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Pedro de Lemos Menezes, Kelly Cristina Lira de Andrade, Fernanda Calheiros Peixoto Tenório, Aline Tenório Lins Carnaúba, Ana Cláudia Figueiredo Frizzo, Adriana Ribeiro Tavares Anastasio, Laércio Pol Fachin, Cristiane Monteiro da Cruz, Larissa Isabela Oliveira de Souza, Rosamaria Rodrigues Gomes ANAIS DO I CONGRESSO DE MICROCEFALIA E AUDIÇÃO Maceió, 2018

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Pedro de Lemos Menezes, Kelly Cristina Lira de Andrade, Fernanda Calheiros Peixoto Tenório, Aline Tenório Lins Carnaúba, Ana Cláudia Figueiredo Frizzo, Adriana Ribeiro

Tavares Anastasio, Laércio Pol Fachin, Cristiane Monteiro da Cruz, Larissa Isabela Oliveira de Souza, Rosamaria Rodrigues Gomes

ANAIS DO I CONGRESSO DE MICROCEFALIA E AUDIÇÃO

Maceió,

2018

1

Pedro de Lemos Menezes, Kelly Cristina Lira de Andrade, Fernanda Calheiros Peixoto Tenório, Aline Tenório Lins Carnaúba, Ana Cláudia Figueiredo Frizzo, Adriana Ribeiro

Tavares Anastasio, Laércio Pol Fachin, Cristiane Monteiro da Cruz, Larissa Isabela Oliveira de Souza, Rosamaria Rodrigues Gomes

Organizadores

ANAIS DO I CONGRESSO DE MICROCEFALIA E AUDIÇÃO

1a Edição

Maceió,

Editora CESMAC

2018

2

Ficha catalográfica

M543a Menezes, Pedro de Lemos

ANAIS DO I CONGRESSO DE MICROCEFALIA E AUDIÇÃO / Pedro de Lemos Menezes, Kelly Cristina Lira de Andrade, Fernanda Calheiros Peixoto Tenório, Aline Tenório Lins Carnaúba, Ana Cláudia Figueiredo Frizzo, Adriana Ribeiro Tavares Anastasio, Laércio Pol Fachin, Cristiane Monteiro da Cruz, Larissa Isabela Oliveira de Souza, Rosamaria Rodrigues Gomes. -- Maceió, 2018. 411 f. ISBN 00-000000-00-0

1. Audição. 2. Microcefalia. 3. Medicina.

1. Título.

3

Comissão Organizadora

Pedro de Lemos Menezes Presidente do CIMA

• Adriana Paula Barros e Silva

Pereira

• Adriana Ribeiro Tavares Anastasio

• Alexsandra Silva Santos

• Aline Tenório Lins Carnaúba

• Allexya Amanda Vieira da Silva

• Ana Cláudia Figueiredo Frizzo

• Ana Carolina Rocha Gomes Ferreira

• Anna Caroline Silva de Oliveira

• Augusto César Alves de Oliveira

• Brena Elisa Lucas

• Camila Dayane Ferreira da Silva

• Christiane Cavalcante Feitoza

• Cristiane Andressa dos Santos

• Dayse Mayara Oliveira Ferreira

• Felipe Camilo Santiago Veloso

• Fernanda Calheiros Peixoto Tenório

• Gabriella Oliveira Peixoto

• Graziela Ligia da Silva Santos

• Grazielle de Farias Almeida

• Ilka do Amaral Soares

• Katielle Menezes de Oliveira

• Kelly Cristina Lira de Andrade

• Klinger Vagner Teixeira da Costa

• Leanderson Pereira da Silva

• Leticia Sampaio de Oliveira

• Luciana Castelo Branco Camurça

Fernandes

• Luís Gustavo Gomes da Silva

• Maria Cecilia dos Santos Marques

• Maria de Fátima Ferreira de

Oliveira

• Maria Clara Motta Barbosa Valente

• Maria Eduarda Di Cavalcanti Alves

de Souza

• Nathalia Clemente Baracho

• Rafaela Cristina da Silva Bicas

• Ranilde Cristiane Cavalcante Costa

• Silvio Leonardo Nunes de Oliveira

• Tayná Rocha dos Santos Carvalho

• Taís Eloiza Ciscoto

• Thaís Nobre Uchôa Souza

• Viviane Borim de Góes

• Yara Bagali Alcântara

1

Realização

Patrocício

Instituições Promotoras

Apoio

2

Apresentação

O I Congresso Internacional de Microcefalia e audição teve como objetivo

promover um evento internacional sobre a temática audição, microcefalia e

infecção pelo Zika vírus, enfatizando a divulgação das produções científicas e

tecnológicas, tanto nacionais como internacionais, para que ocorresse um

intercâmbio entre a pesquisa, gestão em políticas públicas e a sociedade civil.

O evento contou com a participação de 427 congressistas, 55 palestrates

e 118 trabalhos científicos aprovados. Além disso, ocorreu, dentro do CIMA, o I

Congresso de Medicina do CESMAC, no qual foram apresentados mais 170

trabalhos científicos em suas diversas midalidades.

O CIMA permitiu a troca de informações entre os seguimentos

acadêmicos, profissionais de saúde e sociedade civil, o que desmistificou o

desenvolvimento e abordagem para terapia de crianças com microcefalia;

capacitou equipes de saúde; unificou protocolos de avaliação, e divulgou

informação à população em geral. Como resultado, teve-se ganhos na qualidade

do atendimento, no esclarecimento da população, no preparo das mães de

crianças com microcefalia e no estabelecimento de novas parcerias científicas

que resultarão em novos estudos num futuro breve.

Prof. Dr. Pedro de Lemos Menezes

Presidente do CIMA

3

SUMÁRIO

1. Trabalhosconcorrentesàprêmio-apresentaçõesorais.........................................................19

T1.Estudodocomprometimentodoslimiaresauditivostonaisporfrequênciasespecíficasempacientescomtuberculosetratadoscomaminoglicosídeos:umarevisãosistemáticacommetanálise.........................................................................................................................................19

T2.EstudoepidemiológicodoscasosdemicrocefalianomunicípiodeCabedelo...........................22

T3.Mãesdebêbêscommicrocefalia:vulnerabilidadeemtemposdezika......................................28

T4.Maturaçãodocomponentemismatchnegativity(MMN)..........................................................33

T5.Ousodoruídobrancoedafalanasupressãodasemissõesotoacústicasporestímulostransientes........................................................................................................................................35

T6.Perfilclínicodecriançascommicrocefaliaporzikavírusassistidasemumainstituiçãodereferência..........................................................................................................................................41

T7.Perfildodesenvolvimentoneuropsicomotordecriançascomasíndromecongênitapelozikavírus...................................................................................................................................................47

T8.Potencialevocadoauditivodemédialatênciamonauralebinauralemidosos.........................48

T9.Potencialevocadoauditivodetroncoencefálicoembebêsecriançascomsíndromealcoólicofetalouhistóricodeálcoolnagestação............................................................................................50

T10.Potencialevocadoauditivodetroncoencefálicomonoauralebinauralemidosos.................53

T11.Rastreamentodasíndromedainfecçãocongênitadozikavírusnoestadodepernambuconoperíodode2015a2017....................................................................................................................56

T.12Retratodacirurgiaparaimplantecoclearedaressecçãodoglomotimpânicode2012-2016nascincoregiõesbrasileiras..............................................................................................................57

T13.Saúdebucaldascuidadorasedascriançascommicrocefalia...................................................59

T14.Sobrecargadocuidadordecriançascommicrocefaliapelozikavírusatendidasnoambulatóriodeestimulaçãoprecoce................................................................................................62

T15.Ultrassonografiacomométododediagnósticointrauterinodamicrocefalia..........................63

2. Trabalhosconcorrentesaprêmios–banners.........................................................................65

T16.Acaracterizaçãodadisfagiaemcriançascommicrocefaliaassociadaaozikavírus:umarevisãodeliteratura.......................................................................................................................................65

T17.Análisedamorbidadedalabirintectomiamembranosaeósseacomousemaudiçãoedadrenagemdosacoendolinfático–shunt...........................................................................................68

T18.AnáliseretrospectivadosurgimentoepidemiológicodamicrocefaliaassociadaàsíndromedainfecçãocongênitapelovíruszikanoBrasil:umarevisãointegrativa..............................................71

T19.Coberturadotratamentocirúrgicodaestenosadocondutoauditivode2012a2016............75

T20.Microcefaliaeachadosaudiológicosemlactente:relatodecaso............................................78

4

T21.Panoramadamorbimortalidadedapatologiadamastoideedoouvidomédioeexternonosúltimoscincoanos.............................................................................................................................79

T22.Panoramadavigilânciaepidemiológicadoscasosdemicrocefaliaedealteraçõesnocrescimentoedesenvolvimentorelacionadosaozikavíruseoutrasinfecçõescongênitasnoestadodealagoas:umestudoanalítico,de2015a2017.............................................................................82

T23.Perspectivasdatimpanoplastiauniebilateralnascincoregiõesbrasileiras............................83

3. Trabalhosnãoconcorrentesàprêmio....................................................................................85

T24.Aplicabilidadedo“cifdigital”comoferramentaparaoacompanhamentodascriançascomsíndromecongênitadozikavírusemumcentroespecializado........................................................85

T25.Aexposiçãoaoruídoembombeiros:umarevisãointegrativa.................................................86

T26.Aextremamagnitudedaanálisedoperímetrocefáliconaavaliaçãodemicrocefalia.............87

T27.Aformaçãointerprofissionalesuainfluêncianocuidadoàcriançacommicrocefalia.............88

T28.Aimportânciadaatuaçãodaequipemultidisciplinarnocuidadoacriançacommicrocefalia.89

T29.Aimportânciadaestimulaçãoprecocenacriançadiagnosticadacomasíndromecongênitazikavírus–microcefalia....................................................................................................................90

T30.Aimportânciadaterapiaocupacionalnaestimulaçãoprecocedecriançascommicrocefalia:revisãosistemática............................................................................................................................91

T31.Aincidênciadegestantesinfectadaspelozikavíruseoaumentodaincidênciadenascimentodebebêscommicrocefaliacongênitaeperdaauditiva:umarevisãodeliteratura.........................92

T32.Ainfluênciadamodulaçãoimunológicapelozikavíruseoperfilepidemiológicoemrecém-nascidoscommicrocefalianoestadodeAlagoas.............................................................................93

T33.Aredesocialpessoaldemãesdecriançasacometidospelasíndromecongênitadozikavírus...........................................................................................................................................................94

T34.Arelaçãodadislexiacomadescriminaçãoauditivaeaconsciênciafonológica.......................95

T35.Arelevânciadoensinodelibrasafimdepromovermelhoriasnoatendimentoaossurdos:umrelatodeexperiência.........................................................................................................................96

T36.Autilizaçãodashantalacomoinstrumentoparainseriramãenocuidadocomobebêdiagnosticadocommicrocefalia........................................................................................................97

T37.AvivênciadeenfermeirandosnoscuidadosaumrncomencefaloceleemumaUCIneonatal:relatodeexperiência.........................................................................................................................98

T38.Açãolarvicidaepupicidadesubstânciasextraídasdemorindacitrofoliacontraomosquitoaedesaegypti....................................................................................................................................99

T39.Achadosaudiológicosemcriançacommicrocefalia:estudodecaso.....................................100

T40.Achadosaudiológicosemindivíduosportadoresdefissurapalatina......................................101

T41.Achadosaudiológicosemmúsicos..........................................................................................102

T42.Achadosaudiológicosemsujeitoscomdisfunçãotemporomandibular.................................103

T43.Acolhimento,orientaçãoeadaptação:reflexõesepráticas...................................................104

T44.Aleitamentomaternoeintroduçãodealimentaçãocomplementaremcriançascomasíndromecongênitapelozikavírus.................................................................................................105

5

T45.Alteraçõesdospapéisocupacionaisdasmãesdecriançascommicrocefalia.........................106

T46.Alteraçõesneuroanatômicasdamicrocefalia:revisãodeliteratura.......................................107

T47.AmbulatóriodeestimulaçãoprecoceembebêscommicrocefaliadecorrentesdainfecçãopelozikavírusnointeriordeSergipe:relatodeexperiência..........................................................108

T48.Análisedasrespostasobtidasporadultosemmétodosdetriagemauditiva.........................109

T49.Análisedeconjuntodeconsoantesoclusivascomoestímulosdefalanaturaisemfalantesdoportuguêsbrasileiro........................................................................................................................110

T50.Aplicaçãodequestionáriovalidadoparaverificarascondiçõesdedesenvolvimentoauditivodecriançascommicrocefalia..........................................................................................................111

T51.Arboviroseemicrocefalia:mapaepidemiológiconoBrasilentre2016e2017......................112

T52.Aspectossensóriosmotoresoraisdecriançascommicrocefalia............................................113

T53.Assistênciaodontológicaprecoceabebêscommicrocefalia:relatodeexperiêncianaatençãoprimáriaasaúde..............................................................................................................................114

T54.AtençãofisioterapêuticaàcriançacommicrocefaliaeSíndromedeWestassociada:relatodecaso.................................................................................................................................................115

T55.AtendimentofonoaudiológicoacriançascommicrocefaliaemumserviçopúblicodeMaceió:umrelatodeexperiência................................................................................................................116

T56.Avaliaçãoaudiológicadebebêscommicrocefaliaeaprimoramentodoaprendizadopráticodiscente:umrelatodeexperiencia.................................................................................................117

T57.AvaliaçãoauditivadecriançascommicrocefaliaassociadaainfecçãocongênitapeloZikavírus.........................................................................................................................................................118

T58.Avaliaçãodosreflexosoraisemcriançascommicrocefalia....................................................119

T59.Avaliaçãoemonitoramentoaudiológicoemcriançascommicrocefalia................................120

T60.Avaliaçãoorofacialemcriançascommicrocefalia:descriçãodosachados............................121

T61.Benefíciosdousodosistemacrosparaahabilidadedelocalizaçãosonoraemindivíduoscomperdaauditivaunilateral:umarevisãointegrativa.........................................................................122

T62.CaracterizaçãodatriagemauditivaneonatalembebêscommicrocefaliaatendidosnocentroespecializadoemreabilitaçãoCER-III..............................................................................................123

T63.CaracterizaçãodoperfildascriançascommicrocefaliaatendidasemumcentroespecializadoemreabilitaçãodoestadodeAlagoas............................................................................................124

T64.Condutadeatendimentoodontológicoaopacientecomdeficiênciaauditiva.......................125

T65.Desafiodosprofissionaisdesaúdediantedepacientescomdeficiênciaauditiva.................126

T66.Emissõesotoacústicastransientesemcriançascommicrocefaliapelozikavírus..................127

T67.Equipesdedicadasnocuidadodefamílias/criançasacometidaspelasíndromecongênitadoZikaemummunicípiodeAlagoas:umaestratégiaqualificada......................................................128

T68.Estudodacoberturadosprocedimentosdiagnósticosauditivosemcriançasdeumestadodonordestebrasileiro..........................................................................................................................129

T69.Famíliaeequipemultiprofissionalumtrabalhoconjuntoemproldodesenvolvimentodosbebescommicrocefalia:relatodeexperiênciadeumprojetodeextensão..................................130

6

T70.Gravidadedascriançascomsíndromecongênitadozikavírusdeacordocomaclassificaçãointernacionaldefuncionalidade,incapacidadeesaúde(CIF).........................................................131

T71.Habilidadesauditivasemsujeitosbilíngues............................................................................132

T72.Importânciadaaudiçãonoprocessodecomunicaçãoemsaúde:umrelatodeexperiência.133

T73.Importânciadatriagemdoprocessamentoauditivocentralcomoinstrumentodeavaliaçãodedistúrbiosdeaprendizagememescolares:revisãosistemática.....................................................134

T74.InterferênciadaperdaauditivaemindivíduosportadoresdedoençadeAlzheimer.............135

T75.Intervençãofonoaudiológicaeotorrinolaringológicanavestibulotoxicidade:relatodeexperiência......................................................................................................................................136

T76.Línguadesinais:umaferramentaimportantenamelhoriadarelaçãomédicoepacientecomdeficiênciaauditiva.........................................................................................................................137

T77.MatriciamentodasequipesdesaúdedafamíliacomoscentrosespecializadosemreabilitaçãoparapessoasacometidaspelasíndromecongênitaassociadapeloZikavírus...............................138

T78.Monitoramentodopotencialevocadoendógenodecriançasdisfluentespréepósintervençãofonoaudiológica...........................................................................................................139

T79.Nascimentodebebêscommicrocefalia:umfatorderisco....................................................140

Paradepressãopós-parto?.............................................................................................................140

T80.Núcleointerdisciplinardereabilitaçãodecriançasportadorasdasíndromecongênitadovíruszika:estratégiadehumanizaçãodocuidado..................................................................................141

T81.Oefeitodaidadenoreconhecimentodafalaintermitente....................................................142

T82.Oefeitodaidadenoreconhecimentodafalamoduladaemamplitude................................143

T83.OimpactodosruídosemUTIneonatal:revisãodeliteratura................................................144

T84.Ousodeaparelhosdeamplificaçãosonoraindividualnareduçãodapercepçãooueliminaçãodozumbidoemusuárioscomperdaauditiva.................................................................................145

T85.Oficinasobreautilizaçãoderecursosvisuaiseauditivosnaintervençãoprecocedecriançascommicrocefalia.............................................................................................................................146

T86.Orientaçãoeaconselhamento:umaexperiênciacomgrupodepaisnointeriordeSergipe.147

T87.OsnúmerosdamicrocefaliaassociadoaoZikavírusnobrasil:dadosduranteosurtoeatualmente......................................................................................................................................148

T88.Pétortocongênito:achadoortopédiconamicrocefaliae/ouinfecçãopeloZikavírus..........149

T89.PercepçãodasmãessobreaudiçãodascriançascommicrocefaliapeloZikavírus................150

T90.Percepçãoediscriminaçãodefalaemusuáriosdeimplantecoclearassociadoaosistemadefrequênciamodulada......................................................................................................................151

T91.Percepçãoediscriminaçãodefalanoruídoemusuáriosdeaparelhodeamplificaçãosonoraindividualassociadoaosistemadefrequênciamodulada..............................................................152

T92.Percepção,conhecimentoehabilidadedoscuidadoresemsaúdebucaldecriançascommicrocefalia.....................................................................................................................................153

T93.Potenciaisevocadosauditivosemindivíduoscomgagueira...................................................154

7

T94.Potencialdeaçãocompostoeletricamenteevocadononervoauditivoeimplantecoclear:umarevisãointegrativa...................................................................................................................155

T95.Potencialevocadoauditivocorticalembebêsatermoepré-termo......................................156

T96.Potencialevocadoauditivodotroncoencefálicocomestímulodefala:umestudosobreomascaramentotemporal.................................................................................................................157

T97.PotencialototóxicodagentamicinaempacientesdaUTIneonatal.......................................158

T98.Processamentoauditivocentraledislexia:umarevisãointegrativa......................................159

T99.Processamentoauditivocentralemcriançaseidosos............................................................160

T100.ProteçãosocialàscriançasdiagnosticadascomsíndromecongênitadoZikaesuasfamílias:umaexperiênciadoserviçosocial...................................................................................................161

T101.Reabilitaçãoauditivaemgrupo:umaexperiênciacomgrupodeidososemumprogramadesáudeauditiva.................................................................................................................................162

T102.Reabilitaçãoauditivanoidoso:primeiropassonamelhoriadesuaqualidadedevida........163

T103.Reabilitaçãovestibularcompacientesvítimasdeacidentesautomobilísticos.....................164

T104.Relaçãoentresintomasotológicos,achadosaudiológicosedisfunçãotemporomandibular.........................................................................................................................................................165

T105.Relatodeexperiênciadeumserviçodeotoneurologia........................................................166

T106.RelatodeexperiênciasobreaparticipaçãoemumlaboratóriodepesquisacientíficanoestadodeAlagoas...........................................................................................................................167

T107.RelatodeexperiênciasobreoIcursointrodutóriodaligaacadêmicainterdiscipinardelinguagemecognição......................................................................................................................168

T108.Relatodeexperiência:umprimeirocontatocomamicrocefalia.........................................169

T109.Relaxamentomuscularatravésdeestimuloacústicobaseadonafisiologiadopotencialmiogênicovestibularcervical..........................................................................................................170

T110.Satisfaçãodosusuáriosdeaparelhodeamplificaçãosonoraindividualapartirdasmedidasdeganhodeinserção:umarevisãointegrativa..............................................................................171

T111.Saúdementaldemãesdecriançascommicrocefalia...........................................................172

T112.Sigaudiologia:umrelatodeexperiênciadosdiscentedefonoaudiologiadaUFPE.............173

T113.Simulaçãodecasoclínicosobreimplantecoclear:contribuiçõesparaoensino-aprendizagemsegundodiscentesdefonoaudiologia.............................................................................................174

T114.Sintomasauditivosemmúsicos:revisãodaliteratura..........................................................175

T115.Sintomasotológicoseachadosaudiológicosemadultoseidosos.......................................176

T116.Testeprelimiaresdepotenciaisevocadosauditivosdeestadoestávelcomestímulosverbais.........................................................................................................................................................177

T117.UmaanáliseepidemiológicadamicrocefalianoestadodoRioGrandedoNorte................178

T118.Zumbidoemtrabalhadoresexpostosaoruídoocupacional.................................................179

4. ICongressomedicinadoCESMAC:trabalhosconcorrentesàprêmio-banners....................181

8

T119.Adiferençadafrequênciadedermatosesduranteagravidezdebaixoriscocomparadaafrequêncianapopulaçãogeralemunidadedesaúdenomunicípiomaceió..................................181

T120.Adiferençadoimpactodacirurgiaeletivadecolecistectomianarespostaimunedopacientediabéticocomparadoaosnão-diabéticos.......................................................................................184

T121.Aimportânciadabiossegurançaparaoestudantedemedicina..........................................187

T122.Asmaesazonalidade:nosdiferentesclimasalagoanos........................................................190

T123.Aspectosbiopsicossociaisdoacompanhamentomultidisciplinarparaoidosocomalzheimer.........................................................................................................................................................194

T124.CaracterizaçãoclínicaeepidemiológicadospacientesematendimentodomiciliarnacidadedeMaceió,AL,Brasil.......................................................................................................................197

T125.Cardiopatiascongênitasassociadasasíndromedobebêazul:revisãointegrativa..............202

T126.Desenvolvimentoderesistênciadevidoaousoindiscriminadodeantibacterianos.............205

T127.Desigualdadedegênerocomofatorderiscoparaasinfecçõessexualmentetransmissíveisemmulheres...................................................................................................................................210

T128.Educaçãoambiental:promoçãodasaúdeequalidadedevida............................................214

T129.Educaçãoerastreiodecâncerdegenitáliaexternamasculina:umarevisãodeliteratura..219

T130.Enfrentamentodemãesàmicrocefalia................................................................................222

T131.Estudoacercadasprincipaisetiologiasquelevamàcirrosehepática..................................226

T132.MaldeAlzheimeremidosos:osdesafiosdeseuscuidadores..............................................229

T133.Odesafiovindodafacilidadedeobtençãodosmedicamentos............................................232

T134.Oestadofrenteaoabortonumolharbiopolíticoedebiopodernaperspectivadefoucault.........................................................................................................................................................234

T135.Ofortalecimentodaspicsnaatençãobásicado3ºdistritosanitáriodeMaceió/AL:umrelatodeexperiênciadopetgraduasus–CESMAC....................................................................................238

T136.Oprocessofisiopatológicodapancreatiteagudaemdecorrênciadelitíasebiliar...............240

T137.Olharacadêmicofrenteaosimpactosdaspolíticasassistenciaisvoltadasaocontextodoidoso................................................................................................................................................243

T138.Perfildoscursosdemedicinacomaltodesempenhonoenade...........................................245

T139.Petgraduasus:contribuiçãonaformaçãoacadêmicadomédicotrabalhadordoSUS-umrelatodeexperiência.......................................................................................................................248

T140.Prevalênciadeacidentevascularencefálicoempacientescomfibrilaçãoatrialnohospitalgeraldealagoas...............................................................................................................................251

T141.Purificaçãoeaplicaçãobiológicadeproteasesproduzidasporaspergillusspp.Ucp1279emsistemadeduasfasesaquosas........................................................................................................254

T142.Resiliêncianoenfrentamentoamicrocefalia:desafiosesuperação....................................259

T143.Schinusterebinthifolius:revisãodaspropriedadesfarmacológicas......................................263

T144.Síndromedobebêsacudido:problemapoucoconhecidoedesaúdepública.....................266

5. ICongressodemedicinadoCESMAC:trabalhosnãoconcorrentesàprêmio-banners.........269

9

T145.Alteridadedelévinaseocuidardesiemfoucault:aartedesermédico.............................269

T146.Aexpressãodotranstornodoespectroautista(tea)comenfoquenacomunicação,interaçãoecognição:umarevisãointegrativadaliteratura...........................................................................270

T147.Aimportânciaclínico-obstétricadosaspectosanatômicosdonervofibularcomum...........271

T148.Aimportânciadadetecçãodefatoresderiscoparadoençascardiovasculares:relatodeexperiência......................................................................................................................................272

T149.Aimportânciadaeducaçãoemsaúdenainfância:umrelatodeexperiência......................273

T150.AimportânciadamamografianaprevençãoediagnósticodocâncerdemamanoBrasil...274

T151.Aimportânciadarotulagemnutricionalparaacontemporaneidade...................................275

T152.Aimportânciadoreconhecimentodaiminênciaderoturauterinanaemergênciaobstétrica.........................................................................................................................................................276

T153.ApráticainterdisciplinarnoscursosdepsicologiaemedicinadoCESMAC..........................277

T154.Arelaçãodohelicobacterpylorieocâncergástrico:revisãodeliteratura...........................278

T155.Abordagemhospitalaremcriançasinternadaspordesnutriçãoproteico-energética..........279

T156.AgregadosamilóidesnapatogênesedadoençadeAlzheimer:revisãodeliteratura...........280

T157.Alimentaçãosaudáveleatividadefísicacomofatoresdeterminantesparaoenvelhecimentosaudável..........................................................................................................................................281

T158.Análisedaequidadenosistemanacionaldetransplantes....................................................282

T159.Análisedaescolhaclínicadeanti-histamínicoseoimpactodeseusefeitosadversosnacomunidade.....................................................................................................................................283

T160.Análisedaqualidadedevidadosportadoresdeler/dort:umarevisãointegrativadeliteratura.........................................................................................................................................284

T161.AnálisedescritivadosíndicesdemortalidadedosprincipaistiposdecâncernaregiãoNordestedoBrasil...........................................................................................................................285

T162.Análisedosaneamentobásicoentre2008e2015esuainfluêncianasaúdedapopulaçãodealagoas:umestudodescritivo.........................................................................................................286

T163.AnálisedosmétodosdiagnósticosalternativosparaatuberculoseemAlagoas..................287

T164.AnáliseepidemiológicadoscasosdeChikungunyaemalagoaseasrelaçõescomasalteraçõesclimáticas.......................................................................................................................288

T165.AnáliseepidemiológicadoscasosdeZikaemAlagoaseasrelaçõescomasalteraçõesclimáticas.........................................................................................................................................289

T166.Análisequalitativadofilme“umgolpedodestino”(Thedoctor)sobaperspectivadasíndromedeBurnoutnosprofissionaisdesaúde...........................................................................290

T167.Análisequantitativadosexamescitopatológicossobópticadoprogramanacionaldemelhoriadoacessoedaqualidade.................................................................................................291

T168.Asestratégiasnocombatedaobesidadeinfantil:umarevisãodeliteratura.......................292

T169.Asprincipaiscomorbidadesmédicasdotranstornodoespectroautistaeseusimpactos...293

T170.AspectoséticoselegaisdareproduçãoassistidanoBrasil...................................................294

10

T171.Atendimentodevítimasdeviolênciasexualcontraamulhernocotidianonosserviçosdeurgênciaeemergência....................................................................................................................295

T172.Atividadeantimicrobianadoextratodelimoniumbrasiliense:umarevisão........................296

T173.Benefíciosdaludoterapiaemambientehospitalar..............................................................297

T174.Benefíciosdoaprendizadodosuportebásicodevidapediátricoparaleigos.......................298

T175.Biossegurançanaprevençãodeinfecçõeshospitalares.......................................................299

T176.Bullying:aspectossociaisepsicobiológicos..........................................................................300

T177.Câncerdemamanagravidez:umaanáliseponderada.........................................................301

T178.Câncerdepulmão:importânciadaprevençãoprimária.......................................................302

T179.Câncerealteraçõesbiológicasnasenescência.....................................................................303

T180.Cannabissativa:usoterapêuticodocanabidiol....................................................................304

T181.CaracterizaçãoeprevençãodosacidentesmotociclísticosnoBrasil:umarevisãodeliteratura.........................................................................................................................................................305

T182.Carcinomatosemeníngeaassociadaaocâncer:aumentodaincidênciaelimitaçõesterapêuticas....................................................................................................................................306

T183.Cardiopatiachagásicacrônica:fisiopatologiaeintervençãocirúrgicadoaneurismadeventrículoesquerdo........................................................................................................................307

T184.Cardiopatiachagásicaeseuimpactonaqualidadedevidadosseusportadores.................308

T185.Cardiopatiascongênitas:arelevânciadadetecçãoetratamentoprecoceemcrianças:umrelatodeexperiência.......................................................................................................................309

T186.CausasdasneoplasiasdemaiormorbidadenoestadodeAlagoas......................................310

T187.Chikungunyaeartralgiacrônicapós-infecção:visãoimunológicaeperspectivasterapeuticas.........................................................................................................................................................311

T188.CirurgiaderevascularizaçãomiocárdicanoSUS:perfilepidemiológicodasregiõesbrasileiras.........................................................................................................................................................312

T189.Comunicaçãoemmedicina:opapeldaformaçãoacadêmicaparaaconstruçãodarelaçãomédico-paciente..............................................................................................................................313

T190.ConstruçãodeárvoresfilogenéticasparaproteínasdevírusZikaedeoutrosflavivírus.....314

T191.Contextosocialeasconsequênciasdodiabetestipoinopacienteinfantil.........................315

T192.Correlaçãoentresíndromemetabólicaecirurgiabariátrica:umarevisãointegrativa.........316

T193.Deficiênciamental:limitesepossibilidadesdeinserçãonomercadodetrabalho...............317

T194.Demênciasnosidosos:umavisãoneuropsicossocial............................................................318

T195.Dengue,umacomparaçãodosdiversosmétodosdediagnósticoparaumapatologiaendêmicaemalagoas......................................................................................................................319

T196.Dengue:umaanálisedosúltimosdezanosnoestadodeAlagoas.......................................320

T197.Depressãoemestudantesdemedicina:umarevisãointegrativa.........................................321

T198.Depressãonosestudantesdemedicina:comoarotinapodelevaraocaos?.......................322

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T199.DiagnósticolaboratorialdeZika:umarevisãobibliográficasobreastécnicasdeidentificaçãodapatologia.....................................................................................................................................323

T200.Diagnósticoradiológicodaendometriose:aspectosultrassonográficosversusressonânciamagnética........................................................................................................................................324

T201.Direitosdaquelesqueestãoparanascerquantoadignidadehumana:umavisãojurídicaefilosófica..........................................................................................................................................325

T202.Doençadorefluxogastroesofágico:aspectosclínicosefisiopatológicos.............................326

T203.Dorpsicogênica:aimportânciadoacompanhamentomultidisciplinar................................327

T204.Efetividadepráticadaspolíticaspúblicasdasaúdedoidoso:umacomparaçãocomseuembasamento.................................................................................................................................328

T205.Esclerosemúltipla:umaabordagemgeral............................................................................329

T206.EsquistossomoseemAlagoas:análisedaproduçãocientíficadosúltimoscincoanos.........330

T207.Esquistossomose:umproblemaatual?.................................................................................331

T208.Estenosemitralcongênita:umacondiçãorara.....................................................................332

T209.EstudodamortalidadedostiposdecâncernoestadodeAlagoas.......................................333

T210.EstudoepidemiológicocomparativodecasosdeemboliapulmonarnoBrasilentre1996e2015.................................................................................................................................................334

T211.Éticanasaçõeseducativasedecuidadoemsaúde..............................................................335

T212.Expectativaseimpassesencontradospeloacadêmicodemedicinaantesdeingressarnoprojetodeextensão:umarevisãobibliográfica..............................................................................336

T213.Extensãouniversitáriaecapacitaçãoprofissional:umaexperiênciadeeducaçãoemsaúde.........................................................................................................................................................337

T214.Fatoresderiscoocupacionaisrelacionadosàsaúdedotrabalhadorcanavieiro..................338

T215.Fatorespredisponenteseterapêuticaparacandidíasemucocutânea:umarevisãosistematizadadaliteratura..............................................................................................................339

T216.Fibrosecística:oconhecimentodadoençaeperspectivasfuturasdetratamentoparaumamaiorexpectativadevida...............................................................................................................340

T217.Formaçãodonúcleointerdisciplinardeensinonasaúde-NIES:umrelatodeexperiência.341

T218.Formasectópicasdeinfecçãoporschistosoma:umestudosobrediagnósticosdiferenciais.........................................................................................................................................................342

T219.Glomerulonefritepós-estreptocócica:etiologiaeconsequências........................................343

T220.Hiperculturaeoautocuidar:umageraçãomarcadapelaautomedicação...........................344

T221.Impactodoimplantecoclearempacientespediátricos........................................................345

T222.Importânciadosmétodosalternativosnosprocessosdesaúdeedoença...........................346

T223.IncidênciadesífilisgestacionalemadolescentesnoestadodeAlagoas..............................347

T224.Índicecraniométrico:tipodecrâniomaisfrequenteemmaceió,presençademicrocefaliaedeterminaçãodaetnia....................................................................................................................348

T225.InfartoagudodomiocárdioesuaprevalenciaemMaceió,Alagoas.....................................349

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T226.Influênciadacirurgiametabólicanotratamentodepacientescomdiabetesmellitustipo2.........................................................................................................................................................350

T227.Insôniaesuasconsequênciasnasaúde................................................................................351

T228.Intervençãonãofarmacológicanotratamentodasíndromemetabólica.............................352

T229.Intervençõesnutricionaisnaminimizaçãodosefeitosadversosdaquimioterapiaantineoplásica:umarevisão............................................................................................................353

T230.Intolerânciaàlactose:asorigensdaepidemia.....................................................................354

T231.LevantamentoepidemiológicodaleishmaniosevisceralemhumanosecãesnoestadodeAlagoas-Brasil,de2010a2016......................................................................................................355

T232.LinfomadeHodgkin:ummalsilencioso................................................................................356

T233.Marcadordeaterosclerosesubclínicaemcriançasobesas...................................................357

T234.Métodosdiagnósticosparaesquistossomose:umcomparativoutilizandoparâmetroseficazesesociais.............................................................................................................................358

T235.MicrocefaliaemAlagoas.......................................................................................................359

T236.Microcefalia:umestudosobreonúcleocentraleaperiferiadasrepresentaçõessociais...360

T237.Monitorizaçãodapressãointracranianaempacientescomtraumatismocranioencefálicograve................................................................................................................................................361

T238.MulheresportadorasdedeficiêncianoséculoXXI:desafiosdeumaduplavulnerabilidade362

T239.Oensinodelibrasparaosprofissionaisdesaúdemelhoraoatendimento?........................363

T240.Opapeldahepcidinanometabolismodoferro....................................................................364

T241.OprotagonismodaparturientenopartohumanizadonoBrasil..........................................365

T242.Ousocrônicodeanti-inflamatóriosnãoesteroidesemidososcomfraturadequadril:umarevisãodosriscos............................................................................................................................366

T243.Ousodebenzodiazepínicosemidososesuarelaçãocomquedas.......................................367

T244.Osbenefíciosdamelatoninanotratamentodocâncer:umarevisãodeliteratura..............368

T245.Osbenefíciosdotratamentocomantidepressivosnapopulaçãoidosa...............................369

T246.Osteomielitevertebral:umdiagnósticodiferencialdesafiador............................................370

T247.PanoramadaassistênciahumanizadaaopartonoBrasil:umaformadegarantirautonomiaequalidadedevidaparaamulhereneonato...................................................................................371

T248.Participaçãonaligaalagoanademedicinacirúrgica:umrelatodeexperiência...................372

T249.Patchadams-oamorécontagioso:umaanálisequalitativasobrearelaçãomédico-paciente.........................................................................................................................................................373

T250.Polidramnia:umacomplicaçãododiabetesmellitustipo2..................................................374

T251.Preparaçãoparalidarcomamortenaformaçãodoestudantedemedicina.......................375

T252.PrevalênciadedepressãoemestudantesdemedicinadeAlagoas......................................376

T253.Prevalênciaecorrelaçõesdasmortesporamebíase,segundooprodutointernobrutonaregiãoNordestedoBrasil................................................................................................................377

T254.Prevençãodaesquistossomoseemalagoaseasinfluênciasambientais.............................378

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T255.Prevençãoediagnósticoprecocedocâncerdepróstata:aimportânciadaspolíticasecampanhaseducativasparaamobilizaçãonabuscadoautocuidado............................................379

T256.Principaisbloqueadoresneuromuscularesutilizadosnaemergência:umarevisãodeliteratura.........................................................................................................................................380

T257.Principaismanifestaçõesrenaisnaesclerosetuberosa........................................................381

T258.Proteçãoradiológica:imprescindívelnaimaginologia..........................................................382

T259.QuantitativodecasosdesífilisemgestantesnacidadedeAtalaia-Alagoas........................383

T260.RelaçãodoscasosdemicrocefaliacomoZikavírus..............................................................384

T261.Relaçãodosfatoressociaisesintomatologiadepressivaemidosos.....................................385

T262.Relaçãoentreexameslaboratoriaisefluxosanguíneocerebralderiscoparaacidentevascularencefálicoempacientescomdoençafalciforme..............................................................386

T263.Relatodeexperiência:visitaaumaunidadedesaúdevoltadaasaúdedotrabalhador......387

T264.Relatodeexperiência:vivênciadeestudantesdemedicinaemumgrupodeautocuidadoemhanseníase.......................................................................................................................................388

T265.Sedaçãopaliativanopacienteoncológico:umarevisãodeliteratura..................................389

T266.Sequelasdecorrentesdodiagnósticotardiodadoençacelíaca:revisãointegrativa............390

T267.Sífiliscongênita:umdesafioparaasaúdepúblicanoBrasil.................................................391

T268.Sigilo:aexposiçãodepacientesemredessociais.................................................................392

T269.Síndromedealportnapráticamédica:umarevisãosistemática.........................................393

T270.Síndromedecompressãomedular:emergênciaemneuro-oncologia.................................394

T271.SíndromedeTakotsubo:umacardimiopatiapeculiar..........................................................395

T272.SubnotificaçãodascardiopatiascongênitasnomunicípiodeMaceió..................................396

T273.Toxoplasmosecongênita:umarevisãodeliteraturasobreopanoramamundialenacionalquantoasuaepidemiologia,fisiopatologia,aspectosclínicoseterapêuticos................................397

T274.Transmissãoverticaldovírusdaimunodeficiênciahumana:umarevisãoliterária..............398

T275.Tratamentoalternativoparaprevençãodeinfecçãodotratogenito-urináriofeminino.....399

T276.Tratamentodahipertensãopulmonarpersistentedorecém-nascidocomcitratodesildenafila:umarevisãodeliteratura..............................................................................................400

T277.Tumormalignodabainhadonervoperiférico......................................................................401

T278.Tumoresextragonadaisdecélulasgerminativas:umarevisãodeliteratura........................402

T279.Ultrassonografiadotratourinárioparaomédicogeneralista:compreendendoométodoesuasprincipaisindicações-ensaiopictóricoerevisãodaliteratura...............................................403

T280.Ultrassonografiatransvaginalcompreparointestinalnodiagnósticodaendometriose:um“padrãoouro”debaixocusto.........................................................................................................404

T281.UmaanálisedoscasosdeZikanoestadodeAlagoas...........................................................405

T282.Usodeanticorposmonoclonaiscomoterapia-alvoemtratamentosoncológicos...............406

T283.Usointra-articulardecélulas-troncomesenquimaiscomotratamentodeosteoartrite......407

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T284.Utilizaçãodobiofármacohumanalpha-lactoalbumin(Hamlet)comoestratégiapotencializadoraemtratamentosantibacterianos.........................................................................408

T285.VacinaçãocontraHPV:mitoserealidades............................................................................409

T286.VigilânciaepidemiológicadadoençadeChagasemAlagoas................................................410

T287.VulnerabilidadedemédicoseestudantesdemedicinaasíndromedeBurnout:umarevisãodeliteratura.....................................................................................................................................411

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1. Trabalhos concorrentes à prêmio - apresentações orais

T1. Estudo do comprometimento dos limiares auditivos tonais por frequências específicas em pacientes com tuberculose tratados com aminoglicosídeos: uma

revisão sistemática com metanálise Fernanda Calheiros Peixoto Tenório; Pedro de Lemos Menezes; Nassib Bezerra Bueno; Kelly Cristina Lira de Andrade; Klinger Vagner Teixeira da Costa; Silvio Leonardo Nunes de Oliveira; Pedro de Lemos Menezes Área Temática: Diagnóstico Audiológico RESUMO

Introdução: As tuberculoses multirresistente e a extensivamente resistente apresentam alta incidência no Brasil e no mundo. Para o tratamento, há a necessidade do uso de aminoglicosídeos por um período prolongado, o que leva a ototoxicidade caracterizada, para a maioria dos autores, por perda auditiva irreversível, que se inicia nas frequências elevadas e progride para as frequências mais baixas, mesmo após o término do uso do aminoglicosídeo, porém, sem maiores informações sobre o comprometimento por frequência específica e as relações entre elas. Assim, a compreensão mais aprofundada dos detalhes do comprometimento auditivo por frequência de pacientes que utilizam as drogas preconizadas no tratamento da turberculose multirresistente se faz necessária para o desenvolvimento de um protocolo mais efetivo tanto para o diagnostico como para o monitoramento precoce. Objetivo: Analisar o comprometimento dos limiares auditivos tonais por frequências específicas em pacientes com tuberculose tratados com aminoglicosídeos. Materiais e Métodos: Trata-se de uma revisão sistemática com metanálise de estudos observacionais, sem restrições de idiomas ou datas, nas diversas bases de dados. Resultados e Discussão: Foram analisados três artigos e estabelecidas comparações entre os limiares auditivos das frequências entre 250 Hz a 8000 Hz. A diferença média dos limiares auditivos entre as frequências 250 Hz e 8000 Hz foi de -28.34 dB. Já dos limiares auditivos, com IC de 95%, entre -45.33 e -11.35 dB. O teste de efeito geral obteve p<0,01, apresentando diferença significativa. Foram comparadas as frequências agudas de 4000 Hz e 8000 Hz e observou-se diferença média de -9.13 dB dos limiares entre as frequências analisadas, com IC de 95% entre -12.66 e -5.60 dB. O teste para o efeito geral obteve p<0,01, revelando que tal diferença foi significativa. Nessa análise, a heterogeneidade foi baixa, I2 = 23% e valor de p=0.27. Conclusão: As frequências mais acometidas em pacientes com tuberculose tratados com aminoglicosídeos são as agudas, especificamente na faixa entre 4000 e 8000 Hz. Palavras-chave: Tuberculose. Aminoglicosídeos. Ototoxicidade. Limiar Auditivo. Perda auditiva. INTRODUÇÃO

A tuberculose (TB) configura-se na atualidade como problema de saúde pública no Brasil e no mundo.

Apesar dos esforços para o controle da doença mundialmente, a TB ainda é uma das maiores causas de morbimortalidade. Estimam-se que dois bilhões de pessoas estejam infectadas pelo Mycobacterium tuberculosis, o que representa 8 milhões de casos novos anuais, com cerca de dois milhões de óbitos por ano. Os países em desenvolvimento são os mais afetados e registram 95% dos casos e 99% das mortes[1,2,3,4,5].

O surgimento das formas de TB multirresistente (TB-MR) e da TB extensivamente resistente (TB-XDR – Extensively Drug-Resistant-Tuberculosis) tornou-se um grande desafio global para o combate à doença[6]. O principal fator relacionado à multirresistência é a má adesão do paciente à terapêutica devido aos eventos adversos relacionados aos medicamentos, principalmente pelo fato da necessidade de o tratamento ser longo, durando em média 18 e 24 meses[7,8].

A quimioterapia é o pilar fundamental no tratamento da TB. A Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza a inserção de aminoglicosídeos injetáveis no tratamento[1,9]. Apesar de sua efetividade, a principal preocupação na administração de aminoglicosídeos por longo período é a otoxicidade, a qual é considerada o efeito secundário mais importante e é caracterizada pelo comprometimento do sistema auditivo, em especial à cóclea e ao nervo auditivo, podendo também trazer prejuízo ao sistema vestibular. Os danos cocleares são irreversíveis, o que leva à perda auditiva[7,10,11].

O monitoramento auditivo nestes casos é necessário[12], uma vez que o paciente com TB em uso de aminoglicosídeo apresenta maior risco de desenvolver perda auditiva e que o comprometimento auditivo consequentemente afetará suas atividades diárias. Por outro lado, ainda não existe um consenso sobre a influência da ototoxidade para todas as faixas de frequências[13,14]. A compreensão aprofundada das perdas auditivas e o estudo das frequências acometidas nestes pacientes se fazem necessários para que as alterações auditivas sejam diagnosticadas precocemente com a finalidade de adoção de medidas que minimizem os prejuízos causados, e que permitam a manutenção da comunicação e, consequentemente, da qualidade de vida dessas pessoas.

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Dessa maneira, o objetivo deste estudo foi analisar o comprometimento dos limiares auditivos tonais por frequências específicas de pacientes com tuberculose tratados com aminoglicosídeos.

MATERIAIS E MÉTODOS Trata-se de uma revisão sistemática com metanálise de estudos observacionais. A realização deste trabalho

buscou responder a seguinte pergunta: quais os limiares auditivos mais comprometidos no audiograma por frequência de pacientes com tuberculose tratados com aminoglicosídeos?

As estratégias de busca objetivaram uma busca global, incluindo descritores (DeCS e MESH) e termos livres (TL), fundamentados nos três elementos do PICo (População, Interesse, Contexto) presentes no título, os quais consistem em: Tuberculosis AND (Aminoglycosides OR Streptomycin OR Capreomycin OR Amikacin OR Kanamycin) AND (Hearingloss OR Sensorineuralloss OR Hearing OR Lossofhearing OR Hearingdeficiency OR Auditorythreshold OR Ototoxicloss OR Ototoxicity OR Ototoxic).

As seguintes bases de dados foram pesquisadas: Pubmed, Cochrane, ScienceDirect, ClinicalTrials, LILACS, BVS, Scielo, ClinicalEvidence, Embase, Circumpolar Health BibliographicDatabase, The New York Academyof Medicine e Ebsco host, bem como a base de literatura cinzenta: OpenGrey. Foram incluídos: estudos observacionais, realizados em adultos com idade entre 18 e 60 anos, em tratamento para tuberculose em uso de aminoglicosídeos. Não houve restrição de sexo, raça ou morbidades. Também não houve restrição de idioma ou de data de publicação. Foram excluídos: estudos realizados em adultos com perda auditiva prévia do tipo condutiva e por patologias genéticas. Também foram excluídos os artigos repetidos em bases de dados diferentes. Durante a extração dos dados, os títulos e resumos dos artigos obtidos foram avaliados de forma independente por dois pesquisadores. Os textos completos dos artigos com potencial para serem incluídos na pesquisa foram analisados na íntegra. O resultado procurado nos estudos foi a perda da audição evidenciada pelos valores dos limiares auditivos tonais por frequências específicas dos sujeitos. O risco de viés foi avaliado de acordo com as recomendações do manual e da "Newcastle-Ottawa Scale"[15], adaptada para estudos observacionais transversais. A análise dos dados se deu através de metanálise. Foi utilizado como medida do efeito a diferença média dos limiares auditivos por frequência, e como método estatístico de análise um modelo de efeitos aleatórios. Um valor de α menor que 0,05 foi considerado estatisticamente significante.

O teste Q da Cochran foi utilizado para testar a heterogeneidade estatística entre os estudos e a inconsistência foi testada usando o teste do I[2]. Para essa medida, um valor de P inferior a 0,10 foi considerado estatisticamente significativo. Todas as análises foram realizadas utilizando o software RevMan 5.3 (CochranCollaboration).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Dos 2.756 títulos de artigos encontrados a partir das buscas, 221 resumos foram lidos e, após a leitura dos

resumos, 21 textos completos foram selecionados para leitura na íntegra. Após a leitura dos textos, 18 artigos foram excluídos. Portanto, somente três textos completos foram incluídos na análise qualitativa e quantitativa. No total, para a avaliação da ação dos aminoglicosídeos e sua repercussão nos limiares auditivos tonais nas frequências 250, 500, 1000, 2000, 4000 e 8000 Hz, foram estudados 148 sujeitos adultos.

As frequências mais testadas foram 250, 500, 1000, 2000, 4000 e 8000 Hz, o que está de acordo com a literatura que recomenda o uso de audiometria tonal para avaliação da função auditiva[16,17,18].

O resultado das audiometrias tonais, de uma maneira geral, evidencia que as altas frequências são as mais acometidas do que as baixas. Fato amplamente discutido na literatura[7,19].

Os limiares auditivos médios para as frequências de 4000 e 8000 Hz, em pacientes com TB que fizeram uso de aminoglicosídeos, foram 34,3 e 42,8 dB, respectivamente. Os testes estatísticos revelaram que as duas frequências são, de fato, as mais comprometidas. Estes achados estão indicados na literatura confirmam que as frequências mais altas são as primeiras a serem comprometidas, com posterior acometimento das baixas frequências bilateralmente[7,19].

CONCLUSÃO

As frequências mais acometidas em pacientes com tuberculose tratados com aminoglicosídeos são as

agudas, especificamente na faixa entre 4000 e 8000 Hz.

REFERÊNCIAS

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5. World Health Organization (WHO). Global Tuberculosis Control 2011: Who Report 2011. Geneva. 2011. 6. Dalcomo MP, Andrade MK, Picon PD. Multiresistant tuberculosis in Brazil: history and control. Rev Saude

Publica. 2007; 41:34-42. 7. Duggal P, Sarkar M. Audiologic monitoring of multidrug resistant tuberculosis patients on aminoglycoside

treatment with long term follow-up. BMC Ear Nose Throat Disord. 2007; 7:5. 8. Rocha JL, Dalcomo MP, Fedele D, Marques MG. Multiresistant tuberculosis. Rev Pulmão RJ. 2008; 17:27-

32. 9. World Health Organization. Guidelines for the Programmatic Management of Drug-resistant Tuberculosis.

Emergency Update 2008. Geneva. 2008. 10. Javadi MR, Abtahi B, Gholami K, Moghadam BS, Tabarsi P, Salamzadeh J. The Incidence of Amikacin

Ototoxicity in Multidrug-Resistant Tuberculosis Patients. Iran J Pharm Res. 2011; 10: 905-11. 11. Xie J, Talaska AE, Schacht J. New developments in aminoglycoside therapy and ototoxicity. Hear Res.

2011; 281:28-37. 12. Jacob LCB, Aguiar FP, Tomiasi AA, Tschoeke SN, Bitencourt RF. Auditory monitoring in ototoxicity.

Braz J Otorhinolaryngol. 2006; 72:836-44. 13. Yaniv E. Tuberculousotitis: an under diagnosed disease. Am J Otolaryngol. 1987. 8:356-60. 14. Kriukov AI, Garov EV, Ivoilov AY, Shadrin GB, Sidorina NG, Lavrova AS. The clinical manifestations

and diagnostics of otitis media caused by tuberculosis. Rev Otorinolaringol. 2014; 80:28-34. 15. Wells G, Shea B, O'Connell J, Robertson J, et al. The Newcastle-Ottawa Scale (NOS) for assessing the

quality of non randomized studies in meta-analysis. 2011. 16. Fuchs SC, Paim BS. Revisão sistemática de estudos observacionais com metanálise. Rev HCPA. 2010.

30:294-301. 17. Liberman PHP, Goffi-Gomez MVS, Schultz CS, Lopes LF. What are the audiometric frequencies affected

are the responsible for the hearing complaint in the hearing loss for ototoxicity after the oncological treatment? Rev Arq Int Otorrinolaringol. [Impressa]. 2012;16:26-31.

18. Hyppolito MA, Oliveira, JAA. Ototoxicidade, otoproteção e autodefesa das células ciliadas da cóclea. Medicina [Ribeirao Preto]. 2005; 38:279-89.

19. Peloquin CA, Berning SE, Nitta AT, Simone PM, Goble M, Huitt GA, Iseman MD, Cook JL, Currant-Everett D. Aminoglycoside toxicity: daily versus thrice-weekly dosing for treatment of my cobacterial diseases. Clin Infect Dis. 2004; 38:1538-44.

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T2. Estudo epidemiológico dos casos de microcefalia no município de Cabedelo Ianka Maria Bezerra Cunha; Karinthia Valéria Ladislau Das Chagas; Juliana Nunes Abath Cananéa; Viviane Maria Patrício de Lucena Oliveira; Maria Letícia de Melo Lima; Maria Luíza da Silva Simões; Eduardo Henrique Dias Araújo; Maria Elma de Souza Maciel Soares Área Temática: Microcefalia RESUMO Arbovirose é a designação para os vírus transmitidos por vetores artrópodes hematófagos e hospedeiros vertebrados, como o Aedes aegypti, vetor das arboviroses Dengue, Chikungunya e Zika. Em meio a essa tríplice epidemia viral, instala-se um surto de microcefalia no Nordeste do país, levando o Ministério da Saúde a declarar, em novembro de 2015, estado de emergência de importância nacional. As evidências disponibilizadas até o momento indicam fortemente que o vírus Zika tem relação à ocorrência de microcefalias. Diante da gravidade do surto e suas repercussões, esse estudo tem como objetivo estudar o perfil epidemiológico em bebês com microcefalia no município de Cabedelo. Esta pesquisa foi realizada em Cabedelo – Paraíba –, onde participaram 4 bebês com Microcefalia confirmados no município no momento da coleta. O instrumento para a coleta de dados foi um questionário semiestruturado, e os dados obtidos foram submetidos a estatística descritiva consolidados em gráficos e tabelas. Os dados sociodemográficos demonstram que 100% das mães das crianças com microcefalia possuem baixo nível de escolaridade e baixa renda, apontando a escolaridade como um indicador de condição social. A detecção da microcefalia aconteceu em 75% dos casos intra-útero e 25% pós-parto. 50% das mães referiu apresentar durante algum período da gestação o quadro febril. Conclui-se que não existe solução única para o enfrentamento desta epidemia, que são necessárias ações intersetorias, que a vigilância e a atenção adequada a esses bebês com microcefalia devem continuar sendo priorizadas, sem esquecer da importância das pesquisas científicas, a fim de se conhecer ainda mais sobre o vírus Zika e as complicações causadas pela infecção. Palavras-chave: Arbovirose. Zika. Microcefalia. INTRODUÇÃO

Segundo a Organização Mundial da Saúde[1], a microcefalia é uma anomalia em que o Perímetro Cefálico

(PC) é menor que dois (2) ou mais desvios-padrão (DP) do que a referência para o sexo, a idade ou tempo de gestação. O acompanhamento do crescimento do perímetro cefálico torna possível verificar se o desenvolvimento cerebral está adequado ou não, visto existir forte correlação entre crescimento do perímetro cefálico e desenvolvimento cerebral[2].

A medida do PC é um dado clínico fundamental no atendimento pediátrico, pois pode constituir-se na base do diagnóstico de um grande número de doenças neurológicas e para isso os médicos e outros profissionais de saúde devem estar familiarizados com as doenças mais frequentes que produzem a microcefalia e devem conhecer os padrões de normalidade para o crescimento do crânio. Essa nova classificação adotada pelo Ministério da Saúde em consonância com as secretarias estaduais e municipais de Saúde faz parte das adequações que estão sendo realizadas diante dos novos achados científicos, levando em consideração o aprendizado contínuo com descobertas sobre a microcefalia e sua relação com Zika Vírus[3].

A microcefalia tem sido associada a uma série de fatores, como a desnutrição, até infecções durante a gestação. Um leque de anormalidades e Síndromes metabólicas e/ou genéticas, agressões ambientais e causas ainda desconhecidas podem chegar a atingir o desenvolvimento do cérebro se associando à doença. Porém, as evidências que foram verificadas até o momento apresentam fortemente indícios que o vírus Zika tem relação à ocorrência de microcefalia. Contudo, não há como afirmar que a presença do vírus Zika causará inevitavelmente microcefalia ao feto. Se adquirida durante a gestação, como a exemplo de outras infecções congênitas, o desenvolvimento dessas anomalias é dependente de vários fatores. Por isso, é de extrema importância que se continuem os estudos para, assim, descrever melhor a história natural da doença e sua possível relação com o Zika Vírus[3].

O vírus Zika possui o mosquito Aedes aegypti como vetor, identificado pela primeira vez no Brasil em abril de 2015. Pertence à família Flaviviridae ao gênero Flavivirus. O vírus Zika foi isolado pela primeira vez em 1947 na floresta de Zika, no Uganda, a partir de uma amostra de soro de um macaco Rhesus, em torno de 1920. Após duas fases de migração para o Oeste Africano, duas linhagens africanas foram iniciadas. Do Uganda, na década de 1940, o vírus teria migrado para a Ásia. Assim, originando a linhagem asiática, também responsável pelos casos de transmissão autóctone deste vírus, recentemente ocorridos no Brasil[4].

A infecção pelo Zika vírus em seres humanos se apresenta como uma doença leve e auto limitante, seu período de incubação varia entre três a doze dias aproximadamente depois da picada do mosquito infectado, sendo até o momento observadas as seguintes manifestações clínicas: exantema, febre, mialgias, artralgia, edemas articulares e cefaleia. Porém, a maioria das infecções permanece assintomática. Segundo Filho[5], exantemase define pelo aparecimento de erupções cutâneas vermelhas em uma região especifica ou por todo o corpo, causado por infecções ou efeito colateral. Em comparação a outras doenças exantemáticas como a dengue, Chikungunya e sarampo, os sinais e sintomas do Zika vírus inclui um quadro exantemático mais acentuado[6].

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De acordo com o boletim epidemiológico, em 2016, até a semana 46, foram notificados um total acumulado de 926 casos de microcefalia na Paraíba. Permanecem em investigação 178 casos, com 189 casos confirmados na Paraíba. No Brasil, até a semana 48, foram notificados 9.862 casos, segundo as definições do Protocolo de vigilância. Desses, 3.035 casos permanecem em investigação e 6.827 foram investigados e classificados, sendo 2.063 confirmados para microcefalia e/ou alteração do SNC sugestivos de infecção congênita e 4.764 descartados[7].

O Ministério da Saúde declarou, em novembro de 2015, estado de emergência sanitária nacional devido a um surto em Pernambuco de neonatos com microcefalia, com o registro de 268 casos. Em 1 de fevereiro de 2016, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional em decorrência da dispersão do vírus Zika e suas consequências. Até 21 de maio de 2016 foram notificados 7.623 casos, segundo as definições do Protocolo de Vigilância (recém-nascido, natimorto, abortamento ou feto), desses 3.257 casos permanecem em investigação e 4.366 casos foram investigados e classificados, sendo 1.434 confirmados para microcefalia e/ou alteração do SNC sugestivos de infecção congênita e 2.932 descartados[8].

Os novos dados segundo as definições do Protocolo de vigilância (recém-nascido, natimorto, abortamento ou feto), até 15 de outubro de 2016, indica a notificação de 9.862 casos. Desses, 3.035 (31%) permanecem em investigação e 6.827 foram investigados e classificados, sendo 2.063 confirmados para microcefalia e/ou alteração do SNC sugestivos de infecção congênita, e 4.764 descartados. Do total de 9.862 casos notificados, 490 (5%) evoluíram para óbito fetal ou neonatal. Dos 490 óbitos fetais ou neonatais notificados, 222 (45%) permanecem em investigação, 171 (35%) foram confirmados para microcefalia e/ou alteração do SNC sugestivos de infecção congênita, e 97 (20%) foram descartados[8].

Diante da gravidade do surto e das suas repercussões, procura-se contribuir de forma positiva com os dados obtidos a partir deste trabalho, levando a informações importantes sobre a epidemiologia da doença e sua relação com doenças exantemáticas, ressaltando que os números alarmantes notificados em todas as regiões sugerem uma investigação mais detalhada da relação da microcefalia com sua possível associação com o Zika Vírus.

Portanto, este trabalho tem como objetivo primário caracterizar o perfil epidemiológico em bebês com microcefalia no município de Cabedelo. Os objetivos secundários são: analisar os fatores de riscos para a microcefalia durante a gestação; detectar a existência de doenças exantemáticas durante a gestação; e, por fim, investigar as redes de serviços de atenção a que tiveram acesso durante a gestação. MATERIAIS E MÉTODOS

Este estudo caracterizou-se como pesquisa de campo, descritiva e explicativa, com abordagem quantitativa. Foi executado nas três Unidades de Saúde da Família que abrangem o território de residência desses bebês (USF Recanto do Poço, USF João Roberto Borges e USF Renascer III-I) no Município de Cabedelo – Paraíba, no período de setembro a outubro de 2016. Participaram da pesquisa 04 bebês com caso de microcefalia notificado através do RESP - Relatório de Emergência em Saúde Pública, com confirmação por exame laboratorial ou de imagem, conforme preconizado pelo protocolo estadual de enfrentamento à Microcefalia, correspondendo a 100% dos casos confirmados no município, no momento da coleta. Após a coleta, mais uma criança com microcefalia foi notificado pelo RESP.

Foram inclusos na amostra, os bebês com microcefalia que nasceram em Cabedelo no período de 01 de agosto de 2015 até 31 de julho de 2016, cujas mães consentiram, sendo excluídos aqueles bebês que as mães não residiam em Cabedelo durante mais da metade da gestação. Isto foi comprovado pela equipe de Saúde da Família, através do prontuário da família, do cartão da gestante ou pelo Agente Comunitário de Saúde responsável pela micro área onde a criança reside.

Para coleta de dados, o instrumento utilizado foi um questionário semiestruturado, com perguntas objetivas baseado no Questionário de investigação para Microcefalia proposto pelo Ministério da Saúde. Foram abordadas variáveis sócio demográficas (idade, renda, escolaridade, endereço e quantidade de membros da família) e variáveis do processo de saúde-doença-cuidado3.

Esta pesquisa teve como base as diretrizes da Resolução nº466/12 do Conselho de Saúde/MS, a mesma foi encaminhada ao Comitê de Ética em Pesquisa do UNIPÊ. Além disso, as participantes foram esclarecidas quanto aos objetivos e finalidades da pesquisa, assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), que autoriza participações no estudo.

Os dados obtidos com a aplicação do questionário foram submetidos a estatística descritiva, com cálculo de frequência absoluta e frequência relativa. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A seguir, serão apresentados os resultados e discussões da amostra estudada. Esta, composta pelos 4 bebês

com microcefalia de Cabedelo – Paraíba –, corresponde a 100% dos casos confirmados em todo o município e reside no território de abrangência das Unidades de Saúde da Família (USF) Recanto do Poço, João Roberto Borges e Renascer III-I.

Para melhor entendimento, serão apresentados todos os dados sociodemográficos da pesquisa, porém, discutidos apenas aqueles relacionados ao objetivo proposto pelo trabalho.

As características sociodemográficas maternas mostram uma prevalência de microcefalia no nascimento entre filhos de mães com idade de 25 a 35 anos, pertencentes 100% à raça/cor parda, que se declararam solteiras (25%), casadas (25%) e, na sua maioria, em união estável (50%).

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Os dados demonstram ainda que 100% das mães das crianças com microcefalia possuem baixo nível de escolaridade (Fundamental II), baixa renda, apresentando renda familiar mensal correspondente a um salário mínimo. Isto, em conformidade com o salário mínimo vigente no Brasil no período da coleta de dados com o valor de R$880,00, aponta a escolaridade como um indicador de condição social.

Estes resultados possibilitam considerar que todas as mães de bebês que nasceram com microcefalia no município de Cabedelo, durante o período da pesquisa, estão inseridas em um contexto socioeconômico desfavorável.

A população da região Nordeste, segundo o censo demográfico de 2010, é predominantemente negra (69,2%), sendo 59,8% parda. Isto poderia justificar, em parte, a prevalência de bebês com microcefalia nascidos em Cabedelo ter sido entre filhos de mulheres pardas[9]. De acordo com Brito[10], a pobreza está diretamente relacionada ao baixo grau de instrução, pois, entende-se que uma maior escolaridade contribui com a preocupação dos genitores em conhecer quais os riscos que podem afetar a criança durante o período gestacionais e, assim, estimular a demanda por ações desenvolvidas por profissionais de saúde, objetivando a promoção e prevenção de agravos ao potencial humano em formação.

Os fatores relacionados à demografia podem indicar vários níveis sociais e econômicos da população: doenças infecciosas; falta de uma boa alimentação, falta de recursos para saúde e pesquisa; fatores como o ambiente; baixo nível escolar. Todos esses podem vir a contribuir para malformações congênitas[11].

Para a chefe do setor de infectologia pediátrica do Hospital Universitário Oswaldo Cruz, da Universidade de Pernambuco, a dificuldade do saneamento básico é uma questão fundamental para a proliferação do mosquito. As condições de vida da população de baixa renda determinam o maior número de infecções nesse público, visto a dificuldade de coleta de lixo, falta de saneamento básico e falta da água encanada, situação que obriga a população a guardar água em depósitos que atraem mais mosquitos. Todos estão sujeitos a ter a doença, mas essa população se encontra mais exposta pela própria condição social na qual vive[11].

De acordo com a pediatra e epidemiologista do CDC, Erin Staples, não foi encontrada nenhuma evidência que associe níveis de renda ou escolaridade com a microcefalia. Nessa perspectiva, o problema ocorre em classes sociais e níveis escolares variados[12].

Os dados relacionados ao processo saúde-doença-cuidado, sendo analisados alguns deles, estão relacionados ao objetivo deste estudo.

Quanto aos serviços de saúde que tiveram acesso durante a gestação, 100% das entrevistadas utilizaram como serviço de saúde os hospitais públicos, sendo acompanhadas durante o período gestacional palas Unidades de Saúde da Família (USF), correspondente a sua área geográfica.

A renda individual é frequentemente apontada como o principal fator de acesso aos serviços de saúde. O local de residência pode ter efeito no uso de serviços. Já a distribuição geográfica de serviços de saúde e sua disponibilidade local podem produzir barreiras para sua utilização, sendo a curta distância para os serviços de saúde público um bom preditor do seu uso[14]. Em relação ao pré-natal, o mesmo foi realizado por 75% da amostra e, assim, 25% não o realizou. A detecção da microcefalia aconteceu em 75% dos casos intrauterinos e 25% pós-parto. Quanto ao sexo, há uma prevalência de 75% para o sexo masculino e apenas 25% para o sexo feminino. Segundo Salge[15], a realização do pré-natal pode proporcionar maior êxito nas ações de esclarecimento das suspeitas epidemiológicas relacionadas à microcefalia, podendo identificar de forma precoce se a circunferência craniana está menor que o esperado para a idade gestacional. O sistema nervoso central permanece suscetível a complicações durante toda a gestação, mesmo o período embrionário sendo considerado o de maior risco para múltiplas complicações decorrentes de processos infecciosos. Desta forma, o perfil de gravidade das complicações pela infecção do Zika vírus durante a gestação irá depender de uma série de fatores, como por exemplo, o mecanismo especifico de cada agente etiológico[3]. Sabe- se ainda que esse período intrauterino é uma fase crítica para o crescimento e desenvolvimento de órgãos e tecidos fetais, e que injurias sofridas nessa fase interferem nesse processo de crescimento e desenvolvimento. No Brasil, a ocorrência da epidemia de microcefalia concomitante com a circulação do Zika vírus significou pela primeira vez um relato de uma possível associação causal posteriormente confirmada, entre uma arbovirose e malformações congênitas[16]. Durante o pré-natal, a ultrassonografia obstétrica é o exame indicado para investigação de possíveis anormalidades estruturais do sistema nervoso central e para o monitoramento do crescimento fetal e cerebral a cada três ou quatro semanas. A investigação por imagem de uma possível infecção intrauterina pelo Zika vírus tem como objetivo principal a detecção de complicações neurológicas relacionadas à infecção transplacentária como a microcefalia[17]. A extensão e a gravidade das alterações intracranianas têm relação direta com o período gestacional em que o feto foi infectado pelo vírus. São mais severas e extensas durante o primeiro trimestre de gestação e mais brandas no terceiro trimestre[17]. Sobre os antecedentes maternos investigados, nenhuma das mães referiu consanguinidade, ou seja, grau de parentesco com o seu companheiro; nenhuma possui algum tipo de malformação congênita, nem parentes com microcefalia, ou fazia uso contínuo de medicamento. Nenhuma das mães recebeu diagnóstico de doença pré-existente ou diagnóstico para doenças sexualmente transmissíveis. Apenas uma mãe, que corresponde a 25%, desenvolveu complicação durante a gestação, apresentando quadro de anemia e diabetes. Sobre residir em outro endereço durante a gestação, nenhuma das mães referiu morar em outro endereço durante a gestação e apenas uma mãe viajou durante o período gestacional. Apenas uma das quatro mães entrevistadas realizou exame para Dengue, Chikungunya ou Zika Vírus durante a gestação ou pós-parto.

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A patogênese da microcefalia é heterogênea, incluindo causas genéticas a fatores ambientais, que podem impactar no neurodesenvolvimento e ainda influenciar o crescimento do cérebro. As microcefalias podem ser genéticas ou adquiridas[17].

Nas microcefalias congênitas adquiridas, os fatores agressivos atuam durante o desenvolvimento do cérebro intrauterino e incluem infecções maternas como: toxoplasmose, herpes vírus, sífilis, rubéola, HIV, recentemente a possível associação com o Zika vírus, exposição à drogas, substâncias tóxicas, irradiação e carência nutricional[17].

Já as microcefalias congênitas genéticas podem estar associadas, segundo Nunes[17], à cromossopatias ou a determinados genes. Nesse caso, o termo microcefalia primária refere-se àquelas em que a redução do volume cerebral é primariamente decorrente da redução da população neuronal durante a neurogênese.

O CDC testou recentemente amostras de duas gestações que terminaram em aborto e de dois recém-nascidos com microcefalia que faleceram logo após o parto. Os quatro casos ocorreram no Brasil e seus resultados de infecção pelo Zika vírus foram positivos, o que indica que as crianças foram infectadas durante a gestação. O vírus Zika estava presente no cérebro das crianças nascidas a termo; as quatro mães relataram ter tido erupções cutâneas febris durante a gestação[18]. Na caracterização das variáveis clínicas e epidemiológicas, já é possível perceber um pequeno contraste quando questionadas sobre a presença de exantema e febre durante a gestação: a maioria das mães referiu não apresentar exantema durante o período gestacional. Das 4 entrevistadas, apenas uma apresentou exantema durante a gestação, e 3 não apresentaram. Em relação à presença de febre, 50% das mães referiu apresentar durante algum período da gestação o quadro febril, e as demais 50% não.

Durante a gestação, a presença de uma infecção exantemática não indica, necessariamente, a ocorrência de microcefalia fetal. Entretanto, em outros estudos, esse sinal tem sido relatado com frequência no histórico gestacional de algumas mulheres que tiveram RN com essa malformação, sendo importante considerá-lo na investigação de possíveis hipóteses etiológicas para essa alteração[15]. A erupção maculopapular, tipo mais comum de exantema, foi observado com muito mais frequência em mulheres com teste positivo para Zika vírus do que em mulheres com resultados negativos para o mesmo[19]. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a infecção pelo vírus Zika é uma doença febril aguda, autolimitada na maioria dos casos e que, via de regra, não estava associada a complicações. De modo geral, estima-se que apenas 20% das pessoas (duas a cada dez) infectadas com o vírus Zika ficarão doentes, sendo a infecção assintomática a mais frequente[3].

O Ministério da Saúde do Brasil chama atenção para os casos de febre acompanhada de exantemas como fatores que indicam uma suspeita infecção pelo Zika vírus. Em alguns casos, não pouco frequentes, a infecção se manifesta sem a presença de febre[4]. CONCLUSÃO

O objetivo deste trabalho foi caracterizar o perfil epidemiológico em bebês com microcefalia no Município de Cabedelo, sendo o primeiro passo analisar os fatores de risco para a microcefalia durante a gestação, verificar a detecção de doenças exantemáticas durante a gestação e, por fim, identificar as redes de serviços de atenção a que essas mães tiveram acesso.

Este estudo apresenta as Unidades de Saúde da Família (USF) como o único serviço de saúde que as mães tiveram acesso durante a gestação, utilizando os hospitais públicos para realização do parto, mostrando a importância de que essas unidades estejam cada vez mais preparadas a prestar assistência para essas mães durante o período gestacional, com orientações e/ou encaminhamentos necessários, e para o acompanhamento após o nascimento desses bebês.

Observa-se a extrema importância da realização do pré-natal para o acompanhamento através de exames, como a ultrassonografia obstétrica, para a investigação de possíveis anormalidades estruturais e para o monitoramento do crescimento fetal e cerebral, visto que estudos mostram forte correlação entre crescimento do perímetro cefálico e desenvolvimento cerebral.

É necessário o fortalecimento das ações do pré-natal para a detecção precoce de microcefalia, através da estratégia da USF, a fim de contribuir com a melhor aceitação e compreensão da mãe, ajudando no entendimento de como poderá ser o crescimento desse bebê. E, após o nascimento, realizar um acompanhamento multiprofissional para melhorar o desenvolvimento da criança.

Quanto aos testes realizados em apenas uma das gestantes, porém sem acesso ao resultado, a importância do acesso aos exames e seus diagnósticos aumenta, a fim de esclarecer se houve infecção intrauterina pelo Zika Vírus (ZIKAV), podendo vir associar ou não os casos de microcefalia a infecção pelo vírus.

Muitos estudos apresentam a pobreza como fator direto relacionado ao baixo grau de instrução. Indivíduos com maior escolaridade frequentariam mais os serviços de saúde, principalmente para consultas preventivas ou de rotinas, o que aumenta a importância das ações voltadas para as questões socioeconômicas nestes territórios.

Além disso, as condições sanitárias e ambientais que está população se expõe aumenta ainda mais as chances destas pessoas adoecerem pela própria condição de vida. A dificuldade do saneamento básico é uma das questões fundamentais para a proliferação do mosquito.

A identificação da baixa renda relacionada aos bebês nascidos com microcefalia neste estudo, como novo problema a ser enfrentado de saúde pública, reitera a ligação entre os padrões econômicos, sociais e culturais e o adoecer, mostrando a grande vulnerabilidade dos mais desfavorecidos, sendo necessário priorizar urgentemente

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políticas e programas de saúde voltados para essa população, envolvendo as políticas de educação e articulando a saúde e a assistência social para o acesso aos serviços socioassistenciais.

Este estudo contribuiu na caracterização do perfil epidemiológico desses bebês, trazendo a importância das pesquisas cientificas, a fim de conhecer ainda mais sobre o vírus Zika e as complicações causadas pela infecção para, assim, estabelecer estratégias e políticas de saúde eficientes no combate a esta epidemia.

Estas crianças necessitam, para os casos confirmados, de uma completa avaliação clínica, independente da sua causa ser infecciosa ou não. Esta avaliação deve ser realizada do ponto de vista pediátrico, neurológico, oftalmológico, auditivo e outras avaliações necessárias, encaminhando cada criança com microcefalia de acordo com suas necessidades aos serviços assistenciais mais adequados, a exemplo da reabilitação, estimulação e intervenção precoce, atenção especializada e assistência social.

É imprescindível a formulação de políticas públicas, não apenas de saúde, mas intersetoriais que contemplem uma geração já existente de crianças com má formação congênita, vislumbrando, inclusive, o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento daquelas que não apresentam ao nascer nenhum sinal ou sintoma, mas cujas mães tiveram sintomas ou confirmação laboratorial de infecção por Zika Vírus.

Não existe solução única para o enfrentamento desta epidemia, todas as ações e estratégias devem ser realizadas, desde que se apresentem de forma seguras e efetivas. A vigilância e a atenção adequada a esses bebês com microcefalia devem continuar sendo priorizadas. REFERÊNCIAS

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T3. Mães de bêbês com microcefalia: vulnerabilidade em tempos de zika

Pollyana Ludmilla Batista Pimentel; Francisca Marina de Souza Freire Furtado; Ana Alayde Werba Saldanha Área Temática: Microcefalia

RESUMO

Esta pesquisa teve como objetivo geral compreender elementos de vulnerabilidades relacionados ao cuidado de crianças com microcefalia. Tratou-se de um estudo exploratório, de caráter analítico, com abordagem qualitativa. A coleta dos dados foi realizada utilizando um questionário sociodemográfico e uma entrevista. Os dados sociodemográficos foram analisados por meio de estatística descritiva e as entrevistas foram analisadas através da técnica de análise categorial temática. Participaram deste estudo quatorze mães, apontando para um perfil com média de idade de 24 anos, variando entre 16 e 37 anos. Foram observados elementos de vulnerabilidades frequentes no discurso das participantes, principalmente acerca das diversas dúvidas e tensões envolvidas no descobrimento da microcefalia do seu filho, revelando certo despreparo da equipe de saúde quando no momento do diagnóstico, bem como com relação à fata de confirmação acerca da causa da microcefalia. Além disso, verificou-se dificuldades com relação ao apoio da família e/ou companheiro, exigindo dessas mulheres uma dedicação exclusiva para com seu filho acometido por esta malformação, haja vista a rotina diária de cuidados que estas mães vivenciam. Conclui-se, apontando para a relevância deste estudo, uma vez que se trata de uma epidemia recente e tais dados podem servir de auxílio para profissionais de saúde, como também para todas as pessoas interessadas nesta temática, além de poder contribuir para a construção, atualização e efetivação de políticas públicas direcionadas para as crianças com microcefalia e, consequentemente, suas famílias.

Palavras-chave: Microcefalia; vulnerabilidade; mães.

INTRODUÇÃO

O primeiro surto do vírus Zika ocorreu em 2007, em várias ilhas do Estado de Yap, onde estima-se que mais de 70% da população com idade superior a três anos tenha sido infectada pelo vírus[1]. Mais recentemente (2013/2014), foi identificado outro surto deste flavivírus em sua passagem pela Polinésia Francesa.

O surgimento de casos relacionados ao vírus da Zika no Brasil data do ano de 2015. No início de fevereiro do referido ano, foi observado, por médicos da região nordeste brasileira, um aumento no número de pessoas reclamando sofrer com uma doença leve, com ou sem febre, caracterizada por erupção cutânea, fadiga, dores nas articulações, assemelhando-se ao quadro clínico de dengue e Chikungunya. Todavia, os sintomas eram breves e a recuperação espontânea, além de o teste, para maior parte das pessoas, ter apresentado resultado negativo para ambas as doenças citadas. Ainda que por meio da tentativa e erro, os pesquisadores testaram as amostras para o Zika Vírus, recebendo resultado positivo[2].

Em meio a um surto de infecção da população pelo vírus Zika, foi observado, concomitantemente, um aumento de vinte vezes na incidência de microcefalia, principalmente na região do nordeste brasileiro (onde a epidemia do vírus era mais frequente), chamando a atenção de vários médicos e profissionais da saúde[3].

O fato, como afirmouDiniz 2016[4], é que “não haveria uma epidemia como a que se desenvolveu no Brasil se o território não fosse convidativo à disseminação rápida: mosquitos, saneamento precário e uma frágil política de saúde para o enfrentamento da nova doença”. Assim, a epidemia da Zika acabou reforçando a situação de crise enfrentada pela saúde pública no país, especialmente, porque o Aedes aegypti, principal vetor responsável pela transmissão do vírus, já era conhecido da população brasileira há mais de quatro décadas, já sendo responsável pelas epidemias de dengue a cada verão. Além disso, sabe-se que a proliferação do mosquito acontece, geralmente, em locais mais vulneráveis, em domicílios com condições precárias, saneamento básico inadequado e com falhas na coleta de lixo[5]. Dada essa situação, logo a doença se espalhou pelo país, atingindo toda a população, mas com maiores agravos e preocupações relacionadas à população feminina, em virtude da sua relação com o nascimento de bebês com microcefalia.

O perfil de mulheres infectadas pelo vírus da Zika, de acordo com a OMS (2016), era de uma maioria de mulheres em idade fértil (20 a 49 anos de idade), que possuíam baixo nível de escolaridade e se autodeclaravam pardas, revelando certo nível de vulnerabilidade neste perfil. Ainda de acordo com este órgão, no ano de 2016, o nordeste apontava como a região de maior incidência e prevalência dos casos de infecção deste flavivírus, sendo os estados da Paraíba, Pernambuco e Bahia os mais representativos.

No mesmo período, também foi observado um aumento de 1.923% de notificações relacionadas ao nascimento de crianças microcefálicas no Brasil. No primeiro semestre de 2016, foi registrado um aumento de 157% dos casos[4]. Em consonância com o Boletim Epidemiológico de nº 6, publicado pelo Ministério da Saúde (2017), no período de 2015 a 2016 foram notificados 10. 232 casos suspeitos de recém-nascidos e crianças com microcefalia. Boa parte das notificações concentrou-se no Nordeste brasileiro (65,7%), seguindo-se das regiões Sudeste (20,6%) e Centro-Oeste (6,5%). Os cinco estados com maior prevalência de casos notificados foram Pernambuco (21,3%), Bahia (14,3%), Paraíba (9,0%), São Paulo (8,1%) e Rio de Janeiro (7,8%).

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Desde o início da epidemia de microcefalia, a mídia em geral tem noticiado dificuldades que as mães passam em busca do tratamento para seus filhos. Tais dificuldades envolvem aspectos territoriais, estruturais e organizacionais da rede de atenção em saúde, dado que muitas residem distantes dos centros médicos e precisam se deslocar vários quilômetros até chegar aos locais de tratamento. Além do mais, a vivência destas mães envolve uma rotina de cuidados, exames, consultas, estímulos, onde a maioria delas tem se dedicado exclusivamente a essa práxis. Outras reportagens falam do desafio de cuidar desta geração de microcefalia, além de relatar, até mesmo num caráter de denúncia, o abandono dos parceiros após o conhecimento do diagnóstico dos seus filhos, sendo que muitas dependiam ou continuam a depender financeiramente dos seus maridos.

Dentre as diversas perspectivas, o conceito de vulnerabilidade em saúde surge como uma estratégia para se debruçar sobre as várias dimensões que envolvem o fenômeno da epidemia de microcefalia. Para autores como Ayres, Paiva e França Jr 2012[6], a perspectiva da vulnerabilidade projeta um novo olhar para o processo saúde-doença, incluindo, também, neste binômio, o aspecto “cuidado”, buscando não só compreender as relações mútuas entre agente, hospedeiro e meio, mas compreendendo todo seu percurso, levando em consideração, inclusive, os diversos conhecimentos e recursos (ou falta dele) neste processo, bem como o contexto sociopolítico, cultural e intersubjetivo do sujeito, trazendo à tona um importante elemento da história da doença, a parte social e intersubjetiva do adoecimento.

Ainda de acordo com estes autores, é preciso entender o indivíduo como sujeito de direitos e compreender que os programas de saúde pública e o governo, de uma maneira geral, possuem responsabilidades para com cada pessoa, concebendo-se que estas responsabilidades vão desde uma perspectiva micro ,a saber: a dimensão individual da vulnerabilidade; passando para uma perspectiva macro, expressada, por exemplo, por ações e programas que garantam acesso a todos os bens de prevenção ou aos próprios serviços de saúde.

Diante disto, entende-se que a vulnerabilidade acompanha o fenômeno do adoecimento, considerando a chance das pessoas adoecerem em uma sequência de aspectos inter-relacionados que perpassam o âmbito individual, social e programático, compreendendo aspectos pessoais e coletivos em uma tridimensionalidade que atua de maneira inseparável[7].

Neste sentido, o objetivo geral deste estudo foi compreender elementos de vulnerabilidades em saúde de mães acerca do cuidado de crianças com microcefalia.

MATERIAIS E MÉTODOS Tratou-se de um estudo exploratório, de caráter analítico, com abordagem qualitativa, onde participaram 14

mães de crianças com microcefalia, residentes em três estados do nordeste brasileiro: Alagoas (7 participantes), Paraíba (5 participantes) e Pernambuco (2 participantes), com média de idade de 24 anos, variando entre 16 e 37 anos. As mulheres, em sua maioria, eram casadas ou viviam em um relacionamento estável (11 entrevistadas), possuíam renda familiar de até 2 salários mínimos (10 entrevistadas) e tinham apenas um filho (7 entrevistadas), sendo a média da idade das crianças que tinham microcefalia de 1 ano e 1 mês, onde 7 destas crianças eram sexo feminino. Doze mães também afirmaram que não estavam trabalhando atualmente.

A participação se deu de forma não probabilística e por conveniência, tendo como critério de seleção a técnica Bola de Neve (snowball). Partiu-se de três participantes matrizes (uma no estado da Paraíba, uma no estado de Pernambuco e outra no estado de Alagoas). Quanto aos aspectos éticos, a participação das entrevistadas foi condicionada a um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, sendo assim assegurada a privacidade dos sujeitos, sigilo e confidencialidade dos dados em conformidade com a Resolução do Conselho Nacional de Saúde (CNS) nº 466/12 (Parecer nº 1.913.870).

Como instrumentos, foram utilizados um questionário sociodemográfico, a fim de caracterizar as participantes, versando sobre idade, cidade, grau de escolaridade, situação conjugal, número de filhos, religião. Bem como uma entrevista semiestruturada, baseada no Método de Cenas proposto por Paiva 2012[8]. Os dados das entrevistas foram analisados a partir da técnica de análise de temática proposta por Figueiredo 1993[9]. A partir dos dados das entrevistas emergiram três classes temáticas, as quais tiveram suas respectivas categorias e subcategorias. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na primeira classe temática, emergiu a categoria Gravidez, onde a maioria das participantes relatou que não havia planejado a gravidez ou não tinham conhecimento da mesma, inclusive quando apresentaram os sintomas do vírus da Zika.

Na segunda categoria Zika vírus e o surto de Microcefalia, verificou-se relatos aceca das muitas dúvidas que surgiram no momento do diagnóstico de microcefalia, indo desde a origem, passando pelas possíveis consequências causadas no bebê, bem como indagações sobre os tratamentos e sequelas. Dentro desta mesma categoria também emergiram os Aspectos Preventivos acerca da infecção pelo vírus da Zika, na qual as mães verbalizaram que mesmo desenvolvendo hábitos que tentassem prevenir a picada dos mosquitos e uma possível infecção, como foi recomendado pelo Ministério da Saúde, ainda assim não foi suficiente. Com relação à subcategoria Pré-natal e suspeitas da doença, foi possível apreender que, apesar dos recursos tecnológicos, muitas vezes não houve detecção da malformação congênita ainda durante a gestação, o que aponta para a necessidade de uma melhor preparação e qualificação dos equipamentos e profissionais de saúde, principalmente diante de uma epidemia.

A terceira categoria, Diagnóstico da Microcefalia, apresentou em sua primeira subcategoria, denominada de Descoberta da Microcefalia depois do parto, relatos das mães acerca de sua vivência ao conhecerem seus filhos, o

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primeiro contato, o primeiro olhar, deparando-se com a alegria do nascimento e a surpresa em perceber que o perímetro cefálico do seu filho era menor do que o normal. Neste sentido, as entrevistadas também verbalizaram questões que envolviam o Despreparo dos profissionais/equipe de saúde para a revelação do diagnóstico, como foi denominada a segunda subcategoria, sendo caracterizada pelo seguinte relato: “A médica já sabia e não me disse, sabe, ela não quis me dizer, eu não sei por que. Ela disse que não estava preparada para dizer” (Mãe 3, 23 anos). Em consonância à categoria anterior, diante do diagnóstico da Microcefalia de seus filhos, surgiu a quarta categoria denominada de Sofrimento Materno, na qual emergiram duas subcategorias: Expectativa X realidade e Sentimentos e emoções envolvidos. Tais sentimentos e angústias podem ser observados nos seguintes relatos: “Foi bastante assustador, porque esperei por uma criança normal por nove meses!” (Mãe 7, 18 anos); “Quando eu vi ela de perfil, e aí foi um choque, foi um choque grande, na hora eu chorei muito, na sala de parto, não foi de emoção o choro, foi um choro realmente de desespero” (Mãe 2, 26 anos); “Eu fiquei muito triste, muito triste (...) “Acho que o momento mais chocante mesmo foi quando eu o vi” (Mãe 1, 19 anos). A última categoria dessa primeira classe temática tratou sobre a Reação e apoio familiar, na qual emergiram duas subcategorias: Família e Companheiro/marido. Na primeira, foi observado que os sentimentos vivenciados pela mãe também são extensos à família, que compartilha das mesmas emoções com relação ao bebê idealizado versus o bebê real, havendo inclusive resistência em aceitar o diagnóstico.

E com relação à reação do pai da criança, foi constatado que, aqueles pais que assumiram a paternidade, também apresentaram sentimentos de incredulidade quanto ao diagnóstico do seu filho. Contudo, também foi possível verificar que alguns pais não continuaram com suas companheiras após o diagnóstico, bem como não são presentes quanto ao cuidado dos seus filhos, deixando essas mães em uma situação de maior fragilidade. A segunda classe temática, classificada como O Cuidado socioassistencial, apresentou em sua primeira categoria O vírus da Zika como causador da microcefalia, sendo constatado que, das treze mães entrevistadas, onze relataram ainda não ter recebido a confirmação de que o diagnóstico de microcefalia do seu filho se deu em detrimento da infecção congênita pelo vírus da Zika.

Também emergiu relatos sobre a Rotina de cuidados e Marcação de consultas e Exames. Por si só, um bebê já exige uma mudança no cotidiano da família, sendo esta alteração multiplicada, sobretudo, quando a criança necessita de cuidados redobrados, cuidados multiprofissionais e estímulos diversos, fato corroborado pela fala das participantes.

O Acesso aos serviços de saúde também foi bastante discutido na fala destas mulheres, vindo a emergir duas subcategorias: Atendimento público x privado e Diferenças intra e inter-regionais. Com relação à primeira subcategoria, as mães enfatizaram algumas dificuldades, principalmente acerca do tempo de espera para conseguir uma consulta com algum especialista, seja pelo SUS ou pelo plano de saúde. De acordo com elas, a marcação é rápida, mas o tempo entre a marcação e o dia da consulta é muito grande.

Houve também observações acerca das Diferenças intra e inter-regionais relacionados aos serviços de saúde, ao acesso e à qualidade das informações, bem como dos tratamentos oferecidos, apontando para algumas disparidades em termos de avanço do cuidado no que se refere à microcefalia e ao traslado que essas mães precisam fazer, diversas vezes, para poder ter uma atenção à saúde de melhor qualidade.

A última categoria desta segunda classe temática se refere ao Apoio social recebido por estas mulheres, principalmente entre as próprias mães que tiveram filhos com microcefalia, as quais relataram que nesses espaços se constrói uma rede de apoio, proteção, troca de saberes e compartilhamento de vivências, sendo de muita importância.

Por último, a terceira classe temática suscitada foi nomeada de Vivências das mães acerca do cuidado e sua primeira categoria diz respeito às dificuldades diárias vivenciadas pelas mães, onde estas relataram a complexidade da Rotina de cuidados, que acaba exigindo destas mulheres, na maioria das vezes, uma Dedicação exclusiva para com seu filho portador da microcefalia. As participantes falaram sobre as dificuldades de conciliar suas rotinas de estudo/trabalho juntamente com a rotina de cuidado do filho, uma vez que este tem uma agenda semanal cercada de atendimentos e consultas multiprofissionais, demandando que esta mulher abra mão de alguns objetivos pessoais em prol dessa rotina de cuidados.

Por último, foi suscitado aspectos relacionados à Garantia de Direitos, onde as participantes afirmaram que a principal ou única ajuda que estão recebendo é o Benefício de Prestação Continuada.

Com relação à categoria Gravidez, o que chama atenção é a ausência de planejamento familiar por parte da mesma, em contrapartida à Lei nº 9.263/1996, que o prevê nos serviços de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS), demonstrando certa dificuldade na efetivação desta política, corroborando com pesquisas que apontam que 55,4% das gestações no Brasil não são planejadas[10]. Neste sentido, também infere-se que as mulheres que têm menos recursos para gerir sua reprodução também são aquelas que estão em situação de maior vulnerabilidade frente à epidemia do vírus da Zika, uma vez que as áreas que concentram mais casos de infecção são predominantemente áreas periféricas e carentes, com saneamento básico precário[11]. Sobre a subcategoria Aspectos Preventivos, é importante destacar que a vulnerabilidade no contexto da microcefalia extrapola a fronteira da individualidade, apesar de comumente responsabilizar essa mulher pela prevenção, a qual é cobrada a fazer uso de repelentes, roupas de mangas compridas e calças, o que pode gerar uma culpabilização da mesma quando houver a ocorrência da infecção. Sobre os discursos que caracterizam à subcategoria Despreparo dos profissionais/equipe de saúde para a revelação do diagnóstico, observou-se que os discursos das mães revelam que nem sempre os profissionais estão preparados para o momento de revelação do diagnóstico da malformação. Essa cena é importante, haja vista que tanto pode motivar os familiares a buscarem tratamentos adequados, de acordo com o nível de deficiência dos seus filhos, como, por outro lado, pode ser um momento traumatizante, podendo influenciar negativamente no processo de

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reabilitação da criança[12], podendo até gerar uma rejeição, além de outras repercussões psicológicas para a mãe e para a relação mãe-bebê. Ressalta-se que o nascimento de um filho traz em si emoções, expectativas e planos futuros diante de um padrão idealizado socialmente, onde a gestante deve gerar uma criança bonita, forte, saudável e, assim, ser reconhecida como vitoriosa[13]. Porém, quando a mãe se depara com o nascimento de um filho com deficiência, há um misto de sentimentos, semelhante a um processo de luto, onde Guerra et al 2015[14] vai falar que “a descoberta da deficiência tem um significado de perda da criança perfeita e esperada, com os sonhos fragmentados, expectativas frustradas e o futuro incerto”.

Importante salientar que os sentimentos envolvidos no momento da descoberta da microcefalia, também relacionado ao bebê imaginado versus bebê real, remetem a um sofrimento psíquico, apresentado pela tristeza, choro e desespero das participantes. Tais relatos confirmam o que dizem Barbosa, Balieiro e Pettengill 2012[15], ao falarem do impacto do diagnóstico e da necessidade de adaptação à nova situação, do estigma social, da dependência e das implicações do quadro crônico, os quais podem causar sobrecarga, conflitos, sentimentos de incredulidade, perda do controle e medo.

Em contrapartida a esse impacto negativo, aponta-se para as estratégias de enfrentamento utilizadas pelas participantes ao buscarem explicações e apoio, numa tentativa de amenizar esses sentimentos e de aceitar o diagnóstico do filho ou da filha. Aqui, destaca-se a importância, além do suporte familiar, dos profissionais de saúde a se comprometerem em estar junto dessa mãe nesse processo de enfrentamento do diagnóstico e das primeiras intervenções necessárias para o bebê, garantindo o suporte e a segurança necessários para a vivência desse momento que, por si só, já é tão difícil para os pais e familiares.

O fato das entrevistadas afirmarem não terem recebido o resultado do exame que confirme se a causa da microcefalia dos seus filhos se deu em detrimento do vírus da Zika, revela uma lacuna entre essas mulheres e os serviços de saúde no que diz respeito à confirmação da causa desse diagnóstico. Não se sabe se os resultados estão chegando para os profissionais e serviços e não estão sendo repassados para as principais interessadas, ou se esses resultados nem estão chegando. Por se tratar de uma correlação nova entre causa (vírus da Zika) e efeito (microcefalia), talvez haja uma demora na confirmação destes resultados. Entretanto, esta situação pode gerar ainda mais aflição às mães, uma vez que sequer a causa desta anomalia é do conhecimento delas.

Acerca do exposto, é importante considerar a peculiaridade destas famílias em detrimento da rotina dos seus filhos, uma vez que estas dificuldades devem ser tratadas como vulnerabilidades programáticas, sendo, portanto, necessário repensar a prática, a estrutura e a organização dos serviços públicos de saúde de modo a garantir que o cuidado em saúde chegue até esse público de forma equânime.

Vale salientar que o perfil de mães que fazem parte desta pesquisa corrobora com o que está descrito na literatura, também no que diz respeito ao Benefício de Prestação Continuada, item que faz parte da realidade destas mães. De acordo com um levantamento feito pela Secretaria de Desenvolvimento Social, Criança e Juventude do estado de Pernambuco, dados preliminares possibilitaram verificar que 57,3% das mães de bebês notificados com microcefalia e/ou síndrome congênita do vírus Zika estão inseridas em programas assistenciais do Governo Federal, 69% estão em extrema pobreza, com renda per capita de R$ 77 por pessoa[16].

Além disso, de acordo com a mesma fonte, 70% das mães dessas crianças são jovens, estando numa faixa etária compreendida entre 14 e 29 anos, 77% são negras e 89% estariam aptas a receber o BPC. Tais dados podem evidenciar uma possível relação entre a vulnerabilidade social e a epidemia do vírus Zika e consequentemente, de microcefalia. CONCLUSÃO

Os resultados evidenciam a ampla complexidade vivenciada por estas mães, indo desde a descoberta do

diagnóstico de microcefalia do seu filho ou filha, seja ela ainda durante o pré-natal ou após o nascimento; a maneira que esse diagnóstico foi transmitido pela equipe de saúde; os sentimentos envolvidos acerca do bebê imaginado e o bebê real e a rotina diária de cuidados para com esta criança. Estes fatores podem influenciar demasiadamente nos elementos de vulnerabilidades que interferem na díade saúde-doença, principalmente no que diz respeito da saúde mental destas mães. Ainda foi possível verificar que, com relação a esta vivência, a mesma se encontra envolta num contexto de vulnerabilidade, seja ele no âmbito individual, social ou programático.

Além disso, os resultados deste estudo indicam que o perfil das participantes corrobora com o da literatura, apontando para uma marginalização dessas mulheres no que se refere à classe socioeconômica e nível de escolaridade, como vêm sendo apresentado nos boletins epidemiológicos divulgados pelo Ministério da Saúde. O que nos leva a refletir o porquê da epidemia de vírus Zika e microcefalia ter acometido predominantemente a população mais vulnerável, diferentemente do vírus da dengue, por exemplo, que atinge indiscriminadamente, apesar de terem o mesmo vetor de transmissão.

Acerca do exercício do cuidado, foi constatado que a mãe acaba ficando como única ou principal cuidadora desta criança que por si só exige certa atenção, ainda mais quando se necessita de tratamentos e consultas diárias, requerendo uma dedicação exclusiva desta mulher, podendo interferir conjuntamente em indicadores de saúde.

Por se tratar de uma epidemia recente, considera-se a relevância de estudos no intuito de auxiliar nas práticas de saúde e na qualificação destes profissionais, além de poder contribuir para a construção, atualização e efetivação de políticas públicas direcionadas para as crianças com microcefalia e, consequentemente, suas famílias. AGRADECIMENTOS

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Por entender que sem a colaboração destas mães essa pesquisa não existiria, todos os agradecimentos vão para estas guerreiras, as quais estão sendo protagonistas de um capítulo importantíssimo da história de saúde do Brasil e do mundo.

REFERÊNCIAS

1. Kindhauser MK, Allen T, Frank V, Santhana RS, Dye C. Zika: the origin and spread of a mosquito-borne vírus. Bull World Health Organ. 2016. 94:675–686C.

2. Organização Mundial de Saúde. 2016 [internet]. Disponível em: http://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=5181:o pasoms-atualiza-caracterizacao-da-sindrome-congenita-do-Zika&Itemid=821

3. Organização Mundial de Saúde. 2015 [internet]. Disponível em: http://www.who.int/emergencies/Zikavirus/articles/one-year-outbreak/en/

4. Diniz D. Zika: Do sertão nordestino à ameaça global. 2016. Rio de Janeiro. Civilização Brasileira. 5. Henriques CMP, Duarte E, Garcia LP. Desafios para o Enfrentamento da Epidemia de Microcefalia.

Epidemiologia e Serviços de Saúde. Brasília. 2016. Vol 25. n°1. 6. Ayres JR, Paiva V, França Jr I. Conceitos e práticas de prevenção: da história natural da doença ao quadro

da vulnerabilidade e direitos humanos. 2012 In: Paiva, V., Calazans, G. & Segurado, A. Vulnerabilidades e Direitos Humanos: Prevenção e Promoção da saúde. Vol 2.

7. Ayres J, França Júnior I, Calazans GJ, Saletti Filho HC. O conceito de vulnerabilidade e as práticas de saúde: novas perspectivas e desafios. Rev. Promoção da saúde: conceitos, reflexões, tendências. 2003. Vol. 3. Rio de Janeiro: Fiocruz.

8. Paiva, V. Cenas da vida cotidiana: metodologia para compreender e reduzir a vulnerabilidade na perspectiva dos direitos humanos. In. Paiva V, Ayres JRCM, Buchalla CM. Vulnerabilidade e Direitos Humanos: Prevenção e Promoção de Saúde. 2012 (pp. 71-94). Curitiba: Juruá.

9. Figueiredo, MAC. Profissionais de saúde e Aids. Um estudo diferencial. Medicina, 1993.26(3), 393-407 10. Thomé C. (2016) 55% das mãe não queriam ter filhos, aponta pesquisa. Jornal Estadão [internet].

Disponível em: http://brasil.estadao.com.br/noticias/geral,55-das-maes-nao-queriam-ter-filhos-apontapesquisa,10000092047

11. Ventura M, Camargo TMCR. Direitos Reprodutivos e o aborto: As mulheres na epidemia de Zika. Direito e Práxis. Rio de Janeiro. 2016. Vol. 7. n.15.

12. Barbosa MAM, Chaud MN, Gomes MMF. Experiences of mothers of disabled children: a phenomenological study. Acta Paul Enferm. 2008. Jan-Mar; 21(1):46-52.

13. Marques LP. O filho sonhado e o filho real. Revista Brasileira de Educação Especial. 1995. V.2 n.3. p121-125

14. Guerra CS, Dias MD, Ferreira Filha MO, Andrade FB, Reichert APS, Araújo VS. From the dream to reality: experience of mothers of children with disabilities. Texto Contexto Enferm. 2015. Abr-Jun; 24(2):459-66.

15. Barbosa MAM, Balieiro MFG, Pettengill MAM. Cuidado Centrado na Família no Contexto da Criança com Deficiência e sua Família: Uma Análise Reflexiva. Texto Contexto Enferm. Florianópolis, 2012. Jan-Mar; 21(1): 194-9.

16. Brasil. Boletim Epidemiológico. Secretaria de Vigilância em Saúde. Ministério da Saúde. 2017. Vol. 48. n. 06

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T4. Maturação do componente mismatch negativity (MMN) Rafaela Cristina da Silva Bicas; Letícia Sampaio de Oliveira; Dayse Ferreira, Yara Bagali, Graziela Santos; Ana Claudia Figueiredo Frizzo

Área Temática: Diagnóstico Audiológico

RESUMO Introdução: O Mismatch Negativity (MMN) é um componente fisiológico que ocorre durante a atenção e discriminação involuntária de estímulos auditivos. Mesmo considerando o período de maturação do sistema auditivo infantil, é preciso estudar como essas habilidades auditivas involuntárias iniciam o processo de desenvolvimento, pois estas habilidades antecedentes serão essenciais para uma posterior aquisição de linguagem falada e escrita. Objetivo: Comparar o MMN de crianças de 1 a 48 meses de idade, com e sem histórico de alteração de orelha média. Materiais e Métodos: Participaram do estudo 30 indivíduos, com idade entre 1 e 48 meses, distribuídos em grupos com e sem histórico de alteração de orelha média, registrando-se os valores referentes ao MMN extraído do Potencial Cortical Auditivo de Tronco Encefálico. Resultados e Discussão: Observou-se que as latências do MMN de ambos os grupos apresentaram-se aumentadas devido à idade e, quando comparadas entre si, G2 apresentou latências e amplitudes superiores as de G1. Conclusão: Neste estudo, o MMN foi registrado em bebês e crianças de 0 a 2 anos, encontrando diferenças destas medidas em crianças com e sem histórico de privação sensorial.

Palavras-chave: Córtex. Discriminação auditiva. Maturação.

INTRODUÇÃO

O Mismatch Negativity (MMN) é um componente fisiológico que ocorre na região da fissura silviana

durante a discriminação involuntária de estímulos auditivos. É eliciado na presença de um estímulo auditivo desviante do padrão, podendo ocorrer na presença de estímulos raros com alterações nas características de pitch, frequência, intensidade, categoria fonológica e rítmica[1].

Este componente pode ser encontrado a partir de exames eletrofisiológicos que analisem o córtex auditivo central como o Potencial Evocado Auditivo Cortical (PEAC).

Achados observam que o MMN localiza-se entre 120 e 230ms em indivíduos adultos e é marcado por preceder o pico P3a em torno de 280ms, que reflete a captação involuntária da atenção à percepção do estímulo desviante[2].

Diversos autores realizaram o MMN na população pediátrica e encontraram resultados desviantes dos estabelecidos para adultos, desenvolvendo-se de acordo com a maturação cortical do indivíduo. Estudos encontraram o início do desenvolvimento da maturação cortical infantil entre 2 e 6 meses de idade[3].

Autores relatam que pode ocorrer um mecanismo de adaptação da porção neural ativada frente ao estímulo frequente, e o contrário acontece com a porção neural que responde ao estimulo raro, menos adaptada àquele som, pelo fato de aparecer em menor quantidade, resultando, assim, em uma resposta desviante maior[4]. Esse achado corrobora com a hipótese do presente estudo: de que crianças muito novas, antes de 12 meses de idade, apresentam tais resultados antes do sistema auditivo central possuir total maturação e previamente à aquisição do sistema linguístico.

Mesmo considerando o período de maturação do sistema auditivo, é preciso estudar como essas habilidades auditivas de discriminação e atenção involuntária iniciam o processo de desenvolvimento, pois, estas habilidades antecedentes serão essenciais para uma posterior aquisição de linguagem falada e escrita.

O objetivo deste estudo é caracterizar o MMN de crianças de 1 a 48 meses de idade, com e sem histórico de alteração de orelha média.

MATERIAIS E MÉTODOS

Este estudo foi realizado após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Filosofia e

Ciências UNESP, Campus de Marília, número do CAAE 56892216.2.0000.5406. A participação dos indivíduos ocorreu mediante autorização e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), pelos pais ou responsáveis.

Participaram do estudo 30 bebês e crianças, de ambos os gêneros, com idade entre 1 e 48 meses. Os participantes foram distribuídos em dois grupos, sendo 14 do Grupo 1 com audição dentro dos padrões de normalidade 20 dB NA (ANSI), sem outros comprometimentos de ordem neurológica, comportamental ou psicológica, e 16 do Grupo 2, com histórico de até três ou mais episódios de otite média secretora bilateral ou unilateral durante a infância, diagnosticas e acompanhadas por médico otorrinolaringologista.

Como procedimento de coleta, foi realizado o Potencial Evocado Auditivo Cortical (PEAC), utilizando o equipamento Biologic Navigator Pro e registrado mediante a utilização de cinco eletrodos descartáveis, posicionados

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em Fz e Cz, em referência ao lóbulos direito (Fz e Cz/A2) e depois esquerdo (Fz e Cz/A1), utilizando-se os 2 canais de registro; o eletrodo terra foi posicionado em Fpz. A impedância foi mantida em um nível inferior a 5 K ohms.

Foi utilizado um estimulo de fala /ba/ - /da/, e apresentados monoaurais de forma randômica na proporção de 20% de estímulos raros de um total de 100 estímulos, registrados numa janela de 500 ms com filtragem passa banda de 1-30Hz, amplificação de 50.000x, polaridade alternada e taxa de estimulação de 1.9 estímulos/segundo.

Foi realizada a identificação do complexo N1-P2-N2-P3 – primeiras ondas que aparecem na sequência. Posteriormente, foi realizada a subtração não ponderada das ondas obtidas em Cz e Fz à direita e à esquerda, obtendo-se uma nova onda, na qual pôde ser realizada a identificação do MMN dos indivíduos, em ambas orelhas.

O exame foi realizado com os participantes despertos e submetidos a um vídeo infantil mudo. Os registros obtidos foram analisados pela pesquisadora e um juiz experiente na área de Eletrofisiologia, a

fim de verificar a concordância das análises.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Num primeiro momento, foi realizada análise da média e desvio padrão dos valores, assim como o Teste T (Bioestat®-SSP), com valor de significância p <0,05. Em G1, os valores de latência encontrados à esquerda e à direita (OE e OD) foram: Média OE = 254,68ms, Desvio Padrão (DP) OE = 49,97, Média OD = 242,20ms e DP OD = 41,29, com valor de p>0,05. Para a amplitude, foram encontrados tais valores: Média OE =-2,78, DP OE = 3,00 e Média OD = -3,98 e DP OD= 1,91, também com valor de p>0,05. Em G2, os valores de latência encontrados foram: Média OE = 258,31ms, Desvio Padrão (DP) OE = 26,49, Média OD = 262,85ms e DP OD = 40,31, com valor de p<0,05. Para a amplitude foram encontrados tais valores: Média OE = 4,86, DP OE = 1,43 e Média OD = -5,27 e DP OD= 3,12, com valor de p>0,05. Observando-se, desta forma, que houve significância (p<0,05) apenas para a latência de OE em G2.

Na literatura é encontrado que o MMN localiza-se entre 120 e 230ms em indivíduos adultos (KRAUS, 1993) e em crianças de 2 a 4 meses de 150 a 400ms (HE, 2009), o que corrobora com os presentes resultados que demonstraram valor máximo de latência para o G1 de 322,98ms e para o G2 de 336,52ms.

Houve aumento de latência nos dados obtidos tanto para G1 como para G2, o que pode ser justificado pela maturação cortical[5] que ainda ocorre em ambos os grupos devido à idade.

A latência do MMN de G2 apresentou-se aumentada quando comparados os valores médios entre os grupos, bilateralmente, e com valor de p significante para OE de G2, corroborando com a hipótese inicial do estudo. As crianças do G2 apresentaram quadros de alteração de orelha média, trazendo como consequência o atraso na maturação destas vias auditivas decorrente da privação sensorial, o que consequentemente poderá gerar atraso de aquisição de linguagem[6].

Em relação à amplitude, para o G2 esta foi maior, o que também pode ser justificado pela privação sensorial neste grupo, pois a estrutura cortical responsável pelo surgimento do MMN necessita de maior esforço para responder ao som devido à dificuldade de detecção inicial e discriminação do estímulo frequente e raro. Na literatura, encontra-se que o MMN de crianças tem nível de atenção ao som raro mais demorado do que em adultos[7], o que demonstrou-se ainda mais demorado em crianças com algum tipo de privação sensorial.

CONCLUSÃO

Neste estudo, o MMN foi registrado em bebês e crianças de 0 a 2 anos, encontrando diferenças destas medidas em crianças com e sem histórico de privação sensorial. AGRADECIMENTOS

Nós autoras, agradecemos à CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) pela

concessão de bolsa durante o período de realização deste estudo. REFERÊNCIAS

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T5. O uso do ruído branco e da fala na supressão das emissões otoacústicas por estímulos transientes

Camila Dayane Ferreira da Silva; Pedro de Lemos Menezes; Kelly Cristina Lira de Andrade Área Temática: Diagnóstico Audiológico RESUMO Introdução: O sistema auditivo é constituído por vias auditivas aferentes e eferentes que atuam integradamente. É possível ativar as vias auditivas eferentes em seres humanos por meio de dois métodos objetivos e não invasivos: pesquisa dos reflexos acústicos e supressão das emissões otoacústicas. A supressão é a atenuação das respostas das emissões otoacústicas na presença de ruído contra, ipsi ou bilateral à orelha examinada que ocorre devido à ação das fibras do trato olivococlear medial, por meio de sinapses nas células ciliadas externas, atenuando o ganho da amplificação coclear e reduzindo, consequentemente, a movimentação da membrana coclear. Desta forma, o sistema eferente olivococlear medial está relacionado com a atividade de processamento auditivo em tarefas de discriminação auditiva, seletividade de frequências altas e também com a inteligibilidade das frequências de fala, principalmente em ambientes ruidosos. Objetivo: Avaliar o efeito de supressão das emissões otoacústicas por estímulos transientes em ouvintes normais na presença de ruído branco e fala. Materiais e Métodos: Estudo transversal, observacional e analítico realizado em uma instituição pública da cidade de Maceió – Alagoas e aprovado pelo comitê de ética em pesquisa desta universidade (CAAE: 47459715.8.0000.5011). A amostra foi composta por 15 participantes de ambos os sexos com faixa etária entre 20 a 37 anos. A análise dos resultados foi realizada por orelha, totalizando 30 orelhas. Os procedimentos adotados foram: registro das emissões otoacústicas, supressão com ruído branco e supressão com sentenças balanceadas do protocolo Hearing in Noise Test – Brasil. Resultados e Discussão: Todos os estímulos supressores utilizados comparados com o silêncio, ou seja, com o registro puro das emissões otoacústicas por estímulos transientes, foram significativos na frequência de 1000 Hz. Quando analisados os estímulos supressores entre si, observou-se significância estatística entre o ruído branco e as sentenças do Hearing in Noise Test – Brasil (p<0,05). Conclusão: O efeito da supressão das emissões otoacústicas por estímulos transientes em ouvintes normais, para os estímulos utilizados, é mais efetivo em 1000 Hz. A comparação das supressões entre os estímulos com ruído branco e com as sentenças do Hearing in Noise Test -– Brasil também se revelou mais eficiente para 1000 Hz. Palavras-chave: Supressão. Vias eferentes. Ruído. INTRODUÇÃO

O sistema auditivo é constituído por vias auditivas aferentes e eferentes que atuam integradamente. O feixe

olivococlear é o circuito mais conhecido dentro do sistema eferente, o qual compreende os tratos lateral e medial. O trato lateral é composto por fibras não mielinizadas e não cruzadas, as quais terminam nas células ciliadas internas (CCI), localizadas na cóclea. O trato medial é composto por fibras mielinizadas que tem origem na área ao redor da oliva superior medial, as quais se conectam com as células ciliadas externas (CCE)[1,2].

Embora o papel do feixe olivococlear, no desempenho auditivo, não esteja totalmente definido, algumas funções têm sido atribuídas ao sistema olivococlear medial: localização da fonte sonora, atenção auditiva, melhora da sensibilidade auditiva, melhora na detecção de sinais acústicos na presença de ruído e função de proteção[3,4]. Além disso, a estimulação do feixe olivococlear eferente provoca a diminuição na resposta neural da cóclea e do nervo auditivo[7].

É possível ativar as vias auditivas eferentes em seres humanos por meio de dois métodos objetivos e não invasivos: a pesquisa dos reflexos acústicos e a supressão das emissões otoacústicas (EOA)[8].

A obtenção dos limiares dos reflexos acústicos permite avaliar o papel da via eferente no controle do estado mecânico da orelha média e permite, ainda, a obtenção de informações das vias auditivas na altura do tronco encefálico. A significância funcional da sensibilização do reflexo acústico seria a de proporcionar melhora do sinal no ruído em condições complexas da audição por meio da atenuação das baixas frequências[9,10].

A supressão é a atenuação das respostas de EOA na presença de ruído contra, ipsi ou bilateralmente à orelha examinada que ocorre devido à ação das fibras do trato olivococlear medial, por meio de sinapses nas CCE, atenuando o ganho da amplificação coclear, e reduzindo, consequentemente, a movimentação da membrana coclear[11]. O ruído competitivo exerce um efeito inibitório sobre o funcionamento das CCE da cóclea, cujo resultado é a redução do nível das EOAs. A presença deste efeito em ouvintes normais evidencia o envolvimento do sistema olivococlear medial na supressão das EOAs[12,13]. Estudos demonstram que há uma relação entre a população que apresenta dificuldade de inteligibilidade de fala em ambientes ruidosos e a ação do sistema eferente olivococlear medial, além de relatar que esta população apresenta menor ou nenhuma supressão das EOAs, sugerindo redução do efeito inibitório do sistema eferente[14,15].

Alguns autores afirmam que o córtex cerebral pode exercer uma função direta ou indireta no processamento do som através, principalmente, do complexo olivar superior, podendo, portanto, contribuir com as habilidades auditivas centrais, como a compreensão da fala no ruído[16].

A estimulação elétrica do trato olivococlear eferente é capaz de atenuar a atividade auditiva aferente na altura da cóclea. Existem fibras eferentes com atividade espontânea e fibras que entram em atividade após

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estimulação sonora, sugerindo um sistema de retroalimentação. Tal mecanismo sugere um importante papel da via eferente olivococlear na discriminação da mensagem em presença de ruído competitivo[6].

Sabendo-se que o sistema eferente olivococlear medial está relacionado com a atividade de processamento auditivo em tarefas de discriminação auditiva, seletividade de frequências altas e também com a inteligibilidade das frequências de fala, principalmente em ambientes ruidosos[17], o presente estudo tem como objetivo avaliar o efeito de supressão das emissões otoacústicas por estímulos transientes (EOAT) em ouvintes normais na presença de ruído branco e fala. MATERIAIS E MÉTODOS

O presente estudo, de caráter transversal, observacional e analítico, foi realizado com indivíduos dos sexos feminino e masculino em uma Universidade pública do estado de Alagoas (Brasil) e aprovado pelo comitê de ética em pesquisa desta universidade (CAAE: 47459715.8.0000.5011).

A amostra foi composta por 15 participantes, sendo 14 (93%) do gênero feminino e um (6,7%) do gênero masculino, selecionados por demanda espontânea após divulgação. As avaliações e as análises dos resultados foram realizadas por orelha, o que resultou no estudo de 30 orelhas. A faixa etária dos participantes variou de 20 a 37 anos (média de idade de 25,3 anos e desvio padrão de 5,45 anos) e todos assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Os critérios de inclusão adotados foram: idades entre 20 a 37 anos, audição normal, ausência de queixa e histórico ou diagnóstico de alterações otológicas, neurológicas e/ou psiquiátricas e concordância em assinar o termo de consentimento livre e esclarecido. Foram excluídos do estudo os indivíduos que: apresentavam quaisquer alterações na orelha externa e/ou mau funcionamento da orelha média; alterações na timpanometria; ausência de reflexos acústicos, limiares auditivos tonais superiores a 25 dBNA nas frequências com relações de oitavas entre 250 Hz e 8000 Hz, incluindo as frequências interoitavas de 3000 Hz e 6000 Hz (ANSI, 2004) e diferenças entre as orelhas superiores a 10 dB por frequência; ausência de EOAT e de efeito de supressão; cirurgias na orelha; mais de três infecções de orelha no ano corrente; uso de medicação ototóxica; diagnóstico de espectro da neuropatia auditiva; presença de zumbido, vertigens, tonturas ou outras alterações cócleo-vestibulares e alterações sistêmicas que pudessem contribuir para doenças cócleo-vestibulares, como diabetes, hipertensão arterial, entre outras. Método da coleta de dados

Antes do início da coleta de dados, verificou-se e foi comprovada a calibração adequada de todos os equipamentos utilizados, assim como foi utilizado um analisador de nível de pressão sonora &Kjær, modelo light 2250, para calibrar a saída do fone de ouvido utilizado na realização dos testes. Para a calibração destes fones, &Kjær, modelo 4153, com pré-amplificador e cabo triaxial &Kjær, modelo AO-0440-D-015, ajustado com força de acoplamento de 4,5N.

Na primeira etapa do estudo, foram explicados oralmente os procedimentos a serem realizados com os sujeitos inseridos na pesquisa. Em seguida, aplicou-se um questionário para a triagem dos participantes com o objetivo de investigar os critérios de inclusão e exclusão estabelecidos. Posteriormente, foram realizados os seguintes procedimentos:

• Otoscopia, para verificar a integridade do conduto auditivo externo e da membrana timpânica, utilizando-se um otoscópio da marca Heine®, modelo mini 3000; • Imitanciometria, com o objetivo de selecionar os participantes com timpanogramas p “A” flexos acústicos presentes, realizada por meio do Imitanciômetro AT235 de marca Interacoustic®; • Audiometria tonal e vocal, com o objetivo foi identificar os limiares auditivos tonais e vocais dentro dos padrões de normalidade, por meio do audiômetro AD 629 da marca Interacoustics® e em cabine acústica, conforme as recomendações S3.1 da American National Standard Institute - ANSI (1991). O limiares auditivos foram pesquisados por meio do método psicoacústico dos limites, utilizando-se a técnica descendente, com intervalos de 10 dB e a técnica ascendente, com intervalos de 5 dB, para a confirmação das respostas. Foram avaliadas as frequências com relações de oitavas entre 250 Hz e 8000 Hz, incluindo as frequências interoitavas de 3000 Hz e 6000 Hz; • Registro das EOAT, realizados por meio do equipamento modelo Echocheck Hand Held ILo OAE Screener da marca Otodynamics; • Registro dos efeitos de supressão das EOAT, utilizando-se ruído branco como estímulo supressor com intensidade de 60 dBNS acima dos valores do limiar de reconhecimento de fala (LRF) dos participantes; • Registro dos efeitos de supressão das EOAT, utilizando-se sentenças balanceadas do protocolo Hearing in Noise Test (HINT - Brasil) como estímulos supressores com intensidade de 60 dBNS acima dos valores do LRF. Cada lista das 12 que compõem o HINT – Brasil é composta por 20 sentenças gravadas por um locutor nativo do gênero masculino. Estas listas foram utilizadas aleatoriamente e as sentenças foram emitidas por meio do software Adobe Audition, versão 2.0. As sentenças repetiam-se automaticamente durante o processo de registro das EOAT. Um computador (MacBook Pro® 13-inch, Late 2011) foi utilizado para o envio das mensagens ao audiômetro AD 629.

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Todos os estímulos supressores foram emitidos contralateralmente a partir do audiômetro AD 629, da marca Interacoustic®, devidamente calibrado. Antes do início de cada etapa da captação das emissões, foi testado o ajustamento da sonda, com esta já colocada no meato acústico externo, para adequação das condições de sua estabilidade. As EOAT foram captadas no modo "Quickscreen", estímulo clique não linear a 83dB peNPS. A presença das EOATs foram confirmadas quando a resposta geral estava acima de 6 dBNPS, com reprodutibilidade da resposta e estabilidade da sonda superior a 70%.

Os participantes foram instruídos a permanecer imóveis e silenciosos durante todo o experimento, a fim de evitar o deslocamento da sonda no conduto auditivo externo, assim como foram orientados a estarem atentos aos estímulos de fala durante todo o procedimento. Todos os registros de respostas das EOAT foram realizados três vezes e em cabine acústica. A ordem de apresentação de cada condição foi aleatorizada. O examinador, posicionado fora da cabine acústica, acompanhou e registrou as respostas utilizando uma folha de registro de dados. Análise estatística

A análise estatística foi realizada por meio do aplicativo Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 23.0 para Macbook®. Para a descrição dos dados, foi feito o uso de da apresentação tabular gráfica das médias e dos desvios padrão. Inicialmente, foi realizada uma avaliação da amostra para observar sua aderência à distribuição normal, por meio do teste de Shapiro-Wilk. Em seguida, para a comparação intra grupo das respostas de amplitude de EOAT, foi utilizado o teste T de Student. As diferenças foram consideradas significativas para os valores de p menores que 0,05 e o valor de alfa admitido foi de 0,1. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A distribuição dos limiares auditivos médios dos participantes apresentou aderência à distribuição normal. O

teste de Mann-Whitney U não revelou diferenças significativas entre as orelhas. Utilizando o teste T de Student para a comparação das amplitudes das EOAT e do efeito de supressão das

EOAT com ruído branco como estímulo supressor houve uma redução estatisticamente significativa das amplitudes das EOAT utilizando-se o ruído branco como estímulo supressor para a frequência de 1000Hz. Além disso, observou-se uma redução estatisticamente significativa das amplitudes das EOAT utilizando-se a sentença balanceada do HINT - Brasil para a frequência de 1000 Hz.

Foi possível observar, também por meio do teste T de Student, que o efeito de supressão foi maior quando as sentenças do HINT - Brasil foram utilizadas como estímulos supressores e houve significância estatística para a frequência de 1000 Hz. Discussão dos métodos

O estudo do efeito de supressão das EOAT para testar a inibição da atividade mecânica das CCE fundamentou-se em resultados de pesquisas que evidenciaram maior redução no nível de resposta geral das emissões com efeito de supressão por intermédio das EOAT comparativamente às emissões otoacústicas evocadas por produto de distorção (EOAPD)[18-19]. Outros estudos afirmam que a supressão das EOAPD apresentam variações muito grandes nas testagens realizadas entre indivíduos normais[20].

As intensidades dos estímulos supressores utilizadas no presente estudo tiveram como base o estudo[21] em que foram avaliados 48 sujeitos com audição normal, a fim de determinar o nível de intensidade do ruído contralateral apropriado para estudos clínicos. Os autores concluíram que a intensidade do estímulo tipo clique entre 50 a 60 dB e supressão com ruído contralateral acima de 50 dB foram os melhores parâmetros para a obtenção do efeito de supressão. Assim como estes, outros autores definiram tal intensidade como adequada e suficiente para ativar a via auditiva eferente[12,22].

Outra justificativa para a definição das intensidades dos estímulos utilizados é a importância da não ativação clínica do reflexo estapédico, uma vez que ativação deste reflexo, a partir da contração do músculo tensor do tímpano e do estapédio, provoca maior rigidez no sistema e reduz a transmissão de sons, principalmente, os de baixas frequências, ou seja, menores que 1000 Hz[23]. A interferência deste sistema poderia comprometer os resultados do estudo, uma vez que em seres humanos, o reflexo estapédico é gerado em intensidades próximas a 80 ou 90 dB acima do limiar da audição[24].

Assim como o estudo[25], todas as etapas de registro das EOAT consistiram em três medições, sendo as médias das três amplitudes dos registros utilizadas para analises. Utilizou-se uma análise de variância para medidas repetidas, reduzindo a variabilidade da medida inicial, possibilitando a verificação da reprodutibilidade com a finalidade de favorecer a confiabilidade dessas medições.

O ruído branco, tipo de ruído utilizado para desencadear o efeito de supressão em uma das etapas da pesquisa, foi escolhido com base em estudos que demonstraram que ruídos com amplo espectro apresentam maior sensibilidade na produção do efeito inibitório[22,26].

A utilização dos estímulos de fala para avaliar a supressão das EOAT, por sua vez, ainda é um procedimento relativamente raro nos estudos[27,28]. Contudo, acredita-se que avaliar a percepção da fala e a supressão das EOA em condições de audição ativa poderia ajudar a compreender melhor o papel do sistema auditivo eferente durante a percepção da fala[29].

Com relação à apresentação do estímulo supressor, a modalidade contralateral foi selecionada a partir de estudos[30], os quais analisaram a variação da magnitude do efeito de supressão quando captado por estimulação ipsilateral, contralateral e binaural. Os autores verificaram que a modalidade binaural de estimulação produz efeitos

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inibitórios mais robustos, contudo, em valores numéricos, a estimulação contralateral produz efeitos inibitórios mais consistentes, o que torna sua utilização mais frequente. Tal modalidade foi ratificada em estudos posteriores[31,32].

Discussão dos resultados

Todos os resultados de supressão do presente estudo que apresentaram significância estatística estavam relacionados à frequência de 1000 Hz. Outros estudos confirmaram que o efeito de supressão é mais efetivo em frequências baixas do que nas altas[29, 33-35]. Um estudo realizado com indivíduos adultos com limiares de audibilidade normais e sem queixas auditivas, demonstrou que as frequências de 1000 e 2000 Hz apresentavam maiores níveis de efeito de supressão[32]. Outro estudo analisou o efeito de um ruído contralateral e de lesão completa do sistema olivococlear nos potenciais de ação do nervo auditivo de gatos e foi possível verificar que o ruído contralateral diminui o potencial de ação do nervo auditivo, além de observar que a secção desse sistema abole o efeito de inibição do nervo36. Neste estudo, os maiores valores de inibição encontrados foram nas frequências de 1000 e 2000 Hz.

O estudo[27] avaliou as EOAT de treze adultos ouvintes normais em quatro situações: 1. Em silêncio; 2. Com ruído branco contralateral a 60 dBNPS; 3. Com palavras incorporadas ao ruído branco emitidas contralateralmente a 60 dBNPS a orelha teste, simultaneamente, tendo o paciente que reconhecer o campo semântico dessas palavras, o que caracterizou a escuta ativa; e 4. idem a situação 3, sem ter que reconhecer as palavras, uma vez que as mesmas eram sem sentido. Assim, os autores observaram que o efeito de supressão foi aprimorado nas situações 3 e 4, onde necessitavam de maior atenção à fala, concluindo que as estruturas corticais controlariam a atividade eferente do sistema auditivo, principalmente em situações que envolvem o uso do espectro da fala. Eles encontraram uma supressão contralateral significativamente maior de EOAT durante a condição de audição ativa, o que foi atribuído à influência cortical na supressão eferente.

Alguns autores investigaram o efeito da escuta ativa e do esforço auditivo na supressão contralateral das EOAT em vinte e oito jovens adultos, em três condições de ruído contralateral: 1. EOAT foram obtidas na presença de ruído branco na orelha contralateral; 2. Um discurso foi incorporado ao ruído branco a uma relação S/R de +3, -3 e -9 dB e entregue à orelha contralateral; 3. O discurso foi reproduzido e incorporado em ruído branco a -3 dB de relação S/R. As condições 1 e 3 serviram como condição de audição passiva e a condição 2 serviu como condição de audição ativa. Na condição de audição ativa, os participantes categorizaram as palavras em dois grupos (por exemplo, animal e veículo). Observou-se maior supressão contralateral das EOAT na presença de ruído branco e a quantidade da supressão não foi significativamente diferente entre condições de audição ativa e passiva (condição 2 e 3). Contudo, houve um aumento na supressão com o esforço de escuta quando a S/R diminuiu de +3 dB para -3 dB. No entanto, quando o S/R foi reduzido para -9 dB, não houve aumento adicional na quantidade de supressão, pelo contrário, houve uma redução na quantidade de supressão. Desta forma, o estudo mostrou que o esforço auditivo pode afetar a supressão das EOAT[29].

Assim como acontece na ativação do reflexo estapédico, em que é descrito na literatura o efeito do antimascaramento, definido como a atenuação de frequências graves, sejam eles ambientais ou provenientes do próprio indivíduo, o mecanismo de ativação do reflexo olivococlear medial também permite o realce de sons de maior frequência, ou seja, na faixa de frequência da comunicação falada, na medida em que atenua possíveis ruídos [2, 18, 36-

40]. Outro mecanismo atuante no sistema auditivo e que precisa ser descrito é o de filtros cocleares, em que para

sons de intensidade baixa à moderada a cóclea funciona como uma bateria de filtros passa-banda, isto é, para intensidades próximas ao limiar auditivo a largura dessa banda é muito estreita. Na medida em que a intensidade do estímulo aumenta, a largura da banda alarga gradualmente até cerca de 70 dB NPS, por conseguinte, a cóclea passa a se comportar como uma bateria de filtros passa-alta. Isto significa que, estímulos de intensidade elevada passam a estimular fibras do nervo auditivo sintonizadas a frequências bem mais altas que sua frequência nominal. Caso os ruídos não fossem atenuados por meio do efeito antimascaramento, componentes de altas frequências deste ruído, gerados pela filtragem passa-alta, iriam mascarar frequências da fala e atrapalhar a discriminação[23,40]. O mecanismo descrito reforça ainda mais a importância da atenuação dos sons graves quando há intenção de escuta, como foi o caso dos estímulos de fala apresentados contralateralmente ao registro das EOATs.

Ainda na orelha média, a ativação do reflexo acústico apresenta-se importante na separação do sinal auditivo de outros ruídos internos ou do ambiente, no controle da atenuação das frequências graves dos sons da fala favorecendo a percepção dos sons de frequência aguda, na atenuação dos sons vocalizados e no reconhecimento da fala para fortes intensidades[41-42] .

Em síntese, o sistema auditivo está a todo o momento suprimindo os sons mais graves e favorecendo os sons mais agudos. Este fenômeno é observado desde a entrada do som no pavilhão auditivo, por meio do efeito de ressonância em que é observada maior amplificação dos sons a partir de 2000Hz; na orelha média, com a ativação do reflexo acústico e consequente atenuação de sons graves e, finalmente, na orelha interna, em que ocorre mais uma etapa de atenuação de graves por meio do reflexo olivococlear medial.

As descobertas fornecem evidências de controle cortical descendente no nível coclear e sugerem que o sistema eferente pode ter um papel na filtragem de sons graves e de informações acústicas irrelevantes quando a atenção é direcionada para a fala. A atividade eferente do sistema auditivo mostra-se mais eficiente quando o efeito de supressão é realizado por meio de estímulo de fala, quando comparada ao ruído branco, o qual não representa significado, diferentemente do espectro de fala. Por meio do estudo apresentado, foi possível compreender melhor como o sistema auditivo eferente se comporta sob diferentes condições de atenção seletiva.

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CONCLUSÃO

O efeito da supressão das EAOT em ouvintes normais, utilizando-se o ruído branco e a fala, é mais efetivo em 1000 Hz. A comparação das supressões entre os estímulos com ruído branco e com as sentenças do HINT também se revelou mais eficiente para 1000 Hz.

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T6. Perfil clínico de crianças com microcefalia por zika vírus assistidas em uma instituição de referência

Ianka Maria Bezerra Cunha; Edijane Jeronimo Monteiro; Carla Patrícia Novaes dos Santos Fechine; Maria Letícia de Melo Lima; Viviane Maria Patrício de Lucena Oliveira; Nícia Farias Braga Maciel; Sheva Castro Dantas; Iara Fialho Moreira; Maria Elma de Souza Maciel Soares; Meryeli Santos de Araújo Dantas

Área Temática: Microcefalia

RESUMO

A microcefalia é uma malformação congênita, condição onde o perímetro cefálico dos recém-nascidos é menor que o normal em relação a idade e sexo, refletindo um subdesenvolvimento cerebral e uma consolidação precoce do crânio. Em outubro de 2015 foi observado um aumento inesperado no número de neonatos com microcefalia e a relação com a disseminação do Zika Vírus na região Nordeste do Brasil. A grave epidemia fez perceber a necessidade de medidas de enfretamento e priorização da atenção adequada às crianças com microcefalia, sendo a estimulação precoce uma das medidas que podem auxiliar no desenvolvimento dessas crianças. Diante disso, este estudo teve como objetivo caracterizar o perfil sociodemográfico e clínico de crianças com microcefalia por Zika Vírus assistidas em uma Instituição de referência no Estado da Paraíba. Trata-se de uma pesquisa de caráter transversal, documental, descritiva e exploratória, com abordagem quantitativa, realizada nas dependências da Fundação Centro Integrado de Apoio à Pessoa com Deficiência (FUNAD), no período de março a maio de 2017. Foram avaliados 20 lactentes de ambos os sexos, com idade variando entre 6 a 18 meses. Foram utilizados como instrumentos um roteiro de entrevista estruturado e análise de prontuários. Todos os procedimentos foram executados pelos pesquisadores. Os dados coletados foram armazenados e analisados a partir de uma planilha do Microsoft Excel 2010, utilizando-se da estatística descritiva por meio de gráficos e tabelas. Os resultados demonstraram que as crianças com microcefalia são filhos de mães com idade que variam entre 15 a 25 anos e com baixa renda. Em 65% dos casos, a microcefalia foi detectada intrautero; 65% das gestações não foram planejadas; 95% dos partos foram a termo; 80% nasceram com peso acima de 2.500 kg. Todos apresentaram GMFM nível V; 59% denominadas microcefálica grave; nos exames de imagem predominaram as calcificações (60%), ventrículomegalia (53%) e lisencefalia (27%). Todas as crianças realizaram estimulação precoce. As crianças em estudo apresentaram comprometimento nas funções motoras, visuais, auditivas, cognitivas e alteração de comportamento, concluindo-se a necessidade de um acompanhamento multiprofissional e a criação de políticas públicas em saúde voltadas para as pesquisas e combate ao Zika Vírus.

Palavras-chave: Fisioterapia. Estimulação precoce. Microcefalia. Zika Vírus. INTRODUÇÃO

O Vírus Zika (ZIKV), do gênero Flavivirus, foi descrito pela primeira vez em 1947, do sangue de um macaco usado como sentinela para a febre amarela e exposto na floresta de Zika, capital de Uganda, na África. Uma década após o isolamento inicial, foi constatado casos de contaminação fora do continente africano com a notificação de casos no continente asiático e tendo o mosquito Aedes aegypti como seu principal vetor, mostrando a evolução epidemiológica dessa arbovirose. A Zika tem como sintomatologia exantemas, prurido, febre de leve intensidade e intermitente, hiperemia conjuntival, cefaleia moderada, dor articular, edema periarticular e um alto percentual, é assintomático[1].

Ainda de acordo com o autor supracitado, pouca importância foi dada a essa arbovirose por se apresentar de forma esporádica e sem gravidades, até o surgimento da epidemia de febre Zika, na República da Micronésia, no ano de 2007. Após esse evento, casos de febre Zika foram confirmados por sorologia e PCR em outras regiões do Oceano Pacífico da Polinésia e em alguns países do Sudeste da Ásia.

Em maio de 2015, um surto de infecção pelo Zika Vírus foi estabelecido no Brasil, se correlacionando com o aumento da prevalência da microcefalia congênita nos recém-nascidos nas áreas de risco de Zika. Assim, uma nova batalha da saúde pública surgiu com o reconhecimento do surto de infecção pelo Vírus Zika na região Nordeste do país, em cocirculação com outros arbovírus, como o vírus Chikungunya e Dengue, doenças transmitidas também pelo mosquito Aedes aegypti e caracterizadas pela erupção maculopapular, febre, mialgias/artralgias e conjuntivite[2].

Com a rápida disseminação do arbovírus, inicialmente no Nordeste, e em seguida para outras regiões do Brasil, observou-se também o aumento expressivo das notificações de recém-nascidos com microcefalia no Sistema de Informação de Nascidos Vivos (SINASC), com o registro de 141 casos suspeitos de microcefalia em novembro de 2015 no Estado de Pernambuco, e depois detectado um excesso de números de casos em outros estados do Nordeste. Verificou-se ainda que os primeiros meses de gestação das crianças que nasceram com microcefalia corresponderam ao período de maior circulação do Vírus Zika na região Nordeste[3]. A microcefalia é uma malformação congênita, condição onde o perímetro cefálico dos recém-nascidos é menor que o normal em relação a idade e sexo, refletindo um subdesenvolvimento cerebral e uma consolidação precoce do crânio. Em decorrência dessa malformação, a criança pode apresentar sequelas e atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, se correlacionando com a paralisia cerebral. No entanto, os pacientes poderão apresentar comprometimentos diferentes, dependendo da área e da extensão do cérebro que foi atingida pela doença, podendo a criança apresentar deficit auditivos, físicos, intelectuais, cognitivos e visuais. Assim, a estimulação

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precoce como tratamento de suporte de reabilitação promove a harmonia do desenvolvimento dos vários sistemas comprometidos[4]. O Vírus Zika foi associado como causador das anomalias fetais graves e congênitas do cérebro de crianças com microcefalia como as calcificações, giros corticais ausentes ou diminuídos, ventrículomegalia e anormalidades da substância branca, por afetar diretamente células progenitoras neuronais humanas. A microcefalia também pode ocorrer devido aos efeitos de uma série de fatores de diferentes origens, como substâncias químicas, radiação e toxoplasmose, rubéola ou outros agentes infecciosos durante a gravidez[4]. A constatação que o Zika Vírus também causa microcefalia gerou grande preocupação pela facilidade com que o vírus se dissemina. Considerado inofensivo por muito tempo, o Zika entrou no Brasil entre 2014 e 2015 e, segundo o Ministério da Saúde, já pode ter infectado 1,4 milhões de pessoas. Nesse mesmo tempo, constatou-se um aumento nos casos de microcefalia, em especial na região Nordeste. No período de 2015 a 2016 o número de casos confirmados alcançou 2.205[5]. Diante da gravidade da situação, percebe-se a importância da implantação de recursos no tratamento das alterações presentes nas crianças com microcefalia e uma das principais ferramentas nesse processo é o programa de estimulação precoce, visto que a microcefalia representa não somente um perímetro cefálico anormal, mas comprometimento motor, cognitivo, social, dentre outros. Mediante o exposto, faz-se necessário a identificação do perfil clínico e epidemiológico dessa população, com o objetivo de avaliar os deficit instalados e prevenir sequelas, adotando um atendimento multiprofissional que, por meio da estimulação precoce, venha potencializar seus ganhos motores e cognitivos, sendo, assim, essencial para o melhor desenvolvimento dessas crianças e para contribuir com a construção de políticas públicas que venham a reduzir este número. Portanto, o presente estudo teve como objetivo caracterizar o perfil sociodemográfico e clínico de crianças com microcefalia por Zika Vírus assistidas em uma Instituição de referência no Estado da Paraíba.

MATERIAIS E MÉTODOS

Trata-se de uma pesquisa de caráter transversal, documental, descritiva, exploratória com abordagem quantitativa. O estudo foi realizado na Fundação Centro Integrado de Apoio à Pessoa com Deficiência (FUNAD), no período de março a maio de 2017. A população de estudo foi constituída por crianças de ambos os sexos, que apresentavam microcefalia, atendidas na referida instituição. A amostra estudada foi composta por crianças com idade variando entre 0 a 18 meses que se enquadravam nos critérios de inclusão do estudo: ter idade variando entre 0 a 2 anos, com diagnóstico de microcefalia e que realizavam estimulação precoce na FUNAD no ano de 2017. Assim, se atingiu um total de 20 crianças, de ambos os sexos, sendo excluídas as crianças com idade superior a 2 anos, crianças com outras síndromes associadas e aquelas cujos pais ou responsáveis recusaram-se a participar da pesquisa.

Para a realização da pesquisa, foi utilizado um roteiro de entrevista estruturado e produzido pelo pesquisador, composto por questões voltadas para os dados sociodemográficos (sexo, idade, estado civil, profissão e grau de instrução); dados econômicos (renda mensal familiar); dados clínicos e fatores de risco (drogas ilícitas, alcoolismo, tabagismo); bem como a análise dos prontuários das crianças para identificar as complicações associadas e o tratamento realizado pela equipe multidisciplinar da fundação. A entrevista foi realizada em uma sala adequada, sem a presença de outras pessoas e de forma individual. Assim, se minimizou o constrangimento por parte do cuidador.

Tratando-se de uma pesquisa envolvendo seres humanos, foram respeitados os aspectos éticos presentes na Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde. Cada participante foi informado sobre os riscos e benefícios deste estudo, sobre o objetivo da pesquisa e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. A pesquisa foi realizada após a aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), do instituto Federal de Educação, Ciência, Tecnologia da Paraíba (IFPB), sob CAAE:57363616.3.0000.5185 e parecer número 1.643.213.

Para análise quantitativa dos dados, os resultados foram organizados em uma planilha eletrônica utilizando o Excel (versão 2010) e foram analisados utilizando-se a estatística descritiva por meio de tabelas. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O estudo contou com a participação de 20 crianças com microcefalia atendidas na FUNAD, com idade entre seis a dezoito meses. A seguir serão apresentados os resultados e discussões da amostra estudada.

As características sociodemográficas maternas mostram uma prevalência de microcefalia congênita entre filhos de mães com idade entre 15 a 25 anos, 16 (80%), em união estável na sua maioria 70% (n=14), com baixa escolaridade e baixa renda.

Em relação à escolaridade das mães, os dados demostram que metade das crianças com microcefalia participantes da pesquisa são de mães com baixo nível de escolaridade. Quanto à renda, 15 (75%) relataram possuir um salário mínimo como renda familiar, que, em concordância com o salário mínimo vigente no Brasil no período da coleta de dados, corresponde a R$ 937,00, apontando a escolaridade como um indicador de condição social, visto que a baixa escolaridade justifica a renda negativa e, consequentemente, torna-se uma barreira no acesso à saúde.

Uma pesquisa realizada pelo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças do Governo dos Estados Unidos (CDC), com mães e bebês com microcefalia no Estado da Paraíba, não geral não encontrou, em seu resultado geral, nenhuma associação da microcefalia com a renda familiar, raça, nível de escolaridade, uso de medicamentos ou idade da mãe[5].

Mas para Santos[6], a renda influencia na instalação de enfermidades, de modo que uma maior renda facilita e possibilita o acesso e aquisição de bens e serviços de saúde, além de melhorar as condições de moradia e de

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educação, resultando em um melhor status de saúde. Esses resultados possibilitam considerar que metade das mães de bebês que nasceram com microcefalia e que fazem tratamento na FUNAD estão inseridas em um contexto socioeconômico desfavorável, situação justificada pelo fato da Fundação ser uma instituição de prestação de serviço gratuito e que em nossa sociedade as pessoas com melhor poder aquisitivo não procuram os serviços públicos gratuitos.

Em relação ao pré-natal, 100% (n=20) da amostra o realizou, deste total, 19 (95%) compareceram a seis ou mais consultas. A detecção da microcefalia ocorreu em 13 casos (65%) no pré-natal e 7 casos (35%) no pós-parto. Quanto ao tipo de parto, 13 (65%) nasceram de parto vaginal e 7 (35%) de parto cesáreo.

Sabe-se que as consultas durante o pré-natal visam avaliar a saúde da mulher e do feto, como também seu desenvolvimento, rastreando fatores de risco e a possibilidade de intervenção precoce ao se constatar alguma anormalidade. Para garantir a eficácia da assistência pré-natal, é necessário que a grávida seja identificada em tempo hábil, com pronto atendimento, intervindo de modo conveniente para o período gestacional, de forma preventiva ou terapêutica[7].

Os resultados apontam que 19 (95%) das mães realizaram e atenderam os requisitos de número mínimo de seis consultas pré-natais, preconizadas pelo Ministério da Saúde. Entretanto, em 7 casos (35%) da amostra o diagnóstico da microcefalia ocorreu no pós-natal. Deve-se salientar que a identificação precoce da microcefalia durante o pré-natal pode contribuir para esclarecer as suspeitas epidemiológicas, bem como preparar e orientar as famílias para a chegada de um recém-nascido com malformação. Assim, o número considerável de diagnóstico pós-parto da microcefalia indica que o pré-natal não foi realizado de forma oportuna, uma vez que, segundo o estudo realizado por Driggers[8], foi demostrado que com 16 semanas de gestação o feto cuja mãe foi infectada pelo Vírus Zika já apresenta o perímetro cefálico diminuído, e com 19 semanas uma anatomia intracraniana anormal.

A gravidez não planejada, definida assim por não ser programada pelo casal, tem relação com a oferta dos cuidados pré-natais, a exemplo, o uso de ácido fólico e exposição a fatores de risco como o fumo e álcool. O resultado obtido da questão relacionada ao planejamento da gravidez revelou que 13 (65%) das mães não planejaram gravidez, corroborando com a Organização Mundial da Saúde (OMS), que relata que mais de 120 milhões das mulheres do mundo todo desejam evitar gravidez, porém, nem elas nem seus parceiros fazem uso dos métodos contraceptivos e, consequentemente, metade das gestações não são inicialmente programadas, embora possam ser desejadas[5].

No entanto, a não prevenção da gravidez em algumas situações ocorre devido ao uso incorreto, falta de orientação ou de meios para se adquirir um método contraceptivo[5]. Quanto à questão da gravidez desejada, todas as mães responderam que desejaram a gravidez e negaram o uso de substâncias teratogênicas.

Quanto ao parto, 13 (65%) foram do tipo vaginal e 7 (35%) do tipo cesáreo, constatando que o tipo de parto não foi fator relevante para a incidência da microcefalia, pois a malformação ocorreu tanto em crianças nascidas por parto normal como por parto cesáreo, sendo, portanto, uma malformação congênita apresentando alterações de origem embrionárias ou fetais.

O maior número de partos por via normal concorda com o Ministério da Saúde[5], quando esclarece que a microcefalia em si não é indicação para parto cesáreo, além de ser um tipo de parto que predispõe ao aumento dos riscos para mãe e filho, e, sabendo-se que crianças nascidas de parto normal tendem a apresentar cavalgamento de suturas, o perímetro cefálico deve ser médio após 24 horas de nascimento, para se evitar a comunicação de falsos positivos.

Em relação ao sexo das crianças, a amostra foi composta por 11 (55%) do sexo masculino e 9 (45%) do sexo feminino. Referente à idade gestacional, foi obtido o seguinte resultado: 1 (5%) pré-termo, 19 (95%) a termo, nenhum pós termo, 14 (70%) apresentaram peso adequado ao nascer e 6 (30%) tiveram baixo peso.

Os resultados discordam dos obtidos por Marinho[9], por meio do Sistema de Informação de Nascidos Vivos, que constatou um aumento do número de casos de microcefalia entre os neonatos com estado geral insatisfatório: pré-termo, baixo peso e com Apgar menor que quatro no 1º e 5º minuto após o nascimento.

Quanto ao perímetro cefálico, a OMS utiliza padrões de referência para microcefalia, estabelecendo para as crianças a termo as medidas de 31,5 e 31,9cm para meninos e meninas, respectivamente, por meio dos parâmetros de InterGowth para ambos os sexos nas primeiras 24 a 48 horas de vida[4].

Na caracterização das crianças, o estudo mostra que 13 (65%) das 20 mães relataram febre e exantemas durante o período gestacional. Destas, 10 (50%) no primeiro trimestre, 3 (15%) no segundo trimestre e 7 (35%) não relataram quadro viral compatível de infecção por Zika durante esse período.

O resultado corrobora com Nunes[10], que descreve a Zika como uma doença de apresentação autolimitada e branda, com exantemas, febre e dor articular como principais sintomas de sua atividade viral, não reforçando os resultados obtidos de Salge[7], que realizando estudo de revisão sistemática observa que somente 18% das infecções humanas pelo Vírus Zika resultam em manifestações clínicas.

Dos 20 prontuários analisados, foi possível obter os dados do perímetro cefálico de 17 crianças e nos demais prontuários não constava a informação. Respeitando os critérios da escala de InterGowth, das 17 crianças, 10 (59%) apresentavam microcefalia grave, perímetro cefálico com mais de 3 desvios padrão (DP) abaixo da média da idade gestacional e 7 (41%) perímetro cefálico menor que 2 DP. Assim, foi possível observar que a ocorrência de microcefalia grave foi predominante nas crianças cujas mães relataram os sinais e sintomas presumíveis de infecção por Zika Vírus durante o primeiro trimestre de gestação. Já as com perímetro cefálico abaixo de 2 DP os sinais da infecção foram relatados no segundo trimestre ou não foi relatado.

Os dados obtidos confirmam com o estudo de Salge[7], quando conclui que a extensão e a gravidade das injúrias cerebrais têm relação direta com o período gestacional em que o feto foi infectado pelo vírus, sendo mais severas e extensas durante o primeiro trimestre de gestação e mais brandas no terceiro trimestre, justificado por

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Nunes[10], que explica que nesses períodos gestacionais ocorre a neurulação primária e secundária, o desenvolvimento prosencéfalo, proliferação e migração neural, que são os marcos para o desenvolvimento do Sistema Nervoso Central (SNC), e transtornos durante estas duas últimas fases, o que resulta em microcefalia e lisencefalia, respectivamente.

Ainda nesse âmbito, Eickmann[11] reintera que a microcefalia não é uma doença e sim um sinal de destruição ou comprometimento do desenvolvimento cerebral e quanto mais precoce a instalação da infecção, mais graves serão os danos no Sistema Nervoso Central, causando múltiplas alterações cerebrais e com maior incidência a deficiência intelectual, paralisia cerebral, epilepsia, dificuldade de deglutição, deficit ou perda auditiva e visual e incluindo distúrbio de comportamento.

Um dado interessante no estudo foi a variável Índice de Apgar, quando apenas três avaliados não possuíam esse dado e 17 (85%) apresentaram Apgar satisfatório, com índice acima de 7, divergindo de Ramos[12], quando afirma que um baixo índice, inferior a 7, é um indicador de cuidados especiais para os recém-nascidos e um índice de Apgar de 7 a 10 significa que o recém-nascido é sadio e que provavelmente não desenvolverá problemas futuros.

Não corroborando com o estudo de Marinho[9], que engloba os nascidos vivos do ano 2000 a 2014, e obteve como resultado a prevalência de microcefalia entre aqueles com Índice de Apgar<4, em relação aos nascidos vivos com Índice de Apgar entre 8 e 10. Corroborando com Vargas[13], que em seu estudo com 40 crianças com microcefalia encontrou a mediana do índice de Apgar nos nascidos vivos pré-termo e a termo, foi de nove no 1º minuto de vida e de 10 no 5º minuto.

Entende-se que o escore de Apgar descreve a condição do recém-nascido na transição do ambiente intrauterino para extrauterino, avaliando a vitalidade do recém-nascido. Já um baixo índice de Apgar pode correlacionar-se com a mortalidade neonatal, mas mediante o exposto, a escala de Apgar isoladamente não prevê uma disfunção neurológica posterior[13].

Os dados obtidos foram: um caso de pé torto congênito (5%); dois (10%) casos de artrogripose; 11 (65%) casos de estrabismo; 5 (25%) de cicatriz macular; 3 (15%) de perda de visão, 4 (20%) deficit visual, 3 (15%) de deficit auditivo, de irritabilidade (55%); 6 de convulsões (30%), e 20 (100%) apresentaram hipertonia/espasticidade e foram classificadas GMFM nível V.

Em relação ao exame físico, o estudo revelou apenas um caso de pé torto congênito, equivalente a (5%) da amostra e dois casos artrogripose (10%), malformação atribuída ao possível neurotropismo do Vírus Zika pelos neurônios superiores e inferiores. No estudo de Faccini[14], realizado com 35 crianças, 4 (11%) apresentaram artrogripose, o que indica o envolvimento do sistema nervoso periférico ou central e 5 (14%) apresentaram pé torto congênito.

Alvino, Mello e Oliveira[3] explicam que um fator causal da artrogripose é a acinesia fetal, ocorrida pela desordem do SNC como a anormalidade de migração neuronal, desordem piramidais e olivoponto-cerebelares, assim como a doença do neurônio motor alfa da coluna espinal anterior, sendo esses insultos atribuídos à infecção pelo Vírus Zika durante a embriogênese.

Quanto aos exames de imagem, foi possível observar 15 (75%) laudos, que revelaram anomalias cerebrais, entre as quais, 9 (45%) apresentaram calcificações, 8 (40%) ventriculomegalia e 4 (20%) lisencefalia.

No estudo realizado por Alvino, Mello e Oliveira[3] com 18 crianças com microcefalia, foram encontradas alterações como: calcificações (100%); ventriculomegalia (100%); alterações de sulcação (85,7%).

Há conformidade com Salge[7], quando este relata que aproximadamente 90% dos casos a microcefalia está associada a alterações neurológicas. As análises por meio de tomografia computadorizada e ultrassom transfontanela apresentam um padrão de calcificações disseminadas, aumento dos ventrículos, secundários à atrofia cortical ou subcortical, comprometendo o desenvolvimento do recém-nascido.

Entre as anormalidades neurológicas observadas, destacam-se a hipertonia global, irritabilidade com choro excessivo, além de respostas auditivas e visuais comprometidas. A hipertonia foi prevalente em todas a crianças participantes da pesquisa, a irritabilidade em 11 (55%) e a convulsão em 6 (30%), o que corrobora com o estudo realizado por Botelho[15] envolvendo quatro crianças com microcefalia, onde 4 (100%) apresentaram hipertonia; duas (50%) irritabilidade e uma (25%) convulsão.

Na variável alteração visual, 18 (90%) apresentaram anormalidades: cicatriz macular, 5 (28%); perda da visão, 3 (17%); deficit visual, 4 (22%); e o estrabismo foi a alteração visual de maior frequência, 11 (61%) no presente estudo.

Sobre estes dados que envolvem a função visual, Botelho[15] afirma que a infecção congênita presumida por Vírus Zika pode provocar sequelas oftalmológicas, a exemplo da lesão macular e perimacular, atrofia coriorretiniana, assim como anormalidades do nervo óptico. Brunoni[16] complementa que o estrabismo e as desordens oftalmológicas estão entre as alterações mais recorrentes associadas à microcefalia.

O Sistema de Classificação da Função Motora Grossa (GMFM) determina qual o nível que melhor representa as capacidades e limitações da criança ou jovem em relação às funções motoras globais, sendo baseado no movimento iniciado voluntariamente, com ênfase no sentar, transferências e mobilidade. Portanto, é importante, para classificar o desempenho atual, avaliar a qualidade do movimento, sendo uma ferramenta para traçar prognósticos. Assim, no presente estudo, todas as crianças foram classificadas como GMFCS nível V. Este nível, aplicável a crianças de 0 a 2 anos nascidas a termo, abrange as deficiências físicas que restringem o controle voluntário do movimento. Os bebês foram incapazes de manter posturas antigravitacionais, como o sustento cefálico, o controle de tronco e a postura sentada.

No que tange ao tratamento das crianças com microcefalia, este é baseado em ações de suporte, que auxiliam no desenvolvimento da criança, envolvendo diferentes especialidades que são indicadas de acordo com a disfunção apresentada. A estimulação precoce é o principal recurso utilizado no enfrentamento das alterações

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causadas pela infecção congênita pelo Vírus Zika e tem por objetivo obter o melhor desenvolvimento possível, por meio da mitigação dos distúrbios do desenvolvimento neuropsicomotor[17].

Os recursos terapêuticos utilizados no desenvolvimento dessas crianças estão de acordo com os deficit funcionais apresentados. Desse modo, o presente estudo demonstra que a estimulação precoce, a cinesioterapia e a estimulação visual são utilizadas no tratamento das 20 das crianças estudadas. A terapia ocupacional é realizada em 17 crianças (85%) e à estimulação auditiva em 19 (95%).

Devido ao distúrbio de desenvolvimento provocado pelas injúrias decorrentes da virulência do Zika no tecido cerebral, possivelmente o tratamento de pacientes com microcefalia seja para toda a vida. A fisioterapia, por meio da estimulação precoce, possui o diferencial de dispor de vários recursos no tratamento destas crianças, a exemplo, o Conceito Neuroevolutivo Bobath, que trabalha estimulando a plasticidade cerebral, influenciando áreas cerebrais não lesadas a exercerem a função das regiões lesionadas, buscando aquisição e manutenção de funções e, simultaneamente, minimizando a dor e as deformidades[18].

CONCLUSÃO

Comprovou-se a importância da realização do pré-natal adequado para se atingir o objetivo proposto de rastreamento de possíveis riscos para mãe e feto, sendo os exames pré-natais de extrema importância para investigação epidemiológica. Um dos recursos utilizados para avaliar alterações no desenvolvimento do feto é a ultrassonografia obstétrica, que pode rastrear a microcefalia a partir da 16ª semana de gestação.

Com a análise dos dados obtidos, pode-se identificar as anomalias cerebrais e osteomioarticulares, caracterizando essa população e possibilitando correlacionar o período de apresentação dos sinais da infecção por Vírus Zika e a gravidade da microcefalia.

A ausência de confirmação laboratorial de infecção por Vírus Zika foi predominante no estudo, a suspeita da infecção foi baseada nos sinais e sintomas relatados pelas mães e relacionados ao período de circulação do vírus.

Para o enfrentamento desta epidemia, estratégias de prevenção são essenciais, como saneamento básico, coleta de lixo, conscientização da população, Já nos casos existentes de microcefalias, os cuidados ofertados a essas crianças devem ser priorizados.

Espera-se que os resultados deste estudo contribuam para o estabelecimento e promoção de políticas públicas nos diversos setores e que visem a inclusão, para que essa geração de crianças com desenvolvimento comprometido não seja esquecida e tenha assegurada o acompanhamento multiprofissional e demais direitos sociais. REFERÊNCIAS

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T7. Perfil do desenvolvimento neuropsicomotor de crianças com a síndrome congênita pelo zika vírus

Larissa Santos Souza; Larissa Santos de Jesus; Jamille Rodrigues Costa do Nascimento; Barbara Cristina da Silva Rosa; Danielle Ramos Domenis; Raphaela Barroso Guedes-Granzotti Área Temática: Microcefalia RESUMO Introdução: A Organização Mundial da Saúde (OMS) define microcefalia como um perímetro cefálico igual ou inferior a 31,9cm para meninos e igual ou inferior a 31,5cm para meninas, considerando bebês nascidos com 37 semanas ou mais de gestação. Recentemente, uma das principais causas da microcefalia é a transmissão perinatal pelo Zika vírus, adquirido por transmissão vertical. Ele atinge o sistema nervoso central da criança, sendo o prognóstico ainda incerto e podendo acarretar diversas alterações no desenvolvimento infantil, como deficiência intelectual, paralisia cerebral, dificuldade de deglutição, anomalias dos sistemas visual e auditivo, além de distúrbio do comportamento. Resultando, assim, no declínio do desenvolvimento neuropsicomotor da criança afetada. Objetivos: Definir o perfil do desenvolvimento neuropsicomotor de crianças com a síndrome congênita pelo Zika vírus. Materiais e Métodos: A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Sergipe (no. 60049216.1.0000.5546), baseado na Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde. Foram incluídas na pesquisa crianças com microcefalia decorrente da infecção intrauterina pelo Zika vírus, com idade superior a 12 meses cujos responsáveis assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os dados foram analisados de forma quantitativa, e para avaliação das crianças foi utilizado o Teste de Triagem de Denver II. Resultados e Discussão: Participaram da pesquisa um total de 6 crianças, 5 (83,33%) do sexo feminino e 1 (16,67%) do masculino; média de idade de 1 ano e 8 meses. Foi possível observar, com a avaliação por meio do Teste de Triagem de Denver II, que 6 (100%) crianças estavam com atraso nos aspectos pessoal social, motor fino, motor grosseiro e de linguagem. Conclusão: Com está pesquisa, fica evidente a influência da síndrome congênita pelo Zika no desenvolvimento global das crianças, tendo em vista que todas apresentam atraso em seu desenvolvimento neuropsicomotor. Os achados demonstram também a importância da atuação fonoaudiológica, integrando a equipe multiprofissional no acompanhamento das mesmas com orientações, informações e estratégias que almejem estimular e minimizar os impactos no desenvolvimento infantil.

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T8. Potencial evocado auditivo de média latência monaural e binaural em idosos Anna Caroline Silva de Oliveira; Leticia Sampaio de Oliveira; Viviane Borim de Góes; Brena Elisa Lucas; Yara Bagali Alcântara; Ana Claudia Figueiredo Frizzo Área Temática: Diagnóstico Audiológico RESUMO

Introdução: Atualmente com o aumento da expectativa de vida e a baixa taxa de natalidade no país, torna-se importante conhecer e entender as necessidades da população idosa. A perda auditiva é um problema comum, associado ao envelhecimento, acompanhada de deficit nas habilidades binaurais, muitas vezes responsáveis pelas dificuldades de comunicação. O Potencial Evocado Auditivo de Média Latência tiem se mostrado um instrumento útil para avaliação auditiva central em idosos e permite uma análise da função auditiva binaural em nível cortical. Objetivos: Analisar as respostas dos potenciais evocados auditivos de média latência e comparar a estimulação monaural e binaural em idosos com e sem perda auditiva. Materiais e Métodos: Trata-se de um estudo descritivo, analítico de corte transversal. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (n.º 54548516.9.0000.5406) de uma Universidade. Foi realizada avaliação audiológica básica para determinação dos limiares audiométricos. Participaram do estudo 20 idosos saudáveis, de ambos os gêneros, a partir de 60 anos (x=67,4) com limiares variando entre 30 e 70 dBNA nas frequências de 4 a 8 kHz e nas frequências .25, .50, 1, 2 ≤25 dBNA, caracterizando a presbiacusia; e 20 idosos saudáveis, de ambos os gêneros, a partir de 60 anos (x=65,75) com limiares audiométricos dentro dos padrões de normalidade. Para registro do potencial, utilizou-se o equipamento Biologic’s Evoked Potencial System (EP) de dois canais, registros em C3A1 (lobo tempôro-parietal esquerdo) e C4A2 (lobo tempôro-parietal direito), com estimulação monaural (orelha direita e orelha esquerda) e binaural (estimulação simultânea das orelhas). Foi realizada análise descritiva (média e desvio padrão) e inferencial dos dados, sendo realizado o teste de normalidade Shapiro – Wilk, seguido pela ANCOVA de Medidas Repetidas Mista para analisar o efeito do grupo, da condição e da interação (grupo vs condição), controlando o efeito da covariável idade. Resultados e Discussão: Analisando-se a latência dos componentes Na, Pa, Nb, Pb e interamplitude Na-Pa na estimulação monaural e binaural comparados em idosos com e sem perda auditiva, foram observados resultados significativos na latência de Na e amplitude Na-Pa. Na comparação da estimulação da orelha direita, esquerda e binaural com registro em C3A1, foi observada interação significantes entre grupo e condição com efeito significativo da covariável idade e efeito principal dentro do grupo com perda. Também na amplitude Na-Pa foi observada interação significativa entre grupo e condição, com efeito principal de grupo sob a estimulação da orelha direita e registro em C3A1, porém, sem efeito significativo da covariável idade. Conclusão: Idosos com perda auditiva em frequências mais altas apresentam atraso na condução do estímulo sonoro ao córtex auditivo quando há estimulação monaural relacionado ao avanço da idade. Palavras-chave: Potenciais evocados auditivos. Estimulação acústica. Idoso.

INTRODUÇÃO

Atualmente há um aumento da expectativa de vida e uma baixa taxa de natalidade no país, o que consequentemente gera um aumento no número de idosos, sendo que este aumento precisa ser acompanhado pela melhoria ou manutenção da saúde e qualidade de vida dessa população. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2050 haverá 73 idosos para 100 crianças[1]. E ainda, segundo a Organização Mundial em Saúde, até 2025 o Brasil será o sexto país do mundo em número de idosos[2].

Deficit nas habilidades auditivas binaurais podem vir acompanhados do envelhecimento, da perda auditiva e de algumas condições patológicas. A perda auditiva é um problema comum associado com o envelhecimento, acompanhada de deficit nas habilidades binaurais, muitas vezes responsáveis por não permitirem que idosos compreendam a fala em ambientes ruidosos, localizem a fonte sonora no ambiente, reduzindo, assim, sua capacidade de comunicação[3].

O Potencial Evocado Auditivo de Média Latência têm se mostrado um instrumento útil para avaliação auditiva central em idosos, sendo que por meio deste é possível observar o funcionamento de estruturas mais superiores do sistema auditivo, estruturas tálamo-corticais[4,5]. O presente trabalho tem como objetivo analisar as respostas dos potenciais evocados auditivos de média latência e comparar a estimulação monaural e binaural em idosos com e sem perda auditiva. MATERIAIS E MÉTODOS Trata-se de um estudo descritivo, analítico de corte transversal, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (n.º 54548516.9.0000.5406) de uma Universidade, portanto, todos os participantes assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. Na etapa de pré-coleta, foi realizada anamnese e avaliação audiológica básica para determinação dos limiares audiométricos.

Participaram do estudo 20 idosos saudáveis, de ambos os gêneros, a partir de 60 anos (x=67,4), com limiares variando entre 30 e 70 dBNA, nas frequências de 4 a 8 kHz e nas frequências .25, .50, 1, 2 ≤25 dBNA,

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caracterizando a presbiacusia[6]; e 20 idosos saudáveis, de ambos os gêneros, a partir de 60 anos (x=65,75) com limiares audiométricos dentro dos padrões de normalidade. Para registro do potencial, utilizou-se o equipamento Biologic’s Evoked Potencial System (EP) de dois canais, registros em C3A1 (lobo tempôro-parietal esquerdo) e C4A2 (lobo tempôro-parietal direito), com estimulação monaural (orelha direita e orelha esquerda) e binaural (estimulação simultânea das orelhas).

