da manhã e da tarde), e Atendimento Educacional Especializado em Salas de
Recursos Multifuncionais para Deficiência Visual (período da manhã) onde são
atendidos alunos que possuem laudo médico e/ou psicológico, de acordo com suas
dificuldades ou deficiências, e o trabalho é específico para suas necessidades.
Para o Atendimento Educacional Especializado em Salas de Recursos
Multifuncionais para Deficiência Intelectual, deficiência física neuromotora,
transtornos globais do desenvolvimento e transtornos funcionais específicos, funciona
na Segunda, terça, quinta e sexta-feira, nos períodos da manhã e tarde, com alunos
distribuídos conforme a necessidade, nas turmas A (segunda e quinta-feira, 1ª e 2ª
aula), B (Segunda e quinta-feira, 3ª e 4ª aula), C ( terça e sexta-feira, 1ª e 2ª aula) , D
(terça-feira – 3ª e 4ª aula e sexta-feira- 2ª e 3ª aula) , quarta –feira é o dia sem
interação das Professoras. Em nossa escola, ocorre o atendimento de alunos da
própria escola e de escolas do interior do município que não possuem este tipo de
atendimento.
30
Em relação aos aspectos de aprendizagem, percebe-se que na maioria dos
alunos, há significativas mudanças no seu processo de ensino e aprendizagem,
porém, muitas vezes estes não são percebidos pelos professores do ensino comum,
e sim, pela Professora especializada, que percebe estas especificidades, pois trabalha
na sua individualidade.
O Atendimento Educacional Especializado em Salas de Recursos
Multifuncionais para Deficiência Visual ocorre no período da manhã, com as turmas
A, B, C, D, sendo a Turma A na Segunda-feira (1ª, 2ª e 3ª aula) e quarta-feira (1ª e 2ª
aula), Turma B na Terça e Quinta (1ª, 2ª e 3º aula) Turma C na Terça e Quinta-feira
(4ª e 5ª aula) e Turma D também na Terça e Quinta-feira (1ª, 2ª, 3ª, 4ª e 5ª aula),
justifica-se este atendimento em sequência foi a aluna matriculada mora no interior e
vem para a escola de transporte público, e como possui pouca idade, optou-se
juntamente com a família, para que a mesma ficasse matriculada em todos os
períodos.
No que se refere ao atendimento dos alunos com baixa visão, não há nenhum
problema de permanência destes. Os alunos matriculados, são assíduos e as famílias
participativas e atuantes, assim, quando algum aluno falta, as famílias comunicam e
justificam. Também, querem ficar cientes das atividades que estão sendo realizadas
e os objetivos alcançados com cada um.
2.9.2 Atividades de Ampliação de Jornada Escolar
Nesta instituição de ensino, são ofertados no início de cada ano letivo, para
todos os alunos do ensino fundamental dos períodos da manhã e da tarde o
treinamento esportivo de Badminton e o Tênis de Mesa. Inicialmente se realiza uma
consulta com os alunos para a verificação do interesse pelas modalidades ofertadas
e informando os locais e horários, para que os mesmos levem ao conhecimento dos
pais e responsáveis essa oferta.
2.9.2.1 Modalidade Esportiva Individual – Tênis de Mesa:
Realizado no colégio, numa das salas que ficam vagas no período da tarde, o
treinamento esportivo de Tênis de Mesa trabalha desde os fundamentos básicos para
a iniciação do esporte, até as técnicas e táticas mais complexas para o bom
desempenho do aluno atleta, além de sistemas de jogo simples e de dupla com todos
os alunos e preparando-os para as competições estaduais (JEPS) e competições
31
locais. Neste ano a equipe de Tênis de mesa de Nosso Colégio se classificou e
participou de todas as etapas dos Jogos Escolares do Paraná, alcançando uma
segunda colocação.
2.9.2.2 Modalidade Esportiva Coletiva – Futsal
Pelo fato de o colégio não ter quadra esportiva, as aulas de Futsal são
desenvolvidas nas dependências do ginásio de esportes da Escola Municipal
Professor Láudio Afonso Heinen, de nosso município, no período intermediário/tarde.
São trabalhados todos os fundamentos do esporte, bem como as atividades táticas e
técnicas para o bom desempenho do aluno atleta, esquemas do jogo coletivo,
preparando-os para competições escolares estaduais e locais. Nesta modalidade
nosso Colégio sofre muito por falta de condições físicas. Apesar disso, consegue boas
classificações para representar a instituição nos Jogos Escolares.
São pontuadas algumas dificuldades na manutenção e fortalecimento dos
programas. Primeiramente há uma deficiência de material, pois não vem uma verba
específica para a manutenção destes programas, o que sobrecarrega a escola pois
os materiais de futsal e tênis de mesa tem custos elevados. A instituição acaba tendo
que fazer rifas e pedir patrocínios na comunidade para tentar levantar alguns materiais
de qualidade. Outra dificuldade é que não existe uma política de incentivo a
competições paralelas aos jogos federados paranaenses, e isso acaba
comprometendo o interesse do aluno em participar assiduamente das aulas depois
que terminam os jogos estaduais. Como a participação noutras competições é muito
dispendiosa, seria interessante que houvesse algum tipo de fundo ou bolsa para
manter alguns atletas neste nível de competição, seria um grande estímulo para a
manutenção e permanência dos alunos nos projetos. Por fim, uma das maiores
dificuldades da instituição é a falta de um espaço adequado para a prática de esportes.
2.9.3 Sala de Apoio à Aprendizagem
A Sala de Apoio à Aprendizagem funciona nos períodos da manhã e tarde, em
contraturno escolar, atendendo os alunos de 6° e 7° anos que apresentam dificuldades
de aprendizagem diversas nas disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática. A
seleção/encaminhamento dos alunos para a matrícula nesse programa é feita pelo
professor dessas disciplinas, de acordo com o momento em que as dificuldades são
apresentadas. Por isso, apesar de a organização da escola ser trimestral, na Sala de
32
Apoio à Aprendizagem a organização é bimestral. A ficha de encaminhamento é
repassada para a equipe pedagógica que realiza o trabalho de comunicação e
solicitação de autorização por parte dos responsáveis. Depois de autorizados pelos
pais e/ou responsáveis, as turmas são formadas.
São turmas não muito grandes, no entanto os níveis de dificuldade são
variados, o que dificulta o atendimento individualizado. São trabalhados conteúdos
básicos de Língua Portuguesa e Matemática e, além disso, o professor da SAA
constantemente auxilia nas dificuldades pontuais que os alunos apresentam nos
conteúdos trabalhados na série regular, porém com metodologia diferenciada. Os
professores fazem uso de metodologias diferenciadas, materiais lúdicos e das
tecnologias disponíveis no colégio.
O programa é muito bom, pois dá um suporte pedagógico necessário para os
alunos que vem das séries iniciais trazendo consigo algumas dificuldades que os
acompanham desde o processo de alfabetização e, para os que tem frequentado
assiduamente, tem auxiliado bastante. Na escola, deve-se fazer um trabalho maior e
melhor no incentivo a frequência constante para garantir que o trabalho desenvolvido
seja contínuo. Entretanto, nem todos os alunos que necessitam conseguem participar
porque dependem do transporte escolar e a maioria dos ônibus só passam num dos
períodos do dia.
2.10 Índices de Aproveitamento Escolar (indicadores externos e internos),
abandono/evasão e relação idade/ano
Em análise dos dados do Colégio Estadual José de Anchieta, nota-se que o
rendimento escolar, entre 2007 e 2015, manteve-se na média de 87% de aprovação
no Ensino Fundamental e no Ensino Médio manteve média de 86%, caindo entre 2013
e 2015 11,5% em relação às aprovações. Já os dados sobre reprovação no Ensino
Fundamental apontam que a média entre 2007 e 2015 permaneceu em 12%,
aumentando nos últimos dois anos em torno de 4%. A média de reprovação no Ensino
Médio entre estes anos é em torno de 8%, porém no Ensino Médio entre um ano e
outro, em alguns casos esse percentual oscila quase 7%, como é o caso de 2013 e
2014. Há de se considerar também o fato de que muitos dos aprovados foram
beneficiados pela aprovação por Conselho de Classe. Em 2015, no Ensino
Fundamental houve uma grande taxa de aprovação (83,04%) de sexto ao nono ano,
33
porém desse número 25% foram aprovados por conselho de classe, sendo o maior
número no nono ano. Já no Ensino Médio houve 79,17% de aprovação, sendo 23,98%
por conselho de classe, porém em torno de 10% dos alunos reprovaram e 10%
abandonaram o ensino.
Entendemos que é preciso verificar a qualidade do ensino em sala de aula e o
cotidiano dos nossos alunos, partindo do conhecimento prévio que eles possuem para
então estimula-lo a querer ir além do conhecimento habitual. Ao professor, cabe saber
da situação dos alunos, suas particularidades, incentivando-os a não desistirem,
principalmente no Ensino Médio. Esses dados nos mostram ser necessário pensar
estratégias de incentivo ao estudo para os alunos, tanto do ensino fundamental quanto
do médio, pois a maior queixa dos professores ao discutir esses resultados está na
falta de interesse dos alunos que sequer realizam os trabalhos avaliativos.
