dedico este trabalho especialmente a meus pais alfredo
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33
4. METODOLOGIA
A seguir é apresentada a metodologia adotada para a aplicação de
cenários de reúso de águas pluviais e controle da drenagem para uma
determinada bacia hidrográfica.
Inicialmente selecionou-se a bacia de intervenção em função de um
diagnóstico ambiental, a partir do levantamento de áreas degradadas e da
classificação de uso do solo conforme ocupação temporal. Essa caracterização
da área permitiu inserir medidas de controle e de recuperação ambiental para a
bacia escolhida através da transferência do armazenamento para um
determinado índice que verifica a condição de permeabilidade do solo (CN).
O estudo da unidade experimental para reúso de águas pluviais
localizado junto às dependências da Universidade de São Paulo, Escola de
Engenharia de São Carlos, prevê indicações de armazenamento em função da
área de captação da cobertura. No entanto, este trabalho foi parcialmente
elaborado, o qual será comentado adiante.
34
Finalmente, cenários ambientais foram simulados hidrologicamente
visando à recuperação ambiental da bacia para o Plano Diretor Municipal.
A figura 9 a seguir resume a metodologia apresentada.
Figura 9 – Esquema da metodologia apresentada conforme critérios de uso e ocupação do solo e cenários ambientais para simulação hidrológica.
4.1 Aspectos ambientais para a seleção da bacia
A seleção da bacia deve-se principalmente devido ao elevado déficit
ambiental anual, que se enquadra na micro-bacia do Alto Tijuco Preto (São
Carlos/SP) da ordem de 1 milhão de dólares, segundo FIPAI / PMSC (2003),
incluindo a contaminação do Aqüífero-Guarani. PMSC (2004) afirma que as
nascentes desta bacia estão comprometidas com lançamentos de esgoto in
natura e a drenagem do sistema está insuficiente para atender a demanda
necessária.
Esse quadro de passivo ambiental, associado ao cumprimento legal de
um Termo de Ajustamento de Conduta – TAC - imperiado pelo Ministério
Público do município fizeram também com que a bacia escolhida fosse a do
Bacia selecionada
Uso do solo
Impactos ambientais,
áreas de aterro, drenagem
ineficiente etc...
Residencial, industrial, bosques,
pastagens, estradas
Diagnóstico Ambiental
S CN
Reúso + medidas
de controle Cenários ambientais com e sem Plano Diretor para 2005, 2010 e 2015
Simulação hidrológica
Unidade experimental Análise de
variabilidade dos valores de CN para
sua correção
35
Tijuco Preto. A execução do projeto técnico Protijuco (FIPAI/PMSC, 2003),
“Projeto de Recuperação das Várzeas do Alto Tijuco Preto visando o Plano
Diretor na sua bacia hidrográfica” reforçou a elaboração de cenários de
recuperação ambiental das áreas de fundo de vale.
4.1.1 Identificação ambiental da micro-bacia hidrográfica selecionada e área de intervenção: Alto Tijuco Preto, São Carlos/SP
Localizada no município de São Carlos/SP, a micro-bacia hidrográfica
urbana do Alto Tijuco Preto integra a micro-bacia do Tijuco Preto, que por sua
vez engloba uma das 14 micro-bacias existentes no município (figura 10). O
Córrego do Tijuco Preto corresponde a um dos afluentes que compõem a bacia
hidrográfica do Rio Monjolinho, que integra a bacia do Rio Jacaré-Guaçú, e que
é um dos mais importantes afluentes do Rio Tietê, segundo MOTZ, PASTORI e
QUEIROZ (1999).
N
Figura 10 – Localização da micro-bacia urbana do Alto Tijuco Preto, município de São Carlos/SP, identificada como número 9 na figura.
36
A área de aplicação do estudo, a bacia do Alto Tijuco Preto, está
localizada a montante da rua Rui Barbosa (figura 11) e é identificada como uma
das principais áreas de ocupação urbana da cidade.
