a sociedade - wordpress.com€¦ · a sociedade em rede volume i 6a edi9ao totalmente revista e...
TRANSCRIPT
A SOCIEDADE
Manuel CastellsPrefac10 de Fernando Henrique Cardoso
お
4・R
③PAZ E TERRA
ノr∫
“ieふac ι″た&busca csclarecer a di―
narnlca cconollnlca c soclal da nova era da
繁1蹴ぶ鴛;胤盤 湯摯na c EuroPa,procura formular uma tco―
五a qucと ,onta dOS efeitos indamentals
■tCnO10gia da infOm"ぉ nO mundoCOnlemporねё6.‐A econё mia global se caracteriza
hOiC P¨ fluxO e tFO,a quaSC instanぬ―
nёos dc infOrm等 ,o,capltal c cOmunica―
,お Cultural.Esses nuxos rcram e con_
diciOnam a um sl tempo o consumo c a
produ9お .As Propnas rcdes re■etem c
■am Culmas dislntお .TantO elぉ quan―
tO SC●‐屁血
"9Stう
0,em gra,dc parte,
やra daS‐ regulamenれ ,6es naciontts.NossidcPen(おncia cmlrela9お aOs novos
modoS de nuxo informacional di um
enormo Poder de c6ntrOle sobrc n6s
aqucles eふ Posi9¨ de contro14-los.
ルlanud Castcns descreve o ritmo ca―
da vett mais aceleradO de dcscObё rtas e
suaS ap五こa,Oes.Examina os processosde g10baliz等 ,O quc marglnalizavam c
agOra am,a,aFn tOrnar insigniflcantes
pぼses c PovoS inteirOs cxcl面 おs das redes
de infO.111等お.MO率a quc,nas∝ono―
mi∞ ,vm9adas,a produφ o Se cOncentra
httc ett uma Pl甲:11,Struidad,popu―la9¨ 06m idadさ entrc 25‐ 0 40 ano年
轟Чitas ec6五 6mitt POdem abii ttaO dc
Vtt ter9o 6u ttaiS de sua populttao.Slgere qic o rcsultado desta tcttdencia
prOgrc6siva po4。 nお SCr o d,,,,P,goem masta ml,sim a flexib■ηa9ぉ extre―
:茫 :話 l灘跳第車中 ёヽこⅢ‐ⅢⅢn"ttⅢ ,ntダa.
O autOr cOnclui examinand。 ‐。s efei■|l t impliCa,611 da transfOrha,お tecl
Manuel Castells
A SOCIEDADE EM REDEVolume I
6a edi9ao totalmente revista e ampliada
ルαグ"fα
θf Roneide Venancio Mttercom a colabora91o de Klauss Brandini Gerhardt
A″
“
αJjzαfαθ′αrα 6α ιグjgαθf Jussara Siln6es
PAZ E TERRA
◎ Manucl Castclls
TraduzidO do origina1 7乃 ′麻′グ励′″′初θル″ルク
CIP― Brasil.CatalogagttO na FOntc
(Sindicato Nacional dos Editorcs dc L市 ros,RJ,BraSil)
Castells,Manucl,1942-
A sOcicdade cm rede/ManucI Castells tradu91o:Roncidc Vcmncio Mづ Cち
atualizagttO para 6ユ ediclo:JuSSara Sim6cs
――lA era da infOrm霧五0:eCOnomia,sociedadc c cultural v.1)
Slo Paulo:Paz c Tcrra,1999.
ISBN 85-219-0329-4
Indui bibliOgrafla
C344s
l.Tccno10gia da infOrma910-― Aspcctos sociaiS.2.Tccn010gia da infOrma910__
AsPcctOS CCOn6nlicos.3.Socicdadc da inforinaclo.4.Rcdcs dc infOrinaglo。
5。 Tccn010gia c civiliZa910。
99-0358 CDD-303.483CDU-316.422.44
EDITORA PAZ E TERRA S/ARua do TriunfO,177
Santa EFlgenia,slo Pau10,SP― 一 CEP:01212-010Tcl.:(011)3337-8399
Rua Gcncral Vcnancio Flores, 305,sala 904
RIo dc JancirO,RJ―― CEP:22441-090
Tel.:(021)2512-8744
E―maiL vendas@Pazetcrraocomobr
HOmc Page: …
。Pazeterraocomobr
2002・ ImprcssO no Brasi1/1り ″κ〃ノ″Br品
0 1ilniar do etemo 553
激五burぎ盟量獄11:ril胤躍獄l:慢珊翼艦鳥誦譜∫誼
l:I篤『露総Fttl蒸:讐猪鴛鳥露鷲∬c:盟葛11ぶ:f鷲蠍t:
emergente。
Tempo virtual
精柑品‖器tlWl窓脚 :。
`鳳聯電理淵:脳:
∬穏:l慇習砒驚:,互胤Ъ筑蹴yeぃねva mao wwmm
職篤:1』器師:麗磯1:駕驚:議撚 ■』器翼鷲l篤冨龍them
。,a mbrmttaO mttmanea cmゎ d00」ObQ m∝dada a Кp∝―
0 1imiar do etemo
do hipertexto de multilrlfdia 6 uma caracte」 〔stica decisiva de nossa cultura,mode―
lando as mentes e mem6rias das crian9as educadas no novo contexto cultural.
