captaÇÃo de capital de terceiros ... -...
TRANSCRIPT
UNISALESIANO
Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium
Curso de Administração
Diego de Lima Santiago
Felipe Gustavo Lenharo Fernandes
Jéssika Prado Hiibner
Marcelo Foglio
CAPTAÇÃO DE CAPITAL DE TERCEIROS
AmigãoLins Ltda
Lins - SP
LINS – SP
2012
DIEGO DE LIMA SANTIAGO
FELIPE GUSTAVO LENHARO FERNANDES
JÉSSIKA PRADO HIIBNER
MARCELO FOGLIO
CAPTAÇÃO DE CAPITAL DE TERCEIROS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, curso de Administração, sob a orientação do Prof. Me. Irso Tofoli e orientação técnica da Profª Ma. Heloisa Helena Rovery da Silva.
LINS – SP
2012
Santiago, Diego de Lima; Fernandes, Felipe Gustavo Lenharo; Hiibner, Jéssika Prado; Foglio, Marcelo.
S226c Captação de capital de terceiros. AmigãoLins Supermercados Ltda. / Diego de Lima Santiago; Felipe Gustavo Lenharo Fernandes; Jéssika Prado Hiibner; Marcelo Foglio. – – Lins, 2012.
84 p. il. 31cm. Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico
Salesiano Auxilium – UNISALESIANO, Lins-SP, para graduação em Administração, 2012.
Orientadores: Irso Tofoli; Heloisa Helena Rovery da Silva 1. Capital de terceiros. 2. Expansão. 3. Custo de capital e ala-
vancagem. 4. Retorno e longo prazo. 5. AmigãoL ins Supermercados Ltda. I Titulo.
CDU 658
DIEGO DE LIMA SANTIAGO
FELIPE GUSTAVO LENHARO FERNANDES
JÉSSIKA PRADO HIIBNER
MARCELO FOGLIO
CAPTAÇÃO DE CAPITAL DE TERCEIROS
Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium,
para obtenção do título de Bacharel em Administração.
Aprovada em: ___/___/___
Banca Examinadora:
Professor Orientador: Irso Tofoli
Titulação: Mestre em Administração pela CNEC/FACECA - MG
Assinatura: _________________________________ 1º Profº (a): ____________________________________________________
Titulação: _______________________________________________________
_______________________________________________________________
Assinatura: _________________________________
2º Profº (a): _____________________________________________________
Titulação: _______________________________________________________
_______________________________________________________________
Assinatura: _________________________________
Dedico este trabalho as pessoas que lutam diariamente ao meu lado,
transmitindo fé, amor, alegria, determinação e paciência. A Deus, por ter a
certeza de que ele esteve presente em todos os momentos dessa jornada, e
nos deu força para continuarmos até nos momentos mais difíceis de nossas
vidas. Aos meus pais Basílio Santiago Neto e Ivanir Olimpio de Lima, por serem
minha maior fonte de força e inspiração. Ao orientador Irso Tófoli, pela
sabedoria na orientação e por sua compreensão e auxílio para alcançarmos a
primeira de muitas vitórias.
Diego Santiago
Quero deixar aqui o meu sincero agradecimento a todos que de alguma
forma me fizeram chegar ao final de mais um desafio na minha vida, que
certamente sozinho não teria alcançado. Primeiramente a Deus, que me deu a
saúde, a inteligência e todos as outras coisas que me permitiram chegar até
aqui. Obrigado aos meus pais Iron e Sueli pelo apoio em todos os momentos,
que foi fundamental nessa minha caminhada. Aos meus amigos e amigas que
acompanharam meu dia-a-dia e me motivaram a seguir em frente, o meu muito
obrigado.
Felipe Gustavo Lenharo Fernandes
Deus obrigado por me dar forças para prosseguir no caminho certo e
conquistar meu sonho, obrigado Deus por dar paciência a minha Família que
tanta me apoiou, meus pais Eudenir Foglio e Maria Ester Souza Foglio, meus
irmãos, Marcos Cesar Foglio, Eudenir Foglio Junior, Minha noiva Aline Bruna
Ferreira que sempre esteve me apoiando nos momentos de turbulência e
ausência, a meus colegas de faculdade e amigos. Um grande abraço, que
Deus sempre esteja nos iluminando.
Marcelo Foglio
Em mais uma fase da minha vida, onde tudo passou muito depressa, já
sinto saudades dos colegas, dos professores, dos trabalhos e das terríveis
provas. Quanta coisa boa levo comigo! Quanta bagagem eu recebi nesta
instituição Salesiana. Pessoas fantásticas encontrei aqui!
Dedico este trabalho primeiramente aos meus pais, Tadeu e Márcia, que
mesmo com muita dificuldade e não tendo a mesma oportunidade que tive, não
mediram esforços para me ajudar.
Ao meu maravilhoso Deus, que me deu graça, força e capacidade, para
chegar onde estou mesmo com tribulações durante esse período.
À minha equipe, esses meninos que são nota dez e que ficarão na
minha memória.
Ao Me Irso, uma representação de um verdadeiro administrador.
Observei suas atitudes e maneira de ensinar. Tenho você, professor, como um
modelo de competência, talento e sucesso.
Por fim, à minha irmã Júlia, que me socorreu várias vezes, minha prima
Micheli, que participou das minhas lutas, choros nos corredores e sempre me
ofereceu uma palavra de consolo.
A todos que de forma geral participaram destes intensos quatro anos de
graduação. Sei que grandes coisas estão por vir. Obrigada amigos, um forte e
sincero abraço.
Jéssika Prado Hiibner
AGRADECIMENTOS
Agradecemos a empresa AmigãoLins, que abriram suas portas para nos
ajudar com informações para o trabalho, aos amigos pelo bom convívio, aos
professores, por nos agregar conhecimento e a Deus, pela vida. Também
queremos deixar claro que as dificuldades que encontramos também merecem
nossa gratidão, pois foram degraus para que o nosso sucesso viesse a ser
contemplado.
A todos, o nosso muito obrigado.
Diego, Felipe, Jéssika e Marcelo.
RESUMO
Este trabalho teve como objetivo analisar a viabilidade de captação de
recursos de terceiros para a expansão do negócio. A rede de supermercados analisada vem crescendo muito e inaugurando novas lojas sucessivamente, sempre buscando capital externo. Com essas informações obtidas, foi realizada então uma verificação dos dados contábeis cedidos pela empresa para saber se de fato houve alavancagem nos recursos tomados e consequentemente ganho de valor dos ativos da empresa. A pesquisa demonstra que estes projetos de expansão visam o retorno em longo prazo e que os números atuais ainda não mostram que compensou utilizar recurso de terceiros para o projeto de expansão nas operações da empresa. Se a empresa conseguir reduzir seu custo de capital e também as suas despesas com pessoal, alavancará o seu desempenho, haja vista ser uma organização com muito potencial de crescimento no setor de atuação sem despender de muito capital próprio. Durante o trajeto exploratório observou-se a necessidade de alterações no planejamento conforme o trabalho foi evoluindo, sendo preciso utilizar ferramentas de pesquisa como abordagem de alguns temas adicionais para que a análise tenha sido coerente. Os investimentos aplicados nas empresas têm tempo de retorno diferenciado dependendo do tipo de investimento. Uns retornam mais rápidos e outros mais lentamente. Os investimentos realizados pela empresa AmigãoLins refletem oportunidades que demandam mais tempo de retorno, haja vista que as margens de lucro praticadas são reduzidas em função do ramo de negócio. A garantia do retorno se firmará com as elevações de vendas, manutenção das margens brutas e a equalização das despesas operacionais. Palavras-chave: Capital de terceiros. Expansão. Custo de capital e alavancagem. Retorno e longo prazo.
ABSTRACT
The objective to this study is examine the feasibility of raising funds from capital’s partners for business expansion. The supermarket company has been growing much analyzed and opening new stores in succession, always seeking external capital. With the information obtained, it was made a verification of Ac-counting Data’s company to find out if indeed there was leverage on resources taken and consequently gain value of company assets.The research shows that these expansion projects aimed at the return on long-term and that the current numbers still doesn’t show any offsetting use capital’s partner resource for the expansion project the company's operations. If the company manages reduce the Cost of Capital and Resourcing Human Cost will leverage its performance, considering being an organization with great growth potential in the sector of operations without spending a lot of equity. During the exploratory information there was a need for changes in planning the work was progressing as being necessary to use forecasting tools asking some additional issues for which the analysis has been consistent. The investments made in companies have differ-ent return time depending on the type of investment. Some return are faster and some return are more slowly. The investments made by the company Amigão-Lins reflect opportunities that require more time to return, given that profit mar-gins are reduced practiced depending on the type of business. The guaranteed return will be established with the elevations of sales, gross margins and main-taining equalization of operating expenses.
Keywords: Capital’s Partners. Expansion. Cost of capital and leverage. Return and long term.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Entrada da Matriz do AmigãoLins Supermercados ............................ 19
Figura 2: Entrada do Amigãolins Supermercados da Floriano .......................... 20
Figura 3: Foto da entrada do Amigãolins Supermercados de Assis ................. 21
Figura 4: Entrada do Amigãolins Supermercados de Birigui ............................. 22
Figura 5: Foto da entrada do Amigãolins Supermercados de Araçatuba .......... 22
Figura 6: Entrada do AmigãoLins Supermercados de Promissão..................... 23
Figura 7: Entrada do AmigãoLins Supermercados de Lins, loja da Avenida São
Paulo ................................................................................................................. 24
Figura 8: Foto da entrada do Amigãolins Supermercados de Birigui, loja da rua
Silvares ............................................................................................................. 25
Figura 9: Foto do depósito e escritório central do Amigãolins Supermercados 25
Figura 10: Organograma da Empresa .............................................................. 28
Figura 11: Parcelas do ativo total ...................................................................... 52
Figura 12: Parcelas do passivo total ................................................................. 53
Figura 13: Estruturas de capital ........................................................................ 54
Figura 14: Liquidez ........................................................................................... 55
Figura 15: Rentabilidade ................................................................................... 56
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Balanço Patrimonial (TÓFOLI, 2012). .............................................. 45
Quadro 2. Demonstração do Resultado do Exercício detalhada (TÓFOLI,
2012). ................................................................................................................ 45
Quadro 3: Demonstração do Custo de Capital ................................................. 59
Quadro 4: VEA .................................................................................................. 60
Quadro 5: Análises financeiras ......................................................................... 61
LISTA DE ABREVIATURAS
ADR: American Depositary Receipts
BNDES: Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
CMV: Custo de Mercadoria Vendida
CT: Custos totais
DRE: Demonstração do Resultado do Exercício
FINAME: Financiamento de Máquinas e Equipamentos
FLP: Financiamento de Longo Prazo
GAF: Grau de Alavancagem Financeira
IA: Índice de Alavancagem
IBCP: Índice de Endividamento Bancário no Curto Prazo
IECP: Índice de Endividamento a Curto Prazo
IEG: Índice de Endividamento Geral
IET: Índice de Endividamento Total
II: Índice de Imobilização
IIPL: Índice de Imobilização do Patrimônio Líquido
ILC: Índice de liquidez Corrente
ILG: Índice de Liquidez Geral
ILI: Índice de Liquidez Imediata
ILS: Índice de Liquidez Seca
IPCT: Índice de Participação de Capital de Terceiros
IPO: Initial Public Offering
IR: alíquota do imposto de renda.
