artigo motor dc e pid analógico
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Modelagem e Simulação de um Controlador PID Analógico e
de Motor DC para Ajuste de Velocidade Paulo Roberto de Oliveira
Faculdade Anhanguera Educacional
Engenharia de Controle e Automação - 8º Semestre
Piracicaba SP
Resumo: O artigo tem como objetivos desenvolver a
modelagem de um Motor DC através do equacionamento
de seus parâmetros elétricos e mecânicos, e modelar um
controlador PID analógico a partir de amplificadores
operacionais com a finalidade de controlar a velocidade do
motor. Utilizando a toolbox Simulink do Matlab foram
feitas simulações para análise das respostas do sistema em
malha aberta e malha fechada, com a proposta de
controlar a variável do processo (velocidade angular)
utilizando o PID modelado.
Palavras-chave: Motor DC. Controlador PID.
Modelagem. Matlab.
1 - Introdução
Esse artigo apresenta a modelagem do motor DC e
também a modelagem de um controlador PID, com o
objetivo de simular o controle da velocidade do motor.
Silva (2006) define de modo bem simples que o
objetivo da modelagem é determinar uma representação
matemática para um determinado sistema físico, onde tal
representação recebe o nome de modelo. O autor ainda
afirma que a modelagem é uma etapa de suma
importância, tendo em vista que o êxito do projeto
dependerá do modelo criado para o sistema.
Para a obtenção dos modelos que representaram o
sistema, devemos tomar como base as leis que regem o
mesmo, ou seja, em um sistema mecânico devemos
utilizar as leis de Newton, em sistemas elétricos as leis
de corrente e tensão de Kirchoff (FARINA, 2009).
2 - Materiais e Métodos
Nessa etapa serão apresentados os materiais e
métodos utilizados no projeto. Uma revisão bibliográfica
baseada em artigos científicos foi apresentada com o
intuito de descrever um breve conhecimento a respeito
dos materiais e das metodologias aplicadas.
2.1 – Materiais
Foram utilizados para os testes o motor DC Bosch
FPGA de 12 volts, o controlador PID analógico
desenvolvido a partir de amplificadores operacionais e
software Matlab/Simulink.
2.1.1 - Matlab/Simulink.
A modelagem do motor e do controlador PID
analógico foram simuladas no software Matlab 7.8,
utilizando a toolbox Simulink.
A primeira versão do Matlab foi escrita nas
Universidades do Novo México e Stanford, na década de
1970, e destinava-se a cursos de teoria matricial, álgebra
linear e análise numérica. Os pacotes para manipulação
de sub-rotinas em FORTRAN, denominados LINPACK
e EISPACK, foram os precursores do Matlab (ALVES,
et.al., 2007).
O Matlab é um software de alto desempenho
utilizado para cálculos numéricos, permitindo a
realização de várias aplicações tais como:
Análise numérica;
Análise de dados;
Cálculo matricial;
Processamento de sinais;
Análise de gráficos (GASPAR e SANTO, 2003).
Já o Simulink é uma extensão gráfica do Matlab
utilizado na simulação dinâmica de sistemas. A fim de
facilitar a definição do modelo, o Simulink fornece
ferramentas gráficas de edição de blocos, onde o modelo
é criado (SIMÕES, 1994).
2.1.2 - Motores DC
Motores elétricos são conversores eletromecânicos
que transformam energia elétrica em energia mecânica,
através do principio do eletromagnetismo. Os motores
elétricos são divididos em corrente alternada (AC) e
corrente contínua (DC) (RAMOS, 2005).
Figura 1 - Motor Bosch DC GPA 24 V 650 W
Fonte: Bosch Motors
Motores DC são sistemas dinâmicos extremante
empregados em sistemas robóticos, em sistemas de
propulsão de veículos elétricos/híbridos e em robôs
aéreos[1]
.
Torres (2004) menciona que há anos atrás os motores
do tipo AC eram os mais utilizados para fins de controle.
Segundo esse mesmo autor, com o passar dos anos os
motores AC começaram a ser substituídos pelos motores
DC, mesmo estes apresentando um alto custo e constante
manutenção, porém tendo como principais vantagens
maior facilidade de controle (principalmente de posição)
e características mais lineares.
