a batalha final - rick joyner

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A Batalha Final

A Batalha Final

Rick Joyner

ISBN: 85-85685-18-2

Ttulo original em ingls: The Final Quest

Traduo: Milton Azevedo Andrade

Reviso: Vitoria Silva Wanderley

Os textos bblicos citados esto conforme a verso Almeida, Revista e Atualizada, 2 Edio, da Sociedade Bblica do Brasil.

As notas foram feitas pelos editores no Brasil.

1 edio brasileira: Outubro de 1999.

2a edio brasileira: Julho de 2000.

Filiado a: abec - Associao Brasileira de Editores Cristos

Publicado por: Danprewan Editora e Comunicaes Evanglicas Ltda.

A seqncia desta viso apresentada no livro: O Chamado para a batalha final, publicado por esta mesma editora.ndice

3Agradecimentos:

4Introduo

8Parte I As hordas do inferno esto em marcha

19Parte II A montanha santa

28Parte III O retorno das guias

38Parte IV O trono branco

60Parte V Os vencedores

77Notas

Agradecimentos:

Agradeo especialmente equipe editorial por todo o rduo trabalho e pelas longas horas que dedicaram a este livro para que ele pudesse ser publicado: Dianne Thomas, Julie Joyner, Steve Thompson, Trisha Doran, Becky Chaille, Terri Herrera e Felicia Hemphill.

Introduo

No incio do ano de 1995 o Senhor me deu um sonho, que foi o primeiro de muitas experincias profticas que se interligaram. Publiquei uma verso condensada do primeiro sonho em The Morning Star Prophetic Bulletin e em The Morning Star Journal, sob o ttulo de As Hordas do Inferno Esto em Marcha. Continuando a buscar o Senhor por causa dessa grande batalha espiritual que eu tinha visto, tive uma srie de vises e de experincias profticas que a ela se relacionavam. Publiquei verses condensadas das mesmas em The Morning Star Journal, que saram com o ttulo As Hordas do Inferno Esto em Marcha, Partes II e III.

Esta srie tornou-se provavelmente a obra mais popular que publicamos at hoje. Recebemos uma enxurrada de pedidos para que as trs partes fossem publicadas num s livro. Tomei o propsito de faz-lo e dediquei-me a completar tudo o que tinha sido deixado de lado nas verses condensadas. Entretanto, bem na hora em que eu estava para entregar todo o material para o nosso departamento editorial, tive uma outra experincia proftica que obviamente se relacionava com esta viso e que continha o que eu senti ser a parte mais importante de tudo. Ela foi includa no que veio a ser as Partes IV e V deste livro (alguma coisa da Parte IV chegou a ser publicada na Parte III em The Journal). H ainda um considervel material neste livro, nas suas primeiras trs partes, que no havia sido anteriormente publicado.

Como Foi Que Eu Recebi a Viso

Uma das perguntas mais comuns que me fazem sobre as vises refere-se a como eu as recebi. Creio ser esta uma pergunta importante, e, portanto, vou tentar respond-la aqui com poucas palavras. Primeiro, tenho de explicar o que quero dizer com vises e com "experincias profticas".

Experincias Profticas, como as chamo, so numerosas e diversas. Elas incluem todos os modos primrios pelos quais o Senhor falou ao seu povo nas Escrituras. Por ser o Senhor o mesmo no dia de hoje, tal como ele era no dia de ontem, ele nunca deixou de relacionar-se com o seu povo atravs das mesmas maneiras, e essas experincias continuam a ser vistas por todo o desenrolar da histria da igreja. Como o apstolo Pedro explicou em seu sermo registrado em Atos captulo 2, sonhos, vises e profecias so sinais importantes que ocorreriam nos ltimos dias, e que tambm ocorreria o derramar do Esprito Santo. Como obviamente estamos aproximando-nos do final desta era, tudo isso est se tornando cada vez mais comum em nosso tempo.

Uma razo por que estas coisas esto se tornando assim to freqentes agora porque vamos necessitar delas para realizar os nossos propsitos nestes tempos. tambm verdade que Satans, que infelizmente conhece as Escrituras mais do que muitos cristos, sabe da importncia da revelao proftica no relacionamento de Deus com o seu povo, e ele est ento pondo seus dons de contrafao em grande medida naqueles que lhe servem. Entretanto, no haveria falsificao se no houvesse uma realidade genuna, assim como no existe uma nota de trs dlares falsa simplesmente porque no existe uma verdadeira desse valor.

Logo depois de me tornar cristo, em 1972, li essa passagem de Atos 2 e compreendi que se estes so os dias finais, seria importante compreender os modos pelos quais o Senhor estaria falando conosco. No me lembro de ter orado a princpio para que eu mesmo tivesse essas experincias, mas de fato comecei a t-las, o que me deu at mesmo uma vontade maior de compreend-las.

Desde ento tenho tido perodos em minha vida em que elas so bastante freqentes. Tambm passei por fases em que no tive nenhuma dessas experincias. Entretanto, depois do perodo em que no as tive, elas retornaram, e cada vez mais poderosas, ou muito mais freqentes. Ultimamente elas tm sido assim: poderosas e freqentes. Atravs de tudo isso aprendi bastante sobre os dons profticos, sobre experincias e pessoas de profecia, o que vou abordar com mais detalhes num livro a ser lanado em breve.

H muitos nveis na revelao proftica. Os nveis iniciais incluem "impresses" profticas. Estas so revelaes genunas. Elas podem ser extraordinariamente especficas e precisas quando interpretadas por aqueles que tm experincia e que so sensveis a elas. Entretanto, neste nvel que as nossas "revelaes" podem ser afetadas por nossos prprios sentimentos, por nossos preconceitos e por nossas doutrinas. Resolvi assim no usar expresses tais como "assim disse o Senhor" com respeito a qualquer revelao que tenha vindo neste nvel.

Vises podem vir tambm no nvel de "impresses". Elas so brandas, e tm de ser vistas com "os olhos do corao". Estas, tambm, podem ser bastante especficas e precisas, especialmente quando recebidas e/ou interpretadas por aqueles que tm mais experincia. Quanto mais "os olhos do corao" estiverem abertos, como Paulo orou em Efsios 1:18, mais poderosas e teis elas podero ser.

O nvel seguinte de revelao um consciente senso da presena do Senhor, ou da uno do Esprito Santo, que d uma luz especial nossa mente. Isso vem com freqncia quando estou escrevendo, ou falando, e me d uma confiana muito maior quanto importncia ou preciso do que estou dizendo. Creio que isso foi provavelmente o que os apstolos experimentaram quando escreveram as epstolas do Novo Testamento. Isso nos d uma grande confiana, mas ainda um nvel em que podemos ser influenciados pelos nossos preconceitos, por nossas doutrinas, etc. Creio ser por isso que, em certas questes, Paulo disse estar dando a sua opinio, mas que ele pensava ter (a concordncia de) o Esprito do Senhor. Em geral, h muito mais necessidade de humildade do que de dogmatismo quando tratamos de questes profticas.

"Vises abertas" ocorrem num nvel mais elevado do que impresses; elas normalmente nos do mais clareza do que quando estamos at mesmo sentindo a presena do Senhor, ou a uno. Vises abertas so externas, e so vistas com a clareza de um filme projetado numa tela. Por no poderem ser controladas por ns, creio haver bem menos possibilidade de interferncia nas revelaes que vm desse modo.

Um nvel mais alto de experincia proftica uma viso, tal como Pedro teve quando ele primeiro foi instrudo a ir casa de Cornlio e pregar o evangelho aos gentios pela primeira vez, e como Paulo teve quando orou no templo, em Atos 22. Vises eram uma experincia comum dos profetas bblicos. Elas so como um sonho, contudo se est acordado. Em vez de simplesmente ver uma "tela", tal como numa viso aberta, a pessoa sente-se como se estivesse no filme, como se, de algum modo, estivesse participando do que est acontecendo. Revelaes podem variar, desde aquelas que so um tanto leves, de forma que a pessoa permanece ainda consciente das coisas que fisicamente acontecem ao seu redor, e at mesmo pode interagir com elas, quelas em que a pessoa se sente como literalmente estando no lugar em que se passa a viso. Isso parece ser o que Ezequiel experimentou com certa freqncia, e pelo que Joo provavelmente passou quando teve as vises registradas no livro do Apocalipse.

As revelaes contidas neste livro comearam todas com um sonho. Alguns deles vieram sob uma forte sensao da presena do Senhor, mas a sua maioria esmagadora foi recebida em arrebatamento de algum nvel. Na maioria das vezes eu tinha conscincia do que se passava ao meu redor, e podia inclusive interagir com o que acontecia, como por exemplo atender o telefone. Quando eles eram interrompidos, ou quando as coisas ficavam to intensas que eu tinha que me levantar e caminhar um pouco, ao me sentar de volta eu entrava exatamente no ponto em que estava no momento da interrupo. Uma vez a experincia tornou-se to forte que tive que me levantar e deixar a cabana na montanha onde costumo ir para buscar o Senhor, peguei o carro e fui para casa. Uma semana depois voltei para l e quase imediatamente eu estava de volta ao ponto em que tinha interrompido.

No sei como "iniciar" essas experincias, mas quase sempre tive a liberdade de "deslig-las" quando quisesse, tal como se desliga um rdio. Por duas vezes grandes pores dessas vises vieram em momentos que considerei serem muito inconvenientes, quando eu tinha ido minha cabana para fazer um trabalho que tinha um prazo certo para concluir. Por duas vezes o nosso Journal teve que sair com atraso por causa disso, e o ltimo livro que lancei eu esperava termin-lo uns meses antes. Mas o Senhor parece no se preocupar com os nossos prazos!

No sonho e nos arrebatamentos tive o que considero ser dons de discernimento e de palavra de conhecimento grandemente aumentados. s vezes quando olho para uma pessoa, ou oro por uma igreja ou ministrio, simplesmente fico sabendo de coisas a respeito do que estou vendo ou orando, das quais eu no tinha conhecimento natural algum. Durante essas experincias profticas, esses dons estiveram operando num nvel que eu nunca tinha experimentado na "vida real". Isto , naquela viso eu olhava para uma diviso das hordas do mal e sabia todas as suas estratgias e capacitaes de imediato. No sei como esse conhecimento veio para mim, mas simplesmente eu sabia, e com grandes detalhes. Em alguns casos eu olhava para algo ou para algum e sabia o seu passado, o seu presente e o seu futuro, tudo imediatamente. Para economizar tempo e espao neste livro inclu esse conhecimento como um fato que aconteceu, sem entrar em explicaes sobre como foi que o recebi.

Fazendo Uso de Revelaes Profticas

Tenho que afirmar enfaticamente que no creio que qualquer tipo de revelao proftica tenha o propsito de estabelecer uma doutrina. Para isso temos as Escrituras. H duas finalidades para o que proftico. A primeira para revelar a vontade estratgica do Senhor em certas questes, tanto para o presente como para o futuro. Temos exemplos disso na viso de Paulo para ir a Macednia, e quando lhe foi dito para sair imediatamente de Jerusalm. Temos tambm casos deste tipo no ministrio de gabo. Um desses casos tinha a ver com uma fome que estava para vir sobre o mundo todo, e o outro com a ida de Paulo a Jerusalm.

Vemos, tambm, essas revelaes sendo dadas como forma de dar luz a uma doutrina que seja ensinada nas Escrituras, mas que no entendida com clareza. O caso da viso de Pedro foi de modo a trazer luz tanto a qual era a vontade do Senhor como ao correto ensinamento que as Escrituras davam (o fato dos gentios poderem receber o evangelho), coisas essas que ainda no tinham sido entendidas com clareza pela igreja.

