a doutrina do batismo, e a distinção das aliancas - thomas patient.pdf

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  • A Doutrina do Batismo,

    E A Distino Das

    Alianas Ou

    Um Simples Tratado, Em Que Os Quatro Fundamentos Do

    Batismo, A Saber:

    1. Quem pode ministr-lo;

    2. Qual a sua verdadeira forma;

    3. Em nome de quem deve ser administrado;

    4. Quem deve ser batizado,

    So Diligentemente Tratados.

    Como Tambm as Duas Alianas,

    Em que provado que a Aliana de Vida no feita para a descendncia dos crentes,

    como se a mesma sasse de seus lombos, e que, portanto, o Batismo de infantes

    traado a partir da erroneamente.

    Por THOMAS PATIENT,

    Um trabalhador na Igreja de Cristo em Dublin.

    E agora por que te detns? Levanta-te, e batiza-te, e lava os teus pecados, invocando o nome do Senhor

    Atos 22:16.

    Que naquele tempo estveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel, e estranhos s alianas da

    promessa, no tendo esperana, e sem Deus no mundo Efsios 2:12.

    Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que no nascer da gua e do Esprito, no pode

    entrar no reino de Deus. O que nascido da carne carne, e o que nascido do Esprito esprito Joo

    3:5-6.

    Londres,

    1654

    Traduzido e adaptado para o Portugus por Rafael Abreu, 2014.

  • Issuu.com/oEstandarteDeCristo

    Traduzido do original em Ingls

    The Doctrine of Baptism, And the Distinction of the Covenants

    Or a Plain Treatise, wherein the four Essentials of Baptism, Viz.

    1. Who is a lawful minister thereof; 2. What is the true form thereof;

    3. Into whose name it is to be administered; 4. Who is a fit subject thereof,

    Are diligently handled.

    By Thomas Patient

    Via: ParticularBaptistLibrary.org

    (Old School Particular Baptist Library)

    Comentrios dos apndices por John Gill. Traduzidos com permisso do Sr. Larry Pierce.

    Via: BibleStudyTools.com.

    Reviso e Edio por William Teixeira e Camila Almeida

    1 Edio: Janeiro de 2015

    Salvo indicao em contrrio, as citaes bblicas usadas nesta traduo so da verso Almeida

    Corrigida Fiel | ACF Copyright 1994, 1995, 2007, 2011 Sociedade Bblica Trinitariana do Brasil.

    Traduzido e publicado em Portugus pelo website oEstandarteDeCristo.com, com a devida permisso

    de Old School Particular Baptist Library, sob a licena Creative Commons Attribution-NonCommercial-

    NoDerivatives 4.0 International Public License.

    Voc est autorizado e incentivado a reproduzir e/ou distribuir este material em qualquer formato,

    desde que informe o autor, as fontes originais e o tradutor, e que tambm no altere o seu contedo

    nem o utilize para quaisquer fins comerciais

  • Issuu.com/oEstandarteDeCristo

    Sumrio

    Prefcio ................................................................................................................................. 5

    Uma Palavra Dos Editores EC................................................................................................... 7

    Quem Foi Thomas Patient ....................................................................................................... 8

    Carta ao Leitor Cristo .......................................................................................................... 10

    A Obra Extraordinria dos Apstolos....................................................................................... 19

    A Ordenana do Batismo Explicada ........................................................................................ 23

    Os Quatro Princpios do Batismo ......................................................................................... 23

    O Ministro ......................................................................................................................... 23

    A Verdadeira Forma Do Batismo ......................................................................................... 25

    Batismo Em Nome Da Santa Trindade .................................................................................... 29

    Quem Pode Ser Batizado ....................................................................................................... 32

    O Fundamento do Batismo Infantil ......................................................................................... 38

    A Escritura Estabelece Duas Alianas ...................................................................................... 41

    A Nova Aliana Incondicional .............................................................................................. 43

    A Nova Aliana No Determinada Pelos Homens ................................................................... 48

    A Circunciso No Aliana de Vida Eterna ............................................................................ 51

    Primeiro Argumento........................................................................................................... 52

    Segundo Argumento .......................................................................................................... 54

    Terceiro Argumento ........................................................................................................... 59

    Quarto Argumento............................................................................................................. 61

    Quinto Argumento ............................................................................................................. 62

    Sexto Argumento .............................................................................................................. 64

    Stimo Argumento............................................................................................................. 67

    A Lei, A F E A Eleio .......................................................................................................... 77

    Defender Uma Aliana De Vida Vinculada Carne Negar Que Cristo Veio Em Carne ............... 82

    Atos 2:39 e o Batismo Infantil................................................................................................ 88

    1 Corntios 7:14 e o Batismo Infantil ...................................................................................... 91

    Romanos 11:16-18 e o Batismo Infantil .................................................................................. 95

    1 Corntios 10:1-4 e o Batismo Infantil ................................................................................. 101

    O Batismo E A Santa Ceia .................................................................................................... 105

    So Smbolos Das Coisas Espirituais ..................................................................................... 105

    Mateus 19:13-14 ................................................................................................................ 109

    Uma Aliana Com Duas Administraes? ............................................................................... 112

    Uma Exposio de Glatas 4:21-26 & Glatas 5:1-3 ........................................................... 113

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    No H Fundamentos Para O Batismo Infantil ....................................................................... 117

    O Batismo De Crentes Por Imerso ...................................................................................... 121

    O Batismo Do Esprito Santo Substitui O Batismo Nas guas? ................................................. 123

    A Nova Aliana Torna Os Crentes Capazes ............................................................................ 128

    De Andar Nos Mandamentos De Cristo ................................................................................. 128

    Os Crentes Batizados Devem Andar Rigorosamente Em Cristo ............................................... 131

    A Igreja Visvel ................................................................................................................... 135

    Perguntas & Respostas: ...................................................................................................... 137

    Por Que Os Que No Foram Corretamente Batizados No Devem Ser Admitidos Comunho Da

    Igreja?............................................................................................................................... 137

    Concluso .......................................................................................................................... 140

    Apndices .......................................................................................................................... 142

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    Prefcio

    Por sculos, os Batistas tm protagonizado um conto controverso. Talvez, por desconhece-

    rem a histria, muitos cristos evanglicos generalizam os membros dessa denominao,

    como se todos compactuassem com grotescos erros, equvocos e heresias que, infelizmen-

    te, definem a maioria dos Batistas hoje. Injustamente, acusam a todos de serem herdeiros

    dos Anabatistas (qui pela similaridade do nome); ou julgam sermos todos da mesma

    estirpe dos denominados General Baptists (Batistas Gerais). Entretanto, aqueles de ns,

    herdeiros dos Particular Baptists (Batistas Particulares), que conhecemos nossas origens,

    temos firme e limpa conscincia diante de Deus, que em todas as doutrinas temos honrado

    o Evangelho.

    Esse livro uma joia rara, do sculo XVII, que evidencia a cosmoviso reformada da f

    Crist daqueles que so dignos de levarem consigo o nome dessa denominao, em defesa

    da verdade e para a glria de Deus e Seu Filho. Obviamente, no colocamos instituies

    humanas acima do Senhor, como se fossem dolos do corao; contudo, cremos piamente

    que, sendo a Igreja de Cristo responsvel por proclamar as Boas Novas, nossa obrigao

    amar a comunidade da qual fazemos parte, e desfazer todo mal-entendido que se preste a

    destruir e profanar o nome dos santos.

    Nessas pginas, o leitor que tiver dvidas a respeito da doutrina do Batismo encontrar

    respostas consistentes com as demais doutrinas bblicas ensinadas por nossos irmos da

    Reforma, Calvino, Zunglio, Beza e outros.

    O objetivo dessa obra instruir aqueles que querem deixar-se ensinar pela Escritura, e no

    difamar, atacar ou injuriar os piedosos eleitos de Deus de outras denominaes quaisquer.

    nosso desejo, com sinceridade de corao, que todos orem para que sua f seja guiada

    pelo Esprito, e ento, julguem se aquilo em que creem mera tradio de homens ou a

    vontade revelada de Deus.

    Rafael Abreu

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    minha famlia e aos amigos presbiterianos,

    a quem desejo toda sorte de riquezas da sabedoria

    e do conhecimento da Palavra.

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    Uma Palavra dos Editores EC

    Estamos verdadeiramente muito felizes no Senhor, por Ele ter preservado e feito este ex-

    celente tratado atravessar sculos e chegar s nossas mos hoje, confirmando assim esta

    boa obra pela mo de Seu servo Thomas Patient (Salmo 19:16-17; Eclesiastes 11:12).

    Tambm agradecemos ao nosso Deus pela graa que Ele agora nos concede de podermos

    fazer esta publicao em parceria com o irmo Rafael, pela graa de Deus, para Sua glria

    somente.

    Sem dvida alguma, este foi um dos escritos que mais edificaram nossas almas. muito

    solene para ns pensar nas circunstncias que nosso irmo e ministro no Senhor, escreveu,

    e em seu trabalho na seara do Senhor, e em como a sua luta pela verdade foi relevante a

    ponto de nos beneficiar mesmo depois de tanto tempo.

    O assunto abordado neste tratado por Patient da mais alta importncia, esperamos que

    os leitores dediquem seu tempo e ateno para examinar seu precioso contedo, isso

    vlido especialmente para os Cristos Batistas brasileiros, para que redescubram as razes

    de sua f e busquem reformar as suas vidas luz das Escrituras.

    Por fim, exortamos ardentemente a todos que compartilham de nossa santssima f, que

    lutem por ela, com suas palavras e com sua vida. Alguns dos motivos que fizeram Thomas

    Patient escrever este tratado, a saber, calnias, difamaes e mentiras, esto bem vivos

    ainda hoje. Alguns ao olharem para o ttulo deste tratado leram: A Doutrina do Batismo, E

    A Ruptura Das Alianas, ao invs de: A Doutrina do Batismo, E A Distino Das Alianas.

    Portanto exortamos a todos os que amam a verdade que lutem por ela sabendo que nada

    podemos contra a verdade, seno pela verdade (2 Corntios 13:8).

    apenas a verdade que capacita qualquer alma a glorificar a Deus.

    Que nosso Deus nos ajude a viver e anunciar a Sua verdade, para Sua glria. Amm!

    William Teixeira e Camila Almeida

    EC, 11 de janeiro de 2015.

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    Quem Foi Thomas Patient

    Thomas Patient foi o segundo filho de John Patient, amigo e companheiro do navegador e

    capito holands Kornelius Jacobus Mey, cujas embarcaes estiveram ligadas coloni-

    zao do Novo Mundo e construo do Fort Nassau, no que hoje a cidade de Albany,

    EUA. John Patient era adepto da f Reformada e assim tambm se tornou seu filho.

