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CENAS DE FILMES PARA O ENSINO DE HISTÓRIA: O OLHAR DO CINEMA
SOBRE ALGUNS ACONTECIMENTOS HISTÓRICOS.
Roberto Cesar de Andrade1 Edméia Aparecida Ribeiro2
RESUMO
O motivo pelo qual nos levou a refletir sobre a utilização de cenas de filmes como recurso para o ensino de História, fundamenta-se na inquietação em perceber que o mau uso em sala de aula desse instrumento, promove consequencias que vão da banalização ao descarte como fonte histórica. O filme muitas vezes apresentado por inteiro, nem sempre terá na sua íntegra a relevância necessária para o desenvolvimento de determinado conteúdo. O propósito dessa intervenção pedagógica relaciona-se diretamente à utilização de cenas de filmes para o ensino de História. Hoje é possível fazer recortes de filmes e editá-los para serem utilizados para melhor aproveitamento durante as aulas, sem por isso perder sua essência. Ao propor esse trabalho, objetivei dialogar com os professores/as, referendado por teóricos que já escrevem sobre o uso do cinema como recurso para o ensino em História, selecionar cenas, mostrá-las e discuti-las com os professores/as para que possam ser utilizadas no cotidiano da prática de ensino. Palavras–chave: História, cenas de filmes, ensino, cinema.
1 Graduado em História pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), Pós graduação em Ensino de História na Universidade Estadual de Londrina. Mestrado em Educação na Universidade Estadual de Londrina. Professor da rede estadual do Paraná (PR).
2 Graduada pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), Mestrado e Doutorado pela UNESP/ASSIS e professora do Departamento de História da Universidade Estadual de Londrina (UEL).
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ABSTRACT The reason that led us to reflect on the use of movie scenes as a resource for teaching history, based on the concern to realize that the abuse in the classroom this instrument promotes consequences ranging from the discharge trivialized as historical source. The film often presented as a whole, do not always have in its entirety the importance for the development of certain content. The purpose of this educational intervention is directly related to the use of film scenes for the teaching of history. Today you can make movies clippings and edit them to be used for better use during class, without losing its essence. In proposing this work, objective dialogue with teachers / as, endorsed by theorists who have written about the use of cinema as a resource for teaching history, select scenes, show them and discuss them with teachers / as to enable them to be used in everyday teaching practice. . Keywords: history, scenes from movies, educational films.
INTRODUÇÃO
A proposta desse trabalho foi construída no desenvolvimento do PDE e
o que apresentava ser uma proposta muito ampla, foi lapidada no transcorrer
dos trabalhos, até ter delimitado e contemplado as indagações pertinentes ao
ensino de História com as quais me relacionei e procurei respostas desde que
me envolvi como a carreira docente.
Ao delimitar minha pesquisa, dediquei-me a algo com que me identifico
muito, que é o uso de filmes como recurso para o ensino de História.
Observava que na sala de aula o filme perdia a razão pedagógica quando
apresentado por inteiro, que o tempo integral de um filme não se faz
necessário para os propósitos de uma aula. Particularmente sempre fui adepto
do uso de cenas de filmes que contemplassem meus interesses para
determinadas aulas pois muitos filmes apresentavam nos seus conteúdos
cenas e personagens significantes que podem corroborar no aprofundamento
dos conteúdos. Por outro lado observava que a maior parte do filme não tinha
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como ser aproveitada e acabava desfocando o propósito da aula e criava
outras situações que não eram pertinentes com o que se pretendia trabalhar.
Ainda é possível observar que as salas de aula não apresentam uma logística
para se apresentar filmes por inteiro. A dinâmica da aula, o tempo ou até a
possibilidade de fragmentá-lo, faz com que os objetivos propostos se percam
conforme o filme é apresentado e o grupo vai se dispersando, perdendo o foco
do trabalho.
Diante e com o advento da internet, somado a outros recursos
tecnológicos, ficou possível a utilização de cenas específicas de filmes então
passei a utilizar recortes de filmes nas aulas. Como toda iniciativa, apareceram
as dificuldades, as críticas, porém quando relacionávamos os conteúdos, com
a cena do filme e com outras fontes, era possível trabalhar esses recursos,
facilitando o olhar em torno de representações de eventos e personagens,
apoiados em outros recursos.
As cenas de filmes não são utilizadas nas aulas como recurso exclusivo,
aparece como uma fonte a mais que possibilita novos olhares em torno de
determinados acontecimentos históricos. Elas carregam o formato dos seus
produtores, o interesse de outros segmentos e a possibilidade de leituras, que
por outros recursos, não seria possível observar detalhes ou pensar situações
em que só na reprodução da cena seria possível analisa-las.
É imprescindível que tenhamos esse olhar crítico para com esse
recurso, onde não caia na banalização, transformando-se em mais um método
para passar o tempo e deixe de ser visualizado como algo que vem a contribuir
no trabalho do professor.