Outro fator importante que foi observado e que nem sempre se leva em
consideração é a taxa de distorção idade/série, que na escola em 2015, no Ensino
Fundamental nos quatro anos é de 14,29%, sendo o maior índice no 8º ano de
23,64%. No Ensino Médio a distorção é maior, principalmente na 1ª série que foi de
25,81%, diminuindo na 2ª série para 17,91% e na 3ª série para 10,71%, tendo uma
média nos três anos de 19,44% em relação a distorção de idade/série. Nesses casos,
a adaptação do aluno ao grupo é muito mais difícil e tende a piorar na medida em que
essa diferença aumenta. É um número que prejudica tanto o aluno que está fora da
faixa etária da turma, quanto o mais novo que se deixa influenciar pelo colega mais
velho nos atos de indisciplina.
Os dados sobre o abandono escolar apontam que no Ensino Fundamental há
um baixo percentual, chegando em alguns anos a 0%. A média entre 2007 e 2015 é
de 0,45%. Já no Ensino Médio houve um aumento considerável nos últimos nove
anos, sendo que houve anos que não teve abandono (2009) e a maior taxa de
abandono ocorreu em 2015, onde 10,3% dos alunos abandonaram a escola. A média
de abandono no Ensino Médio é de 5 %, porém é preocupante o aumento desses
índices que têm ocorrido nos últimos anos. Atribui-se ao fato de que o
insucesso/fracasso escolar também tenha aumentado, além de que, cada vez mais o
jovem precisa abandonar a escolar para poder trabalhar. Quando as causas do
abandono estão relacionadas a problemas de saúde, gravidez, uso de drogas, há um
empenho da escola em buscar nos serviços públicos de saúde e assistência no
sentido de oferecer orientação e amparo ao aluno e sua família, além das orientações
34
que acontecem dentro da escola, com professores e equipe pedagógica. No intuito de
diminuir esses índices a instituição tem buscado auxílio na Rede de Proteção,
iniciando pelo contato com o Conselho Tutelar. Frequentemente os casos de
abandono têm sido informados, mas muitos destes acabam sendo informados ao
Ministério Público e, mesmo assim não retornam para a escola. Isso geralmente
ocorre com alunos do Ensino Médio, mas já houve casos de alunos do Ensino
Fundamental que não retornaram.
Nem todos os casos são de abandono. Há também muitos alunos que
apresentam falta excessivas e, a estes, a escola toma como procedimento, primeiro a
conversa com o aluno, na sequência o contato com os familiares. Se as faltas
persistem, os casos são também encaminhados ao Conselho Tutelar para que faça a
mediação com as famílias.
Após analisar esses resultados, estabeleceu-se um consenso entre os
profissionais da escola de que é preciso melhorar a qualidade no ensino ofertado para
os alunos do Colégio Estadual José de Anchieta. Que o conhecimento e seus
resultados sejam percebidos no dia-a-dia da escola e, para isso, os dados acima
apontados devem ser considerados e interpretados, no sentido de mostrar para onde
se está caminhando. Só então os índices também poderão ser modificados, e assim
será uma conquista para este e os demais anos letivos, pois toda prática precisa ser
repensada e avaliada sempre.
2.11 Relação entre profissionais da educação e discentes
Ao discutir sobre a relação entre os profissionais da educação e os alunos,
houve um entendimento por parte da maioria de que a educação, em toda a sua
história política e social, vem passando por mudanças e que a escola precisa, cada
vez mais, dar conta do comportamento dos alunos que são um resultado dessas
mudanças. A escola e seus profissionais precisam repensar sua prática e atender a
uma demanda que exige cada vez mais inovação na prática pedagógica. Neste
sentido, os profissionais da instituição apontam que a sociedade capitalista em que a
escola está inserida, através das propagandas e apelos comerciais, leva os jovens a
ter uma visão imediatista da realidade, denotando superficialidade sobre o
conhecimento e uma falta de significado ao ensino que os educadores procuram
incessantemente oferecer para que a sua formação seja verdadeiramente humana e
35
integral. Há que se resgatar um processo de ensino mais voltado para a oferta do
conhecimento clássico, aquele que pertence a todas as épocas.
Dentre principais dificuldades apontadas como fatores que interferem na
aprendizagem e no relacionamento entre os profissionais da escola com os alunos
estão a falta de limites e o desrespeito à figura do professor e também aos demais
profissionais da escola, além do declarado desinteresse pela formação acadêmica.
Isso vem ocasionando problemas de relacionamento interpessoal no decorrer das
aulas, e os profissionais não estão dando conta das inúmeras adversidades e
contrariedades que afetam o aprendizado. Acabam envolvendo a equipe de apoio
para mediar essas questões de conflito, e com isso, além do enorme tempo gasto, há
também muito desgaste emocional. Por outro lado, as famílias e até mesmo os alunos,
reconhecem, nas entrevistas realizadas, que à escola, aos professores e demais
profissionais cabe preparar os alunos para a vida acadêmica, garantindo-lhes o
acesso ao conhecimento historicamente construído pela humanidade e uma formação
humana integral. Entendem que tal formação permitirá aos estudantes a compreensão
do mundo, da realidade ao seu redor e que pode também contribuir para a sua
realização pessoal e, consequentemente para uma formação/qualificação pessoal e
profissional mais abrangente e com capacidade de transformação da realidade. Essa
percepção da família dá à relação professorXaluno um aspecto mais sério,
responsável e técnico, mas ao mesmo tempo denota um conflito entre o que esperam
da escola e em que medida estão dispostos a contribuir para que esta alcance seus
objetivos.
Entre os professores fica claro o entendimento de que não cabe somente à
escola a responsabilidade de educar, mas principalmente à família, que deve ter o
compromisso de orientar, dando aos filhos os limites e responsabilidades necessários
para um desenvolvimento sadio e compromissado com a educação escolar.
Neste sentido e para a ciência e melhor compreensão de todos quanto ao
respeito aos limites impostos pela convivência, o Colégio tem definido normas de
convivência. Algumas estão previstas no Regimento Escolar, outras são definidas e
aprovadas em Assembleia de pais e/ou responsáveis, professores e funcionários. Tais
normas são dispostas anualmente num documento chamado “Termo de Ciência das
Normas do Colégio” que é trabalhado com todos os alunos e suas respectivas turmas
no início do ano letivo. Deste documento, uma cópia é distribuída para cada aluno
levar para seus pais, que assinam confirmando o recebimento. Há também uma cópia
36
que é assinada por todos os alunos de cada turma, onde consta a data em que essas
normas foram apresentas e discutidas com os estudantes.
Com professores e funcionários as normas de funcionamento e convivência
são apresentadas pela direção do Colégio no início das atividades, quando da
realização de reunião pedagógica e administrativa. Registra-se em ata onde todos os
presentes assinam. Além disso, neste ano a direção entregou a cada funcionário uma
cópia com as devidas orientações. Apesar dessas ações, ainda existem alguns
conflitos internos, que precisam ser mediados pontualmente pela direção do Colégio.
Paralela e concomitantemente às ações sistematizadas, a instituição ainda
discute sobre questões que envolvem o respeito, a solidariedade e a aceitação das
diversidades, sejam elas: éticas, religiosas, culturais e também sociais, durante o
período letivo. Essas reflexões contribuem diretamente para uma melhora nas
relações entre os sujeitos da escola.
III FUNDAMENTOS TEÓRICOS (MARCO CONCEITUAL)
3.1.1 Educação e o Homem
Percebe-se que desde a gênese humana houve a necessidade de adquirir
conhecimento, demostrando a capacidade da evolução humana, partindo de um
conhecimento mais dinâmico em sua infância como nas brincadeiras de jogar bola, no
qual a criança desenvolve a socialização para convivência em sociedade. Evoluindo
para sua adolescência em que ela começa a ter o conhecimento cientifico na escola
que é produzido pela humanidade, para poder assim chegar na fase adulta. O sujeito
torna-se, assim, um ser político, com capacidade de criticar e exigir seus direitos sem
deixar de lado seus deveres exercendo a sua cidadania. A exemplo, uma determinada
categoria, que sem esquecer de seu trabalho, ou seja de seus deveres, pode discutir
e procurar garantir seus direitos, estando fundamentada no conhecimento que
formalmente adquiriu ao longo de sua formação, sendo acadêmica ou não.
Porém, no entendimento do coletivo da escola, existe uma diferença de tempo
e espaço entre a criança, o adolescente, o adulto e o idoso, nesse processo de
evolução. Isso exige do professor a utilização de linguagens e metodologias
diversificadas, buscando atender as necessidades de cada fase, tanto no ato de
ensinar, quanto no de aprender. Conforme SNYDERS (1993), “A cada idade
37
corresponde uma forma de vida que tem valor, equilíbrio, coerência que merece ser
respeitada e levada a sério; a cada idade correspondem problemas e conflitos reais
(...pois o tempo todo, ela (a criança) teve de enfrentar situações novas...). Temos de
incentivá-la a gostar da sua idade, a desfrutar de seu presente”. (SNYDERS, 1993).
Nesse sentido, é importante para os educadores perceberem que, tanto a
criança quanto o adolescente e o jovem, constroem progressivamente conceitos, cada
um seguindo seu próprio ritmo. Cabe ao professor proporcionar experiências,
situações de aprendizagem que permitam aquisição desses conceitos, sempre
respeitando essa individualidade dos educandos.
Entretanto, apesar de a instituição trabalhar com crianças, adolescentes e
jovens, não pode esquecer da importância do respeito ao idoso. Sendo a escola um
espaço de integração e socialização, não se pode deixar de abordar a questão da
“Educação para o envelhecimento digno e saudável”, que é assim entendida pela
responsabilidade que cabe ao currículo escolar “em apontar os conhecimentos que
favoreçam a preparação das novas gerações para o próprio envelhecimento e para o
convívio harmônico com aquelas pessoas que já envelheceram”. (PARANÁ, 2014).