    Thomas Patient foi instrudo, numa casa paroquial, segundo as doutrinas da Igreja Angli-

    cana, qual pertencia toda a famlia de sua me. No sabemos quando se tornou Batista

    de fato; Charllote Fell Smith (1901) afirma que Patient comeou a cultivar dvidas sobre a

    doutrina do Batismo logo aps chegar Nova Inglaterra; mas Joshua E. Wills (1919) afirma

    que, ironicamente, depois de ter ouvido treze sermes de clrigos anglicanos, a favor do

    batismo infantil por asperso, Patient, decidiu-se batizar por imerso. Este ltimo tambm

    afirma que Patient foi batizado por Thomas Helwys, pregador de uma pequena Igreja

    Batista em Londres, que foi arduamente perseguida, mas que, por fim, cresceu em nmero

    e influncia.

    Certo que devido grande perseguio que acometeu milhares de piedosos naquela po-

    ca, Patient emigrou-se para a Nova Inglaterra em 1630, aps John Winthrop ter sido aponta-

    do Governador de Massachusetts. Polmico, Patient se envolveu em diversas controvr-

    sias. Sua habilidade e intelectualidade foram reconhecidas por seus oponentes quando

    falava acerca dos princpios do Batismo. Sua opinio vigorosa acerca da liberdade do

    indivduo tambm lhe causou problemas. Patient atraiu a ateno e oposio de Winthrop

    devido a suas ideias acerca do governo civil e religioso. Enquanto Winthrop mantinha

    resqucios das caractersticas do pensamento ingls acerca dessas questes, Patient

    afirmava:

    O Magistrado no deve se intrometer em questes religiosas e de conscincia,

    nem forar os homens a esta ou quela religio, porque Cristo o nico Rei e Juiz

    da Igreja e da conscincia.

    Sob pretexto de rebelio, Patient que deixou a Inglaterra e os Anglicanos procura de

    liberdade para adorar a Deus, foi obrigado, pela mesma razo, a deixar a Nova Inglaterra.

    Seu esprito heroico, contudo, fez com que cruzasse selvas, rios, montanhas e territrios

    indgenas, at que finalmente chegasse velha colnia da Virgnia, onde sofreria ainda

    mais nas mos dos hiper-Anglicanos.

    Sacodindo o p de seus ps, Patient mudou-se para o sul de Nova Jersey, para terras

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    indgenas, onde pregou para a tribo Cohanzick, cerca de dez ou quinze anos antes de John

    Eliot comear seu trabalho esplndido e mostrar ao mundo amor sacrificial pelos nativos.

    Depois disso, em 1639, Thomas Patient retornou ao Velho Continente com o famoso Peter

    Minuit (responsvel pela compra da Ilha de Manhattan em 1626, diretor da colnia holande-

    sa entre 1626 e 1633 e fundador da Nova Sucia em 1638). De volta Inglaterra, em um

    cenrio religioso mais favorvel, Patient tornou-se amigo prximo do proeminente Willian

    Kiffin, pastor da Igreja Batista de Devonshire Square, e juntos, subscreveram as confisses

    londrinas de 1644 e 1646.

    Em 8 de maro de 1649, Patient foi escolhido pelo Parlamento como ministro capaz, e foi

    enviado para pregar o Evangelho cidade de Dublin. Ele acompanhou o exrcito coman-

    dado pelo General Ireton (que mais tarde se tornaria genro de Cromwell). Na Irlanda, em

    1641 milhares de protestantes foram assassinados pelos Romanistas; o exrcito ingls se

    dirigia para aquele pas por causa dos frequentes massacres sofridos pelos adeptos da Re-

    forma. Ali, por alguns anos, pregou para uma grande congregao na Christ Church Cathe-

    dral, obtendo grande sucesso em propagar as doutrinas da Reforma. Naquele pas tambm

    ajudou a fundar vrias Igrejas Batistas. Alarmados pelo progresso dos Batistas no pas, o

    Governador Fleetwood e outros Pedobatistas quiseram unir as duas denominaes, o que

    foi rejeitado por Patient e demais Batistas. Os ministrios de Patient e outros piedosos foram

    precursores de um poderoso avivamento religioso naquele pas. Anos mais tarde, a retirada

    do exrcito de Cromwell, e o consequente temor de novos massacres, fez com que os

    Independentes fugissem dali. Entretanto, restaram cerca de treze Igrejas Batistas, das

    quais quatro sobreviveram crise das pestes e emigrao.

    Em 1666 Thomas Patient retornou Inglaterra onde novamente se juntou a Willian Kiffin,

    que o escolheu para ser seu auxiliar em 28 de Junho do mesmo ano. Porm, Patient foi im-

    pedido de assumir suas funes por ocasio de sua morte, em 30 de Julho de 1666, causa-

    da pela peste bubnica, que matou um quinto da populao de Londres entre 1665 e 1666.

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    Carta ao Leitor Cristo

    A Quem O Autor Deseja Toda Graa E Paz De Deus O Pai,

    Atravs De Nosso Senhor Jesus Cristo

    No h seno um pequeno intervalo de tempo que o Senhor atribuiu aos homens, nesta

    vida, para correr a carreira Crist que lhes foi proposta [Hebreus 12:1]. Considerando que

    devemos trabalhar enquanto dia, pois a noite vem, quando ningum pode trabalhar

    [Joo 9:4], e tambm que Cristo Jesus foi, mas voltar outra vez; e visto que deixou a Seus

    servos muitos talentos, pedir contas, quando toda recompensa ou punio dos homens

    ser dada a cada um segundo suas obras [Mateus 16:27]; cada Cristo deve estar motivado

    e incitado a um consciente e cuidadoso aperfeioamento da sua fora [Efsios 4:12] para

    a glria de Deus e servio nessa peregrinao.

    Este, dentre vrios outros motivos, levou-me a apresentar este tratado. Tambm fui forado

    por muitos de meus irmos na Inglaterra, e posteriormente na Irlanda, os quais antes j me

    ouviram sobre o que aqui est contido.

    Amado leitor, sei que o mundo est cheio de livros recheados de muita sabedoria humana,

    que, embora o Apstolo tenha chamado de inimizade contra Deus [Romanos 8:7],

    agradvel aos coraes incrdulos da nossa era. Assim, se que os comiches nos seus

    ouvidos os fazem fugir da s doutrina [2 Timteo 4:3], poupem a si mesmos. Vocs vero

    que com a maior simplicidade e clareza possvel, darei evidncias bblicas daquilo que o

    Senhor fez conhecido a mim, para esclarecimento da doutrina qual Deus, atravs de Seu

    grande poder, sujeitou meu corao que, outrora, devido minha ignorncia e erro, era

    contrrio.

    A Graa De Deus Em Minha Vida

    Aps Deus ter se agradado de revelar Seu Filho a mim e trabalhar uma mudana em meu

    corao, o que de mais importante Ele revelou foi o significado de fazer cada vez mais

    firme a minha vocao e eleio [2 Pedro 1:10]. Atentando para o quanto os hipcritas se

    distanciam quando professam piedade, e para o fato de que podem simular toda a graa

    do Filho de Deus, descobri que este era um trabalho cheio de muitos obstculos. Essa tare-

    fa se mostrava cada vez mais difcil porque achei meu prprio corao desesperadamente

    perverso e cheio de engano, como descrito em Jeremias 17:9. Tambm descobri que as

    artimanhas e sutilezas do diabo, eram vrias.

    Abandonando Deus

  • Issuu.com/oEstandarteDeCristo

    Estive constantemente sob diversas tentaes, e profunda desero quando Deus (embora

    por breve tempo) escondeu de mim a luz de Seu rosto e se retirou. Nesse tempo, julguei

    que estas tentaes eram as nicas coisas necessrias para provar se CRISTO estava em

    mim; para provar minha f, e minha sinceridade. Tive pouco descanso e paz at o Senhor

    ter esclarecido aquela grande dvida, dando-me certeza e confiana bem fundamentada

    de meu interesse nEle. Naquele momento, encontrei uma pequena disposio para procu-

    rar rigorosamente por outras verdades. Tendo recebido to grande benefcio espiritual,

    comungando com Deus e com meu prprio corao, e procurando a diferena entre o falar

    do Esprito de Deus, meu prprio esprito e o esprito de satans, pensava em exercitar-me

    em verdades que ainda me pareciam muito remotas.

    Certeza Seguida Por Tentaes Severas

    Mas quando alcancei um bom grau de certeza de que eu era do Senhor, ento em pouco

    tempo fui tentado a tocar os pontos fundamentais da Religio. Essas tentaes, como eram

    grande causa de problemas e inquietudes em minha alma, produziram grande avidez, dia

    e noite, no uso dos melhores meios que Deus me mostrou. O Senhor guiou minha alma

    com veemncia, sem que me fadigasse.

    Geralmente, quando um caso ou alguma questo difcil era respondida para minha satisfa-

    o e conforto, outra se estabelecia asperamente. Durante anos me ocupei delas; era igno-

    rante a respeito do verdadeiro caminho, no qual Cristo introduz Seu povo.

    A Ilegalidade Do Prelado E Da Liturgia Da Igreja Da Inglaterra, Bem Como A

    Ministrao Impura Da Eucaristia Em Suas Assembleias Paroquiais

    Convencido da ilegalidade do Governo de Bispos, da liturgia da Igreja da Inglaterra, e da

    impureza da Eucaristia nas Assembleias Paroquiais, resolvi, segundo a vontade de Deus,

    examinar a religio quanto aos cultos e ordem no templo como tinha feito com relao a

    outros aspectos. Pelo poder Divino, me converti da Igreja da Inglaterra, embora com grande

    dificuldade, pois estava bem provido de argumentos e era capaz de debater a favor daquele

    falso caminho. Mas Deus, pelo poder de Seu Santo Esprito e clara luz das Escrituras,

    sujeitou meu corao obedincia da verdade, de maneira que dela me aproximei com

    amor.

    Fuga Para A Nova Inglaterra, A Asperso E Frutos Da Carne

    Naquela poca, muitos Cristos piedosos estavam indo para a Nova Inglaterra. Fui para l

    ainda no convencido do meu erro e cegueira quanto asperso dos crentes. De fato,

  • Issuu.com/oEstandarteDeCristo

    pensava ter boas justificativas para tal prtica; at ento, defendia os mesmos argumentos

    que ainda hoje so utilizados para fundament-la.

    Preocupado Sobre A Questo Do Batismo

    No entanto, descobri, sob to clara luz, como estive vergonhosamente iludido em muitas

    coisas; iludido por aqueles acerca dos quais nada podia pensar, exceto que eram os pr-

    prios servos do Senhor. Percebi o perigo de receber verdades por tradio e resolvi exami-

    nar a assunto do Batismo.

    Constantemente recorria s reunies do povo na Nova Inglaterra, desejando ter boa satis-

    fao nelas, nas suas doutrinas e prticas, antes de participar da Santa Ceia. Para tanto,

    ouvia a pregao da palavra de muitos que, com frequncia, falavam sobre o Batismo dos

    filhos dos crentes. Ento, comecei a averiguar os fundamentos disso, o peso de seus argu-

    mentos e o genuno contexto e significado das passagens que, segundo eles, provavam

    seu ponto de vista. Constatei que as Escrituras estavam sendo deturpadas e violadas; a

    interpretao no era adequada aos textos. Tambm conclu que a base de seus principais

    argumentos era demasiadamente contrria a diversos princpios da Religio, nos quais

    acreditvamos eles e eu.