No desenvolvimento do projeto, conforme as leituras, os debates foram
aprofundados e nosso objeto de estudo foi ganhando novas perspectivas.
Também passamos a verificar como poderíamos implementá-lo e como
socializar nossas experiências, daí o propósito de se trabalhar com os
professores/as da rede, promovendo um curso, onde poderíamos apresentar
nossas fundamentações e partilhar as experiências que esses professores
vivenciaram, fazendo uso desses recursos.
O curso foi destinado aos professores da rede estadual. Havia o
propósito inicial de mostrar as cenas de filmes referentes aos Conteúdos
Estruturantes de História, referendados pelas Diretrizes Curriculares. Foram
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selecionados alguns filmes, porém no transcorrer do curso, os professores/as
foram disponibilizando suas cenas de filmes e outras possibilidades como
vídeo clipes e trailers de filmes, o que possibilitou uma troca de experiências e
a criação de um acervo maior de cenas. Trabalhou-se, também com as
questões de acesso à essas cenas, a possibilidade de recortes nos filmes e a
questões de legislações de uso de cenas para o ensino.
Por que cenas de filmes e não filme inteiro?
A intenção deste trabalho relacionava-se diretamente à ação do
professor no seu dia a dia, suas contradições e seus dilemas, assim como a
reflexão sobre sua didática em relação aos documentos que norteiam seu
trabalho e a efetiva prática. A linha historiográfica, sua relação entre a proposta
dos órgãos regimentadores, a qual o professor utiliza e essas se contradizem.
As práticas ficam a cargo do professor e suas experiências também foram alvo
de reflexão. A proposta temática remeteu a um diálogo entre os autores que
discutem essas questões e a fala dos professores que por muito carecem em
serem ouvidos e de assessorias que venham a contribuir no desenvolvimento
dos seus trabalhos.
O trabalho em sala de aula com filmes nos leva a observar eventos e
conteúdos históricos à luz do olhar de diretores que utilizaram a observação de
alguns momentos da história, interpretados e mostrados por perspectivas que
favorecem novas análises e abordagens.
Algumas cenas de filmes têm contribuído para destacar alguns eventos
históricos. São visões de diretores em relação a determinadas abordagens que
vem contribuir junto às aulas como um recurso didático. Porém deve-se
trabalhar com alguns cuidados já abordados por alguns autores, é o caso de
Maurício Limeira que faz a seguinte observação.
O uso do cinema (no caso, do filme histórico) como acessório
ilustrativo de uma aula pode, da mesma forma, tornar-se motivo de
distorções. Em uma disciplina como a História, a associação entre o
passado e a imagem projetada desvia-se frequentemente numa noção
de ‘verdade’, que leva o espectador a crer estar assistindo não a um
filme, não a uma construção, mas a um fiel registro de acontecimentos
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distantes do tempo. Constrói-se uma identidade sem que haja visão
crítica, confunde-se filme com livro didático. (1997, P.53)
É comum a utilização de filmes por um todo, porém nem tudo o que se
passa será aproveitado no transcorrer da aula. É utilizado o evento como pano
de fundo ou até como fator de encontros e desencontros dos personagens e da
trama. Porém não há uma garantia de que no seu todo, o aproveitamento será
efetivo. E mesmo aquelas cenas que podem ser selecionadas, para uma
análise mais efetiva, também não nos garante fidedignidade. Ela é a
reprodução de um imaginário, respaldado por algumas fontes que serviriam
para justificar determinado trabalho.
Continua Limeira dizendo que o inverso pode ocorrer, que munido
anteriormente de informações a respeito do evento ou personagem histórico
visto na tela, o espectador irá rejeitar o que está assistindo, se a história
filmada não apresentar concordância com sua experiência intelectual, ou
mesmo ideológica. É possível, sem dúvida, daí a possibilidade de se trabalhar
com hipóteses, críticas diferenciadas do que se esperava daquele material.
Utilizando-se de cenas de filmes como referenciais, de que maneira
podemos desconstruir um processo que historicamente foi construído? As
Diretrizes Curriculares destacam a complexidade dos fatos e dos personagens,
o que possibilita, no desenvolvimento das pesquisas, fazer uso de novas
formas de abordagens e indagações.
Os acontecimentos construídos pelas ações e sentidos humanos, em
determinado local e tempo, produzem relações humanas, que ensejam
um espaço de atividade relativo aos acontecimentos históricos. Isso
ocorre de forma não linear, em ações que produzem outras relações, as
quais também constroem novas ações. Assim os processos históricos
são marcados pela complexidade causal, isto é, fatos distintos
produzem novas relações, enquanto relações distintas convergem para
novos acontecimentos históricos. (DIRETRIZES CURRICULARES,
2008, p.46)
Dessa forma, dialogando novamente com Limeira (p. 55) percebe-se que
o uso do filme na sala de aula, como material histórico acessório no ensino,
implica na necessidade de ir além da oposição do verdadeiro e falso, da
confirmação/negação da realidade apresentada. O professor mediando esse
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processo, cabe a ele ser conhecedor do contexto histórico dos filmes que
pretende utilizar, mas também as intenções dos produtores ao realizá-lo. Fazer
uma análise crítica desses eventos, usando-os como uma fonte e
consequentemente utilizar-se de outras para complementação ou ao contrário,
o filme (a cena) como complemento.
