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COMO ADIVINHAR O FUTURO NA BOLA DE CRISTAL
A. HERNANDEZ Y ALONSO
IMPRESSO NO BRASIL PRINTED IN BRAZIL
1976 DIREITOS RESERVADOS À EDITORA
Ilustração da Capa
NILTON MENDONÇA
Clichês e fotolitos CLICHERIA GARCIA LTDA.
Impresso na Folha Carioca Editora S.A.
Rua Marquês de Pombal, 172 — Caixa Postal 11 000 ZC-14 — Tel.: 321-5016 — Rio de Janeiro - RJ - Brasil
Publicado pela EDITORA MANDARINO LTDA. C.G.C. 34.026.245/0001-00 — INSC. 396.286.00
A. HERNANDEZ Y ALONSO
COMO ADIVINHAR O FUTURO NA
BOLA DE CRISTAL
Sistema prático para a obtenção de visões e de comu
nicações com o Anjo da Guarda e espíritos de outras
naturezas, por intermédio da BOLA DE CRISTAL e dos
espelhos mágicos.
Contendo a maneira prática de fabricar e usar e todas
as indicações necessárias para o uso completo e pleno
desse gênero de prática da Magia.
EDITORA E C O
índice
Prefácio 7
Introdução 9
Os Habitantes do Mundo Invisível 19
Regiões do Mundo Astral — Nomes das 72 Inteligências Superiores — A Magia Cerimonial e os Espelhos
Mágicos
Anjos que Governam as Horas do Dia 27
Anjos que Governam as Horas da Noite 28
Qual é a Utilidade dos Espelhos Mágicos 29
Cerimônias da Consagração dos Espelhos Mágicos 31
Rito de Consagração Empregado por Nostradamus — Consagração dos Espelhos Segundo os Magistas Ocidentais da Idade Média — O Que é Preciso para Obter Visões — Do Operador — Do Vidente — Do Espelho Mágico
Como se Fazem os Espelhos Mágicos 41
Espelho dos Feiticeiros — Espelho Cagliostro — Espelho do Barão du Potet — Espelhos Swendeborg — Es-pelho Mágico Magnético — Espelho Mágico Hindu (A BOLA DE CRISTAL) — Espelhos Mágicos Narcóticos — Espelho Galvânico — Espelhos Cabalísticos — Es-
5
pelho Mágico de Santa Helena — Espelho dos Bhatahs — Espelho Mandeb — Espelho Teúrgico
Maneira de Fixar o Mercúrio 87
Conjuração de Quarta-Feira — A mesma Conjuração em Português — Comunicação de um Espírito Planetário
Clarividência 93
A Realização da Clarividência 105
Primeiro Exercício (Abstrações das Sensações Físicas) — Segundo Exercício (Educação do Mental) — Terceiro Exercício (Realização)
Noções Complementares Sobre a Clarividência 113
Método Para Desenvolvimento da Clarividência, Segundo os Ensinos da Teosofia (Concentração) 117
Meditação e Contemplação 125
Alguns Métodos e Processos Existentes, Imperfeitos, Errôneos ou Perigosos Para o Desenvolvimento da Clarividência 131
Prefácio
Houve um tempo em que o homem possuía tanto poder sobre as forças invisíveis da natureza que acabou por destruir seus grandes impérios mágicos. Atlântida, Lemúria, Antigo Egito, a Terra dos Brâmanes, enfim todos estes reinos dourados e maravilhosos viveram e morreram por causa das artes mágicas. Posseidonis, onde a arte da adivinhação chegou ao clímax, foi engolida pelas águas. No vale do Indus a ruína afastou para longe, para as montanhas geladas, os magos e videntes. No Egito só restaram do passado grandioso as pirâmides e a esfinge com seu sorriso enigmático. Mas, embora todos os livros destas terras envoltas em lendas e repletas de templos cabalísticos tenham sido destruídos, alguma coisa desta imensa cultura sobreviveu. A arte de adivinhar o destino é uma destas heranças do passado. É o grande mistério dos Iniciados. A chave dos segredos.
Nostradamus, Sir Kenelm Digby, Van Helmont, Della Porta, Cipriano de Antioquia, Sarpi, Ptolomeu, Agripa, Mirándola, Lulle, Alighieri, estudaram a arte da adivinhação por meio de espelhos, entranhas de animais, bolas de cristal, bacias com água pura, invocações secretas e círculos mágicos. Cada um deles apresenta partes de uma verdade total. Como sibilas, estes profetas da
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adivinhação penetraram no mundo dos feiticeiros e bru
xos. Reviraram fórmulas, queimaram incensos, chama
ram por Satã e pelos setenta e dois gênios da Cabala.
A. Hernandez Y Alonso é um desses alquimistas mo
dernos, que se envolveu no universo oculto dos bruxos, e de lá tirou a maneira certa de adivinhar o futuro na
bola de cristal. Com dedicação este pesquisador recolheu
inscrições em manuscritos sarracenos, em papiros de
Menris e Tinis, em incunábulos amarelecidos deixados por monges católicos. E o resultado aí está. É obra única
no gênero. E sem dúvida virá a suprir uma lacuna na literatura ocultista, que necessitava de novos temas, de
pesquisas profundas, de comentários sobre a tão amada
arte da previsão e da clarividência.
Cheios de inscrições e magnetismo os espelhos con
sagrados surgirão aos vossos olhos, leitor, mostrando os
caminhos da magia, da fantasia, dos cultos aos elementares e anjos.
Brilhantes como a lua cheia, e tão misteriosas como
Ísis, as bolas de cristal revelarão as estradas que levam aos Eloins, aos Arcanjos e às ninfas.
E, deixando-se envolver por toda a extraordinária mensagem desta obra, você, leitor, aprenderá que há
existências não visíveis, que a intuição capta, mas que a razão nega. Aprenderá que no espaço infinito há muita
coisa que está além de nossa filosofia e de nossa ciência
positiva.
A Editora
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Introdução
Apesar das negações da ciência positiva, no que con
cerne à existência de inteligências infra e super-huma-
nas, hoje, como nas épocas passadas, o homem desprovi
do de preconceitos sente por intuição que acima do seu
poder sobre a natureza e acima e abaixo da sua própria
natureza, outras forças e outros poderes existem, aos
quais ele não pode negar a sua atenção e a sua admi
ração.
Essa intuição, repetimos, sempre existiu, e existe ho
je tão aprofundada como em outros tempos.
A imponente popularidade das doutrinas materia
listas é mais aparente do que real e repousa simplesmen
te em dois fatores principais: a coação e a sugestão.
Vamos procurar demonstrar como esses fatores
agem:
Toda a educação superior, atualmente recebida nas
escolas, tem um cunho de materialismo.
Sabemos que no Brasil o estudo dos livros sagrados
foi abolido; nenhuma espécie de doutrina ou escrito re
ferente a religiões ou conhecimentos metafísicos é ado
tado ou tolerado, quer no ensino primário, quer no su
perior.
9
Os homens que galgam posições, quer públicas, quer
industriais, comerciais ou artísticas, premidos pelas ne
cessidades da vida, terminam apressadamente os seus
estudos positivos, tencionando deixar para mais tarde,
quando uma posição de conforto for conquistada, a me
ditação do que eles julgam assunto de menor impor
tância.
É, pois, perfeitamente compreensível que a opinião
desses homens, de educação insuficiente, seja isenta de
conhecimentos metafísicos, e que eles, pela posição de
ascendência sobre o povo, a massa trabalhadora, influ
am em seus pensamentos e crenças.
Dá-se, assim, o fenômeno da coação moral e da su
gestão, porque o trabalhador, ainda mais forçado pela
necessidade, também não tem tempo para aprofundar-se
nesses assuntos, assim como também não o tem para os
demais conhecimentos — falta que o coloca na depen
dência dos primeiros.
Quem tem estudado, por pouco que seja, os fenô
menos da sugestão, correlacionados ao estudo do hipno
tismo, pode fazer idéia da importância que, na opinião
da massa popular, têm as convicções dos seus superio
res sociais.
O característico do homem de curta evolução men
tal é a imitação. Todo o habitante das grandes cidades
sabe que a preocupação do operário é parecer-se com o
burguês e o industrial, o qual, por sua vez, procura con
fundir-se, nos trajes, nos modos, costumes e lugares que
freqüenta, com o ministro ou o banqueiro.
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Por um princípio falso de orientação, pela perse
guição de um fim errôneo na vida (produto das asseve
rações materialistas) o homem, de qualquer situação so
cial, nunca está satisfeito e julga que a causa de sua
mortificação está em não ser o que é um outro, mais
bem colocado que ele, de modo que, já que não é como
o outro, ao menos deseja fazer ver que se lhe parece ou
que tem condições para o ser.
Nas mulheres, principalmente, é que esse fenôme
no melhor pode ser observado e é por isso que as vemos
às vezes envergando trajes ridículos que de maneira ne
nhuma lhes vão bem ao corpo, simplesmente porque já
viram idêntico no corpo de outra a qual faz questão de
marchar na vanguarda da moda.
Assim, os costumes e as opiniões são efeitos da imi
tação e da sugestão.
Entretanto, e este é o ponto que queríamos che
gar: este fenômeno sugestivo é mais freqüente nas gran
des cidades (em que a vida agitada e a exibição luxuosa
predominam) do que nas aldeias, no campo, onde há
maior simplicidade nos costumes e onde o homem, mais
em contato com a natureza, possui as suas faculdades
de intuição mais puras.
Aí encontramos comumente, senão um conhecimen
to perfeito da razão de ser do respeito do homem às leis
divinas, ao menos menor ousadia para a sua completa
negação.
Nestas rápidas linhas não queremos nos encarregar
da tarefa de defender a razão da existência das religiões,
mesmo por que julgamos que o leitor poderá melhor em-
11
pregar o seu tempo meditando sobre produções de auto
res que mais abalizadamente o têm feito.
Estas nossas digressões têm mais por fim abrir ca
minho ao assunto de que vamos tratar. Ele faz parte de
um estudo de grandes horizontes e não é senão um pe
queno ramo de uma grande árvore.
O pequeno combate que julgamos dever dar às filo
sofias materialistas não tem outra razão de ser além de
querermos fazer compreender ao leitor menos ilustrado
que os ocultistas não são, como à primeira vista muitos
acreditam, indivíduos ingênuos, principiantes em filoso
fia e desconhecedores do valor dos argumentos dos seus
adversários.
Eles sabem muito bem que o materialismo é uma
fase inerente à evolução humana, e não são tão inimigos
dele como possa parecer, assim como sabem que a verda
deira ciência, amiga da verdade, não está longe de acei
tar como exatas muitas asseverações da verdade oculta.
* * *
A principal divergência entre a filosofia positiva e
a metafísica, ao lado da qual enfileiram-se todas as re
ligiões, está em reconhecer ou não a existência de in
teligências infra ou super-humanas, isto é, inteligências
de outra natureza que a humana, vivendo em outras con
dições, possuindo faculdades diferentes, superiores ou in
feriores.
Entre os que reconhecem essa existência estão os
ocultistas, anteriores a qualquer religião.
12
Um simples raciocínio analógico, que se nos afigu
ra inédito, parece-nos suficiente para fazer compreender
que os ocultistas, afirmando a existência de entidades
extra-humanas, não cometem nenhum absurdo.
Sabemos que nas extensas regiões do oceano, assim
como na superfície da terra, entre o intrincado das sel
vas, e no próprio ar que respiramos, existem entidades
diferentes do homem, dotadas de inteligência apropria
da ao meio em que habitam. A classificação da geologia,
da zoologia e da botânica é extensa. Cada espécie de ani
mal, de vegetal e de mineral encerra um gênero de inte
ligência, ou, antes, um modo de manifestação da Inteli
gência. Quem não reconhece uma consciência no modo
de agir das árvores, dos cristais, das formigas, das abe
lhas e de outros animais?
Entretanto, o homem, que se julga obra prima da
natureza, o Rei da Criação, não tem podido, pelos seus
processos científicos positivos, entrar em relações com
esses entes a ele inferiores; não tem podido perscrutar
a essência das suas ações, nem mesmo imitar, muitas
vezes, os seus trabalhos de arte, ou surpreender os segre
dos da sua indústria.
Lembremo-nos agora de que essas inteligências ru
dimentares, que constituem ainda enigmas para a inte
ligência do homem, habitam no mesmo plano que ele, no
plano físico, na superfície, no ambiente ou nos recessos
do mesmo globo, nutrindo o seu corpo, da mesma subs
tância, repartida por todo o orbe, e, em seguida, procure-
13
mos fazer uma idéia da extensão do Espaço perdido nas
profundezas do qual o nosso globo não representará o que
para nós representa um ínfimo grão de areia.
Vejamos o que disseram os instrutores de Allan Kar-
dec 1 acerca do Espaço:
"O espaço é infinito, pois que se torna impossível su-
por-lhe algum limite, e porque apesar da dificuldade que
temos de conceber o infinito, nos é entretanto mais fá
cil ir eternamente ao espaço por pensamento, do que
deter-nos num lugar qualquer, onde depois do qual não
encontraremos mais extensão a percorrer.
Para figurarmos, tanto quanto o permitem as nos
sas limitadas faculdades, o infinito do espaço, suponha
mos que, partindo da terra, que se acha perdida no meio
do infinito, para um ponto qualquer do universo, e isto
com a velocidade prodigiosa da faísca elétrica, que trans
põe milhares de léguas num segundo, apenas deixando
este globo, e já tendo percorrido milhões de léguas, nos
achamos num lugar de onde a terra só nos aparece co
mo uma pálida estrela. Um momento depois, seguindo
a mesma direção, nos aproximamos das estrelas longín
quas, que dificilmente se distinguem da nossa estação
terrena; e dai, não somente a terra está inteiramente
perdida para os nossos olhos, nas profundezas do céu,
mais ainda o sol, em seu esplendor, está eclipsado pela
extensão que nos separa dele. Animados sempre pela
mesma velocidade do relâmpago transpomos sistemas
de mundos, a cada passo que avançamos na imensidade,
14
1 A Gênese.
ilhas de luzes etéreas, vias estelares, paragens suntuosas
onde Deus espargiu os mundos com a mesma profusão
com que semeou as plantas nos prados terrestres.
Ora, há apenas alguns minutos que caminhamos e
já centenas de milhões e milhões de léguas nos sepa
ram da terra, já milhares de mundos passaram debaixo
das nossas vistas; entretanto, não avançamos, em reali
dade, um só passo no Universo.
Se continuarmos, durante anos, séculos, milhares de séculos, milhões de períodos cem vezes seculares, e incessantemente com a mesma velocidade do relâmpago,
não teremos avançado mais, e isto para qualquer lado que caminhemos e para qualquer ponto que nos dirijamos, desde o grão invisível que deixamos e que se chama a Terra.
Eis o que é o Espaço!"
Comentando sabiamente estas asserções dos instru
tores de Allan Kardec, o Sr. Gabriel Delanne, em seu
livro A alma é imortal, diz:
"Essas poéticas e grandiosas definições concordam
com o que sabemos de positivo acerca do Universo? Sim,
porque sucessivamente a luneta astronômica, o telescó
pio e a fotografia nos têm feito penetrar, cada vez mais
longe, nos campos do infinito.
Durante séculos, nossos antepassados imaginaram
que a criação limitava-se à terra que eles habitavam, e
que acreditavam chata. O céu era apenas uma abóbada
esférica, da qual pendiam pontos brilhantes, chamados
estrelas.
15
O sol aparecia como um archote móvel, destinado a
distribuir claridade, e nós éramos os únicos habitantes
da criação, feita especialmente para nosso uso. A obser
vação permitiu, mais tarde, reconhecer-se a marcha das
estrelas, o movimento da abóbada celeste, arrastando
consigo todos esses pontos luminosos; depois, os estu
dos dos movimentos planetários, a fixidez da estrela po-
lar, induziram Thales de Mileto ao reconhecimento da
esfericidade da terra, da obliqüidade da elíptica, e da
causa dos eclipses.
Pitágoras conheceu e ensinou o movimento diurno
da terra sobre seu eixo, seu movimento anual em torno
do sol e ligou os planetas e cometas ao sistema solar.
Estes conhecimentos precisos datam de 500 anos an
tes de Jesus Cristo; porém, essas verdades, sendo apenas
patrimônio de raros iniciados, foram esquecidas, e o
povo ignaro continuou a ser o joguete da ilusão.
É preciso chegar-se à época de Galileu e da desco
berta da luneta astronômica, em_1610, para que con
cepções justas venham retificar os antigos erros.
Desde então, o universo aparece como ele é realmen
te. Os planetas são reconhecidos como mundos seme
lhantes aterra e muito provavelmente habitados; o sol
não é mais que um astro entre muitos outros; o teles
cópio permite observar as estrelas e as nebulosas disse
minadas em distâncias incalculáveis, no espaço sem li
mites; finalmente a fotografia e a televisão permitem
revelar a presença de mundos, que os olhos humanos,
ajudados pelos mais poderosos instrumentos, não ti
nham jamais contemplado.
16
As placas fotográficas, que hoje se sabe preparar, não são somente sensíveis aos raios elementares que excitam a retina, pois estendem ainda o seu poder às regiões ultravioletas do espectro e às regiões opostas do calor escuro (infravermelho) onde o olhar se detém impotente.
Foi assim que os irmãos Henry divisaram estrelas de décima sétima grandeza, que não haviam sido ainda percebidas pelos olhos humanos. Também descobriram uma nebulosa invisível, por causa do seu afastamento, além das Plêiades.
À proporção que se estendem os nossos processos de investigação, a natureza recua os limites do seu império.
Nos lugares em que os mais poderosos telescópios não revelavam, numa parte do céu, mais que 625 estrelas, a fotografia deu-nos a conhecer 1.421. Assim, portanto, em nenhuma parte existe o vácuo; por qualquer lado e perenemente desenvolvem-se as criações em número infinito.
As insondáveis profundezas da extensão fatigam a
mais ardente imaginação, com a sua imensidade; e nós,
pobres seres habitantes de um imperceptível átomo, não
podemos elevar-nos até essas sublimes realidades!"
* Continuando o nosso raciocínio, meditemos se não
está nos limites do possível admitir-se a existência, nesses espaços infinitos, de seres possuidores de faculdades e de poderes superiores e inferiores ao homem, o qual
17
para compreendê-los, assim como às suas obras e à dire
ção dos seus ideais, é insignificante.
Desde a origem das sociedades teve o homem a in
tuição da existência desses seres superiores, habitantes
de outros planos. Criatura miserável e solitária, lutando
sem cessar contra a fatalidade, intuitivamente encon
trou em si mesmo uma lógica para guiar seus passos,
uma luz para encorajar sua esperança.
A adivinhação nasceu dos gritos de angústia e da
interrogação que faziam os nossos antepassados a gran
de voz das águas, ao cântico das florestas e às estrelas.
O pássaro, pairando nos espaços, o animal encontrado
no caminho, o meteoro iluminado à noite, forneceram
respostas às suas interrogações inexprimidas. A nature
za física foi, pois, a primeira a contribuir para a edifica
ção da grande ciência dos presságios.
18
Os Habitantes do Mundo Invisível
Tentemos agora, que defendemos a nossa crença na
existência de seres extra-humanos, pela evocação que
fizemos da analogia que deve existir entre a manifesta
ção da vida no nosso plano físico — a Terra visível — t
nos planos invisíveis, quer ainda pertencentes ao nos
so globo, quer às diversas cadeias de globos, quer intra-
planetários — tentemos penetrar com o leitor mais além
nos mistérios dessa Alma organizadora que reconhece
mos precedentemente; tentemos, guiados pela analogia
e pela narração dos videntes, descrever as inumeráveis
células que a compõem, começando pelas
REGIÕES DO MUNDO ASTRAL
Analogicamente, pode-se dizer, em princípio, que o
invisível é formado, como o visível, de ambientes e de
individualidades, e que uns como outros podem ser di
vididos em três grandes planos: o terrestre, o lunar e o
solar. ~
Em cada um desses três planos existem forças
análogas às que agem sobre o homem: forças de atra
ção, de repulsão, de projeção, generadoras, receptoras,
de adaptação e de síntese. Para que um homem pu-
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desse compreender de visu — ensinam as tradições es
critas e os Instrutores iniciados atuais — o mecanismo
dessas forças seria necessário adaptar-se a um triplo de
senvolvimento, para a realização do qual poucos possu
em mentalidade, conhecimento e vontade suficientes; se
ria necessário um conhecimento perfeito dos ciclos, leis
e qualidades das diversas direções das forças cósmicas.
Isso quanto ao que poderíamos chamar, em linguagem terrena, as forças da natureza. Tratando-se dos indivíduos, das entidades viventes que povoam os diversos planos do Invisível, recebem, de um modo geral, as denominações de elementais, elementares e anjos.
Os elementais são espíritos dos elementos, cujo número é incalculável. São os Saganes de Paracelso. Cada ser, cada erva, cada pedra, tem seu espírito — diz a Cabala.
Os estreitos limites do nosso trabalho não nos dão margem a longas explanações a respeito dos habitantes do mundo invisível 1. Basta por enquanto que o leitor saiba que eles escapam a uma nomenclatura, e que a divisão em elementais, elementares e anjos deixa muito a desejar. Não se pode, porém, em nenhum ensino, e muito principalmente neste, dizer tudo de uma vez, e para o leitor pouco familiarizado com escritos deste gênero, uma longa enumeração, acompanhada dos termos por que ela é resumida e incompletamente feita pelos escritores orientais, poderia prejudicar, em vez de esclarecer, o seu aproveitamento. Por isso seguiremos os dados fornecidos pelos cabalistas, que, atualmente, sinte-
20
1 Consultar "O Mundo Astral", de C. W. Leadbeater.
tizam, a nosso ver, com algumas exceções, a melhor adaptação ao nosso grau de evolução mental, dos ensinamentos da Sabedoria Esotérica.
Os elementais são as manifestações, as forças plásticas, os exércitos inumeráveis da natureza: os "Sha-dain". Há os tristes, cinzentos, de olhos glaucos, amodorrados no seio morno das estagnações e dos pauis; há os que brincam sobre a crista irisada das vagas; os tritões, as ondinas caprichosas, amigas do homem às vezes, sempre perigosas; formas maravilhosas de paixão, cuja atração lança o homem sobre os escolhos do crime e da loucura.
Os elementais são os operários da natureza e manifestam-se nos três reinos, em todas as temperaturas, promovendo a construção e a demolição de todas as maravilhosas formas que extasiam os nossos olhares e de todas as monstruosas nuanças do horrível que nos hor-ripilam.
Conforme o reino em que desenvolvem a sua atividade e de que são fatores invisíveis, os elementáis chamam-se :
Gnomos — espíritos da terra (dos sólidos).
Ondinas — espíritos da água (dos líquidos).
Lutins — espíritos do ar (dos etéreos).
Salamandras — espíritos do fogo (dos gasosos).
Paraçelso disse que os elementáis nascem, vivem,
casam-se, procriam e morrem, mas depois do tempo de
sua existência terrestre não conservam consciência; eis
por que a tradição os considera mortais e por que eles
21
aspiram, sobretudo os dois reinos inferiores, aproxima
rem-se do homem.