MENDIONDO et al (2004) estimam que o crescimento das áreas
impermeáveis da bacia de forma progressiva e o conseqüente tamponamento
das nascentes implicaram uma redução de sua densidade de drenagem
natural. Esta densidade relaciona o comprimento de leitos naturais ao longo da
área da bacia. Redes artificiais (de canais de concreto, por exemplo) não são
consideradas no cálculo da densidade de drenagem natural.
O estudo implica na elaboração de cenários que foram aplicados através
da extensão espacial da bacia. A metodologia utiliza bacias embutidas
proposto por MENDIONDO & TUCCI (1997), onde são caracterizadas sub-
bacias ao longo da área de intervenção denominadas de Unidades de
Planejamento (UP’s). Para cada UP encontra-se definida uma travessia de
controle que identifica o exutório de saída das bacias embutidas.
5 4
3
2
1
N
Ponto de UP Nascente
Figura 11 – Área de aplicação do Alto Tijuco Preto e Pontos (P) das Unidades de Planejamento: (0) Nascente; (1) Travessia da rua Monteiro Lobato; (2) Travessia da rua Totó Leite; (3) Travessia da rua Miguel Giometti; (4) Travessia da rua Antônio Rodrigues Cajado e (5) Travessia da rua Rui Barbosa.
37
As UP’s foram definidas conforme critérios de planejamento para facilitar
e ordenar as funções hidrológicas de cada sub-bacia. Os pontos de seção se
subdividem nas travessias como forma de identificação dos hidrogramas
nesses pontos.
Estimativas levantadas por FIPAI/PMSC (2003) afirmam que a bacia do
Alto Tijuco Preto possui aproximadamente 5.000 domicílios para uma
densidade populacional variando entre 50 a 100 hab/ha distribuídos em uma
área aproximada de 2,31 Km² e comprimento de talvegue principal em torno de
1.600 metros. Sua ocupação estende-se dentro do perímetro urbano e as áreas
de fundo de vale encontram-se praticamente tomadas por ocupações indevidas
e desprovidas de regularizações ambientais.
A fim de identificar cada UP especificamente, foram delimitadas as sub-
bacias embutidas, vista na figura 12 a seguir.
A delimitação segue as curvas topográficas e foi traçada após a
definição dos pontos de controle para cada UP.
N
UP 0
UP 2
UP 3
UP 4
UP 5
UP 1
5 4
2
1 0
Ponto de UP Nascente
3
Figura 12 – Delimitação das UP’s na área de intervenção do Alto Tijuco Preto e respectivos Pontos de Controle ou exutórios de saída.
38
A bacia do Tijuco Preto possui área total de aproximadamente 390ha
(3,9Km²) e comprimento linear total do córrego em torno de 2.900m.
A tabela 5 a seguir identifica as características principais por UP da
bacia do Alto Tijuco Preto, que foram definidas conforme apresentação
anterior.
As áreas de drenagem (AD) representam as áreas correspondentes de
cada sub-bacia ou UP. Os exutórios apresentam os locais de pontos (P)
definidos por travessias. Habitantes e domicílios foram levantados segundo
FIPAI/PMSC (2003), adaptado para este estudo.
Tabela 5: Identificação das características das UP’s do Alto Tijuco Preto através de bacias hidrográficas embutidas nas travessias.
UP AD (Km2) P Exutório (travessia) Habitantes Domicílios0 0,147 0 Nascente 732 3231 0,081 1 R. Monteiro Lobato 255 942 0,300 2 R. Totó Leite 2.742 8893 0,499 3 R. Miguel Geometti 2.740 9974 0,572 4 R. Rodrigues Cajado 2.430 8465 0,713 5 R. Rui Barbosa 3.688 1.710
Total 2,312 12.587 4.859Fonte: (FIPAI/PMSC, 2003 – adaptado)
Após adaptação de dados do PNUD (2003), MENDIONDO et al (2004)
chegaram a uma renda anual para os moradores da bacia do Alto Tijuco Preto
superior a 20 milhões de dólares.
