clostridioses em peq. ruminantes

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    Clostridioses dos pequenos ruminantes

    Clostridiosis of small ruminants

    Francisco C. F. Lobato*1, Felipe M. Salvarani1, Ronnie A. de Assis2

    1Laboratrio de Bacteriose e Pesquisa da Escola de Veterinria da Universidade Federal de Minas GeraisDepartamento de Medicina Veterinria Preventiva

    Av. Presidente Antnio Carlos 6627, CEP 30123-970, CP 567, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil2Setor de clostridioses. Laboratrio Nacional Agropecurio de Minas Gerais (LANAGRO / MG), Brasil

    ARTIGO DE REVISO

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    Resumo: As clostridioses dos pequenos ruminantes socausadas por microrganismos patognicos do gneroClostridium. Estes agentes so encontrados no solo e tratodigestivo dos animais e do homem. Os clostrdios so bactriasanaerbias que penetram no corpo do animal na forma deesporos, atravs de alimentos contaminados ou feridas. As toxinasso produzidas no organismo do animal ou so ingeridaspr-formadas. As infeces e intoxicaes causadas por essesagentes so responsveis por grandes perdas econmicas nossistemas de produo de pequenos ruminantes. O diagnsticodas clostridioses depende da deteco das toxinas ou detecoin situ do agente bacteriano, no caso das mionecroses e hepatitenecrtica. O controle e a profilaxia das clostridioses estoassociados a medidas corretas de manejo e, principalmente, aoemprego de vacinas, que so, na maioria das vezes, toxides

    e/ou bacterinas, em combinao de dois ou mais agentes. Autilizao sistemtica de imungenos tem reduzido em grandeparte a mortalidade e as perdas econmicas advindas dosquadros clnicos causados pela multiplicao ou pela ao dastoxinas produzidas por microrganismos do gnero Clostridium.

    Palavras-chave: Clostridioses, pequenos ruminantes, diagns-tico, controle

    Summary: Pathogenic microorganisms of the genusClostridium cause Clostridiosis in small ruminants. Theseagents are found in the soil and digestive tract of animals,including human beings. The clostridia are anaerobic microor-ganisms that penetrate in the body of the animals in the form ofspores through contaminated food and/or wounds. Toxins areproduced inside the organism of the animals or are ingestedwhen preformed. The infections and intoxications caused bythese agents are responsible for great economical losses inproduction systems of small ruminants. The diagnosis of theclostridiosis mediated by toxins depends on the detection of theinvolved toxin(s) and not on the detection and isolation of thebacterial agent only. The control and prophylaxis of clostridiosisare associated with correct measures of management and vacci-nation. The vaccines are, most of the time, a combination of twoor more antigens (toxoids and/or bacterins). The systematicuse of immunogens has largely reduced the mortality and theeconomic losses due to clostridial diseases.

    Keywords: Clostridiosis, small ruminants, diagnosis, control

    Introduo

    O grupo de infeces e intoxicaes causadas porbactrias anaerbias do gnero Clostridium sochamadas clostridioses. Estes microrganismos so

    bacilos, Gram positivos e tm a habilidade de passarpor uma forma de resistncia chamada esporo epodem se manter potencialmente infectantes no solopor longos perodos, representando um risco signi-ficativo para a populao animal e humana (Titball etal., 2006).

    Muitos processos infecciosos que afetam as explo-raes ovinas e caprinas so determinados pelosclostrdios. Existem cerca de 100 espcies distribudasem reas geogrficas distintas, sendo a maioria cons-tituinte da microbiota intestinal, porm apenas algumasdelas so capazes de causarem enfermidades nestesanimais, ocasionando grandes prejuzos econmicos

    para os produtores (Lobato e Assis, 2000).As infeces e intoxicaes causadas pelas bactrias

    do gnero Clostridium nos pequenos ruminantes,podem ser classificados em grupos distintos:

    a) Mionecroses: representadas pelo carbnculosintomtico e gangrena gasosa ou edema maligno. So

    afeces em que os agentes Clostridium chauvoei,Clostridium septicum, Clostridium novyi tipo A,Clostridium perfringens tipo A e Clostridium sordelliimultiplicam-se na musculatura e tecido subcutneo,resultando em um quadro de toxemia (Sterne e Batty,1975).

    b) Enterotoxemias: afeces causadas pelos agentesClostridium perfringens tipos A, B, C, D, e provavel-mente o tipo E (Songer, 1996), e ocasionalmenteClostridium sordellii e Clostridium septicum. Essesmicrorganismos multiplicam no trato intestinal dosanimais e produzem exotoxinas responsveis pelo

    quadro nosolgico.c) Doenas hepticas: hepatite necrtica e hemoglo-binria bacilar so causadas pelo Clostridium novyitipo B e Clostridium haemolyticum, respectivamente.

    R E V I S T A P O R T U G U E S A

    CINCIAS VETERINRIASDE

    *Correspondncia: [email protected]

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    d) Doenas neurotrpicas: so afeces em que osistema nervoso primariamente acometido. Osagentes envolvidos nesse grupo so Clostridium botu-linum e Clostridium tetani.