Foi realizada análise descritiva (média e desvio padrão) e inferencial dos dados, sendo realizado o teste de normalidade Shapiro – Wilk, seguido pela ANCOVA de Medidas Repetidas Mista para analisar o efeito do grupo, da condição e da interação (grupo vs condição), controlando o efeito da covariável idade. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Analisando-se a latência dos componentes Na, Pa, Nb, Pb e interamplitude Na-Pa na estimulação monaural e binaural comparados em idosos com e sem perda auditiva foram observados resultados significantes na latência de Na e amplitude Na-Pa. Na comparação da estimulação da orelha direita, esquerda e binaural com registro em C3A1 foi observada interação significantes entre grupo e condição com efeito significativo da covariável idade e efeito principal dentro do grupo com perda. Também na amplitude Na-Pa, houve interação significativa entre grupo e condição, com efeito principal de grupo sob a estimulação da orelha direita e registro em C3A1.

Estes resultados mostram que a via tálamo-cortical no idoso leva mais tempo para transmitir a informação auditiva até o córtex auditivo primário, sendo que sujeitos que apresentam perda auditiva devido ao envelhecimento podem apresentar diminuição da atividade neuronal em nível cortical, justificando aumento da latência de Na e a baixa amplitude Na-Pa em idosos mais velhos e com perda de audição[7,8]. CONCLUSÃO

Idosos com perda auditiva em frequências mais altas apresentam atraso na condução do estímulo sonoro ao

córtex auditivo quando há estimulação monaural relacionado ao avanço da idade. AGRADECIMENTOS

Agradecemos a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) pelo apoio concedido

para realização desta pesquisa (processo nº 2016/05452-5). REFERÊNCIAS

1. IBGE. Perfil dos idosos responsáveis pelos domicílios no Brasil, 2000. Rio de Janeiro: IBGE, 2002. 2. World Health Organization. Envelhecimento Ativo: Uma Política de Saúde. 1a ed. Brasília: [s.n.]. 3. Fowler CG et al. Frequency Dependence of Binaural Interaction in the Auditory Brainstem and Middle

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T9. Potencial evocado auditivo de tronco encefálico em bebês e crianças com síndrome alcoólico fetal ou histórico de álcool na gestação

Brena Elisa Lucas; Cristiane Andressa dos Santos; Letícia Sampaio de Oliveira; Ana Claudia Figueiredo Frizzo Temática: Criança e Audição RESUMO

Introdução: O alcoolismo é um vício que atinge grande parte da população. Porém, sabe-se que o uso constante dessa droga pode ocasionar sérios problemas no bom funcionamento do organismo. O consumo de álcool no período da gravidez pode afetar gravemente o feto e a gestante, acarretando em uma série de riscos para o neonato. O risco varia em função do período gestacional do qual ocorre o consumo. Os prejuízos que essa droga pode ocasionar são: síndrome alcoólico fetal (SAF), em que o recém-nascido pode apresentar alterações no sistema nervoso como retardo no crescimento intrauterino; retardo do desenvolvimento neuropsicomotor; microcefalia; um maior índice de mortalidade neonatal; e alterações auditivas. Acredita-se que existem diferenças em relação ao sistema auditivo, entre bebês e crianças, que a mãe utilizou álcool durante a gestação, comparadas às crianças que não tem histórico. Objetivos: Investigar o sistema auditivo em bebês e crianças com histórico de uso de álcool na gestação por meio do potencial evocado auditivo de tronco encefálico. Materiais e Métodos: Este estudo possui aprovação do Comitê de ética nº 097711/2015. Participaram 20 crianças geradas por mães que utilizaram bebida alcoólica alguma vez durante a gestação (grupo 1) e 10 crianças sem alterações auditivas (grupo 2). O PEATE foi realizado com o equipamento Eclipse EP 25, a 80dBnHL inicialmente e decrescendo até o limiar eletrofisiológico. Foram realizadas estatística descritiva através do Teste t pareado, com valor de significância de p < 0,05. Resultados e Discussão: Os valores das médias das latências da orelha direita do grupo 1 (n=20), foram: onda I: 1,43; onda III: 3,47 e onda V: 5,36. No grupo 2 (n=10), foram: onda I: 1,43; onda III: 3,56 e onda V: 5,41, sendo p: onda I: 0,47; onda III: 0,15 e onda V: 0,56. Os valores das médias das latências da orelha esquerda do grupo 1 (n=20), foram: onda I: 1,34; onda III: 3,52 e onda V: 5,28; no grupo 2 (n=10), foram: onda I: 1,4; onda III: 3,58 e onda V: 5,36. Sendo p: onda I: 0,14; onda III: 0,38 e onda V: 0,37. O limiar eletrofisiológico dos participantes foi de 30 dbNHL. Comparando a descrição dos valores do PEATE apresentados nas tabelas dos dois grupos nos permite observar que os valores estão dentro dos padrões de normalidade. Conclusão: Nesta população e faixa etária os resultados do estudo evidenciado pelo PEATE, sugerem que o sistema auditivo das crianças com histórico de uso de álcool na gestação está dentro dos padrões de normalidade.

INTRODUÇÃO O alcoolismo é um vício que atinge grande parte da população. Porém, sabe-se que o uso constante dessa

droga pode ocasionar sérios problemas no bom funcionamento do organismo. O consumo de álcool no período da gravidez pode afetar gravemente o feto e a gestante, acarretando em

uma série de riscos para o neonato. O risco varia em função do período gestacional do qual ocorre o consumo. Ainda não foi descrito na literatura se existe uma definição da quantidade específica para o consumo do

álcool que pode acarretar danos ao bebê, mas sabe-se que esta bebida é uma substância que tem acesso a placenta da mãe e, desta maneira, o embrião fica exposto a essa mesma concentração[1,2]

Os prejuízos que essa droga pode ocasionar são: síndrome alcoólico fetal (SAF), em que o recém-nascido pode apresentar alterações no sistema nervoso como retardo no crescimento intrauterino; retardo do desenvolvimento neuropsicomotor; microcefalia; um maior índice de mortalidade neonatal; e alterações auditivas. Além disso, estudos demonstram que crianças com SAF apresentam dificuldades na fala devido à alteração da anatomia do maxilar, à disfunção motora do músculo orofaríngeo e ao deficit auditivo[3].

Acredita-se que existem diferenças em relação ao sistema auditivo entre bebês e crianças que a mãe utilizou álcool durante a gestação, comparadas as crianças que não tem histórico.

Este estudo tem como objetivo identificar, por meio da análise dos registros do PEATE, se existem tais diferenças e quais são.

O Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico (PEATE) é um método objetivo e não invasivo de avaliação das vias auditivas, que detecta a atividade elétrica desde a orelha interna até a região de colículo inferior e tronco encefálico. Esse procedimento é utilizado para avaliar o sistema auditivo central em condições normais e adversas[4].

O presente trabalho tem como objetivo investigar o sistema auditivo em bebês e crianças com histórico de uso de álcool na gestação por meio do potencial evocado auditivo de tronco encefálico (PEATE). MATERIAIS E MÉTODOS

Nesse estudo foram selecionados 20 crianças geradas por mães que utilizaram bebida alcoólica alguma vez

durante a gestação (grupo 1) e 10 crianças sem alterações auditivas (grupo 2). O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição de origem conforme protocolo nº

097711/2015.

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Os critérios de inclusão foram: (1) histórico de uso de álcool ou drogas em qualquer período gestacional; (2) ambos os gêneros; (3) até 10 anos de idade. Os critérios de exclusão foram: (1) crianças com doenças neurológicas; (2) crianças com otite ou cera no momento da avaliação.

O PEATE foi realizado no equipamento Eclipse EP 25; estímulo clique; polaridade rarefação; 19,9 cliques/s; promediados de 1000 a 2000 cliques; filtro passa banda de 30-3000 Hz e janela de 15 ms; amplificação de 80dB.

Na rotina clínica do Setor de Audiologia do Serviço, como protocolo de avaliação do PEATE, iniciou-se o exame em 80dBHL, a fim de verificar a integridade neurofisiológica da via auditiva para análise das latências absolutas das ondas I, III e V e valores dos interpicos I-III; III-V e I-V, para investigação da transmissão da informação sonora na via auditiva, além da pesquisa do limiar eletrofisiológico.

Para análise, foram realizadas estatística descritiva, média e desvio padrão e comparação das médias por meio da aplicação do Teste t pareado. Para tanto, foi utilizado o software Bioestat®-SSP e o valor de nulidade estabelecido foi p < 0,05. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os valores das médias das latências da orelha direita do grupo 1 (n=20), foram: onda I: 1,43 com desvio

padrão de 0,16; onda III: 3,47 com desvio padrão de 0,10 e onda V: 5,36 com desvio padrão de 0,15. Já no grupo 2 (n=10), foram: onda I: 1,43 com desvio padrão de 0,08; onda III: 3,56 com desvio padrão de 0,12 e onda V: 5,41 com desvio padrão de 0,15. Nos valores de P mostraram: onda I: 0,47; onda III: 0,15 e onda V: 0,56. Já nos valores das médias das interlatências da orelha direita do grupo 1, apresentaram: I-III: 2,03 com desvio padrão de 0,20; III-V: 1,89 com desvio padrão de 0,14 e I-V: 3,92 com desvio padrão de 0,24. No grupo 2, foram: I-III: 2,11 com desvio padrão de 0,12; III-V: 1,84 com desvio padrão de 0,16 e I-V: 4,00 com desvio padrão de 0,22. Os valores de P evidenciados, foram: onda I: 0,78; onda III 0,81 e onda V 0,70.

Os valores das médias das latências da orelha esquerda do grupo 1 (n=20), foram: onda I: 1,34 com desvio padrão de 0,86; onda III: 3,52 com desvio padrão de 0,16 e onda V: 5,28 com desvio padrão de 0,17. Já no grupo 2 (n=10), foram: onda I: 1,4 com desvio padrão de 0,09; onda III: 3,58 com desvio padrão de 0,15 e onda V: 5,36 com desvio padrão de 0,14. Nos valores de P mostraram: onda I: 0,14; onda III: 0,38 e onda V: 0,37. Já nos valores das médias das interlatências da orelha esquerda do grupo 1, apresentaram: I-III: 2,18 com desvio padrão de 0,18; III-V: 1,75 com desvio padrão de 0,16 e I-V: 3,94 com desvio padrão de 0,20. No grupo 2, foram: I-III: 2,17 com desvio padrão de 0,16; III-V: 1,78 com desvio padrão de 0,19 e I-V: 3,98 com desvio padrão de 0,13. Os valores de P evidenciados, foram: onda I: 0,91; onda III 0,90 e onda V 0,68.

O limiar eletrofisiológico dos participantes foi de 30 dbNHL.Comparando a descrição dos valores do PEATE apresentados nas tabelas dos dois grupos, é possível observar que os valores estão dentro dos padrões de normalidade[5].

Pressupõe-se que não houve resultados com anormalidade devido à idade dos pacientes, pois a maturação das estruturas da via auditiva geradoras do PEATE estavam completas. Destacamos ainda que o acesso às crianças com SAF ou com histórico de uso de álcool na gestação foi difícil nesse estudo, uma vez que a pergunta constrangia a mãe e muitas delas omitiam o fato durante a realização da anamnese, não sendo possível uma melhor caracterização do grau e frequência de consumo.

Ressaltamos que, no presente estudo, não foi possível ter o controle do consumo de bebida alcoólica ingerida por cada mãe no período gestacional. Todas afirmaram terem consumido, porém não se sabe por quanto tempo as mesmas fizeram o uso, se foi durante todos os meses da gravidez, apenas em alguns meses ou se o consumo aconteceu esporadicamente.

Uma outra hipótese é que o Peate é um exame de curta latência que avalia desde o nervo auditivo até nível de tronco encefálico, não avaliando outras áreas cerebrais e, assim, não fornecendo informações das vias nervosas auditivas de porções mais altas do cérebro. Desse modo, não foi analisado todo o percurso das respostas elétricas geradas no sistema nervoso, mas apenas uma parte dessa trajetória. CONCLUSÃO

Nesta população e faixa etária analisas, os resultados deste estudo estudo, evidenciado pelo PEATE, sugere

que o sistema auditivo das crianças com histórico de uso de álcool na gestação está dentro dos padrões de normalidade.

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T10. Potencial evocado auditivo de tronco encefálico monoaural e binaural em idosos

Graziela Ligia da Silva Santos; Francieli Trevizan Fernandes Tonelotti; Anna Caroline Silva de Oliveira; Brena Elisa Lucas; Rafaela Cristina da Silva Bicas; Ana Claudia Figueiredo Frizzo Área Temática: Diagnóstico Audiológico RESUMO Introdução: A presbiacusia é caracterizada por uma diminuição da função auditiva que acomete a via auditiva no envelhecimento. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, o número da população idosa está aumentando e decorrente a esse aumento nasce a necessidade de promover melhor qualidade de vida para esta população e, assim, a necessidade de se estudar o que ocorre com o sistema auditivo e sua fisiologia. Diante dessa informação, sabe-se que a pesquisa dos potenciais evocados auditivos de tronco encefálico (PEATE) investiga a integridade da via auditiva central e suas funções e, portanto, a atividade neuroelétrica. Diante dessas informações o objetivo do presente estudo foi descrever e comparar os potenciais evocados auditivos de tronco encefálico de jovens e idosos com estimulação monoaural e binaural, juntamente com o componente de interação binaural. Materiais e Métodos: Participaram 20 idosos, de ambos os gêneros, a partir de 60 anos, com limiares auditivos dentro da normalidade ou com perda auditiva neurossensorial leve e 10 jovens, de ambos os gêneros, com limiares auditivos dentro da normalidade. Para a coleta de dados, o potencial foi registrado com equipamento Biologic’s de dois canais, estimulação monoaural e binaural, na intensidade de 80 dBNA. Por último, foi realizado o cálculo do componente de integração binaural. Resultados e Discussão: Foi realizada a análise e comparação das respostas obtidas com a estimulação monoaural e binaural. No registro ipsilateral houve diferenças na latência da onda I entre os grupos na orelha esquerda com a estimulação monoaural versus binaural. O mesmo foi verificado na latência da onda III e na onda V, com diferença entre os grupos e em ambas orelhas na condição ipsilateral. A onda do componente de interação binaural demonstrou-se com maior amplitude e com configuração mais robusta com relação aos registros obtidos com a estimulação monoaural e binaural. Conclusão: Houve diferenças entre os registros de jovens e idosos em todas as respostas, pois, notou-se aumento da latência em idosos principalmente na orelha esquerda e amplitude mais elevada na população jovem. Palavras-chave: Idosos. Audição. Potencial Evocado Auditivo. INTRODUÇÃO

Ao longo do envelhecimento ocorre, no ser humano, a degeneração das células ciliadas na cóclea e consequentemente uma diminuição da função auditiva, esta denominada presbiacusia[1]. Considerando o aumento da expectativa de vida mundial de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a importância da população idosa manter ao máximo sua qualidade de vida, nasceu a necessidade de se investigar e conhecer a fisiologia e função auditiva central desta população, pois, se sabe que mesmo idosos com o sistema auditivo periférico íntegro podem apresentar dificuldade no processamento da informação sonora verbal e/ou não verbal, decorrente da transferência inter-hemisférica desta informação justificada pela assimetria cerebral.

Desta forma, consideram-se os elementos sensitivos presentes no tronco encefálico e sua capacidade de processamento e analisa-los[2]. A pesquisa dos potencias evocados auditivos de tronco encefálico (PEATE) possibilita a investigação da integridade da via auditiva central e consequentemente da função auditiva e da atividade neuroelétrica por meio da análise da latência e amplitude das respostas eletroacústicas em forma de ondas referente à fisiologia do sistema nervoso central[3].

Habilidades binaurais podem ser investigadas e representadas por ondas geradas pela excitação simultânea das orelhas, onde é considerada a atividade neuronal à estimulação binaural[4]. A audição binaural é relevante para as funções de localização da fonte sonora, devido a ação do complexo olivar superior que ao receber a informação sonora analisa os processos neurais, impulsos originados em ambas orelhas e orientação espacial[5].

Diante das informações apresentas, estudos neste âmbito podem favorecer a qualidade de vida da população idosa, uma vez que visam ampliar hipóteses de pesquisas científicas em eletrofisiologia e oferecer inovações para a prática. O objetivo deste estudo consistiu em descrever e comparar os potenciais evocados auditivos de tronco encefálico de jovens e idosos com estimulação monoaural e binaural, juntamente com o componente de interação binaural. MATERIAIS E MÉTODOS

O presente estudo foi aprovado pelo Comitê e Ética em Pesquisa sob o CAAE: 43666815.8.0000.5406, parecer: 1.054.278 em 29/04/2015. 20 idosos participaram do estudo com idade entre 60[6] a 83 anos, de ambos os sexos, dentro dos seguintes critérios: limiares auditivos dentro dos padrões de normalidade ou perda auditiva do tipo

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neurossensorial de grau leve bilateralmente simétrica[7], timpanometria com curva tipo A e presença de reflexos estapedianos ipsi e contralaterais[8]; IPRF entre 92 e 100% de acertos[7]; e valores absolutos e interpicos das latências das ondas PEATE dentro da normalidade para clique.

Além disso, foram selecionados 10 jovens, na faixa etária de 18 a 28 anos, de ambos os sexos, sem queixas auditivas e limiares auditivos dentro dos padrões de normalidade bilateralmente[7]. A coleta de dados dos potenciais evocados auditivos de tronco encefálico foi registrada em equipamento Biologic’s Evoked Potencial System (EP), dois canais e fone de inserção ER – 3A. Os eletrodos foram posicionados na fronte (Fz) e eletrodo terra (Fpz), em referência as orelhas direita e esquerda (A2 e A1) nos lóbulos das orelhas (A1: orelha esquerda; A2: orelha direita), com valores de impedância dos eletrodos que se encontraram abaixo de 5 kohms.

Para o registro, foi utilizado o estímulo acústico do tipo clique, primeiramente com estimulação monoaural e, por fim, a binaural, ambas de polaridade rarefeita, com filtro de 100 a 1.500 Hz, numa velocidade de apresenção de 21,77 cliques por segundo, amplificação de 100.000x duração de 0,1ms com 2000 promediações na intensidade de 80dBNA em fone de inserção. Após os registros realizou-se a análise da latência e amplitude das ondas I, III e V, baseada nas respostas binaurais e monoaurais. O componente de interação binaural (BIC) foi calculado a partir da soma dos potenciais evocados auditivos de tronco encefálico na orelha direita e esquerda, subtraído pelo registro de cliques com estímulo binaural com fórmula expressa: BIC = (D+E) – BIN.

Análises descritivas dos resultados foram realizadas, a partir de tabelas com valores de média e desvio-padrão por faixa etária. As variáveis foram descritas pela média e intervalo de confiança de 95% (IC95%). A distribuição de normalidade foi analisada pelo teste de Shapiro-wilk. Para analisar o efeito de grupo, momento e interação grupo versus momento foi realizada uma Anova de medidas repetidas mista.

O teste de Mauchly´s foi utilizado para testar hipótese de esfericidade e quando foi violada as análises foram baseadas no teste de Greenhouse-Geisser. As comparações par-a-par foram realizadas pelo teste Post-Hoc de Turkey. Para diferença entre grupo para cada variável utilizou-se o teste t para amostras independentes. O nível de confiança adotado foi de 5% (p<0,05). Os dados foram analisados no software SPSS versão 24.0 para Windows. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após registro do teste comparou-se o resultados de ambas as orelhas, estimuladas individualmente e simultaneamente em idosos e jovens. Na condição ipsilateral e estímulo binaural para onda I foi observado significância a esquerda (p < 0,01) e para o estímulo binaural (p < 0,02), já para onda III houve significância estatística apenas para o teste binaural (p < 0,03), na análise da onda V observou-se significância entre os grupos em todas as análises (OD: p < 00,2; OE e BIN p < 0,00).

Na condição contralateral e estímulo binaural observou-se diferença significativa apenas para o estímulo binaural (p < 00,1), para onda III e V houve significância para o estímulo contralateral na OE e binaural (p < 0,02 – onda III e p < 0,01 – onda V). A onda do componente de interação binaural demonstrou-se com maior amplitude e com configuração mais robusta com relação aos registros obtidos com a estimulação monoaural e binaural.

Estudos desenvolvidos sobre a pesquisa dos PEATE em idosos sem nenhuma alteração auditiva mostraram aumento na latência absoluta dos registros de ondas I, III e V ao comparar seus resultados com adultos com audição dentro dos padrões de normalidade[9]. Este achado pode ser justificado devido ao fato de que diferente dos jovens, mesmo os idosos com limiares auditivos dentro da normalidade, apresentam algum prejuízo de processamento da informação auditiva ao nível do tronco encefálico, concordando com a dificuldade em acompanhar uma conversa em ambientes ruidosos.

Em relação ao registro BIC, houve morfologia de registros diferentes entre aos grupos estudados, bem como uma diminuição da amplitude da onda I e aumento da latência da onda V, podendo relacionar-se às habilidades auditivas alteradas devido o processo de envelhecimento. Estudos comprovaram que a amplitude da soma dos registros monoaurais pode ser superior ao resultado obtido na resposta binaural[4]. Este fenômeno pode ser explicado pelo registro de estimulação binaural na redução do inibidor contralateral e ipsilateral excitatório das células do complexo olivar superior e pela estimulação monaural que impulsiona as células excitatórias na atividade neural. CONCLUSÃO

É possível concluir que há diferença entre as respostas de jovens e idosos, demonstrando prejuízos na via auditiva central em idosos, podendo justificar as dificuldades comunicativas nesta população. REFERÊNCIAS

1. Matas CG, Santos F, Valentins VA, Okada MMCP, Resque JR. Potenciais evocados auditivos em indivíduos acima de 50 anos de idade, 2006. Pró-Fono R Atual Cient. Vol 18. n°3 (p. 277-284).

2. Parra VM, Iorio MCM, Mizahi MM, Baraldi GS. Testes de padrão de frequência e de duração em idosos com sensibilidade auditiva normal, 2004 [internet]. Rev Bras Otorrinolaringol. Vol 70. n°4 (p. 517-523).

3. Frizzo ACF. Aplicabilidade das Medidas Eletrofisiológicas para o Diagnóstico Fonoaudiológico. In: Giachet CM, Paschoal SRG. Perspectivas Multidisciplinares em Fonoaudiologia: da avaliação à intervenção. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2013.

4. Uppunda AK et al. Binaural Interaction Component in Speech Evoked Auditory Brainstem Responses. 2015. J Int Adv Otol. Vol 11. n° 2 ( p. 114-117).

5. Munhoz MSL et al. Audiologia Clínica. São Paulo: Editora Atheneu, 2000.

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6. Who. A Police Framework Assembly on Aging. Active Ageing. Madrid, Spain, 2002. 7. Lloyd LL, Kaplan H. Audiometric interpretation: a manual of basic audiometry. University Park Press:

Baltimore, 1978 (p. 16-17). 8. Santos TMM, Russo ICP. Prática de Audiologia Cínica. Caracterização Audiológica das Principais

Alterações que Acometem o Sistema Auditivo. 5ª ed. São Paulo: Cortez. 2005. 9. Anias CR, Lima MAMT, Kós AOA. Avaliação da influência da idade no potencial evocado auditivo de

tronco encefálico. Rev Bras Otorrinolaringol. 2002. Vol 70. n°1 (p. 84-89).

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T11. Rastreamento da síndrome da infecção congênita do zika vírus no estado de pernambuco no período de 2015 a 2017

Limacedo Firmino da Silva; Samara Samuelly Souto de Araújo; Isabel Cristina Pinheiro da Fonseca; Cristie Aline Santos Araújo1; Ana Cecilia Amorim de Souza. RESUMO Introdução: A epidemia ocorrida no segundo semestre do ano de 2015, onde a incidência de casos de microcefalia cresceram de forma alarmante. A detecção do aumento de casos de defeitos congênitos cerebral, alterações de Sistema Nervoso Central (SNC), com presença de microcefalia, calcificações cerebrais, anormalidades estruturais, lesões oculares características e graus variados de alterações funcionais, como hiperexcitabilidade e hipertonia relacionados. Todas essas característica estão relacionadas à Síndrome Infecciosa Congênita do Zika Vírus (ZIKV). Pernambuco, no primeiro semestre do ano de 2015, apresentava índices muito baixos de casos de microcefalia, entretanto, no segundo semestre de 2015, descreve-se investigação com 1.150, sendo confirmados 270 casos. No ano de 2016 foram investigados 1.094 casos, confirmando-se 154 casos. Contudo, em 2017, 12 casos foram confirmados. Atualmente, encontramos um parâmetro de 2.398 casos investigados, positivando 436 casos; 1.626 foram descartados para microcefalia, entretanto, encontram-se em investigação 336. Objetivos: Verificar a incidência da síndrome congênita do Zika em neonatos, no período de 2015 a 2017. Materiais e Métodos: Utilizou-se a Lei de Acesso (LAI) via consulta pública dos banco de dados secundários: SINAN, DATASUS – FORMSUS. Revisou-se a temática nas principais bases de dados e também da literatura cinzenta (protocolos, portarias, manuais e informes). Tendo como característica um estudo coorte com abordagem quantitativa. Resultados e Discussão: No período de Agosto de 2015 e Novembro de 2016 foram registrados/notificados 2.179 casos de microcefalia no Estado de Pernambuco, sendo confirmados 325 casos em 2015 e 59 casos em 2016. No ano de 2017, 12 casos foram confirmados, de uma amostra de 154 investigados. Conclusão: Incidência do Zika Vírus no estado de Pernambuco: 2015 foi de 0,23; de 2016 foi de 0,14; e a de 2017 foi de 0,03. Palavras-chave: Zika Vírus. Epidemiologia. Infecções. Aborviroses. Mapeamento Geográfico.

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T.12 Retrato da cirurgia para implante coclear e da ressecção do glomo timpânico de 2012-2016 nas cinco regiões brasileiras

Maykon Wanderley Leite Alves da Silva; Geordanna Silva Wanderley; Ítalo Bernardo de Oliveira; Emannuela Bernardo da Silva; José Victor de Mendonça Silva; Luís Antonio Xavier Batista; Mayara Leite Alves da Silva; Quitéria Maria Wanderley Rocha Área Temática: Implante Coclear e Próteses Osteointegrada

RESUMO O campo da audição é extenso e imprescindível para o indivíduo, contudo, limitações são encontradas em diversos pacientes com deficit auditivo. Diante disto, diversas técnicas são desenvolvidas com a pretensão de reabilitação desse ser. O objetivo do presente trabalho é analisar a morbimortalidade da cirurgia para implante coclear e da ressecção do glomo timpânico, de 2012 a 2016, nas cinco regiões brasileiras. Trata-se de um estudo epidemiológico, descritivo e transversal, que envolve não apenas a cirurgia de implante coclear, mas também a ressecção do glomo timpânico. Enquadraram-se para análise os dados da população das cinco regiões brasileiras, presentes no Sistema de Informações Hospitalares (SIH/DATASUS), do Ministério da Saúde. No período analisado, houve um predomínio no número de Autorizações de Internação Hospitalar (AIH) no Sudeste. Quanto à média de permanência em hospitais, por ano, as regiões supracitadas apresentam valores semelhantes. O valor total da realização dos implantes, no período citado, segue a tendência de proporção direta entre os maiores gastos e as regiões mais populosas. Sob o prisma da ressecção do glomo timpânico, foi possível constatar que a ressecção é um procedimento cirúrgico com um bom índice de segurança. Com tudo isso, é importante destacar que a maior taxa de aprovação de internações ocorreu na região Sudeste, com cerca de 60% de aprovações, seguida do Nordeste, com aproximados 40%. Quanto ao custo para realização dos implantes, no período analisado, este seguiu uma proporção direta com relação ao tamanho da população de cada região. Palavras-chave: Epidemiologia. Implante Coclear. Ressecção do Glomo Timpâmico. INTRODUÇÃO

A audição permite às pessoas uma melhor adaptação ao ambiente no qual vivem, sendo colaboradora nas relações interpessoais e auxiliadora no processo de construção da fala. Sendo assim, a deficiência auditiva interfere diretamente nos aspectos psíquicos e sociais do ser[1].

Nos pacientes com perda auditiva pós-lingual, a utilização do Implante Coclear (IC) representa um avanço no tratamento[2]. Estando o nervo parcialmente preservado, mas a cóclea danificada, a estimulação elétrica dos receptores neurais desta pode ser realizada através do IC, desempenhando parcialmente a função da cóclea[3]. É uma técnica de efeitos bons para a percepção da fala e a para a detecção auditiva, com melhoras nos limiares auditivos[4].

Ademais, no tocante à audição, tem-se o paraganglioma timpânico, sendo este uma neoplasia benigna que acomete majoritariamente a orelha média, apresenta-se ainda hipervascularizado e de crescimento lento[5]. O tratamento divide-se em paliativo e definitivo, o primeiro pode se limitar a uma radioterapia ou apenas um acompanhamento médico. O tratamento definitivo é o cirúrgico, sendo a ressecção do glomo timpânico[6].

O campo da audição é extenso e imprescindível para o indivíduo, contudo, limitações são encontradas em diversos pacientes com deficit auditivo. Diante disto, diversas técnicas são desenvolvidas com a pretensão de reabilitação desse ser. Destarte, o presente estudo analisará a cirurgia de implantação de cóclea e a ressecção do glomo timpânico nas cinco regiões brasileiras, no período compreendido entre 2012 e 2016.

O objetivo do presente trabalho foi analisar a morbimortalidade da cirurgia para implante coclear e da ressecção do glomo timpânico, de 2012 a 2016, nas cinco regiões brasileiras. MATERIAIS E MÉTODOS

O presente trabalho trata-se de um estudo epidemiológico, descritivo e transversal, que envolve não apenas a cirurgia de implante coclear, mas também a ressecção do glomo timpânico. Enquadraram-se para análise os dados da população das cinco regiões brasileiras, presentes no Sistema de Informações Hospitalares (SIH/DATASUS), do Ministério da Saúde. Foram variáveis de análise: Autorização de Internação Hospitalar (AIH) aprovada, média de permanência hospitalar, valor total gasto e quantidade de óbitos. Os dados colhidos foram registrados em um banco de dados no programa Microsoft Office Excel 2016; a digitação foi feita duplamente para posterior correção das inconsistências, e a interpretação dos valores encontrados foi realizada por meio de uma análise descritiva simples. Por utilizar dados secundários de domínio público, dispensa-se autorização do Comitê de Ética em Pesquisa.

O embasamento teórico para esse trabalho consistiu na construção de um referencial teórico a partir de artigos indexados na plataforma de dados biblioteca eletrônica Scientific Electronic Library Online (SciELO). A revisão da literatura especializada foi realizada no período de agosto e outubro de 2017. Os critérios de inclusão para os estudos encontrados foram conter abordagens acerca da cirurgia de implante coclear e a ressecção do glomo timpânico, citando o perfil de morbimortalidade de cada uma das situações descritas. Os critérios de exclusão para os estudos foram o não enquadramento com a temática esperada, além das publicações feitas antes de 2005. Os

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seguintes descritores em Ciências da Saúde (DeCS) foram utilizados: “Paraganglioma timpânico” e “Implante Coclear”. Após as buscas, foram selecionados 6 artigos em língua portuguesa, os quais foram analisados para composição das teorizações necessárias para abordagem do supramencionado tema. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Segundo dados do Sistema de Informações Hospitalares do SUS relativos à realização de Implante Coclear, no período de 2012 a 2016, houve um predomínio no número de Autorizações de Internação Hospitalar (AIH) no Sudeste. A região mais populosa do país obteve, durante esses anos, cerca de 60% das AIH aprovadas. O Nordeste, que, por sua vez, encontra-se em segundo lugar no quesito, com aproximadamente 40% dos números, segue a mesma lógica do Sudeste, quando se analisam as variáveis AIH e distribuição da população, por região.

Quanto à média de permanência em hospitais, por ano, as regiões supracitadas apresentam valores semelhantes, chegando, inclusive, a apresentar resultados iguais em 2012 e 2013 (2,6 e 2,7, respectivamente). O Centro-Oeste, por outro lado, destacou-se pelo maior tempo de estadia dos pacientes, com uma média geral de 3,16 dias, no período de 2012 a 2016. Enquanto isso, a região Norte, que representou a menor parcela das AIH aprovadas (cerca de 1,6% dos procedimentos), também ficou com os menores índices de permanência em todo o intervalo citado, chegando a uma média de 1,1 dia no ano de 2016.

O valor total da realização dos implantes, no período citado, segue a tendência de proporção direta entre os maiores gastos e as regiões mais populosas. Contudo, deve-se levar em conta outros fatores como as variáveis biológicas do próprio indivíduo, além da média de permanência dos pacientes nos hospitais, já elucidada no parágrafo anterior. Vale destacar, nesse contexto, um aumento paulatino dos recursos aplicados no Nordeste, que passaram da casa dos 7 milhões de reais, em 2012, para a casa dos 9 milhões de reais, em 2016, ano em que foram registradas 42 AIH aprovadas a mais que em 2012.

Sob o prisma da ressecção do glomo timpânico e com a análise dos resultados, foi possível constatar que a ressecção do glomo timpânico é um procedimento cirúrgico com um bom índice de segurança, onde a partir do número de internação total no período referente à 2012-2016 (61), ocorreram apenas 2 óbitos totais, segundo região Sudeste, 1 no ano de 2014 e outro no ano de 2015. Com a avaliação das regiões, a região Nordeste teve a maior média de permanência de internação em todos os anos entre o período citado, com pico em 2014 (10,3) e um total de 5,1, em comparação com a região Sul que teve a menor média de permanência total (0,8). Em relação ao valor total por ano de atendimento segundo região, o ano de 2014 atingiu o valor mais alto (17.808,91), onde nesse mesmo ano a região Sudeste teve o valor mais alto (7.953,08) e a região Sul o mais baixo (847,55), refletindo a quantidade de Autorizações de Internação Hospitalar aprovadas no mesmo período, região Sudeste (7), região Sul (1). CONCLUSÃO

Com tudo isso, é importante destacar que a maior taxa de aprovação de internações ocorreu na região Sudeste, com cerca de 60% de aprovações, seguida do Nordeste, com aproximados 40%. Com relação à permanência em hospitais, por ano, aquelas mesmas regiões se destacaram, mais uma vez, apresentando valores idênticos em 2012 e 2013 (respectivos 2,6 e 2,7). A região Centro- Oeste destacou-se, entre 2012 e 2016, no quesito “tempo de estadia dos pacientes”, marcando, em média, 3,16 dias. A região que apresentou o menor número de autorizações de internação foi o Norte, com apenas 1,6% dos procedimentos. Também apresentou os menores índices de permanência, no período analisado, chegando a 1,1 dia/ano em 2016. Quanto ao custo para realização dos implantes, no período analisado, este seguiu uma proporção direta com relação ao tamanho da população de cada região. É importante salientar que no Nordeste houve um aumento progressivo dos recursos aplicados, os quais passaram de 7, no ano de 2012, para 9 milhões de reais em 2016. No tocante às ressecções de glomo timpânico, com base nos resultados, positivos, apresentando apenas 2 óbitos e 61 internações (2012 a 2016), depreende-se que se trata de um procedimento com bons índices de segurança. Por fim, a região Nordeste apresentou a maior média de permanência de internações (5,1), em todos os anos do período estudado, enquanto que a menor média foi encontrada na região Sul (0,8). REFERÊNCIAS

1. Cysneiros HRS et al. Relação entre percepção auditiva e produção vocal em implantados cocleares: uma revisão sistemática. CoDAS. 2016. 28(5): 634-639.

2. Martins MBB et al. Implante coclear: nossa experiência e revisão de literatura. Int. Arch. Otorhinolaryngol. 2012. 16(4): 476-481.

3. Tefili D et al. Implantes cocleares: aspectos tecnológicos e papel socioeconômico. Rev Bras Eng Bioméd. 2013. 29(4): 414-433.

4. Buarque LFSFP et al. Desempenho auditivo ao longo do tempo em usuários de implante coclear com perda auditiva pós-lingual. Audiol Commun Res. 2013. 18(2):120-125.

5. Neto LRBV, Eugênia M et al. Paragangliomas timpânicos: relato de casos. Rev Bras Otorrinolaringol. 2005. 71(1):97-100.

6. Tiago RSL et al. Paraganglioma timpânico: a propósito de dois casos. Rev Bras Otorrinolaringol. 2007; 73(1):143.

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T13. Saúde bucal das cuidadoras e das crianças com microcefalia Andréa Rose de Albuquerque Sarmento-Omena; Luciano Bairros da Silva; Ana Lídia Soares Cota; Sônia Maria Soares Ferreira; Mara Cristina Ribeiro; Karine da Silva Santos; Cláudia Vívian de Oliveira Amorim; Camila Maria Beder Ribeiro

Área Temática: Microcefalia

RESUMO

Objetivo: Compreender o cuidado em saúde bucal realizado pelas cuidadoras de crianças com microcefalia. Materiais e Métodos: Estudo qualitativo, com método pesquisa-ação, em que se utilizaram entrevistas e oficina de saúde bucal. Resultados e Discussão: As principais cuidadoras eram mães e avós das crianças com microcefalia que relataram um autocuidado de saúde bucal prejudicado e desconheciam o risco de transmissão para suas crianças de bactérias que causam cárie dentária. Conclusão: As cuidadoras de crianças com microcefalia apresentaram pouco conhecimento e percepção frágil sobre saúde bucal, em que restou confirmada a necessidade de melhor instrução dessas, com vistas à implementação da prevenção. Palavras-chave: Saúde Bucal. Microcefalia. Deficiência.

INTRODUÇÃO

A microcefalia pode decorrer de anomalias congênitas como, por exemplo, alterações de estrutura ou função do corpo que estão presentes ao nascimento, sejam de origem pré-natal ou pós-natal. A patologia pode vir acompanhada de epilepsia, paralisia cerebral, retardo do desenvolvimento cognitivo, motor, fala, além de deficiência visual e auditiva[1]. Crianças com microcefalia apresentam necessidades específicas, incluindo cuidados diferenciados em saúde bucal, e enfrentam dificuldades para encontrar os serviços apropriados às suas demandas como barreiras arquitetônicas, limitações financeiras, medo, ignorância ou negligência em relação à saúde bucal e, principalmente, carência de profissionais qualificados e interessados em tratar tais pacientes[2]. A enfermagem é a ciência que tem por objetivo o cuidar, embasado no conhecimento técnico-científico, acolhendo as demandas do cuidado e dando respostas adequadas à cada necessidade do indivíduo[3]. Compete ao enfermeiro as atividades voltadas para educação em saúde[4], sendo esse profissional o responsável por orientar e/ou realizar a higiene bucal do indivíduo hospitalizado que não está em condições de fazê-la. Compreender e ter consciência que a saúde bucal está relacionada à saúde sistêmica é fundamental para todos os profissionais da saúde, assim como saber que a transmissão da bactéria da cárie pode acontecer da mãe para filho por meio do beijo e do uso compartilhado de utensílios, o que destaca a importância da prevenção da doença com mudança de hábitos e atitudes[5]. Fazer um trabalho de conscientização com as cuidadoras sobre a importância da higiene bucal na promoção da saúde das crianças com microcefalia, por acreditar que aquelas exercem papel fundamental na prevenção da saúde bucal e, consequentemente, influenciar a melhoria na qualidade de vida da criança com deficiência, nos motivou a enveredar por essa pesquisa que teve a seguinte questão norteadora: Como as cuidadoras de um grupo específico de crianças com microcefalia estão realizando os cuidados de higiene bucal das crianças sob seus cuidados?

O estudo objetivou compreender os modos de produção do cuidado em saúde bucal realizados pelas cuidadoras de crianças com microcefalia, identificar os saberes e práticas de saúde bucal produzidos pelas cuidadoras e orientá-las sobre práticas assertivas no cuidado à saúde bucal de crianças com microcefalia.

MATERIAIS E MÉTODOS

O presente estudo se encontra de acordo com a resolução 466/12, parecer aprovado pela Plataforma Brasil, com

CAAE: 61304316.8.0000.0039 e número do comprovante: 110586/2016, em 07/12/2016. Trata-se de estudo qualitativo, com método pesquisa-ação, em que se utilizaram entrevista diagnóstica, oficina de saúde bucal e entrevista avaliativa para coleta dos dados. Participaram da pesquisa 7 mães e 2 avós de crianças com microcefalia, pertencentes a um grupo específico de cuidadores de crianças com microcefalia.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Análise temática

Temática 1 - Saúde Bucal

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Classificamos as respostas boa e excelente como autopercepção positiva e a resposta ruim como autopercepção negativa. A maioria das cuidadoras relataram autopercepção positiva em relação à sua saúde bucal, porém, foi evidente que os principais motivos para consulta ao odontólogo foram os cuidados curativos ou estéticos. Considerar-se com uma saúde bucal positiva ou negativa se atribui a um problema subjetivo, independentemente de ter relação com a situação clínica do indivíduo[6]. Temática 2 - Autocuidado Prejudicado

Ficou evidente que as cuidadoras apresentaram comportamento pouco adaptado em relação à demanda dos cuidados dispensados às suas crianças com microcefalia e às suas necessidades para o autocuidado. Constatou-se que a mãe tem um papel decisivo nas questões de saúde da criança com necessidades especificas e que tal papel pode ser decisivo no sucesso do tratamento e na prevenção das doenças bucais[7]. Temática 3 - Acesso ao Odontólogo pelo SUS

De acordo com as respostas obtidas, os desafios mais frequentes apresentados pelas cuidadoras foram as seguintes: dificuldade de marcação de consulta, falta e quebra de materiais nos serviços do SUS e dificuldade nas agendas dos profissionais nos serviços privados. Tais resultados corroboram com o estudo feito com crianças com deficiência motora, em que a percepção do cuidador foi a dificuldade de acesso ao cuidado em saúde bucal, apresentado como barreiras a baixa oferta de dentistas para atender pacientes especiais, a demora no agendamento e a indisponibilidade de anestesia geral[8]. Temática 4– Amamentação e hábitos de sucção

Foi observado que as crianças com microcefalia não foram exclusivamente amamentadas durante o período preconizado de seis meses. Esse dado cria uma alerta para a necessidade de novas pesquisas referentes às orientações sobre amamentação de crianças com microcefalia, assim como a definição de quais estratégias de saúde pública devem ser implementadas para mudar os baixos indicadores de amamentação de crianças com necessidades especificas. A formação de hábitos alimentares saudáveis contribui para a saúde bucal e geral e propicia uma melhor qualidade de vida para as crianças[9].

CONCLUSÃO

Percebemos que o tema saúde bucal, para as cuidadoras de crianças com microcefalia, está em segundo plano de importância quando comparado às demandas diárias de cuidados da criança no domicilio ou aos tratamentos que estão inseridos. Há uma fragilidade no autocuidado relacionado à saúde bucal das cuidadoras e dúvidas frente à saúde bucal de sua criança. Porém, as cuidadoras relataram na entrevista avaliativa que estão mais seguras quanto a tais cuidados, o que comprova que ações educativas realmente produzem mudanças positivas na saúde das crianças com deficiência.

REFERÊNCIAS

1. Brasil. Ministério da Saúde. Protocolo de vigilância e resposta à ocorrência de microcefalia e/ou alterações do sistema nervoso central (SNC). 2016.

2. Cardoso AMR et al. O Acesso ao Cuidado em Saúde Bucal para Crianças com Deficiência Motora: Perspectivas dos Cuidadores. Pesq Bras Odontoped Clin Integr. 2011. Vol 11. n° 4 (p. 593–599).

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T14. Sobrecarga do cuidador de crianças com microcefalia pelo zika vírus atendidas no ambulatório de estimulação precoce

Larissa Santos Souza; Larissa Santos de Jesus; Jamille Rodrigues Costa do Nascimento; Barbara Cristina da Silva Rosa; Danielle Ramos Domenis; Raphaela Barroso Guedes-Granzotti Área Temática: Microcefalia RESUMO Introdução: As sequelas da microcefalia variam de acordo com a etiologia e idade gestacional do acometimento ao feto. Quanto mais precoce for à instalação do vírus, mais intenso será o comprometimento ao seu sistema nervoso central. Na síndrome do Zika congênita, transmissão de mãe para filho, a criança não será a única afetada. Os familiares e cuidadores sofrem diariamente não só com os efeitos do vírus sobre as crianças, mas também com a responsabilidade e compromisso exigido por tal condição. Os casos de abandono do vínculo trabalhista, dificuldades econômicas e privações sociais desses indivíduos são comuns, evidenciando, assim, o comprometimento direto a sua qualidade de vida. Objetivos: Relacionar a sobrecarga do cuidador com o perfil funcional de crianças com microcefalia pelo Zika vírus atendidas no ambulatório de estimulação precoce. Materiais e Métodos: A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Sergipe (no. 60049216.1.0000.5546), baseado na Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde. Todos os responsáveis assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Para avaliar a sobrecarga do cuidador principal, foi utilizado a Escala de Sobrecarga do Cuidador de Zarit. Para caracterização do perfil funcional da criança, utilizou-se a Avaliação Pediátrica do Inventário da Incapacidade (PEDI), composto por 22 itens divididos em três domínios que envolvem: aspecto socio-econômico, de autocuidado e mobilidade. Os dados foram analisados de forma quantitativa, com frequência absoluta e relativa. Resultados e Discussão: Participaram da pesquisa, até o momento, 6 cuidadores, no qual 5 (83,33%) eram mães e 1 (16,67%) era avó. Quanto ao grau de escolaridade 3 (50%) possuía o ensino médio completo, 2 (33,33%) tinham ensino fundamental incompleto e apenas 1 (16,67%) relatou ter o ensino fundamental II incompleto. Ao aplicar a escala de sobrecarga do cuidador de Zarit pôde-se observar que 5 (83,33%) cuidadoras relataram oferecer mais ajuda que a criança realmente necessitava, já com relação ao fato de sentir que o bebê afeta negativamente seus relacionamentos somente 2 (33,33%) mencionaram sofrer raramente com a situação. Além disso, 3 (50%) afirmaram sempre sentir medo do futuro das crianças e 5 (83,33%) relataram sentir que as mesmas são totalmente dependentes dos seus cuidados. Quando questionadas sobre a influência do bebê em sua saúde, 4 (56,67%) relataram não haver nenhuma, 5 (83,33%) afirmaram que sempre ou frequentemente sente que poderiam fazer mais pelas crianças e 5 (83,33%) delas também afirmaram sentir que sempre, frequentemente ou às vezes, são sobrecarregadas por cuidar dos bebês com microcefalia. Conclusão: A partir do presente estudo foi possível observar que a elevada incapacidade pediátrica foi refletida na grande sobrecarga dos cuidadores. Além disso, é perceptível a cobrança e responsabilidade que os mesmos possuem por serem responsáveis por crianças com microcefalia contraída através do Zika vírus. Demonstrando que a atuação fonoaudiológica junto a intervenção multiprofissional, com orientações e informações acerca da atual realidade, é fundamental para o enfrentamento da situação.

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T15. Ultrassonografia como método de diagnóstico intrauterino da microcefalia Alexandre José Paixão e Mendes; Diego Maia Lins de Albuquerque; Gabriel Antônio Wanderley Cavalcante; Gabriel Cavalcante Ferraz; João Soares Neto¹ Lucas Ataíde Ávila; Lucas de Lima Vasconcelos; Ernann Tenório de Albuquerque Filho; Laércio Pol-Fachin; Maria Eduarda Di Cavalcanti Alves de Souza.

Área Temática: Microcefalia RESUMO

Introdução: O Brasil é o país mais afetado pelo Zika vírus (ZIKV), com estimativas preliminares de 440.000 a 1,3 milhões de casos de infecções relatados até dezembro de 2015. Relatórios recentes do Ministério da Saúde do Brasil sugerem que os casos de microcefalia aumentaram um fator de, aproximadamente, 20 entre os recém-nascidos na região Nordeste do país, o que indica uma possível associação entre a infecção por ZIKV na gravidez e malformações fetais. A análise de trabalhos científicos evidencia que a ultrassonografia é o exame complementar mais utilizado e indicado para iniciar o diagnóstico de microcefalia em comparação com o diagnóstico por reação da Transcriptase Reversa, seguida de Reação em Cadeia de Polimerase (RT-PCR), um exame sorológico, visto que a ultrassonografia não é invasivo e é de maior acesso a população, enquanto o RT-PCR requer uma grande logística.Objetivos: Demonstrar o exame de ultrassonografia como método de diagnóstico intrauterino de microcefalia. Materiais e Métodos: Foi realizada uma revisão de literatura a partir de buscas na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e documentos oficiais da Organização Mundial de Saúde (OMS). Além disso, protocolos de Secretarias Estaduais de Saúde. Para a localização de artigos, foram utilizados os descritores: “microcefalia”, “Zika vírus” e “ultrassonografia”, sem delimitação de tempo e idioma. Foram utilizados outros documentos, acessados a partir da leitura dos documentos anteriormente selecionados. Resultados e Discussão: Encontrou-se 27 registros publicados até outubro de 2017. Através da leitura de título, foram selecionados 12 para esta revisão, considerando os critérios estabelecidos de busca da associação entre ZIKV e microcefalia. Desses, foram eliminados 7 artigos, após a leitura do resumo, por não se apresentarem de acordo com o objetivo do trabalho, restando, assim, 5 selecionados para leitura completa, por apresentar adequação ao tema. Nas gestantes, a identificação precoce durante o pré-natal (ultrassonografia) de uma circunferência craniana menor que o esperado para a idade gestacional pode viabilizar maior sucesso nas ações de esclarecimento das suspeitas epidemiológicas relacionadas a essa anomalia, assim como, a melhor preparação e orientação da família para a chegada do bebê. Ainda no útero, a microcefalia pode ser diagnosticada por ultrassom, quando o perímetro cefálico, comparado com outras medidas do feto e com a idade gestacional, fica abaixo do esperado. Esse exame é realizado no período pré-natal para diagnóstico intrauterino da microcefalia, entre a 18 e a 25 semanas de gestação. Conclusão: Sugere-se que a ultrassonografia é o método auxiliar mais eficaz e seguro, visto que não expõe a gestante e o feto a doses de radiação que poderiam causar malformações, além de não ser um procedimento invasivo e possuir altos níveis de acurácia. Palavras-chave: Microcefalia. Ultrassonografia. Zika Vírus. REFERÊNCIAS:

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958, 2016. 2. Organização Mundial da Saúde (OMS). Protocolo de vigilância e resposta à ocorrência de microcefalia e/ou

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4. Brasil, Baby Center. Microcefalia. [internet] Disponível em: http://brasil.babycenter.com/a25015205/microcefalia#ixzz46I8D0W9K

5. Souza ASR et al. Altered intrauterine ultrasound, fetal head circumference growth and neonatal outcomes among suspected cases of congenital Zika syndrome in Brazil. Rev Bras Saude Mater Infant. Nov 2016. Vol 16. Suppl 1 ( p.S7-S15) ISSN 1519-3829.

6. Duarte G et al. Zika Vírus Infection in Pregnant Women and Microcephaly. Rev Bras Ginecol Obstet. Maio 2017. Vol 39. n°5 ( p.235-248). ISSN 0100-7203.

7. Cabral CM et al. Descrição clínico-epidemiológica dos nascidos vivos com microcefalia no estado de Sergipe. 2015. Epidemiol Serv Saúde. Jun 2017. Vol 26. n°2 (p.245-254). ISSN 2237-9622.

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8. Carvalho FHC, Cordeiro KM, Peixoto A B, Tonni G, Moron AF, Feitosa FEL, Feitosa HN, Araujo JE. Associated ultrasonographic findings in fetuses with microcephaly because of suspected Zika Vírus (ZIKV) infection during pregnancy.

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2. Trabalhos concorrentes a prêmios – banners T16. A caracterização da disfagia em crianças com microcefalia associada ao zika

vírus: uma revisão de literatura Naiany Maria Vasconcelos dos Santos; Ariana Vitória dos Santos Teixeira Área Temática: Microcefalia RESUMO Introdução: A microcefalia é caracterizada como uma condição neurológica que tem como diagnóstico a diminuição do perímetro encefálico. Além das causas convencionais da microcefalia (infecções do útero, a exposição da mãe durante a gravidez a substâncias químicas, a má nutrição do feto ou as diversas anomalias genéticas), há outra possível que vem sendo associada ao Zika Vírus, visto que este foi encontrado no fluido amniótico, na placenta e no cérebro de recém-nascidos. Este, por afetar áreas neuropsicomotoras, pode causar uma alteração no processo de deglutição, ocasionando a disfagia. Objetivos: Realizar uma revisão de literatura e descrever as principais causas e consequências do diagnóstico da microcefalia, e como a disfagia é acometida nestes pacientes. Materiais e Métodos: A seleção dos artigos analisados se realizou a partir de estudos que relacionam a microcefalia, o Zika Vírus e a disfagia. Foram observados 21 artigos publicados entre 2014 e 2017 nas plataformas SciELO, BVS (Biblioteca Virtual em Saúde), Pubmed e LILACS- Literatura Latino-Americana em Ciências de Saúde, além de alguns sites relacionados à temática. Resultados e Discussão: A associação da fisiopatologia do Zika Vírus à anomalia microcefálica e ao atraso no desenvolvimento da deglutição, representa alguns dos fatores que podem causar os desvios neuropsicomotores, principalmente a disfagia (dificuldade de deglutição). Com isso, todos esses aspectos podem influenciar na alteração de funções vitais do ser humano. Através da observação dos artigos, demonstrou-se que o conceito de disfagia está intrinsicamente interligado com as alterações que a microcefalia causa, assim como suas consequências. Conclusão: A microcefalia associada à infecção ocasionada pelo Zika Vírus é algo novo, que requer muitos estudos que estão em andamento, pois cada vez mais há buscas por tratamento, diagnóstico e prevenção. Palavras-Chave: Microcefalia. Disfagia. Anomalia. Zika Vírus. INTRODUÇÃO

A microcefalia é caracterizada como uma condição neurológica que tem como diagnóstico a diminuição do perímetro encefálico, sendo considerado um fator de anormalidade (inferior a 33 cm de circunferência), podendo ser uma anomalia congênita adquirida ou genética[1,2]. A partir de estudos e pesquisas, a Organização Mundial da Saúde (OMS) constatou que as principais causas são as infecções do útero; a exposição da mãe durante a gravidez à substâncias químicas; a má nutrição do feto; ou as diversas anomalias genéticas, como a síndrome de Down[1].

A realidade acerca das causas da microcefalia tem mudado. No Brasil, presumivelmente em 2014, houve a expansão do Zika Vírus (ZIKV) em áreas da região Nordeste, observando maior incidência de microcefalia nas zonas de proliferação do vetor[2,3].

Através da observação de médicos da região, foi possível notar um súbito aumento no nascimento de crianças microcefálicas, constatando uma possível associação do ZIKV à microcefalia[4], já que foram encontrados no fluido amniótico, na placenta e no cérebro de recém-nascidos a presença do vírus, gerando alterações neuropsicomotoras.

O ZIKV é um membro do gênero Flavivirus, da família Flaviviridae, que possui cadeia simples de RNA4, 5, e é transmitido pelo artrópode Aedes aegypti, agente causador da dengue, febre Chikungunya e febre amarela[5].

O histórico do ZIKV é observado desde 1947, através da amostra do soro de um macaco Rhesus[3], que exercia o papel de sentinela para estudo de vigilância da febre-amarela, em que se verificou o possível surgimento do vírus por volta de 1920, efetuando migrações da África para a Ásia.

Atentando para este fato e sua relação com o ZIKV, a microcefalia é caracterizada como uma doença neurológica que pode afetar, além de outros aspectos neuropsicomotores, a deglutição, acarretando na disfagia como fator de consequências[6,7].

A disfagia caracteriza-se como uma alteração no processo de deglutição, fazendo parte de um complexo sensório-motor que depende de funções anatomicamente relacionadas ao sistema nervoso periférico[8]. A ingestão necessita de caminhos que estejam conectados à região motor cortical, ao centro que controla os nervos cranianos, ao tronco encefálico e aos neurônios inferiores[9]. A deglutição caracteriza-se como um processo neuromuscular do transporte do alimento desde a boca até o estômago[10]. O ato de engolir tem como objetivo nutrir e proteger as vias aéreas do indivíduo[11].

Vale salientar que o processo de deglutição possui três fases: oral, faríngea e esofágica, nas quais qualquer alteração pode resultar na disfagia, assim como mudanças no controle neural, pois todas elas estão interligadas com a região do córtex cerebral (controle neural voluntário e involuntário)[12].

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METODOLOGIA

Este é um estudo de revisão literária desempenhado por meio de artigos científicos, conceitos da OMS, pesquisas em sites e revistas científicas. Está organizado de forma classificatória, de acordo com a necessidade de demostrar definições acerca da microcefalia e suas causas, e histórico do ZIKV associado à microcefalia com uma tendência aos pacientes com disfagia.

As bases de dados que nortearam a busca eletrônica foram as seguintes: SciELO- Scientific Electronic Library Online; PubMed - National Library of Medicine; MEDLINE - Literatura Internacional em Ciências da Saúde; LILACS- Literatura Latino-Americana em Ciências de Saúde; site do Ministério da Saúde e na BVS - Biblioteca Virtual em Saúde.

Foram utilizados como critério para selecionar os 21 artigos, aqueles que mais se adequassem ao tema. Além disso, os artigos escolhidos deveriam ser os que foram publicados entre 2014 a 2017. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Constatou-se que a revisão deste estudo abordou diversos aspectos, significação e histórico da microcefalia, incluindo sua relação com a fisiopatologia do ZIKV e como os desvios neuropsicomotores podem influenciar na alteração de funções vitais do ser humano, a exemplo da disfagia, ou seja, alteração da deglutição.

A pesquisa evidenciou a necessidade de análise da associação do ZIKV à microcefalia, bem como a sua relação com a alteração da deglutição. Os artigos e outras fontes de pesquisa mostraram que há uma ligação entre tais temas.

Além disso, ressalta a importância de novas análises da associação do diagnóstico de microcéfalos às técnicas de ingestão. É importante que o sistema nervoso central esteja maduro, pois facilita o processo de sucção, deglutição e até mesmo respiração. CONCLUSÃO

A relação estabelecida entre a infecção através do ZIKV no período gestacional e a microcefalia, mostra a

importância de estudos mais concretos acerca do assunto para que haja uma amenização quanto à preocupação das gestantes aos neonatos. Entender que essa infecção pode gerar mais agravos à criança, como a disfagia, propõe uma maior especificidade quanto ao tratamento, já que a capacidade de deglutir é fundamental. AGRADECIMENTOS

Louvamos a Deus, pela oportunidade, por Sua providência e misericórdia. Para Ele a honra, a glória e

adoração. Aos nossos pais e demais familiares que com a graça de Deus nos proporcionaram a ida ao Congresso. A Professora Adriana de Medeiros Melo, pela disponibilidade e acolhimento. Aos demais professores, pelas dicas e aos amigos. REFERÊNCIAS

1. Brasil. Ministério da Saúde. Portal da Saúde-SUS. Microcefalia: Ministério da Saúde divulga boletim epidemiológico. Brasília; MS; 2015 [internet]. [Citado em Nov 2015]. Disponível em: http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/cidadao/principal/agencia-saude/20805-ministerio-da-saude-divulga-boletim-epidemiologico

2. Oliveira CS, da Costa Vasconcelos PF. Microcephaly and Zika Vírus. J Pediatr (Rio J). 2016; 92:103-5. 3. Nunes ML, Carlini CR, Marinowic D, Neto FK, Fiori HH, Scotta MC et al. Microcephaly and Zika Vírus:

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T17. Análise da morbidade da labirintectomia membranosa e óssea com ou sem audição e da drenagem do sacoendolinfático – shunt

Maykon Wanderley Leite Alves da Silva; Geordanna Silva Wanderley; Ítalo Bernardo de Oliveira; Mayara Leite Alves da Silva; José Victor de Mendonça Silva; Nycolas Emanuel Tavares de Lira; Amanda Ferreira Barbosa; Quitéria Maria Wanderley Rocha Área Temática: Interdisciplinaridade RESUMO A labirintectomia é um processo cirúrgico não conservador da audição, para diminuir os quadros de vertigem. Esse procedimento, por outro lado, pode ocasionar perda auditiva. Nessa perspectiva, o objetivo deste estudo é analisar a morbidade da labirintectomia membranosa e óssea com ou sem audição, bem como da drenagem do saco endolinfático – Shunt, no Brasil. Trata-se de um estudo epidemiológico, descritivo e transversal. Enquadraram-se para análise os dados da população das cinco regiões brasileiras, presentes no Sistema de Informações Hospitalares (SIH/DATASUS), do Ministério da Saúde. Foram variáveis de análise: Autorização de Internação Hospitalar (AIH) aprovada, média de permanência hospitalar e valor total de gastos. Foram registrados 28 procedimentos realizados no período de 2012 a 2016, segundo o Sistema de Informações Hospitalares do SUS com uma concentração das AIH nas regiões Nordeste e Sul. A média geral de permanência hospitalar ficou entre 3 e 4 dias. Quanto à realização de drenagem do saco endolinfático (Shunt), observa-se que, no ano de 2012, a região que mais apresentou AIH para esse tipo de procedimento foi a região Sudeste. Em relação às autorizações de internações com a distinção entre cirurgias de urgência ou eletivas, a região Sudeste correspondeu a 13 AIH de caráter eletivo, resultado equivalente a mais de 70% dos procedimentos desse tipo no intervalo de 2012 a 2016. A região Sul, por sua vez, atingiu o maior montante concernente ao caráter de urgência, com 7 cirurgias realizadas no mesmo intervalo. Os dados referentes ao valor total despendido nos atendimentos, segundo as regiões do Brasil, revelam o Sudeste como o maior beneficiado. Por fim, a análise dos dados, contudo, permite inferir que tanto a labirintectomia membranosa e óssea com ou sem audição quanto a drenagem do saco endolinfático (Shunt) são cirurgias relativamente pouco comuns no Sistema Único de Saúde. Palavras-chave: Epidemiologia. Saúde pública. Audição. INTRODUÇÃO

Das intervenções cirúrgicas em apresentação, há a divisão em dois grupos, nos quais a labirintectomia entra

como processo não conservador da audição, que diminuem a vertigem, mas podem ocasionar em perda auditiva; e a drenagem do saco endolinfático, que se encaixa no grupo de conservador da audição. A finalidade dos shunts endolinfáticos pode ser explicada como a criação de uma fístula para que o espaço endolinfático seja conectado ao perilinfático, para colocação de um shunt interno na cápsula ótica. Assim, a pressão, ao drenar o fluxo para o espaço perilinfático de baixa pressão, iria diminuir por conta da fístula. Para os pacientes com resistência à terapia medicamentosa, há a oferta de se realizar a descompressão do saco endolinfático. Por ser uma opção segura e conservadora, poderá ser utilizada com ou sem shunt. Os resultados de seguimentos de longo prazo mostraram que a cirurgia é segura e eficiente para o controle de vertigem e para a estabilização da audição. As taxas de melhora vão de uma escala de 85 a 100%, e a estabilização ou melhora da audição pode atingir quase 85%[1].

Pacientes que apresentam vertigem episódica diabética com doença de Ménière unilateral, ou com outras causas de vertigem intratável que tiveram falhas no tratamento mais conservador ou nas alternativas cirúrgicas de dissipação auditiva, podem estar no grupo para realização da labirintectomia, um procedimento bastante eficaz. A taxa de sucesso é de 90,5% ou mais. Os procedimentos ablativos como a labirintectomia geralmente eliminam a vertigem, mas seu sucesso na melhoria da qualidade de vida depende de uma compensação vestibular adequada. A compensação após a cirurgia pode resultar em instabilidade postural persistente, que é exacerbada por andar ou se mover. Os relatos de incidência de desequilíbrio após labirintectomia variam de 20 a 78%[2].

A labirintectomia se manifestou como um tratamento eficiente no controle de ataques de vertigem. Para pacientes com doença de Ménière unilateral e perda auditiva neurossensorial profunda, uma labirintectomia simultânea e implantação coclear são métodos eficientes para o tratamento de vertigem e reabilitação do sistema auditivo[3].

O presente trabalho tem como objetivo analisar a morbidade da labirintectomia membranosa e óssea com ou sem audição, bem como da drenagem do saco endolinfático – Shunt, no Brasil. MATERIAIS E MÉTODOS

Este é um estudo epidemiológico, descritivo e transversal, envolvendo a morbidade da labirintectomia

membranosa e óssea com ou sem audição, bem como a drenagem do saco endolinfático – Shunt, no Brasil. Enquadraram-se para análise os dados da população das cinco regiões brasileiras, presentes no Sistema de Informações Hospitalares (SIH/DATASUS), do Ministério da Saúde. Foram variáveis de análise: Autorização de Internação Hospitalar (AIH) aprovada, média de permanência hospitalar e valor total de gastos. Os dados colhidos

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foram registrados em um banco de dados no programa Microsoft Office Excel 2016; a digitação foi feita duplamente para posterior correção das inconsistências, e a interpretação dos valores encontrados foi realizada por meio de uma análise descritiva simples. Por utilizar dados secundários de domínio público, dispensa-se autorização do Comitê de Ética em Pesquisa.

O embasamento teórico para esse trabalho consistiu na construção de um referencial teórico a partir de artigos indexados na plataforma de dados da biblioteca eletrônica Scientific Electronic Library Online (SciELO). A revisão da literatura especializada foi realizada no período de agosto e outubro de 2017. Os critérios de inclusão para os estudos encontrados foram conter abordagens sobre a labirintectomia membranosa e óssea com ou sem audição, assim como da drenagem do saco endolinfático (Shunt), citando o perfil de morbidade de cada uma das situações descritas. Os critérios de exclusão para os estudos foram o não enquadramento com a temática esperada, além das publicações feitas antes de 2011. Os seguintes descritores em Ciências da Saúde (DeCS) foram utilizados: “Labyrinthectomy”, “surgery”, “morbidity”, “labirintectomia”. Após as buscas, foram selecionados 3 artigos em língua inglesa, os quais foram analisados para composição das teorizações necessárias para abordagem do supramencionado tema. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A realização de labirintectomia membranosa e óssea com ou sem audição é pouco prevalente no Brasil, e é

uma cirurgia que gera poucas Autorizações de Internação Hospitalar (AIH) a cada ano, tendo alcançado o montante de 28 procedimentos realizados no período de 2012 a 2016, segundo o Sistema de Informações Hospitalares do SUS.

Os dados concernentes à prática dessas intervenções demonstram uma concentração das AIH nas regiões Nordeste e Sul, nesse intervalo de 4 anos. Ambas as regiões apresentam um montante de 8 cirurgias no período analisado, cada uma das localidades totalizando aproximadamente 28% das intervenções, com uma igual distribuição, tratando-se de uma eletiva e de 7 com caráter de urgência. De maneira geral, há uma prevalência das labirintectomias de urgência, em detrimento das eletivas, em todas as regiões brasileiras, sendo que não se documentou no Norte e no Centro-Oeste a realização da cirurgia eletiva.

A análise da média de permanência, por ano, dos pacientes nos hospitais, revela que apenas o Sul e o Sudeste, com médias de 4,5 e 4,1, respectivamente, encontram-se acima da média geral do país, de 3,4 dias. Vale salientar que ambas passaram por variações consideráveis em seus índices. A região Sudeste, por exemplo, alcançou valores médios de 9 dias, em 2013, e de somente 1 dia em 2016, em contrapartida. O Nordeste, por sua vez, que apresentou semelhanças com o Sudeste quanto ao número e ao perfil das labirintectomias, teve uma média geral de 2,5 dias, consideravelmente inferior ao da região mais populosa do país.

Quanto ao valor total envolvido nos procedimentos, os gastos encontram-se proporcionais ao número de procedimentos e ao tempo de permanência. O Sul, por exemplo, que apresentou a maior média de permanência e o maior número de cirurgias, obteve quase 29% dos investimentos gerais de 2012 a 2016. Enquanto isso, a região Norte, onde houve apenas uma labirintectomia em 4 anos, representou cerca de 3,6% de todo o orçamento.

Quanto à realização de drenagem do saco endolinfático (shunt), observa-se que, no ano de 2012, a região que mais apresentou AIH para esse tipo de procedimento foi a região Sudeste, enquanto o menor índice se apresentou na região Norte. A região Sudeste, no ano de 2015, sobressaiu-se entre as cinco regiões brasileiras com 5 autorizações.

No caso da média de permanência hospitalar, a região Sul, no ano de 2015, alcançou a maior média de permanência, de 14 dias, nos anos de 2012 a 2016. As médias do Norte e do Sudeste no ano de 2012 e a do Centro-Oeste no ano de 2013 se igualaram e foram equivalentes a 1 dia. Esse resultado de 1 dia, aliás, coincidiu com o cálculo da média geral do Norte e do Centro-Oeste, que foram os lugares com menor tempo de estadia.

Em relação às autorizações de internações com a distinção entre cirurgias de urgência ou eletivas, a região Sudeste correspondeu a 13 AIH de caráter eletivo, resultado equivalente a mais de 70% dos procedimentos desse tipo no intervalo entre 2012 a 2016. A região Sul, por sua vez, atingiu o maior montante concernente ao caráter de urgência, com 7 cirurgias realizadas no mesmo. No Brasil, de uma maneira geral, as cirurgias eletivas são mais frequentes que as de urgência.

Os dados referentes ao valor total despendido nos atendimentos, segundo as regiões do Brasil, mostram uma proporcionalidade entre o número de AIH e os investimentos, além de revelarem o Sudeste como o maior beneficiado. Em 2015, por exemplo, a região mais populosa do país adquiriu 5.023,78 reais, quantia equivalente a quase 60% dos investimentos em todo o país, no ano citado. CONCLUSÃO

É indubitável a importância dos procedimentos supracitados para a saúde de pacientes que sofrem episódios de vertigem de determinadas etiologias. A análise dos dados, contudo, permite inferir que tanto a Labirintectomia membranosa e óssea com ou sem audição quanto a drenagem do saco endolinfático (Shunt) são cirurgias relativamente pouco comuns no Sistema Único de Saúde.

Um olhar global das informações permite afirmar também a existência de uma concentração na realização dessas cirurgias nas regiões mais desenvolvidas do país, onde também se concentram mais pessoas e, consequentemente, mais doenças. Há variações quanto a essa lógica, afinal, existem muitas nuances a serem analisadas, como a estrutura disponível para determinado serviço em um local, quando se conhecem as disparidades evidentes no Brasil.

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Existe também uma diferença no perfil característico das intervenções. Enquanto as labirintectomias são, em sua maioria, de urgência, as drenagens do saco endolinfático são predominantemente eletivas, abrindo margem para a possibilidade de que as manifestações que levam a uma drenagem tendam a apresentar um caráter mais agudo do que as circunstâncias desencadeadoras da labirintectomia, necessitando de rápida resolução. REFERÊNCIAS

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T18. Análise retrospectiva do surgimento epidemiológico da microcefalia associada à síndrome da infecção congênita pelo vírus zika no Brasil: uma revisão

integrativa Stefane Cristiane dos Santos Souza; Adriana de Medeiros Melo; Laryssa de Albuquerque Batinga; Myllena Sabino dos Santos Área Temática: Microcefalia RESUMO Introdução: A microcefalia é uma má formação neurológica congênita que origina a redução, mais que normal, do perímetro cefálico, proporcionando o desenvolvimento inadequado do encéfalo em recém-nascidos, esta pode ser causada por infecções pré-natais, fatores físico, químicos e genéticos, ou ter origem após o parto14. O vírus Zika possui uma grande atração por células neuronais, e, quando acomete a gestante no primeiro trimestre de gravidez, período de maior desenvolvimento embrionário das células nervosas, ocorre um aumento do número de alterações morfofisiológicas ao feto, sendo uma delas a microcefalia.4 Após o surgimento de diversos casos de microcefalia em recém-nascidos no estado de Pernambuco, junto à confirmação da presença do vírus Zika em amostras sanguíneas e teciduais em um neonato que veio a óbito, que possuía a má formação congênita, o anunciou o evento como potencial de emergência em saúde pública de importância internacional.² Em seguida, como uma das medidas de emergência epidemiológica, criou o “Protocolo de atenção e resposta à ocorrência de microcefalia e/ou alterações do Sistema Nervoso Central (SNC)”, em parceria com as secretarias estaduais e municipais de saúde, e, por conseguinte a adesão, pelo sistema único de saúde, do teste rápido para identificação do vírus. Além disso, campanhas de estimulação ao pré-natal foram iniciadas13. Objetivo: Analisar o surgimento epidemiológico da microcefalia associada à síndrome da infecção congênita pelo vírus Zika no Brasil. Metodologia: Trata-se de um estudo realizado por meio de levantamento bibliográfico e baseado na experiência vivenciada pelas autoras dos estudos avaliados. Para o levantamento foi executada uma análise de artigos, nas plataformas de pesquisa: Literatura LatinoAmericana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Medical Literature Analysis and Retrieval Sistem on-line (Medline), National Libray of Medcine (PubMed) e a Scientific Electronic Library Online (SCIELO). Foram utilizados, para busca dos instrumentos de estudo nas línguas portuguesas, inglesas e espanholas, os seguintes descritores “Microcefalia”, “Zika vírus” e “epidemiologia”. Resultados: Dado isso o surgimento da microcefalia no Brasil foi um grande fator epidemiológico que gerou diversas alterações em indivíduos portadores e seus familiares, o que levou ao Ministério da Saúde a criação de medidas de controle e prevenção para a patologia, mas que ainda atualmente é considerado um desafio para a saúde pública. Conclusão: Contudo o surgimento da microcefalia no Brasil foi um grande fator epidemiológico que gerou diversas alterações em indivíduos portadores e seus familiares, em um curto período de tempo acometeu milhares de recém-nascidos, o que levou ao Ministério da Saúde a criação de medidas de controle e prevenção para a patologia, mas que ainda atualmente é considerado um desafio para a saúde pública.

Palavras-Chave: Microcefalia, Zika vírus e Epidemiologia. INTRODUÇÃO A microcefalia é uma má formação neurológica congênita que origina a redução, mais que normal, do perímetro cefálico, proporcionando o desenvolvimento inadequado do encéfalo em recém-nascidos, esta pode ser causada por infecções pré-natais, ingestão de drogas durante a gestação e fatores físico, químicos e genéticos, ou ter origem após o parto14. O vírus Zika é transmitido por um mosquito do gênero Aedes aegypti, e foi identificado pela primeira vez no ano de 1947 em Uganda, na floresta de Zika.¹ Ele é caracterizado pela grande atração por células neuronais, e, quando acomete a gestante no primeiro trimestre de gravidez, período de maior desenvolvimento embrionário das células nervosas, ocorre um aumento do número de alterações morfofisiológicas ao feto, como a microcefalia, e em alguns casos o vírus aloja-se no córtex cerebral e tronco encefálico, impedindo o funcionamento das funções vitais.4

Em outubro de 2015, a Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco notificou e solicitou apoio do Ministério da Saúde (MS) para complementar as investigações iniciais de 26 casos de microcefalia, recebidas de diversos serviços de saúde nas semanas anteriores à notificação15. Por se tratar de um evento raro e comparando com o perfil clínico e epidemiológico dessa doença no estado, concluiu-se que se tratava de um evento de importância para a saúde pública estadual.13 Foi identificado, na Polinésia Francesa, notificações de um aumento incomum de pelo menos 17 casos de malformações do sistema nervoso central em fetos e recém-nascidos durante os anos de 2014-2015, coincidindo com o Surto de Zika vírus no Brasil, junto à confirmação, pelo Instituto Evandro Chagas, da presença desse vírus nas amostras de sangue e tecidos de um recém-nascido, que veio a óbito com microcefalia e outras más-formações congênitas12. Diante disso, em 2015 mudou-se a classificação deste evento para potencial de emergência em saúde pública de importância internacional.²¹ Em seguida, como uma das medidas de emergência epidemiológica, o MS criou o “Protocolo de atenção e resposta à ocorrência de microcefalia e/ou alterações do Sistema Nervoso Central (SNC) ”, em parceria com as secretarias estaduais e municipais de saúde9. Este protocolo visa orientar as ações para a atenção às mulheres em idade fértil, gestantes, puérperas e recém-nascidos com microcefalia e/ou alterações do sistema nervoso central, além de apoiar a identificação de serviços de saúde de referência no tratamento e o fluxo de

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atendimento necessário para essa população¹. Junto à criação do Protocolo, o Ministério da Saúde anunciou, no final de 2016 a adesão, pelo sistema único de saúde, do teste rápido para identificar o Zika vírus20. O PCR (Polymerase Chain Reaction), que só detecta a doença durante no período de viremia, quando o vírus está presente na corrente sanguínea³. Além disso, campanhas de estimulação ao prénatal foram iniciadas, pois é a partir dele que ocorre a prevenção, conscientização e diagnóstico precoce das patologias que acometem a gestante e o feto16. As alterações causadas pela patologia estão comumente associadas ao déficit intelectual e a outras condições que incluem epilepsia, paralisia cerebral, atraso no desenvolvimento de linguagem e/ou motor, desordens oftalmológicas, auditivas, otorrinolaringológicas, cardíacas, renais, do trato urinário, entre outras, sendo estas determinadas de acordo com o nível de infecção do vírus às células.8 METODOLOGIA Trata-se de um estudo realizado por meio de levantamento bibliográfico e baseado na experiência vivenciada pelas autoras dos estudos avaliados. Para o levantamento foi executada uma análise de artigos, nas plataformas de pesquisa: Literatura LatinoAmericana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Medical Literature Analysis and Retrieval Sistem on-line (Medline), National Libray of Medcine (PubMed) e a Scientific Electronic Library Online (SCIELO). Foram utilizados, para busca dos instrumentos de estudo nas línguas portuguesas, inglesas e espanholas, os seguintes descritores “Microcefalia”, “Zika vírus” e “epidemiologia”. Os critérios de inclusão definidos para a seleção dos artigos foram: artigos publicados em português, inglês e espanhol; artigos na íntegra que retratassem a temática referente à revisão integrativa e publicados e indexados nos referidos bancos de dados nos últimos dez anos. A análise dos estudos selecionados, em relação ao delineamento de pesquisa, pautou-se em Secretaria de vigilância em saúde, Van der Linden e Brunoni, sendo que tanto a análise quanto a síntese dos dados extraídos dos artigos foram realizadas de forma descritiva, possibilitando observar, contar, descrever e classificar os dados, com o intuito de reunir o conhecimento produzido sobre o tema explorado na revisão. RESULTADOS A amostra final desta revisão foi constituída por vinte artigos científicos, selecionada pelos critérios de inclusão previamente estabelecidos. Destes, três foram encontrados na base de dados LILACS, quatro na Medline, quatro Pubmed e nove na SCIELO. Desse modo observou-se que a microcefalia é uma patologia que sempre existiu em âmbito das infecções congênitas neonatais, mas associada à epidemiologia do vírus Zika, gerou um estado de emergência no Brasil, pelo grande aumento no número de casos em curto período7, o que levou o Ministério da Saúde a tomar medidas de controles da infecção. Discussão: Por meio da revisão integrativa foi possível identificar que a microcefalia associada ao vírus zika foi evidenciada anteriormente como fator epidemiológico, com grandes números de casos na Polinésia Francesa, mas só após a solicitação do auxílio do Ministério da Saúde para a investigação de casos em Pernambuco e a confirmação do óbito de um recém-nascido no Ceará, junto ao aumento repentino e descontrolado de diversos casos, em várias regiões no Brasil, que o estado iniciou medidas de controles à infecção18. Por conseguinte, diversos casos da patologia foram surgindo e alguns neonatos expostos ao vírus, que apresentaram ausência de microcefalia no nascimento, mostraram anormalidades cerebrais associadas como ventriculomegalia e diminuição do volume cerebral, malformações corticais e calcificações subcorticais.5 Mediante o grande aumento no número de casos com microcefalia, o Ministério da Saúde criou medidas para padronizar o atendimento e proporcionar um diagnóstico precoce preciso por meio da criação de protocolos de atenção e resposta à ocorrência de microcefalia e/ou alterações do Sistema Nervoso Central (SNC) e de testes rápidos como o PCR, de origem biomolecular, sendo possível identificar se o usuário possui ou já obteve contato com o vírus.¹¹ Além disso, campanhas para a realização do pré-natal foram estimuladas, pois, a partir da realização deste, de forma contínua e completa, ocorrerá uma melhor precisão na identificação precoce de más-formações neonatais e complicações gestacionais, junto à atuação da equipe multiprofissional da atenção básica, que desempenhará importantes funções para reduzir o impacto emocional às famílias dos usuários, desenvolvendo estratégias de enfrentamento às dificuldades e intermediando a comunicação das redes de atenção secundária e terciaria em saúde, incluindo a estimulação antecipada de terapias que minimizem as alterações nas habilidades de desenvolvimento típico, irá favorecer uma melhor inclusão social e qualidade de vida às crianças acometidas.10 CONCLUSÃO Dado isso o surgimento da microcefalia no Brasil foi um grande fator epidemiológico que gerou diversas alterações em indivíduos portadores e seus familiares 6, em um curto período de tempo acometeu milhares de recém-nascidos, o que levou ao Ministério da Saúde a criação de medidas de controle e prevenção para a patologia, mas que ainda atualmente é considerado um desafio para a saúde pública19. AGRADECIMENTOS Agradecimentos às orientações e ideias da professora Adriana Melo, aos auxílios das autoras Laryssa Batinga e Myllena Sabino. REFERÊNCIAS

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T19. Cobertura do tratamento cirúrgico da estenosa do conduto auditivo de 2012 a 2016

Maykon Wanderley Leite Alves da Silva; Rodolfo Soares Araujo; Mayara Leite Alves da Silva; José Victor de Mendonça Silva; Ítalo Bernardo de Oliveira; Ana Beatriz Cardoso Medeiros Lins; Nycolas Emanuel Tavares de Lira; Georgianna Silva Wanderley; Geordanna Silva Wanderley; Quitéria Maria Wanderley Rocha Área Temática: Interdisciplinaridade RESUMO A estenose externa do canal auditivo, adquirida ou congênita, promove uma cascata de reações inflamatórias que levam a fibrose do canal médio. Há também a estenose do meato acústico interno, que pode ser definida como a perda igual ou maior que 3mm no diâmetro vertical do meato acústico interno. Procedimentos cirúrgicos em indivíduos com estenose congênita do canal auditivo podem produzir resultados de audição positiva confiáveis e duradouros com baixa incidência de complicações graves. Diante disso, o objetivo deste estudo é descrever a cobertura do tratamento cirúrgico da Estenosa do Conduto Auditivo entre os anos de 2012 e 2016, sua morbimortalidade e a incidência nas cinco regiões brasileiras. Trata-se de um estudo epidemiológico, descritivo e transversal envolvendo a cobertura do tratamento cirúrgico da Estenosa do Conduto Auditivo no Brasil, no período de 2012 a 2016. Enquadraram-se para análise os dados da população das cinco regiões brasileiras, presentes no Sistema de Informações Hospitalares (SIH/DATASUS), do Ministério da Saúde. Observa-se na coleta dos dados que no período de 2012 a 2016 a região Sudeste apresentou o maior índice, com 96 casos de autorização de internação hospitalar no ano de 2014. A região que mais obteve dias de permanências foi a região Norte, com 3,1 dias no ano de 2012. Já a média de permanência por ano de atendimento segundo as cinco regiões do Brasil se sobressaiu com uma média de 1,4 dias nos anos de 2012 e 2013. Acredita-se que o baixo nível de mortes seja pela simplicidade do procedimento cirúrgico: foi registrado um caso de óbito entre 2013 e 2016. Por fim, depreende-se da análise dos dados colhidos e valores contabilizados no presente estudo uma discrepante incidência entre as cinco regiões brasileiras no que se refere a índices de autorização de internação hospitalar, tempo de permanência e qualidade do atendimento. Palavras-chave: Estenose. Conduto Auditivo. Morbimortalidade. INTRODUÇÃO

A tratar sobre estenose externa do canal auditivo, pode-se dividir em congênita, devido à anormalidades que

foram ocasionadas em decorrência da primeira fenda branquial, ou adquirida, como resultado de uma inflamação, trauma ou até mesmo efeitos de radioterapia em decorrência de um tratamento para outra afecção, todos compartilhando uma patogenia em comum, ou seja, uma cascata de alterações inflamatórias que levam à fibrose do canal médio[1].

A incidência segundo alguns estudos de estenose adquirida ou atrésia é estimada em 0,6 casos por 100 o que a coloca como um transtorno incomum do canal auditivo externo. Tem diferentes nomes na literatura, tais como fibrose pós-inflamatória do meato médio; fibrose pós-inflamatória do canal médio; atrésia adquirida pós-inflamatória; atrésia de canal e estenose externa do canal auditivo[2]. Há também a estenose do meato acústico interno, que pode ser definida como a perda igual ou maior que 3mm no diâmetro vertical do meato acústico interno ou ainda como um conduto com dimensões menores que 2mm. A perda pode ocorrer em decorrência de alterações do VIII par craniano (vestíbulo-coclear). As manifestações clínicas que podem ocorrer são: hipoacusia, zumbido e vertigem do lado afetado. Há também a chance de ocorrer parestesias e até paralisia se o nervo facial for acometido. Para exames complementares vale-se utilizar de audiometria para revelar uma perda auditiva sensório-neural que varia quanto ao grau da perda, enquanto o diagnóstico confirmatório é evidenciado pela tomografia computadorizada[3].

Meatoplastia com canalplastia e timpanoplastia em indivíduos com estenose congênita do canal auditivo pode produzir resultados de audição positiva confiáveis e duradouros com baixa incidência de complicações graves[4].

O presente trabalho tem como objetivo descrever não apenas a cobertura do tratamento cirúrgico da Estenosa do Conduto Auditivo de 2012 a 2016, mas também a morbimortalidade e a incidência nas cinco regiões brasileiras. MATERIAIS E MÉTODOS

Este é um estudo epidemiológico, descritivo e transversal, envolvendo a cobertura do tratamento cirúrgico

da Estenosa do Conduto Auditivo no Brasil, no período de 2012 a 2016. Enquadraram-se para análise os dados da população das cinco regiões brasileiras, presentes no Sistema de Informações Hospitalares (SIH/DATASUS), do Ministério da Saúde. Foram variáveis de análise: Autorização de Internação Hospitalar (AIH) aprovada, média de permanência hospitalar, óbitos e valor total de gastos. Os dados colhidos foram registrados em um banco de dados no programa Microsoft Office Excel 2016; a digitação foi feita duplamente para posterior correção das inconsistências, e a interpretação dos valores encontrados foi realizada por meio de uma análise descritiva simples. Por utilizar dados secundários de domínio público, dispensa-se autorização do Comitê de Ética em Pesquisa.

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O embasamento teórico para esse trabalho consistiu na construção de um referencial teórico a partir de artigos indexados na plataforma de dados biblioteca eletrônica Scientific Electronic Library Online (SciELO). A revisão da literatura especializada foi realizada no período de agosto e outubro de 2017. Os critérios de inclusão para os estudos encontrados foram conter abordagens sobre o tratamento cirúrgico da Estenosa do Conduto Auditivo, indicações cirúrgicas, complicações e dados do atual cenário epidemiológico relacionado ao assunto, publicados nos últimos cinco anos. Os critérios de exclusão para os estudos foram o não enquadramento com a temática esperada, além das publicações feitas antes de 2012. Os seguintes descritores em Ciências da Saúde (DeCS) foram utilizados: “Cirurgia”, “Surgery”, Stenosis”, “Estenose”, “Treatment”, “Tratamento, “Atresia”, “Congenital”, Congênito”, “Conduto Auditivo”. Após as buscas, foram selecionados 06 artigos em língua portuguesa e inglesa, os quais foram analisados para composição das teorizações necessárias para abordagem do supracitado tratamento cirúrgico. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Observa-se, na coleta dos dados das cinco regiões brasileiras acerca do tratamento cirúrgico de estenose do conduto auditivo nos anos de 2012 a 2016, que a região Sudeste apresentou maior índice com 96 casos de autorização de internação hospitalar no ano de 2014. Já no ano de 2015 e 2016 a região do Centro-Oeste apresentou um menor índice de autorização com apenas um caso respectivamente. Um dos fatores de atraso na alta hospitalar em enfermarias de clínica médica de dois hospitais públicos de ensino em Minas Gerais foi o aguardo de interconsultas, relacionados à resposta médica, aguardando exames e resultados complementares. Com isso, percebe-se que os atrasos na alta hospitalar são distintos priorizando algumas medidas corretivas para cada determinado hospital[5]. Ademais, a região que mais obteve dias de permanências foi à região Norte com 3,1 dias no ano de 2012 e o menor dado foi de 0,4 dias na região Sudeste. Já a média de permanência por ano de atendimento segundo as cinco regiões do Brasil se sobressaiu com uma média de 1,4 dias nos anos de 2012 e 2013.

Nesse contexto, os índices altos de internações podem indicar reinternações e internações desnecessárias por leito em determinado período, embora os números baixos podem ser um indicativo de altas precoces[6]. Em decorrência com a taxa de número de óbitos ainda é pequena apresentando-se com 1 caso nos anos de 2013 e 2016. Dessa forma, acredita-se que o nível baixo de mortes seja pela simplicidade do procedimento cirúrgico.

Além disso, depreende-se da análise dos valores totais por ano de atendimento segundo região, no período de 2012 à 2016, em procedimento de tratamento cirúrgico de estenose do conduto auditivo, nas cinco diferentes regiões brasileiras, norte, nordeste, sudeste, sul e centro-oeste o seguinte: a região sudeste obteve a maior média de atendimento sendo de 49.797.512, ao passo que teve um desvio padrão de 21.274.25349, e, nesse sentido, caracterizando-se como a região onde houve maior discrepância de quantidade de atendimentos por ano, sendo, pois, a menos linear entre as regiões pesquisadas. Já a região norte obteve a menor média de atendimento sendo de 2.368,704, e com um desvio padrão de 1052,32134, sendo o menor desvio padrão observado, o que mostra maior linearidade nos atendimentos ao longo do período pesquisado, com baixa variação. A região sul ficou com a segunda melhor média de atendimento, correspondendo a 11.572,066 e um desvio padrão de 4551,06321, sendo a segunda região mais acentuada de todas as pesquisadas, o que mostra e evidencia uma enorme variância de pacientes atendidos nos diferentes anos. Em paradoxo, a região centro-oeste apresenta a menor média com 2.368,704, e um desvio padrão de 1657,57157. E a região nordeste apresenta média de 5.821,32, e um desvio padrão de 1406,64857, o que confere o segundo menor desvio padrão, evidenciando que existiu uma variação, mas esta não foi grande em comparação as demais regiões. CONCLUSÃO

Depreende-se da análise dos dados colhidos e valores contabilizados no presente estudo uma discrepante

incidência entre as cinco regiões brasileiras no que se refere a índices de autorização de internação hospitalar, tempo de permanência e qualidade do atendimento.

A região Norte demandou o maior tempo de permanência, com índice de 3,1 dias no ano de 2012, mais que o dobro da média do Brasil, e obteve a menor média de atendimento sendo de 2.368,704 e a maior linearidade, com desvio padrão de 1052,32134. Em contrapartida a região Sudeste demandou o menor tempo de permanência com 0,4 dias e atingiu média de atendimento de 49.797.512, sendo a maior entre as cinco regiões; no entanto, apresentou desvio padrão de 21.274.25349, a mais alta taxa de variação.

A região Sul apresentou a segunda melhor média de atendimento, 11.572.066, seguida da região Nordeste com 5.821,32. Em contrapartida a região Centro-Oeste ficou com o menor índice de autorização de internação e a menor média, sendo de 2.368,704 tal qual a região Norte. REFERÊNCIAS

1. Tirelli G, Nicastro L, Gatto A, Nata FB. Stretching stenoses of the external auditory canal: A report of four cases and brief review of the literature. ACTA Otorhinolaryngol Ital. 2015; 35(1):34–8.

2. Bajin MD, Yılmaz T, Günaydın RÖ, Kuşçu O, Sözen T. Management of Acquired Atresia of the External Auditory Canal. J Int Adv Otol. 2015; 11(2):147–50.

3. Junior IM, Rafael A, Aringa D, Nardi JC, Kobari K, Anabel L et al. Estenose do meato acústico interno: Relato de caso Internal Auditory Meatus Stenosis - Case Report. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia. 2008; 74(2):3404.

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4. Li C, Zhang T, Fu Y, Qing F, Chi F. Congenital aural atresia and stenosis: Surgery strategies and long-term results. Int J Audiol. 2014; 53(Agosto 2013):476–81.

5. Silva SA et al. Fatores de atraso na alta hospitalar em hospitais de ensino. Rev Saúde Pública. 2014; 48(2):314-321.

6. Ramos MCA et al. Avaliação de desempenho de hospitais que prestam atendimento pelo sistema público de saúde, Brasil. Rev Saúde Pública. 2015; 49:43.

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T20. Microcefalia e achados audiológicos em lactente: relato de caso Amanda da Cunha Lima; Alexsandra Silva Santos; Nerivânia Maria da Silva; Sâmea Gabrielly Martins da Silva; Karine Maria do Nascimento Lima; Elizangela Dias Camboim Área Temática: Microcefalia RESUMO Introdução: A microcefalia é caracterizada por uma alteração na formação do tecido cerebral acarretando no desenvolvimento inadequado deste órgão. Sua etiologia é congênita que pode ser de origem infecciosa dentre eles a infecção, mais recentemente, do Zika Vírus ou por outras causas. A microcefalia pode ser classificada quanto ao tempo de início, etiologia, parâmetros de crescimento e a presença de outras anormalidades isoladas ou sindrômicas. Em geral, as crianças apresentam atraso no desenvolvimento neuropsicomotor com acometimento motor e cognitivo relevante e, em alguns casos, as funções sensitivas (audição e visão) também são comprometidas. Devido a alterações na função auditiva causada pela microcefalia, é importante a realização da triagem auditiva neonatal (TAN) e outros exames complementares de acordo com a necessidade. Objetivos: Analisar os achados audiológicos em uma criança com diagnóstico de microcefalia. Materiais e Métodos: Estudo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob o número 1.742.850. Participou desse estudo um lactente do sexo masculino, pré-termo, oito meses de idade conceptual corrigida, estando em acompanhamento no centro especializado de reabilitação para avaliação e monitoramento da via auditiva. Resultados e Discussão: Quanto aos dados gestacionais, foi realizado pré-natal, três ultrassonografias e em nenhuma delas se constatou a microcefalia. A mãe referiu início de aborto espontâneo, dores abdominais e quadros de infecções urinária sendo tratada com antibióticos. Negou hipertensão, diabetes e ter sido exposta a ambiente com ototóxicos. Referiu não ter feito uso de entorpecentes, bebidas alcoólicas e tabagismo no período gestacional. Foi realizado a seguinte bateria de exames audiológicos: Potencial evocado auditivo de tronco encefálico (PEATE), Emissões Otoacústicas por estímulo transiente (EOAT), pesquisa do Reflexo cócleo-palpebral (RCP), Timpanometria (imitânciometria e pesquisa dos reflexos acústicos estapedianos ipsilaterais e contralaterais) e avaliação audiológica por meio da técnica de avaliação audiológica comportamental com instrimentos. No exame PEATE utilizou-se o estímulo clique com polaridades de rarefação nas intensidades de 30, 50 e 80 dBnHL e confirmação das ondas por meio da polaridade de condensação, nas intensidades de 30 e 80 dBnHL Foram observadas a presença das ondas I, III e V e suas latências absolutas, bem como as latências interpicos I-III, III-V e I-V e diferença interaural da onda V dentro das referências de normalidade. Na EOAT a criança passou em ambas as orelhas. Na timpanometria os valores obtidos foram de 0,47ml de volume, 0,24ml de compliância, -74 DaPa de pressão, 0,62 do gradiente na orelha direita, e 0,46ml de volume, 0,71 de compliância e -83 DaPa de pressão na orelha esquerda, caracterizando um timpanograma do tipo “A” e presença apenas de REIL esquerdo e RECL direito nas frequências de 0,5,1 e 2 KHz. Durante a audiometria instrumental comportamental foram utilizados os instrumentos guizo, agogô, sino e som de baixa intensidade observando um distúrbio no desenvolvimento auditivo. Conclusão: Os achados audiológicos encontrados durante a avaliação da criança demonstrou um distúrbio no desenvolvimento auditivo, durante as avaliações subjetivas. Sendo, portanto, necessário um monitoramento auditivo trimestral para os primeiros dois anos de vida bem como, estimulação auditiva precoce.

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T21. Panorama da morbimortalidade da patologia da mastoide e do ouvido médio e externo nos últimos cinco anos

Maykon Wanderley Leite Alves da Silva; José Victor de Mendonça Silva; Georgianna Silva Wanderley; Ítalo Bernardo de Oliveira; Thaise de Gomes Figueiredo; Rodolfo Soares Araujo; Nycolas Emanuel Tavares de Lira; Quitéria Maria Wanderley Rocha Área Temática: Interdisciplinaridade RESUMO A audição constitui o principal elo do ser humano com o meio ambiente e anormalidades no aparelho auditivo alcançam repercussões clínicas importantes. Por exemplo, alterações no sistema mastoideo podem gerar perturbações no sistema pressórico auditivo, patologias a nível da orelha média e externa, sobretudo as otites medias, constituem a terceira maior causa de perda de audição. Diante disso, o objetivo do presente estudo é descrever a morbimortalidade da patologia da mastoide e do ouvido médio e externo nos últimos cinco anos nas cinco regiões brasileiras. Trata-se de um estudo epidemiológico, descritivo e transversal envolvendo a morbimortalidade da patologia da mastoide e do ouvido médio e externo no período de 2012 a 2016. Enquadraram-se para análise os dados da população das cinco regiões brasileiras, presentes no Sistema de Informações Hospitalares (SIH/DATASUS) e no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde. No período analisado, foram aprovadas 30.466 AIH para o tratamento da doença do ouvido médio e da mastoide nas cinco regiões brasileiras, com um valor total de R$ 157.526.463,97, sendo a região Sudeste a que aprovou mais casos (n=12.833) perfazendo um custo de R$ 3.385.406,90. A média de permanência hospitalar foi de 4,34 dias. Em relação a mortalidade o ano de 2016 representou a maior prevalência de óbitos (19), e a região nordeste foi a que registrou maior número de ocorrências. No período de 2011 a 2015 conforme dados do SIM, o número de óbitos decorrentes das doenças de ouvidos externo e médio e da mastoide, por raça, revelou um predomínio nacional de brancos e pardos, que juntos perfizeram mais de 85% dos casos. A partir disso, percebe-se que o atendimento aos casos de patologia da mastoide e do ouvido externo nos últimos 5 anos cresceu, seguido por uma melhor qualidade no atendimento e de uma maior abrangência as diferentes etnias e classes sociais, e em paralelo cresceu o número de óbitos. Palavras-chave: Mastoide. Ouvido Médio. Ouvido Externo. Morbimortalidade. INTRODUÇÃO

A comunicação provém de um desencadeamento de ações as quais envolvem o ouvir e o compreender em

prol da elaboração de uma resposta e expressão por meio da linguagem[1]. Desse modo, a audição constitui o principal elo do ser humano com o meio ambiente e anormalidades no aparelho auditivo alcançam repercussões clínicas isoladas ou conjuntas importantes, como má formação da orelha externa e média e do sistema mastoide[2].

O sistema aéreo mastoideo constitui a maior parte da área da mucosa da orelha média disponível para troca gasosa e, assim, alterações nessa região podem gerar complicações quanto ao equilíbrio pressórico auditivo[3]. Já patologias a nível de orelha média e externa são relevantes, sobretudo as otites médias, as quais representam uma das doenças infecciosas mais prevalentes no mundo, sendo a terceira maior causa de perda de audição[4]. Assim, cabe realizar um panorama da morbimortalidade de patologias relacionadas ao mastoide, bem como do ouvido médio e externo, nos últimos cinco anos.

O presente trabalho tem como objetivo descrever a morbimortalidade da patologia da mastoide e do ouvido médio e externo nos últimos cinco anos nas cinco regiões brasileiras. MATERIAIS E MÉTODOS

O presente estudo trata-se de um estudo epidemiológico, descritivo e transversal envolvendo a morbimortalidade da patologia da mastoide e do ouvido médio e externo nos últimos cinco anos, isto é, no período de 2012 a 2016. Enquadraram-se para análise os dados da população das cinco regiões brasileiras, presentes no Sistema de Informações Hospitalares (SIH/DATASUS) e no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde. Foram variáveis de análise: Autorização de Internação Hospitalar (AIH) aprovada; média de permanência hospitalar; óbitos; valor total de gastos; cor/raça; escolaridade; faixa etária; sexo. Os dados colhidos foram registrados em um banco de dados no programa Microsoft Office Excel 2016; a digitação foi feita duplamente para posterior correção das inconsistências, e a interpretação dos valores encontrados foi realizada por meio de uma análise descritiva simples. Por utilizar dados secundários de domínio público, dispensa-se autorização do Comitê de Ética em Pesquisa.

O embasamento teórico para este trabalho consistiu na construção de um referencial teórico a partir de artigos indexados na plataforma de dados da biblioteca eletrônica Scientific Electronic Library Online (SciELO). A revisão da literatura especializada foi realizada no período de agosto e outubro de 2017. Os critérios de inclusão para os estudos encontrados foram conter abordagens sobre a morbimortalidade da patologia da mastoide e do ouvido médio e externo, publicados nos últimos cinco anos. Os critérios de exclusão para os estudos foram o não enquadramento com a temática esperada, além das publicações feitas antes de 2010. Os seguintes descritores em

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Ciências da Saúde (DeCS) foram utilizados: “Mastoide”, “Orelha”, “Patologia”, “Audição”. Após as buscas, foram selecionados 4 artigos em língua portuguesa, os quais foram analisados para composição das teorizações necessárias.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No período analisado, foram aprovadas 30.466 AIH para o tratamento da doença do ouvido médio e da mastoide nas cinco regiões brasileiras, sendo a região Sudeste a que aprovou mais casos (n=12.833), número cerca de seis vezes maior em relação ao encontrado na região Centro-Oeste (n=2.164), que obteve o menor quantitativo dos casos aprovados. Os anos em que se destacaram em relação às aprovações de AIH foram 2012 em último lugar (n=5.298) e 2016 em primeiro (n=6.901).

Os valores totais utilizados para realização dos casos em análise somaram R$ 157.526.463,97, destacando-se a região Sudeste, totalizando R$ 3.385.406,90, devido ao fato de ter maior quantidade de AIH aprovadas. Esperava-se que a região que teria o menor gasto era a que teve menor número de casos absolutos no período analisado e, de fato, essa concepção foi comprovada, visto que o valor total foi de R$ 581.338,75.

A média de permanência não foi discrepante ao longo dos anos quando se observa esse valor separadamente em cada região. Entretanto, a média encontrada para as cinco regiões foi de 4,34 dias, sendo que a permanência foi ligeiramente maior nas regiões Sudeste e Nordeste e menor no Centro-Oeste, demonstrando que os atendimentos dos casos estudados apresentam similaridade no que diz respeito à evolução dos sujeitos submetidos aos procedimentos de saúde nas instituições de saúde das cinco regiões brasileiras, considerando-se números absolutos.

Com a análise dos resultados, foi possível constatar que a morbimortalidade das doenças do ouvido externo, médio e mastoide, ainda se apresenta com um número considerável de ocorrências. A quantidade total de óbitos por ano segundo região, no período entre 2012 e 2016, tem seu maior valor em 2016 (19) e seu menor valor em 2012 (10), onde foi observado que ao longo dos anos houve um aumento no valor total: 2012 (10), 2013 (10), 2014 (12), 2015 (12). A região com maior incidência no ano de 2016, seu máximo, foi a região Nordeste (9).

A partir do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), conforme levantamento de dados do período de 2011 a 2015, a ocorrência de óbitos decorrentes das doenças de ouvidos externo e médio e da mastoide, por raça, revelou um predomínio nacional de brancos e pardos, que juntos perfizeram mais de 85% dos casos. A região mais populosa do país, por sua vez, apresentou proporcionalmente a maior percentagem, equivalendo o Sudeste a 50,67% da mortalidade total dentre as regiões. Nas localidades Norte, Nordeste e Centro-oeste, a raça parda foi prevalente sobre a branca, enquanto que a situação se inverteu em relação às demais regiões. Negros corresponderam a uma parcela de 7,45% e indígenas a pouco mais de 1% do total analisado, apresentando a região Norte a maioria destes, o que é esperado visto o maior contingente de nativos.

De modo geral, quando analisada a distribuição por faixa etária, o acometimento das crianças de 0-1 ano, com 47 óbitos registrados, ganha destaque nessa fase da vida em que os infantes são muito acometidos pelas otites e, em caso de complicações, podem evoluir para mastoidites. O valor bruto, entretanto, decresce até a idade dos 19 anos, a partir de quando a prevalência volta a ascender, chegando a atingir os montantes de 14,15%, na faixa de 50-59 anos, e 14,75% do total no país, naqueles acima de 80 anos.

A região Centro-oeste foi a de menor acometimento pela mortalidade, apresentando apenas 3,87% dos óbitos, e revelou na distribuição etária um valor médio de 2,16 mortes. Inclusive, em três dos intervalos de idade não houve dados registrados. O Sudeste, por sua vez, atingiu a média de 28,33.

Nesse sentido, na avaliação de óbitos por escolaridade, as crianças de 1 a 3 anos apresentam o maior valor (142), onde a região com maior ocorrência nessa faixa etária é a região Sudeste (73), e a menor a região Centro-Oeste. O que chama atenção para a análise de óbitos por escolaridade é o valor de “ignorados” no período (215), onde a subnotificação entra como fator relevante na coleta de dados pelo país. De um total de 671 óbitos, na divisão por sexo segundo região, o valor total para masculino (359), foi maior que o feminino (312), onde mais uma vez a região que teve o maior valor foi a Sudeste (Masculino: 194; Feminino: 146), já a com menor valor foi a região Centro-Oeste (Masculino: 12; Feminino: 140). CONCLUSÃO

Por conseguinte, observou-se que a quantidade de internações cresceu nos últimos 5 anos (cerca de 30%), sendo a região sudeste a detentora do maior número de casos e a região centro-oeste a menor. Além disso, a média de permanência também cresceu no período observado, evidenciando maior tratamento da doença. Outrossim, houve um aumento gradual do número de óbitos (incialmente de 20% e posteriormente de 58%) ao final do período observado. A partir disso, percebe-se que o atendimento aos casos de patologia da mastoide e do ouvido externo nos últimos 5 anos cresceu, seguido por uma melhor qualidade no atendimento e de uma maior abrangência às diferentes etnias e classes sociais, e em paralelo cresceu o número de óbitos. REFERÊNCIAS

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2. Bento, RF, Kiesewetter A, Ikaris, LS et al. BAHA (Bone Anchored Hearing Aid) indicações, resultados funcionais e comparação com cirurgia reconstrutiva de orelha. Arquivo de otorrinolaringologia. 2012; 16(3): 400-405.

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T22. Panorama da vigilância epidemiológica dos casos de microcefalia e de alterações no crescimento e desenvolvimento relacionados ao zika vírus e outras infecções congênitas no estado de alagoas: um estudo analítico, de 2015 a 2017

Tayná Rocha dos Santos Carvalho; Claudio José dos Santos Júnior; Alexandre Otílio Pinto Junior; Gilvana Maria Vieira Xavier; Janice Rocha Misael; Fernando Luiz de Andrade Maia; Jailton Rocha Misael Área Temática: Microcefalia RESUMO Introdução: A partir do segundo semestre de 2015 iniciou-se no Brasil uma epidemia no número de casos registrados de microcefalia. Como reflexo, o Ministério da Saúde passou a reconhecê-la como uma emergência em saúde coletiva, vinculada principalmente à infecção congênita pelo vírus Zika. Diante deste novo perfil de morbimortalidade em decorrência da elevação sazonal de casos de microcefalia, destaca-se a importância da vigilância epidemiológica no país, pois permite o devido entendimento e consequente planejamento de ações nos três níveis de prevenção, sobretudo na Atenção Primária à Saúde. Objetivos: Verificar o processo de vigilância epidemiológica dos casos de microcefalia relacionados à infecção congênita pelo Zika vírus e outras etiologias infecciosas notificados no estado de Alagoas. Materiais e Métodos: Estudo longitudinal, de caráter descritivo e documental, com abordagem quantitativa, realizado através da consulta aos boletins epidemiológicos produzidos pelo Ministério da Saúde sobre o monitoramento integrado das notificações de crescimento e desenvolvimento relacionadas à infecção pelo vírus Zika e outras etiologias infecciosas realizadas no Registro de Eventos de Saúde Pública (RESP-Microcefalia). Os dados coletados foram aqueles relativos ao estado de Alagoas e referentes ao período de 08/11/2015 a 20/05/2017, correspondendo respectivamente às semanas epidemiológicas (SE) 45/2015 e 20/2017. A análise foi realizada por meio da estatística descritiva de frequências absoluta e relativa. Resultados e Discussão: Durante o período analisado, no estado de Alagoas, houve 371 notificações compulsórias no RESP-Microcefalia. Os casos foram notificados segundo as definições do Protocolo de vigilância, englobando a suspeição de infecção congênita pelo vírus Zika e outras etiologias infecciosas em recém-nascido, criança, natimorto, abortamento ou feto, os quais foram identificados em um total de 52 municípios. Dessas, na SE 20/2017, observa-se que 51 registros (13,7%) estão com processo de investigação epidemiológica em andamento e, por outro lado, foram confirmados 86 casos de microcefalia. Além disso, 234 casos suspeitos de microcefalia foram descartados, correspondendo a 23,2% e 62,7%, respectivamente. Ademais, vale salientar que no ano de 2015 todos os casos notificados (100%) mantiveram-se em investigação, ou seja, sem confirmação/descarte. Já em função da análise da incidência de abortamento, identificou-se um total de 02 notificações compulsórias, apenas especificadas no ano de 2017, cuja encerramento epidemiológico se deu em apenas 01 caso, com exclusão diagnóstica. Incluindo todos as notificações, foram registrados 18 casos que evoluíram para óbito fetal ou neonatal – dos quais: um total de 10 casos (55,6%) estão em investigação e, houve a confirmação e descarte de 06 (33,3%) e 02 (11,1%) casos, respectivamente. Conclusão: Verificou-se que o estado de Alagoas apresentou, a partir do ano de 2015, uma significativa prevalência de casos suspeitos de microcefalia associada à infecção por Zika vírus e outras etiologias infecciosas. Com isso, é notório o processo de adaptação dos serviços de saúde e de vigilância epidemiológica para com tal perfil de morbimortalidade, pois o quantitativo de casos em investigação é expressivo. Em suma, a vigilância epidemiológica à microcefalia no estado requer efetivo monitoramento dos casos suspeitos notificados para que se possa subsidiar uma eficaz abordagem preventiva nos três níveis de atenção.

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T23. Perspectivas da timpanoplastia uni e bilateral nas cinco regiões brasileiras

Maykon Wanderley Leite Alves da Silva; Nycolas Emanuel Tavares de Lira; Priscila Mayane Crispim Terto; José Victor de Mendonça Silva; Thaise de Gomes Figueiredo; Sheila Clarice de Melo Murici; Júlia Medeiros dos Santos Rodrigues; Mayara Leite Alves da Silva; Quitéria Maria Wanderley Rocha Área Temática: Interdisciplinaridade RESUMO As timpanoplastias são cirurgias que têm por objetivo a reconstrução da membrana timpânica, a recuperação funcional do ouvido médio e o restabelecimento da audição, além do tratamento das sequelas de Otite Média Crônica Simples. Objetiva-se caracterizar as perspectivas da timpanoplastia uni e bilateral nas cinco regiões do Brasil nos últimos cinco anos. O presente estudo trata-se de um estudo epidemiológico, descritivo e transversal envolvendo a cobertura do tratamento cirúrgico da Estenosa do Conduto Auditivo no Brasil, no período de 2012 a 2016. Enquadraram-se para análise os dados da população das cinco regiões brasileiras, presentes no Sistema de Informações Hospitalares, do Ministério da Saúde. No período de 2012 a 2016 foi registrado um valor total de R$ 14.228.745,24 com gastos em timpanoplastias uni/bilaterais, atingindo uma média de R$ 2.874.949,048 por ano no Brasil, com uma maior prevalência no ano de 2015 (R$ 3.080.778,15), sendo o número de Autorizações de Internações Hospitalares (AIH) de 20.696. A partir dos resultados obtidos, percebeu-se uma desigualdade entre as cinco regiões brasileiras quanto ao número de procedimentos cirúrgicos realizados e valor gasto em cada cirurgia. A região Sudeste apresenta os melhores resultados em relação a esses aspectos, por possuir o maior número de profissionais médicos qualificados e hospitais. Palavras-chave: Epidemiologia. Timpanoplastia. Cirurgia. INTRODUÇÃO

As timpanoplastias são cirurgias que têm por objetivo a reconstrução da membrana timpânica, a

recuperação funcional do ouvido médio e o restabelecimento da audição, além do tratamento das sequelas de Otite Média Crônica Simples[1]. Esse é fundamentalmente um procedimento de transferência de tecido, utilizando-se, assim, diferentes materiais de enxerto para fechar as perfurações da membrana timpânica, tais como: cartilagem, pericôndrio, periósteo, fáscia do músculo temporal, dura-máter, tecido venoso, gordura e pele[2].

Sabe-se que diferentes fatores podem influenciar nos resultados cirúrgicos da timpanoplastia, tais como idade, hábitos tabágicos, tamanho e localização da perfuração da membrana, doença otológica contralateral, estado da mucosa do ouvido médio, presença de placas de timpanoesclerose e tipo de enxerto utilizado[3]. As vias de acesso mais utilizadas para esse procedimento cirúrgico são a endoaural ou transmeática, a retroauricular e as suprameatais. Já em relação às técnicas para colocação de enxerto, as mais empregadas são “underlay” (medial) e “overlay” (lateral)[4]. Devido à importância desse procedimento, faz-se necessário um estudo sobre as perspectivas da timpanoplastia, a fim de produzir um panorama analítico desse procedimento nas diferentes regiões do Brasil.

O presente trabalho tem como objetivo caracterizar as perspectivas da timpanoplastia uni e bilateral nas cinco regiões do Brasil nos últimos cinco anos. MATERIAIS E MÉTODOS

Este é um estudo epidemiológico, descritivo e transversal envolvendo a cobertura do tratamento cirúrgico

da Estenosa do Conduto Auditivo no Brasil, no período de 2012 a 2016. Enquadraram-se para análise os dados da população das cinco regiões brasileiras, presentes no Sistema de Informações Hospitalares (SIH/DATASUS), do Ministério da Saúde. Foram variáveis de análise: Autorização de Internação Hospitalar (AIH) aprovada, média de permanência hospitalar e valor total de gastos. Os dados colhidos foram registrados em um banco de dados no programa Microsoft Office Excel 2016; a digitação foi feita duplamente para posterior correção das inconsistências, e a interpretação dos valores encontrados foi realizada por meio de uma análise descritiva simples. Por utilizar dados secundários de domínio público, dispensa-se autorização do Comitê de Ética em Pesquisa.

O embasamento teórico para esse trabalho consistiu na construção de um referencial teórico a partir de artigos indexados na plataforma de dados biblioteca eletrônica Scientific Electronic Library Online (SciELO) e sites. A revisão da literatura especializada foi realizada no período de agosto e outubro de 2017. Os critérios de inclusão para os estudos encontrados foram: conter abordagens a respeito da timpanoplastia uni e bilateral e suas apresentações cirúrgicas no cenário epidemiológico brasileiro nas cinco regiões do Brasil nos últimos cinco anos. Os critérios de exclusão para os estudos foram o não enquadramento com a temática esperada, além das publicações feitas antes de 2005. Os seguintes descritores em Ciências da Saúde (DeCS) foram utilizados: “epidemiologia”, “timpanoplastia” e “ouvido”. Após as buscas, foram selecionados 5 artigos em língua portuguesa, os quais foram analisados para composição das teorizações necessárias para abordagem do tema em foco.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

No período de 2012 a 2016 foram registrados um valor total de R$ 14.228.745,24 com gastos em

timpanoplastias uni/bilaterais, atingindo uma média de R$ 2.874.949,048 por ano no Brasil, com uma maior prevalência no ano de 2015 (R$ 3.080.778,15), sendo o número de Autorizações de Internações Hospitalares (AIH) de 20.696.

É relevante ressaltar que até 2015 ocorreu um aumento dos valores gastos na realização das cirurgias timpanoplastias uni/bilaterais. Já o ano de 2016 registrou o menor número de despesas cirúrgicas, com valores inferiores à média anual contabilizando um total de R$ 2.384.796,2.

A região de maiores gastos e de maiores quantidades de AIH foi a Sudeste, com uma média de R$ 1.557.775,346 por ano e de R$ 2. 215,4, respectivamente. Isso se deve ao fato dessa região ser a mais populosa e concentrar também o maior número de médicos e hospitais, evidenciando, assim, as desigualdades quanto à assistência da medicina nos procedimentos de otorrinolaringologia, como as timpanoplastias uni e bilaterais, nas cinco regiões do país[5]. A região que menos teve AIH foi a Norte, com média de 117,4 AIH por ano, seguida da Centro Oeste, com 243 AIH.

Em todos os anos analisados, o período médio de permanência no país esteve abaixo de três dias, e a região Sul apresentou o menor tempo de permanência nesses anos que foi de aproximadamente um dia. Em tese, quanto maior a média de permanência, maior o consumo de recursos e menor a produtividade. Além disso, períodos elevados podem estar associados ao risco de contrair uma infecção hospitalar, más práticas clínicas e gestão ineficiente dos leitos[6].

CONCLUSÃO

Diante deste estudo, foi possível concluir que o aprimoramento das técnicas cirúrgicas e dos materiais utilizados propiciou melhor prognóstico para os pacientes e crescimento do número de timpanoplastias realizadas no país. Com isso, a timpanoplastia vem ganhando uma importância cada vez maior no tratamento de lesões auditivas.

A partir dos resultados obtidos, percebeu-se que há uma desigualdade entre as cinco regiões brasileiras, quanto ao número de procedimentos cirúrgicos realizados e ao valor gasto em cada cirurgia. A região Sudeste é a que apresenta os melhores resultados quanto a esses aspectos, por possuir o maior número de profissionais médicos qualificados e hospitais. Já a região Norte é a que possui o menor número de cirurgias realizadas, apontando para a carência de assistência médica na área da otorrinolaringologia nessa localidade. Além disso, foi estudado o tempo de permanência hospitalar dos pacientes submetidos a timpanoplastia.

Portanto, esta pesquisa permite avaliar a abrangência e a qualidade dos serviços prestados aos pacientes indicados à timpanoplastia, bem como vislumbrar perspectivas para a realização desse procedimento no Brasil. REFERÊNCIAS

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3. Trabalhos não concorrentes à prêmio

T24. Aplicabilidade do “cif digital” como ferramenta para o acompanhamento das crianças com síndrome congênita do zika vírus em um centro especializado

Clarissa Cotrim dos Anjos; Raiany Azevedo dos Santos Gomes; Jardel Barroso Dias Batista; Rayane da Costa Silva; Raysa da Costa Silva; Shirley da Silva Santos; Elaine Carla da Silva Área Temática: Microcefalia RESUMO Introdução: A Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) é uma classificação importante, pois retrata a funcionalidade e incapacidade do indivíduo e pode ter o seu uso como ferramenta estatística. A partir da experiência realizada em uma criança com Síndrome Congênita do Zika Vírus (SCZV) com o uso da CIF, esse instrumento passou a ser utilizado no setor de Fisioterapia de um centro especializado de Alagoas. O “CIF Digital” é o prontuário eletrônico recomendado pelo Grupo CIF Brasil. Objetivos: Verificar a aplicabilidade do “CIF Digital” como ferramenta para o acompanhamento das crianças com SCZV. Materiais e Métodos: A utilização desse prontuário eletrônico foi dividida em duas partes: análise da aplicabilidade e o seu uso para o acompanhamento. Este artigo refere-se apenas à aplicabilidade do prontuário eletrônico para a prática clínica. Para tanto, se verificou a praticidade, as ferramentas disponíveis e os benefícios da utilização do “CIF Digital’ para a prática clínica no acompanhamento das crianças com SCZV, bem como críticas ao mesmo. Esta pesquisa teve início após a aprovação do CEP, sob protocolo de n° 2.212.038. As crianças com SCZV atendidas no centro especializado, são acompanhadas pela equipe multiprofissional do serviço e, no setor de fisioterapia, a utilização da CIF é uma rotina para as mesmas. Desta forma, os dados obtidos por meio das fichas de avaliação das crianças e os oriundos da CIF foram inseridas pelos pesquisadores no “CIF Digital”. Resultados e Discussão: O “CIF Digital” está sendo utilizado desde agosto de 2017 e verificou-se que é possível dividir a classificação por domínios (b, s, d, e), selecionando as suas categorias com maior facilidade e agilidade, promovendo maior rapidez na codificação das informações da criança sobre a sua funcionalidade, como também um melhor direcionamento clínico do tratamento. O registro das informações sobre funcionalidade das crianças foi feito de forma rápida e precisa, minimizando a grande dificuldade do uso da CIF, pelo fato da mesma ser extensa e de difícil uso; e observou-se uma grande praticidade para a escolha das categorias que se pretende classificar a criança e, consequentemente, compreender a condição de saúde da mesma. Entretanto, verificou-se que o prontuário em questão ainda precisa de ajustes em relação a: gerar uma planilha em excel de modo a listar todos os pacientes e resultados da funcionalidade encontrados; melhorar a praticidade de salvamento das categorias; necessidade de atualização da nomenclatura com a versão atualizada da CIF; gerar a opção de PDF para salvar a ficha cadastrada; e aumentar o número de categorias a serem classificadas por paciente. Conclusão: Apesar do “CIF Digital” apresentar falhas e dificuldades quanto ao seu uso, destaca-se que o mesmo pode vir a ser uma ferramenta extremamente útil para um melhor direcionamento do tratamento de crianças, como as com SCZV, de acordo com a sua funcionalidade. Isso porque permitirá futuramente que os profissionais de todas as áreas possam ter acesso de forma rápida e precisa aos dados sobre a funcionalidade do indivíduo. Portanto, esse prontuário parece ser bastante promissor para utilizar-se na prática clínica para os profissionais da reabilitação.

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T25. A exposição ao ruído em bombeiros: uma revisão integrativa Beth Graziele Claudino Costa Duarte; Kelly Cristina Lira de Andrade; Ranilde Cristiane Cavalcante Costa Área Temática: Ruído e Meio Ambiente RESUMO Introdução: O ruído afeta muitas pessoas no mundo inteiro e sua exposição, seja de forma contínua ou intermitente, pode gerar consequências diversas. A principal delas, a perda auditiva induzida por níveis de pressão sonora elevados, é considerada a enfermidade profissional irreversível de maior ocorrência em todo o mundo. A perda auditiva induzida por níveis de pressão sonora elevados é normalmente associada a ambientes de trabalho que expõem o indivíduo a níveis excessivos contínuos de ruído. No entanto, algumas pesquisas mostram os riscos da perda induzida por exposição a altos níveis de ruído intermitentes, como os vivenciados por bombeiros em respostas às emergências, sendo as principais fontes: veículos, sirenes e ruído da “bomba10”. No Brasil, a Norma Regulamentadora NR-15, do Ministério do Trabalho, considera 85dBA o nível máximo de exposição ao ruído contínuo ou intermitente, em um intervalo de tempo de 8h diárias; e o limite de 130 dB para o ruído de impacto. Objetivos: Verificar, por meio de uma revisão integrativa, as consequências da exposição ao ruído em bombeiros. Materiais e Métodos: Levantamento bibliográfico nas plataformas Pubmed e nas bases de dados Medline, LILACS e SciELo, com buscas padronizadas até setembro de 2017, utilizando-se as seguintes palavras-chave: bombeiros e ruído. A estratégia de busca foi direcionada mediante uma questão específica: “Quais as consequências da exposição ao ruído em bombeiros?”. Visando identificar os artigos pertinentes com a questão proposta, foi utilizada uma única estratégia de busca, que empregou os descritores da seguinte forma: firefighter AND noise. Resultados e Discussão: Dos 45 artigos encontrados, 15 foram excluídos pelo título, 12 pela leitura do resumo, dois pela leitura do artigo, três foram excluídos por serem artigos repetidos e 13 foram selecionados para o estudo. Conclusão: Os efeitos causados pela exposição ao ruído em bombeiros são variados e incluem efeitos auditivos e não auditivos. Entre os efeitos auditivos, destacam-se a perda auditiva, o zumbido e a dificuldade de localização sonora. Para os efeitos não auditivos, os bombeiros apresentam incômodo, intolerância, irritabilidade e dor de cabeça. É necessária a realização de estudos que controlem os fatores de risco que afetem os bombeiros, que correlacione os anos de trabalho, a idade, a função que exerce, turnos de trabalho, a média dos níveis de exposição, e estabeleça uma relação de causa e efeito entre o ruído ocupacional e essas consequências.

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T26. A extrema magnitude da análise do perímetro cefálico na avaliação de microcefalia

Felipe Manoel De Oliveira Santos; Dennis Cavalcanti Ribeiro Filho; Fernanda Ribeiro Araújo; Maria Helena Rosa da Silva Área Temática: Microcefalia RESUMO Introdução: Antropometria é um processo ou técnica de mensuração do corpo humano ou de suas várias partes do mesmo. Assim, é considerada um método simples, universal, não invasivo e de baixo custo, usado para avaliação do tamanho, proporções e composição do corpo humano. Nesta perspectiva, o perímetro cefálico é uma forma de mensuração do crescimento pós-natal. No ano de 2015, ocorreu uma epidemia do Zika vírus no Brasil, na qual sua maior comorbidade foi à microcefalia, trazendo um grande desafio para a saúde, com acometimentos constitucionais e neurológicos graves. Assim, o perímetro cefálico foi de extrema importância para caracterizar se o recém-nascido (RN) possuía uma má formação congênita do encéfalo. Objetivos: Elucidar a real importância da análise do perímetro cefálico em RN diante de outras medidas antropométricas, para diagnosticar a microcefalia em bebês acometidos por arvobirose. Materiais e Métodos: Trata-se de um trabalho com intuito de revisar algumas observações relatadas na literatura, referentes à circunferência craniana e sua relação com o crescimento cerebral, mediante pesquisa em base de dados SciELO, PubMed, Medline, Lillacs, coletada de 13 artigos e livros correspondentes do ano de 2010 a 2017. Desse modo, para mensurar o perímetro cefálico com uma fita métrica que não estique, deve-se tomar como referência a glabela como limite anterior e o polo occipital como o posterior, havendo o devido cuidado de não incluir nessa medida parte do pavilhão auricular. A fita métrica deverá ser mantida justa a superfície cutânea, sem pressão excessiva. Resultados e Discussão: Várias literaturas como artigos e livros analisados ressaltam a importância e a veracidade da medição da circunferência craniana, mostrando que só com essa medição já podemos classificar como microcefalia. Por conseguinte, novos parâmetros foram adotados pelo Ministério da Saúde para medir o perímetro cefálico e identificar bebês com microcefalia, sendo menino igual ou inferior a 31,9 cm, e menina igual ou inferior a 31,5 cm. Conclusão: Com uma simples fita de mensuração é possível avaliar a presença de má formação craniana. Ou seja, um modo antigo e simples com uma utilidade imensa continua fazendo diagnósticos e facilitando a caracterização de microcefalia, que é uma comorbidade recente, de grande atenção à saúde pública. Contudo, merece mais do que nunca uma atenção maior ao ser executada, obedecendo às novas adequações que estão sendo realizadas diante dos novos achados científicos, levando em consideração o aprendizado contínuo com descobertas sobre a microcefalia e sua relação com o Zika vírus. Destarte, é fundamental compreender todos os aspectos relacionados à Síndrome da Zika Congênita para oferecer aos pacientes e familiares um acompanhamento mais adequado.

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T27. A formação interprofissional e sua influência no cuidado à criança com microcefalia

Stepanie Jardim Inácio; Maria Luiza Rodrigues Torres; Bianca de Abreu Neto; Kássia Luzia Rodrigues Lima; Marianny Nelly Fontino de Amorim; Mara Cristina Ribeiro Área Temática: Interdisciplinaridade RESUMO Introdução: A microcefalia é um tipo de malformação congênita, o termo designa uma condição das crianças que nascem com a cabeça menor que o esperado para o período gestacional. Por conta das necessidades de ganhos globais, esse público deve ser assistido do período gestacional ao longo da vida. Para tanto, faz-se necessário que sejam inseridas no Programa de Estimulação Precoce até os três anos de idade e tenham o cuidado garantido por todas as fases da vida. Visando garantir a integralidade do cuidado, há a necessidade de acompanhamento com uma equipe interprofissional composta por médicos, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, psicólogos entre outros. Objetivos: Com a formação do terapeuta ocupacional em vista, numa universidade pública do Nordeste, que oferta vários cursos superiores na área da saúde com os quais a Terapia Ocupacional se relaciona no campo profissional, este estudo teve como objetivo relacionar como a formação interprofissional influencia no cuidado à criança com microcefalia através da visão do estudante de Terapia Ocupacional, e como esse se relaciona com os demais discentes da saúde. Para tanto, considera-se as necessidades advindas deste público, visando construir reflexão crítica, formular propostas, sugerir e redimensionar estratégias já utilizadas, para a melhor formação profissional e o cuidado na perspectiva da integralidade. Materiais e Métodos: Trata-se de uma pesquisa qualitativa com uso de entrevistas, analisadas pela técnica de Análise de Conteúdo. Foram entrevistados estudantes de uma Universidade pública do Nordeste brasileiro, do curso de Terapia Ocupacional, que concluíram a formação em 2016 e não foram contemplados com as novas matrizes curriculares com eixos integradores entre os cursos. Resultados e Discussão: O estudo evidencia a dificuldade dos discentes em discorrer sobre os conceitos de formação interprofissional e trabalho em equipe; também aponta que o acesso às práticas interprofissionais é pequeno, principalmente nas atividades curriculares, demonstrando, portanto, que para ter experiências desse tipo na formação é necessário o envolvimento em atividades extracurriculares. Logo, o aluno apresenta poucas relações interprofissionais ao decorrer do curso, prejudicando, assim, o atendimento nessa perspectiva. Conclusão: Conclui-se que a Universidade deve estimular a formação interprofissional através da qualificação dos docentes, integração das grades curriculares dos diversos cursos e incentivo às metodologias de ensino que intensifiquem as práticas interprofissionais. Desse modo, os estudantes conseguirão adentrar no mercado de trabalho com as competências necessárias para atender as diversas demandas trazidas por esse público, unindo os saberes e sem fragmentar os sujeitos, de forma a garantir a integralidade no cuidado. A pesquisa foi aprovada no Comitê de Ética e Pesquisa sob o CAAE: 56733416.5.0000.5011

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T28. A importância da atuação da equipe multidisciplinar no cuidado a criança com microcefalia

Dennis Cavalcanti Ribeiro Filho; Felipe Manoel de Oliveira Santos; Fernanda Ribeiro Araújo; Maria Helena Rosa da Silva Área Temática: Microcefalia RESUMO Introdução: A microcefalia é caracterizada por uma má formação congênita, em que o encéfalo não se desenvolve corretamente, limitando a progressão cognitiva e motora da criança. A pluralidade de causas associadas a essa patologia e a relação recente dela ao Zika vírus (ZIKV) tornou-a um verdadeiro desafio na prevenção, tratamento e diagnóstico. Diante disso, é de imensa necessidade a atuação da equipe multidisciplinar no acompanhamento de crianças acometidas com microcefalia e todas as gestantes com riscos para essa enfermidade. Objetivos: Esclarecer e informar a importância das diversas áreas da saúde no tratamento da microcefalia. Materiais e Métodos: Esta pesquisa se caracteriza como revisão bibliográfica. O presente trabalho foi construído por consultas em diversas plataformas como Pubmed, SciELO, Lillacs, Medline, Sciencedirect e Portal da Capes. As informações foram coletadas de 20 artigos científicos, correspondentes aos anos de 2015 a 2017, no período de setembro a outubro do ano de 2017. Resultados e Discussão: Apesar de ser alvo de muitas pesquisas, esse tema é relativamente novo e possui divergências entre os efeitos dela no desenvolvimento cognitivo da criança. Entretanto, é evidenciado a relevância da atuação pluriprofissional no cuidado a esse paciente, tornando seu prognóstico melhor. Além disso, foi visto a pertinência de uma abordagem psicodinâmica não só da criança, mas de toda a família. Conclusão: Em suma, é necessária uma melhor compreensão dos efeitos da microcefalia na progressão cognitiva da criança, para uma abordagem mais eficiente da equipe de saúde. No entanto, já ficou clara a relação da equipe multiprofissional na diminuição da morbimortalidade e na melhoria qualidade de vida. Nesse sentido, foi evidenciado que a assistência a essa geração de pacientes deverá ser realizada por uma equipe composta por neuropediatras, ortopedistas, otorrinolaringologistas, oftalmologistas, psiquiatras, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, nutricionistas e psicólogos. Assim, é essencial o investimento governamental na reinserção e reabilitação social dessas crianças junto a esse grupo de profissionais.

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T29. A importância da estimulação precoce na criança diagnosticada com a síndrome congênita zika vírus – microcefalia

Carla Caroline de Araujo; Danyele Rodrigues de Lira; Vanina Pereira Nazário Área Temática: Microcefalia RESUMO Introdução: A microcefalia é uma malformação congênita, em que o cérebro não se desenvolve adequadamente e o perímetro cefálico apresenta medida menor que dois desvios-padrão abaixo da média específica para o sexo e idade gestacional. As causas mais comuns de microcefalia são genéticas e exposições a fatores de risco, como por exemplo: infecções por sífilis, toxoplasmose, rubéola, entre outros. Mais recentemente, foi comprovada a implicação da infecção pelo vírus Zika na causalidade da microcefalia. Não existe cura para a microcefalia, porém para que a criança acometida obtenha uma melhor qualidade de vida, é necessário que a mesma seja estimulada precocemente. A estimulação precoce pode ser definida como um programa de acompanhamento e intervenção clínico-terapêutica multiprofissional com bebês de alto risco e com crianças pequenas acometidas por patologias orgânicas, tendo o objetivo de evitar ou minimizar os distúrbios do desenvolvimento neuropsicomotor. Objetivos: Justificar a importância da estimulação precoce para o desenvolvimento neuropsicomotor das crianças diagnosticadas com a Síndrome Congênita do Zika vírus. Materiais e Métodos: Este estudo trata-se de uma revisão de literatura sobre a importância da estimulação precoce em crianças diagnosticadas com a Síndrome Congênita do Zika vírus. As fontes utilizadas para esta pesquisa foram as seguintes bases eletrônicas: Scielo, Google Acadêmico, Ministério da Saúde do Brasil e Conselho Federal Fisioterapia e Terapia Ocupacional (CREFITO). Os critérios de determinação foram artigos científicos ou qualquer material teórico que citassem estimulação precoce, desenvolvimento neuropsicomotor e microcefalia. Resultados e Discussão: Devido ao distúrbio de desenvolvimento ocasionado por lesão ou má formação do sistema nervoso central, a criança com microcefalia apresenta, geralmente, distúrbio sensório-perceptivo-motor. Portanto, a estimulação precoce de bebês nascidos com microcefalia promove a harmonia do desenvolvimento nas áreas: motora, sensorial, perceptiva, proprioceptiva, linguística, cognitiva, emocional e social, dependentes ou não da maturação do Sistema Nervoso Central. O programa de estimulação do desenvolvimento da criança deve ter seu início desde a concepção até os três anos de idade. Esta é a fase em que o cérebro se desenvolve mais rapidamente, constituindo uma janela de oportunidades para o estabelecimento das funções. Estudos têm indicado que os programas terapêuticos iniciados antes do 9º mês de vida apresentam maiores ganhos nas habilidades motoras e cognitivas, comparadas aos programas iniciados tardiamente. Nesta fase, há uma elevada plasticidade neural, no qual os processos de crescimento e formação de sinapses estão ativos, período essencial para a recuperação funcional mais próxima do normal, sugerindo que quanto antes iniciada a intervenção precoce, melhor o prognóstico. Conclusão: Para crianças com microcefalia, a estimulação precoce deve ser iniciada logo após o nascimento, período de maior desenvolvimento neuropsicomotor, no qual a plasticidade neural se faz presente com maior intensidade. Esta prática tem como objetivo promover as habilidades funcionais globais. Sendo assim, faz-se necessária uma avaliação criteriosa individualizada por parte da equipe multidisciplinar para identificar as possíveis alterações e/ou atraso no desenvolvimento da criança em questão.

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T30. A importância da terapia ocupacional na estimulação precoce de crianças com microcefalia: revisão sistemática

Jéssica Nascimento da Silva; Silane Bianca da Silva Verçosa Área Temática: Microcefalia RESUMO Introdução: A microcefalia é uma malformação congênita quando o cérebro não se desenvolve de maneira adequada. É caracterizada por um perímetro cefálico inferior a 33 centímetros. Dependendo de sua etiologia, pode ser associada a malformações estruturais do cérebro ou ser secundária a causas diversas, como por exemplo, dificuldades cognitivas, motoras e de aprendizado. A criança com microcefalia pode apresentar um atraso no desenvolvimento neuropsicomotor como, por exemplo, dificuldades para firmar a cabeça (controle cervical). A estimulação precoce deve se iniciar logo após o diagnóstico, e, com a criança clinicamente estável, o Terapeuta Ocupacional, em sua formação básica, deve possuir conhecimento para realizar o tratamento inicial de crianças com microcefalia, a fim de diminuir as chances de atrasos no desenvolvimento neuropsicomotor. Objetivos: Verificar, por meio de uma revisão sistemática, a importância da terapia ocupacional na estimulação precoce de crianças com microcefalia. Materiais e Métodos: Realizado levantamento bibliográfico nas plataformas Pubmed e Bireme e nas bases de dados Medline, LILACS e SciELO. As buscas foram padronizadas até outubro de 2017 e foram utilizadas as seguintes palavras-chave: Desenvolvimento infantil/ child development, Microcefalia/microcephaly, Zika vírus/Zika Vírus. Para a seleção dos artigos, foram estabelecidos os seguintes critérios de inclusão: artigos que referiam microcefalia e desenvolvimento infantil como palavras-chave e artigos cujos sujeitos das pesquisas eram crianças. Como critério de exclusão, artigos que não referiam a estimulação precoce como método de avaliação e aqueles que tinham como sujeitos de pesquisa adultos e idosos. Resultados e Discussão: Após a análise nas duas plataformas, foram encontrados 28 artigos a partir dos critérios de elegibilidade. Desses, 19 foram excluídos pelo título, 3 pela leitura dos resumos, 3 foram repetidos e 3 foram selecionados para o estudo. Conclusão: Dos três artigos selecionados, 1 conclui que apesar dos atrasos no desenvolvimento da criança com microcefalia serem bem descritos, existem crianças mais gravemente afetadas, sugerindo, assim, pesquisas rigorosas sobre a complexidade do gerenciamento e as abordagens para avaliar, tratar e cuidar dessas crianças. Os outros 2 concluíram que a realização da estimulação precoce deve ser trabalhada, a fim de promover um melhor ganho de habilidades para essas crianças, para diminuir as chances de atrasos no desenvolvimento neuropsicomotor. Os atrasos podem acarretar danos na parte cognitiva, visual, auditiva e motora. A presença de um terapeuta ocupacional na equipe multidisciplinar é essencial para possibilitar à criança o ganho de habilidades motoras e interação com o ambiente, autonomia nas atividades da vida diária, prevenindo ainda deformidades e contraturas que podem piorar seu quadro motor e comprometer outros sistemas.

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T31. A incidência de gestantes infectadas pelo zika vírus e o aumento da incidência de nascimento de bebês com microcefalia congênita e perda auditiva: uma revisão

de literatura Mylena dos Santos Cavalcante; Carla Caroline Mendonça de Melo; Gabriella Silvino dos Santos; Maria Erika dos Santos de Araújo; Rayane Medeiros dos Santos; Pollyanna Almeida Costa dos Santos Área Temática: Microcefalia RESUMO Introdução: A microcefalia consiste em uma malformação congênita onde o perímetro cefálico é menor do que o normal, ou seja, abaixo de 33 centímetros. Essa doença pode ser causada por diversos fatores como substâncias químicas e agentes biológicos, dentro deste último encontra-se o Zika Vírus (ZIKV), que é um RNA vírus, do gênero Flavivirus e tem o seu principal vetor o mosquito Aedes aegypti. No Brasil, o vírus se propagou por transmissão autóctone, tendo sua primeira detecção em 2015 e rapidamente se tornou uma epidemia alarmante. Esse surto trouxe com ele a suspeita de que a Zika está relacionada ao aumento da incidência de microcefalia congênita e desde então foram desenvolvidos estudos a fim de comprovar a relação entre a transmissão materna do vírus e microcefalia no feto. A microcefalia, causada pelo ZIKV, traz inúmeras consequências ao indivíduo, incluindo as alterações auditivas que podem causar a perda significativa da audição, acarretando prejuízo nas relações sociais e na oralidade. Alguns estudos realizaram avaliações auditivas por tronco encefálico e uma audiometria comportamental, sendo detectado nos pacientes com microcefalia por Zika perda auditiva neurossensorial. Objetivos: O presente estudo teve como objetivo realizar uma revisão da literatura que demonstre a incidência de gestantes infectadas pelo ZIKV e o aumento da incidência de nascimento de bebês com microcefalia congênita e perda auditiva. Materiais e Métodos: Foram realizadas pesquisas bibliográficas nas bases eletrônicas Pubmed, Science Direct e Scielo, utilizando os seguintes descritores: Zika Vírus, Microcephaly and Zika, Microcephaly and Hearing. O resultado dessa pesquisa trouxe 16 artigos. Diante dos critérios estabelecidos, foram selecionados quatro artigos. Foram excluídos artigos que não se encontravam entre os anos de 2015 a 2017, a fim de se comtemplar o período de surto no Brasil. Os critérios de inclusão contemplaram os artigos que tratassem de microcefalia, ZIKV e audição. Diante dos critérios estabelecidos, a revisão foi realizada com quatro artigos. Resultados e Discussão: Todos os artigos estudados corroboraram que a exposição fetal ao ZIKV aumenta a incidência de perda auditiva nestas crianças. Considerando a microcefalia um indicador de risco para perda auditiva, os autores pesquisados preconizam o Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico (PEATE) como principal avaliação para crianças com essa má formação, levando em conta o maior índice de perdas auditivas neurossensoriais. Dos artigos estudados, fez-se análise em uma das crianças que desenvolveu microcefalia por causa da exposição ao vírus e foi demonstrado que a triagem auditiva por PEATE apresentou resultado de perda auditiva neurossensorial profunda bilateral, com indicação ao implante coclear. Conclusão: Atualmente, compreende-se que são múltiplos os danos no sistema nervoso central nos indivíduos infectados pelo Zika, sendo mais prejudicial quando a infecção acontece no sistema nervoso central do embrião e do feto, visto que pode provocar microcefalia e outros danos associados a essa má formação, uma vez que essa infecção pré-natal compromete o desenvolvimento normal da criança. Vê-se a necessidade de estudos que contribuam para políticas públicas em saúde para construir o conhecimento no combate as epidemias do ZIKV e prevenir as comorbidades associada a síndrome da microcefalia por Zika.

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T32. A influência da modulação imunológica pelo zika vírus e o perfil epidemiológico em recém-nascidos com microcefalia no estado de Alagoas

Gabryella Alencar Wanderley; Cristiane Monteiro da Cruz, Analivia Barros Costa de Oliveira; Andrezza Barbosa Leão; Mickaella Ribeiro da Cunha; Hanna Barbara de Araujo Quintino, Mariana Tenório de Holanda; Giovanna Leite Araújo; Maria Clara Santos de Oliveira; Marcos Reis Gonçalves Área Temática: Microcefalia RESUMO Introdução: O desenvolvimento da microcefalia tem sido associado à infecção com o vírus Zika (ZIKV), caracterizando um perímetro cefálico menor ou igual a 31,5 cm em meninas e menor ou igual que 31,9 cm em meninos, ambos a partir da trigésima sétima semana de gestação. O Zika vírus ao infectar uma gestante, principalmente no final do primeiro trimestre, pode levar a morte fetal, insuficiência placentária, restrição do crescimento fetal e lesões no sistema nervoso central. A microcefalia fetal pode decorrer da perda de neurônios por meio de um mecanismo apoptótico causado pelo neurotropismo do vírus. Dessa forma, as respostas imunes virais são iniciadas por meio da resposta imune inata a partir da ação de interferons tipo I, macrófagos e células NK, ativando a resposta imune adaptativa que agem através das células TCD8 e TCD4, levando a mecanismos apoptóticos. Objetivos: Relacionar a modulação imunológica do ZIKV como indutor da microcefalia em recém-nascidos e apresentar dados estatísticos da patologia no estado de Alagoas no período de 2015 a 2016. Materiais e Métodos: Foi realizada uma revisão de literatura, utilizando-se as bases de dados digitais do Scielo, Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) e Google Acadêmico. Assim, foram excluídos os artigos que após a leitura do resumo não apresentaram a temática pertinente ao objetivo do estudo. Os critérios de inclusão escolhidos foram: resumo disponível nas bases de dados; idioma de publicação em português e inglês, período de publicação compreendido entre os anos de 2012 a 2017. A busca nas bases de dados ocorreu no mês de outubro de 2017. Após a leitura dos resumos, restaram 5 artigos que foram utilizados nesta revisão de literatura. Resultados e Discussão: Estudos apontam que o ZIKV é capaz de desviar-se da resposta imune inata de interferons tipo I, evitando a ativação da resposta imune adaptativa por células TCD4 e TCD8. Conclusão: Os altos números da microcefalia na atualidade fizeram com que os eixos de pesquisas fossem enaltecidos e os seus mecanismos imunomoduladores estudados. Embora a vertente ZIKV na gravidez e microcefalia ainda não tenha patogênese definida, sabemos que o vírus apresenta tropismo pelo sistema nervoso e traz impactos consideráveis à vida social, psicológica e financeira, tanto das crianças portadoras da patologia quanto dos pais. O mecanismo imunomodulador sugere a ativação da resposta imune inata inicial e adaptativa, sendo a resposta adaptativa das células TCD4 e TCD8 a mais relacionada com a ativação do processo de apoptose.

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T33. A rede social pessoal de mães de crianças acometidos pela síndrome congênita do zika vírus

Vanessa Cavalcante Pequeno; Pedro Augusto Lima Monteiro; Mariany Bezerra Neves; Ana Clara Cabral; Sibelle Maria Martins de Barros Área Temática: Microcefalia RESUMO Introdução: O grande número de casos notificados de crianças com microcefalia, principalmente em 2015, desafiou pesquisadores e profissionais de saúde, no intuito de compreender tal fenômeno e criar uma rede de atenção para prestar assistências às famílias. Na Paraíba, 127 crianças e seus respectivos familiares são atendidos na rede municipal de saúde de Campina Grande. Objetivos: Diante disso, este trabalho teve como objetivo mapear a Rede Social de cuidadores de crianças acometidas pela Síndrome Congênita do Zika Vírus (ZIKV), no intuito de compreender melhor os diferentes tipos e fontes de apoio disponibilizados aos mesmos. Materiais e Métodos: Participaram do estudo 11 mães que são assistenciadas pelo projeto de extensão “Intervenção psicossocial no cenário de Zika Vírus: fortalecendo a rede de apoio de cuidadores”, vinculado à Universidade Estadual da Paraíba. Como instrumentos, foram utilizados o questionário sociodemográfico e o mapa de redes proposto por Sluzki (1997), que tem o objetivo de caracterizar a rede social e familiar das participantes, tornando perceptível a composição e disposição das relações entre membros e o modo de participação destes no enfrentamento da criança com ZIKV. As participantes possuem uma idade média de 24 anos; oito delas com renda familiar de um salário mínimo; todas professavam uma religião cristã. Das onze participantes, quatro delas residiam em Campina Grande e as demais em municípios circunvizinhos. Resultados e Discussão: Em relação às redes mapeadas, constatou-se que elas possuíam mais vínculos significativos de apoio na família (53,93%). Entretanto, amigos (22,47%) e a comunidade (20,23%), representada principalmente pelos serviços de saúde, também foram mencionados. A média de vínculos por mãe foi de 8,27, sendo a média de vínculos familiares igual a 4,27; a média de vínculos na comunidade igual a 1,72; a média de vínculos nos amigos igual a 2,09; e a média de vínculos no trabalho igual a 0,27. Em relação à intensidade dos vínculos, 70,79% são caracterizados como fortes e 26,97% são intermediários. No que compete as funções desses vínculos, 26,9% foram classificados como companhia social, 21,3% ofereciam algum tipo de ajuda material e de serviços, 20,5% proviam o apoio emocional, 13,9% eram vistos como guias cognitivos e de conselhos, 10% oportunizaram acesso para novos contatos e 7,5% exerciam uma regulação social. Conclusão: Constata-se, portanto, que a família representa o principal contexto de apoio das mães, seguido dos amigos e serviços de saúde. Embora os dados indiquem que a maioria das mães possuem uma rede de tamanho médio, vínculos fortes e diferentes tipos de apoio, tendo em vista as várias demandas e dificuldades que enfrentam, o apoio disponível pode ser insuficiente. Espera-se que intervenções em outros setores como educação e assistência social possam fortalecer a rede de apoio das mães e demais cuidadores das crianças com a ZIKV, por meio inserção de outros atores sociais.

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T34. A relação da dislexia com a descriminação auditiva e a consciência fonológica Eluanna Elena Santos Galvão; Carla Caroline Mendonça de Melo; Maria Erika dos Santos de Araújo; Mylena dos Santos Cavalcante; Walkiria Cosmo da Silva; Maria Cecilia dos Santos Marques Área Temática: Diagnóstico Audiológico RESUMO Introdução: A dislexia é um distúrbio relacionado à dificuldade da criança em ler e escrever, o que normalmente resulta de um deficit no componente fonológico da linguagem. Já a discriminação auditiva representa um aspecto fundamental para a produção correta dos sons da fala, visto que as crianças devem aprender a discriminar sons específicos para que sua fala seja adequada ao padrão-alvo adulto, e para que isso ocorra é necessário que haja condições orgânicas para que os fonemas sejam discriminados. Essa habilidade é fundamental para a aquisição fonológica, entretanto, algumas crianças não possuem esse perfil de aquisição, apresentando alterações no decorrer do processo. Essas alterações podem ser referentes à fonologia e à audição de forma conjunta, pois as crianças com problema de consciência fonológica, geralmente possuem dificuldades no processamento de informações auditivas. No entanto, a integridade dos mecanismos fisiológicos auditivos exerce um papel fundamental no processamento acústico, na percepção da fala, no aprendizado e na compreensão da linguagem, sendo, consequentemente, pré-requisito na aquisição da leitura e da escrita. Portanto, as alterações de consciência fonológica e discriminação auditiva podem estar relacionadas com dislexia. Objetivos: Analisar as publicações referentes à descriminação auditiva e à consciência fonológica relacionadas com a dislexia. Materiais e Métodos: Foram realizadas pesquisas bibliográficas nas bases eletrônicas Elsevier (via ScienceDirect), SciELO e Medline (via PUBMED), utilizando-se os descritores Fonológico (Phonological), Discriminação (Discrimination), Auditiva (Hearing), Dislexia (dyslexia) conectados pelo conector booleano "e". Consideraram-se como critérios de seleção: estudos publicados entre 2009 e 2017, em inglês e português, que relacionassem discriminação auditiva e consciência fonológica com dislexia. Resultados e Discussão: Foram encontrados 1.046 estudos, os quais foram analisados segundo ano, título e resumo. 10 atenderam aos critérios de inclusão e foram selecionados para análise. Desses estudos, 6 foram encontrados na SciELO, 2 na Medline e 2 no Elsevier. 5 dos artigos analisados apresentaram resultados semelhantes ao afirmarem que crianças com desvio fonológico apresentam alterações no processamento das habilidades acústicas e discriminação fonológica em comparação a crianças que não apresentam tal desvio. Outros três estudos mostraram que grupos de escolares com queixas de escrita, leitura e fala tendem a ter menor rendimento na localização da fonte sonora e memória sequencial verbal. Dois artigos constataram que escolares com dislexia do desenvolvimento podem apresentar alterações no processamento temporal auditivo, que podem ser detectadas através de testes específicos do processamento auditivo, e assim podem ter prejuízo no processamento fonológico. Além disso, o estudo também demonstrou que para haver uma compreensão eficaz da leitura, é necessário ter como pré-requisitos uma integridade da discriminação e percepção auditiva. Conclusão: Observou-se que a discriminação auditiva é um fator fundamental para que seja possível a produção correta dos sons da fala e desenvolvimento eficaz da aquisição fonológica. Essa integração irá constituir um dos pré-requisitos importantes para que o indivíduo disléxico não tenha um desempenho ainda mais baixo nas habilidades de leitura e escrita. Pesquisas que possam apresentar terapias que envolvam a associação do processo fonológico e auditivo são imprescindíveis para a reabilitação de indivíduos com dislexia.

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T35. A relevância do ensino de libras a fim de promover melhorias no atendimento aos surdos: um relato de experiência

Ariana Vitória dos Santos Teixeira; Juliana Luciani de Melo Nascimento Mafra Área Temática: Interdisciplinaridade RESUMO Introdução: As deficiências no Brasil, segundo o Censo Demográfico de 2010 representam cerca de 45,6 milhões de pessoas, sendo 7,6% acometidas por perda auditiva severa, esta se caracteriza por um distúrbio neurológico sensorial, que compromete, sobretudo, a comunicação oral. Sendo assim, para estabelecer a comunicação, houve a necessidade de desenvolver habilidades que promovessem um outro meio de expressão, a exemplo da Língua Brasileira de Sinais (Libras). Ao depreender que comunicar-se é algo inerente à sociedade, observa-se a dificuldade do atendimento dos profissionais da saúde em relação aos surdos, visto que a Língua de Sinais não faz parte da preparação curricular de alguns profissionais. Dessa forma, quando o profissional está desprovido de técnicas que viabilizem o diálogo com seu paciente, permite que o diagnóstico, independente da enfermidade, gere imprecisão e, por conseguinte, seja inexato. Objetivos: Evidenciar a importância do ensino de Libras, tendo como finalidade promover um melhor atendimento aos surdos. Relato de experiência: Desenvolvido por uma acadêmica de fonoaudiologia, sendo parte da vivência do Curso de Extensão de Libras, juntamente com a docente e discentes da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas, na cidade de Maceió. Na aplicação deste método, utilizaram-se apresentações em slides e práticas na Língua de Sinais. Foi identificado que os graduandos não conseguiam compreender as práticas estabelecidas pela docente surda, tanto que houve certa surpresa após a descoberta. Além disso, promover o ensino da língua de sinais, em um horário extracurricular, possibilitou a inserção de outros cursos, como medicina. O aprendizado direcionou e embasou a dinâmica de possíveis melhorias nos atendimentos, uma vez que a falta de formação em Libras reduz a possibilidade de uma boa assistência à saúde. Conclusão: Portanto, inúmeros profissionais deixam de exercer um atendimento claro e holístico aos surdos por não serem preparados para determinadas situações, sentindo, nesse contexto, dificuldades em interagir com essas pessoas. Caso esta realidade não seja alterada, diagnósticos imprecisos repercutirão à saúde.

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T36. A utilização da shantala como instrumento para inserir a mãe no cuidado com o bebê diagnosticado com microcefalia

Stephanie Jardim Inacio; Maria Luiza Morais Regis Bezerra Ary; Rosana C. de Barros Correia; Maria Luiza Rodrigues Torres; Bianca de Abreu Neto Área Temática: Microcefalia RESUMO Introdução: A microcefalia é caracterizada por uma malformação congênita em que o cérebro não se desenvolve de maneira adequada, resultando em um perímetro cefálico inferior ao esperado, levando em consideração a idade e sexo. A partir do ano de 2015 houve aumento significativo do número de casos de microcefalia. Essa alteração pode gerar comprometimento em diferentes áreas do desenvolvimento do bebê. Com base nas complicações geradas para os bebês, se faz necessário pensar em alternativas para estimulação precoce, objetivando a estimulação de aspectos necessários para o seu desenvolvimento. Levando em consideração toda a dificuldade presente, é importante inserir a família no cuidado ativo, principalmente no que diz respeito ao cuidado realizado pela mãe. Assim, a técnica de Shantala pode ser uma alternativa para inserir a mãe no cuidado ativo do seu bebê, levando em consideração os possíveis benefícios para o bebê e também para a mãe. Objetivos: O objetivo desse relato é mostrar a participação de uma mãe em uma oficina de Shantala. Relato de caso: O presente estudo de caso faz parte de um projeto vinculado ao programa de iniciação a pesquisa-PIP da UNCISAL aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa, com CAAE: 53034116.1.0000.5011. As intervenções aconteceram no centro especializado em reabilitação - CER III, onde será relatado a participação de uma mãe acompanhada por seu bebê, em oficinas práticas de Shantala. As intervenções ocorreram durante quatro semanas, uma vez por semana. Foram realizadas duas entrevistas, uma antes e outra depois das oficinas. Houveram dois encontros para realizar a oficina prática, com duração de 50 minutos, onde a mãe realizou a técnica em seu bebê. A mãe participou da oficina acompanhada pelo pai do bebê, mostrou-se interessada pela técnica, engajando-se de fato na realização. Durante a primeira oficina, o bebê mostrou-se bastante irritadiço e com aumento de tônus durante a realização do método, sendo dadas orientações para que essa mãe continuasse a realizar a Shantala em casa, no mesmo horário, para tentativa de incluir na rotina do bebê e posteriormente avaliar a aceitação do bebê para que no próximo encontro ela pudesse comentar suas dificuldades. No segundo encontro, sete dias depois, a mãe relatou que a maior dificuldade continuava sendo a irritação e a presença do tônus elevado que dificultava o manuseio, em detrimento da necessidade de realizar o método em todo o corpo do bebê. Por outro lado, relatou que o bebê aparentou estar aceitando melhor a Shantala. Durante a entrevista final, a mãe relatou que realizava a Shantala todos os dias no período da manhã, e que, inicialmente, o bebê demonstrava gostar e aceitar melhor o toque, resultando em um maior relaxamento, melhorando a qualidade do sono e maior aproximação entre ambos. Porém, afirmou que nos últimos dias o bebê apresentou intensificação de crises convulsivas, dificultando a realização do método. Independente do fato ocorrido, a mãe relatou o desejo de continuar, em decorrência da visualização real dos benefícios. Conclusão: Por conta da fragilidade ocasionada pela microcefalia, tornam-se necessárias intervenções que busquem a melhora do quadro do bebê, assim como a inserção da mãe no processo de intervenção.

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T37. A vivência de enfermeirandos nos cuidados a um rn com encefalocele em uma UCI neonatal: relato de experiência

Anielly Nogueira de Oliveira Silva; Anne Laura Costa Ferreira; Larissa Oliveira Lessa; José Leandro Ramos de Lima; Keyla Silva Nobre Pires; Elisa Marina do Prado Silva; Célia Alves Rozendo; Flavianne Estrela Maia; Bruna Lima da Silveira; Maria Catarina Barros Tenório Área Temática: Microcefalia RESUMO Introdução: A encefalocele é defeito congênito grave que ocorre devido à herniação do tecido nervoso e das meninges, através de defeito ósseo craniano, e está incluída nas desordens de fusão das estruturas da linha média dorsal do tubo neural primitivo. A sua incidência é de aproximadamente 1 caso para 5000 a 10000 dos nascidos vivos, com maior predominância no sexo feminino, onde aproximadamente 75% dos casos estão localizados na região occipital e podem ser diagnosticados no período pré-natal por ultrassom. O tratamento pode ser profilático, por meio do uso de ácido fólico, ou cirúrgico, para correção. Objetivos: A literatura escassa disponível nas bases de dados foi utilizada como referencial teórico deste estudo como forma de embasamento teórico sobre a encefalocele, suas causas, epidemiologia, prognóstico, tratamento e cuidados. Materiais e Métodos: Estudo descritivo, do tipo relato de experiência, sobre a vivência dos enfermeirandos da Universidade Federal de Alagoas, na assistência de enfermagem a um recém-nascido com Encefalocele, em uma unidade de cuidados intermediários neonatal do Hospital Universitário Professor Alberto Antunes (HUPAA), durante o mês de setembro de 2017. Por se tratar de uma patologia de baixa ocorrência na população e devido às condições que o RN com encefalocele demanda, houve o despertar do interesse pelo caso. Os enfermeirandos sentiram-se desafiados, uma vez que precisaram adaptar as formas de realização de técnicas como passagem de sonda orogástrica, pois a presença da encefalocele, localizada entre a região parietal e occipital, limitava o manuseio com o RN. Foi necessário atentar para mudanças de decúbito para reduzir os riscos de lesões por pressão devido ao peso da encefalocele, que reduzia de forma significativa a movimentação da cabeça do RN. Resultados e Discussão: Durante o período intra-operatório foi possível observar a retirada do excesso de massa encefálica, o que causou preocupação nos enfermeirandos e equipe quanto a forma que o bebê iria reagir no pós-cirúrgico. Neste período, por sua vez, houve boa resposta do RN, que foi extubado e estimulado à alimentação por seio materno, superando as expectativas. A construção de vínculo entre o binômio mãe-bebê era uma preocupação dos enfermeirandos, mas que logo foi superada, pois foi possível constatar, desde o início da internação, que a relação dos pais com o RN ocorria de forma positiva e se fortalecendo no pós-cirúrgico. Conclusão: A experiência da vivência dos cuidados com um recém-nascido com encefalocele foi muito rica, pois permitiu o conhecimento sobre a patologia, bem como os cuidados específicos com a criança nessa condição. Ficou evidente também que existem poucos estudos sobre o tema e em sua maioria o prognóstico é reservado e cauteloso, contudo, o RN acompanhado evoluiu além das expectativas e do que a pobre literatura trás.

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T38. Ação larvicida e pupicida de substâncias extraídas de morinda citrofolia contra o mosquito aedes aegypti

Karulyne Silva Dias; Janinne Santos de Melo; Júlia Maria Pacheco Lins Magalhães; Heloísa Helena Figuerêdo Alves; Luana Luzia Santos Pires; Aldenir Feitosa dos Santos Área Temática: Interdisciplinaridade RESUMO Introdução: A procura por metodologias naturais e menos agressivas de controle dos insetos tem crescido consideravelmente nos últimos anos. Busca-se, visando a sustentabilidade ambiental, extratos vegetais e substâncias naturais que sejam eficazes e ao mesmo tempo isentas de toxicidade para o meio ambiente. O Aedes aegypti é atualmente o mosquito que apresenta maior dispersão em áreas urbanas do planeta. Ele é um dos agentes transmissores da dengue, doença considerada pela Organização Mundial de Saúde como um dos principais problemas de saúde pública no mundo. Atualmente o controle é feito por meio de aplicações de inseticidas organafosforados. Porém, o uso frequente e em doses cada vez maiores desses produtos têm selecionado populações resistentes do mosquito. Diante deste contexto, vários estudos são desenvolvidos e incentivados, a fim de se encontrar novas substâncias inseticidas de origem vegetal. A importância de se usar as plantas inclui o fato de que podem apresentar baixos efeitos colaterais e também representa uma alta acessibilidade na natureza. A Morinda citrifolia, conhecida popularmente como noni, é uma planta da família Rubiaceae, usada por séculos na medicina popular dos povos da Polinésia. O levantamento bibliográfico de Morinda citrifolia relata suas diversas propriedades terapêuticas, distribuídas por toda a planta. Objetivos: O presente trabalho teve como objetivo identificar estudos que comprovem cientificamente ações larvicidas e pupicidas de substâncias extraídas da Morinda citrifolia contra o mosquito Aedes aegypti. Materiais e Métodos: Trata-se de um estudo de caráter exploratório, descritivo, com coleta retrospectiva dos dados, utilizando-se, para isto, da revisão da literatura através da pesquisa bibliográfica de artigos científicos em bases de dados online. Foram estabelecidos critérios de busca, critérios de inclusão e exclusão para a seleção da amostra, para posterior organização e apresentação dos resultados e conclusões. Resultados e Discussão: A Morinda citrifolia apresenta atividade larvicida e efeitos pupiciais, através do extrato bruto metanólico obtido das folhas. Tais efeitos se deram após 24 e 48 horas de exposição ao extrato, mostrando uma mortalidade considerada moderada dos estágios de larvas e pupas do mosquito vetor. O potencial larvicida contra as larvas do Aedes aegypti também é confirmada através dos extratos obtidos das raízes de noni pelo isolamento da substância 1-hidroxi-2metil-antraquinona. Conclusão: Os mosquitos são insetos alimentadores de sangue e servem como vetores para a disseminação de doenças humanas. Portanto, representam um problema de saúde pública em todo o mundo. O controle da crescente população de mosquitos é uma questão urgente a ser alcançada. Existe um crescente interesse no desenvolvimento de métodos alternativos de controle de mosquitos que são menos perigosos para os seres humanos e outros organismos vivos. A este respeito, compostos de plantas surgiram como bons candidatos. Diante do exposto, o emprego da espécie vegetal Morinda citrifolia no combate ao mosquito Aedes aegypti é satisfatório, estabelecendo-se como um meio alternativo sustentável e eficiente para controle e eliminação do mosquito, impedindo o desenvolvimento das larvas e pupas.

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T39. Achados audiológicos em criança com microcefalia: estudo de caso Alexsandra Silva Santos; Amanda da Cunha Lima; Nerivânia Maria da Silva; Sâmea Gabrielly Martins da Silva; Karine Maria do Nascimento Lima; Elizangela Dias Camboim Área Temática: Microcefalia RESUMO Introdução. A microcefalia é uma malformação em que o cérebro não se desenvolve de maneira adequada, podendo ser causada por diversos agentes infecciosos, dentre eles o Zika Vírus. A maioria dos casos apresenta atraso no desenvolvimento global, com alterações motoras e cognitivas que variam de acordo com o grau de acometimento cerebral, sendo um importante indicador de risco para perda de audição. Essas alterações devem ser detectadas por meio da realização de exames auditivos a fim de identificar qualquer tipo de alteração. Essas avaliações devem abranger investigações acerca do componente auditivo periférico e central do indivíduo, propiciando também a inserção em programas de intervenções precoces, a fim de amenizar comprometimentos em seu desenvolvimento global. Objetivos: Analisar os achados audiológicos em uma criança com diagnóstico tomográfico de microcefalia. Relato de caso: Estudo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob o número 1.742.850. Participou desse estudo uma criança do sexo feminino, histórico de nascimento prematuro, baixo peso, seis meses de idade conceptual corrigida. Os dados gestacionais referem que a genitora não fez uso de bebidas alcoólicas, tabagismo, entorpecentes, medicamentos ototóxicos, mas apresentou como fatores de risco consanguinidade e sintomatologia de Zika Vírus no primeiro trimestre da gestação, além de histórico de infecções urinárias e hematoma da placenta sem causa aparente, que acarretou em constantes dores abdominais, sendo necessária a realização do parto cesáreo da criança. Apresentou icterícia e sepse como intercorrências neonatais. Para avaliação do desenvolvimento auditivo foi realizado a seguinte bateria de exames audiológicos: Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico (PEATE); Emissões Otoacústicas por estímulo transiente (EOAT); pesquisa do Reflexo Cócleo-palpebral (RCP); Timpanometria (imitânciometria e pesquisa dos reflexos acústicos estapedianos ipsilaterais e contralaterais); e avaliação audiológica por meio da técnica de avaliação auditiva comportamental com instrumentos comportamentais. Os achados audiológicos pontuam PEATE com presença das ondas I, III e V com latências absolutas, interpicos I-III, III-V e I-V e diferença interaural da onda V dentro das referências de normalidade, com estímulo clique com polaridades de rarefação nas intensidades de 30, 50 e 90 dBnHL. Passou em 3 das 5 frequências testadas nas EOAT, desencandeou RCP mediante a apresentação de um estímulo sonoro em forte intensidade, 90-100 dB, Timpanograma com curva tipo "A" na orelha direita e tipo "Ad" na orelha esquerda. A avaliação auditiva comportamental realizada com guizo e agogô apontou atraso do desenvolvimento auditivo. Conclusão: Os achados audiológicos encontrados revelam uma boa função auditiva periférica, porém, com atraso do desenvolvimento das habilidades auditivas, sendo, portanto, necessário um monitoramento auditivo trimestral para os primeiros dois anos de vida bem como estimulação auditiva precoce.

