andrade. implantacao e manejo de trilhas

16
Manual de Ecoturismo de Base Comunitária Ferramentas para Todos os direitos reservados. Parte integrante do livro Manual de Ecoturismo de Base Comunitária: ferramentas para um planejamento responsável, do WWF-Brasil. Para conhecer os outros capítulos do Manual, o método de elaboração, os projetos parceiros e demais informações sobre este livro, visite o site do WWF-Brasil – www.wwf.org.br. SECÇÃO 2 IMPLEMENTAÇÃO RESPONSÁVEL: instrumentos para desenvolvimento físico, educação e capacitação CAPÍTULO 2.6 Implantação e manejo de trilhas Autor: Waldir Joel de Andrade PARCERIA: APOIO: Ferramentas para um planejamento responsável Arquivo pdf com 248 k 140 páginas, capa e verso da capa

Upload: raquel-francisco

Post on 02-Oct-2015

213 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

trabalho sobre trilhas

TRANSCRIPT

  • Manual deE c o t u r i s m ode BaseComunitria

    Ferramentas para

    Todos os direitos reservados. Parte integrante do livro Manual de Ecoturismo de Base Comunitria: ferramentas para um planejamento responsvel, do WWF-Brasil.

    Para conhecer os outros captulos do Manual, o mtodo de elaborao, os projetos parceiros e demais informaes sobre este livro, visite o site do WWF-Brasil www.wwf.org.br.

    SECO 2IMPLEMENTAO RESPONSVEL:instrumentos para desenvolvimento fsico, educao e capacitao

    CAPTULO 2.6Implantao e manejo de trilhasAutor: Waldir Joel de Andrade

    PARCERIA:

    APOIO:

    Ferramentas para um planejamento responsvel

    Arquivo pdf com 248 k140 pginas, capa e verso da capa

  • MANUAL DE ECOTURISMO DE BASE COMUNITRIAFERRAMENTAS PARA UM PLANEJAMENTO RESPONSVEL

    Publicao do Programa de Turismo e Meio Ambiente do WWF-Brasil

    FICHA TCNICA

    Organizadora do Manual Sylvia Mitraud

    Autores Anna Paula Santos, Ariane Janer, GilbertoFidelis, Jane Vasconcelos, Johan van Lengen,Leandro Ferreira, Marcos Borges, Max Dante,Monica Coruln, Roberto Mouro, SrgioSalazar Salvati, Sylvia Mitraud, TimothyMolton, Vernica Toledo, Waldir Joel deAndrade.

    Edio TcnicaRobert Buschbacher, Srgio Salazar Salvati,Sylvia Mitraud, Leonardo Lacerda

    Coordenador do Programa de Turismo e MeioAmbiente do WWF-BrasilSrgio Salazar Salvati

    Coordenao das Oficinas Sylvia Mitraud

    Consultores do ProjetoJane Vasconcelos, Roberto Mouro, VernicaToledo, Waldir Joel de Andrade, Ariane Janer,Gilberto Fidelis, Marcos Martins Borges

    Coordenao EditorialAlexandre Marino - Varanda Edies Ltda

    Projeto Grfico, capa e edio em pdfPaulo Andrade

    Fotos da capa:Srgio Salazar Salvati

    Tiragem: 3.000 exemplaresNovembro de 2003

    Esta publicao, "Manual de Ecoturismo de Base Comunitria: ferramentas para um planejamento responsvel pu-blicada com o apoio da USAID - Agncia dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional - com sede naEmbaixada Americana no Brasil, nos termos do acordo n 512-0324-G-00-604. As opinies expressas do(s) autor(es)no necessariamente refletem as opinies da Agncia dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional.

    Esta publicao contou com o apoio da Kodak Company, USA, nos termos do acordo de cooperao tcnica celebra-do para apoio ao desenvolvimento dos projetos do Programa de Ecoturismo de Base Comunitria do WWF-Brasil. Asopinies expressas do(s) autor(es) no necessariamente refletem as opinies da Kodak Company.

    A viabilidade desta publicao contou com a participao da Companhia Suzano de Papel e Celulose, por meio deconvnio de parceria entre o WWF-Brasil e o Instituto Ecofuturo. As opinies expressas do(s) autor(es) no necessa-riamente refletem a opinio desta Companhia.

    Publicado em papel Reciclato - 100% reciclado

    M294e Manual de Ecoturismo de Base Comunitria: ferramentas para um planejamen-to responsvel. /

    [Organizao: Sylvia Mitraud] - [Braslia]: WWF Brasil, c2003. 470p.: il. Color. ;21x14 cm.

    BibliografiaISBN: 85-86440-12-4

    1. Ecoturismo - Brasil. 2. Turismo Comunitrio. 3. Metodologia de Planejamento e Gesto Ecoturismo. 4. Capacitao Comunitria. 5. Conservao.

    CDU 504.31

  • 6247

    I. OBJETIVO

    O objetivo deste captulo apresentarsubsdios para a capacitao emtcnicas de levantamento, mapea-mento, implantao e manuteno de tri-lhas, observando-se as peculiaridades doecossistema e da cultura local.

    II. INTRODUO CONCEITUAL

    A principal funo das trilhas sempre foia de suprir a necessidade de deslocamento.No entanto, pode-se verificar que ao longodos anos houve uma alterao de valoresem relao s trilhas.

    De simples meio de deslocamento, astrilhas surgem como novo meio de contatocom a natureza. A caminhada incorpora umnovo sentido e recebe um grande nmerode adeptos.

