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A UTILIZAÇÃO DE REDES DE COOPERAÇÃO COMO FERRAMENTA DE GESTÃO DE CUSTOS LOGÍSTICOS DE SUPRIMENTOS DO RAMO SUPERMERCADISTA
Juliane Ponte Albuquerque, Rosângela Venâncio Nunes, Charles Washington Costa de
Assis, Marta Célia Chaves Cavalcante (Centro Universitário Estácio do Ceará)
Resumo: Este artigo consiste na análise dos impactos nos custos logísticos de suprimento e nos indicadores de desempenho logísticos aplicados em duas empresas supermercadistas, com a participação da rede e sem a participação da rede nos processos. Portanto, os objetivos específicos desta pesquisa estão focados em conceitos relevantes sobre: redes de cooperação, logística e gestão da cadeia de suprimentos, custos logísticos e avaliação e indicadores de desempenho logístico. Quanto à metodologia, utilizou-se de pesquisa exploratória, com abordagem qualitativa, de natureza aplicada, com a utilização de levantamento bibliográfico e realização do estudo de caso. Através do estudo, pode-se concluir que as redes de cooperação contribuem significativamente para redução dos custos logísticos e sustentabilidade de pequenos e médios supermercadistas, proporcionando uma prática de menores preços para os clientes e obtenção de vantagem competitiva.
Palavras-chaves: Redes de cooperação. Custos logísticos. Indicadores de desempenho
ISSN 1984-9354
X CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 08 e 09 de agosto de 2014
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1 Introdução
A atividade supermercadista cumpre um papel fundamental para crescimento da economia
brasileira, a participação do setor no Produto Interno Bruto (PIB) chegou a 5,5% no ano de 2012.
O Setor Supermercadista Brasileiro está em constante expansão, apresentando, no ano de 2012,
38,8 mil lojas, representando 46,3% das lojas de autoserviços. Durante o ano de 2012, o setor
faturou R$ 243 bilhões contra R$ 224,3 bilhões no ano de 2011, conforme pesquisa realizada pelo
Instituto AC Nielsen em conjunto com a ABRAS, e publicada na edição de abril da Revista
SuperHiper (2013).
Com a abertura dos mercados decorrentes do intenso processo de globalização da
economia, houve um aumento expressivo da competitividade, o que impôs grandes desafios para
as pequenas e médias empresas varejistas, que se viram obrigadas a apresentarem o mesmo nível
de qualidade de serviços e custos oferecidos pelas grandes empresas, o que ameaça cada vez mais
a sobrevivência das Micro e Pequenas Empresas (MPEs) no mercado. Diante deste contexto, as
pequenas e médias empresas varejistas começaram a desenvolver estratégias empresariais que
garantissem sua sobrevivência no mercado, buscando atrair, fidelizar e satisfazer o consumidor
final, obter um melhor relacionamento com seus fornecedores, agregar valor aos seus produtos e
serviços.
Inseridos neste contexto, os pequenos e médios supermercados diretamente concorrentes
buscaram unir-se em redes, como forma de garantirem sua sobrevivência frente às grandes
empresas, atitude conhecida na literatura como a formação de Redes de Cooperação. Com a
formação das redes, as empresas buscam um melhor relacionamento com os seus fornecedores,
passando a comprar produtos, principalmente os produtos de alto giro, em maiores quantidades,
diretamente da indústria, possibilitando assim uma redução significativa no preço de compra e
como consequência a redução no preço de venda ao consumidor. Considerando que os
supermercados praticam vendas em altos volumes, com um preço baixo e uma margem baixa, a
redução no preço de aquisição do produto é um fator primordial para aumento da sua
rentabilidade.
De acordo com Porter (1992), no ambiente competitivo em que as empresas estão
inseridas, os processos logísticos são elementos fundamentais para a criação de valor, constituindo
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uma importante estratégia competitiva e não devem ser vistos apenas como um fardo ou um custo
para se fazer negócios.
O bom gerenciamento da cadeia de abastecimento pode constituir um importante fator
competitivo, pois corresponde ao conjunto de processos requeridos para obter materiais, agregar-
lhes valor de acordo com a concepção dos clientes e consumidores e disponibilizar os produtos
para o lugar (onde) e para a data (quando) que os clientes e consumidores desejarem
(BERTAGLIA, 2006).
Diante do exposto, a problemática do estudo é: qual o impacto da utilização da estratégia
de redes de cooperação nos custos logísticos de uma rede de supermercados cearense?
Para responder a este questionamento, a pesquisa apresenta como objetivo geral identificar
o impacto da utilização da estratégia de redes de cooperação nos custos logísticos em uma rede
cearense de supermercados; Para alcance do objetivo geral, seguem abaixo os objetivos
específicos: conceituar redes de cooperação e discorrer sobre as redes de cooperação como
elemento estratégico de sustentabilidade empresarial; discorrer sobre logística e gestão da cadeia
de suprimentos; apresentar os indicadores para gestão de custos logísticos de suprimentos; analisar
o impacto da utilização da estratégia de redes de cooperação nos custos logísticos de uma rede
cearense de supermercados.