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T40. Achados audiológicos em indivíduos portadores de fissura palatina Raniere Dener Cardoso Melo; Elisa Maria Santos Balbino; Danmires de Mendonça Vieira; Jéssika Bertoldo Costa Farias; Natália dos Santos Pinheiro; Thamara Maria Vieira dos Santos; Thaís Nobre Uchôa Souza; Maria Cecília dos Santos Marques; Érika Henriques de Araújo Alves da Silva Área Temática: Criança e Audição RESUMO Introdução: As fissuras palatinas são desenvolvidas durante o período embrionário e caracterizam-se pela ausência de fechamento do palato. Dessa forma, indivíduos com esse tipo de fissura podem apresentar inúmeras alterações, inclusive as auditivas, em decorrência das malformações da tuba auditiva, que se comunica com a cavidade timpânica e com a nasofaringe, que tem como objetivo equilibrar a pressão do ar na orelha média com a pressão atmosférica. Alterações auditivas podem ser indicadores de risco para o desenvolvimento do processamento auditivo, bem como do desenvolvimento da linguagem, repercutindo na comunicação e desenvolvimento do indivíduo como um todo. Objetivos: Evidenciar e discutir os achados audiológicos em indivíduos com fissura palatina a partir de publicações científicas existentes. Materiais e Métodos: Revisão integrativa da literatura dos últimos 5 anos por meio de buscas nas bases de dados MedLine (via PubMed), Lilacs (via BVS) e SciELO, utilizando-se os descritores cleft palate e hearing, bem como seus respectivos em português, conectados pelo conector booleano "AND". Etapas realizadas: elaboração da pergunta norteadora, busca na literatura, coleta de dados, análise crítica dos estudos incluídos, discussão dos resultados e apresentação da revisão integrativa. A análise dos dados extraídos foi realizada de forma descritiva, em duas etapas. Primeiro, foram identificados os dados de localização do artigo, ano, periódico de publicação, autoria, objetivo, metodologia e resultados principais. Segundo, ocorreu a análise crítica dos artigos e a discussão quanto aos principais achados dos estudos. Consideraram-se como critérios de inclusão: o artigo tratar acerca dos achados audiológicos em indivíduos com fissura palatina, no período de 2012 a 2017, em quaisquer línguas. Resultados e Discussão: A busca resultou em 465 artigos, sendo 217 na MedLine, 237 na Lilacs e 11 na Scielo. Desses 465, 26 foram removidos por estarem duplicados, 448 pelo título e resumo, e nenhum pela leitura do texto completo, sendo selecionados e analisados 17 artigos. A pesquisa evidenciou a existência de relação entre fissura palatina e alterações auditivas. Diversos estudos relataram ainda uma prevalência maior de perda auditiva em frequências altas e alterações de orelha média. Porém, os estudos não descrevem se a perda auditiva é unilateral ou bilateral, com exceção de um artigo que mostra haver presença de ambas para essa população, sendo a unilateral mais comum. Cinco artigos demonstraram desordens no processamento auditivo central dos indivíduos analisados, sendo estas alterações mais prevalentes do que alterações nos limiares auditivos tonais. Dentre as habilidades avaliadas, as que apresentaram piores desempenhos foram: atenção sustentada, ordenação temporal, figura-fundo, fechamento e associação auditiva estímulo-visual. Além disso, um estudo realizado com neonatos revelou uma maior probabilidade de falhas na triagem auditiva neonatal em indivíduos com fissura palatina, devido às alterações condutivas. Os autores relatam que as alterações auditivas nesta população tendem a melhorar com o avanço da idade, porém, essa melhora não é observada nos limiares tonais das frequências altas. Conclusão: A revisão integrativa da literatura apontou que os indivíduos com fissura palatina apresentam maior prevalência de perdas auditivas do tipo condutiva, em especial nas frequências altas, além de alterações nas habilidades de processamento central.

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T41. Achados audiológicos em músicos Natália dos Santos Pinheiro; Elisa Maria Santos Balbino; Danmires de Mendonça Vieira; Jéssika Bertoldo Costa Farias; Thamara Maria Vieira dos Santos; Raniere Dener Cardoso Melo; Thaís Nobre Uchôa Souza; Maria Cecília dos Santos Marques Área Temática: Diagnóstico Audiológico RESUMO Introdução: A música, quando tocada em elevada intensidade, pode tornar-se uma forte ameaça para a audição. Nas últimas décadas, estudos têm relatado danos na saúde auditiva em músicos, caracterizando, assim, a Perda Auditiva Induzida por Música. Em contrapartida, o contato com a música pode induzir funcionalmente a reorganização do córtex cerebral, contribuindo também para o desenvolvimento do processamento auditivo central. Objetivos: Analisar as publicações referentes aos achados audiológicos em músicos. Materiais e Métodos: Revisão integrativa da literatura por meio de buscas nas bases de dados SciELO, Lilacs (via BVS) e MedLine (via PubMed), utilizando-se os descritores música (music), audição (hearing) e testes auditivos (hearing test), conectados pelo conector booleano "e". Consideraram-se como critérios de seleção: estudos publicados entre 2012 e 2017, com achados audiológicos em músicos, que respondiam à pergunta norteadora e que atendiam à temática estabelecida pelos descritores e Palavras-chave em quaisquer línguas. Foi criado um fichamento protocolar contemplando os seguintes pontos: autor, ano, local, amostra, tipo de estudo, objetivos, métodos utilizados, resultados principais e conclusão. Resultados e Discussão: A busca resultou em 40 artigos na SciELO, 70 na Lilacs e 680 na MedLine, totalizando 790 artigos. Desses, 744 foram excluídos pelo título, 32 pelo resumo e 3 pela leitura do texto completo, sendo selecionados e analisados 11 artigos. Quatro artigos referiram perda auditiva e dois destes que essa perda era do tipo neurossensorial. Um estudo afirmou que na população estudada, a perda maior foi nas frequências altas. Apenas uma pesquisa não identificou perda auditiva. Cinco artigos apresentaram o zumbido como sintoma frequente nesses sujeitos. Além disso, nos potenciais evocados auditivos, notaram-se latências mais baixas no exame P300 e melhor processamento neural de estímulos de curta duração a nível cortical e subcortical. Acredita-se que o Sistema Nervoso Auditivo Central apresenta características peculiares de resposta eletrofisiológica e isso pode ser graças à plasticidade da música. No que concerne ao processamento auditivo, um estudo apontou que músicos que cantam e tocam algum instrumento apresentam melhor desempenho nas habilidades auditivas de resolução e ordenação temporal quando comparados àqueles que só cantam. Conclusão: A revisão integrativa da literatura apontou que os músicos podem apresentar uma perda auditiva do tipo neurossensorial, com o zumbido prevalente. Além de apresentar melhores respostas eletrofisiológicas e de processamento auditivo central, em especial as habilidades de resolução e ordenação temporal.

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T42. Achados audiológicos em sujeitos com disfunção temporomandibular Natália dos Santos Pinheiro; Elisa Maria Santos Balbino; Danmires de Mendonça Vieira; Jéssika Bertoldo Costa Farias; Thamara Maria Vieira dos Santos; Raniere Dener Cardoso Melo; Thaís Nobre Uchôa Souza; Maria Cecília dos Santos Marques Área Temática: Diagnóstico Audiológico RESUMO Introdução: É crescente a discussão em torno da associação entre disfunções temporomandibulares (DTM) e sintomas auditivos. Acredita-se que as diversas mudanças anatômicas provenientes da disfunção, como apertamento e mau posicionamento do côndilo mandibular podem acarretar compressão do nervo aurículo-temporal e obstrução da tuba auditiva, culminando em queixas otológicas. Objetivos: Analisar as publicações referentes aos achados audiológicos em sujeitos com DTM. Materiais e Métodos: Revisão integrativa da literatura por meio de buscas nas bases de dados SciELO, Lilacs (via BVS) e MedLine (via PubMed), utilizando-se os descritores audição (hearing) e síndrome da disfunção da articulação temporomandibular (temporomandibular joint dysfunction syndromet), conectados pelo conector booleano "e". Consideraram-se como critérios de seleção: Estudos publicados entre 2007 e 2017, com achados audiológicos em sujeitos com DTM, que respondiam à pergunta norteadora e que atendiam à temática estabelecida pelos descritores e Palavras-chave: em quaisquer línguas. Foi criado um fichamento protocolar contemplando os seguintes pontos: autor, ano, local, amostra, tipo de estudo, objetivos, métodos utilizados, resultados principais e conclusão. Resultados e Discussão: A busca resultou em 39 artigos na SciELO, 104 na Lilacs e 45 na MedLine, totalizando assim 188 artigos. Desses, 127 foram excluídos pelo título, 43 pelo resumo e 5 pela leitura do texto completo, 5 eram duplicados, sendo selecionados e analisados 8 artigos. Quatro artigos apresentaram zumbido como um dos sintomas em pacientes com DTM, um artigo ainda especifica que esse zumbido, geralmente, é de pitch agudo, contínuo e bilateral. Dentre esses estudos, dois ainda relatam a presença de otalgia, vertigem e perda auditiva. Duas pesquisas apontam que os sujeitos com DTM que apresentam perda auditiva, esta é do tipo neurossensorial, de grau leve e de início súbito, podendo ser unilateral ou bilateral. Além disso, dois artigos buscaram investigar a etiologia do zumbido e de perda auditiva neurossensorial súbita e constataram que, na maioria dos indivíduos, a DTM era o fator causal para esses achados. Conclusão: A revisão integrativa da literatura apontou que os sujeitos com DTM podem apresentar zumbido, otalgia, vertigem e perda auditiva do tipo neurossensorial, de início súbito. Todavia, vale ressaltar que a presença desses achados bilateralmente depende da presença ou não de DTM em ambos os lados. Apesar da literatura citar a presença de alterações na tuba auditiva provenientes da referida disfunção, nenhum estudo selecionado investigou o funcionamento da orelha média nesses sujeitos. Sugere-se, então, a realização de pesquisas que busquem avaliar também este funcionamento.

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T43. Acolhimento, orientação e adaptação: reflexões e práticas

Carla Adriana Ferreira dos Santos; Scheila Farias de Paiva; Juliana Queiroz Silva Área Temática: Reabilitação Auditiva RESUMO Introdução: A deficiência auditiva é a perda total ou parcial da capacidade de ouvir e se classifica de acordo com o momento que ocorre, o local e o grau da lesão, podendo ser leve, moderado, severo e/ou profundo. A Organização Mundial da Saúde estima que 10% da população mundial apresente alguma dificuldade para ouvir. O uso do Aparelho de Amplificação Sonora (AASI) é indicado no caso de perda auditiva, como parte do processo de reabilitação com objetivo de minimizar os danos ocasionados pela deficiência auditiva (DA), entretanto, não recupera a audição ao seu estado normal. As etapas de seleção, adaptação e aconselhamento, realizadas pelo profissional fonoaudiólogo, são de extrema importância para o sucesso e obtenção da melhora na qualidade de vida do paciente. Objetivos: Analisar a efetividade do aconselhamento e orientação no processo de adaptação e reabilitação auditiva. Materiais e Métodos: O estudo consiste em uma revisão de literatura com base em artigos publicados sobre o tema, publicado na plataforma Scielo nos últimos 6 anos. Resultados e Discussão: Bastos (2011) utilizou um questionário e verificou que 43,3% da população estudada não recordava nenhuma informação das orientações dadas anteriormente, porém 56,7% conseguiam retomar alguns aspectos, sendo 6,7% destes responsável pelo êxito total nas informações. Já Blasca (2010) revelou que 70% dos idosos relataram precisar de ajuda para manusear e cuidar da prótese, mesmo após o aconselhamento. Entretanto, 30% demostrando autonomia no uso. Melo (2016) apontou que 95,2% dos pais referiu não sentir dificuldades de compreensão das informações obtidas. Já Oliveira (2012) obteve como resultado restrições, limitações e tempo reduzido de uso diário, dificultando o alcance do benefício de uso do AASI, porém, o objetivo do questionário aplicado foi sondar as necessidades apresentadas e, com base nos resultados, criar ações educativas visando ajuda de acordo com a necessidade para reabilitação. A maioria dos estudos revela preocupação com avaliação do benefício da prótese por meio da utilização de protocolos e procedimentos após o processo de adaptação, porém, os estudos destacam as dificuldades que os pacientes referem quanto ao manuseio e adaptação do aparelho de amplificação sonora, restringindo ao respectivo fato e ocasionando no insucesso do processo de reabilitação. Apesar de se preocuparem com a mensuração do benefício, lamentavelmente pouco se destaca a importância de compreender informações que não sejam relacionadas ao manuseio. Conclusão: Estudos realizados identificam que o uso do AASI melhora a qualidade de vida e revelam que a melhora acontece não apenas em relação à audição, mas abrange outros aspectos. Em contrapartida, os dados refletem a necessidade de maior investimento durante o processo de acolhimento e orientação aos pacientes e suas famílias para obtenção de sucesso na reabilitação e, consequentemente, diminuição das dificuldades relacionada ao uso da prótese, bem como elaboração de estratégias efetivas para transmissão das informações e adequação das expectativas para obtenção de melhora na qualidade de vida dos usuários de AASI.

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T44. Aleitamento materno e introdução de alimentação complementar em crianças com a síndrome congênita pelo zika vírus

Barbara Cristina da Silva Rosa; Danielle Ramos Domenis; Ane Keslly Batista de Jesus; Josefa Emanuely Rocha Fontes; Raphaela Barroso Guedes Branzotti; Louise Nayla Souza de Oliveira Área Temática: Microcefalia RESUMO Introdução: A microcefalia pode ser congênita ou ocorrer nos primeiros anos de vida, sendo mais comum a ocorrência por anomalias genéticas que prejudicam o crescimento do córtex cerebral durante os primeiros meses de desenvolvimento fetal. A criança poderá apresentar alterações no desenvolvimento neuropsicomotor, auditivo e visual, além de problemas alimentares, evoluindo muitas vezes para os quadros de pneumonias, devido a disfagia. Em meio às discussões sobre o tema, a Organização Mundial de Saúde reforça a importância do aleitamento materno, mesmo para as mães que tiveram uma infecção suspeita ou confirmada de Zika. Objetivos: Caracterizar o perfil de aleitamento e alimentação complementar de crianças com síndrome congênita pelo Zika vírus. Materiais e Métodos: Trabalho aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CAAE 60049216.1.0000.5546), baseado na Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde. Foi aplicado questionário estruturado com mães de crianças diagnosticadas com a síndrome congênita pelo Zika, acompanhadas no Ambulatório de Estimulação Precoce da Clínica Escola de Fonoaudiologia da Instituição. O instrumento abordou aspectos sócios demográficos, questões relativas à amamentação e introdução de alimentação complementar, além de aspectos de saúde em geral. Resultados e Discussão: Responderam ao questionário oito mães, sendo a média de idade delas de vinte e nove anos (DP ± 6,87) e das crianças de dezoito meses (DP ± 2,42). Todas as mães fizeram acompanhamento pré-natal com pelo menos três consultas durante a gestação, sendo que sete (87,5%) tiveram parto normal. Atualmente, seis (75%) recebem visitas domiciliares mensais de agentes comunitários da saúde (ACS) e todas são acompanhadas por equipe médica do SUS. Com relação às crianças, seis (75%) eram do sexo masculino e todas amamentaram de leite materno logo depois do nascimento. Nos primeiros seis meses de vida, três (37,5%) mantiveram aleitamento materno exclusivo (AME) e as outros cinco mantiveram aleitamento misto (leite materno e leite artificial). Atualmente, apenas um (12,5%) faz uso de leite materno. Quanto à introdução de outras consistências na alimentação, todas introduziram a consistência pastosa e apenas duas (25%) a sólida, sendo os engasgos a principal justificativa das mães que não introduziram o sólido na alimentação. A média em meses da introdução foi de 7,25 para a pastosa e 10,5 para a sólida. Metade das mães tinham outros filhos, com experiência prévia de aleitamento. Sobre a presença de hábitos deletérios, cinco (62,5%) fazem uso, sendo a sucção digital e de mãos a mais comum. Conclusão: O leite materno foi oferecido para as crianças, porém, menos da metade fez uso exclusivo nos primeiros seis meses de vida, como preconizado pela Organização Mundial de Saúde. É de grande importância que crianças portadoras dessa síndrome passem por avaliação fonoaudiológica quanto aos aspectos relacionados à deglutição, para melhor direcionamento quanto às consistências seguras, bem como o período adequado de sua introdução, evitando, assim, risco de broncoaspiração e como consequência aumento do risco de desnutrição, desidratação, infecções pulmonares e outras morbidades relacionadas a ela.

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T45. Alterações dos papéis ocupacionais das mães de crianças com microcefalia Aline Monteiro Borges; Monique Carla da Silva Reis Área Temática: Microcefalia RESUMO Introdução: A microcefalia é uma má formação congênita de etiologia complexa e multifatorial. Essa é uma condição crônica e com diversos agravantes, como o atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, podendo fazer com que o seu portador reduza ou perca sua capacidade de autonomia e de autocuidado, tornando-se dependente do familiar para ser cuidado. As novas funções decorrentes da dependência da criança com deficiência são atribuídas geralmente às mães, que acabam assumindo o papel de cuidadora principal. Muitos podem ser os problemas vivenciados por essas mulheres, contribuindo para as alterações dos papéis ocupacionais por elas exercidos, como o abandono do emprego e a sobrecarga de atividades no lar, que reflete de forma negativa em sua qualidade de vida. Objetivos: Analisar possíveis alterações dos papéis ocupacionais das mães de crianças com microcefalia, elencar os papéis que as mesmas desejam desempenhar após o nascimento de seus filhos com microcefalia, nos anos de 2015 e 2016, acompanhadas no Centro Especializado em Reabilitação (CER III) e Serviço de Atendimento Especializado SAE. Materiais e Métodos: Trata-se de um estudo do tipo transversal e de caráter quantitativo. Utilizou-se como instrumento a Lista de Identificação dos Papéis Ocupacionais (LIPO) e, para obtenção dos dados socioeconômicos, o Critério de Classificação Econômica da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (ABEP). A amostra contará com o número total de mães atendidas nos serviços. Resultados e Discussão: As coletas foram iniciadas no mês de julho do corrente ano e até o momento foram coletadas informações de 11 mães, com idades entre 15 e 33 anos. Quanto à classificação socioeconômica, do número total de mães, 10 (90%) pertencem a classe E e 1 (10%) a classe B2. Quanto a LIPO, foi observado que dentre os papéis desempenhados no passado, o de serviço doméstico é o de maior percentual, sendo o que apresenta o índice mais elevado no presente. As expectativas para desempenho dos papéis no futuro evidenciaram-se a partir do papel de cuidador (90%), e amigo, cerca de 80%. Conclusão: Identificou-se que a partir do nascimento das crianças com Microcefalia, houve alterações dos papéis ocupacionais das mães, principalmente nas expectativas futuras, tendo como objetivo exercer papel de cuidadora e amiga, haja vista que elas continuam exercendo o papel de serviço doméstico tanto no presente, como exerceram no passado. Parecer do CPE: 2.050550.

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T46. Alterações neuroanatômicas da microcefalia: revisão de literatura Daniela Ferreira de Oliveira; Christiane Cavalcante Feitoza; Jacqueline Silva Brito Lima; Yasmin Lima Nascimento; Ilma Ferreira de Oliveira; Matheus Corrêa da Silva; Lucineide Silva Rocha; Kellysson Bruno Oliveira; Rikelly dos Santos Nunes; Giulianna Fazolin Área Temática: Microcefalia Resumo Introdução: A microcefalia tem etiologia complexa e multifatorial, podendo ocorrer em decorrência de processos infecciosos durante a gestação ou uso de teratógenos. Podem ser congênitas, presentes ao nascimento, ou se originar após o parto, sendo chamadas respectivamente por microcefalia primária e secundária. Sua identificação é feita, principalmente, através da medição do Perímetro Cefálico (PC) do recém-nascido, que proporciona a identificação de doenças neurológicas precocemente. Alterações na estrutura do cérebro e problemas de desenvolvimento são comuns, sendo estes classificados, segundo a OMS, como “Microcefalia com anormalidade do cérebro”. Objetivos: Realizar uma revisão de literatura acerca das alterações neuroanatômicas relatadas em portadores de microcefalia primária, a fim de fornecer uma atualização sobre a temática aos profissionais da saúde. Materiais e Métodos: Foram pesquisadas as bases de dados Scielo e Pubmed, durante os anos de 2013 e 2017, e o Protocolo de Vigilância e Resposta à Ocorrência de Microcefalia e/ou Alterações do Sistema Nervoso Central, do Ministério de Saúde do Brasil, atualizado em 2016, utilizando os descritores em saúde: microcefalia, neuroanatomia, patologia. Foram excluídos os trabalhos que não tratavam da epidemiologia do Zika Vírus e relação com microcefalia. Resultados e Discussão: Os portadores de microcefalia podem apresentar anormalidades estruturais do cérebro, capazes de serem diagnosticadas por meio de exames de imagem, como a ultrassonografia durante a gestação e a transfontanela, tomografia computadorizada e ressonância magnética. A ultrassonografia, durante a gestação, pode demonstrar alterações congênitas, sugerindo microcefalia, além de: alterações ventriculares, calcificações cerebrais, alterações de fossa posterior - hipoplasia de cerebelo, hipoplasia do vérmis cerebelar, alargamento da fossa posterior maior que 10 mm e agenesia/hipoplasia de corpo caloso. A ultrassonografia transfontanela evidencia atrofia cortical difusa, encefalomalácia, calcificações encefálicas, disgenesia de corpo caloso, atrofia do corpo caloso com calcificação, atrofia de cerebelo com espessamento do tentório. A tomografia e a ressonância possibilitam um exame mais completo, trazendo dados com mais detalhes, sendo estes: calcificações no parênquima encefálico, ventriculomegalia decorrente de perda de volume do parênquima, malformação do desenvolvimento cortical como lisencefalia e alargamento das fissuras Sylvianas, hipoplasia do tronco cerebral e cerebelo, alteração da atenuação da substância branca. A microcefalia pode ser acompanhada de anormalidades neurológicas de desenvolvimento, como retardo no desenvolvimento cognitivo, motor e na fala. Além de acarretar desordens oftalmológicas, como estrabismo e lesão macular, repercutir na audição, bem como em problemas cardíacos, renais e no trato urinário. Os portadores também podem apresentar paralisia cerebral e epilepsia. Conclusão: Considerando as alterações no neurodesenvolvimento passíveis de ocorrência nos recém-nascidos com microcefalia, é de extrema importância o diagnóstico precoce e acompanhamento regular dos casos por uma equipe multiprofissional durante a gestação e infância, proporcionando a orientação adequada aos pais e o manejo correto desses indivíduos, que devem ser estimulados de forma a minimizar os possíveis impactos adaptativos.

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T47. Ambulatório de estimulação precoce em bebês com microcefalia decorrentes da infecção pelo zika vírus no interior de Sergipe: relato de experiência

Larissa Santos Souza; Larissa Santos de Jesus; Jamille Rodrigues Costa do Nascimento; Ana Cláudia Santos Soares; Barbara Cristina da Silva Rosa; Danielle Ramos Domenis; Raphaela Barroso Guedes-Granzotti Área Temática: Microcefalia RESUMO Introdução: As consequências da microcefalia para o desenvolvimento infantil são diversas e o prognóstico é incerto; contudo, a doença possui um caráter incapacitante em função das limitações físicas e cognitivas. Sendo assim, a atuação e incentivo a prática de estimulação precoce é fundamental para a minimização dos danos ocasionados pela ação do vírus no sistema nervoso central da criança. Para que a intervenção fonoaudiológica seja ainda mais completa, é necessário que haja uma parceria entre terapeuta e cuidador, a clareza e honestidade nesta comunicação são fundamentais para que os objetivos elencados sejam alcançados e se conquiste o maior ganho funcional nos primeiros anos de vida da criança. Além disso, a plasticidade neuronal presente proporciona amplitude e flexibilidade para o desenvolvimento de áreas motoras, cognitiva e de linguagem. Objetivos: Relatar a experiência de estudantes e residentes do curso de Fonoaudiologia em um ambulatório de estimulação precoce para bebês com microcefalia no interior de Sergipe. Relato de experiência: Os encontros do grupo são realizados semanalmente, com duração de 45 min. em média, sendo coordenado por um fonoaudiólogo e uma fisioterapeuta. Em cada reunião intervenções grupais sobre prevenção e estimulação relacionadas à fala, audição, deglutição e desenvolvimento neuropsicomotor são realizadas. Além disso, orientações são disponibilizadas aos cuidadores sobre a importância da estimulação precoce através do ato de brincar. Com o decorrer do acompanhamento, foi possível identificar o maior desenvolvimento das crianças, interesse dos cuidadores sobre as atividades realizadas no ambulatório, assim como as passadas para domicílio e aumento da interação entre cuidador e a criança. Questionamentos estão rotineiramente presentes, as principais dúvidas relacionadas ao desenvolvimento infantil e outras formas de estimulá-lo. O espaço também se tornou um momento de troca de experiências entre os cuidadores e profissionais, gerando ênfases nas orientações repassadas. Conclusão: Foi possível observar que a estimulação precoce é essencial para um melhor desenvolvimento das funções cognitivas, motoras, sociais e emocionais. Desse modo, a atuação dos cuidadores, juntamente com os profissionais, torna-se imprescindível para uma maior eficácia no processo de intervenção. Para isto, é necessário que a atuação fonoaudiológica e multiprofissional tenha como um dos seus principais objetivos proporcionar uma melhora na qualidade de vida, tanto da criança como dos cuidadores envolvidos.

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T48. Análise das respostas obtidas por adultos em métodos de triagem auditiva Brena Elisa Lucas; Anna Caroline Silva de Oliveira; Yara Bagali Alcantara; Dayse Mayara Ferreira; Cristiane Andressa dos Santos; Taís Eloiza Ciscoto; Ana Cláudia Figueiredo Frizzo Área Temática: Diagnóstico Audiológico RESUMO Introdução: A privação sensorial auditiva causa grande efeito na qualidade de vida do indivíduo, não só interferindo propriamente na compreensão das informações sonoras, mas implica ainda na forma de relacionar com o meio o qual está inserido. Buscando minimizar os efeitos da perda auditiva no indivíduo, busca-se utilizar métodos capazes de triar de forma rápida e precoce perdas auditivas. Dentre as técnicas empregadas, estão os métodos eletroacústicos e eletrofisiológicos, como emissões otoacústicas e potencial auditivo de tronco encefálico. Estas são técnicas não invasivas e juntas são capazes de avaliar o funcionamento do sistema auditivo desde canal auditivo externo até a via auditiva central. Quando realizado apenas um dos métodos, como emissões, maior número de falsos positivos pode ser obtido quando comparado ao potencial, além de que distúrbios de condução neural podem não ser detectadas e a triagem auditiva pode não ser totalmente efetiva devido à tecnologia escolhida. Objetivos: Analisar as respostas obtidas no potencial de tronco encefálico auditivo em modo automático e as emissões evocadas transientes e por produto de distorção em adultos saudáveis sem perda e com perda auditiva neurossensorial de grau leve a moderado. Materiais e Métodos: Este estudo possui aprovação ética CEP nº 479225/2013-3 e todos os sujeitos assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Trata-se de um estudo descritivo de corte transversal. Participaram do estudo 20 indivíduos de 18 a 59 anos, sendo realizado como procedimento de pré-coleta após a anamnese, a avaliação audiológica básica para determinação dos limiares audiométricos e índice percentual de reconhecimento de fala para que os sujeitos fossem divididos em 2 grupos, sendo: Grupo 1 – formado por 10 indivíduos com limiares audiométricos normais7, apresentando curva timpanométrica do tipo A8 e Índice Percentual de Reconhecimento de fala acima de 88%9 – e Grupo 2 – formado por 10 indivíduos com perda auditiva neurossensorial de grau leve a moderado apresentando curva timpanométrica do tipo A8 e Índice Percentual de Reconhecimento de fala acima de 60%9. Para registro do potencial automático, foi utilizado o Accuscreen ABR Madsen, com eletrodos posicionados em vértex (ativo) no zigomático (terra) e na posição da vértebra C7. Segundo recomendações do fabricante, foram realizados registros nas intensidades de 45 e 35 dBnHL, com estímulos clique alternados, na taxa de repetição 55 cliques/segundo e 2000 promediações. O modo de detecção no domínio da frequência e os cálculos dos testes estatísticos foram empregados na análise automática das respostas quanto à ausência e presença, identificados como “passa” e “falha”, respectivamente. As emissões foram registradas utilizando o equipamento Bio-logic Navigator através do Scout OAE Software. Para as emissões transientes, a análise das respostas foi obtida por meio da relação emissão/ruído, pelo TE Screen, 70%. Sendo considerados como “passa” as respostas superiores até 6 dBNS em 3 frequências do total de 4 frequências testadas E, para análise das emissões Produto de Distorção foi utilizada a reprodutibilidade das ondas, geral e por banda de frequência, além da relação sinal/ruído por banda de frequência, pelo 700-8000Hz Diagnostic Test. Sendo considerados como “passa” as respostas superiores até 6 dBNS por frequência, com de acordo com a programação automática do software. Resultados e Discussão: O G1 exibiu índice de “passa” de 100% em ambas as orelhas para PEATE-A, assim como nas emissões por produto de distorção também apresentou 100% de “passa” para em todas as frequências em ambas as orelhas, e grande índice de falha na frequência de 4KHz na transiente, de 30 – 70%. Já o G2 apresentou índice de “passa” de 10% na orelha direita e 30% na orelha esquerda, no PEATE-A. Já nas emissões, apontou presença de produto de distorção entre 0 - 60% na OD e 0 – 70% na OE. Em relação à transiente, 0% dos indivíduos passaram em ambas as orelhas, em todas as frequências. Quando analisado os resultados do PEATE no método automático entre os grupos G1 e G2, foi possível observar um grande número de falhas no G2 em limiar mínimo do método empregado 35dBnHL, apresentando sensibilidade a presença de perdas auditivas, justificada pela diferença entre o método empregado e o limiar tonal. E quanto aos resultados percentuais do índice de “passa” das emissões otoacústicas transientes, observa-se baixo índice de passa nos grupos G2 em todas as frequências testadas e no G1 nas frequências mais altas mesmo com limiares dentro dos padrões de normalidade10-11. No geral, há maior número de presença de emissões por produto de distorção em ambos os grupos G1 e G2 quando comparados a transiente, possivelmente pela sensibilidade presente no estímulo transiente à perda periférica mesmo em grau leve no G2 e no G1 indicativo precoce disfunção no funcionamento das células ciliadas externas 10-11. Conclusão: Os métodos PEATE-A, EOAT e EOAPD, para ambos os grupos, foram concordantes e complementares entre si. Agradecimento: Agradeço à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP pelo viabilizar esta pesquisa, à minha orientadora e todos os colegas de laboratório pela parceria e conhecimento compartilhado.

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T49. Análise de conjunto de consoantes oclusivas como estímulos de fala naturais em falantes do português brasileiro

Anna Caroline Silva de Oliveira; Taís Eloiza Ciscoto; Cristiana Ferrari; Ana Claudia Figueiredo Frizzo

Área Temática: Diagnóstico Audiológico

RESUMO

Introdução: Potenciais auditivos evocados por estímulos verbais são de grande valor para audiologistas interessados em examinar a atividade neural relacionada especificamente ao processamento linguístico do sinal de fala. Selecionar estímulos verbais para uso em medidas de potenciais auditivos requer, contudo, o controle adequado de múltiplas dimensões acústicas que podem influenciar a percepção de categorias de sons. Stephens e Holt (2011) criaram e disponibilizaram um conjunto padronizado de consoantes oclusivas vozeadas do inglês americano que variam gradualmente de /b/ para /d/ e de /d/ para /g/ e revelou que falantes nativos do inglês americano podiam identificar as três categorias pretendidas de oclusivas vozeadas por meio de um dispositivo digital, no qual os sujeitos selecionavam o estímulo apresentado no fone. Objetivos: Verificar se falantes nativos do português brasileiro também são capazes de identificar as três categorias de oclusivas vozeadas e se o limite entre as três categorias pode ser claramente identificado. Materiais e Métodos: O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (n.º 68901517.0.0000.5406). Participaram 65 indivíduos do sexo feminino, entre 13 e 50 anos, com limiar de audibilidade ≤20 dBNA nas frequências entre 500 e 4.000 Hz. O continnum de estímulos /ba/-/da/-/ga/, compreendeu uma série de 20 tokens que variam de /ba/ para /da/ e outros 20 tokens que variam de /da/ para /ga/. Cada um dos 40 tokens que compõem o continnum /ba/-/da/-/ga/ foi apresentado cinco vezes, em ordem aleatória, por fones de ouvido. Cada um dos três grupos de participantes realizou uma dentre três tarefas distintas de classificação. Primeiramente, após ouvir o estímulo, o participante deveria selecionar uma das três sílabas escritas que eram apresentadas na tela de um computador como alternativas de escolha (i.e., “ba”, “da” e “ga”). Em outro formato de tarefa, ao participante eram apresentadas as mesmas três sílabas escritas junto com a opção “OUTRA”, que deveria ser selecionada quando nenhuma das sílabas escritas correspondesse ao som ouvido. Em um terceiro formato de tarefa de classificação, aos sujeitos eram apresentadas seis sílabas escritas como alternativas: “pa”, “ta”, “ca”, “ba”, “da” e “ga”. A proporção média de respostas para cada alternativa foi computada em cada tipo de tarefa. Resultados e Discussão: O estudo demonstrou que os sujeitos discriminaram as três classes de oclusivas. Entretanto, os dados obtidos sob tarefa de classificação com seis alternativas indicam que os tokens do início da série /ba/-/da/ são percebidos predominantemente como /pa/. Em relação série /da/-/ga/, observou-se maior proporção de respostas “da” e “ga”, respectivamente, para tokens situados no início e fim deste continnum, possivelmente com base em parâmetros acústicos que refletem ponto de articulação. Por outro lado, esses mesmos tokens parecem não representar fidedignamente o traço de vozeamento pretendido quando se emprega o estímulo “ba”, do inglês americano, aos falantes do português brasileiro, logo, é necessária cautela no uso desses estímulos quando valores distintos dos tempos de início de voz forem desejáveis como parâmetro de discriminação auditiva entre os estímulos. Conclusão: Falantes do português brasileiro conseguem discriminar as três classes de sons, com maior predominância de discriminação nos estímulos “da” e “ga”.

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T50. Aplicação de questionário validado para verificar as condições de desenvolvimento auditivo de crianças com microcefalia

Leanderson Pereira da Silva; Adriana Paula Barros e Silva Pereira; Luís Gustavo Gomes da Silva; Maria de Fátima Ferreira de Oliveira; Klinger Vagner Teixeira da Costa; Luciana Castelo Branco Camurça Fernandes Área Temática: Microcefalia RESUMO Introdução: A audição exerce papel fundamental na aquisição e no desenvolvimento da linguagem. O diagnóstico e a intervenção precoce em indivíduos com perda auditiva proporcionam um desenvolvimento o mais próximo da normalidade. No Brasil, a divulgação sobre casos de Microcefalia causadas pelo Zika Vírus ocorreu em 2015, após um surto na região Nordeste do país. Essas crianças costumam apresentar alterações neurológicas, ortopédicas, oftálmicas e audiológicas. As alterações audiológicas encontradas são do tipo sensorioneural, variando o grau de leve a profundo. O protocolo da Triagem Auditiva Neonatal (TAN) recomenda que todas as crianças devem ser triadas, e aquelas com Indicador de Risco para Deficiência Auditiva (IRDA) devem ser monitoradas até os dois anos de idade, para avaliar suas habilidades auditivas e identificar as perdas auditivas que ocorrem tardiamente. Na prática clínica, verificamos que muitas crianças com microcefalia, são avaliadas com Emissões Otoacústicas (EOA) e Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico (PEATE), demonstrando resultados normais. Ainda percebe-se que muitas não são encaminhados para monitoramento auditivo, surgindo a necessidade de investigar a atual situação de desenvolvimento auditivo de crianças que passaram na TAN e são portadoras de Microcefalia. Objetivos: Aplicar um questionário validado, em responsáveis de bebês com microcefalia que passaram na TAN, a fim de obter informações sobre o desenvolvimento das habilidades auditivas dessas crianças. Materiais e Métodos: O estudo faz parte do Programa de Pesquisa para o SUS (PPSUS), aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CAAE: nº1.742.850) da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas. Trata-se de um estudo descritivo, realizado por meio da aplicação de um questionário validadopara obter informações sobre desenvolvimento auditivo e de linguagem no primeiro ano de vida. O questionário foi direcionado aos pais/responsáveis de bebês com microcefalia, nascidos no ano de 2015 e 2016, que apresentaram resultados normais nas EOA e PEATE. O estudo foi realizado com crianças atendidas no CER III, Maceió. As crianças foram selecionadas a partir da análise de prontuários. Foi adotado como critério de inclusão as crianças com microcefalia, que tinham resultados normais nos testes de EOA e PEATE. Foram excluídos aqueles casos em que o contato telefônico não foi possível. Assim, foram incluídas no estudo 4 crianças. O questionário foi aplicado via telefone e dividido por faixas etárias, de 0 a 12 meses, e para cada idade haviam três questões sobre o desenvolvimento da audição e da linguagem. Tinham apenas duas alternativas de resposta: “sim” ou “não”. Foi considerado resultado “falha”, quando a resposta era “não” para pelo menos uma questão, o que apontaria a necessidade da realização de uma avaliação audiológica imediata. Resultados e Discussão: As 4 crianças avaliadas apresentaram uma média de idade de 1 ano. Todas demonstraram atraso de resposta no desenvolvimento das habilidades auditivas. Conclusão: Todas as crianças desse estudo não apresentaram perda auditiva. Entretanto, foi identificado respostas de habilidades auditivas atrasadas para a idade em que se encontram. O questionário aplicado não teve o objetivo de substituir a avaliação auditiva comportamental. Mas pode ser um indicador, para identificar o quanto antes a necessidade de uma avaliação auditiva.

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T51. Arbovirose e microcefalia: mapa epidemiológico no Brasil entre 2016 e 2017

Felipe Manoel De Oliveira Santos; Dennis Cavalcanti Ribeiro Filho; Maria Helena Rosa da Silva; Fernanda Ribeiro Araujo Área Temática: Microcefalia RESUMO Introdução: Arboviroses são vírus mantidos na natureza através da transmissão biológica entre hospedeiros vertebrados suscetíveis por artrópodos hematófagos, ou por transmissão transovariana e possivelmente venérea em artrópodos. Contudo, das arboviroses o Zika Vírus (ZIKV) vem ganhando espaço, visto que no ano de 2015 a Organização Mundial de Saúde (OMS) decretou estado de emergência internacional em função do aumento da incidência de microcefalia em zonas endêmicas com proliferação deste arbovírus. Sabendo disso, a microcefalia é definida como a ocorrência de um encéfalo pequeno, cuja medida se encontra abaixo da média esperada para uma determinada idade, sexo e gestação, caracterizando alterações de estrutura ou função presentes ao nascimento e de origem pré-natal, gerando grande preocupação para a saúde do Brasil .Objetivos: Retificar a literatura brasileira delineando um mapa cronológico da incidência da epidemia do ZIKV e da microcefalia, que é a principal comorbidade, de acordo com as regiões e estados brasileiros. Diante disso, elaborar ações governamentais frente ao um novo problema de saúde pública. Materiais e Métodos: Esta pesquisa é do tipo revisão crítica de bibliográficas, de caráter analítico e intervencionista. À vista disso, o presente trabalho foi construído por consultas em diversas plataformas como Pubmed, SciELO, Lillacs, Medline, Sciencedirect, DATASUS e Boletim epidemiológico. As informações coletadas e analisadas correspondem aos anos de 20015 a 2017, no período de outubro do ano de 2017. Resultados e Discussão: Foi possível listar as principais ações governamentais em relação à epidemia do ZIKV, como mobilização de várias entidades governamentais, distribuição gratuita de repelente para as gestantes, aplicação de inseticidas e larvicidas, capacitação de profissionais acerca de propagar o manejo de prevenção entre outras. Entorno disso, foi possível traçar o panorama cronológico da incidência dos casos de acordo com as regiões do país, no período de 2015 a 2017, assim como as principais diretrizes para o diagnóstico e tomada de decisões aos casos confirmados da síndrome Zika e Microcefalia. De 2016 a 2017, temos um total de 227.073 casos de ZIKV no Brasil, notificados no período de janeiro de 2016 a setembro de 2017; de Microcefalia foram 8.703 casos notificados de 2015 a 2016. Vale ressaltar que o ZIKV entrou na lista Nacional de Notificação Compulsória de Doenças Agravos e Eventos de Saúde Pública no ano de 2016. Os casos confirmados estão realizando acompanhamento especializado e estimulação precoce. Conclusão: É notória a redução do número de casos de um ano para outro e entre regiões, principalmente no Nordeste e no estado de Pernambuco, onde é perceptível que as ações em políticas públicas de saúde direcionadas a este problema estão sendo eficazes. Porém, devem ser mantidas e expandidas a todo território nacional, a fim de erradicarmos a Síndrome Zika e fornecer assistência adequada à sua principal comorbidade, a Microcefalia. Além disso, devem existir políticas assistenciais voltadas às suas famílias, dando suporte multiprofissional e sócio econômico.

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T52. Aspectos sensórios motores orais de crianças com microcefalia

Jéssika Bertoldo Costa Farias; Antonio Lucas Ferreira Feitosa; Andresa Mayra da Silva Melo; Shirley Christina Melo Araújo; Marisa Siqueira Brandão Canuto Área Temática: Microcefalia RESUMO Introdução: A microcefalia se caracteriza por uma diminuição no perímetro cefálico. Essa alteração pode ser classificada quanto ao tempo de início, etiologia, parâmetros de crescimento e a presença de outras anormalidades isoladas ou sindrômicas. Dessa forma, existem dois tipos de microcefalia: a primária, que se caracteriza por causas genéticas e podem ter outras síndromes associadas; e a secundária, que se constitui de causas não genéticas ou de fatores danosos ao útero. Esta condição torna o indivíduo suscetível a diversas alterações neuromotoras, dentre elas do sistema estomatoglossognático. Objetivos: Descrever os aspectos do sistema sensório motor oral de crianças com microcefalia. Materiais e Métodos: o estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas, sob CAAE: 58444516.0.0000.5011 e número de parecer: 2.103.441. A pesquisa deu-se por análise de prontuários fonoaudiológicos dos pacientes que foram avaliados durante o ano de 2016 no CER III, pelo serviço de Fonoaudiologia. Para a referida pesquisa, foi desenvolvida uma ficha de extração pelos pesquisadores para a coleta dos dados. Observaram-se as estruturas que compõem o sistema estomatoglossognático, dentre elas: língua, mandíbula, lábios, frênulo lingual, palato duro, maxila; no que engloba tônus e mobilidade destas e aspectos intra-orais, como presença de lesões e alterações sensoriais. Resultados e Discussão: Foram avaliados cerca de 46 prontuários, onde foi possível identificar predomínio de alterações no tônus e mobilidade de língua e lábios, com inserção de frênulo lingual anteriorizada em 16 das crianças descritas nos prontuários e palato ogival em 13. Nas funções estomatoglossognáticas, constatou-se incoordenação respiração, sucção e deglutição. Conclusão: A microcefalia determina alterações sensoriomotoras orais que repercutem nas funções clássicas do sistema estomatoglossognático, com destaque à anteriorização do frênulo lingual, alteração do tônus e mobilidade das estruturas orofaciais, refletindo na incoordenação, respiração, sucção e deglutição, o que pode interferir no estado clínico da criança por complicações alimentares.

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T53. Assistência odontológica precoce a bebês com microcefalia: relato de experiência na atenção primária a saúde

Ana Lídia Soares Cota; Emily Feitosa Rego; Izabelle Cristina Acioly de Omena; Maria do Rosário Vasconcelos Lima Área Temática: Microcefalia RESUMO Introdução: No Brasil, desde 2015, um número expressivo de bebês tem nascido com microcefalia e a etiologia de tais casos tem sido atribuída à infecção materna pelo Zika Vírus durante a gestação. A microcefalia é uma doença que afeta o desenvolvimento do perímetro encefálico, trazendo como sequelas distúrbios na cognição e na coordenação motora da criança. Do ponto de vista odontológico, em função da dieta predominantemente pastosa e hipercalórica, associada a alterações salivares, dificuldade de realização da atividade de higiene bucal e comprometimento da mastigação e deglutição, os indivíduos com microcefalia podem apresentar um amplo leque de alterações buco-dentárias, como cárie, gengivite, periodontite, micrognatia, atraso na erupção dentária, má-oclusão e bruxismo. Nesse sentido, a literatura pertinente determina que a atenção odontológica precoce é essencial para a prevenção dos agravos na criança, constituindo-se numa excelente oportunidade de instituir abordagens que visem minimizar os riscos e transmitir conceitos relativos às boas práticas de saúde bucal. Objetivos: Apresentar um relato de experiência de assistência odontológica na atenção primária à saúde em bebês com microcefalia do município de Maceió-AL. Relato de experiência: Desde fevereiro de 2017, o município de Maceió-AL, de forma pioneira no Estado, implantou em seus serviços a assistência odontológica aos 55 bebês com diagnóstico de microcefalia e/ou alterações do Sistema Nervoso Central, compondo o grupo “Ciranda do Cuidado”. Este grupo, criado em abril 2016, partiu de uma iniciativa de profissionais da Secretaria Municipal de Saúde e é organizado pela Coordenação de Saúde da Criança, Programa Saúde da Família, Atenção Básica e Coordenação do Programa de Atenção à Pessoa com Deficiência. Considerando as possíveis dificuldades diante da necessidade de realização de um tratamento curativo nessa população, as ações desenvolvidas pela equipe apresentam foco na prevenção de agravos e na educação e promoção da saúde bucal infantil. Inicialmente, no âmbito coletivo, foram realizadas rodas de conversa em dois momentos distintos, voltadas para os familiares e cuidadores dos bebês. Em seguida, iniciaram-se os atendimentos ambulatoriais, de forma individualizada, em uma Unidade Básica de Saúde, garantindo, desse modo, a integralidade da atenção às crianças. Nas consultas odontológicas enfatiza-se a humanização do atendimento de forma personalizada, acolhendo as necessidades de cada família e avaliando as condições sistêmicas e presença de distúrbios associados. A profissional reforça as orientações de dieta, instruções de higiene oral, prevenção de hábitos deletérios, realiza escovação supervisionada e, quando necessário, institui sessões de fluorterapia. O retorno dos pacientes ocorre de acordo com os riscos e necessidades individuais e tem-se percebido melhora nas condições bucais e fortalecimento do vínculo dentista-família-paciente. Conclusão: Diante do exposto, conclui-se que a inserção na atenção primária de ações de saúde bucal às crianças com microcefalia revela-se como uma estratégia com potencial de melhorar a qualidade de vida dos indivíduos afetados. Dessa forma, os autores esperam obter subsídios que auxiliem a formulação e implementação de políticas públicas direcionadas.

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T54. Atenção fisioterapêutica à criança com microcefalia e Síndrome de West associada: relato de caso

Higor Felipe Parente Araujo; Ricardo Rodrigues da Silva; Mariana Silva de Amorim; Nathália de Oliveira Barreto; Cíntia Maria Saraiva Araújo; Adriene Cataline Rodrigues Fernandes Kaitlyn Monteiro de Souza; Amanda Raíssa Neves de Amorim Área Temática: Microcefalia RESUMO Introdução: A Microcefalia é descrita como uma má formação congênita de etiologia multifatorial, envolvendo tanto fatores genéticos quanto fatores ambientais. No ano de 2015, o Ministério da Saúde fez um levantamento, com dados de seis cidades do Nordeste, onde foram encontrados 6.800 casos de bebês com microcefalia desenvolvida pelo vírus Zika. Estudos e exames laboratoriais detectaram a presença do vírus no líquido amniótico das gestantes. É possível caracteriza-la a partir do perímetro cefálico (inferior a 33 centímetros), podendo estar ou não relacionado à má formações estruturais/secundárias de causas diversas. A Síndrome de West (SW) é uma patologia neurológica, caso raro de epilepsia, que pode estar relacionada com a Microcefalia. A SW é caracterizada, segundo sua etiologia, de formas sintomática, criptogênica e idiopática. Ambas trazem afecções neurológicas com atrasos no desenvolvimento neuropsicomotor nos acometidos. Objetivos: relatar de caso na atenção à criança com Microcefalia e Síndrome de West associada, atendida num Projeto Extensão na cidade de Natal/RN. Materiais e Métodos: Pesquisa do tipo relato de caso, aprovado pelo parecer consubstanciado nº 1.767.042, do Comitê de Ética em Pesquisa/UnP. Amostra composta por paciente de 1 ano e 11 meses, atendida pelo Projeto de Extensão e Pesquisa de Atuação Interprofissional na Atenção à Saúde das Crianças com Síndrome da Infecção Congênita causada pelo Zika Vírus e Combate ao mosquito Aedes aegypti, realizada no Centro Integrado de Saúde (CIS), duas vezes por semana, com duração de 50 minutos. Inicialmente realizado o acolhimento interprofissional no CIS, em seguida avaliação fisioterapêutica. A avaliação é iniciada pela coleta de dados e histórico da doença atual (HDA). Em seguida, realizam-se testes para verificar a presença de reflexos primitivos, equilíbrio e proteção, além de serem testados os padrões motores, onde identifica-se em qual fase do desenvolvimento motor encontra-se a criança. Na paciente, foi observado a presença de hipotonia e controle cervical anterior e posterior, inicialmente ausentes, evoluindo para insatisfatórios. Apresentava quadro clinico anormal de desenvolvimento dos diversos padrões motores definidos para sua atual idade antes da atuação do tratamento fisioterapêutico. Diagnosticada também com luxação congênita de quadril. Utilizou-se como técnicas fisioterapêuticas a cinesioterapia, mecanoterapia e o conceito Bobath, com objetivo de inibir estes padrões posturais anormais. Relato de caso: Através dos atendimentos realizados, e inclusive interprofissional, obtém-se uma visão clínica e psicossocial da paciente em seu meio. Os ganhos obtidos são contínuos, visto a continuidade do projeto, favorecendo um prognóstico de vantagem, fortalecendo a práxis fisioterapêutica na microcefalia e síndrome de West. A participação neste desenvolve a integração do aluno no contexto da prática profissional, analisando as competências de investigação clínica e intervenção, utilizadas quando confrontado com diferentes situações clinicas, frente aos casos vivenciados pelo Brasil ultimamente apesar de a evolução da síndrome ser vista como lenta, foi percebido o aprimoramento de controle postural. Conclusão: Notada melhora nos controles cervicais, antes ausentes evoluindo a insatisfatório, e vista o esboço de contração para reajuste cervical quando posicionada em decúbito ventral e dorsal e em sedestação com apoio.

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T55. Atendimento fonoaudiológico a crianças com microcefalia em um serviço público de Maceió: um relato de experiência

Juliane Araújo Medeiros; Mikaelly Damasio dos Santos Vital, Natália de Lima Barbosa e Marisa Siqueira Brandão Canuto Área Temática: Microcefalia RESUMO Introdução: A microcefalia é uma alteração neurológica em que o cérebro e a cabeça da criança são de tamanho menor do que o normal, os ossos do crânio se unem mais cedo, impedindo que o cérebro cresça e siga o seu desenvolvimento normal. Pode ser causada por infecções (rubéola, citomegalovírus, sífilis, toxoplasmose), Zika Vírus, consumo de cigarro, álcool e outras drogas, HIV materno, desnutrição, exposição à radiação durante a gestação, dentre outras. Em alguns casos de microcefalia, podem-se observar, na criança, alterações motoras, cognitivas, visual e auditiva, ocasionando o atraso da aquisição e desenvolvimento da linguagem; como também essas crianças podem apresentar alterações nas estruturas orofaciais (lábios, língua e bochechas), com isso dificultando as funções estomatognáticas de sucção, mastigação e deglutição. A intervenção fonoaudiológica consiste em estímulos de comunicação intencional e melhora da compreensão da linguagem e em favorecer o desenvolvimento adequado das estruturas e funções orofaciais. Objetivos: Relatar a vivência de três acadêmicas de fonoaudiologia, em atendimentos fonoaudiológicos de bebês com microcefalia, em um serviço público de Maceió. Relato de experiência: Os atendimentos acontecem durante as quintas-feiras pela manhã, sob a supervisão de uma fonoaudióloga especialista em motricidade orofacial e disfagia. Foram em torno de dez crianças no dia, porém, a maioria faltou ao atendimento, por dificuldades socioeconômicas. Algumas crianças em atendimento apresentaram engasgos e tosse durante a oferta alimentar, compatíveis com sintomas de disfagia; têm característica atetóide (onde há uma flutuação da rigidez corporal), dificultando a deglutição pela postura muscular inadequada do tronco e pescoço e alteração de sensibilidade intra e extra oral. O atendimento é direcionado às necessidades peculiares de cada criança, sendo possível observar: manipulação passiva para favorecer aumento de tônus e mobilidade das estruturas estomatognáticas; estimulação sensório motora oral, para auxiliar na reabilitação da função motora das estruturas orofaciais; manobras protetivas da deglutição; orientações quanto à postura, utensílios e volume a ser ofertado durante alimentação da criança; e incentivo a mastigação (quando pertinente ao quadro clínico), pois após a oferta alimentar é observado, em alguns casos, presença de resíduos em cavidade oral. No que diz respeito à linguagem, são utilizados estímulos musicais, objetos sonoros e orientações quanto aos incentivos em casa, aproveitando a hora do banho, o brincar e o momento da alimentação. Ao término de cada atendimento, ocorre uma supervisão para que seja feita uma avaliação do quadro clínico da criança, por meio de discussão de cada paciente, ressaltando a criança evolução ou regressão clínica, bem como o que pode ser orientado para que ela possa avançar no seu desenvolvimento, incluindo os aspectos que precisam ser melhorados em terapia. Conclusão: Percebe-se nesta vivência acadêmica que a intervenção fonoaudiológica precoce na microcefalia minimiza os danos globais causados pela alteração neurológica relacionada aos aspectos de linguagem e motricidade orofacial, auxiliando familiares/cuidadores no cuidar de suas crianças e proporcionando a autonomia das mesmas no que concerne as atividades de vida diárias, sempre que possível.

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T56. Avaliação audiológica de bebês com microcefalia e aprimoramento do aprendizado prático discente: um relato de experiencia

Ruth Vieira da Costa; Fabiana Cristina Mendonça de Araújo Área Temática: Diagnóstico Audiológico RESUMO Introdução: De acordo com a Política Nacional de Extensão Universitária, a tríade extensão, pesquisa e ensino é indissociável. A extensão pode ser entendida como fundamental para o desenvolvimento do discente, pois possibilita o aprimoramento de habilidades e competências primordiais. É sabido que a identificação precoce da deficiência auditiva, de preferência no primeiro mês de vida, possibilita uma intervenção também precoce e, consequentemente, minimiza as implicações resultantes da privação sensorial. No ano de 2015, ocorreu o primeiro surto de microcefalia no Brasil e estudos indicaram haver relação entre a infecção materna pelo vírus da Zika e o nascimento de crianças com perímetro cefálico menor que o esperado para idade e sexo. Estas crianças com microcefalia apresentaram alterações sensoriais e motoras associadas, o que levou ao desenvolvimento de pesquisas para identificar alterações auditivas nessa população. Foi estruturado um ambulatório de avaliação auditiva na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), com o objetivo de verificar a existência de tais alterações. Objetivos: Relatar as vivências do projeto de extensão “Avaliação e acompanhamento da audição de bebês expostos as arboviroses na gestação”. Relato de experiência: O projeto de extensão foi realizado na Clínica Escola de Fonoaudiologia da UFRN e na Maternidade Escola Januário Cicco, onde foram recebidos bebês expostos a arboviroses durante a gestação, sendo desenvolvido no período de abril de 2016 a fevereiro de 2017. Todas as crianças passaram por uma anamnese detalhada, foram submetidos à Triagem Auditiva Neonatal (TAN) com Emissões Otoacústicas Evocadas (EOAE) e Potencial Auditivo de Tronco Encefálico (PEATE-a) e à pesquisa do Reflexo Cócleo Palpebral (RCP). Os bebês que obtiveram resultado de “passa” na triagem inicial foram acompanhados e avaliados periodicamente, realizando o monitoramento auditivo por apresentarem fator de risco. Os bebês que tiveram resultados de “falha” na triagem passaram pelo diagnóstico audiológico, sendo realizados os seguintes procedimentos: EOAT, EOAPD, PEATE clique e frequência específica, Imitanciometria, e Avaliação Comportamental com audiômetro pediátrico, instrumentos musicais e estímulos de fala (sons de Ling). Os testes foram executados e analisados conjuntamente, entre a coordenação do projeto e os discentes. As crianças avaliadas e diagnosticadas foram encaminhadas para serviços especializados de intervenção. Os discentes envolvidos puderam desenvolver habilidades necessárias à atuação prática com crianças que apresentam microcefalia, além de ampliar o conhecimento a respeito das arboviroses, parâmetros classificadores da microcefalia, indicadores de risco para perda auditiva, bem como acerca das recomendações e diretrizes nacionais e internacionais para atuação com essa população. A realização do projeto foi de grande significância acadêmica, pois esta não se reduziu ao saber prático, mas, à reflexão das necessidades sociais emergentes em saúde, possibilidades de atuação e expansão dos saberes técnicos aliados aos saberes teóricos, levando ao surgimento de questionamentos importantes, os quais serviram de base para o desenvolvimento de pesquisas relacionadas ao tema. Conclusão: A participação no projeto de extensão promoveu a curiosidade e o desejo necessários para uma formação profissional qualificada, questionadora e preocupada com questões emergentes em saúde, oportunizando a vivência prática dos conhecimentos adquiridos em sala de aula.

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T57. Avaliação auditiva de crianças com microcefalia associada a infecção congênita pelo Zika vírus

Natália dos Santos Pinheiro; Marisa Siqueira Brandão Canuto; Lauralice Raposo Marques Área Temática: Criança e Audição RESUMO Introdução: A microcefalia é caracterizada por uma diminuição do perímetro cefálico e, desde 2015, com o aumento de notificações e por meio de diversas pesquisas, está sendo relacionada ao Zíka Vírus. Essa relação se dá especificamente por meio das mães que tiveram algum contato com o vírus durante a gestação, tendo como principal forma de transmissão a lesão causada pelo mosquito Aedes aegypti. Essa patologia pode causar diversas alterações no indivíduo, inclusive alterações auditivas. A perda auditiva associada a outras síndromes e infecções virais congênitas é bem descrita na literatura. Todavia, pouco se sabe sobre a perda auditiva relacionada à microcefalia, sobretudo, quando esta se associa a infecção congênita pelo Zika Vírus. Objetivos: Descrever os resultados da avaliação auditiva em crianças com microcefalia associada à infecção congênita pelo Zika Vírus. Materiais e Métodos: Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, sob o CAEE de número 59861316.5.0000.5011. Trata-se de um estudo quantitativo descritivo observacional. Foram coletados dados em 29 prontuários. A amostra foi constituída por crianças nascidas com microcefalia no período de 2015 a 2016, atendidas em um Centro Especializado em Reabilitação de Maceió/AL. Foram considerados os seguintes critérios de inclusão: crianças diagnosticadas com microcefalia, atendidas no Centro Especializado em Reabilitação, de ambos os gêneros e que realizaram a Triagem Auditiva Neonatal. Foram excluídos da pesquisa os indivíduos com síndromes associadas à microcefalia. Desse modo, as variáveis constituíram-se de: gênero e resultados da avaliação auditiva. Resultados e Discussão: Participaram deste estudo 29 lactentes, com faixa-etária entre 28 dias e 12 meses, sendo 15 (52%) do gênero feminino e 14 (48%) do gênero masculino. A partir da análise dos prontuários, constatou-se que 7 (24%) lactentes apresentaram resultados alterados na avaliação audiológica e 22 (76%) resultados sem alteração. Dentre as crianças com resultados alterados, 3 (43%) eram do gênero feminino e 4 (57%) do gênero masculino. Na pesquisa das EOA, 5 (17%) lactentes apresentaram ausência nas respostas em pelo menos uma das orelhas. Com relação ao exame do PEATE, 2 (7%) lactentes apresentaram resultados alterados, sendo o diagnóstico de perda auditiva retrococlear confirmado. Conclusão: Foi identificada prevalência de 24% de resultados alterados na avaliação auditiva em crianças diagnosticadas com microcefalia associada à infecção congênita pelo Zika Vírus.

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T58. Avaliação dos reflexos orais em crianças com microcefalia

Andresa Mayra da Silva Melo; Antonio Lucas Ferreira Feitosa; Jéssika Bertoldo Costa Farias; Nilian Cerqueira de Azevêdo; Mateus Saulo Dantas Correia e Sá; Emanuele Mariano de Souza Santos; Flávia Calheiros da Silva; Shirley Christina Melo Araújo; Marisa Siqueira Brandão Canuto Área Temática: Microcefalia RESUMO Introdução: A microcefalia é uma patologia de origem neurológica, na qual ocorre uma redução do perímetro cefálico como consequência de uma diminuição na espessura do córtex cerebral, associado às más formações ou outras possíveis alterações neurológicas significativas. A criança diagnosticada com microcefalia pode apresentar atraso no desenvolvimento neuropsicomotor e um grau de retardo mental. Algumas alterações presentes na microcefalia estão relacionadas à Motricidade Orofacial, que consiste no campo da Fonoaudiologia que estuda as intervenções dos aspectos estruturais e funcionais das regiões orofacial e cervical, assim como a anatomia e fisiologia dessas estruturas, possibilitando uma atuação eficaz através da compreensão do desenvolvimento adequado dos reflexos orais e das funções estomatoglossognáticas. Objetivos: Caracterizar a presença de reflexos orais inatos em crianças com microcefalia. Materiais e Métodos: o estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas, sob CAAE: 58444516.0.0000.5011 e número de parecer: 2.103.441. A pesquisa deu-se por análise de prontuários fonoaudiológicos dos pacientes que foram avaliados durante o ano de 2016 no CER III, pelo serviço de Fonoaudiologia. Foi elaborada uma ficha pelos pesquisadores para melhor procedimento dentro da pesquisa. Resultados e Discussão: Foram avaliados cerca de 46 prontuários, dos quais 24 pertenciam ao gênero masculino e 22 ao gênero feminino. Dentre os achados, percebeu-se presença do reflexo de procura; sucção variando entre adequada e débil; reflexo de pega e mordida adequados à idade; reflexo de deglutição com atraso do disparo em algumas crianças dos prontuários analisados e o reflexo de gag anteriorizado. Conclusão: Diante do exposto, pode-se afirmar que, com exceção do reflexo de deglutição, demais reflexos orais inatos encontram-se adequados à idade.

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T59. Avaliação e monitoramento audiológico em crianças com microcefalia

Barbara Cristina da Silva Rosa; Doris Ruthi Lewis; Mirelles Santos, Raphaela Barroso Guedes-Granzotti; Danielle Ramos Domenis Área Temática: Microcefalia RESUMO Introdução: A microcefalia é caracterizada por uma malformação congênita de etiologia complexa e multifatorial. No Brasil, em 2015, foram observadas anomalias congênitas nos bebês, incluindo microcefalia, causadas por infecção congênita pelo Zika vírus. A presença de microcefalia é um indicador de risco para deficiência auditiva e por isso, nesta população, deve-se realizar o Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico como primeira escolha, devido a maior prevalência de perdas auditivas retrococleares, como recomendada por diversas entidades de classe. A diretriz de orientação rápida para atendimento em crianças com microcefalia, publicada em 2016, traz como recomendação o encaminhamento de todas as crianças com diagnóstico fechado, os casos suspeitos de microcefalia, além da triagem auditiva neonatal antes da alta hospitalar com o uso do Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico e, se necessário, exames adicionais, assim como o monitoramento audiológico. Objetivos: Descrever a avaliação e monitoramento audiológico em crianças com microcefalia pelo Zika vírus. Materiais e Métodos: Trata-se de um estudo longitudinal, descritivo e analítico, de caráter quantitativo. A presente pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição, CEAEE 55350316.0.0000.5546. Os responsáveis assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. A amostra foi composta por duas crianças com microcefalia, com sorologia positiva para infecção do Zika vírus. Após consulta com otorrinolaringologista, foi realizado a avaliação audiológica, composta por: meatoscopia; timpanometria; potencial evocado auditivo de tronco encefálico com estímulo clique; emissões otoacústicas transientes; observação do comportamento auditivo; audiometria com reforço visual. Todas as crianças foram reavaliadas após seis meses. Relato de caso: Foi observado no caso clínico 1: criança do gênero masculino, 7 meses e perímetro encefálico de 29,5 cm. Na avaliação audiológica, foi observado no Potencial Evocado Auditivo clique, o limiar eletrofisiológico próximo de 20 dB bilateralmente; emissões otoacústicas transientes presentes bilateralmente. Na observação do comportamento auditivo, foi verificado atenção ao som de fraca intensidade para o reco-reco, guizo, chocalho, sino e coco, além de reflexo cocleo palpebral presente. A criança não conseguiu realizar a audimetria com reforço visual. No monitoramento após seis meses, foram observadas emissões otoacústicas presentes bilateralmente, audiometria em campo livre nas frequências de 500Hz, 1kHz, 2kHz, 3kHz e 4 Khz, sendo as respostas consistentes em 20 dBnNA. No caso clínico 2 (criança de 9 meses, do gênero masculino, perímetro encefálico de 30 cm), foi observado Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico clique presente próximo de 20 dB, emissões otoacústicas transiente presentes bilateralmente. Na observação do comportamento auditivo, foi verificado atenção ao som em fraca intensidade para o reco-reco, guizo, chocalho, sino e coco, além de reflexo coclepalpebral presente. No monitoramento após 6 meses, apresentou emissões otoacústicas presentes bilateralmente, realizou a audiometria de reforço visual com fone de inserção em 500Hz, 1kHz, 2 kHz, 4 kHz, com respostas consistentes em 20 dBnNA. Conclusão: O monitoramento auditivo permite ao profissional identificar precocemente possíveis alterações auditivas com acometimento tardio. Sendo assim, conclui-se que as duas crianças avaliadas e monitoradas não apresentaram acometimento auditivo tardio; elas não foram capazes de realizar a audimetria de reforço visual inicialmente provavelmente devido ao atraso neuropsicomotor.

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T60. Avaliação orofacial em crianças com microcefalia: descrição dos achados

Antonio Lucas Ferreira Feitosa; Andresa Mayra da Silva Melo; Clara Maria de Araujo Silva; Jéssika Bertoldo Costa Farias; Marisa Siqueira Brandão Canuto; Shirley Christina Melo Araújo Área Temática: Microcefalia RESUMO Introdução: A atuação fonoaudiológica nos centros especializados em reabilitação de nível III, são obrigatórios, sendo este profissional responsável pela triagem dos usuários que buscam o serviço de Fonoaudiologia. A avaliação clínica em motricidade orofacial representa fundamental etapa no processo de diagnóstico fonoaudiológico nessa área, uma vez que possibilita a compreensão das condições anatômicas e funcionais do sistema estomatognático, além de estabelecer o raciocínio terapêutico e definir a necessidade de encaminhamentos, fornecendo dados quanto ao prognóstico dos casos. Na microcefalia a avaliação fonoaudiológica é de extrema importância, uma vez que os impactos causados nas estruturas orofaciais repercutem em todo o desenvolvimento destas crianças. Objetivos: Descrever os achados fonoaudiológicos referidos nos prontuários de crianças com microcefalia. Materiais e Métodos: Trata-se de uma pesquisa quantitativa, de abordagem descritiva e transversal, aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas sob CAAE: 62798916.1.0000.5011 e número de parecer: 1.929.579. Foram levantados dados do serviço de Fonoaudiologia presentes nos prontuários dos usuários com microcefalia atendidos no CER III, durante os anos de 2015 e 2016. Utilizou-se uma ficha de coleta desenvolvida pelos próprios pesquisadores a fim de reunir os aspectos relacionados a avaliação em motricidade orofacial. Resultados e Discussão: encontraram-se diversas alterações fonoaudiológicas descritas nos prontuários de 40 pacientes atendidos pelo serviço de Fonoaudiologia, como reflexos primitivos exacerbados e incoordenação na sucção, respiração e deglutição. As crianças apresentaram também desorganização dos movimentos linguais, elevação do corpo lingual e frênulo lingual curto. Reflexo de mordida exacerbado e palato atrésico e ogival foram descritos em algumas avaliações. Deglutição tardia e escape por comissura labial direita durante a estimulação sensório motor oral pela oferta de alimento foi mencionado. Verificou-se ainda hipotonia e anteriorização de língua, de bucinadores, eversão labial inferior e filtro indefinido, além da presença de lábio superior fino. Conclusão: a avaliação realizada pelo serviço de Fonoaudiologia nas crianças com microcefalia permitiu levantar hipóteses diagnósticas fonoaudiológicas relacionadas à alteração na mobilidade e tonicidade dos órgãos fonoarticulatórios, assim como à desorganização funcional do sistema estomatognático. A importância da avaliação fonoaudiológica nas crianças com microcefalia contribui diretamente no levantamento de alterações que podem desestabilizar a harmonia das funções vitais dos indivíduos e serem prejudiciais ao desenvolvimento da comunicação humana.

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T61. Benefícios do uso do sistema cros para a habilidade de localização sonora em indivíduos com perda auditiva unilateral: uma revisão integrativa

Mikaelly Damasio dos Santos Vital; Natália de Lima Barbosa da Silva; Manuela Barro da Silva; Danielle Cavalcante Ferreira; Layne Cristina da Silva; Jaquelane Francisca da Silva; Kelly Cristina Lira de Andrade Área Temática: Aparelho de Amplificação Sonora Individual RESUMO Introdução: A perda auditiva unilateral é definida como a diminuição da audição em uma das orelhas. Apesar de ocasionar, em geral, menores prejuízos que a perda auditiva bilateral, acarreta dificuldades de localização sonora e percepção de fala em locais ruidosos. A dificuldade de localização sonora justifica-se pelo fato do indivíduo com perda auditiva unilateral não se beneficiar da diferença de tempo interaural, mecanismo que permite identificar a direção do som a partir da diferença de tempo e de fase que a onda sonora alcança as duas orelhas. Esta habilidade auditiva beneficia o indivíduo em diversos aspectos, em especial, no sentimento de segurança e para fins de mobilidade e comunicação. O sistema Contralateral Routing Signal (CROS) é definido como uma prótese auditiva que auxilia indivíduos com perda auditiva de grau profundo em uma orelha e audição normal ou perda auditiva de menor grau na outra orelha. Neste tipo de adaptação, um microfone na orelha com perda auditiva de grau profundo detecta e envia o sinal por meio da tecnologia wireless para um receptor acoplado na orelha com audição normal ou com menor grau de perda auditiva. Desta forma, a utilização do sistema CROS por pacientes com perda auditiva unilateral mostra-se bastante útil para aprimorar a habilidade de localização sonora. Objetivos: Avaliar as publicações referentes aos benefícios do uso do sistema CROS para a habilidade de localização sonora em indivíduos com perda auditiva unilateral. Materiais e Métodos: Foi realizada uma busca eletrônica nas bases de dados SciELO, Lilacs e Medline, via Pubmed, por meio das seguintes estratégias de busca: Auxiliares de audição AND localização de som; Auxiliares de audição AND Perda auditiva Unilateral; Perda auditiva Unilateral AND localização de som; Auxiliares de audição AND perda auditiva unilateral AND localização de som; Hearing aids AND unilateral hearing loss; Hearing aids AND sound location; Unilateral hearing loss AND sound location; Hearing aids AND unilateral hearing loss AND sound location e Hearing aids AND contralateral routing signal AND sound localization. Não houve restrição de idiomas e as fases de seleção foram: fase de título, fase de resumo e fase de artigos completos. A cada fase de leitura, os artigos que referiam o uso do sistema CROS por indivíduos com perda auditiva unilateral e que citavam a habilidade de localização sonora foram incluídos. Resultados e Discussão: Foram encontrados 881 artigos e, após checagem dos critérios de elegibilidade, 846 foram excluídos pelo título, 14 pelo resumo, 8 pela leitura do artigo, 4 eram repetidos e 6 selecionados para o estudo. Conclusão: De acordo com os resultados encontrados, é possível afirmar que o uso do sistema CROS por indivíduos com perda auditiva unilateral, desde que bem adaptado, melhora a habilidade de localização sonora durante atividades de vida diária.

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T62. Caracterização da triagem auditiva neonatal em bebês com microcefalia atendidos no centro especializado em reabilitação CER-III

Luis Gustavo Gomes da Silva; Maria de Fátima Ferreira de Oliveira; Adriana Paula Barros e Silva Pereira; Leanderson Pereira da Silva; Klinger Vagner Teixeira da Costa; Luciana Castelo Branco Camurça Fernandes Área Temática: Diagnóstico Audiológico RESUMO Introdução: A porção periférica do sistema auditivo é formada entre o quinto e sexto mês de gestação. Desta forma, é sabido que a audição inicia na vida intrauterina. Os programas de identificação precoce da deficiência auditiva vêm sendo desenvolvidos no Brasil desde a década de 80, em bebês com e sem indicadores de risco para perda auditiva (IRDA), utilizando procedimentos comportamentais e eletrofisiológicos. No ano de 2015 e 2016 houve uma alta incidência de bebês que nasceram com microcefalia, causada pelo Zika Vírus no período da gestação. De acordo com o novo boletim do Mistério da Saúde, no Brasil há 1.749 casos confirmados de bebês que possuem microcefalia e, dentre estes, 79 casos confirmados em Alagoas. Diante da obrigatoriedade do Teste da Orelhinha no país, os bebês com microcefalia foram avaliados pelos programas de triagem auditiva neonatal (TAN), como também foram incluídos no grupo de IRDAs. Com isso, houve necessidade de fazer um levantamento dos resultados do teste da orelhinha, obtidos nessa população. Objetivos: Descrever o resultado de Emissões Otoacústicas Transientes, obtidas nos bebês com microcefalia, atendidos no CER III de Maceió. Materiais e Métodos: O estudo faz parte do Programa de Pesquisa para o SUS (PPSUS), aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CAAE: nº 1.742.850). Trata-se de um estudo de corte transversal retrospectivo e descritivo. O critério de inclusão foi: prontuários de criança portadoras de microcefalia, que realizaram emissões otoacústicas em 2016 e são atendidas no CER III Maceió. Foram excluídos os casos que não constavam dados do resultado da TAN. Ao todo foram coletados dados de trinta crianças, escolhidas de forma não probabilística. Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva e frequência absoluta. Resultados e Discussão: Foram analisados 30 prontuários. Durante essa análise, considerou-se os critérios de inclusão e exclusão e, assim, 10 foram excluídos e 20 foram considerados. Os resultados dos 20 prontuários incluídos no estudo, foram avaliados por orelha, totalizando 40 orelhas. Dentre as orelhas avaliadas, 95% (N=38) obtiveram emissões otoacústicas por estímulos transientes presentes e 5% (N=2) demonstraram ausência de respostas. A ausência de resposta foi apresentada nas duas orelhas do mesmo bebê. Nesse caso, é importante demonstrar que apenas um bebê falhou na TAN. Esse índice de falha na TAN foi inferior a alguns dos estudos compilados da literatura 1,2,3. O Joint Committee on Infant Hearing (JCIH), em 2007, recomendou que as falhas na primeira etapa não ultrapassem 10%. Conclusão: A maioria dos bebês com microcefalia passaram no teste da orelhinha. Embora a infecção pelo Zika Vírus seja um fator de risco para perda auditiva, não exclui a possibilidade de a falha ter sido causada por outros fatores. Entretanto, vale ressaltar, que esses bebês infectados pelo Zika vírus podem apresentar atraso no desenvolvimento auditivo. Assim, é recomendado monitoramento auditivo durante 2 anos, a fim de acompanhar esse desenvolvimento de habilidades auditivas.

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T63. Caracterização do perfil das crianças com microcefalia atendidas em um centro especializado em reabilitação do estado de Alagoas

Antônio Lucas Ferreira Feitosa; Andresa Mayra da Silva Melo; Clara Maria de Araújo Silva; Karina Maria Barros de Oliveira; Jéssika Bertoldo Costa Farias; Marisa Siqueira Brandão Canuto; Shirley Christina Melo Araújo Área Temática: Microcefalia RESUMO Introdução: Os aspectos motores são marcos do desenvolvimento infantil, que surgem logo nos primeiros meses de vida. A ausência desses marcos pode trazer consequências para o indivíduo, como a perda das funções, acarretando uma deficiência física. Algumas doenças ou distúrbios que acarretam o deficit do crescimento cerebral, são responsáveis em causar sequelas profundas, como a Microcefalia. Objetivos: Caracterizar o perfil das crianças diagnosticadas com microcefalia atendidas em um Centro Especializado em Reabilitação nível III no Estado de Alagoas. Materiais e Métodos: Trata-se de uma pesquisa quantitativa, de abordagem descritiva e transversal, aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas, sob CAAE: 62798916.1.0000.5011 e número de parecer: 1.929.579. Fram levantados dados secundários de prontuários dos usuários atendidos, para caracterizar variáveis relacionadas à criança como: idade, gênero, perímetro cefálico (PC) e Exames de Triagem Neonatal (ETN), a procedência e infecções relacionadas ao período gestacional das mães dessas crianças com microcefalia. Resultados e Discussão: Foram avaliados 30 prontuários onde a idade das crianças variou de 2 meses a 12 meses. Quanto ao gênero das crianças, o masculino foi predominante entre a maioria dos usuários, porém, na capital predominou o gênero feminino. Quanto ao PC, o diâmetro mais encontrado foi entre 28cm e 31cm, sendo prevalente em ambos os sexos. Quantos aos ETN, o auditivo e o ocular foram os mais realizados. Percebeu-se que muitas das mães relataram ter tido Zika durante a gravidez. Em contrapartida, outras relataram infecção urinária. Conclusão: Percebe-se que a prevalência dos casos de microcefalia ocorreu em maior parte no gênero masculino, com perímetro cefálico mínimo de 28cm e idade máxima de 12 meses. Quanto aos ETN, observou-se que muitas das crianças não possuíam todos os exames preconizados pelo Ministério da Saúde. Outro fator importante foi em relação ao relato de infecção por Zika Vírus feito por várias genitoras. Desta forma, caracterizar o perfil das crianças diagnosticadas com microcefalia permite estabelecer uma melhor conduta quanto ao planejamento das ações e dos serviços de saúde.

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T64. Conduta de atendimento odontológico ao paciente com deficiência auditiva Laura Maria Cordeiro de Oliveira; Aleska Dias Wanderley; Luis Henrique Carvalho Batista Área Temática: Interdisciplinaridade RESUMO Introdução: A deficiência auditiva é caracterizada pela incapacidade de se compreender a fala através do ouvido, variando em diferentes níveis. Essa deficiência não se restringe às funções otológicas, podendo afetar o desenvolvimento da linguagem oral e da aprendizagem, bem como da personalidade e de suas relações sociais. É por meio da comunicação que os indivíduos interagem, o que na área da saúde é fundamental para o estabelecimento de uma relação profissional-paciente com qualidade e assistência adequada. A pessoa surda vivencia um grave problema sensorial que resulta em dificuldade de comunicação através da linguagem oral tradicional, gerando a necessidade do desenvolvimento de habilidades em outro canal de expressão, como a linguagem de sinais e utilização de gravuras, além de tratos peculiaridades durante o atendimento odontológico para garantir segurança durante todo o procedimento. Objetivos: Realizar uma revisão de literatura a respeito da importância de se ter uma conduta de cuidados no atendimento ao paciente surdo baseado em experiências e evidências científicas. Materiais e Métodos: A revisão de literatura foi realizada por meio de levantamento bibliográfico no Pubmed e Bireme. Os termos extraídos do DeCS para busca, foram: Odontologia; Surdez; Comunicação em Saúde; Prevenção e Controle; em língua portuguesa. E em língua inglesa, através do MeSH: Dentistry; Deafness: Communication in Health; Prevention & Control. Resultados e Discussão: Observou-se que os pacientes portadores de necessidades especiais requerem um tratamento odontológico diferenciado devido às limitações determinadas por sua deficiência, além de evidências epidemiológicas demonstrarem índice de cárie e problemas periodontais elevados entre estes. Tratando-se de deficiência auditiva, a barreira a ser transposta é a da comunicação. Desse modo, torna-se conhecida a importância da capacitação profissional para suprir as dificuldades durante o atendimento, como a ansiedade dos pais, problemas sistêmicos, discriminação, entre outras. Conclusão: Um programa básico de condutas padronizadas de atendimento, mostra-se um caminho para estreitar a relação de confiança entre o profissional e o paciente surdo, garantindo uma possível melhoria na saúde bucal trazendo-os mais vezes as consultas odontológicas.

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T65. Desafio dos profissionais de saúde diante de pacientes com deficiência auditiva

Lima, T. T.; Mergulhão, B. C. R.; Machado, E. S.; Barbosa, I. F.; Emidio, M. S. L.; Menezes, P. L. Área Temática: Interdisciplinaridade RESUMO Introdução: A prática baseada em evidências é uma abordagem que estimula o desenvolvimento e a utilização de resultados de pesquisas na prática clínica. Através dessa premissa, assunto como a deficiência auditiva deve ser abordado pelos profissionais de saúde. Objetivos: Identificar na literatura científica, publicações sobre a participação dos profissionais de saúde no atendimento de pacientes surdos. Materiais e Métodos: Trata-se de uma revisão de literatura na qual se utilizou os termos “surdez”, “deficiência auditiva” e “profissional de saúde” nas bases de dados LILACS, SciELO, e PubMed/MEDLINE. Síntese dos dados: Foram identificadas 16 publicações que mostraram que o apoio social, profissional e familiar foi imprescindível para o sucesso do atendimento ao deficiente auditivo. Os dados obtidos foram organizados em três categorias para abordar na discussão: o profissional como agente para a facilitação do atendimento; percepções médicas sobre a surdez; e o impacto da intervenção educativa sobre a linguagem de sinais. Resultados e Discussão: A família foi destacada como suporte fundamental pela forte influência na comunicação no momento do atendimento. Contudo, a participação do profissional de saúde exibe a necessidade de se entender o paciente e usar linguagens que facilite o acesso. Os profissionais de saúde devem buscar informações constantemente, para atender melhor essa parcela dos pacientes especiais. Conclusão: Foram encontradas produções científicas ressaltando a relevância do apoio dos profissionais de saúde ao deficiente auditivo. Porém, a maioria das pesquisas apresenta abordagem descritiva, havendo poucos estudos com intervenções educativas e práticas.

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T66. Emissões otoacústicas transientes em crianças com microcefalia pelo zika vírus

Barbara Cristina da Silva Rosa; Lucas Cruz Reis; Raphaela Barroso Guedes-Granzotti; Mirelles Santos; Dóris Ruthi Lewi Área Temática: Microcefalia RESUMO Introdução: A microcefalia é uma malformação congênita. Sendo identificada através da mensuração do perímetro encefálico, sendo considerados como valores de referência perímetros iguais ou inferiores a 31,9 cm para meninos e 31,5 cm para meninas, considerando 37 semanas de gestação. No Brasil, em 2015, houve um aumento drástico nos casos microcefalia decorrentes do Zika vírus. Ainda são poucos os estudos sobre a fisiopatologia do Zika vírus, sua evolução, fatores de riscos e relacionados. Dentre os exames audiológicos, as emissões otoacústicas têm grande importância clínica pelo fato que a maioria das desordens pertinentes à perda auditiva é de origem coclear, com disfunção das células ciliadas externa. As emissões otoacústicas transientes possibilitam analisar os aspectos fisiológicos da cóclea de forma não invasiva, rápida e objetiva. Objetivos: Analisar as Emissões Otoacústicas Transientes em crianças com microcefalia pelo Zika vírus. Materiais e Métodos: O presente estudo é de natureza prospectiva, de caráter descritivo, analítico e quantitativo. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade, sob número CAAE nº 60049216.1.0000.5546. Todos os responsáveis pelas crianças assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. A amostra foi composta por 5 crianças, 10 orelhas, de 9 a 18 meses de idade, com diagnóstico de microcefalia pelo Zika vírus, que participam do ambulatório de estimulação precoce e que realizaram consulta com o otorrinolaringologista. Para coleta, foi utilizado o aparelho de emissões otoacústicas transientes clínico, da marca Otodynamics, modelo Otoport. Considerou-se a resposta presente quando a estabilidade da sonda foi igual ou superior a 70%, reprodutibilidade geral igual ou maior a 50%, relação sinal/ruído por banda de frequência igual ou maior que 3 dB para a frequência 1 e 1,5 KHz igual ou maior que 6 dB para as bandas de 2, 3 e 4 KHz e, obrigatoriamente, passar no mínimo em três bandas de frequência consecutivas. Resultados e Discussão: Nesse estudo foi verificado um maior número de falhas na frequência de 1kHz bilaralmente, sendo que 90% falharam e 10% passaram. Na frequência de 2 kHz 10% falharam, e na de 4 kHz 20% falharam. Já em 3kHz foram observadadas respostas presentes bilateralmente em 100% da amostra. Quanto à relação sinal/ruído, as médias observadas foram: 1kHz na orelha direita de -0,68 e na orelha esquerda de -0,04; 2kHz na orelha esquerda de 7,68 e na orelha direita de 9,16; 3kHz na orelha direita de 15,64 e na orelha esquerda de 14,30; em 4kHz na orelha direita de 17,22 e na orelha esquerda de 13,12. Ao analisar as respostas das emissões otoacústicas transientes por banda de frequência, pode-se constatar na amostra a presença de 3 ou mais bandas de frequências consecutivas (75%), no entanto, um dos sujeitos apresentou falha em uma das orelhas, a esquerda, em três das cinco bandas avaliadas. Conclusão: O elevado número de falhas na banda 1kHz, pode ter relação com o ruído estridor característico da respiração das crianças com microcefalia, evidenciando a necessidade de novos estudos que investiguem falhas nas emissões otoacústicas transientes nesta população com alto risco de deficiência auditiva.

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T67. Equipes dedicadas no cuidado de famílias/crianças acometidas pela síndrome congênita do Zika em um município de Alagoas: uma estratégia qualificada

Erica Paula Barbosa; Eduardo Araujo Pinto; Andrezza Monnyke Costa Vital; Lousanny Caires da Rocha; Veugva Dionisio de Freitas; Paulla Valéria de Souza Meneses; Cinthya Rafaella Magalhães da Nóbrega Novaes; Arlete Gomes Freire; Ialison Severo de Melo; Dannyelly Dayane Alves da Silva Área Temática: Interdisciplinaridade RESUMO Introdução: O estado de Alagoas apresentou, até agosto de 2017, 376 casos notificados como possíveis de microcefalia associada ao Zika vírus. Dentre os casos notificados, 10 crianças foram diagnosticadas com a Síndrome Congênita do Zika (SCZ), associado a microcefalia no município de Arapiraca. Em geral, as crianças acometidas pela SCZ apresentam atraso no desenvolvimento neuropsicomotor com acometimento motor e cognitivo relevante e, em alguns casos, as funções sensitivas (audição e visão) também são comprometidas. O comprometimento cognitivo ocorre em cerca de 90% dos casos. Atualmente todas as crianças com SCZ estão em acompanhamento na atenção básica quanto na atenção especializadas em Arapiraca, sendo utilizada a estratégia de composição de equipes dedicadas qualificadas para esse acompanhamento. Objetivos: Descrever a experiência da composição e organização das equipes dedicadas multiprofissional no atendimento às famílias e às crianças com SCZ. Relato de experiência: Através do Plano de Atenção à Criança Notificada com SCZ, foi criada no município de Arapiraca a estratégia de composição de Equipes Dedicadas, qualificadas para o acompanhamento dessas crianças e suas famílias. A Equipe Dedicada tem um caráter multiprofissional com ênfase no acompanhamento das Crianças notificadas com a SCZ, com representantes da Saúde, Educação e Assistência Social. Sendo uma equipe em nível central (técnicos das coordenações das secretarias envolvidas), que possui como objetivo a capacitação e suporte das Equipes Dedicadas Locais para detecção precoce, notificação de novos casos e acompanhamento longitudinal. A Equipe Dedicada em Nível Local é formada no território de cada criança acometida por SCZ, sendo composta por representantes dos pontos de atenção das redes de assistência à criança, sejam da Unidade Básica de Saúde, Creche, CRAS, Escola, NASF e equipamentos sociais localizados naquele território ou de sua referência. Têm por objetivo realizar análise situacional, genograma e ecomapa de cada criança notificada com a SCZ, propondo com a seus familiares um projeto terapêutico adequado a cada realidade e necessidade apresentadas. Atualmente, ocorrem reuniões mensais para discussão e matriciamento dos casos em conjunto com os demais pontos da rede, fomentando a qualificação e o apoio das equipes no cuidado integral às famílias e suas crianças, possibilitando acesso rápido aos serviços e estimulando o desenvolvimento infantil. Conclusão: A estratégia de compor Equipes Dedicadas tem se mostrado muito promissora no município de Arapiraca, visto que possibilitam uma comunicação interinstitucional, além de aproximarem os profissionais das Redes de Atenção à Saúde, instrumentalizando a equipe na condução das necessidades dessas famílias com todos os equipamentos do território, incluindo a referência em reabilitação, em um processo de construção compartilhada e coletiva, criando uma proposta de intervenção pedagógico-terapêutica.

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T68. Estudo da cobertura dos procedimentos diagnósticos auditivos em crianças de um estado do nordeste brasileiro

Danielle Cavalcante Ferreira; Mariana Calheiros Flores; Nayyara Glícia Calheiros Flores; Ewerton Amorim dos Santos; Caroline de Araújo Miranda; Jacqueline Pimentel Tenório Área Temática: Políticas Públicas em Saúde Auditiva RESUMO Introdução: A audição desempenha um papel primordial no desenvolvimento de fala e linguagem dos indivíduos. Nos últimos anos, diversos estudos têm comprovado que nos casos de perdas auditivas infantis, a detecção e a intervenção precoce favorecem o desenvolvimento dos sujeitos e aumentam as chances de ocorrer um desenvolvimento de linguagem comparável ao de crianças ouvintes na mesma faixa etária. Objetivos: Descrever a realização de procedimentos de diagnóstico de saúde auditiva voltados à criança em um estado do Nordeste brasileiro. Materiais e Métodos: Foram analisados dados do período 2008 a 2016 levantados a partir do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), no ícone “Informações em saúde”. A seleção nessa plataforma foi realizada por meio dos seguintes termos: “0211070149 - emissões otoac evoc p/ triagem auditiva”; “0211070270 - pot evoc aud p/ triagem auditiva”; “0211070025 - audiometria de reforço visual (via aérea / óssea)”; “0211070092 - avaliação p/ diagnóstico de def auditiva”; “0211070106 - aval p/ diag diferencial de def auditiva”; “0211070300 - reav diag def auditiva em pac menor de 3 anos” e “0211070360 triagem auditiva de escolares”. Resultados e Discussão: Os dados coletados apontam que, apesar do estado em questão possuir 102 municípios, há uma grande concentração de procedimentos realizados na capital do Estado. Além disso, a partir de 2010 pode-se observar um crescimento constante no número de procedimentos realizados, passando de 6314 procedimentos em 2010 para 18035 em 2016, um crescimento de 185%. Em relação a cada um dos procedimentos, pode-se perceber que a pesquisa das emissões otoacústicas na triagem auditiva neonatal foi o exame com maior crescimento ao longo do período, em 2008 foram realizados 718 exames, já em 2016 foram realizados 10565 exames, um crescimento de 1371%. Os dados indicam ainda que em 2013 foram realizados 224413 procedimentos de “triagem auditiva de escolares”, sendo que nos demais anos esse número não foi superior a 1875 procedimentos. Durante a coleta de dados não foram encontrados dados no sistema DATASUS referentes à realização do procedimento “0211070270 - pot evoc aud p/ triagem auditiva”. Conclusão: Os dados apontam um incremento na realização de procedimentos diagnósticos e ações de saúde auditiva voltadas à criança no período analisado. Porém, a realização de tais procedimentos ainda está concentrada na capital do Estado. Além disso, percebe-se que o aumento significativo na realização de alguns procedimentos pode estar relacionado com a ocorrência de ações pontuais. Diante dos dados apresentados, reforça-se que apesar das melhorias evidenciadas pela implantação da Política Nacional de Atenção à Saúde Auditiva no Brasil, ainda são necessárias melhorias quanto à oferta de procedimentos de atenção auditiva e diagnóstico precoce no Estado.

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T69. Família e equipe multiprofissional um trabalho conjunto em prol do desenvolvimento dos bebes com microcefalia: relato de experiência de um projeto

de extensão Jaise de Lima Procópio; Tainá Alves Rocha da Cruz; Ariane Correia Barbosa; Raquel Lima da Silva; Flávia Calheiros da Silva; Marisa Siqueira Brandão Canuto; Leidyanne Temoteo de Albuquerque; Camila Dayane Ferreira da Silva; Luana Karolyny Gomes da Silva Área Temática: Microcefalia RESUMO Introdução: Microcefalia é uma condição de saúde na qual o cérebro não se desenvolve de maneira adequada. Os recém-nascidos com microcefalia apresentam comprometimento em seu desenvolvimento motor, cognitivo, sensorial, linguístico e social, sendo necessária uma intervenção baseada na monitorização dos sinais de atraso do desenvolvimento através da estimulação precoce. Está é uma ação de suporte de extrema importância para minimizar as limitações funcionais da criança com microcefalia, pois favorece o desenvolvimento neuropsicomotor. A família é o principal suporte para que a criança se sinta apoiada e encaminhada para uma vida social, para que a mesma possa vivenciar experiências que venham a garantir o desenvolvimento de suas capacidades. Objetivos: Relatar a vivência prática de ações de reabilitação realizada por uma equipe multidisciplinar juntamente com familiares de crianças com microcefalia. Materiais e Métodos: Trata-se de um relato de experiência baseado nas vivências de discentes do curso de Terapia ocupacional e fonoaudiologia, em um projeto de extensão baseado em intervenção precoce vinculado ao um centro especializado em reabilitação de uma universidade pública no Estado de alagoas. A execução do projeto baseia-se na participação da comunidade externa bebês e seus familiares que tenham recebido diagnóstico de microcefalia que pode estar relacionado à infecção por Zika. Foram realizados atendimentos e as ações ocorreram simultaneamente de segunda a quinta, com duração de quatro horas por dia; os discentes participaram de atendimentos supervisionados por docentes. Resultados e Discussão: Permitiu-nos adquirir experiências, conhecimentos, compartilhar saberes e compreender a importância do trabalho em equipe multidisciplinar. Além disso, mostrou-se significativo o suporte que a equipe pode oferecer a essa família, por intermédio da especificidade de cada área do saber. Conclusão: A necessidade de uma abordagem centrada na família é atualmente muito relevante em relação aos cuidados em saúde e deve ser incorporada durante a graduação, repercutindo, desse modo, em nossas práticas diárias de atendimentos.

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T70. Gravidade das crianças com síndrome congênita do zika vírus de acordo com

a classificação internacional de funcionalidade, incapacidade e saúde (CIF) Clarissa Cotrim dos Anjos; Raiany Azevedo dos Santos Gomes; Jardel Barroso Dias Batista; Rayane da Costa Silva; Raysa da Costa Silva; Shirley da Silva Santos; Elaine Carla da Silva Área Temática: Microcefalia RESUMO Introdução: Existe uma grande diversidade de características clínicas e comprometimento motor nas crianças com Síndrome Congênita do Zika Vírus (SCZV). Tal fato fez com que os profissionais da área de reabilitação buscassem meios de realizar uma avaliação e verificar o comprometimento dessas crianças. Entretanto, embora as associações de classe de fisioterapia tenham recomendado alguns instrumentos de avaliação do desenvolvimento, na prática clínica os mesmos não se aplicavam ao comportamento motor que estava sendo encontrado. Dessa maneira, surgiu a possibilidade de utilização da Classificação Internacional de Incapacidade, Funcionalidade e Saúde (CIF), a fim de classificar as funções dessas crianças de forma padronizada. Objetivos: Caracterizar o perfil de gravidade das crianças com SCZV por meio da CIF. Materiais e Métodos: Estudo transversal, realizado com 10 crianças com SCZV, atendidas em um Centro Especializado em Reabilitação (CER) de uma Universidade Pública. Este estudo teve início após a aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa (n° 2.212.038). A CIF foi utilizada para classificar a funcionalidade e incapacidade das crianças, verificando o impacto funcional no desenvolvimento das mesmas. Destaca-se que a CIF é dividida em duas partes: Funções e Estruturas do Corpo; Atividades e Participação. A extensão ou a magnitude da funcionalidade ou da incapacidade são descritas por meio dos qualificadores. Neste artigo, será apresentado apenas os resultados referentes às alterações graves ou completas (.3 ou .4) da CIF. Resultados e Discussão: Participaram deste estudo 10 crianças com SCZV atendidas no CER, sendo a média de idade de 17,6±1,34 em meses, sendo 40% oriundas do interior do Estado. Em relação às alterações das funções e estruturas da CIF, identificaram-se alterações graves em: 20% nas funções da acuidade visual (b2100), 10% nas funções auditivas (b230), 20% nas funções da respiração (b440), 20% na qualidade do sono (b1343), 60% na alteração da função do tônus muscular (b7356).No domínio de atividade e participação visava identificar como as crianças realizam as atividades de mudança e manutenção da posição do corpo, bem como a sua capacidade de transferências por meio do item mobilidade. Nessa categoria, verificou-se que 60% não assumiam sozinhas a posição deitada (d4100), 60% não se sentavam de forma independente (d4103), 70% não conseguiam se puxar para ficar de pé (d4104) e 80% não conseguiam andar curtas distâncias (d4500). Dentre os fatores ambientais apontados pelos cuidadores, como principais barreirasse verificou que 80% apontaram a falta de disponibilidade de serviços de transporte (e540); 50% a dificuldade de apoio de amigos (e320); e 30% relataram dificuldade na aquisição de medicação especial (e1101), como os anticonvulsivantes. Conclusão: Diante dos dados preliminares obtidos nesta pesquisa, identificou-se um perfil de gravidade da funcionalidade importante, o que reflete a necessidade de um acompanhamento interprofissional, longitudinal e contínuo para as crianças com SCZV. A utilização da CIF como instrumento padronizado internacional passa a ser, dessa forma, um marcador relevante de gravidade, bem como um parâmetro de monitoramento para a evolução clínica, pois identifica as principais barreiras enfrentadas. Dessa maneira, a implementação do uso da CIF por parte dos profissionais se faz necessário para uma melhor compreensão da condição de saúde bem como os fatores contextuais relacionados.

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T71. Habilidades auditivas em sujeitos bilíngues

Raniere Dener Cardoso Melo; Elisa Maria Santos Balbino; Danmires de Mendonça Vieira; Jéssika Bertoldo Costa Farias; Natália dos Santos Pinheiro; Thamara Maria Vieira dos Santos; Thaís Nobre Uchôa Souza; Maria Cecília dos Santos Marques Área Temática: Processamento Auditivo Central RESUMO Introdução: Por muitos anos, o bilinguismo foi associado a algo prejudicial para o desenvolvimento do sujeito, do ponto de vista cognitivo, linguístico e educacional. Todavia, estudos recentes mostram o contato com duas línguas como benéfico para o desenvolvimento de habilidades verbais, não-verbais, de atenção, memória, capacidades cognitivas e metalinguísticas. Sabe-se que o aprendizado de uma segunda língua é realizado, normalmente, por meio da audição e do processamento auditivo central, que consiste na eficácia e eficiência que o sistema nervoso central utiliza as informações auditivas, ou seja, é o que fazemos com o que ouvimos. Objetivos: Analisar as publicações referentes às habilidades auditivas em sujeitos bilíngues. Materiais e Métodos: Revisão integrativa da literatura por meio de buscas nas bases de dados SciELO, Lilacs (via BVS) e MedLine (via PubMed), utilizando-se os descritores multilinguismo (multilinguism), percepção auditiva (auditory perception) e audição (hearing), conectados pelo conector booleano "e". Consideraram-se como critérios de seleção: artigos publicados no período de 2012 a 2017, em quaisquer línguas e referir habilidades auditivas em sujeitos bilíngues. Resultados e Discussão: A busca resultou em 3 artigos na SciELO, 2 na Lilacs e 85 na MedLine, totalizando assim 90 artigos. Os estudos selecionados foram analisados segundo ano, título e resumo e 5 atendiam aos critérios de inclusão e foram selecionados para análise. A pesquisa evidenciou que indivíduos bilíngues necessitam de um bom desenvolvimento da habilidade de discriminação fonêmica para o aprendizado da segunda língua e que o contato com essa segunda língua auxilia na maturação dessa habilidade. Em contrapartida, um outro estudo buscou examinar a discriminação da duração das vogais de bilíngues após dois e quatro semestres de aprendizagem da nova língua e, nesses sujeitos, não foram constatadas diferenças significativas, o que pode ser justificado pelo reduzido tempo de exposição à segunda língua. Além disso, apresentam melhor desempenho no Teste Dicótico de Dígitos e Teste de Dicótico de Dissílabos Alternados. Já outros autores afirmam que os bilíngues apresentam maior dificuldade que os monolíngues quando há o aumento da relação sinal ruído. A fala em escuta dicótica tende a suprimir as vias ipsilaterais dentro do sistema nervoso auditivo central, sendo os estímulos conduzidos por vias contralaterais para alcançar as áreas auditivas do córtex. No que concerne aos resultados de sujeitos bilíngues no potencial evocado auditivo de longa latência, com estímulos verbais, notou-se que o nível de proficiência avançado da segunda língua estimula a velocidade de conexões neurais desencadeando a ocorrência mais rápida do potencial, assim a habilidade de resolução temporal é significantemente melhor à medida que o tempo de estudo aumenta. Conclusão: A revisão integrativa da literatura apontou que os indivíduos bilíngues apresentam melhor desempenho nas habilidades auditivas e no potencial eletrofisiológico de longa latência quando comparados aos monolíngues; além disso, as habilidades auditivas e o aprendizado da segunda língua estão intimamente interligados, em que o desenvolvimento de um influencia no desenvolvimento do outro.

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T72. Importância da audição no processo de comunicação em saúde: um relato de experiência

Andréa Rodrigues Barreto Pontes de Mendonça; Matheus Gomes Lima Verde; Nathália Régia Tenório Zaidan; Márcia Gabrielle Tenorio Correia Alves Casado Área Temática: Reabilitação Auditiva RESUMO Introdução: A formação acadêmica do estudante de medicina requer o convívio com pacientes por meio das práticas individuais e comunitárias, com o intuito de desenvolver habilidades essenciais para o exame clínico. Para isso, tem-se como eixo estruturante a anamnese e o seu processo de comunicação. Nesse contexto, a audição efetiva é um componente importante do entendimento mútuo na relação médico-paciente. Através da experiência em visita domiciliar, foi possível constatar a dificuldade da realização de uma anamnese adequada quando há uma interrupção do processo comunicativo perante um paciente com perda auditiva. Objetivos: Relatar as dificuldades de comunicação para coleta da anamnese de um paciente com perda auditiva. Relato de experiência: Foram realizadas práticas comunitárias por estudantes de medicina e, em uma das visitas, pôde-se vivenciar entraves na comunicação devido à diminuição da acuidade auditiva de um paciente. Dessa forma, devido a necessidade de interação estudante-paciente, a perda auditiva apresentou-se como obstáculo na realização de um sequenciamento adequado da anamnese, o que gerou deficiência na coleta de dados clínicos. Isso ocorreu por meio de respostas imprecisas e não correspondentes aos questionamentos feitos. Buscaram-se outras formas de abordagens para que o paciente compreendesse, como o aumento de entonação da voz, gestos indicativos da fala e reformulação das frases. Porém, não se obteve o resultado desejado, levando a descontinuidade da anamnese. Conclusão: Percebe-se a relevância da audição como necessidade humana e essencial no processo de comunicação em saúde, em destaque para anamnese, já que seus pilares são “o falar” e “o ouvir”, promovendo o diálogo entre os interlocutores a fim de garantir uma assistência de melhor qualidade.

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T73. Importância da triagem do processamento auditivo central como instrumento de avaliação de distúrbios de aprendizagem em escolares: revisão sistemática

Katielle Menezes de Oliveira; Andressa Gouveia de Araújo Área Temática: Processamento Auditivo Central RESUMO Introdução: Processamento Auditivo é o conjunto de processos e mecanismos que ocorrem dentro do sistema auditivo em resposta a um estímulo acústico. Com o intuito de detectar as possíveis causas do baixo desempenho acadêmico de crianças em idade escolar, muitos autores relacionam os transtornos de aprendizagem e os Distúrbios do Processamento Auditivo. Utilizando diferentes testes comportamentais e faixas de idade com diversas metodologias, eles mostram que grande parte das crianças que apresentam dificuldades acadêmicas tem escores abaixo do esperado nos testes que avaliam a função auditiva. Por isso, é fundamental que os profissionais envolvidos no acompanhamento de crianças com distúrbios de aprendizagem tenham consciência da importância da triagem do processamento auditivo nessa população. Objetivos: Verificar, por meio de uma revisão sistemática, a importância da realização da triagem do processamento auditivo em escolares. Materiais e Métodos: Realizado levantamento bibliográfico nas plataformas Pubmed e Bireme e nas bases de dados Medline, LILACS e SciELO. As buscas foram padronizadas até outubro de 2017 e utilizadas as seguintes palavras-chave: Triagem; Screening; Processamento Auditivo. Auditory Processing; Escolares. Schooling. Para a seleção dos artigos, foram estabelecidos os seguintes critérios de inclusão: artigos que referiam processamento auditivo no título e artigos cujos sujeitos das pesquisas eram escolares entre 5-12 anos. Como critério de exclusão, artigos que não utilizaram o processamento auditivo como método de avaliação e aqueles que tinham como sujeitos de pesquisa adultos e idosos. Resultados e Discussão: Após a análise nas duas plataformas, foram encontrados 342 artigos a partir dos critérios de elegibilidade. Desses, 311 foram excluídos pelo título, 10 pela leitura dos resumos, 6 durante a etapa de leitura completa do artigo, 3 foram repetidos e 12 foram selecionados para o estudo. Dos 12 artigos encontrados, 8 analisaram o desempenho de escolares por meio de uma na triagem do processamento auditiva central em escolares entre 5 e 11 anos, como instrumento de identificação de alterações auditivas que interferem no aprendizados dos escolares, concluindo e ressaltando a importância da triagem auditiva como instrumento de identificação de alterações no desenvolvimento da linguagem, bem como o seu envolvimento nos distúrbios processamento fonológico que subjazem aos problemas de linguagem oral e escrita. Dois artigos avaliaram o desempenho de escolares com e sem distúrbios de aprendizagem por meio de testes do processamento auditivo, os autores concluíram que os escolares com distúrbios de aprendizagem apresentaram desempenho inferior nos testes de processamento auditivo, porém, destacando a importância de realizar uma avaliação auditiva completa em escolares, mesmo que a avaliação audiométrica padrão não seja significativa. E outros 2 artigos avaliaram os identificadores de risco para o transtorno do processamento auditivo em escolares. Conclusão: O número de irmãos, repetição escolar, e ruído ambiental são fatores que podem contribuir no diagnóstico de uma deficiência de aprendizagem em crianças em idade escolar.

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T74. Interferência da perda auditiva em indivíduos portadores de doença de Alzheimer

Jéssika Bertoldo Costa Farias; Elisa Maria Santos Balbino; Danmires de Mendonça Vieira; Natália dos Santos Pinheiro; Thamara Maria Vieira dos Santos; Raniere Dener Cardoso Melo; Alexsandra Nunes de Assunção Área Temática: Reabilitação Auditiva RESUMO Introdução: As demências influenciam na capacidade mental do ser humano, alterando de forma progressiva o desempenho das funções cotidianas. A Doença de Alzheimer consiste em uma patologia neurodegenerativa de origem insidiosa, de carater progressivo e irreversível, tendo como primeiros sintomas a perda de memória, problemas de linguagem e dificuldade no pensamento lógico. Caracteriza-se pelo declínio patológico da capacidade cognitiva (memória, orientação, atenção e linguagem) dos idosos, acelerando e exacerbando os processos fisiológicos naturais do envelhecimento, sendo um destes mecanismos a redução da eficácia do sistema auditivo, resultando no estabelecimento de perdas auditivas sensorioneurais. Objetivos: Analisar as publicações referentes à influência da perda auditiva em indivíduos com Doença de Alzheimer. Materiais e Métodos: Depois da formulação da pergunta da pesquisa, o levantamento bibliográfico foi realizado nas bases de dados LILACS (via BVS) e MedLine (via PubMed); utilizou-se como estratégias de busca os seguintes descritores: perda auditiva, Doença de Alzheimer e idoso, bem como seus respectivos na língua inglesa, conectados pelo conector booleano "e". Foram considerados como critérios de inclusão: artigos publicados entre o período de 2010 a 2017, estando na língua portuguesa brasileira ou inglesa. Foram analisados os aspectos que inferem a relação da perda auditiva em idosos que possuem a Doença de Alzheimer. Resultados e Discussão: A busca resultou em 15 artigos na MedLine e 23 na Lilacs, totalizando assim 38 artigos, dos quais 6 atendiam aos critérios de inclusão e foram selecionados para análise. A pesquisa evidenciou que a perda auditiva pode ser uma manifestação precoce ou um fator de risco para o surgimento da Doença de Alzheimer, tendo em vista que com o decorrer do tempo ocorre o envelhecimento das vias auditivas e de forma congruente o declínio cognitivo. Houve a constatação através de um exame subjetivo (audiometria tonal) de que há prevalência de diminuição da acuidade auditiva nas frequências agudas. Entretanto, em relação aos demais testes não foram identificadas diferenças significativas. O risco de surgimento de Alzheimer aumenta em 20% a cada dez decibéis de perda de capacidade auditiva, então, a mesma está relacionada de forma congruente ao Alzheimer. Um dos estudos verificou ainda que os idosos portadores de perda auditiva possuem predisposição a desenvolver outras comorbidades, como a depressão. Dois artigos referiram que possivelmente o uso de aparelhos auditivos amenizariam a progressão da patologia, pois além de melhorar a audição, contribuem para a preservação das funções cerebrais. Conclusão: A revisão integrativa da literatura revelou que os indivíduos portadores de perda auditiva apresentam uma predisposição acentuada a desenvolver Doença de Alzheimer, onde estes dois aspectos são responsáveis por gerar consequências irreversíveis e prejudiciais à qualidade de vida e autonomia do idoso.

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T75. Intervenção fonoaudiológica e otorrinolaringológica na vestibulotoxicidade: relato de experiência

Aline Tenório Lins Carnaúba; Daniel Buarque Tenório; Danielle Sofia da Silva Gonçalves Ferreira Área Temática: Diagnóstico e Reabilitação Vestibular RESUMO Introdução: As drogas quimioterápicas representam, dentro da atualidade, importante arma terapêutica no combate às neoplasias. Algumas dessas drogas apresentam também efeitos tóxicos, aumentando a possibilidade de intoxicação de vários sistemas, incluindo o sistema vestibular. A vestibulotoxicidade é otoxicidade do sistema vestibular e sua manifestação mais comum é o desequilíbrio, além da osciloscopia e vertigem. Objetivos: apresentar um relato de experiência de uma intervenção fonoaudiológica e otorrinolagingológica na vestibulotoxicidade. Relato de experiência: As intervenções foram realizadas no Ambulatório Otoneurológico de um serviço privado, na cidade de Maceió, de forma integrada (fonoaudiólogo e otorrinolaringologista) e tomaram por base a queixa do paciente (vertigens e osciloscopia). Foram realizados: vectoeletronistagmografia, potencial miogênico evocado vestibular e vídeo head impulse test. Os resultados dos exames demonstraram: vectoeletronistagmografia normal, ausência de potencial miogênico evocado vestibular e hiporreflexia bilateral dos seis canais no vídeo head impulse test. Após investigação, fechou o diagnóstico de vestibulotoxicidade bilateral pós quimioterapia, ocorrendo um comprometimento do núcleo vestibular e também dos nervos periféricos ou do labirinto. O fato de o paciente apresentar perda ou diminuição da função vestibular bilateral não significa que o prognóstico será limitado, pois, depende da extensão da toxicidade. Conclusão: a intervenção integrada do fonoaudiólogo e otorrinolaringologista permitiu um olhar diferenciado às queixas do paciente, reduzindo assim a evolução dos danos vestibulares.

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T76. Língua de sinais: uma ferramenta importante na melhoria da relação médico e paciente com deficiência auditiva

Dennis Cavalcanti Ribeiro Filho; Felipe Manoel de Oliveira Santos; Maria Helena Rosa da Silva Área Temática: Políticas Públicas em Saúde Auditiva RESUMO Introdução: A linguagem, tanto na forma verbal como em outras maneiras de comunicação, permanece como meio ideal para transmissão de conceitos, sentimentos e comunicação com outros homens, além de fornecer elementos para expandir o conhecimento. No Brasil, há mais de dois milhões e duzentos e cinquenta mil casos de portadores de deficiência auditiva. Esse quantitativo representa 14,5% da população que tem seus direitos assegurados pela constituição. Uma das diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS) prega a equidade social, na qual todos os cidadãos têm o direito de usufruir do sistema de saúde. Contudo, para que isso ocorra de forma eficaz para os deficientes auditivos, faz-se essencial que tanto os médicos quanto os demais profissionais da saúde tenham grande domínio sobre a LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais). Objetivos: Visar uma reflexão crítica e consciente do quanto o aprendizado e a utilização da língua de sinais é importante para uma comunicação efetiva entre médico e o paciente com deficiência auditiva. Materiais e Métodos: Revisão literária do tipo observacional de artigos publicados entre os anos de 2010 e 2016, sendo a busca realizada a partir da Biblioteca Virtual da Saúde (BVS), com acesso ás plataformas como Pubmed, SciELO, Lillacs e Medline. Resultados e Discussão: Foi visto que a Língua de sinais é considerada uma língua oficial do Brasil, tendo seu direito ao uso e difusão garantidos. Por conseguinte, notou-se que uma compreensão básica a respeito dessa língua auxilia a relação médico-paciente, facilitando o diagnóstico e tratamento. Entretanto, apesar da disciplina LIBRAS estar presente na grade curricular da maioria dos cursos, sua eletividade tornou sua disseminação pouco efetiva. Vale ressaltar que, segundo a PNAB (Política Nacional de Saúde da Pessoa com Deficiência), a assistência total à saúde da pessoa com deficiência não se limita à prestada em instituições específicas de reabilitação, mas ao atendimento na rede de serviços, nos diversos níveis de complexidade e especialidades. Conclusão: Tendo em vista que a universidade é um local de aprendizagem constante para as futuras vivencias, é notório o quão importante é a inserção da LIBRAS como grade curricular obrigatória para a formação de acadêmicos de medicina. Assim, ele estará capacitado a realizar um atendimento de qualidade, assistindo ao seu paciente na sua integralidade e realizando um atendimento mais humano e holístico. Portanto, é necessária uma revisão dessas grades curriculares pelo governo para garantir a formação de um profissional mais completo e capacitado.

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T77. Matriciamento das equipes de saúde da família com os centros especializados em reabilitação para pessoas acometidas pela síndrome congênita associada pelo

Zika vírus Erica Paula Barbosa; Eduardo Araujo Pinto; Andrezza Monnyke Costa Vital; Lousanny Caires da Rocha; Veugva Dionisio de Freitas; Paulla Valéria de Souza Meneses Área Temática: Interdisciplinaridade RESUMO Introdução: Em Alagoas, de acordo com dados da Supervisão à Pessoa com Deficiência da Secretaria de Saúde do Estado de Alagoas (SUPD/SESAU), houveram, até agosto de 2017, 376 casos notificados como possíveis de microcefalia associada ao Zika vírus. No município de Arapiraca, entre novembro de 2015 e o inicio de 2016, 10 crianças foram diagnosticadas com a Síndrome congênita causada por Vírus Zika, associado à microcefalia. Após o diagnóstico, essas crianças foram inseridas nos serviços de estimulação precoce dos Centros Especializados em Reabilitação (CER). Atualmente, todas estão em acompanhamento tanto na atenção básica (consultas de puericultura, vacinas, consultas com dentistas) quanto na atenção especializada. Objetivos: Descrever a experiência do matriciamento e organização do fluxo de atendimento para pessoas acometidas pela Sindrome Congênita associada pelo Zika vírus. Relato de experiência: A equipe técnica da Secretaria de Saúde de Arapiraca (coordenações da Pessoa com Deficiência, Saúde da Criança, Saúde Bucal, NASF) reuniu profissionais das UBS e dos CERs (APAI, ADFIMA, PESTALOZZE, CENFRA, Complexo Tarcísio Freire), responsáveis pelo atendimento crianças com a síndrome congênita causada por Zika vírus, para realização de matriciamento das unidades com casos de microcefalia e definição de fluxos de acesso aos serviços, bem como levantamento das facilidades e dificuldades no envolvimento dessas instituições com as equipes de saúde da família, sempre visando o cuidado com essa criança e sua família. A reunião marcou um momento impar de discussão no município, no qual foram formados grupos por território e realizado um estudo de caso de cada criança através do Ecomapa e Genograma. Com isso, os profissionais puderam apontar como está a relação da criança/família com os equipamentos sociais (CRAS, creches, escolas, INSS, entre outros) e elencar os pontos fortes (disponibibilidade interna do grupo, equipe multidisciplinar, apoio da gestão) e suas fragilidades (Distância territorial, baixa articulação entre as secretarias de saúde, assistência e educação, falta de Política Pública específica). Conclusão: Através desses encontros foi possível estabelecer diretrizes e determinar um fluxo de acesso e conduções de necessidades dessas famílias com toda a Rede de Atenção à Saúde. Este Matriciamento se constituiu como um novo modo de produzir saúde entre esses equipamentos, num processo de construção compartilhada, criando uma proposta de intervenção pedagógico-terapêutica.

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T78. Monitoramento do potencial evocado endógeno de crianças disfluentes pré e

pós intervenção fonoaudiológica

Dayse Mayara Oliveira Ferreira; Yara Bagali Alcantara; Anna Caroline Silva de Oliveira; Letícia Sampaio de Oliveira; Brena Elisa Lucas; Taís Eloiza Ciscoto; Cristiane Moço Canhetti de Oliveira; Ana Cláudia Figueiredo Frizzo Área Temática: Criança e Audição RESUMO Introdução: O processamento neurofisiológico da fala requer a coordenação temporal entre as habilidades motoras e o processamento cognitivo. Indivíduos gagos apresentam uma alteração na rede neuronal relacionada ao processamento da fala, que não se limita apenas à produção da fala, mas também afeta as respostas corticais durante a percepção da fala. O Mismatch Negativity é uma resposta automática do cérebro, independe da atenção do sujeito, tem origem no córtex auditivo e é resultante da diferença entre o estímulo raro e frequente, refletindo o processamento central e a percepção de diferenças acústicas muito sutis ligadas à discriminação auditiva de sons de fala. Objetivos: O presente estudo teve por objetivo analisar e comparar as medidas do Potencial endógeno Mismatch Negativity, antes e após a intervenção fonoaudiológica em pré-escolares com gagueira do desenvolvimento. Materiais e Métodos: O estudo segue os conceitos éticos da Resolução 466/2012/CNS/MS/CONEP (doc. 55845216.7.0000.5406). Participaram do estudo 10 pré-escolares com gagueira do desenvolvimento (entre 3 anos e 5 anos e 8 meses). Inicialmente realizou-se o Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico para avaliar a integridade da via auditiva e, posteriormente, o Potencial Evocado Auditivo de Longa Latência para obtenção do Mismatch Negativity. Para a realização dos procedimentos, os eletrodos foram posicionados nas orelhas direita e esquerda (A1 e A2), vértex (Cz), fronte (Fz) e terra (Fpz). O estímulo acústico foi apresentado a 80dBnHL, com dois sons, /ba/ (estímulo frequente) e /da/ (estímulo raro), de modo monaural, aleatoriamente e randomizado, num paradigma odd-ball. Os indivíduos permaneceram sem responder ao estímulo acústico, e durante o exame foi apresentado um estímulo visual distrator. O procedimento foi realizado antes a após a intervenção fonoaudiológica que visava a promoção da fluência e redução da demanda do ambiente comunicativo, a qual foi desenvolvida em 8 sessões de 50 minutos cada, duas vezes por semana. Resultados e Discussão: Os valores médios de latência e amplitude, respectivamente, obtidos antes da intervenção fonoaudiológica para a orelha direita foram de 275,50 ms e -5,38 µV, e após a intervenção foram de 214,41 ms e -4,84 µV. Já para a orelha esquerda, antes da intervenção foram de 287,26 ms e -4,83µV, e após a intervenção de 244,18 ms e -4,26 µV. Os resultados mostraram-se adequados comparando aos valores descritos na literatura. Quando comparadas as medidas pré e pós intervenção, foi possível observar diminuição tanto na latência quanto na amplitude do Mismatch Negativity, porém, houve diferença significante apenas para as medidas de latência (p < 0,05), relacionada a melhora na discriminação dos sons de fala nesta população do estudo. Conclusão: O Mismatch Negativity mostrou ser um instrumento capaz de evidenciar o efeito da intervenção fonoaudiológica na habilidade de discriminação auditiva em crianças disfluentes.

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T79. Nascimento de bebês com microcefalia: um fator de risco Para depressão pós-parto?

Jennifer Correia da Silva; Adriana Nazário da Silva; Ana Caroline Fragoso de M. Cavalcante; Aline Rayane Silva Araujo; Beatriz Schumann Gonçalves; Gabriela Stefany Ferreira de A. Lourenço; Isabelle Anne Silva; Yngridy Dandara Mendes de Barros; Janne Eyre Araújo de Melo Sarmento; Evanisa Helena Maio de Brum Área Temática: Interdisciplinaridade RESUMO Introdução: A Depressão Pós-Parto (DPP) tem sido considerada um problema de saúde pública por sua elevada prevalência, pela dificuldade diagnóstica, assim como pelo seu impacto no desenvolvimento infantil. A prevalência da DPP nos casos de nascimento típico é de 10 a 20% de acordo com a Organização Mundial de Saúde. Entretanto, no Brasil estes índices chegam a 37%. Pouco é conhecido sobre a prevalência da DPP em mães de crianças com microcefalia, portanto, partimos dos dados de estudos que apontam para a prevalência de DPP nos casos de nascimento atípico (malformações, síndromes e prematuridade) e estes descrevem uma prevalência ainda mais elevada. Partindo desta preocupação, alguns estudiosos da área vêm destacando a importância de se conhecer os fatores de risco para o desenvolvimento da DPP, para que a partir destas definições possam ser realizadas intervenções de promoção de saúde e prevenção de doenças. Objetivos: Desta forma, este trabalho objetivou descrever as variáveis que estão associadas com risco para o desenvolvimento da DPP. Materiais e Métodos: Para tanto, foi realizada uma revisão não sistemática da literatura. Resultados e Discussão: Os resultados revelaram que alguns fatores podem agravar o quadro da DPP, como o nascimento de bebês atípicos, que acarretam na mãe um abalo na imagem que ela tinha do bebê saudável e “perfeito”, sendo necessário uma reconstrução dessa imagem para que ela tenha uma adaptação à sua nova realidade. Desta forma, podemos supor que o nascimento de bebês com microcefalia pode ser um fator de risco para o desenvolvimento de DPP. Outros fatores destacados na literatura são: anos de escolaridade, qualidade da relação conjugal, suporte social, quadros de depressão anteriores (principalmente durante a gestação) e baixa renda. Conclusão: Com base nos artigos revisados, apontamos para a necessidade de que mais estudos sobre DPP no contexto da microcefalia sejam realizados. Além disso, destacamos que a partir do conhecimento dos fatores de risco torna-se fundamental realizar intervenções de promoção de saúde e prevenção de doenças com as mães que apresentam estes fatores de risco durante a gestação, o que objetiva diminuir a possibilidade do surgimento desta patologia.

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T80. Núcleo interdisciplinar de reabilitação de crianças portadoras da síndrome congênita do vírus zika: estratégia de humanização do cuidado

Olga Sophia de Sousa Martins; Danielle Maria da Silva Oliveira; Mayara Francelle Oliveira Barata; Ana Inez Silva Lima Anderlini; Emanuelle Queiroz dos Santos Tenório; Dayanne Priscila Rodrigues de Almeida; Demócrito de Barros Miranda Filho; Ana Célia Oliveira dos Santos Área Temática: Interdisciplinaridade RESUMO Introdução: Devido ao aumento expressivo do número de crianças nascidas com microcefalia no Nordeste, em especial no estado de Pernambuco, e em decorrência das alterações no desenvolvimento neuropsicomotor associado à síndrome congênita do Vírus Zika, se faz necessário a monitorização precoce dos sinais de atraso do desenvolvimento para que tratamentos de suporte sejam iniciados o mais rápido possível e para que esforços no campo da reabilitação sejam garantidos. Objetivos: Relatar a experiência exitosa do cuidado humanizado com crianças com microcefalia pelo Núcleo Interdisciplinar de Reabilitação do Hospital Universitário Oswaldo Cruz. Relato de experiência: O Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC), situado na cidade de Recife-PE, passou a ser referência no acompanhamento das crianças que foram afetadas pela síndrome, realizando o acompanhamento no Ambulatório Infantil de Doenças Infecciosas e no Núcleo Interdisciplinar de Reabilitação – Síndrome Congênitas do Zika Vírus (NIR-ZIKA). Baseando-se na política de humanização, a interferência no processo de produção de saúde leva em conta que sujeitos, quando mobilizados, são capazes de transformar realidades, transformando-se a si próprios. Neste processo, o núcleo de reabilitação acompanha as crianças e suas famílias na construção de um espaço humanizado que visa, além do progresso das terapias, a construção de vínculos fortes que sejam promotores de autonomia e cuidado. Além da reabilitação, o núcleo promove festividades e ações de valorização da criança e suas famílias, favorecendo a integração com a sociedade e buscando trabalhar dentro da lógica da humanização. Outro aspecto positivo do núcleo é propiciar que os cuidadores não se desloquem longas distâncias, visto que as terapias de reabilitação estão concentradas no mesmo local. O trabalho interdisciplinar é outro aspecto extremamente importante, visto que profissionais das diferentes áreas de formação conseguem conversar entre si e compartilhar as estratégias de cuidado e reabilitação, potencializando o processo terapêutico da equipe. Conclusão: A atuação da equipe multiprofissional e interdisciplinar dentro dessa perspectiva vem trazendo resultados positivos no acolhimento, cuidado e segmento terapêutico junto às famílias dessas crianças. Por se tratar de um relato de experiência sobre a atuação do Núcleo Interdisciplinar de Reabilitação, não se aplica aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa.

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T81. O efeito da idade no reconhecimento da fala intermitente Denise Costa Menezes; Rayane Ferreira da Silva; Fernando Augusto Pacífico; Silvana Maria Sobral Griz; Karina Paes Advíncula Área Temática: Processamento Auditivo Central RESUMO Introdução: Idosos com limiares auditivos normais frequentemente relatam dificuldades em compreensão da fala em ambientes ruidosos. Acredita-se que essa dificuldade esteja relacionada a alterações no processamento auditivo temporal. Objetivos: O objetivo do presente estudo foi investigar o efeito da idade na habilidade de reconhecer a fala intermitente em função de sua taxa de modulação. Materiais e Métodos: Participaram do estudo 20 adultos jovens (idade média de 21 anos) e 14 idosos (idade média de 67 anos), todos com limiares auditivos melhores que 25 dBNA, divididos em quatro grupos: dois para cada faixa etária. Os participantes foram submetidos à realização do teste de reconhecimento de fala segmentada em intervalo de tempo de 4Hz, 8Hz, 10Hz, 16Hz, 32Hz e 64Hz. Como material linguístico, foram utilizadas as listas de sentenças da versão brasileira do Hearing in Noise Test (HINT). Foram determinados percentuais de reconhecimento para fala para cada condição de teste (4Hz, 8Hz, 10Hz, 16Hz, 32Hz e 64Hz de modulação). Este estudo faz parte da pesquisa intitulada “O efeito da idade nas habilidades de integração e mascaramento temporal”, a qual foi aprovada pelo CEP, sob o nº CAAE 55005516.5.0000.5208. Resultados e Discussão: Foi verificado um efeito de taxa de modulação em jovens e idosos: os percentuais aumentaram de acordo com o aumento da taxa de modulação. Também foi observado um efeito da idade nos resultados obtidos: os grupos de jovens apresentaram desempenho melhor em todas as condições testadas. Conclusão: Com base nos dados obtidos, conclui-se que taxas de modulações mais altas favorecem o reconhecimento da fala intermitente, independentemente da faixa etária do ouvinte. Conclui-se que existe um efeito da idade na habilidade de reconhecer a fala intermitente.

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T82. O efeito da idade no reconhecimento da fala modulada em amplitude Denise Costa Menezes; Angelina Maria de Castro; Rayane Ferreira da Silva; Silvana Maria Sobral Griz; Karina Paes Advíncula Área Temática: Processamento Auditivo Central RESUMO Introdução: Com o avanço da idade, a habilidade de reconhecer a fala em ambientes ruidosos parece diminuir. Estudos relacionam essa dificuldade a alterações no processamento auditivo temporal. Objetivos: Investigar o efeito da idade no reconhecimento da fala modulada em amplitude. Materiais e Métodos: Participaram do estudo dez (10) jovens (Grupo 1), todos com audição normal, e dez (10) idosos (Grupo 2), cinco com audição normal e cinco com perda auditiva sensorioneural de grau leve ou moderado. Os participantes foram submetidos a testes de reconhecimento de fala modulada em amplitude em 10Hz e a fala não modulada em amplitude (modulação em: 0Hz). Nestes testes foram obtidos os percentuais de acertos, e seus resultados foram submetidos à análise estatística. Este estudo faz parte da pesquisa intitulada “O efeito da idade nas habilidades de integração e mascaramento temporal”, a qual foi aprovada pelo CEP, sob o nº CAAE 55005516.5.0000.5208. Resultados e Discussão: Foram determinados percentuais de reconhecimento para fala para cada condição de teste (0Hz e 10Hz de modulação). Foi verificado um efeito de taxa de modulação em jovens e idosos: os percentuais de acerto forma menores para a modulação em 10 Hz em ambos os grupos. Também foi observado um efeito da idade nos resultados obtidos: os grupos de jovens apresentaram desempenho melhor na condição de 10Hz. Não foi observado um efeito da perda auditiva no grupo de idosos. Considerando o grau de perda auditiva leve e moderada, não foi observado o efeito da perda auditiva neste estudo: idosos com e sem perda auditiva obtiveram resultados semelhantes para a fala modulada. Conclusão: Com base nos dados obtidos, conclui-se que existe um efeito da idade na habilidade de reconhecer a fala modulada em amplitude.

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T83. O impacto dos ruídos em UTI neonatal: revisão de literatura

Danielly Nogueira de Oliveira Silva; Anne Laura Costa Ferreira; Flavianne Estrela Maia; Geisa Gabriella Rodrigues de Oliveira; Bruna Lima da Silveira; Maria Catarina Barros Tenório; Mercia Lisieux Vaz da costa; Kilma Nara Silva de Lemos; Mirelle Alessandra Silva de Medeiros; Tarciane da Silva Monteiro Área Temática: Ruído e Meio Ambiente RESUMO Introdução: A tecnologia como fundamento do cuidado neonatal, aliado aos cuidados mais humanizados nesse ambiente, proporcionou aos recém-nascidos prematuros (RNP) aumento da sobrevida, oferta de cuidados individualizados seguros e éticos. Contudo, as intervenções dos profissionais de saúde na rotina hospitalar envolvem uma multiplicidade de estímulos e muitos deles produzem ruídos que interferem diretamente no desenvolvimento dos RNP. Apesar das praticas adotadas pela equipe de saúde, ainda se configura um obstáculo à redução sons nocivos produzidos neste ambiente. Nos RNP a vulnerabilidade do sistema nervoso central torna-se preocupante; somada a falta de maturidade pulmonar pode levar às lesões cerebrais, com riscos de ocasionar comprometimento do sistema auditivo. O excesso de ruído pode gerar danos graves tanto para o RN quanto para os profissionais que trabalham na UTI. RNP são mais vulneráveis aos efeitos do ambiente e por isso estão mais propensos a um desenvolvimento neurológico anormal. Assim, apesar de todas as atitudes e políticas de saúdes já existentes, se faz necessário a analise acerca de estratégias que facilitem a fiscalização do ruído presente no ambiente das unidades neonatais. Objetivos: Verificar a produção científica acerca de ruídos produzidos na UTI Neonatal nos cuidados prestados aos recém-nascidos, estabelecendo estratégias para redução dos mesmos. Materiais e Métodos: O presente estudo é retrospectivo, caracteriza-se por uma revisão de literatura, a partir de uma analise nas bases de dados na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), que abrange Medline, Lilacs, SCIELO, sem delimitação temporal, através das combinações dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): Ruídos, Terapia Intensiva Neonatal, Enfermagem neonatal, Recém-Nascido, Ruído e Meio Ambiente. Para selecionar os estudos foram adotados os seguintes critérios de inclusão: artigos disponíveis sobre a temática, em língua portuguesa e inglesa. A amostra final dessa revisão foi constituída por 10 artigos. Resultados e Discussão: Os artigos selecionados demonstraram que a UTI Neonatal é o ambiente com constantes ruídos e manipulação excessiva, resultando um desconforto para o RN, onde estes estão expostos a nível muito acima do recomendado pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Os resultados revelaram uma unanimidade entre os estudos levantados, tanto em relação às principais fontes dos ruídos na UTI Neonatal, quanto em relação aos efeitos que são maléficos para os RNs. A partir da análise dos estudos, foi possível verificar as principais fontes de ruídos e pontuar os principais efeitos maléficos que causam efeitos danosos e por vezes irreversíveis ao RN. Dessa forma, os ruídos resultam em diversas alterações fisiológicas e comportamentais, podendo ocorrer a perda auditiva, dano coclear e comprometimento do desenvolvimento. Diante do exposto, surge a necessidade de trabalharmos de forma humanizada, implementando estratégias para redução dos ruídos, conscientização da equipe multiprofissional. Conclusão: Estudos relatam as fontes de ruídos e as sequelas para a vida do RN que se encontra numa situação vulnerável em UTI Neonatal. Deve-se cuidar do RN como um ser com todas as suas capacidades sensoriais, trabalhar de formar humanizada, buscando minimizar os ruídos nas unidades, como: não utilizar celulares dentro da sala, ter a hora do silêncio, realizar educação permanente com os profissionais sobre os efeitos dos ruídos entre outros.

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T84. O uso de aparelhos de amplificação sonora individual na redução da percepção ou eliminação do zumbido em usuários com perda auditiva

Camila Dayane Ferreira da Silva; Kelly Cristina Lira de Andrade Área Temática: Aparelho de Amplificação Sonora Individual RESUMO Introdução: O zumbido pode ser definido como uma percepção do som das orelhas ou da cabeça sem uma fonte audível externa. Seus mecanismos patológicos e características clínicas ainda não são totalmente compreendidos. Desta forma, não há um consenso quanto ao tratamento ideal. Entretanto, algumas estratégias podem ser utilizadas como formas de tratamento, dentre elas, o uso de aparelho de amplificação sonora individual, uma vez que se caracteriza como uma ferramenta terapêutica na manutenção audiológica do zumbido. Destaca-se a importância da avaliação da percepção do zumbido por meio do questionário Tinnitus Handicap Inventory e Escala Visual Analógica, uma vez que proporcionam um melhor conhecimento acerca dos possíveis efeitos de alívio do sintoma nos indivíduos com perda auditiva após o uso do aparelho de amplificação sonora individual. Objetivos: Verificar a eficácia do uso dos aparelhos de amplificação sonora individual na redução da percepção ou eliminação do zumbido em usuários com perda auditiva. Materiais e Métodos: Trata-se de um estudo primário, analítico, observacional e transversal, realizado em um Centro Especializado em Reabilitação de uma universidade pública do estado de Alagoas e aprovado pelo comitê de ética em pesquisa desta universidade (CAAE: 73843417.0.0000.5011). Participaram deste estudo 15 pacientes de ambos os sexos (66,6% pertenciam ao sexo feminino e 33,4% ao sexo masculino) com perda auditiva e indicação médica para adaptação de aparelho de amplificação sonora individual e com queixa de zumbido. A faixa etária dos participantes variou de 34 a 88 anos (média de idade de 64,8 anos). Foram realizadas as análises e avaliações subjetivas da sensação de zumbido por meio da aplicação de questionário Tinnitus Handicap Inventory e da Escala Visual Analógica. Tais procedimentos foram realizados no ato da entrega dos aparelhos de amplificação sonora individuais e um mês após esta adaptação. Resultados e Discussão: A distribuição da amostra, segundo o tipo de perda auditiva, foi de 60% para a perda auditiva sensorioneural, seguida pela perda auditiva mista com 40%. Quanto ao grau da perda auditiva, destacam-se o grau moderado e o grau leve, com 40%, seguido pelo grau severo em 20% dos casos. No que se refere à presença de zumbido, a maioria dos indivíduos referiu queixa bilateral (60%), com caracterização do zumbido em frequência mais aguda em 53,3% dos casos e em frequência grave em 46,3% dos casos. Comparando-se as médias das pontuações nos dois protocolos estudados, antes e um mês após a adaptação dos aparelhos auditivos, observou-se redução significativa das queixas (de 41,27 para 20,2 pontos no questionário Tinnitus Handicap Inventory e de 6,73 para 3,13 pontos na Escala Visual Analógica). Conclusão: Verificou-se que o uso dos aparelhos de amplificação sonora individual é eficaz na redução da percepção do zumbido, uma vez que as pontuações do questionário Tinnitus Handicap Inventory e da Escala Visual Analógica diminuíram em mais de 50% no grupo estudado após um mês de adaptação.

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T85. Oficina sobre a utilização de recursos visuais e auditivos na intervenção precoce de crianças com microcefalia

Stephanie Jardim Inácio; Bianca de Abreu Neto; Maria Luiza Rodrigues Torres; Flávia Calheiros da Silva Área Temática: Microcefalia RESUMO Introdução: A microcefalia é uma condição onde ocorre uma alteração do desenvolvimento neurológico, fazendo com que a medida do perímetro cefálico se apresente abaixo da normalidade para a idade e sexo do bebê, ocasionando prejuízos no desenvolvimento neuropsicomotor. A intervenção precoce é voltada para a promoção e prevenção de sintomas que podem comprometer o desenvolvimento adequado do bebê, sendo de extrema importância a participação da família em todo o processo desde as terapias até nas brincadeiras. Objetivos: Relatar a experiência de uma oficina de orientação para cuidadores sobre a utilização de recursos visuais e auditivos. Relato de Experiência: A oficina ocorreu no centro especializado em reabilitação – CER III. Foi realizada no período da manhã, obtendo duração de quatro horas com a participação de sete mães. As mães foram orientadas sobre a importância de ofertar estímulos visuais e auditivos na rotina da criança, sendo recomendados os estímulos visuais de alto contraste, chocalho com grãos e bonecos de pelúcia com guizo. No dia da oficina foram discutidos temas como a importância do brincar, a importância de utilizar recursos para a estimulação precoce, a troca de experiências entre as próprias mães e como utilizar cada recurso que havia no kit. Conclusão: Portanto, a oficina para as mães foi de extrema importância e gratificante para todas, pois muitas puderam esclarecer suas dúvidas, participaram ativamente de cada tema discutido favorecendo no aprendizado, na forma de vinculação com a criança, percebendo suas principais dificuldades, potencialidades e habilidades, proporcionando uma melhor qualidade de vida.

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T86. Orientação e aconselhamento: uma experiência com grupo de pais no interior de Sergipe

Willianne Tâmara Conceição dos Santos; Cristian Valéria Melo Oliveira; Larissa Santos Souza; Scheila Farias de Paiva Área Temática: Reabilitação Auditiva RESUMO Introdução: A deficiência auditiva, independentemente de sua severidade, pode acarretar grande impacto à qualidade de vida do indivíduo, influenciando diretamente no seu desenvolvimento biopsicossocial. Esta influência pode ser relacionada à importância que a audição tem para as atividades comunicativas orais de aprendizagem e de interação social. A intervenção fonoaudiológica, nestas situações, objetivará a minimização de tais impactos. Contudo, a colaboração e auxílio da família é de suma importância, pois só assim haverá redução das barreiras comunicativas resultantes do deficit auditivo. Além disso, o processo de orientação e aconselhamento familiar é imprescindível para o tratamento da criança com perda auditiva, sendo necessária a disponibilização de suporte adequado para que os pais, mães e responsáveis possam auxiliar na solução das principais dificuldades que venham a ocorrer. Objetivos: Descrever a importância do grupo na orientação aos pais de crianças com deficiência auditiva. Relato de caso: O grupo foi composto por: uma Psicóloga; um interprete de Libras; uma Fonoaudióloga; seis estudantes de Fonoaudiologia e quatro participantes; pais de pacientes atendidos no ambulatório de reabilitação auditiva da Clínica Escola de Fonoaudiologia, na Universidade Federal de Sergipe Campus Lagarto, que assinaram ao termo de compromisso e preenchimento do questionário, este contendo itens de informações pessoais e questionamentos gerais referentes ao curso. Foram propostos quatro encontros, sendo estes semanais onde foram abordados aspectos comunicativos, psicológicos e sociais. Foram utilizadas dinâmicas e discussões de conceitos básicos como comunicação, fala, linguagem oral e escrita. Também foram utilizadas estratégias para estabelecimento de uma comunicação mais efetiva e importância de atitudes simples que podem colaborar com o desenvolvimento da criança. No terceiro encontro ocorreu a troca de experiências com palestrante deficiente auditivo, momento em que se realizaram perguntas dirigidas às principais dificuldades enfrentadas pelo mesmo, assim como eventuais dúvidas dos pais. Por fim, os certificados foram entregues e os participantes avaliaram os encontros, elencando os principais pontos positivos e negativos. De modo geral, as atividades promoveram, além de orientações e informações específicas, a troca de experiência e a reflexão sobre a importância dos pais no desenvolvimento da criança com perda auditiva a partir de casos distintos. Conclusão: Observou-se grande curiosidade e envolvimento dos pais nas atividades propostas. Estes partilharam questionamentos como o preconceito sofrido pelas pessoas com deficiência auditiva, as limitações e a independência de cada um. Foi possível perceber que, assim como os demais adolescentes e crianças, o paciente com perda passará por situações de descoberta de seus desejos e vontades; logo, os pais devem estar preparados para estimular seu desenvolvimento comunicativo e pessoal. Verificou-se que a realização de um curso de pais constitui-se uma estratégia efetiva de aconselhamento e orientação sobre a Reabilitação Auditiva, sendo este um espaço de acolhimento e troca de experiências entre os pares.

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T87. Os números da microcefalia associado ao Zika vírus no brasil: dados durante o surto e atualmente

Debora Feminino Estevam; Joana Domitila Ferraz Silva; Larissa Mirelly Sousa Santos; Isabelle Cristine Freitas da Silva Área Temática: Microcefalia RESUMO Introdução: A microcefalia não é caracterizada como doença, e sim como uma condição neurológica que impacta no perímetro cefálico do bebê. Tal condição está associada a diversos fatores, mas no fim do ano de 2015 houve um aumento no número de casos associados, provavelmente, ao Vírus Zika. Embora o Ministério da Saúde já tivesse encontrado evidências relevantes, a relação entre os dois foi validada oficialmente com um estudo publicado no New England Journal of Medicine. Objetivos: Identificar os números da microcefalia associada ao vírus Zika, durante o surto e atualmente. Materiais e Métodos: Seleção e análise dos Boletins do Ministério da Saúde referentes aos casos de infecção do Vírus Zika, entre os anos 2015 e 2016, época do surto e, 2017, atual ano. Através dos Boletins de Monitoramento Integrado de Alterações no Crescimento e Desenvolvimento Relacionadas à Infecção pelo Vírus Zika e outras etiologias infecciosas e dos Boletins de Monitoramento dos Casos de Dengue, Febre Chikungunya e Febre Pelo Vírus Zika, foram extraídos os dados relevantes à pesquisa. Resultados e Discussão: De acordo com os achados, entre os anos de 2015 e 2016 foram confirmados 1.551 casos de microcefalia causada pela infecção do Zika vírus, desses, 88,52% notificados no Nordestes, 3,73% no Sudeste, 2,83% no Centro-Oeste, 2,25% no Norte e 0,64% no Sul. Já em 2017, até o mês de junho, houve a confirmação de 334 casos, sendo: 34,43% no Nordeste, 31,14% no Sudeste, 19,16% no Centro-Oeste, 13,47% no Norte e 2,39% no Sul. Conclusão: Ante o exposto, nota-se uma queda de significativa de 78,47% nos casos confirmados de microcefalia pelo vírus Zika, da época do surto a ano de 2017.

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T88. Pé torto congênito: achado ortopédico na microcefalia e/ou infecção pelo Zika vírus.

Priscila dos Santos Cardoso; Ariane P. F. Cavalcante; Arthur L.S. Lima; Hirley R. S. B. Melo; Ivan N. Silva; João V. B. de Farias; José G. V. S. Filho; Leonardo S. T. Santos; Rogerio B. Silva Área Temática: Microcefalia RESUMO Introdução: O pé torto congênito é uma malformação que envolve um desalinhamento do pé associado as suas partes moles e ósseas. Tal comprometimento resulta em posição equina e varo do retropé, cavo e adução do médio e antepé. A prevalência de acometimento corresponde ao sexo masculino, ocupando uma proporção de 2:1 para cada 1000 nascidos vivos, com incidência bilateral em 50% dos casos. Com o advento da microcefalia associada à síndrome da infecção congênita pelo Zika vírus, essa deformidade passa a ocupar o primeiro lugar dentre as deformidades ortopédicas. O que, por sua vez, envolve não só uma associação entre o neurológico funcional, mas também o osteomuscular, o que vem a somar nos transtornos para a vida desse paciente. Objetivos: Ressaltar a importância da multidisciplinaridade no acompanhamento das crianças acometidas pela microcefalia associada ao Zika Vírus, assim como a relevância de iniciar o tratamento corretivo e não invasivo antes dos 9 meses de vida. Materiais e Métodos: Foram analisados artigos científicos das bases de dados Scielo, GA e PubMed, correspondes ao período de 2014 a 2017; estas literaturas vieram complementar a linha de raciocínio da pesquisa. Resultados e Discussão: O pé torto congênito é uma deformidade que pode ser encontrada a partir do 3º mês de vida intrauterino, o que possibilita o preparo para que o tratamento comece por volta do 7º ao 10º dia de vida neonatal, favorecendo uma reabilitação mais complexa da estrutura acometida. O tratamento realizado através do método Ponseti é o mais indicado para essa modalidade de patologia, pois este se baseia em um método não invasivo e de fácil acesso e manejo para o responsável. A classificação em teratogênico devido à associação com a microcefalia desencadeada pelo Zika vírus é de extrema importância para a conduta adequada do tratamento. Dessa forma, observa-se resultados relevantes quando a terapêutica é realizada com eficácia. Conclusão: O acompanhamento das crianças com microcefalia é imprescindível ao manejo correto das malformações associadas e que, se devidamente valorizadas, tendem a melhorar em grande porcentagem o desenvolvimento da criança, garantindo a melhor forma de lidar com todas as dificuldades futuras, incluindo um suporte à família. O pé torto congênito é tratável e os resultados são satisfatórios em 95% dos casos. O intuito é que a deformidade seja reduzida a um pé flexível, plantígrado e indolor, facilitando o desenvolvimento motor da criança. Garantir a qualidade de vida é o marco principal dos tratamentos a fim de que, no futuro, a síndrome associada à infecção pelo vírus Zika possa ser minimizada no que tange o contexto biopsicossocial desses indivíduos.

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T89. Percepção das mães sobre audição das crianças com microcefalia pelo Zika vírus

Barbara Cristina da Silva Rosa; Tatiane Lisboa; Louise Nayla Souza de Oliveira; Mirelles Santos; Mariza de Jesus Santos; Francis Vinicius Fontes de Lima Área Temática: Microcefalia RESUMO Introdução: A microcefalia é uma malformação congênita, caracterizada por um perímetro cefálico abaixo do esperado para a idade e sexo, sendo comprovado a contaminação do Zíka vírus durante a gestação materna para o filho através do cordão umbilical, e, dependendo de sua etiologia, pode ser associada a malformações estruturais do cérebro ou ser secundária a diversas causas. Em geral, as crianças apresentam um retardo no desenvolvimento neuropsicomotor com acometimento motor e cognitivo importantes, assim como nas funções sensitivas (audição e visão) em alguns casos. Objetivos: Identificar a percepção das mães de crianças com microcefalia pelo Zika vírus sobre a audição dos filhos. Materiais e Métodos: Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética (CAAE 60049216.1.0000.5546) da Universidade. Foi aplicado um questionário semi-estruturado nas mães acompanhantes das crianças participantes do ambulatório de audiologia, onde eram feitas perguntas de múltipla escolha. O avaliador, através de conversa espontânea, colhia informações a respeito da percepção que elas tinham da audição da criança. Os dados foram tabulados e encaminhados para análise estatística. Resultados e Discussão: Foram entrevistadas 11 mães, com idade média de 24,1 anos. Destas, 90,9% afirmaram terem sofrido algum tipo de preconceito devido à microcefalia da criança, 100% relataram que a criança ouve, e quando questionadas “Qual orelha você acha que o seu filho ouve melhor?” 81% disseram que ouve igual em ambas orelhas, 9,1% referiu a orelha direita como resposta e outros 9,1% disseram não saber informar. Quanto a percepção do som relacionado a intensidade, 27,3% apontaram que a criança ouve sons de média intensidade, outros 36,4% que apenas sons de forte intensidade, enquanto 63,6% das mães referiram que a criança é capaz de ouvir todas as intensidades a elas apresentadas. Quando investigado sobre sinais e sintomas relacionados ao ouvido, 18,1% das mães relataram que a criança teve algum episódio de infecção no ouvido e os outros 81,9% não vivenciou nenhum sintoma otológico. Quando questionadas sobre os casos de deficiência auditiva na família, 18,2% relataram haver um ou mais casos na família com este problema. Conclusão: O questionário foi eficaz em perceber a visão das mães a respeito da audição da criança, sendo eficaz para finalidade proposta. Segundo o Comitê Multiprofissional em Saúde Auditiva, a queixa da mãe sobre a audição da criança é um indicador de risco para deficiência auditiva, sendo um fator relevante durante o processo de triagem ou avaliação auditiva.

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T90. Percepção e discriminação de fala em usuários de implante coclear associado ao sistema de frequência modulada

Juilianne Magalhães Galvão e Silva; Natália dos Santos Pinheiro; Kelly Cristina Lira de Andrade Área Temática: Implante Coclear e Próteses Osteointegradas RESUMO Introdução: O implante coclear é um dispositivo eletrônico introduzido cirurgicamente na orelha interna que resulta em benefícios para pacientes portadores de perda auditiva de grau severo a profundo bilateral e que apresentam pouco ou nenhum benefício com próteses auditivas convencionais. Contudo, apesar de toda a tecnologia empregada nestes dispositivos, dificuldades de reconhecimento e compressão da fala em ambientes ruidosos são queixas frequentes entre os pacientes implantados. O sistema de frequência modulada associado ao implante coclear, por meio da melhoria na relação sinal ruído, minimiza os efeitos do ruído sobre o sinal de fala. Objetivos: Analisar publicações referentes à percepção e discriminação de fala em usuários de implante coclear associado ao sistema de frequência modulada. Materiais e Métodos: Revisão integrativa da literatura nas bases de dados MedLine, via Pubmed, LILACS, ScienceDirect e SciElo, utilizando as seguintes estratégias de busca: Frequency Modulation System OR FM System OR FM Gain AND Cochlear Implantation OR Cochlear Implants OR Cochlear Implant; Cochlear Implantation OR Cochlear Implants OR Cochlear Implant AND Listening Effort; System FM AND Speech Noise; Implante Coclear AND Sistema FM; FM system AND Cochlear Implant; Cochlear Implant AND Listening Effort. As etapas da pesquisa foram: elaboração da pergunta norteadora, busca na literatura, coleta de dados, análise crítica dos estudos incluídos e discussão dos resultados. A inclusão dos artigos seguiu etapas de leitura de títulos, resumos e artigos completos. Os critérios de inclusão foram: artigos originais, estudos de casos e revisões de literatura que analisaram o uso de implante coclear associado ao sistema de frequência modulada com o objetivo de verificar a melhoria da percepção e discriminação de fala, escritos em língua portuguesa e inglesa. Foram excluídos artigos com outros dispositivos auxiliares de audição ou que não associavam o implante coclear ao sistema de frequência modulada. Resultados e Discussão: A busca resultou em 155 artigos na MedLine, 60 na LILACS, 47 na ScienceDirect e 1 na SciElo, totalizando 263 artigos. Durante etapa da leitura de títulos, foram excluídos 233 artigos, sendo incluídos 30; na etapa de leitura de resumos, foram excluídos 13 artigos, sendo incluídos 17; na etapa de leitura dos artigos completos, foram excluídos seis artigos e 11 foram incluídos e analisados. Conclusão: Os estudos analisados demonstram melhora na percepção e discriminação de fala dos usuários de implante coclear associados ao uso de frequência modulada. Além disso, relatam melhor inteligibilidade de fala tanto no silêncio quanto no ruído, quando associavam o dispositivo com o sistema de frequência modulada; melhora na qualidade do som; possibilidade de ouvir pessoas ou a televisão de uma distância maior; redução de ruído de fundo; melhor interação social; maior compreensão do discurso dos professores em sala de aula, além de aumento da confiança e participação na sala de aula. Contudo, apesar dos benefícios observados, um dos estudos revelou que o tamanho do dispositivo e a complexidade em realizar ajustes caracterizam-se como uma barreira para o uso do sistema de frequência modulada.

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T91. Percepção e discriminação de fala no ruído em usuários de aparelho de amplificação sonora individual associado ao sistema de frequência modulada

Natália dos Santos Pinheiro; Juilianne Magalhães Galvão e Silva; Kelly Cristina Lira de Andrade Área Temática: Aparelho de amplificação sonora individual RESUMO Introdução: O aparelho de amplificação sonora individual é um dispositivo que tem como objetivo auxiliar os indivíduos com perdas auditivas, visto que amplifica o som ao nível exigido e apresenta ganhos diferentes para cada frequência. Contudo, apesar de toda a tecnologia empregada, alguns usuários ainda apresentam dificuldades em sua adaptação, principalmente no que se refere à amplificação de ruídos, os quais afetam diretamente a percepção e discriminação de fala. Dessa forma, o sistema de frequência modulada, por meio da melhoria na relação sinal-ruído, viabiliza a melhor percepção e discriminação da fala quando o ruído, a distância e a reverberação interferem na captação do sinal. Objetivos: Analisar as publicações referentes à percepção e discriminação de fala no ruído em usuários de aparelho de amplificação sonora individual associado ao sistema de frequência modulada. Materiais e Métodos: Revisão integrativa da literatura por meio de buscas nas bases de dados LILACS, ScienceDirect e MedLine, utilizando-se das seguintes estratégias de busca: Frequency Modulation System AND Hearing; System FM AND Speech noise; Hearing Aids AND FM Gain; Hearing Aids AND FM System; Listening Effort AND Hearing Aids; Hearing Aids AND FM System AND Speech Noise; Frequency Modulation System OR FM System OR FM Gain AND Hearing Aids. As etapas da pesquisa foram: elaboração da pergunta norteadora, busca na literatura, coleta de dados, análise crítica dos estudos incluídos e discussão dos resultados. A inclusão dos artigos foi realizada seguindo as etapas de leitura de títulos, resumos e artigos completos. Os critérios de inclusão definidos foram: artigos originais, estudos de casos e revisões de literatura que analisaram o uso dos aparelhos auditivos associados ao sistema de frequência modulada com o objetivo de verificar a melhoria da percepção de fala, sendo estes escritos nas línguas portuguesa e inglesa. Foram excluídas as pesquisas que utilizaram outros dispositivos auxiliares de audição e que não associavam o aparelho de amplificação sonora individual com o sistema de frequência modulada. Resultados e Discussão: A busca resultou em 421 artigos na ScienceDirect, dois na LILACS e 524 na MedLine, totalizando assim 947 artigos. Durante a etapa de leitura de títulos, foram excluídos 896 artigos, sendo incluídos 51; na etapa de leitura de resumos, foram excluídos 32 artigos, sendo incluídos 19; na etapa de leitura dos artigos completos, foram excluídos 10 artigos e nove foram incluídos e analisados. Conclusão: Os estudos analisados revelaram melhora significativa na percepção e discriminação de fala quando os usuários de aparelhos de amplificação sonora individual faziam uso do sistema de frequência modulada. Alguns artigos relataram ainda que este sistema permitiu aos participantes atingir a maioria de suas metas individualizadas. Em contrapartida, observou-se que, embora houvesse uma grande vantagem no uso do sistema de frequência modulada, grande parte dos usuários referiram não o utilizar, seja devido ao custo elevado ou por questões estéticas e emocionais.

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T92. Percepção, conhecimento e habilidade dos cuidadores em saúde bucal de crianças com microcefalia

Andrea Rose de Albuquerque Sarmento Omena Área Temática: Microcefalia RESUMO Introdução: A saúde bucal dos pacientes especiais no Brasil mostra-se muito precária. Estudos mostram que pais com pouco conhecimento apresentam um menor cuidado em relação à saúde bucal de seus filhos. Pessoas com Necessidades Específicas tendem a apresentar maiores riscos de desenvolver cárie e doença periodontal devido: ao grau de limitação física e/ou mental; a dificuldade da realização da higiene bucal; dieta alimentar, geralmente rica em carboidratos e alimentos pastosos; ao fato de muitas vezes terem sua higiene oral negligenciada pelos seus responsáveis. Objetivos: Compreender os modos de produção do cuidado em saúde bucal realizados pelos cuidadores de crianças com Microcefalia, em um grupo específico que foi criado após a publicação portaria 1812. Materiais e Métodos: O estudo é qualitativo, do tipo Pesquisa Ação, no qual se utilizará observação participante, entrevista semiestruturada e oficina de saúde bucal. O estudo será composto pelo binômio cuidador e criança com Microcefalia. Será realizada oficina com objetivo de conhecer como são as práticas de higiene bucal realizadas pelos cuidadores, suas dificuldades e como superá-las. Em seguida, será realizada a técnica da higiene bucal supervisionada para demonstrar, na prática, como o cuidador pode melhor sua habilidade na higiene bucal da criança com Microcefalia. Resultados e Discussão: Os resultados deste projeto estão andamento.

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T93. Potenciais evocados auditivos em indivíduos com gagueira Jéssika Bertoldo Costa Farias; Elisa Maria Santos Balbino; Danmires de Mendonça Vieira; Natália dos Santos Pinheiro; Thamara Maria Vieira dos Santos; Raniere Dener Cardoso Melo; Thaís Nobre Uchôa Souza; Maria Cecília dos Santos Marques Área Temática: Diagnóstico Audiológico RESUMO Introdução: A gagueira é o transtorno de fluência mais comum e apresenta descontinuidade no fluxo de fala caracterizada por repetições de sons, sílabas, palavras e frases; prolongamentos; bloqueios e interjeições, o que pode afetar o ritmo e a velocidade de fala. Contudo, apesar de inúmeras teorias, os mecanismos subjacentes à gagueira ainda não são devidamente compreendidos. Estudos recentes evidenciaram que há atividade neural anormal nas áreas auditivas e motoras, bem como nas regiões subcorticais. Dessa forma, os Potenciais Evocados Auditivos são fundamentais para esclarecer possíveis correlações entre os aspectos auditivos e a fluência, sejam eles de curta, média ou longa latência, visto que estes não necessitam de respostas verbais do paciente e, diferente dos testes comportamentais que revelam apenas deficit funcionais, avaliam as atividades corticais envolvidas nas habilidades de discriminação, integração e atenção do cérebro, assim como revelam a integridade e capacidade do sistema nervoso auditivo central. Objetivos: Analisar as publicações referentes às alterações nos Potenciais Evocados Auditivos em indivíduos com gagueira. Materiais e Métodos: Depois da formulação da pergunta da pesquisa, o levantamento bibliográfico foi realizado nas bases de dados SciELO, LILACS (via BVS), Elsevier (via ScienceDirect) e MedLine (via PubMed), com as seguintes estratégias de busca: Speech ABR AND Disfluency; Speech Evoked Auditory Brainstem Response AND Stuttering; Auditory Evoked Potential AND Stuttering e PEATE Fala AND Gagueira. Foram considerados como critérios de seleção: artigos publicados no período de 2007 a 2017 e na língua Portuguesa Brasileira ou Inglesa. Foram analisados os aspectos relacionados aos resultados nos exames de Potenciais Evocados Auditivos de indivíduos com gagueira. Resultados e Discussão: A busca resultou em 10 artigos na LILACS, 3 na SciELO, 40 na MedLine e 598 na ScienceDirect, totalizando, assim, 618 artigos, dos quais, após leitura dos títulos e resumos, e descarte dos estudos repetidos, 13 atendiam aos critérios de inclusão, sendo estes selecionados para análise. Diante das pesquisas analisadas, foi identificado que a literatura aponta os Potenciais Evocados Auditivos de Longa Latência, essenciais para analisar as vias auditivas em sujeitos com gagueira, evidenciando amplitudes maiores de P300 no hemisfério esquerdo. Todavia, uma das pesquisas evidenciou amplitudes menores de P600 em indivíduos gagos, sugerindo processamento sintático atípico. Por outro lado, foi observado que indivíduos com gagueira apresentaram diferenças entre as orelhas (direita e esquerda) com relação aos valores de latência da onda N2 e ao que concerne a amplitude das ondas P2-N2. Além disso, uma pesquisa evidenciou que houve um aumento na latência dos componentes N2 e P3 para estes indivíduos. Outros estudos revelaram ainda amplitude anormal do lado esquerdo no potencial Mismatch Negativity, aplicando o estímulo de fala e respostas normais quando utilizado estímulos tonais. Achados estes, compatíveis com anormalidades do córtex auditivo primário da região temporoparietal esquerda. Conclusão: Verificou-se que há uma significativa alteração nos Potenciais Evocados Auditivos em indivíduos com gagueira, no que se refere ao hemisfério esquerdo, principalmente quando utilizado o estímulo de fala, revelando, assim, alterações na memória sensorial verbal.

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T94. Potencial de ação composto eletricamente evocado no nervo auditivo e implante coclear: uma revisão integrativa

Danielle Cavalcante Ferreira; Caroline de Araújo Miranda; Jacqueline Pimentel Tenório Área Temática: Implante Coclear e Próteses Osteointegradas RESUMO Introdução: O implante coclear é o tratamento padrão para a perda auditiva sensorioneural bilateral severa e profunda. Neste tipo de dispositivo, cada eletrodo estimula diretamente o nervo auditivo por meio de uma corrente elétrica, desencadeando uma sensação auditiva, sendo diferentes para cada indivíduo e para cada canal de estimulação. O uso de medidas objetivas serve como base e contribui para a programação do Implante Coclear principalmente em crianças e indivíduos com múltiplos comprometimentos. Uma das formas de se obter medidas objetivas é por meio do Potencial de Ação Composto Eletricamente Evocado no Nervo Auditivo, que avalia as características funcionais das células ganglionares e as demais estruturas neurais auditivas, como também modificações nas respostas neurais e entre o feixe de eletrodos e o tecido neural ao longo do tempo. Esse procedimento é realizado com os eletrodos do implante como geradores de estímulos e gravadores de resposta, por meio do uso do software específico. Objetivos: Realizar uma revisão integrativa das publicações científicas dedicadas à pesquisa do Potencial de Ação Composto Eletricamente Evocado no Nervo Auditivo em indivíduos usuários de Implante Coclear. Materiais e Métodos: Foi realizada uma busca eletrônica nas bases de dados Biblioteca Virtual em Saúde, SciELO, Lilacs e Medline/Pubmed por meio dos descritores: Auditory Perception AND Cochlear Implantation; Cochlear Implantation AND Evoked Potential. A pesquisa não contou com restrição de idiomas. Foram selecionados artigos publicados entre 2007 e 2017, que estudavam a relação entre o Potencial de Ação Composto Eletricamente Evocado no Nervo Auditivo em indivíduos usuários de Implante Coclear; foram excluídos artigos de revisão. Resultados e Discussão: Inicialmente foram encontrados 3703 trabalhos referentes aos descritores utilizados, e após a análise do ano de publicação, do título e dos objetivos dos trabalhos, foram selecionados 10 artigos. Os artigos referiram como prioridade a análise da onda P1 no gráfico reproduzido no Potencial de Ação Composto Eletricamente Evocado no Nervo Auditivo como forma de investigação da capacidade de reposta neural no sistema auditivo periférico e do desenvolvimento de habilidades auditivas, que são essenciais para a aquisição e o desenvolvimento da linguagem oral em casos de Implante Coclear. A maior parte das produções trouxe como resposta a presença da onda com um aumento acentuado na amplitude após os três meses de implantação do IC e o consequente desenvolvimento das habilidades auditivas. Outros contradiziam a correlação da presença da P1 e a melhora significativa dos aspectos auditivos. Conclusão: A análise dos trabalhos encontrados aponta que a estimulação elétrica liberada pelos eletrodos intracocleares não causou alterações significativas às características do Potencial de Ação Composto Eletricamente Evocado no Nervo Auditivo, exceto pelo aumento da amplitude do pico N1. Além disso, os estudos defendem que o Implante Coclear é um recurso efetivo para o desenvolvimento das habilidades auditivas dos sujeitos portadores de deficiência auditiva.

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T95. Potencial evocado auditivo cortical em bebês a termo e pré-termo Dayse Mayara Oliveira Ferreira; Letícia Sampaio de Oliveira; Yara Bagali Alcantara; Brena Elisa Lucas; Taís Eloiza Ciscoto; Cristiane Andressa dos Santos; Ana Cláudia Figueiredo Frizzo Área Temática: Criança e Audição RESUMO Introdução: A prematuridade é uns dos fatores para a privação da audição ao nascimento, pois interfere significativamente na aquisição e desenvolvimento da linguagem e da cognição. A avaliação eletrofisiológica se destaca por apresentar uma análise mais completa. Os potenciais Evocados Auditivos Corticais (PEAC) são alterações eletrofisiológicas decorrentes ao estímulo elétrico, eles apresentam um segmento de onda positivo-negativo-positivo (P1-N1-P2-N2-P3). A Early Language Milestone Scale (ELM) é uma escala de triagem da linguagem que trás informações quanto ao desenvolvimento auditivo e linguagem de bebês e crianças de 0 a 48 meses. Objetivos: Avaliar e comparar a função auditiva de crianças nascidas a termo e pré-termo pelo PEAC e correlacionar a escala ELM. Materiais e Métodos: O estudo foi aceito pelo Comitê de Ética e pesquisa (CAAE 63077916.9.0000.5406). Os responsáveis assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. Participaram do estudo, até o momento, 14 bebês de ambos os gêneros, com idade de 0 a 12 meses, divididos em dois grupos (G1 e G2). O grupo G1 composto por 7 bebês a termo, e o grupo G2 composto por 7 bebês pré-termo. Foi utilizado Equipamento Navigator-Pro-Biologic. Os eletrodos foram posicionados em Fz, Cz, A2, A1 e Fpz (terra). O estímulo de fala /ba/ (estímulo frequente) e /da/ (estímulo raro) apresentado a 80dBnHL, monoaural em um paradigma odd- ball. Após a realização do PEAC, foi aplicada a escala ELM. Resultados e Discussão: Foram analisados os complexos P1-N1-P2-N2-P3a, onde o grupo G1 apresentou latência aumentada e amplitude reduzida quando comparado ao grupo G2. Contudo, ambos os grupos se encontram dentro dos padrões de normalidade. Quanto a escala ELM, as falhas foram: G1 riso social, reconhecimento de sons, reconhecimento de objetos e rastreamento visual, 1/7 crianças avaliadas. G2: gorjeio, vocalização recíproca, reconhecimento de objetos e expressões faciais, 4/7 crianças avaliadas. Conclusão: Existem diferenças entre as medidas dos potenciais auditivos corticais de crianças nascidas a termo e pré-termo e na escala ELM.

