da escola pÚblica paranaense 2009 - operação de ... · ... mediando apreensão do espaço...
Post on 06-Dec-2018
216 Views
Preview:
TRANSCRIPT
O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE
VOLU
ME I
A VEGETAÇÃO NATIVA E EXÓTICA INVASORA: uma salada verde nos arredores do Colégio Estadual São Cristovão em União da Vitória – Pr.
Autor: Nelson Valdir Karpinski¹ Orientador: Helena Edilamar Ribeiro Buch²
RESUMO
Esta pesquisa refere-se à área de estudo no entorno do Colégio Estadual São Cristovão Ensino fundamental, Médio e Profissional em União da Vitória - PR, aplicado a alunos da primeira série do Ensino Médio, tem como tema a vegetação nativa como proposta de ensino da vegetação paranaense identificando as exóticas invasoras no município de União da Vitória – PR. Durante processo de ensino e aprendizagem, pretendemos partir do desenvolvimento de atividades didáticas pedagógicas, mediando apreensão do espaço geográfico e valores socioambientais. Na perspectiva das Diretrizes, contextualizar o conteúdo é mais do que relacioná-lo à realidade vivida do aluno, é, principalmente, situá-lo historicamente nas relações políticas, sociais, econômicas, culturais, em manifestações espaciais concretas, nas diversas escalas geográficas DCEs 2008. Objetiva-se a presente pesquisa proporcionar apreensão de valores socioambientais aos alunos, considerando as paisagens naturais um legado que perpassa gerações, focando na importância dos remanescentes da vegetação nativa após a introdução da vegetação exótica, transformando a paisagem numa salada verde, onde o aluno não identifica as plantas naturais do lugar onde nasceu. Considerando que, nossa geração recebeu toda vegetação modificada, perdendo sua identidade nativa, encontrando dificuldades em distinguir espécies nativas das espécies exóticas. Assim, no primeiro capítulo investigaremos o nível de conhecimento do aluno e como assimila os conteúdos, ensino e aprendizagem da geografia, que representam a vegetação nativa. No segundo capítulo, serão analisados alguns indicadores (eventos significativos) que representam a ocupação da área de estudo, mediante documentação bibliográfica histórica que mostram a cobertura vegetal da região qual o entendimento do aluno referente a transformação da paisagem geográfica local. O terceiro capítulo será a apreensão do objetivo proposto, impetrando ações através de aula de campo, referente à identificação e classificação (hemerobia) do estágio atual de como se encontra a vegetação nativa formas de substituição dessa vegetação pela mata exótica, formulando mapa representativo.
Palavras - chave: vegetação nativa; vegetação exótica; ensino; paisagem. ____ ¹Graduação em Geografia e Pós- Graduação em Geografia Humana, Urbana e Ambiental pela FAFIUV e Educação de Jovens e Adultos pela FACINTER, Docente no Colégio Estadual São Cristovão, Professor PDE/2009. ²Graduada em Geografia pela FAFIUV, Mestre em Geografia pela UFPR – 2007, Professora departamento de Geografia FAFIUV.
THE NATIVE AND EXOTIC VEGETATION INVASIVE: a green salad on the outskirts of Colégio Estadual São Cristovão in União da Vitória - Pr.
Author: Nelson Valdir Karpinski¹ Leader: Helena Edilamar Ribeiro Buch²
ABSTRACT
This research is the study area in the vicinity of State School São Cristovão Elementary and Middle Professional in União da Vitória - PR, applied to first graders of high school, whose theme is the native vegetation as teaching proposal identifying vegetation Parana exotic weeds in the county of União da Vitória - PR. During the process of teaching and learning, we aim through the development of teaching learning activities, mediating the understanding of geographical space and social and environmental values. In view of the Guidelines, to contextualize the content is more than relate it with the reality of the student, is principally situate it historically and in the political, social, economic, cultural, space in concrete manifestations in the different geographical scales DCEs 2008. Objective with this research provide an understanding of social and environmental values to students, considering the natural landscape a legacy that goes through generations, focusing on the importance of the remnants of native vegetation after the introduction of invasive exotic vegetation, which transforms the landscape into a mixed salad where the student does not identify the plant's natural birthplace. Whereas, our current generation has received all the vegetation changed, losing their native identity, finding it difficult to distinguish native from alien Thus, in the first chapter will investigate the student's level of knowledge and how it assimilates the content, teaching and learning geography, which represent the native vegetation. In the second chapter, due to be reviewed some indicators (significant events) that represent the occupation of the study area by published references that show the historical region's vegetation cover and what student understanding regarding the transformation of the landscape geographical location. The third chapter will be the seizure of the proposed objective, by filing class actions through the field, for the identification and classification (hemerobia) as the current stage is the native vegetation and replacement forms of exotic vegetation in the woods, making map representative.
Keywords: native vegetation; exotic vegetation; teaching; landscape. ____ ¹Geography Undergraduate and Gratuate Studies in Human Geography,Urban and Environmental Education and FAFIUV for Youth and Adults by FACINTER, Professor and Colégio Estadual São Cristovão, Professor PDE/2009. ²Graduate in Geography from FAFIUV, Master in Geography UFPR - 2007, Professor Department of
Geography FAFIUV.
1 INTRODUÇÃO
As áreas que compreendem as florestas no mundo somam cerca de quatro
bilhões de hectares, cobrindo aproximadamente 30% da superfície terrestre. Existem
cinco países que concentram mais da metade da área florestal total da Terra – a
Federação Russa 808,8 milhões ha, Brasil 477,7 milhões ha, Canadá 310,1 milhões
ha, Estados Unidos 303,1 milhões ha e China 197,3 milhões ha. O Brasil nesse
contexto ocupa o segundo lugar no mundo em cobertura florestal. Segundo
estimativa, em torno de dois mil anos atrás as florestas tropicais conquistavam 12%
da superfície terrestre. Atualmente não passam de 60% da área original, cobrindo
pouco mais de 9% da Terra, constatando que a maior parte do desmatamento
ocorreu após a Segunda Guerra Mundial, portanto ao longo dos últimos 50 anos.