A proposta desta pesquisa teve por objetivo tirar desses filmes uma
visão diferenciada do propósito de “passar o filme”, prática comum para
emoldurar um conteúdo. Projetou-se trabalhar com filmes de fácil acesso no
circuito comercial, bem ao estilo “Sessão da Tarde”.
A intenção foi retirar dos filmes cenas que pudessem servir como
instrumento para nortear os trabalhos diretamente ligados aos conteúdos
estruturantes3: Relações de Trabalho, Relações de Poder e Relações Culturais.
No início do projeto foram relacionados alguns filmes separados em
relação aos conteúdos estruturantes, conforme essa primeira relação que
teríamos cenas editadas para análise. Das relações de trabalho foram
sugeridos os seguintes filmes. O gladiador (Gladiator, 2000 – EUA) como
proposta de trabalho escravo; Robin Hood (2010 – EUA) e a ideia de servidão
e cobrança de impostos; Lula, o filho do Brasil (2009 – Bras) as manifestações
dos trabalhadores assalariados por melhores condições de trabalho.
Quanto às relações de poder destacaria para esse projeto os seguintes
filmes: A Lista de Schindler (The Schindler list, 1993, EUA) e o modelo
destrutivo do regime nazista, A Paixão de Cristo (The passion of the Christ,
2004 EUA) destaque a cena do julgamento e dois filmes com cenas que
mostram momentos diferenciados nas relações de poder na política brasileira:
Olga (2004 – Bras) e O que é isso companheiro (1997 - Bras.).
No que tange às relações culturais a proposta estaria nos filmes: 1492
A Conquista do Paraíso (Conquest of Paradise, 1992 – França, Ing., EUA e
Esp.) especificamente as cenas de diálogo entre Cristóvão Colombo e o líder
dos nativos, Diário de Motocicleta (2004 - Arg. Bra. Chile, Reino Unido) e as
cenas que mostram os povos andinos e as observações do personagem
principal que seria o líder da revolução cubana e por fim o filme Dança com
3 Segundo as Diretrizes Curriculares, entende-se por Conteúdos Estruturantes os conhecimentos
de grande amplitude que identificam e organizam os campos de estudos de uma disciplina escolar, considerados fundamentais para a compreensão de seu objeto de estudo e ensino.
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lobos (Dance with Wolves, 1990, EUA) ambientado na guerra civil americana
porém enfatizando o modelo de sociedade de povos indígenas da América do
Norte.
Trata-se de filmes já conhecidos por professores/as e alunos/as mas que
ao selecionar determinadas cenas pode-se extrair novos olhares e
desencadear novas análises. É o olhar do historiador, que segundo William R.
Meirelles:
Estudar o cinema de um ponto de vista histórico é antes de tudo
verificar como o homem se vê e representa a si mesmo e de que forma
recria em imagens o seu mundo. Do mesmo modo que o romance que
leva em conta o discurso sobe o social os filmes de ficção, que são a
verdadeira vocação do cinema, constitui-se para o historiador um
precioso testemunho sobre a sociedade. (MEIRELLES, 2002, p.157)
O uso do filme como recurso metodológico, não é uma prática nova, é
motivo de discussões, pois a sua exibição não deve ser garantia de
fidedignidade, como abordado antes, além de levar o professor a um
comprometimento com outras que expressam linguagens próprias, como
observa José Vicente de Freitas.
Delineados alguns elementos teóricos básicos, pode-se concluir que,
assim como a Arte Plástica, o cinema, mesmo com suas
especificidades, apresenta vertentes viáveis a serem exploradas no
Ensino de História. Isso pode ocorrer por duas vias: a via do concreto,
para quem deseja caminhar em terreno mais seguro, dando preferência
aos processos culturais embutidos nos filmes; a via do não concreto,
para quem acredita na força da criação artística, capaz e com coragem
de enfrentar novos domínios do conhecimento. (FREITAS, 1993,
p.35)
Percebe-se que de uma prática muito comum, entre os professores, é
cercada de possibilidades e ações que desencadeiam variáveis. Ao analisar
determinado filme, o professor, subsidiado de conhecimento prévio a respeito
da obra, pode ver naquela interpretação de determinado acontecimento os
diversos olhares de quem produziu e o contexto no qual estava inserido.