Em geral nós somos invisíveis aos elementáis, como
eles o são a nós. Entretanto, eles respondem ao nosso
apelo, e tornam-se, para aqueles que os evocam, prote
tores ou obsessores.
A Cabala chama Rouchins os elementáis machos,
e Lilins os fêmeas. Os gnomos e as ondinas são governa
dos pelo Príncipe Asmodeu; as salamandras são dirigi
das por Raphael e sete ministros; os lutins, por Michael
e sete ministros. Ruchiel e três ministros governam os
espíritos dos ventos; Gabriel os dos trovões; Nariel os da
neve. Os gnomos dos rochedos obedecem a Maktuniel; os
das árvores frutíferas a Alpiel e os das outras árvores
a Sachiel. Mesannabet é o rei dos ventos. Cassiel e três
ministros governam os elementáis do gado. Os animais
da terra e do mar vivem sob a dependência de Sanael e
os pássaros sob a de Anael.
* * *
Os elementares são esses com os quais os nossos contemporâneos acreditam entrar mais facilmente em comunicação: são as almas dos mortos. Essa comunicação com os elementares não se realiza em todas as práticas chamadas espíritas. Em geral outras são as forças e as entidades que se manifestam; às vezes, os espíritas conseguem atrair e dar momentaneamente vida aos restos astrais dos mortos, às coques, como chamam os teósofos, (corpo de matéria astral, deixado pelo espírito
22
que consegue entrar em Devachan) quando não se tra
ta de uma criação no astral, produzida pelo pensamen
to do próprio evocador e dos presentes.
Entretanto, as almas dos mortos estão às vezes liga
das à terra por um desejo não satisfeito; os pais e os
avós descem voluntariamente ao círculo santo do lar fa
miliar, quando os seus descendentes o invocam com
amor, e tomam-se facilmente visíveis no Espelho Má
gico. Mas a vã curiosidade não deve perturbar o seu
repouso e a Cabala condena como prejudicial à felici
dade dos mortos qualquer tentativa de evocação que,
nesse caso, só deve ser feita em condições especiais.
Entre os elementares, alguns, cujas energias terre
nas foram consagradas exclusivamente a fins egoístas,
tombam nas orbes malditas do satélite sombrio, o oita
vo globo. Aí se oprimem os vampiros, os mágicos negros,
os Irmãos Inversivos, entregues aos sofrimentos em no
me da desintegração total. Aí se torna um fato a lei da
morte, em seu sentido o mais rigoroso e absoluto.
* * *
Na terceira classificação: anjos, devemos compre
ender entidades conscientes, superiores e não iguais ao
homem, cuja evolução já não caminha ou nunca cami
nhou ao mesmo par da sua, embora estejam a ela sujeitas.
Como seria demasiado extenso e sairia dos limites
deste trabalho darmos a extensa nomenclatura das in
teligências, deuses, semideuses e anjos, a cujo governo
23
ou influência está submetido o nosso globo, reduziremo-
la tanto quanto possível, nas linhas seguintes, adaptan
do-as às necessidades do estado com os Espelhos Mági
cos. Vão em seguida os nomes das 72 inteligências supe
riores e dos anjos que predominam nas horas do dia e
da noite 1.
* * *
Como já dissemos, todas as práticas da Magia
Cerimonial estão subordinadas a determinadas horas,
nas quais, somente certos efeitos poderão ser obtidos.
Aqui, porém, tratamos somente de evocações na Bo
la de Cristal, o que, embora faça parte da Magia, não
acarreta suas dificuldades e perigos.
Algumas evocações, para obtenção de respostas sim
ples, dispensam qualquer conhecimento e observação a
horas e nomes dos espíritos. As tabelas que em seguida
damos, portanto, só são necessárias para o estudante que
desejar aprofundar os seus estudos e conhecimentos um
pouco mais fortemente, mergulhando-se nos insondá
veis mistérios e nos inumeráveis modos de manifes
tação da Sabedoria, Divina.
24
l Na Magia não se contam as horas como astronomicamente. Serve-se de tempo especial, que compreende 12 horas de dia e 12 horas de noite. As horas do dia começam ao levantar do sol e terminam ao pôr do sol. As horas da noite começam ao pôr do sol e terminam ao levantar.
O valor de cada uma dessas horas, chamadas planetárias, é, pois, desigual: varia cada dia. Além disso, as horas da noite não são Iguais às do dia senão nos equinócios.
NOMES DAS 72 INTELIGÊNCIAS SUPERIORES
(Segundo o Segredo dos Segredos, ou a Clavícula
de Salomão ou o Verdadeiro Grimoário, manuscrito da
Biblioteca do Arsenal de França, que pertenceu ao Car
deal de Roham. See. XVIII) .
1 Vehuiah 25 Nithaiah 49 Nithaël 2 Jeliel 26 Haariah 50 Mehaliah 3 Siraël 27 Jerathel 51 Poyel 4 Elemiah 28 Seofiah 52 Nemamiah 5 Mahasiah 29 Reifiel 53 Zehiaël 6 Jesaël 30 Secabel 54 Harel 7 Achaiah 31 Vasariah 55 Misraël 8 Cachetel 32 Zehniah 56 Uniahel 9 Hasiel 33 Leabiah 57 Zaahel
10 Aladiad 34 Cavakiah 58 Anavel 11 Laviah 35 Manadel 59 Melriel 12 Nahaiad 36 Arriei 60 Damabiah 13 Zazaël 37 Haamiah 61 Menachel 14 Mobaël 38 Vehaël 62 Esaël 15 Hariel 39 Zeazel 63 Saluiah 16 Ackamiah 40 Sehaliah 64 Vochel 17 Lomiah 41 Ariel 65 Zabamiah 18 Caliel 42 Asaliah 66 Haiaël 19 Leuviah 43 Michel 67 Mumiah 20 Rahaliah 44 Veshuel 68 Ezaël 21 Nolchaël 45 Daniel 69 Sahuiah 22 Zeiriel 46 Kahaziah 70 Habrel 23 Melael 47 Immamiah 71 Michael 24 Hamiah 48 Nanaël 72 Voraliah
25
ANJOS Q U E G O V E R N A M A S H O R A S D O DIA
N.° Nome da hora Domingo 2. a Feira 3.a Feira 4. a Feira 5.a Feira 6." Feira Sábado
1 Yai'n Michael Gabriel Samael Raphael Sachiel Anael Cassiel
2 Ianor Anael Cassiel Michael Gabriel Samael Raphael Sachiel
3 Nasnia Raphael Sachiel Anael Cassiel Michael Gabriel Samael
4 Salla Gabriel Samael Raphael Sachiel Anael Cassiel Michael
5 Sadedali Cassiel Michael Gabriel Samael Raphael Sachiel Anael
6 Thamur Sachiel Anael Cassiel Michael Gabriel Samael Raphael
7 Ourer Samael Raphael Sachiel Anael Cassiel Michael Gabriel
8 Thanir Mishael Gabriel Samael Raphael Sachiel Anael Cassiel
9 Nerón Anael Cassiel Michael Gabriel Samael Raphael Sachiel
10 Gayón Raphael Sachiel Anael Cassiel Michael Gabriel Samael
11 Abay Gabriel Samael Raphael Sachiel Anael Cassiel Michael
12 Natalon Cassiel Michael Gabriel Samael Raphael Sachiel Anael
ANJOS Q U E G O V E R N A M A S H O R A S D A NOITE
N.° Nome da hora Domingo 2. a Feira 3.a Feira 4." Feira 5.a Feira 6.a feira Sábado
1 Berom Sachiel Anael Cassiel Michael Gabriel Samael Raphael
2 Baral Samael Raphael Sachiel Anael Cassiel Michael Gabriel
3 Thami Michael Gabriel Samael Raphael Sachiel Anael Cassiel
4 Athiz Anael Cassiel Michael Gabriel Samael Raphael Sachiel
5 Mathon Raphael Sachiel Anael Cassiel Michael Gabriel Samael
6 Rana Gabriel Samael Raphael Sachiel Anael Cassiel Michael
7 Netos Cassiel Michael Gabriel Samael Raphael Sachiel Anael
8 Tapac Sachiel Anael Cassiel Michael Gabriel Samael Raphael
9 Saffur Samael Raphael Sachiel Anael Cassiel Michael Gabriel
10 Aglo Michael Gabriel Samael Raphael Sachiel Anael Cassiel
11 Calerva Anael Cassiel Michael Gabriel Samael Raphael Sachiel
12 Saiam Raphael Sachiel Anael Cassiel Michael Gabriel Samael
_ .,„
A MAGIA CERIMONIAL E OS ESPELHOS MÁGICOS
As operações da Magia Cerimonial oferecem dificul
dades que não se encontram na interrogação aos Espe
lhos Mágicos.
Nela todas as operações, mesmo as mais simples,
estão subordinadas ao prévio conhecimento dos espíritos
a evocar, por sabermos que cada qual tem sua especiali
dade, e essa evocação, para ter êxito, depende ainda de
cerimônias, mais ou menos trabalhosas, e da escolha do
momento oportuno, momento que só pode ser conhecido
pela consulta às posições dos astros, razão por que a prá
tica da Magia Cerimonial relaciona-se intimamente ao
estudo da Astrologia.
A consulta à maioria dos Espelhos Mágicos entre
tanto dispensa o cerimonial e a escolha da ocasião.
Qualquer momento pode servir.
As regras a observar são simplesmente a concentra
ção, um forte desejo de obter o fenômeno e um relativo
silêncio.
28
Qual é a Utilidade Dos Espelhos Mágicos
O Espelho Mágico é um instrumento, um veículo,
de que se servem os espíritos evocados para dar respos
tas às perguntas feitas pelo operador. Se a interrogação
é digna de resposta, esta será dada em forma de imagem,
visível ao vidente, embora não existente para as demais
pessoas.
Qualquer pergunta pode ser feita. Não podemos aqui
indicar quais as interrogações que não merecerão respos
ta, pois isso nos levaria a alongar este nosso trabalho,
ao qual apenas desejamos dar um cunho prático, fugin
do o mais possível das longas dissertações.
Entretanto, são de utilidade aqui algumas conside
rações para orientar os leitores menos ao corrente das
razões ocultas do segredo.
É fato conhecido, pelos espíritas que costumam fa
zer interrogações aos seus guias e protetores, que nem
todas as suas perguntas são respondidas claramente.
Muitas vezes esses guias servem-se de uma linguagem
simbólica, metafísica, que deixa a desejar, não satisfa
zendo completamente a curiosidade do interlocutor.
Duas razões há para explicar esse fato. Em primei
ro lugar e principalmente, as entidades do mundo espi
ritual, cujas maneiras de ver e sentir são extraordinaria-
29
mente diferentes das do homem, sentem verdadeira re
pugnância e impossibilidade em exprimir suas idéias pe
lo modo que nós outros o fazemos. A sua linguagem é
por isso metafísica e sua interpretação deixada à intui
ção do evocador. Quando uma entidade espiritual dese
ja instruir um homem acerca de coisas extra-humanas,
na impossibilidade de se servir de palavras, pois o voca
bulário humano não as possui capazes, costuma provo
car no discípulo um estado superior de inteligência, des
pertando momentaneamente suas faculdades latentes e
assim apresentando-lhe a instrução sob um aspecto sim
bolicamente metafísico.
Essa é a razão da existência das imagens simbólicas,
inscrições, figuras geométricas e desenhos, indecifráveis
ao consultor profano, que se encontram nos livros de ori
gem esotérica de todas as religiões do globo.
Não se trata aí, na maioria das vezes, como à pri
meira vista costumam supor, de um meio fácil de velar
a verdade, mas simplesmente é isso conseqüência da im
possibilidade material de fazer uso de uma linguagem
cujos elementos não encerram significação apropriada
para a expressão de idéias de origem diferente.
A outra razão da insuficiência das respostas de ori
gem espiritual está na própria natureza das leis de pro
gresso e de evolução do consultante, ou melhor, no seu
Karma 1 .
30
l "Karma" é uma palavra oriental e encerra a idéia por nós outros expressa pela palavra "destino" ou "sorte", mas muito mais extensa e complexa. "Karma" é um dogma da Filosofia Oriental, segundo o qual todas as nossas atividades atuais estão limitadas pelo resultado de nossas atividades anteriores, executadas em anteriores encarnações.
Cerimônias da Consagração dos Espelhos Mágicos
É regra fundamental de toda experiência oculta não se servir jamais de nenhum objeto sem antes o haver consagrado ao Invisível.
Assim, toda tentativa de clarividência deverá ser
precedida de uma consagração do instrumento — o Es
pelho Mágico.
Vamos aqui enumerar alguns ritos necessários, que,
a nosso ver, deverão ser aplicados a todos os espelhos des
critos neste livro, embora alguns dos seus autores, de
onde extraímos as receitas de fabricação, a eles não se
refiram de um modo claro.
Observemos, em primeiro lugar, a classificação dos
espelhos em:
Saturnianos. — Os espelhos de cor preta. Estes es
pelhos não podem tornar visíveis senão espíritos inferio
res ou maus e objetos físicos. Não existe para eles uma
consagração especial. Convêm melhor aos rapazes.
Lunares. — Os copos de cristal cheios de água. Os
mais adequados às mulheres.
Solares — Os compostos de esferas e lâminas me
tálicas.
31
RITO DE CONSAGRAÇÃO EMPREGADO
POR NOSTRADAMUS
O ritual de Nostradamus foi freqüentemente empregado, com sucesso, na evocação dos espiritos planetários e outros, pelos adeptos no século X I X . É um dos mais elevados e mais puros deste gênero. Somente o rito secreto dos Tshelas ou Chelas hindus lhe é superior.
Deve-se procurar uma prece boa e clara, por meio da qual não se tenha ainda evocado nenhum espírito, podendo-se fazer uso dela para todos os assuntos, me
nos para os maus.
Isto não quer dizer que ela servirá somente para usos de instrução espiritual e caridade, pois muitas perguntas frívolas e fúteis poderão ser feitas, mesmo sobre conhecimentos mundanos, mas é necessário tomar a resolução de não a empregar para usos ímpios e maus. Deve-se antes dedicá-la a Deus, por meio de uma prece fervorosa.
Não empregueis intermediário para esta prece, mas esperai com firmeza e humildade que Deus vos ponha em possessão de um espírito guardião, para que obte-nhais em seguida as visões desejadas.
Isto feito, inspecionai o Espelho Mágico e antes de pedir para ver qualquer visão perguntai o nome do vosso anjo guardião.
APELO. — "Em nome de Deus todo-poderoso, para realização de cuja vontade vivemos e a quem devemos nossa existência, suplico humildemente ao Senhor Deus Criador que se digne deixar-me saber, por intermédio deste Espelho, o nome do meu Anjo da Guarda."
32
Logo que souberdes o nome do vosso Anjo da Guar
da, pedi para vê-lo empregando o mesmo apelo e mudan
do somente os dizeres no que se refere ao vosso segundo
pedido.
Quando o Anjo aparecer pedi-lhe para vos dar al
gum conselho, que ele julgue conveniente. Perguntai-
lhe os dias e as horas em que ele queira aparecer, assim
como os dias e as horas em que podereis evocar outros
espíritos.
Perguntai-lhe se deseja tomar sob sua guarda o es
pelho e impedir que os maus espíritos nele apareçam.
Pedi-lhe que vos dê aviso quando algum tente vos ata
car, a fim de que possais defender-vos.
Tudo isso estando feito, pedi ao vosso espírito guar
dião que se retire, em nome de Deus, não fazendo nesse
dia nenhuma outra pergunta. A primeira evocação não
deve durar mais de uma meia hora.
Quando o evocardes pela segunda vez, deveis fazer
o exorcismo seguinte, três vezes, com vontade firme e
determinada, antes de fazer-lhe qualquer pergunta:
EXORCISMO. — "Em nome de Deus todo-podero-
so, para realização de cuja vontade vivemos e a quem de
vemos nossa existência, eu despeço e reenvio o espírito
atualmente visível neste espelho, se não é o meu Anjo
da Guarda (dizer o nome) ou se não é um bom e verda
deiro espírito."
Este exorcismo deve ser pronunciado três vezes, com
voz muito enérgica e muito severa, tendo-se um dedo so
bre o espelho. Se o espírito não desaparece, podeis então
contar com ele, absolutamente.
33
Podeis então continuar as evocações, durante o tem
po que quiserdes ou segundo vossa combinação com o
vosso Anjo da Guarda. Se ele desejar ir-se embora, pode
rá fazê-lo sem que o possais deter, mas é necessário não
vos esquecerdes de fazer o reenvio, sempre que acabar
des uma sessão.
REENVIO, — "Em nome de Deus, etc, eu despeço
e reenvio aos seus lugares todos os espíritos que desceram
sobre este espelho, e que a paz de Deus seja para sempre
entre eles e mim."
Esta conjuração deve também ser dita três vezes,
mesmo que não tenha aparecido no espelho nenhum es
pírito. O esquecimento desta formalidade acarretará a
ruína do espelho.
PARA VER UMA PESSOA. — "Em nome de Deus, etc, peço-te (Fulano) aparecer neste espelho, se isto te convém e te é agradável." (não esquecer estas últimas palavras).
Quando aparecer a pessoa pedida, deveis fazer o exorcismo que já demos, mudando o nome do Anjo da Guarda pelo da pessoa evocada a fim de vos assegurardes se é a própria.
CONSAGRAÇÃO DOS ESPELHOS
SEGUNDO OS MAGISTAS OCIDENTAIS
DA IDADE MÉDIA
Esta consagração, segundo diversos manuscritos das
Clavículas, feita pelos magistas da Idade Média, era apli
cada especialmente aos espelhos metálicos.
34
Sobre uma placa de aço reluzente e bem polida, li
geiramente côncava, escrevei com o sangue de um pom
bo branco, macho, nos quatro cantos, o seguinte :
Jehovah Elohim
Mittatron Adonay
Em seguida, metei o Espelho Mágico em um tecido
novo e branco. Quando vier a lua nova, à primeira hora,
após o sol posto, aproximai-vos de uma janela, olhai pa
ra o céu com devoção e dizei:
"ó Eterno! ó Rei Eterno! Deus inefável, que criaste
todas as coisas por meu amor e por um desígnio oculto,
para a felicidade do homem, atendei e olhai para mim
(Fulano), vosso muito indigno servidor, e considerai mi
nha pura intenção. Dignai-vos enviar-me vosso anjo
ANAEL sobre este espelho, a ANAEL, que impera e dis
põe de seus companheiros, que para serví-lo vós os crias
tes, ó todo-poderoso que tendes sido, que és e que serás
eternamente! Que em vosso nome eles me atendam, se
gundo as vossas leis, ó Deus Eterno, a fim de me instruir
e me esclarecer sobre o que eu lhes perguntar."
Sobre carvões ardentes, acesos num pequeno foga
reiro novo, de terra argilosa ou ferro, atirai o perfume
conveniente, que é o açafrão oriental, e ao atirá-lo dizei:
"Neste, por este e com este que lanço diante de vos
sa face, ó meu Deus, que és tri-um e soberanamente bom,
que na mais sublime elevação vedes por cima dos que
rubins e dos serafins e que deveis julgar os séculos pelo
fogo, escutai-me, ó Deus Eterno."
35
Neste momento, perfuma-se o espelho, expondo-o ao
fumo do açafrão, segurando-o com a mão direita e re
petindo três vezes a oração acima, terminado o que, so
prai três vezes sobre o espelho e dizei:
"Vinde ANAEL, vinde, e que vos seja muito agradá
vel e de vossa vontade vir a mim, em nome do Padre to
do-poderoso + 1 , em nome do Filho muito sábio +, em
nome do Espírito Santo muito amável +. Vinde ANAEL,
em nome do terrível Jehovah! Vinde ANAEL, pela vir
tude do imortal Elohim! Vinde ANAEL, pelo braço do
todo-poderoso Mettatron, vinde a mim (Fulano) (dizer
vosso nome sobre o espelho), e ordenai a vossos espíritos
que, com amor, alegria e paz, façam ver a meus olhos as
cuias que me estão ocultas. Que assim seja. Amem".
Depois de terdes feito isto, elevai os olhos para o céu e dizei:
"Senhor todo-poderoso, que fazeis mover tudo que
vos apraz, escutai minha prece e que meu desejo vos seja
agradável. Atentai, Senhor, para este espelho, e ben-
dizei-o a fim de que ANAEL, um dos vossos servidores, se
aproxime dele, com seus companheiros, para satisfazer
(Fulano), vosso pobre e miserável servidor, ó Deus ben
dito e muito exaltado por todos os espíritos celestes,
que viveis e reinais na eternidade dos bons! Que assim
seja."
Fazei então o sinal da cruz + sobre vós e sobre o es
pelho, estando pronta a cerimônia, que deve ser executa
da depois quarenta e cinco dias seguidos, findos os quais
36
l Deve-se fazer o sinal da cruz em cada lugar que houver este sinal: +.
ANAEL aparecerá, sob a forma de um belo anjo e orde
nará seus companheiros a vos obedecer.
Nem sempre são necessários quarenta e cinco dias
para a consagração do espelho, podendo ANAEL apare
cer desde o décimo quarto dia. Isso depende da intenção,
da devoção e do fervor do operador.
(Não se esquecer de fazer a oração de reenvio, mes
mo que nenhum espírito apareça.)
Uma vez consagrado o espelho e tendo-vos já comu
nicado com o espírito, quando desejardes ver no espe
lho e obter o que vos agradar, não será necessário recitar
todas as orações descritas. Bastará, após perfumar o es
pelho, dizer:
"Vinde ANAEL, vinde, e que vos seja muito agra
dável, etc."
Terminada a operação, despedir o espírito, dizendo:
"Eu vos agradeço, ANAEL, por teres acedido aos
meus rogos e satisfeito ao meu pedido. Ide-vos agora em
paz, e vinde sempre que vos chame, em nome de Deus,
amém."
O perfume de ANAEL é açafrão.
O QUE É PRECISO PARA OBTER VISÕES
Para obter visões com os Espelhos Mágicos e respos
tas às perguntas feitas, três coisas são essencialmente ne
cessárias:
1º — o operador.
2º — O vidente.
3º — O instrumento (o Espelho Mágico).
37
DO OPERADOR
Qualquer pessoa para preencher o papel de opera
dor. O êxito, porém, depende do grau de pureza de suas
intenções, do estado calmo do espírito e de uma certa
quantidade de força magnética. Muitas pessoas possuem
essa força naturalmente; outras necessitam desenvol
vê-la durante algum tempo, por meio de exercícios diá
rios de meditação e submissão a um regime alimentício
adequado, uso moderado e em ocasiões próprias de ex
citantes e exercícios tendentes a implantar o domínio
da vontade sobre as impulsões, os apetites e as comoções.
Para as pessoas que não sabem fazer os exercícios,
vamos dar aqui dois, muito suficientes para o fim em
questão. Cada exercício deve ter 10 minutos diários de
duração.
Primeiro. — Deitar-se comodamente de barriga pa
ra cima, e com o corpo bem esticado (não importa o con
forto da cama) em lugar perfeitamente silencioso, e,
tendo o corpo absolutamente abandonado, sem nenhum
movimento, formular no pensamento a noção do NADA,
procurando ler mentalmente essa palavra e aprofundar
bem na sua significação: pensar em NADA.