O elevado déficit ambiental caracterizado na bacia determinou a área,
segundo PMSC (2004), como sendo de ‘Especial Interesse’ (AEI como
instrumento de política urbana para cumprir determinadas funções especiais de
planejamento e ordenamento territorial) para o Projeto de Lei do Plano Diretor
do Município de São Carlos.
4.1.2 Diagnóstico e caracterização ambiental da área de aplicação do estudo e impactos decorrentes da ocupação irregular do uso do solo urbano
Visitas in loco verificaram o estado atual da bacia do Alto Tijuco Preto e
o diagnóstico da área foi levantado para propor medidas que visem recuperá-la
39
ambientalmente, pois segundo a Lei Federal 9433/97, o Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos propõe a bacia hidrográfica como uma
unidade territorial de manejo e planejamento estratégico para “planejar, regular
e controlar o uso do solo, a preservação e a recuperação dos recursos
hídricos” (BRASIL, 1997).
Por volta de 1950, segundo o antigo morador do bairro Lourival
Aparecido Periotto, a micro-bacia do Tijuco Preto caracterizava-se como uma
área rica em nascentes d’água e brejos com dimensão aproximada de 30
metros.
OHNUMA JR. (2003) indica que atualmente evidencia-se a supressão de
muitas áreas verdes que antes eram potencialmente áreas de preservação,
com a identificada na figura 13, onde se observa o tamponamento de canais
naturais e ocupações indevidas próximas a estas áreas de proteção ambiental.
Nascente
N
R. Monteiro Lobato
Trecho de canal por condutos fechados
em aterro
Figura 13 – Identificação de áreas tamponadas de canais que antes eram naturais, por aterro, condutos fechados e pavimentação, e construções em áreas de preservação permanente próximo a nascente
principal (trecho visto entre as ruas Monteiro Lobato e Totó Leite).
Os espaços e vazios urbanos, quando não planejados e fiscalizados,
são passíveis de ocupação ambiental predatória. Nesse caso, percebe-se o
40
uso inadequado por parte do morador em ocupar a área visando futura
especulação imobiliária através da formação de lotes próximos as áreas livres.
No entanto, algumas medidas de reabilitação para este caso em particular
foram avaliadas e serão comentadas adiante.
A figura 14 demonstra situações de descaracterização da área através
de aterros próximos as áreas de preservação permanente para ocupação de
indústrias (ex-fábrica de produtos alimentícios Hero), localizada entre as ruas
Totó Leite e Miguel Giometti. Nota-se também a presença de queimadas
próximo ao local como medida de “controle” da vegetação, favorecendo a
ocorrência de erosões e obstrução das áreas livres do canal natural existente.
N
Nascente
Figura 14 – Descaracterização de áreas naturais por aterro, erosões e queimadas próximo a área de preservação do canal natural. A seta verde indica a direção do escoamento no canal.
O agravamento dos problemas ambientais, segundo MAGLIO (1999),
devido o processo de urbanização, é marcante onde a poluição das águas
transparece como um sinal da incapacidade de enfrentamento dos problemas
de uso e ocupação do solo.
A inexistência de um sistema de planejamento adequado e eficiente para
o controle do uso do solo através de um Plano Diretor facilitou a presença de
ocupações irregulares, como aquela localizada junto ao bairro Chácara
Bataglia, onde uma fábrica de pré-moldado está instalada no local,
41
promovendo o incremento de resíduos sólidos de construção e de alto impacto
ambiental para a bacia em estudo (figura 15).
N
MontanteNascente Jusante
(margem direita)
Figura 15 – Presença de resíduos de construção proveniente da instalação de uma fábrica de pré-moldado próximo ao córrego.
A ocupação desordenada do espaço urbano, aliada à ausência de um
planejamento de ocupação e uso do solo, conforme FIGUEIREDO (2002),
reflete-se diretamente na ocupação de áreas ambientalmente frágeis, como as
localizadas em fundos de vale.
É notável o esmagamento da área livre de passagem das águas
superficiais ao longo do córrego devido à presença do lixo despejado no local.
A localização da construção desta fábrica está sobre área de aterro em APP
(figura 16) e a formação do talude é somada às atitudes de despejo do lixo de
construção no local.