    Toxinas clostridiais

    Clostridium chauvoeie Clostridium septicum

    Estes microrganismos produzem quatro toxinasprincipais: alfa (hemoltica, necrotizante e letal), beta(DNase), gama (hialuronidase) e delta (hemolisina). Atoxina alfa a principal protena envolvida nosquadros patolgicos das mionecroses devido s suasatividades biolgicas. Seu mecanismo de ao

    baseado principalmente na formao de poros e liseosmtica, exibindo uma liberao pr-ltica de ons

    potssio (Ballard et al., 1992; Gordon et al., 1997;Tweten, 2001). A toxina alfa produzida pelo C. chau-voei, de origem cromossomal, tem peso molecular de53,5 kDa e a toxina alfa secretada pelo C. septicum, deorigem plasmidial e cromossomal, tem peso molecularde 49 kDa (Hatheway, 1990; Tweten, 2001). Moussa(1958) demonstrou que anticorpos contra toxina alfade C. chauvoei no neutralizam toxina alfa de C. sep-ticum, demonstrando no ocorrer proteo cruzadaentre as espcies.

    Clostridium perfringens

    So classificados de A a E (Tabela 1), de acordocom a produo de quatro toxinas principais: alfa,

    beta, psilon e iota. Duas novas toxinas foramdescobertas, beta-2 e enterotoxina, estando relacio-nadas com alguns tipos de C. perfringens.

    Tabela 1 - Classificao dos diferentes tipos de Clostridiumperfringens.

    Tipo Alfa Beta Beta-2 psilon Iota Enterotoxina

    A + + +

    B + + + +

    C + + + +

    D + + +

    E + + +

    Fonte: Petit el at. (1999).

    Toxina alfa. Codificada pelo geneplc, de origem cro-mossomal, com peso molecular de 43 kDa e pontoisoeltrico no pH de 5,4. uma fosfolipase C quehidrolisa a fosfatidilcolina e, em menor proporo, aesfingomielina, na dependncia de ons clcio. Aao da toxina alfa caracteriza-se por hemliseintravascular, danos capilares, processos inflamatrios,agregao plaquetria e alteraes do metabolismo,culminando com a morte celular (Songer, 1996; Petit

    et al., 1999; Titbal et al., 2006).Toxina beta. Codificada pelo gene cpb, de origem

    plasmidial, com peso molecular de 40 kDa e ponto

    isoeltrico no pH de 5,6 (Hatheway, 1990). Sua aocaracteriza-se pelo efeito citotxico atravs da for-mao de poros, atuando nos canais seletivos de sdioe potssio, causando despolarizao das membranascelulares excitveis e alteraes na permeabilidade

    vascular do sistema nervoso (Shatursky et al., 2000;Tweten, 2001).

    Toxina beta-2. Codificada pelo gene cpb-2, de origemplasmidial, com peso molecular de 28 kDa (Bueschelet al., 2003). Investigaes epidemiolgicas demons-traram a maior ocorrncia do gene cpb-2 entre osanimais doentes, sugerindo que a toxina codificada

    por este gene tem funo relevante no processopatognico, como possvel fator de virulncia (Gibertet al., 1997; Klaasen et al., 1999; Gkiourtzidis et al.,2001). Seu mecanismo de ao no est completa-

    mente esclarecido, mas envolve a lise celular atravsda formao de poros na membrana (Petit et al., 1999).

    Toxina psilon. Codificada pelo gene etx, de origemplasmidial, secretada na forma de protoxina, compeso molecular de 32,7 kDa e, pela ao de enzimasproteolticas convertida na forma ativa, com pesomolecular de 31,2 kDa (Hatheway, 1990; Petit et al.,1999). Seu mecanismo de ao envolve a ligaoespecfica a receptores na superfcie das clulasendoteliais promovendo a desestabilizao da mem-

    brana com alterao da permeabilidade vascular comresultante escape de lquidos e destruio celular(Songer, 1996).

    Toxina iota. Formada por duas subunidades proticasimunologicamente distintas denominadas iota A,codificada pelo gene iap, de origem plasmidial, com

    peso molecular de 47,5 kDa e ponto isoeltrico no pHde 5,2; e iota B, codificada pelo gene ibp, de origem

    plasmidial, com peso molecular de 105 kDa e pontoisoeltrico no pH de 4,2. A toxina iota produzida naforma de protoxina, sendo ativada na presena deenzimas proteolticas. Seu mecanismo de aoenvolve desorganizao do citoesqueleto das clulas

    com consequente morte celular (Marvaud et al.,2002).

    Enterotoxina. Codificada pelo gene cpe, de origemcromossomal e/ou plasmidial, com peso molecular de35 kDa e ponto isoeltrico no pH de 4,3. Seu meca-nismo de ao envolve a ligao com receptoresespecficos na superfcie das clulas epiteliais dointestino dos animais, levando a formao de poros edesequilbrio osmtico da clula com consequente lisecelular (Li e McClane, 2006).

    Toxina secundrias. So representadas, principal-mente, pelas toxinas: theta, codificada pelo genePfoA, de origem cromossomal, com peso molecular de51 kDa e mecanismo de ao envolvendo atividades

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    hemolticas e necrosantes; delta, com peso molecularde 42 kDa e mecanismo de ao envolvendo atividadehemoltica; kappa, codificada pelo gene colA, deorigem cromossomal, com peso molecular de 80 kDae mecanismo de ao envolvendo hidrlise de

    colgeno e necrose celular; lambda, codificada pelogene lam, de origem plasmidial, com peso molecularno determinado e mecanismo de ao envolvendoatividades proteolticas; neuramidase, codificada pelogene nanH, de origem cromossomal, com peso mole-cular de 64 kDa e mecanismo de ao envolvendoaglutinao de eritrcitos, resultando num aumento daviscosidade sangunea e formao de trombos(Hatheway, 1990; Petit et al., 1999).