Considerando que, mesmo havendo tantos desmatamentos, a floresta Amazônica e
a Mata Atlântica, principais florestas tropicais do mundo, 47% delas concentram-se
no Brasil. Quando da chegada dos primeiros colonizadores europeus ao Brasil por
volta do século XV, a floresta tropical exuberante e intocável cobria
aproximadamente 15% do território brasileiro. A condição ambiental natural da Mata
Atlântica fez surgir um riquíssimo número de espécies, englobando conjunto de
ecossistemas que incluem a faixa litorânea do território brasileiro, com seus
manguezais, floresta litorânea e de encosta da serra do mar, as florestas interiores,
as belas matas de araucárias e os campos de altitude. Ambientes nativos explorados
pelo capital numa perspectiva de crítica a exploração internacional de recursos.
Diante disso a Mata Atlântica, com 7% de seus remanescentes ainda
originais, continua a ser um dos ambientes vegetais nativos que mais sofre com a
pressão urbana no País, quadro este que se apresenta também no Estado do
Paraná. Levantamento realizado pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente e
Recursos Hídricos indica que dos 80% das florestas originais do Estado do Paraná
restam hoje apenas 20% das florestas nativas. Analisamos a real necessidade de
entendermos atualmente a relação sociedade/natureza, principalmente a
apropriação de recursos naturais por parte do homem que não se preocupa com o
desaparecimento de espécies vegetais nativas de áreas cobertas pela Mata Atlântica
que estão presente no Estado do Paraná, e principalmente a substituição de
espécies vegetais nativas por espécies exóticas muitas delas invasoras. Entretanto
no ano de 1933, podia-se constatar a quase inexistência de Pinheiros e Imbuias na
região de União da Vitória.
Algumas regiões do Paraná preservam restrita área de vegetação nativa, em
reservas, parques ambientais etc..., mas o que é preocupante, a opção da sociedade
pela vegetação exótica e isto está acarretando a perda incondicional da
biodiversidade nativa, a modificação dos ciclos naturais dos ecossistemas atingidos,
e a alteração fisionômica da paisagem natural em torno da área de vivência.
Considerando que, a nossa geração recebeu toda essa vegetação modificada,
perdendo sua identidade nativa, encontra muitas dificuldades em distinguir espécies
nativas das espécies exóticas, pretende-se, ser gerador e mediador de maior
conhecimento e conseqüente apreensão de novos conceitos e atitudes em relação à
introdução da vegetação exótica na área de estudo e na região, em função disto
fazer com que haja a valorização e uso das espécies nativas locais. Como nos
podemos proporcionar aos alunos do Ensino Médio do Colégio Estadual São
Cristóvão em União da Vitoria – PR, apreensão de valores socioambientais
considerando as paisagens um legado que perpassa gerações, focando na
importância dos remanescentes da vegetação nativa após a introdução da
vegetação exótica, que transforma a paisagem em uma imagem homogênea na
visão do aluno e da comunidade não dando condições de identificação.
Durante o desenvolvimento da pesquisa, através do processo de ensino e
aprendizagem, aplicaremos atividades didáticas pedagógicas que venham mediar
conhecimento com o propósito de modificar e criar novos conceitos e atitudes.
No primeiro capítulo levantaremos a compreensão do ensino de Geografia e o
entendimento de seu objeto de estudo, levando em consideração que a evolução do
pensamento geográfico e o ensino da Geografia, nos últimos anos vivência um
intenso processo de renovação de seus postulados teóricos - metodológicos,
entretanto a expressão espaço geográfico é o foco de análise do pensamento crítico
da realidade e do espaço produzido e apropriado pela sociedade, exigindo
procedimentos do corpo docente, com o ensino de uma Geografia compromissada
com a política, economia, e as relações internacionais, evidenciando os problemas
sócios ambientais. Neste sentido suscitar valores que conduzam o aluno a pensar
num mundo não apenas como consumidor, e a sociedade como mera mercadoria.
Dentro da linha didática crítico-social, o ensino é um processo de
conhecimento adquirido pelo aluno, mediado pelo professor e pela matéria de
ensino, definindo conteúdos que permitam aos alunos pensarem dialeticamente. O
Professor deve dar condições e instrumentos para que o aluno conheça e
compreenda a realidade em que vive, possa formar conceitos e valores em termos
de espaço geográfico próximo e distante facilitando a compreensão dos fenômenos
geográficos, nisto se insere a proposta elaborada do projeto sob tema voltado a
vegetação nativa propondo formulação de uma proposta de ensino que abranja a
vegetação no Estado procurando identificar quais são as nativas e exóticas.
Já no segundo capítulo, abrangeremos a construção do conceito de Paisagem
que nos cerca por todos os lados, não é uma simples soma de elementos
geográficos presentes em um determinado espaço ou área de estudo, mas é
resultado do viver das pessoas, refletindo o cotidiano a cultura e o fazer das
gerações. É nesse contexto que o desenvolvimento e aplicação de atividades,
instigando a percepção dos alunos, da transformação das paisagens, promovidas
pelo homem, onde o aluno compreenda que ele é agente atuante nessa
transformação. Sua observação e descrição servem como ponto de partida de
futuras análises do espaço geográfico que está a sua volta, mas ainda podem ser
insuficientes para a compreensão do mesmo. Portanto, a análise pedagógica da
paisagem elaborada pelo aluno deve ser no sentido de sua aproximação do real
estudado, utilizando-se de diferentes linguagens que se apresentam.
No terceiro capítulo destacamos a necessidade de conhecer os indicadores
das condições ambientais da área de estudo, representado pela vegetação arbustiva
e arbórea, especialmente a vegetação nativa e exótica ao longo do processo de
ocupação da região. Este procedimento deverá seguir a proposta metodológica de
Troppmair 1988 apud (BUCH, 2007), consiste em reconstituir a cobertura vegetal
originária da área de estudo, para em seguida levantar dados que justifiquem o
estudo do tema. Deverão ser listados alguns indicadores do processo, mediante o
levantamento de documentação bibliográfica histórica, pretende-se identificar as
características da vegetação original, destacando as alterações ocorridas na
paisagem vegetal original, no entorno do Colégio, procurando caracterizar eventos
significativos na história da ocupação da região referente à introdução de espécies
vegetal exótica arbórea e arbustiva.
