burocracia atrasa paÍs - sfiec.org.br · incorporar responsabilidade social na essência dos...

23
Publicação do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Ceará Ano VI n N o 64 n SETEMBRO/2012 Impresso Especial 9912285067/2011-DR/CE FIEC CORREIOS 3 Impresso fechado, pode ser aberto pela ECT BUROCRACIA ATRASA PAÍS Pesquisa da CNI mostra que excesso de obrigações legais aumenta custos e atrasa investimentos no país, conclusões com as quais concordam empresários cearenses. O problema maior é registrado nas legislações ambientais e trabalhista /sistemafiec @fieconline Páginas 15 a 20

Upload: dinhngoc

Post on 18-Jan-2019

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: BUROCRACIA ATRASA PAÍS - sfiec.org.br · Incorporar Responsabilidade Social na essência dos processos de gestão é uma ... GRENDENE S A 2º - Grande empresa ... Desenvolvimento

Publicação do Sistema Federação das Indústrias do Estado do CearáAno VI n No 64 n SETEMBRO/2012

ImpressoEspecial

9912285067/2011-DR/CEFIEC

CORREIOS

3

Impresso fechado, pode ser aberto pela ECT

BUROCRACIA ATRASA PAÍSPesquisa da CNI mostra que excesso de obrigações legais aumenta custos e atrasa investimentos no país, conclusões com as quais concordam empresários cearenses. O problema maior é registrado nas legislações ambientais e trabalhista

/sistemafiec

@fieconline

Páginas 15 a 20

Page 2: BUROCRACIA ATRASA PAÍS - sfiec.org.br · Incorporar Responsabilidade Social na essência dos processos de gestão é uma ... GRENDENE S A 2º - Grande empresa ... Desenvolvimento

SETEMBRO 2012 | No 64

Publicação do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Ceará

........................................................................................

Logística reversaFiM dOS lixõESA implantação da logística reversa

como parte do Plano Nacional de

Resíduos Sólidos está prevista para

ocorrer até 2015

Cabo VerdeEnTRada paRa a ÁFRicaEm dezembro, rota marítima ligando

Ceará a Cabo Verde criará novas

oportunidades de negócios com o

continente africano

CréditopOSTO dO BndESUnidade instalada na FIEC vira

referência como importante

instrumento de crédito para o setor

produtivo cearense

10

36

40

Seções

MensagemdaPresidência........5

Notas&Fatos..............................6 Inovações&Descobertas..........21

Top Móvel 2012 Agroquímicos

3118

SalvaguardacadEia TêxTil E dE cOnFEcçãOSetor quer que governo abra

investigação para dar início ao

processo de salvaguarda contra

produtos importados

EnergiaMEnOS cuSTO paRa a indúSTRiaO mercado livre é uma opção para fugir

das altas tarifas do mercado regulado,

podendo reduzir entre 10% e 20% o

custo para as indústrias

22

26

FORça dO SETORPrimeira grande feira de negócios do Centro de Eventos do Ceará, a Top Móvel 2012 reafirmou a consolidação do setor moveleiro no estado

REGiSTRO E REGulaMEnTaçõESO setor de agroquímicos luta para criar agência a fim de evitar as muitas dificuldades para regularizar produtos

BurocraciaPesquisa da CNI mostra que excesso de obrigações legais aumenta custos e atrasa investimentos no país. O problema maior é registrado nas legislações ambientais e trabalhista.

15CAPA

SIST

EMA

FIE

C / C

EDIP

/ ED

ITO

RAÇÃ

O

Incorporar Responsabilidade Social na essência dos processos de gestão é uma estratégia fundamental para se alcançar a sustentabilidade nos negócios. O Prêmio SESI enaltece, assim, as empresas que se destacam na promoção da qualidade de

vida do trabalhador, na construção de ambientes seguros, saudáveis e produtivos, o que representa um diferencial competitivo em seus negócios.

Cultura organizacional1º - Grande empresa - COMPANHIA DE BEBIDAS PRIMO SCHINCARIOL2º - Grande empresa - TRES CORACOES ALIMENTOS S/A1º - Média empresa - TINTAS HIDRACOR S/A2º - Média empresa - DINAMO ENGENHARIA LTDA1º - Micro e pequena empresa - DELTA NEGOCIOS IMOBILIARIOS LTDA. 2º - Micro e pequena empresa - FORTCOLOR TINTAS E VERNIZES LTDA.

1º - Grande empresa - COMPANHIA DE BEBIDAS PRIMO SCHINCARIOL2º - Grande empresa - DAKOTA NORDESTE S/A - Maranguape1º - Média empresa - NUFARM INDUSTRIA QUIMICA E FARMACEUTICA S.A.2º - Média empresa - REJUNTAMIX IND. E COM. DE ARGAMASSAS DO CEARA LTDA1º - Micro e pequena empresa - ALPHA METALURGICA LTDA.

1º - Grande empresa - GRENDENE S A2º - Grande empresa - DAKOTA NORDESTE S/A - Iguatu1º - Média empresa - AMENDOAS DO BRASIL LTDA2º - Média empresa - COBAP COM DE PAPEL LTDA

1º - Grande empresa - DAKOTA NORDESTE S/A - Maranguape2º - Grande empresa - COMPANHIA ENERGETICA DO CEARA - COELCE 1º - Média empresa - ONDAS INDUSTRIA E COMERCIO DE CONFECCOES1º - Micro e pequena empresa - CEAGRA CERAMICA E AGROP. ASSUNCAO LTDA.2º - Micro e pequena empresa - DELTA NEGOCIOS IMOBILIARIOS LTDA

1º - Grande empresa - ESMALTEC S/A2º - Grande empresa - SOMA CONSTRUÇÕES LTDA1º - Média empresa - NUFARM INDUSTRIA QUIMICA E FARMACEUTICA S.A.2º - Média empresa - C R C CONSTRUTORA RAIMUNDO COELHO LTDA1º - Micro e pequena empresa - HINEL HIDRAULICA DO NORDESTE LTDA EPP2º - Micro e pequena empresa - CECRATO CERAMICA CRATO LTDA EPP

1º - Grande empresa - FIORI INDUSTRIA E COMERCIO DE CONFECCOES LTDA2º - Grande empresa - C ROLIM ENGENHARIA LTDA1º - Média empresa - COMPANHIA DE AGUA E ESGOTO DO CEARA CAGECE1º - Micro e pequena empresa - PROTENSAO IMPACTO LTDA2º - Micro e pequena empresa - ACO-BRAS - INDUSTRIA E COMERCIO LTDA

Gestão de pessoas

Ambiente de trabalho seguro e saudável

Educação e desenvolvimento

Desenvolvimento socioambiental

Inovação

Conheça agora as empresas vencedoras da etapa estadual do PRÊMIO SESI 2012

Empresas cearenses classi�cadas dentre as 90 melhores do Brasil

Encaixe sua empresa entre as melhores da indústria

NUFARM INDUSTRIA QUIMICA E FARMACEUTICA S.A.HINEL HIDRAULICA DO NORDESTE LTDA EPP

COMPANHIA DE BEBIDAS PRIMO SCHINCARIOLTINTAS HIDRACOR S/A

DELTA NEGOCIOS IMOBILIARIOS LTDADAKOTA NORDESTE S/A - Maranguape

CEAGRA CERAMICA E AGROPECUARIA ASSUNCAO LTDA.NUFARM INDUSTRIA QUIMICA E FARMACEUTICA S.A.

AMENDOAS DO BRASIL LTDACOBAP COM E BENEFICIAMENTO DE ARTEFATOS DE PAPEL LTDA.

- Top QESH - Melhorias rumo ao topo: Observações de Segurança- Ambiente Seguro Trabalhador Saudável- TPM - Alta performance com participação de todos- Iniciativa Sala Verde - SQCDM - Dias de Sousa: Conectando Gestão e Qualidade com Desen. Sust.- Projeto socioambiental ECOVIDA Uma busca por ações sustentáveis.- Uso de Biomassa Renovável nos Fornos- PDP - Programa de Desenvolvimento de Pessoas- CUIDANDO DA GENTE- Gestão de Pessoas - Um foco na satisfação

* Empresas estaduais vencedoras concorrentes no Nacional.

3Setembro de 2012 | RevistadaFIEC |

Page 3: BUROCRACIA ATRASA PAÍS - sfiec.org.br · Incorporar Responsabilidade Social na essência dos processos de gestão é uma ... GRENDENE S A 2º - Grande empresa ... Desenvolvimento

Revista da FIEC. – Ano 6, n 64 (set. 2012) -– Fortaleza : Federação das Indústrias do Estado do Ceará, 2008 -

v. ; 20,5 cm.Mensal.ISSN 1983-344X

1. Indústria. 2. Periódico. I. Federação das Indústrias doEstado do Ceará. Assessoria de Imprensa e Relações com a Mídia.

CDU: 67(051)

Coordenação e edição Luiz Carlos Cabral de Morais ([email protected]) Redação Ângela Cavalcante ([email protected]), G evan Oliveira ([email protected]), Luiz Henrique Campos ([email protected]) e Ana Paola Vasconcelos Campelo ([email protected]) Fotografia José Sobrinho e Giovanni Santos Diagramação Taís

Brasil Millsap Coordenação gráfica Marcograf Endereço e Redação Avenida Barão de Studart, 1980 — térreo. CEP 60.120-901. Telefones (085) 3421-5435 e 3421-5436 Fax (085) 3421-5437 Revista da FIEC é uma publicação mensal editada pela Assessoria de Imprensa e Relações com a Mídia (AIRM) do Sistema FIEC Gerente da AIRM Luiz Carlos Cabral de Morais Tiragem 5.000 exemplares Impressão Marcograf Publicidade (85) 3421-5434, 9187-5063, 8857-1594 e 8786-

2422 — [email protected] e [email protected] Endereço eletrônico www.sfiec.org.br/publicacao/revistadafiec

Federação das indústrias do Estado do ceará — FiEcDIRETORIA Presidente Roberto Proença de Macêdo 1o Vice-Presidente Ivan Rodrigues Bezerra Vice-presidentes Carlos Prado, Jorge Alberto Vieira

Studart Gomes e Roberto Sérgio Oliveira Ferreira Diretor Administrativo Carlos Roberto Carvalho Fujita Diretor Administrativo Adjunto José Ricardo Montenegro Cavalcante Diretor Financeiro José Carlos Braide Nogueira da Gama Diretor Financeiro Adjunto Edgar Gadelha Pereira Filho Diretores Antonio Lúcio Carneiro, Fernando Antonio Ibiapina Cunha, Francisco José Lima Matos, Frederico Ricardo Costa Fernandes, Geraldo Bastos Osterno Júnior, Hélio Perdigão Vasconcelos, Hercílio Helton e Silva, Ivan José Bezerra de Menezes, José Agostinho Carneiro de Alcântara, José Alberto Costa Bessa

Júnior, José Dias de Vasconcelos Filho, Lauro Martins de Oliveira Filho, Marcos Augusto Nogueira de Albuquerque, Marcus Venicius Rocha Silva, Ricard Pereira Silveira e Roseane Oliveira de Medeiros. CONSELHO FISCAL Titulares Francisco Hosanan Pinto de Castro, Marcos Silva Montenegro e Vanildo Lima Marcelo Suplentes Fernando Antonio de Assis Esteves, José Fernando Castelo Branco Ponte e Verônica Maria Rocha Perdigão. Delegados da CNI

Titulares Fernando Cirino Gurgel e Jorge Parente Frota Júnior Suplentes Roberto Proença de Macêdo e Carlos Roberto Carvalho Fujita.Superintendente geral do Sistema FIEC Paulo Studart Filho

Serviço Social da indústria — SESiCONSELHO REGIONAL Presidente Roberto Proença de Macêdo Delegados das Atividades Industriais Efetivos Marcos Silva Montenegro, Alexandre Pereira Silva, Carlos Roberto Carvalho Fujita, Cláudio Sidrim Targino Suplentes Pedro Jacson Gonçalves de Figueiredo, Marcus Venicius, Coutinho Rodrigues, Ricardo Nóbrega Teixeira, Vicente de Paulo Vale Mota Representantes do Ministério do Trabalho e Emprego Efetivo Júlio Brizzi Neto Representantes do Governo

do Estado do Ceará Efetivo Denilson Albano Portácio Suplente Paulo Venício Braga de Paula Representantes da Categoria Econômica da Pesca no Estado do Ceará Efetivo Elisa Maria Gradvohl Bezerra Suplente Eduardo Camarço Filho Representante dos Trabalhadores da Indústria no Estado do Ceará Efetivo

Pedro Valmir Couto Suplente Raimundo Lopes Júnior Superintendente Regional Francisco das Chagas Magalhães

Serviço nacional de aprendizagem industrial — SEnaiCONSELHO REGIONAL Presidente Roberto Proença de Macêdo Delegados das Atividades Industriais Efetivos Aluísio da Silva Ramalho, Ricard Pereira Silveira, Edgar Gadelha Pereira Filho, Ricardo Pereira Sales Suplentes Luiz Eugênio Lopes Pontes, Francisco Túlio Filgueiras Colares, Paula Andréa Cavalcante da Frota, Luiz Francisco Juaçaba Esteves Representante do Ministério da Educação Efetivo Cláudio Ricardo Gomes de Lima Suplente Samuel Brasileiro Filho Representantes

da Categoria Econômica da Pesca no Estado do Ceará Efetivo Paulo de Tarso Teófilo Gonçalves Neto Suplente Eduardo Camarço Filho Representante do Ministério do Trabalho e Emprego Efetivo Júlio Brizzi Neto Representante dos Trabalhadores da Indústria no Estado do Ceará Efetivo Francisco Antônio

Ferreira da Silva Suplente Antônio Fernando Chaves de Lima Diretor do Departamento Regional Fernando Ribeiro de Melo Nunes

instituto Euvaldo lodi — iElDiretor-presidente Roberto Proença de Macêdo Superintendente Vera Ilka Meireles Sales

instituto de desenvolvimento industrial – indiRoberto Proença de Macêdo – presidente

instituto FiEc de Responsabilidade Social – FiRESORoberto Proença de Macêdo – presidente Wânia Cysne de Medeiros Dummar – vice-presidente

MensagemdaPresidênciaRoberto proença de Macêdo

A redução dos preços de energia para todas as classes de consumidores, recentemente anunciada pela presidente Dilma Rousseff, que vem fazendo um grande esforço para fortalecer a competitividade brasileira, soma-se a um conjunto de outras me-didas que vêm sendo tomadas pelo governo federal, indicando um início de diminuição do chamado custo Brasil. Iniciativas como esta e como outras que visam a melhoria da infraestrutura e a desoneração da folha de pagamento das empresas de vários setores, quando concretizadas, terão um impacto muito positivo na economia nacional. No caso específico das providên-cias contempladas na Medida Pro-visória 579/2012, os consumidores serão beneficiados pela redução de tarifas, por conta da diminuição de alguns encargos e do preço da ener-gia gerada em usinas que já tenham seus investimentos amortizados. A queda de até 28% na tarifa de ener-gia industrial poderá diminuir em tor-no de 3% o custo de produção do nosso setor no Brasil, contribuindo para a me-lhora de nossa competitividade global, condição imprescindível para reforçar o nosso posicionamento num mundo que ainda se vê às voltas com os efeitos da crise econômico-financeira, iniciada em 2008 nos Estados Unidos. É certo que muitas contas ainda serão feitas para que haja con-dições de dimensionar com exatidão os valores finais das tarifas a serem cobradas, já que vários estudos terão de ser realizados pela Aneel e as empresas concessionárias precisarão aceitar as novas condições para a prorrogação dos contratos de concessão. Nesse sentido, nós industriais precisamos estar mobilizados nas nossas Federações e na CNI para assegurar a queda efetiva dos pre-ços a serem cobrados, considerando que há uma grande pressão das concessionárias sobre os congressistas, visando aprovar emendas de seus interesses à MP 579.

