autores · 2018. 1. 31. · autores helen fernanda barbosa batista enfermeira, pós-graduada em...
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AutoresHelen Fernanda Barbosa Batista Enfermeira, pós-graduada em Docência do Nível Superior e Profissional, em Gestão e Orientação Edu-cacional e em Ensino em Saúde (em andamento). Professora no Centro de Educação Profissionalizante em
Saúde – SEEDF. Tutora do Departamento de Saúde Coletiva da Universidade de Brasília.
Ana Cláudia Pinheiro Professora do Ensino Superior desde 2001. Coordenadora de Cursos de Graduação e Pós-Graduação. Professora nas áreas de Administração, Publicidade, Propaganda e Marketing e Gestão Pública. Participou do Grupo de Estudos sobre Formação em Saúde do Departamento de Saúde Coletiva, no período de junho/2013 a junho/2014, com o Professor Mourad Ibrahim Belaciano.
Espedito Mangueira de LimaProfessor do Ensino Superior, mestre em Educação, especialista em Saúde Coletiva, jornalista e consul-tor atuante por vinte anos no Ministério da Saúde, pelo PNUD, pela UNESCO e pelo Conselho Nacio-nal de Saúde. Atuou no PACS e na Educação em Saúde.
RevisãoMariana Carvalho
Projeto GráficoNT Editora
Editoração EletrônicaNathália Nunes
IlustraçãoBruno da Silva Lima
CapaNT Editora
NT Editora, uma empresa do Grupo NTSCS Quadra 2 – Bl. C – 4º andar – Ed. Cedro IICEP 70.302-914 – Brasília – DFFone: (61) [email protected]
Prevenção de Doenças e Promoção da Saúde da Criança. / NT Editora.
-- Brasília: 2015. 184p. : il. ; 21,0 X 29,7 cm.
ISBN 978-85-8416-112-6
1 A criança e a saúde da criança. 2 Características e necessidades da criança. 3 Acompanhando o crescimento e o desenvolvimento infantil. 4 Os direitos da criança: o Estatuto da Criança e do Ado-lescente. 5 O cuidado com as doenças. 6 A caderneta de saúde da criança. 7 A saúde bucal. 8 A hora de ir para a escola.
Copyright © 2015 por NT Editora.Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por
qualquer modo ou meio, seja eletrônico, fotográfico, mecânico ou outros, sem autorização prévia e escrita da NT Editora.
LEGENDA
ÍCONES
Prezado(a) aluno(a),Ao longo dos seus estudos, você encontrará alguns ícones na coluna lateral do material didático. A presença desses ícones o ajudará a compreender melhor o conteúdo abor-dado e a fazer os exercícios propostos. Conheça os ícones logo abaixo:
Saiba maisEsse ícone apontará para informações complementares sobre o assunto que você está estudando. Serão curiosidades, temas afins ou exemplos do cotidi-ano que o ajudarão a fixar o conteúdo estudado.
ImportanteO conteúdo indicado com esse ícone tem bastante importância para seus es-tudos. Leia com atenção e, tendo dúvida, pergunte ao seu tutor.
DicasEsse ícone apresenta dicas de estudo.
Exercícios Toda vez que você vir o ícone de exercícios, responda às questões propostas.
Exercícios Ao final das lições, você deverá responder aos exercícios no seu livro.
Bons estudos!
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Sumário
1 A CRIANÇA E A SAÚDE DA CRIANÇA ������������������������������������������������������������������� 91.1 A família ............................................................................................................................................ 91.2 Os vínculos .....................................................................................................................................181.3 A função parental ........................................................................................................................211.4 Dificuldades ...................................................................................................................................241.5 Formação de redes de apoio ..................................................................................................26
2 CARACTERÍSTICAS E NECESSIDADES DA CRIANÇA ����������������������������������������312.1 Entendendo a criança ................................................................................................................312.2 A criança com saúde ..................................................................................................................342.3 As características do desenvolvimento ...............................................................................342.4 Os aspectos psicológicos da saúde infantil .......................................................................412.5 Os fatores sociais .........................................................................................................................43
3 ACOMPANHANDO O CRESCIMENTO E O DESENVOLVIMENTO INFANTIL ����513.1 Características físicas do recém-nascido.............................................................................513.2 Os cuidados ...................................................................................................................................583.3 Testes de triagem do recém-nascido ...................................................................................643.4 Atenção com a higiene bucal .................................................................................................67
4 OS DIREITOS DA CRIANÇA: O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE ����������������������������������������������������������������������������������������������734.1 Disposições preliminares ..........................................................................................................734.2 Direitos fundamentais ...............................................................................................................764.3 Direito à vida e à saúde .............................................................................................................804.4 Direito à convivência familiar ..................................................................................................824.5 A família natural e a família substituta ................................................................................84
5Prevenção de Doenças e Promoção da Saúde da Criança
5 O CUIDADO COM AS DOENÇAS ������������������������������������������������������������������������ 915.1 Doenças prevalentes na infância ........................................................................................... 915.2 Identificando os sinais de risco ............................................................................................1005.3 Prevenção de doenças.............................................................................................................1035.4 O encaminhamento .................................................................................................................1065.5 O acompanhamento ................................................................................................................107
6 A CADERNETA DE SAÚDE DA CRIANÇA ���������������������������������������������������������� 1126.1 Importância do cartão .............................................................................................................1126.2 O crescimento .............................................................................................................................1166.3 O desenvolvimento ..................................................................................................................1196.4 Esquema vacinal ........................................................................................................................125
7 A SAÚDE BUCAL ������������������������������������������������������������������������������������������������ 1347.1 Amamentação ............................................................................................................................1347.2 Alimentação ................................................................................................................................1417.3 Higiene bucal ..............................................................................................................................1437.4 Uso de bicos e chupetas .........................................................................................................1477.5 Uso de fluoretos .........................................................................................................................148
8 A HORA DE IR PARA A ESCOLA ������ ������������������������������������������������������������������1568.1 Cuidados com a nutrição ........................................................................................................1568.2 Fatores indicativos de baixa acuidade visual e auditiva ..............................................1598.3 Prevenção de dermatoses ......................................................................................................1638.4 Prevenção de acidentes ..........................................................................................................166
BIBLIOGRAFIA ������������������������������������������������������������������������������������������������������ 179
GLOSSÁRIO ����������������������������������������������������������������������������������������������������������� 182
APRESENTAÇÃO
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Olá!
