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AULÃO DE AMÉRICA LATINA - CEASM

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AULÃO DE AMÉRICA LATINA - CEASM

CALLE 13 - Latinoamérica

Soy... soy lo que dejaron

Soy toda la sobra de lo que te robaron

Un pueblo escondido en la cima

Mi piel es de cuero, por eso aguanta cualquier clima

Soy una fábrica de humo Mano de obra campesina para tu consumo

Frente de frío en el medio del verano

El amor en los tiempos del cólera, ¡mi hermano!

Si el sol que nace y el día que muere

Con los mejores atardeceres

Soy el desarrollo en carne viva

Un discurso político sin saliva

Las caras más bonitas que he conocido

Soy la fotografía de un desaparecido

La sangre dentro de tus venas

Soy un pedazo de tierra que vale la pena

Una canasta con frijoles,

Soy Maradona contra Inglaterra

Anotándote dos goles

Soy lo que sostiene mi bandera

La espina dorsal del planeta, es mi cordillera

Soy lo que me enseñó mi padre

El que no quiere a su patría, no quiere a su madre

Soy América Latina,

Un pueblo sin piernas, pero que camina

Tú no puedes comprar el viento / Tú no puedes comprar el sol

Tú no puedes comprar la lluvia / Tú no puedes comprar el calor

Tú no puedes comprar las nubes / Tú no puedes comprar los colores Tú no puedes comprar mi alegría / Tú no puedes comprar mis dolores

Tengo los lagos, tengo los ríos

Tengo mis dientes pa' cuando me sonrio

La nieve que maquilla mis montañas

Tengo el sol que me saca y la lluvia que me baña

Un desierto embriagado con peyote

Un trago de pulque para cantar con los coyotes Todo lo que necesito,

Tengo a mis pulmones respirando azul clarito

La altura que sofoca,

Soy las muelas de mi boca, mascando coca

El otoño con sus hojas desmayadas

Los versos escritos bajo la noches estrellada

Una viña repleta de uvas

Un cañaveral bajo el sol en Cuba

Soy el mar Caribe que vigila las casitas

Haciendo rituales de agua bendita

El viento que peina mi cabellos

Soy, todos los santos que cuelgan de mi cuello

El jugo de mi lucha no es artificial

Porque el abono de mi tierra es natural

Tú no puedes comprar el viento / Tú no puedes comprar el sol

Tú no puedes comprar la lluvia / Tú no puedes comprar el calor Tú no puedes comprar las nubes / Tú no puedes comprar los colores

Tú no puedes comprar mi alegría / Tú no puedes comprar mis dolores

No puedes comprar el sol... / No puedes comprar la lluvia

(Vamos caminando) No riso e no amor

(Vamos caminando) No pranto e na dor

(Vamos dibujando el camino) El sol...

No puedes comprar mi vida /(Vamos caminando) LA TIERRA NO SE

VENDE

Trabajo bruto, pero con orgullo / Aquí se comparte, lo mío es tuyo

Este pueblo no se ahoga con marullo / Y se derrumba yo lo reconstruyo

Tampoco pestañeo cuando te miro

Para que te recuerde de mi apellido

La operación Condor invadiendo mi nido

!Perdono pero nunca olvido!

Vamos camimando / Aquí se respira lucha Vamos caminando / Yo canto porque se escucha

Vamos dibujando el camino / (Vozes de um só coração)

Vamos caminando / Aquí estamos de pie

¡Que viva la américa! / No puedes comprar mi vida...

CALLE 13 - Latinoamérica

Sou... sou o que deixaram

Sou toda a sobra do que te roubaram

Um povo escondido lá acima

Minha pele é de couro, por isso aguenta qualquer clima

Sou uma fábrica de fumaça Mão obra camponesa para o teu consumo

Frente fria no meio do verão

Amor nos tempos do cólera, meu irmão.

Se o sol que nasce e o dia que morre

Com os melhores entardeceres

Sou o desenvolvimento em carne viva

Um discurso político sem saliva

Os rostos mais bonitos que conheci

Sou a fotografia de um desaparecido

O sangue dentro de tuas veias

Sou um pedaço de terra que vala a pena

Uma cesta com feijões,

Sou Maradona contra Inglaterra

Marcando-te dois gols

Sou o que sustenta minha bandeira

A espinha dorsal do planeta é minha cordilheira

Sou o que meu pai me ensinou

O que não quer a sua pátria, não quer a sua mãe

Sou América Latina,

Um povo sem perna, mas que caminha

Tu não podes comprar o vento / Tu não podes comprar o Sol

Tu não podes comprar a chuva / Tu não podes comprar o calor

Tu não podes comprar as nuvens / Tu não podes comprar as cores Tu não podes comprar minha alegria/Tu não podes comprar minhas dores