Segundo. — Nas mesmas condições do primeiro e
podendo também ser feito à hora de levantar-se da ca
ma. — Fazer uma aspiração pelo nariz, vagarosamente,
formulando no pensamento o desejo de armazenar em si
força magnética 1; reter a respiração, o ar nos pulmões,
1 O fluido magnético está à disposição de todos nós e existe em abundância no ar que respiramos. Ele provém dos raios do sol, fonte de toda a vida. Por um esforço de vontade
38
o máximo de tempo possível; e deixá-lo depois sair, mui
lentamente, pela boca, persistindo no mesmo pensamen
to. (Este exercício dá também resultados ótimos na cura
de enfermidades.)
DO VIDENTE
Os melhores videntes são,as crianças até l0 anos de
idade, as moças até 14 ou 15 e as mulheres muito ner
vosas.
Isso não quer dizer que não se possam obter boas
visões com indivíduos adultos de ambos os sexos, mor
mente sendo pessoa de hábitos são e fisicamente desen
volvida.
Em estado de sonambulismo magnético é fácil obter
visões com qualquer pessoa.
DO ESPELHO MÁGICO
Há diversas maneiras de construir um Espelho Má
gico. Pode-se dizer que eles têm sido tantos quantos os
operadores e magnetizadores.
Cada um tem a sua fórmula, a sua maneira de ver
e por isso cada qual tem procurado introduzir melhora
mentos nesses instrumentos físicos.
Pela descrição que em seguida vamos dar dos diver
sos espelhos conhecidos, o leitor poderá ver quanto o
estudo e a perscrutação do Invisível têm preocupado os
homens.
podemos captá-lo e assimilá-lo ao fluido que nos é próprio, assim como o estômago e o intestino delgado assimilam o substrato dos alimentos que ingerimos e o transformam em sangue, misturando-o ao que já existe em nossas veias e artérias.
39
Como se Fazem os Espelhos Mágicos
ESPELHO DOS FEITICEIROS
A maneira de os chamados feiticeiros operarem com
o Espelho Mágico é tão simples quanto natural. Eles se
servem do primeiro espelho que encontram, ou de uma
vasilha com bastante água límpida e quieta.
Operando com o espelho, colocam-no de modo que
a pessoa que deve olhar não possa ver a própria imagem
refletida, o que conseguem inclinando um pouco o espe
lho. Fazem a pessoa sentar-se alguns palmos de distân
cia e recitam mentalmente ou em alta voz uma conju
ração ao espírito familiar, que, de pai a filhos, lhes tem
dispensado sua benéfica proteção.
Se a pessoa pode ou deve ser satisfeita, a visão não
se fará esperar; nesse caso é que o espírito conjurado
tem poder sobre o objeto ou a pessoa que aparece na vi
são e pode por consequência influenciar, dizem eles, so
bre o resultado da operação.
Quando a consulta é feita por causa de roubo, por
exemplo, o ladrão aparece ao vidente e quase sempre é
obrigado, pelo espírito que o dominou, a restituir o fruto
do seu crime, se ainda está de posse dele. Em uma con
sulta de qualquer outro gênero, o consultante ou o viden-
41
te recebe no espelho uma solução alegórica, mais ou menos verdadeira.
Operando com uma vasilha cheia de água, a posi
ção do consultante é em pé, de modo que os pés toquem
na vasilha, a cabeça pendida sobre a mesma, de manei
ra que possa mergulhar o seu olhar no centro, onde deve
aparecer a imagem.
A evocação do espírito familiar é a mesma, assim como os resultados.
ESPELHO CAGLIOSTRO
Cagliostro 1 era um sábio cabalista e filósofo her
mético, tratado de charlatão por uns e de sábio por ou
tros, que, tanto quanto outros herméticos e ocultistas,
ofereceu ao mundo científico fatos que a crítica unica
mente pôde explicar negando-os ou ridicularizando-os.
Cagliostro servia-se comumente de Espelhos Mági
cos, tanto para pasmar e confundir os incrédulos, como
para os seus estudos particulares.
Em público costumava recorrer a pupillos, nome que ele dava a crianças virgens, e nos seus estudos praticava o sonambulismo lúcido, com a ajuda de uma lúcida de primeira ordem.
Os seus espelhos eram simplesmente compostos de uma garrafa de água bem clara, que ele pedia que lhe ar-
•42
l Conde Alexandre de Cagliostro, cujo verdadeiro nome era Giuseppe Bálsamo, nasceu em Palermo, em 1743 e faleceu em 1785. Teve uma vida aventureira e acidentada, em viagens constantes, mormente pelo Oriente, Pérsia e Arábia, onde adquiriu grandes conhecimentos do Ocultismo.
ranjassem, quando lhe rogavam que desse prova do seu
saber sobre o assunto.
Se não tinha à mão os seus pupillos, Cagliostro servia-se da primeira criança que encontrava entre as pessoas da casa onde se achasse.
Ele fazia, igualmente, uma prece secreta ou conjuração ao seu espírito familiar, conjuração mental, que ninguém conhecia. Colocava a garrafa cheia de água sobre uma mesa coberta com um pano branco, iluminada, de cada extremidade posterior, com uma vela; depois colocava a criança em pé, diante do espelho, dizendo-lhe que fixasse bem a água, até o momento em que o espírito evocado se manifestasse. Cagliostro conservava-se em pé, por trás da criança, impondo-lhe uma mão sobre a cabeça, com tal gravidade, que se impunha aos assistentes.
Quando a criança dizia ver o espírito evocado, o operador fazia-lhe então dirigir as perguntas, às quais o espírito respondia por meio de quadros alegóricos ou de imagens exatas. A criança não via sempre o espírito, mas comumente dizia ver imagens que maravilhavam todo o auditório, enchendo-o de espanto.
ESPELHO DO BARÃO DU POTET
Dá-se esse nome ao Espelho Mágico imaginado pelo Sr. Barão du Potet.
Este magnetizador tomava um pedaço de carvão ve
getal ordinário, com o qual traçava um círculo preto, de
dez centímetros, mais ou menos, sobre o soalho do seu
43
salão, pedia em seguida às pessoas que desejavam ex
perimentar para ficar a alguns pés de distância desse
círculo, de pé, e olhar bem fixa e atentamente o seu cen
tro. Após alguns minutos de espera a visão tinha ou não
lugar.
Ignora-se se o Sr. Du Potet influenciava pelo pen-
samento ao sujet que desejava obter a visão, o que é bas
tante provável.
Esse espelho produzia efeitos acidentais, pois, co
mo em todos os outros espelhos, esses efeitos não tinham
lugar senão sobre as pessoas suscetíveis a esse gênero de
visão. Os videntes nele apercebiam imagens fugitivas,
que o magnetizador parecia não haver evocado, e menos
ainda tentava tirar partido (pois poucas dessas visões
são citadas nas obras desse autor). Em todo caso elas da
vam em resultado a constatação de uma verdadeira vis
ta à distância, retrospectiva ou futura, de fatos interes
santes a estudar.
Todos os discípulos do Sr. Barão Du Potet, a exemplo do seu mestre, puseram-se a fabricar diversos gêneros de Espelhos Mágicos, com os quais obtiveram efeitos semelhantes, mas não superiores. Um desses espelhos, que parece haver subsistido aos demais, constitui-se em um pedaço de cartão, cortado em forma oval, de dez centímetros, aproximadamente, de comprimento, tendo uma folha de estanho colada sobre um dos lados, e um tecido preto sobre o outro.
Para operar com ele, o magnetizador deve magnetizá-lo fortemente com o seu fluido e trazê-lo constantemente consigo, e ao querer servir-se dele deve tomá-lo
44
com a mão direita, colocando-o contra a palma e envolvendo os bordos com os dedos encurvados, como pontos magnéticos pelos quais se escapam os fluidos, apresentando qualquer dos lados a um palmo de distância, mais ou menos, da raiz do nariz da pessoa que deseja ver. Dez minutos de fixação são suficientes para a visão, se ela se puder realizar.
ESPELHOS SWENDEBORG
Dá-se igualmente a este Espelho o nome do espí
rito que ensinou o modo de fabricá-lo e que Cahagnet
menciona nos seus Arcanos.
Toma-se uma pequena quantidade de plumbagina,
bem tamisada, que se dilui em uma quantidade suficien
te de azeite de oliveira, numa vasilha que possa ir ao fo
go, de maneira a formar uma pasta bastante clara. Põe-
se esta preparação sobre um fogo brando, para melhor
facilitar a diluição. Toma-se então uma lâmina de vi
dro, limpo, e aproxima-se lentamente do fogo, para co
locá-la em temperatura própria a poder receber a mistu
ra de plumbagina sem estalar e partir.
Coloca-se a lâmina sobre dois pedaços de madeira
e entorna-se sobre ela a pasta. Inclina-se então a lâmina
para diversos lados, a fim de facilitar o líquido a cobrir
igualmente toda a superfície, o que é preferível a servir-
se de um pincel, que deixaria deformidades na distribui
ção da massa.
Uma vez estendida a massa sobre a lâmina de vidro, se ela ficar muito clara e mole, basta pulverizar com
45
plumbagina seca, bem tamisada também, para obter
uma amálgama completa.
Coloca-se então o vidro sobre um móvel, horizontal
mente e não se deve servir dele senão passados alguns
dias, colocando-o numa moldura.
Este espelho tem a vantagem, sobre os estanhados,
de não fatigar a vista e tornar as imagens mais per
feitas.
Para operar com ele deve-se colocá-lo no lugar es
colhido, de maneira a não refletir a imagem da pessoa
que deseja ter a visão.
O operador deve ficar atrás da pessoa, fixando-a
magneticamente no cerebelo (a parte do encéfalo que
ocupa o lado inferior traseiro da cabeça), com a inten
ção de que o fluido assim projetado pelo seu olhar vá
juntar-se ao do sujet, para iluminá-lo.
A maior parte dos magnetizadores juntam a essa
ação uma prece mental ao anjo da guarda do vidente.
ESPELHO MÁGICO MAGNÉTICO
Chama-se assim o espelho magnético constituído de um globo redondo de cristal, da capacidade de um litro, mais ou menos, que se enche de água límpida clarificada e fortemente magnetizada.
Coloca-se o globo sobre um pequeno suporte de madeira, de maneira a que não entorne, e põe-se tudo sobre um móvel fixo, fazendo-se então o sujet olhar para o centro do globo, durante dez minutos.
Os magnetizadores que não crêem na influência dos espíritos, neste gênero de visões, limitam-se a agir mag-
46
neticamente sobre a pessoa que tenta a experiência, e
muitas vezes obtêm os mesmos resultados que os magne
tizadores espiritualistas, que durante a operação, implo
ram, pela prece mental, a assistência de espíritos supe
riores, nos quais tenham confiança.
Contudo, a prática leva-nos a afirmar que, desta úl
tima maneira, as visões costumam ser mais claras, mais
compreensíveis e menos cheias de erros.
Na falta dos globos a que aludimos, que, pela for
ma esférica, são preferíveis a todos os outros, pode-se
servir de garrafas ou copos, igualmente cheios de água
magnetizada.
As crianças geralmente vêem melhor, neste gênero
de espelhos, do que as pessoas adultas.
ESPELHO MAGICO HINDU
(A Bola de Cristal)
Um dos mais eficazes Espelhos Mágicos é o usado
ultimamente pelos estudantes de psiquismo das duas
partes do globo: a Europa e a América, especialmente
a Inglaterra e os Estados Unidos. Queremo-nos referir
à Bola de Cristal.
Os escritores ocultistas americanos, modernos, con-
sideram o uso da Bola de Cristal como uma forma nova
do que os antigos chamavam Espelhos Mágicos e a
acham o melhor método de desenvolvimento do poder
psicossomático. O uso da Bola de Cristal serve para
47
evocar o desejo concentrado, a vontade e o pensamento
da pessoa de modo a se tornar o ponto de partida de uma
espécie de tubo astral.
Para operar eis o que é preciso fazer: — Limpa-se
bem a BOLA DE CRISTAL, de maneira que na sua su
perfície não se notem grãos de poeira, e que a transpa
rência seja a melhor possível. Em seguida, aquece-se-a
entre as mãos do operador e envolve-se-a num pedaço
de veludo roxo ou preto. A obscuridade será quase com
pleta e o quarto em que se opera, orientado na direção
Norte. O clarão da lua é muito favorável a este gênero
de adivinhação.
O operador senta-se comodamente, também voltado
na direção do Norte e toma a BOLA numa das mãos ou
deposita-a sobre o veludo que a envolve, uma vez desdo
brado, sobre uma mesa ou outro móvel qualquer, coloca
do diante da cadeira em que se instalou o observador.
Este fixa o cristal bem no centro, a uma distância idênti
ca àquela em que se disporia um livro que se quises
se ler.
As experiências devem ser feitas duas horas, pelo
menos, depois da última refeição.
É preciso esperar, no mínimo, cinco ou seis minutos
antes que se perceba alguma coisa. Uma pessoa não edu
cada neste gênero de operações pode ter uma visão im
perfeita. Todavia, ao cabo de um pequeno número de ten
tativas, as visões aumentarão de nitidez e de precisão.
Como se vê a experiência é facílima, e, não raro, pro
duz resultados de um efeito surpreendente, maravilhoso.
48
Quando olharmos na BOLA DE CRISTAL devere
mos resguardá-la de reflexos, de modo que ofereça aos
olhos uma superfície uniforme sem partes brilhantes.
Para alcançarmos isso, devemos voltear a BOLA
com um pedaço de seda escura ou de veludo, ou segu-
rando-a na mão em posição côncava, ou mesmo na ex
tremidade dos dedos, contanto que as condições já referi
das sejam observadas.
A BOLA deverá ficar afastada dos nossos olhos na
distância habitual.
O olhar não deve unicamente repousar na superfí
cie da BOLA, mas procurar penetrar no interior da mes
ma o que não é difícil conseguir.
As causas que por este método, baseado na experi
ência, determinam o desenvolvimento das percepções in
teriores são várias e múltiplas.
Deve-se fixar a BOLA com intensidade, evitando-se,
porém, fatigar os olhos; manter-se em estado de comple
ta passividade, tendo a consciência livre de todas as im
pressões e, se possível, até da presença da própria BOLA.
As experiências não deverão jamais ir além de 15 a
20 minutos consecutivos. Terminada a experiência no
prazo determinado, embrulha-se a BOLA no pano es
curo e aguarda-se tranqüilamente outra oportunidade
para refazer a experiência. A BOLA deve ser conserva
da no seu pano e em uma caixa onde ela esteja só.
A BOLA deve ser usada diariamente à mesma hora
e, se for possível, no mesmo local, observando-se sempre
49
com cuidadoso interesse as instruções referidas, quer
quanto à posição, passividade, etc, etc.
O operador deverá estar sempre só, porque o isola
mento é muito favorável ao desenvolvimento da clarivi
dência.
O fazer penetrar o olhar no interior da BOLA não
é uma coisa difícil, e o próprio reflexo do rosto do expe
rimentador, com o tempo, cessará de perturbar a vista
quando este se aprofunda na BOLA.
Algumas pessoas obtêm resultados imediatos, ou-
tras só o conseguirão depois de 15 ou 20 minutos de es
forço; e, a certo número de pessoas, porém poucas, só o
podem conseguir após 8, 10 ou mais sessões.
Quando não se obtêm resultados pelos processos an
tes indicados, será bom experimentar o seguinte: Le-
vantar a BOLA até aproximá-la o mais possível de um
dos olhos, o esquerdo, por exemplo e, então, fechar o
olho direito e com o outro olhar fortemente a BOLA.
O experimentador, já exercitado, observará refleti
do na superfície da BOLA TUDO QUANTO DESEJAR
SABER; por exemplo, o que faz certa pessoa em deter
minado momento e isso ainda que esteja em local dis
tante; o passado e o presente; o próprio futuro será des
vendado naquilo em que for permitido.
Mediante um pequeno ensaio de duas a três vezes ao
dia, quase todos poderão desenvolver esse poder oculto;
e a nitidez das imagens obtidas, aliada com a segurida-
de do fenômeno, proporcionarão ao experimentador con-
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tinuas surpresas, servindo-lhe de poderoso estímulo pa
ra prosseguir.
De qualquer forma, desde que se deseje obter resul
tados importantes, jamais se deverá desanimar, ainda
que sejam infrutíferos os primeiros resultados.
Assim, pois, desde que se obtenham as condições fa
voráveis, deve-se fixar o olhar com toda calma na BOLA
DE CRISTAL e as imagens ir-se-ão apresentando clara
mente, aumentadas umas ou reduzidas outras, confor
me o grau de força da faculdade.
Em vários casos e para algumas pessoas, a BOLA
apresenta uma superfície negra e sobre este fundo escuro
movem-se figuras no começo informes, porém, que, pou
co depois, adquirem formas definidas; e notar-se-á que
vultos e rostos de diversas formas se apresentarão e de
saparecerão.
Observamos que as imagens refletidas na BOLA
correspondem sempre à vontade da pessoa e de acordo
com a sua inteligência; por isso é indispensável conse-
guir o mais elevado grau da faculdade, desenvolvendo
em si próprio a clarividência, de cuja existência muitas
vezes se tem apenas uma vaga percepção.
Esta faculdade positivamente poderá também ser
vir de poderoso fator à realização de nossas aspirações,
porquanto o espírito do experimentador exercita-se pe
la concentração, conseguindo aprofundar-se em suas me
ditações, podendo igualmente melhor gravar na memó
ria o que lhe dizem e o que vê e obtendo maior soma de
energia moral e material.
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Encontram-se à venda BOLAS DE CRISTAL, apro
priadas para o estudo agora ministrado, na Publieco Pro
moções Ltda. Caixa Postal, 11.000-ZC. 14 Rio-20.000
Enviam-se pelo Reembolso Postal.
ESPELHOS MÁGICOS NARCÓTICOS
O Espelho Mágico Narcótico é de invenção do mag
netizador A. Cahagnet e compõe-se de globos iguais aos
do Espelho Mágico Magnético, descrito páginas antes i—
cheios de água destilada de plantas narcóticas.
Vamos dar a palavra ao próprio autor para descre
ve-los :
"ESPELHO NARCÓTICO — Dei esse nome a seme
lhantes globos de cristal, mas cheios de água destilada
de plantas narcóticas. Tive a idéia de construir tais espe
lhos, como teria de outros, se as minhas posses e minha
saúde o permitissem. Concebi sua composição segundo
as noções que tenho da especialidade narcótica das plan
tas de que me sirvo, apoiando minha opinião a esse res
peito sobre as proposições seguintes:
1º — De que maneira os corpúsculos dessas plan
tas (sendo absorvidas interiormente) produzem, por sua
ascensão ao cérebro, os efeitos de visão que lhe são atri-
buídos?
2º — Qual é o volume de cada um desses corpús
culos?
3º — Existem neles mesmos essas criações ou pro
duzirão simplesmente o movimento dessas imagens em
nosso domínio?
52
4º — Agindo eles diretamente no nervo óptico, ou
sobre as ramificações internas desse nervo, produzirão
o mesmo resultado?
É difícil responder matematicamente a essas perguntas. O que poderei dizer é que a quantidade ou volume desses corpúsculos não nos deve deter a atenção, pois pessoas de certa organização, ao simples contato do seu aroma, entram no estado de visão que eles provocam, como podemos observar na eterização, no magnetismo, etc.
Sobretudo, foi o fluido magnético que prendeu minha atenção, sabendo que algumas pessoas podem cair cm estado magnético, um grande número de vezes, e em estado sonambúlico durante um certo tempo, pelo simples contato de um anel ou de outro qualquer objeto magnetizado e por ver que me é suficiente fixar, simplesmente, durante um segundo, um sujet sensível à minha ação, para o mergulhar nesse estado de visão.
Concluo, pois, que a absorção, por insignificante
que seja, desses corpúsculos, não importa como ela seja feita, é suficiente para os resultados desejados, e que, por conseqüência, um globo de cristal, no qual haja uma quantidade cem vezes maior que a necessária da substância em questão, não constitui absolutamente obstáculo à passagem dos corpúsculos e à sua comunicação com os raios visuais que se venham imergir em seu seio, pela fixidez do olhar.
Acreditei assim poder dirigir mais diretamente, à sede onde deve produzir-se sua manifestação, esses corpúsculos narcóticos, e fundei sobre esse sistema uma es-
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perança que não foi desmentida. Se o êxito não é geral, ao menos é bastante grande, e eu me apresso a dar aqui conhecimento da maneira por que preparo esse globo.
Tomo uma forte pitada de cada uma das seguintes substâncias: beladona, meimendro, mandrágora e flores de cânhamo, e, em seguida, uma cabeça de dormideira (papoula) moída e três gramas de ópio, pondo tudo a macerar, durante 48 horas, em um frasco de vidro de bico curvo, próprio para destilação, da capacidade de dois litros, mais ou menos, metade cheio de bom vinho maduro. Decorrido esse tempo, ponho tudo ao fogo, para destilar e obtenho assim um líquido muito claro, com o qual encho o meu globo, que, bem arrolhado, serve para fazer minhas experiências.
Tenho o cuidado de não deixar este líquido à mão de curiosos, que poderiam levar sua investigação até bebê-lo e sentir efeitos que, sem ser mortais, poderiam consideravelmente perturbá-los.
Para operar procedo como com os outros Espelhos Mágicos.
Tem-se o costume de fazer experiências à noite, (em que é preciso, naturalmente, servir-se de luz conveniente) porque é à noite que a tranqüilidade é mais perfeita, mas também podem ser feitas de dia e não se deve absolutamente preferir a noite pelo dia."
ESPELHO GALVÂNICO
L. A. Cahagnet narra no seu livro Magie Magneti-
que como foi levado à descoberta do Espelho Mágico
Galvânico.
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Um dia, olhando maquinalmente para uma moeda
de cobre de dois cêntimos, muito brilhante, sentiu uns
picotamentos sobre o bordo das pálpebras, que lhe pa
receram extraordinários. Pareceu-lhe que eles deveriam
ser produzidos pela espécie de liga dos metais que en
tram na composição dessa moeda, que dava em resul
tado desprender-se delas uma corrente galvânica.
É conhecida a idéia que têm quase todos os magnetizadores de que o fluido magnético possui grande analogia com o fluido elétrico, havendo mesmo certas opiniões de que eles só diferenciam na espécie de movimento de que são possuídos. Isso justifica o motivo por que Cahagnet julgou encontrar no metal constituinte da moeda um excelente acumulador de fluidos.
Lembrou-se ele então de ajustar um disco de zinco do mesmo tamanho sobre a moeda que tinha na mão. Fixou-lhe a vista, como antes, e sentiu que a ação era mais forte.
Refletindo sobre a facilidade de tirar partido da ação dos metais sobre o nervo óptico, pôs-se a polir o melhor que pôde os dois discos, imaginando que, quanto mais o polido fosse brilhante mais conseguiria deixar a desco
berto os póros dos metais, e, por conseqüência, obteria dessa forma verdadeiros tubos, emanantes de uma luz que, por invisível que fosse, em seu estado material e condensado, nem por isso deixaria de ser a mais pura e a mais bela das luzes materiais conhecidas até os nossos dias, uma vez restituida à sua liberdade corpuscular.