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 O ENSINO E A APRENDIZAGEM NA GEOGRAFIA
A compreensão do ensino de Geografia passa obrigatoriamente pelo
entendimento de seu objeto de estudo, levando em consideração que a evolução do
pensamento geográfico e o ensino da Geografia, nos últimos anos protagonizaram
intenso processo de renovação de seus postulados teóricos - metodológicos. Para
compreender a realidade de que vivemos, de forma mais dinâmica, considerando-se
a totalidade das relações entre a sociedade e a natureza. É por isso que a disciplina
de Geografia tem reunido instrumentos de análise e de prática social que expõem no
centro de discussões questões como território, lugar, paisagem, região, globalização,
técnicas e redes, entretanto, a expressão espaço geográfico é o foco de análise do
pensamento crítico da realidade e do espaço produzido e apropriado pela sociedade.
A geografia busca, assim, estruturar-se para ter um olhar mais integrador e aberto, ao mesmo tempo, às contradições de outras áreas da ciência e às diferentes especialidades em seu interior; um olhar mais compreensivo, mais sensível às explicações do senso comum, ao sentido dado pelas pessoas para suas práticas espaciais. (CAVALCANTI, 2008. p.19)
O ensino da Geografia para o docente fundamenta-se na compreensão do
espaço geográfico da qual o aluno faz parte e em todos os seus aspectos
geográficos, mesmo contradizendo seus conceitos de senso comum no seu espaço
de vivência.
Ao buscar compreender as relações econômicas, políticas, sociais e suas
práticas nas escalas local, regional, nacional e global a Geografia contribui, na
realidade, para pensar o espaço geográfico enquanto uma totalidade, na qual se
passam todas as relações de apropriação cotidianas vigentes.
Precisa-se transformar a antiga idéia, aceita e amplamente praticada nas
salas de aula, a Terra enquanto espaço absoluto, cartesiano, conforme (Correa,
1996, p.27), “uma coisa em si mesma independente. [...] entendendo-se que, um
objeto somente pode existir na medida em que eles contem e representam dentro de
si relações com outros objetos”.
Atualmente o Ensino da Geografia, com todas as contribuições técnicas,
cientifica, e virtuais, diminuiu as distâncias, ampliou as comunicações acelerando
informações, o que exigiu procedimentos do corpo docente, com o ensino de uma
Geografia compromissada com a política, economia, relações internacionais,
evidenciando os problemas sócios ambientais. Neste sentido suscitar valores que
conduzam o aluno a pensar e agir num mundo não apenas como consumidor, e a
sociedade como mera mercadoria. Isso vislumbra a postura do professor no
processo educativo as informações o elenco de saberes, os conteúdos as
articulações com as novas tecnologias.
O Discurso descritivo, até determinista, a Geografia na escola elimina na sua forma constitutiva toda a preocupação de explicação. A primeira preocupação é descrever em lugar de explicar, inventariar em lugar de analisar e de interpretar. Essa característica é reforçada pelo enciclopedismo e avança no sentido de uma despolitização total. (BRABANT,1989, p.18)
Dessa forma, quanto ao aspecto pedagógico didático, entendemos que para
ensinar bem Geografia, é necessário atribuir enfoque crítico referente ao
conhecimento de conteúdos geográficos, ou seja, o professor trabalhar em sala de
aula usando diversidade de textos críticos relacionados a realidade do aluno, pois se
não for assim, não há como conseguir que o ensino da geografia forme cidadãos
críticos e participativos dentro da sociedade contemporânea, sendo de fundamental
importância, proporcionar aos alunos o desenvolvimento de um modo de pensar
geográfico dialético, que é um pensar em constante movimento e permanente
contradição.
Segundo as Diretrizes Curriculares estaduais de Geografia:
[...] é necessário compreender a intencionalidade dos sujeitos (ações) que levou às escolhas das localizações; os determinantes históricos, políticos, sociais, culturais e econômicos de tais ações; as relações que tais ordenamentos espaciais pressupõem nas diferentes escalas geográficas e as contradições socioespaciais que o resultado desses ordenamentos produz. Para essa interpretação, tornam-se os conceitos geográficos e o objeto da geografia sob o método dialético (DCEs, 2008, p.52).
A relação entre espaço natural e o homem resulta numa constante dialética,
transformando concomitantemente esse espaço geográfico com seu trabalho, suas
atividades, seu modo de pensar, referindo-se a toda coletividade, onde são
construídas as suas percepções e concepções geográficas mais articuladas no
decorrer da formação humana, que passa a ser fundamentada pela formação
escolar.
Dentro da linha didática crítico-social, o ensino é um processo de
conhecimento adquirido ao longo do tempo pelo aluno, mediado pelo professor e
pela matéria de ensino definindo conteúdos que permitam aos alunos pensarem
dialeticamente. O Professor deve mediar condições e instrumentos para que o aluno
conheça e compreenda a realidade em que vive que, possa formar conceitos e
valores em termos de espaço próximos e distantes, facilitando a compreensão dos
fenômenos geográficos, nisto se insere a proposta elaborada referente a vegetação
nativa como proposta de ensino da vegetação paranaense identificando as exóticas
invasoras no município de União da Vitória – PR, e como título a vegetação nativa e
exótica invasora: uma salada verde nos arredores do colégio estadual São Cristovão
em União da Vitória - PR.
Considerando que todo aluno traz conhecimento que vem de casa, e a função
da escola como também do ensino da Geografia é fazer com que ele supere o seu
senso comum com responsabilidade, ao confrontar o seu conhecimento e a sua
realidade com o conhecimento cientificamente produzido. Segundo (Gramsci apud
Mochcovitch, 1990, p. 12) “as representações do mundo que o senso comum
permite são sempre ocasionais e desagregadas, são formas de um conformismo
imposto pelo ambiente exterior (ideologia dominante) e por outros grupos sociais”.
A geografia fundamenta-se na compreensão do espaço geográfico, no saber
racionalizado, no domínio da natureza e na fragmentação científica, e com a
chamada pós- modernidade ocupa uma dimensão da realidade das mudanças desse
espaço apropriado. Diante desse quadro julga-se essencial que o aluno compreenda
como ocorrem esses fenômenos geográficos, que ele consiga expressar sua opinião
sobre os mesmos, reconhecendo a fisionomia da natureza, expressa na paisagem
de vivência, distinguindo ou atribuindo-lhes as diferenças e semelhanças
encontradas nos diversos grupos sociais e a forma de como se apropriam desse
espaço e como a transformam, identificando suas determinações nas relações de
trabalho, nos hábitos cotidianos, nas formas de se expressar, utilizando fontes de
informações variadas, para desenvolver alguns procedimentos básicos,
proporcionando ao aluno a evidência de que o espaço geográfico é produzido
historicamente e organizado pelos homens com o passar dos tempos, evidenciando
o conhecimento da relação entre o homem e a natureza, com o objetivo de tornar-se
um agente transformador e participativo dentro da sociedade contemporânea.