Tenho os lagos, tenho os rios

Tenho meus dentes para quando sorrio

A neve que maquia minhas montanhas

Tenho o sol que me seca e a chuva que me banha

Um deserto embrigado com peyote

Uma dose de pulque para cantar com os coiotes Tudo o que necessito,

Tenho meus pulmões respirando azul clarinho

A altura que sufoca,

Sou os molares da minha boca, mascando coca

O outono com suas folhas caídas

Os versos escritos sob as noites estreladas

Uma vinha repleta de uvas

Um canavial sob o sol de Cuba

Sou o mar Caribe que vigia as casinhas

Fazendo rituais de água benta

O vento que penteia meus cabelos

Sou todos os santos que penduram em meu pescoço

O conteúdo de minha luta não é artificial

Porque o adubo de minha terra é natural

Tu não podes comprar o vento / Tu não podes comprar o Sol

Tu não podes comprar a chuva / Tu não podes comprar o calor Tu não podes comprar as nuvens / Tu não podes comprar as cores

Tu não podes comprar minha alegria /Tu não podes comprar minhas dores

Não podes comprar o Sol... / Não podes comprar a chuva

(Vamos caminhando) No riso e no amor

(Vamos caminhando) No pranto e na dor

(Vamos desenhando o caminho) O Sol...

Não podes comprar minha vida/Vamos caminhando A TERRA NÃO SE

VENDE

Trabalho duro, mas com orgulho / Aquí se compartilha, o meu é teu Este povo não se afoga com ondas grandes / E se derruba eu o reconstruo

Tão pouco pisco quanto te olho

Para que te lembre do meu sobrenome

A operação Condor invadindo meu ninho

Perdão mas nunca esqueço!

Vamos caminhando / Aqui se respira luta

Vamos Caminhando / Eu canto porque se escuta

Vamos desenhando o caminho / (Vozes de um só coração)

Vamos caminhando / Aqui estamos de pé

Que viva a América! / Não podes comprar minha vida...

AS VEIAS ABERTAS DA AMÉRICA LATINA

AS VEIAS ABERTAS DA AMÉRICA LATINA - - EDUARDO GALEANO

CENTO E VINTE MILHÕES DE CRIANÇAS NO CENTRO DA TORMENTA

Há dois lados na divisão internacional do trabalho: um em que alguns países especializam-se em ganhar, e outro em que se especializaram em perder. Nossa comarca do mundo, que hoje chamamos de América Latina, foi precoce: especializou-se em perder desde os remotos tempos em que os europeus do renascimento se abalançaram pelo mar e fincaram os dentes em sua garganta. Passaram os séculos, e a América Latina aperfeiçoou suas funções. Este já não é o reino das maravilhas, onde a realidade derrotava a fábula e a imaginação era humilhada pelos troféus das conquistas, as jazidas de ouro e as montanhas de prata. Mas a região continua trabalhando como um serviçal. Continua existindo a serviço de necessidades alheias, como fonte e reserva de petróleo e ferro, cobre e carne, frutas e café, matérias-primas e alimentos, destinados aos países ricos que ganham, consumindo-os, muito mais do que a América Latina e ganha produzindo-os.

“Independência” das Colônias latino-americanas – (1810-1830) 1 - Independências

• Processo de libertação das colônias espanholas. • Quando: Aproximadamente entre 1810 e 1830.

• Fatores externos:

– Crise geral do Antigo Regime (enfraquecimento das potências coloniais). – Iluminismo (base ideológica). – Independência dos EUA (exemplo). – Guerras napoleônicas (ESPANHA invadida sem condições de controlar as colônias). – Revolução Industrial (pressão inglesa para abertura de mercados). – Doutrina Monroe: “A América para os Americanos” 1824 (auxílio dos EUA)

– Fatores internos:

– Pacto colonial retardando desenvolvimento das colônias. – Desigualdades sociais

A SOCIEDADE COLONIAL ESPANHOLA:

– CHAPETONES e CLERO: Espanhóis, altos cargos, privilégios. (1%) – CRIOLLOS: Descendentes de espanhóis nascidos na América. Elite colonial, grandes proprietários e comerciantes. Integrantes dos Ca-

bildos (Câmaras Municipais) (13,5%) – MESTIÇOS: capatazes e artesãos que serviam aos criollos. (27,5%) – ÍNDIOS e NEGROS: explorados como escravos ou “semi-escravos” (Mita ou Repartimiento – trabalho forçado nas minas/ Encomienda –

trabalho servil nos latifúndios agroexportadores, também chamados de haciendas ou plantations) - (58%)

SIMÓN BOLÍVAR (republicano) e SAN MARTIN (monarquista) – principais líderes.

• Apoio da INGLATERRA e dos EUA, ambos interessados em novos mercados. • BOLIVAR – libertação da Venezuela em direção ao Peru (norte para o sul). • SAN MARTIN – libertação da Argentina em direção ao Peru (sul para o norte). • Apoio popular. • Libertação de escravos. • BOLIVARISMO: ideal de unidade territorial do continente (oposição da ING, EUA e elites rurais locais).