42
N
Nascente
Figura 16 – Volume de aterro próximo à fábrica de pré-moldado em APP e esmagamento do talvegue principal na seção situada entre as ruas Miguel Giometti e Antônio R. Cajado.
Os pontos de interligação dos bairros na bacia do Alto Tijuco Preto foram
executados através de travessias com orifícios ou condutos fechados (figura
17). São pequenos trechos de interligação que podem afetar nos cálculos de
vazões máximas ao longo das seções. Esses elementos constituem-se de
tubos de concreto armado com diâmetro variando ente 0,60 e 1,20 metros,
aterro e pavimentação sobre os condutos.
N
Nascente
Figura 17 – Seção 2 situado na extremidade jusante da rua Totó Leite, aterro e presença de vegetação crescente delineando problemas de manutenção.
43
A ocorrência de fortes chuvas na região provocou destruições e
prejuízos ao longo das áreas de fundo de vale do Alto Tijuco Preto. Uma delas,
ocorrida em 30/11/2002, demoliu a travessia da rua Antônio Rodrigues Cajado.
Provavelmente, o sub-dimensionamento da seção, aliado aos problemas de
projeto e execução, foi um dos principais motivos para sua destruição (figura
18).
Ressalta-se que a destruição ocorreu a jusante do córrego e que,
portanto pode-se considerar que a implantação de medidas de controle da
drenagem a montante, muitas vezes pode não garantir a solução do problema
como um todo. A transferência do impacto pode ocorrer, mesmo que
determinadas ações aconteçam a montante das seções.
N Montante
Nascente
Jusante
Jusante
Montante
Figura 18 – Seção 4 situado junto a rua Antônio Rodrigues Cajado destruída pelas chuvas em 31/11/2002, poluição, resíduos, erosões e impactos a jusante da área.
O processo de adensamento urbano foi marcante, principalmente no
decorrer da década de 70 e 80, onde a evolução urbana na região se deu por
conta da descaracterização de grandes potenciais naturais, como por exemplo,
o desmerecimento da existência de nascentes e a ocupação indevida nestas
44
áreas de preservação ambiental, que segundo o Código Florestal é de no
mínimo 50 metros de diâmetro do ponto central da nascente.
A figura 19 a seguir denota a fragilidade de algumas nascentes que
foram completamente desfiguradas devido ocupação predatória de construções
em áreas de proteção ambiental. É notável o escoamento superficial das águas
provenientes dessas nascentes em calçadas e sarjetas, mesmo em momentos
de sol e de pouca previsibilidade de chuvas.
O aterro e o tamponamento desses elementos naturais inibem a
formação e a continuidade potencial dos recursos hídricos, favorecendo a
contaminação de aqüíferos e a redução das matas nativas pertencentes a essa
região.
Figura 19 – Nascentes que brotam ao meio das calçadas e sarjetas devido aterro, tamponamento e descaracterização das mesmas por conta da ocupação predatória de construções no seu entorno.
Os registros demonstram a carência da preservação ambiental
atualmente para a bacia do Alto Tijuco Preto. O diagnóstico elaborado
apresenta elevado índice de impacto ambiental, aliado a problemas de
interferência no sistema de drenagem, decorrentes do não planejamento,
N
Nascente
45
urbanização acelerada e falta de controle do uso do solo. Ocupações ao longo
das áreas de fundo de vale, associado à falta de leis aplicáveis favoreceram
aspectos tendenciosos de invasão urbana nas áreas ambientais.
4.1.3 Classificação das áreas permeáveis e impermeáveis do Alto Tijuco Preto conforme registros aero-fotográficos para a elaboração de cenários de planejamento
A identificação e o diagnóstico da área problema distribui espacialmente
as futuras medidas de intervenção: ações de controle, de recuperação
ambiental da bacia e do sistema de drenagem para a elaboração de cenários
de planejamento.