    Clostridium novyi

    Produz cinco toxinas principais: alfa, com peso

    molecular de 260-280 kDa e ao citotxica; beta,com peso molecular de 32 kDa e caracterizada comofosfolipase C de ao hemoltica; gama e delta, com

    pesos moleculares ainda no determinados e aosemelhante a toxina beta; e psilon, com peso molecu-lar ainda no determinado e ao de lipase (Schirmere Aktories, 2004).

    Clostridium sordellii

    Entre as toxinas produzidas por essa bactria temosa lectininase, hemolisina lbil ao oxignio, e uma fibri-nolisina, as quais so capazes de causar choque com

    posterior hipotenso, aumento do hematcrito commarcada neutrofilia, generalizado edema pulmonar,acmulo de fludos no peritnio e outras cavidadescorporais (Geny et al., 2007).

    Clostridium botulinum

    As neurotoxinas so as principais toxinas respons-veis pelo quadro patolgico do botulismo. Existemsete sorotipos de neurotoxina botulnica, que permitema classificao de C. botulinum em sete tipos, dividi-dos de A a G. As neurotoxinas so codificadas pelogene BoNT. A origem desse gene varia entre os

    diferentes tipos de C. botulinum. Os tipos C e D temorigem em bacterifagos, os tipos A, B, E e F origemcromossomal e o tipo G origem plasmidial(Brggemann, 2005).

    As neurotoxinas assemelham no somente nomecanismo de ao, mas tambm na sua organizaoestrutural, produzindo uma cadeia polipeptdica inac-tiva com 150 kDa e aps a lise bacteriana, as BONTsso liberadas e clivadas por proteases exgenas eendgenas e uma neurotoxina activa bivalente geradacom uma cadeia pesada (H, 100 kDa) e uma cadeialeve (L, 50 kDa) interligadas por uma ponte dissulf-

    drica. A importncia dessa ligao est diretamenterelacionada sua neurotoxicidade quando a toxina apresentada no espao extracelular (Brunger et al.,2007).

    Outra importante toxina produzida pelo C. botu-linum tipo C a toxina C2, que no considerada umaneurotoxina verdadeira. uma toxina binria, forma-da pelo componente I (C2I) com peso molecular de50 kDa e o componente II (C2II) com peso molecular

    de 105 kDa. Seu mecanismo de ao envolve alteraoda permeabilidade vascular e atividade letal (Kaiseretal., 2006).

    Clostridium tetani

    Tetanospasmina. Codificada pelo gene TeTx, deorigem plasmidial, com peso molecular de 150 kDa uma neurotoxina e age inibindo a liberao de neuro-transmissores inibitrios, como o cido gama globu-lnico (GABA) e a glicina, levando a um quadro de

    paralisia espstica (Brggemann, 2005).

    Tetanolisina. uma hemolisina, com peso molecularde 48 kDa e que tem seu mecanismo de ao baseadona lise celular atravs da formao de poros porhidrlise de fosfolipdeos de membrana (Cornille eRoques, 1999).

    Mionecroses

    Carbnculo sintomtico ("manqueira" ou "mal

    de ano")

    O carbnculo sintomtico ocorre em vrias espciesanimais, sendo bovinos e ovinos os mais acometidos.

    Nos bovinos a infeco "endgena" causada peloClostridium chauvoei (Sterne e Batty, 1975; Gyles,1993), em ovinos principalmente de origem "exgena"causada pelo mesmo agente, e desenvolve-se rapida-mente aps contaminaes de feridas provenientes detosquias, partos distcicos, castraes, vacinaes eoutras intervenes realizadas em condies noasspticas (Roberts e McEwen, 1931; Buxton eDonachie, 1991, Assis et al., 2004). Entretanto,carbnculo sintomtico em ovinos sem qualquerevidncia de feridas tem sido relatado, envolvendo a

    musculatura esqueltica (Marsh et al., 1928; Stiles,1943) e o miocrdio (Glastonbury et al., 1988).

    Clinicamente o animal apresenta temperatura elevada,anorexia e depresso. O local afetado torna-se ede-matoso e palpao observa-se crepitao decorrentedas bolhas de gs produzidas pela multiplicao da

    bactria e quando um membro atingido, o animalapresenta claudicao. A evoluo da doena paramorte ocorre geralmente em at 48 horas. A necrpsiaobserva-se edema, hemorragia e necrose miofibrilar,exalando acentuado odor ranoso ou butrico. Ahistopatologia do msculo, principal espcime clnico

    utilizado para o diagnstico definitivo das mionecroses,observam-se zonas de necrose de coagulao rodeadaspor clulas inflamatrias, bem como a presena debacilos (Hulland, 1993).

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    Gangrena gasosa (edema maligno)

    A gangrena gasosa ou edema maligno considera-do uma infeco "exgena", produzida por um oumais dos seguintes agentes: C. septicum, C. chauvoei,

    C. novyi tipo A, C. perfringens tipo A e C. sordellii(Assis et al., 2002). Estes microrganismos penetramem feridas cirrgicas ou acidentais, decorrentes decastrao, tosquia, parto, puno venosa, vacinao,ou do cordo umbilical (Morris et al., 2002; Radostitset al., 2002). Estes fatores propiciam uma diminuiodo oxignio molecular, levando a um baixo potencialde xido-reduo nos tecidos, favorecendo a germi-nao dos esporos dos clostrdios ali localizados, coma consequente produo de toxinas principalmente atoxina alfa que causa efeito letal e citoltico (Lobato eAlmeida, 1997). Acomete vrias espcies animais,sendo mais freqente em bovinos e ovinos. Surtos da

    doena, envolvendo pequenos ruminantes, tm sidorelatados com elevada mortalidade (Richards e Hunt,1982; Lima et al., 2006; Costa et al., 2007).