As vises neste livro de fato contm algumas revelaes estratgicas, e elas tambm trouxeram luz a algumas das doutrinas bblicas em pontos que honestamente eu nunca tinha percebido antes, mas que agora vejo com perfeita clareza. Entretanto, as doutrinas que para mim receberam luz nessas experincias em sua maioria eu as conhecia havia muito tempo, embora no possa dizer que as tenha vivido exatamente de acordo com elas. Muitas vezes pensei na advertncia que Paulo deu a Timteo, que prestasse ateno a seus prprios ensinamentos. Muitas das palavras faladas para mim nessas experincias eu ensinei, eu mesmo, muitas vezes. Sei que deixo de praticar alguns dos meus prprios ensinamentos, no os praticando como devia e, portanto, muitos deles eu tomei como uma advertncia pessoal para mim. Mesmo assim, senti tambm que so mensagens gerais e por isso os inclu aqui.

Muitos me disseram para escrever na forma de uma alegoria, na terceira pessoa, tal como O Peregrino, mas decidi no faz-lo por vrias razes. Em primeiro lugar, senti que alguns a tomariam como sendo o resultado da minha prpria criatividade, e isso estaria totalmente errado. Bem que eu gostaria de ser criativo assim, mas no sou. Uma outra razo foi que eu senti que eu poderia ser bem mais preciso contando tudo da maneira como o recebi, e fiz o que pude para expressar essas experincias exatamente do modo como elas vieram para mim. Entretanto, considero que a minha memria em relao a detalhes uma das minhas grandes fraquezas. s vezes tive que suspeitar da minha memria quanto a certos pormenores nesta viso, e acho que voc tem toda a liberdade de fazer isso tambm. Creio que isso se d com mensagens assim. Apenas as Escrituras que tm que ser consideradas infalveis.

Oro para que o Esprito Santo o leve verdade enquanto voc estiver lendo este livro, e que separe todo joio do trigo, que porventura esteja presente.

Rick Joyner

Parte I

As hordas do inferno esto em marcha

O exrcito demonaco era to grande que se estendia at onde a minha vista alcanava. Ele tinha divises que se separavam umas das outras, cada uma das quais carregava uma bandeira diferente. As principais divises marchavam com as bandeiras do Orgulho, da Retido Prpria, da Reputao, da Ambio Pessoal, do Julgamento Injusto, e da Inveja. Havia muitas outras divises malignas como essas alm do alcance da minha viso, mas as que estavam frente dessa terrvel horda do inferno pareciam ser as mais poderosas. O lder desse exrcito era o Acusador dos Irmos em pessoa.

As armas que essa horda levava tambm tinham nomes. As espadas tinham o nome de Intimidao; as lanas tinham o nome de Traio; e as flechas tinham os nomes de Acusao, Fofoca, Calnia e Crtica. Batedores e companhias menores de demnios com nomes tais como Rejeio, Amargura, Impacincia, Falta de Perdo e Cobia eram enviados frente desse exrcito para preparar o ataque principal.

Essas companhias pequenas com batedores em menor nmero, no eram menos poderosas do que algumas das grandes divises que as seguiam. Elas eram menores apenas por razes estratgicas. Assim como Joo Batista foi um nico homem, mas com uma extraordinria uno para batizar o povo e prepar-lo para o Senhor, essas companhias demonacas menores tinham recebido extraordinrios poderes malignos para "batizar o povo". Um nico demnio da Amargura podia disseminar o seu veneno em multides de pessoas, at em raas e culturas inteiras. Um demnio da Cobia podia prender-se a um nico artista, ou a um filme, ou at mesmo a uma propaganda e enviar o que parecia ser descargas eltricas de um lodo que atingia e tornava insensvel uma grande parte das pessoas. Tudo isso era preparao para a grande horda do mal que vinha em seguida.

Esse exrcito estava marchando especificamente contra a igreja, mas ele atacava a quantos pudesse. Eu sabia que o seu propsito era esvaziar antecipadamente um mover de Deus que est para vir, que se destinar a trazer muita gente para dentro da igreja.

A estratgia principal desse exrcito era causar diviso em todo possvel nvel de relacionamento nas igrejas, umas com as outras; nas congregaes, em relao a seus pastores; entre maridos e esposas; entre filhos e pais; e at mesmo nos pequeninos, pondo-os uns contra os outros. Os batedores eram enviados para estabelecer aberturas em igrejas, em famlias e em indivduos que Rejeio, Amargura, Cobia, etc. poderiam explorar, tornando essas aberturas maiores. Ento as divises que os seguiam fluiriam atravs dessas aberturas para vencerem completamente suas vtimas.

A parte mais chocante dessa viso era que essa horda no estava montada em cavalos, mas principalmente em cristos! A maioria deles era bem vestida, respeitvel, e eles tinham a aparncia de ser refinados e educados, mas parecia haver tambm representantes de quase todos os estilos de vida. Essas pessoas professavam as verdades crists de forma a apaziguar a sua conscincia, mas elas viviam mancomunadas com os poderes das trevas. Quanto mais elas entravam em acordo com aqueles poderes, os demnios que a elas eram destacados cresciam e com maior facilidade dirigiam o que elas faziam.

Muitos desses crentes hospedavam em si mais do que um demnio, mas um deles obviamente ficava encarregado da sua vida. A natureza daquele que era o encarregado demonstrava em que diviso ele estava marchando. Embora as divises estivessem todas marchando juntas, tambm parecia que ao mesmo tempo todo o exrcito estava beira do caos. Por exemplo, os demnios do dio odiavam os outros demnios tanto quanto odiavam os cristos. Os demnios da inveja tinham inveja uns dos outros. O nico modo pelo qual os lderes dessas hordas impediam que os demnios lutassem entre si era fazer com que eles concentrassem o seu dio, a sua inveja, etc. na pessoa em que estivessem montados. Entretanto, essas pessoas com freqncia irrompiam em lutas umas contra as outras. Eu sabia pelas Escrituras, que acontecera assim com alguns dos exrcitos que tinham vindo contra Israel, e que acabaram autodestruindo-se. Quando o propsito deles contra Israel se frustrou, sua fria foi incontrolvel, e eles simplesmente passaram a lutar uns contra os outros.

Notei que os demnios estavam montados nesses cristos, mas no estavam dentro deles, como no caso de no-cristos. Era bvio que esses crentes teriam apenas que deixar de mancomunar-se com os demnios para que se libertassem deles. Por exemplo, se um cristo sobre quem um demnio da inveja estivesse montado simplesmente comeasse a duvidar da inveja, aquele demnio ficava mais fraco bem depressa. Quando isso acontecia, o demnio enfraquecido gritava e o lder da diviso mandava todos os demnios em volta daquele cristo que o atacassem, at que a amargura, etc, conseguisse montar nele de novo. Se isso no desse certo, os demnios comeavam a citar as Escrituras, de uma maneira to pervertida a ponto de justificar a amargura, as acusaes, etc.

Estava bem claro que o poder dos demnios tinha a sua raiz quase que totalmente no poder do engano, mas eles tinham enganado esses cristos at o ponto em que pudessem us-los, fazendo-os ainda pensar que estavam sendo usados por Deus. Isso acontecia porque bandeiras de Retido Prpria estavam sendo carregadas por quase todos os cristos, de forma que os que marchavam no conseguiam nem mesmo ver as bandeiras que assinalavam a verdadeira natureza dessas divises.

Ao olhar para a ltima parte, bem distante, desse exrcito, eu vi o squito do prprio Acusador. Comecei a compreender sua estratgia, e fiquei impressionado por ela ser to simples. Ele sabia que uma casa dividida no pode permanecer, e esse exrcito representava uma tentativa de trazer diviso igreja de forma tal que ela decasse completamente da graa. O que era visvel era que o nico modo pelo qual ele poderia fazer isso era usar cristos para guerrearem contra seus prprios irmos, e era por isso que quase todos os que estavam nas divises avanadas eram cristos, ou pelo menos pessoas que professavam s-lo. Cada passo que esses crentes enganados davam em obedincia ao Acusador fortalecia o poder deste sobre eles, isso fazia com que a confiana dele e de todos os seus comandantes aumentasse com o progresso do exrcito, enquanto marchava indo para a frente. Era visvel que o poder desse exrcito dependia do acordo que esses cristos faziam com os caminhos do mal.

Os Prisioneiros

Multides de outros cristos, que eram prisioneiros desse exrcito, vinham em seguida a essas primeiras divises. Todos esses estavam feridos, e eram guardados por demnios menores do Medo. Parecia haver mais prisioneiros do que demnios, no exrcito. Surpreendentemente, esses prisioneiros ainda tinham suas espadas e escudos, mas no os usavam. Era chocante ver como muitos podiam ser mantidos cativos por bem poucos pequenos demnios do Medo. Se aqueles cristos ao menos tivessem usado suas armas, eles teriam se libertado com facilidade, e provavelmente teriam feito um grande estrago em toda aquela horda maligna. Em vez disso, eles marchavam, submissos.

Por cima dos prisioneiros o cu estava preto, com abutres que se chamavam Depresso. De vez em quando um deles pousava sobre o ombro de um prisioneiro e vomitava sobre ele. O vmito era Condenao. Quando o vmito atingia um prisioneiro, ele se levantava e marchava com a postura um pouco mais erguida por algum tempo, e ento caa, bem mais fraco do que antes. De novo fiquei imaginando por que os prisioneiros simplesmente no matavam esses abutres com suas espadas, o que eles poderiam ter feito com facilidade.

Ocasionalmente os prisioneiros mais fracos tropeavam e caam. Assim que atingiam o cho, os outros prisioneiros os apunhalavam com suas espadas, depreciando-os. Ento os abutres vinham e comeavam a devorai- os que estavam cados, mesmo antes de estarem mortos. Os outros cristos prisioneiros ficavam sua volta e observavam isso concordando com o que acontecia, e at apunhalando de novo com suas espadas os que estavam cados.

Enquanto eu observava, percebi que esses prisioneiros pensavam que o vmito da Condenao era uma verdade que tinha vindo de Deus. Ento compreendi que esses prisioneiros na verdade achavam que estavam marchando no exrcito de Deus! por isso que eles no matavam os pequenos demnios do medo, nem os abutres eles pensavam que estes eram mensageiros de Deus! A escurido da nuvem de abutres dificultava esses prisioneiros de ver que tinham aceitado inocentemente tudo o que lhes acontecia como tendo vindo do Senhor. Eles achavam que os que tropeavam estavam sob o juzo de Deus, e por isso os atacavam do modo como faziam eles pensavam estar ajudando a Deus!

O nico alimento que era dado queles prisioneiros era o Vmito dos abutres. Os que se recusavam a com-lo simplesmente se enfraqueciam at que caam. Os que o comiam fortaleciam-se por algum tempo, mas com uma energia maligna. Ento eles se enfraqueciam de novo at que tomassem um pouco da gua da amargura que constantemente lhes era oferecida. Depois de beberem dessa gua eles passavam a vomitar sobre os outros. Quando um dos prisioneiros fazia isso, um demnio que estava esperando poder cavalgar montava-se sobre ele, e o dirigia para uma das divises da linha de frente.

