património para paz reconcialicao - manual.prof
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MANUAL PARA
PROFESSORES
Patrimniopara a Paze a Reconciliao
Salvaguardar
o Patrimnio Cultural Subaqutico
da Primeira Guerra Mundial
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Patrimnio para a Paz e a Reconciliao
Salvaguardar o Patrimnio Cultural Subaqutico da Primeira Guerra MundialManual para Professores
Dirk Timmermans
Ulrike Guerin
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Direitos de Autor e Crditos
Primeira edio em 2015 pela Organizao das Naes Unidas para a Educao, a Cincia
e a Cultura, 7, place de Fontenoy, 75352 Paris 07 SP, Frana.
UNESCO 2015
Verso portuguesa
A verso portuguesa do Manual para Professores Patrimnio para a Paz e Reconciliao
- Salvaguardar o Patrimnio Cultural Subaqutico da Primeira Guerra Mundial, foi tra-
duzida da edio inglesa, de 2015. Os dados foram atualizados data de agosto de 2015.
Foi igualmente includa informao relativa Estratgia da UNESCO para a Rede das
Escolas Associadas da UNESCO 2014-2021, Rede das Escolas Associadas, aos Estadosratificantes da Conveno 2001 da UNESCO sobre a Proteo do Patrimnio Cultural
Subaqutico, e lista do Patrimnio Mundial.
UNESCO/Comisso Nacional da UNESCO Portugal / 2015
ISBN 978-989-98953-2-4
Crditos
Esta publicao est disponvel em Acesso Livre ao abrigo da licena Attribution-Share-
Alike 3.0 IGO (CCBY- SA 3.0 IGO) (http://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0/
igo/). Ao utilizarem o contedo da presente publicao, os utilizadores aceitam os termos
de uso do Repositrio da UNESCO de acesso livre (http://www.unesco.org/open-access/
terms-use-ccbysa-en).
A presente licena aplica-se exclusivamente ao contedo da publicao. Para a utilizao
de qualquer material que no esteja claramente identificado como propriedade da UNES-
CO, ser necessrio solicitar a autorizao prvia atravs de: publication.copyright@unes-
co.orgou UNESCO Publishing, 7, place de Fontenoy, 75352 Paris 07 SP Frana.
As designaes usadas e a apresentao de material ao longo desta publicao no impli-
cam a expresso de qualquer opinio por parte da UNESCO relativamente ao estatuto le-
gal de qualquer pas, territrio, cidade ou zona ou das suas autoridades, ou relativamente
delimitao das suas fronteiras e limites.
As ideias e opinies expressas nesta publicao so as dos autores; no expressam necessa-
riamente as da UNESCO e no comprometem a Organizao.
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Editores: Dirk Timmermans (UNA Flanders), Ulrike Guerin (UNESCO) e Arturo Rey
da Silva (UNESCO)
Fotos da capa: Navio naufragado em Lundy Harun Ozdas - Jovem a trabalhar Tommy
Bay
Design da capa: Koen Vervliet
Graphic design: Jan Depover
Impresso por: EPO printing
Impresso na Blgica
Edio Portuguesa
Comisso Nacional da UNESCO
Ministrio dos Negcios Estrangeiros
Largo das Necessidades
1350-215 Lisboa
Tel. +351 21 394 66 52
Fax + 351 21 394 69 60
E-mail: cnu@mne.pt
Website:www.unescoportugal.mne.pt
Traduo
HighLinkEvents
Paginao e impresso
Grafilinha, Lda.
Reviso, atualizao e adaptao
Ftima Claudino
Depsito Legal
399989/15
1 Edio - Novembro 2015
United NationsEducational, Scientific and
Cultural Organization
Comisso
Portuguese
Nacional da
PortugalUNESCO
for UNESCO
NationalCommission
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MANUAL PARA
PROFESSORES
Patrimniopara a Paze a ReconciliaoSalvaguardar
o Patrimnio Cultural Subaqutico
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O patrimnio cultural composto pelos vestgios fsicos da histria. a testemunha si-lenciosa de conflitos, guerras e confrontos entre naes. Conseguir compreender o nosso
patrimnio comum fomenta o entendimento, a reconciliao e a paz.
Este Manual do Professor faz parte de um pacote fornecido no mbito do apoio doprojeto educativo da UNESCO, Patrimnio para a Paz e a Reconciliao, que tambminclui filmes e uma brochura. O projeto Patrimnio para a Paz e a Reconciliao irajudar os educadores a introduzirem os conceitos de dilogo, paz e reconciliao no seuprograma atravs da compreenso do patrimnio cultural. Podero utilizar os exemplosfornecidos para a organizao de projetos, excurses ou exposies escolares, ou para enri-
quecimento das aulas habituais. Uma ocasio em que poder ser importante desenvolveratividades e iniciativas de cooperao ser todos os anos a 21 de setembro, o Dia Interna-cional da Paz proclamado pelas Naes Unidas.
Atravs da escolha de uma poca especfica e de um determinado tipo de patrimnio, estemanual centra-se no patrimnio cultural subaqutico da Primeira Guerra Mundial, quesocialmente foi uma das guerras mais devastadoras do sculo passado. Uma das novidadesdesta guerra, que teve um impacto particularmente forte na populao civil, foi o de-senvolvimento da guerra naval, e mais especificamente da guerra submarina. Esta guerradeixou para trs um extenso patrimnio submerso. Apesar destes materiais se centraremno patrimnio cultural subaqutico da Primeira Guerra Mundial, poder ser adotada amesma abordagem para exemplos de patrimnio cultural subaqutico da Segunda GuerraMundial, ou de outras pocas em que os conflitos incluram inmeras batalhas no mar.
O projeto foi acordado entre todos os Estados Partes na Conveno da UNESCO sobre aProteo do Patrimnio Cultural Subaqutico, em 2001. Os Estados pretendem utilizar oCentenrio da Primeira Guerra Mundial para fomentar a educao para a paz, mais espe-cificamente atravs da promoo da proteo e compreenso do patrimnio submerso. Odesejo prende-se com a educao para a paz por ocasio do Centenrio da Primeira Guer-ra Mundial, sobretudo atravs da promoo da proteo e compreenso do patrimniosubmerso. Tambm pretendem chamar a ateno para a recente proteo do patrimniocultural subaqutico deste perodo ao abrigo da Conveno de 2001 da UNESCO.
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Contedos
Introduo ...............................................................................................................................................................................11
I. O patrimnio cultural subaqutico da Primeira Guerra Mundial e a
Conveno de 2001 da UNESCO ............................................................................................................................15
O patrimnio do mundo como alicerce do caminho para a paz........................................15
O patrimnio cultural subaqutico da Primeira Guerra Mundial.....................................16
A Primeira Guerra Mundial teve uma importante componente martima?...........17
Que patrimnio submerso resta da Primeira Guerra Mundial?.........................................17 Encontra-se este patrimnio submerso ameaado?....................................................................18
A proteo ao abrigo da Conveno de 2001......................................................................................19
A mensagem do patrimnio cultural subaqutico da Primeira Guerra Mundial
para a educao.....................................................................................................................................................................20
Ensino do patrimnio cultural subaqutico: a memria e a paz.........................................24
II. Educao para a paz e o patrimnio: por onde comear?...................................................29 Legitimao ................................................................................................................................................................................30
O Objetivo de Ensino ........................................................................................................................................................31
O Projeto de Ensino ............................................................................................................................................................32
Saber e conhecimento: que conhecimentos devemos transmitir?.................................32
Competncias: que competncias devemos ensinar?................................................................33
Comportamento ou atitude: que valores devemos transmitir? ........................................34
Perspetivas positivas ........................................................................................................................................................34
Modelo do Plano de Projeto.....................................................................................................................................
37
III. Pontos de avaliao para a educao para a paz atravs do patrimnio.........41
Saber e conhecimento ....................................................................................................................................................42
Conhecimento sobre o contexto histrico do patrimnio cultural
subaqutico .......................................................................................................................................................................42
Processos e mecanismos ........................................................................................................................................47
Histria versus memria coletiva ..................................................................................................................52
Empatia e solidariedade ...............................................................................................................................................67
Antdoto contra a indiferena...........................................................................................................................67
O bom, o mau e tudo o que existe no meio .........................................................................................70
Passado e presente ......................................................................................................................................................73
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nfase da liberdade de escolha ........................................................................................................................76
Tratar as emoes com cuidado ......................................................................................................................77
Cerimnias de evocao.........................................................................................................................................
81 Cuidado com a reconstituio..........................................................................................................................85
Reflexo e ao.......................................................................................................................................................................88
IV. Educar para um futuro melhor...........................................................................................................................91
Alicerces para a educao para a paz atravs do patrimnio...............................................92
Eu, eu mesmo e os outros .....................................................................................................................................92
Respeito e conexo ......................................................................................................................................................94
Direitos e obrigaes, liberdades e responsabilidades...............................................................