    A sintomatologia inclui febre, anorexia, taquicardiae depresso, ocorrendo tambm toxemia que faz comque o quadro evolua para a morte em poucas horas ougeralmente em um a trs dias (Smith, 1984). As lesesmacroscpicas e microscpicas so semelhantes s docarbnculo sintomtico, com ocorrncia de edemacrepitante nos msculos e tecidos subcutneos, queinicialmente so quentes e doloridos. Com a evoluoda doena, tornam-se frios e indolores, sendo comum

    a ocorrncia de hemorragias e necrose. Em geral nagangrena gasosa ocorre com maior frequncia umacelulite (afeta principalmente o tecido subcutneo)que uma miosite (Buxton e Donachie, 1991).

    Uma condio peculiar dos ovinos a afecodenominada "big head" ou "cabea inchada", sendorelatada em carneiros que tm o tecido subcutneo daregio da cabea, pescoo, e reas circunvizinhas,traumatizados por "lutas". As feridas funcionam como

    porta de entrada para esporos do microrganismo(Sterne e Batty, 1975).

    Enterotoxemias

    Enterotoxemia o termo usado para descreverdoenas causadas por toxinas produzidas no tratogastrintestinal, principalmente pelo C. perfringens ecom menor frequncia por C. septicum (Braxy)(Songer, 1996), e C. sordellii (Al-Mashat e Taylor,1983a, b). Os diferentes tipos de C. perfringens soclassificados como A, B, C, D e E em relao

    produo de quatro diferentes exotoxinas alfa, beta,psilon e iota (Niilo, 1980). Entretanto, o agente

    produz vrias outras exotoxinas chamadas de

    secundrias (McDonel, 1986). Em ovinos maiscomumente descrita a enterotoxemia pelos tipos B, Ce D, embora alguns autores descrevam a enterotoxemia

    nessa espcie pelo Clostridium perfringens tipo A,enfermidade denominada de "yellow lamb disease" ou"doena do cordeiro amarelo" (Songer, 1996; Uzal,2001).

    Clostridium septicum

    Uma condio particular de ovinos, determinadapor C. septicum, a enfermidade denominada"Braxy", caracterizada por injrias na parede doabomaso em decorrncia da ingesto de pastagenscongeladas que favorecem a infeco pelo microrga-nismo e o desencadeamento do processo, produzindoleses locais no abomaso, intestino delgado e toxemia(Songer, 1996). A enfermidade est restrita a determi-nadas regies geogrficas e j foi relatada emcordeiros recm-nascidos no Reino Unido (Buxton eDonachie, 1991), assim como em outras partes daEuropa, Austrlia e EUA (Songer, 1996).

    Clostridium perfringens tipo A

    A doena do "cordeiro amarelo" uma enterotoxe-mia causada pela toxina alfa produzida pelo C. per-

    fringens tipo A, e tem sua patogenia baseada nahemlise de eritrcitos com a liberao de hemoglobina.Os animais acometidos apresentam depresso, ane-mia, ictercia e hemoglobinria. O curso clnico dadoena de seis a 12 horas, podendo o animal vir abito (Songer, 1996).

    Clostridium perfringens tipo B

    o agente causador da disenteria em cordeirosrecm-nascidos. Esta afeco acomete cordeiros commenos de duas semanas de idade e causada pelaao das toxinas beta e psilon produzidas por esteagente (Buxton e Donachie, 1991). A principalfraco txica responsvel pela disenteria doscordeiros a toxina beta, que inativada por enzimas

    proteolticas como a tripsina. O fato de a doena ocorrerprimariamente em animais recm-nascidos advm doexcesso de colostragem e tambm por ser o colostrofonte de fatores anti-tripsnicos, favorecendo por suavez a proliferao do agente com produo dessatoxina (Barkeret al., 1993).

    O curso super-agudo, em geral em poucas horas osanimais apresentam dores abdominais, reduo nasuco do colostro e/ou leite e fezes semi-fluidas ecoradas de vermelho. Ocasionalmente, animais quesobrevivam por mais dias, podem desenvolver no sis-tema nervoso central (SNC) uma leso conhecida porencefalomalacia focal simtrica (EFS) causada pelaao da toxina psilon (Buxton e Donachie, 1991),alm de apresentarem enterite, extensa hemorragia e

    ulcerao do intestino delgado (Songer, 1997). Adoena tem sido tambm relatada em ovinos ecaprinos adultos no Iran (Niilo, 1980).

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    Clostridium perfringens tipo C

    A enterotoxemia causada pelo C. perfringens tipo Cproduz um quadro clnico-patolgico muito semelhanteao produzido pelo Clostridium perfringens tipo B,

    sendo a toxina beta a principal envolvida (Barker etal., 1993). descrito como agente da enterite-hemor-rgica em ovinos recm-nascidos, pelos mesmosfatores j descritos na disenteria dos cordeiros.Tambm responsvel por um quadro super agudo emovinos adultos denominado de "Struck", que se carac-teriza por morte sbita (Niilo, 1980).