A energia na redução do custo Brasil

Em matéria de capa, com o título “Lobbies atacam MP do setor elétrico”, o jornal Valor Econômico, de 20/9/2012, noticia que nada menos do que 431 emendas de parlamentares foram recebidas, muitas delas com o intuito de suavizar as regras para a renovação dos contratos de hidrelétricas e linhas de transmissão. O posicionamento dos industriais em apoio aos pontos desta Medida Provisória que beneficiam não somente à indústria, mas ao desenvolvimento do país, tem um caráter de urgência, pois é muito exíguo o prazo de até 5 de dezembro deste ano para que sejam negociadas as novas condições contratuais e

assinados ou não os contratos pelas empresas concessionárias. Além disso, o nosso empenho é também necessário para que se criem as condições que levem a um acordo com as empresas de distribuição e que, como previsto, em 5 de fevereiro de 2013 sejam homologadas as novas tarifas, tendo-se, então, os valores da redução a serem assumidos por cada uma das concessionárias. Do total de 64 concessionárias, 37 poderão ter contratos de concessão prorrogados – as que não foram pri-vatizadas –, as únicas que aceitarão ou não a prorrogação. O efeito dessa

prorrogação será neutro, diferente do que ocorrerá com a ge-ração e transmissão, isso porque as distribuidoras já são sub-metidas a uma revisão tarifária de quatro em quatro anos. As novas tarifas serão calculadas para as 64 em processo de Revisão Extraordinária e os novos valores serão compulsórios. O nosso engajamento na defesa de iniciativas que, mesmo limitadas por condicionantes conjunturais, contribuam para a redução do custo Brasil é fundamental e que isso sirva de exer-cício na construção do que buscamos há muito tempo, que é uma efetiva política industrial, inserida em um projeto de longo prazo para o país.

“ Nós, industriais, precisamos

estar mobilizados nas nossas

Federações e na CNI para assegurar

a queda efetiva dos preços a serem

cobrados, considerando que há uma

grande pressão das concessionárias

sobre os congressistas.

| RevistadaFIEC | Setembro de 20124 5Setembro de 2012 | RevistadaFIEC |

Page 4: BUROCRACIA ATRASA PAÍS - sfiec.org.br · Incorporar Responsabilidade Social na essência dos processos de gestão é uma ... GRENDENE S A 2º - Grande empresa ... Desenvolvimento

OSInDICATo das Indústrias de Panificação e Confeitaria do Estado

do Ceará (Sindpan/CE), entidade ligada à FIEC, em parceria com a Associação Cearense da Indústria de Panificação (Acip), realizou de 29 a 31 de agosto, em Fortaleza, o Ceará Fest-Pão 2012, que reúne a feira da panificação e a festa anual do setor. O evento teve como objetivo contribuir para o crescimento e o fortalecimento de toda a cadeia produtiva da panificação e food service no estado do Ceará, além de aproximar fornecedores e empresas, colaboradores e gestores, lideranças e organizações representativas dos mais diferentes segmentos empresariais. “O Ceará Fest-Pão 2012 inaugura um novo momento para o setor de panificação e confeitaria do estado, que busca aproveitar os novos desafios do crescimento cearense para se desenvolver, tornar-se mais forte. Atuamos em todos os 184 municípios do Ceará e formamos um dos setores que mais têm crescido na economia brasileira nos últimos anos”, disse o presidente do Sindpan/CE, Lauro Martins.

Notas&FatosO q u E a c O n T E c E n O S i S T E M a F i E c , n a p O l í T i c a E n a E c O n O M i a

aplicativo para coleta de lixo eletrônico vence etapa Nordeste

dESaFiO BRaSil

Notas&FatosSindpan

Ceará Fest-Pão reúne indústrias da panificação

cOOpERaçãO

CâmaRa BRasil PoRtugal e CoRReios estimulam PaRCeRias eNtRe Países

cBic

PRêmio estimula iNovação e susteNtaBilidade

A Câmara Brasil Portugal no Ceará (CBP/CE) e os Correios assinaram Protocolo de Cooperação em 14 de setembro, na FIEC. O acordo firmado com a assinatura do Protocolo de Cooperação busca unir esforços entre as partes para estabelecer parcerias nas entidades que tratam da inserção do empresariado cearense no mercado externo, visando fomentar os negócios internacionais, envolvendo empresários cearenses e portugueses. A assinatura foi

realizada pelo diretor regional dos Correios no Ceará, Haroldo Aragão Filho, e pelo presidente da CBP/CE, Jorge Duarte Chaskelmann. Na mesma data, ocorreu o lançamento da emissão conjunta de selos Brasil-Portugal, com data de circulação de 7 de setembro de 2012 a 10 de junho de 2013, em comemoração ao Ano de Portugal no Brasil e Ano do Brasil em Portugal. A iniciativa teve o objetivo de promover a cultura, fomentar laços comerciais e estreitar os vínculos entre as sociedades.

A CâMARA Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), entidade representada no Ceará pelo Sinduscon/CE, filiado à FIEC, está com inscrições abertas para o 19º Prêmio CBIC de Inovação e Sustentabilidade. Empresas, pesquisadores, estudantes e profissionais do setor da construção civil que desejarem participar têm até o dia 31 de outubro para realizar a sua inscrição no site www.cbic.org.br/premioinovacao-esustentabilidade. O prêmio é dividido nas categorias novos materiais, sistemas construtivos e pesquisa.

uM APlICATIVo criado para recolher lixo eletrônico utilizando

a logística reversa foi o ganhador da etapa Nordeste (Ceará, Piauí e Maranhão) do Desafio Brasil, maior competição entre projetos de inovação tecnológica de empreendedores e empresas iniciantes (startups) de todo o país. A final regional foi realizada em 11 de setembro na FIEC. O Desafio Brasil é

um programa realizado pelo GVcepe – Centro de Estudos em Private Equity e Venture Capital da Fundação Getúlio Vargas, oferecido pela Intel Brasil, Telefonica e Visa, com apoio da Fapeam e Sebrae. Em Fortaleza, recebe apoio do INDI, entidade vinculada à FIEC. O projeto está agora classificado para a final nacional da competição, que será realizada nos dias 4 e 5 de outubro, em São Paulo.

iEl E SindSORvETES

PRogRama de eCoeFiCiêNCia Nas emPResaso InSTITuTo Euvaldo Lodi (IEL/CE), em parceria com o Sindicato das Indústrias de Sorvetes do Estado do Ceará (Sindsorvetes), lançou em 11 de setembro, na FIEC, o Programa de Ecoeficiência nas Empresas. A iniciativa pretende implantar, por etapas, a gestão eficiente de resíduos em empresas associadas ao sindicato. O objetivo final é a criação de uma central de resíduos. O programa faz parte das atividades relativas à participação do Sindsorvetes no Programa de Apoio à Competitividade das Micro e Pequenas Indústrias (Procompi). O Sindsorvetes atua no projeto no sentido de tornar seus associados mais competitivos e conscientes com o processo de sustentabilidade, diminuindo o impacto gerado ao meio ambiente no processo de fabricação, armazenagem e comercialização de produtos.

>> Cartas à redação contendo

comentários ou sugestões de

reportagens podem ser enviadas para a

Assessoria de Imprensa e Relações com

a Mídia (AIRM) Avenida Barão de Studart,

1980, térreo, telefone: (85) 3421-5434.

E-mail: [email protected]

FoTo

: GIo

VANN

I SAN

ToS

SEBRaE MaiS

pROGRaMa BuSca TREinaR EMpRESÁRiOSO Centro Industrial do Ceará (CIC) apresentou a seus associados, em 9 de setembro, uma parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/CE) e o Instituto Euvaldo Lodi (IEL/CE) para implantar o Programa Sebrae Mais, com o apoio da FIEC. O projeto, intitulado Programa Parceria para Inovação IEL, Sebrae e CIC – Fomentando o Diferencial Sebrae Mais, criado pelo Sebrae e operacionalizado por consultores do IEL,

objetiva contribuir para modernizar a gestão e estimular a inovação nas empresas. Segundo o articulador da Unidade de Gestão de Negócios do Sebrae, Régis Dias, o projeto é uma solução simples e direta para o empresário. "Nós hoje temos uma larga opção para treinar os funcionários da empresa, que é importantíssima e que devemos continuar, mas faltava algo para treinar o dono da empresa, o sócio, para fazer com que ele trace novas estratégias", disse.

qualidadE nO TRaBalHO

melhoRes PRátiCas da iNdústRia BRasileiRao PRoGRAMA SESI de Qualidade no Trabalho (PSQT) escolheu os vencedores da etapa estadual da edição 2012. Este ano, das 90 melhores práticas da indústria brasileira, dez são do estado do Ceará. As empresas vencedoras estão automaticamente concorrendo na etapa nacional. A solenidade de premiação estadual será realizada no dia 31 de outubro, às 18h, na FIEC. O PSQT valoriza práticas corporativas voltadas à promoção da qualidade de vida aos seus colaboradores nas áreas de cultura organizacional, gestão de pessoas, ambiente de trabalho seguro e saudável, educação e desenvolvimento, desenvolvimento socioambiental e inovação. Destaque para a Nufarm Indústria Química e Farmacêutica, que teve duas práticas entre as melhores do país. As outras empresas são: Hinel Hidráulica do Nordeste, Companhia de Bebidas Primo Schincariol, Tintas Hidracor, Delta Negócios Imobiliários, Dakota Nordeste – Maranguape, Ceagra Cerâmica e Agropecuária, Amêndoas do Brasil e Cobap Beneficiamento de Artefatos de Papel.

FoTo

: JoS

É SoB

RINH

o

| RevistadaFIEC | Setembro de 20126 7Setembro de 2012 | RevistadaFIEC |

Page 5: BUROCRACIA ATRASA PAÍS - sfiec.org.br · Incorporar Responsabilidade Social na essência dos processos de gestão é uma ... GRENDENE S A 2º - Grande empresa ... Desenvolvimento

Notas&FatosNotas&Fatos

Participantes do Concurso sinditêxtil 2012 preparam-se para a final

MOda aSSOciaçãO caaTinGa

tatu-bola, o mascote da Copa de 2014

OSInDICATo da Indústria de Fiação e Tecelagem em Geral do Estado do Ceará (Sinditêxtil/CE), entidade

filiada à FIEC, realizou um workshop para empresas e finalistas do Concurso Sinditêxtil 2012 em 30 de agosto, na Casa da Indústria. As empresas têxteis apresentaram suas linhas de produtos aos dez finalistas do concurso, que terão a oportunidade de escolher insumos para a confecção das coleções que vão desfilar em 25 de outubro na grande final. Para Germano Maia, presidente do Sinditêxtil, o concurso é motivo

de alegria para a entidade sindical e favorece o desenvolvimento de uma indústria criativa. Essa é a quarta edição do Concurso Sinditêxtil de Costura, Modelagem e Design, que, em 2012, tem o Centenário de Luiz Gonzaga como tema. Ao todo, 176 pessoas, entre estudantes, autodidatas e profissionais de moda, participaram. São parceiros da ação: SENAI, Sebrae, Sindconfecções, Sindroupas, UFC, Marista, Fanor, Estácio/FIC e Faculdade Ateneu. Mais informações no site www.sinditextilce.org.br ou (85) 3421-5456.

SinduScOn

Festa homeNageia os melhoRes da CoNstRução 2012o SInDICATo da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon/CE) realiza em 30 de novembro a Festa do Prêmio da Construção 2012, no La Maison Dunas, em Fortaleza. É a 11ª edição do evento, que homenageia os melhores do setor, escolhidos por meio do voto dos associados do sindicato. Neste ano, os troféus vão para José Simões, da J. Simões, como Construtor do Ano; Adahil Fontenele, secretário da Seinfra, agraciado na categoria Desenvolvimento Setorial; Eugênio Montenegro, da Fibra Engenharia, recebe o prêmio de Tecnologia e Qualidade na Construção; Ricardo Miranda, da Construtora Santo Amaro, destaca-se com ação de Responsabilidade Social; Neudson Braga, homenageado na categoria Resgate Histórico; e Geraldo Santos, da Construtora Diagonal, como o Operário do Ano. O prêmio é uma iniciativa do Programa Qualidade de Vida na Construção, do Sinduscon.

...................................................

n Até 3 de novembro, seguem abertas as inscrições para o Prêmio Práticas de Inovação Simec 2012. A iniciativa do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas Mecânicas e de Material Elétrico do Estado do Ceará (Simec), entidade filiada à FIEC, busca incentivar o aprimora-mento do segmento eletrometalmecânico cearense a partir do fomento a práticas inovadoras existentes no setor, além de reconhecer e premiar os melhores projetos de inovação tecno-lógica e modelos de gestão inovadoras de empresas cearenses. O evento, coordenado pelo IEL/CE, tem o apoio do Núcleo Empresarial de Inovação (NEI/CE), do Movimento Inova Ceará e do Fórum das Engenharias do Estado do Ceará. As premiações somam 25 000 reais, além de tablets para os vencedores de cada categoria. Para inscrições e mais informações: www.simec.org.br/premio ou (85) 3421 6515 / 6517.

AGENDA

pOlO MOvElEiRO

pROjETO quE TESTa ESpéciES MadEiREiRaS EM MaRcO cOMEça SEGunda FaSE

Está em fase inicial a segunda fase do projeto Teste e seleção de espécies arbóreas para a indústria do polo moveleiro de Marco, da Embrapa Agroindústria Tropical, que está testando espécies nativas e não tradicionais, como aroeira, andiroba, nim, cedro, jatobá e eucalipto, dentre outras, para suprir a demanda madeireira da produção do município de Marco, 8° maior polo moveleiro do país, com 28 indústrias. Quem informa é o presidente do Sindicato da Indústria de Serrarias do Estado do Ceará (Sindserrarias), Agostinho Carneiro

de Alcântara. A segunda fase consiste na multiplicação das melhores espécies. A fase seguinte buscará multiplicar as espécies dentro do ambiente de produção, o que seria a grande inovação para o setor e um avanço para o mercado cearense. O projeto é realizado desde 2009 pela Embrapa, com financiamento do Banco do Nordeste (BNB) e da Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece), além de apoio do Sindserrarias e do Sindicato das Indústrias do Mobiliário do Estado do Ceará (Sindmóveis), Dnocs, INDI e Fabricantes Associados de Marco (Fama).

aFEDERAção Internacional de Futebol (Fifa) registrou em 11 de setembro, no site de patentes europeias

(OHIM), o desenho do tatu-bola como o mascote da Copa do Mundo de 2014, que será realizada no Brasil. O tatu-bola foi sugerido por uma ONG cearense, a Associação Caatinga, em fevereiro passado. A data da divulgação oficial do mascote ainda não foi divulgada. Segundo a Associação Caatinga, instituição que há 14 anos trabalha em prol da preservação da natureza, como a espécie está ameaçada de extinção, a realização da Copa do Mundo de Futebol é uma grande oportunidade de propor um mascote para o evento que represente a riqueza da nossa biodiversidade e, ao mesmo tempo, a preocupação com as ameaças ao nosso patrimônio natural. Assim, lançou o tatu-bola (Tolypeutes tricinctus) para ser

o nosso mascote: uma espécie 100% brasileira. Presidida por João Bosco Priamo Carbogim, a entidade tem como vice-presidente o diretor financeiro adjunto da FIEC, Edgar Gadelha, e, entre seus membros, o presidente da FIEC, Roberto Proença de Macêdo.

n no DIA 14 de setembro, foi inaugurada a segunda etapa da fábrica Malwee no município de Pacajus, que é a maior e mais moderna unidade planejada da empresa. Agora são 34 000 metros quadrados de área construída, dentro de um terreno de 120 000 metros quadrados. Hoje, a Malwee emprega diretamente 1 500 funcionários de Pacajus, Horizonte, Chorozinho e entorno. Com a ampliação, até o final de 2013, esse número deverá saltar para 2 400, que serão responsáveis pela produção mensal de um milhão de peças de roupas.

n A IMPlAnTAção de cinco grandes empreendimentos em Horizonte, localizada na região metropolitana de Fortaleza, deve gerar 2 520 empregos diretos e indiretos até o primeiro semestre de 2013, segundo estimativa do secretário de Desenvolvimento Econômico (SDE) do município, Dário Rodrigues. Ao final de 2012, as empresas Rouppa Confecções, do setor de malharia e confecção; Arca Plast, injeção de plástico; e Duro Bloco, fabricação de blocos pré-moldados para construção civil, já estarão em pleno funcionamento.

n ATé o FInAl do primeiro semestre de 2013, outras duas empresas, a Flex do Brasil, de fabricação de câmeras de ar e pneus para motocicleta, e a Bel Frios, empresa de processamento e distribuidora de alimentos, serão construídas em Horizonte. No total, devem ser investidos cerca de 40,6 milhões de reais, com subsídios do Banco do Nordeste do Brasil (BNB).