    Deus Fala Com Os Humildes E Simples

    Decidi examinar estas coisas como havia feito antes em muitos outros pontos e com grande

    proveito e benefcio. Contudo, depois de ter me decidido, tentaes vieram sobre meu cora-

    o persuadindo-me de que eu era fraco. Se a asperso no a forma correta de Batismo,

    como homens eminentes da teologia, piedosos e comunidades, no descobriram isso antes

    de mim? Parecia no haver propsito em me preocupar. Finalmente compreendi que por

    muito tempo fui induzido ao erro ao me submeter quela hierarquia corrupta e sua liturgia.

    As Ovelhas Humildes

    Outra vez, refleti sobre quando os anjos levaram a mensagem de boas novas a todas as

    pessoas, no segundo captulo de Lucas. O Senhor quis que declarassem o nascimento de

    Cristo a pobres e simples pastores que guardavam seu rebanho noite.

    Em primeiro lugar, a maravilhosa notcia foi entregue e revelada a eles, enquanto homens

    importantes e instrudos de Israel de nada sabiam.

    O Ladro Na Cruz

  • Issuu.com/oEstandarteDeCristo

    O ladro na cruz teve mais profundo julgamento que o Snodo Geral, ou o Conselho de

    Homens Sbios de Jerusalm. Acerca disso, disse tambm Jesus: Graas te dou, Pai,

    Senhor do cu e da terra, que ocultaste estas coisas aos sbios e entendidos, e as revelaste

    aos pequeninos. Sim, Pai, porque assim te aprouve (Mateus 11:25-26).

    As Pedras

    Em Lucas 19:39-40 os fariseus quiseram que Cristo repreendesse Seus discpulos por

    darem testemunho dEle. Jesus respondeu-lhes dizendo: Asseguro-vos que, se eles se

    calarem, as prprias pedras clamaro. Cristo no disse que se Seus discpulos humildes

    e fracos negligenciassem o testemunho, os fariseus instrudos clamariam. Porm, afirmou

    que caso Seus discpulos fossem negligentes, as pedras clamariam. Isso mostra que Deus

    ama escolher as coisas mais simples e tolas, atravs das quais revela Sua vontade.

    Aqueles Que Temem

    Ento, percebi que Deus revela a Si mesmo aos homens, no por serem considerados

    habilidosos:

    O segredo do Senhor com aqueles que o temem;

    e ele lhes mostrar a sua aliana. (Salmos 25:14).

    Em Joo 15:14-15, Cristo disse: Vs sereis meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando.

    J vos no chamarei servos, porque o servo no sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-

    vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer.

    Tambm Davi disse: Tu, pelos teus mandamentos, me fazes mais sbio do que os meus

    inimigos; pois esto sempre comigo (Salmo 119:98). O Senhor ensina aqueles que O te-

    mem e conscientemente guardam Seus mandamentos, guiando-os em discernimento e no

    caminho que Lhe agrada.

    Bebs E Criancinhas

    Ainda, encontrei outras objees. Entendi que no a homens capazes e fariseus que

    Deus ensina, mas a bebs e criancinhas, cujos coraes esto prostrados em obedincia

    e temor. Mesmo assim, eu ainda estava sujeito a tanto mal em meu corao que me pergun-

    tava se poderia ou no estar enganado. Com humilhao e oraes fervorosas, pedi ao

    Senhor que me ensinasse, guiasse e revelasse Sua vontade. Tendo novamente decidido

    buscar o esclarecimento sobre esta verdade, fui encorajado por saber que me satisfaria em

  • Issuu.com/oEstandarteDeCristo

    Deus como em outras vezes, quando Ele foi bondoso ao me fazer entender tantas questes

    difceis.

    Dvidas Por Vir E Sofrimento Pela Verdade

    Mais uma vez esta dvida veio a mim: por que eu deveria me preocupar com algo to discu-

    tvel? Se em minha busca e averiguao acerca do Batismo infantil eu tivesse minha consci-

    ncia abalada e me voltasse contra essa prtica, ento seria desprezado e menosprezado

    por todos os homens piedosos daquele pas. Seria, no mnimo, banido e privado dos benef-

    cios da Santa Ceia. Seria minha runa, no saberia para onde ir.

    Corao Mal E Traioeiro

    Devido s dvidas, tive um conflito doloroso. Meu corao perverso e enganoso resistia

    ao do Esprito de Deus. Porm, considerando que os fundamentos dessas dvidas desa-

    nimadoras se levantaram da carne e de Satans, como quando Pedro disse: tem compai-

    xo de ti; de modo nenhum te acontecer isso. Minha resposta foi tal qual a de Jesus:

    Para trs de mim, Satans, que me serves de escndalo; porque no compreendes as

    coisas que so de Deus, mas s as que so dos homens [Mateus16:22-23].

    No Venda A Verdade

    Fiquei em agonia e conflito. Mas agradou ao Senhor fazer aquela passagem habitar em

    meu corao: Compra a verdade, e no a vendas; e tambm a sabedoria, a instruo e o

    entendimento [Provrbios 23:23]. Compre a verdade a qualquer preo, mas no a venda

    por preo algum. Se a verdade me custar a vida, devo compr-la, e ainda que eu alcance

    todo o favor e amizade do mundo, no devo vend-la. Isso forjou em mim uma resoluo

    firme e imutvel. Buscaria o conhecimento de Deus aprendendo a palavra da pacincia de

    Cristo, mesmo quando as verdades fossem dolorosas, pois Cristo disse: Como guardaste

    a palavra da minha pacincia, tambm eu te guardarei da hora da tentao que h de vir

    sobre todo o mundo [Apocalipse 3:10]. Sobre minha aceitao e prtica que traria a cruz

    (isto , desprezo e dio dos homens), descobri que Cristo disse: [...] Eu para isso nasci, e

    para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade [Joo 18:37]; isso me satisfez

    e, da parte do Senhor; eu deveria buscar diligentemente qual era a vontade dEle sobre esse

    ponto.

    Ignorncia Sobre O Batismo De Crentes

    Senti a presena especial de Deus comigo, levando meu corao ao Senhor pela f e

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    orao sincera para ser instrudo e guiado. Naquele tempo no conhecia ningum que se

    opusesse ao Batismo infantil e conversava apenas com aqueles que eram favorveis a esta

    prtica. Meu corao carnal desejava obter satisfao no pedobatismo. Quanto mais eu

    conferia ou ouvia alguma pregao sobre o assunto, mais ficava convencido da insensatez

    e ignorncia daquela interpretao e prtica. Ouvi um homem pregar quinze sermes sobre

    o assunto, insistindo naquilo que muitos autores considerveis haviam escrito.

    Estudo Dos Eruditos

    Com muita ateno, tambm procurei muitos autores, dia e noite, que tivessem escrito so-

    bre isso, ponderando e examinando seus argumentos. Muitas vezes perdi o sono, at que

    foi do agrado do Senhor revelar Sua vontade a mim. Ento fui iluminado em meu entendi-

    mento para ver as respostas para tudo o que tinha ouvido. O Senhor, ento, veio no ape-

    nas com uma clara luz sobre o assunto em questo, mas, por trs dias, um aps o outro,

    veio minha alma com claras manifestaes de Seu amor e com as Escrituras de modo

    pertinente e adequado minha condio.

    Mandato Da Corte Geral Da Nova Inglaterra

    Naquele tempo foi expedido um mandato para que me prendessem e levassem perante o

    tribunal da Nova Inglaterra, o que no foi problema para mim, pois estava cheio de uma

    alegria inexplicvel. Aquela descoberta, da parte de Deus, me trouxe contentamento sobre

    a verdade que voc encontrar neste tratado. Deus operou em mim um verdadeiro arrepen-

    dimento e tristeza de corao por estar em caminho pecaminoso por to longo tempo, tanto

    em opinio quanto em prtica.

    Sobre Este Tratado

    Neste tratado, no refutei ningum, mas devido minha longa experincia neste assunto,

    ataquei o principal argumento, que o alicerce sobre o qual se fundamenta todos os outros,

    e empreguei meu conhecimento a fim de respond-lo, uma vez que, derrubado, todos os

    outros cairo com ele.

    Caro leitor, julgo que a clara evidncia luz da Escritura, a qual darei para confirmar a imer-

    so dos que creem, ser suficiente para reprovar todas as trevas geralmente afirmadas em

    muitos longos discursos sobre o Batismo infantil.

    Os Ataques Do Diabo

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    Mas, alm disso, observei que esta verdade tem sido alvo de grande malcia e desprezo de

    Satans:

    Regenerao Batismal

    Primeiro, aquilo que Satans fez atravs de suas sutilezas e pretenses na primeira aps-

    tasia1, semeou este erro na mente das pessoas: se tal ordenana foi feita para regenerar

    e transmitir graa, ento, quem seria considerado incapaz de receb-la? Seria um ato de

    grande impiedade no permitir que as crianas, ou qualquer outra pessoa, no a recebesse.

    O Batismo Administrado Por Parteiras

    Segundo, parteiras batizam. Esse inimigo stil, o Diabo, destri a ordenana de Deus e

    estabelece outra, a sua prpria. Permanece ainda entre os papistas e, geralmente, entre

    crentes carnais, tanto sacerdotes como povo, que, concluindo que grande perigo corre a

    criana falecida antes de ser batizada, toleram o Batismo feito por parteiras, caso achem

    que uma criana morrer. Colocam excessivo valor no Batismo, como se o mesmo sal-

    vasse.

    Aliana Na Nova Inglaterra

    Mas muitos homens bons tm renunciado a isto. Embora o Diabo tenha mostrado sua mal-

    cia cegando-os para praticar tal mal, a verdade est sendo descoberta, e disso trata esse

    livro.

    Seekers2

    Outros veem as trevas e o erro de se batizar crianas sob qualquer argumento. Mas o Diabo

    mostra sua fria contra esta ordenana tambm neles. Ao invs de aceitarem a ordenana

    da parte do Senhor, se opem dizendo: No h ordenana nem Igreja verdadeira no mundo.

    Quakers3

    [1] Primeira apostasia uma referncia Igreja Catlica Apostlica Romana e decadncia desta como instituio genuinamente crist, devido ao papado, idolatria, e elementos de outras religies que na idade mdia foram incorporados a ela.

    [2] Seita que se desenvolveu a partir de 1620 na Inglaterra. Afirmavam que toda igreja era corrupta e no aceitavam os sacramentos e rituais. Para eles, Cristo deveria levantar novos apstolos e estabelecer uma nova e verdadeira Igreja. Foram precursores dos Quakers.

    [3] Sociedade religiosa que surgiu em meados do sculo XVII na Inglaterra. Rejeitam organizaes clericais, os sacramentos (Batismo e Santa Ceia) e do nfase excessiva atuao do Esprito Santo.

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    Sua malcia tambm aparece quando ostentam dizendo-se acima de qualquer ordenana:

    Cristo e as ordenanas j passaram; a dispensao foi para aquela poca, mas, agora, te-

    mos Cristo em Esprito; tendo vindo em matria o que era perfeito, a sombra j se passou.

