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01 de agosto de 2015

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Revista do Ministerio da Defesa

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01 de agosto de 2015

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Índice

Notícias de Defesa

Revista ÉpocaExpresso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13EXPRESSO

Revista IstoÉSemana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14SEMANA

Revista IstoÉBrasil Confidencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15BRASIL CONFIDENCIAL

Revista IstoÉO almirante põe a Marinha na Lava Jato . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16BRASIL

Revista IstoÉDiálogo inviável . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18BRASIL

Revista IstoÉVoando baixo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

Revista IstoÉ DinheiroDinheiro em ação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25DINHEIRO EM AÇÃO

Revista Carta CapitalA Semana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24A SEMANA

31 de julho de 2015 | Revista ExameComo usar a cabeça . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26BRASIL | RAPHAEL MARTINS | LEO BRANCO | VALÉRIA BRETAS

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Destaques do Dia, Política e Economia

Revista VejaA crise em 3 cenários . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32ESPECIAL

O teorema da corrupção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36BRASIL

Tempestade Perfeita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41ESPECIAL

Revista ÉpocaEssa bomba vai estourar? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45TEATRO DA POLÍTICA

Você votou neles. Eles vão honrar seu voto? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49TEATRO DA POLÍTICA

Deu certo na Espanha. Daria aqui? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51TEATRO DA POLÍTICA | GUILHERME EVELIN E RUAN DE SOUSA GABRIEL

Combate ao inimigo errado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55CHOQUE DE REALIDADE | VINÍCIUS GORCZESKI E MARCOS CORONATO

Revista IstoÉOs fantasmas de agosto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57BRASIL | JOSIE JERONIMO ([email protected])

A turma de Dilma no eletrolão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59BRASIL

Notícias Internacionais

Revista VejaEscravos das idéias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63INTERNACIONAL

Não dá para voltar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65INTERNACIONAL

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Revista IstoÉA degradação de Roma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67COMPORTAMENTO

Revista Carta CapitalSó os mortos esquecem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69NOSSO MUNDO

Colunas

Revista VejaRadar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73PANORAMA

Revista IstoÉ DinheiroDinheiro na semana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77DINHEIRO NA SEMANA | CLAYTON NETZ | MÁRCIO KROEHN

Clayton Netz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81CLAYTON NETZ | CLAYTON NETZ

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01 de agosto de 2015 Editoria: Expresso

Notícias de Defesa

Tiragem: 452,793Página: 26

Expresso

Barba x bigode

Não é só o ex-presidente Lula que gos-taria de ver o ministro da Defesa,Jaques Wagner , no lugar de AloizioMercadante, como ministro da CasaCivil. O presidente do Senado, RenanCalheiros, tornou-se um defensor deWagner nos bastidores.

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01 de agosto de 2015 Editoria: Semana

Notícias de Defesa

Tiragem: 396,856Página: 23

Semana

DEFESA

A taxa de juros ameaçou derrubar os caças suecos

OnegóciodeUS$5,4 bilhões, fechado noanopassadoentreBrasil e Suécia naaquisição paraa FABde36caçasGripenNG,quase ruiunaúltimasemana.Motivo: devidoaoajuste fiscal, oministro daDe-fesa, Jacques Wagner , falou em diminuir a taxa de juros do financiamento das aeronaves, já acor-dada em 2,54% ao ano. Ele queria 1,98%. O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, foi mais radicalainda; sua proposta era de 1,54%. Na quarta-feira 29 chegou-se a uma solução. Segundo Wagner,valerá a taxa que estiver vigorando na assinatura do contrato (se fosse na própria quarta-feira, ela fi-caria em 2,19%). A entrega do primeiro caça está prevista para 2019.

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01 de agosto de 2015 Editoria: Brasil Confidencial

Notícias de Defesa

Tiragem: 396,856Página: 28

Brasil Confidencial

Lula e a solução Temer

O ex-presidente Lula já faz seus cálculos ante um possível impeachment de Dilma... ou eventual re-núncia

O ex-presidente Lula já faz seus cálculos ante um possível impeachment de Dilma... ou eventual re-núncia. A familiares o cacique petista confessou estar arrependido de tê-la escolhido como pupila.Dilma revelou-se incontrolável, pouco competente e está destruindo sua "herança política". "Eu er-rei feio. Poderia ter escolhido o Jaques Wagner ouqualquer outro", diz. Paraele,a melhor soluçãoé"Dilma sair logo". Nessa equação, Michel Temer assume a Presidência com o compromisso de nãodisputar a reeleição em 2018. Até lá, Lula espera uma recuperação econômica que crie condiçõespara voltar.

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01 de agosto de 2015 Editoria: Brasil

Notícias de Defesa

Tiragem: 396,856Página: 44

O almirante põe a Marinha na Lava Jato

Considerado umareferênciaem estudos sobre o usodecombustível nuclear, Othon Pinheiro,presona última semana acusado de receber R$ 4,5 milhões em propina, leva a força naval ao epicentro doPetrolão

Claudio Dantas Sequeira

Nova personagem dainvestigação daLava Jato, a Marinhahavia sido mencionadapela primeiravezno esquema numa negociata articulada pelo doleiro Alberto Youssef com o ex-deputado petista An-dré Vargas. O projeto de sociedade entre a Labogen, a EMS e o Laboratório da Marinha, para a pro-dução de um "viagra genérico", previa investimento total de R$ 150 milhões. Renderia a ambosdinheiro suficiente para alcançar a "independência financeira", conforme revelou o doleiro numamensagem de celular ao então parlamentar. Descoberto, o plano fez água. Na época, a força-tarefadaLava Jato debruçava-se sobre a atuação dopetistae dodoleiro sem se preocupar com os motivosque levaram a Marinha a entrar naquele barco. Meses depois, a Polícia Federal descobriu que o ir-mãodeVargaserasócioocultodeumaempresa que fechoumaisdeR$87milhõesem contratoscomórgãos públicos, como Serpro, Caixa e o Ministério da Saúde, a IT7 Sistemas. Ante estas cons-tatações, procuradores e delegadospassaram a se questionar quem estaria por trás daparticipaçãomilitarnoPetrolão.Aprisão,naterça-feira28, doalmiranteOthon PinheirodaSilvaajudaa responderessa pergunta. Mas também fazem surgir outras questões. Por que um militar de alta patente, apo-sentado, com uma longa folha de importantes serviços prestados aoPaís, se envolveria nessa com-plexa rede de corrupção revelada pela Lava-Jato?

OUTRA VERSÃO

Fontes daMarinhadizemqueos R$4,5 milhõesem propinaparaOthon Pinheiropodem ser recursosdestinados a ações secretas de inteligência naval no exterior

NaMarinha, segundo apurou ISTOÉ, fala-se que Othon delinqüiu para conseguir a tão sonhada tec-nologia de navegação do submarino nuclear para embutir o reator brasileiro. "Para fazer uma ome-lete é preciso quebrar alguns ovos", disse à reportagem um militar próximo ao programa nuclear.Ainda corre a versão, de acordo com fontes da Marinha, de que os R$ 4,5 milhões pagos à Aratec,empresa em nomedeOthon cujonomeé inspirado nocentrodepesquisasdeAramar, não foram pro-pina provenientes decontratosdeobras daUsina Angra 3, noRio deJaneiro., comoafirmou a PolíciaFederal ao prendê-lo na última semana. Os recursos teriam sido destinados ações secretas de in-teligência naval no exterior. Basicamente, dinheiro usado para pagar informantes.

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Se isso for verdade, a questão extrapolaria o âmbito do crime de corrupção para ganhar feições deum escândalo envolvendo a segurança nacional. Claro que isso precisa ser bem investigado, poispode apenas tratar-se de uma estratégia de defesa do almirante. Seria uma espécie de releitura doque ocorreu no fim da década de 70 e início dos anos 80 com o chamado programa nuclear paralelo,que tinha comoobjetivoa construção deumabomba atômica.Othon, que concebeu o projeto dasul-tracentrífugasdeenriquecimento deurânio, pertenciaaoseleto grupo doprograma, coordenadope-lo cientista Rex Nazareth, o "pai da bomba", que no primeiro mandato do ex-presidente Luiz InácioLula da Silva chegou a ocupar uma cadeira no Gabinete de Segurança Institucional da Presidência.Para financiar o programa nuclear paralelo, a Marinha desviou recursos para contas bancárias se-cretas, as chamadas"contas Delta", e realizou atividades deespionagemnoexterior -- que incluíramEUA, Inglaterra, Alemanha, França e Holanda.

Formado em engenharia nuclearpelo MIT (Massachusetts Institute of Technology),Othon chefiou aCoordenadoriapara Projetos EspecialdaMarinha(Copesp)por15anos.Como se sabe,o Brasil nãochegou a desenvolver a "bomba", mas conseguiu dominar o ciclo de produção do combustível atô-mico para uso pacífico. No governo do ex-presidente Itamar Franco, surgiram novos indícios de pro-blemas na administração de verbas públicas. Não houve acusações. Em 1994, o almirantecompletouseu tempodeserviço militar e entrou para a reserva.Voltou em 2005, pelas mãosdeLula,para presidira Eletronuclear. Era intocável. Othon promoveuo planodeaquisição doScorpéne, poisconsiderava comoa últimaoportunidadeparaconcluirseuantigo projeto.Aposiçãofavorável aosub-marino francês, porém, tinha forte oposição dentro da própria Marinha. Um dos críticos, cu-riosamente, tambémfoi preso anos atrás porsuposto envolvimento em notório casodecorrupção. Oalmirante Euclides Duncan Janot de Matos caiu na Operação Luxo da Polícia Federal, acusado deusar sua influência para fraudar licitações na Marinha e na Petrobras, em prol do grupo Inace e em-presas coligadas. O esquema envolveria o uso de empresas laranjas sediadas nos EUA. Janot Ma-tos chefiou o EstadoMaior daMarinhae foi cotado para comandante,mas acabou transferido para areserva por Lula, sendo substituído por Julio Soares de Moura Neto , que chegou ao comando em2007 e lá ficou até 2015. Enquanto Moura Neto e Othon preferiam a compra dos submarinos do es-taleiro francês DCNS, Janot de Matos liderava o grupo que defendia a compra de submarinos ale-mães. O Brasil chegou a contratar projetos alemães, mas a experiência foi malsucedida. Secondenado, Othon pode ser julgado novamente pelo Superior Tribunal Militar, correndo o risco deperder a patente e os benefícios salariais. Segundo o STM, Othon responderá pelo procedimentoadministrativo conhecido como "Representação para declaração de indignidade ou in-compatibilidade para o oficialato".

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01 de agosto de 2015 Editoria: Brasil

Notícias de Defesa

Tiragem: 396,856Página: 34

Diálogo inviável

Háumadiferençatão abissalentreo que os ex-presidentes FHC e Lula pensam hoje para o País queuma conversa entre os dois tornou-se impossível

Sérgio Pardellas ([email protected])

Nofinal dadécadade70, FHC e Lula eram tãoafinadosquepareciam tocardeouvido. Masa ra-dicalização do comportamento do petista, nos últimos tempos, aprofundou as divergênciasentre eles tornando-as inconciliáveis

Forjados no mesmo berço político, a esquerda paulista, os ex-presidentes Fernando Henrique Car-doso e Luiz Inácio Lula da Silva são uma espécie de irmãos Karamázov da política brasileira. Comoos personagens do romance de Dostoiévski, FHC e Lula reuniram predicados e exibiram visões demundo que os aproximaram no passado. Em 1978, primeiro ano das greves do ABC, Lula chegou aparticipar da campanha de FHC ao Senado. O então líder sindical foi quem apresentou o acadêmicoàs portasde fábrica.Juntos, panfletarampelas ruasdeSãoPaulo. Embora estivessem unidosnoco-meçodesuasvidaspúblicas,os dois,comoos irmãosKaramázov,nunca maisconvergiramnaformade pensar política. Há pelo menos duas décadas, FHC e Lula trilham caminhos opostos e defendemidéias e projetos completamente distintos para o País. Nos últimos tempos, distanciaram-se de talmaneira que inviabilizou qualquer diálogo entre os dois sobre o futuro do Brasil, como o imaginado eproposto há duas semanas por Lula.

Os reais propósitosdopetista, aoplanejar o encontro, ilustram bemo abismo existente hoje entreosdois principais líderes doPaís.Atualmente, enquanto FernandoHenrique apresentaalternativaspa-ra livrar o Brasil dacrisepolítica e econômica e demonstra preocupaçãocom a manutenção doequi-líbrio entre os poderes e com a saúde das instituições, Lula manda às favas as boas práticasrepublicanas.Opetistaarticula nosbastidorestodaa sorte depressões sobreórgãos doLegislativo eJudiciário, como o TCU e o STF, onde o destino da presidente Dilma Rousseff será jogado no pró-ximo mês. No Instituto Lula, transformado em bunker desde sua saída do poder, o ex-presidenteorienta correligionários a trabalhar no Parlamento contra a rejeição das contas de 2014 do governo,caso o TCU as reprove e o assunto ganhe o rumo do Congresso, foro capaz de propor o im-peachmentdeDilma. A reunião com FHC faz partedestecontexto. Hoje, o pretenso diálogo buscadoporele com a oposição tem comoúnico e real objetivoa tentativadesalvar a pele deDilma, às voltascom a ameaça de afastamento, e a de si próprio. Diante de um erro tão surpreendente quanto pri-mário do petista, qual seja, o de apresentar uma proposta com evidentes traços oportunistas nummomento de fragilidade de uma presidente que ele próprio legou ao País, coube a FHC elevar o pa-

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tamar do debate. "O momento não é para a busca de aproximações com o governo, mas sim com opovo.Qualquerconversa não pública com o governopareceria conchavonatentativadesalvar o quenão deve ser salvo", afirmou o tucano.

Curiosamente, as trajetórias de Lula e FHC contrastam na imagem apresentada e deixada por elesdurante a chegada aoPlanaltoe o desembarquedopoder. Oex-presidente Lula saiu daPresidênciamuito maior do que entrou. Depois de vencer as desconfianças iniciais, recuperou a credibilidade doPaís,consolidouos pilaresmacroeconômicose aprofundou o processo de inclusão social, saindodoPlanalto com uma popularidade colossal -- a maior registrada entre os presidentes no pós-re-democratização. O apoio da população à sua gestão se traduziria nas urnas com a eleição da es-colhida por ele para ser a sua sucessora, a presidente Dilma Rousseff. Com FHC deu-se o inverso.Sociólogo respeitado e eficiente ministro daFazenda de Itamar Franco, o tucano elegeu-se sem ne-cessidade de segundo turno na esteira do retumbante sucesso do Plano Real, responsável pelo fimda inflação e estabilização da economia. O conturbado processo de aprovação da emenda à ree-leição, com fortes indícios de compra de votos, somado às controversas medidas adotadas pelaárea econômicapara mantera paridade entreo real e o dólar até a nova eleição foi proporcionalà cri-se provocada pela consequente brusca desvalorização damoeda. Resultado:em 2002, FHC deixouo País à beira de uma crise. Portanto, menor do que entrou. Na campanha, o designado para su-cedê-lo, então ministro da Saúde, José Serra, temendo perder votos, não se constrangeu emescondê-lo do programa eleitoral na TV. O resto da história todos sabem. Na eleição, o sucessor deFHC foi derrotado por Lula.

Em 1978,o lídersindical participouativamente dacampanhado acadêmicoparaoSenado. Osdois panfletaram juntos pelas ruas de São Paulo

Hoje, aos84anos,FHC se redime deequívocos passados. Distinguindo-se deLula nomodo depen-sar e agir, como também nos projetos desenhados para o País, o presidente de honra tucano com-porta-se como estadista que, até pouco tempo, o petista parecia ser. Mesmo sem exercer cargopúblicohá12anos,FernandoHenrique tornou-se umadasvozesmaisequilibradas e lúcidasdaatua-lidade. Desde 2007, integra a The Elders, colegiado idealizado por Nelson Mandela e composto porfiguras de renome internacional como o ex-presidente dos EUA, Jimmy Carter, o ex-secretário daONU, Kofi Annan e o bispo anglicanoDesmondTutu.Ogrupo destina-sea promover a defesa dosdi-reitos humanos e buscar caminhos para a paz mundial. No Brasil, FHC ministra palestras e, em seuInstituto, comanda debates onde busca alternativas para o País e a América Latina. Em artigo pu-blicado noúltimo mês, conclamou o PSDB a se aprumar à esquerda,aocondenar a aproximação do

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partido com as forças conservadoras do Congresso. Ao analisar um possível pedido de im-peachment contra a presidente Dilma, ponderou. "Em sã consciência, nenhum líder político res-ponsável deve propor como objetivo um impeachment. Por outro lado, também serãoinconseqüentes se, diante do aumento do protesto e do aparecimento de uma base jurídica, os lí-deres não assumirem a responsabilidade de encaminhá-lo", disse em recente entrevista. Aoposição, para FHC, precisar ser propositiva e apontar direções para o Brasil. "A oposição deveapoiarmedidasdoajuste fiscalque lhepareceremnecessárias.Ao mesmotempoconstruir caminhospara a política econômica e para o jogo do poder". Do outro lado da trincheira, Lula, vidrado no ob-jetivo de perpetuar no poder ele e sua obra, apequena-se a cada átimo de tempo. Na eleição do anopassado, Lula manchou sua biografia ao endossar uma campanha de baixíssimo nível baseada emmentiras e difamações. Num dado momento da refrega política, chegou ao ponto de subir num pa-lanque para insinuar que o adversário de Dilma tinha o costume de bater em mulher.

