a fotografia e o retrato da cidadania - apache … · 2014-02-12 · imagens de nossos abraços e...
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INSTITUTO MUNICIPAL DE ENSINO SUPERIOR DE ASSIS – IMESA
FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DO MUNICÍPIO DE ASSIS – FEMA
DEPARTAMENTO ACADÊMICO COMUNICAÇÃO SOCIAL
CURSO DE GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO SOCIAL – JORNALISMO
MARCOS SMANIA
A FOTOGRAFIA E O RETRATO DA CIDADANIA
ASSIS – SP
2012
MARCOS SMANIA
A FOTOGRAFIA E O RETRATO DA CIDADANIA
Monografia apresentada como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Comunicação Social, com Habilitação em Jornalismo, do Instituto Municipal de Ensino Superior de Assis – IMESA – e Fundação Educacional do Município de Assis – FEMA –, como requisito parcial para obtenção do Certificado de Conclusão da Graduação.
Orientadora: Prof. Esp. Silvana Aparecida de Paiva Rodrigues
ASSIS – SP
2012
TERMO DE APROVAÇÃO
A FOTOGRAFIA E O RETRATO DA CIDADANIA
por
MARCOS SMANIA
Esta Monografia foi apresentada em __________________ de
_______________ de 2012 como requisito parcial para a obtenção do título de
Graduação em Comunicação Social, com Habilitação em Jornalismo. O
candidato foi arguido pela Banca Examinadora composta pelas professoras
abaixo assinadas. Após deliberação, a Banca Examinadora considerou o
trabalho aprovado.
__________________________________ Silvana Aparecida de Paiva Rodrigues
Profª. Orientadora
___________________________________ Dra. Elizete Mello
Membro titular
DEDICATÓRIA
Em memória a Francisco Fernandes Smania.
O descontentamento é o primeiro passo na evolução de um homem ou de uma nação
Oscar Wilde
(1854-1900)
AGRADECIMENTOS
Vou dedicar minhas primeiras palavras para o homem que me proporcionou as
condições necessárias para realizar o curso de graduação, meu pai. Sempre
idealizei que neste momento estaríamos comemorando essa conquista, mas a
natureza cumpriu com seu papel antes do que imaginava. Às vezes construo
imagens de nossos abraços e sorrisos apenas para matar a saudade, na
esperança de preencher o vazio de sua ausência. De alguma maneira eu sinto
que o Véio estaria orgulhoso, é isso que me conforta.
A minha mãe quero agradecer por me apoiar a realizar este sonho e
estar ao meu lado, mesmo que separados a 800 km de distância. Minha
conselheira, amiga, confidente e companheira. A jóia mais sensível e preciosa
que tenho. A minha tia Aldi por sempre me encorajar a vencer na vida e
trabalhar para realizar os meus sonhos, minha inspiração profissional.
Aos professores que dedicaram seu tempo e atenção nas aulas e se
preocuparam em nos preparar adequadamente, meu sincero agradecimento.
Além das técnicas e teorias, o conhecimento que dividiram tornou-me mais
humano.
Aos amigos de classe que resistiram bravamente aos quatro anos
chegamos ao fim desta etapa, vou sentir saudades da convivência diária e
torço para que todos realizem seus sonhos e sejam profissionais de sucesso.
Patrícia Dias a melhor amiga que pude conhecer, pela eterna paciência e
disposição em me ajudar prontamente. Quero agradecer ao Lutércio e Alex
Caligaris pela oportunidade de estar na Tv Fema durante todos esses anos. A
experiência que adquiri com a produção em audiovisual será fundamental para
a minha carreira.
A realização deste trabalho de conclusão de curso foi possível graças ao
apoio da Coordenadora Pedagógica do Programa da Escola da Família Juliana
Gobo, que apostou na iniciativa e não hesitou em me auxiliar. As participantes
da oficina Bruna, Thais e Andressa que surpreenderam com suas fotografias e
estiveram sempre presentes nas atividades, mesmo que acontecesse aos
domingos.
Sou privilegiado em ter amigos tão dedicados e cúmplices. Em especial
Sergio Gordin meu companheiro para todas as horas. Mayra Pientrantonio e
Paz Lencinas pelo carinho e apoio nesta jornada. Alexandre Vilar, Zilda Costa e
Renata Lui seria uma injustiça não lembrar de vocês, que por muitos momentos
me acalmaram e me divertiram.
Por fim, A professora Silvana Paiva minha dedicada orientadora que
apostou em minhas idéias e foi essencial para a conclusão deste trabalho.
Obrigado por tudo e conte comigo sempre.
RESUMO
SMANIA, Marcos. A FOTOGRAFIA E O RETRATO DA CIDADANIA. 2012. 55 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso de Comunicação Social, com Habilitação em Jornalismo, do Instituto Municipal de Ensino Superior de Assis, 2012.
Esta pesquisa propõe a aproximação dos meios de comunicação ao contexto escolar, tomando como referencia o campo da ciência denominada Educomunicação. As ações propostas ocorreram na Escola Estadual Dr. Clybas Pinto Ferraz em Assis – SP, no Programa Escola da Família. Foram realizados encontros com o objetivo de utilizar a fotografia como meio de debate para o conceito de cidadania.
Palavras – chave: Comunicação; Educação; Educomunicação.
ABSTRACT
This research proposes the aproximation of the media to the college education
field, taking as reference the cience denominated educomunication. The
realized actions ocurred at Dr. Clybas Pinto Ferraz School at Assis City / SP for
the governamental program Escola da Família. Many encounters have been
done with the proposal to use photography as a way to debate the concepts of
citizenship.
Keyword: Communication; Education; Educommunication.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................11
2 DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO ..............................................................15
2.1 MÍDIAS, COMUNICAÇÃO E EDUCAÇÃO ........................................................15
2.2 FOTOGRAFIA E SOCIEDADE .........................................................................17
2.3 FOTOJORNALISMO .........................................................................................20
3 DA TEORIA À PRÁTICA .....................................................................................22
3.1 PLANEJAMENTO E IMPLEMENTAÇÃO ..........................................................22
3.2 PLANEJAMENTO, IMPLEMENTAÇÃO E ENSAIOFOTOGRÁFICO ................24
4 A PESQUISA-AÇÃO ............................................................................................29
4.1 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS DA PESQUISA-AÇÃO ...31
4.2 ANÁLISE DO QUE APRESENTOU RESULTADO OU NÃO ............................34
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................35
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................38
ANEXOS .................................................................................................................40
11
1. INTRODUÇÃO
Esta Monografia de Conclusão de Curso buscou verificar a fotografia como
instrumento de debate na construção do conceito de cidadania, fundamentado
teoricamente no campo da ciência que estuda as relações dos meios de
comunicação com a educação, denominada Educomunicação. A proposta
inicial de pesquisa era que as ações ocorressem na Escola Estadual Francisco
Duarte em Ibirarema - SP, mas devido às necessidades de deslocamento, o
campo na qual seria realizada a proposta foi reavaliado e transferido para a
Escola Estadual Dr. Clybas Pinto Ferraz, em Assis - SP.
