anÁlise do processamento de roupas em lavanderia ...€¦ · anÁlise do processamento de roupas...

Click here to load reader

Upload: vannga

Post on 06-Oct-2018

230 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • ANLISE DO PROCESSAMENTO DE

    ROUPAS EM LAVANDERIA

    HOSPITALAR: UM ESTUDO DE CASO

    EM UM HOSPITAL PBLICO DO

    SERTO DO PAJU (PE)

    Ana Paula da Silva Farias

    (UFRPE)

    Gisele Fernanda Rocha e Silva

    (UFRPE)

    Gilney Jos Nogueira Nunes

    (UFRPE)

    Suely Mayaly Pereira de Melo

    (FIS)

    Resumo Assume-se que a performance de uma unidade hospitalar o reflexo de

    uma grande variedade de sistemas e subsistemas que congregam as

    funes bsicas do seu dia-a-dia. Um desses subsistemas, a lavanderia

    hospitalar, responsvel pelo processsamento e distribuio de

    roupas, em perfeitas condies de higiene e limpeza, a fim de

    proporcionar conforto e segurana ao paciente. Apesar dessa

    importncia, a lavanderia hospitalar, em muitos casos, um setor

    ignorado dentro do hospital e, na maioria das instituies, no conta

    com um controle rigoroso de custos e de qualidade de processamento

    das roupas. Assim, esse trabalho tem como objetivo analisar como

    realizado o processamento de roupas na lavanderia hospitalar de um

    hospital pblico, localizado numa cidade do interior de Pernambuco,

    descrevendo as atividades realizadas e apontando as principais falhas

    encontradas.

    Palavras-chaves: Hospital, lavanderia, produo.

    8 e 9 de junho de 2012

    ISSN 1984-9354

  • VIII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELNCIA EM GESTO 8 e 9 de junho de 2012

    2

    1. Introduo

    Em servios de sade cuidar bem dos pacientes e ter uma prestao de servio

    eficiente so vistos como o produto das aes e interaes de todas as pessoas envolvidas

    nos diversos processos organizacionais existentes. Assume-se, ento, que a performance de

    uma unidade hospitalar o reflexo de uma grande variedade de sistemas e subsistemas que

    congregam as funes bsicas do seu dia-a-dia (MEZZOMO, 1993).

    Assim, pode-se dizer que o hospital uma organizao que tem como caracterstica

    principal garantir que setores interdependentes estejam funcionando perfeitamente para o

    atendimento aos clientes (CASTRO & CHEQUER, 2001). So vrios sistemas e subsistemas

    que o formam, dentre esses, o administrativo, os laboratrios, os centros cirrgicos, a

    lavanderia, o refeitrio, o setor de comunicao, de transporte e de depsitos. So setores que

    precisam interagir e cooperar entre si para atingir seu principal objetivo, atender bem o cliente

    (BARTOLOMEU, 1998).

    Pertencente a um desses subsistemas, a lavanderia hospitalar, segundo Cargnin (2008),

    apresenta grande importncia, pois responsvel pelo processamento e distribuio de roupas,

    em perfeitas condies de higiene e limpeza, a fim de proporcionar conforto e segurana ao

    paciente. Por essa razo, necessrio que esse servio seja gerenciado de forma coerente e em

    conformidade com a legislao. Dessa forma, torna-se possvel a maximizao da qualidade, a

    minimizao dos custos e a utilizao racional dos recursos organizacionais (CARGNIN,

    2008).

    Mas, apesar dessa importncia, a lavanderia hospitalar, em muitos casos, um setor

    ignorado dentro do hospital e, na maioria das instituies, no conta com um controle

    rigoroso de custos e de qualidade de processamento das roupas (SIQUEIRA, 2005). Para

    Guimares e Linden (2002), a lavanderia hospitalar, cujo papel , por vezes,

    subestimado pela alta administrao, tem o poder de afetar as atividades de todas

    as demais reas. Cirurgias, internaes, procedimentos ambulatoriais, por exemplo,

    so fortemente dependentes do seu correto desempenho.