96 Falar e escutar.................................................................................................................................................................99
Conhecimento e pensamento crtico.......................................................................................................100
Preconceitos, esteretipos e discriminao......................................................................................102
Lidar com os conflitos de forma no violenta.................................................................................104
A agressividade e a preveno da violncia......................................................................................105
A sociedade e o indivduo ...................................................................................................................................108
As pessoas, a cultura e o ambiente...........................................................................................................111
V. ANEXO I A UNESCO e a Educao para a Paz.................................................................................115
Da Liga das Naes s Naes Unidas........................................................................................................115
A UNESCO e a Construo da Paz .....................................................................................................................117
VI. ANEXO II Patrimnio Cultural Subaqutico da
Primeira Guerra Mundial........................................................................................................................................123
Contexto Histrico do Patrimnio Cultural Subaqutico da Primeira
Guerra Mundial ...................................................................................................................................................................123
Patrimnio Cultural Subaqutico da Primeira Guerra Mundial
- Um Patrimnio Ameaado ...................................................................................................................................125
Assegurar a Proteo do Patrimnio Submerso da Primeira Guerra Mundial
- A Conveno de 2001 da UNESCO ................................................................................................................128
Grandes Batalhas Navais da Primeira Guerra Mundial e o seu Patrimnio
Cultural Subaqutico ....................................................................................................................................................130
VII. ANEXO III EXEMPLOS DE PLANOS DE AULA ..................................................................................139
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PREFCIO
PATRIMNIO PARA A PAZ E A RECONCILIAO - SALVAGUARDAR O PATRIMNIOCULTURAL SUBAQUTICO DA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL
O Ato Constitutivo da UNESCO, afirma que: Uma vez que as guerras comeam nasmentes dos homens, nas mentes dos homens que devem ser erguidos os baluartes dapaz.
Desde a sua criao em 1945, a UNESCO tem contribudo para a consolidao da cul-tura da paz, de erradicao da pobreza, de desenvolvimento sustentvel e de dilogo decivilizaes. A educao um dos principais instrumentos para a prossecuo desses ob-
jetivos.
Enquanto agncia das Naes Unidas com mandato especfico em todos os aspetos daeducao, o trabalho da UNESCO abrange o desenvolvimento da educao pr-escolar
at ao superior, incluindo o ensino tcnico e profissional e de formao, a educao no-formal e a alfabetizao. Para a UNESCO a promoo da equidade e do acesso ao ensino,das oportunidades para todos na aprendizagem ao longo da vida, a melhoria da qualidadeda educao e do desenvolvimento de conhecimentos e competncias so essenciais, naperspetiva de valores de uma cidadania global.
Deseja-se que a educao vise o desenvolvimento pleno da personalidade humana e oreforo do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais. Deseja-se quepromova a compreenso, a tolerncia e a amizade entre todas as naes, e todos os gruposraciais ou religiosos, no quadro das atividades globais das Naes Unidas para a paz.
A Comisso Nacional da UNESCO associou-se em 2014, ao projeto educativo lanadopela UNESCO, Patrimnio para a Paz e a Reconciliao, no mbito do patrimniocultural subaqutico da Primeira Guerra Mundial. Este Manual para Professores, que foilanado pela UNESCO no incio de 2015, constitui-se como uma ferramenta educativafundamental para fomentar a educao para a paz, especificamente atravs da promooda proteo e compreenso do patrimnio submerso. Ao tomarmos a iniciativa de tradu-zir este Manual para Portugus, quisemos torna-lo acessvel a todas as escolas e institui-es educativas, em Portugal, e nos pases de lngua oficial portuguesa, fornecendo infor-maes sobre abordagens pedaggicas da educao para a paz e a memria, especialmente,
no mbito do patrimnio cultural subaqutico.
Ana Martinho Embaixadora Presidente da Comisso Nacional da UNESCO
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Introduo
De 2014 a 2018, a UNESCO vai evocar o Centenrio da Primeira Guerra Mundial. Estaser uma altura para relembrar todas as geraes da importncia da paz, e para educar
sobre o impacto da guerra, sobretudo atravs da educao baseada na compreenso do
patrimnio cultural da Primeira Guerra Mundial.
A guerra no mar - incluindo as batalhas navais e as atividades dos U-boats - foi uma
componente importante que fez parte da Primeira Guerra Mundial. O patrimnio cultu-
ral subaqutico desta guerra permite humanidade compreender quo devastadoras so
as consequncias humanas da guerra, e encorajar todas as pessoas a envidarem esforospara preservar uma paz duradoura. O patrimnio recorda-nos que existe a necessidade de
reconciliao e entendimento, e de todas as naes conviverem pacificamente.
Durante o Centenrio da Primeira Guerra Mundial, as escolas e as instituies educativas
sero encorajadas a realarem diferentes aspetos da Primeira Guerra Mundial. Isto poder
ser conseguido de vrias formas: uma visita de estudo a um museu martimo, uma expo-
sio temporria sobre um determinado aspeto da Grande Guerra, uma visita a um local
de evocao, a leitura de poesia sobre a Grande Guerra no mbito de cursos de lnguas,uma visita virtual na Internet a um navio naufragado da Primeira Guerra Mundial, etc.,
a lista no limitada. Todas estas atividades ajudam a aumentar o interesse dos alunos e a
melhorar a sua compreenso atravs da criao de oportunidades para conhecer os diver-
sos rostos da guerra, da paz e da reconciliao.
No entanto, poder surgir o momento que todos os professores enfrentam frequente-
mente. Participar numa atividade entusiasmante ou comovente bastante diferente de
transformar estas experincias de aprendizagem num projeto pedaggico exequvel, men-survel e sustentvel, que tambm se adeque aos resultados finais ou transdisciplinares.
Este Manual do Professor apresenta ao profissional educativo as ferramentas necessrias
para moldar este processo.
Os principais objetivos desta publicao so:
fornecer contedos sobre o patrimnio cultural subaqutico relacionado com a Pri-
meira Guerra Mundial, e incorporar este tema no plano de aulas sobre direitose responsabilidades humanas, o uso e abuso de poder, a resoluo de conflitos, a
compreenso intercultural, e a sensibilizao para o patrimnio cultural, etc.;
fornecer informao adicional sobre a abordagem pedaggica da educao para a
paz e memria;
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desenvolver a confiana dos professores na abordagem de temas sobre o patrimnio
cultural subaqutico, e a sua importncia para a paz, a memria e a reconciliao;
ajudar os professores na integrao eficaz de iniciativas locais do Centenrio da Pri-meira Guerra Mundial e patrimnio cultural subaqutico no programa curricular;
fornecer aos professores atividades de aprendizagem, exemplos de boas prticas,
sugestes e exemplos de ensino que estimulem a evocao da Primeira Guerra
Mundial atravs do exemplo do patrimnio cultural subaqutico, e que estimulem
tambm reflexes inovadoras sobre a paz, a reconciliao, os direitos humanos e a
tolerncia nos dias de hoje.
O manual constitudo por quatro captulos e trs anexos. Cada parte tem uma corespecfica.
O patrimnio cultural subaqutico da Primeira Guerra Mundial e a Conveno
de 2001 da UNESCO
O primeiro captulo fornece informao contextual sobre o patrimnio cultural subaqu-
tico da Primeira Guerra Mundial e a Conveno da UNESCO sobre a Proteo do Patri-
mnio Cultural Subaqutico. Tambm explicada a componente martima da PrimeiraGuerra Mundial e as vrias ameaas que o mundo atual acarreta para o patrimnio. Expe
os pilares temticos da Conveno da UNESCO, como a proteo do patrimnio e a
cooperao entre Estados. Finalmente, estabelece a relao entre o objeto da Conveno,
o patrimnio submerso, e a educao para a reconciliao e a paz. Os materiais de apoio
a este captulo esto includos no Anexo II.
Educao para a paz e o patrimnio: por onde comear?
O segundo captulo oferece um enquadramento para os professores que pretendam or-
ganizar um projeto. Este captulo pode ser aplicado ao patrimnio cultural subaqutico,
mas tambm a outros domnios da educao para o patrimnio e a paz. Os itens abor-
dados neste captulo incluem: as motivaes de um projeto, os objetivos pedaggicos, o
processo de ensino e as perspetivas educativas.
Pontos de avaliao para a educao para a paz atravs do patrimnio
O terceiro captulo fornece conselhos para assegurar que os projetos tm elevada qualida-
de. Os pontos de avaliao so: (1) Saber e conhecimento, (2) Empatia e solidariedade, e
(3) Reflexo e ao. So apresentadas pistas de ensino, opes e exemplos de boas prticas,
e so indicadas as limitaes de ensino.
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Educar para um futuro melhor
Este quarto captulo oferece s escolas dez alicerces para desenvolverem a educao para opatrimnio, a paz e a reconciliao. O contedo ilustrado atravs de pistas e exemplos
baseados no patrimnio cultural subaqutico.
ANEXO I A UNESCO e a educao para a paz
O Anexo I diz respeito gnese e ao funcionamento das Naes Unidas e da sua agncia
especializada, a UNESCO, na perspetiva do crescente interesse na educao para a paz e
o patrimnio.
ANEXO II O patrimnio cultural subaqutico da Primeira Guerra Mundial
Este anexo contm dados e informao contextual relativa ao patrimnio cultural suba-
qutico da Primeira Guerra Mundial. Apresenta tambm uma viso geral dos encontros
navais mais importantes, de alguns navios naufragados relevantes encontrados in situ, e
uma lista de museus que possuem uma seleo de vestgios de patrimnio cultural suba-
qutico da Primeira Guerra Mundial.
ANEXO III Exemplos de planos de aula
No final deste manual, so apresentados diversos planos de aula que podero servir de
inspirao para desenvolver atividades educativas adicionais. Os planos de aula mostram
como determinadas escolas tm moldado os seus processos pedaggicos.
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I. O patrimnio cultural subaqutico da Primeira Guerra
Mundial e a Conveno de 2001 da UNESCO
Uma vez que as guerras comeam nas mentes dos homens, nas mentes dos homens que
devem ser erguidos os baluartes da paz, afirma a constituio da UNESCO. A proteo e
a partilha do nosso patrimnio so essenciais para fomentar a compreenso mtua e um
conhecimento mais perfeito das vidas uns dos outros. A nossa histria e o nosso patrim-
nio fazem parte de quem somos. So componentes preponderantes das nossas identida-
des, e fornecem formas de nos definirmos a ns prprios como grupos sociais na interao
com outros grupos e com o ambiente. Ao recordarmos e compreendermos o nosso passa-do, adquirimos orientao para o nosso futuro. A histria e o patrimnio criado por essa
histria influenciam a forma como evolumos e como transmitimos o conhecimento s
geraes futuras. Fornecem a base da tradio, dos valores e do respeito mtuo.