Ainda pior do que o vmito dos abutres era um lodo repugnante que os demnios urinavam e defecavam em cima dos cristos sobre os quais cavalgavam. Esse lodo era o orgulho, a ambio pessoal, etc, conforme a natureza da sua diviso. Contudo, aquele lodo fazia com que os cristos se sentissem aliviados de todo sentimento de condenao, de forma que facilmente acreditavam que os demnios eram mensageiros de Deus, e na verdade eles pensavam que aquele lodo era uno do Esprito Santo.

Senti tal repugnncia do exrcito maligno que quis morrer. Ento a voz do Senhor veio para mim e disse:

Esse o princpio do exrcito do inimigo, do ltimo dia. Esse o engano final de Satans. Seu poder final de destruio liberado quando ele usa cristos para se atacarem entre si. Por todas as eras ele tem usado esse exrcito, mas nunca ele pde usar tantos para esse seu propsito maligno, como agora. No tenha medo. Eu tenho um exrcito tambm. Voc agora tem que se dispor a lutar, porque no h mais para onde fugir dessa guerra. Voc tem de lutar por meu reino, pela verdade, e por aqueles que foram enganados.

Esta palavra do Senhor foi to estimulante que imediatamente comecei a gritar aos cristos prisioneiros dizendo que eles estavam sendo enganados, pensando que eles me ouviriam. Quando fiz isso, pareceu-me que o exrcito inteiro virou-se e olhou para mim. O medo e a depresso que estavam sobre eles comearam a vir para mim. Permaneci ainda gritando, achando que os cristos despertariam e perceberiam o que lhes estava acontecendo, mas em vez disso muitos deles passaram a pegar suas flechas para atingir-me. Outros apenas hesitaram, como se no soubessem o que fazer com respeito a mim. Senti ento que tinha agido prematuramente, e que cometera um erro grosseiro.

A Batalha Tem Incio

Ento me voltei e vi o exrcito do Senhor a postos, atrs de mim. Havia milhares de soldados, mas eles excediam muito em nmero, impedindo qualquer possibilidade de clculo. Fiquei chocado e desanimado ao ver que parecia haver muito mais cristos sendo usados pelo maligno do que os que estavam no exrcito do Senhor. Compreendi tambm que a batalha que estava prestes a ter incio viria a ser considerada A Grande Guerra Civil Crist, porque bem poucos entenderiam os poderes que estavam por trs do iminente conflito.

Ao olhar com mais ateno o exrcito do Senhor, a situao parecia ainda mais desencorajadora. Apenas um pequeno nmero estava completamente revestido com uma armadura. Muitos deles tinham apenas uma ou duas peas da armadura; alguns no tinham nenhuma de suas peas. Um grande nmero deles j estava ferido. Aqueles que estavam com toda a armadura, entretanto, tinham em sua maioria um escudo bem pequeno e vi que no os protegeria do furioso ataque que se aproximava. Ainda para minha surpresa, a grande maioria daqueles soldados era constituda de mulheres e crianas. Bem poucos dentre os que estavam completamente armados tinham tido um adequado treinamento para usar as armas.

Por trs desse exrcito havia uma multido de homens que o seguia, semelhante aos prisioneiros que seguiam a horda maligna, mas esses homens eram muito diferentes em sua natureza. Eles sentiam-se demasiadamente felizes, como se estivessem embriagados. Estavam se distraindo com jogos, cantando canes, festejando e perambulando de um pequeno campo ao seguinte. Isso que vi fez-me lembrar de Woodstock.

Corri em direo ao exrcito do Senhor para escapar da investida que eu sabia que estaria vindo contra mim por parte da horda maligna. De todos os modos parecia que estvamos diante da ameaa de uma grande matana de nosso lado. Preocupei-me de modo especial com a multido que vinha aps o exrcito, e ento procurei elevar a minha voz mais alto do que o vozerio que havia para adverti-los de que uma batalha estava prestes a acontecer. Bem poucos foram os que me puderam ouvir. Os que me ouviram deram-me um "sinal de paz" e disseram que no acreditavam que haveria guerra, e que o Senhor no permitiria que nada de mau lhes acontecesse. Procurei explicar-lhes que o Senhor nos havia dado uma armadura porque iramos precisar dela para o que estava para acontecer, mas eles retrucaram que tinham vindo para um lugar de paz e de alegria em que nada disso poderia acontecer-lhes. Comecei a orar fervorosamente para que o Senhor aumentasse os escudos dos que estavam com a armadura, para melhor proteo daqueles que no estavam preparados para a batalha.

Ento um mensageiro veio at mim, deu-me uma trombeta e disse-me para toc-la rapidamente. Toquei-a, e os que se vestiam ao menos com alguma parte da armadura imediatamente responderam, ficando em posio de sentido. Mais armaduras lhes foram dadas das quais rapidamente eles se revestiram. Observei que aqueles que tinham ferimentos no puseram armadura alguma sobre os ferimentos, mas antes que eu pudesse dizer qualquer coisa a esse respeito, flechas do inimigo comearam a cair sobre ns. Todos os que no tinham a armadura completa feriram-se. Os que no tinham protegido seus ferimentos foram de novo atingidos nos mesmos.

Os que foram atingidos por setas de calnia imediatamente passaram a caluniar os que no tinham sido feridos. Os que foram alcanados pela flecha da fofoca comearam a fofocar, e logo uma diviso criou-se em nosso prprio campo, envolvendo a maioria das pessoas. Senti que estvamos beira de destruirmo-nos a ns mesmos, tal como alguns dos exrcitos pagos nas Escrituras tinham feito ao se levantarem para matarem-se uns ao outros. O sentimento de que estvamos indefesos era terrvel. Ento abutres desceram em ataque rapidamente sobre os feridos para captur-los com suas garras e lev-los para o campo dos prisioneiros. Os feridos ainda tinham espadas e poderiam ter abatido facilmente os abutres, mas eles no fizeram isso. O que aconteceu foi que eles se deixaram levar porque estavam muito irados diante daqueles que no estavam feridos como eles.

Depressa me lembrei da multido atrs do exrcito e corri para ver o que tinha acontecido com ela. Por impossvel que fosse, a cena entre eles estava ainda pior. Milhares estavam cados pelo cho, feridos, e gemendo. O cu sobre eles escurecera-se por causa dos abutres que os estavam levando para tornarem-se prisioneiros do inimigo. Muitos dos que no tinham sido feridos simplesmente ficaram pasmados em incredulidade, e eles tambm iam sendo facilmente levados pelos abutres. Uns poucos tinham tentado lutar contra os abutres, mas eles no tinham armas adequadas, e os abutres nem mesmo lhes deram ateno. Os feridos estavam com tanta raiva que ameaavam e afugentavam quem quer que viesse para ajud-los, mas eles eram dceis e submissos aos abutres.

Os que estavam na multido e que no tinham sido feridos, e que tinham tentado lutar contra os abutres, comearam a correr da cena de combate. Este primeiro encontro com o inimigo foi to devastador que eu fui tentado a unir-me com eles em sua luta. Ento, com rapidez impressionante alguns dos que tinham fugido comearam a reaparecer revestidos de novas e completas armaduras, segurando grandes escudos. Esse foi o primeiro lampejo de encorajamento que lembro ter tido.

Os guerreiros que estavam retornando no mais estavam com aquela postura festiva que tinham antes, mas uma nova disposio cheia de temor estava em seu lugar. Vi que eles tinham sido enganados uma vez, mas que no mais seriam facilmente enganados de novo. Eles foram tomando o lugar daqueles que tinham cado, e at mesmo formaram novos postos de combate para proteger a retaguarda e os flancos. Isso despertou um grande encorajamento em todo o exrcito de forma que comeou a surgir de novo a determinao de cada um se pr a postos e lutar. Imediatamente trs anjos enormes com os nomes de F, Esperana e Amor apareceram e se postaram por detrs do exrcito. Ao olharmos para eles, todos os nossos escudos comearam a crescer. Foi impressionante como de forma to rpida o desespero transformou-se em f. Era tambm uma f slida, moderada pela experincia.

A Auto-Estrada

Agora todos tinham espadas que tinham o nome A Palavra de Deus, e flechas cujos nomes eram diferentes verdades bblicas. Ns queramos contra-atacar, mas no sabamos como no atingir os cristos sobre os quais os demnios cavalgavam. Ento veio-nos mente que se aqueles cristos fossem atingidos com a Verdade, ento eles despertariam e lutariam para se desvencilharem de seus opressores. Eu lancei algumas flechas, como tambm o fizeram alguns outros. Quase todas elas atingiram cristos. Entretanto, quando a flecha da Verdade penetrou neles, eles no despertaram, nem caram feridos eles enraiveceram-se, e os demnios montados sobre eles cresceram bastante.

Isso chocou a todos, e comeamos a sentir que aquela era uma batalha impossvel de se vencer. Mesmo assim, com F, Esperana e Amor tnhamos confiana de que poderamos pelo menos manter a nossa posio. Um outro enorme anjo, de nome Sabedoria, ento apareceu e orientou-nos para irmos montanha que estava atrs de ns para de l lutar.

Na montanha havia plataformas, em diferentes nveis, umas sobre as outras, indo a uma altura a perder de vista. A cada nvel mais elevado, as plataformas estreitavam-se, e ficava mais difcil para se posicionar. Cada nvel tinha o nome de uma verdade bblica. Os nveis mais baixos tinham nomes de verdades fundamentais, tais como "Salvao", "Santificao", "Orao", "F", etc, e os nveis mais elevados tinham o nome de verdades bblicas mais profundas. Quanto mais alto subssemos, mais os nossos escudos e as nossas espadas cresciam, e menos flechas do inimigo alcanavam nossas posies.

Um Trgico Erro

Alguns dos que haviam ficado nos nveis mais baixos comearam a pegar as flechas do inimigo e passaram a lan-las de volta. Isso foi um grave erro. Os demnios com facilidade esquivavam-se das flechas para que elas atingissem os cristos. Quando um cristo era atingido por uma flecha de acusao ou calnia, um demnio de amargura ou de raiva vinha voando e se empoleirava naquela flecha. Ento ele comeava a urinar e a defecar o seu veneno em cima daquele cristo. Quando um cristo tinha dois ou trs desses demnios acrescentados aos do orgulho e da retido prpria que ele j tinha, ele transformava-se na contorcida imagem do prprio demnio.

Dos nveis mais altos dava para ver que isso acontecia, mas os que estavam nos nveis inferiores, e que estavam usando as flechas do inimigo, estes no conseguiam ver que isso estava acontecendo. Cerca da metade de ns decidiu continuar a subir a montanha, enquanto que a outra metade desceu de volta para os nveis mais baixos para explicar aos que l estavam o que estava acontecendo. Todos foram ento advertidos a que continuassem a subir e a no parar, exceto alguns que permaneciam estacionados em cada nvel para fazer com que os demais soldados pudessem subir.

Segurana

Quando alcanamos o nvel chamado "A Unidade dos Irmos", nenhuma das flechas inimigas podia atingir-nos. Muitos do nosso acampamento decidiram que no precisariam subir a nveis mais altos. Entendi isso porque a cada novo nvel o espao que tnhamos era mais precrio. Entretanto, eu me sentia bem mais forte e com uma habilidade em manejar as armas bem maior a cada novo nvel, e ento continuei a subir.

Em pouco tempo fiquei com a habilidade de atirar uma flecha e atingir o demnio e no o cristo. Senti que se continuasse a subir eu conseguiria alcanar distncias maiores de forma a atingir os principais lderes das hordas malignas que se postavam atrs do seu exrcito. Lamentei que muitos tivessem parado em nveis mais baixos onde estavam em segurana, mas onde no dava para atingir o inimigo com tanta eficincia. Mesmo assim, o vigor e a disposio que crescia nos que continuavam a subir fizeram deles grandes campees, cada um deles sendo capaz de destruir muitos inimigos.

