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Consolidação das palestras do IV Seminário do Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável
Caminhos para a sustentabilidade
na pecuária
Caminhos para a sustentabilidade
na pecuária
1ª Publicação do GTPS desenvolvida a partir da consolidação das palestras apresentadas durante do IV Seminário Interno do Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável realizado em 29 de novembro
de 2012 em São Paulo, na sede da Dow Brasil.
COMISSÃO EXECUTIVA DO GTPS
PresidenteEduardo Bastos
Vice-PresidenteMauricio Campiolo
TesoureiroFernando Sampaio
COODENADORA EXECUTIVA
Sheila Guebara
ORGANIZAÇÃO DO IV SEMINÁRIO
André AguiarDaniela PeceriniMariana Orsini Sheila GuebaraThielle Rodas
PUBLICAÇÃO
Coordenação Sheila GuebaraCoordenação de Edição e Texto Luiz Antonio PinazzaProjeto Gráfico e Diagramação Neemias Alves (Acrimat)Colaboração Thielle Rodas, Clarissa Rosa (Acrimat) e Gislaine Balbinot (ABAG)Gráfica Studio4Fotos Sammy W. Oliveira e Rafael Manzutti
Da esquerda: Thielle Rodas, André Aguiar, Aline Carrara, Fernando Sampaio, Eduardo Bastos, Sheila Guebara, Miguel Calmom, José Guerrero, Mauricio Campiolo
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GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável
Palavra do Presidente
Eduardo Brito Bastos
Desde 2010 temos realizado dois seminários
anuais, em abril e novembro. Além de uma
oportunidade de reunir os associados e observa-
dores com os demais integrantes da cadeia, é um
bom momento para prestarmos contas do que te-
mos realizado.
Criado no final de 2007 e formalmente
constituído em junho de 2009, o GTPS é forma-
do por diferentes segmentos da cadeia de valor
da pecuária bovina no Brasil. Eles representam
as indústrias e as organizações de fornecedores
de insumos e máquinas, a produção e as orga-
nizações de pecuaristas, rede de distribuição
(atacado e varejo), serviços de crédito e seguro,
organizações da sociedade civil, centros de pes-
quisa e universidades. Mantemos diálogo cons-
tante com o governo, notadamente nas esferas
federal e estadual.
Debatemos e formulamos, de maneira trans-
parente, princípios, padrões e práticas comuns
a ser adotado pelo setor. Nosso objetivo é con-
tribuir para o desenvolvimento de uma pecuária
sustentável, socialmente justa, ambientalmente
correta, e economicamente viável.
O envolvimento dos segmentos componentes
da cadeia de valor e da sociedade civil é fundamen-
tal para o GTPS. Pretendemos ser pró-ativos nesses
desafios, ajudando a liderar o diálogo e construin-
do acordos na direção de uma pecuária sustentá-
vel, conscientes da responsabilidade socioambien-
tal de todos os envolvidos.
Passamos por diversas fases. De 2007 a 2009,
com a participação e a coragem dos pioneiros. En-
tre 2010 e 2012, uma fase de consenso para vali-
dação dos objetivos comuns, diante dos picos de
alta e baixa peculiar nas mesas redondas de cadeias
produtivas. Vamos para 2013 a 2015, com a reva-
lidação permanente e execução das ações. Sempre
norteados pelos nossos quatro princípios: melhoria
contínua, transparência e ética, boas práticas agro-
pecuárias e adequação legal.
Começamos com 17 instituições assinando
a Ata de Constituição do GTPS em 30 de junho
2009 (ABPO, ACRIMAT, Aliança da Terra, All
Flex, Aspranor, Rabobank, Santander, Bertin,
Carrefour, Frigol, IFC, Independência, Marfrig,
NWF, TNC, Wal-Mart e WWF). Ao longo destes
anos evoluímos bastante e chegamos a mais
de 60 oficialmente envolvidos em 2012, entre
associados e observadores conforme mostrado
a seguir, configuramos hoje uma das maiores
alianças multisetoriais do mundo dedicada à
pecuária bovina.
Princípios1. Melhoria contínua
2. Transparência e ética
3. Boas práticas agropecuárias
4. Adequação legal
Aprovados na Segunda Assembléia Geral Or-
dinária do GTPS em 14 de abril de 2011, São Paulo
INTRODUÇÃO
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GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável
Associados*
* Status dos Associados e Observadores atualizado em março/2013
Produtores• ABPO - Associação Brasileira de
Pecuária Orgânica
• ACRIMAT - Associação dos Criadores de Mato Grosso
• ACRIOESTE - Associação dos Criadores de Gado do Oeste da Bahia
• Associação dos Pequenos Produtores de Novo Santo Antônio
• ASSOCON – Associação Nacional dos Confinadores
• FAMASUL – Federação da Agricultura do Estado de MS
• Fazenda Nossa Senhora das Graças – André Bartocci
• Fazenda Lagoa Bonita – Sérgio Rocha
Indústria• ABIEC
• BRF
• JBS
• Marfrig
• Minerva
Comércio e Serviços• Arcos Dourados
• Carrefour
• Dow Agro Sciences
• Elanco
• Gelita
• McDonald’s Corporation
• MSD Saúde Animal
• Pão de Açucar
• Stoller
• Syngenta
• Wal Mart
Instituições Financeiras• IFC
• Rabobank Brasil
• Santander
Organizações da Sociedade Civil, Organizações Sindicais de Trabalhadores e outros• Aliança da Terra
• APPS – Associação dos Profissionais de Pecuária Sustentável
• GRSB - Global Roundtable for Sustainable Beef
• IMAFLORA - Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola
• IPAM – Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia
• Instituto Parceiros da Terra - Geobrother
• NWF - National Wildlife Federation
• Solidaridad
• TNC - The Nature Conservancy
• WWF Brasil
Associados Colaboradores(Instituições de ensino, pesquisa e extensão, públicas ou privadas, Instituições Governamentais e outras).
• SAE – Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República
• MMA – Ministério do Meio Ambiente
• Embaixada do Reino dos Paises Baixos
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Caminhos para a sustentabilidade na pecuária
Observadores*
* Status dos Associados e Observadores atualizado em março/2013
Produtores• Associação dos Criadores de Nelore
do Brasil
• ARCA Agropecuária
Indústria• Brazilian Leather – CICB
• Premix
Comercio e serviços• Agripoint (Beefpoint)
• AgroBras Consult
• Agrosuisse
• DNV – Det Norske Veritas
• North Trade
• Agrotools
• Via Verde Consultoria Agropecuária em Sistemas Tropicais
• VIS – Corretora de Seguros e Benefícios
Instituições financeiras• Banco da Amazônia
• Banco do Brasil
• BNDES
• Bradesco
• Itaú Unibanco
• ING Bank N.V
Sociedade civil e instituições de pesquisa• Amigos da Terra
• CEPPHOR – UnB
• FAEG
• Forest Footprint Disclosure
• Funbio
• FGV
• ISA – Instituto Socioambiental
• ICV – Instituto Centro da Vida
• Núcleo de Economia Agrícola (Unicamp)
• PENSA
• Universidade Federal de Viçosa
Governo• Embrapa Pantanal
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GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável
grupoBrasil
Associados
Comitê de Mediação
Comissão Executiva
Comissões
Coordenação Executiva
Comissão Técnica
Comissão de Incentivos Econômicos e Financeiros
Comissão de Disseminação
Subcomissão de Indicadores
Subcomissão Científica
Administrativo/Financeiro
ASSEMBLEIA
Conselho Fiscal
Conselho Diretor
Organograma
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Caminhos para a sustentabilidade na pecuária
Conselho diretor
Conselho fiscal
Produtores• ACRIMAT – Maurício Campiolo
• ABPO – Leonardo Leite de Barros
• FAMASUL – Eduardo Riedel
• Suplente – ASSOCON – Bruno Andrade
Indústria• JBS – Márcio Nappo
• Marfrig – Mathias Almeida
• ABIEC – Fernando Sampaio
• Suplente – Minerva – Carlos Barbieri
Comércio e serviços• Dow – Eduardo Bastos
• Pão de Açúcar – Paulo Pompílio
• Wal Mart – Camila Valverde
• Suplente - Stoller– Rodrigo Ferreira
Instituições financeiras• IFC – Deborah Batista
• Santander – Christopher Wells
• Rabobank – Antonio Guedes (interino)
Organizações da Sociedade Civil, Organizações Sindicais de Trabalhadores e outros• Aliança da Terra – Marcos Reis
• TNC – Miguel Calmon
• WWF Brasil – Cássio Moreira
• Suplente – APPS – Rodrigo Paniago
André BartocciFazenda N.S. das Graças
Paulo PianezCarrefour
Sebastião FariaMSD Saúde Animal
Comissão executiva - gestão 2012-2015
PresidenteEduardo Brito Bastos (Dow)
Vice-PresidenteMaurício Campiolo (ACRIMAT)
TesoureiroFernando Sampaio (ABIEC)
7
GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável
Plano de trabalho Ações para 2013 e 2014
Eduardo Brito Bastos
Como assumiu o compromisso com o des-
matamento zero, com a criação de condições e
formas de compensação para viabilizá-lo, o GTPS
e seus membros se comprometem a desenvolver
ferramentas e mecanismos para o monitoramen-
to, rastreamento, critérios de produção, compra
e financiamento, e incentivos econômicos para a
promoção da sustentabilidade na pecuária bovina.
O desafio é pavimentar o caminho para a sus-
tentabilidade econômica, social e ambiental da pe-
cuária brasileira, com a utilização de princípios e
critérios existentes e aceitos (como por exemplo
o BPA da EMBRAPA; Rainflorest Aliance – Pecuária,
Globalgap; GRI e IFC – Performance Standrds).
O estabelecimento de parcerias globais com
a Global Roundtable for Sustainable Beef (GRSB),
FAO / GAoA (Global Agenda of Action), Codegalac
(Ganaderia para América Latina) e outras inciativas
similares ajuda na busca de mais segurança ali-
mentar e proteção ambiental, não só para o Brasil,
mas para o mundo. Já iniciamos diálogos com ou-
tros países vizinhos como Argentina e Colômbia,
por exemplo, para montagem de suas próprias
mesas redondas.
Buscamos também a captação de recursos
através de fundos Brasileiros e Internacionais,
como o fundo holandês Farmer Support Program
(Programa de Apoio ao Produtor - FSP). Caso esse
recurso seja aprovado, no primeiro ano de ope-
ração, em 2013, focaremos nas propostas que
recebemos para Rondônia (Marfrig e Imaflora),
Bahia (Acrioeste e Profissional) e Mato Grosso do
Sul (Novilho Precoce, Carrefour, Rabobank, Banco
do Brasil e Iniciativa Verde). Na sequencia vamos
estender para novos projetos em mais regiões
brasileiras, como Pará e Mato Grosso, o objetivo
do GTPS é compilar os bons exemplos que os di-
versos elos da cadeia estão desempenhando em
cada projeto e consolidar esse aprendizado em
um guia que possa servir de referência para repli-
cação em outras regiões do país. Nesses projetos,
também haverá a implantação de unidades de-
monstrativas e capacitação de multiplicadores. O
desenvolvimento de projetos pilotos com o teste
dos critérios e indicadores do GTPS garantirá que
serão aplicáveis e adequados ao monitoramento
da melhoria contínua. Por isso, precisamos au-
mentar a capacidade interna do GTPS no que tan-
ge ao gerenciamento e administração de recursos
em preparação para as próximas fases.
É importante registrar que em 4 de maio de
2012, o GTPS assinou um Protocolo de Intenções
com o Governo Federal (MAPA, MMA e EMBRA-
PA) para cooperação no atingimento da meta de
recuperar 15 milhões de hectares de pastagens
degradadas, de acordo com o Plano Nacional de
Mudanças do Clima (Decreto Nº 7.390, de 09 de
dezembro de 2010, da Presidência da República).
Além desta importantíssima parceria com
Brasília, estamos em processo de formação das
parcerias locais, em trabalho conjunto com o
MAPA, MMA, Embrapa e a SAE (Secretaria de As-
suntos Estratégicos da Presidência da República),
primeiramente para o estado de Mato Grosso. A
seguir, virão os outros estados. O esforço será de
recuperação de pastagens degradadas, com forte
foco em manejo sustentável, evitando-se assim, a
futura nova degradação.
As frentes de atuação do projeto envolvem o
fortalecimento e a capacitação dos atores da ca-
deia produtiva comprometidos com a assistência
técnica e extensão rural. Os Centros de Capaci-
tação serão focados na montagem de unidades
modelo para a pecuária de corte, voltadas para a
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recuperação de pastagens degradadas e produção
sustentável, modelo de sucesso já comprovado
pelas Unidades Demonstrativas da Embrapa.
Também temos apoiado iniciativas governa-
mentais como o Plano ABC, o NIT (Núcleo de Inte-
ligência Territorial) e o Cadastro Ambiental Rural
(CAR), que servirão como instrumentos de plane-
jamento econômico e ambiental, com o desenvol-
vimento e a implementação de mecanismos eco-
nômicos para incentivar a adoção em escala das
boas práticas de pecuária. Já está em andamento
a estruturação de um Acordo de Cooperação Téc-
nica com MMA focado em promoção da regulari-
zação ambiental de imóveis através conscientiza-
ção, em cooperação com o Núcleo de Inteligência
Territorial (NIT).
Aberto a outras inciativas, o Mc Donald’s,
Marfrig, Acrimat iniciaram a estruturação de um
Piloto de Rastreabilidade. Da mesma forma, os
projetos e desenvolvimento de produtos estabele-
cem convênio com empresas de tecnologias, para
o uso das ferramentas de GIT. Estamos envolven-
do também a pecuária de leite, com o aumento
da competitividade de pequenos e médios pro-
dutores de leite, discutindo uma possibilidade de
projeto piloto no Vale do Paraíba, Estado de São
Paulo e iniciamos uma conversa com o Estado do
Rio de Janeiro.
Muito foi feito, notadamente nos últimos 40
anos, para a pecuária brasileira. Sem dúvida, temos
uma história de sucesso, somos um dos maiores e
melhores em produção bovina no mundo. Entretan-
to, podemos e precisamos fazer ainda mais. Existe
muito espaço para avançar no diálogo e nas ações
intra e intersetoriais, no sentido de levar a infor-
mação correta, baseada em ciência, aos diferentes
elos da cadeia produtiva, bem como à opinião pú-
blica. No GTPS esperamos entregar os planos, no
próximo triênio, com alianças estratégicas entre as
representações interessadas direta ou indiretamen-
te com essa importante cadeia produtiva. Cabe a
nós realizar a promessa do futuro, agora.
