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http://w w w .aereo.jor.br/destaques/john-boyd-o-piloto-de-caca-que-mudou-a-arte-do-combate-aereo-parte-2/ October 22, 2011 John Boyd, o piloto de caça que mudou a arte do combate aéreo – parte 2 | Poder Aéreo - Informação e Discussão sobre Aviação Militar e Civil Depois de desenvolver a Teoria E-M, o próximo objetivo de Boyd foi comparar os caças americanos com seus rivais soviéticos. Para isto, ele voou para a base de Wright- Patterson a fim de coletar os dados da Divisão de Inteligência Estrangeira. Boyd e seu amigo Christie começaram então a alimentar o computador IBM com dados de performance dos caças soviéticos. Boyd tinha planejado mostrar os gráficos das diferenças entre as taxas de energia dos caças americanos e russos. Mas para espanto de Boyd, os gráficos mostravam que numa grande parte do envelope de performance, o caça soviético era superior às aeronaves de caça americanas. O F-4 Phantom era muito pesado e não tinha uma área de asa grande para fechar nas curvas como o MiG-21 a grande altitude. O único lugar em que o F-4 poderia vencer o MiG-21 era em baixas altitudes e em alta velocidade. A pior notícia porém era que o novo F-111 era inferior que qualquer aeronave soviética em qualquer velocidade e altitude. Quando Boyd terminou os gráficos, ele começou a brifar os pilotos de Eglin e voltou a Nellis para brifar os pilotos de lá também. No começo de 1965, Boyd foi para o Vietnã e brifou os pilotos de F-105 sobre táticas de caça. Depois disso, Boyd fez um tour pelas bases da Europa para dar palestras sobre a teoria E-M. Por fim, ele brifou o chefe do Tactical Air Command, General Walter Campbell Sweeney Jr e o General Bernard Schriever, chefe do Air Force Systems Command, para que os generais de quatro estrelas soubessem da pobre performance do F-111 comparado às aeronaves soviéticas. No Vietnã No Vietnã, o F-105 e

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  • http://w w w .aereo.jor.br/destaques/john-boyd-o-piloto-de-caca-que-mudou-a-arte-do-combate-aereo-parte-2/ October 22, 2011

    John Boyd, o piloto de caa que mudou a arte do combateareo parte 2 | Poder Areo - Informao e Discussosobre Aviao Militar e Civil

    Depois dedesenvolver a TeoriaE-M, o prximoobjetivo de Boyd foicomparar os caasamericanos com seusrivais soviticos. Paraisto, ele voou para abase de Wright-Patterson a fim decoletar os dados daDiviso deIntelignciaEstrangeira.

    Boyd e seuamigo

    Christie comearam ento a alimentar o computador IBM com dados deperformance dos caas soviticos. Boyd tinha planejado mostrar os grficosdas diferenas entre as taxas de energia dos caas americanos e russos.

    Mas para espanto de Boyd, os grficos mostravam quenuma grande parte do envelope de performance, o caasovitico era superior s aeronaves de caa americanas.O F-4 Phantom era muito pesado e no tinha uma rea deasa grande para fechar nas curvas como o MiG-21 agrande altitude. O nico lugar em que o F-4 poderia vencero MiG-21 era em baixas altitudes e em alta velocidade.A pior notcia porm era que o novo F-111 era inferior quequalquer aeronave sovitica em qualquer velocidade ealtitude. Quando Boyd terminou os grficos, ele comeou abrifar os pilotos de Eglin e voltou a Nellis para brifar ospilotos de l tambm.No comeo de 1965, Boyd foi para o Vietn e brifou ospilotos de F-105 sobre tticas de caa. Depois disso, Boydfez um tour pelas bases da Europa para dar palestrassobre a teoria E-M.

    Por fim, ele brifou o chefe do Tactical Air Command, General Walter Campbell Sweeney Jr e oGeneral Bernard Schriever, chefe do Air Force Systems Command, para que os generais dequatro estrelas soubessem da pobre performance do F-111 comparado s aeronaves soviticas.

    No VietnNo Vietn,o F-105 e

  • o F-4Phantom eram asaeronaves erradaspara as tarefas queestavam cumprindo. OF-105 estava sendousado como avio deataque, enquanto ogrande e pesado F-4Cestava sendo usadocomo caa e no erapreo para o MiG.Boyd tambm mostrouque os msseis ar-aramericanos Sparrow eSidewinder tinhamuma performancesofrvel e podiam serfacilmente evitados emmanobras evasivas.Na primavera de 1966,

    Boyd recebeu ordens de transferncia para a Tailndia como piloto de F-4 Phantom, o que erajustamente o que ele queria. A Guerra Area no Vietn estava quente, mas as foras americanasno estavam indo bem. Em 1965, os americanos tinham perdido 171 aeronaves.Para diminuir as perdas, os F-4C receberam ordens para voar fazendo cobertura aos F-105s,mas o F-4C era muito grande e pesado para dogfights contra os mais manobrveis e geis MiG-21.