A escolha do tema do presente artigo deu-se pelo fato de que o bom desempenho logístico
está atrelado com as estratégias competitivas adotadas pela empresa. Partindo deste ponto, o
estudo encontra sua justificativa no fato de que a utilização da estratégia de formação de redes de
cooperação por pequenos e médios supermercados está sendo uma importante ferramenta utilizada
para agregar valor, proporcionar o destaque na concorrência e a sobrevivência empresarial deste
ramo que possui uma importância significativa para a economia brasileira por ser um tema que
vem adquirindo bastante relevância tanto na área acadêmica como na área empresarial, e é tema de
atuais discussões em congressos, revistas e artigos.
Quanto aos aspectos metodológicos aplicados na realização do estudo, utilizou-se a
pesquisa exploratória, de natureza aplicada, com abordagem qualitativa, baseada em uma revisão
bibliográfica sobre os temas: “Redes de Cooperação”, “Logística e seus processos”, “Custos
logísticos” e “Avaliação de desempenho e indicadores”, que buscou explicar e analisar o tema
abordado a partir de livros, revistas, websites, artigos. O estudo formou-se pelo método do estudo
de caso da utilização de redes de cooperação por pequenos e médios supermercados varejistas em
que se selecionou duas empresas participantes da rede para objeto de análise.
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O trabalho primeiramente realiza uma abordagem conceitual sobre redes de cooperação,
logística e cadeia de suprimentos, custos logísticos e indicadores de desempenho logístico; em
seguida apresenta um estudo de caso, posteriormente apresenta-se uma análise dos resultados
obtidos, seguida das devidas considerações.
2 Redes de cooperação
De acordo com Ver Balestrin e Verschoore (2008), a cooperação entre as organizações tem
sido implementada desde muito tempo. Mas recentemente, a expansão tecnológica global ampliou
a capacidade conectiva das organizações. O surgimento e a evolução das redes entre empresas é
uma das consequências desse novo contexto de negócios globalmente interligados. Unindo-se os
conceitos de cooperação e rede, tem-se à ideia de rede de cooperação.
Para Ribault et al.(apud AMATO NETO,2000), as redes de cooperação consistem em um
tipo de agrupamento de organizações que têm como objetivo principal fortalecer as atividades de
cada um dos participantes sem necessariamente existir laços financeiros entre eles.
Almeida e Schlüter (2012) afirmam que as redes de cooperação são mais comuns de ser
encontradas no varejo e são caracterizadas através da união de uma de série de empresas com
propriedade individualizadas.
Segundo os autores citados, as redes de cooperação constituem grupos de empresas coesas
e amplamente inter-relacionadas, orientadas a gerar e a oferecer soluções competitivas de maneira
coletiva e ordenada.
Ainda de acordo com os autores, as redes de cooperação conseguem aliar flexibilidade e
agilidade à escala e ao poder de mercado, sendo por este motivo que as complexas exigências
competitivas apontam este novo modelo como um caminho eficaz para a evolução das empresas
(VER BALESTRIN; VERSCHOORE, 2008).
Atualmente, as redes de cooperação são vistas pelos gestores como um elemento
estratégico, de fundamental importância para a sustentabilidade das empresas no mercado, uma
vez que essa união de pequenas e médias empresas passou a proporcionar ganhos coletivos e
soluções competitivas, possibilitando que as empresas de menor porte agissem como grandes,
alcançando poder de mercado.
O poder de compra coletiva conseguiu barrar o principal atrativo que as grandes lojas
ofereciam antes da consolidação das mesmas, que era o menor preço, posteriormente a logística de
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armazenagem e distribuição reduziram ainda mais os custos que eram repassados e atribuídos aos
preços dos produtos quando chegavam ao consumidor final.
Dentro deste contexto, as redes de cooperação permitem que empresas concorrentes se
unam e compartilhem recursos e experiências em prol de um benefício maior, possibilitando um
rápido avanço e melhores resultados. Tem por objetivo reduzir os riscos que a empresa corre
quando está competindo sozinha no mercado e aumentar as probabilidades de sustentabilidade do
negócio, elevando a capacidade de concorrência perante as maiores empresas do seu segmento.
As redes de cooperação precisam compreender toda a dimensão interna e externa, bem
como os processos logísticos das organizações, pois impactam diretamente nas atividades
logísticas desenvolvidas pelas empresas associadas.
3 A Logística e seus processos
A literatura apresenta vários conceitos de logística, porém pode-se citar como o conceito
mais propagado e aceito entre os profissionais o do Council of Supply Chain Management
Professional (2012) (Conselho dos Profissionais de Gestão da Cadeia de Suprimentos), que
aborda a logística como parte integrante da cadeia de suprimentos, controlando o fluxo dos bens e
serviços até seu processo final, o consumo: Logística é a parte do processo da cadeia de
Suprimentos que planeja, implementa e controla, de forma eficiente e eficaz, os fluxos direto e
reverso e a armazenagem de bens , produtos e informações associadas entre os pontos de origem e
os pontos de consumo, de modo a atender aos requisitos dos consumidores. (CSCMP, 2012).
