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UNIDADE 3 ANTROPOLOGIA FILOSÓFICA EM PLATÃO Carga horária 12 horas EAD – 3ª e 4ª semanas. Objetivos Reconhecer e debater a filosofia de Platão, em específico a imagem de homem em Platão e os principais temas da Antropologia Filosófica. Identificar, dentre os principais temas da filosofia de Platão, os pontos fundamentais de ligação que estruturam seu pensamento antropofilosófico. Apontar e discutir a influência da filosofia de Platão para a constituição da Antropologia Filosófica. Interpretar, nos diálogos platônicos, os discursos que compõem a imagem do antrophos. Conteúdos Revisão do conceito homérico ao platonismo. A alma e sua complexidade. Abrangência da antropologia no tema da morte Philosophía: preparação para a morte. Imortalidade da alma: imortal, eterna e imutável. A purificação da alma no processo de rememoração. O homem como centro do mundo.

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  • Claretiano BatataisCRC Antropologia Filosfica: Aprofundamento - Civilizao Micnica a Plato47

    UN

    IDA

    DE

    3

    AntropologiA FilosFicA em plAto

    Carga horria

    12 horas EAD 3 e 4 semanas.

    Objetivos

    ReconheceredebaterafilosofiadePlato,emespecficoaimagemdehomememPlatoeosprincipaistemasdaAntropologiaFilosfica.

    Identificar, dentre os principais temas da filosofia de Plato, ospontos fundamentais de ligao que estruturam seu pensamentoantropofilosfico.

    ApontarediscutirainflunciadafilosofiadePlatoparaaconstituiodaAntropologiaFilosfica.

    Interpretar, nos dilogos platnicos, os discursos que compem aimagemdoantrophos.

    Contedos

    Revisodoconceitohomricoaoplatonismo.

    Aalmaesuacomplexidade.

    Abrangnciadaantropologianotemadamorte Philosopha:preparaoparaamorte.

    Imortalidadedaalma:imortal,eternaeimutvel.

    Apurificaodaalmanoprocessoderememorao.

    Ohomemcomocentrodomundo.

  • Claretiano BatataisCRC Antropologia Filosfica: Aprofundamento - Civilizao Micnica a Plato48

    UNIDADE

    EXTENSO UNIVERSITRIA

    31 INTRODUO

    Nestaunidade,abordaremosumdosautoresmaispopulareseimportantesnodesenvolvimentodopensamentofilosfico,Plato.

    AprincpioPlatofoidiscpulodeCrtiloe,posteriormente,deScrates,segundoReale(2003).Platodedicoupartedesuavidapoltica.Formulouumsistemafilosficoconcreto.TeorizouamplamentearespeitodetemasprpriosdaAntropologiaFilosfica:comoarelaoalmaecorpo,aimannciaeatranscendncianavidahumana,morteeimortalidade,entreoutros,osquaisveremosaseguir.

    2 DOS CONCEITOS HOMRICOS AO PLATONISMO Platofascinanteesuamaisfamosaalegoriainspirapoetaseescritoresde

    todoomundo,emtodasaspocas,comoocontonarradoporFranaJunior(1985,p.23):

    Umhomemvivianaredomadevidroelelenoeraconsideradoumapessoadebem.Osbonseramosquietos,osquenosemoviam.Osquesedeixavamficarinertes.Oarerapoucoeovalorconsistiaemsemovimentarerespiraromenospossvel.

    Ohomem,pornoseguiroexemplodosbonsdaredomadevidro,foiexpulso.Esentiu-semergulhadonavergonhaetristeza.

    Nomundoforadaredomadevidroelesemovimentoulivrementeesetornouumdosbons.Eseesqueceudomundodeondeviera.

    Umdia,aopassaraoladodaparededevidro,viuaquietudedeseusantigoscompanheiros.Tentouconvenc-losasairdali.Gritouefaloudoridculodaquelasatitudes. Mas eles no semoveram. No lhe deram resposta. Continuaramquietoseinertescomoeraexigidodentrodaredoma.

    AntesdeentrarmosnoestudodePlato,oucomentarmosFranaJuniorfaamosrapidamente uma reviso sobre as duas unidades estudadas anteriormente, tocando,apenas,nospontostocantesaocernedaAntropologiaFilosfica.

    Comovimos,apaidiahomricabaseia-senoconceitodaaret guerreira.Maisquevirtude,esteconceitonosacusaaideiadacaractersticaquefazcomqueumhomemsedistingadentreosoutros.Acultura,inclusiveareligio,dapocabaseadanasepopeiasdeHomero,aIlada e a Odisseia,eOs Trabalhos e os Dias de Hesodo,davaaideiadeumhomemheri,destaformaaeducaosepropunhaaformarguerreiros,portadoresdehonra,coragem,valoresqueencontravamnospersonagensdosditospoemas.Aideiaeraaprenderimitandoosmitos.

    Escolaumarealidadequeseconcretizarmuitotempofrente.Aeducaoaconteciadeformadomstica,emcasa,ouemreaslivreseresumia-seaaprenderosexerccioscomarmaseartesmusicais,nelesenglobadasaleituraeacivilidade.Incentivava-seacompetioentreosalunos,eaquelesquesesobressassemeramguindadosanveismaisaltosdeensino;oquegarantiacontinuidadedessecartercompetitivo.

    Nota-seaaoeducadoradaobradopoeta,quandotrazmemriaregistrosdegrandesatosdehomenshistricos,masaobravaialm,apresentandoensinamentosticosdeformavivaapontodeinspirarasnovasgeraes.

  • Claretiano BatataisCRC Antropologia Filosfica: Aprofundamento - Civilizao Micnica a Plato 49

    EXTENSO UNIVERSITRIA

    3UNIDADE

    TomandocomopressupostoafiguradeAquiles,arqutipodoheri,naIlada,amensageminspiraqueocidadogregodeveservirtuosonasguerras,corajoso,lderedefensordaptria.NaOdisseia,apresentam-seaseguranamoraleaobedinciasleis, virtudes fundamentais paraparticipar dapolis. importantenotar que, desdeaGrciaantiga,aeducaotemafinalidadedeprepararefazeroshomensvirtuososcomoparticipantesdasociedade.

    DeumaformadiferenteacontecenaGrcia,nostemposdePlato,quandoaspreocupaeseramoutras.Arelaodocidadocomapolisestavabemestabelecida,sucedendooentofilsofodatransio,oprprioScrates.

    Nesteperodo,fato,comojvimos,quesuperamosacosmologia,contribuiestaiscomoasqueHerclitoeParmnidestrouxeram,assimcomoosresidentesemritosdatransiosocrtica,osSofistas,ainstauraodeumpensamentofilosficodiversodoperodoanterior;dandosequnciaaograndeScrates,comoadventoeinauguraodopensamentoantropolgico,assimcomoacinciamoraletica.