Segundo Ramos (2005), os motores DC são
acionados por uma fonte de corrente contínua, e são
normalmente utilizados em processos onde se faz
necessário um fino controle de velocidade. Os motores
DC são divididos em:
Motores com imãs permanentes;
Motores Série;
Motores em Derivação;
Motores Compostos.
Os desenvolvimentos das técnicas de acionamento de
corrente alternada e a viabilidade econômica tem
favorecido a troca dos motores DC pelos motores AC
com acionamento por inversores, mas apesar disso, o
motor DC ainda se torna a melhor opção para várias
aplicações, tais como:
Elevadores;
Prensas;
Mesas de teste de motores
Extrusoras.[2]
___________________________________________________ [1] Controlador PID Analógico para Controle de Velocidade de
Motores DC
[2] Manual Técnico de Motores De Corrente Contínua Siemens
As principais vantagens e desvantagens de um
motor DC segundo Adans (2006) são as seguintes:
Principais Vantagens:
Operação em quatro quadrantes com custos
relativamente baixos;
Ciclo contínuo mesmo em baixas rotações;
Alto torque na partida mesmo em baixas
rotações;
Ampla variação de velocidades;
Facilidade em controlar as velocidades.
Principais Desvantagens:
Custo elevado (dependendo da aplicação);
Grande necessidade de manutenção;
Arcos e faíscas devido à comutação de corrente
por elemento mecânico;
Tensão entre lâminas não pode exceder 20V, ou
seja, não pode ser alimentado com tensão
superior a 900V;
Necessidade de medidas especiais de partida,
mesmo em máquinas pequenas.
2.1.3 - Controlador PID
Dillenburg (2003) define o controlador PID
(Proporcional, Integral, Derivativo) como sendo uma
técnica de controle de processos, onde as ações
derivativa, integral e proporcional são unidas fazendo
com que o sinal do erro seja minimizado pelo
proporcional, zerado pelo integral e obtido com uma
velocidade antecipada pelo derivador.
Os controladores PID podem se digitais ou
analógicos. No experimento foi utilizado um PID
analógico, desenvolvido com amplificadores
operacionais (amp-ops).
De acordo com Nicolett (2005), amplificadores
operacionais são dispositivos versáteis que podem ser
utilizados em várias aplicações na eletrônica. O autor
destaca que a principal aplicação dos amp-ops é realizar
operações matemáticas, tais como integração,
diferenciação, soma, multiplicação/amplificação, mas
tais operações são possíveis quando o amplificador
estiver operando na região linear (ativa).
A entrada dos amp-ops pode ser inversora, não
inversora e diferencial (as entradas inversoras e não
inversoras são utilizadas simultaneamente). São
amplificadores de acoplamento direto, que utilizam
realimentação para o controle das suas características.
As principais características dos amp-ops são:
Ganho de tensão elevado;
Alta impedância de entrada;
Baixa impedância de saída (VEGA, 2004)
O circuito analógico do controlador PID que utiliza
os amp-ops constitui-se basicamente de um estágio
amplificador (ação proporcional), um estágio onde são
implementadas as funções de integração e derivação
(ações integral e derivativa) e um estágio final onde estas
ações são somadas (SILVA, 2003).
Figura 2 - Representação Elétrica do Controlador PID Analógico
(Esquema elétrico desenvolvido no Electronics Workbench)
2.2 - Métodos
Antes de se fazer a modelagem do sistema, devemos
ter como base as leis que regem tal sistema.
Primeiramente definiremos a caracterização do motor
DC, ou seja, apresentaremos seus parâmetros elétricos e
mecânicos.
Todas as fórmulas e cálculos apresentados foram
retirados de notas de aula e práticas de laboratório da
matéria de modelagem e análise de sistemas.
2.2.1 - Modelagem do Motor DC
A figura abaixo apresenta a representação elétrica do
motor.