    No havia canho noPhantom e o envelopede lanamento dosprimeiros msseisSparrow e Sidewinderera to pequeno, queum piloto tinha que serextremamenteproficiente para atingira posio de tiro.As ordens de Boydpara a Tailndia foramrepentinamentesuspensas e ao invsde ir para a guerra, elefoi enviado para oPentgono no verode 1966. O programado caa F-X da USAFestava comproblemas.

    O problemtico F-X perseguia a definio Bigger-Higher-Faster-Farther (Maior, Mais Alto, MaisRpido e Mais longe) da USAF. A US Navy fez seu papel, quando os almirantes tiveram sucessocom o Secretrio de Defesa McNamara, prometendo que a Marinha aceitaria o F-111, se ela

  • pudesse continuar o desenvolvimento do motor TF30 e do mssil Phoenix.A Marinha planejava testar a compatibilidade do F-111 com navio-aerdromo e depois recusar oavio, indo ao Congresso para dizer que j tinha um motor e mssil pronto e com o dinheiroalocado para o F-111, iria desenvolver um novo caa naval. Esse caa viria a se tornar o F-14Tomcat.A USAF corria o risco de ter que adotar um novo caa projetado para a Marinha em seuinventrio, como aconteceu com o F-4 Phantom. Boyd foi levado ao Pentgono para salvar oprojeto F-X da estratgia da Marinha.

    F-XO F-X tinhatido seupeso

    baixado para28.735kg, mas aindaassim era pesado,muito complexo, muitocaro e tinha uma asamuito pequena. Aaeronave eraplanejada para ser umcaa multifuno. Boydqueria um caapequeno, de um smotor e muitomanobrvel, quetivesse uma relaopeso-potncia melhorque qualquer outrocaa no mundo.O F-X deveria perdere ganhar energia maisrpido que qualqueroutro caa, paradominar os cus nas

    prximas dcadas. O F-X foi o primeiro caa americano projetado mediante as especificaes demanobra E-M, com o dogfight em mente. Boyd queria que o F-X fosse mais manobrvel quequalquer caa inimigo, mas ele no definiu nenhum valor de performance com relao velocidade ou capacidade de curva.Ao invs disso, Boyd queria uma aeronave com alta relao peso-potncia para atingirexcelente acelerao. Ele queria uma grande asa com manobrabilidade e energia suficientepara desengajamento e separao e para retornar ao combate em vantagem.Deveria haver combustvel suficiente para voar bem adentro do espao areo inimigo e sustentarum dogfight. Boyd estava feliz com um pequeno radar, mas o pessoal da eletrnica queriadetectar um MiG a 40 milhas nuticas, o que resultava num disco de radar enorme e por causadisso, um alto arrasto aerodinmico da fuselagem.Boyd insistiu em ter um canho interno. Seus clculos mostraram que a performanceaerodinmica obtida com as asas mveis do F-111 eram anuladas pelo peso extra que o sistematrazia com ele, mas a USAF ainda insistia nessas asas.

  • A teoria E-M de Boyd permitiu pela primeira vez na histria do desenvolvimento dos caas aanlise de todo o envelope de manobra de um caa desde o projeto e antes do primeiro voo doprottipo.O ano de 1967 foi o pior da USAF no Vietn. Estava claro que a Fora Area no tinha um caade superioridade area. A kill rate de 10:1 da Coreia caiu prxima da paridade e era at mesmovantajosa para os Norte Vietnamitas. Depois da guerra, somente um piloto da USAF tinha o statusde s (os outros dois eram WSOs), com 5 kills, enquanto o Vietn do Norte tinha 16 ases queeram veteranos de combate e lutaram no ar por anos.A USAF continuou a tradio da Guerra da Coreia e rotacionava os pilotos para tarefasadministrativas, depois de 100 misses. Por causa disso, pilotos de transporte e do SAC tinhamque ser treinados para pilotar caas.Em 1967, a Unio Sovitica introduziu dois novos caas: o MiG-23 de asas mveis (geometriavarivel) e o rpido MiG-25. O MiG-23 no foi levado to a srio pela USAF, mas o MiG-25 foiconsiderado uma grande ameaa. Foi dito que o MiG-25 podia alcanar a velocidade de Mach2.8 e isto aumentou a prioridade do programa F-X.Depois da Segunda Guerra Mundial, a USAF afirmou que o tempo dos dogfights tinha terminadoe que agora a guerra seria com msseis e o apertar de botes. Mas o Vietn mostrou que JohnBoyd estava certo sobre as ineficincias do novo Sparrow e Sidewinder e que a USAF aindaprecisava de caas com canho. De fato, a introduo dos msseis requeria que os caastivessem mais manobrabilidade que os anteriores, para escapar dos msseis.