Primeiro,a hist6ria 6 organizada de acordo com a disponibilidade de material
visual,depois submetida)possibilidade computadorizada de sele9ao de segun―
dos de quadros a serem unidos ou separados de acordo com discursos especffi―
cos.Educa95o escolar,entreteniinento na rnfdia,notici`rios especiais ou publici―
dade organizam a temporalidade do melhor modo,paraquc o efeito geralsaaum
tempo nao―seqiiencial dos produtos culturais disponfveis em todo o domfnio da
expe五encia humanao Sc as enciclop6dias organizaram o conhecilnento humano
por ordem alfab6tica,a lrlfdia cletrOnica fornece acesso h informa91o,expressao
e percep91o de acordo conl os impulsos do consunlidor ou decis6es do produtb■
Com isso,toda a ordena91o dos eventos significativos perde seu ritmo crono16gi―
co interno e fica organizada cIII seqiiencias temporais condicionadas ao contexto
social de sua utilizagaOo POrtanto,ど sjηz夕 J′αれια″zικ`ι
′“αε
“J′
“rα dO`′θrれο ι d0
亀濃'7κ
ι“θ.I,cterna porquc alcan9a tOda a sequencia passada e futura das expres―
s6es culturais.Ё eκlrlera porque cada organiza9ao,cada seqiiencia especffica,
depende do contexto e do o可 etiVO da constru9ao cultural solicitada.Nao estamOs
em uma cultura de circularidade,mas em um universo de temporalidade naO_
diferenciada de express6es culturais.
Analisei a rela91o entre a ideologia do filrl da hist6ria,as condi95es lnate―
riais criadas sob a 16gica do espa9o de fluxos e o surgilnento da arquitetura p6s―
modema,enl quc todos os c6digos culturais podem ser rnisturados sem seqiiencia
nem ordena91o,j`que estamos em um mundo de express5es culturais initas.0
tempo eterno/efemero tamb61FI Se encaixa neste modo cultural especffico,)Ine―
dida que transcende qualquer seqiiencia especffica.David Harvey,usando tipos
SilFlilares de argumento,rnostrou de forma brilhante a intera91o entre a cultura
pos―modema―一seJa na arquitetura,cinema,atte ou filosofia一 一e o quc ele cha―
ma de``condi91o p6s―modema"motivada pela compress,o tempora1/espacial。
EInbora acredite quc Harvey atribua)16gica capitalista rnais responsabilidade do
quc ela rnerece nos processos atuais de transforma910 Cultural,sua anllise revela
as fontes sociais da convergencia repentina de express5es culturais para a nega―
950 dO Significado c a afirma91o da ironia como o valor supremo.77(D tempo 6comprilrlido e,cnl lltilna an`lisc,negado na cultura como uma r6plica prilllitiva
da rttida mO宙 menta9ao de prOdu91o,COnsumo,ideologia e pol■ icas em quc
nossa sociedade 6 baseada.Ulrla velocidade s6 possibilitada pelas novas tecnolo―
gias de comunica91o。
Mas a cultura,em todas as suas lnanifesta95es,nao reprOduz simplesmente
a16gica do sistema cconOIIncoo A corespondencia hist6rica entre a ccononlia
polfica de sinais e os sinais da economia polfdca nao cOnstitui argumento sufi―
0 1iniar do etemo 555
ciente para caracterizar o surgiinento do tempo intemporal no p6s―modemismo。
Acho que devemos acrescentar algo rnais:a especificidade daS novas express5es
culturais,sua liberdade ideo16gica c tecno16gica de explorar o planeta c toda a
hist6五 a da humanidade e de integrar e nusturar no supertexto qualquer sinal de