O Centenrio da Primeira Guerra Mundial proporciona uma oportunidade nica para
utilizar o patrimnio no mbito da educao para a paz e a reconciliao, sobretudo o
patrimnio cultural subaqutico nico daquela poca.
O patrimnio do mundo como alicerce do caminho para a paz
O mundo atual enfrenta o desafio de unir povos na partilha de uma coexistncia pacfica
numa escala sem precedentes. O patrimnio cultural do mundo constitudo pelos ves-
tgios dos eventos mais bonitos, mas tambm mais trgicos da histria da humanidade, e
a compreenso e a partilha deste patrimnio podem ser uma poderosa fora unificadora.
A ideia de estabelecer um movimento internacional para a proteo do patrimnio co-mum da humanidade foi mencionada pela primeira vez depois da Primeira Guerra Mun-
dial, sob os auspcios da Liga das Naes. Foi mais tarde inscrita no mandato da Organi-
zao das Naes Unidas para a Educao, a Cincia e a Cultura (UNESCO).
Na dcada de 1960, a UNESCO organizou uma campanha internacional para ajudar o
Egito e o Sudo a salvarem os templos nbios da cheia iminente que seria provocada pela
construo da barragem de Assuo no rio Nilo. A campanha mobilizou a comunidade
internacional para o patrimnio cultural e a responsabilidade comum na sua preservao.
Um passo importante no sentido da preservao do patrimnio foi a Conveno para a
Proteo do Patrimnio Mundial, Cultural e Natural, adotada pela Conferncia Geral
da UNESCO em 1972, mais conhecida como a Conveno do Patrimnio Mundial. A
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sua Lista de Patrimnio inclui, desde julho de 2015, 1.031 stios de patrimnio cultural
e natural de valor universal excecional, localizados em terra ou no mar. Alm disso, a
UNESCO comeou a designar obras-primas de Patrimnio Oral e Imaterial da Huma-nidade, e criou uma Lista de Patrimnio Imaterial. Esta iniciativa ir ajudar a preservar a
cultura tradicional e popular.
O patrimnio cultural subaqutico do mundo protegido especificamente ao abrigo da
Conveno da UNESCO sobre a Proteo de Patrimnio Cultural Subaqutico, adotada
em 2001 pela Conferncia Geral da UNESCO.1
A proteo de todas as formas de patrimnio ajuda-nos a compreender os vrios aspetosda histria, levando assim paz e ao entendimento. Alguns stios de patrimnio desem-
penharam um papel na guerra e no consequente apelo paz, como o campo de concen-
trao de Auschwitz-Birkenau, o Memorial da Paz de Hiroshima, a ponte em Mostar na
Bsnia e Herzegvina, ou a frota afundada no Atol de Bikini. Existem outros elementos
de patrimnio que fazem parte das mais belas criaes da natureza e da humanidade. O
patrimnio o ingrediente indispensvel da identidade e do desenvolvimento de cada
indivduo, de cada sociedade e do mundo no seu conjunto.
Uma grande parte do nosso patrimnio comum, os vestgios das aes, dos habitats e dos
encontros humanos, encontra-se, atualmente, em locais submersos por mares, rios ou
lagos. Os conflitos navais provocaram o naufrgio de navios e frotas, deixando intocados
nas profundezas testemunhos importantes e extensos do nosso passado.
O patrimnio cultural subaqutico da Primeira Guerra Mundial
O Centenrio da Primeira Guerra Mundial d um nosso impulso compreenso e pro-teo do patrimnio cultural subaqutico desta guerra. Tambm reala a posio nica
e a importncia da Conveno da UNSECO sobre a Proteo do Patrimnio Cultural
Subaqutico. A Conveno afirma que todos os vestgios da existncia humana que te-
nham um carter cultural, histrico ou arqueolgico, e que tenham ficado parcial ou
totalmente submersos, de forma peridica ou contnua, durante pelo menos 100 anos so
considerados patrimnio cultural subaqutico. Assim, durante a evocao do Centenrio
da Primeira Guerra Mundial, 2014-2018, todos os navios naufragados como consequn-
cia de eventos que ocorreram durante a Primeira Guerra Mundial ficaro protegidos aoabrigo da Conveno.
1 A Conveno entrou em vigor a 2 de janeiro de 2009 e celebrou o seu 10 aniversrio no final de 2011
com uma conferncia cientfica em Bruxelas. Atualmente, em agosto de 2015, 51 Estados ratificaram a
Conveno e um crescente nmero de outros Estados esto a considerar aderir.
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A Primeira Guerra Mundial teve uma importante componente
martima?
Apesar da maioria das batalhas da Primeira Guerra Mundial ter sido travada em terra, a
guerra no mar foi significativa, sobretudo devido ao impacto social da guerra submarina.
Durante o perodo da corrida para o mar (course la mer) no incio da Guerra, ambos
os lados aumentaram a dimenso das suas frotas, e a tentativa britnica de bloquear os
portos submarinos de Zeebrugge e Oostende provocou a inundao de Westhoek. Houve
uma grande quantidade de importantes aes navais em todo o mundo, como as Batalhas
de Coronel e das Ilhas Falkland no final de 1914, a Campanha de Galpoli em 1915, quetinha como objetivo manter a ligao ao Mar Negro ou conquistar Istambul, e a Batalha
da Jutlndia em 1916.
No entanto, os efeitos da guerra submarina entre os Imprios Britnico e Alemo no canal
ao longo da Costa Australiana, foram os mais marcantes devido escassez de matrias-
primas e bens de primeira necessidade, fome e doena que vitimou a populao civil.
Finalmente, o cansao da guerra impulsionado por estas circunstncias, leva ao motim da
Armada Imperial em Kiel, um dos elementos que provocaram a queda do Reich Alemo.
Que patrimnio submerso resta da Primeira Guerra Mundial?
Este manual inclui um Anexo com uma viso geral do patrimnio submerso da Primeira
Guerra Mundial. No entanto, no uma lista exaustiva, uma vez que muitos dos stios
ainda no foram registados ou investigados.
A Campanha de Galpoli (anakkale Sava) desenrolou-se
na pennsula de Galpoli, que fazia parte do Imprio Otoma-
no (agora chamada Gelibolu, na atual Turquia), entre 25 de
abril de 1915 e 9 de janeiro de 1916. Foi montada uma ope-
rao conjunta do Reino Unido e da Frana para conquistar
a capital otomana de Constantinopla (atual Istambul) e asse-
gurar uma rota martima para a Rssia. A tentativa de fazer
desembarcar as tropas dos navios de transporte falhou, pro-
vocando um grande nmero de baixas em ambos os lados.
A campanha foi considerada uma das maiores vitrias dosturcos e vista como um dos maiores fracassos dos Aliados.
Recentemente, um projeto turco-australiano, Beneath
Gallipoli, fez um levantamento da baa de Suvla, palco de
Balsa II, Canakkale
Seddulbahir
Harun zdas
OPATRIMNIOCULTURALSUBAQUTICODAPRIMEIRAGUERRAMUNDIALEACONVENODE2001 DAUNESCO
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uma das maiores batalhas, e revelou que o mar preservou o que poder ser o melhor stioarqueolgico relacionado com esta campanha. Debaixo das ondas, encontraram relquias,
incluindo diversos couraados, assim como os restos evocadores das barcaas de ao uti-lizadas para abastecer as tropas, e para transportar e retirar os mortos e feridos das praias.
Encontra-se este patrimnio submerso ameaado?
Apesar da grande participao naval durante a Primeira Guerra Mundial, a componentemartima do seu patrimnio arqueolgico corre o risco de ser esquecida, e os seus vestgiosesto ameaados, uma vez que esto desprotegidos. este o resultado da pouca sensibili-
zao do pblico relativamente a este patrimnio, devido sua localizao no fundo dooceano. Alm disso, como consequncia da ignorncia, e por vezes da procura do lucro,este patrimnio tratado de forma negligente. Os navios naufragados so desmanteladose destrudos sem registo, investigao ou consulta do Estado de bandeira em questo. Osmetais de baixa irradiao e as cargas supostamente valiosas atraem caadores de tesourosque, no decurso da obteno do material, destroem no s os contextos arqueolgicos,mas tambm os tmulos de guerra.
Alm disso, muitos mergulhadores visitam os navios afundados no mbito do que, eufe-misticamente, podemos apelidar de caa recordao. Em grandes camadas da popula-o, ainda existe uma grande falta de compreenso do significado histrico destes stios eda necessidade de os respeitar. O impacto da caa recordao tambm se deve ao factode os navios naufragados da Primeira Guerra Mundial serem mais fceis de encontrar doque navios mais antigos, que geralmente esto enterrados debaixo de vrias camadas desedimentos, ou deteriorados e irreconhecveis.
Desta forma, a memria coletiva, no s da Primeira Guerra Mundial, mas de ambas asGuerras Mundiais (uma vez que os stios da Segunda Guerra Mundial e de outros confli-tos do sculo XX partilham o mesmo destino) est a desaparecer aos poucos. Agora que asltimas testemunhas oculares da Primeira Guerra Mundial desapareceram, a importnciado patrimnio enquanto ponto de referncia fsico aumentou, uma vez que a ltimatestemunha direta desta fase crucial da histria mundial.