Exemplificando em torno dos filmes acima sugeridos, o caso do filme “1492 A
conquista do Paraíso” que é uma produção franco americana, é apresentado
junto às comemorações dos “500 anos do descobrimento da América”,
momento em que nas escolas básicas a discussão em torno do termo
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descobrimento já apresentava novas roupagens sendo substituído por
processo de exploração, expropriação. O filme aparece como uma “mia culpa”
por parte dos europeus e vem apresentar uma biografia que isentaria o
personagem central, as instituições religiosas e a Coroa espanhola das
responsabilidades dos abusos cometidos. Ficando esses crimes por culpa
daqueles que pretendiam emergir ao poder.
Ao analisar o filme “Outubro”, Marcos Silva mostra o quanto um filme
atende expectativas ou não, promove ou derruba, conforme os interesses
existentes. Podem aparecer para legitimar governos, criticar heranças de
outros, tornando-se porta vozes de regimes políticos.
Feito por encomenda, Outubro faz pensar sobre revoluções em
potência, além daquela que o Estado procurava monopolizar, que a
linguagem artística teimava em evocar. Na medida em que a
revolução se desmontava ...tal homologia cinematográfica enfrentou
mais e mais barreiras para sobreviver – a extrema violência Stalinista,
a política estética do ‘Realismo socialista’ – donde as crescentes
dificuldades que Eisenstein sofreu, até o final da vida, para fazer
novos filmes. (2009, p. 108)
São possibilidades de análises, as quais pretenderam dialogar com
outros autores e partilhar com outros professores, para um enriquecimento
teórico e metodológico nas suas aulas, para que esse meio não fique apenas
para complementar um período letivo ou como moeda de troca para
manutenção da ordem naquele espaço.
Cenas de filme e o ensino de História
Constantemente a escola é vista como um ambiente ultrapassado uma
vez que em um mundo repleto de possibilidades, tais como a televisão, a
Internet e outros; nossos (as) educandos (as) experimentam recursos mais
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atrativos em outros ambientes, sendo esses marcados por procedências ou
mensagens que estão mais próximas aos seus (suas) interesses imediatos e a
sua forma mais dinâmica e interativa de comunicação.
Na escola percebe-se a necessidade de adaptação a essas novas
necessidades. Novamente encontraremos mudanças nas estruturas da
sociedade, as novas orientações da ordem econômica mundial acabam por
provocar mudanças nas diretrizes básicas da educação brasileira e
consequentemente nas ações dos educadores(as).
O acesso a essas novas formas de modalidades e metodologias de
ensino requer um estudo relacionado a outros fatores que influenciam na
prática docente. Torna-se necessário um entendimento mais amplo da
aplicação de recursos que ofereçam soluções imediatas aos problemas
encontrados na sala de aula.
Ensinar História através das referências contextualizadas à realidade
social do educando (a) torna nosso trabalho mais rico e produtivo. O
desenvolvimento de projetos em torno da memória, entre outros encaminha
para vertentes até então inexploradas. É o que aponta Ernesta Zamboni.
Ao se debruçar sobre os sinais deixados pelos homens no tempo e no
espaço, o historiador, na tentativa de reconstruir as relações sociais, de
refletir e analisá-las, coloca-se face a uma série de possibilidades de
reconstrução do passado.(ZAMBONI, 1992, p. 175)
O apoio científico e didático é fundamental em qualquer instância de
pesquisa, o contexto trabalhado, segundo as experiências dos (as) educando
(as). Marlene Cainelli observa que o papel do(a) professor(a) toma novo
formato, novas projeções.
Nesse sentido, o professor de História ajuda o aluno a adquirir as
ferramentas de trabalho necessárias para aprender a pensar
historicamente, o saber fazer, o saber fazer bem, lançando os germes
do histórico. Ele é o responsável por ensinar ao aluno como captar e
valorizar a diversidade das fontes e dos pontos de vista históricos,
levando-o a reconstruir, por adução, o percurso da narrativa histórica.
Ao professor cabe ensinar ao aluno como levantar problemas,
procurando transformar em cada aula de História, temas e
problemáticas em narrativas históricas. (CAINELLI, 2004, p. 30)
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A vivência escolar vem mostrar que o ensino de Historia pode ser
dinâmico. A importância da disciplina é indiscutível para as sociedades
contemporâneas. Tal constatação leva-nos a considerar a necessidade de um
tratamento mais sério e compromissado da disciplina, por parte do conjunto
dos professores(as) e pesquisadores(as), pois o resultado consequente de tal
atitude seria traduzido na
Sala de aula que não é apenas o espaço onde se transmitem
informações, mais o espaço onde se estabelece uma relação em que
interlocutores constroem significações e sentidos. Trata-se de um
espetáculo impregnado de tensões, no qual se torna inseparável o
significado da relação entre teoria e pratica, entre o ensino e pesquisa.