J: juros
K3: Capital de terceiro
Ke: Custo de Capital Próprio
Ki: Custo de Capital de Terceiros
Ktir: Custo de capital de terceiros depois do imposto de renda
LL: Lucro Líquido
LLAJIR: Lucro Líquido antes do imposto de renda
Ltda: Limitada
MLL: Margem de Lucratividade Líquida
MLO: Margem de Lucratividade Operacional
Nopat: Net Operating Profit After Taxes
PC: Passivo Circulante
PL: Patrimônio Líquido
ROA: Retorno sobre o Ativo Total
RPL: Retorno sobre o Patrimônio Líquido
RSA: Retorno sobre os Ativos
SFN: Sistema Financeiro Nacional
SP: São Paulo
VEA: Valor Econômico Agregado
WACC: Custo Médio Ponderado de Capital
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .................................................................................................. 16
CAPITULO I - AMIGÃOLINS SUPERMERCADOS ......................................... 18
1 DADOS E COMPOSIÇÃO DA EMPRESA .................................................... 18
1.1 Sócios ......................................................................................................... 18
1.2 Primeira Planta – Matriz .............................................................................. 19
1.3 Expansão do negócio ................................................................................. 20
1.4 Atuação Social e Ambiental ........................................................................ 26
1.5 Maiores Fornecedores ................................................................................ 26
1.6 Missão ........................................................................................................ 26
1.7 Propósito ..................................................................................................... 27
1.8 Valores ........................................................................................................ 27
1.9 Visão . ......................................................................................................... 27
1.10 Objetivo ..................................................................................................... 27
1.11 Meta ......................................................................................................... 27
1.12 Organograma ............................................................................................ 27
CAPÍTULO II - CAPTAÇÃO DE CAPITAL DE TERCEIRO ............................. 29
2 SISTEMA FINANCEIRO: ALTERNATIVAS DE TOMADA DE CRÉDITO .... 29
2.1 Financiamentos de empresas no Brasil ...................................................... 30
2.2 Crédito ........................................................................................................ 31
2.2.1 Análise de Crédito .................................................................................... 32
2.3 Análise Vertical e Horizontal ....................................................................... 33
2.4 O analista .................................................................................................... 34
2.5 Fontes de financiamento ............................................................................. 34
2.5.1 Financiamento através do BNDES .......................................................... 34
2.5.2 FINAME ................................................................................................... 35
2.5.3 Títulos de Renda fixa ............................................................................... 35
2.5.4 Mercado de títulos de dívida (debt financing market) .............................. 36
2.5.5 Empréstimos bancários............................................................................ 36
2.5.6 Arrendamento Mercantil (Leasing) ........................................................... 36
2.5.7 Corporate Bonds ...................................................................................... 37
2.5.8 Commercial papers .................................................................................. 38
2.5.9 Mercado de valores patrimoniais (equity financing market) ..................... 38
2.5.10 Mercado de títulos e valores mobiliários ................................................ 39
2.5.11 Investimentos em fundos de private equity ............................................ 39
2.6 Alavancagem de recursos financeiros ........................................................ 40
2.7 Custo de Capital ......................................................................................... 41
2.8 Coeficiente de financiamento ...................................................................... 43
2.9 Custo Líquido do Capital de Terceiros (CLCL) ........................................... 43
2.10 Balanço Patrimonial .................................................................................. 44
2.11 Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) ..................................... 45
2.12 Indicadores de análise .............................................................................. 46
2.12.1 Índices de Liquidez ................................................................................ 46
2.12.1.1 Índice de Liquidez Corrente (ILc) ........................................................ 46
2.12.1.2 Índice de Liquidez Imediata (ILI) ......................................................... 46
2.12.1.3 Índice de Liquidez Seca (ILs) .............................................................. 46
2.12.1.4 Índice de Liquidez Geral (ILG) ............................................................ 47
2.12.2 Índices de Endividamento ...................................................................... 47
2.12.2.1 Índice de Endividamento Total (IET) ................................................... 47
2.12.2.2 Índice de Alavancagem (IA) ................................................................ 47
2.12.2.3 Índice de Endividamento Bancário no Curto Prazo (IEBCP) ............... 48
2.12.3 Índice de Imobilização............................................................................ 48
2.12.4 Margens de Lucratividade ...................................................................... 48
2.12.4.1 Margem de Lucratividade Operacional (MLO) .................................... 48
2.13 Valor Econômico Agregado - VEA ............................................................ 49
CAPÍTULO III - DEMONSTRAÇÃO DOS PROCEDIMENTOS VIÁVEIS NA
OBTENÇÃO DE CAPITAL DE TERCEIROS PARA EXPANSÃO DO GRUPO
.......................................................................................................................... 50
3.1 Introdução ................................................................................................... 50
3.2 Demonstrações financeiras......................................................................... 50
3.3 Análise dos Índices ..................................................................................... 52
3.4 Liquidez....................................................................................................... 54
3.5 Rentabilidade .............................................................................................. 55
3.6 Análise do DRE ........................................................................................... 56
3.7 Análise do custo de capital de terceiros e alavancagem financeira ............ 57
3.7.1 Alavancagem financeira da empresa ....................................................... 58
3.8 Valor Econômico Agregado – VEA ............................................................. 59
3.9 Parecer final ................................................................................................ 61
PROPOSTA DE INTERVENÇÃO ..................................................................... 63
CONCLUSÃO ................................................................................................... 64
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 67
APÊNDICES ..................................................................................................... 68
16
INTRODUÇÃO
Ao decorrer das variações no mercado, determinadas empresas
enxergam oportunidades de crescimento. E às vezes, por não conterem
recursos próprios, optam por trabalhar com capital de terceiros. Através de
empréstimos, as empresas suprem suas necessidades de capital de giro ou de
investimentos permanentes. Tomando crédito, a empresa poderá conduzir a
ganhos de eficiência de produção. Por meio do financiamento é possível
melhor alocação de um volume de recursos para obtenção de retorno
satisfatório. (ASSAF NETO; LIMA, 2011).
Alavancagem financeira é o efeito causado por se tomar recursos de terceiros emprestados a determinado custo, aplicando em ativos a outra taxa de retorno: a diferença vai para os proprietários e altera, para mais ou para menos, o seu retorno sobre o patrimônio líquido. Em outras palavras, pela utilização de recursos de terceiros em sua estrutura de capital uma empresa pode modificar a rentabilidade do capital próprio. (ASSAF NETO; LIMA, 2011, p. 293).
O custo total de capital está associado à taxa de retorno exigida de um
investimento. Ao tomar uma decisão de investimento, a empresa deve recorrer
ao mercado de capitais para buscar financiamento. O retorno exigido pelos
proprietários desses recursos (credores e acionistas) é a base para estimar o
custo de capital. (ASSAF NETO; LIMA, 2011).
O trabalho teve como objetivo conhecer as vantagens e desvantagens
para a empresa AmigãoLins em utilizar capital de terceiros como principal fonte
de recurso.
Conforme a pesquisa foi sendo realizada, várias alterações ocorreram
devido a fatores inevitáveis percebidos pelos acadêmicos. Inicialmente, seria
observada qual a análise feita por certo banco privado em relação ao seu
cliente jurídico, ao ceder ou negar crédito. Porém, com a recusa de usar a
imagem de tal banco, partiu-se para outra empresa no ramo varejista com a
intenção de identificar se a mesma fazia uso de empréstimos bancários para
investir no empreendimento e aumentar seu faturamento.
Entretanto, a empresa não estava devidamente legalizada e também era
recente seu funcionamento, o que inviabilizou a pesquisa.
Em face dos acontecimentos, surgiu a oportunidade de utilizar da
empresa AmigãoLins para o estudo de caso. Seria feito um comparativo entre o
17
uso de capital próprio versus capital de terceiros, mas a empresa tem como
principal fonte de investimento, recursos cedidos.
Diante do exposto, sucedeu o seguinte questionamento: Qual o impacto
nos resultados obtidos pela empresa ao tomar capital emprestado?
Assim, a pesquisa realizada através de revisão bibliográfica pretendeu
identificar o retorno financeiro e econômico ao tomar capital de terceiros para
expansão do negócio.
A rede de supermercados Amigão vem ampliando sua zona de atuação
gradativamente e os resultados colhidos apresentaram-se satisfatórios. Várias
lojas vêm sendo instaladas no decorrer dos anos e a empresa elevou seu
faturamento.
Os métodos e técnicas utilizados na pesquisa de campo estão descritos
no Capítulo III da pesquisa.
O presente trabalho exibe três capítulos, assim distribuídos:
Capítulo I – Apresenta dados e informações da empresa analisada, bem
como quantidade de sedes, funcionários, fotos e datas.
Capítulo II – Aborda o conceito das operações financeiras relacionadas
às empresas em geral, detalhando cada aspecto e auxiliando na análise
financeira do estudo de caso.
Capítulo III – Trata sobre os dados reais de exercícios da empresa, e
comentários sobre a análise realizada.
Para finalizar apresentam-se a Proposta de Intervenção e a Conclusão.
18
CAPÍTULO I
AMIGÃOLINS SUPERMERCADOS
1 DADOS E COMPOSIÇÃO DA EMPRESA
1.1 Sócios
A Empresa foi fundada em 23 de dezembro de 2003 pelos sócios, Jorge
Ignácio dos Santos Junior e Valdir da Silva Bressan que sempre foram
empreendedores, além da vasta experiência profissional. Isso tudo colaborou
para que eles se unissem com objetivo de criar um empreendimento moderno e
diferenciado de tudo que a região oferecia no segmento supermercadista.
Faltava então a escolha de um nome e através de troca de ideias entre
os sócios e seus familiares surgiu o nome amigos, o que logo evoluiu para
Amigão. Logo após a escolha, seguiu o processo de registro onde constatou-se
que já havia um outro estabelecimento com esta razão social em cartório, onde
foi decidido que a instituição mercadista teria o nome de Amigãolins
Supermercados Ltda., C.N.P.J 04.774.403/0001-01 e I.E. 419.110.844.111, com
o slogan “Orgulho de ser Linense”.
O Sr. Junior iniciou no ramo varejista como administrador numa rede de
supermercados chamada Supermercados Luzitana de Lins S/A, cujos
proprietários são seus pais (50%) e seu tio (50%), com sede em Lins-SP.
Visando o crescimento e acreditando no potencial da cidade deu início
ao seu próprio negócio. Tinha o desejo de construir um supermercado que
possuísse espaço físico suficiente para disponibilizar aos clientes a opção de
encontrar em um mesmo lugar, além do supermercado, lojas, casa lotérica,
restaurante, sorveteria, livraria, entre outras conveniências. Em maio de 2003,
contratou uma empresa especializada para realizar uma pesquisa que
determinasse o local e as necessidades da população. Uma vez realizada e
concluída a pesquisa, pode iniciar na prática o desejo que tinha, então em
parceria com seu amigo, o Sr. Bressan, deu início ao processo de abertura do
seu empreendimento.
19
O Sr. Valdir da Silva Bressan tem 20 anos de experiência nos bancos
Bradesco, Garavelo e Santander. Após a saída do banco Santander, foi
contratado pela empresa Supermercados Luzitana de Lins S/A, iniciando na
área financeira. Exerceu o cargo de gerente geral em todas as filiais da
empresa, participando ativamente em todas as decisões do negócio. Participou
também como tesoureiro da Associação Comercial de Lins, entre outros.
1.2 Primeira Planta – Matriz
A primeira planta foi inaugurada em 23 de dezembro de 2003, na Rua
Olavo Bilac, 62, em Lins, interior de São Paulo, instalada em uma área de
8.250m², conta com um amplo estacionamento que comporta 128 veículos,
farmácia, cinema, casa lotérica, lanchonete, loja de artigos diversos, sapataria,
sorveteria, caixas eletrônicos dos bancos Santander, Banco do Brasil e
atualmente conta com uma agência do Banco Bradesco, onde se realiza
abertura de contas entre outras transações.
Figura 1: Entrada da Matriz do AmigãoLins Supermercados
Fonte: Elaborado pelos autores, 2012
20
Conta também com uma área de vendas de 1.780m², muito bem
organizada, composta por 23 check-outs e pelos setores de frios, padaria,
açougue, hortifruti, adega, perfumaria, higiene & limpeza e uma diversificada
linha de produtos e marcas que começam desde os itens de primeira
necessidade. Além disso, gera 220 vagas de trabalho somente nesta planta e
possui capital social de R$ 3.000.000,00 (três milhões de reais).
1.3 Expansão do negócio
Depois do sucesso da primeira planta, os sócios decidiram expandir o
negócio, inaugurando em 06 de setembro de 2006 uma filial também em Lins,
na Rua Paulo Aparecido Giraldi, 02, que conta com uma área total de 1.100m²,
área de vendas de 1.030m². Esta loja possui 09 check-outs e é dividida da
mesma forma que a matriz, contando com um total de 110 colaboradores.
Figura 2: Entrada do Amigãolins Supermercados da Floriano
Fonte: Elaborado pelos autores, 2012
21
Atualmente, está em execução o projeto que transforma o prédio onde
antigamente estava instalado o cinema Cinelins, que se encontra em frente à
filial, em uma ampla área de estacionamento coberto no piso inferior e uma
galeria com diversas lojas no piso superior.
No dia 30 de abril de 2007 foi inaugurada uma nova planta, a maior da
rede, agora na cidade de Assis, situada na Avenida Walter Antônio Fontana,
1.300, Vila Claudia, também interior de São Paulo que possui uma área total de
12.000m², sendo 2.380m² de área de vendas composta por 20 check-outs.
Nesta área ainda estão instalados diversos departamentos. Além disso,
disponibiliza 206 vagas de estacionamento e conta com a colaboração de 215
funcionários.
Figura 3: Foto da entrada do Amigãolins Supermercados de Assis
Fonte: Elaborado pelos autores, 2012
Em 15 de novembro de 2007 é inaugurada uma planta em Birigui,
estado de São Paulo, na Avenida Euclides Miragaia, 1.836, Jardim Pérola. Esta
planta possui 3.996m² de área total, sendo estacionamento com 102 vagas e
área de venda de 1700m² composta por 16 check-outs, além dos diversos
departamentos. Esta unidade é geradora de 175 empregos diretos.
22
Figura 4: Entrada do Amigãolins Supermercados de Birigui
Fonte: Elaborado pelos autores, 2012
Figura 5: Foto da entrada do Amigãolins Supermercados de Araçatuba
Fonte: Elaborado pelos autores, 2012
23
A inauguração da planta de Araçatuba foi em 28 de fevereiro de 2009,
sito na Avenida Waldemar Alves, 1.646 B, Jardim Brasil. Com a nova loja,
foram geradas 180 vagas de trabalho na cidade e disponibilizada para a
população uma área total de 4.530m², composta por 2.132m² de área de
vendas, que conta com 20 check-outs e diversos setores, seguindo o mesmo
padrão das demais filiais e 206 vagas de estacionamento para clientes.
Promissão, cidade localizada também no interior de São Paulo, foi
contemplada com uma planta inaugurada no dia 05 de novembro de 2009,
localizada na Rua Sassaichi Massaki, 663. Esta loja possui 1.550m² de área
total, sendo 50 vagas de estacionamento para os clientes e 1.230m² de área de
vendas composta por 10 check-outs e demais setores como frios, padaria,
açougue, hortifruti, adega, perfumaria, higiene & limpeza, entre outros que
acompanham o padrão da rede.
Figura 6: Entrada do AmigãoLins Supermercados de Promissão
Fonte: Elaborado pelos autores, 2012
Além desses benefícios, gerou para a cidade 104 vagas de trabalho, o
que aqueceu a economia local e proporcionou aos clientes e colaboradores
mais uma opção para realização das suas compras.
24
A penúltima planta inaugurada foi em Lins, na Avenida São Paulo, 441,
Vila Guararapes no dia 01 de maio de 2010, depois da aquisição do prédio
onde funcionava uma das filiais do Supermercado Amália. Esta planta conta
com estacionamento para 90 veículos, casa lotérica, restaurante por quilo,
setor hotifruti, açougue, padaria, higiene & limpeza e demais setores de
conveniência, totalizando 1.500m², sendo 1.250m² de área de venda. Com esta
inauguração foram geradas mais 90 vagas de trabalho, somando somente em
Lins, 420 novos empregos.
Figura 7: Entrada do AmigãoLins Supermercados de Lins, loja da Avenida São
Paulo
Fonte: Elaborado pelos autores, 2012
A última planta foi inaugurada depois da aquisição de mais uma loja
pertencente ao supermercado Amália na cidade de Birigui, situada na rua
Silvares, 103. Esta loja também conta com ampla área de venda, dividida em
diversos departamentos como nas demais e estacionamento para os clientes.