    Observamosqueapreocupaofilosficanorteouseusinteressesaohomem,psychequeesta,porassimdizer,sendoasededaaret,conduziaohomemaobemsupremo,verdadeiragrandezahumana.

    EmPlatoprivilegiadoocarterdapaidia, em queohomem,segundoolivroVII da obra A Repblica,devesairdomundodassombrasemqueviveegalgaromundodasideias,noqualpodercontemplaraverdadedoser.

    Deincioumcaminhoindividualparaelevarohomem.Mas,comoveremosnaAlegoria da Caverna,umavezsenhordacontemplaodaverdade,ohomemdevedesceraomundodassombrasparalevaresclarecimentoaosdemaisqueaindalseencontram.Tambmaexemplodaepgrafeutilizadano inciodestaunidade,docontoAs Laranjas Iguais,doautorOswaldoFranaJunior,naqualumdoshomensqueviviamnaredoma,pornopossuirsemelhanteposturaresignadacontemplaodavidaexpulso,percebendo,apartirdeento,quesuavisodemundoeraequivocada,despertando,assim,libertodaconsensialidadedasaparncias.Noentanto,voltaumdia,afimdealertare,tambm,despertarosdemaisconterrneos.Eisaresponsabilidadesocialepolticadofilsofo.Elepassaaserumeducador.

    Essesconceitosseroestudadosmaisfrente,tantonopresentetexto,falandodePlato,quantoemprximasediesnasquaisabordaremosotemadatranscendnciaemLeonardoBoff.

    EmPlatonohmaisabuscapelomito,pelaimitaodosherisedeuses,esimumabuscapelosverdadeirosvalores,aret,partindododiscursofilosfico,adialticafilosfica.

    ParaPlatoaeducao,agorainstitucional,devepartirdaginsticadasarteselevarohomem,aocabodeumlongoaprendizado,utilizaoseguradadialtica,nacontemplaodomundodasverdades.

    Ainda, segundo Plato, esse exerccio filosfico de aprendizagem da alma,reminiscncia1,dever,pelofilsofo,serbuscadoevividoconstantemente.

    Sendoentoaalmaimortaletendonascidomuitasvezes,etendovistotantoascoisasaquiquantoasnoHades,enfimtodasascoisas,nohoquenotenhaaprendido;demodoquenonadadeadmirar,tantocomrespeitovirtudequantoaodemais,serpossvelaelarememoraraquelascoisasjustamentequejantesconhecia.Pois,sendoanaturezatoda

    VOC SABIA QUE...Dialtica de Plato um mtodo pelo qual nos aproximamos do conhecimento real de determinada coisa. dialgico! Elaborado de perguntas e respostas. Teses e antteses. Dialogicidade na relao epistmica, na relao sujeito e objeto, ou mais acertadamente, chamaremos de relao sujeito e sujeito; trata-se de uma inter-relao. Esta relao se d tanto de forma epistmica, quanto intuitiva, onde percepciona a forma, em busca do conhecimento que h no outro sujeito, ao passo que, ento, executamos a anamnese. Neste processo, a alma media o sensvel e o inteligvel. Via direta e por intuio promove [...] o movimento de ascenso e descenso do mtodo dialtico (FEITOSA, 1997, p. 224), chamada por Plato de a marcha dialtica (PLATO, 1965, 532a).

    (1) Reminiscncia: Reminis-cense, fr. Rminiscence, ai. Reminiszens-, it. Anamnest). O mito da A. (Anamnesi) exposto por Plato em Mnon, como anttese e correo do princpio erstico de que no possvel ao homem indagar o que sabe nem o que no sabe, pois seria intil indagar o que se sabe e impossvel indagar quando no se sabe o que indagar. A este discurso, que pode tornar-nos preguiosos e agrada muito aos fracos, Plato ops o mito segundo o qual a alma imortal e, portanto, nasce e renasce muitas vezes, de tal modo que viu tudo neste mundo e noutro, pelo que pode, em certas ocasies, recordar o que sabia antes. E como toda a natureza congnere e a alma apreendeu tudo, nada impede que quem se recorde uma s coisa (que aquilo que se chama de aprender) encontre em si todo o resto, se tiver coragem e no se cansar na busca, j que buscar e aprender no so mais que reminiscncia (PLATO apud ABBAGNANO, 1998, p. 59).

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    3congnereetendoaalmaaprendidotodasascoisas,nadaimpedeque,tendorememoradoumascoisafatoesseprecisamentequeoshomenschamamaprendizado,essapessoadescubratodasasoutrascoisas,seforcorajosaenosecansardeprocurar.Pois,pelovisto,oprocurareoaprenderso,noseutotal,umarememorao(PLATO,2001,p.52,81d).

    Dessa forma, podemos observar pontos importantes da filosofia de Plato,passandopelosseusprincipaisconceitos.necessrioquepercorramosalgunsdeseusprincipaistemas,paraconstruiralgumrascunhoantropofilosficodoautor.

    Paraisso,veremosaorientaodenossasanlisesembuscadaephistm2 pormeio domtodo platnico, adialtica3, bem como abordaremos os conceitos dereminiscnciaecatarse.Issotudoporviasdoestudodasuateoriasobreaalma.

    3 A CAVERNA: REFLEXES ACERCA DA IMAGEM DE HOMEM EM PLATO

    A Alegoria da CavernaumcontonarradoporPlato4que,decertaforma,sintetizavriosdeseuspensamentoseapartirdoqualpoderemosdiscorrersobreaideiade homem.

    NaimagemdohomememPlato,quesetratadeumaimagemdiversadospr-socrticos,temosumaconcepops-socrticadasanlisesestabelecidasanteriormentesobreocorpoeaalma.Comovimos,Herclitojteorizavaarespeitodo ser,dodaimon, queorientavaohomememseuspercalosdavida. EmPlato, essa teoria do ser tomauma formametafsica, de cunhoanaltico,queenvolveoseremumprocessodeimannciatranscendnciae renediversosaspectos tericos inovadorese tradicionais.Comoocorre,porexemplo,nautilizaodas teoriaspitagricas,porPlato,na teoriadatransmigraodasalmas,como inovaodeumateoriade tradio,ounaproblemtica domovimento da alma, superando as teorias domovimentodoespritodeAnaxgoras.Assim,ohomememPlatoconcebidoemumaimagemdualista,corpoealma.Sendoqueumarepresentaodeimanncia,ocorpo,eaoutra,detranscendncia,aalma.Algunsfilsofosbuscamnovaspesquisassobreessateoriaeformulamnovosestudosarespeito,tendocomobase a obra Timeu (VAZ,2004).