    O Tactical AirCommand queria o F-X com velocidademxima de Mach 3.0,o que iria afetarseriamente acapacidade demanobra da aeronave.Boyd insistiu navelocidade mxima deMach 2.0, quandocomeou a perder abatalha pelo projeto. Aaeronave voltou a ter19.000kg de peso,com performance boa,mas inferior planejadaanteriormente.O maior temor daUSAF de que a USNavy no aceitasse oF-111B nasoperaes em navio-

    aerdromo tornou-se real. Os almirantes informaram que a Marinha j tinha projetado seu prpriocaa chamado F-14 Tomcat e se o Congresso liberasse o dinheiro alocado para o F-111B, aMarinha iria fabricar o F-14 com ele.A Marinha disse que a velocidade mxima do F-X era lenta em comparao com o MiG-25 e porisso o projeto do F-X deveria ser cancelado. Os almirantes disseram que o F-14 faria tudo muitomelhor que o F-X e que a Marinha ficaria feliz em ajudar a USAF e venderia seu caa para a

  • Fora irm.A USAF enfrentou as acusaes dizendo que a velocidade mxima do F-X era de Mach 2.5 e quecombinada com o mssil AIM-7 Sparrow, seria suficiente para conter o MiG-25. Boyd realizouaudincias no Comit House Armed Services dizendo que o futuro do F-X esbarrava no projeto deasas mveis (swing-wing).O Comit acabou no aceitando o projeto com asas mveis, e o F-X se transformou no caa F-15Eagle. A USAF no precisou comprar outro projeto de caa da Marinha.Apesar da popularidade do filme Top Gun de 1986, o projeto de geometria varivel do F-14Tomcat tornava-o pesado, suas turbinas eram fracas para seu tamanho e ele tinha poucamanobrabilidade.

    Fighter Mafia

    Um F-16demonstra seu raio de curvaem comparao com um F-4EPhantom

    John Boyd no desistiu da sua viso deum pequeno caa altamente manobrvel,com alta razo peso-potncia. Elesugeriu que a USAF deveria ter umavio de backup, caso o projeto do F-15 falhasse.Boyd, o coronel Everest Riccioni e PierreSprey formaram a Lightweight FighterMafia para promover suas ideias noPentgono. Boyd no estava feliz com a

    maneira com que a USAF tinha mudado o projeto original do F-15.Ele queria um projeto de caa simples diurno, com 9.000kg de peso, e com menos arrasto, comuma performance muito melhor que o F-15. Riccioni conseguiu a verba para que a Northropdesenvolvesse o estudo inicial do YF-17 e a General Dynamics o do YF-16.

    Enquanto isso, a mdiafocava no alto custo doF-15 e na baixaperformance do F-14Tomcat. O governoNixon pressionou oSecretrio da DefesaMelvin Laird paracolocar o sistema deaquisies militares nalinha.Laird deu a misso aoseu assistente DavidPackard, que aprovouo projeto do caa leve

    (lightweight fighter project). A USAF ativou oficialmente o projeto em dezembro de 1970. A

  • Lightweight Fighter Mafia queria procedimentos realistas para a competio entre os prottipos.Ambos os caas teriam que voar em cenrios realistas de combate contra caas MiG mantidosem segredo numa base no complexo de Nellis.

    Os estudos do caaleve mostraram que ocaa teria melhorperformance que o F-15 Eagle, mas estainformao deveria sermantida em segredo,porque a Fora Areano queria que oprottipo fossesuperior ao F-15.Em abril de 1972, oSecretrio de DefesaLaird aprovou aconstruo dos caascompetidores. No finalde 1971, Boydrecebeu ordens para ir

    ao Vietn numa base secreta na Tailndia e partiu para l em abril de 1972, quando o prottipo doprojeto do caa leve foi aprovado.>>>Continua em prximo post.LEIA TAMBM:

    John Boyd, o piloto de caa que mudou a arte do combate areo parte 2 | Poder Areo - Informao e Discusso sobre Aviao Militar e CivilNo VietnF-XFighter MafiaUm F-16 demonstra seu raio de curva em comparao com um F-4E Phantom