    Atualmente uma das principais ativ i-dades em ecoturismo a caminhada em tri-lhas e suas variantes. As trilhas oferecemaos visitantes a oportunidade de desfrutarde uma rea de maneira tranqila ealcanar maior familiaridade com o meion a t u ral. Trilhas bem construdas e devida-mente mantidas protegem o ambiente doimpacto do uso, e ainda asseguram aos visi-tantes maior conforto, segurana e satis-fao. Tero papel significativo na im-presso que o visitante levar sobre a rea ea instituio que a gerencia.

    Aps mais de 50 anos de criao doprimeiro Parque Nacional, o Brasil no temainda um sistema nacional ou estadual de

    trilhas em unidades de conservao devida-mente implantado.

    As trilhas existentes, principalmente delonga distncia, no recebem manutenoadequada, quase todas sofrem o problemade eroso e h pontos crticos com relao segurana. Surgem no se sabe de onde efreqentemente desaparecem, tomadas pelomato, devido ao desuso. Algumas aindaapresentam bifurcaes que no levam alugar algum. Some-se a isso a constanteausncia de mapas, sinalizao e meiosinterpretativos.

    Este captulo oferece orientaes paraauxiliar tcnicos, proprietrios e gestores deunidades de conservao de todos os tipos ano incorrerem na mesma falha.

    Com o desenvolvimento adequado detrilhas e o aumento da conscincia de quetrilhas em unidades de conservao ou ou-tras reas onde se pratica o ecoturismo noso apenas picadas improvisadas, espera-seque no s novas reas sejam abertas deforma correta, mas tambm que seja reme-diada a situao das reas desenvolvidas deforma incorreta.

    III. CAIXA DE FERRAMENTAS

    Esta seo tratar dos seguintes tpicos:

    1. Classificao de trilhas.2. Impactos ambientais decorrentes

    da implantao e uso de trilhas.3. Planejamento de trilhas.4. Implantao.5. Manuteno.

    6. Implantao e manejo de trilhas

    Waldir Joel de Andrade

    GESTO INTEGRADA

  • 248

    MANUAL DE ECOTURISMO DE BASE COMUNITRIA Ferramentas para um planejamento responsvel

    1. Classificao de trilhas

    Podemos classificar as trilhas quanto funo, forma e grau de dificuldade.r Quanto funo

    As trilhas so utilizadas em serviosadministrativos normalmente por guardasou vigias, em atividades de patrulhamento(a p ou a cavalo) ou pelo pblico visi-tante, em atividades educativas e/ou recrea-tivas. Nestes casos, podem ser divididas emtrilhas de curta distncia, as chamadas "tri-lhas interpretativas" (Nature Trails) ou de tri-lhas selvagens e de longa distncia(Wilderness Trails).

    Trilhas de curta distncia apresentamcarter recreativo e educativo, com progra-mao desenvolvida para interpretao doambiente natural. J as de longa distnciavalorizam a experincia do visitante quebusca deslocar-se por grandes espaos sel-vagens, como as viagens de travessia pelaregio. Um exemplo clssico em nosso pas a travessia Petrpolis Terespolis, atravsdo Parque Nacional de Serra dos rgos, noRio de Janeiro. Lembra-se que a interpre-tao ambiental deve ocorrer nos dois tiposacima citados, mudando-se apenas os meios(ver captulo Interpretao Ambiental).

    r Quanto formaa) Trilha Circular

    A trilha circular oferece a possibilidadede se voltar ao ponto de partida sem repetiro percurso no retorno. Pode-se tambmdefinir um sentido nico de uso da trilha, oque permite que o visitante faa o percursosem passar por outros visitantes no sentidocontrrio (FIG. 1).

    b) Trilha em OitoEssas trilhas so muito eficientes em

    reas limitadas, pois aumentam a possibili-dade de uso desses espaos (FIG. 2).

    b) Trilha LinearEsse o formato de trilha mais simples e

    comum. Geralmente seu objetivo conectar

    o caminho principal, quando j no oprprio, a algum destino como lagos,c l a r e i ras, cavernas, picos etc.. Apresenta asd e s vantagens do caminho de volta ser igualao de ida e a possibilidade de passar por ou-tros visitantes no sentido contrrio (FI G. 3).

    d) Trilha em AtalhoEsse tipo de trilha tem incio e fim em

    diferentes pontos de uma trilha ou caminho

    6

    1 FIG. 1 Trilha circular

    1 FIG. 2 Trilha em oito

    1 FIG. 3 Trilha linear

    Trilha

    Estrada

    Trilha

    Estrada

    Trilha

    Lago

    Pico, caverna, etc

    Estrada

  • 249

    Implantao e manejo de trilhas IMPLEMENTAO RESPONSVEL

    principal. Apesar do nome, o objetivo natrilha em atalho no cortar caminho,mas sim mostrar uma rea alternativa tri-lha ou caminho principal (FIG. 4).

    r Quanto ao grau de dificuldadeEsse tipo de classificao subjetivo,

    pois independentemente da presena deacidentes geogrficos, de desnveis de alti-tude e da qualidade topogrfica do terreno,o grau de dificuldade varia de pessoa parapessoa, dependendo do condicionamentofsico e peso da bagagem (mochila) carrega-da. A classificao do grau de dificuldadede trilhas distinto para trilhas guiadas etrilhas auto-guiadas (ver captulo I n t e r -pretao Ambiental).

    a) Trilhas guiadasGeralmente a classificao para trilhas

    guiadas elaborada utilizando-se combi-naes de letras (variando de A a E) enmeros (de 1 a 3), aquelas referindo-se aonvel tcnico e estes intensidade, no ne-cessariamente nessa ordem.