Nas empresas do ramo varejista de Supermercados, objeto deste estudo, são realizadas
compras de diversos fornecedores localizados em diferentes posições geográficas e alocadas em
um pequeno espaço para serem revendidas em pequenas quantidades, e que possui a maior parte
de seus custos associados aos processos logísticos, o controle dos referidos processos torna-se
essencial, um dos elementos-chaves para a sobrevivência empresarial.
Ballou (2012) destaca que a logística possui atividades de importância primária e
atividades de apoio. As atividades primárias que são necessárias para o atingimento dos objetivos
logísticos de custo e nível de serviço e que contribuem com a maior parcela dos custos logísticos,
e as atividades de apoio, que dão suporte às atividades primárias e contribuem para a realização
dos processos logísticos.
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O crescimento da logística nas organizações é visível, fazendo com que os gestores estejam
atentos aos seus processos, buscando agregar valor aos produtos e clientes e gerar à empresa a
obtenção de vantagem competitiva através do bom gerenciamento de todas as suas atividades.
Essa necessidade de maior gerenciamento dos processos logísticos fez surgir um novo conceito,
evoluindo o conceito de logística abordado anteriormente.
4 Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos ( Supply Chain Management -
SCM)
Em busca da vantagem competitiva através de um maior gerenciamento dos processos
logísticos, tornou-se necessário uma maior integração não somente dos processos internos da
organização, mas também uma integração dos processos externos, através da coordenação dos
fluxos de materiais e informações aos fornecedores e ao cliente final. Essa necessidade de uma
maior complexidade de integração dos fluxos de informações e processos fez surgir o conceito de
Supply Chain Management (SCM), representando uma importante evolução do conceito de
logística.
De acordo com Balou (2012, p.28,) a SCM pode ser definida como: a coordenação
estratégica sistemática das tradicionais funções de negócios e das táticas ao longo dessas funções
de negócios no âmbito de uma determinada empresa e ao longo dos negócios no âmbito da cadeia
de suprimentos, com o objetivo de aperfeiçoar o desempenho ao longo prazo das empresas
isoladamente e da cadeia de suprimentos como um todo.
Para Fleury et al. (2000), a SCM representa o esforço de integração dos diversos
participantes do canal de distribuição por meio da administração compartilhada de processos-
chaves de negócios que interligam as diversas unidades organizacionais e membros do canal,
desde o consumidor final até o fornecedor de matérias-primas.
De acordo com o Council of Supply Chain Management Professionals - CSCMP (2012), a
SCM Engloba o planejamento e a gestão de todas as atividades envolvidas no fornecimento e
aquisição, e todas as atividades de gestão logística. Também inclui a coordenação e colaboração
com parceiros de canal, que podem ser fornecedores, intermediários, prestadores de serviços e
clientes. Em essência o gerenciamento da cadeia de suprimentos integra a oferta e a gestão da
demanda dentro e entre as empresas.
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Segundo Lambert & Cooper (2000 apud BAGNO, 2006), as empresas não competem mais
com empresas, e produtos também não competem mais com produtos, mas cadeia de suprimentos
compete com cadeia de suprimentos de outra empresa, e o sucesso das empresas depende da
habilidade dos seus gestores de gerenciar a cadeia e integrar os processos de negócios na empresa,
com os de outra empresa da mesma cadeia de suprimentos.
A maior complexidade da cadeia de suprimentos, somando-se com a dificuldade de gestão
dos seus processos, tem levado a um aumento nos custos operacionais dos canais de distribuição.
Para que se consiga o alinhamento e integração entre todos os membros da cadeia de suprimentos,
torna-se relevante um processo de cooperação entre todos os participantes da cadeia. Buscando
atingir um dos principais objetivos da SCM, redução de custos.
5 Custos logísticos
Um dos principais focos da logística moderna é a redução de custos, agregada com o
aumento dos níveis de qualidade de serviços prestados ou produtos elaborados (trade-off). Cada
vez mais os clientes estão exigindo níveis de serviços mais eficientes, porém, com custos mais
baixos.
De acordo com o Instituto de Contadores Gerenciais (IMA) (1992 apud FARIA e COSTA,
2012), os custos logísticos são os custos de planejar, implementar e controlar todo o inventário de
entrada (inboud), em processo de saída (outbound), desde o ponto de origem até o ponto de
consumo, ou seja, correspondem a todos os custos incorridos ao longo de uma cadeia logística.
Para Ballou (2012), cabe ressaltar três princípios fundamentais dentro dos custos
logísticos: compensações nos custos, conceito de custo total e conceito de sistema total.