y鵬慢稔∬器〃お器榊壺‖酬豊椰:transformado enl m`SiCa cletrOnica. 0
adapta― sc)16gica do capitalismo flexfvel e a dinamica da sociedade enl rede,
mas acrescenta sua camada poderosa,instalando sOnhos individuais e representa―
95eS COletivas enl unl panorama lnental atemporal.Talvez a m`sica NeレッAgι ,tao caracterfstica do gosto dOS profiSsionais li―
berais dc htte em tOd0 0 mundo,saa representativa da dimenstto intemporal da
cultura emergente,reunindo medita92o budista reconstrufda,produ91o de som
eletrOnico e composi91o californiana sofiSticada.A harpa e16trica dc Hillary
Staggs,Inodulando O alcance das notas elementares na Varia91o infinita de uma
simples lnelodia ou as longas pausas e altera95eS repentinas de volume da sereni―
dade entristecedora de Ray Lynch combinalll no lrleslrlo texto llllllSiCal ulrla sen―
sa9aO de distancia e repeti91o com o s`bito surgimento de sentimento reprimido,
como ecos de vida no oceano da cternidade,um sentiinento freqiientemente acen―
tuado por fundo sOnoro de ondas oceanicas ou de vento no deserto en■muitas
cOmposi95es New Agι o SupondO,Como imagino,quc Ne14/Agι 6 a rnisica clissi―
ca de nossa 6poca c obServando sua influencia cIIl tantos COntextos diferentes,
mas sempre entre os lnesmos grupos sociais,pode― se sugerir quc a rnanipula91o
do tempo 6 o tema recorente das novaS express6es Culturais.UIrla lnanipula91o
preocupada conl a referencia biniria h instantaneidade e cternidade:eu c o uni―
verso,o Ser e a Redeo Essa concilia91o,na verdade fundindo o indiVfduo bi016gi―
co no todo COsmo16gico,s6pode ser alcan9ada conl a fusaO de tOdos OS tempos,
de nossa c五 a91o ao filrl do universo.A intemporalidade 6 0 tema recoHente das
express6es culturais de nossa era,saacmノ αsんιS repentinos de videoclipes,stta
nas ressOnancias eternas dO espiritualismo eletrOnico.
Tempo,cspa9o e soCiedade:o li][liar do eterno
Entao,afinal,o que 6tempo,este conceito de compreensao diffcil que con―
fundiu Santo Agostinho,desorientou Newton,inspirou Einstein,preoCupou
Hcidegger?E como o tempo esti Sendolransfomado em nosSa sociedade?
Ё
`■
l a minha investiga91o apelar a Leibniz,para qucm tempo 6 a ordem de
sucessao das“ coisas'',de foma que Sem as“ COiSas''naO existil■ a tempO。78(D
O limiar do etemo
conhecilnento atual sobre o conceito de tempo enl ffsica,biologia,hist6ria e so―
ciologia naO parece ser contestado por essa conceitualiza9五 o sint6tica e clara。
A16m disso,podemos entender inelhor a transforma9五 o atual da temporalidade
recorendo ao conceito leibniziano de tempo.Proponho a id6ia de que o′ ιη θj4′
`ηθrαJ,como chamo a temporalidade donlinante de nossa sociedade,θ εθrr`
ク“αれグθ αs θακιε′ιr漁′jθα∫グι
““グαグθ εθκ′ιχ′θ,θ夕sttα ,θ ′ακグjg“α′式orJ4α ¨
θjθ4α J θ α sθεjιグαグ``“
″グι,θα“sα
“εθttSαθ∫′S′′772jθα″αθ
“J`“ sι9″
`4θ
jαJ
グθS′74∂
“ι″θs sンειグjグθs 4α 9′
`′
ι σθκ′ιχゎ.Essa confusaO pode tomar a forma
de compressao da ocOHencia dos fenOmenos,visando)instantaneidade,ou entao
de introdu9ao de descOntinuidade aleat6ria na seqiiencia.A elilttlina9ao da se_
quencia cria tempo nao― diferenciado,o quc equivale a cternidade.