Felizmente, cada vez mais os pases que estiveram envolvidos na Primeira e Segunda Guer-ras Mundiais aderem Conveno da UNESCO sobre a Proteo do Patrimnio Cultural
Subaqutico, e assim promovem de forma proativa a proteo do patrimnio submerso.No entanto, tambm essencial mostrar o valor histrico e educativo destes stios, e sensi-bilizar o pblico para o seu significado, sobretudo junto dos jovens. A mensagem que estesstios transmitem importante no s para os cientistas, mas para toda a humanidade.
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Para obter mais informao, consulte o Anexo deste Manual.
A proteo ao abrigo da Conveno de 2001
O principal objetivo da Conveno da UNESCO sobre a Proteo do Patrimnio Cul-
tural Subaqutico proteger este patrimnio para o bem da humanidade. A Conveno
contm princpios ticos, regulamentos sobre a cooperao entre Estados, e regras para a
proteo jurdica. O seu Anexo contm diretrizes cientficas para a arqueologia. A Con-
veno encoraja vivamente a educao e o acesso aos stios.
A Conveno considera que a principal ameaa aos stios arqueolgicos submersos so os
saqueadores e as empresas especializadas na localizao e recuperao de tesouros arqueo-
lgicos para vender com fins lucrativos. Ao procederem desta forma, estes grupos ignoram
de forma consciente que este patrimnio pertence memria coletiva da humanidade e
que deve ser experienciado por todos. Atualmente, estima-se que 98% do leito marinho
se encontra acessvel a atividades que vo desde a caa recordao, s atividades de
recuperao em grande escala que se concentram em stios que podero ter at 750.000
artefactos. Estas atividades fazem com que a adeso universal dos Estados Conveno
seja de uma urgncia premente. A Conveno probe a venda, a disseminao ilegal e a
explorao comercial do patrimnio cultural subaqutico, e estipula sanes e medidaspara a apreenso.
Alm disso, a Conveno inclui disposies sobre as atividades que, apesar de no estarem
direcionadas para o patrimnio cultural, tm um impacto indireto no mesmo. Segundo a
Conveno, os Estados Partes envidaro esforos, conforme os seus meios, para proteger o
patrimnio deste tipo de atividades e para mitigar qualquer impacto. Apesar de no serem
enumeradas, as medidas protetoras podero incluir a proibio ou limitao de atividades
de dragagem, de recuperao de minerais, as atividades de construo, ou o uso de redes
de arrasto nas imediaes de stios de patrimnio. Por exemplo, devido ao impacto das
redes de arrasto que tm passado pelo casco, o naufragado Lusitania no se encontra to
bem preservado como o Titanic.
As medidas protetoras referidas pela Conveno aplicam-se ao patrimnio cultural pre-
sente em zonas sob a alada da jurisdio do Estado Parte em questo. No entanto, tam-
bm se estendem a todas as guas do mundo atravs da jurisdio de cada Estado Parte
relativamente aos seus cidados e aos navios que arvorem o seu pavilho, e so aplicadas
atravs da cooperao com outros Estados.
Para alm da proteo, a cooperao entre Estados a ideia central da Conveno da
UNESCO. A ratificao permite aos Estados aderirem a um clube de Estados empe-
nhados na proteo do patrimnio cultural subaqutico, e interessados no apoio mtuo
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para atingirem desse objetivo. Esta cooperao pode assumir diversas formas, incluindoa cooperao entre Estados para proteger stios em guas internacionais. Para um Estado
celebrar formalmente uma cooperao com outro Estado em guas internacionais com aajuda do Diretor-Geral da UNESCO, dever ser demonstrada uma ligao verificvel aopatrimnio cultural em questo. Habitualmente, os Estados so encorajados a celebraremacordos bilaterais.
O ltimo, mas no menos importante, pilar da Conveno a orientao da investigaocientfica.
Conforme a Conveno reala, a primeira opo na proteo do patrimnio cultural
subaqutico preservar o patrimnio no seu local original. Se tal proteo in situ forimpossvel ou indesejvel, o patrimnio cultural subaqutico poder ser recuperado nointeresse da cincia ou do pblico, mas nunca no interesse da caa ao tesouro ou do co-mrcio. Qualquer interveno direcionada para o patrimnio cultural subaqutico, querseja para simples documentao ou para recuperao, dever cumprir as Regras acrescen-tadas Conveno sob a forma de Anexo. Estas Regras no diferem substancialmente dasnormas de investigao arqueolgica terrestre, mas, pelo contrrio, fornecem um texto dereferncia. So, portanto, muito estimadas pelos arquelogos.
A Conveno no regula a propriedade ou alterao de jurisdio no mar, mas totalmen-te aplicvel a navios naufragados que arvorem o pavilho de um Estado, incluindo muitosnavios naufragados da Primeira Guerra Mundial.
Os Estados Partes da Conveno renem-se pelo menos duas vezes por ano, e a Con-veno tem um rgo Consultivo Cientfico e Tcnico com doze membros que ajuda osEstados-Membros a implementarem a Conveno.
Para obter mais informao sobre a Conveno de 2001, pode consultar o site daUNESCO: www.unesco.org/en/underwater-cultural-heritage.
A mensagem do patrimnio cultural subaqutico da PrimeiraGuerra Mundial para a educao
O patrimnio cultural subaqutico da Primeira Guerra Mundial tem, at data, sidopouco visvel, pouco investigado e pouco compreendido. A histria naval escrita sobre a
Primeira Guerra Mundial conta-nos as batalhas, as estratgias, as tecnologias e o poder,mas os stios dos navios naufragados, que tambm encerram os restos mortais de milharesde soldados que pereceram durante a guerra, contam-nos uma histria tragicamente di-ferente. Muitos dos navios naufragados so tmulos. Ao contarem a tragdia humana daguerra atravs de cada histria, estes relatos e os stios de patrimnio so um apelo paz e
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reconciliao. A forma como a histria ensinada nas escolas foi estabelecida ao longo
de muitos anos em cada um dos pases que esteve envolvido na Primeira Guerra Mundial.
A narrativa histrica do patrimnio cultural subaqutico da guerra , no entanto, relati-vamente recente.
Proporciona a oportunidade de desenvolver uma nova abordagem e a possibilidade de
aprofundar o entendimento cultural, promovendo as oportunidades de educao e di-
logo para a paz.
A histria humana do nosso patrimnio cultural subaqutico permite s naes distan-
ciarem-se das vitrias e das derrotas do passado. Compreender a guerra e o seu efeito nos
povos e no patrimnio pode ajudar a fomentar a paz e a reconciliao. Ao partilharem o
seu patrimnio cultural subaqutico, estas naes podem aceitar a parte comum das suas
identidades. A tolerncia, o respeito e a compaixo para com diferentes culturas, incluin-
do antigos inimigos, uma forma de fomentar a paz.
O patrimnio cultural subaqutico da Primeira Guerra Mundial cria a oportunidade de
uma perspetiva mais inclusiva na educao em todo o mundo, reconhecendo outras cul-
turas e experincias.2
2 As Diretrizes sobre a Educao Intercultural da UNESCO realam que a educao intercultural um con-
ceito dinmico que se centra nas relaes em constante evoluo entre diferentes grupos culturais, assim como
a possibilidade de gerar expresses culturais comuns atravs do dilogo e do respeito mtuo. Diretrizes sobre
a Educao Intercultural da UNESCO, (http://unesdoc.unesco.org/images/0014/001478/147878e.pdf).
Balsa em Galpoli Mark Spencer
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Eu gosto do patrimnio cultural subaqutico porqueprotege as memrias para todos, e ningum pode rei-
vindicar propriedade de um navio naufragado, porque de todos.Jonathan, 12
Prtica de ensino
fOs alunos conhecem a histria martima e o essencial sobre a arqueologia subaqutica,
e demonstram a capacidade de integrar, sintetizar e aplicar esta informao para chegar
a concluses fundamentadas.
O Misterioso Navio Naufragado Um projeto escolar martimo alm-fronteiras
O mar liga povos e naes, e a interpretao dos eventos navais permite-nos aprender com
o nosso passado coletivo para construirmos um futuro mais slido. A iniciativa interna-
cional Atlas of the 2 Seas criou uma base de dados on-line dos navios naufragados que
Capa do relatrio final do
Atlas of the 2 seas project
que contm uma descrio
detalhada do
O Misterioso Navio Naufra-
gado Um projeto escolar
martimo alm fronteiras.
http://www.maritimearcha-eologytrust. org/uploads/
publications/ FINAL%20RE-
PORT%20
A2S%20Project_EN_LD.pdf
pe
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tem investigado. Pode ser usada para criar novas relaes entre escolas em toda a Unio
Europeia.
Entre 2009 e 2012, arquelogos de Frana, do Reino Unido, da Blgica e dos Pases Bai-
xos estudaram mais de 150 stios arqueolgicos subaquticos e recolheram informao de
fontes primrias e dos arquivos nacionais.
Trs dos pases que participaram tiverem uma escola que cooperou com o projeto: a Toyn-
bee School em Hampshire, Inglaterra; a Collge Diwan em Guissny, Frana; e a Sint-
Bernarduscollege em Nieuwpoort, Blgica. Os sessenta e dois alunos e nove professores
envolvidos no projeto tiveram uma formao introdutria sobre histria e arqueologiamartima, e descobriram como o patrimnio cultural subaqutico se enquadra nos cursos
e nos programas escolares nacionais tradicionais.
Atravs da geminao eletrnica, as trs escolas trabalharam em conjunto no projeto in-
terativo, O Misterioso Navio Naufragado. O projeto comeou com um cenrio em que
tinha sido descoberta uma anomalia no leito marinho durante uma investigao geofsica.
