as rivais - kathryn cranmer-by o blog da selminha

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  • 7/31/2019 As Rivais - Kathryn Cranmer-By o Blog Da Selminha

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    Sabrina Corao 408 Projeto Revisoras

    As Rivais(Wercker's Bride)Kathryn Cranmer

    Um homem despertando louca paixo em duas mulheres.

    Os braos de Jake Svenson eram um convite mudo e tentador. Claire desejou atirar-

    se neles e se perder de amor naquele abrao. Jake no era mais o diretor do filme

    que ela estrelava, o frio ditador de gestos e emoes. Agora ela estava diante de um

    homem apaixonado, ansioso por enred-la num sutil jogo de seduo.

    De repente, porm, surgiu; Marianne, sua rival no filme e no corao daquele homem!

    Digitalizao JoyceReviso Vanessa Cristina

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    Sabrina Corao 408 Projeto Revisoras

    CAPTULO I

    Pelo amor de Deus, Claire, no seja to puritana! Andando de um lado para

    outro, Alan procurava acalmar-se, mas no conseguia evitar uma expresso de rancora cada vez que fitava a jovem alta e esguia que estava parada junto janela. Afinal, no somos dois estranhos! Nesses ltimos meses fomos inseparveis!

    Aps uma breve pausa, continuou num tom mais ameno: Alm do mais, sei quevocs duas esto em srias dificuldades, no mesmo?

    Em resposta, a moa encolheu os ombros timidamente, mas a expresso de seusolhos verdes denunciava um tumulto de emoes.

    Voc est cansado de saber que estou sem dinheiro. disse Claire, jogandopara trs seus longos cabelos avermelhados.

    Ento, no h dvida de que voc precisa de mais algum para dividir asdespesas do apartamento. Isso tambm no novidade.Apesar de mostrar-se calma, Claire se controlava para no gritar de raiva. A

    insistncia de Alan deixava-a nervosa, porm ele parecia no se dar conta disso.Acariciando-lhe a vasta cabeleira, recomeou: Essa sua frieza me desconserta. De que jeito posso convenc-la a aceitar

    minha proposta? dito isso, ps-se a andar de um lado a outro da sala, sob o olhardesconfiado de Claire.

    Aquelas discusses estavam se tornando cada vez mais frequentes, e a teclaera sempre a mesma.

    Oua, querida, voc precisa de algum que a ajude... No vejo nenhum malem me mudar para c, uma vez que estou apaixonado por voc, e um dinheirinhoextra no oramento sempre bem-vindo.

    Irritada, Claire achou uma covardia que Alan utilizasse seus problemasfinanceiros para impor uma relao mais ntima entre eles. Mas no entregaria ospontos to facilmente.

    j lhe disse vrias vezes que no sou puritana, nem insensvel. Desviou o

    olhar para o jardim, percebendo que as flores estavam prestes a desabrocharnaquele final de inverno.

    Sabia que Alan Crosby considerava o casamento como uma instituioultrapassada, no se conformando que ela relutasse em aceit-lo apenas comoamante. Por isso, julgava-a antiquada e desprezava seu medo de comprometer-secom qualquer homem, antes de ter certeza de seus sentimentos.

    Inegavelmente, Alan era um homem atraente, e eles tinham muitos interessesem comum. No entanto, as frequentes discusses vinham deteriorando orelacionamento dos dois. De repente, ele se virou para Claire, os olhos faiscantes deraiva.

    Sentia mpetos de sacudi-la pelos ombros, e sua voz tinha uma nota ameaadora

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    ao falar: O que voc pretende, afinal? Pensa que estou para brincadeiras? No sou

    nenhum garotinho para ficar fazendo o seu jogo de seduo, ouviu bem? Cansei da

    sua mania de tirar o corpo fora de qualquer envolvimento e desconfio que seu inte-resse por mim no passe de puro fingimento.

    Assustada, ela meneou a cabea numa negativa. Por favor, Alan. Voc sabe que gosto muito de voc. Ele deu um sorriso

    apagado. Decerto, esperava que ela dissesse que estava loucamente apaixonada, oque teria sido uma mentira, pois para Claire tudo no passara de uma simplesempolgao.

    Alan, j discutimos mais de mil vezes esse assunto.. . Falamos, s falamos! Tudo conversa fiada! Estou louco por voc, mas no

    posso esperar para sempre. O que eu quero isto.Num gesto desesperado, puxou para si o corpo frgil que lhe resistia e beijou-a

    de maneira agressiva, sem a mnima ternura. No faa isso! gritou ela, debatendo-se. Livrando-se do abrao, limpou a

    boca mida com o dorso da mo. Diante da inesperada violncia do beijo, agoraestava to irada quanto ele. H algum tempo tentava acabar com aquelerelacionamento de maneira diplomtica, mas Alan insistia em se fazer dedesentendido.

    Nunca mais faa uma coisa dessas! Estou comeando a achar que amboscometemos um grande erro. Voc no se esfora nem um pouco para entender osmeus pontos de vista.

    E voc simplesmente ignora os meus! Durante esse tempo todo voc s teve uma ideia na cabea: sexo! Acho que

    isso tudo o que quer de mim! No diga bobagens! Andamos juntos h meses, e nunca a forcei a nada. Acha

    que eu ainda estaria aqui se fosse obcecado por sexo? Eu j teria dado o fora hsculos! Mas me cansei de gastar meu flego toa. Pegou a jaqueta e vestiu-a,com um gesto teatral. Voc precisa crescer, Claire! Ainda est vivendo no passado.Suas ideias so as mesmas de h vinte anos atrs! Seria melhor que pusesse os psno cho, antes que a sua vida acabe em brancas nuvens. Quando se der conta de tudoque perdeu, j estar de cabelos brancos, velha e enrugada, e no haver retorno.Se quiser, terei o maior prazer em ajud-la a se reconciliar com o mundo.

    Vendo-o sair e fechar a porta atrs de si, Claire aproximou-se da janela eacompanhou com o olhar a figura forte de Alan, que cruzava a rua com passosapressados. H muito sabia que aquele relacionamento estava condenado a ter umfim. Mas a ausncia dele deixaria um vazio em sua vida. Afinal, tinham sido amigos

    por um longo tempo...Suspirando, fechou as cortinas e dirigiu-se para o canto da sala onde estava seuaparelho de som. Tristezas no pagam dvidas e, nesse caso, o provrbio era literal.

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    Por algum tempo acreditara amar Alan, mas agora estava tudo acabado.Ajoelhou-se e passou os olhos pela estante de discos. Ela e Lynn, sua companheira deapartamento, possuam uma bela coleo de discos e Claire escolheu uma faixa com

    um rock animado.Estava to envolvida com o ritmo eletrizante da msica que nem ouviu a porta

    do apartamento abrir-se, dando passagem a Lynn, que parou, observando-a com umaexpresso divertida.

    No fale, Claire. Deixe que eu adivinhe. Voc passou no teste hoje de manh,e foi contratada para um dos principais papis da comdia que a companhia vaiencenar. Lynn sorriu e tirou o bluso de jeans, pendurando-o nas costas da cadei-ra. L fora est fazendo um frio danado... E ento, voc conseguiu mesmo o papel,ou continuamos na pior?

    Desanimada, Claire aproximou-se da amiga. A briga com Alan a fizera esquecer-se de suas preocupaes financeiras, que agora voltavam a tortur-la.

    Sim... consegui afirmou, com uma expresso desconsolada. Nossa, que cara! Por acaso, eles pagam to mal assim? Para voc ter uma ideia, vou receber bem menos do que ganhei com a pea

    A dcima segunda noite.Esta fora a ltima pea de que ela participara, fazendo parte do elenco de um

    teatrinho mambembe cujas apresentaes tinham terminado h dez dias. Sinto dizer que ainda estamos a zero, Lynn. Acabei desistindo do papel. . .

    Talvez eu venha a me arrepender por causa disso, mas o dinheiro era to pouco e apersonagem to insignificante, que no valia a pena. Bem, logo, logo vo abrir asinscries para a escolha do elenco do filme A noiva nufraga. Pode ser que euesteja sendo otimista demais, mas se conseguir uma pontinha nesse filme, vouganhar bem melhor. Cinema sempre rendeu mais do que teatro.

    Se Lynn ficou desapontada, no deu maiores demonstraes. No fique deprimida, Claire. Voc tomou a deciso certa. O nico problema

    com que dinheiro vamos comer pelo resto da semana. Bem... pretendo receber meu auxlio-desemprego ainda hoje, melhor do que nada. Alm disso, voc fez algumas economias durante as

    semanas em que trabalhou. E o que dizer de mim? Nos ltimos dois meses s fuiconvidada duas vezes para desfilar. Acho que no foi uma boa idia ter largado meuemprego de secretria para tentar uma profisso to incerta como a de manequim.

    Trs meses muito pouco para algum vencer nessa carreira, Lynn. E vocsabe disso.

    Claire soltou um suspiro. Sentia-se responsvel pelas dificuldades economicasque passavam. Afinal, tivera duas oportunidades para melhorar a situao e jogara

    ambas para o espao. Alan esteve aqui. Mais uma vez ele insistiu em vir morar conosco e dividir asdespesas do apartamento.

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    Garanto que ele no estava disposto a dormir no quarto vago, no? comentou Lynn, com uma cara de quem sabia das coisas.

    Acertou em cheio! Mas talvez no tenha sido uma boa idia recusar o

    oferecimento dele. Na verdade, acabamos brigando. Se eu ao menos tivesse dado aentender que... Bem, ele seria capaz de vir morar conosco sem titubear.

    No quero que se sacrifique por mim, Claire. Voc sabe muito bem que nuncamorri de amores por Alan. Uma vez que ele mudasse para c, voc no iria mant-lo adistncia s pelo fato de ele ter um quarto separado. Alis, vivo me perguntandocomo que voc conseguiu resistir a ele por tanto tempo! evidente que Alan louco por voc, Claire. Isso a nica coisa positiva que ele tem.

    Em parte eu lhe dou razo. Acontece que passamos bons momentos juntos. Eele era bastante compreensivo e amvel. Talvez eu no tenha retribudo altura...

    Bobagem! Compreensivo coisa nenhuma! Aposto que ele no iria parar deaborrec-la, at conseguir o que queria.

    Percebendo que Claire continuava cabisbaixa e tristonha, Lynn levantou-se dosof e resolveu mudar de assunto.

    Que tal um cafezinho? Estou precisando me esquentar. Venha comigo at acozinha e vamos conversar enquanto ponho a gua para ferver.

    Sem nada a dizer, Claire seguiu a amiga e sentou-se numa das banquetas dacozinha. O apartamento era relativamente pequeno: dois dormitrios, uma sala, umaminscula cozinha e um banheiro ainda menor. Situava-se num bairro pouco atraentede Londres, num prdio antigo, cujo aluguel era to caro que absorvia a maior partedo rendimento de ambas. Isso quando havia rendimentos!

    De qualquer forma era um lar. O lar que Claire escolhera desde que a me secasara de novo, mudando-se para o Estados Unidos. Embora se desse bem com opadrasto, no se sentira tentada a acompanhar o casal ao exterior. Preferiraterminar o curso de arte dramtica, apesar de a me ter procurado dissuadi-la daidia.

    Claire conhecera sua companheira de apartamento atravs do padrasto, umvelho amigo dos pais de Lynn, que quando soubera das intenes da enteada de morarsozinha, sugerira que ambas ficassem juntas. De incio Claire relutara, mas agora noabriria mo daquele arranjo. Com a convivncia, nascera uma slida afeio entre asduas.