Cahagnet diz que não se enganou, pois o polido deu
às peças de metal toda a pujança de efeito que poderia
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esperar, isto é, uma força tripla ou quádrupla da que tinham em seu estado bruto.
Não tendo podido, com o auxílio de uma simples lima doce e papel-esmeril (lixa) obter senão um belo polido, mas não um belo brunido, encarregou o Sr. Lecocq, relojoeiro da marinha, de tornear um par de discos de cada metal (cobre e zinco), sendo o disco de cobre convexo e o de zinco côncavo, e apresentando ambos, quando perfeitamente ajustados, as duas superfícies exteriores planas.
O Sr. Lecocq fez-lhe uma verdadeira jóia, na qual Cahagnet reconheceu uma grande força, pois o esplendido brunido da peça de cobre, convexa, reenviava a seus olhos, com grande intensidade, os raios magnéticos que deles escapavam, iluminando-lhe a vista a tal ponto que ele podia distinguir formas e imagens muito belas e cheias de vida.
Cahagnet enviou alguns desses discos a um seu amigo residente em Strasburgo, o qual os submeteu ao exame de uma excelente sonâmbula lúcida. Apenas ela viu e tocou nos discos, disse que eram muito bons, mas que achava que eram muito fracos. A mesma sonâmbula lúcida, então, estando sob a inspiração de um espírito desencarnado, que durante a sua passagem na terra tinha tido afeição muito pronunciada pelo estudo da ele-tricidade, submeteu à sua apreciação os discos. O espírito disse-lhe que aconselhasse o seu amigo a seguir exatamente os detalhes que ele ia dar e que foram estes:
"Escolha um pedaço de cobre do mais vermelho e
corte um disco de 15 centímetros de diâmetro, devendo
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pesar 25 gramas. Corte um disco igual de zinco com o
mesmo peso . Dê esses discos a um torneiro para os acer
tar um sobre o outro e fazer no de cobre uma cavidade
de um centímetro de profundidade, e no de zinco um
relevo da mesma altura, de modo que o relevo do disco
de zinco encaixe na cavidade do disco de cobre, e fiquem
ambos os discos perfeitamente unidos e certos. É preci
so que o polido do interior dos discos não deixe nada a
desejar, principalmente do disco de cobre.
Deve-se então magnetizar esses discos durante nove
dias, duas vezes por dia e dez minutos de cada vez, ten
do-se o cuidado de, antes de começar cada magnetiza
ção, chamar em seu auxílio um espírito desencarnado, no
qual se tenha fé para esse gênero de operação, a fim de
que ele influencie com todo o seu poder o Espelho, paira
lhe comunicar a propriedade desejada.
Depois desses nove dias, pode-se servir do Espelho,
tendo a parte convexa (zinco) na palma da mão esquer
da e fixando MUITO ATENTAMENTE o centro da par
te côncava (cobre) que se deve ter sobre a palma da
mão direita, com um grande desejo de aí ver o objeto, o
lugar ou a pessoa que der motivo à consulta.
Ficai convencido, continua o espírito, que esses es
pelhos, feitos com cuidado e nas condições que acabo de
descrever, produzem efeitos superiores a todos os espe
lhos até agora conhecidos."
"O meu amigo enviou-me cópia da ata dessa ses
são, pedindo-me que lhe mandasse fazer um espelho, con
forme havia sido descrito pelo espírito, o que eu fiz, ime-
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diatamente, encomendando diversos a um operário fundidor e torneiro.
Logo que eles ficaram prontos, dei-me pressa em
mergulhar o olhar em sua face polida, mesmo sem a
magnetizar ou invocar espíritos, o que não me impediu
de distinguir diversas personagens, assim como um lugar
à distância que, embora não apresentasse detalhes per
feitamente exatos em todos os pontos, era exato nos fa
tos principais, o bastante para não poder ser recusado.
O primeiro espírito que vi nesse Espelho foi o de
Swendeborg, mas somente do busto para a cabeça.
Enviei então ao meu amigo o Espelho que lhe era
destinado, e pouco tempo depois ele afirmou ter visto ne
le muitas coisas. O meu amigo fez diversas experiências
do Espelho com pessoas do seu conhecimento, que di
ziam perceber diferentes objetos.
Mas, como em tudo, o hábito de ver facilmente o
que se deseja faz esquecer ou não ligar grande impor
tância a essa faculdade; e o meu amigo passou muito
tempo sem mais falar no seu Espelho Mágico.
Ultimamente, porém, recebi dele uma carta, em que
dizia que, levado por um complemento de indicação da
parte do Espírito que lhe havia ensinado a confeccionar
o Espelho, o havia magnetizado durante um mês, duas
vezes por dia, em vez de nove dias, antes recomendados,
e que havia invocado em seu auxílio dois Espíritos desen
carnados em vez de um só. Terminava a carta dizendo
que possuía agora um Espelho que correspondia perfei
tamente aos seus desejos.
Expedi também um Espelho semelhante para Niort,
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a um amador para o qual já havia feito confeccionar di
versos, de diferentes maneiras, com os quais só obtinha
um resultado secundário. Mas com este não aconteceu o
mesmo. A primeira pessoa a quem esse senhor pediu pa
ra experimentar com o Espelho, ficou de tal modo agi
tada que o repeliu para longe dela, depois de ter perce
bido uma imagem qualquer.
Em uma segunda experiência, os resultados foram
os mesmos, o que fez essa pessoa tomar aversão pelo Es
pelho, não querendo mais tocar nele. Essa pessoa não
tinha podido nunca perceber qualquer coisa em qualquer
dos Espelhos com que tinha experimentado antes. O
meu amigo de Niort, reconhecendo uma virtude no Es
pelho, superior a todos os outros, pensou em submetê-lo
a apreciação da Sra. M., excelente sonâmbula lúcida,
muito conhecida, residente nas proximidades dessa ci
dade.
O Sr. M., marido e magnetizador dessa sonâmbula, disse ao meu amigo:
"Minha mulher não verá nesse Espelho mais do que tem visto em todos os outros que lhe tenho apresentado, inclusive aquele de que fala o Sr. Cahagnet em seu livro Les Arcanes. Acho que é inútil experimentarmos."
Mas o meu amigo insistiu e a experiência foi feita, sendo os seus resultados bem diferentes dos resultados obtidos com outros Espelhos, "pois a Sra. M., — escreveu-me o meu amigo de Niort, na mesma noite — está num estado nervoso em que até agora não a vimos. A ação magnética do seu marido não tem poder sobre ela, e ela acha-se de cama, bastante doente".
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Perguntava-me então esse senhor se eu não havia influenciado esse Espelho, garantindo que, por sua parte, em tal não havia pensado.
Eu respondi que havia somente fixado a vista alguns minutos no Espelho, antes de o enviar, mas sem nenhum pensamento de magnetizá-lo ou influenciá-lo de nenhum modo, do que, aliás, seria incapaz, por me parecer semelhante proceder tanto criminoso como covarde.
Acrescentei ainda que o Sr. M. não se assustasse, pois o incidente não teria conseqüências.
Algum tempo depois, encontrei-me com o meu amigo de Niort, em Paris, onde ele tinha vindo, e de novo conversamos a respeito do Espelho em questão, dizendo-me que ele não tinha querido mais experimentar, desde então.
Pedi então a Adélia, uma sonâmbula por mim formada, estando ela em sono magnético, que examinasse essa superfície convulsiva e me dissesse se lhe encontrava alguma má influência. Adélia examinou-a em todos os sentidos e declarou achar o centro do Espelho muito ardente, mas não maléfico. Ela não podia fixar a vista na parte côncava por mais de meio minuto, asseguran-do-me ainda que esse Espelho era o mais forte de todos quantos tinha examinado até então. Opinou, como a lúcida de Strasburgo, que o Espelho devia ser posto sob a influência de bons espíritos.
Essa série de incidentes e fatos foram de bastante força para levar o Sr. Cahagnet a não abandonar o estudo iniciado no seu Espelho Mágico Galvânico, sobre-
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tudo quanto aos seus efeitos elétricos, magnéticos e me
dicinais.
Eis aqui, em suma, os aperfeiçoamentos que ele ain
da introduziu no seu maravilhoso aparelho:
Mandou polir e brunir a parte de zinco (convexa)
de maneira a ficar resplandescente e límpida como a par
te de cobre (côncava). Bastava então fixar o seu olhar
durante 10 minutos na parte côncava para sentir uma
forte pressão na raiz do nariz e na fronte, assim como
vivos picotamentos no bordo das pálpebras; a sua vista
se iluminava a tal ponto que, em qualquer lugar para
que olhasse via um nevoeiro de faíscas elétricas, de for
mas azuladas, faíscas que acabavam por fasciná-lo.
Teve então a idéia de olhar para a parte de zinco (convexa) e pareceu-lhe experimentar uma sensação de frescor, calmante e benfazeja, que lhe tornava a cabeça leve.
O Sr. Cahagnet formulou, pois, a sua teoria do seguinte modo:
No primeiro caso, os raios visuais-magnéticos que
se escapavam dos olhos, convergindo ao centro côncavo
do instrumento, eram reenviados aos olhos com uma
força superior, o que fazia com que ele se magnetizasse
a si mesmo sem o querer nem supor. O fluido magnéti
co, junto ao fluido galvânico-elétrico, que se escapava
dos dois discos, saturavam-lhe o cérebro com atividade
incrível. O que o cimentou na sua opinião foi a aproxi
mação que ele fez dessa proposição com as colhidas no
estudo da física, a propósito dos espelhos côncavos, que
são conhecidos como possuindo a propriedade de re-
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percutir, muito longe, os raios luminosos que recebem
de qualquer corpo inflamado.
Essa experiência é feita assim: colocam-se dois espelhos metálicos côncavos, de três a seis pés de diâmetro cada um, um defronte do outro, a uma distância conveniente. Aproxima-se um fogareiro cheio de carvão aceso, a algumas polegadas do centro de um dos espelhos. A luz corpuscular refletindo no centro metálico, não tarda a se projetar em linha horizontal, para o centro do segundo espelho, que a reenvia, por sua vez, a uma matéria qualquer inflamável, colocada igualmente a algumas polegadas do centro, que se incendeia.
Essa poderosa e invisível força, cuja descoberta cons
ta dever-se a Arquimedes 1, foi por ele utilizada na de
fesa da sua pátria contra a invasão estrangeira, segun
do narra a história.
Mas, voltemos às demonstrações do Sr. Cahagnet:
"Estudando a parte de zinco do Espelho, minha aten
ção fixou-se em uma idéia diferente, observando que os
mesmos raios visuais divergiam, ao contrário, para a pe
riferia do disco, o que, por conseqüência, descarregava-
me o cérebro. Não encontrei nada de novo nesse resul
tado. Observei, simplesmente, melhor apreciando, a ação
dos dois pólos que existem em todas as formas criadas.
Não fiquei, porém, ai, pois convenci-me ter encon
trado um caminho que devia conduzir-me a outras ob-
1 Arquimedes, o maior geômetra da antigüidade, nasceu em Siracusa no ano 287, antes de Jesus Cristo, e morreu em 212; visitou o Egito em sua mocidade e inventou diversos aparelhos hidráulicos e físicos. É dele a célebre frase: "Dêem-me um ponto de apoio e levantarei o mundo."
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servações. Com efeito, se eu reconhecia em um dos dois
lados do espelho uma faculdade emanante e em outro la
do uma faculdade absorvente, fácil era concluir ter en
contrado o motivo por que certas pessoas ordinariamente
não podem ver nada em nenhum outro espelho, e isto
por que em uns não encontram quantidade suficiente de
eletricidade para saturar sua vista, enquanto que em
outros a encontram em demasia.
O espelho galvânico, convém, pois, perfeitamente e se adapta a todas as pessoas, visto reunir as duas faculdades — emanante e absorvente — necessárias conforme o caso.
As pessoas por si mesmo muito carregadas de ele
tricidade podem aliviar-se um pouco fixando a parte
convexa do espelho (zinco), e as que possuem eletricida
de em pequena dose podem saturar-se dela, fixando a
parte côncava (cobre).
Sempre acreditei que a causa principal da dificul
dade na obtenção das visões estava na pequena ou de
masiadamente grande quantidade de eletricidade que ca
da um de nós possui no olhar: esse é o único motivo de
que todos não possam facilmente gozar de uma faculda
de que todos os seres deviam possuir.
Os sonâmbulos lúcidos dão-nos muito boas indica
ções a esse respeito, quando pedem ao seu magnetizador
que os descarreguem de fluido ou que lho aumentem.
O que acabo de dizer não é mais que uma hipótese,
uma proposição, como já deveis ter compreendido. Igno
ro até que ponto estou com a verdade; entretanto, al
guns fatos por mim estudados abonam essa hipótese.
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Eis os fatos: Se aplicardes esse espelho à pele nua ou ligeiramente coberta (sobre uma dor reumatismal, um ingurgitamento sangüíneo, uma condensação de fluidos, ou uma inflamação qualquer), durante alguns minutos, facilmente ficareis sabendo qual dos dois lados é o preferível e conveniente à moléstia, pois um redobrará, em certos casos, o mal, e o outro acalmará quase instantaneamente.
Nunca vi nada, nessas circunstâncias, de uma ação ativa como a desses discos, que, de resto, não oferecem nada de novo à ciência, que emprega há muito tempo o galvanismo no tratamento de certas moléstias. Mas devo observar que o gênero, a forma, e sobretudo o poli
do desse par de discos merecem ser estudados, a fim de se reconhecer, como eu afirmo e creio, que a emissão do fluido galvânico é mais considerável e mais pura saindo com uma só força por milhares de poros, postos assim a nu por esse belo polido, o qual, aplicado contra a pele, nela produz uma espécie de sucção, muito mais forte e sensível do que as placas brutas, que se empregam ordinariamente em semelhantes circunstâncias..
Não deveis perder de vista esta proposição e deveis refletir que as correntes galvânicas como as elétricas, encontram um obstáculo que tende a anulá-las nas matérias graxeas, e que a nossa pele é um conjunto inesgotável de glândulas de matérias gordas, impregnando facilmente as placas que nela repousem.
As placas têm, pois, necessidade de serem constantemente limpas, se não se quer que as correntes galvânicas fiquem isoladas pelas matérias a que nos referi-
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mos. Eu o faço, assim, cuidadosamente, cada vez que me
sirvo delas, seja para aplicação sobre um doente, seja
para experiências de visão espiritual.
Coloquei cada disco do espelho galvânico de que nos
ocupamos em um quadrado de madeira, que sobrepus
um ao outro, mas de modo que nem a parte de cobre,
nem a de zinco, pudessem tocar contra coisa alguma que
as arranhasse. Fiz de cada lado dos quadrados de madei
ra, à direita e à esquerda, um buraco, pelo qual introduzi
dois pequenos fios de cobre vermelho, fazendo com que
a ponta de um tocasse na parte de cobre e a ponta do ou
tro tocasse na parte de zinco, de maneira a estabelecer
duas correntes. Em seguida enrolei cada um dos fios que
ficavam da parte de fora em forma de anel.
Esses anéis servem para por eles segurar e suspen
der todo o aparelho. À pessoa que quer fazer uma expe
riência de visão espiritual recomendo que o segure en
tre a primeira falange do polegar e a primeira do indica
dor de cada mão.
Faço colocar-se essa pessoa com as costas voltadas
para a luz do dia, de maneira a receber os raios de luz no
centro do espelho, para onde peço fixar a vista atenta
mente e sem nenhuma distração, durante dez minutos,
mais ou menos, bem compenetrada do assunto da expe
riência, pois todo o êxito reside nisso.
Não tenho podido, até hoje, ocupar-me tanto quan
to desejava com as experiências de visão espiritual, mas,
em compensação, tenho adquirido provas irrecusáveis
dos bons efeitos que se podem esperar do emprego des-
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ses discos, na cura ou no alívio das moléstias de que já falei.
Há poucos dias, uma moça de minhas relações dese
jou tentar uma experiência de visão espiritual. Eu a fiz
colocar-se de pé, a uma distância de alguns pés do es
pelho, que estava pendurado à altura dos seus olhos.
No momento, prestava pouca atenção à moça, mas, pas
sados alguns minutos, percebi que ela continuava de pé,
olhos fechados, sem nenhum movimento.
Dirigi-lhe a palavra, depois de havê-la desembara
çado dos fluidos e a fiz sentar-se. Ela disse-me que tinha
entrado nesse estado dois minutos depois de começar a
fixar o espelho.
Estava em sonambulismo e prometia tornar-se uma
boa lúcida se eu tivesse tempo para desenvolvê-la.
Não quero aqui falar do meu testemunho em favor
do espelho galvánico, pois também vejo bem nos outros;
entretanto, posso assegurar que nunca vi melhor em
qualquer outro.
Devo ainda fazer uma recomendação: em caso de
te servires dele para aliviar dores, e que encontres algu
ma pessoa que não possa suportar a sua aplicação, por
motivo de sobrecarga de eletricidade que essa mesma
pessoa possua, te aconselho a não aplicar sobre ela senão
a parte de zinco, colocando então dois pequenos fios con
dutores, de cobre, um em cada anel, fazendo-os descer
até ao chão, descarregando desse modo a eletricidade em
demasia.
Farás o oposto, caso se trate de uma pessoa que pos
sua pouca eletricidade, isolando-a do solo por meio de
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duas tábuas de madeira, sobre as quais deveis colocar a
sua cadeira. Debaixo das tábuas, deveis colocar, em ca
da canto, um pedaço de vidro, de cera ou de resina, bons
isolantes.
Para fazer-se uso do Espelho Mágico nas experi
ências de visão espiritual, certos autores recomendam
a evocação aos espíritos. Ignoro se ela é necessária em
todos os casos; ensino aqui o que um espírito me reco
mendou. Entretanto, cada um pode fazer o apelo ao espí
rito ou ao santo de sua crença ou simpatia.
Nas experiências que tenho feito isso nunca me foi
indispensável; entretanto, se é verdade que em física, em
química ou em medicina obtém-se sempre resultados
idênticos, sem ser necessária a evocação — no gênero de
experiência de que tratamos não se poderá garantir ou
tro tanto. Se, estudando os efeitos, apelarmos para as
causas, é racional que o resultado seja mais satisfatório.
Antes de começar qualquer experimentação, tenho
por costume dirigir a Deus uma prece mental, que con
sidero mais eficaz, na sua simplicidade, que todas as
complicadas conjurações dos melhores grimórios. Eis
a minha prece mental: "Dignai-vos, ó meu Deus, espa
lhar sobre mim (ou sobre Fulano) um raio da vossa di
vina luz, a fim de nos orientar no estudo que desejamos
fazer sobre os vossos santos mistérios, se para isso nos
julgais dignos."
Quando me dirijo a um espírito de um amigo meu,
morto, ou amigo de algum consultante, para que ele
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me inspire na direção das operações que quero fazer, ou para qualquer outra pergunta, não o faço senão quando sei que a sua conduta durante a sua vida na terra foi pura e que as suas afeições correspondiam aos estudos que desejo fazer. Peço-lhe lacônica e fraternalmente para me ajudar com as inspirações que julgar úteis e que Deus permita.
A muitos parecerá esse modo de proceder pouco de acordo com a Cabala e os rituais da Magia, mas eu julgo que é da única maneira que deve proceder um coração humilde, que, simples operário do Eterno, deve estar sempre pronto a obedecer à sua vontade e nunca a ultrapassá-la.
Creio que a prece assim feita é tão poderosa (senão mais) que todas essas invocações e evocações, em um estilo bizarro e ridículo, recomendadas em alguns livros de Magia."
ESPELHOS CABALÍSTICOS
Os Espelhos Cabalísticos são compostos de metais. Os cabalistas têm sido e são ainda hoje os mais árduos estudantes da ciência hermética. Os cabalistas e os ocultistas constituem duas escolas que não são mais que uma nos fins das suas investigações, embora diferentes nos meios.
Os filósofos herméticos nunca admitiram nos seus trabalhos senão sete metais, que são: o ouro, a prata, o
ferro, o mercúrio, o estanho, o cobre e o chumbo, aos quais eles dão, alegoricamente, os nomes de SOL (ao ouro) , de LUA (à prata), de MARTE (ao ferro), de MER-
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CÜRIO (ao mercúrio), de JÚPITER (ao estanho), de
VÉNUS (ao cobre), e de SATURNO (ao chumbo).
Esses nomes são dados igualmente, pela mesma ra
zão alegórica, aos sete globos que compõem nosso siste
ma planetário, assim como aos sete dias da semana. A
segunda-feira acha-se colocada sob a influência da LUA;
a terça-feira, sob a de MARTE; a quarta-feira, sob a de
MERCÚRIO; a quinta-feira, sob a de JÚPITER; a sexta-
feira, sob a de VÉNUS; o sábado, sob a de SATURNO; e o
domingo, sob a do SOL.
Esses nomes não representam, aos olhos dos filósofos herméticos, globos, metais e dias da semana, em estado de inércia na criação; ao contrário, ligando uns aos outros por uma influência recíproca, eles os admitem como inteligências de primeira ordem, às quais se dirigem e dedicam a combinação de seus trabalhos, tanto materiais como espirituais.
As poderosas virtudes que os cabalistas e herméticos atribuem a essas inteligências planetárias se encontram, segundo eles, encerrada nos sete metais que acima descrevemos, virtudes que não podem ser extraídas senão em certas condições e por certos trabalhos, envoltos nos véus do mistério, para o comum dos homens.
Assim é que eles atribuem especialmente ao ouro a
virtude de tornar o homem imortal e de enriquecer o seu
espírito de todos os conhecimentos desejáveis; mas, para
isso, é necessário que o metal seja absorvido em estado
de gérmen, em estado espiritual, espécie de composição
medicinal, à qual deram o nome de Elixir de longa vida,
etc.
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Não entramos aqui em breves detalhes senão para
dar uma fraca idéia da base teórica desses filósofos, que
o mundo tem em todos os tempos respeitado por seu sa
ber, os quais admitem que o reino metálico não é um
reino indigno da nossa observação, mas que, estudado
sem prevenção, pode nos proporcionar a descoberta de
forças e faculdades desconhecidas ou negadas pela ge
neralidade dos homens.
Eis aqui algumas noções que julgamos úteis acres
centar às que acabamos de dar, para facilitar a compre
ensão do que nos resta dizer a este respeito.
Vamos tomar emprestadas essas noções a uma pe
quena obra: Le Messager de la Vérité. É uma obra das
mais fáceis a consultar, entre as da rica biblioteca her
mética, pois que evita, tanto quanto possível, as alego
rias que pululam neste gênero de literatura.
Eis aqui as suas aplicações sobre as influências pla
netárias e metalúrgicas e dos dias da semana sobre o or
ganismo humano:
"O SOL (ouro), Domingo — Domina sobre o co
ração;
A LUA (prata), Segunda-feira — Domingo sobre o
cérebro;
MARTE (ferro), Terça-feira — Domina sobre o estômago;
MERCÚRIO (mercúrio), Quarta-feira — Domina so
bre os pulmões;
JÚPITER (estanho), Quinta-feira — Domina sobre
o fígado;
70
VENUS (cobre), Sexta-feira) — Domina sobre os rins;
SATURNO (chumbo), Sábado — Domina sobre o baço."