De seguida, foram chamados mergulhadores para investigarem a anomalia. A partir desse
momento, os alunos assumiram o papel de arquelogos martimos, comeando por ummergulho virtual. Atravs de sesses guiadas, e com a ajuda de materiais educativos, os
alunos conseguiram participar naquilo que seria uma busca arqueolgica e histrica ina-
creditavelmente interessante. O projeto foi includo no programa escolar em cada um dos
trs pases participantes. No Reino Unido e na Blgica, as sesses do projeto decorreram
aps o horrio escolar ou nos intervalos de almoo. Em Frana, o projeto foi integrado
nas aulas de lngua bret.
Os alunos acabaram por identificar o misterioso navio naufragado como um navio a
vapor belga, construdo e lanado em Inglaterra em 1911. A 12 de maro de 1918, o na-
vio foi fretado pelo governo francs e saiu de Calais em direo a Bristol. O navio estava
armado com um canho e tinha 25 pessoas a bordo, incluindo pelo menos 12 belgas, 3
russos, 2 neerlandeses, 2 bretes, um sueco, e um noruegus. A 13 de maro de 1918,
por volta das 2h da manh, o navio foi atingido por um torpedo de um U-boat alemo.
A tripulao abandonou o navio, mas apenas sobreviveram 13 pessoas: morreram 11
marinheiros no decurso de uma exploso, afogados ou de hipotermia. Enquanto os so-
breviventes estavam nos botes salva-vidas, conseguiram vislumbrar o submarino alemo,
que voltou a submergir por volta das 2h30 da manh. A histria do navio naufragado -
cujo nome no ser aqui revelado devido possibilidade de outros projetos - demonstra
claramente que existe uma herana comum da guerra, que resulta da histria martima
partilhada pelos pases participantes.
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Nas palavras de apenas alguns professores:
O projeto ilustrou a histria comum da Inglaterra, Frana e Blgica; um tema que queremosdesenvolver mais na nossa escola professor francs
Penso que esta uma tima oportunidade para envolver os alunos e tirar partido das ligaes
transdisciplinares na escola professor ingls
Uma experincia muito positiva, na qual sem dvida valeu a pena participar professor belga
Para obter mais informao, consulte:
www.atlas2seas.eu/
http://schools.maritimearchaeologytrust.org/a2smysterywreckworkshop
http://schools.maritimearchaeologytrust.org/maritimebus
Ensino do patrimnio cultural subaqutico: a memria e a paz
Certo dia o diretor depara-se com uma pergunta pecu-liar: A escola estaria interessada em ter uma placa comos nomes dos oito antigos alunos que morreram no mardurante a Primeira Guerra Mundial?
A placa tinha sido salva do lixo por um membro dasociedade histrica local.Foi no incio de um projeto em que diversos alunosrealizaram uma pesquisa de documentao sobre asvidas das pessoas que faleceram. Esta pesquisa deu-lhesa conhecer eventos dramticos dessa poca.
A apresentao do seu projeto foi utilizada para lanaruma reflexo anual sobre a construo da paz.
Os navios naufragados, as instalaes costeiras, os memoriais e os abrigos so alguns dos
muitos vestgios materiais da Primeira Guerra Mundial. Em conjunto com os museus, as
tradies e os testemunhos pessoais escritos, formam a ltima ponte entre o passado e o
presente, uma vez que j no existem testemunhas diretas. Evocam momentos dramticos
do passado para geraes futuras.
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No entanto, o patrimnio mais do que simplesmente as relquias materiais do passado. algo que faz parte da nossa identidade. Faz parte da nossa particularidade e molda a
nossa relao com o mundo atual. Assim, a comunidade nacional e internacional tem vin-do a considerar que o patrimnio intrinsecamente significativo. Existem diversos atoresque atribuem valor aos stios de patrimnio, incluindo comunidades locais, associaes,
jovens, profissionais do patrimnio, artistas, jornalistas, e polticos.
A educao desempenha um papel importante na nossa perceo e valorizao do patri-mnio, mas tambm na nossa resposta ao mesmo. A educao afeta todos os futuros ci-dados. Na escola, as crianas aprendem mais do que simplesmente lnguas e matemtica.
Tambm aprendem o que so a paz, o respeito e a tolerncia. Aprendem a trabalhar emconjunto. Ficam a conhecer o seu passado, quem so e como isso se relaciona com o mun-do em que vivem. Para alm de dar um futuro a cada criana, a educao contribui para aconstruo do futuro do pas e da comunidade internacional. A histria, o patrimnio e opassado desempenham um papel importante na garantia de um futuro seguro e pacfico.
Uma caraterstica especfica da educao para a memria atravs do pa-
trimnio o seu ponto de partida - a memria do passado. No entanto,
o objetivo que verdadeiramente importante. No estudamos o passado
apenas para o conhecer ou compreender. O estudo do passado refere-se
principalmente ao que com ele podemos aprender, a fim de melhorar o
futuro.
O patrimnio cultural subaqutico da Primeira Guerra Mundial oferece um testemunhonico do passado. Uma vez que tem permanecido largamente invisvel, e raramente es-tudado, este patrimnio proporciona a oportunidade de combinar descobertas cientficase curiosidade educativa com mensagens educativas sobre paz. Muitos dos navios naufraga-dos so tmulos que encerram os corpos de inmeros soldados que foram arrancados aosseus entes queridos, congelados no tempo nas profundezas glidas. So a ltima moradade jovens soldados que em tempos acalentaram sonhos de um futuro cheio de esperana.Consequentemente, este patrimnio cultural subaqutico um testemunho histrico quedevemos respeitar. Os restos que o mar oculta no so apenas stios arqueolgicos, quepreservam os vestgios da vida quotidiana a bordo e dos vislumbres da sociedade do pas-sado, tambm transmitem mensagens de vida e lies de histria que se aplicam nossapoca. Ao interpretar o seu significado num contexto histrico, os alunos so encorajadosa refletirem de forma crtica sobre o significado do stio arqueolgico, e tambm sobre aguerra e a paz no geral. O estudo da guerra sensibiliza as mentes das pessoas e ajuda-as acompreenderem o valor da paz.
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Alunas a trabalharem num projeto de paz sobre o patrimnio cultural subaqutico.
Istvan Leel-ssy, cortesia do Departamento de Educao do Municpio da Anturpia
Podemos ensinar a importncia da memria atravs do patrimnio a partir de trs pers-
petivas:
(1) Saber e conhecimento
(2) Empatia e solidariedade
(3) Reflexo e ao
Estas trs perspetivas podem ser vistas como objetivos e plataformas educativas.
O saber e o conhecimento so essenciais para um bom comeo. Quando exploramos os
aspetos da Primeira Guerra Mundial e do patrimnio cultural subaqutico com os alunos,
fazemo-lo com uma atitude neutra para com a informao histrica e cientfica. Sem sa-
ber e conhecimento, a empatia e a solidariedade, e a reflexo e a ao no tm qualquer
significado, e existe o risco de nos rendermos a uma abordagem mtica ou nacionalista
do passado.
No entanto, o saber e o conhecimento s por si tambm no chegam. Se s analisarmos
os factos, o passado ser apenas algo que aconteceu fora do contexto das vidas dos alu-
nos, numa era muito distante. A empatia e a solidariedade permitem-nos questionar o
passado segundo o potencial humano ou o impossvel. Esta questo de natureza antro-
polgica e sempre relevante.
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Sem oportunidades para aplicar o que aprendemos atravs da reflexo e ao, o saber e
o conhecimento e a empatia e a solidariedade sero sempre superficiais. Ou seja, pre-
cisamos de concentrar o processo educativo no mundo em que vivemos e na sociedadecontempornea, quer a nvel nacional como a nvel global. Devemos perspetivar sempre
um futuro melhor. Olhando para o passado, quais so os alicerces de que precisamos para
a paz? Esta publicao tem uma seo parte dedicada a esta questo.
ncoras oferecidas ao museu Strandingsmuseum por pescadores locais. Coleo do museu
Strandingsmuseum St George, na Dinamarca Dirk Timmermans, cortesia da Associao
das Naes Unidas da Flandres.
Imagine que no existiam navios naufragados, como
divulgaramos a mensagem de paz sem exemplos?Catarina, 12
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II. Educao para a paz e o patrimnio: por onde comear?
Sabem a ltima novidade, diz a Brbara, enquanto acena com um panfleto, o centro cul-tural vai abrir uma nova exposio temporria sobre a Primeira Guerra Mundial. Sabiamque foram afundados dois navios por um U-boat alemo aqui ao largo da nossa costa?
A Brbara tem sempre coisas interessantes para nos contar, diz o Joo na brincadeira.Vira-se para o resto da sala dos professores e diz, por isso que j no temos de ler o
jornal, temos a Brbara.
A Brbara no fica desencorajada com o comentrio. Bem, no uma exposio qual-quer. Por exemplo, tm fragmentos de dirios de alguns dos marinheiros. Falam do seudia-a-dia, do sofrimento, da perda e da ansiedade. verdadeiramente comovente. E huma grande componente interativa, at podemos fazer um mergulho virtual aos naviosnaufragados.
O Hugo intervm, E qual objetivo disso?
Suponho que seja a crtica histrica, diz o Joo. A descrio de um navio naufragadopoder nem sempre ser um reflexo puro e inalterado de uma poca da histria. Existemdiversos fatores externos antes, durante e depois do naufrgio que podem sujeitar o navioe a sua histria a vrias alteraes.
Est bem, colega, diz a Laura, atrada pela conversa. Mas o colega professor de histria.Eu sou professora de educao fsica, e falo com os meus alunos sobre o que devem fazerem campo. Eles no esto interessados em falar do que aconteceu h centenas de anos.
Esto interessados em saber como interagem uns com os outros hoje em dia. Por exem-plo, o bullying algo que os preocupa. Podem ter reaes muito emotivas relativamentea incidentes recentes na nossa escola.