Para alcançar as metas propostas pelo projeto no novo campo de
pesquisa, foi realizada uma análise de critérios técnicos e buscou-se identificar
quais alterações se adequariam melhor para viabilizar as ações. A nova cidade
trouxe um perfil diferente de escola, por ser parte de um centro urbano mais
populoso.
As atividades propostas ocorreram na segunda quinzena do mês de
julho, no Programa Escola da Família na Escola Estadual Dr. Clybas
Pinto Ferraz. A participação dos envolvidos foi voluntária e teve a presença de
três alunas do ensino médio. Como resultado final da prática deste estudo, foi
realizado uma exposição fotográfica itinerante chamada (IN) visível.
Os dados obtidos ao responder os questionamentos levantados nesta
pesquisa, podem evidenciar a utilização dos meios de comunicação como
ferramenta para refletir a realidade no qual estamos inseridos, fomentando
novas maneiras de olhar e perceber as questões pertinentes ao cotidiano.
As referências teóricas e conceitos abordados nesta pesquisa
estabelecem os princípios e métodos para que fosse realizado o estudo
cientifico, além de permear as ações realizadas durante a pesquisa. A começar
pela identificação do campo de pesquisa e da integração com a escola.
Fundada em 1º de julho de 1905, a cidade de Assis desenvolveu-se
devido ao avanço dos trilhos da Estrada de Ferro Sorocabana. De acordo com
a estimativa do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística –, de julho
de 2010 (http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1), o município tem
12
uma população de aproximadamente 95 mil habitantes. A economia da cidade
é baseada na agricultura e agropecuária. O comércio e a atividade industrial
são representativos e atraem consumidores de outros municípios da região. A
imprensa local é composta por três jornais, dois canais de televisão e cinco
emissoras de rádio. Na internet, quatro sites oferecem informações e divulgam
os eventos da cidade.
Hoje a E.E. “Dr. Clybas Pinto Ferraz” pertence à Diretoria de Ensino de
Assis, SP, conta com 17 salas de aula, 2 salas de vídeo, uma sala de recursos
para deficiente visuais da região, uma sala de informática, um laboratório, um
anfiteatro, uma sala de leitura (biblioteca), duas quadras, sendo uma coberta,
um memorial, uma sala para reunião dos professores, uma sala de direção,
uma da coordenação, uma para os professores, secretaria, cozinha e
administração em geral. A escola, além de Ensino Fundamental e Médio
regular, atende a uma turma de Educação de Jovens e Adultos - EJA – na
penitenciária instalada na cidade.
Na escola, o Programa Escola da Família existe há três anos. Criado em
2003 pelo governo do estado de São Paulo, o Programa proporciona a abertura
de escolas aos finais de semana, com o objetivo de promover a cultura e
ampliar os horizontes culturais dos seus participantes, conforme especificado
no site destinado às atividades do Programa1:
Reunindo profissionais da Educação, voluntários e universitários, o Programa oferece às comunidades paulistas atividades que possam contribuir para a inclusão social tendo como foco o respeito à pluralidade e a uma política de prevenção que concorra para uma qualidade de vida, cada vez melhor.
O desenvolvimento desta pesquisa foi possível, portanto, pela
oportunidade em atuar na Escola Estadual Dr. Clybas Pinto Ferraz, nas
atividades do Programa Escola da Família. A proposta de executar o projeto
teve inicio em abril de 2012, quando ocorreram reuniões com alunos,
1 Disponível em http://escoladafamilia.fde.sp.gov.br/v2/Subpages/sobre.html, acesso em
agosto de 2012.
13
voluntários e professores para identificar as possíveis metodologias e mídias
que atendessem as expectativas dos frequentadores do espaço.
A iniciativa teve como base o resultado das reuniões e conversas com o
público do Programa Escola da Família, com a proposta de promover a
aproximação dos meios de comunicação ao contexto escolar. Identificou-se a
fotografia como a mídia mais viável para executar o projeto, tanto pelos custos
financeiros na produção do material, quanto pelo acesso aos dispositivos
fotográficos. Outra questão que merece ser ressaltada na justificativa é a
relevância das imagens na sociedade atual e como elas podem construir
sentidos e estabelecer padrões de consumo.
Numa sociedade subjugada ao consumo, a encenação, a simulação está sempre presente e a fotografia contribui de modo decisivo na forma de percepcionar, pensar e viver a realidade que nos rodeia. A proliferação da tecnologia é, segundo alguns autores, em grande medida e simultaneamente, a causa e o veículo desta nova cultura do simulacro. Para alcançar a magnitude do grande espetáculo, a fotografia pode acentuar a ilusão e enveredar pelo caminho da simulação. Álias ela própria é já uma simulação, porque contém sempre uma deformação: a parcialidade de um olhar. Esse carácter de simulação advém também da sua reclamada capacidade de suspender a imagem no tempo. Ao recortar a imagem e ao voltar a reenquadrá-la, a reprodução fotográfica materializada procede inevitavelmente a uma descontextualização e esta também é uma forma de simulação (PINA, 2011, p. 08).
Os encontros aconteceram no Programa Escola da Família e foram
abertos para os frequentadores do espaço. Um material impresso (ilustração
abaixo) foi preparado para divulgar as atividades e os propósitos dos
encontros. Houve três participantes, são alunas de ensino médio matriculadas
na escola e participaram da pesquisa voluntariamente em todas as etapas de
produção.
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Foram estruturadas oficinas em diálogo com os participantes, buscando
identificar a relação que mantém com os meios de comunicação e com quais
finalidades são utilizados. Na oportunidade, possibilitou-se que os
participantes expusessem o conhecimento prévio a respeito do tema e as
expectativas com relação às atividades. Um debate ocorreu para refletir como
os veículos de comunicação atuam e como eles estão inseridos na comunidade
local. Para desenvolver o conteúdo prático das oficinas foram propostos
exercícios de captação da imagem e análise de fotografias em jornais e
revistas.