3.1.2 Diversidade dos sujeitos escolares
A diversidade assume diversos sentidos e usos. Na área da educação escolar,
entende-se a diversidade como característica da espécie humana e como
heterogeneidade. Os seres humanos são diversos em suas experiências de vida
históricas e culturais, são únicos em suas personalidades e são também diversos em
suas formas de perceber o mundo. Essa noção os remete à ideia de diferentes
identidades individuais e de grupos sociais que se constituem em espaços, em
ambientes e em tempos históricos com características diversas. Quanto à noção de
heterogeneidade, reconhece que todos somos diferentes. Portanto, a valorização das
diferenças está ligada ao respeito da diversidade de todo ser humano sem qualquer
discriminação. A diversidade é fruto da construção histórica dos diferentes grupos
sociais.
Neste contexto, Amaral (1998), ressalta que a educação precisa prestar um
bom serviço à comunidade, buscando atender as especificidades dos alunos que
chegam à escola, cabendo à educação adequar-se às necessidades dos alunos e não
os alunos às necessidades e limitações escola.
38
A diversidade, na Proposta Curricular de Paraná, é concebida como princípio
formativo, visando à construção de uma escola pautada no direito à educação e à
diferença e na formação integral do aluno, em consonância com os movimentos de
superação das perspectivas monoculturais, etnocêntricas e hegemônicas que
predominam hoje na educação escolar.
A diversidade como princípio formativo está atrelada à educação integral e tem
por objetivo o reconhecimento e o respeito às diferenças. Desse modo, O estudo dos
hábitos do cotidiano e as manifestações religiosas e artísticas dos diferentes grupos:
colonizadores, índios, africanos, imigrantes, que compõem o segundo tema,
possibilitará a apreensão da unidade e diversidade do imaginário e do cotidiano como
elementos constitutivos da formação da sociedade brasileira contemporânea, cujas
manifestações concretas serão apreendidas na história do Município. O sistema
educacional deverá considerar a educação para as relações entre diferentes sujeitos,
possam afirmar identidades, negras, indígenas, ciganas, camponesas, lésbicas, gays,
travestis e transexuais e que combatem toda forma de preconceito. Em respeito à
identidade de gênero, quando a escola recebe estudantes trans, este estudante deve
ter o tratamento adequado à sua identidade de gênero. O ideal é o desenvolvimento
de ações de formação envolvendo todas/os profissionais e estendendo-se as/os
estudantes. Para efetivar o reconhecimento da diversidade humana à Formação
Integral.
Reconhecendo a importância a e relevância da temática em discussão, é
fundamental levar o professor a refletir que vivemos em um mundo de diversidades,
onde a individualidade humana deve ser respeitada, reconhecida e aceita, uma vez
que, comprovadamente somos diferentes uns dos outros, o que faz com que todos
nós tenhamos capacidades e limitações para aprender. Neste contexto, cabe ao
professor reconhecer seu papel de mediador de aprendizagens, para todos os alunos,
devendo ser esta mediação desprovida de preconceito, estigma e exclusão. As áreas
do conhecimento, Linguagens, Ciências Naturais, Matemática e Ciências Humanas,
deverão contribuir para a efetivação da diversidade como princípio formativo,
considerando na prática pedagógica os seguintes princípios: educação para a
alteridade; consciência política e histórica da diversidade; reconhecimento,
valorização da diferença e fortalecimento das identidades; sustentabilidade
socioambiental; pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas; laicidade do
39
Estado e da escola pública; igualdade de direitos para acesso, permanência e
aprendizagem na escola.
3.1.3 Cuidar e Educar
Segundo TIRIBA (2015), “O binômio cuidar e educar é, geralmente,
compreendido como um processo único, em que as duas ações estão profundamente
imbricadas”. Num aspecto ontológico dos termos a autora cita BOFF (1999),
acrescentando que “significa uma forma de existir e de co-existir, de estar presente,
de navegar pela realidade e de relacionar-se com todas as coisas do mundo. Nessa
co-existência e con-vivência, nessa navegação e nesse jogo de relações, o ser
humano vai construindo seu próprio ser, sua própria consciência e sua identidade ”.
Esse pensamento nos leva a crer numa educação ampla e completa, onde o educador
tem um olhar sobre o ser com quem trabalha, a quem ensina e também educa.
Para TIRIBA,
O ser humano é o único que se pergunta sobre o que é ser, sobre suas possibilidades de ser, como presente e como devir. Assim, o cuidado está na essência do humano porque possibilita a existência humana. Se existir é estar atento, é preocupar-se com a existência, o cuidar assegura e caracteriza esta existência. O cuidado possui uma dimensão ontológica que entra na constituição do ser humano. Desde o nascimento até a morte, não há ser humano sem cuidado. (TIRIBA, 2015).
Entende-se, portanto que, se o cuidado está na essência do humano, então o
ato de educar está, também, impregnado do ato de cuidar. A escola cuida quando um
aluno está ausente, cuida quando aparenta tristeza, cuida também quando está
fisicamente machucado ou doente. Nessa preocupação com o ser humano integral,
cuidar e educar são um só. Pois, conforme cita TIRIBA, “se, ao longo da vida, não
fizer com cuidado tudo que empreender, acabará por prejudicar a si mesmo e por
destruir o que está a sua volta. Por isso o cuidado deve ser entendido na linha da
essência humana (que responde à pergunta: o que é o ser humano?)”. (BOFF, 1999
apud TIRIBA, 2015).
3.1.4 Formação humana integral e Educação em direitos humanos
A partir da LDB, nº 9394/96, a Educação Básica passou a ter como um dos
objetivos formar o indivíduo em sua totalidade, garantido uma formação humana
40
integral, cabendo então à escola, garantir a aquisição de conhecimentos necessários
para que o aluno, entendido como “ser humano” em sua totalidade, possa ser inserido
na sociedade de forma participativa e menos exclusiva. Neste sentido, não deve ser
levado em conta, para a formação humana integral na Educação Básica, o foco restrito
à preparação para o vestibular e para o ENEM, mas sim, garantir uma base igualitária
para todos. É preciso haver integração dos diferentes níveis e modalidades da
educação escolar e articulação entre as políticas educacionais e públicas relativas às
demais dimensões da vida social.
A formação integral implica em competência técnica e compromisso ético,
preparando o sujeito para conviver em sociedade. Assim, é fundamental atentar para
o fato de que o trabalho como princípio educativo não se restrinja ao “aprender
trabalhando” ou ao “trabalhar aprendendo”. Está relacionado, principalmente, com a
intencionalidade de que, por meio da ação educativa os estudantes compreendam a
realidade por meio da apreensão dos conhecimentos científicos, enquanto vivenciam
e constroem a própria formação. No entanto, antes disso há que se possibilitar as
condições para que o jovem possa, de fato, estudar, garantindo a sua permanência
na escola até a idade adequada com qualidade, e com um currículo que integre
sociedade, trabalho, cultura, ciência e tecnologia. Neste sentido, é preciso ainda,
garantir a igualdade no ensino, equilibrando o diurno e noturno, com ampliação de
recursos públicos e ações elaboradas de acordo com a realidade presente na escola,
afim de atender as necessidades/particularidades do educando no contexto social
local.
Eis a importância de o Projeto Político Pedagógico do Colégio Estadual José
de Anchieta levar em conta a trajetória da sua comunidade escolar, sua história e
cultura, não só para garantir um percurso formativo de sucesso dos estudantes, como
também o seu compromisso com a sociedade.
A instituição aponta à necessidade de concentrar a atenção no processo
ensino-aprendizagem dos alunos, cujo foco principal é garanti-lhes o saber,
proporcionando-lhes experiências pedagógicas significativas que os tornem aptos a
entender demandas complexas, em situações particulares, condições de transformar
positivamente a realidade que os cerca. Então ao aspirar uma sociedade efetivamente
igualitária e democrática, necessariamente deve-se exercitar estes princípios no
cotidiano da escola e da vida, pois o ensino aprendizagem faz o educando conhecer-
se e conhecer o porquê das coisas no meio em que vivem. Para tanto, se o que se
41
quer é uma sociedade esclarecida, crítica a ponto de discutir e debater os problemas
existentes em torno da escola, sujeitos que através do conhecimento possam refletir
sobre as ações globais e agir localmente, mudando hábitos e costumes da sociedade
capitalista, devastadora dos recursos naturais, é necessário formar indivíduos que,
pela vivência dos conteúdos selecionados pelos professores, possam pôr em prática
e reverter o quadro da desigualdade que ora se apresenta no país.
Assim, educar em direitos humanos é fundamental para construção de um
processo de cidadania, que leve em consideração, em outros aspectos, a existência
do “outro” como sujeito de direito, devendo à instituição como um todo, respeitar e
destruir preconceitos e visões limitadas, aceitando a pluralidade cultural e, ao mesmo
tempo, educar para o respeito à identidade e reconhecimento humano. Pois o projeto
deve contemplar o comprometimento com os direitos humanos, reafirmando o
entendimento de que os alunos são capazes de adotar atitudes, comportamentos e
crenças voltadas para a cidadania, a tolerância, ao respeito, à solidariedade,
contribuindo para efetivar uma cultura de paz.
