bombardeiro b24

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bombardeiro B24 Liberator Por: Miguel Oliveira No passado dia 2 de Outubro, no Algarve, mergulhei num dos pontos mais singulares da nossa costa continental: Nos destroços de um dos bombardeiros mais produzidos na 2ª Guerra Mundial, o Consolidated B24 Liberator. Não sei se haverá mais aviões no fundo do nosso mar, devidamente identificados e acessíveis ao mergulho recreativo, mas este é, com certeza, o mais explorado na actualidade estando bem localizado, no fundo de areia a 20 mts de profundidade. Mergulhei com o centro de mergulho Hidroespaço a partir da marina de Faro. Como é hábito, o ambiente que antecede a saída, desde a recepção aos mergulhadores, passando pela montagem do material e seu carregamento para o barco é sempre muito calmo e sereno, próprio para não apressar ou stressar os mais jovens nestas andanças. A ida para o spot foi feita atravessando a Ria Formosa (uma das Maravilhas Naturais de Portugal), durante a qual fomos presenteados por um excelente briefing, explicando a forma como se iria desenrolar o mergulho assim como um pouco da história deste avião. ADNG DIVIJNG

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Page 1: Bombardeiro B24

 

 

   

 

 bombardeiro B‐24 Liberator 

 

  

Por: Miguel Oliveira  No  passado  dia  2  de  Outubro,  no 

Algarve,  mergulhei  num  dos  pontos 

mais  singulares  da  nossa  costa 

continental: Nos destroços de um dos 

bombardeiros mais  produzidos  na  2ª 

Guerra Mundial,  o  Consolidated  B‐24 

Liberator.  

 

 

 

 

Não  sei  se  haverá  mais  aviões  no 

fundo  do  nosso  mar,  devidamente 

identificados e acessíveis ao mergulho 

recreativo, mas este é, com certeza, o 

mais  explorado  na  actualidade 

estando bem  localizado, no  fundo de 

areia a 20 mts de profundidade. 

Mergulhei com o centro de mergulho 

Hidroespaço  a  partir  da  marina  de 

Faro. Como é hábito, o ambiente que 

antecede  a  saída,  desde  a  recepção 

aos  mergulhadores,  passando  pela 

montagem  do  material  e  seu 

carregamento para o barco é sempre 

muito  calmo  e  sereno,  próprio  para 

não  apressar  ou  stressar  os  mais 

jovens nestas andanças.  

A  ida  para  o  spot  foi  feita 

atravessando a Ria Formosa (uma das 

Maravilhas  Naturais  de  Portugal), 

durante  a  qual  fomos  presenteados 

por um excelente briefing, explicando 

a  forma  como  se  iria  desenrolar  o 

mergulho  assim  como  um  pouco  da 

história deste avião.  

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Page 2: Bombardeiro B24

 

 

 

O  Bombardeiro  B‐24  fazia  parte  do 

esquadrão  VPB‐112  da Marinha  Norte 

Americana  sediada  em  Port  Lyautey 

em  Marrocos  (actual  Kenitra),  cujas 

principais  missões  eram  o  ataque  a 

navios  e  submarinos  inimigos  no 

Mediterrâneo. Na manhã do dia 30 de 

Novembro  de  1943,  quatro  aviões 

levantaram voo da base, em direcções 

diferentes,  para  mais  uma  longa  e 

solitária missão.  Pela  tarde,  começou 

a levantar‐se um forte nevoeiro, perto 

da  base,  que  se  foi  adensando  até 

reduzir  a  visibilidade  para  poucas 

centenas  de metros.  Entretanto,  por 

rádio  tentaram  entrar  em  contacto 

com os  vários  aviões para  abortarem 

as  respectivas  missões,  no  entanto 

apenas  dois  responderam  ao  apelo. 

Dos  dois  restantes,  um  acabou  por 

regressar, mas  sem  conseguir  aterrar 

os  tripulantes  tiveram  que  saltar  de 

pára‐quedas  acabando  alguns  por 

falecerem.  O  quarto  avião  nunca 

regressou à base, e de acordo com o  

 

testemunho  dos  seus  seis 

sobreviventes,  nunca  dela  chegou  a 

receber qualquer contacto. Durante a 

missão, quando  tentavam  regressar a 

Marrocos,  seguiram  erradamente  um 

sinal  de  rádio  de  uma  estação 

espanhola  que  os  conduziu  à  costa 

Portuguesa. Com o cair a noite e sem 

combustível  tentaram  aterrar  na 

praia, mas o avião colidiu com o mar a 

uma ou duas milhas da costa. Em boa 

hora,  um  pescador  Português 

(conhecido  por  Ti  Jaime) 

acompanhado pelo  filho e compadre, 

ouviram  o  avião  e  a  sua  queda  e 

socorreram  a  tripulação. 