    Em conceitos bem resumidos, podemos dizer que a Alegoria da Caverna trata-sedeumahistriaquenarraapassagemdosensvelao inteligvel,doplanodoconhecimentoguiadopelossentidossensoriaisaoconhecimentoorientadopelautilizaoda racionalidade, comomtodo para purificao do conhecimento, comprovao desteconhecimento,pormeiodadialtica,paraaelevaodaalmanacontemplaodaquiloquerealmentereal;issosetratadoplanodointeligvel.autilizaodadimensodointeligvelobtenodoconhecimentoverdadeiro.

    Oshomensdaalegoriadacaverna,socomoasalmasqueviveramenfeitiadasnaquilotudoquecompeteaocorpo,sriquezas,sopiniescostumeirasecotidianas,aovagueardasmerasaparncias,eque jamais sepreocuparamcomoconhecimentoepistmico, orientado pela filosofia a transcender da condio alienvel do sensvel eexperimentaraquiloquesetratadeprofcuoefecundo,ointeligvel.

    Segundomeparece,pode-setambmsuporocontrrio:queestejapoluda,enopurificada,aalmaqueseseparadocorpo;docorpo,cujaexistnciaelacompartilhava; do corpo, que ela cuidava e amava, e que a trazia to bemenfeitiadaporseusdesejoseprazeres,queelasconsideravarealoquecorpreo,oquesepodetocar,ver,beber,comereoqueserveparaoamor;

    (2) Ephistm: termo grego episteme, significa cincia, por oposio doxa (opinio) e a techn (arte, habilidade (MARCONDES; JAPIASS, 2001). O termo episteme utilizado para designar o conhecimento provvel, pela razo, o conhecimento verdadeiro; que se opem as aparncias, ao conhecimento do senso comum, s sombras da caverna (MARCONDES; JAPIASS, 2001).

    (3) Dialtica: em Plato, a dialtica o processo pelo qual a alma se eleva, por degraus, das aparncias sensveis s realidades inteligveis ou ideias. Ele emprega o verbo dialeghestai em seu sentido etimolgico de dialogar, isto , de fazer passar o logos na troca entre dois locutores. A dialtica um instrumento de busca da verdade, uma pedagogia cientfica do dilogo graas ao qual o aprendiz de filsofo tendo conseguir dominar suas pulses corporais e vencer a crena nos dados do mundo sensvel, utiliza sistematicamente o discurso para chegar percepo das essncias, isto , ordem da verdade.

    (4) Plato: nasceu em Atenas, Grcia, por volta do ano de 427 a.C. e faleceu por volta de 347 a.C. tido como um dos mais influentes filsofos ao mundo ocidental, em especial idade mdia, na Europa. Seu nome verdadeiro era Aristcles, nascido de famlia de aristocratas, sempre muito envolvida com polticos. Pesquisadores dizem que Aristcles ficou conhecido como Plato, pela sua estrutura fsica, por conter ombros largos, no grego, plats, designa largueza. Para saber mais sobre Plato acesse o site: . Acesso em: 2 maio. 2011.

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    3UNIDADE

    aopassoquesehabituouaodiar,aencararcomreceioeaevitartudoquantoaosnossosolhostenebrosoeinvisvel,inteligvel,pelocontrrio,pelafilosofiaesporelaapreendido!Setaloseuestado,crsqueessaalmapossa,aodestacar-sedocorpo,existiremsimesma,porsimesmaesemmistura?

    [...]Elas,porteremsidolibertadas,emestadodeimpurezaedeparticipaocomovisvel,soassimtambmelasvisveis!(PLATO,1972,p.92,81c-d).

    As imagens projetadas que estes habitantes enfeitiados da caverna veem,tratam(emsuabelezaevirtude),decoisassemelhantesaomundointeligvel,dasideai (ideias,perfeitaseimutveis).Porm,notratamdacoisaemsi,emsuabelezaeverdade,mas,apenasdeumaaparnciasemelhante,pois,secontmalgodebelezaeverdade,contmalgodaquiloqueaideiaemsimesma;dessemodo,diz-se[...]quetudooquebelobeloemvirtudedoBeloemsi(PLATO,1972,p.113,100c-e).

    A contemplao das sombras da caverna designa que, primeiro, o que contemplado pormeio das sombras, trata-se de uma aluso daquilo que reflete suasombra, a ideai, assim, podemos, em um primeiromomento, admirar o que destemundo,apenascomoalgoemsemelhanacomaquiloqueemsimesmo,enosreportarasuaprocura;eemumsegundomomento,representaoperigodaalienaoeprisodaalma,nabelezafalsaqueestprojetada,aaparncia.Edesignatambmquemesmoofilsofohdeestarnomundodasaparncias,deincio,masquepoderselivrardosgrilhesdadoseuespantoecuriosidade,echamamentovocacionalaquesesubmete,devidovidadaalma.

    Dessaforma,seaalmapermanecenomundoescurodasentranhasdacaverna,torna-senecessrioqueestasepurifiqueasi,emprimeiromomento,paraquepossa,pormeiodavidaprticadafilosofia(phnsis),mododevidaapegadosverdadeirasvirtudes,epormeiodaSophia(filosofiaterica),aproximar-sedojusto(t Dikaion),dobom(t Agathos)edobelo (t Kaln) [...] somentenestasencontramosaperfeiodignadenossos esforos [...] para assim, se reportar contemplaodaquilo que realmentereal,everdadeiroemsimesmo(PLATO,2000,p.127,278a-b).

    OsmtodosutilizadosporPlatofecundamtodoumprocessodeharmonizaodosmovimentosinterioresdohomem,aopassoqueeste,ocorpo,sendoumajunodecorpoealma,epossuindoemseumaisaltograudopensamento,ointeligvel,otelos (finalidade,fim),dirige-sealmaracional(to logistikon)(VAZ,2004).

    VamosAlegoria da Caverna:

    SCRATES Figura-te agora o estado da natureza humana, em relao cinciae ignorncia, soba formaalegricaquepassoa fazer. Imaginaoshomensencerradosemmoradasubterrneaecavernosaquedentradalivreluzemtodaextenso.A,desdeainfncia,tmoshomensopescooeaspernaspresosdemodoquepermanecemimveisesvemosobjetosquelhesestodiante.Presospelascadeias,nopodemvoltarorosto.Atrsdeles,acertadistnciaealtura,umfogocujaluzosalumia;entreofogoeoscativosimaginaumcaminhoescarpado,aolongodoqualumpequenomuroparecidocomos tabiquesqueospelotiqueirospementresieosespectadoresparaocultar-lhesasmolasdosbonecosmaravilhososquelhesexibem.

    GLAUCO-Imaginotudoisso.

    SCRATES-Supeaindahomensquepassamaolongodestemuro,comfiguraseobjetosqueseelevamacimadele,figurasdehomenseanimaisdetodaaespcie,talhadosempedraoumadeira.Entreosquecarregamtaisobjetos,unsseentretmemconversa,outrosguardamemsilncio.

    GLAUCO-Similarquadroenomenossingularescativos!