Seja bem-vindo(a) ao curso de Prevenção de Doenças e Promoção da Saúde da Criança. Ao longo das lições vamos trabalhar a atenção à saúde de um grupo populacional que possui caracterís-ticas específicas e está em fase de crescimento e desenvolvimento: as crianças.
Esperamos impressioná-lo com todos os detalhes e as curiosidades do acompanhamento à saú-de das crianças e construir uma concepção ampliada desse atendimento, visando a superar a visão fragmentada que as considera apenas um ser humano em tamanho reduzido.
Nossa lição sobre prevenção de doenças e promoção da saúde da criança durante o crescimen-to e o desenvolvimento visa à compreensão da importância do acolhimento, da responsabilização e da formação de vínculo do agente comunitário de saúde (ACS). São considerados, nesse entendi-mento, os contextos social, político, cultural e econômico, articulados com os principais programas de saúde, para atuar na educação em saúde e no acompanhamento desse grupo e de sua família na atenção básica.
Não perca tempo! Aproveite a oportunidade para construir seus conhecimentos sobre a saúde da criança.
Bons estudos!
Helen Fernanda Barbosa Batista, Ana Cláudia Pinheiro e Espedito Mangueira de Lima.
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SUMÁRIO
1 A CRIANÇA E A SAÚDE DA CRIANÇA
Objetivos
Ao final desta lição, você deverá ser capaz de entender a influência da família e as redes de apoio no crescimento e no desenvolvimento saudável das crianças. Para isso, os seguintes objetivos de aprendizagem foram formulados:
• compreender a influência da organização e da dinâmica familiar no crescimento e no desen-volvimento da criança;
• compreender a importância dos vínculos e a função parental no crescimento e no desenvol-vimento da criança;
• conhecer a importância das redes de apoio para o crescimento e o desenvolvimento saudável da criança.
1.1 A famíliaA família é uma realidade da sociedade e constitui a base do
Estado. Ela é considerada um núcleo de organização social e tra-ta-se de uma instituição necessária para o desenvolvimen-to da coletividade.
Ao longo da história da humanidade, os mode-los de organização familiar sempre estiveram presentes na estrutura social, contudo, a família vem se mantendo como uma instituição que sofreu adaptações e mudan-ças impostas pela sociedade.
Existem diferentes definições do conceito de fa-mília, de acordo com as concepções teóricas e filosóficas.
Saiba mais
Inicialmente, o termo família era utilizado para o conjunto de empregados de um senhor. Poste-riormente, passou a denominar um grupo de indivíduos que convivem em uma casa, unidos ou não por laços de sangue e submetidos à autoridade de um chefe comum.
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Pela legislação, a família era constituída, primeiramente, somente pelo casamento, com o mo-delo patriarcal e hierarquizado, ao passo que o enfoque moderno tem apontado novos elementos que compõem as relações familiares, destacando os vínculos afetivos que norteiam a sua formação.
A família pode ser compreendida, ainda, nas perspectivas esquematizadas a seguir.
Dessa forma você pode perceber que, devido às mudanças sociais e de acordo com o período histórico, ocorrem modificações na família nuclear. Atualmente existe o reconhecimento da família que possui relações não convencionais, é o caso da união estável, da família monoparental e da união ho-moafetiva.
Importante
O Estado brasileiro reconhece o direito das famílias de constituírem os arranjos familiares de diversas maneiras, e não somente pelo casamento.
De acordo com Chapadeiro (2011), a família pode ser considerada um complexo sistema de organização que possui crenças, valores e hábitos ligados diretamente às transformações ocorridas na sociedade que afetam os seus membros e fazem com que eles se modifiquem. Essa organização tem a finalidade de assegurar a continuidade e o crescimento psicossocial dos seus membros, ou seja, procura uma adaptação possível para a sua sobrevivência.
Compreendemos que os arranjos familiares modificaram-se ao longo dos anos, mas
quais são as estruturas familiares existentes?
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Família nuclear, conjugal ou elementar: é constituí-da por pai, mãe e filhos nascidos dessa união, habitando o mesmo espaço.
Família monoparental: ocorre quando apenas um dos pais é responsável por cuidar dos filhos, por razão de di-vórcio, abandono ou morte.
Famílias homoafetivas: é reconhecida pelo Estado como uma entidade familiar constituída pela união entre indivíduos do mesmo sexo.
Família combinada ou reconstruída: é formada por uma nova união conjugal, com ou sem descenden-tes de relações anteriores, de um ou dos dois cônjuges.
Família extensa: aquela que se estende para além dos pais e dos filhos, sendo formada pela rede familiar e ligando consanguíneos e descenden-tes(parentes próximos), que convivem e mantêm vínculos de afinidade e afetividade.
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Saiba mais
No link abaixo, você pode consultar mais informações sobre as estruturas familiares e suas carac-terísticas. Vamos conhecê-las?
http://www.uel.br/revistas/lenpes-pibid/pages/arquivos/1%20Edicao/1ordf.%20Edicao.%20Ar-tigo%20PIZZI%20M.%20L.%20G.pdf
Vamos praticar?
Enumere as opções de acordo com as afirmações.
1 – Formada por indivíduos além dos pais e dos filhos, ligados por laços consanguíneos e que convivem e mantêm vínculos de afetividade.
2 – Composta por pai, mãe e filhos resultantes dessa união que convivem em um mesmo espaço.
3 – Constituída por uma nova união conjugal, com ou sem descendentes de relações an-teriores.