– Fracasso (Congresso do Panamá).

• Conseqüências: – Fragmentação territorial em várias repúblicas. – Instabilidade política (lutas internas pelo poder). – Dependência econômica (Sul – INGLATERRA, Centro – EUA). – Estrutura econômica inalterada (América permanece como fornece-

dora de matéria-prima e consumidora de manufaturados).

– CAUDILHISMO – tipo de governo característico da América Latina do período, com líderes autoritários, paternalistas e conservadores, re-presentantes das elites locais.

– Desigualdades sociais – mestiços, índios e negros ainda marginali-

zados.

Latinoamérica Me llamo Ernesto, soy argentino, pero cubano de corazón.

Me dicen Che, soy rosarino,latinoamericano sin razón. Y tú, muchacha, ¿cómo te llamas?

¿María, Ana, Encarnación? Y tú, muchacho, de dónde eres?

¿de lima, Río o Asunción? Mi nombre es Pablo y soy de Chile.

Escribo versos y una canción desesperada a mi amada, latinoamericana sin rázon. Y tú, muchacho, ¿cómo te llamas?

¿Pedro, Marcos o Salvador? Y tú, muchacha, ¿de dónde eres?

¿De Perú, Cuba o Ecuador? Pablo Neruda

LETRA DA MUSICA HAITI – CAETANO E GIL

Quando você for convidado pra subir no adro / Da fundação casa de Jorge Amado / Pra ver do alto a fila de soldados, quase

todos pretos / Dando porrada na nuca de malandros pretos / De ladrões mulatos e outros quase brancos / Tratados como pretos

Só pra mostrar aos outros quase pretos / (E são quase todos pretos) / E aos quase brancos pobres como pretos / Como é que

pretos, pobres e mulatos / E quase brancos quase pretos de tão pobres são tratados / E não importa se os olhos do mundo intei-

ro / Possam estar por um momento voltados para o largo / Onde os escravos eram castigados / E hoje um batuque um batuque

/ Com a pureza de meninos uniformizados de escola secundária / Em dia de parada / E a grandeza épica de um povo em forma-

ção / Nos atrai, nos deslumbra e estimula / Não importa nada: / Nem o traço do sobrado / Nem a lente do fantástico,/ Nem o

disco de Paul Simon / Ninguém, ninguém é cidadão / Se você for a festa do pelô, e se você não for / Pense no Haiti, reze pelo

Haiti / O Haiti é aqui / O Haiti não é aqui / E na TV se você vir um deputado em pânico mal dissimulado / Diante de qualquer,

mas qualquer mesmo, qualquer, qualquer / Plano de educação que pareça fácil / Que pareça fácil e rápido / E vá representar

uma ameaça de democratização / Do ensino do primeiro grau / E se esse mesmo deputado defender a adoção da pena capital /

E o venerável cardeal disser que vê tanto espírito no feto / E nenhum no marginal / E se, ao furar o sinal, o velho sinal vermelho

habitual / Notar um homem mijando na esquina da rua sobre um saco / Brilhante de lixo do Leblon / E quando ouvir o silêncio

sorridente de São Paulo / Diante da chacina / 111 presos indefesos, mas presos são quase todos pretos / Ou quase pretos, ou

quase brancos quase pretos de tão pobres / E pobres são como podres e todos sabem como se tratam os pretos / E quando você

for dar uma volta no Caribe / E quando for trepar sem camisinha / E apresentar sua participação inteligente no bloqueio a Cuba /

Pense no Haiti, reze pelo Haiti / O Haiti é aqui / O Haiti não é aqui

O Haiti foi o primeiro país onde se aboliu a escravidão. Contudo, as enciclopédias mais conhecidas e quase todos os li-

vros de escola atribuem à Inglaterra essa histórica honra. É verdade que certo dia o império que fora campeão mundial do tráfi-

co negreiro mudou de idéia; mas a abolição britânica ocorreu em 1807, três anos depois da revolução haitiana, e resultou tão

pouco convincente que em 1832 a Inglaterra teve de voltar a proibir a escravidão.

Nada tem de novo o menosprezo pelo Haiti. Há dois séculos, sofre desprezo e castigo. Thomas Jefferson, prócer da li-

berdade e dono de escravos, advertia que o Haiti dava o mau exemplo, e dizia que se deveria “confinar a peste nessa ilha”. Seu

país o ouviu. Os Estados Unidos demoraram 60 anos para reconhecer diplomaticamente a mais livre das nações.

Por outro lado, no Brasil chamava-se de haitianismo a desordem e a violência. Os donos dos braços negros se salvaram

do haitianismo até 1888. Nesse ano o Brasil aboliu a escravidão. Foi o último país do mundo a fazê-lo.