    No se preocupe, querida consolou-a Lynn ao lhe servir uma caneca decaf fumegante. Tenho certeza que voc tomou a deciso mais acertada. Seriauma tolice aceitar um trabalho to mal remunerado, mesmo que no existisse aperspectiva de um teste para o filme. Voc j passou do estgio de trabalhar apenaspara adquirir experincia.

    S no passei do estgio de precisar trabalhar para comer no dia seguinte retrucou Claire, melanclica. Ah, no diga bobagens. Lynn sentou-se na outra banqueta, mostrando nos

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    lbios um sorriso animador. Tome seu caf e deixe de ser derrotista. Aproveite eme conte sobre o novo teste. Vai ser mesmo na sexta-feira?

    Sim, s dez horas. Como sempre, estou uma pilha de nervos. Ainda bem que a

    espera no vai ser muito longa e Mike prometeu me dar uma carona.Joan, a esposa de Mike, era uma das amigas mais antigas de Claire. Conheciam-

    se desde os tempos de escola e continuaram a manter contato mesmo depois queClaire abandonou os estudos universitrios para ingressar no curso de artedramtica.

    Mike, tambm um ator, conhecera Joan numa das visitas que esta fizera amiga, e dois meses mais tarde j estavam casados. Claire no acreditava em amor primeira vista, mas naquele caso dava a mo palmatria.

    Vai haver muita concorrncia para esse papel? perguntou Lynn, enquanto

    bebericava o caf. No mnimo uns quinhentos atores desempregados! Lynn riu, sacudindo a

    cabea. Sinceramente, Claire, acho que voc vai ter chance. Talento o que no lhe

    falta. Talento e beleza... s persistir, Alm do mais, voc to... to sexy... Afinalde contas, uma boa aparncia ajuda bastante, no ajuda?

    A maior parte dos diretores cinematogrficos est atrs de carinhasbonitas e algo mais. S que eu no resolvi ser atriz para arranjar problemas!

    Realmente, Claire queria alcanar o sucesso por seu prprio valor e no estavadisposta a fazer concesses que a obrigassem a abandonar seus princpios. Aambio pelo estrelato era grande, mas no a ponto de lev-la a contrariar suanatureza.

    Fitando o rosto pensativo da amiga, Lynn comentou num tom malicioso: Alguns diretores so jovens e charmosos... Sim, mas os encarregados de selecionar o elenco no entram nessa

    categoria, pode ter certeza. Take Svenson quem vai dirigir o filme, no? Eu o vi uma vez, numa

    entrevista na televiso. E acrescentou, com ar sonhador: um dos homens maisbonitos deste pas.

    No sei nada a este respeito. Ouvi falar que ele sabe escolher bem osroteiros. Nesse prximo filme tem de tudo: aventura, amor, violncia.

    E sexo? Acho que tambm. A locao na Cornualha e a ao se passa no final do

    sculo XVII, onde todo um vilarejo est envolvido na pilhagem e afundamento dasnaus que passam pela costa. Para completar, a quadrilha sempre mata ossobreviventes do naufrgio para no deixar testemunhas.

    Puxa, que interessante! Pois eu acho o tema sanguinrio demais para o meu gosto. Porm, nonaufrgio do enredo, uma moa francesa consegue alcanar a praia e sua vida

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    poupada pelo jovem aldeo que a encontra. Nasce um romance entre os dois e elaacaba se transformando na tal noiva nufraga do ttulo. No elenco j constam doisnomes famosos. Richard Angrams vai interpretar o chefe dos salteadores e

    Marianne Lejeune far a dama do solar que se apaixona por ele. Romance o que nofalta. V rezando para que o diretor que faz a seleo dos atores tenha um fracopor cabelos cor de cobre e olhos verdes.

    No se preocupe. J mais do que tempo de voc ter o sucesso que merece.S Deus sabe o quanto voc trabalhou para isso.

    Claire desligou o toca-fitas e sentou-se sobre as prprias pernas, suspirando.Ouvira pela centsima vez uma gravao de vozes com sotaque da Cornualha. Estava

    ciente de que deixava Lynn zonza de tanto escutar a gravao, mas, emcompensao, conseguira assimilar bem o modo de falar da regio. Mesmo assim, suaautoconfiana continuava abalada pelo nervosismo da expectativa do teste.

    Por sorte, nos ltimos dias sua companheira de apartamento saa de casa s oitoe meia da manh e s voltava noitinha. Afinal, conseguira um emprego fixo comomodelo de uma fbrica de confeces, o que garantiu o sustento de ambas. Claireficara contente com a nova situao, mas naquela manh bem que gostaria de teruma companhia para repartir seus temores.

    Depois de guardar o toca-fitas, lembrou-se de que Mike viria apanh-la decarro. Talvez a presena do amigo a acalmasse um pouco.

    Relanceou um olhar pelo relgio e soltou uma exclamao. Mike chegaria aqualquer minuto e ela ainda no se havia aprontado. Correu para o quarto e olhou-seno espelho da penteadeira, que refletiu a imagem de uma moa alta e, esbelta,vestida com cala comprida de linho creme e uma blusa cor de morango. No ficounada satisfeita com a sua aparencia Achou que a blusa era berrante e que destacavademais os seus seios.

    Ela ainda se analisava criticamente, quando ouviu o toque de uma buzina.Precipitou-se para a sala e escancarou a janela. O vento levantou seus longoscabelos, mas infelizmente no havia tempo para retoques, pois o carro de Mike jestava estacionado junto ao meio-fio. Claire acenou antes de fechar a janela e voltarpara o quarto em disparada, a fim de vestir o casaco de pele e passar uma echarpepelo pescoo. Por ltimo, pegou a bolsa e em menos de um minuto alcanou o portodo prdio.

    Chegaram ao local do teste com tempo de sobra, mas mesmo assim encontraramo grande salo de espera apinhado de gente. Pelo jeito, havia no mnimo cinquentacandidatos para cada um dos papis. Claire sentiu-se extremamente insegura.

    Coragem, minha querida... sussurrou-lhe Mike ao ouvido. Podia serpior. Voc est brincando! Nesta sala no cabe nem mais um alfinete! Tenho a

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    impresso de que vamos morrer asfixiados. Ser que isso um novo mtodo parareduzir o contingente de atores desempregados?

    No seja to pessimista disse o amigo, apontando para um grupo de moas

    de collant e malha de bale. Parece que a metade do pessoal veio para as provas dedana. Isto , para o grande baile que h na abertura do filme.

    Isso reduziria a porcentagem para vinte e cinco atores para cadapersonagem. Grande consolo!

    Mike sorriu. V tirar esse casaco. Precisamos inscrever nosso nome na lista de chamada. Desculpe, Mike. Realmente, no fao outra coisa seno me lamentar. Fico to

    tensa antes de qualquer teste, que perco at o meu senso de humor. Ento, calminha. Com seu talento, voc vai conquistar o diretor na primeira

    fala, tenho certeza. Quisera eu que fosse to fcil! Esses diretores de elenco no se deixam

    apanhar por qualquer um.Ao voltar do camarim, Claire precisou abrir caminho por entre a multido, onde

    havia alguns rostos conhecidos, assduos frequentadores de audies do genro.Sentiu-se deprimida. Ser que nos prximos dez anos ainda estaria travando aquelaluta inglria para obter pequenas pontas?

    A custo conseguiu localizar Mike. Sentiu o corao disparar ao ver que ao ladodele estava Alan Crosby. Seu primeiro impulso foi dar meia-volta, por mais ridculoque isso parecesse. Afinal, ela e Alan tinham a mesma profisso e muitos amigos emcomum. Era impossvel evit-lo pelo resto da vida. Assim, com um esforo sobre-humano encaminhou-se na direo dos dois homens, exibindo um sorriso nos lbios.

    Ao v-la, Alan sorriu. Claire, minha querida! Que bom ver voc! Deu-lhe um beijo na boca, que ela

    recebeu de lbios frios e cerrados. Linda, como sempre!Sem saber o que dizer, Claire apenas balbuciou um tmido "obrigada".Alan no se dava conta de que aquele relacionamento tinha terminado de uma

    vez por todas, e no seria agora que ela iria reabrir a discusso. Faz tempo que voc chegou? Mike e eu chegamos h pouco.Alan enrugou a testa, surpreso com sua atitude fria. Estou aqui h meia hora. Inclinou a cabea e perguntou baixinho: O que

    h com voc para estar to taciturna? No me diga que continua zangada comigo!Chegava o momento de dizer a verdade, sem rodeios. Mas antes que Claire

    pudesse falar, Mike os interrompeu, perguntando: Alan j lhe contou as boas novas? No... Do que se trata?

    Ele ficou sabendo que os bailarinos e coregrafos vo ser transferidos paraoutro lugar...Visivelmente aborrecido com a intromisso de Mike, Alan completou:

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    O diretor conseguiu um galpo para eles. Alis o quanto antes os levaremdaqui, melhor. J no aguento mais ficar esperando horas por estes malditos testes. mais do que tempo de sermos tratados como seres humanos e no como gado!

    Precisamos nos unir para um protesto. O pessoal que trabalha para as companhiascinematogrficas acomodado demais! concluiu em voz alta.

    Claire e Mike trocaram olhares de desaprovao. Alan era conhecido por suasposies em defesa dos artistas, mas aquele no era o momento para reivindicaes.Sua voz alterada atrara a curiosidade dos presentes.

    Desde que entrara no salo, Claire havia notado dois homens prximos da porta,que, pelo aspecto, no pareciam estar em busca de um lugar ao sol. O mais alto delesprestava demasiada ateno aos protestos de Alan. Seus olhos azuis no se desgru-davam do grupo e denunciavam algum de personalidade arrogante. Claire ficou

    bastante embaraada quando, afinal, percebeu que o alvo daquele olhar era ela.Com a impresso de que ele a despia a distncia, resolveu sair dali e, aos

    empurres, foi abrindo caminho por entre a multido, seguida por Alan, que noparava de reclamar.

    Mesmo do outro lado do salo, a figura daquele homem no lhe saa da cabea.Loiro e de fsico privilegiado, ele tinha traos bem marcantes, do tipo de chamar aateno em qualquer lugar onde estivesse. Porm, quanto mais pensava nele, mais odetestava. Que atrevimento olh-la daquela forma! Era verdade que Alan no tiveramuito tato ao fazer aqueles comentrios, apesar de serem inteiramente justos. Ora,se aquele homem trabalhava na companhia cinematogrfica, por que no tratava deagilizar os testes em vez de ficar escutando conversa alheia?

    Mike, que tambm os seguira, fez um gracejo assim que pararam. O que aconteceu? Por acaso encontrou o seu locador? Eu no sabia que voc

    estava com os aluguis atrasados. Que locador, que nada! Havia um sujeito l perto da porta que no tirara os

    olhos de ns. Tenho certeza que ele trabalha na empresa. E da? Eu no disse nada mais que a verdade! replicou Alan, ainda

    alterado. Tudo bem. S que no era hora nem lugar para esse tipo de comportamento.Alan engoliu a crtica em silncio e ficou ainda mais carrancudo. O salo

    continuava cheio, apesar da retirada dos bailarinos.Foi com um sobressalto que Claire ouviu a primeira chamada para os testes.