São utilizadas imagens de cenários retrospectivos de até 4 décadas
passadas através dos anos 1962, 1972 e 1998. A partir da classificação de uso
do solo destas imagens, a extensão temporal utiliza cenários prospectivos para
até 15 anos, intercalados em 2005, 2010 e 2015. Estes últimos se comportam
como cenários de referência, conforme MENDIONDO et al (2004), ou
tendenciais sem Plano Diretor (SPD). São incluídos também cenários de
intervenção com Plano Diretor (CPD) para os anos 2005, 2010 e 2015.
A seguir, na figura 20, encontram-se as imagens foto-aéreas (tipo
aerofotogrametria) por uso e ocupação do solo urbano da bacia do Alto Tijuco
Preto por ano de referência: 1962, 1972 e 1998, nas escalas de E=1:40000.
1962
1972
1998
ex-Hero ex-Hero ex-Hero
1 km 1 km 1 km
Figura 20 – Período de evolução histórica da zona de ocupação urbana para o Alto Tijuco Preto. O ítem em amarelo representa o antigo espaço da fábrica de produtos alimentícios Hero.
46
A classificação de uso e ocupação do solo é definida conforme tabela
TUCCI (2001) para valores de CN em bacias urbanas e suburbanas. A tabela 6
indica os 5 tipos de uso do solo selecionado para a classificação. A definição
das coberturas escolhidas deve-se a uma análise de sensibilidade dos tipos de
solo e construções na área local através de visitas em campo e imagens
aéreas da bacia.
Tabela 6: Definição da cobertura e tipo de uso do solo para os cenários de planejamento da bacia do Alto Tijuco Preto.
Tipo Utilização ou cobertura do solo 1 Zona residencial para lotes menores que 500m² 2 Zonas florestais com cobertura boa 3 Baldios em boas condições 4 Zona industrial 5 Arruamentos e estradas asfaltadas e com drenagem de águas pluviais
A cobertura da bacia é um dos principais fatores que contribui para o
processo de circulação da água na superfície terrestre e responsável, portanto
pelo ciclo hidrológico global. SILVEIRA (2001) indica a atuação da superfície
terrestre como elemento de interferência direta no ciclo da água através da
camada porosa que recobre os solos e as rochas.
Por ser um elemento potencial para a recuperação ambiental de uma
determinada bacia, o tipo de uso do solo em áreas urbanas torna-se um
indicativo para se propor medidas e ações de controle e recuperação do
sistema. Coberturas vegetais, por exemplo, tendem a retardar o escoamento e
aumentar as perdas por evapotranspiração. Áreas mais impermeáveis elevam
as vazões de pico e o volume do escoamento superficial, principalmente para
as áreas de fundo de vale.
Os critérios para se definir o tipo de uso e ocupação do solo através das
imagens foto-aéreas obtidas, foram os seguintes:
a) identificação de áreas residenciais como aquelas em que há
loteamentos e arruamentos próximos aos bairros. Construções comerciais
fazem parte das áreas residenciais, não havendo diferenciação quanto ao tipo
de cobertura da edificação;
b) áreas industriais como sendo aquelas em que há conhecimento de
fato da existência das construções. Quando não se sabe realmente o tipo da
47
edificação existente, o critério definido para escolher como unidade industrial
foi pelo tipo de modelo de cobertura (telhados com área destacada e
diferenciada das áreas residenciais);
c) áreas de florestas e bosques foram identificadas como aquelas
próximas às áreas de fundo de vale, entretanto, consideraram-se outras áreas
de florestas como aquelas em que há semelhança de aspecto visual e de
sensibilidade como as evidenciadas no local;
d) áreas de baldios em boas condições representam solos expostos,
terrenos e áreas não identificáveis. Gramíneas, pastagens e áreas de prados
foram considerados baldios em exposição devido a dificuldade para se
diferenciar na imagem esses tipos de cobertura em especial;
e) vias de arruamento, estradas e pavimentações foram calculadas pela
diferença do total da unidade das outras áreas encontradas.
A figura 21 exemplifica o modelo adotado para as situações de uso e
ocupação do solo definidas para a classificação. O método adotado para
determinação da classificação dos tipos de solo são expostos adiante,
conforme identificação dos diferentes tipos de cobertura do solo.