CURTAS---------------------

FoTo

: JoS

É SoB

RINH

o

| RevistadaFIEC | Setembro de 20128 9Setembro de 2012 | RevistadaFIEC |

Page 6: BUROCRACIA ATRASA PAÍS - sfiec.org.br · Incorporar Responsabilidade Social na essência dos processos de gestão é uma ... GRENDENE S A 2º - Grande empresa ... Desenvolvimento

O fim dos lixõesLogística reversa já é desenvolvida por 60 das cem maiores empresas do país. Ela prevê o recolhimento e descarte pelo fabricante do resíduo pós-consumo

A dois anos do prazo final estipulado pelo governo fede-ral para o fim dos lixões do país, definido pelo Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), uma pesquisa

feita pelo Instituto de Logística e Supply Chain – Instituto Ilos revelou, em agosto passado, que 60 das cem maiores empresas do país já desenvolvem alguma atividade relacio-nada à operação de logística reversa, que prevê o recolhi-mento e descarte pelo fabricante do resíduo pós-consumo. O levantamento foi divulgado no 18º Fórum Internacional de Logística, no Rio de Janeiro.

A consultora do Instituto Ilos e responsável pela pesquisa, Gisela Sousa, em entrevista à Agência Brasil, disse que “o fato de as grandes empresas já terem alguma atividade mostra uma predisposição em cumprir o que determina a lei”. De cada dez entrevistados, seis apontaram a lei como principal motivação para implantar a logística reversa. Em termos de investimento para aplicar o que diz a norma, cerca de 70% das consultadas querem gastar, “no máximo”, 400 000 reais por ano para fazer uma operação de logística reversa. Gisela Sousa ressalta que a maior parte das companhias está preocupada com a questão da imagem. Ou seja, atualmente, deixar de desenvolver algu-ma ação associada às áreas ambiental e social pode ter impacto direto na imagem institucional.

A executiva explica que muitas empresas veem a questão da sustentabilidade como uma forma de ganhar mercado, além da conscientização em relação à preservação do meio ambien-te. “Se você vai olhar para o futuro, não tem como deixar de lado a sustentabilidade, cada vez mais relevante para os novos consumidores.” Dentro desse contexto, os maiores motivado-res para realizar um trabalho de logística reversa de resíduos são a marca e o aumento das vendas. “As empresas já encaram isso como uma necessidade, uma solicitação do próprio con-sumidor”, acrescenta Gisela.

Meio ambiente

Ainda segundo o levantamento, dentre os principais obstáculos apontados pelas empresas para investirem na logística reversa, está o da questão geográfica. Como o consumidor está espalhado pelo país, isso dificulta um pouco a operação e eleva custos, em razão da baixa es-cala de transporte. A necessidade de instalação de pontos para a coleta do resíduo foi apontada como barreira por 53% das companhias consul-tadas. Para 45%, falta mais apoio governamental para a coleta seletiva.

O estudo mostra, também, que nem todas as empresas fazem um trabalho de coleta de resí-duos envolvendo a participação do consumidor brasileiro. Somente 23% disseram ter iniciati-vas de coleta que incluem o público. Em 42% das companhias, os materiais são coletados no varejo, enquanto 27% instalam pontos de coleta em suas próprias dependências. A reutilização dos resíduos na produção é considerada uma

Se você vai olhar para o futuro, não tem como deixar de lado a sustentabilidade, cada vez mais

relevante para os novos consumidores.“Gisela Sousa, consultora do Instituto Ilos

operação positiva por 21% das companhias, devido à redução de custos. Já 17% se revelam motivadas pela perspectiva de aumento da re-ceita. Ainda de acordo com a pesquisa, menos de 40% das indústrias que operam no Brasil têm um setor responsável pela logística reversa dos resíduos no pós-consumo.

Os detalhamentos da implementação das medidas de logística reversa serão definidos nos editais previstos para serem publicados entre no-vembro e dezembro próximos, a partir da assina-tura dos acordos setoriais com o governo.

Até 2015

E m todo o país, a implantação da logística reversa – ação indispensável para o sucesso do Plano Nacional de Resíduos Sólidos

(PNRS) – deverá ocorrer, no mínimo, em 2015. É o que estima o Ministério do Meio Ambiente. A logística reversa prevê o retorno para a indústria de materiais como embalagens, óleos lubrificantes, pneus e lâmpadas, dentre outros, para serem novamente aproveitados pelo fabricante. De acordo com a lei, a logística reversa é um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada.

Para realizar a logística reversa, os empresários poderão recorrer à compra de produtos ou embalagens usadas, atuar em parceria com cooperativas de catadores e criar postos de coleta. Os consumidores serão obrigados a acondicionar adequadamente e de forma diferenciada os resíduos sólidos gerados, bem como colocar à disposição corretamente os materiais reutilizáveis e recicláveis para coleta e devolução. O texto aprovado cria um vínculo explícito do plano de gerenciamento dos resíduos ao licenciamento ambiental e também reconhece o papel dos catadores de lixo com parte fundamental no processo.

Outro ponto central do Plano Nacional de Resíduos Sólidos, aprovado em 2010, determina o fim de todos

os lixões do país, por meio da instalação de aterros sanitários, até agosto de 2014. A partir dessa data, aos aterros deverão ser enviados apenas rejeitos – a parte do lixo que não pode ser reciclada ou reutilizada. Os municípios com mais de 200 000 habitantes tiveram até 2 de agosto deste ano para apresentar seus planos de gestão de resíduos, incluindo a implementação dos aterros. Fortaleza e outras 16 capitais não conseguiram cumprir o prazo (veja na página 13).

Para o intento dar certo, o plano estabelece o envolvimento de todos os agentes na linha de produção e distribuição: fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes e o próprio consumidor. Além disso, governo federal, estados e municípios terão responsabilidade compartilhada no esforço para atingir essa meta, assim como para investir em cooperativas de catadores, aumentar a coleta seletiva e assegurar a destinação adequada do lixo não reciclável. De fato, não são apenas as empresas e governo que têm de cumprir obrigações na destinação dos resíduos sólidos. As regras preveem que moradores de localidades que contam com serviço de coleta seletiva e que não separam seu lixo adequadamente estarão sujeitos a advertência e até mesmo a multa, que varia de 50 reais a 500 reais.

De acordo com a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, divulgada em agosto de 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dos 5 564 municípios brasileiros somente 994 têm coleta seletiva, sendo que 536 deles contam

FoTo

: GIo

VANN

I SAN

ToS

| RevistadaFIEC | Setembro de 201210 11Setembro de 2012 | RevistadaFIEC |

Page 7: BUROCRACIA ATRASA PAÍS - sfiec.org.br · Incorporar Responsabilidade Social na essência dos processos de gestão é uma ... GRENDENE S A 2º - Grande empresa ... Desenvolvimento

com a participação das cooperativas. Segundo o levantamento, os primeiros programas de coleta seletiva e reciclagem no Brasil começaram na década de 1980. Londrina, no Paraná, e Araxá, em Minas Gerais, são cidades apontadas como modelos na coleta e no tratamento adequado do lixo. Mais de 4 400 cidades brasileiras depositam resíduos sólidos em lixões. Um estudo da Associação Brasileira de Resíduos Sólidos e Limpeza Pública indica a necessidade de implantação de 256 aterros sanitários de grande porte e de 192 unidades menores no país nos próximos dois anos para que as metas do plano nacional sejam atingidas.

O levantamento mostra também que os vazadouros a céu aberto – os lixões –, ainda representam um dos principais problemas no país porque não possuem nenhum tipo de impermeabilização do solo, além de não atenderem às normas de controle. No entanto, eles representam o destino final dos resíduos sólidos em 50,8% dos municípios brasileiros. No Nordeste, 89,3% das localidades, e no Norte, 85,5%, destinam seus resíduos sólidos para esses lixões. No Sudeste (18,7%) e no Sul (15,8%), os números são menos alarmantes.

No Brasil, hoje, 37% de todo o lixo que vai para os aterros são formados por resíduos secos que podem ser reaproveitados, enquanto

outros 55% são compostos de resíduos úmidos, que poderiam ser usados para compostagem. O restante (8%) é formado por rejeitos sem possibilidade de reutilização. Pela nova regulamentação, o governo federal deverá destinar 1,5 bilhão de reais para o tratamento adequado de resíduos sólidos nos municípios brasileiros. Por deixar de reciclar, o país perde anualmente 8 bilhões de reais.

Grupos de trabalho

A tualmente, cinco grupos de trabalho – eletroeletrônicos, remédios, embalagens, resíduos e embalagens de óleos lubrificantes e lâmpadas

fluorescentes de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista – estão se reunindo para apresentar ideias que nortearão o processo de logística reversa dos resíduos industriais no Brasil. Sua implementação pretende garantir o aumento do percentual de reciclagem no Brasil, que atualmente não passa de 13%, mas, segundo especialistas, poderia ser de 30%.

Na prática, os cinco grupos devem definir quais os tipos de produtos de cada cadeia e os tipos de resíduos que serão submetidos à logística reversa. As discussões incluem todos os agentes da cadeia de responsabilidade compartilhada – importadores, fabricantes, distribuidores, comerciantes, o Movimento Nacional de Catadores de Material Reciclável e representantes dos estados e dos municípios.

Para o secretário de Ambiente Urbano e Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente, Silvano Silvério,

a logística reversa visa definir uma modelagem para ser apresentada à sociedade, a fim de orientar o cidadão sobre como ele fará o descarte do seu resíduo, visando devolvê-lo ao seu ciclo de vida. “Nossa pretensão é que exista uma regra em que esse cidadão, depois de utilizar determinado produto, saiba que pode levá-lo a um determinado lugar, onde haverá uma unidade para recepcionar o descarte. E que aquele produto devolvido seguirá para uma reciclagem, onde algumas peças serão reutilizadas na fabricação de um novo produto semelhante numa mesma cadeia ou em outros ciclos”, explica o secretário.

Nessa primeira fase dos encontros, os cinco grupos de trabalho estão definindo como será custeado todo o processo e quem vai arcar com ele. A segunda etapa será a elaboração de um estudo de viabilidade técnico-econômica para as cadeias e depois a definição de subsídios para elaboração de um edital em que o governo federal convocará um acordo setorial para cada uma das cadeias. No documento, estarão definidas quais as cadeias e quais os produtos da logística.

O Ministério do Meio Ambiente explica que o processo começa com lançamento do edital e depois com realização dos acordos setoriais. Em seguida, o governo federal colocará as propostas definidas em consulta pública. Nesse momento, o cidadão terá oportunidade de opinar, argumentar e dizer se concorda com os termos. Na sequência, o governo analisa a proposta e, estando de acordo com o edital, convoca as partes para ratificarem um acordo setorial. Um contrato é assinado, publicado e passa a valer para todo o país.

Fim do prazo

D esde 2 de agosto, 90% dos municípios brasileiros estão correndo o risco de ficar sem os recursos federais para investir em

seus projetos e serviços relacionados à limpeza urbana e ao manejo de resíduos sólidos, nem poderão ser beneficiadas por incentivos ou financiamentos de entidades federais de crédito ou fomento. Isso porque terminou o prazo para que as prefeituras apresentassem ao Ministério do Meio Ambiente (MMA) seus planos de gestão.

A Lei 12 305/2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos, nos artigos 16 e 18, condiciona a apresentação do Plano de Gestão dos Resíduos Sólidos ao MMA para que estados e municípios possam pleitear recursos em órgãos como Ministério do Meio Ambiente, Ministério das Cidades, Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e Fundação Nacional de Saúde (Funasa), visando implantar os programas de gerenciamento e resíduos até 2014. Oficialmente, apenas 488 municípios apresentaram seus planos, menos de 10% das cidades brasileiras até a data estipulada há dois anos. Neste total, estão incluídos os planos estaduais de Pernambuco, Rio Grande do Norte, Mato Grosso, Sergipe, Bahia, Santa Catarina, Amazonas, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal. Fortaleza foi uma das capitais que não cumpriram o prazo.

Segundo o diretor da Autarquia de Regulação, Fiscalização e Controle dos Serviços Públicos de Saneamento Ambiental (Acfor) da Prefeitura de Fortaleza, Humberto Júnior, a previsão é que, até o fim de setembro, o projeto da capital seja concluído e enviado ao MMA. O executivo afirma (e até acredita) que, mesmo atrasada, a cidade de Fortaleza não será punida, assim como as demais que entregarem o projeto até o fim do ano. “Como estamos em período eleitoral, essa determinação terá de ser revista, isso porque não há como os órgãos de fomento liberarem verbas nessa época do ano. Além disso, na nossa interpretação, a lei não diz claramente que as cidades que não cumprirem o prazo estarão fora da concessão de recursos.”

O plano entregue inclui cinco ações fundamentais: diagnóstico da situação do lixo gerado na cidade, identificação de áreas favoráveis para disposição final ambientalmente adequadas, indicadores de desempenho operacional e ambiental dos serviços públicos de limpeza urbana, regras para o transporte e outras etapas do gerenciamento do lixo e programas e ações de educação ambiental que promovam a não geração, a redução, a reutilização e a reciclagem de resíduos sólidos.

Para tentar atender à legislação federal que pretende pôr fim aos lixões, o secretário estadual das Cidades, Camilo Santana, anunciou em agosto que o Ceará terá 27 consórcios entre municípios e a Secretaria das Cidades para a construção de aterros sanitários regionais. O objetivo da parceria entre os municípios e o governo do estado é apresentar uma solução para o destino dos resíduos sólidos dentro dos padrões de desenvolvimento sustentável, com produção de energia renovável e geração de créditos de carbono. Cada consórcio abrange vários municípios e o objetivo final é favorecer todas as localidades.

A necessidade dos consórcios surgiu da dificuldade de um município sozinho construir, operar e gerenciar um aterro sanitário. “Essa foi a forma encontrada para viabilizar o cumprimento da lei. O estado é parceiro nessa fase inicial de consultoria e formação do consórcio. Depois, a gerência na coleta fica a cargo do município”, explica o secretário.