A compensação de custos afirma que os custos de armazenagem e transporte são
inversamente proporcionais, ou seja, à medida que o número de armazéns aumenta, o custo de
transporte diminui.
Custo total é a soma de todos os custos. Este reconhece que os custos individuais exibem
comportamentos conflitantes, devendo ser examinados coletivamente e balanceados no ótimo.
O Sistema total de custos considera todos os fatores afetados de alguma forma pelos efeitos
da tomada de decisão.
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Segundo Faria e Costa (2012), a gestão dos custos logísticos tem como principal objetivo
estabelecer políticas que possibilitem às empresas, simultaneamente, uma redução de custos e a
melhoria do nível de serviço oferecido ao cliente.
Ainda segundo Faria e Costa (2012) os Custos Logísticos Totais (CLT) podem ser
calculados a partir da somatória dos custos logísticos individuais:
Onde :
CAM: Custo de armazenagem e movimentação de materiais; CTRA: Custo de transporte; CE:
Custos de embalagens utilizadas no sistema logístico; CMI: Custo de manutenção de
inventários; CTI: Custo de tecnologia de informação; CDL: Custos decorrentes de lotes; CTRI:
Custos tributários tributos não recuperáveis; CDNS: Custos decorrentes do nível de
serviço; CAD: Custos da administração logística.
Os custos logísticos também podem ser calculados pela somatória dos processos logísticos:
Onde se tem:
CLOGAba: Custos logísticos de abastecimento; CLOGPla: Custos logísticos de Planta ou
Produção, CLOGDis: Custos logísticos da distribuição.
No tocante à logística, Gattorna (1990 apud FARIA e COSTA, 2012) afirma que para as
empresas serem líderes em custos, elas precisam desempenhar algumas atividades. Estas
atividades são essenciais para que as empresas liderem em custos sem perder a qualidade dos seus
produtos/processos, agregando valor ao consumidor final. Os custos são elementos essenciais para
diferenciação e obtenção de vantagem competitiva no cenário econômico atual. Sink e Tuttle
(1993 citados por FARIA e COSTA, 2012, p.67) afirmam que “em algumas linhas de produtos ou
serviços, o custo é o principal determinante do sucesso competitivo.”
O controle dos custos logísticos representa uma atividade fundamental para que as
empresas ganhem espaço no atual ambiente competitivo em que estão inseridas e consigam
sobreviver frente à concorrência. Os custos logísticos, bem como suas atividades, devem ser
CLT = CAM + CTRA + CE + CMI + CTI + CTRI + CDL + CDNS + CAD
CLT = CLOGAba + CLOGPla + CLOGDis
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monitorados frequentemente para que assim possam suprir os gestores com dados confiáveis e
consistentes.
5 Avaliação de desempenho logístico e indicadores
Segundo Rodriguez e Granemann (2004), o processo de avaliação de desempenho deve ser
monitorado constantemente este processo deve-se iniciar pelo estabelecimento de um sistema de
indicadores de desempenho. Posterior a este processo, estabelecem-se os padrões de referências,
sendo realizadas as medições que são comparadas às medidas com o padrão estabelecido. Caso
haja desvio, as causas devem ser investigadas e propostas as soluções.
De acordo com Faria e Costa (2012), os indicadores de desempenho devem ser mensurados
e acompanhados periodicamente, em curtos espaços de tempo, de forma que permitam a atuação
imediata sobre as causas dos problemas que possam estar ocorrendo, assim como o
estabelecimento de melhorias contínuas em cada um dos processos/atividades logísticas.
Os indicadores de desempenho logísticos são relevantes para o processo de
acompanhamento e avaliação de desempenho dos processos logísticos, o presente trabalho
abordará a visão de dois autores, Bowersox et al. (2002) e Rey (2000).
Segundo Bowersox et al. (2002), os sistemas eficientes de avaliação buscam atingir três
objetivos: monitoramento, controle e direcionamento das operações logísticas. O monitoramento é
realizado a partir do estabelecimento de métricas apropriadas, a fim de que se acompanhe o
desempenho do sistema para relatar a gerência. O controle é realizado quando se tem padrões
apropriados de desempenho relativos às métricas estabelecidas para indicar quando o sistema
logístico exige modificação ou atenção.
De acordo com Bowersox et al. (2002), as medidas funcionais do desempenho logístico
devem ser medidas, sejam elas internas (custos, serviços aos clientes, qualidade, produtividade,
gestão de ativos) ou externas ( satisfação do cliente e Benchmarking).
Segundo Rey (1999 apud CORTÊS, 2006), a única maneira de implementar e justificar
corretamente uma estratégia ou diferentes iniciativas em logística é tendo em mãos um conjunto
de indicadores que demonstrem quantitativamente o impacto das iniciativas na melhoria dos
indicadores em âmbito global.