Na última semana, Lula ocupou as páginas do noticiário nacional e internacional emoldurando a no-tícia de que passou a ser investigado pelo Ministério Público por tráfico de influência, depois de dei-xar a Presidência. "Há sempre um problema no fato de um ex-presidente usar seus contatos, seupoder, para ajudar determinados interesses. Isso em si já traz implicações éticas", diz Alejandro Sa-las, diretor de Américas da Transparência Internacional. A interlocutores, recentemente, o petistaadmitiu temer ser preso em meio às investigações da Lava Jato. Pessoas próximas a Lula já se en-contram atrás das grades. De tão surrados, seus discursos já não emocionam como em outrostempos. Pelo contrário. São recebidos com indignação por parcela expressiva da população, ta-manha a desfaçatez com que é pronunciado. As recentes pesquisas de intenção de voto mostram adeterioração de sua imagem pública. Antes favoritíssimo para 2018, Lula figura a dez pontos per-centuais atrás do senador tucano, Aécio Neves -- algo impensável até pouco tempo atrás. Paraprotegê-lo,o PTprometeu repetiro tombelicistadacampanhade2014 noretornodorecessodoCon-gresso esta semana. Atribuem as investigações do MP a uma ação orquestrada para atingir Lula.Das tribunas da Câmara e Senado, os petistas planejam atacar governadores de oposição e cobrarquea LavaJato tambémaprofunde investigações sobrea relaçãodasempreiteirascom governosdoPSDB.

Ocomportamentomostra comoo diálogo apregoadoporLula é implausívelnaatualcircunstânciapo-lítica doPaís.Mesmoassim, manifestaçõesdosministros Jaques Wagner , daDefesa,EdinhoSilva,da Comunicação Social, e Pepe Vargas, de Direitos Humanos, transmitiram a impressão de que oPalácio do Planalto avalizava o movimento. "Sou plenamente favorável (ao encontro) e acho que is-so deveria acontecer mais no Brasil. Nos Estados Unidos, é a coisa mais normal do mundo ex-pre-

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sidentes se reunirem, inclusive, a convite do presidente em exercício", disse Edinho. "Apesar daúltima campanha dura, não podemos deixar consolidar na alma brasileira, e na política brasileira,uma dicotomia que não se conversa. Países que seguiram esse rumo não tiveram grande destino",fez coroWagner.Como,nasequência, FHC colocouumapádecalnoassunto,Dilma, em reunião noPlanalto, classificou as articulações para o encontro com o tucano de "absurda", numa tentativa dedemonstrar que nunca trabalhou por ele ou sequer almejou uma aproximação. A ser verídica estaversão, trata-se de mais uma trombada entre Dilma e Lula, entre tantas colecionadas este ano.

A linhaque hoje separa FHC e Lula e os acomodamem campos diametralmente opostos já foi tênue.Quando debutaram na política, os dois pareciam tocar de ouvido, de tão afinados. Além de in-tegrarem a mesmacampanha,no fim dadécadade70, FHC e Lula dividiram mesasdebare, entre ri-sadase peroraçõessobreo futuro doPaís,até desfrutaramdeum fim desemana numacasadepraiaem Picinguaba, Ubatuba, litoral nortedeSãoPaulo, ao lado desuas respectivas mulheres. Antes defundar o PT, em 1980, Lula discutiu com FHC a criação deum partido socialista. A ideianão frutificoue cadaum foi paraum lado.Mesmocom o recrudescimento dosdiscursos,e o antagonismo quemar-cou as disputas entre o PSDB e o PT nas últimas quatro eleições, houve quem defendesse a uniãodasduas legendas. Em 2005, o filósofo Renato JanineRibeiro,atual ministro daEducação, evocou a"grande coalizão" na Alemanha Ocidental de 1966, quando a direita se aliou ao SPD (Partido So-cial-Demorata), para aventar a possibilidade de uma aliança entre PT e PSDB -- FHC e Lula. Em2011, o embaixador Rubens Barbosa propôs a união entre tucanos e petistas durante os cem pri-meiros dias de governo, para a aprovação de uma agenda mínima na qual os demais partidos agre-gariam os votos para a formação de maioria qualificada de modo a aprovar reformas essenciais aoPaís como a política, tributária, trabalhista e da previdência social. Mal sabia o embaixador, na oca-sião, que quem desceria ao nível mais rasteiro do debate, três anos depois, tornando inviávelqualquer forma deentendimento futuro, seria o ex-presidente petista, novale-tudopela reeleição deDilma. Para o cientista político, Gaudêncio Torquato, é por essas e outras que Lula revela in-coerência ao propor um diálogo com os tucanos. "Durante anos e anos, os petistas execraram o go-verno Fernando Henrique. Agora que o governo do PT se encontra num ringue e a imagem da Dilmase deteriora cada vez mais, o Lula sugere um encontro com FHC?", questionou.

A sórdida campanha de 2014 não seria o primeiro episódio em que Lula e o PT colocariam seus pro-jetos pessoais e de poder acima de interesses nacionais e do bom e salutar debate republicano. Em1984, quando percebeu que a emendaDante deOliveira, que decidiria sobre o restabelecimentodaseleições diretas para presidente da República no Brasil após 20 anos de regime militar, não seriaaprovada no Congresso, as principais lideranças política se aliaram em torno de Tancredo Neves, a

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quem coube liderar uma transição. O PT preferiu ficar de fora.

A cena se repetiu na Constituinte de 1988, em 1993, quando os partidos se uniram em torno do viceItamar Franco, após o impeachment de Collor, e durante a concepção do Plano Real, quando pe-tistas não só opuseram resistência à nova moeda como ingressaram com ações na Justiça para in-viabilizá-la. "Não é possível que os brasileiros se deixem enganar por esse golpe que as elitesaplicamnaforma deum novo planoeconômico", afirmou o ex-ministro Gilberto Carvalho naocasião.Apostando no quanto pior melhor e preocupado com as eleições seguintes, Lula seguiu na mesmatoada. "Esse plano não tem nenhuma novidade. Suas medidas refletem as orientações do FMI. Ostrabalhadoresterãoperdas salariais denomínimo30%.Ainda não háclima,hoje, para umagreve ge-ral, mas, quando os trabalhadores perceberem que estão perdendo com o plano, haverá con-dições". A história mostrou quem estava ao lado do País e quem defendia interesses maismesquinhos. Não à toa, as divergências, hoje, entre FHC e Lula são inconciliáveis. Como aquelasnutridas pelos Karamázov.

Colaborou Ludimilla Amaral

Fotos: Frederic Jean, Adriano Machado - Ag. Istoé, Nacho Doce/REUTERS; Wellington Pe-dro/Imprensa MG

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01 de agosto de 2015

Notícias de Defesa

Tiragem: 396,856Página: 28

Voando baixo

O ministro da Defesa, Jaques Wag-ner , mostrou força ao conseguir apro-var o acordo financeiro com a Suéciapara a compra dos caças Gripen NG.JoaquimLevy, daFazenda, eracontra.Wagner evitou um constrangimentopara a FAB que já colocou em marchao offset e havia pago R$ 300 milhõesantecipados pelo contrato comercial.

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01 de agosto de 2015 Editoria: A Semana

Notícias de Defesa

Tiragem: 61,160Página: 016

A Semana

Defesa/A FABturbinadaBrasil e Suécia chegam a acordo sobre financiamento para a compra deca-çasO Brasil deu um importante passo para concluir a negociação com a Suécia para a aquisição de36 caças Gripen NG, fabricado pelaSaab, para a Força Aérea Brasileira. Na quarta-feira 29, os paí-ses chegaram a um acordo sobre a taxa de juros do financiamento da compra.O negócio havia sidoacertado em 2014, mas faltavao acordo sobre as condições para o pagamento aogovernosueco de5,4 bilhões dedólares, o equivalentea maisde18bilhões dereais.Segundo o Ministério da Defesa,os suecos aceitaram reduzir os juros anuais de 2,54% para 2,19%, como pedia o governo brasileiroJaques Wagner , ministro da Defesa, afirmou que "o acordo foi bom para as duas partes".Os pri-meiros caçasdevem chegar aoBrasil em 2019.0 contratoprevê ainda transferênciade tecnologia. Oúltimo lote de aeronaves deverá sair, em 2024, da própria fábrica da Empresa Brasileira de Ae-ronáutica.P.S.: O rei da Suécia participou diretamente do lobby a favor da Gripen. Se estivesse noBrasil, sua coroa estaria sob risco.

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01 de agosto de 2015 Editoria: Dinheiro em ação

Notícias de Defesa

Tiragem: 96,842Página: 62

Dinheiro em ação

Embraer: lucro decola, cotaçõesnãoA Embraer divulgou naquinta-feira30 um lucro de R$ 400 milhões no se-gundo trimestre, uma alta de 25% emrelaçãoaomesmoperíodo doano pas-sado. O faturamento subiu 18,6%, pa-ra R$ 4,66 bilhões. Mesmo assim, asações caíram 5,5% no dia da pu-blicação. Segundo o Credit Suisse,apesar dos bons números dos seg-mentos comercial e executivo, ossegmentos de segurança e defesaapresentaram números piores que oesperado.

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31 de julho de 2015 Editoria: Brasil

Notícias de Defesa

Tiragem: 205,562Página: 43

Como usar a cabeça

Cidades

As cidadesbrasileiras que maisse destacam nousoda tecnologia da informaçãoem cinco áreas es-senciais da gestão pública

Leo Branco, RAPHAEL MARTINS E VALÉRIA BRÊTAS

EDUCAÇÃO

FLORIANÓPOLIS DEU UM SALTO DE QUALIDADE NO ENSINO COM O EMPREGO DE TEC-NOLOGIA NA AVALIAÇÃO DO ALUNO

A CATARINENSEEMILIANA CORRÊA, DE 28ANOS,dáaulas dematemática numa escola públicadeFlorianópolis.Faz partedesuarotina consultar um banco dedados para comparar o desempenhodeseus100 alunoscom o dosdemais 16000matriculados na rede municipal. A origem dasnotasé aProva Floripa, aplicada anualmente para avaliar o conhecimento nas disciplinas do ensino fun-damental. Poucos dias após a prova, os resultados passam a compor uma base de dados online,aberta a consultas de professores e diretores. "Procuro ver os pontos da matéria em que os alunostêm mais dificuldade e saber no que preciso me esforçar mais", diz Emiliana. A aplicação de tec-nologia levou Florianópolis a ser a primeira na categoria educação do ranking das cidades in-teligentes. Um benefício da Prova Floripa é tornar a comparação de desempenho dos alunos umaprática mais frequente. Avaliações nacionais, como a Prova Brasil, são feitas só a cada dois anoscom alunosdo5 U e do9 U ano.A divulgaçãodosresultadosdemora até 12meses. "É tempodemaispara esperar porum diagnóstico",dizErnestoMartins, coordenadordaFundaçãoLemann, entidadevoltada para iniciativas demelhoria daeducação.A ProvaFloripa existedesde 2007. Naépoca, a no-tamédia dasturmas doIa ao5 2 anodaredemunicipal noIdeb, índicedoMinistériodaEducação, era5 - numa escala até 10. Em 2013, chegoua 6,1. "É um patamar que o MEC previu que a cidadesó al-cançaria em 2019", diz Alexandre Oliveira, da Meritt, empresa catarinense especializada na análisededesempenhodeescolas públicas,contratada pela prefeitura para implantara ProvaFloripa. "Hou-ve um salto de qualidade."

GOVERNANÇA

CURITIBA COMEÇOU A ABRIR AS BASES DE DADOS DOS ÓRGÃOS PÚBLICOS À PO-PULAÇÃO - UMA BOA NOTÍCIA NUM PAÍS EM QUE FALTA TRANSPARÊNCIA

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SERIA RIDÍCULO DIZER, NOS DIAS DE HOJE, que a administração pública brasileira seja um pri-mor no que diz respeito à transparência. Impressiona, portanto, o que vem sendo feito em Curitiba:em outubro do ano passado, um decreto da prefeitura regulamentou as regras para que as in-formações geradaspelos órgãos públicos municipais sejam postasà disposição dasociedade, semrestrições.Deláparacá,14basesdedados deváriasáreas foram abertasà população, comosaúde,vigilância epidemiológica e cadastramento imobiliário.

"Todas as demais informações, incluindoas transcrições dereuniões e deaudiênciasque tenham ti-doa participação dosgestores públicos,deverãoser abertas à populaçãoaté o fim doano que vem",diz o prefeito Gustavo Fruet.

As medidas tomadas até aqui para a abertura das informações contribuíram para que Curitiba des-pontasse como a primeira colocada no ranking de governança das cidades inteligentes no Brasil - oíndice procura medir a qualidadedogovernolocal. Nalistageral, a capital paranaenseficounaquintaposição. Mas a cidade vem investindo para aprimorar sua inteligência. Isso pode ajudar Curitiba, re-conhecida pela qualidade de seu transporte urbano - com um sistema de corredores de ônibus fun-cionando desde a décadade70, um dospioneiros nomundo -,a destacar-se aindamais. Em agostode 2014, foi anunciado um investimento de 94 milhões de reais num projeto de dois anos para de-senvolver e implantar novas tecnologias na gestão pública. Os recursos vêm de um empréstimo doBanco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. Um dos primeiros resultados foi a im-plantação deum serviço demonitoramento dechuvas,em operação desde março. A Defesa Civil deCuritiba agora recebe dados transmitidos por 11 sensores instalados nos bairros da cidade e faz ocruzamento com informações sobre o clima recebidas do Centro Integrado de Defesa Aérea e Con-trole de Tráfego Aéreo, da Força Aérea Brasileira. O objetivo: prevenir que desastres atinjam os mo-radores de áreas sujeitas a enchentes e deslizamentos ou enxurradas, além de criar mapas daszonas às margens dos rios vulneráveis a alagamentos. De acordo com a prefeitura, o trabalho ace-lerou a remoção de aproximadamente 1000 famílias que viviam em regiões de risco - algumas dasáreas liberadas estão dando lugar a parques ambientais.

PLANEJAMENTO

IMAGENS DE SATÉLITE AJUDAM MARINGÁ A APRIMORAR A FISCALIZAÇÃO DE OBRAS IR-REGULARES

PODE-SE DIZER QUE OS FISCAIS DA PREFEITURA DE MARINGÁ, no interior paranaense, têm

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uma ajuda dos céus. A cada três meses, eles recebem imagens de satélite digitalizadas do territóriodo município. "Usamos as fotos para identificar obras irregulares e evitar o crescimento de-sordenado",dizLaércioBarbão, secretário dePlanejamentodacidade. E um exemplodecomoo po-derpúblico está procurando modernizar a gestão.Omonitoramentocontribuiu para a cidadeemergircomoa primeiracolocadanacategoriaplanejamentourbano. Parte dotrabalhoé umareduçãodabu-rocracia. Há três anos, entrou em operação um sistema para emitir pela internet as licenças deconstrução de prédios de até quatro andares. Os donos das obras protocolam o pedido de alvaránum site da prefeitura. O processo corre eletronicamente, sem papel, pelas secretarias que pre-cisam dar o aval. Se tudo estiver certo, a liberação sai em 15 dias antes da adoção do sistema, eramnecessários seis meses de espera. Até o fim de 2016, a prefeitura espera que o licenciamento deobras maiores tambémpasse a ser feito online.A preocupaçãode facilitar a vida dosconstrutores sedeve, em parte, à aproximação do poder público com a iniciativa privada. Desde 1997, o pla-nejamento da cidade é discutido em conjunto com o Conselho de Desenvolvimento Econômico deMaringá (Codem), que reúne representantes do governo e do setor privado. "Cidades bem pla-nejadas atraem mais negócios e investimentos", diz Wilson Yabiku, conselheiro do Codem.

MEIO AMBIENTE

PARA PRESERVAR OAMBIENTEURBANOE EVITARPREJUÍZOSAOSSERVIÇOS PÚBLICOS,BELO HORIZONTE CRIOU UM "GOOGLE DAS ÁRVORES"

POUCAS CAPITAIS NO BRASIL TÊM UMA paisagem urbana tão verdejante quanto Belo Ho-rizonte.Deacordo com o Instituto Brasileiro deGeografia e Estatística, 83% dasmoradiasdacapitalmineira situam-se em ruas arborizadas. É o terceiro maior índice entre as cidades brasileiras commais de 1 milhão de habitantes. Mas a falta de manejo adequado é fonte de complicações. Árvoresvelhas ou enfraquecidas por pragas são mais suscetíveis de cair e causar danos ao patrimônio e àspessoas além disso, quedas sobre fios e postes podem interromper os serviços públicos. Mais doque isso, a falta de cuidado põe em xeque a própria conservação da mata urbana. Em Belo Ho-rizonte, a tecnologia está sendo utilizada para evitar esse tipo de problema. No ano passado, fun-cionários da Secretaria Municipal de Meio Ambiente começaram a fazer um inventário digital das480000 árvores da cidade. Eles identificam onde elas estão, a espécie e a condição de cada uma,criando um banco de dados que funciona como uma espécie de "Google das árvores" da cidade. Asinformaçõessobre a localização, o estado daárvore e o crescimento esperado decada espécieper-mitem planejar podas ou a aplicação de defensivos contra pragas. "Os moradores colaboram en-viando atualizações sobre o estado das árvores da vizinhança", diz Délio Malheiros, vice-prefeito e

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secretário de Meio Ambiente.

Ocusto doprojeto é de5 milhõesde reais.Metade dovalor está sendo bancada pela distribuidoradeenergia elétrica Cemig. Iniciativas como essa ajudaram Belo Horizonte a ser a cidade que mais sedestacou nagestão inteligente domeio ambiente, deacordo com a consultoria Urban Systems.Umadas características das cidades inteligentes é a preocupação ambiental - e não somente pelos ga-nhos deeficiência que podem ser obtidos com a diminuiçãonosgastosdeenergia e água, porexem-plo. A qualidade devida melhora quando a infraestrutura urbana convive bem com o ambiente. E umponto positivo para atrair mão de obra qualificada, essencial para o crescimento das cidades. BeloHorizonte obteve 6 dos 12 pontos possíveis no ranking ambiental. Pesou no resultado, entre outrosaspectos, o fato de a cidade ser uma das quatro capitais brasileiras que universalizaram o acesso aágua tratada e na qual a rede de coleta de esgoto também chega a praticamente toda a população.