O Haiti voltou a ser um país invisível, até a próxima carnificina. Enquanto esteve nas TVs e nas páginas dos jornais, no

início deste ano, os meios de comunicação transmitiram confusão e violência e confirmaram que os haitianos nasceram para

fazer bem o mal e para fazer mal o bem.

Desde a revolução até hoje, o Haiti só foi capaz de oferecer tragédias. Era uma colônia próspera e feliz e agora é a na-

ção mais pobre do hemisfério ocidental. As revoluções, concluíram alguns especialistas, levam ao abismo. E alguns disseram, e

outros sugeriram, que a tendência haitiana ao fratricídio provém da selvagem herança da África. O mandato dos ancestrais. A

maldição negra, que empurra para o crime e o caos.

Da maldição branca não se falou.

A Revolução Francesa havia eliminado a escravidão, mas Napoleão a ressuscitara:

- Qual foi o regime mais próspero para as colônias?

- O anterior.

- Pois, que seja restabelecido.

E, para substituir a escravidão no Haiti, enviou mais de 50 navios cheios de soldados. Os negros rebelados venceram a

França e conquistaram a independência nacional e a libertação dos escravos.

Em 1804, herdaram uma terra arrasada pelas devastadoras plantações de cana-de-açúcar e um país queimado pela

guerra feroz. E herdaram “a dívida francesa”. A França cobrou caro a humilhação imposta a Napoleão Bonaparte. Recém-

nascido, o Haiti teve de se comprometer a pagar uma indenização gigantesca, pelo prejuízo causado ao se libertar. Essa expia-

ção do pecado da liberdade lhe custou 150 milhões de francos-ouro.

O novo país nasceu estrangulado por essa corda presa no pescoço: uma fortuna que atualmente equivaleria a US$ 21,7

bilhões ou a 44 orçamentos totais do Haiti atualmente. Muito mais de um século demorou para pagar a dívida, que os juros

multiplicavam. Em 1938, por fim, houve e redenção final.

Nessa época, o Haiti já pertencia aos brancos dos Estados Unidos.

Nem Bolívar

Em troca dessa dinheirama, a França reconheceu oficialmente a nova nação. Nenhum outro país a reconheceu. O Haiti

nasceu condenado à solidão. Tampouco Simon Bolívar a reconheceu, embora lhe devesse tudo. Barcos, armas e soldados lhe

foram dados pelo Haiti em 1816, quando Bolívar chegou à ilha, derrotado, e pediu apoio e ajuda.

O Haiti lhe deu tudo, com a única condição de que libertasse os escravos, uma idéia que até então não lhe havia ocorri-

do. Depois, o herói venceu sua guerra de independência e expressou sua gratidão enviando a Port-au-Prince uma espada de

presente. Sobre reconhecimento, nem uma palavra.

Na realidade, as colônias espanholas que passaram a ser países independentes continuavam tendo escravos, embora

algumas também tivessem leis que os proibia. Bolívar decretou a sua em 1821, mas, na realidade, não se deu por inteirada.

Trinta anos depois, em 1851, a Colômbia aboliu a escravidão, e a Venezuela em 1854.

Em 1915, os fuzileiros navais desembarcaram no Haiti. Ficaram 19 anos. A primeira coisa que fizeram foi ocupar a alfândega e o

escritório de arrecadação de impostos. O exército de ocupação reteve o salário do presidente haitiano até que este assinasse a

liquidação do Banco da Nação, que se converteu em sucursal do City Bank de Nova York.

O presidente e todos os demais negros tinham a entrada proibida nos hotéis, restaurantes e clubes exclusivos do poder estran-

geiro. Os ocupantes não se atreveram a restabelecer a escravidão, mas impuseram o trabalho forçado para as obras públicas.

E mataram muito. Não foi fácil apagar os fogos da resistência. O chefe guerrilheiro Charlemagne Péralte, pregado em

cruz contra uma porta, foi exibido, para escárnio, em praça pública.

A missão civilizadora terminou em 1934. Os ocupantes se retiraram deixando no país uma Guarda Nacional, fabricada

por eles, para exterminar qualquer possível assomo de democracia. O mesmo fizeram na Nicarágua e na República Dominicana.

Algum tempo depois, Duvalier foi o equivalente haitiano de Somoza e Trujillo.

E, assim, de ditadura em ditadura, de promessa em traição, foram somando-se as desventuras e os anos. Aristide, o

cura rebelde, chegou à presidência em 1991. Durou poucos meses. O governo dos Estados Unidos ajudou a derrubá-lo, o levou,

o submeteu a tratamento e, uma vez reciclado, o devolveu, nos braços dos fuzileiros navais, à Presidência. E novamente ajudou

a derrubá-lo, neste ano de 2004, e outra vez houve matança. E de novo os fuzileiros, que sempre regressam, como a gripe.