(*) Presidente do GTPS e Relações Institucionais
da DOW Brasil.
SUMÁRIO
Comissão Técnica - Fernando Sampaio .............................................................................................10
Subcomissão de Indicadores - Aline Angotti Carrara ........................................................................11
Comissão de Disseminação - Aline Carrara e José Benito Guerrero ...................................................11
Comissão de Incentivos Econômicos e Financeiros (CIEF) - Miguel Calmom ...................................12
Plano Pecuário - Francisco Sergio Jardim ...........................................................................................13
Radiografia da pecuária brasileira - Francisco Villa ..........................................................................15
Plano agrícola e Pecuário 2012/13 - João Claudio ............................................................................16
Rally da Pecuária - Gustavo Camarotti ..............................................................................................18
Mesa Redonda para o Beef Sustentável - Cameron Bruett e Daniel Boer ...........................................19
Agropecuária e conservação: onde pode ser o espaço de cada um? - Gerd Sparoveck ...................20
Agricultura Sustentável para o Desenvolvimento Rural - Renato Brito ............................................21
Rede de Pesquisa PECUS Pecuária Sustentável – Pecuária de Sucesso Dinâmica de GEEs em sistemas de produção da agropecuária brasileira - Patrícia Perondi Anchão Oliveira ......................22
Projeto Verde Rio e a Plataforma Brasileira de Carbono (BBCO2) Paulo Borges e Flavio Menezes ...........................................................................................................24
Mercado REDD para a pecuária bovina -Marco Antonio Fujihara .....................................................27
Escala e Abrangência do Programa do Novilho Precoce - Davi Jose Bungenstab .............................28
Núcleo de Inteligência Territorial (NIT) e a Dinâmica Agrícola Nacional - Arnaldo Carneiro Filho ..30
Gestão Integrada de Território (GIT) - Breno Felix ...........................................................................31
Geo (R)evolução da Pecuária Brasileira – Proposta de Rating - Fernando Sampaio ..........................33
Global Agenda Action - Henning Steinfeld ........................................................................................34
Mecanismo LNAE: O mecanismo de Expansão Agrícola e Produtividade na Pecuária Bernardo Strassburg ..........................................................................................................................35
Código de Conduta para Membros do Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável ......................39
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Caminhos para a sustentabilidade na pecuária
Comissão TécnicaFernando Sampaio (*)
A comissão técnica possui como função propor
soluções para melhorar a eficiência de uma
maneira geral da pecuária brasileira. Fizemos al-
gumas reuniões para chegarmos ao consenso de
como levar eficiência aos criadores, através do de-
senvolvimento de indicadores.
O desenho de uma pirâmide ajuda entender
a área de produção. No topo aparecem os pecua-
ristas profissionais e bem informados, que partici-
pam de eventos como congressos e dias de cam-
po, recebem assistência privada e contam com os
times de fomento dos frigoríficos. Na base estão
as propriedades dispersas e carentes de assistên-
cia com bovinos, em que o retorno das ações de
apoio é pequeno.
Sobra o meio formado pela classe média,
sem escala de produção, mas dependente da
renda proporcionada pela pecuária. Muitas delas
não terão condições de serem transformadas em
agricultura, sendo empurrada para as áreas margi-
nais. Emerge então a questão sobre como fazer a
transferência de tecnologia e quebrar o estado de
sobrevivência, onde a degradação das pastagens é
mera consequência.
Nesse sentido foi montado um plano de
trabalho em cima de quatro passos básicos,
a saber:
1º Levantar e saber a tecnologia disponível para
ser aplicada. Como estão dispersas em diferentes
fontes de consulta, as informações precisam ser
juntadas para servirem de plataforma de conheci-
mento e material de apoio;
2º Seleção dos municípios prioritários a serem as-
sistidos em função da falta de alternativa e dos
seus baixos níveis de produtividade na pecuária;
3º Encontrar parceiros para desenvolver os ser-
viços de extensão rural junto a EMATER, SENAR
e empresas privadas, com treinamento teórico e
prático sobre pastagem, nutrição, sanidade, bem
estar e gestão administrativa;
4º Montar as unidades de demonstração como
centros de disseminação da capacidade de trans-
formação das propriedades, para visita, realiza-
ção de dias de campo e e grupos para troca de
experiência.
O trabalho a partir de agora será de validação
de metodologias e acompanhamento dos projetos
de transformação. A realização de workshops sobre
temas específicos permitirá apresentar os modelos
disponíveis e em funcionamento, de fácil aplicação
e impacto rápido. Isso subsidiará a formação de um
Guia para melhorar a capacidade de diagnóstico e
execução, além de servir como plataforma para a
troca de informações geradas pelas universidades
e centro de pesquisa sobre emissão, sequestro e
estoque de carbono.
(*) Diretor Executivo da ABIEC e Coordenador da
Comissão Técnica do GTPS
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GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável
Subcomissão de Indicadores
Aline Angotti Carrara (*)
Começamos em 2009 e evoluímos em alguns
protocolos sotoriais. Como a subcomissão
é temporária, o nosso projeto tem por objeti-
vo promover uma plataforma de indicadores de
melhoria contínua aplicável para cada elo da ca-
deia produtiva da carne bovina. No momento em
que a plataforma estiver estruturada e a partir
da geração de resultados, desenvolveremos me-
canismos de avaliação e verificação destes re-
sultados.
Na composição da comissão é muito impor-
tante que estejam representados todos os elos
da cadeia. Como sabemos, o protocolo é pionei-
ro, em relação ao outros como Europgap e Glo-
balgap, pois pretende ser aplicado em todos os
elos da cadeia. A falta de representação setorial
dificulta em muito o processo de construção de-
mocrática e validação da ferramenta. Pedimos,
portanto, a indicação de pessoas e/ou institui-
ções relevantes que possam vir a contribuir com
o processo.
Os objetivos do comitê são de criar indica-
dores setoriais, estruturar a documentação de
gestão, organizar e aplicar os critérios propos-
tos de melhoria contínua, estabelecer prazos,
aperfeiçoar os meios de aferição, verificação,
avaliação e monitoramento. As auditorias de ter-
ceiras parte fazem parte das diretrizes.
O cronograma das reuniões mensais esta-
belece as datas para ocorrer um dia antes da
reunião Conselho Diretor e a Assembleias.
(*) WWF-Brasil e Coordenadora da Subcomissão de
Indicadores do GTPS
Comissão de Disseminação
Aline Carrara (*) e José Benito Guerrero (**)
A comissão de Disseminação tem como princi-
pais objetivos a divulgação do conhecimento
científico e a disponibilização de tecnologias de-
senvolvidas para o fomento de uma pecuária mais
sustentável. Para isso pretende fomentar a reorga-
nização da extensão rural, através da valorização
dos técnicos e produtores agropecuários por meio
do treinamento e capacitação e a implantação de
unidades demonstrativas. Por meio da seleção de
áreas estratégicas de atuação e a identificação de
propriedades rurais (públicas e/ privadas) de re-
ferência na produção sustentável de carne bovi-
na, bem como a disseminação dos resultados de
projetos-piloto e casos de sucesso, busca-se for-
necer informação de qualidade para a elaboração
do conteúdo da equipe de comunicação com a mí-
dia e uma melhor articulação entre as diferentes
entidades representativas do setor.
A promoção de ações de divulgação do GTPS
em áreas estratégicas de pecuária para aumentar
o nível de conhecimento e a sua atuação junto a
produtores rurais, lideranças rurais ou setores re-
presentativos também é um objetivo importante
da comissão. Criado em 2011, a comissão é res-
ponsável por compilar, consolidar e elaborar ma-
terial para promover as boas práticas produtivas
e tecnologias inovadoras para o setor da pecuária
bovina de corte.
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Caminhos para a sustentabilidade na pecuária
Atualmente a comissão está em fase de rees-
truturação para inclusão de novos membros. A mes-
ma deverá contar com representantes dos diversos
elos da cadeia produtiva da carne, e também com
membros de renomeadas instituições de pesquisa e
universidades, bem como com profissionais da área
de comunicação. Em uma próxima fase, a comissão
deverá concluir a revisão do plano de trabalho com
a definição de um cronograma de atividades e iden-
tificação das necessidades orçamentarias para o ano
2013. Um calendário de reuniões mensais já foi defi-
nido e a comissão está aberta para pessoas e/ou ins-
tituições que possam vir a colaborar com o trabalho.
(*) WWF-Brasil e (**) The Nature Conservancy (TNC)
Coordenadores da Comissão de Disseminação
Comissão de Incentivos Econômicos e Financeiros
(CIEF)Miguel Calmom (*)
Debruçamos no esforço para definir o rumo
de como levar incentivos e mudar a trajetó-
ria do produtor. A nossa função como comissão é
muito mais de apoio e direcionamento, do que na
execução propriamente dita. Nesse trabalho iden-
tificamos três principais atribuições. A primeira
de contribuir para o aumento do uso e acesso ao
crédito, moldando e direcionando o mesmo para
o lugar certo. A segunda é de viabilizar na ponta a
aplicação de estímulos econômicos e financeiros.
A terceira é apoiar e promover as políticas públi-
cas em prol da pecuária sustentável.
Com 22 membros, aumentamos na Comissão
o número de participantes com mais experiência e
expertise na área de produtiva e mecanismos eco-
nômicos. Aumentamos ainda a nossa representa-
tividade em termos de geografia, o que ajuda a
entender as necessidades e desafios que devemos
atuar e mudar. Faltava ainda maior participação
de produtores para termos um maior senso das
necessidades de quem vai fazer acontecer no cam-
po. Com isso, ganhamos capilaridade para ouvir e
trazer informações para o grupo.
Também estabelecemos três ações para dar
foco em nossa linha de trabalho. Primeiramente, va-
mos avaliar os gargalos para facilitar o acesso ao Pro-
grama ABC, como ajudar num esforço liderado pela
SAE e MAPA para a regionalização do mesmo. Essa
será uma tarefa adicional aos levantamentos dos gar-
galos feitos pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da
Amazônia (IPAM), a Confederação Nacional da Agri-
cultura e Pecuária (CNA) e a Associação dos Criadores
de Mato Grasso (ACRIMAT). Em segundo lugar, aju-
dar na expansão e replicação do programa do Novi-
lho Precoce - MS. Por último, identificar mecanismos
e ferramentas que possam ajudar os produtores no
cumprimento do novo Código Florestal.
Esperamos, dessa maneira, junto com as
outras comissões do GTPS, operar em sinergia e
com agregação de valor à cadeia de valor da pe-
cuária bovina.
(*) Gerente de Segurança Alimentar, Região América
Latina, The Nature Conservancy (TNC) e Coordenador da
Comissão de Incentivos Econômicos e Financeiros do GTPS
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GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável
Plano PecuárioFrancisco Sergio Jardim (*)
Esse evento é bem apropriado para fazermos
uma rememória da história dos alimentos no
Brasil, com a colocação de alguns pontos interes-
santes. No começo dos anos setenta, logo depois
de formado, comecei a minha carreira no MAPA. O
ambiente era bem diferente de agora, com o Brasil
na condição de um grande importador de alimen-
tos, apesar de contar com solo, água e clima ( chu-
va, luz e calor). Obviamente, havia um sentimento
de frustração com aquela situação.
Na época, o então Ministro da Agricultura Cir-
ne Lima, levantou apropriadamente a questão das
grandes importações de víveres pelo Brasil. Era
um desafio para o governo. Saímos então atrás
das respostas.
Com a formulação do I Plano Nacional de
Desenvolvimento (PND), estratégias foram con-
cebidas para reverter a situação desfavorável das
repetidas crises internas de abastecimento de ali-
mentos. Entre as prioridades estabelecidas esta-
vam a montagem de uma unidade nacional para
a produção de conhecimento, com a criação da
Empresa Brasileira da Pesquisa Agropecuária (EM-
BRAPA). Outro item definia a necessidade de levar
a produção do litoral para o interior do país.
Assim o Brasil foi ocupado no seu interior e
chegou a essa posição privilegiada de grande ex-
portador mundial de alimentos. Essa mudança ra-
dical não ocorreu ao acaso e de forma imediata. A
mudança aconteceu ao longo desses últimos qua-
renta anos. Plantou-se uma ideia correta e fizemos
essa colheita maravilhosa.
O país galgou o posto mundial de quinto pro-
dutor e terceiro exportador de produtos da agro-
pecuária, dominou a tecnologia da agricultura tro-
pical para produção de grãos e é líder na produção
de energias renováveis como biocombustíveis.
A pecuária nacional utiliza perto de um quar-
to do seu território para sustentar o maior reba-
nho industrial de bovinos do planeta, com aproxi-
madamente 210 milhões de cabeças. A proposta
do MAPA é junto com a participação da cadeia
produtiva constituir um grupo de trabalho e lançar
o Plano Pecuário para as próximas décadas.
Temos consciência dessa tarefa desafiadora
de construir um modelo exequível, baseado no
incentivo à produção. Iremos promover um enten-
dimento amistoso e integrado entre as partes. A
fidelização de produtores, indústrias e mercados
constitui a melhor para atender o consumidor. É
um cenário onde todos ganham.
A produção com planejamento exige uma
avaliação pormenorizada do ambiente de negócio.
Essa execução não é simples tendo em vista vincu-
las diversos fatores complexos. As discussões do
Código Florestal mostram as dificuldades para se
poder a unanimidade do setor.
Contamos com as ferramentas tecnológicas
para desenvolver as boas práticas agropecuárias,
em cima de um modelo de gestão com foco na
sustentabilidade. Visitamos a Valec para entender
melhor os problemas das logísticas. Precisamos
saber sobre as demandas. O melhoramento ge-
nético e a manutenção de matrizes, somado ao
aumento da taxa de desfrute do rebanho deve
vir acompanhada da classificação e tipificação de
carcaça. Essas entre as tantas outras ações levará
a melhoria da qualidade e a competitividade dos
nossos produtos.