SAÚDE

UM SISTEMA DE GESTÃO ONLINE PERMITIU À CIDADE DE VITÓRIA AUMENTAR O NÚMERODE ATENDIMENTOS NA REDE DE SAÚDE PÚBLICA

EIS UM PROBLEMA CRÔNICO DE MUITAS CAPITAIS brasileiras: a necessidade de prestar ser-viços públicos à população dos municípios vizinhos, onde geralmente a infraestrutura é mais pre-cária. Um exemplo vem do sistema de saúde de Vitória: ele atende 500 000 pessoas por ano, quase40% maisdoque a populaçãodacidade. Boapartedocontingente adicional vem deCariacica,Serrae Vila Velha, na região metropolitana. Um sistema de gestão que interliga as unidades de saúde deVitória - de hospitais e postos de saúde a laboratórios que prestam serviço à rede pública - está aju-dandoa atender à demanda.Oagendamentodeconsultas é feito numsistemaeletrônicoqueajudaaorganizaras filas. Oprogramaorganizaa informaçãodohistórico médico decadapaciente, incluindoatestados, receitas de remédiose resultadosdeexames. Isso ajudaos profissionais desaúde a ava-liar mais rapidamente a condição de cada pessoa atendida. Desde que o sistema foi implantado, hátrês anos, o número de atendimentos da rede municipal de saúde aumentou 40%, quase sem am-pliaçãodeinfraestrutura.Aqualidadedoserviçose mantevee as filasdiminuíram-Vitóriaé hoje a ca-pital mais bem posicionada no índice de Desempenho do Sistema Único de Saúde, indicadorelaborado pelo Ministério da Saúde que avalia os serviços prestados pela rede pública. "Antes erapreciso esperar um mês, desde a consulta, para que os resultados dos exames ficassem prontos",diza artesãMárcia Cipreste, de40anos,moradoradobairro Resistência,naperiferiadeVitória. "Ho-je, a espera é inferior a dezdias." Esses avanços fizeramdeVitória a primeiracolocada norankingde

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saúde dascidadesinteligentes.Aexperiêncianosistemadesaúde pode servirdemodeloparaoutrasáreas da gestão pública. A prefeitura negocia um empréstimo de 45 milhões de reais com o BancoMundial para acelerar a adoção de novas tecnologias. "Com esse dinheiro, vamos ampliar o acessogratuito à população com redes de internet sem fio espalhadas pela cidade", afirma o prefeito Lu-ciano Rezende.

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01 de agosto de 2015 Editoria: Especial

Destaques do Dia, Política e Economia

Tiragem: 370,308Página: 058

A crise em 3 cenários

Não existe previsão de tempo bom para o Brasil nos próximos meses, mas um acordo político e aaprovação dos ajustes no Congresso podem evitar o pior

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Marcelo Sakate

A economia brasileira atingiu o fundo do poço? Quando começa a recuperação? Se o pais perder ograu deinvestimento, hipóteseque ganhou força, quais os impactos negativossobre o câmbio e o rit-mo de crescimento? Para responderem a perguntas como essas, que muitos brasileiros se fazemem um momento de incertezas como o atual, bancos e consultorias desenvolvem modelos es-tatísticosque procuram antever o comportamentodos indicadorese os reflexos sobre a atividade e oconsumo. Um simulador criado pelos economistas Juan Jensen e Thiago Curado, da consultoriaTendências, dá a dimensão dos efeitos decorrentes do eventual rebaixamento da nota de crédito dopaís noprimeirosemestredoano que vem. Osnúmeros podem ser observados noquadrodapáginaao lado. A cotação dodólar chegaria a 4,50 reais nopróximo ano.a inflaçãopermaneceriaalta. os ju-ros subiriam ainda mais e o país teria mais um ano de recessão.

Para chegarem a esses resultados, os economistas recorreram a uma ferramenta de análise eco-nométrica recém-concluída. Trata-se de uma adaptação do Samba, sigla em inglês para StochasticAnalytical Model with a Bayesian Approach, ou modelo analítico estocástico com uma abordagembayesiana, elaborado pelos técnicos do Banco Central e usado pelos diretores da instituição paraanalisar os rumos da economia e fixar a taxa básica de juros, a Selic. Chamado de simulador eco-nômico da Tendências, o modelo permite calcular como diferentes variáveis se comportam a partirde fatos concretos como a revisão das metas fiscais até 2018, que o governo anunciou há duas se-manas. É possível fazer a simulação de diversos choques na economia, tanto positivos, como o au-mento do preço das exportações, quanto negativos, como a diminuição das metas fiscais. Essamudança, aliás, jáse refletiuem umadeterioração dosindicadores. A taxa decâmbio parao dólar de-verá ficar perto de 3,50 reais no fim do ano, caso não surjam novos fatos relevantes. Anteriormente,prevalecia a previsãodeumacotaçãododólar a 3,15reais.Nocasodoproduto interno bruto(PIB)em2015, a queda prevista passou de 1,46% para 1,93%.

Nãohácenárioderetomada imediataparaa economia.Namelhor dashipóteses, o país retornariaàscondições que apresentava até o iniciode junho - ouseja,antesda revisão dasmetas orçamentáriase do agravamento da crise entre a presidente Dilma Rousseff e o Congresso. "Esse cenário otimista

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poderiase concretizar a partirdeum acordo políticoentreo governo, o PMDB e a oposiçãoparaapro-var as medidas mais importantes de contenção dos gastos e de aumento das receitas federais",exemplifica Juan Jensen, sócio da Tendências. Nessa perspectiva, o país encolheria 1,5% nesteano,mas voltaria a crescerem 2016,aindaquedeforma moderada,com umaexpansãode0,8%. Em2017, a alta seria de 2,3%. A inflação recuaria e ficaria dentro da margem de tolerância da meta nopróximo ano, com uma taxa de 5,4%. Não é, como se percebe, uma perspectiva capaz de despertareuforia entreos brasileiros,embora,pelas projeçõesdoseconomistas, essesejaum cenáriopositivo(veja o cenário 3, na pág. 62).

Há um cenário intermediário, que corresponde à manutenção do grau de investimento, mas sem amelhora no ambiente político que permitiria ao governo adotar as medidas desejadas para ree-quilibrar as contas públicas (veja o quadro acima). Nesse caso, a economia cairia 1,9% e ficaria pra-ticamente estagnada em 2016, com avanço de 0,35%. "As expectativas vêm mostrando fortedeterioração no último mês. O anúncio pelo governo de que o ajuste fiscal ficou mais distante e queserá feito de forma gradual até 2018 está ocasionando uma maior precificação de risco e motivandorevisões dos cenários", afirma Jensen. Segundo o economista, "mesmo que o país preserve o selode grau de investimento, haverá uma trajetória pior da economia, refletida em crescimento menor emaior depreciação cambial".

Orebaixamento trariaconsequênciasgravesparaa economia,quevoltaria a se retrairem 2016 (vejao cenário1, napág.59). Seria a primeira vez que o Brasil encolheriadois anos seguidos desde a De-pressão de 1930. Segundo as projeções da Tendências, a cotação do dólar dispararia para 4,50reais no pior cenário, contagiando de forma relevante a inflação por meio do preço de produtos im-portados.

Um estudo da equipe econômica do banco Credit Suisse analisou os dados dos seis momentos (in-cluindo o atual) em que o Brasil entrou em recessão desde 1996. O diagnóstico é que o processo deretomada daatividade atual seráo maisprolongado.Opaís conseguirá retomaraoníveldeatividadedoprimeirotrimestre de2014 (queantecedeuo iníciodaretração)depoisde2016.Ouseja, levará on-ze trimestres para se recuperar da crise. Nas cinco recessões anteriores, a economia brasileira ha-via levado no máximo seis trimestres para retomar o nível de atividade.

"Em quatro dos cinco episódios analisados, o ajuste a choques recessivos foi realizado com o au-mento da competitividade externa. Em apenas um desses episódios (na recessão de 2008), a re-tomada foi completamente explicada pela performance da demanda doméstica, em período

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marcado por expressivos estímulos fiscais e monetários", escreve Nilson Teixeira, eco-nomista-chefe do Credit Suisse. É uma alternativa hoje pouco provável, tendo em vista anecessidade de rearranjo das contas públicas e de controle da inflação.

Apesar daênfase dada nodebate público aosalegados efeitosdasmedidasde reequilíbrio fiscal so-bre a economia, foi na verdade o escândalo de corrupção na Petrobras o principal causador da re-cessão deste ano, segundo cálculos da Tendências. A paralisação de projetos vai derrubar osinvestimentos da estatal em 30% neste ano. com efeito multiplicador negativo sobre a atividade eco-nômica. Os investimentos em infraestrutura devem cair 15%, por causa do aperto sobre asempreiteiras suspeitas deenvolvimento noesquema. Tudosomado, a contaque se faz é que a Ope-ração Lava-Jato vai subtrair 1,9 ponto porcentual do PIB neste ano. Posto de outra forma, o paísconseguiriaevitara recessão não fosse a corrupçãonaestatal. O responsável poressecusto, diretaou indiretamente, foi o governo.

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CENÁRIO 1: A TEMPESTADE SE AGRAVA

Se o Brasil perder a classificacão de grau de investimento, será mais difícil atrair investidores. A co-tação do dólar subiria ainda mais, alimentando a inflação e levando a alta dos juros. A recessão seaprofundaria.

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CENÁRIO 2: O BRASIL ESCAPA DO PIOR

Essa é a perspectiva atual para a economia, sem considerar a possibilidade de novos choques ne-gativos oudeeventuaisnotíciaspositivas. Opaís evitao rebaixamento, mas crescepouco e só saidarecessão em 2016.

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CENÁRIO 3 OS AJUSTES SURTEM EFEITO

A aprovação das reformas destinadas a conter os gastos públicos resultaria no resgate da cre-

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dibilidade dogovernoe dopaís. A tempestade seria dissipada, e a economia voltaria a crescerem rit-mo saudável, embora modesto.

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01 de agosto de 2015 Editoria: Brasil

Destaques do Dia, Política e Economia

Tiragem: 370,308Página: 064

O teorema da corrupção

Banco do Brasil, Petrobras, Eletrobras... A Operação Lava-Jato mostra que as estatais e órgãos pú-blicos seguiram à risca o enunciado de 2003 do governo Lula

Daniel Pereira, Hugo Marques

Lula e José Dirceu têm em comum o receio real ser presos pela Operação Lava-Jato. Esse sen-timento compartilhado por eles é justamente o que os separa. O ex-presidente não perde uma opor-tunidade de lembrar que Renato Duque, o ex-diretor deServiços daPetrobras preso soba acusaçãode recolher propinas para o PT, era homem da confiança de Dirceu. Especializado na arte de trans-ferir responsabilidades e, principalmente, irresponsabilidades, Lula está deixando seu antigobraço-direito fortemente contrariado. Dirceu já avisou que não levará mais uma bala endereçada aoex-presidente. Caso seja preso novamente, será quase inevitável que ele fale e una os elos que fal-tam para o desenho completo do modelo de governabilidade da era Lula, baseado na compra deapoio parlamentar. No mensalão, Dirceu carregou quase sozinho culpas que lhe teriam sido bemmais leves se divididas com o ex-presidente.

Depois da vitória de Lula em 2002, Dirceu defendeu a tese de que o governo garantiria a maioria noLegislativo unindo petistas, peemedebistas e até setores do PSDB. As conversas nesse sentido an-davam bem quando foram desautorizadas pelo presidente eleito. Lula optou por fechar alianças novarejo. Foi a festa para PTB, PR e PP. Foi também o começo do escândalo do mensalão. Dirceu sesente injustiçado quando Lula e o PTdão vazão à versão deque foi dele a ideiadecomprar apoioen-tre partidos mais sensíveis ao vil metal. É inegável que Dirceu foi o operador do esquema que re-sultou no escândalo. Mas quem seria o pai da ideia? Essa é uma pergunta ainda em aberto. Aliás,também está em branco o lugar destinado ao pai na certidão de nascimento do petrolão. Talvez nãopor muito tempo.

Em entrevista recente ao jornalFolha deS.Paulo,o deputado Miro Teixeira (Pros-RJ) disse que Lula"caiuem tentação"aomontarsuabase aliada.Oparlamentar não é oposicionista, golpistanemcons-pirador. Pelo contrário, fala com a autoridade de quem foi ministro de Lula e participou de uma reu-nião, em janeiro de 2003, em que foram tratadas a formação e a composição da base aliada. "Haviaquem dissesse que a maioria poderia ser em torno de projetos. E havia quem dissesse que aqueleCongresso burguês poderia ter uma maioria organizada por orçamentos. Essa tendência dos quequiseram organizar pelo orçamento foi vitoriosa", revelou Miro, resumindo o pecado original do PT.Desde 2003, o partido usa ministérios, estatais e o orçamento mastodôntico da União para comprarparlamentares e financiar seu projeto de poder.

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O mensalão foi bancado em parte com recursos desviados do Banco do Brasil. A descoberta do es-cândalo, em 2005, não inibiu o funcionamento de outros esquemas de corrupção. Segundo o Mi-nistério Público e a Polícia Federal, ex-diretores da Petrobras receberam propinas de empreiteirasdesde 2004, quando assumiram o cargo sob as bênçãos do PT e do PP. O petrolão permitiu, por bai-xo, o desvio de 19 bilhões de reais dos cofres da Petrobras e funcionou até o ano passado. Osdelatores estão contando em detalhes como empresas que se locupletaram desse dinheiro fi-nanciaram campanhas presidenciais de Lula e Dilma Rousseff.

"AcorrupçãonoBrasil é endêmica e está em processo demetástase", afirmou o procurador AthaydeRibeiro Costa, integrante da força-tarefa da Lava-Jato. Na semana passada, a polícia prendeu o vi-ce-almirante da reserva Othon Luiz Pinheiro da Silva, presidente licenciado da Eletronuclear, acu-sado de receber 4,5 milhões de reais em propina de cinco empresas envolvidas na construção dausina deAngra 3. Depoisdomensalão e dopetrolão, foi puxadoagora o fio dameada doque jáse ba-tizou de eletrolão. O empresário Ricardo Pessoa havia dado uma pista da alta voltagem desseesquemaaorevelar às autoridades em suadelaçãoo envolvimento noeletrolãodeValterCardeal,di-retor da Eletrobras e "o homem da Dilma" no setor elétrico. A área de atuação de Cardeal era a obrade construção da usina nuclear de Angra 3.

O mensalão foi substituído pelo petrolão, que funcionou em paralelo ao eletrolão. A diferença entreeles é apenas a cor do cofre. O esquema era o mesmo. O PT e os partidos aliados nomeavam di-retorespara as empresas decada setor e cabia a eles entender-se com as empreiteiras para armarobote sobre o dinheiro público. Quando se dignou a falar de denúncia de corrupção, Lula prestou so-lidariedade aosenvolvidos e minimizouo impactodasrevelaçõesassombrosasquesurgiam. "Sai naurina", disse Lula. Eleita presidente, Dilma começou demitindo ministros e altos funcionários fla-grados em "malfeitos". Foi a fase da"limpeza ética".Durou pouco.Devagarinho,os acusadosdecor-rupção foram retomando seu posto no governo.

Fora da Operação Lava-Jato, corre em segredo de Justiça um processo com 54 réus, entre eles re-presentantes de dezenove empreiteiras, que respondem pelo superfaturamento de mais de 1 bilhãodereais em obras em aeroportos. Entre os réusfiguram executivos deempresas investigadas nope-trolão e no eletrolão, que distribuíram propinas a funcionários da Infraero. Pelos valores e pela ou-sadia das investidas sobre o Erário, fica evidente que os hoje réus jamais cogitaram uma punição.

A impunidade parece estar ficando para trás na triste história brasileira. As investigações e puniçõesdos envolvidos no petrolão demonstram que, como manda a Constituição, os procuradores, os po-

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liciais federais e a Justiça estão cumprindo seu papel sem distinção. Todos são iguais perante a lei.As prisões de Marcelo Odebrecht e Léo Pinheiro seriam inimagináveis poucos meses atrás. Lula eDilma conversaramrecentementeem Brasília sobre essesdesdobramentos. É quase inacreditável,mas a saída vislumbrada por criador e criatura será a compra de apoio no Congresso - justamente aprática que,abusada,envenenoua política brasileira nosúltimos anos.OgovernoDilma vai liberar5bilhões de reais em emendas e distribuir centenas de cargos até o fim do ano.

DEMONSTRAÇÃO

Ospartidos aliados dogoverno - PT, PMDB, PTB, PP,PR, PDT e PCdoB - ganharam cargos e trans-formaram as repartições públicas em máquinas de arrecadação de propina, inclusive em benefíciopessoal de alguns

Casa Civil (PT)

JoséDirceu foi condenadoe preso pelo crimedecorrupçãoativa. Tambémfoi apontado comoo che-fe do grupo que organizou e operou o mensalão, o primeiro grande escândalo de corrupção

Ministério de Minas e Energia (PMDB)

Silas Rondeau deixou o cargo em 2007, após denúncia de fraudes em licitações envolvendo umaconstrutora. Ele foi acusado pela Polícia Federal de receber propina

Casa Civil (PT)

Principal assessora da então ministra Dilma Rousseff, Erenice Guerra foi demitida em 2010, após arevelação de que seus parentes cobravam propina para facilitar negócios no governo

Ministério dos Transportes (PR)

Alfredo Nascimento foi o primeiro ministro a ser demitido por corrupção no governo Dilma. Seu par-tido cobrava propina das empresas que prestavam serviços ao ministério

Ministério da Agricultura (PMDB)

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Wagner Rossi perdeu o cargo depois da revelação de que seu partido montara um esquema de co-brança de propina em vários órgãos do ministério

Ministério do Esporte (PCdoB)

Orlando Silva deixou o ministério depois de uma sucessão de escândalos envolvendo repasses derecursos para ONGs que tinham ligações com seu partido. Ele também foi acusado de receber pro-pina

Ministério do Trabalho (PDT)

OesquemadosTransportes,daAgriculturae doEsporte foi descoberto tambémnoTrabalho. CarlosLupi deixou a pasta após denúncias de irregularidades envolvendo ONGs com pagamento de pro-pina

Ministério do Turismo (PMDB)

Pedro Novais foi demitido depois de a Polícia Federal prender 38 de seus subordinados envolvidoscom desvios milionários de verbas de convênios, por meio de emendas parlamentares

Banco do Brasil

Em 2005, as investigações do mensalão mostraram que foram desviados 150 milhões de reais doscofres do Banco do Brasil para subornar parlamentares e financiar campanhas políticas

Infraero

A Polícia Federal descobriu que as grandes empreiteiras fraudavam as licitações e superfaturavamo preço de obras em aeroportos. A fraude atingia 1 bilhão de reais. O processo ainda está na Justiça

Petrobras

Diretores indicados pelos partidos com o aval dogovernopatrocinaram desvios calculados em 19bi-lhões de reais nos últimos oito anos. O dinheiro desviado subornou políticos e financiou campanhaseleitorais

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Eletrobras

Na semana passada, os investigadores da Lava-Jato descobriram que o esquema de corrupção en-volvendo partidos, políticos e empreiteiras foi reproduzido também no setor elétrico

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01 de agosto de 2015 Editoria: Especial

Destaques do Dia, Política e Economia

Tiragem: 370,308Página: 052

Tempestade Perfeita

Os indicadoresdaeconomia brasileira apontam para umaprolongada.O tomboseráaindamais pro-fundo caso o governo não recupere rapidamente a confiança dos investidores nem consiga evitar orebaixamento da nota de crédito do país.