Tratando-se dos planetas, os cabalistas admitem
sua influência direta sobre os órgãos citados; mas, tra
tando-se dos metais, dizem ser necessário passar cada
um por uma certa preparação, em que se extraem as suas
virtudes medicinais.
Continuamos a dar, segundo a mesma obra citada, a
sua dominação sobre os nossos diversos humores:
"O SOL (ouro) preside ao calor vital e ao coração,
que é o princípio da vida e do movimento do animal.
A LUA (prata) governa as forças naturais e todas
as partes do corpo que dependem dessas faculdades.
SATURNO (chumbo) tem império sobre a melan
colia e as partes que se entretém desse humor.
JÚPITER (estanho) tem por apanágio a massa do
sangue e os vasos que o contêm, e aperfeiçoa os elemen
tos, convertendo-os em sangue.
MARTE (ferro) domina sobre a bilis.
VÉNUS (cobre) prepara o sêmen e exerce seu poder
sobre os órgãos necessários à geração.
MERCÚRIO (mercúrio) faz trabalhar os espíritos
animais; como sua missão é constantemente girar em
torno do sol, vivifica o cérebro e estimula as funções."
71
Quanto ao poder dos astros sobre as ações humanas, os cabalistas herméticos assim o discriminam:
"SATURNO — Repartir os tesouros e revelar os segredos.
JÚPITER — Distribuir as dignidades, as honras, o respeito e os deleites.
MARTE — Dar a vitória.
O SOL — Dar a amizade dos Reis, dos Príncipes e
dos poderosos.
VÉNUS — Conceder o amor das mulheres a paz e a concórdia.
MERCÚRIO — Dar as ciências, a felicidade c o -
mercial e no jogo.
A LUA — Facilitar as viagens e remover as des
graças."
Para se conseguir êxito no apelo às influências be
néficas desses planetas, sobre os seus correspondentes
metálicos, que são os globos cabalísticos de que já fa
lamos, é necessário fazê-ilo com ordem, na época em
que esses planetas reinam em seu trono.
É necessário, pois, magnetizar e servir-se de cada
globo (que, segundo a descrição já feita, deve ser fabri
cado do metal correspondente ao planeta), somente nas
épocas seguintes:
"Do globo OURO, no signo de Leão. Do globo PRATA, no signo de Câncer. Do globo COBRE, nos signos do Touro e da Ba
lança.
72
INFLUÊNCIA PLANETÁRIA SOBRE O C O R P O H U M A N O
O Aquário começa em 21 de janeiro e termina em 19 de fevereiro
Os Peixes ti 19 de fevereiro ii u ii 2 0 ! de março
O Carneiro M it 20 de março i* « i Í Í 20 de abril
O Touro a 20 de abril U í í í í 21 de maio
Os Gêmeos » ÍÍ 21 de maio í í í í í í 21 de junho
O Câncer a 21 de junho í í í í í í 23 de julho
O Leão a 23 de julho í í í í í í 23 de agosto
A Virgem tt 23 de agosto í í f f f f 23 de setembro
A Balança a 23 de setembro 14 í í í í 23 de outubro
O Escorpião a 23 de outubro f f í í f f 22 de novembro
O Sagitário » a 22 de novembro f f t f f f 22 de dezembro
O Capricórnio ti 22 de dezembro f f f f í í 21 de janeiro
Do globo MERCÚRIO, nos signos dos Gêmeos e da Virgem.
Do globo ESTANHO, nos signos do Sagitário e dos
Peixes.
Do globo CHUMBO, nos signos de Capricornio e de
Aquário.
Do globo FERRO, nos signos de Carneiro e do Es
corpião."
Esses signos correspondentes começam e terminam
nas datas seguintes, com pequena variação:
O globo PRATA deve ser utilizado, obedecendo às
tabelas expostas, na segunda-feira, para conhecer os mis
térios da criação, estudar a metafísica e meditar sobre
a harmonia da natureza.
A resposta às perguntas feitas aparecerá a super
fície do globo, sob a forma de imagens alegóricas ou de
caracteres de escrita, traduzindo textualmente a res
posta planetária à pergunta proposta.
O globo FERRO, possuindo a força e presidindo, sob o nome de Marte, os combates, as querelas, as inimizades e convulsões de toda a espécie, deve ser invocado na terça-feira, que é seu dia simpático.
O globo MERCÚRIO, pelo mesmo poder alegoricamente simpático, deve servir na quarta-feira, para todas as questões comerciais e de interesse qualquer.
O globo JÚPITER representado pelo estanho, servirá, na quinta-feira, para obter noções sobre o devotamente e a sinceridade das pessoas que nos servem ou nos são agregadas, assim como esclarecimentos sobre a possibilidade ou não de obter um emprego ou um favor.
74
O globo COBRE, representando Venus, servirá, na sexta-feira, em todas as questões de ligações amorosas, de reuniões ou separações.
O globo SATURNO, que é o de chumbo, deverá ser consultado no sábado, para todas as perguntas com relação a objetos perdidos ou escondidos, e a segredos de toda a natureza.
O globo OURO, representante do sol, servirá para
conhecer os poderes celestes e terrestres, isto é, entrar
em relação com os espíritos superiores libertos da maté
ria, assim como com os grandes espíritos do nosso globo,
que governam os homens, e obter o apoio de uns e de
outros.
Finalmente, se o leitor teve coragem e benevolência
para chegar até estas linhas, na leitura deste capítulo,
chegamos ao momento de fazer-lhe conhecer como e
quando devem ser preparados os Espelhos Cabalísticos.
Para a questão oportuna do tempo, seguiremos as
indicações, mais ou menos exatas, que já determinamos
linhas anteriores, na tabela que indica a conjunção dos
diversos planetas com o nosso.
O diâmetro de cada globo não deve ser superior a
sete centímetros. Cada um deve ser colocado sobre uma
base de madeira, à qual devem ser incrustados, e em
seguida religados um ao outro por uma pequena cor
rente, composta de um anel de cobre e outro de zinco,
intervalados, enlaçados um no outro em todo o com
primento necessário à corrente, a qual deve partir do
globo Ouro, colocado ao centro dos demais e dominan-
75
do-os em altura, (deveis colocar esse globo sobre um pe
daço de madeira, à altura de 21 centímetros).
O globo SOL (ouro), dedicado ao Domingo, deve
rá ser de ferro dourado fortemente. É preferível que seja
dourado, em vez de ser de ouro puro, por dois motivos:
o primeiro é o seu menor custo, o segundo é que o ouro
do dourado, junto ao ferro, com o qual tem muita afi
nidade, desenvolverá uma corrente galvânica, de gran
de conta, para o desenvolvimento da visão.
O globo LUA será de prata muito delgada. O de
MARTE, de ferro. O de MERCÚRIO deve ser de vidro
cheio desse metal, 1 que é muito difícil de fixar sobre
as partes esféricas.
O de JÚPITER será fabricado de estanho, o de
VÉNUS, em cobre vermelho e o de SATURNO, em chum
bo apurado.
Todos esses globos deverão ser torneados com pre
cisão, e brunidos com cuidado, no lado interior, assim
como no exterior.
Cada um deve em seguida ser enchido com o suco
de diversas plantas narcóticas, correspondendo, por suas
propriedades, às dos metais, assim distribuídas:
No globo PRATA, a dormideira (papoula); no glo
bo FERRO, o meimendro; no globo ESTANHO, a flor
de cânhamo; no globo COBRE, algumas gramas de ópio,
e no globo CHUMBO, a beladona.
O globo OURO não tem necessidade de nenhum es
timulante, por personificar a luz por si mesmo.
76
1 Vide o capítulo sob o título: "Maneira de fixar o mercúrio."
A dormideira convém à meditação; o meimendro às
querelas; a flor do cânhamo às ciências, o ópio ao ato
venéreo, e a beladona à inteligência.
Uma vez assim preparados os globos, deveis satu
rá-los nos dias de sua dominação, com uma boa dose
do fluido magnético com a intenção do objeto de estudo
de cada um.
ESPELHO MAGICO DE SANTA HELENA
Fazei uma cruz em um pedaço de cristal, com azei
te de oliveira (azeite doce), e sobre a cruz escrevei:
"Santa Helena".
Em seguida dai-o a segurar a uma criança virgem,
nascida de matrimônio legítimo, pondo-vos de joelhos
por trás dela e dizendo três vezes a oração seguinte:
"Deprecor, Domina Helena, mater regis Constanti-
ni, etc."
Logo que a criança veja alguma coisa sobre o cristal,
pode-se fazer as perguntas desejadas.
ESPELHO DOS BHATAHS
Cinco oficiais ingleses, entre os quais o narrador 1,
assistiram um dia à dança de iluminação dos Muntra-
Vallahs, ou Brahmas magistais. Este rito se celebrava
em Muntra (no Império da Agra, à margem oeste de
Djumna).
77
l O Coronel Stephen Fraser.
Esta cidade é famosa pelo consumo que nela se faz
de instrumentos mágicos e por ser a fonte de origem
das verdadeiras Pedras de Cevar,1 afamados talismãs. É
um dos dois únicos lugares do mundo em que se conhe
ce o segredo da preparação da Paraftalina, pasta gomo-
sa empregada para a visão ao espelho. Esses Brahmas
chamam ao estado de iluminação: "Sono de Siolam".
Vamos, entretanto, resumir a longa descrição do
Coronel Fraser: "No dia convencionado, os nossos cinco
oficiais chegaram, através das gargantas do Choeki-
Hills, à vileta em que devia se efetuar a misteriosa dan
ça "Sebeiyeh". O cheique, ancião mais que centenário,
a julgar pelo seu ar venerável e pelas barbas brancas
dos seus filhos mais moços, recebeu-os com cortesia e
fez imediatamente começar os preparativos para a ceri
mônia.
Em primeiro lugar, dois casais de jovens noivos des
creveram um círculo no chão. Esses dois casais traziam
consigo vasilhas de barro, contendo um líquido preto,
viscoso, semelhante ao alcatrão.
O cheique tomou deles essa substância, colhida nas
fendas vulcânicas dos Mahadeo-Hills (Gondivana, De-
can) por rapazes e raparigas que não tinham ainda atin
gido a idade da puberdade. Não se encontra essa subs
tância senão durante o mês de junho. Após ser colhida,
essa substância é submetida à preparação oculta, du
rante quarenta e nove dias, por outros rapazes e rapa
rigas em vésperas de seu casamento.
78
1 Estas pedras são vendidas pela PUBLIECO PROMOÇÕES LTDA. Caixa Postal 11.000 - ZC-14 - Rio.
O círculo havia sido descrito em redor de um pe
queno altar, formado de pedras, sobre o qual queimava
sem cessar o fogo sagrado dos Garunahs.
Uma trempe sustentava acima do fogo um grande
recipiente de barro, onde os quatro jovens operadores
entornaram uma quarta parte do conteúdo de cada uma
das suas vasilhas.
Algumas centenas de assistentes estavam colocadas
em redor do círculo e uma parte deles fazia frenetica
mente ressoar tambores e grosseiros címbalos, prelu
diando de uma maneira estranha os próximos entusias
mos sagrados.
Enquanto isto, o cheique indicava aos oficiais os
símbolos do fogo, alma universal da natureza, sempre
em ação; acima dele, entretanto, estão os três poderes
divinos de Para Brahm: triângulo ideal da criação, da
preservação e da transformação.
Uma vara revestida de peles de serpentes e coroada
por um coco estava espetada em terra, junto ao altar.
Era a imagem do poder criador da divindade, a força
máscula, rígida, penetrante, enquanto que o vaso sub
metido à ação do fogo representava o poder passivo,
fundamental, encerrando a força feminina.
Entretanto, ao ritmo das vozes suplicantes, aos sons
agudos de flautas de cobre e ao ruído de tambores e
outros instrumentos selvagens, teve começo uma dança
estranha, incandescida pelos gritos perfurantes das mu
lheres e raparigas, pouco a pouco exaltadas até o furor
religioso, enquanto que os ecos das montanhas vizinhas
79
respondiam a esse imenso concerto, como vozes dos De
vas propícios aos desejos dos mortais.
Avançando em um movimento voluptuoso e doce,
no qual todo o corpo parecia tomar parte, as moças,
leves e graciosas, ornamentadas com todo os esplendo
res do luxo oriental, exprimiam com um encanto indi
zível, pelas flexões de seus bustos graciosos, por suas
ligeiras genuflexões, pelos gestos envolventes de seus
braços, a mais ideal poesia de amor; elas volteavam em
torno do emblema fálico, remexendo, à medida que dan
çavam, com uma espátula de prata, o conteúdo do vaso
que carregavam — enquanto os dois casais de jovens
que haviam inaugurado a cerimônia, executavam ritmos
simétricos.
O velho brâmane tomou então a palavra; mas sua
voz sem timbre, longe de interromper o estado de con
templação em que este espetáculo e essas músicas ha
viam mergulhado os estrangeiros, penetrava com um
poder magnético até ao âmago de seus espíritos, para os
modelar, como a uma cera mole, às primeiras direções
da prática oculta.
E ele então lhes revelou, em uma linguagem esmal
tada das flores preciosas da poesia oriental, a verdadeira
natureza da paixão; lhes mostrou como a raiz secreta da
alma humana, como o sustentáculo de toda sua existên
cia, como a força invisível que faz agir toda criatura —
pura essência ao começo, depois dividida em uma inu
merável hierarquia de Forças — é o elixir para quem a
conquista é sagrada e revela-se como o braço todo-po-
deroso daquele que a domina.
80
"A substância contida nesses vasos — ajuntava o
cheique — está carregada de paixão. E pelo mágico po
der da paixão, quando os cristais forem cobertos por
esse líquido, será que 03 videntes poderão neles contem
plar, não somente não importa qual cena da vida ter
restre, mas também ainda os quadros encantadores da
morada dos deuses. Tal a verdadeira Porta — concluiu
o brâmane, num verdadeiro murmúrio."
Os músicos haviam durante esse tempo acelerado
o seu ritmo e as dançarinas, seus movimentos; dos dois
primeiros casais de noivos destacava-se sempre a mais
idosa das raparigas — e enquanto que seus comparsas
começavam a remexer a massa negra suspensa sobre o
fogo, proferindo magnéticas encantações — ela tirava,
continuando a dançar, sua túnica de ouro, para oferecer
aos olhos extasiados a real esmola da sua beleza nua.
Os contornos perfeitos do seu fresco busto banha
vam-se no ar luminoso do crepúsculo, com transparên
cias de opala; o emaranhado de seus cabelos negros de
satados avivava a delicadeza de seus seios e as nobres
curvas de seus flancos. Como a flor maravilhosa de algu
ma planta de sonho, o oval agudo de sua cabeça coroa
va o esplendor do busto da jovem dançarina, enquanto
o movimento deleitoso de suas lânguidas pálpebras dis
persava sobre todas as coisas o prestígio mágico de seus
olhos.
Sua arte ignorava os movimentos precipitados da
nossa coreografia. Símbolos vivificados à força da ciên-
81
cia das altas concepções do santuário, cada um de seus passos revelava um Arcano e cada um de seus gestos evocava um poder. Ondulosas flexões do dorso e balanceamento dos quadris acompanhavam o enlaçamento de seus formosos braços enquanto o seu divino olhar de virgem parecia elevá-la toda a ideal Bem-Amado. Eram as próprias palpitações da alma que se acreditava ver traduzirem-se nas manifestações do corpo, de uma maneira inenarrável e tão casta. As vagas ondulações de seus movimentos voluptuosos prestavam-se à expressão de mil nuanças do desejo e do pudor, que adivinhavam, extasiados, os seus espectadores mudos — pois a beleza reside unicamente no mistério inexprimível.
O Coronel Fraser foi, de repente, furtado à sua con
templação admirativa, pela hierática dançarina, que o
convidava a lançar um golpe de olhar sobre o conteúdo
do grande vaso mágico.
Em lugar de uma massa negra e fervente, ele, aí
percebeu, maravilhado, as mais delicadas cores, que se
transformavam a todo instante, trocando-se por formas
sem cessar variadas de flores cintilantes.
O cheique verteu então uma camada desse líquido
sobre a água, onde o nosso herói informante viu amigos
e parente* seus, religados pelo afeto, assim como diver
sas outras cenas extraordinárias."
Os leitores perdoarão a extensão desse extrato que acabamos de transcrever e traduzir de uma excelente
82
obra de Sedir. Acabamos de assim colocar o leitor mís
tico sobre a senda de um dos mais poderosos segredos
do Templo Oriental.
ESPELHO MANDEB
O espelho mágico empregado pelos árabes consiste
em um pequeno círculo de tinta, que o mágico entorna
na mão esquerda de uma criança. Podem-se encontrar
narrações detalhadas de visões nas obras do Conde de
Laborde e de W. Lane.
Eis aqui uma descrição sucinta da operação, segun
do o Conde Leon de Laborde:
"Antes de qualquer outra operação, as fórmulas são
escritas sobre os dois lados de um papel; a primeira é
uma sentença do Alcorão (capítulo 59, versículo 21); a
outra consiste na invocação seguinte:
"Tarschoun! Tarzuschoun! Desce! Desce! Que este
jas presente! Onde foram o Príncipe e seu exército?
Onde foi El-Amar? O Príncipe e seu exército? Aparecei,
servidores deste nome!"
Esta encantação é repetida sobre seis pedaços de pa
pel, enquanto que a sentença do Alcorão é atada à ca
beleira do vidente.
Antes disto, todos os escritos são expostos ao fumo
de um incenso composto de partes iguais de Taket Ma-
bachi e de Kinsonbra Diaon (incenso e grãos de corian-
der) aos quais se junta âmbar indiano.
83
Estando desenhada a figura do espelho na mão da
criança, o mágico joga no fogo a primeira fórmula de
conjuração, salmodiando estas palavras:
Auzilu aiouha el Dschemonia et Dshennoum.
Anzilu betakki matalahontontron aleikum.
Taricki, etc. (duas vezes). Anzilu, etc. (três vezes). Taricki, etc. (duas vezes).
O operador continua segurando a mão do vidente,
até que apareça no espelho a figura do varredor 1
Quando ele se vai o mágico faz aparecer no espelho as sete bandeiras planetárias, na seguinte ordem: Marte, Saturno, Lua, Vénus, Júpiter, Mercúrio e Sol, após haver queimado a segunda fórmula; depois, quando as bandeiras planetárias desaparecem, a terceira porção das fórmulas escritas sobre o papel é igualmente queimada; o vidente vê, então, aparecerem no espelho tropas, que levantam tendas, matam um boi, o cozinham e o comem.
Só então é que o vidente está em condições de responder às perguntas dos assistentes.
1 O "Varredor" é a imagem de um homem varrendo uma praça pública, que João Dée e Kelly igualmente dizem aparecer no começo de suas evocações no Espelho Mágico.
Karl Kiesewetter, em sua obra "Akademische Monatshefte" (72-82, Munich) julga poder interpretar nessa imagem "o símbolo da destruição dos obstáculos materiais à clarividência'. Pode-se considerar essa interpretação como particular a um circulo de iniciação. Nas experiências desse gênero, efetuadas no nosso meio e em Paris, desde há alguns anos, não temos ouvido falar em semelhante símbolo.
84
ESPELHO TEÚRGICO
Este espelho compõe-se de um globo de cristal cheio
de água muito límpida, que se coloca sobre uma mesa
coberta por uma toalha branca; em redor do globo, põem-
se três velas de cera, acesas, em forma de triângulo.
Em seguida faz-se ajoelhar uma criança de 8 a 12
anos, recomendando-lhe olhar para o centro do globo.
Coloca-se, então, a mão direita sobre a cabeça da crian
ça, dizendo:
"Que Deus permita ao anjo encarregado desta crian
ça de lhe mostrar o que quereis que ela possa descobrir."
Ao fim de alguns minutos, se o resultado é bom, o
anjo aparecerá e poder-se-á lhe dirigir as perguntas, às
quais ele responderá simbolicamente ou por escrito.
Este espelho é muito elevado e puro.
85
Maneira de Fixar o Mercúrio
Cumprimos aqui a promessa feita páginas atrás,
quando descrevemos a maneira de fazer os globos metá
licos componentes do Espelho Cabalístico. Como o mer
cúrio não se encontra no mercado em estado sólido, é ne
cessário submetê-lo a um processo oculto para dar-lhe
essa qualidade e com ele poder-se trabalhar, como com
qualquer outro metal.
Extraímos esta receita de uma antiquíssima edição
do Pequeno Alberto, editada em Paris, em época desco
nhecida.
Não temos uma experiência pessoal sobre o valor da
receita e exatidão dos processos nela ensinados. Entre
tanto, o fato de ela ter sido constantemente transcrita e
citada por autores sobre ocultismo e magia, faz-nos de
positar-lhe confiança, pois é de crer que se nenhum va
lor tivesse a autoridade do Pequeno Alberto, não teria
merecido as honras de tão constantes e unânimes refe
rências.
Portanto, embora a nossa experiência pessoal nada
possa afirmar sobre o valor da receita que vamos em se
guida dar, cremos que basta unicamente o fato de ela ter
87
sido adotada por grandes especialistas franceses, para
aboná-la com todas as vantagens ante os olhos dos nos
sos leitores.
Eis a receita:
É necessário escolher um dia de quarta-feira, da
primavera, em que a constelação de Mercúrio esteja em
bom aspecto com o Sol e com Vênus.
Após terdes sabido quais os espíritos e gênios dire
tores da influência de Mercúrio, deveis conjurá-los da
seguinte maneira:
CONJURAÇÃO DE QUARTA-FEIRA
"Conjuro et confirmo vos, angeli fortes, sancti et
potentes, in nomine fortis, metuendissimi et benedicti
Adonay, Elohim, Saday, Saday Saday, Eye, Eye, Eye,
Asanie, Asarie, et in, nomine Adonay, Dei Irael, qui
creavit luminária magna, ad distinguendum diem á
nocte; et per nomem omnium angelorum, deservien-
tium in exercitu secundo coram terra angelo majori,
atqui forti et potenti; e per nomem stallae, quoe est Mer-
curius et per nomem sigilli, quo sigillatur à Deo, fortíssi
mo e honorato, per omnia proedicta, super, te, Raphael,
angele magne, conjuro, qui es proepositus diei quartae;
et per nomem sanctum, quod est scriptum in fronte
Aaron, sacerdotis altíssimo Creatoris; e per nomina an
gelorum, qui in gratiam Salvatoris confirmati sunt, et
per nomem sedis animalium habentium senas alas, quod
por me labores, &tc."
88
A MESMA CONJURAÇÃO EM PORTUGUÊS
"Eu vos conjuro, Anjos fortes, santos e poderosos, pelos nomes muito invencíveis e poderosos de Adonay Elohim, Saday, Saday, Saday, Eye, Eye, Eye, Asanie e Asarie; em nome de Adonay, Deus de Israel, que criou a grande luz, para distinguir o dia da noite; em nome de todos os Anjos que servem na segunda Legião; às ordens ou Anjo, três vezes grande, forte e poderoso; em nome do astro Mercúrio, por seu sinal sagrado e reverenciado; por todos os anjos acima pronunciados, eu vos conjuro, ó grande anjo Raphael, vós que presidis ao quarto dia; pelo nome santo, escrito sobre a fronte de Aarão, sacerdote do Altíssimo Criador, e por seus Anjos, que foram confirmados na graça do Salvador, e em-fim pelo nome do trono dos animais que têm seis asas, vos conjuro a vir em meu socorro, para que se cumpra a minha vontade."
