a horta do sr lobo
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A horta do Senhor
Lobo
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Há muitos e muitos dias que o Senhor Lobo percorre a floresta, duma pontaà outra, em busca de um pedacinho de comida, mas sem resultado. Nem omais inocente e desprevenido passarito pôs o bico de fora do seu ninho, aofrio. Nem o mais simples e tolo bichinho se atreveu a mostrar a ponta do seu
focinho.
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“Estou esfomeado!”, queixa-se ele,enquanto caminhapor entre asárvores. A fome
obrigara-o a trincarumas tristesbolotas, duras comoo gelo. “Chega!
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Estou farto”, exclama para si
próprio, enquanto engole umamiserável avelã.
“Tenho de me OR-GA-NI-ZAR!Vou armazenar comida, emlatas de conserva, no meuarmário. De certeza que nãoserei o primeiro animal a fazer
isso!”
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Depois, começa a ler ereler o Livro doPerfeito Hortelão,
que o deixa a sonhar:a sua horta há-de sera melhor de todas ashortas do mundointeiro.
O Senhor Lobo põe a cabeça afuncionar. E prepara-se para aobra. Para construir uma horta,
são precisas ferramentas esementes. Ele encontra tudo issono armazém do agricultor. Atédescobre um velho chapéu dehortelão que lhe assenta na
cabeça como uma luva.
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Todos os animais da floresta põem-se a espreitá-lo, cheios de curiosidade. O SenhorLobo revolve terra e mais terra. Depois, cava, semeia, rega, trata e monda. É umtrabalho muito duro, e ele sua como um porquinho. Além disso, nem sequer tem tempo deir à caça. Felizmente os rabanetes cor-de-rosa crescem muito depressa.
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O Senhor Lobo fica maravilhadoquando os tomates e os pimentoscomeçam a amadurecer, quandoas ervilhas e os feijões crescemao longo das estacas e as gordasabóboras amarelecem, comobolas douradas.
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O seu armário ficaa abarrotar decomida.
De certeza que aoSenhor Lobo nadafaltará, no próximoInverno!E enquanto ele estáocupado a arrumar
e a cozinhar, ameter em latas deconserva ostomates e osvegetais para asopa, os habitantes
da florestapasseiam por todoo lado, sem medonenhum.
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Os animais nuncasentiram tanta paz nassuas vidas!É verdade: o lobo agora
só come vegetais.
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Mas, de repente, numa certa manhã,tudo se altera. Um grito pavorosoressoa por todos os cantos da floresta,acordando-a: é o Senhor Lobo.
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“Isto é demais!”, rosna oanimal, ferozmente. “Não vou
deixar que me vençam!” Os seus olhos ficaram outravez negros e brilhantes.
Ei, SenhorMocho, venha cá!Olhe para estaporcaria! Alguémdestruiu a minha
horta durante anoite. Viu quemfoi o bandido? Aise o apanho!...”
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A ave fecha osolhos por uns
momentos e,depois, murmuraalgumaspalavras juntodas orelhasgrandes do lobo.
“Deixe-me pensar!”, pia o mocho.“Não, não reparei em nada deestranho… vamos usar a cabeça. Devehaver uma solução inteligente para esteproblema.”
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Satisfeito com oseu trabalho, o loboentra em casa, paracomer uma saborosa
malga de sopa debrócolos e, depois,reler um livro deaventuras.
O Senhor Lobo desaparece paradentro da sua oficina e, poucotempo depois, todos podem
ouvi-lo a serrar e a martelar. E,felizmente, ao entardecer, eleespeta na terra uma lindatabuleta de madeira, mesmo emfrente do portão da horta.
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Um coelhinho, bem pequenino, quase cai na vala ao tentarler aquilo que o lobo pintou tão cuidadosamente natabuleta. E imediatamente informa os outros animais queestão a discutir o assunto, na clareira.Ninguém repara no mocho que do alto dum pinheiro osobserva atentamente. “Não posso acreditar!”, grunhe o
rato.“Trazer sementes? Muito bem, tive uma ideia! O filho doagricultor vai regar o milho todas as tardes. Há espigas detodas as cores… vermelhas… roxas. Volto já!”. E, dizendoisto, desaparece.
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“Que grandeideia!”, exclamou oAvô Caracol,acenando com asantenas.“Vamos levar-lhealgumas alfacesque logo voltaram a
crescer mal secortam! Ah! Ah! Umcaracol asurpreender umlobo! Quem havia
de dizer?!”. E,dizendo isto, ocaracol desapareceatrás da parede.
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A luz suave da aurora toca levemente na horta. Primeiro, aparece uma espécie de ténue toalha de luzrosada que se deita mansamente sobre a relva e folhas e, pouco a pouco, os raios de sol pintam as florescom uma luz dourada. As pétalas, fechadas durante a noite, abrem-se suavemente e os girassóis viram-selentamente para o céu.
O Senhor Lobo abre as persianas da cozinha… e estremece de alegria.
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Depois de dar umapenteadela ao seu pêlo,
ele sai para a sua horta.Dirige-se, então, para aDona Coelha, que tremecomo uma folha aovento. Ela segura nas
mãos um saquinho feitode papel de jornal.
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O lobo cumprimenta-a com a sua delicada voz.“Bo-boomm-bom dia”, balbucia ela.“Trouxe-lhe estas sementes de rabanete preto.Está interessado?” “Claro que estou interessado! Os rabanetes
pretos são saborosos? O que hei-de oferecer-lhes em troca?”
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“Nada. Ainda ontem tivemos de castigaro nosso filho por ter estragado a suahorta e mordiscado as suas alcachofras”.
“Oh! Não era razãopara tal! Olhe, aqui temesta alface e estesrabanetes. Aquilo quecolhi chega para mim esobra! Além disso,
acabam por se estragarse não se comeremlogo. E diga ao seu filhoque pode vir quandoquiser e até ajudar-mea arrancar as ervas.Negócio feito?”
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Então, apareceram osoutros animais, cadaum trazendo tambémcoisas bem originais.“Se quiser, podemosvir todos ajudá-lo”, exclamam.
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Durante o trabalho, cada um vai contando sobre o local emque cada um provou certa hortaliça pela primeira vez, ouonde colheu determinada flor, ou o melhor modo de asplantar, de as colher ou de as cozinhar.
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A manhã voa tão depressa, tão depressa queeles ficam surpreendidos quando os sinos tocam,a anunciar o meio-dia. Apenas o mocho dorme abom dormir, no meio de doces sonhos.
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“Quem quer almoçarcomigo?”, sugere o lobo.“Acabei agora mesmo defazer salada e de pôr amesa. Almoçamos cá fora,pois está um diaesplêndido!”
Apenas dito, logo feito.O Senhor Lobo senta-seà mesa, acompanhadopelos seus convidados,
para apreciarem umdelicioso almoço.
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Atrás do portão, o Senhor Loboacena um adeus. Tudo lhe parecefácil de acontecer, nesta tarde.Todos os seus problemas, a sua máreputação, as suas caçadassolitárias, mesmo as suas mágoasquando as coisas não corriam bem -
tudo isso pertence ao passado.
A tarde passou,veloz como umsonho. Logo, chega ahora de dizeradeus. Carregados
de ofertas, osamigos do SenhorLobo despedem-se evão-se embora.“Até qualquer dia,Senhor Lobo, eobrigada por tudo!”
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Ao fechar o portão, oSenhor Lobo olha para ocimo do enorme pinheiro: alua redonda parece um
queijo a sorrir para ele,enquanto se ouve o velhomocho a piar uma suavecanção.