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    3SCRATES-Poissonossaimagemperfeita.Mas,dize-me:assimcolocados,poderoverdesimesmosedeseuscompanheirosalgomaisqueassombrasprojetadas,claridadedofogo,naparedequelhesficafronteira?

    GLAUCO-No,umavezquesoforadosaterimveisacabeadurantetodaavida.

    SCRATES-Edosobjetosquelhesficampordetrs,poderoveroutracoisaquenoassombras?

    GLAUCO-No.

    SCRATES-Ora,supondo-sequepudessemconversar,notepareceque,aofalardassombrasquevem,lhesdariamosnomesqueelasrepresentam?

    GLAUCO-Semdvida.

    SRATES-E,se,nofundodacaverna,umecolhesrepetisseaspalavrasdosquepassam,nojulgariamcertoqueossonsfossemarticuladospelassombrasdosobjetos?

    GLAUCO-Claroquesim.

    SCRATES-Emsuma,nocreriamquehouvessenadaderealeverdadeiroforadasfigurasquedesfilaram.

    GLAUCO-Necessariamente.

    SCRATES-Vejamosagoraoqueaconteceria,sese livrassemaumtempodas cadeias e do erro em que laboravam. Imaginemos um destes cativosdesatado,obrigadoalevantar-sederepente,avolveracabea,aandar,aolharfirmementeparaa luz.Nopoderiafazertudoissosemgrandepena;a luz,sobreser-lhedolorosa,odeslumbraria,impedindo-lhedediscernirosobjetoscujasombraantesvia.

    Quetepareceagoraqueeleresponderiaaquemlhedissessequeatentoshaviavistofantasmas,pormqueagora,maispertodarealidadeevoltadoparaobjetosmaisreais,viacommaisperfeio?Supeagoraque,apontando-lhealgumasfigurasquelhedesfilavamanteosolhos,oobrigasseadizeroqueeram.Notepareceque,nasuagrandeconfuso,sepersuadiriadequeoqueantesviaeramaisrealeverdadeiroqueosobjetosoracontemplados?

    GLAUCO-Semdvidanenhuma.

    SCRATES-Obrigadoafitarofogo,nodesviariaosolhosdoloridosparaassombrasquepoderiaversemdor?Noasconsiderariarealmentemaisvisveisqueosobjetosoramostrados?

    GLAUCO-Certamente.

    SCRATES-Seotirassemdepoisdali,fazendo-osubirpelocaminhosperoeescarpado,parasoliberarquandoestivesselfora,plenaluzdosol,nodecrerquedariagritoslamentososebradosdeclera?Chegandoluzdodia,olhosdeslumbradospeloesplendorambiente,ser-lhe iapossveldiscernirosobjetosqueocomumdoshomenstemporseremreais?

    GLAUCO-Aprincpionadaveria.

    SCRATES-Precisariadealgumtempoparaseafazerclaridadedaregiosuperior.Primeiramente, sdiscerniriabemassombras,depois,as imagensdoshomenseoutrosseresrefletidosnasguas;finalmenteerguendoosolhosparaaluaeasestrelas,contemplariamaisfacilmenteosastrosdanoitequeoplenoresplendordodia.

    GLAUCO-Nohdvida.

    SCRATES-Mas,aocabodetudo,estaria,decerto,emestadodeveroprpriosol,primeirorefletidonaguaenosoutrosobjetos,depoisvistoemsimesmoenoseuprpriolugar,talqual.

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    3UNIDADE

    GLAUCO-Foradedvida.

    SCRATES -Refletindodepois sobre a naturezadeste astro, compreenderiaqueoqueproduzasestaeseoano,oquetudogovernanomundovisvele,decertomodo,acausade tudooqueeleeseuscompanheirosviamnacaverna.

    GLAUCO-claroquegradualmentechegariaatodasessasconcluses.

    SCRATES - Recordando-se ento de sua primeira morada, de seuscompanheirosdeescravidoeda idiaque lsetinhadasabedoria,nosedariaosparabnspelamudanasofrida,lamentandoaomesmotempoasortedosquelficaram?

    GLAUCO-Evidentemente.

    SCRATES - Se na caverna houvesse elogios, honras e recompensas paraquemmelhoremaisprontamentedistinguisseasombradosobjetos,queserecordasse commais preciso dos que precediam, seguiam oumarchavamjuntos,sendo,porissomesmo,omaishbilemlhespredizeraapario,cuidasqueohomemdequefalamostivesseinvejadosquenocativeiroeramosmaispoderosos e honrados? No prefeririamil vezes, como o heri de Homero,levaravidadeumpobrelavradoresofrertudonomundoavoltarsprimeirasiluseseviveravidaqueantesvivia?

    GLAUCO-Nohdvidadequesuportariatodaaespciedesofrimentosdeprefernciaaviverdamaneiraantiga.

    SCRATES-Atenoaindaparaesteponto.Supequenossohomemvolteaindaparaacavernaevassentar-seemseuprimitivolugar.Nestapassagemsbitadapuraluzobscuridade,nolheficariamosolhoscomosubmersosemtrevas?

    GLAUCO-Certamente.

    SCRATES-Se,enquantotivesseavistaconfusaporquebastantetemposepassariaantesqueosolhosseafizessemdenovoobscuridadetivesseelededaropiniosobreassombraseaesterespeitoentrasseemdiscussocomoscompanheirosaindapresosemcadeias,nocertoqueosfariarir?Nolhediriamque,portersubidoregiosuperior,cegara,quenovaleraapenaoesforo,equeassim,sealgumquisessefazercomelesomesmoedar-lhesaliberdade,mereceriaseragarradoemorto?

    GLAUCO-Porcertoqueofariam.

    SCRATES-Poisagora,meucaroGLAUCO,saplicarcomtodaaexatidoestaimagemdacavernaatudooqueanteshavamosdito.Oantrosubterrneoomundovisvel.Ofogoqueoiluminaaluzdosol.Ocativoquesoberegiosuperioreacontemplaaalmaqueseelevaaomundointeligvel.Ou,antes,jqueoqueressaber,este,pelomenos,omeumododepensar,quesDeussabeseverdadeiro.Quantomim,acoisacomopassoadizer-te.Nosextremoslimitesdomundointeligvelestaidiadobem,aqualscommuitoesforosepodeconhecer,masque,conhecida,se imperazocomocausauniversaldetudooquebeloebom,criadoradaluzedosolnomundovisvel,autoradaintelignciaedaverdadenomundoinvisvel,esobreaqual,porissomesmo,cumpreterosolhosfixosparaagircomsabedorianosnegciosparticularesepblicos(PLATO,1965,p.287-291).

    Pararefletirmosacercadessaalegoria,necessrioprimeiramenteabordarmosumdos temas essenciais para a sua compreenso, a alma, apsych, e que aqui emPlato,podersermuitobemdefinidacomotermogregologos5,exatamenteportratardadimensodopensamentoracional,abordagemprincipaldaalegoria.