4 – É formada por razão de divórcio, abandono ou morte, e um dos pais convive e é respon-sável pelo cuidado do filho.
( ) Família recombinada.
( ) Família nuclear.
( ) Família monoparental.
( ) Família extensa.
A sequência correta é: 3, 2, 4 e 1. Parabéns se você acertou! Você exercitou os conhecimen-tos adquiridos sobre a estrutura familiar.
Apesar dessas conceituações, é necessário ob-servar que a família é uma instituição social e, por isso, é historicamente produzida, variando
de acordo com o tempo e o espaço.
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A família como uma instituição social varia sua estrutura de acordo com os determinantes so-ciais, econômicos, geográficos, culturais, políticos ou ideológicos e o período histórico. Entretanto, mesmo diante dessas variantes, ela possui funções comuns. Vamos conhecê-las?
• Sexual: a união conjugal também tem como objetivo atender às necessidades sexuais, líci-tas, que visa a estabelecer um pai considerado legal, pelas leis, para os filhos.
• Reprodutiva: continuidade da família e da sociedade a partir dos descendentes, quando é desejo do casal ter filhos.
• Econômica: garantia do sustento e da proteção dos filhos, por meio da participação, da divisão e da organização do trabalho dos pais.
• Socializadora: transmissão de um conjunto de costumes, valores, hábitos e regras para os filhos e o seu cuidado, visando à formação de indivíduos para o convívio social. É uma fun-ção reconhecida internacionalmente como papel fundamental da família.
Nesse contexto vamos compreender a importância da família para a criança?
Os indivíduos são produtos de suas heranças genéticas e aprendizado ao longo da vida. Eles en-contram-se sob a influência de padrões da sua família, como nível de escolaridade, ideologias, saúde física e mental, costumes, hábitos, características culturais, valores, vícios, entre outros fatores.
Dessa forma, a família, como primeira instituição social com a qual as pessoas têm contato, é fundamental para o processo de socialização dos indivíduos, por meio da transmissão dos modos de agir, pensar e sentir próprios da sociedade em que convivem. Ela é considerada um espaço para o exercício da cidadania, que possibilita o desenvolvimento individual e grupal de seus membros.
Enquanto instrumento de socialização, ela tem um papel fundamental na compreensão do de-senvolvimento humano (iniciado na infância), que, por sua vez, é um processo de constante transfor-mação, que sofre interferência de fatores do próprio indivíduo e do contexto em que está inserido.
Conforme discutimos você pode notar que a família assume duas importantes funções como instituição educadora das crianças:
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Importante
A função socializadora tem como objetivo a transmissão da herança sociocultural, ou seja, for-necer aos indivíduos, em seus primeiros anos de vida, elementos como língua, usos e costumes, valores e crenças, construindo nas crianças e no jovens os comportamentos legítimos e neces-sários para o ingresso na sociedade.
Na identificação social, proporciona aos indivíduos a conquista de determinada posição social, na medida em que a família também é um produto da organização de múltiplas identidades sociais (étnicas, religiosas, classes sociais, educacionais e outras).
Considerando a importância que a família desenvolve na formação psicossocial da criança, o Estado possui uma ampla legislação de proteção destinada a esse grupo social.
É na família que a pessoa recebe as primeiras orientações para a vida coletiva e é nesse orga-nismo que os atos de solidariedade e de ajuda mútua acontecem mais recorrentemente (SILVA, 2010).
Assim, em nossa sociedade, a família é um espaço ideal para o desenvolvimento físico, mental e social das crianças e dos adolescentes. E a comunidade e o Estado são corresponsáveis por legitimar esse processo e contribuir para o seu andamento, principalmente no fortalecimento das competên-cias familiares para cuidar adequadamente de seus filhos.
Toda criança necessita de cuidados desde a sua concepção. A gestação é um período de diver-sas expectativas para a mulher e toda a família, que se prepara e reorganiza para receber um novo membro. Quando o bebê nasce, ele não encontra um contexto vazio, mas sim um ambiente familiar com uma dinâmica e um funcionamento próprio, muitas dúvidas, preocupações, metas, crenças e costumes, que influenciam na formação desse sujeito em desenvolvimento.
Dica
Durante as visitas domiciliares, o agente comunitário deve estar atento às relações que os mem-bros familiares estabelecem com a criança, à maneira como se dispõem para cuidar dela e aten-der às suas necessidades para o crescimento e o desenvolvimento saudável e orientar a impor-tância da formação de vínculos e fortalecimento da parentalidade.
E qual a importância de tudo isso para o agente comunitário de saúde?
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A família representa um referencial na vida das crianças, pois existe uma tendência a repetir suas histórias de vida. Os pais e os cuidadores responsáveis são modelos de comportamento para a criança e os adolescentes. Por isso, é fundamental que o profissional de saúde, em contato com a famí-lia, reconheça sua estrutura, sua organização, os papéis desempenhados por cada membro e a relação estabelecida entre eles, a fim de identificar situações de vulnerabilidade, assim como potencialidades para o desenvolvimento dos indivíduos envolvidos.
Saiba mais
No link: https://www.youtube.com/watch?v=rXdEgP012ig você pode assistir ao documentário “Família é”, que apresenta o depoimento de crianças sobre sua percepção do que compõe a estrutura familiar. No link https://www.youtube.com/watch?v=0ltIZNHYYuA você encontra uma reportagem sobre a nova organização das famílias, intitulada de “Famílias brasileiras”.
O foco do cuidado às crianças tem sido modificado ao longo dos anos para o cuidado na pers-pectiva centrada nas necessidades da criança e avançado para a inclusão da família, reconhecendo o seu papel no crescimento e no desenvolvimento saudável.
É necessário reconhecer a família como uma constante na vida da criança, de maneira que o agente comunitário, durante o acompanhamento da população do território, deve apoiar, encorajar, respeitar e potencializar as competências da família, considerando que ela é a primeira responsável pelos cuidados de saúde de seus membros.