    As Muitas Falsificaes Do Diabo

    O Diabo estranhamente se parece consigo mesmo. Como se tivesse esquecido sua lingua-

    gem (dos papistas e dos crentes carnais, que afirmam no ser mais vlida a ordenana do

    Batismo e que a salvao ou condenao depende dela), agora, atravs de outros diz: o

    que se lavar ou mergulhar em um pouco de gua, seno coisa vil e legalista? Os enganos

    e invenes de Satans so tantos, que as ordenanas de Cristo so difamadas e conde-

    nadas.

    Falsas Acusaes Contra Os Santos

    Alm disso, Satans revela sua malcia espalhando contendas entre os que so obedientes

    e justos, a fim de prejudic-los com fbulas, como se todos partilhassem das mesmas opi-

    nies daquelas estranhas criaturas de Mnster, na Alemanha4. Tambm induz outros a

    espreitarem os santos para descobrirem suas fraquezas e procura de pecados, como os

    egpcios no Mar Vermelho, para sua prpria destruio; a nuvem era negra para eles, mas

    dava luz aos israelitas (xodo 14:20). Os olhos dos egpcios viam apenas o lado negro da

    nuvem e, por isso, tropearam e caram. Os israelitas viam a luz e por isso estavam segu-

    ros. Isso se compara converso dos santos (Hebreus12:1), que em parte iluminada,

    suas bondades e virtudes, e em parte sombria, suas falhas. O homem que odeia a seu

    irmo est nas trevas (1 Joo 2:11). O tentador acusou J de no servir a Deus a troco de

    nada; J estava resguardado; Deus havia lhe dado honra, riqueza e autoridade, como se l

    em J 29. Tal injria, Satans manifesta tambm nos dias de hoje contra a prosperidade

    dos santos, tentando minar a sagrada obedincia destes com maledicncias sobre orgulho

    e busca de interesses prprios. Aqueles que professam a verdade, geralmente so apedre-

    jados e sofrem violncia das multides quando no esto sob a proteo de magistrados

    piedosos.

    A Fraqueza Do Escritor

    Meu amigo em Cristo, no leia esse livro com preconceito no corao por causa do mesmo,

    pelo modo como foi redigido ou pela simplicidade do estilo. No inteno agradar aos

    homens, mas com fidelidade, cumprir um dever perante Deus, de quem recebi o que agora

    [4] O autor refere-se aos Anabatistas que tomaram a cidade de Mnster, em 1534. Jan Matthys, um dos lderes da rebelio, se auto proclamava Enoque e afirmava que Mnster seria a Nova Jerusalm. No poder, executou aqueles que rejeitavam o Batismo. Os Anabatistas so frequente e erroneamente confundidos com os Batistas.

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    lhe entrego. Tambm, foi para responder o pedido de muitos Cristos, o qual negligenciei

    nos ltimos anos devido minha indisposio para essa obra. Entretanto, se voc colher

    alguma satisfao ou se for edificado na verdade por esta frgil tentativa, que Deus, o Autor

    de todo dom perfeito, receba o louvor que s a Ele devido, e no esse Seu servo indigno,

    Thomas Patient.

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    A Doutrina do Batismo

    E A

    Distino das Alianas

    OU

    Um Simples Tratado Cristo, explicando:

    A Doutrina Do Batismo, E As Duas Alianas Feitas

    Com Abrao E Sua Semente.

    A Obra Extraordinria dos Apstolos

    Atos 2:37-38

    E, ouvindo eles isto, compungiram-se em seu corao, e perguntaram a Pedro e aos

    demais apstolos: Que faremos, homens irmos?

    E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vs seja batizado em nome de Jesus

    Cristo, para perdo dos pecados; e recebereis o dom do Esprito Santo.

    O Contexto Do Texto

    Meu texto depende especialmente desse captulo. No incio deste, voc notar que os

    apstolos e a Igreja estavam unidos em um s lugar, quando finalmente veio o dia de Pente-

    costes. Jesus havia ordenado que eles esperassem at que se cumprisse a promessa feita,

    a qual Joo predisse: aquele que vem aps mim [...] vos batizar com o Esprito Santo, e

    com fogo (Mateus 3:11). E agora tal promessa havia se cumprido. Como nos relata o autor

    de Atos: E de repente veio do cu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e

    encheu toda a casa em que estavam assentados. E foram vistas por eles lnguas repartidas,

    como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles. E todos foram cheios do

    Esprito Santo, e comearam a falar noutras lnguas, conforme o Esprito Santo lhes con-

    cedia que falassem (Atos 2:2-4).

    Este Foi O Cumprimento Da Profecia De Joo

    Entendo que esse era o Batismo do qual Joo falara, ou seja, do Esprito Santo, e de fogo,

    que Cristo distribuiria. Como voc pode ver, essa foi uma ocasio extraordinria e especial

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    comunicada aos apstolos para darem testemunho da morte de Cristo, da ressureio e da

    ascenso.

    Os Dons Extraordinrios Do Esprito Santo

    O Senhor, para este fim, comunicou a eles os dons extraordinrios do Esprito Santo de

    maneira tambm extraordinria. Ali estavam sinais visveis de que lnguas de fogo foram

    repartidas entre eles. Ali estava o Esprito Santo com os efeitos extraordinrios do Batismo

    medida que a obra interior era evidenciada por sinais exteriores. Tudo isso foi extraordi-

    nrio, para que os Apstolos estivessem aptos para a extraordinria obra que Deus reser-

    vou para fazerem.

    Razes Por Que O Esprito Santo Desceu

    De Maneira Extraordinria Sobre Os Apstolos

    Primeiro, porque eles seriam testemunhas oculares da majestade do Cristo encarnado.

    Segundo, eles seriam os mestres de obra que lanariam os fundamentos sobre os quais

    todos os futuros ministros, at o fim do mundo, devem edificar. Eles redigiram a Escritura.

    Terceiro, eles destruiriam toda a adorao judaica e todas as administraes mosaicas ex-

    tintas pela morte de Cristo.

    Cristo Equipou Os Apstolos Com Dons Extraordinrios Que Aperfeioaram Esta Obra

    Para prepar-los para essa obra extraordinria, Cristo, como efeito de Seu governo direita

    de Deus, derramou esses dons sobre eles como mencionado anteriormente. Sendo ouvido

    este falar em outras lnguas, a multido que estava reunida ficou admirada. Alguns pensa-

    ram que os que falavam estavam bbados, mas Pedro se colocando de p com os onze,

    comeou a erguer sua voz para ensin-los.

    O Contedo Do Sermo De Pedro Aos Judeus Sobre A Descida Do Esprito Santo

    Pedro prova pela Escritura que esses dons do Esprito Santo, agora dados a eles, foram

    previamente prometidos pelo Senhor como fruto de Sua ascenso. Neste sermo, Pedro

    se empenha em provar [Atos 2:23-25]:

    Primeiro, que Jesus era o Cristo, um homem aprovado por Deus atravs de sinais e mila-

    gres. Deus operou atravs dEle entre eles.

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    Segundo, que Ele sofreu e morreu de acordo com o conselho e vontade de Deus.

    Terceiro, que Ele ressuscitou dos mortos.

    Quarto, que Deus O exaltou pela Sua mo direita para ser Senhor e Cristo.

    Pedro prova isso atravs dos dons visveis do Esprito Santo que eles podem ver e ouvir.

    Temendo que no tivessem entendido de Quem ele falava, Pedro diz em Atos 2:36: a esse

    Jesus, a quem vs crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo. E, ouvindo eles isto, compun-

    giram-se em seu corao, e perguntaram a Pedro e aos demais apstolos: Que faremos,

    homens irmos? (v. 37).

    Os Benefcios Da Pregao Do Evangelho

    Observa-se no texto que a pregao e o ouvir o Evangelho so meios especiais para a

    converso de almas. Isso fica claro quando Pedro prega e claramente mostra que aquele

    a quem tinham crucificado e assassinado era Senhor e Juiz. Ele foi exaltado e recebeu

    honra de Deus Pai. Quando ouviram isso, o corao deles se afligiu.

    O Comeo Da Verdadeira Converso

    Devemos observar que a verdadeira converso comea com uma tormenta no corao.

    Quando o corao daqueles homens se compungiu, perguntaram a Pedro e aos outros

    Apstolos: Que faremos, irmos?

    Como Aqueles Que Comearam A Receber A Luz Salvadora So Afetados

    Observe que a disposio daqueles que esto sendo iluminados desejar mais daqueles

    por meio de quem Deus falou s suas almas.

    Obedincia Acompanha A Verdadeira Converso

    O que eles fazem, diligentemente, inquirir sobre o que deveriam fazer. Isso demonstra

    obedincia. Eles, crendo ser Cristo tanto Senhor como Salvador, submeteram-se ao Seu

    senhorio. Uma alma verdadeiramente convertida uma alma obediente.

    Todos So Chamados Ao Arrependimento Pelo Evangelho

    No versculo 38, Pedro lhes responde com as seguintes palavras: Arrependei-vos, e cada

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    um de vs seja batizado. Disso, observamos que onde o evangelho pregado, todos os

    homens so convocados ao arrependimento.

    Todo O Que Crer E Se Arrepender Dever Ser Batizado

    Por ltimo, este o dever de todo homem que cr e se arrepende: ser batizado.

    sobre esta ltima observao do texto que falarei agora para a satisfao das almas que

    esto duvidosas desta verdade e para confirmao daqueles que j creem nisso.

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    CAPTULO DOIS

    A Ordenana do Batismo Explicada

    Para a melhor e mais clara exposio do assunto, explicarei o que a ordenana do

    Batismo com quatro pontos que ficaro evidentes se examinarmos a Comisso que Cristo

    deu aos Seus discpulos em Mateus 28:19-20. Aqui, vemos que os onze foram enviados

    por Cristo que tem todo poder no cu e na terra: Portanto ide, fazei discpulos de todas as

    naes, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Esprito Santo; Ensinando-os a

    guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado.

    Os Quatro Princpios do Batismo

    Devemos observar quatro elementos na Comisso, essenciais ordenana do Batismo.

    So eles:

    Primeiro, o ministro [quem pode batizar];

    Segundo, a forma [como se deve batizar];

    Terceiro, em Nome de Quem se deve batizar; e

    Quarto, quem pode ser batizado.

    O Ministro

    Primeiro, quem so os ministros que podem administrar essa ordenana?

    Sos os discpulos que pregam o Evangelho. A partir do dcimo sexto versculo, os onze

    so assim chamados: os onze discpulos partiram para a Galilia, para o monte que Jesus

    lhes tinha designado [...] E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: -me dado todo o po-

    der no cu e na terra. Portanto ide, fazei discpulos de todas as naes, batizando-os [...]

    [Mateus 28:18-19].

    Quem So Os Ministros Legtimos?