(Aqui pede-se o que se deseja, isto é, a boa realiza
ção da operação em vista.)
As drogas necessárias para a preparação do mercúrio são as seguintes, que já devereis ter obtido de ante-mãos antes de proceder à conjuração dos espíritos, o mesmo acontecendo quanto aos demais ingredientes necessários, que vereis no decorrer da exposição.
Sal amoníaco, verde-gris e vitríolo romano, 60 gramas de cada um. Depois de bem pulverizadas todas essas drogas, deveis po-las, juntamente, em uma marmita ou panela de ferro ou de barro, absolutamente nova, com três litros de água, colocando-a ao fogo e deixando-a fer-
89
ver, até que, pela evaporação, o liqüido se reduza a três
centilitros.
Juntam-se então 60 gramas de bom mercúrio vivo,
mexendo-se tudo com uma espátula, até que essas drogas
fiquem bem misturadas e formem uma matéria espessa.
Em seguida, deixa-se esfriar e faz-se sair o pouco
dágua que tenha ficado, por filtração.
Ao fundo da panela, encontrar-se-á, então, uma pas
ta de terra escura, que se deve lavar com água comum,
duas ou três vezes, fazendo sempre escorrer a água por
meio de filtração.
Depois se estenderá a referida pasta de matéria es
cura sobre uma tábua lisa de madeira dura, bem polida,
deixando-a secar ao sol.
Depois de bem seca a pasta, juntam-se-lhe 60 gra
mas de Terra Merita e igual porção de tutia 1 de Ale
xandria em pó, encerrando tudo dentro de uma panela
de barro, que deve ser hermeticamente fechada com
outra, de maneira que as duas fiquem formando uma
só peça, sem abertura, e que nada se possa evaporar,
quando puserdes sobre o fogo de retificação. As duas pa
nelas colam-se uma sobre a outra com o auxílio de uma
pasta feita de terra gordurosa, excremento de cavalo e
pó fino de limalha de ferro. É preciso não colocar as pa
nelas no forno antes que a composição posta na juntura
esteja bem seca.
l "Tutia" — (do árabe "tutia", pedra mineral de cor verde azulada l. A pelugem que se levanta na fundição do cobre, e bronze, da mina de zinco, chamada "calamina"; usada na farmácia; unguento cuja base é o óxido de chumbo, e aplica-se nas oftalmias".
90
Posta em um forno bem quente a vasilha, com a
matéria em questão dentro, deixa-se ai ficar durante
uma hora, aumentando depois o fogo até que o forno fi
que em brasa. À terceira hora, aumenta-se ainda o fogo,
soprando sempre com um fole:
Passadas as três horas, deixa-se o fogo apagar e es
friar a panela, a qual se descolará, encontrando-se no
fundo o mercúrio em gremalha. Toma-se então o mer
cúrio, até os mais pequenos grãos, e coloca-se tudo em
outra panela, com um pouco de bórax, para fundir, feito
o que, tereis um bom mercúrio, próprio, por sua pureza,
para o fabrico de um dos globos de Espelho Cabalístico,
assim como para a fabricação de talismãs e anéis mis
teriosos, que terão a propriedade de atrair sobre a vossa
pessoa as benignas influências do planeta Mercúrio, uma
vez que sejam exatamente trabalhados, segundo as re
gras da arte.
COMUNICAÇÃO DE UM ESPÍRITO PLANETÁRIO
"Todas as vezes que os espíritos chamados Anjos da
Guarda, ou os anjos da mais alta ordem, se movem no
mundo espiritual, o ar 1 que os cerca purifica-se de tudo
o que, a um grau qualquer, é mais grosseiro que eles.
l Não devemos compreender aqui "ar" como o faz a concepção materialista-científica. Para o ocultista o ar não existe, pois que todo o Cosmos é habitado por seres, que se entrecruzam e se interpenetram, pertencentes a diversos mundos suprafísicos. Portanto, na expressão acima "o ar que os cerca" deve-se compreender o ambiente em seu torno, mas supondo-se sempre um composto de seres viventes.
91
Assim, quando um espírito1 atmosférico encon
tra-se com um espírito celeste, o atmosférico cede à pres
são do ar que envolve o outro e retira-se para lhe dar
passagem.
Dessa maneira, os espíritos superiores visitam nos
sa atmosfera e as esferas mais baixas que as suas pró
prias, como a terra, sem jamais pôr-se em contato com
as individualidades inferiores a eles, a menos que assim
o desejem.
Quando um espírito é chamado a comunicar-se com
seres humanos, o pensamento do Evocador, ou antes, a
sua vontade, o atinge imediatamente, e ele aparece, se
parando e afastando de diante dele todas as influências
menos angélicas do que a sua."
1 Os espíritos de que aqui falamos, assim como em todo o livro, não devem ser confundidos com os "espíritos" de personalidades humanas extintas, segundo a concepção dos espíritas. Trata-se aqui de espíritos extra-humanos, superiores (celestes) ou inferiores (astrais) à humanidade. Todas as práticas da magia tendem a provocar a comunicação com esses espíritos, e só em casos raríssimos o mágico recorre aos finados, cujo progresso espiritual só pode com isso ser prejudicado.
92
Clarividência
A clarividência é a faculdade de ver além do que se
encontra ao alcance dos nossos olhos físicos ordinários.
Pode-se exercer a clarividência com relação ao Tem
po e ao Espaço.
O clarividente que exercer sua faculdade em rela
ção ao Tempo descobre as coisas futuras (pressentimen
tos, profecias, etc) , ou deixa-se impressionar pelas coi
sas passadas.
A clarividência aplicada ao Espaço produz o que mo
dernamente se chamam alucinações telepáticas visuais.
A clarividência é o resultado de uma percepção e
somos levados aqui a afirmar que ela é uma faculdade
um pouco superior à vista ordinária, como que um grau
mais elevado, ou, em outras palavras, exercida por
órgãos hiperfísicos, existentes em todos os homens e
cujo desenvolvimento se pode auxiliar.
No Oriente tradicional é onde se encontra a maior
parte de estudantes de Ocultismo, e é da experiência
que sobre o assunto eles possuem que vamos pedir em
prestadas as noções abaixo, constituindo uma exposição
do método necessário para a realização da clarividência.
Entretanto, todos os escritos originais desses indi
víduos estão impregnados de uma fraseologia verdadei-
93
mente incompreensível ao leitor ocidental que pela
primeira vez procura aprofundar-se em conhecimentos
sobre o Oculto. Como o nosso desejo é tornar claro e
prático o ensino que empreendemos, somos obrigados a
abandonar essa fraseologia, substituindo-a por termos
e comparações mais ao alcance do leitor.
A clarividência é, como dissemos, uma percepção
superior de um dos nossos sentidos (o da vista) exercida
pelo corpo astral.
Os sentidos do nosso corpo físico, como sabemos,
são cinco: a visão, a audição, a olfação, o gosto, o tato
ou sensibilidade.
Cada um desses sentidos é exercido por um órgão
correspondente: a vista (olhos); o ouvido (um par de
aparelhos auditivos); o nariz (aparelho olfativo), a boca
(língua, etc, constituindo o aparelho da gustação); e
a epiderme, em toda a superfície do corpo, com sede
especializada nas mãos correspondente ao tato ou sen
sibilidade.
O corpo astral, invisível aos olhos ordinários, é em
tudo análogo ao corpo físico e possui exatamente os
mesmos órgãos que ele, ou, por outras palavras: o corpo
astral é uma duplicata, uma contra-parte, do corpo fí
sico, existindo no lugar dos olhos físicos, olhos astrais
correspondentes; no lugar do nariz físico, nariz astral
correspondente. Isto não quer dizer, porém, que o corpo
astral necessite desses órgãos para ter percepções sobre
o mundo astral, pois na realidade essa percepção é rea-
94
lizada por todas as partículas do corpo astral, sem distinção. Funcionando no mundo astral, independente do corpo físico, as percepções do corpo astral perdem a analogia que possuem com as físicas, mas conservam-nas enquanto existir dependência.
O corpo astral é também denominado pelos Teósofos: Linga Sharira. Os investigadores psiquistas chamam-no duplo etéreo, duplo astral. Os Vedantins chamam ao corpo astral e ao seu veículo (Prana) Pra-
namaya Kosha. Na Inglaterra tem o nome de Wraith;
na Alemanha, Doppelganger. Paracelso, celebre ocultista e magista, dava-lhe o nome de Evestrum.
O clarividente vê, portanto, com os olhos do corpo astral e percebe coisas formadas de matéria astral, tão perfeitamente como os olhos físicos vêem as coisas físicas.
A dúvida e a negação sobre a existência da matéria astral, de que se compõe a maior parte das aparições e dos fantasmas, repousa no fato de ela não poder ser percebida pelos olhos físicos e na crença errônea de que não existe outra espécie de matéria além da física, grosseira, e que tudo mais pertence à espiritualidade.
A matéria astral é a imediatamente superior à matéria física, mas não é ainda a última forma de existência material. E por ser a imediatamente após, é por ela que deve começar o estudo de quem deseje se dedicar ao conhecimento prático do ocultismo.
O estudo do astral faz mesmo parte, nas Escolas de Iniciação aos Mistérios, em primeiro lugar, do ensino dado.
95
A clarividência é um dos ramos desse estudo, e a
sua iniciação tem por nome: desenvolvimento da vista
astral.
Para o desenvolvimento da vista astral o estudante
deve começar por esforçar-se em compreender perfei
tamente o que deseja executar. A vontade e a convicção
são as principais forças 1
Quando desejamos levantar um braço fazemo-lo
por um esforço de vontade.
A facilidade com que os membros do nosso corpo
executam as ordens emanadas do espírito sendo co
mum, nós acabamos por confundir um com o outro.
A verdade, entretanto, é que o princípio pensante,
inteligente, e o corpo, por intermédio de quem o pri
meiro sente e se exprime, são coisas distintas.
Embora não nos quiséssemos alongar em explicações
minuciosas, para poder fazer compreender ao leitor o
mecanismo da clarividência, somos obrigados a fazer
aqui um rápido detalhe resumido dos diversos princí
pios ocultos do corpo humano 2.
É necessário acentuar mais uma vez que os conhe
cimentos e instruções que divulgamos neste pequeno
livro, não tiveram e não terão ainda, durante um longo
prazo, sanção da ciência oficial; longe disso, cada afir
mação aqui contida tem fornecido motivo para tenazes
contestações e mesmo tem-se procurado ridicularizá-las.
1 A convicção é adquirida pelo estudo. Estude, para isso, o livro O Plano Astral, de C. W. Leadbeater.
2 Para melhores informações leia o livro da Sra. Annie Besant: O homem e os seus corpos.
96
Não importa. O autor está muito bem ao corrente
do quanto a ciência positiva tem dito e possa dizer
sobre as afirmações dos ocultistas. Não está nos moldes
deste livro a controvérsia científica. Outros autores de
maior autoridade já se têm encarregado disso e brilhan
temente. Demais, os fatos sucedem-se e, melhor do que
tudo que se possa escrever, acabarão por dar razão a
quem a tiver.
A exposição teórica aqui apresentada também não
é descoberta ou invenção do autor. Repousa sobre co
nhecimentos adquiridos por meios que a ciência desco
nhece e tem em negligência, A eles unicamente nos es
coraremos, e, uma vez por todas, declaramos não nos
ocuparmos, por enquanto, com os processos da crítica
científica.
Dissemos que, quando desejamos levantar um bra
ço, o fazemos por um esforço de vontade.
Compreende-se, pois, que a vontade é uma facul
dade distinta do corpo; não pode ser uma função do
corpo, pois que predomina sobre ele, fazendo-o executar
movimentos.
A vontade é uma função do espírito, é uma das suas
manifestações e quase se confunde com ele próprio.
Quando executamos um movimento com o corpo,
quatro fenômenos se operam:
1º — O nosso corpo mental dá nascimento ao dese
jo de fazer o movimento.
2º — Esse desejo depois de submetido à aprecia
ção e ao julgamento do espírito (o nosso eu) transfor-
97
ma-se em vontade, que é a verdadeira força operante,
se não há motivo para que seja anulado.
3º — A Vontade apropria-se então da Força, que
envia aos músculos do corpo, a fim de que o movimento
se opere.
4º — Os músculos, recebendo a impulsão da Von
tade, executam o movimento ordenado.
O Desejo, a Vontade e o Pensamento merecem re
ceber definições mais claras, para não causarem confu
sões no entendimento do estudante.
Em geral, nos estudos até hoje feitos literariamente,
essa distinção não é feita, e mesmo na maioria dos livros
que ultimamente têm aparecido entre nós, tratando des
tas delicadas questões de psiquismo, faz-se geralmen
te emprego de dissertações sobre os poderes da Vontade,
do Pensamento, do Espírito etc, antes de procurá-los
definir com exatidão.
O espírito é a verdadeira individualidade que ani
ma o homem, subsistindo a todas as mudanças e trans
formações que este possa sofrer, através da experiência
das suas diversas encarnações. Ele é inatacável e incor
ruptível. Centelha dimanada do próprio seio da Causa
das Causas, descendo à matéria para instruir-se e dela
obter a ciência, contínua, nas suas diversas manifesta
ções, a ser sempre o mesmo, embora o seu característico
exterior sofra alterações radicais.
O azeite que dá vida a diversas lâmpadas — segun
do a expressão de acatado Mestre — tem a mesma ori-
gem; as lâmpadas, porém, podem variar em coloração,
98
em formato, em tamanho, variando também o poder e
qualidade de sua luz. Assim o Espírito.
O Pensamento não deve ser confundido com o Espí
rito, pois que é, pode-se dizer, no estado atual da nossa
evolução ascendente, um seu produto. O Pensamento é
de natureza mais material, é um corpo composto, for
mado de matéria mental, e, como essa matéria, carre
gado de força constituindo uma verdadeira potência.
A melhor prova de que o pensamento é coisa bem
distinta do Espírito é que nós podemos provocá-lo e
abandoná-lo.
Quando pensamos, uma coisa material se forma:
quanto mais a idéia é nítida e persistente, mais forte, e
bem formado é o pensamento.
Quando passamos de uma idéia a outra o pensamen
to antes formado destaca-se e, se é fraco, morre daí a
instantes, desfazendo-se e entrando a matéria de que era
formado de novo na fonte originária — a matéria mental.
Se o pensamento é vigoroso, persiste durante muito
tempo e pode ir influenciar outras pessoas.
Por isso alguns autores 1 dizem que "os pensamen
tos não são propriedade nossa; nos são comunicados, nos
chegam de fora e os absorvemos, os transformamos, de
acordo com os nossos desejos, necessidades e tendências".
E em outro lugar diz: 2 "Um pensamento qualquer
que nos chega faz vibrar a nossa matéria mental, e as
suas vibrações se propagam em torno de nós por ondula
ções, de um modo que não deixa de ter a sua analogia
1 Durville, Magnetismo Pessoal. 2 Obra citada.
99
com os movimentos ondulatórios que se observam na superfície de uma água tranqüila, sobre a qual se haja atirado uma pedra, tudo volta à sua ordem ao cabo de um instante, se a impressão não foi demasiado violenta. Se, porém, o pensamento se impõe à nossa atenção, se é intenso, se com freqüência se apresenta no campo da consciência e se forte foi a impressão, ele põe em movimento uma certa quantidade de matéria mental, que se desloca, circula em nosso derredor e acaba por envolver-nos e formar a atmosfera, a aura, etc".
Essa maneira de explicar a ação do pensamento vin
do do exterior, a nosso ver, pode satisfazer, mas nada
nos prova que todos os pensamentos que abrigamos por
algum tempo no nosso cérebro tenham vindo de fora.
A maior parte virão, de fato, e se transformarão ao
contato dos que já existem, mas não todos. Se assim fos
se, de onde viriam os primeiros? Quem criaria os pri
meiros?
Multiford diz que existem poucos criadores de pensamentos. A maioria dos indivíduos assimilam os pensamentos exteriores e deles se apropria. Julgamos não ser tão geral a regra, pois o espírito criador de pensamentos existe em todos os indivíduos e todo aquele que é capaz de perceber os pensamentos exteriores também é capaz de os expedir próprios, embora não superiores.
Continuando a nossa tentativa de classificação, exa
minemos agora o Desejo.
O Desejo, como o Pensamento, é um atributo do ho
mem, uma faculdade que se manifesta em certas circuns-
100
táncias. O Desejo é uma faculdade inferior e tem origem material e grosseira.
A sua sede particular é um dos princípios consti
tuintes do homem, que, como todos os demais também
grosseiros, perecerão, para só subsistir a verdadeira in
dividualidade (o ego) 1.
Durante a vida terrena e no homem em curto perío
do evolutivo, o Desejo subsiste à Vontade, que não existe
ainda, e quase absorve toda a personalidade. Para o co
mum da humanidade, na época atual, o Desejo é uma
expressão da Vontade, uma sua modalidade mais fraca.
Aquele que deseja não quer; experimenta o desejo, mas
espera que alguém se mova para satisfazê-lo e pode mes
mo não pensar em satisfazê-lo ao passo que a Vontade
tem uma expressão mais forte, podendo-se fazer da Von
tade a definição seguinte: "Produto de um Pensamento
que deu origem a um Desejo, a Vontade representa a re
solução tomada pelo Espírito de obrar, de agir."
É, pois, a Vontade uma força superior ao Pensa
mento e ao Desejo, pois tende à realização, enquanto
eles podem não passar de devaneios e não produzir re
sultado algum.
* * *
Para levar a bom êxito qualquer ramo do estudo de
Ocultismo, é necessário, uma vez adquiridas as noções
sobre as forças e matérias que entram na produção dos
l Consulte a obra citada: O homem e os seus corpos.
101
fenômenos, saber cultivar a Vontade, pois tais estudos,
dependendo simplesmente do desenvolvimento de prin
cípios que já possuímos em estado latente, só com uma
Vontade educada poderão ser levados a bom termo.
Voltemos agora à explicação da clarividência ou vi
são no plano astral, intuito deste capítulo.
O ato de ver com os olhos do corpo astral depende,
pois, principalmente, de dois fatores principais; a con
vicção perfeita da existência dessa faculdade e o querer
exercê-la.
Para o desenvolvimento dessa faculdade, como de to
das as que fazem parte dos conhecimentos ocultos, é ne
cessário que saibamos perfeitamente conter, dominar e
dirigir nossas emoções. O nosso caráter deve ser comple
tamente dominado, a fim de que nada do que possamos
ver ou entender seja capaz de despertar em nós uma irri
tação, cujas conseqüências seriam muito mais graves so
bre o plano astral do que o são sobre o plano físico.
"A força do pensamento tem sempre uma ação enor
me, mas no plano físico encontra-se entravada, enfra
quecida pelas grosseiras células cerebrais, que têm neces
sidade de pôr em movimento. No mundo astral, é ela
muito mais livre e poderosa, a tal ponto que um senti
mento de cólera experimentado nesse plano por um ho
mem que possua as suas faculdades inteiramente desper
tas, sentimento esse dirigido a uma outra pessoa, acarre
taria para esta última conseqüências perigosas, talvez
mesmo fatais K"
l Leadbeater, Os auxiliares invisíveis.
102
Por esse motivo a aplicação dessas faculdades, que
confere a quem as adquire poderes bem extraordiná
rios, só pode ter uma utilidade de real valor quando exer
cida por pessoas adestradas em preceitos morais rigorosos
e que tenha uma consciência bastante clara para poder
distinguir os efeitos bons dos maus em cada uma de suas
aspirações.
As responsabilidades, portanto, são maiores no pla
no astral que no físico, e as conseqüências da má direção
dada às faculdades exercidas nesse plano atingem de
uma maneira mais intensa e durável os destinos futuros
do seu provocador.
"É necessário não somente saber-se dominar, mas
ainda possuir grande dose de sangue frio, a fim de que
nenhum dos espetáculos fantásticos ou terríveis que se
poderão oferecer a nossos olhos seja capaz de amortecer
nossa inquebrantável coragem.
Para compreender em toda a sua plenitude as pa
lavras de Leadbeater, já citadas, precisamos fazer uma
idéia do que seja o plano astral e seus povoadores,
o que não podemos fazer aqui senão imperfeitamente,
visto desejarmos apresentar o assunto simplesmente sob
um aspecto prático. O leitor poderá se reportar ao que
dissemos na Introdução, quanto à classificação dos ha
bitantes do astral. Entre eles, os que maior papel repre
sentam, quanto aos perigos acessíveis ao estudante neó
fito, estão os elementáis. Vejamos o que diz sobre eles,
em diversos pontos de sua obra 1, um autor famoso e
autorizado:
l Papus, Tratado elementa?' de Magia.
103
"O caráter essencial dos elementais é de animar instantaneamente todas as formas da substância astral, que se condensa em torno deles. Assim, aparecerão, tão depressa como uma multidão de olhos fixados sobre o indivíduo, como sob a forma de pequenos pontos luminosos e brilhantes, envoltos de substâncias fosforescentes e obedientes às ordens do verbo humano, ou ainda sob a aparência de animais estranhos, desconhecidos sobre a terra, ou de combinações heteróclitas de formas animais e humanas."
"O elemental não tem em si mesmo nada de mau e é tão inofensivo como um pobre animal, quando se o deixa tranqüilo.
Para entrar em relação com os elementais é preciso entrar no plano astral. Pode-se chegar a esse resultado pessoalmente, por meio de um treinamento psíquico e pela meditação, ou por intermédio de um sujet sonam-bulico."
104
A Realização da Clarividência
Nem todas as pessoas são aptas de modo igual à rea
lização da clarividência, embora todas possam chegar a
um resultado qualquer. Os Cabalistas, submetendo a sua
maneira de ver e julgar às normas da tradição, preten
dem que a interpretação do horóscopo astrológico permi
te estabelecer o temperamento de um indivíduo de ma
neira suficiente para indicar até que grau os sentidos
psíquicos podem ter nele desenvolvimento. Dizem eles
que se pode encontrar o característico da clarividência
nas influências dos planetas superiores, Urano e Netuno,
que não se acentuam senão em casos excepcionais e so
bre indivíduos superiormente colocados, em relação ao
resto da raça atual.
Quando Netuno impera, seus aspectos com o sol e
a lua tendem consideravelmente a produzir a clarivi
dência. Netuno não deve ser considerado como em ati
vidade, no estado de progresso atual da humanidade, se
não quando se encontre próximo da extremidade das ca
sas I, X, VII e IV, isto é, quando em posição angular, em
que o seu influxo é poderoso 1."
l Selva, Traité d'astrologie genethliaque.
105
"Rafael 1 também pretende ter observado que as
quadraturas e as oposições de Urano com Saturno ten
dem a produzir a clarividência."