    Clostridium perfringens tipo D

    C. perfringens tipo D causa a enterotoxemia comu-mente denominada de doena da superalimentao("overeating disease") ou do rim pulposo ("pulpy kid-

    ney disease"). Enfermidade de distribuio mundial,que afeta primariamente ovinos de qualquer idadecom exceo dos recm-nascidos (Scholes et al.,2007), raramente caprinos e provavelmente bovinos(Niilo, 1980; Uzal et al., 2003a). A doena causada

    pela rpida multiplicao do C. perfringens tipo D nointestino delgado e subsequente absoro da toxinapsilon, que produzida na forma de protoxina. Esta convertida em uma toxina letal pela ao da tripsinadigestiva (Buxton e Donachie, 1991) ou por toxinassecundrias do C. perfringens (McDonel, 1986).

    C. perfringens tipo D pode estar presente no intesti-no de animais sadios em pequena quantidade e produz

    toxinas que so eliminadas com os movimentosintestinais normais sem causar alteraes patolgicasno organismo do animal (Baldassi et al., 1995).Porm, quando ocorrem alteraes na microbiotaruminal em decorrncia de mudanas bruscas na ali-mentao, fornecimento de dietas ricas em carbo-hidratos e pobre em fibras, dentre outros fatores, oagente multiplica em propores logartmicas entrequatro a oito horas, produzindo grandes quantidadesda toxina psilon. A toxina atua sobre o epitlio intes-tinal, causando aumento da permeabilidade vascular.Ao ganhar a circulao geral, chega aos rgos, como

    crebro, rins, pulmes, fgado e corao, onde se ligaa receptores especficos nas clulas endoteliais, levan-do a uma degenerao dessas clulas. Com aumentoda permeabilidade vascular, ocorre extravasamento delquido e protenas para o espao perivascular, comconsequente edema. Quando ocorre no tecido cerebral denominado edema perivascular proteinceo eosi-noflico ou microangiopatia (Uzal et al., 1997a).

    Em condies naturais e na maioria dos casos, a mortedos animais ocorre durante as primeiras seis a 18 horas,mas se sobrevivem por mais de 36 a 48 horas, umanecrose do tecido cerebral produzida pela compressoocasionada pelo edema, conhecida como EFS (Hartley,1956; Uzal, 2001). Essa alterao caracterstica nocaso de enterotoxemia em ovinos porC. perfringens tipoD, sendo um achado importante para o diagnstico

    definitivo da doena nessa espcie.Em ovinos, a forma clnica mais frequente da enfer-

    midade a super-aguda, com morte entre quatro a oitohoras, sendo raramente observados sinais clnicos,quando ocorrem, so principalmente alteraes

    neurolgicas como opisttono, movimentos de peda-lagem, entre outros; e alteraes respiratrias comotaquipnia e edema pulmonar. Na forma aguda, os ani-mais sobrevivem por at 24 horas e os sinais clnicosso geralmente os mesmos observados na formasuper-aguda. J na forma sub-aguda ou crnica, quetem um curso de 48 a 72 horas, pode ser observada,alm dos sinais descritos, a ocorrncia de cegueira emalguns animais (Uzal, 2001). Caprinos tambm podemapresentar essas trs formas da doena, porm asleses neurolgicas so pouco frequentes devido auma menor absoro intestinal da toxina psilon

    (Buxton, 1978; Uzal et al., 1994; Uzal et al., 1997a;Colodel et al., 2003). Consequentemente observam-seprincipalmente leses entricas, como diarrias eenterocolites, sendo as leses neurolgicas restritas aachados histopatolgicos de edema perivascular pro-tenaceo eosinoflico ou microangiopatia (Blackwellet al., 1991, Uzal & Kelly, 1996; Colodel et al., 2003).

    necrpsia dos ovinos, os achados podem serinexistentes (Uzal, 2001), mas em alguns casos encon-tram-se as seguintes alteraes: hidrotrax, hidroperi-crdio, hidroperitneo, edema pulmonar com acmulode grandes quantidades de espuma na traquia e brn-quios, septos interlobulares dos pulmes engrossados

    pelo acmulo de lquido e, em alguns casos, hrnia docerebelo, que consiste na sada do mesmo para fora dacalota craniana atravs do forame Magno (Uzal, 2001;Facury Filho, 2004). No comum encontrar lesesintestinais, porm pode-se observar uma ligeiraenterite catarral no intestino delgado (Uzal, 2001;Facury Filho, 2004). Hiperglicemia e glicosria

    podem ser observadas, assim como o outro achadoque tem relao com o nome genrico de "doena dorim pulposo", referente a uma alterao autoltica dacortex renal (Songer, 1997). Em caprinos, alm dasalteraes anteriormente descritas, observam-se

    quadros de enterocolites, hemorragias da serosa doclon (Colodel et al., 2003), e edema dos linfonodosmesentricos (Blackwell e Butler, 1992).

    Clostridium perfringens tipo E

    C. perfringens tipo E produz enterotoxemia emcordeiros, bezerros e coelhos (Barker et al., 1993).Sua patogenia est envolvida com a produo datoxina iota, que precisa ser ativada por enzimas pro-teolticas para promover a sua atividade biolgica,causando citlise. O quadro clnico envolve diarriahemorrgica com morte do animal em poucas horas. necrpsia observam-se reas de hemorragia eedema na mucosa intestinal, podendo atingir a mucosado abomaso (Songer e Miskimmins, 2004).