Enquanto a agricultura avança, fica incom-
preensível a visão extrativista da pecuária. O
Programa da Agricultura de Baixo Carbono
(ABC) representa um estimulo significativo para
a atividade ser avaliada em termos de promo-
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Caminhos para a sustentabilidade na pecuária
ção de arrobas de carne por hectare e de litros
de leite por hectare. A obra não é fácil. Traba-
lhamos na produção de vitelo com 5 cabeças
por hectare e abate em dez meses. A tecnologia
é sofisticada, mas a conta não fecha devido ao
custo elevado. Precisamos transformar a cria-
ção em exploração econômica e profissional,
com o domínio da tecnologia dos trópicos, a
exemplo da agricultura.
(*) Assessor especial do Ministro do MAPA
Brasil: Destino da produção em 2022
USO ÁREA
Floresta Amazônica 345
Pastagem 220
Áreas Protegidas 55
Culturas Anuais 47
Culturas Perenes 15
Cidades, lagos e estradas 20
Florestas Plantadas 5
Outros Usos 38
Disponíveis à agricultura 106
TOTAL 851
Fonte: IBGE e MAPA
Brasil: Destino da produção em 2022
PRODUTO MERCADO INTERNO
Soja 56%
Milho 84%
Frango 63%
Bovino 80%
Suíno 81%
Fonte: MAPA
Brasil: Projeção da Produção. Milhões de toneladas
PRODUTOS ANO
ACRÉSCIMO 2012 2022
1. G
RÃ
OS
Soja 66,4 98,5 32,1
Milho 72,6 82,0 9,4
Trigo 5,8 10,0 4,2
Arroz 11,6 18,6 7,0
Feijão 2,9 5,0 2,1
Sub total 159,2 214,0 54,8
2. C
AR
NE
Frango 13,2 21,7 8,5
Bovino 8,5 13,0 4,5
Suíno 3,4 4,6 1,2
Sub total 25,1 39,3 14,2
Fonte: MAPA
Mundo: Demanda de proteína animal
REGIÃO BOVINA SUÍNA AVES PESCADO
China 204 88 360 172
América Latina 41 44 48 54
OCDE 12 10 Nd Nd
Mundo 34 54 63 55
Fonte: Global Soy Forum
Brasil: Exportação de produto em mil toneladas
PRODUTO 2012 2022 Var %
Milho 10.717 14.208 32,6
Soja em Grão 34.139 44.919 31,6
Soja Farelo 14.441 16.096 11,5
Soja Óleo 1.556 1.685 8,3
Frango 4.191 5.658 35,0
Bovina 1.344 1.613 20,0
Suíno 532 655 23,1
Leite (*) 124 128 2,7Fonte: MAPA (*) milhões de litros
15
GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável
Radiografia da pecuária brasileira
Francisco Villa (*)
Trazemos um conjunto de slides para fazermos
uma reflexão. Fizemos uma seleção em torno
dos assuntos mais provocantes. Depois de cinco
mil anos de uma definição do processo de pro-
dução, defrontamos com o desafio de explicar a
essência da pecuária em termos de uma proposta
mais dinâmica e complexa.
Depararemos diversas vezes com a pergunta
de quem mandará na pecuária: recursos naturais,
tecnologias e pessoas. Certamente, o Brasil agro
no horizonte de 2010 a 2020 passa pela avaliação
do lugar, negócio e tempo certos. Dizer sobre o
potencial do país na produção não significa dire-
tamente a sua posição direta de potência no se-
tor. Muitas vezes isso interpretado dessa maneira
aqui, mas não é lá fora.
Temos de fato uma janela de oportunidades
na agropecuária. Não obstante, devemos conside-
rar a pavimentação desse caminho como o traba-
lho árduo de fazermos o mapa para transformar o
potencial de produção em potência. Vamos pensar
como o Brasil deve utilizar as suas potencialida-
des nos próximos dez anos. Na América Latina
existem outros metros quadrados em condições
semelhantes às nacionais.
Sabemos que a produção de alimentos preci-
sa crescer em 70% até 2050. No entanto, a produ-
tividade das terras agrícolas atuais pode dobrar
até 2030. O problema do futuro não é de escas-
sez, mas de excesso na oferta de alimentos. Mes-
mo a considerar a demanda de bioenergia, haverá
consumidor para essa produção? E se a renda do
produtor não crescer?
Na linha do tempo, ficamos milhares de anos
sem mudanças. Então, o homem deixou de ser
nômade e formou o comércio. Veio a organiza-
ção territorial e a formação das cidades. Com a
burguesia apareceu o comércio e a divisão do tra-
balho. A democracia proporcionou os sala´rios e
a propriedade privada. Chegamos a globalização
com os serviços, tecnologia e conhecimento.
A nossa frente próxima, ainda na antessa-
la, está o salto tecnológico. Não entramos ainda
nessa fase luminosa. Como se reinventa continu-
amente, a tecnologia aumenta a velocidade das
mudanças e encurta o tempo. Os computadores
estarão cada vez a disposição dos cientistas e au-
xiliaram nas novas descobertas. A agricultura ade-
riu a modernidade há mais de cem anos, enquanto
a pecuária há 30 anos. Depois de 2020, o conhe-
cimento dobrará a cada noventa dias. Aparecerão
novas aristocracias geradoras de conhecimento.
Assistiremos passos incríveis. A tecnologia
amplia as células, as bactérias, os vírus e a nano
levará mensagens e soluções através do sangue
do animal. Já temos a vacina para castração.
Na estrutura do mercado brasileiro de carne
bovina estão por volta de 150 empresas de insu-
mos e 83 frigoríficos com serviços de inspeção e
fiscalização, em convivência com 1,2 milhão de
pecuaristas tomadores de preços com fraca união
e articulação. Na lógica futura o caminho será a
transformação dos fatores (terra, capital e mão de
obra) em produtos para obter, com sistemas pro-
dutivos em gestão empresarial.
As empresas de insumo costumam oferecer
produtos para a fazenda e não soluções para o ne-
gócio. Esse é um ponto para a nossa reflexão. Não
há visão sistêmica. O produtor escolhe a raça e o
sistema produtivo. O confinamento termina todo
tipo de animal. O frigorífico transforma animais
não padronizados. Para terminar, o consumidor
compra o que encontra.
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Caminhos para a sustentabilidade na pecuária
Teremos uma inversão da lógica na cadeia
produtiva da carne. O consumidor definirá a car-
ne da sua preferência e exigirá qualidade, preço
e conveniência. O frigorífico encomendará e o
confinamento articulará a produção, enquanto
os insumos assessorará a cria, recria e engorda
de animais com padrão genético definido. Como
a dinâmica cumpre uma abordagem integrada, o
sistema ganhará em sustentabilidade.
A derrocada da carne bovina nos Estados Uni-
dos faz parte das mega tendências nas carnes. O
consumo de frango e carne branca no país cresceu
substancialmente depois da segunda grande guer-
ra, com a adoção de modelos mais intensivos de
produção, a proliferação das cadeias de fast food,
supermercados e o uso de aparelhos caseiros de
armazenagem. Desde o pico de consumo de carne
bovina em 1976, assiste-se um declínio, com a in-
fluência dos guias de alimentação e a associação
das gorduras saturadas e o colesterol com as do-
enças cardíacas.
Historicamente, a falta de comida sempre
alarmou o mundo. Tivemos a profecia de Malthus
e as descobertas em nutrição de plantas, o avan-
ço da mecanização e chegada da biotecnologia.
Praticas de produções centenárias foram moder-
nizadas como a rotação de culturas e o plantio di-
reto. A adubação química criada por Liebig foi um
marco. A capacidade humana mostra superação
das limitações físicas da natureza. O proporção de
pessoas que passam fome caiu ao longo do tempo
e hoje está por volta de 10%.
Duas forças são emergentes no negócio da
pecuária; as empresas produtoras de produtos a
partir de resíduos e os frigoríficos com os seus
confinamentos. Pressões nos custos de produção
extras fazendas interferirão na geografia da cria-
ção. As soluções estão em processo de definição
para atender as especificidades das propriedades.
O modelo da competitividade envolve produzir
mais, melhor e com rapidez, com uso inteligente
dos recursos naturais em tempo integral. É uma
aliança entre pessoas e tecnologias.
A perenidade do negócio familiar na pecuária
começa pelo sucesso do empreendimento e capa-
cidade de gerar sustenta para a família. A suces-
são e passagem do comando é uma fase delicada.
A sustentabilidade é adquirida com a sociedade
e abrangência o horizonte. Há mudança de gera-
ções e a figura da mulher ganha espaço na tomada
das decisões.
A sustentabilidade e a sucessão familiar fazem
parte da estratégia preservacionista. O primeiro é
de ordem humanitária global, enquanto o segundo
é individual e limitado. Ambos buscam equilíbrio
dinâmico, com visão e impactos de longo prazo.
Existe o envolvimento de diferentes grupos de in-
teresse e elevada carga de emoção, sem falar no
conflito entre o uso futuro e o aqui e agora.
(*) Economista, consultor internacional, conselheiro do
Cosag/Fieesp e da Sociedade Rural Brasileira.
Plano agrícola e Pecuário 2012/13João Claudio (*)
A evolução do financiamento rural entre as sa-
fras 2003/04 e 2012/13, de junho e junho,
tem sido em constante crescimento, em termos de
volume programado e aplicado.
O Plano Agrícola e Pecuário (PAP) 2012/13
foi montado com a expectativa inicial de colher
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GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável
170 milhões de toneladas de grãos, fibras e ole-
aginosas. Hoje as estimativas de área plantada e
de produção foram reajustadas, respectivamente,
para 50,91 a 52,22 milhões de hectares e 176,83
e 181,55 milhões de toneladas.
Além de garantir a segurança alimentar, o
PAP estabeleceu recursos para o crédito rural, de
R$ 115,2 bilhões, sendo R$ 93,9 bilhões a juros
controlados e R$ 21,3 bilhões a juros livres.
As políticas de apoio ao produtor são regio-
nalizadas com foco nas realidades locais, com
prioridade nos investimentos em armazenagem,
irrigação, correção e conservação de solos, má-
quinas e implementos agrícolas.
Entre as principais medidas de incentivo a
produção constam a redução dos custos finan-
ceiros e o aumento do limite de financiamen-
to ao produtor. Existem medidas específicas
como o Programa Nacional de Apoio ao Médio
Produtor Rural (PRONAMP), o Apoio a Pecuária
Bovina de Corte e Leite, os Fundos Constitucio-
nais de Financiamento, Apoio a Suinocultura,
Caprinocultura e Ovinocultura e as Cooperati-
vas Agropecuárias.
Como Mecanismo de Financiamento e Estí-
mulo à Produção Sustentável do Agronegócio,
existe o Plano Setorial e Mitigação e de Adap-
tação às Mudanças Climáticas para a Consoli-
dação de uma Economia de Baixa Emissão de
Carbono na Agricultura
A aplicação do crédito rural destinado ao Pro-
grama agricultura de Baixo Carbono (ABC) no pe-
ríodo de julho/11 a junho/12 totalizou R$ 1,516
bilhão a mais em relação a igual período da safra
anterior, quando foram aplicados R$ 418,5 mi-
lhões. Para apresente temporada a dotação foi de
R$ 3,4 bilhões.
Fazem ainda parte do PAP 2012/13 a amplia-
ção do Seguro Rural e o Proagro.
(*) Departamento de Economia Agrícola da secretaria
de Política Agrícola do MAPA.
Brasil: Crédito rural programado e aplicado. (Em R$ bilhões)
SAFRA PROGRAMADO APLICADO
2003/04 35,3 27,0
2004/05 42,7 39,0
2005/06 44,0 42,3
2006/07 50,0 46,0
2007/08 65,9 58,0
2008/09 65,0 64,9
2009/10 93,0 86,8
2010/11 100,0 84,2
2011/12 107,0 93,5
2012/13 115,0 -Fonte: MAPA
Compromissos da Agricultura de 2010 a 2020 (em milhões de hectares)
PRÁTICAS AGRÍCOLAS SUSTENTÁVEIS
ÁREAREDUÇÃO DE GEE (**)
Áreas de pastagens degradadas
15,0 83 a 104
Integração lavoura-Pecuária-Florestas
4,0 18 a 22
Sistemas de plantio direto na palha
8,0 16 a 20
Área de florestas plantadas 3,0 10
Fixação biológica na produção de grãos
5,5 8 a 10
Tratamento de dejetos de animais (*)
4,4 6,9
(*) milhões de m3 , (**) Gases de Efeito Estufa – milhões de toneladas equivalente CO2
Fonte: MAPA
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Caminhos para a sustentabilidade na pecuária
Rally da PecuáriaGustavo Camarotti (*)
Realizados em duas versões, numa parceria em a
Agroaconsult e a os objetivos do Rally são de ava-
liar a pecuária brasileira com respeito as condições
das pastagens e os índices zootécnicos, bem como
melhorar a base estatística da pecuária brasileira.
Foram montadas e distribuídas 5 equipes,
que rodaram 52 mil km em noves estados respon-
sáveis , por 75% do rebanho bovino e 85% da pro-
dução de carne nacional, com a realização de 13
eventos regionais e 5 encontros com pecuaristas,
com público estimado de 1.400 pessoas e 97 visi-
tas a produtores.
As avaliações realizadas em 2012 decorreram
de amostras e avaliações aleatórias de pastagens,
visitas e entrevistas com produtores e jantares ou
eventos regionais com produtores e convidados.
A Agroconsult estima expansão da área plan-
tada no Brasil de 15,3 milhões de hectares entre
2012/13 e 2022/23, senso 12,5 milhões em pas-
tagens e 2,8 milhões em áreas novas, principal-
mente no MA, PI e TO.
Quando se faz a pergunta se a pecuária será
capaz de liberar essas áreas, no ritmo que cres-
ce a sua tecnologia e produtividade, a resposta
é não, pois terá condição de liberar 8,6 milhões
de hectares.
Por sua vez, nas áreas com aptidão para agri-
cultura são considerados os fatores da inclinação
a altitude do terreno. O rally da pecuária de 2012
apurou na sua amostragem das pastagens 6,9%
com muita inclinação e 17,8% com altitude acima
de 500 metros, sendo 63% das lavouras de soja e
milho acima de 500 metros.
De um modo geral, a Rally da Pecuária
2012 atingiu uma amostragem melhor, quando
comparado com o de 2011. Ainda não é possí-
vel diagnosticar a pecuária nacional, com a es-
timativa de uma média. No entanto, é possível
conseguir uma resposta “para onde a pecuária
está indo”.