    (5) Logos: Na lngua grega clssica equivale a palavra, verbo, sentena, discurso, pensamento, inteligncia, razo, definio etc. Supe-se que em seu sentido etimolgico originrio de reunir, recolher, estaria contido o carter de combinao, associao e ordenao do logos, que daria assim sentido s coisas [...] Para Plato, sobretudo no Teeteto e no Sofista, o logos a definio, a sentena predicativa que expressa uma qualidade essencial de algo (MARCONDES; JAPIASS, 2001, p. 167).

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    34 A ALMA: SUA COMPLEXIDADE

    Platofezusodestetermo, logos,dediversasmaneiras,comooposioentremythos e logos,noquallogosseriaumrelatoanalticoeverdadeiro;gerindoumateoriaepistemolgica, um relato daquilo que sabemos (1972, p. 86, 76b). Como opinioverdadeiraacompanhadadeumrelato(=epistm),(1973,p.102,201c-d).

    Logos,decertaforma,estsempreapontadoparaaepistm.Assim,emmeios vrias formas de significar o logos, aqui abordadas, e emoutras obras de Plato,como na obra A Repblica(1965,p.134,534b),vamosabord-locomoaquiloquenospermite raciocinare inferirargumentosdoverdadeiro sobreo conhecimentoorientadopeladimensointeligveldapsych.

    AalmaemPlatoamplamentediscutidaemtodosostemasetemposabordadosedefundamentalimportnciaparaacompreensodaimagemdohomem,assimcomointilbuscarconheceraimagemdohomemnoperodogreco-clssico,oumesmonoperodomedievaleuropeu,semPlato.

    Podemos definir o pensamento antropofilosfico (antropolgico filosfico) dePlato,segundoduasvertentes,dentrodeummesmoiderio:

    Primeiro, temos abordado o tema do logos, nos dilogos do ciclo damortedeScrates,Apologia de Scrates,Criton,Mnon e Fdon.Dentrodesse tema, temosdiscutido os problemas da preexistncia e imortalidade da alma; ficando, assim, asatenesvoltadasparaareminiscncia(anmnsis)e,porconseguinte,paraoprocessoda purificao (Ktharsis). Essas abordagens se fazem necessrias ao palco da teoriadasideias,quevislumbraamplamenteosespaosnostpicosdosdilogoscitados(VAZ,2004).

    Vale salientar queanaturezadaalmaestabeleceumvnculo visceral comomundodasideias.Portanto,imprescindvelquesediscutaateoriadasideiasafimdecompreendermosaalmaevice-versa,assimcomoparadiscutirmosacercadaimagemdehomemparaPlato.

    Portanto, aqui eximimo-nosdeadvertnciasaoapresentarmosaAlegoria da Caverna no incio do tpico.Nohmelhor referncia que apreciar demododireto esemexplicaoumaalegoria,afinalsetratadeumametforaeessetipodelinguagemquando epistemologizada, perde suas refernciasmetafricas e ganha sentido restrito(HEIDEGGER,2003).

    Contudo,estamosretratandoaconstruodeumateoriametafsica,ateoriaplatnica,etemosdedesvendardentrodalinguagemmetafricaosprincipaistemasdasuafilosofia.

    Durante as reflexesdiscorreremos sobre os principais temasda filosofia dePlato,que,emsntese,estopresentesnaprpriaAlegoria da Caverna.

    AsegundavertenteotemadoEros(amor)navidadohomem.OErosumtemasignificanteparaaideiadehomemeparaavidadaprpriapsych.

    CostumeiramentetemosEroscomoalgodepreciativoalma,exatamenteporfazermenospulsesamorosas,aosimpulsosquerespondemaossentidoscorporais,osquaisenevoamadimensolgicadaalma,ouseja,ologistikn da psych.

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    NaverdadepodemosnosorientardentrodopensamentodePlatoeconceituarEros comooamorsabedoria,aoconhecimento;ouseja,Erosseriaaquiloquemoveohomemembuscadasabedoria.

    ParaPlatoapsychapresenta-seemfacedeumdualismoqueprecisapurificar-seemproldodesenvolvimentodesi,emsuaparteracional,afastando-sedesuaparteinferior, que, vale dizer, compreende-se na sma, ou seja, na dimenso corprea dohomem.

    A psych,emumprimeiromomento,devesepurificarpormeiodoraciocniofilosfico-dialtico,dasopinies,merasaparnciasdaquiloquerealmenteverdadeiro.Esta uma ascese, da inteligncia, na qual a alma deve purificar-se, em funo daspercepescorpreasedoconhecimentoimperfeitoqueproduzido.Esseprocessodepurificaodenominadodecatarse(kathrsis),eseaplicaaoacessodoconhecimentoverdadeiro,orealverdadeiro,viaanmnsis (reminiscncia).

    A anmnsis um caminho pelo qual a alma passa a fim de libertar-se doconhecimentopuramentedoxticoenoepistmico,pois,esseseapresentaincompleto,imperfeito e confuso.Ou tambmpodemos dizer que aanmnsis uma ferramentapreciosaquelevaapsychcontemplaodasideias(idai)domundodasideias.umaabordageminatista,poissabidoque,mesmoantesdonascimento,aalmacontemplaasideias(Idai),etendoencarnadonocorpo,aalmacainoesquecimento,dapassapelareminiscnciaafimderecordar-se(epistemicamente)daquiloquetenhajconhecido.

    Paraqueacatarseseefetive,temdepassarpelaanmnsis,eestatemdeserdespertadapelamaiutica,comosevnoMnon.Eesseprocessoafastaohomemdasopinies(dxa)eoencaminhacontemplaodaVerdadeeafazerusodoLogosafimderaciocinareargumentarcomalinguagemdorealmentereal(tntsn)(ROCHA,2007).

    Assim, a psych purificada, pormeio do exerccio filosfico, descobre em simesmaoconhecimentoverdadeiro,epistmico,puro,ideal,real.

    Opensamento,quandoeducadonoraciocniodialtico,fundamentaopilarquetornafavorveloprpriopensamentofilosfico.

    Adimensodointeligvelimpe-secomooprincipalobjetodessainvestigaofilosfica,domododepensar,edaargumentaodosfilsofosverdadeiros.Dessaforma,nointeligvelquehabitaaVerdade.Verdadeaquelacujavisosproporcionadaaocondutordaalmapelointelecto(PLATO,2000,p.61,247c).

    A anmnsis,dessaforma,executadadeformaintegralpelaalma,queeducousua inteligncia pormeio da dialtica filosfica (philosopha dialektik), em funo dacompreenso intelectual das ideias, domundodas ideias, tornando-as, ento, objetosconcretosdopensamento:

    Assim,quandoumhomem intenta,peladialtica, semoauxliodenenhumsentido,mas,pormeiodarazo,atingiraessnciadecadacoisa,enosedetmatquetenhaapreendidopelas intelignciaaessnciadobem,elealcana o termo do inteligvel, assim como o outro, h pouco, alcanava otermodovisvel(PLATO,1965,p.131,532a).