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Giuliano Guandalini, Bianca Alvarenga

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ASANÁLISES ECONÔMICASMAISrealistas e desapaixonadasindicavam,faziaalgum tempo, quea crise na economia brasileira era um acidente prestes a acontecer. Por seis anos seguidos, o go-verno pisou fundo demais no acelerador dos gastos públicos e aliviou o pé no freio do controle da in-flação. Em pouco tempo, arruinou a confiança construída em duas décadas de ajustes e reformas -sem falarnasmanobrasnacontabilidade federal. Ao assumir o MinistériodaFazenda, JoaquimLevyapresentou um planopara evitaro desastre,comoo personagem dofilmeJuventudeTransviadaqueescapa da morte ao saltar do carro momentos antes da queda no desfiladeiro.

Por alguns meses, parecia que Levy seria bem-sucedido. O ministro procurou extinguir os tram-biques do antecessor e propôs uma série de medidas para reforçar o caixa do governo e impedir umrombo ainda maior nas finanças públicas. A iniciativa seria um primeiro passo para arrumar a casa eretomar os projetos de longo prazo para incentivar o crescimento econômico. O clima político hostil,entretanto,atrapalhou os planosdoministro.Quantomaisfrágila situação dapresidenteDilma Rous-seff e maior o envolvimento de políticos da base aliada nas revelações da Lava-Jato, menor a dis-posição do Congresso para aprovar ajustes impopulares. O tempo sobre a economia brasileira jáestava fechado. Agora,o país está soba ameaça de lidar com umaverdadeira tempestade perfeita.

OBrasil nãoé tão vulnerável comonopassado, mas entrouavariadonatrovoada.Opovobrasileiro jápercebeu, em seu dia a dia, o aumento no custo de vida, a dificuldade para quitar dívidas, o de-semprego de pessoas conhecidas. O pior, entretanto, está por vir. Principalmente se as medidas deausteridade nas contas do governo não forem aprovadas. Na semana passada, a agência ame-ricana de classificação de risco Standard & Poor's reduziu para negativa a avaliação do país. Existeagora umaprobabilidade elevada derebaixamento danotadoBrasil,possivelmente nopróximo ano.Se assim for,o pais perderá, naavaliação daS&P,o status degrau de investimento. E o que issosig-nifica? A economia deixará de ter acesso ao crédito farto e barato dos mercados internacionais. Os

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maiores fundos de pensão estrangeiros restringem a aplicação em países sem o grau de in-vestimento.Em vez deFicar maispróximo depaísescomoos EstadosUnidos, a Alemanha ouo Chi-le, o Brasil seria rebaixado para o grupo decaloteiroscontumazes, que inclui a Grécia, a Argentinaea Venezuela.

Não é apenas o governo que é afetado. As empresas brasileiras também serão vistas como in-vestimentos especulativos. Ao pôr a nota do país em perspectiva negativa, a agência fez o mesmopara 41 empresas locais. Entre elas figuram companhias que, a despeito do cenário econômico ad-verso, estão entregando bons resultados e não têm dependência direta do Estado, como Ambev eNET. Isso acontece porque a nota de crédito do país é o teto de classificação das empresas. Ra-ramente umaempresa pode ter notamelhor doque o país noqual ela opera, porquesempre existeorisco de ser afetada por alguma restrição na transferência de pagamentos.

Nocenáriode rebaixamento, as empresas e o governo, em vez decontarem com um mercado de15trilhões de dólares de crédito em condições favoráveis de prazo e juros, terão de disputar uma ofertamais modesta, de 5 trilhões de dólares, de capitais especulativos. "Com a perda do grau de in-vestimento,haverá dois tiposdeempresa: o primeiro, decompanhias vistas com maior solidezque opróprio Brasil, conseguiria fazer ajustes para diminuir o custo de captação. Já o segundo grupo, deempresas que não têm tantas garantias a oferecer, tende a sofrer mais", afirma Cid Oliveira, gestorde fundos globais da corretora XP Investimentos. Dada a deterioração da economia, as empresasbrasileiras com selo debompagador que buscam recursos noexterior jáestãodesembolsando jurosequivalentes aos de empresas de maior risco de investimento. O mesmo acontece com o Brasil, cu-jos títulos externos pagam atualmente juros de países considerados mais arriscados, como Rússia,Turquia e Hungria. "Caso perca o grau de investimento, o Brasil terá de fazer várias reformas antesde ser visto como confiável novamente. O processo demandará um esforço para melhorar os fun-damentos econômicos, com foco na política fiscal e nas correções que tendem a aumentar a pro-dutividade, reduzir a burocracia e tornar o pais mais eficiente", diz Oliveira.

Em um cenário projetado por um modelo matemático desenvolvido pela consultoria Tendências, acotação dodólar poderia passar dos4 reais nopróximo ano,a taxa Selic chegaria a 17% e o PIBteriamais um ano de retração (leia a reportagem na pág. 58). Melhor seria nem pensar nessa pos-sibilidade, mas a imprudência dos anos Dilma a tornou factível demais. Tanto é assim que o Brasil jásofre umaquedanoingressodecapitais.Asempresas passaram a ter restriçõesnomercado externoe pagam juros mais elevados para rolar as suas dívidas externas. O preço do dólar, um dos ter-mômetros mais sensíveis para aferir a confiança dos investidores, subiu a valores não vistos em do-

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ze anos.A cotação aumentoumaisde50% nosúltimos doze meses, e o real foi umadasmoedas quemais perderam valor em relação à americana nesse período. É um reflexo do pessimismo ge-neralizado e da perspectiva de crescimento fraco.

A revisão daStandard & Poor's foi um recado explícito deque as reformasdeLevynão cumpriram osobjetivos originalmente previstos. Em março, há apenas quatro meses portanto, a mesma agênciahavia emitido um voto de confiança nos ajustes. Agora, entretanto, avalia que as circunstâncias po-líticas dificultam a execuçãodoplano. Alémdomais, o crescimento econômico foi castigadopelas in-vestigações de corrupção, que tiveram impacto direto nos investimentos. Como resultado, asperspectivaspara o Brasil se deterioram. Opaís está porum fio. As duas outrasgrandesagências declassificação decrédito,a Fitch e a Moody's, aindaconferem notasmaiselevadas aopaís, mas estãoem processo de revisão.

A capacidadedeLevydeser o fiador daeconomia foi postaem xeque, comoindicaa piora recente dohumor dos investidores nacionais e estrangeiros em relação às perspectivas para a economia. Oaprofundamentodarecessão e o aumento dodesemprego atingiramtambémo estado deânimo dosconsumidores e empresários brasileiros. Ficouevidenteque a retomada será lenta e gradual.OBra-sil corre o risco de amargar dois anos consecutivos de retração do produto interno bruto (PIB, o totalde mercadorias e serviços produzidos), algo nunca visto antes na história nacional desde a décadade 30. Sem novos solavancos nem surpresas negativas, a atividade econômica voltará a crescerapenas em meados de 2016, na melhor das hipóteses.

Omautempo, destavez, quase nada tem a ver com a conjuntura internacional.Comrarasexceções,as principais economias mundiais passam porum momento favorável, superando as dificuldadesdoperíodo da crise internacional. O PIB dos Estados Unidos deverá avançar 2,5% e o da Inglaterra,2,4%, de acordo com as projeções mais recentes do Fundo Monetário Internacional. A média mun-dial ficará em torno de 3,3%, semelhante ao ritmo de 2014. A China enfrenta uma desaceleração ecrescerá "apenas" 6,8%. Entre as principais economias internacionais, a brasileira é a única em re-cessão. O tombo no PIB em 2015 será ao redor de 2%.

Em uma inversãopreocupante, os indicadoresque deveriamsubir estãoem queda, enquanto aque-les que deveriam cair sobem. Mesmo com a recessão, o Banco Central, comandado por AlexandreTombini, aumentou novamente a taxa básica de juros, a Selic, na semana passada, para 14,25% aoano, o maior nível desde 2006. A alta foi necessária porque a inflação, que deveria ser cadente emuma economia retraída, permanece elevadíssima. Por quê? Culpa dos descuidos dos primeiros

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anos deDilma. Os reajustes das tarifas deenergia e doscombustíveis foram represados.Agora elesestãosendo ajustados, contagiandoos preços deoutrasmercadorias.A moeda americana mais ca-ra não dói no bolso apenas dos turistas em viagem ao exterior. Diversos produtos, e não apenas osimportados, possuem preço definido em mercados internacionais. A falta de credibilidade da atualgestão do BC também pesa contra. "É como a história do alcoólatra que passou os últimos quatroanos depileque e agora dizque parou debeber",afirmaum ex-diretor dobanco. M Osjuros precisamser mais altos do que o necessário por causa da desconfiança de que a meta da inflação não serácumprida." Essa desconfiança custa caro. Cada aumento de 1 ponto na taxa Selic representa umgasto adicional com juros de 15 bilhões de reais ao ano.

A economia ficou presa a um ciclo vicioso difícil de ser rompido. A baixa confiança do consumidor sereflete na diminuição da atividade da indústria e do comércio. Ao mesmo tempo, as baixas ex-pectativas desses setores implicam menor criação de vagas, o que deprime o consumo", afirma Vi-viane Seda,coordenadoradesondagemdoconsumidordoInstitutoBrasileirodeEconomia(Ibre),daFundação Getulio Vargas. "É um efeito que se retroalimenta." Segundo a pesquisadora, o de-semprego foi decisivo para a piora da confiança do consumidor nos últimos meses. Mais de 600000postos de trabalho foram fechados desde junho do ano passado. O desalento não chegou a índicestão baixos nem mesmo em 2009, ano em que a economia se retraiu 0,2%. Isso porque, na época, oestímulo ao consumo foi a ferramenta usada pelo governo para dar fôlego à retomada econômica.Noatual contexto, não hámaisespaço para o crescimento doconsumo. Oendividamento,a inflaçãoe o desemprego estão altos e afetam diretamente a renda familiar", diz Seda.

OBrasil precisa contaragora um pouco com a sorte para não sofrer aindamais. Alémdasituação in-terna complicada, existem riscos externos que podem se materializar. O maior deles seria uma crisefinanceira na China. Outra ameaça, ainda felizmente fora do radar, seria um aumento mais acen-tuado dos juros nos Estados Unidos. Janet Yellen, a presidente do Federal Reserve (Fed), o bancocentral americano, vem postergando ao máximo o aumento da taxa, que permanece há anos pró-xima de zero. Se os juros subirem na economia americana, o investimento em países emergentes,comoo Brasil, ficariamenosatrativo. A revoadadosdólaresseria inevitável.Pairamaindanoar even-tuais complicações na Grécia e no restante da Europa.

A crisebrasileira atual, contudo, é integralmente feita em casa. Superá-la exigiráo aperto docintodaausteridade fiscal e a aprovação de ajustes profundos. O exemplo da Índia mostra que essa receitafunciona. O país asiático esteve prestes a perder o grau de investimento. Mas as reformas im-plementadas pelo atual primeiro-ministro, Narendra Modi, evitaram o rebaixamento da nota pelasagências. É a esperança de ver a tempestade dissipada.

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01 de agosto de 2015 Editoria: Teatro da Política

Destaques do Dia, Política e Economia

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Essa bomba vai estourar?

Navoltado recesso,a pauta doCongresso está repleta deprojetos que podem aumentar aindamaisos gastos públicos.

Evitar essa irresponsabilidade é do interesse ae todos os cidadãos

Leandro Loyola

Como é comum em sua rotina, o vice-presidente Michel Temer recebeu o presidente da Câmara,EduardoCunha, doPMDB, em suaresidência oficial, o PaláciodoJaburu, naquinta-feira dasemanapassada. Entre vários assuntos,Temer fez um pedido especial.Preocupada com a voltadaCâmaraaos trabalhos, nesta semana, com um enfurecido Cunha à frente, a presidente Dilma Rousseff mar-cara um jantar com líderes partidários de sua suposta base de apoio para as 19h30 desta se-gunda-feira, 3 de agosto, no Palácio da Alvorada. É uma tentativa de Dilma de buscar apoio em ummomento difícil. Ao saber disso, Cunha, craque na arte de espezinhar o governo, marcara para amesma segunda-feira à noite um jantar com seus aliados, em sua residência oficial. Temer pediu aEduardoCunhaque evitasse essepequeno enfrentamento. Conseguiuque Cunhaadiasseseucon-vescote para as 22 horas, para que os políticos não passassem pelo constrangimento de ter de es-colher entre um e outro. Assim, eles poderão jantar com Dilma e comer a sobremesa com Cunha.Outra hipótese é Cunha realizar um almoço no dia seguinte. Ser articulador político de um governofraco como o de Dilma implica para Temer ter de se preocupar com minúcias do gênero.

Tal cuidado com coisas tão pequenas não deveria ser tarefa da segunda maior autoridade da Re-pública e chefe da articulação política do governo. Mas tornou-se necessário nestes tempos em queaté os políticos mais experientes se impressionam com a aspereza inédita nas relações. Nesta se-mana, o frágil governo Dilma embarca em - mais um - período delicado. Todos os cuidados são ne-cessários para enfrentar a volta ao trabalho do Congresso Nacional, com Renan Calheiros, umpresidente do Senado silencioso, mas oposicionista, e Eduardo Cunha, um presidente da Câmaradeclaradamente pintado para a guerra, desde que foi acusado de receber uma propina de US$ 5 mi-lhões. O governo está à mercê de um Congresso cada vez mais hostil a uma Dilma fraca, com umconjunto de projetos (leia no quadro ao lado) que, se manejado com ira política e sem res-ponsabilidade, pode jogar o Brasil em um precipício. "Ninguém parece empenhado em fazer umaagenda positiva para o Brasil", diz o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira. "Não é questão deapoio à presidente, é questão de manter o país funcionando. Não se pode colocar o país em risco."

O perigo é latente. Na semana passada, a agência de classificação de risco Standard & Poor's fez o

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que todos os investidores já esperavam, ao reduzir a perspectiva do Brasil. Desde 2008 o Brasil in-tegra o seleto clube dos países com grau de investimento que merecem maior confiança por sua so-lidez econômica. Agora está perigosamente perto de deixar esse clube, o que I significa perderinvestimentos de fundos internacionais que só podem alocar seu dinheiro em países com tal selo.Para o Brasil, pode implicar a saída de cerca de US$ 200 bilhões em questão de semanas e o re-cebimentodemenos investimentosestrangeirosa partirdaí.Emseurelatório, a Standard &Poor's ci-tou especificamente a incapacidade de o governo Dilma obter apoio no Congresso para as medidaseconômicas saneadoras tocadas, com dificuldade, pela equipe do ministro da Fazenda, JoaquimLevy. O Congresso pode aniquilar com facilidade a minúscula economia de gastos já obtida. Bastaderrubar o veto da presidente ao reajuste de 56% a 78% para os servidores do Judiciário, capaz deagregar uma despesa extra de R$ 25 bilhões em quatro anos.

Ameaças desse gênero estão no baralho de maldades de Eduardo Cunha e de Renan Calheiros,companheiros de partido e nas acusações de envolvimento no esquema de corrupção na Petrobras.Há meses, desde que se tomaram investigados pela Lava Jato, ambos elegeram o governo Dilmaseusacodepancadas.Osdois atraíram o apoiodaoposição,que foi capaz deemplacarvitórias con-trao governo, em umamagnitudequenãoeravista desde queo PTchegouaoPaláciodoPlanaltoem2003 com a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A oposição aposta em obter ganhos po-líticos com o desgaste contínuo do governo. Sondagens de popularidade mostram Dilma e o PT nosubsolo, o que abre caminho para candidatos opositores nas eleições por vir - a primeira no ca-lendário é a eleição municipal de 2016. Politicamente, bater no governo mais impopular desde Fer-nando Collor é um esporte simples, uma boa defesa e um agregador de votos eficiente.

Consciente da própria decadência, o governo foi a campo na semana passada para se prevenir dospercalços que poderão surgir no Congresso. Dilma se reuniu com os 26 governadores e a vi-ce-govemadoradoMato Grosso doSul, Rose Modesto,noPaláciodaAlvorada. Colocou-os aoredorde uma mesa e leu um discurso de 3.400 palavras, transmitido ao vivo pela televisão. Terminada aenfadonha leitura, os governadores ouviram uma explanação sobre as consequências funestas deprojetos que estão no Congresso - não só para as finanças do governo federal, como para os es-taduais.

UMA TRAGÉDIA NAS FINANÇAS PÚBLICAS É LATENTE, DESDE QUE A AGÊNCIA DE RISCOAVISOU QUE O PAÍS PODE PERDER CRÉDITO

Dilma repetiu o gesto que fez em 2013, quando estava enfraquecida pelas manifestações nas ruas:

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em vez de pedir ajuda, usou os governadores como claque de apoio. Daquela vez, não funcionou.Agora,aindaprocurouamedrontá-los com as consequências dealgumasmedidas. Entretanto, a cri-se é tão grave que os governadores manifestaram boa vontade. "Há uma preocupação genuína detodos de tentar evitar o pior", diz o tucano Simão Jatene, governador do Pará. "Apesar das posiçõespartidárias,háumaagenda comumque afeta a todos. Não podemossairdacrisepior que entramos."Os governadores prometeram tentar influenciar deputados e senadores. De concreto, obtiveram deDilma a promessa de liberação de financiamentos do Banco do Brasil, entre outras medidas que po-dem aliviar suas finanças. A queda de arrecadação que empareda o governo federal também bateforte nos Estados.