Sim, e tem precisamente a ver com isso, responde a Brbara. uma oportunidade paraaprender com a histria, sobre como que uma comunidade lida com os conflitos. Atpodemos debater com os alunos as diferenas entre o bullying e outras formas de conflitosocial.
Est bem, diz o Hugo, Estou a ver qual o objetivo. Mas isso aplica-se a mim? Querdizer... matemtica.
Sim, Hugo, respondem todos em conjunto, sem a me de todas as cincias no somosnada!
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Esta uma conversa normal numa sala de professores que poder ser o incio de um pro-
jeto incrvel para a escola. Imaginemos que a Brbara contacta o departamento educativo
do museu local, e convence os colegas que seria bom para os alunos, e para a escola nogeral, participarem num projeto interdisciplinar sobre a educao para a paz atravs do
exemplo do patrimnio cultural subaqutico.
Tal como o Hugo, o professor de matemtica, contou mais tarde a um jornalista do jornal
local: No incio estava ctico, mas de repente apercebi-me que a matemtica fornece fer-
ramentas que podem ser utilizadas para resolver problemas no nosso mundo. A resoluo
de problemas uma parte importante da pedagogia da matemtica.
Durante a evocao do centenrio, a comunidade docente ser desafiada
a prestar ateno a estes diferentes aspetos da Primeira Guerra Mundial.
Sentir-se-o mais dispostos a centrar-se na educao para a paz. No en-
tanto, a educao para a paz requer conhecimentos especficos - conhe-
cimentos para implementar projetos que sejam bem-sucedidos e slidos.
Neste captulo, vamos apresentar um enquadramento que poder ajudar.
Apesar de no ser a nica possibilidade, o objetivo fornecer uma orien-
tao inicial.
Enquadramento para um projeto sobre educao para a paz atravs da compreenso
do patrimnio:
1. Legitimao: qual a motivao do projeto?
2. Objetivo de ensino: o que que pretendemos alcanar?
3. Projeto de ensino: como que podemos atingir o(s) nosso(s) objetivo(s)?
a) Conhecimento: que conhecimentos devemos transmitir?
b) Atitude: que valores devemos transmitir?
c) Competncias: que competncias devemos ensinar?
4. Perspetivas: que perspetivas positivas podemos oferecer?
Legitimao
Antes de comear um projeto, os professores devero identificar porque que o projeto
necessrio, e de que forma ser vantajoso fazer uso do patrimnio. A resposta a esta
questo ser diferente para cada escola. Uma das escolas, por exemplo, decidiu legitimar
o projeto em resposta a diversos incidentes relacionados com o bullying. Uma exposio
temporria sobre um incidente local da Primeira Guerra Mundial foi a razo subjacente
para utilizar a histria para aprender como uma comunidade lida com os conflitos.
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Os temas que so apresentados e a forma como so tratados depende da situao e variam
consoante a escola, o bairro, e a comunidade. Uma escola com crianas desfavorecidas
numa zona metropolitana tem interesses diferentes de uma escola situada num bairro re-sidencial rico. Alm disso, surgem muitas diferenas numa s escola, incluindo diferenas
na populao e nos seus contextos. Claro que tambm importante ter em conta se a
regio tem alguma ligao ao mar ou alguma tradio martima.
Assim, para dar incio ao projeto dever colocar as seguintes perguntas: Qual a com-
posio da turma? O que que os alunos e os pais consideram mais importante? Que
tipo de valores que os nossos jovens consideram importantes, e de que forma que
esto relacionados com os nossos valores? Como que decidimos que projeto queremosdesenvolver? Qual a ligao que a regio tem ao patrimnio cultural subaqutico ou
Primeira Guerra Mundial?
A escultura Non-Violence (Knotted Gun) do artista sueco Carl Fredrik Reuterswrd em
exibio na sede da ONU em Nova Iorque. Rick Bajornas/Foto da ONU
O Objetivo de Ensino
O objetivo de ensino responde pergunta: O que que pretendemos alcanar? Depois
de definirmos o ponto de partida (i.e. a legitimao ou motivao), centramo-nos no
destino. Ao organizarmos um projeto sobre o patrimnio cultural subaqutico e a Primei-
ra Guerra Mundial, queremos ensinar no s o respeito pelo patrimnio, mas tambm
EDUCAOPARAAPAZEOPATRIMNIO: PORONDECOMEAR?
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refletir sobre como podemos criar uma sociedade melhor, baseada na compreenso e par-
tilha desse patrimnio. Como resultado final do projeto, o professor espera melhorar a
sociedade e a atitude que os jovens tm para com o seu futuro.
As escolas no tm de responder sozinhas a estas perguntas. Ao longo deste manual para
professores, existem diversos exemplos e referncias.
Ao reconhecer o patrimnio das Primeira e Segunda Guerras Mundiais, a
comunidade docente espera encorajar as pessoas a respeitarem-se mutu-
amente e a trabalharem pela reconciliao, independentemente da nacio-
nalidade ou do contexto social. A explorao e a reflexo sobre os naviosnaufragados da Primeira Guerra Mundial ir abranger diversas disciplinas
da educao, como a histria, a geografia, a cincia, a tica, e muitas
mais. Logo, pode ser includo no programa curricular como uma atividade
interdisciplinar.
O Projeto de Ensino
Assim que o objetivo for identificado, a questo que surge como avanar. O verbo
aprender tem muitos significados: saber, reconhecer, experienciar, descobrir e responder.
A teoria de ensino estabelece trs nveis de aprendizagem:
O saber e o conhecimentoesto relacionados com o verbo SABER
A competnciaest relacionada com o verbo CONSEGUIR
A atitude, ou maneira, est relacionada com o verbo QUERER
Saber e conhecimento: que conhecimentos devemos transmitir?
Existem diversas questes que so importantes para a educao para a paz. Para o projeto
em questo, importante transmitir informao neutra sobre o passado, o seu patrimnio
e a sua importncia. No entanto, tambm crucial transmitir os resultados dessa histria,
como os tratados internacionais, o desenvolvimento das Naes Unidas, e o poder que a
partilha do patrimnio tem na promoo da reconciliao. Consequentemente, os alunos
tambm podem debater a preveno de conflitos, o patrimnio, a cultura e a diversidade,
o direito internacional, as Naes Unidas, assim como a paz e a reconciliao.
Explore o que as crianas sabem atravs de uma conversa normal.
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Compreender o que aconteceu
Uma equipa de mergulhadores britnicos ficou radiante depois de descobrir um sub-marino britnico da Primeira Guerra Mundial, o J6, que tinha permanecido escondido
no leito marinho ao largo da costa norte do Reino Unido durante 93 anos. No entanto,
a descoberta foi marcada pela tristeza, quando desvendaram os segredos trgicos que o
navio encerrava. O J6 foi afundado por outro navio britnico num incidente de fogo
amigo a 15 de outubro de 1918, apenas um ms antes do fim da guerra. O submarino
tinha acabado de sair de Blyth quando foi detetado por um Q-boat armado, o Cymric,
pensando que o J6era um navio alemo e abriu fogo, afundado o submarino e matando
15 marinheiros. Uma vez que o evento esteve classificado como secreto durante 75 anos,a histria s foi desvendada recentemente.
O mergulhador Steven Slater disse: Ficmos bastante chocados com uma descoberta to
importante que a histria tinha esquecido. Primeiro ficmos eufricos e depois apercebe-
mo-nos do que tinha acontecido. No caso dos submarinos pior, porque estamos a nadar
por perto e a pensar que ainda h marinheiros no seu interior.
Os mergulhadores trataram o submarino com o mximo de respeito, no entraram nem
retiraram nada.
Competncias: que competncias devemos ensinar?
Cada vez mais escolas se apercebem que as competncias desempenham um papel impor-
tante na educao. A educao para a paz envolve diversas competncias:
A comunicao, incluindo a capacidade de ouvir e refletir;
A colaborao;
A imaginao, a empatia e o perdo;
O pensamento crtico e a capacidade de resolver problemas;
A mediao, a negociao e a resoluo de conflitos;
A pacincia e o autocontrolo;
A responsabilidade no geral e a responsabilidade cvica;
A liderana e a viso.
Assegure-se que integra competncias suficientes no processo de apren-
dizagem.
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Comportamento ou atitude: que valores devemos transmitir?
Quer seja de propsito ou por acaso, os professores devem ensinar normas e valores aosseus alunos; por exemplo, relativamente forma como as pessoas interagem, a forma
como as regras escolares so aplicadas, e relativamente ao mtodo de aprendizagem apli-
cado. Os seguintes valores e atitudes so importantes para a educao para a paz:
Autorespeito e tolerncia;
Respeito pela dignidade e diversidade humanas;
Capacidade de sentir empatia;
Atitude no violenta e abertura reconciliao; Responsabilidade e solidariedade sociais, e abertura ao mundo;
Respeito pela cultura e pelo patrimnio.
Que valores quer transmitir e como que pode transmitir esses valores
na escola?
Perspetivas positivas
No contexto da preveno da deteriorao de problemas existentes atravs da educao
para a paz, corremos o risco de formular de forma negativa os objetivos educativos. Esta
uma limitao que est particularmente presente quando abordamos a guerra e a paz.
Quando procuramos evitar ou melhorar uma situao, damos destaque aos aspetos desu-
manos e problemticos da nossa sociedade global.
A questo mais visvel, por exemplo, relativamente a conceitos como a educao anti-
discriminao ou a educao antiracista. De certa forma, o carter anti faz sentido deum ponto de vista de legitimao social, mas implica o ensino de limitaes devido aos
aspetos morais subjacentes e ao ponto de partida negativo que d origem ao projeto. Con-
sequentemente, devemos perguntar-nos se as pessoas conseguem aprender a contribuir
para uma sociedade mais humana se s estudarem os eventos desumanos da nossa histria
e do nosso presente.