O professor tem uma tarefa importante a desenvolver, isto é, garantir a
unidade didática entre ensino e a aprendizagem, num processo que contemple a
atividade numa atitude própria dos alunos, objetivando a sua aprendizagem.
Qualquer atividade humana que desenvolvemos, desde o início da nossa vida
e na sua continuidade nos leva ao aprendizado, quando nos tornamos mais
capacitados começamos a aprender processos de pensamentos mais complexos,
chegando a determinadas conclusões do que é bom e necessário para a pessoa,
principalmente nas tomadas de decisões, nas múltiplas experiências de vida.
Quando frequentamos uma escola aprendemos muitas formas de pensar e
agir que são orientados dentro de um processo de ensino, repetidamente utilizado na
vida cotidiana do sujeito seja nas relações com a sociedade ou com seu espaço
natural. Muitas atitudes, hábitos e valores é resultado do ensino que vem de casa,
muitas delas aprimoradas durante o processo de ensino da qual está inserido.
A aprendizagem efetiva só vai acontecer na vida escolar do aluno, quando o
professor com a sua influência, mobiliza as atividades físicas e mentais do educando
através das matérias. Essa assimilação ou apropriação do conhecimento bem como
o processo de percepção, compreensão, reflexão e aplicação se desenvolve no
educando somente com a participação e orientação do professor.
Notadamente as matérias de ensino apresentadas aos alunos estão
carregadas de formas de apreender e de conhecimento, onde de forma geral
apreendemos mentalmente os fatos e as relações do mundo dependendo da
concepção que temos, abrangendo primeiro o natural e depois o social através do
processo de ensino, obtendo resultado determinado, dependendo da compreensão e
ampliação da realidade, para transformá-la conforme os interesses da sociedade ou
não.
Estão presentes em nosso desenvolvimento níveis de aprendizagem, aqueles
referentes a sensações onde estão incluídos os processos de observação e
percepção do ambiente daquilo que somos e do que temos ao nosso redor, e
aqueles de cognição, relação entre palavra e objeto, importante condição para a
aprendizagem com os quais podemos pensar. Assim podemos descrever que:
As situações didáticas devem ser organizadas para o aluno perceber ativamente o objeto de estudo, seja de forma direta (ações físicas com as coisas do ambiente, ilustrações, demonstrações), seja de forma indireta pelo uso das palavras. (LIBANEO, 1991, p. 85)
Nas relações entre objeto e fenômenos geográficos surgem compreensões
que formam conceitos mais definidos e bem mais abrangentes, desprendendo do
concreto tornando-a mais elaborada. Assim, a formulação de muitos conceitos de
caráter científico como o desenvolvimento intelectual verbal, apreendidos pelos
alunos, resultando em uma comunicação mais elaborada, ou seja, superior,
ampliando a capacidade de raciocínio do aluno. As várias formas de linguagens
geográficas expressam as condições sociais e culturais de vida das pessoas.
O ensino é um instrumento utilizado pelos professores na escola, que leva a
um crescimento intelectual dos alunos, abrangendo a apropriação de conhecimentos
geográficos através de exercícios práticos, despertando interesse em aprender
geografia.
O professor é um mediador no processo de ensino e aprendizagem e a
apropriação de conhecimentos geográficos pelos alunos e a sociedade, fazendo com
que dominem esses conhecimentos democratizando o saber, beneficiando alunos na
superação das suas condições sociais. O que não pode acontecer no processo de
ensino e aprendizagem da geografia ou qualquer outra disciplina é a memorização
da matéria pelo aluno tendo o professor como mentor desse processo. Cabe ao
professor criar condições de apropriação de conteúdos geográficos pelos alunos,
levando a reflexão das contradições presentes na forma de organização da vida em
sociedade.
2.2 CONSTRUINDO CONCEITO DE PAISAGEM
A paisagem que nos cerca por todos os lados não é uma simples soma de
elementos geográficos presentes em um determinado espaço ou área de estudo,
mas é resultado do viver das pessoas, refletindo o cotidiano a cultura e o fazer das
gerações. A paisagem é, em uma determinada porção do espaço geográfico, produto
final de uma ação dinâmica, por conseguinte volúvel, concebendo a existência de
vários elementos físicos, biológicos e os antrópico que, reagindo dialeticamente uns
sobre os outros, fazem da paisagem um conjunto próprio e indissociável,
permanentemente em evolução. Assim, (SENE, 2003, p. 120) nos coloca que “Logo,
a observação da paisagem é insuficiente para explicar a relação homem-natureza.
Temos de ir além da aparência e apreender a essência dessa relação: o espaço
geográfico”, quando conseguirmos apreender essa essência, seremos entendedores
do espaço de vivência ao nosso redor do qual fazemos parte como agentes
transformadores. É nesse contexto que o desenvolvimento e aplicação de atividades
que serão fundamentadas através de métodos e práticas que envolvam aulas de
campo, mediante o despertar da percepção dos alunos, da transformação das
paisagens, promovidas pelo homem, onde o aluno compreenda que ele é agente
atuante nessa transformação.
O conceito inicial de paisagem promove uma discussão sobre as concepções
naturalistas da Geografia, onde teve inicialmente sua sistematização a partir da
segunda metade do século XIX, oriundo desse pensamento naturalista destacou-se
o multidicotomismo entre paisagem natural e paisagem humanizada ou cultural.
A definição de paisagem natural estará fundamentada na composição química
orgânica dos elementos naturais (clima, vegetação, relevo, solo, fauna, hidrografia,
etc.) que diferenciavam áreas de extensões variáveis, como diz (SANTOS, 1997, p.
64) que grosseiramente podemos dizer que a paisagem natural é aquela ainda não
mudada pelo esforço humano. Também encontramos no Novo dicionário da língua
portuguesa (FERREIRA, 2001, p. 543) a definição de paisagem “(1) espaço de
terreno que se abrange num lance de vista” e “(2) pintura, gravura ou desenho que
representa uma paisagem natural ou urbana”, ou seja, o significado de paisagem
pode ser tanto o que os meus olhos vêem, de uma vista da janela ou pátio ou frente
de uma escola na observação da paisagem e também durante o desenvolvimento da
confecção ou criação de um desenho.