15
2. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO
2.1 Mídias, comunicação e educação
O avanço das tecnologias permitiu integrar, em pequenos dispositivos, diversas
mídias. Por meio do celular é possível ler textos, assistir vídeos, tirar fotografias
e publicá-las na internet. Tais recursos se popularizaram e fazem parte do
cotidiano da maior parte das pessoas, haja vista que pelo mesmo aparelho é
possível consumir informação e gerar conteúdo.
A partir da reflexão de como os meios de comunicação atuam na
sociedade e a importância que exercem para a democracia, pretendeu-se
utilizar as mídias para propiciar o debate a respeito do conceito de cidadania.
De acordo com Cicillia Peruzo, ao incentivar a manipulação das mídias e
apresentar as técnicas utilizadas para a produção de mensagens, deve-se
contribuir para a formação cidadã.
A participação na comunicação é um mecanismo facilitador da ampliação da cidadania, uma vez que possibilita a pessoa tornar-se sujeito de atividades de ação comunitária e dos meios de comunicação ali forjados, o que resulta num processo educativo, sem se estar nos bancos escolares. A pessoa inserida nesse processo tende a mudar o seu modo de ver o mundo e de relacionar-se com ele. Tende a agregar novos
elementos à sua cultura. (PERUZZO, 2002).
A Educomunicação, princípio teórico no qual está fundamentado este
trabalho, pode ser definido de acordo com Ismar Oliveira Soares, ”como um
conjunto de ações com o objetivo de fortalecer ecossistemas comunicativos em
espaços educacionais”2. Os propósitos da abordagem entre a comunicação e a
educação vão além de conciliar a utilização das mídias dentro da escola, trata-
se de contribuir na formação de cidadãos atuantes por meio dos veículos de
2 Disponível em http://www.usp.br/nce/wcp/arq/textos/27.pdf, acesso em março de 2012.
16
comunicação. De acordo com a cartilha de Educomunicação da Universidade
Federal do Paraná3,
A prática educomunicativa consiste, principalmente, em promover a educação, a reflexão e o pensamento humanista e crítico através do estudo e da produção dos meios de comunicação como alavanca para educar e construir uma sociedade mais humanizadora. (Cartilha Educom, 2011, p.15).
Ainda de acordo com a Cartilha de Educom, existem diferentes métodos
para conciliar os meios de comunicação e a educação, são eles:
Educar por meio da mídia, que consiste em utilizar os meios de
comunicação como ferramenta complementar nas abordagens dos
conteúdos transmitidos em sala de aula;
Educar com a mídia que visa a produção de conteúdos informativo e
reflexivo, capacitando os envolvidos a criar um veículo de comunicação
que esteja em diálogo com a comunidade.
E o educar para as mídias.
Esta pesquisa baseia-se, principalmente, neste último método citado
acima, visando o entendimento e a leitura crítica sobre os conteúdos das
mídias, premissa ressaltada também pela Cartilha Educom:
Aprimorar e desenvolver uma visão crítica sobre os conteúdos das mídias, preparando as pessoas para o recebimento da informação. Esse processo acontece com o entendimento da produção de conteúdos, seus formatos linguagens e algumas questões estruturais das dinâmicas produtivas dos meios de comunicação. Ele pode ser trabalhado com algumas explicações teóricas sobre a produção dessas matérias, exercícios de “desconstrução” de matérias e de produção de conteúdos (UFPR, Cartilha da Educom, 2011, p. 19)
3 Disponível em http://www.cefuria.org.br/site/documentos/cartilhaeducomunicacao.pdf,
acesso em março de 2012.
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Compreender a atuação dos meios de comunicação é uma maneira de
orientar quanto aos diversos pontos de vista a respeito de um determinando
fato. Com isto, ressalta-se a importância de buscar diversas fontes de
informação e questionar o conteúdo que esta sendo oferecido antes de formar
a própria opinião.
2.2 Fotografia e sociedade
A fotografia esta alicerçada em dois elementos, na luz e no material
fotossensível. As tentativas do homem em recortar uma imagem da realidade
se dão desde a antiguidade, os aprimoramentos das técnicas de reprodução
fotográfica aconteceram com a contribuição de diversos cientistas em todo o
mundo. Inicialmente as máquinas fotográficas eram formadas por uma caixa
preta com apenas um orifício e as imagens eram impressas em placas de
prata. George Eastman fez com que se tornassem leves e eficientes, com
isso deu início à produção industrial das câmeras, por volta de 1888. As
transformações desse processo evolutivo é descrito por PINA (2011)4:
A fotografia enquanto fenômeno generalizado é relativamente recente em nossa sociedade, Enquanto processo conheceu uma sucessiva sofisticação e importantes desenvolvimentos, desde seus primórdios até nossos dias. Os sistemas analógicos,baseado nos sistemas mecânicos e químicos, de ontem, deram lugar através dos avanços alcançados na eletrônica, aos sistemas digitais de hoje. As mutações daí decorrentes refletem-se tanto nos processos, como nas linguagens. Vive-se agora uma época de transição da fotografia ditada pela inovação digital. No entanto, se muda a tecnologia associada à fotografia e é exigido o reajustamento na compreensão do seu funcionamento, bem como a reavaliação dos alcances das possibilidades e limitações, ambos os sistemas tornam possível a captura de um momento e sua posterior reprodução sob a forma de imagem fotográfica. Importante será não esquecer que a fotografia continua a ser
4 Disponível em http://ebookbrowse.com/artigo-a-luz-do-desejo-rev-com-pub8-1-pdf-
d256194927, publicado em 20/12/2011 e acessado em 20/08/2012.
18
maestria na captação da luz5 e esse vínculo luminoso, entre a superfície de registro e o referente, permanece e é o que constitui a verdadeira essência da fotografia.
A transformação das máquinas analógicas para sistemas digitais,
revolucionou o processo de produção das imagens. Anteriormente para obter a
fotografia era necessário ter uma câmera e realizar o processo químico de
revelação. As mudanças aconteceram a partir das tecnologias de informação
que integraram telefones, computadores e câmeras. Os rolos foram
substituídos por cartões de memória e as imagens podem ser vistas ao toque
de um botão, em abordagem feita por CAUDURO6:
Existem muitas diferenças entre a imagem digital e a analógica convencional, começando pelo fato da imagem digital ser formada por pontos (pixels) que podem ser individualmente processados e alterados a qualquer momento, sem deixar vestígios - o que não acontece no caso de imagens gravadas em filmes. O registro digital, realizado magneticamente, também permite refazermos as imagens quantas vezes quisermos ou precisarmos, utilizando sempre o mesmo suporte. O filme à base de prata, ao contrário não é regravável e custa bem caro; além disso, os erros não podem ser apagados, só descartados. Uma outra diferença do processo digital sobre o analógico, talvez seja a maior de todas, seja o fato de ser impossível distinguir a imagem original de suas cópias, devido à natureza numérica de sua codificação, com o que resulta a informação e o seu suporte resultam independentes (CAUDURO, 1997, p.184).