Importante
A criança é um ser cujas condições físicas, mental e social geralmente estão diretamente relacio-nadas às características da família e à comunidade com a qual convive.
Estudo de caso!
Pedrinho não anda bem na escola
Durante a reunião escolar de Pedrinho, sete anos, a professora alertou à mãe que a criança estava apresentando dificuldades para interagir com os demais estudantes, não perguntava suas dú-vidas durante a aula e, nos últimos dias, estava com condições de higiene corporal insatisfatórias.
A mãe explicou que estava se divorciando e havia começado a trabalhar fora e que, por isso, o filho mais velho, de quatorze anos, estava cuidando dos irmãos mais novos. Contou também que o menino sempre admirou e imitou o comportamento do pai, que era muito calado, e esta-va triste desde que ele tinha ido embora.
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Discuta como as características da estrutura e da dinâmica familiar influenciou o comportamen-to de Pedrinho na escola.
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Você observou como a situação vivenciada pela família influenciou o comportamento de Pedrinho? Por causa da saída de casa do pai, a criança tem se apresentado desmotivada e triste para realizar suas tarefas escolares. Por imitar o comportamento do pai, de pouca comunicação, apresentava certa dificuldade para interagir com as outras crianças. Além disso, apresentava condições de higiene pouco satisfatórias, resultado da mudança de cui-dador – da mãe, que teve que trabalhar fora de casa, para o irmão mais velho.
Considerando a importância da família no cuidado e na formação das crianças, vamos conhecer um método de observação que pode ser aplicado pelo agente comunitário de saúde durante as visi-tas domiciliares à população do território de abrangência? Veja abaixo os elementos que compõem esse método para reconhecer as fragilidades e as potencialidades das crianças.
1. Estrutura familiar: envolve a composição familiar, reconhecendo a ordem de nascimento, as características econômicas, a religião e as condições ambientais.
2. Desenvolvimento ou dinâmica familiar: conhecer as tarefas e os vínculos estabelecidos entre os membros familiares e com outras redes de apoio (pessoas e instituições significativas para o contex-to da família).
3. Funcionamento familiar: atividades de vida diária, comunicação, estratégias aplicadas pelos indivíduos para solucionar problemas, papéis e relação de poder na família.
Os dados recolhidos a partir desse instrumento pelo agente comuni-tário de saúde permitem à equipe de saúde conhecer as características da fa-mília e o seu funcionamento e propor intervenções para reduzir as situações de vulnerabilidade e aumentar a qualidade de vida.
Foi apontado que a família constitui um espaço. Vamos discutir quais as vivências que ocorrem nesse espaço e favorecem
o desenvolvimento das pessoas?
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A família é considerada um espaço de apoio à sobrevivência e proteção integral das crianças, dos adolescentes e dos demais membros, bem como um espaço de vivência do nascimento e da morte, com o desenvolvimento de emoções e afeto. Também é um espaço de vivência de conflitos e negociações que preparam os indivíduos para a convivência saudável na sociedade. Uma das suas atribuições mais importantes é de ser um espaço de disponibilização de suporte afetivo, educativo e material necessários para o desenvolvimento de seus membros.
Vamos praticar?
Marque verdadeiro ou falso nas alternativas.
a- ( ) O foco no cuidado e no acompanhamento da saúde da criança considera irrelevan-tes as características, a dinâmica e a organização da família, apesar do envolvimento dos membros familiares no atendimento às suas necessidades.
b- ( ) Os pais e os principais cuidadores das crianças são considerados por elas modelos de comportamento, por serem os primeiros indivíduos com os quais elas têm contato.
c- ( ) A família é considerada um espaço de desenvolvimento dos indivíduos, apenas para o aprendizado de valores e crenças, desconsiderando a vivência da afetividade.
d- ( ) Entre as atribuições da família para o desenvolvimento do indivíduo, existem dois papéis essenciais: o de ser socializadora e o de identificação social.
Você acertou se marcou como verdadeiras as opções “b” e “d”. Para entender melhor, veja as justificativas abaixo.
Letra A: falso. Lembre-se de que vem ocorrendo uma mudança ao longo dos anos no foco do cuidado à criança, com a incorporação da família, considerando seu papel na formação e no atendimento das necessidades da criança.
Letra B: verdadeiro. Lembre-se de que as crianças têm uma tendência a imitar o compor-tamento dos indivíduos presentes em seu cotidiano e consideram os pais e as pessoas significativas como modelos de comportamento.
Letra C: falso. Lembre-se de que a família também é um espaço para a vivência da afetivi-dade e a formação de vínculo.
Letra D: verdadeiro. Lembre-se de que a família é um espaço para transmissão de regras, hábitos, valores e costumes culturais, assim como serve para a identificação social dos in-divíduos na sociedade.
Importante
O IBGE considera família o conjunto de pessoas ligadas por laços de parentesco, dependência doméstica ou de normas para convivência, que residam no mesmo domicílio, incluindo empre-gados, pensionistas e agregados.
IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
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Portanto após o reconhecimento da família como uma instituição social com a função de socia-lizar, cuidar e proteger os indivíduos, você pode compreender seu papel na promoção do crescimento e do desenvolvimento saudável da criança. E para desempenhar essa função, os profissionais de saúde envolvidos em seu acompanhamento têm um papel fundamental na orientação para a promoção da qualidade de vida na infância.
1.2 Os vínculos
“Quando o meu primeiro bebê nasceu, eu não tinha ideia do que fazer com aquele tamanho de gente, eu não sabia por que
tinha que amá-lo, mas sabia que ele preci-sava do meu carinho e que seria um víncu-
lo que eu levaria para o resto da vida”.
O crescimento e o desenvolvimento infantil estão relacionados ao vínculo
e à interação entre pais e crianças!
Ao longo dos anos, diversas pesquisas vêm contribuindo para a compreensão da importância do vínculo afetivo na vida dos seres humanos e do modo como esse vínculo se consolida. A psicanálise aponta a existência de um processo contínuo de desenvolvimento afetivo e emocional dos indivíduos, que se inicia antes do nascimento e permanece ao longo da vida.