A paisagem cultural ou humanizada, por sua vez, mostra-se como resultado
de um relacionamento harmonioso entre os objetos/elementos naturais e o homem,
agente que se adapta as variadas condições naturais (em termos biológicos) e,
também, usa os elementos presentes naquele espaço geográfico onde perpassa
várias gerações, sendo que a nossa geração já recebeu esse espaço modificado,
utilizando e introduzindo outros elementos naturais ou artificiais, sempre procurando
seu beneficio ou seu bem estar, por meio do desenvolvimento de técnicas mais
aperfeiçoadas. Conforme (SANTOS, 1997, p. 65) “Quanto mais complexa a vida
social, tanto mais nos distanciamos de um mundo natural e nos endereçamos a um
mundo artificial”. Quer dizer que a sucessão dos modos de produção no espaço
geográfico descaracteriza o natural, à medida que, conquistamos e evolução da
sociedade com novas técnicas mais nos aproximamos do mundo artificial.
Em termos teóricos, os caracteres exclusivos que se apresentam na paisagem
cultural de um lugar, referindo-se a área de estudo, se tornará necessário pelo
ordenamento de suas qualidades em um estagio de civilização norteada pelo seu
desenvolvimento, ou seja, de acordo com a evolução do gênero de vida que
historicamente se apresentava e que a produziu. Essa noção aproximava os
conceitos de paisagem e região, fazendo com que se tornassem similares, pois as
paisagens delimitariam as várias regiões geográficas. Caberia a disciplina de
Geografia compreender exaustivamente cada região-paisagem, buscando a
descrição detalhada de cada uma, e fazendo comparações entre as duas, até que
todas as regiões-paisagens do planeta estivessem geograficamente identificadas.
Assim, a compreensão geográfica do todo espacial do planeta dar-se-ia pelo estudo
de suas partes, de acordo com o método positivista.
Segundo esse entendimento o autor nos diz que:
Todos esses espaços traziam na sua natureza o enfoque metodológico do positivismo, tido como método científico, por que era o método de todas as ciências. Esse método se caracterizava pela lógica linear, formal, pela causa e efeito dos fenômenos. Convida todo o pesquisador a ter um ponto de partida como inicio em si de um trabalho e a partir dele caminhar para um ponto final, uma conclusão. (SILVA, 2001, p. 10)
Até meados do século XX, essa abordagem teórica e metodológica do
conceito de paisagem geográfica se manteve predominante nas salas de aula de
Geografia. Porem, com o inicio do movimento de renovação do pensamento
geográfico, desencadeado depois da Segunda Guerra Mundial, houve um abandono
gradativo da concepção de região-paisagem, considerada insuficiente para explicar a
complexidade do espaço geográfico dentro da nova ordem mundial, política e
econômica que, então, se estabelecia no mundo, ou seja, não estava atendendo as
necessidades do real significado de espaço geográfico.
Para a Geografia Crítica, uma das correntes teóricas daquele movimento de
renovação do pensamento geográfico, as paisagens não se auto-explicam, pois elas
fazem parte de uma totalidade sócio espacial, determinada por interesses
econômicos e políticos, definidos por relações de capital internacionais. Ao definir
paisagem tão somente pelo aspecto empírico, da qual o aluno conhece somente
esse lado, tais correntes levavam a visões reducionistas do espaço geográfico.
Nesta pesquisa foi adotada a concepção de paisagem geográfica que foi
reelaborada pela Geografia Critica a partir da década de 1980, explicitada a seguir.
Manteve-se o aspecto empírico que foi herdado da geografia tradicional,
exageradamente difundido na concepção geográfica, entendendo paisagem como “o
domínio do visível, aquilo que a vista abarca. Não é formada apenas de volume, mas
também de cores, movimentos, odores, sons etc” (SANTOS, 1988, p. 61).
Reconheceu-se, também, a dimensão subjetiva da paisagem, já que o domínio do
visível estava ligado à percepção e a seletividade, mas considerou-se que seu
significado só pode ser alcançado pela compreensão de sua objetividade.
[...] nossa tarefa e a de ultrapassar a paisagem como aspecto, para chegar ao seu significado. [...] a paisagem e materialidade, formada por objetos materiais e não-materiais. [...] fonte de relações sociais [...] materialização de um instante da sociedade. [...] O espaço resulta do casamento da sociedade com a paisagem. O espaço contém o movimento. Por isso, paisagem e espaço são um par dialético (SANTOS, 1988, p. 71-72).
A paisagem é percebida pelo aluno sensorial e empiricamente, principalmente
na área de vivência dele, mas não é ainda o espaço propriamente dito, é isto sim, a
materialização de um momento histórico. Sua observação e descrição servem como
ponto de partida de futuras análises do espaço geográfico que está a sua volta, mas
ainda podem ser insuficientes para a compreensão do mesmo.
Na escola e em grande parte dos materiais didáticos destinados aos alunos, a
paisagem foi, por muito tempo, dentro desse contexto temporal, tratada como o
objeto da Geografia. Mais recentemente, sobretudo a partir de muitos encontros e
debates, instigados pela vertente critica do pensamento geográfico, a abordagem
pedagógica de paisagem, tanto na pratica do professor quanto nos materiais
didáticos elaborados, vem a tempo considerando a paisagem como um aspecto
imprescindível do espaço geográfico, procurando não confundir esses dois
conceitos. Dessa forma nos diz que:
A paisagem, nesse sentido, revela não só as relações de produção da sociedade, a estrutura da sociedade, mas também revela o imaginário social, as crenças, os valores, os sentimentos das pessoas que a constroem. (CAVALCANTI, 2010 p. 100)
Quando os alunos analisam a paisagem geográfica e conseguem atingir a
compreensão de seu significado percebem que a paisagem atende inúmeras
funções sociais diferentes, portanto heterogênea, pois é um conjunto de objetos
registrados no tempo e no espaço geográfico dos lugares que está em constante
processo de mudança. Portanto, a análise pedagógica da paisagem elaborada pelo
aluno deve ser no sentido de sua aproximação do real estudado, utilizando-se de
diferentes linguagens que se apresentam.