25
Figura 8: Foto da entrada do Amigãolins Supermercados de Birigui, loja da rua
Silvares
Fonte: Elaborado pelos autores, 2012
Figura 9: Foto do depósito e escritório central do Amigãolins Supermercados
Fonte: Elaborado pelos autores, 2012
26
A empresa também possui um escritório central e um depósito localizado
na Rua Goiás, 92, Vila Guararapes, em Lins onde funcionam os setores de
compra, contabilidade, fiscal, estoque entre outros.
1.4 Atuação Social e Ambiental
Na cidade de Lins a planta da Rua Olavo Bilac é vista pelos clientes e
cidadãos como uma espécie de shopping, além de uma forte geradora de
empregos na cidade que hoje conta com três grandes lojas.
A empresa é ativa colaboradora em projetos sociais e ambientais.
Atualmente desenvolveu uma campanha onde troca quatro litros de óleo usado
por uma lata de óleo novo em parceria com empresas do setor, além de um
convênio com a operadora de cartão de crédito Visa, que trocava tickets de
compra por uma sacola ecologicamente correta. Também é uma forte
patrocinadora do Clube Atlético Linense, que foi campeão da série A2 do
futebol paulista no ano de 2010.
1.5 Maiores Fornecedores
a) Excelente Com De Bebidas Ltda;
b) Nestlé Brasil Ltda;
c) Sadia S.A.;
d) JBS S.A.
1.6 Missão
Comercializar produtos e serviços no ramo mercadista gerando
empregos, impostos, lucros e desenvolvimento pessoal, ou “oferecer à
população de Lins e região comodidade e qualidade buscando sempre adaptar-
se às expectativas dos clientes garantindo-lhes satisfação, valorizar essa
relação com os clientes, parceiros e colaboradores preservando sua
longevidade”.
27
1.7 Propósito
“Trazer nosso cliente à nossa casa, e que ele faça dela a sua casa,
oferecendo variedades e produtos, higiene e limpeza e atendimento com
qualidade, comodidade, buscando realizar sua satisfação.“
1.8 Valores
A empresa tem como valores: Trabalho, transparência, humildade,
responsabilidade, comprometimento, profissionalismo e amor.
1.9 Visão
Ser empresa amiga da cidade e região, procurando sempre aprimorar
conceitos e serviços.
1.10 Objetivo
Negociar com ética e agilidade produtos e serviços, para que cheguem
ao consumidor no melhor preço possível, atendendo a sua necessidade e gerar
uma relação de confiança e credibilidade, onde todos ganham.
1.11 Meta
Cultivar o relacionamento saudável e eficiente com seus fornecedores e
colaboradores, para atender as exigências dos clientes, que são considerados
as pessoas mais importantes do sucesso da empresa.
1.12 Organograma
O organograma foi desenvolvido a partir da diretoria que é composta
pelos sócios e depois ramificada entre os demais setores que compreendem o
jurídico, auditoria externa, as demais filiais e administração que é subdividida
em contabilidade, informática, compras e vendas. No setor contábil existem
28
dois departamentos, o RH e a tesouraria. No setor de vendas encontram-se os
atendentes, operadores de caixa e empacotadores. E por fim, o setor de
compras, que é dividido em auditoria interna, repositores e recebimento de
mercadorias. As filiais são compostas pelos setores administrativos, exceto o
setor contábil.
Figura 10: Organograma da Empresa
Fonte: Elaborado pelos autores, 2012
Diretoria
Jurídico Administração
Contabilidade
R.H Tesouraria
Vendas
Atendentes Operadores
de Caixa
Empacotador
Compras
Repositores Recebimento
Auditoria Interna
Auditoria Externa
Filiais
Informática
29
CAPÍTULO II
CAPTAÇÃO DE CAPITAL DE TERCEIRO
2 SISTEMA FINANCEIRO: ALTERNATIVAS DE TOMADA DE CRÉDITO
Um dos principais objetivos das operações de mercado financeiro é a
captação de recursos, com os menores custos possíveis, de modo a atender às
constantes necessidades de fundos das empresas para financiamento das
operações de modernização do parque industrial; desenvolvimento de novos
produtos; aumento de participação no market share, com aquisição de
participação em concorrentes (por exemplo); processos de fusões,
incorporações ou cisões; expansão do parque industrial; programas de redução
de custos de produção, com a aquisição de participação em fornecedores (por
exemplo), entre vários outros, sempre com o objetivo de maximizar o resultado
do investimento aportado pelo acionista. (FERREIRA, 2005).
De acordo com Assaf Neto; Lima (2011), o Sistema Financeiro Nacional
(SFN) é formado por várias instituições financeiras públicas e privadas, como
por exemplo, o Conselho Monetário Nacional e Instituições Financeiras
Bancárias, e atua através de vários instrumentos financeiros, captando
recursos, distribuindo e transferindo valores entre os agentes econômicos.
Segundo Tófoli (2008), uma grande parte da administração do
disponível, ou seja, o capital circulante em poder da empresa, passa por uma
instituição financeira que vai intermediar o pagamento e recebimento, trocar
cheques ou ceder recursos para as necessidades financeiras. É fundamental
entender o funcionamento do sistema financeiro bem como manter um bom
relacionamento.
É através das participações de instituições financeiras que se realizam as operações de intermediações financeiras no mercado. A instituição financeira coloca-se entre os agentes econômicos (pessoas, empresas, governo, organizações etc) que possuem disponibilidade de caixa para aplicações (poupanças) e aqueles que necessitam de crédito. A intermediação no mercado financeiro visa conciliar os interesses dos agentes econômicos superavitários em aplicar suas poupanças, e dos deficitários, em tomar recursos emprestados. (ASSAF NETO; LIMA, 2011, p. 34)
30
Tófoli (2008) cita alguns dos serviços que as instituições oferecem:
a) movimentação de dinheiro através de cheques;
b) ordens de pagamento, transferências eletrônicas;
c) débitos gerais em conta corrente; cobrança de duplicatas;
d) operações com cartões de crédito e débito;
e) seguros;
f) subscrições de ações;
g) aplicações financeiras (curto, médio e longo prazo):
- cadernetas de poupança;
- aplicações em ouro e ações de outras empresas;
- empréstimos/financiamentos para capital de giro;
- desconto de duplicatas, promissórias e cheques;
- financiamentos de impostos, importações, exportações;
h) financiamentos a micro, pequenas e médias empresas:
- operações com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES).
Como propõe Ferreira (2005), de maneira mais objetiva, uma empresa
pode financiar-se com recursos internos (como, por exemplo, retenção de
lucros, lançamento de ações – equity securities) ou externos (como
financiamentos, lançamento de obrigações – debt securities, entre outros).
Cabe ressaltar que, em todos os casos, será preciso analisar os custos de
captação inerentes.
Com a internacionalização dos mercados, surgiram fontes alternativas
de capital de risco para empresas do setor privado, por intermédio de
investidores de fundos de investimentos fechados (private equity) e programas
de aplicações financeiras (high-yield program). Esses instrumentos financeiros
têm como característica principal a possibilidade de alavancar operações
financeiras às empresas, suprindo suas necessidades de financiamento para
projetos, com redução dos custos de captação. (FERREIRA, 2005)
2.1 Financiamentos de empresas no Brasil
A maior parte do financiamento das empresas origina-se do crédito direto
31
bancário.
“Funding são recursos que financiam (lastreiam) um investimento. Por
exemplo, o funding de uma empresa para realizar um projeto de expansão de
sua atividade pode ser um financiamento externo” (ASSAF NETO; LIMA, 2011,
p. 563).
O funding dos investimentos produtivos no Brasil não atende às efetivas
necessidades de financiamento das empresas, tanto pelos seus altos custos,
muitas vezes superiores ao retorno de seus ativos, como também pela sua
reduzida maturidade, insuficiente para promover o equilíbrio financeiro e
sustentar o crescimento das atividades.
As linhas de financiamento para o setor produtivo, disponíveis no
mercado financeiro nacional, possuem diversas características que as
diferenciam de outras economias desenvolvidas, dentre as quais se podem
citar três delas:
a) altos encargos financeiros;
b) baixa oferta interna de crédito de longo prazo;
c) restrições a ofertas de novas ações e debêntures no mercado,
determinadas principalmente pelo estágio ainda pouco desenvolvido do
mercado de capitais no Brasil.
Esses desajustes presentes no mercado de capitais brasileiro podem
limitar a capacidade de financiamento dos investimentos produtivos, e inibir o
crescimento e a competitividade de muitas empresas.
2.2 Crédito
A palavra crédito, dependendo do contexto no qual esteja, tem vários
significados, porém será apresentado apenas o sentido específico ao tema
proposto, que segundo o Dicionário Houaiss (2009), é a condição de quem
pode obter empréstimos ou comprar a prazo.
Conforme Silva (2008), a função do crédito diz respeito a captar recursos
junto aos agentes econômicos com posição orçamentária superavitária e
financiar as necessidades de investimentos e consumo dos agentes com
situação orçamentária deficitária tem sido o papel histórico dos bancos. O
crédito cumpre importante papel econômico e social, pois possibilita às
32
empresas aumentarem seu nível de atividade, estimula o consumo
influenciando na demanda, ajuda as pessoas a obterem moradia, bens e até
alimentos e facilita a execução de projetos para os quais as empresas não
disponham de recursos próprios suficientes.
2.2.1 Análise de Crédito
Através de empréstimos, as empresas suprem suas necessidades de
capital de giro ou de investimentos permanentes. Tomando crédito, a empresa
poderá conduzir a ganhos de eficiência de produção. Por meio do
financiamento é possível melhor alocação de um volume de recursos para
obtenção de retorno satisfatório. “A análise de crédito consiste em identificar,
através de instrumentos financeiros e estatísticos, a probabilidade de um
cliente em pagar ou não pagar o crédito que lhe foi concedido”. (ASSAF NETO;
LIMA, 2011, p. 680).
Ao se falar em análise de crédito, o primeiro ato que o emprestador fará
será uma avaliação retrospectiva das demonstrações contábeis da empresa
tomadora do crédito, as quais poderão vir suplementadas com diversas
informações adicionais, tais como fluxos de caixa e descrição das garantias
potenciais.
Segundo Silva (2008), análise financeira de empresas mantém relação
com várias outras disciplinas afins, como contabilidade, administração
financeira, economia, direito e estatística, entre outras.
De acordo com Tófoli (2008), a empresa deve criar normas para optar
por ceder o crédito ou não para determinados clientes, bem como estipular o
valor do limite de crédito para que todas as transações sejam feitas com
segurança e garantias de recebimento dos valores correspondentes. Também
deve haver critério ao efetuar o cadastro, e atuar de acordo com essa política,
seguindo as regras pré-determinadas sempre que houver concessão de
crédito.
Na análise de crédito a ser concedido, deve-se levar em consideração
os 5 Cs: caráter, capacidade, capital, colateral e condições.
O caráter é a avaliação de como o cliente se comporta no tocante à
pontualidade de seus pagamentos, a existência ou não de títulos protestados,
33
pendências judiciais, de sua integridade, honestidade, enfim, qual o caráter do
cliente. Este pode ser considerado como o C fundamental, pois se não for
aceito, descaracterizará a necessidade de analisar os outros Cs.
Tratando da capacidade, de nada vale a firme intenção de pagar a conta
se a pessoa (ou empresa) não possuir capacidade para tanto. Se o cliente for
pessoa jurídica, a análise da capacidade de saldar os compromissos pode ser
efetuada com base na análise dos índices financeiros, principalmente os
índices de liquidez, de endividamento e de rentabilidade.
No caso de cliente pessoa física, os itens a serem ponderados são
idade, formação acadêmica, empresa onde trabalha, cargo que ocupa, tempo
de serviço na empresa, salário, etc.
Para fornecer capital às empresas, avalia-se a estrutura econômica e
financeira, o nível de imobilização, tipos e modernidade das máquinas,
tecnologia, critérios utilizados para aquisição desses equipamentos. Para
pessoa física, avalia-se o comprometimento de seu salário com as despesas
fixas mensais, como aluguel, água, luz, telefone, prestações e consórcios.
Considerando o colateral, avalia-se o que o cliente oferece como
garantia, se possui bens ou outros recursos disponíveis. Para a pessoa
jurídica, os ativos de propriedade da empresa.
O indicador condições identifica-se com a exposição aos efeitos das
ocorrências externas à empresa, atividade econômica desenvolvida, influência
da concorrência, sazonalidade de seus produtos, entre outros. Para pessoas
físicas, o grau de risco quanto à estabilidade no emprego ou nível de emprego.
(TÓFOLI, 2008).
2.3 Análise Vertical e Horizontal
Segundo Tófoli (2012), a análise vertical dos demonstrativos financeiros
corresponde ao estudo das alterações das composições dos principais
conjuntos de contas ao longo do tempo.
Através desta análise observam-se indicadores que facilitam a avaliação
da estrutura do Ativo e do Passivo, onde o cálculo de participação relativa das
contas é feito dividindo-se o valor de cada conta pelo valor do Ativo ou do
Passivo. “No caso da Demonstração de Resultados, calcula-se o percentual de
34
cada conta em relação a Vendas Líquidas ou Receita Líquida. Obviamente, o
valor de Vendas Líquidas (como Ativo Total, Passivo Total) é igual a 100.”
(TÓFOLI, 2012, p. 33)
Tófoli (2012) expõe que a análise horizontal é realizada a partir de um
conjunto de balanços e demonstrações de resultados consecutivos. Para cada
item desses demonstrativos são calculados números índices, cuja base
corresponde ao valor mais antigo da série, avaliando a evolução de cada
elemento.