Antes da reunião, o governo fez o que manda o manual político em tempos difíceis. O ministro daAviação Civil, Eliseu Padilha, que auxilia Temer na articulação, anunciou a distribuição de 200 car-gosno terceiro escalãopara acalmar aliados.Em outra iniciativa para aplacaranimosidades contraoPlanalto, anunciou também que o governo liberará cerca de R$ 4,9 bilhões para pagar emendas aoOrçamento, as indicações de gastos públicos que os parlamentares têm direito a fazer.

O vice-presidente Michel Temer tratou pessoalmente de aplainar o terreno em outras áreas. Com-binoucom EduardoCunhadechegar a um acordo sobre o futuro presidente da incômoda - para o go-verno - CPI que vai investigar contratos do BNDES, o Banco Nacional de DesenvolvimentoEconômicoe Social, responsável por financiarnoexterior empreiteiras enroladas naOperação LavaJato e diversas empresas doadoras de campanhas do PT. Um dos nomes em cogitação é o do de-putado Edio Lopes (PMDBRR), um aliado de Cunha, mas que mantém bom diálogo com o governo.Temer acertou aindaque,antesdepartirpara o jantar com Dilma, nestasegunda-feira, os líderes dospartidos da base aliada farão uma parada estratégica no Palácio do Jaburu, às 18 horas.

Dilma sempre se mostrou inapetentepara a gestãopolítica e para lidar com o Congresso.Angariouaantipatia da maioria dos parlamentares. O mesmo tipo de hostilidade é mostrado pela maior parte doCongresso em relação ao PT, que cultivou ambições hegemonistas de eleger as maiores bancadasna Câmara e no Senado, antes da realização das eleições do ano passado. Agora, os petistas estãorecebendo o troco - não só dos oposicionistas, mas de seus supostos aliados no governo, que nãoperdem uma oportunidade para criar mais dificuldades apenas com o objetivo de fazê-los sangrar.Contudo, priorizar a disputa política em detrimento dos interesses nacionais é um perigoso flertecom a tragédia. Agora não se trata mais de uma questão de transferir o ônus por decisões im-populares paraa presidenteDilma.Derrubarvetos dapresidente,comoaofimdofatorprevidenciáriooudoreajuste paraos servidorespúblicos, implicarámaisgastos, nomomentoem queo país nãopo-

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dearcarmaiscom o crescimento dasdespesaspúblicas.Poderá implicar tambémaumentos dos im-postos ou da inflação, com altas dos aluguéis e até do preço da comida na feira. Os parlamentaresforam eleitos para defenderos interesses doscidadãos.Agora, trata-se deumaquestão deagir comresponsabilidade e honrar o voto que receberam.

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Destaques do Dia, Política e Economia

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Você votou neles. Eles vão honrar seu voto?

Quando os índices econômicos se deterioram, nossa vidsa piora significativamente. Que nossos re-presentantes pensem nisso na hora de votar a "pauta-bomba"

Existe uma correspondência clara entre os números ruins na economia e as atribulações na vida docidadão comum. Na semana passada, a situação, que já era ruim, piorou um pouco mais. Os jurosbásicos subiram para 14,25% - recordeno governo Dilma e maior patamar em nove anos. As contasdo governo fecharam o primeiro semestre com déficit de R$ 1,6 bilhão, o pior resultado desde 1997.Para o cidadão comum, isso significa juros mais altos em qualquer tipo de crédito, dificuldade deconseguir aquele empréstimo para reformara casa(e, se conseguir,comopagá-lo?), altadospreçosna feira e no supermercado e a ameaça crescente de aumento de impostos, num país onde eles jásão abusivos. Para defendê-lo, o cidadão comum elegeu, em 2014, seus representantes. Eles for-mam o Congresso Nacional. Nesta semana, o Congresso volta de férias e paira no ar um paradoxo.Os deputados e senadores escolhidos para representar o cidadão comum podem piorar enor-memente a vida do cidadão comum. É só aprovarem a "pauta-bomba", como está sendo chamadauma série de medidas que aumentam gastos do governo - numa época em que, como os númerosmostram, qualquer pequeno aumento que desequilibre a economia pode ser fatal para nossas vidas(leia a reportagem a partir da página 38).

Em momentos assim, em que a vida cotidiana dos cidadãos está nas mãos dos representantes queelegeram, tais representantes costumam ser chamados à razão. Foi o que ocorreu em outras épo-cas históricas, em que políticos esqueceram momentaneamente suas divergências para se unir emtornodeumaagenda comum (leia maisnapágina 42). Numprimeiromomento, tal agenda é simples.Basta evitar a criação de novos gastos, como aumentos para o Judiciário ou nas aposentadorias. Is-so nos ajudará a atravessar este momento difícil. Mas, no médio prazo, não será suficiente. Comomostra o economista Samuel Pessoa (leia a entrevista na página 46), os problemas na economiabrasileira vêm de longe e são mais complexos do que parecem num primeiro momento. Para re-solvê-los, será necessário um pacto ainda mais profundo.

A presidente Dilma Rousseff tem condições de lideraressepacto? Dilma dedicou suasemana a reu-niões com governadores e com seus auxiliares diretos. Enquanto ela preferir relacionar o caos eco-nômico às investigações da Lava Jato (leia Choque de Realidade, na página 50) em vez de cortardespesas seriamente, as dificuldades continuarão. Para que qualquer pacto dê certo é preciso, an-tes, reconhecer os erros. Dilma fez isso, numprimeiro momento,aoabandonara política econômicaequivocadadoprimeiromandato e nomear JoaquimLevy, o que representaumagrandecorreção derumo. Ainda é pouco. Ela precisa fazer gestos concretos que ajudem a cicatrizar feridas de cam-

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panha. Precisa também apoiar seu ministro da Fazenda incondicionalmente, e demonstrar isso demaneira clara. Só assim o cidadão comum - nós - poderá escapar de anos de sacrifícios impingidospelos representantes que, na eleição, mereceram sua confiança.

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01 de agosto de 2015 Editoria: Teatro da Política

Destaques do Dia, Política e Economia

Tiragem: 452,793Página: 42

Deu certo na Espanha. Daria aqui?

No Pacto de Moncloa, os espanhóis se entenderam para debelar uma crise simultaneamente eco-nômica e política. O caso pode ser uma inspiração para o Brasil

Guilherme Evelln e Ruan de Sousa Gabriel

Se o Congresso agir responsavelmente na volta do recesso parlamentar, como se espera, e nãoaprovar projetos para aumentar ainda mais os gastos públicos, o ministro da Fazenda, JoaquimLevy, vaiganharmais tempopara tocar seuplanodeajuste.Está ficando, porém,cada vez maisclaroqueo desarranjo fiscalnãose deveapenasàs estripulias financeirascometidas noprimeiromandatoda presidente Dilma Rousseff. Ao contrário de outros ajustes, como o feito em 2003, no primeiro anodo primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a economia não vai voltar a crescerrapidamente, e a questão da solvência das contas públicas vai permanecer, mesmo que o governocumpra as novas metas de superávit primário (o tamanho da poupança para estabilizar a dívida pú-blica) fixadas para 2015 e 2016. Economistas que viam com simpatia o governo Dilma, como o ex-ministro Delfim Netto, dizem agora que o ajuste não poderá ser "circunstancial". O próprio Levypassou a afirmar que a questão das contas públicas é"estrutural".

Esse debate é um dosefeitosdeum estudo denove páginas feito pelos economistasMarcosLisboa,Mansueto Almeida e Samuel Pessoa (leia a entrevista com Pessoa na página 46). No estudo, elesmostram como os gastos públicos, por causa da Previdência Social, de programas sociais e de umasérie desubsídios dados pelo Tesouro Nacional de forma não transparente, vêm crescendonumrit-mo acima da renda nacional desde 1991. Mantida a tendência até 2030, os gastos com educação,saúde e Previdência aumentarão R$ 300 bilhões, cerca de 6% do Produto Interno Bruto (PIB). Porum tempo, essacontafechou.Agora,elanão fechamais. Parabancar essesgastoscrescentes,serianecessária,pelas contasdosautores doestudo,a criação deimpostos equivalentesa quatro CPMFs(o antigo imposto sobre movimentações financeiras).Numpaís onde a carga tributária aumentoude25%doPIBem 1991 paramaisde35%em 2014, issonãoé maispossível.Segundoos economistas,a saída é rever o modelo de "Suécia tropical" (expressão do ministro dos Assuntos Estratégicos, Ro-berto Mangabeira Unger), instituído no país desde a Constituição de 1988.

Como sugere o título do estudo, O ajuste inevitável, ou o país que ficou velho antes de se tornar de-senvolvido, os economistasconsideram que,com a crise, a realidadevai impor essaagenda aopaís.Segundo disse o economista Marcos Lisboa a ÉPOCA, há duas maneiras de o Brasil enfrentar essaquestão, uma ruim e outra boa. A ruim seria a repetição de um caminho como o percorrido pelo paísna década de 1980, a "década perdida". Por adiar o enfrentamento de uma série de problemas es-

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truturais do Estado brasileiro, que acabaram levando à hiperinflação, o país levou mais de dez anosem crise até estabilizar a economia brasileira com o Plano Real, lançado em 1994.0 bom caminho,sugere o estudo,é "reconhecerque háescolhasdifíceissobre os benefícios a ser mantidos e os quedevem ser revistos". Esse caminho exige um governo com autoridade política para tal (qualidadeque aparentemente falta ao governo da presidente Dilma Rousseff) ou um pacto entre as forças po-líticas em que todos estão dispostos a fazer concessões e abrir mão de suas ambições em prol dobem comum.

A ideiadeum pactonacional já foi defendida em entrevista a ÉPOCA pelo economistaLuiz GonzagaBelluzzo, detendênciaopostaà dosautores doestudo,e é sempre suscitada em momentos decrise.A inspiração de todosque pensam numacordo dessa envergaduraé o Pacto deMondoa, firmado naEspanhaem 25deoutubro de1977. Foi assimchamadopor ter sido assinado noPaláciodeMoncloa,em Madri,por todosos partidos com representação noParlamentoespanhol - nummomento em quea Espanha, como o Brasil agora, também enfrentava uma crise econômica e política. O país vivia atransição daditaduradeFrancisco Francopara a democracia e, aomesmo tempo, vários problemasestruturais,que se tornaram evidentescom a crisedaaltadospreços dopetróleoem 1973. "Um des-ses problemas é que a ditadura franquista havia conferido a determinados setores industriais umasérie de vantagens que se tornaram excessivas e insustentáveis", escreveu Caries Sudrià, pro-fessor dehistória e instituiçõeseconômicas daUniversidade deBarcelona.Pela sobreposiçãodecri-se política e econômica, e até pelo abuso de subsídios, o quadro tem uma leve semelhança com ovivido hoje pelo Brasil.

Com o Pacto de Moncloa, além de concordar em enterrar todo o entulho autoritário da ditadura fran-quista, as forças políticas espanholas se comprometeram com uma política monetária e fiscal aus-tera e rígida, que se manifestava por meio de superavits primários, privatizações e juros altos paracombater a fuga de capitais e uma inflação que ultrapassava os 26% ao ano. O câmbio flutuante e adesvalorizaçãodapeseta (antiga moeda espanhola) foram outrasmedidasadotadaspara facilitarasexportações e melhorar o resultado das contas externas. Os trabalhadores espanhóis, que vinhamse mobilizando em greves cada vez maisnumerosas, concordaram em abrir mãodeaumentos reaisdesalárioem nome dopacto. Os reajustes foram limitadosa um teto abaixoda inflaçãoacumulada ebaseado na inflação prevista.

O Pacto de Moncloa criou as condições econômicas e sociais que permitiram à Espanha superar acrise, consolidar a democracia e dar um salto de desenvolvimento. O país, que até os anos 1980 ti-nha características de Terceiro Mundo, virou uma nação moderna da União Européia. O pacto teve

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um grandeartífice:Adolfo Suárez,o presidente dogovernoespanhol em 1977. Protótipo doarrivista,Suárez chegouaopostodepoisdeascendernofranquismopormeio dedemonstrações debajulaçãoe servilismo e virou o "herói da retirada", como o definiu o poeta alemão Hans Magnus Enzenberger.Oherói daretirada é um herói paradoxal, poisocupa umaposiçãoestratégica quepode garantir o es-tadodascoisas,mas optapormatar aquilo que teriao poder deressuscitar.Suárez tinha a chance deconferir um novo fôlego ao franquismo, mas preferiu enterrá-lo de vez para construir a democraciaespanhola.

Protagonista do livro Anatomia de um instante (Globo Livros), do escritor espanhol Javier Cercas,Suárez teve seumomento deheroísmo real aoresistira um golpemilitar em 1981. Às 18h23dodia 23de fevereiro daquele ano, 186 membros da Guarda Civil espanhola, armados com metralhadoras erevólveres, comandados pelo tenente-coronel Antônio Tejero Molina, franquista, invadiram o Par-lamento espanhol e ordenaram: "Todo mundo no chão". Suárez não obedeceu e permaneceu sen-tado, "sozinho, estatuário e espectral, em meio a um deserto de cadeiras vazias", segundo adescrição de Cercas. O vice de Suárez, o general reformado Manuel Gutiérrez Mellado, e o líder co-munista SantiagoCarrillo tambémnão se curvaram.Oimprovável líderdopaís resistia ao lado deummilitar e um comunista, o que ilustrava a amplitude do pacto que ele foi capaz de costurar. E a de-mocracia venceu.

"Suárez carecia de uma boa preparação acadêmica, de uma grande cultura e de grandes princípios,mas tinhaas virtudes fundamentaisparaum político,naqueles anoscruciais detransição daditadurapara a democracia", disse Cercas a ÉPOCA. "Tinha sentido da realidade, conhecia bem o país, nãoera soberbo, sabia escutar, sabia colocar-se no lugar de seu interlocutor e aprender com ele, era ca-pazdecolocar o interesse dopaís acima deseupróprio interesse. Era valente, quase temerário. Suatragédiae grandeza é que destruiu um sistemaque manejava comoninguém - o franquismo- e cons-truiu um outro que não sabia manejar - a democracia."

OBrasil nunca teve algo parecido com o Pacto deMoncloa. Omaispróximo que tivemosdeum pactonacional foi o governodecoalizão formado em tomo dopresidente Itamar Franco, em 1992,nummo-mento de um trauma para o país: a crise econômica dos anos 1980 ainda não fora debelada, e o pri-meiro presidente eleito depois da redemocratização - Fernando Collor - sofrerá um processo deimpeachment.OPT, porém,optou por ficar fora dogoverno. Itamar teve um quê deSuárez e tambémfoi nosso herói improvável. Conduziu seu breve governo aos trancos e barrancos, mas lançou o Pla-no Real, que criou as condições de estabilização da economia brasileira.

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Aatual crisebrasileira pode desembocarnumpactoà Moncloa?Aúltimacampanhapresidencial dei-xouum lastroderessentimentos, comomostra a entrevistadeSamuel Pessoae a rejeiçãodoex-pre-sidente FernandoHenrique a manterum diálogo com o PT. Alémdisso,a presidenteDilma aindanãomostrounenhuma vontade dese dissociardaherançapolítica e econômica do lulismoque a levou aopoder. Existem momentos, no entanto, em que é preciso ser um pouco Adolfo Suárez. As ver-dadeiras revoluções da História, aquelas que duraram e renderam frutos, foram lideradas por es-píritos conciliadores. Essa lição vale ouro no Brasil de hoje.

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01 de agosto de 2015 Editoria: Choque de Realidade

Destaques do Dia, Política e Economia

Tiragem: 452,793Página: 50

Combate ao inimigo errado

Dilma lança umacortina defumaçaaotratar do impacto daLava Jato naeconomia.OBrasil iamalan-tes - e continuará a ir mal depois, se não houver reformas

Nasegunda - e árdua - reunião dodia 27de julho, cujos temas incluíram a baixa fidelidadepolítica dabase governista e a péssima situação econômica, a presidente Dilma Rousseff concluiu, diante de12ministros e dovice-presidente, Michel Temer: "Para vocês terem umaideia, a Lava Jato provocouuma queda de 1 ponto percentual no PIB brasileiro".

A fala vazou para além da reunião política e ganhou o mundo econômico. Procurado por ÉPOCA, ogovernoconfirmou indiretamente a falapresidencial, pormeio denota. Nela, limitousea explicarqueconsultorias tentam "estimar o quanto da retração pode ser atribuída aosefeitosda investigação emcurso", e que o governo observa os resultados desses trabalhos. Não detalhou ou revelou númerosouestudos que fundamentema afirmação deDilma. A nota lembra tambémque o setor depetróleoegás sofreu forte retração. As empresas do ramo, cujo destino no Brasil depende de uma única com-panhia,a Petrobras, vêm baixando suasprojeções de investimentosdiante dadevassa policial. Issoafeta a economia nocurto prazo. "Nãose trata deumaavaliação sobre o méritoda investigação, por-que o combate à corrupção é dever do Estado", afirma a nota.

A simples menção da presidente a esse tipo de cálculo, porém, mostra que sua atenção está na di-reçãoerrada.Acriseeconômicaquearrebentao país deualertasabundantes.Ossinais vinham che-gandomuitoantesdemarçode2014, quando a Polícia Federal deflagrou a Operação Lava Jato, querevelouum azeitadosistemadedesvio dedinheiro naPetrobras.Nosúltimos anos,cercadeum terçodo investimento público se concentrou no setor de petróleo e gás, segundo dados do governo. É umsinal claro daestratégia arriscadadaUniãodeapostar numúnico setor e numa única empresa, apósa descoberta de petróleo da camada do pré-sal, em 2006. Se esse setor patina, é natural que toda aeconomia escorregue. As maiores construtoras brasileiras também são atingidas pelas in-vestigações. O esquema de corrupção que envolve empreiteiras e Petrobras, porém, não é criaçãorecente,e háanos havia alertas,embora sem provas,desuaexistência. A gestão Dilma, nomínimo,falhou em combater o esquema, o que evitaria o problema de que agora a presidente reclama.

Alémdisso,a expectativa decrescimento doPIBvinha encolhendo desde antesdaLava Jato. No iní-ciode2010, o mercado previa para o ano crescimento de5,4%. Em janeiro de2014, a projeção parao ano era de 1,9%. Ainda não era um número de crise, mas já era insuficiente diante das ne-cessidades do Brasil.