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    Doenas hepticas

    Hepatite necrtica

    A hepatite necrtica uma enfermidade de carter

    agudo que ocorre frequentemente em ovinos e rara-mente nos bovinos devido associao entre C. novyitipo B e trematdeos, principalmente,Fasciola hepati-ca (Assis et al., 2001a). Entretanto h uma descrioda doena na ausncia de F. hepatica por Uzal et al.(1996a), onde provavelmente uma overdose deanti-helmnticos tenha sido o fator predisponente aolesionar o parnquima heptico. A doena tambmdenominada "black disease", devido presena desangue venoso ciantico no tecido subcutneo (Assiset al., 2001a). C. novyi tipo B, produz duas potentestoxinas: alfa (classicamente letal) e beta (necrotizante

    e hemoltica), sendo a alfa considerada a mais impor-tante na patogenia do agente. No fgado so observa-das reas de infarto necrtico de 2-3 cm de dimetro,rodeadas por uma larga zona de intensa hiperemia(Kelly, 1985).

    Hemoglobinria bacilar

    A hemoglobinria bacilar uma infeco causadapelo C. haemolyticum, geralmente de localizaogeogrfica limitada, estando associada a reas midase presena de infeces por trematdeos, principal-mente F. hepatica. A enfermidade tem sido descrita

    no Mxico, ndia, Nova Zelndia, Austrlia e Amricado Sul (Pianta, 1997). A doena ocorre usualmentenos bovinos, acometendo esporadicamente os ovinos(Uzal, 2001) sendo causada pela ao da toxina betaque uma potente lecitinase (Kelly, 1985). Os danoscausados ao tecido heptico pelas larvas do parasita

    permitem a proliferao do agente e a produo detoxinas, as quais provocam a destruio de eritrcitoscom liberao de hemoglobina. Os principais sinaisclnicos so: depresso, anorexia, diarria sanguino-lenta, hemoglobinria e choque, culminando com amorte em um a trs dias aps o incio dos sintomas(Assis et al., 2001a). Tambm se observa um quadrode anemia associado hemlise intravascular. necrpsia, as leses so semelhantes s da hepatitenecrtica, mas a rea do infarto necrtico usual-mente maior e nica. Os rins podem apresentar colo-rao vermelho-amarronzada, devido impregnao

    pela hemoglobina, os vasos peritoneais injetados, e emalguns casos observa-se uma severa peritonite fibrino--hemorrgica (Kelly, 1985).

    Doenas neurotrpicas

    Botulismo

    O botulismo uma das principais doenas de bovi-nos adultos podendo acometer outras espcies como

    os ovinos e caprinos (Azevedo et al., 1999), sendoresponsvel por levar um grande nmero de animais morte. A principal categoria afetada a de fmeas emgestao e ou lactao, criadas em pastagens defi-cientes em fsforo, que desenvolvem o hbito da

    osteofagia ou sarcofagia. Animais podem se intoxicaringerindo neurotoxinas produzidas pelo C. botulinum

    presentes em suplementos alimentares, matriaorgnica de origem vegetal e animal em putrefao egua estagnada (Lobato e Almeida, 1997). O mecanis-mo de ao da toxina envolve o bloqueio nervoso pr--sinptico por inibio da liberao de acetilcolina na

    placa motora. A toxina ocupa os stios relativos ao onclcio na fibra colinrgica, evitando a exocitose daacetilcolina, que clcio dependente, resultando numaflacidez neuromuscular generalizada que tem incionos membros posteriores progredindo no sentido

    crnio-caudal, atingindo todos os msculos esquelti-cos (Titball et al., 2006). Vrios surtos da doena,envolvendo pequenos ruminantes, tm sido relatadosem diversos pases (Van Der Lugt et al., 1995;Azevedo et al., 1999; Otter et al., 2006; Van DerBurght et al., 2007; Lobato et al., 2008).

    Os sinais clnicos e curso da doena dependem daquantidade de toxina ingerida. Os sinais mais comunsso incoordenao motora, primariamente dosmembros posteriores que progride no sentido cranial,incapacidade de se locomover e levantar culminandocom morte por parada respiratria. A propriocepodo animal continua normal por todo o curso da doenae no so encontradas leses signif icativas necropsiados animais acometidos (Lobato et al., 2007). No

    botulismo importante o diagnstico diferencial, poisa sintomatologia clnica apresentada inicialmente semelhante a vrias doenas infecciosas, metablicasou envenenamentos (Tabela 2).

    Ttano ("Lockjaw")

    O ttano uma toxi-infeco altamente letal queacomete o homem e os animais domsticos, causada

    pela tetanospasmina, uma potente neurotoxina pro-

    duzida pelo C. tetani. Os ovinos e caprinos apresen-tam menor sensibilidade neurotoxina tetnica emrelao outras espcies animais, sendo os equinos aespcie mais sensvel (Lobato et al., 2007).

    A infeco se d geralmente atravs de feridasacidentais ou cirrgicas, em contato com esporos doagente presente em esterco ou nos solos. Os esporosdo microrganismo podem se manter infectantes nosolo por perodos superiores h 40 anos. Nas feridas,os esporos encontram condies de anaerobiosefavorveis para germinarem, multiplicarem e pro-duzirem a tetanospasmina, a qual transportadaatravs dos axnios da via nervosa perifrica por ummecanismo retrgrado, ligando-se nas terminaes

    pr-sinpticas ao nvel do sistema nervoso central(SNC), impedindo a liberao de neurotransmissores

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    Tabela 2 - Diagnstico diferencial do botulismo nos pequenos ruminantes.