2.3 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO
Para a realização desta pesquisa, se faz necessário conhecer os indicadores
das condições ambientais da área de estudo, representado pela vegetação arbustiva
e arbórea, especialmente a vegetação nativa e também a introdução da vegetação
exótica ao longo do processo de ocupação da região. Este procedimento deverá
seguir a proposta metodológica de (TROPPMAIR, 1988 apud BUCH, 2007, p. 29),
que consiste em reconstituir a cobertura vegetal originária da área de estudo, para
em seguida levantar dados que justifiquem o estudo do tema. Deverão ser listados
alguns indicadores do processo, que levaram a alteração da vegetação originária
promovida pelo homem ao longo da historia da ocupação, na área de estudo, até os
dias de hoje.
Desta forma, mediante o levantamento de documentação bibliográfica
histórica sobre a cobertura vegetal da região, pretende-se identificar as
características da vegetação original, destacando as alterações ocorridas na
paisagem vegetal original, no entorno do Colégio e área de vivência da maioria dos
alunos, procurando caracterizar algum marco de referência, a partir de eventos que
foram significativos na história da ocupação da região ou área de estudo. Assim
deverão ser analisados os primeiros relatos históricos dos pioneiros que ocuparam a
região, aquilo que de mais importante ocorreu na apropriação da vegetação nativa
da região, ou seja, eventos significativos que relatam a ocupação da região e a
introdução de espécies vegetal exótica arbórea ou arbustiva.
2.3.1 EVENTOS SIGNIFICATIVOS HISTÓRICOS NA OCUPAÇÃO DA REGIÃO
a) Navegação do Rio Iguaçu entre 1822 até 1930:
Analisando a introdução do período da navegação a vapor do Rio Iguaçu no século
XIX, entre as cidades de Porto Amazonas a Porto Vitória, a vegetação ao longo do
Rio Iguaçu era praticamente intocada, com o advindo da navegação e a fixação de
um porto de embarque de produtos naturais (vegetação nativa) da região como a
erva mate, madeiras e principalmente lenha para abastecer os vapores, eram
extraídos da margem do rio, referindo-se ao local da pesquisa, naquela área
ocorreram os primeiros desmatamentos da história;
b) Os primeiros imigrantes:
Os relatos históricos da chegada dos primeiros imigrantes por volta de 1881, na
região de União da Vitória, pessoas que detinham conhecimentos voltados ao
trabalho do campo sendo destinados a essa atividade, derrubando a mata nativa
local para a introdução do plantio de grãos e também o plantio de espécies exóticas
frutíferas como a laranjeira, a macieira, a pereira entre outras, processo importante
na transformação fisionômica da vegetação da região;
c) Com o surgimento das ferrovias:
Com a construção da ferrovia São Paulo/Rio Grande do Sul veio a rasgar a mata
nativa da região (área de estudo) sendo que a companhia responsável pela
construção da ferrovia obteve o direito contratual de extrair espécies da vegetação
nativa (madeira nobre como a imbuia, o pinheiro, o cedro etc.), ao longo de 15
quilômetros distante da margem esquerda e direita da ferrovia, fato que não houve
devido respeito relacionado a essa margem, ultrapassando esse limite, ocorrendo
uma verdadeira devastação de espécies da vegetação nativa da área de estudo;
d) Construção da ponte férrea:
No ano de 1906 necessitava da construção de uma ponte para a transposição da
linha férrea sob o Rio Iguaçu, fato que levou também a intensificar o desmatamento
da mata ciliar ribeirinha, como também o corte de outras espécies vegetais nativas
para utilização na construção da ponte, com isso houve uma atração populacional
para a área de estudo, pois nesse momento, havia como transpor esse acidente
natural.
e) Construção do aeroporto;
Este último evento veio intensificar o processo de ocupação da área de estudo e
também da região, veio concretizar a transformação e substituição da vegetação
nativa pela vegetação exótica na área de estudo, pois o processo atrativo urbano
teve grande êxito abrindo ruas, na construção de casas, praças, escolas, igrejas etc.
2.3.2 ELABORAÇÃO DE UMA ANALISE ATUAL DA ÁREA DE ESTUDO E SUAS
TRANSFORMAÇÕES.
O reconhecimento das condições ambientais, da área de estudo, onde
predominam os processos naturais da vegetação original e em seguida, a
identificação histórica das rupturas das direções processuais do natural ao exótico,
são sumariamente importantes para se avaliar o grau de alteração dos processos
antrópicos em relação aos processos originais. Nesse sentido foram fundamentais os
seguintes procedimentos:
a) Pesquisa sobre registros fotográficos e documentos antigos, bem como, outros
documentos importantes que revelem as formas de apropriação do meio físico e
suas alterações na paisagem natural da vegetação original;
b) Entrevistas com antigos moradores e com trabalhadores locais para recolher
depoimentos sobre as condições originais do ambiente e os fatos que marcaram as
principais mudanças na ocupação da área de estudo assim como aspectos das
condições e da qualidade ambiental;
c) Identificação do estágio atual de como se encontra a vegetação nativa as formas
de substituição pela mata exótica, utilizando-se do critério de grau de hemerobia
proposto por (JÁLAS, 1953, 1965 apud PROPPMAIR, 1989), (SUKOPP, 1972) e
conforme (FÁVERO, ET al, 2004).
2.3.3 HEMEROBIA DA VEGETAÇÃO NATIVA NAS IMEDIAÇÕES DO COLÉGIO
Durante a elaboração desta pesquisa, propomos a identificação do estágio
atual de como se encontra a vegetação nativa da área de estudo, as formas de
substituição dessa vegetação, pela vegetação exótica, impetrando algumas ações
através de aula de campo, utilizando-se do critério de grau de hemerobia proposto
por (JÁLAS, 1953, 1965 apud PROPPMAIR, 1989), (SUKOPP, 1972) e conforme
(FÁVERO ET al 2004) e (BUCH 2007), após esse processo como parte conclusiva
a construção de um mapa que localize a presença das espécies de vegetação
exótica na área de estudo. Desenvolveremos uma análise hemeróbica da vegetação
natural das imediações do colégio, área está de residência da maioria dos alunos
envolvidos, procurou-se dar uma ênfase maior a vegetação nativa local em relação a
vegetação exótica, segundo o grau de artificialidade/naturalidade de acordo com o
conceito de hemerobia. Fez-se a hierarquização hemeróbica, mediante as categorias
de naturalidades e artificialidades em cinco categorias: A, B, C, D, E. Considerando a
categoria A de predominância de naturalidade e sucessivamente. (SUKOPP 1972, p.