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O governo federal também veio abusando dos gastos, por estratégia e teimosia ideológica. A dívidapública passou de52% doPIBpara quase 63% em apenascinco anos.A gastança alimentaos jurose a inflação. O problema teria sido atenuado se houvesse em andamento reformas que reduzissemburocracia e facilitassem os negócios no país. Não foi o caso. Em 2013, o Brasil ocupava a modesta48*posiçãonorankingglobaldecompetitividadedoFórum EconômicoMundial.Em2014,conseguiucair mais um tanto, para a 57* posição. Com um governogastador e um ambientedenegócios árido,não surpreende que haja pouco investimentoprodutivo. Apósum breve período deascensão, nose-gundogovernodeLuiz Inácio Lula daSilva,o investimentochegoua 20% doPIB, aindaabaixodode-sejável. Aí ele estagnou - antes da Lava Jato.

A situação das contas públicas ganhou contornos mais dramáticos mais recentemente, após o Tri-bunal de Contas da União avisar que há problemas nas contas de Dilma de 2014. Uma das razões éque a União reteve o repasse de dinheiro aos bancos públicos para pagamento de programas so-ciais.Osbancos públicos pagaramos beneficiáriosem dia.Mas issoconfiguraempréstimo dosban-cos ao governo, prática considerada crime pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Isso cria o risco deas contasdeDilma seremrejeitadas pelo TribunaldeContas daUnião. NoBrasil dehoje, a Lava Jatoé a notícia boa.

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01 de agosto de 2015 Editoria: Brasil

Destaques do Dia, Política e Economia

Tiragem: 396,856Página: 48

Os fantasmas de agosto

Mês trágicoparaa políticabrasileira pode selaro destino dapresidenteDilma,queenfrentará a aber-tura deCPIs noCongresso,o julgamento desuascontasnoTCU e umamanifestaçãorecorde em fa-vor do impeachment

Josie Jeronimo ([email protected])

No que dependesse dos políticos brasileiros, o mês de agosto poderia ser eliminado do calendárionacional. Ao longo da história, nos 31 dias do oitavo mês do ano, o País viveu grandes infortúnios naseara política. Em 24 de agosto de 1954, o presidente Getúlio Vargas se suicidou com um tiro no co-ração. Sete anos e um dia depois, foi a vez de o presidente Jânio Quadros renunciar ao cargo. Em1976, o dia 9 de agosto ficou marcado pelo trágico acidente de carro, na rodovia Presidente Dutra,que ceifou a vida do ex-presidente Juscelino Kubitschek. Os desgostos de agosto não cessaramcom redemocratização do País. Em 16 de agosto de 1992, os caras-pintadas foram às ruas pedir oimpeachment dopresidenteFernandoCollor, numa mobilizaçãodecisivapara suasaídadopoder. E,nodia 13deagosto doano passado, o ex-governadordePernambuco e então presidenciável Eduar-do Campos morreu aos 49 anos, vítima de um acidente aéreo em Santos (SP).

MÊS DO DESGOSTO

Pode estar em jogo, nas próximas semanas, o mandato de Dilma Rousseff

Este ano,o mês domauagouropode complicaraindamaisa situação dapresidente Dilma Rousseff.Às voltas com uma crise político-econômica interminável, Dilma enfrentará uma quadra decisiva pa-ra sua permanência na Presidência. Na próxima semana, ela terá de encarar um Congresso con-flagrado. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, sedento de vingança após ter sido alvejadopelas investigações da Lava Jato, marcou para 6 de agosto a instalação da CPI do BNDES e ofe-receu amplo apoioà criação daCPI dosFundos dePensão. Ambasas investigações tiram o sono dogoverno. Na volta do recesso, Cunha vai analisar, ainda, 11 pedidos de impeachment que mandoudesarquivar. Entre eles, o documento assinado por Carla Zambelli, fundadora e Porta Voz do Mo-vimentoNasRuas.Opedidodeafastamento redigido pelo movimento se apoiaránasirregularidadesdaprestação decontasdogoverno, em análise noTCU. As armadilhas contrao governopassam poruma sabotagem ao pacote de ajuste fiscal. Entre os projetos estão a correção do Fundo de Garantiapor Tempo de Serviço (FGTS) e modificações no projeto que reduz as desonerações na folha de pa-gamento.

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Antes dasegundaquinzena,o TCU vai julgaras contasdogovernode2014.Otribunal jádeu todosossinais de que pretende rejeitar os argumentos do Planalto sobre as manobras fiscais utilizadas noexercício anterior para maquiaro maudesempenhodaeconomia.Na terça-feira 28, EduardoCunhaanunciou que vai tirar da frente a listadeprojetos pendentes e votar as contasdosgovernosde1992,2002, 2006 e 2008 que ainda não foram analisadas. O objetivo é limpar a pauta para a apreciaçãodascontasdeDilma de2014. Caso o TCU as reprove, o destino é o Congresso.Parapiorar o quadropara Dilma, a análise das contas públicas e a instalação de CPIs coincidirão com a grande ma-nifestação agendadapara o dia 16deagosto cujo mote é o impeachment dapresidente,mesmadataem que estudantes foram às ruas pedir a saída de Collor em 1992. O protesto promete ser o maiordesde a reeleição da petista.

A previsãodedias turbulentos fez Dilma mobilizar sua tropadechoque. Nasegunda-feira27, ela reu-niu 12 ministros e o vice-presidente Michel Temer para discutir estratégia de diálogo direto com oCongresso. A intenção do Planalto é evitar intermediários nas conversas com a base aliada para re-duzir a influência de Cunha enquanto o presidente da Câmara estiver em clima de guerra com o go-verno. "Os parlamentares são capazes de verificar o que pode prejudicar e ajudar o País", afirmouMichel Temer. Dentro dessa estratégia para amansar o Congresso, Dilma liberou R$ 1 bilhão ememendas e distribuiu mais de 500 cargos nos Estados. Na quinta-feira 30, a presidente reuniu os go-vernadores no Planalto. Era a última cartada de Dilma na tentativa de escapar ilesa pelas próximassemanas. Mas seus objetivos não foram alcançados. Além de não conseguir o apoio dos chefes dosExecutivos estaduais para barrar possíveis pedidos de impeachment, Dilma conseguiu de-sagradá-los aindamaisaofalaro queelesnãoqueriamouvir.Emseupronunciamento,dissequea si-tuação vivida pelo País era responsabilidade de todos. Ou seja, tentou associá-los à crise criada eagravada pelo governo de Dilma. O único consenso do encontro foi o apoio do governadores às me-didas do ajuste fiscal, que ainda precisam passar pelo Congresso. Muito pouco para o que almejavaDilma.

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01 de agosto de 2015 Editoria: Brasil

Destaques do Dia, Política e Economia

Tiragem: 396,856Página: 40

A turma de Dilma no eletrolão

Investigação do esquema de propinas chega às elétricas e se aproxima personagens muito pró-ximosdapresidente,comoo ministro AloizioMercadante, a antiga auxiliar Erenice Guerrae o diretorda Eletrobras, Valter Cardeal

Claudio Dantas Sequeira ([email protected])

Em julhode2007,a entãoministra daCasa Civil, Dilma Rousseff, reuniualgunsministros numcomitêque tinhacomomissão fixar novasmetas parao programanuclearbrasileiro.Aficionadaàs questõesdosetor elétrico,Dilma puxou parasi o papeldecoordenadoradogrupo.Otrabalhoresultou numpla-no que previa, dentre tantas metas ambiciosas, a conclusão das obras da usina nuclear de Angra 3,paralisadas nos anos 80. No comando operacional da empreitada estava o presidente da Ele-tronuclear, almirante Othon Pinheiro da Silva, que se tornou na semana passada o principal alvo da16ª fase da Operação Lava Jato. Othon, que estava licenciado do cargo desde abril, quando sur-giram os primeiros indícios de irregularidades, foi preso pela Polícia Federal sob acusação de re-ceber R$4,5 milhõesem propinas pagas porempreiteiras integrantesdoconsórcioresponsável pelaobra. Embora o militar tenha surgido como a face mais visível do esquema, a PF tem elementos quepodem fazer com que as investigações atinja outraspersonagensmuitopróximos dapresidente Dil-ma. "É possível que a gente chegue aos políticos", disse o delegado Igor Romario de Paula.

Chegar aos políticos é quase um eufemismo. Ao mergulhar no setor elétrico, a PF vai bater na portadoPaláciodoPlanalto. Não háum só projeto nosetor elétrico que Dilma não tenha acompanhado deperto. Se como presidente do Conselho da Petrobras a presidente alega que não tinha informaçõescompletas sobre o que acontecia na estatal, dificilmente poderá dizer que desconhecia os rolos emAngra 3 ou na usina de Belo Monte, os dois maiores investimentos do governo em geração de ener-gia.Em ambos os casos, os investigadores já têm indícios deenvolvimento degente deconfiançadapetista. Há informações, por exemplo, de que boa parte dos contratos de equipamentos da mega hi-drelétricaque está sendo construída nabacia do rio Xingu eraantesnegociadanumescritório dead-vocacia -- ou lobby -- abrigado num imponente edifício de linhas modernistas e fachada de concretona quadra 8 do Lago Sul, bairro nobre de Brasília.

O imóvel está situado a apenas uma quadra do escritório de advocacia de Erenice Guerra. E não émero acaso. Além da ex-ministra de Dilma, segundo investigadores, também frequenta o local o ad-vogado Joaquim Guilherme Pessoa e o empresário Marco Antonio Puig, ligado à empresa LWS en-volvida numa investigação de fraudes em contratos de informática nos Correios. Puig teria relaçãocom o diretor da Eletrobras Valter Cardeal, outro apadrinhado de Dilma.

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OconsórcioconstrutordeBeloMonteé liderado pela AndradeGutierrezem parceriacom Odebrecht,Camargo Correa, Queiroz Galvão e OAS, as mesmas do clube do bilhão, além de outras cinco me-nores. A PF sabe que no mesmo local também eram negociados projetos para captação de in-vestimento de fundos de pensão e acertos para a anulação de multas fiscais no Carf (ConselhoAdministrativo de Recursos Fiscais), que já é alvo de outra operação. Erenice, dizem os in-vestigadores, também atuou na comercialização de energia. Ela chegou a se associarinformalmente ao ex-ministro de Minas e Energia Silas Rondeau e ao lobista Alexandre Paes dosSantos no Instituto de Desenvolvimento de Estudos e Projetos Econômicos.

O caso da usina de Belo Monte, orçada em R$ 30 bilhões, segundo um procurador da Lava Jato, serelaciona diretamente com o de Angra 3. A força-tarefa obteve os primeiros indícios de que o es-quema do Petrolão se alastrara para o setor elétrico quando apreendeu com o doleiro Alberto Yous-sef a planilha de 750 obras federais. Mais recentemente, em delação premiada, o ex-presidente daCamargo Corrêa Dalton Avancini revelou detalhes sobre o superfaturamento das obras e pa-gamento deR$20milhõesem propinas a políticos,pormeio deempresas de fachada. Avancini citoucomo um dos beneficiários do esquema o diretor da Eletronorte Adhemar Palocci, irmão do ex-mi-nistro Antonio Palocci, que já é investigado em outro procedimento da Lava Lato e foi um doscoordenadoresdacampanhadeDilma em 2010 -- além desministro daCasa Civil. Adhemar eracon-siderado intocável. Seu nome surgiu em 2009 na Operação Castelo de Areia.

Avancini também envolveu o nome de Flávio David Barra, presidente global da Andrade GutierrezEnergia, que era seu interlocutor nas obras de Belo Monte. Barra foi preso com Othon na semanapassada. A PFcumpriu ainda30mandados debusca e apreensão nasede daEletronuclear e outrosimóveis residenciais e comerciais em Brasília, Rio de Janeiro, Niterói, São Paulo e Barueri. As pri-sões se basearam em movimentações bancárias de empresas envolvidas no esquema e no de-poimento de Avancini, que revelou a existência de um acerto para pagamento de propinas ao PMDBe a funcionários da Eletronuclear em relação às obras de Angra 3. Ele contou detalhes de uma reu-nião feita em agosto de 2014 e apontou Flávio Barra como "o representante da Andrade Gutierrezquediscutia valores a respeito dapropinadeAngra3",segundoo procuradorAthaydeRibeiroCosta.

As obras civis de Angra 3 começaram em 1984, mas ficaram paralisadas por 25 anos. Foram re-tomadas em 2009 com previsão de aportes de R$ 7 bilhões. Nessa época, o presidente da Ele-tronuclear -- que segundo a Lava Jato já recebia propinas -- defendia a retomada do contrato com aAndrade Gutierrez, mas o projeto antigo não considerava uma série de parâmetros de segurançaadotados mundialmente após o acidente nuclear de Three Mile Island, na Pensilvânia (EUA), em

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1979. As falhas de projeto foram denunciadas por ISTOÉ e levaram os órgãos de controle a pres-sionarem o governo por uma reformulação do projeto.

Em última análise, foi necessário o lançamento de uma nova licitação. A concorrência foi vista pelasempreiteiras doclube dobilhão comoumaoportunidade para acertarem um novo negócio,elevandoo custo da obra de R$ 7 bilhões para R$ 15 bilhões. Segundo o MPF, a propina alcançaria o valor de1% dos contratos. No despacho que determinou as prisões, o juiz Sérgio Moro ressaltou que OthonPinheiro da Silva era ao mesmo tempo presidente da Eletronuclear e proprietário da Aratec Con-sultoria e Representações, configurando um conflito de interesses.

Outro provável foco de irregularidades na área sob controle de Othon é o projeto do submarino nu-clear, o Prosub. Coube ao presidente da Eletronuclear a elaboração do projeto de aquisição de sub-marinos franceses. O pacote orçado em R$ 28 bilhões inclui a compra de quatro Scorpéne depropulsão a diesele o desenvolvimentoconjuntocom a estatalDCNSdeum modelodepropulsão nu-clear, que será montado num estaleiro em Itaguaí, no Rio. A Odebrecht foi escolhida pela Marinhaparaconstruir o estaleiro, mas nãohouve licitação. Esse negócio foi conduzido poroutromilitar,o co-ronel Oswaldo Oliva Neto, irmão do ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante.

A investigação do MPF reúne indícios de que Oliva Neto possa ter atuado como operador de Mer-cadante, que aoassumir a pastadeCiência e Tecnologia pressionou para a realização deumanovalicitaçãopara Angra 3. Coronel reformado, OlivaNetoocupouaté 2007 o cargo dechefedoNúcleodeAssuntos Estratégicos (NAE) da Presidência. Desde então, ele reativou a Penta Prospectiva Es-tratégica e passou a prestar consultoria em todos os grandes projetos do governo do PT na área dedefesa,não só nacompra dossubmarinos,mas doshelicópteros franceses EC-725 e em projetos daCopa de2014 e dasOlimpíadas de2016. Em 2010, Pentase uniu à Odebrecht Defesa e Tecnologia,criando a Copa Gestão em Defesa. Depois foi adquirida a Mectron, que igualmente firmou sem con-corrência contrato com a Amazul Tecnologias de Defesa, estatal de projetos criada por Dilma paraatuarnoProsub.ALavaJato puxará agora o fio dessenoveloquepode levara identificarpossível trá-fico de influência de Mercadante e eventual uso da empresa de consultoria de seu irmão para re-cebimento de propina.

Foto: Regina Santos/Norte Energia

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01 de agosto de 2015 Editoria: Internacional

Notícias Internacionais

Tiragem: 370,308Página: 078

Escravos das idéias

O Sendero Luminoso sequestra mulheres e crianças e mantém o objetivo de instaurar uma ditaduramaoista no Peru. Com essa turma, não há chance de negociação

NATHALIA WATKINS

Extremistas, quando dominam um território, tornam-se capazes de perpetuar as piores crueldades,quase sempre elegendo mulheres e crianças como vítimas preferenciais. Na segunda-feira 27, sol-dados peruanos resgataram escravos em um dos três campos de trabalhos forçados do grupo es-querdista Sendero Luminoso. Alguns eram da tribo ashaninka e tinham sido sequestrados trêsdécadas antes, em uma invasão a um hospital psiquiátrico. O grupo de reféns incluía 26 criançascom idade entre 1 e 14 anos, dez mulheres e três homens. Os pequenos, como nasceram con-finados, nunca haviam desfrutado a sensação de uma vida em liberdade. Trabalhavam na lavourapara prover comida aos seus algozes. As mulheres eram vítimas de repetidos abusos sexuais e ti-nham a função de reprodutoras. Forneciam soldados e assim garantiam que o espirito de combatefosse transmitido às próximas gerações.

O Sendero foi responsável pela maior parte das 69 000 mortes causadas durante o conflito armadoque se estendeu no Peru de 1980 a 2000. Suas vítimas foram principalmente esquerdistas e in-dígenas. InspiradonaRevolução Culturalchinesa, que começou em 1966 e dizimouos quadrosme-nos radicais do Partido Comunista Chinês, tem por meta destruir qualquer rasgo de democracia einstaurar uma ditadura maoista pela luta armada. Conta com um contingente de 350 a 600 homensarmados. Atualmente, concentra-se na área do vale dos rios Apurímac, Ene e Mantaro, conhecidapela sigla Vraem. Nessa região montanhosa, onde a presença do Estado é quase nula, o grupo é aúnica instituiçãovigente e mantémseudomínio principalmente pormeio daviolência. "Se alguémosdenuncia, é degolado e pendurado numa corda em um local público. Com medo, os camponeses vi-vem na pobreza e se submetem aos terroristas", diz o analista de segurança e narcotráfico peruanoPedro Yaranga. Desde 1984, os terroristas se sustentam com o imposto de guerra dos plantadoresda folha de coca, a matéria-prima da cocaína e do crack. O Vraem produz 70% da cocaína peruana,maisde200000 toneladasporano.OPerué hoje o segundopaís com a maioráreadecultivodecoca,atrás apenas da Colômbia.