Rally da pecuária
EQUIPE DATA EVENTOS
1 22 a 25/ago Palmas e Araguaína/TO
2 26/ago a 02/setXinguara/PA e Água Boa/MT
3 03 a 08/setCuiabá/MT e Ji Paraná e Pimenta Bueno/RO
4 23 a 26/setCampo Grande e Aqui-dauna/MS e Londrina/PR
5 27/set a 01/outAraçatuba/SP, Ubera-ba/MG e Goiânia/GO
Brasil: Expansão da área plantada (em milhões de hectares)
PRODUTO 2012/13 2022/23 VARIAÇÃO
Grãos 7,1 9,5 2,4
Cana 10,3 15,5 5,2
Reflorestamento 50,9 58,6 7,7
Total 68,3 83,6 15,3
Fonte: Agroconsult
Brasil: Evolução das pastagens e da ocupação bovina
ANO PASTAGEM (*) REBANHO (**)
1990 178 0,82
2000 178 0,96
2010 173 1,21
2012 171 1,25
2020 165 1,36
2022 163 1,39
(*) milhões de hectares (**) cabeça por hectare
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GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável
Os índices zootécnicos de 2012 ficaram bem
próximos aos observados em 2011, embora um
pouco inferiores. Essa inferioridade não deve ser
interpretada como piora nos níveis tecnológicos.
Houve uma melhora na amostragem e no rigor es-
tatístico da formulação dos questionários.
Mesmo assim os pecuaristas pretendem re-
formar, no mínimo, mais de 14% das pastagens ao
ano. Isso nos permite concluir o espaço enorme
de oportunidades para o pecuarista economizar
com a adoção de técnicas economicamente mais
eficientes para lidar com as pastagens.
A tendência da integração Lavoura – Pecuária
– Florestas se confirmou na amostragem do Rally,
tanto em intenções, como no que já na execução.
É importante ressaltar algumas limitações técnicas
de produtividade em grande parte das pastagens.
Essas considerações precisam ser apontadas aos
produtores para evitar frustrações geradoras de
desconfiança quanto aos benefícios da integração.
Os produtores também se mostraram bem
atentos aos benefícios das tecnologias zootéc-
nicas, mostrando-se mais avançados em com-
paração com as tecnologias agronômicas. Além
dos avanços no confinamento e na IATF, cons-
tatamos que 64% dos produtores entrevistados
usam sal proteinado na seca e 44,5% usam no
período chuvoso.
A propensão dos pecuaristas em implementar
tecnologias confirma o cenário traçado pela Agro-
consult / Bigma para os próximos dez anos. O su-
porte das áreas de pastagens deverá aumentar na
ordem de 12% a 15%, enquanto a produtividade
por área aumentará na ordem de 40% a 45% no
mesmo período. A intensificação zootécnica será
mais rápida do que a agronômica
(*) Engenheiro Agrônomo da Bigma Consultoria
Mesa Redonda para a Carne Sustentável
(*) Cameron Bruett
(**) Daniel Boer
A GRSB parte da visão mundial pela qual todos
os aspectos da cadeia de valor do beef pas-
sam pelo equilíbrio ambiental, a responsabilidade
social e a viabilidade econômica.
A missão da mesa redonda é o avanço a na
melhoria contínua da sustentabilidade na cadeia
A tecnologia e a produtividade na pecuária terão de crescer muito para manter a renda apurada na década de 70 e a renda proporcionada pela agricultura
SITUAÇÃO PRODUTIVIDADE (*) PASTAGENS (**) TECNOLOGIA (*)
Pecuária nacional atual 3,7 171 3,67
Rally da pecuária - 2012 7,0 90 6,96
Renda da década 70 10,4 60 10,40
Renda média da agricultura 25,0 25 25,00
Pacote: soja e milho 35,0 18 35,00
(*) @/ha/ano; (**) milhões de hectaresFonte: Agroconsult e Bigma
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Caminhos para a sustentabilidade na pecuária
de valor global do beef através das lideranças, a
ciência, colaboradores e engajamento de atores
interessados. Integram esse processo quatro cons-
tituintes da produção, do processamento e comér-
cio, da rede de varejo, da sociedade civil o GRSB,
A associação está legalmente registrada na
Suiça, com seus grupos técnicos de trabalho para
examinar e aprofundar soluções para as questões
de importância em vários aspectos às indústrias,
tais como desmatamento, ciclo de vida, sustenta-
bilidade harmônica, conferência global, etc.
A governança é formada pelo comitê executi-
vo ( presidente, secretário, tesoureiro e dois vice
presidentes), o diretor executivo e assessoria exe-
cutiva ( 11 membros: 3 da GRSB e 2 de cada um
dos 4 constituintes, com a assembleia geral, mem-
bros observadores ( governo, ciência e academia)
e grupos de trabalho.
A primeira conferência global ocorreu duran-
te 2010, em Denver, no Estados Unidos, com a
previsão da segunda ser feita no Brasil, em 2013.
O papel do GRSB não é ditar regras e procedimen-
tos, mas escutar as mesas redondas locais, com
mais experiência e conhecimento para tratar ca-
sos particulares. As questões chaves envolvem o
ar, biodiversidade, energia, terra, água, pessoas e
animais ( cuidados e bem estar, comunidade, nu-
trição, trabalho e negócio).
A meta é criar e assessorar as mesas redondas
para desenvolver e liberar baseados na ciência me-
lhoramentos contínuos endereçados para as ques-
tões chaves, mediante aplicação de estratégias.
A assessoria com ações orientadas, com inicia-
tivas locais e regionais focadas em medir os resul-
tados da produção representa um fórum de oportu-
nidades para a construção de engajamentos, troca
de informações e solução de problemas técnicos.
O melhoramento contínuo identifica avalia e
dá possibilidade de aumentar a produção de li-
derança na cadeia produtiva, na solução de pro-
blemas técnicos, no desenvolvimento de praticas
de emprego e economia e na construção de polí-
ticas e tecnologias. Ao mesmo tempo estabelece
as questões prioritárias com a participação local e
informação baseada na ciência.
Em modelo global de diálogo, o valor pro-
posto pelos membros do GRSB é demonstrar li-
derança e compromisso com sustentabilidade na
produção de beef, com engajamento de líderes
da cadeia produtiva.
(*) Presidente da Global Roundtable For Sustainable
Beef (GRSB)
(**) Diretor de Proteínas do McDonald´s
para A América Latina
Agropecuária e conservação: onde pode ser o espaço de cada um?
Gerd Sparoveck (*)
Além de possuir uma enorme produção agro-
pecuária em crescimento, os indicadores para
o Brasil são de continuidade nessa tendência. O
país é apontado com um dos candidatos fortes
para atender a demanda global do futuro. O meu
desafio pessoal é ajudar na definição de onde é o
espaço da agropecuária e da conservação. Isso vai
além de onde pode ser o espaço de cada um.
Queremos dar uma contribuição para o deba-
te entre a produção agropecuária e a conservação.
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GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável
A perspectiva dessa tensão é aumentar cada vez
mais. O Brasil possui um mega espaço de biodi-
versidade ainda conservada. Por isso, pode até ser
que uma expansão em outras regiões do planeta
tenha um impacto maior.
Estamos, então, com grande dedicação
nesse projeto. A área de proteção legal, com a
inclusão das reservas legais (RL) das áreas de
preservação permanente (APP) totalizam 151
milhões de hectares. Se incluirmos as áreas
importante para a conservação ( remanescen-
tes florestais e vegetais em APA, Mata Atlân-
tica, baixa aptidão agrícola, áreas prioritárias
do MMA, florestas em assentamentos e en-
torno de unidades de conservação) o número
cresce para 224 milhões de hectares.
As áreas de pastagens com média e alta ap-
tidão agrícola, em função de suas condições de
clima, solo e topografia, somam 85 milhões de
hectares. Com a consideração da diversidade de
logística, do tipo acesso a estrada, o quadro muda
de figura e cai para 16 milhões de hectares. Se
inserirmos as culturas anuais, como a soja, por
exemplo, que exige áreas grandes e não peque-
nas, com mais de 10 módulos fiscais, a área reduz
para 8 milhões de hectares.
Cabe ainda a análise de compensação nesta
análise. As áreas de agricultura (green field agríco-
la sustentável) e pastagem mais produtivas (bro-
wfield pecuário sustentável) estã na mesma classe
de aptidão. A pecuária muito eficiente pode não
se converter em agricultura, pois demanda terras
de qualidade semelhantes. Em termos de lugar, a
baixa produtividade aceita qualquer um, enquanto
a alta produtividade é seletiva. As pastagens com
média e alta aptidão agrícola em fazendas grandes
e de baixas produtividades, nas regiões consolida-
das, estão por volta de 40 milhões de hectares,
mas se incluir a logística reduz para 20 milhões.
Como estamos com trabalho em andamento,
as sugestões e ajudas são bem vindas. No Brasil,
temos 460 milhões de hectares classificados em
três classes. Restam 390 milhões para classifica-
ção. Temos de encontrara respostas para as ques-
tões de onde converter cerrado em agricultura,
olhar o social sobre a agricultura e compensar a
reserva legal.
(*) Professor e pesquisador da ESALQ/USP
Agricultura Sustentável para o Desenvolvimento
RuralRenato de Oliveira Brito (*)
Em (2011), a AGE/MAPA identificou lacunas
e oportunidades de trabalho, com o uso de
fundos para trabalhar em projetos de coopera-
ção internacional. Foi o caso do governo britâni-
co ( DEFRA – Department For Environmental Food
And Rural Affairs) na alocação de recursos para a
Agricultura Sustentável para o Desenvolvimento
Brasil: Uso e Ocupação do solo
ÁREAS MILHÕES DE HECTARES
Proteção legal 151
Importante para conservação 224
Importante para a agropecuária 85
Total 460
Fonte: Gerd Sparoveck
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Caminhos para a sustentabilidade na pecuária
Rural, com objetivo é financiar projetos de inves-
timento em agricultura de baixo carbono (com
ênfase em sistemas florestais e agroflorestais)
implantados para reduzir a pobreza, e evitar o
desflorestamento.
Foram aprovados 33 projetos em âmbito
mundial, sendo o único projeto Brasileiro, no va-
lor aproximado de R$ 80 milhões, na forma de
doação. O prazo de execução é de 4 anos, tendo
como parceiro executor e implementador o Ban-
co Interamericano de Desenvolvimento (BID). Os
beneficiários diretos são os pequenos e médios
produtores rurais.
Os sete estados participantes são dos Biomas
da Amazônia (Mato Grosso, Pará e Rondônia) e
da Mata Atlântica (Bahia, Minas Gerais, Paraná,
Rio Grande do Sul). Os objetivos são de diminuir
a emissão de CO2, desmatamento e pobreza, com
aumento do uso sustentável da terra (biodiversi-
dade, conservação do solo e água, captira e ma-
nutenção de estoque de CO2), renda e emprego.
Os apoios oferecidos são dirigidos para o pro-
dutor e família (capacitação, subsídio financeiro
e assistência técnica) e ao provedor de serviços
(compartilhamento de custos de capacitação e cer-
tificação, promoção junto a produtores e oportu-
nidades de negócios).
Serão treinados 560 técnicos no país e 80 por
Estado, em quatro tecnologias: recuperação de
APP e RL; gestão de propriedade; sistemas agro-
florestais (ênfase em sistema iLPF) e manejo flo-
restal sustentável. Haverá no país 4.060 vagas (
580 por estado)para produtores e 812 ( 116 por
estado) treinamentos com 20 alunos por turma.
O processo de seleção de projetos e análi-
ses será feito pela comissão indicada pelo BID e o
MAPA, conforme os critérios de cumprir os reque-
rimentos legais, técnicos e ambientais, dentre ou-
tros, divulgados no edital de comunicação pública.
Os subsídios variaram entre as UR´s e UD´s
de acordo com a renda bruta e a área da proprie-
dade. Entre os colaboradores do programa estão
o sistema bancário (credito rural), cooperativas ou
associações de produtores, entidades ambientais
fiscalizadoras (IBAMA, Município, outros), as en-
tidades capacitadoras – certificadoras, empresas
privadas interessadas em integração vertical com
produtores participantes, as Organizações Não
Governamentais (ONGs), as Associadas do Sistema
Brasileiro de Assistência Técnica e Extensão Rural
(ASBRAER) e os Membros do Sistema Nacional de
Pesquisa Agropecuária (SNPA).
(*) Coordenador-Geral de Sustentabilidade Ambiental da
Assessoria de Gestão Estratégica do MAPA
Rede de Pesquisa PECUS Pecuária Sustentável
– Pecuária de Sucesso Dinâmica de GEEs em
sistemas de produção da agropecuária brasileira
Patrícia Perondi Anchão Oliveira (*)
Existem diversas razões para praticar a pecuária
de baixo carbono. As emissões antropogêni-
cas globais de GEEs mostram constantes avanços
Figuras do projeto
Propriedade de Referência (PR): contem uma UD ade-quada ambientalmente, com o apoio do Projeto um Plano de Gestão da Propriedade.
Unidades Demonstrativa (UD): Área selecionada pelo para servir de modelo aos produtores. Terão de re-presentar ao faixa de produtores estabelecida pelo projeto.
Unidade Multiplicadora (UR): Área com tecnologias apoiadas pelo Projeto e implantada em função do efeito “transferidor” da UD.
Plano de gestão: Documento estabelecido pelo produ-tor e seu assistente técnico com visão de negócio e o zoneamento da propriedade em relação à produção e à conservação dos recursos naturais.
23
GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável
e causam mudanças climáticas, aquecimento da
atmosfera e desastres climáticos. Preocupados, os
países adotam medidas não tarifárias nas importa-
ções para reverterem essa situação.
As emissões de gases da pecuária brasileira
tornaram-se importantes devido ao seu tamanho
na bovinocultura de corte (rebanho de 171 milhões
de cabeças e primeiro exportador), bovinocultura
de leite (sexto maior produtor), avicultura de corte
(( terceiro maior produtor) e suínocultura ( quarto
maior exportador). A atividade é também uma das
principais explorações na abertura de fronteira. A
matriz energética nacional, coloca a agropecuária
em evidência, com a geração hidrelétrica e etanol,
favorece o setor industrial e de transportes e.