Em cada nvel havia flechas da Verdade espalhadas por todo lado, que eu sabia terem sido deixadas por aqueles que, daquela posio, tinham cado (muitos tinham cado de cada posio). Todas as flechas tinham o nome da Verdade daquele nvel. Alguns estavam relutantes em pegar aquelas flechas, mas eu sabia que necessitvamos de tudo o que pudssemos obter para destruir aquela grande horda l em baixo. Peguei uma delas, atirei-a, e com facilidade atingi um demnio, de forma que os outros comearam tambm a peg-las e a atir-las. Estvamos conseguindo dizimar vrias das divises do inimigo. Por causa disso, todo o exrcito maligno ps a ateno em ns. Por algum tempo parecia-nos que quanto mais tnhamos xito, mais o inimigo atacava-nos. Embora a nossa misso parecesse ser sem fim, ela tinha se tornado estimulante.

Como o inimigo no podia atingir-nos nos nveis mais altos com suas flechas, grupos de abutres vinham e voavam por cima para vomitar sobre ns, e tambm levavam demnios para urinar e defecar sobre as plataformas, tornando-as muito escorregadias.

A ncora

Nossas espadas aumentavam quando alcanvamos cada nvel mais elevado, mas por pouco eu no deixei a minha em algum nvel inferior, porque pensava que no iria necessitar dela nos nveis mais altos. Foi mais ou menos por acaso que decidi mant-la comigo, achando que deveria haver alguma razo pela qual ela me tinha sido dada. Ento, pelo fato de ser to estreita a plataforma em que eu estava, e por estar se tornando muito escorregadia, eu enterrei a espada no cho e amarrei-me a ela, enquanto continuava a atirar no inimigo. A voz do Senhor ento veio at mim, dizendo: Voc teve a sabedoria que vai capacit-lo a continuar subindo. Muitos caram porque no usaram a espada adequadamente para se firmarem.

Ningum mais parecia ouvir esta voz, mas muitos viram o que eu fiz e assim fizeram tambm.

Considerei comigo mesmo por que o Senhor no tinha falado comigo para fazer isso antes. Ento percebi que ele de alguma forma j tinha dito isso para mim. Ao meditar nisso, comecei a compreender que toda a minha vida tinha sido treinada para esta hora. Eu sabia que estava preparado no grau em que havia ouvido o Senhor e obedecido sua voz durante toda a minha vida. Tambm sabia que por alguma razo a sabedoria e o entendimento que agora eu tinha no podiam ser aumentados nem tomados de mim enquanto eu estivesse nesta batalha. Sentia-me muito grato por toda provao que havia passado em minha vida, e lamentava-me por no as ter apreciado mais quando estava passando por elas.

Logo estvamos alcanando os demnios com uma preciso quase que perfeita. A raiva ascendia do exrcito inimigo como fogo e enxofre. Eu sabia que os cristos que estavam presos naquele exrcito agora estavam sentindo a maior parte de toda aquela raiva. Alguns tornaram-se to cheios de raiva que agora estavam atirando uns contra os outros. Normalmente isso seria algo encorajador para ns, mas aqueles que mais sofriam eram os cristos que tinham sido enganados e que estavam no campo do inimigo. Eu sabia que perante o mundo aquilo parecia ser um incompreensvel desfalecimento do prprio cristianismo.

Alguns dos que no tinham usado a espada como ncora tinham condies de abater muitos dos abutres, mas eles eram tambm mais facilmente derrubados das plataformas em que estavam. Alguns deles caram para um dos nveis inferiores, mas outros caram at o sop da montanha e foram apanhados e levados pelos abutres. Eu passava todo momento em que estava livre na batalha procurando firmar mais a fundo a minha espada na plataforma e prender-me com maior segurana nela. Sempre que eu fazia isso, Sabedoria vinha ao meu lado de forma que eu sabia que o que fizera era muito importante.

Uma Nova Arma

As flechas da Verdade algumas poucas vezes penetravam nos abutres, mas elas os feriam bastante, fazendo-os recuar. Cada vez que eles eram forados a recuar a uma certa distncia, alguns de ns subamos at o nvel seguinte. Quando atingimos o nvel chamado "Glatas 2:20" 1 ficamos a uma altura superior a que os abutres podiam opor-se a ns. Neste nvel o acima de ns quase nos cegava com o seu brilho intenso e com a sua beleza. Ali senti paz como nunca tinha sentido antes.

At atingir este nvel, muito do meu esprito de luta tinha sido motivado quase tanto pelo medo, pelo dio e pela repugnncia em relao ao inimigo, como por agir em prol do reino, da verdade, ou por amor aos prisioneiros. Mas foi neste nvel agora que eu fui alcanado pela F, pela Esperana e pelo Amor, que antes eu apenas tinha podido ver a certa distncia. Aqui eu estava quase que tomado por sua glria. Mesmo assim, senti que ainda poderia aproximar-me mais deles. Quando me acheguei a eles, eles se voltaram para mim e comearam a reparar e a polir a minha armadura. Logo ela estava transformada e com muito brilho refletia a glria que vinha da F, da Esperana e do Amor. Quando eles tocaram em minha espada, fortes raios de luz comearam a faiscar nela. O Amor ento disse: Aqueles que alcanam este nvel so revestidos dos poderes da era futura.

Em seguida, voltando-se para mim, com muita seriedade, ele disse: Ainda tenho que lhe ensinar como usar esses poderes.

O nvel de "Glatas 2:20" era bastante largo, de forma que parecia no haver perigo de cair do mesmo. Havia tambm um nmero enorme de flechas com o nome Esperana escrito nelas. Lanamos algumas delas abaixo contra os abutres, e estas flechas os mataram com facilidade. Cerca da metade dos que tinham atingido este nvel ficaram lanando as flechas, enquanto que os outros passaram a levar estas flechas para os que estavam ainda nos nveis mais baixos.

Os abutres mantinham-se vindo como ondas nos nveis inferiores, mas a cada vez havia um menor nmero deles do que antes. De "Glatas 2:20" dava para atingir qualquer um do exrcito inimigo, exceto os lderes, que ficavam um pouco fora do nosso alcance. Decidimos no usar as flechas da verdade at que tivssemos destrudo todos os abutres, porque a nuvem de depresso que eles criavam tornava a verdade menos eficaz. Isso tomou um bom tempo, mas no nos cansamos. Finalmente, ficamos com a impresso de que o cu sobre a montanha estava quase que completamente livre dos abutres.

F, Esperana e Amor, que haviam crescido tal como as nossas armas a cada nvel, estavam agora to grandes que eu vi pessoas muito alm do que se podia ver da rea de combate. Os trs irradiavam a sua glria, que alcanava at o campo dos prisioneiros, que ainda estava sob uma grande nuvem de abutres. Fiquei ento bastante animado, porque agora eles podiam ser vistos. Talvez agora os cristos que estavam sendo usados pelo inimigo, e os prisioneiros que eram mantidos presos por eles, compreendessem que ns no ramos o inimigo, mas que de fato eles que tinham sido usados pelo adversrio.

Mas isso no aconteceu, pelo menos por enquanto. Os que estavam no campo do inimigo, que comearam a ver a luz da F, da Esperana e do Amor, comearam a cham-los de "anjos de luz", que eram enviados para enganar os fracos e os sem discernimento. Vi ento que o engano e as amarras sobre eles eram muito maiores do que eu tinha pensado.

Entretanto, todos os que no participavam de nenhum dos exrcitos, os no-cristos, viram a glria deles e comearam a aproximar-se da montanha para terem uma viso melhor. Os que vieram mais perto para ver esses anjos tambm comearam a entender de que tratava aquela batalha realmente. Isso foi muito encorajador.O estmulo pela vitria continuou a crescer em todos ns. Senti que estar neste exrcito, nesta batalha, tinha que ser uma das maiores aventuras de todos os tempos. Depois de destruir a maioria dos abutres que tinham atacado a nossa montanha, passamos a lanar flechas sobre cada um dos abutres que ainda cobriam os prisioneiros. medida em que a nuvem de escurido ia sendo dissipada e o sol comeava a penetrar e brilhar sobre eles, eles tambm comeavam a despertar como se tivessem estado num profundo sono. Imediatamente eles sentiram uma repulsa pela sua condio, especialmente em relao ao vmito que ainda os cobria, e comearam a limpar-se totalmente. Quando eles contemplaram F, Esperana e Amor, eles tambm viram a montanha e saram correndo em direo a ela.

A horda maligna lanou flechas de Acusao e Calnia s costas deles, mas eles no pararam. Quando chegaram ao sop da montanha, muitos deles tinham uma dzia ou mais de flechas cravadas neles, mas eles pareciam nem notar isso. Assim que comearam a escalar a montanha, seus ferimentos iam sendo curados. Como a nuvem de depresso tinha sido dissipada, parecia que agora tudo estava se tornando bem mais fcil.

A Armadilha

Os ex-prisioneiros tinham uma grande alegria por sua salvao. Eles pareciam to tomados por um sentimento de satisfao a cada nvel, quando subiam pela montanha, que isso nos deu uma satisfao ainda maior por aquelas verdades. Logo uma forte disposio para lutar contra o inimigo surgiu tambm nos ex-prisioneiros. Eles se revestiram de uma armadura que lhes foi dada e imploraram para que lhes fosse permitido voltar a atacar o inimigo que os tinha mantido cativos, e que deles tinha abusado por tanto tempo. Pensamos a respeito, mas a deciso foi no sentido de que todos permanecessem na montanha para lutar. De novo a voz do Senhor falou, dizendo: Pela segunda vez vocs escolheram a sabedoria. Vocs no podero venc-los se tentarem combater o inimigo em seu prprio campo, mas tm de permanecer na minha santa montanha.

Fiquei pasmado por termos tomado esta deciso de tamanha importncia apenas pensando e discutindo o assunto to rapidamente. Ento decidi fazer todo o possvel para no tomar nenhuma outra deciso, qualquer que fosse a sua importncia, sem primeiro orar. Sabedoria ento acercou-se de mim rapidamente, segurou os meus ombros com firmeza, olhou para mim bem nos olhos, e disse: isso que voc tem de fazer!

Assim que Sabedoria me disse isso, ela me puxou para a frente como se estivesse me salvando de algum perigo. Olhei para trs e vi que, apesar de eu estar na ampla plataforma de "Glatas 2:20", eu tinha me afastado at quase a sua beirada, mesmo sem notar. Eu estava a ponto de cair da montanha. Olhei de novo para os olhos de Sabedoria, e ele disse com a maior seriedade: Tome cuidado quando voc pensa que est de p, para que no caia. Nesta vida voc pode cair de qualquer um dos nveis.2

Pensei a respeito disso por um bom tempo. Com o sentimento de toda a vitria que estvamos por alcanar, e pela unidade dos irmos, eu tinha me descuidado. E era mais nobre cair devido a um ataque do inimigo do que cair por causa de um descuido.