As an`lises especfficas apresentadas neste capttulo oferecenl exemplos das
qucst6es substantivas envolvidas nessa caracterizagao absttata. Transa95es de
capital realizadas em fra96eS de segundos,empresas com jornada de trabalho
■exfvel,tempo vari`vel de servi9o,indeterIIlinagao do ciclo de vida,busca da
cternidade por interm6dio da nega9五 o da rnoie,gucras instantaneas e cultura do
tempo virtual,todos saO fenomenos fundamentais caractcrfsticos da sociedade
crrl rede,quc sistenlicamente nlistura a ocorencia dos tempos.
Contudo,essa cttacteriza91o nao se refere a todo o tempo na experiencia
humanao De fato,enl nosso rnundo,a rnaioria das pessoas e lugares vivencia uma
temporalidade diferenteo Mencionei,por uln lado,o enorme contraste entre as
guerras instantaneas e a elilrlinagao da guerra do horizonte de vida da rnaior parte
das pessoas nos paFses donlinantes c,por outro,a pr`tica de eternas gucHas dil―
rias em lugares espalhados por todo o planeta.Raciocfnio semelhante pode ser
estendido a cada exemplo associado)nova temporalidade.A mortalidade infan―
til no Uruguai e na ex― URSS 6 mais alta quc o dobro da in6dia norte― americana,
ILaS 6 igual a de washington,DoC。 (ver tabela 7.7)。 A Irlorte c as doen9as estao
sendo afastadas em todo o mundo,contudo en■ 1990 esperava― se que os habitan―
tes dos pafses menos desenvolvidos vivessem 25 anos menos quc os das`薦 eas
lnais desenvolvidas.A flexibilidade dajornada de trabalho,a produ9ao em rede e
o autogerenciamento do tempo ao norte da lt`lia ou no Vale do Silfcio tem muit。
pouco significado para os IIlilh6es de trabalhadores das linhas de montagem
cronometradas,na China e no Sudeste asi`ticoo Para a grande rnaioria da popula―
920 urbana mundial,horttrios flexfveis ainda significanl sua sobrevivencia cmmodelos de trabalho imprevisfvel da cconomia informal,sistema enl quc a no910
de desemprego 6 desconhecida,pois af o indivfduo trabalha ou moreo Por exem―
plo,a telefonia m6vel acrescenta tempo/flexibilidade de espa9o)s rela95es pes―
soais e profissionais,Inas nas mas de Lima,cnl 1995,essa tecnologia propiciou
O limiar do etemo
uma nova foma de neg6cio informal apelidado θttθ J′ Jαr.79 Nesse neg6cio,venゴ
dedores ambulantes de comunicagao circulavan■ com telefones celulares,alugan―
do o aparelho para chamadas lnomentaneas de transeuntes:flexibilidade m`xima
em dias interIIlin`veis de trabalho de futuro imprevisfvel.Ou,entao,a cultura
virtual ainda cst`associada一 一para unl grande segmento da populagao quc assis―
te passivamente a Tv nO final de dias extenuantes― ―)mente concentrada cm
imagens de seriados sobre lllilionttrios texanos quc,por estranho que pare9a,sao
igualmente familiares ajovens dc Mttrakech e a donas de casa de Barcelona,as
quais,naturallnente orgulhosas de sua identidade,as veenl enl catalao。
θ′ιり θjれ′ι
“
ροκ Jριr′ι4θι αθ ιlψαfθ グ`ノ
ンχθS,αθ′αSSθ 2′ιαグjsθripJj―
れα′ιη ο,θ ′ιη θ bjθ Jびgjθθ ι α sι9″′4θjα sθθjαJηtι 4′
`グι′ιrroj77α da Carαθ′ιrj―
Zα′2 θSJ′gα
“θs ι″Z′θdO θ 77z“れdO,ι s′ r“′
“rα 4グο ι desθ s′ r″′
“rαれdO′zα′ιrjαι′tικ′ι
40SSα S Sθ θjιdαグι∫∫ιg“ι77`α das.C)espa9o modela o tempo em nossa sociedade,
assinl invertendo uma tendencia hist6rica:fluxos induzem tempo intemporal,lu―
gares estao presOs ao tempo。80 A id6ia de progresso,nas rafzes de nossa cultura c
de nossa sociedade nos dois`ltimos s6culos,fundamentou― se no movilnento da
hist6ria,de fato,na seqiiencia predeterlrlinada da hist6ria sob a lideran9a da razao
e conl o impulso das for9as produtivas,escapando das restri95es das sociedades e
culturas ligadas ao espa9o.C)domfnio do tempo e o controle do ritmo coloniza―
ram tenrit6rios e transforⅡLaranl o espa9o no vaStO movimento de industrializa91o
c urbaniza91o realizado pelos dois processos hist6ricos de foma9ao dO capitalis―
mo e estatismoo A′“
41縣,rrOα σαθ estruturou θ sι4 o tempo moldou o espa9o。
Tabela 7。7 Compara95es de taxas de mortalidade infantil,parses selecionados,estimati―
vas de 1990-1995.