Além disso, as estimativas são de que a pro-
dução nacional das carnes de aves, bovinos e su-
ínos passarão de 24,6 milhões para 37,2 milhões
de toneladas em 2018, segundo a AGE/MAPA. As
preocupações com esse grande crescimento está
relacionada com o tratamento a ser dispensado às
questões ambientais e de sustentabilidade.
Atualmente, o setor produtivo da pecuária é
cobrado no sentido de melhorar os seus índices de
produtividade pela adoção dos sistemas melhora-
dos de produção e recuperação e intensificação das
pastagens. A degradação das pastagens é um dos
entraves ao desenvolvimento da pecuária uma vez
que leva a abertura de fronteiras, como mostra o
crescimento horizontal da pecuária de 1996 a 2005.
Mas, os censos agropecuários do IBGE mos-
tram que de 1970 a 2006 o rebanho cresceu de
80 milhões a 165 milhões de cabeças, enquanto
a pastagem passou de 155 milhões para 160 mi-
lhões de hectares. Isso significa uma maior lota-
ção de animais por unidade de área.
As pesquisas mostram resultados inte-
ressantes. Pastagens tratadas mostram maior
estoque de carbono no solo, o que resulta
em retirar GEEs da atmosfera. Por sua vez, a
melhoria nos índices zootécnicos diminui a
emissão de metano, enquanto a presença do
componente arbóreo também contribui para o
sequestro de carbono.
Assim, o Brasil também assumiu comprometimen-
tos voluntários para redução das emissões de GEEs, com
ações nacionais de mitigação apropriadas para o ano de
2020, com 36,1% a 38,9% de reduções projetadas.
A pecuária fica mais sustentável quando diminui
a pressão de desmatamento sobre a floresta, diversi-
fica as propriedades pecuárias e disponibiliza áreas
para agricultura e agroenergia. Da mesma forma, a
colocação dos produtos pecuários mais próximos
dos centros consumidores ajuda melhorar a imagem
nacional e internacional da pecuária brasileira.
As questões relacionadas a pecuária brasileira
dizem respeito ao balanço das emissões e seques-
tros de GEEs pela recuperação das pastagens com
melhor manejo da planta e da fertilidade do solo,
como os sistemas integrados de lavoura, pecuária e
floresta) O tratamento de dejetos das criações e dos
subprodutos e aditivos usados na alimentação ani-
mal reduzem a emissão do metano entérico. Os ban-
cos de dados, a modelagem biofísica e as geotecno-
logias auxiliam na apresentação dos resultados das
pesquisas e na aplicação das políticas públicas.
Brasil: Crescimento horizontal da pecuária
ITENS ANOS
CRESCIMENTO1996 2005
Rebanho ( milhões de cabeças)
152,8 165 7,96
Pastagens ( milhões de hectares)
176,7 190 7,53
Produtividade (litro/vaca/ano)
1135 1172 3,26
Lotação (cabeças/hectare)
0,86 0,87 0,98
Fonte: FNP, FAO e IBGE
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Caminhos para a sustentabilidade na pecuária
A dinâmica de GEEs em sistemas de produção
da agropecuária brasileira tem como objeto estimar
a participação dos sistemas de produção agropecu-
ários na dinâmica de GEE para subsidiar políticas
públicas e alternativas de mitigação. O portfólio
nacional de mudanças climáticas na agropecuária
atendem as demandas nos programas PECUS ( pe-
cuária), FLUXUS ( FLORESTA) e SALTUS ( floresta).
Antes da exportação dos dados oficiais, em
cada um dos 6 biomas nacionais ( amazonas,
cerrado, caatinga. Atlântica, pantanal e pam-
pa), há a gestão da tecnologia da organização,
integração, sistematização de dados, o avanço
conceitual medição metano entérico, a geotec-
nologia, a modelagem biofísica e modulação, a
avaliação econômica e mitigação. O sistema leva
em conta o solo, a planta, o animal e a atmos-
fera, sendo a mata a testemunha positiva e a
pastagem degradada a negativa.
Os projetos são desenvolvidos de forma pa-
dronizada para obedecer a uniformidade global.
Por isso, os resultados precisam ser mensuráveis,
reportáveis e conferíveis. A rede PECUS envolve par-
cerias com 27 unidades da Embrapa, 49 de outras
instituições nacionais e 8 instituições nacionais.
Trabalhamos para mudar o índice padrão interna-
cional no inventário do efeito estufa: a realidade
brasileira difere dos outros ambientes pesquisa-
dos. Os comitês técnicos definirrão de protocolos
de pesquisa de acordo com normas internacionais.
Com todo este trabalho são muitos os resul-
tados gerados pela rede de pesquisa PECUS. Te-
mos o diagnóstico e estratégias para mitigação
de GEE em sistemas de produção e aumento do
sequestro de carbono por meio da realização de
balanço global entre acúmulo de C e emissões de
GEE nos sistemas de produção ILP, ILPF, Intensi-
vo, Extensivos, Silvipastoril, Confinamentos. Com
isso, criamos um banco de dados em emissões de
GEEs e sequestro de Carbono, que dará massa crí-
tica para estabelecimento de padrões brasileiros
de alimentação para cálculo dos inventários.
Ficaremos com o mapa atualizado de pasta-
gens cultivadas em cada bioma brasileiro, junto
com os mapas temáticos (dinâmica de pastagens
e dinâmica de Carbono x geoestatísticas), com
a prospecção de aditivo ou ingrediente alimentar
mitigador de metano entérico
Geraremos softwares e simuladores de sistema
para estimação do balanço de GEE em sistemas de
produção agropecuária x Cenários x Políticas Pú-
blicas. Analisaremos a viabilidade econômica dos
principais sistemas de produção brasileiros e dos
sistemas com potencial de mitigação de GEEs e se-
questro de carbono. Modelaremos os sistemas pro-
tótipos de produção típicos brasileiros para uso em
cenários econômicos ambientais e formularemos os
cenários econômicos ambientais (Tradeoff:variação
renda x variação no balanço de emissões)
Desenvolveremos cursos de capacitação em
metodologias de pesquisa, em elaboração de aná-
lises econômicas em sistemas de produção sus-
tentáveis (palestras, dias de campo e unidades
demonstrativas). Apoio das ferramentas de comu-
nicação como a homepage do projeto com ambien-
te colaborativo, a gestão do conhecimento (árvores
do conhecimento, nuvens de informação, glossá-
rios), midia trainning (c/ jornalistas e stakeholders)
sobre pecuária sustentável e apresentação de ma-
terial lúdico para o público infanto e juvenil.
(*) Embrapa/CPPSE (Plataforma Nacional de
Recursos Genéticos)
Projeto Verde Rio e a Plataforma Brasileira de
Carbono (BBCO2)Paulo Borges (*)
Flavio Menezes (**)
O projeto Verde Rio é uma parceria da Federação
da Agricultura de Mato Grosso (Famato), Insti-
tuto Ação Verde e seus mantenedores (Fiemt, Senar,
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GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável
Senai etc), Ministério Público Estadual (MPE) e Gover-
no do Estado. A sua meta é recuperar e preservar
100% das matas ciliares dos principais rios de Mato
Grosso até 2020, com benefícios não só aos ecossis-
temas locais, mas também à população do Estado.
Dentro dessa demanda, o projeto foi dividi-
do em: Pantanal, Amazônia e Cerrado, de forma a
respeitar cada um dos 3 biomas de Mato Grosso e
atender as suas especificidades. Foram mapeadas
as principais experiências de sucesso em iniciati-
vas de recuperação de matas ciliares no Brasil e,
em particular, no próprio Estado de Mato Grosso.
As etapas do projeto envolvem o levantamento
através da imagem de satélite, seminários e minicur-
sos, implantação de viveiros, coleta e beneficiamen-
to de sementes, levantamento fitosssociológico e do
nível de dragradação das APPDs, cadastramento so-
cioeconômico e ambiental das propriedades, elabo-
ração de planos de adequação das APPDs, plantio,
manutenção e assistência técnica.
A Unidade de Bens e Serviços Ambientais (PNB-
SAE) visa discutir e propor soluções para a Adequa-
ção Sócio Econômico Ambiental do Estado, focada
na manutenção e ganho de competitividade dos
diferentes setores. Voltada para obter os incenti-
vos adequados, com resultados concretos – para
produtores e usuários, dos benefícios sociais, am-
bientais e econômicos Mensuráveis, Relatáveis e
Verificáveis (MRV) dos Bens e Serviços Ambientais.
A parceria com o Governo do Estado através
da SICME incorporamos a Tecnomapas, permitiu
ter um sistema robusto com 270.000 proprieda-
des monitoradas e transparência e controle ne-
cessárias para o processo.
Em junho de 2011, foi lançado o projeto Copa
Verde para a realização de inventário e neutraliza-
ção das emissões de carbono das obras da Arena
Pantanal. Para isso, a Secretaria Extraordinária da
Copa do Mundo vai recuperar cerca de mil hec-
tares de áreas de preservação permanente (APPs)
com o plantio de 1,4 milhão de árvores nas mar-
gens dos rios Cuiabá, Paraguai e São Lourenço,
que são formadores do Pantanal.
O plantio é realizado por famílias ribeiri-
nhas que residem nessas áreas e o crédito de
carbono gerado pelas novas árvores será vendi-
do pelos moradores e comprado pela Secopa.
Instituto Ação Verde – que é responsável por
sua execução e pelo cadastro dos grupos e dos
estoques de carbono registrados por meio da
Plataforma de Negociações de Bens e Serviços
Ambientais e Ecossistemas
Cerca de R$ 1 milhão em negócios realizados
– créditos de carbono do Projeto Verde Rio, sendo
reconhecido pela FAO como modelo mundial de
mitigação de mudanças climáticas na agricultura
(FAO/MICCA). Duas comunidades forma beneficia-
das, com 125 famílias contempladas e 300 famí-
lias com recursos garantidos.
Na estrutura organizacional do PGCA faz par-
te a Comissão de Assuntos Estratégicos e o Comitê
Científico, enquanto os programas na agropecuá-
ria envolvem: Inventário Correto, Baixo Carbono,
Adaptação à Mudança do Clima, Pesquisa e Desen-
volvimento Científico e Tecnológico, Treinamento
e Capacitação.
Na composição da estrutura do PGCA faz par-
te o portal, para disponibilizar informações sobre
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Caminhos para a sustentabilidade na pecuária
a Política de Governança Climática da Agropecu-
ária, Mercado Agropecuário de Redução de Emis-
sões (MARE), Programa de Agricultura de Baixa
Emissão de Carbono (ABC), Metodologias de pro-
jetos, Produtor Rural, Consultor, Auditor PIN, Pro-
jetos de créditos de carbono Inventários, Monito-
ramento, entre outros. O ambiente administrativo
interno efetua o gerenciamento dos usuários do
sistema e realiza o gerenciamento das atividades
que envolvem a Plataforma. Para o produtor rural,
os auditores e consultores competem o gerencia-
mento dos dados, as informações e o monitora-
mento do empreendimento, além do cadastro e
acompanhamento dos projetos.
Os serviços tratam das Informações sobre
implementação dos Programas da PGCA, com o
apoio das consultorias sobre a elaboração de pro-
jetos de financiamento:
u Do programa ABC de acordo com as atividades e
itens financiáveis previstas pelas norma bancárias.
u De mecanismos de desenvolvimento limpo
(MDL) para créditos de carbono: ( concepção, va-
lidação - ABEMC, aprovação, monitoramento –
CNA, certificação – pwc, registro – CDT e emissão
e comércio de RCEs – BBCO2).
Estamos estabelecendo convênios com gran-
des supermercados para aquisição de produtos
rurais de baixo carbono. Os produtos terão selos
de certificação de redução de carbono, de prote-
ção dos recursos hídricos, de proteção da biodi-
versidade, entre outros.
O grande desafio do agronegócio é assegurar
a produção de alimento barato, em áreas meno-
res e com alta produtividade, mas com um nível
baixo de emissões. Esta proposta arrojada poderá
contribuir para o equilíbrio entre produção e pre-
servação do meio ambiente.
Os projetos ABC serão desenvolvidos com
apoio de patrocinadores como grandes empresas
do agronegócio, bancos públicos e privados, en-
tre outras instituições interessadas. As perspecti-
vas são para abranger outros serviços ambientais
como recursos hídricos, biodiversidade, florestas,
solo e beleza cênica natural.
Os sistemas e técnicas da agricultura de baixo
carbono permitirão ao Brasil se consolidar como
um País cuja agropecuária tem alta produtividade,
garantindo a viabilidade econômica das proprie-
dades rurais, mediante compensações financeiras
de empresas poluidoras. O importante é buscar
Plataforma de serviços ambientais
Baseada no modelo desenvolvido pelo Instituto Ação Verde, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) lançou a Plataforma de Serviços Am-bientais (PSA) para torná-la nacional. O objetivo é disponibilizar os ativos ambientais dos produtores no mercado de carbono e funcionar como uma vitrine para que os produtores utilizarem este mercado.
A PSA permitirá que os produtores acessem uma rede de informações sobre comércio de créditos de carbono de neutralização, a partir de atividades de redução e sequestro de emissões na produção rural. A plataforma já tem 270 mil propriedades cadastra-das da Amazônia legal, com o cadastro ambiental rural (CAR) ou a licença ambiental única (LAU) e o georreferenciamento, que são pré-requisitos para todo projeto de carbono.
A questão ambiental ganha força junto a opinião publica. O processo vem em crescimento, desde o Protocolo de Kioto firmado na Conferência das Partes Sobre As Mudanças Climáticas. Depois, o fato de Al Gore ( ex vice presidente dos EUA) e o Painel Governamental de Mudança Climáticas (IPCC) terem ganho o prêmio Nobel da Paz. O ponto culminante foi em Copenhagen, na Dinamarca, em 2009, com a COP-15. Neste contexto, o governo brasileiro desen-volveu o plano nacional de mudança climática ( lei nº 12.187/2009.
A comissão Interministerial Sobre a Mudança do Clima, com a coordenação do Ministério da Casa Civil lança Plano de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (ABC), com as ações para redução de emissões no setor e alcance das metas estabelecidas. A CNA se lança no esforço para o DESENVOLVIMENTO DA POLÍTICA DE GOVERNANÇA CLIMÁTICA DA AGRO-PECUÁRIA (PGCA), com a elaboração do planejamen-to estratégico para o Diagnóstico, Implementação, Divulgação e Engajamento.
