a espiritualidade no sÉculo xvi. o humanismo foi um movimento de glorificação do homem e da...
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A ESPIRITUALIDADE NO SÉCULO XVI
O humanismo foi um movimento de glorificação do
homem e da natureza humana, que surgiu na Itália em
meados do século XVI. O homem, a obra mais perfeita
do Criador, era capaz de compreender, modificar e
até dominar a natureza. O pensamento humanista
provocou uma reforma no ensino das universidades, com
a introdução de disciplinas como poesia, história e
filosofia. Os humanistas buscavam interpretar o
cristianismo, utilizando escritos de autores da
Antiguidade, como Platão.
Da concepção teocêntrica,
transcendente e teológica passou-se
gradualmente a uma concepção
humanística, antropocêntrica,
imanentista, e, enfim materialista.
Houve um declínio do desejo espiritual
da sociedade.
Os primeiros anos do século XVI
indicam um dos momentos da Historia
nos quais o Apocalipse se apoderou
mais fortemente da imaginação dos
homens.
No Humanismo deu-se a
concentração do interesse sobre o
homem, sobre a vida civil,e, como
reflexo, uma atenuação dos
grandes movimentos espirituais
que explodiram nos tempos de
São Francisco de Assis e São
Domingos e outros...
Humanista: é o homem de saber e
cultura (geralmente um
eclesiástico ou professor que se
inspira na culturada Antiguidade Clássica, que a reinterpreta à luz da Razão
e do espírito crítico de seu tempo).
Reforma Protestante – Alemanha – Sec.XVI“CRER É PENSAR”
O catolicismo espanhol era diferente do restante da
Europa. Era de uma “fogosidade” maior, pois a Península
enfrentou quase 8 séculos de luta contra os “infiéis”. O
catolicismo espanhol era marcado pelo martírio e pelo
Espírito de Cruzada.
A Igreja Espanhola era uma Igreja reformada, pois na
Espanha
O humanismo encontrou uma situação intelectual que
ficou imune a qualquer desagregação eclesiástica e
religiosa. Igreja e piedade, por causa da luta secular
contra os mouros, tinham-se mantido intactas como na
Idade Média.
Foi nesse contexto que
surgiu na Espanha,
Inácio de Loyola (1491-
1556). Leigo, nascido
em Loyola, que após a
sua conversão, (antes
fora cavaleiro de
grande prestígio diante
do rei), confrontou sua
vida com a Palavra de
Deus e, sem o saber, começava uma peregrinação interior de conhecer-se a si
mesmo, sentir-se amado e pertencido ao Criador.
QUEM FOI INÁCIO DE LOYOLA?Soldado espanhol, nascido em Loyola – 1491. Educação profundamente católica.Como cavaleiro, levou uma vida mundana.Na batalha em defesa de Pamplona, foi gravemente feridopelos franceses. (20/05/ 1521)De volta para o castelo de seu irmão, a fim de recuperar-se, Inácio entrou em contato, pela leitura, com a Vida dos Santos e
pela Vida de Cristo. Sentindo-se muito afetado com as leituras, Inácio sente que Deus lhe pede mais do que apenas lutar em defesa das terras do rei. Descobriu aí o chamado à conversão.
Já curado, trocou a vida de
militar por uma vida de
dedicação a Deus.
Começou sua vida de
peregrinação no início de
1522.
Indo a Monteserrat fez sua
confissão geral por três dias
e começou a praticar
exercícios metódicos de
oração.
Decidido à mudança de
vida, para seguir os
passos de Jesus, Inácio
depositou suas armas
aos pés de Nossa
Senhora de Montserrat,
trocou suas vestes com
um mendigo e partiu
para Manrresa.
Inácio fez em Manresa
uma experiência
fortíssima de oração,
abnegação e auto-
análise, colocando a
realidade direto com a
Palavra de Deus.
Em Manrresa,
Inácio refugiou se
em uma cova
(gruta) e fez ali
sua morada. Ali
viveu uma vida
solitária por mais
de dez meses,
onde escreveu os
Exercícios
Espirituais
Cueva de Santo Inácio
Observando o rio Cadorner, que corria abaixo de sua cova, Inácio faz um profunda experiência de Deus, talvez a mais profunda de toda sua vida.Estando sentado, começa a ver as coisas de outra maneira, de uma maneira nova, como se subitamente uma luz muito mais potente e brilhante as iluminasse ou como se elas saíssem da sombra e passassem a ser vistas claramente, inundadas pela luminosidade do sol...
Inácio começa a sentir o seu entendimento se abrir e recebe luz para descobrire compreender muitas coisas que antes não via com tanta clareza. Começa a ver que Deus espera que ele reparta o que está recebendo e o faça não como quiser, não como fez até agora, mas de modo ordenado, organizado...Talvez reunindo em torno de si alguns companheiros que o ajudem, que se comprometam, que se dediquem como ele a fazer bem às almas.