    Atualmente, no Brasil, esse tipo de clas-sificao usado por empresas especiali-zadas em turismo de aventura, onde a maiorparte dos programas dizem respeito s cami-nhadas. Em 1997 a Free Way Adventures,uma das maiores operadoras do Brasil, ado-tava a seguinte classificao:

    Quanto intensidade:A Leve

    B RegularC Semi-pesada

    Quanto ao nvel tcnico:1 Fcil2 Com obstculos naturais3 Exige habilidade especfica

    Nos Estados Unidos, o Mountain Travel(1985) considera o seguinte:

    Quanto intensidade:1 Fcil2 Moderada3 Difcil

    Quanto ao nvel tcnico:A Fcil, necessrio apenas

    boa sade.B Requer atividade fsica como

    caminhada de 3 a 7 horas ao dia.C Caminhadas equivalentes a B

    s que acima de 4.500m, o que requer melhor condicionamento fsico.

    D Grande condicionamento fsico, com experincia bsica de montanhismo.

    E necessria comprovada experincia de pelo menos trs anos no tipo de expedio.

    Como se pode ver, apesar de em ambosos casos se utilizar tanto letras quantonmeros para a classificao, a interpre-tao atribuda a cada um varia. Assim, importante que ao adotar uma escala declassificao das trilhas quanto ao grau dedificuldade, anote-se os padres adotadospara cada nvel da escala.

    b) Trilhas auto-guiadasNos casos apresentados acima, deve-se

    c o n s i d e rar sempre a presena do guia.Quando isso no ocorre, nas caminhadasauto-guiadas, o grau relativo de dificuldade outro. Tendo em vista essa possibilidade,apresenta-se uma classificao baseada naexperincia e vivncia deste autor junto a

    6

    1 FIG. 4 Trilha em atalho

    Trilha

    Estrada

  • 250

    MANUAL DE ECOTURISMO DE BASE COMUNITRIA Ferramentas para um planejamento responsvel

    grupos excursionistas nacionais:

    1 Caminhada leve.2 Caminhada semi-pesada.3 Caminhada pesada.

    Nessa classificao leva-se em conta ocomprimento da trilha, caractersticas dorelevo, necessidade ou no de acampar,caractersticas de sinalizao e a existnciade mapas ou roteiros.

    importante indicar o grau de dificuldade

    das trilhas antes do incio do passeio.

    No ato da venda deve-se deixar claro

    a indicao do grau de dificuldade.

    possvel tambm se demonstrar

    em um painel j no incio da trilha e nos

    materiais de divulgao, como folhetos.

    Deve-se elaborar um croqui do percurso,

    do comprimento e do tempo para

    percorr-la e o perfil das variaes

    de altitude, para que o ecoturista saiba,

    alm da distncia a percorrer, o quanto vai

    subir e descer durante a caminhada.

    2. Impactos ambientais decorrentes daimplantao e uso de trilhas

    A s trilhas representam uma interfernciado homem na natureza. Provocam tantoimpacto fsico como visual, sonoro e decheiro. Ao mesmo tempo, restringem essainterferncia a um nico e delimitado itine-rrio. Usualmente, as trilhas para ecoturis-mo passam por ambientes naturais frgeisou carentes de proteo. Os efeitos que umatrilha causa no ambiente ocorrem principal-mente na superfcie da trilha propriamentedita, mas a rea afetada pode ser de ummetro a partir de cada lado.

    H quatro elementos ambientais sobinfluncia direta do uso de trilhas:

    a) SoloH pelo menos dois fatores de alterao

    do solo decorrentes da utilizao de trilhas:compactao e eroso. O efeito do pisoteioproduz um impacto mecnico direto, queresulta na exposio das razes das rvores,causando riscos de doenas e quedas, e nadiminuio da capacidade de reteno dear e absoro de gua, alterando a capaci-dade do solo de sustentar a vida vegetal eanimal associada.

    Eroso um processo natural que causagraves problemas em reas onde existemtrilhas, principalmente em regies monta-nhosas. A eroso depende do tipo de solo,da topografia e do padro de drenagem darea. A alterao e eliminao da vegetaoe o pisoteio facilitam o processo de eroso.

    As trilhas alteram ainda o padro deescoamento da gua na regio. Por estarcom a superfcie limpa, o solo absorvemenor quantidade de gua, por isto escorrecom maior velocidade devido ausncia deobstculos. A gua provoca o deslocamentode partculas, aumentando a eroso. Quantomaior a inclinao do terreno, maior avelocidade da gua e maior a quantidade departculas deslocadas.

    b) VegetaoA presena de uma trilha provo c a

    mudanas na composio da vegetao aoredor. Quando uma trilha aberta h alte-rao da luminosidade disponvel, o quefacilita o crescimento de plantas tolerantes luz. O constante pisoteio na trilha acabadestruindo as plantas por choque mecnicodireto e pela compactao do solo. A erosodo solo expe as razes das plantas, dificul-tando sua sustentao e facilitando a conta-minao por pragas. Os caminhantes tam-bm trazem novas espcies para dentro doecossistema, principalmente gramneas eplantas daninhas em geral.

    c) FaunaO impacto de trilhas em relao fauna

    ainda no bem conhecido. Provavelmentedeve haver uma alterao no nmero de

    6

  • 251

    Implantao e manejo de trilhas IMPLEMENTAO RESPONSVEL

    i n d ivduos de cada espcie, isto , umaumento no caso de espcies tolerantes presena humana e uma diminuio paraaquelas mais sensveis. Quando detectadoum grave distrbio potencial na fauna, taiscomo em refgios ou reas de ninhais, emdecorrncia do uso de trilhas, pode-se alte-rar o traado ou mesmo fechar a trilha (vercaptulo M o n i t o ramento e Controle deImpactos de Visitao). O fechamento podeser total (a trilha deixa de ser usada) ou par-cial (a trilha deixa de ser usada somente emperodos crticos, como pocas de repro-duo). A multiplicao de trilhas podeainda fragmentar a rea, interferindo direta-mente no deslocamento e na dinmica daspopulaes animais.

    d) Outros fatores antrpicosLixo, incndios, vandalismos e coleta de

    materiais so problemas comuns associados utilizao das trilhas. Os ecoturistasdevem ser orientados a trazer de volta o lixoproduzido durante a caminhada, evitarqualquer prtica que possa provocar incn-dios, bem como no coletar materiais natu-rais durante a caminhada e muito menosdepred-los.