Entre os princípios da capacidade de agir em favor do clima consta: “ o reconhecimento de que o produtor rural, por ter acesso à devida orientação técnico-científica e aos recursos financeiros disponíveis ao setor, possui aptidão para exercer, de modo efetivo e determinante, atividades agropecuárias que benefi-ciem o clima do planeta”.
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GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável
parcerias para financiar os projetos junto a insti-
tuições como o BID (Banco Interamericano de De-
senvolvimento) e o BIRD (Banco Internacional para
Reconstrução e Desenvolvimento). Outra iniciati-
va é apontar as tecnologias possíveis e disponíveis
lá fora para serem implantadas no País, além dos
projetos de MDL que podem mitigar a emissão de
GEE e como as empresas terão que se adaptar ao
aumento da temperatura global.
(*) Superintendente do Instituto Ação verde
(**) Advogado da Menezes Associados
Mercado REDD para a pecuária bovina
Marco Antonio Fujihara (*)
O cenário brasileiro de emissões de GEE gera
preocupações e ações para reverter a situ-
ação começam a serem tomadas. Entre Julho e
Agosto de 2012, por exemplo, segundo o MAA
o desmatamento teve uma reudução de 27% na
Amazônia Legal, comparado com o mesmo perío-
do no ano anterior.
Ao nível internacional, a partir da COP 12, em
Nairóbi, o conceito para a Redução das Emissões
Oriundas do Desmatamento e Degradação flores-
tal (REDD) passou a ganhar destaque nas nego-
ciações capitaneadas pela Convenção-Quadro das
Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UN-
FCC). Na COP 13, em Bali, e na COP 16, na Catar,
o conceito foi ampliado e passou a ser conhecido
como REDD+, que se refere à construção de um
mecanismo para prover incentivos aos países em
desenvolvimento tomarem ações para a mitigação
das mudanças climáticas.
Por sua vez, o governo brasileiro criou em
2007 o Plano Nacional de Mudanças Climáticas e
o Senado aprovou o projeto de lei nº 212/2011
07/11/2012, o sistema de REDD+ com incentivos
econômicos para o proprietário manter a “floresta
em pé”. Com relação as negociações internacio-
nais, é uma das única alternativas com possibili-
dade de avanço.
Mas, no âmbito sub nacional, as políticas es-
taduais sobre mudanças climáticas, conservação
ambiental e desenvolvimento sustentável variam
entre os estados da Amazônia, Acre, Pará, Tocan-
tins, Amapá e Mato Grosso, dentre outros. São
17 leis. Falta um acordo federativo e entidades
florestais. Como cada estado cria a sua própria
legislação, falta segurança jurídica e não atrai re-
cursos externos.
As modalidades de recursos envolvem doa-
ções, orçamentos públicos, empréstimos, capital
próprio, etc, enquanto entre os veículos para fi-
nanciamento fazem parte o fundos de investimen-
to com direitos creditórios (FIDC ), fundos de in-
vestimento de participação (FPI), ações nacionais
apropriadas de mitigação (NAMAS), sociedades de
propósitos específicos (SPE), recursos em adian-
tamento ( up front –funds) e fundos de capital de
risco (venture). Os riscos e benefício são variam.
As modalidades de envolvimento variam en-
tre o setor publico ( acordos bilateriais, orçamento
Brasil: Contribuição % para as emissões de CO2
MOTIVO 2005 2020
Mudança do uso da terra 61% 43%
Agropecuária 19% 23%
Energia 15% 27%
Indústria e resíduos 5% 7%
Fonte: Fonte: MMA, MAPA, MME, MF, MDIC, MCT, MRE, Casa Civil
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Caminhos para a sustentabilidade na pecuária
público, empréstimos concessionais, fundos não
reembolsáveis e geração de créditos de serviços
ambientais – REDD+, e o privado como incentivos
tributários, empréstimo concessionais, pagamen-
tos por serviços ambientais, subsídios, fundos
não reembolsáveis e direito negociáveis.
Entre os estágios 1 ( preparação), 2 (demonstra-
ção), 3 (implementação), 4 (difusão) e 5 ( maturida-
de), o orçamento publico é sempre crescente, os in-
vestimentos privados aumenta a partir do estagio 4 e
as doações sobrem até o estagio 3 e depois descem.
Na demanda de REDD, existe o comprometi-
mento legal para redução de emissão ( compliance)
e o de filantropia, reputação, oportunidade de ne-
gócio, responsabilidade social coorporativa ( volun-
tário). Os potenciais compradores, as obrigações e
os objetivos seguem estratégias diferentes. Na for-
mação do preço, pesa a posição quanto a predispo-
sição de pagar do lado da demanda e mais o custo,
risco, tipo e estágio do projeto
No caso da Amazônia, como cerca de 80% da
terra recentemente desmatada é para pecuária, a
possibilidade de alcançar uma redução custo efe-
tiva de emissões de CO2 é promissora. Para redu-
zir completamente o desmatamento custaria USD
1.49/tonCo2, mas para reduzir desmatamento
para 94% a níveis projetados irá custar somen-
te USD 0.76/tonCo2. A densidade da pecuária de
gado é 0.8 cabeça por hectare e um lucro de USD
50/ha por ano (2005). O total do custo de oportu-
nidade para manter a floresta em pé, em USD em
2007, é de USD 257 bilhões por 47 bilhões de TCo2
O estado do Acre mostra resultados para serem
refletidos. De um lado, reduziu suas emissões de
desmatamento em 60% abaixo da sua média anual
2006-2011, que representa uma redução de 107 mi-
lhões de toneladas de CO2. De outro, assumiu a lide-
rança no desenvolvimento sustentável na Amazônia
com zoneamento do uso do solo, alta resolução do
monitoramento do desmatamento e a aplicação de
lei adequada. Com isso, teve um crescimento do PIB
per capita de 33% além de aumentar seu rebanho de
gado e deixar de ser maior driver de desmatamen-
to. Com o governo da Califórnia assinou um acordo
para aceitação dos créditos de REDD no programa
de cap-and trade (WCI), porém o CAR não aceitará os
créditos para compliance antes de 2015.
Entre as conclusões destacam que os bene-
fícios físicos aumentam a eficiência da produção,
diretamente e indiretamente. O custo de oportu-
nidade é competitivo para REDD comparado com
outras formas de utilização da terra, uma vez que
a pecuária na Amazônia é de baixo retorno, para
gado de pequena escala e pecuária tradicional.
A tendência de valorização de inciativas, com
impacto ambiental e social pelo mercado, possibi-
lita novos ganhos comerciais. Há oportunidade de
negócios e facilidade para acesso às novas linhas
de financiamento, do tipo IFC. A consolidação do
mercado internacional de REDD poderá ocorrer
através da aceitação em novos mercados (WCI) e
aumento da demanda voluntária.
(*) Diretor da Key Associados e do Instituto Totum
Escala e Abrangência do Programa do Novilho Precoce
Davi Jose Bungenstab (*)
Criado pelo governo de Mato Grosso do Sul,
através do Decreto N° 6344, de 30.01.1992, o
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GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável
programa do novilho precoce é feito com incenti-
vo fiscal estadual via frigorífico, pela premiação da
qualidade em função da idade do animal. O repasse
em dinheiro para o produtor corresponde a des-
conto de parte do ICMS recolhido com os animais
abatidos. A remuneração do produtor varia confor-
me alíquota do ICMS. Há o apoio fundamental da
Superintendência Federal de Agricultura/MS, com
o Serviço de Inspeção Federal (SIF), na execução da
tipificação de carcaças bovinas nas indústrias.
O cadastramento do produtor é voluntário,
mas exige responsável técnico. Os lotes para aba-
te deve ter um mínimo de 50% dos animais classi-
ficados como precoce, conforme especificado pelo
Guia de Transporte do Animal (GTA). Os principais
parâmetros de carcaça são: peso mínimo: 225 kg
(15 arrobas) para machos e 180 kg (12 arrobas)
para fêmeas, avaliação da dentição ao abate para
verificação da faixa etária dos animais e cobertura
de gordura (3 a 10 mm) e conformação.
Os Animais desclassificados recebem apenas o
preço de mercado acordado entre produtor e frigorí-
fico, sendo a verificação da faixa etária dos animais
feita pela avaliação da dentição ao abate: JD - ape-
nas dentes de leite (até 20 meses) - incentivo de 67%
do ICMS; J2 - dois dentes incisivos (até 24 meses)
- incentivo de 50% do ICMS e J4 - quatro dentes inci-
sivos (30 meses) - incentivo de 33% do ICMS.
Entre 18/10/1997 e 30/06/2008, foram
analisados 41.438 abates em 2.473 estabeleci-
mentos, em que cada um preencheu questionário
com 116 informações diferentes. As informações
sobre cada lote abatido, por estabelecimento,
foram cruzadas com as informações dos ques-
tionários, em termos de quantidade de animais
classificados e desclassificados, com o respectivo
motivo, sexo, faixa etária, peso, preço da arroba,
alíquota de ICMS e percentual de incentivo rece-
bido para cada animal.
Os estabelecimentos foram classificados por
eficiência produtiva (maior proporção de abates
com maior proporção de animais mais jovens),
quantidade de animais, área do estabelecimento,
grau de tecnologia, escolaridade do gestor, mi-
crorregião geográfica e associação à ASPNP.
Em torno de 300 novos estabelecimentos
são cadastrados no programa a cada ano nos
últimos anos. O aumento da alíquota de ICMS
estimula a adesão. Existem estabelecimentos
eficientes em todas as 11 microrregiões do Mato
Grosso do Sul, de todas as categorias de tama-
nho, tanto em número de animais quanto de
área do estabelecimento.
Para todas as categorias de agrupamento uti-
lizadas, constata-se produtores no nível mais ele-
vado de eficiência. Na média, os produtores mais
eficientes recebem de incentivo o equivalente a
um novilho para cada vinte abatidos (JD). Há forte
relação entre nível de adoção de tecnologia e efici-
ência no abate de novilhos precoces.
Com aproximadamente 10% dos bovinos ma-
chos abatidos no Mato Grosso do Sul e tendência
de aumento,o Programa persistiu mesmo com mu-
danças de governo com orientações políticas dife-
rentes. A “logística” para viabilização do controle
e repasse dos recursos é excelente. A harmonia de
trabalho entre SEPROTUR, SEFAZ, DFA/MS e frigo-
ríficos cadastrados é exemplar. A maior parte dos
produtores associados à ASPNP faz parte do grupo
mais eficiente.
Os abates maiores são de animais J4. O in-
centivo recebido pelos animais J4 é baixo em ter-
mos absolutos para o produtor – algumas vezes
o produtor consegue essa diferença em uma boa
negociação com outro frigorífico e com a seleção
de lotes “cabeceira” na fazenda. A percepção é de
que ao visar a produção de animais JD o produtor
alcança J2 e ao visar o J2 o produtor alcança o J4.
Entre as oportunidades para o programa es-
tão as políticas de incentivo para animais J4, me-
nos desejáveis dentro do programa e em torno
de 6 meses a 1 ano abaixo da média de idade de
abate na região. A remuneração pelo rebanho
total do estabelecimento recompensa as fêmeas
eficientes, bem como a contrapartida por parte do
frigorífico para animais classificados.
A vinculação do incentivo à utilização do BPA
encontra dificuldade de logística (equipe). Há ne-
cessidade de adoção de métodos mais objetivos
de avaliação da qualidade da carcaça (tipificação
30
Caminhos para a sustentabilidade na pecuária
de carcaças) e de apurar a redução de emissões de
GEE. Os produtores podem se beneficiar como o re-
passe do crédito de carbono por emissões evitadas
para o Estado. Trata-se de incentivo à adequação
ambiental e à manutenção correta de pastagens.
Para estender o Programa tem a questão de
harmonizar o ICMS e as parcerias entre os SFAs dos
estados, regras de repasses de repasse pelo gover-
no federal, inclusive diretamente para o produtor.
(*) Pesquisador da Embrapa Gado de Corte
Núcleo de Inteligência Territorial (NIT) e a Dinâmica Agrícola
Nacional Arnaldo Carneiro Filho (*)
Dedicamos um ano e meio de trabalho para
criar no MAPA o NIT com objetivo de aumen-
tar a capacidade de formulação da política agro-
pecuária nacional. A transferência de recursos do
governo federal às mãos do produtor corre o risco
de não se viabilizar quando não há endereço ter-
ritorial. Esforçamos para corrigir essa distorção.
Tradicionalmente, disponibilizado para território
nacional como um todo integral, a distribuição
do crédito fica a mercê das regras e decisões dos
agentes financeiros.
Quase 45% do território nacional possui uma
base agropecuária sob a gestão do MAPA. A área
triplicou em relação a 1967, quando era bem focado
no centro sul do país, mas esse modelo ainda per-
dura. A mudança desse processo histórico de uso e
ocupação do solo com inovação e modernização da
política agropecuária. É necessário conciliar a produ-
ção agropecuária com a preservação ambiental. Para
isso, precisamos conhecer melhor o nosso território.
O desmatamento ilegal no Amazonas bateu o
seu mais baixo nível da série histórica, entre agos-
to de 2011 a julho de 2012, segundo o Instituto
Nacional de Pesquisa Espacial. Esse fato está vin-
culado com o esforço realizado na pecuária. Há
espaço para fortalecer esse caminho com mais
ações sustentáveis e menos repressivas e policia-
lescas. Os ganhos de produtividade conquistados
pela pecuária foram mais concentrado no centro
sul do que no centro norte.
A modificação nos procedimentos da política
agrícola ocorre com a nossa capacidade para lidar-
mos com dados espaciais e territoriais, bem como
radiografarmos em várias escalas e diferentes pe-
ríodos do ano. Com capacidade para projetar ce-
nários, o MAPA pode realizar o seu planejamento
territorial em cima das demandas de áreas. Existe
um estoque importante de áreas para recuperar.
Fisicamente no MAPA, o NIT possui rede de pes-
quisa com a Embrapa, INPE e IBGE. O sistema olha
o dinamismo do território. As oportunidades apare-
cem nas zonas de interesses com aptidão agroeco-
lógica e econômica. Há intensificação da pecuária no
entorno das indústrias e o descarte de áreas.