Em seus feudos nas montanhas, o Sendero realiza um pesado doutrinamento político. Segundoseusensinamentos, todosos quevivemnoscampossãoobrigados a defendera tomadadopoder pe-la luta armada. Por isso, na semana passada, alguns até esboçaram uma reação quando viram sol-dados. As crianças aprendem o bê-á-bá da revolução desde os 8 anos. Com 12, recebem armas e

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ingressam na força principal. Em um vídeo divulgado pelo grupo em setembro de 2014, um dos di-rigentes apresenta seus combatentes, a maioria com idade entre 20 e 30 anos, fortemente armadoscom fuzis,metralhadoras,granadase muniçãoem abundância.Nafilmagem,crianças observam os-mais velhos carregando as armas, muitas vezes maiores do que eles mesmos.

A verve maoista do Sendero Luminoso faz com que negociações de paz, como as que estão em an-damento entreo governocolombianoe as Forças Armadas RevolucionáriasdaColômbia (Farc,hojecom maisde6000 soldados),sejam impensáveis. OSenderofoi fundadopelo professor universitáriodefilosofia AbimaelGuzmánnofimdadécadade60e teve seuapogeunosanos1980,quandoo Peruvoltou à democracia. O declínio veio principalmente após a dissolução do Parlamento pelo pre-sidente Alberto Fujimori, em 1992. Com poderes ampliados, o presidente lançou uma dura cam-panha militar e pôs grupos clandestinos no encalço dos senderistas. "A maioria dos peruanos nãosabeo queé o Senderoounãose lembra dogrupo,quematoutanta gentequenunca encontraremostodas as fossas comuns nas quais enterrou suas vítimas", diz o ex-juiz Jose Daniel Rodriguez Ro-binson, que investigou crimes dos terroristas na década de 90. Desde sua prisão, em 1992, Guzmánafirma ter renunciado à luta armada. A maior parte dos seus seguidores entendeu seu apelo, masumaminoria, hoje noVraeme aindapresa à ideologia,duvidadassuasdeclarações. "O SenderoLu-minoso mantém o objetivo de instaurar uma ditadura maoista no Peru e não tem nenhum receio dematar pessoas para conseguir isso", diz o analista peruano Yaranga.

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01 de agosto de 2015 Editoria: Internacional

Notícias Internacionais

Tiragem: 370,308Página: 076

Não dá para voltar

Fugindodepaísesconflagrados comoa Síria,o Afeganistãoe o Sudão,migrantes arriscama vidapa-ra entrar no Eurotúnel e trabalhar clandestinamente na Inglaterra

Duda Teixeira

Comumaobra gigantesca de50quilômetros estendendo-seporbaixo doCanaldaMancha e ligandoInglaterra e França, o Eurotúnel foi celebrado em sua inauguração,em 1994, comoum laço deuniãoentre os povos. Produtores franceses comemoraram o acesso rápido aos supermercados dos in-gleses, os quais começaram a fazer uso intenso dessa facilidade nas viagens de lazer. Na semanapassada, bem nas férias escolares do Hemisfério Norte, os passageiros e usuários do Eurotúnel es-cutaram um aviso inédito e surpreendente. A operação estava temporariamente suspensa devido auma "atividade migrante intensa".

Na ponta francesa do túnel, onde fica a cidade de Calais, milhares tentavam ingressar clan-destinamente nos caminhões e carros que faziam fila para subir nos vagões em direção à Inglaterra.Oriundos de países para os quais é quase impossível retomar, como Síria, Eritréia, Somália, Afe-ganistão e Sudão, eles estavam dispostos a assumir qualquer risco para tentar uma nova vida nopaís que escolheram.Quebravam com pésdecabra os cadeadosdasportastraseiras dobaú dosca-minhõespara se escondercom a carga.Outros subiam nascarroceriasouse acomodavam napartedebaixo, entreos eixos.Motoristasque buzinavam para avisar os colegaseramameaçados com pu-nhos fechados e xingamentos.Passageiros deveículos depasseio foram orientados a manteros vi-dros fechados para não ser incomodados. Armados com cassetete, gás lacrimogêneo e spray depimenta, guardas perseguiam os invasores abrindo as carrocerias ou correndo pelo acostamento.Em alguns momentos, os uniformizados ficavam completamente sem ação, atônitos. Como os mi-grantes sabiam que estavamem número muitomaior,combinavam deentrarnaszonas proibidas to-dos ao mesmo tempo.

O caos ganhou contornos mais preocupantes com a morte de dez migrantes no Eurotúnel desde oinício de junho. Nasemana passada, um jovem sudanês, aparentandoter entre25e 30anos.morreuatropelado por um caminhão. Um egípcio foi eletrocutado quando tentava pular do teto de um trempara o de outro.

Ainda que infiltrações aconteçam desde a criação do túnel, na década de 90, o movimento anormaldas últimas semanas é um reflexo tardio da onda migratória que se elevou em 2011. As ma-nifestações contra ditaduras no norte da África e no Oriente Médio depuseram alguns chefes au-

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toritários, mas não instalaram regimes estáveis no lugar. O vácuo de poder ainda deu espaço paraque grupos terroristas, comoo Estado Islâmico,ganhassem território.Outro ponto fundamental paraexplicar a crise é a situação da Líbia. Fragmentado desde a queda de Muamar Kadafi, o país tor-nou-se um porto de embarque de pessoas das mais variadas nacionalidades, que pagam para sertransportadasporbarcosatravésdoMar Mediterrâneo.Ao descernaItália, naEspanhaounaGrécia,a maioria se prepara para continuar a viagem rumo ao norte da Europa, onde imagina que as con-dições de vida são melhores e há mais benefícios. Essa esperança ajuda a explicar por que muitos,mesmo já na França, ainda querem cruzar o Canal da Mancha. ''Além disso, vários deles possuemparentes trabalhando na Inglaterra, falam inglês ou querem aprender a língua", diz a socióloga in-glesa Bridget Anderson, especialista em migração na Universidade de Oxford. Como não há umaprevisãodemelhoranospaísesconturbados daÁfrica e doOrienteMédio, o fluxopara o nortedaEu-ropa deve aumentar, assim como o contorcionismo para assimilar culturas tão diversas. Ainda queas mortes no Eurotúnel chamem atenção, o problema é uma fração das migrações em geral. Cercade86%dosque fogemdepaísesconflagrados permanecemem nações em desenvolvimento."Asdi-ficuldades legais fazem com que a Europa receba poucas pessoas. Esses milhares tentando entrarna Inglaterra representam uma fração dos que estão no Líbano, na Jordânia e na Turquia", diz o ita-liano Eugênio Ambrosi, diretor da Organização Internacional de Migração para a União Européia.

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01 de agosto de 2015 Editoria: Comportamento

Notícias Internacionais

Tiragem: 396,856Página: 56

A degradação de Roma

Uma das cidades mais visitadas do mundo sofre com a decadência dos serviços públicos, es-cândalos de corrupção e até uma infestação de ratos na lendária Fontana di Trevi

Paula Rocha ([email protected])

Uma das sequências mais famosas da história do cinema, o banho da atriz sueca Anita Ekberg(1931-2015)naFontanadiTrevi, nofilme"La Dolce Vita" (1960),deFederico Fellini (1920-1993), aju-dou a cristalizar na imaginação de muita gente uma imagem romântica da capital italiana, Roma. Obelo cenário onde a loura se banhou, enquanto chamava o galã Marcello Mastroianni (1924-1996),no entanto, atrai hoje visitantes bem menos nobres. No auge do verão europeu, a fonte, um dos prin-cipais pontos turísticos da cidade, foi invadida por ratos, que assustam os milhares de turistas que avisitam diariamente. À infestação de roedores somam-se outros problemas romanos, como o ex-cesso de lixo nas ruas, por conta da ineficiência dos serviços públicos, os atrasos no transporte co-letivo e os inúmeros escândalos de corrupção na administração da capital, que parece viver um dospiores momentos de sua história recente.

Em julho, quem passeasse pelos parques da cidade ficaria surpreso com o estado de desleixo des-ses locais. Umadenúncia decorrupçãona licitação responsável pela contratação deempresas paraa manutençãodeparqueslevou o prefeito Ignazio Marino a suspendero serviço.Nomesmomês,mi-lhares de turistas e cidadãos romanos foram prejudicados por uma ação do sindicato de me-troviários, que atrasou o intervaloentreos trens para protestar contraumapossível privatização.Emmaio, um incêndio no aeroporto internacional Fiumicino, principal porta de entrada da Itália, fechoualas,que continuam inativas até hoje. Os três episódios sãosintomas dadegradação recente deRo-ma. Uma pesquisa da Comissão Europeia de 2013 aponta que a cidade figura em último lugar entreas 28capitais europeias noquesito deeficiênciadosserviçospúblicos.Já noaspectoqualidadedevi-da, alcança o 27º lugar, à frente apenas de Atenas, na Grécia.

"Roma está à beira do colapso", diz Giancarlo Cremonesi, presidente da câmara de comércio da ca-pital. "É inaceitável que uma grande cidade que se auto-intitula desenvolvida se encontre em tal es-tado de deterioração." A mesma opinião parece ser partilhada por parte da população. No blog"Roma Fa Schifo" ("Roma é uma merda", em tradução), cidadãos denunciam o excesso de lixo,obrasmalfeitase outrasmazelas dacidade. "Romaestá a quilômetrosdedistânciadospadrõesdeci-vilidade e decoro do Oeste", diz Massimiliano Tonelli, fundador do site. "Vivemos em uma com-binação de má administração, corrupção e burocracia."

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A corrupção, aliás, paralisou boa parte da administração pública. No início deste ano, um escândalotornou público o fato de que vários contratos de licitação de serviços municipais teriam sido ma-nipuladospormembros damáfia, que desviarammilhõesdeeuros doorçamento dacapital. Até ago-ra, trinta contratos, que abrangem desde a limpeza pública até a construção de abrigos pararefugiados, estão sob investigação e devem ser cancelados e colocados novamente para licitação.Em 2014, em parteporcausa dosdesvios damáfia, Roma registrou um déficit orçamentário de14bi-lhões deeuros (R$51bi)e foi salva da falênciagraças a um fundo emergencialdoestado.Muitasdasdenúncias decorrupçãodatamdomandato doprefeitoanterior,Gianni Alemanno,queestá sendo in-vestigado. O atual prefeito Marino, no entanto, reconheceu em uma carta enviada ao jornal italiano"Corriere della Sera" que uma parcela da administração pública está "substancialmente con-taminada".

Asituação,que jánãoé a ideal, pode piorar nopróximo ano.Em2016,a cidadeespera receber 25mi-lhões deperegrinos em resposta aochamadodopapa Francisco para o AnoSagrado, um doseven-tos mais importantes do calendário da Igreja Católica. Em 2014, Roma foi visitada por 10,6 milhõesde turistas estrangeiros, menos do que os 11 milhões de 2013, e nem sempre esses visitantes saemde lá com uma boa impressão. Apesar de ser uma das cidades mais procuradas da Europa, a capitalitaliana apresenta um dos menores índices de visitas repetidas.

Sobre a invasão de ratos na fonte mais famosa da cidade, o município garantiu que está adotandomedidas para minimizar a infestação, e culpou a chegada dos desagradáveis visitantes ao calor ex-tremo que o país enfrentou em julho, quandoos termômetroschegarama marcar37graus Celsius, eàs obras de revitalização, bancadas pela grife de luxo italiana Fendi, que devem durar até outubrodeste ano. Até lá, turistas e moradores esperam que a opulência dos monumentos, igrejas e fontesromanos não tenha mais de conviver lado a lado com os problemas que enfeiam uma das cidadesmaisbelas domundo. "Romahoje é bemparecida com a Nova York dosanos 1990, suja e corrupta",diz Massimiliano Tonelli. "Mas é possível mudar. Essa situação não é irreversível."

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01 de agosto de 2015 Editoria: Nosso Mundo

Notícias Internacionais

Tiragem: 61,160Página: 044

Só os mortos esquecem

Bósnia O genocídio de muçulmanos ainda marca a relação entre as etnias locais

POR GABRIEL BONIS, DE SREBRENICA

"Imploro para que não deixem esse monumento para homens e garotos inocentes setransformar apenas na memória de uma tragédia", dizia Bill Clinton a uma plateia seleta em Sre-brenica, na Bósnia. Do lado de fora da fábrica onde o ex-presidente dos Estados Unidos discursavasob um intenso sol, um homem retrucava ao telão: "O que você sabe sobre a guerra?" A al-guns metros, um mar de lápides brancas ao pé das montanhas camuflava-se entre os cerca de 60mil presentes na cerimônia de 20 anos do maior genocídio ocorrido na Europa desde a SegundaGuerra Mundial.

Em11dejulhode1995, tropasbósnio-sérvias invadiramSrebrenicae massacraram maisde8 milho-mensmuçulmanos (bosniaks)com idadesentre12e 77anos.Oevento,definido comogenocídio pe-la Corte Internacional de Justiça, provocou uma intervenção da Otan, a aliança militar das potênciasocidentais. A guerra civil iniciada em 1992 terminaria pouco depois.

O pedido de desculpas de Clinton por não ter agido antes ressalta a falha da comunidade in-ternacional no caso. Os 136 restos mortais enterrados durante a cerimônia estavam entre os mi-lhares de civis que buscaram refúgio no local proclamado pelo Conselho de Segurança da ONUcomo uma zona de segurança durante a guerra. Cerca de 600 soldados holandeses protegiam aárea.

Isso não impediu que em 8 de julho de 1995 soldados bósnio-sérvios avançassem em direção à ci-dade. Rapidamente, Srebrenica caiu e 30 militares holandeses foram feitos reféns. Em 11 de julho,mais de 20 mil muçulmanos, entre eles crianças, mulheres e idosos fugiram para outra base ho-landesa em Potocari, nas proximidades. Os 5 mil que conseguiram entrar no local acabaram for-çados pelos vigilantes a deixar o acampamento. Os demais abrigaram-se nas fábricas onde Clintondiscursaria 20 anos mais tarde. Os bósnio-sérvios deportaram 23 mil mulheres e crianças para o ter-ritório muçulmano.Oshomens capturados foram mortos e as tropasdaONU puderamdeixar o localapenas dez dias após a invasão.

"A missão de paz não tinha capacidade para proteger os civis. Os soldados holandeses eram jovense inexperientes. Não esperávamos uma situação tão complexa", afirma VelmaSaric, diretora doCentro de Pesquisa de Pós-Conflito. As zonas de segurança em Srebrenica são, em si, con-

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sideradas um equívoco. "Ter zonas de segurança com militares armados que não podem usar a for-ça para proteger civis é inútil", avalia Barbara Harrell-Bond, criadora e ex-diretora do Centro deEstudos de Refugiados da Universidade de Oxford. Segundo Barbara, os problemas da Bósnia fo-ram intensificados quando a Acnur, agência da ONU para refugiados, passou a tentar impedir osbósnios de deixar o país para "protegê-los" em seu próprio território. "Oferecer essa proteção era al-go que a Acnur claramente não tinha como fazer."

ASérviacontinuaa não reconhecercomogenocídioos assassinatosem massaem Srebrenica.A re-lação do país com a Bósnia é muito delicada. Na cerimônia, o primeiro-ministro sérvio, AleksandarVucic, teve de se proteger de algumas pedradas. Durante a guerra, Vucic declarou: "Para cada sér-vio morto, mataremos cem bósnios". Outra parte dos espectadores do funeral das vítimas do ge-nocídio preferiu ignorar a presença do premier. "Não foi para isso que viemos aqui", disse umasenhora. Um policial foi mais enfático: "Ele não deveria estar aqui".

"Ainda há tensões e divisões, mas também reconciliação. A presença do primeiro-ministro sérviodespertou, no entanto, um sentimento de raiva nas famílias que ainda não obtiveram justiça e vivemlado a lado com criminosos de guerra", afirma Velma Saric. A irritação contra Vucic também estavarelacionada ao veto da Rússia a uma resolução do Reino Unido no Conselho de Segurança da ONUparadeclararSrebrenicacomoum genocídio."Acomunidadeinternacionalparece não ternoção dastensõesqueessaresoluçãocausa.Eum assuntodelicado e deveriaser negociadocom calma", ava-lia a acadêmica.

As tensões étnicas persistem. A Constituição bósnia, parte do acordo de paz, dividiu a nação emduas áreas internas autônomas: a FederaçãodaBósnia e Herzegóvina, onde vivea maior partedosbosniaks e croatas, e a República Srpska, majoritariamente habitada por sérvios étnicos. Existemtrês presidentes, um para cada grupo de maior expressão populacional. Na República Srpska, ondeSrebrenica se encontra, o termo genocídio é evitado pelo governo local. No aniversário do episódio,cartazescom o rosto deVladimirPutin, presidente russo, foram espalhadosem diversas partesdaci-dade.

O acordo de paz garantiu aos cerca de 2,2 milhões de bósnios que deixaram o país na guerra ou queforam deslocados internamente, cerca de metade da população em 1991, o direito de retomar suaspropriedades pré-conflito ou a um ressarcimento por elas. A divisão interna reforçou, contudo, a se-paração geográfica das etnias. Aqueles que retornaram mudaram-se para áreas dominadas porseus "pares". Minorias sofreram ameaças de grupos majoritários e políticos nacionalistas locais.

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Duas décadas após o massacre, a tensão não se dissipou

Nopassado, esseprocesso deretomada deposse foi violento. Atualmente,o ambienteé menoscon-flituoso. Florescem, no entanto, outros problemas, conforme afirma Selma Porobic, diretora do Cen-tro de Estudos de Refugiados e Deslocados Internos da Universidade de Sarajevo. "Existe muitadiscriminação contra as minorias. Esses indivíduos enfrentam mais dificuldade em conseguir em-prego, por exemplo. Não há instrumentos efetivos para punir a discriminação." A guerra acabou,mas as diferenças persistem.

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01 de agosto de 2015 Editoria: Panorama

Colunas

Tiragem: 370,308Página: 044

Radar

LAURO JARDIM

LAVA-JATO

PMDB, tremei

Às vésperas de completar nove meses na prisão, Fernando Baiano não está bem psi-cologicamente. Nélio Machado, advogado do suposto operador do PMDB, diz que deixaria o caso,mas entenderia se a pressão psicológica fizesse Baiano optar pela delação premiada.

Plano de voo

Se Baiano falar, a casa de muito peemedebista graúdo vai cair. Mas seria uma surpresa. De acordocom interlocutores próximos a ele, Baiano tinha outros planos. Imaginava ser condenado a quinzeanos deprisão (comoos executivos daCamargoCorrêa). Desse total, cumpriria um sexto dapena econseguiria a liberdade. Como já cumpriu quase um ano, ficaria preso somente mais uns dois anos.