    O captulo Monitoramento e Controle deImpactos de Visitao apresenta um mtodopara manter os impactos causados pelo usode trilhas em reas naturais dentro de limitesaceitveis.

    3. Planejamento de trilhas

    r TraadoUm dos objetivos de trilhas de uso pbli-

    co em reas naturais manter o ambienteestvel e proporcionar ao visitante a oportu-nidade educativa e recreativa, com segu-rana e conforto.

    As trilhas devem encorajar o visitante ap e rcorr-las por serem reconhecidas comocaminho mais fcil, que evita obstculos eminimiza o dispndio de energia. Pa ra tanto,d e vem manter uma regularidade e con-tinuidade de seu trajeto, porm sem mono-tonia, evitando ainda mudanas bruscas de

    direo e sinalizao. Obstculos comop e d ras, rvores cadas e poas de lamad e vem ser prontamente corrigidos ou adap-tados, pois provocam a abertura de desvios.

    O planejamento de trilhas deve levar emco n s i d e rao fatores como variao climti-ca, em funo das estaes do ano; infor-maes tcnicas (levantamentos, mapas,f o t o g rafias, etc.) disponveis sobre a regio; aprobabilidade de volume de uso futuro; e asc a ractersticas de drenagem, solo, ve g e-tao, hbitat, topografia, uso e exeqibili-dade do projeto. Caractersticas histricas ec u l t u rais devem ser pesquisadas e ressal-tadas, a fim de otimizar as informaes e dardimenso educacional s trilhas.

    A concepo e desenho de uma trilhadependem tambm do acesso (como sechega at a trilha), necessidade de esta-cionamento (existncia ou no e tamanhodos estacionamentos) e do tipo de uso queela suportar (caminhada apenas, passeio acavalo, bicicleta, grupos escolares, etc.).Antes de uma trilha ser traada, o tipo depblico-alvo preferencial dever ser identifi-cado (este aspecto deve ser refletido dentrodo contexto de planejamento maior da rea ver captulo Planejamento Integrado e deplanejamento para a interpretao ambien-tal ver captulo de mesmo nome).

    Todos estes fatores influenciaro nacapacidade de carga da trilha, que deverser definida para averiguar a viabilidade dese desenvolver a trilha. A capacidade decarga de uma trilha a quantidade de visi-tas que ela pode suportar sem que isso gereimpactos inaceitveis ao meio ambiente (vercaptulo M o n i t o ramento e Controle deImpactos de Visitao).

    Tanto quanto possvel, as reas atraves-sadas pelas trilhas devem apresentar grandediversidade biolgica, climtica e topogrfi-ca. Um dos problemas do desenho de trilhas a variao de nvel, pois as subidas soprejudicadas pela eroso causada pelagua. O sistema de drenagem deve assegu-rar que a gua escoe pelas laterais da trilha,evitando que a direo da gua seja amesma da trilha.

    6

  • 252

    MANUAL DE ECOTURISMO DE BASE COMUNITRIA Ferramentas para um planejamento responsvel

    Uma ascenso moderada pode ser con-seguida por meio de um traado emziguezague, com curvas espaadas, paraque uma no seja visvel de outra, de modoa evitar que as pessoas cortem caminho.

    PLANEJAMENTO DE UM SISTEMADETRILHAS EM UMA MESMA REA

    Nos casos de unidades de conservao

    como parques, geralmente h potencial

    e necessidade de mais de uma trilha.

    Mesmo que j haja vrias trilhas em uso,

    a adequao e melhoria de trilhas

    existentes, e especialmente a abertura

    de novas trilhas, devem ser precedidas

    de um planejamento conjunto de toda

    a rea, como um sistema de trilhas.

    Assim, possvel propiciar o acesso a uma

    diversidade de pblicos-alvo e a maior

    variedade de ambientes e atrativos da rea,

    com possibilidade de realizar atividades

    diferentes sem que haja sobrecarga

    do ambiente ou conflitos entre visitantes

    devido aos objetivos de uso diversos

    (ver captulo Planejamento Integrado).

    p Levantamento de trilhasUma vez definido o traado, deve-se

    realizar o levantamento da trilha, ou seja, amedio de diversas variveis para toda aextenso da trilha. Os resultados do levanta-mento podem, por vezes, levar necessi-dade de alterao do traado da trilha.

    O levantamento feito por trechos datrilha, e geralmente envolve o trabalho deduas pessoas. Para definir o tamanho do tre-cho, uma das pessoas (A) coloca-se nocomeo da trilha e a outra (B) vai cami-nhando pela trilha at que:

    r Haja uma mudana acentuada de dire-o na trilha, de forma a que A no maispossa ver B. Em locais descampados, necessrio que A imagine um ambiente

    de mata, e pense se nestas circuntnciasainda poderia ver B.

    r Haja uma mudana acentuada dedeclividade (inclinao) na trilha, tantoascendente (termina uma descida ecomea uma subida; ou a trilha del i g e i ramente inclinada passa a forte-mente inclinada; ou ainda de fortementeinclinada passa a levemente inclinada)quanto descendente (termina uma subi-da e comea uma descida).