Rey (1999 apud CORTÊS, 2006) menciona a necessidade de haver correspondência entre
os indicadores de desempenho logístico e os indicadores de desempenho corporativo. De acordo
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com Rey (1999 apud CORTÊS, 2006), as empresas competem com base em quatro pontos: custos,
produtividade, qualidade e tempo. Dessa forma, a autora propõe uma matriz de indicadores de
desempenho, como se pode observar no quadro 1:
Quadro 1 – Matriz de indicadores de desempenho.
Processos x Indicadores Custos Produtividade Qualidade Tempo
Suprimento e Manufatura
Serviços ao cliente e
processamento de pedidos
Planejamento e
administração de materiais
Transporte e distribuição
Armazenagem
Fonte: Rey (1999 apud CORTÊS, 2006)
Segundo Rey (1999 apud CORTÊS, 2006), na aplicação desses quatro grupos de
indicadores na logística, o modelo proposto desenvolve-se a partir da ideia principal de que os
indicadores genéricos são a somatória do desempenho de custo, produtividade, qualidade e tempo
de cada um dos cinco processos que compõem a logística.
Os sistemas de avaliação de desempenho são essenciais para acompanhamento das
atividades logísticas e, por este motivo, as empresas devem desenvolver sistemas que lhes
permitam realizar o acompanhamento, de acordo com a necessidade da empresa, pois esse
processo possibilita a identificação de eventuais falhas e suas correções.
5 Metodologia da pesquisa
Quanto a sua natureza, a pesquisa pode ser classificada como aplicada, pois se buscou
conhecimento teórico sobre o tema para aplicação na prática, no caso da utilização de redes de
cooperação para redução dos custos logísticos e sustentabilidade empresarial.
Para Silva e Menezes (2001), a pesquisa aplicada objetiva gerar conhecimentos para
aplicação prática dirigida à solução de problemas específicos. Envolve verdades e interesses
locais.
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De acordo com Prodanov e Freitas (2013, p.42), na abordagem qualitativa: A pesquisa tem
o ambiente como fonte direta dos dados. O pesquisador mantém contato direto com o ambiente e o
objeto de estudo em questão, necessitando de um trabalho mais intensivo de campo. Nesse caso,
as questões são estudadas no ambiente em que elas se apresentam sem qualquer manipulação
intencional do pesquisador.
Em relação aos procedimentos técnicos, a pesquisa é classificada como bibliográfica e
estudo de caso. Bibliográfica, pois utiliza realiza um levantamento bibliográfico, utilizando como
referências teóricas sobre os seguintes temas: “Redes de Cooperação”, “Logística e seus
processos”, “Custos logísticos” e “Avaliação de desempenho e indicadores”, os principais autores
pesquisados foram Ballou, Bowersox e Faria e Costa. E estudo de caso, pois os conhecimentos
adquiridos foram aplicados na realização de um estudo de caso específico, com enfoque no
desempenho logístico de dois supermercados.
Para Gil (2010), o estudo de caso envolve o estudo profundo e exaustivo de um ou poucos
objetos de maneira que se permita o seu amplo e detalhado conhecimento.
O estudo de caso foi elaborado por meio de uma pesquisa exploratória realizada em dois
supermercados associados em uma rede supermercadista cearense em 2013. Não foi divulgado o
nome de nenhuma das empresas objetos de estudo e nem quaisquer informações que possam
comprometer a estratégia empresarial adotada pelas empresas.
O estudo utilizou como amostra da pesquisa dois supermercados participantes de uma rede
supermercadista. Na realização da pesquisa, empregou-se a utilização de quatro produtos: arroz,
açúcar, óleo e leite, cearense por se tratarem de itens de maior giro. Em seguida foi realizada uma
análise comparativa nas seguintes situações: Situação 1 (Real): a compra do produto por
intermédio da rede; Situação 2 (Simulada): a compra do produto, caso não fosse realizada através
da rede.
Para realizar a análise comparativa, a fonte de dados foi baseada em uma pesquisa
realizada em documentos gerenciais da empresa (planilhas de custos) e documentos fiscais (notas
fiscais).
Realizou-se um levantamento de custos da situação real, e a situação simulada foi
elaborada através de pesquisas de preço realizada em cada um dos fornecedores dos produtos e
serviços. Foram calculados os indicadores na condição de desempenho atual (com a participação
da rede) e da situação simulada (sem a participação na rede).
No sentido de reforçar ainda mais a relevância da estratégia de redes de cooperação, o
estudo de caso também realizou uma análise comparativa dos indicadores de desempenho
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logístico, que foram devidamente calculados, pois a empresa não possuía estas informações. Para
cálculo dos indicadores, seguiu-se por base a metodologia de Rey (1999), que divide o
desempenho logístico em quatro dimensões: custo, produtividade, qualidade e tempo. Em seguida,
todos os dados foram tabulados no Software Microsoft Excel, e as diferenças foram devidamente
expostas em quadros comparativos.