Dessa forma, os saberes fazem parte da construção do educando como ser
humano. Ao repensar a história que constrói a escola, sua função e seu objetivo de
formação de seres que organiza para melhorar a convivência social.
3.1.5 Gestão Escolar
Em primeiro lugar, no Colégio Estadual José de Anchieta se entende e se
procura realizar a gestão de forma democrática e, desenvolver uma gestão
democrática significa dar voz e vez a toda a comunidade escolar, visando um
ambiente colaborativo e participativo. Gerir implica não só administrar a escola no
âmbito financeiro, mas construir relações que possibilitem uma convivência
harmoniosa.
Segundo Luck (2004, p 32), é do diretor da escola a responsabilidade máxima
quanto à consecução eficaz da política educacional do sistema e desenvolvimento
pleno dos objetivos educacionais, organizando, dinamizando e coordenando todos os
esforços nesse sentido e controlando todos os recursos para tal. Devido a sua posição
central na escola, o desempenho de seu papel exerce forte influência (tanto positiva,
como negativa sobre todos os setores pessoais da escola.
As funções do trabalho do gestor estão diretamente relacionadas à
organização e gestão da escola. O processo de organização escolar dispõe, portanto,
42
de funções, propriedades comuns ao sistema organizacional de uma instituição, com
base nos quais se definem ações e operações necessárias ao funcionamento
institucional. São quatro as funções constitutivas desse sistema: a) planejamento: b)
organização: racionalização de recursos humanos, físicos, materiais, financeiros,
criando e viabilizando as condições e modos pares realizar o que foi planejado: c)
direção/coordenação: coordenação do esforço humano coletivo do pessoal da escola:
d) avaliação comprovação do funcionamento. Fica, pois, claro que o gestor
desempenha vários papéis dentro do ambiente escolar, cabendo a ele a articulação
de todos os setores e aspectos do mesmo.
O gestor precisa ser dinâmico e ter flexibilidade junto ao corpo docente.
Dourado (2001) relata a eficácia entre o líder e os seus liderados para a criação da
confiança entre eles. A atuação do diretor e da equipe gestora na mobilização de
pessoas e no desenvolvimento de liderança participativa é fundamental. Uma
liderança mobilizadora está sempre a compartilhar com os outros a solução de
problemas, a elaboração de planejamento e a implementação de ações pedagógicas
na escola. Sem negar os problemas, uma liderança mobilizadora procura programar
ações e consolidar mecanismos visando garantir a participação de todos. (p.76).
Este modelo de gestão nos remete a pensar em que tipo de escola temos e
queremos. Que conhecimentos queremos desenvolver com nossos alunos e qual o
seu papel social.
3.1.6 Currículo e Conhecimento
Ao questionar sobre “Para que servem as escolas? ”, Young (2007, p. 1294)
afirma que “elas capacitam ou podem capacitar jovens a adquirir o conhecimento que,
para a maioria deles, não pode ser adquirido em casa ou em sua comunidade, e para
adultos, em seus locais de trabalho”. Portanto, tal conhecimento, nessa perspectiva,
assume uma natureza distinta, que é a de conhecimento curricular ou escolar. Esse
conhecimento é denominado por Young (2007) de “conhecimento poderoso”, que se
refere que o conhecimento realmente tem o poder de fazer, ou seja, proporcionar um
novo jeito de pensar sobre o mundo. Em síntese, embora muitos pais aceitam e se
preocupam com o que seus filhos desenvolvem na escola como habilidades mínimas
de leitura, escrita e cálculo, eles não deixam de esperar que seus filhos adquiram, de
43
acordo com Young (2007), o conhecimento poderoso, conhecimento esse não
acessível livremente dentro de casa.
De acordo com Young (2007, p.1295), no processo de apropriação do
conhecimento poderoso, as relações que se estabelecem entre professores e alunos
apresentam algumas especificidades, dentre elas, a diferença das relações entre
colegas e, portanto, hierárquicas. Diferentemente do que sugerem algumas políticas
governamentais recentes, elas não serão baseadas em escolhas do aluno, pois, em
muitos casos, o mesmo pode não ter o conhecimento prévio necessário para fazer
tais escolhas.
Teorizando sobre a produção de conhecimento científico, Bachelard defende
que em tal processo deve-se considerar o conhecimento prévio que os sujeitos
dispõem, bem como suas experiências, mas chama a atenção que essa ação “não se
trata, portanto, de adquirir uma cultura experimental, mas sim de mudar uma cultura
experimental, de derrubar os obstáculos já sedimentados pela vida cotidiana”. O autor,
assim, aponta este desafio como um obstáculo pedagógico. (BACHELARD, 1996, p.
23).
Em face das considerações apresentadas, compreende-se o currículo em um
cenário educativo complexo, no qual é necessário conhecer práticas “políticas e
administrativas que se expressam em seu desenvolvimento, às condições estruturais,
organizativas, materiais, dotação de professorado, à bagagem de ideias e significado
que lhe dão forma e que o modelam em sucessivos passos de transformação”
(SACRISTÁN, 2000, p. 21).
Para Saviani (1980, p. 51) a função das instituições educacionais seria de
“ordenar e sistematizar as relações homem-meio para criar as condições ótimas de
desenvolvimento das novas gerações [...]. Portanto, o sentido da educação, a sua
finalidade, é o próprio homem, quer dizer, a sua promoção”. Conforme Saviani (1980,
p. 52) promover o homem significa “torná-lo cada vez mais capaz de conhecer os
elementos de sua situação a fim de poder intervir nela transformando-a no sentido da
ampliação da liberdade, comunicação e colaboração entre os homens”. Isso implica,
afirma o autor, definir para a educação sistematizada objetivos claros e precisos, quais
sejam: educar para a sobrevivência, para a liberdade, para a comunicação e para a
transformação. Nesse sentido, Saviani (1980, p. 172) defende a luta pela difusão de
oportunidades e pela extensão da escolaridade do ponto de vista qualitativo. Para
44
tanto, as escolas deveriam assumir a função que lhes cabe de dotar a população dos
instrumentos básicos de participação na sociedade.
Pela proposta de Gramsci (1979, p. 121), quando fala da escola unitária,
comenta que esta deveria assumir a função de “inserir os jovens na atividade social,
depois de tê-los levado a um certo grau de maturidade e capacidade, à criação
intelectual e prática e a certa autonomia na orientação e na iniciativa”. Para isso, no
entanto, defende-se a ideia de que para que esse nível de formação realmente ocorra
na escola, é importante que seja repensada a forma de realização das
capacitações/formações dos profissionais da educação, que precisam ter um tempo
maior dedicado ao estudo da realidade e as possibilidades de transformá-la por meio
de sua ação educativa, visando desenvolver técnicas e metodologias mais eficazes
para a garantia da aquisição dos conhecimentos pelos alunos.
Na escola, o conhecimento é organizado de forma sistêmica e essa
organização é que compõe o currículo. Este, porém, é um campo polêmico, permeado
de ideologia, cultura e relações de poder. Refere-se a uma realidade histórica, cultural
e socialmente determinada, refletida em procedimentos didáticos administrativos que
condicionam sua prática e teorização. Sua elaboração é um processo complexo que
envolve fatores lógicos, epistemológicos, intelectuais e determinantes sociais, como o
poder, interesses, conflitos simbólicos e culturais, propósitos de dominação dirigidos
por fatores ligados à classe, raça, etnia e gênero. Porém, como toda atividade
pedagógica, o currículo se fundamenta em pressupostos de natureza filosófica,
tornando evidente a visão de mundo dos envolvidos, visto que, como afirma Sacristán
(1999, p. 61) “é a ligação entre a cultura e a sociedade exterior à escola e à educação”.
O currículo evidencia o pensar e a ideologia da sociedade a qual a escola está
inserida, sendo estes, refletidos no ambiente escolar.
Considerando a relação do currículo com a sociedade na perspectiva de sua
transformação, pretende-se aprofundar os conceitos que envolvem a Pedagogia
Histórico-Crítica que, segundo SAVIANI, surgiu pela necessidade de “uma proposta
pedagógica que estivesse atenta aos determinantes sociais da educação e que
permitisse articular o trabalho pedagógico com as relações sociais” (SAVIANI, 2012,
p. 118). Na intenção de compreender como se materializa esse processo de
transformação esperado com a implantação da Pedagogia Histórico-Crítica, buscou-
se no autor uma explicação que é anterior à ideia de currículo e de conhecimento,
trata-se da natureza humana. Saviani, ao fazer uma abordagem sobre a natureza e
45
especificidade da educação, no que brevemente compara o homem com os outros
animais, explicita que a transformação da natureza se dá pelo trabalho:
(...) o homem necessita produzir continuamente sua própria existência. Para tanto, em lugar de se adaptar à natureza, ele tem que adaptar a natureza a si, isto é, transformá-la. E isto é feito pelo trabalho. Portanto, o que diferencia o homem dos outros animais é o trabalho. E o trabalho instaura-se a partir do momento em que seu agente antecipa mentalmente a finalidade da ação. Consequentemente, o trabalho não é qualquer tipo de atividade, mas uma ação adequada a finalidades. É, pois, uma ação intencional. (SAVIANI, 2012, p. 11).