Inicialmente os bebês formam um vínculo forte com as mães (cuidadoras principais) ou ou-tro indivíduo que desempenha essa função, com a perspectiva de manter-se ligado emocionalmente com o responsável pela manutenção de um ambiente adequado para a sua sobrevivência. A proximi-dade funciona como uma busca de segurança e apoio. Essa relação é biológica e psicologicamente essencial para a sobrevivência e o desenvolvimento saudável do bebê.
Nesse contexto a família enquanto instituição social possui um lugar fundamental no cresci-
Psicanálise: é o ramo da ciência que estuda o inconsciente dos sujeitos.
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mento emocional da criança, especialmente pela interação entre bebê e cuidador nessa fase do ciclo de vida, pois a forma como o cuidador dispensa os cuidados e como acolhe a criança interfere na formação do vínculo e do apego.
O apego, que é uma ligação emocional estabelecida entre a criança e seu cuidador, é cons-truído durante a gestação, com a criança imaginada pelos pais, e após o nascimento do bebê. Para atender às suas necessidades biológicas como alimentação, limpeza e as necessidades psi-cossociais de sentir-se seguro, protegido e amado, ele forma um vínculo com a figura que atende às suas demandas.
No entanto, existem comportamentos da criança que sugerem busca de apego ou formação de vínculo. Quando a criança sorri, chora, suga e olha nos olhos de seu cuidados ou o procura, está tentando provocar uma resposta no indivíduo e interagir para formar um vínculo.
Saiba mais
No link abaixo, você pode obter mais informações sobre a formação do vínculo e do apego no folheto “Apego: pais e filhos, um vínculo de confiança”. Vamos consultar?
http://www.enciclopedia-crianca.com/sites/default/files/docs/coups-oeil/de-olho-no-apego--pais-filhos.pdf
É imprescindível a relação afetiva entre a criança e a família para que
as bases da formação psicológica do futuro adulto sejam construídas.
O agente comunitário tem um papel fundamental nesse cenário, pois, durante as visitas do-miciliares, tem a possibilidade de observar no ambiente familiar como se estabelecem as relações de vínculo e apego entre a família (em especial a mãe) e a criança. É necessário notar como os membros familiares reagem aos comportamentos da criança: são afetuosos e oferecem aconchego? Ou têm atitudes irritadas e agressivas?
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Importante
A amamentação favorece a formação do vínculo entre a mãe e o bebê e deve ser estimulada. Contudo é necessário lembrar que a prática de amamentar é um hábito que se adquire e aper-feiçoa com o tempo e depende da interação positiva entre os fatores sociais, culturais e de apoio familiar à mulher.
Vamos praticar?
Mamãe corujinha!Após a chegada de Amália, a vida do casal Salete e José mu-dou completamente. Toda a rotina da casa se modificou para atender às necessidades da recém-nascida. Na última visi-ta domiciliar, a mãe disse que estava tudo bem com a saú-de da filha, que tinha visto uma reportagem sobre vínculo entre mãe e bebê e que queria entender a importância do tema. Afinal, como toda mamãe coruja, ela deseja o melhor para o seu bebê.
Vamos ajudar a agente comunitária de saúde? Discuta a importância da formação do vín-culo entre a criança e a família.
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O vínculo emocional estabelecido entre a criança e a família representa um espaço de seguran-ça e conforto que favorece o desenvolvimento físico e mental saudável do indivíduo desde a infância.
Existem algumas características do comportamento dos pais que podem favorecer a vivência desse momento (formação de vínculo entre filhos e pais). Vamos conhecê-las?
• Pais equilibrados que sabem lidar adequadamente com os problemas que surgem no cotidiano.
• Pais sem compulsões ou vícios (álcool, drogas, tabaco, trabalho e outras).
• Pais maduros e com a autoimagem positiva e confortável.
• Pais que procuram proporcionar um ambiente tranquilo para a convivência com a criança.
Portanto os profissionais de saúde envolvidos no acompanhamento das famílias precisam ter a compreensão da importância da formação do vínculo e do apego entre a família e a criança para um adequado desenvolvimento. também devem ser capazes de identificar situações que possam inter-ferir de forma negativa nesse processo, por meio da observação da dinâmica das relações em cada família.
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SUMÁRIO
1.3 A função parentalNo século XVIII, o amor entre os pais e a prole é fortemente marcado pela perspectiva da
educação, e a formação das crianças tornou-se um fator importante para o desenvolvimento de um país e garantia de uma sociedade mais saudável. Nesse contexto, a parentalidade começou a ser discutida e utilizada para destacar a dimensão do processo de construção do exercício da relação dos pais com os filhos.
Conforme discutido anteriormente, as relações estabelecidas entre os pais e os filhos são funda-mentais para os relacionamentos futuros na vida adulta. Por esse motivo, os profissionais envolvidos no acompanhamento das famílias devem estimular a parentalidade.
E o que é parentalidade?
A parentalidade inicia-se antes do nascimento da criança, já que as representações maternas e paternas podem ocorrer na infância, antecedendo a concepção, durante as brincadeiras de bonecas e fantasias. Essas representações influenciam a forma como cada indivíduo poderá exercer a parenta-lidade.
Portanto a parentalidade pode ser definida como um conjunto de remanejamento psíquico e afetivo que permite ao adulto, pai ou mãe, exercer a maternidade ou a paternidade.
O nascimento de um filho modifica, definitivamente, a mente dos pais, sendo que essas mu-danças não ocorrem somente devido às projeções e às representações dos pais sobre o bebê, mas das transformações ocasionadas pela presença real da criança.
Existem dois aspectos importantes na parentalidade: o primeiro refere-se à compressão das modificações psicológicas que se produzem nos pais durante o processo de sua transição para a pa-rentalidade; o segundo aponta a prática da parentalidade, englobando todo o campo dos cuidados parentais, ou seja, a interação afetiva entre os pais e seu filho. Dessa forma, é necessário observar que o estabelecimento dessa ligação favorece o desenvolvimento afetivo e cognitivo da criança e, ao mesmo tempo, propicia aos pais o sentimento da dúvida se estão exercendo a parentalidade de forma satisfatória ou não.