    Nissoconsisteoaspectodualdaalma,noqualadimensolgicadeveascenderemrelaosdimensesmaisarraigadasvidadocorpo,daalma.Configuramostambm,dessaforma,umdualismonohomem,aheranadessatradiometafsica,ocorpoeaalma.

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    3Equemhaveriadeobteremsuamaiorpurezaesseresultado,senoaquelequeusassenomaisaltograu,paraaproximar-sedecadaumdessesseres.Unicamenteoseupensamento,semrecorrernoatodepensarnemvista,nemaumoutrosentido,semlevarnenhumdelesemcompanhiadoraciocnio;quem,senoaqueleque,utilizando-sedopensamentoemsimesmo,porsimesmoesemmistura,selanassecaadasrealidadesverdadeiras,tambmem si mesmas, por si mesmas e semmistura? E isto s depois de se terdesembaraadoomaispossveldesuavista,deseuouvido,e,numapalavra,detodooseucorpo,jqueestequemagitaaalmaeaimpededeadquiriraverdadeeexerceropensamento,todasasvezesqueestemcontatocomela?Noseresteohomem,Smias,seaalgumdadofaz-lonestemundo,queatingirorealverdadeiro?(PLATO,1972,p.73,66a)

    Ofilsofo,segundoPlato,aquelequesedesdobraporamorsabedoriaepersistenoexercciodadialtica.

    Umavezquealgumnoestejaprontoparaesteprocessofilosfico,nodeveaventurar-se,masaguardaracircunstncia,quepodernovirnestavida.Maschegar-seaoprocessoapartirdomomentoemquepeloamorfilosofia,libertesuapsych.

    Assim,digo,oqueosamigosdosabernoignoramque,umaveztomadassobseuscuidadosasalmascujascondiessoestas,a filosofiaentracomdouraaexplicar-lhesassuasrazes,alibert-las,mostrando-lhesparaissodequantasilusesestinadooestudoquefeitoporintermdiodosolhos,tantocomooquesefazpeloouvidoepelosoutrossentidos;persuadindo-asaindaaqueselivremdeles,aqueevitemdelesservir-se,pelomenosquandonohouverimperiosanecessidade;recomendo-lhesqueseconcentremesevoltemparasi,noconfiandoemnadamaisdoqueemsimesmas,qualquerquesejaoobjetodeseupensamento(PLATO,1972,p.94,83a).

    Observe,pois,queoobjetodopensamentoestenlaadocomoamorfilosofia,aopensamentopuro, rumoao conhecimentoverdadeiro. Por isso to imprescindvelqueaalmaseliberte,transcendaaspreocupaessomticas,afimdedesgarrar-sedaventurahumana,domundosensvel,dassombrasdacaverna,etenhacinciadequehoobjetoemsuapuraformareal,pordetrsdasaparnciasdasensibilidade,squaissomosconfiadospeloscincosentidos,que,porsuavez,soenganadospelaaparnciadabelezadassuassensaesedeseusestmulos.

    Alibertao,nestesentido,adisjunodocorpoedaalma.Nonosentidofsico,aomenos,nonestavida,masaresistnciaqueaquelequeamaosaber,eporeleobstinado,executaevive,onde,mesmomantendo-senaimannciadavidaterrena,fazendocoisasdehomens,dentrodacidade,transcendeaoplanosensvelesedesligadeforma,comoaalmaemfunoaocorponahoradamorte,mediata,einevitvel,para,assim,achegar-seaoestadodepurezanasrelaesverossmeiscomoplanoideal,doconhecimentoverdadeiro,puroesemmistura.

    Aindaqueofilsofovivasuavidaafastadadoqueimpuroemisturadocomasconfusesdosensvel,avontadedamorteencaradacomolibertao,aopassoquesomosescravosdocorpoedesejamosserlibertos.

    Assim, pois - prosseguiu Scrates , todas essas consideraes fazemnecessariamente nascer no esprito do autntico filsofo uma crena capazdeinspirar-lheemsuaspalestrasumalinguagemsemelhanteaesta:Sim,possvelqueexistamesmoumaespciedetrilhaquenosconduzdemodoreto,quandooraciocnionosacompanhanabusca.Eesteentoopensamentoquenosguia:durantetodootempoemquetivermosocorpo,enossaalmaestivermisturadacomessacoisam,jamaispossuiremoscompletamenteoobjetodenossosdesejos!Ora,esteobjeto,comodizamos,averdade.Nosomentemileumaconfusesnossoefetivamentesuscitadaspelocorpoquandoclamam

    ATENO! Para ampliar seus conhecimentos a respeito deste assunto aconselhvel que voc faa a leitura do livro X da obra A Repblica.

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    as necessidades da vida, mas ainda somos acometidos pelas doenas eeis-nos s voltas comnovos entraves emnossa caa ao verdadeiro real!Ocorpodetalmodonosinundadeamores,paixes,temores, imaginaesdetodasorte,enfim,umainfinidadedebagatelas,queporseuintermdio(sim,verdadeiramenteoquesediz)norecebemosnaverdadenenhumpensamentosensato;no,nemumavezsequer!Vede,pelocontrrio,oqueelenosd:nadacomoocorpoesuasconcupiscnciasparaprovocaroaparecimentodeguerras,dissenes[sic],batalhas;comefeito,napossedebensqueresideaorigemdetodasasguerras,e,sesomosirresistivelmenteimpelidosaamontoarbens, fazemo-lopor causado corpo,dequemsomosmserosescravos!Porculpa suaainda,epor causade tudo isso, temospreguiade filosofar.Masocmulodoscmulosestemque,quandoconseguimosdeseu ladoobteralgumatranqilidade,paravoltar-nosentoaoestudodeumobjetoqualquerde reflexo, sbito nossos pensamentos so de novo agitados em todos ossentidosporesseintrujoquenosensurdece,tonteiaedesorganiza,aopontode tornar-nos incapazesdeconheceraverdade. Inversamente,obtivemosaprovadeque,sealgumavezquisermosconhecerpuramenteosseresemsi,ser-nos-necessrioseparar-nosdeleeencararporintermdiodaalmaemsimesmaosentesemsimesmos.Sentoque,segundomeparece,noshdepertenceraquilodequenosdeclaramosamantes:asabedoria.Sim,quandoestivermosmortos,talcomooindicaoargumento,enodurantenossavida!Se, comefeito, impossvel, enquantoperduraaunio como corpo, obterqualquerconhecimentopuro,entodeduasuma:oujamaisnosserpossvelconseguirdenenhummodoasabedoria,ouaconseguiremosapenasquandoestivermosmortos,porquenessemomentoaalma,separadadocorpo,existiremsimesmaeporsimesmamasnuncaantes.Almdisso,portodootempoquedurarnossavida,estaremosmaisprximosdosaber,parece-me,quandonosafastarmosomaispossveldasociedadeeuniocomocorpo,salvoemsituaesdenecessidadepremente,quando,sobretudo,noestivermosmaiscontaminadosporsuanatureza,mas,pelocontrrio,nosacharmospurosdeseucontato,eassimatodiaemqueoprprioDeushouverdesfeitoesseslaos.Equandodessamaneiraatingirmosapureza,poisqueentoteremossidoseparadosdademnciadocorpo,deveremosmuiverossimilmente ficarunidos a seres parecidos conosco; e por ns mesmos conheceremos semmisturaalgumatudooque.Enisso,provavelmente,quehdeconsistiraverdade.Comefeito, lcitoadmitirquenosejapermitidoapossar-sedoquepuro,quandonosepuro!Taisdevemsernecessariamente,segundocreio,meucaroSmias,aspalavraseosjuzosqueproferirtodoaqueleque,nocorretosentidodapalavra,forumamigodosaber.Notepareceamesmacousa?(PLATO,1972,p.73-74,66c67a)