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T96. Potencial evocado auditivo do tronco encefálico com estímulo de fala: um estudo sobre o mascaramento temporal

Denise Costa Menezes; Nathália Holanda da Fonsêca; Karina Paes Advíncula; Silvana Maria Sobral Griz Área Temática: Processamento Auditivo Central RESUMO Introdução: Entende-se por mascaramento temporal a dificuldade na percepção de um som causada por outro som (ruído mascarante), sejam concomitantes ou não. Chamamos efeito de permanência do mascaramento (forward masking) quando o ruído continua a mascarar o som alvo mesmo após o término de sua presença física. Esse efeito vem sendo estudado através de testes eletrofisiológicos, como os potenciais evocados auditivos do tronco encefálico (PEATE), utilizando estímulos como clique, tone burst e fala sintética. Objetivos: Investigar o mascaramento temporal em jovens com audição normal por meio do Potencial Evocado Auditivo do Tronco Encefálico (PEATE) com estímulo de fala. Materiais e Métodos: O estudo foi realizado com 10 participantes jovens com audição normal. Todos foram submetidos ao teste de PEATE com estímulo de fala /da/ com duração de 40 milissegundos (ms), numa intensidade de 75 dBNPS. Posteriormente, o mesmo estímulo foi utilizado com a apresentação prévia de um ruído de fala mascarante e os potenciais evocados foram registrados. Os experimentos foram realizados com um intervalo de tempo, entre o ruído e o estímulo de fala, de 4 milissegundos. Para a identificação do mascaramento temporal, foram comparadas as latências da primeira resposta do PEATE (ondas V e A) entre as condições de teste. Resultados e Discussão: Houve atraso significativo nas latências das ondas V e A das respostas do PEATE ao estímulo de fala /da/ quando dado 4 ms após a apresentação do ruído de fala mascarante. Conclusão: O efeito do mascaramento temporal foi claramente observado utilizando o PEATE com estímulo de fala /da/, mediante o estímulo dado após 4 ms do ruído mascarante, em todos os sujeitos avaliados.

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T97. Potencial ototóxico da gentamicina em pacientes da UTI neonatal Raiana Zacarias de Macêdo; Maria Júlia Marques de Araújo Santos; Érika Santos Machado; Mayara Shirley Lins Emidio; Anansa Bezerra de Aquino; Erb Gama Cambrainha Monteiro Área Temática: Criança e Audição RESUMO Introdução: Existem vários fatores potenciais para o desencadeamento de deficiências auditivas. Elas podem vir de infecções ou ruídos, ser de origem genética ou ainda vir da ação de agentes ototóxicos. Os aminoglicosídeos são uma classe de fármacos com importante potencial de ototoxidade, porém, ainda são muito utilizados em todo o mundo, principalmente em países em desenvolvimento, por ter um baixo custo e ser muito eficaz como antibiótico. A gentamicina, um destes fármacos, é o primeiro a ser utilizado em pacientes pediátricos na unidade de terapia intensiva (UTI) neonatal. Objetivos: A partir disso, o objetivo desse estudo é verificar a magnitude dos efeitos ototóxicos desencadeados, a partir da administração da gentamicina, em pacientes da UTI neonatal. Materiais e Métodos: Foi realizada uma Revisão Integrativa de Literatura que priorizou a seleção de artigos presentes no banco de dados da Scientific Electronic Library Online (SciELO) e Public Medline (PUBMED). Palavras-chave: encontradas no Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): “aminoglicosídeos”, “perda auditiva”, “toxicidade”, “audição”, “gentamicina” e o operador booleano “AND”. Utilizou-se também alguns critérios de inclusão como: língua portuguesa e inglesa e pesquisas publicadas desde os anos 2000 até os dias atuais. Resultados e Discussão: A gentamicina é um antibiótico, da classe dos aminoglicosídeos, que combate infecções causadas, em sua maioria, por bacilos Gram-negativos. Seu público alvo são pacientes recém-nascidos com graves infecções na UTI neonatal. Porém, esse medicamento, embora eficaz em seu mecanismo de ação, traz com ele alguns efeitos colaterais, sendo o principal deles, a ototoxidade. Esse medicamento amplifica a produção de radicais livres a partir da formação de um complexo junto ao ferro que possui propriedades oxidativas. Os radicais livres podem causar lesões de células ciliadas externas no órgão de Corti, que é uma estrutura fundamental no processamento das mensagens sonoras periféricas. Mas, estudos realizados relatam que a piora dos efeitos ototóxicos da gentamicina se dá quando o seu uso é associado a outras drogas com efeitos ototóxicos, como, por exemplo, diuréticos de alça longa, porque a gentamicina atua nas membranas das células da orelha interna, o que irá aumentar sua permeabilidade e facilitar esse efeito ototóxico dos diuréticos. Sabe-se que vão ser diversas as clínicas da deficiência auditiva, mas elas vão estar relacionadas sempre com a idade em que foi iniciada a administração dos medicamentos e com o tempo em que o paciente passou fazendo uso do mesmo. Quanto menor for a idade inicial, mais grave será a deficiência auditiva desenvolvida. Conclusão: Com bases nas informações colhidas, verificou-se que o aminoglicosídeo gentamicina tem um baixo potencial ototóxico quando administrado sozinho e com o devido monitoramento auditivo em pacientes da UTI neonatal, porém, ao ser associado a fármacos que também possuam efeitos ototóxicos, esse potencial torna-se alarmante, sendo imprescindível o acompanhamento monitorado, além do rigoroso controle das dosagens e tempo de administração.

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T98. Processamento auditivo central e dislexia: uma revisão integrativa Danielle Cavalcante Ferreira; Maria Cecília dos Santos Marques Área Temática: Processamento Auditivo Central RESUMO Introdução: O Processamento Auditivo Central (PAC) é a capacidade de o indivíduo perceber, localizar, discriminar, reconhecer, recordar ou compreender informações auditivas, por meio de habilidades processadas por centros auditivos localizados no tronco encefálico e no cérebro. Esse processo é de extrema importância para o aprendizado da comunicação humana e, quando ocorre prejuízo no processamento da informação auditiva, também podem ocorrer dificuldades na linguagem oral e escrita. Para um bom desempenho de leitura é necessário que exista uma integridade no desenvolvimento de habilidades auditivas tais como atenção seletiva e sustentada; discriminação, memória e percepção auditiva e consciência fonológica, que podem ser avaliadas nos testes de PAC. Tais habilidades são fundamentais para o processo de aprendizagem da leitura e da escrita. A dislexia é um transtorno de aprendizagem na área da leitura, escrita e soletração, apresentando maior dificuldade na decodificação da leitura e na expressão escrita. Os indivíduos com dislexia, geralmente, apresentam pior desempenho em testes de PAC. Objetivos: Realizar uma revisão integrativa das publicações científicas dedicadas à pesquisa da relação entre o PAC e a dislexia. Materiais e Métodos: Foi realizada uma busca eletrônica nas bases de dados Lilacs (via BVS), SciELO, e Medline (via Pubmed) por meio dos descritores: Auditory Processing AND Dyslexia; Leitura AND Percepção auditiva. A pesquisa não contou com restrição de idiomas. Critérios de seleção: Artigos publicados entre 2001 e 2017, que estudavam a relação entre o PAC e a dislexia. Foram excluídos artigos de revisão. Resultados e Discussão: Inicialmente foram encontrados 1073 artigos e, após analisar título, resumo e ano de publicação, foram selecionados 14 artigos publicados no período estabelecido. Quanto aos indivíduos participantes das pesquisas, 64,28% foi composto por crianças e 35,72% por adultos. O método utilizado nas pesquisas continha: avaliação audiológica; diferentes testes de PAC. Em 14,28% das pesquisas foram realizados exames de neuroimagem e 7,14% avaliaram a consciência fonológica. Os resultados indicaram que indivíduos com dislexia apresentaram alterações em exames de neuroimagem e no PAC, com a presença de dificuldades em habilidades como localização sonora, memória verbal e não-verbal, processamento temporal e detecção sonora. Conclusão: A dislexia traz uma dificuldade na associação do símbolo gráfico, nas letras, com o som que elas representam e na organização de uma sequência temporal. As evidências encontradas mostram que indivíduos com transtorno de leitura apresentam desordens no PAC. Assim, é necessário que haja uma integração entre a reabilitação das habilidades auditivas e dislexia, com estratégias que possibilitem a melhora no desempenho dessas crianças nas tarefas escolares que exigem leitura e escrita, promovendo um melhor desenvolvimento das habilidades de linguagem/aprendizagem nesses indivíduos.

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T99. Processamento auditivo central em crianças e idosos Natália dos Santos Pinheiro; Elisa Maria Santos Balbino; Danmires de Mendonça Vieira; Jéssika Bertoldo Costa Farias; Thamara Maria Vieira dos Santos; Raniere Dener Cardoso Melo; Thaís Nobre Uchôa Souza; Maria Cecília dos Santos Marques Área Temática: Processamento Auditivo Central RESUMO Introdução: O processamento auditivo central (PAC) pode ser definido como a capacidade de decodificar e compreender a fala, principalmente em situações de ruído ou quando a fala associa-se a mensagens competitivas. Dessa forma, o objetivo do exame do PAC é avaliar a integridade e o estado de neuromaturação da via auditiva, seja essa avaliação realizada de forma diótica, dicótica, monótica ou através de testes temporais. A literatura relata que as habilidades auditivas se modificam durante o desenvolvimento, devido à maturação das vias auditivas e à quantidade de exposição à linguagem. Ao longo da vida, a percepção da fala deteriora-se e essas mudanças podem ser atribuídas à diminuição dos limiares auditivos periféricos, ao declínio no funcionamento dos sistemas centrais e às habilidades cognitivas prejudicadas. Objetivos: Analisar as publicações referentes ao processamento auditivo central em crianças e idosos. Materiais e Métodos: Depois da formulação da pergunta da pesquisa, o levantamento bibliográfico foi realizado nas bases de dados SciElo e MedLine (via PubMed), com os seguintes descritores: Percepção Auditiva (Auditory Perception), Percepção da Fala (Speech Perception), Crianças (Child) e idosos (Aged), conectados pelo conector booleano "e". Foram considerados como critérios de seleção: artigos publicados no período de 2012 a 2017 e na língua Portuguesa Brasileira ou Inglesa. Foram analisados os aspectos relacionados ao funcionamento das vias auditivas ao longo do tempo, modificações nas habilidades auditivas, mecanismos fisiológicos e processos gnósicos. Resultados e Discussão: A busca resultou em 112 artigos na SciElo e 2.292 na MedLine (via PubMed), totalizando assim 2.382 artigos, dos quais, após leitura dos títulos e resumos, 4 atendiam aos critérios de inclusão, selecionados para análise. Diante das pesquisas analisadas, foi identificado que a literatura demonstra labilidade no que diz respeito à analise descritiva da população estudada, pois mesmo englobando idosos em seu espectro, não houve uma referência direta a estes indivíduos, sendo considerado apenas o processo de envelhecimento. Percebeu-se que crianças de 7 a 8 anos dispõem de habilidades auditivas menos eficazes em relação a crianças mais velhas, com idade entre 11 e 12 anos; e jovens adultos de até 20 anos apresentam percepção de fala e atenção seletiva superior para ambas as orelhas nos testes dicóticos. Houve também a constatação de que estes mesmos indivíduos poderão apresentar um declínio considerável nas habilidades que envolvem o processamento auditivo, principalmente no que diz respeito à atenção seletiva e resolução temporal, o que poderá progredir até o fim da vida. Conclusão: Verificou-se que há uma deterioração das habilidades do processamento auditivo central em idosos, a saber, atenção seletiva e resolução temporal, sendo as respostas de crianças mais eficazes. Contudo, faz-se necessário novas pesquisas nessa temática envolvendo tais populações, de modo que, embora houvessem incluído idosos em seus estudos, os artigos não se aprofundaram na população senescente.

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T100. Proteção social às crianças diagnosticadas com síndrome congênita do Zika e suas famílias: uma experiência do serviço social

Erica Paula Barbosa; Eduardo Araujo Pinto; Andrezza Monnyke Costa Vital; Lousanny Caires da Rocha; Veugva Dionisio de Freitas; Paulla Valéria de Souza Meneses; Cinthya Rafaella Magalhães da Nóbrega Novaes; Arlete Gomes Freire; Ialison Severo de Melo; Dannyelly Dayane Alves da Silva Área Temática: Interdisciplinaridade RESUMO Introdução: As crianças nascidas com microcefalia ou sob suspeita devem ter garantido o seu direito de viver com dignidade, por isso, a proteção social do Estado é fundamental para o desenvolvimento das suas potencialidades. O estado de Alagoas apresentou, até agosto de 2017, cerca de 376 casos notificados como possíveis de microcefalia associada ao Zika Vírus (ZIKV). Estas crianças com ZIKV estão em acompanhamento na atenção básica pelas Equipes de Saúde da Família (ESF), contam com a presença de um Assistente Social desde janeiro de 2017 em todas as unidades de saúde no município de Arapiraca, potencializando a abrangência de resolução nesse segmento. As ações desenvolvidas pela Assistência Social organizam-se no território e têm por objetivo atuar preventivamente nas situações de insegurança social vivenciadas pelas famílias e pessoas, garantindo acolhida, inserção, acompanhamento e encaminhamento, quando necessário. Objetivos: Descrever a experiência da atuação da assistente social no acompanhamento às crianças diagnosticadas com Síndrome Congênita do Zika no município de Arapiraca/AL. Relato de experiência: Desde a implantação do serviço social em todas as ESF, que iniciou em janeiro de 2017, Arapiraca tem possibilitado um acompanhamento e garantia dos direitos às crianças diagnosticadas com Síndrome Congênita do Zika e suas famílias. Para isso, o Assistente Social tem desenvolvido diversas ações que garantam a proteção social dessas pessoas, acolhendo a criança e sua família, a fim de identificar e encaminhar para os demais serviços especializados e assistenciais, como acesso ao passe livre municipal e interestadual. Também são responsáveis por direcionar a família em situação de vulnerabilidade social, com renda per capita de ¼ do salário mínimo, para acesso ao programa de aquisição de alimentos (PAA), viabilizar a inclusão nos serviços de reabilitação, bem como acompanhar a criança mensalmente, através de um calendário planejado de consultas para avaliar o desenvolvimento da criança, articulando entre a rede e demais políticas públicas para atender de forma ampliada a criança e sua família. O assistente Social orienta quanto aos direitos, enfatizando os critérios para acesso ao BPC (Benefício de Prestação Continuada), além de viabilizar acesso da família às informações do laudo médico circunstanciado com diagnóstico da síndrome congênita associada ao Zika Vírus, facilitando o acesso aos meios jurídicos, para proteção e garantia da efetivação dos direitos adquiridos, agregando ao legado de cuidados e medidas preventivas e curativas, para assegurar a manutenção ofertada a criança pelo estado e órgãos envolvidos. Conclusão: A microcefalia traz repercussões marcantes para a criança e muita angustia e incertezas para a família, por não saberem como lidar com a criança e nem o que lhe reservar para o futuro. O trabalho interdisciplinar da equipe de saúde e sua rede fortalecem o desenvolvimento e a qualidade de vida dessa criança e de sua família. Assim, o serviço social tem papel fundamental dentro da equipe estratégia de saúde de família (ESF), pois trabalha diretamente com as famílias e seu contexto sócio histórico, atrelada a outras políticas públicas, atuando como mediador o profissional que potencializa a integralidade e a organização do serviço.

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T101. Reabilitação auditiva em grupo: uma experiência com grupo de idosos em um programa de sáude auditiva

Cristian Valéria Melo Oliveira; Marília Evellyn Hilário dos Santos; Scheila Farias de Paiva Área Temática: Reabilitação Auditiva RESUMO Introdução: A audição funciona como um mecanismo de alerta contra o perigo, permitindo a localização de fontes sonoras e oferecendo segurança ao indivíduo. Com o passar dos anos, o organismo dos seres humanos vai passando por um processo morfofisiológico que é o envelhecimento, atingindo o corpo de forma geral e de maneira irreversível. Em decorrência desse processo, o funcionamento dos órgãos sensoriais, como do sistema auditivo, fica prejudicado. Dessa forma, a presbiacusia é vista como causa mais frequente da perda auditiva em idosos, atingindo o sistema auditivo como um todo e comprometendo a inteligibilidade e compreensão da fala, principalmente quando estão em ambientes ruidosos. O programa de reabilitação auditiva tem como objetivo minimizar as consequências que a perda auditiva acomete por meio das discussões e informações a respeito da mesma, bem como orientar sobre o uso e manuseio adequado do Aparelho de Amplificação Sonora Individual (AASI). Objetivos: Descrever a proposta de reabilitação fonoaudiológica com usuários idosos com deficiência auditiva em um programa de Saúde Auditiva. Materiais e Métodos: O programa conta com a inscrição de 128 pessoas para recebimento de AASI. São organizados grupos de no máximo 8 idosos para encontros quinzenais. Atualmente são atendidos 13 usuários com deficiência auditiva. São realizadas sessões para desenvolvimento das habilidades e estratégias comunicativas e treino de leitura orofacial para potencializar a comunicação, possibilitando melhor compreensão da informação e discriminação de fala. O atendimento em grupo de idosos enfatiza a importância do uso do Aparelho de Amplificação Sonora Individual (AASI) como parte do tratamento, mesmo que ainda não tenham recebido. São abordados conteúdos e orientações sobre o uso, manuseio e higienização do AASI, oportunizando o desenvolvimento das estratégias comunicativas ao se utilizar dinâmicas de grupos. Resultados e Discussão: Os participantes relatam mudanças significativas quanto à discriminação de fala, melhora na comunicação verbal e mudanças nas atitudes e nos relacionamentos interpessoais após o início das sessões. Conclusão: O presente trabalho evidencia a importância de iniciativas para atendimento no Sistema único de Saúde, com grande fila de espera, sendo o grupo de idosos com deficiência auditiva uma alternativa para evolução e desenvolvimento das habilidades auditivas e comunicativas, possibilitando uma melhor autopercepção das suas dificuldades inerentes a perda da audição. Além de ser um momento de partilha e troca entre os usuários, influencia diretamente na qualidade de vida e nas relações interpessoais dos mesmos, o que torna o grupo de grande valia para inserção dos idosos em contexto social, através das habilidades trabalhadas na reabilitação auditiva.

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T102. Reabilitação auditiva no idoso: primeiro passo na melhoria de sua qualidade de vida

Felipe Manoel De Oliveira Santos; Fernanda Ribeiro Araújo; Dennis Cavalcanti Ribeiro Filho; Maria Helena Rosa Da Silva Área Temática: Reabilitação Auditiva RESUMO Introdução: No decorrer dos últimos anos, o Brasil tem vivenciado um período de franco crescimento da expectativa de vida de sua população. Dentre as diversas alterações sensoriais que acompanham o processo de envelhecimento populacional, a presbiacusia é uma das mais incapacitantes. Esta caracteriza-se pela deficiência ou diminuição da função auditiva desencadeada por mudanças degenerativas e fisiológicas no sistema auditivo com o avançar da idade, atingindo cerca de 60% nos acima de 60 anos. A presbiacusia apresenta, como principal consequência, o declínio na capacidade comunicativa do indivíduo, que tende a se isolar e priva-se de fontes de informação, maximizando ainda mais as alterações causadas pelo envelhecimento. Juntamente com a perda auditiva, surgem sentimento de insegurança, medo, incapacidade. As dificuldades de comunicação fazem com que o idoso duvide de suas capacidades e habilidades, levando a mudanças na sua qualidade de vida, causando depressão e isolamento. A perda auditiva tem um impacto psicossocial negativo ao ser associada à inabilidade para realizar tarefas domésticas e ao aumento de acidentes ocupacionais. Objetivos: O presente trabalho teve como objetivo avaliar os impactos positivos da reabilitação auditiva e como esta auxilia na melhoria da qualidade de vida em idosos. Materiais e Métodos: O estudo constituiu-se em uma revisão bibliográfica acerca dos impactos positivos da reabilitação auditiva em idosos, mediante pesquisa nas bases de dados online SciELO, PubMed, LILACS e Proquest, sendo utilizados 17 artigos científicos, correspondentes aos anos de 2000 a 2017, no período de setembro a outubro do ano de 2017. Resultados e Discussão: Diversos autores apontam que os problemas oriundos pela privação sensorial da audição podem ser minimizados com o uso do aparelho de amplificação sonora individual (AASI) e reabilitação auditiva. Estudos demonstram que o aconselhamento é um dos aspectos mais importantes dentro do programa de reabilitação auditiva. Estudo realizado em São Paulo sobre o programa de reabilitação audiológica para idosos comparou a autopercepção do handicap auditivo – limitação ou incapacidade de realizar e envolver-se nas situações de vida, como resultado da perda de audição – em grupos de indivíduos submetidos e não submetidos ao programa de reabilitação, demonstrando uma redução significativa na autopercepção do handicap auditivo do grupo incluído no programa de reabilitação, garantindo maior interação social e redução da depressão. Junto a isso, outros estudos concluem que os serviços de saúde da rede pública devem desenvolver ações de reeducação auditiva para os idosos portadores de presbiacusia, para que eles possam participar e desfrutar das relações sociais, mantendo uma boa qualidade de vida. Conclusão: Os programas de reabilitação auditiva são de extrema importância por minimizarem as reações psicossociais decorrentes da deficiência auditiva no idoso, auxiliando sua reinserção na família e sociedade. Esses programas ajudam o indivíduo e seus familiares a lidarem de forma positiva frente às dificuldades de comunicação presentes vida diária, propiciando melhorias significativas em sua qualidade de vida. A reabilitação auditiva é efetiva na redução do handicap auditivo em portadores de deficiência auditiva e deve ser incluída como um recurso tão importante quanto à adaptação de dispositivos de amplificação sonora.

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T103. Reabilitação vestibular com pacientes vítimas de acidentes automobilísticos Willianne Tâmara Conceição dos Santos; Scheila Farias de Paiva Área Temática: Diagnóstico e Reabilitação Vestibular RESUMO Introdução: O equilíbrio é entendido como uma situação que o corpo adota uma posição em relação ao espaço, usando de forças gravitacionais para o posicionamento correto do corpo, ou seja, na posição ortostática. Mas somente isso não é suficiente para o corpo manter-se em pé, é preciso o perfeito funcionamento do sistema vestibular, que pode ser influenciado por fatores externo como acidentes automobilísticos. Objetivos: Avaliar os pacientes através de protocolos como o Inventário das Deficiências de Vertigem; avaliar a eficácia da Reabilitação Vestibular em pacientes com tontura após acidentes automobilísticos; verificar a melhora na qualidade de vida da população atendida. Materiais e Métodos: O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Sergipe, sob Protocolo número 075882/2014, de caráter comparativo e intervencionista. Participaram 17 pacientes adultos, 13 (76,4%) da amostra eram do gênero feminino e 4 (23,5%) masculino, que foram encaminhados por médicos otorrinolaringologistas da região. Inicialmente os pacientes foram submetidos à avaliação otoneurológica completa, seguido da aplicação do questionário de qualidade de vida, o Dizziness Handicap Inventory (DHI) brasileiro, pré e pós-reabilitação vestibular, permitindo assim comparar os resultados antes e depois da reabilitação vestibular. Resultados e Discussão: Todos os pacientes iniciaram a reabilitação vestibular e apresentam significativa evolução quando comparado ao quadro inicial; porém é importante destacar que 41,17% deles, apesar de ter apresentado melhora, ainda não tiveram alta completa por manifestarem alguma insegurança diante da tontura. Os demais pacientes obtiveram alta e responderam ao DHI após a RV, resultados que detalharemos a seguir. Sendo assim, a conduta realizada foi da continuidade à terapia vestibular, com a realização dos exercícios proposto no ambulatório e em casa. Dentre os pacientes que receberam alta após a RV, todos obtiveram melhoras significativas e 100% apresentaram melhor desempenho no DHI, bem como relataram conseguir desempenhar atividades cotidianas que antes sentiam-se impossibilitados. Dessa forma, foi avaliado a eficácia do tratamento por meio da reaplicação do DHI, onde foi constatado uma queda na pontuação deste em todas as escalas. Conclusão: Os exercícios de reabilitação vestibular (RV) visam melhorar a interação vestibular e visual durante a movimentação cefálica; ampliar a estabilidade postural estática e dinâmica nas condições, que produzem informações sensoriais conflitantes; e diminuir a sensibilidade individual à movimentação cefálica. Concluímos que a reabilitação vestibular possibilitou melhora significativa do quadro clínico e na auto percepção dos pacientes, permitindo efeito positivo sobre o quadro inicial. Foi possível verificar melhora também na autopercepção por meio dos resultados obtidos no "Dizziness Handicap Inventory" que se constituiu um instrumento eficaz para avaliação da evolução do quadro vertiginoso e do impacto na vida do indivíduo.

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T104. Relação entre sintomas otológicos, achados audiológicos e disfunção temporomandibular

Mariana Lima Nobre Pinheiro; Ricardo Viana Bessa Nogueira; Janaína Andrade Lima Salmos de Brito; Thaís Nobre Uchôa Souza Área Temática: Interdisciplinaridade RESUMO Introdução: O equilíbrio das estruturas e funções do sistema estomatognático (SE) dependem do adequado funcionamento da articulação temporomandibular (ATM). Esta, por sua vez, necessita da oclusão dental correta para a realização das funções ao movimentar a mandíbula. Dessa forma, os músculos mastigatórios, o ouvido, a ATM, os dentes, a boca e a cabeça são os locais onde geralmente se manifestam os sinais e sintomas da Disfunção Temporomandibular (DTM). O desequilíbrio da função muscular ou estrutural da ATM pode acarretar na disfunção dessa articulação e causar sinais e sintomas diversos, como manifestações auditivas. Dessa maneira, sintomas otológicos comumente são relacionados à DTM e/ou às patologias dos ouvidos. Objetivos: Analisar a relação entre sintomas otológicos, achados audiológicos e sintomas relacionados com a disfunção temporomandibular. Materiais e Métodos: Trata-se de estudo transversal observacional, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, sob o nº 1.219.994. Participaram do estudo 85 voluntários, de ambos os gêneros, com idades variando entre 18 a 81 anos: 55 com queixas otológicas (CQO) e 30 sem queixas otológicas (SQO). Os voluntários responderam ao Questionário Anamnésico de Fonseca quanto à presença de sintomas de DTM; foram avaliados segundo o Eixo I dos Critérios de Diagnóstico de Pesquisa das Desordens Temporomandibulares (RDC/TMD); e passaram por avaliação otorrinolaringológica e audiológica. A estatística inferencial levou em consideração testes de normalidades, testes não paramétricos, utilizando-se como significância estatística o valor de 5% (p£0,05). Os dados foram analisados pelos testes Quiquadrado, Fisher e Mann-Whitney; foram calculados sob um software específico (SPSS versão 21). Resultados e Discussão: O gênero predominante foi o feminino (82,4%) e a média de idade foi de aproximadamente 43 anos. Dentre os sintomas otológicos relatados no grupo CQO, o zumbido foi o de maior prevalência (76,4%), seguido da hipoacusia (74,4%) e da otalgia (36,4%). Foi constatada perda auditiva em 80% dos sujeitos do grupo CQO, com 70% de alterações na audiometria tonal, 60% na imitanciometria e 74,5% nas emissões acústicas. Em 83,6% do grupo CQO e 53,3% do grupo SQO, identificou-se DTM, sendo essa diferença na frequência estatisticamente significante. Conclusão: A DTM foi mais prevalente no grupo CQO e houve alta prevalência de perda auditiva nesse grupo, comprovando a existência de relação entre sintomas otológicos, achados audiológicos e sintomas relacionados com a DTM.

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T105. Relato de experiência de um serviço de otoneurologia Aline Tenorio Lins Carnauba; Daniel Buarque Tenório; Danielle Sofia da Silva Gonçalves Ferreira Área Temática: Diagnóstico e Reabilitação Vestibular RESUMO Introdução: A tontura é um sintoma envolvido em muitas doenças, gera ansiedade e perda da qualidade de vida. Segundo estudo recente, a tontura afeta 42% da população adulta. O dado justifica o crescimento que a Otoneurologia vem apresentando nos últimos anos. Uma área abrangente, multidisciplinar, que engloba especialidades médicas clínicas e cirúrgicas, fisioterapia e fonoaudiologia. Desta forma, foi criado o serviço de Otoneurologia, desenvolvido em uma instituição privada em Maceió, no qual são realizados atendimentos otorrinolaringológicos e fonoaudiológicos a pacientes em todas as faixas etárias com as mais variadas afecções da área, contribuindo, assim, com a criação de um novo serviço para população. Objetivos: Relatar a experiência dos profissionais na área de otoneurologia, com atuação interdisciplinar, e descrever suas contribuições para população. Relato de Experiência: Semanalmente, são realizados acompanhamentos e atendimentos fonoaudiológicos e otorrinolaringológico de forma integrada. Durante os atendimentos, há discussão e correlação dos achados clínicos com a literatura e troca de informações. Também ocorrem elaboração e preenchimento de um banco de dados, em um programa de análise estatística, para gerenciamento de dados dos pacientes. O acompanhamento dos pacientes, desde a sua chegada ao ambulatório, proporcionou: a observação dos atendimentos de forma interdisciplinar, possibilitando a troca de informações e conhecimentos acerca dos casos atendidos; a observação dos atendimentos otorrinolaringológicos, propiciando uma visão ampliada sobre a atuação deste profissional, bem como sua relação interdisciplinar com a fonoaudiologia, além do estudo dos casos atendidos que dinamizaram o processo de aprendizagem, solidificando os conhecimentos adquiridos; o gerenciamento de um banco de dados, possibilitando ainda o fomento e interesse pela pesquisa. Conclusão: As experiências vivenciadas proporcionam uma maior proximidade entre os profissionais, a ampliação do conhecimento e olhar clínico na área otoneurológica, assim como o interesse pela atuação e pesquisa na área

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T106. Relato de experiência sobre a participação em um laboratório de pesquisa científica no estado de Alagoas

Tayná Rocha dos Santos Carvalho; Kelly Cristina Lira de Andrade Área Temática: Diagnóstico Audiológico RESUMO Introdução: A pesquisa científica é a aplicação prática de um conjunto de procedimentos objetivos, utilizados por um ou mais pesquisadores, para o desenvolvimento de um experimento, a fim de produzir um novo conhecimento, além de integrá-lo àqueles preexistentes. Através da pesquisa científica, busca-se o desconhecido, colaborando com o desenvolvimento da ciência e levantando dados para futuras descobertas. Com o intuito de possibilitar um dos pilares da Universidade, que é a pesquisa científica, um laboratório referência no Estado de Alagoas foi fundado em 2002, apresentando como áreas de estudo a audiologia e as tecnologias a ela aplicadas. Além disso, tem sua base de estudo nas áreas de acústica física, psicoacústica e biofísica da audição, com o objetivo de investigar detalhadamente todo o sistema auditivo. Objetivos: Relatar a experiência como membro participante de um laboratório de pesquisa científica referência no Estado de Alagoas, explanando a abordagem multidisciplinar dentro das grandes áreas de pesquisa abordadas: Audiologia e Tecnologia. Relato de Experiência: O laboratório é composto por uma equipe de 29 pessoas com diferentes níveis de graduação, entre estudantes, professores, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, médicos, odontólogos, enfermeiros e nutricionistas. Apresenta duas linhas de pesquisas definidas, a saber: 1- Testes psicoacústicos e envelhecimento; 2- Instrumentação, potenciais eletrofisiológicos auditivos e vestibulares e envelhecimento. Além disso, existe cooperação com outros laboratórios de pesquisa, como é o caso de um laboratório com sede no estado de São Paulo e que tem como propósito avaliar objetivamente a audição. Além das pesquisas científicas, o referido laboratório desenvolve equipamentos audiológicos, submete patentes, oferta cursos de capacitação e organiza eventos científicos. As reuniões presenciais e por videoconferência ocorrem semanalmente entre todos os membros envolvidos. Conclusão: Integrar a equipe de um laboratório de pesquisa que tem como principais objetivos o desenvolvimento de pesquisas científicas na área audiológica e a evolução tecnológica a partir do desenvolvendo de novos testes e procedimentos para diagnóstico é uma experiência fundamental para discentes e docentes dos diversos cursos da área de saúde. Assegura-se, dessa forma, o espaço da pesquisa científica na Universidade, posto que é um importante instrumento transformador da realidade.

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T107. Relato de experiência sobre o I curso introdutório da liga acadêmica interdiscipinar de linguagem e cognição

Tayná Rocha dos Santos Carvalho; Gabriel Ferreira Pereira Freire; Priscila Rufino da Silva Área Temática: Interdisciplinaridade RESUMO Introdução: A linguagem é o conjunto de símbolos que, transmitidos na escrita, na fala e nos gestos, possibilitam a comunicação entre os indivíduos. E é por meio dos processos cognitivos que o ser humano se torna capaz de adquirir, produzir e transmitir a linguagem. Prejuízos/deficit na cognição podem se mostrar de diversas formas. Desta feita, o trabalho conjunto de alguns profissionais se faz necessário. O I Curso Introdutório da Liga Acadêmica Interdisciplinar de Linguagem e Cognição (LALIC), abordou palestras que delinearam um panorama de como pode ser constituída essa multidisciplinaridade. Objetivos: Relatar a experiência vivenciada como ouvintes do I Curso Introdutório da LALIC, cujo tema foi “abordagem multidisciplinar: linguagem e cognição”, explanando a respeito das palestras ministradas por profissionais de saúde, Pedagogia e Letras/Linguística, com o intuito de expor a importância da interdisciplinaridade para tratar de linguagem e cognição. Relato de Experiência: O Curso foi realizado nos dias 29 e 30 de maio de 2017, das 18h às 21 horas, no miniauditório Emil Burihan, na Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas. No primeiro dia, houve uma mesa-redonda com o tema: “A linguagem infantil e a relação direta com o desenvolvimento da cognição”, com as convidadas Profa. Ranilde Cavalcante Costa – Fonoaudióloga –, Cristhiane Couto – Neuropsicóloga – e Analice Brandão – Terapeuta Ocupacional. Em seguida, houve uma palestra conjunta discutindo “A influência da linguagem e cognição no processo de aprendizagem”, ministrada pela Profa. Sabrina Pimentel – Fonoaudióloga – e Josilene Silva – Psicóloga. Encerrando o dia, houve a palestra sobre “O brincar como recurso na estimulação e desenvolvimento da criança”, com a palestrante Janaina Silva – Terapeuta ocupacional. No segundo dia, ocorreu a mesa-redonda com o tema “Abordagem multidisciplinar: linguagem cognição em foco”, ministrada pela Profa. Núbia Rabelo – Pedagoga e Linguista – e a Profa. Luzia Payão – Fonoaudióloga. Logo após, houve uma palestra conjunta intitulada “Declínio cognitivo no envelhecimento” com os palestrantes Prof. Clóvis Almeida – Terapeuta Ocupacional – e Maraísa Espíndola – Fonoaudióloga. Encerrando o curso, houve a palestra “Perspectivas de intervenção durante o processo de envelhecimento: um olhar da psicologia”, ministrada pelo Prof. Lúcio Pinheiro – Psicólogo. A partir das palestras assistidas, pudemos aprender mais sobre linguagem e cognição, no que diz respeito ao desenvolvimento dos processos cognitivos, à aquisição de linguagem, e ao trabalho dos profissionais de Psicologia, Fonoaudiologia, Pedagogia, Letras/Linguística e Terapia ocupacional, no tratamento de casos de atraso, deficit ou declínio desses processos, bem como sobre a importância do trabalho multi e interdisciplinar dessas áreas para o melhor desenvolvimento dos pacientes. Conclusão: O evento abordou a multidisciplinaridade na relação linguagem e cognição, enaltecendo a não fragmentação do conhecimento, promovendo mesas-redondas e palestras, por meio da discussão sobre: a linguagem infantil e a relação direta com o desenvolvimento da cognição; a influência da linguagem e cognição no processo de aprendizagem; brincar como recurso na estimulação e desenvolvimento da criança; abordagem multidisciplinar: linguagem e cognição em foco, declínio cognitivo no envelhecimento, perspectivas de intervenção durante o processo de envelhecimento.

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T108. Relato de experiência: um primeiro contato com a microcefalia Larissa Barros Xavier; Gisely Mônia Silva Brito; Luciana Belo da Silva; Quezia Acioly de Castro Omena; Janne Eyre Araújo de Melo Sarmento; Evanisa Helena Maio de Brum Área Temática: Microcefalia RESUMO Introdução: A microcefalia é uma condição neurológica rara em que a cabeça e o cérebro da criança são significativamente menores que o normal para a sua idade e normalmente é diagnosticada no início da vida. Embora possa ser provocada por várias situações, é possível distinguir dois tipos: a microcefalia primária, que é provocada por alguma anomalia genética; e a microcefalia secundária, que pode ser originada por um defeito no desenvolvimento embrionário, consequente de infecções sofridas pela mãe ao longo da gravidez, como nos casos de infecção pelo Zika vírus. A criança com microcefalia pode apresentar: deficit intelectual, atraso nas funções motoras e de fala, distorções faciais, nanismo ou baixa estatura, hiperatividade, epilepsia, dificuldades de coordenação e equilíbrio, e alterações neurológicas. Com relação ao tratamento da patologia, é indicado que seja realizado por uma equipe multidisciplinar, no sentido de reduzir os sintomas da doença, pois não existe cura. Um dos locais em Maceió que oferece tratamento para pacientes com esta patologia é a PESTALOZZI. Um grupo de alunas do curso de psicologia do Cesmac visitou esta instituição no primeiro semestre de 2017, com o objetivo de realizar uma atividade para a disciplina de Psicologia do Desenvolvimento I. Objetivos: Dessa forma, este trabalho teve como objetivo relatar a experiência vivida pelas estudantes de psicologia nesta visita. Relato de Experiência: Neste momento o grupo teve seu primeiro contato com pacientes com o diagnóstico de microcefalia, através da observação de atendimentos feitos pela equipe multidisciplinar. Chamou atenção do grupo uma menina de 1 ano que estava sendo atendida por um fisioterapeuta. Ele relatou que ela estava em atendimento desde um mês de vida. Os pais estavam acompanhando o atendimento e nos contaram que ficaram muito assustados ao receberem a notícia do diagnóstico da filha, pois não sabiam o que era microcefalia e o que ela poderia causar. A mãe disse ainda que sentia o preconceito no olhar das pessoas, mas que isso não a impedia de sair com sua filha. Com a intervenção da equipe multidisciplinar, a menina teve melhoras na motricidade, passou a usar óculos e um aparelho auditivo e segue com indicação de fazer terapia três vezes por semana, para estimulação psicomotora. O fisioterapeuta ressaltou, também, a importância do psicólogo na equipe multidisciplinar, principalmente nos casos nos quais a família apresenta dificuldades em aceitar o bebê com microcefalia. Conclusão: Com isso, destaca-se a relevância da presença do psicólogo na equipe multidisciplinar no atendimento de pacientes com microcefalia.

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T109. Relaxamento muscular através de estimulo acústico baseado na fisiologia do potencial miogênico vestibular cervical

Juilianne Magalhães Galvão e Silva; Ana Carolina Rocha Gomes Ferreira; Pedro de Lemos Menezes Área Temática: Diagnóstico Audiológico RESUMO Introdução: A contração muscular é um processo fisiológico característico das fibras musculares que corresponde à capacidade de gerar tensão com a ajuda de um neurônio motor. Por sua vez, o relaxamento muscular designa o fenômeno fisiológico de distensão da musculatura que ocorre tanto naturalmente, como após uma contração muscular, por ação de medicamentos, através de técnica de relaxamento e por meio do reflexo vestíbulo cervical, sendo este último observado na resposta aos estímulos do potencial evocado miogênico vestibular. Objetivo: Identificar um estímulo acústico que desencadei o cVEMP e promova relaxamento muscular. Metodologia: Aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas – UNCISAL, CAE 68344616.3.0000.5011. Trata-se de um estudo transversal, observacional, analítico. A amostra composta por 30 indivíduos, 60 orelhas. Realizado cálculo do IMC, avaliação de audiológica e VEMP. Além disto, foram submetidos a estímulos acústicos musicais out tone burst, concomitante a eletromiografia de superfície. Os indivíduos foram divididos em 3 grupos. O grupo A recebeu um estímulo tone burst em 95 dB, na frequência de 500Hz; o grupo B recebeu um estimulo musical em 95 dB; o grupo C recebeu o mesmo estímulo musical em 60dB. Para análise de dados foram utilizados teste de aderência de Shapiro-wilk, teste U de Mann-Whitney, teste ANOVA e teste Post Hoc de Tukey. Resultados: Houve diferença estatisticamente significativa da amplitude do sinal eletromiografica entre os grupos. E também, diferença estatisticamente significativa da amplitude do sinal eletromiográfico entre os pares de grupo. Conclusão: Com bases nos dados é possível concluir que o estimulo acústico musical apresentado na intensidade de 95 dB promoveu maior relaxamento muscular em comparação ao utilizado estímulo utilizado rotineiramente no procedimento do VEMP na população estudada.

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T110. Satisfação dos usuários de aparelho de amplificação sonora individual a partir das medidas de ganho de inserção: uma revisão integrativa

Natália de Lima Barbosa da Silva; Danielle Cavalcante Ferreira; Caroline de Araújo Miranda; Mikaelly Damásio dos Santos Vital; Kelly Cristina Lira de Andrade Área Temática: Aparelho de Amplificação Sonora Individual RESUMO Introdução: A deficiência auditiva é uma das incapacidades mais frequentes e compromete o convívio social e as atividades ocupacionais, prejudicando a qualidade de vida do sujeito acometido. O aparelho de amplificação sonora individual é um dispositivo eletrônico que tem a função de diminuir o impacto da perda auditiva, uma vez que amplifica sons da fala, sinais do ambiente, de perigo e de alerta. Entretanto, apesar dos avanços tecnológicos e da evolução crescente destes dispositivos, existe um número significativo de sujeitos que não se adaptam ao aparelho de amplificação sonora individual e essa rejeição pode estar relacionada a diversos fatores, desde a aceitação do uso do aparelho auditivo até a satisfação com a amplificação sonora por ele proporcionada. Diante disso, o ganho de inserção apresenta-se como uma medida objetiva que possibilita analisar o ganho do aparelho auditivo dentro do ouvido do paciente. A sua maior vantagem é que o ganho se torna ainda mais preciso, tornando a adaptação mais fiel e personalizada. O resultado dessa medida é uma maior adequação dos aparelhos auditivos às necessidades dos pacientes e, consequentemente, maior nível de satisfação. Objetivos: Avaliar as publicações referentes à satisfação dos usuários de aparelho de amplificação sonora individual a partir das medidas de ganho de inserção. Materiais e Métodos: Foi realizada uma busca eletrônica nas bases de dados SciELO, Lilacs e Medline, via Pubmed, por meio da seguinte estratégia de busca: Auxiliares de audição AND ganho de inserção e Hearing aids AND Isertion gain. Não houve restrição de idiomas e as fases de seleção foram: fase de título, fase de resumo e fase de artigos completos. A cada fase de leitura, os artigos que apresentavam a relação entre as medidas de ganho de inserção e a satisfação dos usuários foram incluídos. Resultados e Discussão: Foram encontrados 148 artigos e, após checagem dos critérios de elegibilidade, 109 foram excluídos pelo título, 20 pelo resumo, seis pela leitura do artigo, três eram repetidos e dez foram selecionados para o estudo. Conclusão: De acordo com os resultados encontrados, é possível afirmar que a aplicação das medidas de ganho de inserção mostrou-se de extrema importância na prática clínica para o processo de adaptação de aparelho de amplificação sonora individual, uma vez que o uso da medida está diretamente relacionado ao maior nível de satisfação apresentado pelos pacientes.

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T111. Saúde mental de mães de crianças com microcefalia

Aline Monteiro Borges, Magda Rayssa Bezerra Ataíde; Monique Carla da Silva Reis Área Temática: Microcefalia RESUMO Introdução: A Microcefalia é uma condição neurológica em que a cabeça e o cérebro da criança são significativamente menores do que os de outras do mesmo sexo ou idade, sendo diagnosticada ainda no ventre da mãe. No ano de 2015 houve uma epidemia vertiginosa dos casos da doença, em especial na região Nordeste. A suspeita na ocasião das possíveis causas foi que a síndrome tivesse uma relação com ao mosquito transmissor da Zika Vírus. Diante deste cenário, estão mães que, por falta de informações para lidar com esta síndrome, foram desenvolvendo alguns transtornos tais como: tensão; nervosismo; preocupação excessiva; sentimento de tristeza; fadiga; dificuldade em satisfazer-se em suas tarefas cotidianas e matrimoniais; e sentimento de cansaço prolongado. Objetivos: Analisar a saúde mental de mães de crianças com microcefalia. Materiais e Métodos: Foi desenvolvida uma pesquisa com 12 mães, residentes no estado de Alagoas, atendidas no Centro de Referência em Reabilitação – CER III –, da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas – UNCISAL –, por meio do instrumento validado e padronizado no Brasil, o Self-Reporting Questionnaire (SRQ-20) e os Critério de Classificação Econômica do Brasil, da Associação Brasileira de Pesquisa – ABEP –, entre os meses de agosto e setembro de 2017. Resultados e Discussão: Os resultados sociodemográficos obtidos evidenciaram que as mães são as principais cuidadoras, não trabalham, sendo a maioria delas solteiras; inseridas nas classes econômicas D-E; cinco delas tem idade entre 15-18 anos. Quanto à saúde mental, observou-se que das 12 presentes no estudo, 7 apresentaram resultado positivo para sintomas sugestivos de Transtornos Mentais Comuns (TMC). Conclusão: Na pesquisa literária é possível identificar informações importantes das possíveis causas dos transtornos das mães, estabelecendo dados norteadores para desenvolvimento de pesquisas no campo da saúde mental das mães de microcéfalos. No entanto, observou-se a necessidade de um aperfeiçoamento na temática, visando a realização de estudos acerca do tema, destacando um olhar relacionado à saúde mental desse público.

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T112. Sig audiologia: um relato de experiência dos discente de fonoaudiologia da UFPE

Leonardo Gleygson Angelo Venâncio; Carina Sampaio Aquino; Cynthia Maria Barboza do Nascimento; Tatiana de Paula Santana da Silva. Área Temática: Interdisciplinaridade RESUMO Introdução: É indiscutível a contribuição das tecnológicas da informação e comunicação no campo da saúde, tanto pelo uso de ferramentas e dispositivos que auxiliam na gestão e gestão do cuidado quanto por viabilizar a atuação profissional através do processo de educação permanente, principalmente em locais onde a distância territorial se constitui como uma barreira. Para potencializar essa contribuição, a Rede Universitária de Telemedicina (RUTE), criada em 2006 pelo Ministério da Ciência, busca fortalecer ações em telemedicina e telessaúde nas universidades de todo país, sendo responsável pela construção e manutenção de espaços para videoconferências e webconferências entre hospitais universitários e universidades. Das principais ações, os grupos de interesse especial por especialidades de saúde, conhecidos como SIG’s, tem como meta a criação de uma agenda anual de debates de temas específicos entre os profissionais que perfazem a rede. O SIG Audiologia pertence à rede e visa integrar e articular profissionais ligados às instituições de ensino e sociedades científicas, com o intuito de disseminar e atualizar o conhecimento técnico-científico. Objetivos: Caracterizar as práticas de tele-educação em Audiologia ofertadas pela Rede Universitária de Telemedicina (RUTE), em 2016, e descrever a percepção dos estudantes sobre a proposta do SIG Audiologia. Relato de Experiência: Trata-se de um estudo relato de experiência, desenvolvido através da participação de dois discentes do curso de fonoaudiologia nas reuniões do SIG Audiologia. As informações relacionadas à quantidade de eventos ofertados e grandes áreas e temáticas da fonoaudiologia contempladas, foram obtidas mediante acesso ao repositório eletrônico da Rede Universitária de Telemedicina (RUTE), em 2016. Já a percepção dos estudantes consiste na análise crítico-reflexiva sobre as vivências e participações nas reuniões. Em 2016 foram realizados oito encontros mensais por webconferência na última quinta-feira de cada mês, às 16h, conforme agenda de reuniões registradas oficialmente na plataforma RUTE, órgão gestor do SIG Audiologia. Em relação às temáticas na área Audiologia, observou-se predomínio dos seguintes temas: Procedimentos para Avaliação e Reabilitação audiológica, Utilização dos Potenciais evocados Auditivos; Aparelhos de Amplificação sonora; Processamento Auditivo; Política Pública em Saúde Auditiva e Ensino. Sobre a experiência vivenciada, os discentes relataram que os seminários foram: (a) instigadores, enriquecedores, ponto de primeiro contato, incrível; (b) conteúdo apresentado de forma contextualizada com linguagem científica e densa; (c) oportunidade de aprender sobre a Audiologia; (d) apropriação do conhecimento científico de forma compartilhada, partindo da bagagem individual; (e) ampliação da visão do uso da tecnologia a serviço da troca de saberes como ferramenta de apoio ao ensino. Conclusão: Evidencia-se que as práticas de tele-educação, oriundas do SIG Audiologia, fortalecem o processo de ensino-aprendizagem na Audiologia, por dispor de temáticas heterogêneas, possibilitando o diálogo e difusão de conhecimento entre profissionais e discentes de Fonoaudiologia. Não obstante, a vivência relatada versa sobre uma etapa importante na formação dos discentes que, com o olhar de aprendiz, associa teoria à pratica, com vistas no futuro profissional que integra diversas esferas do conhecimento sobre a saúde da comunicação humana.

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T113. Simulação de caso clínico sobre implante coclear: contribuições para o ensino-aprendizagem segundo discentes de fonoaudiologia

Leonardo Gleygson Angelo Venâncio; Giulia Ádni Viana Santos; Jéssica Katarina Olímpia de Melo; Karen Lays Moreira da Silva; Misma de Lucena Silva; Lilian Ferreira Muniz Área Temática: Implante Coclear e Próteses Osteointegradas RESUMO Introdução: A prática clínica simulada tem sido utilizada historicamente nas ciências da saúde pela medicina e enfermagem através da criação de um ambiente realista, utilizando manequins e/ou outros dispositivos, a fim de facilitar o processo de aprendizagem e manejo terapêutico. Sabe-se que o uso da simulação pode auxiliar no desenvolvimento de aptidões necessárias para atuação profissional. Considerando que tal prática ainda é escassa na Fonoaudiologia, consoante a sua formação que exige habilidades fundamentais, tais como comunicação interprofissional, realização de exames físicos, princípios diagnósticos, planejamento terapêutico e raciocínio clínico, tornam-se necessárias estratégias de ensino baseadas em problemas, como a criação de casos clínicos que prevê a construção do conhecimento com base na descoberta e não apenas simples recepção de conteúdos teóricos. Objetivos: Descrever experiência de elaboração de simulação de caso clínico sobre indicação de implantação coclear, bem como sua importância e apoio para o ensino na Fonoaudiologia, segundo percepção dos discentes durante disciplina curricular de Audiologia Educacional. Relato de Experiência: O presente estudo tem caráter exploratório-experimental, que reflete um relato de experiência de cinco (5) graduandos do curso de Fonoaudiologia da Universidade Federal de Pernambuco, acerca da construção de um cenário para simulação clínica de indicação do implante coclear. A proposta foi desenvolvida ao longo da disciplina obrigatória Audiologia Educacional, no período de agosto a setembro de 2017, como parte de uma atividade prática a partir do estudo teórico sobre princípios fisiológicos e operacionais do implante coclear, bases para indicação e contraindicação, bem como procedimentos avaliativos com ênfase em discussões e reflexões sobre atuação fonoaudiológica no Sistema Único de Saúde (SUS). A experiência foi dividida em duas etapas, a saber: 1- criação escrita de caso clínico fictício individual com base em pressupostos teóricos elucidados em aula, consoante investigação bibliográfica; 2- reflexão sobre a vivência dos discentes. Na etapa 1, foram elaborados cinco casos clínicos distintos por meio das competências desenvolvidas sobre as diretrizes nacionais da atenção especializada às pessoas com deficiência auditiva que apontam para condutas específicas de adequação aos critérios de indicação e contraindicação, considerando a perda/desempenho auditivo e outros aspectos. Na etapa 2, evidenciou-se que as contribuições da experiência, segundo relato dos discentes, foram: (a) a construção do cenário clínico de simulação facilitou a associação do conteúdo teórico; (b) redução de inseguranças em tomadas de decisão; (c) possibilidade de execução da teoria em diferentes contextos; (d) melhoria sobre a compreensão acerca dos objetivos na avaliação e reabilitação auditiva em sujeitos com deficiência auditiva; (e) estímulo à resolução de problemas sobre a perda auditiva com base na demanda do sujeito e suas especificidades. Conclusão: Conclui-se que as simulações de casos clínicos são relevantes no processo de ensino-aprendizagem para os estudantes da Fonoaudiologia, uma vez que permitem reflexões de situações realistas e distintas de atuação, nas quais o estudante assume uma postura crítica, investigativa e responsável sobre representação de um quadro que perpassa a teoria para prática, a fim de aprender e praticar situações do atendimento audiológico.

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T114. Sintomas auditivos em músicos: revisão da literatura Debora Estevam Gonçalves Moreira; Larissa Mirelly Sousa Santos; Maria Edvany de Melo Pereira Área Temática: Ruído e Meio Ambiente RESUMO Introdução: A música é considerada como um som agradável e pode estar associada a fatos importantes ocorridos em nossas vidas, só que, quando usada de forma intensa, pode transformar-se em um transtorno na saúde das pessoas. Sons desejados (prazerosos), como a música, são menos perigosos do que os sons não desejados (como o ruído industrial), mas nem por isso deixam de ser um fator de risco para perdas auditivas. O ruído é um dos principais agentes físicos presentes nos ambientes de trabalho, em diversos tipos de instalações ou atividades profissionais. Os problemas relacionados à audição dos músicos podem ser ocasionados pela exposição prolongada a níveis de pressão sonora elevados (NPSE), produzidos por instrumentos musicais, tanto nos ensaios como nas apresentações durante a semana e/ou fins de semana. Objetivos: Verificar na literatura as queixas audiológicas encontradas em profissionais da música. Materiais e Métodos: Trata-se de uma revisão sistemática por meio de seleção e análise de publicações em periódicos, através dos descritores selecionados no DeCS (Descritores em Ciências da Saúde) “Audição”, “Músico”, “Perda Auditiva” e suas combinações entre si em suas Palavras-chave: Considerou-se apenas os trabalhos disponíveis gratuitamente online, publicados na plataforma SciELO (Scientific Electronic Library Online), LILACS (Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde) e BVS (Biblioteca Virtual em Saúde), publicados entre 2008 e 2016. Resultados e Discussão: Foram encontradas 10 publicações, das quais 100% (n=10) dos estudos apresentaram abordagem metodológica do tipo relato de caso. Os estudos mostraram prevalências de queixas audiológicas em seus resultados, nos quais todos apresentaram algum tipo de sintoma. No que se refere às queixas envolvidas nos estudos, foram evidenciadas: 60% (n=6) relacionadas ao Zumbido, sendo uma das principais; a Hiperacusia 40% (n=4); Perda Auditiva Induzida por Ruído 30% (n=3); Perda Auditiva Neurossensorial 30% (n=3); Plenitude Auricular 20% (n=2); Tontura 10% (n=1); Otalgia com 10% (n=1). Conclusão: Os resultados demostram que os sujeitos estudados apresentaram algum tipo de queixas auditivas, sendo o zumbido e a Hiperacusia as mais prevalentes. Observando tais prevalências, faz-se necessária a orientação Fonoaudiológica quanto ao uso de métodos preventivos para uma melhor qualidade da saúde auditiva desses profissionais.

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T115. Sintomas otológicos e achados audiológicos em adultos e idosos Mariana Lima Nobre Pinheiro; Ricardo Viana Bessa Nogueira; Janaína Andrade Lima Salmos de Brito; Thaís Nobre Uchôa Souza Área Temática: Diagnóstico Audiológico RESUMO Introdução: Sintomas otológicos comumente são relacionados às patologias dos ouvidos, o que evidencia a possibilidade de coexistir comprometimento auditivo associado e determina a necessidade de se estudar as condições audiológicas dos indivíduos que apresentam queixas otológicas. Objetivos: Analisar os principais sintomas otológicos referidos por adultos e idosos e os achados audiológicos correspondentes. Materiais e Métodos: Trata-se de estudo transversal observacional, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, sob o nº 1.219.994. Participaram do estudo 55 sujeitos, de ambos os gêneros, com idades variando entre 18 a 81 anos. Foi realizada avaliação otorrinolaringológica e audiológica (audiometria tonal e vocal, imitanciometria e emissões otoacústicas). Resultados e Discussão: O gênero predominante foi o feminino (76,4%) e a média de idade foi de aproximadamente 50 anos. Dentre os sintomas otológicos relatados, o zumbido foi o de maior prevalência (76,4%), seguido de hipoacusia (74,4%), otalgia (36,4%), tontura (29,1%), plenitude auricular e hiperacusia, ambas com 10,9%. Esses sintomas ocorreram na sua maioria de maneira bilateral. Também foi referida associação de sintomas, sendo a díade zumbido+hipoacusia a de maior ocorrência (58,2%), seguido de zumbido+otalgia (31,0%), hipoacusia+otalgia (29,0%) e da tríade zumbido+hipoacusia+otalgia (25,5%). Foi constatada perda auditiva em 80% dos sujeitos. As avaliações audiológicas encontraram as seguintes alterações: ouvido esquerdo – audiometria tonal – (76,4%), SRT (40,0%), IRF (9,1%); ouvido direito – audiometria tonal – (70,9%), SRT (36,4%), IRF (5,5%); imitanciometria (60%); emissões acústicas (74,5%). Conclusão: Os sintomas otológicos ocorreram na sua maioria de maneira bilateral, sendo zumbido, hipoacusia e otalgia os mais prevalentes. Houve alta prevalência de perda auditiva nesses sujeitos, o que mostra a relação entre sintomas otológicos e achados audiológicos e a importância de se estudar as condições audiológicas dos indivíduos que apresentam queixas otológicas.

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T116. Teste prelimiares de potenciais evocados auditivos de estado estável com estímulos verbais

Aline Tenorio Lins Carnauba; Maria Eduarda Di Cavalcanti; Pedro de Lemos Menezes Área Temática: Diagnóstico Audiológico RESUMO Introdução: O estímulo acústico mais empregado na prática clínica é o clique, pois desencadeia resposta sincrônica de grande número de neurônios e apresenta amplo espectro de frequências. Contudo, outros tipos de estímulos, como tons puros e de fala, podem ser utilizados para desencadear as respostas elétricas. O sinal de fala, estrutura espectro-temporal complexa, requer uma resposta neural sincronizada para codificação precisa, e as respostas evocadas dependem exatamente deste tipo de ativação sincrônica, sendo ideais para o estudo das bases neurais da percepção da fala. Atualmente, esses estímulos são produzidos, nos laboratórios das Universidades, sem rigor técnico e sem protocolo definido. Além disso, os equipamentos utilizados para captar os estímulos são importados e, geralmente, muito restritos com relação às suas funcionalidades. Dessa maneira, o usuário não tem a opção de investigar o efeito que novas formas de estimulação, bem como outros métodos de processamento têm sobre o desempenho da técnica. Objetivos: desenvolver um estímulo de fala que permita aquisição dos potenciais evocados auditivos de estado estável com estímulos verbais. Materiais e Métodos: O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, com CAE nº. 51061415.9.0000.5011. Inicialmente, foi realizada a produção dos estímulos verbais e, em seguida, alguns testes preliminares foram realizados. Os estímulos verbais foram desenvolvidos utilizando as sentenças do Hearing Test Noise, versão do português brasileiro, com a ajuda do aplicativo Adobe Audition 2.0 para Macbook; as sentenças foram agrupadas em sequência. Posteriormente, o arquivo foi modulado em amplitude, com 100% da potencia a uma frequência moduladora de 40 Hz. Sendo assim, produzido os estímulos verbais. Os testes preliminares foram realizados com o sistema de aquisição e análise MASTER®. Os estímulos foram apresentados de duas formas: não verbais (tom puro) e verbais (fala encadeada e vogal sustentada). Para os não verbais, foi utilizado tom puro, em 500Hz, modulados em 40Hz, a uma intensidade de 80 dBNPS PE, de forma continua, binaural e apresentados por meios de fones de inserção. Já para os verbais, utilizaram uma fala encadeada e a vogal /a, em 500Hz, modulados em 40Hz, a uma intensidade de 80 dBNPS PE, de forma continua, binaural ou monoaural e apresentados por meios de fones de inserção. Em seguida, foi realizada a colocação dos eletrodos tipo disco de superfície, nas derivações Fp (eletrodo terra), Fz (eletrodo ativo) e mastóideas direita e esquerda (eletrodos referência). As avaliações foram conduzidas apenas quando a impedância entre os eletrodos conectados à pele apresentava-se inferior a 5kΩ. Foram promediadas até 18 varreduras para obtenção do valor de p < 0,05. Quando atingido o nível de significância esperado, o mesmo foi confirmado em pelo menos dois estímulos subsequentes. A rejeição automática de artefatos foi definida em 40 nV e a coleta foi interrompida na presença de alta taxa de estímulos rejeitados. Resultados e Discussões: Para os estímulos não verbais (estimulação binaural), na frequência de 500 Hz, modulados em 40 Hz, foram observadas presença de respostas em ambas as orelhas. Assim como com os estímulos verbais (estimulação monoaural orelha direita), também foram observadas presença de respostas na orelha direita. Conclusão: Os arranjos estabelecidos permitiram a aquisição dos dados e a simulação dos potenciais evocados auditivos de estado estável com estímulos de verbais.

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T117. Uma análise epidemiológica da microcefalia no estado do Rio Grande do Norte

Igor Felipe Parente Araújo; Amanda Raissa Neves de Amorim; Ricardo Rodrigues da Silva; Mariana Silva de Amorim Área Temática: Microcefalia RESUMO Introdução: A microcefalia é uma malformação congênita em que o cérebro não se desenvolve de maneira adequada, sendo caracterizada por um perímetro cefálico inferior ao esperado para a idade e sexo e, dependendo de sua etiologia, pode ser associada a malformações estruturais do cérebro ou ser secundária a causas diversas. A partir de outubro de 2015, constatou-se o aumento de casos no país, esses ocasionados pelo Zika vírus. Objetivos: O estudo teve como objetivo analisar os dados epidemiológicos da microcefalia no RN, entre novembro de 2015 e agosto de 2017, registrados através dos boletins epidemiológicos, correlacionando com os dados dos nascidos do mesmo período disponibilizados pela SESAP-RN. Materiais e Métodos: Trata-se de um estudo descritivo, realizado com dados do número de nascimentos disponibilizados em tabelas da SESAP-RN e realizada comparação com os dados epidemiológicos referentes aos casos de microcefalia no estado, através dos 58 boletins da Secretária Municipal. Resultados e Discussão: Foram levantados o número de casos suspeitos com microcefalia, obtendo-se 502 casos no período de 2015 a 2017. Desses, 336 são de nascimentos ocorridos em 2015, 151 em 2016 e 15 em 2017. Porém, do total, apenas 147 foram confirmados com microcefalia, estando distribuídos em 49 municípios do estado. Além disso, foi levantado o número de nascimentos no Rio Grande do Norte nos três anos, considerado os que mais possuíam casos de microcefalia, sendo eles: Natal, Mossoró, Parnamirim, SGA, Macaíba e Ceará-Mirim. Após isso, foi possível comparar os valores com o número de casos de nascidos com microcefalia, a fim de obter-se o percentual dos seis municípios com os maiores registros: Natal, com 27011 nascimentos e percentual de 0, 15% de crianças com microcefalia; Macaíba, onde houve 2244 nascimentos e 0,31% foram confirmados com microcefalia; Mossoró, com 8873 nascidos e 0,15% destes possuíam microcefalia; SGA, 3864 nascimentos e 0,12% com diagnóstico de microcefalia; Ceará-Mirim, 1581 registros de nascimentos e 0,44% destes com microcefalia; Parnamirim, 9360 nascidos, com percentual de 0,10% de bebês com microcefalia. Evidensia-se que Natal, com relação ao número de nascimentos, possuiu o maior índice, porém quando comparado o número de nascimentos com o número de casos de microcefalia Ceará-Mirim obteve o maior percentual de crianças com essa malformação. Conclusão: Desse modo, percebe-se que o número de casos de má formação no estado teve um aumento exponencial no ano de 2015, decaindo nos dois anos seguintes. A incidência foi maior nas cidades mais urbanizadas, as quais, por consequência, possuem os maiores contingentes populacionais, ficando evidente que a falta ou a tímida implementação de políticas públicas nos municípios são um dos principais fatores para o crescimento do número de casos, sendo uma das principais formas de enfrentamento.

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T118. Zumbido em trabalhadores expostos ao ruído ocupacional Raniere Dener Cardoso Melo; Elisa Maria Santos Balbino; Danmires de Mendonça Vieira; Jéssika Bertoldo Costa Farias; Natália dos Santos Pinheiro; Thamara Maria Vieira dos Santos; Aline Tenório Lins Carnaúba Área Temática: Perícia em Audiologia RESUMO Introdução: No ambiente de trabalho existem vários fatores de risco à saúde do trabalhador, podendo ser físicos, químicos ou organizacionais, nos quais o ruído é um fator físico. A exposição sistemática ao ruído pode ser classificada de duas formas de acordo com o efeito provocado, os efeitos auditivos e os efeitos extra-auditivos, podendo ter comprometimentos psicológicos, físicos e sociais como consequência. Estudos apontam que uma das queixas mais frequentes de trabalhadores expostos ao ruído está relacionada ao zumbido em decorrência do contato frequente com o ruído, que pode comprometer a qualidade da comunicação e, consequentemente, a qualidade de vida. Objetivos: Evidenciar e discutir a presença de zumbido em trabalhadores expostos ao ruído ocupacional a partir de publicações científicas existentes. Materiais e Métodos: Revisão integrativa da literatura dos últimos 5 anos por meio de buscas nas bases de dados MedLine, Lilacs e Scielo, utilizando-se os descritores tinnitus e workers, bem como seus respectivos em português, conectados pelo conector booleano "AND". Etapas realizadas: elaboração da pergunta norteadora, busca na literatura, coleta de dados, análise crítica dos estudos incluídos, discussão dos resultados e apresentação da revisão integrativa. A análise dos dados extraídos foi realizada de forma descritiva, em duas etapas. Primeiro, foram identificados os dados de localização do artigo, ano, periódico de publicação, autoria, objetivo, metodologia e resultados principais. Segundo, ocorreu a análise crítica dos artigos e a discussão quanto aos principais achados dos estudos. Consideraram-se como critérios de inclusão: o artigo tratar acerca do zumbido em trabalhadores expostos ao ruído ocupacional, no período de 2012 a 2017, em quaisquer línguas. Resultados e Discussão: A busca resultou em 184 artigos, sendo 133 na MedLine, 28 na Lilacs e 23 na Scielo. Desses 184, seis foram removidos por estarem duplicados, 159 pelo título e resumo, e nenhum pela leitura do texto completo, sendo selecionados e analisados 19 artigos. A pesquisa evidenciou a existência de relação entre a exposição ao ruído ocupacional e o zumbido. Diversos estudos relataram ainda uma prevalência maior de zumbido em indivíduos com perda auditiva induzida por ruído. Dados do governo dos Estados Unidos mostram uma prevalência três vezes maior para o zumbido em indivíduos expostos ao ruído ocupacional quando comparados com trabalhadores nunca expostos. Além disso, vale ressaltar que a presença de PAIR torna a chance da presença de zumbido significantemente maior. Ao que concerne aos achados audiológicos destes indivíduos, dois estudos sugeriram alterações no sistema nervoso auditivo central, avaliados pelo Potencial Evocado Auditivo de Média Latência e Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico, respectivamente, como também alteração coclear em um estudo, avaliada pelas Emissões Otoacústicas Produto Distorção, com amplitudes inversamente proporcionais às frequências avaliadas. Um único estudo correlacionou os reflexos acústicos com queixas auditivas de indivíduos expostos ao ruído, porém não houve relação significativa. Conclusão: A revisão integrativa da literatura apontou que os indivíduos expostos ao ruído ocupacional apresentam maior prevalência de zumbido, além de sugestivas alterações auditivas cocleares e centrais associadas a presença de zumbido. A presença de perda auditiva torna o indivíduo mais propenso a apresentar zumbido.

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Comissão organizadora do I Congresso de Medicina do CESMAC

Rosamaria Rodrigues Gomes

(Presidente do CMC)

• Cláudio Fernando Rodrigues Soriano

• Cristiane Monteiro da Cruz

• Ivonilda de Araújo Mendonça Maia

• Laércio Pol Fachin

• Larissa Isabela Oliveira de Souza

• Marcos Antônio Leal Ferreira

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4. I Congresso medicina do CESMAC: trabalhos

concorrentes à prêmio - banners T119. A diferença da frequência de dermatoses durante a gravidez de baixo risco comparada a frequência na população geral em unidade de saúde no município

maceió

Anacácia Pessoa Leite; Daniel de Mélo Carvalho; Ana Lydia Vasco de Albuquerque Peixoto; Rosamaria Rodrigues Gomes

Área Temática: Saúde da Mulher RESUMO Durante o período gestacional ocorrem profundas alterações imunológicas, metabólicas, endócrinas e vasculares, envolvendo todos os órgãos e sistemas, dentre eles a pele. As modificações cutâneas fisiológicas são as mais comuns e podem ser divididas em alterações pigmentares, alterações dos cabelos e pêlos, alterações ungueais, alterações funcionais das glândulas da pele, alterações vasculares e alterações mucosas. Assim, o objetivo desse trabalho é determinar a diferença da frequência de dermatoses durante gravidez de baixo risco comparada à frequência na população geral em Unidade Básica de Saúde no município Maceió. Como método, foi realizado um estudo transversal de frequência, utilizando dois grupos. No grupo 1 estarão presentes as gestantes que realizam pré-natal na unidade básica de saúde escolhida e no grupo 2 todos os usuários da unidade básica. Foram excluídos em ambos os grupos, os menores de 18 anos, os indivíduos do sexo masculino e os indígenas. Observou-se que ainda não é possível estabelecer a diferença de dermatoses entre os dois grupos. Palavras-chave: Dermatoses. Alterações cutâneas fisiológicas. Gravidez de baixo risco. INTRODUÇÃO

A gravidez representa um período de intensas modificações para a mulher, afetando praticamente todos os

sistemas do organismo, entre eles a pele1. A gravidez é uma condição que desenvolve modificações metabólicas, protéicas, lipídicas, glicídicas, endócrinas, imunológicas e vasculares, a fim de que a mulher suporte a sobrecarga de gerar um novo organismo, e que poderão levar a alterações da pele e dos anexos a nível fisiológico e patológico2.

Em relação à pele, as alterações gestacionais são divididas em: alterações fisiológicas da gravidez, dermatoses específicas da gravidez e dermatoses alteradas na gravidez1. Existe uma subvalorização das alterações cutâneas enfrentadas pela gestante, contudo o fato de serem muitas dessas alterações consideradas fisiológicas não minimiza o desconforto causado nas pacientes.

Dentre as alterações de origem fisiológica, as pigmentares são extremamente comuns. O melasma ocorre em até 75% das gestantes1. A elevação dos níveis de hormôniomelanocítico estimulante (MSH), estrógeno e progesterona foram implicados na etiologia da hiperpigmentação.

O hirsutismo é outro achado frequente nas gestantes, particularmente naquelas que já possuíam abundante pilificação antes da gestação. Seu achado é precoce na gravidez, sendo mais pronunciado na face e nos braços. A etiologia do hirsutismo é provavelmente hormonal e decorre de uma conversão reduzida dos pêlos anágenos em telógenos1.

As unhas também são afetadas, podendo apresentar-se mais frágeis e quebradiças, com onicólise distal e queratose subungueal1. A onicólise caracteriza-se pela separação distal da placa ungueal do leito ungueal, comumente dos dedos das mãos3. Já a queratose subungueal é o aumento da espessura por hiperplasia epitelial subungueal do leito em virtude de inflamação crônica local4. Essas alterações ocorrem, possivelmente, devido as carências nutricionais típicas da gestação, como anemias5.

A atividade glandular é francamente alterada pelas mudanças hormonais da gravidez. As glândulas écrinas, sudoríparas, progressivamente aumentam sua atividade, elevando a incidência de miliária e eczema desidrótico nesse período1.

Entre as alterações do tecido conjuntivo, encontram-se as estrias que causam enorme desconforto para as gestantes e são mais comuns em mulheres caucasianas. Surgem em oposição às linhas de tensão da pele e ocorrem mais frequentemente no abdome, mamas, braços e dorso1.

Acrocórdons representam os tumores cutâneos fibroepiteliais mais comuns. São pólipos benignos adquiridos que surgem nas dobras naturais da pele, como as regiões cervical e axillar6. Os acrocórdons surgem com a elevação dos hormônios do crescimento insulina-simile7.

Alterações vasculares também são comuns na gravidez, tais como as aranhas vasculares, o eritema palmar, as telangiectasias, o granuloma piogênico da gestação. As aranhas vasculares surgem entre o segundo e o quinto mês

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de gestação, sendo mais frequentes em mulheres caucasóides (até 67% de acometimento) e são mais encontradas nas áreas de drenagem da veia cava superior, como face, pescoço e membros superiores1. O eritema palmar tem início no primeiro trimestre e é mais comum em mulheres caucasóides, podendo acometer as eminências tenar e hipotenar ou toda a palma, acompanhando-se de cianose e palidez1. Varicosidades (e telangiectasias) acometem mais de 40% das gestantes, sendo mais comuns nas pernas e na região anal, a partir do terceiro mês de gestação. Têm etiologia multifatorial, incluindo tendência familiar, fragilidade do tecido elástico e aumento da pressão venosa devido à compressão venosa pelo útero1.

Nas alterações das mucosas, o granuloma gravidarum ou granuloma piogênico da gestação é tumor benigno gengival e surge como lesão enantematosa na gengiva7.

O edema periférico é uma das manifestações mais comuns e duráveis nas grávidas. Sua etiologia inclui a retenção de sódio e água, além das alterações circulatórias causadas pelo útero gravídico sobre a circulação da veia cava inferior1.

As alterações cutâneas fisiológicas da gravidez podem ser divididas em alterações pigmentares, alterações dos cabelos e pêlos, alterações ungueais, alterações funcionais das glândulas da pele, alterações vasculares e alterações mucosas. As modificações cutâneas fisiológicas decorrem em geral da maior atividade glandular e pela maior produção dos hormôniosesteróides (progesterona e estrogênio) que variam de acordo com o período gestacional. O reconhecimento das diferentes alterações dermatológicas orienta o médico, tranquiliza a gestante e permite estabelecer condutas adequadas8.

A gestação é um momento de caráter regressivo, com angústia, conflitos ligados à sexualidade e identidade sexual, narcisismo e utilização intensificada dos recursos do pensamento, da imaginação e da fantasia9. É relevante destacar a importância de se estudar as alterações cutâneas nessa população, em virtude de seus efeitos na autoestima, levando-se em conta componentes emocionais específicos nessa fase da vida10. METODOLOGIA

O estudo em questão é do tipo transversal de frequência, no qual a amostra abordada foi divida em em dois grupos. No grupo 1 estiveram presentes as gestantes que realizam pré-natal na unidade básica de saúde escolhida e no grupo 2 foi formado por outros usuários da unidade básica. Foram excluídos em ambos os grupos, os menores de 18 anos, os indivíduos do sexo masculino e os indígenas. Os dados foram colhidos em uma Unidade Básica de saúde no município de Maceió.

O tamanho da amostra foi calculado em 81 indivíduos para cada grupo, considerando a proporção no grupo 1 de 40%, a proporção no grupo 2 de 20%, o nível de significância de 5%. O poder do teste foi de 80% - teste de hipótese bicaudal. A análise estatística se deu por meio do teste do qui-quadrado, considerando o intervalo de confiança de 95% para cada ponto estimado.

O trabalho seguiu as diretrizes contidas na resolução nº 466/2012 que rege e dita as normas regulamentadoras de pesquisa envolvendo seres humanos e foi aprovado segundo o parecer 69213317.7.0000.0039. RESULTADOS

No grupo 1, composto por gestantes que realizam pré-natal na unidade básica de saúde escolhida, demonstrou uma idade média de 21,15 anos, enquanto a idade média gestacional foi de 21,92 semanas. O melasma esteve presente em 23,08% dessa população estudada, as aranhas vasculares aparecem em 30,77%, as telangiectasias em 7,69% e os acrocódons acometem 15,38%. Já as estrias e a hiperpigmentação da vulva e/ou períneo apresentaram as maiores taxas de ocorrência, com 92,31% e 53,85%, respectivamente. Em contrapartida, onicólise distal, queratose subungueal, eczema desidrótico, hirsurtismo, eritema palmar, miliária, granuloma piogênico não foram encontrados na população estudada até o momento.

Já no que se refere ao grupo 2, no qual abrange todos os usuários do gênero feminino da unidade básica, que não gestantes, demonstraram média de idade de 37,33 anos. O melasma atingiu 33,33% das mulheres desse grupo, a hiperpigmentação da vulva e/ou períneo acomete 45,45%, aranhas vasculares em 36,36% e os acrocódons em 18,18%. As estrias e as telangiectasias possuem as maiores porcentagens, com 69,70% e 54,55%, respectivamente. Já onicólise distal, queratose subungueal, eczema desidrótico e hisurtismo têm as menores porcentagens, com 3,03%. Eritema palmar, miliária e granuloma piogênico não foram encontrados nessa população em estudada. DISCUSSÃO

De acordo com os dados coletados até o momento, as alterações cutâneas como melasma, aranhas vasculares e acrocórdons apresentaram porcentagens relevantes nos dois grupos estudados, o que nos sugere que tais alterações podem não sofrer influência apenas das alterações de ordens gestacionais. No que se refere a presença das alterações aqui estudas, as estrias apresentaram maior prevalência em ambos os grupos, e isto está bastante consolidado na literatura visto que este é dos problemas estéticos mais comuns observados na maior parte das mulheres11,12,13. Já hiperpigmentação da vulva e/ou períneo esteve mais presente no grupo 1, enquanto as telangiectasias acometem principalmente o grupo 2. Observou-se também que a onicólise distal, a queratose subungueal, o eczema desidrótico e o hisurtismo só foram encontradas no grupo 2, porém com baixa porcentagem. Por fim, as alterações como eritema palmar, miliária e granuloma piogênico não foram encontrados em nenhum dos grupos estudados.

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CONCLUSÃO

Com os dados coletados até o momento, ainda não é possível estabelecer a diferença significativa de frequência das dermatoses entre os dois grupos, haja visto ainda não termos uma amostra representativa no grupo 1. Porém já é possível traçar um perfil epidemiológico da população estudada. Dessa maneira, as estrias são as alterações cutâneas que mais acomete os grupos analisados, enquanto outras como eritema palmar, miliária e granuloma piogênico não foram encontradas na população estudada até o momento. REFERÊNCIAS

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T120. A diferença do impacto da cirurgia eletiva de colecistectomia na resposta imune do paciente diabético comparado aos não-diabéticos

Manoel Messias Lima Neto; Ayrton Silva Alves; Cristiane Monteiro da Cruz; Rosamaria Rodrigues Gomes

Área Temática: Clínica Médica RESUMO INTRODUÇÃO: Doenças crônicas como obesidade, síndrome metabólica e doenças cardiovasculares têm sido associadas à processos inflamatórios e o diabetes mellitus (DM) é uma doença precedida de inflamação sistêmica conduzindo à diminuição da função das células β pancreáticas, apoptose e resistência à insulina. Por outro lado, a resposta inflamatória tem por finalidade a remoção de resíduos de células mortas e o início do processo de cicatrização, e nesta resposta há um aumento células brancas no sangue e compostos pró-inflamatórios. A proteína C reativa (PCR), junto com a contagem de leucócitos sanguíneos, têm sido utilizados como ferramenta de estudo na avaliação da resposta imunológica. A resposta inflamatória, seja ela causada por infecção ou pelo trauma cirúrgico, leva a uma hiperglicemia devido a mecanismos neuroendócrinos e de resistência à insulina causada pelas citocinas pró-inflamatórias. Logo, o paciente diabético submetido ao processo cirúrgico deve ser acompanhado com mais cautela, uma vez que este indivíduo pode apresentar uma secreção de insulina defasada e/ou a resistência a este hormônio prévia a cirurgia. Assim é relevante investigar a diferença da resposta inflamatória pré e pós cirurgia em pacientes diabéticos comparadas a pacientes não diabéticos. OBJETIVO: Determinar a diferença do impacto da cirurgia eletiva de colecistectomia na resposta imune do paciente diabético comparado aos não-diabéticos. Metodologia: Foi feito um estudo do tipo transversal de diferença. Foram incluídos em 2 grupos distintos, diabéticos e não diabéticos que foram submetidos ao procedimento de colecistectomia. Sendo excluídas as gestantes, os menores de 18 anos, os indígenas e aqueles com outras patologias que deprimam o sistema imunológico, bem como aqueles em uso de medicações imunossupressoras. RESULTADOS E DISCUSSÃO: De acordo com o que está descrito na literatura, os pacientes que são submetidos a um processo cirúrgico sabidamente apresentam uma elevação nos marcadores inflamatórios tais como a PCR e a contagem de leucócitos. Como o estudo com uma amostra heterogênea, quanto ao tipo de agressão cirúrgica, é um possível viés, no presente trabalho, optamos por avaliar os pacientes submetidos apenas à colecistectomia e foi constatado que houve um aumento nas dosagens de PCR e contagem de leucócitos, como definido na literatura. Fizemos apenas a avaliação da resposta inflamatória nos pacientes submetidos ao trauma cirúrgico, sem comparação entre os grupos uma vez que o tamanho da amostra de diabéticos foi insuficiente. Os valores da PCR e da contagem de leucócitos indicaram que houve um aumento médio de 8,82 vezes da PCR e um aumento médio de 69% na contagem de leucócitos, ambos sendo avaliados pré e pós cirúrgicos. CONCLUSÃO: Houve elevação dos marcadores inflamatórios PCR e contagem de leucócitos nos pacientes submetidos ao trauma cirúrgico da colecistectomia quando comparamos os exames coletados no pré-operatório imediato e após 24 horas da agressão cirúrgica. Palavras-chave: Colecistectomia. Inflamação. Leucócitos. Proteína C reativa. INTRODUÇÃO Doenças crônicas como obesidade, diabetes, síndrome metabólica e doenças cardiovasculares têm sido associadas à processos inflamatórios, pois se tem observado aumento nas concentrações de alguns marcadores inflamatórios, como TNF-α, IL-6 e proteína C-reativa1. O diabetes mellitus é uma doença precedida de inflamação sistêmica, conduzindo à diminuição da função das células β pancreáticas, apoptose e resistência à insulina2. De outro lado, resposta inflamatória associada à ativação da imunidade inata visa a eliminação do agente infeccioso, reduzindo o dano tecidual, a remoção de resíduos de células mortas e o início do processo de cicatrização3. É reconhecido que uma inflamação crônica de baixo grau e uma ativação do sistema imunológico estão envolvidos na patogênese da resistência à insulina relacionada à obesidade e diabetes tipo 2. Os marcadores inflamatórios sistêmicos são fatores de risco para o desenvolvimento da diabetes tipo 2 e suas complicações vasculares. O tecido adiposo, o fígado, o músculo e o pâncreas são sítios de inflamação na presença de obesidade4. A resposta imune precoce no trauma cirúrgico está associada à ativação da imunidade inata. Existem 2 grandes preocupações quando submetemos o paciente a uma agressão cirúrgica: a síndrome da resposta inflamatória sistêmica (SIRS) severa e a infecção, ambas são acompanhadas pela mobilização de quantidades maciças de neutrófilos imaturos da medula óssea para a circulação desencadeando uma cascata de reações, o que resulta na síntese de compostos pró-inflamatórios3. A proteína C reativa (PCR) é marcador inflamatório de fase aguda produzido no fígado e, assim como a contagem de células brancas sanguíneas, tem sido utilizada como ferramenta de estudo na avaliação da resposta imunológica do paciente submetido ao trauma cirúrgico. Foi visto que quanto maior for o dano tecidual causado pelo procedimento, maior será a elevação deste marcador no plasma5. Durante o processo inflamatório há a elevação da glicemia, devido a ação do hipotálamo que estimula a secreção de hormônios, como o cortisol e o hormônio do crescimento (GH), essa elevação faz com que o processo de cicatrização diminua e aumenta a as chances de infecção. A insulina secretada pelas células β do pâncreas, durante o

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processo cirúrgico, faz com que a elevação glicêmica não seja tão aguda, mas não é suficiente para manter a homeostasia da glicose sanguínea, devido as citocinas pró-inflamatórias que aumentam a resistência à insulina associadas a secreção do cortisol e GH6. Logo, o paciente diabético submetido ao processo cirúrgico deve ser acompanhado com mais cautela, uma vez que este indivíduo pode apresentar uma secreção de insulina defasada e/ou a resistência a este hormônio prévia a cirurgia7. Assim é relevante investigar a diferença da resposta inflamatória pré e pós cirurgia em pacientes diabéticos comparadas a pacientes não diabéticos. METODOLOGIA

O estudo, transversal de diferença, vem sendo realizado no Hospital Maceió - HAPVIDA, Rua José da Silveira Camerino, 815 Pinheiro Maceió/AL, 82-32152550. O trabalho seguiu as diretrizes contidas na resolução nº 466/2012 que rege e dita as normas regulamentadoras de pesquisa envolvendo seres humanos e foi aprovado segundo o parecer 69233317.2.0000.0039. Serão incluídos no grupo 1 os pacientes não-diabéticos que serão submetidos a cirurgia eletiva de colecistectomia e no grupo 2 os pacientes diabéticos com a mesma finalidade terapêutica cirúrgica. Serão excluídos em ambos os grupos, as gestantes, os menores de 18 anos, os indígenas e aqueles com outras patologias que deprimam o sistema imunológico (p. ex. câncer, SIDA, lúpus sistêmico, artrite reumatóide e insuficiência renal), bem como aqueles em uso de medicações imunossupressoras (corticóide oral ou venoso, azatioprina, ciclosporina, micofenolato de mofetila e metotrexate). O tamanho da amostra foi calculado em 31 indivíduos para cada grupo, considerando a proporção no grupo 1 (não-diabéticos) de 40%, a proporção no grupo 2 (diabéticos) de 10%, o nível de significância de 5%, o poder do teste de 80%, o teste de hipótese bicaudal. A análise estatística será realizada com o teste do qui-quadrado e calculado o intervalo de confiança de 95% para cada ponto estimado. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os pacientes que são submetidos a um processo cirúrgico sabidamente apresentam uma elevação nos marcadores inflamatórios tais como a Proteína C-Reativa (PCR) e a contagem de leucócitos5. Os valores pós-cirúrgicos da PCR atingiam um pico médio de 52mg/L, enquanto os valores pós-cirúrgicos de leucócitos atingiam um pico médio de 11.800/uL, ambos em pacientes submetidos ao procedimento de colecistectomia5. Entretanto, nesse mesmo estudo, Watt chama a atenção para um possível viés que foi ter utilizado uma amostra heterogênea quanto ao tipo de agressão cirúrgica. No presente trabalho, para minimizar esse viés, optamos por estudar os pacientes submetidos a cirurgia eletiva de colecistectomia e foi constatado que estes apresentaram um aumento nas dosagens de PCR e contagem de leucócitos, confirmando que o trauma cirúrgico desencadeia atividade inflamatória, como definido na literatura. A comparação da resposta imune entre pacientes diabéticos e não diabéticos não foi realizada, uma vez que a amostra do grupo de diabéticos ainda é insuficiente para essa comparação. Assim, fizemos apenas a avaliação da resposta inflamatória nos pacientes submetidos ao trauma cirúrgico, sem comparação entre os grupos. Entre os pacientes avaliados a média de idade obtida foi de 39,5 anos (IC95% 31,59% a 47,41%), com um predomínio no sexo feminino numa proporção de 4:1 (80% sexo feminino IC95% 47,94 a 95,41; 20% sexo masculino IC95% 4,59 a 52,06), sendo apenas 1 paciente diabético e 1 paciente hipertenso. Quanto aos valores da PCR e da contagem de leucócitos, observou-se que houve um aumento médio de 8,82 vezes da PCR (IC95% 87,76 a 91,56), comparando pré e pós cirúrgico e um aumento médio de 69% (59,35 a 77,25) na contagem de leucócitos, também sendo avaliados pré e pós cirúrgicos. Aguardamos o final da coleta de dados para poder atingir o objetivo a que nos propusemos no delineamento da pesquisa. CONCLUSÃO Houve elevação dos marcadores inflamatórios PCR e contagem de leucócitos nos pacientes submetidos ao trauma cirúrgico da colecistectomia quando comparamos os exames coletados no pré-operatório imediato e após 24 horas da agressão cirúrgica. REFERÊNCIAS

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T121. A importância da biossegurança para o estudante de medicina

Fernanda Santos de Lima; Aline Moreira de Oliveira Barroso; Christiane Lima Messias; Layanna Bezerra Nascimento; Rafaella Lima dos Santos; Thalita Ferreira Torres; Oscar Miroslav de Andrade

Área Temática: Medicina Preventiva RESUMO A Biossegurança compreende normas que envolvem a combinação de procedimentos padrão, mudanças na prática de trabalho, uso de recursos tecnológicos e educação continuada a fim de prevenir, reduzir ou eliminar riscos a exposições ocupacionais. Como os estudantes da graduação da área da saúde desenvolvem parte de suas atividades acadêmicas em situações semelhantes à prática profissional também estão expostos a tais riscos e observa-se que essas normas, na prática diária em situações de pesquisa e ensino, são ainda incipientes no Brasil. Objetiva-se sensibilizar os acadêmicos de medicina sobre a importância da prática de Biossegurança sob a ótica de uma revisão na literatura que aborde conhecimentos obtidos pelos graduandos em Medicina do CESMAC. Trata-se de uma revisão bibliográfica que teve como escopo a base de dados Scielo na língua portuguesa, no período de 1999 a 2016, além de doutrina correlacionada. Foram obtidos 48 artigos cujos textos foram analisados segundo a temática abordada, dos quais 11 foram selecionados para embasar o trabalho. Percebe-se que o tema biossegurança é pouco explorado pelos profissionais de saúde e que é necessária uma sensibilização dos alunos e dos responsáveis pelas escolas de medicina sobre a importância das práticas de biossegurança, devendo tratar esse tema como um processo educativo que deve ser sempre supervisionado e atualizado e não apenas como regra a ser cumprida. Palavras-chave: Biossegurança. Graduação. Medicina. Prevenção. Riscos. INTRODUÇÃO

Até o final da década de 1970, os profissionais de saúde não eram vistos como categoria exposta a fatores de risco de acidentes ocupacionais. A preocupação com eles surgiu com a descoberta do HIV e, consequentemente, com o aumento da exposição a material biológico contido nos fluidos corpóreos do indivíduo. O Centers for Disease Control de Atlanta introduziu, em 1985, práticas para garantir a segurança do profissional de saúde, denominadas Precauções Universais. Em 1996, surgem as "Precauções Padrão", que associa à prevenção do contato a fluidos corporais ao uso de equipamentos de proteção individual1. A Biossegurança compreende normas que envolvem a combinação de procedimentos padrão, mudanças na prática de trabalho, uso de recursos tecnológicos e educação continuada a fim de prevenir, reduzir ou eliminar riscos a exposições ocupacionais. Esse conceito será de grande valia para as escolas médicas e acadêmicos, tanto para o acompanhamento quanto para a promoção de estratégias de ensino que promovam maior conscientização e contribuam para a melhor formação do futuro profissional1,2. A inserção dos acadêmicos de medicina em atividades práticas é por vezes prematura e não acompanhada da orientação formal sobre Biossegurança. A falta dessa orientação, acrescida da resistência ao uso de EPI’s expõe ainda mais os acadêmicos aos riscos ocupacionais. O presente estudo objetiva sensibilizar os acadêmicos de medicina sobre a importância da prática de Biossegurança sob a ótica de uma revisão bibliográfica que aborde conhecimentos obtidos pelos graduandos em Medicina do CESMAC. METODOLOGIA

Trata-se de uma revisão bibliográfica que teve como escopo a base de dados Scielo na língua portuguesa, no período de 1999 a 2016. Foram obtidos 48 artigos cujos textos foram analisados segundo a temática abordada, dos quais 11 foram selecionados para embasar o presente trabalho. A pesquisa foi realizada através das palavras-chave: biossegurança; riscos; medicina; graduação, relacionando-as com os operadores booleanos: AND e OR. Utilizou-se, também, de doutrina correlacionada: Manual de Biossegurança de Enfermagem do CESMAC e Diretrizes e Protocolos do Ministério da Saúde. REVISÃO DE LITERATURA Funcionalidade da biossegurança

A biossegurança como prática diária em situações de pesquisa e ensino é ainda incipiente no Brasil, porém, é imprescindível o seu conhecimento a fim de preservar e/ou minimizar os riscos nas atividades desenvolvidas3,4.

As medidas de precaução padrão são consideradas um conjunto de medidas adotadas como forma eficaz de redução dos riscos aos quais os profissionais de saúde estão expostos, inclui: lavagem de mãos, uso de equipamentos de proteção individual e de coletiva, manejo adequado de resíduos dos serviços de saúde e imunização. Como exemplos de equipamentos de proteção coletiva têm os exaustores e caixas de descarte de perfuro-cortantes; e aqueles que conferem proteção individual têm as luvas, máscaras, óculos de proteção, aventais, gorros, pró-pés, botas e sapatos2,5. Atualmente, são exigidas de todos os médicos competências - conhecimentos, habilidades e atitudes - para lidar com as relações “trabalho-saúde-doença" de seus pacientes. Entretanto, vê-se que parte considerável destes apresenta déficits de conhecimentos relacionados aos cuidados com suas atividades laborativas, cercadas de alto grau de periculosidade. Tais medidas servirão de base para a formação dos futuros médicos e ajudarão os profissionais da

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ativa, influenciando a proteção à saúde dos mesmos e reduzindo os gastos nestes serviços relacionados a acidentes de trabalho que consistem em agravos ou danos à saúde decorrentes da atividade laboral, interferindo no processo saúde-doença de modo abrupto ou insidioso, com repercussões pessoais e sociais1,6. Biossegurança na graduação em medicina

Os profissionais da área de saúde estão expostos a vários tipos de riscos ocupacionais, sendo o de maior impacto o risco biológico, devido ao contato direto com pacientes e/ ou material orgânico potencialmente contaminado7.

Os riscos são compreendidos como processos que decorrem das condições inerentes ao ambiente ou ao próprio processo operacional das diversas atividades profissionais, cabendo ao homem à atribuição de desenvolver, por meio de metodologias baseadas em tecnologia, a capacidade de interpretá-los e analisá-los para a prevenção de acidente5.

Os estudantes da graduação da área da saúde desenvolvem parte de suas atividades acadêmicas em situações semelhantes à prática profissional o que também os coloca em risco de exposição a material biológico. Apesar de ter havido um crescimento de estudos sobre acidentes ocupacionais com material biológico entre profissionais na área da saúde, poucas são as publicações nacionais sobre este tipo de exposição com alunos de graduação8.

Apesar das recomendações de prevenção, a incidência de acidentes ocupacionais envolvendo material biológico é alarmante, ocorrendo destaque para o crescente número de acidentes entre estudantes da área de saúde. Nesse estudo, as atividades de maior risco para contaminação foram os procedimentos de anestesia local, seguidos pela sutura e recapeamento de agulha. Após a contaminação, 70% dos alunos realizaram a lavagem adequada do local, mas apenas 52% notificaram o acidente ao setor responsável. Os EPI’s foram muitas vezes dispensados pelos acadêmicos, sendo que a falta da utilização dos óculos e da máscara foram os mais notados durante os acidentes hospitalares9. O baixo nível de conhecimento das medidas universais de biossegurança é preocupante. Entre estudantes entrevistados em estudos epidemiológicos sobre o tema, a discrepância entre baixo nível de conhecimento relatado e bom nível de utilização de luvas e máscara pode mostrar que a boa prática deve estar relacionada com a rotina de utilização dos equipamentos ou "hábitos de higiene", e não com o nível de conhecimento. Além disso, a maioria dos entrevistados relatou que o equipamento de proteção individual não lhes pertencia. Vários estudos, não só na área de saúde, mostram que o aumento da utilização de EPI's deve principalmente à educação e supervisão e não a disponibilidade do equipamento10. Alguns cuidados pós-exposição merecem destaque e foram classificados por etapas, desde o tratamento do sítio de exposição, passando pela notificação, até o controle/monitoramento das condições dos profissionais de saúde expostos a acidentes. Segundo o Ministério da Saúde os acidentes de trabalho com sangue e outros fluidos potencialmente contaminados devem ser tratados como casos de emergência médica11,12. Ainda de acordo com o Ministério da Saúde, as medidas profiláticas pós-exposição não são totalmente eficazes, enfatiza-se a necessidade da divulgação, dentro das universidades, dos protocolos de proteção universal em vigor para que os alunos possam exercer com mais segurança suas atividades práticas, reduzindo os riscos de infecção e acidentes durante a prática clínico-ambulatorial13,14. CONCLUSÃO

É possível perceber o quanto o tema biossegurança é pouco explorado pelos profissionais de saúde, principalmente no que se refere aos estudantes de medicina. Estes precisam compreender que as técnicas de biossegurança visam atender não só a manutenção da saúde individual, mas também coletiva, pois é através delas que se previnem surtos de doenças, acidentes de trabalho e a propagação de bactérias resistentes. Diante disso, é necessária uma sensibilização dos alunos e dos responsáveis pelas escolas de medicina sobre a importância das práticas de biossegurança, pois ela envolve tecnologia, riscos e comportamento humano, sendo esse último o mais complexo de todos. Deve-se tratar a biossegurança como um processo educativo que deve ser sempre supervisionado e atualizado e não apenas como regra a ser cumprida. REFERÊNCIAS

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T122. Asma e sazonalidade: nos diferentes climas alagoanos

Fernanda Roxane Silva Araújo; Débora Maria de Castro Tenório; Kalyne Moraes Cavalcante; Guilherme Quirino dos Anjos; Gustavo Mendonça Ataíde Gomes; Aloysio David Madeira Netto; Lourani Oliveira dos Santos Correia;

Cristiane Monteiro da Cruz; Marcos Reis Gonçalves Área Temática: Ciências da Saúde RESUMO O objetivo do presente estudo é elencar a incidência da asma nas macrorregiões de Alagoas durante o período de janeiro de 2016 a agosto de 2017, comparando as variações climáticas, considerando os fatores de precipitação, temperatura e umidade. Através de um estudo transversal de prevalência, com dados obtidos no banco de dados DATASUS, em que foram analisados os números de internações vinculadasao local de residência, provenientes do Sistema Único de Saúde, e noInstituto Nacional de Meteorologia (INMET), com dados referentes à sazonalidade climática. Com o intuito de fomentar a discussão, foi realizada uma revisão integrativa de literatura no mês de setembro de 2017, a partir da coleta de artigos científicos nas bases de dados do PubMed. Percebeu-se que com as variações bruscas dos fatores climáticos, houve um aumento no número de internações de pacientes asmáticos, provavelmente devido ao aumento de alérgenos no ar, que desencadeiam uma reação imunológica, a qual possui como consequência a crise asmática. Palavras-chave: Asma. Imunologia. Sazonalidade. INTRODUÇÃO

A asma é uma doença inflamatória crônica das vias aérease afeta 1-18% da população em diferentes países1. No Brasil, a prevalênciaé de aproximadamente 12% em adultos com mais de 18 anos, superando os números do WHS (World Health Survey) 2001-2003 em relação à prevalência global2. Possui diversos fenótipos, identificados como: alérgicos, não-alérgico, início tardio, com limitação fixa do fluxo aéreo e com obesidade. Fatores desencadeantes levam ao estreitamento das vias aéreas, geralmente reversível, mas em alguns pacientes com asma crônica pode se tornar irreversível3. A clínica é variável e os sintomas como sibilância, dispneia, limitação do fluxo de ar expiratório, aperto no peito e/ou tosse são influenciados por fatores de risco, como genética, fatores ambientais, resposta imune do indivíduo e até mesmo uma história familiar de asma2. Fatores pré-natais, como exposição ao tabaco durante a gravidez, dieta da mãe, estresse, uso de antibióticos, parto, aleitamento materno, estrutura pulmonar e estrutura familiar, estão relacionados a uma maior propensão para desenvolver sibilos atópicos e a asma. Ela pode ser autolimitada, mas os episódios de agudização podem demorar dias, meses ou anos sendo necessária a utilização de medicamentos4,5.

Em Alagoas durante o período compreendido entre 2010 e 2015 ocorreram 8557 casos de asma e uma mortalidade de 208 enfermos6. Localizado na região nordeste do Brasil, esse estado possui área aproximada de 27,8 mil quilômetros quadrados, possui principal fonte econômica a monocultura da cana-de-açúcar e possui um IDH de 0,6317. A renda familiar nominal per capita é de R$662,00 e a principal faixa etária é de jovens, entre 10 e 14 anos. Apresenta um clima tropical, caracterizado por altas temperaturas com chuvas irregulares6. A mudança dos padrões climáticos evidencia dias mais quentes do que a temperatura sazonal média, o que aumenta o ozônio a nível do solo (O3) e os níveis de poluentes no ar livre, como partículas finas e o dióxido de carbono. Por sua vez, níveis elevados de CO2 estimulam a formação do pólen pelas plantas alergênicas. Enquanto isso, as partículas finas e o ozônio têm efeito inflamatório nas vias aéreas8. As alterações climáticas podem ocasionar eventos meteorológicos mais extremos, aumentando a morbidade e mortalidade relacionadas à eventos respiratórios. As águas pluviais de tempestades hidratam e rompem grãos de pólen, liberando aeroalérgenos inaláveis que, em condições típicas, seriam grandes demais para serem aspirados. Caso esse evento ocorra em estações onde uma quantidade elevada de pólen foi produzida, podem ocorrer epidemias de asma. As queimadas têm o potencial de transportar altas concentrações de partículas finas até milhares de quilômetros de sua fonte assim como as tempestades de areia que transportam bactérias, fungos e o influenza vírus, aumentando a incidência de infecções respiratórias agudas. Precipitações elevadas e o aumento do nível do mar causam mais enchentes, que tem sido associada a níveis internos e externos de micróbios e mofo, gerando crises asmáticas mais frequentes8.

A flutuação na temperatura é comumente identificada por pacientes asmáticos como o principal gatilho para a crise asmática. Amplas variações de temperaturas diárias induzem uma redução do pico de fluxo expiratório e aumento dos sintomas respiratórios. Isso porque mudanças súbitas de temperatura no ar inalado estão relacionadas com a liberação de mediadores inflamatórios pelos mastócitos, além de afetar a imunidade humoral e celular. Temperaturas extremas ativam as fibras vagais sensoriais broncopulmonares tipo C provocando broncoconstricção e estimulam o crescimento e exposição à alérgenos domésticos. Dias frios estão associados com uma diminuição da função e capacidade pulmonar além de suprimir o sistema imunológico facilitando a transmissão e sobrevivência de vírus respiratórios, cuja infecção pode causar uma descompensação da asma9. O mecanismo fisiopatológico da asma está associado com uma resposta do linfócito T helper (Th2) 11e ocorre a partir da entrada do alérgeno nas vias aéreas condutoras. Em uma exposição inicial o linfócito T helper irá promover uma reação de hipersensibilidade, que ocorre a partir da ativação das células dendríticas11. Essa ativação se

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dá pelas células epiteliais encontradas nos pulmões10, que irão liberar interferon (IFN), IL-25 e IL-33 ativando células do sistema imune inato, como os macrófagos, células NK e células dendríticas10,11. As células dendríticas ativadas são subdivididas em três subconjuntos distintos. Os moDCs são importantes para o recrutamento e ativação de eosinófilos e linfócitos Tcd4, que vão contribuir para os linfócitos B liberarem IgE. Consequentemente, ocorrerá a apresentação dos antígenos nos nódulos linfáticos, promovendo uma resposta inflamatória através das quimiocinas12. Já os CD11b e cDCs irão produzir uma sensibilização junto às células epiteliais, ativando as células inatas, como os mastócitos, basófilos, eosinófilos e células linfoides inatas do grupo 2, que podem ativar células dendríticas para manter a imunidade Th210. A partir disso haverá uma expansão aberrante de linfócitos Th2, os quais secretarão citocinas do tipo 2, como interleucinas IL-4, IL-5, IL-9 e IL-13, induzindo uma resposta alérgica pelos mastócitos teciduais quando seus receptores de alta afinidade de IgE são ativados. O resultado dessa ativação é a liberação de mediadores de fase imediata do processo alérgico, como histamina, serotonina, prostaglandinas e leucotrienos10. O objetivo geral da pesquisa é mostrar a influência da sazonalidade do clima de Alagoas na morbidade da asma, consequentemente, tornou-se importante analisar a grande variedade climática existente no estado para analisar essa patologia de alta incidência, constatada como a segunda maior nesse quesito nos últimos 10 anos na classificação CID-10 (capítulo referente a doenças do trato respiratório). Além disso, seus níveis de mortalidade são consideráveis, em que tal mortalidade se deve ao estado não oferecer uma assistência de saúde significativa a pacientes acometidos por essa doença que necessitam de constante acompanhamento, principalmente em locais menos favorecidos socioeconomicamente. A partir disso, pretende-se explicar a fisiopatologia da asma, a interferência provocada pelas variações climáticas nas macrorregiões de Alagoas e o mecanismo imunológico envolvido. Esse Estado foi dividido em três regiões a partir dos dados disponibilizados pelo datasus em concordância com os dados climáticos resgatados no INMET com o intuito de melhor analisar as diferentes realidades. METODOLOGIA

Este estudo baseou-se em dados de janeiro de 2016 até agosto de 2017 do banco de dados DATASUS, analisando porcentagem de internações vinculadas à residência, provenientes do Sistema Único de Saúde. Também foram coletados dados referentes à sazonalidade climática a partir do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), no mesmo período de tempo. No INMET, os dados mensais foram coletados em relação à Umidade Relativa Média (%), Média Temperatura Compensada (oF) e Precipitação Total (mm) de três estações: Maceió, Zona da Mata e primeira macrorregião de saúde; Palmeira dos Índios, Agreste e segunda macrorregião de saúde no cenário um (região 4 de saúde); Água Branca, Sertão e segunda macrorregião de saúde no cenário dois (região 5 de saúde). Os dados foram importados em planilhas do Excel e transformados em gráficos para comparação. Com o intuito de fomentar a discussão, foi realizada uma revisão integrativa de literatura no mês de setembro de 2017, a partir da coleta de artigos científicos nas bases de dados do PubMed com as estratégias: Asthma AND epidemiology, asthma AND immunology, asthma AND causes e em de guidelines internacionais, principalmente o Global Initiative for Asthma (GINA).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em Alagoas, os casos de internações por asma aumentam com as variações bruscas de umidade e temperatura, como as observadas nos meses de abril a julho. Já nos meses de janeiro a março, o aumento ou queda constante levam a um menor número de internações, porém de agosto a dezembro, com variações consideráveis apenas nos meses de outubro e novembro, ocorreu um número considerável de internações, mas menor que nos meses relacionados a mudança de sazonalidade.

Foram relacionados os dados de internações por asma, temperatura, precipitação e umidade. Na macrorregião de Maceió, na zona da mata/litoral, notou-se no período coletado uma semelhança entre os dados de precipitação e internações, tendo um súbito aumento durante o período de fevereiro (62,20 mm) a maio (312,30 mm) de 2016 e de fevereiro (20 mm) a maio (813,20 mm) de 2017, coincidindo com o aumento das internações em 2016, de 5 internações em fevereiro e 98 em maio, já em 2017, apesar do aumento no período, de 97 em fevereiro para 120 em maio, o mês de março diferiu com 127 internações. Com relação à temperatura e a umidade, percebe-se que no período de 2016 e de 2017 uma mudança brusca em ambas resultou em aumento no número de internações, como pode ser visto nos mês de julho de 2016, em que a temperatura mudou repentinamente, com o valor de 24,44oC, e a umidade no mesmo mês de 2016, que fez o mesmo processo de inversão, com o pico de 86,06%, coincidindo com o aumento das internações em relação ao mês anterior em 9 internações. Enquanto o mês de julho de 2017, apesar de ter havido a mudança da temperatura, com o valor de 23,89oC, e da umidade, com o pico de 88,83%, não houve variação com o mês anterior. Na região do agreste, em 2016, os meses de janeiro e fevereiro apresentaram temperatura e umidade relativamente constantes e queda de 68,5 mm da precipitação, tendo um total de 3 internações cada. Já em março iniciaram-se alterações repentinas com aumento de 8,2% da umidade junto com o aumento de 20,1mm da precipitação e das internações (4 casos). O número de casos cresceu em abril e maio (8), meses em que as alterações repentinas continuaram com a diminuição de 2,22 oC da temperatura e aumento de 5,23% da umidade. Em junho (3), julho (6) e agosto (5) houve queda de 1,66 oC da temperatura, de 11,31% da umidade e de 63,8mm da precipitação. Já em setembro, o número de internações diminuiu para 4, enquanto não houveram mudanças bruscas na temperatura, umidade e precipitação. Após uma queda de 4,81% da umidade, os casos do mês de outubro aumentaram para 5. Em novembro (2 casos), dezembro e janeiro (3) de 2017 a temperatura, umidadee precipitação se mantêm quase constantes. Fevereiro é o mês com maior número de casos (9), mesmo com os dados climáticos

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constantes. A partir de março (8) até julho (8) houve aumento de 22,59% da umidade e diminuição de 6 oC da temperatura. Já a precipitação se manteve constante. Ademais, em relação a macrorregião de Arapiraca, referente ao sertão, foi observada uma relação bem demarcada entre sazonalidade e internações. Nos meses de janeiro e fevereiro de 2016, com uma temperatura crescente, umidade baixa e precipitação decrescente ocorreu um menor número de casos de internações (8 e 10). Com a queda brusca da temperatura média, aumento da umidade e precipitação ascendente em março, o número de casos aumentou de 10 para 24, continuando em menor número em abril (16) e maio (19). Com uma variação brusca na temperatura (diminuição) e umidade (aumento) ocorre o maior registro de casos do ano, em junho (26), apesar de uma precipitação em queda. Com o aumento da temperatura e diminuição da umidade iniciados no mês de julho o número de casos permaneceu considerável (19), mas após isso os dados climáticos se estabilizaram com diminuição dos casos em agosto e setembro (10) até se estabilizar com 9 casos nos meses de outubro a dezembro. Em janeiro de 2017 com a temperatura e umidade constantes, ocorreram 7 casos. Já a partir da queda da temperatura e aumento da umidade iniciados no mês de fevereiro os casos passaram a aumentar: 7 em fevereiro, 11 em março, 10 em abril e 11 de maio. Após isso, com uma alteração brusca da temperatura (aumento) e umidade (queda) em junho as internações chegaram a quantidade de 16 acontecendo uma diminuição em julho com a temperatura e umidade constantes (9 casos), no geral a precipitação não teve papel importante em relação às variações do número de internações registrados.

De acordo com a literatura, a mudança dos padrões climáticos promove uma mudança nos níveis de poluentes no ar livre. Em relação àprecipitação, as águas de chuva de tempestades hidratam e rompem grãos de pólen, liberando aeroalérgenos inaláveis que, em condições típicas, seriam grandes demais para serem aspirados1, provocando o aumento da hipersensibilização das vias aéreas e, consequentemente, um aumento da resposta celular e humoral do sistema imune, levando a uma resposta alérgica e inflamatória2. A temperatura provocaria o mesmo processo, porém não seria seu aumento ou diminuição, mas sim sua mudança brusca em um mesmo mês que provocaria o aumento no número das internações, principalmente no período de transição das estações. Portanto, como a temperatura modula a umidade, a mesma variação ocorreria nela, induzindo a resposta do sistema imune pelo aumento de alérgenos no ar10. Ademais, as queimadas, que ocorrem principalmente na macrorregião da zona da mata têm o potencial de transportar altas concentrações de partículas finas até milhares de quilômetros de sua fonte, assim como as tempestades de areia que transportam bactérias, fungos e vírus, aumentando a incidência de infecções respiratórias agudas como a asma2.

Portanto, notou-se que as variações bruscas de umidade e temperatura nos períodos de transição das estações levam a um aumento no número de casos, fazendo a literatura e os dados coletados coincidiram na maior parte do estudo. CONCLUSÃO

Portanto, percebe-se que os fatores climáticos, a precipitação, a temperatura e a umidade influenciam no crescimento de alérgenos presentes no ar, potenciais desencadeantes para uma reação imunológica. Esta culmina numa crise asmática, principalmente na presença de alterações bruscas desses fatores. Comprova-se, portanto, com os dados obtidos no período de janeiro de 2016 a Agosto de 2017 das macrorregiões de Maceió e Arapiraca, climas pertencentes à zona da mata, ao agreste e sertão, além do estado de Alagoas como um todo, que as alterações de tais elementos levavam a alterações no número de internações por asma. Além desses fatores climáticos, as queimadas foram vistas como agravantes indiretos no processo inflamatório e alérgico causado pela asma, pois, assim como os fatores citados acima, partículas de aerossóis emitidos pelas queimadas podem atuar como verdadeiros gatilhos de crises nas pessoas asmáticas que residem próximas a área afetada pelas chamas. AGRADECIMENTOS

Agradecemos a Deus por nos dar força e energia para terminar esse trabalho, ao Centro Universitário Cesmac por nos fornecer a base dos nossos conhecimentos, aos nossos orientadores, Marcos e Cristiane, por nos ajudarem durante toda a formatação do trabalho, e a nós, por nos esforçarmos para termina-lo. REFERÊNCIAS

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T123. Aspectos biopsicossociais do acompanhamento multidisciplinar para o idoso com alzheimer

Nayara Costa Alcântara de Oliveira; Bruna Letícia Gomes Costa Wanderley; Dinah Lopes Marques Luz; José

Matheus Dantas Falcão; Thiago Ferreira de Albuquerque; Laércio Pol-Fachin Área Temática: Educação Médica RESUMO INTRODUÇÃO: A doença de Alzheimer (DA) acarreta um declínio funcional progressivo e uma perda gradual da autonomia, que pode ocasionar dependência parcial ou total de outras pessoas. Por se tratar de uma doença que afeta de maneira biológica, psicológica e social, o atendimento integral através de uma equipe interdisciplinar ao paciente e às pessoas de seu convívio revela-se como uma das principais fontes de terapia, uma vez que cuidados médicos, de enfermagem, fisioterapia, nutrição entre outras áreas da saúde mostram-se tão importantes quanto o suporte social e biopsicossocial, além de técnicas de reabilitação cognitiva e outras modalidades de intervenção. OBJETIVO: Expor a importância em intervir de maneira interdisciplinar na área da Gerontologia, em especial para pacientes com Alzheimer. METODOLOGIA: O estudo baseou-se em pesquisas realizadas nas seguintes bases de dados: PubMed, ScienceDirect e Scielo, utilizando-se dos critérios de inclusão e exclusão escolhidos, selecionou-se ao final 10 artigos publicados nos últimos 10 anos. RESULTADOS: Verificou-se que a DA consiste em um grave problema de saúde pública com necessidades muito além das biológicas, ainda pouco esclarecidas entre a população. CONCLUSÃO: É premente ressaltar a necessidade de conscientização da população e dos profissionais da área da saúde, para que estejam sempre alertas ao reconhecimento dos sintomas de demência e sua necessidade de ação integrativa, já que durante o curso da doença diversas necessidades médicas, psicológicas e sociais irão inevitavelmente ocorrer. Dessa forma, os cuidados essenciais somente poderão ser prestados por uma equipe interdisciplinar, de acordo com as demandas nos diferentes estágios da doença. Palavras-chave: Alzheimer. Envelhecimento. Integração. INTRODUÇÃO Na concepção de Vieira (1996) e Lopes (2000), os processos de envelhecimento se iniciam desde a concepção, sendo então a velhice definida como um processo dinâmico e progressivo no qual ocorrem modificações, tanto morfológicas, funcionais e bioquímicas, como psicológicas, que determinam a progressiva perda das capacidades de adaptação do indivíduo ao meio ambiente, ocasionando maior vulnerabilidade e maior incidência de processos patológicos. Sociólogos e psicólogos chamam a atenção para o fato de que, além das alterações biológicas, podem ser observados processos de desenvolvimento social e psicológicos alterados em algumas das suas funções, como também problemas de integração e adaptação social do indivíduo1.

A população brasileira, que nas décadas de 1970 a 1980 era considerada jovem, conta hoje com cerca de 23% de seus indivíduos com idade superior a 60 anos, o que os enquadra na chamada Terceira Idade. Segundo apontam os números do censo do IBGE de 2001, os cidadãos brasileiros que já se encontram acima dos 60 anos somam aproximadamente 14,3 milhões de habitantes. Esta mesma fonte estatística projeta para o ano 2025 um crescimento da população de idosos que colocará o Brasil como o sexto país do mundo no ranking dos países com o maior número de idosos entre os seus habitantes2. Um dos aspectos importantes é que esta fase de vida geralmente não é alcançada de uma forma satisfatória sem que se façam presentes os surgimentos de problemas, quer sejam de ordem biológica ou psicológica. Neste sentido, nota-se que a incidência e a prevalência de demências aumentam exponencialmente com a idade, dobrando, aproximadamente, a cada 5,1 anos, a partir dos 60 anos de idade3. Como bom contribuinte para o aumento dessa prevalência pode-se expor o aumento da expectativa de vida das pessoas e a melhoria da qualidade de vida das pessoas com demência.

A doença de Alzheimer (DA) é neurodegenerativa e progressiva, heterogênea nos seus aspectos etiológico, clínico e neuropatológico, sendo essa um dos mais comuns tipos de demência associados principalmente à senilidade, que acarreta um declínio funcional progressivo e uma perda gradual da autonomia, que por decorrência ocasionam, nos indivíduos por elas afetados, uma dependência total de outras pessoas4. Além disso, evidências científicas sugerem uma etiologia multifatorial para a DA: fatores genéticos e ambientais, possivelmente agindo através de complexas interações, modulariam o risco de desenvolvimento da doença5. Assim, a velhice não é definível por simples cronologia, e sim pelas condições físicas, funcionais, mentais e de saúde do indivíduo, sugerindo que o processo de envelhecimento é pessoal e diferenciado. Nessa perspectiva, o envelhecimento humano constitui um padrão de modificações e não um processo unilateral, mas sim, a soma de vários processos entre si, os quais envolvem aspectos biopsicossociais. Com a chegada da velhice, as alterações anatômicas são principalmente as mais visíveis e manifestam-se em primeiro lugar. Na parte fisiológica, as alterações, na maioria das vezes, podem ser observadas pela lentidão do pulso, do ritmo respiratório, da digestão e assimilação dos alimentos.

METODOLOGIA

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Foi realizada uma revisão integrativa com publicações dos últimos 10 anos, nos idiomas inglês e português, utilizando os seguintes descritores específicos: Envelhecimento, Alzheimer, Integração e Cognição, sendo estes associados de diferentes maneiras aos operadores booleanos AND. Os bancos de dados utilizados foram Scielo, PubMed e ScienceDirect, além do auxílio de literatura clássica, com consultas no período de 8 de setembro de 2017 à 18 de outubro de 2017. Selecionou-se 10 artigos utilizando dos critérios de inclusão e exclusão tipo de estudo, idioma, título, resumos e leitura dos artigos na íntegra. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram avaliados 10 artigos e verificou-se que a DA consiste em um grave problema de saúde pública com necessidades muito além das biológicas, ainda pouco esclarecidas entre a população.

Com a DA, faz-se importante visar melhorar a qualidade de vida, maximizar o desempenho funcional dos pacientes e promover o mais alto grau de autonomia factível pelo maior tempo possível em cada um dos estágios da doença, ou seja, prover eficácia sustentada ao longo do tempo. Para isso, o enfoque principal do tratamento é direcionado para as medidas de intervenção sobre as alterações cognitivas, do humor, dos sintomas psicológicos e do comportamento na tentativa de reduzir a dependência funcional e a necessidade de institucionalização. É importante salientar que devido às influências multifatoriais do envelhecimento, ocorrem alterações nos reflexos de proteção e no controle do equilíbrio, prejudicandose assim a mobilidade corporal e fazendo-se necessário realizar o cuidado também nesse contexto6.

No Brasil, estima-se que em 2010 tínhamos 1,25 milhões de pessoas com DA. Como agravante, falhas na detecção precoce da doença ocorrem com frequência, sendo de total relevância que todos os profissionais que lidam com idosos estejam atentos à sinais de demência para que intervenções sejam feitas o mais breve possível prolongando a qualidade de vida destes pacientes. Os profissionais de saúde devem estar atentos, em todas oportunidades, para avaliar e identificar a importância relativa das queixas e sintomas detectados e, dessa forma, possibilitar a determinação do estado de acuidade mental atual do paciente, sempre considerando as variações individuais influenciadas sobretudo pela idade e pelo grau de escolaridade7.

De forma simplificada, a sintomatologia da doença pode ser descrita utilizando-se um modelo de três estágios descrito por Cumings & Benson: inicial (dura em média 2 a 3 anos, caracterizada por sintomas vagos e difusos), intermediário (dura em média 2 a 10 anos, caracterizada pela deterioração mais acentuada dos déficits de memória, sintomas focais e capacidade de aprendizagem comprometida) e avançado ou terminal (dura em média 8 a 12 anos, caracterizada por funções cognitivas gravemente comprometidas acompanhada da dificuldade de reconhecer faces e ambientes familiares- é quando o paciente torna-se totalmente dependente). A maior conscientização e envolvimento da sociedade também amplia as possibilidades de diagnósticos cada vez mais precoces e precisos, os pregressos científicos na descoberta de novos tratamentos e a proliferação de grupos de apoio são alguns dos motivos que permitiram o surgimento de boas perspectivas, que se contrapõem às tradicionalmente sombrias, relacionadas com a DA8. Os avanços da ciência e da medicina contribuem para o prolongamento da vida das pessoas, mas faz-se necessário repensar e colocar em prática formas mais humanizadas de convivência com as pessoas da Terceira Idade, tanto internamente nas famílias como nos serviços de atendimento e população em geral4.

Durante o curso da DA, diversas necessidades médicas, psicológicas e sociais irão inevitavelmente ocorrer. Por essa razão, os cuidados essenciais somente poderão ser prestados por uma equipe multidisciplinar, de acordo com as demandas surgidas nos diferentes estágios da doença. A doença tende a afetar os membros mais próximos da família muitas vezes surgindo conflitos de interesse a serem administrados, e, em geral, há um despreparo das pessoas para lidar com essa condição, bem como para assumir os novos papéis decorrentes das limitações impostas ao paciente portador de DA9.

O papel de cada profissional para esse paciente consiste principalmente em articular técnicas de reabilitação cognitiva, como orientação para a realidade, treinamento da memória e reminiscência, acompanhamento nutricional sempre que houver alterações de peso, de hábitos dietéticos e do estado nutricional, tratamento fisioterápico para pacientes com alteração do equilíbrio e marcha e de perda significativa da força muscular, intervenção fonoaudióloga principalmente nos estágios iniciais da doença quando as desordens de linguagem são relevantes, intervenção da enfermagem principalmente em questões relacionadas aos hábitos de vida, às rotinas diárias, avaliação e acompanhamento médico, que inclui uma anamnese pormenorizada, com o histórico e a descrição das múltiplas alterações cognitivas e comportamentais, a investigação das habilidades para realização das atividades diárias e instrumentais, além dos exames físicos e neurológicos e das avaliações dos estados mental, funcional e psicossocial. Além disso, a atuação do médico psiquiatra se faz importante pelo fato de que o diagnóstico diferencial entre o início da demência e a depressão pode ser difícil, visto que elas podem coexistir ou até mesmo se confundir7.

Embora esteja ultrapassado o conceito de que as demências ocorram de forma inevitável com o envelhecimento, as dificuldades para o seu diagnóstico persistem, particularmente na fase inicial do processo, quando, não raro, o paciente está alheio aos seus déficits cognitivos ou tenta minimizá-los e disfarçá-los para não serem notados.

Também é notória a negligência da avaliação rotineira da função cognitiva como exame compulsório durante as consultas médicas. Dessa forma, é premente ressaltar a necessidade de conscientização de todos os profissionais da área da saúde que lidam com idosos, para que estejam sempre alertas ao reconhecimento dos sintomas de demência10. CONCLUSÃO

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Dessa forma, uma abordagem multidisciplinar na Doença de Alzheimer mostra-se como uma das principais estratégias de intervenção para esses pacientes e seus familiares, de forma a proporcionar esclarecimento, cuidados, suporte biológico e psicossocial, além de técnicas de reabilitação cognitiva. É essencial que haja o estabelecimento de uma sólida aliança entre profissionais e as pessoas do convívio do doente, já que a atenção às necessidades e às preocupações das demais pessoas envolvidas na maioria dos casos acarreta reflexos significantemente positivos sobre o paciente. REFERÊNCIAS

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T124. Caracterização clínica e epidemiológica dos pacientes em atendimento domiciliar na cidade de Maceió, AL, Brasil

Thaysa Dayse Alves e Silva; Débora Irene Barbosa; Danielle Almeida Magalhães; Maysa Tavares Duarte de Alencar; Euclides Maurício Trindade Filho; Carla Montenegro Damaso; Juliana Felizardo Viana; Júlia Badra Nogueira Alves;

Natália Lima Andrade; Milton Vieira Costa Área Temática: Ciências da Saúde RESUMO OBJETIVO: Caracterizar clínica e epidemiologicamente os pacientes em atendimento domiciliar no município de Maceió, AL, Brasil. METODOLOGIA: Tratou-se de um estudo observacional de caráter transversal com a amostra de 859 pacientes, obtidos através de prontuários de instituições que prestam Serviço de Assistência Domiciliar, sendo 445 pacientes do serviço público e 414 do privado. Utilizou-se análise descritiva para as variáveis sociodemográficas, clínicas e funcionais. RESULTADOS: A maioria dos pacientes são idosos, do sexo feminino, acamados, alimentavam-se via oral, com quadro de doenças neurológicas, sendo o diagnóstico mais comum o Acidente Vascular Encefálico (AVE). Em relação à evolução do quadro: 16,8% pacientes receberam alta do atendimento domiciliar, 45% pacientes foram a óbito e 24% apresentaram internação hospitalar durante a assistência domiciliar. Em relação ao quadro clínico: 9% representa a totalidade de pacientes traqueostomizados, 84,7% pacientes respiravam em ar ambiente, 9,3% utilizavam oxigênio, 4% utilizavam o auxílio da Ventilação Mecânica não Invasiva, 1,9% faziam uso da Ventilação Mecânica Invasiva e 24,9% dos pacientes apresentava úlcera por pressão. Em relação ao atendimento domiciliar: todos os pacientes receberam visita médica, 693 pacientes recebiam os cuidados da enfermagem, 767 pacientes realizavam sessões de fisioterapia, 233 faziam acompanhamento fonoaudiológico, 665 pacientes faziam acompanhamento nutricional, 64 pacientes realizavam sessões de terapia ocupacional e 98 faziam acompanhamento psicológico. CONCLUSÃO: Pode-se observar que alguns resultados divergiram da literatura, e entre o serviço público e o privado. Essa divergência pode estar relacionada à epidemiologia específica de cada região e ao tipo de seguro pagador da assistência (SUS ou Privado). Palavras-chave: Assistência Domiciliar. Idoso. Perfil Epidemiológico. INTRODUÇÃO

O interesse pelo objeto investigado deve-se ao crescimento da assistência domiciliar no Brasil, cujo objetivo principal é desospitalizar pacientes crônicos estáveis, a fim de desocupar leitos de hospitais. Assim, espera-se diminuir a superlotação hospitalar e minimizar alguns dos principais problemas inerentes aos sistemas de saúde vigentes, especialmente os da rede pública1,2.

O termo “assistência domiciliar” vem do inglês home care e significa cuidado do lar. Pode ser definido como um conjunto de procedimentos hospitalares possíveis de serem desenvolvidos no domicílio do paciente. Abrange ações de saúde desenvolvidas por equipe multiprofissional3. É um modelo em processo de expansão por todo Brasil e desponta como um novo espaço de trabalho para os profissionais de saúde3.

Essa modalidade assistencial vem sendo recorrentemente indicada para atender às necessidades de pessoas com doenças crônicas e dependentes e é defendida a partir de valores como o da convivência familiar e do afeto, bem como de uma presumida melhor qualidade de vida do paciente e, obviamente, da redução de custos relacionados ao leito hospitalar4,5.

Os objetivos aos quais se propõem esse tipo de serviço de assistência domiciliar são: contribuir para a otimização dos leitos hospitalares; reduzir os custos da internação hospitalar; diminuir os riscos de infecção hospitalar; reintegrar o paciente em seu núcleo familiar e de apoio; proporcionar assistência humanizada e integral; melhorar a qualidade de vida do paciente; evitar reinternações; reinserir o paciente na sociedade; preservar a autonomia do paciente; estimular maior participação do paciente e de sua família no tratamento proposto6,7.

Faz-se necessário conhecer o perfil epidemiológico da população atendida a domicílio, para que se desenvolvam técnicas de cuidado que melhor se enquadrem e atendam às necessidades específicas dos pacientes. Desta forma, o presente estudo teve como objetivo caracterizar clínica e epidemiologicamente os pacientes em atendimento domiciliar no município de Maceió. Os objetivos específicos foram: caracterizar demograficamente os pacientes em atendimento domiciliar; identificar as principais doenças motivadoras do atendimento domiciliar; analisar o desfecho do atendimento domiciliar; identificar o nível de dependência do paciente em atendimento domiciliar; caracterizar a composição da equipe multidisciplinar; identificar a presença de internações hospitalares e a presença de úlceras por decúbito; analisar a via de alimentação e a via de respiração e comparar o perfil dos pacientes atendidos no sistema público e privado.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo observacional e transversal. Os dados foram coletados no setor de arquivo das instituições que prestam serviço de atendimento domiciliar no município de Maceió, AL, Brasil: Clinilar, NIAD (Núcleo Interdisciplinar de Assistência Domiciliar) e SAD (Serviço de Atenção Domiciliar). O município de Maceió,

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capital de Alagoas, tem uma população de 936.314 habitantes, com aproximadamente 66.470 idosos, com uma expectativa de vida no estado de 67,2 anos.

O SAD (público) faz parte das atividades da Secretaria Municipal de Maceió, AL, que presta assistência multiprofissional adequada e gratuita a pacientes de pequena a média complexidade. Aqueles que exigem um tratamento mais complexo, como ventilação mecânica ou a presença de enfermagem 24 horas não são incluídos no programa.

A Clinilar e NIAD são empresas (privadas) de home care que prestam serviço de assistência domiciliar em Maceió, AL. Os serviços prestados são realizados por uma equipe multiprofissional, composta por profissionais de saúde formados e capacitados para realizar de procedimentos simples aos mais complexos, podendo ser montada uma estrutura semelhante a um leito de UTI e até mesmo presença de enfermagem 24 horas. Essas empresas atendem de forma particular ou convênio.

O tamanho da amostra foi determinado em 879 pacientes, utilizando-se a equação abaixo para populações finitas com os seguintes critérios: a) total de pacientes em atendimento domiciliar, 1.950; b) intervalo de confiança de 95%, expresso em desvio padrão de 1,96; c) erro amostral de 5%; d) prevalência de 80%. A estimativa de prevalência de 80% foi adotada, considerando através da realização de um estudo piloto, no qual foram avaliados de forma aleatória os prontuários de 30 pacientes, levando como referência a proporção de pacientes idosos.

Foram incluídos na pesquisa todos os prontuários dos pacientes inseridos no Programa de Atendimento Domiciliar, no período de janeiro de 2011 a dezembro de 2015, em três instituições do município de Maceió, AL. Foram excluídos da pesquisa todos os prontuários que estiverem com grande quantidade de dados incompletos e/ou ilegíveis.

Foi elaborado um instrumento para coletas de dados que continha as seguintes variáveis: nome, idade, sexo, diagnóstico principal, grau de dependência para deambular, via de respiração, via de alimentação, uso de suporte ventilatório, presença de úlcera por decúbito, óbitos, alta e internações hospitalares. Foi solicitado o declínio do consentimento livre e esclarecido, visto que o trabalho é retrospectivo e os dados foram coletados nos portuários das instituições que prestam serviço de atendimento domiciliar. Pelo fato de o trabalho ser retrospectivo, muitos pacientes já receberam alta da assistência domiciliar e muitos foram a óbito.

A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética do Centro de Estudos Superiores de Maceió, AL (CESMAC), número do parecer 1.252.375. As variáveis quantitativas foram apresentadas na forma de média, mediana e desvio-padrão. As variáveis qualitativas foram apresentadas em tabelas de frequência.

RESULTADOS

Dos 879 prontuários coletados nas instituições que prestam serviço de atendimento domiciliar, 20 foram excluídos por possuírem dados incompletos. Assim, a amostra final do estudo foi composta de 859 pacientes, no qual 445 pacientes foram do serviço público de atenção domiciliar e 414 foram dos serviços privados. A maior parte dos pacientes era do sexo feminino (56,9%), a maioria idosos, com idade média de 72,62 (±18,28) e a mediana de 78 anos. A frequência maior foi na faixa etária acima de 79 anos (44%), resultado semelhante encontrado entre as instituições privadas e pública.

Em relação à variável, de acordo com o diagnóstico, observou-se que as doenças neurológicas foram as que mais prevaleceram no atendimento domiciliar, com 61,1%, seguida das doenças oncológicas, com 6,5%. Observou-se que na instituição pública as doenças neurológicas (64,7%) também foram as mais comuns, seguidas das doenças endócrinas (10,5%) e ortopédicas (8,7%). Já nas instituições privadas as causas mais frequentes que levaram o paciente à assistência domiciliar foram as doenças neurológicas (57,2%), seguidas das doenças oncológicas (8,9%) e ortopédicas (3,8%).

Observou-se nos prontuários analisados que alguns pacientes não apresentavam uma única patologia, mas a interação de várias patologias que atuam concomitantemente no organismo, apresentado, assim, mais de um diagnóstico.

No aspecto relacionado à evolução do paciente, 145 (16,8%) pacientes receberam alta do atendimento domiciliar, 386 (45%) pacientes foram a óbito e 206 (24%) pacientes apresentaram internação hospitalar durante o período de assistência domiciliar. Dos 145 pacientes que receberam alta, 124 eram das instituições públicas e apenas 21 pacientes eram das instituições privadas.

De acordo com o diagnóstico específico, o Acidente Vascular Encefálico (AVE) representa 35,2%, sendo a causa mais frequente da busca do paciente pelo serviço de assistência domiciliar, seguida pelo quadro demencial (9,4%) e neoplasia (5,8%).

No que tange as características clínicas e funcionais dos pacientes atendidos em domicílio, os pacientes acamados (que não deambulam) representam a totalidade dos pacientes (72,5%). Os pacientes que deambulam com dependência de terceiros, equivale a 19,5% e os pacientes que deambulam sem dependência representam 3% da amostra. Fato interessante observado é que dos 26 pacientes que deambulam independente, 22 são do setor público e apenas quatro são dos serviços privados.

Em relação à via de alimentação, 538 pacientes (64%) se alimentam via oral, 134 (15,6%) se alimentam por via gastrostomia, 132 pacientes (15,3%) se alimentam por sonda naso-enteral (SNE) ou naso-gástrica (SNG) e apenas cinco pacientes (0,6%) fizeram uso da nutrição parenteral. Outro fato significante no estudo é quando se compara o uso de sondas no serviço público, observa-se que a prevalência de SNE ou SNG é maior do que o uso de gastrostomia, diferente do que acontece no serviço privado.

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Os pacientes que eram traqueostomizados representam uma totalidade de 9% (78 pacientes). Pode-se observar que a maioria dos pacientes traqueostomizados e que possuem gastrostomia são do serviço privado, apenas oito e nove pacientes, respectivamente, são do serviço público.

A maioria dos pacientes (84,7%) respirava em ar ambiente, 9,3% utilizavam oxigênio, 4% utilizavam o auxílio da Ventilação Mecânica Não Invasiva e Ventilação Mecânica Invasiva.

Em relação à presença de úlcera por pressão, 214 dos pacientes (24,9%) apresentavam algum tipo de úlcera, sendo a maior parte do setor público.

Todos os pacientes receberam visita médica, visto que o médico é o profissional responsável pela prescrição de medicamento. O que chama atenção é o fato de que todos os pacientes do serviço privado realizavam sessões de fisioterapia, e apenas um paciente não recebeu visita do nutricionista.

DISCUSSÃO

Características sociodemográficas dos pacientes estudados mostraram-se compatíveis com a literatura em relação à população de programas de assistência domiciliar1,2,8,9. A prevalência de idade concentrou-se acima de 79 anos, que somada as acima dos 60 anos, perfazem 80%. Benassi et al.2 pesquisou o perfil epidemiológico de pacientes em atendimento fisioterapêutico, em home care, em São Paulo (SP), observou prevalência entre 71 a 90 anos. Kamenski et al.10, na Áustria, público alvo do cuidado domiciliar era composto majoritariamente (mais de dois terços) por mulheres, média de 80 anos.

Explicado por ser acima dos 60 anos que se encontram os níveis severos de incapacidade, gerada pela evolução de doenças crônicas. Para os idosos a assistência domiciliar tem crescido em relação a outros tipos de assistência à saúde, representando 72%11.

Essa prevalência se justifica pelo processo de transição demográfica que o país está vivendo e aumento do número de doenças crônicas nessa população. Assim, programas de atenção domiciliar apresentam-se como uma das alternativas incentivada pelo governo brasileiro11.

Houve predominância do sexo feminino, semelhante à maioria dos estudos realizados sobre assistência domiciliária1,2,9,11-13. Segundo o censo do IBGE14, a população é predominantemente feminina no município de Maceió, AL. A predominância entre mulheres pode ser também reflexo do crescimento desigual da expectativa de vida, mais significativo nas mulheres do que nos homens, atribuído a fatores biológicos e/ou exposição desigual a fatores de risco à saúde. As expectativas de vida ao atingir 80 anos em 2015 foram de 10,1 e 8,4 anos para mulheres e homens, respectivamente15.

Distúrbios neurológicos foram os mais frequentes, 61,1% dos pacientes, seguido de doenças oncológica, 6,5% dos pacientes. Sendo o AVE, o distúrbio neurológico como maior motivo para o encaminhamento da assistência domiciliar 35,2%, no setor público 41,8% e no privado 28,2%.

Semelhante ao estudo de Fabrício et al.16, cujo diagnóstico mais prevalente foi doença neurológica 27%, seguida de neoplasias 17%. Aguiar17, a maioria dos pacientes apresentava doenças neurológicas 68,7%, seguida de doenças endócrino-metabólicas 64,8%. Brondani et al.18, pacientes atendidos no Serviço de Internação Domiciliar, no Rio Grande do Sul, diagnóstico mais prevalente foi o AVE 26,3%, seguido de neoplasias 18%. No Brasil, o AVE é a primeira causa de internação, mortalidade e incapacidades, superando até mesmo o câncer e as doenças cardíacas19,20.

Na população estudada, prevalece o óbito como maior motivo de saída do Programa de Assistência Domiciliar, sendo as condições crônicas associadas a várias comorbidades que ocasionam grande dependência e disfuncionalidade para o indivíduo.

Quanto à internação hospitalar, durante o período de acompanhamento domiciliar, verificou-se resultado semelhante entre os dois serviços, totalizando 24%.

A reospitalização ou reinternação hospitalar constitui importante indicador de qualidade assistencial. É um bom termômetro da resolutividade da assistência extra hospitalar21. Sendo assim, acredita-se que 24% seja uma porcentagem pequena, mostrando efetividade dos serviços domiciliares estudados.

Dos 145 pacientes que receberam alta, 124 eram da instituição pública e apenas 21 eram das instituições privadas. Explicado pelo fato de que a assistência domiciliar do SUS visa ao atendimento de pacientes com necessidades mais pontuais, grande demanda e necessidade de rotatividade. Além de complexidade menor nos pacientes, tendo condições de alta.

O nível de dependência predominante foi o de “restrito ao leito” ou acamado total, com 72,5% dos pacientes. Serviço público e privado, a maioria dos pacientes era acamado. Pacientes que deambulavam de forma independente, 22 eram do serviço público e 4 eram do serviço privado, pode ser explicado pelo grau de complexidade menor nos pacientes do serviço público.

Já no estudo de Góis9, no qual foi verificado que 37,8% dos pacientes atendidos na fisioterapia domiciliar era acamado total e 52% deambulavam com dependência de terceiros, e os outros 9,2% eram cadeirantes ou deambulavam de forma independente. Essa discrepância de resultados pode ser explicada porque a assistência domiciliar era apenas da fisioterapia, público diferente.

Biscione et al.13 avaliou 2.934 pacientes do programa de atenção domiciliar de Belo Horizonte (MG), verificando que quanto maior o grau de complexidade, maior o grau de dependência, no qual 53% dos pacientes de alta complexidade, eram dependentes totais.

A maior parte dos pacientes se alimentava via oral 64%. Analisando os serviços isoladamente, observamos divergência, no serviço público 88,3% via oral e no serviço privado a maioria 52,4% via de sondas. Comparando o uso de sondas, no serviço público a prevalência de sonda naso-enteral (SNE) ou sonda naso-gástrica (SNG) é maior do que o uso de gastrostomia (GT), nos serviços privados, o uso de GT é maior do que o uso de sondas nasais.

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Essa menor utilização de gastrostomia no SUS pode ser devida ao alto custo deste procedimento e dificuldade de se fazer esse procedimento no âmbito do SUS, pois é um procedimento cirúrgico.

Gaspar et al.22 avaliou o perfil dos pacientes atendidos pelo PSF de SP, 1,2% dos pacientes faziam uso de algum tipo de sonda (GT ou SNE). Azank et al.23 avaliou os indicadores nutricionais em pacientes alimentados por sonda, em home care, 73,3% alimentação via SNE e 26,6% via GT.

Dos 78 pacientes que são traqueostomizados, 70 são dos serviços privados. O mesmo comportamento ocorre com o uso de oxigênio e ventilação mecânica, no qual a prevalência é bem maior nos serviços privados.

No estudo de Brondani et al.18, 24,6% faziam uso de traqueostomia. Watanabe et al.24 sobre o perfil dos usuários de oxigenioterapia domiciliar prolongada, 62,6% dos usuários tinham como doença de base a DPOC.

Presença de úlcera por pressão (UPP), observou-se uma prevalência 24,9% dos pacientes. Chayamiti et al.25 observou prevalência de 19,1% dos pacientes com UPP, expressiva relação entre aumento da idade e ocorrência de úlcera. Nogueira et al.26 avaliou pacientes de um Programa de Assistência Domiciliar, na Espanha, 5% apresentavam úlceras por pressão.

Quanto à assistência multiprofissional, observou-se que médicos, fisioterapeutas, enfermeiros e nutricionistas, foram os profissionais mais atuantes nessa pesquisa. Todos os pacientes tiveram assistência médica. Fisioterapia foi a segunda profissão mais frequente nas visitas domiciliares, 89,2% pacientes receberam sessões de fisioterapia.

É importante salientar que a equipe multiprofissional varia de acordo com o tipo de assistência (público ou privada) e com o perfil diferenciado dos pacientes.

CONCLUSÃO

No presente estudo, procurou-se evidenciar o perfil epidemiológico dos pacientes em atendimento domiciliar no município de Maceió. Foi possível constatar que a maioria dos pacientes que recebem assistência domiciliar são idosos, acamados, do sexo feminino, com doenças neurológicas, sendo o diagnóstico mais comum o AVE.

Pode-se observar que alguns resultados divergem ao estabelecer comparação entre serviço público e o privado. Por exemplo, no quesito relacionado à via de alimentação, a maioria dos pacientes do serviço público alimentava-se por via oral, diferentemente do serviço privado, onde a maior parte dos pacientes usava sondas para alimentação.

A pesquisa permitiu caracterizar a população no domicílio e conhecer as principais indicações para o serviço de assistência domiciliar, para que se possa comparar com dados de outras localidades e fazer com que haja intervenções específicas e efetivas para melhoria do serviço.

AGRADECIMENTOS

A Deus por ser o condutor da minha vida. À Marlene, Williams e Alessandra por compartilharem meus diversos sentimentos, alegria, tristeza,

derrotas e vitórias. Ao mestre Euclides Maurício por conduzir meus conhecimentos e ser inspiração na minha vida, pessoa e

profissional exímio. A amiga Carla Dâmaso por compartilhar comigo e demais colegas a tarefa de pesquisadores.

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T125. Cardiopatias congênitas associadas a síndrome do bebê azul: revisão integrativa

Lara Cansanção Lopes de Farias; Carla Roberta Vieira da Silva; Bárbara Tenório de Almeida; Aisla Graciele Galdino

dos Santos; Beatriz Trindade da Rocha Silva; Jéssica Emanuelle de Holanda Cavalcante; Natália Wanderley de Amorim; Renata Lins Chianca; Karine Costa Menezes; Cláudio Fernando Rodrigues Soriano

Área Temática: Pediatria RESUMO Caracterizada como um quadro cianótico em neonatos, a síndrome do bebê azul está relacionada as cardiopatias congênitas (CC): uma das principais malformações em seres humanos. Nesse contexto, há a tetralogia de Fallot: anomalia cardíaca congênita que corresponde de 7-10% das CC e apresenta-se com sintomas de cianose, dispneia e déficit de crescimento. Então, a pesquisa teve como objetivo fazer um estudo a respeito dessa temática em busca da correlação existente entre as cardiopatias congênitas e a síndrome do bebê azul. Dessa forma, o estudo foi realizado por meio de busca de informações contidas nas bases de dados Scielo e Pubmed com uso de descritores, fatores de exclusão previamente estabelecidos, além de filtros oferecidos pelas bases de dados, selecionando-se, assim, os artigos publicados entre 2005 e 2015. Foram recuperados 7 artigos e a partir deles uma revisão de literatura integrativa foi construída a partir da análise do panorama das publicações na área da saúde relacionadas ao tema. De modo geral, observou-se que os trabalhos analisados associam as cardiopatias congênitas à cianose, à desnutrição e ao estresse oxidativo, como também a métodos diagnósticos específicos. Com base na análise dos resultados, constatou-se que as publicações relacionadas ao assunto são escassas e heterogêneas, sendo sugerido às novas pesquisas um caráter mais amplo e conceitual. Palavras-chave: Cardiopatias congênitas. Cianose. Malformações. Revisão Integrativa. Tetralogia de Fallot. INTRODUÇÃO

Cianose é a coloração azul-arroxeada da pele, mucosas e leitos ungueais, apresentando-se fria ao toque1; geralmente é uma consequência e não uma doença em si. Ela ocorre devido à má oxigenação do sangue arterial, sendo um sintoma de insuficiência circulatória. A cianose é classificada como uma urgência clínico–cirúrgica e pode ser dividida em periférica e central2.

As principais causas de cianose em neonatos são as doenças pulmonares e as cardiopatias congênitas. O recém–nascido (RN) com cianose pode apresentar desconforto respiratório discreto ou moderado, podendo não demonstrar sintomas aparentes1.

Além disso, as cardiopatias congênitas são uma das principais malformações congênitas, sendo apontadas como doenças multifatoriais, com efeitos ambientais associados a fatores genéticos3.

O objetivo do presente estudo é descrever os aspectos clínicos e epidemiológicos das cardiopatias congênitas, bem como correlacioná-las com a síndrome do bebê azul4. Além disso, promover disseminação de conhecimento acerca dessas patologias e contribuir para novos estudos que facilitem o diagnóstico precoce e melhorem a qualidade de vida dos portadores, tendo em vista a grande relevância das cardiopatias na morbimortalidade infantil. METODOLOGIA

Foi desenvolvida uma revisão bibliográfica integrativa, pois ela além de ser uma ferramenta metodológica que auxilia a prática da medicina baseada em evidências, também mostra uma compilação das publicações na área salutar. Esse tipo de revisão possui uma ampla aplicabilidade e pode ser utilizada de maneira concreta na prática clínica. A revisão bibliográfica integrativa “combina também dados da literatura teórica e empírica, além de incorporar um vasto leque de propósitos: definição de conceitos, revisão de teorias e evidências, e análise de problemas metodológicos de um tópico particular”5.

O processo foi construído por meio de etapas. Primeiramente, foi definida a pergunta norteadora: quais são as cardiopatias congênitas associadas à síndrome do bebê azul? Logo em seguida, foram definidos os parâmetros para a avaliação dos artigos (ano de publicação, resposta à pergunta norteadora, artigos publicados em inglês e português, idade da amostra), como também definidos os descritores por meio de uma busca prévia, sendo eles: tetralogy of fallot, congenital heart disease, cyanotic, cyonosis, heart, heart surgery, adults e surgery. Não foram recuperados textos que abordassem adultos, jovens, idosos e crianças maiores.

Além disso, utilizou-se os descritores com diversas associações e, relacionando-os com os operadores booleanos (AND, OR e NOT) nas bases de dados Pubmed e Scielo, recuperou-se 718 artigos. Dentre esses, foram aplicados como critérios de inclusão: textos completos, com acesso livre, publicados no período de 2005 a 2017, restritos à espécie humana e lactentes até 23 meses de idade. Após a leitura dos resumos, com base nos critérios de avaliação pré-estabelecidos, foram selecionados 7 artigos. Ao articular o resultado com outros estudos sobre o tema, chegou-se à síntese do conhecimento do presente estudo.

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A categorização foi efetuada considerando: título do artigo, tipo de estudo, nível de evidência e considerações/temáticas. Para o nível de evidência, foi adotada classificação preconizada por Stillwell et al. (2010). REVISÃO DE LITERATURA

A análise do material encontrado constatou que, dos sete artigos recuperados, apenas dois abordam amplamente as cardiopatias congênitas associadas à cianose neonatal. Outros três artigos associam as cardiopatias com questões diversas (características genéticas, desnutrição e estresse oxidativo). Os dois artigos restantes relacionam a patologia ao método de diagnóstico por oximetria de pulso. Em relação às tipologias dos estudos, quatro são artigos de revisão de literatura e três são estudos observacionais.

O coração é o primeiro órgão a ser formado no desenvolvimento embriológico. Foi constatado na revisão realizada que a presença de lesões nesse órgão não possui efeito considerável na circulação fetal. Porém, após o nascimento, a função de hematose é transferida da placenta para os pulmões e, com isso, os sinais clínicos das cardiopatias cianogênicas podem ser observados no período neonatal ou, mais comumente, entre os 2 e 6 meses de idade6. Dessa forma, essas cardiopatias podem ser agrupadas em acianogênicas e cianogênicas, e são a etiologia principal da cianose em neonatos. Foi constatado que os bebês cianogênicos eram diagnosticados um pouco mais cedo do que os acianogênicos, uma vez que seus pais procuravam atendimento médico precoce devido à observação de pele fria e coloração arroxeada, esta causada pelo teor aumentado de desoxihemoglobina no sangue4.

As cardiopatias congênitas são as malformações inatas mais frequentes, podendo chegar a 40% dessas e responder por 3 a 5% das mortes no período neonatal3,7. Além disso, elas possuem incidência de 8 a 10 por 1000 nascidos vivos7, porém nem todos os defeitos congênitos são diagnosticados na infância. Em relação às características genéticas, as cardiopatias congênitas são consideradas doenças multifatoriais e pouco esclarecidas, com apenas de 15 a 20% de etiologia conhecida, destacando-se as anormalidades cromossômicas3.

A tetralogia de Fallot corresponde a cerca de 3,5% das cardiopatias congênitas, com prevalência de 21 em 100.000 nascidos vivos8. É considerada a cardiopatia congênita mais comum após o primeiro mês de vida e é uma das que mais requerem cirurgia no primeiro ano de vida. Caracteriza-se por quatro defeitos: comunicação interventricular (CIV), cavalgamento aórtico sobre a crista do septo interventricular (dextroposição da aorta), obstrução da via de saída do ventrículo direito (estenose pulmonar) e hipertrofia do ventrículo direito9.

A principal preocupação nos doentes com Tetralogia de Fallot é a hipoxemia por inadequado fluxo sanguíneo pulmonar. Como a pressão sistólica no ventrículo direito é a mesma que no ventrículo esquerdo e na aorta, uma diminuição na pressão arterial sistémica resultará numa diminuição no fluxo sanguíneo pulmonar6.

Na maioria das vezes, essa patologia pode ser identificada no pré-natal a partir da 12ª semana de gestação. No entanto, um estudo de base populacional revelou que apenas metade dos casos foram diagnosticada durante as ultrassonografias obstétricas de rotina. Normalmente, os pacientes com suspeita de tetralogia de Fallot encaminhados para a realização da ecocardiografia fetal têm os fenótipos mais graves10.

De uma forma global, o diagnóstico das cardiopatias congênitas cianóticas baseado em exames laboratoriais pouco ajuda na elucidação da causa da cianose, porém auxilia no tratamento11. Outros exames como radiografia de tórax e eletrocardiograma podem fornecer dados necessários para um possível fator desencadeante de cianose. O ecocardiograma com doppler estabelece o diagnóstico definitivo, fornecendo informações suficientes para o planejamento do tratamento, que é cirúrgico. Embora o eletrocardiograma seja semelhante ao de um recém-nascido normal, a hipertrofia ventricular direita e desvio do eixo direito não normalizam em um paciente com tetralogia de Fallot. Já a radiografia de tórax clássica irá demonstrar uma silhueta cardíaca em forma de bota holandesa10.

É válido ressaltar, como foi mostrado no estudo que aborda a oximetria de pulso em neonatos, que este é um método simples com custo-benefício favorável e, portanto, um importante instrumento diagnóstico que minimiza a identificação tardia da anomalia e suas sequelas. Porém, a sua principal desvantagem é a sensibilidade limitada11,12.

Embora alguns autores apontem que o exame clínico dificilmente detecta doença cardíaca congênita, o exame físico dismorfológico minucioso realizado por um profissional treinado, como o geneticista clínico ou mesmo um pediatra com experiência, é de extrema relevância na indicação da cariotipagem do genótipo3,11. Ademais, o cariótipo é um dos únicos exames de avaliação dos cromossomos oferecidos pelo SUS, mas por sua disponibilidade ser insuficiente em vista da dimensão geográfica do país, deve ser indicado apenas quando necessário3.

Em meio a essas dificuldades, a interação do indivíduo com o meio social pode ser prejudicada e, a depender das condições sociais e ambientais da sua área de convivência, há grande possibilidade de haver uma piora do quadro clínico. Um estudo observacional de caso-controle sobre a desnutrição relacionada a cardiopatas congênitos ratifica isso: a elevada proporção (64,3%) das crianças com idade entre 0-59 meses neste estudo e seu efeito preditivo de doença coronariana em desnutrição grave pode estar relacionada com a história natural da doença coronariana, além do papel do aleitamento materno insuficiente e pobre, o desmame, e alimentos complementares e suplementares nessa faixa etária13.

Isso mostra que uma alimentação pobre, fruto de más condições socioeconômicas, tanto para mãe quanto para os portadores da doença, interfere negativamente na situação clínica, deteriorando profundamente a sintomatologia desse indivíduo. Dessa forma, a manutenção de um ambiente apropriado, com suprimento adequado de alimentação e de acompanhamento médico, é crucial para a melhora e a sobrevida dos atingidos. O trabalho que associa cardiopatas congênitas com desnutrição relata que, em países desenvolvidos, os avanços na assistência pediátrica cardíaca e nas intervenções corretivas de suporte para patologias cardíacas congênitas retiram quase totalmente o impacto em crianças com cardiopatias congênitas sobre o seu estado nutricional13.

No caso do Brasil, apenas 12 centros médicos são especializados tanto no diagnóstico quanto no tratamento de pacientes com cardiopatia congênita. A necessidade média de cirurgia cardiovascular em cardiopatas congênitos

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no Brasil não é suprida pelo Sistema Único de Saúde (SUS), tendo esse déficit chegado a 65% em 200214. No entanto, esse quadro vem melhorando nos últimos anos, tanto por avanços terapêuticos, como por diagnósticos feitos por meio do ecocardiograma e de exames complementares (angiografia, cateterismo intervencionista, tomografia computadorizada e ressonância magnética)7. CONCLUSÃO

Com o propósito de implementar o uso da medicina baseada em evidências na prática clínica, uma busca sistemática foi realizada, originando uma revisão integrativa que associa cardiopatias congênitas à síndrome do bebê azul.

A literatura médica mostra que a síndrome do bebê azul é amplamente estudada sob o ponto de vista cirúrgico, entretanto, ao aprofundar a pesquisa para o âmbito interdisciplinar, os pesquisadores apresentam informações conceituais e descritivas pautadas em revisões de literatura. Ao considerar a relevância do tema e a necessidade de conhecimentos norteadores para a tomada de decisão, observa-se que as evidências científicas ainda estão muito restritas ao campo hospitalocêntrico, dificultando a aplicabilidade dos conhecimentos adquiridos.

Diante disso, os resultados obtidos por meio dessa busca mostraram que publicações disponíveis sobre essa temática têm caráter escasso e heterogêneo, como também possuem natureza pouco conclusiva. Dessa forma, a realização de uma revisão integrativa sobre este tema foi um trabalho complexo e desafiador, repleto de questionamentos, os quais devem ter uma investigação mais profunda. Sugere-se, então, que pesquisas sistemáticas futuras devam explorar as áreas mencionadas no decorrer do texto, adotando uma visão mais conceitual e não uma abordagem restritiva. AGRADECIMENTOS

Ao professor e pediatra Cláudio Fernando Rodrigues Soriano pela orientação e direcionamento, bem como à professora e médica veterinária Ana Lydia Vasco de Albuquerque Peixoto, pelos esclarecimentos prestados e atenção dedicada a nós na elaboração desta revisão integrativa. REFERÊNCIAS

1. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. Atenção à saúde do recém-nascido: guia para os profissionais de saúde. Brasília: Ministério da Saúde; 2011. v.: Il. – (Série A. Normas e Manuais Técnicas).

2. Figueira FJSS, Alves JGB, Bacelar CH. Manual de diagnóstico diferencial em pediatria. Rio de Janeiro: MEDSI; 2002. p. 83-93.

3. Trevisan P, et al. Cardiopatias congênitas e cromossomopatias detectadas por meio do cariótipo. Rev Paul Pediatr 2014;32(2):267-291.

4. Ercan S, Çakmak A, Kösecik M, Erel O. The oxidative state of children with cyanotic and acyanotic congenital heart disease. Anadolu Kardiyol Derg 2009;9:486-490.

5. Souza MT, Silva MD, Carvalho R. Revisão integrativa: o que é e como fazer. Einstein 2010;8(1)102-6. 6. Duro RP, Moura C, Leite-Moreira A. Bases anatomofisiológicas da tetralogia de Fallot e suas implicações

clínicas. Rev Port Cardiol 2010;29:591-630. 7. Silva CMC, Fonseca L, Bravo-Valenzuela NJM. Cardiopatias cianogênicas. In: Paola AAV, Moreira MCV,

Montenegro ST. (Eds.). Livro-texto da Sociedade Brasileira de Cardiologia. 2 ed. Barueri, SP: Manole; 2015. p. 1511-1517.

8. Miyague NI, Binotto CN, Mateus SMC. Reconhecimento e conduta nas cardiopatias congênitas. In: Burns DAR, Júnior DC, Silva LR, Borges WG, Blank D., organizadores. Tratado de pediatria: Sociedade Brasileira de Pediatria. ed 4. Barueri-SP: Manole; 2017. p. 471-96.

9. Silva CMC, Silva LF, Guilhen JCS. Diagnóstico e tratamento das cardiopatias congênitas cianogênicas. In: Magalhães, CC, Serrano Jr. CV, Consolim-Colombo, FM, Nobre F, Fonseca FAH, Ferreira JFM, editores. Tratado de Cardiologia SOCESP. 3.ed. Barueri-SP: Manole, 2015. p. 1280-1296.

10. Bailliard F, Anderson RH. Tetralogy of Fallot. Orphanet J Rare Dis 2009;4(2):1-10. 11. Valmari P. Should pulse oximetry be used to screen for congenital heart disease? Arch Dis Child Fetal

Neonatal 2007;92:219-224. 12. Ross PA, Newth CJ, Robinder G, Khemani RG. Accuracy of Pulse Oximetry in Children. Pediatrics

2014;133:22-29. 13. Okoromah CA, et al. Prevalence, profile and predictors of malnutrition in children with congenital heart

defects: a case-control observational study. Arch Dis Child 2009;96:354-360. 14. Pinto Junior VC, Daher CV, Sallum FS, Jatene MB, Croti UA. Situação das cirurgias cardíacas congênitas no

Brasil. Rev Bras Cir Cardiovasc 2004;19(2):3-6.

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T126. Desenvolvimento de resistência devido ao uso indiscriminado de antibacterianos

João Coêlho Neto; Thalita Ferreira Torres; Maria Laryssa Feitosa Silva; Bruna Xavier Brito; Lara Cansanção Lopes de Farias; Matheus Simões de Oliveira; Natália Wanderley de Amorim; Beatriz Trindade da Rocha Silva; Pollyanna Carla Camêlo de Araújo Cotrim; Carla Roberta Vieira da Silva; Marcos Antonio Leal Ferreira; Leyna Leite Santos

Área Temática: Clínica Médica RESUMO Os antibacterianos são os antimicrobianos mais utilizados devido ao elevado número de infecções bacterianas existentes, e possuem como intuito a cura e profilaxia dessas. Por isso, estão entre os medicamentos mais vendidos e passaram a ser utilizados indiscriminadamente, e tal uso está relacionado à resistência bacteriana, acarretando consequências tais como: ineficiência do tratamento, comprometimento da qualidade de vida do paciente devido ao alto custo da medicação, altos gastos públicos pelo maior tempo de internação, e por fim, risco de morte. O objetivo do trabalho é abordar as causas e consequências do processo que leva ao desenvolvimento da resistência bacteriana, o perigo envolvido na prática do usoinadequado e abusivo dessas medicações, bem como analisar os mecanismos bacterianos e farmacológicos compreendidos na questão. Nesse estudo foi realizado uma revisão integrativa da literatura que utilizou as bases de dados Scientific Eletronic Library Online (Scielo), Pubmed/MEDLINE e Google Acadêmico. Desde a descoberta dos primeiros antibacterianos o homem e a bactéria disputam uma grande batalha, porém ela vem se mostrando um ser muito potente, superando as adversidades e conseguindo desenvolver resistência a esses medicamentos, um problema a ser combatido na atualidade. Assim, verificou-se a relevância do uso racional e adequado desses fármacos e também medidas preventivas como a educação em saúde que podem amenizar os índices alarmantes encontrados, bem como a importância de atualizações constantes por partes dos profissionais envolvidos no processo para evitar a criação de cepas multirresistentes. Palavras-chave: antibacterianos; resistência bacteriana; saúde pública; uso racional. INTRODUÇÃO

Os antimicrobianos são fármacos que possuem finalidade curativa e profilática, ao impedir o crescimento celular ou causar a morte de microorganismos. Podem ser de origem natural (antibióticos) ou sintética (quimioterápicos). E são classificados em: antivirais, antifúngicos, antiparasitários e antibacterianos. Devido ao elevado número de infecções bacterianas, os antibacterianos são os antimicrobianos mais utilizados, os quais foram desenvolvidos de acordo com o tipo de bactéria, o local e a gravidade da infecção. Por isso, passaram a ser utilizados indiscriminadamente, ficando entre os medicamentos mais vendidos no mundo. No Brasil, perdem lugar somente para os analgésicos/antitérmicos, ocupando assim o segundo lugar de medicamentos mais vendidos.1,2,3

Consoante estudo indiano, fatores como: o controle deficiente das instituições de saúde, a venda de antimicrobianos sem receita médica, a medicina popular, a falta de fiscalização da venda de antibacterianos e o surgimento de medicamentos genéricos, bem como procedimentos cirúrgicos, a falta de práticas de enfermagem e a hospitalização prolongada contribuem para o uso abusivo desse tipo de fármaco e desenvolvimento de resistência bacteriana.1,4

O presente artigo pretende analisar a resistência bacteriana aos antibacterianos, bem como a sua utilização indiscriminada. Essa análise poderá contribuir com o contexto social através da educação em saúde, ao levantar questões que serão exploradas no decorrer do trabalho, como: se o uso indiscriminado de antimicrobianos é o principal fator causal no incremento das taxas de resistência bacteriana; de que forma os mecanismos de adaptação desenvolvidos pelas bactérias aumentam os índices de resistência bacteriana; como o uso consciente por parte dos pacientes e também das prescrições médicas, isto é, a alteração nos padrões de uso resultaria em eventuais modificações nas taxas de resistência.

METODOLOGIA

Trata-se de uma revisão integrativa da literatura que utilizou as bases de dados Scientific Eletronic Library Online (Scielo), Pubmed/MEDLINE e Google Acadêmico com as seguintes palavras chave, em português e inglês: “antimicrobianos”, “farmacorresistência bacteriana”, “cefalosporinas”, “ampicilinas”, “anamnese”, “exame físico”, “antibióticos”, “vancomicina”, “antibacterianos”, “farmacologia”, “quinolonas”, “beta-lactâmicos” e “uso excessivo de medicamentos prescritos”, associados aos descritores booleanos AND. Foram recuperados 287 artigos. Após aplicar os critérios de inclusão: artigos com acesso livre e publicados em inglês, português ou espanhol e os critério de exclusão: artigos repetidos e artigos com nível de evidência D e E, selecionaram-se 26 artigos.