    As pessoas ordenadas a irem so discpulos capazes de ensinar a doutrina do Evangelho

    para a converso de almas f e arrependimento. Est claro que aqueles que foram envia-

    dos para ensinar so tambm enviados para batizar. Ento, desta Comisso percebi que o

    ministro autorizado a trazer Deus para a alma, e levar a alma a Deus, o ministro legtimo

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    do Batismo. Este o teor da Nova Aliana, Hebreus 8:10 e Cnticos 6:3: [...]Porei as mi-

    nhas leis no seu entendimento, e em seu corao as escreverei; E eu lhes serei por Deus,

    E eles me sero por povo [...] Eu sou do meu amado, e o meu amado meu.

    O Que O Verdadeiro Ministro Prega

    Deve-se mostrar Deus em Cristo em todas as doutrinas fundamentais da f para a salvao

    do homem. Alm disso, preciso pregar a conformidade da alma a Deus bem como os

    deveres da alma perante Deus. Onde Deus levantar um ministro com habilidades dadas

    por Ele mesmo para declarar a doutrina da f e arrependimento, esse ministro est apare-

    lhado com o conhecimento de Deus para ensinar todas as ordenanas fundamentais de

    acordo com a Comisso, que diz: Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos

    tenho mandado. Sem dvidas este o ministro justificado e enviado pelo Senhor de acordo

    com Sua Comisso.

    O Verdadeiro Ministro Deve Conhecer O Batismo

    Ainda que um homem seja capaz de pregar a doutrina da f habilmente para a converso

    de almas f, sem o conhecimento da doutrina do Batismo e como este deve ser adminis-

    trado, certo que esse homem no um verdadeiro ministro, de acordo com a Comisso.

    Ele ignorante acerca de sua Comisso. Quando almas se converterem f, ele no

    saber como ensinar as ordenanas fundamentais de Deus, nem poder mostrar o mal das

    prticas supersticiosas das quais foram nutridas pelas tradies.

    Ministro De Acordo Com Os Dons De Deus

    No obstante, ouso dizer que na mesma medida em que receberam esse dom, tambm

    so advertidos em 1 Pedro 4:10 a exerc-lo: Cada um administre aos outros o dom como

    o recebeu; de sorte que legtimo para qualquer Cristo, nesse sentido, exercer tal dom,

    o qual Deus lhes conferiu.

    Os Pedobatistas No So Ministros Enviados Por Deus

    certo que estes que so completamente ignorantes acerca de como devem administrar a

    ordenana do Batismo nunca foram enviados por Deus para faz-lO; que ao invs de

    imergir, aspergem; e ao invs de fazer isso a quem verdadeiramente pode ser batizado, o

    crente, batizam crianas incrdulas e ignorantes5; invs de batizarem em nome do Pai, do

    Filho e do Esprito Santo, aspergem em nome de coisas quaisquer.

    [5] Veja pgina 67 (stimo argumento) e notas 12 e 13, pgina 68.

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    A Verdadeira Forma Do Batismo

    Em segundo lugar, a verdadeira forma de Batismo ordenada pelo Senhor Jesus a imer-

    so, afundando completamente, ou enterrando, o corpo na gua e no apenas borrifando

    gua, como vemos muitas vezes. Quanto a isso, embora haja meno frequente da ordem

    de Cristo, em Sua ltima vontade e testamento, em momento algum a palavra Batismo

    expressa asperso ou efuso; essa palavra expressa imerso. Portanto, a palavra frequen-

    temente utilizada para Batismo significa mergulhar, submergir em gua, como se fosse

    afogar, (com relao maneira). Veja o caso de Naam, que mergulhou sete vezes no

    Jordo (2 Reis 5:14). esse o sentido da palavra (pelo menos nessa passagem) tanto no

    grego quanto no latim.

    Alm disso, a frase da ordenana de Cristo [Mateus 29:19] implica necessariamente imer-

    so. Portanto, a palavra batizando, cuja traduo comum acompanhada da preposio

    em ou dentro [dgua], equivale a mergulhar; a preposio que implica com [gua]

    no est presente e, portanto, no equivale a aspergir.

    Isso pode ser observado [nas melhores tradues]6: eu vos batizei em gua; ele, porm,

    vos batizar no Esprito Santo (Marcos 1:8). Joo batizava no deserto [cf. NVI] e no Rio do

    Jordo (vv. 4-5). O mesmo em Apocalipse 1:10, em que Joo estava em esprito no dia do

    Senhor. Tambm em 1 Corntios 10:2: o povo foi batizado na nuvem e no mar. Isso equivale

    a eu vos batizo, ou, eu vos mergulho, em gua. O mesmo em Marcos 1:16: os quais

    lanavam a rede ao mar cujas palavras tm igual significado. Seria muito imprprio dizer

    que Joo batizava com o deserto e que Andr e Simo lanavam a rede com o mar.

    A Imerso Nos Lembra Dos Israelitas No Mar Vermelho E Dos Egpcios Que

    Retratam As Coisas Velhas E Cruis Que Mantinham Os Santos Em Cativeiro

    Os israelitas passaram sob a nuvem e no mar, onde os egpcios que eram seus senhores

    e chefes, perseguidores e inimigos, que procuravam sua destruio, foram afogados,

    deixados para trs e no mais vistos. Isto foi, pelo Esprito Santo, chamado de Batismo (1

    Corntios 10:2). Eles foram batizados na nuvem e no mar.

    Batizados NO Mar Vermelho

    Observe aqui que a traduo no com a nuvem e com o mar (Marcos 1:18) bem como

    em outros lugares a traduo no com gua, indicando asperso, mas na nuvem e no

    [6] O texto no original grego : . A preposio deve ser traduzida como em ou dentro de. A maioria das tradues em Portugus utiliza com, por isso, deve-se ter cuidado na interpretao.

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    mar. Isso indica imerso ou submerso. Portanto, eles passaram para a terra seca atravs-

    sando o Mar Vermelho que se levantou em ambos os lados como paredes, e aos olhos

    humanos eles submergiram e se afogaram. Mas [na verdade,] estavam seguros e salvos

    de seus inimigos.

    Felipe E O Eunuco

    No Batismo do eunuco por Filipe, vemos que esta ordenana de Cristo no por asperso,

    mas por imerso, colocando a pessoa dentro da gua ou sob a gua. Est escrito: e des-

    ceram ambos gua [Atos 8:38], tanto Filipe que batizava quanto Eunuco que estava

    sendo batizado. Estando eles na gua, Filipe batizou ou imergiu o eunuco como Joo fez

    com Jesus no Rio Jordo.

    Ambos Entraram Na gua

    Est escrito que eles desceram ou, entraram, na gua. Por conseguinte, eles tambm subi-

    ram ou, saram da gua. Veja Atos 8:38-39 e Mateus 3:16. Observe a expresso em: E,

    sendo Jesus batizado, saiu logo da gua. Portanto, Ele esteve na, [ou seja, dentro da]

    gua.

    Joo Batizava Onde Havia Muita gua

    Que esta ordenana de Cristo no por asperso, mas por imerso, ou submerso, vemos

    no fato de que Joo Batista (quando realizava sua obra de batizar) permanecia no deserto,

    prximo ao Rio Jordo e, mais tarde, em Enom7, prximo a Salim. O porqu de Joo habitar

    ali dado pelo Esprito do Senhor: por que havia ali muitas guas. Isso no seria necessrio

    caso a ordenana devesse ser administrada por asperso e no imerso.

    Em Seu Batismo, O Crente Testifica De Sua Unio Com Cristo

    Na Morte Para O Pecado, Satans, A Lei E Sua Maldio

    Devido prpria natureza da ordenana de Cristo, esta no deve ser administrada por

    asperso, mas por imerso. uma ordenana tal que a pessoa que a ela se submete visi-

    velmente assume ser [como] Jesus Cristo o Senhor, por meio do qu o crente visivelmente

    plantado na morte de dEle.

    O crente por este meio mortificado em Cristo. Ele possui uma vvida semelhana a Cristo

    [7] Cf. Joo 2:23. Manancial de muitas guas localizado a oeste do Rio Jordo, e entre este e o monte Ebal. Cf. Aenon: International Standard Bible Encyclopedia & Eastons Bible Dictionary

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    at que venha a falecer, quando pela f que ele agora professa, escapa da morte e obtm

    a vida eterna.

    O crente tem comunho com Cristo em Sua morte e considera a si prprio morto com Ele

    para o pecado, para Satans, para a lei e para a maldio que dela decorre (Glatas 3:27;

    Romanos 6:2-9; 1 Corntios 15:29).

    De modo algum a semelhana a Cristo cultivada em algum atravs da asperso. Pela

    imerso, essa semelhana vividamente estabelecida e demonstrada.

    A Imerso Assemelha-Se Unio Do Crente Com Cristo E Seu Sepultamento

    O Batismo uma ordenana de Cristo em que a pessoa que a ela se submete, visvel e

    claramente se assemelha ao sepultamento de Cristo e ao seu prprio sepultamento no que

    diz respeito ao velho homem e suas velhas cobias e corrupes; (como os egpcios,) a

    velha natureza deve ser levada embora e no mais vista (Romanos 6:4 e Colossenses

    2:12). A asperso, de maneira alguma se assemelha com vivacidade ao sepultamento de

    Cristo ou ao sepultamento da pessoa como a imerso o faz.

    A Imerso E O Sair Da gua Assemelha-Se Unio

    Do Crente Com Cristo Em Sua Ressureio E Nova Vida Celestial

    O Batismo uma ordenana de Cristo em que a pessoa que a ela se submete, visvel e

    claramente demonstra a ressureio de Jesus e declara que Ele, cuja vida foi tirada da

    terra, est vivo; e que, embora Ele tenha morrido e sido sepultado, no foi deixado no

    tmulo para ver a corrupo, mas foi ressurreto e agora vive para sempre.

    O Evangelho Mostra As Seguintes Caractersticas Do Batismo

    Como por este meio [o indivduo batizado] mostra a ressureio de Cristo, da mesma forma

    mostra sua prpria ressureio, tendo sido conformado semelhana de seu Senhor. Ele

    considera sua alma vivificada e ressurreta com Cristo de agora em diante para viver para

    Deus, que a Fonte de Vida, e para Cristo Jesus, que por ele morreu e ressuscitou. O cren-

    te ajudado a caminhar em novidade de vida no mundo presente, tendo sido gerado na

    nova esperana de que no mundo por vir ele ser glorificado, tanto na alma quanto no

    corpo, para a vida eterna. Romanos 6:4-11, Atos 8:33-36, Colossenses 2:12, 1 Corntios

    15:29, 1 Pedro 1:3.

    Asperso No Se Assemelha Ao Evangelho De Jesus Cristo

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    De modo algum a asperso se assemelha com vivacidade ressureio de Cristo ou s

    almas e corpos que so por Ele ressurretos. Alm disso, esta ordenana foi e ainda deve

    ser administrada por meio da imerso ou colocando a pessoa em, ou dentro da gua, e no

    borrifando-a.

    A Imerso Mostra A Conformidade A Cristo

    A imerso prega a conformidade com Cristo em Seus sofrimentos e aflies: Importa, po-

    rm, que seja batizado com um certo batismo; e como me angustio at que venha a cumprir-

    se! (Lucas 12:50).