O processo de ensino pretende desafiar os alunos a questionarem-se sobre eventos hist-
ricos e atuais. No pretende suscitar medos ou apreenses. Assim, extraordinariamente
importante realar as iniciativas e resultados positivos que ocorreram na sequncia de
eventos histricos negativos, como a Primeira Guerra Mundial, e apresentar perspetivas
sobre como melhorar a atual situao mundial. Todos os problemas, grandes ou peque-
nos, tm uma soluo positiva. Pensar nestas perspetivas uma parte integrante do pro-
cesso de ensino.
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Por exemplo, o patrimnio cultural e natural inerentemente positivo. Abrange stios e
locais de que as pessoas gostam e aos quais tm uma ligao emocional. Por isso, a abor-
dagem mais adequada para dar incio a um projeto educativo ser a anlise de um stiode patrimnio.
Defina os seus objetivos a partir de uma perspetiva positiva. Assegure-se
que se mantm fiel a estes objetivos positivos durante todo o processo, e
ajuste o que for necessrio.
O Conselho de Segurana das Naes Unidas reala a importncia da reconciliao durante o
debate sobre A Guerra e a Busca de uma Paz Duradoura.
Centro Noticioso da ONU, 29 de janeiro de 2014 A cessao dos combates no pe
necessariamente fim a um conflito, foi o que disse hoje um alto representante poltico
ao Conselho de Segurana, falando em pormenor das formas como a Organizao tem
desenvolvido uma abordagem mais sistemtica da reconciliao, em particular aps os
conflitos dentro de Estados. Como j testemunhmos diversas vezes, os combates que
cessam sem reconciliao - sobretudo dentro dos Estados - so combates, que podem,
e frequentemente o que se verifica, ser facilmente retomados, disse o Secretrio-Geral
Adjunto das Naes Unidas para os Assuntos Polticos, Jeffrey Feltman.
Jeffrey Feltman disse ao Conselho de Segurana que apesar da ONU ter frmulas h mui-
to testadas para separar exrcitos, ajudar as pessoas carenciadas, promulgar roteiros pol-
ticos, e reconstruir estradas e ministrios, temo-nos centrado menos na nossa capacidade
de recuperar a confiana nas sociedades e fomentar uma reconciliao genuna. Assim, o
corpo mundial e as suas principais instituies devero refletir sobre: Como que pode-
mos reparar o tecido social de forma a que as pessoas voltem a olhar os seus adversrios
nos olhos e vejam um ser humano e no um inimigo?
Jeffrey Feltman,
Secretrio-
Geral Adjunto
das Naes
Unidas para os
Assuntos Pol-
ticos, perante
o Conselho deSegurana.
Mark Garten/
Foto da ONU.
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O Sr. Feltman est entre os mais de 50 oradores agendados para participarem no debate do
Conselho de Segurana sobre A guerra, as suas lies, e a busca de uma paz permanente.
Jeffrey Feltman realou que a reconciliao, que pode ser encorajada e tornada possvel
pela comunidade internacional, tem de vir de processos internos, e mencionou a impor-
tncia de estabelecer um repositrio da ONU de conhecimentos e experincias compara-
tivas sobre a reconciliao. Acrescentou ainda que so os atores nacionais os responsveis
pela reconciliao, com a ajuda da comunidade internacional.
Os lderes devem dar o exemplo, no s pondo fim retrica dos tempos de guerra e
promoo internacional de ressentimentos, mas tambm atravs da cooperao genuna e
da anlise honesta dos seus papis nos conflitos, disse o Sr. Feltman.
Falando do papel dos jovens, que por crescerem num ambiente ps-guerra muitas vezes
se transformam em adultos mais radicais do que os seus pais, Jeffrey Feltman realou a
importncia de trabalhar com pais e professores para desenvolver um programa de histria
que abranja diferentes interpretaes dos conflitos.
Isto poder ser o incio do desenvolvimento de uma narrativa comum e da criao de pon-
tos de convergncia nas experincias e no pensamento das pessoas, referiu o Sr. Feltman.
Tambm realou os conflitos na Repblica Centro-Africana, no Sudo do Sul e na Sria,
em que o to necessrio fim fsico da guerra no ir produzir uma paz e segurana dura-
douras. O Sr. Feltman louvou alguns exemplos positivos, como a recente concluso do
Dilogo Nacional no Imen, que fez parte do acordo de transio poltica do pas. Alm
disso, realou que a reconciliao no pode substituir a justia, mas que o contrrio tam-
bm verdade, como mostram os exemplos da antiga Jugoslvia e do Ruanda em que os
julgamentos internacionais no conseguem substituir a reconciliao nacional.
Sugesto de exerccio para os alunos
Organize um debate sobre a reconciliao usando os exemplos do naufrgio do Lusitania
e do Gustloff, ou da destruio de Coventry, Dresden ou Hiroshima.
Quo importante a reconciliao para a construo da paz e para a preservao da paz? A
reconciliao possvel? O que a reconciliao, e como que a sociedade e os indivduos
reagem questo da reconciliao?
Neste contexto, qual o significado do Centenrio da Primeira Guerra Mundial? Porque
que evocamos a guerra passados 100 anos? A evocao muda a forma como compreende-
mos o presente ou o futuro, ou at mesmo o valor que atribumos ao passado?
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Modelo do Plano de Projeto
No esquema abaixo, encontrar um modelo (Diagrama 1) atravs do qual poder visua-lizar o plano do seu projeto.
Diagrama 1
Para desenvolver um projeto, a equipa da escola dever comear por proceder a umaAnliseminuciosa ou uma avaliao realista da escola e da Legitimao. Em que tiposde aprendizagem que a escola se ir centrar nos prximos anos? Que questes que aescola dever abordar e como que as ir abordar em um ou vrios projetos? Quais so asmotivaes para os alunos?
Ao explorarem um stio arqueolgico subaqutico da Primeira Guerra Mundial em dif-erentes disciplinas, e refletirem sobre este aspeto pouco conhecido do passado, os alunosso estimulados a pensarem nas possibilidades que temos, atualmente, de criar um mundopacfico. No entanto, o professor dever ter presente que todos os projetos tm as suaslimitaes. um desafio motivar os alunos a debaterem temas como a histria e a paz.No entanto, atravs do dilogo e de uma atmosfera de participao ativa, conseguimosrapidamente encontrar assuntos com os que os jovens se identifiquem. Os temas que osalunos consideram interessantes nem sempre correspondem aos temas que o professor
tem em mente. Um simples levantamento sobre os temas em que os alunos pensam epelos quais se interessam pode fornecer muita informao sobre a opinio dos jovensrelativamente a um futuro pacfico.
Depois da legitimao do projeto ter sido identificada, aAbordagem Pedaggicair de-
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terminar o planeamento e os mtodos do projeto de ensino. Nesta fase, a equipa da escola
ser confrontada com muitas questes. Estas questes obrigam-nos a pensar nos Termos
Chave e nos Valores subjacentes ao projeto de ensino.
Em que disciplinas que queremos integrar o projeto? Ser que o projeto pode ser inte-
grado num projeto escolar global? Que ONGs lidam com estes temas especficos e ser
que as suas abordagens vo de encontro s polticas pedaggicas da nossa escola? Que
objetivos que queremos alcanar? Que conceitos chave que queremos desenvolver?
Existem outros projetos na nossa escola que abordem os mesmos conceitos chave? O tema
de preservao do patrimnio suscita debates sobre valores. Como que lidamos com
estes valores na escola ou na sala de aula, tanto implcita como explicitamente? Existemdiferenas interculturais relativamente perceo destes valores?
Acima de tudo, importante apresentar uma Perspetivapositiva que respeite os difer-
entes valores que podero ser atribudos preservao de stios de patrimnio.
Conforme mencionado, a educao para a paz comea com perguntas: perguntas para os
alunos, para os professores e para a escola. Apesar dos pontos centrais (a legitimao) dos
diversos tipos de educao para a paz poderem variar, quanto mais nos aproximamos daessncia do processo pedaggico, mais facilmente vemos as ligaes a outros temas. As
fronteiras entre os diferentes tipos de educao para a paz e o patrimnio vo-se desvane-
cendo, e surgem cada vez mais pontos comuns. Alguns dos objetivos de conhecimentos e
de competncias identificados tambm so abordados em outras reas da educao.
Diagrama 2
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Recomendamos que no se esquea da legitimao escolhida, mas que tambm tenha emateno as congruncias e a forma como os conceitos chave se refletem no programa esco-
lar. No que diz respeito a este aspeto, tambm podemos ter em considerao o programaescondido da escola, um termo que faz aluso aos valores, aos hbitos, s opinies e sideologias presentes na escola, e que tm um impacto nos alunos.
Desta forma, os professores conseguiro estabelecer, de forma bem-sucedida, polticassobre a educao para a paz e o patrimnio no seio da escola. Assim, a educao para apaz e o patrimnio transforma-se num enquadramento transversal ou pandisciplinar pre-sente nas diferentes disciplinas e organizaes interdisciplinares. Este programa comum
para a paz possibilita a transformao de crianas em adultos capazes de participarem emdebates democrticos e conscientes dos desafios sociais. Isto serve no s para desenvolveros seus conhecimentos sobre histria, mas tambm para muni-los de boas capacidadespara interpretarem os problemas contemporneos e as zonas de conflito - perto de casa,ou at mesmo na escola, ou noutro local - e atribuir-lhes um contexto humano, social ehistrico.
Paz significa amor, amizade, carinho e proteo. raroas pessoas darem-se ao trabalho de serem pacficas.