6 O Ambiente em Estudo
A Rede Supermercadista, objeto de estudo, é localizada em Fortaleza, no Estado do Ceará,
está presente há 20 anos no mercado e encontra-se instalada em uma área de aproximadamente
5.000 m². Atualmente possui 44 supermercados associados, sendo 35 empreendimentos em
Fortaleza e região metropolitana e 9 no interior do estado, que possuem seu foco no mercado de
baixa renda, atingindo as classes C e D da população.
Para que se possa fazer parte da rede, existem algumas exigências, pode-se destacar:
obrigatoriedade de um tempo mínimo de cinco anos de atuação no mercado, a quantidade mínima
de dez check-outs por loja, a empresa não pode ser localizada na mesma região de outro associado,
para que se evite a concorrência direta, o tamanho da área de venda da empresa, o volume de
vendas por colaborador deve ser superior a R$ 15.000,00, nos municípios com população inferior
a 100 mil habitantes, somente é permitido que houvesse um supermercado associado, entre outros.
A rede opera em dois turnos (manhã e tarde) e realiza as atividades de recebimento e
expedição das mercadorias para seus associados, sendo também responsável por uma série de
outras atividades: padronização do layout das lojas, uniforme dos funcionários, sacolas
padronizadas, promoções, tabela de preços, campanhas de marketing, assessoria jurídica e
contábil, automatização dos processos.
Atualmente a rede encontra-se realiza para seus associados em quatro grandes atividades:
compras, estocagem, manuseio e armazenagem.
Quando a mercadoria chega à empresa, é recepcionada pelo responsável pelo armazém,
que a confere com o pedido realizado e com a nota fiscal, após este processo, é realizado o
cadastro da nota fiscal no software utilizado pela rede. Como a empresa utiliza a prática de cross-
docking, ou seja, os produtos que possuem alto giro e perecibilidade, não são estocados, apenas
cruzam o armazém, não há na rede o processo de armazenagem propriamente dito. Após este
processo, as mercadorias são direcionadas para as empresas associadas, de acordo com a
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participação de cada associado (a participação é definida no momento de ingresso da rede),
portanto, se o associado “X” tem a participação de 3%, ele se torna obrigado a comprar 3% das
compras realizadas pela associação, embora não haja necessidade de estoque do determinado
produto adquirido. Para realização do estudo foram escolhidos dois supermercados denominados
de supermercado “A” e supermercado “B”, os resultados obtidos são a seguir apresentados.
7 Apresentação dos resultados
O custo de compra é um dos fatores responsáveis pelo aumento do preço de venda dos
supermercados, partindo desta afirmação, buscou-se primeiramente analisar o impacto da
utilização da rede de cooperação nos custos de compra de quatro produtos (açúcar, arroz, óleo e
leite), em dois supermercados participantes da rede (Supermercado A e Supermercado B).
Para a escolha dos produtos utilizados na pesquisa, levou-se em consideração os quatro
itens que apresentaram o maior volume de compras, e que eram adquiridos tanto da rede, quanto
do fornecedor.
Os resultados obtidos podem ser verificados nos quadros 2 e 3. O quadro 2 apresenta um
comparativo entre os custos de compras dos quatro produtos analisados do Supermercado A.
Compara-se a situação real, quando há participação da rede, com a situação simulada, quando não
há participação da rede. Observa-se que o produto que apresentou maior diferença de custo de
compra foi o óleo, com uma variação de 17%. Quando o produto é adquirido por intermédio da
rede, o Supermercado A possui um custo de compra de R$ 93,00, porém se o produto fosse
adquirido diretamente do fornecedor, seu custo passaria a ser R$ 112,40, representando um
aumento de R$ 19,40.
Quadro 2 – Comparativo de custo de aquisição realizada com a rede x sem a rede:
supermercado A.
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Fonte: Elaborado pelos autores com base nas informações cedidas pelas empresas pesquisadas
(2013).
Entre os produtos analisados, o leite foi o produto que apresentou menor variação no custo
de compra. Quando o produto é adquirido diretamente do fornecedor, seu custo de compra é de R$
27,96, e quando adquirido por intermédio da rede, o custo passa a ser R$ 29,85, apresentando uma
variação de 6% nos custos, o que equivale a uma redução de R$ 1,89. Pode-se observar que a
diferença nos custos de compras dos produtos variaram de R$ 1,89 a R$ 19,40, representando em
termos percentuais uma variação de 6% a 17%.
Assim, como realizado no supermercado A, o Quadro 3, a seguir, aborda um comparativo
entre os custos de compras dos 4 produtos analisados no Supermercado B. Compara-se a situação
real, quando há participação da rede, com a situação simulada, quando não há participação da
rede.
Quadro 3 – Comparativo de custo de aquisição realizada com a rede x sem a rede:
supermercado B.
Fonte: Elaborado pelos autores com base nas informações cedidas pelas empresas pesquisadas
(2013).
De acordo com o quadro 3, observa-se que o óleo é o produto que apresenta a maior
redução de custo de compra. Quando o produto é adquirido com intermédio da rede, a empresa
tem um custo de R$ 93,00, caso o produto fosse adquirido diretamente do fornecedor, apresentaria
um custo de R$ 113,60, resultando em uma diferença de R$ 20,60.