REVISÃO DE LITERATURA Exame clínico e epidemiologia

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a disseminação de resistência aos antibacterianos pode se justificar pelo uso inapropriado dos antimicrobianos em diversas situações clínicas, sem evidências que

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comprovem sua real indicação, sendo sua prescrição desnecessária em até 50% dos casos. Ademais, cerca 80 milhões de brasileiros são adeptos à automedicação, sendo o Brasil o quinto país do mundo que mais se automedica.3,5

Em qualquer circunstância, é imprescindível o reconhecimento das eventuais interações existentes entre os medicamentos previamente prescritos aos pacientes, iniciando por uma anamnese acurada, para, fundamentalmente, controlar os riscos potenciais daí provenientes.9 Surgimento dos antibacterianos e da resistência de bactérias

Alexander Fleming descobriu o primeiro antibacteriano, a penicilina, em 1928. Desde então, o homem e a bactéria disputam uma grande batalha, onde os antibacterianos vêm sendo derrotados por esses organismos.10

Dessa forma, é nesse contexto que surge a resistência bacteriana aos fármacos que agem contra eles. Essa resistência seria a capacidade de a bactéria impedir a ação do fármaco contra a mesma e ela consegue isso pela sua versatilidade de mecanismos de adaptação. Sua capacidade de adaptação aos diversos meios está associada às constantes mudanças que há na sua estrutura genômica, fazendo com que a bactéria adquira novas características que favoreçam a ela. Para que isso ocorra, há os elementos não cromossômicos que provocam mudanças no genoma bacteriano, são eles: plasmídios, transposons e até bacteriófagos. Estes últimos destroem as bactérias hospedeiras, mas podem carregar e espalhar genes bacterianos.11

Isso pode se dar por duas vias, a via intrínseca, na qual bactéria é naturalmente resistente ao antibacteriano, e a extrínseca, em que uma bactéria anteriormente sensível passa a adquirir resistência ao antibacteriano. O maior determinante do primeiro tipo é a presença ou não do alvo para ação da droga, bem como diferenças estruturais na parede de bactérias gram-positivas e gram-negativas podem diminuir a permeabilidade ao fármaco. Nesse segundo tipo, a resistência pode se dar por: mutação, processos de recombinação genética (conjugação, transformação e transdução) e por transposição (transposons).12,13

Dentre os mecanismos de resistência, podemos citar a mudança no sítio de ligação do fármaco, a diminuição na permeabilidade do fármaco à bactéria, por bombas de efluxo ou por inativação do antibacteriano.14 Além do DNA cromossômico, as células bacterianas podem conter plasmídios. Alguns plasmídios possuem genes responsáveis pela síntese de enzimas que destroem um antibacteriano antes que ele destrua a bactéria.16 Descobriu-se em 1974 que grande parte dos genes de resistência considerados plasmidiais ou cromossômicos estão localizados sobre transposons e apresentam as propriedades destes: disseminação rápida dentro da célula ou entre célula. Os transposons são segmentos de DNA com grande mobilidade, eles codificam a enzima transposase - responsável por sua transferência para outros segmentos de DNA, o que favorece as mutações na bactéria e, consequentemente o surgimento de mutações. Eles criam as variações invadindo diversos sítios do DNA hospedeiro, mas às vezes exageram, produzindo mutações letais.16

Dessa forma, a resistência bacteriana é um problema a ser combatido. Mesmo usando-se corretamente um antibiótico, a sua pura exposição já faz com que as bactérias iniciem mecanismos de resistência. Isso se torna um problema ainda mais sério quando há o uso de forma inadequada dos antibióticos, já que, com isso, favorece uma maior seleção natural, otimizando todo o processo descrito anteriormente.17 Penicilinas

As penicilinas e outros betalactâmicos são uma das classes de antibacterianos mais antigas e amplamente utilizadas. Como mecanismo de ação, elas inibem a síntese da parede celular por inativarem as enzimas denominadas de proteínas de ligação às penicilinas (PLPs) e suas atividades de glicosiltransferase e transpeptidase(TP), causando desequilíbrio nas atividades de síntese e destruição. O alvo primário de betalactâmicos é o sítio ativo das TP das PLPs sintéticas, o qual está covalentemente modificado pela droga. No entanto, como existem muitos tipos de PLPs, o betalactâmico pode não conseguir se ligar à PLP de bactérias específicas, seja por resistência natural ou adquirida dessas.18

A resistência às penicilinas se deve à produção de betalactamases, modificação das proteínas de ligação às penicilinas e redução da permeabilidade da parede celular ao antibacteriano (apenas para bactérias gram-negativas). Nestas, a camada de peptidoglicano está na superfície celular, o que facilita a penetração do medicamento. Já a parede celular das gram-negativas é mais complexa, pois, apesar de uma delgada camada de peptidoglicano, elas possuem uma membrana externa de lipopolissacarídeos, a qual atua como barreira seletiva de componentes que entram na bactéria. A produção das betalactamases ocorre pela ativação de um gene que, outrora, encontrava-se inativo. Por isso, desenvolveram-se inibidores de betalactamase, os quais podem ser adicionados aos betalactâmicos, como o ácido clavulânico, sulbactam e tazobactam, a fim de impedir sua hidrólise e aumentar o seu espectro de ação.19,20

Por fim, os micro-organismos podem ser intrinsecamente resistentes aos betalactâmicos se tiverem PLPs estruturalmente diferentes do sítio de ligação dos betalactâmicos ou podem desenvolver resistência adquirida por diminuição da afinidade de suas PLPs a estas drogas, como nos estafilococos meticilina-resistentes, pneumococos penicilina-resistentes e em cepas de Streptococcus pneumoniae. Essa produção de PLPs diferentes pode se dar por acúmulo de mutações ou transferência de genes entre espécies.19

Estudos apontam que mais de 90% de cepas de S. aureus desenvolveram resistência à penicilina e de 20 a mais de 80% são resistentes à meticilina. Em algumas populações, a resistência em Streptococcus pneumoniae à penicilina é superior a 50%. Portanto, os dados convergem para um índice crescente e preocupante de resistência aos betalactâmicos.5,20 Betalactâmicos penicilinase-resistentes

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São betalactâmicos semissintéticos que foram desenvolvidos para resistir à ação hidrolítica das penicilinases, como a oxacilina e a meticilina. Entretanto, pela produção excessiva dessa enzima mediada por plasmídeo em algumas cepas, esses medicamentos são lenta e significativamente degradados. Outro mecanismo de Resistência é a presença do gene mecA, que codifica uma PLP diferente, a PLP2a, a qual mantém íntegra a parede celular.4,20,21 Cefalosporinas

A hidrólise do anel betalactâmico é a forma de resistência mais comum às cefalosporinas, sendo as betalactamases cromossômicas da Classe I as de maior relevância. Essas enzimas são produzidas pela maioria das bactérias gram-negativas, variando o modo e quantidade de produção nas diferentes espécies, podendo aumentar significativamente com a exposição aos betalactâmicos e com o surgimento de mutações. Porém, não se deve relacionar somente a produção de betalactamases com a suscetibilidade bacteriana, visto que existem outros mecanismos de resistência e algumas cepas produtoras de tais enzimas são sensíveis a determinados antibacterianos22.

Cefalosporinas têm uma sensibilidade variável a betalactamases. Por exemplo, agentes de primeira geração, como cefazolina e cefalotina, nos quais a primeira é mais susceptível à hidrólise pela betalactamase de Staphylococcus aureus do que a segunda, são menos resistentes às betalactamases produzidas por bactérias gram- negativas do que cefoxitina e cefuroxima - agentes de segunda geração – e cefalosporinas de terceira geração. Em contrapartida, as de terceira geração são mais susceptíveis à betalactamase cromossômica do tipo I. Já as de quarta geração são pobres indutoras desse tipo de betalactamase e, dessa maneira, são mais resistentes à hidrólise23.

Essa indução de resistência pelas cefalosporinas de terceira geração deve-se ao aumento desses agentes, juntamente com cefalosporinas de segunda geração e carbapenêmicos, no tratamento de infecções nosocomiais causadas por bactérias aeróbias gram-negativas, como P. aeruginosa, Enterobacter sp. e Serratia. Dessa maneira, o seu uso tem sido limitado, permitindo que as cefalosporinas de quarta geração assumam um papel muito importante no êxito do tratamento dessas infecções5,23. Carbapenêmicos

A seleção de cepas resistentes de P. aeruginosa a carbapenêmicos, principalmente imipenem e meropenem, os quais são considerados os betalactâmicos mais potentes contra bactérias gram-negativas e os únicos carbapenêmicos disponíveis no Brasil, tem comprometido o sucesso do tratamento dos pacientes. Essas cepas são produtoras de metalo-β-lactamase (MβL), que são capazes de inativar antibióticos betalactâmicos através de hidrólise e bombas de efluxo24. Assim, o surgimento desses mecanismos de resistência é um problema de saúde pública, principalmente devido à expressão de MβLs serem codificadas por genes ligados aos elementos móveis, de fácil propagação. Dessa maneira, medidas para o controle da disseminação de cepas MβL-positivas e a identificação adequada das mesmas para orientar as escolhas terapêuticas podem reduzir as taxas de mortalidade24.

Nesse contexto, carbapenêmicos eram a única opção de tratamento para infecções graves causadas por cepas de E. coli resistentes à Cefalosporinas de terceira geração, o que levou a um aumento da expansão de resistência a esses fármacos. Porém, K. pneumoniae é a principal causa de infecções provocadas por bactérias resistentes a carbapenêmicos, pois todos os genes responsáveis por esse mecanismo são apresentados por essa bactéria, tornando ineficazes quase todas as opções de tratamento5.

Dessa maneira, as infecções graves causadas por E. coli e K. pneumoniae resistentes à cefalosporinas de terceira geração devem contar com carbapenêmicos, os quais são o último recurso terapêutico para as mesmas. Porém, esses antibacterianos possuem um alto custo, geralmente não estão disponíveis em ambientes com pouco recursos e podem induzir ainda mais o desenvolvimento de resistência5. Fluoroquinolonas

As fluoroquinolonas, os quais são antimicrobianos sintéticos que se diferenciam das quinolonas pela presença de um átomo de flúor. Possuem espectro de ação ampliado, altamente eficazes no tratamento de infecções causadas por bactérias gram-negativas e gram-positivas. Esses fármacos agem na síntese do DNA bacteriano por meio da inibição das enzimas DNA-girase e topoisomerase IV. Dessa maneira, a resistência pode se dar por meio de alterações dessas enzimas alvo, dentre elas mutações na DNA-girase, as quais ocorrem frequentemente em bactérias gram-negativas resistentes a fluoroquinolonas e mutações em Topoisomerase IV, as quais predominam em bactérias gram-positivas resistentes25.

Além disso, pode ser desenvolvida através de alterações no acesso do fármaco, impedindo-o de atravessar a parede celular da bactéria por meio de mecanismos, como expressão de bombas de efluxo associadas à membrana, que bombeiam o antibacteriano para fora da célula bacteriana. Ademais, outra forma de resistência pode ser mediada por plasmídeos que produzem a proteína QNR, a qual protege os alvos a partir da inibição do fármaco. Essa proteína induz resistência de baixo nível, porém a sua presença facilita o desenvolvimento de mutações, podendo levar ao surgimento de resistência de alto nível26. As fluoroquinolonas estão em terceiro lugar entre os antimicrobianos mais vendidos no Brasil. Devido à sua importância clínica, houve o aumento da resistência, principalmente entre espécies da família enterobacteriaceae25,27. Glicopeptídeos

Os glicopeptídeos são antibacterianos de espectro estreito, bactericidas e ativos, principalmente, contra organismos gram-positivos. Possui indicação para infecções resistentes a outros antimicrobianos ou para pacientes alérgicos às penicilinas ou cefalosporinas. São moléculas de alto peso molecular e, por isso, não conseguem

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ultrapassar a membrana externa dos microrganismos gram-negativos. O mecanismo de ação da droga consiste na inibição da biossíntese da parede celular bacteriana pela a inibição da síntese dos peptidoglicanos2,21,28.

Esta classe de medicamento interrompe a síntese da parede celular bacteriana na medida em que se liga com alta afinidade à porção C-terminal dos resíduos de D- alanil-D-alanina de precursores da parede celular ligada a lipídios. Dessa forma, inibe-se a polimerização do ácido N-acetilmurâmico e se bloqueia a adição de novas unidades do monômeros de peptidoglicano em crescimento. Como resultado, impede as ocorrência de ligações cruzadas entre as cadeias laterais de peptidoglicano, que conferem rigidez à parede celular28,29.

A vancomicina, um dos principais representantes da classe, geralmente não é a primeira escolha no tratamento de infecções devido aos seus efeitos adversos, especialmente nefrotoxicidade. Todavia, é considerada o fármaco de escolha para o tratamento de Staphylococcus aureus resistentes a meticilina (MRSA) – apresentam resistência cruzada a todos os betalactâmicos atualmente licenciados, embora seja crescente a sua utilização para o tratamento de infecções por pneumococos penicilina-resistentes e colite pseudomembranosa devido a Clostridium difficile. Linezolida, daptomicina e tigeciclina são outras opções de glicopeptídeos para o tratamento de patógenos gram-positivos resistentes4,21,28,30.

O uso indiscriminado de vancomicina - especialmente anos de exposição das bactérias a concentrações subinibitórias - gera uma pressão seletiva para o desenvolvimento de cepas de S. aureus resistentes à vancomicina (VRSA) ou com resistência intermediária (VISA) e Enterococcus resistentes à vancomicina (VRE)4. CONCLUSÃO

As causas da resistência aos antibióticos são complexas e incluem o comportamento humano em sociedade, assim suas consequências afetam a população de uma forma global. São necessários esforços conjuntos e múltiplas intervenções para enfrentar esse desafio de preocupação crescente para o futuro da saúde da população. No entanto, a ação coordenada é praticamente inexistente, especialmente a nível político, tanto a nível nacional como internacional. Os antibióticos abriram o caminho para desenvolvimentos médicos e sociais sem precedentes, e hoje são indispensáveis em todos os sistemas de saúde. Por esse motivo, medidas de controle da resistência microbiana fazem-se relevantes para que se possa continuar a usufruir de forma plena desse recurso indispensável para a medicina e depende de vários fatores. Dentre eles, a detecção do perfil de resistência microbiana em hospitais, a implementação de medidas de controle de infecção hospitalar e desenvolvimento de protocolos terapêuticos para infecções prevalentes. Somam-se ainda programas de prevenção educacionais para usuários que visem à diminuição das taxas de infecção e de transmissão, através da imunização, lavagem das mãos e higienização dos alimentos.

Além disso, a promoção do uso racional de antimicrobianos por parte dos usuários e também dos profissionais de saúde envolvidos nesse contexto são de extrema urgência. Ademais, são necessárias precauções de contato até que os pacientes sejam comprovadamente negativos para bactérias multirresistentes e a melhoria da notificação dessas bactérias nas unidades de saúde. Diante disso, a revisão integrativa da literatura realizada verificou a relevância do uso racional dos antibacterianos para evitar o desenvolvimento de resistência bacteriana. Portanto, é dever do profissional ter conhecimento dos sinais e sintomas da infecção bacteriana, das interações medicamentosas e obter esses dados através de uma anamnese esmiuçada para a segurança da prescrição adequada, sabendo transmitir de forma simples e compreensível o uso correto do medicamento. Além do mais, buscar atualizações sobre as principais bactérias que induzem resistência e os antibacterianos correspondentes, bem como as novas opções farmacêuticas utilizadas em substituição a esses. Dessa maneira, as mudanças necessárias para a inversão do alarmante quadro atual de bactérias resistentes, passa pela propagação de informação através da educação em saúde e conscientização do assunto por parte dos usuários e profissionais de saúde envolvidos no processo saúde-doença.

AGRADECIMENTOS

À professora e endocrinologista Leyna Leite Santos pela orientação e esclarecimentos prestados a nós no desenvolvimento desta revisão de literatura. REFERÊNCIAS

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T127. Desigualdade de gênero como fator de risco para as infecções sexualmente transmissíveis em mulheres

Ana Fabyolla Galindo Ventura; Rafaela Brandão da Silva Almeida; Cristiane Monteiro da Cruz

Área Temática: Saúde da Mulher RESUMO Objetivo: Analisar a relação entre as diferenças de gênero e o desenvolvimento de infecções sexualmente transmissíveis (IST) em mulheres. Métodos: Trata-se de uma revisão de literatura a qual procura reunir e sintetizar as produções já existentes, publicadas nas últimas duas décadas, acerca do tema abordado. Resultados e Discussão: As desigualdades de gênero são frutos de construções sociais que produzem relações desiguais entre homens e mulheres. Consequentemente, relações de poder são instituídas e as mulheres muitas vezes se submetem as decisões do parceiro. O autoritarismo impõe um quadro de submissão que recai sobre a saúde das mulheres, tornando-as vulneráveis a patologias em geral. Os estudos apontaram uma baixa adesão ao uso do preservativo nas relações sexuais tanto em relação ao público feminino quanto ao masculino, devido a diversos fatores como as próprias iniquidades de gênero, as quais criam papéis diferenciados para homens e mulheres, assim como crenças e ideologias; a confiança no parceiro como fator de proteção; e a dificuldade das mulheres em dialogar e propor o uso da camisinha com seu parceiro. Mesmo com o empoderamento e a emancipação sexual feminina, algumas mulheres ainda são vítimas de uma sociedade sustentada nas desigualdades de gênero, levando-as a se submeterem á comportamentos sexuais de risco e, consequentemente, a maiores chances de contrair infecções sexualmente transmissíveis. Conclusão: a assimetria entre os gêneros repercute seriamente na saúde das mulheres, sendo assim, é de grande importância que os profissionais de saúde contribuam para o empoderamento feminino, incentivando o uso do preservativo, praticando a educação em saúde, orientando sobre a importância do diálogo com o parceiro, e o uso do preservativo como importante método de prevenção das IST. Palavras-chave: Camisinha. Comportamento sexual de risco. Gênero e saúde. INTRODUÇÃO

As desigualdades de gênero são construções sociais capazes de produzir relações assimétricas entre homens e mulheres, culminando em relações de poder nas quais a mulher, em grande parte das culturas existentes, adquire um papel de subserviência1. A masculinidade e a feminilidade são vistas de maneiras bem diferentes. Os homens são vigorosos, resistentes, mantenedores do lar. Já as mulheres são frágeis, atribuídas aos deveres do lar e ao cuidado da família. Essa assimetria de gênero também recai sobre questões relacionadas à saúde2, causando graves impactos nas mulheres, particularmente quando envolve questões relacionadas a sexualidade e mais precisamente a recusa do parceiro quanto ao uso do preservativo1.

Percebe-se então que estes riscos associados a atividade sexual são resultados desta disparidade nas questões de gênero a qual permite que o homem tenha uma maior autoridade na relação, dificultando que a mulher tenha um controle mais significativo referente a uma prática sexual segura, o que vem a impactar em uma maior vulnerabilidade quanto a infecções sexualmente transmissíveis3,4.

Essa revisão de literatura tem como objetivo analisar, a partir da literatura publicada nas últimas duas décadas, a relação entre as diferenças de gênero e o adoecimento das mulheres por infecções sexualmente transmissíveis. METODOLOGIA

Trata-se de uma revisão de literatura a qual procura reunir e sintetizar as produções já existentes acerca do tema abordado. A busca de artigos foi realizada nas seguintes bases de dados: LILACS, Scielo e Google Acadêmico. Os descritores escolhidos a partir da consulta DeCS foram: saúde do homem; masculinidade; preservativo; camisinha; gênero e saúde; utilizados em diferentes combinações. 157 artigos foram encontrados, dos quais 21 artigos foram selecionados. Os artigos publicados entre os anos de 2000 a 2017 foram incluídos, disponíveis eletronicamente, completos, publicados nas línguas portuguesa, e inglesa, estudos observacionais, transversais e experimentais com abordagem quantitativa e qualitativa e excluídas revisões de literatura. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A vulnerabilidade compreende-se como a possibilidade de exposição ao adoecimento, através do individual, o social e o programático1. O aspecto individual está relacionado ao nível e qualidade de informação que os indivíduos tem sobre a problemática em questão, assim como seu interesse e possibilidade de usufruir dessas informações para se proteger. O componente social, por sua vez, envolve o acesso aos meios de comunicação, recursos materiais e fatores políticos. Já o aspecto programático diz respeito a políticas públicas de prevenção e cuidado referentes ás infecções sexualmente transmissíveis. Ou seja, as condições que geram essa vulnerabilidade não ocorrem de maneira isolada1.

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Atualmente está cada vez mais comum o início de uma vida sexualmente ativa ainda na adolescência, quando muitos destes jovens não acessaram, ainda, informações, seja em âmbito escolar ou familiar; necessárias para essa prática. Essa falta de informações, associada as características da própria adolescência, pode ser um fator condicionante para gravidez indesejada, abortos e infecções sexualmente transmissíveis – IST – que irão repercutir em todos seus aspectos da vida5.

A iniciação sexual é um fenômeno que envolve a afirmação da masculinidade, que determina pensamentos e atitudes, construções sobre a feminilidade e a procura por autonomia – “tornar-se homem” e “fazer-se mulher” – criando assim, ideias diferentes do que se compreende por masculino e feminino5. Nas normas socioculturais, a sexualidade deve ser exercida, já que é considerada como um atributo da masculinidade. Esta última, por sua vez, pode ser definida como uma série de atributos, valores, obrigações e comportamentos que se esperam de um homem em uma determinada cultura6, sendo assim, os meninos são incentivados a serem fortes, viris e a desmontarem sua masculinidade. Muitos garotos, durante a adolescência, sofrem pressões para provar que não são “gays’’, resultando em uma iniciação sexual muitas vezes precoce. Por outro lado, as meninas ainda são aconselhadas a atrasar ao máximo a sexarca7. É marcante que em relação a educação sexual, a informação circula de formas diferentes para meninos e meninas. Romero e colaboradores observam que a comunicação sexual entre as adolescentes e seus pais vem se ampliando8. No entanto, o diálogo ainda é superficial, faltando muitas vezes esclarecimento sobre a importância de alguns cuidados e do conhecimento correto sobre autilização dos métodos de contracepção. A família, muitas vezes, comporta-se regulamentando a sexualidade e as orientações para as garotas são de proibição, ou seja, são passadas regras de conduta as quais estão sustentadas em valores que priorizam a conservação do sistema familiar. Esse acesso restrito ao diálogo sobre sexo, faz com que as adolescentes procurem meios informais de informações, distante do olhar dos seus pais8.

O comportamento sexual das mulheres passou por uma série de transformações desde a década de 60, com o movimento feminista, que contribuiu para uma emancipação sexual feminina5. De acordo com Geluda9, foi possível observar que muitas adolescentes vêm assumindo um papel ativo ao lado de aos seus parceiros e que as relações desiguais de poder mesmo existentes, não as comprometem. Percebe-se então a existência de mudanças nos papéis de genêro9. Por outro lado, antigos padrões ainda persistem, permitindo que muitos homens ainda assumam atitudes machistas e que algumas mulheres ainda se comportem de forma submissa5.

Muitas mulheres ainda mantêm em suas crenças a demarcação dos papeis sociais a elas destinados, ou seja, a procriação, o cuidado com os maridos e com os filhos. Percebe-se então que ainda existe uma educação voltada para esse enfoque em que as mulheres são as responsáveis pelo cuidado da casa e da família. A sociedade ainda legitima e valida a diferença determinada entre os sexos, construindo o papel de cada gênero10. Alguns pontos são marcantes nessa construção, como a responsabilidade da prevenção de uma gravidez, por exemplo, considerada, para muitos adolescentes, como sendo da garota, já que é um fenômeno que ocorre exclusivamente no corpo dela. Há também uma certa divisão bem diferenciada no que tange às responsabilidades em relação ao papel de pai e mãe. O garoto quando se torna pai tem que trabalhar para ajudar no sustento da criança e ser companheiro da garota, conversando com ela e compreendendo-a. Já em relação a menina que se torna mãe, a realidade se transforma, quando ela engravida. Os grupos sociais consideram que a garota “perde a juventude”, sente as dores do parto, é a responsável pelos cuidados com o bebê, não pode sair para se divertir, precisa ser mais responsável e precisa parar de estudar por algum tempo11. No estudo realizado por Torres12, os adolescentes participantes da pesquisa expuseram, a partir de suas falas, diversas condições que os levam a ter comportamentos sexuais de risco. Para os garotos, essas condições compreendiam tanto a confiança na namorada quanto o sexo ser melhor sem o uso do preservativo. As garotas, por outro lado, demonstraram um certo nível de subordinação às vontades masculinas apresentando-se submissas ás decisões do parceiro, aceitando o sexo desprotegido. No estudo, foi possível perceber que algumas adolescentes receavam o fim do relacionamento com a proposta do uso da camisinha, seja por desconfiança do parceiro ou pelo fato de a camisinha sugerir infidelidade. A virgindade da menina, também é outro motivo para o não uso do preservativo. Para os garotos, a virgindade é um fator de segurança para que eles não contraiam doenças e, por tanto, estão livres para não usar o preservativo12. Mais uma vez, observa-se que muitos padrões estabelecidos na sociedade prejudicam o estilo de vida dos homens e das mulheres13.

No estudo realizado por Nascimento14, observou-se uma baixa adesão das mulheres ao uso do preservativo nas relações sexuais, que se torna ainda mais preocupante devido a força diminuída de algumas mulheres em tomar decisões relacionadas ao uso de preservativos com seus parceiros. Segundo Sousa15, a não utilização de preservativo para a grande maioria das mulheres em seu estudo deve-se à uma certa confiança que a mulher tem em seu parceiro ou por dificuldades de diálogo sobre o assunto com o parceiro15. Neste sentido, as escolhas referentes a proteção nas relações sexuais, geralmente, são de competência masculina e, como resultado, as mulheres tornam-se subordinadas às possibilidades autoritárias de negociação, acarretando na permanência do conservadorismo nodiz respeito ao diálogo sobre sexo entre homens e mulheres, fazendo com que a decisão final seja tomada pelos homens14. A transmissão cultural realizada no decorrer da existência feminina, faz com que muitas mulheres aprendam e internalizem mecanismos de submissão ao homem. Ela aprende a obedecer e preservar a família. É um vínculo difícil de ser rompido10.

Diante disso, percebe-se que os valores machistas, acentuam também a vulnerabilidade das mulheres ás infecções sexualmente transmissíveis1. Segundo Francisco2, os homens utilizam e possuem preservativos a sua disponibilidade cotidianamente com uma frequência maior em relação as mulheres, no entanto, eles afirmam que a camisinha atrapalha o ato sexual, além de serem mais impulsivos e assumem que, para não perderem a oportunidade de fazer sexo, acabam se expondo a comportamentos de risco. Diante disto, percebe-se que os papéis relativos aos

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homens e as mulheres, resultados de uma construção social histórica, provocam situações assimétricas entre os gêneros, culminando, por exemplo, na vulnerabilidade das mulheres ao adoecimento2.

Percebe-se ainda a existência da crença de que o amor da mulher dispende abnegação e aceitação e que o homem tem uma natureza sexual incontrolável, sendo compreensível o envolvimento deste com qualquer tipo de relacionamento, até mesmo o extraconjugal16. A crença de que a ausência de fidelidade do marido é responsabilidade da esposa, ainda persiste. Para os participantes de uma pesquisa realizada com homens heterossexuais casados, a fidelidade se mantém quando a mulher é “sedutora” ou “criativa”. Porém, quando a esposa evita o marido, “força-o” a procurar sexo com outras mulheres. Além disso, há a ideologia de uma “natureza” masculina que determina a necessidade por sexo, um instinto animal incontrolável, que dificulta que o homem negue sexo com outras mulheres16.

O uso da camisinha para os participantes do estudo de Silva16, foi identificado como necessário quando há relação sexual com pessoas “desconhecidas”, ou seja, nas relações extraconjugais. Isso denota que ainda existe um pensamento “supersticioso” de que “conhecer uma pessoa” é um fator de segurança para não contrair doenças sexualmente transmissíveis. No casamento, a camisinha está associada à contracepção, mas, quando não há outro método contraceptivo disponível, torna-se um método secundário. Além disso, para os entrevistados na pesquisa, o uso do preservativo na relação conjugal poderia sugerir infidelidade, gerando desconfiança16. No estudo de Maia 17, observou-se que os homens só associavam a possibilidade de contrair o vírus da AIDS fora do ambiente domiciliar, o que torna ainda mais difícil a discussão sobre o assunto entre os casais17.

A confiança no parceiro(a) como aval para o sexo desprotegido é demonstrado em vários estudos, como em Garcia18. Para os entrevistados, nas práticas sexuais, com pessoas desconhecidas, é feito o uso do preservativo. Em relacionamentos monogâmicos, por sua vez, usa-se a camisinha no período inicial do relacionamento, quando os laços de confiança e intimidade ainda não se solidificaram. Após esse período, o uso do preservativo não seria mais necessário18. No estudo realizado por Ribeiro19, 54,5% dos entrevistados não usam preservativo porque confiam no parceiro; 54,4% não usam porque praticam sexo com o mesmo companheiro19. Rebello, destaca que há também, por parte do público masculino, a ideia de que os homens nem sempre conseguem usar o preservativo devido a sexualidade masculina ser desenfreada e que no sexo, o prazer e a emoção se sobressaem a razão6. Neste sentido, observa-se que certos modelos culturais de gênero podem comprometer o uso do preservativo, através de determinadas crenças, como a de que o uso do preservativo pode ser ruim tanto para os homens quanto para as mulheres, pois, em relação a eles, a camisinha “retém algo que deveria ser solto e jogado no útero da mulher”, e, no caso delas, porque deixam “seu útero seco, já que este deveria ser molhado pelo sêmen do homem”20. Existe também o reforço da masculinidade quando alguns homens afirmam não temerem o risco de contrair doenças sexualmente transmissíveis7.

A sexualidade masculina associada a um caráter indomável e incontrolável por sexo, o que faz com que o homem tenha que satisfazer-se de forma imediata, evidencia a existência de uma forte ideologia patriarcal enraizada na sociedade21. A crença extensamente generalizada de que o homem não consegue controlar seus impulsos sexuais e que pode ser visto como “menos homem” ao recusar-se a fazer sexo, colocam os homens em situações de vulnerabilidade sexual e, consequentemente, suas parceiras7. Para alguns homens, a esposa precisa confiar no marido e, por tanto, o uso do preservativo não deve ser sugerido por ela. Por outro lado, sugerir a esposa o uso da camisinha é uma grande dificuldade, já que isso pode confirmar uma possível traição. O receio de ser “descoberto” leva alguns homens a manterem relações sexuais desprotegidas com suas esposas mesmo sabendo que contraiu uma doença sexualmente transmissível21. Percebe-se que, o homem muitas vezes assume um papel de coadjuvante no que diz respeito a saúde mulher7. Assim, muitos consideram que o cuidado não é prerrogativa do homem, mas da mulher6. Em muitos casos, quando a mulher assume a iniciativa de sugerir o uso da camisinha na relação sexual, é considerada pelo homem como sendo “fácil” ou “sem valor”. Dessa forma, levar a camisinha consigo para o possível uso, seria atribuição do homem, e não da mulher. Por outro lado, é importante destacar que frequentemente ocorre a culpabilização das mulheres nos casos de infecções sexualmente transmissíveis ou de gravidez não planejada, tornando-a a única responsável pelo cuidado de si e do seu parceiro. Essa visão atribui à mulher uma função de cuidadora, relacionada às ocupações domésticas e ao bem-estar dos membros da família1.

No estudo de Garcia18, as mulheres entrevistadas afirmaram não usar camisinha devido a recusa do parceiro e outras afirmaram que, se pudessem escolher, não praticariam sexo desprotegido, no entanto, para essas participantes, essa decisão deve ser tomada pelo parceiro e, sendo assim, ficam subordinadas aos cuidados de prevenção de seus maridos, esperando que eles se previnam durante as relações sexuais com outras mulheres18. CONCLUSÃO

A análise dos estudos demonstrou que as desigualdades de gênero ainda persistem e contribuem para a vulnerabilidade das mulheres ás infecções sexualmente transmissíveis. Essa assimetria entre os gêneros repercute seriamente na saúde das mulheres. Neste sentido, é importante que os profissionais de saúde contribuam para o empoderamento feminino, incentivando o uso do preservativo, praticando a educação em saúde, orientando sobre a importância do diálogo com o parceiro, e o uso do preservativo como importante método de prevenção das IST. Os profissionais de saúde também precisam estar cientes sobre a importância do incentivo da igualdade de gênero para a saúde da população feminina. REFERÊNCIAS

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T128. Educação ambiental: promoção da saúde e qualidade de vida

Camila Neves de Melo Cavalcanti; Adam Rolim Machado; Adalberto Gomes das Graças Bisneto; Larissa de Paula Melo; Maria Laryssa Feitosa Silva; Marcus Vinícius de Andrade Silveira; Natalia Omena Balbino Alves; Yuri de

Lima Ribeiro; Ana Paula de Almeida Portela da Silva; Geórgia de Araujo Pacheco Área Temática: Medicina Preventiva RESUMO Em meados da década de 60, discute-se pela primeira vez os primórdios do que mais tarde se tornaria o conceito de Educação Ambiental (EA). Nasceu da preocupação cada vez mais marcante das comunidades internacionais em redigir normas para o tratamento da relação ambiente-saúde do ser humano. A partir daí vários modelos teóricos e práticos de leis que amparam o bem-estar do meio ambiente e seu equilíbrio com a condição de vida humana, foram acrescentados às legislações em países ditos de primeiro e segundo mundo, incluindo o Brasil. Neste, além do amparo legal obtido através de artigos de leis, incluiu-se a preocupação, inerente à preservação, em passar aos cidadãos a melhor forma de lidar com a complexa cadeia de atitudes que leva a considerar a EA como atuante. Visto que, após ser adotada a intenção da prática, não se tinha um conceito claro e definido de EA, existiram várias tentativas frustradas de conclusão. Por fim, em 1977, países participantes da Organização das Nações Unidas (ONU), em sua maioria, adotaram o seguinte conceito: “Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade”. O conceito de EA torna amplo o seu sentido e mais ainda a abrangência da sua prática. Para ter ideia da efetividade da EA em uma determinada população, deve-se conhecer sua qualidade de vida (percepção do indivíduo sobre sua posição de vida no contexto do sistema de cultura e de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações), como se dá o seu desenvolvimento econômico, e, principalmente, como é a saúde em seus níveis organizacionais. A partir daí, podemos ter controle restritivo e personalizado de como aplicar os modelos de inclusão da EA e seus padrões, incluindo todos os aspectos do meio ambiente, buscando convergir à resolução de problemas socioambientais e principalmente, a prevenção dos mesmos. Palavras-chave: Educação ambiental. Qualidade de vida. Saúde. INTRODUÇÃO

A Educação Ambiental (EA) é a modalidade da educação voltada às questões ambientais, não se podendo esquecer que essas questões se enraizaram em causas socioeconômicas, políticas e culturais, ou seja, pode ser entendida como um processo que busca desenvolver a consciência e preocupação com o meio e com os problemas existentes1. Nesse sentido, surge necessidade de olhar com maior preocupação para poluição sonora e visual, o trânsito e a falta de mobilidade urbana, além do saneamento básico, as relações pessoais, a água, o ar, enfim, tudo o que possa levar à degradação local e global do ambiente2. Ampliou-se a consciência de que a saúde, individual e coletiva, nas suas dimensões física e mental, está intrinsecamente relacionada à qualidade do meio ambiente. Essa relação tem se tornado mais evidente para a sociedade devido à sensível redução da qualidade ambiental, verificada nas últimas décadas, consequência do padrão de crescimento econômico adotado no país e de suas crises2.

Portanto, é importante estabelecer a relação de causa e efeito a que estão expostos. Atualmente, muitos problemas na saúde das pessoas são causados pelo meio em vivem, assim, quanto mais urbanizado e industrializado o país se torna, mais o meio ambiente sofre alterações e, consequentemente a população é afetada2. Diante do exposto, a temática justifica-se pela importância da educação ambiental para a promoção da saúde e qualidade de vida da população em geral. Este estudo tem como objetivo realizar uma revisão de literatura sobre a Educação Ambiental, enfatizar a promoção à saúde e à qualidade de vida, bem como correlacionar a disseminação, ampliação e integração com a sociedade em geral. A abordagem visa também articular os conhecimentos das áreas básicas da Medicina. METODOLOGIA

Trata-se de resumo expandido de revisão de literatura, Trata-se de um resumo expandido de revisão de literatura referente à edução ambiental na atualidade. Foram realizadas buscas nas bases de referências bibliográficas SciELO, PUBMED, e BIREME. A estratégia de busca nas bases acimas referidas foi baseada na pesquisa da seguinte chave: educação ambiental; educação ambiental AND saúde; educação ambiental AND qualidade de vida. Foram encontrados 234 artigos, dos quais foram selecionados 11. DISCUSSÃO Histórico

Em 1965, na Universidade de Keele – Grã-Bretanha – foi realizada a Conferência de Educação e a expressão “Educação Ambiental” (EA) foi utilizada pela primeira vez. Posteriormente, em 1972 em Estocolmo – Suécia – ocorreu a Primeira Conferência Mundial sobre o Homem e o Meio Ambiente, Conferência de Estocolmo em que foi recomendada (Recomendação Nº 96) a adoção de medidas necessárias para um Programa Internacional de

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Educação Ambiental. No ano seguinte, em 1973 houve o primeiro registro mundial de Programa em Educação Ambiental. Na Finlândia, em 1974, ocorreu o Seminário de Educação Ambiental onde foi reconhecida a Educação Ambiental como educação integral e permanente3. Já no ano 1975, ocorreu em Belgrado – Sérvia – a elaboração da carta de Belgrado onde foram estabelecidos as metas e os princípios da Educação Ambiental. No ano de 1976, contudo, foram realizadas duas reuniões: uma no Peru no qual foi concluído que as questões ambientais na América Latina estão ligadas às necessidades de sobrevivência e aos direitos humanos; e outra, na África, em que, através do Congresso de Educação Ambiental, a pobreza foi reconhecida como o maior problema ambiental. No ano seguinte, em 1977, na Geórgia, aconteceu a primeira Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental, que estabeleceu os princípios orientadores da EA e remarca seu caráter interdisciplinar, crítico, ético e transformador3. Somente em 1986 foi realizada a primeira Conferência Internacional sobre Promoção de Saúde em Ottawa, em que foi mencionado o termo educação em saúde e assinada a Carta de Ottawa. Já em 1992 no Rio de Janeiro ocorreu a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento onde aconteceu a formulação do Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis (compromissos da sociedade civil com a Educação Ambiental e o Meio Ambiente), além da Carta Brasileira de Educação Ambiental (necessidades de capacitação de profissionais na área)3. Educação Ambiental – Direitos Legais Brasileiros Na Constituição Federal, 1988, através do artigo 196, a saúde foi legitimada como direito de todos e dever do Estado, como também, mediante o estabelecimento de políticas sociais e econômicas, que visam à redução do risco de doença e de outros agravos, foigarantido o acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para sua promoção, proteção e recuperação. Já no artigo 225 e 225, VI estabeleceu-se que cabe ao Poder Público promover a Educação Ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização da coletividade para a preservação do Meio Ambiente, sendo dever de todos defendê-lo. Para que tudo isso ocorra, é preciso formar humanos conscientes, críticos e éticos. Assim, cabe à EA contribuir para o processo de transformação da sociedade atual, resgatar valores como respeito à vida e à natureza, favorecendo condições dignas de vida para as gerações atuais e futuras4.

Por fim, através da Lei 5.692/1971, art. 7 foi tornada obrigatória a educação em saúde em escolas brasileiras de 1º e 2º graus, com o objetivo de estimular o conhecimento e prática da saúde básica e da higiene. Entretanto, por diversos motivos, como falta de capacitação teórica e, principalmente, prática dos professores, a formação do indivíduo, no que diz respeito a conceitos e comportamentos envolvidos na manutenção ou recuperação da saúde individual ou coletiva, é deficiente. Basta lembrarmos que o programa de saúde tem sua ênfase na doença e não na saúde4! Conceito de Educação Ambiental Inúmeros são os conceitos de EA, citaremos aqui a definição adotada pelo Brasil por meio da Política Nacional de Educação Ambiental, baseada na definição da Conferência de Tbilisi lá em 1977, definição adotada pela maioria dos países membros da Organização das Nações Unidas – ONU3. Em 1990 através da Política Nacional de Educação Ambiental – Lei Nº 9795/1999, art. 1º:

“Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade”.

Diante deste conceito, observamos que a EA tem um caráter interdisciplinar, como já preconizado na

definição da Conferência de Tbilisi. Ou seja: devemos considerar o meio ambiente em sua totalidade, em seus aspectos naturais e também os criados pelo homem. A maior parte dos problemas ambientais tem suas origens na miséria, que por sua vez é gerada por políticas e problemas econômicos concentradores de riqueza e responsáveis pelo desemprego e degradação ambiental. Notamos, assim, que a Educação Ambiental é muito maior do que simplesmente o meio ambiente natural, pois deve envolver questões sociais, políticas, econômicas, culturais, ecológicas e éticas5. Assim, a Educação Ambiental valoriza uma vida isenta do consumismo exagerado e desperdício de recursos, enfim, sem degradação ambiental5. Conceito de Qualidade de vida

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a definição de qualidade de vida foi pautada “na percepção do indivíduo sobre sua posição de vida no contexto do sistema de cultura e de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”5. Este conceito abrange a satisfação do indivíduo em relação ao status físico de saúde ou às condições sociais ou econômicas. A meta de se melhorar a qualidade de vida, ao lado da prevenção de problemas de saúde evitáveis, tem uma importância cada vez maior da promoção da saúde. Assim, não há como dissociar qualidade de vida do comportamento do indivíduo e da sociedade, resultante da sua consciência do seu papel de cidadão, o que pode ser desenvolvido/melhorado pela Educação Ambiental5. Qualidade de vida – Indicadores

• AMBIENTAIS: dizem respeito à qualidade da água, ar, solo, à poluição e contaminação5.

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• HABITACIONAIS: referem-se à densidade demográfica, verificando a disponibilidade e as condições de habitabilidade5.

• URBANOS: transporte, educação, segurança5. • SANITÁRIOS: relacionados com a assistência médica e hospitalar, verificando os índices morbidade e

mortalidade5. • SOCIAIS: abrangem as condições socioeconômicas, sistema político-administrativo, sexualidade5.

Desenvolvimento Econômico

Diante dos indicadores de qualidade de vida, fácil observar que o desenvolvimento tão ambicionado pelos homens, hoje parece nos implicar tanto em problemas quanto em soluções, considerando o aumento das diferenças socioeconômicas, com o comprometimento da qualidade de vida5.

“Os modelos econômicos adotados no Brasil ao longo da história têm provocado fortes concentrações de renda e riqueza com exclusão de expressivos segmentos sociais resultando, em grande parte, nos problemas que o país enfrenta. Ao mesmo tempo em que degradam o homem, sua qualidade de vida e seu estado de saúde, esses padrões de desenvolvimento vem favorecendo a degradação ambiental por meio da exploração predatória de recursos naturais e poluição, às quais, por sua vez, têm gerado impactos nas condições de saúde e qualidade de vida da população”3.

Crescimento desplanejado, urbanização, industrialização, consumismo A Educação Ambiental não se limita apenas na pura preservação do meio ambiente, visto que, o zelo pelo meio natural só é feito quando se dá condições para isso. Quando se observam as classes menos favorecidas, inúmeras famílias, por falta de opção, são submetidas a construírem suas casas em encostas e a despejarem seu lixo doméstico e orgânico em lugares inapropriados, submetendo-se à contaminação com seus próprios resíduos, já que nessas regiões não há saneamento básico, incentivos de limpeza por parte do Estado, e toda uma condição digna básica de se preservar o meio natural e principalmente zelar pela sua saúde. Já quando se olha para as classes mais privilegiadas, estimulados e tentados pelo consumismo e a ambição, é muito frequente a construção de condomínios de luxo em áreas antes ocupadas pela natureza (podemos citar o condomínio Laguna em Maceió, como um dos inúmeros exemplos que temos)6. Além disso, a obsolescência breve de objetos tecnológicos, estimula a classe média e alta a trocar de celular, de carro, de eletrodomésticos, “como quem troca de roupa”, isso gera um contingente monstruoso de lixo tóxico, que muitas vezes contém substâncias radioativas que danificam a natureza e a saúde do homem, quando não se existe um destino apropriado para esse tipo de lixo6. Educação Ambiental e desenvolvimento sustentável Diante do altíssimo consumismo que a sociedade está sendo condicionada, programas que estimulem a reciclagem e a separação do lixo seriam bastante interessantes. Além disso, para cada tipo de resíduo deve-se ter um rígido controle e destino apropriado para tais. O hospitalar deve ser incinerado; o orgânico deve ser depositado em aterros sanitários (os lixões devem ser de uma vez por todas eliminados, uma vez que danificam o ambiente e o lençol freático - o que contamina as águas do subsolo e pode ser fonte de doenças); e o resíduo radioativo deve ser destinado a empresas que os armazenem em caixotes blindados, pois ainda não se tem um destino ideal para esse tipo de lixo)7. Educação Ambiental e saúde

Conceito ampliado de saúde A Educação Ambiental não deve discutir somente o meio ambiente físico, deve contextualizar a saúde e toda a complexidade das relações entre meio ambiente e sociedade. Deve destacar também os cuidados com a prevenção de doenças e gestão dos fatores ambientais deletérios à saúde1. De acordo com a Lei 8080/90, a saúde não é somente ausência de doença, mas seu conceito é ampliado à presença de condições básicas como a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o trabalho, a renda, a educação, a atividade física, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais. A lei esclarece também que a saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício. Além disso, o Estado tem como dever garantir a saúde que consiste na formulação e execução de políticas econômicas e sociais que visem à redução de riscos de doenças e de outros agravos e no estabelecimento de condições que assegurem acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para a sua promoção, proteção e recuperação2. Confirmando os conceitos estabelecidos acima, existe uma tríade epidemiológica que é composta por hospedeiro, agente e meio ambiente. O “desequilíbrio” desses “sistemas” leva ao surgimento e/ou aumento de casos de doenças2.

Educação Ambiental, água e sua relação com a vida Já se sabe que a água é um recurso natural muito importante para a manutenção da vida na Terra, pois além

de se fazer presente nos vegetais, é encontrada no homem nos processos de digestão, na lubrificação dos olhos, na respiração (tensão superficial), na excreção e na circulação. Além disso, ela é empregada em diversos setores da sociedade, como na obtenção de energia, nos processos industriais e nos aspectos relacionados ao meio ambiente6.

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Porém, seu manejo incorreto pode ser meio de transmissão de inúmeras doenças vinculadas à deficiência ou ausência de saneamento, transmitidas pelo contato ou ingestão de agua contaminada, contato da pele com o solo e lixos contaminados. A presença de esgoto, água parada, resíduos sólidos, rios poluídos e outros problemas também contribuem para o aparecimento de insetos e parasitas que podem transmitir doenças7.

Problemática atual A água acumulada em depósitos como caixas d’água destampadas, pneus velhos abandonados, são foco e criadouro para mosquitos como o do gênero Aedes, o qual transmite a dengue, a febre amarela e a mais recente Zika, bastante preocupante, pois não se sabe ainda, ao certo, os efeitos que essa doença pode causar a médio e longo prazo. Vem-se observando vários casos de recém-nascidos com microcefalia, principalmente na região Nordeste, onde já foi dado sinal de epidemia, fato que faz a classe médica suspeitar que o vírus da zika pode estar relacionado com os casos recorrentes de microcefalia – confirmado pelo Ministério da Saúde em pronunciamento no dia 28 de novembro de 20153.

Educação Ambiental como estratégia de prevenção e combate ao Aedes aegipty A prevenção e o controle do Aedes Aegipty incluem modificações de fatores sociais e culturais que

favorecem a transmissão. O habitat do mosquito depende intimamente do estilo de vida de cada família. Com isso, podemos afirmar que o problema não pode ser resolvido sem a participação ativa da comunidade8. É necessário vencer a desinformação através de medidas educativas que auxiliem a população no combate ao mosquito. A prevenção e controle da disseminação incluem diversas medidas como: manter a caixa d’água sempre fechada, encher de areia a borda dos pratinhos dos vasos de plantas, guardar as garrafas sempre de cabeça para baixo, entregar pneus velhos no serviço de limpeza urbana e jogar sempre o lixo em lixeiras que possuam tampa8. Diferente das medidas tradicionais, hoje, com o auxilio da genética, cientistas desenvolveram um tipo transgênico (geneticamente modificado) de Aedes aegypt, que resultam numa eliminação relevante dos transmissores originais da doença. A técnica consiste em proporcionar o cruzamento desses transgênicos machos com as fêmeas originais, produzindo larvas transmissoras das doenças que, entretanto, morrem de imediato em contato com o meio ambiente8. Educação Ambiental e a atenção primária à saúde Educação Ambiental é uma estratégia viável para a Atenção Primária à Saúde que pode ter alcance comunitário e trabalhar questões socioambientais que interferem na condição de saúde das pessoas, configurando-se num trabalho de prevenção de doenças e promoção da saúde1. A atenção primária é uma ação de estratégia ambiental, basicamente preventiva e participativa em nível local, que reconhece o direito do ser humano de viver em um ambiente saudável e adequado, e a ser informado sobre os riscos do ambiente em relação, bem-estar e sobrevivência, ao mesmo tempo em que define suas responsabilidades e deveres em relação à proteção, conservação e recuperação do ambiente e da saúde2. Seus seis princípios básicos são2:

• Participação da comunidade: através da capacitação e o aumento da consciência ambiental, que a sociedade civil tenha uma participação responsável, informal e organizada. Qualquer política ou decisão ambiental deve ser submetida à aprovação e conhecimento da comunidade.

• Organização: É fundamental que a comunidade se organize para que suas demandas e ações em torno da defesa de seus direitos ambientais tenham êxito e adquiram relevância.

• Prevenção e proteção ambiental: Toda iniciativa que busque alcançar um melhor nível de desenvolvimento econômico e social deve evitar ou minimizar o dano ambiental, através da sensibilização, educação, pesquisa, difusão e participação cidadã. Acesso a um meio ambiente saudável.

• Integralidade: As ações ambientais devem ser vistas como parte de um sistema e não como responsabilidade de um setor em particular que monopolize a dinâmica em torno da busca da sustentabilidade local.

• Diversidade: É um dos princípios fundamentais da ecologia. Os ecossistemas são múltiplos e obedecem a processos e relações específicas que não podem ser repetidos; também as culturas são distintas entre si; portanto, o direito à diversidade e o respeito às diferenças é um dos princípios reitores da atenção primária.

Ações educativas em saúde ambiental

Profissional da Saúde como educador ambiental O profissional da saúde deve inserir-se nesse campo de atuação efetivamente por meio de ações de promoção da Saúde que capacitem o indivíduo e a comunidade a exercerem autonomia, bem como reflexão crítica para uma mudança de cultura comprometida com a saúde ambiental. São os profissionais de saúde que se encontram próximos à comunidade e convivem com suas dificuldades, sejam sociais, econômicas ou ambientais, podendo buscar alternativas que as minimizem ou solucionem9. O conhecimento promove:

• Cidadão consciente; • Visão crítica; • Solução; • Promoção da saúde.

As práticas educativas devem relacionar-se de maneira integrada com todos os aspectos do ambiente,

havendo uma convergência dos problemas socioambientais com sua prevenção e solução. Tal processo deve favorecer o trabalho em equipe e a formação de cidadãos conscientes, com visão crítica em relação a valores pessoais como respeito, solidariedade, prudência e cidadania em vista da sustentabilidade socioambiental, resguardando as

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próximas gerações e propiciando uma postura participativa das comunidades a fim de que possam contribuir para a melhoria da qualidade de vida de todos9. CONCLUSÃO

Conclui-se que muitas explicações inter-relacionadas têm sido propostas para explicar a relação entre educação e saúde, incluindo conhecimentos de hábitos saudáveis, comportamentos, emprego, renda, fatores sociais e psicológicos. Em primeiro curso, educação contribui para a saúde através de conhecimentos de melhores hábitos saudáveis e a melhor forma de lidar com resolução de problemas pelas habilidades pessoais. Isso permite que o paciente tome melhores decisões sobre sua saúde, e incorpore comportamentos mais saudáveis e auto gerencie sua condição médica. Pacientes com maiores conhecimentos são mais prováveis de conquistar melhor condição de se manter na vida e consequentemente melhor qualidade de vida, moradia, alimentação, incluindo também acesso a sistemas de saúde etc. Além disso, fatores sociais e psicológicos, tais como senso de controle, boa autoestima, estabilidade financeira, influenciam diretamente a saúde. REFERÊNCIAS

1. Pereira CAR, Melo JV, Fernandes ALTA. Educação ambiental como estratégia da Atenção Primária à Saúde. Rev Bras Med Fam Comum 2012;7(23):108-16.

2. Schmidt RAC. A Questão Ambiental na Promoção da Saúde: uma Oportunidade de Ação Multiprofissional sobre Doenças Emergentes. PHYSIS: Rev Saude Coletiva 2007;17(2):373-92.

3. Ministério do Meio Ambiente. A Política de Educação Ambiental. Disponível em: www.mma.gov.br/educacao-ambiental/politica-de-educacao-ambiental

4. Mohr A, Schall VT. Rumos da Educação em Saúde no Brasil e sua Relação com a Educação Ambiental. Cad. Saúde Pública 1992 8(2):199-203.

5. Pelicioni MCF. Educação Ambiental, Qualidade de Vida e Sustentabilidade. Saude Soc 1998;7(2):19-31. 6. Siqueira-Batista R, Rôças G, Gomes AP, Albuquerque VS, Araújo FMB, Messeder JC. Ecologia na

Formação do Profissional de Saúde: Promoção do Exercício da Cidadania e Reflexão Crítica Comprometida com a Existência. Rev Bras Educ Med 2009;33(2):271-5.

7. Souza CL, Andrade CS. Saúde, meio ambiente e território: uma discussão necessária na formação em saúde. Ciênc & Saude Coletiva 2014;19(10):4113-22.

8. Mourão EM. A dengue junto à educação ambiental. Pesquisa de Campo (Curso de Especialização em Planejamento e Educação Ambiental). Universidade Cândido Mendes, Rio de Janeiro; 2010.

9. Beserra EP, Alves MDS, Pinheiro PNC, Vieira NFC. Educação ambiental e enfermagem: uma integração necessária. Rev Bras Enferm 2010;63(5):848-52.

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T129. Educação e rastreio de câncer de genitália externa masculina: uma revisão de literatura

Sarah Maria Coelho da Paz de Lima; Ítalo Bernardo de Oliveira; Daniel de Mélo Carvalho; Artur Dantas Vieira

Área Temática: Medicina Preventiva RESUMO INTRODUÇÃO: O câncer de pênis afeta cerca de 1500 homens nos EUA a cada ano e representa menos que 1% dos cânceres em homens nas sociedades ocidentais. Na América do Sul (Brasil), o câncer de pênis representa até 10-20% de todos os cânceres em homens. Sua alta incidência é observada em países em desenvolvimento, incluindo o Brasil, onde é mais elevada nas regiões Norte e Nordeste acometendo principalmente homens na terceira idade, independentemente de sua origem étnica. E os fatores de risco identificados até o momento para o câncer de pênis incluem falta de higiene, estado de circuncisão (circuncisão em lactentes ou até adolescência é protetora), infecção de papilomavírus humano (HPV), fimose, infecção por HIV, tabagismo e baixo status socioeconômico. O câncer de testículo é uma doença maligna rara e relativamente curável que afeta predominantemente homens de 20 a 34 anos. O câncer testicular constitui 0,5% dos novos casos de câncer e afetou 8430 homens nos Estados Unidos no ano de 2015. Os fatores de risco para câncer incluem história pessoal, criptorquismo, história familiar, neoplasia de células germinativas intratubulares, raça, geografia, exposição ambiental, infertilidade e microcalcificações. O rastreio de Câncer testicular deve fazer parte dos exames médicos relacionados ao câncer e os homens devem estar cientes dos achados testiculares normais versus patológicos e deve ser encorajado a realizar o exame de auto-exame testicular de rotina. OBJETIVO: Subsidiar conhecimento teórico sobre prevenção e detecção precoce de Câncer de pênis e testículo para ações de educação e rastreio. METODOLOGIA: Foi realizado levantamento bibliográfico nas bases de dados MedLine, Lilacs e NCCN-Guidelines. Foram utilizadas as palavras chaves, câncer de testículo, câncer de pênis, educação em saúde, saúde do homem e seus correspondentes na língua inglesa. Após leitura, selecionados 12 artigos sendo 8 publicações em língua inglesa no período de 2015 a 2017 e 4 publicações em português do período de 2007 a 2015. RESULTADOS: A literatura consultada aponta que as neoplasias de genitália externa masculina são mais prevalentes em países em desenvolvimento e subdesenvolvidos dentre esses o Brasil, tendo nas regiões Norte e Nordeste elevada incidência. Dentre os fatores associadas estão à baixa escolaridade, hábitos precários de higiene, a não circuncisão ainda na infância e DST’s. Conclusão: Faz-se necessárias ações de educação e sensibilização do homem e de seus responsáveis sobre a importância do cuidado íntimo e do auto-conhecimento para prevenção e detecção precoce de neoplasias de genitália externa; como medidas preventivas e capazes de oferecer melhores prognósticos. Para tanto os profissionais carecem de fundamentação cientifica para esse fim. Palavras-chave: Câncer de pênis. Câncer de testículo. Educação em Saúde. Saúde do homem. INTRODUÇÃO

O Câncer de testículo é uma doença maligna rara e relativamente curável que afeta predominantemente homens de 20 a 34 anos. O câncer testicular constitui 0,5% dos novos casos de câncer e afetou 8430 homens nos Estados Unidos no ano de 20151. Os fatores de risco para câncer de testículo incluem história pessoal, criptorquismo, história familiar, neoplasia de células germinativas intratubulares, raça, geografia, exposição ambiental, infertilidade e microcalcificações2. O Câncer de testículo é uma das poucas malignidades que geralmente podem ser curadas mesmo depois de metástase. A sobrevivência de 5 anos para doença localizada, regional ou distante é de 99,2%, 96,0% e 73,1%, respectivamente, destacando a cura de até tumores de células germinativas avançadas2. Os efeitos das conseqüências tardias do tratamento pode prejudicar a capacidade de sobrevivência dos trabalhadores, sua fertilidade e qualidade de vida geral e os clínicos devem considerar esses fatores nas decisões de tratamento3. Já argumentou-se1

que o exame para rastreio de câncer de testículo deve fazer parte dos exames médicos relacionados ao câncer e que os homens devem estar cientes dos achados testiculares normais versus patológicos e deve ser encorajado a realizar o auto-exame testicular de rotina.

Embora a detecção precoce de câncer de testículo provavelmente resulte em taxas de cura melhoradas, a maioria dos tumores de testículo são detectados no início da doença e têm altas taxas de cura com os tratamentos atuais2. Já o câncer de pênis afeta cerca de 1500 homens nos EUA a cada ano e representa menos que 1% dos cânceres em homens nas sociedades ocidentais4. No entanto, em regiões selecionadas da América do Sul (Brasil) e África (Uganda), o câncer de pênis representa até 10-20% de todos os cânceres em homens5. A alta incidência é observada em países em desenvolvimento, incluindo o Brasil, onde é mais elevada nas regiões Norte e Nordeste acometendo principalmente homens na terceira idade, independentemente de sua origem étnica6. Leone5 afirma que os fatores de risco identificados até o momento para o câncer de pênis incluem falta de higiene, estado de circuncisão (circuncisão em lactentes ou até adolescência é protetora), infecção de papilomavírus humano (HPV), fimose, infecção por HIV, tabagismo e baixo status socioeconômico. Ventimiglia7 afirma ser a falta de higiene fator de risco para neoplasia peniana. As infecções com tipos de papilomavírus humano (HPV) correspondem a alto risco no ocidente4. O DNA do HPV pode ser isolado em aproximadamente 47% dos cânceres do pênis, com HPV-16 e HPV-18 de alto risco sendo os dois tipos mais comuns presentes na neoplasia7. Pode haver comportamento agressivo, tanto na genitália com envolvimento ganglionar inguinal quanto com disseminação

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distante rápida. A sobrevida de 5 anos cai abaixo de 15% quando acomete os gânglios linfáticos pélvicos4. Leone5 diz que o fator prognóstico mais importante de sobrevivência em pacientes com carcinoma de células escamosas do pênis é a extensão da metástase dos linfonodos. Aproximadamente 80% dos homens com câncer de pênis de baixo estágio conseguem uma sobrevivência prolongada. Em pacientes com metástase ganglionar inguinal (ILN), a sobrevida de 5 anos pode ser de até 80%, enquanto que aqueles com envolvimento de linfonodos pélvicos (PLN) e metástases à distância têm 0-33% de sobrevivência. Pacientes com doença linfática de baixo volume podem ser curados com cirurgia isolada, mas é provável que as pessoas com metástases locorregionais extensas consigam uma resposta duradoura sem ressecamento de linfonodos e cirurgia mutiladora5. A linfadenectomia em homens com câncer de pênis é similar à do câncer testicular em que a linfadenectomia retroperitoneal oferece uma chance de cura considerável5. A braquiterapia tem sido de interesse para a preservação de órgãos em câncer de pênis em estágio inicial, embora o controle do câncer em relação ao manejo cirúrgico não tenha sido definitivamente estabelecido4. O advento das vacinas revolucionou o paradigma da prevenção de doenças nas mulheres, particularmente em relação ao câncer cervical, o que levou à visão de que o mesmo conceito pode ser usado para homens7. Em estudo de Leone5, por conta dos aspectos psicossociais associados, o diagnóstico de câncer de pênis é muitas vezes bastante atrasado e o tratamento adiado por um tempo superior a 1 ano em até 50% dos pacientes. O atraso provavelmente é causado pelo medo ou vergonha dos pacientes de ter uma lesão peniana e medo de uma amputação peniana5.

Segundo Reis8, campanhas de prevenção, que esclareçam à população sobre a associação dos maus hábitos de higiene e o efeito carcinogênico da fimose e da infecção pelo HPV tendo as questões socioeconômicas, principalmente à educação tendo papel determinante na saúde da população. Campanhas de prevenção podem diagnosticar o câncer de pênis nos estágios iniciais, reduzir a incidência e a severidade da doença, como também proporcionar maiores chances de cura e aumento da sobrevida. O Instituto Nacional do Câncer9 afirma ser o autoexame o método mais eficaz e econômico para a prevenção do câncer no pênis e outras doenças do trato urogenital masculino, sendo necessário um alerta para o desenvolvimento de atividades no nível primário de saúde que chamem a atenção dos homens sobre a importância de consultar um médico periodicamente; manter bons hábitos de higiene; e dar ênfase à prática da circuncisão, ainda na infância, que também é um meio simples de prevenção da doença. Souza10 ressalta o fundamental papel que exerce a mãe ou responsável pela criança na educação infantil, na prevenção dos cânceres de testículo e pênis, por meio do estabelecimento de hábitos de higiene e de cuidados íntimos genitais desde tenra idade. METODOLOGIA

Trata-se de um estudo tipo Revisão de Literatura realizado onde foi realizado levantamento bibliográfico nas bases de dados MedLine, Scielo, Lilacs e NCCN-Guidelines. Foram utilizadas as palavras chaves, câncer de testículo, câncer de pênis, educação em saúde, saúde do homem e prevenção e seus correspondentes em inglês; “testicular cancer”, “Penis cancer”, “Health Education”, “Men’s Health” e “prevention”. Como resultado da busca foram encontrados 44 artigos, os quais após leitura dos resumos selecionados 12 artigos sendo 8 publicações em língua inglesa no período de 2015 a 2017 e 4 publicações em língua portuguesa do período de 2007 a 2015.

RESULTADOS

Foi percebido que a educação em saúde masculina em qualquer faixa etária é negligenciada. O estudo afirmou serem as regiões Norte e Nordeste do Brasil as de maior prevalência dos cânceres de testículo e pênis. O retardo em procurar um médico e o desconhecimento em realizar auto-exame, a baixa escolaridade, higiene precária e a não circuncisão são fatores modificáveis por intervenções educativas. DISCUSSÃO

O rastreio de câncer de testículo não oferece melhora do prognóstico, visto que mesmo no câncer testicular metastático há possibilidade de cura e a sobrevida de até 5 anos é de 73,1% a 99,2%. O câncer de pênis representa até 10-20% das neoplasias masculinas e essa porcentagem atinge a maior faixa nas regiões do Norte e Nordeste do Brasil. O rastreio das lesões iniciais do câncer de pênis são a de melhor prognostico, a precocidade do diagnóstico evita amputações traumática. A vacinação masculina contra o HPV, pode vir a revolucionar os episódios de neoplasias penianas nas próximas gerações. A sobrevida no homem com neoplasia maligna peniana é em média de 5 anos variando de 15% a 80% respectivamente sem comprometimento e com comprometimento linfático. CONCLUSÃO

Faz-se necessárias ações de educação e sensibilização do homem e de seus responsáveis sobre a importância do cuidado íntimo e do auto-conhecimento para prevenção e detecção precoce de neoplasias de genitália externa; como medidas preventivas e capazes de oferecer melhores prognósticos, para tanto os profissionais de saúde precisam subsidiar cientificamente seus conhecimentos. AGRADECIMENTOS

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Agradecimento especial ao professor Dr Artur Dantas Vieira, cirurgião urologista, que orientou e colaborou com a revisão. REFERÊNCIAS

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T130. Enfrentamento de mães à microcefalia

Pollyana Ludmilla Batista Pimentel; Francisca Marina de Souza Freire Furtado; Ana Alayde Werba Saldanha Área Temática: Saúde Mental RESUMO Compreende-se que a epidemia de microcefalia em decorrência do vírus Zika vem se tornando um desafio para as mães de crianças acometidas por esta malformação, uma vez que o momento do diagnóstico de microcefalia, as crenças e expectativas relacionadas ao desenvolvimento do bebê, a mudança na rotina das famílias, as visitas frequentes aos serviços de saúde, são eventos adversos que exigem dos indivíduos a busca de estratégias de enfrentamento, requerendo uma melhor adaptação psicológica frente ao novo contexto. Neste sentido, o objetivo deste estudo foi apreender as estratégias de enfrentamento utilizadas por estas mães. Tratou-se de um estudo exploratório, transversal, de caráter analítico, com abordagem quantitativa, onde 09 mães de crianças com microcefalia participaram desta pesquisa. A coleta dos dados foi realizada utilizando um questionário sociodemográfico e uma Escala de Modos de Enfrentamentos de Problemas. Os dados de ambos os instrumentos foram analisados por meio de estatística descritiva. A média de idade das participantes foi de 22 anos, variando entre 16 e 34 anos. Observou-se que o tipo de estratégia de enfrentamento que obteve maior média foi o Enfrentamento Focado no Problema (M = 4,30; DP = 0,52), apontando que as participantes buscam ações e estratégias que tenham probabilidade de causar modificações e alterações ante o evento estressor, no caso, todo o contexto que envolve o diagnóstico de microcefalia do seu filho. Acerca da epidemia da microcefalia em decorrência do vírus da Zika, tem-se observado que as intervenções tendem a focar as crianças, negligenciando seus familiares. Entretanto, eventos como este podem causar prejuízos à saúde mental de cuidadores. Deste modo, verifica-se a importância de estudos em que se coloquem as mães também como alvo de cuidados, uma vez que estes implicam diretamente na assiduidade e compromisso do tratamento de seus filhos. Além do mais, faz-se necessário a qualificação da equipe de saúde no cuidar destas mães, bem como na efetivação de políticas públicas em que esta parcela da população enteja evolvida. Palavras-Chave: Enfrentamento. Mães. Microcefalia. INTRODUÇÃO

Desde o início da epidemia de microcefalia, a mídia em geral tem noticiado dificuldades que as mães passam em busca do tratamento para seus filhos. Tais dificuldades envolvem aspectos territoriais, estruturais e organizacionais da rede de atenção em saúde, dado que muitas residem distantes dos centros médicos e precisam se deslocar vários quilômetros até chegar aos locais de tratamento. Além do mais, a vivência destas mães envolve uma rotina de cuidados, exames, consultas, estímulos, onde a maioria delas tem se dedicado exclusivamente a essas práxis. Outras reportagens falam do desafio de cuidar desta geração de microcefalia, além de relatar, até mesmo num caráter de denúncia, o abandono dos parceiros após o conhecimento do diagnóstico dos seus filhos, sendo que muitas dependiam ou continuam a depender financeiramente dos seus companheiros.

Diante de tantos eventos estressantes questionam-se quais as estratégias de enfrentamento mais utilizadas por mães que lidam com filhos com microcefalia. O caráter inovador deste estudo está na proposição de uma pesquisa onde se investigue o aspecto subjetivo desta problemática do ponto de vista das mães. Várias ciências têm adotado o Enfrentamento como tema de estudo em suas áreas. A importância deste conceito para a Psicologia está na compreensão do processo de adaptação do ser humano ao estresse provocado por alguma situação ou fase da vida1, tornando-se tema de interesse da Psicologia Social, Clínica e da Personalidade, na busca do entendimento dos esforços realizados pelas pessoas no manejo de quadros crônicos, agudos ou estressantes, levando em consideração suas diferenças individuais2.

As estratégias de enfrentamento são ações, comportamentos ou pensamentos utilizados para lidar com um evento estressor3. Neste sentido, tais autores definem o enfrentamento como sendo os “esforços cognitivos e comportamentais voltados para o manejo de exigências ou demandas internas ou externas, que são avaliadas como sobrecarga aos recursos pessoais do indivíduo” (p. 993). Desta forma, as ações, os comportamentos ou pensamentos utilizados para lidar com o evento estressor têm sido considerados como estratégias de enfrentamento. Além disso, Seidl, Tróccoli e Zannon4 afirmaram que a busca de suporte social, religiosidade e/ou pensamento fantasioso também tem sido usado como estratégia de enfrentamento.

A perspectiva cognitiva, desenvolvida por Lazarus e Folkman5 faz uma associação entre o estresse e a adaptação, onde, a princípio o indivíduo deve perceber e avaliar a situação (a qual deve ser significativa e desagradável) como fonte de estresse, para posteriormente desenvolver suas próprias estratégias de enfrentamento. Como o ser humano é singular, esta avaliação se torna subjetiva, uma vez que esta é uma característica essencial do indivíduo. De tal forma que a avaliação de cada evento estressante depende do contexto e de cada pessoa e de sua personalidade6.

Neste sentido, Folkman e Lazarus7 afirmam que as estratégias de enfrentamento podem ser classificadas em dois tipos, de acordo com a sua função: 1) focada na emoção, que é definido como um esforço para regular o estado emocional o qual é relacionado ao stress, ou é resultante de situações estressantes. Estes esforços se dão numa tentativa de equilibrar o estado emocional do indivíduo, voltando a homeostase. Assim, as estratégias de enfrentamento são direcionadas a um nível somático e/ou a um nível de sentimentos. 2) focada no problema, onde o

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esforço é constituído no intuito de atuar na situação que originou o stress, numa tentativa de alterá-la. Tal estratégia visa a modificação do evento estressor, podendo o enfrentamento ser direcionado de uma forma interna (desenvolvendo uma reelaboração cognitiva acerca do problema) ou externa (desenvolvendo estratégias de resolução de conflito interpessoal ou através da ajuda de alguém).

Como constatado em diversas pesquisas realizadas com pais e cuidadores de crianças com necessidades especiais8-9, câncer10 e doenças crônicas11, estes são expostos a uma sobrecarga emocional, podendo causar esgotamento, estresse, angústia. Para lidar com situações adversas, muitas vezes as pessoas criam estratégias de enfrentamento para se adaptar a experiências estressantes. De forma análoga, compreende-se que o momento do diagnóstico de microcefalia, as crenças e expectativas relacionadas ao desenvolvimento do bebê, a mudança na rotina das famílias, as visitas frequentes aos serviços de saúde, são eventos adversos que exigem dos indivíduos a busca de estratégias de enfrentamento, objetivando uma melhor adaptação psicológica frente ao novo contexto.

Em consonância com Brunoni12, a rotina familiar é alterada em decorrência do relacionamento cotidiano com uma criança que apresenta uma situação crônica, refletindo na qualidade de vida e no âmbito socioemocional do cuidador, o qual se utiliza de estratégias de enfrentamento para as dificuldades do exercício dessa vida diária. Ainda seguindo a ideia destes autores, o suporte social e emocional para grupos de pais que lidam com crianças com esse tipo de déficit, são de extrema importância na promoção da saúde mental destas famílias. Neste sentido, o objetivo geral deste estudo foi apreender as estratégias de enfrentamento utilizadas por estas mães.

METODOLOGIA

Tratou-se de um estudo exploratório, transversal, de caráter analítico, com abordagem quantitativa. A participação se deu de forma não probabilística e por conveniência, tendo como critério de seleção a técnica Bola de Neve (snowball). Partiu-se de três participantes matrizes (uma no estado da Paraíba, uma no estado de Pernambuco e outra no estado de Alagoas). Quanto aos aspectos éticos, a participação das entrevistadas foi condicionada a um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, sendo assim assegurada a privacidade dos sujeitos, sigilo e confidencialidade dos dados em conformidade com a Resolução do Conselho Nacional de Saúde (CNS) no 466/12 (Parecer no 1.913.870).

Como instrumento foi utilizado um questionário sociodemográficos, a fim de caracterizar as participantes, versando sobre idade, cidade, situação conjugal, religião e religiosidade. Também foi utilizada a Escala de Modos de Enfrentamento de Problemas (EMEP) adaptada13 e validada para a população brasileira4, composta por 45 itens e que versam sobre pensamentos e ações que a pessoas utilizam para lidar com demandas internas ou externas diante um evento estressor específico, distribuídos entre 4 fatores: enfrentamento focado no problema, enfrentamento focado na emoção, busca de prática religiosa/pensamento fantasioso e busca de suporte social. As respostas aos itens foram dadas em escala do tipo likert, de 5 pontos, onde o número 1 refere-se à “Nunca” e o número 5 à “Sempre”.

A secção que se refere ao enfrentamento focado no problema conta com 18 itens relacionados às ações mais práticas e voltadas para a construção de um maior otimismo diante da convivência com o problema. A secção relacionada ao enfrentamento focado na emoção é composta por 15 itens que voltados para a avaliação de sentimentos desagradáveis, tais como a culpa, auto-cobrança, raiva, injustiça e formas de descargas emocionais. A secção que versa sobre a busca de prática religiosa/pensamento fantasioso, é composta por 7 itens que avaliam uma prática maior da religiosidade e de adoção de pensamentos pouco realistas ou até de certa negação do evento estressor. A secção associada à busca de suporte social contém 4 itens, os quais buscam identificar comportamentos que objetivam compartilhar com o outro sobre sua situação/sentimentos.

Os dados tanto do questionário sociodemográficos quanto da Escala de Modos de Enfrentamento de Problemas foram analisados com o auxílio do Software SPSS versão 20, por meio de estatística descritiva.

RESULTADOS

Participaram deste estudo 09 (nove) mães de crianças com microcefalia, sendo duas (02) do estado da Paraíba, duas (02) do estado de Pernambuco e cinco (05) do estado de Alagoas, com média de idade de 22 anos, variando entre 16 e 34 anos. Do total de entrevistadas, sete (07) afirmaram estar em um relacionamento estável, oito (08) afirmaram não estar trabalhando atualmente, seis (06) entrevistadas possuíam renda familiar de até dois salários mínimos e se auto declararam católicas. E com relação ao nível de religiosidade, estas afirmaram ser “religiosas”. A maioria das mães tinha apenas um filho, sendo a média da idade das crianças que tinham microcefalia de 1 ano e 1 mês.

Compreendendo que o nascimento de uma criança exige por si só uma alteração na rotina familiar, e que esta pode se modificar ainda mais em detrimento das necessidades diárias de uma criança que convive com uma situação crônica, verifica-se que o cuidador, faz uso de algumas estratégias de enfrentamento para lidar com os obstáculos advindos desta nova realidade. Neste sentido, buscaram-se avaliar, de acordo com os tipos de enfrentamento medidos pela EMEP, quais os mais utilizados pelas mães de bebês com microcefalia.

De acordo com a análise dos dados, o tipo de estratégia de enfrentamento que obteve maior média foi o Enfrentamento Focado no Problema (M = 4,30; DP = 0,52), o qual englobam condutas de aproximação com o evento estressor, ou seja, comportamentos que lidam diretamente a tudo o que envolve o filho com microcefalia, desenvolvidas pelo indivíduo no intuito de tentar solucionar o problema, lidar ou manejar a situação estressora, além de, em alguns momentos, estar relacionado à construção de esforços ativos eminentemente cognitivos voltados para a reavaliação do problema, percebendo-o de modo positivo.

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Verificou-se que as mães deste estudo, as quais lidam diariamente com a rotina de cuidados do filho com microcefalia, têm feito maior uso da estratégia de enfrentamento focado no problema, que seria a tendência de regular a resposta emocional diante de um evento estressor, objetivando controla-lo ou modifica-lo. Ou seja, diante do diagnóstico de microcefalia do filho, estas mães se aprofundam nesta problemática, a fim de obter mais conhecimento sobre, buscar as melhores técnicas e tratamentos para cada especificidade das suas crianças, objetivando o melhor prognóstico para eles.

Por se tratar de uma nova correlação entre o vírus da Zika e a microcefalia, antes desconhecida, até a própria equipe de saúde teve dificuldades na propagação das informações e constatação do diagnóstico, podendo ter sido este fato, um dos principais fatores que contribuíram para elevar a pontuação do enfrentamento focado no problema, uma vez que as mães tiveram que buscar deliberadamente informações que respondesse, totalmente ou parcialmente, suas dúvidas. No auge da epidemia, onde o número de casos de bebês com microcefalia crescia vertiginosamente a cada semana, com informações insuficientes e sendo um problema que estava afetando diretamente a saúde pública do Brasil e do mundo, tanto os profissionais, pesquisadores de diversas partes do mundo, quanto os próprios pais e familiares procuravam decifrar este mistério. A segunda Estratégia de Enfrentamento mais utilizada pelas participantes deste estudo foi a Focado no Suporte Social (M = 3,77; DP = 0,64), a qual representa a procura de apoio instrumental, emocional ou até mesmo de informação, os quais podem auxiliar estas mães a lidarem melhor ou mais facilmente com a situação de microcefalia de seus filhos.

A terceira estratégia de Enfrentamento mais utilizada por estas mães foi a Focada na Religião ou no Pensamento Fantasioso (M = 3,61; DP = 0,44). Este tipo de enfrentamento é utilizado principalmente para auxiliar no confronto do problema, usando-se de pensamentos fantasiosos permeados por sentimentos de esperança e fé. Constatou-se que o Enfrentamento menos utilizado pelas pesquisadas foi o Focado na Emoção (M = 2,30; DP = 0,78), o qual está relacionado à reações emocionais negativas, tais como raiva ou tensão, pensamentos fantasiosos e irrealistas, voltados para a solução mágica do problema. Este tipo de estratégia também envolve respostas de esquiva e reações de culpabilização de outra pessoa ou de si próprio. O fato desta estratégia ter sido a menos utilizada pela mãe, corrobora com os dados sociodemográficos apresentados neste estudo, onde, apesar da maior parte ter se autodeclarado “católica”, acerca do nível de religiosidade a amostra estudada se considerou “religiosa”, ou seja, não pontuaram nos extremos.

DISCUSSÃO

Observa-se que para lidar com toda a complexidade vivenciada por estas mães, tais como: o impacto do diagnóstico de microcefalia, a díade entre bebê idealizado versus bebê real, a mudança de rotina exigido por um recém nascido, acentuado pelas exigências de saúde por causa da malformação, além das diversas visitas em centros médicos e reabilitação, as mães estudadas estão fazendo mais uso da estratégia de Enfrentamento Focado no Problema, desenvolvendo ações direcionadas para a eliminação e/ou alteração do evento estressor. Resultados semelhantes foram obtidos com mães de bebês prematuros ou com baixo peso ao nascer14. Barbosa e Oliveira8 afirmam que as estratégias de Enfrentamento Focado no Problema são mais prováveis quando as situações são consideradas passíveis de alguma modificação. Compreendendo que a média de idade dos filhos das participantes foi de 1 ano e 1 mês, e que, estas crianças ainda se encontram no auge do desenvolvimento infantil, infere-se que as mães deste estudo estejam buscando cada vez mais estímulos e estratégias que possam promover o melhor desenvolvimento do seu filho, e consequentemente, diminuir as chances de limitações dos mesmos. Itens do tipo “Eu insisto e luto pelo que eu quero”, “Encontro diferentes soluções para o meu problema” e “Eu sei o que deve ser feito e estou aumentando meus esforços para ser bem-sucedido”, exemplificam o tipo de conduta adotada pelas entrevistadas.

Verificou-se que a maioria das participantes eram mães de primeira viagem. Este dado é de grande relevância, uma vez que o nascimento de um bebê, principalmente quando se trata do primeiro filho, pode ser considerado como um evento propício ao surgimento de problemas emocionais nos pais, tais como depressão e manifestações psicossomáticas, podendo afetar o modo como os pais se relacionam com seu filho15, e não apenas isso, mas também fidelidade ao tratamento, quando a criança necessita de cuidados de saúde frequentes.

O Enfrentamento Focado no Problema conversa bastante com o segundo tipo de Estratégia utilizado por estas mães, uma vez que, o Enfrentamento Focado no Suporte Social, diz muito acerca da epidemia de microcefalia decorrente do vírus Zika, dado que tal fenômeno continua em investigação. Por se tratar de uma epidemia recente, o suporte social é um aspecto que tem auxiliado muitas mães neste contexto, haja vista que as informações ainda são resumidas. Neste sentido, tem-se observado na literatura a predominância de estudos que investigam os aspectos biológicos da doença, havendo uma escassez de pesquisas que tratam da saúde mental das mães que lidam com crianças com esta malformação.

Vale salientar que o suporte socioemocional contribui para o desenvolvimento de estratégias de enfrentamento auxiliando no suporte às dificuldades de manejo da vida diária em cuidadores de crianças com déficit intelectual. Neste sentido, para além do acompanhamento da criança, requer atenção especial aos grupos de pais para investigar indicadores de problemas emocionais e, consequentemente, de qualidade de vida, estruturando-se uma rede de suporte social para promover saúde mental nessas famílias12.

White e Hastings16 apontam a importância que pais de pessoas com necessidades especiais entrem em contato com pais em situações semelhantes para se apoiarem mutuamente. Além disso, tais autores afirmam que atividades que envolvam suporte social tendem a melhorar o bem-estar e reduzir estresse e problemas de saúde em cuidadores de crianças com alguma deficiência.

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No contexto da epidemia da microcefalia em decorrência do vírus da Zika, tem-se observado que as intervenções tendem a focar as crianças, negligenciando seus familiares. Contudo, a literatura científica vem apontando que episódios como este também ocorre em outros contextos de malformação e/ou doença crônica. “Ao considerar como foco de intervenção a família e não apenas a criança, maximizando suas estratégias de enfretamento a eventos estressores, esta passa a “empoderar-se”, ou seja, passa a ter acesso ao conhecimento, às habilidades e aos recursos que as tornam capazes de adquirir controle positivo sobre suas vidas, como também o de melhorar a qualidade de seu estilo de vida. Assim, a família “empoderada” passa de uma posição passiva para uma posição de agente transformadora da própria vida8. CONCLUSÃO

Apesar de certa limitação deste estudo com relação à capacidade de generalização das suas conclusões, em decorrência do número reduzido de participantes, é possível endossar a relevância de pesquisas na área da saúde mental de mães que lidam com bebês com microcefalia, a fim de auxiliar no desenvolvimento de intervenções direcionadas a este público.

Entende-se que este suporte é de extrema relevância para a saúde da mulher, não apenas no intuito de compreender as reações psicológicas maternas, mas, sobretudo porque esta interfere diretamente na díade mãe-bebê, podendo influenciar na adoção de práticas de cuidado para com o bebê que necessita de diversos estímulos. Além disso, tal estudo pode colaborar na ampliação de estratégias de enfrentamento de mães, com foco no desenvolvimento de sua habilidade para lidar com as intercorrências e dificuldades intrínsecas bebê com microcefalia. Por fim, estudos nesse sentido podem servir de subsídio para as práticas de cuidado em saúde e para a qualificação de profissionais da área, além de poder contribuir para a construção, atualização e efetivação de políticas públicas direcionadas para as crianças com microcefalia e, consequentemente, suas famílias. AGRADECIMENTOS

Por entender que sem a colaboração destas mães essa pesquisa não existiria, todos os agradecimentos vão para estas guerreiras, as quais estão sendo protagonistas de um capítulo importantíssimo da história de saúde do Brasil e do mundo. REFERÊNCIAS

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T131. Estudo acerca das principais etiologias que levam à cirrose hepática Natália Maria Sampaio Ribeiro Soares Gaia; Gabriela Castro Guimarães; Sthephanie de Lima Zielak; Luiz Felipe Pereira Viana; Igor de Oliveira Pinto; Lara Cansanção Lopes de Farias; Renata Lins Chianca; Karine Costa Menezes; Carla Roberta Vieira da Silva; Pollyanna Carla Camêlo de Araújo Cotrim; Juliana Brasil Área Temática: Clínica Médica RESUMO A disfunção hepática resulta no comprometimento das células parenquimatosas do fígado. Quando o processo patológico não é muito tóxico para células, pode acontecer a regeneração celular, porém, quando não ocorre a regeneração o resultado é o fígado enrugado e fibrótico, caracterizando a cirrose. Os processos patológicos que levam a disfunção hepatocelular podem ter diversas etiologias. O presente estudo tem como objetivo evidenciar e discutir características relevantes das principais hepatopatias que culminam na cirrose hepática. Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, a partir de publicações científicas indexadas no Medical Literature and Retrivial System onLine (MEDLINE) e no Scientific Electronic Library Online (Scielo) entre 2002 e 2015. As hepatopatias referidas são as hepatites B e C e a hepatite alcoólica. Estima-se que a hepatite C crônica e a doença hepática alcoólica sejam responsáveis por cerca de 80% dos casos de cirrose no Brasil. Assim, a revisão integrativa permite a busca, a avaliação crítica e a síntese das evidências disponíveis do tema investigado, sendo o seu produto final o estado atual do conhecimento do tema. Palavras-chave: Hepatopatias. Cirrose hepática. Hepatite alcoólica. Hepatites virais. INTRODUÇÃO A disfunção hepática resulta no comprometimento das células parenquimatosas do fígado, causadas tanto por doenças hepáticas primárias, como pela obstrução do fluxo biliar, ou distúrbios de circulação hepática. Essa disfunção pode ser aguda ou crônica, sendo a crônica a mais comum das ocorrências. Os processos patológicos que levam a disfunção hepatocelular podem ser causados por agentes infecciosos, como bactérias e vírus, bem como distúrbios metabólicos, toxinas e medicamentos, deficiências nutricionais, e estudos de hipersensibilidade. Quando o processo patológico não é muito tóxico para células, pode acontecer a regeneração celular, entretanto, quando não ocorre a regeneração o resultado da doença parenquimatosa crônica é o fígado enrugado e fibrótico, caracterizando a cirrose1. O presente estudo tem como objetivo buscar e avaliar as evidências disponíveis na literatura, sobre o conhecimento científico produzido, relacionado as hepatopatias que culminam na cirrose hepática. METODOLOGIA Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, que propõe o estabelecimento de critérios bem definidos sobre a coleta de dados, análise e apresentação dos resultados, desde o início do estudo, a partir de um protocolo de pesquisa previamente elaborado e válido. Para tanto, foram adotadas as etapas indicadas para a constituição da revisão integrativa da literatura, seguindo os seguintes passos: seleção da pergunta de pesquisa; definição dos critérios de inclusão de estudos e seleção da amostra; análise crítica dos achados, identificando diferenças e conflitos; interpretação dos resultados e reportar, de forma clara, a evidência encontrada. A estratégia de identificação de seleção dos estudos foi a busca de publicações indexadas nas bases de dados SciELO e MEDLINE entre 2000 e 2015. Foram adotados os seguintes critérios para seleção dos artigos: todas as categorias de artigos (original, revisão de literatura, reflexão, atualização, relato de experiência, etc); artigos com resumos e textos completos disponíveis para análise; aqueles publicados nos idiomas português, inglês e espanhol e artigos que contivessem em seus títulos e/ou resumos dos seguintes descritores em ciências da saúde (DeCS) Hepatic cirrhosis, Alcoholic hepatitis, Viral hepatitis e Liver diseases. Do material obtido, 21 estudos, procedeu-se à leitura minuciosa de cada resumo/artigo, destacando aqueles que responderam ao objetivo proposto por esse estudo. RESULTADOS O fígado pode exercer até 100 funções diferentes, sendo a maioria delas exercida pelos hepatócitos. Cada uma dessas células produz não somente uma secreção exócrina, a bile, mas também várias secreções endócrinas. Os hepatócitos metabolizam os produtos finais provenientes da absorção do canal alimentar, os armazenam como inclusões e os liberam em resposta a sinais hormonais e nervosos. As células do fígado também desintoxicam drogas e toxinas (protegendo o corpo contra seus efeitos deletérios) transferem IgA secretora do espaço de Disse para a bile. O fígado é formado por lóbulos hepáticos, cuja estrutura é composta por células de Kupffer as quais fagocitam partículas estranhas presentes no sangue e hemácias não funcionais2,3. Os distúrbios hepáticos podem ser virais ou não-virais. Os distúrbios virais, mais conhecidos por hepatites virais (A, B, C, D e E), são infecções sistêmicas, na qual a necrose e a inflamação das células hepáticas produzem alterações clínicas, bioquímicas e celulares. Os distúrbios hepáticos não-virais são caracterizados por determinadas substâncias químicas que apresentam efeitos tóxicos no fígado, produzindo necrose celular hepática aguda ou crônica, destacando a hepatite tóxica, a hepatite induzida por medicamento, a insuficiência hepática fulminante, e a

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cirrose hepática (podendo ser alcoólica, pós-necrótica ou biliar). Além disso, ainda existem os tumores de fígado, podendo ser primários (geralmente associados a doença hepática crônica, infecções por hepatite B e C, e cirrose) ou secundários, (devido às metástases, a partir de outros sítios primários)1. No tocante à doença hepática alcoólica, essa costuma apresentar-se clinicamente dentro de um amplo espectro que vai desde esteatose leve até cirrose hepática descompensada, que decorrem de processo inflamatório intenso e fibrose peri-sinusoidal/pericentral. O fígado metaboliza aproximadamente 90% do álcool ingerido, envolvendo vias metabólicas: oxidativas e não oxidativas. A via oxidativa é a que desempenha o papel mais importante no metabolismo do álcool, em que este é metabolizado nos hepatócitos, sobretudo por dois sistemas: pela enzima álcool desidrogenase (ADH) e pelo sistema microssomal de oxidação do etanol (MEOS), sendo que cada um destes sistemas metabólicos causa alterações metabólicas e tóxicas específicas levando à produção de acetaldeído. Além da cirrose, o portador da DHA pode sofrer com o desencadeamento de um processo neoplásico, tendo em vista que o álcool atinge todas as células do fígado, consequentemente, o paciente pode chegar a um estágio canceroso grave4,5,6. De acordo com a Sociedade Brasileira de Hepatologia, cerca de 43% dos casos relatados de cirrose hepática estão associados à hepatite crônica C, de maneira isolada ou em conjunto com hepatite crônica B ou doença hepática alcoólica. Além disso, 37% dos pacientes possuem histórico de etilismo, com ou sem associação às hepatites crônicas virais. Além de acometer cerca de 180 milhões de pessoas em todo o mundo, tendo no Brasil cerca de 2 milhões de pacientes infectados pelo VHC, e a maioria deles desconhece seu diagnóstico. Sem sintomas específicos, a hepatite C evolui de maneira arrastada, usualmente silenciosa, durante décadas. Contudo, ao agravar-se, pode progredir para o desenvolvimento de cirrose, descompensação hepática e carcinoma hepatocelular, constituindo a causa mais frequente de indicação de transplante hepático no mundo ocidental e também no Brasil7. As consequências da doença hepática são numerosas e variadas, e levam frequentemente à incapacidade, e mesmo ao risco de morte, sendo sua presença um sinal de mau prognóstico. Os sintomas mais comuns da doença hepática são: icterícia (decorrente da maior concentração de bilirrubina no sangue), hipertensão porta, ascite e varizes (resultantes das alterações circulatórias do fígado, podendo resultar em hemorragias graves e na retenção de sódio e líquidos), deficiências nutricionais (resultantes da incapacidade dos hepatócitos lesionados para metabolizar vitaminas), e encefalopatia hepática ou coma (devido ao acúmulo de amônia no plasma, ocasionado pelo prejuízo do metabolismo de proteínas pela doença hepática)1. De acordo com Smeltzer existem outras manifestações da disfunção do fígado que causam diversos prejuízos ao organismo, como o desenvolvimento de edema generalizado devido à hipoalbuminemia, resultante da diminuição da produção de albumina, a incidência aumentada de equimoses, epistaxe, e sangramentos, devido à redução na produção de fatores de coagulação sanguínea. Também pode ocorrer o desenvolvimento de anormalidades metabólicas, tais como o aumento do nível glicêmico, problemas na capacidade de metabolizar medicamentos, problemas hormonais, uma vez que o fígado não consegue metabolizar normalmente hormônios sexuais, resultando em ginecomastia, amenorréia, atrofia testicular, irregularidades menstruais, e outros distúrbios da função sexual. Os pacientes com disfunção hepática decorrente da obstrução biliar comum desenvolvem prurido grave devido à retenção dos sais biliares, podendo desenvolver angiomas vasculares ou arteriais, bem como eritemas palmares1. Atualmente, o tratamento da infecção crônica pelo vírus da hepatite C foi revolucionado pela introdução de antivirais de ação direta (DAA) que levam à erradicação viral em mais de 90% dos pacientes, são eles o sofosbuvir, simeprevir e daclatasvir, que são agentes que podem interferir com diferentes etapas do ciclo replicativo de um vírus. Esta abordagem molecular substitui o tratamento padrão com base em uma combinação do interferon (IFN) e da ribavirina (RBV), que atua em várias vias não específicas para impulsionar a resposta imune antiviral. Infelizmente, os altos custos dessas terapias atualmente limitam o acesso a esses medicamentos, exigindo assim uma seleção rigorosa de pacientes e bloqueando o uso generalizado das drogas8. DISCUSSÃO A cirrose traz uma série de implicações sociais dentre as quais as hepatites B e C que são algumas das principais causas da mesma. O Ministério da saúde tem implementado ações voltadas para esses agravos, especialmente na forma de campanhas de detecção de infecções. Não obstante, fazem-se necessárias políticas públicas direcionadas à prevenção, detecção precoce e tratamento dessas enfermidades, para reduzir o impacto negativo da cirrose na saúde da população. A melhor prevenção das cirroses de origem viral é através da vacinação contra Hepatite B e dos rigorosos critérios de seleção de doadores de sangue9. Além disso, o uso de preservativos nas relações sexuais e o uso individualizado de seringas pelos usuários de drogas injetáveis também são fundamentais. É necessário o tratamento dos portadores das hepatites B e C, antes que evoluam para cirrose. No caso do álcool, o uso contínuo de bebidas alcoólicas representa o principal processo de disfunção e propagação de patologias que evoluem para sérios danos hepáticos10. Os aspectos observados nos dados acima nos permitem perceber a relevância dessas questões em saúde pública no sentido da prevenção e tratamento nos níveis básicos de saúde evitando-se assim, os elevados custos que o tratamento onera e o agravamento do quadro clínico e possíveis complicações que levem à cirrose hepatica ou até mesmo ao transplante. CONCLUSÃO A síntese do conhecimento resultante do presente estudo aponta que os artigos recuperados são, de modo geral, descritivos e qualitativos, e foram desenvolvidos junto a amostras de tamanho reduzido constituídas essencialmente por pacientes cirróticos ou com a presença de fibrose hepática. Não obstante, reportam resultados que

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podem ser considerados importantes para o desenvolvimento do conhecimento acerca do assunto no país. Frente às lacunas evidenciadas e os resultados a1pontados nos artigos incluídos nesta revisão integrativa, entende-se ser necessário intensificar esforços para o desenvolvimento de pesquisas com delineamentos que produzam evidências fortes relativas ao tema investigado. Neste contexto, a revisão integrativa oferece aos profissionais de diversas áreas de atuação na saúde o acesso rápido aos resultados relevantes de pesquisas que fundamentam as condutas ou a tomada de decisão, proporcionando um saber crítico. AGRADECIMENTOS Agradecemos a nosso professor Ernann Tenório Filho pela orientação, pelos esclarecimentos prestados e atenção dedicada a nós na elaboração desta revisão integrativa. REFERÊNCIAS

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T132. Mal de Alzheimer em idosos: os desafios de seus cuidadores Beatriz Fernandes Brêda; Bruna Holanda Carvalho Galvão; Ianny Stephany Oliveira de Lima; Jaiane Maria de Brito Nobre; Laiz Maria Medeiros Lins; Luana Alcântara Lisboa; Maria Eduarda di Cavalcanti Alves de Souza Área Temática: Saúde Mental RESUMO O presente estudo objetivou identificar os principais desafios na vida dos cuidadores de um paciente portador de Alzheimer, ressaltando de que maneira a qualidade de vida do cuidador e do idoso são afetadas. Essa pesquisa é de carater qualitativo, e foi feita por meio de uma revisão integrativa de literatura através das bases de dados Pubmed, Lilacs, Scielo e Science Direct. O estudo visou revisar e discutir 10 artigos, que foram selecionados a princípio através de seus títulos e posteriormente por seus resumos, buscando compreender de que forma os desafios do cuidador tornam sua rotina sobrecarregada fisicamente e psiquicamente bem como se o convívio social do cuidador é afetado pelo seu extremo desgaste. Além disso, o estudo teve como foco relatar a relação do cuidador com sua família e discutir as questões que envolvem a vida da mulher como cuidadora. A pesquisa sugere que é necessária uma assistência benéfica ao portador da doença de Alzheimer e ao seu cuidador, uma vez que a ausência de bem-estar afeta diversos aspectos da vida desses. Palavras-chave: Cuidador. Desafios. Mal de Alzheimer. INTRODUÇÃO A doença de Alzheimer é uma enfermidade cerebral incurável e caracterizada pela demência, perda de funções cognitivas como memória, atenção, linguagem, distúrbios comportamentais e afetivos. Dentre as demências, a doença de Alzheimer (DA) se destaca por representar de 50 a 60% do número total de casos e acometer aproximadamente 10 a 20% dos indivíduos com mais de 65 anos1. A doença tem início insidioso e suas manifestações se apresentam lentamente. No entanto, sua progressão é deteriorante, causando aos seus portadores inabilidades na prática de atividades diárias e de convívio social, comprometendo a saúde do idoso como um todo. Diante dessas limitações típicas do Alzheimer faz-se necessário a presença constante de um cuidador para suprir a incapacidade e zelar pela saúde do idoso acometido pela doença. O cuidador, independentemente de ser um familiar, desempenha uma função fundamental na vida diária dos portadores da DA, envolvendo-se em todos os cuidados e adquirindo responsabilidades adicionais durante a evolução da doença. Com a progressão da demência, torna-se necessário que o cuidador auxilie o portador em atividades básicas do dia a dia, como cuidados de higiene e aparência, alimentação, administração de medicamentos e segurança2. A exaustiva tarefa de cuidar é geralmente repetitiva, contínua e, muitas vezes, uma atividade solitária e sem descanso, que pode acometer a saúde psíquica e física do cuidador. Dessa forma, é importante a realização de pesquisas e estudos que procurem atualizar os conhecimentos e fornecer informações sobre as condições do cuidado e de que maneira a qualidade de vida do cuidador pode ser afetada. Essas informações podem contribuir para a gestão das políticas públicas e, consequentemente, colaborar para a melhoria do bem-estar do cuidador e do indivíduo que recebe os cuidados, favorecendo, dessa forma, a qualidade do serviço recebido pelos doentes, por serem cuidados por pessoas saudáveis físicamente e mentalmente. Além disso, é importante ressaltar que o grupo de cuidadores passa por dificuldades diferentes das enfrentadas por grande parte da população, e por isso, deve ser notada com cautela a necessidade de assistência voltada para esse grupo3. Devido ao reduzido número de publicações que são focadas nos desafios vividos pelos cuidadores dos portadores da DA. É importante a realização de pesquisas e estudos para atualizar os conhecimentos e fornecer informações sobre as condições de vida do cuidador, bem como auxiliar no planejamento de novas estratégias de assistência voltadas a essa população4. Este estudo objetiva identificar os principais desafios na vida dos cuidadores de pacientes portadores do Mal de Alzheimer, ressaltando em que extensão esta enfermidade pode afetar a qualidade de vida daqueles que com ela convivem. METODOLOGIA Trata-se de um estudo qualitativo, do tipo revisão de literatura integrativa, que foi feito a partir das bases de dados Pubmed, Lilacs, Scielo e Science Direct. Foram utilizados como descritores Alzheimer Disease, Caregivers, Aged e Quality of life; junto com os descritores booleanos AND. Foram encontrados 66 artigos e após prévia seleção desses por títulos, esse número foi reduzido para 27, dos quais 17 foram excluídos com base nos seus resumos. Os artigos foram incluídos com base em sua publicação nos últimos 5 anos, nas linguas inglês, espanhol e português e apenas textos completos gratuitos. RESULTADOS E DISCUSSÃO Qualidade de vida do cuidador

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Os portadores da DA, ao longo da evolução da doença, necessitam dos chamados “cuidadores”, os quais são fundamentais para prestar auxílio em atividades diárias como alimentação, higiene pessoal, e outras atividades que são necessárias no dia a dia5. O cuidador lida com várias fases da DA; desde o começo, com a aparição de sinais leves, até em estágios mais avançados, os quais são mais graves e podem gerar diversas dificuldades. Cuidar de um idoso portador de DA provoca vários desafios relacionados ao declínio progressivo na cognição, interação social, situações diárias de estresse e, consequentemente, segundo estudos, esses desafios podem gerar depressão, ansiedade e tensão, os quais se tornam sintomas comuns entre os cuidadores de DA6. Com toda essa sobrecarga de trabalho os cuidadores podem apresentar desgastes decorrentes da responsabilidade de cuidar e isso pode trazer consequência tanto da qualidade de vida do cuidador quanto na do portador de DA. Uma boa saúde no quesito psicológico e físico é imprescindível para prolongar e melhorar a vida de ambos, cuidador e paciente6. Bem-estar do cuidador O ato de cuidar envolve diversos benefícios que estão relacionados com o investimento em autoestima, a melhora na habilidade de prover cuidados e ganho de experiência, o aumento de satisfação pessoal, a descoberta ou construção de sentido para a vida por meio do cuidado, o aumento da valorização pessoal, o fortalecimento do vínculo entre cônjuges e o maior cuidado com as demais pessoas. No entanto, tais benefícios não são tão aparentes quando o bem-estar do cuidador é afetado7. Por bem-estar, entende-se estado de tranquilidade, conforto, plenitude; a ausência desses sentimentos no cuidador é causada, principalmente, pelas preocupações com relação a saúde do portador de Alzheimer, pelas inúmeras tarefas de responsabilidade exclusiva do cuidador e pela sensação de sobrecarga que pode estar presente em alguns desses cuidadores, principalmente nos que cuidam de portadores de Alzheimer em fase avançada e o nível de dependência é quase total ou total7. Mudança de rotina do cuidador De acordo com a pesquisa, 38 % dos cuidadores exerciam outras atividades além do cuidar, e 56% eram aposentados. Conforme a pesquisa, todos os cuidadores eram familiares residentes no mesmo domicílio dos idosos com DA; sendo assim, os dados referentes à renda familiar foram calculados juntando a renda do idoso com a do cuidador. Os dados revelaram que a maior parte (62%) das pessoas estudadas vive com renda inferior a cinco salários mínimos, demostrando fraqueza nas condições de serviço de saúde e de vida. O motivo da renda reduzida pode se dar ao fato do cuidador estar totalmente vinculado à sua função de cuidar do portador de Alzheimer, o que o impossibilita de manter-se em outro trabalho remunerado8. Assim, famílias que não têm acesso adequado ao serviço de saúde encontram dificuldades de cuidar do portador de DA, já que não existe um serviço formal de auxílio aos cuidadores na rede pública de saúde. Além disso, cuidadores de idosos diagnosticados com a Doença de Alzheimer são expostos a uma rotina repleta de sobrecargas físicas e psíquicas, as quais são responsáveis por diversos obstáculos que afetam diretamente a qualidade de vida de cada um. Faz-se necessário que os profissionais desta área executem propostas de intervenção que visem as condições de vida e de acesso aos serviços de assistência e que as mesmas sejam condizentes com as necessidades específicas desta população5. Relações pessoais do cuidador Relação do cuidador com sua família Sabe-se que as pessoas funcionam umas para as outras como apoio nas funções que necessitam desempenhar ou na resolução de problemas. O apoio social refere-se a avaliação que o indivíduo faz dessas relações, nos vários domínios da sua vida, da disponibilidade dos outros e da possibilidade deles recorrerem quando necessitarem; motivo pelo qual estratégias de intervenção têm sido desenvolvidas no sentido de diminuir o impacto sofrido pelos cuidadores e sua família. Estas estratégias buscam reduzir o estresse através do apoio emocional, social e familiar, pois o cuidador precisa ser cuidado, para suportar perdas, construir alternativas e aproveitar possibilidades7. As condições adversas vividas pelos cuidadores podem prejudicar suas atividades de convívio social. Dentre os prejuízos, encontra-se a interferência direta no relacionamento do cuidador com a sua própria família o que acaba afetando, também, o desempenho no seu trabalho, uma vez que o cuidado é fortalecido pela rede de suporte social formada pelos membros da família7. Relação da mulher como cuidadora O grupo de cuidadores apresentou perfil típico tanto no âmbito nacional quanto internacional como: mulheres, casadas, geralmente filhas ou esposas, com idade média de 50 anos, morando no mesmo domicílio e com dedicação exclusiva ao cuidado do portador de Alzheimer5,6,9,10. No Brasil, culturalmente, o papel da mulher como cuidadora ainda é atribuído pela sociedade, por ser ela a principal agente social nos cuidados necessários às atividades de vida diária dos idosos com doença de Alzheimer. No entanto, a participação dos homens também foi expressiva9,11. Dessa forma, percebe-se que as mulheres desempenham esta atividade de acordo com normas culturais e sociais, que intitulam a ela funções como: a organização da vida familiar, o cuidado dos filhos e o cuidado necessário para realização das atividades diárias dos pacientes dementes9. Outra importante consideração deste trabalho é o alto percentual (64%) de familiars com 60 anos ou mais a exercerem o papel de cuidador, o que aponta para um número significativo de pessoas idosas que cuidam de idosos12.

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CONCLUSÃO A presença dos inúmeros desafios e o estresse causado pela ininterrupta tarefa de cuidar do portador da doença de Alzheimer pode afetar a saúde e a qualidade de vida do cuidador, interferindo também na qualidade da assistência prestada. Para um cuidado efetivo é necessario que haja uma visão integral do doente, bem como do cuidador, de maneira que esse seja ajudado a superar os desafios que seu trabalho lhe propõe. Uma vez que o cuidador tenha uma qualidade de vida satisfatória, é possível garantir uma melhor assistência ao idoso portador da doença de Alzheimer. AGRADECIMENTOS Agradecemos ao Centro Universitário Cesmac pelo incentivo á pesquisa e pela disposição de apoio. REFERÊNCIAS

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T133. O desafio vindo da facilidade de obtenção dos medicamentos Nayara Soares de Mendonça Braga, Larissa Vilela Almeida celestino, Maria Laryssa Feitosa Silva, Adriana Santos Cunha Calado, Sandra Maria Rodrigues Fiorito, Kelly Christine Barbosa Menezes, Marcos Reis Gonçalves, Demetrius Lucena Sampaio, Larissa Gouveia Aragão de Souza Área Temática: Pediatria RESUMO A disseminação de DST voltou a ser alvo de preocupação do Ministério da Saúde (MS). Há 1 ano o Brasil vive uma epidemia de sífilis, com o aumento de casos, segundo o MS. Por não ter vivido tanto a epidemia de sífilis nas décadas anteriores e pela facilidade da PEP, a população mais jovem pode estar se descuidando dos métodos de prevenção, o que aumenta o contágio por DST e gravidez na adolescência. A sífilis materna não tratada pode determinar diversos problemas de saúde para a mãe e o feto, podendo levar, inclusive ao óbito. A doença é transmitida principalmente por via sexual, mas gestantes podem passar para o bebê durante a gravidez por via transplacentária, ocasionando a Sífilis Congênita (SC). A SC pode levar a várias sequelas que podem iniciar precocemente ou tardiamente, trazendo prejuízo por toda a vida do paciente. Para esse trabalho foi realizada uma revisão de literatura narrativa, em que foram utilizadas bases de dados, revistas científicas e livros acadêmicos do período entre 1994 e 2017. Por meio desta pesquisa foi evidenciado um aumento de 4,7% nos casos de SC. Apesar do diagnóstico e do tratamento serem rápidos, os casos de SC aumentaram em 5.000% nos últimos cinco anos, segundo dados da Sociedade Brasileira de Análises Clínicas (SBAC). A transmissão vertical da sífilis pode se dar em qualquer período da gravidez. Admite-se que o risco de transmissão fetal ocorra entre 30% e 100% dos casos dependendo do estágio da doença materna. A SC é uma doença facilmente prevenível, que apresenta um rastreamento de baixo custo, com a identificação da sífilis materna no pré-natal. Nessa revisão pôde-se verificar a necessidade de maiores esclarecimentos para população em geral sobre os benefícios do uso de camisinha e a real consequência que o uso indiscriminado de medicações pós exposição podem acarretar às grávidas e ao concepto. Palavras-chave: Doença Sexualmente Transmissível. Facilidade de obtenção de medicamentos. Sífilis Congênita. Sífilis na gravidez. INTRODUÇÃO Em 1905, com a epidemia de sífilis houve maior busca pelo agente causador daquela “nova” doença. O médico John Siegel conseguiu isolar o agente etiológico da sífilis e identificou que o causador da doença era um protozoário que, segundo ele, seria o responsável pela síndrome mão-pé-boca, além da sífilis1. Com os avanços nos estudos chegaram-se ao primeiro antibiótico, a penicilina (droga que impede que as enzimas catalisadoras da formação da parede celular bacteriana atuem no organismo humano), que salvou a vida de milhões de soldados feridos nos campos de batalha e graças a esses novos medicamentos, doenças como pneumonia, sífilis, gonorreia, febre reumática e tuberculose deixaram de ser fatais2,3. Na França do século XVII, as menções sobre o uso da camisinha como método contraceptivo aparecem, mas não com o intuito de se controlar a quantidade de filhos de uma família, e sim na tentativa de evitar as “novas” doenças que estavam surgindo. A grande preocupação desse tempo era evitar os infortúnios financeiros e sociais causados com os filhos bastardos. Naquela época, os preservativos eram vendidos de forma clandestina, pois a Igreja condenava o uso de instrumentos que burlavam os fins reprodutivos do sexo. O triunfo do preservativo só aconteceu na década seguinte, quando a ação do vírus HIV obrigou milhares de pessoas a se curvarem a um novo processo de educação sexual3. Com o sucesso de algumas medicações chegamos, em 2011, ao uso de medicações de Profilaxia Pós-Exposição (PEP). Com a facilidade no uso de medicações, baixos efeitos colaterais e adversos, existem profilaxias que previnem desde o aparecimento da sífilis até do HIV. Com todos esses benefícios, e “sem a necessidade” do “desconforto” da camisinha, a PEP tornou-se ótima alternativa para evitar o contágio de DST (Doenças Sexualmente Transmissíveis)4. A disseminação de DST voltou a ser alvo de preocupação do Ministério da Saúde (MS). Há 1 ano o Brasil vive uma epidemia de sífilis, com o aumento de 27,9% de novos casos, segundo MS. Mas esse retorno não é exclusivo no Brasil, a Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que, a cada ano, quase seis milhões de pessoas são infectadas pela sífilis. Por não ter vivido tanto a epidemia de sífilis nas décadas anteriores e pela facilidade da PEP, a população mais jovem pode estar se descuidando dos métodos de prevenção, o que aumenta o contágio por DST e gravidez na adolescência4. Em 2007, a sífilis acometerá cerca de 2 milhões de gestações a cada ano, resultando em 730.000 a 1.500.00 casos de sífilis congênita anualmente5. A sífilis materna não tratada pode determinar o abortamento espontâneo, parto prematuro, baixo peso ao nascer, óbito fetal, óbito neonatal e as lesões e complicações da sífilis congênita. A doença é transmitida principalmente por via sexual, mas gestantes podem passar para o bebê durante a gravidez por via transplacentária (transmissão vertical. A Sífilis congênita (SC) pode levar a várias sequelas, precoces ou tardias. Atualmente a SC é classificada em: recente (os sintomas aparecem nos primeiros dois anos de vida) ou tardia (os sintomas aparecem a partir do segundo ano, ocasionando deformações de dentes, surdez, alterações oculares, dificuldades de aprendizagem, retardo mental) trazendo prejuízo por toda a vida do paciente6.

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METODOLOGIA Foi efetuada uma busca nas bases de referência bibliográfica a fim de obter uma revisão de literatura narrativa. Além de bases de dados como MEDLINE, SciELO e Academic Search Premier, também foram utilizadas revistas científicas, livros acadêmicos e as contidas nas referências dos artigos analisados, no período compreendido entre 1994 e 2017. A estratégia de busca utilizada na base MEDLINE foi baseada na pesquisa, em todos os campos, da seguinte chave: “(Sífilis) AND (epidemia)”. Para as demais bases, foram empregados os unitermos equivalentes em português e utilizada sintaxe correspondente específica da base. RESULTADOS Chegando a um aumento de 4,7% nos casos de SC, o teste rápido para sífilis deve ser feito, portanto, no início da gravidez. Apesar do diagnóstico e do tratamento serem rápidos, os casos de SC aumentaram em 5.000% nos últimos cinco anos, segundo dados da Sociedade Brasileira de Análises Clínicas (SBAC) 6. A medida mais eficaz para prevenção da SC consiste na realização do rastreamento da sífilis durante o pré-natal, o mais precocemente possível, devendo ser repetido entre a 28ª e 38ª semanas de gestação e no acompanhamento pós-natal da criança. DISCUSSÃO A transmissão vertical da sífilis pode se dar em qualquer período da gravidez. Admite-se que o risco de transmissão fetal ocorra entre 30% e 100% dos casos dependendo do estágio da doença materna. A SC é uma doença facilmente prevenível, que apresenta um rastreamento de baixo custo, com a identificação da sífilis materna no pré-natal7,8. O ideal, em termos de diagnóstico de sífilis congênita, seria identificar cinco grupos de pacientes: 1) Mães infectadas e recém-nascidos infectados, com sinais clínicos da infecção; 2) Mães infectadas e recém-nascidos infectados sem sinais clínicos da infecção; 3) Mães infectadas e recém-nascidos não infectados; 4) Mães soronegativas infectadas e recém-nascidos infectados, mas sem sinais clínicos da infecção; 5) Mães não infectadas. Apesar da SC ser uma doença de notificação compulsória, não se conhece a sua exata magnitude devido a subnotificação. CONCLUSÃO Nessa revisão pôde-se verificar a necessidade de maiores esclarecimentos para população em geral sobre os benefícios do uso de camisinha e a real consequência do uso indiscriminado de PEP. E, principalmente, a necessidade de divulgação dos dados deste trabalho para a classe médica que realiza à assistência pré-natal para se tentar reverter os erros observados nesta assistência que foram responsáveis pela maioria dos casos de sífilis congênita estudados. AGRADECIMENTOS Agradeço a meus pais e irmã, que sempre me incentivaram a correr atrás dos sonhos que almejava, a meu namorado que sempre esteve me apoiando em meus desafios durante a graduação e por último, e não menos importante, a professora Larissa Gouveia que me orientou com muita graça e paciência. REFERÊNCIAS

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T134. O estado frente ao aborto num olhar biopolítico e de biopoder na perspectiva de foucault

Larissa Maria Dias Magalhães; Thais Manuella Ferreira; José Arthur Campos da Silva; Tayná Carlos Rolim; Ingrid Franciny Nascimento Ferreira; Bruna Simões Romeiro; Débora Jane Almeida Viana; Tainá Ribas Pessoa; Lorena Sampaio Monteiro Malta Gaia; Carlos Adriano Silva dos Santos Área Temática: Ciências da Saúde RESUMO INTRODUÇÃO: as discussões acerca da escolha da mulher quanto ao que fazer com o seu corpo, acaba remetendo à questão do aborto e o direito à vida. OBJETIVOS: entender como o sexo e a sexualidade foram vistos pela população, igreja e estado ao longo do tempo. Bem como, a atuação do poder dessas instituições sobre os corpos humanos, explorando os conceitos de biopoder e biopolítica criados por Foucault. Além de pôr em voga a reflexão em uma sociedade normalizadora que está centrada, hoje, na vida e como isso pode ser determinante para a compreensão do aborto nos dias atuais pela sociedade e pela lei, sem esquecer as consequências para mulher e para o feto. METODOLOGIA: o estudo trata-se de uma Revisão de Literatura que tem como seu principal referencial teórico o livro História da sexualidade I, de Michel Foucault; e artigos das bases de dados BVS, LILACS, PubMed e SciELO, com descritores do MeSH e DeCS (Aborto; Estado; Sexualidade; Saúde da Mulher; Direito da Mulher; Ética; Abortion; Sexuality; Woman’s health; Woman’s right; State Government; Ethic); além da Constituição e dados do Supremo Tribunal Federal. RESULTADOS E DISCUSSÃO: observa-se a importância do sexo para entender o jogo político que levou a construção de um biopoder centrado na disciplinarização dos corpos, na regulação da população e na vida. Sendo possível, assim, fazer um paralelo com a Constituição, que tem como a vida um direito inviolável, e entender os motivos que levam o aborto a ser considerado crime contra a vida. No entanto, quando o Estado exerce o seu papel de “biopoder” autorizando o matar ou o não deixar viver, ele está agindo na perspectiva da vida do feto, não avaliando as consequências que o aborto clandestino possa trazer a saúde e vida da mulher. Isso fere a proposta do cuidar do corpo e da saúde da população, “biopolítica”, que passa a ser mera formalidade. CONCLUSÃO: a partir da análise das consequências para mulher, fica evidente que a ilegalidade não é efetiva para a saúde pública. Palavras-chave: Aborto. Estado. Ética. Saúde da Mulher. Sexualidade. INTRODUÇÃO As discussões acerca da escolha da mulher quanto ao que fazer com o seu corpo, por sua vez, acaba remetendo à questão do aborto e o direito à vida por parte do feto são tópicos que participam amplamente dos debates da realidade contemporânea, sendo alvo de bastante polêmica tanto relacionada à autonomia da parcela feminina quanto ao seu papel reprodutivo na sociedade. Conceitos relacionados à definição de quando a vida realmente se inicia até então, nitidamente, não possuem um consenso. E as instituições de cunho espiritual e governamental exercem nítida influência frente a esse assunto, apresentando inúmeras discordâncias1. Essa não convergência de opiniões acaba culminando na realização de procedimentos abortivos na clandestinidade, o que é sem dúvida um grande problema de saúde pública. Reconhecendo-se esse fato, indivíduos detentores de poder, sejam médicos, governantes e outros, argumentam sobre um parecer quanto à vida, que são dispositivos contínuos e reguladores e corretores da vida, isto é:

De um biopoder, cuja principal consequência é a crescente importância assumida pela atuação da norma, aplicada através do sistema jurídico da lei, o qual se integra cada vez mais a um conjunto de aparelhos (médicos, administrativos etc.) cujas funções são, principalmente, reguladoras2.

Diante disso, é importante entender como o sexo e a sexualidade foram vistos pela população, igreja e estado ao longo do tempo. Bem como, a atuação do poder disciplinar que essas instituições impuseram sobre os corpos humanos, explorando os conceitos de biopoder e biopolítica criados por Foucault. Além de pôr em voga a reflexão sobre o cotidiano em uma sociedade normalizadora que está centrada, hoje, na vida e como isso pode ser determinante para a compreensão de como o aborto é visto nos dias atuais pela sociedade e pela lei, sem esquecer as consequências para mulher e para o feto. METODOLOGIA A escolha do tema, O Estado frente ao aborto num olhar biopolítico e de biopoder na perspectiva de Foucault foi realizada pelo Professor Carlos Adriano do curso de Medicina e a temática abordada neste trabalho foi delimitada pelos pesquisadores após reunião. Como critérios de inclusão foram estabelecidos: artigos completos disponíveis online em bancos de dados indexados, escritos nas línguas portuguesa e/ou inglesa. Foram excluídos da pesquisa: teses, dissertações, editoriais, resumos, relatos de experiência, pesquisas publicadas sem o parecer de um Comitê de

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Ética em Pesquisa envolvendo seres humanos e artigos repetidos. Na categorização dos estudos, foi realizada uma seleção dos artigos nas bases de dados indexadas na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS): Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Publish/Public Medline (PubMed), Scientific Electronic Library Online (SciELO) que foram acessadas no período de 21/09/2017 a 16/10/2017. Além disso, foi utilizado como principal referencial teórico o livro História da sexualidade I: A vontade de saber do filósofo Michel Foucault; além da Constituição Federal e dados do Supremo Tribunal Federal. A busca nas bases de dados foi realizada mediante a identificação dos descritores no Medical Subject Headings (MeSH) e nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS). Os descritores controlados utilizados na pesquisa foram: Aborto; Estado; Sexualidade; Saúde da Mulher; Direito da Mulher; Ética; Abortion; Sexuality; Woman’s health; Woman’s right; State Government; Ethic. Foram feitas várias combinações entre os descritores para tentar abranger o maior número de publicações elegíveis. RESULTADOS E DISCUSSÃO Com base nos critérios de inclusão e exclusão, foram selecionados 157 artigos, em uma primeira busca nas bases de dados. Foram utilizados 19 artigos após uma leitura dos títulos e dos resumos, sendo elencados apenas 5 artigos, complementando-se com a leitura do livro História da Sexualidade I: A Vontade de Saber. Sexo, sexualidade e poder A construção de uma ciência da sexualidade se deu a partir de muitos erros sobre as técnicas de poder que as diversas instituições exerceram sobre o sexo, ao longo do tempo. Não houve seletividade na implementação das diversas formas de sexualidade, elas foram surgindo em meio a repressão e a um histórico de antigos pudores, caracterizando o sexo como algo proibido3. A história da sexualidade ao longo das eras é marcada por uma grande hipocrisia de repressão, a qual demonstra um falso moralismo que precisa ser superado. É preciso falar sobre sexo de maneira pública, sem determinação de certo ou errado; e sem condenações. Ele precisa ser gerenciado para o bem de todos e inserido no sistema de forma útil3. As sociedades modernas foram caracterizadas pela forma como censuraram o sexo, valorizado-o como um segredo. No entanto, esse segredo era reproduzido no discurso – como foi feito pela igreja que obrigava seus fies a descreverem todo o ato sexual como forma de confissão- isso acabava, mantendo o sexo sempre na fala da população, que agindo dessa forma, propagava o discurso, mesmo que de forma obscura3. O Estado, então, muda de atitude em relação ao sexo e passa a não querer controlar mais a prática. No entanto, ele começa a discutir o sexo dos cidadãos e busca saber e analisar o uso que eles fazem dele. Não deixando, desta forma, de exercer poder sobre o indivíduo, mas tornando o sexo alvo de uma disputa pública3. A concepção de poder para Foucault não está centrada na dominação de um element ou grupo sobre o outro:

A análise em termos de poder não deve postular, como dados iniciais, a soberania do Estado, a forma da lei ou a unidade global da dominação; estas são apenas e, antes de mais nada, suas formas terminais. Parece-me que se deve compreender o poder, primeiro, como a multiplicidade de correlações de força imanentes ao domínio onde se exercem e constitutivas de sua organização3.

Corpo feminino e o biopoder sobre a vida: a questão do aborto no Brasil As entidades religiosas, legislativas e executivas vêm discutindo sobre como o útero pode ser considerado como parte autônoma do corpo feminino e não somente como um elemento do corpo da mulher. No entanto, ressalta que a decisão de maternidade não cabe somente à mulher, mas está relacionada com inúmeros fatores, dentre eles sociais, econômicos e pessoais4. Segundo Foucault3, existem alguns extremos, o primeiro a ser formado, baseia-se no corpo como máquina: no seu adestramento, na ampliação de suas aptidões, na extorsão de suas forças, no crescimento paralelo de sua utilidade e docilidade, na sua integração em sistemas de controle eficazes e econômicos, tudo isso assegurado por procedimentos de poder que caracterizam as disciplinas: anátomo-política do corpo humano. Outro extremo seria a concepção de:

Corpo-espécie, no corpo transpassado pela mecânica do ser vivo e como suporte dos processos biológicos: a proliferação, os nascimentos e a mortalidade, o nível de saúde, a duração da vida, a longevidade, com todas as condições que podem fazê-los variar; tais processos são assumidos mediante toda uma série de intervenções e controles reguladores: uma biopolítica da população3.

Durante a época clássica, a criação da dicotomia desta grande tecnologia, anatômica e biológica, individual e específica, relacionada ao exercício do corpo e encarando o ordenamento da vida. Isso classifica um poder cujo papel é investir sobre a vida3. O aborto provocado leva a reflexão sobre o papel feminino na reprodução, isso envolve questões relacionadas ao direito da mulher sobre as decisões do próprio corpo. Atualmente, o tema é bastante discutido de forma conflituosa em todo o mundo, as opiniões variam entre a defesa do direito à vida do feto e à autonomia reprodutiva da mulher1.

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Foucault3 define que durante muito tempo, um dos privilégios característicos do poder soberano foi o direito de vida e morte. Sem dúvida, ele derivou formalmente da velha pátria potestas que concedia ao pai de família romano o direito de "dispor" da vida de seus filhos e de seus escravos; podia retirar-lhes a vida, já que a tinha "dado". O soberano só exerce, no caso, seu direito sobre a vida, exercendo seu direito de matar ou contendo-o; só marca seu poder sobre a vida pela morte que tem condições de exigir. Essa morte vai mostrar como o direito à vida garantida, mantida e desenvolvida a partir do direito do corpo social3. Historicamente, a visão patriarcalista predominava, dessa forma a autonomia feminina não tinha significância. No entanto, atualmente a discussão gira em torno da liberdade da mulher e suas limitações impostas pelo Estado. De forma geral, o debate gira em torno de duas teses preestabelecidas. Por um lado, tem-se a visão de sua prática como uma grave infração moral, centrada na heteronomia e sacralidade da vida; e, por outro, a concepção desta como um exercício de autonomia reprodutiva das mulheres e no âmbito dos direitos humanos2. A Constituição Federal Brasileira de 1988, em seu artigo 5o, assegura o direito à vida, direito esse inviolável5. O problema encontrado nessa proteção é a determinação do momento exato em que se inicia a vida, bem como quando essa é digna de proteção. Por essa razão, existem diversas teorias que determinam seu início em momentos distintos, dessa forma, não ter um início exato causa entrave no debate acerca do aborto no Brasil. Em 2010 o governo brasileiro lançou o terceiro Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH – 3), que instituiu diretrizes para orientar a atuação do poder público no sentido da descriminalização do aborto. Embora se tenha uma legislação sobre o assunto e normas técnicas, as discussões não se encerram no ponto de vista jurídico ou deontológico; ao contrário, abrangem um leque variado de considerações2. Nos dias de hoje o poder estabelece seus pontos de fixação sobre a vida; a morte é o limite, o momento que lhe escapa; ela se torna o ponto mais secreto da existência, o mais "privado"; o poder político assumiu a tarefa de gerir a vida3. Segundo Foucault3, as disciplinas do corpo e as regulações da população constituem os dois pólos em tomo dos quais se desenvolveu a organização do poder sobre a vida. Desta forma, ele criou o termo biopoder:

[...] foi elemento indispensável ao desenvolvimento do capitalismo, que só pôde ser garantido à custa da inserção controlada dos corpos no aparelho de produção e por meio de um ajustamento dos fenômenos de população aos processos econômicos.[...]3

O biológico passa a interferir no político e a vida interfere na história, devido a uma intervenção do poder. Assim, Foucault3, usa o termo biopolítica “para designar o que faz com que a vida e seus mecanismos entrem no domínio dos cálculos explícitos, e faz do poder-saber um agente de transformação da vida humana”3. Às custas do sistema legislativo, a atuação da norma assume papel determinante, graças ao desenvolvimento do biopoder. No entanto, a lei tem como sua maior arma a morte, para os que a violam; diferente do poder que está centrado na vida e se encarrega de mecanismos de regulação e correção, atribuindo valor e utilidade aos seres humano3. Desta forma, construiu-se uma sociedade normalizadora, graças à influência de um poder centrado na vida.

[...] nós entramos em uma fase de regressão jurídica; as constituições escritas no mundo inteiro a partir da Revolução francesa, os Códigos redigidos e reformados, toda uma atividade legislativa permanente e ruidosa não devem iludir-nos: são formas que tornam aceitável um poder essencialmente normatizador3.

Isso influenciou diversas lutas políticas, que tem como o objeto a vida , mas se baseiam para Foucault (1976, p.135), “[...]no ‘direito’ à vida, ao corpo, à saúde, à felicidade, à satisfação das necessidades, o "direito", acima de todas as opressões ou ‘alienações’[...]”. Um direito que serviu como resposta à todos esses procedimentos de poder, incompreensível para o sistema jurídico clássico e para a soberania tradicional3. Esse jogo de poder também está presente no Brasil, na esfera do Congresso Nacional, quando tratamos do aborto. Grupos políticos e sociais do parlamento e da sociedade são componentes desse jogo de articulações para modificar ou manter a legislação em vigor. As lutas políticas se dão entre diversos grupos da sociedade, entre eles se encontram a Igreja Católica e os parlamentares ligados a grupos religiosos, que são favoráveis à criminalização do aborto, e o movimento feminista e os parlamentares progressista, que são contra a criminalização4. No Artigo 128 do Código Penal, da Constituição Brasileira, o aborto legal previsto por lei só acontece em duas exceções: interrupção da gravidez resultante de estupro e de risco de vida da gestante6. No entanto, em 2012, o Supremo Tribunal Federal julga como inconstitucional a interpretação segundo a qual a interrupção da gravidez de feto anencéfalo era tipificada como aborto ilegal nos artigos 124, 126 e 128, incisos I e II já que não há viabilidade de vida; autorizando, assim, que o procedimento seja realizado pelo SUS7. Excluindo os três casos em que o aborto é considerado legal, qualquer outra situação é enquadrada como crime, fator que não desestimula a prática. Sendo as consequências dela influenciadas por fatores regionais, culturais e, principalmente, socioeconômicos. As mulheres de classe social mais alta e como maiores índices de escolaridade têm acesso à clínicas ilegais com infraestrutura adequada. Já as com menor condição financeira e escolaridade estão

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sujeitas a diversas consequências para saúde e a maiores taxas de mortalidade, pois utilizam de métodos perigosos ou vão a clínicas com estrutura inadequada8. A ilegalidade não se mostra efetiva quanto à diminuição das práticas abortivas, ao contrário, torna ineficaz o controle de suas taxas. Sabe-se que o aborto é responsável por altos índices de morbimortalidade materna, mas devido a clandestinidade a obtenção de dados e estimativas são imprecisas, no entanto não deixam de ser altas. Isso configura o aborto não só como um problema legal, mas como uma questão de saúde pública4. A partir da perspectiva de Foucault, de outros referenciais teóricos, bem como dos conhecimentos prévios e da discussão em grupo, foi tomado um posicionamento favorável à descriminalização do aborto avaliando a perspectiva da saúde pública. Isso está relacionado aos altos índices de mortalidade materna, além da precariedade dos locais em que são realizados. Levando a reflexão de que quando o Estado exerce o seu papel de “biopoder” autorizando o matar ou o não deixar viver, ele está agindo na perspectiva da vida do feto, não avaliando as consequências que o aborto clandestino possa trazer a saúde e vida da mulher. Isso fere a proposta do cuidar do corpo e da saúde da população, “biopolitica”, que passa a ser mera formalidade e não um compromisso efetivado. Por isso, criminalizar a mulher por querer exercer sua autonomia se demonstra contraditório, logo a partir do momento que o Estado não consegue exercer o seu papel biopolítico sobre o corpo da mulher, ele deveria passar para ela a responsabilidade de cuidar de si em toda a sua autonomia, ou seja, o biopoder seria da mulher sobre si e não o do estado sobre ela. Contudo, o biopoder do estado também se tornará enfraquecido, ou melhor, ele perderia esse poder, pois a ele cabe o poder sobre a vida e não o “deixar de viver” do feto. CONCLUSÃO Desta forma, conhecendo a história da sexualidade - da censura à reprodução do discurso - observa-se a importância do sexo para entender o jogo político que levou a construção de um biopoder centrado na disciplinarização dos corpos, principalmente o corpo feminino - e nas regulações da população a partir de um poder centrado na vida. Sendo possível, assim, fazer um paralelo com Constituição Brasileira, que tem como a vida um direito inviolável, e entender os motivos que levam o aborto a ser considerado crime contra a vida. No entanto, a partir da análise das consequências para mulher que a tipificação do aborto como crime ocasiona, fica evidente que a ilegalidade não é efetiva para a saúde pública. Por isso, a partir dos conceitos de biopoder e biopolítica de Foucault fundamenta-se a necessidade de cobrar a assistência maior do Estado sobre a necessidade do “não deixar morrer” ou pelo menos “encompridar a vida”; e tornar a situação de aborto clandestino um problema de saúde pública, com metas e planejamentos visando uma melhor assistência às vítimas. REFERÊNCIAS

1. Souza ZCSN, Diniz NMF, Couto TM, Gesteira SMA. Trajetória de mulheres em situação de aborto provocado no discurso sobre clandestinidade. Acta Paul Enferm 2010;23(6):732-6.

2. Wiese IRB, Saldanha AAW. Aborto induzido na interface da saúde e do direito. Saúde Soc 2014;23(2):536-47.

3. Foucault M. História da sexualidade. v. 1. A vontade de saber. In: História da sexualidade. v. 1. A vontade de saber;. 1985.

4. Mariutti MG, Silva HLR, Costa ML, Furegato ARF. Abortamento: um estudo da morbidade hospitalar no país. Rev Bras Med 2010;67(4):97-103.

5. Brasil. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. 292 p.

6. Soares GS. Profissionais de saúde frente ao aborto legal no Brasil: desafios, conflitos e significados. Cad. Saúde Pública 2003;19(suppl. 2):S399-S406.

7. Brasil, ARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL 54. Brasília, DF: Supremo Tribunal Federal, p. 1, 2012. Disponível em: redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=3707334

8. Botelho NM, Araújo SG, Souza DC. Aspectos clínico-epidemiológicos das mulheres pós-abortamento em hospital de referência. Rev Para Med 2010;24(1):1.

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T135. O fortalecimento das pics na atenção básica do 3º distrito sanitário de Maceió/AL: um relato de experiência do petgraduasus – CESMAC

Sarah Maria Coelho da Paz de Lima; Anie Deomar Dalboni França; Monique Medeiros de Moura Barreto Alves; Juliane Emanuelle Silva; Emanuella Pinheiro de Farias Bispo; Quitéria Ferreira; Késia Jacqueline Ribeiro Oliveira; Maria Lucélia da Hora Sales Área Temática: Ciências da Saúde RESUMO Introdução: O Ministério da Saúde criou, em 2006, a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) a fim de reconhecer e implementar práticas e experiências populares que já vinham sendo elaboradas no Sistema Único de Saúde (SUS). PNPIC contempla a Medicina Tradicional Chinesa (sobretudo, a Acupuntura), a Homeopatia, a Fitoterapia, a Medicina Antroposófica e o Termalismo (Crenoterapia). As PICs contribuem para o fortalecimento do SUS, pois tem como principal objetivo um de seus princípios: Integralidade da atenção a saúde; além de ser de forma descentralizada, o que permite que os estados tenham maior autonomia. Dentre as PICs, destaca-se a Fitoterapia, que é uma das mais antigas práticas terapêuticas da humanidade e vêm sendo amplamente utilizadas. Com a ampliação da Estratégia Saúde da Família (ESF) ocorre uma maior visibilidade ao uso das plantas medicinais nas comunidades e torna-se mais consistente na Atenção Básica. E o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde - PET-Saúde, regulamentado pela Portaria Interministerial no 421, visa o fortalecimento das ações de integração ensino-serviço-comunidade (MS). Objetivo: Relatar as experiências vivenciadas pelas monitoras do PETGraduaSUS-CESMAC na implementação das PICs na atenção Básica. Relato de experiência: Trata-se de um Relato de Experiência de caráter descritivo. O Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde – PETGraduaSUS CESMAC teve como uma de suas metas “Planejar e executar ações que contemplem práticas integrativas e complementares (PICs) e alinhar com as práticas que já estão sendo inseridas na IES e no serviço e comunidade” e, a partir disso, algumas das atividades desenvolvidas são a aplicação de um questionário validado para identificar o conhecimento que a população tem sobre PICs no Terceiro Distrito Sanitário e a realização de atividade educativa com material previamente elaborado e com uso de metodologias ativas sobre o tema na Unidade de Saúde do bairro da Pitanguinha – Maceió/AL, sabendo que a prática proporcionada pelo PETGraduaSUS continua em andamento. A equipe é composta por oito estudantes, sendo distribuída igualitariamente entre medicina e enfermagem do Centro Universitário CESMAC. Os questionários foram aplicados em duas Unidades Básicas de Saúde (Pitanguinha e Ouro Preto) do Terceiro Distrito Sanitário de Maceió/AL com o intuito de verificar o conhecimento por parte dos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) daquelas áreas acerca das Práticas Integrativas Complementares, em especial a fitoterapia, visto que precisa ser fortalecida e implantada na Atenção Básica, como já é preconizado pelo SUS. Conclusão: Os momentos da aplicação do questionário e do encontro para conhecimento sobre as PICs estão relacionados à integração entre ensino-serviço-comunidade e foi de muita valia para as monitoras do PETGraduaSUS na medida em que enfatiza a colaboração para uma formação profissional de maior qualidade na linha da integralidade da atenção e do cuidado, como também, no reconhecimento da autonomia dos usuários e na busca de soluções para os problemas identificados. Palavras-chave: Atenção Básica. Fitoterapia. Práticas Integrativas e Complementares. INTRODUÇÃO O Ministério da Saúde criou, em 2006, a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) a fim de reconhecer e implementar práticas e experiências populares que já vinham sendo elaboradas no Sistema Único de Saúde (SUS). PNPIC contempla a Medicina Tradicional Chinesa (sobretudo, a Acupuntura), a Homeopatia, a Fitoterapia, a Medicina Antroposófica e o Termalismo (Crenoterapia)1. A proposta dessa política advém do atendimento às diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS) visando legitimá-la na sociedade e foi publicado na forma das Portarias Ministeriais no 971, em 03 de maio de 2006, e no 1600, de 17 de julho de 20061. A OMS criou o Programa de Medicina Tradicional no final da década de 70 e, no Brasil, a institucionalização ocorreu a partir da década de 80, principalmente após a criação do SUS. As PICs contribuem para o fortalecimento do SUS, pois tem como principal objetivo um de seus princípios: Integralidade da atenção a saúde; além de ser de forma descentralizada, o que permite que os estados tenham maior autonomia. Essas práticas visam também à promoção e recuperação da saúde, com ênfase na dimensão global do sujeito, uma maior participação social e estimular métodos alternativos que contribuam com o desenvolvimento sustentável2. Dentre as PICs, destaca-se a Fitoterapia, que é uma das mais antigas práticas terapêuticas da humanidade e vêm sendo amplamente utilizadas. Com a ampliação da Estratégia Saúde da Família (ESF) ocorre uma maior visibilidade ao uso das plantas medicinais nas comunidades e torna-se mais consistente na Atenção Básica3. E o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde - PET-Saúde, regulamentado pela Portaria Interministerial no 421, visa o fortalecimento das ações de integração ensino-serviço-comunidade (MS). METODOLOGIA

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Trata-se de um relato de experiência de caráter descritivo, cujo objetivo é relatar as experiências vivenciadas pelas monitoras do PETGraduaSUS-CESMAC na implementação das PICs na atenção Básica. O Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde – PETGraduaSUS CESMAC teve como uma de suas metas “Planejar e executar ações que contemplem práticas integrativas e complementares (PICs) e alinhar com as práticas que já estão sendo inseridas na IES e no serviço e comunidade” e, a partir disso, algumas das atividades desenvolvidas são a aplicação de um questionário validado para identificar o conhecimento que a população tem sobre PICs no Terceiro Distrito Sanitário e a realização de atividade educativa com material previamente elaborado e com uso de metodologias ativas sobre o tema na Unidade de Saúde do bairro da Pitanguinha – Maceió/AL, sabendo que a prática proporcionada pelo PETGraduaSUS continua em andamento. A equipe é composta por oito estudantes, sendo distribuída igualitariamente entre medicina e enfermagem do Centro Universitário CESMAC. RESULTADOS Os questionários foram aplicados em duas Unidades Básicas de Saúde (Pitanguinha e Ouro Preto) do Terceiro Distrito Sanitário de Maceió/AL com o intuito de verificar o conhecimento por parte dos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) daquelas áreas acerca das Práticas Integrativas Complementares, em especial a fitoterapia, visto que precisa ser fortalecida e implantada na Atenção Básica, como já é preconizado pelo SUS. A coleta de dados ainda está sendo realizada, porém já se pode perceber que uma grande percepção da falta de conhecimento sobre o termo “PICs” e quais são as práticas a ela pertencentes, sendo fitoterapia a mais difundida. Devido a isso, após divulgação com convites entregues pelo Agentes de Saúde, o primeiro encontro foi realizado na UBS da Pitanguinha e direcionada à terceira idade, pois tal público, hoje em dia, é o que detém mais riqueza de informações sobre a temática, sendo assim, um potencial propagador do conhecimento no meio social em que vive. Posterior as explanações das monitoras do PETGraduaSUS, o grupo dirigiu-se a horta da UBS, a qual foi idealizada e construída pela equipe de Estratégia de Saúde da Família (ESF), a fim de estimular a participação das mesmas na ampliação da horta. Após ação, foi distribuído material educativo construído pelas monitoras contendo as nove plantas medicinais presentes na horta com suas respectivas finalidades e formas de uso. DISCUSSÃO Tais ações exercidas pelo PETGraduaSUS e pela ESF são fundamentais para o fortalecimento dos princípios e políticas do SUS, para maior inserção dos usuários na Atenção Básica, assim como para aumentar o senso de responsabilidade destes sobre a sua saúde e sobre a saúde dos que estão inseridos em seu meio social. No caso das PICs, é de fundamental importância a difusão de seu conhecimento, pois, dessa forma, mais pessoas podem se beneficiar de suas práticas graças à diversidade na miscigenação brasileira. CONCLUSÃO Os momentos da aplicação do questionário e do encontro para conhecimento sobre as PICs estão relacionadas à integração entre ensino-serviço-comunidade e foi de muita valia para as monitoras do PETGraduaSUS na medida em que enfatiza a colaboração para uma formação profissional de maior qualidade na linha da integralidade da atenção e do cuidado, como também, no reconhecimento da autonomia dos usuários e na busca de soluções para os problemas identificados. AGRADECIMENTOS Agradecimento ao PET, aos preceptores do programa, aos profissionais de saúde da ESF Pitanguinha e Ouro Preto e aos colegas. REFERÊNCIAS

1. Brasil. Ministério da Saúde. Departamento de Atenção Básica. Secretaria de Atenção à Saúde. Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS – PNPIC-SUS. Brasília; 2006.

2. Brasil. Ministério da Saúde. Departamento de Atenção Básica. Secretaria de Atenção à Saúde. Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS – PNPIC-SUS. 2a edição. Brasília; 2013.

3. Fontanele RP, Sousa DNP, Carvalho ALM, Oliveira FA. Fitoterapia na Atenção Básica: olhares dos gestores e profissionais da Estratégia Saúde da Família de Teresina (PI), Brasil. Ciênc. Saúde Coletiva 2013;18(8):2385-2394.

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T136. O processo fisiopatológico da pancreatite aguda em decorrência de litíase biliar

Letícia Lima Silva; Luanna Costa Moura da Paz; Letícia Bandeira de Melo Kotovicz; Marina Côelho Malta; Iole Guimarães Firmino; Gabriela Souto Vieira de Mello Área Temática: Clínica Médica RESUMO INTRODUÇÃO: A pancreatite aguda é uma doença inflamatória de diferentes etiologias, sendo decorrente, em 80% dos casos, do consumo excessivo de álcool e da litíase biliar. OBJETIVO: A pesquisa teve como objetivo realizar um levantamento bibliográfico sobre a fisiopatologia da doença quando causada por cálculo biliar, explicitando suas características e as origens do processo inflamatório. METODOLOGIA: Para isso, a metodologia adotada consistiu em revisão narrativa de literatura, utilizando-se do acervo da instituição e dos artigos disponíveis em bases de dados online e revistas científicas. RESULTADOS: O processo inflamatório da doença é deflagrado diante da obstrução da ampola de vater por cálculos provenientes da vesícula biliar, que migram através dos ductos císticos e colédoco e terminam impedindo a saída do suco pancreático, levando à ativação indevida de enzimas, que deveriam atuar apenas quando localizadas no trato gastrointestinal, provocando uma autodigestão pancreática. O diagnóstico da patologia envolve a análise clínica, complementada por exames de imagem e laboratoriais, devendo-se atentar para os sintomas apresentados. Além disso, o tratamento envolve a correção dos fatores desencadeantes e o controle da sintomatologia. CONCLUSÃO: Dessa forma, é necessário reconhecer os mecanismos geradores da doença e ter discernimento para pedir os exames adequados afim de reverter o processo inflamatório, sendo o profissional da medicina indispensável na análise do quadro e na condução do paciente desde o diagnóstico até os possíveis tratamentos. Palavras-chave: Pâncreas. Inflamação. Doença. Cálculo biliar. INTRODUÇÃO A pancreatite é caracterizada por uma doença inflamatória de caráter agudo ou crônico. A pancreatite aguda (PA) é um processo inflamatório agudo do pâncreas, que pode afetar ou não os tecidos ou órgãos vizinhos. A patologia pode englobar desde formas brandas, sendo solucionada a partir de medidas clínicas, a formas graves, existindo a necessidade de tratamentos especializados quando houver presença de necrose pancreática ou peripancreática conjuntamente à infecção1. Essa doença possui etiologia relacionada a problemas congênitos ou a agentes de natureza química, traumática e infecto-parasitária, representando umas das principais causas de abdome agudo nas urgências de hospitais de referência, sendo o quinto mais diagnosticado e a quarta causa de internação por tal motivo2. A pancreatite crônica (PC) pode provocar lesões anatômicas e apresentar tecido fibroso no lugar do parênquima funcional e calcificação do pâncreas. A principal causa da PC nos países ocidentais é a alta ingestão de álcool relacionada principalmente com dieta hiperprotéica e hiperlipídica, correspondendo a 80% dos casos e acometendo mais frequentemente homens na faixa dos 45 anos. Existe, ainda, outras possíveis causas de PC, como a obstrução de ducto pancreático e hereditariedade3. A litíase biliar e o excesso de ingestão alcoólica são responsáveis por 80% dos casos de PA, além destas duas etiologias, ainda, conhecem-se múltiplas outras condições predisponentes como decorrentes da hipelipidemia ou de cirurgia abdominal4. O surgimento da lesão causada pela autodigestão pancreática pela litíase biliar é desencadeado, possivelmente, pela passagem de um cálculo através da ampôla de Vater causando obstrução transitória e aumento de pressão no ducto pancreático, com efusão de suco pancreático para o interstício glandular1. Dentro desse contexto, se torna de grande importância o conhecimento do médico sobre a fisiopatologia da doença para que possa compreender os sintomas incluídos na patologia com o próposito de solicitar corretamente os exames complemenares para fazer o dignóstico e realizar o tratamento do paciente. METODOLOGIA A metodologia utilizada consistiu em revisão narrativa de literatura, sendo a busca realizada em bases de dados online como Lilacs e Pubmed, incluindo livros e publicações em periódicos. Foram utilizadas palavras chaves referentes à temática como: pancreatite aguda, litíase biliar, diagnóstico e tratamento, sendo estas aplicadas em diferentes combinações. Além disso, foi consultada a literatura disponível no acervo da instituição. RESULTADOS E DISCUSSÃO Diante da pesquisa realizada, foram encontrados artigos que versam sobre a temática da litíase biliar e da pancreatite aguda e livros que explicitam a anatomia e a histologia pancreática, possibilitando a correlação anatomopatológica do processo com sua fisiopatologia e as consequências observadas. A literature consultada data dos últimos 17 anos e versa a respeito das diferentes apresentações da pancreatite e da litíase biliar, a associação de suas causas e incidência, explicitando diversas características da patologia bem como sinais, sintomas e tratamentos adotados.

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Litíase biliar A vesícula biliar é um pequeno saco em forma de pêra localizado abaixo do lobo direito do fígado, tendo como função o armazenamento da bile, secreção responsável por emulsificar gordura5. Uma das patologias mais comum deste órgão é a litíase biliar, caracterizada pela formação dos cálculos biliares em consequência da diminuição da motilidade da vesícula biliar, da alteração na composição da bile ou da presença de cálcio e muco na vesícula - problemas causados por secreção de bile litogênica pelo fígado6. Os cálculos são classificados em dois tipos de acordo com o component que está em excesso na secreção de bile litogênica, podendo ser pelo aumento de bilirrubinato de cálcio (cálculos pigmentares – pretos e marrons) ultrapassando o limite de solubilidade, ou de colesterol (cálculos de colesterol – amarelo esbranquiçados)6. A litíase biliar é assintomática em 50% dos casos, sendo comum ao fim de dez anos o aparecimento de complicações como cólica biliar, pancreatite aguda, colangite ou colecistite aguda. Sua incidência é maior nas mulheres com múltiplas gestações, idosos, obesos e pacientes com histórico familiar dessa doença, sendo rara em crianças. O diagnóstico pode ser feito através de uma ecografia abdmonial ou outro exame imagiológico, e o tratamento padrão ouro é a colescitectomia laparoscópica, por ser pouco invasiva e com rápida recuperação do paciente7. Fisiopatologia da pancreatite aguda decorrente de litíase biliar O pâncreas consiste em uma glândula mista localizada na porção retroperitoneal do abdome. Sua secreção exócrina é produzida pelas células acinares e liberada no duodeno através dos ductos pancreáticos principal e acessório. Na maioria dos casos, o ducto pancreático principal une-se ao ducto colédoco formando a ampola de Vater, com abertura na papila maior do duodeno5. As células acinares do pâncreas produzem as enzimas tripsina, quimotripsina e carboxipolipeptidase em suas respectivas formas inativas tripsinogênio, quimotripsinogênio e procarboxipeptidase. O tripsinogênio é transformado em tripsina pela ação da enterocinase, encontrada no trato gastrointestinal, bem como pela própria tripsina, que também é responsável pela transformação das demais enzimas em sua forma ativa. Para garantir que não haja a ativação enzimática antes da secreção pancreática chegar ao lúmen do intestino, os acinos produzem ainda um inibidor de tripsina8. A pancreatite aguda consiste em um processo inflamatório do pancreas causado por ativação enzimática inadequada. Em 1901 a associação entre a litíase biliar e a pancreatite aguda foi estabelecida por Opie e, após mais de 70 anos, o achado de pedras nas fezes, semelhantes às encontradas na vesícula de pacientes submetidos a colicistectomia, fortaleceu a associação das duas patologias9. A obstrução da ampola de Vater pela migração de cálculos provenientes da vesícula biliar é fator desencadeante da autodigestão pancreática, levando à lesão do interstício da glândula. Por este motivo acredita-se que o processo central da patologia é a conversão do tripsinogênio em tripsina nas células acinares, com a ativação das demais enzimas produzidas, do sistema complemento e do Sistema quinina-calicreína, sobrepondo mecanismos de defesa já apresentados e deflagrando o processo inflamatório1. Consequências e complicações da pancreatite aguda A pancreatite aguda não é uma doença patognomônica, porém são definidos alguns critérios para determinar o diagnóstico dessa patologia, que é realizado através de apresentações clínicas clássicas da doença com o auxílio de exames laboratoriais2. As idades mais acometidas por pancreatite aguda estão na faixa de 30 a 60 anos e o sintoma inicial, em 95% dos pacientes, é dor abdominal e, nos casos de origem por colelitíase, tende a ser mais gradual e localizada no hipocôndrio direito, podendo também ocorrer hipertensão arterial transitória. Ademais, em 90% dos casos, os primeiros sintomas são acompanhados de náuseas e vômitos contínuos geralmente causados pela compressão do duodeno pelo pâncreas edemaciado10. Em casos mais graves o paciente apresenta-se em angústia, com sudorese podendo ocorrer icterícia e cianose. A temperatura pode estar alterada e o paciente apresentar quadros de febre devido aos produtos de lesão tecidual liberados, como também é possível ocorrer hipotermia decorrente da adinamia circulatória2. Na pancreatite grave, o paciente pode apresentar quadros de taquicardia e hipotensão arterial devido à hipovolemia que ocorre pela perda de fluidos por vômitos, febre, além de sequestro de fluidos pelo intestino10. Diagnóstico e tratamento da pancreatite aguda por litíase biliar Além dos sinais clínicos, os pacientes apresentam alteração nas taxas de enzimas pancreáticas no sangue com aumento de, pelo menos, três vezes do valor normal. A avaliação clínica só diagnostica 30 a 40% dos casos de pancreatite grave, sendo esta detectada principalmente por autopsia1. Na pancreatite aguda causada por litíase biliar o diagnóstico é feito principalmente pelo altos valores de alanine aminotransferase (ALT), acima de 150 UI/L10. Nos exames laboratoriais, o diagnóstico é feito pelos índices elevados de amilase e lipase séricas. Apesar da hiperamilasemia ser um forte indicador de pancreatite, não é um dado especifico, uma vez que também pode indicar perfuração esofágica, insuficiência renal e gravidez. Já a lipase sérica é extremamente especifica, sendo o exame laboratorial primário para o diagnóstico10. Na análise radiológica, usa-se tomografia computadorizada helicoidal para pancreatite leve que não apresentou melhora após tratamento clínico e na pancreatite grave. Na imagem, o pâncreas vai está maior, com borramento da gordura peripancreática e para identificação de possíveis áreas de necrose, é utilizado contraste

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venoso10. No caso de litíase biliar e coledocolitíase, exams complementares são indicados, como ecografia abdominal e colangiorresonância1. Ainda não há tratamento específico de pancreatite, dessa forma, a melhor conduta é a correção dos fatores principiantes e controle do processo inflamatório. Na pancreatite litiásica são indicados colangiopancreatografia retrógrada endoscópica, suspensão na ingestão de fármacos e álcool, e controle da hipertrigliceridemia. Na pancreatite ligeira a moderada, a colecistectomia é indicada cinco a seis dias pós admissão hospitalar e no caso de pancreatite grave cerca de 6 semanas pós recuperação clínica. Outra conduta é a contenção da hipovolemia para evitar agravamento do processo inflamatório, em adição o controle da dor deve ser feito pela administração de opiáceos e analgésicos1. CONCLUSÃO A litíase biliar é uma das principais causas da pancreatite aguda, o que pode ser explicado pela anatomia e fisiologia dos órgãos envolvidos, bem como pela função pancreática. Compreender o processo deflagrado na doença é essencial para adoção de medidas eficazes para reverter o processo inflamatório e restaurar a função da glândula antes que ocorram agravos irreversíveis. Neste sentido, cabe ao médico o conhecimento dos sinais e sintomas envolvidos na patologia, a solicitação de exames complementares para confirmação de diagnóstico e a elaboração do tratamento do paciente. AGRADECIMENTOS Agradecemos à professora Gabriela Souto Vieira de Mello, pela orientação, apoio e confiança. À instituição pelo incentivo à pesquisa e pela promoção do congresso. REFERÊNCIAS

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2002. 10. Guimarães-Filho MA, Maya MC, Leal PR, Melgaço AS. Pancreatite aguda: etiologia, apresentação clínica e

tratamento. Revista Hospital Universitário Pedro Ernesto, v. 8, n. 1; 2009.

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T137. Olhar acadêmico frente aos impactos das políticas assistenciais voltadas ao contexto do idoso

Larissa Maria Dias Magalhães; José Arthur Campos da Silva; Kristhine Keila Calheiros Paiva Brandão; Maria Milde Noia Lyra; Aimê Alves de Araujo; Rafaela Brandão da Silva Almeida Área Temática: Ciências da Saúde RESUMO INTRODUÇÃO: o presente estudo refere-se a um relato de experiência respaldado na visita técnica ao Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) do bairro da Pitanguinha pelos alunos de Medicina do 2º período do Centro Universitário CESMAC no dia 24 de fevereiro de 2017. Nessa visita proposta pelas professoras do módulo de Integração Serviço, Ensino e Comunidade II, que compõe a matriz curricular do curso, os alunos aprenderam, na prática, o funcionamento da rede do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e o sistema de proteção social. OBJETIVO: adquirir um melhor entendimento quanto ao funcionamento da rede do SUAS e sua relação com a saúde pública, especialmente a da população idosa, além da importância das relações integradas. RELATO DE EXPERIÊNCIA: os alunos conheceram a estrutura e o funcionamento do CRAS sob supervisão de uma assistente social, além de terem participado das atividades de convivência entre idosos, interagindo por meio do diálogo e da dança. Quanto à atividade sócio-educativa de convivência, o que pôde ser observado é que quando constantemente gerenciadas proporcionam um bem-estar físico mental e social a esses idosos. Constatou-se, ainda, que os serviços da assistência social são de grande valia para a qualidade de vida da população idosa como também de outras parcelas. O alunado, também, adquiriu ainda mais discernimento e teve a oportunidade de contato com a realidade de alguns idosos. CONCLUSÃO: portanto, esse centro direcionado à proteção básica é de extrema importância para a garantia de direitos daqueles que necessitam dos recursos ofertados, nesse caso, os idosos; estando intimamente vinculado a promoção, prevenção e proteção à família contribuindo com o fortalecimento da cidadania, valores, experiências de vida, procurando fortalecer o papel social do idoso e construindo um processo de envelhecimento ativo, saudável e autônomo. Palavras-chave: Assistência. Idoso. Saúde. INTRODUÇÃO O presente estudo refere-se a um relato de experiência respaldado na visita técnica ao Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) do bairro da Pitanguinha pelos alunos de Medicina do 2º período do Centro Universitário CESMAC no dia 24 de fevereiro de 2017. O CRAS trata-se de um mecanismo de proteção social básica. Ele cuida de casos em que ainda existem vínculos familiares e comunitários, garantindo segurança de sobrevivência, de acolhida e de convívio. A Política Pública de Assistência Social associada às políticas Setoriais, observa as desigualdades socioterritoriais e garante tanto condições para atender possíveis eventualidades sociais quanto a universalização de direitos. Para assegurar isso, tem como objetivo prover serviços, programas, projetos e benefícios de proteção social, realidade observada no CRAS visitado. Sentenciando que as ações sociais tenham foco na família ou indivíduos que deles necessitarem, priorizando a convivência familiar e comunitária1. Nessa visita proposta pelas professoras do módulo de Integração Serviço, Ensino e Comunidade II que compõe a matriz curricular do curso, os alunos acompanharam atividades de convivência entre idosos, visando por meio dessa prática um melhor entendimento quanto ao funcionamento da rede do Sistema único de Assistência Social (SUAS) e sua relação com a saúde pública e a importância das relações integradas. A proteção social básica tem como objetivos prevenir situações de risco por meio do desenvolvimento de potencialidades e aquisições, e o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários. Destina-se à população que vive em situação de vulnerabilidade social decorrente da pobreza, privação (ausência de renda, precário ou nulo acesso aos serviços públicos, dentre outros) e, ou, fragilização de vínculos afetivos – relacionais e de pertencimento social (discriminações etárias, étnicas, de gênero ou por deficiências, dentre outras) 1. Existe na rede SUAS o sistema de proteção social especial que engloba o Centro de Referência Especializado da Assistência Social (CREAS). Para ele são encaminhados os casos em que os vínculos familiar e comunitário foram rompidos, como violência e maus tratos. As ocorrências de proteção especial chegam ao CRAS, o CRAS envia para o CREAS (referência) e o CREAS devolve para o CRAS (contra referência). Esse sistema de referência e contrarreferência é também um grande elemento de integração das redes de saúde, percebido como um método de encaminhamento mútuo de pacientes entre os diferentes níveis de complexidade dos serviços. O Ministério da Saúde ainda esclarece esse sistema como sendo primordial para reorganização das práticas de trabalho garantidas pelas equipes de saúde da família2. METODOLOGIA Refere-se a um relato de experiência de acadêmicos de Medicina, do 2º período do segundo semestre de 2017, sobre uma das formas de assistência ao idoso ofertada pelo Centro de Referência da Assistência Social e o funcionamento da rede do Sistema único de Assistência Social (SUAS) bem como sua relação com política de saúde.

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As bases foram adquiridas a partir da exposição do olhar dos acadêmicos que fizeram a visita técnica e participaram das atividades com os idosos. RESULTADOS E DISCUSSÃO Quanto à atividade sócio-educativa de convivência, o que pôde ser observado é que quando constantemente gerenciadas proporcionam um bem-estar físico mental e social a esses idosos, que realmente sentem-se à vontade nesses momentos a ponto de ficarem ansiosos por novos encontros. Na ação da qual os alunos fizeram participação, havia um educador físico que propôs uma roda de dança entre os idosos ali presentes com músicas de variados estilos, de modo que contemplasse o gosto de cada um. Essa forma de abordagem, segundo o educador, tinha como objetivo integrá-los e desenvolver o hábito de vida saudável naquela parcela que participa da “melhor idade”. Além disso, o mesmo falou que era necessário potencializar o desejo pela arte e cultura durante esses ápices de lazer, como por exemplo, apresentações folclóricas. Durante o momento de dança que os alunos estavam apenas presenciando, a empolgação dos idosos era tamanha que logo foram convidados pelos próprios, com muita alegria e entusiasmo, a participar, embora alguns alunos já estivessem envolvidos. Logo em seguida, crianças que faziam parte do grupo de convivência para crianças fizeram uma integração com todos eles na apresentação folclórica do Bumba meu Boi. Levando-se em conta essa apresentação, foi possível observar que a ocasião demonstrou a importância da relação entre diferentes grupos etários e como isso interfere em diversos aspectos: saúde, lazer, arte e cultura. Diante disso, houve a oportunidade de dialogar com os idosos a respeito do que achavam do suporte oferecido pelo CRAS e o impacto exercido na vida deles. Buscou-se, também, entender o ambiente em que estavam inseridos e a realidade familiar e emocional, além dos motivos que lhes faziam retornar ao CRAS. Relatou-se que alguns passavam boa parte do tempo sem ter o que fazer em suas casas, pois os seus familiares passavam a maior parte dos dias empenhados no trabalho, deixando-lhes sozinhos. Assim, eles mesmos garantem que, graças aos grupos de convivência, podiam afastar-se um pouco da solidão e participar de algo prazeroso. Foi dito também que, dentre os profissionais que fazem as ações no CRAS, além do educador físico, tem-se: os assistentes sociais, psicólogos e pedagogo. E ainda convém mencionar que muitos dos familiares daqueles idosos eram participantes do programa Bolsa Família ou utilizavam do Benefício de Prestação Continuada (BPC), outros serviços ofertados pelo CRAS. E foi a partir desses serviços que conheceram o CRAS, pois ele também oferece assistência relacionada ao acesso a esses programas. Vale citar também que alguns são usuários do Benefício Assistencial ao Idoso, tendo sido encaminhados ao CRAS para um direcionamento sobre o preenchimento dos formulários e tendo o intuito de sanar as principais dúvidas. Em decorrência disso, acabaram conhecendo os outros auxílios que lhes eram garantidos, continuando com as idas ao centro. Ademais, verificou-se que assistencialismo e assistência social são coisas distintas, pois, o assistencialismo se relaciona com ações de caridade e filantropia, já a assistência tem a ver com a disponibilidade de políticas públicas e sociais para pessoas em condições de vulnerabilidade social, que no caso acompanhado eram os idosos. Sem a Lei Orgânica de Assistência Social o objetivo central dessas ferramentas dificilmente seria alcançado. Por isso, a LOAS garante atendimento a necessidades básicas, sustentado os mínimos sociais por intermédio de iniciativas públicas e da sociedade1. Ainda convém ressaltar que o alunado adquiriu ainda mais discernimento e teve a oportunidade de contato com a realidade de alguns idosos. Notou-se uma boa autoestima graças às atividades proporcionadas a eles pelo CRAS, além de uma grande empatia na maneira de se enxergar os companheiros de grupo e compartilhar de suas realidades de vida. CONCLUSÃO Portanto, esse centro direcionado à proteção básica é um espaço para o protagonismo de seus usuários de extrema importância para a garantia de direitos daqueles que necessitam dos recursos ofertados, nesse caso, os idosos, estando intimamente vinculado aos três P’s: promoção, prevenção e proteção à família contribuindo com o fortalecimento da cidadania, valores, experiências de vida, procurando fortalecer o papel social do idoso e construindo um processo de envelhecimento ativo, saudável e autônomo, oferecendo proteção e possibilidades de protagonismo. Pensar na inter-relação entre as políticas sócio assistenciais e de saúde amplia as possibilidades para que delas resultem melhorias no bem-estar físico e social desta população de forma mais ampla e eficaz. REFERÊNCIAS

11. Brasil. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Política Nacional de Assistência Social e Norma Operacional Básica da Assistência Social; 2004.

12. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à Saúde. Coordenação de Saúde da Comunidade. Saúde da Família: uma estratégia para a reorientação do modelo assistencial. Brasília; 1997.