A Secretaria de Assuntos Estratégicos e a Embra-
pa Monitoramento de Satélite montaram o portal da
Rede Soma Brasil ( Sistema de Observação e Moni-
toramento as Agricultura do Brasil. O seu objetivo é
organizar, integrar e disponibilizar bases de dados
geoespaciais vis WEB, por meio de ferramentas de
análises espacialmente explicitas e de visualização
dinâmica, contribuindo para o entendimento das mu-
danças de uso e cobertura da terra.
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GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável
Como a gestão territorial otimiza o uso da
terra, a intensificação da pecuária oportuniza as
transições de outras demandas agrícolas e viabi-
liza a expansão de florestas plantadas e o cum-
primento do código florestal. O mapeamento das
áreas identifica as áreas com a concentração de
pastagens degradadas. Pretendemos realizar um
worshopping para lançar o monitoramento da
agropecuária no Brasil.
É possível identificar como a pastagem con-
tribui para as transições. A área estimada com
pastagem degradada é de 40 milhões de hectares,
sendo a meta do MAPA é recuperar 15 milhões
de hectares, reduzir 101 milhões de toneladas de
CO2 nas emissões ao custo total de R$ 19,6 bi-
lhões. É outro diálogo com as políticas públicas.
No estado de Goiás o indicativo do processo de
degradação (forte, moderado e sem indicativo) de
pastagem é de 27%, com 1,6 milhões de hectares.
De 2005 a 2011, as pastagens representavam 61%
do uso anterior à expansão da cana-de-açúcar.
É possível fazer uma grande integração nas
bases de dados no Brasil. O OTIMIZAGRO é uma
ferramenta de apoio ao planejamento territorial
da Universidade Federal de Minas Gerais. Junto
com o Banco do Brasil, a SAE analisou a concentra-
ção do crédito agrícola rural para a safra 2011/12.
Para o Programa ABC, a concentração de contratos
continua na região centro sul, onde se registra as
melhoras taxas de lotação ( cabeças por hectares)
As terras convertidas aptas para agricultura
(sem considerar restrição climática), que somam
140 milhões de hectares nos 6 biomas brasileiros,
pode ser apurada por estado. É uma forma para
simular com detalhes a compensação florestal. A
análise do código florestas pode ser feita por mi-
crobacia com base nos dados da Agencia Nacioal
da aguas (ANA). Na verdade, um conjunto de ins-
trumentos normativos poderão ser analisados de
forma integrada para atender os Planos Safras, o
Manual de Crédito Rural, as Câmaras Setoriais, etc
As prioridades, então, passam pelo zoneamen-
to das oportunidades com a intensificação da pecuá-
ria, a formulação de um plano do Programa ABC ter-
ritorializado, a concepção de um plano de negocio
com a transição agrícola, que envolve muita terra e
patrimônio, o desenvolvimento de uma política agrí-
cola territorializada e as várias alternativas articula-
das para a implementação do Cadastro Ambiental
Rural e o Código Florestal.
(*) Diretor de Planejamento Territorial da Secretaria de
Assuntos Estratégicos da Presidência da República
Gestão Integrada de Território (GIT)
Breno Felix (*)
Demonstrativos do NIT em ação Projeções agropecuárias – Rearranjos
Produtivos – milhões de hectare
ATIVIDADE 2012 2022
Pecuária 199,00 (*) 133,00 (**)
Cana-de-açúcar 8,60 13,10
Silvicultura 6,00 10,00
Grãos 50,86 58,50
Outras culturas 16,00 16,00
Subtotal 280,46 230,60
Vegetação nativa 519,00 519,00
Rearranjos e passivos - 49,86(*) 209 milhões de cabeças - 1,1 cab/ha; (**) 227 milhões de
cabeças - 1,7 cab/ha.Brasil: Área total de 851 milhões de hectares
Fonte: IBGE e MAPA
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Caminhos para a sustentabilidade na pecuária
No começo de 2000 a AgroTools nasceu com
o propósito de mudar a percepção de ris-
co, tendo como pressuposto a importância da
informação confiável, com provimento de tec-
nologia territorial aplicada ao agronegócio. Ge-
ramos informação de alta acurácia e veracidade
(MRV - mensurável, reportáveis e verificável),
com a garantia de transparência aos processos
e resultados.
A gestão integrada de território (GIT) envol-
ve informações associadas a histórica do solo/
clima, comportamento do uso, aptidão agrícola,
potencial produtivo, avaliação de ativos, dinâ-
mica biológica, monitoramento de ativos, se-
leção de sites, Instrumentação jurídica, lastro
para Títulos Agro e brand Protection. Integrar
significa trazer elementos novos para sistema e
melhorar a tomada de decisão. Fazemos isso a
cada momento.
O monitoramento de matérias primas exi-
ge sofisticadas ferramentas de análise espaciais
para processar e interpretar dados fornecidos
por uma rede de satélites, criando metodolo-
gias únicas de mensuração de riscos associados
aos processos e regras vigentes no agronegócio
brasileiro. Sempre que interagimos com um LU-
GAR realizamos um processo decisório baseado
na gestão (integrada) do território. Pelos ativos
biológicos (boi e capim), a pecuária se conec-
ta com o território, considerado como principal
alvo da operação, gestão e sustentabilidade.
A aplicação da GIT tornou-se essencial
na cadeia produtiva da carne, em função dos
protocolos, as exigências, os compromissos
assumidos pela Indústria (TAC; “moratória do
Boi”), as políticas do BNDES (res. 1854/2009),
os olhares mais atentos do Banco Central
(edital 41/2012), além da inserção brasileira
nas normas de contabilidade do IFRS (Lei nº
11.638). Foi nesse cenário, que desde 2009 a
metodologia da AgroTools, denominada Iden-
tidade Geográfica (GeoID), têm sido testada,
usada e aprimorada pelo setor da carne, com
total sucesso.
Identidade Geográfica (GeoID)
A eficácia na gestão territorial para o agro-
negócio depende de qualificar o player; definir o
ativo alvo; avaliar a relação com o território e de-
talhar o (interesse) protocolo de interação com a
Terra. Quando se lastreia o território, a tecnologia
fica fortalecida.
Dependendo do player (governo, proprietá-
rio, produtor, serviços financeiros, ONG, indús-
tria, varejo etc), a visão muda, mas os interesses
convergem ao longo da cadeia a partir de um
ponto comum que gerará produto. Por isso, é im-
portante identificar os interesses em jogo. Sobre
a unidade produtiva (UP) é diferente ter certeza
ou saber exatamente sobre a sua localização, por
exemplo, se está ou não em áreas de conservação
ou indígena. Da mesma forma, qual é o uso atual
e histórico da UP. Muitas vezes para a pergunta de
onde vem boi será e exigida também resposta de
ponde vem o bezerro.
O laudo de avaliação de riscos socioambien-
tais de propriedades rurais é uma ferramenta de
avaliação das áreas para bancos/investidores e
mecanismo de diferenciação para os proprietá-
rios. A metodologia é facilmente auditável. O im-
put das informações vai de dados básicos ( como
o município) até as coordenadas da propriedade,
se o risco assim exigir. Há geração de laudos on
line e a interface é simples.
A Informação do território independe da vonta-
de ou autoridade dos envolvidos. Nossa órbita está
repleta de sensores observando a terra, coletando
33
GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável
dados e gerando informação. O negócio é mergu-
lhar nesse conhecimento e tornar-se cada vez mais
competitivo. A partir de ponto registrado com con-
fiabilidade (MRV) detecta-se se o risco está concen-
trado e não em todos os lugares e vice-versa.
Qualificar muito bem qual é o interesse e qual
o tipo de resposta que atende, O importante é es-
tabelecer um processo confiável (MRV) para de-
pois avançar com a definição de insumos, técnicas
e análises, com conhecimento de onde uma fazen-
da não está e exatamente onde ela está. Aferição
da a composição e ocupação das terras, análise
do comportamento dos usos e conhecimento os
confrontantes e o entorno competitivo.
Os desafios do GIT passam pelo estado da
regularização fundiária e ambiental, a valorização
da natureza e o conhecimento dos ativos. A explo-
ração consciente leva a produção com Tecnologia,
com Indicação de origem e produto com localiza-
ção geográfica.
(*) Sócio Diretor da AgroTools
Geo (R)evolução da Pecuária Brasileira – Proposta de Rating
Fernando Sampaio (*)
Durante décadas, sucessivos governos brasilei-
ros tentaram levar a população ao vasto de-
serto humano do sertão brasileiro. O boi foi na
frente, como sempre, na abertura as fronteiras
agropecuárias. Mas, ao logo do tempo, esse pro-
cesso precisa de ordem para ter progresso.
Negócio atrativo de patrimônio imobiliário,
os desmatamentos e as queimadas descontrola-
das trouxeram problemas ambientais e passa-
ram a sofrer cobrança. Há simultaneamente falta
de governança e de gestão territorial, enquanto
a pecuária recebe acusações. Temos uma ideia
para ajudar, mas, antes, precisamos ver o que
já foi feito.
A Amazônia Legal é enorme, com 5,2 milhões
de km²; 25 milhões de pessoas e 80 milhões de
cabeças de gado. Pelo arco do desmatamento, as-
sistimos a fronteira agropecuária avançar sobre a
floresta. Aparecem os frigoríficos e os fornecedo-
res. Quando cruzamos os mapas das unidades de
conservação e as áreas de desmatamento, cons-
tatamos que os frigoríficos possuem problemas
com as áreas públicas indígenas, de conservação
e de desmatamento.
Agora cabe verificar de fato esses proble-
mas existem ou se as informações disponíveis
são de fraca qualidade. Seja como for, estes for-
necedores estão proibidos de venderem animais
aos frigoríficos. Hoje, a indústria foi obrigada
a assumir as funções de fiscal, polícia e juiz de
produtores rurais. Esse não é o seu papel. Ex-
cluir produtores de uma cadeia normal de co-
mercialização não resolve o problema, e possi-
velmente o amplia.
Formulamos uma proposta para ser desen-
volvida com consenso, sem ser de cima para
baixo, com o envolvimento de toda a cadeia
produtiva, baseada na melhoria contínua, com
geração de governança e inclusão. O mecanismo
parte da concepção de um indicador, rating e
nota em que a melhoria traga benefícios gene-
ralizados, com informações geográficas, docu-
mentos, presença em listas e boas práticas. A
parti dessas informações, o sistema emitiria um
certificado com nota.
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Caminhos para a sustentabilidade na pecuária
A nota significa risco. Quanto menos risco,
mais negócios e menor a necessidade de atuação
do poder público e os elos da cadeia produtiva (fri-
goríficos, bancos, seguradoras, insumos e varejo).
Ao invés da investigação, ocorrerá uma prestação
de serviço. Os critérios serão definidos através da
participação compartilhada numa plataforma que
agrupe informações estruturas do ponto de vista
técnico e econômico.
Assim, a cadeia começa a convergir para uma
evolução contínua. Se um melhora, todos melho-
ram. Os próprios usuários do sistema pagam pela
informação. E a informação pode ter livre acesso
para todos os elos da cadeis na Plataforma Geo-
espacial da Pecuária, com agregação de outras in-
formações ( concentração de animais, uso da terra
e o estado das pastagens e mais infraestrutura;
sanidade (monitoramento de ocorrências de en-
fermidades e resíduos químicos), assentamentos;
CARs, LAUs, LARs, Indicadores socioeconômicos e
de produtividade.
(*) Diretor Executivo da ABIEC
Global Agenda ActionHenning Steinfeld (*)
As crises crônicas nos recursos naturais globais
estão associadas as mudanças climáticas, a
escassez de terra e água, aos ciclos do nitrogênio
e fósforo, pico de produção do petróleo e a perda
rápida de biodiversidade.
Por sua vez, as criações possuem estreitas
ligações com o uso dos recursos naturais, pois
as pastagens correspondem a 26% das áreas, das
quais 35% são plantadas para alimentação dos ani-
mais, 20% do uso da água e 15% das emissões de
GEEs. É uma larga fonte de dióxido de nitrogênio,
causadora de desmatamento, degradação do solo
e poluição das águas.
Mundo: Distribuição das criações animais
Entre 1960 a 2010, a produção mundial de
carnes, em milhões de toneladas, passou de 65
para 300, enquanto a participação dos países de-
senvolvidos caiu de 70% para 40%, enquanto a dos
países em desenvolvimento subiu de 30% para
60%. Nessa tendência vem a pergunta de quais
são opções para a produção animal ajudar na
quetão da crise global de recursos, tais como so-
breconsumo somente em certos países e grupos,
convergência de dieta e mudança para produtos
de menor impacto. Outras alterativa são produtos
substitutos como peixe e carne sintética.
Existem soluções técnicas para melhorar a
produção em termos de eficiência no uso de recur-
sos por unidade de área, água, nutriente e ener-
gia. Elas não são aplicáveis por causa dos efeitos
perversos dos preços e incentivos. Os subsídios
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GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável
frequentemente são a favor do uso intensivo de
insumos. As externalidades não são consideradas
seja em termos positivos com a construção de fos-
sas, tratamento da água e a proteção da biodiver-
sidade, bem como negativos com a poluição da
água e emissão de gases GEEs.
As situações são complicadas e há uma di-
versidade de situações que limitam o alcance das
autoridades, sendo que muitos dos criadores são
pobres ( 750 milhões de pessoas dependem des-
sas produções para sobreviverem).
Como o jogo a realidade e a necessidade eco-
nômica mudaram com a escassez de recursos, os
caminhos a serem seguidos precisam ser desco-
bertos. As mudanças climáticas afetam a agrope-
cuária e outros setores. Os preços alimentos su-
biram dramaticamente nos últimos anos.
As premissas para uma agenda global para o
desenvolvimento sustentável da produção animal
passam pela necessidade de acomodar o crescimen-
to da demanda de acordo com o contexto de recur-
sos finitos. Uma larga eficiência de ganhos é neces-
sária e possível. As vantagens sociais, econômicas
de saúde da produção devem ser aproveitadas.
O tamanho e a complexidade das tarefas reque-
rem ações múltiplas pelos stakeholders. Quanto a
foco ( incorporação os aspectos sociais, econômicos
e de saúde no uso dos recursos naturais pela prou-
ção animal), natureza ( abertura, voluntariedade, con-
senso ação orientada e multi-satkeholder – público,
privado, sociedade civil, pesquisa e organizações
internacionais); processo ( consultas abertas aos
stakeholders para criara cons( pagamento de servi-
ços ambientais)ciência, acordos nos objetivos, priori-
dades e conceitos).