Pode-se observar que o leite é o produto que apresenta a menor variação, representando
uma diferença de 8%, o que equivale a R$ 2,40. Observa-se que a redução nos custos de compras
dos 4 produtos analisados variam de R$ 2,40 a R$ 20,60, representando uma variação percentual
de 8% a 18%.
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Em ambos os supermercados analisados, observa-se, que os quatro produtos apresentaram
os custos de compra efetuadas da rede inferiores aos custos das compras realizadas diretamente do
fornecedor. O produto que gerou maior redução nos custos de compra foi o óleo, e o produto que
apresentou a menor redução de custos foi o leite.
Quando se compara o Supermercado A com o Supermercado B, nota-se que o
Supermercado B apresentou nos quatro produtos analisados reduções nos custos de compra mais
relevantes que as do Supermercado A. O produto que apresentou maior diferença foi o arroz.
Considerando que os custos de compra com a participação da rede são iguais para ambos os
supermercados, a diferença citada acima se dá pela variação dos custos de compras da situação
simulada, quando as mercadorias são adquiridas sem intermédio da rede.
Portanto, o Supermercado B apresentou uma maior variação dos custos de compra, pois,
por adquirir os produtos diretamente do fornecedor, seus custos são mais elevados do que os do
Supermercado A.
Isto ocorre devido ao Supermercado A possuir um efetivo controle do estoque e um eficaz
gerenciamento do setor de compras, que está sempre atualizado e composto por um quadro de
funcionários com alto poder de negociação, que buscam otimizar os pedidos e garantir parcerias
com seus fornecedores.
O presente estudo também analisou o impacto da utilização da rede nos custos de aquisição
dos produtos em um pedido de compra, para fins de análise, considerou-se a média de compras
semanal dos supermercados. Foi simulado um pedido de 4.000 unidades, sendo 1.000 unidades de
cada produto analisado, conforme os Quadros 4 e 5:
Quadro 4 – Comparativo de custo de aquisição de um pedido de compras realizada com a
rede X sem a rede: supermercado A.
Fonte: Elaborado pelos autores com base nas informações cedidas pelas empresas pesquisadas
(2013).
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De acordo com o quadro 5, observa-se que, no pedido de compra analisado, se o
Supermercado A adquirir todas as mercadorias com participação da rede, terá um custo de R$
208.260,00, porém, se todos os produtos fossem adquiridos sem a participação da rede, haveria
um aumento de R$ 34.340,00 nos custos de compra dos produtos, que passariam a ser R$
242.600,00.
Quadro 5 – Comparativo de custo de aquisição de um pedido de compras realizada com a
rede X sem a rede – supermercado B.
Fonte: Elaborado pelos autores com base nas informações cedidas pelas empresas pesquisadas
(2013).
Observando o Quadro 5, nota-se que se o pedido de compra do Supermercado B fosse
realizado sem intermédio da rede, a empresa teria um custo de R$ 245.860,00, contudo, se o
pedido fosse realizado com a participação da rede, a empresa teria um custo de R$ 208.260,00,
apresentando uma expressiva redução de R$ 37.600,00 nos custos de compra dos produtos.
Essa expressiva redução nos custos de compra dos produtos, quando adquiridos com
intermédio da rede, reflete-se diretamente no preço de venda dos produtos dos dois
Supermercados.
Ressalta-se que redução nos custos de compra é fator fundamental para aumento da
lucratividade da empresa, tornando-as mais competitivas no mercado e garantindo benefícios para
sobrevivência diante das grandes empresas do ramo. Visando reforçar ainda mais a relevância da
utilização de redes de cooperação, realizou-se uma análise dos indicadores de desempenho
logístico das duas empresas, comparando-os em duas situações, com a participação da rede e sem
a participação da rede.
Conforme pesquisa bibliográfica sobre indicadores de desempenho realizada no presente
trabalho, buscou-se avaliar os indicadores, baseando-se no sistema de indicadores de desempenho
proposto pela autora Maria F. Rey, que expõe o processo de forma clara e objetiva. Como o
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modelo proposto por Rey (1999) apresenta uma visão mais voltada para os processos industriais, a
matriz foi adaptada de acordo como os processos típicos de uma cadeia de suprimentos, foram
considerados quatro processos (Recebimento, Armazenagem, Movimentação e Transporte).
Foram analisados quatro indicadores de cada processo da cadeia de suprimentos, sendo
cada processo analisado nas quatro vertentes propostas por Rey (1999): Custo, Produtividade,
Qualidade e Tempo, totalizando 16 indicadores analisados no estudo. Estes indicadores foram
definidos de acordo com as vertentes abordadas anteriormente e seu nível de adequação à
informação necessária para avaliação.
Quadro 6 – Relação de indicadores de desempenho logístico aplicado às empresas estudadas.