Ainda segundo a opinião de autores herméticos,
existem muitas outras posições de diversos planetas que
podem favorecer às pessoas que nascem sob a sua influ
ência o desenvolvimento dessa faculdade. Os modernos
tratados astrológicos já citados, e alguns outros, dão ex
celentes instruções a esse respeito.
Entretanto não é fácil utilizar-se da ereção de um
tema genérico, que é uma operação minuciosa e longa —
sobretudo quando se deseja fazer uma experiência rá
pida.
Alguns herméticos, para facilitar o estudo, reco
mendam a teoria da classificação dos quatro tempera
mentos, publicada em uma brochura por Colti e Gary,
que "não é absolutamente um sistema secamente analí
tico, mas uma rigorosa e fecunda adaptação do Grande
Arcano do Verbo às formas do rosto humano 2 . "
Deixemos, entretanto, em paz os herméticos com
as suas teorias e adaptações da Tradição Ocidental, e
tentemos estudar a questão da realização da clarividên
cia debaixo do nosso ponto de vista.
PRIMEIRO EXERCÍCIO
Abstrações das Sensações Físicas
Uma das principais condições para a realização de
exercícios tendentes a desenvolver qualidades psíquicas
106
1 Guide to Astrology. 2 Sedir, Les Mirois Magiques.
é a abstração quase completa do uso das sensações e percepções do corpo material.
Encerrando-se em um quarto perfeitamente escuro e
despido de móveis, roupas ou objetos que se possam des
tacar na escuridão, o estudante pode facilitar a realiza
ção de uma parte do exercício, isto é: a não função dos
olhos, o não ver nada físico, apesar de ter os olhos aber
tos.
Para isso melhor será construir propositalmente um
pequeno gabinete, fechado a chave, forrado ou pintado
de preto, mas com respiradores, junto ao chão e no alto,
disfarçados, a fim de não causar dano à vida fisiológica.
Sentando-se em uma cadeira longa e confortável, on
de o corpo fique perfeitamente à vontade, e não se mo
vendo, pode-se realizar outra parte, que é a anulação do
tato.
Se tivermos escolhido um local onde ninguém faça
barulho e onde nenhum perfume ou cheiro de espécie
alguma o perturbe, realizaremos assim a anulação de ou
tros dois sentidos: o ouvido e o olfato.
Quanto ao paladar, poderemos anulá-lo conservan
do o aparelho gustativo imobilizado.
Para perfeito preenchimento de todos esses requisi
tos, a vontade deve estar alerta, exercendo uma espécie
de controle sobre os órgãos de sensação descritos, a fim
de que eles se abstraiam perfeitamente.
Não há nenhum perigo em que este exercício seja
prolongado e executado a qualquer hora do dia. À noite,
porém, sendo mais fácil obter-se um perfeito silêncio e
107
uma obscuridade completa, é mais preferível operar durante ela.
Em certos paises, onde está começando a ser estu
dado sob um ponto de vista experimental o ensino ocul
to, na América do Norte especialmente, existem asso
ciações onde os seus membros encontram as maiores fa
cilidades para os estudos e exercícios.
A Associação Vedanta inaugurou uma Câmara de
Meditações, para uso de seus consórcios. Compreende-se
bem quanto a associação e a cooperação dos homens au
xilia e torna possíveis e fáceis os trabalhos que a um só
seria impossível realizar. Se isto é verdade que salta aos
olhos, falando-se de esforços materiais, também o é
quando se trata de práticas psíquicas, espirituais ou di
vinas.
Entretanto, não é fácil obter bons auxiliares, mor
mente tratando-se de questões que ainda não puderam
ser apresentadas de modo a ser bem compreendidas por
todas as inteligências. Se é verdade que dois pensamen
tos uniformes podem mais do que muitos divergentes,
também às vezes basta o intrometimento de um discor
dante para prejudicar e mesmo anular o esforço dos de
mais, especialmente tratando-se de principiantes.
Quando puderdes vos aliar a um ou dois companhei
ros ajuizados e sensatos, pessoas inteligentes e capazes
de bem compreender o que desejam, essa aliança vos pro
porcionará enormes vantagens. Deveis, porém, ser escru
puloso em extremo, mais valendo estudar só, se julgais
não preencher nenhuma pessoa do vosso conhecimento
as condições requeridas.
108
S E G U N D O EXERCÍCIO
Educação do Mental
Não deveis passar ao segundo exercício sem ter bem realizado o primeiro durante muitos dias. Esse prazo (muitos dias), não podemos aqui determinar. Há pessoas que em dez ou vinte vezes que experimentam, logo conseguem realizar com perfeição o primeiro; outras necessitam mais tempo, de modo que seria sem valor uma determinação de prazo. Este deve ficar aos cuidados do próprio estudante, que irá, pouco a pouco, sentindo-se senhor da compreensão exata do que realiza.
Tendo obtido a perfeita execução do primeiro exer
cício, o estudante está apto para começar o segundo, que
deve constar da educação do mental.
Educar o mental é educar o pensamento e a vonta
de, a fim de que possa dirigi-los e mantê-los numa dire
ção determinada.
Este exercício, repetimo-lo, só deve ser tentado e iniciado depois do estudante estar familiarizado com o precedente, pois sem isso não dará resultado e poderá trazer em conseqüência desarranjos fisiológicos. É, pois, um exercício em continuação, e antes de começá-lo deve-se executar o precedente, que como que preenche o papel de preparador.
Trata-se então de fixar o pensamento no que se deseja obter, que é a vidência no astral, a clarividência. Para não fatigar o cérebro, impondo-lhe logo ao começo a fixação de um pensamento único, o estudante deve,
109
nesse estudo de isolamento e concentração, meditar so
bre o que tiver lido nas páginas precedentes e em outras
obras, a respeito do mundo astral, pois deve chegar a fa
zer uma idéia muito aproximada do que vai ver antes de
pretender ver realmente. 1
Esse saber pode ser mais rapidamente adquirido se
o estudante, munido de uma grande boa vontade de sin
ceramente ser útil aos seus semelhantes, invocar a pro
teção de um espírito superior que ele saiba capaz de,
por seus conhecimentos e poderes sobre o assunto, poder
inspirá-lo com sabedoria.
Desse modo, com muita constância, tenacidade e
boa fé, poderá conseguir compreender quais sejam os po
deres que lhe conferirão a visão no astral, e como apli
car essa faculdade em proveito do seu adiantamento in
telectual e espiritual, em muitas ocasiões da vida.
TERCEIRO EXERCÍCIO
Realização
Relembramos que os exercícios devem ser executados
na ordem dada, e não se deve passar a fazer o segundo
sem ter compreendido e executado com perfeição e in
teligência o primeiro. Este terceiro exercício é o que pro
priamente se refere à clarividência, constituindo os dois
primeiros preliminares adaptáveis a todos os desenvolvi
mentos psíquicos.
110
l É de grande necessidade consultar o livro O PLANO ASTRAL, de C. W. Leadbeater.
No primeiro exercício procurou o estudante alhear-
se das coisas visíveis, abstraindo as suas sensações físi
cas e procurando interromper o laço que liga o seu eu do
exterior.
Neste terceiro exercício tratar-se de estender a cons
ciência aos planos da matéria astral, de modo que é ne
cessário reduzir ainda mais a atividade dos órgãos físi
cos dos sentidos, a fim de que a força nervosa que os faz
funcionar, deixando-os, possa, dirigida pela vontade,
lançar-se com proveito sobre esses planos.
Pode-se chegar a esse resultado por meio de auxilia
res, tais como a música monótona (para o ouvido), um
perfume delicado e brando (para o olfato), e uma pe
quena luz, convenientemente disposta. Esses auxiliares
têm por fim completar o que o estudante tentou no pri
meiro exercício: o adormecimento dos sentidos físicos,
e conseqüente desenvolvimento dos sentidos astrais.
Essa faculdade não aparecerá logo, em toda a sua
plenitude, mas só ao fim de reiterados esforços. As pri
meiras coisas percebidas serão vagas e incompreensíveis,
algumas mesmo horrorosas.
O estudante não deve desanimar, pois nesses casos
as grandes dificuldades estarão vencidas e para um com
pleto êxito bastará vontade e pertinácia raciocinada.
111
Noções Complementares Sobre A Clarividência
Deixando à margem os ensinamentos da tradição
Oriental e Cabalista e dirigindo nossa atenção para os
casos de clarividência entre os médiuns e entre os so
nâmbulos-magnéticos, vemos constantemente que os vi
dentes, sobretudo os magnéticos, vêem quase sempre as
pessoas com as quais o magnetizador (se se trata de
um sonâmbulo) ou a sua vontade (se se trata de um es
pírita), o pôs em relação, mas não ouvem o que essas
mesmas pessoas dizem.
Se o médium ou o sonâmbulo em vez de vidente é ouvinte quase sempre ouve, mas não vê.
Indivíduos há, sonâmbulos e médiuns, que são ao
mesmo tempo videntes e ouvintes, mas raríssimas vezes
exercem ambas as faculdades em um mesmo instante.
A sua vontade e a sua atenção, dirigidas a um sen
tido, nele concentram-se, não podendo presidir a outro.
Pode-se concluir daí que os sentidos astrais, hiper-
físicos. se são semelhantes aos sentidos físicos, em qua
lidades, não podem ser, sobretudo para um estudante que
principia, semelhantes no funcionamento, e isso explica
a teoria de que essa função não se exerce senão à custa
1 1 3
de um esforço, um dispêndio de força nervosa arrancada
do corpo físico, capaz de momentaneamente poder fazer
funcionar os órgãos do corpo astral, mas incapaz de dar
a todos capacidade, a um só tempo.
Esta nossa observação tem a vantagem de mostrar
ao estudante que não deve ao mesmo tempo querer de
senvolver todas as faculdades do astral, pois que isso se
ria impossível.
Se o seu desejo é obter a clarividência, a ela somen
te deve dirigir os seus esforços. Com o tempo e depois
desta adquirida, então poderá dedicar-se a outras fa
culdades psíquicas, com muito mais facilidade até, mas
não deve querer cultivar mais de uma ao mesmo tempo.
Os sentidos do corpo astral existem, embora suas
manifestações sejam raras. E por quê? Porque nós não
temos consciência da sua atividade. O campo da consci
ência ainda não se estendeu até ao plano astral.
Todo segredo do desenvolvimento da clarividência,
assim como das demais faculdades do corpo astral, resi
de, pois, em uma só coisa: a extensão e o desenvolvimen
to do campo da consciência.
Busquemos definir com exatidão esta palavra —
consciência, pois assim poderemos depois encontrar ra
pidamente o meio de desenvolvê-la. A consciência é a fa
culdade que tem o nosso eu de reconhecer sua distinção
de outros eus ou coisas, e é a relação que se estabelece
entre o eu e o não eu, por meio das percepções.
A experiência ensina-nos que nós percebemos um
objeto tanto mais nitidamente quanto mais atenção lhe
114
dedicamos. Esta atenção é um ato voluntário e espontâ
neo do nosso eu.
Pode-se, pois, concluir que a clarividência, sendo
uma percepção do espírito, um meio de que este se uti
liza para entreter relações com o exterior, é indubitavel
mente uma percepção resultante do desejo e da vontade,
que levam a atenção para o ponto necessário e provocam
o exercício da faculdade.
Tudo se reduz, pois, a um ato capital, o funciona
mento da vontade.
Segundo os ensinamentos orientais, os sentidos da
vista astral estão localizados no plexo cavernoso.
"Para conduzir à consciência as impressões desse
órgão é suficiente .— dizem os Upanishads — fazer pas
sar Kundalini por Agneya Chakram", isto é, em lingua
gem comum: concentrar, por um ato voluntário, toda a
força nervosa do corpo ao meio das sobrancelhas (na raiz
do nariz) ponto em que se encontra a sede da* visão men
tal (o olho de Siva). Para chegar a esse resultado, está
bem visto, é necessário possuir a força nervosa, que é
sempre o resultado de uma vida simples, uma alimenta
ção sem excitantes e uma economia de forças físicas.
O método necessário para o desenvolvimento das fa
culdades físicas ou astrais não é dos mais fáceis, sendo
mesmo bastante difícil na execução. Exige uma vigilân
cia constante sobre o organismo astral, cuja sensibilidade
se torna extrema desde que a vontade se volve para o
Invisível. É necessário dedicar-se e decidir-se a trilhar
115
uma nova senda, imprimindo aos nossos hábitos nova di
reção.
Para ter probabilidades de êxito nesse tentâmen, o
homem obrigado a viver em contato com a luta que de
termina a necessidade da manutenção física e as cenas
que essa luta nos apresenta a cada momento, precisa re
confortar a sua vontade por meio de auxiliares, adequa
dos aos três princípios ou organismos que compõem o ser
humano.
Esse ser humano, para as necessidades da nossa ex
posição, são:
O homem inteligente e pensante.
O homem anímico ou psíquico.
O homem físico.
O primeiro pode ser auxiliado pela meditação, que é
a aplicação e extensão dos exercícios que anteriormente
demos.
O segundo se desenvolverá esforçando-se por substituir as emoções pessoais pelas que sensibilizam o Universo Cósmico.
O terceiro, enfim, o homem físico, pode fechar-se às
impressões externas por meio de auto-sugestão ou auto-
hipnose.
Para perceber o invisível é necessário começar por
abstrair-se do visível.
Não se pode chegar a ser ao mesmo tempo conscien
te no visível e no invisível senão depois que houvermos
habituado o organismo a se deixar completamente do
minar pela vontade.
1 1 6
Método Para Desenvolvimento da Clarividência, Segundo os Ensinos
da Teosofia
Concentração
A maior parte das minudências que aqui a seguir detalhamos acerca dos exercícios para a concentração, a meditação e a contemplação foi tomada de empréstimo à excelente obra do conhecido autor teosófico Sr. C. W. Leadbeater, (de que já temos feito citações) L'Autre
Côté de la Morte, tradução francesa proficientemente feita pelo Sr. Gaston Revel.
A concentração consiste em um exercício da nossa vontade sobre o nosso mental. Poucas pessoas conhecem o que seja o mental, e mesmo para muitas essa palavra é completamente desconhecida. Isso é natural, pois que a filosofia que atualmente tem por intuito fazer conhecer ao homem a sua verdadeira natureza, entre nós apenas agora começa a ser conhecida.
O mental é a parte da nossa constituição encarregada de elaborar o nosso pensamento. Em qualquer ocasião da vossa vida diurna, quando em passeio pela rua, por exemplo, suspendei por um instante a corrente de vos-
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sos pensamentos e meditai a fim de poderdes rememorar os pensamentos que nos últimos cinco minutos atravessaram vossa mente, sem aí deixar nenhuma impressão. Acabareis por compreender que todos esses pensamentos não eram vossos, e, se pareciam ser, não tinham um fim determinado e em nada cooperaram para o vosso adiantamento moral ou intelectual.
Quando em uma reunião de duas ou três pessoas, que conversam ao acaso, sem fim determinado, para matar o tempo, observai o motivo que dá princípio à conversa, e ao cabo de meia hora, de quinze minutos mesmo, vereis que a palestra depois de ter versado sobre muitos assuntos sem importância, termina do mesmo modo, despedindo-se as pessoas que faziam parte do grupo, umas das outras, sem aproveitamento.
Se desejais adquirir uma faculdade superior qual
quer, a verdadeira clarividência, por exemplo, deveis co
meçar por adquirir o governo sobre o vosso mental, fu
gindo às conversações vagas, entretidas por pessoas
ociosas.
É necessário criar uma ocupação para o mental, em lugar de o deixar vagabundar à vontade. O pensamento é uma função constante. Quer estejamos trabalhando, quer passeando, quer isentos de qualquer preocupação séria, o mental está sempre trabalhando. Pensar em nada
ou não pensar, é impossível. O pensamento é uma coisa constante e uma faculdade que nos pode prestar grandes serviços, se sabemos dela aproveitar com sabedoria. Quando não impomos ao nosso mental uma tarefa determinada, ele devaneia infrutiferamente, atraindo a si
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pensamentos que não são nossos e dos quais não temos
necessidade. O mental deve ser nosso servidor e não nos
so patrão. A sua educação é o primeiro passo no cami
nho que nos pode conduzir à verdadeira clarividência,
pois ele é o primeiro instrumento de que nos devemos
servir para o exercício dessa faculdade superior, sendo
assim necessário que se submeta às nossas ordens e que
fique inteiramente sob o governo e vigilância da nossa
vontade.
A importância da educação do mental, por muito
que aqui disséssemos sobre ela, não ficaria demonstrada
suficientemente. Só um esforço, um raciocínio próprio
vos levará a compreender perfeitamente. Quando ouvi
mos falar em pessoas que gozam de faculdades extraor
dinárias, como os magnetizadores, que podem adorme
cer um indivíduo com um simples olhar, fazendo-o ver e
sentir tudo quanto desejam; quando lemos narrações
acerca de proesas praticadas por hipnotizadores e ilusio
nistas, que fazem às vezes um enorme auditório de pes
soas ilustradas ver e acreditar em coisas maravilhosas,
momentaneamente embora, mas de modo tal que nin
guém se pode furtar à ilusão; quando nos dizem existir
indivíduos que descrevem as particularidades da vida de
pessoa que vêm pela primeira vez, com toda exatidão, ou
desenvolvem com proficiência uma descrição das suas
enfermidades — quando sabemos da existência dessas
faculdades, dizíamos, a nossa primeira idéia que se tra
ta de faculdades sobrenaturais, maravilhosas, não se
apresentando ao nosso cérebro nenhuma outra explica
ção, mais abalizada.
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A impressão que esses indivíduos extraordinários nos
causa é de respeito admirativo, misturado de receio, pois
os julgamos sempre capazes de penetrar no nosso ínti
mo e de lá arrancar o que julgamos segredo de nossa
propriedade. Muitas pessoas julgam que esses indivíduos
possuem dons sobrenaturais, com os quais já nasceram
e com os quais foram dotados pelo Criador, sem um mo
tivo apreciável.
No entanto, os fatos são todos naturais, pois o so
brenatural e o maravilhoso não existem senão para os
olhos dos que não podem ver e para os cérebros que não
podem entender.
Não há efeito sem causa e as causas são sempre na
turais. As faculdades que nos parecem maravilhosas têm
a sua causa no desenvolvimento de certos princípios, la
tentes na natureza humana, e que um dia hão de fazer
parte do estado normal de todos.
Sabemos que as sementes contidas em um mesmo
fruto ou provenientes de uma mesma árvore, geram
plantas que atingem desenvolvimento desigual. Se to
mardes as sementes existentes em uma flor, na bauni
lha, por exemplo, e as entregardes a uma porção de ter-
ra preparada, observareis que grande parte não conse
gue germinar; outra parte germinará, dando produtos
raquíticos, inferiores ao tipo de que provém; outra par
te ainda, maior, atingirá um desenvolvimento normal,
obtendo vós espécimes tão belos como aquele de que vos
servisteis para tomar a semente; entre esses produtos
bem desenvolvidos é possível, é provável mesmo que al-
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gum ultrapasse em vigor, crescimento e beleza da flor, o tipo de que teve origem.
Podereis então compreender que a evolução é um
fato. Aplicai por analogia o resultado desse ensino ao
gênero humano, e sabereis porque, ensinando a tradição
e a ciência Secreta que todos temos a mesma origem e
somos filhos do mesmo Criador, podemos apresentar, em
uma determinada época, diferenças enormes na nossa
evolução, inteligência a graus diferentes, assim como
explicar o desenvolvimento de certas faculdades desa
brochadas em uns, enquanto outros estejam ainda em
estado de nem mesmo as poder compreender.
O fato observado no exemplo acima dado, o pode
rá ser também no reino vegetal, no reino animal e em
outros. As faculdades que nos parecem maravilhosas não
são mais do que um grau de evolução, atingido por al
guns indivíduos, mas não só todos nós chegaremos a pos
suí-las e ultrapassá-las, como é de grande aproveitamen
to o conhecê-las, estudá-las e preparamo-nos para os
esforços da natureza.
Todos os que conhecem a lei da reencarnação podem
fazer idéia do que seja a evolução humana. A nossa in
teligência não poderá imaginar os seus limites.
Como ajudar a natureza na evolução e provocar o
desenvolvimento dessas faculdades? — perguntará o lei
tor. A resposta já tem sido dada, implicitamente, no de
correr destas páginas. Meditai sobre as leis morais en
sinadas pela vossa religião, qualquer que ela seja, e aí
encontrareis a chave do verdadeiro progresso, asseguran-
do-vos de que o conforto material e a fortuna de bens
121
terrenos não cooperam em nada para isso, se o essencial
nos falta. Às religiões, entretanto, falta o senso da ada
ptação. Como que organizadas para uma só medida de
inteligência, as suas leis, os seus ritos e o seu modo de
manifestação exterior parecem não ter sabido prever
muitas lacunas que o futuro criaria, e por isso atual
mente começam a não estar em condições de satisfazer
as necessidades de alguns espíritos que se adiantaram
em evolução intelectual-material. A esses, só os méto
dos ensinados pela Teosofia poderão dar o que necessi
tam. É necessário demonstrar as verdades que encerram
as religiões sob um aspecto intelectual, dar-lhes um
cunho científico, e é esse o intuito em vista.
Por meios que alcança a inteligência e a razão, sem
fazer apelo à fé cega, é que o homem chegará a com-
preender que até agora fez uma idéia mesquinha e ra
quítica de si próprio e da natureza maravilhosa colocan
do a flor dos seus ideais a uma altura irrisória, e isso por
desconhecer as vastidões incomensuráveis que abraça
uma mais verdadeira e grandiosa concepção da obra de
Deus.
A Concentração, a Meditação, e a Contemplação são
as três divisões da escala a observar para a boa realiza
ção de um progresso raciocinado, no terreno das verda
des divinas, como no terreno, conseqüente, de todas as
demais verdades. Para as pessoas pouco ilustradas e pou
co acostumadas ao exercício do mental, a concentração
é uma das coisas mais difíceis. Para aquelas, porém, que
tem o hábito de pensar, grande parte do trabalho já es
tá feito.
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Concentrar-se é dirigir a corrente dos nossos pen
samentos para o assunto especial que nos ocupa ou o
trabalho que executamos, sendo dessa forma possível
executar a concentração em qualquer momento em to
dos os nossos trabalhos. Seja qual for a ocupação à qual
vos apliqueis, no vosso meio de vida, ofício, negócios,
etc, executai-a com toda a atenção e empregai nela to
das as forças do vosso espírito, sem vos incomodar com o
que se passa em redor. Fazei como se nada existisse, além
do vosso trabalho, e começareis a compreender o que é
a concentração e que auxílio poderoso ela encerra para
o desenvolvimento das vossas habilitações pessoais e da
vossa inteligência.
Se escreveis uma carta, não penseis em outra coisa,
até que ela esteja terminada, e ela será mais bem redigi
da. Se lerdes um livro, fixai vosso espírito sobre o seu con
teúdo, e ponde todo o esforço para compreender o pen
samento do autor. Compreendida desta forma, a con
centração, embora fácil na execução, é dificílima se se
trata de pessoas cuja vontade é fraca. Qualquer conhe
cimento, todos nós o sabemos, não pode ser adquirido
de um dia para outro. O hábito de concentrar-se não
foge à mesma regra. Como tudo, depende de um esforço
da vontade, esforço esse que será cada vez menor, à me
dida que se for sendo mestre na sua execução.