Entretanto, os especialistas internacionais são muito mais devastadores do que as tropas invasoras. País submisso às

ordens do Banco Mundial e do Fundo Monetário, o Haiti havia obedecido suas instruções sem pestanejar. Eles o pagaram negan-

do-lhe o pão e o sal.

Náufragos anônimos

Teve seus créditos congelados, apesar de ter desmantelado o Estado e liquidado todas as tarifas alfandegárias e subsí-

dios que protegiam a produção nacional. Os camponeses plantadores de arroz, que eram a maioria, se converteram em mendi-

gos ou emigrantes em balsas. Muitos foram e continuam indo parar nas profundezas do Mar do Caribe, mas esses náufragos não

são cubanos e raras vezes aparecem nos jornais.

Agora, o Haiti importa todo seu arroz dos Estados Unidos, onde os especialistas internacionais, que é um pessoal bas-

tante distraído, se esquecem de proibir as tarifas alfandegárias e os subsídios que protegem a produção nacional.

Na fronteira onde termina a República Dominicana e começa o Haiti, há um cartaz que adverte: o mau passo.

Do outro lado está o inferno negro. Sangue e fome, miséria, pestes…

Nesse inferno tão temido, todos são escultores. Os haitianos têm o costume de recolher latas e ferro velho e, com anti-

ga maestria, recortando e martelando, suas mãos criam maravilhas que são oferecidas nos mercados populares.

O Haiti é um país jogado no lixo, por eterno castigo à sua dignidade. Ali jaz, como se fosse sucata. Espera as mãos de sua gente.

(*Eduardo Galeano é escritor e jornalista uruguaio, autor de As Veias Abertas da América Latina e Memórias do Fogo).

Se um dia vocês tiverem que ler esta carta, será porque não estou mais entre vocês. Vocês quase não se lembrarão de

mim, e os menores não se lembrarão de nada.

Seu pai foi um homem que agiu de acordo com suas próprias crenças e sem dúvida foi fiel às suas convicções.

Cresçam como bons revolucionários. Estudem muito para serem capazes de

conhecer técnicas que permitam dominar a natureza. Lembrem-se de que a Revolução é que é importante e que cada um de

nós, sozinho, não vale nada.

Acima de tudo, procurem sempre sentir profundamente qualquer injustiça cometida contra qualquer pessoa em

qualquer parte do mundo. É a mais bela qualidade de um revolucionário.

Até sempre filhinhos. Ainda espero vê-los de novo. Um beijo grande de verdade e um abraço apertado do

Papai.

Carta de despedida de Che para os filhos.

Compatriotas: é possível que silenciem as rádios, e me despeço de vocês.

Talvez seja esta a última oportunidade em que possa me dirigir a vocês.

A Força Aérea bombardeou as torres da rádio Portales e da rádio Corporación.

Minhas palavras não contém amargura, mas decepção, e serão elas o castigo moral para aqueles que traíram o jura-

mento que fizeram, soldados do Chile,comandantes em chefe. (...)

Diante de tais fatos só me cabe dizer aos trabalhadores que não vou renunciar.

Envolvido num transe histórico pagarei com minha vida a lealdade do povo.

E digo-lhes que tenho a certeza de que a semente que entregarmos à consciência digna de milhares e milhares de chi-

lenos não poderá ser segada definitivamente. Em nome dos mais sagrados interesses do povo, em nome da pátria, conclamo-os

para dizer-lhes que tenham fé. A História não se detém nem com a repressão nem com o crime. Esta é uma etapa que será

superada.

Este é um momento duro e difícil; é possível que nos esmaguem. Mas o amanhã será do povo, será dos trabalhadores.

A humanidade avança para a conquista de uma vida melhor.

Trabalhadores de minha pátria: quero agradecer-lhes a lealdade que sempre manifestaram, a confiança que deposita-

ram num homem que foi apenas intérprete de grandes anseios de justiça, que empenhou sua palavra de que respeitaria a cons-

tituição e a lei, e assim o fiz.

Este é o momento definitivo, o último em que eu possa dirigir-me a vocês.

Que aproveitem a lição. O capital estrangeiro, o imperialismo unido à reação, criou o clima para que as Forças Armadas

rompessem sua tradição (...), vítimas do mesmo setor social que hoje estará em suas casas esperando conquistar com mão

alheia o poder para continuar defendendo seus lucros e privilégios. Dirijo-me, sobretudo, À mulher humilde de nossa terra, à

camponesa que acreditou em nós, a operária que trabalhou mais, À mãe que soube de nossa preocupação pelas crianças. Diri-

jo-me aos profissionais da pátria, aos profissionais patriotas, aos que faz dias estão trabalhando contra a sedição alimentada

pelas associações profissionais, associações de classe para defender também as vantagens de uma sociedade capitalista.