    Portanto, esse trabalho tem como objetivo analisar como realizado o processamento

    de roupas na lavanderia hospitalar de um hospital pblico, localizado numa cidade do interior

  • VIII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELNCIA EM GESTO 8 e 9 de junho de 2012

    3

    de Pernambuco, descrevendo as atividades realizadas e apontando as principais falhas

    encontradas.

    2. A lavanderia hospitalar e seus servios

    A lavanderia hospitalar pode ser definida como um dos principais servios de apoio ao

    atendimento dos pacientes. o setor responsvel pelo processamento e distribuio das

    roupas usadas no hospital, em perfeitas condies de higiene e conservao e em quantidade

    adequada a todas as unidades (BARTOLOMEU, 1998). Para ARSEGO et al (2008), a

    lavanderia no hospital de suma importncia, uma vez que, a eficincia de seu funcionamento

    contribui diretamente na eficincia do hospital, refletindo especialmente no controle de

    infeces.

    De uma maneira geral, as roupas encontradas no hospital so: lenis, fronhas,

    cobertores, toalhas, colchas, cortinas, roupas de pacientes e de funcionrios, fraldas,

    compressas, campos cirrgicos, mscaras, props, aventais, gorros, panos de limpeza etc.

    Essas roupas hospitalares so bem diferentes daquelas existentes nas instituies de outras

    reas e em residncias, pois algumas podem se apresentar contaminadas com sangue,

    secrees ou excrees de pacientes (KONKEWICZ, 2004).

    importante entender que as roupas hospitalares que compem um enxoval, variam

    de acordo com a classificao e os servios prestados pelo hospital. Segundo Castro e

    Chequer (2001), as principais peas utilizadas so: avental, pijama, campo cirrgico, cobertor,

    compressas, jaleco e lenol.

    Quanto s atividades realizadas pela lavanderia, a Agncia Nacional de Vigilncia

    Sanitria (ANVISA, 2007) entende que elas so iniciadas com a retirada da roupa suja da

    unidade geradora e o seu acondicionamento; coleta e transporte da roupa suja at a unidade de

    processamento; recebimento, pesagem, separao e classificao da roupa suja; processo de

    lavagem da roupa suja; centrifugao; secagem, calandragem ou prensagem da roupa limpa;

    separao, dobra, embalagem da roupa limpa e armazenamento, transporte e distribuio da

    roupa limpa.

    3. Material e Mtodos

    A presente pesquisa do tipo exploratria e descritiva e utiliza a abordagem

    qualitativa. Para Polit e Hungler (1996), a pesquisa exploratria e descritiva pode ser

  • VIII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELNCIA EM GESTO 8 e 9 de junho de 2012

    4

    entendida como um tipo de estudo que objetiva observar, descrever e documentar aspectos de

    uma situao que ocorre naturalmente.

    J a utilizao da abordagem qualitativa fundamental, nesse trabalho, porque a

    mesma permite a imerso do pesquisador no contexto e proporciona a perspectiva

    interpretativa na conduo da pesquisa (KAPLAN & DUCHON, 1988). Para Bradley (1993),

    na pesquisa qualitativa o pesquisador um interpretador da realidade.

    A tcnica utilizada para a coleta de dados foi a pesquisa de campo, com observao

    direta (in loco), registro do ambiente atravs de fotografia e um roteiro previamente

    elaborado. As informaes foram passadas pela Direo do Hospital, bem como pelas

    profissionais que trabalham na lavanderia. A coleta de dados aconteceu nos dias 04 e 11 de

    dezembro de 2010, atravs de visitao ao local.

    4. Caracterizao da unidade hospitalar

    O hospital estudado foi inaugurado em 1941, pertence ao setor pblico e est

    localizado numa cidade considerada importante plo econmico da regio e tambm

    classificada como 4 plo mdico do estado de Pernambuco, com vrios hospitais, prontos-

    socorros, maternidades e clnicas particulares. Isso faz com que populaes de cidades

    vizinhas, dentro e fora do estado, utilizem os servios mdicos locais (ALMEIDA, 2010;

    DIRIO DE PERNAMBUCO, 2008).