    Doena Caractersticas diferenciais Confirmao laboratorial

    Listeriose Andar em crculos podendo ocorrer Bacteriologia e histopatologia do crebro

    desvio da cabea com torcicolo e aborto. e teste sorolgico.

    Raiva Salivao e tremor muscular. Pesquisa do corpsculo de Negri ou doCaprinos so comumente vrus no crebro.

    agressivos.

    Toxemia da gestao Ocorre principalmente no ltimo ms Hipoglicemia, cetonemia e cetonria.

    em ovinos de gestao.

    O animal apresenta encefalopatia com

    cegueira, tremor muscular e convulses.

    Ataxia enzotica Incoordenao dos membros posteriores Anlise do teor de cobre no soro.

    com evoluo crnica at queda e morte

    por inanio.

    Polioencefalomalcia Cegueira, presso da cabea contra No realizado.

    obstculos, andar em crculos, hiperestesia O diagnstico teraputico, atravs da

    e convulses tnico-clnicas peridicas. administrao de cloridrato de tiamina.

    Intoxicao por chumbo Anorexia, estase ruminal, edema craniano. Dosagem de chumbo sanguneo, nas fezes,

    no fgado, rins e contedo do retculo.

    Traumatismo medular Observadas de acordo com a localizaao No realizado. Diagnstico baseado

    ou cerebral da leso. no histrico, sinais clnicos e achados de

    necrpsia.

    Deficincia de magnsio Convulses tetnicas. Anlise do teor de magnsio no soro.

    Intoxicao por Anorexia, convulses. Nveis do fator txico nos tecidos.

    hidrocarbonetos clorados

    Intoxicao por Dispnia, colapso, diarria, hiperestesia, Nveis de colinesterase no sangue e

    organofosforados salivao. nos tecidos.

    Tabela 3 - Materiais de eleio das principais clostridioses que afetam os pequenos ruminantes.

    Clostridioses Material de eleio

    Botulismo 250g de contedo intestinal, contedo ruminal e fragmentos de fgado, bem como 20 mLde soro sanguneo e de gua estagnada, em frascos estreis.

    Carbnculo sintomtico e Fragmentos de msculo lesado refrigerado e em formol a 10%.

    gangrena gasosa

    Hemoglobinria bacilar Fragmentos de fgado lesado refrigerado e em formol a 10%.

    Hepatite necrtica Fragmentos de fgado lesado refrigerado e em formol a 10%.

    Enterotoxemia por 50 ml de contedo intestinal refrigerado, em frascos estreis e crebro inteiro em formol

    Clostridium perfringens tipo D a 10%.

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    inibitrios, principalmente glicina, resultando emespasmos musculares tnicos e hiperexcitabilidadereflexa (Bizzini, 1993).

    As contraes musculares podem ser to fortes aponto de causarem fraturas das vrtebras. Alm disso,

    observam-se: distenso abdominal, agalactia, ataxia,clicas, desidratao, constipao intestinal, timpanis-mo, cianose, febre, excitao, miotonia, dispnia,opisttono, trismo da mandbula, sialorria, disfagia,midrase, taquicardia, incontinncia urinria, vmitos,regurgitao, prolapso de terceira plpebra, podendoem alguns casos, ocorrer morte sbita do animal. O

    perodo de incubao de cinco dias a 15 semanas,com mdia de sete dias. O curso clnico dura emmdia de quatro a sete dias. A morte ocorre devido

    parada respiratria. necropsia, no so encontradasleses significativas (Driemeier et al., 2007).

    Diagnstico

    Colheita e remessa de material

    Para a realizao do diagnstico laboratorial dasprincipais clostridioses, que acometem os pequenosruminantes, necessrio conhecer qual o material aser colhido e a forma adequada de submisso domesmo para o local de realizao dos exames(Madeley, 1985). Deve-se proceder necrpsia poucotempo aps a morte do animal (no mximo seis horas)

    ou em estado agnico, pois a maioria dos clostrdiosinvade a carcaa rapidamente, mascarando os resulta-dos do diagnstico final. Os materiais de eleio e aforma de envio so apresentados na Tabela 3.

    Mionecroses

    Diferentemente do botulismo, ttano e enterotoxe-mias, em que a deteco da(s) toxina(s) produzida

    pelos agentes envolvidos imprescindvel para o diag-nstico, nas mionecroses a deteco dos agentes suficiente para se ter um diagnstico conclusivo.Alguns mtodos imunolgicos de diagnstico podem

    ser empregados como a imunofluorescncia direta(IFD), teste "padro-ouro" para mionecroses, que

    permite a deteco dos agentes em esfregaos decultivo (Batty e Walker, 1963; Pinto e Abreu, 1992;Assis et al., 2001b) e em impresses (claps) obtidasdiretamente dos tecidos durante a necropsia (Assis etal., 2005); a imunohistoqumica (IHQ) em corteshistolgicos e/ou esfregaos de cultivo (Conesa et al.,1995; Vanelli e Uzal, 1996a,b; Assis et al., 2005) e asseguintes tcnicas de PCR: que amplificam sequnciasconservadas da subunidade 16s rRNA (Kuhnert et al.,1997; Takeuchi et al., 1997; Uzal et al., 2003b), da

    subunidade 16S-23S rDNA (Sasaki et al., 2000 a,b;Sasaki et al., 2001), a sequncia gnica que codifica aflagelina de C. chauvoei (Kojima et al., 2001) e a quecodifica a flagelina de C. chauvoei, C. septicum, C.

    novyi tipos A e B e C. haemolyticum (Sasaki et al.,2002; Assis et al., 2008).

