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Aula 3 - TCARTRANSCRIPT
Curso Pneumo Atual de Tomografia Computadorizada de Alta Resolução de Tórax – aula 03 1
Tomografia computadorizada de alta resolução do tór ax:
aumento e redução da opacidade pulmonar
Gustavo de Souza Portes Meirelles 1
1 – Doutor em Radiologia pela Escola Paulista de Me dicina – UNIFESP
1 - Aumento da opacidade pulmonar
Alguns padrões promovem aumento da opacidade pulmonar, fazendo com que o parênquima fique mais
branco que o habitual. São eles a consolidação, opacidade em vidro fosco, nódulos e pavimentação em
mosaico. Os nódulos já foram descritos no capítulo anterior. Abordaremos aqui os demais padrões.
1.1 – Consolidação
O conceito de consolidação pulmonar é de aumento da opacidade pulmonar com obliteração dos brônquios
e artérias. Geralmente indica alteração acinar, mas pode ser encontrada também em alterações intersticiais.
Pode apresentar broncogramas aéreos, que são brônquios vistos de permeio na área de consolidação
parenquimatosa.
Há múltiplas causas de consolidação pulmonar, como pneumonias, edema pulmonar, sarcoidose,
BOOP/COP, linfoma, pneumonia de hipersensibilidade, carcinoma bronquioloalveolar, síndrome do
desconforto respiratório agudo (SDRA), dentre outras. As figuras 1 e 2 ilustram exemplos deste padrão.
Figura 1. Pneumonia bacteriana no lobo inferior esquerdo, caracterizada como área de consolidação parenquimatosa com broncogramas aéreos no interior.
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Figura 2. BOOP com múltiplas consolidações parenquimatosas esparsas bilaterais.
Reparar na obliteração dos brônquios e vasos nas áreas de consolidação.
1.2 – Vidro fosco
Ao contrário do que ocorre na consolidação, na opacidade em vidro fosco o pulmão fica mais opaco, mas
sem obliterar os brônquios e vasos. Também podem ser notados broncogramas aéreos. O padrão de vidro
fosco pode ser encontrado em um grande número de doenças, como processos infecciosos, doenças
intersticiais, edema pulmonar, carcinoma bronquioloalveolar etc. As figuras 3 e 4 ilustram alguns exemplos.
Figura 3. Pneumocistose com opacidade em vidro fosco bilateral.
Reparar na ausência de obliteração dos brônquios e vasos.
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Figura 4. Opacidades em vidro fosco no lobo inferior direito. BOOP.
1.3 – Pavimentação em mosaico
Este termo, também conhecido como “pavimentação maluca”, do inglês “crazy paving”, denota a junção de
dois padrões, vidro fosco e espessamentos septais, na mesma topografia. Embora tenha sido inicialmente
descrito na proteinose alveolar, são múltiplas as causas de pavimentação em mosaico, como
pneumocistose, edema, SDRA, hemorragias, carcinoma bronquioloalveolar, entre outras (figura 5).
Figura 5. Proteinose alveolar com padrão de pavimentação em mosaico,
caracterizado por espessamentos septais e opacidade em vidro fosco superpostos.
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2 - Redução da opacidade pulmonar
Outras condições promovem redução da opacidade parenquimatosa, fazendo com que os pulmões fiquem
mais escuros que o habitual. Destacam-se o enfisema, cistos, bronquiectasias, perfusão pulmonar em
mosaico e aprisionamento aéreo expiratório.
2.1 – Enfisema
O enfisema é visto na TCAR como áreas hipoatenuantes sem paredes definidas (figura 6). Quando maiores
que 1,0 cm, as áreas de enfisema são chamadas de bolhas. Pode ser caracterizado como enfisema
centrolobular, parasseptal e panlobular. Uma melhor explicação do tema será dada no capitulo de doenças
relacionadas ao tabagismo.
Figura 6. As setas apontam para áreas de enfisema pulmonar,
caracterizadas como regiões hipoatenuantes, sem paredes definidas.
2.2 – Cistos
São áreas hipoatenuantes, circunscritas e com paredes bem definidas, ao contrário do enfisema.
Geralmente as paredes são finas e regulares. Há várias causas de cistos pulmonares, como pneumonia
intersticial linfóide (LIP), histiocitose de células de Langerhans (histiocitose X), linfangioleiomiomatose,
pneumocistose etc. As figuras 7 e 8 ilustram alguns exemplos.
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Figura 7. Cisto pulmonar (seta) em paciente com pneumonia
intersticial linfóide (LIP).
Figura 8. Histiocistose de Langerhans com múltiplos
cistos pulmonares (setas).
2.3 – Bronquiectasias
Constituem brônquios com calibre aumentado e paredes espessadas, de modo irreversível (figura 9). Há
várias causas, destacando-se as congênitas e as infecciosas.
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Figura 9. Bronquiectasias no lobo superior esquerdo (setas),
decorrentes de infecções de repetição.
2.4 – Perfusão em mosaico e aprisionamento aéreo
O termo perfusão em mosaico indica uma alteração na relação ventilação/perfusão, causando uma
modificação na atenuação parenquimatosa, com áreas hipoatenuantes e hiperatenuantes em mosaico no
parênquima pulmonar. As áreas hipoatenuantes (mais escuras) têm vasos de menor calibre, recebendo
menor fluxo sangüíneo, enquanto que as hiperatenuantes (mais claras) têm vasos de calibre normal ou
aumentado. Este achado pode indicar doença vascular, como tromboembolismo pulmonar crônico, ou das
vias aéreas, como asma. Um modo de diferenciar as duas alterações é por meio da fase expiratória na
TCAR: caso haja aprisionamento de ar a doença deve ser das vias aéreas; em caso contrário, do leito
vascular. As figuras 10 a 12 ilustram estes achados.
Figura 10. Perfusão pulmonar em mosaico, com áreas hipo e hiperatenuantes.
As hipoatenuantes (mais escuras) têm vasos de calibre reduzido.
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Figura 11. Paciente com asma, com perfusão pulmonar em mosaico na inspiração (A) e
múltiplas áreas de aprisionamento aéreo (asteriscos) na expiração (B).
Figura 12. Paciente com TEP crônico, com perfusão pulmonar em mosaico na fase inspiratória (A),
mas sem aprisionamento aéreo na expiração (B).
3 – Leitura recomendada
Webb WR, Muller NL, Naidich DP. High-resolution CT of the lung. 3rd edition, 2001, pp. 1-69.