Segundo Santana, dos 27 consórcios, 11 já estão com seus projetos de construção em andamento, em diferentes regiões do estado. O mais avançado é o da região do Cariri, que tem conclusão prevista para o final deste ano. A etapa seguinte é a elaboração do edital de obras e seu posterior lançamento para contratação da empresa que executará as obras. Serão beneficiados dez municípios caririenses: Crato, Juazeiro do Norte, Barbalha, Altaneira, Caririaçu, Farias Brito, Jardim, Missão Velha, Nova Olinda e Santana do Cariri. Os da região de Sobral, envolvendo Alcântara, Mucambo, Cariré, Coreaú, Forquilha, Frecheirinha, Groaíras, Massapê, Graça, Meruoca, Moraújo, Pacujá, Santana do Acaraú e Senador Sá, e de Icó e Milagres também estão em fase adiantada, garante o secretário.

A logística reversa visa orientar o cidadão sobre como

ele fará o descarte do seu resíduo.“Silvano Silvério, secretário de Ambiente Urbano e

Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente

“O estado é parceiro na fase inicial de

consultoria e formação do consórcio. Depois, a gerência na coleta fica a cargo do município.

“Camilo Santana, secretário

estadual das Cidades

“Fo

To: G

IoVA

NNI S

ANTo

S

| RevistadaFIEC | Setembro de 201212 13Setembro de 2012 | RevistadaFIEC |

Page 8: BUROCRACIA ATRASA PAÍS - sfiec.org.br · Incorporar Responsabilidade Social na essência dos processos de gestão é uma ... GRENDENE S A 2º - Grande empresa ... Desenvolvimento

na mostra, promover ações pelo resgate social de quem participa da cadeia da reciclagem, mas está à margem de vários processos sociais, como catadores de materiais recicláveis, associações e cooperativas da área e pequenos deposeiros.

Durante a solenidade de encerramento da feira, o Sindiverde fará a entrega da segunda edição do Prêmio Sindiverde de Jornalismo Ary Albuquerque. A iniciativa, do próprio sindicato, destacará as melhores reportagens sobre reci-clagem e transformação de material veiculadas na imprensa brasileira e distribuirá 21 000 reais em prêmios. Na ocasião, também serão conhe-cidas as empresas vencedoras do Prêmio FIEC por Desempenho Ambiental. Em sua 9ª edição, a comenda é o reconhecimento da FIEC, por meio do Núcleo de Meio Ambiente (Numa), das indústrias cearenses que obtiveram destaque na conservação ambiental e na implementação de atividades que resultam em melhoria da quali-dade do meio ambiente, de acordo com os prin-cípios do desenvolvimento sustentável.

A indústria da reciclagem no Ceará movimen-ta mensalmente cerca de 40 milhões de reais e são gerados em torno de 3 200 empregos diretos e 9 600 indiretos. Os interessados em participar do Recicla Nordeste, ou saber mais detalhes sobre o evento, podem acessar o site http://reciclanordeste.com.br.

Om outubro, o Sindicato das Empresas de Re-ciclagem de Resíduos Sólidos Domésticos e Industriais do Estado do Ceará (Sindiverde)

realiza o principal evento da região sobre reci-clagem, meio ambiente e sustentabilidade: a Re-cicla Nordeste 2012. O evento, em sua terceira edição, que tem o apoio da Federação das In-dústrias do Estado do Ceará (FIEC), por meio do Instituto de Desenvolvimento Industrial (INDI), será no recém-inaugurado Centro de Eventos do Ceará, entre os dias 17 a 19.

A Recicla Nordeste, com entrada gratuita, abordará este ano o tema “Reciclar, um bom ne-gócio”, em três frentes que visam envolver todos os elos da cadeia da indústria da reciclagem: a Feira da Indústria da Reciclagem e Transforma-ção, o Seminário Reciclagem e Meio Ambiente e a Mostra de Tecnologia e Economia Solidária.

Segundo Marcos Albuquerque, coordenador geral do evento e presidente do Sindiverde, a Recicla Nordeste tem três grandes objetivos: desenvolver a indústria de reciclagem do Cea-rá, apresentando tecnologias novas, por meio de máquinas e equipamentos periféricos da área de reciclagem; trabalhar a sustentabilidade das empresas no seminário, que não é voltado so-mente para indústrias, mas também para toda a população, trabalhando as ideias de consumo consciente e economia dos recursos naturais; e,

Recicla Nordeste 2012

A Recicla Nordeste tem três grandes objetivos: desenvolver a indústria de reciclagem do

Ceará, apresentando novas tecnologias; trabalhar a sustentabilidade; e promover ações pelo resgate social de quem participa da cadeia da reciclagem, mas está à margem de vários processos sociais.

Marcos Albuquerque, coordenador geral da Recicla Nordeste

e presidente do Sindiverde

“ “

Pesquisa da CNI mostra que excesso de obrigações legais aumenta custos e atrasa investimentos. Para os empresários, o problema é maior nas legislações ambiental e trabalhista

Burocracia afeta nove em cada dez indústrias

Oexcesso de burocracia prejudica a competitividade de 92% das indústrias brasileiras, eleva os custos, des-via recursos das atividades produtivas e atrapalha os

investimentos. As informações são da Sondagem Especial Burocracia, feita pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Para mais da metade dos empresários (52%), o impac-to da burocracia na empresa é alto. A pesquisa ouviu 2 388 industriais em todo país. Desses, 1 835 são da indústria de transformação, 116 da extrativa e 437 da construção.

Brasil

A análise dos dados foi feita em dois blocos: um que reúne as avaliações da indústria da construção e outro da indústria de transformação e extrativa. No geral, os em-presários dos três setores relatam que enfrentam uma sé-rie de problemas no cumprimento das obrigações legais. Dentre as dificuldades destaca-se o número excessivo dessas obrigações, com 85% das respostas. Em segundo lugar, vem a complexidade das obrigações legais, com 56% das assinalações, e, em terceiro, com 41% das respostas,

FoTo

: JoS

É SoB

RINH

o

| RevistadaFIEC | Setembro de 201214 15Setembro de 2012 | RevistadaFIEC |

Page 9: BUROCRACIA ATRASA PAÍS - sfiec.org.br · Incorporar Responsabilidade Social na essência dos processos de gestão é uma ... GRENDENE S A 2º - Grande empresa ... Desenvolvimento

os entrevistados citaram a alta frequência das mudanças. Dentre os principais impactos da burocracia nas empresas citados pelos entre-vistados estão a elevação dos custos de ge-renciamento dos trabalhadores, com 58% das menções, o aumento do uso de recursos em atividades não ligadas diretamente à produ-ção (57% das respostas) e o atraso na realiza-ção dos investimentos (40% das assinalações). Para o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon/CE), Roberto Sérgio Ferreira, a burocracia maior é quanto a licenciamentos e alvarás. "A buro-cracia atrasa o desenvolvimento e o progresso do país", afirma.

Certificados e licenças

Para 76% dos entrevistados, é alto o grau de burocracia na emissão de certificados e licenças ambientais. Apenas 7%

dizem que a burocracia é baixa na legislação ambiental. Na avaliação de 70%, a burocracia é alta na legislação trabalhista e 66% dizem o mesmo sobre a emissão de certificados e licenças sanitárias.

Roberto Sérgio exemplifica: "Apenas as empresas de construção civil de Fortaleza estão com pendências na Secretaria de Meio Ambiente e Controle Urbano de Fortaleza (Semam) que somam 5,8 bilhões de reais. São obras que proporcionam o desenvolvimento da cidade e que não podem ser tocadas devido à burocracia".

A participação em processos de licitação é considerada burocrática por 93% dos empresários. Os procedimentos para obtenção de financiamento público são complicados para 96% deles. Dos empresários, 95% reclamaram das obrigações contábeis e 88% dos procedimentos para pagamento dos tributos.

O setor têxtil também é afetado pela burocracia. De acordo com o presidente do Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem em Geral do Estado do Ceará (Sinditêxtil), Germano Maia, o excesso de burocracia prejudica cidadãos e setor produtivo. "Os controles pelos órgãos governamentais são necessários, no entanto, prejudicam o cidadão de uma maneira geral e o setor produtivo, quando sufocam os mesmos com o excesso de burocracia. Quando se fala em questões ambientais, no Brasil, a lentidão é notória."

De acordo com a sondagem, quanto maior a empresa, maior é a percepção de que os processos burocráticos atrapalham a competitividade dos negócios. A maioria, 95% das médias e 94% das grandes indústrias, é afetada pelo excesso de burocracia. Esse número cai para 88% entre as pequenas empresas.

A presidente do Sindicato da Indústria de Curtume de Couros e Peles do Estado do Ceará (Sindicouros), Roseane Medeiros, destaca a preocupação com a concorrência de outros países. "Vemos um atraso do Brasil com relação à burocracia dos processos. Outros países, inclusive nossos concorrentes

Problemas diferentes

Conforme a Sondagem Especial da CNI, a percepção de que a burocracia prejudica a competitividade das empresas é

semelhante em todos os segmentos da indústria. Mas o excesso de obrigações legais causa diferentes problemas nas indústrias extrativa, de transformação e da construção.

Na avaliação de 47% dos empresários da construção, a burocracia atrasa a finalização do produto/obra ou serviço. Esse percentual cai para 23% na indústria de transformação e para 25% na indústria extrativa. Para 35% dos construtores, o excesso de procedimentos aumenta o custo de celebração de contratos. Esse número cai para 21% no caso dos donos de empresas do ramo extrativo e para 17% para os empresários da indústria de transformação.

As sugestões dos empresários para o corte da burocracia também são diferentes. Na construção, 25% acreditam que o governo deve priorizar a redução da burocracia nas licitações públicas. O percentual cai para 12% nas indústrias de transformação, e para 6% na indústria extrativa. Por outro lado, 19% dos empresários do ramo de transformação e 17% dos que atuam na indústria extrativa reclamam dos procedimentos aduaneiros. O percentual é de apenas 4% entre os empresários da construção. Para Germano Maia, é preciso

A burocracia atrasa o desenvolvimento e

o progresso do país.

Acredito ser importante promover

a 'desburocratização' para dar mais agilidade às indústrias, tornando-as mais leves e com menores custos na produção.

Roberto Sérgio Ferreira, presidente do Sinduscon/CE

Germano Maia, presidente do Sinditêxtil

““

nas exportações, estão bem à frente quanto a isso e acabam passando à frente também na realização de negócios."

Na opinião dos empresários, o governo deve investir no combate à burocracia. A prioridade para 73% deve ser a área trabalhista. Em segundo lugar, como opção mais citada – foi possível apresentar mais de uma resposta por entrevistado –, aparece, com 55% de menções, o combate à burocracia na legislação ambiental. Os empresários citaram ainda como sugestões para mudanças que o governo elimine procedimentos para o pagamento dos tributos (42%), diminua as obrigações contábeis (41%), facilite o trâmite em torno da previdência social (39%) e facilite a obtenção de licença de funcionamento, alvará de construção ou habite-se (36%).

favorecer a competitividade: "Acredito ser importante promover a 'desburocratização' para dar mais agilidade às indústrias, tornando-as mais leves e com menores custos na produção, proporcionando mais competitividade".

Leia mais na página 18.

Roseane Medeiros: "Vemos um atraso do Brasil com relação à burocracia dos processos"

FoTo

: JoS

É SoB

RINH

o

FoTo

: JoS

É SoB

RINH

o FoTo

: JoS

É SoB

RINH

o

| RevistadaFIEC | Setembro de 201216 17Setembro de 2012 | RevistadaFIEC |

Page 10: BUROCRACIA ATRASA PAÍS - sfiec.org.br · Incorporar Responsabilidade Social na essência dos processos de gestão é uma ... GRENDENE S A 2º - Grande empresa ... Desenvolvimento

O registro e a liberação de agroquímicos atualmente estão fracionados entre diversos órgãos públicos, e isso tem prejudicado a agricultura nacional

Agência quer agilizar registros e regulamentações

Agroquímicos

O Brasil, atualmente, é o maior consumidor doméstico de agrotóxicos do mundo, ficando à frente de paí-ses como os Estados Unidos. Um estudo da Agên-

cia Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), por sua vez, apontou crescimento de 190% do comércio desses produ-tos em nosso país entre os anos de 2000 e 2010, mais que o dobro da medida mundial, que atingiu a marca de 93% no mesmo período. Números que mostram a pujança no setor e as perspectivas para os próximos anos diante de uma economia que se mostra cada vez mais fortalecida e com potencial de alçar voos mais altos em todo o mun-do. Mesmo diante desse quadro, cerca de 45 000 ações de fiscalização por ano e produtos aguardando até sete anos pela tramitação do processo de análise e regularização nos órgãos federais denotam os problemas que afetam o setor

de agroquímicos e fitossanitários orgânicos, com reflexos diretos na competitividade do segmento no Brasil.

Para representantes do setor, a falta de agilidade e a buro-cracia dos órgãos federais estariam emperrando a regulari-zação dos produtos a serem colocados no mercado. Hoje, o processo de análise e fiscalização passa por três instituições: Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Reno-váveis (Ibama) e Ministério da Agricultura (Mapa). Nesse sen-tido, a criação da Agência Nacional de Agroquímicos e Fitos-sanitários Orgânicos está sendo defendida como um grande avanço para acelerar o processo de regularização do uso dos defensivos agrícolas para a produção de determinadas cultu-ras. A proposta da agência foi publicada no Diário Oficial da Câmara dos Deputados em 24 de março de 2012.

No dia 3 de abril, foi encaminhada à minis-tra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann. No entanto, ainda aguarda uma definição do governo fede-ral para que possa ser implementada. De acor-do com o deputado federal Antônio Balhmann (PSB/CE), autor da ideia quando comandou a Frente Parlamentar Mista da Fruticultura, houve uma audiência com o ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro, no dia 12 de junho, que garan-tiu total apoio à proposta. Inclusive, reforçou o parlamentar, ele teria adiantado que já havia conversado com o ministro Alexandre Padilha, da Saúde, sobre a agência. "Devemos agendar uma audiência no Ministério da Saúde e com Gleisi Hoffmann para debater o assunto."

Com a agência, diz Balhmann, a ideia seria via-bilizar o registro de agrotóxicos para culturas com baixo suporte fitossanitário – em sua maioria hor-taliças e frutas –, de acordo com diretrizes interna-cionais estabelecidas e reconhecidas no âmbito da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e do Codex Alimentarius. “Hoje, do jeito que está, o registro e a liberação de agroquímicos estão fracionados entre diversos órgãos públicos, fator que tem prejudicado a agri-cultura nacional.” Segundo Balhmann, os maiores desafios da fruticultura brasileira nos próximos anos são diversificar a produção e elevar o padrão de qualidade a níveis internacionais, a fim de ala-vancar as exportações. Mas, para isso, é preciso que o governo ofereça os meios.

Durante encontro promovido em setembro pelo Sindicato das Indústrias Químicas, Farma-cêuticas e da Destilação e Refinação de Petróleo do Estado do Ceará (Sindiquímica), na Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), do qual participou ainda o deputado federal Raimundo Gomes de Matos (PSDB/CE), o diretor executivo da Associação Brasileira dos Defensivos Genéri-cos, Túlio Oliveira, e empresários e lideranças do segmento no estado, Balhmann pôde aquilatar o descontentamento com o quadro vivido pelo seg-mento. Ele, todavia, não se mostrou surpreso com as queixas: "Nós percebemos isso na Frente Parla-mentar Mista da Fruticultura, mas recorrente em todos os setores. O problema é o mesmo. Foi por isso que propomos a ideia da agência". Na visão do parlamentar, encontros como o realizado pelo sin-dicato têm, também, o papel didático de fornecer subsídios para um debate técnico sobre o tema.