Assim, ao considerar as finalidades da escola amplamente discutidas nas
teorias críticas, nota-se que o autor, ao afirmar a necessidade de se antecipar
mentalmente à finalidade da ação, percebe a intencionalidade do ato educativo e sua
previsão por meio do currículo (apesar de não apresentar propriamente uma teoria
sobre currículo), principalmente porque também afirma que a própria educação é um
processo de trabalho. Ao fazer essa comparação, ainda denomina como “mundo
humano” ou “mundo da cultura” essa natureza transformada pelo homem no seu
instinto pela sobrevivência e categoriza o trabalho que se origina desse processo de
transformação, como material ou não material.
O autor, baseado nas ideias de Marx, situa a educação, especificando-a
enquanto categoria em que “o produto não se separa do ato de produção”, ou seja,
segundo o próprio autor, “(...) o ato de dar aula é inseparável da produção desse ato
e de seu consumo. A aula é, pois, produzida e consumida ao mesmo tempo (produzida
pelo professor e consumida pelos alunos)” (SAVIANI, 2012, p. 12). O autor ainda
destaca que “o trabalho educativo é o ato de produzir, direta e intencionalmente, em
cada indivíduo singular, a humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo
conjunto dos homens”, e coloca como o objeto da educação a “identificação dos
elementos culturais que precisam ser assimilados pelos indivíduos da espécie
humana para que eles se tornem humanos” e a “descoberta das formas mais
adequadas para atingir esse objetivo”. Nesta breve abordagem pode-se identificar
elementos centrais do currículo, como sua finalidade, organização, objetivos,
metodologia e conteúdo, numa perspectiva de transformação da natureza/sociedade.
Outro ponto em que fica clara essa visão de transformação proposta pelo autor,
está expresso no texto em que Saviani questiona o sentido da pedagogia e o papel
do pedagogo, colocando que esta ciência e seus profissionais têm uma preocupação
com os métodos e processos, porém, o conteúdo sistematizado não lhes interessa
46
como tal. Diante dessa observação, o autor constata que é preciso haver uma
transformação do saber elaborado em saber escolar. Para ele,
Essa transformação é o processo por meio do qual se selecionam, do conjunto do saber sistematizado, os elementos relevantes para o crescimento intelectual dos alunos e organizam-se esses elementos numa forma, numa sequência tal que possibilite sua assimilação. Assim, a questão central da pedagogia é o problema das formas, dos processos, dos métodos; certamente, não considerados em si mesmos, pois as formas só fazem sentido quando viabilizam o domínio de determinados conteúdos. (SAVIANI, 2012, p. 65).
Apesar dessa crítica ao campo da pedagogia, de modo algum o autor minimiza
a importância do método, ao contrário, apresenta cinco passos para os métodos de
ensino, caso fosse possível traduzi-los em passos, mantendo “presente a vinculação
entre educação e sociedade”. No primeiro passo, que denomina prática social, situa
professor e alunos “em níveis diferentes de compreensão (conhecimento e
experiência) da prática social”. O segundo passo, que chama problematização, trata
de “detectar que questões precisam ser resolvidas no âmbito da prática social e, em
consequência, que conhecimento é necessário dominar”. Instrumentalização é o
terceiro passo, e consiste na “apropriação pelas camadas populares das ferramentas
culturais necessárias à luta social que travam diuturnamente para se libertar das
condições de exploração em que vivem”. Como quarto passo Saviani apresenta
catarse, que “trata-se da efetiva incorporação dos instrumentos culturais,
transformados agora em elementos ativos de transformação social”. O quinto e último
passo é a própria prática social, com os alunos ascendendo ao nível do professor,
com “capacidade de expressarem a compreensão da prática em termos tão
elaborados quanto era possível ao professor”. (SAVIANI, 2012, 70).
Como a sociedade atual é também conhecida como a sociedade do
conhecimento, pois as informações são produzidas e difundidas rapidamente,
currículo e conhecimento se aproximam ainda mais, e suscitem um repensar
constante. Com a velocidade com que as informações são veiculadas, impulsiona a
construção e reconstrução do conhecimento, compreendendo-o como algo que não é
pronto ou acabado, mas construído diariamente nas relações sociais e com a
natureza. O conhecimento até então entendido como verdade absoluta, cede lugar à
construção sedimentada no contexto histórico-político-social-cultural.
Compreendendo que o conhecimento precisa ser construído e não repassado, cabe
47
à escola, a reorganização do seu papel, no sentido de proporcionar ao indivíduo essa
reconstrução.
Para isso, há algum tempo vêm-se assumindo uma postura crítica de ensino,
na qual o aluno participa ativamente, pensa, cria e constrói seu próprio conhecimento.
Desta forma, o currículo passa a ser flexível para se aproximar da realidade do aluno,
ao mesmo tempo que, conforme afirma SAVIANI (2012), não pode abrir mão do
conhecimento clássico, que “é aquilo que resistiu ao tempo, logo sua validade
extrapola o momento em que ele foi proposto. [...] o clássico não se confunde com o
tradicional”, acrescentando que “certas funções clássicas da escola não podem ser
perdidas de vista porque, do contrário, acabamos invertendo o sentido da escola e
considerando questões secundárias e acidentais como principais, passando para o
plano secundário aspectos principais da escola”. O autor ainda acrescenta que os
elementos clássicos do currículo escolar são a alfabetização, o ensino do português,
da matemática, das ciências naturais, da história, da geografia, e nisso, estamos de
pleno acordo.
3.1.7 Tecnologia e educação
O uso das tecnologias na educação contribui para as práticas educativas, com
a criação de uma nova ambiência na sala de aula e na escola, o que repercute em
todas as instâncias e relações envolvidas nesse processo. Dentre as mudanças
percebidas desde que os recursos tecnológicos foram ganhando espaço, destaca-se
as que ocorreram na gestão de tempo e espaço, nas relações entre o ensino e a
aprendizagem, nos materiais de apoio pedagógico, na organização e representação
das informações por meio de múltiplas linguagens.
Segundo LEVY (1993), “o pensamento das novas gerações se desenvolve no âmago de um sistema de co-produção mediatizado pelas tecnologias compondo uma ecologia cognitiva (...) na medida em que transforma a configuração da rede social, ou envolve pessoas, objetos técnicos, valores, práticas, significados e pensamentos articulados em “uma rede na qual, neurônios, módulos cognitivos, humanos, instituições de ensino, línguas, sistemas, de escrita, livros e computadores interconectam, transformam e traduzem as representações”. (LÉVY, 1993, p. 135).
Para compreender o porquê, para quê, com quem, quando e como se integram
com a cultura digital, é importante assumir uma posição crítica, questionadora e
reflexiva diante da tecnologia, que expresse o processo de criação do ser humano,
48
com todas as suas ambiguidades e contradições, uma vez que: “[...] o exercício de
pensar o tempo, de pensar a técnica, de pensar o conhecimento enquanto se conhece,
de pensar o quê das coisas, o para quê, o como, o em favor de quê, de quem, o contra
quê, o contra quem são exigências fundamentais de uma educação democrática à
altura dos desafios do nosso tempo”. (FREIRE, 2000, p.102). E essa reflexão cabe
aos educadores, tanto na sua prática pedagógica quanto na orientação para os alunos
no uso adequado da tecnologia.
Uma questão bastante importante a ser considerada é o papel fundamental que
a formação de professores tem na garantia do sucesso da implementação tecnológica
nas escolas. “A formação de professores é essencial para a incorporação e integração
tecnológica, pois inter-relaciona as diferentes dimensões envolvidas no seu uso, quais
sejam: dimensão crítica humanizadora, tecnológica, pedagógica e didática”.
(ALMEIDA, 2007). Tais dimensões precisam ser compreendidas em suas
particularidades, para que os recursos tecnológicos possam melhorar o processo
ensino-aprendizagem, e ainda, garantir que a individualidade de seus usuários seja
respeitada.
A escola é uma instituição mais tradicional que inovadora. A cultura escolar
resiste às mudanças e os modelos de ensino focados no professor continuam
predominando, apesar dos avanços tecnológicos e dos estudos teóricos em busca de
mudanças no que se refere a novas formas de ensino. Entendemos que os alunos
estão aptos para as novas tecnologias, mas alguns professores ainda não, e
percebem, de forma muito clara, esse descompasso no domínio das tecnologias.
Nesse sentido, mantém uma postura tradicionalista, como forma de omitir a ausência
de conhecimento tecnológico. Neste sentido, o Colégio incentiva seus professores a
participarem de capacitações oferecidas pela SEED, com o objetivo de levar o corpo
docente a rever suas posturas e entender as novas tecnologias como uma nova forma
de pensar e fazer o ensino, como forma de aproximar pessoas, promover troca de
experiências em tempo real a uma velocidade impressionante, nos fazendo repensar
a questão tempo/espaço na vivência do dia a dia, concebendo as novas tecnologias
como parte do cotidiano da escola.
3.1.8 Educação Ambiental
49
A educação ambiental é uma área do conhecimento que aborda questões
socioambientais, que devem ser tratadas de modo sistêmico, integrado na perspectiva
de uma visão de mundo que favoreça o diálogo, e a compreensão da sustentabilidade
no Planeta, em âmbito local e global. Neste sentido, objetiva-se o encontro de
situações que promovam uma sociedade justa, igualitária, sustentável e ambiental, na
construção de um projeto de sociedade que atue de forma mais consciente na solução
dos desafios e problemas enfrentados na atualidade, os quais comprometem o futuro
da humanidade. Assim sendo, acredita-se numa abordagem interdisciplinar,
transdisciplinar e transversal, tendo como finalidade superar a compartimentação e a
fragmentação dos saberes disciplinares, de modo que as questões ambientais não
sejam apenas abordagens pontuais, restritas as disciplinas cujos conteúdos já
contemplem os estudos do meio ambiente (Biologia, Geografia, Química e Física). As
temáticas ambientais devem ultrapassar os planos de trabalho docentes das
diferentes áreas e disciplinas do currículo. A Educação Ambiental deve ser
encaminhada na escola no âmbito de ações: no espaço físico, na gestão e na
organização curricular.