Catarina, Portugal, 12
Alunas do Holstebro
Gymnasium a explo-
rarem uma maquetede um submarino
durante uma sesso
educativa. A maquete
foi construda em
1920 por Erich Sch-
mudde e sobreviveu
ao bombardeamento
de Stettin (Polnia)
durante a Segunda
Guerra Mundial.
Tommy Bay/ Stran-
dingsmuseum St
George.
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III. Pontos de avaliao para a educao para a paz atravs
do patrimnio
Este captulo fornece informao mais detalhada sobre como organizar um encontro com
o patrimnio cultural subaqutico da Primeira Guerra Mundial. Esta abordagem tambm
poder ser aplicada aos diversos navios e avies naufragados da Segunda Guerra Mundial,
ou de outros conflitos.
Para cada ponto, explicado o que se pretende transmitir com (1) saber e conhecimento,
(2) empatia e compromisso e (3) reflexo e ao. As limitaes de ensino so reconhecidas,e so fornecidas diversas opes de ensino assim como pistas para cada ponto. Por uma
questo de clareza, as trs partes so apresentadas separadamente. No entanto, na prtica
nunca so rigidamente separadas.
A educao para a memria significa desenvolver uma atitude de respeito ativo na sociedade
atual atravs da memria coletiva do sofrimento humano que foi provocado por comporta-
mentos humanos como a guerra, a intolerncia ou a explorao, e que no pode ser esquecido.
A educao para a memria, conforme descrita pelo Comit Especial da Educao para a
Memria, encomendado pelo Departamento de Educao Flamengo.
O Comit Especial da Educao para a Memria desenvolveu Pedras de Toque para a
Educao para a Memria, uma diretriz sobre atividades de ensino relacionadas com
as ambas as Guerras Mundiais e com outros conflitos mais recentes. Este documentoinspirou o governo da Flandres Ocidental a no s concretizar as pedras de toque, mas
tambm a unir todas as iniciativas relacionadas com a Primeira Guerra Mundial com uma
rede da provncia chamada Guerra e Paz nos Campos da Flandres. A Flandres Ociden-
tal a provncia mais a oeste da Regio Flamenga, localizada no centro da antiga frente
Cemitrio Tyne Cot Westtoer
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ocidental na Flandres, na Blgica.Esta rede apoiada por parceiros
na regio dos Campos da Flan-dres, com museus, associaes,comits locais e outros. No pe-rodo que antecede o Centenrioda Primeira Guerra Mundial,a rede est a centrar-se no temaAprender com a Guerra. im-portante ajustar a histria da
Guerra a uma memria justifica-da e a uma mensagem de paz. Ospontos de avaliao apresentados
neste manual so, entre outros aspetos, inspirados nas iniciativas mencionadas.
Para obter mais informao, consulte: http://www.herinneringseducatie.be/toetssteen/
War Balloon, navio a vapor (de carga) Nicolas Job
Saber e conhecimento
Conhecimento sobre o contexto histrico do patrimnio cultural
subaqutico
Abordagem pedaggica
O conhecimento indispensvel para a educao para a paz atravs do patrimnio. Defacto, a educao para a paz pretende ajudar os alunos a adquirirem conhecimentos sobreum contexto histrico especfico; ou seja, um contexto com determinantes econmicas,polticas, sociais e culturais, e em que possvel identificar diversos processos, mecanis-mos e estratgias. Tambm pretende fornecer informao sobre o patrimnio resultantede uma poca especfica e a sua importncia.
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Limitaes de ensino
A informao sobre o passado nem sempre est historicamente correta ou disponvel natotalidade.1Alis, as histrias contadas pelas pessoas, ou pelos livros, so frequentementetendenciosas. Consequentemente, importante ter em ateno a fiabilidade das fontes.Saber qual a fonte, onde e porque que a informao foi registada.
A lngua tambm pode ser enganadora: tenha o cuidado de utilizar a expresso certa nostio certo! A Alemanha e Inglaterra no participaram nas batalhas da Primeira GuerraMundial. As partes envolvidas foram o Imprio Alemo e o Imprio Britnico (incluindo
as ex-colnias da frica e da sia).
Existem vrios problemas associados ao processo de atualizao da histria. No entanto,isto no quer dizer que os projetos de histria devem evitar a questo da relevncia atual.Provavelmente a mensagem mais importante de qualquer projeto de histria que ahistria no fornece respostas inequvocas e prontas. Neste aspeto, sem dvida que no
nos podemos esquecer do papel da propaganda e da informao tendenciosa. Muitas dasvezes, a histria escrita pelos vencedores. Neste contexto, o contributo da arqueologia
subaqutica pode ser decisivo, e pode ilustrar esta distoro das fontes de factos.
Pista de ensino
OLusitania
O naufrgio do RMS Lusitaniafoi um dos piores desastres no mar, e provavelmente odesastre com maior influncia histrica da Primeira Guerra Mundial, e frequentemente
citado como o segundo navio naufragado mais conhecido, a seguir aoTitanic
. OLusita-
niaera um navio transatlntico britnico que, por breves momentos, foi o maior naviodo mundo. Com o rebentar da guerra em 1914, foi utilizado como navio armado, masrevelou-se inadequado e foi autorizado a retomar a funo de transporte de passageiros
desde que transportasse tambm carga para o governo.
O Imprio Alemo tinha declarado os mares volta do Reino Unido, que na altura aindainclua a Irlanda, uma zona de guerra sem restries, e os passageiros nos EUA foram avi-sados para no viajarem no Lusitania. A embaixada alem em Washington at distribuiu
um aviso alertando os passageiros para o facto de o navio atravessar uma zona de guerra.
1 Para obter um exemplo mais detalhado, consulte o Anexo II (Patrimnio Cultural Subaqutico da PrimeiraGuerra Mundial) O patrimnio ameaado da Jutlndia um projeto sobre submarinos de Innes McCartney.
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PONTOSDEAVALIAOPARAAEDUCAOPARAAPAZATRAVSDOPATRIMNIO
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Na tarde de 7 maio de 1914, o Lusitania foi atingido por torpedos disparados por um
U-boat alemo a 11 milhas da costa sul da Irlanda, e afundou-se levando consigo 1.198
vidas. A perda de 128 cidados dos EUA que iam a bordo, foi uma das principais razesque precipitou a declarao de guerra por parte dos EUA ao Imprio Alemo, em 1917.
Sugesto de exerccio para os alunos
O naufrgio do Lusitaniaprovocou a morte de civis, incluindo famlias e crianas que
nada tinham a ver com a guerra ou as suas estratgias.
Descreva a ltima viagem do Lusitania, a situao da poca e o aviso recebido.Foi correto transportar munies num navio de passageiros e permitir que o navio
prosseguisse viagem apesar do aviso expresso?
Qual era a situao dos passageiros?
Compare esta situao com os dois incidentes posteriores do Baralong.
Compare esta situao com as situaes de conflitos atuais e as nossas respostas aos
mesmos.
Pista de ensino
O patrimnio cultural subaqutico proporciona a oportunidade de envolver os alunos
num exerccio de crtica histrica.
A descrio de um navio naufragado e do tipo de vida da sua tripulao, nem sempre ser
o reflexo puro e inalterado de uma poca histrica, mas sim de um ambiente e circuns-
tncias especficas. Existem diversos fatores externos antes, durante, e depois do naufrgio
que podem sujeitar a compreenso do navio e da sua histria a vrias alteraes. Conse-
quentemente, as concluses sobre eventos histricos tiradas com base em stios arqueo-
lgicos subaquticos, ou nas nossas interpretaes do passado, resultantes da anlise de
navios naufragados devero, tal como qualquer testemunho de um evento, ser abordadas
com cuidado.2
Por exemplo, possvel que alguns dos bens tenham sido atirados borda fora para tentar
reduzir o peso e melhorar a estabilidade do navio dada a hiptese de um naufrgio ca-
tastrfico. Estes objetos podero nem sequer estar nas imediaes do navio naufragado.
Noutros casos, como o do Lusitania, os navios foram deliberadamente alterados aps o
naufrgio.
2 Martin Gibbs, 2006, Cultural Site Formation Progress in Maritime Archaeology: Disaster Response,
Salvage and Muckelroy 30 Years On, Te International Journal of Nautical Archaeology.
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O naufrgio em si frequentemente uma experincia invulgarmente angustiante, em
que as pessoas no procedem de forma racional. Os estudos mostram que so poucos os
marinheiros que so capazes de reagir de forma rpida e eficiente a este tipo de desastres.As decises que so tomadas nestas alturas nem sempre so racionais e podem influenciar
a situao e o ambiente em que o navio naufragado acaba por ser encontrado. Aps o
acidente, tambm podero ocorrer fenmenos naturais como mars e tempestades que
possivelmente tero um impacto negativo na preservao do navio naufragado.
Alm disso, os testemunhos dos sobreviventes so frequente e extraordinariamente in-
fluenciados pelo carter traumatizante da experincia que tiveram. O contar da histria da
catstrofe pode adquirirmuitas formas. Por vezes,
tem apenas um objetivo
teraputico, outras vezes
pode servir para expli-
car as decises tomadas,
ou ser at uma chamada
de ateno. Desta for-
ma, a narrativa poder
at adquirir propores
mticas. Por exemplo, a
maioria dos mitos sobre
o Titanicparece persistir
na memria das pessoas
de forma particularmen-
te insistente.
Refletir sobre a recriao
dos factos de um evento
um exerccio interes-
sante para a sala de aula,
que mostra como a nos-
sa perspetiva do passado
pode ser perturbada por
diversos incidentes e
coincidncias. Pode ser
adquirida muita infor-
mao atravs das agn-
cias locais ou nacionais
de patrimnio.
RMS Titanic, fotografado em junho de 200
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