2.4 O analista
O analista é qualquer profissional que desenvolve a análise de uma
empresa. “O gerente de um banco, ao apreciar um pedido de crédito de um
cliente, deverá proceder à análise sobre a capacidade de esse cliente honrar o
pagamento da dívida no vencimento.” (SILVA, 2008, p. 15)
O principal instrumento do analista é a informação, e quanto melhor sua
qualidade, mais eficaz será o trabalho do analista.
Já os gestores das instituições financeiras encontram-se diante de vários desafios para garantir a eficácia de sua empresa, como: rever o modelo de gestão, caracterizado pelas crenças e valores; incentivar a postura empreendedora; estruturar os processos de gestão durante as atividades, serem sustentáveis e desenvolverem sistemas de informação que apoiem esses modelos em todas as fases do processo de gestão. (CATELLI, 2011, p. 360)
A missão dos administradores consiste em aumentar o nível de eficácia
da organização, área, departamento e atividade que gerencie. “Toda decisão
que um gestor toma tem por escopo a eficácia empresarial.” (CATELLI, 2011, p.
404)
2.5 Fontes de financiamento
2.5.1 Financiamento através do BNDES
Conforme Silva (2008), a tendência mais geral é de que os
financiamentos de longo prazo sejam obtidos pelas empresas com a finalidade
de financiarem bens do ativo imobilizado. Como por exemplo, o Finame
35
(Financiamento de máquinas e Equipamentos), que é uma linha de
financiamentos com recursos do BNDES, destinado a financiar projetos de
expansão das empresas.
O BNDES constitui-se em uma empresa pública com personalidade
jurídica de direito privado e patrimônio próprio. É classificado como um banco
de fomento e tem por objetivo oferecer apoio a empreendimentos que
promovem o desenvolvimento do país, elevando a competitividade da
economia brasileira e a qualidade de vida de sua população.
Segundo Assaf Neto; Lima (2011), as linhas de financiamento oferecidas
pelo BNDES contemplam financiamento de longo prazo, sobretudo para
investimento em capital fixo, e oferecem custos financeiros competitivos em
relação aos livremente praticados no mercado.
2.5.2 FINAME
O BNDES responde pela política brasileira de investimentos a longo
prazo, visando ao desenvolvimento econômico e social do país, ao
fortalecimento de empresa nacional e à criação de polos de produção, entre
outras funções.
Tem um conjunto de recursos, por exemplo, o FINAME, que visa atender às necessidades de investimentos das empresas nacionais, na aquisição de máquinas e equipamentos. Por meio do FINAME, as empresas podem financiar investimentos de caráter permanente, o FINAME é uma linha de recursos a longo prazo. (SILVA, 2008, p. 369)
2.5.3 Títulos de Renda fixa
De acordo com Ferreira (2005), os títulos de renda fixa englobam vários
tipos de papéis negociados no mercado financeiro que têm como
características o rendimento pré-fixado, data de vencimento além de um valor
de principal, juros e bônus, entre outras.
Os principais produtos de renda fixa negociados no Brasil são os
certificados (e recibos) de depósito bancário, as debêntures, a caderneta de
poupança, os fundos de investimentos em renda fixa, as letras de câmbio e
letras hipotecárias. Os títulos de renda fixa são predominantemente negociados
no chamado mercado de balcão, e não em bolsa de valores, apresentando
36
alguns destes títulos mercados bastante líquidos, como o caso dos papéis
emitidos pelo Governo Federal. (ASSAF NETO; LIMA, 2011)
2.5.4 Mercado de títulos de dívida (debt financing market)
Conforme Ferreira (2005), títulos de dívida, também conhecidos como
„investimentos de valor fixo‟, podem ser negociados desde que tenham uma
cláusula que permita.
2.5.5 Empréstimos bancários
Os dois tipos mais comuns de empréstimos bancários são as linhas de
crédito e os compromissos do empréstimo:
a) linhas de crédito: acordos geralmente de curto prazo entre um banco
e uma empresa, para a qual será disponibilizado um determinado
volume de dinheiro, que poderá ser utilizado sempre que necessário.
b) compromissos de empréstimo: em geral, empréstimos de prazos
mais longos, em que os valores são tomados de uma só vez ou em
„tranches‟, com repactuação periódica da taxa de juros ou não.
(FERREIRA, 2005)
Conforme Silva (2003), os empréstimos ou financiamentos constituem o
montante pretendido pelo cliente, o prazo de vencimento, a forma de
pagamento, as garantias e o custo do dinheiro para o cliente. Destinam-se a
atender às necessidades de giro e é mister que o cliente conheça o destino que
pretende dar aos recursos e que escolha o crédito que se alinhe à sua
realidade.
2.5.6 Arrendamento Mercantil (Leasing)
O leasing é um contrato de locação de um determinado bem, que
proporciona ao arrendatário a opção de adquiri-lo por um preço fixo ao final do
contrato (saldo remanescente) ou de renovar o contrato. Há dois tipos de
contrato de leasing: o operacional e o financeiro ou de capital. No caso do
leasing operacional, haverá a opção de compra do bem, e o arrendatário terá o
37
direito de uso pelo tempo contratual. No caso do leasing financeiro ou de
capital, já se estabelece antecipadamente a opção de compra por um valor
residual, sendo o bem transferido para a propriedade (ativo imobilizado) da
empresa arrendatária. (FERREIRA, 2005).
Conforme Assaf Neto; Lima (2011), o leasing operacional é uma
modalidade de arrendamento que se aproxima muito a um aluguel, e se
caracteriza pelas seguintes condições:
a) o aluguel do bem é inferior à sua vida útil;
b) o compromisso (contrato de arrendamento) pode ser rescindido a
qualquer momento;
c) o arrendatário se obriga a manter o bem arrendado em perfeitas
condições de uso;
d) o arrendatário, mediante negociação com a arrendadora, pode
adquirir o bem ao final do contrato. O preço de exercício para
comprar o bem é geralmente o seu valor de mercado.
Grande parte das empresas de grande porte tem adotado o crédito
leasing como sugestão para suprimento de capital.
A operação leasing, ou arrendamento mercantil, é caracterizada pela aquisição de um bem por uma empresa de arrendamento mercantil (arrendadora) que concede ao seu cliente (arrendatário) o uso desse bem por um determinado período de tempo. A empresa arrendadora tem a propriedade do bem, enquanto que a arrendatária tem a posse. (SILVA, 2008, p. 368)
Conforme Silva (2008), leasing é uma forma de atender as necessidades
da organização de uso de equipamento, veículos e outros bens sem precisar
imobilizar recursos.
2.5.7 Corporate Bonds
De acordo com Ferreira (2005), corporate bonds são títulos com
valores previamente fixados que são negociados no mercado de capitais.
Geralmente são protegidos por cláusulas da empresa emissora, de
distribuição de dividendos ou de restrições financeiras de um modo geral.
38
2.5.8 Commercial papers
Os commercial papers são contratos pelos quais um tomador de
recursos promete pagar um valor previamente estabelecido para o
emprestador, geralmente vinculado a uma operação mercantil do tomador dos
recursos, por um prazo que normalmente não excede seis meses. (FERREIRA,
2005).
Conforme Assef Neto; Lima (2011), os commercial papers são títulos de
créditos utilizados pelas empresas para financiar suas necessidades de capital
de giro, tornando-se uma alternativa diferente dos tradicionais empréstimos e
com taxas de juros menores, por não serem intermediados por instituições
bancárias.
2.5.9 Mercado de valores patrimoniais (equity financing market)
Esse é considerado o segundo maior mercado para captação de
recursos das corporações (o primeiro é o debt financing market). No mercado
de valores patrimoniais, podem ser negociados os seguintes papéis: ações
ordinárias, ações preferenciais; warrants e ADR (American Depositary
Receipts).
As ações ordinárias podem ser emitidas em diversas classes („A‟, „B‟,
etc.), conforme os direitos que lhes forem conferidas. Por serem ações que
proporcionam direito a voto nas assembleias de acionistas, elas darão direito
aos possuidores a, por exemplo, votos qualificados ou especiais em
determinadas matérias.
As ações preferenciais proporcionam aos titulares o direito preferencial
para recebimento de dividendos. Geralmente, não conferem direito a voto. Da
mesma maneira, poderão ser emitidas em várias classes, conforme os direitos
que lhes são conferidos, inclusive o de convertibilidade em ações ordinárias.
As warrants são opções de compra de longo prazo de ações a ser
emitidas por uma corporação. As empresas estrangeiras também podem
captar recursos no mercado norte-americano. Uma das formas é por meio de
ADR. A empresa deposita um determinado número de suas ações em uma
instituição financeira de Nova York. O banco, então, emite ADR, que são títulos
39
de créditos com os mesmos direitos de fluxos de caixa das ações depositadas.
(FERREIRA, 2005)
Para cada warrant é especificada uma determinada data de emissão e
de vencimento, previsão de proteção ou não (de ajuste) quando houver a
distribuição de proventos por parte de seu ativo subjacente (ação no caso) ou
tipo de exercício.
Segundo Ferreira (2008), a colocação pública de ações traz algumas
vantagens, como a pulverização da participação acionária, ganho de liquidez
para os acionistas, melhor acesso ao mercado de capitais e proporciona a
melhora da credibilidade junto a clientes, fornecedores e empregados. Também
existem algumas desvantagens, tal como custo das operações, abertura de
informações para as empresas concorrentes e pressão pública.
2.5.10 Mercado de títulos e valores mobiliários
A formação do preço de emissão de um papel é um grande desafio para
a tesouraria das corporações. O principal fator está na remuneração (ou no
retorno) do capital investido que a empresa poderá proporcionar aos seus
investidores. Esta tarefa se torna ainda mais complexa quando se trata de uma
IPO (Initial Public Offering). Nesse caso, além dos questionamentos quanto ao
risco do negócio e risco do país, ainda estará em análise a performance
histórica de pagamento de dividendos e, principalmente, o valor da companhia.
Um dos grandes problemas para a colocação de títulos é estabelecer o
quanto receptivo o mercado estará para absorvê-los, isto é, o grande desafio é
estabelecer a quantidade de emissão e o preço dos papéis.
2.5.11 Investimentos em fundos de private equity
Conforme Ferreira (2005) é uma forma de reduzir o custo de captação
de recursos no mercado financeiro. São fundos que surgiram há pouco tempo e
são feitos para a compra de empresas pequenas e de capital fechado, com
ações subavaliadas e geralmente têm um prazo de duração de dez anos. Age
como os outros fundos, onde um administrador faz a ligação entre investidores
40
e empresas de sua escolha, com boas perspectivas de crescimento e
valorização.
2.6 Alavancagem de recursos financeiros
Alavancagem financeira é o efeito causado por se tomar recursos de terceiros emprestados a determinado custo, aplicando em ativos a outra taxa de retorno: a diferença vai para os proprietários e altera, para mais ou para menos, o seu retorno sobre o patrimônio líquido. “Em outras palavras, pela utilização de recursos de terceiros em sua estrutura de capital uma empresa pode modificar a rentabilidade do capital próprio”. (ASSAF NETO; LIMA, 2011, p. 293).
Conforme Assaf Neto; Lima (2011), quanto maior a utilização de
recursos de terceiros e, consequentemente, maior a capacidade de
alavancagem do retorno do patrimônio líquido, mais elevado também se
apresenta o risco financeiro assumido pela empresa em suas decisões de
financiamento. À medida que quantifica esta capacidade do capital de terceiros
em incrementar o retorno do acionista é denominada de grau de alavancagem
financeira.
Um bom cadastro e um sistema de crédito eficaz podem ser um
excelente meio para alavancagem de negócios.
As fontes de fundos das empresas são basicamente de três tipos: (a) fundos provenientes de seus sócios ou acionistas, (b) lucros gerados pelas suas operações e (c) dívida contraída. A decisão de tomar fundos emprestados dependerá do fato de que o preço desses fundos seja menor que o rendimento propiciado pela sua aplicação na empresa, mais conhecido como Alavancagem Financeira. (SILVA, 2008, p. 37)
Entre muitas funções sociais do crédito, está em estimular o consumo
influenciado à demanda empresarial.
Segundo Assaf Neto; Lima, (2011), as operações financeiras de
captação de recursos, ou seja, empréstimos e financiamentos, são feitas por
instituições e instrumentos financeiros que compõem o Sistema Financeiro
Nacional.
Outra importante fonte de informação para o processo de concessão é
fornecida por empresas prestadoras de serviços em assessoria às decisões de
crédito, que no Brasil provém da Serasa, pelo Serviço de Proteção ao Crédito,
entre outros.
41
Conforme Gitman (2004), alavancagem financeira é o efeito causado por
se emprestar recursos financeiros de terceiros a determinado custo aplicando-
os em ativos da empresa, a uma taxa de retorno diferente. Essa diferença de
taxas vai para o acionista e altera para mais ou para menos o seu retorno
sobre o Patrimônio Líquido. Isso significa que a presença de capital de
terceiros na estrutura de capital da empresa pode modificar a rentabilidade do
capital próprio.
Desta forma, quanto maior for a utilização de capital de terceiros, mais
elevado também se apresenta o risco financeiro. Conforme Gitman (2004, p.
296), uma das maneiras de identificar essa variação de rentabilidade e risco é
a conjugação das fórmulas:
ROA = LLAJIR / Ativo
RPL = LL / PL
GAF = RPL / ROA
A relação entre o RPL e ROA indica se o retorno aos acionistas foi
incrementado ou não pelas dividas que financiam os ativos.
Conforme Tófoli (2012), o custo da dívida deve ser menor do que o
retorno sobre o ativo, pois caso contrário, os proprietários/acionistas arcarão
com a diferença.
2.7 Custo de Capital
O custo total de capital está associado à taxa de retorno exigida de um
investimento. Ao tomar uma decisão de investimento, a empresa deve recorrer
ao mercado de capitais para buscar financiamento. O retorno exigido pelos
proprietários desses recursos (credores e acionistas) é a base para estimar o
custo de capital. O custo total de capital de uma empresa (WACC) é
normalmente obtido através do cálculo da média ponderada do custo de cada
fonte (própria e de terceiros) de financiamento.