    O Batismo Representa Os Sofrimentos De Cristo, Nossa Salvao E Unio Com Ele

    Um dos objetivos do Batismo representar os sofrimentos de Cristo e nosso sofrimento

    com Ele. Isso demonstrado vividamente pela imerso na gua. Assim, quando os santos

    expressam suas aflies eles se colocam em profundezas ou em guas profundas, como

    Davi no Salmo 130: Das profundezas a ti clamo, SENHOR, expressando suas profundas

    aflies. Deus diz em Isaas 43:2: Quando passares pelas guas estarei contigo, e quando

    pelos rios, eles no te submergiro. Portanto, o crente deve ser submerso e imergido por

    completo em gua para mostrar que agora ele est decidido a levar a cruz de Cristo e

    sofrer. No apenas isso, mas ao sair da gua, sendo levantado pelas mos do ministro, ele

    mostra que as almas que creem so salvas e libertas de todas as suas aflies, como no

    Salmo 34:17: Os justos clamam, e o Senhor os ouve, e os livra de todas as suas angstias.

    Isso Retrata Nossa Salvao Completa E Total

    Isto um sinal ou representa nossa salvao: [...] se salvaram pela gua; que tambm,

    como uma verdadeira figura, agora vos salva (1 Pedro 3:20-21), e quem crer e for batizado

    ser salvo (Marcos 16:16). Assim como o Batismo representa e confirma nossos sofrimen-

    tos e aflies com Cristo, representa tambm nossa salvao e libertao de todas elas.

    De um lado, a imerso e submerso do crente na gua, de outro, o ressurgir do crente.

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    CAPTULO TRS

    Batismo Em Nome Da Santa Trindade

    Ou

    Em Nome De Quem O Batismo Deve Ser Administrado?

    Qual terceiro fundamento da ordenana do Batismo e o que se entende por Em nome do

    Pai, e do Filho, e do Esprito Santo?

    A ordem que o ministro deve imergir o crente em nome do Pai, Filho e Esprito Santo. Is-

    so que o Senhor Jesus ordena essencial a este sacramento.

    A Trindade Se Faz Conhecida Por Seus Nomes

    O Pai, Filho, e Esprito se fazem conhecer pelo mesmo modo que o homem: atravs do

    nome. Isso est aqui subentendido. Pelos nomes Pai, Filho, e Esprito Santo, sabemos que

    o Evangelho anuncia um nico Deus em trs Pessoas distintas. O Evangelho descreve

    esse Deus como o motivo de nossa f: Disse-lhe, porm, o Senhor: Vai, porque este

    para mim um vaso escolhido, para levar o meu nome diante dos gentios, e dos reis e dos

    filhos de Israel. E eu lhe mostrarei quanto deve padecer pelo meu nome (Atos 9:15-16).

    O Nome O Torna Conhecido

    Na Comisso deve-se entender por nome, o mistrio Divino do Evangelho atravs do qual

    Deus revelado e feito conhecido.

    O Nome Pai E Suas Particularidades

    O Evangelho mostra como o Pai se revela de maneira diferente do Filho e do Esprito, da

    seguinte forma:

    Primeiro, ao ordenar o Filho [nosso sacerdote e sacrifcio] (1 Pedro 1:18-19).

    Segundo, ao escolher e eleger o Filho (Isaas 28:16; 1 Pedro 2:5).

    Terceiro, ao prometer o Filho (Isaas 9:6).

    Quarto, ao enviar o Filho (Glatas 4:4; Joo 3:16).

    Quinto, ao colocar sobre o Filho todas as nossas iniquidades,

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    Sexto, ao esmagar o Filho e coloc-lO no tmulo (Isaas 53).

    Stimo, ao justificar e aceitar livremente aqueles que creem no Filho.

    Atravs disso, entendemos o nome Pai.

    O Nome Filho E Suas Particularidades

    Pelo nome Filho, entendemos:

    Primeiro, que atravs desse nome que Ele se faz conhecido aos filhos e filhas

    dos homens, como vindo em carne (Hebreus 2:14; Romanos 9:5; 1:3).

    Segundo, Ele cumpriu a lei para morrer como o nico Justo, e como cordeiro sem

    mancha.

    Terceiro, Ele fez de Sua alma um sacrifcio pelos pecados; um sacrifcio perfeito

    pelos pecados e transgresses de Seu povo (Hebreus 10:12-14; e Isaas 53).

    Quarto, Ele no apenas morreu por nossos pecados, mas ressuscitou para nossa

    justificao (Romanos 4:25).

    Quinto, Ele ascendeu ao Cu.

    Sexto, Ele intercede por ns (Hebreus 2:25).

    Stimo, Ele derrama o Esprito e d dons aos homens (Zacarias 12:10; Efsios

    4:10-12).

    Em tudo isso o Filho se faz conhecido por Seu prprio nome.

    O Nome Esprito E Suas Particularidades

    Por ltimo, o Esprito se faz conhecer no Evangelho como Aquele que:

    Primeiro, convence o mundo do pecado (Joo 16:8) e atormenta o corao dos

    homens com um senso de pecado, e da ira de Deus por causa do pecado (Atos 2:37).

    Segundo, Ele revela o Pai, o Filho e os grandes mistrios do Evangelho alma de

    pobres pecadores convictos. Cristo diz: Mas, quando vier aquele Esprito de verdade, ele

    vos guiar em toda a verdade [...] Ele me glorificar (Joo 16:13-14). Nenhum homem

    entende as coisas do homem, a no ser o esprito que nele est (1 Corntios 2:11). Da

    mesma maneira, nenhum deve ou pode entender as coisas de Deus [por si mesmo], seno

    pelo Esprito de Deus (1 Corntios 2:9-10).

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    Terceiro, o Esprito no apenas revela a misria do homem e seu estado de

    perdio por causa do pecado, mas revela tambm o remdio que repousa no grande amor

    de Deus em Cristo (como j mencionado) e produz em seu corao a verdadeira f e arre-

    pendimento, tornando o corao disposto obedincia.

    Esta a obra ou ofcio do Esprito, pelo qual Ele se faz conhecido.

    O Crente Manifesta Estas Verdades Ao Ministro

    Uma alma deve ser batizada quando vier ao pregador e a ele fizer saber que o Esprito a

    convenceu de seu estado perdido e condenvel devido ao pecado; e que o mesmo Esprito

    lhe revelou o grande amor de Deus o Pai atravs do dom de Cristo, a propiciao por seus

    pecados e que morreu pelo pior dos pecadores; e que acredita nisso, e que tem seu corao

    transformado de uma conduta pecaminosa para renovada obedincia. Pois ningum pode

    declarar ao ministro ter verdadeiramente se convertido, a no ser atravs do conhecimento

    da obra do Pai, Filho e Esprito.

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    CAPTULO QUATRO

    Quem Pode Ser Batizado

    Em quarto lugar, consideraremos sobre quem deve ser batizado. Aquele que pode ser

    batizado algum que foi ensinado, Portanto ide, fazei discpulos de todas as naes,

    batizando-os (Mateus 28:19). Arrependei-vos, e cada um de vs seja batizado (Atos

    2:38), ensinando que a pessoa a ser batizada deve ter aprendido e se arrependido.

    A principal questo sempre me pareceu ser quem pode estar sujeito ao Batismo, ou quem

    deve ser batizado, portanto, insistirei nesse ponto. Esforar-me-ei para tornar claro que esta

    pessoa deve ser crente, uma pessoa arrependida, como vemos em Marcos 16:15-16: E

    disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for

    batizado ser salvo; mas quem no crer ser condenado.

    F E Arrependimento Vm Antes Do Batismo

    Antes do Batismo, deve-se crer no Evangelho: Portanto ide, fazei discpulos de todas as

    naes, batizando-os (Mateus 28:19). Batizando quem? Aqueles que foram ensinados, ou,

    feitos discpulos atravs do ensino. No texto, vemos que depois de Cristo ter derramado o

    Esprito sobre os discpulos, e depois dos judeus terem sido convertidos, Pedro ordena a

    todos (com autoridade que recebera do Cu) a serem batizados, ou seja, imergidos:

    Arrependei-vos, e cada um de vs seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdo

    dos pecados. De maneira semelhante, voc poder notar que Pedro ordena Cornlio e sua

    famlia a serem batizados (Atos 10:48). Aqui ele diz aos seis irmos que estavam com ele:

    ode algum porventura recusar a gua, para que no sejam batizados estes, que tambm

    receberam como ns o Esprito Santo?.

    Pedro Batizou Sendo Um Apstolo Extraordinrio Com Autoridade Especial

    Atravs da notvel autoridade que recebeu do Cu, Pedro ordenou que fossem batizados

    em nome do Senhor Jesus.

    Ananias Batizado De Maneira Especial

    Ento encontramos Ananias que, de modo especial, foi enviado ao apstolo Paulo em sua

    converso f (Atos 22:16). Aqui Ananias tambm, pela autoridade recebida de Cristo, diz:

    E agora por que te detns? Levanta-te, e batiza-te, e lava os teus pecados, invocando o

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    nome do Senhor. Aqui, voc pode ver a ordem expressa de Deus ordenando-o (aps sua

    converso) a ser batizado.

    A Sucesso Do Batismo

    Deus ordenou aos Seus ministros a batizarem, ou seja, imergirem apenas os crentes. Seus

    ministros (por mrito da autoridade dada por Ele mesmo) deixaram claro que apenas os

    discpulos devem ser batizados. Observamos que eles faziam dessa maneira, e dessa

    maneira apenas, batizavam aqueles que creram e se arrependeram: E com muitas outras

    palavras isto testificava, e os exortava, dizendo: Salvai-vos desta gerao perversa. De sor-

    te que foram batizados os que de bom grado receberam a sua palavra; e naquele dia agre-

    garam-se quase trs mil almas, e perseveravam na doutrina dos apstolos, e na comunho,

    e no partir do po, e nas oraes (Atos 2:40-42).

    A Prtica Apostlica : Primeiro A Converso, Depois O Batismo

    Observe a prtica dos apstolos, que eram guiados pelos dons infalveis do Esprito.

    Primeiro, eles faziam discpulos, depois, eles os batizavam.

    Da mesma maneira, voc encontrar em Atos 8:12-13 que Filipe estava pregando ao povo

    de Samaria, e que muitos creram e foram batizados (ele estava pregando as coisas acerca

    do Reino de Deus e do nome de Jesus Cristo): Mas, como cressem em Filipe, que lhes

    pregava acerca do reino de Deus, e do nome de Jesus Cristo, se batizavam, tanto homens

    como mulheres. E creu at o prprio Simo; e, sendo batizado, ficou de contnuo com Filipe;

    e, vendo os sinais e as grandes maravilhas que se faziam, estava atnito. Este o percurso

    dos mensageiros de Cristo que foram por Ele enviados.

    Batizados Em Nome Do Pai, Filho E Esprito Santo

    A Abrangncia Do Nome De Jesus

    Primeiro, os homens eram convertidos pela pregao e depois batizados em nome do Pai,

    Filho e Esprito Santo, ou em nome do Senhor Jesus. O nome Pai e Esprito esto inclu-

    sos quando se menciona apenas o nome de Jesus. Portanto, podemos encontrar, no mes-

    mo captulo, que Filipe (pelo Esprito do Senhor) foi direcionado ao Eunuco, pertencente

    Candace, rainha dos etopes; encarregado de todo seu tesouro; que esteve em Jerusalm

    para adorar e retornava lendo o profeta Isaas. Filipe correu para a carruagem. Depois de

    terem conversado sobre o significado da Escritura, pregou a ele sobre Jesus (Atos 8:32).