As Serpentes

Por um longo tempo continuamos a matar os abutres e atirando em cada um dos demnios que estavam montados nos cristos. Descobrimos que flechas correspondentes a determinadas verdades tinham um efeito maior em determinados demnios. Sabamos que teramos pela frente ainda uma grande batalha, mas no estvamos tendo mais vtimas agora, e tnhamos continuado a subir para alm do nvel de "Pacincia". Mesmo assim, depois que aqueles cristos tiveram os demnios atingidos e se viram livres deles, bem poucos vieram para a montanha. Muitos deles tinham assumido a natureza dos demnios, e continuaram no engano, mesmo sem eles. Com a dissipao das trevas dos demnios, podamos ver o cho em torno dos ps daqueles cristos. Ento eu vi que suas pernas estavam amarradas por serpentes. Olhando para as serpentes, vi que elas eram da mesma espcie, e que tinham o nome Vergonha escrito sobre elas.

Lanamos flechas da Verdade sobre as serpentes, mas sem muito efeito. Ento experimentamos as flechas da Esperana, mas tambm sem resultado. De "Glatas 2:20" tinha sido bastante fcil ir mais para cima, porque todos ns nos ajudvamos, uns aos outros. Como parecia haver pouco o que agora podamos fazer contra o inimigo, decidimos procurar subir to depressa quanto pudssemos, at descobrirmos alguma coisa que funcionasse contra as serpentes.

Passamos por nveis de verdade bem depressa. Na maioria deles nem mesmo nos cuidamos de olhar em volta para ver se no havia alguma arma que possivelmente desse resultado para combater as serpentes. F, Esperana e Amor estavam conosco, mas no cheguei a notar que tnhamos deixado Sabedoria bem para trs. Passou um longo tempo antes de eu perceber o erro que tnhamos cometido. Ela nos alcanaria no cume, mas por deix-la para trs isso nos custou no termos tido uma vitria mais rpida e mais fcil sobre a horda maligna.

Quase que sem termos tido qualquer advertncia, chegamos a um nvel que se abria para um jardim. Era o lugar mais belo que eu j tinha visto. Sobre a entrada desse lugar estava escrito: "O Amor Incondicional do Pai". Esta entrada era to gloriosa e convidativa que simplesmente no dava para deixar de entrar. Assim que entrei, vi uma rvore que sabia ser a rvore da Vida. Estava bem no meio do jardim, e ainda estava guardada por anjos de um poder e autoridade que impunham respeito. Quando olhei para eles, eles corresponderam ao meu olhar. Pareciam amigveis, como se estivessem estado nos esperando. Olhei para trs e havia agora uma hoste de outros guerreiros no jardim. Isso encorajou a todos ns, e devido ao comportamento dos anjos, decidimos passar por eles para chegar at a rvore. Um dos anjos gritou:

Aqueles que conseguiram chegar at este nvel, que conhecem o amor do Pai, podem comer.

Eu no tinha cincia de quo esfomeado eu estava. Quando provei a fruta, vi que era melhor do que qualquer coisa que eu jamais tinha provado, mas me era tambm um tanto familiar. Ela trouxe memria lembranas de um dia de sol, de chuva, de belos campos, do sol se pondo atrs do mar, mas at mesmo mais do que isso, ela me fez lembrar das pessoas que eu amava. Com cada mordida eu amava tudo e a todos muito mais. Ento os meus inimigos comearam a vir minha mente, e eu os amei tambm. O sentimento que eu sentia era em pouco tempo maior do que qualquer coisa que eu j tinha experimentado, at mesmo do que a paz em "Glatas 2:20", que sentimos ao chegar naquele nvel. Ento ouvi a voz do Senhor, que dizia: Este agora o po de cada dia de vocs. Ele nunca ser retido de vocs. Vocs podero com-lo tanto quanto quiserem e com a freqncia com que desejarem. No h fim para o meu amor.

Olhei para dentro da rvore para ver de onde a voz tinha vindo, e vi que ela estava cheia de guias de cor totalmente branca. Elas tinham os olhos mais belos e penetrantes que eu tinha visto. Olhavam para mim como se estivessem esperando receber alguma instruo. Um dos anjos disse: Elas atendero o seu comando. Estas guias comem cobras.

Ento eu disse: Vo! Devorem a vergonha que tem amarrado nossos irmos.

Elas abriram as asas e um forte vento veio que as elevou no ar. Essas guias encheram o cu com uma glria deslumbrante. Mesmo na altura em que estvamos, eu podia ouvir os sons de terror do campo inimigo quando viram que as guias tinham levantado vo.

O Rei Aparece

O Senhor Jesus em pessoa ento apareceu bem em nosso meio. Ele tomou tempo para cumprimentar a cada um de ns pessoalmente, congratulando-nos por termos alcanado o topo da montanha. Ento ele disse: Agora tenho que compartilhar com vocs o que compartilhei com seus irmos depois da minha ascenso a mensagem do meu reino. O exrcito mais poderoso do inimigo agora foi posto em retirada, mas no foi destrudo. Agora a hora para marcharmos com o evangelho do meu reino. As guias foram liberadas e iro conosco. Tomaremos flechas de todos os nveis, mas eu sou a Espada de vocs, e sou o Capito de vocs. Agora a hora para que a Espada do Senhor seja desembainhada.

Ento me virei e vi que todo o exrcito do Senhor estava a postos naquele jardim. Havia homens, mulheres, e crianas de todas as raas e naes, com as bandeiras de seus pases sendo carregadas, as quais se moviam ao vento com perfeita harmonia. Eu sabia que nada igual a isso jamais tinha sido visto na terra antes. Eu sabia que o inimigo tinha muitos outros exrcitos e fortalezas por toda a terra, mas nenhum deles poderia permanecer de p diante deste grande exrcito. Eu disse quase sem poder pronunciar:

Este certamente o dia do Senhor.

Toda a hoste ento respondeu com um trovo amedrontador:

O dia do Senhor dos Exrcitos chegou.

Sumrio

Alguns meses depois fiquei meditando sobre este sonho. O que me alarmou foi que certos acontecimentos e condies na igreja pareceram-me ser paralelos ao que eu tinha visto quando a horda do inferno comeou a marchar. Lembrei-me ento de Abrao Lincoln. A nica maneira pela qual ele pde tornar-se "o Emancipador", e preservar a Unio, foi decidindo fazer uma Guerra Civil. No apenas ele teve que lutar nessa guerra, mas teve que faz-lo com a resoluo de no ceder em nada at que a vitria fosse completa. Ele teve tambm que ter a graa de lutar a guerra mais sangrenta da histria americana sem "pichar de demnio" o inimigo por meio de toda forma de propaganda. Se ele tivesse feito isso, ele poderia ter conseguido galvanizar a resoluo do Norte em tempo bem mais curto, e ter uma vitria militar bem mais rpida, mas isso tornaria a convivncia do Sul com o Norte muito mais difcil depois que a guerra terminasse. Como a sua luta era verdadeiramente para preservar a Unio, ele nunca considerou os homens do Sul como inimigos, mas sim escravizados pelo mal.

Uma grande guerra civil espiritual agora aproxima-se da igreja. Muitos faro tudo o que puderem para evit-la. Isto compreensvel, e at um ato nobre. Entretanto, o comprometimento que implica em ceder alguma coisa nunca propiciar

Uma paz duradoura. Isso somente tornaria o conflito final muito mais difcil quando ele ocorresse, e ele vai ocorrer.

O Senhor est agora preparando uma liderana que esteja desejosa de participar da luta numa guerra civil espiritual com o objetivo de libertar os cativos. A principal questo ser escravido versus liberdade. A segunda, que ser a primeira para alguns, ser o dinheiro. Assim como a Guerra Civil Americana s vezes parecia que iria destruir a nao inteira, o que est por vir igreja s vezes parecer como se fosse o fim da igreja. Entretanto, assim como a nao americana no somente sobreviveu, mas prosseguiu para constituir-se na mais poderosa nao do mundo, o mesmo vai se dar com a igreja. A igreja no ser destruda, mas as instituies e as doutrinas que tm mantido os homens em escravido espiritual, essas sim sero.

Mesmo depois disso, uma perfeita justia na igreja no ser obtida da noite para o dia. Haver ainda lutas pelos direitos da mulher, e para libertar a igreja de outras formas de racismo e de explorao. Todas essas so causas que tero de ser enfrentadas. entretanto, a F, a Esperana e o Amor, e o reino de Deus sobre os quais estes trs se firmam, comearo a ser vistos como nunca foram antes. Isso comear a atrair todos os homens ao reino. O governo de Deus est para ser demonstrado como mais grandioso do que qualquer governo humano.

E lembremo-nos sempre de que, com o Senhor, "mil anos como um dia".3 Ele pode fazer em ns em um dia o que pensamos que levar mil anos. A obra de libertao e de exaltao da igreja ser uma obra a ser realizada muito mais depressa do que possamos pensar ser humanamente possvel. Entretanto, no estamos falando de possibilidades humanas.

Parte II

A montanha santaEstvamos no Jardim de Deus debaixo da Arvore da Vida. Parecia que o exrcito inteiro estava ali, muitos deles ajoelhando-se diante do Senhor Jesus. Ele acabara de nos dar o encargo de voltarmos para a batalha por causa de nossos irmos que ainda estavam amarrados, e pelo mundo que ele ama. Era uma ordem para ns maravilhosa, mas ao mesmo tempo terrvel. Era maravilhoso porque tinha partido dele. Era terrvel porque implicava em que teramos que nos afastar da presena dele, conforme ele se manifestou ali, bem como do Jardim que era mais belo do que qualquer outro lugar que pudssemos ter estado antes. Deixar tudo isso para ir para a batalha de novo parecia ser algo incompreensvel.

O Senhor continuou com a sua exortao: Eu lhes dei dons espirituais e poder, e uma crescente compreenso da minha palavra e do meu reino, mas a maior arma que foi dada a vocs o amor do Pai. Enquanto vocs andarem no amor de meu Pai vocs nunca falharo. O fruto desta rvore o amor do Pai, que se manifesta em mim. Este amor que est em mim tem. de ser o seu po de cada dia.

Neste cenrio to belo e to cheio de glria no parecia que o Senhor estava aparecendo em glria. De fato, sua aparncia era um tanto comum. Mesmo assim, a graa com que ele se movia e com que falava tornava-o a pessoa mais atraente dentre todas que eu j vi. Ele ultrapassava todo conceito humano em sua dignidade e nobreza. Era fcil compreender por que ele era tudo que o Pai ama e estima. Verdadeiramente ele cheio de graa e de verdade, ao ponto de fazer parecer que nada mais importa, a no ser a graa e a verdade.

Quando eu comi o fruto da rvore da Vida, o pensamento de toda boa coisa de que eu tenha tido conhecimento em minha vida encheu a minha alma. Quando Jesus falou, aconteceu o mesmo, mas de forma aumentada. Tudo o que eu queria fazer era ficar naquele lugar para ouvi-lo falar. Lembrei-me de que uma vez eu pensei como deveria ser maante para aqueles anjos que no fazem nada alm de ficarem continuamente adorando-o diante do trono. Agora eu sabia que no h nada mais maravilhoso e estimulante para se fazer do que simplesmente permanecer adorando-o. Para isso que fomos criados, e certamente esta a melhor parte do cu. No deu para imaginar quo maravilhoso seria se todos os coros celestiais fossem acrescentados. Era difcil crer que eu tinha lutado tanto com uma sensao de tdio durante os cultos. Eu sabia que isso era somente porque eu tinha estado quase que completamente fora de contato com a realidade naqueles momentos.