Dirijo-me a juventude e àqueles que cantaram e entregaram sua alegria e seu espírito de luta, dirijo-me ao homem do

Chile, ao operário, ao camponês, ao intelectual, àqueles que serão perseguidos, porque em nosso país o fascismo esteve presen-

te nos atentados terroristas há muito tempo, destruindo pontes, cortando as vias férreas, explodindo os oleodutos e os gasodu-

tos, diante do silêncio dos que tinham a obrigação de agir. Estavam comprometidos. A história os julgará.

Seguramente a rádio Magallanes será silenciada e o som tranquilo de minha voz não chegará a vocês. Não importa.

Continuarão me ouvindo. Sempre estarei junto de vocês, pelo menos minha lembrança será a de um homem digno que foi leal

com a pátria. O povo deve defender-se, mas não deve sacrificar-se. O povo não deve deixar-se arrasar nem crivar-se de balas,

mas tampouco deve humilhar-se.

Trabalhadores de minha pátria, tenho fé no Chile e em seu destino. Outros homens superarão este momento este mo-

mento cinza e amargo, em que a traição pretende impor-se. Continuem vocês sabendo que, muito mais cedo que tarde, se

abrirão as grandes avenidas por onde passarão os homens livres para construir uma sociedade melhor. Viva o Chile, viva o

povo, viva os trabalhadores!

(último discurso de Allende)

Allende tinha anunciado que não sairia vivo do palácio presidencial. Na América Latina, é tradição: todos dizem a

mesma coisa. Depois, na hora do golpe de Estado, correm para o primeiro avião, ou para a embaixada americana.

Às 12h20, depois de uns quinze minutos de bombardeio aéreo, o Palácio de la Moneda ardia por todos os lados. Dentro,

o ar tóxico e a fumaça dificultavam a respiração. Allende e seus colaboradores distribuiram entre si as pocas máscaras anti-gás

disponíveis. As duas dezenas de colaboradores civis conseguiram resistir, combatendo nos escombros, no interior do palácio em

chamas uma hora mais. Por volta das 13h45 os primeiros soldados entravam na ala onde haviam se concentrado os sobreviven-

tes. Pouco antes das duas da tarde morria Allende. Tinha nas mãos o fuzil com que havia combatido.

Essa foi a primeira chacina das que se seguiriam em milhares de fábricas, povoados e campos.

UMA OUTRA VENEZUELA É POSSÍVEL

A Venezuela é o quarto maior exportador de petróleo do mundo. / Longos anos de corrupção e roubo sistemático da renda gera-

do pelo petróleo fez crescer a dívida externa do país. / Em 1989 o FMI impôs reformas estruturais e medidas de austeridade,

seguem fortes aumentos nos produtos da cesta básica. / Uma violenta rebelião popular contra essas políticas é reprimida de

forma feroz, causando a morte de aproximadamente 3000 pessoas. É o ano da matança de Tienanmen. / O movimento de opo-

sição popular se propaga também pelo exército, particularmente entre os sub-oficiais. / Em 1992 um grupo de jovens oficiais

tenta um golpe de estado contra o poder político, corrupto e antipopular./ A tentativa do golpe fracassa. / Hugo Chávez assume

a responsabilidade dos fatos e como conseqüência fica preso dois anos. / Em 1998 Hugo Chávez é eleito Presidente da Venezue-

la com 57% dos votos. / Desde então, Chávez tem convocado o país a expressar suas vontades sobre as reformas mais impor-

tantes introduzidas por seu governo, em sete referendos. / Todas as leis, incluindo a nova constituição, têm sido aprovadas com

grande maioria dos votos. / Em 11 de abril de 2002, em um golpe de estado, o presidente é deposto e se suspende a vigência

da constituição. / Dois dias depois, o governo constitucional é re-estabelecido por iniciativa popular.

Crónica de la ciudad de Caracas

Necesito que alguien me oiga! —gritaba.

—¡Siempre me dicen que venga mañana! —gritaba.

Arrojó la camisa. Después las medias y los zapatos.

José Manuel Pereira estaba parado en la cornisa del piso 18 de un edificio de Caracas.

Los policías quisieron atraparlo y no pudieron.

Una psicóloga le habló desde la ventana más próxima.

Después, un sacerdote le llevó la palabra de Dios.

—¡No quiero más promesas! —gritaba José Manuel.

Desde los ventanales del restorán de la Torre Sur, se lo veía parado en la cornisa, con las manos pegadas a la pared. Era la hora

del almuerzo, y éste fue el tema de conversación en todas la mesas.

Abajo, en la calle, se había juntado una multitud.

Pasaron seis horas.

Al final, la gente estaba harta.

—¡Que se decida! —decía la gente.— ¡Que se tire de una vez! —pensaba la gente.