Na sala de aula, evidenciam-se, de forma mais explicita os
dilaceramentos da profissão de professor e os embates da relação
pedagógica. (CAINELLI, 2004.p.31)
O entendimento da necessidade de se produzir uma história que não
venha a se confundir com práticas não pautadas em procedimentos científicos
deve ser estimulado, para que assim não se perca a identidade do (a)
historiador(a). Para o entendimento de Serlei Maria Fischer Ranzi isso significa
Formar professores, como também contribuir para a capacitação dos professores em atividade, numa perspectiva teórico-metodológica do trabalho com a imagem; enfrentar os principais problemas colocados pelo ensino da História em relação aos adolescentes; trabalhar com o cinema como facilitador de certos processos de aprendizagem em história, são algumas pistas para a reflexão dos desafios postos para o ensino de História pela contemporaneidade. (RANZI, 2002, P. 193)
Outra concepção sobre a aprendizagem e o ensino escolar que também
pode ser facilmente integrada à prática cotidiana é que consiste em entender
que o(a) aluno(a) processa informações. O(A) professor (a) atua como
informador(a), mas, sobretudo encaminhador(a) dos recursos que levam à
obtenção do conhecimento. Por isso, torna-se pertinente, uma reflexão acerca
da prática pedagógica e das novas modalidades em recursos. Remeter à
História, nos leva a refletir junto com Regina Alegro ao observar que
Os feitos dos homens, no tempo, contribuem para o desenvolvimento de uma determinada consciência moral que orientará a atuação do sujeito. Assim, talvez seja possível discutir em sala de aula, particularmente com alunos do ensino
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médio, as origens das constituições que freqüentam no Paraná e, também, como se constituem historicamente professores e alunos, em diferentes momentos desse processo. (ALEGRO, 2008, p.290)
Observam-se grandes avanços e propostas que sugerem
transformações na produção e no ensino de História ao longo do século XX,
embora haja uma veemente resistência na aceitação de currículos e
metodologias que ferem a estrutura tradicional. Fica facilitado, dessa forma, a
inserção de movimentos e grupos que de outra maneira ficariam excluídos dos
manuais de ensino.
Sobre os métodos, as Diretrizes Curriculares da Educação Básica (p. 69,
2008) prevêem que para o aluno compreender como se dá a construção do
conhecimento histórico, o (a) professor (a) deve organizar seu trabalho
pedagógico por meio:
- do trabalho com vestígios e fontes históricas diversas;
- da fundamentação na historiografia;
- da problematização do conteúdo;
- essa organização deve se estruturada por narrativas históricas produzidas
pelos sujeitos. (2008, p. 69)
A transposição destes problemas para o plano das práticas conscientes,
o esclarecimento e os debates teóricos metodológicos permanentes no interior
das escolas, podem colaborar muito para que sejam superadas tais
dificuldades que tanto penalizam a formação do (a) educando(a) e mesmo
abalam as bases e autoconfiança do(a) educador(a).
Do ponto de vista do ensino de História, percebe-se que é possível
trabalhar com alternativas que possam propiciar outras referências, novos
enfoques, o que destaca Helenice Ciampi.
O conhecimento histórico é um campo sempre aberto, seja porque o processo histórico nunca cessa de agregar novos acontecimentos, seja porque existe uma constante releitura dos acontecimentos .... Há diferentes maneira de apreender o histórico, e, desta forma, a história é reescrita segundo preocupações e diferentes pontos de vista., que são também, historicamente condicionados. (CIAMPI, 1992, p. 29)
Existem, no contexto escolar, outros mecanismos de influência
educativos cuja natureza e funcionamento em grande medida são
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desconhecidos, mas que tem incidência considerável sobre a aprendizagem
dos (as) alunos (as). Dentre eles destacam-se a organização e o
funcionamento da instituição escolar, o devido conhecimento de valores
implícitos que permeiam as relações entre os membros da escola. Estes são
determinantes da qualidade de ensino e podem chegar a influir de maneira
significativa sobre o que e como os (as) alunos (as) aprendem.
Será somente na prática cotidiana, que estas concepções poderão
tornar-se realidade. Sempre encontraremos diferentes níveis de participação
entre a equipe profissional de uma mesma escola. A experiência demonstra a
pertinência destas afirmações, pois no cotidiano escolar sempre encontraremos
grupos engajados na melhoria do ensino e das condições de trabalho
convivendo no mesmo espaço com grupos alienados de seu papel como
dinamizadores da construção do conhecimento. Assim outras questões, se
colocam, por exemplo, aprender a lidar com os meios de comunicação de
massa e o ensino de Historia.
Das possibilidades de trabalho histórico, o cinema torna-se um método
viável e que já configura na realidade de muitos (as) pesquisadores (as) como
instrumento de pesquisa e para os (as) educadores(as) como proposta de
ensino, somando-se às outras que já existem e constantemente discutem-se
formas de aprimoramento nas suas práticas.