    Mike e ela estavam no final da lista, mas essa aparente vantagem no a aliviou datenso. Seu nico consolo era que Alan seria convocado bem antes deles. Tomara queele fosse logo embora! Sua presena ali s servia para enerv-la ainda mais.

    Agora, ele estava resmungando baixinho junto ao ouvido de Mike, e ela s

    conseguia captar o final da frase: "... uma desgraa total!"Pobre Mike! Devia estar saturado daquela conversa! Alis, tanto quanto ela.O exame de seleo estava sendo realizado numa salinha perto do saguo e

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    Claire tentou acalmar-se com a dia de que no precisaria enfrentar um grandeauditrio. Alm disso, aquele filme tinha pelo menos uns dez papis femininosdisponveis.

    "Pensamento positivo!", disse a si mesma, embora no conseguisse evitar otremor das pernas e o suor que lhe umedecia as mos.

    Quando o nome de Alan Crosby foi anunciado, ela desejou-lhe boa sorte. Ele noparecia afetado pela tenso nervosa que sempre precede os testes; sua posturaereta e desafiadora ao caminhar para a porta confirmava essa despreocupao. Umpouco mais tarde, ele retornava com cara de velrio.

    Nada feito! Havia trs sujeitos l dentro, e estavam to distrados que malprestaram ateno leitura do meu texto! explicou, furioso.

    O fracasso de Alan foi a gota d'agua. A sala estava quente e abafada,

    cheirando a fumaa de cigarro. Ento, com um princpio de vertigem, Claire teve queser socorrida por Mike.

    Santo Deus, Claire, como voc est plida! Quer que eu v buscar um copocom gua ou um cafezinho?

    No, obrigada. S preciso de um pouco de ar puro. Vou com voc. Tambm estou querendo esticar um pouco as pernas. Deixe comigo. Alan ofereceu-se. Vou ter que sair mesmo. Ento, vamos todos juntos props Mike, conciliador. No necessrio. Eu cuido dela.Por fim, a insistncia de Alan venceu. Na certa, ele estava querendo ficar a ss

    com ela para a to temida conversa. Percebendo isso, Claire ainda tentou safar-se. muita bondade sua, Alan, mas prefiro ficar um pouco sozinha. Logo estarei

    bem. Ora no complique! Vou com voc e est acabado! Bem, j que voc insiste. Cuidado com a vida! recomendou Mike, num tom brincalho.Na verdade, ele sabia da briga que houvera entre os dois e sentia-se impotente

    para ajudar Claire de alguma maneira. Por isso, assumiu uma expresso preocupadaquando a viu ser conduzida pelo brao do ex-namorado para fora do salo.

    CAPTULO II

    No momento em que se retirava, Claire percebeu que os dois homens queestavam junto a porta haviam sado. Suspirou, aliviada. Afinal no gostaria queaqueles intrigantes olhos azuis a vissem junto a Alan, principalmente depois doincidente que ocorrera no salo. Seu ex-namorado no a deixava em paz um

    momento, embora ela precisasse ficar tranquila para sair-se bem no teste.Absorta em pensamentos, Claire de repente deu-se conta de que se afastavam

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    demais da porta de sada. Alan, j lhe disse que preciso de um pouco de ar puro! Esse no o caminho

    da sada.

    Preciso falar com voc, Claire. No vou demorar muito ele garantiu numtom rspido, forando-a a prosseguir.

    Sem sombra de dvida, ele era muito egosta, pois no parecia preocupar-senem um pouco com o seu mal estar.

    Alan era o tipo de pessoa capaz de tudo para conseguir o que queria. No sabiacomo pudera gostar tanto dele. Agora, tudo o que sentia era um profundo rancor.

    Caminhavam h alguns minutos, porm pareciam ter se passado horas. Aonde elea estaria levando?

    Gostaria de voltar para o salo, Alan. J me sinto melhor.

    S mais um pouco. Estou procurando uma sala desocupada onde voc possasentar e relaxar.

    Mas eu prefiro voltar! Pronto! Encontrei! Pode ficar mais calma. Vamos entrar. Claire parou na

    soleira da porta, no parecendo disposta a dar nenhum passo. No acho uma boa ideia entrarmos. Inclusive, no deveramos andar sem

    permisso pelo prdio. Claire, deixe de ser medrosa! No h nada de mal nisso. Ningum vira aqui. E

    caso algum chegue, daremos uma desculpa qualquer. No estou gostando nada disso. replicou Claire, hesitante.Ela sabia que seu comportamento tmido costumava irritar Alan. Porm, naquele

    momento, sua relutncia em entrar ali devia-se principalmente ao fato de no quererficar a ss com ele.

    No seria correto nos isolarmos aqui. Voc pode falar comigo l no saguopois, caso me chamem para o teste, Mike nunca nos encontraria num lugar como este!

    Demorar um pouco at chegar a sua vez. assegurou Alan. Tenhourgncia em falar com voc, a ss. No podemos adiar esta conversa por mais tempo. Segurou-lhe a mo, puxando-a para dentro, e depois fechou a porta.

    Claire olhou ao redor e viu muitos casacos, palets, malhas e jaquetasamontoadas sobre uma mesa enorme.

    Veja, Alan! Esta sala est sendo usada como camarim. Se algum chegar, nacerta vai estranhar a nossa presena aqui.

    No possvel! Alan riu. Voc criando caso por causa de um monte deroupas velhas, quando estou tentando dizer que te amo! Levou o dedos at oslbios dela, comeando a beij-los.

    Ainda que houvesse a possibilidade de fazer renascer aquele amor, o momento

    fora mal escolhido. Claire tentou desvencilhar-se, mas ele apertou-lhe a mo comfora. Alan! Voc no percebe que quero sair daqui? Eu no gostaria que nos

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    encontrassem nesta sala. Vou embora! Voc fica se quiser. Deu-lhe as costas.Mais rpido, porm, Alan segurou-a pelo brao, impedindo-a de sair. Antes

    voc vai ter que me ouvir!

    Claire comeou a tremer. No sabia de que tinha medo, pois conhecia Alan hmuito tempo. O que a surpreendia era seu comportamento agressivo.

    Agora no, Alan, por favor. Preciso voltar para minha audio. Que se dane a sua audio! Eu te amo, Claire, no entende?No limite de sua pacincia, Claire o empurrou tentando soltar-se. Alan, se voc realmente me amasse, me ajudaria a conseguir um papel no

    filme, em vez de criar dificuldades. Considero o nosso amor bem mais importante do que esse maldito filme! Pois eu no! Se fosse a sua vez de fazer o teste, aposto que voc veria as

    coisas sob um prisma diferente.Com os olhos brilhando de raiva, Alan agarrou-a brutalmente pelos ombros. Largue-me! Voc est me machucando!Fazendo-se de surdo ele a fitou, com um olhar atormentado. Beije-me, Claire, e diga que ainda me ama. Deixe-me! Pare com isso! ela gritou novamente, querendo soltar-se dos

    braos dele.Claire estava sendo empurrada de encontro mesa. No havia dvidas de que

    ele a desejava, mas toda essa situao provocava-lhe repulsa e medo.Debateu-se o quanto pde, porm ele era mais forte. De repente, notou que sua

    blusa estava rasgada. Tentou protestar mas Alan no permitiu, beijando-abrutalmente. Ela lutou com todas as foras para livrar-se do beijo, pensando emcomo pudera um dia sentir prazer nas carcias daquele homem.

    Como o detestava agora! Tinha sido uma idiota em confiar nele!Concentrada em sua luta silenciosa, Claire no percebeu quando a porta foi

    escancarada. S notou que Alan a soltara, e que poderia escapar. Em questo desegundos, foi se afastando de costas, vendo a figura imvel e estarrecida de Alan.

    Finalmente virou-se para a porta, encontrando-se frente a frente com umobstculo inesperado: um homem alto e loiro, de olhos muito azuis. Este pegou-a pelobrao num aperto quase to doloroso quanto o de Alan, e s ento ela reconheceuaqueles olhos penetrantes.

    Oh, no! Voc outra vez! exclamou, tomada pelo choque. Quem voc e o que est fazendo aqui? ele perguntou rispidamente,

    depois de olhar em volta e deter-se em Alan. Nada... No estvamos fazendo nada de mais... A voz de Claire estava

    trmula, e ela precisou esforar-se para erguer o queixo e encar-lo.

    Ento notou que o desconhecido fitava o rasgo da sua blusa desabotoada.Ansiosa por se mostrar segura de si mesma, assumiu uma postura desafiadora. Deixe-me passar!

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    Voc s sair daqui quando me der uma boa explicao sobre a sua presenanesta sala respondeu o homem, continuando a segur-la firmemente pelo brao.

    De fato, a situao parecia suspeita. Em circunstncias normais, ela teria

    pedido desculpas, explicando o motivo de encontrar-se ali.Mas, pela fisionomia furiosa do recm-chegado, Claire concluiu que ele no lhe

    daria crdito. fcil adivinhar por que viemos para c disse, fitando-o nos olhos.

    Estvamos procura de sossego, para ficarmos mais vontade. acrescentou,abotoando a blusa, com um sorriso insolente nos lbios.

    Alan quis retrucar, porm ela lhe acenou para que ficasse quieto. Enquanto isso,o desconhecido a olhava com evidente desprezo, sacudindo a cabea como se noacreditasse no que presenciava.

    Desde a hora em que a vi achei que voc fosse uma criadora de casos. Pelovisto, no me enganei!

    Existe alguma lei que proba as pessoas de quererem ficar a ss? revidouClaire, devolvendo-lhe o olhar de desdm.

    Era a arrogncia daquele homem o que a levava a comportar-se de modo topouco socivel.

    No entanto, ele parecia absolutamente imune s provocaes; tanto quecontinuou:

    Afinal, quem voc? Acho bom que se identifique. Talvez eu a deixe irembora. Caso contrrio.

    Irritada com aquela prepotncia, ela respondeu com altivez: Como j lhe disse, no estvamos fazendo nada de mais. No entendo essa

    sua insistncia! Esta sala privativa, e tanto voc como seu amigo so dois intrusos. Ento chame a polcia, ora essa! ... talvez eu faa isso mesmo Por mim j podia ter feito isso desde o comeo. No vai ser necessrio retrucou o desconhecido, relaxando o aperto em

    seu brao. Puxa, ainda bem, Claire!Era a primeira vez que Alan se manifestava, mas ela no lhe deu ouvidos. Por

    incrvel que parecesse, gostara de sentir aquelas mos fortes em seu brao.Mal ouviu os pedidos de desculpas de Alan: Viemos at aqui apenas para conversar. Claire estava apreensiva por

    causa do teste e chegou a sentir-se mal no meio da multido. Sinto muito se fomosinconvenientes.

    Pois eu no sinto coisa alguma! interferiu Claire, furiosa. Muito cuidado com o que diz advertiu o homem dos olhos azuis. Realmente, sentimos muito continuou Alan. Claire est muito tensa.

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    Olhe, se quiser, posso lhes fornecer os nossos nomes e os endereos. Minha carteirade identidade deve estar aqui concluiu, comeando a remexer nos bolsos.

    Perplexa com a subservincia de Alan, Claire aproveitou o momento de confuso

    para sair ao encontro de Mike, que j estava impaciente. Ainda bem que chegou! Tive medo de que voc perdesse a vez! Por qu? J me chamaram? perguntou ela, aflita. No, voc chegou a tempo. Mas desculpe perguntar, onde se encontrava at

    agora? Nem queira saber, Mike... por favor. O que houxe? Voc est trmula, depois de ter sado para relaxar os

    nervos?!Naquele instante o alto-falante anunciou o nome de Claire.