No estudo do custo total de capital é necessário inicialmente conhecer o
custo de cada fonte de recursos (própria e de terceiros) selecionada pela
empresa e, então, mensurar a partir desses valores a taxa de retorno desejada
42
para as decisões de investimentos. O custo de capital de terceiros é a
remuneração exigida pelos credores de dívidas da empresa. É o custo hoje,
geralmente líquido de IR, para se levantar recursos de empréstimos e
financiamentos no mercado.
O custo de capital de terceiros é definido de acordo com os passivos
onerosos identificados nos empréstimos e financiamentos mantidos pela
empresa. O custo do capital de terceiros é menor comparativamente ao do
capital próprio. Duas importantes razões explicam esta diferença. O retorno do
acionista está relacionado ao sucesso dos negócios, caso a empresa apure
prejuízo, o acionista não terá direito algum de pleitear pagamento pelos
recursos aplicados. O credor, ao contrário, recebe garantias efetivas da
devolução do capital emprestado, como aval, hipoteca etc.
A outra razão que justifica ser o custo da dívida menor que o do capital
próprio é o benefício fiscal. A remuneração devida ao capital próprio é o lucro
líquido, calculado após a respectiva dedução do Imposto de Renda. Já a
remuneração paga ao credor são os juros, os quais, como demonstrado acima,
são dedutíveis, para cálculo de Imposto de Renda. Em verdade, a empresa
devedora usufrui de um benefício (economia) fiscal ao calcular os encargos
financeiros de suas dívidas. (ASSAF NETO; LIMA, 2011).
Conforme Lemes Jr.; Riggo; Cherobim (2002, p. 212) “custo de capital
de terceiros é o retorno que os banqueiros exigem por seus recursos”. Isto
significa que quando uma empresa empresta valores de instituições
financeiras, incorre em encargos financeiros, juros a serem pagos pelo capital
emprestado.
Considerando que os encargos financeiros constituem-se despesas
dedutíveis das receitas reduzem o lucro da empresa, por conseguinte, haverá
menor incidência de imposto de renda, o que justifica a necessidade de se
calcular o custo de capital de terceiros após o imposto de renda. Assim, ainda
conforme Lemes Jr.; Riggo; Cherobim (2002, p. 212), têm-se a fórmula:
Ktir = j (1-IR) / Ct
Onde,
Ktir = custo de capital de terceiros depois do imposto de renda
43
j = juros
ir = alíquota do imposto de renda.
Ct= custos totais
Teoricamente, continuam os autores, o custo de capital de terceiros deve
ser sempre menor do que o custo do capital próprio, pelos motivos: o risco do
capital próprio é maior e a empresa só deve captar recursos de terceiros se
houver vantagem financeira favorável.
2.8 Coeficiente de financiamento
O coeficiente de financiamento indica o valor da prestação que deve ser
paga por cada unidade monetária que está sendo tomada emprestada. Em
outras palavras: para cada $ 1,00 tomado emprestado, quanto deve o devedor
pagar de prestação. Se o coeficiente for igual a 0,05, por exemplo, entende-se
que o tomador de recursos deve pagar $ 0,05 de prestação para cada $ 1,00
de dívida. Assim, se levantou um empréstimo de $ 50.000,00, deve pagar
prestações iguais a: 0,05 x $ 50.000,00 = $ 2.500,00. (ASSAF NETO; LIMA,
2011)
2.9 Custo Líquido do Capital de Terceiros (CLCL)
Segundo Tófoli (2011), recursos de terceiros denota dívidas contraídas e
compromisso a pagar.
O custo de capital de terceiros é a remuneração exigida pelos credores de dívidas da empresa. É o custo hoje, geralmente líquido do IR, para se levantar recursos de empréstimos e financiamentos no mercado. (ASSAF, 2011, p. 498)
O custo de capital de terceiros é menor comparativamente ao do capital
próprio por dois motivos, o primeiro é que o retorno do acionista está vinculado
ao sucesso dos negócios e geração de lucros que remunerem o custo do
capital investido, a outra razão é o benefício fiscal, onde a empresa devedora
usufrui de economia ao calcular os encargos financeiros de suas dívidas.
Conforme Santos (2011), o custo do capital de terceiros é calculado
44
considerando o custo de emissão de dívidas, ou seja, a que custo os agentes
de mercado disponibilizam emprestar recursos financeiros à empresa.
O custo do financiamento com capital de terceiros, além de deduzir o pagamento de juros do Imposto de Renda da empresa, tende a ser menor que o custo do financiamento com capital próprio, porque os portadores de títulos de dívida exigem um menor retorno com relação ao retorno exigido pelos acionistas. (SANTOS, 2011, p. 87)
Os credores empresariais têm preferência sobre os acionistas que
utilizam capital de terceiros, apresentando menor risco, pois como sua
remuneração é fixa, a sua liquidação financeira é mais provável, enquanto a
remuneração do capital próprio depende do desempenho da empresa. “Além
disso, deve-se destacar que essa dívida é formalizada em contratos que
estipulam o valor, o prazo e as garantias que serão realizadas em caso de
inadimplência da empresa.” (SANTOS, 2011, p. 87)
2.10 Balanço Patrimonial
Conforme Santos (2011), o balanço patrimonial refere-se à
demonstração que apresenta, de um lado, um grupo de contas que representa
as disponibilidades financeiras, os direitos e os bens que a empresa possui.
Esse conjunto de disponibilidades, bens e direitos, é designado como Ativo. De
outro lado, essa demonstração apresenta um grupo de contas que representa
as dívidas (Passivo) e o total de recursos pertencentes aos proprietários
(Patrimônio Líquido – PL).
Quadro 1: Balanço Patrimonial . (Continua) ATIVO PASSIVO
Ano 1
Ano 2
Ano 3
Ano 1
Ano 2
Ano 3
CIRCULANTE CIRCULANTE
Caixa e Bancos Empréstimos bancários
Aplicações de liquidez imediata Fornecedores
Aplicações financeiras Salários e encargos a pagar
Clientes (ou Duplicatas a Receber)
Impostos a recolher
Estoques Dividendos a distribuir
Despesas Antecipadas Outras contas a pagar
45
(Conclusão)
ATIVO NÃO CIRCULANTE PASSIVO NÃO CIRCULANTE
REALIZÁVEL EM LONGO PRAZO
EXIGÍVEL EM LONGO PRAZO
Empréstimos a coligadas Financiamentos
Outros Passivos em Longo Prazo
INVESTIMENTOS PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Investimentos em coligadas Capital social
IMOBILIZADO Reservas de capital
Imóveis Reserva de lucros
Móveis e utensílios Ações em Tesouraria
Veículos Prejuízos Acumulados
( - ) Depreciação Acumulada
INTANGÍVEL
Marcas e Patentes
Ativo Total X1 X2 X3 Passivo Total X1 X2 X3
Fonte: Tofoli, 2012.
2.11 Demonstração do Resultado do Exercício (DRE)
Conforme Tófoli (2012), a DRE é formada pelas receitas e despesas
incidentes no exercício social, ordenadas harmonicamente, demonstrando
desde as Receitas Brutas até o Lucro Final. Basicamente, segue o seguinte
esquema:
Quadro 2: Demonstração do Resultado do Exercício detalhada.
Receitas Brutas de Vendas ou Serviços ( - ) Deduções da Receita Bruta ( - ) Impostos sobre vendas ( + ) Receitas Líquidas ( - ) Custo da Mercadoria Vendida ou Custo do Serviço Prestado ( = ) Lucro Bruto ( - ) Despesas com Vendas ( - ) Despesas Gerais e Administrativas ( - ) Outras despesas ( + ) Outras Receitas ( = ) Resultado antes das despesas e receitas financeiras
( + - ) Despesas Financeiras Líquidas (deduzidas as Receitas Financeiras) ( = ) Resultados antes dos tributos sobre o lucro ( - ) Provisão para o Imposto de Renda e Contribuição Social ( = ) Resultado Líquido das operações continuadas ( - ) Resultado Líquido das operações descontinuadas ( = ) Lucro Líquido do Período
Fonte: Tofoli, 2012.
2.12 Indicadores de análise
46
2.12.1 Índices de Liquidez
“Mostram a capacidade da empresa em gerar fundos para amortizar as
despesas de curto e de longo prazo” (SANTOS, 2011, p. 22). Os fundamentais
são: o índice de liquidez corrente (ILC), o índice de liquidez imediata (ILI), o
índice de liquidez seca (ILS) e o índice de liquidez geral (ILG).
Segundo Santos (2011), tais índices são considerados satisfatórios
quando se averigua que aumentos ou reduções no valor de Ativos Circulantes
não comprometem a capacidade de pagamento da empresa nem perdas
financeiras pelo uso ineficiente de caixa.
2.12.1.1 Índice de Liquidez Corrente (ILc)
Responsável em mensurar a competência da empresa de pagar suas
obrigações a curto prazo com suas disponibilidades financeiras, contas a
receber e estoques. Ele é calculado pela fórmula:
ILC=Ativo Circulante/ Passivo Circulante
2.12.1.2 Índice de Liquidez Imediata (ILI)
Mensura a capacidade da empresa de pagar suas obrigações a curto
prazo com suas disponibilidades financeiras (caixa + aplicações financeiras).
Ele é calculado pela fórmula:
ILI=Disponibilidades/ Passivo Circulante
2.12.1.3 Índice de Liquidez Seca (ILs)
Demonstra a aptidão empresarial em pagar suas obrigações a curto
prazo com suas disponibilidades financeiras e contas a receber. Esse índice
exclui o estoque, que é geralmente o ativo circulante menos líquido. Ele é
calculado pela operação:
ILS= (Ativo Circulante – Estoque) / Passivo Circulante
47
2.12.1.4 Índice de Liquidez Geral (ILG)
Evidencia a capacidade da empresa de pagar suas obrigações totais
com seus ativos de curto e longo prazo. Ele é calculado pela fórmula:
ILG=(Ativo Circulante + Ativo Realizável a Longo Prazo)/ (Passivo Circulante +
Passivo Não Circulante)
2.12.2 Índices de Endividamento
“Mostram a proporção do total de ativos financiados por dívidas ou capital
de terceiros (passivo)” (SANTOS, 2011, p. 23). Os principais são o Índice de
endividamento total (IET), o Índice de Alavancagem (IA) e o Índice de
Endividamento Bancário no Curto Prazo (IBCP).
2.12.2.1 Índice de Endividamento Total (IET)
Esse índice demonstra a participação percentual de recursos de
terceiros no financiamento do ativo ou investimento total. É calculado pela
fórmula:
IET= Passivo Total/ Ativo Total
“Entende-se por passivo total a soma do passivo circulante com o
passivo exigível a longo prazo”. (SANTOS,2011, p.24)
2.12.2.2 Índice de Alavancagem (IA)
Mostra a proporção entre as dívidas e o capital dos proprietários no
financiamento dos ativos. Ele é calculado pela fórmula:
IA= Passivo Total/ Patrimônio Líquido
2.12.2.3 Índice de Endividamento Bancário no Curto Prazo (IEBCP)
48
Mensura o quanto os empréstimos de curto prazo representam
percentualmente do total das dívidas de curto prazo. Esse índice é calculado
pela fórmula:
IEBCP= Empréstimos Bancários de Curto Prazo/ Passivo Circulante
2.12.3 Índice de Imobilização
Tal índice mostra quanto de recursos não correntes (de longo prazo)
está aplicado em imobilizações, ou seja, em máquinas e afins. Calcula-se pela
fórmula:
II= (Ativo Imobilizado Bruto – Depreciação Acumulada)/ (Patrimônio Líquido +
Empréstimos Bancários de Longo Prazo)
2.12.4 Margens de Lucratividade
Demonstra a capacidade da empresa em gerar lucro em sua atividade
operacional, demonstrada pelo aumento na Receita Líquida de Vendas e nas
margens de lucratividade (operacional e líquida). As principais são: a Margem
de Lucratividade Operacional (MLO) e a Margem de Lucratividade Líquida
(MLL).
2.12.4.1 Margem de Lucratividade Operacional (MLO)
Mostra a eficiência empresarial no período, gerando lucro na sua
atividade operacional. Calcula-se pela fórmula:
MLO= Lucro Operacional/ Receita Líquida de Vendas
2.12.4.2 Margem de Lucratividade Líquida (MLL)
Verifica também tal eficiência após o pagamento do Imposto de Renda e
Dividendos. Ela é calculada pela fórmula:
MLL= Lucro Líquido/ Receita Líquida de Vendas
49
A análise isolada da Margem de Lucratividade Líquida pode mascarar a real situação financeira da empresa. Isso é constatado quando a empresa gera prejuízos operacionais sucessivos e, para cobrir as despesas não operacionais, acaba sendo forçada a vender seus ativos produtivos para não comprometer sua idoneidade no mercado de crédito. Essas medidas prejudicam sua capacidade futura de geração de fluxos de caixa para pagar dívidas e dividendos. (SANTOS, 2011, p. 28)
2.13 Valor Econômico Agregado - VEA
Conforme Assaf Neto (2005, p. 180), “é uma medida de criação de valor
identificada no desempenho operacional da própria empresa, conforme
retratado pelos relatórios financeiros”, isto significa que pode ser interpretado
como sendo o resultado apurado pela empresa que excede à remuneração
mínima atribuída pelos credores e acionistas. Mostra se a empresa está
criando ou destruindo valor.
Ainda conforme Assaf Neto (2005), pode ser calculado pela fórmula:
VEA = Nopat – (WACC x Investimento)
Onde, VEA = Valor Econômico Agregado ou Adicionado
Nopat = Net Operating Profit After Taxes, cuja tradução é Lucro
Operacional após os Impostos.
Por investimento, entende-se como Ativo Total – Passivo de
Funcionamento ou como Passivo Oneroso + Patrimônio Líquido.
50
CAPÍTULO III
CAPTAÇÃO DE CAPITAL DE TERCEIROS
3 DEMONSTRAÇÃO DOS PROCEDIMENTOS VIÁVEIS NA OBTENÇÃO
DE CAPITAL DE TERCEIROS PARA EXPANSÃO DO GRUPO.