Antônio Balhmann se queixou de que os pro-dutores estão perdendo a guerra midiática. "É pre-ciso termos a compreensão que estamos bulindo com um gigante, e a questão se trata de uma guer-

ra comercial. Não tenho dúvida disso. O aspecto comercial é um componente importante, e há, por parte de algumas organizações não governamen-tais (ONGs), um forte campo de batalha, porque sabem do potencial do Brasil nessa área e não que-rem nos deixar ganhar mercado", explicou. Para o parlamentar, muita coisa no Brasil está sendo tra-vada pela burocracia, que acabou virando também um meio de vida. "A realidade dos agroquímicos no país é inaceitável. Como é que se pode passar até seis, sete anos para registrar um produto, e os que vêm de fora entram sem as mesmas exigências. Isso precisa ser enfrentado."

Presidente da Comissão de Agricultura da Câ-mara dos Deputados, Raimundo Gomes de Matos reforçou a ideia de Antônio Balhmann, destacan-do que é preciso uma articulação das instituições produtoras brasileiras para que a agência de agro-químicos saia do papel. "Nós temos de estar alertas para essa discussão e procurar levar o debate da forma mais aberta possível, porque os interesses contrários são grandes." Segundo o presidente do Sindiquímica, José Dias de Vasconcelos, a entidade está aberta para aprofundar essa discussão e enga-jada no sentido da criação da agência. Ele disse que recebe muitas reclamações dos empresários sobre as exigências durante os processos relacionadas à regularização de produtos, e, ao mesmo tempo, se veem importados ocupando o mercado brasileiro de maneira bem mais flexível.

Balhmann diz que a agência tem o propósito de, pelo menos, simplificar esse processo de re-gistro. "A coisa está em um estágio tão difícil, e o retrato é o desemprego.” Para ele, é preciso muitas pessoas lutando nessa trincheira. “Não é uma luta de um parlamentar, de uma bancada. É de todo um segmento", arrematou.

Temos de estar alertas para essa discussão

e procurar levar o debate da forma mais aberta possível, porque os interesses contrários são grandes.

Raimundo Gomes de Matos, presidente da Comissão de Agricultura da

Câmara dos Deputados

“ “

FoTo

: GIo

VANN

I SAN

ToS

| RevistadaFIEC | Setembro de 201218 19Setembro de 2012 | RevistadaFIEC |

Page 11: BUROCRACIA ATRASA PAÍS - sfiec.org.br · Incorporar Responsabilidade Social na essência dos processos de gestão é uma ... GRENDENE S A 2º - Grande empresa ... Desenvolvimento

InovaçoesDescobertas&

PESquISADoRES DESEnVolVEM PInTuRA AuTolIMPAnTE PARA CARRoS

Parece ficção científica, mas é apenas tecnologia da informática, que já chegou à indústria de calçados. Uma empresa norte-americana desenvolveu uma linha completa de sapatos feitos com impressoras tridimensionais. Ou seja, em vez de passar por uma linha de produção convencional, as peças ficam prontas apenas usando uma impressora. Os calçados, produzidos com nylon impresso em 3D, têm formas delicadas, mas resistentes e ao mesmo tempo leves. Possuem uma sola de couro na parte interna e são revestidos com uma borracha sintética na parte inferior para proporcionar tração. Existem vários modelos, acabamentos e tamanhos disponíveis, mas se a compradora quiser um ainda mais personalizado, basta programar no site da loja. Os modelos são feitos a partir de um código de computador que é enviado para a impressora. Cada par personalizado sai por cerca de 900 dólares.

Uma empresa de fiação no Paraná lançou uma novidade no mercado de confecções que deve agradar, sobretudo, aos ambientalistas. Trata-se do jeans de seda sustentável que dispensa lavanderia e amaciamento. O tecido é composto 50% de seda, 25% de pet e 25% de algodão. Segundo o fabricante, por ser de poliéster, o jeans de garrafa pet esquenta no corpo, portanto, para haver um equilíbrio térmico, foi usado algodão na composição. A empresa trabalha com a chamada seda sustentável, produzida a partir de casulos rejeitados pelos cultivadores do bicho-da-seda na região conhecida como Vale da Seda, no Paraná. Os casulos rejeitados são levados para a fabricação de seda por cerca de 70 funcionários, que utilizam, manualmente, máquinas de tecelagem, água de poço artesanal e captada da chuva, tinturas de folhas (mangas, espinafre, erva-mate, etc.), cascas (cerragem de eucalipto, pinhos, etc.), raízes (cebola, açafrão, etc.) e sementes (urucum, índigo, etc.). Segundo Glicínia Seterenaski, designer e diretora da tecelagem, o jeans de seda é um produto ambientalmente sustentável. “Fibras do pet e do algodão costumam ser dispensadas pela indústria, assim como o casulo usado tradicionalmente na produção. Além disso, porque não utilizamos lavanderia e amaciamento, economizamos, pelo menos, 80 litros de água por peça lavada.” Em julho passado, a empresa recebeu o prêmio Ecochic Day, destinado a empresas sustentáveis.

CIEnTISTAS CRIAM ChoColATE SAuDáVEl

O chocolate dos sonhos – aquele que não engorda e mantem o mesmo sabor – está cada vez mais próximo da realidade. Pesquisadores da Universidade de Warwick, do Reino Unido, criaram um chocolate que substitui até 50% do teor de gordura por suco de fruta, tornando-o mais saudável e que promete não engordar. A informação foi publicada no jornal Daily Mail. “É a gordura do chocolate que dá todas as sensações que as pessoas esperam, a textura suave, a forma como derrete na boca e ainda o estalo que faz quando quebra com a mão. Descobrimos uma maneira de manter todas essas características, mas com suco de fruta em vez de gordura”, informou Stefan Bom, líder do estudo. A equipe chegou a esse resultado ao tirar grande parte da manteiga de cacau e das gorduras do leite, e as substituir por gotas de suco de medição inferior a 30 microns de diâmetro. O processo acrescentou suco de

laranja e de cranberry (oxicoco) no chocolate ao leite, branco e amargo. Para manter o sabor ainda mais próximo do original, existe a possibilidade do uso de água e de uma pequena quantidade de ácido ascórbico (vitamina C) no lugar de suco.

A novidade agora vem da indústria de tintas. Pesquisadores da Universidade de Tecnologia de Eindhoven, na Holanda, criaram um composto que, aplicado à pintura dos automóveis, consegue mantê-los sempre limpos em meio a quaisquer adversidades. Segundo os cientistas, o produto cria uma camada protetora com alta resistência à água. Para manter o carro limpo, bastaria, por exemplo, dirigir sob a chuva: como a pintura repele a água, ela escorreria com toda a sujeira. O produto também pode ser importante para outros ramos industriais, como o da produção de energia renovável. Com a aplicação da pintura especial, seria possível criar painéis solares que não sujem com facilidade, mantendo maior eficiência por mais tempo. Em outro exemplo, aplicado na superfície de uma aeronave, significaria uma considerável economia de combustível, uma vez que o avião teria menos resistência ao ar.

SAPATo FEITo EM IMPRESSoRA 3D

JEAnS DE SEDA SuSTEnTáVEl

Passados 22 anos da publicação da

Lei dos Agrotóxicos, o que se vê é ineficiência, forte ideologia e baixíssima efetividade nas políticas públicas para esse setor.Antônio Balhmann, deputado federal

“ “

O setor de defensivos agrícolas no Brasil passou por estruturação significativa no final da década de 1980, com a publicação da atual

Lei dos Agrotóxicos. O componente ambiental foi o aspecto mais marcante nas discussões sobre esse tema e está representado categoricamente pelo nome criado para essas substâncias, com forte aspecto pejorativo: agrotóxicos. Além desse ponto, para Balhmann, as discussões sobre fabricação, comércio e, principalmente, uso dessas substâncias vêm se tornando mais complexas a cada ano, mormente com a estrutura que se dispôs para a regulação no Brasil. "Conceitualmente estabeleceu-se a divisão democrática na tomada de decisões para essas substâncias entre os ministérios da Agricultura, Saúde e Meio Ambiente. A tríade formada por essas três pastas teve o intuito de preservar as visões de cada uma delas e assegurar que as autorizações de uso de produtos químicos no controle de pragas seguissem os mais rigorosos preceitos científicos internacionais", entende o deputado.

Passados 22 anos da publicação da Lei dos Agrotóxicos, o que se vê, no entanto, avalia Balhmann, "é ineficiência, forte ideologia e baixíssima efetividade nas políticas públicas para esse setor". Após sua publicação, continua ele, a lei possuiu duas regulamentações com intervalo de cerca de dez anos. É fato, ainda, destaca, "que o cenário brasileiro para os defensivos é sui generis devido à aptidão agrícola brasileira nos trópicos e à heterogeneidade do modelo agrícola que vai desde o campesinato e assentamentos de reforma agrária aos mais modernos campos de soja, algodão, cana e citros. Acrescenta ele: “Além de estarmos tratando de um país gigantesco, com características diferentes (culturais e geográficas) de norte a sul. O Brasil, para se ter uma ideia, ocupa desde 2009 a primeira posição no mercado de defensivos, mas ainda exerce uma política pública carregada de preconceitos e ineficiente em uma série de pontos".

Esse cenário brasileiro, apesar de caótico, não é estranho aos olhos do mundo. Diversos países possuem múltiplas agências para controlar os chamados pesticidas. O Japão possui quatro órgãos públicos para vigiar esses insumos. Alemanha, México e Brasil possuem três. Colômbia, Chile e muitos países da Europa, pelo menos dois. “A maioria das nações, no entanto, conta apenas com um órgão de controle, que em geral é o de agricultura”, diz Balhmann. A novidade inspiradora para esse modelo regulatório, no entanto, são os países desenvolvidos, como os Estados Unidos e a Austrália, mas, sobretudo, o Canadá. Os canadenses passaram pelos mesmos problemas que o Brasil no desenvolvimento de uma política eficiente de registros e seu modelo preservou as visões da saúde, meio ambiente e agricultura, porém superando a carga burocrática ao criar uma única agência.

Setor enfrenta aspecto pejorativo

> Somente foi instalado um sistema efetivo de registros de genéricos no Brasil em meados da década de 2000, pelo menos dez anos após a implementação intencional das bases científicas para isso.

> Não há a adoção de conceitos de avaliação de risco, seja nos aspetos de saúde ou meio ambiente por inércia dos órgãos competentes para essa implementação.

> Há falhas contundentes na comunicação dos riscos e evidentes compo-nentes ideológicos na condução de programas de monitoramento seja de resíduos ou de intoxicação.

> Não existem recursos disponíveis para os órgãos executarem programas de monitoramento ambiental ou financiamento de projetos de pesquisa para temas relevantes na área de defensivos.

> Há pouca competência técnica nos órgãos com alta rotatividade e baixos incentivos à capacitação, além de altíssima influência de oNGs e de conceitos político-ideológicos na tomada de decisões sobre defensivos.

> Há um sistemático canibalismo técnico e político entre os órgãos envolvidos que traz prejuízos a todos eles e à implantação de políticas nas três áreas.

> o sistema de registro e, consequentemente, todo o modelo de regulação de defensivos no Brasil é fracionado horizontalmente em três poderes: Ministério da Agricultura, órgão da administração direta responsável pelo registro dos produtos para uso agrícola; Ibama, autarquia a quem foi delegada a respon-sabilidade da avaliação ambiental dos defensivos e outras atribuições, mas que sofre severa concorrência da pasta de Meio Ambiente, e Anvisa, agência a quem foi delegada a parte de avaliação e as políticas públicas para a área de saúde e quem tem a estrutura mais moderna, porém mais radical e menos técnica em relação aos defensivos.

> Além disso, existe o fracionamento de competências vertical que atribui aos estados da federação, sem vinculação de subordinação com a união, a compe-tência de fiscalizar o comércio e o uso desses insumos, área onde evidentemente ocorrem os maiores problemas e desvios.

Problemas que travam a competividade

FoTo

: GIo

VANN

I SAN

ToS

| RevistadaFIEC | Setembro de 201220 21Setembro de 2012 | RevistadaFIEC |

Page 12: BUROCRACIA ATRASA PAÍS - sfiec.org.br · Incorporar Responsabilidade Social na essência dos processos de gestão é uma ... GRENDENE S A 2º - Grande empresa ... Desenvolvimento

Abit que garantir competitividade com os produtos importados e reverter quadro de dificuldades que atinge grande parte da cadeia têxtil brasileira

Salvaguarda contra importadosA criação de uma salvaguarda para o vestuário e a im-

plantação do Regime Tributário Competitivo para a Confecção (RTCC) são os dois principais pontos da

agenda que a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) defende para que os segmentos pos-sam garantir competitividade em relação aos produtos im-portados e reverter um quadro de dificuldades, atingindo grande parte da cadeia têxtil no Brasil. A petição de salva-guarda foi protocolada em 23 de agosto no Departamento de Defesa Comercial (Decom) do Ministério do Desenvol-vimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). De acor-do com o superintendente da Abit, Fernando Pimentel, a medida abrange 60 produtos de confecção que correspon-dem a 82% do total de vestuário importado.

Mas apenas a petição de salvaguarda não garante que o go-verno inicie o processo de investigação para a sua implementa-ção. O primeiro passo nesse sentido seria o Decom/MDIC pu-blicar a abertura das investigações no Diário Oficial da União. Somente com a conclusão da investigação, e sua determinação positiva, é que começaria a valer a aplicação dos limites quanti-tativos às importações. A questão, diz o dirigente da Abit, é que não há prazo, nem a garantia de que o Decom inicie de fato a investigação. Para acelerar esse processo, a associação está arti-

Cadeia têxtil e de confecção

em 2011, em relação a 2010, e queda de 9 000 toneladas nas vendas no mercado doméstico. Enquanto isso, as im-portações atingiram a marca de 23 000 toneladas. Para Pimentel, a salvaguarda, que é uma medida de defesa co-mercial, visa deter o surto de importações que está provo-cando prejuízo grave à indústria nacional. "A salvaguarda permitirá o fortalecimento dessa indústria, por meio de ações e políticas de aumento de competitividade.”

Para Alfredo Bonduki, presidente do Sindtêxtil de São Paulo, a petição de salvaguarda para vestuário apresenta-da pela Abit atende às condições estabelecidas pela Or-ganização Mundial do Comércio (OMC), internalizadas no Brasil pelo Decreto nº 1 488, de 1995. Conforme ele, os números mostram a existência de um fato inespera-do, de um surto de importações e de grave prejuízo à in-dústria doméstica. Bonduki se baseia ainda na petição da Abit para prognosticar que se algo não for feito, mantidas as condições atuais, em uma década o mercado nacional estará tomado por importados, o que impactará no fecha-mento de cerca de 30 000 confecções e na perda de mais de 1 milhão de empregos diretos.

No que diz respeito ao RTCC, Fernando Pimentel explica que a maior parte da indústria de confecção do

culando ações com diversas entidades no país. No Ceará, um documento será assinado pelos três sindicatos industriais que fazem parte da cadeia produtiva – Sinditêxtil, Sindconfecções e Sindroupas –, pedindo celeridade na aprovação do início da investigação (veja box na página 24).