    Essa unidade hospitalar conta com 312 colaboradores, entre servidores pblicos e

    prestadores de servios, bem como disponibiliza 91 leitos para atendimento a populao,

    sendo, portanto, considerado como hospital de mdio porte, segundo Lisboa (1993). Ainda de

    acordo com o autor, um hospital considerado de mdio porte quando possui de 50 a 199

    leitos.

    Para atendimento aos pacientes possui setores de pediatria, obstetrcia, emergncia,

    clnica mdica, centro cirrgico, farmcia, odontologia, laboratrio e ambulatrio. Com essa

    infra-estrutura, realiza cerca de 4.000 atendimentos na emergncia geral e 80 cirurgias por

    ms, com base nos dados disponibilizados pela Secretaria Estadual de Sade de Pernambuco

    (2010).

    5. Anlise das atividades da lavanderia hospitalar

  • VIII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELNCIA EM GESTO 8 e 9 de junho de 2012

    5

    A anlise da lavanderia hospitalar ser dividida em trs partes. A primeira delas a

    sua identificao e caracterizao, logo em seguida, sero avaliados itens gerais como: roupas,

    espao fsico, equipamentos, empregados e materiais permanentes e de consumo. E, por fim,

    sero apresentadas as etapas de produo utilizadas no processamento das roupas.

    5.1 Identificao e caracterizao da lavanderia hospitalar

    A lavanderia est localizada no pavimento trreo do hospital, com o objetivo de

    facilitar o transporte de roupas e reduzir o tempo de circulao das mesmas. Funciona das

    5:00 horas s 17:00 horas, de domingo a domingo, sob o comando de 4 profissionais da

    empresa terceirizada, num regime de trabalho com escala de 12 horas.

    5.2 Itens que compem a lavanderia hospitalar

    5.2.1 Roupas

    Quanto ao tipo de roupa existente no hospital, tem-se: lenis, batas, compressas,

    toalhas, fronhas, capotes, campos cirrgicos, dentre outros. Os modelos so padronizados, em

    sua maioria, de algodo e de diferentes cores. Existem, portanto, roupas de cor verde no setor

    de pediatria, de cor branca na clnica mdica, de cor marrom e azul no bloco cirrgico e as de

    cor amarela ficam reservadas s batas da clnica cirrgica.

    O controle da capacidade diria de lavagem feito na rouparia, num prdio ao lado da

    lavanderia. l que feita a contagem e o registro em formulrios especficos da roupa

    processada de segunda a sexta.

    5.2.2 Espao fsico

    A rea fsica da lavanderia dividida em duas partes distintas: rea suja (contaminada)

    e rea limpa. Existem dois banheiros, um na rea limpa e outro na rea suja, que caracterizam

    os espaos destinados aos empregados. importante frisar que no existe corrente de ar que

    circule da rea suja para a rea limpa, no espao construdo da lavanderia. No entanto, as

    portas das duas reas esto sempre abertas (devido a temperatura no local ser elevada), no

    momento em que as roupas so preparadas para a lavagem (figura 1).

  • VIII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELNCIA EM GESTO 8 e 9 de junho de 2012

    6

    Figura 1: Prdio da lavanderia

    5.2.3 Equipamentos

    Na lavanderia existem os seguintes equipamentos (figuras 2, 3 e 4):

    Duas lavadoras, sendo uma de duas portas (onde se insere as roupas na rea suja e so

    retiradas, aps a lavagem, na rea limpa) e outra de uma porta (pouco utilizada);

    Uma centrfuga;

    Uma secadora;

    Uma calandra; e,

    Trs carros de transporte de roupas (um de roupa suja, um de roupa limpa e um

    reserva).

    Figura 2: Lavadora 2 portas Figura 3: centrfuga Figura 4: secadora, calandra e carrinho.

    Um dos equipamentos importantes para a lavanderia a balana, item responsvel

    pelo processo de pesagem das roupas sujas e limpas. Nessa lavanderia ela no foi encontrada.