Diante das crises ambientais enfrentadas pela humanidade, a dimensão
ambiental deve se fazer presente no currículo escolar, pois é a escola o lugar ideal
para que esse processo aconteça.
A escola é um espaço privilegiado para estabelecer conexões e informações, com inúmeras possibilidades para criar condições e alternativas que estimulem os alunos s terem concepções e posturas cidadãs, cientes de suas responsabilidades e, principalmente perceberem-se como integrantes do meio ambiente. A educação formal continua sendo um espaço importante para o desenvolvimento de valores e atitudes comprometidas com sustentabilidade ecológica e social. (LIMA 2004).
Somente desta maneira, segundo SCHIKE (1986), “é que se torna possível
acreditar na possibilidade de mudar condutas e valores e, assim, formar pessoas que,
através da disseminação de suas convicções, trabalharão por uma nova maneira de
relacionar-se com o mundo e seus recursos naturais e também com as outras
pessoas”.
O trabalho pedagógico a ser realizado com os alunos poderá ser conduzido a
partir de experiências dos próprios educandos e de suas trajetórias pessoais. Através
da educação ambiental buscar-se-á desenvolver uma conscientização focada no
interesse dos alunos pela preservação ambiental. Ainda, poderão acontecer parcerias
50
com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, além de contar com o apoio do Grêmio
Estudantil.
3.1.9 Violências e o Uso do Álcool e outras Drogas em âmbito escolar
Tem-se acompanhado ao longo dos anos, as mudanças comportamentais que
vêm ocorrendo no campo educacional, e isso tem aumentado a angústia dos
educadores que estão se vendo vencidos pelos atos de indisciplina, pelos
comportamentos desafiadores e pelo extremo desinteresse por parte de grande parte
dos alunos. É grande a frustração por não conseguir reverter esse quadro.
Segundo AUGUSTO (2011), “A escola é o lugar da disciplina. Ela serve para
ensinar obedecer às regras e seguir conhecimentos determinados por padrões
curriculares nacionais”. Numa análise retrospectiva, vemos escola era o lugar da
disciplina, servindo para ensinar a obedecer às regras e seguir conhecimentos
determinados por padrões curriculares nacionais. O autor recorda que:
Chegava-se, assim, ao produto direto da disciplina como maneira de produzir um bom cidadão, em que o “fracassado” escolar se juntava aos que nem à escola chegaram: os destinados desde o nascimento a compor a margem complementar do insuportável para a escola. Esses marginalizados compunham um duplo com os indisciplinados para justicar mais proibições, repressões e ampliar a rede de castigos. Aos que não atingiam o rompimento restavam-lhes o exercício regular dos castigos cotidianos e o medo, misturados com o fascínio em passar para o outro lado. Nesse circuito de violências, segundo a disciplina escolar, o desvio vinha de fora, e devia ser identi6cado, corrigido ou expelido. (AUGUSTO, 2011).
O autor ainda acrescenta que,
Foi o tempo em que a violência e as drogas estavam do outro lado dos muros; eram demônios a rondar as mentes de pais, professores e funcionários, e a provocar sedutoras tentações na mente e no corpo dos alunos comportados. Eram demônios a serem expelidos para a rua: o espaço a ser desfrutado apenas como passagem e com muito cuidado, evitando a sedução dos satânicos agentes de drogas e violências. (AUGUSTO, 2011).
Hoje, porém, as situações de violência apresentam-se de forma complexa e
multifacetada. Não se trata de questões exteriores. O problema da violência, do álcool
e das drogas está presente no cotidiano da escola e, na maioria dos casos a escola
não sabe mais como agir.
51
AUGUSTO (2011) até fala que “antes interessava expelir os que traziam o mal
para o convívio escolar”, mas que “a flexibilização das práticas disciplinares austeras
e a democratização do acesso ao ensino mudaram a relação da escola com as drogas
e a violência”. No entanto, avalia-se que, ainda é opinião da maioria, que esses
supostos “maus alunos” sejam colocados para fora. Infelizmente, as tentativas de
“salvação” são poucas e frustradas. Parece mais fácil, e lógico, colocar para fora quem
não se adapta ao meio.
O que a escola precisa é o contrário. Opostamente, precisa mudar esse
pensamento e criar possibilidades de discussão e análise dos fatores que envolvem
as relações entre os sujeitos dentro da escola, bem como, compreender o que ocorre
histórica e socialmente com a violência presente no interior das instituições escolares
e, principalmente, entender que postura o profissional da educação deve ter no seu
enfrentamento.
3.1.10 Educação Especial
De acordo com a LDB 9394/96 e sua regulamentação pelas Diretrizes
Nacionais da Educação Especial, a educação especial é conceituada e praticada
como uma modalidade educacional, cuja finalidade é oferecer recursos e serviços
especializados aos alunos que apresentam necessidades educacionais.
No Colégio Estadual José de Anchieta a modalidade Educação Especial é
ofertada através do Atendimento Educacional Especializado em Salas de Recursos
Multifuncionais para Deficiência Visual e Atendimento Educacional Especializado em
Salas de Recursos Multifuncionais para Deficiência Intelectual, deficiência física
neuromotora, transtornos globais do desenvolvimento e transtornos funcionais
específicos. Sendo um serviço especializado ofertado no período contrário do aluno
que frequenta a classe regular, com professor de Educação Especial, em espaço
físico adequado onde o atendimento pedagógico específico se dá individualmente ou
em pequenos grupos, com cronograma de atendimento. O objetivo é o progresso
global dos alunos que apresentam dificuldade no processo de aprendizagem com
utilização de métodos, estratégias, atividades diversificadas e extracurriculares.
O principal objetivo é apoiar o sistema de ensino, com vistas a complementar a
escolarização de alunos com deficiência visual, intelectual, deficiência física
neuromotora, transtornos globais do desenvolvimento e transtornos funcionais
52
específicos, matriculados na Rede Pública de Ensino. É um trabalho de caráter
pedagógico que deve constituir em um conjunto de procedimentos específicos, de
forma a desenvolver os processos cognitivo, motor, sócio-afetivo emocional,
necessários para apropriação e produção de conhecimentos, não podendo ser
confundido como reforço escolar ou repetição de conteúdos programáticos da classe
comum.
Conforme Política da SEED que: “O desafio da inclusão escolar é enfrentado
como nova forma de repensar e reestruturar políticas e estratégias educativas, de
maneira a criar oportunidades efetivas de acesso para crianças e adolescentes com
necessidades educacionais especiais, e, sobretudo, garantir condições
indispensáveis para que possam manter-se na escola e aprender”. Assim, “o processo
de inclusão educacional exige planejamento e mudanças sistêmicas político-
administrativas na gestão educacional, que envolvem desde a alocação de recursos
governamentais até a flexibilização curricular (são denominadas adaptações
curriculares) que ocorre em sala de aula”. (MATISKEI, 2004).
“Nas escolas inclusivas são escolas para todos, implicando num sistema
educacional que reconheça e atenda às diferenças individuais, respeitando as
necessidades dos alunos”. (CARVALHO). Este processo exige pensamento e
mudanças existenciais para que a inclusão ocorra de fato, de verdade, e não
meramente matricular o aluno no Ensino e colocá-lo dentro da sala de aula, sem lhe
propor uma rede de apoio para que ele possa se desenvolver plenamente.
Assim, as Salas de Recursos Multifuncionais fazem parte desta rede, pois com
suas metodologias diferenciadas, ajuda os educandos a promover uma aprendizagem
significativa, havendo a valorização da sua autoconfiança para que ele se integre ao
processo de ensino e sinta prazer em aprender. É importante envolver, motivar,
indagar, o aluno para a vontade de adquirir novos saberes, desenvolvendo assim,
suas potencialidades.
IV PLANEJAMENTO (MARCO OPERACIONAL)
4.1 Calendário Escolar
O Calendário Escolar é feito anualmente, seguindo as orientações da
Secretaria Estadual de Educação e em consonância com a legislação vigente. Nele
53
estão previstos os dias letivos, feriados (municipais, estaduais e federais), Por meio
de Resolução emitida pela SEED, a cada ano se estabelece um calendário base para
todas as escolas da Rede Pública Estadual de Educação Básica e para a Rede
Conveniada. Esse Calendário Escolar passa a ser praticado no ano letivo
correspondente à referida resolução.
O Calendário Escolar deve contemplar:
I. Atividades escolares para os professores:
a) Semana pedagógica;
b) Planejamento;
c) Formação continuada;
d) Formação disciplinar: 01 (um) dia, a ser definido pelo Núcleo
Regional de Educação – NRE em conjunto com o
Departamento de Educação Básica – DEB e a
Superintendência da Educação – SUED;
e) Fechamento do ano letivo.
II. Período do 1º semestre letivo;
III. Período do 2º semestre letivo;
IV. Início das aulas
V. Término das aulas
VI. Férias para os alunos
VII. Período de férias para os professores;
VIII. Recessos concedidos aos professores.
Além disso, cabe à instituição definir as datas de Complementação de Carga
Horária (diurno e noturno), caso seja necessário para garantir aos estudantes os 200
dias letivos e 800 horas de atividade escolar. Os feriados municipais deverão atender
às leis e/ou decretos municipais. E, o mesmo é construido coletivamente, aprovado
pelo Conselho Escolar e homologado pela mantenedora.
