bernardinho, treinador de sucesso, investidor de sucesso

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em evidência|||||||||||||||||||||||||[por Tabata Pitol

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Não há quem duvide da caPacidade de técnico de Bernardo Rocha de Rezende, o Bernardinho. Também pudera: eleito quatro vezes o melhor técnico esportivo do Brasil pelo COB (Comitê Olímpico Brasileiro), con-quistou 27 pódios nos 28 torneios em que comandou a Seleção Brasileira feminina de voleibol, e com a Seleção masculina foi cam-peão olímpico, mundial, sul-americano, entre outras realizações.

No entanto, o sucesso não se limita às qua-dras. Economista por formação, Bernardinho não se intimida em admitir que é, também, um investidor de sucesso. “O fato de eu ter cursa-do Economia me deu a capacidade de pensar melhor em como cuidar do meu dinheiro e a possibilidade de realizar boas análises das oportunidades. E tive a chance de encontrar pessoas que me disponibilizaram boas chan-ces e me ajudaram a aumentar meu patrimô-nio”, conta.

Embora aplique em alguns produtos finan-ceiros - diz ter dois fundos de ações – seus maiores investimentos estão nos negócios. “Meu esporte é um esporte de equipe, e é assim que trabalho quando o assunto é ne-gócios e investimentos. Há mais de 20 anos sou sócio do restaurante Delírio Tropical, com oito unidades no Rio de Janeiro, marca mui-to conhecida no estado. Mais recentemente me associei ao Alexandre Accioly, João Paulo Diniz e Ana Gutierrez, na rede de academias A!Body Tech, com 18 unidades espalhadas por todo o Brasil. Em maio deste ano, junto com Accioly e Luciano Huck, me tornei sócio da Yoggi, famosa marca de frozen yogurt. Eu posso não conhecer o negócio, mas conheço as pessoas que estão nele e isso me faz ter confiança para investir. Até nos meus fundos de ação é assim. Estou neles porque conheço os gestores e confio plenamente na capaci-dade que têm de tomar boas decisões. Posso dizer que meu patrimônio cresceu muito com essas sociedades”.

nas horas vagas: consultorE não é apenas em benefício próprio que o técnico utiliza seus conhecimentos sobre eco-nomia e investimentos. “Converso sobre esse assunto com meus jogadores. Perguntam como investir, onde investir, e acabo dando di-cas e orientações. Não é nada formal, é parte do processo dar uma ajuda. Alguns deles são muitos jovens, ganham prêmios em dinheiro e

ficam um pouco perdidos. Sem falar que mui-tas vezes recebem propostas faraônicas, pro-metendo rentabilidades impossíveis. Nesses casos, sempre ajudo”, afirma.

Seus principais conselhos giram em tor-no da importância de diversificar, conhecer onde se está investindo e os riscos envolvi-dos. “Tem jogador que quer investir em boi porque conhece, viveu essa realidade, e nis-so não posso ajudar, pois não tenho conhe-cimento suficiente. Para os que trabalham mais com mercado, eu digo para diversi-ficar, acompanhar sempre, estar atento. Sempre explico que rentabilidade alta exige risco alto, não dá para acreditar em grandes ganhos sem grandes riscos”.

Outra conversa comum é sobre aquisição de bens. “É comum entre os atletas a vonta-

“ideal é Cuidar Bem do dinheiro, sempre repudiando a gastança desenfreada; isso não CaBe no mundo atual”

de de comprar um carro muito bacana. Acho um absurdo gastar com isso antes de se ter um apartamento, por exemplo. Carro não é investimento, desvaloriza. A vida profissional de um atleta é curta, portanto, é preciso evitar essas perdas, pois, quando a carreira chega ao fim, a vida de cidadão continua, e é preci-so ter dinheiro para se manter. Sempre falo para, primeiro, comprar uma casa, um imóvel próprio. Eles precisam entender que é funda-mental ter investimentos que garantam uma vida financeira equilibrada ao término de sua carreira”, explica.

Outra opção de investimentoEntretanto, não é só em negócios que ge-

ram dinheiro que Bernardinho aloca seus re-cursos. Em 2003, o técnico criou o Instituto Compartilhar, entidade sem fins lucrativos que atende a cerca de 5 mil crianças e adoles-

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centes de classes menos favorecidas em todo o País, unindo esporte e educação.

“Os projetos sociais não trazem retornos fi-nanceiros, muito pelo contrário, mas acho que todo mundo que pode tem o dever de ajudar o próximo. Eu criei o Instituto Compartilhar por-que foi a forma de devolver um pouco do que o esporte me deu (e me deu muito mais do que eu esperava)”.

Bernardo conta que a intenção é ensinar a essas crianças valores que podem ajudá-las durante toda a vida. “Não falamos diretamen-te de dinheiro com as crianças, mas educa-mos para a vida, e o dinheiro faz parte disso. A gente explica que, para qualquer decisão que será tomada, é preciso se preparar. Na quadra de vôlei, o jogador precisa se preparar para executar a ação que deseja e obter o re-sultado esperado. Com o dinheiro é igual. Se vou tomar uma decisão relacionada ao meu patrimônio, preciso me preparar para isso, não posso investir em algo que nem sei o que significa, não li, não estudei, não sei do que se trata”, afirma.

a economia entrou na vida de Bernardinho por acaso. nascido em 28 de maio de 1959, em 1979 já era jogador de vôlei. porém, ainda não acreditava que poderia transformar em carreira o esporte pelo qual era apaixonado. “eu era jogador e resolvi ir estudar porque não imaginava seguir na carreira de atleta e de treinador. Comecei fazendo engenharia, mas me formei em economia, depois fiz estágio em um banco de investimentos e imaginava que esse seria o caminho que eu iria trilhar”.

porém, os números e teorias perderam definitivamente o espaço em sua vida profissional quando, em 1990, ele foi convidado para comandar o time feminino do peruggia, na itália. “Quando recebi esse convite, pensei um pouco e decidi ir. eu digo que resolvi dar uma chance à minha grande paixão. a pergunta que eu queria responder naquele momento era: dá para viver de vôlei? e a vida me mostrou que sim”.

vôlei x economia

dinheiro não é tudoAntes de encerrar a entrevista, Bernardinho pe-diu para deixar um recado aos leitores da Invis-ta. “Acho que o mais importante nessa história toda é saber fazer um bom uso do dinheiro. Di-nheiro é a remuneração do trabalho, o reconhe-cimento do que você produziu, serve para prover seu bem-estar e o da sua família, mas não acho que as pessoas devam almejar apenas isso na vida. Precisamos muito mais uns dos outros do que de coisas. Por isso, se você tem muito mais do que precisa, deveria compartilhar com quem não tem e precisa. É isso que eu passo para os meus filhos. A ideia é cuidar bem do dinhei-ro para se ter no futuro, sempre repudiando a gastança desenfreada, isso não cabe no mundo atual. O dinheiro pode mudar e afastar as pes-soas. Os valores éticos não podem ser esqueci-dos. Aquela música do Frejat é que está certa: desejo que você ganhe dinheiro, mas é preciso viver também, e que você diga a ele, pelo menos uma vez, quem é mesmo o dono de quem. Viver só para ganhar dinheiro é que não está certo”, finaliza o técnico.

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