    Essa no! Ser que estou apresentvel?! indagou, mostrando o rasgo dablusa.

    Voc est tima e ningum vai notar isso. Boa sorte. Finalmente chegara asua vez, e ela se dirigiu sala dos testes.

    O ambiente era fechado e irrespirvel. A pessoa que a recebeu no tinha nada aver com a descrio que Lynn fizera do diretor do filme.

    Pelo contrrio, era um homem baixinho e careca, que convidou com um aramigvel:

    Sente-se, srta. Grant.Onde estavam os trs entrevistadores que Alan mencionara? Ser que ele

    inventara aquela histria para justificar seu fracasso?O homem apresentou-se depois que ela se acomodou em uma das cadeiras: Sou Dave Tillson e vou ajudar na direo do filme. Gostaria que voc lesse um

    trecho do script. Vou interpretar a parte masculina, certo? Passou-lhe uma cpiadatilografada do roteiro, e ento perguntou: Est pronta?

    Apesar de sentir-se muito vontade diante daquele homem, Claire noconseguia concentrar-se no texto. Em sua mente, dois olhos azuis a fitavam de modocrtico. ...

    Insegura, comeou a leitura em voz alta. Mas, conforme temera as palavrassaram de forma desconexa; quase incompreensveis.

    Sinto muito, sr. Tillson, estou um pouco nervosa. Posso comear de novo?Ele concordou, e Claire levantou-se para dar mais nfase interpretao. Por

    nada do mundo queria perder aquela oportunidade. Ela continuou: No sei quem lhe contou, mas no verdade! retrucou num tom firme,

    reproduzindo com perfeio o sotaque da Cornualha. Por que no acredita emmim? Parou, vendo que Dave Tillson levantara a mo, pedindo uma pausa.

    Naquele momento, a porta da sala se abriu e ela mal pde acreditar em seusprprios olhos: o homem alto e loiro vinha entrando. Hum, esse texto muito adequado, srta. Grant... ele comentou,

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    percorrendo-a de alto a baixo com o olhar. Voc conhece a srta. Grant? perguntou Dave Tillson, intrigado. Se

    soubesse que voc viria, eu o teria esperado para que assistisse audio.

    Eu no a conhecia. Para ser mais explcito, hoje foi o nosso primeiroencontro.

    Confusa, Claire recuou um passo, mas no pde deixar de manifestar-se: S espero que tenha sido o ltimo! Isso eu posso garantir! respondeu o estranho, num tom divertido.Sem pressa, tirou um mao de cigarros do bolso e ofereceu um a Dave.Ignorando-a por completo, comentou com o assistente: Examinei trs candidatas, porm nenhuma se adapta ao papel. Posso recomear a leitura, sr. Tillson? pediu Claire, desviando os olhos do

    diretor do elenco. Queira me perdoar, senhorita. Foi uma desconsiderao de nossa parte

    interromp-la. Tudo bem, recomece. Estamos prontos para ouvi-la. Eu no! discordou o outro, implacvel. Seria uma perda de tempo, pois

    j sei de antemo que ela no servir para o papel! completou, dirigindo-se a Dave.Atnita, Claire olhou para os dois homens, percebendo que Dave Tillson estava

    hesitante. Ela no permitiria que a dispensassem daquela maneira. Lutaria at o fim.Avanou para a mesa com passos firmes, indiferente figura austera do homem quese sentara mesa.

    Encarou Dave com olhos suplicantes e disse: Por favor, no d ouvidos a ele. O problema que tivemos uma desavena h

    pouco. Reconheo que me comportei de modo um tanto. . . grosseiro admitiu, eento se lembrou da maneira acintosa como ele a olhara desde o comeo. Mas eletambm foi muito rude comigo! S que nossas diferenas pessoais no deveminterferir na parte profissional. Sou uma atriz e tenho capacidade!

    Voc j me criou muita confuso. Meu conselho que v procurar outraprodutora, pois no a quero no meu sei de filmagem.

    Sem se dar conta do significado daquelas palavras, Claire continuou a sedefender com o diretor do elenco:

    Garanto que sou boa profissional, sr. Tillson. D-me uma chance, por favor!Dave Tillson remexeu-se na cadeira e virou-se para o homem que estava a seu

    lado. Eu gostaria de dar uma oportunidade a ela. Nada feito! Dave Tillson sorriu. Puxa, pensei que eu tivesse carta branca na escolha do elenco. Afinal voc

    no disse que confiava no meu faro de descobridor de talentos?

    Finalmente Claire caiu em si. Como no percebera que aquele homem era JakeSvenson, o diretor do filme?Demonstrando um certo rancor no olhar, Jake fitava seu assistente. Porm

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    este no se intimidou. Ento, vai confiar em mim ou no vai?Tensa, Claire aguardava que a situao se definisse. Por fim, o diretor do filme

    descontraiu a fisionomia e sorriu. Tudo bem. Espero que esse fato me sirva de lio para nunca mais dar carta

    branca a quem quer que seja! Ora, voc sabe muito bem que a ltima palavra sempre a sua.Quando Claire soltou um suspiro de alvio, como por encanto o sorriso

    desapareceu dos lbios de Jake Svenson. Parece que desta vez voc venceu... ele comentou, com evidente

    desagrado. Estamos prontos para o duvidoso prazer de ouvi-la.Aquelas palavras ferinas tinham a inteno de desconsert-la, porm ela no se

    deixaria vencer to facilmente, embora Jake anunciasse que contracenaria com ela.No dilogo, o protagonista acusava a herona de ser infiel e esta deveria

    defender-se da calnia. IClaire leu o texto com emoo e arrebatamento, surpreendendo-se com seu

    prprio desempenho. Ao terminar, observou a fisionomia do diretor, mas nada haviamudado. Seus olhos continuavam frios e austeros.

    Sente-se disse finalmente Dave Tillson. Seu sotaque impecvel. Poracaso voc da Cornualha?

    No. Sou de Manchester. Impressionante. Dave tirou da gaveta um outro mao de folhas

    datilografadas, Gostaria que fizesse a leitura da parte de Dsire, uma jovemfrancesa que se salva de um naufrgio na costa da Cornualha e fica noiva de um dosaldees. o segundo papel do filme e o desafio bem maior. Quer tentar?

    Claro que sim! afirmou ela, sem hesitar. Quinze minutos mais tarde, Claireterminou a leitura. Esperava o resultado, porm o que ouviu no a deixou nem umpouco satisfeita:

    Obrigado, srta. Grant. Pode se retirar. Antes que ela alcanasse a portaDave Tillson ainda perguntou: O sr. Glendower continua sendo seu empresrio?

    sim ela confirmou. Entraremos em contato com ele oportunamente. Voc h de convir que no

    podemos tomar uma deciso definitiva neste momento. Entendo. ..Pelo visto, Dave Tillson gostara de sua performance. Se no tivesse ocorrido

    aquele contratempo com Jake Svenson, talvez o papel fosse dela.. . At logo, sr. Svenson disse ela a contragosto. Adeus, srta. Grant.

    Inconformada com a situao, Claire sentiu-se aliviada quando saiu da sala,livrando-se daqueles olhos azuis que no lhe davam trgua.

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    CAPITULO III

    Claire subiu at o primeiro andar, sentindo como se carregasse nas costas

    todos os problemas do mundo. Tivera nas mos a melhor chance de sua vida, pormno soubera aproveita-la.No carro de Mike, durante o percurso at o apartamento, viera repetindo a

    palavra "se".Se Alan no tivesse aparecido na audio... Se ela tivesse ficado em paz no

    saguo ao lado de Mike... Se aquele diretor diablico no estivesse presente noteste...

    O dinheiro que receberia pelo papel faria uma falta enorme, na sua atualsituao econmica. Ela no sabia como dar as ms notcias amiga. Girou a chave da

    porta do apartamento com relutncia.Lynn estava lendo, com as pernas apoiadas num dos braos do sof e a cabeaencostada numa almofada. Logo que Claire entrou na sala, levantou a vista. Claire nemprecisou falar, sua expresso de tristeza dizia tudo.

    Ento, no conseguiu? Ouvi aquela velha frase: "Entraremos em contato" Claire pendurou o

    casaco molhado atrs da porta. Esse tempo chuvoso est bem de acordo com omeu estado de esprito. A capota do conversvel de Mike enguiou e nos molhamosbastante.

    Lynn levantou-se, com o semblante preocupado. Ora, Claire, no fique com essa cara desanimada! V se trocar, antes que

    apanhe uma pneumonia! No precisa exagerar, j estou indo. Tudo bem! Enquanto isso, vou pr a chaleira no fogo.Claire foi para o quarto, tirar a roupa encharcada. Sentia arrepios de frio. L

    fora, caa uma chuva forte. Eram apenas trs e meia da tarde, no entanto, parecianoite. Seu estado de esprito realmente combinava com o mau tempo. Ela sentiavontade de chorar, porm isso no mudaria em nada a situao. Vestiu um velho

    jeans e uma malha de l, na tentativa de se aquecer. Durante sua ausncia, Lynnfechara as cortinas, e a sala parecia mais quente e aconchegante. Quando a amigaveio da cozinha com uma aparncia melhor sorriu, mas Lynn no se deixou enganar.

    Voc comeu alguma coisa hoje? perguntou, desconfiada. Apenas um cafezinho e um biscoito. Eu no tinha condies de comer nada,

    por causa do nervosismo. J imaginava. E antes de sair, tomou ao menos o desjejum? De leve. Oh, Claire, desse jeito voc ter problemas com a sua sade repreendeu

    Lynn, mas em seguida dirigiu-lhe um sorriso animador. Por sorte, hoje meconvidaram para participar de um desfile de modas. Para comemorar, comprei duas

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    pizzas e uma garrafa de vinho. Enquanto voc seca os cabelos no aquecedor, vouesquentar a comida.

    Quinze minutos mais tarde, Claire entrou na cozinha e viu o quanto Lynn tinha

    caprichado. Havia at um vaso com flores sobre a mesa.Emocionada, ficou com lgrimas nos olhos. A atitude e as crticas de Jake

    Svenson tinham afetado a sua sensibilidade. Esperaria uma oportunidade paraexplicar a Jake seu comportamento anterior, desfazendo a falsa imagem que elefizera dela. Talvez ele se arrependesse por t-la insultado daquela forma.

    Com um gesto amistoso, Lynn convidou-a a sentar-se. No me sinto nada bem com esta situao. comentou Claire, acomodando-

    se na banqueta. Fico chateada por no poder contribuir nas despesas da casa.Tenho que dar um jeito nisso.

    No seja tola, Claire. Isso pode acontecer a qualquer uma de ns. ... nesse ponto concordo com voc. Parou, pensativa. Sabe, estou me

    lembrando do que ocorreu hoje, antes da audio. Voc no imagina o que AlanCrosby me aprontou!

    O que ele fez desta vez?Claire contou tudo que havia acontecido. E o pior que o homem que entrou naquela maldita saia e nos pegou em

    flagrante era o prprio Jake Svenson!Surpresa, Lynn quase deixou cair a assadeira no cho. No me diga! Isso o que se chama azar! Na verdade, foi muita falta de sorte. Alm do mais, senti um antagonismo

    por ele primeira vista. O homem era to arrogante, to presunoso, que medescontrolei, sendo muito rspida com ele. Confesso que passei dos limites.