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T138. Perfil dos cursos de medicina com alto desempenho no enade Daniel de Mélo Carvalho; Anacácia Pessoa Leite; Rosamaria Rodrigues Gomes; Mauro Guilherme de Barros Quirino; Ana Lydia Vasco de Albuquerque Peixoto Área Temática: Educação Médica RESUMO INTRODUÇÃO: As primeiras escolas de medicina no Brasil foram fundadas em 1.808 com a chegada da família real portuguesa. Em 2001, foram implantadas as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para o curso de Medicina. No Brasil, existe cerca de 257 escolas de medicina. Esse elevado número de cursos traz a preocupação para a qualidade da formação do médico. Em 2004, foi instituído o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior – SINAES, destinado a promoção da avalição das instituições de educação superior. O tripé avaliativo do SINAES inclui o ENADE que é composto por três instrumentos, a prova, o questionário do estudante e o questionário do coordenador. Este trabalho tem como objetivo caracterizar os cursos de Medicina de alta performance, tomando como base a análise no desempenho nos quatro ciclos avaliativos do ENADE. A metodologia consiste na investigação da contribuição do ENADE para a gestão dos cursos de medicina, na abordagem da pesquisa quanti-qualitativa. Apenas 19 instituições de ensino obtiveram conceito 4 e 5 no ENADE nos últimos anos. Destas, 12 foram instituições públicas e 7 privadas. Vale ressaltar que apenas a Universidade Federal de Goiás obteve conceito 5 em todos os anos. A qualidade é requisito básico e importante para a educação superior, uma vez que esta tem um compromisso com o desenvolvimento social e econômico do país. Através da análise realizada nos quatro ciclos avaliativos foi possível traçar um perfil de uma instituição de alta performance que pode ser seguido como modelo pelas demais instituições a fim de alcançarem um bom desempenho. Palavras-chave: Avaliação do ensino superior. Formação médica. Curso de alta performance. INTRODUÇÃO As primeiras escolas de medicina no Brasil foram fundadas em 1.808 com a chegada da família real portuguesa, através da criação da escola de Cirurgia e anatomia em Salvador (hoje faculdade de Medicina da UFBA) e a de Anatomia e Cirurgia, no Rio de Janeiro (atual faculdade de Medicina da UFRJ). Em 2001, foram implantadas as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para o curso de Medicina2, que prevê a construção do currículo alicerçado nos quatro pilares da educação, voltado para o desenvolvimento de habilidades e competências que permitam formar um profissional generalista, crítico, reflexivo e comprometido com a sociedade que está inserido. No Brasil, existe cerca de 257 escolas de medicina. Destas, quase 70% encontram-se na região sudeste e nordeste. Esse elevado número de cursos traz a preocupação para a qualidade da formação do médico, considerando que o médico tem um papel fundamental na díade saúde-doença visando a promoção de saúde. Em 2004, foi instituído o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior – SINAES, instituído pela n.º 10.861/2004 prevê a realização de procedimentos destinados a promoção da avalição das instituições de educação superior1. A avaliação pode ser entendida como referenciais pedagógico e administrativo para definição de ações voltadas à melhoria da qualidade dos cursos de graduação por parte de professores, técnicos, dirigentes e autoridades educacionais. Permite o (re)pensar dos planos, missão, atitudes e responsabilidades sociais para que sejam realizadas ações acadêmica de qualidade e comprometida com a realidade social3. Os principais instrumentos que compõem o SINAES visam identificar as condições de oferta do ensino aos estudantes3 e o valor agregado à formação do egresso4. O tripé avaliativo do SINAES (externa, autoavaliação e ENADE) permite conhecer com profundidade o modo de funcionamento e a qualidade dos cursos e IES. Os resultados buscam subsidiar redefinições político-pedagógicas aos percursos de formação do egresso. O Enade é composto por 3 instrumentos, a prova, o questionário do estudante e o questionário do coordenador. O desempenho discente é realizado a partir da avaliação do conteúdo programático que constam nas diretrizes curriculares nacionais da respectiva área, e afere as habilidades acadêmicas e as competências profissionais do egresso. As habilidades acadêmicas consistem na capacidade do aluno dominar uma informação e aplicá-la quando necessário em uma determinada atividade, demonstrando que tem domínio acerca do assunto e competência profissional seriam as habilidades requeridas pela natureza do trabalho e do desenvolvimento tecnológico5. O Ministério da Educação (MEC) através de indicadores de qualidade da educação superior, tem fomentado o acompanhamento progressivo do desempenho discente nas avaliações, observa-se que o ENADE fornece subsídios gerenciais – quanti e qualitativos – que permitem identificar o desenvolvimento das condições de ensino, tendo como base o desempenho do estudante – avaliação e questionário socioeconômico. É neste sentido que a prova do ENADE é elaborada, para avaliar como o aluno irá aplicar o conteúdo aprendido ao longo da graduação, contextualizando em situações-problemas, simulações, estudo de caso, interpretações de textos, imagens, gráficos, tabelas e questões transdisciplinares6. É responsável por 55% dos pontos que compõe o CPC, sendo composta por questões de formação geral (2 questões discursivas e 8 subjetivas) e questões de conhecimentos específicos (30 questões entre discursivas e objetivas). Ela tem um caráter de avaliação em larga escala, já que irá avaliar a aprendizagem em geral e não o aluno específico. A sociedade e o Governo têm se preocupado cada vez mais com a qualidade da educação oferecida pelas Instituições de Ensino Superior (IES), o que faz com que estas organizações busquem melhorias nas suas práticas pedagógicas e gerenciais, visando a excelência na sua atuação social e no ensino prestado a comunidade. Nos dias de hoje, em que transformações econômicas, sociais e políticas ocorrem a todo

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instante, percebese que a educação é fundamental para alcançar novas estratégias que corroborem com o crescimento econômico, social e político de um país. Diante deste cenário surge a avaliação do ensino superior. O presente estudo visa caracterizar os cursos de medicina de alta performance, tomando como base a análise no desempenho nos quatro ciclos avaliativos do ENADE. Desta forma, a pergunta norteadora para a pesquisa é: Quais as características dos cursos de medicina que se mantém com alta performance ao longo da trajetória ENADE? Qual o perfil dos cursos de Medicina com alta performance no ENADE? METODOLOGIA A metodologia consiste na investigação da contribuição do ENADE para a gestão dos cursos de medicina, na abordagem da pesquisa quanti-qualitativa. Os dados foram coletados através de pesquisa bibliográfica e documental. Esta é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. A pesquisa documental deve valer-se de materiais que não receberam um tratamento analítico ou que podem ser reelaborados de acordo com os objetivos da pesquisa7. A análise documental teve como referência: (i) dados disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), em relação aos resultados do ENADE nos anos 2004, 2007, 2010 e 2013. Foram levados em consideração indicadores como: nota ENADE, Índice de Diferença de Desempenho e Conceito Preliminar de Curso obtido pelo curso, percepção do estudante quanto a prova e a prática de aprendizagem. Estruturalmente, o trabalho foi desenvolvido conforme descrito a seguir: Etapa 1: Levantamento bibliográfico das referências teórico-metodológicas e documental no que tange à proposta avaliativa do Sinaes, com ênfase no ENADE; Etapa 2: Seleção dos cursos que obtiveram conceito 4 ou 5 initerruptamente nos quatro ciclos ENADE; Etapa 3: Mapeamento do desempenho dos cursos participantes nos quatro ciclos ENADE (2004-2013) referente: às questões de formação geral, conhecimentos específicos, IDD e CPC contínuo/faixa, ENADE contínuo /faixa, percepção discente sobre o curso, a prova e as práticas de aprendizagem; Etapa 4: Tabulação, consolidação e análise dos dados coletados para que sejam propostas melhorias para o processo de formação médica tomando como referência os indutores de qualidade dos cursos com alta performance. Após a consolidação dos dados, os resultados obtidos foram sistematizados (números absolutos e relativos) com o uso do software Excel para análise e compreensão do desempenho dos cursos de medicina brasileiros nos quatro ciclos ENADE. RESULTADOS Em relação Brasil, predominaram os cursos com conceito 4 (69,9%) em relação aos cursos que obtiveram conceito 5 (30,1%). A média CPC foi satisfatória (3,0-3,7), pois cursos com conceito 3 são aqueles que atendem plenamente aos critérios de qualidade para funcionarem. Apenas 19 instituições de ensino obtiveram conceito 4 e 5 no ENADE nos últimos anos. Destas, 12 foram instituições públicas e 7 privadas. Vale ressaltar que apenas a Universidade Federal de Goiás obteve conceito 5 em todos os anos. Em 2004 foi predominante o conceito 5 entre os cursos avaliados (73,68%) contra 26,32% do conceito 4. Já em 2007 o quadro mudou totalmente contando com 78,94% dos cursos com conceito 4 e 21,05% apresentando conceito 5. Em 2010 o conceito 4 foi estabelecido em 52,63% dos cursos e 47,36% de conceito 5. Em 2013 o conceito 4 foi representado por 63,16% e o conceito 5 por 36,84% dos cursos. Das 19 instituições apresentadas no quadro, as Regiões Nordeste e Centro-Oeste contaram com duas instituições públicas (10,5%) com conceitos 4 e 5, cada uma. A Região Norte não teve representação. Na região Sudeste foram 7 instituições (36,84% do total), das quais quatro foram públicas (57,14%) e 3 privadas (42,85%). A Região Sul apresentou o maior número das instituições descritas (42,1% do total), das quais quatro foram públicas e quatro privadas. Todas as médias obtidas na prova de formação geral, componente específico e a média geral pelas universidades estudadas tiveram como a menor média de formação geral 51,8 e a maior de 86,7. Na presente pesquisa, os discentes das universidades avaliadas alcançaram como maior média a pontuação de 86,7 na prova de formação geral, 76,8 na prova de conhecimentos específicos e média geral de 77,0. Observa-se pelas médias acima citadas que os discentes não obtiveram 100% de acerto em ambas as provas, sendo essas médias construídas pela comparação com as médias das demais universidades submetidas ao ENADE nos anos respectivos. DISCUSSÃO Foi notório que as melhores médias foram em Formação Geral demonstrando um egresso que conhece os assuntos da atualidade, mas nem tanto os assuntos técnicos do curso. O que não é de todo o mal, já que a formação do profissional que é esperada, ultrapassa o conhecimento de habilidades e competências profissionais, atingindo a formação de cidadãos críticos que se posicionem frente à realidade social em que estão inseridos8. O conceito ENADE é relativo, avaliando o desempenho do curso em relação aos demais cursos participantes do ciclo9. De acordo com o questionário socioeconômico realizado pelos estudantes no ato de inscrição, observa-se que os alunos, teoricamente, dedicam seu tempo apenas aos estudos, o que facilitaria para que estes tenham um bom resultado na prova. Assim como, a influência dos pais, que cursaram ensino superior e conhecem a importância deste para formação profissional dos filhos. Além do mais, os alunos da educação básica de escola privada, em sua maioria, obtêm mais sucesso nos processos seletivos de IES públicas, tendo em vista que escolas privadas oferecem melhores condições de trabalho para os professores quando comparadas a escolas de ensino público10. Dessa maneira, o ambiente familiar, a educação dos pais, a motivação, o acesso à informação e a renda são fatores considerados de importância significante11. Pode esquecer que todo processo de avaliação tem como objetivo central conhecer a qualidade ou ao menos seus indicadores12, avaliar a qualidade na educação é uma realidade complexa uma vez que

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envolve um sistema, uma instituição ou curso, tendo uma realidade multidimensional12 e aferir qualidade em algo que não seja tangível, torna-se um pouco complicado, tendo-se que criar escalas comparativas e requisitos a serem atingidos para alcançá-la9. CONCLUSÃO O ENADE serve como um bom avaliador dos cursos de medicina do país. Através da análise realizada nos quatro ciclos avaliativos foi possível traçar um perfil de uma instituição de alta performance que pode ser seguido como modelo pelas demais instituições a fim de alcançarem um bom desempenho. Observa-se que os alunos do curso de medicina, teoricamente, dedicam seu tempo apenas aos estudos, o que facilitaria para que estes tenham um bom resultado na avaliação. Vale ressaltar que os pais que cursaram ensino superior e sabem da importância deste para a formação profissional dos filhos investem numa educação de qualidade deles desde a formação de base. A qualidade é requisito básico e importante para a educação superior, uma vez que esta tem um compromisso com o desenvolvimento social e econômico do país. Além disso, pode-se afirmar que os dados obtidos no ENADE devem servir de “termômetro” para que os gestores observem os pontos positivos e negativos em sua instituição e realizem os ajustes didáticos-pedagógicos necessários, afim de formar profissionais que atendam às demandas do mundo do trabalho. REFERÊNCIAS

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T139. Petgraduasus: contribuição na formação acadêmica do médico trabalhador do SUS - um relato de experiência

Sarah Maria Coelho da Paz de Lima; Anie Deomar Dalboni França; Juliane Emanuelle Silva; Monique Medeiros de Moura Barreto Alves; Emanuella Pinheiro de Farias Bispo; Maria Lucélia da Hora Sales Área Temática: Educação Médica RESUMO INTRODUÇÃO: Quando se fala de atuação no cenário de graduação profissional, o que se tem de mais urgente são as discussões para adequação da formação do médico em torno das necessidades profissionais ao novo desenho de organização dos sistemas de serviços de saúde baseada nos princípios e diretrizes do SUS. As graduações em saúde precisam estar fundamentadas no conceito ampliado de saúde; na utilização de metodologias que considerem o trabalho em saúde como eixo estruturante das atividades; no trabalho multiprofissional e interprofissional; na integração entre o ensino e os serviços de saúde; e no aperfeiçoamento da atenção integral à saúde da população seja, para um novo modelo assistencial ou um novo modelo de formação. Objetivo: Relatar a experiência do monitor do PETGraduaSUS na vivência da gestão e serviço para o SUS. Relato de Experiência: Trata-se de um estudo descritivo, tipo Relato de Experiência, elaborado com base na vivência como monitora do projeto PETGraduaSUS 2016/2017 do Centro Universitário de Maceió (CESMAC). Este projeto contou com a coordenação da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Maceió, com a preceptoria de profissionais dos serviços e da gestão do III Distrito Sanitário, além de tutores da Instituição de Ensino Superior (IES). As experiências na gestão foram vividas na Diretoria de Assistência à Saúde (DAS) e na Vigilância epidemiológica municipal. As experiências do serviço aconteceram na Estratégia de Saúde da Família (ESF) da Pitanguinha e na ESF de Ouro Preto nas atividades médicas e de enfermagem em interação com a equipe multidisciplinar. A experiência visa contribuir para a melhoria da relação gestão/serviço e o conhecimento de cada área de atuação ainda na academia do egresso em Medicina o que contribui positivamente para melhoria da relação entre os dois setores facilitando a interdisciplinaridade. Conclusão: As trocas de experiências entre gestoras, profissionais de saúde, docentes e discentes contribuem para formação de um egresso conhecedor do fluxo do serviço no SUS o que refletirá na prestação de um melhor serviço. Palavras chaves: Educação em Saúde, Prática profissional, Educação Superior. INTRODUÇÃO Quando se fala de atuação no cenário de graduação profissional, o que se tem de mais urgente são as discussões para adequação da formação do médico em torno das necessidades profissionais ao novo desenho de organização dos sistemas de serviços de saúde baseada nos princípios e diretrizes do Serviço Único de Saúde (SUS)1. Para Ceccim e Feuerwerker2, por muito tempo, o ensino de graduação no Brasil foi caracterizado pela aquisição de conhecimentos técnico científicos, a partir de disciplinas desarticuladas e sem integração entre teoria e prática. Segundo Pinheiro3, o modelo de ensino que não se mostra capaz de proporcionar formação do profissional com o perfil necessário para atuar na perspectiva da atenção integral à saúde, incluindo as ações de promoção, proteção, prevenção, atenção precoce, cura e reabilitação não se enquadra ao exigido pelo mercado de trabalho. Ainda segundo os autores, a graduação precisa estar fundamentada no conceito ampliado de saúde; na utilização de metodologias que considerem o trabalho em saúde como eixo estruturante das atividades; no trabalho multiprofissional e transdisciplinar; na integração entre o ensino e os serviços de saúde; e no aperfeiçoamento da atenção integral à saúde da população seja, para um novo modelo assistencial ou um novo modelo de formação4. Para Valença5, pensar na transformação das práticas em saúde é uma necessidade para a melhoria da qualidade de vida da população. Ao se trabalhar somente a prática, o indivíduo torna-se um ativista; ao articular teoria e prática, o indivíduo procura exercer a práxis, isto é, a prática reflexiva e transformadora. Na formação acadêmica, os estudantes precisam conhecer/reconhecer o SUS, para buscar na realidade do sistema aproximar-se da população, com sensibilidade para agir na diversidade ecomplexidade dos problemas e saúde da população”5. Para Chiesa6, ao longo da história do processo saúde/doença observamos que a formação dos profissionais da saúde foi fortemente marcada pela visão assistencialista, intensa influência de abordagens conservadoras, fragmentadas e reducionistas, nas quais se privilegiava o saber curativista, em detrimento das práticas proativas voltadas para a proteção e promoção da saúde. Buscou-se durante muito tempo a eficiência técnica onde a transmissão do conhecimento estava centrada em aulas expositivas, nas quais ao estudante era facultada pouca ou nenhuma possibilidade de inserção e participação. Além da ênfase na competência técnica, as abordagens tradicionais fragmentavam razão e emoção; ciência e ética; objetivo e subjetivo. O processo ensino-aprendizagem estava focado, basicamente, na pessoa do professor e no espaço da sala de aula, com pouca chance de problematização da prática6. Batista e Gonçalves7 afirmam ser unanimidade entre estudiosos, que a mudança na formação é necessária, porém para que a formação consiga romper valores e paradigmas, ela deve se aproximar das reais necessidades dos usuários e do sistema. Para que isso ocorra, se faz necessário a impressão de novos saberes e práticas de atenção à saúde e novos processos formativos na perspectiva de uma formação integral e voltada para os princípios do SUS. Sendo assim, o presente relato expõe a experiência do PETGraduaSUS em aproximar os discentes do corpo docente, da gestão e da comunidade o que vem a possibilitar ampliação do campo de conhecimento acerca da integração ensino serviço e gestão e do papel do médico na articulação entre as três. A incorporação de novas posturas, novas

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atitudes e novos comportamentos no âmbito da academia e dos serviços, mostrando as tendências e perspectivas para a formação do profissional de saúde e a relação com o serviço, contribuindo para a reorganização do processo de trabalho em saúde com um profissional familiarizado com o SUS. METODOLOGIA Trata-se de um estudo descritivo, tipo Relato de Experiência, elaborado com base na vivência como monitora do projeto PETGraduaSUS 2016/2017 do Centro Universitário de Maceió (CESMAC); com envolvimento da secretaria municipal de saúde do município de Maceió na pessoa da gestão, de profissionais do serviço que desempenham suas funções no III Distrito Sanitário de saúde e da instituição de ensino. As experiências de gestão foram vivenciadas na Diretoria de Assistência à Saúde (DAS) e na Vigilância epidemiológica municipal e as experiências do serviço aconteceram na Estratégia de Saúde da Família (ESF) da Pitanguinha e na ESF de Ouro Preto nas atividades médicas e de enfermagem em interação com a equipe multidisciplinar. As atividades baseavam-se em estágios supervisionados na gestão e no serviço, desenvolvimento de práticas de educação em saúde na comunidade assistida e discussões em encontros quinzenais para troca de experiências vividas. O objetivo principal é relatar a inserção das monitoras do PETGraduaSUS-CESMAC na vivência do fazer saúde enquanto gestão e enquanto serviço. RESULTADOS A partir da captação da realidade, percebeu-se a existência de fluxo deficiente entre o serviço prestador de saúde e gestão. Foi percebida também a carência da academia em preparar o egresso para atuar no SUS quando este não vivencia a realidade dos serviços e acaba desconhecendo sua existência e real importância. Existe deficiência curricular de conteúdos e vivência da prática de gestão na formação médica acadêmica. DISCUSSÃO O acesso do serviço à gestão merece ser ampliado e facilitado, por outro lado o profissional que presta serviço a comunidade precisa ser sensibilizado para enxergar a gestão como aliado no processo de construção da excelência do serviço prestado a comunidade, foi percebido que o serviço tem na função fiscalizadora a principal função da gestão. Em contrapartida a gestão se mantém longe do prestador do serviço final, sendo carente o diálogo e acaba por não suprir as reais necessidades do serviço. As Instituições de Ensino Superior (IES) vêm sendo desafiadas a quebrar paradigmas com relação à formação profissional e precisam programar e efetivar ações que reorientem o processo de formação4. Essas mudanças, conquistas e desafios, demonstram que já ocorreram muitos avanços para que os princípios do SUS sejam respeitados. Dessa forma, se faz urgente a reconstrução dos projetos pedagógicos dos cursos que devem estar em consonância com a reforma sanitária e com os princípios do SUS4. A experiência visa contribuir para a melhoria da relação gestão/serviço e o conhecimento de cada área de atuação ainda na academia do egresso em Medicina o que contribui positivamente para melhoria da relação entre os dois setores facilitando a interdisciplinaridade. CONCLUSÃO A vivência experimentada ao longo desse período de atividades práticas supervisionadas teve impacto para os alunos de Medicina que se envolveram no PETGraduaSUS e foram os agentes ativos desse processo que sugere mudança no currículo. As trocas de experiências entre gestores, profissionais de saúde, docentes e discentes contribuem para formação de um egress conhecedor do fluxo do serviço no SUS o que refletirá na prestação de um melhor serviço. AGRADECIMENTOS Agradeço aos funcionários da secretaria municipal de saúde, preceptores e os não preceptores, que receberam pacientemente os docentes. Agradecimentos aos membros das ESF da Pitanguinha e do Ouro Preto que acolheram as monitoras com respeito e compromisso. REFERÊNCIAS

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T140. Prevalência de acidente vascular encefálico em pacientes com fibrilação atrial no hospital geral de alagoas

Clara Bárbara Vieira e Silva; Agda Rose Bezerra Alves Aquino; Janaína Monteiro Ramos; Karla Morgana Mota de Araújo; Juliana Morena Bento Gomes de Barros; Adalberto Gomes Bisneto; Ana Carolina Morais; Emanuella Pinheiro de Farias Bispo Área Temática: Clínica Médica RESUMO INTRODUÇÃO: A fibrilação atrial (FA) é uma alteração do ritmo cardíaco que pode causar sintomas como palpitações, fadiga e dispnéia. O acidente vascular encefálico (AVE) é uma síndrome neurológica freqüente e a principal causa de óbito no Brasil. A FA se associa a ocorrência de AVE cardioembólico, pois promove a formação de trombos, levando a interrupção do fluxo sanguíneo cerebral. Assim, esse evento vascular aumenta quase cinco vezes em sua presença comparado a população sem essa arritimia. Ela é considerada a condição clínica isolada de maior risco relativo para a ocorrência de AVE e a principal causa do quadro na terceira idade, sendo o risco entre 50 a 59 anos de 1,5% ao ano, que aos 80 a 90 anos se eleva para 23,5%. A prevalência de AVE relacionado à FA segundo um estudo norte-americano é de 2,03%. Considerando o importante problema de saúde pública que essa associação representa, justifica a pesquisa epidemiológica visando à quantificação da sua prevalência no Hospital Geral do Estado Professor Osvaldo Brandão Vilela (HGE). OBJETIVOS: Investigar a prevalência do AVE em pacientes com FA no HGE, caracterizar o subtipo associado à FA e identificar a idade média dos acometidos. METODOLOGIA: Trata-se de uma pesquisa quantitativa do tipo exploratório-descritiva retrospectiva. As variáveis investigadas no período de janeiro a abril de 2016 foram: idade, sexo, tipo de AVE e comorbidades associadas. RESULTADOS: Foram analisados 723 prontuários, 325 são do sexo feminino e 398 do masculino, a faixa etária mais acometida é a de idosos (>65 anos) com 59,1% dos casos, idade média de 66,45 anos e 65,28% dos pacientes possuíam comorbidades associadas ao AVE. Os AVEs hemorrágicos correspondem a 10,5% dos casos, os isquêmicos 50,8% e aqueles em que o tipo de AVE não foi especificado correspondem a 38,5% dos internamentos. Dos pacientes com comorbidades, foram identificados 24 casos de AVE relacionados à FA. Destes, todos foram AVEs isquêmicos, correspondendo a 6,5% do total desse subtipo e os acometidos por essa associação possuíam idade média de 63,8 anos. CONCLUSÃO: A totalidade de casos de AVE relacionada à FA é do tipo isquêmico, o que ratifica a fisiopatologia da associação. A sua prevalência é de 3,31% dos internamentos, valor que supera o descrito na literatura. INTRODUÇÃO O acidente vascular encefálico (AVE) é uma síndrome neurológica frequente em adultos, sendo uma das maiores causas de morbimortalidade em todo o mundo. Estatísticas recentes mostram que no Brasil é a primeira causa de óbito. Tal magnitude em termos da prevalência e incidência sinaliza sua importância epidemiológica no país1. A fibrilação atrial (FA) é uma situação não rara na população geral, estimando uma prevalência em torno de 1,5 a 2%. Essa aumenta significativamente com a idade, sendo 0,5% nos indivíduos de 40 anos e 10% nos indivíduos acima de 80 anos de idade, além disso, é a arritmia mais comum, sendo responsável por cerca de um terço das hospitalizações por distúrbios do ritmo cardíaco2. A sua prevalência está aumentando consideravelmente em decorrência do envelhecimento acelerado da população e do aumento dos fatores de risco associados, como a obesidade, hipertensão arterial sistêmica (HAS) e diabetes mellitus (DM), sendo, portanto, considerada atualmente um problema de saúde pública3. A FA vem sendo considerada a condição clínica isolada de maior risco relative para a ocorrência de AVE que aumenta quase cinco vezes em sua presença, e persiste como principal causa de AVE cardioembólico4. O risco de AVE em doentes com FA é diretamente ligado à idade, sendo que entre 50 a 59 anos o risco é de 1,5% ao ano, já em pacientes entre 80 a 90 anos o risco se eleva para 23,5% ao ano e a prevalência de AVE relacionado à FA segundo um estudo norte-americano é de 2,03%2. As causas diretamente relacionadas com a formação de trombos na FA ainda são desconhecidas, mas, seguramente a ausência de contração atrial, anormalidades do endocárdio atrial e a estase sanguínea intra-atrial são as mais importantes. O tromboembolismo, que compromete a circulação cerebral, é responsável pelos casos de invalidez, com prejuízo acentuado da qualidade de vida e, na dependência da gravidade, pela morte de alguns pacientes. Esta complicação pode ainda surgir nos casos de pacientes não anticoagulados com FA crônica persistente após o restabelecimento do ritmo sinusal por meio da cardioversão farmacológica ou elétrica5. Nesse sentido, a prevenção do AVE nos doentes com FA deve ser preferencialmente realizada com anticoagulação oral, uma medida eficaz e segura, tendo como medicação mais largamente utilizada a varfarina2. Essa deve ser administrada por 3 semanas antes e 4 semanas após a cardioversão farmacológica como um meio profilático; para evitar a formação de trombos, obstrução de artérias cerebrais importantes e consequente AVE5,6. Apesar das evidências da eficácia da anticoagulação na prevenção de AVE em pacientes com FA, cerca da metade dos pacientes com indicações de uso dessas drogas não recebem a prescrição, ou as utilizam de forma inadequada. As razões para tal situação incluem a relutância de clínicos gerais em iniciar e monitorar o tratamento, as dificuldades práticas em anticoagular idosos restritos ao domicílio, dúvidas sobre a real eficácia das grandes séries na prática clínica diária, limitação econômica e risco de sangramento7.

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Quando se realiza uma busca sistemática em diversas bases de dados on-line como: MEDLINE/PubMed (Livraria Nacional dos Estados Unidos de Medicina),SciELO (Livraria Eletrônica Cientifica Online), LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), entre outros, não se encontram estudos relacionando a cardioversão farmacológica em paciente com FA e com AVE, nem a real prevalência dessa associação (AVE e FA) no Brasil, que ainda não é conhecida, configurando-se assim, uma carência de publicações acerca de estudos sobre a prevalência de AVEs relacionados à FA em populações brasileiras, principalmente da região Nordeste. Considerando o importante problema de saúde pública que o AVE relacionado à FA representa e a deficiência existente em seu manejo, justifica a realização de uma pesquisa epidemiológica visando à quantificação da sua prevalência no Hospital Geral do Estado de Alagoas (HGE). Tal estudo visa colaborar com a comunidade alagoana no que tange a identificação de possíveis associações entre a FA, os efeitos adversos da cardioversão farmacológica e o AVE, independentemente de faixa etária, bem como a sua possível prevenção. Além disto, busca-se preencher uma lacuna científica existente com um estudo único no estado, no Brasil e no mundo sobre essa correlação em uma população específica. Dessa forma, os objetivos dessa pesquisa são investigar a prevalência de AVEs em pacientes com FA no Hospital Geral do Estado de Alagoas entre janeiro e abril de 2016, caracterizar o tipo frequente de AVE relacionado a FA e identificar a idade media dos acometidos por essa associação. METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa quantitativa do tipo exploratório-descritivo, que utilizou o estudo retrospectivo para sustentar a busca de informação em documentos e registros de eventos já acontecidos no passado. A amostra foi por conveniência e todos os sujeitos que atenderam aos critérios de inclusão e exclusão foram incluídos na pesquisa, determinada (80) através de cálculo que tomou como base o universo de 100 pessoas, heterogeneidade da população de 50%, margem de erro de 5% e nível de confiança de 95%. O local de estudo foi o Hospital Geral do Estado Professor Osvaldo Brandão Vilela (HGE), localizado em Maceió/Alagoas. A amostra selecionada para coleta de dados foi composta por todos os prontuários que obedecem aos critérios de inclusão, ou seja, fram incluídos os pacientes admitidos devido a AVE relacionados ou não a FA, e excluídos aqueles que o internamento não foi devido a AVE no período pesquisado. O presente foi encaminhado ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do Centro Universitário CESMAC via Plataforma Brasil, conforme protocolo número: 56407816.6.0000.0039. Para análise do prontuário foi utilizado um roteiro estruturado, que é compost de duas partes: uma inicial, visando a caracterização do paciente (numero de prontuário, idade e sexo) e a outra relativa ao AVE (tipo de AVE, comorbidades associadas e óbito ou alta hospitalar). A busca nos prontuários foi realizada por cinco pesquisadoras treinadas. Os dados obtidos foram lançados em planilhas do programa Microsoft Excel for Windows 2007 e transportadas posteriormente para o programa SPSS versão 15, para se observar a associação entre as variáveis idade, sexo, histórico de FA entre a amostra do estudo, através do coeficiente correlação de Pearson (r). Os possíveis riscos desta pesquisa são os referentes ao desrespeito a sua confidencialidade e privacidade que estarão resguardados pelas medidas de controle propostas. As seguintes medidas para minimizar os riscos à integridade física dos sujeitos da pesquisa foram adotadas: os dados foram coletados apenas pelos pesquisadores, em ambiente reservado, ficando os mesmos armazenados em pastas (arquivos) e em computador, para evitar a perda das informações colhidas. Não foram publicados nomes, ou qualquer outra informação que identifique os profissionais. A privacidade está resguardada pelas medidas de controle propostas, os dados obtidos no estudo são considerados propriedade conjunta das partes envolvidas e, consequentemente não serão divulgados a terceiros sem prévia autorização de todas as partes. Entretanto, torna-se expresso que os resultados da pesquisa serão divulgados, sejam eles favoráveis ou não, preservando a identidade dos profissionais. Os benefícios propostos neste estudo referem-se à divulgação a comunidade da área da saúde e acadêmicos sobre a prevalência de Acidentes Vasculares Cerebrais em pacientes com fibrilação atrial em Maceió/AL, bem como sua possível prevenção. Para tal divulgação, serão realizadas, após a obtenção dos resultados, apresentações de banners em congressos da área da saúde, publicação de artigo em revistas científicas, além de distribuição de panfletos informativos sobre os resultados da pesquisa no Seminário Temático Integrador do curso de Medicina do Centro Universitário CESMAC. RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram analisados 723 prontuários, 325 são do sexo feminino e 398 do masculino, a faixa etária mais acometida é a de idosos (maior de 65 anos) com 59,1% dos casos, idade média de 66,45 anos. Dentre os internamentos devido ao AVE 65,28% dos pacientes possuíam comorbidades. Tais resultados corroboram o maior risco de eventos vasculares encefálicos com o aumento da idade e na presença de doenças associadas, ratificando a literatura. Os AVEs hemorrágicos correspondem a 10,5% dos casos de internamento, os isquêmicos 50,8% e aqueles em que o tipo de AVE não foi especificado correspondem a 38,5%. A alta porcentagem de AVEs não especificados aponta deficiência no atendimento e/ou preenchimento dos prontuários pelos médicos, uma vez que a conduta diante de um AVE hemorrágico é diferente da adotada num evento isquêmico. Dos pacientes com comorbidades, foram identificados 24 casos de AVE relacionados à FA. Destes, todos foram AVEs isquêmicos, correspondendo a 6,5% do total desse subtipo e os acometidos por essa associação possuíam idade média de 63,8 anos, mais uma vez ratificando a literatura, que indica aumento no risco da associação com o amadurecimento da população.

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CONCLUSÃO A totalidade de casos de AVE relacionada à FA é do tipo isquêmico, devido à interrupção do fluxo sanguíneo decorrente da oclusão vascular. Isso ocorre, pois, a FA promove a ausência de contração atrial, anormalidades no endocárdio atrial e a estase sanguínea intra-atrial, levando a formação de trombos. Assim, o resultado encontrado ratifica a fisiopatologia da associação. Por fim, a prevalência de acidente vascular encefálico em pacientes com fibrilação atrial no Hospital Geral de Alagoas é de 3,31% dos internamentos decorrentes de AVE, valor que supera os 2,03% descrito na literatura. Assim, concluímos que a prevalência da associação é significativa e indica deficiência no manejo clínico da fibrilação atrial crônica, onde deve ser feita anticoagulação oral contínua, e/ou na conduta da fribrilação atrial inicial, para o restabelecimento do ritmo sinusal, em que é realizada cardioversão química fora da janela de segurança para formação de trombos. AGRADECIMENTOS A minha orientadora, pelo emprenho dedicado à elaboração deste trabalho. À Instituição pelo ambiente criativo е amigável qυе proporciona. Meus agradecimentos аоs amigos Agda Rose, Janaín Ramos, Karla Araújo, Juliana Bento Gomes de Barros, Adalberto Gomes Bisneto, Ana Carolina Morais, companheiros dе trabalhos е irmãos nа amizade. REFERÊNCIAS

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T141. Purificação e aplicação biológica de proteases produzidas por aspergillus spp. Ucp1279 em sistema de duas fases aquosas

Gabriela Castro Guimarães; Caroline Montenegro Silva; João Coêlho Neto; Igor de Oliveira Pinto; Camila Souza Porto Área Temática: Ciências da Saúde RESUMO INTRODUÇÃO: O gênero Aspergillus possui mais de 180 espécies descritas e destaca-se como um dos melhores produtores de metabólitos. Devido à capacidade de produzir alta concentração enzimática em seu meio de crescimento, o fungo tem sido amplamente utilizado na produção de proteases, utilizadas, por exemplo, na cicatrização de lesões. Dentre os métodos de purificação de proteínas destaca-se o sistema de duas fases aquosas, composto por duas soluções químicas que quando misturadas dividem-se em duas fases imiscíveis com composições diferentes. Proporcionando: facilidade no aumento de escala, possibilidade de operação a temperatura ambiente, de reciclagem dos regentes e baixo custo de material. OBJETIVO: Dito isso, o presente estudo tem como objetivo purificar e caracterizar a protease obtida de Aspergillus spp. UCP1279 isolado de solo da Caatinga em sistema de duas fases aquosas (polietilenoglicol e citrato) utilizando planejamento fatorial. METODOLOGIA: Para tal, foi utilizado o microrganismo pertencente ao gênero Aspergillus spp., incubado em estufa microbiológica a 30°C por 72 horas. Os ensaios foram realizados em frascos cônicos de 125mL com 3g de farelo de trigo, esterilizados a 121°C/ 1atm de pressão, por 30 minutos. O substrato foi umedecido a 70% e inoculado com a concentração de 107 esporos/mL. Os ensaios foram incubados em escuro a 30°C por 96 horas. A extração foi realizada utilizando a proporção de 7,5mL para 1g de substrato, o extrato foi encaminhado para um agitador orbital a 100rpm por 2 horas. Em seguida, foi filtrado, centrifugado e o sobrenadante foi encaminhado para a determinação da atividade proteásica. O Sistema de Duas Fases Aquosas foi realizado segundo o planejamento fatorial 24 e carregado com 1g do líquido metabólico clarificado. A quantificação de proteínas totais e da atividade proteásica foi realizada, respectivamente, pelo método de Bradford (1976) e Ginther (1979). RESULTADOS: Foi obtido o extrato enzimático através da fermentação em estado sólido por Aspergillus spp UCP 1276 utilizando como substrato o farelo de trigo. Após 72h de crescimento microbiano foi extraído o líquido metabólico utilizando água com extrator. O liquido extraído foi filtrado e centrifugado para retirada total das células e esporos fúngicos. Foi determinada a concentração proteica e atividade proteásica que se obteve valores de 185,87mg/mL e 888 U/mL, respectivamente. Assim, observou-se que os ensaios (1,3,9,11) não formaram fase e que as concentrações determinadas pelo planejamento se apresentaram abaixo da curva binodal para a massa molar do PEG 400. CONCLUSÃO: Os resultados deste trabalho demonstram que a partição da protease obtida por Aspergillus spp. UCP1279 isolado do solo da Caatinga, em sistema de duas fases aquosas PEG/citrato é um promissor processo para obtenção em larga escala é constituído por componentes de baixo custo e, as condições utilizadas no SDFA favoreceram a extração destas enzimas. Com a caracterização, observa-se que a protease é estável em pH neutro e alcalino e em temperaturas fisiológicas, possuindo características bioquímicas favoráveis à fisiologia humana. Palavras-chave: Aspergillus spp. Protease. Purificação. Sistema de duas fases aquosas. INTRODUÇÃO A utilização biotecnológica de microrganismos tem sido alvo de diversas pesquisas, devido ao crescente uso de biomateriais na mimetização de processos biológicos. A possibilidade de purificar, quantificar e utilizar de maneira eficiente biomoléculas microbianas provenientes de locais pouco explorados, como a Caatinga, oferece benefícios ambientais, econômicos e tecnológicos relacionados com a descoberta de propriedades potencialmente exploráveis no campo da saúde1. Estudos relatam que, apesar de somente 1% da Caatinga ser integralmente protegida, ela detém biota diversa quando comparada a outras florestas tropicais secas da América do Sul, sendo os fungos conidiais, a exemplo do gênero Aspergillus importantes componentes dessa flora2. O gênero Aspergillus possui mais de 180 espécies descritas e se destaca como um dos melhores produtores de metabólitos. Devido a seu rápido crescimento e termotolerância tem sido amplamente utilizado na produção de compostos tais como, ácido cítrico, ácido oxalico, lipases, amilases, ácido glicônico, xilanases, celulases, proteases, podendo ser aplicados numa grande quantidade de processos, como: fabricação de detergentes, conservantes, o tratamento de hipercolesterolemia e na indústria farmacêutica1,3,4,5. Os fungos do gênero Aspergillus têm sido frequentemente utilizados a fim de produzir proteases, isso ocorre devido à capacidade de secretar uma alta concentração enzimática em seu meio de crescimento6. Dentro desse contexto, cerca de 60% do mercado de enzimas é voltado para a produção proteases, fato que aumenta a importância econômica desses fungos7, dentre as aplicações médicas dessas enzimas pode-se exemplificar o uso na Cicatrização de lesões, na terapia de queimados, no tratamento de psoríase, acne e no tratamento da doença celíaca8,9. O desenvolvimento de técnicas e métodos eficientes e de baixo custo para a separação e purificação de proteínas e outras biomoléculas tem sido parâmetro importante para vários avanços na indústria biotecnológica10. Os sistemas de duas fases aquosas (SDFA) são compostos por duas espécies de soluções químicas que quando misturadas dividem-se em duas fases imiscíveis com composições diferentes. Acima da concentração crítica destes

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componentes ocorre espontaneamente a separação de fases, predominando um ou outro componente em cada uma das duas fases resultantes11-13. A técnica de extração líquido-líquido proporciona facilidade no aumento de escala, rápida transferência de massa, possibilidade de operação a temperatura ambiente, baixo custo de material, alta seletividade e com possibilidade de reciclagem dos regentes, além de as enzimas permanecerem estáveis no sistema devido à alta concentração de água e utilização de reagentes não desnaturantes, tornando esta técnica potencialmente promissora para a obtenção de biomoléculas na indústria13-15. Os formados por PEG/fosfato têm sido amplamente utilizados para extração de proteínas diversas10,12. METODOLOGIA Microrganismo O microrganismo utilizado foi pertencente ao gênero Aspergillus spp. UCP1279 isolado do solo da Caatinga, mantido em meio sólido CZ (CzapekÁgar) e incubados em estufa microbiológica a 30°C por 72 horas para esporulação. Após este tempo foram armazenados a 4°C. O substrato utilizado foi farelo de trigo. Os ensaios foram realizados em frascos cônicos de 125 mL contendo 3g do substrato, foram esterilizados 121°C/1atm de pressão, durante 30 minutos. Posteriormente, o substrato foi umedecido com uma solução de sacarose (200g/L) para obter 70% de teor de umidade e inoculado com a concentração de 107 esporos/mL. Os ensaios foram mantidos em escuro e incubados a 30°C por 96 horas. Extração do caldo fermentado A extração foi realizada utilizando a proporção de 7,5mL para cada 1g de substrato, sendo em água destilada, o qual foi encaminhado para um agitador orbital a 100 rpm por 2 horas. Em seguida, foi filtrado utilizando papel de filtro (Watman no 1), por fim realizou uma centrifugação por 20 minutos a 12.000 rpm. O sobrenadante encaminhado para determinação da atividade de proteásica. Quantificação proteica O teor de proteínas dos extratos brutos foi determinado através do método de Bradford (1976), utilizando-se albumina de soro bovino (BSA) como padrão. Determinação da Atividade Proteásica A quantificação proteásica foi determinada pelo método de Ginther (1979), que utiliza azocaseína a 1% como substrato para reação, tendo como 1 unidade de atividade enzimática (U) a variação de 0,01 na absorbância a 420nm por 1 hora. Caracterização enzimática Para estudo do efeito ao pH, o extrato enzimático foi exposto a diferentes tampões: citrato-fosfato (pH 4,0 a 6,0), fosfato de sódio (pH 6,0 e 7,0), TRIS-HCl (pH 7,0 a 9,0) e carbonato-bicarbonato (pH 9,0 e 10,0), incubados a 37°C por 1h. O efeito da temperatura foi determinado pela incubação do extrato enzimático em temperaturas variando entre 10°C a 100oC, por um período de 1h. Para determinação da estabilidade à temperature e ao pH foram retiradas alíquotas com intervalo de 30 minutos por 3h de incubação. Vale salientar que o estudo da estabilidade à temperatura foi realizado até 65°C. Tais alíquotas foram submetidas à dosagem da atividade proteásica pelo método de Ginther, 1979. A influência das soluções iônicas foi avaliada nas concentrações de 5mM, 10mM e 20mM. O extrato enzimático foi exposto aos seguintes íons: cloreto de potássio [KCl], cloreto de cálcio [CaCl2], cloreto de manganês [MnCl2], cloreto de cobalto [(CoCl2).2H2O, cloreto de sódio [NaCl], sulfato de zinco [(ZnSO4).7H2O], sulfato de magnésio [MgSO4], sulfato de cobre [CuSO4], sulfato ferroso [FeSO4], e incubados a 37 °C por 1h. Os íons foram dissolvidos em tampão TRIS-HCl NaCl pH 7,75 a 0,15 M. A dosagem da atividade proteásica foi realizada pelo método de Ginther, 1979. A fim de avaliar o efeito de inibidores de protease, o extrato enzimático foi exposto a diferentes substâncias: PMSF (fluoreto de metilfenilsulfonil - C7H7FO2S), Pepstatina A (C34H63N5O9), 2-mercaptoetanol (2-Hidroxi-1-etanotiol-C2H6SO), Ácido iodoacético (C2H3IO2) e EDTA (ácido etilenodiamino tetra-acético-C10H16N2O8) e incubados por 1h a 37°C. Os inibidores foram dissolvidos em tampão TRIS-HCl NaCl pH 7,75 a 0,15 M, a concentração das soluções foi padronizada em 10mM. A metodologia de determinação da atividade proteásica foi realizada pelo método de Ginther, 1979. A Influência de surfactants, incluindo SDS (dodecil sulfato de sódio - C12H25SO4Na), Triton X-100 (C14H22O(C2H4O)n), Tween 20 (monopalmitato de polioxietileno sorbitano - C58H114O26) e Tween 80 (monopalmitato de polioxietileno sorbitano - C64H124O26), foi estudada nas seguintes concentrações: 0,5%; 1,0%, 1,5% e 2,0%. O extrato enzimático foi exposto aos surfactantes e incubados a 37°C por 1h. Os surfactantes foram dissolvidos em tampão Tris-HCl NaCl pH 7,75 a 0,15 M. Após o período de incubação a dosagem da atividade proteásica foi realizada segundo Ginther, 1979. Sistema de duas fases aquosas (SDFA) Para formação do SDFA foi utilizada uma solução concentrada de sais de citrato de sódio (40% m/m) preparada pela mistura de citrato de sódio e Ácido cítrico a pH 6, 7 e 8. Quantidades necessárias desta solução foram colocadas em tubos graduados com pontas cônicas de 15 mL e adicionado o Polietileno glicol (PEG). Logo após os

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tubos foram homogeneizados no vortex para atingir a composição desejada do sistema específico. As concentrações de PEG e sal e as massas molares do PEG em cada sistema variaram de acordo com o planejamento fatorial 24. O sistema foi carregado com 1g do líquido metabólico clarificado. Após a adição do líquido metabólico ocorreu agitação no vortex durante 1 min, a mistura foi deixada em repouso durante 60 min a temperatura ambiente, para separar as duas fases. Os volumes das fases foram medidos e, alíquotas de cada fase foram retiradas separadamente e usados para a determinação da atividade proteásica e da concentração de proteína em cada fase. Determinação do coeficiente de partição e recuperação O coeficiente de partição (K) de cada ensaio do sistema de duas fases aquosas foi determinado pela expressão que consiste na atividade protease da fase superior pela fase inferior em U/mL.

K= As / Ai Onde: As = atividade da protease na fase superior (U/mL); Ai = atividade da protease na fase inferior (U/mL). O índice de recuperação (Y) de cada ensaio foi determinado pela atividade proteásica da fase multiplicada pelo seu volume dividido pela atividade protease do caldo fermentado multiplicado pelo seu volume.

Y= (AFs×Vs)×100/(AFi×Vi) Onde: AFs e AFi são as atividades da enzima protease na fase superior (U/mL) e extrato bruto, respectivamente; Vs e o volume da fase superior e Vi volume do extrato bruto (mL). O balanço de massa é calculado conforme apresentado na equação abaixo:

BM= (Ps×Vs)+ (Pi×Vi) × 100/ (Peb×Veb) Onde: BM= balanço de massa; Ps, Pi e Peb = proteína da fase superior, inferior e extrato bruto respectivamente (mg/mL); Vs, Vi, Veb = volume da fases superior, inferior e extrato bruto. RESULTADOS Foi obtido o extrato enzimático através da fermentação em estado sólido por Aspergillus spp. UCP 1276 utilizando como substrato o farelo de trigo. Após 72h de crescimento microbiano foi extraído o líquido metabólico utilizando água com extrator. O liquido extraído foi filtrado e centrifugado para retirada total das células e esporos fúngicos. Foi determinado a concentração proteica e atividade proteásica que se obteve valores de 185,87mg/mL e 888 U/mL respectivamente. Na caracterização da protease, a temperatura ótima se deu aos 55°C, quando alcançou 61,53U/mL. Entretanto, só se manteve estável com 30°C, onde conseguiu conservar sua atividade por um período de 3h. O que se assemelha aos resultados de Ju et al, 2012, a qual se manteve estável também em torno dos 30°C. A partir dos 37°C, começa a observar a degradação da molécula proteica, provavelmente por desnaturação. O pH 9,0 obtido com o tampão carbonato-bicarbonato foi o que mais favoreceu a atividade proteásica, com 67,57U/mL. A alcalinidade da reação proporcionou melhores resultados tendo como atividade residual em torno de 100%. De acordo com a literatura, os pHs neutros ou alcalinos são os que se obtêm melhores resultados. A protease em estudo se manteve estável num pH entre 7,0 e 9,0 nos tampões Fosfato de sódio e Carbonato-bicarbonato. Isso pode ter ocorrido pelo fato da fermentação já se suceder num pH em torno de 8,0, ocasionado pelo próprio metabolismo do micro-organismo avaliado. Segundo Palanivel et al, 2013, as proteases alcalinas obtidas por microrganismos têm atraído grande atenção das indústrias devido a sua elevada atividade catalítica e alto grau de especificidade como substrato. Os resultados mostram que a enzima produzida por Aspergillus spp. UCP1279 é uma protease ativa e estável em pH neutro a alcalino e em temperaturas fisiológicas, possuindo características bioquímicas favoráveis à fisiologia humana. Ocorreu inibição da protease com EDTA (68,16%) e β-Mercaptoetanol (97,98%). Os resultados indicam que a protease estudada pertence à classe das metaloproteases. As enzimas que pertencem a esta classe exigem metal bivalente para suas atividades, de modo que a atividade destas pode ser inibida por agentes quelantes, como o EDTA. Em estudos prévios, o EDTA também foi o principal agente inibidor da protease, onde inibiu 30% da atividade do extrato bruto enzimático; e, verificou-se a ação dos inibidores de proteases e classificou-a como uma metaloprotease, já que também foi inibida por EDTA. Foram testados diversos íons que são descritos como inibidores ou ativadores da atividade proteásica. A atividade enzimatica não sofreu inibição pelo KCl sendo importante destacar a importância dos íons K+ e Cl na fisiologia humana. O extrato ainda foi estimulado pelos íons: CaCl2 e MgSO4. Entretanto a atividade enzimatica sofreu maior inibição (57,78%) pelo íon ZnSO4. Do mesmo modo como ocorreu nos estudos de Simkhada et al, 2010, onde o extrato bruto avaliado inibido por ZnSO4. Dos surfactantes avaliados, a protease foi ligeiramente estimulada pelo Tween 80 (111,33%) e, principalmente, pelo SDS (151,78%), ambos a 2%. Em contrapartida sofreu inibição pelo SDS (66,89%) a 0,5%. Em estudos prévios, o surfactante aniônico (SDS) teve efeito estimulante no extrato, diferentemente do que foi estudado nesse trabalho, em que se sugeriu que a enzima pode ter alterado sua conformação estrutural, causando uma maior acessibilidade do substrato. Com o resultado do planejamento fatorial completo 24 podemos observer as variáveis resposta recuperação nas fases PEG (superior-YPEG) e Sal (inferior-

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YSal), bem como o fator de purificação (FP) e o coeficiente de partição (K). Os ensaios: 1,3,9,11 não formaram fase devido as concentrações determinadas pelo planejamento se apresentaram abaixo da curva binodal para a massa molar do PEG 40011. Os coeficientes de partição em proteína, encontrados no planejamento, apresentam valores superiores a 1,0, indicando que a protease tem mais afinidade pela fase polimérica do sistema do que pela fase rica em sal. DISCUSSÃO O SDFA possui grande versatilidade na separação de misturas complexas devido ao grande número de variáveis que interferem na partição da molécula alvo. Através da manipulação sistemática das variáveis extrínsecas pode-se modificar o comportamento da proteína de interesse e de seus contaminantes. Contudo com essa grande gama de variáveis e, a maioria delas sendo interdependentes, torna-se muito difícil a compreensão teórica do comportamento da molécula de interesse em SDFA. Em virtude disso, as conclusões em relação à partição da protease apresentadas neste estudo foram baseadas nas características físico-químicas dos componentes do sistema e da estrutura química da molécula alvo. A partição da protease para a fase rica em PEG em ambos os sistemas estudados pode ser justificada pela interação hidrofóbica entre o PEG e aenzima. A esse respeito é possível inferir que tal interação ocorre devido à presença de domínios hidrofóbicos na protease, assim como ocorre nas quitinases, celulases e xilanases. Os domínios hidrofóbicos presentes nas proteases microbianas, assim como em todas as metaloproteases, são formados pelos resíduos de metioninas contidos nestas enzimas e que são os responsáveis por tais bases hidrofóbicas. Além disso, o PEG possui alta hidrofobicidade, em virtude de suas longas cadeias carbônicas, além de ser uma molécula neutra. Sendo assim os domínios hidrofóbicos das proteases interagiram com as cadeias hidrofóbicas do PEG possibilitando, por meio de forças hidrofóbicas, a migração da enzima de interesse para a parte superior do sistema bifásico. Consideraram-se apenas os resultados da recuperação da protease na fase superior do sistema em virtude dos maiores valores encontrados. Tal fenômeno também pode ser explicado da mesma forma que foi discutido em relação ao coeficiente de partição, onde ocorreu uma possível interação hidrofóbica entre o PEG e a protease, particionando a enzima para esta fase. Em contrapartida, as proteínas contaminantes com características hidrofílicas podem ter interagido com a fase inferior rica em sal. Os melhores resultados para recuperação da protease foram de 327,01%. Outros autores utilizando o SDFA para extração enzimática também encontraram valores de recuperação acima de 100%. Este fato pode ser explicado através da possível diminuição dos inibidores da enzima de interesse, durante o processo de extração ou a fase PEG pode ter promovido maior estabilidade à enzima alvo11. Os melhores resultados expressos para o fator de purificação da protease foram obtidos nos ensaios 8 e 14. A protease apresentou o maior valor de FP de 5,50, revelou um fator de purificação menor de 2,36. CONCLUSÃO Os resultados deste trabalho demonstram que a partição da protease obtida por Aspergillus spp. UCP1279 isolado do solo da Caatinga, em Sistema de duas fases aquosas PEG/citrato é um promissor processo para obtenção em larga escala é constituído por componentes de baixo custo e, as condições utilizadas no SDFA favoreceram a extração destas enzimas. Com a caracterização, observa-se que a protease é estável em pH neutro e alcalino e em temperaturas fisiológicas, possuindo características bioquímicas favoráveis à fisiologia humana. AGRADECIMENTOS Gostaríamos de agradecer a nossa orientadora, por todo esforço e dedicação para com o projeto, assim como conosco. Também agradecemos o imenso apoio oferecido pela equipe do Laboratório de Biotecnologia de Bioativos da Universidade Federal Rural de Pernambuco. REFERÊNCIAS

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T142. Resiliência no enfrentamento a microcefalia: desafios e superação Camila Neves de Melo Cavalcanti; Raphael de Lucena Salustiano Silva; Yuri de Lima Ribeiro; Marcus Vinicius de Andrade Silveira; Antonio di Biase Wyrszomirski; Mariana de Castro Figueiredo; Claudio Soriano; Georgia de Araujo Pacheco Área Temática: Pediatria RESUMO A microcefalia é uma malformação incurável que causa redução do volume cerebral, com consequências graves e permanentes para o desenvolvimento do indivíduo. É grave porque afeta fetos em formação e o comprometimento é para vida toda. Sabe-se que a epidemia de microcefalia se deu devido a sua associação com o zika vírus na gravidez. Assim, é importante o incremento de cuidados para prevenir a doença, combatendo o mosquito, sendo um cuidado de cunho social. Faz-se necessário também saber lidar com as limitações que a microcefalia impõe. O objetivo do trabalho é, então, apontar a prevenção e a superação no que se refere a epidemia de microcefalia, dando enfoque aos cuidados para evitar a zika, tendo em vista que esse vírus foi o fator desencadeante para tal. Foi realizada uma revisão narrativa de artigos científicos na língua portuguesa e inglesa escolhidos SciELO, PUBMED, BIREME e GOOGLE ACADÊMICO nos últimos 10 anos. Concluiu-se que é relevante a implementação dessas ações afim de evitar novos casos e saber reabilitar os que já surgiram. Palavras-chave: Epidemiologia. Microcefalia. Pessoas com Deficiência. Promoção à Saúde. INTRODUÇÃO

As infecções maternas, por meio da transmissão vertical (intrauterina, no parto ou na amamentação), são causas de grande impacto nas taxas de morbimortalidade fetal e neonatal. No Brasil, no último trimestre de 2015, após a constatação de um grande número de bebês nascidos com microcefalia, principalmente na região Nordeste, foi confirmada a infecção pelo vírus Zika na gestação como causa relacionada (Síndrome Congênita relacionada à infecção pelo vírus Zika)1-3. A microcefalia é uma condição em que o perímetro cefálico da criança se encontra 2 desvios-padrão abaixo da curva do percentil esperado para a idade e sexo da criança. O Ministério da Saúde, em consonância com a Organização Mundial da Saúde, considera 32 cm (percentil 2.6 para meninos e 5.6 para meninas) a medida padrão mínima para o PC do recém-nascido. A etiologia da microcefalia é complexa e envolve múltiplos fatores, incluindo os genéticos e os ambientais2,4. Confirmado o diagnóstico, visando ao melhor desenvolvimento biopsicossocial, necessário se faz acompanhamento por uma equipe multidisciplinar, por meio da estimulação precoce, uma vez que a plasticidade neuronal da criança nos três primeiros anos de vida pode minimizar os danos causados pela lesão cerebral. Entretanto, o prognóstico varia, dependendo de diversos fatores, como a gravidade da lesão e a própria estimulação precoce5.

Além disso, o apoio e envolvimento da família deve ser valorizado, uma vez que o vínculo, em especial, entre mães e bebês, é considerado pelos médicos, fator imprescindível para a evolução das vítimas da má-formação6. O impacto da microcefalia na saúde coletiva, os aspectos relevantes ao enfrentamento de forma resiliente, buscando a superação dos achados decorrentes da patologia, perfazem a problemática em torno do tema. Assim, o resumo em questão justifica-se diante do cenário alarmante e incerto gerado pela epidemia de microcefalia, principalmente ao se descobrir que a etiologia seria a infecção das mães pelo Zika vírus quando da gestação, ressaltado pela urgente necessidade de medidas enérgicas para o combate ao(s) mosquito(s) transmissor(es), e, principalmente, de propostas para viabilizar os desafios e superações das limitações geradas à criança acometida pela anormalidade congênita e à própria família. Este estudo tem como objetivo identificar os fatores que contribuem para o enfrentamento resiliente da microcefalia, considerando os aspectos morfofuncionais, sociais e éticos; levantar a bibliografia relacionada com a epidemia de microcefalia desencadeada em 2015, considerando a escassez de material diante da atualidade do tema; destacar as principais medidas para superação das limitações geradas pela doença, no âmbito governamental e familiar; demonstrar a necessidade do trabalho interdisciplinar na reabilitação da criança microcéfala. METODOLOGIA

Trata-se de um resumo expandido de revisão de literatura referente à epidemia da microcefalia, com consultas em livros, artigos, monografias e teses em bases de dados específicas ScIELO, PUBMED, BIREME e GOOGLE ACADÊMICO. A estratégia de busca nas bases referidas foi baseada na pesquisa dos seguintes Descritores em Ciência da Saúde (DECS): microcefalia; epidemiologia; adaptação psicológica; resiliência psicológica e seus respectivos termos em inglês. Foram encontrados 534 artigos, dos quais 9 foram selecionade acordo com a observação dos temas e resumos, atualidade dos trabalhos (últimos 10 anos), relação direta com o tema e os níveis de evidência revelados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

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Microcefalia A Microcefalia (do grego: mikrós=pequeno; kephalé=cabeça) é uma atribuição neurológica rara no qual o

crescimento do encéfalo dentro da caixa craniana, é anormal. Tal crescimento fica prejudicado, quando as suturas dos ossos da cabeça do bebê se fundem antes do tempo normal, impedindo o cérebro de desenvolver como deveria. Quando não ocorre o desenvolvimento essencial do cérebro, várias funções e atribuições fisiológicas da criança ficam comprometidas. Em vários casos, temos um marcante atraso motor, neurológico e psíquico. Contudo, ainda é provável que algumas crianças portadoras, não tenham seu desenvolvimento afetado, e crescem em padrões normais, mesmo tendo o diâmetro do cérebro diminuto.

A microcefalia pode ser classificada de acordo com suas causas de efeito: primária ou secundária: Na microcefalia primária, correlacionada com várias síndromes e anomalias genéticas, identifica-se uma má-formação hereditária, autossômica e recessiva. Sendo assim, o filho pode portar os genes dos pais, que não apresentam o defeito. Já na microcefalia por causas secundárias, temos o fechamento prematuro das fontanelas e das suturas interósseas do crânio.

Os portadores do transtorno apresentam perímetro craniano menor ou igual a 31,9 cm em caso de meninos e 31,5 cm em meninas, 43 cm ao completarem um ano e meio de vida ou ainda 46 cm, até os dez anos. Causa esta da desarmonia na relação craniofacial, desproporção da cabeça e do rosto, inclusive do couro cabeludo/testa, face e orelhas.

Aliado a isso, temos a menor insinuosidade dos giros cerebrais, diretamente relacionada à diminuição da cognição em geral. Podem haver também comprometimentos na acuidade visual, na audição e fala, baixo peso e estatura, e episódios de transtornos convulsivos3. Epidemia de Microcefalia

Em abril de 2015, um surto de Zika Vírus começou no Brasil. No mês de setembro, foram identificados aumentos dramáticos no número de casos de microcefalia em Pernambuco. Em seguida, o Ministério da Saúde do Brasil divulgou um relatório declarando um aumento incomum nos casos de microcefalia em Pernambuco e sugerindo uma associação com infecção pelo vírus. Em 30 de novembro de 2015, uma incidência de microcefalia 20 vezes maior do que a observada em anos anteriores foi relatada no Brasil. Em 1 de fevereiro de 2016, o Comitê de Emergência da OMS declarou que o recente conjunto de casos de microcefalia e outros distúrbios neurológicos constituía uma Emergência de Saúde Pública de Preocupação Internacional (PHEIC). A partir de 22 de junho de 2016, 12 países e territórios relataram casos de microcefalia e outras malformações do sistema nervoso central potencialmente associadas à infecção pelo Zika. Em todo o Brasil, os 1.749 casos confirmados ocorreram em 470 municípios, localizados em 25 unidades da federação3. Contudo, podemos perceber que houve uma predominância de casos instalados a região nordeste do país. As condições climáticas e também socioeconômicas contribuem para o fato7. Ligação do Vírus Zika com a Microcefalia

Os primeiros casos de transmissão perinatal de Vírus Zika foram relatados em dezembro de 2013 e fevereiro de 2014. Nesses casos, a transmissão ocorreu na época do parto e causou doença leve em dois recém-nascidos, indicando que a transmissão perinatal de ZIKA pode ocorrer durante o parto, amamentação ou troca de saliva ou outros fluidos corporais. Uma hipótese atraente seria que o zika vírus atravessasse a placenta, atingindo o feto em momentos críticos do desenvolvimento neural na gestação. O vírus poderia, por exemplo, infectar células do sistema nervoso central, causando a morte ou alterando o ciclo de células progenitoras neurais1. Em uma outra pesquisa realizada em neonatos com diagnostico positivo para microcefalia, percebeu-se a coligação da invasão do sistema nervoso em formação. Nesse caso, o vírus não atingiria células progenitoras neurais diretamente, mas células da glia que, quando estimuladas, secretam moléculas imunológicas que afetam o desenvolvimento neural. Essa via pode também ser ativada pelo sistema imune da mãe quando infectada, e as moléculas imunológicas (não o vírus) seriam as responsáveis pela microcefalia8. Zika Virus

O vírus da Zika (ZIKV) é um vírus de RNA da família flaviviridae e do gênero Flavivirus. Seu nome é inspirado na floresta de Zika, localizada na Uganda, e foi isolado pela primeira vez em 1947, por pesquisadores que estudavam a transmissão natural do vírus da febre amarela em macacos. O ZIKV possui habilidade de infectar células precursoras neurais humanas derivadas de células pluripotentes, assim como células tronco neurais cultivadas em laboratório. Além da microcefalia, a infecção por ZIKV é associada à síndrome de Guillain-Barré e problemas oftalmológicos, tanto em bebês quanto adultos9.

Nesse contexto o ministério da saúde elaborou o plano nacional de enfrentamento à microcefalia, no qual consiste em três frentes de trabalho: prevenção e combate ao mosquito Aedes aegypti, melhoria da assistência às gestantes e crianças, além da realização de estudos e pesquisas nessa área. Em suma, cuidados como: aplicação de repelentes, evitar o acúmulo de água parada e utilização de mosquiteiros em portas e janelas são medidas de prevenção contra o mosquito Aedes aegypti6.

De acordo com as guidelines do Centers for Disease Control and Prevention (CDC), mulheres gestantes devem evitar viajar para áreas endêmicas de ZIKA vírus, além disso, recomenda-se evitar relação sexual desprotegida por ate 6 meses, caso o parceiro tenha apresentado sintomas de Zika, ou 2 meses caso o mesmo tenha viajado para alguma área endêmica9. Diagnóstico e Tratamento

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O diagnóstico da Zika é realizado por suspeita clínica, na qual os seguintes sinais e sintomas podem ser observados: rash cutâneo, febre, artralgia e mialgia, dor de cabeça, aliados a uma visita recente de área endêmica de ZIKV. Pode-se fazer uso, também, de PCR, onde serão ampliados RNA virais nos fluídos corporais – sangue, sêmen e liquido amniótico. Sorologia IgM pode ser um auxilio a mais no diagnostico, porém, pode ocorrer reação cruzada com infecções por outros flavivirus. Já o tratamento da Zika é sintomático e inclui repouso e hidratação. A utilização de AINES, como a aspirina, é contraindicada até que seja descartada a infecção pelo vírus da dengue, dado o risco de hemorragia9. Prevenção e Suporte Governamental no Combate à Epidemia de Microcefalia Envolvendo o Vírus Zika

O combate ao mosquito Aedes aegypti é fundamental para o controle do surto de microcefalia. Assim, o Governo Federal está capacitando profissionais como agentes comunitários de Saúde e agentes de combate a endemias, além de outros atores, para prestar orientação à população e reforçar o controle do vetor nas residências. Para isso, os governantes adquirem e disponibilizam equipamentos para aplicação de inseticidas e larvicidas e garante a compra dos insumos6.

Obstáculos no enfrentamento da síndrome: Aceitação Familiar

Desde o nascimento, as crianças com microcefalia começam a enfrentar o primeiro desafio imposto por sua condição; o de aceitação no âmbito familiar. Segundo Fiamenghi e Messa10, os pais projetam uma criança em suas mentes e, desde o princípio da gravidez, fantasiam sobre o sexo do bebê, o desempenho na escola e a carreira profissional que irão ter. O nascimento de uma criança com deficiência, portanto, confronta toda a expectativa dos pais, e a família é acometida por uma situação inesperada.

No ato da comunicação da notícia à mãe e aos familiares de que irão ter uma criança especial com deficiências e limitações provenientes da microcefalia, trata-se de um momento bem delicado e que deve ser realizado de forma bem profissional e empático. A primeira estratégia, no momento da notícia, é preparar um ambiente de modo a proporcionar privacidade à família. A equipe deve ser empática e estar sensibilizada para acolher a gestante e seus familiares com suas angústias e dúvidas, por meio de uma escuta qualificada, considerando aspectos intelectuais, emocionais, sociais e culturais da família em questão. Reabilitação e Superação: Estimulação Precoce e Trabalho Integrado de uma Equipe Multiprofissional

Recém-nascidos com microcefalia podem apresentar, a depender do grau de severidade da doença, sintomas como: epilepsia, atrasos no desenvolvimento (sentar, falar, andar), atraso intelectual, problemas de audição e visual. Assim, a partir da técnica de “estimulação precoce” de bebês nascidos com microcefalia, é possível promover a harmonia do desenvolvimento entre vários sistemas orgânicos funcionais (áreas: motora, sensorial, perceptiva, proprioceptiva, linguística, cognitiva, emocional e social) dependentes ou não da maturação do Sistema Nervoso Central (SNC)11.

Compreende-se por “estimulação precoce” o conjunto dinâmico de atividades e de recursos humanos e ambientais incentivadores e que são destinados a proporcionar à criança, nos seus primeiros anos de vida, experiências significativas para alcançar pleno desenvolvimento no seu processo evolutivo12. Esse trabalho de estimulação precoce deve ser reforçado nos primeiros três anos de vida, pois nessa fase ocorre um maior grau de neuroplasticidade, em que é possível promover alterações estruturais e funcionais do sistema nervoso central, corrigindo de forma considerável o atraso gerado pela síndrome.

Baseando-se na importância das técnicas de estimulação precoce, o governo federal desenvolveu as Diretrizes de Estimulação Precoce no acompanhamento e intervenção clínico-terapêutica multiprofissional com bebês de alto risco e com crianças pequenas acometidas por patologias orgânicas com enfoque na microcefalia, buscando o melhor desenvolvimento possível, na linguagem, na socialização e na estruturação subjetiva, podendo contribuir, inclusive, na estruturação do vínculo mãe/bebê e na compreensão e no acolhimento familiar dessas crianças13-14.

Assim, a criança com diagnóstico de microcefalia necessita ser acompanhada por uma equipe multidisciplinar que terá como principais metas minimizar as sequelas e os efeitos limitantes da síndrome. A equipe multiprofissional, diretamente envolvida na reabilitação neuropsicomotora da criança, é composta por fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos e psicólogos. Contudo, é indispensável também acompanhamento com neuropediatra e outros profissionais envolvidos no cuidado integral, como o assistente social e o psicopedagogo. Além disso, são necessárias avaliações ortopédicas semestrais a fim de prevenir deformidades osteomusculares, que podem limitar a funcionalidade da criança. Incentivo ao Aleitamento Materno

O aleitamento materno é a estratégia isolada que mais previne mortes infantis, além de promover a saúde física, mental e psíquica da criança e da mulher que amamenta. Acredita-se que a sucção (esforço realizado pela musculatura perioral do recém-nascido) é o exercício mais eficaz e natural para uma criança poder desenvolver sua linguagem oral, e bem maior que a força para sugar o bico de uma mamadeira15.

Assim, o ato de amamentar representa uma excelente prática de estimulação sensório-motor- oral precoce, que é importante a todas as crianças, principalmente àquelas que têm tendência a atrasos, como as microcéfalas. Medidas Governamentais para Auxiliar Gestantes e Crianças Microcéfalas

Para enfrentar e superar as dificuldades geradas pela síndrome, além da implementação das Diretrizes de Estimulação Precoce, o ministério da saúde está ampliando a cobertura de tomografias e apoiando a criação de

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centrais regionais de agendamento de exames para gestantes e bebês. Para tratar dos bebês com a malformação, está sendo ampliado o atendimento do plano Viver sem Limite, voltado ao atendimento a pessoa com deficiência, com a implantação de novos centros de reabilitação.

Já são mais de 1,5 mil serviços de reabilitação em todo o país, sendo 136 Centros Especializados em Reabilitação (CER). O Ministério da Saúde também está equipando 737 maternidades para a realização do exame PEATE (Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico)16-17, bem como capacitando os profissionais dessas unidades. Essas intervenções ajudam a dirimir os efeitos da doença sobre a criança, bem como ampliar o acesso aos tratamentos disponíveis5. CONCLUSÃO

Conclui-se através desse estudo que a grave epidemia da microcefalia chama atenção para a necessidade urgente de grandes investimentos voltados à melhoria das condições de vida das populações brasileiras no âmbito social e psicológico. Combater o mosquito vetor da zika e trabalhar junto aos profissionais de saúde o acolhimento dos pacientes é imprescendível para que ocorra a superação da epidemia e de suas consequências. Para famílias com casos de microcefalia o apoio governamental e dos profissionais de saúde se apresentaram como ferramentas essenciais para a superação das adversidades causadas pelo resultado do diagnóstico da microcefalia. Desta forma, a presença de equipe multidisciplinar viabiliza a utilização dos recursos de estímulos precoces e é um meio fundamental para se alcançar melhorias consideráveis na vida dos pacientes microcéfalos. REFERÊNCIAS

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Abordagem Clínica na Atenção Básica, Brasília; 2016. 6. Henriques CMP, Duarte E, Garcia LP. Desafios para o enfrentamento da epidemia de microcefalia. Epidemiol

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14. Brasil. Ministério da Saúde. Diretrizes de Estimulação Precoce: Crianças de zero a 3 anos com Atraso no Desenvolvimento Neuropsicomotor Decorrente de Microcefalia. Diário Oficial da União; Poder Executivo; 2016.

15. Souza AMC, Gondim CML, Junior HVL. Desenvolvimento da motricidade do bebê no primeiro ano de vida. In: Souza AMC, Daher S. Reabilitação: Paralisia Cerebral. Goiânia: Editora Cânone; 2014.

16. Barata LF, Branco A. Os Distúrbios fonoarticulatórios na Sindrome de Down e a intervenção precoce. Revista CEFAC 2010;12(1):134-139.

17. Northern JL, Downs MP. Audição na Infância. 5ª Edição. São Paulo. Editora Guanabara Koogan, 2005.

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T143. Schinus terebinthifolius: revisão das propriedades farmacológicas Aloysio David Madeira Netto; Sarah Maria Coelho da Paz de Lima; Levy César Silva de Almeida; Emília Maria Melo de Araújo; Catarina Marinho Omena Toledo; Cassia Roberta Pontes Silva; Kristiana Cerqueira Mousinho; Cristiane Monteiro da Silva Área Temática: Clínica Médica RESUMO Introdução: As plantas são fontes biológicas substanciais de produtos naturais ativos, muitas delas usadas como modelo para síntese de inúmeras drogas sintéticas. No Brasil, existem cerca de 100mil espécies de plantas catalogadas, mas apenas 8% delas foram estudadas quimicamente e apenas 1100 espécies foram avaliadas quanto suas propriedades terapêuticas. Os óleos essenciais são o principal produto extraído e foi estabelecido cientificamente que aproximadamente 60% dos óleos essenciais possuem propriedades anti-fúngicas e 35% possuem atividade anti-bacteriana. O uso empírico não é suficiente para validação de plantas medicinais como drogas seguras e efetivas. A recomendação ou autorização para o uso deve ser baseada em evidência experimental para que os riscos sejam identificados e avaliados em relação aos benefícios. A sua ação esperada deve ser provada e seu potencial tóxico com relação aos humanos deve ser verificado. Estudos iniciais com obtenção de extratos da Schinus Terebinthifolius raddi revelaram ação anti-oxidante, anti-alergênica, anti-microbiana, anti-inflamatória, anti-ulcerativa, anti-aderente e cicatrizante. Objetivo: Realizar revisão de literatura que subsidiem pesquisa experimental sobre os benefícios terapêuticos da Schinus terebinthifolius raddi. Metodologia: Realizada levantamento bibliográfica do período de 2010 a 2017 nas bases de dados MedLine, Lilacs, NCBI. Foram utilizados os descritores “Schinus terebinthifolius” e o correspondente “Aroeira” . Foram encontrados 38 artigos e selecionados 10 após leitura do resumo onde apenas os que se referiam as propriedades terapêuticas do vegetal utilizados como referência da revisão. Resultados: A literatura apontou a existência de funções terapêuticas como atividade anti-oxidante, anti-alergênica, anti-microbiana, anti-inflamatória, anti-ulcerativa, anti-aderente e cicatrizante, variação dessas propriedades varia de acordo com a região geográfica, sazonalidade e com a parte da planta estudada. Conclusão: Os estudos, até o momento, demonstram que apesar das funções terapêuticas encontradas os efeitos colaterais percebidos ainda não permitem o uso seguro e para isso é necessário definir a dose tóxica é a faixa terapêutica segura da droga. Palavras-chave: Aroeira. Farmacologia. Óleos essencias. INTRODUÇÃO As plantas são fontes biológicas substanciais de produtos naturais ativos, muitas delas usadas como modelo para síntese de inúmeras drogas sintéticas. No Brasil, existem cerca de 100 mil espécies de plantas catalogadas, mas apenas 8% delas foram estudadas quimicamente e apenas 1100 espécies foram avaliadas quanto suas propriedades terapêuticas1. Óleos essenciais são produtos do metabolismo secundário de plantas os quais possuem uma complexa composição química e são frequentemente formados por terpenos e fenilpropanóides. Esses constituintes são necessários para sobrevivência dos vegetais pois atuam na defesa contra microrganismos. É estabelecido cientificamente que aproximadamente 60% dos óleos essenciais possuem propriedades anti-fúngicas e 35% possuem atividade anti-bacteriana2. A inflamação é um mecanismo protetor mediado por fatores químicos que tem por objetivo eliminar a causa inicial. Muitas doenças são acompanhadas por processos inflamatórios agudos e/ou crônicos com elevada produção de mediadores químicos, como a ateroesclerose, a doença de Alzheimer, o câncer, a asma e as infecções como a tuberculose3. Os anti-inflamatórios não esteroidais são as principais drogas utilizadas para tratar processos inflamatórios, porém estão frequentemente associados com efeitos colaterais gástricos e cardiovasculares. Por esse motivo, a necessidade da descoberta de novos e menos tóxicos medicamentos anti-inflamatórios3. A casca da Schinus terebinthifolius contém taninas que possuem a capacidade de precipitar as proteínas da superfície de células, tecidos e mucosas criando uma camada protetora (complexo tanina-proteína) sobre a pele ou mucosa lesionada. Enquanto isso, os flavonoides possuem atividade anti-inflamatória e anti-oxidante. Os triterpenos atuam como inibidores competitivos da fosfolipase A21. A variação sazonal nos compostos químicos da Schinus terenbinthiflius raddi ocorre na relação inversa entre o sesquiterpenos e diterpenos, a elevação de um é seguida da queda do outro2. Por esse motivo, O uso empírico não é suficiente para validação de plantas medicinais como drogas seguras e efetivas. A recomendação ou autorização para o uso deve ser baseada em evidência experimental para que os riscos sejam identificados e avaliados em relação aos benefícios. A sua ação esperada deve ser provada e seu potencial tóxico com relação aos humanos deve ser verificado1. Estudos farmacológicos com extratos obtidos das folhas revelaram ações anti-oxidante, anti-alergênica, anti-microbiana, anti-inflamatória, anti-ulcerativa, anti-aderente e cicatrizante4. METODOLOGIA A fim de realizar uma revisão de literatura que subsidie novas pesquisas experimentais sobre os benefícios terapêuticos da Schinus terebinthifolius raddi, foi realizado levantamento bibliográfica do período de 2010 a 2017 nas bases de dados MedLine, Lilacs, NCBI. Foram utilizados os descritores “Schinus terebinthifolius” e o correspondente

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“Aroeira”. Foram encontrados 38 artigos e selecionados 10 após leitura do resumo onde apenas os que se referiam as propriedades terapêuticas do vegetal, utilizados como referência da revisão. RESULTADOS E DISCUSSÃO Ação antifúngica As espécies de cândida são frequentemente encontradas na cavidade oral de indivíduos saudáveis exercendo função saprofítica e estabelecendo o equilíbrio ecológico na microbiota oral. Alterações nesse balanço ou a presença de fatores predisponentes resulta modificação para a conformação fusiforme patogênica e que causa a candidíase1. As espécies não-albicans estão emergindo como patógenos de espectro mundial. As principais causas disso é o (1) aumento do uso de agente anti-fúngicos; (2) aumento do número de indivíduos imunocomprometidos; (3) uso prolongado de cateteres; (4) uso de antibióticos de amplo espectro; (5) complicações no tratamento como a intolerância a drogas anti-fúngicas1. A ação antifúngica de extratos de folhas de S. terebinthifolius é discutida para várias espécies, como Candida albicans, Cryptococcus neoformans, Candida krusei, Candida glabrata e Sporothrix schenckii5,6. Oliveira7 afirma que o uso de óleos essenciais é promissor para o desenvolvimento de agentes antifúngicos seguros por poderem apresentar ações antimicrobianas e antifúngicas, serem relativamente seguros e largamente aceitos pelos consumidores. Este mesmo estudo7 demonstrou que o óleo essencial de S. terebinthifolius possui propriedade antifúngica contra o fungo C. gloeosporioides, a qual aumentou, significativamente, com o aumento da concentração do óleo. Com concentrações do óleo essencial acima das testadas provavelmente o crescimento micelial seria completamente inibido, entretanto, o aumento na concentração do óleo aumentaria os custos de produção do fungicida natural inviabilizando a utilização em escala comercial. Ação bactericida Peritonite generalizada é uma doença que ameaça a vida causada na maioria das vezes por perfuração do trato digestivo. Algumas vezes essa doença pode ser controlada por mecanismos de defesa locais. Entretanto se esses mecanismos falharem, a cavidade peritoneal será preenchida por bactérias, mediadores inflamatórios e conteúdo visceral se tornando um grande compartimento inflamado onde mecanismos de defesa podem se tornar prejudicais para o paciente8. Inflamações peritoniais são frequentemente causadas por situações onde bactérias intestinais caem na cavidade peritoneal: ulceras, apendicite, diverticulite, obstrução intestinal, complicações durante cirurgias abdominais e perfurações por arma branca e de fogo. Os mecanismos locais inflamatórios desencadeados pela infecção são geralmente suficientes para erradicar o patógeno. Entretanto, se a infecção não for contida, o patógeno, suas toxinas e diversos mediadores do hospedeiro são liberados na circulação produzindo a síndrome da resposta inflamatória sistêmica que pode causar sepse ou choque séptico8. A administração de um agente antimicrobiano administrado na cavidade abdominal tem o objetivo de conter o surto bacteriano e diminuir a possibilidade de translocação para a corrente sanguínea. Antibióticos, soluções salinas e anti-sépticos têm sido utilizados sem sucesso relevante. O uso de extrato hidro-alcoólico de Schinus terebinthifolius raddi no peritônio apesar de proteger o processo de cicatrização na gastrorrafia e a incisão cirúrgicas de bexiga nos ratos, mas não foi testada contra infecção severa peritoneal. Essa substância natural tem sido provado in vitro ser efetivo contra diversos micro-organismos e in vivo nas infecções vaginais8. Ação sobre os micro-organismos da cavidade oral Em estudo realizado por Alves10 avaliou a atividade antimicrobiana in vitro da aroeira sobre os microorganismos da cavidade oral, observando que o extrato hidroalcoólico dessa planta apresentava atividade bactericida e bacteriostática sobre Streptococus mutans, Streptococus mitis, Streptococus sobrinus, Streptococus sanguis, e Lactobacillus casei. A Aroeira apresenta ação antimicrobiana e antiinflamatórias, podendo assim ser indicada como agente terapêutico alternativo para o estabelecimento e a manutenção de um tecido gengival sadio. Ação citotóxica O stress oxidativo nas células e tecidos é etiologia de diversas doenças inflamatórias como, por exemplo, o câncer. O extrato metanólicos e compostos demonstraram alta atividade inibitória sobre o crescimento, particularmente contra linhagens do câncer ovariano4. Ação anti-inflamatória A síntese fisiológica de óxido nítrico (NO) é importante para a defesa do corpo, entretanto sua produção exagerada e seus metabólitos estão relacionados com o desenvolvimento de patológicas como choque séptico bacteriano e inflamação crônica. Entretanto, a produção dos agentes inibitórios da produção de NO pode ser benéfica para o tratamento de respostas inflamatórias. O extrato da fruta da Schinus terebinthifolius inibe a produção de óxido nítrico por macrófagos estimulados por LPS e possui ação anti-oxidante. Redução de processos inflamatórios exacerbados além de possuir ação anti-bacteriana contra o Mycobacterium bovis, representando uma nova descoberta de agente anti-tuberculosos3. REFERÊNCIAS

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1. Sousa TMPA, Castro RD. In vitro activity of Schinus terebinthifolius (Brazilian pepper tree) on Candida tropicalis growth and cell wall formation. Acta Odontol Latinoam 2013;25(3):287-92.

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9. Brandão EHS, Oliveira LD, Landucci LF, Kago-Ito CY, Jorge AOC. Antimicrobial activity of coffeebased solutions and their effects on Streptococcus mutans adherence. Brazilian Journal of Oral Science. v.6, n.20, p.1274-7, 2006.

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T144. Síndrome do bebê sacudido: problema pouco conhecido e de saúde pública João Vítor Almeida Lira; Bruna Letícia Costa Gomes Wanderley; Caio Saraiva Costa; Davi Coêlho Moura; Nayara Costa Alcântara de Oliveira; Ana Carolina Ruela Pires Área Temática: Pediatria RESUMO Introdução: A Síndrome do Bebê Sacudido é causada pela agitação violenta e repetitiva do crânio da criança. Este abuso pode acarretar sérias consequências devido ao Trauma Craniano Violento Pediátrico (TCVP), tal forma de violência, mesmo que ainda pouco conhecida, é uma das principais entre crianças de zero a cinco anos. Objetivo: Esclarecer a existência dessa violência na população pediátrica de modo a expor sua gravidade. Metodologia: Foram feitas pesquisas nas bases de dados: PubMed, ScienceDirect e Scielo, utilizando-sec ao final de 23 artigos publicados nos últimos cinco anos. Resultados: Baseado nos artigos encontrados, notou-se que o TCVP consiste em um grave problema de saúde pública que traz sérias consequências imediatas e em longo prazo para vítima, mas, apesar disso, é pouco difundido entre a população. Conclusão: A maior problemática da Síndrome do Bebê Sacudido é a falta de informação não só da população de pais e cuidadores, mas muitas vezes de profissionais da saúde, tal fator contribui para a negligência dessa violência, já que é sabido que esse abuso pode ser evitado, em grande parte, por meio de esclarecimento e informação. Palavras-chave: Abuso Infantil. Educação. Síndrome do Bebê Sacudido. Trauma Craniano. INTRODUÇÃO

Apesar de já se ter conhecimento sobre formas graves de abuso físico infantil, a Síndrome do Bebê Sacudido (SBS) propriamente dita só foi descrita como entidade clínica por Guthkelch, em 1971, e por Caffey, em 1972. O trauma é causado pela agitação vigorosa de uma criança com ou sem impacto na cabeça e, como consequência, a vítima apresenta danos cerebrais e nervosos, podendo levar à morte1. De acordo com Selehl-Had2, o trauma é responsável pela maioria das mortes de vítimas de maus-tratos. Além disso, “os incidentes ocorrem principalmente em crianças com menos de 1 ano de idade”3.

Para Fortes Filho4, os fatores de risco para a ocorrência da SBS podem ser divididos em três grupos: vítimas, agressores e contexto socioeconômico. No primeiro, pode-se destacar o choro incontrolável, prematuridade, vítimas de abuso prévio e sexo masculino. Nos agressores, idade jovem, baixo grau de escolaridade, vítimas de maus tratos quando crianças, abuso de drogas e alcoolismo. Já no contexto socioeconômico, baixo nível social, falta de apoio familiar ou social e família conjugalmente insatisfeitas.

A pesquisa buscou identificar, as consequências mais comuns do Trauma Craniano Violento Pediátrico (TCVP) e como elas poderiam ser evitadas apenas por meio da educação. Além disso, é premente esclarecer como diferenciar o trauma acidental e o provocado intencionalmente e expor as formas de prevenção desse tipo de agressão. METODOLOGIA

Para realizar a pesquisa de forma atualizada e coerente, foram utilizados critérios de inclusão e exclusão. Os artigos incluídos foram aqueles publicados a partir do ano de 2012 nos idiomas português, inglês e espanhol e que responderam à pergunta norteadora “Quais são as consequências do TCVP e como ele poderia ser evitado?”. Foram excluídos os artigos iguais encontrados em bases dados diferentes e os artigos nos modelos de revisão bibliográfica e opinião de especialista. Primeiramente, determinou-se um objetivo específico e, em seguida, formulou-se uma série de questionamentos. Dessa forma, foi realizada uma busca com a intenção de coletar o máximo de pesquisas relevantes. A pesquisa foi realizada nas bases de dados ScienceDirect, PubMed e Scielo. Nas duas primeiras bases de dados, foram usadas três estratégias de busca: a primeira, através dos mesh terms “Shaken Baby Syndrome AND Child Abuse”. A segunda, por meio dos mesh terms “Shaken Baby Syndrome AND Epidemiology” e a terceira, com a utilização dos mesh terms “Shaken Baby Syndrome AND Brazil”.

Já na base de dados Scielo, foi utilizada uma única estratégia - devido a menor quantidade de artigos publicados nessa base de dados, por meio do descritor Shaken Baby Syndrome. Foram encontrados 285 resultados no Science Direct, dentre os quais 9 foram aproveitados. No Pubmed a busca resultou em 132 artigos dos quais 12 foram aproveitados. Enquanto que no Scielo dos 8 artigos 2 foram aproveitados. Há, ainda, aproveitamento de outros estudos pertinentes sobre o tema, que agregam conhecimento ao presente estudo. Com base nisso, foram utilizados 12 artigos para a produção dos resultados e discussão. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Segundo Piteau5, existe uma tríade que fundamenta o diagnóstico da SBS: hemorragia subdural, RH e encefalopatia. Além disso, para auxiliar o diagnóstico da SBS, são necessários exames clínicos, tais como: avaliação do nível de consciência, ausculta pulmonar, palpação do tórax e abdômen6, associados a exames de imagem:

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tomografia computadorizada (TC), ressonância magnética do cérebro e da coluna vertebral7 e biomicroscopia de fundo de olho, que permite a identificação da hemorragia retiniana (RH)3.

A RH é uma manifestação decisiva para distinguir o trauma causado por abuso do trauma acidental, onde é observada em aproximadamente 85% das vítimas de SBS enquanto que no contexto acidental observa-se apenas com lesões externas decisivas, tais como acidentes fatais de veículos motorizados1.

Com relação ao prognóstico, quando se trata de uma lesão grave, a taxa de sobrevivência varia entre 8-36% dos casos8. Estima-se que 5% das vítimas graves morrerão nos primeiros seis meses após a alta hospitalar e mais da metade morrerão antes dos 21 anos de idade9. Segundo Hinds7, 68% dos sobreviventes apresentarão sequelas motoras e/ou cognitivas entre os 2 e 5 anos de idade. Com relação aos possíveis danos provocados pela SBS, de acordo com a amostra total de 17 bebês do estudo de Loredo-Abdalá10, dos quais 08 tiveram acompanhamento a longo prazo, imediatamente observou-se dificuldade respiratória: 07 (41%), perda de Consciência: 04 (24%), sonolência: 04 (24%), vômitos: 04 (24%), irritabilidades: 07 (41%), crises convulsivas: 13 (76%), RH: 15 (88%) e morte cerebral: 01 (06%), já a longo prazo observou-se que 03 apresentaram atrofia cerebral (38%), 01 apresentou hidrocefalia (13%) e 01 apresentou zonas de infarto (13%).

O estudo de Miller9 avaliou 170 bebês, que apresentaram como danos imediatos injúrias leves: 27 (15,9%), injúrias moderadas: 23 (13,5%), injúrias severas: 120 (70,6%), das quais: cegueira ou parcialmente cegos: 96 (57%), além do shunt cerebral: 29 (17%). Como danos a longo prazo estima-se que em injúrias leves, em média, perde-se 4,7 anos de vida saudável, nas moderadas, em média, perde-se 5,4 anos de vida saudável, já nas severas, em média, perde-se 24,1 anos de vida saudável.

Por fim, no estudo de Tanque11 acompanhou-se 14 vítimas, sendo 10 delas acompanhadas imediatamente, como danos imediatos foi possível observar morte: 01 (10%), injúrias leves: 05 (50%), moderadas: 03 (30%) e severas: 02 (20%). A longo prazo foi visto que houve morte: 01 (07%), incapacidade grave: 02 (14%), desenvolvimento Moderado: 05 (35,71%) e boa Recuperação: 06 (42,8%). Partindo dos estudos expostos, é imprescindível entender que baseado nos dados expostos acima que a Síndrome do Bebê Sacudido tem por essência aspectos imediatos e crônicos. Após mensurar o tamanho e a representatividade dessa síndrome como problema de saúde público, é primordial discriminar as sequelas mais preponderantes em vítimas desse abuso.

A partir de um estudo realizado com 17 vítimas, Loredo-Abdalá10 sintetizaram que as vítimas apresentaram dificuldade respiratória, perda de consciência, sonolência, vômitos, irritabilidades, crises convulsivas, RH e morte cerebral como danos imediatos. Já com relação aos danos à longo prazo o estudo permitiu a identificação da atrofia cerebral, hidrocefalia e zonas de infarto, como sequelas crônicas.

Miller9 observaram um aspecto importante relacionado às consequências em longo prazo, em que foi analisado a quantidade de anos saudáveis perdidos de acordo a gravidade da lesão. Foram perdidos em média 4,7 anos em lesões leves, 5,4 anos em lesões moderadas e 24,1 anos em lesões mais severas. Já Tanque11, por meio da condução de uma pesquisa com 14 vítimas demonstraram, em uma pequena amostra, que em seu estudo preponderavam as injúrias leves, tal fato vai de encontro ao que foi observado por Miller9. Esse aspecto - preponderância de injúrias leves -, tem intima relação ao fato desta dita “boa recuperação” acontecer na maioria dos pacientes, assim fica claro que a lesão imediata está diretamente relacionada com o desenvolvimento crônico do quadro, ou seja, quanto mais leve a lesão imediata melhor serão as chances de recuperação da vítima.

Logo, é importante pensar esse Trauma como um problema de saúde pública, pois, além de causar danos à longo prazo em quase todos os pacientes, é uma doença negligenciada por todo o poder público. CONCLUSÃO

É relevante realizar uma abordagem sobre a Síndrome do Bebê Sacudido (SBS), uma vez que se trata de uma forma de agressão de alta incidência, com alta complexidade de diagnóstico, prognóstico negativo, mas ainda assim pouco conhecida no Brasil. Dessa forma, a promoção da educação é fundamental, já que é a principal forma de prevenção da SBS. REFERÊNCIAS

1. Yoshida M, Yamazaki J, Mizunima H. A finite element analysis of the retinal hemorrhages accompanied by shaken baby syndrome/abusive head trauma. J Biomech 2014;47(14): 3454-58.

2. Selelh-Had H, Brandt JD, Rosas AJ, Rogers KK. Findings in older children with abusive head injury: event history analysis result. Pediatrics 2006;117:1039-44.

3. Foley S, Kovács Z, Rose J, Lamb R, Tolliday F, Simons-Coghill M. et al. International collaboration on prevention of shaken baby syndrome – an ongoing project/intervention. Paediatr Int Child Health 2013;33(4): 233-8.

4. Fortes Filho JB, Tartarella MB. Síndrome do Bebê Sacudido (SBS). 2013. 5f. Monografia (Especialização) - Curso de Medicina, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre; 2013.

5. Piteau SJ, Ward MGK, Barrowman NJ, Plint AC. Clinical and Radiographic Characteristics Associated With Abusive and Nonabusive Head Trauma: A Systematic Review. Pediatrics 2012;130(2):315-23.

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6. Leetch AN, Leipsic J, Woolridge DP. Evaluation of Child Maltreatment in the Emergency Department Setting: An Overview for Behavioral Health Providers. Child Adolesc Psychiatr Clin N Am 2015 Jan;24(1):41-64.

7. Hinds T, Shalaby-Rana E, Jackson AM, Khademian Z. Aspects of Abuse: Abusive Head Trauma. Curr Probl Pediatr Adolesc Health Care. 2015 Mar;45(3):71-9.

8. Bartschat S, Richter C, Stiller D, Banschak S. Long-term outcome in a case of shaken baby syndrome. Med Sci Law 2015;56(2):147-9.

9. Miller TR, Steinbeigle R, Wicks A, Lawrence BA, Barr M, Barr RG. Disability-Adjusted Life-Year Burden of Abusive Head Trauma at Ages 0–4. Pediatrics 2014;134(6): e1545-e1550.

10. Loredo-Abdalá A, Casas-Muñoz A, Trejo-Hernández J, Melquiades-Parra I, Martín-Martín V. Síndrome del niño sacudido: cuadro clínico y evolución de 17 casos en el Instituto Nacional de Pediatría. Acta Pediatr Méx 2015;36(2):72-80.

11. Tanoue K, Aida N, Matsui K. Apparent diffusion coefficient values predict outcomes of abusive head trauma. Acta Paediatr 2013 Aug;102(8):805-8.

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5. I Congresso de medicina do CESMAC: trabalhos não

concorrentes à prêmio - banners

T145. Alteridade de lévinas e o cuidar de si em foucault: a arte de ser médico Thays Oliveira Silva; Eva Gabryelle Vanderlei Carneiro; Gustavo Mendonça Ataide Gomes; Igor Lima Buarque; Jamylla Correia de Almeida Costa; Matheus Carvalho Rodriguez Guisande; Rodolfo Augusto dos Santos Mendonça; Everton Huan de Souza Lopes; Arthur de Medeiros Carlos; Carlos Adriano Silva dos Santos Área Temática: Ciências da Saúde RESUMO INTRODUÇÃO: A arte de ser médico é permeada pelos princípios e referenciais bioéticos pontuados como uma relação de poder assimétrica descrita pela transmissão do saber e pela apresentação de possibilidades terapêuticas ao paciente. OBJETIVO: Encontrar entre os conceitos de Alteridade de Lévinas, o Cuidar de Si de Foucault e a constituição do homem de Deleuze, o que é ser médico. METODOLOGIA: As informações coletadas para tal estudo foram obtidas a partir de artigos nas línguas inglesa, portuguesa e espanhola, publicados na base de dados PubMed, acessada em setembro do presente ano. Além disso, utilizaram-se livros dos respectivos autores para complementar o estudo. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados convergem com a construção do ser médico como responsabilidade moral com o cuidar do outro, e assim com o cuidar de si, ou seja, uma alteridade do homem para consigo mesmo. Em vista disso, a ética é a responsabilidade como fundamento do cuidado. A conjugação dos conceitos éticos se traduz na arte de viver, ou seja, o fazer ético. Logo, segundo Foucault, o fazer ético é a prática do dizer verdadeiro, a parrhesia e a governança do poder. Além disso, Foucault utiliza o cara sui para desenvolver o pensamento acerca do tipo de vida que cada um deveria buscar construir. Já para Lévinas a relação médico-paciente baseia-se no preceito de que o sofrimento do outro provoca responsabilidade. Assim, essa responsabilidade seria assumida por quem se comprometeu em correspondê-la, no caso o médico – que, focado na ideia de que a obrigação moral decorre da vulnerabilidade de cada homem –, entende que a vulnerabilidade do paciente passa a ser a do responsável pelos seus cuidados, adentrando no seu princípio da alteridade. Deleuze, por sua vez, observa o homem não apenas como orgânico, mas sim como resultado de processo que intrincado de construção mediado por fluxos e conjugações. O ser é considerado por Deleuze como produto do preenchimento de bases individuais por influências advindas da sociedade. Deleuze pontua ainda que seres humanos são formados em torno da conjugação de suas relações, sendo cabível inferir que no processo saúde-doença, a integralidade humana e todas as suas nuances determinadas ao longo da exposição a fatores econômicos, culturais e emocionais são afetadas em tão alto grau quanto é afetado o corpo biológico. CONCLUSÃO: Com isso, a conclusão denota que o relacionamento médico-paciente é de primordial importância para a ética médica. Compilando as ideias dos três pensadores, foi observado que seus pensamentos podem ser aplicados à prática médica, consolidando referenciais bioéticos com ampliação da visão acerca dessa relação, tornando-a mais humanizada.

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T146. A expressão do transtorno do espectro autista (tea) com enfoque na comunicação, interação e cognição: uma revisão integrativa da literatura

Maria Amélia Albuquerque de Freitas; Renato César Rijo do Nascimento; Júlia Manuela Mendonça de Albuquerque; Milton Santos Melo Neto; Isabelle Miranda Tavares; Lucas Zloccowick de Melo Christofoletti; Renata Chequeller de Almeida Área Temática: Saúde Mental RESUMO INTRODUÇÃO: A clínica diagnóstica concreta para a identificação do Transtorno do Espectro Autista (TEA) é recente, e atualmente, diversos são os instrumentos utilizados para identificar e caracterizar manifestações comportamentais relacionadas a essa condição. Nesse ínterim, é possível caracterizar o TEA pela presença de alterações sociocomunicativas e de padrões comportamentais repetitivos e restritos. Ambos, juntamente com os comportamentos repetitivos e estereotipados, constituem a “tríade diagnóstica”, variando de forma significativa em cada indivíduo. Nesse contexto de individualidade, há crianças com autismo que não se comunicam oralmente, no entanto conseguem desenvolver habilidades através de mecanismos específicos como o estímulo à escrita. Por isso, este estudo discorre acerca das diferentes formas pelas quais crianças portadoras da condição do TEA expressam-se diariamente, e como são estimuladas. OBJETIVOS: Descrever sobre as características que compõem o Transtorno do Espectro Autista (TEA), as quais afetam diretamente a comunicação das crianças portadoras e como estimulá-las ao longo do desenvolvimento cognitivo. METODOLOGIA: Foi realizada uma revisão integrativa de literatura nas bases de dados SciELO e LILACS. Utilizou-se dois descritores “Transtorno Autístico” e “Comunicação”, em conjunto com o operador booleano “AND”. Foram encontrados um total de 56 artigos, dos quais selecionou-se 4, por meio dos métodos de exclusão, na seguinte ordem: título, resumo e leitura de texto integral. RESULTADOS: Pessoas com autismo evitam de forma persistente a interação social, revelada por comportamentos aflitivos. As alterações na dimensão sociocomunicativa, refletem na resposta socioemocional, no convívio familiar e escolar, na comunicação verbal e não verbal e na expressividade de relacionamentos. Dessa forma, emitem vocalização em direção a parceiros e apresentam comportamentos indicativos de apego, através de gestos e olhares afetivos. Ademais, comportamentos repetitivos e restritos podem se manifestar pelas estereotipias e repetições das vias motoras, da fala, de atividades habituais e interesses unilaterais, os quais podem se desenvolver de forma distinta e gradual. Entretanto, certos estímulos, como o desenvolvimento da escrita, criam um meio de expressão o qual é capaz de estimular a interação com o meio, caracterizando seus sentimentos e promovendo a comunicação oral. Tal mecanismo de inversão da ordem natural, demonstra-se eficaz no estabelecimento do início da comunicação e interações interpessoais dessas crianças. CONCLUSÃO: As crianças com autismo possuem suas particularidades na expressão das características de comunicação, interação e expressão de sua cognição. Dessa forma, tal transtorno compõe-se de um espectro de comportamentos verbais e não-verbais os quais se manifestam, singularmente, em cada indivíduo. Os aspectos avaliados nos estudos demonstraram pluralidade quanto à composição das características e singularidade quanto à sua expressão. Sendo assim, crianças portadoras de TEA necessitam de uma atenção exclusiva, que vise ao estímulo da pluralidade nas formas de comunicação.

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T147. A importância clínico-obstétrica dos aspectos anatômicos do nervo fibular comum

Alexandryna Laryssa de Almeida Ramos; Antônio José Casado Ramalho; Milton Vieira Costa; Ivan do Nascimento da Silva Área Temática: Cirurgia RESUMO INTRODUÇÃO: Uma lesão parcial do nervo fibular comum se manifesta como paresia nos movimentos de elevação e lateralização do pé, e de extensão dos dedos, além de causar parestesia no dorso do pé. Dor também pode estar presente. O nervo fibular comum é um dos ramos originados pela divisão do nervo isquiático. Após sua origem desce através da fossa poplítea seguindo intimamente a borda medial do músculo bíceps da coxa, até atingir a parte posterior da cabeça da fíbula, onde contorna o colo desta, perfura o músculo fibular longo e divide-se em dois ramos terminais. OBJETIVO: Descrever os aspectos anatômicos do nervo fibular comum com ênfase nos pontos que ao longo de seu trajeto possam ser locais onde ocorra lesão ou compressão nervosa em posições mantidas por longo tempo. METODOLOGIA: A pesquisa trata-se de uma revisão integrativa realizada em artigos das bases pubmed, scielo e lilacs e livros de anatomia. RESULTADOS: Devido ao seu contato com a fíbula o nervo neste local torna-se superficial e pode ser palpado tanto atrás da cabeça desta como também ao enrolar-se em torno de seu colo, ficando neste local exposto a riscos, susceptível a lesão. Esta pode ocorrer devido a choques diretos ou fraturas do osso, traumas com tração na fossa poplítea e ainda por sistemas que exerça pressão, comprimindo-o. Outra forma bem comum de compressão é durante o parto de intervenção cirúrgica, quando não há acolchoamento suficiente, e há compressão do nervo entre a fíbula e componente metálico da mesa de apoio. Tal fato pode levar a danos na função nervosa. CONCLUSÃO: Portanto, vê-se que o nervo fibular comum apresenta em seu trajeto pontos de vulnerabilidade, que o tornam susceptível à lesão, sobretudo quando contorna o colo da fíbula. Em alguns casos essa compressão pode vir a ser evitada, como por exemplo na posição de litotomia, na qual o simples fato de ser proporcionada uma proteção suficiente no ponto em que ele é subcutâneo já evita.

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T148. A importância da detecção de fatores de risco para doenças cardiovasculares: relato de experiência

Nayara Soares de Mendonça Braga; Laís Cerqueira de Moraes; Adriana Santos Cunha Calado; Ana Carolina de Carvalho Ruela Pires; Larissa Gouveia Aragão de Souza; Marcos Reis Gonçalves; Maria Eliza Alencar Nemezio Área Temática: Medicina Preventiva RESUMO INTRODUÇÃO: O envelhecimento populacional é um dos maiores desafios da saúde pública contemporânea. As estatísticas mostram que a maior causa de mortalidade e morbidade, em idosos, é a doença cardiovascular. A doença coronariana é a causa de 70 a 80% de mortes, tanto em homens como em mulheres e a insuficiência cardíaca congestiva, mais comum de internação hospitalar, de morbidade e mortalidade na população idosa. A existência de programas direcionados para a prevenção primária e cuidados com as comorbidades no idoso poderá fazer com que no futuro as doenças degenerativas e, fundamentalmente, as cardiovasculares possam ser bem atenuadas, melhorando a qualidade de vida da população. OBJETIVO: Relatar a importância do projeto “Expresso do coração” que visa promover saúde e qualidade de vida para idosos do município de Maceió-AL. RELATO DE EXPERIÊNCIA: Equipes multiprofissionais, compostas por médicos, enfermeiros, assistentes sociais e estudantes de medicina, oferecem palestras educativas e realizam consultas e exames cardiológicos na população idosa de Maceió previamente cadastrada, encaminhando-os para outros serviços caso seja encontrado achados semiológicos importantes. Em cada ação do projeto são atendidos cerca de 90 idosos, entre homens e mulheres, que em sua maioria apresentam fatores de risco para doenças cardiovasculares, como: sedentarismo, hipertensão arterial e obesidade, sendo a população feminina a mais afetada. O uso irregular e inadequado de medicamentos também foi bastante observado neste grupo. CONCLUSÃO: Diversos fatores de risco para doenças cardiovasculares foram encontrados, e em sua maioria não estavam sendo controlados, o que possivelmente acarretará em aumento da demanda aos serviços de saúde e diminuição da qualidade de vida desses pacientes. Essa realidade deve alertar os planejadores de saúde, a fim de adequar a oferta de serviços de saúde para a população idosa e levar de forma mais efetiva programas de promoção e prevenção em saúde para esta faixa etária.

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T149. A importância da educação em saúde na infância: um relato de experiência Gabriel Marcelo Rego de Paula; Vanessa Izidoro Alves Silva; Ingrid Cavalcanti Ribeiro; Emanuella Pinheiro de Farias Bispo; Rafaela Brandão da Silva Almeida Área Temática: Medicina Preventiva RESUMO INTRODUÇÃO: Ações de promoção da saúde, de cunho individual ou coletivo, são de grande valia para o desenvolvimento da sociedade, particularmente quando são feitas na infância e na adolescência. Ainda em 1954, a comissão de especialistas em educação em saúde da Organização Mundial da Saúde frisou a necessidade de atividades promotoras da saúde dentro do espaço escolar, e não apenas o conhecimento conceitual. Dentro desse contexto, alunos de cursos como Medicina e Odontologia do Centro Universitário CESMAC participam do projeto de extensão, Agravos Negligenciados do SUS, prestando assistência aos alunos (faixa etária 4-8 anos) em uma escola no bairro Vergel do Lago. OBJETIVO: O projeto teve como objetivo promover a educação em saúde com foco na educação infantil, que além de ser um grupo extremamente curioso, questionador e em fase de construção do conhecimento, também são potenciais propagadores da informação entre familiares vizinhos e colegas contribuindo com práticas preventivas e, consequentemente, a melhora da qualidade de vida. As ações educativas tiveram foco em doenças infecto-contagiosas através de ações educativas para a mudança de comportamento por adoção de práticas para manutenção de um ambiente saudável. METODOLOGIA: As atividades educativas, foram realizadas quinzenalmente e alguns dos temas abordados foram lavagem de mãos, profilaxia oral e prevenção da dengue, entre outros relacionados com prevenção em saúde. A metodologia utilizada foi do tipo lúdico-interativa, provando que a educação em saúde é, de fato, fundamental para a reflexão e mudança de comportamento na vida dos indivíduos. Os principais materiais utilizados foram lápis de cor, giz de cera, tinta guache, fantoches e recursos de áudio e vídeo. RESULTADOS: Foram observados, ao decorrer do projeto, resultados satisfatórios tanto nos educadores quanto nas crianças que participaram do processo educativo. As ações realizadas de forma continua, através de uma simples abordagem, levaram progressivamente a adesão do conhecimento e consequentemente à prevenção dos agravos à saúde. A utilização de metodologia lúdica e dinâmica teve resultado extremamente eficaz e participativo por parte do público infantil. Algumas das atividades realizadas foram pinturas, lavagem de mãos e a utilização de fantoches. A educação em saúde é uma das práticas mais importantes da atenção primária, em que educação, prevenção e diagnóstico precoce resultam em uma população menos doente e com maior potencial de longevidade com qualidade de vida. CONCLUSÃO: A adoção de atividades lúdico-educativas, portanto, na população de idade escolar, é de notória contribuição para os aspectos sanitários, não só individuais ou do núcleo familiar, mas sim, de toda a comunidade envolvida. Levando, dessa forma, ao desenvolvimento de um senso de responsabilidade individual e também coletivo.

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T150. A importância da mamografia na prevenção e diagnóstico do câncer de mama no Brasil

Mariane Soriano Duarte Prado Tenório; Ingrid Cavalcanti Ribeiro; Bárbara Letícia Figueiredo Fonseca; Vítor Dantas Cerqueira; Ernann Tenório de Albuquerque Filho; Maria Lúcia Lima Soares Área Temática: Saúde da Mulher RESUMO INTRODUÇÃO: O câncer de mama é a principal causa de morte por neoplasias em mulheres em todo o mundo, respondendo por cerca de 28% dos casos novos a cada ano. Há evidências de que a mamografia tem uma eficácia de aproximadamente 23% na redução da mortalidade. A recomendação preconizada pelo Instituto Nacional do Câncer, atualizada em 2015, é que mulheres entre 50 e 69 anos façam uma mamografia a cada dois anos. Os benefícios da mamografia de rastreamento incluem a possibilidade de diagnosticar o câncer no início, e desse modo, ter um tratamento menos agressivo. Portanto, o presente trabalho busca entender a real importância desse método para a prevenção e diagnóstico do câncer de mama na sociedade. OBJETIVO: Descrever a importância da mamografia para o rastreamento da neoplasia de mama, bem como identificar as principais dificuldades encontradas para a realização do exame de maneira eficaz. METODOLOGIA: Trata-se de uma revisão de literatura com coleta de dados realizada a partir de fontes secundárias, por meio de levantamento bibliográfico nas seguintes bases de dados: Scielo, PubMed e Lilacs, com a seguinte formatação: “Brazil AND mammography AND prevention AND treatment", totalizando 23 artigos. Após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão foram selecionados 6 artigos. RESULTADOS: A mamografia possui uma alta qualidade para verificar minúsculos detalhes no tecido mamário. Em um exame de mamografia digital, por exemplo, é possível verificar cada ponto da imagem com zoom para detectar qualquer sinal suspeito de cisto ou nódulos. É efetiva para diagnóstico precoce de doença invasiva que pode levar de 5 a 7 anos para progredir, podendo detectar 80-90% dos casos de câncer de mama em mulheres assintomáticas. Contudo, pode-se afirmar que o aumento da mortalidade por esse tipo de câncer no Brasil ocorre em virtude do retardo no diagnóstico na instituição de terapêutica oportuna, fazendo com que as taxas de mortalidade sejam superiores a de países desenvolvidos. Em determinados locais, principalmente os afastados da área urbana, a falta de equipamentos pode fazer com que mulheres dessa região acabem por sobrecarregar hospitais públicos de outras cidades. CONCLUSÃO: Portanto, é evidente que devido à falta de treinamento dos profissionais, à influência das questões políticas e à carência em relação a disponibilidade dos equipamentos e da estrutura, os profissionais não conseguem atender a demanda da população, logo, a disponibilidade do exame para a população torna-se difícil.

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T151. A importância da rotulagem nutricional para a contemporaneidade Vítor de Faria Alcântara; Thiago Ottoni Wanderley Amorim; Lucas Felizardo Figueredo; José Mário Dantas Coelho da Paz; Wilson Aurélio Moreira Bastos Pereira; Bruna de Carvalho Resende Mergulhão; Caio da Silva Ramos Leal; Rosamaria Rodrigues Gomes Área Temática: Ciências da Saúde RESUMO INTRODUÇÃO: A rotulagem nutricional serve para ajudar o consumidor a escolher alimentos que sejam condizentes com a suas necessidades, seja para restrições alimentares causadas por doenças ou para quem procura adotar hábitos alimentares mais saudáveis. A rotulagem é a maneira utilizada pelo fabricante para indicar a composição do alimento que será ingerido. Além da lista de ingredientes, o rótulo deve indicar uma série de informações que auxiliem e mostrem ao consumidor o que realmente está sendo adquirido OBJETIVO: O crescimento do consumo de alimentos industrializados e a falta de hábito da população mundial de ler os rótulos e faz com que muitos não tenham a informação necessária para escolher alimentos mais saudáveis ou que não contribuam para agraves/ surgimento de doenças crônicas, como diabetes e hipertensão. METODOLOGIA: Através de uma revisão integrativa, este trabalho aborda: as diferentes formas de rotulagem de alimentos; a forma como os países desenvolvidos estão criando maneiras criativas e impactantes para promover a reeducação alimentar da população; e como o Brasil regula e legisla acerca do tema. RESULTADOS: A leitura dos artigos permitiu concluir que, apesar da obrigatoriedade da rotulagem, a população ainda não está totalmente familiarizada com essa ferramenta, uma vez que sua compreensão pode auxiliar na prevenção de doenças crônicas não transmissíveis. CONCLUSÃO: Também se conclui que há uma necessidade de maior fiscalização dos órgãos responsáveis e da promoção de políticas de educação nutricional.

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T152. A importância do reconhecimento da iminência de rotura uterina na emergência obstétrica

Débora Nicácio Falcão; Beatriz Albuquerque Oliveira; Laís Fernanda Correia Pimentel; Gustavo Cedro Souza; Manuela Andrade de Alencar Pereira; Rafaella Lima dos Santos; Alberto Sandes de Lima Área Temática: Saúde da Mulher RESUMO INTRODUÇÃO: A rotura uterina é uma emergência obstétrica rara e de mau prognóstico, definida como uma solução de continuidade da espessura total da parede do útero e peritônio sobrejacente. A incidência de rotura uterina varia local e globalmente, inclusive em um mesmo hospital ao longo dos anos. A ocorrência é de um em 5857 até um em 6673 partos. A estimativa de sua incidência em países desenvolvidos é menor que 1% e a maioria dos casos ocorre em mulheres com cesariana prévia. Porém, apesar da baixa incidência, é fundamental para a formação médica o conhecimento do quadro clínico de iminência de rotura uterina e os seus principais fatores de risco. A mortalidade fetal perinatal está entre 45-70%, principalmente nas roturas completas, enquanto que a materna oscila em torno de 5%, com alta prevalência de complicações como hemorragia grave, laceração da bexiga e histerectomia. O diagnóstico é eminentemente clínico, através da observação dos sinais e sintomas e por meio do reconhecimento de fatores de risco, necessitando de resolução cirúrgica. OBJETIVO: O objetivo desse trabalho é abordar a rotura uterina sobre os aspectos epidemiológicos, etiológicos, fatores de risco e quadro clínico. METODOLOGIA: Foi realizada uma busca literária em livros, diretrizes e base de dados Scielo, PubMed, UpToDate, Lilacs e MedLine. Para isso, foram utilizados os descritores: “Uterine Rupture”, “Pregnancy”, “Sangramento”, “Bleeding”, “Complications”. Foram selecionados 54 artigos, sendo resgatado 16 artigos dos últimos 17 anos. Os demais artigos foram excluídos por serem anteriores ao ano 2000 ou por tratarem de outros tipos de rotura. RESULTADOS: A rotura uterina é um quadro grave e fatal, que ocorre principalmente após a 28ª semana gestacional e que pode ser de origem espontânea ou traumática, acarretando em uma continuidade da parede uterina com o peritônio. Os casos de rompimento de uma cicatriz pré-existente que não interrompe o peritônio visceral são denominados deiscência de cicatriz uterina, que cursa com melhor prognóstico. Os principais fatores de risco para as gestantes são: cicatriz de uterina prévia, hipercontratilidade uterina, condutas inadequadas no trabalho de parto, uso de ocitócitos e trabalho de parto prolongado em caso de desproporção céfalo-pélvica, que devem ser identificados na consulta pré-natal. O profissional de saúde também deve ser capaz de reconhecer o quadro de iminência de rotura uterina, evitando assim complicações graves e fatais. CONCLUSÃO: A rotura uterina, apesar de ser uma complicação rara, traz desfechos neonatais graves e dessa forma merece uma atenção às manifestações clínicas prévias, conhecida como quadro de iminência de rotura uterina, que está presente na maioria dos casos, facilitando a sua prevenção e o estabelecimento de uma conduta adequada, garantindo assim a saúde materna e do recém-nascido.

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T153. A prática interdisciplinar nos cursos de psicologia e medicina do CESMAC Victória Régia Figueiredo de Almeida; Marcos Antônio Leal; João Antônio da Silva Almeida; Ivonilda de Araújo Mendonça Maia; Sônia Helena Galvão de Lima; Evanisa Helena Maio de Brum Área Temática: Educação Médica RESUMO INTRODUÇÃO: A interdisciplinaridade qualifica o que é comum a duas ou mais disciplinas do conhecimento e caracteriza-se na prática como o trabalho conjunto, que ocorre por meio de interdependências e de conexões recíprocas. Assim, a interdisciplinaridade deve ser compreendida como estratégia conciliadora dos domínios próprios de cada área, com a necessidade de alianças entre elas, no sentido de complementaridade e de cooperação para solucionar problemas, encontrando a melhor forma de responder aos complexos desafios da sociedade contemporânea. Partindo desta concepção é inquestionável a importância da interdisciplinaridade na formação de estudantes universitários, especialmente na área da saúde, que tem como objeto de estudo o homem e suas complexidades, pois a complexidade exige a interdisciplinaridade. Logo, os programas de ensino da área da saúde necessitam incorporar o cuidado e a educação em saúde como “objeto fronteiriço”, o que significa compreender o objeto de uma área em compatibilidade com outras áreas de conhecimento. OBJETIVO: Desta forma, este trabalho tem por objetivo descrever ações interdisciplinares que sejam comuns aos cursos de Medicina e Psicologia do CESMAC. METODOLOGIA: Para tanto foi realizado um estudo de caso com análise qualitativa das ações interdisciplinares realizadas nos dois cursos. Uma destas ações refere-se a presença de professores com outras formações nos cursos. RESULTADOS: O corpo docente do curso de Psicologia é composto por 40% de professores de outras áreas, o que ocorre devido à complexidade do curso que está inserido tanto na área humana e social quanto na área da saúde. Já o curso de Medicina tem em seu corpo docente 20% de professores de outras áreas de formação, o que decorre, primordialmente, da reforma universitária de 1968, quando ocorreu a unificação da formação em Ciências Básicas de várias Universidades de Saúde, as quais têm em comum a formação básica em um conjunto único de Ciências, possibilitando que docentes que possuem a mesma formação, possam atuar em quaisquer das Ciências da Saúde nessa etapa de formação. Isso viabiliza a interdisciplinaridade e integração com as demais Ciências da Saúde. Outra ação comum aos dois cursos é a oferta do estágio integrado supervisionado para os alunos, realizado na Unidade Docente Assistencial, que funciona como Estratégia de Saúde da Família e é um campo de práticas para todos os cursos da área. Este estágio cria condições para um cuidado mais integrado e integrador aos usuários do SUS e busca o estabelecimento de uma nova relação entre os profissionais da área da saúde. CONCLUSÕES: destaca-se que os cursos de Psicologia e Medicina do CESMAC buscam reconhecer a complexidade crescente do objeto das ciências da saúde e a consequente exigência de um olhar plural, mediante a possibilidade do trabalho em conjunto, que respeite as bases disciplinares específicas de cada curso.

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T154. A relação do helicobacter pylori e o câncer gástrico: revisão de literatura Daniel de Mélo Carvalho; Anacácia Pessoa Leite; Fernanda Alexandre Lima e Silva; Rômulo Viana dos Santos; Sarah Maria Coelho da Paz de Lima; Manoel Messias Lima Neto; Ayrton Silva Alves; Rodolfo de Abreu Carolino Área Temática: Ciências da Saúde RESUMO INTRODUÇÃO: Helicobacter pylori é uma bactéria Gram-negativa que coloniza mais da metade da população mundial, com mais de 750.000 novos casos por ano em todo o mundo. Compreende um importante fator de risco para o câncer gástrico (CG) considerado o quarto câncer mais comumente diagnosticado e o segundo mais mortal. OBJETIVO: Realizar um levantamento bibliográfico sobre a relação da infecção por H. pylori e o câncer gástrico. METODOLOGIA: O estudo foi realizado na forma de revisão de literatura, e para pesquisa bibliográfica foram utilizadas as bases de dados PubMed, LILACS e Scielo usando os descritores “Helicobacter pylori”, “câncer de estômago” e “stomach cancer”. Os critérios de inclusão forma artigos publicados nos últimos 10 anos em português, inglês e espanhol que apresentaram relevância sobre o tema, excluindo os artigos que apresentavam câncer de estômago por outras causas. RESULTADOS: Obtiveram-se 22 artigos que embasaram esse trabalho. No Brasil, esses tumores aparecem em terceiro lugar na incidência entre homens e em quinto, entre as mulheres. A associação do H. pylori na carcinogênese do CG tem sido sugerida pela observação de taxas mais elevadas de infecção desta bactéria em pacientes com câncer gástrico, quando comparados aos pacientes com CG sem a bactéria. No início da infecção pelo H. pylori ocorre um infiltrado celular inflamatório de neutrófilos na superfície gástrica, com posterior diminuição na produção de muco, resultando na lesão mucosa. No curso crônico da infecção há progressão da gastrite atrófica, produção de citocinas, enzimas e peróxidos com ação tanto direta como indireta na destruição da mucosa gástrica. CONCLUSÃO: O mecanismo de ação da H. pylori na gênese do CG se dá pelo desenvolvimento de gastrite crônica e metaplasia intestinal que são consideradas condições pré-malignas. Faz-se necessário, portanto, maior investigação da associação do H. pylori na gênese do CG.

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T155. Abordagem hospitalar em crianças internadas por desnutrição proteico-energética

Ana Carolina de Carvalho Ruela Pires; Jessica da Silva Alves; Larissa Gouveia Aragão de Souza; Daise Maria Dalboni Rocha; Adriana Santos Cunha Calado; Maria Eliza Alencar Nemézio Área Temática: Pediatria RESUMO INTRODUÇÃO: A desnutrição proteico‐energética (DEP) é de uma entidade multifatorial, resultante não somente da carência alimentar que se reflete em indicadores antropométricos do estado nutricional. É um problema de saúde pública mundial, principalmente nos países de média e baixa renda, que contribui para a morbidade, deficiência intelectual e do desenvolvimento. É responsável por 300 óbitos por hora em crianças e inúmeras internações. OBJETIVO: Revisar sistematicamente as publicações que abordam as condutas para tratamento da desnutrição em crianças internadas. METODOLOGIA: Foram pesquisados artigos na base de dados do Medline, Lilacs e SciELO (entre 1999 e 2017) utilizando-se seguintes palavras: desnutrição, criança, hospitalização e terapia nutricional. Foram critérios de inclusão: estudos feitos com pacientes pediátricos hospitalizados, artigos publicados nos últimos dezoito anos (1999-2017), resumo disponível nas bases de dados descritas e trabalhos realizados com crianças brasileiras sobre o tratamento da desnutrição infantil. Os critérios de exclusão foram: editoriais, cartas ao editor e capítulos de livro. Dos 844 artigos encontrados, somente sete atenderam as exigências de inclusão. RESULTADOS: É fundamental que à admissão seja realizado o diagnóstico nutricional. As classificações mais utilizadas para DEP são a de Gomez, Waterlow e a da Organização Mundial de Saúde (OMS), permitindo determinar a intensidade (leve, moderada e grave), duração (aguda e crônica) e tipo (Marasmo, Kwashiorkor e manifestações intermediárias) da desnutrição infantil. Observou-se que grande parte dos profissionais de saúde desconhece a fisiopatologia da DEP grave e, consequentemente, que a utilização de terapia inadequada, é a principal causa de morte durante o internamento. Foi criado em 1999 o Protocolo da OMS, que sistematiza o tratamento hospitalar da desnutrição. Ressalta-se que, mesmo após transcorrido 18 anos de sua publicação, continua a ser o modelo de referencia. Consiste em três etapas (tratamento inicial, reabilitação e acompanhamento) que devem transcorrer em 26 semanas, das quais, em média, seis semanas são internadas. O tratamento inicial tem duração de sete dias e seu objetivo é reestabelecer e estabilizar a criança, corrigindo distúrbios hidroeletrolíticos, desidratação, hipotermia, infecção, deficiências de micronutrientes, exceto o ferro e introduzir a alimentação, de acordo com a aceitação da criança. A segunda fase de reabilitação, a oferta de alimentos deve ser maior, mantendo a correção de micronutrientes e introduzindo-se o ferro. Em todas as etapas a criança deve receber estímulos ao seu desenvolvimento neuropsicomotor por meio de fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional. O protocolo da OMS deve ser adaptado à realidade de cada local. Diversos estudos avaliam o impacto desde sua implantação, e mesmo em locais onde não foi possível executá-lo integralmente, demonstrou resultados muitos favoráveis. CONCLUSÃO: A DPE se mantém ao longo dos anos como um problema de saúde pública nos países em desenvolvimento. A implantação do Protocolo da OMS depende do treinamento de uma equipe multidisciplinar em hospitais com mínimo de estrutura e equipamentos para o manejo adequado de crianças com desnutrição grave, e consequente redução nas taxas de morbidade e mortalidade e recuperação do seu estado nutricional e do desenvolvimento global.

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T156. Agregados amilóides na patogênese da doença de Alzheimer: revisão de literatura

Thamirys Cavalcanti Cordeiro dos Santos; Júlia Carla Oliveira Silva; Eloisa Simões Alves; Júlia Floriano da Costa; Lucas Rogério Lessa Leite Silva; Larissa Isabela Oliveira de Souza Área Temática: Clínica Médica RESUMO INTRODUÇÃO: A doença de Alzheimer (DA) é a doença neurodegenerativa mais comum e tem sido intensamente estudada por mais de 100 anos; no entanto, permanece incurável e fatal devido à falta de terapias seguras e eficazes. As placas amilóides são depósitos extracelulares de agregados de amilóide beta (Aβ) e, juntamente com os emaranhados neurofibrilares, são características da DA, que desempenham um papel central na patogênese da DA. OBJETIVO: Este trabalho teve como objetivo realizar uma revisão de literatura sobre o papel dos agregados amiloides na patogênese da DA. RESULTADOS: A agregação de proteínas em conformações tóxicas desempenha um papel crítico no desenvolvimento de diferentes doenças neurodegenerativas, como a DA, a doença de Parkinson e a doença de Creutzfled-Jakob. Esses distúrbios compartilham como mecanismo patológico a formação de espécies de proteínas agregadas, incluindo oligômeros tóxicos e fibrilas amiloides. A agregação de Aβ e a proteína tau na DA resultam em morte neuronal e início da doença. Atualmente, não há terapia preventiva para essa doença e as abordagens terapêuticas disponíveis são baseadas no tratamento dos sintomas e não nas causas subjacentes da patologia. Consequentemente, a via de agregação dessas proteínas representa um alvo útil para a intervenção terapêutica. O design de pequenas moléculas que inibem eficientemente o processo de agregação e/ou neutraliza sua toxicidade associada constitui uma ferramenta promissora para o desenvolvimento de estratégias terapêuticas contra esses distúrbios. CONCLUSÃO: Portanto, conclui-se que o entendendo do mecanismo de formação do Aβ e a sua inibição são de grande importância clínica tanto para a compreensão da patogênese da DA quanto no desenvolvimento de novas estratégias terapêuticas.

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T157. Alimentação saudável e atividade física como fatores determinantes para o envelhecimento saudável

Maria Júlia Marques de Araujo Santos; Raiana Zacarias de Macêdo; Marcus Vinícius Quirino Ferreira; Izamara Freitas de Melo; Anansa Bezerra Aquino; Demetrius Lucena Sampaio Área Temática: Ciências da Saúde RESUMO INTRODUÇÃO: O DNA passa por constantes agressões que acabam lesionando esse material genético e desencadeando uma série de mecanismos que comprometem as estruturas funcionais das células. OBJETIVO: Ao analisar esses mecanismos, o objetivo do estudo foi abordar a alimentação e a atividade física como fatores influentes em um envelhecimento saudável e como os mesmos podem interferir nesse processo de envelhecer. METODOLOGIA: Foi realizada uma revisão de literatura por meio da seleção de artigos presentes no banco de dados do SciELO, e capítulos de livros referência de fisiopatologia e patologia básica. Como estratégia de busca foram utilizadas as palavras-chave encontradas no DeCS “envelhecimento”, “alimentação”, “exercício”, “radicais livres” e “envelhecimento celular” e o operador boleeano “AND”. RESULTADOS: Dessa forma, obteve-se resultados em que a prática de exercícios físicos, apesar de liberar radicais livres, traz muitos benefícios para o corpo humano, pois atua na hipertrofia do miocárdio diminuindo a frequência cardíaca do indivíduo, e não o bastante, ainda atua na hipertrofia muscular esquelética e regulação da respiração. Além disso, o estudo foi baseado em uma alimentação rica em antioxidantes, ajudando a combater tais radicais livres, e a seleção de dietas baseadas em gorduras insaturadas e com baixo índice glicêmico, vai propiciar uma vida mais saudável. CONCLUSÃO: Diante disso, foi possível observar que mesmo com todos esses cuidados ainda não é o suficiente para modificar completamente os mecanismos celulares, mas é possível prevenir o agravamento dessas limitações procurando uma vida não sedentária, com uma alimentação bem balanceada e sempre em contato com o acompanhamento de profissionais da saúde.

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T158. Análise da equidade no sistema nacional de transplantes Rafael de Almeida Omena; Lucas Gazzaneo Gomes Camelo; Lucas Pacheco Vital Calazans; Arlindo Lopes de Almeida Neto; Renan Carvalho Mendes; Carlos Adriano Silva dos Santos Área Temática: Cirurgia RESUMO INTRODUÇÃO: Dentre os inúmeros problemas que o sistema nacional de transplantes apresenta, a desigualdade é um dos que mais precisa ser discutido. Para isso, é necessária uma fundamentação nos referenciais da bioética, especialmente, na equidade. No âmbito do transplante de órgãos, a equidade atua como uma ferramenta preciosa. É importante a compreensão de que a iniquidade na saúde se refere às diferenças que podem ser evitadas, desnecessárias e que são também consideradas indesejáveis e injustas. A equidade na saúde, contrapondo-se a iniquidade, implica algo de que idealmente todos os indivíduos que compõe a sociedade devam ter as mesmas oportunidades de alcançar o seu potencial de saúde. As desigualdades sociais associadas ao acesso e a utilização de serviços prestados na área de saúde são uma manifestação direta das características do sistema público. É importante destacar que no processo de transplante de um órgão três fatores são determinantes: compatibilidade sanguínea, tempo de espera e gravidade da doença. OBJETIVOS: Explicar o funcionamento do Sistema Nacional de Transplantes; analisar a importância da equidade como ferramenta para reduzir a vulnerabilidade dos pacientes nos transplantes; e comparar a disparidade de transplantes realizados em Alagoas e em outros estados do Brasil. METODOLOGIA: Esse estudo constitui-se de uma revisão integrativa de literatura baseada em artigos e sites - sendo esses na língua inglesa e portuguesa - os quais abordam a temática da equidade em saúde como marco ético da bioética. Como estratégia de busca foi utilizada as seguintes palavras-chave: “bioética”, “equidade” e “transplante” (“bioethics”, “equity” e “transplantation”) de forma isolada ou combinadas entre si com o auxílio do operador boelano “and”. RESULTADOS: O processo de transplante de órgãos revolucionou não só a medicina, mas também a sociedade brasileira, sendo uma conquista primordial no nosso sistema de saúde. Entretanto, os resultados apresentam que as disparidades em transplantes ainda existem, fato esse que compromete a equidade no sistema de saúde ofertado a população brasileira. Apesar de um crescente existente nos últimos anos, as regiões Norte e Nordeste são as que apresentam os menores índices. Até mesmo entre os estados dessas regiões a discrepância é evidente. CONCLUSÃO: Diante desse estudo, ainda nessa esfera de saúde pública, a concepção do conceito de equidade evidencia a necessidade de ser dado um destaque para a distribuição de recursos e outros processos que tragam uma forma singular de desigualdade em saúde e se relacionem a grupos mais vulneráveis. Sendo assim, é fundamental entender que a ideia central é que políticas públicas de saúde tenham como meta suprimir as situações que contribuem com a vulnerabilidade humana, para que sejam direcionadas às regiões menos desenvolvidas para sua efetividade.

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T159. Análise da escolha clínica de anti-histamínicos e o impacto de seus efeitos adversos na comunidade

Ítalo Bernardo de Oliveira; Sarah Maria Coelho da Paz de Lima; Eduardo Calheiros Inforzato Dias Gomes;

Guilherme Calheiros Inforzato Dias Gomes; Leidiane Silva da Conceição; Andrea Rose Feitosa D’Almeida; Marcos Reis Gonçalves

Área Temática: Clínica Médica RESUMO INTRODUÇÃO: Atualmente, os anti-histamínicos são utilizados em tratamentos de diversos processos alérgicos, onde irão atuar concomitante aos receptores de histamina. Os primeiros anti-histamínicos desenvolvidos, possuem a habilidade de atravessar a barreira hemato-encefálica (BHE), pela sua não seletividade como antagonistas de receptor da histamina, resultando em sonolência, sedação, cansaço, fadiga, e falta de concentração. OBJETIVO: A importância de se ampliar e divulgar o conhecimento sobre os anti-histamínicos e seus efeitos adversos para que se evite o maior número de casos com efeitos adversos na população. Metodologia: O presente estudo consiste em uma revisão sistemática de artigos disponibilizados na Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), onde foram utilizados como descritores “side effects”, “antihistaminic”, “treatment”, onde 4 artigos preencheram critérios de elegibilidade. RESULTADOS: Após análise dos artigos selecionados, ficou constatado que os anti-histamínicos de primeira geração causam dentre seus efeitos adversos, alterações no ciclo sono/vigília, que pode interferir no cotidiano dos pacientes, onde pesquisas já realizadas comprovaram que crianças podem apresentar uma redução psicomotora após utilização prolongada e em muitas vezes altas doses destes medicamentos prescritos. CONCLUSÃO: Em suma, foi condicionado que os anti-histamínicos de primeira geração causam maiores efeitos adversos devido a sua não seletividade, assim, afetando o cotidiano de muitos pacientes, o que nos leva a pensar no desenvolvimento neuropsicomotor na pediatria e as implicações desses fármacos.

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T160. Análise da qualidade de vida dos portadores de ler/dort: uma revisão integrativa de literatura

Lucas Zloccowick de Melo Christofoletti; Maria Amélia Albuquerque de Freitas; Julia Manuela Mendonça de Albuquerque; Isabelle Miranda Tavares; Carlos Silva do Nascimento; Milton Vieira Costa Área Temática: Clínica Médica RESUMO INTRODUÇÃO: Atualmente as Lesões por Esforços Repetitivos e Doenças Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (LER/DORT) são consideradas o segundo tipo de patologia do trabalho com maior incidência no Brasil, o que configura uma necessidade de atenção especial, devido às limitações impostas. OBJETIVO: Divulgar os impactos na qualidade de vida decorrentes de LER/DORT através da classificação dos graus da dor, além de apontar os melhores tratamentos, causas e consequências do acometimento do público-alvo e partes do corpo que mais sofrem com dores advindas dessas afecções. METODOLOGIA: Foi realizada uma revisão integrativa através do levantamento de artigos disponíveis nas bases de dados: SciELO, LILACS e PubMed, utilizando os descritores: “cumulative trauma disorders” e “quality of life” em associação com o operador booleano “AND”. Os critérios de exclusão foram, respectivamente, títulos que não tangenciassem a temática da qualidade de vida, resumos de conteúdo díspares ao objetivo central do trabalho e, por último, a leitura do artigo na íntegra. RESULTADOS: A literatura estudada revelou correspondência no uso do questionário Medical Outcomes Study 36-item Short-Form Health Survey (SF-36), aponta também a existência de quatro graus para a dor decorrente dessas afecções e que o mais grave deles pode ser incapacitante fisicamente e de severas consequências psicológicas e sociais. Há a maior incidência em mulheres na faixa etária entre 30 e 40 anos, e os locais de maior ocorrência são: a região cervical, cintura escapular e membros superiores. A partir disso, foram indicados tratamentos como fisioterapia, craniopuntura e atividades em grupo como alternativas para melhora da dor crônica, retorno das atividades cotidianas e consequente reinserção na sociedade, além da necessária conscientização em prol da manutenção da qualidade de vida. CONCLUSÃO: As afecções dessas lesões vão além da dor física, porctambém haver reflexos psicoemocionais e sociais que causam grandes alterações no modo de vida dos acometidos.

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T161. Análise descritiva dos índices de mortalidade dos principais tipos de câncer na região Nordeste do Brasil

Giovanni Capitulino Araújo Santos; Arthur Azevedo Ferreira; Nathalia Lacerda Dias Silva; Tarsiane Dias Muniz dos Santos; Jordânia Brandino de Melo Fortes Feitosa; Maria Eduarda Di Cavalcanti Alves de Souza Área Temática: Clínica Médica RESUMO INTRODUÇÃO: Atualmente, sabe-se que o câncer é um problema de saúde pública, com implicações sociais, psicológicas e econômicas, e com perspectivas de perpetuação dos elevados índices. Partindo desse pressuposto e de dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) que sugerem a ocorrência de 600 mil novos casos de câncer no Brasil, no biênio 2016-2017, identifica-se a necessidade da realização de estudos que enfatizem as taxas crescentes de mortalidade desta doença a fim de conhecer essa realidade e elencar possíveis medidas de minimização e controle. OBJETIVO: Este trabalho tem o foco de apresentar os índices de mortalidade dos principais cânceres na Região Nordeste. METODOLOGIA: O escrito foi fundamentado em um estudo descritivo de embasamento quantitativo que utilizou dados do Atlas On-line de Mortalidade do INCA. Os números foram coletados considerando o índice de mortalidade das 5 localizações primárias dos principais tipos de câncer por 100 mil homens e mulheres, entre 2000 e 2014, na Região Nordeste. RESULTADOS: Foram analisados os seguintes cânceres: próstata, mama feminina, estômago, os de localização primária desconhecida, brônquios e pulmão, em uma demarcação de período entre 2000 e 2014, a cada 100.000 homens e mulheres. Inicialmente constatou-se que o tumor de brônquio e de pulmão foi o mais prevalente nos estados do Nordeste, com índices de 4,54/100.000 em 2000 e 8,80/100.000 em 2014 - aumento de 93,83%. Em segundo lugar, com incidência de 4,09/100.000, no ano de 2000, está o câncer de estômago, com um aumento de 41%, perante o índice de 5,78/100.000 em 2014. Logo após, surgem os cânceres com localização desconhecida - os quais tiveram um crescimento de 12,8%, entre os anos de 2000 e 2014, com índices de 3,83/100.000 e 4,32/100.000, respectivamente. Em quarto lugar encontram-se os cânceres de mama com taxas de 3,30/100.000 em 2000 e 5,77/100.000 em 2014 - aumento de 74,8%. Dentre esses cinco mais prevalentes, em último lugar está o câncer de próstata com o segundo maior aumento, sendo ele de 87%, com dados de 3,26/100.000 em 2000 e 6,10/100.000 em 2014. CONCLUSÃO: Ao se examinar os dados fornecidos pelo Atlas On-line de Mortalidade do INCA, pode-se dizer que houve um considerável aumento em todos os 5 cânceres mais prevalentes na Região Nordeste, no período de tempo demarcado. Dessa maneira, conclui-se que há a necessidade de mais estudos que busquem solucionar o motivo das altas taxas apresentadas, uma vez que esse fato se opõe ao intenso avanço da medicina atual.

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T162. Análise do saneamento básico entre 2008 e 2015 e sua influência na saúde da população de alagoas: um estudo descritivo

Matheus Gomes Lima Verde; Vanessa Santos Cavalcante Melo; Áurea Virgínia Pino dos Santos; Ian Barbosa Mota; Emanuella Pinheiro de Farias Bispo; Juliane Cabral Silva; Ivonilda de Araújo Mendonça Maia Área Temática: Medicina Preventiva RESUMO INTRODUÇÃO: As doenças oriundas da falta de saneamento básico representam um problema sério de saúde pública por afetar milhões de pessoas no mundo, principalmente nos países mais pobres. Por existirem áreas endêmicas no Brasil esse assunto é importante para gestores e profissionais da área da saúde, visto que o tratamento de uma doença recorrente não será efetivo sem o combate da causa. OBJETIVO: Este trabalho visa determinar a abrangência do fornecimento de saneamento básico em Alagoas bem como as doenças mais prevalentes decorrentes da falta dele. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo descritivo com dados obtidos pelo DATASUS, por meio do TABNET, que revelam número de casas com saneamento básico em Alagoas no período de 2008 a 2015 e o número de ocorrências de doenças infectocontagiosas. Foi obtido, também, o número de famílias acompanhadas pela Equipe de Saúde da Família nesse período de tempo bem como a discriminação dos serviços de saneamento básico como oferta de água, tratamento de esgoto e coleta de lixo. RESULTADOS: Dentre todas essas variáveis, pode-se observar uma alteração significativa no aumento do número de famílias, mas o saneamento não acompanhou essa demanda, podendo-se tomar como exemplo o aumento do abastecimento de água sem tratamento e da quantidade de esgotos a céu aberto. Isso pode sugerir o comprometimento da saúde da população pelo uso dessa água, o que pode explicar o alto número de doenças infectocontagiosas, como diarreias e gastroenterites, encontrado nesse período. Tais doenças afetam principalmente a saúde das crianças e pessoas imunocomprometidas; podem cursar com sintomas inespecíficos, mas podem gerar ou agravar quadros de desnutrição e anemias e como consequência podem comprometer o desenvolvimento físico e cognitivo das crianças. Bem como pode desencadear quadros graves e aumentar a suscetibilidade a outras infecções e complicações agudas. Essa condição está associada a fatores determinantes como o nível socioeconômico dos afetados, escassez de saneamento básico, condições precárias de moradia, baixo comprometimento com a higiene pessoal e coletiva. Por isso, a reinfecção é comum e requer além da administração de antiparasitários, medidas de educação preventiva e de saneamento básico. CONCLUSÃO: Devem ser analisados os Determinantes Sociais de Saúde para que possam ser realizadas ações de Prevenção de Agravos e Promoção à Saúde, pois a falta de uma infraestrutura adequada que forneça saneamento básico adequado propicia a infestações de doenças infecciosas e até mesmo recidivas.

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T163. Análise dos métodos diagnósticos alternativos para a tuberculose em Alagoas

Eva Gabryelle Vanderlei Carneiro; Gustavo Mendonça Ataide Gomes; Matheus Carvalho Rodriguez Guisande; Everton Huan de Souza Lopes; João Pedro Barbosa Carvalho; Velber Xavier Nascimento Área Temática: Clínica Médica RESUMO INTRODUÇÃO: A tuberculose é uma doença infectocontagiosa que afeta principalmente os pulmões, causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis. Entretanto, também pode ocorrer em outros órgãos do corpo (tuberculose extrapulmonar), como nos ossos, rins e meninges. No Brasil, 69 mil pessoas adoeceram de tuberculose e destes, 4,5 mil de homens, mulheres e crianças morreram de tuberculose em 2015, incluindo 6,8 mil pessoas vivendo com HIV. A persistência desta morbidade é acompanhada desde 2003, quando o Brasil registrou um dos números de casos de tuberculose em aspecto mundial. A partir disso, o Governo elaborou planos nacionais com o objetivo de acabar com a tuberculose como problema de saúde pública no Brasil, porém os dados mostram que em Alagoas a tuberculose continua com uma incidência alarmante de casos, atingindo 1008 casos em 2014. OBJETIVO: Analisar os diversos métodos de diagnóstico para tuberculose. METODOLOGIA: Trata-se de uma revisão integrativa de literatura com artigos publicados na base de dados PubMed, dela foram coletadas informações acerca do diagnóstico para tuberculose utilizando a estratégia (Tuberculosis) AND (Diagnosis) e foram selecionados 18 artigos. RESULTADOS: É visto que o conjunto de sintomas e a radiografia de tórax, normalmente, dão indícios sugestivos da tuberculose pulmonar, mas o que comprova a existência dela está na constatação do Mycobacterium tuberculosis no escarro. Por isso, o método mais tradicional usado para diagnóstico é a baciloscopia, que possibilita a identificação dos bacilos em análise direta através de coloração específica e observação através do microscópio. No entanto, existem casos em que o diagnóstico laboratorial não pode ser realizado e assim a confirmação do caso será feita pela combinação do conjunto de sintomas e do critério epidemiológico. No entanto, há técnicas de biologia molecular que possibilitam a confirmação do diagnóstico de forma rápida e eficaz, dentre as existentes, a mais usada é o Xpert MTB/RIF, que detecta através do escarro a presença do DNA bacilo e de mutação que indique resistência ao antibiótico rifampicina, usado no tratamento da doença. Com fins comparativos, pesquisas recentes foram feitas na busca de um método mais acessível às populações mais carentes, no entanto a acurácia de mais de 92% do Xpert MTB/RIF mostrou que sua indicação ainda é a preferida. Métodos mais simples – como o TST (Tuberculin Skin Test) – demonstraram eficácia para diagnósticos de urgência, porém sua baixa especificidade foi determinante para diminuir o custo benefício deste método. Outros diagnósticos através da qPCR, m-PCR e d-PCR foram realizadas e obtiveram uma boa acurácia, especificidade e sensibilidade. No entanto, a necessidade de profissionais especializados e máquinas laboratoriais de alto padrão, tornaram o custo-benefício desses métodos muito baixos quando comparados ao custo analisado do Xpert MTB/RIF. CONCLUSÃO: Desta forma, foi possível analisar os diversos métodos de diagnóstico de acordo com especificidade, sensibilidade e custo. Para assim, melhorar a acurácia na confirmação dos diagnósticos diante do quadro endêmico vivenciado em Alagoas, e então haver uma intervenção rápida e tratamento eficaz – para tal, o Xpert MTB/RIF foi o método encontrado com os critérios explicitados.

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T164. Análise epidemiológica dos casos de Chikungunya em alagoas e as relações com as alterações climáticas

Lucas Gazzaneo Gomes Camelo; Lucas Pacheco Vital Calazans; Rafael de Almeida Omena; Marcos Reis Gonçalves; Cristiane Monteiro da Cruz Área Temática: Ciências da Saúde RESUMO INTRODUÇÃO: A chikungunya é uma patologia febril causada pelo vírus Chikungunya (CHIKV), o qual é um Alfavírus que pertence à família Togaviridae. Ela possui uma tendência maior em se apresentar de duas principais formas: aguda (que está intimamente relacionada à viremia e nesse momento da infecção, os níveis de citocinas pró-inflamatórias estarão elevados) ou crônica (em que a dor persiste além do período de recuperação do doente e essas dores musculoesqueléticas e da artrite crônica resulta da saída do vírus do interior de monócitos para os monócitos sinoviais). OBJETIVOS: Correlacionar os casos notificados e positivos de Chikungunya com a sazonalidade meteorológica dos anos de 2014, 2015, 2016 e 2017 como um possível fator potencializador dessa patologia no estado de Alagoas, Brasil. METODOLOGIA: Foi realizada uma revisão integrativa de literatura com base em dados online e um estudo documental através da análise dos Boletins Epidemiológicos do Ministério da Saúde referentes aos anos 2014 a 2017, correlacionando as semanas epidemiológicas com dados de variações meteorológicas do Instituto Nacional de Meteorologia no período citado. RESULTADOS: Em 2014, até a Semana Epidemiológica (SE) 53 foram contabilizados 3.657 casos autóctones para a Febre Chikungunya. A partir de 2015 foi possível evidenciar um grande aumento do número de casos registrados. Na SE 48 foram notificados 17.765 casos em todo o território brasileiro, incluindo nesse momento o estado de Alagoas. Já em 2016 na SE 35 foi registrado 261.645 casos prováveis para o diagnóstico de Febre Chinkungunya no Brasil. Desse total, 228.747 (87,43%) foram na região Nordeste, e 17.742 (6,78%) em Alagoas. Na SE 49 de 2016, 263.598 casos foram notificados no país (1.953 novos casos com relação a SE 35), só que 229.157 foram para a região Nordeste (86,93%; 410 novos casos com relação a SE 35). A pluviosidade média desse ano foi 1,76mm, e a temperatura média foi 26,17°C. Em 2017, até a SE 35 foram notificados 171.930 casos no território brasileiro. Do total registrado, 130.910 foram na região nordeste (76,14%) e 437 no estado de Alagoas (0,25%). A pluviosidade média até agosto foi de 14,13mm, e a temperatura média foi de 25,79°C. CONCLUSÃO: Apesar do aumento do índice pluviométrico e das mudanças de temperatura, não foi observado uma mudança significativa dos casos de chikungunya. Há a possibilidade de que as alterações de chuva e temperatura causem um aumento, mas que seja mascarado por outros fatores. A redução no número de casos de 2016 para 2017 pode ser resultante de intensas atividades elaboradas pelo Ministério da Saúde como tentativa de eliminar ou reduzir a propagação do mosquito transmissor do vírus, desenvolvendo propostas para vigilância, prevenção e eliminação dos focos do mosquito.

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T165. Análise epidemiológica dos casos de Zika em Alagoas e as relações com as alterações climáticas

Rafael de Almeida Omena; Lucas Gazzaneo Gomes Camelo; Lucas Pacheco Vital Calazans; Marcus Vinícius Quirino Ferreira; Renan Carvalho Mendes; Luiz Teixeira Mota; Maria Eduarda Di Cavalcanti Alves de Souza Área Temática: Ciências da Saúde RESUMO INTRODUÇÃO: Uma das doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti é a Zika, que, quando acomete gestantes, está associada a um possível desenvolvimento de microcefalia no feto. Compreender os índices que correlacionam essa situação é fundamental para o fomento ao debate e ao desenvolvimento de pesquisas e políticas públicas. OBJETIVOS: Analisar os índices de microcefalia associados à Zika na região Nordeste e em Alagoas, além de analisar os boletins epidemiológicos fornecidos pelo Ministério da Saúde referentes aos anos de 2015, 2016 e 2017. METODOLOGIA: Foi realizada uma revisão integrativa de literatura com base em dados online e um estudo documental através da análise dos Boletins Epidemiológicos do Ministério da Saúde referentes aos anos 2014 a 2017, correlacionado as Semanas Epidemiológicas com dados de variações meteorológicas do Instituto Nacional de Meteorologia no período citado. RESULTADOS: Em 2015, até a Semana Epidemiológica (SE) 47, foram notificados no Brasil 739 casos suspeitos de microcefalia associada ao vírus Zika, sendo 10 (1,35%) em Alagoas; na SE 51 o número de casos suspeitos notificados de microcefalia subiu para 2.975, sendo 129 (4,33%) em Alagoas. Em 2016, até a SE 52 foram registrados 215.319 casos prováveis de febre pelo vírus Zika no país. Desse montante, 17.000 (7.9%) foram em gestantes, dentre os quais 2.366 (13,91%) possuíam microcefalia e/ou alteração do SNC, sendo 90 (3,8%) em Alagoas. A pluviosidade média desse ano foi 1,76mm, e a temperatura média foi 26,17°C. Em 2017, até a SE 35 foram notificados 15.586 casos suspeitos de febre por Zika no Brasil. Desse total, 2.105 (13,5%) foram em gestantes, sendo 728 (34,58%) comprovados para microcefalia e/ou alteração do SNC. CONCLUSÃO: Através do estudo realizado, percebe-se o quanto essa problemática merece ser compreendida e cada vez mais combatida, tanto pela sociedade, quanto por ações governamentais. Mesmo com o aumento do índice pluviométrico e das alterações de temperatura, não foi observada uma considerável mudança dos casos relacionados à Febre Chikungunya. Uma possível explicação para a redução de casos do ano de 2017 é a intensificação de atividades elaboradas pelo Ministério da Saúde no ano anterior que tinham como objetivo tentar eliminar ou reduzir a propagação do mosquito transmissor do Zika vírus, desenvolvendo propostas para vigilância, prevenção e eliminação dos focos do mosquito. Além disso, também foram propostas medidas para monitoramento e vigilância para a microcefalia associada ao vírus Zika.

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T166. Análise qualitativa do filme “um golpe do destino” (The doctor) sob a perspectiva da síndrome de Burnout nos profissionais de saúde

Nathália Régia Tenório Zaidan; Adalton Roosevelt Gouveia Padilha; Andréa Rodrigues Barreto Pontes de Mendonça; Matheus Gomes Lima Verde; Zafira Juliana Barbosa Fontes Batista Bezerra; Milma Pires de Melo Miranda Área Temática: Saúde Mental RESUMO INTRODUÇÃO: Burnout significa “queimar após desgaste”. Essa síndrome está relacionada ao estresse ocupacional e afeta o bem-estar físico e mental dos profissionais com alto grau de responsabilidade, especialmente os profissionais de saúde, e particularmente o médico. Isso é retratado no filme “Um Golpe do Destino” (The Doctor), que narra a vivência de um cirurgião - pouco empático e envolvido excessivamente com o trabalho - que modifica suas concepções ao descobrir um câncer laríngeo e afeiçoar-se a uma outra paciente oncológica. O presente trabalho mostra a importância do cuidado com a saúde mental do profissional da medicina e o impacto desse cuidado na vida profissional e pessoal. OBJETIVO: Analisar qualitativamente o filme “The Doctor” sob a perspectiva da Síndrome de Burnout nos profissionais de saúde, enfocando o profissional médico. METODOLOGIA: Trata-se de uma pesquisa documental aliada a uma revisão bibliográfica, realizada a partir de artigos publicados, em português e inglês, nos anos de 2016 e 2017, nas bases de dados Biblioteca Virtual em Saúde, Scielo e PubMed. RESULTADO: Mediante a análise do filme foi possível perceber, no protagonista e em vários de seus colegas de profissão, elementos que sinalizam o Burnout, tais como: o humor negro, o desequilíbrio entre a vida profissional e pessoal causado pelo excesso de trabalho e a insensibilidade nas relações com familiares, colegas e pacientes. Essas características demonstram o desgaste emocional e o consequente aparecimento de mecanismos de defesa pouco adaptativos, impactando na vida social e profissional do médico, principalmente ao afetar sua capacidade de estabelecer um relacionamento adequado com seus pacientes. As profissões de saúde podem favorecer a exaustão ocupacional, pela exposição a situações estressantes - autocrítica diante da exigência de desempenho, aumento da carga de trabalho e falta de controle sobre o ambiente - e isso pode levar a diminuição da empatia, que no filme é retratada pela dificuldade do protagonista em se comunicar adequadamente com seus pacientes. Em um médico despreparado para lidar com as demandas emocionais da profissão, o excesso de responsabilidades costuma levar a um desequilíbrio na vida pessoal, caracterizado pelo distanciamento familiar, que no filme é percebido através da falta de um vínculo afetivo com sua esposa e filho. Assim, a síndrome de Burnout prejudica a eficácia no trabalho e no atendimento ao paciente, além de interferir negativamente na qualidade de vida do indivíduo, podendo precipitar diversos problemas, como o transtorno de estresse pós-traumático, alta ingestão de álcool e drogas, depressão e suicídio. CONCLUSÃO: A síndrome de Burnout correlaciona-se de maneira inversa com a saúde mental do profissional e repercute em suas relações sociais. Quanto maior o nível de esgotamento, menor a capacidade de empatia e isso demonstra a importância de medidas administrativas e educacionais que ajudem a reduzir o desgaste do profissional, para elevar a capacidade de tratamento humanizado e cuidados adequados ao paciente.

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T167. Análise quantitativa dos exames citopatológicos sob óptica do programa nacional de melhoria do acesso e da qualidade

Bárbara Almeida Cruz; Ana Carolina Oliveira; Jéssica Magalhães Teles de Almeida; Cíntia Caroline Nunes Rodrigues; Maria Rosa Fragoso de Melo Dias; Mariana Fragoso de Melo Dias Área Temática: Saúde da Mulher RESUMO INTRODUÇÃO: O Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade é um programa de âmbito nacional que traz a proposta de promover a melhoria da qualidade assistencial nos serviços públicos de saúde e o acesso oportuno, representa um novo paradigma na qualificação assistencial da principal porta de entrada do Sistema Único de Saúde. Este programa é formado por 47 indicadores de saúde, contudo, impulsionou-se a avaliação do impacto da política a um dos indicadores de desempenho da área da saúde da mulher, o qual referencia ao rastreamento precoce do Câncer de Colo do Útero. Pois, sabe-se que a maioria dos estudos realizados sobre a temática da cobertura do exame citopatológico focaliza-se nas grandes cidades das Regiões Sul e Sudeste. Assim, justificou-se que a incorporação de práticas avaliativas de impacto de programas nacionais aos serviços de saúde pública é uma necessidade que se afigura nas políticas públicas. OBJETIVO: Para tal, o estudo teve o objetivo de avaliar o impacto desta política sobre o indicador de rastreamento precoce do câncer do colo do útero no estado de Alagoas, no período de 2011 a 2014. METODOLOGIA: Para mensurar este efeito utilizou o método estatístico chamado Diferenças em Diferenças e as análises estatísticas foram realizadas através do Software STATA versão 12.0 SpecialEdition. RESULTADOS: Aos resultados encontrados mediante as estimações das equações divididas em três modelos de regressão linear, o Modelo (1) apresentou um impacto positivo e estatisticamente significante a 1%, esse sinal positivo mostra o efeito entre o quantitativo de exames realizados pelas mulheres dos municípios participantes do programa foi de 5.410 exames a mais que as não participantes, um aumento médio percentual de 52% da Razão. Ao Modelo (2), a este foram incluídas as variáveis de controle socioeconômicas e demográficas, o efeito do programa captado no coeficiente estimador foi de 5.227 e a despeito da significância estatística mostrou-se a 1%, apresentando um aumento de 51% da Razão. Por fim, o Modelo (3), este foram incluídos os principais desfechos como variáveis independentes, o efeito encontrado foi de 5.049 e estatisticamente significaste a 1%, verificou-se que o programa conseguiu assegurar aos usuários a garantia da melhoria do acesso oportuno ao rastreamento precoce e manteve o aumento médio percentual em média dos 50% da Razão. CONCLUSÃO: Neste sentido, o estudo apontou boas perspectivas para o fortalecimento da atenção básica através desta nova estratégia consolidadora e atribuiu ao programa os movimentos quantitativos positivos identificados, de forma que o programa potencializou as mudanças no processo de rastreio precoce e que puderam contribuir para a melhoria do acesso e da assistência. Com isso, o Ministério da Saúde espera que as taxas de incidência e mortalidade desta patologia venham diminuir, ocorrendo uma queda das estimativas local, regional e até mesmo nacional.

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T168. As estratégias no combate da obesidade infantil: uma revisão de literatura Anacácia Pessoa Leite; Ayrton Silva Alves; José Irineu Pessoa Neto1 Monique Medeiros de Moura Barreto Alves; Leidiane Silva da Conceição; Fernanda Alexandre Lima e Silva; Daniel de Mélo Carvalho; Manoel Messias Lima Neto; Raul Ribeiro de Andrade; Ana Carolina de Carvalho Ruela Área Temática: Pediatria RESUMO INTRODUÇÃO: De acordo com a World Health Organization (WHO), a obesidade infantil é um dos mais sérios problemas de saúde pública do século 21 e a prevalência da doença tem aumentado de modo alarmante. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), uma em cada três crianças brasileiras com idade entre 5 e 9 anos está com peso acima do recomendado pela WHO e pelo Ministério da Saúde (MS). Sendo a obesidade infantil um grave problema de saúde com repercussões na vida adulta, todas as ações para o seu combate e prevenção devem ser pensadas sobre todas as esferas (ambiente intrauterino, família, escola, comunidade e governo) com a criação de programas de incentivo à mudança de hábitos alimentares e físicos que se mostrem eficazes para esse fim. OBJETIVO: Este trabalho objetiva abordar a prevenção da obesidade infantil e sua promoção de saúde no âmbito familiar, escolar e governamental. METODOLOGIA: O estudo foi realizado na forma de revisão de literatura entre os anos 2000 e 2016 nas bases de dados Scielo, Portal Capes e BVS com os descritores “Obesidade Infantil”, “Educação em Saúde” e “Políticas Públicas”, bem como consulta em dados do IBGE e publicações do MS. RESULTADOS: Existem três níveis estratégicos de organização que devem ser considerados para que a prevenção e o controle da obesidade infantil sejam efetivos, são eles: os âmbitos familiar, escolar e governamental. O primeiro refere-se ao modo como os pais influenciam os filhos na aquisição de peso que vai desde fatores genéticos aos comportamentais, e essa influência ocorre desde o período fetal. Já o ambiente escolar está numa posição única de promover hábitos alimentares saudáveis e ajudar a garantir a ingestão apropriada de alimentos e nutrientes, uma vez que nenhuma outra instituição tem um contato tão contínuo e intensivo com as crianças. Por fim, o âmbito governamental refere-se às macropolíticas que regulam o sistema de Atenção à Saúde, como a Política Nacional de Promoção da Saúde, que promove ações para a prevenção da obesidade a partir da mobilização de instituições públicas, privadas e setores organizativos da sociedade. Esses níveis interagem e influenciam de forma dinâmica uns aos outros. CONCLUSÃO: A obesidade infantil é uma estatística preocupante, por isso educação em saúde para o combate a obesidade envolve todos os contextos de influência para a criança, envolvendo família, escola e comunidade. Assim, é fundamental que haja coerência entre os princípios de alimentação racional contemplados no currículo, a oferta alimentar da escola e o modelo transmitido pelos adultos de referência (professores e auxiliares de ação educativa nas escolas e pais em casa).

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T169. As principais comorbidades médicas do transtorno do espectro autista e seus impactos

Guilherme Calheiros Inforzato Dias Gomes; Eduardo Calheiros Inforzato Dias Gomes; Ítalo Bernardo de Oliveira; Maria Eduarda Lins Calazans; Thalita Ferreira Tenório de Almeida; Maja Kraguljac Área Temática: Clínica Médica RESUMO INTRODUÇÃO: O Transtorno do Espectro Autista (TEA) engloba o transtorno autista, síndrome de asperger, transtorno desintegrativo da infância, transtorno de Rett e o transtorno global do desenvolvimento sem outra especificação. A prevalência em países desenvolvidos é estimada em 1,5% da população, no Brasil ainda é escasso os dados a respeito da prevalência, mas estima-se que cerca de 1,5 milhões de brasileiros estão inseridos no espectro autista. O TEA é um distúrbio complexo caracterizado por disfunção nos campos da comunicação e interação social e presença de comportamentos repetitivos e restritivos. No entanto, há outros sintomas crônicos e debilitantes frequentes que causam grande prejuízo ao indivíduo, que são as comorbidades, cerca de 70% dos autistas apresentam pelo menos uma. As de cunho psicopatológico são as mais prevalentes, como os distúrbios de ansiedade, transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e o transtorno depressivo maior. Outras comodidades bastante comuns são os distúrbios gastrintestinais, alterações do sono, epilepsia, anormalidades do sistema imune e hipersensibilidade. Além disso, a presença de uma ou mais comorbidade está associada a graus mais severos do TEA. OBJETIVO: Desse modo, o objetivo do trabalho é identificar as principais comorbidades presentes em indivíduos com TEA, suas características e seus impactos no autismo. METODOLOGIA: Esse trabalho trata-se de uma revisão de literatura a respeito das principais comorbidades e seus impactos no Transtorno do Espectro Autista. Foram utilizados os seguintes descritores: ASD, Autism Spectrum Disorder, Comorbidities, Epidemiology, e o operador booleano AND, resultando em 30 artigos, dos quais pelos critérios de exclusão 15 foram utilizados. Além disso, também foi empregado 1 livro como referência. RESULTADOS: Através da revisão de literatura foi constatado que cerca de 70% dos índividuos com TEA são acometidos por pelo menos uma comorbidade. Sendo os distúrbios de ansiedade os mais prevalentes (41%), seguidos de TDAH (31%), as patologias convulsivas são bastante comuns também, afetando de 20 à 30% da população autista, como também os distúrbios de sono, do sistema gastrintestinal, sistema imune e de hipersensibilidade são deveras mais comuns do que na população em geral. Ademais, a apresentação de uma mais comorbidade está associada com autismo mais severos, decorrendo em aumento do prejuízo na comunicação social, agressividade e ansiedade. CONCLUSÃO: Tendo em vista o que foi exposto as comorbidades associadas ao TEA possuem alta prevalência e heterogeneidade das manifestações, podendo afetar desde o trato gastrintestinal até o sistema nervoso. Além disso, sua presença tende a caracterizar autismo mais severo e de pior prognóstico. Portanto, a avaliação de um indivíduo com TEA deve ser extensa, contemplando os diversos sistemas, de modo que, se diagnosticada alguma comorbidade, a correta conduta e acompanhamento sejam feitos.

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T170. Aspectos éticos e legais da reprodução assistida no Brasil Layla Florencio Carvalho; Ana Carolina Morais Correia; Glícia Florencio Medeiros; Érica de Araújo Santos; Pamella Cerqueira Salgado; Wicla Liberato da Silva; Larissa Vilela Almeida Celestino; André de Mendonça Costa Área Temática: Saúde da Mulher RESUMO INTRODUÇÃO: A regulamentação da Reprodução Assistida (RA) no Brasil faz-se por meio de poucos instrumentos, sobretudo, atualmente, pela Resolução do Conselho Federal de Medicina número 2021, de 2015. Esta Resolução conseguiu abarcar os novos modelos familiares da sociedade atual, proporcionando o direito à reprodução e planejamento familiar a todos os indivíduos que necessitam. Através da RA, indivíduos impossibilitados de ter filhos por diversos motivos, fisiológicos ou genéticos, passam a ter a possibilidade de gerar filhos saudáveis. Entretanto, muitas são, hoje, as questões éticas levantadas por essa regulamentação, e os questionamentos evidenciam falhas e lacunas ainda existentes na legislação. OBJETIVO: Desta maneira, o presente estudo busca esclarecer a técnica da Reprodução Assistida em seus aspectos éticos e legais, avaliando os principais obstáculos enfrentados, bem como discutir sobre o cenário atual da Reprodução Assistida no Brasil, sobretudo aspectos que envolvem o procedimento por meio do Sistema Único Saúde. METODOLOGIA: Esse trabalho é um estudo secundário descritivo de revisão narrativa que se utilizou das bases de dados Scielo, Pubmed e Medline para busca de artigos que abordassem o tema da Reprodução Assistida em seus diversos parâmetros, além da análise das resoluções e pareceres do Conselho Federal de Medicina. RESULTADOS: Demonstra-se que a legislação ainda é insatisfatória na regulamentação da RA em sua amplitude, não havendo legislação específica que regulamente o assunto extensivamente no Brasil. Há, ainda, fragmentação na legislação, por existir outros aparatos que também regulam questões relativas à RA. Tal panorama acarreta em uma legislação falha e fragmentada, cujos aspectos não abordados configuram lacunas e ambiguidades passíveis de contestação. CONCLUSÃO: É enfatizada, portanto, a necessidade de uma legislação mais específica e a importância da ética na discussão da RA, uma vez que se trata de um tema delicado e que versa sobre aspectos fundamentais do ser humano.

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T171. Atendimento de vítimas de violência sexual contra a mulher no cotidiano nos serviços de urgência e emergência

Maria Gabriela Rocha Melo; Ana Carolina Ferreira Brito de Lyra; Cintia Caroline Nunes Rodrigues; Jamylla Correia de Almeida Costa; Sandy Vanessa César Cadengue; Lavice dos Anjos Garbini Área Temática: Saúde da Mulher RESUMO INTRODUÇÃO: Sob a visão do pensador Immanuel Kant, qualquer ser que tenha capacidade de viver deve ter o direito de gozar da dignidade humana. Entretanto, em diversas situações a mulher é colocada em um patamar no qual esse direito fundamental é negado, a exemplo dos casos de violência sexual. Nesse sentido, o Estado juntamente com os profissionais de saúde, têm a missão de proteger os membros da sociedade, com atenção singular às mulheres que apresentam condição historicamente vulnerável. Portanto, é responsabilidade conjunta colaborar na qualificação da rede de urgência e emergência, com atendimento adequado, visando prevenir as consequências do trauma e recuperar a integridade física e mental. Assim, garantindo o atendimento humanizado e enfrentamento à violência contra as mulheres. OBJETIVO: Analisar a qualidade dos serviços de atendimento de urgência e emergência oferecidos nos casos de violência sexual contra a mulher. Além disso, descrever os passos a serem seguidos pelos profissionais de saúde, como anamnese e exames clínicos. METODOLOGIA: Foi realizada uma revisão sistemática por meio de periódicos encontrados nas bases de dados Scielo, Pubmed e Lilacs; durante os meses de maio e junho de 2017 através de pesquisas nos idiomas português e inglês, excluindo aqueles artigos que não se adequavam a temática. Utilizou-se as palavras-chave mulher, violência, emergência e urgência, junto aos operadores booleanos AND e AND NOT. RESULTADOS: Foram encontrados um total de 292 artigos, e a seleção resultou em 14 artigos em concordância ser a violência sexual contra a mulher um problema pouco discutido na prática gineco-obstétrica dos serviços de urgência e emergência, nesse contexto, a recepção à mulher geralmente não é adequada, posto que é frequente a falta de capacitação dos profissionais de saúde quanto as graves consequências que acarretam para a saúde física e mental dessas pacientes. CONCLUSÃO: Observou-se, a partir de estudos epidemiológicos, que os limites que envolvem a prática do atendimento de vítimas da violência sexual contra a mulher, acontecem pela falta de vínculo entre a equipe de saúde, não existindo uma organização de referência e contrarreferência organizada e se restrigindo a métodos superficiais e ineficientes. Sendo a comunicação e a cooperação entre os diferentes serviços a base para superar obstáculos que impedem a constituição de uma rede efetiva.