3.1 Introdução
Com intuito de desenvolver uma análise detalhada sobre os resultados
da Empresa AmigãoLins Supermercados antes e depois de tomar capital de
terceiros para expandir, iniciou-se uma pesquisa sobre as recentes aquisições
e identificação das circunstâncias de uma tomada de capital externo. A
pesquisa foi realizada no período de fevereiro a outubro 2012 e os métodos e
técnicas utilizados foram: Pesquisa de campo, Estudo de caso, método de
observação sistemática, entrevistas e método histórico.
De primeiro momento, identificou-se uma ampliação na loja da Floriano
Peixoto, visando aumentar as vendas e o espaço interno, além de direcionar o
estacionamento e veículos para um local único. Porém, pelo fato da reforma
ainda estar em andamento, os resultados desta expansão não poderiam ser
mensurados antes do término da obra e/ou no curto prazo. Foi decidido então
buscar outra expansão, ocorrida em um período anterior, para que seja
realizada a análise após o aumento do Patrimônio.
Pesquisando por notícias da Rede na Internet, verificou-se a
inauguração de uma loja na cidade de Birigui – SP em setembro de 2010.
Desta forma, a análise demonstrada a seguir avalia a situação antes da obra,
durante, e no primeiro ano de pleno funcionamento.
Ainda assim não se conseguirá a análise final, que ocorrerá no longo
prazo, mas há a constatação de melhoria no faturamento do Grupo e também
nos resultados líquidos, afirmando ser vantajoso buscar capital de terceiros
com o objetivo de aumentar o patrimônio da empresa. Assim, foi analisado todo
o balanço Patrimonial do Amigão durante os anos de 2010, 2011 e 2012, além
51
do DRE que permitiu avaliar diversos índices pertinentes à avaliação desta
operação.
3.2 Demonstrações financeiras
No Apêndice A, são apresentadas as demonstrações de resultados e o
balanço patrimonial do consolidado da empresa para os últimos 3 anos.
Também são apresentados os dados referentes a análise horizontal e análise
vertical da empresa.
Para facilitar a análise, utilizou-se de uma planilha elaborada e fornecida
pelas autoras Fernanda Furio Crivellaro e Fernanda Teixeira de Sousa, ex-
alunas do curso de Administração do Unisalesiano Lins.
Com o BNDES disponibilizando capital a taxas mais atrativas ao
mercado, muitas empresas de pequeno, médio e grande porte como o
AmigãoLins Supermercados investem consideravelmente nesta opção para
expansão de seu ramo de negócio. É possível verificar a expansão em seus
demonstrativos contábeis e analisar a real situação da empresa.
Analisando a distribuição dos valores no Balanço Patrimonial, observa-
se a seguinte estrutura:
Figura 11: Parcelas do ativo total
Fonte: Elaborado pelos autores, 2012.
52
A informação de que a empresa toma dinheiro emprestado do BNDES
se confirma ao analisar o Passivo Exigível a Longo Prazo. E o valor entre o ano
anterior (R$ 8.880.000,00) e o ano da inauguração da Loja em Birigui triplicou
(R$ 26.477.000,00), mostrando que houve maior transação envolvendo capital
de terceiro no ano em questão.
Figura 12: Parcelas do passivo total
Fonte: Elaborado pelos autores, 2012.
Em contrapartida, o Passivo Circulante foi reduzindo durante os anos,
mostrando queda nos valores devidos em curto prazo. O Patrimônio Líquido
cresceu 72,08% no segundo ano, porém caiu no terceiro 32,92% comparando
ao ano base. Estas variações estão justificadas pela elevação da conta Lucros
acumulados no ano 2 (R$ 4.814.000,00) e redução no ano 3 (R$ 46.000,00).
O Ativo Circulante oscilou no primeiro ano em 74,07% positivo e no ano
seguinte reduziu para um número em torno de 9,63%, em relação ao ano
anterior. O Ativo Imobilizado ficou praticamente estável, apresentando uma leve
redução dos valores. O Realizável a Longo Prazo mostrou ascensão no
primeiro ano e queda no terceiro, mas ainda acima do valor inicial (2009) para
86,37% em 2011.
53
3.3 Análise dos Índices
A análise dos índices permite verificar com maior clareza a situação da
empresa. Os índices financeiros resultantes dos demonstrativos contábeis do
Amigão são apresentados no Apêndice B, esses dados foram usados para
formulação dos gráficos apresentados a seguir.
Pode-se verificar que o Amigão durante, os três anos, apresentou um
alto índice de endividamento geral (96,13%).
O IEG apresentou no primeiro ano 91,09%, 90,96% no segundo e
96,13% em 2011. Este índice alto indica que a empresa tem uma ousada
estratégia de crescimento, pois buscou muitos recursos de credores para
aumentar o seu patrimônio.
Figura 13: Estruturas de capital
Fonte: Elaborado pelos autores, 2012
O alto valor do IPCT confirma a estratégia ousada do Amigão em fazer a
empresa crescer em pouco tempo, usando capital externo. Ou seja, o valor de
obrigações é mais de uma centena de vezes maior que o valor aplicado pelos
sócios na criação da empresa. Logo, se não adotassem a política de buscar
54
capital de terceiros para o crescimento, certamente a empresa teria um
crescimento menor utilizando apenas o capital próprio.
Porém, nada adianta captar capital de terceiros se o investimento não for
feito de forma correta, pois caso contrário, a empresa estaria com o
crescimento mal estruturado e ainda com sérias dívidas junto aos órgãos
credores.
Se apenas tivesse trabalhado com seu capital próprio, esse valor seria
de 12 milhões aproximadamente – ou menos de 10% do valor acima - o que
resultaria em uma expansão muito menor e resultados de faturamento e
produção muito mais tímidos.
O gráfico mostra a alta incidência do capital de terceiros em relação ao
capital próprio, no ano de 2011, apontando para 2.485% da relação entre
ambos, enquanto que o endividamento geral da empresa nesse mesmo ano foi
de 96,13%, significando que de todo o ativo da empresa, 96,13% são
financiados por capital externo.
3.4 Liquidez
Figura 14: Liquidez
Fonte: Elaborado pelos autores, 2012.
55
Analisando a liquidez da empresa, começando pelo ILC, percebe-se que
a empresa apresenta uma folga financeira apenas no ano de 2010. Nos outros
anos analisados, seus indicadores foram 84,29% no ano de 2009 e 93,77% em
2011. Este último resultado aponta que a empresa consegue fazer face aos
seus compromissos de curto prazo, utilizando bens e direitos também de curto
prazo, na ordem de 94% aproximadamente, ou em valores numéricos, para
cada 1 real de dívidas do Passivo Circulante - PC, dispõe de 94 centavos de
bens e direitos no AC. Avaliando a liquidez geral, percebe-se um crescimento
de 2009 para 2010 (de 77,1% para 82,01%) e uma capacidade de pagamento
relativamente menor em 2011 (75,9%). Assim, em 2011, a empresa tem
competência técnica apenas para 75,9% de suas obrigações.
Já, o Índice de liquidez seca - ILS apresenta-se em resultado alto
(54,7%), pois este indicador contempla a capacidade de resgatar os
compromissos de curto prazo, com bens e direitos de curto prazo, excluindo-se
os estoques.
3.5 Rentabilidade
Figura 15: Rentabilidade
Fonte: Elaborado pelos autores, 2012.
56
Observando os valores de rentabilidade, percebe-se que houve melhora
no giro do Ativo, por se tratar de uma empresa de varejo isso se torna muito
importante para contribuição dos lucros no final do exercício. O Ativo total da
empresa girou 3,44 vezes em 2011, contra um giro de 2,55 vezes no ano
anterior, indicando, obviamente melhora de desempenho.
A Margem líquida da empresa mostra-se pequena, pois o ramo
supermercadista é comum trabalhar com baixa margem e alto giro. Desta
forma, se aumentasse essa margem, certamente o volume de vendas
(movimentação nos caixas) reduziria e não traria uma boa rentabilidade para a
empresa. Observa-se também, que a empresa terminou o exercício de 2011
com margem negativa (-0,35%).
No ano de 2010 houve melhora da margem e no terceiro ano uma
queda, indicando prejuízo. Isso pode demonstrar uma estratégia do amigão em
manter a margem muito pequena para oferecer aos clientes baixos preços,
boas promoções, a fim de liquidar estoques e/ou promover novas unidades,
como no caso de Birigui.
A Taxa de Retorno do Ativo, calculada no esquema de margem versus
giro mostra o quanto rendeu os valores investidos em ativos pelos sócios
utilizando-se os seus valores operacionais. Os valores mostraram crescimento
entre os anos de 2009 e 2010 (532%), apresentando-se negativo no ano 2011
(taxa de retorno de -1,2%, com redução em relação ao ano de 2009 de 302%),
tendo influenciado diretamente pelo resultado negativo durante o exercício, ou
seja, prejuízo no período.
3.6 Análise do DRE
O faturamento da empresa apresentou um crescimento do ano de 2009
para 2010, na ordem de 48,25% e um crescimento de 23,2% em 2011 em
relação ao ano anterior. Isso indica uma forte evolução, considerando-se a
retração de mercado existente.
Através da análise vertical, percebe-se que o CMV oscilou em
conformidade com o faturamento, demonstrando que a empresa pratica uma
política de compra sustentável e criteriosa, pois a participação do custo das
57
mercadorias vendidas gira entre 77 e 78% do valor do faturamento da
empresa.
Observando as despesas financeiras, sua performance aponta para um
crescimento de 42,5% do ano de 2009 para 2010 e de 2010 para 2011, uma
redução de 9,82%. Esta elevação se justifica pelo crescimento observado nas
contas do Exigível em longo prazo, captados de instituições financeiras, de
R$ 8.800.000,00 para R$ 26.477.000,00.
Obviamente, observando as demonstrações contábeis em suas
sínteses, como Ativo, Passivo e DRE, não há como destacar a viabilidade de
um investimento específico, garantindo que ele já comprovou o retorno em
tempo esperado, mas, pode-se perceber claramente que os investimentos
conjuntos da empresa AmigãoLins estão proporcionando uma elevação
significativa nas receitas de vendas, conforme percebido e observado na DRE
(crescimento de 2009 a 2011 de R$ 148.534.000,00 para R$ 271.285.000,00,
elevação de 82,6%).
Observa-se também, que, o fato de que a empresa experimentou
prejuízo no ano de 2011 comprova que o responsável foi a captação de
recursos de longo prazo, para seus investimentos de crescimento, pois as
despesas financeiras apresentam uma elevação de 28,5% (de 2009 a 2011),
apontando um custo de capital de terceiros superior ao retorno sobre o ativo,
conforme cálculos no item 3.7. Percebe-se pelos demonstrativos que os itens
que colaboraram com o resultado negativo foram as despesas com pessoal e
despesas gerais que apresentaram crescimento superior ao crescimento de
vendas líquidas.
3.7 Análise do custo de capital de terceiros e alavancagem financeira
Avaliando o custo de capital de terceiros percebe-se que houve uma
variação de 9,988% para 8,19% do ano de 2010 para 2011. Ao mesmo tempo,
observa-se que os retornos sobre os ativos, dados pela fórmula RSA = LLAJIR
/ ATIVO TOTAL, dos dois anos foram, respectivamente, 14,38% e 6,46%.
Assim, em conformidade com a teoria vista no capítulo 2, Tófoli (2012) afirma
que o custo da dívida deve ser menor do que o retorno sobre o ativo, fato que
não ocorre no exercício de 2011. Na empresa pesquisada, no ano de 2011,
58
ocorre exatamente ao contrário, isto é, o custo da dívida (8,19%) foi maior que
o retorno sobre o ativo total (6,46%), conforme demonstração:
Quadro 3: Demonstração do Custo de Capital
Itens 2011
Capital de terceiros de curto prazo R$ 26.048.000,00
Capital de terceiros de longo prazo R$ 22.654,000,00
Total de capital de terceiros R$ 48.702.000,00
Despesas financeiras líquidas R$ 6.046.000,00 Desp Financ – Rec Financ
Alíquota do Imposto Renda 2010 34%
Desp. Financ. Líquidas do IR R$ 3.990.360,00 6.046.000(1-0,34)
Custo do capital de terceiros 8,19% (3.990.360,00 / 48.702.000,00)
Fonte: Elaborado pelos autores, 2012.
3.7.1 Alavancagem financeira da empresa
No cálculo da alavancagem financeira sustentada pelas equações
apresentadas por Gitman, (2004), no capítulo 2, pode-se perceber que, na
conjugação das fórmulas a seguir, a alavancagem do AmigãoLins encontra-se
comprometida.
ROA = LLAJIR / Ativo
RPL = LL / PL
GAF = RPL / ROA
Nos cálculos efetuados, foram encontrados os valores para o ano de
2011:
ROA = 5.091.000,00 / 78.759.000,00 x 100
ROA = 6,46%
RPL = LL / PL
RPL = (955.000,00) / 3.046.000,00
RPL = (31,35%)
GAF = RPL / ROA
59
GAF = (31,35%) / 6,46
GAF = (4,85)
Pelo resultado da aplicação das fórmulas, o resultado final encontrado
de um grau de alavancagem financeira de (4,85) retrata que o retorno para os
acionistas não foi alavancado financeiramente.
3.8 Valor Econômico Agregado – VEA
Conforme visto no Capítulo II, item 2.13, o VEA representa a medida de
criação de valor de uma empresa, isto é, o quanto o desempenho de suas
atividades criou de valor para a empresa, ou destruiu de valor.
Na empresa AmigãoLins, foi possível constatar as seguintes situações:
Quadro 4: VEA
Anos NOPAT WACC Investimentos WACC x Invest V E A
2009 3.802.000,00 12,84% 31.241.000,00 4.010.450,00 (207.530,00)
2010 8.203.000,00 10,43% 56.914.000,00 5.934,800,00 2.269.000,00
2011 3.360.000,00 8,48% 51.748.000,00 4.386.340,00 (1.026.280,00)
Fonte: Elaborado pelos autores, 2012.