Para Marc Ferro a produção de um filme propicia possibilidades e
entende que todo filme tem um conjunto de informações, que ao serem
apresentadas, mostram fatos e personagens que é História. Torna-se possível
trabalhar historicamente, pois as possibilidades aparecem e se revelam em
diversos formatos produzindo rivalidades, conflitos e que, de maneira
disfarçada ou aberta, esses conflitos afrontam, segundo a sociedade em
questão (P. 17). Continua justificando que
Assim como todo produto cultural, toda ação política, toda indústria, todo filme tem uma história que é História, com sua rede de relações pessoais, seu estatuo dos objetos e dos homens, onde privilégios e trabalhos pesados, hierarquias e honras encontram-se regulamentados, os lucros da glória e os do dinheiro são aqui regulamentados com a precisão que seguem os ritos de uma carta feudal: guerra ou guerrilha entre atores, diretores, técnicos, produtores , que é mais cruel à medida que sob, o estandarte da Arte, da Liberdade, e na
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promiscuidade de uma aventura comum, não existe empreendimento industrial, militar, político ou religioso que conheça diferença tão intolerável entre o brilho e a fortuna de uns e a obscura miséria dos outros artesãos da obra.(FERRO, 1992, p. 17)
O que se é mostrado no filme leva o (a) historiador (a) a refletir sobre a
própria História, o que realmente aconteceu. Estariam aqueles personagens
naqueles locais, com aquelas posturas? Teriam os acontecimentos, aqueles
desdobramentos que transformariam aquelas e outras sociedades? Ferro nos
remete a pensar nas formas de
Leitura histórica do filme e leitura cinematográfica da História: esses são os dois últimos eixos a serem seguidos para quem se interroga sobre a relação entre cinema e história. A leitura cinematográfica da história coloca para o historiador o problema de sua própria leitura do passado. (FERRO, 1992, p.19)
O que se revela nos filmes, é produto da pesquisa dos(as)
produtores(as), mediante suas investigações, a memória, a história oral, que na
busca dos acontecimentos faz esses produtores transformarem essas películas
em reproduções de eventos. O filme seria a fotografia desses eventos, sendo
sua transcrição, sua ordenação o processo de revelação, que ganha cores,
movimentos e sons.
Aquilo que nem sempre é muito evidente quando se escreve um livro aparece imediatamente durante a realização de um filme. Por exemplo: a oposição flagrante entre a história dos historiadores e a história considerada conservadora e como patrimônio de uma sociedade (...). Quero dizer apenas que a realização de um filme coloca de maneira imperativa o problema do gênero a ser adotado e do ponto a ser escolhido para tratar tal ou tal problema. (FERRO, 1992, p. 73)
O cinema para Mônica Almeida Kornis tem valor como um instrumento
de registro da realidade, capaz de retratar uma cultura e dirigir-se a uma
grande audiência na condição de meio de controle social e transmissor da
ideologia dominante da sociedade. (1992, p. 247).
Nessas duas vertentes, cinema e História, verificam-se um conjunto de
relações que possibilitam aberturas, propostas de trabalho, mais por outro lado
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se revela um potencial muito amplo de se promover a transformação, a
modificação para se justificar ou afirmar modelos que ao serem apresentados
nas formas da tradição histórica omitiam ou eram revelados para interesses de
outros. Sendo assim ao serem apresentados de forma diferenciada do que era
apresentado, ganham dimensões que não eram visualizadas e refletidas ao
serem vistas.
Edgar Morin percebe na dinâmica da História um novo olhar sobre o que
não seria previsto, que se não fosse um novo olhar não impactaria - é o que se
vê ao assistir um filme pela primeira vez. Ele se revela e após essa exposição,
acontece o processo de desconstrução. Sobre a História, ele observa e projeta
algumas possibilidades.
A História avança não de modo frontal como um rio, mas por desvios que decorrem de inovações ou de criações internas, de acontecimentos ou acidentes externos. A transformação interna começa a partir de criações inicialmente locais e quase microscópicas, efetua-se em inicialmente restrito a alguns indivíduos e surge como desvios em relação à normalidade. Se o desvio não for esmagado, pode, em condições favoráveis, proporcionadas geralmente por crises, paralisar a regulação, que o freava, ou reprimia, para, em seguida, proliferar de modo epidêmico, (....) tornar-se tendência cada vez mais poderosa, produzindo a nova normalidade. Foi assim com todas as invenções técnicas, a atrelagem, a bússola, a imprensa, a máquina a vapor, o cinema, até o computador. (MORIN, 2000, P. 81)
Sua percepção nos faz refletir sobre tal postura em relação ao ensino de
História e suas modalidades de trabalho, como essas ocorrem e quais as
possibilidades de encaminhamentos. Os desvios que o autor cita, decorrentes
das inovações, nos remete a pensar o quanto esses veem a corroborar e
possibilitam novas dinâmicas de ações ou o quanto contribuem para a
simplificação ou banalização do trabalho do historiador.