    Oh, Claire, voc precisa controlar esse seu temperamento! Eu sei, eu sei... Depois, quando fiquei mais calma, percebi a ingenuidade do

    meu comportamento. Afinal, ele o diretor do filme, e no deve estar acostumado aesse tipo de atitude.

    No adianta se lamentar. Se ele uma pessoa to desagradvel como vocdiz, dificilmente teria outro tipo de atitude. Lynn tomou um gole de vinho, antes decontinuar: Estranho... na televiso ele me pareceu to charmoso, talvez porqueestivesse em frente s cmaras. Agora temos que admitir que ele exerce um grandefascnio nas pessoas.

    Claire no pde deixar de concordar com a amiga. Oh, quanto a isso no h a menor dvida. Ele sabe usar muito bem o seu

    charme. E o pior que tem conscincia disso. E Mike, como se saiu no teste?

    Foi a nica coisa boa que aconteceu. Ele vai interpretar um dos bandidos.Alm do mais, tem um tipo fsico que corresponde ao papel: moreno, estatura mdia... bem o tipo celta.

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    Joan vai ficar contente. Vai, sim! E uma pessoa incrvel. Ela nunca se queixa por ter que sustentar a

    ambos nas fases ms. Mas chega de falar de testes, conte sobre voc. Ento, lhe

    ofereceram um trabalho extra? Sim. Eles acharam que...Naquele momento o telefone tocou, interrompendo a narrativa de Lynn, que se

    apressou em atender.Pouco depois, ela voltou para a cozinha, anunciando: seu empresrio. Ser que. ..Claire fez um gesto displicente, mas correu para a sala, ansiosa. Claire, Grant falando. Aps ouvir o que diziam do outro lado da linha,

    exclamou: No posso acreditar! Tem certeza de que no foi um trote? Ficou em

    silncio, ouvindo. Nunca imaginei...Lynn j estava ao lado dela, muito curiosa.Tapando o bocal, Claire disse: Boas notcias! Voltou a prestar ateno ao que o empresrio falava.

    Repita quanto eu vou ganhar! Sim, sim... claro que aceito! Como? Amanh, s onze?Um almoo? No faltarei!

    Desligou e virou-se para a amiga, murmurando: Voc no vai acreditar! Nem eu mesma estou acreditando. Tenha calma e me conte tudo. Faz dez minutos que Dave Tillson, o assistente do diretor, ligou para o meu

    empresrio. Vou participar do filme, Lynn! E consegui o segundo papel, vou serDsire. Eu cheguei a ler o texto, mas nem por sonho imaginei que poderiainterpret-lo. Alm do mais achei que Jake Svenson no permitiria que euparticipasse do filme. No sei como vou trabalhar com aquele homem ao meu lado otempo todo!

    No se apresse, Claire. Se eles a escolheram, porque tiveram seus motivos.Jake Svenson no prejudicaria seu prprio filme. Pense positivamente... pense nodinheiro que voc vai ganhar!

    No foi toa que meu empresrio me convidou para almoar. Acho que quercomemorar antecipadamente. Lynn, temos o nosso aluguel garantido por um ano! concluiu no auge do entusiasmo.

    Claire agarrou-se ala dianteira do carro de Mike como se fosse uma tbua desalvao. Antes de entrarem na tortuosa estrada que levava ao Solar Ardwennan, ela

    se encantara com as esplndidas paisagens que ladeavam o caminho. Mas agora,circundando aqueles precipcios, seus olhos estavam imveis e arregalados, e osdedos, enrijecidos de tanto apertarem o suporte.

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    Ainda bem que no precisamos enfrentar essas curvas em pleno inverno! comentou Mike.

    Por favor, preste ateno ao volante. No pretendo encerrar a minha

    carreira promissora morrendo nestas escarpas rochosas. Voc est mesmo com medo? Desculpe, Claire. No sabia dos seus pavores. A

    estrada tem bom asfalto e no h perigo. que eu tenho medo das alturas. Sei que bobagem, mas chego a ter

    vertigens at num segundo andar.Mike riu, mas logo conscientizou-se da situao. Claire, por acaso voc j leu todo o script? No se preocupe, Mike. Estou sabendo que o meu papel exige escaladas por

    penhascos ngremes, mas eu me acostumo. No vou perder a melhor chance de minha

    carreira por uma fobia idiota. Quando estiver interpretando o meu papel, estarei toenvolvida nele que esquecerei todos os meus temores.

    Mike fingiu concordar, no queria desapontar a amiga. Mas no acreditava quehorror s alturas desaparecesse do dia para a noite. Alm do mais, naquele instante,estavam chegando ao Solar Ardwennan: a locao onde seria filmado A noivanufraga.

    Mike parou o carro e fez questo de tirar uma fotografia. O solar, com aquelainfinidade de janelas que refletiam os raio do sol poente, oferecia uma belssimaviso. Erguia-se no alto de um promontrio, tendo abaixo o mar que se batia emondas espumantes de encontro aos rochedos... Um cenrio perfeito para o filme.

    Pelo que soubera, os donos haviam alugado sem problemas a propriedade,aproveitando o intervalo para empreender uma longa viagem aos Estados Unidos.Claire admirou-se de como algum que morasse num lugar daqueles pudesse ced-lopara a locao de um filme, principalmente porque uma parte do elenco e da equipetcnica ficaria hospedada no prprio solar. A criadagem tambm permaneceria, comoparte do acordo.

    Voltando ao volante, Mike passou os dedos pelos cabelos pretos que o ventohavia despenteado.

    Este lugar fantstico! Svenson conhece bem o seu ofcio. Chega a ser umaafronta subir at o solar num carro como esse. Confesso que eu ficaria mais vontade se estivesse numa carruagem, puxada por quatro parelhas de cavalos...

    Claire interrompeu-o, sorridente. Falando srio Mike, voc nasceu no sculo errado. Riu ao v-lo fazer uma

    careta. Eu entendi o que quis dizer.O solar combina perfeitamente com a poca em que se desenrola o enredo do

    filme.

    S espero que l dentro seja mais aconchegante, porque a fachada fantasmagrica! comentou o rapaz, dando partida no carro.Claire sentiu um calafrio na espinha. Ela seria uma das atrizes a ocupar um dos

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    quartos da enorme manso, enquanto Mike ficaria hospedado no hotel do vilarejo. Nem me fale, Mike... Se voc quer saber, no estou nem um pouco entusiasmadapor ficar aqui, nesse solar teneroso, entre estranhos.

    No me diga que est com medo. Francamente, Claire, voc no tem com quese preocupar. Quase todos eles so pessoas timas.

    Voc disse bem... quase. Jake Svenson no simpatizou comigo, e voc sabemuito bem disso. E se todos os outros estiverem a fim de agradar ao diretor, acabome isolando.

    Mike girou o volante, numa curva to fechada que os pneus do carro rangeram.Ento ele olhou-a de vis, como se pedisse desculpas.

    Voc est sendo precipitada. Nada disso vai acontecer afirmou ele,persuasivo. imagine se todos aqueles homens da equipe vo ignor-la! S se forem

    cegos! E Svenson vai estar ocupado com o filme.Claire no se tranquilizou. Ningum, nem Mike sabia de todos os detalhes de

    seu desentendimento com o diretor. Mike, voc conseguiu me deixar um pouco mais animada. Mesmo assim, tem

    que reconhecer que ser muito difcil conviver por trs meses com MarianneLejeune. Ela uma pessoa muito ciumenta e se os boatos de que ela e Jake Svensonso amantes procedem, que no vai ser fcil mesmo! Tenho um pressentimento deque ela vai me infernizar a vida.

    Voc tem razo. Por outro lado, ela uma profissional competente. s vocse manter longe do diretor, que ela no criar problemas.

    Ao lembrar-se daqueles olhos azuis que a tinham perseguido, Claireestremeceu. No conseguia explicar a atrao que sentia por eles. No entanto,precisava levar a srio o conselho de Mike. Faria tudo para manter-se afastada deJake Svenson.

    Na despedida, Mike fez um esforo para transmitir-lhe confiana. Vai dar tudo certo, Claire. Daqui a alguns anos, quando voc for uma estrela

    conhecida no mundo todo, com seu nome brilhando nos luminosos dos cinemas, vocvai at rir dos seus temores.

    Naquela noite, Claire procurou lembrar-se das palavras confortadoras de Mike,enquanto estava no salo segurando com mos trmulas seu copo de sherry. Mas denada adiantou. Estava aterrorizada por ter que enfrentar novamente Jake Svensone, por mais que tentasse, no conseguia dominar sua apreenso. Vestira-se comsobriedade, maquilando-se discretamente, no intuito de desmestificar a pssimaimagem que o diretor fizera dela.

    Avistou-o do outro lado do salo, ouvindo atentamente o que lhe dizia PennyAllinson, o diretor artstico.

    Mesmo naquele ambiente seleto ele se distinguia dos demais, muito alto eimponente, num smoking que lhe assentava muito bem, destacando seus ombroslargos.

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    Claire foi obrigada a admitir que a mulher que se encontrava ao lado deletambm chamava a ateno, J vira Marianne Lejeune em revistas e em filmes, maspessoalmente ela era muito mais bonita. Alta, esguia, com um porte elegante, de

    cabelos loiros muito brilhantes, realmente atraa para si todos os olhares.Dave Tillson, que estava direita de Claire, seguiu a direo de seu olhar e logo

    fez um comentrio: Marianne chegou h uma hora. Viajou o dia inteiro e Jake temia que ela no

    aparecesse a tempo. Imagine, ela acabou de filmar A dama tenebrosa e sem umapausa vai comear outro filme. S espero que ela consiga.

    Marianne no parecia nada cansada. Ao contrrio, seu lindo rosto denotavasade e vivacidade. E, abraada ao diretor, ela o ouvia embevecida. Sem uma razoplausvel, Claire no gostou do que viu.

    Virando-se para Dave com uma expresso aflita, perguntou num tom quasecmico:

    Quer me dizer o que estou fazendo no meio de toda essa gente? Acho quedeveria ter pensado mais, antes de aceitar este papel. Afinal, nunca participei denenhum filme.

    A personagem Dsire era uma excepcional oportunidade para alcanar oestrelato, mas Claire tinha conscincia de suas limitaes. Alm do mais, sabia queJake Svenson no lhe perdoaria a menor falha.

    Dave ouviu pacientemente seu desabafo e fitou-a com olhos bondosos, dizendo: Voc est aqui porque tem talento, Claire. Lembre-se de que fui eu que fiz o

    seu teste! Com certeza, no me arriscaria tanto se no confiasse em voc. Sei que um pouco nervosa, mas voc tem que pr um fim nessa sua insegurana,

    Dave era mesmo um timo amigo e a confirmao daquela amizade deixou Clairemais aliviada.

    Voc tem sido muito bom para mim... disse, com sinceridade. Ora, Claire. Sou apenas um diretor experiente, que sabe farejar o talento

    de uma atriz e reconhecer quando ela tem a beleza necessria para se tornar umsucesso,

    Ento, Dave, flertando de novo? O que diria a pobre Myra? Aquelaspalavras, ditas num tom brincalho, deixaram Dave corado diante da insinuao deMarianne Lejeune. Nenhum dos dois tinha pressentido a aproximao da estrela. Deperto, era ainda mais linda, e seu nico defeito era estar acompanhada de JakeSvenson...