Demonstrações dos cálculos:
NOPAT 2009 = 5.762.000 X (1-0,34) = 3.802.000,00
NOPAT 2010 = 12.430.000 x (1-0,34) = 8.203.000,00
NOPAT 2011 = 5.091.000 x (1-0,34) = 3.360.000,00
Imposto de renda e contribuição social sobre o lucro, calculados com
base no percentual praticado pela empresa no exercício de 2010.
Para o cálculo do WACC, as seguintes expressões:
Participações percentuais do Patrimônio Líquido sobre os investimentos
totais
PL% 2009 = 4.541.000 / 31.241.000 = 14,54%
PL% 2010 = 7.814.000 / 56.914.000 = 13,73%
PL% 2011 = 3.046.000 / 51.748.000 = 5,89%
60
Participações percentuais dos capitais exógenos sobre os investimentos
totais
FLP% 2009 = 26.700.000 / 31.241.000 = 85,46%
FLP% 2010 = 49.100.000 / 56.914.000 = 86,27%
FLP% 2011 = 48.702.000 / 51.748.000 = 94,11%
Calculando os respectivos WACCs e os custos dos capitais:
WACC 2009 = (0,1454 x 0,13) + (0,8546 x 0,1281) = 12,84%
Ki 2009 = (5.734.000 – 552.000) / (17.820.000 + 8.880.000) x (1-0,34) =
12,81%
WACC 2010 = (0,1373 x 0,13) + (0,8627 x 0,1002) = 10,43%
Ki 2010 = (8.174.000 – 721.000) / (22.623.000 + 26.477.000) x (1-0,34) =
10,02%
WACC 2011 = (0,0589 x 0,13) +(0,9412 x 0,0819) = 8,48%
Ki 2011 = (7.371.000 –1.325.000) / (26.048.000 + 22.654.000) x (1-0,34)
= 0,0819%
Observação: Considerando não se dispor da taxa de retorno exigida
pelos proprietários, aleatoriamente foi atribuída a taxa 13%, considerando-a
superior ao custo dos capitais de terceiros dos anos de 2009, 2010 e 2011,
uma vez que os retornos aos acionistas devem ser superiores aos custos de
capitais exógenos, conforme Tófoli (2012), item 2.6 e item 2.7.
O quadro a seguir evidencia os valores:
Quadro 5: Análises financeiras (Continua)
Itens / exercícios 2009 2010 2011
Patr Líquido 4.541.000,00 7.814.000,00 3.046.000,00
Cap. Terceiros 17.820.000,00 22.623.000,00 26.048.000,00
Cap. Terceiros 8.880.000,00 26.477.000,00 22.654.000,00
Total Cap Terc 26.700.000,00 49.100.000,00 48.702.000,00
Capital Total 31.241.000,00 56.914.000,00 51.748.000,00
% pl 0,1454 0,1373 0,0589
%k3 0,8546 0,8627 0,9411
desp fin 5.734.000,00 8.174.000,00 7.371.000,00
rec fin 552.000,00 721.000,00 1.325.000,00
61
(Conclusão)
Res Financ Líq 5.182.000,00 7.453.000,00 6.046.000,00
Ki 0,1941 0,1518 0,1241
Ki - ir(34%) 0,1281 0,1002 0,0819
Ki menos IR R$ 3.420.120,00 4.918.980,00 3.990.360,00
Ke 0,13 0,13 0,13
Ke em R$ 590.330,00 1.015.820,00 395.980,00
Lucro Op 5.762.000,00 12.430.000,00 5.091.000,00
Nopat 3.802.920,00 8.203.800,00 3.360.060,00
Ki menos ir R$ 34.201,20 49.189,80 39.903,60
wacc 0,1284 0,1043 0,0848
wacc x Inv 4.010.450,00 5.934.800,00 4.386.340,00
VEA -207.530,00 2.269.000,00 -1.026.280,00 Fonte: Elaborado pelos autores, 2012.
Pelas análises técnicas, percebe-se que a empresa gerou valor apenas
no exercício de 2010, enquanto que em 2009 e em 2011, destruiu valor.
3.9 Parecer final
Após a análise final dos dados da empresa, constata-se que a empresa
utilizou grande quantidade de numerários tomados de terceiros para expandir
os negócios. Analisando o ELP, percebe-se um crescimento de 198% de 2009
para 2010 e uma queda de 2010 para 2011 (-14,4%) denotando que a empresa
buscou um valor alto de capital de terceiros no ano de 2010 e a partir daí
alocou estes recursos no ativo, buscando aumentar seu patrimônio. Outro fator
preocupante é a alta participação do endividamento de curto prazo da
empresa, no ano de 2011, indicando que 67,7% dos seus ativos são
financiados por capital de terceiros, vencíveis em curto prazo.
Ao aplicar os indicadores de análise foi possível avaliar a situação da
empresa. O IEG mostra-se alto por demonstrar a estratégia de crescer usando
capital externo, não indicando insolvência, porém uma preocupação no tocante
ao alto grau de endividamento de curto e longo prazo em relação aos seus
ativos, motivados pelo custo financeiro destes capitais, em relação ao retorno
62
do ativo. Isto se confirma no IPCT, que indica um valor muito maior de capital
proveniente de terceiros se comparado ao capital aplicado pelos sócios. O ILC
permite observar que a empresa consegue saldar parte de seus compromissos
de curto prazo, no ano de 2011 (93,8%), e portanto sem folga financeira,
característica fundamental para o bom andamento das atividades.
Na análise dos valores econômicos agregados percebe-se que a
empresa agregou valor apenas no ano de 2010, desagregando valores,
consequentemente nos anos de 2009 e 2011.
Os investimentos aplicados nas empresas têm tempo de retorno
diferenciado dependendo do tipo de investimento. Uns retornam mais rápidos e
outros mais lentamente. Os investimentos realizados pela empresa AmigãoLins
refletem oportunidades que demandam mais tempo de retorno, haja vista que
as margens de lucro praticadas são reduzidas em função do ramo de negócio.
Apenas para evidenciar, no ano de 2011 onde houve maior lucratividade, a
margem líquida da empresa apontou para 1,49% das Receitas Líquidas.
Assim, não ser encontrado nas análises técnicas evidências que
comprovem a efetividade dos financiamentos realizados não significa
necessariamente que a empresa tenha realizado valorização de seus ativos
ineficientemente. Os investimentos exigem prazos para iniciar os retornos e,
neste segmento supermercadista, pode-se perceber suas respostas imediatas
pelas elevações dos faturamentos. A garantia do retorno se firmará com as
elevações de vendas, manutenção das margens brutas, equalização das
despesas operacionais. Na empresa analisada, percebe-se o crescimento das
vendas, manutenção do lucro bruto em torno de 22% e. sugere-se, a
verificação também do crescimento das despesas de pessoal e despesas
gerais, além do custo do capital captado, mormente os de curto prazo, que
costumam ser mais elevados e onerosos.
63
PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
A sugestão para aplicação nesta empresa para melhorar sua
alavancagem tem direta relação com manutenção das margens brutas e
controle de despesas internas. A margem bruta está relacionada com o preço
de venda, que é formado pelo Mark Up e pelo custo da mercadoria vendida,
que deve ser controlado para alternar conforme o faturamento.
Procurar baixar as taxas de juros dos valores tomados por empréstimos,
para reduzir o custo de capital da empresa, que pode ser obtida através de
uma vasta pesquisa de mercado – com as entidades financiadoras.
Também pode controlar melhor suas despesas gerais e de pessoal.
Melhorar a política de redução de custos, controlando individualmente cada
pacote de custos de cada área da empresa, através do Orçamento Matricial,
promovendo uma queda nas despesas e assim potencializando o lucro.
Se estes aspectos forem melhorados, O GAF e o ROA vão melhorar
trazendo resultados no curto e longo prazo, compensando todo o valor aplicado
com o objetivo de ampliar as operações da empresa.
64
CONCLUSÃO
Presentemente, empresas que adotam capital de terceiros como fonte
de recursos, utilizando dos ativos a custos fixos, alavancam os lucros da
empresa mais rapidamente. Fazem isso para suprir sua necessidade de capital
de giro ou de investimento, conduzindo a ganhos na produção. O AmigãoLins
tem como principal fonte de seus investimentos, recursos cedidos. Os
principais créditos utilizados, segundo pesquisa desenvolvida, são BNDES e
leasing. Considerando ser o objetivo do trabalho verificar os prós e contras da
utilização de capital de terceiros como principal fonte de recursos, observando
todo o Balanço Patrimonial do AmigãoLins durante os anos de 2010, 2011 e
2012, além do DRE, foi possível aprofundar significativamente na pesquisa,
haja vista a ampla utilização desse recurso pela empresa.
O fato de não ser encontrado nas análises técnicas evidências que
comprovem a efetividade dos resultados dos financiamentos realizados não
significa necessariamente que a empresa tenha realizado valorização de seus
ativos ineficientemente. Os investimentos exigem prazos para iniciar os
retornos e, neste segmento supermercadista, pode-se perceber suas respostas
imediatas pelas elevações dos faturamentos. A garantia do retorno se firmará
com as elevações de vendas, manutenção das margens brutas, equalização
das despesas operacionais. Na empresa analisada, percebe-se o crescimento
das vendas, manutenção do lucro bruto em torno ou superior a 22%. O
crescimento das despesas de pessoal e despesas gerais, além do custo do
capital captado, mormente os de curto prazo, que costumam ser mais elevados
e onerosos, chamaram a atenção e foram motivos de proposta de intervenção,
pois se acredita que a lucratividade será ainda maior, com a redução dessas
rubricas.
Com o BNDES disponibilizando capital a taxas mais atrativas ao
mercado, muitas empresas de pequeno, médio e grande porte como o Amigão
Supermercados de Lins investem consideravelmente nesta opção para
expansão de seu ramo de negócio. É possível verificar a expansão em seus
demonstrativos contábeis e analisar a real situação da empresa.
O índice de endividamento geral (IEG) do AmigãoLins manteve-se
sempre superior a 90%, o que demonstrou uma ousada estratégia de
65
crescimento, através da busca de recursos de credores para aumentar seu
patrimônio.
Nota-se também a alta incidência do capital de terceiros em relação ao
capital próprio, no ano de 2011, apontando para 2.485% da relação entre
ambos, enquanto que o endividamento geral da empresa nesse mesmo ano foi
de 96,13%, significando que de todo o ativo da empresa, 96,13% são
financiados por capital externo. E se não adotassem esta política, certamente o
crescimento seria menor utilizando apenas capital próprio. Em relação à
liquidez, para cada R$ 100,00 de dívida do Passivo Circulante (PC), a empresa
dispõe de R$ 94,00 de bens e direitos no Ativo Circulante (AC), fazendo face
aos compromissos de curto prazo. Avaliando a Liquidez geral, a empresa tem
competência técnica apenas para 75,9% de suas obrigações. Por se tratar de
uma empresa varejista, a melhora do giro do Ativo total, que em 2010 girou
2,55 vezes e em 2011, 3,44 vezes, indica melhora do desempenho e indícios
de que a empresa tem uma boa saúde financeira.
Vale ressaltar a queda de juros dos Bancos em 2012, como proposta
governamental, o que para a empresa AmigãoLins será de grande importância,
pois reduzirá seu Ke (custo de capital de terceiros). O faturamento em 2011
cresceu em relação ao ano anterior em 23,2%, isso indica uma forte evolução,
considerando-se a retração de mercado existente. Um fator preocupante é a
alta participação de endividamento em curto prazo no último ano, indicando
que 67,7% dos ativos são financiamentos externos de curto prazo,
representando, também os valores de longo prazo transformados em curto
prazo, em razão de suas datas de vencimentos e apropriação da competência
contábil
Como resultado final da pesquisa, os autores concluem ter sido de
relevante importância, de grande aprofundamento no assunto, pois a empresa
estagiada ofereceu todos os elementos necessários para o trabalho e uma
gama de exemplos significativos e farto material de pesquisa encontrado na
biblioteca.
Conclui-se que os objetivos foram atingidos e o problema de pesquisa
respondido, porém, em vista da profundidade do assunto, este trabalho poderá
receber continuidade de outros acadêmicos, pois não esgota o tema.
66
Registra-se, também, a importância do trabalho em equipe, que neste
caso foi muito importante e contribuiu muito para a realização da monografia,
havendo profundos debates para se chegar ao entendimento final.