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T172. Atividade antimicrobiana do extrato de limonium brasiliense: uma revisão

Thalita Ferreira Tenório de Almeida; Danielle Almeida Magalhães; Wolney Costa Gama; Ana Soraya Lima Barbosa; Gabriela Souto Vieira de Mello Área Temática: Ciências da Saúde RESUMO INTRODUÇÃO: A utilização das plantas como método terapêutico tem sido encontrada em várias civilizações antigas, como na China em 1500 A.C. e na antiga Mesopotâmia em 2.600 A.C, onde foi reportado a existência de um sistema de medicina sofisticado contendo cerca de 1.000 espécies de plantas usadas para fins terapêuticos. O gênero Limonium (família Plumbaginaceae) inclui 163 espécies aceitas. No Brasil, o único membro desse gênero é Limonium brasiliense (Boiss) Kuntze, popularmente conhecido como baicuru ou guaicuru, que pode ser encontrado na costa sul do Brasil. Os rizomas de L. brasiliense foram usados na medicina popular como um anti-séptico em infecções genitourinárias, um adstringente e depurativo, e especialmente para tratar cólicas menstruais e para regularizar períodos menstruais, mas sua comercialização foi interrompida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). OBJETIVO: Descrever os principais benefícios decorrentes da utilização do L. brasiliense como método terapêutico e verificar sua toxicidade. METODOLOGIA: O presente estudo foi realizado através de uma revisão de artigos científicos. Utilizando as palavras chaves Limonium brasiliense, extratos vegetais e antibacteriano, nas bases de dados PubMed, SciELO, LILACS e Google Acadêmico. RESULTADOS: Através da revisão de literatura foi constatado que essa planta tem realmente benefícios para a saúde humana por meio do seu rizoma que contém compostos fenólicos com atividades antimicrobiana e anti-espasmódica. Mas ainda há poucos estudos sobre essa planta e suas reações adversas, por conta disso a ANVISA suspendeu o seu uso. Um efeito colateral muito temido é a toxicidade, mas em estudos feitos com ratos observou-se que em dose terapêutica a sua toxicidade é mínima. CONCLUSÃO: A flora brasileira é muito rica, a exemplo da Limonium Brasiliense, planta tão antiga e usada pelo nossos ancestrais, precisa ser mais estudada, principalmente em humanos, para adentrar como também se firmar no campo farmacêutico, contribuindo de uma forma mais natural e fitoterápica à saúde e bem-estar da sociedade.

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T173. Benefícios da ludoterapia em ambiente hospitalar

Fernanda Ribeiro Araújo; Felipe Manoel de Oliveira Santos; Dennis Cavalcanti Ribeiro Filho; Ana Carolina Oliveira Sousa; Jéssica Magalhães Teles de Almeida; Bárbara Almeida Cruz; Lucas Santos Santana; Lucas Ferreira de Almeida Teixeira; Maria Helena Rosa da Silva Área Temática: Pediatria RESUMO INTRODUÇÃO: A hospitalização é uma situação crítica e delicada na vida do paciente, possuindo contornos especiais quando se trata de uma criança, pois essa passa a vivenciar uma fase de crise, caracterizada como um período de desestruturação e incertezas, precisando aprender a lidar com os sintomas, procedimentos diagnósticos e terapêuticos. Objetivando amenizar o sofrimento do paciente pediátrico e de sua família, a inserção da ludoterapia é de extrema importância, uma vez que tal método psicoterápico tem funcionado como estratégia de enfrentamento de conflitos e dificuldades das crianças dentro dos hospitais, propiciando uma experiência positiva durante este processo. OBJETIVO: Expandir conhecimentos sobre os benefícios oriundos do uso de mecanismos ludoterápicos na pediatria hospitalar. METODOLOGIA: Trata-se de uma revisão da literatura realizada através de consultas em diversas plataformas digitais como Pubmed, SciELO, Lillacs, Medline, Sciencedirect e Portal da Capes. As informações foram coletadas em artigos científicos correspondentes aos anos de 2008 a 2016, no período de outubro a novembro do ano de 2017. RESULTADOS: No processo de internação, a criança passa por mudanças na sua rotina, o que pode vir a causar traumas e afetar seu desenvolvimento. Todavia, quando se encontra em um hospital provido de um ambiente dedicado ao brincar, as crianças tendem a experimentar sensações de prazer e felicidade; amenizam traumas psicológicos decorrentes da internação; enriquecem relações familiares; brincam de forma espontânea. Além disso, esses locais auxiliam na socialização com outros pacientes, reduzem a agressividade e ansiedade dos hospitalizados. Assim, as atividades lúdicas no ambiente hospitalar funcionam como catalisadoras do processo de adaptação e recuperação, constituindo importante forma de confrontar as adversidades geradas pela hospitalização. A existência de um ambiente colorido, divertido e atraente para as crianças, com desenhos nas paredes, brinquedos, juntamente com uma equipe multidisciplinar treinada para realizar a terapia proporciona benefícios emocionais, intelectuais e culturais, ajudando terapeuticamente às crianças em todo o processo de internação. CONCLUSÃO: Estudos demonstraram que a adesão da ludoterapia em ambiente hospitalar melhora positivamente a evolução clínica da criança hospitalizada, auxilia no seu equilíbrio emocional e desenvolvimento intelectual. A existência de um local lúdico no hospital diminui o clima hostil durante a internação do paciente, minimizando o sofrimento causado pela alteração na rotina e distância de casa. Com o auxílio da ludoterapia, a criança poderá vivenciar de forma diferente a hospitalização, colaborando ainda mais com o tratamento. Assim, a inclusão de ações lúdicas contribui com que as crianças lidarem melhor com os aspectos negativos do ambiente hospitalar.

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T174. Benefícios do aprendizado do suporte básico de vida pediátrico para leigos

Nayara Soares de Mendonça Braga; Ana Carolina Morais Correia; Adriana Santos Cunha Calado; Marcos Reis Gonçalves; Demetrius Lucena Sampaio; Maria Eliza Alencar Nemézio; Larissa Gouveia Aragão de Souza Área Temática: Pediatria RESUMO INTRODUÇÃO: Muitas vezes nos deparamos com pacientes em parada cardiorrespiratória (PCR) sem uma causa evidente. Em caso de demora para retornar à circulação espontânea e o paciente não seja submetido a ressuscitação cardiopulmonar (RCP), a lesão cerebral começa a ocorrer em cerca de 3 minutos e após 10 minutos de ausência de circulação as chances de ressuscitação são próximas a zero. O Suporte Básico de Vida (SBV) é o conjunto de medidas e procedimentos técnicos que objetivam o suporte de vida imediato à vítima. Um rápido SBV proporciona até 60% de chance de sobrevivência e é um dos elos da "Cadeia de Sobrevivência". No entanto, as prioridades, técnicas e sequência das avaliações e intervenções na ressuscitação pediátrica diferem dos adultos. Em vista disso, toda norma desenvolvida para ressuscitação pediátrica dirije-se para as necessidades específicas do recém-nascido, lactente, criança e adolescente. O sucesso da recuperação das vítimas de PCR se deu devido a presença de alguém capacitado para iniciar as manobras de RCP, tão logo fosse verificado a sua ocorrência. OBJETIVO: Identificar o conhecimento sobre o SBV pediátrico da população leiga no Brasil. METODOLOGIA: Revisão de literatura narrativa, na qual foram pesquisados artigos e textos que abrangessem os mecanismos de parada cardiorrespiratória e suas consequências antes, durante e após a reanimação cardiopulmonar, usando as palavras-chave: “suporte básico de vida”, “pediátrico”, “leigos” “reanimação cardiopulmonar”. Foram analisados artigos de 2010-2017. RESULTADOS: A evidência científica mais recente indica que o início precoce de manobras de SBV em ambiente pré-hospitalar é um fator primordial para o aumento das possibilidades de recuperação da vítima de PCR, com diminuição de sequelas. Quando as manobras de SBV são iniciadas por alguém que testemunha a PCR, a taxa de sobrevivência aumenta o dobro ou o triplo. Em concordância com estes dados, a chegada de um meio de socorro ao local, ainda que muito rápida, pode demorar tanto como 6 minutos e as hipóteses de sobrevivência da vítima terão caído de 98 para 11% se os elementos que presenciaram a situação não souberem atuar em conformidade. Estudo recente mostra que quando houve SBV realizada por um leigo, os riscos ajustados diminuíram em: 38% os danos cerebrais ou internação em instituições de longa permanência, 30% as mortes por qualquer causa, e 33% para a combinação de lesão cerebral, internação em instituições de longa permanência ou morte. CONCLUSÃO: A informação sobre SBV não deve se restringir aos profissionais de saúde em situações de emergência devido ao fato da instituição do SBV ser fundamental para salvar vidas e prevenir sequelas. Desse modo, a capacitação da comunidade em SBV é essencial ao prognóstico das vítimas de PCR contribuindo para uma maior sobrevida do paciente.

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T175. Biossegurança na prevenção de infecções hospitalares

Eduardo Calheiros Inforzato Dias Gomes; Fred Tenório Lima; Guilherme Calheiros Inforzato Dias Gomes; Ítalo Bernardo de Oliveira; Leidiane Silva da Conceição; Ana Laura Calheiros Dias Área Temática: Medicina Preventiva RESUMO INTRODUÇÃO: A Biossegurança é um processo funcional e operacional de fundamental importância em serviços de saúde, não só por abordar medidas de Controle de Infecções para proteção da equipe de assistência e usuários em saúde, mas por ter um papel fundamental na promoção da consciência sanitária, na comunidade onde atua, da importância da preservação do meio ambiente na manipulação e no descarte de resíduos químicos, tóxicos e infectantes e da redução geral de riscos à saúde e acidentes ocupacionais. OBJETIVO: Esse estudo trata-se de uma revisão de literatura com o objetivo de descrever os aspectos da Biossegurança relacionados a prevenção das infecções hospitalares. METODOLOGIA: Para isso foi realizada uma revisão de literatura das publicações nos últimos vinte anos sobre a Biossegurança no ambiente hospitalar. Utilizou-se os descritores Biossegurança; Infecções hospitalares e Prevenção de infecções nas bases de dados Scielo, Bireme e Pubmed, e os operadores booleanos AND; OR e NOT. Além disso foram utilizados livros e trabalhos de conclusão de cursos. Foram encontrados 55 estudos que se enquadravam ao perfil desse estudo, dois quais pelos critérios de exclusão 12 foram utilizados. RESULTADO: As infecções bacterianas causadas por Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA), Enterococcus resistente à vancomicina (VRE) e Staphylococcus coagulase negativa foram apontadas pelos trabalhos brasileiros como os maiores agentes causadores de infecções hospitalares. Medidas como a vigilância ativa, o isolamento do paciente, lavagem das mãos, limpeza do ambiente foram apontadas como relativas a Biossegurança com forte potencial para redução de risco nas Infecções hospitalares. CONCLUSÃO: As técnicas de Biossegurança quando devidamente trabalhadas pela equipe multidisciplinar no ambiente hospitalar tem potencial para redução do risco das principais infecções hospitalares que trazem um enorme impacto socio-econômico para o país. Daí a enorme importância da divulgação das técnicas da Biossegurança, tanto na comunidade hospitalar, como na comunidade acadêmica, para a formação dos profissionais e futuros profissionais de saúde que lidam nesse ambiente. Além disso a educação em saúde para os pacientes, visitas e familiares que estão no ambiente hospitalar são fundamentais para a redução do risco de infecções hospitalares.

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T176. Bullying: aspectos sociais e psicobiológicos Lara Cansanção Lopes de Farias; Natália Wanderley de Amorim; Bárbara Tenório de Almeida; Beatriz Trindade da Rocha Silva; Carla Roberta Vieira da Silva; Karine Costa Menezes; Pollyanna Carla Camêlo de Araújo Cotrim; Sarah de Almeida Carvalho; Renata Lins Chianca; Renata Chequeller de Almeida Área Temática: Medicina Preventiva RESUMO INTRODUÇÃO: A qualidade das relações interpessoais vivenciadas na escola representa importante aspecto para o desenvolvimento saudável de crianças e adolescentes. Isso porque, além do seu compromisso com a educação formal, as instituições escolares se configuram como contextos de socialização que possibilitam a aquisição de conhecimentos relacionais e o desempenho de habilidades sociais, os quais dificilmente poderiam ser alcançados em outros ambientes que não oportunizassem interação mais direta com seus pares. Entretanto, nos processos interacionais entre os alunos, em alguns momentos, podem ocorrer situações assinaladas por conflito ou violência. Um dos tipos mais comuns de violência entre estudantes na escola corresponde ao bullying, que é caracterizado pela repetitividade das agressões, pelo desequilíbrio de poder (físico, psicológico ou verbal) entre agressores e vítimas e pela intencionalidade das ações. A elevada taxa de ocorrência e frequência apresentadas pelo bullying, associadas às diversas consequências negativas acarretadas ao processo ensino-aprendizagem, à saúde e à qualidade de vida das vítimas, testemunhas e agressores, contribuem para que seja considerado um problema de saúde pública. OBJETIVO: O objetivo do presente estudo foi analisar os aspectos sociais e psicobiológicos do bullying e contribuir para a prática de uma política antibullying que englobe familiares e profissionais de diversas áreas. METODOLOGIA: Para a realização da pesquisa bibliográfica, optou-se pela busca de artigos disponíveis nas bases de dados Scielo, PubMed e Google acadêmico. Foram utilizadas as seguintes palavras-chave: bullying, bullying escolar, depressão, fisiologia, cortisol, estresse, tratamento, hipocampo, implicações sociais, multiculturalismo e convivência ética. RESULTADOS: O bullying pode ser classificado como direto e indireto. O primeiro é mais facilmente identificável: agressões verbais, físicas, materiais, morais, bem como psicológicas. Já o segundo abrange um tipo de agressão dissimulada, o que promove um reconhecimento mais complexo. Nesse contexto, em contrapartida a essa violência, são geradas respostas emocionais, as quais interferem negativamente na saúde e nos processos de socialização e aprendizagem. Diante das consequências negativas do bullying e pelo fato de estar intimamente ligado à depressão, algumas medidas devem ser utilizadas a fim de amenizar a problemática dessas vítimas. Assim, torna-se de fundamental importância o envolvimento de professores, pais e alunos em ações de conscientização e a efetivação das políticas públicas antibullying para a construção de uma ética multicultural. CONCLUSÃO: Acredita-se que o investimento em propostas intersetoriais e interdisciplinares, pautadas pelo paradigma da promoção à saúde e por metodologias participativas, em uma ideia de protagonismo juvenil, conduzam à conscientização do problema e ao reconhecimento das potencialidades do contexto escolar para combater as situações de bullying. Além disso, a construção de saberes sobre a temática pode subsidiar práticas baseadas em evidências, com caráter preventivo e de promoção da saúde e do desenvolvimento. Tais saberes podem, ainda, embasar estratégias de enfrentamento do bullying que visem a promoção de ações integrais, especialmente entre a saúde e a educação, considerando, principalmente, que as emoções associadas aos episódios de bullying constituem um tema pouco investigado pela literatura.

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T177. Câncer de mama na gravidez: uma análise ponderada

Ítalo Bernardo de Oliveira; Eduardo Calheiros Inforzato Dias Gomes; Fred Tenório de Lima; Guilherme Calheiros Inforzato Dias Gomes; Maria Flávia Cruz Orsolete; Sarah Maria Coelho da Paz de Lima; Lorenna Peixoto Lopes Área Temática: Saúde da Mulher RESUMO INTRODUÇÃO: O câncer de mama é um dos tipos mais comuns de câncer que acomete as mulheres no Brasil e no mundo, sendo que 25% dos casos novos de câncer ao ano são de câncer de mama. Com uma incidência ainda menor, o câncer de mama gestacional está aumentando sua frequência e implica em diferentes abordagens diagnósticas e terapêuticas visando o não prejuízo à saúde da gestante e do feto. OBJETIVO: O objetivo é destacar a importância do câncer de mama na gestação, demonstrando seu impacto sobre a gestante e o concepto, e as formas de conduzir a paciente nesse panorama. METODOLOGIA: O presente estudo consiste em uma revisão de literatura feita nas bases de dados Scielo, PubMed, Biblioteca Virtual de Saúde, Proquest e Google Acadêmico. Como descritores foram utilizados “câncer de mama”, “gravidez, “hormônios”, “diagnóstico” e “tratamento” com o operador booleano AND. Após aplicação de filtros foram selecionados 27 artigos, sendo 22 utilizados a partir dos critérios de elegibilidade, juntamente com 3 sites de procedência confiável publicados entre 2004 e 2016. RESULTADOS: A frequência de casos de câncer de mama na gestação está aumentando. CONCLUSÃO: É preciso que haja uma abordagem multidisciplinar no auxílio à gestante e o feto, pois é uma condição clínica que demanda extremo cuidado.

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T178. Câncer de pulmão: importância da prevenção primária

Guilherme Calheiros Inforzato Dias Gomes; Aloysio David Madeira Netto; Eduardo Calheiros Inforzato Dias Gomes; Maria Eduarda Lins Calazans; Thalita Ferreira Tenório de Almeida; Maria de Fátima Alécio Mota Área Temática: Clínica Médica RESUMO INTRODUÇÃO: O câncer de pulmão é a terceira neoplasia mais frequente no mundo e com alta taxa de mortalidade. No entanto, apesar da letalidade é sabido que em 80% dos casos pode ser evitado, pois o principal agente causal é o tabagismo, visto que o risco é 30 vezes maior nos pacientes fumantes. Outros fatores de risco relevantes são exposição ocupacional, tabagismo passivo, asbesto, gás radônio, poluição ambiental. Além disso, foi analisada recentemente que a incidência entre homens e mulheres é equivalente. Em relação ao quadro clinico geralmente a maioria dos pacientes são assintomáticos e a presença de sintomas é sinal de mau prognóstico. A tosse é o sintoma mais comum, mas eventualmente pode se apresentar com hemoptise, dor torácica, dispneia, sibilos ou com manifestações paraneoplásicas. Mais de 85% dos pacientes morrem nos primeiros cinco anos pós-diagnóstico, pela agressividade biológica do câncer e por ser silencioso. OBJETIVO: Dessa maneira, o objetivo do trabalho é mostrar que mais relevante que o diagnóstico precoce é a prevenção primária (eliminação do tabagismo), sendo a estratégia mais eficiente para se reduzir a mortalidade por câncer de pulmão. METODOLOGIA: Esse estudo trata-se de uma revisão de literatura, foram utilizados 29 artigos científicos, 4 livros e 6 sites. Aplicou-se os descritores Câncer de pulmão, Neoplasia pulmonar, Tabagismo, Diagnóstico e Tratamento, relacionando-os através do operador booleano AND nas bases de dados eletrônicas Scielo e Google acadêmico. Foi encontrado um total de 29 artigos, porém devido aos critérios de exclusão 11 foram utilizados. RESULTADOS: Através da revisão literária foi constatado que o câncer de pulmão é uma das principais doenças que poderia ter sido evitada apenas com prevenção, com o hábito de não fumar. Um dado alarmante é que em 2030 o tabaco matará 8 milhões de pessoas por ano. Segundo o INCA, 90% dos casos diagnosticados estão associados ao consumo de derivados de tabaco, atingindo fumantes ativos, como também passivos e o diagnóstico precoce é essencial. Este pode ser feito através de radiografia de tórax aliado a tomografia computadorizada sendo otimizado por meio da broncoscopia. O tratamento pode ser cirúrgico e/ou clínico (radioterapia e quimioterapia). Na fase inicial se resseca a parte acometida e os linfonodos hilares, mediastinais comprometidos, podendo ou não haver recidivas. CONCLUSÃO: De acordo com o que foi exposto, o câncer de pulmão é caracterizado por ser agressivo, silencioso e intimamente relacionado ao tabagismo. Assim, a prevenção primária, que se fundamenta no hábito de não fumar, é primordial. Além disso, o diagnóstico precoce é crucial, o qual pode ser realizado por meio de exames de imagem, possibilitando a ressecção da parte acometida.

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T179. Câncer e alterações biológicas na senescência

Ingrid Cavalcanti Ribeiro; Aleff Ferreira Lima; Cristiane Monteiro da Cruz; Raphael Souza Pinto Área Temática: Ciências da Saúde RESUMO INTRODUÇÃO: O processo de envelhecimento promove um convite favorável para diversas patologias de caráter crônico-degenerativo e hiperplásico. A perda tissular e perda funcional de células estão associadas as enfermidades crônicas degenerativas e as mudanças de função culminam com uma proliferação inadequada de caráter hiperplásico. Dentre esse universo, uma das mais importantes e fatais é o câncer; segunda causa de morte no mundo, matando 8,8 milhões de pessoas a cada ano, caracterizando um problema de saúde pública. Doenças hiperplásicas malignas estão associadas a uma proliferação descontrolada, invasão de tecidos adjacentes e remodelação do tecido ocorrendo alterações funcionais no processo de divisão celular - podendo gerar células carcinogênicas. Esse fenômeno também ocorre no processo de senilidade marcado pelo envelhecimento celular, o aumento do estresse oxidativo, aumento de danos ao DNA, ausência dos marcadores de proliferação e imunosenescência. A imunosenescência é influenciada pela involução tímica e posterior deficiência de células T, com diminuição da capacidade de respostas de memória robustas e a hematocaterese, causando o declínio imunológico e, considerando que a eficácia imune é um indicador de saúde e longevidade, esse declínio compromete diretamente a saúde dos idosos. OBJETIVOS: O presente trabalho tem por objetivo pontuar as principais alterações biológicas que ocorrem na senilidade e sua relação com a prevalência de câncer nessa faixa etária, que possui um elevado potencial de comprometer a qualidade de vida na população senil. METODOLOGIA: Realizou-se um estudo transversal tipo revisão de literatura narrativa por meio da seleção de artigos, teses e periódicos presentes na fonte de dados Medline e Pubmed no período de 2009 a 2017. Foram utilizados os descritores cell signaling, senescence e immune system, associados aos operadores booleanos AND e OR. Dos 2209 artigos encontrados, 30 foram resgatados e desses 12 foram utilizados. RESULTADOS: Tais fenômenos biológicos, que ocorrem fisiologicamente durante a senilidade, contribuem diretamente para o aumento da probabilidade do desenvolvimento de câncer. Esse estudo também destaca a importância da imunoterapia - terapia com alvo imunológico - no manejo clínico individualizado desses pacientes. CONCLUSÃO: Para melhor compreender a incidência e mortalidade, assim como escolher a conduta mais adequada para cada tipo de paciente senil, tornou-se imperativo a identificação desses fenômenos de desenvolvimento e progressão do câncer para incluir potenciais caminhos e mecanismos desde o diagnóstico precoce até alternativas terapêuticas.

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T180. Cannabis sativa: uso terapêutico do canabidiol

Caroline Ferreira Lopes; Bruna Xavier Brito; Thaysa Dayse Alves e Silva; Camila de Souza Ferraz; Danielle Almeida Magalhães; Débora Irene Barbosa; Gabriela Alves Teixeira; Maysa Tavares Duarte de Alencar; Sarah Maria Coelho Paz de Lima; Milma Pires de Melo Miranda Área Temática: Saúde Mental RESUMO INTRODUÇÃO: Canabidiol (CBD) é o principal composto não psicotrópico presente nas glândulas dos tricomas da Cannabis sativa, mais conhecida como maconha. Os estudos farmacológicos relacionados a esse canabinóide começaram a partir de 1970 e, deste então, muitas propriedades farmacológicas têm sido demostradas, incluindo propriedades sedativas, antipsicóticas, antioxidantes, ansiolíticas, anticonvulsivantes, anti-inflamatórias e neuroprotetoras. O CBD possui um perfil de segurança adequada, boa tolerabilidade, resultados positivos em testes com seres humanos. No entanto, o termo “medicamento à base de maconha’’ levanta muitos preconceitos, sendo ainda bastante discutida a legalização de sua utilização terapêutica. Atualmente a Agência Nacional de Vigilância Sanitária retirou o canabidiol da lista de substâncias proibidas. OBJETIVO: O presente estudo propõe-se a entender o mecanismo de ação do CBD, além de descrever os critérios da nova resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) e os países que permitem o uso medicinal dessa substância. METODOLOGIA: Os artigos selecionados para a presente revisão foram identificados por meio de busca eletrônica em inglês e português nos bancos de dados SCIELO, Biblioteca Virtual em Saúde e PubMed. Utilizando os descritores Cannabis sativa, canabidiol, cannabinoids, marijuana, therapeutic target. Para complementar a revisão com dados sócio-políticos atuais, também foram consultados sites dos principais jornais brasileiros. RESULTADOS: Acredita-se que os dois receptores canabinóides, CB1 e CB2, são os responsáveis por muitos efeitos bioquímicos e farmacológicos produzidos pelos compostos canabinóides. Os receptores CB1 estão localizados no sistema nervoso central, em áreas que podem mediar das funções cognitivas, dor, memória de curto prazo, controle e coordenação motora. Os receptores CB2 estão presentes no sistema nervoso periférico, com maior expressão se houver lesão de nervo periférico (neuroma doloroso). O resultado final da interação com o receptor canabinóide depende do tipo de célula, ligante e de outras moléculas que podem competir pelos sítios de ligação deste receptor. A Resolução do CFM no 2.113/2014 detalha os critérios para o emprego do CBD com fins terapêuticos no Brasil, No Brasil foi aprovado o uso do CBD para o tratamento de epilepsia, no entanto, ainda esta sendo analisado seu uso para o tratamento de outras doenças tais como: Parkinson, HIV, artrite, glaucoma e esclerose múltipla. Alguns outros países permitem o uso medicinal do CBD. CONCLUSÃO: O CBD tem sido considerado um alvo promissor para novas intervenções terapêuticas. No entanto, estudos complementares são necessários para identificar efeitos adversos ainda desconhecidos, além das possíveis repercussões sociais de sua liberação.

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T181. Caracterização e prevenção dos acidentes motociclísticos no Brasil: uma revisão de literatura

Fernanda Alexandre Lima e Silva; Daniel de Mélo Carvalho; Manoel Messias Lima Neto; Anacácia Pessoa Leite; Raul Ribeiro de Andrade; José Irineu Pessoa Neto; Ayrton Silva Alves; Monique Medeiros de Moura Barreto Alves; Rosamaria Rodrigues Gomes Área Temática: Medicina Preventiva RESUMO INTRODUÇÃO: Os acidentes de trânsito no Brasil, em especial os motociclísticos, e o trauma decorrente desses têm se tornado cada vez mais relevantes por fazerem parte dos crescentes agravos à saúde denominados de causas externas, trazendo prejuízos para a sociedade e para a economia do país. Dentre as vítimas, os motociclístas têm se mostrado uma população vulnerável com o aumento da morbimortalidade. OBJETIVO: Este trabalho objetiva apontar os problemas causados pela vulnerabilidade do motociclista no trânsito e como contornar o aumento do número de vítimas, para amenizar os impactos socioeconômicos que isto traz à saúde da população e às finanças do Estado. METODOLOGIA: O estudo foi feito na forma de revisão de literatura, e para pesquisa bibliográfica foram utilizadas as bases de dados Pubmed, Lilacs e Scielo, considerando publicações no cenário internacional e nacional, no período de 2011 a 2017. RESULTADOS: Através da análise dos artigos percebe-se que o número de mortes por acidentes de motocicleta aumentou 280% entre os anos de 2003 e 2013, cerca de R$ 114 milhões foram gastos pelos SUS em atendimento a pessoas que sofreram acidentes de moto, sem incluir os gastos com medicação, reabilitação e o impacto em outras áreas da saúde. Além disso, os acidentes não fatais podem deixar sequelas físicas e psicológicas em uma fração economicamente ativa da população gerando um impacto na economia e no sistema público de saúde. CONCLUSÃO: É necessário que haja uma adoção de medidas educativas e uma fiscalização mais rigorosa, a fim de melhorar o comportamento no trânsito e punir aqueles que infringem as leis e geram riscos para si mesmos e aos outros, além de tornar mais eficiente o atendimento ao paciente traumatizado.

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T182. Carcinomatose meníngea associada ao câncer: aumento da incidência e limitações terapêuticas

Ana Carolina Morais Correia; José Arthur Campos da Silva; Clara Bárbara Vieira e Silva; Nayara Soares de Mendonça Braga; Gabriel Marcelo Rego de Paula; Antonio de Biase Cabral Wyszomirski; Andréa Tatiane Oliveira da Silva Área Temática: Clínica Médica RESUMO INTRODUÇÃO: A Carcinomatose Meníngea (CM) consiste em uma complicação neurológica de tumores sistêmicos, inicialmente descrita em 1870. Esta patologia é caracterizada como uma invasão multifocal das leptomeninges por células neoplásicas, prevalente em cerca de 5% a 8% dos pacientes oncológicos. Sua incidência tem aumentado, sendo o câncer de mama a neoplasia mais frequentemente associada. A CM representa acometimento raro e complexo; em contrapartida, existem ainda poucas diretrizes terapêuticas apropriadas. OBJETIVO: Diante disso, o presente trabalho objetiva analisar a Carcinomatose Meníngea em seus aspectos fisiopatológicos e clínicos, bem como discutir sobre as diretrizes e condutas vigentes, suas limitações e consequentes implicações. Trata-se de trabalho de revisão integrativa, realizado nas bases de dados Scielo e Pubmed utilizando os Descritores em Saúde “Carcinomatose Meníngea” e “Meningeal Carcinomatosis”. Foram encontrados 1034 resultados, selecionados por avaliação de título, resumo e texto completo disponível; não foi delimitado como critério de exclusão ano de publicação. Realizou-se também análise de protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas em Oncologia do Ministério da Saúde e Instituto Nacional de Câncer (INCA). RESULTADOS: Sabe-se que a CM ocorre a partir de células cancerosas que podem atingir as meninges por diversas vias. A infiltração difusa das leptomeninges constitui importante característica, entretanto as células metastáticas podem originar formações nodulares ou, ainda, acometer a superfície do parênquima cerebral. A CM é associada a doença sistêmica em atividade (70% a 90% dos casos), no entanto pode ocorrer em intervalos livres de doença (20%) ou como primeira manifestação de câncer sem evidência de doença sistêmica (5% a 10%). Assim, a suspeição clínica, aliada ao reconhecimento de sinais relacionados ao neuroeixo, pode prevenir déficits neurológicos e mau prognóstico. As regiões do sistema nervoso central mais comumente acometidas são a fossa posterior, as cisternas basilares e a superfície dorsal da cauda equina, estando tal acometimento associado e diversos tipos e graus de sinais e sintomas, como hidrocefalia, aumento da pressão intracraniana, cefaléia, vômitos e alterações do estado mental. A invasão de células neoplásicas no parênquima cerebral relaciona-se a déficits neurológicos focais; podem também ocorrer alterações no metabolismo e fluxo sanguíneo cerebrais e o acometimento de raízes espinhais e nervos cranianos é frequente. Apesar de sua complexidade, há ainda poucos estudos epidemiológicos e de análise de opções terapêuticas para a CM, como geralmente realizados em doenças oncológicas. Desta forma, ainda não existe conduta estabelecida e a terapêutica é sempre individualizada, condição que atua como fator restritivo ao tratamento, este limitando-se, em sua maioria, ao suporte clínico. O tratamento da CM, portanto, é comumente paliativo em vez de curativo, com prognóstico de 2 a 3 meses de vida. Apesar do aumento crescente na prevalência e incidência da Carcinomatose Meníngea, esta representa situação clínica de pouca visibilidade e mau prognóstico. CONCLUSÃO: Faz-se necessária maior discussão na comunidade médica e científica, promovendo a realização de ensaios clínicos bem conduzidos a fim de elucidar métodos terapêuticos e diagnósticos precisos, de forma a propiciar um seguimento terapêutico mais adequado – hoje, ainda limitado.

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T183. Cardiopatia chagásica crônica: fisiopatologia e intervenção cirúrgica do aneurisma de ventrículo esquerdo

Eduardo Calheiros Inforzato Dias Gomes; Guilherme Calheiros Inforzato Dias Gomes; Iago Moura Aguiar; Laio Caju Wanderley; Lucas Roberto da Silva Barbosa; Matheus Henrique de Oliveira; Thalita Ferreira Tenório de Almeida; Túlio Barbosa Novaes; Gabriela Souto Vieira de Mello Área Temática: Cirurgia RESUMO INTRODUÇÃO: A forma crônica da doença de chagas possui várias apresentações, entre elas destaca-se a cardiopatia chagásica crônica (CCC) e a forma crônica digestiva. Vários aspectos são evidenciados na forma cardíaca, sendo os aneurismas ventriculares os mais característicos. OBJETIVO: Evidenciar a relevância dos aspectos fisiopatológicos para a intervenção cirúrgica e seu sucesso. METODOLOGIA: A revisão da literatura foi realizada nas bases: ScienceDirect, PubMed e Lilacs, nas quais utilizou-se os seguintes descritores: doença de chagas, fisiopatologia, intervenção cirúrgica. Como critério de inclusão foi utilizado o período de publicação entre 2010 a 2016, resultando em 30 artigos, dos quais, a partir dos critérios de exclusão, foram selecionadas 12 publicações. RESULTADOS: A CCC tem caráter progressivo e é agravada pela superposição da inflamação, destruição celular e fibrose. Fenômenos de estase e microembolias na microcirculação potencializam a deterioração funcional, resultando em desordem na arquitetura miocelular. Para compensar as alterações, ocorre hipertrofia e dilatação das miocélulas remanescentes levando a perda funcional que evolui para cardiomiopatia dilatada, evento este que favorece o surgimento de adelgaçamentos e aneurismas parietais. Em necropsias de cardiopatas chagásicos crônicos, cerca de 60% apresentam adelgaçamento do vórtice cardíaco que apresenta vasta sinonímia. Depois de instalado o quadro de insuficiência cardíaca, a evolução favorece a formação de trombos e êmbolos intramurais, fatores para indicação cirúrgica. As técnicas atuais visam restaurar o formato fisiológico da cavidade ventricular esquerda através da reconstrução da mesma, retirando trombos e debris, reduzindo internamente o colo do aneurisma e delimitando o músculo viável e a fibrose. Por fim, a cavidade ventricular é fechada com sutura direta ou remendo. CONCLUSÃO: A compreensão dos diversos mecanismos fisiopatológicos da CCC representa fundamental importância no manejo operatório dos casos indicados, visto que, para que o prognóstico seja favorável, o procedimento deve ser realizado com alta precisão.

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T184. Cardiopatia chagásica e seu impacto na qualidade de vida dos seus portadores

Juliana Seara dos Santos Vieira; Kristhine Keila Calheiros Paiva Brandão; Maria Milde Nóia Lyra; Nicole Brandão Barbosa de Oliveira; Victor Vinícius Cunha Brito; Adriana Santos Cunha Calado; Geórgia de Araújo Pacheco; Maria Eliza Alencar Nemésio Área Temática: Ciências da Saúde RESUMO INTRODUÇÃO: O conceito de qualidade de vida está relacionado com a subjetividade humana e contempla o bem-estar pessoal, a capacidade funcional, o autocuidado, o nível de interação social e, principalmente, o estado de saúde. Dessa forma, a qualidade de vida não deve ser medida apenas pelo prolongamento da existência, uma vez que influem diversos fatores, tais como saúde, moradia, trabalho, lazer e satisfação, ou seja, uma conotação individual. Diante disso, indivíduos acometidos por alguma patologia crônica, há inevitavelmente interferências que podem afetar negativamente seu modo de vida. A doença de Chagas é uma infecção causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi e trata-se da enfermidade humana mais relacionada com o subdesenvolvimento, o que faz da condição dos pacientes chagásicos ainda mais crítica. Na fase crônica, algumas pessoas infectadas também podem desenvolver manifestações específicas com acometimento cardíaco, digestivo ou neurológico. Desse modo, revelou-se a importância das repercussões da Doença de Chagas, visto que esta causa alterações no âmbito sociopsicológico do paciente, as quais se tornam grandes limitadoras da qualidade de vida. OBJETIVO: Elucidar o contexto atual da Doença de Chagas e suas repercussões na saúde e qualidade de vida dos portadores. METODOLOGIA: Foi realizada uma revisão integrativa de literatura usando as bases de dados: SciELO e LILACS, utilizando-se dos descritores “Doença de Chagas” e “Qualidade de vida” associados ao operador booleano “AND”. Foram encontrados 61 artigos e foram utilizados como critérios de exclusão: títulos com termos incompatíveis com tema, resumos incongruentes com o tema central e por último a leitura do artigo como um todo, sendo selecionados 9 artigos. RESULTADOS: A cardiopatia chagásica crônica é uma das maiores causas de óbito por insuficiência cardíaca na América Latina e para a qual não há nenhum tratamento eficaz até o momento. Consoante a isso, os problemas psicológicos são frequentes nos pacientes chagásicos, gerados tanto pelo caráter estigmatizante da doença quanto pelas limitações que ela impõe. Além disso, os sentimentos de medo, desesperança e tristeza são observados desde o diagnóstico positivo, posto que de acordo com o conhecimento popular a doença de Chagas além de não ter cura, está relacionada à pobreza. Como agravante da situação, a assistência médica mostra-se negligente por ser focada nos aspectos biológicos da doença, negligenciando a percepção individual do portador sobre a sua condição. CONCLUSÃO: Dessa forma, é perceptível que a Doença de Chagas abala o equilíbrio do modo de vida dos portadores, entretanto, é tratada de forma simplista e linear. Portanto, a aproximação médico-paciente é fundamental para situações em que a doença crônica exija mais atenção e persistência no tratamento, o profissional da saúde deve encorajá-lo a permanecer em um tratamento multiprofissional e iniciado precocemente, com o objetivo de aumentar a sobrevida e sua qualidade de vida.

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T185. Cardiopatias congênitas: a relevância da detecção e tratamento precoce em crianças: um relato de experiência

Nayara Soares de Mendonça Braga; Laís Cerqueira de Moraes; Adriana Santos Cunha Calado; Ana Carolina de Carvalho Ruela Pires; Larissa Gouveia Aragão de Souza; Marcos Reis Gonçalves; Maria Eliza Alencar Nemezio Área Temática: Medicina Preventiva RESUMO INTRODUÇÃO: Desde o início do século XIX, com a modernização e revolução tecnológica, maus hábitos de vida foram adotados devido à ausência de tempo e a utilização indiscriminada de medicamentos, cigarro e álcool. O uso de tais drogas cresceu exponencialmente, tornando a sociedade suscetível a novas doenças. Esse conjunto de mudanças, em gestantes, proporcionou um aumento significativo no número de doenças congênitas em sua prole. Aproximadamente 8 em cada 1.000 nascidos vivos são crianças portadoras de cardiopatia congênita, dessas, uma a duas apresentam situação ameaçadora à vida no período neonatal. OBJETIVOS: Relatar a importância do projeto de extensão “Coração de Estudante” na busca por crianças portadoras de cardiopatias em diversos municípios do estado de Alagoas. RELATO DE EXPERIÊNCIA: Vários acadêmicos de Medicina de todas as universidades do estado procuram sinais clínicos de cardiopatias congênitas, tais como alteração de ausculta cardíaca, cianose, dispneia, síncopes, vertigem e infecções respiratórias de repetição, além de se certificarem se a criança está corretamente imunizada. Quando o estudante detecta alguma anormalidade, o paciente é encaminhado para a casa do coraçãozinho com a finalidade de realizar exames mais específicos (ecocardiograma) e, acompanhamento ambulatorial com especialista e, caso necessário, programar cirurgia no Hospital do Coração de Alagoas (HCor-AL). As ações têm alcance esperado de, em média, 600 crianças e são encontrados achados patológicos em 1 a 2% destas, com consequente encaminhamento para o Casa do Coraçãozinho. CONCLUSÃO: Como as cardiopatias congênitas podem causar importantes repercussões no desenvolvimento emocional e repercussão na criança e da sua família, o “Coração de Estudante” almeja rastrear essas patologias com o objetivo de diminuir sua incidência e consequências. Desse modo, além dos profissionais de saúde, a família tem papel primordial na fase de tratamento e cuidados da criança, devendo também ser interpretada e exposta ao grupo de profissionais que as trata para uma ligação harmoniosa na dicotomia família-criança.

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T186. Causas das neoplasias de maior morbidade no estado de Alagoas Gustavo Mendonça Ataíde Gomes; Thays Oliveira Silva; José Wilson da Silva; Maria Eduarda de Oliveira Pereira Rocha; Mikael Nikson Vilela Tenório da Paz; Raphael de Souza Pinto; Cristiane Monteiro da Cruz Área Temática: Ciências da Saúde RESUMO INTRODUÇÃO: Neoplasias são patologias incapacitantes e de grande custo para saúde pública, em 2015 causaram 8,8 milhões de óbitos no mundo com um custo de 1.16 trilhões de dólares. No Brasil, foram registrados 295.200 novos casos em 2016, já em Alagoas, esse número foi de 2.160. OBJETIVO: Analisar as causas das neoplasias de maior morbidade nesse estado, para assim possibilitar a melhor atuação de profissionais de saúde em sua prevenção. METODOLOGIA: Para tal estudo foram obtidos dados no DATASUS relativos a morbidade do câncer em Alagoas e artigos publicados na base de dados PubMed foram coletadas informações sobre as causas das neoplasias utilizando os mesh terms referentes as quatro neoplasias de maior morbidade, durante o mês de outubro de 2017. RESULTADOS: A neoplasia de maior morbidade em Alagoas é o Leiomioma do útero com 1496 casos, suas causas são relacionadas a lesões e reparações do ciclo reprodutivo, a etiologia dos leiomiomas uterinos permanece em grande parte desconhecida, assim como os mecanismos envolvidos no seu crescimento. Em segundo lugar, a neoplasia maligna da mama com 556 casos. Entre as causas para o seu aparecimento destacam-se as mutações do DNA em conjunto com os fatores ambientais. Além disso, tal neoplasia apresenta vários fatores de risco, entre eles: ser mulher, ter mais de 65 anos, sobrepeso, não ter filhos, menopausa precoce, contato com radiação e o uso de métodos contraceptivos – devido aos hormônios – são os principais. Apesar da sua prevalência alta em mulheres essa neoplasia também acomete homens, sendo mais comum entre os de etnia negra, para as mulheres o fator étnico também é importante sendo as mulheres brancas as mais afetadas. Já em terceiro lugar em morbidade, está a neoplasia benigna de pele com 537 casos. Seu principal fator de risco é a exposição ao espectro A radiação ultravioleta B (UVB). A UVB gera produtos mutagênicos em DNA e mutações em importantes genes reguladores de funções celulares como o gene supressor de tumor TP53. Ademais a radiação ultravioleta tem ação imunossupressora na pele humana, assim, prejudicando a atividade de vigilância antitumoral, síndromes hereditárias ligadas a diminuição da pigmentação estão relacionadas com maior fator de risco de câncer de pele. Apesar de apresentar menor morbidade com 473 casos, a leucemia representa um alto índice de mortalidade. Um fator que pode levar ao aumento do risco de desenvolvimento é o parto por cesárea, devido a uma má adaptação do sistema imunológico por ausência da resposta imune ao estresse do parto normal. Além disso, fatores como exposição a pesticidas, fumaça de tabaco, tintas, solventes a base de petróleo, fumaça do tráfico de automóveis e poluição gerada por indústrias e queimadas têm as mesmas características químicas, a liberação do agente leucemogênico benzeno, principalmente durante a gestação e nos primeiros anos de vida. CONCLUSÃO: Assim, de acordo com os dados coletados foi possível associar a incidência dessas neoplasias com suas causas, permitindo uma análise essencial para a clínica médica e a elaboração e políticas públicas voltadas para a prevenção, o diagnóstico precoce e o tratamento dessas patologias.

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T187. Chikungunya e artralgia crônica pós-infecção: visão imunológica e perspectivas terapeuticas

Gabriela Castro Guimarães; Caroline Montenegro Silva; Kaliny da Silva Galvão; Daniel de Mélo Carvalho; Laís Virgínia de Lima Silva; Maria Eduarda Di Cavalcanti Alves de Souza Área Temática: Clínica Médica RESUMO INTRODUÇÃO: O vírus chikungunya (CHIKV) é uma alfavirose, de RNA fita simples com sentido positivo, transmitida por mosquito cuja infecção foi reportada em vários países, incluindo EUA, Brasil, Japão e outros países da Europa. As manifestações clínicas da doença incluem febre, erupção cutânea e dor articular. Contudo, de 15 a 70% dos indivíduos infectados desenvolvem artralgia por meses ou anos, muitas vezes de forma reincidente. A causa da dor articular persistente após a virose é pouco esclarecida, entretanto dados confirmam que os três genótipos de CHIKV descritos podem estabelecer infecções articulares persistentes, fato esse que ressalta a importância de entender os mecanismos patológicos relacionados. OBJETIVO: O presente estudo tem o objetivo apresentar hipóteses acerca da associação entre a alfavirose e artralgia pós-infecção. METODOLOGIA: Para tal, foi realizada uma revisão integrativa da literatura utilizando-se as bases de dados PubMed e Scielo e os descritores: chikungunya; arthritis; joint e, arthralgia, mediante o uso do filtro “título”. Foram inicialmente encontrados 52 artigos, dos quais 13 foram selecionados para leitura do resumo. RESULTADOS: Os estudos demonstram, em modelos animais, que apesar do RNA do CHIKV conseguir ser eliminado de tecidos viscerais, ele persiste por várias semanas em tecidos articulares, principalmente na região do tornozelo e pulso, evidenciando que o sistema imune adaptativo não é capaz de eliminar o vírus das articulações. Outros estudos sugerem que a artrite crônica pós-infecção é consequência da insistência do fator estimulador de colônias de granulócitos e macrófagos, junto a elevados níveis de IL-6. Além desses fatores, um estudo realizado em 2014, evidencia que o polimorfismo no gene que codifica a proteína viral E2 causa resposta pró-inflamatória excessiva, induzindo as consequências articulares crônicas. CONCLUSÃO: Assim, futuros estudos deverão revelar alvos para restringir a infecção e diminuir as consequências da doença.

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T188. Cirurgia de revascularização miocárdica no SUS: perfil epidemiológico das regiões brasileiras

Mariana de Castro Figueirêdo; Antonio De Biase Cabral Wyszomirski; Layla Florencio Carvalho; Julia Badra Nogueira Alves; Yuri de Lima Ribeiro; Marcus Vinicius de Andrade Silveira; Janiffer Miranda Lacet Vieira Machado Área Temática: Cirurgia RESUMO INTRODUÇÃO: A cirurgia de revascularização do miocárdio (CRM) é a mais a mais utilizada dentre as cirurgias cardíacas realizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), apesar dos avanços na terapia e intervenções percutâneas. É estimado que 80% das CRM realizadas no Brasil sejam pelo SUS. A CRM foi desenvolvida por Favaloro, utilizando enxertos da veia safena o que mudou de forma revolucionária o tratamento e o prognóstico de pacientes com doença arterial coronária isquêmica. Atualmente o enxerto considerado padrão-ouro é a artéria torácica interna esquerda. OBJETIVO: Esse trabalho tem como objetivo fazer a análise do número de CRM realizadas no Brasil e suas regiões (Norte, Nordeste, Centro-oeste, Sudeste e Sul) no período de janeiro de 2012 a setembro de 2017, de modo a definir disparidades regionais e a progressão da utilização desse procedimento. METODOLOGIA: Nesse trabalho foi realizado um estudo epidemiológico quantitativo que utilizou dados do SIH/DATASUS. RESULTADOS: Como resultado foi definido que houve uma ligeira diminuição do número de CRM, correspondendo a 6,9% do período de 2012 a 2016. Os dados coletados do ano de 2017 demonstram que a diminuição se tornará progressiva. Além disso, é notado disparidade em relação ao número de cirurgias realizada, sendo o Sul e o Sudeste as regiões com maior concentração dessa operação correspondendo a 74,5% no ano de 2017. CONCLUSÃO: A CRM ainda é uma das cirurgias cardíacas mais realizadas no SUS, contudo dados obtidos pelo SIH/DATASUS demonstram diminuição nesse procedimento o que pode ser resultado de avanços em procedimentos menos invasivos, a adoção de novas diretrizes de risco cardiovascular que tornam o cuidado mais intensivo e com a atual difusão dos cuidados a saúde.

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T189. Comunicação em medicina: o papel da formação acadêmica para a construção da relação médico-paciente

Maria Amélia Albuquerque de Freitas; Julia Manuela Mendonça de Albuquerque; Renata Chequeller de Almeida Área Temática: Educação Médica RESUMO INTRODUÇÃO: A formação acadêmica em medicina, em seu modelo tradicional, vem sendo analisada e criticada mundialmente, isso porque o ensino prático escasso somado à didática ineficiente contribui para a construção de profissionais, por muitas vezes, inaptos. OBJETIVO: Compreender e analisar o papel da formação docente para a construção da relação médico-paciente, relacionando-a com a comunicação em medicina e o aprendizado prático. METODOLOGIA: Foi realizada uma revisão de literatura usando as bases de dados: SCIELO e LILACS, com os descritores: medicina, comunicação e educação, em associação ao operador booleano “AND”. RESULTADOS: As diretrizes curriculares dos cursos de graduação na área de saúde destacam a prioridade da formação de um profissional com uma visão ampliada da clínica, que alie competências técnicas e ético-humanísticas. Tendo em vista que formar envolve a problematização de situações e condutas relacionadas à profissão médica, torna-se de grande importância fazer uso de um ensino prático, com partilha de experiências no convívio diário de alunos e professores, sendo esta a principal forma de preparação e construção da relação médico-paciente. CONCLUSÃO: A formação inadequada pode prejudicar este vínculo, ao ser conduzida por um profissional com dificuldade no sistema de relações de um atendimento efetivo, o qual compreende elementos sociais, históricos, psicológicos, e ambientais acerca desse paciente.

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T190. Construção de árvores filogenéticas para proteínas de vírus Zika e de outros flavivírus

Gabriela de Sena Cabral; Adro Adonai Bastos Costa de Lima; Fagner do Nascimento Monteiro; Laércio Pol-Fachin Área Temática: Ciências da Saúde RESUMO INTRODUÇÃO: A circulação do vírus Zika, antes do século XXI, era limitada a países africanos e do sudeste da Ásia, nesse período as infecções por vírus Zika eram usualmente assintomáticas, exibindo em pequenas ocasiões febre e pápulas. Porém, com a proliferação viral para a Polinésia Francesa e América, entre os anos de 2013 e 2015, foram identificados mais alguns sintomas. Contudo, a propagação do vírus Zika no território brasileiro ocorre de forma simultânea com outros vírus, cujas infecções causam sintomatologia semelhante em seres humanos, porém com prevalência de danos vasculares e articulares. Devido a isso, e à sua recente associação a casos de alterações neurológicas, como a microcefalia, o vírus Zika tornou-se um problema de saúde pública. A semelhança nas identidades genéticas e estruturais dos patógenos, e consequentemente uma possível ação de combate à esses organismos de forma semelhante, justifica a realização do estudo. OBJETIVO: Desse modo, visamos compreender suas diferenças e, assim, correlacionar tais mudanças genéticas e morfológicas a seus danos no ser humano. Dessa forma, a pesquisa busca captar as relações de parentesco entre algumas espécies de vírus primordiais no contexto nacional, através do estudo da correlação entre as proteínas dos vírus. METODOLOGIA: Para tal, utilizamos o mecanismo de alinhamento de sequências, incluindo Dengue dos sorotipos 1-4, Febra Amarela e Zika, com a subsequente construção de árvores filogenéticas para cada uma das dez proteínas componentes desses vírus, utilizando a ferramenta “Clustal Omega” do portal EMBL-EBI. É imprescindível salientar que a obtenção das sequências das proteínas virais foi realizado a partir do National Center for biotechnology Information no PubMed. Nove subespécies desses Flavivírus foram estudadas, até o presente momento, incluindo algumas cepas do Nordeste. RESULTADOS: De uma forma geral, embora diferenças ocorram para proteínas em específico, as proteínas dos sorotipos de Dengue se reúnem em uma mesma clade, a partir de um ancestral em comum, enquanto que febre amarela e Zika congregam em outra, fato que pode explicar algumas semelhanças e diferenças nos sintomas e do vetor. CONCLUSÃO: Entretanto, é indispensável para o melhor estabelecimento de correlações moleculares desses vírus e as suas possíveis consequências vasculares ou neurológicas, ampliar a análise realizada até então para outras espécies de Flavivírus, bem como para um número maior de cepas das espécies já utilizadas.

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T191. Contexto social e as consequências do diabetes tipo i no paciente infantil Débora Maria de Castro Tenório; Dália Maria de Castro Tenório; Djacy Soares Lira Júnior; Fernanda Roxane Silva Araújo; Guilherme Quirino dos Anjos; Kalyne Moraes Cavalcante; Maria Eduarda Di Cavalcante Alves de Souza; Marcos Reis Gonçalves Área Temática: Medicina Preventiva RESUMO INTRODUÇÃO: Diabetes mellitus tipo 1 (DM1) é a segunda doença crônica mais frequente da infância. Responsável por 90% dos casos de diabetes infantil, caracteriza-se pela destruição das células beta do pâncreas, que são responsáveis pela produção da insulina, tendo como consequência a elevação da glicose no sangue acima da taxa normal, que é de 60 a 110 mg%. Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes o número de casos de DM1 na infância possui uma incidência de 0,5 caso novo a cada 100 mil habitantes por ano. Todavia, não há um adequado acompanhamento para ajudar essas crianças a lidarem com a relação entre suas limitações decorrentes da doença e os costumes sociais existentes que levam a maus hábitos de vida. Isto resulta, muitas vezes, em um inadequado tratamento e consequente descompensação da doença, demandando assim, uma grande atenção para esse crescente mal existente na sociedade. OBJETIVO: Analisar os efeitos que os maus hábitos de vida e a falta de um acompanhamento adequado trazem a saúde do paciente diabético mellitus tipo I infantil. METODOLOGIA: Realizou-se uma revisão integrativa da literatura com busca nas bases de dados do LILACS, Scielo, Science Direct e Pubmed, através dos descritores Diabetes mellitus tipo I, Equipe de Assistência ao Paciente, Costumes, Criança e complicações do diabetes. RESULTADOS: O paciente DM1 infantil possui um emocional abalado a partir do momento do diagnóstico, devido às restrições alimentares e sociais. Isso gera uma sensação de inadequação e desajuste do diabético, que se não acompanhada pode provocar uma piora do prognóstico. Trazendo como consequências o aumento do risco de cetoacidose diabética, a qual está relacionada a um quadro de descompensação aguda, complicações vasculares, neurológicas e as disfunções e insuficiência de vários órgãos, especialmente olhos, rins, nervos, cérebro, coração e vasos sanguíneos, agravando o prognóstico desses pacientes. Com o tratamento insulínico, essas complicações secundárias podem ser controladas, mas deve-se ter cuidado para o paciente não entrar em um quadro de hipoglicemia grave, que ocorre quando os algorítmicos de substituição ainda não estão controlados, chegando até mesmo a casos de convulsões. Com o tempo, os receptores de insulina tendem a ficar hipersensibilizados, fazendo com que se aumentem cada vez mais as dosagens do medicamento necessário. Assim, deve ser enfatizada a importância do processo educacional multidisciplinar na saúde como uma das principais estratégias para a promoção efetiva do autocuidado em pacientes diabéticos, tornando os sujeitos participativos de seu tratamento. As práticas de autocuidado devem ser encorajadas por todas as pessoas próximas, inclusive os profissionais de saúde responsáveis pelos cuidados, lidando com o monitoramento da doença. Para tais práticas, a educação sobre diabetes acaba sendo um recurso essencial e deve ser composta por atividades que facilitam mudanças de comportamento e adoção de práticas que possam reduzir os riscos da doença. CONCLUSÃO: Dessa forma, percebe-se que o paciente diabético infantil deve ter um acompanhamento multiprofissional e familiar adequado, principalmente logo após seu diagnóstico, pois os costumes sociais são fatores de risco importantes, que se não regulados podem vir a gerar complicações secundárias características da diabetes.

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T192. Correlação entre síndrome metabólica e cirurgia bariátrica: uma revisão integrativa

Fernanda Sâmela Silva Lúcio; Alessandra Rocha Lima; Camila Cínthia Araújo Alécio; João Victor Castro Villela; Antônio José Casado Ramalho Área Temática: Cirurgia RESUMO INTRODUÇÃO: O grupo de anormalidades metabólicas comuns associadas à obesidade e aumento do risco de eventos cardiovasculares é denominado síndrome metabólica (SM). Além de hipertensão e obesidade, é caracterizada, basicamente, por resistência a insulina. Na maioria dos estudos a prevalência da SM em pacientes obesos mórbidos está acima de 50% e, nesse grupo, tratamentos convencionais são ineficientes a médio e longo prazo. Já a cirurgia bariátrica agrupa técnicas científicas destinadas ao tratamento de obesidade bem como doenças metabólicas associadas. Existem três procedimentos básicos (que podem ser feitos por abordagem aberta ou videolaparoscópica): restritivo, que diminui o comporte do estômago; disabsortivo, reduzindo a capacidade de absorção do intestino; técnicas mistas que tem pequeno grau de restrição e desvio curto do intestino com discreta má absorção de alimentos. No Brasil, são aprovadas quatro modalidades de cirurgia bariátrica: bypass gástrico, banda gástrica ajustável, gastrectomia vertical, duodenal switch. Dessa forma, a cirurgia bariátrica tem se mostrado como uma opção para reverter a SM nesses pacientes, reduzindo a mortalidade cardiovascular bem como previne, melhora e reverte o diabetes mellitus (DM2), entre 70 e 90% dos casos, já que é o único tratamento que resulta em perda de peso expressiva e mantida durante, pelo menos, 15 anos. OBJETIVO: Avaliar se a cirurgia bariátrica trouxe melhoria no quadro de SM em pacientes expostos a esse procedimento. METODOLOGIA: Trata-se de uma revisão integrativa com estudo ecológico, nas bases de dados PubMed, Cochrane e na biblioteca eletrônica Scielo, referentes a estudos dos realizados em humanos e sem restrições de idiomas. Foram usados os descritores: “cirurgia bariátrica” e “síndrome x metabólica”, com o operador booleano “AND”. Artigos relacionados à doenças específicas ou que tangenciasse o tema foram descartados. Foram encontrados 392 artigos, destes 367 excluídos e selecionados 25 para utilização neste trabalho. RESULTADOS: As diferentes técnicas de cirurgia bariátrica apresentaram resultados semelhantes na perda de peso a longo prazo e na reversão da DM2, com pequeno percentual variante entre as técnicas. Ademais, os artigos analisados exibiram que após essa cirurgia melhorou significativamente: redução de peso e circunferência abdominal, IMC, taxas de glicemia e triglicerídeos, redução da dislipidemia com melhora da hiperlipidemia. Assim, o benefício da cirurgia bariátrica sobre a SM é mediado predominantemente pela melhora da sensibilidade à insulina. CONCLUSÃO: A cirurgia bariátrica, ao induzir significativamente perda ponderal em indivíduos obesos, diminui a resistência à insulina e, consequentemente, os fatores de risco cardiovasculares. Assim, pode ser considerada uma terapêutica efetiva para pacientes com SM e obesidade. Dessa maneira, a redução ponderal, em pacientes obesos, com recurso à cirurgia bariátrica permite induzir a remissão dos critérios da SM. A cirurgia bariátrica passou a ser também denominada cirurgia metabólica, pelas evidências que os diversos estudos têm mostrado em relação ao tratamento eficaz do DM2 e a cura da SM. Tendo-se em consideração os artigos estudados neste trabalho e a metodologia diagnóstica vigente do quadro de SM, pode-se afirmar que os pacientes submetidos à cirurgia bariátrica apresentaram restituição ou cura da SM.

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T193. Deficiência mental: limites e possibilidades de inserção no mercado de trabalho

Gustavo Cedro Souza; Laís Fernanda Correia Pimentel; Beatriz Albuquerque Oliveira; Débora Nicácio Falcão; Manuela Andrade de Alencar Pereira; Rafaela Brandão da Silva Almeida Área Temática: Educação Médica RESUMO INTRODUÇÃO: A inclusão social das pessoas portadoras de deficiência no mercado de trabalho é um grande obstáculo. Ainda há muita discriminação associada à sua capacidade de contribuição devido ao desconhecimento acerca das reais possibilidades de se inserir como agente ativo do processo de produção. Entre os tipos de deficiência, observa-se uma menor participação da deficiência mental no mercado de trabalho. Um grande desafio enfrentado é a participação desses indivíduos no mercado de trabalho, pois apesar de haver legislação para isso, sua inserção ainda é mínima. Os órgãos públicos e a população vêm moldando-se a realidade de que todos são iguais e que merecem as mesmas oportunidades. Entretanto, questões como acessibilidade, locomoção, fiscalização das leis de proteção e dificuldades no atendimento aos serviços de saúde ainda são ineficazes, prejudicando ainda mais a vida dessas pessoas. Nesse contexto, as políticas públicas surgem na tentativa de inserir o portador de deficiência no mercado, defendendo os direitos garantidos na constituição federal. OBJETIVO: Este estudo tem como objetivo expor as dificuldades de inserção dos deficientes mentais no mercado de trabalho, fatores epidemiológicos, assim como as legislações que garantem seus direitos e suas relações no âmbito social. Metodologia: Para sua construção, foram recuperados 1 diretriz, 1 tese e 25 artigos publicados nos últimos 20 anos nas seguintes bases de dados: Scielo, Pubmed, periódicos CAPES e Legislação. RESULTADOS: A população brasileira é composta por 45,6 milhões de pessoas portadoras de deficiência, sendo 1,4% delas portadoras de deficiência mental. As deficiências são divididas em cinco categorias: Visual, Física, Auditiva, Mental e Múltipla. Entre essas, a deficiência mental é a que tem menor participação no mercado de trabalho. Durante a antiguidade, as crianças deficientes eram abandonadas a sua própria sorte, fruto dos ideais morais da sociedade de cada época. Somente no século XIX se observou uma atitude de responsabilidade pública frente às necessidades do deficiente, garantindo que o deficiente mental tem direito à segurança econômica, a um nível de vida decente e a desempenhar um trabalho produtivo. A inclusão social se apresenta como um processo de atitudes afirmativas, públicas e privadas, no sentido de inserir todos aqueles grupos ou populações marginalizadas historicamente ou em conseqüência das radicais mudanças políticas, econômicas ou tecnológicas da atualidade. CONCLUSÃO: O processo de exclusão social de pessoas com deficiência ou alguma necessidade especial é tão antigo quanto a socialização do homem. Apesar das grandes conquistas na legislação e nas políticas afirmativas, o preconceito e a estereotipização ainda são muito marcantes. A própria existência das leis voltadas para os deficientes denuncia a dificuldade da sociedade em lidar com as diferenças. Os deficientes ainda são vistos como incapazes de se enquadrarem nos moldes produtivos, sendo, portanto, desvalorizados em nosso contexto social. A inserção dos portadores de deficiência mental no mercado de trabalho não diz respeito só às empresas e ao governo, mas sim à toda sociedade brasileira devido aos seus padrões e valores, pois pensar em uma sociedade melhor para os deficientes é pensar em uma sociedade melhor para todos.

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T194. Demências nos idosos: uma visão neuropsicossocial

Layanna Bezerra Nascimento; Christiane Lima Messias; Layanna Bezerra Nascimento; Rafaella Lima dos Santos; Thalita Ferreira Torres; Aline Moreira de Oliveira Barroso Área Temática: Saúde Mental RESUMO INTRODUÇÃO: A demência é uma síndrome clínica decorrente de doença ou disfunção cerebral, de natureza crônica e progressiva, na qual ocorre perturbação de múltiplas funções cognitivas. A grande maioria dos casos de demência ocorre entre pessoas idosas e, com o envelhecimento populacional mundial, sua incidência assume proporções epidêmicas, podendo chegar a atingir cerca de 50% dos anciões. As mais prevalentes são Doença de Alzheimer, Demência Vascular, Demências dos Corpúsculos de Lewy e Demências Frontotemporais. OBJETIVO: Elucidar os aspectos neuropsicossociais causados pelas demências nos idosos. METODOLOGIA: Trata-se de uma revisão bibliográfica que teve como escopo as bases de dados Scielo e Pubmed, no período de 2007 a 2017, além de doutrina correlacionada. Foram obtidos 54 artigos cujos textos foram analisados segundo a temática abordada, dos quais 12 foram selecionados para embasar o presente trabalho. Para tanto, foram utilizados os descritores Demência, Senil e Saúde Pública, correlacionando-os com os operadores booleanos AND e OR. RESULTADOS: Na demência ocorre perturbação de múltiplas funções cognitivas, incluindo memória, atenção e aprendizado, pensamento, orientação, compreensão, cálculo, linguagem e julgamento. O comprometimento das funções cognitivas é comumente acompanhado, e ocasionalmente precedido, por deterioração do controle emocional, comportamento social ou motivação. A demência produz um declínio apreciável no funcionamento intelectual que interfere com as atividades diárias, como higiene pessoal, vestimenta, alimentação e atividades fisiológicas. CONCLUSÃO: A demência é problema emergente de saúde pública entre os idosos, não só pela alta prevalência nesta faixa etária, mas por serem causas de incapacidade e mortalidade, por isso faz-se necessário um maior empenho nas ações de promoção e prevenção a fim de minimizar o estresse senil, promovendo uma melhor qualidade de vida, além de possibilitar a reinclusão desta população na sociedade.

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T195. Dengue, uma comparação dos diversos métodos de diagnóstico para uma patologia endêmica em alagoas

Gustavo Mendonça Ataíde Gomes; Eva Gabryelle Vanderlei Carneiro; Matheus Carvalho Rodriguez Guisande; Everton Huan de Souza Lopes; João Pedro Barbosa Carvalho; Vélber Xavier Nascimento Área Temática: Clínica Médica RESUMO INTRODUÇÃO: A dengue é uma doença viral, seu vírus é do gênero Flavovírus transmitido pelos mosquitos Aedes, com mais de 390 milhões de infecções anuais no globo, destas 95 milhões são manifestações clínicas graves. No Brasil, possui alta morbidade chegando aos 1.500.535 casos em 2016, com 324.815 registros na região nordeste. Outra característica é a amplitude de seus sinais e sintomas, que podem evoluir de brandos a hemorragias graves em poucos instantes. Logo, junto à uma clínica apurada são necessários métodos diagnósticos precisos. Em Alagoas, a dengue é a doença de notificação obrigatória com maior índice de morbidade, com cerca de 25880 no ano de 2014. OBJETIVO: Analisar diversos métodos de diagnóstico para dengue. METODOLOGIA: Foi realizada uma revisão integrativa de literatura com artigos publicados na base de dados PubMed foram coletadas informações acerca do diagnóstico para dengue utilizando a estratégia (Dengue) AND (Diagnosis). RESULTADOS: O método de PCR devido a sua alta sensibilidade, especificidade e capacidade quantitativa é considerado padrão ouro, por exemplo, o RT-PCR pode identificar a infecção em qualquer janela de tempo. Contudo, não é muito utilizado devido a fatores, como sua baixa disponibilidade, maior custo e necessidade de treinamento. Assim, a utilização de teste sorológico de ELISA para IgM e IgG é o habitual, por ser largamente disponível, porém apresenta um alto índice de falsos positivos. No intuito de melhores resultados com os testes de ELISA, foi desenvolvido o DENV-2 NS5 ELISA voltado exatamente para detecção do sorotipo tipo 2, além de baixo custo, demonstrou 100% de sensibilidade, contudo pode detectar infecções passadas, como também falsos positivos. Outra utilização do ELISA é a busca por antígenos NS1 determinando assim a gravidade da doença, com uma alta especificidade, mas uma sensibilidade variável, sendo eficaz apenas entre o segundo e terceiro dia da febre. Outra alternativa ainda em desenvolvimento é a utilização de biossensores de heparina baseados em nano tubos de carbono, caracterizada pela velocidade e de baixo custo. Contudo é uma ferramenta ainda em fase de testes, com sensibilidade no estudo entre 70 a 90%. A detecção de sinais e sintomas em pacientes com febre por dengue como edemas e efusão pleural caracterizam a possibilidade de utilizar o ultrassom enquanto um diagnóstico virtual da patologia. Exatamente por ser um método altamente disponível e de rápida execução, garantindo uma detecção em áreas endêmicas antes mesmo dos resultados de exames baseados na presença de antígenos específicos, o que resultará em um tratamento mais rápido, o que evitará manifestações graves. Uma outra possibilidade são os Rapid Diagnostic Test para dengue, tem um baixo custo e baseia-se na detecção de NS1 e IgM, demonstrando 96,4% de sensibilidade para infecções primárias e 77,3% para as secundárias. CONCLUSÃO: Assim, de acordo com os dados coletados foi possível avaliar vantagens e desvantagens de diversos métodos diagnósticos, evidenciando que o ideal seria a utilização do PCR, contudo devido a realidade das regiões endêmicas e com pouca infraestrutura a utilização de testes rápidos é a melhor opção ao se relacionar custo, sensibilidade e especificidade.

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T196. Dengue: uma análise dos últimos dez anos no estado de Alagoas

Rafael Augusto Eugênio Vital; Thamirys Cavalcanti Cordeiro dos Santos; Eloisa Simões Alves; Jônatas Petrus Duarte Feitosa; José Bandeira de Medeiros Neto; José Alfredo dos Santos Júnior; Affonso Gonzaga Silva Netto; Tatiana Maria Palmeira dos Santos; Ivonilda de Araújo Mendonça Maia Área Temática: Ciências da Saúde RESUMO INTRODUÇÃO: A dengue é uma arbovirose, com quatro sorotipos identificados e transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti infectado. Para tanto, seu ciclo de transmissão, envolve necessariamente, o homem, o vetor e o vírus. O mosquito vem se adaptando ao ambiente, acarretando, ao longo dos anos, aumentos cíclicos de ocorrências da doença, atribuídos a alguns fatores como ao aumento de aquisição de anticorpos na população que entra em contato com o vírus, a existência de mais de um sorotipo viral, a ausência de imunidade cruzada entre os sorotipos, persistência de indivíduos vulneráveis ao vírus, com risco de infecção, tornando-se um grande desafio para a saúde pública. Dessa forma, os casos precisam ser quantificados, para um norteamento sobre a realização de medidas direcionadas à erradicação do vírus. OBJETIVO: O estudo teve como finalidade analisar o número de casos confirmados de dengue em Alagoas, no período de 2006 a 2016. METODOLOGIA: Trata-se de estudo epidemiológico descritivo, do tipo levantamento retrospectivo. Os dados utilizados neste trabalho foram de notificações e confirmações de casos de dengue, cedidos pela Secretaria de Saúde do Estado de Alagoas, através da Área Técnica de Vigilância e Controle de Arboviroses. RESULTADOS: Os resultados apontaram que o ano de 2009 possuiu o menor número de casos confirmados (2.942), enquanto que 2010 destaca-se por ser o mais expressivo (38.258 casos confirmados), quase 1.200% acima. Em 2015 e 2016 os casos confirmados continuaram altos, 22.379 e 13.227 casos, respectivamente. Além disso, constatou-se que a faixa etária mais atingida é entre 20 e 34 anos e que, neste intervalo de tempo, o número de mulheres acometidas é superior ao de homens. Foi possível observar que nos últimos 10 anos, não houve declínio relevante do número de casos confirmados de dengue no Estado, observando-se oscilações na prevalência anual, com a mesma característica cíclica observada no restante do Brasil. CONCLUSÃO: Revela-se, assim, a necessidade de desenvolvimento de medidas de prevenção eficazes, por parte do Ministério da Saúde, que possam levar a erradicação da dengue, que inclui, dentre outras medidas, maior conscientização da população em relação às medidas de prevenção e importância de sua participação ativa na redução dos focos do mosquito.

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T197. Depressão em estudantes de medicina: uma revisão integrativa

Lívia Paula Barros da Franca Lima; Aurea Virginia Pino dos Santos; Danielle de Araujo Lessa; Linda Patricia Viana da Silva; Nathália Régia Tenorio Zaidan; Audenis Lima de Aguiar Peixoto Área Temática: Saúde Mental RESUMO INTRODUÇÃO: Sintomas depressivos são frequentemente observados em estudantes de medicina em decorrência dos aspectos encontrados durante o curso como a alta demanda intelectual, emocional e constante exposição a situações estressantes. As razões que podem contribuir para prevalência de sintomas relacionados à ansiedade e depressão nos estudantes de medicina são: extensa carga horária, necessidade de mudança de cidade, elevada quantidade de matérias, competição no ambiente educacional, contato com pacientes portadores de diversas patologias e prognósticos, além da cobrança pessoal e familiar. Esses fatores podem influenciar na diminuição da qualidade de vida e o desenvolvimento de tais sintomas pode favorecer a manifestação de transtornos que acometem a saúde mental. OBJETIVO: Elencar e discorrer sobre os fatores acadêmicos, sociais e emocionais que contribuem para a depressão entre os estudantes de medicina do Brasil. METODOLOGIA: Revisão integrativa de artigos em inglês e português retirados das bases de dados LILACS, SciELO e PubMed. RESULTADOS: Estudos atuais indicam que a prevalência de sintomas depressivos em estudantes de medicina é superior à média da população geral. O curso pode contribuir para o desenvolvimento desses sintomas que muitas vezes levam a consequências negativas no âmbito pessoal e acadêmico. As consequências pessoais incluem abuso de substâncias, deterioração da saúde e declínio no vigor físico. As consequências acadêmicas incluem decadência do desempenho, declínio da empatia, desonestidade acadêmica, influência negativa em sua escolha de especialidade e alta incidência de erros médicos. Observa-se nos estudos um fator recorrente no qual períodos específicos do curso, como na entrada da faculdade, no quarto ano, no início do internato e ao final do curso, os alunos tendem a manifestar maiores sintomas depressivos devido a momentos de transição. Sintomas depressivos em estudantes de medicina também estão relacionados ao gênero no qual o sexo feminino apresenta uma maior chance de desenvolver os sintomas se comparado ao sexo masculino. Estudos demonstram maior risco de depressão entre os estudantes procedentes de municípios distantes da universidade e, consequentemente, afastados da família. CONCLUSÃO: A avaliação e promoção de cuidado aos universitários portadores de sintomas depressivos é importante para prevenir o desenvolvimento de comorbidades e risco de suicídio. Desse modo ressalta-se a importância da necessidade de campanhas efetivas de prevenção e amplo acesso ao cuidado da saúde mental para esse grupo, incluindo também a abordagem do estigma da depressão.

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T198. Depressão nos estudantes de medicina: como a rotina pode levar ao caos? Amaralyna Alicia Lourenço Portela; Carolina Araújo Medeiros Vila Nova; Caroline de Oliveira Nascimento; Lorena Nunes Souza Cunha; Marianna Ramos Pereira; Manoel Pedro Farias Segundo; Rômulo Martins Ferreira Santos; Samantha Maria Barbosa Mota; Maria Eduarda Di Cavalcanti Alves de Souza Área Temática: Saúde Mental RESUMO INTRODUÇÃO: Estudos recentes mostram que a depressão atinge um a cada quatro estudantes de medicina, e que os índices da mesma, tal como os de ideação suicida, são mais altos nesses acadêmicos, quando comparados a outras pessoas de sua faixa etária. Verifica-se a ocorrência de uma epidemia oculta, escondida por trás da posição social da classe médica, que requer uma importante atenção. OBJETIVOS: O objetivo do estudo é verificar na literatura as altas taxas para os sintomas de depressão e ansiedade em acadêmicos de medicina, sendo esses também vulneráveis à emergência de sinais e sintomas psicopatológicos, correlacionando com a rotina desses estudantes. METODOLOGIA: Diante desse contexto apresentado, foi realizada uma revisão de literatura, no intuito de compreender as principais causas da depressão nos estudantes de medicina. Para tanto, utilizou-se os descritores: stress, depressão e medicina. As bases de dados consultadas foram SciELO, LILACS e Pubmed, durante o período de outubro a novembro do corrente ano. Nessas, encontrou-se 1.782 artigos mediante exclusão, pós-leitura do título, resumo e conteúdo na íntegra foram selecionados 5 trabalhos que mais se aproximavam da temática. RESULTADOS: Existem alguns fatores estressantes na saída do ensino médio e entrada no ensino superior, como: a descoberta de novas regras, novos colegas e professores, bem como de novos conteúdos que exigem maiores responsabilidades e dedicação. A depressão está diretamente relacionada ao suicídio, sendo a segunda causa mais comum de morte nos estudantes de medicina. É importante destacar que essa patologia é consequência da crise e alterações emocionais presentes em todo curso médico, onde a fase inicial é caracterizada pela presença de crenças de onipotência; a fase intermediária, qualificada pela decepção causada pelas mudanças de hábitos e a última das fases está voltada para o internato, em que existe adaptação por parte do estudante associada à alta competitividade. Associando a isso, a falta de tempo para se dedicar a outras atividades extracurriculares ou até mesmo refletir sobre o curso é o fator de dificuldade mais apontado pelos trabalhos, em segundo lugar, foi registrada também a falta de interatividade entre alunos e professores, o que dificulta a permanência desses na graduação. Analisando o contexto mais abrangente da depressão durante o curso de medicina, é importante admitir o peso que essa patologia causa no exercício profissional, em que existe a influência negativa sobre a empatia dos acadêmicos com os pacientes. CONCLUSÃO: Diante do exposto, conclui-se o quanto é necessário um planejamento adequado que atenda as solicitações mentais, físicas e sociais dos estudantes de medicina e, somado a isso, destaca-se a importância de instruir as instituições universitárias, auxiliando-as no aprimoramento da formação intelectual e interpessoal do profissional.

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T199. Diagnóstico laboratorial de Zika: uma revisão bibliográfica sobre as técnicas de identificação da patologia

José Alfredo dos Santos Júnior; Beatriz Lins Pereira; Sofia dos Anjos Cruz; Eduardo Miguel Morais Marques Nascimento; Lucas de Lima Ferreira; Thomás Cavalcanti Pires de Azevedo; João Pedro Paes Gomes; Laércio Pol-Fachin Área Temática: Ciências da Saúde INTRODUÇÃO: O Zika é um vírus da família dos Flavivírus que é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti. Os sintomas agudos decorrentes da infecção por esse patógeno são muito semelhantes à outros vírus de circulação em território nacional, como Dengue e Chikungunya. Nesse sentido, relacionando ao campo de diagnóstico laboratorial diferencial, há uma literatura relativamente limitada que descreve as características de desempenho de testes de diagnóstico para Zika. OBJETIVO: Analisar, através de uma revisão bibliográfica, as principais técnicas laboratoriais, bem como seus impactos no diagnóstico viral, através da viabilidade de aplicação conforme o perfil populacional. METODOLOGIA: Realizou-se uma revisão de literatura nas plataformas de pesquisa Google Acadêmico, Scielo e Medline, utilizando como descritores Zika, diagnóstico laboratorial e epidemia. RESULTADOS: A confirmação laboratorial do diagnóstico de infecção por Zika é de difícil execução, especialmente em países endêmicos com doenças relacionadas à arbovírus, como o Brasil. Dentre os testes mais utilizados, encontram-se a detecção de anticorpos no soro sanguíneo, a cultura viral, a detecção de antígenos e detecção de RNA viral. Recentemente, novas pesquisas detectaram uma maior presença do vírus na urina humana, assim como na saliva e, em homens, no sêmen, compondo uma nova janela de diagnósticos. Em estudos, constatou-se que a recomendação do diagnóstico mais aceita para a infecção por fase aguda de Zika é baseada na detecção molecular de RNA viral durante a fase aguda da infecção por transcrição reversa (RT) - PCR em amostras de sangue coletadas na primeira semana após o início dos sintomas. O diagnóstico baseado em sorologia, no entanto, é limitado pela reatividade cruzada dos anticorpos desenvolvidos em resposta a infecções com outros Flavivírus, especialmente o vírus da Dengue, e requer confirmação por testes de soro-neutralização. Embora a IgM contra Zika possa ser detectada por Ensaio de Imunoabsorção Enzimática (ELISA), poucos laboratórios possuem essa habilidade. Paralelamente, a reatividade cruzada foi observada mesmo utilizando ensaios de neutralização por soro, especialmente em infecções secundárias por arbovírus. CONCLUSÃO: Em pacientes sintomáticos infectados pela doença, a pequena taxa de detecção de RNA Zika no soro pode ser explicada por baixas cargas virais, inclusive com a menor detecção de vírus na urina, devido a pouca sensibilidade dos testes moleculares. Os resultados sugerem que a urina pode ser útil para a confirmação da infecção por Zika porque o vírus foi detectado em títulos mais elevados e por um período mais longo do que em amostras de soro. Portanto, o diagnóstico laboratorial é desafiador devido à baixa viremia e reatividade cruzada de anticorpos Zika com outros Flavivírus, que requerem confirmação por testes de neutralização, tornando o diagnóstico através de exame sorológico de difícil confirmação.

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T200. Diagnóstico radiológico da endometriose: aspectos ultrassonográficos versus ressonância magnética

Aline Moreira de Oliveira Barroso; Christiane Lima Messias; Fernanda Santos de Lima; Layanna Bezerra Nascimento; Rafaella Lima dos Santos; Thalita Ferreira Torres; Layanne Lima dos Santos Área Temática: Saúde da Mulher RESUMO INTRODUÇÃO: A Endometriose é uma doença crônica progressiva e recidivante, caracterizada pela presença de tecido endometrial funcional fora da cavidade uterina. Estima-se que aproximadamente 10% das mulheres em idade reprodutiva e cerca de 30-50% das mulheres com infertilidade e/ou dor pélvica possam ser afetadas. A doença acomete mais frequentemente ovários, peritônio pélvico e ligamentos úteros-sacros e em cada local se caracteriza clinicamente de forma distinta. Seu quadro clínico em geral inclui: dismenorréia, dispaurenia, dor pélvica acíclica, infertilidade e alterações urinárias e intestinais cíclicas. Sintomas semelhantes a outras condições patológicas, ginecológicas ou não, o que representa um grande desafio de conclusão diagnóstica e a importância dos métodos de imagem para diagnóstico diferencial. Os métodos de imagem mais utilizados no diagnóstico da endometriose são Ultrassonografia transvaginal (USGTV) e Ressonância Magnética (RM). OBJETIVO: Avaliar as vantagens e desvantagens desses dois métodos no diagnóstico por imagem. METODOLOGIA: Pesquisa bibliográfica realizada de artigos relacionados ao tema publicados nos últimos 8 anos no Google acadêmico, Scielo e Pubmed; com as seguintes palavras chaves: endometriose, ultrassonografia transvaginal, diagnóstico, diagnóstico por imagem, ressonância magnética. RESULTADOS: Dessa forma, entende-se que mesmo a RM apresentando vantagens na visualização tricompartimental e global de toda a pélvis, fundamental no estadiamento e planejamento cirúrgico; a USGTV ainda permanece como exame complementar de primeira linha, visto ser mais simples, barata, menos invasiva e mais eficiente quando há necessidade de avaliação do número de lesões e da camada comprometida; apesar de não permitir o diagnóstico de implante peritoneais superficiais. CONCLUSÃO: Diante dos resultados apresentados, a ultrassonografia transvaginal se sobressai a ressonância magnética no tocante ao diagnóstico radiológico da endometriose, uma vez que apresenta inúmeras vantagens sobre a ressonância magnética entre eles, um menor custo, e por isso, torna-se menos oneroso para o sistema único de saúde (SUS) e acessível também para o paciente da rede privada.

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T201. Direitos daqueles que estão para nascer quanto a dignidade humana: uma visão jurídica e filosófica

Antonio Carlos de Almeida Barbosa Filho; Bruna Letícia Gomes Costa Wanderley; Caroline Calixto Barros Sampaio Fernandes; Dinah Lopes Marques Luz; Kristhine Keila Calheiros Paiva Brandão; Maria Milde Nóia Lyra; Nayara Costa Alcântara de Oliveira; Rafael Santos Silveira de Vasconcelos; Víctor Vinícius Cunha Brito; Carlos Adriano Silva dos Santos Área Temática: Educação Médica RESUMO INTRODUÇÃO: A era digital associada ao capitalismo parece ter sido o ápice do processo do abandono da esfera moral, na qual os valores individuais se sobrepõem aos universais e o ter antepõe-se ao ser. Justificando assim, o fato de atualmente a dignidade humana estar no centro das discussões e a inversão dos princípios que fundamentam a existência do homem, estão sendo esquecidos em detrimento dos interesses individuais. OBJETIVO: Esse estudo objetiva identificar os direitos daqueles que estão para nascer quanto a dignidade humana, abrangendo visões dos filósofos Immanuel Kant e Peter Singer, além da visão jurídica e Deontológica, no que diz respeito à Constituição Federal e o Conselho Federal de Medicina. METODOLOGIA: Tratou-se de uma revisão integrativa da literatura. Os bancos de dados explorados foram SCIELO e LILACS. Além do citado, utilizou-se da literatura bioética, código de ética Médica, Ata de Carlos Ayres de Britto sobre anencefalia e obras referentes aos filósofos Immanuel Kant e Peter Singer. Foi consultada a Legislação Brasileira referente a lei do nascituro 13.105/15, utilizando-se também de artigos de Revista dos Tribunais. RESULTADOS: De um total de 2.610 artigos encontrados, houve o processo de exclusão por título, posteriormente pela leitura do resumo e, finalmente, por leitura na íntegra dos artigos, sendo cinco selecionados. Abordamos o conceito de dignidade e o significado de ser humano, bem como os direitos dos que estão por vir, além da visão histórica relacionada à Segunda Guerra Mundial e o novo ideal sobre o direito de viver. Nesse sentido, a dignidade é uma qualidade inerente aos seres humanos enquanto entes morais: na medida em que devem exercer de forma autônoma a sua razão prática, a fim de que os princípios da dignidade e autonomia sejam relacionados de maneira inseparável. CONCLUSÃO: O debate se refere à dignidade humana e sobre quando a vida se inicia. Para tanto, o direito à vida deve estar atrelado à dignidade humana e, sendo assim, o feto não deve ser interpretado como meio para algo, e sim um fim em si mesmo, ou seja, o respeito à vida desde o início.

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T202. Doença do refluxo gastroesofágico: aspectos clínicos e fisiopatológicos Laís Fernanda Correia Pimentel; Gustavo Cedro Souza; Christiane Lima Messias; Beatriz Albuquerque Oliveira; Mariana Gomes Lyra; Emanuella Pinheiro de Farias Bispo Área Temática: Clínica Médica RESUMO INTRODUÇÃO: A Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) é causada por uma combinação de fatores irritantes, refluídos que atingem a mucosa esofágica, com uma insuficiência nos mecanismos de proteção desta mucosa. É considerada uma das doenças gastrointestinais mais comuns da atualidade. Do ponto de vista clínico o DRGE é definido como uma afecção crônica decorrente do refluxo de parte do conteúdo gástrico (ou até gastroduodenal) para o esôfago, acarretando um espectro variável de sintomas e sinais esofágicos e/ou extraesofágicos, associados ou não a lesões teciduais. Os fatores de risco que levam à DRGE incluem obesidade, dieta rica em gorduras, tabagismo, gravidez, dentre outros. Essa doença pode resultar de, basicamente, três mecanismos fisiopatológicos: relaxamentos transitórios frequentes do esfíncter esofágico inferior (EEI), hipotensão do esfíncter esofágico inferior e a relação entre a hérnia hiatal e a junção esofagogástrica. O tratamento da DRGE tem como objetivo aliviar os sintomas, cicatrizar as lesões e prevenir as recidivas complicações. OBJETIVO: Abranger a DRGE a partir de aspectos epidemiológicos, etiológicos, clínicos, diagnósticos e terapêuticos. METODOLOGIA: Para a construção deste trabalho foi realizado um estudo a partir de livros e artigos científicos, os quais foram publicados nos últimos 15 anos. Foram realizadas buscas nas seguintes bases de dados: Scielo, PubMed e UpToDate. Para tanto foram utilizados os seguintes descritores: “Doença do Refluxo Gastroesofágico/Gastroesophageal” “Reflux Disease Cause”, “Diagnostic”, “Tratamento”, “Surgical Treatament”, “Epidemiologia” e “Fatores de risco”. RESULTADOS: a DRGE tem prevalência (estimada pelo sintoma de pirose recorrente) de 10-20% da população geral, podendo afetar qualquer faixa etária. Esta apresenta como evento primário de sua patogênese o movimento do suco gástrico do estômago para o esôfago. A barreira da junção gastroesofágica é anatomicamente e fisiologicamente complexa e vulnerável aos severos mecanismos do refluxo. Suas manifestações clínicas incluem a pirose, regurgitação, dor subesternal, sintomas extraesofágicos, disfagia e anemia ferropriva. Seu diagnóstico é baseado na clínica do paciente, podendo ser complementado por outros exames, com o objetivo de validar a suspeita clínica e avaliar as consequências da doença. O tratamento é feito através de medidas gerais antirrefluxo, que são comportamentais e terapêutica medicamentosa. CONCLUSÃO: a existência de mais de uma causa da doença, de fatores de risco e de uma variedade de sintomas afeta de forma considerável a vida dos acometidos, sendo necessário à existência de um tratamento completo que englobe tanto os aspectos clínicos quanto os sociais.

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T203. Dor psicogênica: a importância do acompanhamento multidisciplinar Fernanda Ribeiro Araújo; Felipe Manoel de Oliveira Santos; Dennis Cavalcanti Ribeiro Filho; Nathalie Macêdo Cruz de Oliveira; Maria Helena Rosa da Silva Área Temática: Saúde Mental RESUMO INTRODUÇÃO: Conforme preconizado pela Associação Internacional para o Estudo da Dor, a dor é definida como uma experiência sensorial e emocional desagradável que é descrita em termos de lesões teciduais, reais ou potenciais. Essa é caracterizada como um sintoma multifatorial. Destarte, é essencial abordar os estudos dos aspectos psicodinâmicos envolvidos nesta questão, principalmente quando esta se configura como dor psicogênica, a qual é eliciada por um estímulo psíquico. Para o tratamento desta enfermidade é evidenciada a eficiência de programas psicoeducativos no controle da dor, sintomas e na redução da incapacidade relacionada a esta, demostrando a importância da atuação de uma equipe multiprofissional junto à terapêutica. OBJETIVO: Ampliar os conhecimentos acerca da dor psicogênica enfatizando a importância do acompanhamento multidisciplinar na terapêutica dessa enfermidade. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo de revisão retrospectiva da literatura através de consultas em diversas plataformas como Pubmed, SciELO, Lillacs, Medline, Sciencedirect e Portal da Capes. As informações foram coletadas em artigos científicos correspondentes aos anos de 2009 a 2016, no período de agosto a novembro do ano de 2017. RESULTADOS: A dor psicogênica relaciona-se à prevalência de fatores psicológicos na gênese da sensação dolorosa, estando associada, em sua grande maioria, a distúrbios psicológicos como depressão e ansiedade generalizada. Seu tratamento reduzir a dor e o uso de medicamentos, reintegrar funcionalmente o doente e melhorar sua qualidade de vida. Para isso faz-se necessário à existência de uma equipe multidisciplinar composta por médico, psicólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, nutricionistas, enfermeiros, cuidadores. Nela cada profissional possui papel fundamental e indispensável para reabilitação do paciente. Parte integrante da equipe cabe ao médico observar qual o tratamento mais adequado voltado às principais necessidades e possibilidades em cada caso. O psicólogo pode apontar estratégias terapêuticas que reduzam disfunções, incapacidades e a percepção da dor. A fisioterapia emprega técnicas que auxiliam no controle da enfermidade e melhoraram a função das estruturas que foram comprometidas pelo processo doloroso. O acompanhamento multidisciplinar amplia a visão sobre o paciente, possibilitando que este seja orientado em sua integralidade. CONCLUSÃO: Durante o processo de levantamento bibliográfico percebeu-se uma escassez de dados referentes à percepção da dor psicogênica. Assim, é imprescindível a necessidade de investimentos e elaboração de trabalhos científicos que abordem o determinado tema. Uma vez que, o entendimento da dor e de seus mecanismos é essencial para qualquer profissional da área de saúde, já que a primordialidade de alívio da dor é uma das causas motivadoras à busca ao atendimento médico e ao auxílio de uma equipe multidisciplinar. Ainda em tempo, pode-se observar a notória importância do trabalho multiprofissional no tratamento e manejo dessa dor, visto que pacientes acompanhados por esta equipe reduziram o uso de medicamentos, obtiveram melhora funcional e alívio da dor.

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T204. Efetividade prática das políticas públicas da saúde do idoso: uma comparação com seu embasamento

Thays Oliveira Silva; Gustavo Mendonça Ataíde Gomes; José Arthur Campos da Silva; Aimê Alves de Araujo; Arthur de Medeiros Carlos; Uirassú Tupinambá Silva de Lima Área Temática: Ciências da Saúde RESUMO INTRODUÇÃO: O envelhecimento populacional é um fenômeno natural, irreversível e mundial. No ano de 1994, foi introduzida no Brasil, a Lei n. 8.842, que define como idoso aquele com 60 anos ou mais de idade. Incluída nela, está a Política Nacional do Idoso que foi criada para assegurar os direitos sociais dos idosos. Porém, a efetividade das políticas públicas para o idoso no Brasil é questionável. Pois, não há disponibilidade de serviços e estabelecimentos de cuidados para os idosos, especialmente para aqueles com algum grau de dependência física e econômica. Tratando-se de uma questão urgente que precisa ser colocada em diferentes âmbitos da sociedade brasileira. OBJETIVO: Analisar as políticas públicas voltadas para a saúde do idoso e a sua implementação. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo documental e de abordagem qualitativa que se ocupou de políticas públicas de saúde que ajudam a garantir o direito dos idosos ao atendimento de suas necessidades de saúde e das relações desta com o processo de envelhecimento. A busca por estes documentos foi realizada no site do Portal do Ministério da Saúde do governo federal e no portal da Fundação Oswaldo Cruz. RESULTADOS: O aumento da longevidade é responsável pelo crescente número de indivíduos expostos a fragilidades decorrentes do envelhecimento. A demanda de serviços e estabelecimento de cuidados para os idosos, especialmente para aqueles com algum grau de dependência física e econômica, é uma questão urgente. Dessa maneira, surge a questão se as famílias poderão ser mantidas enquanto principais responsáveis pelos idosos como determinado pela Lei 8.842 de janeiro/1994 ou se essa demanda deverá ser passada para o estado e iniciativa privada. Nesse cenário, as políticas sociais devem ser cada vez mais direcionadas a esta parcela. Porém, as garantias previstas na Lei 10.741/2003 não encontram condições ideais a sua implementação por conta da negligência no que tange a heterogeneidade regional e dos diferentes tipos de idosos do país. Logo, fica evidente a importância de investimentos que assegurem a oferta de melhores condições sociais às novas gerações, promovendo melhorias das condições de vida familiar e, por conseguinte, da vida dos idosos. Da mesma forma são necessários investimentos públicos em aparatos sociais e programas vinculados aos vários níveis de atenção ao idoso, não somente no caráter curativo, mas também preventivo. Os cuidados ao idoso devem ser feitos de acordo com seu grau de dependência no Brasil essa avaliação é feita a partir da Política Nacional do Idoso (PNI) e é organizada em dois graus de dependência, os semidependentes e os totalmente dependentes. CONCLUSÃO: Portanto, foi possível verificar que a evolução da legislação promoveu um avanço dos direitos da pessoa idosa. O Brasil, paulatinamente deixa de ser um país jovem e, aos poucos, através de uma nova e consistente legislação e de políticas públicas voltadas para a melhor idade, atua com vistas a uma melhoria das condições de vida do cidadão idoso. Contudo essa legislação carece de melhor aplicação e divulgação.

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T205. Esclerose múltipla: uma abordagem geral

Raul Ribeiro de Andrade; Daniel de Mélo Carvalho; José Irineu Pessoa Neto; Verena Cerqueira Palácio; Ayrton Silva Alves; Monique Medeiros de Moura Barreto Alves; Manoel Messias Lima Neto; Anacácia Pessoa Leite; Fernanda Alexandre Lima e Silva; Euclides Maurício Trindade Filho Área Temática: Clínica Médica RESUMO INTRODUÇÃO: A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença desmielinizante do sistema nervoso central autoimune, que apresenta uma grande variação de incidência e prevalência no mundo e é caracterizada por episódios distintos de instalação de déficits neurológicos, separadas no tempo, atribuíveis a lesões de substância branca que são separadas no espaço. OBJETIVO: O presente trabalho tem como objetivo integrar os pontos pertinentes a esclerose múltipla no que tange a epidemiologia, etiologia, fisiopatologia, sinais e sintomas, diagnóstico e tratamento. METODOLOGIA: O estudo foi feito na forma de revisão de literatura, e para pesquisa bibliográfica foram utilizadas as bases de dados Pubmed, Lilacs e Scielo, considerando publicações no cenário internacional e nacional. RESULTADOS: Através da análise dos artigos percebe-se que a EM é uma doença imunomediada que apresenta uma grande variação de incidência e prevalência no mundo. A etiologia da esclerose múltipla permanece desconhecida, mas a hipótese mais aceita é que seja uma doença autoimune, heterogênea e complexa, em que fatores genéticos e ambientais contribuem igualmente para seu início e evolução. Na EM haverá uma desmielinizacão dos neurônios do sistema nervoso central. Nesses neurônios mielinizados o impulso se propaga de maneira saltatória. As lesões na bainha de mielina irão dificultar ou cessar essa propagação, causando os sintomas da doença. O diagnóstico é realizado através de anamnese, exame físico e o exame neurológico para estabelecer correspondência entre os surtos e a estrutura do SNC lesada e seu tratamento se dá a partir de imunomoduladores. CONCLUSÃO: A EM é uma doença autoimune que, apesar de sua prevalência variada no mundo, é uma patologia que não apresenta um mecanismo bem esclarecido e possui no Brasil uma terapêutica ofertada no SUS. Sendo de fundamental importância, além do tratamento medicamentoso, a atuação de uma equipe multiprofissional e a participação familiar para a melhora da saúde do paciente acometido.

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T206. Esquistossomose em Alagoas: análise da produção científica dos últimos cinco anos

Linda Patricia Viana da Silva; Aurea Virginia Pino dos Santos; Danielle de Araujo Lessa; Lívia Paula Barros da Franca Lima; Cristiane Monteiro da Cruz Área Temática: Medicina Preventiva RESUMO INTRODUÇÃO: A esquistossomose mansônica é uma doença infecto parasitária provocada por vermes do gênero Schistosoma com alta prevalência no Brasil, sendo descritos nos últimos cinco anos mais de 105 mil casos. Por ser uma doença negligenciada existem regiões com grande índice endêmico a exemplo da região nordeste que participa com aproximadamente 86.300 desses casos, sendo Alagoas o estado com o maior número, em torno de 37 mil. OBJETIVO: Diante disso, esse trabalho objetiva analisar artigos relacionados a esquistossomose publicados nos últimos 5 anos que incluam dados sobre Alagoas abordando os principais elementos investigados nessas produções. METODOLOGIA: Para isso, foi realizada uma revisão integrativa da literatura com busca nas plataformas SciELO, LILACS, PubMed e SciELO BVS IEC, além de ter sido realizada busca livre com o intuito de obter o maior número de artigos relacionados ao tema. RESULTADOS: Ao todo foram recuperados 10 artigos que relacionavam esquistossomose à Alagoas, foram excluídos artigos duplicados e que não apresentavam a esquistossomose ou seus agravos como tema principal. Os principais elementos das publicações analisadas foram ações educativas para a prevenção da esquistossomose, seus agravos e perfil epidemiológico da doença. Apesar do estado de Alagoas ser uma região endêmica para a esquistossomose há um pequeno número de produções sobre o assunto nos últimos cinco anos, entretanto, são relevantes as reflexões contidas nas produções investigadas. CONCLUSÃO: Sendo assim, observa-se a importância em desenvolver mais pesquisas que analisem dados e informações para demonstrar o panorama atual da doença e as intervenções aplicadas.

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T207. Esquistossomose: um problema atual?

Adalton Roosevelt Gouveia Padilha; Thaís Teixeira Dantas; Eduardo Henrique Santos; Cecília Dionísio Bernardes Sales; Zafira Juliana Barbosa Fontes Batista Bezerra; Ivonilda de Araújo Mendonça Maia; Marcos Antônio Leal Ferreira; Juliane Cabral Silva Área Temática: Clínica Médica RESUMO INTRODUÇÃO: A esquistossomose, também conhecida como barriga d’agua ou xistose, é uma doença causada por parasitas trematódeos da espécie Schistossoma mansoni, no Brasil, em um caramujo (molusco aquático do gênero Biomphalaria spp.) de água doce. Atinge cerca de 4,6% da população brasileira. Já foi considerada endemia rural e doença de pessoas de baixa renda, e ampliou-se para as áreas urbanas e litorâneas. Sendo assim uma endemia que ainda se expande, causando danos à saúde, através de quadros clínicos que variam de agudos a crônicos, sendo constituindo um grave problema de saúde no Brasil. OBJETIVO: Com o objetivo de estudar em literatura científica, a prevalência da esquistossomos, número de mortes por esquistossomose como causa básica de morte, e número de internamentos por esquistossomose. METODOLOGIA: realizou-se revisão de literatura, nas bases de dados: Ministério da Saúde, biblioteca eletrônica Scielo e PubMed. Foi usada a estratégia de busca: Schistosoma mansoni AND Brasil AND parasitologia. RESULTADOS: nos resultados encontrados nos registros do DATASUS do período compreendido de 1996 a 2016, verificou-se que o número de ocorrências de internação por essa doença, em 2016 (n=84), diminuiu 94% em comparação com o número de internados por equistossomose há 10 anos (n=1656). Dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) mostram que o número de óbitos, em 2013 (n=486), aumentou 4% em relação ao número de óbitos por esquistossomose do ano de 1996 (n=450). Foi pesquisado o número de óbitos de 2016, mas houve uma subnotificação nesse ano. O número de casos em 1996 (n=26.184) foi maior 118% maior do que 2016 (n=2009). CONCLUSÃO: A esquistossomose continua sendo uma parasitose endémica, atual, de elevada prevalência e com consequências danosas á saúde humana, que podem levar a internamentos e mortes prematuras, e merece uma atenção especial pelos profissionais de saúde para seu controle.

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T208. Estenose mitral congênita: uma condição rara Mariana de Castro Figueirêdo; Antonio De Biase Cabral Wyszomirski; Layla Florencio Carvalho; Julia Badra Nogueira Alves; Yuri de Lima Ribeiro; Marcus Vinicius de Andrade Silveira; Marcos Reis Gonçalves Área Temática: Pediatria RESUMO INTRODUÇÃO: A estenose da válvula mitral é um estreitamento da abertura da válvula mitral que aumenta a resistência ao fluxo da corrente sanguínea do átrio esquerdo para o ventrículo esquerdo. É uma valvopatia peculiar, pois causa sintomas e sinais de insuficiência cardíaca sem disfunção do ventrículo esquerdo. Malformações congênitas da valva mitral são lesões complexas, em consequência das variadas anormalidades morfológicas que envolvem, geralmente, mais de um componente valvar. É uma condição muito rara, representando 1% da população de pacientes com cardiopatia congênita. A incidência anual de insuficiência cardíaca em decorrência de defeitos congênitos é de aproximadamente 0,1 a 0,2% de nascidos vivos e os defeitos mais frequentes que causam a insuficiência cardíaca incluem as lesões obstrutivas esquerdas, onde se encaixa a estenose mitral congênita. OBJETIVO: Logo, devido a raridade e gravidade do quadro e a pouca discussão acerca do mesmo, o estudo em questão objetiva discutir os aspectos complicações da doença, além de identificar as possíveis formas de tratamento e sua eficácia. METODOLOGIA: Para tanto, realizou-se uma análise da literatura cientifica, utilizando publicações da Revista Brasileira de Cirurgia Cardiovascular, além dos bancos de dados Scielo, Pubmed e Google acadêmico, considerou-se ainda critérios de inclusão de relevância do estudo, avaliação do resumo e publicações nos últimos 7 anos. RESULTADOS: A insuficiência mitral congênita corresponde a defeitos que resultam de uma obstrução anatômica e funcional da passagem para o ventrículo esquerdo. Nas formas mais comuns, esses defeitos anatômicos abrangem os folhetos da valva; nas menos comuns, há tecido acessório que se forma no anel valvar ou acima dele, causando uma obstrução ou amarração do mesmo, prevenindo crescimento. A apresentação clínica depende do grau de obstrução, da presença de regurgitação, se há hipertensão pulmonar associada e qual sua severidade, e, ainda, da presença de lesões associadas, como coarctação e estenose de aorta, podendo apresentar taquipneia, taquicardia, cardiomegalia e edema pulmonar. Existem várias classificações quando se trata de estenose mitral congênita, dentre as mais atuais, está a classificação feita por Carpentier e Chauvaud, baseada na localização da lesão principal. A etiologia não é totalmente definida, mas muitas das características morfológicas vistas nas crianças portadoras, parecem com os estágios de formação da valva inicial, sendo pouco desenvolvida. A caracteristica anatômica mais comum da estenose mitral congênita é o encurtamento ou ausência das cordas tendíneas, amarrações posteriores do músculo papilar nas paredes do ventrículo esquerdo, fusão ou desenvolvimento pobre das comissuras e, muitas vezes, proximidade dos dois músculos papilares devido a conexão fibrosa. O tratamento é feito através de reconstrução cirúrgica. Se necessário, terapia farmacológica com digital, diuréticos e inibidores da enzima conversora de angiotensina são utilizados temporariamente para otimizar a condição clínica dos pacientes antes da correção operatória, geralmente nas primeiras semanas ou meses de vida, isto é, por um curto período de tempo. CONCLUSÃO: Conclui-se que apesar de rara, essa condição determina repercussões clinicas importantes, sendo o tratamento eficaz necessário para garantir uma melhoria na qualidade de vida dos portadores.

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T209. Estudo da mortalidade dos tipos de câncer no estado de Alagoas Arthur Azevedo Ferreira; Gabriella de Araújo Gama; Giovanni Capitulino Araújo Santos; Jordânia Brandino de Melo Fortes Feitosa; Nathalia Lacerda Dias Silva; Tarsiane Dias Muniz dos Santos; Andrea Tatiane Oliveira Área Temática: Clínica Médica RESUMO INTRODUÇÃO: O monitoramento da mortalidade por câncer é um ponto crucial para a gestão da saúde e torna-se importante para o estabelecimento de ações preventivas e controle do câncer e de seus fatores de risco. O conhecimento destes números serve como embasamento para foco de trabalhos de profissionais de saúde bem como melhor destinação dos recursos do ministério da saúde através do Sistema Único de Saúde (SUS). OBJETIVO: Este trabalho tem como objetivo elencar a mortalidade pelos principais tipos de câncer no estado de Alagoas. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo descritivo de natureza quantitativa que utilizou os indicadores obtidos no Atlas On-line de Mortalidade do Instituto Nacional de Câncer (INCA). Os dados foram extraídos considerando as taxas de mortalidade das 5 localizações primárias mais frequentes em Alagoas, por 100.000 homens e mulheres, entre 2000 e 2014. RESULTADOS: Através do atlas do INCA, foram encontradas as neoplasias mais prevalentes: Câncer de Brônquios e Pulmões, Câncer de Próstata, Câncer de Mama, Câncer de Fígado e vias biliares intra-hepáticas e Câncer de localização primária desconhecida. De modo geral, todos os cinco tipos tiveram aumento de incidência, com destaque para o Câncer de pulmão como mais prevalente no ano de 2014 que continuamente aumentou sua incidência desde o ano 2000, com 2,84 casos por 100.000 habitantes, onde em 2014 foram registrados 6,63 casos por 100.000 habitantes (aumento de 133%). Em 2000, o Câncer de Mama com 2,89 casos por 100.000 habitantes passou para 5,32 casos por 100.000 habitantes em 2014 (aumento de 84%). O Câncer de Próstata apresentou em 2000, 3,05 casos por 100.000 habitantes e em 2014, 5,15 casos por 100.000 habitantes (aumentou 69%). Para o Câncer de Fígado e vias biliares intra-hepáticas, a incidência em 2000 era de 3,11 casos por 100.000 habitantes e em 2014 passou para 4,17 casos por 100.000 habitantes, representando o menor aumento percentual (34%). Um fato importante é percebido no Câncer de localização primária desconhecida que em 2000 representava 7,48 casos por 100.000 habitantes e em 2014 teve uma redução para 4,58 casos por 100.000 habitantes (redução de 39%). Esta redução pode estar relacionada com uma melhor prevenção e diagnóstico do sistema de saúde, bem como uma redução do cancer metastásico na população. CONCLUSÃO: Houve um crescimento de modo geral nos tipos de câncer mais incidentes na população alagoana. Mais estudos devem ser realizados como fonte de dados para assegurar a efetividade das políticas de prevenção e hábitos sociais como fator redutor destes índices.

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T210. Estudo epidemiológico comparativo de casos de embolia pulmonar no Brasil entre 1996 e 2015

Iago Moura Aguiar; Alfredo Aurelio Marinho Rosa Filho; Cicero Felipe Paes de Araujo Costa; Henrique Cézar Tenório Alves Da Silva; Igor Leão Gomes Leahy; Klayne Cristiane Martins; Olímpio Barbosa da Silva Neto; Madson Alan Maximiano Barreto Área Temática: Educação Médica RESUMO INTRODUÇÃO: A embolia pulmonar (EP) é uma consequência da formação de trombos vasculares formados no sistema venoso profundo. A partir de sua instituição, há o desprendimento total ou parcial deste trombo, que forma êmbolos, e no caso desta patologia, vai passar pelo sistema venoso corporal até chegar no coração direito (átrio e ventrículo), responsável por sua conexão com artérias pulmonares, local onde o êmbolo se aloja. Obstrui-se, então, parcial ou totalmente o vaso e causa repercussões de caráter emergencial. A probabilidade de um paciente ter, embora o fator genético tenha influência, pode ser mensurada, e idosos, que passaram por cirurgias demoradas (x > 30min), obesos e com problemas cardiovasculares ou hematológicos, têm maior risco. OBJETIVO: O objetivo deste trabalho é apresentar a incidência de óbitos por EP no Brasil e comparar as regiões demográficas entre 1996 - 2015. METODOLOGIA: Fez-se um estudo transversal, com coleta feita em bancos de dados públicos –DATASUS, no portal do Sistema de Informação sobre Mortalidade (software TabWin 32) - com pesquisa através do CID-10 (I26) no período entre 1996 – 2015. Dados comparativos realizados através de médias e porcentagens. RESULTADOS: Constatou-se, no período em questão, ter havido aproximadamente 96 mil óbitos notificados no território brasileiro, com média de 5.052 casos por ano e destaque para 2015, que houve 7.063 notificações. Percebeu-se ter havido cerca de 62,5% (no = 60.000) dos óbitos deste período na região Sudeste, e as regiões Nordeste e Sul obtiveram ambas com cerca de 15 mil casos cada uma o que corresponde a aproximadamente 15,6% dos casos. As demais regiões (Norte e Centro-Oeste) somaram juntas 6,3%. Neste contexto, São Paulo aparece o principal local de óbitos no Sudeste com pouco mais de 35mil, Rio Grande do Sul é o estado com mais óbitos da região Sul com cerca de 7200 mortes e Pernambuco com quase 4100, foi que mais registrou óbitos no período por EP. As demais regiões apresentaram números mínimos. DISCUSSÃO: Nota-se que a EP é uma patologia de alta incidência no Brasil, e que centros com maiores índices de desenvolvimento – vide São Paulo e Rio Grande do Sul, têm maiores porcentagens de óbitos. Este resultado, porém, pode não condizer com a realidade, devido a diversos municípios, principalmente interior das regiões Nordeste, Centro-Oeste e Norte, não terem notificações. Percebeu-se, também, através dos fatores de risco, que, com o envelhecimento e mudança da população brasileira, há probabilidade de maior incidência de tal patologia, o que requer atenção aos serviços de tratamento e prevenção. CONCLUSÃO: Conclui-se que a EP é uma patologia com subnotificações, o que dificulta estudos epidemiológicos mais confiáveis em sua distribuição pelo território nacional. Observou-se que há necessidade de melhores programas para sua prevenção e que há necessidade de mais estudos acerca da temática.

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T211. Ética nas ações educativas e de cuidado em saúde Fernanda Sâmela Silva Lúcio; João Victor Castro Villela; Camila Cínthia Araújo Alécio; Alessandra Rocha Lima; Carlos Adriano Silva dos Santos Área Temática: Educação Médica RESUMO INTRODUÇÃO: As melhorias do cuidado em saúde advindas dos profissionais formados a partir da perspectiva da alteridade e afetividade mostra a dicotomia entre a construção pedagógica com viés mecânico e entre uma abordagem ética e humanística, refletindo em melhorias clínicas do bem-estar do paciente. Assim, a educação ética visa à estruturação plena do profissional da saúde como fator positivo e determinante do cuidado em saúde. O cuidado de si é primordial para a organização indivíduo-sociedade e este fator é fundamental para as ações na saúde, pois a formação adequada do indivíduo desencadeia sua postura ética e a necessidade da pedagogia focada na humanização ética dos profissionais ocasiona o aumento da qualidade dos atendimentos destes. Logo, a metodologia da abordagem subjetivista pode facilitar os efeitos benéficos da prática médica, que vão além dos efeitos fisiológicos, dando aporte emocional e amparo social, estabelecendo uma relação horizontal entre médico- paciente desencadearia resultados integrativos. OBJETIVO: Discutir como a educação ética do profissional do cuidar atua como fator determinante no desenvolvimento e realização de valores humanitários na formação desse profissional. METODOLOGIA: Trata-se de uma revisão bibliográfica da literatura, uma vez que se identificam produções preexistentes sobre o tema objetivando a análise crítica e resumo das mesmas. Para a identificação e seleção de estudos foram buscadas publicações indexadas nas seguintes bases de dados: LILACS e Scielo. Adotaram-se os seguintes critérios para seleção de estudos: artigos com resumos e textos completos disponíveis; sem restrição de idiomas e ano de publicação. Utilizou-se como recurso o cruzamento dos descritores: ética, humanismo; com as palavras-chaves: educação e saúde, associados ao operador booleano AND. Excluíram-se os artigos que não atendessem os critérios de inclusão pré-definidos. RESULTADOS: A leitura detalhada foi realizada em 10 artigos, após a exclusão de 158 artigos por apresentarem temática tangente ao tema. O estudo permitiu inferir que a diferenciação entre um conceito ético normativo que estabelece regras de convivência e outra perspectiva que trabalha a constituição do sujeito como ser de pensamentos e valores autônomos, que entende o outro como seu igual. Desse modo, tomando como base a ideia de Levinas, a formação do estudante do cuidar em saúde se insere na perspectiva que adota a alteridade como produto da ação pedagógica, ou seja, entendendo o Outro como complemento natural de si. Assim, os resultados clínicos se mostram nos benefícios emocionais e fisiológicos do paciente, constituindo uma abordagem integrada de atendimento. CONCLUSÃO: Tendo como finalidade integrar de maneira subjetiva a aprendizagem médica, percebe-se que o estudo das literaturas revisadas permite buscar por mudanças e melhorias na formação do médico, uma implementação que relacione a atenção a saúde intra e extraescolar, no sentido da Integração do ensino, dos serviços de saúde e da comunidade, proporcionando uma adequada preparação e compromisso na consolidação de um padrão para a integridade da saúde.

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T212. Expectativas e impasses encontrados pelo acadêmico de medicina antes de ingressar no projeto de extensão: uma revisão bibliográfica

Aline Moreira de Oliveira Barroso; Christiane Lima Messias; Fernanda Santos de Lima; Layanna Bezerra Nascimento; Rafaella Lima dos Santos; Thalita Ferreira Torres; Josineide Francisco Sampaio Área Temática: Educação Médica RESUMO INTRODUÇÃO: O contexto histórico da Extensão Universitária está vinculado à origem das universidades europeias, mediante o desenvolvimento de campanhas de saúde e assistência às populações menos favorecidas, com intuito de promover ações para determinado grupo social que não tinha acesso a ela. A vivência na extensão propicia estabelecer convivência e relacionamento com as pessoas da comunidade, despertando sensibilidade para identificar, analisar e buscar soluções para os problemas sociais de famílias carentes, concorrendo para o desenvolvimento de uma consciência cidadã. Contudo, também existem alguns problemas para o não ingresso dos graduandos nestes projetos. OBJETIVO: Este trabalho tem como objetivo abordar as expectativas e impasses encontrados pelos acadêmicos de medicina antes de ingressar no projeto de extensão. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo realizado por meio de levantamento bibliográfico nas línguas portuguesa e inglesa entre 2000 e 2015. RESULTADOS: Essa revisão evidenciou que o principal benefício da iniciação científica se refere à possibilidade de obter uma formação acadêmico profissional que lhes garantam uma melhor qualificação e diferenciação dos alunos que não participam de programas desta natureza. Contudo, existem alguns problemas para o não ingresso dos graduandos nestes projetos, esses vão desde a falta de interesse do aluno, até a inexistência de pessoal qualificado ou motivado, principalmente, a falta de estímulo institucional para a realização de pesquisas. CONCLUSÃO: Embora ainda encontre obstáculos como, o desinteresse do aluno e a falta de preparo e motivação por parte da equipe docente, a extensão universitária contribui de maneira notável na qualificação dos alunos universitários. Principalmente, no tocante à vivência dos diferentes contextos sociais, tão presentes em nossa população, além da prática precoce do trabalho em equipe multiprofissional. Resultando em uma formação não apenas com conteúdo técnico, mas com ética e responsabilidade social.

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T213. Extensão universitária e capacitação profissional: uma experiência de educação em saúde

Thaysa Dayse Alves e Silva; Maysa Tavares Duarte de Alencar; Reinaldo dos Santos Moura; Paulo Jorge Souza Galindo Filho; Bruna Xavier Brito; Caroline Ferreira Lopes; Débora Irene Barbosa; Danielle Almeida Magalhães; Ricardo César Cavalcanti; Cláudio Fernando Rodrigues Soriano Área Temática: Educação Médica RESUMO INTRODUÇÃO: Suporte Básico de vida (SBV) consiste em medidas essenciais que devem ser realizadas em indivíduos com parada cardiorrespiratória (PCR). Constitui-se na fase inicial do atendimento de emergência, caracterizada pelo reconhecimento do colapso respiratório ou cardíaco e intervenção imediata. A capacitação profissional é de extrema importância para o atendimento precoce em situações emergenciais, tendo em vista a conduta correta referente ao SBV e, dessa forma, possibilitando a otimização do salvamento e a prevenção de futuras sequelas. OBJETIVO: Relatar ações de Educação em Saúde realizadas em unidades de pronto atendimento e hospital na capital alagoana. RELATO DE EXPERIÊNCIA: As aulas práticas recebidas no Módulo Suporte Básico de Vida do curso médico, suscitaram a formulação de um projeto de extensão, composto por discentes de Medicina, que buscou capacitar os profissionais de saúde quanto ao atendimento preconizado em situações de emergência, viabilizando a Educação em Saúde. As oficinas (sobre reanimação cardiopulmonar, desobstrução de vias aéreas superiores e desfibrilador externo automático) foram dinâmicas, envolvendo troca de saberes entre profissionais e discentes. Os conhecimentos construídos mostraram-se eficazes para a promoção da saúde, minimização de risco de morte e complicações geradas pela PCR. Houve certa dificuldade de horários dos profissionais pararem seus afazeres para participar das atividades, por se tratar de locais de pronto-atendimento. Após o primeiro momento perceberam a relevância dos temas abordados, tendo a oportunidade de serem capacitados de forma teórica e prática, com bonecos de simulação. CONCLUSÃO: O Projeto de extensão além de promover o aprendizado contínuo dos profissionais no âmbito da saúde, disseminou o conhecimento estabelecendo estratégias de intervenção para serem aplicadas a comunidade, visando à assistência adequada e precoce dos pacientes com risco de vida e minimização de possíveis sequelas.

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T214. Fatores de risco ocupacionais relacionados à saúde do trabalhador canavieiro

Matheus Gomes Lima Verde; Andréa Rodrigues Barreto Pontes de Mendonça; Maria Eduarda Monteiro de Carvalho; Rodolfo Davi de Almeida Silva; Zafira Juliana Barbosa Fontes Batista Bezerra; Rosamaria Rodrigues Gomes Área Temática: Medicina Preventiva RESUMO INTRODUÇÃO: O modo de organização e realização do trabalho canavieiro expõe o trabalhador, desse tipo de atividade, a diversos fatores de risco que contribuem para a geração de padrões de adoecimento constantes, seja por acidentes ou quadros clínicos, implicando, muitas vezes, na redução de seu tempo de vida. Observou-se, nos últimos anos, um aumento no número de mortes e agravos à saúde relacionados aos cortadores de cana-de-açúcar, configurando uma precarização do trabalho, de modo a constatar a manutenção de condições degradantes de emprego da força humana. OBJETIVO: Identificar os principais fatores de risco associados às condições de trabalho dos cortadores de cana-de-açúcar que impactam em sua saúde. METODOLOGIA: Trata-se de uma revisão integrativa, estruturada a partir de levantamento bibliográfico de artigos publicados, em português e em inglês, entre os anos de 2010 e 2017, nas bases de dados Biblioteca Virtual em Saúde, Scielo e PubMed (NCBI). RESULTADOS: O corte manual da cana-de-açúcar expõe o trabalhador a inúmeros fatores de risco que impactam negativamente em sua saúde, dentre os quais se destacam: o aumento da demanda de resistência e esforço, que é superior à sua capacidade, que com o tempo pode predispor a problemas como fadiga patológica associada a distúrbios do sono, irritabilidade e dores diversas; a exposição direta à luz solar, de modo a aumentar a probabilidade de doenças dermatológicas, em destaque para o câncer de pele; à queima de biomassa, a qual pode potencializar as chances de doenças respiratórias crônicas pela inalação de substâncias tóxicas; a alta frequência de movimentos repetitivos, contribuindo para o aumento exacerbado da frequência e ritmo cardíacos, assim como, para o desenvolvimento de câimbras e riscos de lesões osteomioarticulares; a submissão a altas temperaturas que pode levar a desidratação; as exigências de postura inadequadas, comprometendo a coluna vertebral; a convivência com insetos vetores de doenças infecto-parasitárias e animais peçonhentos e a não adoção de medidas de segurança no trabalho no que se refere aos equipamentos de proteção individual (EPIs), levando ao aumento de possíveis episódios de acidentes ocupacionais. Esses fatores de riscos costumam causar problemas que podem levar à perda de participação social e lazer ativo significativo, o que impacta diretamente na qualidade de vida dos trabalhadores canavieiros. CONCLUSÃO: Sob essa ótica, infere-se que o trabalho dos canavieiros ainda está distante de ser uma atividade isenta de riscos à saúde, fazendo-se imprescindível a construção de um processo de trabalho menos degradante que reduza os fatores de risco que predispõem a ocorrência de agravos no contexto de saúde dessa classe.

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T215. Fatores predisponentes e terapêutica para candidíase mucocutânea: uma revisão sistematizada da literatura

Daniel de Mélo Carvalho; Fernanda Alexandre Lima e Silva; Anacácia Pessoa Leite; Rodolfo de Abreu Carolino; Rômulo Viana Dos Santos; José Irineu Pessoa Neto; Monique Medeiros de Moura Barreto Alves; Sarah Maria Coelho da Paz de Lima; Raul Ribeiro de Andrade; Gabriela Souto Vieira de Mello Área Temática: Medicina Preventiva RESUMO INTRODUÇÃO: Candidíase sistêmica constitui-se em uma condição de diagnóstico atrasado, manifestações clínicas variáveis e apresenta risco para o paciente. De forma maioritária, o microrganismo causal advém do trato gastrointestinal do paciente. Apresentações cutâneas (candidíase mucocutânea- CM) associadas com Candidemia são incomuns e ocorrem geralmente em pacientes imunocomprometidos ou que apresentam injúrias na pele. OBJETIVO: Caracterizar a candidíase mucocutânea e seus fatores associados às formas de tratamento e fatores predisponentes. METODOLOGIA: Foi realizada uma revisão sistematizada da literatura, na qual extraíram-se informações de periódicos presentes no banco de dados PUBMED (MedLine), considerando artigos disponíveis na íntegra e utilizando os descritores “systemic candidiasis skin”. Foram selecionados estudos publicados no período de 2008 a 2016 e que se adequassem a proposta do presente estudo. RESULTADOS: Dentre os estudos avaliados o sexo masculino prevaleceu em relação a taxa de acometimento (51,9%), sendo o tronco, abdome e extremidades os principais locais de surgimento das lesões, estas descritas principalmente por máculas e/ou pápulas eritematosas. CONCLUSÃO: A CM se constituí em pápulas ou máculas que surgem principalmente nas extremidades de pacientes hospitalizados e/ou imunocomprometidos, respondendo de forma eficaz as variadas vias de administração de antifúngicos.

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T216. Fibrose cística: o conhecimento da doença e perspectivas futuras de tratamento para uma maior expectativa de vida

Débora Nicácio Falcão; Maria Lúcia Lima Soares; Arthur Henrique Araújo Vieira de Souza; Bárbara Letícia Figueiredo Fonseca; Kaliny da Silva Galvão; Manuela Andrade de Alencar Pereira; Wolney Costa Gama Área Temática: Clínica Médica RESUMO INTRODUÇÃO: A fibrose cística (FC) é uma doença genética autossômica recessiva que acomete um gene chamado Cystic Fibrosis Transmembrane Condutance Regulator (CFTR), o qual codifica a proteína CFTR que regula os canais de cloro na célula. A codificação incorreta dessa proteína resulta em um transporte anormal de íons, resultando no acúmulo de secreções mais viscosas nos pulmões, no aparelho digestivo e em outras regiões do organismo. Em virtude do número de mutações existentes, as manifestações da FC são variadas e de intensidades diferentes, sendo necessário uma busca constante por estratégias e resultados consistentes nessa área, a fim de viabilizar novas terapias. OBJETIVO: Abordar a Fibrose Cística com enfoque nas intervenções usuais e perspectivas futuras para o seu tratamento. METODOLOGIA: Foi realizada uma busca literária com abordagem fisiopatológica da FC, correlacionando-a aos tratamentos convencionais e inovadores, utilizando livros e as bases de dados MedLine, Scielo e PubMed. Os descritores utilizados foram “Cystic Fibrosis”, “mucoviscidose”, “células tronco” e “respiratory tract diseases”. RESULTADOS: A alta complexidade do pulmão é o grande desafio para os estudos e técnicas da terapia gênica. A restauração de baixos níveis funcionais da proteína CFTR em cada célula pode ser suficiente para inibir o fenótipo da doença, através da terapia gênica. Na terapia celular, as células tronco podem ser transplantadas na tentativa de corrigir o gene. Estudos demonstram que células tronco humanas são capazes de expressar in vitro marcadores epiteliais pulmonares, assim como as embrionárias e as mesenquimais derivadas da medula óssea. Estudos utilizando Células tronco mesenquimais (MSC) da medula óssea, corrigida ex vivo em pacientes com fibrose cística, obtiveram resultados com correção funcional incompleta da condução de íons cloreto através da membrana mediada pela proteína CFTR. Foi observado que Células Tronco Embrionárias (CTE) murinas, ao serem cultivadas em superfície ar-líquido, se diferenciavam em um epitélio semelhante ao respiratório. Porém, o uso de CTE ainda é algo que levanta polêmicas sob o aspecto ético, além dos riscos para teratogênese. Células Tronco do tecido placentário e adiposo também estão sendo exploradas na regeneração pulmonar. CONCLUSÃO: Apesar da efetividade das terapias paliativas como a realização de atividades físicas, reposição enzimática e nutricional, a busca de novas terapias é importante na tentativa de inibir o fenótipo da doença. Nesse aspecto, a terapia gênica e o uso de células tronco representam uma proposta atraente no tratamento da Fibrose Cística. Muito embora os resultados obtidos ainda apresentem pouca eficiência e reprodutibilidade, somado a uma discussão ética quanto a utilização das CTE, eles representam um grande e significativo avanço para essa patologia.

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T217. Formação do núcleo interdisciplinar de ensino na saúde - NIES: um relato de experiência

Sarah Maria Coelho da Paz de Lima; Anie Deomar Dalboni França; Juliane Emanuelle Silva; Monique Medeiros de Moura Barreto Alves; Emanuella Pinheiro de Farias Bispo; Maria Lucélia da Hora Sales Área Temática: Educação Médica RESUMO INTRODUÇÃO: Inúmeras são as estratégias utilizadas pela Instituição de Ensino Superior (IES) para fortalecer a aproximação ensino serviço e assim promover um maior protagonismo do estudante no contato cotidiano com a comunidade. Para tanto, require-se, por parte, das IES a busca constante de espaços formativos para os seus docentes, no sentido de garantir um maior empoderamento destes junto a aplicação de práticas de ensino inovadoras, que estimulem o estudante a de fato ser um profissional crítico e autônomo no seu fazer cotidiano e repensar as matrizes curriculares adequando as mesmas para a formação para o SUS, tendo este como escola formadora. OBJETIVO: favorecer o encontro interdisciplinar dos docentes e discentes, numa perfeita sintonia do processo ensino aprendizagem, que dialogue e se apropriem de metodologias ativas, para uma maior aplicação no cotidiano dos processos formativos, incentivando o debate sobre o Ensino na Saúde. RELATO DE EXPERIÊNCIA: O trabalho do núcleo, vem sendo desenvolvido através de RODAS DE CONVERSA, cujas temáticas nascem das necessidades dos envolvidos, e que são problematizadas à partir de experiências vivenciadas pelos atores, pautadas em evidências cientificas, que vão fortalecendo e solidificando os conhecimentos, possibilitando a aplicação na prática e as diversas possibilidades para a implementação no cotidiano dos espaços acadêmicos. Até maio de 2017 foram realizados 5 encontros do núcleo com a participação de discentes, docentes e gestão. No primeiro encontro em novembro de 2016 ocorreu a apresentação do Núcleo Interdisciplinar de Ensino em Saúde (NIES), nos encontros seguintes foram abordados temas: currículo por competência; capacitação pedagógica para docentes; um olhar para a problematização e ensino em equipes; um olhar para problematização e sala de aula invertida. A mudança de paradigma, tem sido o maior desafio, principalmente pela resistência do corpo docente em mudar suas práticas, pela dificuldade de institucionalização dos processos pedagógicos oferendo condições estruturais para o desenvolvimento cotidiano e pela descontinuidade do desenvolvimento docente nos processos permanentes de formação continuada o que visa a inovação do fazer pedagógico e a apropriação de novas práticas. CONCLUSÃO: A criação e a implantação do núcleo fortaleceram os NDEs dos cursos de enfermagem e medicina e a participação dos monitores tem sido decisiva nos levantamentos das possibilidades de mudanças curriculares. Por outro lado, a baixa adesão dos atores ligados ao ensino, gestão e serviço nos processos de mudança, faz necessária a continuação permanente do NIES, a divulgação do núcleo nos espaços acadêmicos e a firmeza nos propósitos em prol de uma maior adesão no processo de desenvolvimento e formação continuada.

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T218. Formas ectópicas de infecção por schistosoma: um estudo sobre diagnósticos diferenciais

Gustavo Mendonça Ataíde Gomes; João Vítor Almeida Lira; Arthur de Medeiros Carlos; Caio Saraiva Costa; Davi Coêlho Moura; Cristiane Monteiro da Cruz Área Temática: Clínica Médica RESUMO INTRODUÇÃO: A esquistossomose é uma doença derivada de infecções por trematódeos do gênero Schistosoma e afeta, de forma indireta, aproximadamente 789 milhões de pessoas ao redor do mundo, em Alagoas a esquistossomose é uma das patologias endêmicas alcançando 70 municípios com 173.742 casos diagnosticados em exame coproscópicos trazendo conseqüências patológicas, nutricionais, laborais e educacionais. Possui diversas manifestações clínicas, dificultando o seu diagnóstico preciso. Atualmente, existem diversos métodos de diagnóstico para a esquistossomose com melhor aplicação para cada situação. Dessa maneira, em áreas endêmicas essas ferramentas são essenciais para estratégias de saúde pública e apoio a uma boa atuação do profissional de saúde. OBJETIVO: O objetivo da pesquisa consiste em elencar casos ectópicos de esquistossomose e os métodos diagnósticos utilizados para identificá-los. METODOLOGIA: O presente estudo elaborou uma revisão integrativa da literatura utilizando as estratégias de busca: Schistosomiais AND Diagnosis, Schistosomiasis AND Signs AND Symptoms, Schistosomiasis AND Immunology, e Schistosomiasis AND Neglected Diseases na base de dados Pubmed. Foram encontrados 3203 artigos, dos quais 57 foram selecionados devido a ampla relação com o tema. RESULTADOS: Existem diversos casos ectópicos para essa patologia, fator que pode ocasionar erros de diagnóstico em regiões endêmicas. Uma dessas formas atípicas ocorre com a presença do schistosoma nos ductos biliares podendo levar a formação de Colangiocarcinoma identificado por meio da ultrassonografia que vasculha por paredes ecóicas e espessadas nos ductos. Existem também casos de esquistossomose testicular comumente confundidos com tumores levando a procedimentos cirúrgicos desnecessários por suspeita de câncer. O mesmo problema ocorre em pacientes do sexo feminino, a fibrose causada pela patologia leva a procedimentos invasivos (ooforectomia) ao não se realizar investigação histologica. Tal problema ocorre devido ao conhecimento limitado sobre as conseqüências trazidas à saúde reprodutiva pela esquistossomose urogenital entre pessoas que vivem em comunidades endêmicas podendo levar a repercussões como o aumento no risco de infecção por HIV. Além disso, casos mais raros como o de esquistossomose cerebral são variáveis e podem se sobrepor com a epilepsia, tumores cerebrais, vasculite e acidente vascular cerebral. Assim, uma combinação de história, dados de imagem, resultados laboratoriais e análise patológica é fundamental. Uma das apresentações mais graves é a mielite esquistossomótica, mas com avanços da ressonância magnética da medula espinhal tornou-se possível o diagnóstico da esquistossomose medular. Esta é considerada a causa mais frequente entre as mielopatias não traumáticas sendo subdiagnosticada nas regiões endêmicas pela sua não inclusão no diagnóstico diferencial ou por deficiência de recursos técnicos para o seu diagnóstico. CONCLUSÃO: As formas ectópicas da esquistossomose, antes consideradas raras, tornam-se cada vez mais frequentes a medida que investigações clínico-laboratoriais são realizadas, particularmente nas áreas endêmicas da parasitose. Tais formas potencializam essa patologia negligenciada enquanto tolhedora das funções cotidianas dos indivíduos por levar a paraplegias, epilepsia, disfunções sexuais, neoplasias, dentre outros. Identifica-se assim, que a esquistossomose é uma doença possuidora diversas manifestações que podem ser correlacionadas à sintomatologia de outras doenças, o que torna difícil o diagnóstico preciso em algumas situações.

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T219. Glomerulonefrite pós-estreptocócica: etiologia e consequências Gabriel Marcelo Rego de Paula; Vanessa Izidoro Alves Silva; José Martins de Oliveira Neto; Bárbara Carolina Andrade de Almeida; Cristiane Monteiro da Cruz Área Temática: Clínica Médica RESUMO INTRODUÇÃO: A glomerulonefrite aguda pós-estreptocócica (GnPE) caracteriza uma glomerulopatia, na qual há lesão nos glomérulos renais e aparece de uma a quatro semanas após infecções nas vias aéreas superiores ou cutâneas pela bactéria Streptococcus pyogenes. As glomerulopatias, de modo geral, estão entre as maiores causas de doença renal terminal no Brasil, e representam 11% dos pacientes em diálise. Todavia, dos pacientes com GnPE, aproximadamente 2% progridem para lesão crônica e 1%, para a forma rapidamente progressiva. A apresentação característica da GnPE inclui oligúria, hipertensão, hematúria, edema de membros inferiores e periorbital, proteinúria, o que caracteriza a síndrome nefrítica, e há um moderado acometimento da função renal. O prognóstico, por sua vez, depende tanto do diagnóstico precoce quanto do início imediato do tratamento, bem como da idade e de outras doenças que o paciente apresente. OBJETIVO: Reunir informações contidas nas bases de dados e propor uma revisão de literatura acerca da glomerulonefrite pós-estreptocócica, expondo aspectos imunológicos, bem como as consequências morfológicas e funcionais. METODOLOGIA: Para a busca dos artigos científicos, foram utilizadas como critérios de inclusão amostras disponíveis na Biblioteca Virtual de Saúde, nas bases de dados LILACS, NCBI, SCIELO, publicadas entre os anos de 2011 a 2017, em caráter de revisão ou relato de caso, na língua portuguesa ou inglesa. Foram usados os seguintes descritores de busca obtidos através do Decs/MeSH: “Glomerulonephritis”, “Streptococcus”, ”Humans”; “Glomerulonefrite pós-estreptocócica”; “Glomerulonephritis AND Streptococcus”, “Glomerulonephritis AND Streptococcus AND Humans”. Foram encontrados 48 artigos, dos quais 8 foram selecionados para redação do artigo. Foram ainda utilizados como fontes complementares, livros indispensáveis a revisão. RESULTADOS: As evidências patogênicas revelam anticorpos que se desenvolvem contra o antígeno estreptocócico e reagem formando complexos imunes insolúveis, estes são retidos nos glomérulos (principalmente na membrana basal). Com esses complexos imunes depositados, as células glomerulares começam a se proliferar e, junto ao acúmulo de leucócitos, ocasionam o bloqueio de alguns glomérulos. Os aspectos clínicos incluem mais comumente a síndrome nefrítica aguda. Essa se caracteriza pela oligúria, hematúria, proteinúria, e nos casos mais graves, hipoalbuminemia, edema facial e hipertensão arterial. O tratamento preconizado pelas diretrizes atuais para o tratamento de GnPE inclui apenas cuidados de apoio e o combate ao agente etiológico causador da infecção em curso. CONCLUSÃO: A GnPE ainda é uma grande preocupação em vários países em desenvolvimento, visto a maior incidência nos mesmos. Embora seja uma das mais comuns patologias que cursem com síndrome nefrítica, continua sendo frequentemente subdiagnosticada devido as suas diversas apresentações clínicas. Tal fato pode levar a um retardo no tratamento e consequentemente a um prognóstico desfavorável.

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T220. Hipercultura e o autocuidar: uma geração marcada pela automedicação Bárbara Tenório de Almeida; Jessica Emanuelle de Holanda Cavalcante; Natália Wanderley de Amorim; Carla Roberta Vieira da Silva; Tulio Barbosa Novaes; Renata Lins Chianca; Lara Cansanção Lopes de Farias; Karine Costa Menezes; Beatriz Trindade da Rocha Silva; Ana Lydia Vasco de Albuquerque Peixoto Área Temática: Educação Médica RESUMO INTRODUÇÃO: A tecnologia de informação e conhecimento (TIC) é definida como um conjunto de recursos tecnológicos, utilizados de forma integrada. A Revolução Digital levou ao aparecimento de novos conceitos e hábitos socioculturais que constituem uma forma inovadora de mediação conhecida como Hipercultura. Aliada ao progresso, a Internet tem sido cada vez mais utilizada como fonte de pesquisa e meio de comunicação quando se trata de saúde. Isso se deve, principalmente, ao fato de ser um instrumento de fácil acesso. Baseado nos conceitos da Hipercultura, a teoria do Autocuidado possui como premissa que os pacientes podem e desejam cuidar de si próprios. Uma grande consequência da associação de ambos os conceitos é a automedicação, prática de utilizar medicamentos sem prescrição. OBJETIVO: O objetivo geral do estudo foi analisar a influência da grande disponibilidade de informações na conduta dos pacientes e dos profissionais de saúde. METODOLOGIA: Foi desenvolvida uma revisão de literatura com a pergunta de pesquisa: “Como a hipercultura e o autocuidar interferem na vida das pessoas e nos profissionais de saúde?” Usando as bases de dados Pubmed, Scielo e Google acadêmico, recuperou-se 323 artigos. Aplicando critérios de inclusão e exclusão como: textos completos, com acesso livre e publicados no período de 2003 a 2017, selecionou-se 20 publicações científicas. RESULTADOS: Através dos resultados desta pesquisa conclui-se importância do debate sobre hipercultura e sua nítida influência na vida da maioria da população. CONCLUSÃO: É necessário que as informações divulgadas passem por uma análise e certa fiscalização para evitar efeitos nocivos à saúde como intoxicação e resistência bacteriana.

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T221. Impacto do implante coclear em pacientes pediátricos Eduardo Calheiros Inforzato Dias Gomes; Ana Laura Calheiros Dias; Fred Tenório Lima; Guilherme Calheiros Inforzato Dias Gomes; Ítalo Bernardo Oliveira de Oliveira; Julia Wanderley Vieira; Lucas Roberto da Silva Barbosa; Leidiane Silva da Conceição Área Temática: Cirurgia RESUMO INTRODUÇÃO: O implante coclear (IC) é um pequeno dispositivo eletrônico colocado cirurgicamente, o qual é designado para perda auditiva profunda. O IC atua contornando a célula ciliada sensorial lesionada, conectando-se diretamente ao nervo coclear para transmitir sinais elétricos ao cérebro. Em relação a epidemiologia, nos Estados Unidos, 1 em cada 1000 crianças nascem com perda auditiva profunda e bilateral. Comparando-se com outras deficiências, a auditiva está historicamente relacionada com piores médias educacionais, menores taxas de emprego, renda e nível de saúde. A perda de produtividade e o custo da educação especial, serviços médicos e dispositivos de assistências resultam em custo de mais de um milhão de dólares durante a vida do indivíduo com a deficiência. Por outro lado, diversos estudos demonstram que o IC resulta em excelentes benefícios na capacidade de fala e percepção da criança e que está intimamente relacionado com melhora na qualidade de vida da população implantada. OBJETIVOS: Descrever os impactos do uso de implante coclear em pacientes pediátricos. METODOLOGIA: Esse estudo trata-se de uma revisão de literatura dos últimos dez anos sobre o implante coclear em crianças. Utilizou-se os descritores cochlear implantation; outcomes e pediatric nas bases de dados Scielo e Pubmed, e os operadores boleanos AND; OR e NOT. Foram encontrados 20 estudos que se enquadravam ao perfil desse estudo, dos quais pelos critérios de exclusão 12 foram utilizados. RESULTADOS: Comparando-se crianças com perda auditiva profunda em uso de IC com aquelas em uso de aparelho auditivo, foi constatado que os indivíduos implantados conseguiram resultados melhores no reconhecimento de palavras e frases faladas. O maior impacto ocorre quando alocado em crianças antes dos 2 anos de idade, de tal forma que em 3 meses do pós-operatório já é possível apresentar habilidades de fala comparáveis a de uma criança normal. Em termos de conquistas acadêmicas, o uso do IC aprimora as habilidades escolares, capacidade de leitura e participação em sala de aula. Além disso, esta intervenção durante a infância está relacionada com redução da taxa de desemprego, aumento da empregabilidade e renda anual. Também foram observadas mais satisfação e confiança no exercício da profissão. Referente a qualidade de vida, o IC produz impactos positivos, principalmente durante a pré-adolescência e a adolescência, pois a deficiência auditiva está intimamente relacionada com menor aceitação social e dificuldades em relacionamentos interpessoais. No tocante ao impacto econômico, pesquisas demonstraram que a realização do IC reduz significativamente os custos do indivíduo para a sociedade, em comparação aos deficientes auditivos não implantados. Por outro lado, criança usuárias de IC fazem parte do grupo de risco para meningite bacteriana, contudo apenas 0,1% dos pacientes implantados desenvolvem essa patologia. CONCLUSÃO: O IC é um procedimento seguro que acarreta efeitos positivos na qualidade de vida de crianças, principalmente quando realizado antes dos 2 anos de idade, resultando em melhora no reconhecimento das palavras faladas, e benefícios no âmbito interpessoal, escolar e, futuramente, na empregabilidade; como também, está relacionado com redução do peso econômico da deficiência auditiva para com a sociedade.

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T222. Importância dos métodos alternativos nos processos de saúde e doença Thays Oliveira Silva; José Arthur Campos da Silva; Aimê Alves de Araujo; Victor Vinícius Cunha Brito; Larissa Paiva da Cruz; Bárbara Patrícia da Silva Lima Área Temática: Ciências da Saúde RESUMO INTRODUÇÃO: A utilização de métodos alternativos, como chás e plantas medicinais, é uma prática antiga, a qual precede o surgimento dos primeiros médicos gregos, devido a tal fato demonstra-se a importância dos saberes populares, os quais ultrapassaram milênios e se enraizaram na sociedade até os dias atuais, muitas vezes sendo usados como aliados ou como base para a medicina moderna. OBJETIVO: Ressaltar a importância do uso dos métodos alternativos nos processos de saúde e doença. METODOLOGIA: O presente estudo conta com uma pesquisa de artigos nas bases de dados SciELO.br e SciELO.org, em outubro de 2016, utilizando os descritores medicina tradicional, cultura, ciência, família, saúde e plantas medicinais em diferentes estratégias. Recuperaram-se 129 estudos, sendo incluídos 7 nesta revisão. RESULTADOS: O uso de recursos populares como chás caseiros, plantas medicinais, benzeduras e emplastos, apresenta-se como a primeira conduta em determinados perfis sociais, principalmente entre usuários que utilizam o serviço público de saúde e mulheres adultas. Esses métodos baseiam-se em experiências empíricas adquiridas ao longo dos anos e repassadas verbalmente. Assim, crenças relacionadas à saúde advindas de resultados positivos e negativos são apropriadas para obter respostas imediatas, sem que haja, necessariamente, uma preocupação com a explicação científica. Apesar da importância desse método muitas vezes o choque entre as culturas dos especialistas e dos pacientes é um fator que prejudica a integração de sabers científicos e populares. CONCLUSÃO: Diante disso, comprova-se que a relação entre o conhecimento popular e o científico é fundamental para a eficácia de ambos, sendo necessário tolerar, entender e considerar as formas alternativas de cura como complementar às terapias convencionais.

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T223. Incidência de sífilis gestacional em adolescentes no estado de Alagoas Mylena Nascimento Batista; Daniela Ferreira Lima; Larissa Isabela Oliveira de Souza; Adriane Borges Cabral Área Temática: Saúde da Mulher RESUMO INTRODUÇÃO: A sífilis congênita é decorrente da disseminação hematogênica do Treponema pallidum da gestante portadora para o seu concepto, por via transplacentária. A patologia pode causar diversas manifestações clínicas no concepto, podendo levar a óbito. OBJETIVO: Obter dados de sífilis em habitantes do estado de Alagoas pertencentes ao sexo feminino, entre 15 e 19 anos de idade e apontar relação do número de casos de sífilis congênita com a realização do pré-natal pelas gestantes. METODOLOGIA: A obtenção de dados foi feita por meio do Departamento de Informática do SUS (DATASUS) durante os anos de 2010 a 2013 e acessados no mês de outubro de 2017. RESULTADOS: No período pesquisado, foram notificados 32.828 casos de sífilis congênita no Brasil, sendo 10.876 destes encontrados oriundos do Nordeste e 1.091 do estado de Alagoas. O número de gestantes que apresentaram sífilis em todo o país durante esse período foi de 49.656 adolescentes, sendo que 11.435 das jovens residiam na Região Nordeste e 174 destas no estado de Alagoas. Foi visto que Maceió apresentou a quantidade mais alta de casos (59), seguido de Arapiraca (19). Os outros municípios apresentaram de 0 a 7 notificações no intervalo de tempo em que os dados foram levantados. Um total de 24,5% (267) das mães foi diagnosticado antes do parto acontecer, 51,5% (563) no momento do parto, 21,5% (234) após o parto e 2,5% (27) foram desconsideradas dos resultados ou não informaram. 65% (711) realizaram o pré-natal, 15% (163) não realizaram e 20% (217) foram desconsideradas. A incidência de casos encontra-se principalmente nas duas cidades mais populosas de Alagoas, Maceió e Arapiraca. Os adolescentes são muito vulneráveis à DSTs, uma vez que estes estão no início da vida sexual e necessitam de orientações adequadas de prevenção, um desafio para cidades com extenso número de habitantes. Em relação à realização do diagnóstico e pré-natal, percebeu-se que, apesar de boa parte das gestantes terem realizado, a maioria dos diagnósticos ocorreu tardiamente. Embora tais procedimentos sejam conhecidos, ainda há um grande desafio para os serviços assistenciais em diminuir as taxas de infecção, visto que há a falta de informação, o baixo nível socioeconômico das jovens e a presença de indivíduos assintomáticos. O estudo demonstra a existência de uma alta incidência de sífilis em Alagoas entre adolescentes e a presença de alguns obstáculos para uma abordagem efetiva sobre formas de prevenção da doença. CONCLUSÃO: Portanto, é esperado que este levantamento auxilie no debate a respeito dessa problemática e de doenças sexualmente transmissíveis e congênitas para que, cada vez mais, gestantes infectadas sejam tratadas precocemente e, consequentemente, mais crianças venham a nascer saudáveis.

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T224. Índice craniométrico: tipo de crânio mais frequente em maceió, presença de microcefalia e determinação da etnia

Júlia Maria Brandão Povoas de Carvalho; Beatriz Cavalcanti Regis; Giovanna Maria de Freitas Oliveira; Guilherme Santos Lins de Oliveira; Júlia Maria Gomes de Mendonça Vasconcelos; Maria Eduarda Butarelli Nascimento; Raquel Val Quintans da Rocha Pombo; Antônio José Casado Ramalho; Milton Vieira Costa; Ivan do Nascimento da Silva Área Temática: Clínica Médica RESUMO INTRODUÇÃO: Desde outubro de 2015 tem sido observado um aumento no número de recém-nascidos (RN) com microcefalia no Brasil, principalmente na região nordeste. As medidas antropométricas do crânio são de grande importância uma vez que as alterações da forma e do volume craniano fornecem elementos para a orientação diagnóstica, permitindo a confirmação de microcefalia, tão comum nos casos de encefalopatias congênitas por disfunção do sistema nervoso central. Essas medidas antropométricas também determinam as possíveis influências de algumas etnias. A craniometria é feita por meio do índice craniométrico (IC) obtido multiplicando o diâmetro transversal máximo (DTM) por 100 e dividindo esse resultado pelo diâmetro anteroposterior máximo (DAM). Quanto mais alto o valor, tanto mais longo será o crânio chamado de braquicéfalo e quanto menor o valor, tanto mais longo será o crânio chamando-se dolicocéfalo. OBJETIVO: Verificar, nos laboratórios de anatomia de Maceió, o tipo de crânio mais frequente, se há crânios com microcefalia e quais etnias presentes. METODOLOGIA: Foram analisados 134 crânios secos de indivíduos adultos de ambos os gêneros, pertencentes aos laboratórios de anatomia da cidade de Maceió. A análise se deu por observação macroscópica e por tomada das medidas antropométricas por meio de um paquímetro manual Mitutoyo. Depois de tomada destas medidas utilizou-se o índice craniométrico. E, por conseguinte os crânios foram classificados em braquicéfalos quando o IC fosse acima de 80, dolicocéfalos quando abaixo de 80 e mesocéfalo quando igual a 80. RESULTADOS: De acordo com o tipo antropométrico dos crânios estudados, ocorreu um maior número de crânios braquicéfalos, 47,76% (64/134), seguido dos dolicocéfalos 44,03% (59/134) e mesocéfalos 8,21% (11/134). Nenhum crânio com IC muito pequeno que caracterizasse microcefalia foi encontrado. Na determinação da etnia a partir do tipo de crânio, os do tipo dolicocéfalo estão relacionados com caucasianos nórdicos (escandinavos, ingleses), negroides africanos, berberes, australianos; Mesocéfalo-mongólicos e braquicéfalo - caucasianos (europeus centrais). CONCLUSÃO: O tipo mais frequente de crânios nos laboratórios de anatomia de Maceió foi o braquicéfalo. Nenhum crânio com microcefalia foi encontrado. A etnia prevalente foram os caucasianos (europeus centrais), embora existem nestes laboratórios crânios pertencentes as mais diversas etnias, já que os três tipos foram encontrados.

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T225. Infarto agudo do miocárdio e sua prevalencia em Maceió, Alagoas Aurea Virginia Pino dos Santos; Danielle de Araujo Lessa; Elisabete Mendonça Rego Peixoto; Linda Patricia Viana da Silva; Lívia Paula Barros da Franca Lima; Zafira Juliana Barbosa Fontes Batista Bezerra; Benício Luiz Bulhões Barros Paula Nunes; Pedro de Lemos Menezes Área Temática: Clínica Médica RESUMO INTRODUÇÃO: Seguindo a tendência mundial, o Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) apresenta-se como a doença arterial coronariana mais frequente no Brasil, com cerca de 100 mil óbitos por ano, segundo dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). O IAM é caracterizado pela interrupção do fluxo coronariano causando lesões ao músculo cardíaco devido ao desequilíbrio entre a oferta e demanda de nutrientes ao tecido. OBJETIVO: Analisar a influência da faixa etária e sexo sobre a morbimortalidade por IAM no município de Maceió, Alagoas. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo observacional ecológico com dados obtidos a partir do DATASUS, levando-se em consideração internações e mortes por IAM no período de 2010 a 2015, sexo e faixa etária. RESULTADOS: A análise das taxas de prevalência de mortalidade e internações por IAM, segundo faixa etária, apresentou diferença significativa com p=0,007 e p=0,01, respectivamente. Já os valores relativos das taxas de prevalência por IAM, segundo sexo, só apresentaram diferença significativa para os casos de internações, com p<0,01. CONCLUSÃO: Não houve diferença significativa nos casos de óbito por IAM entre os sexos, desse modo, as ações de saúde devem estar voltadas para ambos. Deve-se levar em consideração ações de prevenção agindo nos fatores modificáveis e incentivando a promoção da saúde e políticas específicas para a janela de risco que compreende as faixas etárias de 60 a 79 anos de idade.

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T226. Influência da cirurgia metabólica no tratamento de pacientes com diabetes mellitus tipo 2

Lucas Gazzaneo Gomes Camelo; Lucas Roberto da Silva Barbosa; Lorraine Rezende de Souza; Matheus Henrique de Oliveira; Hirley Rayane Silva; Iago Moura Aguiar; Ivys Sousa Marinho; Álvaro Bulhões da Silva Neto Área Temática: Clínica Médica RESUMO INTRODUÇÃO: O Tumor Maligno da Bainha do Nervo Periférico (MPNST) é um grupo incomum de sarcomas de tecidos moles, representando 10% dos pacientes diagnosticados com sarcoma, que se concentram entre os 20 e 50 anos de idade. OBJETIVOS: realizar uma revisão de literatura acerca da doença devido à sua importância clínica e ao seu mau prognóstico para o paciente. METODOLOGIA: Foi realizada uma revisão de literatura nas bases de dados Pubmed e Scielo, usando as palavras-chave Tumor Maligno da Bainha no Nervo Periférico e Neurofibromatose. RESULTADOS: Em sua grande maioria são decorrentes de células de Schwann, daí serem conhecidos também como Schwannomas maligno ou Neurilema. Possui como principais fatores de risco a exposição à radiação, como exemplo a radioterapia e a Neurofibromatose tipo 1 (NF1), visto que 50% dos acometidos com MPNST possuem NF1. Tendem a ocorrer principalmente nas raízes nervosas e nos feixes nervosas das extremidades e da pelve, porém, há relatos de casos torácicos, e a sua sintomatologia varia de acordo com o local do tumor e com o efeito compressivo de massa. Tem sido relacionado com delações e rearranjos no cromossomo 17q, e o seu prognóstico definido pela associação de genes, como: BIRC5, TOP2A e TK1. A investigação diagnóstica do MPNST é complexa e necessita de múltiplos métodos de imagem (tomografia computadorizada e ressonância magnética), análise de atividade metabólica do tumor (PET scan) e biópsia, por exemplo. Detém como primeira linha de tratamento a cirurgia curativa com quimioterapia e radioterapia adjuvantes, porém, algumas drogas estão sendo pesquisadas na modulação dos genes aqui discutidos. Infelizmente possui um valor significativo de taxa de recorrência e o MPNST possui um mau prognóstico para o paciente (sobrevida em 5 anos: 20%-50%). CONCLUSÕES: Dada a sua epidemiologia e seus fatores risco, os profissionais de saúde devem ficar atentos para o surgimento de casos e para estabelecer um maior seguimento devido ao risco de recidiva, além disso fica a esperança de melhores tratamentos incluindo os clínicos.

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T227. Insônia e suas consequências na saúde Bruna Xavier Brito; Thaysa Dayse Alves e Silva; Caroline Ferreira Lopes; Danielle Almeida Magalhães; Débora Irene Barbosa; Maysa Tavares Duarte de Alencar; Sarah Maria Coelho da Paz de Lima; Euclides Maurício Trindade Filho Área Temática: Clínica Médica RESUMO INTRODUÇÃO: A insônia é conceituada como a dificuldade de iniciar ou manter o sono, ou insatisfação com a qualidade do sono, podendo interferir no desempenho das atividades sociais e cognitivas. Sua prevalência é de 10% a 40% na população em geral, 12% referem sintomas de insônia com consequência diurna e 15% estão insatisfeitos com o sono. Alguns dos fatores de risco incluem o envelhecimento, sexo feminino, comorbidades, trabalho por turnos, desemprego e menor status socioeconômicos. OBJETIVO: Analisar a insônia no processo do adoecer. METODOLOGIA: O presente estudo foi realizado através de uma revisão de artigos científicos, buscados nas bases de dados PubMed, SciELO e BVS. Foram utilizadas as palavras-chave Insônia, Classificação da insônia e Comorbidades, obtendo 549 artigos. Destes foram selecionados 25 artigos, os quais se enquadravam nos critérios de exclusão e inclusão. RESULTADOS: A insônia pode ser classificada quanto à origem, pode ser primária ou secundária; quanto à duração, pode ser aguda ou crônica; e quanto à gravidade, podendo ser leve, moderada ou grave. Vários fatores estão associados ao quadro de insônia, como estresse, depressão, ansiedade, distúrbios metabólicos, dor crônica, doenças cardiovasculares, fatores neurológicos e imunológicos. Apneias e resistências das vias aéreas também podem acarretar fragmentação do sono em razão dos microdespertares durante a noite. Para um correto diagnóstico é necessário identificar fatores predisponentes, precipitantes e perpetuantes; uma anamnese bem realizada e a utilização da polissonografia também auxiliam no diagnóstico. O tratamento é composto por medidas comportamentais, como controle de estímulos, boa higiene do sono e técnicas de relaxamento; e medidas medicamentosas, como o uso de hipnóticos agonistas de GABA-A, antidepressivos sedativos, antipsicóticos e melatonina. CONCLUSÃO: De etiologia multifatorial, a insônia possui diversas classificações e é predominante em mulheres. Hábitos inadequados desregulam o sono e a presença de comorbidades potencializam a insônia. Existem terapias comportamentais e medicamentosas usadas no tratamento, após uma avaliação clínica minuciosa.

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T228. Intervenção não farmacológica no tratamento da síndrome metabólica Daniela Ferreira Lima; Mylena Nascimento Batista; Adriane Borges Cabral; Larissa Isabela Oliveira de Souza Área Temática: Ciências da Saúde RESUMO INTRODUÇÃO: A Síndrome Metabólica (SM) é um complexo transtorno caracterizado por um conjunto de fatores de risco cardiovasculares, geralmente relacionados à deposição central de gordura e à resistência à insulina. A intervenção não farmacológica na SM é embasada em programas interdisciplinares que almejam à mudança de estilo de vida, contribuindo para a prevenção e a redução da incidência de complicações decorrentes da SM. OBJETIVO: Abordar o papel da mudança do estilo de vida na terapêutica da SM, ratificando a importância da associação entre um plano alimentar e a atividade física como terapias de primeira escolha. METODOLOGIA: Foi realizada uma revisão de literatura utilizando os descritores: síndrome metabólica; intervenção não farmacológica; estilo de vida. RESULTADOS: A presente pesquisa é uma síntese descritiva dos achados principais de 33 artigos sobre intervenção não farmacológica no tratamento da SM. As terapias de primeira escolha para o tratamento da SM são baseadas em um plano alimentar e na prática de exercício físico. Esta associação é fundamental na redução da circunferência abdominal e gordura visceral, melhora a sensibilidade à insulina e diminui os níveis plasmáticos de glicose, podendo, prevenir e/ou retardar o aparecimento de diabetes tipo 2. Contribui com aumento do HDL-colesterol e redução da pressão arterial e dos níveis de triglicerídeos. A Sociedade Brasileira de Diabetes considera redução de peso, dieta saudável, exercício regular e interrupção de tabagismo como as principais orientações terapêuticas no tratamento da SM, entretanto nenhuma dietoterápica específica é recomendada. Já a Sociedade Brasileira de Cardiologia apresenta uma diretriz definida para o tratamento não-medicamentoso da SM, cujo plano alimentar recomenda aos portadores da SM o fornecimento de um valor energético total compatível com a obtenção e/ou manutenção do peso corporal desejável. Neste tocante, o consumo diário de carboidratos, proteínas e gordura total deve ser de 50–60%, 15% e 25–35% do valor energético total, respectivamente. A ingestão de gordura saturada deve ser limitada a menos do que 10%, a de gordura monoinsaturada, até 20% e de gordura poliinsaturada, até 10%. Além disto, o consumo de colesterol deve ser menor do que 300 mg/dia, e para pacientes com valores de LDL-colesterol acima de 100 mg/dl, é sugerido um consumo menor do que 200 mg/dia. No mais, é recomendado o consumo de 20–30 g/dia de fibras totais. No que tange à atividade física regular, sabe-se que baixo condicionamento cardiorrespiratório, pouca força muscular e sedentarismo aumentam a prevalência da SM em três a quatro vezes. Assim, o exercício físico reduz a pressão arterial, eleva o HDL-colesterol e melhora o controle glicêmico. Com duração mínima de 30 minutos, preferencialmente diário, incluindo exercícios aeróbicos e de fortalecimento muscular, o exercício físico previne e ajuda no tratamento da SM. CONCLUSÃO: Dentro do contexto abordado, notou-se uma indicação consensual de que o aumento da pressão arterial, os distúrbios do metabolismo dos glicídios e lipídios e o excesso de peso estão associados ao aumento de risco para a SM. Concluímos, portanto, que a mudança no estilo de vida exerce um papel fundamental na prevenção e tratamento da SM.

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T229. Intervenções nutricionais na minimização dos efeitos adversos da quimioterapia antineoplásica: uma revisão

Bruna Xavier Brito; Thaysa Dayse Alves e Silva; Caroline Ferreira Lopes; Danielle Almeida Magalhães; Nathália Fernanda Pereira Brayner; Débora Irene Barbosa; Maysa Tavares Duarte de Alencar; Maria Eduarda Di Cavalcanti Alves de Souza Área Temática: Clínica Médica RESUMO INTRODUÇÃO: O câncer é um importante problema de saúde pública em países desenvolvidos e em desenvolvimento devido ao grande número de pessoas acometidas pela doença. A desnutrição em pacientes com câncer é um dos agravantes da doença, seja por fatores relacionados à presença do tumor ou por fatores relacionados ao. A incidência de desnutrição em pacientes com câncer varia de 40% a 80% e sua prevalência depende do tipo e localização do tumor, estadiamento da doença e ainda o tratamento realizado. OBJETIVO: Observar os principais efeitos nutricionais do tratamento quimioterápico em pacientes com câncer, descritos na literatura, e quais as intervenções nutricionais realizadas para que ocorra a sua minimização. METODOLOGIA: O presente estudo foi realizado através de uma revisão de artigos científicos. Utilizando os descritores Drug therapy AND Diet AND Nutritional status nas bases de dados PubMed, SciELO, LILACS, ScienceDirect, Web of Science e Scopus, obtendo 6 artigos como resultado final da busca e seleção dos trabalhos que contemplavam os critérios de inclusão e exclusão. Dos quais foram feitos fichamentos para a composição deste trabalho. RESULTADOS: Dos artigos lidos todos mostravam sobre uma intervenção nutricional em pacientes que estavam sendo submetidos a tratamento quimioterápico, desses, 5 constataram que a intervenção nutricional e também suplementação da alimentação contribuem para manter o paciente estável e melhorar sua resposta ao tratamento. Um dos estudos, envolvendo crianças, constatou que mesmo se alimentando de maneira inadequada elas apresentavam sobrepeso ou obesidade, provavelmente pelo sedentarismo decorrente do internamento. CONCLUSÃO: Os artigos utilizados mostraram a importância de uma dieta direcionada para os pacientes em tratamento de câncer. Expondo a melhora do estado do geral dos pacientes e dos e diminuição de morte causada pelo câncer.

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T230. Intolerância à lactose: as origens da epidemia Manoel Messias Lima Neto; Monique Medeiros de Moura Barreto Alves; Anacácia Pessoa Leite; Fernanda Alexandre Lima e Silva; Ayrton Silva Alves; José Irineu Pessoa Neto; Raul Ribeiro de Andrade; Daniel de Mélo Carvalho; Ana Lydia Vasco de Albuquerque Peixoto Área Temática: Clínica Médica RESUMO INTRODUÇÃO: A intolerância a lactose é uma doença de estudo recente, porém de prevalência alta no mundo. Caracteriza-se por uma resposta anormal do corpo diante da ingestão de lactose e essa resposta se dá com uma sintomatologia que compromete a qualidade de vida do indivíduo. OBJETIVO: relatar uma abordagem geral sobre a intolerância a lactose sob diversas óticas, como o histórico, a etiologia, a epidemiologia, a sintomatologia, a classificação, o diagnóstico, o tratamento e as implicações que essa doença traz para o paciente. METODOLOGIA: Foi realizada revisão de literatura a partir de pesquisa bibliográfica, utilizando-se como descritor as palavras: intolerância à lactose, etiologia, diagnóstico e tratamento. As publicações selecionadas obedeceram aos seguintes critérios de inclusão: artigos nos idiomas português, inglês e espanhol, completos; relação direta com os descritores; ser de domínio público; estar disponíveis online, publicados em revistas indexadas, publicadas no período de 2007 a 2017. RESULTADOS: Com base na literatura, foi visto que todas as pessoas eram intolerantes à lactose e com a ocorrência de uma mutação durante o período pré-histórico surgiu a capacidade de tolerá-la. Além disso, foi notado que essa doença tem elevada prevalência na população mundial e hoje esses números são influenciados, não apenas pelas condições genéticas, mas também pelas condições ambientais. CONCLUSÃO: Diante disso, faz-se necessário uma ampla assistência e conscientização por parte da população e dos responsáveis pela saúde, isto é, profissionais e gestores políticos, contudo, essa ajuda se dá de forma heterogênea de país para país.

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T231. Levantamento epidemiológico da leishmaniose visceral em humanos e cães no estado de Alagoas - Brasil, de 2010 a 2016

José Alfredo dos Santos Júnior; Kássia Dayane Barbosa da Silva; Thayná Balbino da Silva; Rafael Augusto Eugênio Vital; Jônatas Petrus Duarte Feitosa; José Bandeira de Medeiros Neto; Affonso Gonzaga Silva Netto; Tatiana Maria Palmeira dos Santos Área Temática: Ciências da Saúde RESUMO INTRODUÇÃO: A leishmaniose visceral tanto humana, quanto canina, é um grave problema de saúde pública mundial, principalmente no Brasil, especificamente no Nordeste. A doença estar distribuída no mundo, ocorrendo em 80 países e calcula-se que a prevalência mundial de leishmaniose seja de 12 milhões, com uma estimativa de 400.000 casos novos da doença por ano. OBJETIVO: Descrever os casos confirmados de leishmaniose visceral em cães e em humanos no Estado de Alagoas de 2010 a 2016. METODOLOGIA: As informações analisadas foram obtidas mediante pesquisa de dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), para humanos, fornecidos pela Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas (SESAU/AL) e inquéritos dos reservatórios caninos e relatórios dos vetores realizados pelo Centro de Controle de Zoonoses de Maceió (CCZ). RESULTADOS: Observou-se que dentre os anos de 2010 a 2016 foram confirmados 251 casos em humanos, sendo que o menor número de casos foi em 2013 (26 casos) e o maior em 2015 (47 casos). As maiores incidências ocorreram nos municípios de Palmeira dos Índios e Maceió. Já em cães, no período do estudo, 2.963 casos foram confirmados por sorologia (6,7%), desses o ano que teve mais prevalência foi em 2010, com 12,1% de positividade. CONCLUSÃO: A leishmaniose visceral ainda é uma endemia muito presente no Nordeste brasileiro, provavelmente devido à descontinuidade na execução de prevenções e de controle.