Prole: filhos; descendentes.
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SUMÁRIO
Como os agentes comunitários podem atuar para promover a
parentalidade?
O termo “parentalizar” é utilizado para indicar a influência positiva que um sujeito exerce sobre o sentimento de um adulto para ser pai ou mãe e refere-se à vivência da identidade parental e aos senti-mentos resultantes do processo de competência dos pais com relação aos cuidados oferecidos à criança.
Nessa situação, os profissionais de saúde envolvidos na orientação e no acompanhamento des-ses indivíduos podem contribuir para a formação da parentalidade construindo um espaço de escuta para manifestação de sentimentos vivenciados. Entre esses sentimentos, podemos citar, por exemplo, o medo de não conseguir conciliar a vida com a criação da criança ou das dificuldades de formar laços afetivos, bem como a dificuldade em aceitar seu novo papel na sociedade.
A partir da identificação desses sentimentos, o ACS pode estimular o pai, a mãe ou outros res-ponsáveis, evitando os julgamentos e as críticas, e incentivando as boas práticas para atender as ne-cessidades da criança, bem como encaminhá-los para participar de grupos na unidade de saúde que promovam a formação de habilidades para desenvolver a parentalidade.
Importante
Além dos profissionais de saúde, existem outros indivíduos que participam do processo de pa-rentalizar: o bebê, durante sua interação com os pais; os cônjuges, que podem contribuir um com o outro no processo de parentalidade; a família ampliada, que pode apoiar a vivência do casal nessa fase da vida.
Papai: uma importante peça desse quebra-cabeça
Devido às modificações na estrutura familiar, o relacionamen-to entre o pai e os filhos tem sofrido mudanças, de um distancia-mento para uma proximidade de contato, com incentivo para a demonstração de afeto e coparticipação no desempenho das funções para atender às necessidades da criança durante o seu crescimento e o seu desenvolvimento.
Essa participação paterna é fundamental em todas as fases de desenvolvimento da criança, porque representa um fator de proteção relevante para a saúde de todos os en-volvidos. Entretanto ainda é comum a reduzida participação dos pais nas decisões relacionadas à saúde e aos cuidados das crianças.
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Nesse sentido faz-se necessário minimizar essa exclusão, que pode gerar um sentimento nega-tivo do indivíduo em relação à paternidade e aumentar esse distanciamento.
Portanto os profissionais de saúde devem envolver os pais nas orientações referentes aos cui-dados com a saúde da criança, para um adequado crescimento e desenvolvimento, e deve ser ressal-tada a importância da sua participação para a construção dos vínculos afetivos com ela.
Vamos praticar?
Marque verdadeiro ou falso nas alternativas.
a- ( ) A parentalidade pode ser definida como um laço de sangue entre os filhos e os pais, desconsiderando os aspectos referentes aos cuidados dispensados às crianças.
b- ( ) A interação emocional entre o bebê e os pais não produz alterações emocionais nos pais, por isso é considerada importante somente para o desenvolvimento psicológico
e cognitivo das crianças.
c- ( ) A participação do pai, embora necessária e positiva, ainda é reduzida nas questões referentes aos cuidados para o crescimento e o desenvolvimento saudável das crianças.
Letra A: falso. Lembre-se de que a parentalidade pode ser definida como um conjunto de mudanças
no pensamento e na afetividade dos indivíduos, que permite aos adultos exercerem a
maternidade e a paternidade.
Letra B: falso. Lembre-se de que a ligação emocional favorece o desenvolvimento da criança, ao mesmo tempo em que fomenta os sentimentos de dúvidas e preocupações do pai sobre o exercício satisfatório da parentalidade.
Letra C: verdadeiro. Lembre-se de que é emergente a necessidade de minimizar essa ex-clusão e aumentar a participação paterna nas decisões referentes à saúde da criança,
ressaltando seu papel positivo para o atendimento das necessidades de saúde desse
grupo populacional.
Meu bebê nas redes sociais
Camila criou uma página em uma rede social com o objetivo de apoiar as famílias que têm dificuldades no exercício da parentalidade e na formação de vínculos afetivos com os bebês. Na página inicial, estava descrita a seguinte men-sagem:
“Queridos papais e mamães, apesar de sermos biolo-gicamente preparados para essa função, às vezes, não esta-mos preparados emocionalmente e precisamos de ajuda para oferecer os cuidados aos nossos filhos. Não se sintam intimidados e participem desta campanha: parentalidade, um ato de amor”.
Emergente: algo ou alguém que surge, aparece.
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Vamos praticar?
Como agente comunitário de saúde, descreva quais as atitudes e os comportamentos fun-damentais para parentalizar os pais do seu território de abrangência.
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Dica
Lembre-se de que, para favorecer a parentalidade, é necessário construir um ambiente de escu-ta ativa para ouvir os medos e as preocupações dos indivíduos, bem como formar vínculos. Des-sa forma, o profissional envolvido deve evitar os julgamentos e as críticas e fomentar os elogios para as atitudes positivas dos pais em relação aos cuidados com os bebês.
1.4 DificuldadesO nascimento de um bebê, principalmente quando é o primeiro
filho, pode ser considerado um fator de risco para o surgimento de problemas emocionais nos pais, o que pode afetar o relacionamen-to com o recém-nascido e, consequentemente, o desenvolvimen-to e o crescimento saudável da criança.
Os distúrbios emocionais que podem ocorrer nesse período cons-tituem um problema que não afeta apenas a saúde da mãe, mas também a dos bebês e do pai.
Considerando a dependência dos recém-nascidos para satisfazer suas demandas por meio dos cuidados de sua família, especialmente das mães, eles tornam-se vulneráveis aos transtornos emocio-nais que podem ser vivenciados nesse período de adaptação.