    Quando uma ou ambas as condiesacima ocorrerem, B interrompe a caminha-da e A e B comeam, no trecho delimitado,o levantamento das variveis apresentadasabaixo. Ao terminar o levantamento do tre-cho, A coloca-se no ponto onde B estava, eeste ltimo caminha at a identificao deum novo trecho.

    Este processo seguido at que toda atrilha tenha sido percorrida e suas medidasl e vantadas. O levantamento envo l ve amedio das seguintes variveis em cadatrecho da trilha:

    a) Metragem Trata-se da distncia entre os dois pontos A

    e B, medida com roda mtrica (ver quadro aseguir), por vezes cinta mtrica, e ainda emdois casos por estimativa no mapa. Am e t ragem necessria no s para conheci-mento da extenso total da trilha, mas tambmp a ra identificao e marcao de trechos de

    O QUE RODA MTRICA?

    Roda mtrica um instrumento que facilita

    muito medies de distncia. Constitui-se

    de uma roda com um odmetro e um cabo

    para ser empurrada pela pessoa que realiza

    a medida (como um carrinho). adequada

    para este tipo de trabalho que no exige

    preciso absoluta das medidas de distncia.

    Pode ser eletrnica ou mecnica.

    6

  • 253

    Implantao e manejo de trilhas IMPLEMENTAO RESPONSVEL

    trilha com caractersticas especficas, localiza-o de necessidades de sinalizao, de tra b a l-hos de manuteno e marcao de pontos dep a rada para interpretao ambiental.

    b) DireoA direo de cada trecho medida com

    uma bssola. Esta varivel de especialimportncia para a posterior plotagem datrilha (ou seja, para fazer o traado da trilhaem escala, geralmente necessrio para usoem mapas, placas, etc.).

    c) Declividade A declividade (ou inclinao) de cada

    trecho medida com um clinmetro, apa-relho especfico para se tomar este tipo demedida.

    Esta varivel essencial para a determi-nao de vulnerabilidade eroso, grau dedificuldade da trilha (ver tabela de relaoentre declividade e vulnerabilidade aeroso, e entre declividade e grau de difi-culdade, na Seo III.6.b Determinao daCapacidade de Carga Real do captuloMonitoramento e Controle de Impactos deVisitao) e descrio de trabalhos de cor-reo na trilha (por exemplo, de acordocom a declividade de um trecho, deveroser escolhidos determinados mtodos dedrenagem).

    Em casos de extrema declividade (maisde 20%) deve-se estudar cuidadosamente apossibilidade de alterar o traado propostopara a trilha ou adequ-la com solues tc-nicas construtivas.

    d) Observaes geraisEste campo dedicado a anotaes

    sobre condies de solo, pontos de interessepara a interpretao ambiental, conflitos deuso no local, necessidades de trabalhos demanuteno e outras informaes que pos-sam assessorar o diagnstico da trilha.

    Durante as medies deve ser feito oestaqueamento das trilhas a cada 100 me-tros e tambm a cada variao significativade direo ou declividade na trilha (ou seja,a cada trecho medido).

    O ESTAQUEAMENTO NECESSRIOPARA O PLANEJAMENTO

    E MANUTENO DAS TRILHAS.

    O estaqueamento facilita as etapas

    posteriores do trabalho, como

    o planejamento de intervenes

    corretivas de engenharia,

    postura da sinalizao, montagem

    do sistema de monitoramento

    de impactos de visitao

    (ver captulo Monitoramento

    e Controle de Impactos de Visitao),

    marcao de pontos de parada

    para interpretao ambiental

    (ver captulo Interpretao Ambiental).

    Nos casos de trilhas intepretativas

    (de curta distncia),

    o estaqueamento inicial, caso feito

    com material no resistente ao tempo

    e s condies locais de uso

    (por exemplo, passagem de veculos,

    animais domsticos, vandalismo, etc.)

    deve ser substitudo por permanente

    a cada 100m, para facilitar o trabalho

    de manuteno das trilhas.

    Geralmente suficiente utilizar

    estacas grossas de madeira

    (5cm de dimetro),

    colocadas com boa profundidade

    no solo (com a base enterrada

    aproximadamente 15cm),

    com os nmeros pintados com

    tinta leo e envernizados.

    A utilizao de materiais

    de boa durabilidade para

    as estacas evita a necessidade

    de substituio freqente

    das mesmas.

    6

  • 254

    MANUAL DE ECOTURISMO DE BASE COMUNITRIA Ferramentas para um planejamento responsvel

    Pa ra se realizar o levantamento pode-seutilizar uma tabela conforme a apresentadaacima, feita para a Trilha do Vale da Luapor participantes do Projeto Ve a d e i r o s ,o n d e :

    TRECHO ] Identificao da parte datrilha medida, definido pela distn-cia entre duas estacas. A numerao a das estacas.

    DIR. ] Direo DEC. ] Declividade MET. ] Metragem do trecho em

    especfico (p. ex. entre A e B) DIS. ] Distncia total desde o in-

    cio da trilha OBSERVAES ] Anotaes sobre

    as caractersticas do solo, necessi-dades de interveno corretiva natrilha, fragilidade ambiental etc..

    Uma vez realizado o levantamento datrilha, de volta ao escritrio, com auxlio dergua, transferidor e lpis, deve-se plotar otraado da trilha em papel milimetrado. Oproduto final ser o croqui da trilha, que abase para seu monitoramento e divulgao.