Figura 3 - Representação do Motor DC
Parâmetros Elétricos
Ra: Resistência de Armadura
La: Indutância de Armadura
Ia: Corrente de Armadura
Va: Tensão de Armadura
Parâmetros Mecânicos
J: Momento de Inércia
β: Constante de Atrito Viscoso
Tendo definido os parâmetros do motor, o próximo
passo é aplicar as leis de Kirchoff (elétrica) e Newton
(mecânica) para determinarmos as equações do motor,
com o objetivo de determinarmos a sua Função de
Transferência.
Equação 1 - Elétrica
Onde:
Ke: Constante Elétrica do Motor
ω: Velocidade Angular do Eixo
Ra: Resistência de Armadura
ia: Corrente de Armadura
La: Indutância de Armadura
Equação 2 - Mecânica
Depois de termos determinado as duas equações,
devemos aplicar a Transformada de Laplace nas
mesmas. Com isso saímos do domínio do tempo e
entramos no domínio da freqüência. A função de
transferência de qualquer sistema é uma relação entre a
saída e a entrada do sistema.
Função de Transferência do Motor DC
Como modelo para testes de laboratório foi
utilizado um Motor DC Bosch FPGA de 12 volts, e após
esses testes foram definidos os valores dos parâmetros
elétricos e mecânicos desse motor. Seguem abaixo os
valores:
Kt = 0.0144214 N m/A;
Ke = Kt
Ra = 1.9 Ω
La = 2.5 10-3
H
J = 310 10-9
Nms2/rad
B = 7.5 10-6
Nms/rad
a = La/Ra = 1.31578 1o-3
b = J/B = 310 10-9
/7.5 10-6
= 0.04133
m = (RA J)/(Ke Kt) = 2.832 10-3
Aplicando esses valores na função de transferência do
motor, temos a FT simplificada, e através dela podemos
fazer as simulações no Matlab e Simulink. Segue a
Função de Transferência:
2.2.2 - Modelagem do Controlador PID analógico
O controlador PID analógico é composto por
amplificadores operacionais.
Função de Transferência do Controlador PID
Em sistemas contínuos a função de transferência do
controlador PID analógico descreve-se da seguinte
forma:
Como o sinal de saída do PID é a soma de cada
parcela podemos reescrever a equação da seguinte
maneira:
A seguir o controlador PID analógico será dividido
por partes onde será descrito também a Função de
Transferência de cada componente.
Subtrator
Função de Transferência do Subtrator
Derivador
Função de Transferência do Derivador
Onde:
R9 = 10 KΩ
C2 = 1 μF
Integrador
Função de Transferência do Integrador
Onde:
R8 = 2 KΩ
R7 = 100Ω
C1 = 1μF
Proporcional
Função de Transferência do Proporcional
3 - Resultados Simulados
A principal finalidade de se modelar um sistema
dinâmico é ter a possibilidade de analisá-lo prevendo
possíveis erros, encontrar os valores dos parâmetros
necessários. Com esse intuito, faremos a simulação do
motor DC e do controlador PID analógico.
3.1 - Comparativo das Respostas do Sistema em
Malha aberta e Malha fechada
No sistema de malha aberta não ocorre a
realimentação, ou seja, o sinal de saída não interfere no
controle do processo.
Figura 4 - Sistema em Malha Aberta
Na figura abaixo se apresenta a resposta do sistema
em malha aberta a uma entrada Degrau de 12 volts.
Figura 5 - Resposta do sistema em malha aberta a uma entrada degrau
Como percebemos, em malha aberta o sistema não
atinge o valor determinado como referência (12 volts),
estabilizando em aproximadamente 5 volts.
Já no sistema de malha fechada, o sinal de saída é
comparado à referência para que ocorra o controle do
processo.
Figura 6 - Sistema em Malha Fechada
Agora analisaremos a resposta do sistema em malha
fechada, aplicando a mesma entrada degrau de 12 volts.
Os parâmetros do derivador e do integrador do PID
ficaram fixados em suas FT’s, portanto a regulagem do
controlador se dará apenas através do ganho
proporcional.
Primeiramente aplicaremos um ganho de 500 no
Proporcional e analisaremos a resposta.