4.2 Projetos desenvolvidos no Colégio
Conforme ações previstas pelo coletivo no Plano de Ação do Colégio, pretende-
se desenvolver alguns projetos pedagógicos na instituição, com o intuito de melhorar
a aprendizagem dos alunos por meio do incentivo para a exposição de seus trabalhos
e o reconhecimento do mérito pelo bom desempenho escolar.
54
4.2.1 EXPOANCHIETA
a) Objetivos:
• Apresentar para a comunidade escolar os trabalhos realizados pelos alunos.
• Conscientizar da importância que o trabalho elaborado trará para o
aprimoramento dos conhecimentos dos alunos, nas diversas áreas do saber.
b) Encaminhamentos:
A exposição pretendida acontecerá no último trimestre de cada ano e será
organizada de forma que os trabalhos desenvolvidos pelos alunos, sob a direção e
orientação de seus professores, no decorrer do ano letivo.
A exposição dos trabalhos será desenvolvida através da organização de murais
com imagens, textos, fotografias, poemas entre outros, relacionados aos conteúdos
que foram estudados. Além disso, contará também com experimentos, apresentações
culturais e artísticas. Dentre essas apresentações estarão contempladas a exposição
de conteúdos em vídeos, imagens e slides, além de danças artísticas, teatros, recitais
de poesia, trabalhos em tela, pinturas e demais trabalhos manuais realizados nas
diversas disciplinas.
c) Recursos:
• Datashow e notebook;
• Laboratório de informática;
• Internet;
• Murais do Colégio;
• Materiais de consumo.
d) Período:
Segunda quinzena de outubro.
e) Avaliação:
A EXPOANCHIETA será avaliada por toda comunidade escolar, por meio da
manifestação de opinião e sugestões para cada nova edição. Além disso, os
professores e funcionários, juntamente com direção e equipe pedagógica avaliarão
em momento de reunião pedagógica. Do mesmo modo, os alunos poderão dar seu
parecer sobre a atividade por meio do Grêmio Estudantil.
A atividade também será avaliada de acordo como o número de visitantes.
55
4.2.2 ALUNO DESTAQUE
a) Objetivos:
• Valorizar o empenho e dedicação para os estudos.
• Incentivar, sobretudo, cada vez mais alunos a alcançarem melhores resultados
na aprendizagem, por meio do respeito às normas de convivência do Colégio,
respeitando princípios como a assiduidade e pontualidade.
b) Encaminhamentos:
O Aluno Destaque ocorre no Colégio Estadual José de Anchieta – EFM, sua
participação é voluntária e gratuita, de caráter exclusivamente incentivador
cultural/educacional, e aberto à todos os alunos do Ensino Fundamental e Médio.
Os alunos para serem Aluno Destaque devem ser frequentes às aulas,
participar das atividades acadêmicas, ter bom relacionamento interpessoal, sendo que
será verificado nos registros do Colégio se não há nada que desabone a boa conduta
do aluno. Serão também destaques os alunos que representarem o Colégio em
eventos externos.
Ao final de cada trimestre, (a partir de 2017 ao final dos dois primeiros
trimestres) o próprio Colégio identificará os alunos que alcançaram os objetivos, e a
premiação serve com um estímulo para àqueles que não foram indicados
anteriormente para que se superem, pois as chances são iguais para todos.
A premiação em geral, consiste em um certificado de Honra ao Mérito conferido
pelo Conselho Escolar do Colégio Estadual José de Anchieta – EFM, em cada
trimestre. O aluno que for destaque nos dois primeiros trimestres receberá, ao final do
ano, uma viagem de estudos, além de uma camiseta de “Aluno Destaque”. Aqueles
que não alcançarem nos dois trimestres, farão parte de um Livro/álbum do Colégio,
que evidenciará todos aqueles que, de alguma forma, foram destaque nas atividades
escolares.
Esta é uma forma de estimular os alunos a melhorar sua aprendizagem, bem
como, contribuir com o bom comportamento no Colégio, participando ativamente de
projetos organizados pela instituição.
c) Recursos:
• Relatórios do RCO;
• Livros de registros do Colégio;
• Fichas de registro individuais;
56
• Recursos financeiros para a confecção dos certificados, confecção das
camisetas e do Álbum de destaques do ano, e, para custear as despesas
da viagem de estudos.
d) Período:
Primeiro e segundo trimestre - avaliação.
Terceiro trimestre – premiação.
e) Avaliação:
O “Aluno Destaque” será avaliado na medida que mais alunos forem motivados
a melhorar seu desempenho escolar. Será avaliado anualmente por toda comunidade
escolar, por meio da manifestação de opinião e sugestões para cada nova edição.
Além disso, os professores, juntamente com direção e equipe pedagógica, avaliarão
em momento de reunião pedagógica. Do mesmo modo, os alunos poderão dar seu
parecer sobre a atividade por meio do Grêmio Estudantil.
4.2.3 Projeto de Leitura
a) Objetivos:
• Utilizar estratégias de leitura em favor da construção do conhecimento.
• Desenvolver a leitura, oralidade e escrita de diferentes tipos de gêneros.
• Fomentar o gosto pela leitura, aos docentes e discentes, implementado práticas
diversificadas em todas as áreas do conhecimento.
• Incentivar os alunos a lerem, para ampliar seus conhecimentos no processo
ensino-aprendizagem.
• Ler textos de diversos gêneros com temas relacionados a problemas sociais
para auxiliar na busca de solução como instrumento de transformação eficaz
para a sociedade.
• Usar o poder da palavra como instrumento de denúncia e mobilização para a
prática e multiplicação das iniciativas da construção da paz.
• Apropriar-se de recursos linguísticos para contribuir socialmente com as
iniciativas de ações de tolerância e a responsabilidade social.
• Conhecer e valorizar a diversidade cultural e o estudo das variantes como
forma de expressão.
b) Encaminhamentos:
57
O Projeto de Leitura é desenvolvido no Colégio Estadual José de Anchieta –
EFM todos os anos. Os professores de Língua Portuguesa utilizam uma hora aula
semanalmente para realizar com as turmas as atividades que envolvem o projeto.
Além disso, o horário escolar está organizado de forma a garantir que, todos os dias
após o intervalo, nos três períodos, os alunos têm quinze minutos para dedicar à
leitura. Os professores e funcionários também são incentivados a fazer a leitura neste
horário.
Paralelamente, os professores de Língua Portuguesa realizam as seguintes
atividades:
• Visita periódica a Biblioteca;
• Leitura individual ou compartilhada com alunos;
• Debates em sala sobre os gêneros lidos;
• Recontarão de assuntos que mais interessam;
• Criação de textos individuais e coletivos com a descrição das estruturas
que envolvem cada gênero (fato, personagens, tempo, ponto de vista,
narrador);
• Realização de estudos individuais e coletivos contidos nas obras;
• Transposição de textos estudados em outros gêneros textuais (resumos,
resenhas, paródias, poesias, tiras, histórias em quadrinhos, notícia,
propaganda e outras);
• Produções textuais que possibilitem aos alunos elaborarem um final
diferente para as histórias lidas, desenvolvendo a criatividade;
• Representações artísticas como: Teatro, poesia, poemas, paródias,
cartaz, imagens, piadas, entre outras.
c) Recursos:
• Acervo bibliográfico da Biblioteca Professora Clair Dahmer Mumbach.
• Livros didáticos.
d) Período:
Primeiro e segundo trimestre - avaliação.
Terceiro trimestre – premiação.
e) Avaliação:
O Projeto de Leitura será avaliado na medida que mais alunos forem motivados
a ler, demonstrando gosto e, consequentemente, melhorando seu desempenho
58
escolar. Será avaliado anualmente por toda comunidade escolar, por meio da
manifestação de opinião e sugestões para cada nova edição. Além disso, os
professores, juntamente com direção e equipe pedagógica, avaliarão em momento de
reunião pedagógica. Do mesmo modo, os alunos poderão dar seu parecer sobre a
atividade por meio do Grêmio Estudantil.
4.3 Ações Didático Pedagógicas
4.3.1 PROEMI
O Colégio Estadual José de Anchieta – EFM aderiu ao Programa Ensino Médio
Inovador – ProEMI, implementando uma carga horária diária de 5h de atividades para
o desenvolvimento do referido programa. Na ocasião da adesão, o número de
estudantes no Ensino Médio era de 227 alunos, cujas matrículas distribuíam-se entre
os períodos da manhã e noite.
Para a implementação do programa foram selecionados os seguintes Campos
de Integração Curricular:
• Acompanhamento Pedagógico (Língua Portuguesa e Matemática)
• Iniciação Científica e Pesquisa
• Mundo do Trabalho
• Protagonismo Juvenil
• Comunicação, Uso de Mídias e Cultura Digital
Depois de realizada a adesão ao programa, coube à comunidade escolar
elaborar uma Proposta de Redesenho Curricular, com vistas a prever ações que
contemplem os Campos de Integração Curricular selecionados. Conforme orientação
da SEED, no seu Plano de Atendimento Global,
É importante que as instituições de ensino, ao realizarem a adesão do ProEMI, reúnam seus coletivos e reflitam à luz dos documentos orientadores (Documento Orientador do Programa Ensino Médio Inovador, Diretrizes Curriculares da Educação Básica - Paraná, Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, Orientações Curriculares e Projeto Político Pedagógico), analisando os índices de rendimento escolar, identificando as principais dificuldades, desafios, metas a serem alcançadas, estratégias e ações necessárias para a superação dos problemas constatados. Ressaltamos a necessidade de que todas as propostas planejadas partam das necessidades apresentadas pela realidade de cada instituição e sejam construídas e elaboradas pela comunidade escolar, com a participação efetiva dos
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estudantes do Ensino Médio. As ações integradas devem partir da Proposta Pedagógica Curricular das instituições, se incorporarem ao Plano de Trabalho Docente e se efetivarem na prática realizada em sala de aula. (SEED, 2015).