    O corao de Claire disparou. Aqueles olhos azuis continuavam os mesmos:penetrantes, frios e crticos.

    Parece que a srta. Grant ficou fascinada com sua eloquncia. . . continuou

    Marianne, num tom sarcstico. Claire sabe que sou um profissional srio. Ela se sentia desambientada, maseu lhe garanti que no h nada a temer.

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    Querida, como Dave acabou de dizer, no teremos nenhum problema comentou Marianne, olhando intensamente para Jake. E com um sorrisocondescendente, concluiu: Faremos o possvel para ajud-la, no mesmo?

    Bastou que ela olhasse para Jake Svenson para chegar triste concluso deque ningum estava disposto a ajud-la.

    Marianne continuava a falar, como se estivesse representando em pleno palco: Sabe que Jake foi o assistente de direo do meu primeiro filme?

    Virando-se para o diretor, perguntou: Lembra-se de como eu era problemtica,querido? Nas primeiras tomadas quase entrei em pnico!

    Desculpe, Marianne, mas a minha memria no to boa quanto a sua. S merecordo de que fiquei muito envolvido diante da beleza e do talento da nova atriz comentou Jake, lisonjeiro.

    Como voc galanteador, Jake! disse Marianne, pegando-o pelo brao. Agora, se Dave e a srta. Grant nos derem licena, vamos andando. Ainda quero daruma palavrinha com algumas pessoas antes do jantar. Sorriu para Claire de modoafetado. No faltar ocasio para conversarmos. Se voc tiver alguma dificuldade,conte com o meu apoio.

    O jantar foi um grande acontecimento para todos, porm Claire no conseguiadescontrair-se. A presena de Jake se impunha s pessoas que estavam ali.

    Dave era a nica pessoa a dar-lhe ateno. Durante a conversa, Claire soubeque ele era casado e que adorava a mulher e os filhos. Porm ela continuava absortae distrada, observando Jake a distncia.

    Estou aborrecendo, falando sobre a minha vida, Claire. Deixe de bobagem, Dave. Acho muito agradvel ouvi-lo. Na verdade, a

    nica pessoa que a deixava de mau humor era o maldito Jake Svenson. Gosto deestar na sua companhia assegurou, e s ento comeou a prestar ateno no queele dizia.

    Dave mostrou-se simptico, deixando Claire mais vontade. Ela tambm lhecontou as peripcias de sua vida apertada em Londres e at os acontecimentos dodia do teste.

    Sei que o meu comportamento foi condenvel, mas toda aquela arrognciame irritou bastante! Alm do mais, Alan contribuiu muito para que eu sasse do srio.

    Dave suspirou antes de aconselh-la: Quer a minha opinio? Acho que voc deveria explicar tudo a Jake e pedir

    desculpas. Ele no to intolerante quanto parece. Voc no teria nada a perder.

    CAPTULO IV

    Era quase impossvel aproximar-se de Jake Svenson. Marianne no o largava umminuto, e alm disso o pessoal do elenco tinha sempre algum problema para discutir

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    com o diretor. Quando voltaram para o salo, na hora do cafezinho, ele encostou-se lareira de granito e logo foi cercado por vrios atores.

    Observando-o de longe, Claire no queria estar entre os que o assediavam. No

    fundo, esperava que ele permanecesse ocupado o resto da noite e no devia darouvidos aos conselhos de Dave. Preferia no falar com o diretor.

    Mas, finalmente conseguiu uma ocasio e seus temores se concretizaram.Jake Svenson ouviu sua verso dos acontecimentos do dia do teste num

    completo e enervante silncio. Seus olhos pareciam ler os pensamentos dela, antesmesmo que Claire os expressasse. Ao terminar, ela estava mais tensa do que quandoo abordara. O rosto sisudo dizia-lhe claramente que ele no acreditara em uma s desuas palavras.

    Sei que voc ainda tem dvidas... lamentou-se, a voz rouca pela secura que

    sentia na garganta.Precisava ser forte. No podia deixar-se envolver pelas emoes, apesar da

    vontade que tinha de atirar-lhe o vaso de porcelana que estava sobre a lareira. Esperava realmente que eu acreditasse? comentou Jake. Voc no

    nada tola, srta. Grant. J conseguiu enredar Dave em suas malhas e isso deveriabastar. Mas no se preocupe. Tomou um gole de conhaque, observando-a calma-mente. S espero que trabalhe a contento e faa jus ao dinheiro que estamospagando, pois no tenho nenhum interesse em lhe criar dificuldades.

    Muita delicadeza de sua parte. respondeu, ironicamente.Ele ergueu o copo, zombeteiro. Sou famoso pelos meus impulsos generosos. Mesmo que eu pudesse provar tudo o que aconteceu voc no acreditaria em

    mim, no verdade? Ele limitou-se a arquear uma das sobrancelhas, concordando. ... no adianta mesmo... Voc no mudar de opinio.

    isso mesmo, srta. Grant. Foi voc quem me levou a pensar assim. E agora,se me permite... disse, afastando-se um pouco e colocando o copo vazio numa mesaprxima.

    Ele a dispensava, como se ela fosse uma criana teimosa e irritante. Asexplicaes e pedidos de desculpas de nada valeram. Inconformada, Claire segurou-opelo brao.

    Por favor, no v embora!Jake parou, visivelmente irritado. Pelo menos, ela conseguira quebrar um pouco

    aquela frieza que estava estampada no rosto dele.Sentia que j estava incomodando, mas mesmo assim persistiu: Sr. Svenson, eu... Mordeu os lbios, olhando para as prprias mos, muito

    confusa. Garanto que est cometendo um erro. No sou uma pessoa frvola, como

    deixei transparecer no nosso primeiro encontro. Se fosse assim, no estaria aquineste momento. Simplesmente continuaria a fazer o que bem entendesse. Voc pode at estar com a razo... S que agora j sabe que eu sou o diretor

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    do filme.Levando em considerao o que Jake acabara de dizer, Claire se questionou:

    teria ela se comportado com tanto atrevimento, se soubesse que estava falando com

    o diretor?Abaixou a cabea e acabou concordando: Bem... isso verdade. Finalmente voc parece ter compreendido, srta. Grant. Sua voz era

    surpreendentemente gentil e Claire ergueu os olhos.Ele a fitava de uma forma diferente, com um sorriso cordial nos lbios. No me desaponte, srta. Grant acrescentou ele. Tenho certeza de que

    voc no do tipo que se d por vencida facilmente.Claire levantou o queixo, com altivez. Nos olhos verdes deixava transparecer

    toda a raiva que sentia. Esta noite no estou em condies para competir, sr. Svenson. E a partida

    no est sendo justa. Por que no escolhe algum em igualdade de condies? Vocsabe que na minha situao fica difcil revidar.

    Claire virou-se abruptamente, querendo sair da sala o mais depressa possvel;porm ele a deteve pelo brao.

    Fui realmente injusto, peo perdo murmurou, e Claire estremeceu queletoque, sentindo o corao agitar-se. No sei se est dizendo a verdade. Noentanto, vejo que necessrio mudarmos o nosso comportamento, caso contrrioterminaremos por prejudicar as filmagens. Neste sentido, proponho uma trgua ata concluso do filme.

    Claire concordou, esperando que com o tempo ele viesse a confiar nela.Deram-se as mos para selar o pacto.Claire no dormiu muito bem naquela noite. Estranhou a cama e no conseguiu

    relaxar. Acordou ao alvorecer, e, ainda zonza, dirigiu-se janela. O dia estava lindo.Depois da conversa que tivera com Jake, sentia-se mais animada e cheia de espe-ranas.

    Claire fez sua toalete matinal s pressas e encaminhou-se copa. Ningumainda se levantara. Com a xcara de caf na mo, olhou atravs da vidraa. Apaisagem l fora era tentadora, mas antes ela queria conhecer o interior do casaro.

    Depositando a xcara vazia sobre a mesa, comeou a percorrer os corredoresinterminveis, que desembocavam todos ha entrada principal. Ao contrrio do quartoque lhe haviam destinado, moderno demais e portanto decepcionante, o resto damanso possua caractersticas de sculos passados, principalmente o saguo!Naturalmente o enorme candelabro de cristal era agora iluminado a eletricidade,com a fiao discretamente disfarada entre os braais. Porm os quadros eram

    genunos, reproduzindo cenas de outras pocas. Um deles retratava um homem emuniforme militar, mas os olhos muito expressivos e cinzentos chamaram sua ateno. Lorde St. Avon... murmurou ela, lendo a plaqueta de bronze pregada

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    moldura. Morto em combate a bordo do Pegasus. Durante as guerras napolenicas, pelo que me disseram. Claire levou um

    susto. Aquelas palavras eram um eco de seu prprio pensamento, mas foi o timbre da

    voz o que a fez corar. Olhou para Jake Svenson, envergonhada, admirando-se porsempre reagir daquela forma diante dele.

    Jake aproximou-se, com as mos dentro dos bolsos da jaqueta e o olharcurioso,

    O que aconteceu, srta. Grant? Pensou que era algum fantasma?Tentando aparentar calma, Claire respondeu: Fiquei realmente assustada, estava imaginando em qual batalha lorde St.

    Avon teria morrido, quando voc falou exatamente o que eu havia pensado.Quando Jake chegou mais perto para examinar o quadro, Claire pde observ-lo

    melhor.Ele usava uma cala jeans muito justa e uma jaqueta de brim desbotado,

    colocada displicentemente sobre os ombros largos. Era inegvel que ele possua umindiscutvel poder de atrao.

    Afinal, chegou alguma concluso sobre lorde St. Avon e sua ltima batalha,srta. Grant? Voc disse que estava pensando nisso, quando eu comecei a falar.

    Era impossvel que ele estivesse interessado em sua opinio e foi comdesconfiana que ela exps seu ponto de vista:

    Pela data, eu diria que ele morreu na Batalha do Nilo. Jake pareceusurpreso.

    Pela primeira vez est dizendo uma coisa sensata, srta. Grant. Beleza esabedoria raramente caminham juntas. No sabia que Histria era seu forte. Issome alegra!

    Talvez Claire estivesse sensvel demais; o fato que interpretou aquelaspalavras como uma ofensa.

    Na verdade, gosto muito de arte dramtica. Foi apenas uma coincidncia euestar por dentro das guerras napolenicas. Agora desculpe, mas tenho outrosafazeres.

    Virou-se mas, como j tinha acontecido outras vezes, ele segurou-a, impedindo-a de sair.

    Espere! Sinto-me na obrigao de lhe pedir desculpas. Est me parecendo um vdeo-type disse eia, com desdm. Voc vive me

    pedindo desculpas e j comeo a duvidar que sejam sinceras. Voc tem razo! Ele ainda a prendia firmemente e Claire tentou

    desvencilhar-se. Deixe-me! Agora seu tom era enrgico e determinado. Ele fitou-a,

    sorrindo com um tal charme, que Claire ficou desconsertada. No a condeno por estar to zangada comigo... Tenho conscincia de que souuma pessoa impulsiva, sem o menor tato. Reconheo que no costumo medir as

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    palavras, mas pode estar certa de que no tive a inteno de ofend-la.Claire estava to atenta s palavras dele, que nem se dava conta do que ocorria

    ao seu redor.