(20.1) (20.2)
Baldios em boas condições
Zona residencial
Zona industrial
Zonas florestais com cobertura boa
N
Arruamentos e estradas asfaltadas
Figura 21 – Exemplo de classificação adotada do uso e ocupação do solo para uma determinada área conforme definição das imagens foto-aéreas. A figura 20.1 representa a foto-aérea do local e as
delimitações do uso do solo. A figura 20.2 apresenta as camadas correspondentes da classificação.
48
As figuras 22, 23, 24, 25 e 26 classificam a evolução do uso e ocupação
do solo por UP’s (Unidades de Planejamento) para os anos 1962, 1972 e 1998,
com base na foto-aérea dos respectivos anos e conforme definição dos tipos
de cobertura mais evidentes para a bacia de intervenção (vide tabela 6).
O cálculo para áreas residenciais foi efetuado conforme visualização
espacial por quadras e tipo de cobertura da edificação.
Esta taxa de cobertura relaciona a área do tipo de uso do solo
(residencial, industrial, baldio etc) pela área da UP em questão. Não
representa, portanto a impermeabilização do solo no lote. A área construída de
uma determinada edificação residencial, por exemplo, está considerada como
total no lote.
O período inicial da década de 60 foi crescente no tocante a acréscimo
de áreas residenciais. Ao mesmo tempo em que essas áreas eram
incrementadas, áreas correspondentes a terrenos baldios e zonas florestais
eram diminuídas paralelamente. Ou seja, a ocupação urbana se intensificou
através do desmatamento de áreas florestais e as áreas ocupadas por baldios
já estavam previamente definidas como futuros loteamentos residenciais (figura
22).
UP 0
0%
10%
20%
30%
40%
50%
1960 1970 1980 1990 2000
Ano
Taxa
de
cobe
rtura
:us
o e
ocup
ação
do
solo
Zona Residencial Zonas Florestal Baldio boas condiçõesZona Industrial Arruamento
N
UP 0
Figura 22– Taxa de evolução histórica da ocupação e uso do solo para a UP 0. A figura ao lado representa a localização da UP 0.
No início da década de 70 até os dias de hoje para esta sub-bacia,
observa-se um crescimento acelerado das vias e arruamentos, provavelmente
49
em áreas que antes eram ocupadas por florestas ou zonas de pastagens
devido uma maior aquisição dos meios de transporte e necessidade da vida
moderna consolidando-se nos moldes da economia global.
Para a UP 1, houve um crescimento de terrenos baldios, o que
demonstra o início da formação de loteamentos futuros, ou seja, eram áreas
pré-loteadas, porém não ocupadas. Ao mesmo tempo, florestas foram sendo
devastadas e novas áreas residenciais foram sendo consolidadas. Nesta
unidade evidencia-se o crescimento de novas áreas pavimentadas e no início
da década de 70, novas construções para o âmbito industrial estavam sendo
formadas (figura 23).
N
UP 1
UP 1
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
1960 1970 1980 1990 2000
Ano
Taxa
de
cobe
rtura
:us
o e
ocup
ação
do
solo
Zona Residencial Zonas Florestal Baldio boas condiçõesZona Industrial Arruamento
Figura 23 – Taxa de evolução histórica da ocupação e uso do solo para a UP 1. A figura ao lado representa a localização da UP 1.
A figura 24 apresenta um cruzamento entre baldios e zonas residenciais,
ou seja, as áreas de baldio foram ocupadas por áreas residenciais. Zonas
florestais para esta unidade praticamente se mantiveram constantes da ordem
de 5 a 7% da área total desta sub-bacia. Para as áreas indústrias não houve
fase de implantação até meados da década de 70, enquanto que por volta de
1990, novas obras de porte industrial foram sendo implementadas.
Áreas de arruamento e vias de trânsito foram também sendo
aumentadas principalmente no início da década de 70. A ocupação de
loteamentos urbanos nessa unidade cresceu de 7,3% em 1962 para
aproximadamente 60% em 1998, enquanto que houve um decréscimo
50
substancial de áreas de terrenos baldios da ordem de 29,2% para os
loteamentos residenciais.