θbj′θs′θr f.θθθんαsε jグοsソ jνOS
Total dos EUA
Brancos
Outros
Negros
Condados e cldades
Cidade dc Norfolk,Virgfnia
Cidade de Portsmounth,Virgfnia
Cidade de Suffolk,Virgfnia
Cidade de Nova York,Nova York
Bronx
Orleans,Louisiana
9
8
16
18
20
19
25
12
13
17
558 0 1imiar do ctemo
Condado de Los Angcles,Calif6nlia
Condado de Wayne(Dctroit),MiChigan
Washington,DoC.
Africa
Arg61ia
Egito
Quenia
NIla『 ocos
Nig6五a
Africa do Sul
Tanzanla
Zalre
Asia
Europa
Amenca Latina
AIn6五ca do Norte
Occanla
Ex―URSS
Outros parses
BulgmaCanad五
Chile
China
Costa Rica
Fran9a
Alemanha
Hong Kong
Jamalca
Japa。
Corela
ⅣIalasia
Po16nia
Cingapura
Tailamdia
ucranla
Urugual
Reino Unido
8
16
21
95
61
57
66
68
96
53
102
93
62
10
47
8
22
21
14
7
17
27
14
7
7
6
14
5
21
14
15
8
26
14
20
7
Fθ″θ∫I Fundo Populacional da ONU,Tた`S″
たのFlttr″ P9′“ια′Jθκ,1994;US Dcpt of Hcalth and
Human Ser宙 ces,И"ι
S″′is′jcsげ滋ιし「れjたグSたたsr f99θ ,vol.II se95o 2,Tabela 2… 1,1994
0 1imiar do etemo 559
A tendencia predominante de nossa sociedade mostra a vingan9a hist6五ca
do espa9o,eStruturando a temporalidade ell1 16gicas diferentes e at6 contradit6-
rias de acordo COnl a dinanlica espacialo C)espa9o de fluxos,COnfolllle a an`liSe
do capftulo anterior,dissolve o tempo desordenando a sequencia dos eventos e
tomando― oS simultaneos,dessa fo■ 11la instalando a sociedade na efemeridade eter―
nao C)espa9o de lugares m`ltiplos,espalhados,fragmentadOS e desCOnectados
exibe temporalidades diversas,desde o do面 nio mais prirnitivo dos ritmos natu―
rais at6 a estrita tirania do tempo crono16gico.Fun95eS e indivfduos selecionados
transceidenlotempo,81 aO passO quc atividades depreciadas e pesSOas subordina…
das suportam a vida enquanto o tempo passao Embora a16gica cmergente da nova
estrutura social visc a contfnua suplanta910 do tempo como uma seqiiencia orde―
nada de eventos,a maioda da sociedade em ulrl sistema global interdependente
pemanece a rnttgenl do novo universoo A intemporalidade navega enl unl oCea―
no cercado por praias ligadas ao tempo,de onde ainda se poden1 0uvir oslamen―
tos de c五aturas a ele acorentadas.
A16m disso,a16gica da intemporalidade nao sc apresenta sen■resistencia
da sociedadeo COmo lugares e localidades visam recuperar o cOntrole dos interes―
ses sociais embutidos no espa9o de fluxos,atores SOCiais preocupados com o
tempo tentam controlar o doIIlinio aist6rico da intemporalidade.Exatamente por―
que nossa sociedade chega ao entendiinento de intera95es significativas para todo
0 1neio ambiente,a ciencia c a tecnologia fomecem― nos O potencial para prever
um novO tipo de tempOralidade,tamb6m coloCado na estrutura da cternidade,
mas levando ern considera91o aS Seqiiencias hist6ricas.Ё o quc Lash e Urry cha―
ma de“ tempo glacial'',conceito em quc“ a rela91o entre os seres humanos e a
natureza 6 de longufssimo prazo c evolucionttna.Retrocede da hist6ria humana
imediata c avan9a para un■ futuro totallnente indeterlmnavel''.82 De fato,confor―
me analiSarei lnais detalhadamente no volume II,a opoSi91o entre o gerencla―
mento do tempo glacial e a busca pela intemporalidade mant6m o movilllento
ambientalista c as diferentes fomas de poder em nOSSa sOCiedade em posi95es
contradit6rias dentro da estrutura sOCial.