Sentia-me quase que tomado pelo desejo de voltar para consertar aquelas horas nos cultos em que deixei a minha mente vaguear ou quando me ocupei com outras coisas. O desejo de expressar a minha adorao por ele ficou quase insacivel. Eu tinha que louv-lo! Ao abrir a minha boca tive o impacto dado pela espontnea adorao que irrompeu do exrcito todo ao mesmo tempo. Eu quase tinha esquecido que todos os demais estavam l, mas estvamos numa perfeita unidade. A gloriosa adorao que se seguiu no pode ser expressa com palavras humanas.Enquanto adorvamos, um brilho dourado comeou a emanar do Senhor. Depois ficou prateado em torno do dourado. Depois cores, numa riqueza que eu nunca tinha visto com os olhos naturais, envolveu a ns todos. Com essa glria eu fiquei sob o domnio da emoo de uma forma que jamais sentira. De algum modo compreendi que essa glria tinha estado ali todo o tempo, mas quando concentramos nele a nossa ateno, da forma como fizemos na adorao, o que aconteceu foi que passamos a ver mais da sua glria. Quanto mais intensamente adorvamos, maior a glria que contemplvamos. Se isso era o cu, era demais, era muito melhor do que eu jamais sonhara.

Seu Lugar de Habitao

No tenho idia alguma de quanto tempo durou aquela adorao. Pode ter sido minutos, pode ter sido meses. No havia como medir o tempo com toda aquela glria. Fechei os olhos porque a glria que eu via com o corao era to grande quanto a que eu via com os olhos fsicos. Quando abri os olhos surpreendi-me ao ver que o Senhor no estava mais l, mas uma tropa de anjos postava-se onde ele havia estado. Um deles aproximou-se de mim e disse: Feche os olhos de novo.

Quando fechei, contemplei a glria do Senhor. Isso no foi um alvio pequeno. Eu sabia que simplesmente no daria mais para viver sem a glria que agora eu tinha experimentado.

Ento o anjo explicou:

O que voc v com os olhos do corao mais real do que o que voc v com os olhos fsicos.

Eu mesmo j havia afirmado isso muitas vezes, mas quo pouco eu a vivi! O anjo continuou:

Foi por essa razo que o Senhor disse a seus primeiros discpulos que era melhor que ele partisse, de modo que o Esprito Santo pudesse vir.4 O Senhor habita dentro de voc.5 Voc j ensinou isso muitas vezes, mas agora voc tem de viver isso, pois voc comeu da Arvore da Vida.

O anjo ento foi me levando de volta para o porto. Protestei dizendo que no queria sair. Parecendo estar surpreso, o anjo tomou-me pelos ombros e olhou em meus olhos. Foi ento que o reconheci. Ele era o anjo Sabedoria.

Voc nunca ter que sair deste jardim. Este jardim est em seu corao porque o Criador, ele mesmo, est dentro de voc. Voc desejou a melhor parte, a de adorar e sentar na presena dele para sempre, e isso nunca lhe ser tirado. Mas voc tem de levar isso daqui para onde seja mais necessrio.

Eu sabia que ele tinha razo. Ento olhei para alm dele, para a rvore da Vida. Tive a compulso de ir apanhar todas as trutas que pudesse antes de sair de l. Conhecendo os meus pensamentos, Sabedoria gentilmente me sacudiu: No faa isso. Mesmo esta fruta, colhida com medo, no lhe faria bem. Esta fruta e esta rvore esto em seu interior porque ele est em voc. Voc tem de acreditar.

Fechei os olhos e procurei ver o Senhor de novo, mas no consegui. Quando abri os olhos, Sabedoria ainda estava olhando para mim. Com grande pacincia ele continuou: Voc provou algo da esfera celestial, e no h quem queira ir de volta para a batalha, depois disso. No h quem queira deixar a presena do Senhor quando ele se manifesta corporalmente. Quando o apstolo Paulo veio at aqui ele lutou pelo resto da sua vida quanto a se deveria permanecer e trabalhar para o bem da igreja, ou se deveria voltar para c e entrar em sua herana.6 Sua herana ia sendo aumentada quanto mais tempo ele permanecesse e servisse na terra. Agora que voc tem o corao de um verdadeiro adorador, voc sempre vai querer estar aqui, mas voc poder sempre que entrar em verdadeira adorao. Quanto mais voc se concentrar nele, mais glria voc ver, no importa onde voc esteja.

As palavras de Sabedoria finalmente me acalmaram. De novo fechei os olhos apenas para agradecer ao Senhor por esta maravilhosa experincia, e pela vida que ele tinha me dado. Ao fechar os olhos comecei a ver de novo a sua glria, e toda a emoo da adorao anterior inundou a minha alma. As palavras do Senhor para mim eram em som to elevado e claras que eu tinha certeza de serem audveis:

Nunca o deixarei, nem o abandonarei.

Senhor, perdoa a minha incredulidade respondi. Ajuda-me a nunca deixar-te, a nunca abandonar-te.

Isso foi um tempo maravilhoso e um tempo de prova. Aqui o "mundo real" no era real, e a esfera espiritual era muito mais real, a ponto de que eu no podia nem imaginar ir de volta para l. Fui tomado tanto por uma sensao maravilhosa como por um temor de que eu poderia a qualquer momento acordar e descobrir que tudo no passava de um sonho.

Sabedoria compreendeu o que se passava em meu interior. Disse-me ento: Voc est sonhando. Mas este sonho mais real do que voc possa pensar. O Pai deu sonhos aos homens para ajud-los a ver a porta que d para o seu lugar de habitao. Ele habitar apenas em coraes humanos, e os sonhos podem ser uma porta para o seu corao, que o levar at ele. por isso que os seus anjos com tanta freqncia aparecem aos homens em sonhos. Em sonhos eles podem passar por cima da mente humana decada e irem direto ao corao.

Tendo aberto os olhos, vi que Sabedoria continuava agarrando em meus ombros.

Eu sou o primeiro dom que lhe foi dado para o seu trabalho disse ele. Vou mostrar-lhe o caminho, e vou mant-lo nele, mas apenas o amor que vai mant-lo fiel. O temor do Senhor o princpio da sabedoria,7 mas a sabedoria mais elevada am-lo.

Ento Sabedoria soltou-me e eu comecei a andar em direo ao porto. Eu o acompanhei com dois sentimentos opostos dentro de mim. Lembrei-me da alegria da batalha e do subir a montanha, e isso me compelia; mas no dava para comparar com a presena do Senhor e com a adorao que eu acabara de experimentar. Deixar isso seria o maior sacrifcio da minha vida. Ento lembrei-me de que tudo estava dentro de mim e fiquei impressionado de como eu poderia esquecer-me to depressa dessas coisas. Era como se uma grande batalha estivesse acontecendo com muita violncia dentro de mim, uma luta entre o que vi com os olhos fsicos e o que vi com o corao.

Adiantei-me um pouco de forma a andar ao lado de Sabedoria, e perguntei: Tenho orado por vinte e cinco anos para ser tomado e levado ao terceiro cu, tal como o apstolo Paulo.8 Aqui o terceiro cu?

Aqui parte dele respondeu-me ele mas h ainda muito mais.

Vou ter permisso para ver mais? perguntei.

Voc vai ver muito mais. Estou levando-o para ver mais agora respondeu.

Comecei a pensar no livro de Apocalipse. A revelao de Joo fazia parte do terceiro cu? perguntei. Parte da revelao dada a Joo era do terceiro cu, mas em sua maior parte era do segundo cu. O primeiro cu foi antes da queda do homem. O segundo cu a esfera espiritual durante o reinado do mal sobre a terra. O terceiro cu quando o amor e o domnio do Pai de novo prevalecer sobre a terra atravs do Rei.

Como era o primeiro cu? questionei, sentindo uma estranha friagem enquanto fazia a pergunta.

Faz parte da sabedoria no se preocupar com isso agora Sabedoria respondeu com uma seriedade maior, uma vez que a minha pergunta parecia t-lo abalado um pouco. Sabedoria buscar conhecer o terceiro cu, assim como voc o fez. H muito mais para conhecer sobre o terceiro cu do que voc possa saber nesta vida, e o terceiro cu, o reino, que voc tem de pregar nesta vida. Nas eras futuras voc ter informaes quanto ao primeiro cu, mas no lhe conveniente saber a respeito dele agora.

Resolvi lembrar-me do calafrio que eu acabara de sentir, e Sabedoria acenou-me, fazendo-me saber que ele estava de acordo com esse pensamento.

Que grande companheiro voc para mim tive que dizer-lhe, ao perceber como aquele anjo era uma ddiva valiosa. Voc vai mesmo me manter no caminho certo!

Isso vou mesmo! respondeu ele.

Eu tinha certeza que sentia amor vindo do anjo, o que me foi sem igual, uma vez que nunca tinha sentido isso de outros anjos. Normalmente eles demonstravam o que tinham que fazer mais por dever do que por amor. Sabedoria respondeu ento os meus pensamentos como se os tivesse pensado em voz alta.

Faz parte da sabedoria amar, e eu no poderia ser Sabedoria se no o amasse. tambm parte da sabedoria contemplar a bondade e a severidade de Deus. ter sabedoria am-lo e tem-lo. Voc estar em engano se agir de outro modo. Esta a prxima lio que voc tem que aprender. disse ele com uma inconfundvel seriedade.

Eu bem que sei disso, e j ensinei isso muitas vezes respondi, sentindo pela primeira vez que talvez Sabedoria no me conhecesse completamente.

Tenho sido um companheiro seu por muito tempo, e sei o que voc ensinou Sabedoria replicou. Agora voc est prestes a aprender o significado de algumas coisas que voc mesmo ensinou. Como voc disse muitas vezes, "no crer em sua mente, mas em seu corao, que d como resultado a retido".

Pedi desculpas, sentindo-me com um pouco de vergonha por ter duvidado de Sabedoria. Ele graciosamente aceitou o meu pedido de desculpas. Foi ento que percebi que o tinha estado questionando e desafiando na maior parte da minha vida, e muitas vezes para meu prejuzo.

A Outra Metade do Amor

H um tempo para se adorar o Senhor, Sabedoria prosseguiu e h um tempo para honr-lo com o maior temor e respeito, assim como h um tempo para plantar, e um tempo para colher.9 ter sabedoria conhecer os tempos e as pocas de Deus. Trouxe-lhe aqui porque era tempo de adorar o Senhor na glria do seu amor. Era disso que voc precisava mais, depois daquela batalha. Agora vou lev-lo a um outro lugar porque tempo de voc ador-lo no temor do juzo dele. At que voc conhea essas duas adoraes, h um perigo de que nos separemos um do outro.

Voc quer dizer que se eu tivesse permanecido l naquela gloriosa adorao eu teria perdido voc? perguntei-lhe um tanto incrdulo.

Sim. Eu o visitaria quando pudesse, mas raramente iramos cruzar nossos caminhos. difcil deixar tal glria e paz, mas isso no toda a revelao do Rei. Ele tanto o Leo como tambm o Cordeiro. Para as crianas espirituais ele o Cordeiro. Aos que esto amadurecendo ele o Leo. Para os que esto maduros ele tanto o Leo como o Cordeiro. De novo, sei que voc compreende isso, mas o seu conhecimento tem sido em sua mente. Logo voc compreender isso em seu corao, pois voc est prestes a conhecer o Trono do Julgamento de Cristo.

A Volta para a Batalha

Antes de passar pelos portes saindo do Jardim, perguntei a Sabedoria se eu poderia sentar-me por um momento para ponderar sobre tudo o que tinha acabado de acontecer comigo.

Sim, o que voc deve fazer respondeu-me o anjo mas eu tenho um lugar melhor para voc fazer isso.