Segundo levantamento apresentado pela Abit na peti-ção, a participação dos produtos importados nos varejos das grandes redes de lojas brasileiras atinge o patamar de 20%. Em relação ao consumo geral, a participação dos im-portados saltou de 3%, em 2007, para 8,5%, em 2011, com perspectiva de chegar a 12% até o final deste ano. Com isso, a balança comercial de têxteis e confecções acumulou déficit de 3 bilhões de dólares de janeiro a julho de 2012. Também na petição, o setor alega que a crise mundial pro-vocou a queda das importações de vestuário dos princi-pais mercados compradores do mundo, Estados Unidos e União Europeia, gerando aumento de excedentes produ-tivos na Ásia. Esses países asiáticos buscaram mercados alternativos de escoamento, provocando um surto de im-portação de vestuário no Brasil.

Especificamente em relação ao nosso país, as impor-tações subiram 240% de 2007 a 2011. Isso acabou acarre-tando a queda de produção nacional de 11 000 toneladas

Brasil está inserida no regime do simples tributário. "Este regime é positivo para o processo de formalização, porém ele não é um regime que estimule o crescimento para que as empresas possam ganhar escala e investir em inovação e governança de forma maciça." A partir dessa visão, Pi-mentel diz que o objetivo do RTCC é propor um modelo nos moldes do Regime Simplificado, mas estendido, para

A salvaguarda visa deter o

surto de importações que provoca prejuízo à indústria nacional.Fernando Pimentel, superintendente da Abit

“ “

| RevistadaFIEC | Setembro de 201222 23Setembro de 2012 | RevistadaFIEC |

Page 13: BUROCRACIA ATRASA PAÍS - sfiec.org.br · Incorporar Responsabilidade Social na essência dos processos de gestão é uma ... GRENDENE S A 2º - Grande empresa ... Desenvolvimento

A necessidade de um engajamento por parte da cadeia têxtil e do vestuário para que o governo federal tome uma posição favorável

à implantação da salvaguarda terá dos três sindicatos industriais cearenses que compõem esse segmento apoio incondicional. No encontro mantido com o dirigente da Abit na Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), no dia 14 de setembro, o presidente do Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem em Geral do Estado Ceará (Sinditêxtil/CE), Germano Maia, garantiu que acompanhará o pleito entregue pela Abit ao governo federal, procurando mobilizar todos os parceiros e entidades envolvidos com o tema. "Estamos juntos nessa grande causa em prol do desenvolvimento e crescimento dos setores em nosso estado e em todo o país. É fundamental a articulação com políticos que atuam na esfera federal para termos celeridade no processo."

Ele lembra que a penetração de produtos têxteis e de confecções acabadas importados no Ceará e as fábricas de "fundo de quintal", que atuam na informalidade, minaram em 12% as vendas e em 16% a produção da indústria de confecção local, em 2011, enquanto a produção física da indústria têxtil cearense registrava queda de 24,7%. Germano aponta que o objetivo da medida é "proteger a indústria nacional da concorrência desleal dos produtos chineses", reforçando que as salvaguardas serão essenciais para o setor, como forma de conter o avanço dos importados chineses no mercado nacional, em 2012. De acordo com o dirigente classista, a perda de competitividade do setor não ocorre por falta de qualidade nos produtos cearenses, "mas devido à concorrência desleal".

Para o presidente do Sindicato das Indústrias de Confecções de Roupas e Chapéus de Senhoras do Estado do Ceará (Sindconfecções), Marcus Venicius Rocha Silva, "da porta da fábrica para dentro está tudo bem, temos qualidade, qualificação e tecnologia. O problema está do lado de fora", referindo-se à elevada carga tributária e aos juros altos praticados no Brasil. O empresário ressalta, ainda, que as fábricas têxteis na China gozam de subsídios de 75% no preço do algodão, recebem terrenos para construção de indústrias e uma série de isenções fiscais. No Brasil, ao contrário, "além de todos esses benefícios (concedidos aos chineses), ainda sofremos com a informalidade". Para ele, não é o produto chinês que é barato, “mas o brasileiro que é caro, ou encarecido com o excesso de encargos e impostos”.

permitir que as empresas cresçam além do Simples Nacional. O dirigente da Abit afirma que estão sendo analisados dados de mais de 50 000 empresas com base nas informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatís-tica (IBGE) e Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), dentre outras, para se chegar a uma modelagem de perspectiva futura, na qual será divulgado, com base no que existe hoje, o que poderá acontecer em termos de queda de produção e arrecadação de impos-tos. "Como contraponto, mostraremos o que poderemos obter com esse novo regime em termos de investimento, crescimento e gera-ção de novos postos de trabalho, tanto para

atender ao mercado doméstico quanto ao mercado mundial."

O Brasil tem hoje a quarta maior pro-dução de vestuário e a quinta maior pro-dução de têxtil do mundo, sendo que é a maior cadeia produtiva integrada do Ocidente, gerando 1,7 milhão de postos diretos de trabalho. Esse modelo que será proposto a partir do RTCC, diz Fernando Pimentel, tem como objetivo gerar anual-mente mais de 50 000 postos de trabalho e atender ao crescimento do mercado na-cional, que, segundo estudo de consultoria especializada, deverá aumentar em mais de 100 bilhões de dólares até 2020.

Sindicatos cearenses engajados

Da porta da fábrica para dentro

está tudo bem, temos qualidade, qualificação e tecnologia. O problema está do lado de fora.

Marcus Venicius Rocha Silva, presidente do Sindconfecções

“ “COmO é a salvaguarda COmerCIal NúmerOs que justIfICarIam a medIda

surto de importação de vestuário

quaNdO POde ser aPlICada

Criada a partir de um acordo específico na OMC e incorporada ao ordenamento jurídico brasileiro, pode ser aplicada na forma de sobretaxa ou de co-tas (limites qualitativos) às importações provenien-tes de qualquer parte do mundo, garantindo, assim, a proteção necessária à indústria nacional por um período de até dez anos.

Aumento de 240% de 2007 a 2011, em volume.

Crescimento de 42% em 2011, em relação a 2010, em volume.

Em 2011, em relação a 2010, a indústria nacional de vestuário registrou uma queda de produção de 11 000 toneladas, perda nas vendas no mercado interno de 9 000 toneladas, enquanto as importações cresceram 23 000 toneladas.

A participação dos produtos importados no consumo brasileiro de vestuário aumentou 175% de 2007 a 2011.

Dados do IBGE mostram fortes evidências de agravamento do pre-juízo em 2012. No primeiro semestre, os dados mostraram queda de 13% na produção de vestuário em relação ao mesmo período de 2011, ao passo que as importações cresceram 30%, em volume.

Em 2011, o setor têxtil e de confecção perdeu 11 729 empregos diretos.

35 empresas produtoras de vestuário apresentaram seus dados individuais que confirmaram a existência de prejuízo grave na indústria nacional.

A partir do momento em que um fato inesperado pro-voque surto de importações que cause prejuízo grave à indústria nacional. No caso do Brasil, argumenta a Abit, com a crise mundial, a queda das importações de vestuário dos principais mercados compradores do mundo, Estados Unidos e União Europeia, gerou o aumento dos excedentes produtivos na Ásia que bus-caram mercados alternativos de escoamento, provo-cando um surto de importação de vestuário no Brasil. A queda nas importações de vestuário dos Estados Unidos e da União Europeia foi equivalente à produ-ção total brasileira, para se ter uma ideia.

FoTo

: JoS

É SoB

RINH

o

FoNTE: ABIT

| RevistadaFIEC | Setembro de 201224

Page 14: BUROCRACIA ATRASA PAÍS - sfiec.org.br · Incorporar Responsabilidade Social na essência dos processos de gestão é uma ... GRENDENE S A 2º - Grande empresa ... Desenvolvimento

O mercado livre, que pode reduzir entre 10% e 20% o custo de energia para as fábricas, é uma opção para fugir das altas tarifas do mercado regulado

Menos custo para a indústria

Cerca de 28% da energia total comercializada no Brasil, o que representa pouco mais de 1,1 mil de consumidores e aproximadamente 30 bilhões de

reais em negócios por ano, já fazem parte do chamado mercado livre de energia, ambiente em que os consumi-dores, sejam eles grandes ou médios, podem escolher seus fornecedores do insumo. Com potencial para chegar a 46% da energia comercializada, o mercado livre no Bra-sil pode alcançar 10 000 consumidores.

Grandes, médias e até pequenas indústrias podem se tornar consumidoras livres e ter uma redução no custo de energia, considerada um dos principais e mais caros

Mercado livre de energia

custo depende do processo de produção da empresa”, explica a gerente de Estudos e Ges-tão de Energia da Andrade & Canellas Ener-gia, Alexandra Januário. A promessa de redu-ção dos custos com a conta de energia não é o único benefício. Isso porque no mercado livre, ao escolher seu fornecedor, os consumi-dores podem negociar livremente um conjun-to de variáveis como prazo contratual, preços, variação do preço ao longo do tempo e servi-ços associados à comercialização.

“No mercado livre, existem mais opções de gerenciamento do custo, como negociar preço, negociar condições de fornecimento, coisa que no mercado regulado não é possí-vel”, diz Alexandra. No entanto, investir nes-se mercado requer preparação para usufruir todas as potencialidades que a modalidade permite. Segundo a gerente, dentre as difi-culdades que os empresários enfrentam, em um primeiro momento, está a falta de conhe-cimento das possibilidades do mercado livre. “Nem todo mundo sabe quem pode ser livre e por que, quais são as dificuldades. Além disso, é necessário fazer um estudo e a ope-racionalização envolve mais trabalho. Isso demanda acompanhamento constante, se-não você não consegue aferir tantos ganhos quanto poderia”, destaca. “Não é um merca-do simples, porque é algo muito novo ainda. O mercado livre só tem dez anos no Brasil,

PAOLA VASCONCELOS

insumos do processo de produção. Com as últimas me-didas para reduzir o custo da energia anunciadas pela presidente da República, Dilma Rousseff, no último dia 11 de setembro (veja página 30) – que devem diminuir em até 4% o custo de produção da indústria, por meio da redução de 28% da tarifa –, o mercado livre de energia acaba se tornando mais atrativo ainda, uma vez que se espera a possibilidade de negociar valores menores com o fornecedor no momento da compra.

“Os benefícios são em média uma redução entre 10% e 20% no custo para as fábricas. A energia é um dos ele-mentos mais caros da produção industrial e o preço desse

então ainda há muita coisa amadurecendo, regulamentação ocorrendo; é um mercado em processo de mutação.”

Os grandes consumidores livres, na faixa de consumo a partir de três megawatts, po-dem comprar energia de qualquer fornecedor. Já os consumidores livres especiais, a partir de 500 kilowatts, que são menores, só podem comprar de fontes renováveis. A gerente da Andrade & Canelas Energia acrescenta que o Brasil está meio atrasado nesse limite. “Na maioria dos países europeus, esse limite é muito menor. Mas é uma reivindicação do se-tor, que depende de negociações com o Minis-tério de Minas e Energia e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Novo perfil de consumidor

Apossibilidade de escolher produtos específicos a cada perfil de consumo combinando sinais de preços e de investimentos contribui para reduzir custos e

garantir suprimento. No mercado livre, a competição entre os agentes é aproveitada em favor dos consumidores. “Estamos num contexto de mudança. A sociedade está escolhendo mais e pensando melhor na hora de comprar. Por que não fazer escolha também na hora de consumir energia?”, questiona a presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Elbia Melo. O bom do mercado livre, diz, é que o comprador pode escolher um produto que se adeque às suas opções de consumo e gerenciar a energia que adquire e suas características.

Elbia destaca que o mais importante no mercado livre não é apenas a questão do preço: “O fator mais central

do mercado livre é que o consumidor tem características e necessidades diferentes. Existem certas indústrias, por exemplo, em que a energia responde por 40% do custo de um bem que ela entrega no mercado”.

No mercado livre, existem mais

opções de gerenciamento do custo.

Por que não fazer escolha

na hora de consumir energia?

Alexandra Januário, gerente de

Estudos e Gestão de Energia da Andrade

& Canellas Energia

Elbia Melo, presidente

executiva da Abeeólica

““

FoTo

: GIo

VANN

I SAN

ToS

FoTo

: GIo

VANN

I SAN

ToS

| RevistadaFIEC | Setembro de 201226 27Setembro de 2012 | RevistadaFIEC |

Page 15: BUROCRACIA ATRASA PAÍS - sfiec.org.br · Incorporar Responsabilidade Social na essência dos processos de gestão é uma ... GRENDENE S A 2º - Grande empresa ... Desenvolvimento

quem POde ser CONsumIdOr lIvre

os atuais critérios de migração para o mercado livre foram estabelecidos em 1998, pela Lei n° 9.648/1998, que criou dois grupos de consumidores aptos a escolher seu fornecedor de energia elétrica.

o primeiro grupo é composto pelas unidades consumidoras com carga maior ou igual a 3 000 kilowatts atendidas em tensão maior ou igual a 69 kilowatts – em geral as unidades consumidoras do subgrupo A3, A2 e A1. As unidades consumidoras instaladas após 27 de maio de 1998, com demanda maior ou igual a 3 000 kilowatts e

atendidas em qualquer tensão, também são livres para escolher seu fornecedor. Esses consumidores podem comprar energia de qualquer agente de geração ou comercialização de energia.

o segundo grupo, composto pelas unidades consumidoras com demanda maior que 500 kilowatts atendidos em qualquer tensão, também podem escolher seu fornecedor, mas está res-trito à energia oriunda das chamadas fontes renováveis, como pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), usinas de biomassa e eólicas, dentre outras.

A caravana da campanha 2012 – Ano do Mercado Livre de Energia realizou em agosto evento na Federação das

Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) para divulgar para empresários do setor industrial as possibilidades do mercado livre de energia (foto). Com a palestra Energia Elétrica: a opção do mercado livre, Alexandra Januário apresentou as vantagens de se tornar um consumidor livre. Antes chegar ao Ceará, a caravana passou por Minas Gerais, Bahia e Goiás.

O consultor da FIEC para a área de energia, Jurandir Picanço, destaca que custo do insumo é muito elevado em todo o país em função de inúmeros encargos que são acrescidos. “Isso é um fato generalizado. Dentro desse panorama, existem algumas alternativas, como o mercado livre, que permite que alguns consumidores escolham seu fornecedor. Naturalmente, essa escolha é fundamentada no preço competitivo”, destaca. “É mais uma opção que permite ao empresário a redução do seu

Mercado livre na FIEC

Fiotex reduziu a conta com energia em até 12%

Mercado livre de energia é mais

uma opção que permite ao empresário a redução do seu custo.Jurandir Picanço, consultor da FIEC

“ “

custo, mas evidentemente é necessário fazer um estudo.” No Ceará, conforme Picanço, algumas indústrias do setor têxtil e da indústria metal-mecânica já compram energia no mercado livre.

A campanha 2012 – Ano do Mercado Livre de Energia está valorizando as contribuições que o mercado livre oferece à economia brasileira, ampliando o conhecimento sobre diversos aspectos do seu funcionamento a vários segmentos da sociedade, além de propor aprimoramentos regulatórios e de mecanismos de gestão, de modo a potencializar benefícios para todos: governo, indústria, comércio e consumidores.

Optar pela compra de energia no mercado livre é uma decisão impactante na conta

de energia das empresas. Com um gerenciamento adequado, podem ter benefícios como a redução do custo em períodos de curto a longo prazo. É o caso da indústria têxtil Fiotex, localizada em Maracanaú, que, desde abril de 2011, passou a comprar energia no mercado livre, e já conseguiu reduzir os custos dessa conta em índices entre 10% e 12%.