67
REFERÊNCIAS
ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2005. ______ Finanças Corporativas e Valor. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2008. ASSAF NETO, A. N; LIMA, F. G. Curso de Administração Financeira. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2011. CATELLI, A. Controladoria: uma abordagem da gestão econômica. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2011. DICIONÁRIO HOUAISS DA LÍNGUA PORTUGUESA. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009. FERREIRA, J. A. S. Finanças Corporativas: conceitos e aplicações. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 10. ed. São Paulo: Pearson, 2004. LEMES JÚNIOR, A. B; RIGO, C. M; CHEROBIM, A. P. M. S. Administração Financeira: Princípios, Fundamentos e Práticas Brasileiras. Rio de Janeiro: Campus, 2002. MATARAZZO, D. C. Análise Financeira de Balanços: abordagem básica e gerencial. São Paulo: Atlas, 2003. PADOVEZE, C. L. Curso Básico Gerencial de Custos. São Paulo: Thomson, 2003. PADOVEZE, C. L.; BERTOLUCCI, R. G. Gerenciamento do Risco Corporativo em Controladoria. São Paulo: Cengace Learning, 2009. ROSS, A. S.; WESTERFIELD, W. R.; JAFFE, F. J. Administração Financeira. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2002. SANTOS, J. D. Valuation: um guia prático: metodologias e técnicas para análise de investimentos e determinação do valor financeiro de empresas. São Paulo: Saraiva, 2011. SILVA, J. P. Análise Financeira das Empresas. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2008. TÓFOLI, I. Administração Financeira Empresarial. São José do Rio Preto: Raízes, 2012. TÓFOLI, I. Administração Financeira Empresarial. Campinas: Arte Brasil Editora, 2008
68
APÊNDICES
69
APÊNDICE A – Balanço - Ativo e Passivo
ATIVO Contas
Ano 1 AV % Ano 2 AV % AH % Ano 3 AV % AHa %
Caixa e Bancos 1.138.000,00 2,23
1.782.000,00 2,06 56,59
3.023.000,00 3,84 69,64
Duplicatas a receber
14.377.000,00 28,22
24.329.000,00 28,14 69,22
23.229.000,00 29,49 -4,52
(Duplicatas descontadas) 0,00 0,00 - 0,00 -
(Prov. Cred. Liq Duvidosa) 0,00 0,00 - 0,00 -
Estoques 12.437.000,00 24,41
20.906.000,00 24,18 68,10
17.159.000,00 21,79 -17,92
Despesas antecipadas
1.269.000,00 2,49
3.555.000,00 4,11 180,14
3.541.000,00 4,50 -0,39
Outros Crèditos 2.374.000,00 4,66
3.725.000,00 4,31 56,91
2.377.000,00 3,02 -36,19
Aplicação Financeira
9.000,00 0,02
638.000,00 0,74 6988,89
166.000,00 0,21 -73,98
Impostos a Rec. 25.000,00 0,05
123.000,00 0,14 392,00
259.000,00 0,33 110,57
0,00 0,00 - 0,00 -
Total do AC 31.629.000,00 62,08
55.058.000,00 63,68 74,07
49.754.000,00 63,17 -9,63
Empréstimos a coligadas 0,00 0,00 - 0,00 -
Outros 4.146.000,00 8,14
9.439.000,00 10,92 127,67
7.727.000,00 9,81 -18,14
Total do RLP 4.146.000,00 8,14
9.439.000,00 10,92 127,67
7.727.000,00 9,81 -18,14
Imobilizado 10.356.000,00 20,33
10.956.000,00 12,67 5,79
10.040.000,00 12,75 -8,36
Intangível 4.815.000,00 9,45
11.009.000,00 12,73 128,64
11.238.000,00 14,27 2,08
(-) Depreciações 0,00 0,00 - 0,00 -
Total ativos: Int. Imob. Invest
15.171.000,00 29,78
21.965.000,00 25,40 44,78
21.278.000,00 27,02 -3,13
Ativo não circulante
19.317.000,00 37,92
31.404.000,00 36,32 62,57
29.005.000,00 36,83 -7,64
TOTAL DO ATIVO 50.946.000,00 100,00
86.462.000,00 100,00 69,71
78.759.000,00 100,00 -8,91
PASSIVO Contas Ano 1 AV % Ano 2 AV % AH % Ano 3 AV % AHa %
Empréstimos 17.820.000,00 34,98
22.623.000,00 26,17 26,95
26.048.000,00 33,07 15,14
Fornecedores 16.350.000,00 32,09
23.931.000,00 27,68 46,37
22.617.000,00 28,72 -5,49
Salários a pagar 260.000,00 0,51
970.000,00 1,12 273,08
1.015.000,00 1,29 4,64
Tributos a recolher
1.694.000,00 3,33
3.253.000,00 3,76 92,03
2.015.000,00 2,56 -38,06
Contas a Pagar 704.000,00 1,38
697.000,00 0,81 -0,99
667.000,00 0,85 -4,30
Prov Férias e encargos sociais
697.000,00 1,37
697.000,00 0,81 0,00
697.000,00 0,88 0,00
Total do PC 37.525.000,00 73,66
52.171.000,00 60,34 39,03
53.059.000,00 67,37 1,70
70
Financ BNDES 8.880.000,00 17,43
26.477.000,00 30,62 198,16
22.654.000,00 28,76 -14,44
Outras dívidas 0,00 0,00 - 0,00 -
Total do ELP 8.880.000,00 17,43
26.477.000,00 30,62 198,16
22.654.000,00 28,76 -14,44
Passivo não circulante
8.880.000,00 17,43
26.477.000,00 30,62 198,16
22.654.000,00 28,76 -14,44
Capital 3.000.000,00 5,89
3.000.000,00 3,47 0,00
3.000.000,00 3,81 0,00
Reservas 0,00 0,00 - 0,00 -
Reservas 0,00 0,00 - 0,00 -
Prejuizo Acum. 0,00 0,00 - 0,00 -
Saldo a disposição da AGO 0,00 0,00 - 0,00 -
lucro Acumulado 1.541.000,00 3,02 4.814.000,00 5,57 212,39
46.000,00 0,06 -99,04
0,00 0,00 - 0,00 -
Total do PL 4.541.000,00 8,91
7.814.000,00 9,04 72,08
3.046.000,00 3,87 -61,02
TOTAL DO PASSIVO
50.946.000,00 100,00
86.462.000,00 100,00 69,71
78.759.000,00 100,00 -8,91
DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS DO EXERCÍCIO
Contas Ano 1 AV % Ano 2 AV % AH % Ano 3 AV % AHa %
Receita líquida 148.534.000,00 100,00 220.200.000,00 100,00 48,25 271.285.000,00 100,00 23,20
CMV 116.231.000,00 78,25 169.697.000,00 77,06 46,00 212.375.000,00 78,28 25,15
LUCRO BRUTO 32.303.000,00 21,75 50.503.000,00 22,94 56,34 58.910.000,00 21,72 16,65
Despesas com Vendas 0,00 0,00 - 0,00 -
Despesas Com Pessoal 8.904.000,00 5,99 22.001.000,00 9,99 147,09 29.899.000,00 11,02 35,90
Despesas Tributarias 129.000,00 0,09 123.000,00 0,06 -4,65 109.000,00 0,04 -11,38
Comissões de Vendedores 0,00 0,00 - 0,00 -
Depreciação 0,00 0,00 - 0,00 -
Outras Receitas -152.000,00 -0,10 -138.000,00 -0,06 -9,21 -299.000,00 -0,11 116,67
Outras Despesas 0,00 0,00 - 0,00 -
Despesas Gerais 17.660.000,00 11,89 16.196.000,00 7,36 -8,29 24.169.000,00 8,91 49,23
Outras Receitas N. Op. 0,00 - 109.000,00 -0,05 - - 59.000,00 -0,02 -45,87
0,00 0,00 - 0,00 -
0,00 0,00 - 0,00 -
Res. Antes Desp Financ 5.762.000,00 3,88 12.430.000,00 5,64 115,72 5.091.000,00 1,88 -59,04
Despesas Financeiras 5.734.000,00 3,86 8.174.000,00 3,71 42,55 7.371.000,00 2,72 -9,82
Receitas Financeiras -552.000,00 -0,37 -721.000,00 -0,33 30,62 -1.325.000,00 -0,49 83,77
Res. Liq. Antes dos Tributos 580.000,00 0,39 4.977.000,00 2,26 758,10 -955.000,00 -0,35 -119,19
Imposto Renda e CSL 275.000,00 0,19 1.704.000,00 0,77 519,64 0,00 -100,00
Res. Líq Operaç Continuadas 305.000,00 0,21 3.273.000,00 1,49 973,11 -955.000,00 -0,35 -129,18
Res. Líq. Op Descontinuadas - 0,00 0,00 - - 0,00 -
Lucro Líquido 305.000,00 0,21 3.273.000,00 1,49 973,11 -955.000,00 -0,35 -129,18
71
APÊNDICE B – Indicadores Financeiros da Empresa
Índices de liquidez Formulas Ano 1 Ano 2 Ano 3
ILG (AC+RLP)/(PC+PNC) 77,09% 82,01% 75,92%
ILC AC / PC 84,29% 105,53% 93,77%
ILS (AC - Estq -
DespAntec) / PC 47,76% 58,65% 54,76%
Índice de endividamento
IEG (PC+PNC) / ATIVO 91,09% 90,96% 96,13%
IECP PC / ATIVO 73,66% 60,34% 67,37%
Índice de estrutura
IPCT (PC+PNC) / PL 1021,91% 1006,50% 2485,65%
IIPL ANC / PL 425,39% 401,89% 952,23%
72
APÊNDICE C – Roteiro de Estudo de Caso
1 INTRODUÇÃO
O objetivo do estudo de caso é de levantar e avaliar o grau de influência que os recursos de terceiros apresentam para o seu desempenho global na empresa Amigãolins Supermercado Ltda., visando o conhecimento destes procedimentos de forma que auxiliem no decorrer do processo de pesquisa. Serão descritos os métodos e técnicas de pesquisa assim como as dificuldades e facilidades encontradas no levantamento de dados. 1.1 Relato do trabalho realizado referente ao assunto estudado
a) A pesquisa contemplará as análises econômico-financeiras das de-monstrações contábeis disponíveis na empresa
b) Serão entrevistados: os sócios, o contador e profissionais da área 1.2 Discussão
Confronto entre teoria e a prática utilizada pela empresa. 1.3 Parecer final sobre o caso e sugestões sobre a manutenção ou modifi-
cações de procedimentos.
73
APÊNDICE D – Roteiro de Observação Sistemática I DADOS DE IDENTIFICAÇÃO Razão Social: ........................................................................................................ CNPJ: ................................................................................................................... Cidade:.........................................................Estado: ............................................. Atividade Econômica: ........................................................................................... II ASPECTOS A SEREM OBSERVADOS 1 Procedimentos contábeis 2 Evolução Financeira 3 Balanços e Demonstrações 4 Análise Econômico-Financeira
74
APÊNDICE E – Roteiro de Histórico da Empresa
I Identificação da Empresa Razão Social: ............................................................................................. CNPJ: ......................................................................................................... Cidade:.........................................................Estado: .................................. Atividade Econômica: ................................................................................. Início da Atividade: ..................................................................................... Porte: .......................................................................................................... Número de Empregados:............................................................................
II Aspectos a serem observados:
1 evoluções econômico-financeiras ..........................................................................................................
2 expansões com aquisições e/ou aberturas de filiais .........................................................................................................
3 situação atual .........................................................................................................
4 perspectivas .......................................................................................................
75
APÊNDICE F – Roteiro de entrevista para os sócios I DADOS DE IDENTIFICAÇÃO Qualificação profissional: ...................................................................................... Tempo de participação na sociedade: ................................................................... Formação acadêmica ........................................................................................... Experiências Profissionais: ................................................................................... II PERGUNTAS ESPECÍFICAS 1) Qual a importância da análise de crédito para tomar recurso de terceiro com base no balanço para a empresa? .............................................................................................................................. .............................................................................................................................. .............................................................................................................................. 2) A empresa utiliza a análise crédito antes de tomar suas decisões? .............................................................................................................................. .............................................................................................................................. 3) Qual é a análise das demonstrações financeiras na empresa para optar por recursos de terceiros? .............................................................................................................................. .............................................................................................................................. .............................................................................................................................. 4) A análise financeira de balanço facilita a compreensão sobre a situação financeira da empresa? .............................................................................................................................. .............................................................................................................................. .............................................................................................................................. 5) Como a análise das demonstrações contábeis influencia nas reuniões de planejamento para optar por capital de terceiros? .............................................................................................................................. .............................................................................................................................. .............................................................................................................................. 6) Quais as estratégias adotadas ao se perceber pontos negativos em alguma unidade de negócio da empresa? .............................................................................................................................. .............................................................................................................................. ..............................................................................................................................
76
APÊNDICE G – Roteiro de entrevista para o contador I DADOS DE IDENTIFICAÇÃO Qualificação profissional: ..................................................................................... Tempo que exerce o cargo na empresa: ............................................................... Formação acadêmica: .......................................................................................... Experiências Profissionais: ................................................................................... I PERGUNTAS ESPECÍFICAS 1) É possível obter um diagnóstico preciso sobre a situação da empresa sem a análise financeira de balanço? .............................................................................................................................. .............................................................................................................................. 2) Como os proprietários observam a análise das demonstrações contábeis? .............................................................................................................................. .............................................................................................................................. .............................................................................................................................. 3) Qual a importância de se identificar a performace de cada unidade de negócio? .............................................................................................................................. .............................................................................................................................. .............................................................................................................................. 4) Quais as dificuldades percebidas ao se contabilizar distintamente as unidades de negócio? .............................................................................................................................. .............................................................................................................................. .............................................................................................................................. 5) Qual o critério de rateio dos custos fixos entre as unidades de negócio? .............................................................................................................................. .............................................................................................................................. ..............................................................................................................................
77
APÊNDICE H – Roteiro de entrevista com profissionais da área I DADOS DE IDENTIFICAÇÃO Qualificação profissional: ..................................................................................... Formação acadêmica: .......................................................................................... Profissão: .............................................................................................................. Experiências Profissionais: ................................................................................... I PERGUNTAS ESPECÍFICAS 1) Quais as vantagens de se analisar financeiramente o desempenho de uma empresa? .............................................................................................................................. .............................................................................................................................. .............................................................................................................................. 2) Quais os pontos mais importantes a serem analisados para a compreensão da situação financeira de uma empresa? .............................................................................................................................. .............................................................................................................................. .............................................................................................................................. 3) As técnicas de análise financeira são de fácil aplicação? .............................................................................................................................. .............................................................................................................................. .............................................................................................................................. .............................................................................................................................. 4) É possível obter conhecimento sobre a situação da empresa sem a análise financeira de balanços? .............................................................................................................................. .............................................................................................................................. .............................................................................................................................. 5) Como é a aceitação da análise financeira no mercado atual? .............................................................................................................................. .............................................................................................................................. ..............................................................................................................................
78
ANEXOS
79
Anexo A – Balanço Patrimonial 2008/2009
80
Anexo B – DRE 2009/2010
81
Anexo C – Balanço Patrimonial 2010
82
Anexo D – Balanço Patrimonial 2009/2010
83
Anexo E – Balanço Patrimonial 2011
84
Anexo F – DRE 2011