N
UP 2
UP 2
0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%
1960 1970 1980 1990 2000
Ano
Taxa
de
cobe
rtura
:us
o e
ocup
ação
do
solo
Zona Residencial Zonas Florestal Baldio boas condiçõesZona Industrial Arruamento
Figura 24 – Taxa de evolução histórica da ocupação e uso do solo para a UP 2. A figura ao lado representa a localização da UP 2.
As unidades seguintes (figura 25, 26 e 27) são equivalentes no que diz
respeito ao acréscimo de áreas residenciais em detrimento ao decréscimo de
baldios para o mesmo período. Houve significativo crescimento das áreas que
antes não eram ocupadas para áreas residenciais.
A extensão do processo de ocupação urbana foi ainda mais evidente por
conta das “facilidades” encontradas no âmbito das cidades. O crescimento
urbano teve como uma das principais justificativas o processo de migração das
famílias rurais para o interior das cidades. Somado ao descontrole populacional
da década de 40, a urbanização se intensificou ainda mais.
Percebe-se que as áreas de preservação ambiental não foram
respeitadas e as construções foram sendo implementadas sem critérios de
planejamento, principalmente nas áreas de fundo de vale.
51
UP 4
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
1960 1970 1980 1990 2000
Ano
Taxa
de
cobe
rtura
:us
o e
ocup
ação
do
solo
Zona Residencial Zonas Florestal Baldio boas condiçõesZona Industrial Arruamento
UP 3
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
1960 1970 1980 1990 2000
Ano
Taxa
de
cobe
rtura
:us
o e
ocup
ação
do
solo
Zona Residencial Zonas Florestal Baldio boas condiçõesZona Industrial Arruamento
UP 3
N
Figura 25 – Taxa de evolução histórica da ocupação e uso do solo para a UP 3. A figura ao lado representa a localização da UP 3.
Enquanto que na UP 3, o incremento de áreas residenciais passou de
10,1% em 1962 para 44,5% em 1998 (figura 25), a UP 4 cresceu de 16,7%
para 51,7% no mesmo período (figura 26).
Figura 26 – Taxa de evolução histórica da ocupação e uso do solo para a UP 4. A figura ao lado representa a localização da UP 4.
O trecho final de jusante da área de aplicação indica um cruzamento
antecipado entre baldios em boas condições e zonas residenciais por volta de
1970 (figura 27).
N
UP 4
52
UP 5
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
1960 1970 1980 1990 2000
Ano
Taxa
de
cobe
rtura
:us
o e
ocup
ação
do
solo
Zona Residencial Zonas Florestal Baldio boas condiçõesZona Industrial Arruamento
N
UP 5
Figura 27 – Taxa de evolução histórica da ocupação e uso do solo para a UP 5. A figura ao lado representa a localização da UP 5.
A aproximação junto à região central é um dos principais motivos para o
processo acelerado da urbanização. Áreas florestais nessa região tiveram uma
queda de aproximadamente 5%, passando de 9,4% em 1962 para 4,5% em
1998, enquanto que vias de arruamento apresentaram índices crescentes,
aumentando de 9,1% para 19,8% no mesmo período.
Portanto, os vazios urbanos foram ocupados por construções sem a
adoção de critérios de planejamento. Diversas áreas que antes eram
identificadas como potenciais para permanecerem como zonas permeáveis
foram investidas em obras de loteamentos residenciais e novas construções. O
crescimento urbano teve como conseqüência a ampliação de áreas
pavimentadas e asfaltos. Reservas florestais foram sendo esmagadas e não
foram compensadas apropriadamente. É visto assim uma enorme carência de
espaços livres que viabilizam a infiltração e a percolação sub-superficial das
águas da chuva devido o processo acelerado da urbanização. Em decorrência
dessa análise, cenários de planejamento são avaliados através da
determinação de ações que visam controlar o sistema de drenagem urbana e a
recuperação ambiental dessas áreas degradadas.
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