A partir de então, passa a anotar os sentimentos que experimentava durante meditações e contemplações e esses registros tornaram-se a base de um pequeno livro chamado Exercícios Espirituais. Os Exercícios Espirituais são fruto dessa conversão de Santo Inácio: propõem os assuntos sobre os quais ele refletiu, meditou e contemplou, como a indicação de atitudes e procedimentos que o moveram a mudar de vida e entregar-se a Deus.
A força dos Exercícios Espirituais reside no fato de que o livro, com cerca de 200 páginas, apresenta um modo e um roteiro, totalmente fundamentado na experiência de Santo Inácio de Loyola, para a pessoa se dispor e se preparar para perceber e acolher a íntima ação de Deus em sua vida e acolhê-la na dinâmica de uma participação cada vez mais efetiva na Vida e na Missão de Jesus Cristo.
Os Exercícios Espirituais são, portanto, um processo uma metodologia para uma experiência espiritual que tem como ferramenta principal a oração, e como meta o discernimento. Essa experiência
deve ser vivida no núcleo mais intimo de cada pessoa, sua afetividade
O início do processo dos Exercícios Espirituais busca libertar a pessoa dos "afetos desordenados" que o impedem de conhecer e colocar em prática a vontade de Deus para minha vida Para onde meus afetos me
levam? Para perto ou longe de
Deus?Os afetos são ordenados quando:
A minha relação com Deus é de dependência.
A minha relação com o outro é de fraternidade.
A minha relação com as coisas é de senhorio.
A minha relação comigo mesma é de verdade.
Para saber se meus afetos
estão ordenados ou
desordenados, perante meu
relacionamento com Deus,
devo fazer uso do Tanto/
Quanto.
Devo me relacionar com as
pessoas, com as coisas e
comigo mesma, o Tanto/
Quanto essa relação me
aproxima ou afasta de Deus e
assim atingir o fim ao qual fui
criado: A Salvação.
Inácio quer que, como ele o fez,
cada um pare para pensar,
medite, peça luz a Deus e
enfrente-se com as grandes
questões: Deus e eu.
Pio XI qualificou-o como código
sapientíssimo e universal para
dirigir almas, e alguém escreveu
que realizou mais conversões do
que as letras que contém.
É um caminho para tentar despojar-nos dos condicionamentos de nossa liberdade, de pôr-nos em estado de indiferença, acima das solicitações mundanas e de nossos próprios impulsos para situar-nos diante de Deus, como razão de ser e horizonte de nossa vida, e diante dele, em estado de indiferença, de busca e de entrega generosa.O homem diante de Deus tem de escolher, determinar-se, decidir: e isto vale para os momentos graves e decisivos da vida ou para decisões de pouca importância. À sua luz, muitos viram-se renascer, ser homens novos.
O esquema dos exercícios é o seguinte:Com o Principio e Fundamento, supõe-se que já surja uma primeira e firme resolução: tirar de si tudo o que for impedimento para abraçar a vontade de Deus na própria vida. O homem é criado para louvar, reverenciar e servir a Deus Nosso Senhor, e assim salvar a sua alma. E as outras coisas sobre a face da terra são criadas para o homem, para que o ajudem a alcançar o fim para que é criado. Donde se segue que há de usar delas tanto quanto o ajudem a atingir o seu fim, e há de privar-se delas tanto quanto dele o afastem. Pelo que é necessário tornar-nos indiferentes a respeito de todas as coisas criadas em tudo aquilo que depende da escolha do nosso livre-arbítrio, e não lhe é proibido. De tal maneira que, de nossa parte, não queiramos mais saúde que doença, riqueza que pobreza, honra que desonra, vida longa que breve, e assim por diante em tudo o mais, desejando e escolhendo apenas o que mais nos conduz ao fim para que somos criado.
É necessário
consequentemente tomar
consciência de toda a
desordem existente
(Pecado) e de suas trágicas
consequências, para que o
abandono à misericórdia e
à graça de Deus (Perdão)
torne possível uma vida
nova, de acordo com a
vontade de Deus. É o
trabalho da Primeira
Semana.
Na Segunda Semana o exercitante contempla a vida de Jesus Cristo.
É o Exercício do Reino.
Onde o exercitante faz a experiência do
conhecimento interno de Jesus Cristo, a
partir da Encarnação até sua vida pública.
Este tempo de discernimento culmina com o
processo de Eleição e a tomada de uma decisão de vida.
A Terceira Semana tem
como finalidade confirmar
a opção feita,
confrontando a nossa
pequenez com o amor sem
limites que Cristo
manifestou através da
instituição da Eucaristia e
dos sofrimentos de sua
Paixão.
Somos levados com Jesus
Cristo a viver a sua Paixão,
Morte e Ressurreição.
A Quarta Semana reforça ainda mais esta opção feita,
mediante a alegria, a paz e a felicidade da Ressurreição,
Ascensão e Pentecostes. Os exercícios terminam com a
contemplação para alcançar o Amor. Esse é o início
de uma vida nova.