O trabalho com cenas de filmes
Passamos a abordar efetivamente da implementação desse projeto de
trabalho com cenas de filmes para o ensino de História, o trabalho de troca de
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experiências nos Grupos de Trabalho em Rede (GTRs) e o curso desenvolvido
com os professores/as da rede estadual.
O GTR possibilitou um diálogo com professores de outras regiões do
estado do Paraná que conseguiram se inscrever no curso. Partilharam
experiências e críticas nas propostas que foram ofertadas, descreveram o seu
trabalho com filmes e alguns deles o uso das cenas. Discutiram as dificuldades
de se trabalhar nas suas escolas em função do problema com o acesso aos
filmes e em relação às tecnologias.
O que nos propusemos em realizar foi um curso junto aos professores
da rede estadual para possibilitar um intercambio de ideias em torno do uso de
filmes para o ensino de História. O curso aconteceu em uma das salas do
Centro de Ciências Humanas da Universidade Estadual de Londrina, no
segundo semestre de 2011 - nas manhas de sábado do mês de agosto e
começo de setembro, foram realizados cinco encontros, onde trabalharam-se
as cenas de filmes e suas relações com os conteúdos estruturantes.
No primeiro encontro foram analisados dois textos: “Coordenadas para
uma pesquisa” de Marc Ferro e o segundo texto “O cinema como fonte para o
estudo da História” de William R. Meirelles, que teorizam a relação cinema/
História e seu uso como recurso para o ensino. O filme como instrumento de
ensino sugere possibilidades que nos fazem refletir quanto ao seu uso como
historiador e como professor . Nesse primeiro encontro foram utilizadas
cenas do filme Narradores de Javé (2003 – Bras) que possibilitou discussões
relacionadas a investigação histórica.
No segundo encontro foram apresentadas cenas de filmes voltadas para
o eixo temático Relações de Trabalho, onde a princípio foram destacados os
seguintes filmes: O gladiador (Gladiator, 2000 – EUA) como proposta de
trabalho escravo; Robin Hood (2010 – EUA) e a ideia de servidão e cobrança
de impostos; Lula, o filho do Brasil (2009 – Bras) as manifestações dos
trabalhadores assalariados por melhores condições de trabalho. Porém uma
das professoras colaborou com um recorte do filme Eles não usam Black Tie
(Bras. 1981) e Germinal (Fran 1993). Discutiu-se os diversos olhares dos
diretores sobre o movimento dos trabalhadores e o contexto que foram
produzidos. Foram os casos dos filmes “Lula, o filho do Brasil” em comparação
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com “Eles não usam black tie”. Contextos de momentos da história política do
Brasil diferenciados.
Para o terceiro encontro a proposta esteve direcionada em mostrar
cenas de filmes relacionados aos temas abordados nos eixos temáticos
voltados para as relações de Poder. Inicialmente foram apontados os seguintes
filmes: A Lista de Schindler (The Schindler list, 1993, EUA) e o modelo
destrutivo do regime nazista, A Paixão de Cristo (The passion of the Christ,
2004 EUA) destaque a cena do julgamento e dois filmes com cenas que
mostram momentos diferenciados nas relações de poder na política brasileira:
Olga (2004 – Bras) e O que é isso companheiro (1997 - Bras.). Novamente
outras professoras colaboraram e ao apresentar suas sugestões, trouxeram
uma das versões do filme A Onda (Die Welle/Ale 2008). Nos debates foram
destacados filmes que abordam outros momentos na História.
No quarto encontro abordou-se o uso de alguns recursos que existem
nos filmes e que podem contribuir na dinâmica das aulas: vídeo clipes e trailers
que para uma aula, muitas vezes complementam um conteúdo de forma muito
significativa.
Daí pra esse propósito, para refletir sobre as Relações Culturais a
proposta esteve nos filmes: 1492 A Conquista do Paraíso (Conquest of
Paradise, 1992 – França, Ing., EUA e Esp.) especificamente as cenas de
diálogo entre Cristóvão Colombo e o líder dos nativos, Diário de Motocicleta
(2004 - Arg. Bra. Chile, Reino Unido) e as cenas que mostram os povos
andinos e as observações do personagem principal que seria o líder da
revolução cubana e por fim o filme Dança com lobos (Dance with Wolves,
1990, EUA) ambientado na guerra civil americana porém enfatizando o modelo
de sociedade de povos indígenas da América do Norte. Nesse encontro foi
trabalhado o episódio Lisa a Iconoclasta dos Simpsons (EUA/1996), onde
abordou-se a construção dos heróis na História e a contribuição das
animações.