Conforme o gerente de Manutenção da Fiotex, Maildo Barros, isso representa mensalmente uma diminuição de 70 000 reais a 80 000 reais na conta de energia. Ele explica que a principal vantagem é a economia, o que também foi possível pelo fato de terem optado por firmar um contrato de fornecimento de longo prazo até 2015, com o valor total do consumo. “Isso nos permite não ficar sujeitos às oscilações do mercado.”

Com funcionamento 24 horas na produção de fios têxteis, a Fiotex realiza o monitoramento on-line do consumidor de energia. “Temos um software pelo qual conseguimos controlar o gasto de energia

Menor custo

na produção”, afirma Maildo Barros. “O objetivo de ter controle do processo é para não ultrapassar a cota de consumo mensal preestabelecida, extrapolando o valor do contrato.”

Ele diz que a Fiotex recebe a assessoria de uma empresa para gerenciar as questões do mercado livre e que os benefícios, além da redução do custo de energia, é também ter a possibilidade de controlar a utilização do insumo no processo produtivo da indústria.

FoTo

: GIo

VANN

I SAN

ToS

FoTo

: JoS

É SoB

RINH

o

FoTo

: GIo

VANN

I SAN

ToS

| RevistadaFIEC | Setembro de 201228 29Setembro de 2012 | RevistadaFIEC |

Page 16: BUROCRACIA ATRASA PAÍS - sfiec.org.br · Incorporar Responsabilidade Social na essência dos processos de gestão é uma ... GRENDENE S A 2º - Grande empresa ... Desenvolvimento

Écerto que a queda de 28% na tarifa de energia, anunciada pela presidente Dilma Rousseff, no dia 11 de setembro, poderá

reduzir em até 4% o custo fixo de produção da indústria brasileira e também dar um impulso para que as empresas voltem a investir. No entanto, ainda não está claro como as medidas serão implementadas de forma prática.

Para o presidente da FIEC, Roberto Proença de Macêdo, é uma medida salutar, porque vai contribuir para reduzir despesas. No entanto, observa que ainda está confusa, pois prevê, por exemplo, redução da tarifa até 20% no setor industrial, sem definição mais clara de percentual e dos impactos do benefício. Para ele, trata-se de uma ação que aponta para a desoneração de impostos, mas o melhor seria uma reforma tributária.

Jurandir Picanço, que acompanhou o anúncio, em Brasília, também destaca que as medidas estão bem estruturadas e têm realmente a intenção de reduzir os custos, mas os percentuais precisam ser detalhados. “Muitas discussões ainda estão em andamento.”

Com as medidas anunciadas, o governo federal reduzirá os seguintes tributos: Conta de

Consumo de Combustíveis (CCC), que custeia o combustível usado por usinas termelétricas; Reserva Global da Reversão (RGR), com a finalidade de financiar a expansão e melhoria dos serviços de energia elétrica, e Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), imposto utilizado para subsidiar as tarifas de energia de consumidores de baixa renda e o programa Luz para Todos.

De fato, com a redução, o que deve acontecer é que o consumidor vai pagar menos na conta, mas deve pagar mais em outros produtos, já que o governo precisa continuar subsidiando a energia para populações de baixa renda.

IMPACTo - Conforme o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, a redução da energia é decisiva para ajudar a aumentar a competitividade da economia brasileira. A medida do governo federal terá maior impacto nos setores eletrointensivos. A energia elétrica representa cerca de 20% no consumo industrial de energia. Com base nos dados da Pesquisa Industrial Anual 2010 (PIA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a CNI estima que as despesas de energia correspondam a 3,9% do custo direto de produção industrial. A medida atende a uma antiga reivindicação do setor produtivo.

A energia é insumo fundamental para a indústria. Atualmente, do custo médio total da tarifa de energia elétrica, cerca de 45% são referentes a encargos, taxas e tributos. O Brasil paga 143% a mais pela energia do que os outros países que compõem os BRICs (Rússia, Índia e China).

A expectativa da CNI é que essa medida estruturante venha acompanhada de ações destinadas a aumentar a participação do setor privado na ampliação e modernização da infraestrutura, sobretudo no setor de portos, e a aperfeiçoar o sistema de arrecadação de impostos, diminuindo a cumulatividade e a acumulação de créditos tributários.

Redução é positiva, mas precisa de definição

Redução da energia

é decisiva para ajudar a aumentar a competitividade da economia brasileira.Robson Braga de Andrade, presidente da CNI

“ “ O Centro de Eventos do Ceará recebeu sua primeira feira de negócios, a Top Móvel Brasil 2012, de 3 a 6 de setembro, consi-

derada a quinta maior do setor. Realizada pelo Sindicato das Indústrias do Mobiliário do Ceará (Sindmóveis/CE), com apoio da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), a Top Mó-vel inaugurou o novo equipamento do governo estadual para os negócios e apontou as grandes feiras e exposições como estratégicas para o de-senvolvimento do setor produtivo cearense.

A abertura da feira contou com a participação da Diretoria Executiva (Direx) da FIEC, tendo à frente o presidente Roberto Proença de Macêdo, e representantes de sindicatos da indústria cearen-

se. “É um orgulho para nós estarmos aqui, prati-camente inaugurando o Centro de Eventos para aquilo a que se propõe, ou seja, promover o de-senvolvimento do nosso estado. Este equipamen-to contribuirá para o Ceará, gerando emprego e renda, sobretudo com a realização de feiras de ne-gócios, além de fomentar o contínuo crescimento do setor moveleiro”, disse Roberto Macêdo.

O presidente da FIEC acredita que a realiza-ção de feiras de negócios de alto nível pode im-pulsionar a economia local não só com os valores negociados durante os eventos, mas também por meio da troca de experiências entre empresários de todo o país. De acordo com o presidente do Sindmóveis, Osterno Júnior, essa tendência já é

Feira de negóciosTop Móvel Brasil 2012 inaugura o Centro de Eventos do Ceará para feiras de negócios. Grandes feiras e exposições passam a fazer parte das estratégias de desenvolvimento da economia do estado

Top Móvel

O Centro de Eventos

contribuirá para o Ceará, gerando emprego e renda, sobretudo com a realização de feiras de negócios.

“Roberto Proença de Macêdo, presidente da FIEC

FoTo

: JoS

É SoB

RINH

o

FoTo

: AGÊ

NCIA

CNI

| RevistadaFIEC | Setembro de 201230 31Setembro de 2012 | RevistadaFIEC |

Page 17: BUROCRACIA ATRASA PAÍS - sfiec.org.br · Incorporar Responsabilidade Social na essência dos processos de gestão é uma ... GRENDENE S A 2º - Grande empresa ... Desenvolvimento

A feira

E m 2012, a Top Móvel Brasil chegou a sua 12ª edição. Ampliada em cinco vezes na área de exposição, a feira contou com

200 marcas brasileiras. Desse número, 15% são cearenses. Foram apresentadas as tendências em móveis, design e decoração, em uma área total de 176 000 metros quadrados distribuídos nos dois pavilhões do Centro de Eventos.

“A Top Móvel movimentou cerca de 180 milhões de reais em negócios durante os quatro dias de feira. Isso representa o equivalente à negociação de cinco carros populares por minuto”, afirma Sérgio Resende, diretor da Dinâmica Eventos. Ele destaca que o número representa um crescimento de 30% em relação à edição anterior. O público foi de 25 800 visitantes. Um número expressivo, segundo Sérgio, uma vez que a feira não foi aberta ao público, mas apenas a lojistas. Realizada a cada dois anos, a Top Móvel Brasil é uma oportunidade para fabricantes, lojistas e representantes ampliarem seus mercados, em especial nas regiões Norte e Nordeste.

FIEC expressa apoio

C omo parte de sua participação na Top Móvel Brasil 2012, a Direx realizou sua reunião semanal em 3 de setembro no Centro de Eventos. Os diretores da FIEC também fizeram uma visita oficial à feira,

conduzida pelo presidente do Sindmóveis, Osterno Júnior. Com a iniciativa, a FIEC expressou seu apoio ao evento, convocando a participação do empresariado cearense a essa e a outras feiras.

Cerca de 80% dos móveis

consumidos no Norte e no Nordeste vêm de fora. Temos ainda 80% para crescer. Para isso, é preciso investir em qualidade.Osterno Júnior, presidente do Sindmóveis

“ “

sentida pelo setor moveleiro desde o início da realização da Top Móvel, em 1998. “A feira foi um divisor de águas na indústria moveleira do Ceará”, afirma. Para ele, o evento impulsiona in-vestimentos das empresas locais em capacitação, gestão, logística e marketing, de modo a permi-tir igual patamar de competitividade com as de-mais empresas participantes da feira.

O setor moveleiro cearense conta com quatro grandes polos: Fortaleza, Jaguaribe, Iguatu e Mar-co. São aproximadamente 280 empresas no Cea-rá, com 93 indústrias filiadas ao sindicato. “Cerca de 80% dos móveis consumidos no Norte e no Nordeste vêm de fora, então ainda temos 80% para crescer. É preciso, portanto, investir em qua-lidade e produzir mais com menos, para competir com o Sul, por meio de mão de obra qualificada e modernos equipamentos", diz Osterno.

A importância da Top Móvel para o setor mo-veleiro pode servir de experiência para a realiza-ção de eventos de negócios de grande porte de outros setores produtivos em Fortaleza, tendo agora um novo espaço. Essa é a opinião de Emília Buarque, diretora da Dinâmica Eventos, empresa promotora da Top Móvel. “A FIEC e seus sindica-tos serão os grandes propulsores do novo Centro de Eventos, que é mais adequado para feiras e ex-posições do que para congressos.”

As grandes feiras de negócios movimentam em torno de R$ 4 bilhões por ano em todo o país. No último ano, foram realizados 180 even-tos do tipo. Em 2012, serão 201, número recorde desde o início da contagem, em 1992. O número de empresas participantes cresceu 16,2%, pas-sando de 43 000, em 2011, para cerca de 50 000, em 2012, com cerca de 8 000 participantes es-trangeiros. Os dados são da União Brasileira dos Promotores de Feiras (Ubrafe).

“É uma atividade que fomenta o setor produ-tivo, movimenta o chão de fábrica, gera emprego e renda”, resume Emília Buarque. O diferencial das feiras, segundo a empresária, é a maior pro-pensão dos visitantes a fechar negócio. Em mé-dia, no comércio cotidiano, são necessárias 3,6 abordagens para cada venda. Em feiras, o núme-ro cai para 1,4 abordagem por venda. O número é explicado por outro: 76% dos visitantes parti-cipam do evento para comprar.

“Cada grande feira de negócios é importante para o seu segmento econômico, já que aproxi-ma o setor produtivo de seus respectivos canais de distribuição. O calendário das 201 principais feiras brasileiras está integrado à economia do país e impulsiona decisivamente os negócios de diversos setores, além do turismo corporativo que movimenta a rede de serviços das cidades. No setor de promoção comercial, as feiras de negócios são importantes ferramentas de mídia presencial, utilizadas nas altas e baixas de mer-cado”, afirma o presidente executivo da Ubrafe, Armando Campos Mello.

2011 2012

Número de feiras realizadas 180 201

Número de empresas participantes 43 000 50 000

Feiras de negócios

Emília Buarque: “As feiras fomentam o setor produtivo, movimentam o chão de fábrica, geram emprego e renda”

FoTo

: JoS

É SoB

RINH

o

FoTo

: JoS

É SoB

RINH

o

FoTo

: JoS

É SoB

RINH

o

| RevistadaFIEC | Setembro de 201232

Page 18: BUROCRACIA ATRASA PAÍS - sfiec.org.br · Incorporar Responsabilidade Social na essência dos processos de gestão é uma ... GRENDENE S A 2º - Grande empresa ... Desenvolvimento
Page 19: BUROCRACIA ATRASA PAÍS - sfiec.org.br · Incorporar Responsabilidade Social na essência dos processos de gestão é uma ... GRENDENE S A 2º - Grande empresa ... Desenvolvimento

Novas oportunidades de negócios com o continente africano surgirão quando a rota marítima ligando o Ceará a Cabo Verde voltar a funcionar em dezembro

Porta de entrada para a África

Cabo Verde

Aindústria cearense terá novas possibili-dades de realizar negócios com o con-tinente africano a partir de dezembro.

Isso porque será a época em que voltará a rota marítima ligando o Ceará a Cabo Ver-de, que funcionará como um hub para escoar os produtos brasileiros para toda a África. A antiga rota foi desativada há cerca de oito anos e um esforço conjunto entre entidades de comércio exterior cearense e dos gover-nos do Brasil e de Cabo Verde, bem como dos setores logístico e industrial, está tor-nando possível a realização desse hub, que promete impulsionar as relações comerciais entre o Ceará e o continente africano.

Atualmente, para chegar a Cabo Verde, uma carga via transporte marítimo pode le-var até 30 dias, saindo do Ceará. Hoje, os na-vios chegam da Europa no Porto do Pecém, seguem para São Paulo, Ilhas Canárias e de-pois partem para Cabo Verde. “Com a nova rota, a carga que sai do Ceará pode chegar à cidade da Praia, na Ilha de Santiago, capital do país, em apenas cinco dias”, explica o pre-sidente da Comissão de Comércio Exterior (CCE) e representante do governo de Angola, Roberto Marinho.

Segundo ele, estão sendo criadas condições para que os produtos brasileiros saiam do Cea-rá e cheguem a Cabo Verde, e de lá sigam para a África, a partir de outras rotas que já existem com Senegal, Guiné Bissau, Angola e São Tho-mé e Príncipe, dentre outros países. “O que nós vamos fazer é otimizar a perna, saindo agora do Ceará e indo direto para Cabo Verde. Será uma diferença estrondosa.”

Cabo Verde, assim como a maioria dos países africanos, não tem tradição em produ-ção industrial. Alguns estão se reindustriali-zando e outros ainda se encontram em pro-cesso de industrialização. “Podemos ganhar não apenas na venda de produtos e serviços, mas também no setor industrial, a partir da ida de empreendimentos cearenses àquele país, que aproveitariam os acordos econômi-cos existentes”, afirma Marinho.

Faltam apenas os últimos ajustes para o fun-cionamento da rota, como formação da carga a ser transportada, definição de preço dos ser-viços e estrutura operacional, já em articula-

ção nos agentes de navegação, as empresas de logística, de operação portuária, captação de carga, despacho aduaneiro e trades.

As empresas cearenses estão em processo de preparação para aproveitar as potenciali-dades do comércio com os países africanos, por meio de projetos de incentivo realizados com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), câmaras de comércio, governo do estado e Agência Bra-sileira de Promoção de Exportações e Investi-mentos (Apex-Brasil). Marinho informa que os acordos de cooperação entre os governos federal, estadual e de Cabo Verde, além de seus respectivos portos, foram assinados des-de janeiro. “O que muda é a forma de articu-lação, um projeto que acompanhe a evolução do mercado internacional.”

Com a nova rota, a carga que sai

do Ceará pode chegar à cidade da Praia, na Ilha de Santiago, capital do país, em apenas cinco dias.