    Vistoquesomenteadimensointelectual,adimensolgicadaalmapoderpersuadiraviveresteamor(dimensoEros,naperspectivaquecomentvamoshpouco,amorfilosofia,sabedoria,buscapeloconhecimentoverdadeiro,pelaessncianicaeimutveldecadacoisa).

    Para os homens iludidos com os fenmenos da aparncia, aquela dimensosuperficial,externaaohomem,quetrazilusescorrespondentesfaculdadedacogniohumana,sefazcomoquebarreirasimpeditivaspercepoplenadaverdade;produzindomeras opinies acerca dos objetos do conhecimento, orientadas pelos sentidos, pelaspaixesepelos impulsosamorosos,sexuais,quedescaracterizamacorporificaorealdosfatos,,pois,amorte,motivodehorroresaestes,mas,aofilsofo,muitomaisquenointentodereveramantes,esposa,filhos,sefelicitaaosaberquepodercontemplarseuobjetodepredileo,averdadecomoela,aopassoqueaalmaemsimesma,eporsimesma,verdadesemmistura.

    Amorteaofilsofomotivodefelicitaoenoloucuraetemores.Pois,ofatodeaalmasereterna,eenraigada6comafilosofia,comoveremosaseguir,promessadeumaboapassagempeloHades.

    INFORMAO: Alm das obras aqui mencionadas, por meio das citaes, interessante, sobre esta abordagem do Eros, estudar a obra O Banquete (PLATO).

    (6) Enraigar: se trata de um neologismo. No est registrada, por este motivo no aparece nos dicionrios da lngua portuguesa. utilizada para significar: lanar razes, enraizar; viver com persistncia numa ascese promovedora de constncia frutuosa e benfica. Fao a opo pelo termo, pois, o prefixo en traz indicao de um movimento interno. Do pref.lat. in- sobre; superposio; aproximao; transformao; de larga expresso no port., com as ideias de: 1) movimento para dentro: embarcar, engaiolar; 2) aproximao: encostar; 3) transformao: empobrecer, endurecer (HOUAISS, 2011).

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    3Assim, pois, Smias, em verdade esto se exercitando para morrer todosaquelesque,nobomsentidodapalavra,sededicam filosofia,eoprpriopensamentodeestarmortoparaeles,menosqueparaqualqueroutrapessoa,ummotivodeterrores!Eiscomodevemosjulg-los.Noseriaosupra-sumodacontradioqueeles,porumapartesentindo-sedetodososmodosmisturadoscomocorpo,eporoutradesejandoquesuaalmaexistisseemsimesmaeporsimesma,setomassemdepnicoedeirritaoquandosobreviessearealizaodeseusdesejos?Sim,noseriaumacontradiosenoseencaminhassemcomalegriaparaoalmonde,umavezchegados,teroaesperanadeencontraraquiloporqueemtodaasuavidasemostraramapaixonados:asabedoria,queeraoseuamor;etambmnoseriacontraditriodeixaremdesentiralegriaanteaesperanadeseremlibertadosdacompanhiadaquiloqueosmolestava?Mas ento!Os amantes, asmulheres, os filhos no foram capazes, quandomortos,deinspiraramuitosodesejodeirvoluntariamenteparaasregiesdoHades,naesperanadelosencontrarem,dereveroobjetodeseusamoresepermaneceraoseulado;aopassoqueumhomemquefosseapaixonadopelasabedoria,quetivesseardorosamenteabraadoaesperanadeemnenhumapartesenonoHadesencontr-lasobumaformadignadeserdesejada,entoessehomemhaveriadeirritar-senomomentodemorrer,entoessehomemno se rejubilaria de poder dirigir-se para aquelas regies? Eis o que devepensar,meus companheiros, um filsofo, se realmente filsofo; pois nelehdeexistiraforteconvicodequeempartealguma,anosernumoutromundo,poderencontrarapurasabedoria(PLATO,1972,p.75,68a).

    NostrechoscitadosdoFdon,observamos,deformaampla,ambosaspectosdotema do Eros.Deumlado,Eroscomooposioaologos,masestemesmoEros adverte ohomembuscadas ideiaspurase semmistura, levando-ocontemplaodoBeloAbsoluto, afastando-odasopinies, daaparnciade cada coisa,no seu conhecimentoimperfeito,absorvidopelossentidosdocorpo.Decerto,ento,otemadoErospromoveumequilbrionestesentido,orientadonadialticadaobraO Banquete(VAZ,2004).

    5 PHILOSOPHA: PREPARAO PARA A MORTEOutrotemaantropofilsoficootemadamorte.Afilosofiaaparece-noscomouma

    preparaoparaamorte,comodestacaPlato,[...]Poisosqueignorameleeosquelhefazemcorodequemodoseestopreparandoparamorreraquelesqueverdadeiramentesofilsofos(PLATO,1972,p.71,64a).Ento,nasviasdacompreensodequeaalmasejaimortal,elatranscendecorruptibilidadedocorpo,aseparaodocorpoealma,pormeiododesenvolvimento,educao,dafaculdadelogos,daalma.

    Porm,poderamospensarque,seaalmassevertotalmentelivredasujeiode sua atual condio a partir damorte, a soluo imediata seria o suicdio,mas, namesmaobra,somosadvertidosdequedevemosesperarpelosdeusesantesdepormosfimanossavida.Dessaforma,osuicdioseriaalgonopermitidoaofilsofo,poisqueumaespciedeprisoolugarondens,homens,vivemos,edevernolibertar-seasimesmonemevadir-se(PLATO,1972,p.68,62c).

    Aquelesquetememamorte,comovimosnosfragmentosdeFdon,soaquelesqueamamariqueza,asvicissitudesdomundoterreno,osprazeresquenossotrazidospelossentidosdocorpooudafalsaopinio(PLATO,1972).