Desta forma, tomou-se o cuidado para que houvesse a participação do coletivo
da instituição, assim como, foram considerados os indicadores e taxas que indicam a
distorção idade/série, bem como o rendimento escolar dos alunos do Colégio, para
que as ações fossem definidas.
Os projetos com as ações previstas para os respectivos Campos de Integração
Curricular que compões a Proposta de Redesenho Curricular constarão em
documento próprio.
4.3.2 CELEM
Com oferta extracurricular e gratuita de língua estrangeira no Colégio, o Centro
de Línguas Estrangeiras Modernas - CELEM é destinado a alunos, professores,
funcionários e à comunidade. Neste estabelecimento de ensino optou-se pelo ensino
do idioma da Língua Espanhola e funciona no período intermediário, como Atividade
Curricular Complementar.
Oferta-se o Curso Básico: 2 (dois) anos de duração (320 h), com 4 (quatro)
horas/aula semanais distribuídas em dois. Em função da demanda, não são ofertadas
as duas turmas todos os anos. Neste ano, por exemplo, há a oferta da Turma 1 do
Curso Básico.
O funcionamento do CELEM é acompanhado pelo Núcleo RegionaL de
Educação (NRE), que atende as orientações definidas pela Coordenação do CELEM
/SEED.
A Proposta Pedagógica Curricular do Programa constará na PPC.
4.4 Ações referentes à Flexibilização Curricular
Neste estabelecimento de ensino a flexibilização curricular será ofertada
levando em consideração os estudantes público-alvo da educação especial, os
estudantes atendidos pelo Serviço de Apoio à Rede Escolarização Hospitalar/SAREH,
estudantes afastados pelo Decreto-Lei nº 1044/69 e pela Lei nº 6202/75, atendimento
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aos estudantes em cumprimento de medida socioeducativa, estudantes do Programa
de Aceleração de Estudos (PAE) e outras situações que requeiram a flexibilização
curricular.
4.5 Proposta Pedagógica Curricular
A Proposta Pedagógica Curricular deste estabelecimento constitui um
documento que fundamenta e sistematiza a organização do conhecimento no
currículo. Expressa os fundamentos conceituais, metodológicos e avaliativos de cada
disciplina/componente curricular/áreas do conhecimento, elencados na Matriz
Curricular, assim como os conteúdos de ensino dispostos de acordo com as Diretrizes
Curriculares Nacionais, Diretrizes Curriculares Orientadoras da Educação Básica para
a Rede Estadual de Ensino e demais leis vigentes, por etapas e modalidades de
ensino.
A Proposta Pedagógica Curricular, é constituída pelos seguintes elementos:
a) Matriz Curricular contemplando as disciplinas da Base Nacional Comum e
da Parte Diversificada, indicando a etapa e modalidade de ensino a que se destina;
b) Forma de organização do conhecimento no currículo: apresentação dos
fundamentos teóricos metodológicos, objetivos, conteúdos, avaliação e referências de
cada disciplina/componente curricular/áreas do conhecimento.
A integralidade da PPC constará em documento próprio.
4.5.1 Proposta Pedagógica Curricular do Programa de Atividades de Ampliação de
Jornada
A Proposta Pedagógica Curricular do Programa de Atividades de Ampliação de
Jornada Escolar contempla as atividades do CELEM; Salas de Apoio à Aprendizagem
de Língua Portuguesa e Matemática; Modalidade Esportiva Individual Tênis de Mesa;
Modalidade Esportiva Coletiva – Futebol. As propostas do programa estão
organizadas com os seguintes elementos: objetivos, conteúdos (relações
interdisciplinares articuladas com a proposta pedagógica curricular das disciplinas da
instituição de ensino), encaminhamentos metodológicos, avaliação, resultados
esperados e referências bibliográficas.
A referida Proposta Pedagógica Curricular – contemplando o Programa de
Atividades de Ampliação de Jornada Escolar está em consonância com as Diretrizes
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Curriculares Nacionais, Diretrizes Curriculares Orientadoras da Educação Básica para
a rede estadual de ensino e demais leis vigentes.
A Proposta Pedagógica Curricular do Programa de Atividades de Ampliação de
Jornada constará na PPC do Colégio.
V LEGISLAÇÕES ARTICULADAS AO CURRÍCULO
Firmando o compromisso com a formação humana integral, tendo como base
os ideais de equidade, de igualdade, de ética, de justiça social, de solidariedade e de
democracia, apontamos as Legislações que estão articuladas ao currículo:
• Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei nº 9394/96.
• Diretrizes Curriculares Nacionais
• Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná
• Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica
• Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove)
anos
• Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio
• Diretrizes Operacionais para o atendimento educacional especializado
na Educação Básica, modalidade Educação Especial
• Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-
Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana
• Diretrizes Nacionais para a Educação em Direitos Humanos
• Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental
• Educação Ambiental (Lei Federal 9597/99 e Decreto 4201/02)
• História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena (Lei Federal 11645/08)
• Educação Fiscal e Tributária (Decreto 1143/99 e Portaria 413/02).
• História e Cultura Afro-brasileira e Indígena Lei 11.645/08
• Enfrentamento a violência contra a criança e o adolescente - Lei Federal
11525/07
As legislações acima citadas serão cumpridas por meio de trabalho pedagógico
desenvolvido pelos professores, com ações em sala de aula nos momentos em que
os conteúdos corresponderem e contribuírem com tais temas. Além disso, o Colégio
também organizará, eventualmente, campanhas, palestras, debates, oficinas, de
forma que os alunos sejam orientados a respeito dos referidos temas.
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Complementarmente, serão estabelecidas parcerias com outras entidades ou
instituições com a possibilidade de trazer outros profissionais para trabalharem com
os alunos e professores.
VI AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL
A avaliação institucional é um instrumento de organização da escola como um
todo que visa a analise do funcionamento e andamento das atividades propostas,
orientadas pelo documento do PPP.
Ao longo do ano letivo são desenvolvidas diversas ações que possibilitam
elencar e definir os rumos que devem ser seguidos para o bom andamento da
instituição. Dentre essas ações podemos citar o plano de ação, que é o documento
norteador de todas as ações e metas a serem realizadas.
Outra forma de realizar o processo acontece por meio das reuniões
pedagógicas, nas quais são repassadas informações de como proceder na
organização do trabalho docente, na elaboração do PTD, sobre o regimento escolar,
e o processo avaliativo dos conteúdos trabalhados na sala de aula.
Além disso, ao final de cada trimestre é realizado o pré- conselho, que consiste
na análise e discussões sobre o rendimento induvidual e coletivo, bem como
questionar a organização da escola e sugerir alternativas para o melhor andamento
do ambiente escolar. Após o pré-conselho ocorre o conselho de classe no qual os
professores, equipe pedagógica e gestores, analisam a partir dos resultados obtidos
nas avaliações, o crescimento e o rendimento obtido de forma individualizada e
debatem sobre a disciplina e o comportamento dos alunos, elencam alternativas para
tentar solucionar os problemas apontados bem como avançar no processo educativo.
Ainda temos o instrumento da avaliação de avanços e progressões de todo o
quadro efetivo dos funcionários, realizados a cada dois anos, que possibilita a
promoção remuneratória, estimula a participação em formações de qualificação
profissional e a assiduidade e comprometimento para com a instituição de ensino.
Para obter uma maior amplitude e melhores resultados nas ações propostas,
busca-se a ampliação dos processos avaliativos. Um instrumento que pode ser
utilizado é a elaboração de um questionário online diagnóstico, qualitativo e
quantitativo, com questões objetivas que abordem todos os setores da escola, este
deverá ser realizado a cada dois anos coencidindo com o térimino da gestão.
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Outra sugestão é a elaboração de um painel expositivo que demonstre as
metas e as ações a serem alcançadas pelo coletivo da escola. Este painel será
formulado a partir das propostas elencadas no plano de ação.
VII ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO DO PPP
O trabalho de construção do Projeto Político Pedagógico aconteceu
coletivamente e teve início no segundo semestre de 2016. Essa construção partiu das
necessidades percebidas por meio de instrumentos de diagnóstico aplicados a todos
os segmentos, que foram analisados pelo grupo de professores, juntamente com a
direção e equipe pedagógica. A participação das famílias, alunos e funcionários deu-
se nos momentos de aplicação dos instrumentos avaliativos e, também, quando da
definição de algumas ações.
A partir de sua aprovação, este documento e, mais especificamente as ações
nele previstas, precisam ser avaliadas periodicamente para que, de fato, suas
propostas sejam empreendidas. Para tanto, pretende-se fazer a leitura anual, nos
momentos coletivos de elaboração do Plano de Ação da Escola, sempre no início de
cada ano letivo, para garantir o maior esforço na sua implementação.
VIII REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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