E por entre os diversos meios de expressão e linguagens, a fotografia é
capaz de construir narrativa apenas com imagens. Os textos escritos, por
exemplo, podem ser classificados em gêneros como poemas, crônicas,
reportagens e diversos outros. A fotografia também pode ser identificada de
acordo com a intenção formativa e variam de acordo com o contexto em sua
utilização, podendo ser consideradas artísticas, publicitárias e jornalísticas.
5 Grifo da autora.
6 Disponível em http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/revistafamecos/article/
viewFile/2999/2281, acesso em março de 2012.
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Cada uma dessas categorias obedece a estatutos próprios e formas de
regulação como descreve a autora PINA:
Aliada à intenção formativa em estreita ligação (até porque os planos das intenções é implícito, dando-se apenas a ver na utilização que é feito do objecto da intenção) está o uso dado à imagem fotográfica. O canal escolhido para veicular a fotografia é uma poderosa forma de significação e faz depender a sua classificação. Dentro deste quadro de referências podemos afirmar que a distinção das fotografias nestas três categorias advém também do uso que delas é feito, num determinado canal de distribuição. (2011, p. 21)
Desse modo, a partir das reflexões teóricas embasadas na
Educomunicação, e estabelecendo uma relação com os princípios do
fotojornalismo, que assume como tema a realidade objetiva como expressão,
entendemos como conveniente um convite a refletir o conceito de cidadania
partir da fotografia, tomando como embasamento o definido pela Cartilha da
Educomunicação:
Para os sujeitos se tornar participante da realidade social que vive, o educomunicador tem a função de lhe apresentar uma forma de conexão com essa realidade. Isso acontece por meio da apresentação de novas tecnologias, de discussões sobre a mídia e seus efeitos de utilização da comunicação em três níveis diferentes: sujeito(comunicação individual), comunidade e nação. (UFPR, Cartilha Educom, 2011, p.16).
Assim sendo, o resultado final desta pesquisa foi um ensaio fotográfico
produzido pelos participantes da atividade. O tema foi desenvolvido com a
proposta de incentivar a reflexão a respeito da cidadania. Mais uma vez
recorrendo à Cartilha da Educomunicação, ressaltamos que (...) “ser cidadão é
diferente de ‘ser morador da cidade’. É ser, principalmente, participante dos
processos sociais porque passa a sua cidade, região ou país, de maneira ativa,
responsável e crítica”. (UFPR, Cartilha Educom, 2011, p.16).
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2.3 O fotojornalismo
A fotografia foi incorporada na imprensa com receio por parte dos editores de
jornais e as ilustrações realistas compunham a parte visual dos jornais até a
primeira metade do século XIX. Os desenhistas iam até os locais em que
ocorriam os fatos para elaborar uma representação mais próxima possível.
A fotografia não substitui tão rapidamente o desenho na imprensa. Há relatos de que durante um bom tempo nos jornais europeus a fotografia servia de modelo para o gravurista e de que o público atribuía mais credibilidade ao desenho do que á foto. Mesmo no século de grande aceitação da ciência – e a invenção da fotografia está relacionada ao desenvolvimento cientifico – esta é uma situação em que a nova tecnologia não suplantou de imediato a anterior ((BUITONI, 2007,
p.105)7.
A evolução tecnológica das máquinas fotográficas mudou a maneira com
que a imprensa praticava o fotojornalismo, isso é atribuído à velocidade em
capturar as imagens, aos filmes de revelação mais sensíveis e capazes de
fotografar em ambientes escuros.
A aparição de máquinas fotográficas como a Leica, mais pequena e providas de objetivas e luminosas, possibilitou a obtenção de imagens espontâneas e de fotografias de interiores sem iluminação artificial, o que permitiu a aparição da fotografia cândida (candid photography). O valor noticioso sobrepôs-se, pela primeira vez, à nitidez e à reprodutibilidade enquanto principal critério de seleção (SOUSA, 2002, p. 14)8.
7 Disponível em
http://www.revistas.univerciencia.org/index.php/libero/article/viewArticle/4649, acesso em março de 2012. 8 Disponível em http://www.bocc.ubi.pt/pag/sousa-jorge-pedro-fotojornalismo.pdf, acesso
em março de 2012.
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No século XX, o fotojornalismo está diante de uma nova transformação
com a fotografia digital, que traz de um lado a qualidade da imagem e, de
outro, a transmissão em forma de dados que oferece a possibilidade de vencer
os limites geográficos. Oferece ainda, a capacidade de edição e manipulação
das imagens, isso coloca em debate a ética na utilização das fotos pela
imprensa.
O retoque, a alteração, a supressão e a inclusão de elementos nas imagens fotojornalisticas foram procedimentos relativamente comuns ao longo da história. Novo é o fato de a manipulação digital de fotografias ser fácil e de difícil ou virtualmente impossível detecção por um observador que não tenha visto o acontecimento fotograficamente representado ou que não tenha sido advertido da manipulação imagística. Por outro lado, embora a fotografia seja sempre uma forma de manipulação visual da realidade - recordemos a focagem ou o controle da profundidade de campo, da velocidade e da exposição -, não é menos verdade que as tecnologias digitais exponenciaram esse fenômeno, pois transformam as imagens em impulsos eletrônicos processáveis em computador. Tornou-se fácil, por exemplo, alterar nas fotografias, cores de cabelo, da roupa, dos olhos e da pele, alterar penteado, colocar frente a frente pessoas que nunca se viram, inserir pessoas e objetos em ambiente diferentes, criar imagens virtuais e combiná-las com imagens da realidade. (SOUSA, 2002, p.146).
A possibilidade de editar as imagens digitais ou as manipular, traz a
reflexão a respeito de como as fotografias nos fazem perceber o mundo. E de
qual maneira influenciam os modos de interpretar a realidade e atuar sobre ela.
Uma série de questões pode ser levantada acerca do que as fotografias dizem
do mundo e de qual maneira cada indivíduo se apropria delas.