    Consideradas como indispensveis ao bom funcionamento da lavanderia, segundo o

    Ministrio da Sade (1986), so as balanas que determinam o peso da roupa, ponto de

    referncia para a determinao da capacidade da lavanderia, o que proporciona controle

    contbil e operacional.

    rea

    Suja

    rea

    Limpa

    Secadora

    Carrinho

    Calandra

  • VIII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELNCIA EM GESTO 8 e 9 de junho de 2012

    7

    Sem esse equipamento as trabalhadoras da lavanderia acabam por estimar os pesos das

    roupas processadas, podendo ocasionar super lotao das lavadoras ou mesmo carga inferior a

    capacidade das mesmas, danificao das mquinas, lavagens insuficientes, desperdcios de

    produtos e retrabalho.

    5.2.4 Empregados

    A lavanderia conta com 4 profissionais que trabalham divididas em dois grupos. A

    cada dia uma empregada realiza o trabalho da rea suja e outra da rea limpa, num total de

    duas empregadas por dia. Quanto ao grau de escolaridade dessas profissionais, constatou-se

    que uma delas tem ensino mdio completo, duas possuem ensino fundamental completo e

    uma analfabeta.

    Para a ANVISA (2007), a quantidade de empregados necessrios ao funcionamento de

    uma unidade de processamento de roupas pode variar de acordo com a complexidade da

    unidade, demanda, tipo de equipamentos e horrio de funcionamento. Os cargos e funes de

    pessoal devem estar descritos de forma clara e concisa, bem como a estrutura organizacional e

    a qualificao dos profissionais.

    Verificou-se que as empregadas no receberam qualquer tipo de treinamento para

    exercer as suas funes. Tambm no existe, no local, um manual de rotinas da lavanderia,

    registro dirio de processamento das roupas e manuais de equipamentos, que possam ser

    utilizados para auxiliar no trabalho das mesmas.

    Segundo o Ministrio da Sade (1986), deve existir um manual com normas e formas

    de execuo das tarefas, bem como a descrio de cada rotina tcnica numa sequncia exata,

    incluindo, sempre que necessrio, as especificaes de mquinas, produo e mtodos de

    trabalho. As rotinas administrativas tambm devem estar presentes, pois tende a facilitar o

    entrosamento da unidade da lavanderia com os demais servios do hospital, como as

    requisies de almoxarifado, de reviso e manuteno de equipamentos e rotinas de horas

    extras.

    Quanto a superviso dos trabalhos dessas profissionais, esse realizado pelo

    encarregado da empresa terceirizada, que est presente de segunda a sexta, das 08:00 horas s

    17:00 horas. No existe por parte do supervisor nenhum processo que mea a produtividade

    das 4 empregadas da lavanderia, nem o estabelecimento de um tempo-padro para a execuo

    das tarefas.

  • VIII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELNCIA EM GESTO 8 e 9 de junho de 2012

    8

    Nas lavanderias deve ser previsto um espao para a chefia, localizado em ponto

    estratgico que possibilite visualizar o ambiente. Alm disso, as funes especficas da

    lavanderia devem ser integradas e sob a tica de uma nica chefia administrativa, com plena

    autoridade em todas as fases do processamento de roupas. Essa chefia nica pode indicar um

    controle eficiente da roupa que circula no hospital, do material, dos mtodos de trabalho e do

    desempenho do pessoal envolvido no processo (BONARDI, 2001; MINISTRIO DA

    SADE, 1986). Alm disso, a unidade hospitalar deve possuir um responsvel tcnico, com

    formao mnima de nvel mdio, capacitao em segurana e sade ocupacional e que

    responda perante a vigilncia sanitria pelas aes realizadas no ambiente da lavanderia, no

    caso da unidade ter esse servio terceirizado (ANVISA, 2007).

    Para o Ministrio da Sade (1986), a operacionalizao eficiente da lavanderia

    depende de fatores como, por exemplo, um programa efetivo de treinamento em servio e a

    adoo de sistema adequado de incentivos, abrangendo todo o circuito de roupas da coleta

    at a sua redistribuio.