Segui ento Sabedoria passando pelos portes e comeamos a descer a montanha. Para surpresa minha a batalha estava ainda sendo travada, mas no com a mesma intensidade de quando estvamos subindo. Havia ainda flechas de acusao e de calnia voando por toda parte nos nveis mais baixos, mas a maior parte da horda inimiga que ainda restava estava atacando furiosamente as grandes guias brancas. As guias com facilidade estavam prevalecendo.

Continuamos a descer at quase chegar ao sop da montanha. Logo acima dos nveis de "Salvao" e "Santificao" estava o nvel de "Aes de Graas e Louvor". Lembro-me deste nvel muito bem porque um dos maiores ataques do inimigo veio quando pela primeira vez eu tentava alcan-lo Quando chegamos neste nvel o restante da subida ficou bem mais fcil, e quando uma flecha penetrava nossa armadura, a cura vinha bem depressa.

Logo que os meus inimigos me notaram neste nvel (eles no podiam ver Sabedoria), uma chuva de flechas comeou a cair sobre mim. Eu as derrubei com o meu escudo to facilmente que eles pararam de lan-las. Eles estavam com poucas flechas e tinham que economiz-las.

Os soldados que estavam ainda lutando deste nvel olharam para mim deslumbrados com um respeito que me fez sentir incomodado. Foi ento que pela primeira vez notei que a glria do Senhor emanava da minha armadura e do meu escudo. Disse-lhes que subissem at o cume da montanha, sem parar, e que eles, tambm, veriam o Senhor. Assim que concordaram em ir, eles viram Sabedoria. Eles quiseram dobrar-se para ador-lo, mas ele os impediu, e os enviou pelo caminho que teriam que ir.

O Fiel

Eu estava cheio de amor por esses soldados, muitos dos quais eram mulheres e crianas. Suas armaduras estavam em estado precrio, e eles estavam cobertos de sangue, mas no tinham desistido. De fato, eles ainda estavam radiantes e com coragem. Disse-lhes que eles mereciam mais honra do que eu, porque eles tinham suportado a carga mais pesada da batalha, e tinham sustentado a sua posio. Eles pareciam no crer em mim, mas apreciaram eu ter dito aquilo. Entretanto, realmente senti que isso era verdade.

Cada nvel da montanha tinha que ser ocupado, seno os abutres que ainda restavam vinham e o profanavam com vmitos e excrementos at ficar difcil de ali permanecer. As plataformas, em sua maioria, eram ocupadas por soldados que reconheci serem de diferentes denominaes ou movimentos que enfatizavam a verdade do nvel que eles estavam defendendo. Fiquei embaraado diante da atitude que eu tinha mantido para com alguns desses grupos. Eu os tinha considerado desinformados e desviados na melhor das hipteses, mas aqui eles estavam lutando fielmente contra um terrvel ataque do inimigo. A defesa que eles fizeram dessas posies tinha provavelmente contribudo para que eu continuasse subindo, como o tinha feito.

Alguns desses nveis situavam-se de forma que havia uma vista de uma boa parte da montanha e do campo de batalha, mas outros eram to isolados que os soldados que neles estavam somente podiam ver a sua prpria posio. Esses soldados pareciam no ter conscincia do furor do restante da batalha, nem do restante do exrcito que tambm estava lutando. Eles estavam to feridos pela calnia e pelas acusaes que resistiam a quem quer que descesse at eles vindo dos nveis mais altos para encoraj-los a subirem para nveis mais acima. Entretanto, quando alguns que tinham estado no cume da montanha desceram refletindo a glria do Senhor, eles a observaram, em sua maioria com muita alegria, e logo comearam eles mesmos a subir, com coragem e determinao. Enquanto eu via tudo isso acontecendo, Sabedoria no falou quase nada, mas ele demonstrava estar bastante interessado em minhas reaes.

A Realidade Descoberta

Observei ento que muitos soldados que tinham estado no cume vieram descendo a todos os nveis para ajudar aqueles que vinham mantendo a sua posio naquelas verdades. Com a chegada deles, cada nvel comeou a resplandecer com a glria que eles traziam. Logo a montanha toda passou a brilhar com uma glria que cegava os abutres e os demnios que ainda restavam. Depois de algum tempo havia tanta glria na montanha que ela j transmitia a mesma sensao que tnhamos sentido no Jardim.

Passei ento a pensar e a louvar ao Senhor e imediatamente me achei em sua presena de novo. Era difcil conter as emoes e a glria que eu senti quando fiz isso. O que eu sentia tornou-se to intenso que parei. Sabedoria estava em p ao meu lado. Pondo sua mo em meu ombro, ele disse: Voc entra por seus portes com aes de graas, e em seus trios com louvor.10

Mas era to real! Eu me senti l de novo! exclamei.

Voc estava l, replicou Sabedoria pode no ter parecido real, mas foi. Assim como o Senhor disse ao ladro na cruz: "Hoje voc estar comigo no Paraso",11 voc pode entrar no Paraso em qualquer momento. O Senhor, o Paraso dele, e a montanha dele esto habitando em voc, porque ele est em voc. O que eram apenas antegozos antes, agora uma realidade para voc, porque voc subiu a montanha. A razo por que voc pode me ver e os outros no podem no porque eu entrei na sua dimenso, mas porque voc entrou na minha. Esta a realidade que os profetas conheceram e que lhes deu grande coragem, mesmo quando permaneceram sozinhos contra exrcitos. Eles viram as hostes celestiais que estavam com eles, no apenas o exrcito terreno que algum arregimentara contra eles.12

A Armadilha Mortal

Ento olhei para a frente, para a carnificina l em baixo, e vi o exrcito demonaco em vagarosa retirada. Atrs de mim vinham mais guerreiros cheios de glria que constantemente tomavam lugar na montanha. Senti que agora estvamos suficientemente fortes para atacar e destruir o que havia restado da horda inimiga.

Ainda no disse Sabedoria. Olhe ali.

Olhei na direo que ele apontava, mas tive que proteger meus olhos da glria que emanava da minha prpria armadura, para ver alguma coisa. Ento captei um vislumbre de algum movimento num pequeno vale.

No dava para discernir o que eu estava vendo porque a glria que brilhava da minha armadura tornava difcil ver o que estava na escurido. Perguntei a Sabedoria se havia alguma coisa com que pudesse cobrir a minha armadura de forma a permitir-me ver. Ele ento me deu uma capa muito simples para vestir.

O que isso? perguntei-lhe, sentindo-me um pouco ofendido pela simplicidade e pela cor "de burro quando foge", sem brilho nenhum, daquela capa.

Humildade disse Sabedoria. Voc no conseguir ver muito bem se no usar isso.

Relutantemente eu a vesti sobre a armadura e imediatamente vi muitas coisas que eu no conseguira ver antes. Olhei para o vale e para o movimento que eu tinha pressentido. Para meu espanto havia uma diviso inteira da horda inimiga que estava espera para emboscar quem quer que se aventurasse a sair da montanha.

Que exrcito aquele? perguntei. E como eles escaparam intactos da batalha?

Aquele Orgulho explicou-me Sabedoria. Aquele o inimigo mais difcil de se ver depois de se ter estado na glria. Os que se recusarem a vestir esta capa sofrero muito nas mos daquele inimigo to trapaceiro.

Voltei os olhos para a montanha e ento vi muitos dos guerreiros cheios de glria cruzando a plancie para atacar a horda inimiga remanescente. Nenhum deles vestia a capa da humildade, e eles no tinham visto o inimigo que estava pronto para atac-los pela retaguarda. Quis sair correndo para faz-los parar, mas Sabedoria me impediu.

Voc no poder parar com isso disse-me ele. Somente os soldados que estiverem usando esta capa que reconhecero a sua autoridade. Venha comigo. H ainda algo mais que voc tem de ver antes de poder ajudar a liderar na grande batalha que ainda haver.

O Fundamento da Glria

Sabedoria levou-me descendo pela montanha at o nvel mais baixo, que tem o nome de "Salvao".

Voc pensa que este o nvel mais baixo, declarou Sabedoria mas este o fundamento de toda a montanha. Em toda jornada, o primeiro passo o mais importante, e normalmente o mais difcil. Sem "Salvao" no haveria montanha.

Fiquei horrorizado com a carnificina neste nvel. Todo soldado estava gravemente ferido, mas nenhum deles estava morto. Multides mal conseguiam segurar-se na plataforma. Muitos davam a impresso que estavam prestes a cair, mas nenhum caiu. Havia anjos por toda parte ministrando aos soldados com tamanha alegria que eu no agentei e perguntei:

Por que que eles esto to alegres? Esses anjos viram a coragem que foi necessria para que esses a se sustentassem. Eles podem no ter ido alm desse ponto, mas tambm no desistiram. Logo eles estaro curados, e ento vo contemplar a glria de tudo o que h na Montanha, e comearo a subir. Eles sero grandes guerreiros na batalha que haver.

Mas no teria sido melhor para eles se eles tivessem subido a montanha junto conosco, quando ns subimos? protestei eu, vendo a presente condio em que eles se encontravam.

Teria sido melhor para eles, mas no para voc e para os que subiram com voc. Ficando aqui eles fizeram com que ficasse mais fcil para vocs subirem, por terem mantido a maioria dos seus inimigos ocupados. Bem poucos dos nveis mais elevados saram alguma vez. para ajudar outros a virem at a montanha, mas estes fizeram isso. Mesmo quando eles prprios mal conseguiam subir na montanha, ainda eles se esforavam para puxar outros para cima. De fato, a maioria dos grandes guerreiros foi levada para a montanha por esses homens fiis. Eles no so menos heris do que aqueles que conseguiram chegar l em cima. Eles proporcionaram grande alegria no cu por levar outros Salvao. Foi por esta razo que todos os anjos no cu queriam vir para ministrar a eles, mas apenas os de maior honra que receberam permisso.De novo fiquei envergonhado por causa da minha atitude anterior para com aqueles grandes santos. Muitos de ns tnhamos zombado deles quando subamos para os nveis mais elevados. Eles haviam cometido muitos erros durante a batalha, mas eles tinham demonstrado muito mais o corao de Pastor do que todos ns. O Senhor deixaria os noventa e nove para ir atrs de apenas um que estava perdido. Eles tinham permanecido no lugar em que ainda podiam alcanar os perdidos, e pagaram um alto preo por isso. Eu, tambm, quis ento ajudar, mas no sabia como comear. Sabedoria ento disse:

certo voc querer ajudar, mas voc vai ajudar mais fazendo aquilo para o que voc foi chamado a fazer. Esses a vo ser curados e subiro a montanha. Eles agora podero subir com maior rapidez por causa de voc e dos outros que foram antes deles, destruindo o inimigo, e assinalando o caminho. Eles vo se juntar a vocs de novo na batalha. Eles so homens valentes que no recuaro diante do inimigo.O Poder do Orgulho

Fiquei ento meditando que, ao descer a montanha, eu estava aprendendo tanto quanto eu tinha aprendido quando fui subindo por ela. Ento o barulho do campo de batalha chamou a minha ateno. A essa altura havia milhares de poderosos guerreiros que tinham atravessado a campina para atacar o que restava da horda inimiga. O inimigo fugia por todas as direes, exceto uma nica diviso: a do Orgulho. Completamente sem ser percebida, ela tinha marchado at a retaguarda dos guerreiros que avanavam, e estava prestes a mandar uma chuva de flechas. Foi ento que notei que os guerreiros no tinham armadura alguma protegendo as suas costas. Eles estavam totalmente expostos e vulnerveis ao que estava para atingi-los.