Tendo em vista tais aspectos, propôs-se a produção de um ensaio
fotográfico baseado no fotojornalismo, como uma maneira de os participantes
pensarem os temas relevantes à realidade local e, a partir dos conhecimentos
em fotografia e propor uma nova maneira de olhar a realidade, utilizando-se
desta mídia.
22
3. DA TEORIA À PRÁTICA
3.1 Planejamento e implementação
Os temas abordados nos encontros foram selecionados com a preocupação de
oferecer elementos argumentativos que favorecessem uma leitura critica das
mídias, possibilitando o reconhecimento das intenções e estruturas
mercadológicas no qual estão inseridos os meios de comunicação. Maria Luiza
Belloni (2009) relata a influência dos veículos de comunicação nos modos de
perceber a realidade.:
Também é preciso ressaltar que as mídias são importantes e sofisticados dispositivos técnicos de comunicação que atuam em muitas esferas da vida social, não apenas com funções de controle social (político e ideológico), mas também gerando novos modos de perceber a realidade, de aprender de produzir e difundir conhecimentos e informações. (BELLONI, 2009, p.1083).
As atividades de aprendizado colaborativo foram estruturadas em
diálogo com os alunos, buscando identificar a relação que mantinham com as
mídias e com quais finalidades as utilizam. Os participantes expuseram o
conhecimento prévio a respeito do tema e quais as expectativas que tinham em
relação à fotografia.
Para elaborar as atividades tomou-se como referência o livro “Facilitando
oficinas – da teoria a prática” (Honsberger/George, 2002, p.12). A publicação
oferece métodos de aprendizado colaborativo, “que leva em conta o potencial e
conhecimento trazido pelo aprendiz”:
A idéia é incentivar futuros facilitadores a construírem novos conhecimentos fazendo a ligação entre as informações e experiências apresentadas a sua base de conhecimentos, (...) onde os aprendizes são participantes ativos na criação de significados aprofundados, por meio de manipulação e experimentação de novas experiência e informações (2002, p. 12).
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As atividades foram planejadas para que acontecessem em grupo. No
primeiro momento, buscou-se abordar o aspecto histórico da fotografia,
seguido de suas utilizações nos veículos de comunicação e também
ressaltando a intencionalidade do ato de fotografar, em referência ao
argumento de PERSICHETTI (2000), de que fotografar é tentar entender um
fato histórico-social:
Fotografar é testemunhar, é tentar compreender um fato histórico-social. É procurar transformar a consciência do ser humano através das emoções que as imagens nos provocam. A fotografia pode ser criada de modelos de vivência, já que é o resultado de um momento íntimo do fotógrafo, é capaz de manipular idéias ou comportamentos, já que apresenta um fato ou situação que exige compreensão. A fotografia pede uma abordagem crítica para que possa ser compreendida, levando a reflexão e a uma possível transformação da percepção (PERSICHETTI, 2000, p.11).
Apresentaram-se algumas técnicas fotográficas, as características da
linguagem e as possibilidades narrativas. A preocupação foi orientar quanto às
infinitas interpretações que uma fotografia pode ter, sobre o aspecto de recorte
da realidade e desmistificá-la enquanto uma verdade absoluta.
Ainda assim, as possibilidades introduzidas pela tecnologia digital vêm paradoxalmente acentuar a convicção do senso comum da fotografia como espelho da realidade. A extrema nitidez do cada vez mais sofisticados ecrãs de LCD dos computadores, dos televisores e mesmo dos telemóveis de última geração, parecem reforçar essa correspondência de “cem por centro”. No entanto, a mesma tecnologia digital permite hoje, como nunca antes, manipulações subtis muito difíceis de detectar, e, a medida que se vão popularizando os programas de tratamento das imagens criando novas imagens com diversos graus de perfeição, também a desconfiança cresce. Todavia, ainda que a desconfiança invada os espíritos e o seu poder de evidência seja cada vez mais posto em causa, a fotografia como “prova da verdade” continua a ser uma convicção, também para muitos profissionais da fotografia (PINA, 2007. p.2814).
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Para que os conhecimentos apresentados na atividade de aprendizado
colaborativo fossem colocados em prática, os participantes foram convidados a
produzir um ensaio fotográfico com a intenção de fotografar temas que
promovessem a cidadania. A temática seria discutida no encontro em consenso
com todos os presentes. A programação das atividades foram propostas com
base no livro “Facilitando Oficinas – da teoria a prática”.
3.2 Planejamento, implementação e o ensaio fotográfico
As atividades relatadas aconteceram no sábado, 23 de junho de 2012. No
Programa Escola da Família da escola Dr. Clybas Pinto Ferraz em Assis – SP.
A proposta foi utilizar os meios de comunicação, neste caso a fotografia, como
meio de debate á respeito do conceito de cidadania. Alunos que participam do
Programa compareceram voluntariamente nas atividades de aprendizado
colaborativo. Aconteceram três reuniões para produzir o ensaio fotográfico e
decidir as maneiras em que as fotografias poderiam ser divulgadas. Cada
etapa de produção foi desenvolvida em acordo entre todos os participantes.
O primeiro encontro foi elaborado com a preocupação de identificar a
maneira em que os participantes lidam com os meios de comunicação.
Também foram apresentados os fatos históricos sobre a fotografia,
exemplificado as categorias em que podem ser classificados e foram discutidas
as formas que têm sido utilizadas pelos meios de comunicação. Aspectos a
respeito da linguagem e das técnicas de fotografia fizeram parte da atividade
para incentivar a produção de fotos. Foi decidido em comum acordo que o
tema do ensaio fotográfico fosse a desigualdade social.
Para que os conhecimentos abordados na atividade de aprendizado
colaborativo fossem colocados em prática, aconteceu um encontro entre os
participantes no desfile cívico em comemoração ao aniversario da cidade de
Assis – SP. Os participantes também produziram as fotografias individualmente
no cotidiano.
A reunião que aconteceu após o período das férias de julho, teve o
propósito de editar as fotografias que foram produzidas dentro do tema
estabelecido. A oportunidade foi para discutir quais eram as expectativas com
relação a exposição.
25
Após o recesso escolar houve o encontro para reunir as fotografias
produzidas para a exposição, neste momento fizemos a seleção das imagens e
também a edição. Definir o título do ensaio fotográfico foi um momento de
reflexão para o grupo, que buscou dar apenas um indicio do tema para
aprofundar o sentido com as fotografias. O critério de seleção foi em comum
acordo, não houve um numero estipulado de fotos que cada um deveria trazer,
todas as imagens produzidas foram de iniciativas voluntárias dos alunos.