Temos três focos de áreas; 1º melhorara a
eficiência de um grande número de produtores;
restaurar os valores das pastagens e estabelecer
perda zero, com a reciclagem e a reconversão de
energia e nutrientes dos dejetos animais.
Os passos da agenda global de ação estão
em curso: maio de 2011 – consenso de Brasília,
dezembro de 2011 - mapa do caminho ( Phuket),
maio de 2012 – endosso do comitê de agricul-
tura da FAO, desenvolvimento de programa de
aços ( workshops em Roma, Brasília e Seul) e lan-
çamento para 2013 em Nairobi.
(*) Chefe de Informação e Política para
a Pecuária da FAO
Mecanismo LNAE: O mecanismo de Expansão Agrícola e Produtividade
na PecuáriaBernardo Strassburg (*)
O crescimento populacional e do consumo per
capita de alimentos resultam na necessida-
de de dobrar ou triplicar sua produção mundial
até 2050. O desafio está em conciliar essa neces-
sidade com o desmatamento, que é a segunda
maior fonte de emissões de gases do efeito estufa
(17.5%) (IPCC, 2007) e a principal causa de extin-
ções de espécies (Baille et al., 2004). Há percepção
crescente da terra como recurso escasso, com a
competição entre o meio ambiente e as demandas
por alimentos, energia, habitação e outros.
Essa projeção impacta sobre o Brasil, de lon-
ge o país mais rico em carbono terrestre, com 126
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Caminhos para a sustentabilidade na pecuária
milhões de metros cúbicos ( em segundo aparece
a Rússia com 82 de milhões), e biodiversidade do
planeta, com 56 mil espécies ( em segundo a Indo-
nésia com 29,3 mil).
A grande hipótese a ser testada é se o Brasil
já tem terras agrícolas suficientes para expandir a
produção de alimentos, biocombustíveis e flores-
tas plantadas até 2040, sem a conversão de áreas
naturais adicionais. Para isso, o foco recai sobre a
capacidade de suporte sustentável das pastagens
brasileiras plantadas (115 milhões de hectares) e
naturais (55 milhões de hectares).
Com modelos de crescimentos das forrragei-
ras baseados em variáveis de temperatura, preci-
pitação e solo, é possível testar a capacidade de
aumento da produtividade para produzir mais
carne e ainda liberar terras para todos os outros
usos. As demandas de áreas podem ser delimita-
das de acordo com as suas restrições específicas
de solo, clima e relevo para cada cultura.
Como na pecuária a capacidade de suporte atu-
al das pastagens (118 milhões de unidades animais)
corresponde praticamente a menos de um terço da
sustentável (367 milhões). O Brasil já tem terras agrí-
colas suficientes para atender todas as demandas de
uso da terra, respeitando as restrições e sem desma-
tamento até 2040. Um aumento de 32-34% para 49-
52% do potencial seria suficiente para atender todas
as demandas futuras sem novos desmatamentos.
Em outras palavras, um aumento de produti-
vidade até 70% do potencial seria suficiente para
atender todas as demandas e liberar 36 milhões de
hectares para restauração, suficiente para cobrir
o déficit legal. O resultado será uma mitigação de
14.3 GtCO2 Eq por desmatamento evitado e redu-
ção de emissões de metano, com valor econômico
potencial de US$ 243 bihões ( US$ 17 /t CO2).
Na maior parte dos casos, investimentos no
aumento da produtividade são rentáveis, mas é
necessário financiamento para a transição, que
apesar de disponíveis, mas o seu acesso é um en-
trave. É preciso desatar esse nó e realizar o plane-
jamento técnico, financeiro e territorial integrado
apropriado para intervenções, com engajamento
dos pecuaristas através unidades demonstrativas.
Mecanismo de Expansão Agrícola Neutra em Terra
A percepção das consequências da terra como
recurso escasso recebe crescente atenção nos últi-
mos anos. A competição por terras entre demandas
de conservação e produção está no centro de ques-
tões como segurança alimentar, mudanças climá-
ticas, conservação da biodiversidade e de serviços
ambientais. As políticas originariamente bem inten-
cionadas de incentivos à produção de biocombus-
tíveis, em particular por parte da União Europeia,
teve consequências negativas como o aumento do
desmatamento no sudeste Asiático e o aumento da
insegurança alimentar no Leste da África por land-
grabbing por parte de empresas estrangeiras.
A repercussão negativa destes episódios fez
com que tradicionais organismos de financiamento
a ações de conservação tenham se mostrado reticen-
tes em participar de iniciativas de larga escala sem
contemplar uma visão integrada do uso da terra. Da
mesma forma surgiram argumentos com a imposi-
ção de barreiras para acesso a mercados de produtos
com impacto direto ou indireto sobre desmatamento,
enquanto grandes grupos planejam restrições signifi-
cativas a partir de 2020. Essa é manifestada frequen-
temente em fóruns sobre incentivos para redução de
emissões do desmatamento (REDD+).
LNAE é um projeto da International Institute
for Sustainability (IIS), baseada no Rio de Janeiro e
dedicada a promover transição para a sustentabili-
dade, em parceria com o Instituto Centro de Vida e
Brasil: Demandas adicionais máximas por terra em 2040 (milhões de hectares)
PRODUTO ÁREA
Soja 18,4
Milho 1,3
Cana-de-açúcar 6,1
Florestas plantadas 6,2
Total 32,0Fonte: MAPA e FAO
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GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável
da Agrosuisse, com apoio da International Sustaina-
bility Unit.
O seu objetivo é conciliar a necessidade de
expansão da agricultura com a conservação dos
ambientes naturais e seus serviços, com planeja-
mento territorial integrado. Ajuda incentivar os
“demandadores de terras” (ex: soja, cana) a evi-
tar o desmatamento indireto e os pecuaristas a
aumentar a produtividade. Com isso, destrava os
recursos e desenvolve mecanismos adicionais de
financiamento, enquanto monitora a contribuição
para a mitigação climática
O modelo foi aplicado no estado do Mato
Grosso para avaliar como conciliar a expansão
agrícola e a conservação dos ambientes naturais
com análise econômica no nível do produtor, dis-
cussão de uma estratégia em nível estadual e de-
senvolvimento de mecanismo de implementação
para relacionar o aumento da produtividade com
a conservação dos ambientes naturais.
De 1990 a 2005 em Mato Grosso a produ-
ção cresceu 12,4% ao ano na soja e 7,5% ao ano
na pecuária. De 2010 a 2020 o incremento de
área na sojicultora está projetado entre 1,7 mi-
lhões de hectares a 2,5 milhões. O potencial de
expansão sobre áreas de pastagens é de 9,1 mi-
lhões de hectares em latossolos, principalmente
na região NE.
Brasil e Mato Grosso: Produção de soja em 2010
INDICADOR UNIDADE MATO GROSSO (1) BRASIL (2) (1)/(2) %
Área Milhões de hectares 6,2 23,3 27%
Produção Milhões de toneladas 18,8 68,8 27%
Produtividade Toneladas por hectare 3,0 2,9 -
Fonte: IBGE
Brasil e Mato Grosso: Produção pecuária em 2010
INDICADOR UNIDADE MATO GROSSO (1) BRASIL (2) (1)/(2) %
Área Milhões de hectares 25,8 205,0 13%
Rebanho Milhões de cabeças 28,8 209,0 14%
Lotação Cabeças/hectare 1,1 1,0 -
Abate Milhões de cabeças 4,3 43,8 10%
Desfrute % do rebanho 15,0 20,0 -
Produção Milhões de T eq 1,1 9,2 12%
Peso da carcaça
Quilos por cabeças 250,0 210,0 -
Produtividade Quilos por anos 42,0 45,0 -Fonte: IBGE
Mato Grosso: Área desmatada e remanescente em 2011
TIPOLOGIA DESMATADA REMANESCENTE
TOTAL Km 2 % Km 2 %
Floresta 204 39 322 61 58
Cerrado 157 42 220 58 42
Total 361 40 542 60 100
Fonte: IBGE
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Caminhos para a sustentabilidade na pecuária
(*) Diretor Executivo do Instituto Internacional
para a Sustentabilidade
Elementos necessários para viabilizar o cenário alternativo em MT
DEMANDA AÇÕES ATORES
Construção do Programa setorial de REDD + agropecuário
Definir regras do programa, de-senhar incentivos, desenvolver e monitorar plano de ações
Governo do Estado, Associações de produtores, ONGs e Instituições de Pesquisa
Rede de projetos demonstrativos de BPA
Implementar projetos demonstrati-vos nos principais polos de pecuá-ria, fornecendo: desenvolvimento de projetos, insumos e extensão
Sindicatos Rurais, ONGs, Instituições de Pesquisa
Viabilização do acesso ao Programa ABC
Realizar capacitação para projetistas Instituições financeiras, Associações de produtores, Empresas compra-dorasConstruir sistema de gestão/ garan-
tia de riscos
ATER
Fortalecer ATER pública Governo do Estado
Realizar capacitação para provedo-res de serviços
Sindicatos Rurais, ONGs, Instituições de pesquisa
Pesquisa sobre implementação de BPA
Produzir pesquisa aplicada sobre aspectos técnicos, financeiros e sociais da implementação de BPA
Instituições de pesquisa, Universida-des, ONGs
Monitoramento
Implementar monitoramento e veri-ficação independente – explorando sinergias com sistemas existentes de fiscalização e rastreamento
Governo do Estado (responsabilidade)
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GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável
Preâmbulo A Associação GTPS constitui uma iniciati-
va aberta e voluntária composta de diferentes
atores da cadeia de produção pecuária bovina e
tem como objetivo melhorar a sustentabilidade
social, ambiental e econômica no setor.
O GTPS representa uma iniciativa basea-
da no mercado e aberta a todas as partes que
apóiam a produção, aquisição e financiamento
de produtos e sub-produtos da pecuária bovina
responsável.
Com base neste compromisso, o GTPS deci-
diu desenvolver:
• Princípios e critérios para a produção pecuária sustentável e um mecanismo de verificação de conformidade com estes princípios e critérios através de indicadores para os setores da cadeia produtiva.
• Mecanismos para a promoção da responsabilidade compartilhada entre os atores da cadeia de valor da pecuária bovina.
Este Código de Conduta para membros do
GTPS constitui um mecanismo para a promoção
da responsabilidade compartilhada ao longo de
toda a cadeia de valor da pecuária bovina.
É essencial para a integridade, credibilidade e
o progresso contínuo do GTPS que cada membro
apóie e contribua para o financiamento, produção,
implantação de Princípios e Critérios, aquisição e
uso de produtos oriundos da pecuária sustentável.
Todos os Membros devem agir de boa fé em
prol deste objetivo e se comprometer em aderir
a este Código de Conduta.
Este Código se aplica a todos os Associados
do GTPS em suas atividades no setor da Pecuária
Bovina e de seus derivados.
1 Compromisso • 1.1 As organizações associadas manifestarão
sua adesão como membro do GTPS, bem como aos objetivos, estatutos, Princípios e Critérios, sistema de gestão dos Indicadores e processo de implantação do GTPS, mediante seu apoio esclarecido e explícito.
• 1.2 A adesão ao quadro de membros do GTPS deve ser confirmada por um representante da organização membro. No caso de membros individuais, a própria pessoa física deve confirmar sua adesão ao quadro de membros do GTPS.
• 1.3 O membros se comprometem a aplicar, implementar e gerir conhecimentos, técnicas e práticas que garantam a promoção da pecuária sustentável oriundas das discussões do GTPS.
2 Transparência, • 2.1 Os membros devem fornecer relatórios
anuais sobre seus esforços para apoiar o GTPS e promover a pecuária sustentável.
• 2.2 Os membros se comprometerão a manter um engajamento aberto e transparente com as partes interessadas e se empenharão ativamente a resolver controvérsias, com a devida consideração das informações comerciais sensíveis e/ou confidenciais.
3 Implantação e Apoio • 3.1 Todos os membros estão comprometidos
com o princípio de melhoria contínua na cadeia de valor da pecuária bovina. Os membros se empenharão na implementação dos Princípios e Critérios na melhoria dos indicadores de pecuária sustentável.
• 3.2 Os membros do GTPS compartilham a responsabilidade de arrecadar fundos para apoiar o fortalecimento de capacidades e promover os mecanismos financeiros
Código de Conduta para Membros do Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável
40
Caminhos para a sustentabilidade na pecuária
necessários para a implantação e manutenção da produção pecuária sustentável.
• 3.3 Os membros têm a responsabilidade de assegurar que o compromisso assumido de atender os objetivos do GTPS seja sustentado com recursos adequados dentro de sua organização.
• 3.4 O pessoal relevante dentro das organizações associadas receberá as informações necessárias para atender os objetivos do GTPS no desempenho de seu trabalho.
• 3.5 Membros compartilharão com outros membros suas experiências no desenho e na implantação de atividades de apoio à produção pecuária sustentável.
• 3.6 Os membros se empenharão para que o mercado de produtos da produção pecuária sustentável funcione bem, com mecanismos claros de formação de preços, a fim de garantir a transparência adequada para produtores e membros do GTPS.
• 3.7 Os membros cumprirão rigorosamente com as regras antitruste do GTPS (a serem desenvolvidas) e não praticarão quaisquer condutas que possam ser interpretadas como prática anti-concorrencial.
4 Promoção e declarações • 4.1 Os membros não farão quaisquer
declarações, afirmações ou divulgações enganosas ou sem fundamento técnico legal sobre a produção, aquisição ou utilização de produtos da pecuária sustentável.
5 Violações deste Código • 5.1 No caso de quaisquer disputas entre
membros, com relação à aplicação deste código de conduta, os mesmos são encorajados a resolver as controvérsias direta e oportunamente com as organizações associadas ou através de um Comitê Conciliador específico caso a caso a ser criado no GTPS.
• 5.2 Antes de iniciar um processo judicial, quando houver alegações não resolvidas acerca de violações deste Código, os membros deverão solicitar ao Conselho a formação do Comitê Conciliador.
6 Assuntos diversos• 6.1 Qualquer assunto não previsto por
esse código de conduta será analisado pelo conselho diretor do GTPS
• 6.2 Este código será revisado na Assembléia Geral a cada dois anos ou quando necessário, por determinação do Conselho Diretor.
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