Para o quinto e último encontro esteve presente o representante do
(NRE) Núcleo Regional de Ensino de Londrina o professor Fábio Vinicius
Gongora que falou sobre as tecnologias e a educação. Nesse encontro foi
proposto um local onde fosse possível disponibilizar as cenas de filmes e
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facilitasse o acesso aos professores/as. O Portal de Educação
(www.diaadiaeducacao.pr.gov.br) já disponibiliza um acervo e um canal de
comunicação para quem precisa de algum filme ou cena, ou quem deseja
passar alguma sugestão. O professor Fábio sugeriu a criação de uma PB
Works – semelhante a um blog, com uma possibilidade maior de arquivamento
de dados – e indicou a que se encontra disponível no NRE de Londrina
(historianreldna.pbworks.com). Ainda nesse encontro foram discutidas
questões sobre mecanismos avaliativos paras as cenas de filmes e sua relação
com os objetivos das aulas. Por fim avaliou-se o evento, sua significância e a
possibilidade de organização de novos encontros.
Após a descrição resumida dos diversos encontros para esse trabalho,
percebe-se que o uso de cenas de filmes é uma realidade efetivada que faz
parte do trabalho de muitos professores. Durante o curso enfatizou-se muito a
questão da visão dos cineastas e que o historiador deve estar atento a esse
outro olhar como apontam Olga Magalhães e Henriqueta Alface.
A abordagem histórica de um filme pode ser feita em duas
perspectivas, história geral e a história do cinema e estas duas
perspectivas complementam-se: o historiador preocupa-se mais
com as representações culturais, sociais e políticas e o
historiador do cinema preocupa-se mais com o próprio filme. Em
ambas as situações, o historiador necessita ter conhecimentos
sobre a história do cinema. (2011, p. 252)
São cuidados que devem ser observados quando nos propusemos a
trabalhar com esse recurso. Os filmes carregam uma gama de perspectivas
que atendem interesses diversos e que levam ao expectador reflexões e
direcionamentos. Daí o papel dos professores que as autoras acima definem
da seguinte forma:
O professor deve actuar como intermediário entre o aluno
e o filme deve ajuda-lo a distinguir realidade de ficção e a
organizar a informação recolhida durante a projecção da
película. (p. 254)
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As autoras apontam nesse papel de mediação que o professor esclareça
os objetivos que possam ser alcançados ao se fazer uso desse recurso, que os
filmes selecionados estabeleçam conexões com esses propósitos, abordar os
processos históricos com os quais desejam trabalhar, que pesquise a biografia
dos autores, as ideias e o contexto em que se produziram os filmes, elaborar
questões e problemas acerca das temáticas, que nos fazem refletir e buscar
respostas na construção da nossa prática.
A utilização de filmes vem corroborar na elaboração de uma consciência
histórica, sempre acompanhado de outras fontes que permitam aos alunos
respaldar-se em outros referenciais, dialogando com professores e outros
autores.
Considerações Finais
Desenvolver esse trabalho fez com que nesses dois anos pudéssemos
refletir sobre a prática docente, suas possibilidades e dificuldades. Muito além
do projeto para implementação, a possibilidade de participar dos cursos,
retomar leituras e o diálogo com outros professores significou muito para os
enfrentamentos futuros.
A proposta de trabalho na qual nos empenhamos, foi ganhando novos
significados conforme fomos aprofundando nos cursos e debates nossas
indagações. Como abordado anteriormente de uma proposta ampla, foi
possível delimitá-la, dando contornos específicos com os quais verificou-se
uma amplitude bem maior no seu aproveitamento.
Quanto a sua implementação, percebeu-se constantemente o quanto
seria possível nos aprofundarmos no tema. Verificou-se o quanto o cinema e as
cenas de filmes podem contribuir para melhoria do ensino e quanto o ensino de
História é receptivo às metodologias que possibilitam o debate e a construção
de novas indagações.
Talvez o maior questionamento apresentado pelos professores no
desenvolvimento dos encontros, durante o curso, estava relacionado às
questões de tecnologia. A possibilidade ou não de se recortar as cenas, porém,
no seu desenvolvimento, verificou-se que essa questão esta superada diante
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dos recursos apresentados e da facilidade de acesso às cenas e aos filmes
também. Com o advento da internet, ficou bem mais acessível a utilização e a
aquisição dessas cenas de filmes para serem utilizadas nas aulas.
Outro ponto enfatizado relaciona-se ao filme ou a cena propriamente,
que não contemplará os interesses daquela aula ou conteúdo se o professor
não direcionar seus encaminhamentos e não propiciar outras fontes que
possibilitem outras análises, além daquela mostrada no filme e que tem na sua
elaboração os interesses específicos da indústria cinematográfica.
São apontamentos que foram constituídos nesse período e faz com que
exercitamos nossa prática constantemente, para aprofundá-la e dar
significância cada vez mais ao nosso trabalho. É possível promover um ensino
de qualidade, senão nas condições que idealizamos porém utilizando-se de
recursos que podem acrescentar muito com sua simplicidade e faça com que
ao observá-lo nos questionamos: por que não fizemos isso antes?
20
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