Roberto Marinho, presidente da CCE e representante do

governo de Angola

“ “

FoTo

: GIo

VANN

I SAN

ToS

| RevistadaFIEC | Setembro de 201236 37Setembro de 2012 | RevistadaFIEC |

Page 20: BUROCRACIA ATRASA PAÍS - sfiec.org.br · Incorporar Responsabilidade Social na essência dos processos de gestão é uma ... GRENDENE S A 2º - Grande empresa ... Desenvolvimento

Boas expectativas

N o meio dos empresários que já exportam e daqueles que estão se preparando para iniciar comércio com países da África, as

expectativas são as melhores possíveis. O diretor presidente da Indústria Brasileira de Artefatos de Plástico (Ibap), Ary Albuquerque, enviou uma amostra de seus produtos – cadeiras, bancos e mesas de plástico, baldes, bacias e caixa para

Oportunidades

O Ceará exportou cerca de 16% menos em 2012, justamente pela diminuição do consumo na Europa, em decorrência

da recessão. Conforme o presidente do Centro Internacional de Negócios (CIN) da FIEC, Eduardo Bezerra, se o Ceará tivesse uma

frutas – a compradores africanos. Há cerca de cinco anos, o empresário realizou uma tentativa de vender para Cabo Verde, mas sem sucesso. Empolgado com as novas perspectivas trazidas pelo hub, ele planeja exportar 5% de sua produção: “Estamos muito confiantes em fazer bons negócios”.

Também vislumbrando um horizonte positivo, a empresária Luciana Ferreira, da Fortcanos, que já exporta 20% de sua produção de canos e tubulações para Cabo Verde, planeja dobrar as vendas. “Nós exportamos cerca de 10 000 unidades de cano por mês e temos essa disponibilidade. Precisamos somente otimizar a ida do produto, porque hoje nossa carga demora de 30 a 45 dias para chegar em Cabo Verde. É um custo muito alto. Além disso, quem compra quer receber logo.”

Dez empresas cearenses já participam da Casa Brasil, uma iniciativa da Ceará Trade Brasil, que montou uma estrutura em Cabo Verde com uma loja e um depósito nas cidades da Praia e Mindelo, para introduzir os produtos brasileiros no continente africano.

ção das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), foi simbólica para demonstrar o envolvimento e compromisso em torno da concretização dessa ligação com Cabo Verde.

Segundo o presidente da FIEC, Roberto Pro-ença de Macêdo, trata-se do início da mate-rialização de um sonho para a indústria. “Nós sonhamos há muito tempo com essa relação Ceará-Cabo Verde. A formação de um hub para atender a países africanos, especialmente de língua portuguesa, já passou pela mão de várias instituições, mas sem continuidade por razões que fogem ao nosso controle.” Para ele, o peso dos representantes e o interesse de empresários de diversos segmentos, dos que produzem, dos que transportam e daqueles que pretendem ex-portar demonstram claramente que todos estão imbuídos dos mesmos objetivos.

No primeiro ano do hub, explica Roberto Ma-rinho, as exportações cearenses para Cabo Ver-de atenderão a pelo menos cinco países – São Tomé e Príncipe, Angola, Senegal, Guiné-Bissau e Guiné. “Angola, sozinha, tem um Produto Interno Bruto (PIB) quase igual ao do Nordeste brasileiro e uma população de 20 milhões de habitantes.”

A presença de diversos elos que compõem a cadeia de comércio exterior no evento Canal Aberto-Cabo Verde como Hub para

a África (foto), realizado em agosto pela CCE, Câmara Brasil Portugal no Ceará e Câmara Bra-sil Angola no Ceará, em parceria com a Federa-

Sinergia entre países e setores

SAIBA MAIS

Daniel Pereira, embaixador de Cabo Verde no Brasil – “Nos últimos seis anos, nunca estivemos tão perto de um canal direto entre o Brasil e Cabo Verde. Será um salto qualitativo no cenário do comércio caboverdiano, que sempre teve uma vocação histórica de fazer pontes entre o continente africano e a América do Sul. O governo de Cabo Verde vai apoiar esse hub de todas as formas. Ganha o país, que terá produtos mais baratos para sua população, e ganha o Brasil, que vai exportar seus produtos para lá.”

Jorge Chaskelmann, presidente da Câmara Brasil Portugal no Ceará - “Os países de língua portuguesa representam uma população de 400 milhões de habitantes. Investir nas relações entre eles é uma luz no fim no túnel. Pelas suas características, esse hub pode ser indispensável para os negócios do Ceará, uma vez que vai reduzir em semanas o envio de produtos para Cabo Verde. Nós lutamos por isso há muitos anos, e acreditamos que esse é o caminho.”

Paulo André holanda, presidente da Companhia Docas do Ceará - “Os portos do Ceará têm plenas condições de efetuar esse comércio. Principalmente com produtos alimentícios, como carnes e frutas, e da construção civil, como cimento e ferro, que estão entre os principais insumos que serão exportados. Estamos ampliando a área de pátio de cargas do Porto do Mucuripe para 40 000 metros quadrados e também aumentando a dragagem de dez metros para 14 metros, além de implantarmos o projeto Porto sem Papel para modernizar a atuação do porto.”

Refugiadas no meio do oceano Atlântico, as dez ilhas de Cabo Verde se beneficiam de uma localização geográfica privilegiada, entre os

continentes africano, europeu e americano. Situado na mesma latitude das Caraíbas, o arquipélago está a uma distância de uma hora de voo e a 320 milhas marítimas da costa do Senegal, e a menos de quatro horas de voo da América do Sul, a seis horas da América do Norte e a quatro horas da Europa.

O país, cuja população chegou, em 2010, a 441,5

mil habitantes, tem quatro aeroportos internacionais, estabelecidos nas ilhas de Santiago, Sal, Boa Vista e São Vicente, que oferecem ligações com a África e América, e com as principais cidades da Europa.

O setor primário (agricultura) ocupa 80% da força de trabalho, satisfazendo apenas 15% das necessidades, o que demonstra forte dependência das exportações. Cerca de 80% dos produtos exportados que chegam a Cabo Verde são originários da Europa, com destaque para Portugal (38%), país também de língua portuguesa.

Estamos muito confiantes em fazer

bons negócios.

Ary Albuquerque, diretor

presidente da Ibap

“ “

FoTo

: JoS

É SoB

RINH

o

FoTo

S: G

IoVA

NNI S

ANTo

S

FoTo

: GIo

VANN

I SAN

ToS

O QUE ELES PENSAM

presença mais efetiva no continente africano, não existiria esse volume de perdas, uma vez que os produtos anteriormente exportados para a Europa encontrariam mercado na África. “Vamos trabalhar juntos para potencializar em ações efetivas o que vemos em números”, destacou.

| RevistadaFIEC | Setembro de 201238 39Setembro de 2012 | RevistadaFIEC |

Page 21: BUROCRACIA ATRASA PAÍS - sfiec.org.br · Incorporar Responsabilidade Social na essência dos processos de gestão é uma ... GRENDENE S A 2º - Grande empresa ... Desenvolvimento

A posto avançado do Banco Nacional de Desenvolvi-mento Econômico e Social (BNDES), instalado na Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC),

completará 12 anos de atuação em novembro. Nesse tempo, o posto realizou mais de 30 000 atendimentos individuais e tornou-se referência nacional. Para se ter uma ideia da força das ações do posto FIEC/BNDES, no ano de sua implanta-ção eram realizadas cerca de 500 operações pela instituição financeira no Ceará. Em 2011, o número de operações foi de 19 619. A previsão para 2012 é de crescimento. De janeiro a maio deste ano, já foram realizadas 9 187 operações.

Nos dias 29 e 30 de agosto, o coordenador do posto FIEC/BNDES, Fernando Aragão, participou, na sede do BNDES, no Rio de Janeiro, do Encontro de Boas Práticas, com os postos de informações mais atuantes do país. O Ceará figura

Crédito

na lista, com o Paraná e o Rio Grande do Sul. São cerca de 50 postos em todo o Brasil. Segundo Aragão, o sucesso do posto se deve ao entendimento da importância de uma valiosa ferramenta: a informação. “Parte fundamental de nossa ação é levar informação confiável e compromissada com o setor produtivo para o maior número de interessa-dos possível. Os bons resultados passam pelo total respal-do que sempre recebemos da diretoria da FIEC”.

A apresentação do fim de agosto foi uma prévia da reu-nião de representantes de todos os postos do BNDES do país a ser realizada no início de 2013. O novo encontro buscará produzir um manual de boas práticas baseado em ações dos postos que são exemplos, como o da FIEC. O ob-jetivo é compartilhar experiências, práticas e rotinas, para que se tenha a oportunidade de identificar e incorporar no

dia a dia aquelas ações que vêm dando bons frutos em algumas localidades.

Um dos trunfos do posto cearense é investir na interiorização das atividades. Em 4 de julho, o estado se tornou o primeiro do Norte-Nor-deste a ter cartões do BNDES em todos os seus municípios. A marca foi atingida com a entre-ga do Cartão BNDES em Abaiara, na região do Cariri. Desde 2003, quando o produto foi lan-çado, foram emitidos 12 584 cartões no Ceará, sendo 99% deles para micro e pequenas em-presas. Os cartões somam 622 milhões de reais em limite de crédito pré-aprovado. Fernando Aragão conta que levar o cartão para todos os municípios era uma meta audaciosa. “Parecia impossível, mas alcançamos trabalhando em parceria com bancos, entidades de classe e Sis-tema S. Esses resultados são consequência do trabalho desenvolvido com a realização de pa-lestras e encontros no interior e nos sindicatos filiados à Federação."

Além de levar crédito, a interiorização atin-ge o principal objetivo: a disseminação das in-formações. Bem informada, a pessoa atua como agente multiplicador e proporciona capilaridade às ações do posto. “A informação que levamos não é só do BNDES, e sim de tudo o que está disponível no mercado, propiciando ao empre-sário conhecer o que é um crédito planejado e estruturado, de acordo com suas necessidades. Ele tem de saber por que e para que quer crédito.

Atuamos também na intermediação entre empre-sários e agentes financeiros, a fim de que eles ob-tenham o crédito adequado e tenham um melhor relacionamento com as instituições. O objetivo é sermos aliados para elevar a competitividade das empresas cearenses”, explica o coordenador do posto.

Parte fundamental de nossa ação é

levar informação confiável e compromissada com o setor produtivo para o maior número de interessados possível.Fernando Aragão, coordenador do posto FIEC/BNDES

“ “

Posto do BNDES na FIEC é importante ferramenta de crédito para o setor produtivo cearense. A ação é referência nacional

Informações de valorserviço

Posto FIEC/BNDES Casa da Indústria – 2º andar. Avenida Barão de Studart, 1980 – Aldeota. Fortaleza/CE. Contato: (85) 3421 5450 / 3421 5461

De janeiro a maio de 2012, o BNDES realizou 9 187 ope-rações no Ceará. O número representa variação positiva de 47% em relação ao mesmo período do ano anterior.

O crescimento foi acima do nacional. O número de operações do BNDES aumentou em 31% no país nos cinco primeiros meses do ano. Quanto aos desembolsos, o valor, no mesmo período, alcan-çou 808,906 milhões de reais, o que representa queda de 7% em relação aos cinco primeiros meses de 2011. No cenário nacional, os desembolsos foram estáveis, somando 43,8 bilhões de reais no país, crescimento de 1% no período.

A queda nos desembolsos no estado foi puxada por variação negativa de 15% nos valores passados às grandes empresas, so-bretudo no setor de infraestrutura, onde houve redução de 30% no número de operações. Tal setor foi o único a apresentar diminuição nas operações do período, quando as operações da agropecuária,

Operações do BNDES no Ceará crescem 47%da indústria e de comércio/serviços apresentaram crescimento, res-pectivamente, de 59%, 50% e 71%.

Para Fernando Aragão, a queda é pontual e reflete um cresci-mento atípico do setor de infraestrutura em 2011. Aragão destaca o crescimento de 47% em operações e 7% em desembolsos para as micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) no período. “Isso mostra que há uma democratização do crédito e desmistifica a ideia de que o BNDES é um banco só para grandes operações de crédito.

InDúSTRIA - Além do já citado crescimento de 50% em número de operações para a indústria cearense, o BNDES registrou aumento de 17% nos desembolsos para o setor de janeiro a maio. No mesmo período, os desembolsos para a indústria diminuíram 16% no cenário nacional. “A indústria segue procurando investimentos e está acredi-tando na retomada do crescimento”, avalia Fernando Aragão.

FoTo

: GIo

VANN

I SAN

ToS

FoTo

: JoS

É SoB

RINH

o

| RevistadaFIEC | Setembro de 201240 41Setembro de 2012 | RevistadaFIEC |

Page 22: BUROCRACIA ATRASA PAÍS - sfiec.org.br · Incorporar Responsabilidade Social na essência dos processos de gestão é uma ... GRENDENE S A 2º - Grande empresa ... Desenvolvimento

Número de operações

Janeiro a maio de 2012 Variação 2012/2011

Micro, pequena e média empresa 8922 47%

Grande empresa 265 33%

Total 9187 47%

Janeiro a maio de 2012 Variação 2012/2011

Agropecuária 202 59%Indústria 2 010 50%Infraestrutura 839 -30%Comércio/serviços 6 136 71%Total 9 187 47%

BNDES no Ceará

Período PeríodoPorte Porte

Período PeríodoSetor Setor

Desembolsos

Janeiro a maio de 2012 Variação 2012/2011

Micro, pequenae média empresa 354,970 milhões de reais 7%

Grande empresa 453,936 milhões de reais -15%

Total 808,906 milhões de reais -7%

Janeiro a maio de 2012 Variação 2012/2011

Agropecuária 30,403 milhões de reais 157%Indústria 169,643 milhões de reais 17%Infraestrutura 339,407 milhões de reais -4%Comércio/serviços 269,453 milhões de reais -25%Total 808,906 milhões de reais -7%

Taxas menores até o fim do ano

OBNDES anunciou em 29 de agosto a prorrogação e a redução das taxas do Programa de Sustentação do

Investimento (PSI) para bens de capital. Os empresários poderão aderir a empréstimos com taxa fixa de 2,5% ao ano. Com a inflação a 4,5%, os juros reais são negativos. Antes, as taxas, na maioria das modalidades, giravam em torno de 5,5%. O reajuste já está em vigor e segue até 31 de dezembro.

Micro, pequenas e médias empresas poderão empregar os recursos para capital de giro ou aquisição de máquinas e equipamentos novos ou usados. As grandes empresas terão acesso à mesma linha de crédito, mas somente para máquinas e equipamentos. O BNDES/PSI também financia a aquisição de ônibus e caminhões.

ConVênIo FIEC E CAIxA – Um dos agentes financeiros habilitados para o programa é a Caixa Econômica Federal, que, em 24 de setembro, assinou convênio com a FIEC com objetivo de facilitar o acesso ao crédito e estruturar um atendimento mais ágil e preferencial para as empresas filiadas aos sindicatos vinculados à entidade. Foram colocados à disposição, inicialmente, 400 milhões de reais para o acordo, que pode receber mais recursos caso haja demanda.

É oferecida uma solução de crédito completa para as empresas, com a possibilidade de portabilidade de financiamentos em outros bancos para a Caixa, com taxas menores e prazos maiores. Dentre as opções de crédito pelo convênio estão investimentos, capital de giro, folha de pagamento e até crédito para pessoas físicas – funcionários das empresas que aderirem ao convênio podem buscar financiamentos, como habitacional e para veículos, via crédito consignado. Os créditos são ofertados com taxa para investimento a partir de 0,45% ao mês e prazos de até dez anos. Para capital de giro, há taxas a partir de 0,60% ao mês, em prazos de até 36 meses.

FoNTE: PoSTo FIEC/BNDES

| RevistadaFIEC | Setembro de 201242

Page 23: BUROCRACIA ATRASA PAÍS - sfiec.org.br · Incorporar Responsabilidade Social na essência dos processos de gestão é uma ... GRENDENE S A 2º - Grande empresa ... Desenvolvimento