Preocupado com o desaparecilnento da visao a longO prazo do tempo na
nossa cultura,enl 1998 unl grllpo de cientistas,artistas e empres`五os da`“ea da
bafa de San Francisco fundou a rrhe]Long Now Foundation para promover um
conceito altemativo dO tempo fundamentado enl duas perguntas principais:“Como
tornar automatico e comunl o pensamento a10ngo prazo,enl vez de diffcil e raro?
Como tomar inevitivel que se aSSumanl responsabilidades de longo prazo?''83
A16111 de criar ulrl sftio na lnternet,construir a biblioteca Long Now e organizar e
manufaturar unl novo tlpO de re16glo,conl base na id6ia do proJetista de info■1111-
560 O limiar do etemo
tica lDaniel Hilliso Sc五 a ulrl re16gio gigantesco e inecanic。 ,。 Clock of the lLong
Now,programado para registrar o tempo durante dez lnil anos,enlitindo seu sinal
sonoro ulma vez por ano,ulrla vez por s6culo c ulrla vez por mileni。 .Talvez saa
taO grande quanto Stonchenge,e poderia ser montado no deserto dO oeste dos
Estados Unidos.I〕 rn fins de 1999,estavanl concluindo unl prot6tipo de tamanho
considerivel,quc estava programado para ser exibido no ano 2000 no Presidio
lntemational Center de San Franciscoo Esse re16gio foiidealizado explicitamente
como artefato cultural,para reagir a id6ia do tempo instantaneo,desacelerar nos―
Sa n09ao de tempo para quc atitta o五 tmO dO nosso ser COSmo16gico e do nosso
vir― a¨ ser hist6五 co.Por finl,pretendc lnate五 alizar nossa responsabilidade tempo…
ral elFl rela91o)s gera95es futuras。
C)que deve ser retido da discussao neste ponto 6 a diferencia91o conflituosa
de tempo,entendida como o impacto de interesses socials opostos sobre a sc―
quencia dOs fenOmenos.Essa diferencia9五 o afeta,porum lado,a16gica contrastante
entre a intemporalidadc estruturada pelo espa9o de fluxos e as m`ltiplas
temporalidades subordinadas,associadas ao espa9o de lugares.Por outro lado,a
dinamica contradit6ria da sociedade estabelece uma oposi91o entre a busca da
ctemidade humana,rnediante a invalida9ao do tempo da existencia teFena,Ca
percep9ao da cternidade cosIIlo16gica, sob a 6tica do tempo glacial. Entre as
temporalidades suttugadas e a naturezaevolucionttia,surge a sociedadc em rede
no lilruar do etemo.
Notas
l. A anttlisc de tempo ocupa papel central no pensamento de Anthony Giddens,unl dos p五 nci―
pais te6五 cos de sOciologia de nossa gera92o intclectual.Ver,em especial,Giddcns(1981,
1984).UmateO五zttao extremamente csimulante da relagao entre tcmpo,csp磐 o e socieda―
dc 6 o trabalho de Lash e U町 (1994);vertamb6m Young(1988).Adam(2000)oferece umaanttlise bem inovadora das estruturas tempOrais corn relttao aos debates sociais,conforlne
exemplificadas pelos conflitos sobre os alimentos geneticamente modificados.Para uma
abordagem empf五 ca IIlais tradicional da anttlise social do tempo,ver Kirsch θ′αι。(1988).
QuantO adebates rccentes sobre perspectivas diversas,ver F五 edland c Boden(1994)。 Natu―
ralinente,para soci61ogos,as referencias clttssicas sobre tempo social continuanl sendo
Durkheim(1912)c SorOkin c ⅣIerton(1937).Ver tamb6m o trabalho pioneiro de lnnis
(1950,1951,1952)sobre SiStemas temporais e espaciais,dcfinindo 6pocas hist6五 cas.
2.Adam(1990:81,87-90).
3. Innis(1951:89 c as seguintes);Ver tamb61n lnnis(1950).
4.Whitrow(1988).Para um bOm exemplo da varia9ao cultura1/hist6五 ca de tempo e medidas
de tempO,ver a obra fascinante de Zembavel(1985).