O ensaio fotográfico é composto por 32 imagens, a exposição foi
montada na forma de um varal, o motivo dessa escolha foi a facilidade em levar
as fotografias para diferentes lugares, além do custo financeiro reduzido. Todos
os participantes deram sugestões para escolher os locais em que as fotos
seriam expostas, o ensaio percorreu dois lugares com públicos diferentes.
fig. 01 – Reunião para editar das fotografias
A primeira exposição aconteceu no dia 7 de setembro de 2012. Esta
ocasião foi escolhida de forma proposital por conta do movimento organizado
nas redes sociais a chamada Marcha contra a corrupção.
O Dia do Basta é um movimento social, de iniciativa popular, de caráter pacífico e apartidário, formado por diversos estados e várias cidades brasileiras. Através da formação de uma proposta coletiva horizontal, com a participação de todos e comprometidos com a cidadania, o resgate da ética e da moralidade nas instituições públicas (Legislativo, Executivo e Judiciário, nas esferas nacionais, estaduais e municipais), nosso objetivo é estimular e mobilizar a sociedade brasileira para: a troca de ideias, articulações, ações e manifestações (pacíficas e apartidárias) na internet, ruas e praças de nossas cidades.
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Na página do Facebook existe a possibilidade de participar de grupos de
discussão, assim foi combinado o ponto de encontro para realizar a marcha.
Em Assis o evento aconteceu na Praça Arlindo Luz no centro da cidade, as
pessoas chegaram ao local por volta das 9 horas da manhã do dia sete de
setembro de 2012. Os participantes das oficinas foram a praça Arlindo Luz para
montar a exposição fotográfica, as imagens foram postas em dois varais
amarrados em árvores e postes. As fotografias ficaram neste local até o fim da
manhã e foi visitada pelo público que esteve presente para a marcha. 9
9 Disponível em http://www.diadobasta.tk, acesso em outubro de 2012.
Fig.2 – Praça Arlindo Luz
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O segundo momento da exposição aconteceu no Dia do Surdo,
comemorado em 30 de setembro. No Programa Escola da Família do colégio
Dr. Clybas Pinto Ferraz ocorreu uma série de atividades para celebrar esta
data, o evento recebeu além dos alunos, membros da comunidade e
universitários. A exposição de fotos foi montada no pátio para que os
frequentadores do espaço observassem as imagens.
Fig.3 – Participantes da Marcha da Contra a Corrupção
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Após o fim das apresentações, os alunos da atividade foram convidados
a escrever um relato sobre a sua participação e receberam um certificado
simbólico da exposição de fotografias.
Fig.4 – Pátio da escola Dr, Clybas Pinto Ferraz
29
4. A PESQUISA-AÇÃO
A metodologia de pesquisa cientifica adotada neste trabalho foi a pesquisa –
ação, uma de suas características é o fato de assumir o caráter participativo do
pesquisador junto ao objeto de estudo.
Desde sua origem, a pesquisa-ação assume uma postura diferenciada diante do conhecimento, uma vez que busca, ao mesmo tempo, conhecer e intervir na realidade pesquisada. Essa imbricação entre pesquisa e ação faz com que o pesquisador, inevitavelmente, faça parte do universo pesquisado, o que, de alguma forma, anula a possibilidade de uma postura de neutralidade e de controle das circunstâncias de pesquisa. (FRANCO,2005,p.490)
Trata-se também, do planejamento de ações no sentido de melhorar a
práxis, o processo de busca do conhecimento se constrói pela subjetividade do
objeto em dinâmica de grupo.
É importante que se reconheça a pesquisa-ação como um dos inúmeros tipos de investigação-ação, que é um termo genérico para qualquer processo que siga um ciclo no qual se aprimora a prática pela oscilação sistemática entre o agir no campo da prática e investigar a respeito dela. Planeja-se, implementa-se, descreve-se e avalia-se uma mudança para a melhora de sua prática, aprendendo mais, no correr do processo, tanto a respeito da prática quanto da própria investigação. (TRIPP,2005,p.445)
São estabelecidos critérios de pesquisa cientifica para informar quais
ações devem ser tomadas para melhorar a prática, assim como a descrição
das mudanças para que se cumpra o ciclo completo do processo de ação e
investigação. Tripp descreve em quatro fases este processo: “Planejar uma
melhora da prática. Agir para implantar a melhora planejada. Monitorar e
descrever os efeitos da ação. Avaliar os resultados da ação.” (TRIPP, 2005,p.
446)
As ações pertinentes a este método foram orientadas por princípios que
visam a emancipação do sujeito e a produção de um conhecimento
compartilhado. Buscando o entendimento e a superação das relações de
poder.
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A pesquisa-ação, para bem se realizar, precisa contar com um longo tempo para sua realização plena. Não pode ser um processo aligeirado, superficial, com tempo marcado. A imprevisibilidade é um componente fundamental à pratica de pesquisa-ação. Considerá-la (a imprevisibilidade) significa estar aberto para reconstruções em processo, para retomada de princípio, para recolocação de prioridades, sempre no coletivo, por meio de acordos consensuais, amplamente negociados. (TRIPP,2005,p.493)
David Tripp categoriza a pesquisa-ação em cinco maneiras de operar,
elas podem ser híbridas em alguns momentos e servem como orientação para
determinar as ações do processo. Sendo assim, são denominadas pelo autor
como: pesquisa-ação emancipatória, pesquisa-ação socialmente crítica,
pesquisa-ação prática, pesquisa-ação política ou pesquisa-ação técnica.
A identificação dessas diferentes modalidades pode parecer uma atividade peculiar da academia, mas há duas razões pelas quais ela é útil para que se tome consciência das diversas maneiras e dos níveis e dos níveis de participação e modalidades de pesquisa-ação: primeiro, ela apresenta uma escolha de diversas maneiras de operar, que poderiam não ser consideradas se não tivessem sido identificadas e explicadas: e segundo, sabendo como se está (ou se precisa estar) operando com respeito a isso, possibilita que se garanta um bom processo, particularmente em termos comparar resultados pretendidos com técnicas apropriadas de monitoramento. (TRIPP, 2005, p. 459)
Este trabalho pode-se classificar como pesquisa-ação socialmente
crítica, pois apresenta em suas justificativas e objetivos as características
levantadas por Tripp como princípios norteadores desta modalidade.