Portanto, devido à influência direta desse quadro no contexto familiar e à sua interferência na qualidade do exercício da parentalidade, o agente comunitário em contato com a família sempre deve estar atento à presença de sintomas que podem indicar um quadro de sofrimento emocional.
Fomentar: es-timular; incitar; motivar.
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SUMÁRIO
No quadro abaixo você encontra as principais alterações que podem sugerir um sofrimento emocional apresentado pela mulher no puerpério.
Sintomas que sugerem o adoecimento mental no puerpério
• Choro fácil.
• Labilidade no humor.
• Irritabilidade.
• Insônia ou queixa de muito sono.
• Ansiedade intensa relacionada ao recém-nascido.
• Falta de apetite.
• Desinteresse sexual.
• Ideias suicidas, de machucar-se ou de machucar o bebê.
• Confusão mental.
• Delírios.
• Comportamentos estranhos.
Quando identificado algum desses sintomas, a mãe deve ser encaminhada para avaliação da equipe na unidade de saúde e, após o diagnóstico médico, deverá ser acompanhada rigorosamente por todos os profissionais da equipe, principalmente o agente comunitário, que ficará encarregado de realizar visitas domiciliares regulares.
Existem também as famílias em que ocorre a chegada de mais um filho, sendo importante ressaltar que esse novo membro afeta não só a estrutura familiar, mas também sua dinâmica, po-
dendo gerar ansiedade para os pais.
Esse desconforto pode surgir porque a chegada de um ir-mão exerce impacto no comportamento do primeiro filho, que vivencia um processo de aprendizagem para compartilhar a atenção, o cuidado e o amor dos pais, podendo surgir sintomas
físicos ou mudanças comportamentais na criança.
Nessa situação é indispensável a atuação do agente comunitário na orientação e no apoio à família. Ele deve estimular os pais a promoverem a participação ativa da
crian- ça na gestação e no preparo para a recepção do irmão, bem como esclarecer os pontos positivos de sua presença.
Após o nascimento é importante lembrar a família da necessidade de dividir o tempo para cuidar de cada um, de evitar os sentimentos de competitividade e incentivar a expressão dos senti-mentos positivos pelo irmão.
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Além da adaptação dos membros familiares à chegada do bebê, a família sofre modificações para se organizar financeiramente e nos cuidados dispensados às crianças.
Dessa forma é necessário esclarecer que essas dificuldades são comuns durante essa fase do ciclo de vida e ressaltar a importância das redes de apoio para superar esses obstáculos.
Vamos praticar?
Responda às perguntas e complete a cruzadinha.
1 - Situações que podem ser vivenciadas pelas mulheres no puerpério e causam prejuízo aos cuidados e à formação de vínculo com o recém-nascido.
2 - Conjunto de mudanças nas ideias e na afetividade que permite aos adultos vivenciarem a maternidade e a paternidade.
3 - Ligação emocional fundamental para o desenvolvimento cognitivo e emocional da criança.
4 - Família em que um dos pais é responsável pelos cuidados com os filhos.
5 - Função familiar que tem como objetivo a transmissão da herança social e cultural.
01
02
04
03
05
Se você conseguiu completar a cruzadinha, parabéns! Caso tenha sentido alguma dificul-dade, releia o conteúdo.
1.5 Formação de redes de apoio O fortalecimento da rede de apoio social no momento da chegada do bebê facilita a superação
das dificuldades relacionadas ao estresse, à resolução dos conflitos que aparecem e ao restabeleci-mento de uma dinâmica familiar saudável, funcionando como um fator protetor para evitar o surgi-mento de relacionamentos disfuncionais nas relações entre os pais ou entre os pais e os filhos.
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Quando os pais podem contar com outras pes-soas da comunidade ou parentes nos cuidados com a criança, principalmente em situações ex-cepcionais, permite-se criar um ambiente de apoio e segurança para a família.
Por isso, os profissionais de saúde de-vem estimular os pais a ampliar as redes sociais de apoio, e cabe a eles auxiliar o processo de identificação de pessoas, serviços em sua comu-nidade (saúde, educação, assistência social, creches e outros) e organizações não governamentais que possam oferecer suporte à família. Esse suporte pode se dar de diversas formas, como: apoio financeiro e emocional, auxílio nas tarefas domésticas e cuidado com os outros filhos, além de orientações para esclarecer as dúvidas quanto aos cuidados para o crescimento e o desenvolvimento saudável da criança.
Resumindo
Os profissionais da unidade básica de saúde têm a possibilidade de realizar um acompanha-mento mais próximo e contínuo dos indivíduos, bem como uma maior facilidade para identificar as suas necessidades de saúde.
Para o acompanhamento das necessidades de saúde das crianças em seu território de abran-gência, é necessária a compreensão das características familiares, pois os membros familiares são responsáveis pelos cuidados para atender às necessidades biológicas e psicossociais das crianças. Além disso, a família também é responsável pela transmissão de costumes, hábitos, regras de convi-vência e aspectos culturais da sociedade em que está inserida, indluenciando, dessa forma, direta-mente na formação e na socialização dos sujeitos.
Nesse cenário, é preciso ressaltar que as mudanças sociais, culturais e econômicas provocaram modificação nas estruturas familiares e, consequentemente, em sua dinâmica e na forma como afe-tam os seus membros.
Portanto, para o crescimento e o desenvolvimento saudável da criança, além do reconheci-mento das características da estrutura e da dinâmica familiar, o agente comunitário de saúde deve ser capaz de intervir nesse ambiente, orientando a importância da formação do vínculo, a parentalidade, assim como as principais dificuldades vivenciadas pelos pais nesse momento e a necessidade de uma rede de apoio para superá-las.