Los bomberos le arrimaron una cuerda. Al principio, él no hizo caso. Pero finalmente estiró una mano, y luego la otra, y agarrado

a la cuerda se deslizó hasta el piso 16. Entonces intentó meterse por un ventana abierta y resbaló y cayó al vacío. Al pegar con-

tra el piso, el cuerpo hizo un ruido de bomba que estalla.

Entonces la gente se fue, y se fueron los vendedores de helados y los vendedores de salchichas y los vendedores de cerveza y

de refrescos en lata.

EDUARDO GALEANO

BOLÍVIA -O PAÍS QUE QUER EXISTIR

Uma imensa explosão de gás: assim foi a revolta popular que sacudiu toda a Bolívia e culminou com a renúncia do presiden-

te Sánchez de Lozada, que fugiu deixando para trás um matadouro de mortos. / O gás ia ser enviado à Califórnia, a um preço

ruim e em troca de mesquinhas regalias, através de terras chilenas que em outros tempos tinham sido bolivianas. O caminho ao

mar que perdeu em 1883, na guerra que o Chile venceu. / Mas a rota do gás não foi o motivo mais importante da fúria que

ardeu por toda a parte. Outra fonte essencial foi a indignação popular, que o governo respondeu a bala, como é de costume ,

regando de mortos as ruas e caminhos. As pessoas se revoltaram porque se negam a aceitar que aconteça com o gás o que

antes aconteceu com a prata, o salitre, o estanho e muito mais. A memória dói e ensina: os recursos naturais não renováveis se

vão sem dizer adeus e jamais regressam. EDUARDO GALEANO

Crónica de la ciudad de Bogotá

Cuando el telón caía, al fin de cada noche, Patricia Ariza, marcada para morir, cerraba los ojos. En silencio agradecía los

aplausos del público y también agradecía otro día de vida burlando a la muerte.

Patricia estaba en la lista de los condenados, por pensar en rojo y en rojo vivir; y las sentencias se iban cumpliendo, impla-

cablemente, una tras otra.

Hasta sin casa quedó. Una bomba podía volar el edificio: los vecinos, obedientes a la ley del miedo, le exigieron que se fue-

ra.

Ella andaba con chaleco antibalas por las calles de Bogotá. No había más remedio; pero el chaleco era triste y feo. Un día,

Patricia le cosió unas cuantas lentejuelas, y otro día le bordó unas flores de colores, flores bajando como en lluvia sobre los pe-

chos, y así el chaleco alegrado y alindado, y mal que bien pudo acostumbrarse a llevarlo siempre puesto, y ya ni en el escenario

se lo sacaba.

Cuando Patricia viajó fuera de Colombia, para actuar en teatros europeos, ofreció su chaleco antibalas a un campesino lla-

mado Julio Cañón.

A Julio Cañón, alcalde del pueblo de Vistahermosa, ya le habían matado a toda la familia, a modo de advertencia, pero él se

negó a usar ese chaleco florido:

—Yo no me pongo cosas de mujeres —dijo.

Con una tijera, Patricia le arrancó los brillitos y los colores, y entonces el hombre aceptó.

Esa noche lo acribillaron. Con el chaleco puesto. EDUARDO GALEANO

O Escritor e o Guerrilheiro - A Revolução Hoje

Gabriel García Márquez: Em meio a tantos problemas, o senhor tem tempo para ler?

Comandante Marcos: Claro. O que fazemos? Nos exércitos de antes, o militar aproveitava o tempo para limpar sua arma. No

nosso caso, como nossas armas são as palavras, temos que estar com o nosso arsenal o tempo todo.

Gabriel García Márquez: Tudo que o senhor diz demonstram uma formação literária muito antiga. Como ela foi construída e de

onde saiu?

Comandante Marcos: Tem a ver com nossa família, a palavra tinha um valor muito especial. A forma de ver o mundo era atra-

vés da linguagem. Não aprendemos a ler na escola, mas lendo os jornais. Meu pai e minha mãe nos davam logo livros que per-

mitiam enxergar outras coisas. De uma ou de outra forma, adquirimos a consciência da linguagem não como uma forma de

comunicar, mas de construir algo. Como se fosse um prazer, mais do que um dever. Quando vem a etapa das catacumbas, para

os intelectuais burgueses a palavra não é o mais valorizado, fica relegada a um segundo plano. Mas, quando chegamos às co-

munidades indígenas, a linguagem chega como uma catapulta. Você se dá conta de que te faltam palavras para expressar mui-

tas coisas e isso obriga a um trabalho sobre a linguagem; voltar uma e outra vez sobre as palavras para armá-las e desarma-

Ias.

Gabriel García Márquez (1928-) é um escritor colombiano. Autor do livro "Cem Anos de Solidão", publicado em 1967.