    Enterotoxemias

    O diagnstico confirmatrio est na dependnciadireta da deteco da(s) toxina(s) produzida pelosagentes, diretamente no contedo intestinal. O mtodoconvencional para deteco destas toxinas o teste desoroneutralizao em camundongos, entretanto devido discusses ticas por parte de grupos humanitrios,est sendo gradualmente substituda por metodologiasin vitro: ELISA (Weddel e Worthington, 1984; ElIdrissi e Ward, 1992; Uzal et al., 2003a; Carvalho,2004), empregos de linhagens celulares (Knight et al.,1990; Lindsay et al., 1995; Souza Jnior, 2005),aglutinao em ltex (Songer, 1997) e contraimu-noeletroforese (Uzal et al., 2003a). Tambm existem

    diferentes tcnicas de PCR que, apesar de nodetectarem diretamente a(s) toxina(s) produzida pelosC. perfringens dos tipos A-E, e sim os genes quecodificam a produo das mesmas, permitem a tipifi-cao do C. perfringens envolvido em um determinadocaso ou surto (Uzal et al., 1996b; Uzal et al., 1997b;Meer e Songer, 1997; Vieira, 2006). Apesar da pre-sena de toxinas no contedo intestinal ser o maisimportante indicador das enterotoxemias, necessriocombinar este achado com outros, especialmente ohistrico do animal e da propriedade, sinais clnicos,achados de necropsia e histopatologia dos rgos com

    leses. No caso da enterotoxemia por C. perfringenstipo D, imprescindvel a realizao de histopatologiado crebro concomitantemente deteco da toxinapsilon (Uzal, 2004).

    Hepatite necrtica e hemoglobinria bacilar

    O diagnstico da hepatite necrtica baseia-se noisolamento, e na deteco do agente pela tcnica deIFD (Sterne e Batty, 1975). Na hemoglobinria

    bacilar, alm do isolamento e a IFD, tem sido utilizadaa tcnica de IHQ, empregando o complexo peroxi-dase-antiperoxidase (PAP) (Uzal et al., 1992). Da

    mesma maneira que nas mionecroses e enterotoxe-mias, achados de necrpsia e subsequente histopatologiade tecidos do suporte ao diagnstico definitivodessas enfermidades.

    Botulismo

    O diagnstico do botulismo baseado na anamnese,sinais clnicos, isolamento e principalmente nademonstrao e identificao da toxina(s) botulni-ca(s). Os espcimes de eleio so: soro, contedointestinal, contedo ruminal, ossos e alimentos sus-

    peitos. A tcnica mais utilizada a soroneutralizao

    em camundongos. Uma vez que haja suspeita da pre-sena da toxina(s), o que verificado pela morte doscamundongos, a identificao da mesma(s) feitacom anti-soros especficos (Lobato e Assis, 2001). No

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    Brasil, tambm tem sido empregada a tcnica demicrofixao do complemento (Dutra et al., 1993).

    Ttano

    No ttano, o diagnstico laboratorial pode ser feitopela demonstrao da neurotoxina. Entretanto namaioria dos casos, o diagnstico est baseado apenasna anamnese e sintomatologia clnica, sem refernciaa testes laboratoriais (Lobato e Assis, 2001).

    Controle e profilaxia

    As enfermidades causadas por microrganismos dognero Clostridium ocasionam considerveis perdasnos diferentes sistemas de produo de pequenosruminantes, uma vez que o tratamento, na maioria dos

    casos impraticvel. Devido s caractersticas ecol-gicas dos agentes, que so ubiquitrios do trato diges-tivo dos animais e solo, e pela forma de resistncia pormeio de esporos, a erradicao dessas patologias

    praticamente impossvel. O controle e prof ilaxiadevem basear-se em medidas adequadas de manejo evacinaes sistemticas de todo o rebanho, j que osanimais esto em permanente contato com os agentese com os fatores que podero desencadear as doenas.As vacinas clostridiais so na sua grande maioria

    polivalentes, contendo em sua composio mltiplosantgenos e so usadas como estratgia frente a uma

    grande variedade de agentes e/ou toxinas. Osimungenos devem ser administrados por via sub-cutnea, preferencialmente, em duas doses intervala-das de 4-6 semanas na primo-vacinao e reforoanual, com exceo para o Clostridium haemolyticumque dever ser semestral. Quando o rebanho sistema-ticamente vacinado, os anticorpos colostrais protegemos animais por at trs a quatro meses aps o nasci-mento, devendo ento a primo-vacinao ser realizadaaps esse perodo (Lobato e Assis, 2000).

    De acordo com a literatura nenhuma vacina pro-duzida especificamente para prevenir enterotoxemiaem caprinos, sendo as desenvolvidas para ovinosutilizadas em caprinos (Uzal e Kelly, 1996). Porm, deacordo com Uzal et al. (1998), os caprinos tm ttulosde anticorpos menores e menos persistentes, sendonecessrias mais pesquisas para o desenvolvimento denovas vacinas que atestem a eficcia dessas vacinas

    para essas espcies.

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