Estudamos, nesta lição, a influência da família e das redes de apoio no crescimento e no desen-volvimento saudável das crianças no Brasil. Veja se você se sente apto a:
• levantar a influência da organização e da dinâmica familiar no crescimento e no desenvolvi-mento da criança;
• identificar a importância dos vínculos e da função parental no crescimento e no desenvolvi-mento da criança;
• identificar a importância das redes de apoio para o crescimento e o desenvolvimento saudável da criança.
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Parabéns, você fina-lizou esta lição!
Agora responda às questões ao lado.
Exercícios
Questão 1 – A Pesquisa Nacional de Amostras por Domicílio realizada em 2009 apontou que os arranjos familiares no Brasil mudaram nos últimos anos. Sobre o tema, assinale a alternativa incorreta.
a) A família pode ser considerada um complexo sistema de organização que possui cren-ças, valores e hábitos ligados diretamente às transformações ocorridas na sociedade.
b) Entre as formas de organização familiar, estão a família monoparental, a família extensa, a nuclear e a homoafetiva.
c) Enquanto responsável pela identificação social, a família assume o papel na transmissão de elementos como língua, usos, costumes, valores e crenças, construindo nas crianças e nos jovens os comportamentos legítimos e necessários para o ingresso na sociedade.
d) A família é necessária para a socialização e tem um papel fundamental na compreensão do desenvolvimento humano, iniciado na infância e continuado ao longo da vida.
Questão 2 – Existem diversos conceitos sobre a família, de acordo com o tempo e a forma de organização social. Assinale a alternativa que não compreende uma das perspectivas de análise do conceito de família.
a) Biológica.
b) Econômica.
c) Sociológica.
d) Antropológica.
Questão 3 – Considerando a existência de diversas formas de organização familiar, a famí-lia que inclui os indivíduos ligados por consanguinidade e descendentes, que convivem e mantêm vínculos refere-se à família:
a) monoparental.
b) nuclear.
c) combinada.
d) extensa.
Questão 4 – A família, como uma instituição social, varia em sua organização e sofre in-terferência de diversos determinantes (período histórico, fatores sociais, culturais, econô-micos, etc.), mas possui funções em comum. Assinale a alternativa que compreende as funções da família.
a) Sexual, reprodutiva, econômica e socializadora.
b) Somente sexual e reprodutiva.
c) Reprodutiva e econômica.
d) Sexual, reprodutiva, econômica, socializadora e punitiva.
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Questão 5 – O conceito “a família constituída por pai, mãe e filhos nascidos dessa união, habitando o mesmo espaço” refere-se à família:
a) reconstruída.
b) elementar.
c) monoparental.
d) extensa.
Questão 6 – O vínculo afetivo é iniciado antes mesmo do nascimento e perdura ao longo de toda a vida do indivíduo, sendo considerado fundamental para a formação dos sujeitos. Sobre o tema, assinale a alternativa correta.
a) Apesar do contato próximo da família com a criança, ela não possui um papel funda-mental no crescimento emocional dos indivíduos.
b) O vínculo é uma ligação emocional entre os cuidadores e a criança, iniciado durante a gestação e continuado com os cuidados dispensados para a sua sobrevivência.
c) Apesar de o choro e o sorriso das crianças serem considerados as primeiras formas de comunicação após o nascimento, eles não são considerados comportamentos para forma-ção de vínculo.
d) A amamentação é fundamental para o crescimento saudável, entretanto não desempe-nha função importante na formação de vínculo entre a mãe e o bebê.
Questão 7 – A parentalidade exerce influência direta durante a formação do vínculo e do apego entre o bebê e a família. Sobre o tema, assinale a alternativa incorreta.
a) O termo parentalizar refere-se à influência positiva de um sujeito para fortalecer a capa-cidade de exercer a parentalidade de um indivíduo.
b) Dois importantes aspectos da parentalidade são os sentimentos produzidos nos sujei-tos para alcançá-la e a prática da parentalidade.
c) Durante o processo de formação da parentalidade, os profissionais devem criticar as ações e as decisões dos pais quando considerarem-nas inadequadas.
d) Os profissionais envolvidos no acompanhamento dos pais devem oferecer um es-paço de escuta ativa para os sentimentos vivenciados por eles durante a formação da parentalidade.
Questão 8 – Na atualidade o amor entre os pais e as crianças é fundamental. Assinale a alternativa incorreta sobre o conceito de parentalidade.
a) A parentalidade refere-se a um conjunto de mudanças na visão sobre a concepção.
b) A parentalidade refere-se a um conjunto de adaptações psicológicas e afetivas nos indi-víduos para fortalecer a capacidade de ser pai e mãe.
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c) A parentalidade é iniciada ainda na infância, com as brincadeiras de cuidado com os bebês, que fortalecem a concepção de paternidade.
d) O nascimento da criança influencia diretamente a parentalidade, pois incorpora as pro-jeções dos pais sobre o bebê e as transformações ocasionadas pela sua presença real.
Questão 9 – O sofrimento mental durante o puerpério não é incomum entre as mulheres. Sobre o tema, assinale a alternativa correta.
a) O sofrimento mental da mãe não afeta o crescimento e o desenvolvimento da criança.
b) O sofrimento mental da mãe, apesar de causar mudanças nos relacionamentos com o filho, a família e o pai, não produz repercussões negativas.
c) Entre os sintomas de sofrimento mental, estão a labilidade emocional, a confusão, a falta de apetite, a irritabilidade, o choro fácil e a febre.
d) Após o nascimento da criança, a família sofre um processo de adaptação financeira, social e de organização para os cuidados dispensados com a criança.
Questão 10 – Em relação à formação de redes de apoio, o agente comunitário de saúde durante as visitas domiciliares deve:
a) auxiliar a família a identificar as pessoas, os serviços e as organizações não governamen-tais que possam oferecer suporte à família.
b) decidir as pessoas, os serviços em sua e organizações não governamentais que possam oferecer suporte à família.
c) estimular a família a ampliar a rede de apoio para o cuidado com a criança, pois a função de atender às necessidades dela não é dos pais.
d) estimular a família a isolar a criança do contato com a comunidade, para prevenir doenças.