    2 ObrasD e vem ser consideradas como inter-

    venes construtivas simples e de fcilmanuteno que evitam o desgaste precoceda trilha. Madeiras cadas na prpria regioso materiais suficientes para sua implan-tao. Geralmente so trs os fatores gera-dores de obras em trilhas: drenagem,sobreposio de corpos dgua e contenode eroso, tratado em detalhes mais abaixo.Porm, outras obras podem vir a sernecessrias para garantir a segurana do vi-sitante (corrimes e guarda-corpos) ou para

    6

    Trilha do Vale da Lua Projeto Veadeiros

    TRECHO DIR. DEC. MET. DIS. OBSERVAES

    0-1 195 -10% 25,85 25,85 P-0: Painel; croqui da trilha; legenda/

    regularizar o piso; 4 drenagens.

    1-2 205 -8% 63,68 89,53 Cancelar antiga trilha; replantar;

    bizel indicativo.

    2-3 184 -7% 11,49 101,02 Drenagem; regularizar o piso.

    3-4 162 -7% 16,81 117,83 Barreira no P-4.

    4-5 193 -5% 10,62 128,45 Barreira no P-5; drenagem antes do P-5.

    5-6 158 -7% 4,26 132,71 P-6: Cancelar bifurcao e replantar.

    6-7 141 -6% 28,20 160,91 Eliminar 20 m de trilha duplicada.

    7-8 181 -8% 20,72 181,63 Canaleta e drenagem; cancelar

    atalho direita.

    8-9 132 -6% 7,84 189.47 Mureta (cimentar e replantar);

    canaleta de drenagem.

    9-10 ... ... ... ... ...

    ... ... ... ... ... ...

    FORMULRIO PARA LEVANTAMENTO DE TRILHA

    EXEMPLO:

  • b) Sobreposio de corpos dguaInclui a sobreposio de rios e riachos,

    bem como de locais alagados. No primeirocaso, as obras so basicamente de cons-truo de ponte.

    Para a ultrapassagem de alagados (FIG.6) podem ser usados blocos de pedra e/oufatias de troncos dispostos seqencial-mente. Outra opo so os tablados oue s t rados, que permitem uma caminhadafcil e segura, transferindo a superfcie deuso direto do solo para a madeira.

    c) Conteno de erosoDois tipos de obras podem ser aplicados

    na conteno de eroso: degraus e paredes,lembrando que elas devem ser implemen-tadas junto com as obras de drenagem.

    A construo de degraus uma das maisdifceis obras em trilhas, e soluo somentequando no houver outra alternativa. Deve -

    255

    Implantao e manejo de trilhas IMPLEMENTAO RESPONSVEL

    os meios interpretativos utilizados (canopy-walkway, passarelas, quiosques e mirantes).

    a) DrenagemComo a trilha altera o padro de circu-

    lao de gua no solo, algumas obras dereorganizao da drenagem so necessrias.

    Podem-se construir canais laterais deescoamento, canais que cruzam perpendi-cularmente ou diagonalmente a trilha (tantoem nvel quanto por baixo da mesma) e va l a sou barreiras oblquas superfcie da trilha,p a ra facilitar o escoamento da gua (FIG. 5).

    se evitar longos trechos de degraus em linhasretas, e em terrenos ao lado de quedas abrup-tas (terrenos normalmente instveis). impor-tante analisar o local da obra sob o ponto devista de quem desce e de quem sobe.

    Os degraus podem ser feitos com pedras,troncos e pranchas de madeira.

    A construo de paredes de contenoem declives (FIGURA 8) tanto previne aeroso da trilha quanto a deposio dematerial carreado da encosta. Pode tambmser feita de pedras, troncos ou com os dois.

    2 SinalizaoA sinalizao de trilhas visa a segurana

    do excursionista e dos recursos da rea. Isto

    61 FIG. 5 Canais, valas e barreiras

    1 FIG. 6 Pedras ou troncos e tablados ouestrados para ultrapassagem de alagados

    1 FI G. 7 Tipos de degraus utilizados em trilhas

    Trilha

    Trilha

    Vala

    Canal lateral de escoamento

    Canais perpendiculares

    Barreira

    DRENAGEMDEGRAU

    Trilha Trilha

    Pedras oufatias de tronco

    Com pedras

    Com tbuasisoladas

    Com troncos

    Em escada

    Estrado

  • 256

    MANUAL DE ECOTURISMO DE BASE COMUNITRIA Ferramentas para um planejamento responsvel

    especialmente importante em trilhas lon-gas, que geralmente no recebem sinaliza-o interpretativa (ver captulo InterpretaoAmbiental) ou mesmo estaqueamento. Asinalizao deve ser sistemtica, compreen-svel e prova de vandalismo.

    a) Marcao a tintaM a rca padronizada, utilizada para

    d e m a rcar a trilha, colocada estra t e g i c a-mente numa rvore ou pedra. Deve - s edefinir a forma e cor padro para a trilha. Asmelhores cores so o azul, ve r m e l h o ,amarelo, branco e laranja. interessanteadotar as cores primrias para a trilha prin-cipal e uma cor secundria para as trilhassecundrias. Tinta ltex se presta bem a isso.