Figura 7 - Resposta à entrada Degrau de 12 Volts - Ganho = 500
Interpretando a resposta do motor, notamos que o
tempo de subida é consideravelmente grande, fazendo
com que o motor demore a alcançar a referência
desejada. O sinal se estabiliza em aproximadamente
11,94 volts, apresentando um erro de regime permanente
de aproximadamente 60 mili-volts. Deve-se notar
também que não ocorre um sobre-sinal.
Outra importante análise que podemos fazer é a
respeito do erro. No tempo que o motor leva para sair da
inércia até começar a se aproximar do sinal de referência
o erro é grande, porém no instante em que o sinal de
saída real se aproxima da estabilidade o erro diminui,
tendendo a zero.
Após vários testes, aplicando diversos valores de
ganho no Controlador Proporcional, encontramos um
sinal de saída satisfatório, aplicando um ganho de 2400.
Figura 8 - Resposta à entrada Degrau de 12 Volts - Ganho = 2400
Figura 9 - Instante de Pico e Erro de Regime Permanente
Figura 10 - Erro (Referência -Valor Real)
Com o ganho anterior nosso sistema estabilizava em
11,94 volts. Ao aumentarmos o ganho para 2400
melhoramos o tempo de subida (figura 8) e
aproximamos ainda mais nosso sinal real da referência,
isso com apenas um leve sobre-sinal, como indicado na
figura 9. Na tabela abaixo estão descritos alguns
resultados importantes obtidos nessa simulação:
Tempo de Subida 17,2 ms
Tempo de Acomodação 2,5 ms
Máximo Sobre-sinal 12,0043 V
Instante de Pico 18,2 ms Erro de Regime Permanente 12 mV
Tabela 1 - Resultados Medidos na Simulação
A figura 10 nos apresenta o erro do sistema, que
como vemos apresenta um pico negativo. Isso ocorre
pelo fato do valor real apresentar um sobre-sinal, ou seja,
o valor está acima do valor de referência.
Matematicamente ficaria assim:
3.2 - Resposta do Sistema a uma Onda Senoidal -
Análise de Erro
Para finalizarmos nossos resultados aplicaremos uma
onda senoidal na entrada do nosso sistema. Para esse
teste os parâmetros do controlador serão mantidos. Na
primeira simulação os parâmetros do gerador de ondas
estão configurados com uma amplitude de 12 volts e
com uma freqüência de 10 rad/s. Na segunda Simulação
mantermos a amplitude de 12 volts, alterando a
freqüência para 1 rad/s.
Figura 11 - Onda Senoidal - f = 10 rad/s
Figura 12 - Erro Relativo a f = 10rad/s
Figura 13 - Onda Senoidal - f = 1rad/s
Figura 14 - Erro relativo a f = 1rad/s
Analisando as duas respostas do motor, notamos que
a freqüência é diretamente proporcional ao erro, ou seja,
na primeira simulação com uma freqüência de 10 rad/s
apresentou-se um erro de aproximadamente 50%.
Quando a passamos a freqüência para 1 rad/s, o erro
passou para aproximadamente 5%.
Para comprovar realmente essa teoria, utilizaremos
uma freqüência relativamente pequena de 0,1 rad/s.
Figura 15 - Erro Relativo a f = 0,1rad/s
Com essa configuração o erro apresentado é de 13
mV. Como podemos ver ao diminuir a freqüência o erro
tende à zero.
4 - Conclusão
O controlador PID analógico simulado nesse trabalho
se mostrou muito preciso no controle do motor DC. Em
todas as simulações, obtivemos bons sinais de saída com
o ganho proporcional variando de 1500 a 2400, tendo
essa ultima configuração apresentado o melhor
resultado. Também podemos concluir que ao aplicamos
na entrada do sistema uma onda senoidal, a freqüência
dessa onda estará diretamente ligada ao erro do sinal de
saída. Com freqüências baixas o controlador se mostrou
mais eficaz, apresentando erros milesimais.
5 - Trabalhos Futuros
Implantar em nosso sistema de controle um
Modulador PWM (modelação de largura de pulso).
6 - Agradecimentos
A Deus.
A minha esposa pela ajuda e compreensão.
Ao Professor Rafael pelos conhecimentos passados e
pela paciência na orientação deste trabalho.
7 - Referências Bibliográficas
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