Plano de voo 2

A partir daí, Baiano estaria livre, leve, solto e ainda jovem para usufruir os milhões e milhões de dó-lares que acumulou em roubalheiras na Petrobras e em outras estatais.

70 milhões de dólares

Olobista Hamylton Padilha,que operavapesadonaPetrobras e fez um acordo dedelação premiadana Lava-JATO na semana passada, prometeu devolver 70 milhões de dólares aos cofres públicos.

A nova fronteira

Que Suíça e IlhasCayman quenada.Embreve,muitascontassecretasem paraísos fiscaisasiáticosaparecerão nessa encrenca da Lava-JATO.

Céu nublado

A hora é devoodecarreira para algumasempreiteiras.A UTC pôsà venda o seuCessna Citation So-

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vereign; a OAS tenta passar adiante sua frota de quatro jatos e abriu mão de receber um Citation X,avaliado em 22 milhões de dólares, que seria entregue agora; e a Camargo Corrêa está se des-fazendo do seu Falcon 900EX. Odebrecht e Andrade Gutierrez ainda não se mexeram nesse as-sunto - com certeza, ainda não precisaram.

E vai piorar

Sob o comando de Renan Calheiros e Eduardo Cunha, o Congresso que volta a funcionar na se-gunda-feira 3 foi o que menos apoio deu a Dilma Rousseff desde 2011. De acordo com uma pes-quisa inédita da consultoria Arko Advice, no primeiro semestre o governo foi derrotado em cincoprojetos (20%) do seu interesse votados no Senado - no mesmo período dos anos anteriores, o go-verno não perdeu nada. Na Câmara, a dor de cabeça também aumentou. Dilma foi derrotada em23% dasmatérias que a interessavam- a maior taxa desde que assumiu a Presidência. Aliás,o ritmofrenético imposto porEduardoCunhanaCâmara é prova eloquente do trabalhoque o articulador po-lítico e viceMichel Temer vem tendo:somados, os projetos deinteresse doExecutivo votadosnaCâ-mara no primeiro semestre dos três anos iniciais de Dilma são exatamente iguais aos que Cunhabotou para votar neste ano: 123.

ITAMARATY

Morar bem

A chefe do consulado do Brasil em Nova York, Ana Lucy Petersen, mora em um apartamento de alu-guel mensal de19000dólares, naTrump WorldTower. Desde a gestão deLuiz Alberto Figueiredo, oITAMARATY criou uma regra em que os diplomatas devem buscar novos imóveis cujos custos nãoultrapassem 80% do valor pago pelo imóvel anterior. Ou seja: já havia gordura para cortar quando aembaixadora escolheu morar ali.

O calote

O drama do Fies só faz aumentar.

O governo deixou de repassar às instituições de ensino 7,5 bilhões de reais do programa.

GOVERNO

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Questão de ordem

O TCU deve votar os processos relativos às pedaladas antes de votar as contas de Dilma Rousseff.

Em sigilo

OTSEdecretou sigilonaaçãomovida pelo PSDB contraa chapa deDilma Rousseffe MichelTemer.A ação é o modelomais incentivado entreos tucanos para a saídadeDilma. É a única que pode levarà convocação de novas eleições - desde que toda a chapa seja cassada.

ECONOMIA

Freada gigante 1

Ocenário traçado pelos grandesbancos para o último trimestre é um filme de terror: quedade5%daeconomia em comparação com o mesmo período de 2014, que já não havia sido grande coisa.

Freada gigante 2

Exceto pela conclusão davenda doHSBCpara o Bradesco, praticamente todasas transações defu-são e aquisição estão paradas.

Chance na crise

Com dinheiro em caixa,a Gafisa está aproveitandoa violentacrise dosetor imobiliário para comprarum grande volume de imóveis das concorrentes com substanciosos descontos.

A poderosa

É brasileira a mulher que administra o maior hedge fund do mundo. Desconhecida por aqui, e ba-seada na Europa, Leda Braga, 48 anos, é dona da Systematica Investments e tem sob sua res-ponsabilidade 8,2 bilhões de dólares.

FUTEBOL

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Sem medo do petrolão

A Petrobras pode estar em baixa em algumas áreas, mas no futebol europeu o seu viés é de alta. Di-rigentes doArsenal, da Inglaterra, e do InternazionaledeMilão, da Itália, entraram em contatocom aestatal para tentar patrocínio em suas camisas ou outras ações.

A resposta da Petrobras foi "não".

Perto do gol 1

Os advogados de defesa da turma brasileira encrencada no escândalo Fifa/ CBF esperam grandesemoções para agosto. Aliás, no Brasil os processos do caso correm sob segredo de Justiça.

A defesa de alguns envolvidos tentou até no STF acabar com o sigilo. Em vão.

Perto do gol 2

A propósito, a Polícia Federal investigaa participação dodoleiro carioca Dario Messernosnegóciosde alguns dos principais personagens dessa confusão. Messer, aliás, também está metido nas rou-balheiras do petrolão.

LIVRO

364 semanas

Paulo Coelho está batendo mais um recorde nesta semana. O Alquimista acaba de completar seteanos na listadosdez livros maisvendidos de ficçãodoThe New York Times - namais recente,a obraocupa a terceira posição, aliás. É o livro de ficção que mais tempo ficou na relação dos dez mais doNYT. O Alquimista já vendeu 15,5 milhões de exemplares nos EUA.

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01 de agosto de 2015 Editoria: Dinheiro na Semana

Colunas

Tiragem: 96,842Página: 12

Dinheiro na semana

OAS deve receber menos pela Invepar

EMBARQUE EMBAÇADO: aeroporto em São Paulo, um dos principais ativos da Invepar. Fatia daOAS na empresa foi desvalorizada após a Lava Jato

A vida não está fácil para ninguém. Que o digam as empreiteiras envolvidas nas investigações daOperação Lava Jato. Com diretores e acionistas ameaçados de passar temporadas na prisão, elasse vêm às voltascom a necessidadedereequilibrar seusnegócios,com freqüência,pormeio daven-da de ativos. É o caso, por exemplo, da baiana OAS. Mergulhada em dívidas que somam R$ 9 bi-lhões, a empresa, que entrou em recuperação judicial, pretendia passar adiantesuaparticipação de24,5% nocapital daInvepar,que detém, entreoutrosativos, 51% doAeroporto Internacional deGua-rulhos, em São Paulo, além de concessões rodoviárias, ferrovias e o metrô do Rio de Janeiro.

A interessada é a gestora canadense de fundos Brookfield, que, num primeiro momento, chegou aoferecer R$ 2,2 bilhões à OAS, que começou pedindo R$ 2,8 bilhões pela sua fatia na Invepar. Nemuma, nem outra cifra: por conta dos investimentos necessários nos projetos da Invepar, somadas àseventuais pendências judiciais, a Brookfield reduziu a proposta para R$ 1,5 bilhão.

Telecom

Vamos estar demitindo

Uma das maiores empregadoras do País, com 1,5 milhão de funcionários no início do ano, as em-presas prestadoras de serviços de telecomunicações contabilizavam 405 mil demissões (quase umterço damãodeobra) nofim doprimeirosemestre. Segundo o Sinstal,sindicatodasempresas dose-tor, as demissões em massa se devem ao aumento das exigências da Anatel às operadoras de te-lefonia, que acabam repassando os custos extras às terceirizadas.

Mercado Premium

Jaguar Land Rover em 2016

Está na reta final a fábrica que a Jaguar Land Rover está construindo em Itatiaia, nosuldoRio deJa-neiro, a um custo deUS$750 milhões. As obras da fábrica jáestãoprontas.Segundo Terry Hill, CEOda montadora na América Latina, é a vez da instalação dos equipamentos para a produção do SUV

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de entrada da marca, o Discovery Sport, a partir do primeiro trimestre de 2016.

Investimento

Não vai faltar cerveja no Nordeste

AscervejariasdoSulMaravilhaparecem terdescobertodefinitivamente o mercado nordestino.Atraí-daspela localizaçãoestratégica e pelos incentivos fiscais, oferecidospelo governodePernambuco,as líderes Ambev, Petrópolise Brasil Kirin estão investindo nada menos deR$1,9 bilhão em fábricasna região metropolitana de Recife. Atualmente, o Nordeste é o segundo maior mercado de bebidasdo País, respondendo por 23% do consumo de cerveja.

Aviação

Delta mira na China

Deolho grandenummercado que deverá superar o dosEUA em 20anos,a americana Delta Airlinesacaba de comprar, por US$ 450 milhões, uma participação de 3,6% no capital da China Eastern, se-gunda maior companhia aérea chinesa. A Delta também detém fatias da Virgin Atlantic, da Gol e daAeromexico SAB.

Farmacêutica

Gigante israelense

Com a compra da irlandesa Allergan, o laboratório israelense Teva, maior fabricante de me-dicamentos genéricos do mundo, acaba de entrar para o clube dos gigantes globais da indústria far-macêutica. A operação foi de US$ 40,5 bilhões.

Competitividade

O RELÓGIO DA ECONOMIA

excesso de burocracia é responsável pelo atraso da economia brasileira. Segundo 0 relatório DoingBusiness, do Banco Mundial, 0 Brasil continua entre os últimos quando se pensa em facilidade para

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abrirum negócio.PesquisadaConfederaçãoNacional daIndústria (CNI) confirmaessequadro: a bu-rocracia é perceptível no dia a dia da população brasileira.

De acordo com a cara do freguês

Desta vez, a Disney de Paris se superou: para os franceses, o pacote premium do parque temáticocustava EUR 1.346; já se o visitante fosse um britânico, o preço subia para EUR 1.870, chegando ainacreditáveis EUR 2.447 se seu passaporte fosse alemão. Resultado: indignada, a Comissão Eu-ropéia iniciou uma investigação contra a empresa, acusando-a de discriminação de preços. A donado Mickey e do Pateta, porém, não está sozinha nesse tipo de traquinagem: a Comissão recebeuqueixas também contra Amazon, redes de hotéis da Espanha, teleféricos da Áustria e até banheirospúblicos de Veneza.

Fábrica

O sorriso da P&G

Segundo maior mercado da P&G no mundo, só superado pelos EUA, o Brasil já recebeu in-vestimentos da ordem de R$ 1,3 bilhão, desde 2013, da empresa americana. Fazem parte dessemontante os R$280 milhõesaplicados nanova fábrica decremedental, inaugurada nasemana pas-sada,noRio deJaneiro. Segundo o presidente daP&G, Alberto Carvalho,a unidade atenderá todaademanda de sua principal marca de dentifrício, a Oral B, que deixará de ser importada.

NÚMEROS

US$ 19,5 BILHÕES

FOI O FATURAMENTO da francesa Lactalis, em 2014, que se tornou a segunda maior empresa delácteos do mundo, logo atrás da suíça Nestlé

R$ 2,6 TRILHÕES

É 0 TOTAL da dívida pública brasileira, registrado no final do primeiro semestre de 2015

US$ 16 BILHÕES

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É O VALOR do lucro que o megainvestidor Warren Buffett obteve ao associar-se à brasileira 3G Ca-pital na compra da Heinz, há dois anos, nos Estados Unidos

R$ 36 BILHÕES

FOI O TOTAL das vendas de medicamentos no País, no primeiro semestre. As receitas de remédiosgenéricos ficaram em R$ 9,1 bilhões

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01 de agosto de 2015 Editoria: Clayton Netz

Colunas

Tiragem: 96,842Página: 14

Clayton Netz

COM GABRIEL BALDOCCHI. LUIS ARTUR NOGUEIRA E MAREIO KROEHN

FRASE DA SEMANA

"O GOVERNO NÃO ESTUDA USAR AS RESERVAS INTERNACIONAIS PARA FAZER CAIXA",

Nelson Barbosa, ministro do Planejamento, negando que a equipe econômica da presidente DilmaRousseff pretenda utilizar as reservas internacionais de USS 370 bilhões para controlar o câmbio

NEGÓCIOS

BRASKEM NA RETA FINAL

A Braskem, maior produtora de resinas plásticas das Américas, do Grupo Odebrecht, deu um passoimportante para a conclusão de seu complexo petroquímico no Estado de Vera Cruz, no México. Oprojeto, uma joint venture da empresa do CEO CARLOS FADIGAS com a mexicana Idesa, é con-siderado o maior investimento do setor na região. Na semana passada, foi concluída a limpeza dostubos dos fornos das caldeiras que geram o vapor. Essa ferramenta é essencial para o fun-cionamento de grandes turbinas, como os compressores. Considerado o coração da produção depolietileno,qualquer vestígiodepartícula sólidaprejudica os processos químicos.Cominvestimentode US$ 5,2 bilhões, o projeto está 95% concluído e a previsão é de que entre em funcionamento nofim de 2015. Com cinco unidades industriais nos Estados Unidos (Texas, Pensilvânia e West Vir-gínia) e duas na Alemanha, a Braskem faturou R$ 46 bilhões, em 2014.

LIVRO

CADÊ O LÍDER?

Maior economia da América do Sul. o Brasil tem dificuldade para exercer um papel de líder regional.Seja por rejeição dasnações vizinhas, seja porsoberbadopróprioPaís.O livro "O Brasil e a Américado Sul", dos professores Cristina Soreanu Pecequilo (Unifesp) e Corival Alves do Carmo (UFS). de-bate ainda o relacionamento da região com os Estados Unidos e com a China.

NOTEBOOKS

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AVELL LANÇA LINHA PROFISSIONAL

A catarinense Avell. fabricante de notebooks de alto desempenho. está lançando uma nova linha deprodutos, a "Série Workstation", destinada a profissionais como engenheiros. arquitetos e de-signers. Segundo o CEO ttmerson Salomão, o equipamento será vendido na loja online da Avell enas físicas de Florianópolis. Joinville e Curitiba. A empresa deve faturar R$ 55 milhões, em 2015.

CRÉDITO

CALOTE CRESCE

A Boa Vista SC PC, da Associação Comercial de São Paulo, informa: o número dc cheques de-volvidos por falta de fundos chegou a 2,14%, no primeiro semestre, pior resultado desde 2009.

MÓVEIS

DE OLHO NOS EUA

No dia 13 de agosto, a Apex-Brasil e o Sindmóveis. de Bento Gonçalves (RS), promovem. no JockeyClub São Paulo, na capital paulista. uma rodada de negócios do Projeto Comprador, reunindo va-rejistas de móveis dos EUA e fabricantes nacionais. Em 2014, os americanos importaram US$114milhões em móveis brasileiros.

CAMINHÕES

CORTANDO O ESTRADÃO

A Scania, que em 2014 faturou cerca de US$ 2,2 bilhões na América Latina, apresentou na semanapassada, cm São Bernardo do Campo (SP), sua mais nova aposta no setor de caminhões para otransporte dc cargas delongadistância. Omodelo, com configuração derodas 8X2, foi desenvolvidono País a partir de 2009 e tem capacidade de toneladas de carga líquida, com menor gasto de com-bustível. No ano passado, a montadora sueca vendeu 13,5 mil caminhões no Brasil.

FRANQUIA

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O SONHO DA IDREAM

A boutique tecnológica iDream, do empresário carioca Leandro Tomasi, está lançando seu sistemade franquias, com a abertura de 20 novas lojas nas regiões Sudeste e CentroOeste. Focada em so-luções em serviços de assistência técnica e acessórios para gadgets de luxo, a empresa espera do-brar sua receitas para R$ 10 milhões, em 12 meses.

TECNOLOGIA

TELEFONE CONTROLADO

A empresa paulista de telecomunicações Navita está em fase final de desenvolvimento de um novoprojeto, batizado de Connect, para gerenciar e reduzir os custos com o uso de telefones pelas em-presas. Com 300 clientes no Brasil e no exterior, a companhia tem conseguido reduzir em 20% osgastos com telecom. No ano passado, seus clientes economizaram, ao todo, R$ 28 milhões. "En-tender os recursos e a forma de consumo de cada empresa é mais importante do que simplesmentefazer auditorias de faturas",dizo CEO Roberto Dariva. Em 2014, a americana Intel Capital tornou-sesócia da empresa. Neste ano, a gestora DLM Invest aportou cerca de R$ 10 milhões na Navita.

CUSTO EMERGENTE

PERDAS MILIONÁRIAS

Oito em cada dez multinacionais dizem ter sofrido algum tipo de perda relevante em países emer-gentes, nos últimos quatro anos. Cerca de 30% dos prejuízos estavam relacionados a casos de cor-rupção e fraudes. Em média, o total perdido com os incidentes foi de USS 260 milhões ao ano. Osdados são de um estudo da consultoria FTI Consulting, com executivos do alto escalão de 150 com-panhias, que será publicado no Brasil nesta semana. Entre as dificuldades encontradas pelasmultinacionais em operar nos mercados emergentes, o relatório destaca o complexo sistema tri-butário brasileiro e como ele pode ser usado para cobrar favores.

TERCEIRIZAÇÃO

MICROCITY FINANCIA

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A Microcity, terceirizadora de ativos e serviços para infraestrutura de TI, quer ajudar seus clientes aenfrentar o sufoco financeiro. A empresa do CEO Luis Carlos Nacif abriu uma linha de crédito de R$10 milhões para financiar projetos de terceirização de desktops, notebooks, tablets, impressoras,servidores, video conferência e dispositivos de rede. Nacif espera fechar 2015 com vendas de R$102 milhões, 10% acima de 2014.

TURISMO

VERÃO ANTECIPADO NA CVC

Luiz Eduardo Falco, CEO da C VC, maior operadora de viagens do País, não quer dar sopa para oazar. Em plena primavera, a empresa acaba de lançar seu Plano Verão, pelo qual os clientes ad-quirem seu pacote turístico no período de 15 dc dezembro a janeiro de 2016, e só começam a pagar60dias após a compra.Oplano faz partedoesforçopara manteras vendas aquecidas, a despeitodoesfriamento da economia. Dona de um faturamento de RS 4,9 bilhões em 2014, a operadora tevecrescimento de12,1% nasvendas deviagense de14,3% novolume depassageiros, noprimeirose-mestres deste ano, na comparação com o mesmo período de 2014.