 

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Page 3: Bombardeiro B24

 

 

 

No  caminho  para  o  spot,  já  em mar 

aberto,  detectou‐se  uma  avaria  do 

GPS  que  impossibilitou  o  seu  uso. 

Então,  e  à  moda  antiga,  Vieira 

recorreu ao  seu bloco de notas e  fez 

uma  triangulação  com  marcos  de 

terra. Duas  passagens  bastaram  para 

que no sonar um vulto se revelasse. 

Após  uma  descida  rápida  até  aos  16 

metros,  acompanhando  o  cabo, 

começámos  a  ver o  fundo de  areia  a 

uns  4 metros,  e  logo  à  nossa  frente 

surgiram  os  destroços  principais. 

 

 

 

Estávamos mesmo a meio da asa que 

se apresenta virada de pernas para o 

ar,  mais  ou  menos  onde  existia  a 

fuselagem  e  que  agora  é  um 

amontoado  de  alumínio  coberto  de 

vida  marinha.  A  secção  da  asa  tem 

cerca  de  33 metros  de  envergadura, 

embora  numa  das  pontas  falte  um 

bocado.  Ao  longo  da  mesma 

sobressaem  os  suportes  que 

envolviam  os motores,  e  os  espaços 

onde  recolhiam  os  trens  de 

aterragem,  e  mesmo  sem  ter 

nenhuma parte em que se possa ver o 

material  original  apercebemo‐nos 

facilmente que se trata de uma asa de 

um  avião,  pois  ao  longo  da  mesma 

podemos  observar  a  estrutura  dos 

flaps.  

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Page 4: Bombardeiro B24

 

 

 

Toda a  secção da asa está  repleta de 

vida  marinha:  muitos  Rascassos 

(Scorpaena  notata),    Moreias 

(Muraena  helena),  Judias  (Coris  julis), 

Dobradas  (Oblada melanura) e outras 

espécies de sargos. Também algumas 

Alicia  mirabilis,  anelídios  (Sabela 

spallanzanii),  anémonas‐joia 

(Corynactis  viridis),  nudibrânqueos 

(Platydoris  argo  ),  esponjas  e  muito 

outras espécies.  

 

 

 

 

 

 

Devidamente  identificado  com  cabos 

guia está um percurso que aconselho, 

pois  leva‐nos  a  uma  das  hélices  que, 

embora  algo  torta,  imponentemente 

jaz  no  leito  de  areia.  De  seguida, 

podemos  nadar  até  ao  que  resta  de 

um dos motores e observar os vários 

pistons. Continuando ainda, podemos 

ver  um  dos  lemes  verticais  e  já  de 

volta  à  asa  uma  secção  do  leme 

horizontal.  

 

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Page 5: Bombardeiro B24

 

 

 

 

 

Para  este  percurso,  penso  ser 

necessário  não  demorar  muito  na 

primeira visita à zona central e ter em 

mente a rentabilização do ar de forma 

a podermos voltar à asa para acabar o 

mergulho  em  maior  segurança, 

subindo pelo cabo. 

O perfil de mergulho é perfeitamente 

rectangular  o  que  facilita  o  seu 

planeamento,  sendo  fácil  atingir  o 

limite não‐descompressivo.  

 

Em jeito de conclusão, devo dizer que 

se  trata  de  um  mergulho  muito 

interessante,  quer  na  perspectiva 

histórica  quer  na  perspectiva  da  vida 

marinha. 

Após  alguma  busca  na  internet 

encontrei  bibliografia  para  fazer  este 

relato no site www.landinportugal.org 

da  autoria  do  jornalista  Carlos 

Guerreiro,  autor  do  livro  intitulado 

Aterrem em Portugal. 

Agradeço  à  Hidroespaço  por  me  ter 

facultado  o  desenho  do  spot  de 

mergulho elaborado por José Vieira. 

 

Dados do mergulho: 

Spot: B‐24 

Prof.máx: 20 mts 

Duração: 50 min.  

Temperatura da água: 17º 

  Mais imagens por Miguel Oliveira em: http://moliveira‐pt.blogspot.com/ A

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