112-139) define hemerobia como a totalidade de efeitos e ações, voluntaria ou não,
do ser humano sobre os ecossistemas/paisagens e classifica as paisagens em
relação aos graus de naturalidade e de estado hemerobiótico: natural
(anhemerobiótico), quase natural (oligohemerobiótico), semi-natural
(mesohemerobiótico), agri-cultural (euhemerobiótico), quase-cultural
(polihemerobiótico) e cultural (metahemerobiótico), levando-se em consideração
mudanças na vegetação e na flora (perda de espécies nativas). Sendo assim, as
interferências antrópicas na paisagem, como por exemplo, a substituição de
espécies de vegetação nativa por espécies de vegetação exótica, onde deverão ser
identificadas e consideradas na avaliação do grau de artificialização da área de
estudo. Pretende-se não uma avaliação da vegetação em termos biogeográficos,
mas sim compará-la com o propósito de verificar o grau de interferência antrópica
responsável que levou ao seu afastamento da paisagem natural.
2.3.4 DIFERENCIAÇÃO DOS PONTOS DE INTERFERÊNCIA ANTRÓPICA OU
HEMEROBIA.
Para comparar o grau de interferência antrópica relacionada à implantação de
espécies vegetais exóticas na área de estudo, estabeleceu-se uma classificação da
paisagem em graus de hemerobia de forma relativa comparando os diferentes usos
de coberturas entre si, optando-se em não utilizar os termos sugeridos por serem de
difícil compreensão e aplicação, apesar da ideia geral ser a mesma, ou seja,
procurando refletir sobre a intensidade da ação humana na paisagem natural, as
seguintes categorias ficam caracterizadas conforme segue:
Classe “A” Considerando alguns remanescentes como pinheiro do Paraná (Araucária
Angustifólia), a bracatinga, a erva-mate, a jabuticaba e outras, espécies de
vegetação arbórea nativa da região, pertencente a floresta ombrófila mista, espécies
presente em quase toda área de estudo. Vegetação alta preservada parcialmente,
remanescente como o branquilho com maior presença na área de mata ciliar. A
provável explicação para o predomínio da naturalidade refere-se a propriedades
particulares (imóvel vago) que permaneceu inalterado, em função de uma
especulação imobiliária, o que favoreceu naquelas áreas o crescimento natural da
vegetação nativa ou a conservação de espécies que sobreviveram a exploração
econômica;
Classe “B” Nesta categoria observa-se algumas espécies nativas como a aroeira, a
bracatinga, o pinheiro do Paraná etc. Nesta área podemos observar a retirada da
mata nativa original para o plantio da cultura do milho e outras espécies e também a
presença de elementos culturais como a construção de casas de moradia, em função
da expansão urbana do bairro, ocorrendo a introdução de espécies exóticas como o
Cinamomo, a Uva-do-japão, etc., encontramos também a vegetação arbórea e
espécies frutíferas exóticas, a área apresenta pequenos bosques nativos em
diferentes estágios de crescimento, permeados com alguns remanescentes de
araucárias, erva-mate, bracatinga, guabiroba etc.;
Classe “C” Nesta categoria verifica-se a presença de um número maior de plantas
exóticas que podem se chamadas de “invasoras” como exemplo o Pinus eliotti, o
eucalipto e nos jardins das residências o cedrinho, além de árvores frutíferas como a
laranjeira, a mimoseira, a macieira etc. Apresenta ainda uma vegetação arbustiva
com predomínio de folhagens. Ainda resistem algumas araucárias. Essa área
apresenta-se bastante modificada;
Classe “D” Predominância de artificialidades como desmatamentos, ocupação
urbana mais intensa, roçadas, sinais de queimada a existência da vegetação exótica
como o eucalipto, o pinus eliotti, o álamo e outros. A introdução de espécies
arbustivas e arbóreas frutíferas exóticas como a laranjeira, a bananeira, o abacateiro,
podendo ser encontrado ainda algumas espécies de vegetação arbórea frutífera
nativa como a uvaia, jabuticaba, pitanga e outros;
Classe “E” Esta área está praticamente impermeabilizada em função da
pavimentação de algumas ruas, construção de imóveis etc. Esta categoria apresenta
predominância de vegetação exótica, constatado a presença de um lote de
reflorestamento de eucalipto. As espécies Pinus ellioti, cinamomo, Uva-do-japão, que
cresce e disseminam sementes sem controle por toda a área de estudo, além de
encontrar vegetação arbustiva como a espécie Maria sem vergonha (beijinho),
espécies de cipreste etc., está categoria é a mais artificializada ou exótica possível
encontrada na área de estudo.
No ano de 1933, o historiador José Cleto da Silva, apud (BUCH, 2009, p. 67)
já descrevia a quase inexistência de Pinheiros e Imbuias na região. As árvores
predominantes e principais eram: “canjarana”, “cabriúva”, “tarumã”, “monjoleiro”,
“amarelinho”, “angico”, “canafrista”, “cedro”, “caneleira”, “louro”, “soita”, “guabiroba”,
“jabuticaba”, “araçá”, “cereja”, “ipê”, “palmeira”, “cambará”, “peroba”, “guamirim”,
“cambuí”, “carvalho”, “chifre de carneiro”. Pela análise pode-se constatar que alguns
pontos da área de estudo, apresentam maior grau de hemerobia com substituição da
vegetação nativa pela exótica, muitas delas considerada invasora, considerando que
a área de estudo é palco de vários eventos significativos representados pelos ciclos
econômicos da erva-mate, da madeira, da navegação, da construção da ferrovia, da
construção da ponte de ferro e finalizando a construção do aeroporto intermunicipal.
Através desta classificação pretendeu-se não uma avaliação absoluta e
independente, mas sim, uma comparação da vegetação nativa, com o propósito de
ordená-las de forma relativa de acordo com uma maior ou menor interferência
antrópica que levou o afastamento de uma vegetação natural, tornando-se uma
vegetação exótica com muitas espécies invasoras, apresentando uma paisagem
monótona e homogênea. É por esse motivo que a classificação do grau de
naturalidade/artificialidade da vegetação, que foi muito alterada pelo ser humano,
ressaltando que não procurasse alcançar a perfeição, ou seja, deve-se considerar
certo grau de subjetividade.