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T232. Linfoma de Hodgkin: um mal silencioso Gustavo Cedro Souza; Laís Fernanda Correia Pimentel; Mauro de Almeida Motta Júnior; Rodolfo Tibério Ferreira Silva Área Temática: Clínica Médica RESUMO INTRODUÇÃO: A doença de Hodgkin é um distúrbio maligno do sistema linfático que afeta primariamente os linfonodos. Apresenta maior incidência em pacientes imunossuprimidos e com doenças auto-imunes, como a artrite reumatóide e o lúpus eritematoso sistêmico. A doença de Hodgkin pode representar uma resposta comum final a diversos processos patológicos como infecção viral, exposições ambientais ou ocupacionais, e uma resposta do hospedeiro, geneticamente determinada. Seu principal fator de risco é a história prévia de mononucleose infecciosa causada pelo vírus Epstein-Barr, mas também há risco em membros da família. O linfoma de Hodgkin (LH) é dividido em subgrupos histológicos, sendo o do tipo esclerose Nodular o mais prevalente. Os sinais e sintomas de apresentação podem ser relativamente inespecíficos e mais compatíveis com infecção do que a doença maligna. Seu diagnóstico é feito pela interpretação hematopatológica do linfonodo e a célula de Reed-Sternberg (RS) é a célula tumoral diagnóstica identificada no meio celular. O tratamento do paciente com linfoma de Hodgkin dependerá do estágio da doença, estado clínico do paciente e presença de outras patologias associadas. OBJETIVO: Abordar o Linfoma de Hodgkin sob aspectos epidemiológicos, clínicos, diagnósticos e terapêuticos. METODOLOGIA: Foram realizadas pesquisas em livros e artigos nas seguintes bases de dados: UpToDate e Pubmed, com os seguintes descritores: “Hodgkin lymphoma”, "Classical Hodgkin lymphoma" e “Malignancies”. RESULTADOS: Os linfomas de Hodgkin representam cerca de 30% dos linfomas, sendo eles uma doença linfoproliferativa clonal cuja a manifestação principal é a proliferação de linfonodos ou de um tecido linfóide localizado em outro órgão. A maioria dos pacientes com LH clássica apresenta linfadenopatia periférica localizada indolor, tipicamente envolvendo a região cervical (60 a 80% dos casos) e um linfonodo alargado assintomático ou uma massa na radiografia do tórax (60 a 70% dos casos). O paciente também pode apresentar os sintomas B (febre, perda de peso e suores noturnos) em 20% dos pacientes com doença inicial e 50% em doença avançada. Nem toda adenopatia difusa representa um linfoma, devendo ser considerado o diagnóstico diferencial com doenças infecciosas, neoplásicas, auto-imunes e adenopatia reacional à medicações. O diagnóstico é realizado através da biópsia do linfonodo ou tecido linfóide que revelará o subtipo, sendo o mais comum o tipo esclerose nodular, representando 65% dos casos. O tratamento dos linfomas de Hodgkin baseia-se em uso de quimioterapia e radioterapia. Após o tratamento, os pacientes devem ser vistos periodicamente devido a chance de 10 a 15% de recaída naqueles com doença em estágio inicial e 40% nos estágios avançados. De uma maneira geral, o prognóstico é favorável, no entanto, depende de determinadas características, como o estágio da doença e a idade, que são capazes de predizer um comportamento mais agressivo da doença ou não. CONCLUSÃO: O linfoma de Hodgkin, é uma neoplasia maligna, curável e com bom prognóstico, quando tratada corretamente. Apesar de não existir rastreio, pacientes com adenopatia periférica associado a massa torácica apresentam maior índice de suspeição para linfoma, ratificando a necessidade do conhecimento sobre o tema para diagnosticar e conduzir precocemente o paciente.

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T233. Marcador de aterosclerose subclínica em crianças obesas Beatriz Albuquerque Oliveira; Débora Nicácio Falcão; Laís Fernanda Correia Pimentel; Manuela Andrade de Alencar Pereira; Gustavo Cedro Souza; Clara Bárbara Vieira e Silva; Monique Carolina Amaral Pereira; Monalisa Lídia Costa Silva; Ana Carolina Ruela Pires Área Temática: Clínica Médica RESUMO INTRODUÇÃO: A obesidade na infância está associada a um aumento da mortalidade por doenças cardiovasculares na idade adulta. Ela leva a um aumento do colesterol total, triglicerídeos e LDL e diminui o HDL, o que aumenta os riscos do desenvolvimento de aterosclerose. Estudos recentes indicam que o processo da aterosclerose começa em idades precoces e tem início com depósitos de colesterol e seus ésteres na íntima de grandes artérias musculares que são encobertos por uma cápsula fibromuscular e formam uma placa fibrosa. Além disso, a espessura médio-intimal carotídea (EMIC) aumentada é um marcador estabelecido para a aterosclerose subclínica precoce pois ela pode predizer a probabilidade de ocorrência de eventos cardiovasculares. OBJETIVO: verificar a presença de fatores de risco cardiovasculares em jovens obesos relacionando-os com o espessamento médio-intimal de artéria carótida. METODOLOGIA: busca literária na base de dados PUBMED, UptoDate e LILACS com os descritores: ‘obesity’, ‘atherosclerosis’, ‘Childhood’, e ‘Intima-Media’. A busca inicial totalizou 54 artigos. Foram excluídos 5 por terem sido publicados em idiomas diferentes do inglês e português e 3 após a leitura dos resumos. Também não foram incluídos 21 artigos por estarem indisponíveis, totalizando 25 artigos. RESULTADOS: Foi demonstrado que EMIC estava aumentada na população pediátrica com maior IMC e que as crianças obesas tinham níveis elevados de triglicerídeos em jejum tendo um risco 2,8 vezes maior de desenvolverem dislipidemia e aterosclerose, o que contribui para um envelhecimento vascular precoce. Além disso, espessura médio-intimal das carótidas apresentou-se aumentada em crianças e adolescentes hipertensos e ela aumentou independentemente de idade e sexo. CONCLUSÃO: O aumento do IMC (índice de massa corporal) de crianças e adolescentes está intimamente correlacionado com o aumento da espessura médio – intimal carotídea e com aumento de doença arterial coronariana na fase adulta. Desse modo, a medida ultrassonográfica da espessura médio-intimal das artérias carótidas pode ser utilizada como ferramenta na avaliação da aterosclerose e do risco cardiovascular em populações pediátricas, pois como estes estão presentes desde a infância, torna-se fundamental a realização de uma abordagem preventiva para a redução dos fatores de risco nesta faixa etária.

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T234. Métodos diagnósticos para esquistossomose: um comparativo utilizando parâmetros eficazes e sociais

João Vítor Almeida Lira; Gustavo Mendonça Ataíde Gomes; Arthur de Medeiros Carlos; Caio Saraiva Costa; Davi Coêlho Moura; Cristiane Monteiro da Cruz Área Temática: Clínica Médica RESUMO INTRODUÇÃO: A esquistossomose é uma doença derivada de infecções por trematódeos do gênero Schistosoma e afeta aproximadamente 789 milhões de pessoas no mundo, enfatizando a importância do uso de ferramentas de diagnóstico adequadas e sensíveis para o tratamento eficaz. Nesse sentido, métodos parasitológicos foram os primeiros procedimentos diagnósticos desenvolvidos e incluem a detecção de ovos em amostras de fezes. A técnica de Kato-Katz é o método padrão recomendado pela Organização Mundial de Saúde, pois tem baixo custo e pode ser facilmente utilizado em condições de campo. Assim, o estudo de métodos diagnósticos sensíveis para o controle e redução da esquistossomose é de grande importância para a população. OBJETIVO: Demonstrar as diferentes técnicas de diagnósticos para esquistossomose considerando sensibilidade e custo local. METODOLOGIA: Foi realizada uma revisão integrativa de literatura por meio das bases de dados Scielo, Pubmed e ScienceDirect, sendo resgatados 3203 artigos e 142 selecionados devido à relação com o tema proposto. RESULTADOS: O aspecto mais relevante para avaliar a implementação de um método diagnóstico deve ser a sua sensibilidade de detecção associada capacidade de adequação ao contexto social e geográfico de cada região, pois há pouco êxito na utilização de um método de grande sensibilidade que não seja materialmente viável dentro do sistema de saúde da região. O teste diagnóstico padrão para a esquistossomose, a técnica Kato-Katz, analisa a quantidade de ovos nas fezes, possuindo baixo custo e grande disponibilidade por requerer basicamente um microscópio óptico para sua realização. Já a técnica de reação em cadeia de polimerase (PCR), comprovadamente mais sensível que o Kato-Katz, tem a possibilidade de identificar indivíduos que já possuíram essa infecção, sendo possível identificar casos de fibrose relacionados à doença já tratada. Entretanto, tem disponibilidade limitada e alto custo quando comparado a outras técnicas. O método ELISA, cuja característica principal é a detecção de anticorpos a partir de fluidos como sangue, urina e mucosas em geral, tem como desvantagem ser um método indireto, comprometendo a identificação de indivíduos que já tiveram a infecção daqueles que ainda apresentam, tonando necessária a realização de exames complementares. Os exames laboratoriais por Antígeno Catódico Circulante (CCA) e Antígeno Anódico Circulante (AAC) utilizam indícios sorológicos e possuem alta especificidade. Tratando-se de CCA, estudos evidenciam que esse exame possui uma maior sensibilidade quando comparado ao Kato-Katz, inclusive detectando presença de parasita mesmo na ausência de ovos nas fezes do indivíduo, além de ter baixo custo. De forma similar, o AAC funciona a partir da detecção de ovos em fezes e anticorpos específicos no soro. CONCLUSÃO: O método diagnóstico padrão é o Kato-Katz devido ao baixo custo, facilidade da realização da técnica e simplicidade no diagnóstico. Entretanto, ao confrontar novos e diferenciais métodos com a técnica padrão, notou-se uma maior eficiência e aplicabilidade como PCR, AAC e CCA, que podem determinar infecções primárias ou secundárias sendo de aplicabilidade elevada à clínica médica. O ELISA é um de custo elevado e disponível em algumas áreas na rede pública pode detectar a infecção em sua fase primária, mas possui problemas referentesa falsos positivos.

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T235. Microcefalia em Alagoas Jônatas Petrus Duarte Feitosa; Rafael Augusto Eugênio Vital; Thamirys Cavalcanti Cordeiro dos Santos; Eloisa Simões Alves; José Bandeira de Medeiros Neto; José Alfredo dos Santos Júnior; Affonso Gonzaga Silva Netto; Tatiana Maria Palmeira dos Santos; Ivonilda de Araújo Mandonça Maia; Jessé Marques da Silva Júnior Área Temática: Educação Médica RESUMO INTRODUÇÃO: A microcefalia é uma condição neuroanatômica em que causa alterações no sistema nervoso central de um recém-nascido. Em casos severos, tal como má formação, pode resultar desde défcit intelectual e motor até morte do recém-nascido. A microcefalia é causada por diversos fatores, entre eles modificações genéticas na fase embrionária, exposição da grávida às drogas e a patógenos como o vírus Zika (ZIKAV). OBJETIVO: Este artigo teve como objetivo descrever o número de casos de microcefalia associados ou não aos vírus Zika no estado de Alagoas desde seu surgimento até os dias atuais. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo epidemiológico sobre os casos de microcefalia no Estado de Alagoas desde o início de sua notificação. Os dados foram obtidos através do Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado da saúde de Alagoas. RESULTADOS: Desde o início da vigilância das microcefalias, novembro de 2015, até novembro de 2017, foram notificados 452 casos suspeitos de microcefalia e/ou alterações do sistema nervoso central. Destes, 51 casos de infecção congênita sem identificação etiológica, 1 caso de infecção congênita com a identificação etiológica, 64 prováveis casos de infecção congênita sem identificação etiológica, 52 casos em investigação e 259 casos descartados. Dos mesmos 452 casos suspeitos, 25 evoluíram para óbito. CONCLUSÃO: Como em Alagoas, outros estados do Nordeste relataram aumento de casos de microcefalia, assim, essa grave epidemia da microcefalia chama a atenção para a necessidade urgente de grandes investimentos voltados à melhoria das condições de vida das populações e sustentam as falhas do sistema de saúde no Brasil.

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T236. Microcefalia: um estudo sobre o núcleo central e a periferia das representações sociais

Pollyana Ludmilla Batista Pimentel; Ana Alayde Werba Saldanha Área Temática: Ciências da Saúde RESUMO INTRODUÇÃO: O aumento da prevalência do nascimento de bebês com microcefalia, inicialmente no nordeste brasileiro e posteriormente em várias regiões do país vem preocupando os profissionais de saúde, as instituições governamentais e a sociedade como um todo, ganhando espaço entre pesquisadores do Brasil e do mundo, principalmente após a descoberta de que o vírus da Zika pode causar microcefalia congênita, quando gestantes são infectadas por tal vírus, seja através da picada do Aedes aegypti ou por via sexual. Tal descoberta tem deixado a população em alerta para este fenômeno, ganhando grande relevância após o alerta epidemiológico mundial, emitido pela Organização Mundial de Saúde (OMS), no ano de 2015, revelando uma crise na saúde pública e fazendo com que muitas mulheres repensassem o projeto de engravidar. OBJETIVO: Neste sentido, o objetivo deste trabalho foi conhecer as Representações Sociais de estudantes acerca da microcefalia. METODOLOGIA: A pesquisa atendeu a todas as recomendações da Resolução 466/12 (Parecer nº 1.913.870). Participaram desta pesquisa 50 estudantes universitários da graduação e da Pós-Graduação da Universidade Federal da Paraíba. Foi utilizada a Técnica de Associação Livre de palavras, onde foi solicitado que os participantes evocassem as primeiras 5 palavras a partir da palavra-estímulo (Microcefalia), bem como foi pedido para que os participantes enumerassem o grau de importância para si de cada palavra evocada. Os dados passaram pela análise de matriz a partir do software IRAMUTEQ, especificamente pela análise de frequências múltiplas, análise de similitude e análise prototípica. RESULTADOS: Após as análises foi observado que o núcleo central da Representação Social sobre a microcefalia foi constituído pelos seguintes elementos: bebê, cuidado, zika e a categoria sentimentos positivos. Os elementos constituintes do núcleo periférico foram: doença, a categoria sentimentos negativos, transmissão, aspectos físicos e gravidez. CONCLUSÃO: Em vista das informações midiáticas e das grandes dúvidas que ainda circundam no imaginário dos brasileiros, a tríade bebê-Zika-cuidado constituiu-se em elemento central da representação dos estudantes acerca da microcefalia, o que demanda a implantação de políticas e ações voltadas ao atendimento deste fenômeno. Como limitações deste estudo, considera-se que as pré categorizações realizadas durante a análise dos dados podem ocultar alguns significantes próprios dos grupos de pertença, contudo, acredita-se que para fins didáticos desta pesquisa, essa estratégia conseguiu o objetivo a que se propõe. Todavia, sugere-se que, para estudos futuros, seja ampliado o número de participantes, a fim de poder generalizar os resultados, observar os elementos de contraste, com o propósito de avaliar as possíveis mudanças destes elementos na construção da representação social, além de resguardar as evocações obtidas pelos grupos de pertença, resguardando, dessa forma, os significantes do coletivo.

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T237. Monitorização da pressão intracraniana em pacientes com traumatismo cranioencefálico grave

Zafira Juliana Barbosa Fontes Batista Bezerra; Adalton Roosevelt Gouveia Padilha; Cecília Dionísio Bernardes Sales; Eduardo Henrique Santos; Thaís Teixeira Dantas; Renata d'Andrada Tenório Almeida Silva; Juliane Cabral Silva Área Temática: Cirurgia RESUMO INTRODUÇÃO: O traumatismo cranioencefálico (TCE) é considerado uma importante causa de morte e incapacidade em todo mundo, acometendo, principalmente, indivíduos com idade inferior a 45 anos. No Brasil e nos outros países da América Latina os estudos sobre o tema são escassos. Os registros realizados no período de 2001 a 2007 demonstraram um total de 440.000 hospitalizações decorrentes de TCE, com média de 68.200 admissões por ano, o que reflete uma incidência de 37 por 100 mil habitantes na faixa etária estudada (14-69 anos), com aumento de 50% da mortalidade no período registrado. Após a agressão inicial, o aumento da pressão intracraniana (PIC) decorrente de formações expansivas e do edema cerebral, quando não controlado, representa importante causa de morte. Desta maneira, espera-se que a monitorização da PIC permita a detecção precoce do aumento dessa pressão e a possibilidade de intervenção em tempo hábil com impacto importante no desfecho desses casos. No entanto, o benefício real da monitorização da PIC em pacientes vítimas de TCE ainda é assunto controverso, pois estudos recentes demonstraram resultados conflitantes em relação à morbimortalidade no grupo de pacientes que utilizou a monitorização da PIC, quando comparados ao grupo tratado com protocolos baseados em exame físico e tomografias. OBJETIVO: Avaliar o impacto de monitorização da pressão intracraniana no desfecho de pacientes vítimas de traumatismo cranioencefálico grave. METODOLOGIA: Estudo realizado por meio de uma revisão de literatura, com busca nas bases de dados da BVS, do SCIENCE DIRECT e do PUBMED, e aplicando o operador boleando AND entre os descritores cirurgia and trauma and craniocerebral and pressão intracraniana. Foram selecionados artigos entre 2013 e 2016. RESULTADOS: Foi observado em pacientes com TCE que a craniotomia foi de grande importância para que não existisse aumento da lesão cerebral, sendo a monitorização da PIC o padrão ouro na maioria das situações, até mesmo na hipotensão intracraniana ocasionada pelo vazamento de LCR. Em relação ao volume intracraniano observou um cilindro circular com 10% de diâmetro como altura. A DC com 35 pacientes com TCE, comparados com o controle, mostrou que a PIC média diminuiu de 32mmHg pré-operatório para 21mmHg pós-operatório e a PIC pós-operatório foi menor quando realizada à cirurgia, diferente na população de controle que teve tratamento tardio de PIC (entre 48 e 72h após a lesão). CONCLUSÃO: Compreender a PIC está nos parâmetros de todo evento que envolva TCE, portanto saber monitorar e decidir por procedimento cirúrgico é imprescindível. Nesse caso, a craniectomia descompressiva possibilita diminuir a PIC de forma que aumenta a região intracraniana, isso evita herniações cerebrais maiores.

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T238. Mulheres portadoras de deficiência no século XXI: desafios de uma dupla vulnerabilidade

Lucas Pacheco Vital Calazans; Lucas Gazzaneo Gomes Camelo; Rafael de Almeida Omena; Arlindo Lopes de Almeida Neto; Renan Carvalho Mendes; Luiz Teixeira Mota; Rafaela Brandão da Silva Almeida Área Temática: Saúde da Mulher RESUMO INTRODUÇÃO: As mulheres têm enfrentado inúmeras dificuldades ao longo dos anos. Tais desafios aumentam quando elas são portadoras de deficiência, tornando-as duplamente vulneráveis. Quanto, a autonomia por exemplo, independência e convicção de pessoa produtiva (características transmitidas e associadas à imagem masculina) fazem com que muitas dessas mulheres deficientes, mesmo estando na mesma situação adversa que os homens, não busquem a eliminação dessa desigualdade. Vários avanços sociais foram conquistados durante os anos, como a que Indivíduos portadores de deficiência tem o direito de receber a mesma educação que pessoas não portadoras, de modo que suas limitações sejam respeitadas (educação inclusiva), mas a exclusão feminina em diversos âmbitos da sociedade persiste em existir. OBJETIVOS: Mostrar a evolução histórica das conquistas dessas mulheres; identificar os aspectos de violência e inserção social; e investigar os desafios das mulheres com deficiência no século XXI. METODOLOGIA: Esse estudo constitui-se de uma revisão de literatura baseada em artigos, anais e sites - sendo esses nacionais e internacionais - encontrados nos bancos de dados PubMed, Scielo, Lilacs e a Biblioteca Virtual em Saúde. Foram também utilizados livros que explanam sobre as relações sociais das mulheres portadoras de deficiência. Como estratégia de busca foi utilizada as seguintes palavras-chave: “mulheres com deficiência”, “gênero e deficiência”, ”vulnerabilidade" e "inserção social". RESULTADOS: Os resultados obtidos mostram que muitos são os fatores de riscos para as pessoas com deficiências em todo o mundo e que, mesmo estando no século XXI, as mulheres portadoras de deficiência continuam tendo problemas em serem incluídas em muitos contextos sociais. Devido a isso, apresentam baixos índices de participações sociais e políticas, e menor acesso à educação, justiça, saúde, trabalho regulamentado, benefícios sociais, cultura, lazer e outros bens sociais, além de sofrerem com os riscos existentes. CONCLUSÃO: Diante do estudo, percebe-se que em meio a tantas conquistas, ainda persiste na sociedade a dúvida sobre a capacidade que as mulheres portadoras de deficiência possuem para lidar com atividades cotidianas. Isso é responsável por dificultar ainda mais a inserção social delas e, muitas vezes, faz com que direitos já adquiridos não sejam postos em prática. Portanto, é importante uma maior atenção ao público feminino deficiente através de políticas públicas efetivas que não se restrinjam apenas ao texto da lei. Apesar da existência da Política Nacional de Saúde da Pessoa Portadora de Deficiência, é preciso que as propostas sejam colocadas em prática, contribuindo para amenizar as dificuldades enfrentadas pelas mulheres portadoras de deficiência.

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T239. O ensino de libras para os profissionais de saúde melhora o atendimento? Adalton Roosevelt Gouveia Padilha; Thaís Teixeira Dantas; Eduardo Henrique Santos; Cecília Dionísio Bernardes Sales; Zafira Juliana Barbosa Fontes Batista Bezerra; Emanuela Pinheiro de Farias; Bárbara Patrícia da Silva Lima; Juliane Cabral Silva Área Temática: Educação Médica RESUMO INTRODUÇÃO: O censo do IBGE revela que há no Brasil 24,5 milhões de pessoas com deficiência, o que corresponde a 14,5% da população. Destes, 16,7% apresentam deficiência auditiva, ou seja, existem no Brasil 5.735.099 surdos. Existe a lei 10.436, de 24 de abril de 2002, que oficializa a íngua Brasileira de Sinais (LIBRAS) como um meio de comunicação. O decreto 5626, de 22 de dezembro de 2005, estabelece que a LIBRAS deve ser ensinada, de forma eletiva, em faculdades que possuem cursos de graduação e licenciatura. A legislação brasileira considera pessoa surda aquela que, por ter perda auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de experiências visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo uso de LIBRAS. Nesse sentido, sabendo que o ensino da língua de sinais não é tão difundido nas Instituições de Ensino Superior (IES), o presente estudo deseja mostrar a importância desse conhecimento para o estabelecimento da comunicação e formação de vínculo com o paciente surdo. OBJETIVO: debater sobre a importância do aprendizado da Língua Brasileira de Sinais para comunicação entre o profissional e o paciente com base em artigos dos últimos 10 anos, focando em um atendimento dignamente humanizado. Assim como a importância da necessidade de implantação de programas educacionais em saúde para a população surda. METODOLOGIA: Trata-se de uma Revisão de Literatura feita a partir de artigos encontrados nas bases de dados PubMed e Scielo.org, referentes a estudos realizados em humanos e sem restrição de idiomas. Foi utilizada a estratégia de busca “(sign language) and (education) and (health)”. Sendo critério de inclusão: artigos publicados nos últimos 10 anos. Foram encontrados 112 artigos, sendo 143 no Pubmed e 15 no Scielo.org. Após a análise dos títulos e resumos foram selecionados 5 para utilização neste trabalho. RESULTADOS: a comunicação é uma ferramenta essencial nos mais variáveis procedimentos na área da saúde e as barreiras na interação profissional-paciente comprometem a qualidade da assistência oferecida á população surda. Segundo Neuma Chaveiro, pesquisas mostram que há uma necessidade na melhoria na comunicação dos profissionais com o paciente surdo, no entanto essa interlocução continua negligenciada nos sistemas de saúde. Pessoas surdas têm pouco conhecimento da assistência em saúde, incluindo menos compreensão nos programas preventivos, pois visitam menos os médicos quando comparado aos que ouvem. Segundo a Lei Federal n° 10.436/02, cabe ás instituições publicas oportunizar programas que visem á formação dos profissionais da área da saúde no atendimento e tratamento dos pacientes surdos. Este problema de comunicação não é orgânico, é uma questão social e cultural. CONCLUSÃO: ainda há necessidade de se conquistar uma prática de saúde mais inclusiva em relação ao surdo. Algo que facilitará essa aquisição de conhecimentos seria a implantação obrigatória de cursos básicos de LIBRAS nas redes de educação. Tendo, no caso dos centros de formação profissional da área de saúde, uma necessidade mais urgente.

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T240. O papel da hepcidina no metabolismo do ferro Eloisa Simões Barbosa; Júlia Carla Oliveira Silva; Júlia Floriano da Costa; Thamirys Cavalcanti Cordeiro dos Santos; Lucas Rogério Lessa Leite Silva; Larissa Isabela Oliveira de Souza Área Temática: Clínica Médica RESUMO INTRODUÇÃO: A expressão hepatocelular do hormônio ferro-regulador hepcidina é influenciada por vários estímulos, incluindo níveis circulantes de ferro, atividade eritropoiética e inflamação. Desta forma, a hepcidina tem se mostrado um importante regulador da homeostase do ferro e provável mediador da anemia de doenças crônicas. OBJETIVOS: A presente pesquisa objetivou analisar o papel da hepcidina na anemia por doenças crônicas. METODOLOGIA: Os dados do trabalho foram obtidos por meio de levantamento bibliográfico reunindo informações a respeito do metabolismo da hepcidina e sua função como parâmetro bioquímico na avaliação laboratorial do metabolismo do ferro na anemia por doenças crônicas. RESULTADOS: A homeostase do ferro tem sua regulação mediada por dois mecanismos principais, o intracellular baseado na quantidade de ferro que a célula dispõe; e o sistêmico, para o qual a hepcidina tem papel crucial. O organismo não possui um mecanismo específico de eliminação do excesso de ferro absorvido e/ou acumulado após a reciclagem do ferro contido nos eritrócitos pelos macrófagos. Desta forma, o controle do equilíbrio do ferro necessita da comunicação entre os locais de absorção, utilização e estoque. Tal comunicação é realizada pela hepcidina. A hepcidina age inibindo a liberação de ferro para o plasma e fluido extracelular, desta forma, controla a concentração de ferro plasmático. Além disto, inibe a transferência de ferro da dieta absorvido pelos enterócitos para o plasma, a liberação de ferro dos macrófagos, bem como, do ferro estocado nos hepatócitos. Com isso, fica claro que a descoberta da hepcidina foi fundamental para melhor compreensão da homeostasia do ferro. Além ser o principal regulador da homeostase do ferro, a hepcidina age como possível mediador da anemia correlacionada com doenças crônicas e processos inflamatórios. Esta função tem sido comprovada em diversos estudos recentes, os quais fortalecem a hipótese de que a quantificação dos níveis circulantes de hepcidina em amostras clínicas represente um biomarcador da regulação do metabolismo do ferro. CONCLUSÃO: A manutenção da homeostase do ferro é importante tanto para que não ocorra excesso como para que não falte, tendo em vista que ambas as situações são prejudiciais ao funcionamento do organismo. Dentre os avanços na compreensão do metabolismo do ferro, sem dúvidas, a descoberta da hepcidina foi uma das mais importantes, já que vem resultando em progresso no tratamento e diagnóstico de processos patológicos envolvendo a homeostase do ferro.

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T241. O protagonismo da parturiente no parto humanizado no Brasil Maria Paula Oiticica de Jesus; Maria Lavínia Brandão Santiago; Ana Carolina Gracindo Brito; Rafaela Martins Lira; Maria Beatrice Ribeiro de Albuquerque Gomes; Antonio Lopes Muritiba Neto; Elisabete Mendonça Rêgo Peixoto; Camilla de Almeida Sampaio; Érika Rayane de Souza Amorim; Alberto Sandes Lima Área Temática: Saúde da Mulher RESUMO INTRODUÇÃO: O parto é cercado por múltiplas influências sociais, culturais, econômicas, físicas e psicológicas. A assistência ao trabalho de parto sofreu diversas modificações ao longa do tempo de acordo com as características e disposições da sociedade de cada época. Desde as últimas décadas do século XX, tem-se observado um aumento exponencial da incidência de cesáreas no mundo, muitas delas sem indicação estrita. No Brasil a taxa de cesariana chega em torno de 56%, contrariando a taxa preconizada pela Organização Mundial de Saúde de 15%. Tal situação demonstra o quanto o modelo hospitalocêntrico-tecnocrático, colocou a mulher na condição de paciente, sem autonomia sobre o seu próprio corpo. OBJETIVO: Assim, o estudo objetivou através de Revisão de Literatura nas principais bases de dados analisar os principais avanços na assistência humanizada ao trabalho de parto no país, tendo como foco o papel da mulher nesse contexto. METODOLOGIA: Os dados para a elaboração desse artigo foram obtidos a partir das bases de dados digitais do Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em ciências da Saúde (LILACS), na Biblioteca Eletrônica Científica Online (Scielo), no Scholar Google e nos portais do Ministério da Saúde. RESULTADOS: Foram encontrados 5878 artigos relacionados, dos quais 20 foram selecionados. CONCLUSÃO: Assim, com base no que foi pesquisado e abordado nesse estudo, pode-se concluir que apesar dos avanços alcançados na humanização da parturição, as boas práticas durante o trabalho de parto ocorreram em menos de 50% das mulheres, taxa essa diretamente relacionada a região do pais, ao nível social, econômico e de escolaridade das parturientes.

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T242. O uso crônico de anti-inflamatórios não esteroides em idosos com fratura de quadril: uma revisão dos riscos

Geórgia Lorena Mesquita Teixeira; Isabelle do Nascimento Alves; Allana Maria Ferreira Torres de Melo; Larissa Paiva da Cruz; Yanne Gonçalves Fernandes da Costa; Pablo Coutinho Malheiros; Ana Soraya Lima Barbosa; Juliane Cabral Silva Área Temática: Ciências da Saúde RESUMO INTRODUÇÃO: No Brasil, o indivíduo é considerado idoso a partir dos 60 anos. O envelhecimento envolve fatores bioquímicos e morfofuncionais, gerando condições de incapacidade e vulnerabilidade ao indivíduo. Essa vulnerabilidade pode ser evidenciada na queda, importante problema de saúde pública, e episódio recorrente na população idosa. De causa multifatorial, uma das consequências é a fratura que gera internamentos hospitalares e o consequente uso de fármacos é uma conduta amplamente utilizada, dentre os quais, merece destaque a classe dos anti-inflamatórios não esteroides (AINEs). Além do uso perioperatório, é relevante a utilização do ácido acetilsalicílico, um tipo de AINE, como antiplaquetário, de forma crônica, no manejo de doenças cardiovasculares comumente encontradas na terceira idade. No entanto, os AINEs não são isentos de efeitos colaterais e podem apresentar repercussões sistêmicas. OBJETIVO: Descrever os malefícios do uso dos AINEs por idosos que sofreram fratura de quadril. METODOLOGIA: Foram pesquisados artigos nas bases de dados LILACS, Scielo e PubMed com combinações de descritores indexados no DECS e MESH em português e inglês: idosos, anti-inflamatórios, fraturas do quadril, fraturas. Aplicando critérios de inclusão e exclusão (publicações dos últimos 10 anos, disponíveis eletronicamente nas bases de dados, sendo excluídas revisões e relatos de caso), obteve-se 113 artigos no PubMed que foram triados primeiramente pelo título, restando um número de 22 estudos, cuja leitura dos resumos remanesceram 09 trabalhos dentro da temática. Do LILACS e Scielo, os artigos encontrados foram excluídos por estarem fora do tema. RESULTADOS: Os AINEs são frequentemente prescritos para pacientes idosos, particularmente após fraturas de quadril, porém é recomendado cautela. Essa precaução é necessária pois, segundo estudos, foi observado relatos dos efeitos adversos decorrentes do uso de AINEs, principalmente efeitos cardiovasculares (infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral, insuficiência cardíaca), eventos gastrointestinais (GI) (sangramentos GI e obstrução intestinal) e uma segunda fratura após uma prévia que foi tratada cirurgicamente e com a utilização desses fármacos. Ainda, devido a alta taxa de problemas cardiovasculares em pessoas idosas e ao recorrente uso do ácido acetilsalicílico, um tipo de AINE, foi encontrado o aumento de sangramentos durante ou após cirurgias, entretanto uma diminuição do risco de isquemias e tromboembolismo. Desse modo, a continuação ou não do uso fica a critério do cirurgião após avaliação do risco/benefício para o paciente. CONCLUSÃO: Frente aos possíveis riscos da terapêutica com AINEs no pós operatório de fraturas de quadril em idosos, faz-se necessária a avaliação criteriosa do médico encarregado levando em conta os possíveis benefícios e malefícios de seu uso, de modo que quando o primeiro superar o segundo, estes sejam utilizados com acompanhamento necessário e tratamento dos efeitos colaterais.

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T243. O uso de benzodiazepínicos em idosos e sua relação com quedas Maria Júlia Marques de Araujo Santos; Raiana Zacarias de Macêdo; Erb Gama Cambrainha Monteiro; Érika Santos Machado; Eveny Santos Machado; Maria Clara Macêdo de Araújo; Anansa Bezerra Aquino de Aquino Área Temática: Ciências da Saúde RESUMO INTRODUÇÃO: A expectativa de vida das pessoas vem aumentando nitidamente com o passar dos anos, logo, nota-se um grande crescimento no número de idosos pelo mundo. Atrelado a essa questão, está o uso de determinados medicamentos direcionados a esse público alvo, que também vem aumentando de acordo com esse crescimento populacional. OBJETIVO: Esse trabalho tem como objetivo verificar a relação entre o uso de ansiolíticos, do tipo benzodiazepínicos de longa meia-vida, e quedas sofridas por idosos que fazem uso do mesmo. METODOLOGIA: Foi realizada uma revisão de literatura por meio de artigos encontrados nas bases de dados SciELO e Google Acadêmico e como estratégia de busca foram utilizadas as palavras-chave encontradas no DeCS “acidentes por quedas”, “receptores de GABA-A”, “idoso” e “saúde”. RESULTADOS: O conjunto de artigos mostrou que alterações nos receptores farmacológicos tendem a ocorrer em idosos, sendo, possivelmente, a principal causa pelo aumento da propensão dessa faixa etária a desenvolver maiores efeitos colaterais de medicamentos. Os benzodiazepínicos, entretanto, podem sofrer uma grande sensibilização que dessa forma potencializem os seus efeitos, trazendo tonturas, vertigens, hipotensão, e outros semelhantes para os pacientes usuários, acarretando em quedas. CONCLUSÃO: Portanto, fica comprovada a relação dos efeitos dessa droga com as quedas sofridas por pessoas de idade, sendo necessária a avaliação de ricos e benefícios enquanto ao uso dos benzodiazepínicos nos mesmos, afinal, eles já são considerados um fator de risco. E, é imprescindível a orientação dos pacientes e responsáveis, para que tenham uma maior supervisão quando houver a necessidade de administração da droga e evitem assim eventuais acidentes.

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T244. Os benefícios da melatonina no tratamento do câncer: uma revisão de literatura

Maria Luiza Cerqueira Wanderley de Lima Soares; Aline Buarque de Gusmão Barbosa; Bruna Alécio Barbosa de Omena; Camila Maria Mello de Almeida; Emmanuelle Almira Soares da Silva; Mirelle de Sousa Braga; Sarah Valões Tenório Sirqueira; Maria Eduada Di Cavalcanti Alves de Souza Área Temática: Medicina Preventiva RESUMO INTRODUÇÃO: A melatonina (MEL) é o principal hormônio da glândula pineal e por ser um hormônio natural possui receptores em praticamente todos os tecidos e células. Os principais benefícios associados a melatonina são: melhoria da qualidade de vida, diminuição dos efeitos tóxicos da quimioterapia, impedindo a proliferação de células tumorais e potencializando os efeitos de outras drogas, além de estimular o sistema imunológico ao elevar os níveis de linfócitos. OBJETIVO: Diante disto, o presente trabalho tem como objetivo investigar a atuação da melatonina no tratamento do câncer, enfatizando a sua atuação em nível celular e descrevendo as reações de resposta no organismo. METODOLOGIA: Trata-se de uma revisão de literatura que utilizou os seguintes Descritores em Ciências da Saúde (DECS): melatonina, imunologia e câncer nos idiomas português e inglês. As bases de dados consultadas foram: SCIELO, Google acadêmico e MEDLINE. Delimitou-se o período de 2005 a 2015 para busca dos artigos. RESULTADOS: Um dos estudos selecionados, mostra que atividade oncostática desempenhada pela melatonina proporciona a redução dos sintomas do câncer ao inibir a angiogênese do tumor, proliferação e metástase. Outra das ações benéficas da melatonina se refere à sua atuação no sistema genital feminino, no qual relata-se a interação da mesma com o estrogênio modificando a sinalização celular e a evolução de neoplasias. A MEL também é significativa na atividade citostática e citotóxica em células de câncer de mama e leva tumores mamários à resistência endócrina e quimioterapêutica. Ainda nessa perspectiva, outro estudo revelou também que a MEL age na supressão tumoral ao criar diferentes caminhos de sinalização, estabelecendo assim, uma terapêutica positiva e significativa. Por fim, uma revisão de literatura relatou a importância da MEL das três últimas décadas, ao salientar que mecanismos de ação da MEL envolve a regulação imunológica, efeitos bioquímicos e também metabólicos. CONCLUSÃO: Diante do exposto, evidencia-se que a melatonina age como um modulador para respostas imunológicas e cancerígenas. Esta modulação parece ser positiva dependendo das células envolvidas, mas a ação pode ter alguma relevância fisiopatológica que ainda precisa ser investigada.

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T245. Os benefícios do tratamento com antidepressivos na população idosa Alberto Antônio Tenório Fidelis; Jemima Albuquerque Gomes da Silva; Hérico Henrique Araujo de Almeida; Vítor Dantas Cerqueira; Bárbara Letícia Figueiredo Fonseca; Marcos Antonio Leal Ferreira Área Temática: Saúde Mental RESUMO INTRODUÇÃO: A depressão na população idosa acontece em um contexto de perda da qualidade de vida associada ao isolamento social, ao surgimento de doenças clínicas e ao uso de múltiplos medicamentos. Atualmente o tratamento mais eficaz é o uso de antidepressivos, que tem aumentado ao longo das 3 últimas décadas em todo o mundo. Esse aumento deve-se a dois fatores: principalmente à introdução das novas classes de antidepressivos, que são mais seguros e possuem um perfil de tolerabilidademelhor, e à expansão da indicação dessas substâncias para outras áreas além da psiquiatria. OBJETIVO: Descrever a importância do uso de antidepressivos para o tratamento da depressão em idosos e até que ponto isto é benéfico. METODOLOGIA: Trata-se de uma revisão de literatura com coleta de dados realizada a partir de fontes secundárias, por meio de levantamento bibliográfico nas seguintes bases de dados: Scielo, PubMed, Medline e Lilacs, e bases físicas, como livros de psiquiatria e farmacologia. Foram utilizados os seguintes descritores para a busca dos artigos: “antidepressants AND consequence AND elderly”, totalizando 233 artigos. Após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão foram selecionados 30 artigos. RESULTADOS: Os três principais transtornos de cunho depressivo que acometem a população idosa são: transtorno depressivo maior, transtorno depressivo persistente (Distimia) e transtorno depressivo induzido por medicamento/substância. Tais patologias podem ser causadas pelo desequilibrio sináptico dos seguintes neurotransmissores: serotonina (5-HT), dopamina (DA) e/ou norepinefrina (NE). Os agentes farmacológicos irão agir na degradação e recaptação desses neurotransmissores, ou diretamente em seus receptores pré e pós-sinápticos. Os inibidores do armazenamento da serotonina são muito utilizados como agentes de segunda linha em depressão atípica e idosos. Dentro da classe dos inibidores da recaptação, os fármacos que mais apresentam benefícios, segurança e, logo, são os de primeira escolha, são os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS), que oferecem proteção aos pacientes que tentam suicídio medicamentoso. Tais medicamentos servem para consertar falhas no organismo, no mecanismo de ação dos neurotransmissores envolvidos no controle do humor, mas acarretam riscos e possíveis efeitos colaterais para os pacientes. CONCLUSÃO: Portanto, os antidepressivos são medicamentos de extrema importância para a regulação do humor de idosos que são acometidos com a depressão. Quando há o diagnóstico de transtorno depressivo, seguindo os critérios da DSM – 5, o uso do medicamento se torna necessário para a reintegração do idoso na sociedade, auxiliando o manejo de fatores psicossociais envolvidos na depressão.

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T246. Osteomielite vertebral: um diagnóstico diferencial desafiador Antonio de Biase Cabral Wyszomirski; Mariana de Castro Figueirêdo; Layla Florencio Carvalho; Ana Carolina Morais Correia; Alfredo Aurélio Marinho Rosa Filho; Mickael Lucas de Moura Félix; Sandra Marcia Omena Bastos Área Temática: Clínica Médica RESUMO INTRODUÇÃO: Espondilodiscite, também conhecida como Osteomielite vertebral, é uma doença infecciosa que abrange tanto os corpos vertebrais quanto os discos intervertebrais. Apesar da gravidade e complexidade do diagnóstico dessa entidade clínica, ainda são poucos os estudos acerca da moléstia. OBJETIVO: Desse modo, o presente estudo objetiva trazer um debate acerca da Espondilodiscite, de forma a discutir aspectos da doença e suas complicações, juntamente com a eficácia terapêutica atual e dos meios diagnósticos. METODOLOGIA: Realizou-se uma pesquisa nas bases de publicações do New England Journal of Medicine e Revista Brasileira de Reumatologia, além dos portais de dados Pubmed e Google Acadêmico, considerou-se critérios de inclusão relevância do estudo, avaliação do resumo e publicações nos últimos sete anos. RESULTADOS: Epidemiologicamente, destaca-se a frequência de 2,5 casos para 100 000 habitantes/ano, o sexo masculino é o mais afetado- H:M 1,5;1. Observa-se um pico de incidência em indivíduos acima de 70 anos de idade, sendo de 6,5 casos/100 000 habitantes, justifica-se por essa amostra da população estar mais suscetível a fração de casos relacionada à assistência. A Espondilodiscite pode ser classificada quanto ao tempo da doença, sendo até 10 dias aguda e posterior a esse período subaguda/crônica. O agente etiológico mais comumente associado à forma aguda é o Staphylococus aureus, seguido da E. coli; já na forma crônica, Mycobacterium tuberculosis ou espécies de Brucella, há relatos de espécies de Candida, cursando com a doença, nesses casos o diagnóstico costuma ser mais tardio. Existem três grandes vias de transmissão: hematogênica, mais comum, correspondendo a 70% dos casos; Inoculação direta e por contiguidade. O sítio mais acometido é a coluna lombar, seguida do segmento torácico e cervical. Quanto à sintomatologia, destaca-se que é inespecífica, pois a partir do momento que na maioria dos casos a Espondilodiscite é secundária a uma infecção prévia, que se alastra por via hematogênica, os sinais e sintomas podem ser encobertos, inicialmente, pelas manifestações da doença primária, e, mesmo que não o ocorra, em 86% dos casos o primeiro sintoma é lombalgia, que ecoa com diversos diagnósticos diferenciais. A ressonância magnética com gadolínio é o exame padrão ouro para o diagnóstico, em casos onde esse exame não pode ser feito, a tomografia computadorizada (TC) contrastada é a opção a ser considerada. Exames laboratoriais como PCR e VHS são importantes para excluir diagnóstico, a hemocultura apresenta uma alta taxa de falsos negativos, o que pode levar a necessidade de uma biopsia orientada por TC. O tratamento pode ser conservador ou cirúrgico, esse reservado a pacientes refratários à antibiótico terapia, a qual vai variar de acordo com o agente etiológico, ou com apresentação tardia acompanhada de déficit neurológico. A taxa de sucesso da terapêutica, quando empregada precocemente, gira em torno de 80% de cura, porem, quando iniciada tardiamente, as complicações podem ser desde abcesso epidural até colapso vertebral. CONCLUSÃO: Conclui-se que a terapêutica atual é, aparentemente, eficaz para o tratamento da doença, entretanto o diagnóstico precoce é o fator mandatório para um bom prognóstico, logo faz-se necessário facilitar o acesso a meios de diagnóstico, principalmente por imagem.

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T247. Panorama da assistência humanizada ao parto no Brasil: uma forma de garantir autonomia e qualidade de vida para a mulher e neonato

Lucas Gazzaneo Gomes Camelo; Lucas Pacheco Vital Calazans; Rafael de Almeida Omena; Arlindo Lopes de Almeida Neto; Renan Carvalho Mendes; Luiz Teixeira Mota; Alberto Sandes de Lima Área Temática: Saúde da Mulher RESUMO INTRODUÇÃO: A atenção humanizada objetiva promover parto e nascimentos saudáveis, a fim de minimizar a morbimortalidade materna e neonatal. O Brasil é um país que ainda convive com altas taxas de morbimortalidade materna-infantil, e isso é algo que possui relação com os altos índices de partos cesáreos realizados sem a devida assistência - índices que tornam o Brasil um dos países que mais realizam cesáreas no mundo. Visando garantir e respeitar os direitos e vontades da mulher, bem como a fisiologia do parto (deixados em segundo plano pelo modelo vigente de atendimento às gestantes), a assistência humanizada ao parto toma força. OBJETIVOS: Retratar a importância da assistência humanizada ao parto no Brasil e, como consequência disso, evidenciar suas vantagens e desvantagens para a mulher e seu respectivo filho. METODOLOGIA: Estudo secundário descritivo de revisão narrativa de literatura baseada em artigos, livros e sites, sendo esses nos idiomas inglês e português, os quais abordam a temática da humanização da assistência ao parto no Brasil. A pesquisa desse estudo foi desenvolvida a partir dos bancos de dados relacionados ao PubMed, Scielo, Lilacs e a Biblioteca Virtual em Saúde. RESULTADOS: No Brasil, nas últimas décadas, foi proposta uma série de diretrizes, normas e protocolos que visam melhorias no modelo de assistência obstétrica vigente, bem como utilizar práticas menos interventivas. Contudo, essas medidas ainda são ineficazes, pois ainda é expressivo o uso inadequado de tecnologias e intervenções desnecessárias, fato este comprovado pelo alto índice de cesáreas no país. Uma das táticas empregadas foi a estruturação da assistência ao parto, onde os enfermeiros (as) obstetras participam de forma ainda mais ativa em partos de baixo risco. Dessa forma, o Brasil segue o exemplo de alguns países europeus em que a assistência a esse tipo de parto é feita por profissionais não médicos. Além dessa estruturação, foram incorporadas ao SUS as Práticas Integrativas e Complementares (PICs). A partir de estratégias terapêuticas diferenciadas e voltadas para uma valorização do uso de meios mais simples, acessíveis e cuidadosos, as PICs fazem jus a um padrão integrador, de modo que haja um balanço benéfico entre ciência, tecnologia e humanização. Além das PICs, existem medidas que lutam pela ascensão da experiência do parto, uma dessas é o programa Rede Cegonha idealizado pelo Ministério da Saúde para acompanhar a mulher durante a gestação, garantindo consultas pré-natais em quantidade e qualidade com atendimento humanizado. CONCLUSÃO: Mediante a realidade vigente, o Brasil é um dos países com maiores taxas de partos medicalizados e, na maioria dos casos, sem necessidade, conforme as evidências e os protocolos pré-existentes. Conforme o estudo realizado, fica clara a importância de haver uma melhoria na assistência à humanização do parto, tanto no setor público, como no privado (assistência suplementar). É deveras, que a assistência atual é também um reflexo de uma medicina mais defensiva e de uma falha importante na assistência primária e no acesso à um pré-natal de boa qualidade.

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T248. Participação na liga alagoana de medicina cirúrgica: um relato de experiência

Iago Moura Aguiar; Anie Deomar Dalboni França; Gabriela Correia de Araújo Novais; Maysa Tavares Duarte de Alencar; Maria Eduarda Lins Calazans; Maria Flávia Cruz Orsolete; Túlio Barbosa Novaes; Lucas Roberto da Silva Barbosa; André de Mendonça Costa Área Temática: Educação Médica RESUMO INTRODUÇÃO: A Liga Alagoana de Medicina Cirúrgica (LAMEC) é um projeto extracurricular composto por um grupo de estudantes do curso de Medicina coordenados por professores médicos, dedicados a se aprofundar no estudo sobre Cirurgia Geral, a fim de aprimorar a formação acadêmica, preenchendo eventuais carências da graduação e contribuindo para a melhoria dos serviços de saúde prestados na comunidade. OBJETIVO: mostrar a importância e resultados da participação na LAMEC durante o período de um ano na visão de acadêmicos de medicina. RELATO DE EXPERIÊNCIA: Durante as atividades realizadas pela LAMEC são atingidos os princípios do tripé universitário: ensino, pesquisa e extensão. Reuniões quinzenais ministradas por profissionais da área ou por integrantes da liga englobam o ensino. Nessas reuniões são discutidos temas referentes à Cirurgia Geral de forma teórica ou prática. Já na pesquisa os acadêmicos realizaram trabalhos que foram aprovados em congressos e jornadas ligados à cirurgia. Tivemos dois trabalhos apresentados no XXXII Congresso Brasileiro de Cirurgia, em São Paulo, e um na 41ª Jornada Norte/Nordeste de Anestesiologia, em Maceió. E, por fim, na área da extensão, os acadêmicos acompanharam cirurgias nos centros cirúrgicos dos principais hospitais de Maceió, produziram e divulgaram nas redes sociais mídias educativas sobre diversos assuntos ligados à cirurgia e suas curiosidades, como também organizaram uma campanha referente ao novembro Azul, no ano de 2016, para comunidade do Bolão, juntamente com um projeto que integra todos os cursos da área da saúde de um centro universitário alagoano. CONCLUSÃO: Todo conhecimento adquirido reflete no maior domínio técnico-científico dos acadêmicos acerca do universo da cirurgia e suas ramificações, assim como na aquisição de experiências dos membros através do contato com procedimentos nas áreas hospitalares e sensibilidade ao interagir com os pacientes e com a comunidade. A LAMEC vem em processo constante de aprimoramento, munindo-se de ações de conscientização, projetos de pesquisa, reuniões científicas e atividades hospitalares assegurando-se dessa forma em um impacto positivo não apenas para seus integrantes, mas também para o futuro da liga e consequentemente instituição de ensino e seus professores.

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T249. Patch adams - o amor é contagioso: uma análise qualitativa sobre a relação médico-paciente

Mayara Shirley Lins Emídio; Amanda Alves Leal da Cruz; Brenda de Carvalho Resende Mergulhão; Érika Santos Machado; Thuane Teixeira Lima; Maria Eduarda di Cavalcanti Alves de Souza Área Temática: Educação Médica RESUMO INTRODUÇÃO: O filme “Patch Adams – O amor é contagioso” retrata de forma humanista, alegre e diferenciada o cuidado aos pacientes. Através desta temática, a relação médico-paciente pode ser reestruturada e vista sob uma nova perspectiva. Tal assunto vem sendo mais abordado nas últimas décadas. Entretanto, pouco se tem avançado no que se refere à inserção deste contexto na formação do médico. Isso é especialmente verdadeiro em nosso país. OBJETIVO: Analisar o filme “Patch Adams – O amor é contagioso” sob a perspectiva qualitativa diante da relação medico-paciente através da impressão das autoras do artigo. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo qualitativo (pesquisa documental) do tipo descritivo, na qual a amostra foi o filme “Patch Adams – O amor é contagioso”. A escolha foi baseada em sua representação do assunto, somando-se a esta uma revisão de literatura, para complementar a visão subjetiva das autoras do artigo sobre a obra, na qual utilizou-se os termos “Relação médico-paciente”, Humanização, “Medicina paliativa”, nas bases de dados LILACS, SciELO, e PubMed/MEDLINE. RESULTADOS: Usar filmes bem produzidos durante a graduação oferece como vantagem não comprometer a confidencialidade do paciente. Assim, nessas obras, os sintomas aparecem no contexto de vida dos personagens e não apenas num único encontro clínico. Existe a necessidade crescente em desenvolver uma comunicação mais aberta entre médicos e pacientes, que possibilite maior qualidade nesta relação. Sob esta ótica, o primeiro ponto a ser apresentado para reflexão é relativo ao comportamento profissional do médico. Ao adoecer, o sujeito demanda atenção e cuidados amplos no que se refere ao contexto biopsicossial, portanto, cabe ao médico escutar, acolher e, quando necessário, encaminhar, pois a doença pode ainda se manifestar como um somatório para um conflito psíquico. A medicina deve adequar-se às características subjetivas de cada paciente. Para o sucesso de qualquer terapia, é fundamental que se estabeleça uma relação de confiança e, sobretudo, humanismo. A comunicação é um fator imprescindível a se considerar nas relações médico-pacientes. O profissional deverá atuar de maneira a respeitar a autonomia do paciente e utilizar seu conhecimento científico a favor da elaboração de propostas terapêuticas efetivas e legais. O paciente deve ser abordado como foco da atenção de toda equipe médica. Assim, é importante que os resultados do atendimento sejam considerados também sob o ponto de vista dos objetivos trazidos pelo doente e não somente aqueles colocados pela queixa, inserida no modelo biomédico. CONCLUSÃO: Através da análise do filme, pôde-se inferir que é necessária uma boa relação medico-paciente. Visto que esta facilita a adesão terapêutica, além de ser essencial para a prática de uma boa medicina. Ademais, percebeu-se que a utilização de obras cinematográficas contribui positivamente para sensibilizar ações reflexivas benéficas para essa relação.

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T250. Polidramnia: uma complicação do diabetes mellitus tipo 2 Christiane Lima Messias; Aline Moreira de Oliveira Barroso Área Temática: Saúde da Mulher RESUMO INTRODUÇÃO: Diabetes mellitus (DM) tipo 2 é definida como hiperglicemia decorrente da secreção deficiente de insulina e/ou da sua capacidade de exercer adequadamente as ações periféricas nos diversos órgãos. No Brasil, a prevalência é de 7,6 % dos brasileiros entre 30 e 69 anos. Uma das complicações dessa doença na gestação é a polidramnia, aumento acentuado do volume do líquido amniótico (LA), geralmente reconhecido ao exame físico, com o aumento do volume uterino incompatível com a idade gestacional e através da ultrassonografia, com presença de bolsão de líquido amniótico com diâmetro superior a 8 cm. Esse aumento do volume pode acarretar sofrimento materno-fetal. OBJETIVO: Elucidar a Polidramnia, umas das complicações do diabetes mellitus tipo 2, e a importância do controle glicêmico no período gestacional, bem como a realização de propedêutica necessária a fim de evitar complicações materno-fetais. METODOLOGIA: Trata-se de uma revisão de literatura que teve como escopo a base de dados Scielo, na língua portuguesa, no período de 2005 a 2017. Foram obtidos 45 artigos cujos textos foram analisados segundo a temática abordada, dos quais 2 foram selecionados para embasar o presente trabalho. Para tanto, foram utilizados os seguintes descritores: Líquido Amniótico, Diabetes Melito, Tratamento e Gestação, correlacionando-os com os operadores booleanos: AND e OR. RESULTADOS: Na diabetes mellitus tipo 2, o estado hiperglicêmico materno promove distúrbios na produção e reabsorção do líquido amniótico. A diurese osmótica fetal é descrita como um dos mecanismos implicados no desenvolvimento do polidrâmnio em gestações complicadas pelo diabete mellito. A polidramnia ocasiona sofrimento materno-fetal. O sofrimento materno pode ser elevado, pela pressão do útero muito desenvolvido pelo diafragma, com dispneia acentuada, diminuindo a circulação venosa e induzindo a edema de membros inferiores, varizes e hemorroida e comprimindo o sistema gastrointestinal. Pode desenvolver complicações como fadiga do útero, trabalho de parto prematuro, cesariana, hemorragia pós-parto, rotura do saco amniótico, deslocamento da placenta e prolapso de cordão. Quanto ao feto nem sempre consegue perceber e definir sua apresentação, ele pode apresentar baixa ou alta contratilidade uterina e levar a interrupção da gravidez antes do termo. O tratamento é realizado através do esvaziamento do excesso de líquido, que pode ser por amniocentese transabdominal que é indicada para diminuir o desconforto da paciente, favorecer a evolução da gravidez e, na fase pré-parto, acelerar a transformação da contratilidade uterina, ou iniciando ou o parto, encurtá-lo. Pode utilizar a indometacina que é uma droga capaz de normalizar o volume de líquido amniótico. Seu emprego deve ser limitado até 34 semanas de gravidez, e a dose de um comprimido (25 mg) 4/dia. CONCLUSÃO: A polidramnia é uma das complicações do Diabetes Mellitus e ocasiona sofrimento materno-fetal, associando-se a taxas de morbimortalidade perinatais significativamente maiores do que na população geral. Desta forma, é essencial o acompanhamento precoce nas consultas de pré-natais, realizando a medida do volume de líquido amniótico para a avaliação fetal, especialmente nessas portadoras de diabetes. Sendo importantes, também, orientações quanto aos hábitos de vida para prevenção e diagnóstico.

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T251. Preparação para lidar com a morte na formação do estudante de medicina Maria Gabriela Rocha Melo; Ana Carolina Ferreira Brito de Lyra; Cintia Caroline Nunes Rodrigues; Emanuella Pinheiro de Farias; Jamylla Correia de Almeida Costa; Sandy Vanessa César Cadengue Área Temática: Educação Médica RESUMO INTRODUÇÃO: O seguinte trabalho trata do contexto da morte na vida do estudante de medicina. OBJETIVO: Apresentar as dificuldades e influências vividas no cotidiano desses alunos METODOLOGIA: Constitui-se em uma revisão de literatura de diferentes artigos científicos. RESULTADOS: Dessa maneira, analisa-se a persistência da morte como um tabu e a carência de debates a respeito dela durante a graduação, os quais refletem em algum momento de suas carreiras, resultando no despreparo de muitos residentes na vivência da morte de um paciente. Consequentemente, a relação medico-paciente e médico-família do paciente pode ter conclusões negativas em seu psicológico e formação. Ademais, também influencia no conceito pessoal da morte em si que pode envolver fatores como a espiritualidade e a própria vivência desses estudantes. Nesse âmbito, os diversos artigos utilizados para a revisão concordam que a morte ainda é um assunto receoso na área médica devido à exaltação do papel social médico de “salvar vidas". Isso pode levar, muitas vezes, à negligência e ao esquecimento do fundamental que é a importância da qualidade de vida de seus pacientes e a pratica da ortotanásia. CONCLUSÃO: Assim, a morte acaba precisando ser tratada individualmente e, principalmente, a partir da história pessoal de cada um.

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T252. Prevalência de depressão em estudantes de medicina de Alagoas Clara Bárbara Vieira e Silva; Evilly Rodrigues de Oliveira; Agda Rose Bezerra Alves Aquino; Nathália Réggia Oliveira Silva; Janaína Monteiro Ramos; Juliana Morena Bento Gomes de Barros; Ana Carolina Morais Correia; Adalberto Gomes Bisneto; Emanuella Pinheiro de Farias Bispo Área Temática: Saúde Mental RESUMO INTRODUÇÃO: A depressão é a alteração afetiva mais estudada e falada na atualidade. Classificada como um transtorno de humor, ela vem reger as atitudes dos sujeitos modificando a percepção de si mesmos, passando a enxergar suas problemáticas como grandes catástrofes. A depressão é a principal entidade nosológica associada a tentativas de suicídio e os elevados índices de suicídio encontrados nos estudantes de medicina estão relacionados com a perda da onipotência, onisciência, virilidade e a crescente ansiedade pelo temor em falhar. Estima-se que a prevalência dos transtornos depressivos em estudantes de medicina oscila entre 8% e 17%. A correlação de suicídio e depressão em estudante de medicina tomou maior visibilidade no Brasil em maio de 2017 quando uma série de tentativas de suicídios foi registrada entre alunos do quarto ano de medicina da USP. Tal situação reflete a necessidade de estudos sobre o tema a fim de formular intervenções e políticas de prevenção e tratamento específico para essa população. Considerando o importante problema de saúde pública que o suicídio relacionado à depressão em estudantes de medicina representa, justifica a realização de uma pesquisa epidemiológica visando à quantificação da sua prevalência no Estado de Alagoas. OBJETIVO: Investigar a prevalência de depressão em estudantes de medicina do estado de Alagoas, determinar a incidência da severidade do quadro depressivo e identificar o período do curso mais acometido por essa patologia. METODOLOGIA: Trata-se de estudo transversal, realizado no período de outubro a novembro de 2017, cuja a população é constituída pelos estudantes de medicina do estado de Alagoas. As variáveis estudadas foram: depressão e período do curso. O presente foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do Centro Universitário CESMAC via Plataforma Brasil, conforme protocolo número: 2348971. RESULTADOS: Foram analisados 63 Inventário de Depressão de Beck versão II, em que 63,6% são do sexo feminino e 36,4% do masculino. Destes, 24 indivíduos apresentavam sintomas de depressão leve a moderada, 8 de depressão moderada a severa e 5 de depressão severa. A incidência de depressão nas diferentes fases do curso foi de 26 acometidos no básico (1º ao 4º semestre), 6 no intermediário (5º ao 8º semestre) e 5 no internato (9º ao 12º semestre) 5 indivíduos. CONCLUSÃO: A prevalência de depressão em estudantes de medicina de Alagoas é de 58,7%, valor que muito supera o descrito na literatura. O período mais acometido por esse transtorno de humor é o ciclo básico, que compreende os quatro primeiros períodos do curso.

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T253. Prevalência e correlações das mortes por amebíase, segundo o produto interno bruto na região Nordeste do Brasil

João Eduardo Gondim Mendes Leite; Thomas Bernardes Lopes; Maria Clara Santos de Oliveira; Anderson Freire de Araújo; Lívia Helena Gomes de Barros Brandão; Igor de Oliveira Pinto; João Coelho Neto; Arthur César Saraiva Furtado; Analivia Barros Costa de Oliveira; Ivonilda de Araújo Mendonça Maia Área Temática: Clínica Médica RESUMO INTRODUÇÃO: A amebíase é considerada a segunda principal causa de morte por parasita mundialmente, apresentando-se mais prevalente em países tropicais e subtropicais, onde a população tem menores índices de higiene, escolaridade e saneamento básico. Nos últimos anos, a região do Nordeste brasilerio apresentou maiores índices de infecção e mortalidade, afetando diretamente a economia nacional pelos gastos com internações hospitalares em doenças que necessitariam apenas de medidas preventivas. OBJETIVO: Determinar a prevalência da mortalidade relacionada ao óbito por amebíase notificados pelo DATASUS na região Nordeste do Brasil e correlacionar com o produto interno bruto (PIB) dos estados nordestinos. METODOLOGIA: Estudo observacional descritivo, com uso de dados secundários do Sistema de Informações de Saúde (TABNET), no qual foram notificados os casos relacionados à prevalência da mortalidade relacionada aos óbitos por amebíase na região Nordeste do Brasil entre 1996-2015 e confrontá-los com os três maiores e três menores PIB’s nordestinos no ano de 2014 segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), disponibilizados no ano de 2016. RESULTADOS: Segundo o IBGE, em 2014, os três estados nordestinos que apresentavam o maior PIB eram Bahia (223,9 milhões), Pernambuco (155,1 milhões) e Ceará (126,0 milhões), enquanto que os três estados nordestinos que possuíam o menor PIB eram Alagoas (40,9 milhões), Piauí (37,7 milhões) e Sergipe (37,4 milhões). De 1996 até 2015, foi observado que o número de óbitos foi maior nos estados que apresentavam o maior PIB com 171 casos em Bahia, 161 em Ceará e 131 em Pernambuco, tendo o pico em 2002 com 39 casos notificados em Ceará. Em 2015 foi possível observar uma redução no número de casos nos estados com o maior PIB, tendo 3 casos notificados em cada um. Já nos estados com o menor PIB, Alagoas registrou um total de 86 casos, Piauí, 35 casos e Sergipe, 29 casos, tendo o pico em 2003 em Alagoas com 10 casos notificados. Em 2015, Piauí registrou 2 casos, Alagoas 5 casos e Sergipe nenhum caso. Sendo o PIB um marcador de desenvolvimento socioeconômico, os resultados da pesquisa contradizem a literatura, onde o número de casos de mortes por amebíase é diretamente proporcional ao baixo desenvolvimento socioeconômico, por se tratar de uma doença simples de se resolver com medidas preventivas e tratamento adequado, no qual os grandes centros podem ofertar com mais facilidade. Porém, é interessante salientar que o número de casos ao longo do período proposto reduziu, evidenciando uma melhora no serviço de saúde destes estados. Ressalta-se que nos estados menos desenvolvidos há mais subnotificações, esclarecendo que faltam dados para melhor compreensão da realidade. CONCLUSÃO: Observou-se que o número de mortes por amebíase foi menor nos países com baixo desenvolvimento socioeconômico comparado aos de PIB elevado. O número total de mortes pela doença diminuiu em todos os estados analisados ao longo dos anos, destacando a importância da implementação de políticas públicas de saúde em saneamento e prevenção. No entanto, são necessários maiores estudos sobre o tema, tendo em vista o elevado número de subnotificações da doença nos estados nordestinos.

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T254. Prevenção da esquistossomose em alagoas e as influências ambientais Beatriz Fernandes Brêda; Bruna Holanda Carvalho Galvão; Gustavo Mendonça Ataíde Gomes; Ianny Stephany Oliveira de Lima; Jaiane Maria de Brito Nobre; Laiz Maria Medeiros Lins; Luana Alcântara Lisboa; Cristiane Monteiro da Cruz Área Temática: Medicina Preventiva RESUMO INTRODUÇÃO: Estima-se que mais de 230 milhões de pessoas no mundo estão infectadas por esquistossomose, cerca de 500 milhões encontram-se em risco de infecção, sendo aproximadamente 2,5 milhões no estado de Alagoas. Como essa infecção em humanos ocorre no contato com água contaminada é essencial avaliar fatores ambientais. Ainda, esquistossomose é uma doença endêmica no estado de Alagoas e sua prevenção está associada com fatores ambientais. OBJETIVO: Analisar a relevância dos fatores ambientais nos altos índices de infecção por esquistossomose em Alagoas. METODOLOGIA: Nessa revisão integrativa de literatura efetuou-se uma pesquisa nas bases de dados PUBMED e Scielo, de 2013 a 2017, utilizando-se os meshterms “Schistosomiasis AND Environment”. RESULTADOS: Do total de 17 artigos examinados, 9 foram definitivamente selecionados para a construção do presente estudo. Evidenciamos uma soma de fatores, principalmente, ambientais, dificultando, assim, o controle dessa endemia. CONCLUSÃO: Concluímos que não haverá um controle efetivo dessa doença apenas com a mudança de hábitos. É necessário evitar a poluição ambiental, para não ocorrer mudanças bruscas na temperatura e assim romper o ciclo de vida do parasita.

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T255. Prevenção e diagnóstico precoce do câncer de próstata: a importância das políticas e campanhas educativas para a mobilização na busca do autocuidado

Antonio Carlos de Almeida Barbosa Filho; Alana Oliveira Francelino; Caroline Calixto Barros Sampaio Fernandes; Jemima Albuquerque Gomes da Silva; Renato Celestino Miranda; Thais Manuella Ferreira; Juliane Cabral Silva; Sandra Maria Domingos Fiorito Área Temática: Clínica Médica RESUMO INTRODUÇÃO: O distanciamento do homem dos serviços de saúde é uma consequência histórica e cultural de uma sociedade que os caracteriza como viris, fortes e invulneráveis, o que acaba distanciando-os das práticas de autocuidado. Isso os tornam mais susceptíveis a doenças como o câncer de próstata. OBJETIVO: Desta forma, este estudo objetiva analisar o impacto das campanhas e políticas para efetivação do direito à saúde e mobilização na busca do autocuidado. METODOLOGIA: Trata-se de uma revisão integrativa de literatura cujo os principais referenciais teóricos foram artigos das bases de dados SciELO e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), encontrados a partir de descritores dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS), além de dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) e Ministério da Saúde. RESULTADOS: De acordo as pesquisas e os cruzamentos feitos foram recuperados 93 artigos segundo as bases de dados, permanecendo ao final da leitura do título, resumo e na íntegra 7 artigos, os quais foram utilizados para embasar o trabalho. Os índices encontrados demonstraram que o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens, além disso suas taxas de morbimortalidade estão aumentando com os anos, sendo essa ocorrência possível de ser quantificada graças a evolução dos métodos diagnósticos. No caso do rastreamento da hiperplasia prostática maligna, ela ocorre inicialmente pelo exame clínico (toque retal) associado à dosagem do antígeno prostático específico (PSA) e posterior ultrassonografia da próstata em caso de suspeita. CONCLUSÃO: Em vista disso, notou-se que há um atendimento inadequado nos serviços de saúde para o sexo masculino, pois não são tratados como prioridade e nem atendidos de acordo com as suas necessidades. Por esses motivos os homens estão se afastando ainda mais dos serviços de saúde, isso dificulta a prevenção, diagnóstico e tratamento dessa e de outras doenças. Dessa forma, conclui-se que existe uma grande importância nas Campanhas como o novembro Azul e políticas como a Política Nacional de Ação Integral à Saúde do Homem (PNAISH), que exercem grande impacto para a consolidação do direito à saúde e na mobilização do autocuidado, construindo hábitos de prevenção e facilitando o diagnóstico precoce do câncer de próstata.

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T256. Principais bloqueadores neuromusculares utilizados na emergência: uma revisão de literatura

Erinaldo da Costa Quintino Junior; Thiago Augusto Pereira de Moraes; Leticia Lira de Souza; Renata Katharyne Cordeiro Rodrigues; Charmylly Bispo Noia; Maria Eduarda di Cavalcanti Alves de Souza; Emanuella Pinheiro de Farias Bispo Área Temática: Cirurgia RESUMO INTRODUÇÃO: Para uma minimização dos riscos de lesionar a via aérea de pacientes durante a intubação orotraqueal, é comum a utilização de bloqueadores neuromusculares (BNM’s) na prática anestésica. No entanto, seu uso está associado a algumas complicações como anafilaxia, complicações respiratórias no pós-operatório, entre outras. Diante deste contexto é comum de se observar o uso de outros fármacos em concomitância aos BNM’s visando minimizar os efeitos adversos. OBJETIVO: Reunir dados relevantes sobre os principais BNM’s utilizados na emergência. METODOLOGIA: Utilizou-se os descritores: Bloqueadores neuromusculares, antagonista e inibidores, todos cadastrados nos Descritores de Ciências da Saúde (Decs). Os artigos foram coletados nas bases de dados Scielo, Lillacs e PubMed, no período de outubro a novembro do ano corrente, sem delimitação de ano da publicação e idioma de origem. RESULTADOS: Os BNM’s podem ser de duas classes principais, despolarizantes e adespolarizantes. Considerando a grande quantidade de bloqueadores utilizados na emergência, dentre os BNM’s despolarizantes têm-se a Succinilcolina que age como agonista do receptor nicotínico. Sua ação se dá pela mimetização da acetilcolina (ACh), que se liga as duas subunidades alfa do receptor, gerando uma despolarização da membrana e posterior contração muscular. Alguns efeitos colaterais da Succinilcolina são bradicardia, mialgia, aumento da pressão intraocular, hipercalemia, anafilaxia, entre outros. Já os BNM’s adespolarizantes possuem ação antagonista, sendo competidor da ACh no receptor pós-sináptico, impedindo a despolarização da membrana. Por não ser metabolizado na junção neuromuscular, o bloqueio é decorrente do efeito dilucional da droga à medida que o tempo passa. Essas drogas são subdivididos em dois grupos, os compostos benzilisoquinolínicos e os compostos aminoesteróides. O Rocurônio é o BNM adespolarizante aminoesteróide, de ação mais rápida disponível clinicamente, apresentando condições de intubação entre 60-90 segundos. Além disto, exerce efeitos cardiovasculares mínimos e não libera histamina, no entanto, tem maior incidência de reações anafiláticas. Na reversão dos efeitos dos BNM’s adespolarizantes têm-se os anticolinesterásicos, que inibem a ação da enzima acetilcolinesterase levando à redução da degradação de ACh o que potencializa sua ação. A reversão é feita no final da cirurgia, somente depois de ocorrido um grau de resolução espontânea do bloqueio. O sinal mais confiável da reversão do bloqueio pelo anticolinesterásico é a ausência de fadiga. Na literatura, viu-se que na reversão de BNM induzido por Rocurônio, o Sugammadex mostrou-se mais rápido e seguro quando comparado a Neostigmina, sendo este último o anticolinesterásico mais utilizado em anestesia. Já para reversão de bloqueios por BNM’s despolarizantes como a Succinilcolina, o anticolinesterásico deve ser administrado junto a um antimuscarínico, pois os primeiros aumentam a concentração de acetilcolina que potencializa o efeito, o que pode resultar em bradicardia, miose, aumento da peristalse, entre outros. CONCLUSÃO: De acordo com os achados, sugere-se que a Succinilcolina continua sendo o fármaco mais usado para situações de emergências, apesar dos altos índices de sequelas ou complicações em seu uso. Além disto, estudos trazem o Sugammadex como opção mais eficaz na reversão do Rocurônio.

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T257. Principais manifestações renais na esclerose tuberosa Sarah Maria Coelho da Paz de Lima; Danielle Almeida Magalhães; Maria Flávia Cruz Orsolete; Maysa Tavares Duarte de Alencar; Rodolfo Tibério Ferreira Silva Área Temática: Clínica Médica RESUMO INTRODUÇÃO: A Esclerose Tuberosa (ET) é uma síndrome neurocutânea de caráter genético com transmissão autossômica dominante e expressividade variada. Sua etiologia está associada a anomalias nos genes TSC1 ou TSC2. A prevalência da síndrome é estimada em 1:6.000 nascidos vivos, dos quais até 80% dos portadores podem apresentar lesões renais, e destas as mais comuns são as angiomiolipomas, cistos renais e carcinoma de células renais. Podem ocorrer também com menor frequência oncocitoma, doença intersticial e glomerulosclerose segmentar focal. Embora o envolvimento renal seja comum no ET, a maioria dos pacientes apresentam pouco ou nenhum sintoma relacionado à doença renal, dificultando o seu diagnóstico. OBJETIVO: O presente trabalho apresenta características clínicas das principais lesões renais associadas a ET visando contribuir para o melhor conhecimento desta doença que é uma das mais graves entre as facomatoses com repercussões sistêmicas. METODOLOGIA: Trata-se de uma revisão de literatura com coleta de dados a partir de fontes secundárias, por meio de levantamento biblio-gráfico nas seguintes bases de dados: BVS (Biblioteca Virtual em Saúde), SCIELO, PubMed e LILACS, sendo selecionados 10 artigos. RESULTADOS: O angiomiolipoma (AML) é a lesão renal mais comum observada entre os pacientes com complexo de esclerose tuberosa. Os tumores surgem pela proliferação clonal de células epitelióides e são distribuídas em torno dos vasos sanguíneos. As manifestações clínicas estão relacionadas tanto à hemorragia (hematúria, hemorragia intratumoral ou retroperitoneal) devido a proximidade com os vasos sanguíneos quanto ao efeito de massa (massa abdominal, dor no flanco, hipertensão e insuficiência renal) relacionados ao tamanho dos tumores. Os cistos renais são a segunda manifestação renal mais comum, podem ser únicos ou múltiplos, geralmente limitado, de tamanho pequeno e sem sintomas, quando apresenta cistos com diâmetro superior a 4 cm, podem ser sintomáticos e apresentarem-se como dor no flanco, hipertensão arterial, pielonefrite e doença renal progressiva devido à substituição e compressão do parênquima renal. Carcinoma de células renais associado a ET são raros, afetam 1-2% dos adultos com ET, e surgem em média por volta dos 28 anos e apresenta-se frequentemente de forma multifocal e bilateral, a tríade clássica (dor, hematúria e massa palpável) apresenta bom índice de especificidade, mas é encontrada em apenas 10 a 15% dos pacientes e frequentemente indica doença avançada. CONCLUSÃO: ET é uma doença multissistêmica, progressiva de grande variabilidade fenotípica, podendo apresentar-se com manifestações renais variadas e entre elas se destacam as angiomiolipomas, cistos renais e carcinoma de células renais, no qual impõe o conhecimento das manifestações clínicas para uma abordagem multidisciplinar, sistemática e regular de eventuais problemas de saúde, procurando minimizar o risco de complicações potencialmente graves.

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T258. Proteção radiológica: imprescindível na imaginologia Kalyne Moraes Cavalcante; Aurea Virginia Pino dos Santos; Débora Maria de Castro Tenório; Maria Eduarda Monteiro de Carvalho; Zafira Juliana Barbosa Fontes Batista Bezerra; Maria Lúcia Lima Soares Área Temática: Medicina Preventiva RESUMO INTRODUÇÃO: A radiação natural existe desde a origem da terra, sendo atualmente responsável por 80% da radiação recebida pelo organismo humano. Já a artificial, tem sido emitida por exames de imagem para diagnóstico médico e tratamento de patologias, e é responsável por quase todo o restante. O comprometimento à saúde é pequeno desde que os procedimentos sejam realizados respeitando as normas de proteção radiológica e sua correta indicação. A maior preocupação em relação às radiações ionizantes é a possibilidade de causarem doenças malignas na população exposta e defeitos genéticos nas próximas gerações. O dano biológico depende da dose absorvida e da sensibilidade dos tecidos, devendo proteger, prioritariamente, gônadas, glândula tireoide, mamas e olhos através do uso de equipamentos de proteção individual. Uma melhor compreensão a respeito desses efeitos nas últimas décadas trouxe o aprimoramento dos equipamentos e o desenvolvimento de um sistema de proteção radiológica, controlado pelos órgãos reguladores nacionais e internacionais, que normatizam as atividades envolvidas na exposição à radiação ionizante na área médica, visando a proteção dos pacientes e seus acompanhantes, bem como dos indivíduos ocupacionalmente expostos. Dessa forma, existe uma preocupação crescente da comunidade científica no sentido de informar aos médicos sobre a indicação dos exames e adequada utilização dos equipamentos. METODOLOGIA: Foi realizada uma revisão integrativa da literatura nas plataformas PubMed, SCIELO, Science Direct e LILACS, utilizando-se os descritores radiation protection, radiation effects e individual protection equipment. OBJETIVOS: Mostrar a importância das normas de proteção radiológica e do uso adequado de equipamentos visando a prevenção de riscos à saúde dos pacientes. RESULTADOS: O dano biológico por radiação depende da dose absorvida, sendo dividido em efeitos estocásticos, decorrentes da exposição a baixas doses sem limiar por um longo período de tempo, que pode levar à carcinogênese e mutações genéticas. Já os efeitos determinísticos são gerados por altas doses de radiação em um curto período de tempo e têm um limiar de dose acima do qual manifestações cutâneas e oculares ocorrerão. Os efeitos determinísticos têm se tornado importante devido aos procedimentos intervencionistas guiados por fluoroscopia. Portanto, devem ser protegidos os pacientes e seus acompanhantes além dos profissionais ocupacionalmente expostos, a partir de três princípios básicos: justificação, a qual afirma que o exame deve ser indicado quando os benefícios superarem os riscos; otimização, que se baseia no princípio ALARA e limitação de doses. A proteção é feita por meio de equipamentos de proteção coletiva (EPC) e pessoal (EPI), bem como através da fiscalização promovida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária. CONCLUSÃO: A exposição à radiação artificial na população tem aumentado, especialmente devido à tomografia computadorizada e à fluoroscopia realizada em procedimentos intervencionistas, estimulando pesquisadores a procurar as relações das radiações ionizantes com alterações genéticas e neoplasias. Isso tem levado a efeitos estocásticos e determinísticos graves como epilação, eritema e necrose cutânea. Desta forma é imprescindível tanto o conhecimento das normas de proteção radiológica, como a indicação precisa dos exames de imagem e o adequado manejo dos equipamentos, de forma a manter profissionais, pacientes e acompanhantes atualizados sobre o assunto.

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T259. Quantitativo de casos de sífilis em gestantes na cidade de Atalaia-Alagoas Jônatas Petrus Duarte Feitosa; Rafael Augusto Eugênio Vital; Thamirys Cavalcanti Cordeiro dos Santos; Eloisa Simões Alves; José Bandeira de Medeiros Neto; José Alfredo dos Santos Júnior; Affonso Gonzaga Silva Netto; Tatiana Maria Palmeira dos Santos; Ivonilda de Araújo Mandonça Maia; Jessé Marques da Silva Júnior Área Temática: Educação Médica RESUMO INTRODUÇÃO: As doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) representam um sério problema de saúde pública que acarreta danos sociais e econômicos. Entre as DSTs, a sífilis merece destaque, sendo a sífilis na gestação um grave problema de saúde pública, responsável por altos índices de morbimortalidade intrauterina. OBJETIVO: descrever os casos de sífilis em gestantes na cidade de Atalaia (AL), desde o início de sua notificação, no período compreendido entre os anos de 2011 e 2015. METODOLOGIA: Trata-se de estudo epidemiológico descritivo, do tipo levantamento retrospectivo. O estudo foi realizado no município de Atalaia, interior do Estado de Alagoas, localizado na região Nordeste do Brasil. Os dados epidemiológicos foram fornecidos pela Secretaria Municipal de Saúde de Atalaia. RESULTADOS: Foram notificados 14 casos de gestantes com sífilis, tendo média de idade de 25 anos, sendo 8 da área urbana e as demais da área rural. A maioria das mulheres possuía o ensino fundamental completo e raça parda. CONCLUSÃO: A realidade da sífilis em gestantes na cidade de Atalaia (AL) está longe da ideal, em que se busca o controle da doença. Os resultados evidenciam a subnotificação, um crescente no número de casos em gestantes, sinalizando, assim, para a ausência de uma política de controle da sífilis no município. Ademais, pode-se observar a necessidade de conscientização da população (trabalho de educação em saúde) para uma prevenção e diminuição da transmissão da doença e que, por conseguinte, possa contribuir para o bem-estar de toda a sociedade.

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T260. Relação dos casos de microcefalia com o Zika vírus Alana Oliveira Francelino; Antonio Carlos de Almeida Barbosa Filho; Caroline Calixto Barros Sampaio Fernandes; Jemima Albuquerque Gomes da Silva; Renato Celestino Miranda; Sandra Maria Domingos Fiorito Área Temática: Pediatria RESUMO INTRODUÇÃO: Em 22 de outubro de 2015, a Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco comunicou ao Ministério da Saúde a ocorrência de um aumento no número de casos de microcefalia, a partir de agosto do mesmo ano. Esse fato despertou a preocupação dos profissionais da saúde e autoridades de outros estados brasileiros para o aparecimento de mais casos pelo país. Os vetores mosquitos do Zika são acentuadamente mais prevalentes nos países tropicais e subtropicais, a exemplo do Brasil, e a introdução do vírus nessas áreas pode acarretar em disseminação endêmica da microcefalia, malformação congênita em que o cérebro não se desenvolve de maneira adequada. Nesse sentido, o presente estudo objetiva avaliar em qual período gestacional a infecção pelo vírus é mais danosa ao feto, bem como analisar a influência epidemiológica no aumento dos casos. METODOLOGIA: O trabalho trata-se de uma revisão integrativa de literatura em que os artigos selecionados para embasar o texto foram encontrados nas bases de dados do Scielo, LILACS e PubMed, a partir de descritores identificados no DeCS e Mesh; além disso, pesquisas do Ministério da Saúde e outros Protocolos de vigilância também entraram no acervo de dados. RESULTADOS: Dados recentes do Ministério da Saúde mostraram um aumento nos casos de microcefalia relacionado à infecção pelo Zika vírus no Brasil, causando preocupação acerca dos possíveis danos gerados aos fetos de gestantes acometidas. A contaminação materna durante a gestação pode acarretar anormalidades no sistema nervoso central do feto, configurando-se como calcificações e malformações de sistema nervoso. A microcefalia ocorre quando o perímetro cefálico é inferior aos desvios padrão esperado para a idade do recém-nascido, e entre as recomendações dos pesquisadores está o alerta às autoridades de saúde em todo o mundo para o risco de uma nova epidemia relacionada a esse flavivírus, além do diagnóstico diferencial para as crianças afetadas, com posterior tratamento adequado para as alterações clínica provenientes da microcefalia. CONCLUSÃO: Dessa forma, de acordo com pesquisas e exames realizados, as infecções que ocorrem durante o primeiro trimestre possuem maior repercussão na formação do feto, podendo, inclusive, ameaçar sua chance de vida. Do ponto de vista epidemiológico, a situação da transmissão do vírus Zika em mulheres grávidas não inclui somente a biopolítica das populações consideradas em risco, mas as incertezas que a própria ciência ainda possui no tratamento desse indivíduo.

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T261. Relação dos fatores sociais e sintomatologia depressiva em idosos Iago Moura Aguiar; Madson Alan Maximiano Barreto; André Fernando de Oliveira Fermoseli Área Temática: Clínica Médica RESUMO INTRODUÇÃO: A Depressão é um problema de saúde pública de distribuição global, que afeta tanto indivíduos do sexo masculino, como do feminino. Atinge todas as faixas etárias, porém com maior predileção para os idosos, de modo a ser um forte causador de morbidade. Vai se caracterizar por sintomatologias negativas, como humor reprimido e cansaço, alterações no sono e apetite, ideações suicidas, problemas gastro-intestinais e perda de interesses. OBJETIVO: Correlacionar sintomatologia depressiva em idosos e fatores sociais. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo transversal realizado com idosos atendidos em unidade de saúde de forma randomizada. De forma voluntária, participaram desse estudo 171 idosos de ambos os sexos com idade entre 60 e 94 anos. Utilizou-se como método de pesquisa um questionário socioeconômico e a Escala de Depressão Geriátrica (GDS) versão reduzida. Para execução deste, obteve-se a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CAAE: 63566016.2.0000.5641; parecer no 1.904.318) e todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. RESULTADOS: A amostra foi composta por 171 idosos com idade entre 60-94 anos (X̅=72,17; DP = 8,96). A prevalência neste estudo foi de indivíduos do sexo feminino (n=124). No GDS-15 32,7% apresentam sintomatologia depressiva (n = 56). Desses 92,9% (n=52) apresentam sintomatologia leve a moderado e 7,1% (n=4). Com intuito de correlacionar os fatores sociais no teste Chi-quadrado (x2) obteve-se em todas as relações (p<0,05). Após análise dos resultados, percebe-se que a incidência de Depressão, embora esteja relacionada com um fator fisiológico que predisponha a pessoa tê-la, recebe influência de fatores socioeconômicos, que funcionam como gatilhos. Nota-se que aspectos como morar com cônjuge ou familiar, ter alta escolaridade e até uma atividade de lazer corriqueira apresentam proteção com significância estatística. Interessante ressaltar que o fator renda, quer seja por um melhor acompanhamento e holístico da patologia, quer seja pela aquisição de medicações mais atuais, ou até mesmo por trazer menos estresse com alimentação ou deslocamento próprio, atue como um forte protetor contra a incidência. CONCLUSÃO: Conclui-se que há uma relação entre os fatores sociais e sintomatologia depressiva e além disso uma feminilização do envelhecimento.

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T262. Relação entre exames laboratoriais e fluxo sanguíneo cerebral de risco para acidente vascular encefálico em pacientes com doença falciforme

Raul Ribeiro de Andrade; Monique Medeiros de Moura Barreto Alves; Vítor Dantas Cerqueira; Fabiano Timbó Barbosa; Célio Fernando de Sousa Rodrigues; Fernando Wagner da Silva Ramos Área Temática: Clínica Médica RESUMO INTRODUÇÃO: A doença falciforme (DF) é uma desordem resultante de uma mutação que leva a substituição de um aminoácido valina por um ácido glutâmico na sexta posição de uma subunidade beta da molécula de hemoglobina, tornando-a anormal (hemoglobina S - HbS). A polimerização da HbS, há formação irreversível de eritrócitos falciformes e a vaso-oclusão são as bases da fisiopatologia da DF. Complicações advindas da DF, como insuficiência renal, crise vaso-oclusiva, síndrome torácica aguda e acidente vascular encefálico (AVE), demonstraram reduzir 25 a 30 anos da expectativa de vida das pessoas com a doença, em comparação com a população geral sem DF. O AVE é uma complicação grave que afeta todas as idades, levando a óbito 20% dos pacientes não tratados e até 50% nos quadros hemorrágicos. Segundo a Portaria no 473/2013, fundamentada no estudo Stroke Prevention Trial in Sickle Cell Anemia (STOP), para diagnosticar AVE em pacientes com DF, recomenda-se a utilização do doppler transcraniano (DTC), especialmente na faixa de 2 a 16 anos de idade. O DTC é um transdutor não invasivo baseado no uso de ondas sonoras de baixa frequência (≤ 2 MHz) em janelas ósseas finas que permite a monitoração dinâmica da velocidade do fluxo sanguíneo cerebral (VFSC). OBJETIVOS: Correlacionar os dados dos exames laboratoriais com a VFSC determinada pelo DTC. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo observacional transversal de caráter analítico, realizado no Centro Universitário CESMAC e no Hemocentro de Alagoas (HEMOAL). O presente projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) via Plataforma Brasil sob o número de protocolo CAAE: 49687415.5.0000.0039, número do comprovante 099346-2015. O estudo envolveu 42 sujeitos extraídos de um grupo de 151 pacientes submetidos ao DTC, 21 do sexo masculino e 21 do sexo feminino, entre 2 e 16 anos de idade. A análise estatística foi feita pelo software Graphpad Prism 6.0 com nível de significância de 5%. RESULTADOS: Foram identificados via prontuário, 151 pacientes que foram submetidos ao DTC, sendo 109 pacientes com DF que possuem VFSC normal e 42 com alterações. Foram avaliados 42 prontuários, 21 pacientes do sexo feminino e 21 do sexo masculino. A partir destes, observou-se que a média de idade foi 9,929 anos ± 3,446, variando entre 4 e 16 anos, a média da VFSC foi de 195 cm/s ± 46,04, a média da concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM) de 34,26 g/dL ± 3,968 e média de bilirrubina direta (BD) de 0,6443 mg/dL ± 0,3509. Encontrou-se correlação significante (p=0,0119) entre a VFSC e a CHCM cujo coeficiente r de Spearman (r=0,3846) demonstrou uma fraca correlação em sentido direto. Também, observou-se correlação significante (p=0,0339) entre a VFSC e a BD na qual o coeficiente r de Spearman (r=-0,3282) denotou uma fraca correlação em sentido inverso. CONCLUSÃO: Apesar das correlações serem fracas, podemos mapear os pacientes de risco para AVE com exames mais baratos e disponíveis, no intuito de evitar sua ocorrência e complicações.

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T263. Relato de experiência: visita a uma unidade de saúde voltada a saúde do trabalhador

Kristhine Keila Calheiros Paiva Brandão; Bruna Simões Romeiro; Débora Jane Almeida Vianna; José Arthur Campos da Silva; Larissa Maria Dias Magalhães; Maria Milde Nóia Lyra; Nicole Brandão Barbosa de Oliveira; Thais Manuella Ferreira; Victor Vinícius Cunha Brito; Geórgia de Araujo Pacheco Área Temática: Ciências da Saúde RESUMO INTRODUÇÃO: As áreas da medicina e segurança do trabalho são especializadas na preservação da saúde e da segurança do trabalhador, preocupando-se não apenas com a prevenção de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais, mas também com a qualidade de vida do trabalhador e a manutenção da sua saúde física, mental e social. Este relato de experiência faz menção à visita dos acadêmicos de medicina a uma clínica de Saúde e Segurança Ocupacional. OBJETIVO: Vivenciar o diálogo com atores da prática e com as ações desenvolvidas em uma clínica voltada à Saúde e Segurança do Trabalhador. RELATO DE EXPERIÊNCIA: No local há ações de Saúde Coletiva, promoção e educação em saúde; como também, proteção contra os possíveis danos durante atividades profissionais buscando assim a superação da dicotomia existente entre assistência curativa e as práticas preventivas e de promoção da saúde. Vale destacar que vem se observando um avanço nas áreas da saúde e segurança ocupacional, onde o médico do trabalho e o engenheiro de Segurança hoje assumem um papel muito importante em ações de prevenção e conscientização do trabalhador, o que vai muito além das atribuições clínicas e de diagnóstico. As atividades desenvolvidas, na clínica visitada, como identificadas no diálogo estabelecido com os profissionais envolvidos, respeitam as exigências das empresas bem como as Normas Regulamentadoras (NR ́s) do Ministério do Trabalho e Emprego. A avaliação é realizada de acordo com o tipo de exame, ao qual o trabalhador for submetido. Seja este, admissional, periódico, demissional, mudança de função e retorno ao trabalho e busca atingir a sistematicidade e rigor técnico científico bem como fazer uma interface entre os trabalhadores e seus contratantes, dando amparo legal e garantindo que a relação trabalhista não ofereça riscos à saúde física e mental dos profissionais. Na clínica realizam- se os exames clínicos bem como os exames complementares, como: raios x, pesquisa bioquímica, eletrocardiograma, audiometria, entre outros, específicos de acordo com as atividades realizadas e os possíveis riscos aos quais podem trabalhar expostos. Observou- se que a rotina do atendimento inicia-se com o acolhimento na recepção com o cadastro e devido encaminhamento para a pré-consulta, realizada por um profissional da enfermagem, para conhecer seu histórico, hábitos, estilo de vida, situação de saúde, sinais vitais, peso e altura. Após a pré-consulta a sequência é a consulta médica na qual o médico já dispõe dos dados obtidos na pré-consulta e então realiza a anamnese com uma investigação apurada seguida do exame clínico e complementar de acordo com as atividades realizadas pelo colaborador dentro da empresa e contemplados no programa de saúde da empresa. CONCLUSÃO: Essa interlocução nos proporcionou o contato com o Médico do Trabalho e com a realidade do trabalhador em seu aspecto biopsicossocial; além de nos permitir observar que a saúde do trabalhador é um campo eminentemente multidisciplinar e que tem o desafio de trabalhar sempre e cada vez mais a interinstitucionalidade.

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T264. Relato de experiência: vivência de estudantes de medicina em um grupo de autocuidado em hanseníase

Tayná Carlos Rolim; Ingrid Franciny Nascimento Ferreira; Tainá Ribas Pessoa; Aimê Alves de Araujo; Lorena Sampaio Monteiro Malta Gaia; Emanuella Pinheiro de Farias Bispo Área Temática: Ciências da Saúde RESUMO INTRODUÇÃO: A Hanseníase é uma doença infectocontagiosa causada por uma bactéria descoberta em 1873, Mycobacterium leprae, tendo uma evolução crônica de modo que acomete a pele e os nervos das extremidades do corpo. A doença está relacionada com a situação socioeconômica e afeta as regiões mais vulneráveis. O Brasil é o único país que não conseguiu eliminá-la e isso se deve às desigualdades encontradas no território brasileiro. Em Maceió, Alagoas, a realidade não é diferente, novos casos são notificados anualmente e a rede pública oferece o tratamento de forma gratuita e este dura de seis meses a dois anos. São administrados fármacos que diminuem a resistência ao bacilo e, após iniciado o tratamento, o portador para de transmitir quase que de imediato. OBJETIVOS: Nesse sentido, o presente estudo tem como objetivo descrever a situação de um centro de tratamento de hanseníase em Maceió por meio de um relato de experiência realizado com base nas vivências de acadêmicos de Medicina no Projeto de Extensão de Autocuidado em Hanseníase, ocorrido no Segundo Centro de Saúde Dr. Diógenes Jucá Bernardes, o qual é referência na capital alagoana para o tratamento da doença. RELATO DE EXPERIÊNCIA: Foram realizadas ações de Educação em Saúde através de Rodas de Conversa e Oficinas Temáticas com os pacientes que estavam em tratamento buscando conhecer a história deles, o tempo para diagnóstico, as dificuldades enfrentadas além do período em que estão em terapia medicamentosa. Notou-se que a maioria relatou demora no diagnóstico, no entanto, após a confirmação, o tratamento foi imediato, visando minimizar as sequelas deixadas pela doença. Além disso, em comum houve queixa de afastamento e rejeição familiar e de amigos posteriormente a comprovação da infecção. Também foi frequente o prolongamento do tratamento, sendo que a maior parte dos pacientes estava a mais de dois anos e uma parcela menor estava apenas tratando as reações provocadas pela medicação. Houve pouca incidência de pacientes que ficaram incapacitados ou com sequelas graves, pois fizeram a poliquimioterapia de forma correta. CONCLUSÃO: O controle e posterior eliminação da hanseníase no Brasil deve ser uma prioridade do Ministério da Saúde, pois caracteriza-se como um problema de saúde pública. Além disso, é fundamental que o diagnóstico seja precoce e para isso é necessário uma equipe multidisciplinar capacitada para reconhecer os indícios da doença em sua fase inicial. Ademais, os centros de tratamento além de oferecer o suporte medicamentoso devem atuar no campo psicológico, afinal, ainda há um tabu em relação a esta doença no país e isso afeta diretamente a forma como o paciente lida com o tratamento. O Projeto de Extensão foi de grande importância para a formação acadêmica, além de capacitar para o diagnóstico de uma doença que é negligenciada no país. O contato com a realidade dos pacientes e suas dificuldades permitiu uma sensibilização dos acadêmicos, pois a convivência semanal propiciou a criação de um vínculo com aqueles que participavam do Grupo de Autocuidado.

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T265. Sedação paliativa no paciente oncológico: uma revisão de literatura Fernanda Alexandre Lima e Silva; José Irineu Pessoa Neto; Daniel de Mélo Carvalho; Anacácia Pessoa Leite; Ayrton Silva Alves; Manoel Messias Lima Neto; Monique Medeiros de Moura Barreto Alves; Raul Ribeiro de Andrade; Carolina Záu Serpa de Araújo Área Temática: Clínica Médica RESUMO INTRODUÇÃO: Verificando os avanços na área de Oncologia em relação a diagnósticos e tratamentos, constata-se que 50% dos pacientes têm o diagnóstico de um câncer avançado e destes, 50% estará fora de possibilidades terapêuticas atuais e, isso representa uma situação de terminalidade. Com a progressão do câncer, quando alguns sinais e sintomas não são mais controláveis com as medidas padrões atuais, a sedação torna-se outra forma de controle. Esta prática é permeada por complexas questões éticas, resultando em discussões controversas, tanto entre profissionais de saúde quanto pelos próprios familiares e/ ou pacientes que vivenciam este processo. OBJETIVO: Este trabalho objetiva discutir a prática de sedação no paciente oncológico terminal e elucidar os conflitos éticos que abarcam o tema. METODOLOGIA: O estudo foi feito na forma de revisão de literatura, e para pesquisa bibliográfica foram empregadas as bases de dados Pubmed, Lilacs e Scielo, utilizando-se como descritores as palavras: oncologia, sedação paliativa, sedação profunda, cuidados paliativos, bioética. As publicações selecionadas obdeceram aos seguintes critérios de inclusão: artigos nos idiomas português, inglês e espanhol, completos e de domínio público, estar disponíveis online, publicados no período de 2006 a 2017. RESULTADOS: Na abordagem de cuidados paliativos, a sedação é considerada um método standard e pode ser definida como a indução da diminuição do nível de consciência em pacientes com sintomas severos, intratáveis ou refratários, por intermédio do uso de medicações sedativas, com o objetivo primordial de controlá-los. Segundo a Associação Europeia de Cuidados Paliativos (EAPC), a "sedação paliativa" do paciente terminal deve ser distinguida de eutanásia. Na sedação paliativa, o objetivo é aliviar o sofrimento, usando fármacos sedativos titulados apenas para controle dos sintomas. Na eutanásia, a intenção é tirar a vida do paciente, administrando-se um fármaco letal. As medicações mais usadas na sedação paliativa são os benzodiazepínicos, especialmente o midazolam, e os barbitúricos. Outras medicações amplamente usadas são os neurolépticos. Os benzodiazepínicos têm sido usados isolados ou em associação com neurolépticos e opioides. CONCLUSÃO: Sedação paliativa é frequentemente necessária nos pacientes com câncer no seu processo de morte/morrer. No entanto, isso pode desencadear transtornos emocionais e éticos nos profissionais envolvidos neste cuidado que podem ser contornados com a aproximação da equipe multiprofissional para resolver conflitos de opiniões; encontros programados com paciente e familiares, para esclarecimentos diversos; treinamentos e discussões periodicamente sobre sedação e os aspectos éticos envolvidos nesta prática, entendendo sempre o paciente como foco do cuidado.

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T266. Sequelas decorrentes do diagnóstico tardio da doença celíaca: revisão integrativa

Raul Ribeiro de Andrade; Ayrton Silva Alves; Anacácia Pessoa Leite; Daniel de Mélo Carvalho; Fernanda Alexandre Lima e Silva; José Irineu Pessoa Neto; Manoel Messias Lima Neto; Monique Medeiros de Moura Barreto Alves; Verena Cerqueira Palácio; Euclides Maurício Trindade Filho Área Temática: Clínica Médica RESUMO INTRODUÇÃO: A Doença Celíaca (DC) ou intolerância ao glúten é uma doença que afeta cerca de 1% da população mundial, porém esse dado ainda é pouco preciso diante da dificuldade em seu diagnóstico. A DC possui etiologia genética e é manifestada diante de fatores externos, quando o indivíduo faz a ingesta do glúten. Esse contato desencadeia uma reação autoimune na medida em que o glúten ou traços dele se depositam sob os enterócitos no paciente com DC e os leucócitos o classificam como corpo estranho, gerando uma reação leucocitária que degrada as vilosidades intestinais. Essa alteração morfológica fará com que o indivíduo diminua sua capacidade de absorção dos nutrientes e com isso, gera uma sintomatologia bastante variada que se agrava com o passar do tempo. O paciente, inicialmente, manifesta problemas gastrointestinais, desde diarreia à desnutrição e após, pode manifestar problemas mais sistêmicos como déficit de crescimento e até predispor um câncer. Seu diagnóstico precoce é de fundamental importância para evitar sequelas em longo prazo iniciando o tratamento com a dieta restritiva de glúten. OBJETIVO: Avaliar as principais sequelas decorrentes do diagnóstico tardio da DC e os motivos deste atraso. METODOLOGIA: Trata-se de uma revisão integrativa de literatura científica internacional na qual foram excluídos artigos cujos recortes metodológicos foram considerados distantes da proposta do presente estudo, incluindo todos aqueles que discorriam sobre o assunto de uma forma restrita, quer seja se limitando ao citar a Doença Celíaca como comorbidade de outras doenças, quer seja fora do período de tempo previamente delimitado. O levantamento compreendeu o período de 2006 a 2017, incluindo, contudo, um artigo fora desse período, porém de notoriedade científica e foi realizado junto à base de dados PubMed. RESULTADOS: Foram selecionados 9 artigos nos quais foram encontradas diversas complicações da DC, tais como: miopatias, discrepância de comprimento entre as pernas, joelho valgo, retardo do crescimento, osteomalácia, osteopenia, osteoporose, linfoma de células T, linfoma não-Hodgkin (complicação maligna mais comum), cânceres de boca, faringe, esôfago e cólon, adenocarcinoma intestinal (segunda mais comum). Também foram observadas várias causas para este atraso no diagnóstico com despreparo dos profissionais da saúde, variedade de sinais e sintomas, negligência na população masculina, ineficácia de alguns métodos diagnósticos. CONCLUSÃO: Constatou-se que o conhecimento sobre a DC não é tão bem difundido mesmo entre os profissionais da saúde, há dificuldade de acesso aos melhores métodos diagnósticos, falta de conscientização para buscar assistência, principalmente da população masculina, e tudo isso implica em um mau prognóstico dos pacientes portadores da mesma.

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T267. Sífilis congênita: um desafio para a saúde pública no Brasil Layla Florencio Carvalho; Ana Carolina Morais; Glícia Florencio Medeiros; Érica de Araújo Santos; Pamella Cerqueira Salgado; Wicla Liberato da Silva; Larissa Gomes Aragão de Souza Área Temática: Pediatria RESUMO INTRODUÇÃO: A sífilis congênita (SC) é uma patologia causada pela bactéria Treponema pallidum, que pode ser transmitida ao feto em qualquer estágio da gestação em caso de mãe portadora de infecção ativa. A SC constitui doença de fácil tratamento; todavia, a ausência do tratamento, no recém-nascido, pode acarretar em diversas sequelas, muitas delas irreversíveis. OBJETIVO: O presente estudo busca esclarecer as causas da grande taxa de mortalidade perinatal por SC, evidenciar a distribuição da prevalência da patologia nos diferentes grupos sociais e étnicos e reforçar as medidas necessárias para prevenção e tratamento adequados da SC. METODOLOGIA: Trata-se de estudo descritivo de revisão de literatura, em que foram utilizadas para busca de artigos as bases de dados secundárias Scielo (Scientific Electronic Library Online), Google Acadêmico e BVS (Biblioteca Virtual em Saúde) com o auxílio dos descritores “Sífilis Congênita”, “Mortalidade perinatal”, “SUS” e “Saúde pública”, sendo adotado como critério de inclusão análise do título e resumo. RESULTADOS: Como resultado, foi constatado que a SC é a infecção neonatal mais prevalente no mundo, cuja incidência demonstrou-se maior em estratos sociais de menor escolaridade, população negra, mães jovens e nas camadas populacionais de baixo nível socioeconômico. A SC acarreta em diversas consequências para o recém-nascido, usualmente manifestando-se nos primeiros anos de vida; entre as manifestações clínicas, destacam-se a sepse neonatal, anemia intensa, hemorragias, lesões cutaneomucosas e ósseas, lesões do sistema nervoso central e do aparelho respiratório, pseudoparalisia de Parrot, tríade de Hutchinson, tibia em lâmina de sabre, dentre outras – muitas delas irreversíveis. Ainda assim, embora conhecidas diversas repercussões da SC, a maioria das gestantes no Brasil são diagnosticadas tardiamente e 98% são consideradas inadequadamente tratadas. Apesar do avanço nos métodos diagnósticos e da terapêutica ser considerada simples, eficaz e de baixo custo, a prevalência de SC atinge níveis elevados no Brasil, o que evidencia grandes falhas nos serviços de saúde. CONCLUSÃO: Com isso, enfatiza-se a importância da assistência pré-natal adequada, fator imprescindível no diagnóstico precoce e prevenção de complicações relacionadas à doença.

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T268. Sigilo: a exposição de pacientes em redes sociais Vítor de Faria Alcântara; Caio da Silva Ramos Leal; Lucas Felizardo Figueredo; Bruna de Carvalho Resende Mergulhão; José Mário Dantas Coelho da Paz; Wilson Aurélio Moreira Bastos Pereira; Rosamaria Rodrigues Gomes Área Temática: Ciências da Saúde RESUMO INTRODUÇÃO: Com o avanço das tecnologias, as redes sociais ganharam destaque na sociedade contemporânea. Hoje, as pessoas expõem suas vidas pessoais e se tornam suscetíveis as opiniões. O problema é quando essa exposição é feita por parte de profissionais que deveriam manter, acima de tudo, a confidencialidade de seus usuários. Porém, o que acontece hoje é uma exposição excessiva de pacientes em perfis pessoais de profissionais e assim os usuários acabam tendo seus problemas expostos. a Constituição Federal, o Código Civil e o Código Penal garantem, em seus artigos, a defesa da privacidade e intimidade do paciente, que antes de tudo é um cidadão. Somado a isso, em 2010 entrou em vigor o Código de Ética Médica que no capitulo IX discorre sobre o sigilo profissional, preconizando a segurança do paciente e a sua autonomia. OBJETIVO/METODOLOGIA: Através de uma revisão integrativa, este trabalho debate a postura ética do profissional médico nas mídias sociais, discute recomendações do Conselho Federal de Medicina sobre conduta ética nas mídias sociais e também discorre sobre a vulnerabilidade dos sujeitos médico e paciente nas esferas do direito civil e penal. RESULTADOS/CONCLUSÃO: A leitura dos artigos nos permitiu concluir que que o sigilo é a base da relação médico-paciente, o Código de Ética Médica proíbe a exposição de pacientes visando propaganda, porém, tal prática é bastante comum no país, por isso é necessário que haja uma maior fiscalização e aplicação das medidas punitivas.

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T269. Síndrome de alport na prática médica: uma revisão sistemática Thalita Ferreira Tenório de Almeida; Maria Eduarda Lins Calazans; Arthur Henrique Araújo Vieira de Souza; Aloysio David Madeira Netto; Maria Carolina Santa Rita Lacerda Área Temática: Clínica Médica INTRODUÇÃO: A Síndrome de Alport (AS) é uma patologia genética manifestada por meio de três expressões: autossômica recessiva, em 15% dos casos; autossômica dominante, mais rara, 5%, ambas com características clínicas menos definidas; a ligada ao X em 80%, mais estudada. Nelas ocorrem mutações nas cadeias alfa do colágeno IV que compõem as membranas basais do glomérulo, com acometimento da cóclea e da retina. A manifestação clínica mais precoce é a hematúria que pode ser microscópica, seguida de proteinúria, hipoacusia. Dentre as formas genéticas da síndrome, a que proporciona uma evolução mais rápida para Doença Renal Crônica Terminal (DRCT) é a ligada ao X.O paciente com Alport não tem a expressão normal da rede de colágeno IV α345 na membrana basal coclear, entretanto o mecanismo que leva a surdez é incerto. As manifestações oculares da SA são o lenticone anterior ou abaulamento da porção central da lente para a câmara anterior. Os mais recentes achados sobre a doença levaram ao tratamento precoce através do bloqueio da angiotensina, antes mesmo da alteração da função renal, demonstrando um impacto no tempo de progressão renal. OBJETIVO: Compreender a fisiopatologia desta síndrome para que a comunidade acadêmica, principalmente os futuros médicos generalistas, estejam aptos a diagnosticá-la precocemente para retardar a perda da função renal, problemas visuais e auditivos. METODOLOGIA: O presente estudo foi realizado através de uma revisão de artigos científicos. Utilizando as palavras chaves síndrome de alport, fisiopatologia, diagnóstico, tratamento nas bases de dados PubMed, SciELO, LILACS, Medscape e Google Acadêmico. RESULTADOS: A Síndrome de Alport é uma glomerulonefrite acompanhada de surdez sensorioneural para altas frequências e sinais oculares distintos. O conhecimento da etiologia, epidemiologia, transmissão permitem o diagnóstico precoce, por meio do rastreio familiar, manejo adequado dos afetados pela doença e o aconselhamento genético para os portadores. Em relação ao diagnóstico, pode-se realizar urina tipo 1, a bioquímica sanguínea, ultrassonografia renal, audiometria, exame oftalmológico, biópsia, testes genéticos. Alguns medicamentos são essenciais como por exemplo, os antiproteinúricos, estes fármacos diminuem a pressão dentro do glomérulo, desaceleram a esclerose glomerular. O tratamento definitivo se dá com o transplante renal, indicado em pacientes que evoluíram para DRCT. Geralmente, a doença não tem recorrência no rim transplantado e a duração do aloenxerto nesses pacientes é semelhante a dos pacientes com outras doenças renais. CONCLUSÃO: Dessa maneira, é possível concluir que a síndrome de Alport é a nefropatia hereditária mais comum. A manifestação clínica mais comum é a hematúria, podendo apresentar proteinúria, hipertensão arterial e síndrome nefrótica (30-40%). Além disso, não é uma doença restrita aos rins, pois pode apresentar manifestações oculares, auditivas alterações no esôfago e árvores traqueobrônquica. Assim, para otimizar o manejo, maximizar a qualidade de vida e garantir os resultados desejados é cabível a abordagem multidisciplinar, com médicos nefrologista, oftalmologista, otorrinolaringologista, psicólogos, fonoaudiólogos.

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T270. Síndrome de compressão medular: emergência em neuro-oncologia Laís Fernanda Correia Pimentel; Gustavo Cedro Souza; Alessandra de Andrade Pimentel; Beatriz Albuquerque Oliveira; Rodolfo Tibério Ferreira Silva Área Temática: Clínica Médica RESUMO INTRODUÇÃO: A compressão da medula espinhal epidural é uma complicação oncológica comum, que pode causar dor e perda potencialmente irreversível da função neurológica. A compressão medular ocorre em pacientes com neoplasia avançada, sendo uma causa de morbidade muito importante. Tumores metastáticos de qualquer sítio podem provocar a síndrome de compressão medular, mas a maioria dos casos ocorre com tumores que apresentam tendência a metástase para a coluna espinhal. A invasão pelo tumor altera a relação entre o plexo venoso epidural, o corpo vertebral e o canal medular, provocando estase venosa e edema medular, que são responsáveis pelas alterações associadas a hipóxia, isquemia e dano tissular neurológico. Outro mecanismo é a invasão do espaço epidural resultando em compressão do saco tecal. Seu diagnóstico se baseia na história, achados clínicos e sintomas neurológicos do paciente. Firma-se o diagnóstico com demonstração de massa neoplásica comprimindo estruturas do saco tecal através de exames de imagem. Os objetivos do tratamento da síndrome de compressão medular incluem controle da dor, prevenção de complicações e preservação ou melhora da função neurológica utilizando métodos adequados à carga de doença, expectativa de vida e valores do paciente. OBJETIVO: Retratar a síndrome de compressão medular neoplásica e seus fatores epidemiológicos, como também sua apresentação clínica, diagnóstico e manejo. METODOLOGIA: foi realizada uma busca literária em livros, manuais e nas seguintes bases de dados: Scielo, PubMed e UpToDate. Para isso, foram utilizados os descritores: “Spinal cord compression syndrome”, “Spinal cord compression”, “Neoplasm”, “Emergency”, “Compressão medular”. Foram selecionados 61 artigos, sendo resgatados 9 artigos dos últimos 5 anos. Os demais artigos foram excluídos por serem anteriores ao ano 2008, por tratarem de outras etiologias de compressão medular ou por se tratarem de estudos envolvendo crianças. RESULTADOS: a síndrome de compressão medular é uma emergência neuro-oncológica, que ocorre em 3% a 5% dos doentes com neoplasia maligna avançada, possui alta suscetibilidade de se desenvolver após metástases ósseas por tumores sólidos. Os cânceres de mama, do pulmão e da próstata são responsáveis por mais de 60% dos casos. A dor geralmente é o primeiro sintoma a se apresentar e precede outros sintomas neurológicos, como o acometimento motor, sensitivo, disfunções da bexiga e do intestino, e ataxia. Dessa forma, por possuir sintomas que são comuns de outras enfermidades não-malignas, deve-se fazer o diagnóstico diferencial com outras doenças, como as musculoesqueléticas e o abcesso epidural espinhal. Seu diagnóstico deve ser confirmado através de exames radiológicos e seu prognóstico dependerá da pronta instituição de medidas para reverter o sofrimento medular, da velocidade de instalação do quadro, do estágio neurológico do paciente ao diagnóstico e da sua sensibilidade ao tratamento. Este pode ser realizado através do uso de medicamentos, radioterapia e procedimento neurocirúrgico, em alguns casos. CONCLUSÃO: A síndrome de compressão medular secundária ao câncer avançado é uma condição clínica que resulta em um impacto negativo na vida dos pacientes, por essa razão seu reconhecimento e gestão precoces evitarão um dano irreversível na medula espinhal, favorecendo um bom desfecho neurológico.

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T271. Síndrome de Takotsubo: uma cardimiopatia peculiar Antonio de Biase Cabral Wyszomirski; Mariana de Castro Figueirêdo; Layla Florencio Carvalho; Marcus Vinícius de Andrade Silveira; Yuri de Lima Ribeiro; Julia Badra Nogueira Alves; Alfredo Aurélio Marinho Rosa Filho; Mickael Lucas de Moura Félix; Ana Carolina Morais Correia; Janiffer Miranda Lacet Viera Machado Área Temática: Clínica Médica RESUMO INTRODUÇÃO: A Síndrome de Takotsubo, também chamada de Síndrome do coração partido, é uma entidade clínica conhecida desde 1990, sendo relatado seu primeiro caso no Japão - onde a palavra Tokotsubo significa “armadilha para polvo”, o qual seria uma alusão à semelhança entre o Ventrículo esquerdo (VE), após sofrer uma dilatação global com contração basal, e tal objeto. 27 anos se passaram desde o primeiro evento desta cardiomiopatia, entretanto os conhecimentos acerca dessa patologia ainda são limitados. OBJETIVO: Assim, o presente trabalho objetiva levantar uma discussão acerca da Síndrome de Takotsubo, abordando desde a fisiopatologia da doença, até a eficácia dos meios diagnósticos e da terapêutica atual. METODOLOGIA: Realizou-se uma pesquisa nas bases de publicações do New England Journal of Medicine e consulta em livros texto, além dos portais de dados Pubmed e Google Acadêmico, considerou-se critérios de inclusão relevância do estudo, avaliação do resumo e publicações nos últimos cinco anos. RESULTADOS: Epidemiologicamente é uma patologia marcada por afetar principalmente mulheres, cerca de 89% dos casos, dentre elas, 79% estão acima dos 50 anos, porém dados de prevalência ainda são inconsistentes e difíceis de determinar. A síndrome geralmente é associada a um evento físico ou emocional traumatizante, sendo o de etiologia emocional mais frequente no sexo feminino. Tal entidade clínica mimetiza um infarto agudo do miocárdio, devido, além dos aspectos clínicos, a achados como: supradesnivelamento de Segmento ST e aumento de enzimas miocárdicas, entretanto destacam-se a ausência de obstrução coronariana através da angiografia contrastada e balonamento transitório do VE, via ecocardiograma. Dor precordial, dispneia e síncope são os sinais e sintomas mais comumente associados, ao eletrocardiograma observa-se ritmo sinusal em 90% dos pacientes, entretanto com supradesnivelamento de ST; Nota-se, também, uma diminuição na fração de ejeção do VE, em aproximadamente 86% dos casos. Contrastando com a dramaticidade dos dados geralmente, em poucas semanas, nota-se uma recuperação miocárdica e, até o momento, não existe tratamento específico para a síndrome de Takotsubo, mas, sim, de suporte. Assim o uso de nitratos, balão intra-aórtico e betabloqueadores combinados podem ser necessários, a depender da clínica do paciente. Vale ressaltar que a anticoagulação, geralmente, não é indicada, tendo em vista o risco de ruptura do ventrículo. CONCLUSÃO: Conclui-se que o estudo da Síndrome do Coração partido é necessário a partir do momento que é um diagnóstico diferencial importante de Infarto agudo do Miocárdio, principalmente quando se trata de mulheres idosas. Além disso, constata-se que não se tem uma terapêutica definida que altere o prognostico da doença, mas, sim, uma baseada em suporte para o doente.

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T272. Subnotificação das cardiopatias congênitas no município de Maceió

Maria Lúcia Vieira de Britto Paulino; Flávio Augusto Sales Acioli Rebêlo; Vanessa Izidoro Alves Silva; Ana Carolina Gracindo Brito; Victória Régia Figueiredo de Almeida; Priscila Anália Lopes Correia; Ana Carolina Fragoso Carneiro; Ana Paula César Silva; Marcos Reis Gonçalves Área Temática: Pediatria RESUMO INTRODUÇÃO: Cardiopatias congênitas (CC) são malformações do coração e/ou dos grandes vasos presentes ao nascimento, que apresentam uma alta taxa de mortalidade ainda no primeiro ano de vida. Apesar de ser o tipo de malformação congênita mais frequente, sua etiologia ainda é desconhecida, havendo, entretanto, alguns fatores de risco, como idade materna avançada, translucência nucal anormal, suspeita ou diagnóstico de aneuploidias. Todos os recém-nascidos com cardiopatia congênita necessitam de tratamento primário e acompanhamento ambulatorial de rotina. Dessa maneira, é importante que haja notificação dos casos, a fim de fortalecer as estratégias de saúde pública voltadas a essa população. OBJETIVO: Expor a subnotificação dos casos de cardiopatias congênitas e os reflexos nas políticas de saúde pública. METODOLOGIA: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, desenvolvida através de buscas na base de dados BVS, utilizando as palavras chave: cardiopatias congênitas e diagnóstico, incluindo apenas os trabalhos realizados no Brasil, juntamente com informações provenientes do DATASUS. RESULTADOS: Uma revisão dos estudos e uma metanálise dos dados de nascimento em todo o mundo serviram de base para chegar-se à estimativa de incidência de cardiopatias congênitas igual a 9:1000 nascimentos. Dessa forma, para o Brasil, estima-se que deveria haver uma média de 25.757 novos casos/ano, contudo as notificações apresentadas no DATASUS/MS, em 2010, mostraram apenas 1.377 nascimentos com CC, o que corresponde a 5,3% das estimativas. Os dados mostram, ainda, 477.527 nascidos vivos no município de Maceió, Alagoas, entre os anos de 1994 e 2014, enquanto que apenas 51 casos de malformações do aparelho circulatório foram notificados neste mesmo período - uma razão de 0,106 casos para cada 1000 nascidos vivos, incompatível com os dados apresentados na literatura, evidenciando, portanto, uma subnotificação, que denota falha no sistema de saúde e dificulta a implantação de uma rede de apoio eficiente e de escala justa em todas as regiões do país para pacientes com cardiopatia. CONCLUSÃO: É evidente, portanto, que existe subnotificação das cardiopatias congênitas gerando dificuldade na implementação de políticas preventivas e assistenciais a esse grupo de risco, sujeito a alta taxa de mortalidade e a negligência na condução do cuidado.

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T273. Toxoplasmose congênita: uma revisão de literatura sobre o panorama mundial e nacional quanto a sua epidemiologia, fisiopatologia, aspectos clínicos e

terapêuticos João Eduardo Gondim Mendes Leite; Larissa Gouveia Aragão de Souza; Thomas Bernardes Lopes; Maria Clara Santos de Oliveira; Marcos Reis Gonçalves; Oscar Miroslav de Andrade Presmich; Ana Carolina Ruela Pires; Maria Eliza Alencar Nemezio; Sandra Maria Rodrigues Fiorito; Kelly Chrystine Barbosa Menezes Área Temática: Pediatria RESUMO INTRODUÇÃO: A toxoplasmose é uma zoonose de caráter mundial, causada pelo protozoário Toxoplasma gondii, parasito intracelular obrigatório, principalmente de felídeos como hospedeiro definitivo e mamíferos como intermediário. Possui um complexo ciclo de vida com vários mecanismos de transmissão, sendo os principais deles a fecal-oral e a congênita. A toxoplasmose congênita é resultado da transferência transplacentária do protozoário para o concepto, decorrente da infecção primária da gestante ou da reagudização de uma infecção prévia. Porém, estudos nacionais sobre a doença são escassos e o número de infecções congênitas são imprecisos, pois costumam ser subnotificados. OBJETIVO: Revisar os aspectos epidemiológicos, fisiopatológicos, clínicos e terapêuticos da toxoplasmose congênita. METODOLOGIA: Revisão de literatura abordando a toxoplasmose congênita em todos os seus contextos, utilizando as palavras-chaves: “Toxoplasmose”, “Toxoplasmose Congênita”, “Toxoplasmose Gestacional”, utilizando os artigos disponíveis nos idiomas português, inglês e espanhol, publicados entre 2010 e 2017. RESULTADOS: No mundo, estima-se que 70 a 95% da população esteja infectada, principalmente nas regiões de baixas altitudes com clima quente e úmido. No Brasil, a incidência de gestantes com soropositividade para a doença varia de 30 a 90% nos grandes centros e as infecções perinatais ocorrem em 0,5 a 2,5% dos nascimentos, constituindo um problema de saúde pública pela sua ampla distribuição geográfica, alta infectividade e elevada morbimortalidade. Mães que tenham contato direto ou indireto com fezes de gatos possuem um risco maior de se infectar, através da invasão dos parasitas nas células digestivas ou pela sua fagocitose por leucócitos. Em seguida há lise celular e disseminação por via hemato-linfática, com risco de infecção transplacentária do concepto. Sendo assim, o diagnóstico é fundamental para determinar o período em que a infecção ocorreu e mensurar o risco de transmissão para o feto, que é tanto maior quanto mais avançada a idade gestacional. Ele é feito por pesquisa de anticorpos específicos anti-T. gondii. A toxoplasmose neonatal varia em severidade no quadro clínico apresentando-se do assintomático ao fatal, ou com algumas manifestações como: microcefalia, retinocoroidite, calcificações cerebrais, deficiência mental, hidrocefalia, dentre outras. As gestantes que apresentarem suspeita de infecção adquirida durante a gestação devem ser tratadas com espiramicina. Se a infecção fetal for confirmada, ou nas infecções adquiridas nas fases mais tardias da gestação o tratamento específico da mãe com pirimetamina, sulfadiazina e ácido folínico (esquema tríplice) deverá ser considerado. O tratamento da criança com toxoplasmose congênita, suspeita ou confirmada, deve ser realizado desde o nascimento, utilizando-se o esquema tríplice, estendendo-se até um ano de idade nos casos confirmados. A prevenção consiste em medidas de educação em saúde, evitar contato com as fezes de gatos, não ingerir carnes cruas, higiene adequada de frutas e verduras e pré-natal regular. CONCLUSÃO: Trata-se de uma doença mundial, que apesar de ser subnotificada em nosso país, é fonte de grandes gastos públicos por sua elevada morbimortalidade. A exposição aos fatores de risco é o principal meio de infecção. Logo, além do diagnóstico precoce e tratamento adequado, a prevenção é de suma importância a curto prazo frente à epidemiologia da doença.

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T274. Transmissão vertical do vírus da imunodeficiência humana: uma revisão literária

Tayná Carlos Rolim; Ingrid Franciny Nascimento Ferreira; Débora Jane Almeida Vianna; Tainá Ribas Pessôa; Lucas Emmanuel Tenório Calaça; Gabriela Souto Vieira de Mello Área Temática: Clínica Médica RESUMO INTRODUÇÃO: Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) aproximadamente 78 milhões de pessoas foram infectadas pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) entre homens, mulheres e crianças. O HIV representa um dos problemas de saúde mais sérios do mundo. A transmissão vertical (TV) caracteriza-se como a principal via de infecção em crianças pelo Vírus da Imunodeficiência Humana devido à transmissão mãe-filho do vírus. Com o passar dos anos houve avanços na prevenção da TV, tendo o uso profilático da zidovudina (AZT) como maior aliado, que é administrado no período pré-natal, durante o parto e pós-natal. Além da intervenção farmacológica, foram desenvolvidas estratégias como as orientações sobre a doença durante o pré-natal, a recepção pediátrica e a amamentação artificial. Estabelecer os períodos de maior probabilidade da TV do HIV-1 possibilita o conhecimento dos fatores que aumentam as chances de sua ocorrência, permitindo a adoção de estratégias específicas que sabidamente reduzem a transmissibilidade. OBJETIVOS: Elucidar a relação entre a transmissão vertical e o vírus HIV e explicar as principais formas de prevenção da transmissão materno-fetal através de um levantamento bibliográfico. METODOLOGIA: O presente estudo trata-se de uma revisão de literatura, nos quais foram selecionados artigos coletados nas bases de dados do SciELO, PubMed e LILACS. Os critérios de inclusão foram artigos publicados nos últimos 10 anos, relacionados ao Brasil e nas línguas Portuguesa e Inglesa. Os critérios de exclusão foram artigos em outro idioma e que não estivessem disponíveis gratuitamente nas plataformas online. Os descritores para a pesquisa nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) foram: HIV; Transmissão Vertical; Cuidado pré-natal; Parto normal; Amamentação; e no Medical Subject Headings (MeSH) Vertical Infection Transmission; Prenatal Care; Natural Childbirth; Breast Feeding. RESULTADOS: Os fatores que influenciam positivamente a prevenção TV estão atrelados às estratégias realizadas pela atenção básica. Inicialmente é feito o rastreamento da gestante portadora do vírus e em casos positivos a paciente é encaminhada ao pré-natal em serviços de atenção especializada em DST/AIDS de referência. A Atenção Básica realiza a parte educacional através de orientações sobre o uso de preservativos em todas as relações sexuais, evitando infecções genitais, efeitos negativos no uso das drogas lícitas e ilícitas e sobre a importância da amamentação artificial para diminuir o risco de transmissão do vírus. No Brasil, conforme a Portaria no 1.459, de 24 de junho de 2011, a Rede Cegonha é uma estratégia que visa assegurar a todas as brasileiras um atendimento adequado, seguro e humanizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), desde a confirmação da gravidez, passando pelo pré-natal, parto e pós-parto, até a atenção infantil. CONCLUSÃO: Foi possível observar que um dos fatores de maior impacto para a prevenção da transmissão do vírus no período pós-natal é a questão socioeconômica da puérpera, que dificulta a adesão à amamentação artificial. A Atenção Básica tem papel fundamental à promoção da Educação em Saúde, bem como, no rastreamento da doença orientando a gestante na realização do exame e encaminhando para o tratamento referenciado o mais cedo possível, diminuindo as chances da TV.

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T275. Tratamento alternativo para prevenção de infecção do trato genito-urinário feminino

Aylla Vanessa Ferreira Machado; Allycia Bianca Lira Soares de Almeida; Bruna Carolina Fragoso Malta Costa; Erica Carlos de Freitas; Julielle dos Santos Martins; Lays Lorene Matos Vieira; Marina Flávia Brandão Monteiro; Laércio Pol-Fachin; Milton Vieira Costa Área Temática: Clínica Médica RESUMO INTRODUÇÃO: A infecção do trato urinário (ITU) é uma condição clínica frequentemente encontrada na prática médica, caracterizada pela presença de micro-organismos patogênicos em algum local da via urinária ou flora genital. Pode ser causada por fungos, parasitas, vírus ou bactérias, sendo mais recorrente em mulheres quando há três ou mais episódios de infecção sintomática dentro de um ano. Os sintomas clássicos de ITU são disúria, polaciúria, urgência miccional e dor lombar. Geralmente essa doença é tratada com terapia antimicrobiana, entretanto, a crescente resistência dos uropatógenos a esses medicamentos tem influenciado na busca de tratamentos alternativos. Objetivos: Apresentar os tratamentos alternativos na prevenção de infecção urinária em doentes que já adquiriram resistência aos medicamentos comumente utilizados. METODOLOGIA: O estudo consiste em levantamento bibliográfico realizado nas literaturas científicas já publicadas nos últimos 5 anos, utilizando as bases de dados Scielo através do termo “Infecção Urinária” e PubMed através da expressão de pesquisa “Alternative treatment AND urinary infection”. A seleção dos artigos foi feita inicialmente com leitura de títulos, seguida pela dos resumos e finalmente dos texto na íntegra. No Scielo foram obtidos 25 artigos, dos quais 5 incluídos na pesquisa. No PubMed foram encontrados 276 artigos a partar dos quais 3 foram selecionados. Nesta mesma base, “Urinary tract infection AND nitroxiline” foi o termo utilizado para busca, filtrando estudos dos últimos 5 anos e obtendo 14 artigos, dos quais todos os títulos foram lidos, 2 selecionados para total leitura e 1 utilizado para formatação do trabalho. RESULTADOS: As vacinas SolcoUrovac e OM-89 (URO-VAXOM) podem ser uma alternativa aos tratamentos profiláticos com antibióticos em mulheres que possuem infecção, diminuindo o número de recorrência da mesma em pacientes que utilizaram essa forma de profilaxia. Concomitantemente, nitroxilina e nitrofurantoína são antibióticos utilizados nesse tratamento, sendo que, o primeiro demonstrou ser a melhor alternativa entre os dois devido ao seu perfil de segurança favorável e amplo espectro antimicrobiano. A nitroxilina é um agente ativo contra a grande maioria das bactérias uropatógenas e, em particular, contra estirpes de Escherichia coli. No entanto, isolados de Pseudomonas aeruginosa e enterococos não estão realmente dentro do espectro da nitroxolina, apresentando elevada resistência a ela. Os probióticos administrados exogenamente contendo Lactobacilli, gênero de bactérias gram-positivas e anaeróbia facultativa ou microaerofílicas, desempenham um papel fundamental na redução do risco de ITU, pois são especialmente úteis para mulheres com histórico recorrente e complicado da doença ou com uso prolongado de antibióticos. Eles não causam resistência a antibióticos e podem oferecer outros benefícios para a saúde devido à recolonização vaginal com Lactobacilli. CONCLUSÃO: Diante dos artigos avaliados, foi verificado que o uso de vacinas, nitroxilina e probióticos, é promissor. Apresentam um efeito positivo naquelas pessoas que já apresentam infecção urinária recorrente e demonstram ter potencial antigênico e capacidade de evocar imunidade protetora, fazendo com que essas infecções não ocorram ou que a frequência seja muito menor. É essencial aprimorar o conhecimento em relação aos mecanismos celulares e inflamatórios desencadeados.

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T276. Tratamento da hipertensão pulmonar persistente do recém-nascido com citrato de sildenafila: uma revisão de literatura

Bruna Holanda Carvalho Galvão; Laiz Maria Medeiros Lins; Thuane Texeira Lima; Jaiane Maria de Brito Nobre; Waleska Holanda Leite; Luana Alcântara Lisboa; Amanda Alves Leal da Cruz; Marcos Antônio Leal Ferreira Área Temática: Clínica Médica RESUMO INTRODUÇÃO: Hipertensão pulmonar persistente do recém-nascido (HPPRN) é uma condição de hipoxemia e cianose causada por falha na transição respiratória normal, acontece devido á resistência arterial pulmonar que não diminui e há persistência de um shunt direita-esquerda através do forâmen oval e do ducto arterial, sem doença cardíaca primária. Normalmente, o tratamento padrão utilizado para essa patologia é o uso de óxido nítrico inalatório (NOI), mas em 30% dos casos a resposta terapêutica não é eficaz sendo necessária a introdução de novos fármacos. Como estratégia terapêutica vem sendo utilizada o citrato sildenafila que é um inibidor seletivo de fosfodierase tipo cinco, uma droga vasodilatadora de rápido efeito e que vem apresentando melhorias no tratamento da HPPRN. Justificativa: A terapia tradicional para HPPRN não vem sendo efetiva, por isso a importância de se estudar o citrato de sildenafila como alternativa de melhores resultados no tratamento. OBJETIVO: Analisar como é realizado o tratamento da Hipertensão pulmonar persistente do recém-nascido através do citrato de sildenafila, esclarecendo as vantagens terapêuticas de uso. METODOLOGIA: Foi realizada uma revisão de literatura onde se efetuou uma pesquisa nas bases de dados PubMed, Scielo e Lilacs de 2002 a 2017, utilizando-se os meshterms “pulmonary hypertension AND newborn”’. RESULTADOS: Foram encontrados 102 artigos nas bases de dados online, onde através do título e resumos foram excluídos 60 artigos, em seguida foram lidos na íntegra 16 trabalhos, os quais foram definitivamente selecionados para a construção da revisão. A literatura atual demonstra que após uso do citrato de sildenafila há uma estabilização do quadro dos pacientes com HPPRN e uma considerável diminuição dos sintomas. Andrew (2002) apresentou um relato de caso de um recém-nascido com hipertensão pulmonar no qual foi utilizado primeiramente inalação de oxido nítrico em 20ppm, o paciente não apresentou melhoras e foi iniciada uma dose única de sildenafila de 0.3 mg/kg por sonda nasogástrica a cada quatro horas, como consequência, houve uma diminuição na pressão arterial pulmonar e ausência de efeito rebote. Para Oliveira (2005) descreveu um relato de caso onde se iniciou com inalação de óxido nítrico de 20ppm passando para 40ppm sem haver melhoras do quadro, posteriormente foi iniciado o citrato de sildenafila de 0,5 mg/kg por sonda nasogástrica a cada seis horas, havendo uma melhora após 19 dias sem sinais de hipertensão pulmonar (HP). A literatura comprova o efeito rápido na terapêutica com utilização de sildenafila na HP, contudo um dos efeitos colaterais apresentados são problemas oculares com risco potencial de lesão da retina gerando retinite pigmentosa, além de alterações de neurodesenvolvimento e deficiência auditiva. CONCLUSÃO: Com base nos estudos analisados o citrato de sildenafila tem um efeito potente e mais satisfatório do que os outros tratamentos na ação HPPRN, por ser um vasodilatador pulmonar seletivo e altamente efetivo, vemos assim a necessidade de uma cuidadosa monitoração em seus efeitos colaterais, por parte de uma equipe multidisciplinar, a fim de evitar problemas futuros e garantir o bem-estar do paciente.

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T277. Tumor maligno da bainha do nervo periférico Raul Ribeiro de Andrade; Monique Medeiros de Moura Barreto Alves; Fernanda Alexandre Lima e Silva; Anacácia Pessoa Leite; Manoel Messias Lima Neto; Daniel de Mélo Carvalho; Ayrton Silva Alves; José Irineu Pessoa Neto; Rodolfo Tibério Ferreira Silva Área Temática: Clínica Médica RESUMO INTRODUÇÃO: O Tumor Maligno da Bainha do Nervo Periférico (MPNST) é um grupo incomum de sarcomas de tecidos moles, representando 10% dos pacientes diagnosticados com sarcoma, que se concentram entre os 20 e 50 anos de idade. OBJETIVOS: Realizar uma revisão de literatura acerca da doença devido à sua importância clínica e ao seu mau prognóstico para o paciente. METODOLOGIA: Foi realizada uma revisão de literatura nas bases de dados Pubmed e Scielo, usando as palavras-chave Tumor Maligno da Bainha no Nervo Periférico e Neurofibromatose. RESULTADOS: Em sua grande maioria são decorrentes de células de Schwann, daí serem conhecidos também como Schwannomas maligno ou Neurilema. Possui como principais fatores de risco a exposição à radiação, como exemplo a radioterapia e a Neurofibromatose tipo 1 (NF1), visto que 50% dos acometidos com MPNST possuem NF1. Tendem a ocorrer principalmente nas raízes nervosas e nos feixes nervosas das extremidades e da pelve, porém, há relatos de casos torácicos, e a sua sintomatologia varia de acordo com o local do tumor e com o efeito compressivo de massa. Tem sido relacionado com delações e rearranjos no cromossomo 17q, e o seu prognóstico definido pela associação de genes, como: BIRC5, TOP2A e TK1. A investigação diagnóstica do MPNST é complexa e necessita de múltiplos métodos de imagem (tomografia computadorizada e ressonância magnética), análise de atividade metabólica do tumor (PET scan) e biópsia, por exemplo. Detém como primeira linha de tratamento a cirurgia curativa com quimioterapia e radioterapia adjuvantes, porém, algumas drogas estão sendo pesquisadas na modulação dos genes aqui discutidos. Infelizmente possui um valor significativo de taxa de recorrência e o MPNST possui um mau prognóstico para o paciente (sobrevida em 5 anos: 20%-50%). CONCLUSÕES: Dada a sua epidemiologia e seus fatores risco, os profissionais de saúde devem ficar atentos para o surgimento de casos e para estabelecer um maior seguimento devido ao risco de recidiva, além disso fica a esperança de melhores tratamentos incluindo os clínicos.

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T278. Tumores extragonadais de células germinativas: uma revisão de literatura

Fernanda Alexandre Lima e Silva; José Irineu Pessoa Neto; Carolina Záu Serpa de Araújo Área Temática: Clínica Médica RESUMO INTRODUÇÃO: Os tumores de células germinativas (TCG) são neoplasias benignas ou malignas derivados das células germinativas primordiais e que podem ocorrer em sítios gonadais ou extragonadais. Os TCG acometem freqüentemente indivíduos jovens, brancos e têm tendência a crescimento rápido e comportamento agressivo. Tumores extragonadais de células germinativas representam 2 a 10% de todos os tumores germinativos e 90% deles ocorrem em homens. Dentre os tumores extragonadais de células germinativas, destacam-se os tumores sacrococcígeos e os de mediastino devido à alta prevalência. OBJETIVO: Sendo assim, o objetivo desse trabalho é fazer uma revisão bibliográfica acerca de tumores extragonadais de células germinativas visando buscar na literatura dados atuais e relevantes sobre tal temática. METODOLOGIA: Para compor a revisão de literatura em questão foram buscados artigos nas bases de dados scielo, pubmed e lilacs sem restrição temporal e textos em português, inglês e espanhol. Além disso, foram buscadas informações no site do Instituto Nacional do Câncer (INCA). RESULTADOS: As células germinativas são pluripotentes e dão origem a tecidos embrionários e extra-embrionários. Na quarta semana embrionária as células germinativas migram do saco vitelino em direção à parede posterior do intestino primitivo até a crista genital. Se, por razões ainda não conhecidas, as células não completarem a migração, geralmente próximo a linha média, poderão dar origem a tumores em áreas extragonadais, ou seja, sacrococcígeos, retroperitoneais, mediastinais, cervicais ou cerebrais. Esses tumores poderão ser benignos ou malignos. Se malignos, são divididos em dois grandes tipos histológicos: seminomatosos e não seminomatosos. O Fator de risco mais importante para os TCG são as doenças genéticas. Dentre elas as doenças genéticas ligadas ao sexo têm uma chance de desenvolver tumores germinativos de 10% a 50% assim como pacientes com Síndrome de Klinefelter tem também risco elevado de apresentar tumor germinativo. O diagnóstico dos TCG é auxiliado através dos marcadores tumorais alfa-fetoprotéina, que é a maior proteína sérica do feto humano, e a gonadotrofina coriônica humana, que é responsável pela implantação do ovo fertilizado. Para adolescentes portadores de tumores extragonadais os locais mais frequentes de metástase são mediastino e cérebro. De maneira geral, a ressecção cirúrgica é indicada em estádio I a III e pode ser acompanhada ou não de quimioterapia adjuvante. CONCLUSÃO: Fica claro, portanto, que os TCG extragonadais representam ate 10% dos tumores de células germinativas e dentre eles, os mais comuns são os sacrococcígeos e os de mediastino. As doenças de curso genético devem ser avaliadas em pacientes com tal diagnóstico e os marcadores tumorais auxiliam nesse diagnostico. O tratamento, por fim, é individualizado para cada paciente, pois varia de acordo com o tipo histológico de tumor e estadiamento, mas no geral, passa por ressecção cirúrgica associada ou não a quimioterapia.

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T279. Ultrassonografia do trato urinário para o médico generalista: compreendendo o método e suas principais indicações - ensaio pictórico e revisão

da literatura

Ingrid Cavalcanti Ribeiro; Mariane Soriano Duarte Prado Tenório; Vítor Dantas Cerqueira; Bárbara Letícia Figueiredo Fonseca; Ernann Tenório de Albuquerque Filho; Maria Lúcia Lima Soares Área Temática: Educação Médica RESUMO INTRODUÇÃO: Há uma grande variedade de métodos de imagem para avaliar o trato urinário e nesse estudo enfatizaremos a Ultrassonografia (US) para avaliação anatômica e detecção de anomalias, além da técnica Doppler que permite avaliar a vascularização. Dentre as vantagens, destacam-se: menor custo, ampla disponibilidade, ausência de necessidade rotineira de contraste intravenoso e não utilização de radiação ionizante, permitindo examinar gestantes e crianças sem risco. Há também a utilização crescente da US Point of Care (POCUS) – exame à beira do leito que auxilia a prática clínica de médicos não especialistas em imagem e vem sendo empregada em unidades de emergência, centros cirúrgicos e também como ferramenta de semiologia (“estetoscópio do futuro”), reforçando a pertinência do conhecimento básico da US especialmente entre os médicos generalistas. OBJETIVO: O objetivo desse estudo é descrever de forma didática os principais aspectos da anatomia renal à US, enfatizar as variantes anatômicas mais importantes e as lesões elementares para o médico generalista (doenças císticas, neoplasias benignas e malignas e litíase). METODOLOGIA: Foi realizada uma revisão secundária narrativa por seleção de artigos nos bancos de dados Google Acadêmico, Scielo e PubMed, no período entre 2005 e 2017, além da utilização da literatura clássica. Os descritores utilizados foram Renal Calculi, Ultrasound e Urinary Tract, associados pelos operadores booleanos AND e OR. RESULTADOS: Na US, habitualmente, os rins e a bexiga são bem visualizados, diferentemente do ureter e da uretra. Os ureteres não são visualizados rotineiramente devido às suas pequenas dimensões e à superposição de alças abdominais, todavia nos casos de nefrolitíase, com dilatação possam ser identificados, além do sinal da cauda de cometa no Doppler, que identifica o cálculo. A uretra é visualizada somente na presença de divertículos. A US é um bom método para avaliar a bexiga, permite calcular resíduo pós-miccional, anomalias da parede e lesões tumorais; permite ainda realizar procedimentos invasivos como biópsias, colocação de cateteres de drenagem, manipulação de cálculos renais (litotripsia extracorpórea), reforçando sua importância para o adequado manejo dos pacientes. Em relação a morfologia renal, algumas variantes anatômicas que simulam patologias (lobulação fetal, defeito juncional do parênquima, impressões vasculares) podem ser visualizadas. A US permite identificar patologias do trato urinário frequentes no dia a dia do médico generalista (cistos, litíase, infecção) bem como suas complicações (hidronefrose, pielonefrite), cujo padrão de imagem é bastante característico e auxilia na conduta clínica. As neoplasias renais sólidas renais podem ser identificadas à US e melhor caracterizadas com Doppler que demonstra hipervascularização; a maioria é maligna (carcinoma de células renais) e necessitarão de complementação com Tomografia Computadorizada ou Ressonância Magnética para confirmação e estadiamento. CONCLUSÃO: As imagens obtidas pela US contribuem para o diagnóstico, planejamento de tratamento e acompanhamento clínico de patologias do trato urinário, especialmente rins e bexiga, de maneira rápida, não-invasiva e eficaz. Tratando-se de ureter e uretra, pode ser necessária a realização de exames complementares como a tomografia computadorizada e urografia ou uretrocistografia para a conclusão do diagnóstico.

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T280. Ultrassonografia transvaginal com preparo intestinal no diagnóstico da endometriose: um “padrão ouro” de baixo custo

Bárbara Almeida Cruz; Ana Carolina Oliveira Sousa; Emanuelle Menezes Cantarelli; Thomas Bernardes Lopes; Gabriela Correia de Araújo Novais; Bárbara Tenório de Almeida; Anderson Freire de Araújo; Lívia Helena Gomes de Barros Brandão; Alberto Sandes de Lima Área Temática: Saúde da Mulher RESUMO INTRODUÇÃO: A endometriose é uma doença crônica, inflamatória, estrogênio-dependente que se caracteriza pela presença de tecido endometrial, glândula e estroma fora da cavidade uterina, podendo ser assintomática ou apresentar sintomas característicos como dismenorreia e dispareunia. Sob tal prisma, o diagnóstico da endometriose vem representando um grande desafio no manejo clínico, tendo por muito tempo a vídeolaparoscopia como único método confiável. No entanto, a partir da década de 90, a ultrassonografia transvaginal (USTV) surge como um método não invasivo para avaliação inicial da endometriose devido a sua elevada acurácia, inocuidade, baixo custo e fácil acesso, utilizando preferencialmente o preparo intestinal. OBJETIVO: Determinar a importância do diagnóstico de endometriose através da USTV, segundo a literatura mais atual e relevante. METODOLOGIA: Foi realizada uma revisão de literatura com análise de artigos publicados entre 2000 e 2017 nas bases de dados SciELO, PubMed e Lilacs abordando ultrassonografia transvaginal na endometriose, utilizando as palavras-chave: Ultrassonografia. Transvaginal. Endometriose. Além do livro texto de referência no assunto. RESULTADOS: As manifestações clínicas são: dor pélvica, dificuldade de engravidar e presença de massas pélvicas e apesar de não patognomônicas, são suficientes para investigação inicial. Sob o ponto de vista da imagem, destacam-se a RM e a USTV, sendo esta última mais eficaz e viável, principalmente com preparo intestinal. Embora inegável a videolaparoscopia como padrão ouro, os métodos não-invasivos são fundamentais para determinar quando realizar um procedimento cirúrgico. Além disso, a USTV com preparo intestinal possui especificidade e sensibilidade suficientes para fins diagnósticos e terapêuticos, sendo uma alternativa razoável à excisão. CONCLUSÕES: Portanto, A USTV com preparo intestinal é o exame de imagem de primeira escolha em pacientes com suspeita de endometriose devido a sua especificidade e sensibilidade altas. Os aspectos ultrassonográficos facilitam tanto o acompanhamento como o tratamento dessa doença que cresce estatisticamente.

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T281. Uma análise dos casos de Zika no estado de Alagoas Rafael Augusto Eugênio Vital; Thamirys Cavalcanti Cordeiro dos Santos; Eloisa Simões Alves; Jônatas Petrus Duarte Feitosa; José Bandeira de Medeiros Neto; José Alfredo dos Santos Júnior; Affonso Gonzaga Silva Netto; Tatiana Maria Palmeira dos Santos; Ivonilda de Araújo Mendonça Maia Área Temática: Ciências da Saúde RESUMO INTRODUÇÃO: O Zika vírus, é um arbovírus, cujo vetor principal de transmissão é o Aedes aegypti, sendo registrado pela primeira vez no Brasil, em 2015. A febre pelo vírus Zika é descrita como uma doença febril aguda, autolimitada, com duração de três a sete dias, geralmente sem complicações graves. Porém há registro de mortes e manifestações neurológicas, além de causar microcefalia. OBJETIVO: Diante disso, a pesquisa teve como finalidade descrever a prevalência anual dos casos de Zika no Estado de Alagoas desde o início de sua notificação no território alagoano. METODOLOGIA: Trata-se de uma pesquisa descritiva, exploratória e retrospectiva, desenvolvida por meio de dados secundários da Secretaria da Saúde do Estado de Alagoas, por meio da Área Técnica de Vigilância e Controle de Arboviroses. RESULTADOS: De acordo com os dados, no ano de 2015 a doença ainda se mostrava discreta com apenas 102 casos, quando em 2016 saltou para 3.796 e, em 2017 houve um declínio atingindo o número de 126 casos, até o final de outubro desse ano. Além disso, observou-se que nos três anos, de 2015 a 2017, o número de caso que atingiu a população feminina foi, anualmente, superior ao da masculina, sendo registrado no sexo feminino: 79, 2.378 e 85 casos e no sexo masculino: 23, 1.418 e 41 casos, respectivamente nos anos de 2015, 2016 e 2017. Apesar do declínio no número, os casos ainda existem, e com os resultados pode-se observar a necessidade de incrementar medidas preventivas eficazes, dentre as quais, conscientização da população (trabalho de educação em saúde) para diminuir os focos do mosquito transmissor. Sendo importante também, um investimento do Ministério da Saúde objetivando a capacitação de profissionais da área da saúde para melhor assistir os pacientes, dentre esses, aqueles com danos neurológicos, que necessitam de assistência multiprofissional, contribuindo para o bem-estar de toda a sociedade.

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T282. Uso de anticorpos monoclonais como terapia-alvo em tratamentos oncológicos

Jéssica Emanuelle de Holanda Cavalcante; Mariana Mendonça Maia Cavalcante; Ivonilda de Araújo Mendonça Maia; Marcos Antônio Leal Ferreira; Cristiane Monteiro da Cruz; João Antônio da Silva Almeida Área Temática: Ciências da Saúde RESUMO INTRODUÇÃO: Anticorpos monoclonais são imunoglobulinas replicadas por diversas vezes a partir de um único hibridoma, que consiste em um plasmócito fusionado a uma célula de mieloma. Sua utilização em terapias oncológicas leva ao aumento da taxa de sucesso do tratamento e consequente redução de efeitos adversos, já que se ligam com alto grau de especificidade, a antígenos localizados na superfície de células neoplásicas, podendo, também, agir como carreadores de isótopos e medicamentos a células cancerígenas. Atualmente, os anticorpos monoclonais utilizados em tratamentos oncológicos passam por uma análise detalhada da biodistribuição em pacientes e sua precisão para tumores, com isso consegue-se prever a toxicidade e determinar sua dose ideal. OBJETIVO: Relatar a utilização de anticorpos monoclonais em pacientes com câncer, visando auxiliar o desenvolvimento e a utilização de novos recursos terapêuticos com maior especificidade e, por conseguinte, menores efeitos adversos a pacientes em tratamento oncológico, bem como amplificar a porcentagem de cura. METODOLOGIA: Foi realizada revisão de literatura nos bancos de dados: PubMed, Scielo e ScienceDirect. RESULTADOS: Evidências sugerem melhores taxas de resposta ao tratamento e maior sobrevida em pacientes com câncer colorretal, leucemias, linfomas Hodgkin, câncer de pulmão, glioma, câncer de cabeça e pescoço. O uso de anticorpos monoclonais em pacientes com melanoma em fase metastática foi o primeiro tratamento que mostrou aumentar a sobrevida nesses pacientes. Os fatores limitantes observados para seu uso são hepatotoxicidade relacionada à dose utilizada e a resposta imunológica contrária, do paciente receptor (principalmente contra os anticorpos murinos e quiméricos). Por conseguinte, o conhecimento do complexo de interação entre células neoplásicas e o sistema imunológico, bem como o entendimento de antígenos presentes na superfície de células neoplásicas e o desenvolvimento de técnicas para a produção de anticorpos contribuiu muito para o advento dos anticorpos monoclonais no tratamento do câncer. Mas, alguns desafios como a hepatotoxicidade e diminuição de resposta imunológica contra os anticorpos monoclonais ainda necessitam ser ultrapassados. Anticorpos monoclonais apresentam excelentes resultados em terapias oncológicas e são detentores de um futuro promissor com o seu aperfeiçoamento na evolução do tratamento do câncer.

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T283. Uso intra-articular de células-tronco mesenquimais como tratamento de osteoartrite

Manuela Andrade de Alencar Pereira; Mariana Mendonça Maia Cavalcante; Ivonilda de Araújo Mendonça Maia; Marcos Antônio Leal Ferreira; Cristiane Monteiro da Cruz; Raphael de Souza Pinto; João Antônio da Silva Almeida Área Temática: Ciências da Saúde RESUMO INTRODUÇÃO: A osteoartrite é uma enfermidade caracterizada pela degeneração da cartilagem articular, o que causa dor, rigidez e diminuição da função da articulação acometida. A osteoartrite gera um grande impacto econômico negativo, visto que é uma das principais doenças incapacitantes em adultos. Os tratamentos convencionais existentes para osteoartrite aliviam os sintomas de forma efêmera e são comumente associados a efeitos adversos, que incluem desordens: gastrintestinais, hepáticas, renais e cardíacas. Em contrapartida, estuda-se a utilização de células-tronco mesenquimais (CTM), como tratamento regenerativo da cartilagem concomitantemente a tratamentos conservadores. CTM são consideradas pluripotentes e seu uso em tratamentos de doenças degenerativas parte do princípio que CTM irão diferenciar-se em condrócitos ativos produtores de matriz extracelular em pacientes com osteoartrite, bem como exercer atividade parácrina. OBJETIVO: Esta presente revisão tem por objetivo reunir dados sobre o poder de regeneração de CTM para contribuição visando a uma posterior incorporação de novas biotecnologias como recursos terapêuticos em pacientes com osteoartrite. METODOLOGIA: Para isso foi feita uma revisão de literatura tendo como base artigos científicos obtidos nos bancos de dados PubMed, Scielo e ScienceDirect. RESULTADOS: Em anos recentes, vários protocolos de aplicação intra-auricular de CTM foram testados sem que houvesse nenhum efeito adverso grave relatado, a artralgia foi a queixa mais relatada. São descritos, em literatura, resultados com comprovada regeneração articular com subsequente diminuição da dor em pacientes que receberam altas doses de CTM durante vários meses. Em relação a dosagem de células tronco necessária para que haja uma melhora do quadro geral, ainda não há consenso na literatura. Portanto, a conquista de resultados promissores de regeneração da cartilagem articular comprova a relevância da utilização de CTM no tratamento da osteoartrite, contribuindo para uma melhor qualidade de vida em pessoas acometidas com esta condição clínica. No entanto, ainda não há consenso sobre a dose ideal necessária para se haver melhora clínica. CONCLUSÃO: Sendo imprescindível um maior aperfeiçoamento no desenvolvimento de protocolos de CTM como tratamento adjuvante na osteoartrite antes que essa nova biotecnologia seja largamente empregada na prática clínica.

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T284. Utilização do biofármaco human alpha-lactoalbumin (Hamlet) como estratégia potencializadora em tratamentos antibacterianos

Débora Nicácio Falcão; Mariana Mendonça Maia Cavalcante; Ivonilda de Araújo Mendonça Maia; Marcos Antônio Leal Ferreira; Raphael de Souza Pinto; Cristiane Monteiro da Cruz Área Temática: Ciências da Saúde RESUMO INTRODUÇÃO: Human alpha-lactoalbumin made lethal to tumor cells (HAMLET) é uma potente lipoproteína com propriedades antitumoral e antibacteriana com comprovada inocuidade a tecidos saudáveis. O mecanismo de recombinação gênica que procariontes, como bactérias possuem, constitui um grande desafio para a Medicina, já que há urgência para o desenvolvimento de novas classes de antimicrobianos de modo constante devido à resistência bacteriana. HAMLET é capaz de transpor o mecanismo que confere resistência às bactérias usando um mecanismo diferente dos antibióticos comuns, por conseguinte, não foi relatado nenhum caso de resistência bacteriana a esse biofármaco. OBJETIVO: Este trabalho tem por objetivo reunir informações sobre a ação antimicrobiana do complexo HAMLET para auxiliar o desenvolvimento e a utilização de novos recursos terapêuticos para infecções bacterianas resistentes. METODOLOGIA: Para isso foi feita revisão de literatura tendo como base artigos científicos obtidos nos bancos de dados: PubMed, Scielo e ScienceDirect. RESULTADOS: Foi constatado que HAMLET, em doses subletais, potencializa o efeito de antibióticos contra pneumococos, diminuindo a dose terapêutica necessária inclusive para cepas resistentes. Os mesmos resultados foram encontrados para cepas resistentes de Staphylococcus aureus. HAMLET é capaz de induzir um mecanismo semelhante a apoptose em procariontes, já que há condensação e posterior degradação do DNA e despolarização da membrana dos pneumococos. CONCLUSÃO: Portanto, HAMLET, representa uma boa alternativa para o aprimoramento de tratamentos com antimicrobianos, potencializando seus efeitos e diminuindo a resistência bacteriana.

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T285. Vacinação contra HPV: mitos e realidades Ayrton Silva Alves; Anacácia Pessoa Leite; Manoel Messias Lima Neto; Raul Ribeiro de Andrade; Fernanda Alexandre Lima e Silva; José Irineu Pessoa Neto; Monique Medeiros de Moura Barreto Alves; Daniel de Mélo Carvalho; Deborah Maranhão Cordeiro Tenório; Velber Xavier Nascimento Área Temática: Medicina Preventiva RESUMO INTRODUÇÃO: O HPV pertence a uma grande família de vírus (Papilomaviridae), sendo identificados mais de 200 tipos diferentes e os responsáveis pela maioria das lesões são os HPV 6, 11, 16 e 18. O HPV está associado a câncer cervical, vulvar e vaginal nas mulheres, câncer de pênis em homens e câncer anal e câncer de orofaringe em ambas os sexos. O câncer de colo de útero é um importante problema de saúde, especialmente em países em desenvolvimento. Desde a década 1940, a colpocitologia oncótica ou exame de Papanicolaou constitui o método de triagem e prevenção para as lesões precursoras do câncer de colo uterino. Tendo em vista como o HPV é um grande problema de saúde no mundo e que sua vacina tem sido importante na profilaxia, este trabalho tem a finalidade de esclarecer mitos e verdades sobre a vacina, que são obstáculos para as campanhas de vacinação. OBJETIVO: Esclarecer mitos e realidade do HPV, sob a ótica da patogenicidade do vírus, da vacinação e do Sistema Único de Saúde. METODOLOGIA: Na realização dessa revisão de literatura foram selecionados 10 artigos, datados de 2005 a 2015, encontrados nas bases de dados Pubmed, Scielo e Lilacs. Para a busca, foram traçados algoritmos utilizando as palavras-chave vírus do papiloma humano, HPV, vacinação, câncer, diagnóstico e SUS e seus respectivos correspondentes no idioma inglês human papiloma virus, HPV, vaccination, cancer, diagnostic e SUS. Foram recuperados textos publicados em português, inglês e espanhol. RESULTADOS: Uma das preocupações que tem levado os pais a não vacinarem seus filhos contra o HPV advém dos mitos que cercam a vacina, relacionados à indução da prática sexual e riscos da vacinação. Devido à falta de informação, muitas pessoas acreditam que o HPV só afeta mulheres, contudo, os homens, além de serem os transmissores mais frequentes da infecção, são atingidos por cerca de 10.00 casos de carcinoma associados ao HPV. Assim como com outras DST's, boa parte da população acredita que o uso de preservativo seja suficiente para a proteção e, dessa forma acham desnecessário o uso de outros métodos como a vacina, o uso de preservativos não fornece total controle contra o HPV. No Brasil foram aprovadas duas vacinas profiláticas contra o HPV, sendo elas a quadrivalente e a bivalente. Ambas as vacinas demonstraram eficácia de mais de 90% contra a infecção persistente em mulheres que receberam 3 doses de vacina. A vacina anti-hpv, age de maneira profilática, estimulando a resposta imunológica humoral, através da exposição do organismo às proteínas do capsídeo viral, estimulando a produção de anticorpo. Essas proteínas são produzidas por tecnologia recombinante de engenharia genética e são morfologicamente idênticas aos vírions do HPV, com a exceção de que não contêm DNA viral, impossibilitando a infecção por elas. CONCLUSÃO: A vacina anti-HPV tem gerado a diminuição do índice de mortalidade, proporcionando benefícios sociais e econômicos. Aliado a isso, a disseminação do conhecimento é importante para melhorar os índices de saúde do país.

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T286. Vigilância epidemiológica da doença de Chagas em Alagoas Layanna Bezerra Nascimento; Aline Moreira de Oliveira Barroso; Christiane Lima Messias; Fernanda Santos de Lima; Rafaella Lima dos Santos; Thalita Ferreira Torres Área Temática: Medicina Preventiva RESUMO INTRODUÇÃO: A doença de Chagas é uma enfermidade parasitária crônica negligenciada, causada pelo Trypanosoma cruzi. As formas de infecção comuns contemplam os modos vetorial, oral, transfusional e vertical. Os perigos e os fatores que a envolvem, ou seja, o aspecto socioeconômico e a miserabilidade nas populações, configuram-se como problema de saúde pública. OBJETIVO: Pretende-se caracterizar um panorama geral sobre a magnitude da vigilância epidemiológica relacionada à doença de Chagas que acrescente ao tema de interesse da América Latina uma visão sobre a situação no Estado de Alagoas. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo descritivo realizado por meio de levantamento bibliográfico que teve como escopo a base de dados Scielo nas línguas portuguesa e inglesa, no período de 2000 a 2017. Além de dados disponíveis pelo SINAN – DATASUS, guia de Vigilância Epidemiológica e doutrina correlacionada. Foram obtidos 73 artigos cujos textos foram analisados segundo a temática abordada, dos quais 15 foram selecionados para embasar o presente trabalho. Para tanto, foram utilizados os descritores Doença de Chagas, Epidemiologia e Saúde Pública correlacionando-os com os operadores booleanos AND e OR. RESULTADOS: A revisão integrativa evidenciou a existência de lacunas na assistência aos portadores da doença e no desenvolvimento do Programa de Controle da doença de Chagas, apesar do declínio da sua mortalidade. CONCLUSÃO: Necessita-se de um maior empenho na vigilância ativa e investigação minuciosa, inclusive quando ocorrer notificação de casos suspeitos, além de ações intersetoriais de prevenção e promoção à saúde, articuladas à educação em saúde e mobilização social que tragam como resultado um suporte à miríade de complicações, criando, portanto, um ambiente laboral saudável que contemple a almejada qualidade de vida.

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T287. Vulnerabilidade de médicos e estudantes de medicina a síndrome de Burnout: uma revisão de literatura

Érika Santos Machado; Anansa Bezerra de Aquino; Eveny Santos Machado; Thuane Teixeira Lima; Raiana Zacarias de Macêdo; Isadora Félix Barbosa; Mayara Shirley Lins Emídio; Maria Júlia Marques de Araújo Santos; Erb Gama Cambrainha Monteiro Área Temática: Saúde Mental RESUMO INTRODUÇÃO: A Síndrome de Burnout é classificada como uma síndrome patológica resultante do estresse ocupacional em longo prazo. As três principais dimensões dessa condição são: exaustão emocional, despersonalização e sentimento de ineficácia profissional, as quais aparecem de forma cronológica. OBJETIVO: Tendo em vista a grande importância do assunto para com o público médico, o objetivo deste estudo é verificar na literatura os fatores de risco para a crescente vulnerabilidade de médicos e estudantes de medicina frente à Síndrome de Burnout. Além da relação desta patologia com as variáveis sociodemográficas, laborais, psicossociais, de satisfação com o trabalho e de resistência ao estresse. METODOLOGIA: Foi realizada uma Revisão Integrativa de Literatura que priorizou a seleção de artigos presentes no banco de dados da Scientific Electronic Library Online (SciELO) e Public Medline (PUBMED), utilizando como estratégia de busca as palavras-chave encontradas no Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): “Burnout”, “Estresse ocupacional” e “Análise de Vulnerabilidade” associadas ao “AND” como operador booleano. Ainda como critérios de inclusão, foram selecionados artigos com idioma em inglês e português. Excluindo-se os que não possuíam “médicos” como assunto principal. RESULTADOS: Sob a óptica da vulnerabilidade psicológica, os estudos deram enfoque a fatores de risco que corroboram para seu aumento, tais como a elevada demanda de trabalho físico e emocional, conflitos familiares devido à grande exigência da profissão, o aspecto monetário, descontentamento com o sistema de saúde, preocupação com a remuneração futura e baixo nível de desempenho acadêmico. Ademais, outras condições estressantes crônicas os afetam, como a ansiedade, distúrbios do sono, raiva, exaustão e abuso de substâncias, constatando a imprescindibilidade das práticas de autocuidado e boa condução da vida pessoal e familiar. Notou-se que médicos na metade da carreira apresentaram maior pontuação no quesito exaustão emocional, já os no início da carreira no de despersonalização. Posteriormente, em outro estudo, com estudantes de medicina e residentes, houve mais pontos na despersonalização, exaustão emocional e fadiga. No contexto psicossocial, descreve-se o isolamento social como resultado das longas jornadas de trabalho, que geram um cansaço capaz de diminuir a participação em outras atividades, assim como o desejo de se relacionar com outros indivíduos. Além disso, ratificou-se que uma boa relação médico-paciente influencia sobre as três dimensões de burnout, e, tendo em vista que é uma relação cada vez mais curta, pode gerar uma incidência ainda maior dessa síndrome. Conclusão: De acordo com a literatura, fatores como longas jornadas de trabalho em ambientes, na sua maioria, não ideais, privação de sono e alta demanda emocional elevam a corporificação da Síndrome de Burnout. A qual pode ser desenvolvida por qualquer tipo de profissional, porém, as profissões que mantêm contato constante e direto com outras pessoas, principalmente quando esta relação é considerada de ajuda, como no caso dos médicos, são as mais afetadas. Logo, o burnout está associado à pressão do tempo e à expectativa de ascensão profissional, concretizando a importância de suporte organizacional da saúde no trabalho.