Fonte: Adaptado de Rey (1999).
No quadro 6 destaca os 16 indicadores de desempenho das quatro atividades analisadas de
uma cadeia de suprimentos e a metodologia de cálculo utilizada em cada indicador citado. Após o
processo de escolha e elaboração da matriz, os indicadores foram aplicados nos quatro processos
da cadeia de abastecimento dos dois supermercados objetos de estudo, como se pode observar nos
Quadros 7 e 8:
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Quadro 7 – Indicadores de desempenho logístico com a participação da rede X sem a
participação na rede: Supermercado A.
Fonte: Elaborado pelos autores com base nas informações cedidas pelas empresas pesquisadas
(2013).
De acordo com o quadro 7, observa-se que na vertente de custo, o indicador mais
expressivo é o custo de recebimento (CR1), que apresenta um aumento de R$ 300,00 quando o
processo é realizado sem a participação da rede. Este indicador mede o custo da força humana
utilizada na descarga das mercadorias dos veículos. Sem a participação da rede, este indicador
torna-se mais expressivo, pois o supermercado A não possui uma estrutura prática de recebimento
das mercadorias, quando comparado à rede, que conta com um CD.
Analisando os indicadores de armazenagem nas quatro vertentes, observa-se que as
vertentes do custo e do tempo apresentam um aumento, enquanto as outras vertentes
(produtividade e qualidade) apresentam expressivas reduções. Isto é resultado da precária área de
armazenagem que o supermercado possui, o que dificulta esse processo.
De acordo com o quadro 8, observa-se que o supermercado B apresentou variações mais
expressivas em alguns indicadores, pode-se citar a vertente.
Quadro 8 – Indicadores de desempenho logístico com a participação da rede x sem a
participação na rede: Supermercado B.
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Fonte: Elaborado pelos autores com base nas informações cedidas pelas empresas pesquisadas
(2013).
De acordo com os quadros 7 e 8, observa-se que os indicadores apresentam-se mais
satisfatórios quando há a figura da rede gerenciando toda a cadeia de abastecimento. Pois a rede
age como um operador logístico, centralizando todas as compras e o processo de distribuição,
padronizando as operações entre os seus associados, reduzindo assim os custos logísticos dos
pequenos e médios supermercados, que, antes da consolidação, atuavam sozinhos no mercado,
sem uma gestão plena de todos os processos da cadeia de abastecimento e sem dispor de espaços
físicos necessários para armazenamento das mercadorias.
Considerações Finais
Através do estudo realizado, tornou-se evidente, a expressiva contribuição da utilização
das redes de cooperação como elementos estratégicos de redução de custos logísticos e criação de
vantagem competitiva, proporcionando ganhos às empresas, com a otimização dos processos
logísticos da cadeia de suprimentos.
Verificou-se que os dois supermercados analisados apresentaram uma expressiva redução
nos custos de aquisição de produtos e nos custos logísticos das atividades da cadeia de suprimento,
que foram analisados a partir dos indicadores de desempenho, quando a rede atuava diretamente
nos processos.
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Os objetivos específicos vinculados ao objetivo geral foram atingidos, pois pode-se
identificar e verificar um expressivo impacto exercido pela utilização da estratégia de redes de
cooperação nos custos logísticos em uma rede cearense de supermercados.
Através do suporte do referencial teórico e da coleta de dados realizada na empresa,
conseguiu-se responder ao problema da pesquisa, que questionava qual o impacto da utilização da
estratégia de redes de cooperação nos custos logísticos de uma rede de Supermercados Cearense.
A avaliação do desempenho logístico passou a ser um fator primordial para que as
empresas garantissem o sucesso dos seus processos, sendo atualmente um assunto que está
despertando bastante interesse dos gestores das empresas, pois não há como detectar e solucionar
eventuais falhas/problemas sem que haja o acompanhamento de todos os processos que gerem a
organização.
A difícil visibilidade dos custos logísticos nos relatórios contábeis interfere diretamente no
processo decisório das organizações, que encontram dificuldades de identificá-los.
Na busca pela sobrevivência empresarial em um mercado cada vez mais competitivo, a
estratégia empresarial adotada pelos pequenos e médios supermercadistas do Estado do Ceará
reúne-se em redes de cooperação, e o controle e monitoramento dos desempenhos dos seus
processos através dos indicadores propostos no estudo agregaram valor às empresas e funcionaram
como elementos de vantagem competitiva frente à concorrência das grandes empresas do ramo.
As redes de cooperação precisam compreender toda a dimensão interna e externa, bem como os
processos logísticos das organizações, pois impactam diretamente nas atividades logísticas
desenvolvidas pelas empresas associadas.
O presente trabalho poderá ser utilizado como fonte de pesquisa para trabalhos futuros,
uma vez que além de apresentar de forma clara e objetiva os assuntos do referencial teórico, os
indicadores de desempenho avaliados, foram raras vezes objetos de estudo de trabalhos
acadêmicos.
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