Sabedoria ento observou:

Voc chegou a pensar que no h armadura para as costas, o que significaria que voc ficaria vulnervel se fugisse do inimigo. Entretanto, voc nunca viu como avanar com orgulho tambm o torna vulnervel.

Eu pude apenas fazer um sinal que concordava com o que ele disse. Era tarde demais para fazer alguma coisa, e era quase insuportvel observar o que estava acontecendo, mas Sabedoria disse-me que eu tinha de observar. Eu sabia que o reino de Deus estava prestes a sofrer uma grande derrota. Eu j tinha lastimado por alguma coisa antes em minha vida, mas nunca tinha sido com este tipo de lstima que agora eu sentia.

Para meu espanto, quando as flechas de orgulho atingiram os guerreiros, eles nem mesmo notaram. Contudo, o inimigo continuou a flechar. Os guerreiros estavam sangrando e enfraqueciam-se rapidamente, mas no se davam conta disso. Logo eles estavam to fracos que no conseguiam segurar o escudo e a espada; eles os lanaram ao cho, dizendo que no mais precisariam dessas armas. E foram tambm tirando a armadura, dizendo que ela tambm no era mais necessria.

Ento uma outra diviso do inimigo apareceu e foi aproximando-se rapidamente. Chamava-se Grande Engano. Os que nela estavam lanaram uma chuva de flechas e aparentemente todas elas atingiram o alvo. Apenas alguns poucos demnios do engano, que eram pequenos e visivelmente fracos, levaram ento o exrcito que anteriormente era composto de gloriosos guerreiros. Os cristos foram levados a diferentes campos de concentrao, cada um com o nome de uma doutrina de demnios. Eu fiquei impressionado como aquela grande companhia de justos tinha sido to facilmente vencida, e parecia que eles ainda no sabiam o que os tinha atingido.

Eu ento balbuciei:

Como que esses que eram to fortes, que subiram toda a montanha at o cume, que viram o Senhor, podem estar assim to vulnerveis?

O orgulho o inimigo mais difcil de ser visto, e ele sempre chega de mansinho por trs da pessoa lamentou Sabedoria. De certo modo, os que atingiram as maiores alturas so os que esto com o maior perigo de sofrer uma queda. Voc tem de lembrar-se sempre que nesta vida voc poder cair a qualquer hora e de qualquer nvel em que esteja!

"Aquele, pois, que pensa estar em p veja que no caia."13 repliquei. Como este versculo agora me imprime temor!

Quando voc pensa estar menos vulnervel para cair de fato quando voc est mais vulnervel. Muitos so os que caem imediatamente aps uma grande vitria disse Sabedoria, lamentando.

Como posso evitar de ser atacado assim? perguntei.

Fique bem perto de mim, consulte o Senhor antes de tomar qualquer deciso mais importante, e continue vestindo essa capa. Desse modo o inimigo no ter condies de ceg-lo, como ele fez com aqueles guerreiros.

Olhei para a minha capa. Sua aparncia era to simples e sem apresentao alguma. Senti que ela me fazia aparentar mais como algum desabrigado do que com um guerreiro. Sabedoria respondeu, como se eu tivesse pensado em voz alta:

O Senhor est mais prximo dos desabrigados do que de reis. Voc somente tem uma fora verdadeira na medida em que andar na graa de Deus, e ele "d graa aos humildes". 14 Nenhuma arma maligna pode penetrar nesta capa, pois nada pode sobrepujar a graa de Deus. Enquanto voc estiver com este manto, voc estar a salvo desse tipo de ataque.

Ento olhei para cima para ver quantos guerreiros ainda estavam na montanha. Fiquei chocado ao ver que eram bem poucos. Observei, entretanto, que todos eles estavam com a mesma capa da humildade.

Como foi que isso aconteceu? perguntei.

Quando eles viram a batalha que voc h bem pouco presenciou, todos eles me pediram ajuda, e dei capas para eles respondeu Sabedoria.

Mas voc no estava comigo durante todo o tempo?

Eu estou com todos os que se dispem a fazer a vontade do meu Pai respondeu Sabedoria.

Tu s o Senhor! gritei.

Sim respondeu ele. Eu lhe disse que nunca o deixaria nem o abandonaria. Eu estou com todos os meus guerreiros assim como estou com voc. Vou ser para voc aquilo que voc necessitar para realizar a minha vontade, e voc tem tido necessidade de sabedoria. Ento ele desapareceu.

Um Posto no Reino

Fui deixado ali no meio da grande companhia de anjos que estavam atendendo os feridos no nvel da "Salvao". Quando fui andando por entre os anjos, eles se encurvaram demonstrando-me um grande respeito. Finalmente lhes perguntei por que estavam agindo desse modo, uma vez que o menor deles era muito mais poderoso do que eu.

Por causa da sua capa um deles respondeu. Esse o posto mais elevado no reino.

Esta apenas uma simples capa, nada mais protestei.

No! replicou o anjo. Voc est vestido com a graa de Deus. No h poder maior do que esse!

Mas h milhares de ns que esto vestindo a mesma capa. Como que ela pode ento representar um posto no reino? protestei.

Vocs so lutadores que impem respeito, filhos do Rei. Ele usou essa mesma capa quando caminhou nesta terra. Enquanto voc a estiver usando, no haver poder no cu ou na terra que possa enfrent-lo. Todos no cu e no inferno reconhecem essa capa. Somos de fato servos do Senhor, mas ele habita em vocs, e vocs esto vestidos com a sua graa.

De alguma forma eu sabia que se eu no estivesse com a capa, e se a minha gloriosa armadura estivesse sendo exposta, o que o anjo disse e o seu comportamento diante de mim teria me enchido de orgulho. Era simplesmente impossvel sentir-se com orgulho ou com arrogncia estando vestido com aquela capa de cor estranha e simples. Entretanto, minha confiana neste manto estava crescendo depressa.Parte III

O retorno das guiasNo horizonte eu vi uma grande nuvem branca que se aproximava. A esperana surgiu em mim somente por v-la. Logo toda a atmosfera ficou cheia de esperana, da mesma forma como o sol nascente pe em fuga a escurido da noite. Com o crescer da nuvem, reconheci que eram as grandes guias brancas que tinham voado da Arvore da Vida. Elas foram pousando na montanha, tomando lugar em cada nvel ao lado das companhias de guerreiros.

Com cautela aproximei-me da guia que tinha pousado perto de mim, porque sua presena inspirava-me bastante temor. Quando ela olhou para mim com seus olhos penetrantes, eu sabia que no poderia esconder nada dela. Seu olhar era to forte e firme que tremi com um calafrio que senti em meu corpo todo, s de olhar para os olhos dela. Mesmo antes de eu fazer qualquer pergunta, ela respondeu-me:

Voc quer saber quem somos ns? Somos os profetas que estavam escondidos, e que foram mantidos assim para esta hora. Somos os olhos daqueles a quem foram dadas as armas divinamente poderosas. A ns nos foi dado ver tudo o que o Senhor est fazendo, e tudo o que o inimigo est planejando contra vocs. Estivemos esquadrinhando a terra, e juntas sabemos de tudo o que necessrio saber para a batalha.Vocs no viram a batalha que acabou de acontecer? perguntei com uma certa irritao, tanto quanto ousei expressar. No deu para vocs ajudarem aqueles guerreiros que h bem pouco foram feitos prisioneiros?

Sim. Vimos tudo, e poderamos t-los ajudado se eles tivessem querido a nossa ajuda. Ns os teramos ajudado retendo-os e no os deixando prosseguir, dizendo-lhes que se sentassem e ficassem parados. Mas ns somente podemos lutar nas batalhas comandadas pelo Senhor, e apenas podemos ajudar aqueles que crem em ns. Somente os que nos recebem na condio de quem ns somos, os profetas, que podem receber a recompensa do profeta, ou os benefcios de nossos servios. Aqueles que foram emboscados no tinham ainda a capa que voc est usando, e os que no tm essa capa no conseguem entender quem ns somos. Todos ns necessitamos uns dos outros, inclusive estes trs aqui que ainda esto feridos, e muitos outros que voc ainda no conhece.

O Corao da guia

Quando falei com a guia eu comecei a pensar como ela. Depois dessa curta conversa eu podia olhar para os olhos dela e eu podia conhec-la tal como ela me conhecia. A guia reconheceu isso.

Voc tem alguns dons, observou ela. Voc no fez muito uso deles. Eu estou aqui para despertar esses dons em voc, e em muitos outros como voc, e vou ensin-lo a como us-los. Desse modo a nossa comunicao vai ser segura. Tem de ser segura, ou ento todos ns teramos muitas perdas desnecessrias, para no dizer que tambm perderamos muitas grandes oportunidades para a vitria.

De onde voc vem? perguntei-lhe.

Ns comemos cobras a guia respondeu. O inimigo alimento para ns. O nosso sustento vem de fazer a vontade do Pai, que destruir as obras do diabo. Toda cobra que comemos contribui para aumentar a nossa viso. Toda fortaleza do inimigo que demolimos nos fortalece, de forma que podemos voar mais alto e permanecer no ar por mais tempo. Acabamos de vir de uma festa, devorando as serpentes da Vergonha, que amarravam muitos de seus irmos. Eles estaro aqui em breve. Esto vindo com as guias que deixamos para trs para ajud-los a achar o caminho, e para proteg-los do contra-ataque do inimigo.

Essas guias eram muito seguras de si mesmas, mas no eram presunosas. Elas sabiam quem elas eram, e a que tinham sido chamadas. Elas tambm nos conheciam e tambm conheciam o futuro. Sua confiana me reanimava, mas reanimava muito mais aqueles feridos que ainda jaziam ao nosso redor. Os que at h pouco estavam to fracos, que no conseguiam nem falar, agora tinham se endireitado e ouviam a minha conversa com a guia. Eles olharam para ela como fazem as crianas perdidas quando olham para seus pais, assim que estes as encontram.

O Vento do Esprito

Quando a guia olhou para os feridos, a expresso dela mudou tambm. Em lugar da forte e firme determinao diante da qual eu tinha permanecido anteriormente, para com os feridos ela era como uma av idosa: bondosa e cheia de compaixo. A guia abriu as asas e gentilmente ficou abanando-as, provocando uma brisa refrescante que flua sobre os feridos. Era diferente de qualquer outra brisa que eu tenha visto. A cada respirao eu me fortalecia e a minha mente purificava-se. Logo os feridos puseram-se em p e passaram a adorar a Deus com uma sinceridade que trouxe lgrimas aos meus olhos.

De novo senti-me envergonhado por ter zombado daqueles que tinham permanecido neste nvel. Achvamos que eles eram muito fracos e tolos, quando estvamos subindo a montanha, mas eles suportaram muito mais do que ns, e permaneceram fiis. Deus os tinha guardado, e eles o amavam com um grande amor.

Olhei ento para cima, na montanha. Todas as guias estavam gentilmente abanando as asas. Todo o mundo na montanha estava se refrescando com a brisa que elas estavam produzindo, e todos passaram a adorar o Senhor. A princpio havia alguma discordncia entre os louvores que vinham dos diferentes nveis, mas depois de algum tempo, todos, em todos os nveis, estavam cantando em perfeita harmonia.

Nunca na terra eu jamais ouvi algo to belo. Eu queria que o louvor nunca terminasse. Logo reconheci que era o mesmo louvor que tnhamos aprendido no Jardim, mas agora ele soava ainda mais rico e mai