    E, indo eles caminhando, chegaram ao p de alguma gua, e disse o eunuco: Eis aqui

    gua; que impede que eu seja batizado? E disse Filipe: lcito, se crs de todo o corao.

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    E, respondendo ele, disse: Creio que Jesus Cristo o Filho de Deus Implicando que

    no lcito um homem que no cr ser batizado E mandou parar o carro, e desceram

    ambos gua, tanto Filipe como o eunuco, e o batizou. E, quando saram da gua, o Es-

    prito do Senhor arrebatou a Filipe, e no o viu mais o eunuco; e, jubiloso, continuou o seu

    caminho (Atos 8:36-39).

    O Cristo Deve Se Oferecer Ao Batismo

    Nessa passagem, observe que Filipe pregou Cristo a esse homem. Antes de descerem

    gua o Eunuco perguntou: o que me impede? dever daquele que cr se oferecer para

    o Batismo. No h empecilho ou impedimento ordenana do Batismo, exceto a increduli-

    dade. Filipe disse: 'Voc pode, se cr de todo o corao (ou seja, a palavra pode mais

    bem lida como lcito) ensinando claramente que no licito serem batizados os que no

    creem, sejam jovens ou velhos.

    O Batismo De Famlias No Prova De Batismo Infantil

    Voc encontrar [na Escritura] vrias famlias que foram batizadas aps terem se conver-

    tido, sobre as quais muitos dizem (pela ignorncia e falta de entendimento da Escritura)

    que tinham bebs. Mas, para impedir o erro na mente daqueles que assim pensam, provarei

    que estas famlias eram todas convertidas f no Evangelho.

    Ldia E Sua Famlia

    E uma certa mulher, chamada Ldia, vendedora de prpura, da cidade de Tiatira, e que

    servia a Deus, nos ouvia, e o Senhor lhe abriu o corao para que estivesse atenta ao que

    Paulo dizia. E, depois que foi batizada, ela e a sua casa, nos rogou, dizendo: Se haveis

    julgado que eu seja fiel ao Senhor, entrai em minha casa, e ficai ali. E nos constrangeu a

    isso (Atos 16:14-15).

    O texto menciona que apenas Ldia foi convertida. No h relato de que sua famlia tambm

    se converteu, apenas que os de sua casa foram batizados. Porm, o ltimo versculo diz:

    E, saindo da priso, entraram em casa de Ldia e, vendo os irmos, os confortaram, e

    depois partiram [Atos 16:40]. Aqui vemos claramente que a casa de Ldia8 consistia de

    irmos que eram capazes de serem visitados e confortados por Paulo e Silas, tanto quanto

    Ldia, em cujo lar estiveram.

    [8] Nota do tradutor: ainda que alguns possam contra argumentar que ali estavam outros irmos que no pertenciam famlia de Ldia, o texto no menciona que nesta famlia havia infantes. Portanto, sob esse aspecto, a passagem no pode ser usada nem a favor nem contra o pedobatismo. Veja o comentrio de John Gill no apndice.

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    O Carcereiro E Sua Famlia

    Tambm no mesmo captulo, mencionado o carcereiro e sua famlia, e que foram todos

    batizados. Nos versculos 31 a 34, pode-se verificar que [Paulo e Silas] pregaram a Palavra

    de Deus para ele e todos de sua casa. Ento, levando-os para a sua prpria casa, lhes

    ps a mesa; e, com todos os seus, manifestava grande alegria, por terem crido em Deus.

    Est claro que toda a casa do carcereiro ouviu a Palavra de Deus e creu, e se alegrou

    juntamente com ele. Todos foram batizados. Isto uma prova clara de que ouvindo o

    Evangelho, e crendo, desejaram ser batizados.

    Estfanas E Sua Famlia

    O mesmo ocorre na casa de Estfanas, comparando 1 Corntios 1:16 com o captulo 16 e

    versculo 15 e 16 da mesma epstola, em que dito que Paulo batizou a casa de Estfanas

    e que Agora vos rogo, irmos (sabeis que a famlia de Estfanas as primcias da Acaia,

    e que se tem dedicado ao ministrio dos santos), que tambm vos sujeiteis aos tais, e a

    todo aquele que auxilia na obra e trabalha.

    Paulo afirma que eles foram as primcias da Acaia. Eles eram ministros. Eles se entrega-

    ram para servir aos Santos. Eles trabalharam. A igreja deveria se submeter a eles. Portanto,

    eles no eram bebs, ou pequenos infantes, mas cristos convertidos, crentes; pessoas

    arrependidas.

    Crispo E Sua Famlia

    Para maior clareza da matria: Crispo, principal da sinagoga, creu no Senhor com toda a

    sua casa; e muitos dos corntios, ouvindo-o, creram e foram batizados (Atos 18:8).

    Batismo De Famlias

    Podemos ver, ento, os claros exemplos que temos para confirmar qual o modo pelo qual

    os apstolos tanto ensinaram como praticaram o Batismo, de acordo com a grande

    Comisso dada do cu pela autoridade de Cristo:

    Para pregar o Evangelho a toda criatura,

    Para que, aqueles que cressem e fossem batizados, fossem tambm salvos;

    E para que fizessem discpulos atravs do ensino,

    Imergindo-os em nome do Pai, Filho e Esprito Santo.

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    Com tudo isso, vemos ambos: a ordenana e abundantes exemplos de Batismo de crentes,

    mas nenhum fundamento, nem mesmo sombra, para asperso de infantes.

    A Asperso De Infantes Um dolo Da Inveno Humana

    Agora, a propsito, digo quo triste isto, que tantas pessoas (por costume e tradio) se

    precipitem nessa inveno da idolatria humana.

    A Negligncia No Batismo

    A solene ordenana do Batismo repousa sobre o dever da lei expressa de Cristo a todos

    os que creem. Os mpios desprezam e condenam este sacramento como se fossem inimi-

    gos do mesmo. Que tais almas saibam que, como Cristo Rei, assim esta uma de Suas

    leis e uma ordenana fundamental do Evangelho pelo qual Ele chama todos os crentes e

    penitentes obedincia. E que as almas tementes a Deus tenham isso guardado em seus

    coraes.

    Um dolo Ocupa O Lugar Do Batismo

    Por centenas de anos, o Batismo deixou de ser pregado e praticado por aqueles que se

    julgam bons. E isto torna o fato ainda mais triste e lamentvel: que no lugar desta preciosa

    ordenana de Deus (que Cristo confirmou com seu sangue) fizeram um dolo para si, a

    saber, a asperso de crianas.

    Sem dvida, se h dolos nesse mundo, adorados e estabelecidos entre os homens, este

    um deles, que consiste ou na adorao de um falso deus, ou na adorao errada ao Deus

    verdadeiro.

    Embora no seja um dolo do primeiro tipo, , sem dvida, um dolo do segundo tipo, visto

    ter sido estabelecido pela inveno humana em lugar da solene ordenana de Deus. Este

    um pecado pelo qual Deus afligiu o povo em Levtico 10:1-2. Ele se parece com o verda-

    deiro Batismo e se coloca no lugar deste, mas de fato no o , por tudo que j foi men-

    cionado:

    administrado por falsos ministros; ignorantes acerca da natureza desta ordenana;

    Por asperso e no imerso;

    s crianas incrdulas e no homens e mulheres que creram.

    E tudo isso feito em nome de coisas quaisquer.

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    Ao passo que comisso ensina que os verdadeiros ministros devem imergir homens e

    mulheres crentes, em nome do Pai, Filho e Esprito Santo. De maneira que no h nada

    que Deus tenha ordenado no Batismo de crianas, ou seja:

    O ministro no legtimo.

    O sujeito no legtimo.

    A forma incorreta.

    E tambm o nome em quem batizam no legtimo.

    Que toda alma julgue com seriedade se Deus pode aceitar aquilo que nada tem a ver com

    Sua prpria ordenana, mas que, ao contrrio em cada detalhe lhe contrria.

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    CAPTULO CINCO

    O Fundamento do Batismo Infantil

    Os papistas defendem que a ordenana do Batismo transmite graa atravs da obra reali-

    zada. Isto frequentemente rejeitado por todos os autores protestantes, e, portanto, julgo

    no ser digno de ateno esse erro grotesco.

    Mas sabendo que a principal controvrsia sobre quem pode ser batizado (se infantes ou

    crentes), devo concluir que a administrao do Batismo a crianas corrompe os princpios

    j citados. Trataremos agora do principal argumento (ou fundamento) dos que defendem o

    pedobatismo (exceto os papistas), que :

    Embora no haja mandamento ou exemplo de Batismo infantil [na Escritura], essa

    prtica uma consequncia da Aliana de Vida feita com os crentes e sua descen-

    dncia, sendo que, desse modo, o rito da Aliana tambm pertence a eles.

    Resposta

    A Aliana de Vida no feita com a descendncia dos crentes; portanto, o Batismo infantil

    uma consequncia errada de um pensamento errado.

    Isso Se Ope s Leis E Aos Mandamentos Do Novo Testamento

    Quaisquer concluses que os homens tirem da Escritura, que contradigam os claros man-

    damentos de Deus, no podem ser de Deus; tais concluses so (de acordo com a prpria

    Palavra) de Satans, ou na melhor das hipteses, do corao do homem.

    Rogo que voc observe seriamente que o Batismo de crentes a ordenana solene do

    Novo Testamento. A ela se unem muitos outros mandamentos, alm de ser encorajada com

    a promessa de remisso de pecados e salvao.

    [Portanto, se afirmarmos que o Batismo infantil uma consequncia de alguma interpreta-

    o do Antigo Testamento, essa interpretao falsa, pois contradiz o Novo Testamento,

    que estabelece o Batismo de crentes].

    Argumento

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    Ningum que conclua algo contrrio a esta solene ordenana, pode ser de Deus. Deus no

    contradiz a si mesmo nem a Seus mandamentos.

    Exemplo

    Quando Cristo comeou a ensinar a Seus discpulos que o Filho do Homem deveria padecer

    muitas coisas e ser rejeitado pelos ancios, pelo sumo sacerdote e pelos escribas; e ser

    morto; e ressuscitar no terceiro dia; Ele disse isso abertamente. Pedro comeou a reprova-

    lO, mas Jesus o repreendeu, dizendo: Arreda, Satans. Donde observamos:

    Qualquer concluso ou argumento que os homens usem para se opor ao dever, ou impedir

    que o cumpram os servos de Deus, (usando a Escritura como pretexto), devemos rejeitar

    e dizer: para trs de mim, Satans. Isto uma ofensa!

    Cristo afirma claramente que argumentos e persuases que deturpam os deveres da orde-

    nana de Deus, so do diabo.