Sabei sempre dirigir o pensamento vosso sobre o as
sunto escolhido pela vossa vontade, pois que a vontade
o dirigirá depois, como mecanicamente, para trabalhos
de maior valor, inteligentemente.
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É recomendável um exercício preliminar, se julgar
des impossível executar a concentração em qualquer lu
gar e a qualquer momento. Nesse caso encerrai-vos em
um quarto ou ide para um ermo silencioso, onde tenhais
a certeza de que ninguém vos interromperá. Se puder
des obter um local onde nenhum ruído vos atinja e nin
guém vos interrompa, não havendo também objetos
ou animais que vos possam atrair, melhor podereis
concentrar o espírito sobre o assunto que escolherdes.
O que deveis fazer fica a vosso cuidado. O resul
tado do exercício não está no gênero da ocupação, mas
sim no exercício vigilante da vontade, obrigando o men
tal a ocupar-se com tenacidade no mesmo assunto.
O jogo de damas, de xadrez, ou de cartas também
pode concorrer para a educação do mental. Pouco a
pouco ireis percebendo que sois capaz de deter-vos em
um pensamento, na solução de um problema, sem dis
tração. Mais tarde, vosso espírito adquirirá o poder de
se absorver tão completamente, que mal podereis es
cutar o que disserem ou fizerem em torno de você, uma
vez que não queirais a isso ligar atenção.
Quando puderdes atingir a esse grau de concentra
ção pela influência da vontade e em estado de perfeita
calma, devereis então experimentar a prática da medi
tação.
124
Meditação e Contemplação
MEDITAÇÃO
Embora não seja das coisas mais fáceis, pode ser
classificada a meditação entre as coisas possíveis. Mui
tas são as pessoas que a realizam a todo o momento que
o desejam: O vosso mental, tendo chegado a tornar-se
um instrumento dócil à vontade, escolhei para a medita
ção uma hora fixa e um local onde tenhais a certeza de
não ser incomodado. A manhã, ao levantar-se da cama,
é a melhor hora; entretanto, se não vos for possível de
manhã, isso não será de prejuízo considerável.
Escolhei, em todo caso, a hora mais conveniente,
mas que seja invariavelmente sempre a mesma e que
nenhum dia se passe sem realizar o vosso esforço regu
lar. Todos nós sabemos que quando desejamos progredir
em exercícios físicos, ginásticos ou de força, é por uma
prática regular e fazendo esforços metódicos que se che
ga a um resultado positivo, e não fazendo um dia um
exercício violento, para depois esquecê-lo durante toda
a semana. O mais importante é, pois, para ter êxito,
no assunto de que tratamos, a regularidade.
Assentai-vos confortavelmente e aplicai o poder de
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concentração de que já gozais sobre um assunto esco
lhido, um pensamento útil e elevado. Os motivos para
a meditação não são escassos, felizmente. Se preferir
des, escolhei uma qualidade moral, como o aconselha a
Igreja Católica. Se assim o escolherdes, procurai anali
sar em vosso espírito tudo o que comporta essa quali
dade; compreender e apreender o seu valor como uma
virtude essencialmente divina; analisar como ela se
manifesta na natureza como tem sido praticada pelos
grandes homens da antigüidade, como pode ser posta
em ação na nossa vida de todos os dias, e, enfim, como
e por que vos haveis talvez, esquecido de praticá-la, etc.
A meditação sobre uma virtude altamente moral é sem
pre um excelente exercício, pois não somente fortifica
o mental, mais ainda concorre para que um bom pensa
mento esteja constantemente presente a nosso espírito.
A princípio deveis escolher para assunto da medi
tação problemas concretos. Quando estes tenham-se vos
tornado familiares, podereis então passar para as idéias
abstratas e tirar delas grande proveito. Com a conti
nuação e o hábito, quando puderdes praticar a medi
tação sem sentir cansaço ou dificuldade, sem que um
pensamento importuno se venha introduzir no vosso
mental, podereis então passar à contemplação. Não vos
esqueçais, porém, que para poder ter resultado nesse
sentido é absolutamente necessário que tenhais já apren
dido a dominar o vosso mental. Durante muito tempo
ainda verificareis, experimentando a meditação, que
vossos pensamentos tendem a fugir, procurando outros
substituí-los, e de repente apercebereis que pensais, em-
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bora em lances rápidos, em assuntos diferentes do ob
jeto principal da meditação. Isso, entretanto, não vos
deve diminuir a coragem: a todos sucede semelhante
mente. Apressai-vos simplesmente em chamar ao seu
dever o mental indisciplinado ainda, cem vezes, mil ve
zes, se for necessário, pois o único meio de conseguir uma
completa vitória é nunca admitir a possibilidade de uma
derrota.
Quando, nesse combate silencioso, enfim, chega a
vitória, quando o vosso mental estiver definitivamente
dominado, esperai com confiança chegar ao fim já pró
ximo da vossa preocupação, fim para o qual todo o resto
não tem sido mais que uma preparação necessária.
CONTEMPLAÇÃO
Na contemplação, em lugar de procurar aprofun
dar-vos sobre a natureza de uma alta qualidade moral,
representai em vossa mente, formulai o ideal mais ele
vado que conhecerdes. Pouco importa qual seja ele ou
qual o nome que lhe deu. Um teósofo escolherá pro
vavelmente como ideal um dos grandes Seres, — um
membro dessa grande Fraternidade de Adeptos a que
chamamos Mestres — sobretudo se ele, teósofo, tiver a
ventura de gozar o privilégio de poder entrar em comu-
nicação com um deles. Um católico escolherá cer
tamente a Virgem Maria ou um Santo qualquer; um
cristão escolherá sem dúvida Jesus Cristo; um Hindu
escolherá Khishna; um Budista, Buda, etc. Os nomes
pouco importam, pois trata-se aqui de realidades. Mas
para vós este ideal deve ser o mais elevado, aquele que
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vos desperte o mais intenso sentimento de veneração,
de amor e de devoção.
Em lugar da vossa meditação habitual, deveis criar
em vosso coração uma imagem mental desse ideal, tão
viva e perfeita como puderdes, e, esforçando-vos em di
rigir para Ele vossas aspirações mais ferventes, dese
jar, com toda a vossa força, elevar-vos até Ele, tornar-
vos um com Ele, em uma palavra, enfim, fundir-vos em
sua glória e sua magnificência.
Se assim o fizerdes, se desejardes verdadeiramente
elevar vossa consciência, um momento virá em que sereis
verdadeiramente um com esse ideal, um momento em
que o podereis compreender melhor do que jamais o ha
veis compreendido, pois uma nova e maravilhosa luz se
espalhará sobre o vosso ser, transformando o mundo a
vossos olhos. Sabereis, então, pela primeira vez, o que é
viver, e toda a vossa vida até então vos parecerá, com
parativamente, obscuridade e morte.
Depois esse deslumbramento cessará. De novo vol
tareis à luz terrena, de todos os dias, que vos parecerá
bem turva. Mas a recordação da vossa contemplação
vos seguirá, e aquele glorioso momento se repetirá, tor
nando-se sua duração cada vez mais longa, até o dia em
que essa vida superior torne-se para vós, definitivamen
te, não mais uma faiscação fugitiva, um luar celeste,
mas uma possessão permanente, uma coisa maravilhosa,
e incessante, para todos os dias da vossa existência.
Desde esse dia, então, o dia e a noite não serão mais que
uma consciência contínua, uma magnífica vida, empre
gada a trabalhar para ajudar vossos semelhantes, e
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ainda essa situação, por mais inconcebível e indescritível que seja, não será senão uma preparação, para entrardes em pleno gozo da herança que vos deve caber, assim como a todos os filhos dos homens.
Olhando então em torno vosso, vereis e compreen
dereis muitas coisas de que até então nem havíeis sus
peitado a existência, salvo se já estiverdes previamente
familiarizado com as investigações de vossos predeces
sores nesse caminho. Continuai vossos esforços, e sereis
elevado mais alto ainda. A vossos olhos maravilhados se
abrirá a revelação de uma vida cuja grandeza ultrapassa
tanto a vida no plano astral, como esta ultrapassa a
vida física. Uma vez mais, ainda, compreendereis o que
é a verdadeira vida, pois vos aproximareis mais e mais
da Vida Una, que, somente, é a verdade perfeita, a Be
leza perfeita.
* * * Entretanto, é este um método de desenvolvimento
que exige anos, pois, praticando-o, procurareis, em uma vida, atingir um grau de evolução que, normalmente,
não pode ser conseguido senão no curso de diversas vi
das; mas lio resultado e à recompensa vale bem a pena de consagrar vosso tempo e vossos esforços.
Ninguém poderá ao certo dizer qual o tempo necessário para cada caso individual, pois ele dependerá da quantidade de energia e de decisão postas em atividade para vos arrancar às influências terrestres.
Não será possível afirmar que chegareis a esse resultado em tantos ou tantos anos; o que vos poderei di-
1 2 9
zer é que muitas pessoas têm experimentado e consegui
do. Todos os grandes Mestres da Sabedoria passaram pe
lo nosso período, como homens, no mesmo nível do nosso,
e assim como eles se elevaram também podemos nos ele
var. Muitos de entre nós, mais humildemente, têm expe
rimentado também e têm chegado mais ou menos a um
sucesso, e nenhum ainda se arrependeu dos esforços fei
tos, pois tudo o que ganharam ficou para toda a eterni
dade.
Seja qual for o resultado obtido, mesmo que não se
ja o ideal imaginado, vós o possuireis desde então em ple
na atividade e em plena consciência.
As faculdades adquiridas pelos métodos indicados pe
la teosofia são as únicas que apresentam, sob o ponto de
vista de uma verdadeira evolução, um valor real, pois
permanecerão como parte integrante da alma.
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Alguns Métodos e Processos Existentes, Imperfeitos, Errôneos ou Perigosos, Para o Desenvolvimento da Clarividência
Muitos outros processos para o desenvolvimento da
clarividência existem, mas a faculdade obtida por esses
meios, além de inferior e incompleta, reduz-se a um po
der da personalidade terrestre, desaparecendo com a
morte desta, enquanto que com o método teosófico assi
nalado linhas atrás, uma vez adquirida essa faculdade,
jamais se perde; é uma faculdade, então, do verdadeiro
homem, e não do homem exterior e grosseiro, que habita
as escalas inferiores.
Entre as tribos da índia, pertencentes à raça aria
na, a clarividência é obtida pelo uso de drogas, como o
haschish, o "bhang", e outras do mesmo gênero, que
exercem sobre o corpo físico uma ação anestésica, per
mitindo ao corpo astral do homem exteriorizar-se, como
geralmente o fazemos durante o sono, mas com muito
menos probabilidades de ter disso consciência, ao regres
sar à prisão física.
131
Antes de ingerir as drogas, o praticante determina-se voluntária e fortemente tentar por seus sentidos astrais em atividade, e uma vez estes libertos do corpo físico, tenta fazer uso de suas faculdades. Com um pouco de prática, pode chegar a um resultado, de maior ou menor valor, e, ao despertar no corpo físico, conservar mais ou menos uma lembrança de suas visões, procurando então interpretá-las.
Desse modo, colocado em estado de transe, o praticante pode pôr-se em comunicação com uma personalidade extinta — um espírito, como chamam os espíritas — que pode falar por seu intermédio, tal como fazem os médiuns, adquirindo dessa maneira muitas vezes a reputação de clarividente e mesmo de profeta.
Outros podem colocar-se nesse mesmo estado respi
rando vapores espasmódicos, geralmente produzidos por
uma mistura de drogas análogas.
É de presumir que a clarividência das pitonisas da antigüidade fosse obtida dessa maneira. Depois de ter respirado esses vapores durante um certo tempo, o mágico cai em transe, e qualquer espírito desencarnado pode então falar por seu intermédio.
Não é difícil compreender quanto esses métodos são pouco recomendáveis, sob o ponto de vista de um real desenvolvimento, assim como tendo em conta a saúde física.
Alguns autores recomendam, para o desenvolvimento da faculdade denominada clarividência, um método baseado em exercícios que tendem a regularizar a respiração. Esse método é mesmo empregado em gran-
132
de escala na índia. Segundo a opinião de abalizado autor teosófico, é verdade que uma espécie de clarividência pede ser adquirida por esse meio, mas, muitas vezes, à custa da ruína da saúde física e mental. É pois, também, um método que não merece recomendação. Numerosas tentativas têm sido feitas, baseadas nesse método, na Europa e na América, mas os resultados obtidos estão longe de ser satisfatórios.
O Sr. C . W . Leadbeater, em seu livro O outro lado
da morte, diz conhecer pessoalmente pessoas que arruinaram sua constituição, chegando mesmo a adquirir afecções mentais, devido a esse método perigoso. Algumas outras pessoas, diz ele ainda, conseguiram desenvolver essa faculdade o suficiente para serem constantemente assombradas e perseguidas por visões horríveis; outras, finalmente, nada conseguiram, a não ser comprometer seriamente a sua saúde e enfraquecer o seu mental. Raras são as pessoas, na sua opinião, que declaram ter obtido, por meio dessas práticas, um resultado favorável.
Isso nos faz facilmente compreender o perigo que pode resultar do emprego de certos métodos, fórmulas e cerimônias, recomendados por certos autores, neste como em outros assuntos concernentes à magia, pois, supondo-se mesmo que uma virtude exista nesses métodos, quase sempre um perigo também existe, sendo necessário um conhecimento profundo da matéria para poder utilizar-se das vantagens e das virtudes sem ficar-se exposto aos perigos.
Com relação ao método baseado em exercícios res
piratórios, com o fim de desenvolver a clarividência, é
133
verdade que é usado nas índias, pelos Hatha-Yogis, de
nominação que distingue os estudantes de ocultismo,
nesse país, que procuram o desenvolvimento de poderes
ocultos por meios físicos, não ligando nenhum valor ao
desenvolvimento do mental e do corpo espiritual. Mas,
mesmo entre os Hatha-Yogis, essas práticas não são exer
cidas indiferentemente, por qualquer, mas o são sempre
sob os cuidados diretos de instrutores responsáveis, que
observam atentamente os efeitos que os exercícios pres
critos produzem sobre os estudantes e os fazem suspen
der imediatamente, se julgarem que lhes podem ser pre
judiciais. Para as pessoas, entretanto, que não têm ne
nhuma noção desses assuntos, é pouco prudente e mes
mo perigoso entregar-se descuidadamente a essas prá
ticas, que se podem ser excelentes para uns, também
podem ser perigosíssimas para outros.
Outro método, por meio do qual se pede desenvol
ver a clarividência, é o mesmerismo, também chamado
magnetismo.
Em magnetismo chama-se geralmente ao estado em
que o paciente vê com os órgãos astrais: clarividência
magnética ou lucidez magnética, pois a lucidez, deve
acompanhar a clarividência, a fim de que o magnético
possa descrever o que vê.
A eficácia desse método depende quase que exclusi
vamente da conduta e do grau de saber do magnetiza
dor, pois o sonâmbulo fica submetido à sua vontade e
quase sempre tudo o que vê e descreve é de acordo com
a concepção que o magnetizador faz do mundo astral.
134
Muito bom resultado tem sido obtido por meio do
sonambulismo, como nos podemos convencer lendo as
narrações feitas por alguns dos investigadores que a es
se ramo da Ciência Oculta se têm dedicado. Essa leitura,
entretanto, faz-nos compreender que tais experiências,
para que fiquem ao abrigo de qualquer perigo, necessi
tam da combinação de extraordinárias circunstâncias
auxiliantes e de uma elevação quase super-humana de
pureza de intenção, tanto da parte do operador como da
parte do praticante.
O papel representado pelo sonâmbulo magnético é
quase que o mesmo representado pelo médium espírita,
com a diferença que este coloca o seu organismo psíqui
co em estado de completa passividade, permitindo que
ele possa ser dirigido por uma entidade qualquer habi
tante do plano astral, e sem poder exercer domínio al
gum sobre ele, enquanto que no magnetismo é uma pes
soa viva, o magnetizador, que o governa por meio de sua
vontade. Desta última forma, o sonâmbulo pode também
entrar em comunicação com um espírito desencarnado,
mas em vez deste se utilizar do seu organismo, como lhe
aprouver, a vontade do magnetizador é quem dirige e
vela o contato, podendo-o sustar quando julgue conve
niente. Entretanto, o sonambulismo não é somente um
meio de obter comunicação com os mortos, como erra
damente pensam alguns adeptos do espiritismo, pois o
magnetizador pode perfeitamente dispensar o concurso
dos habitantes do astral e induzir o sonâmbulo a, por si
mesmo, investigar, aprender, retirando noções do que vê
em torno de si.
135
Toda a confusão proveniente desse gênero de estu
dos provém de que, geralmente, tanto o magnetizador
como o sonâmbulo não têm nenhum conhecimento sério
acerca do plano astral, o que faz, tanto a um como a
outro, julgar o que percebem de acordo com a concepção,
mais ou menos errônea, que possam fazer do outro mun
do. Acresce que a opinião do sonâmbulo é modelada pe
la do magnetizador, do qual depende, nesse momento,
a organização psíquica do mesmo. Facilmente podere
mos fazer uma idéia do quanto o sonambulismo pode
conduzir-nos a falsas noções, se imaginarmos que as fa
culdades astrais, o mundo astral e as coisas que o sonam
bulismo aí possa ver, dificilmente podem ser traduzidas
pela linguagem e que o cérebro físico, não estando exer
citado e aparelhado para a interpretação do mundo as
tral, ao fazer esta interpretação, desvia-se longamente
da verdade. Junta-se a isso o império que o magnetiza
dor, pela sua religião fluídica, exerce sobre o sonâmbu
lo, e conceber-se-á qual a causa de tantos erros, e o mo
tivo por que as opiniões de diversos sonâmbulos sobre a
vida no outro mundo apresentam enormes divergências
e contradições. Lendo as narrações que Cahagnet faz no
seu livro Les arcanes de la vie future devoilés, das ex
periências por ele feitas com uma sonâmbula de nome
Adélia, apercebemo-nos de que foi unicamente a con
cepção que ambos, sob o ponto de vista católico, poderiam
fazer do supramundo, que deu origem a tais visões e des
crições fantásticas. Concluindo, repetimos: tanto o mes-
merismo, o espiritismo, como alguns outros processos pa
ra obter a clarividência, podem ter o seu valor, se exer-
136
cidos com escrúpulos e tática, mas nenhum concede as
vantagens, isentas de erros e perigos e representa um
real progresso para a evolução da alma, como o método
ensinado pela Teosofia, cuja procedência superior e
cujo alvo de ideal perfeição moral o colocam a um pla
no a que nenhum outro, fruto da concepção e da inves
tigação humanas, poderão jamais atingir.
Possam estas mal elaboradas reflexões induzir o lei
tor ao esforço necessário para a sua realização. Nada do
que os dissemos poderá dar uma idéia do valor, da be
leza e do elevamento da recompensa que está destinada
aquela que a isso se decidir.
137
Como Preparar o Espelho Mágico de Salomão — O Mais Famoso de Todos os Espelhos
Esse espelho tem a finalidade de permitir ao prati
cante ver o que quiser, isto é, coisas e pessoas distantes,
o passado, o presente e o futuro.
Podendo ver tudo o que quiser, terá, naturalmente,
a possibilidade de ter êxito em todos ou quase todos os
empreendimentos humanos, pois, o SABER é a base e a
fonte de todo êxito.
É o seguinte o processo para se preparar o "Espe
lho Mágico de Salomão".
1º — Prepare uma placa de aço muito fino e muito
polido, que tenha forma um pouco convexa;
2º — Durante sete dias consecutivos conserve a
mais absoluta castidade, isto é, o praticante não deve
manter relações sexuais, nem ao menos pensar nesse as
sunto, durante o período acima prescrito;
3º — No oitavo dia, sacrificará um pombo branco,
sobre um pedaço de pano de linho branco, com uma fa-
1 3 9
ca de aço puríssimo que tenha sido adquirida no dia e
hora de Marte;
4º — Recolherá esse sangue, num recipiente branco
e limpo e, com uma pena nova, adquirida na hora de
Marte e num dia favorável a esse planeta, escreverá nos
quatro cantos do espelho (do lado côncavo): Jehovah,
Elohim, Metratom, Adonay. Depois, envolverá o espelho
num pano de linho branco.
5º — No primeiro dia da Lua Nova, uma hora de
pois do pôr do Sol, com a frente voltada para o Norte, di
ga em voz baixa:
"Oh, Deus Eterno, Inefável que criaste os céus e a
terra e tudo quanto neles existe! Eu . . . (nome da pes
soa que faz a prece), te suplico que, para o meu próprio
benefício e no dos meus semelhantes, permitas que o An
jo Anael apareça no espelho que acabo de preparar pa
ra orientar-me e instruir-me no meu próprio interesse
e no dos meus semelhantes, para maior Glória Tua e
das Tuas criaturas. Assim seja".
6º — Acenda alguns carvões e lance um pouco de
açafrão sobre os mesmos, de modo a se exalar o perfume
de Anael; passe o espelho sobre a fumaça que se produz
e diga em voz baixa:
"Oh, Deus Eterno, Inefável, criador de todas as coi
sas que existem no céu e na terra, Senhor de todo o Uni
verso e de toda a Eternidade! Eu te suplico que mandes
teu Anjo Anael aparecer neste espelho para Tua Glória,
meu benefício e dos meus semelhantes. Assim seja".
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7º — Conserve o espelho sobre os carvões acesos, recebendo, portanto, a fumaça e o perfume do açafrão e diga três vezes:
"Em nome de Deus Eterno e Inefável, eu te invoco, Anael, e te suplico que te manifeste neste espelho para atender aos meus desejos. Assim seja".
Nota: A operação mencionada no item 69 deve ser
repetida todos os dias, até que Anael apareça. Sua pre
sença é semelhante à de uma criança.
Quando ele aparecer, peça-lhe o que quiser, sem
receio e sem demora, por isso, deve estar prevenido para
pedir prontamente o que quiser, com convicção; o prati
cante não deve ter dúvidas quanto ao pedido que vai fa
zer, nem esperar até que Anael apareça para se resolver
a pedir alguma coisa. Quando proceder à invocação já
deve saber de antemão o que QUER.
Depois que Ele aparecer na primeira vez, aparecerá mais facilmente nas demais, bastando repetir a invocação constante do item 69.
Depois que o paciente tiver feito o pedido, esperará
um momento e, não tendo qualquer coisa a responder
a Anael, o despirá, empregando, para isso, os seguintes
termos:
'Em nome de Deus eu vos agradeço Anael, por ter
des vindo e terdes atendido".
Advertimos ao praticante que, invocando Anael em
nome de Deus, que é o único meio não deve, de modo al
gum, pedir qualquer coisa que seja má ou prejudicial a
quem quer que seja.
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Tanto durante o período preparatório, como duran
te as invocações de Anael, não deve pensar em nada de
mau, nem nos desafetos ou inimigos, não se lembrar
de qualquer mágoa, não proferir qualquer termo obceno
ou ofensivo a alguém. Deve, portanto, conservar a mais
absoluta pureza de pensamentos, atos e palavras.
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