Essa é, realmente, uma modalidade particular de pesquisa-ação política e ambas se sobrepõem porque, quando se trabalha para mudar ou contornar as limitações àquilo que você pode fazer, isso comumente é resultado de uma mudança em seu modo de pensar a respeito do valor último e das políticas de das limitações. Você não está buscando como fazer alguma coisa que você já faz, mas como tornar seu pedaço do mundo um lugar melhor em termos de justiça social. Geralmente, isso é definido na literatura por mudanças tais como: aumento da igualdade e oportunidade, melhor atendimento às necessidades das pessoas, tolerância e compreensão para com os outros, cooperação maior e mais eficiente, maior valorização das pessoas (de si mesmo e dos
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outros) e assim por diante. Essas são as grandes “ideias” de uma sociedade democrática. A pesquisa-ação socialmente crítica passa a existir quando se acredita que o modo de ver e agir “dominante” do sistema, dado certo relativamente a tais coisas, é realmente injusto de várias maneiras e precisa ser mudado. (TRIPP, 2005, p.458)
Tripp também identifica o envolvimento dos participantes nas atividades,
como uma maneira de estabelecer critérios éticos na pesquisa. A justificativa
do autor para essas denominações é não prejudicar ou enganar os envolvidos
com o trabalho.
Obrigação: quando um participante não tem a opção quanto ao assunto, em geral por haver algum tipo de coação ou diretriz de parte superior.
Cooptação: quando um pesquisador persuade alguém (a optar por) ajuda-lo em sua pesquisa e a pessoa cooptada concorda em prestar um serviço ao pesquisador.
Cooperação: quando um pesquisador consegue que alguém concorde em participar de seu projeto, a pessoa que coopera trabalha como parceiro sob muitos aspectos (uma vez que é regularmente consultado), mas num projeto que sempre “pertence” ao pesquisador (ao “dono” do projeto). A maioria das pesquisas para dissertação é desse tipo.
Colaboração: quando as pessoas trabalham juntas como co-pesquisadores em um projeto no qual têm igual participação. (TRIPP, 2005, p.454)
Dentro das reflexões levantadas pode-se observar que a pesquisa-ação
oferece as possibilidades de execução deste trabalho. Esta metodologia
proporciona para pesquisador e participantes uma oportunidade de confrontar
ideias e rever conceitos estabelecidos. O resultado foi possível ser alcançado
somente com o esforço coletivo e dedicação de todos os participantes.
4.1Apresentação e análise dos resultados da pesquisa-ação
Os resultados obtidos pelas ações propostas na pesquisa foram alcançados
por meio da produção de textos e fotografias dos participantes. Após o
encerramento das atividades previstas no projeto, os participantes foram
convidados a escrever um relato a respeito de sua participação na atividade. A
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produção do texto foi voluntária e não foi estabelecido nenhum critério para a
redação.
Relato da participante: Andressa Zibordi
A oficina de fotografia me chamou muito atençao, pois sempre gostei de
fotos e nunca tive a oportunidade de me aprofundar um pouco mais nesse
assunto ate o inicio da oficina, que tambem teve o grande intuito de nos
mostrar os lados da sociedade, e que em um grupo de apenas 4 pessoas podia
sair tantas "dicusoes" sobre um assunto, DESIGUALDADE SOCIAL que foi o
tema de nossas fotos, que renderam varios comentarios e belas fotos.. E de
minha parte a oficina foi um empurrao q faltava pra começar com as fotos, e
que sem duvidas mudou o rumo do meu futuro, pois nessa oficina vi muito alem
de uma simples imagem, vi a realidade que temos dentro de nossa cidade, que
só parando para observar que enxergamos que nao é preciso ir a cidades
grandes para ver tanta desigualdade e apenas olhar ao redor...
Relato da participante: Thaís Dos Santos Venâncio
Bom primeiramente eu achei que a Oficina de Fotografia fosse para aprender
técnicas de como retratar algo com a fotografia como meio, que foi o que me
levou a participar. Porém vi que o propósito não era esse e gostei mais ainda
do objetivo da oficina, que era retratar a diferença social, que foi o tema
escolhido pelos participantes da mesma.
Assim, quando tivemos o primeiro encontro aprendi coisas bacanas sobre fotos
em geral, o modo como a tal é posicionada, os estilos, qual era o propósito da
imagem revelada no papel e semelhantes. Tentei por em prática esses
detalhes nas fotos que tirei durante a Oficina e aprendi a olhar as coisas com
uma nova percepção. Enxerguei muitas coisas que apenas via na correria do
dia a dia.
Nas fotos em que tirei queria transmitir o extremo, ou rico ou pobre, e notei que
há muitos moradores de rua e pessoas que dependem do lixo pra
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sobrevivência e os mesmos estão (in) visíveis perante a sociedade, não têm
dinheiro para comer, lugar para tomar banho ou mesmo dormir, já enquanto
outros possuem esses direitos que deviam ser de todos.
E sobre a exposição das fotos eu fiquei surpresa! Não achei que fosse ser tão
bem recebida e reconhecida nos lugares em que as fotos foram expostas, e
achei bacana a idéia do varal com as fotos penduradas.
Além de ter conhecido novas pessoas eu amei de ter participado da Oficina, e
espero que venha mais pela frente.
Relato da participante: Bruna Castilho Escobar
Como eu sou ''rápida'' aqui vaai meu texto ok?!..............(foi meio por acaso,não
imaginava q seria tão prazeroso participar desta oficina.Foram momentos de
muitas conversas,opiniões,risadas,conhecimentos passados um para o
outro,enfim,foi uma experiência muito boa...Sobre a produção das fotos para a
exposição,foi muito legal mesmo,pois pensamos em tudo,compartilhamos
ideias,foi tudo tão diferente...Ao tirar as fotos,procurei lembrar dos concelhos e
conhecimentos passados pra mim e para os outros da oficina e fui tentando me
inspirar a cada ''flash''.Escolhemos um tema,Desigualdade Social! Queriamos
mostrar para as pessoas por meio de fotos,o mundo em que vivemos,a
verdadeira e triste realidade da desigualdade social que existe entre as
pessoas...A exposição foi muito produtiva,conseguimos chamar a atenção de
várias pessoas para o que queriamos passar á elas.Tenhos certeza que esses
momentos foram inessqueciveis,e acho que não mudaria nada...)é isso ai...
Ao confrontar os textos que os participantes produziram antes e depois
da atividade, é possível verificar que a experiência de questionar a realidade
por meio da fotografia pode levar o sujeito a uma reflexão do seu papel na
sociedade. Ao analisar criticamente as imagens, toma-se consciência da
maneira em que elas influenciam a nossa maneira de interpretar e
compreender o mundo. As fotografias que foram produzidas como resultado
34
das ações propostas evidenciam a maneira em que os participantes identificam
a desigualdade social.