    Os pontos a serem marcados troncos de r vores ou pedras devem ser raspados come s c ova de ao ou raspador de metal.Quando o traado da trilha sofrer altera e s ,as marcaes antigas devem ser eliminadas,p a ra no confundir os excursionistas.

    b) PlacasAs placas devem ser dispostas ao longo

    da trilha, e informar sobre o nome da trilha,a direo, os pontos importantes, a distn-cia, o destino etc. Podem ser confec-cionadas em pedra, metal ou madeira. Estaltima a mais popular e atrativa e, se devi-damente afixada, dificilmente ser levadacomo souvenir por visitantes inescrupu-

    losos. Na escolha do tipo de madeira deve-se levar em conta a durabilidade, facilidadede ser trabalhada, disponibilidade e custo.Uma placa de madeira de boa qualidadeno possui ns e no empena.

    As dimenses das placas so variveis.As placas do incio da trilha, por conteremmais informaes, tais como mapas e orien-taes gerais, devem ser maiores. Forma,cor e tipo de letra devem ser padronizados.As letras podem ser entalhadas na madeira ea pintura deve distinguir o fundo, que podeser pintado ou natural; nesse caso, deve-seaplicar verniz nutico ou automotivo, paraproteger das intempries.

    Para a instalao, utiliza-se poste demadeira tratada ou totem (pilhas de pedra).No se deve fixar placas diretamente emtronco de rvores com o uso de pregos.

    c) Montes de pedras (Totem) Para se marcar as orientaes de direo

    em trilhas que no possuem rvores, podemser usadas pilhas de pedras, que so de fcilvisualizao. Tambm conhecidas comototens (FIGURA 9).

    A distncia entre os totens deve ser talque o excursionista ao lado de um totempossa visualizar outros dois o da frente e ode trs. Em locais sujeitos neblina,recomenda-se a pintura das pedras do topodo totem para facilitar a visualizao.

    6

    1 FIG. 8 Paredes de conteno

    Conteno de eroso acima da trilha com uso de madeira

    Conteno de erosoabaixo da trilha

    com o uso de pedrasConteno de eroso acima

    da trilha com uso de mais de um material

    Trilha

    Trilha

    Trilha

  • 257

    Implantao e manejo de trilhas IMPLEMENTAO RESPONSVEL

    A SINALIZAO DEVE SER INTEGRADA

    VISUALMENTE AO MTODO INTERPRETATIVO

    ESCOLHIDO PARA A TRILHA.

    A escolha do mtodo de sinalizao deve

    ser feita levando-se em considerao

    a escolha de mtodo interpretativo para

    a trilha. Por exemplo, em uma trilha

    auto-guiada, com placas, a sinalizao da

    trilha em si pode ser tambm em placas.

    Por outro lado, em trilha auto-guiada

    com folheto, que exige a marcao

    clara de pontos na trilha onde o visitante

    deve parar e ler o folheto, a adoo

    do mtodo de sinalizao da trilha a tinta

    deve ser feita de forma a no conflitar

    com a marcao interpretativa.

    Tambm indispensvel que

    os dois tipos de sinalizao sejam

    integrados quanto a tamanho, estilo,

    cor, padro de letra, materiais,

    modo de fixao. Os dois tipos

    de sinalizao devem ser percebidos

    como um conjunto visual e grfico nicos.

    d) FitasOutra forma de se marcar o caminho so

    as fitas coloridas (plsticos so durveis eno perdem a cor) amarradas nos galhos,em troncos de rvores ou arbustos, ou noalto de uma estaca de madeira ou ferro.

    4. Implantao

    r REVISO DO TRAADO PROPOSTOO mais importante trabalho de insta-

    lao de uma trilha feito em campo e devecontar com a assistncia de tcnicos para odesenho como engenheiros civis e depessoas da regio familiarizadas com ascondies da rea. Por vezes, as necessi-dades de interveno fsica na rea tornaminvivel o traado inicialmente proposto(por exemplo, quando exige a construode estruturas demasiadamente cara s ) ,exigindo sua modificao.

    O trabalho de instalao de trilhaspode ser feito pelos prprios responsve i spela rea desde que recebam treinamentoadequado e assistncia tcnica para odesenho de solues complexas, quandon e c e s s r i o .

    r FERRAMENTAS E ACESSRIOSAs ferramentas usadas variam de acordo

    com a rea e o tipo de trabalho necessrio.Deve-se sempre ter a ferramenta adequadapara cada tipo de tarefa. As ferramentasmais comuns esto listadas abaixo. Tambm recomendvel ter mo um kit deprimeiros socorros.

    a) Foice e penado: utilizados para aber-tura ou clareamento da trilha (roada).

    b) Enxada e enxado: utilizados pararegularizar o piso da trilha e abrir valetas dedrenagem.

    c) C ava d e i ra : p a ra cavar bura c o s ;podem ser de haste simples ou dupla.

    c) Machados: so muito utilizados paracortar rvores e grandes galhos cados e

    6

    1 FIG. 9 Monte de pedra (Totem).

  • 258

    MANUAL DE ECOTURISMO DE BASE COMUNITRIA Ferramentas para um planejamento responsvel

    para preparar moures ou dormentes usadosem degraus ou na conteno de paredes.

    e) P-de-cabra: essencial no desloca-mento de grandes pedras ou troncos.

    f) Serras: so utilizadas para cortar ga-lhos e rvores.

    g) Chibanca: ferramenta para destocaros terrenos, com um lado para cavar a terrae outro para cortar as razes e o tronco dasrvores.

    h) P comum.

    i) P reta ou vanga: muito utilizada naconstruo de degraus.

    j) Baldes e carrinhos: utilizados paratransportes da terra, areia, etc..

    c) Kit com martelo, prego, arame, bar-bante, pano (para secar os cabos das ferra-mentas em tempos midos e para limpar pla-cas de sinalizao), etc.