    5.2.5 Materiais permanentes e de consumo

    Dentre os materiais permanentes encontrados na lavanderia esto: roupas, detergente,

    sabo, amaciante, alvejante, acidulante, mesa do tipo escrivaninha, estante com prateleiras,

    cadeiras e extintor de incndio. Alguns materiais no foram encontrados como, por exemplo,

    mesa com computador, mesa com telefone, marcador de roupa, quadro branco e quadro de

    avisos. Quanto aos materiais de escritrio, nada foi encontrado. No existe nessa lavanderia

    grampeador, furador de papel, pastas, fichas, formulrios e arquivo, o que indica a

    inexistncia de controle, por parte desse setor, dos registros das atividades a executar e

    executadas e a falta de comunicao desse com outros departamentos do hospital.

    5.3 Etapas da produo

    As etapas de produo observadas nessa lavanderia sero divididas em dois

    momentos: as que correspondem rea suja e as da rea limpa.

    5.3.1 rea Suja

  • VIII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELNCIA EM GESTO 8 e 9 de junho de 2012

    9

    Na rea suja, as etapas de processamento das roupas podem ser ilustradas como na

    figura 5.

    Figura 5: Etapas da produo na rea suja

    a) Etapas de coleta e transporte

    As coletas das roupas no hospital ocorrem trs vezes ao dia, em horrios especficos,

    s 06:30 horas, s 09:00 horas e s 14:00 horas. Em geral, esse trabalho de coleta demora

    entre 10 a 15 minutos. Esto entre os equipamentos de proteo individual obrigatrios e

    exigidos pelo hospital, no momento da coleta: luvas, mscara, gorro, botas, jaleco e avental,

    que devem tambm ser utilizados na rea suja.

    As roupas so colocadas em sacos plsticos, mas esses no possuem cores diferentes

    (so todos da cor preta), como forma de identificar a unidade de procedncia, no momento da

    separao das roupas. Os sacos plsticos tambm no so identificados com o nome da

    unidade e com a data da coleta e, em alguns momentos, no so encontrados devidamente

    vedados, como recomenda o Ministrio da Sade (1986). As roupas so transportadas em um

    carrinho especfico para a roupa suja e deixadas na rea suja da lavanderia.

    b) Etapas de recebimento e separao

    No existe, nessa lavanderia, um espao reservado para a recepo da roupa suja, onde

    essa possa ser retirada do carrinho, separada e pesada. Isso feito num espao nico.

    Lembrando que tambm no realizada a pesagem da roupa suja, pois no existe balana no

    local. Logo, no se tem a identificao da quantidade de roupas separadas, em formulrios

    especficos, para controle de custos.

    No momento da separao, as roupas so organizadas em lotes especficos de cores e

    sujidades diferentes. As empregadas seguem a orientao de abrir as roupas para verificar se

    existem materiais cirrgicos ou instrumentos cortantes, que causem algum tipo de acidente ou

    danos aos equipamentos, como recomendado pelo Ministrio da Sade (1986).

    c) Etapa de lavagem

    Em geral, antes do processo de lavagem, aps a separao e identificao das roupas

    em lotes, esses so pesados (MINISTRIO DA SADE, 1986). Esse processo no existe

    nessa lavanderia. Com isso, aps a separao das roupas, parte-se logo para a lavagem,

    realizada sob duas formas distintas: a lavagem leve e a lavagem pesada.

    Coleta e Transporte Recebimento e Separao Lavagem

  • VIII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELNCIA EM GESTO 8 e 9 de junho de 2012

    10

    Ao final dessas etapas, deve-se lavar e desinfectar toda a rea suja e o empregado responsvel

    por essa rea no pode passar para a rea limpa sem tomar banho no chuveiro (MINISTRIO

    DA SADE, 1986). Nessa lavanderia, verificou-se que isso no acontece. A desinfeco

    realizada uma vez por semana e a empregada responsvel pela rea suja transita livremente de

    uma rea para a outra sem qualquer tipo de preocupao (figuras 6 e 7).

    Figura 6: Empregada na rea suja Figura Figura 7: Empregada da rea suja na rea limpa

    5.3.2 rea Limpa

    Na rea limpa, as etapas de processamento das roupas podem ser ilustradas como na

    figura 8.