    Ento, a trgua continua?Um novo e ainda mais sedutor sorriso fez com que o corao de Claire

    disparasse. E ela no resistiu ao apelo daquele sorriso. Talvez eu seja muito sensvel... , pode ser. Mas voc est muito na defensiva." verdade... ", pensou Claire. Era difcil acreditar na afabilidade de Jake

    Svenson. Ele no podia ter mudado de opinio a respeito dela, em to pouco tempo.No mnimo, aquilo tudo no passava de uma encenao. Farsa ou realidade, o fato que ela sentiu-se mais aliviada.

    Sinto muito. Tentarei acreditar em voc. Estou sendo sincero com voc, Claire disse ainda sorridente. Depois de

    consultar o relgio de pulso, continuou: Parece que voc est interessada nestevelho solar. Se no se incomoda, gostaria de lhe mostrar o lugar. Posso?

    Claire corou e, sem hesitar, concordou: Gostaria muito. muita gentileza de sua parte se oferecer para me

    acompanhar. timo!Ele parecia sinceramente satisfeito, enquanto lhe mostrava e descrevia com

    voz grave o mobilirio antigo e as valiosas pinturas espalhadas por toda a casa. Nofinal, Claire estava fascinada, tanto pelo que vira, quanto pelo acompanhante.

    Chegaram ento porta do escritrio do diretor. Jake Svenson tinha lhededicado muito mais tempo do que ela presumira e, mesmo assim, ele no aparentavaestar com pressa. Espreguiando-se apoiou o brao musculoso na porta, olhando-acom aquele sorriso encantador.

    Ento? Por acaso eu a aborreci com tantas explicaes?Claire sacudiu a cabea, tentando no demonstrar o quanto estava perturbada. De forma alguma! Adorei!Parecia incrvel, mas a imagem que ela fizera de Jake desvanecera-se por

    completo. Ali estava um outro homem: bem-humorado, charmoso e agradvel. Melhordo que ningum ela sabia o quanto ele podia ser agressivo, prepotente e detestvel.Mas a nova faceta de sua personalidade lhe agradava muito.

    Voc tornou a visita muito interessante! Claire acrescentou, comsinceridade. Seria uma frustrao me hospedar numa casa dessas sem conhecer ahistria dela. Antes de vir para c, fiz algumas pesquisas sobre a Cornualha, mas emnenhum dos livros havia qualquer meno sobre o Solar Ardwennan.

    Claire interrompeu-se, mordendo o lbio. Estava falando demais, porm nopodia ficar ali parada, em silncio, ainda mais com ele olhando-a to intensamente. Tenho alguns exemplares sobre esta regio no meu escritrio disse Jake.

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    No gostaria de entrar e dar uma olhada? No queria incomod-lo mais ela respondeu, evasiva. Ser um prazer. E, antes que ela protestasse, Jake abriu a porta.

    Entre. Num instante eu localizo os livros.Deixou que ela passasse na sua frente, mas o seu fsico atltico ocupou quase

    toda a entrada e Claire, sem querer, tocou-o quando transpunha a porta."Devo estar ficando maluca!" pensou ela.Gostara daquele breve contato. Ele era muito atraente naquele estado de

    esprito e talvez fosse melhor dar o fora enquanto era tempo.Resolvendo ficar, Claire tomou a precauo de no se afastar da porta, de onde

    podia v-lo procurar os livros na estante. Raios de sol penetravam pelas vidraas,batendo em cheio sobre os cabelos negros e brilhantes de Jake.

    O olhar de Claire percorreu as pesadas poltronas de couro e o pavimento detbuas enceradas, mas voltou irresistivelmente para a bela figura do diretor. Porque ele estava to solcito e amvel? A pergunta no lhe saa da cabea, nem elaencontrava uma resposta.

    Finalmente, Jake ergueu a cabea, e com ar de satisfao levou dois grossosvolumes encadernados em couro at a escrivaninha.

    Aqui esto! D uma olhada e veja se lhe interessam. Ambos foram escritospor vigrios desta parquia. Eu os considero um pouco prolixos. Sorriu. Masvoc pode pular as partes mais tediosas.

    Claire enfim saiu de perto da porta e, com passos firmes, aproximou-se daescrivaninha.

    Obrigada. Pegou os livros que ele lhe estendia, evitando tocar nos seusdedos. Vou devolv-los o mais depressa possvel!

    Pode ler com calma. Nos prximos dois meses estarei to atarefado, que noterei tempo para consult-los. Deu a volta pela escrivaninha, apoiando-se numa dasbordas. s vezes, fico pensando se no sou um louco por ter seguido esta minhaprofisso, e mais do que isso, por gostar tanto do que fao. Acabei de rodar trsfilmes que foram sucesso de bilheteria, e que renderam um bom dinheiro tanto paramim como para a produtora. Fez uma pausa, antes de continuar: Mas se A noivanufraga for um fracasso, os crticos e os acionistas vo cair sobre mim, sem d nempiedade.

    Claire arregalou os olhos verdes e suas faces adquiriram um tom rosado. Nopodia conceber que aquilo estivesse acontecendo. Ela, Claire Grant, mantendo umaconversa amistosa e informal com Jake Svenson, na intimidade do escritrio dele!

    Precisava beliscar-se para ter certeza de que no estava sonhando! O filme vai ser um sucesso, pode ficar tranquilo. O roteiro muito bom e

    com certeza agradar a todos.Talvez fosse presuno querer animar algum to famoso e competente, masJake no pareceu incomodar-se.

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    S espero que as suas previses estejam corretas. Arqueou assobrancelhas e completou, brincalho: Mas no se preocupe, o pagamento do seucache est garantido de qualquer forma!

    No penso nisso, estou apenas apreensiva pois nunca participei de um filme etenho medo de no corresponder s expectativas.

    Ele meneou a cabea. O que posso fazer, para tranquiliz-la? Garanto que no precisa ficar to

    nervosa. Basicamente, um filme no difere muito do teatro. A nica diferena queas cmeras vo ser a sua plateia. Naturalmente no vai arrancar aplausos deningum, mas em compensao, no lhe atiraro ovos nem tomates podres! Sorriucom simpatia. Ah, e quando eu lhe pedir um bis, no quer dizer que estagradando, muito pelo contrrio! Isso significa que a cena no saiu bem.

    As palavras e o tom de voz do diretor criaram um clima de intimidade quelevaram Claire a fazer algumas confidncias:

    Sempre fico aterrorizada nas estreias, mas depois que a primeira cena saibem, continuo sem maiores problemas... segredou, pensando que fazia papel deboba. Mas, ao mesmo tempo, tinha vontade de continuar a conversa.

    Tente no se impressionar recomendou ele. Afinal, vai ser a mesmacoisa que a sua estreia no palco.

    Claire sobressaltou-se e, inadvertidamente, soltou uma risada. Sem entender,ele enrijeceu o corpo e levantou uma sobrancelha com ar interrogativo.

    Eu disse alguma coisa errada? Desculpe se fui inoportuna. Foi uma risada histrica. Ela no devia ter

    puxado aquele assunto, mas agora lhe devia uma explicao. Acontece que a minhaestreia no teatro foi um desastre. Na verdade, no por culpa minha. A produo noera das melhores e dispunha de pouco dinheiro. Alm do mais, contrataram umdiretor de quinta categoria.

    A transformao da fisionomia de Jake Svenson foi evidente. Ele readquiriuaquela expresso dura e severa, e Claire sentiu um aperto no corao. Agoraprecisaria contar toda a histria para que ele entendesse que no estava jogando aculpa de seu fracasso no diretor, como costumavam fazer as atrizes sem talento.

    Naturalmente, eu era inexperiente. Se pelo menos j tivesse atuado emalguma pea teatral, teria superado as dificuldades. Alis, seria bem melhor no teraceito aquele papel.

    Silenciou, rindo por dentro ao lembrar-se do quanto fora ingnua. O pagamentofora to pobre como a produo mas valera a pena, pois, sendo sua primeira grandechance de carreira, abrira-lhe o caminho para o estrelato.

    Era um papel insignificante Claire continuou. Eu s participava do

    primeiro ato. Tinha que andar pelo palco e fechar uma porta do cenrio. Porm, parameu azar, algum abriu simultaneamente uma das portas dos bastidores do velhoteatro e uma corrente de ar escancarou a porta falsa. Como se tudo estivesse

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    acontecendo em cmera lenta, metade das paredes do cenrio comeou adesmoronar em cima de mim.

    Meu Deus!

    Claire olhou-o de soslaio. Jake parecia estupefato e ela comeou a rir. Talvezno fosse muito correto diante das circunstncias, mas no conseguiu evitar. Naocasio, no tinha sido nada engraado. Mas, visto em retrospectiva, o incidente erahilariante.

    E o que voc fez? perguntou o diretor, num tom de voz que no deixavatransparecer seus sentimentos.

    Com grande esforo, Claire procurou controlar-se. Sem saber o que fazer, procurei segurar a parede com as mos, mas pesava

    uma tonelada, e minhas pernas no aguentavam. Felizmente, o gal da pea percebeu

    o meu apuro e veio me socorrer. Claire soltou uma risada, lembrando-se da cara doator quando se dera conta das propores do desastre. Ela concluiu: Passamos orestante do primeiro ato escorando a parede e tentando dizer nossas falas sob asrisadas da plateia. . .

    Jake agora ria abertamente. Se no estou sendo indiscreto, quem era o tal diretor? Claire. deu-lhe o

    nome. No creio que o conhea, graas a Deus! Ouvi dizer que ele agora professor de uma escola de arte dramtica. Coitados dos alunos! Mas pelo menos eles no tero problemas com cenrios.Claire ia fazer mais um comentrio jocoso quando a porta se abriu e Marianne

    Lejeune entrou no escritrio fazendo tilintar os braceletes, enquanto caminhava ato diretor. Ao chegar perto dele, abraou-o carinhosamente, os lbios sorridentes,mas os olhos faiscando com um brilho sinistro.

    Ento voc estava aqui, meu querido! Eu o procurei por toda parte e voc,tranquilamente, neste aconchego!

    Seguiu-se um profundo silncio. Claire ficou rubra. Marianne estava fazendocom que ela se sentisse culpada, o que no tinha o menor sentido. O diretor sestivera conversando com ela e nada mais. Ele tambm emudecera, como seestivesse constrangido.

    Estou interrompendo alguma coisa? perguntou Marianne, olhando bemdentro dos olhos de Jake. Se estiver, posso me retirar.

    No necessrio disse ele, finalmente. A srta. Grant e eu jterminamos.

    Querido, que histria essa de srta. Grant? Francamente, como voc antiquado! Hoje em dia todo mundo se trata pelo primeiro nome.. . e Claire umlindo nome! De minha parte, pretendo cham-la assim. Virou-se para Claire. Isto

    , se voc permitir. Naturalmente, fao questo de que me chame de Marianne.Claire forou um sorriso. Voc muito gentil. evidente que pode me chamar de Claire.

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    Marianne continuava sorridente e dengosa, mas Claire no era boba, e sentira aatmosfera pesar desde o instante em que a atriz entrara no escritrio.

    Prudentemente, encaminhou-se para a porta.

    Se me do licena...Jake levantou os olhos azuis, que estavam fixos no cho, e respondeu num tom

    seco: Fique vontade. Veremos voc mais tarde.Caire no perdeu tempo e saiu logo da sala. A mudana de atitude de Jake

    Svenson a confundira. No que ela pretendesse ter uma oportunidade para conhec-lo mais a fundo. Jamais Marianne permitiria isso, pois ela deixara claro que Jake lhepertencia.