Recebeu o prêmio Nobel de Literatura, em 1982, pelo conjunto de sua obra. Iniciou sua carreira literária com a publicação de

contos, no final da década de quarenta, onde retratava uma mistura de realidade e fantasia. Em 1962 ganhou o prêmio Esso de

Romance, na Colômbia, com "O Veneno da Madrugada". Trabalhou em vários Jornais, foi correspondente internacional na Europa

e em Nova York. Pela sua amizade com Fidel Castro e suas críticas aos exilados cubanos, foi perseguido pela CIA. Foi acusado

também de colaborar com a guerrilha na Colômbia e exilou-se no México, onde escreveu várias obras.

Gabriel Garcia Marques (1928-) nasceu no dia 6 de março, na cidade de Aracataca na Colômbia. Filho de Gabriel Elígio

Garcia e Luisa Santiaga Márquez. O casal teve onze filhos. Gabriel foi criado com os avós, em Aracataca, enquanto a família vivia

em Barranquilla. Estudou no Liceu Nacional de Zipaquirá em Barranquilla. Estudou Direito e Ciência Políticas na Universidade

Nacional da Colômbia, em Bogotá, mas não concluiu o curso. Casado com Mercedes Barcha, tem dois filhos, Rodrigo e Gonzalo.

Inicia sua carreira literária, no final da década de quarenta, com a publicação de contos, onde retrata um mundo fantástico que

caracteriza toda sua obra. Em 1949 ingressa no jornal El Universal, trabalha também no El Heraldo e no El Espectador. Em 1955,

influenciado pelo professor de literatura, Calderón Hermida, escreveu seu primeiro romance "O Enterro do Diabo".

Em 1959 vai para Europa como correspondente internacional e em 1961 para Nova York, também como corresponden-

te. Suas críticas aos exilados cubanos e sua amizade com Fidel Castro fizeram ser perseguido pela CIA. Em 1962 ganhou o prê-

mio Esso de Romance, na Colõmbia, com o romance "O Veneno da Madrugada".

Publica, em 1967, "Cem Anos de Solidão", considerado um marco da literatura latino-americana. O livro narra a história

da família Buendia, na cidade fictícia de Macondo. Entre seus romances e contos escreveu "Diário de um Náufrago" em

1971 e "O Amor nos Tempos do Cólera" em 1985. Recebeu o Nobel da literatura em 1982, pelo conjunto de sua obra.

Em 2002, depois de ser diagnosticado com um câncer linfático, escreveu sua autobiografia "Viver para Contar".

Em abril de 2009 declarou que tinha encerrado sua carreira literária, estava aposentado.

Tudo nos é proibido, a não ser cruzarmos os braços? A pobreza não está escrita nos astros; o subdesenvolvimento não

é fruto de um obscuro desígnio de Deus. As classes dominantes põem as barbas de molho, e ao mesmo tempo anunciam o in-

ferno para todos. De certo modo, a direita tem razão quando se identifica com a tranqüilidade e a ordem; é a ordem, de fato, da

cotidiana humilhação das maiorias, mas ordem em última análise; a tranqüilidade de que a injustiça continue sendo injusta e a

fome faminta. Se o futuro se transforma numa caixa de surpresas, o conservador grita, com toda razão: "Traíram-me." E os

ideólogos da impotência, os escravos, que olham a si mesmos com os olhos do dono, não demoram a escutar seus clamores. A

águia de bronze do Maine, derrubada no dia da vitória da revolução cubana, jaz agora abandonada, com as asas quebradas sob

o portal do bairro velho de La Habana. A partir de Cuba, outros países iniciaram, por vias distintas e com meios distintos, a ex-

periência da mudança: a perpetuação da ordem atual das coisas é a perpetuação do crime. Recuperar os bens que sempre foram

usurpados, equivale a recuperar o destino.

Os fantasmas de todas as revoluções estranguladas ou traídas, ao longo da torturada história latino-americana, emer-

gem nas novas experiências, assim como os tempos presentes, pressentidos e engendrados pelas contradições do passado. A

história é um profeta com o olhar voltado para trás: pelo que foi e contra o que foi, anuncia o que será. Por isso, neste livro, que

quer oferecer uma história da pilhagem e ao mesmo tempo contar como funcionam os mecanismos atuais de espoliação, apare-

cem os conquistadores nas caravelas e, próximo, os tecnocratas nos jatos; Hernán Cortés e os fuzileiros navais; os corregedores

do reino e as missões do Fundo Monetário Internacional; os dividendos dos traficantes de escravos e os lucros da General Mo-

tors. Também os heróis derrotados e as revoluções de nossos dias, as infâmias e as esperanças mortas e ressuscitadas: os sacri-

fícios fecundos. Quando Alexander Von Humboldt investigou os costumes dos antigos habitantes indígenas do planalto de Bogo-

tá, soube que os índios chamavam de guihica as vitimas das cerimônias rituais. Quihica significava porta: a morte de cada eleito

abria um novo ciclo de cento e oitenta e cinco luas.