Na etapa de pesquisa e problematização foi possível constatar que a
mídia mais adequada ao contexto escolar era a fotografia, pela facilidade ao
acesso de dispositivos capazes de fotografar. Na implementação aconteceu a
atividade de aprendizado colaborativo, que buscou debater a fotografia na
sociedade atual e a sua contribuição para a construção do conceito de
cidadania.
Como a educação, a comunicação também visa à circulação de livre expressão e informação como condição para a democracia social e o exercício da cidadania. É importante lembrar que, historicamente, a mídia dependeu da expansão da educação com vistas à alfabetização para a formação de mercados e públicos consumidores.(MELO, TOSTA, 2008, p.54)
Na obtenção dos dados é possível analisar a maneira que os
participantes observam a desigualdade social pelas fotografias, os relatos
serviram como fonte para compreender a maneira em que os participantes
construíram um novo conhecimento a partir da atividade.
4.2 Análise do que apresentou resultados ou não
A proposta inicial do projeto de pesquisa era de realizar as ações na escola
Francisco Duarte em Ibirarema – SP, dando continuidade a atividades que
foram realizados no local. O projeto anterior que aconteceu no local foi a
produção de um blog da escola, este trabalho aconteceu durante o ano de
2011. O momento inicial foi de aproximação e investigação das necessidades e
interesses dos envolvidos com a escola, foi possível constatar quais eram os
meios de comunicação mais utilizados pelas pessoas. O rádio poderia ser a
mídia mais eficaz para a escola, a proposta era transmitir as mensagens por
alto falantes, assim como acontece com a principal fonte de informação da
cidade, o alto falante da Igreja.
Para que houvesse uma ação efetiva capaz de alcançar as hipóteses e
perspectivas propostas pelo projeto, fazia-se necessário manter uma relação
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próxima do cotidiano escolar. Isto foi inviabilizado pelo deslocamento do
pesquisador, os custos das viagens foram determinantes para esta situação.
Houve diversas tentativas de formar um grupo para desenvolver as ações, mas
poucos alunos manifestaram interesse em participar. Por conta da distância e
da dificuldade em reunir as pessoas optou-se em iniciar o projeto em um novo
campo de pesquisa, a cidade de Assis – SP.
Na Escola Estadual Dr Clybas Pinto Ferraz em Assis-SP acontece aos
finais de semana o Programa Escola da Família, são realizados atividades e
eventos com o propósito de promover a cultura, a cidadania e a prática de
esportes. O espaço é freqüentado por alunos, familiares, universitários e
voluntários da própria comunidade. Aconteceram diversas reuniões com a
coordenação e diretoria da escola para viabilizar a aplicação do projeto, ficou a
disposição da atividade espaços como a sala de informática e vídeo, além de
equipamentos como projetores e notebooks, estes recursos foram
determinantes realizar a pesquisa.
O motivo que determinou a escolha da fotografia como mídia, foi o
interesse de alunos e professores pelo tema, ocorreram conversas informais
com diversas pessoas para identificar os interesses e propor uma atividade
adequada ao contexto da escola.
As redes sociais foram utilizadas durante toda a pesquisa, por meio do
Facebook foi possível negociar as datas dos encontros e o planejamento das
atividades. A comunicação por este meio foi eficaz para aproximar os
participantes e compartilhar a produção de fotografias de cada membro do
grupo. Todas as etapas foram planejadas e executadas com o consentimento
dos participantes, a internet foi uma ferramenta que facilitou a troca de idéias e
referências.
O ensaio fotográfico foi exposto em espaços públicos como a praça e a
escola. A intervenção nesses locais possibilitou que as imagens pudessem ser
vistas por um número maior de pessoas. Os visitantes também tiveram contato
com os alunos que produziram as fotografias, isto foi positivo pelo fato de
acompanhar a repercussão do material.
Os alunos tiveram uma participação assídua nas atividades e
contribuíram em todas as etapas de desenvolvimento da pesquisa. As ações
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propostas neste trabalho só poderiam ser realizadas pelo esforço coletivo. O
envolvimento dos coordenadores, estagiários e alunos possibilitaram que esta
pesquisa fosse realizada,
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A abordagem entre a comunicação e a educação neste projeto, tiveram o
propósito de ir além de conciliar a utilização das mídias dentro da escola.
Buscou-se contribuir para a formação de cidadãos críticos por meio dos
veículos de comunicação. Compreender as estruturas mercadológicas e
políticas no quais estes meios estão inseridos é uma maneira de orientar para
uma leitura crítica das mensagens, este questionamento pode contribuir para
que se construa uma opinião baseada nas próprias convicções e não sejam
levados a crer que em uma verdade absoluta.
A educomunicação, enquanto eixo transversal ao currículo, traz, portanto, para o Ensino Médio, a perspectiva da educação para a vida, do sabor da convivência, da construção da democracia, da valorização dos sujeitos, da criatividade, da capacidade de identificar para que serve o conjunto de conhecimentos compartilhados através da grade curricular. (SOARES, 2011, pág.45)
As fotografias veiculadas nos meios de comunicação influenciam a
maneira de ver e interpretar o mundo a nossa volta, de acordo a intenção que
está disposta pode sugerir padrões de consumo e levantar questionamentos. A
intenção desta pesquisa foi de incentivar a produção de imagens baseado no
conceito de cidadania e que essas fotos pudessem levar a reflexão sobre as
questões pertinentes a realidade local.
O tema escolhido para ser fotografado surgiu dos debates que
aconteceram na atividade de aprendizado colaborativo. A justificativa de propor
o ensaio fotográfico foi de que as imagens pudessem intervir na realidade e
incentivasse novas maneiras de olhar o mundo. A desigualdade social foi
retratada pelos participantes como uma maneira refletir o papel do cidadão e o
reflexo das suas ações no seu entorno.
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Os processos que foram realizados até a etapa final do projeto, tiveram
o apoio dos coordenadores e estagiários do Programa Escola da Família da E.
E. Dr. Clybas Pinto Ferraz. Os resultados alcançados é a soma de esforços
coletivos que foram determinantes na realização das ações. O engajamento
dos participantes com a proposta deve ser ressaltado pelo fato de contribuírem
voluntariamente com o trabalho.
O ensaio fotográfico que resultou das ações propostas pela pesquisa
surge como um convite aos cidadãos olharem a realidade que nos cerca, no
sentido de promover a reflexão a respeito do papel de cada individuo na
sociedade. Em um mundo cada vez mais representado pelas imagens, vale
questionar o que estão dizendo e quais interesses defendem.
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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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