    D e ve-se salientar a necessidade de equipa-mentos de segurana dos trabalhadores, comoculos para a proteo dos olhos, luvas, capa-cetes, botas e roupas adequadas.

    5. Manuteno

    Amanuteno de trilhas extremamentenecessria para prevenir e corrigir pro-blemas como locais escorregadios e comlama, eroso, aparecimento de caminhosmltiplos e outros (ver captulo Monito -ramento de Impactos de Visitao)

    Neste tpico esto a construo de me-lhorias, substituio peridica das placas desinalizao danificadas e limpeza ouclareamento de trilhas.

    Uma trilha limpa aquela onde umexcursionista alto, com uma grande mochi-la, pode andar sem tocar folhas, rvores ougalhos. A trilha fcil de ser seguida, pois ocaminho aberto e desobstrudo.

    A limpeza de trilhas, com a retirada depedras, rvores e galhos cados, permite queas mesmas sejam fceis de seguir eagradveis de usar. Pequenos obstculos,como pedras, razes e troncos cados podemser deixados pelo percurso, pois permitemao visitante ter a sensao de dificuldade ede vencer obstculos naturais, mantendoum aspecto de ambiente selvagem.

    O material orgnico no solo no deveser retirado, pois diminui o impacto me-cnico e desagregador da ch u va e impede aeroso, por evitar um rpido escoamentoda gua pela superfcie. Manter a qualidadedas trilhas facilita seu uso e dificulta seuf e ch a m e n t o .

    A largura da trilha varivel, dependen-do diretamente do terreno, da vegetao edo prprio uso. Deve-se sempre pensar quequanto menor a largura, menor ser opisoteio, conseqentemente, menor oimpacto ambiental.

    Por ser um trabalho permanente, amanuteno de trilhas deve ser feita porequipe local, envolvida com o manejo darea visitada e devidamente treinada. Otreinamento deve envolver todas as fases deplanejamento e implantao de trilhas (vercaptulo P r o g rama de CapacitaoComunitria).

    IV. RISCOS E RECOMENDAES

    Um dos principais cuidados que sed e ve ter ao desenvo l ver uma trilha o ded e s e nvolv-la com base em um pblico-a l vo j identificado ou estabelecido. Ouseja, no s o traado e os tra b a l h o sd e s e nvolvidos na trilha devem ser adequa-dos para garantir a proteo ambiental e avalorizao dos atra t ivos locais, comotambm devem buscar favorecer o acessoao pblico identificado. Se durante oplanejamento da rea e da trilha ve rcaptulo Planejamento Integra d o forconstatada a necessidade de sua ade-quao para o uso por pessoas de terc e i raidade, o solo da mesma dever ser limpo,n ivelado e preparado, de forma a diminuir

    6

  • 259

    Implantao e manejo de trilhas IMPLEMENTAO RESPONSVEL

    as possibilidades de escorregamento,tropeo ou toro de ps.

    As obras e sua implementao podemser executadas utilizando-se materiais emo-de-obra locais. Quanto menor o uso demateriais no naturais, menor a alterao dopadro visual dos elementos naturais.

    Visitantes educados e informados con-tribuem para a manuteno de trilhas bemconservadas. Visite o site da Campanha PegaLeve! Conduta Consciente em AmbientesNaturais para obter mais informaes sobrecomo trabalhar com o visitante para este serum agente contribuidor na conservao detrilhas (www.pegaleve.org.br).

    V. BIBLIOGRAFIA

    AGATE, E. 1983. Footpaths; a practical con-s e r vation handbook. Wembley Press.Berkshire, Inglaterra.

    BELART, J. L. 1978. Trilhas para o Brasil.FBCN, Boletim n 13, Vol 1, pp. 49-51.Rio de Janeiro, RJ.

    GRIFFITH, J. J., e VALENTE, O. F. 1979.Aplicao da tcnica de estudos visuaisno planejamento da paisagem brasileira.Brasil Florestal, n 10, Vol 37, pp 6-14,jan/mar 1979. Braslia, DF.

    GRIFFITH, J. J. 1983. Anlise dos recursosvisuais do Parque Nacional do Capara.

    Floresta, n 14, Vol 2, pp. 15-21.Curitiba, PR.

    GUILLAUMON, J. R. et alii. 1977. Anlisedas trilhas de interpretao. InstitutoFlorestal de So Paulo, Boletim Tcnico,n 25. So Paulo, SP.

    PROUDMAN, R.D. 1977. AMC field guideto trail building and maintenance.Apallachian Mountain Club, S.L.P.

    SCHELHAS, J, 1986. Construo emanuteno de trilhas. In: Curso deTreinamento e Capacitao emGerenciamento de Parques e Outra sreas. So Paulo, 22 nov. a 14 Dez.,1986. Instituto Florestal de So Paulo.So Paulo, SP.

    SIMAS, E. 1983. Montanha e vida natural.Clube Excursionista Rio de Ja n e i r o(Divulgao CERJ, 3). Rio de Janeiro, RJ.

    U S DA Forest Service. 1997. Tra i lConstruction and MaintenanceNotebook. Project Leader: VACHOWSKI,Brian. USDA Forest Service, MissoulaTechnology and Development Program.Billings, MT, USA.

    W W F - B rasil. 2001. Uso Recreativo noParque Nacional Marinho de Fernandode Noronha: um exemplo de planeja-mento e implementao. [Coordenao:Sylvia F. Mitraud] WWF-Brasil, vol. 8.Braslia, DF.

    6

  • 260

    MANUAL DE ECOTURISMO DE BASE COMUNITRIA Ferramentas para um planejamento responsvel

    6

    1 TOME NOTA: