agulhada na bunda

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  • 7/24/2019 Agulhada Na Bunda

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    Tambm, o idiota tava pedindo pra morrer mesmo. O cara preto, decala preta, blusa preta, de madrugada... verdade que eu tambm notava muito bento, j tinha tomado algumas com o Gustavo, mas bebumeu no tava. irei a direita pra pegar a !ma"onas e de repente o cara jtava em cima do meu cap#. Ou, $e" um barulho escroto demais, metalamassando, osso quebrando, sei l. %as muito machucado o cara no$icou no. &arei o carro assim meio assustado, mas com aquela lerde"ade chapado de cerveja que no consegue se a$etar com nada, sabe' !(eu abri a porta e vi o cara com a mo na costela gemendo de dor.&erguntei como que ele tava assim j num tom quase )ingando, porquetambm porra, o cara me deu um susto do caralho* %as quando eu deium passo pra me apro)imar dele, o viado se levantou todo alerta, j $oicatando aquela bosta de s+ate e meteu o negcio duas ve"es na lateral

    do meu carro. -uebrou um dos vidros e regaou com a porta. !ntes queeu pudesse $a"er qualquer coisa ele j pulou de novo em cima donegcio e virou na contramo. ilha da puta demais, n no' %as o queme encucou $oi quando ele virou de costas e deu pra ver uma merda detrancinha que ele tinha que chegava at a cintura. Tem um nego queentrega jornal l no bairro que tambm tem essa mesma merda

    pendurada na cabea. /sso $oi se)ta n. 0egunda eu vou acordar bemcedinho pra ver se o $ilha da puta do s+atista mesmo, o cara do jornal.0e $or, meu amigo..

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    2OO3 4O 4/!

    5e6 Girls*!qui esto os 7ltimos tr8s loo+s que eu usei aqui em 9:. ;stousimplesmente apai)onada com essa bolsinha vermelha da do %aroon ?

    ))))))

    2#

    @

    ;nto, o que eu tinha pra $alar ta aqui, , compasso trinta e sete. 0 essanotinha a(, esse l bemol a( no bemol no. 0 isso mesmo. 0 issomesmo, ta o+' &ode soltar' l ento. Aonito* Opa, parou parou*!garrou a( n, tenor. 9o pararara&!%* /sso, isso, articula bem. &soltar. /sso, isso. !( , parou. B Arasa, ta $a"endo ligado, bicho' %asnum no, cara. 0epara bem, e com vontade. !8. Aele"a, $oi. !(. !(.

    9o, no. 4e novo, Arasa. C stacatto mesmo. !ham. 9o, no. Temnota errada a( hein. %as to $alando. &orra cumpade, olha pra partitura,

    parcero* C* !(, . Ta bonito, ta bonito. &ode ir. B tenor, $a" direito, rap.

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    ai ser animal, to te $alando* O negcio abrir tarde, tipo meia noite,encher de mulher, cortesia pra quem botar nome na lista, e $erver a pistamesmo*

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    9estor rodou o espeto que sustentava a lingJia. estido em seutraje de sbado, todo de seda, combinado a"ul marinho, shortinho largo,camisa de boto aberta mostrando a barriga. 0urgia abruptamente logoabai)o do dia$ragma $a"endo uma meia circun$er8ncia to per$eita que

    parecia arti$icial. &8los negros cobriam as duas pernas, peito,bochechas, pescoo. O impactante bigode tampando o lbio superior,como uma lagarta peluda. 9estor punha $ogo no toco de cigarrilha

    ba$orando contente enquanto desli"ava a mos sobre o est#mago.K; sai ou no sai, 9estor'L -uase na mesma hora, 9estor pos a

    bandeja cheia de picanha sangrando e queijo mussarela em cima damesa. K4aqui a pouco chega a lingJia, hein'L. Os amigos se serviramquase hipnoti"ados. rios dedos rolios $a"endo $orma de pinadecidindo qual pedao pegar. 0ua mulher bebia cerveja direto da latavendo um $ilme na televiso, anestesiada no so$ da sala. K!h *;squeci de mostrar pra voc8s*L. Os amigos permaneceram com o olhar

    suspenso pelo mistrio. 9estor vai l dentro e volta com umcomputador na mo. K&eguei ontem l na loja o v(deo dos $ilha daputaL.

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    0eus olhos cansados de pei)e viam pela janela a cidadecorrendo cheia de curvas, morros, outros estilos de pi)ao, mendigos.!inda ecoava em c(rculos a 7ltima $rase do trompete. ;dinho pensavano quanto era um $ardo ser talentoso num mundo de gente med(ocre.0empre lutando pra $alar numa l(ngua em que os outros poderiamentender, sempre correndo o risco de ser mal interpretado.

    K%as o ar dessa cidade no se respira no, einL. ;dinho tambmsentia a garganta seca. K9em essa genteL, ;dinho completou, )en$oboe sincero. !quele era um dos momentos em que cogitava seriamentesair da vida que levava. ;ntre gravaNes, sho>s, ensaios, sempre tinhaque lidar com mais seres humanos do que gostaria. 0ua utopia j estava

    pronta no bairro de

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    KOpa, cuidado a( Hoo*L. O suspensrio havia agarrado namaaneta da porta. 9um gesto vacilante, Hoo se livrou da situao.;unice o encarava com uma e)presso cansada, porm satis$eita.

    ;le estava dormindo. Dm sil8ncio abraou a casa. OuviaIseapenas a respirao dos tr8s e o ru(do de um eventual carro oucaminho passando na estrada. ;unice levantouIse do so$ e comeou aarrastar os ps at o quarto. K!cho melhor eu dormir tambmL. Hooolhou o $ilho desabado no so$ em sono pro$undo. 4ava pra ver osolhos rodando debai)o da plpebra. KAoa noite, queridaL. 0ua vo" saiude tal jeito que ele mesmo considerou digno de pena.

    Os carros vinham da direita pra esquerda, "umbindo comoinsetos. Hoo sentiaIse rela)ado. 4ei)ava as costas escorregarem no

    so$ at se apoiar atrs da cabea. &assava os dedos nos lbios sentindoa eterna saudade do cigarro. 0ua mente produ"ia tantos pensamentosque o atordoava. Hoo sentia uma crise de depresso curiosa seapro)imando. !lgo que o dei)ava sereno e pro$undo, como se $osse a7ltima pessoa viva. %as era longe de ser ruim. 0eria simplista demaiscategori"ar uma sensao dessas assim. Torpemente pleno, Hoolentamente esticou os lbios num sorriso, at adormecer no so$.

    1

    &ra mim, o homem que no se importa do $ilho $a"er ballet o mesmoque no importa dele $umar maconha, dele roubar, matar e por a( vai.&ra mim j tava na cara que ele no era ameaador, mas no imaginavaque ele $osse assim bunda mole desse jeito.

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    Q/052/0T

    ;i lindas*&reparei uma lista aqui com algumas coisinhas que no saem da minhacabea. 0empre antes de comprar um produto mais caro, eu gosto de

    pensar bem pra saber o que eu realmente vou usar, o que vai cair bemetc. ;nto aqui est minha >ish list atual, com a seleo de peas eacessrios mais cobiados. ;spero que gostem e eu quero saber qual aescolha de voc8s*

    )o)os

    2#

    @

    C por essas e algumas outras que a cada dia eu me conveno que notem como mesmo. 9o tem mais jeito. O tempo de ouro da m7sica

    brasileira veio e $oi embora. 9a verdade, j tava indo embora quando eucomecei a tocar.

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    9o, no vou comer isso no. rescura o caralho, $i, voc8 no sabe oque j aconteceu comigo. 9o, desse jeito mesmo. 0ushi desupermercado. C, eu pensei que tava de boa tambm. Tinha um negciomeio preto assim, igual tem a( no seu. %as eu $alei $odaIse n. !cordeide madrugada s jucando sem parar. 4evo ter vomitado umas oitove"es antes de ir pro hospital. ;u cheguei l j mais que branco, semquase conseguir $icar em p. !( uma en$ermeira l me deu um remdio

    pra mim parar de vomitar. emdio na veia n, porque nada que euengolia parava no est#mago. !( eu tava l deitado na cama e $oi medando um negcio esquisito, uma con$uso mental vei, um tanto decoisa na cabea. ;u $icava mudando de posio e virando de lado erangendo os dentes e suando $rio. ;u queria era arrancar a agulha domeu brao e sair correndo. Dma ansiedade do outro mundo. !( amdica me viu l e disse que eu tava tendo uma reao alrgica ao

    remdio. 0endo que eu ainda tava enjoado, vei. ;ra o in$erno mesmo.!( eu entrei numa salinha l, abai)ei as cala e tomei o antialrgico nabunda, vei*

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    9estor ainda tinha pedaos da goiabada que comera desobremesa grudados nos dentes quando se sentou no trono. 0entia oac7mulo de e)crementos balanar dentro do intestino. &rodu"ia ru(dos.

    9estor sentia as vibraNes internas tocando com delicade"a a barrigavolumosa.

    ;ra raro a casa assim to silenciosa. 9um dia comum desemana a empregada ouvia m7sica num radinho l da co"inha. 9a casado lado, lavavam as janelas. Dm helicptero passou voando bai)o.;ntre um barulho e outro, o momento era de pa".

    &rocurando calar a vo" na sua cabea que di"ia para voltar aotrabalho, 9estor apanhou uma revista no cesto de revistas ali do lado.;ra uma revista de $o$ocas. ;nquanto se dei)ava esva"iar aos poucos,arrepios percorriamIlhe o corpo inteiro, seu organismo dei)ava claroque algo ali no $uncionava bem. 9estor ignorava solenemente,

    passeando com a ponta dos dedos nos rostos das celebridades. Dmaestava grvida, um casal havia se separado. O cantor londrinoacostumado com a vida noturna se voltava cada ve" para a $am(lia,

    passeava com o cachorro pelas ruas, se e)ercitava regularmente.

    To alto era o monlogo incansvel dos seus pensamentos quenem notara no quanto a rua estava deserta. 2orena pisava com um p na$rente do outro, olhando inconscientemente a $alange dos dedos que osapato dei)ava vis(vel. 0uas emoNes estavam to borbulhantes que poronde ela andava, sentia que trans$ormava quimicamente a composioda matria. Tudo passava a ser relu"ente e brilhante.

    -uase oito horas da noite e desde o almoo que no comia. 0eimaginava abrindo a pesada porta de ao ino) da geladeira, divertindoIse em imaginar o que teria em cada gaveta, pote, compartimento, semabrir nenhum. -ual molho, qual po, qual queijo. &erdida entrealternativas culinrias atraentes, sua mente mais uma ve" tomou outrorumo.

    9um susto em que pensou que iria cair morta ali mesmo, se viu

    sendo tocada nos dois braos ao mesmo tempo. O relgio, a sua bolsa, epor $im, sua correntinha de ouro. 4ois meninos que com as idadessomadas no chegavam P suaS bon meio solto na cabea, camisas detime de $utebol europeu, o nome de algum tatuado no antebrao,

    piercing verde limo na sombrancelha. ;m um instante, estavanovamente so"inha na rua. 0entimentos incontrolveis $a"iam seuquei)o tremer. &or um breve e arrastado momento, 2orena pensou queno havia mais como continuar vivendo.

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    4ei)ouIse desabar na cadeira de plstico amarelo. &or poucono $oi ao cho. !quele era o primeiro lugar que o lembrava da suacidade natal. O barulho alto das pessoas conversando, o tilintar dostalheres, a mistura indeci$rvel de cheiros.

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    ;unice insistia na busca, levantando as almo$adas, abai)andoIsecom di$iculdade para ver embai)o dos mveis, repetindo em vo" altaque no era poss(vel aquilo de s uma pea sumir. Hoo escutou aquela$rase como que no ouvindo e depois de alguns segundos assimilou ain$ormao, virou o pescoo, olhouIa nos olhos e concordou.

    ;m cima da mesa a $igura j estava praticamente pronta. 5aviaapenas um des$alque no cu que $a"ia a lua parecer uma estrelaqualquer. Tinha o desenho na cai)a e dava pra ver, era uma peamasculina, provavelmente toda branca. %as Hoo nunca gostou muitode quebraIcabeas. 0eu $ilho estava agora, pela primeira ve", brincandocom o carrinho na posio correta, com as quatro rodas encostadas nocho.

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    5elloooo Girls***

    !qui esto umas $otos com meu vestido novo da ;4; que eu usei nocasamento sbado de manh* ;u simplesmente !%;/ ele e acho quecaiu super bem pro casamento* Good ne>s* ;le j est dispon(vel nosite* ;baaaaaaa**** !cho a estampa dele muito divertida e di$erente. ; o

    penteado que eu $i" $oi esse meu novo pre$erido* 9unca me canso dele,hahahaha...

    Aom, aqui est o loo+* ;spero que gostem***

    @

    &orra !le)andre* Ta pensando que $ilso$o agora' %as essa boahein* Tu sai pra l com esse papo a( cheio de re$le)Nes sobre a vida queeu to numa boa aqui. 9 no, Guilherme' Onde j se viu' !h '

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    ala galera* 0ou o 4H 4iego enturi. 4ia cinco agora, de junho, voutocar na calourada da $armcia da D%G. /n$erni"ando* ou $a"er meusom. H garanti minha caneca, viu galera' ;nto s chegar juntocomigo, vai e)plodir* aleu'*

    ?

    9ossa* -uanto tempo eu no via isso* Ta no in(cio, n' 9ossa, esse bom demais. C born... 9o. 9ascido pra morrer, ... /sso, isso* C,nascido pra matar, . 9ossa, bom demais. ; isso a( tudo improviso,sabia'. C, improviso, a cena inteira. ; olha s pro olho dele. ;le no

    pisca* 9enhuma ve"inha, simplesmente no pisca* ;sse cara eraespecial mesmo n, impressionante. 9o tem um $ilme ruim. ;les no

    param de berrar n. C g8nio, g8nio. C, pois , eu sei. !h, ta bom, voupegar.

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    ! linha curva de pontos vermelhos esticavaIse at onde a vistano alcanava. Os automveis pareciam se arrastar como tartarugascansadas. ! maioria com menos de tr8s pessoas, cai)as metlicas

    impenetrveis, cada um sentado em seu del(rio particular. 9oe)atamente com essas palavras, 9estor divagava parado no trMnsito. iaos adolescentes $umando maconha inescrupulosamente no carro aoladoR a pol(cia logo adiante, inerteR um caminhoneiro descamisadocantando alto uma m7sica estridente. !quela situao causavaIlhe umdescon$orto pungente, mas 9estor no conseguia entender a causa dasensao.

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    ;ntrou no est7dio ouvindo um comentrio Ps suas costas de que

    naquele tempo seco no dava pra viver $eli". ;ra bem verdade. !lm dosol impiedoso, o ar parecia irrespirvel. !ssim que entrou no est7diosentouIse na sua cadeira, abriu a partitura e $icou esperando de pernacru"ada. ;ra sua pose de che$eR levemente impaciente por enquanto,esperando os m7sicos se preparar.

    O dono do est7dio era um homem de quase dois metros dealtura, e)tremamente magro, de cabelos pretos presos num n. ;stavasempre de preto e nunca dei)ava de encarar ;dinho $undo nos olhos, oque lhe aterrori"ava um pouco.

    4epois de uns cinco minutos comearam a gravar. ;dinho sabiaque o dono do est7dio concordava com as intervenNes que ele $a"ia,

    mas por algum motivo aquilo o incomodava. rias notas $ora, um solode trompete que no $icava bom nunca, uma $rase praticamenteimposs(vel de tocar no sa). K-ue imposs(vel o que man, da aqui queeu toco. 0e tivesse estudado direitinho tava saindo que eu sei, tavasaindoL. %ais um dia pra rea$irmar seu apelido.

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    Hoo sentiaIse tomado pela disposio da manh de sbado.4esde sempre se contaminava dessa vitalidade quando acordava cedo.

    Dm impulso incontrolvel de $a"er algo 7til, de ser produtivo,construtivo. Dma ocasio per$eita para en$rentar $antasmas, uma timaoportunidade para terminar tudo o que estava adiando eternamente.

    long are 6ou here' !ham, aham. /Um going to ta+e a ver6special drin+ $or 6ou, o+' er6 special' ;u'* !h, se $uder* ;sse gringovai sair daqui lambendo o cho, voc8 vai ver*

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    2OO3 4O 05OQ 4O %!/!5

    5ello Girls*;ste post de hoje est bem atrasadinho, no ' 5ahaha* O sho> da%ariah na rua, s obaIoba, bebum, mulher conversando. -ueria saber comoque deve ser l na 4inamarca, sacou' Gente $ina, gente educada n

    porra. 9o essa $avelada do caralho. !( , v8 se tem condio. C, cara.oda. 5m... oc8 ainda quer ver o resto' oc8 que sabe, porque pormim eu topo ir embora tambm. !h, ento vamos ento. C, . 9o, o

    pior nego achando ruim ainda* C, . /mpressionante, cara. &ai"inhoatrasado mesmo, man. O que' !h* !h, vi u* i sim. Dm absurdomesmo. ;ram vinte n, e nenhum $oi preso' &uta merda* -ue circohein'

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    9ossa, cago*

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    icou do trreo ao oitavo andar de $rente pro espelho,observando um leve sorriso en$eitando o rosto. 0e $osse um pouco

    menos gordo, seria sem d7vidas um gal, estilo comedor de televiso.9estor pensava alto. Olhou ansioso pro celular. Dma da manh e umminuto. 0empre que via a hora no relgio repetida assim, tinha asensao de que estava sendo observado.

    Tocou a campainha. ;ra poss(vel ouvir uma m7sica comsa)o$one tocando l dentro, pessoas rindo. O suor escorria pelascostelas, subindo e descendo as montanhas de gordura lateral do seucorpo. K;ntra a(, tetas*L. 9estor gelou por um instante ao se lembrar doantigo apelido. &ensou que aquele era o pior momento para se lembrarde uma adolesc8ncia to marcada pelo sentimento de impot8ncia./gnorou esse pensamento e abriu a porta.

    9estor atravessou a sala de estar toda decorada de maneirae)travagante. O carpete estava impecavelmente limpo. 9o 7ltimoquarto, a porta entreaberta, uma lu" vermelha. ;stavam l os mesmosde sempre. Hunto com eles, seis pro$issionais. Dma de policial, uma deempregada, uma de en$ermeira, uma de bat girl, e outras duas,descaradamente mais novas, s de calcinha e suti.

    ! taa de espumante entortava aos poucos em sua mo at

    derramar, sintoma clssico da bebedeira. O re$le)o de 2orena aencarava com o ma)ilar rela)ado, olheiras $undas nos olhos. ;stavacompletamente tonta. &or algum tempo esqueceu porque estava ali.Todas as vo"es somadas e a m7sica $ormavam um ru(do regular. !tdentro do banheiro estava cheio de gente. Obviamente, s mulheres.

    !travessou a pequena multido apertada na pista de dana at aporta. &or esse trajeto, sua mente $ervilhava em pensamentos do tipoKeu acho que nunca estive to b8badaL e Kno acredito no que eu vou$a"er agoraL. !ntes de sair, suas amigas vieram incentivar, quasee)plodindo de empolgao, di"endo $rases estimuladoras e ajudando emdetalhes da roupa e do penteado.

    ;n$im saiu daquele lugar e p#de respirar $undo um ar menosviciado. %al pisara na calada e ouviu o soar gentil da bu"ina achamando. ;ntrou na ) e l estava ele. oram se beijando atenquanto ele dirigia. ;ntre um $#lego e outro, 2orena reparava noquanto ele era mais bonito ao vivo do que na tv. ;le tambm parecia

    bastante e)citado com o momento, mas no $alava muito. ;ncostaramnuma rua deserta e 2orena p#de progredir gradualmente em seusmovimentos. 9o demorou muito e tudo o que o rapa" $a"ia era umca$un gentil no alto de sua cabea. ;la nunca gostara de $a"er aquiloantes. &ercebeu que nem sabia mais o que estava $a"endo ou quantotempo passara. 4e repente, sentiu um gosto indito impregnando a

    boca.

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    %astigando a 7ltima batata $rita, uma das mais torradas daporo, matou a bola tr8s na caapa do meio. oi um pequenoestardalhao. Todos que estavam jogando se levantaram e $icaram

    comentando ou $a"endo uma e)presso de surpresa. ;dinho e)aminavadetalhadamente cada colega. 9ingum ali, a no ser ele, sabia de $atocomo jogar sinuca.

    %astigava a ponta 7mida de um palito de dente enquantoesperava sua ve" chegar. 4e ve" em quando seu olhar se prendia emalguma mulher, uma discusso in$lamada na mesa ao lado, num senhormuito velho de barba amarelada tomando cachaa em uma mini garra$a

    plstica de re$rigerante. 4epois de um dia intenso de trabalho e es$oromental sentiaIse anestesiado, capa" de en$rentar qualquer coisa.

    !ntes de pegar no taco virou num gole a cerveja do copo. 0eusmovimentos $icavam mais rela)ados e imprecisos P medida que $icava

    b8bado. 4esli"ou o gi" sobre a madeira e)alando tanta autocon$ianaque todos que estavam perto deram um passo pra trs. %ovendo o

    palito de um canto da boca ao outro, ;dinho mirou e e)ecutou a jogada.&or alguns mil(metros a bola branca no acertou a sete, nem a tre"elogo ali perto. ;nquanto todos prendiam a respirao, a bola continuoua rolar at parar pateticamente no centro da mesa, sem tocar em nada.

    Dm raio de sol com e$eito per$urante acertouIo bem no centroda testa. 4espertou sentindo como se dentro do seu crMnio houvesseuma es$era de chumbo. Os olhos no se acostumavam com a lu". 4or

    em cada vrtice do corpo, o est#mago revirado, a saliva grossa, osdentes sujos. 4iego, com di$iculdade, conseguiu se sentar na beirada dacama.

    4epois de tomar bastante coragem, $icou de p e arrastouIse ato banheiro. 9o caminho, p#de contar seis latas de cerveja amassadas nocho. 9a cama em que estava dormindo havia mais duas pessoas, ocachorro aproveitou a oportunidade para deitar no guarda roupa e nocanto desse quarto, um monte de cacos de vidro toscamente varridos.Tampinhas e guimbas de cigarro tambm compunham o cenrio.

    4ei)ou a gua $ria tocar seus pulsos. !quilo o $e" arrepiar pordentro. 0 depois de lavar o rosto reparou na menina jogada ali no cho.

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    4escansando as pernas sobre a mesa de centro, Hoo observavaseu $ilho brincar com o gi" de cera. 4i$erentemente dos rabiscos das

    crianas daquela idade,

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    ADTT;2: 4;00

    5ello Girls***

    ! pedidos, aqui est o dress que usei domingo aqui em salvador* Ovestido da minha marca e um dos que eu mais amo* Tem longo ecurto tambm. !cho simplesmente per$eito para usar a noite em cidadesde praia entra super no clima n' ;squeci minha cMmera Xsorr6 sorr6Ymas as $otos do cel j da pra ver bem*

    ;spero que gostem***

    bjo bjo bjo

    @

    !h, no* 9o acredito* 0 assim pra gente se esbarrar n, caralho* -uetempo, cara* -ue que ce ta $a"endo aqui, bicho' 9o brinca. C

    mesmo' Tem quanto tempo j' 0ete anos* H tem isso tudo que eu note vejo ento n' &uta merda...

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    9o, vei. Fbvio que no. C que voc8 j ta de boa n vei, voc8 j tem

    carrinho, tem !& e tal. 9, se eu tivesse meu carrinho j eu ia ta dandorol demais, voc8 no tem nem idia. C. !ham. Ou, quando eu tinhaemprego $ormal, , , de administrao, meus pais nunca $alaram nada,$raga' 9em parabns nem nada, vei. Tipo assim, eles pensam que eu stava $a"endo mais que minha obrigao. Tipo, normal que voc8 tenhaque $a"er um negcio que voc8 no gosta e tal, s por causa da grana eda estabilidade, ter ali no $inal do m8s certinho, $raga' ; agora eles s$icam me enchendo o saco, vei, vinte e quatro horas. !ham, aham. Aoto$. C, tipo parece que no tem como voc8 se divertir no trabalho, $icarali de boa, $eli" com a rotina. ai ter sempre algum ali pegando no seu

    p, mesmo que no seja uma pessoa e tal. &elo menos uma vo"inhadentro da cabea, $raga'

    ?

    ;u vo pintar o olinho e a boquinha e o... que isso' ;i* Ou* Tia* -ue

    isso' !h, bom. %as pra que que serve' !h. Ta bom, ta linda, princesa,ta' -uerida, esse ai do seu lado ta parecendo um macaco* Dmmacacudo* !i, ai. aaIme o $avor. !( no, a( no* Tira o picel da lata,t#nio* Tira* ;i. Oi... Arigada. oc8 o vov# do

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    9a estao de trem, apenas ele e um mendigo dormindoembai)o do banco. O sil8ncio era to pro$undo que 9estor sentiaIse at

    um pouco constrangido. &ela luminosidade do cu, devia ser entre seis esete horas. !penas mato e o trilho dos dois lados. 9o tinha idia decomo havia chegado ali.

    ;stava comeando a considerar que talve" o trem nuncachegasse.

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    @

    !s bananas em contato com a $rigideira quente produ"iam umru(do chiado, como o de um rdio $ora do ar. Dma mo na cintura, outrana esptula, ;dinho preparava um ca$ da manh incrementado. O

    pra"er da meditao ao co"inhar o rela)ava, era capa" de realmenteesquecer os problemas $ocado em gestos simples como despejar um $iode a"eite na panela ou picar os tomates.

    Tragou o $ino cigarro dourado que emitiu algumas $a(scas aoser aceso. ! $umaa era leve e transmutavaIse em c(rculos per$eitos noar sem que $i"esse nada. !nunciando sua chegada ao caminhar, Hoaquimentrou na co"inha. ;ra um cachorro do tipo salsicha todo preto e j maisvelho. %ancava nas patas de trs, v(tima de hrnia de disco.

    ;dinho abai)ouIse para adular sua barriga. O co, prostrado depra"er, piscava os olhos com lentido, quase caindo no sono. O cheiroda comida agora tinha uma apar8ncia alaranjada. ;dinho estava prestesa se levantar para desligar o $ogo quando Hoaquim olhou dentro da suamente e lhe disse Kamos pro baile'L.

    0em entender muita coisa, levantouIse da cama. O coraobatia velo". O relgio marcava quatro e de"essete da madrugada. !inda

    conseguia escutar as vo"es do pesadelo que acabara de despertar. Dmacriana sussurrando bai)o que aos poucos ia aumentando o tom at seesgoelar de berrar.

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    Hoo era um caador e)periente. 4e colete cheio de bolsos,

    chapu para o sol, t8nis de caminhada, espingarda nas costas, culosescuros, mquina $otogr$ica. 9uma $loresta in$inita, caminhava semprealerta a qualquer detalhe. Dm inseto e)tico, uma pedra rara, umaindia"inha de de"oito anos, perdida, inocente, nua.

    ;unice levava bo$etada atrs de bo$etada. O agressor, ouagressora, no era identi$icvel.

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    &2!/0/ GOD%;T

    5ello Girls,

    Tenho uma dica muitoooo top pra vcs de A5*** 2anou recentemente o&laisir Gourmet que um guia gastron#mico muito legal* unciona daseguinte $orma, vc paga 1 prato e ganha outro de igual ou menor valor

    pode escolher qualquer prato principal do cardpio tradicional dorestaurante I. O Guia custa \,WW, ou seja, se vc usar em 1 dos restaurantes cadastrados j recuperou o custo* !lm disso ele no intrans$er(vel ento pode ser emprestado para $amiliares e amigos,como se no bastasse parte da receita ser doada para a ora do Aem.

    &ara maiores in$ormaNes acessem o site e conheam mais sobre o guia&laisir Gourmet**

    ;spero que gostem***

    2#

    !l#' Oi, eu sou da !dministraNes diurno e $ui olhar as notas aqui nosite e descobri que eu perdi meu login. C. 2ogin e senha, . /sso. 4iego

    enturi 2eite. enturi, com i. /sso. C, voc8 pode me in$ormar, por$avor' Ta. Oi, pode $alar. Dhum, uhum. Ta timo, muito obrigado, viu'Tchau, tchau. ala, vei. &ois , to $a"endo isso agora. Tinha esquecido ocadastro l do site vei, tava $alando l agora. %ulher"inha lerda que meatendeu, nu. !ham, to vendo. ;stat(stica' 9ossa, rodei demais. odei

    bonito.

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    Z del(cia de corpo, hein' oc8 ta muito bela, meu bem. !h, voc8 sabeque no. ;u sou todo seu, !line. Todinho teu, bab6. !i, ai. -ue tortura,

    ben"inho. !h no, eu no divido no. oc8 sabe do meu ci7mes. 0ouapegado mesmo e no largo. em c, dei)a eu te $a"er um ca$un

    primeiro. /sso. 9ossa, como voc8 ta quente. !h, para com esse leroIlero. Ta toda cheia de ternurinha pra mim hoje, n' Gostava de quandovoc8 era mais bruta. C, desse jeito. !ssim, assim. &intou a unha $oi hojemesmo' Ta to per$eita. 9ada mais do que minha obrigao, viu' -uegostosa essa massagem, nossa me. a" s um pouquinho pro lado. !h,e)atamente. Ta per$eito. /sso, pode tirar. ai, ento da uma molhadinhaantes. -ue dedinho dos anjos voc8 tem, !line.

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    ;nvolto a tantas vo"es, seu crebro entrava numa espcie depane. 4e"enas de timbresR mulheres, algumas crianas, homens magros,

    homens negros, homens $racos, velhos, velhas, apenas um adolescente.9a roda de samba as canNes eram entoadas com tamanha energia que;dinho sentia seu corpo $icando mais quente. O suor escorria da testa.

    9a mesma mo o cigarro e o copo de cerveja, no rosto o sorrisoabandonado de quem no sabe mais o que est $a"endo direito.

    eparou que um de seus amigos percebia o seu olhar distante.!ntes que ele pudesse comentar com o que estava ao seu lado, retribuiucom um sorriso e uma piscadela. O outro sorriu de volta. ;ra um dosque comandava a pequena multido emocionada.

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    ! troca de olhares c7mplices seguido de sorrisos no cessava.4esde o in(cio do jantar, Hoo e ;unice compartilhavam do mesmosentimento de pura $elicidade.

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    Oiii %eninas* Tudo bem'

    9unca $ui muito $ de massagem, mas se tem uma que eu aIdIoIrIo a4renagem 2in$tica.

    4esde que comecei a $reqJentar o spa Top %ais eu comecei a $a"erdrenagem e percebo claramente os resultados no meu corpo*/n$eli"mente no consigo manter uma rotina de $a"er toda semana etudo mais, mas sempre que tenho tempo livre eu $ao e amo*

    O maior e$eito sem d7vidas na semana da T&% rsrsrs*** 0empreretenho mais l(quido nessa parte do m8s e percebo que com a ajuda dadrenagem $ico mais tranqJila* 5ehehe Huro que $unciona. ecomendo atodas voc8s**

    )o)os

    @

    C uma coisa s, velinhoS independ8ncia $inanceira. 0e tu tiver teudinheiro, brother, s sossego. Gastar ali na hora certa, sabe' 0ema$obao. eservar um pouquinho pra isso, um pouquinho pra aquilo.0empre poupando.

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    C, porque di$(cil demais $icar $amoso assim do nada. !parecer nam(dia e tudo. Tipo, quase imposs(vel n' oc8 tem que ter um padrinho,

    um parente assim, pra te apresentar n' Ou ento voc8. Ou ento tipo,/sis alverde, tipo, clipe do grupo tal, dj, com /sis alverde. !( acabou.&ode saber que voc8 vai tocar em todas as baladas, toda as pistas vai tarolando, top e tal.

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    2 era um poro apertado. !quele lugar que o Hoo tinha ido limpar.;stava bem limpo. 9o e)atamente um poro, era mais um barraco. Dmquartinho ane)ado de lado na casa dele. 0 com umas telhas, no tinha

    telhado. ; uma porta en$errujada. 2 cabia todo mundo e uma mesinha.9o era apertado, era ideal. &er$eito para $a"er tudo que tinha que $a"ersem sobrar mais nada. Tinha a mesa de madeira no centro. Tipo umamesa de bar, mas bem estvel com umas borrachinhas debai)o dos ps.Dm banco tambm de madeira onde eu sentava. 4o lado tinha umaestante com aquelas coisas qu(micas e tal, ter, cloro$rmio e no sei oque mais. ; lgico, as agulhas. icava em cima do mvel de plstico,em uma daquelas bacias de metal onde os mdicos colocam osequipamentos. 0ei que nas cirurgias de verdade $ica um cara s dandoas $erramentas pro cirurgio. C uma cena clssica de tv tambm, n'&rovavelmente esse cara saberia o nome dessa bacia"inha. 2 tavamtodas as agulhas. Tinha daquelas de dar ponto, curvas. Dm monte decor, com plstico colorido na ponta. Tinha toda colorida. Tinha detricotar. 4e croch8. Tinha umas tipo um gancho, tipo an"ol. Dmatotalmente preta, minha pre$erida. icava tudo nesse negcio de metal.O pior que tinha nesse poro era um mo$o terr(vel. 4esde a hora que eucheguei l eu $iquei espirrando, com cori"a, coando o nari" e tal. uimdemais. %as isso at um mal que eu mais ou menos j me adaptei. 9oresto era per$eito. 2 tavam os quatro tambm. Tr8s tipo empilhadosnum canto assim, apagados, e um do outro lado, uma n, a menina. ;lestodos com $ita adesiva super $orte na boca. Os tr8s homens eram um$orto de topete com a mordaa toda babada na boca. icava tiporesmungando uns negcio o tempo inteiro, meio dormindo. O gordo,

    bem nojento. O jeito que ele tava amarrado $icava engraado demais.Todos tavam do mesmo jeito, com as mos entre as pernas amarrado, etorno"elos tambm e uma corda menos $orte no joelho. &elados tambmn, os tr8s. %as com o gordo $icava engraado que era um tanto dedobra de banha pra todo lado, e os braos tinham que $icar meio abertos

    por causa daquela barriga gigante na $rente. ;nto $icava igual uma

    sacola de plstico cheia de ar quase e)plodindo. ; o 7ltimo n, o maisvelho. Tinhas as costas toda cabeluda, uns cabelo branco na bunda etava meio que escondido, com a cabea virada pra quina da parede. ;alm desses tr8s tinha a menina. ;ra uma magricela toda reta com ocabelo na cara. 9o dava pra ver o rosto dela. _s ve"es ela dava umatremida, um trimilique. iquei um tempo s observando esse cenrio.

    9essa hora tava tudo escuro. ;ra a segunda ve" que eu tava ali e j bempronto e querendo $a"er o que eu tava ali pra $a"er, mas o Hoo tavamuito estranho. ;ntrou l e apagou as lu"es, tudo. 9o $iquei de sacocheio ou ansioso nem nada, mas s a$im de entender qual era a dele.

    9s j t(nhamos combinado tudo. Teve uma hora, no escuro, que eupensei que era soluo de choro. %as $oi uma ve" s e parou. 9o sei oque $oi aquilo. 4epois ele simplesmente levantou e $oi embora. 9emquis criar caso e nem $oi necessrio. 9a manh do dia seguinte,comeamos.

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    4epois de acordar pela terceira ve" estava certo de que no era

    um sonho. ;stava mesmo amarrado e vendando em algum lugar. &eladotambm, podia sentir o cho $rio. %overIse demandava um es$oroimenso, cada parte do corpo parecia $rgil e pesada. 4epois de algumtempo cansou e comeou a chorar. !s lgrimas escorriam pelo rosto de4iego, por cima da $ita que o tapava a boca. 4epois de longos per(odosde puro desespero percebeu que se me)esse agressivamente os lbios

    poderia, talve", libertarIse da $ita.

    1

    ! venda que tapava seus olhos estava um pouco $rou)a, o que opermitia espiar. ia uma parede sob uma lu" amarela, o tronco e metadedo rosto de um velho, e um p de uma mulher que estava deitada emalgum lugar que seu campo de viso no alcanava. O velho tinha umsorriso sereno no rosto e os olhos brilhavam assustadoramente.Trabalhava concentrado, sem piscar, no corpo da mulher. !$astou o ralocabelo do rosto uma ve" e 9estor pode ver sangue em sua mo. ;lessuavam muito. O velho e 9estor.

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    %esmo e)austo, Hoo sorria.

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    Aem, eu cheguei l depois do Hoo tomar um banho e limpar aquela

    merda toda, inclusive o cu do rapa" que tinha $eito aquilo. ;ra umamerda amarelo claro, bem rala e nojenta, que ele tinha espalhadopraticamente pelo quarto inteiro. Tinha at um pouco na perna damenina. %uito sem ju("o o rapa". ! 7nica parte ruim da vinganinhaarticulada por mim $oi ter que pedir ajuda pra velha. ! dona ;unice$icava $orando um sorrisinho do tipo est tudo bem, eu no estou commedo barra com nojo disso tudo, que me dava dio. Dma hora apeleicom ela, coitada. !t dei um berro. 4epois ela se aquietou. ;u

    precisava dela pra separar as bundas do menino enquanto eu passava aagulha.

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    !h* inalmente... !h... ;i* 0ocorro* 0ocorro* Tem algum ai'* Temalgum me ouvindo'* %e tira daqui* 0ocorro* !lgum me ajuda,

    algum me ajuda* !i meu deus... ;i* &or $avor, pelo amor de deus* Temalgum me ouvindo' &or $avor* !h* !h* 0ocorro* To me torturando*0ocorro* 0ocorro* Tem algum ai'* 0anta %aria cheia de graa. Osenhor convosco... livraiInos do mal pecadores. !ssim na terra comono cu... O po nosso nos dai hoje, agora e na hora de nossa morte.!mm...

    ?

    ;stava passando um jogo de bas+et incr(vel na televiso. O

    casal assistia atento a cada jogada. Aem ao longe, podiaIse ouvir umavo" aba$ada clamando por ajuda. Hoo e ;unice se olhavam e beijavamIse c7mplices. 0em nenhuma gota de culpa.

    Hoo aumentou o volume da tv para dis$arar um pouco osgritos que vinham do quartinho. 0erviu vinho branco gelado nas taasde cristal e brindaram. &areciam dois adolescentes apai)onados.