Pretende-se envolver o educando, através de aula de campo, no
levantamento de informações referentes ás espécies da vegetação nativa bem como
da vegetação exótica distribuída por quadras dentro da área do bairro Sagrada
Família da qual se encontra o Colégio Estadual São Cristovão. Cada educando
receberá um mapa das quadras que representam a área de estudo da qual levantará
as informações, que serão posteriormente repassadas, para a elaboração do mapa.
Imagem 1 - Mapa representativo vegetação nativa e exótica, Bairro Sagrada Família.
Fonte: Organizado por Nelson Valdir Karpinski.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O processo de desmatamento das florestas tropicais no mundo ainda continua
em curso, principalmente relacionadas às demandas por materiais derivadas da
madeira, processo este que também vem ocorrendo no Estado do Paraná e região
de União da Vitória, apesar de inúmeras fiscalizações por parte de órgãos
governamentais.
No contexto desses acontecimentos é importante salientar que é muito difundida a
cultura da silvicultura na região, constatou-se este fato ao longo deste estudo e
concluiu-se que a introdução da vegetação exótica, desde que se tenha um controle
de manejo, é um mal necessário, pois reduz o desmatamento da vegetação nativa
da região e a perda da sua biodiversidade.
A degradação atual da paisagem da qual se observou, sustenta que ela não
se limita ao desmatamento, mas principalmente a substituição de espécies vegetais
nativas por espécies exóticas, muitas delas invasoras isto já era visível no ano de
1933, podia-se constatar a quase inexistência de Pinheiros, Imbuias e outras
espécies na região de União da Vitória, portanto, constatamos que gerações
passadas contribuíram para a atual modificação da paisagem vegetal da área de
estudo. Este processo reflete-se na modificação incondicional da biodiversidade
nativa, a modificação dos ciclos naturais dos ecossistemas atingidos, além disso, a
alteração fisionômica da paisagem natural em torno da área do Colégio Estadual São
Cristovão em União da Vitória.
Durante o desenvolvimento da pesquisa, utilizando o processo de ensino e
aprendizagem, foram desenvolvidas atividades didáticas pedagógicas que
diagnosticaram a apreensão deste conhecimento, construindo novos conceitos e
atitudes relacionados à apropriação do espaço geográfico local, especificamente a
alteração da vegetação nativa na área de estudo pela introdução de espécies
exóticas.
Nas atividades de campo, foi possível observar os efeitos que a apropriação
do espaço geográfico produziu na área de estudo, através de alguns eventos
significativos que deixaram marcas profundas, contribuições ou elementos que
levaram a transformações da paisagem geográfica em diferentes períodos da história
da ocupação pelo homem da área de estudo.
Através da análise pedagógica da paisagem elaborada pelo aluno, nas saídas
a campo, levou o aluno a uma aproximação do real estudado, utilizando-se de
diferentes linguagens geográficas que se apresentaram na área de estudo. Assim,
destacamos os indicadores das condições ambientais da área de estudo,
representado pela vegetação nativa e também a introdução da vegetação exótica ao
longo do processo de ocupação da região. Este procedimento seguiu proposta
metodológica que contemplasse reconstituição da cobertura vegetal originária da
área de estudo, onde se fez levantamento de dados que justificassem o estudo do
tema. Podemos sugerir a presente pesquisa como proposta de ensino da vegetação
nativa do município, junto a Secretaria de Educação do município de União da Vitória
– PR.
4. REFERÊNCIAS
BRABANT, J. Crise da geografia, crise da escola. In: OLIVEIRA, A.U. de (org). Para onde vai o ensino da geografia? São Paulo: Contexto, 1989.
BUCH. H. E. R. Matas ciliares e degradação da paisagem da área lindeira do médio iguaçú subsídios para educação ambiental. UFPR. Curitiba, 2007.
______Hemerobia da paisagem da área lindeira do médio iguaçu. FAFIUV, Luminária, n.10, 2009.
CAVALCANTI, Lana de Souza. Geografia, escolar e a cidade: Ensaios sobre o ensino de geografia para a vida urbana e cotidiana. Campinas, SP: Papirus, 2008 - (Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico).
CAVALCANTI, Lana de Souza. Geografia, escola e construção de conhecimentos. 16ª ed. Campinas, SP: Papirus, 2010 – (Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico).
CORRÊA, R. L. O espaço urbano. São Paulo. Ática, 1987. In: GONÇALVES, C.W.P. Novos rumos da geografia brasileira. 4 ed.São Paulo. Hucitec.1996.p.26.
FÁVERO, O. A.; NUCCI, J. C.; BIASI, M. Vegetação natural potencial e mapeamento da vegetação e Usos Atuais da Terra da Floresta Nacional de Ipanema, Iperó/ SP. In Conservação e Gestão Ambiental – RA’E GA – o espaço geográfico em análise, n.8. Curitiba: Departamento de Geografia – UFPR, 2004, p. 55-68.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda, Miniaurélio Século XXI: O Minidicionário da Língua Portuguesa/Aurélio Buarque de Holanda Ferreira; coordenação de edição, Margarida dos Anjos, Marina Baird Ferreira; lexicografia, Margarida dos Anjos...[et al.] 5ª ed. Ver. Ampliada – Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.
GEOGRAFIA, Diretrizes Curriculares da Educação Básica de. Secretaria de Estado da Educação do Paraná. Curitiba. 2008.
LIBÂNEO, José Carlos. Didática. – São Paulo: Cortez, 1991. – (Coleção magistério 2º grau. Série formação do Professor).
MOCHCOVITCH, Luana Galano. Gramsci e a escola. São Paulo: Ática, 1990.
SANTOS, Milton. Metamorfose do Espaço Habitado. 5ª ed. São Paulo: Hucitec, 1997.
SENE, Eustáquio de. Globalização e espaço geográfico. São Paulo: Contexto, 2003.
SILVA, Lenyra Rique da. A natureza contraditória do espaço geográfico. 2ª ed. São Paulo: Contexto, 2001 (Caminhos da Geografia).
SUKOPP, H. 1972. Wandel von Flora and Vegetation in Mitteleuropa unter dem Einfluss des Menschen. Bericht uber Landwirtchaft, Bd. 50/H. 1: 112-139.
TROPPMAIR, H. Metodologias simples para pesquisar o meio ambiente. Rio Claro-SP: Do autor, 1988.
top related