    Figura 8: Etapas da produo na rea suja

    a) Centrifugagem, secagem e calandragem

    Logo aps a retirada das roupas da lavadora, elas so colocadas na centrfuga,

    responsvel por eliminar at 60% da gua no tecido. Em geral, aps a centrifugagem, coloca-

    se as roupas na secadora, para eliminar totalmente a gua e passar para o processo de

    calandragem (MINISTRIO DA SADE, 1986). No entanto, verificou-se que nessa

    lavanderia, esse processo de secagem no utilizado. De maneira inadequada e perigosa,

    devido ao processo de contaminao que pode existir, as roupas so estendidas em varais,

    numa rea aberta, em frente a lavanderia. E, em determinados momentos, as roupas podem ser

    encontradas no cho, onde so apanhadas e seguem direto para a calandra, responsvel por

    passar as roupas limpas (figuras 9 e 10).

    Centrifugagem, secagem e calandragem Distribuio das roupas limpas

  • VIII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELNCIA EM GESTO 8 e 9 de junho de 2012

    11

    Figuras 9 e 10: Processo de secagem das roupas

    b) Etapa de distribuio das roupas limpas

    A lavanderia tem a funo de deixar na rouparia, de segunda a sexta-feira, as roupas

    limpas. Nos finais de semana, a rouparia fechada e as empregadas da lavanderia entregam as

    roupas nas unidades do hospital.

    Por ficar responsvel pela guarda de roupa nos finais de semana, verificou-se que no

    existe local apropriado para acondicion-las, antes da entrega. No existe a ordem e nem o

    material disponvel para colocar as roupas em sacos plsticos, por isso no possvel deix-

    las em prateleiras da estante na rea limpa (figura 11), ento improvisa-se um espao dentro

    da secadora (figura 12).

    Figura 11: Prateleiras disponveis na rea limpa Figura 12: Roupas limpas dentro da secadora

    6. Concluso

    A lavanderia hospitalar do hospital analisado apresenta

    srios problemas na execuo das suas atividades. Um deles

    refere-se ao seu principal objetivo, que a higienizao das

  • VIII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELNCIA EM GESTO 8 e 9 de junho de 2012

    12

    roupas a serem utilizadas pelos profissionais de sade e seus

    pacientes. V-se que no existe um rigoroso cuidado quanto

    contaminao das roupas, j que as empregadas circulam da

    rea suja para a rea limpa sem realizarem nenhum processo

    de desinfeco, alm disso, as portas das diferentes reas so

    mantidas (o tempo todo) abertas e o mtodo de secagem da

    roupa bastante inadequado.

    Quanto execuo dos servios pela empresa terceirizada, constata-se que essa no

    tem nenhuma preocupao em trabalhar com profissionais qualificados, treinados e de acordo

    com a legislao vigente, que sugere a superviso direta, o planejamento das atividades, a

    utilizao de manuais e a comunicao de procedimentos apropriados para consecuo dos

    objetivos ao longo do tempo.

    A direo do hospital apresenta-se de forma negligente ao no controlar como as

    tarefas so executadas, por no tomar providncias quanto falta de equipamentos e materiais

    na lavanderia, por no exigir o treinamento dos empregados e o cumprimento de uma srie de

    fatores que so previstos pelas autoridades sanitrias.

    Sabe-se que a falta de investimento nesse setor, no sentido de ampliar o espao fsico

    disponvel, de melhorar a forma como as atividades so desempenhadas, de manter uma

    comunicao mais direta com a empresa terceirizada, exigindo o cumprimento de seu dever,

    de maneira eficaz, pode ocasionar uma srie de transtornos para o hospital, desde a entrega de

    roupas fora dos padres exigidos pelas agncias reguladoras da sade at a infeco de

    pacientes e gastos ainda maiores de dinheiro pblico. Isso mancharia bastante a imagem do

    hospital e impossibilitaria o atendimento adequado de muitos pacientes que s tem a ele para

    recorrer.

    Referncias

  • VIII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELNCIA EM GESTO 8 e 9 de junho de 2012

    13

    AGNCIA NACIONAL DE VIGILNCIA SANITRIA (ANVISA). Processamento de

    roupas de servios de sade: preveno e controle de riscos. Braslia: ANVISA, 2007. 120 p.