    Portanto, todos estes livros e argumentos criados para defender o Batismo de crianas,

    esto fundamentados nessa falsa concluso. Eles se opem ao dever que : toda pessoa

    que cr e se arrepende deve ser batizada.

    Todos Os Sermes, Argumentos E Livros Que Defendem

    O Batismo Infantil No So De Deus

    A tendncia desses opor-se prtica do Batismo do crente e impedi-la. Digo deles o

    mesmo que Cristo disse. Eles no so de Deus. Deixo o exposto acima para que voc ava-

    lie se o Batismo ou no uma prtica legtima.

    Em seguida, examinaremos tanto a prtica quanto os fundamentos dos quais deriva.

    A Aliana Da Circunciso

    O fundamento do Batismo infantil que a Aliana da Graa pertence aos filhos dos crentes.

    Consequentemente, o Batismo, sendo um sinal dessa Aliana, tambm deve ser adminis-

    trado aos filhos dos crentes. Alega-se que isso se baseia na Aliana da Circunciso, a Alian-

    a que pertencia a Abrao e sua descendncia (Gnesis 17:7-14).

    Os Crentes Gentios E Sua Descendncia

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    Da se conclui que a Aliana da Graa, ou seja, de Vida Eterna, pertence tanto aos crentes

    como semente nascida de seus corpos. O argumento de todos estes (exceto os papistas)

    que defendem a efuso ou asperso de crianas :

    O Pacto que Deus fez com Abrao, pertencia tambm aos seus filhos, portanto, a circun-

    ciso, o sinal dessa Aliana, tambm pertencia sua posteridade. De igual modo, a Nova

    Aliana agora pertence aos crentes (gentios) e sua descendncia. Assim, o Batismo, sendo

    um sinal dessa Aliana, tambm deve ser administrado a eles e sua posteridade.

    Este Erro Destri O Evangelho

    Provaremos que esse fundamento (de onde se segue o Batismo infantil) est longe de ser

    verdadeiro; mas, ao contrrio, um erro tal, que, se mantido, abala todo o Evangelho.

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    CAPTULO SEIS

    A Escritura Estabelece Duas Alianas

    Nesse e nos prximos captulos:

    Primeiro, mostrarei que a Escritura estabelece duas alianas, uma, a Aliana da

    Graa, e outra, a Aliana de Obras. Uma aliana incondicional, outra uma aliana condici-

    onal.

    Em seguida, provarei que a Aliana da Circunciso no era uma Aliana de Vida

    Eterna, mas uma aliana condicional, uma Aliana de Obras.

    Somente Os Cristos Tm Direito Aliana Da Graa

    Terceiro, provarei que ningum, exceto os crentes, teve ou ter direito Aliana da

    Graa.

    Uma Resposta queles Que Alegam o Contrrio

    Quarto, responderei s passagens (especialmente as do Novo Testamento) geral-

    mente utilizadas como argumento em defesa da Aliana de Vida na carne.

    Duas Alianas, Uma De Obras E Outra Da Graa: A Antiga Aliana E A Nova Aliana

    A Escritura menciona duas alianas. Isso est muito claro. Uma a Aliana de Vida Eterna,

    a outra a Aliana de Obras, na qual a vida eterna no foi comunicada ou dada, como

    vemos em Jeremias 31:31-34:

    Eis que dias vm, diz o Senhor, em que farei uma aliana nova com a casa de Israel

    e com a casa de Jud. 32 No conforme a aliana que fiz com seus pais, no dia em

    que os tomei pela mo, para os tirar da terra do Egito; porque eles invalidaram a minha

    aliana apesar de eu os haver desposado, diz o Senhor. 33 Mas esta a aliana que

    farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei a minha lei no

    seu interior, e a escreverei no seu corao; e eu serei o seu Deus e eles sero o meu

    povo. 34 E no ensinar mais cada um a seu prximo, nem cada um a seu irmo,

    dizendo: Conhecei ao Senhor; porque todos me conhecero, desde o menor at ao

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    maior deles, diz o Senhor; porque lhes perdoarei a sua maldade, e nunca mais me

    lembrarei dos seus pecados.

    Observem nessa passagem as duas alianas, a Antiga e a Nova. Tambm h meno de

    duas alianas no oitavo captulo de Hebreus. Ali voc encontrar as mesmas palavras, e

    ficar claro que Jesus o ministro da Nova Aliana, nos versculos 6 e 7:

    Mas agora alcanou ele ministrio tanto mais excelente, quanto mediador de uma

    melhor aliana que est confirmada em melhores promessas. 7 Porque, se aquela

    primeira fora irrepreensvel, nunca se teria buscado lugar para a segunda.

    Jesus Cristo Quem Administra A Nova Aliana

    Jesus Cristo mantm a Si mesmo singular Ministro da Nova Aliana, sendo a Igreja com-

    posta por todos aqueles que esto nEle, o Israel de Deus, a descendncia de Abrao. Se

    voc est em Cristo ento voc descendente e herdeiro de Abrao conforme a promessa

    (Glatas 3:29 [veja todo o captulo]). Aqueles que esto em Cristo agora fazem parte desta

    Aliana. Em Hebreus 8:13 vemos que a outra Aliana era meramente uma Aliana de

    Obras, sobre a qual dito que envelheceu.

    A Velha Aliana Desapareceu

    Est escrito que a velha Aliana, de Obras, foi vlida para a descendncia segundo a carne

    de Abrao at que Cristo veio do prprio Abrao e nela ps fim. Disso temos prova em

    Hebreus 9:15-16.

    A Primeira Aliana Foi Confirmada Por Sangue De Animais;

    A Segunda, Pelo Sangue De Jesus Cristo

    A primeira foi confirmada pelo sangue de cabras e bezerros, a segunda pelo sangue de

    Cristo. Aquele que estuda a Escritura entende que de fato h duas Alianas distintas, a da

    Graa e a de Obras. Uma incondicional, a outra condicional.

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    CAPTULO SETE

    A Nova Aliana Incondicional

    Uma Aliana incondicional quando no exige que homem cumpra alguma clusula; o

    prprio Deus a cumpre: E farei com eles uma aliana eterna de no me desviar de fazer-

    lhes o bem; e porei o meu temor nos seus coraes, para que nunca se apartem de mim

    (Jeremias 32:40). Como se v, Deus se encarrega das duas partes:

    Primeiro, de no deixar nem se esquecer de Seu povo, mas fazer-lhe bem;

    Segundo, de colocar temor no corao desse povo, e ensin-lo a conhec-lO; e

    perdoar-lhe as iniquidades e de seus pecados no mais se lembrar.

    Esta Aliana No Contm Nada Mais Do Que Aquilo Que O Prprio Deus Ir Cumprir

    Porque assim diz o Senhor DEUS: Eu te farei como fizeste, que desprezaste o juramento,

    quebrando a aliana. Contudo eu me lembrarei da minha aliana, que fiz contigo nos dias

    da tua mocidade; e estabelecerei contigo uma aliana eterna (Ezequiel 16:59-60).

    O profeta no diz me lembrarei da aliana de vocs, mas da minha aliana, de modo

    que aliana de vocs aquela que foi quebrada e cujo juramento foi desprezado. Isso

    mostra claramente ser ela uma Aliana de Obras, como tambm se pode ver em Neemias

    10:29: Firmemente aderiram a seus irmos os mais nobres dentre eles, e convieram num

    antema e num juramento, de que andariam na lei de Deus, que foi dada pelo ministrio de

    Moiss, servo de Deus; e de que guardariam e cumpririam todos os mandamentos do

    Senhor nosso Senhor, e os seus juzos e os seus estatutos. Devemos discernir as duas

    Alianas, a que Deus chama de Sua, e a outra, a Aliana de Obras, a qual foi quebrada.

    A Aliana de Vida Eterna tambm nos revelada em Ezequiel 36:25-27: Ento, aspergirei9

    gua pura sobre vs, e ficareis purificados; de todas as vossas imundcias e de todos os

    vossos dolos vos purificarei. E dar-vos-ei um corao novo, e porei dentro de vs um

    esprito novo; e tirarei da vossa carne o corao de pedra, e vos darei um corao de carne.

    E porei dentro de vs o meu Esprito, e farei que andeis nos meus estatutos, e guardeis os

    meus juzos, e os observeis.

    [9] Veja comentrio de John Gill no apndice.

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    Esta Nova Aliana depende exclusivamente de Deus. Estando nela, Deus promete purificar

    de todas as vossas imundcias e de todos os vossos dolos. Ele quem tira o corao de

    pedra e d um corao de carne. Ele coloca em Seu povo Seu Esprito para que ande

    conforme Seus caminhos, chamando-o obedincia de Sua verdade. Se o homem pecar,

    Deus se compromete a perdo-lo, e a no mais se lembrar dos pecados e transgresses,

    de maneira que impossvel que a aliana seja quebrada, ou que a alma dela se extravie.10

    O Testemunho De Davi E De Isaas

    Quanto a isso, Davi mostra a benignidade da Aliana da Graa, bem como sua certeza e

    perfeio em todos os aspectos:

    Ainda que a minha casa no seja tal para com Deus, contudo estabeleceu comigo uma

    aliana eterna, que em tudo ser bem ordenado e guardado, pois toda a minha salvao e

    todo o meu prazer est nele (2 Samuel 23:5).

    Tambm o profeta Isaas convida e persuade as almas a virem a Cristo, dizendo:

    Inclinai os vossos ouvidos, e vinde a mim; ouvi, e a vossa alma viver; porque convosco

    farei uma aliana perptua, dando-vos as firmes beneficncias de Davi (Isaas 55:3).

    Davi Um Tipo De Cristo

    Ou seja: Deus certamente mostrar benignidade a todas as almas que fizerem parte desta

    Nova Aliana; de maneira alguma essa Aliana depender de condies a serem cumpri-

    das, mas apenas do Senhor, como est escrito:

    A minha benignidade lhe conservarei eu para sempre, e a minha aliana lhe ser firme, e

    conservarei para sempre a sua semente, e o seu trono como os dias do cu. Se os seus

    filhos deixarem a minha lei, e no andarem nos meus juzos, se profanarem os meus precei-

    tos, e no guardarem os meus mandamentos, ento visitarei a sua transgresso com a

    vara, e a sua iniquidade com aoites. Mas no retirarei totalmente dele a minha benignida-

    de, nem faltarei minha fidelidade. No quebrarei a minha aliana, no alterarei o que saiu

    dos meus lbios. Uma vez jurei pela minha santidade que no mentirei a Davi.

    A sua semente durar para sempre, e o seu trono, como o sol diante de mim. Ser estabe-

    lecido para sempre como a lua e como uma testemunha fiel no cu (Salmos 89:28-37).

    [10] Isso no implica que os participantes da Nova Aliana podem pecar o quanto quiserem. Veja captulos 22 e 23.

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    A Aliana De Vida Eterna Feita Com Cristo E Sua Descendncia Espiritual

    Davi e sua descendncia eram tipos desta aliana que garantida a todos aqueles com

    quem uma vez foi feita. A isto alude o autor de Hebreus quando diz:

    Por isso, querendo Deus mostrar mais abundantemente a imutabilidade d