    A grande dvida era se ele sabia disso...

    CAPTULO V

    Nas duas semanas seguintes, Claire se manteve ocupada a maior parte dotempo. Ensaios e filmagens tomavam-lhe o dia todo e noite, aps o jantar, apesardo cansao ainda ia decorar o script para o dia seguinte. De uma forma ou de outratodo o elenco se queixava daquele ritmo de trabalho. O nico que parecia incansvelera o diretor, ensaiando, dirigindo as cenas e resolvendo mil problemas de filmagens

    com invejvel energia.Naquele momento, Claire o observava discutir a prxima cena com o diretor defotografia. David Preston, o produtor, tambm estava presente. Era um homem dequase dois metros de altura mas, mesmo assim, Jake continuava a ser o centro dasatenes, pelo magnetismo que dele emanava.

    Claire sentara-se numa confortvel cadeira, perto da janela, semi oculta pelocortinado. De onde estava, podia acompanhar cada gesto e cada palavra do diretorsem o perigo de ser vista.

    Ultimamente ele vinha sendo to gentil e cooperativo, que era difcil acreditar.

    Esperara que ele mudasse sua maneira de proceder com ela aps o inesperadoaparecimento de Marianne no escritrio, mas nada acontecera.A nica advertncia ocorrera naquele dia, durante a pausa para o cafezinho,

    quando ele a chamara de lado, discretamente. No ponha tanto ardor na interpretao de Dsire nessa cena. Lembre-se

    de que ela ainda no sabe quais sos as intenes de Trellisick e, consequentemente,deve se manter mais fria e contida.

    Claire concordara, sentindo vontade de rir pelas coincidncias. Ela tambmprecisava usar de cautela com Jake, enquanto no lhe conhecesse as verdadeiras

    intenes...Passou-se mais uma semana, antes que Claire pudesse ter uma folga. Quando

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    este momento chegou, aceitou o convite de Mike para jantar no hotelzinho dovilarejo. S ento percebeu como estava envolvida por A noiva nufraga, alis comotodo o elenco, o que era um bom sinal. O fato de encarnar Dsire, e no apenas

    interpretar uma personagem de fico, chegava at a atemoriz-la.Nesse meio tempo, telefonara para a me nos Estados Unidos e vrias vezes

    para Lynn, em Londres, mas tanto os parentes como a amiga pareceram-lhe pessoasde outro planeta. A nica realidade era o filme.

    Considerou que estava trabalhando demais, e que uma noite na companhia deMike seria reconfortante. Foi aguard-lo, ansiosa, junto vidraa. Tinha caprichadona roupa e fizera um penteado alto que lhe deixava mostra o delicado pescoo.

    A noite estava clara, estrelas brilhavam no cu e uma lua cheia e prateadailuminava as praias distantes. Apesar de j estarem em fins de abril, a atmosfera

    ainda era fria, com um vento cortante a penetrar-lhe no leve e vaporoso tecido azuldo vestido, fazendo com que ela se arrepiasse.

    Logo arrependeu-se por no ter escolhido um traje mais quente. O conversvelde Mike estava longe de ser um Rolls-Royce com calefao interna, e certamente elasentiria muito frio antes de chegar ao hotel. Hesitou, mas em seguida pegou a bolsade noite e saiu do quarto.

    Mike j estava no ptio, sua espera. Ao v-la, soltou um longo assobio deadmirao, saindo do MG muito sorridente para abrir-lhe a porta.

    Voc est deslumbrante, Claire! Esta noite, serei o homem mais invejado dohotel!

    Claire corou, mas, para disfarar o embarao, sentou-se no carro fazendo umapose teatral e langorosa.

    Pode me chamar de Clepatra! Clepatra Grant... Mike fez um gesto com a cabea, como se estivesse

    considerando a possibilidade. At que voc leva jeito para mulher fatal!Rindo, ela acomodou-se melhor, pronta para desfrutar, a noite de folga. Era

    agradvel sair com Mike, pois podia relaxar e despreocupar-se. Conversaram durantetodo o trajeto at o vilarejo e Claire conseguiu desviar sua ateno dos penhacosque ladeavam a estradinha de Ardwennan, sem maiores problemas.

    Mike parou o carro no estacionamento do hotel, e ajudou-a a caminhar at aentrada principal, segurando-a pelo brao.

    O hotel era uma construo mais moderna que o solar, porm com traos tpicosda regio. Logo que transpuseram a soleira da porta, sentiram um estimulante cheirode comida.

    De fato, o jantar foi delicioso. Comeram uma excelente carne assada e legumes.A boa comida deixou-os ainda mais alegres e joviais. A risada cristalina de Claire

    ecoava pelo salo e mesmo quando ela parava de rir, seus belos cabelos ruivos e osbrilhantes olhos verdes continuavam a despertar o interesse dos presentes.Aps o caf, foram at o barzinho a fim de se juntarem a alguns membros mais

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    jovens do elenco. De incio, Claire relutou. Sem saber por que, achou que no seriabem-vinda pela turma barulhenta e risonha que estava ao redor de uma grande mesade carvalho.

    No solar, todos a tratavam com afabilidade, mas mantendo uma certa distncia,e Claire sentia falta do esprito de camaradagem que reinava entre os coadjuvantes.Afinal ela estava numa situao intermediria, no pertencendo a nenhum dos lados.De repente Peter Lister. um jovem magro e moreno que no filme fazia o papel de umdos aldees, acenou para eles.

    Mike! Claire! Venham sentar conosco!A sensao de deslocamento desapareceu, como por encanto. Todos arrastaram

    as cadeiras, abrindo espao para os recm-chegados, e Claire acomodou-se entreMike e Peter.

    Enquanto bebericava seu drinque em meio algazarra, Claire descobriu por queultimamente sentia-se to deprimida. No solar, faltava-lhe o calor humano depessoas iguais a ela, gente que por estar na mesma situao, ajudava-se mutuamente.

    Puxa! Tive uma surpresa enorme quando vi Richard Angrams, entrandonaquela sala!

    Claire estava distrada com seus pensamentos, mas a voz alegre e sonora deLesley Heath a fez prestar ateno conversa. Lesley sempre conseguia diverti-la.Apesar de possuir feies irregulares, com nariz, olhos e boca muito grandes paraseu rosto mido, exercia uma atrao sobre as pessoas pois era inteligente eespirituosa.

    Sorrindo, Peter Lister depositou seu copo de usque sobre a mesa e piscouintencionalmente para Claire.

    E o que foi que ele disse, Lesley? E, para provocar a colega, prosseguiuimitando a voz afetada do ator: Ser que ele falou: "Quem essa moa nariguda?Tirem essa mulher daqui imediatamente!"

    Lesley jogou-lhe um saquinho de pipocas por cima da mesa. Voc, hein! A jovem sacudiu a cabea de cabelos escuros e ondulados.

    No foi nada disso! Ele me olhou intensamente, dizendo: "Querida, voc muitoatraente. Aceita jantar comigo, hoje noite?"

    Claire riu junto com a turma, mas no fundo estava propensa a acreditar naquelahistria.

    Richard Angrams tinha fama de ser um mulherengo. Ela prpria tivera algunsproblemas com o astro, logo nos primeiros dias de filmagem. Ele lhe mandara florescom um convite para jantar, e ficara frustrado quando ela recusara. Claire sabia queRichard era casado, pois sua esposa telefonava para ele todos os dias.

    Lesley continuou a falar sobre Richard Angrams.

    Peter, aproveitando uma pausa da narradora, voltou a provoc-la: E como voc reagiu aos galanteios do grande astro? Por acaso, perguntou:"Voc quer que eu use a minha dentadura hoje noite, ou prefere que a deixe no

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    copo? Ser que a minha perna de pau vai atrapalhar nossa transa?"Lesley fez uma careta. Devolva j o meu saquinho de pipocas, Peter Lister. Vou atir-lo em voc!

    Tarde demais. J comi tudo. Balanou o saquinho vazio. Mas no querodeix-la irritada. Tirou uma cdula do bolso e passou-a a Lesley. Compre umsaquinho para cada um de ns! Hoje por minha conta!

    Enquanto Lesley ia comprar as pipocas, Claire aproveitou para dar uma olhadano salo. O bar, iluminado com lmpadas vermelhas, parecia-se com tantos outros queela frequentara. Mas a lareira de tijolinhos e os vasos de cobre cheio de flores, quese espalhavam pelos parapeitos das janelas, tornavam o ambiente mais aconchegante.Seus olhos contemplaram a pesada porta de carvalho rstico quando esta se abriu,dando passagem ao menos esperado dos visitantes: Jake Svenson.

    Ele estava muito elegante, de terno e gravata, por baixo de um casaco forradode peles. Por alguns instantes, ficou parado perto da porta, olhando ao redor.

    O corao de Claire bateu mais forte.Por que ele estava ali, justamente naquela noite em que ela quisera escapulir de

    Ardwennan? Talvez estivesse apenas de passagem.Que iluso! Jake aproximou-se da mesa deles ao mesmo tempo em que Lesley

    voltava com os saquinhos de pipoca. Ao v-lo a seu lado, a moa corou. O diretorsorriu-lhe distraidamente. Foi ento que Claire desconfiou que ele a procurava.Finalmente se defrontaram, e Jake a fitou de um modo estranho.

    Todos conversavam e riam alto, porm ela estava muda, sem conseguir afastaros olhos do diretor. Desde aquele dia do teste, ele a olhava de um modo perturbadore ela sempre reagia da mesma forma. Segurou o copo de bebida com tanta fora, queteve medo de quebr-lo.

    Naquele momento, Mike estava falando com uma das coadjuvantes do filme, mascom o canto do olho percebeu a confuso de Claire.

    Tudo bem com voc? perguntou ele. No est gostando da noitada?Ela levantou a cabea para responder, evitando o olhar penetrante de Jake

    Svenson: Est maravilhosa! S que estou um pouco cansada. Eu tambm disse Mike, baixinho. Alis, todos ns estamos. S Svenson

    continua firme e disposto. Nem Richard Angrams consegue super-lo em matria deresistncia fsica.

    Lesley foi a seguinte a entregar os pontos. Eu tambm estou precisando descansar!Todos riram, menos Claire, que se dirigiu a Mike muito sria: Voc poderia me levar de volta a Ardwennan?

    Claro que sim! Mike tomou o resto da cerveja. Voc est plida, Claire.Amanh domingo, aproveite e durma mais. tarde poderamos dar umas voltaspelos arredores; que tal?

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    Seria timo, Mike. Pegou a bolsa e todos reclamaram quando ela se levantou da mesa. Volte sempre disse Peter, lanando-lhe um olhar galanteador. Se Mike

    no estiver disponvel, terei o maior prazer em lhe fazer companhia.Claire enrubesceu com o aparte, vendo que Juke a observava. muita bondade sua, Peter... murmurou, encabulada. E desnecessria retrucou Mike. Eu estarei sempre disposio de

    Claire.Claire suspirou. Era ridculo que Peter e Mike estivessem discutindo por causa

    dela, ainda mais sob o olhar crtico de Jake Svenson. Ento, vamos Mike? Voc no tem necessidade de tornar a sair, Mike. Estou,, voltando para o

    Solar e posso dar uma carona srta. Grant. O tom de voz do diretor eraautoritrio, fazendo com que Claire olhasse para Mike pedindo ajuda.

    Talvez fosse tolice, mas ela no queria ficar a ss com o diretor. Havia algo naatitude dele q