    (Srie Normas e Manuais Tcnicos).

    ALMEIDA, D. S. Serra Talhada, 2010. Disponvel em:

    . Acesso

    em: 15 dez 2010.

    ARSEGO, J. et al. Riscos ocupacionais na rea contaminada de uma lavanderia hospitalar.

    In: ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUO, 28, 2008. Anais. Rio

    de Janeiro: 2008.

    BARTOLOMEU, T. A. Identificao e avaliao dos principais fatores que determinam a

    qualidade de uma lavanderia hospitalar. Florianpolis: UFSC, 1998. Dissertao (Mestrado

    em Engenharia de Produo) - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianpolis, 1998.

    BONARDI, F. Processamento de roupas. Apucarana: Faculdade Estadual de Cincias

    Econmicas, 2001. Monografia (Especializao em Administrao de Servio de Sade) -

    Faculdade Estadual de Cincias Econmicas de Apucarana, Paran, 2001.

    BRADLEY, J. Methodological issues and practices in qualitative research. Library

    Quarterly, v. 63, n. 4, p. 431-449. 1993.

    CARGNIN, M. T. Anlise do processo de lavagem e desinfeco de roupas hospitalares: o

    caso da lavanderia do HUSM. Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria, 2008.

    Dissertao (Mestrado em Engenharia da Produo) - Universidade Federal de Santa Maria,

    Rio Grande do Sul, 2008.

    CASTRO, R. M. S.; CHEQUER, S. S. I. Servio de processamento da roupa hospitalar:

    gesto e funcionamento. Viosa: UFV, 2001.

    DIRIO DE PERNAMBUCO. Serra Talhada vive expanso e vira sinnimo de

    crescimento, 2008. Disponvel em:

    . Acesso em: 15 dez 2010.

    GUIMARES, L. B. M.; LINDEN, J. C. S. Interveno ergonmica em servio de

    processamento de roupas de um hospital sob enfoque participativo. In: ENCONTRO

    NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUO, 27, 2002. Anais. Curitiba, 2002.

    KAPLAN, B.; DUCHON, D. Combining qualitative and quantitative methods in

    information systems research: a case study. MIS Quarterly, v. 12, n. 4, p. 571-586. 1988.

    http://www.webartigos.com/articles/39557/1/SERRA-TALHADA/pagina1.htmlhttp://www.ufrpe.br/ruralnamidia_ver.php?idConteudo=1700
  • VIII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELNCIA EM GESTO 8 e 9 de junho de 2012

    14

    KONKEWICZ, L.R. Preveno e controle de infeces relacionado ao processamento das

    roupas hospitalares, 2004. Disponvel em:

    . Acesso em: 15 dez 2010.

    LISBOA, T. C. Lavanderia hospitalar: integrao homem-ambiente-funo. 1993. 352 f.

    Dissertao (Mestrado em Administrao Hospitalar) Faculdade So Camilo, So Paulo,

    1993.

    MEZZOMO, A. A importncia da qualidade nos servios de higiene e lavanderia. Hospital

    Administrao e Sade, v.7, n.1. 1993.

    MINISTRIO DA SADE. Manual de lavanderia hospitalar. Braslia: Ministrio da Sade,

    1986.

    POLIT, D. F.; HUNGLER, B. P. Fundamentos de pesquisa em enfermagem. 3. ed. Porto

    Alegre: Artes Mdicas, 1996.

    SECRETARIA ESTADUAL DE SADE. Hospitais do interior, 2010. Disponvel em:

    .

    Acesso em: 26 dez 2010.

    SIQUEIRA, M. R. B. Qualidade e satisfao em servios de lavanderia hospitalar

    terceirizada. 2005. 60f. Trabalho de Concluso de Curso (Especializao em Gesto em

    Sade) Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Rio Grande do Sul, 2005.

    http://www.cih.com.br/lavanderiahospitalar.htmhttp://portal.saude.pe.gov.br/hospitais/interior/hospital-professor-agamenon-magalhaes/