    No Fdon,otradutornostrazumanotaderodap,naqualexplicaquePlatoserve-sedeumjogodepalavras:philsophos(oqueamaasabedoria),philosmatos(oqueamaocorpo),philokhrmatos(oqueamaasriquezas)ephiltimos(oqueamaashonrarias)(PLATO,1972,p.76).Eapartirdojogodestestermos,podemosidentificar,demodomaisprofundoacompetnciado filsofonoamorsabedoriaesuaaversoquiloqueoimpededecomungardestepensamentoasctico.

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    Platoinsistequesedevechamardefilsofooquebusca,oqueamaasabedoria,oquesedistinguedotermosbio.Adesignaodesbio,Fedro,parece-meexcessiva,poisnoseaplicasenoaosdeuses;masadesignaode filsofo,ouqualqueroutroadjectivoanlogo,seriamaisapropriadaparaclassificar taispersonalidades (PLATO,2000,p.128,278d).

    deverdofilsofoafastaraalma,inteligvel,docontatocomocorpo.SegundoPlato(1972,p.65a)evidentequeotrabalhodofilsofoconsisteemseocuparmaisparticularmentequeosdemaishomensemafastarsuaalmadocontatocomocorpopreparando,assim,suapassagem,tantonoestdioemqueresidenestavida,quantonoHadeseofuturodaalma,conformevamosconheceraseguir.

    A filosofia temessaocupaodeprepararohomemparaamorte,pois livraaalmadasperturbaesdoHades;naobraA Repblica,no livroX,nomitodeEr,indubitvelo temadaorigemedestinodaalma,citando inclusive, Oargumentoqueacabo de expender, e outros, nos obrigam, portanto a concluir que a alma imortal(PLATO, 1965, p. 245, 611b-d). Tambm vlido ilustrar que quando Plato fez talafirmao, naRepblica, j o teria feito noMnon (81a-b) e, mais tarde, no Fdon, apresentoutrsprovasdaimortalidadedaalma(Fdon71d-72a;78b-c,80a,81a;100b,105b,160d).

    6 IMORTALIDADE DA ALMA: IMORTAL, INCRIADA (ETERNA) E IMUTVEL

    No Fedro, Plato apresenta conceitos sobre a imortalidade da alma, a partirdoprincpiode suaautomobilidade.Oquesemovepor simesmo imortal,poisnodependedeoutremasermovida.Sefosseocontrrio,eaalmafossemovidaporoutro,estemovimentodaalmatenderia,emalgummomentoacessar,aterminar,eestecessarsignificariadeixardeexistir,terfim.OqueparaPlatoimpossvel.Somentealgoquesemoveasimesmo,epornoterinciodemovimentoenocaberofimdestemovimento,podeserprincpiodomovimentoaoutro,aoksmos,porexemplo.Aalmaprincpiodemovimento.Assim,aalmahumana(conjugadanaimagemdoantrophos)colocadacomoo centro das preocupaes filosficas deste perodo.A alma eterna e imortal.Temosmaisdoqueinstaladaumateoriaantropofilosfica.

    Aalma imortal,poisoquesemoveasimesmo imortal,aopassoque,naquiloquemovealgumacoisa,mas,porsuavez,tambmmovidoporoutra,acessaodomovimentocorrespondeaofimdaexistncia.Somenteoquesemovea simesmo, constitui tambm fontedemovimentoparaasoutrascoisasquesemovem[...]umprincpioconstituialgoinato[...]aopassoqueoprincpionoprovmdecoisaalguma,pois,secomeasseaserpartindodequalqueroutrafonte,noseriaprincpio[...]comonoproveiodeumagerao,noseencontrasujeitocorrupo[...]oprincpiodomovimentooqueasimesmosemoveeporissonopodeseranulado,nempodetercomeadoaexistir,pois,deoutramaneira,todoouniverso,todasasgeraesparariamejamaispoderiamvoltarasermovidasaencontrarumpontodepartidaparaaexistncia.Agoraquefoidemonstradaaimortalidadedoquesemoveporsimesmo,nohaverqualquerescrpuloemafirmarqueessaexatamenteaessnciadaalmaqueoseucarterprecisamenteeste.

    Oquesemoveasimesmonopodeseroutracoisasenoaalmadeondeseseguenecessariamentequeaalmasimultaneamente incriadae imortal(PLATO,2000,p.57,245c-246a).

    A alma move a si mesma e o princpio do movimento, organizando oscorposhumanos,assimcomooksmos,aphysis.Tomadacomoprincpioorganizador,

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    3harmonizador, entendida a relao entre este princpio organizador e gerador destemovimento,comaorganizaodacidade,naestruturaodapolis.

    Naunidadeanterior,falvamossobretalassunto,eagorachegouomomentodecompreendermosdefatoesteproblemasobreoprincpioorganizador.

    O princpio organizador e harmonizador dos pr-socrticos, na cosmologia,deixadeseroselementosfsicos,daphysis,etransmuta-seaoplanoantropolgico.Ficaevidente,sefizermosumparalelocomAnaxgoras7,segundoPlato:

    [...]se,comoalgunspretendem,osseresvivosseoriginamdeumaputrefaoemquetomamparteofrioeocalor;seosanguequenosfazpensar,ouoar,ouofogo,ouquemsabesenadadisso,massimoprpriocrebro,quenosdassensaesdeouvir,verecheirar,dasquaisresultariamporsuavezamemriaeaopinio,aopassoquedestas,quandoadquiremestabilidade,nasceriaoconhecimento(PLATO,1972,p.108,96b).

    [...]certodiaouvialgumqueliaumlivrodeAnaxgoras.Diziaestequeoespritooordenadoreacausadetodasascoisas.Issomecausoualegria.Pareceu-mequehavia,sobcertoaspecto,vantagememconsideraroespritocomocausauniversal[...](PLATO,1972,p.110,97a).

    [...] medida que avanava e ia estudandomais emais, notava que essehomemnofazianenhumusodoespritonemlheatribuapapelalgumcomocausanaordemdouniverso,indoprocurartalcausalidadenoter,noar,naguaemmuitasoutrascoisasabsurdas!(PLATO,1972,p.110,98)

    E, em seguida, Plato continua citando Demcrito, Leucipo e Anaxmenes,levando ao ridculo, por meio das palavras do texto, assim, como se apropriando determospejorativosparademonstrarcomdesprezosuaaversoaospensamentosdessesfilsofos.

    Reforaoargumentodequese faznecessriaumaexplicaoatribudapelapsych,poisimortalemovimenta-se,movimentandoasoutrascoisasharmonicamente,talcomoamsica,levando-asorganizao.Issocaracterizaaarchplatnica,aalma.

    impossvelaqualquerserhumanomortaltornar-secontinuamentetementeaosdeusesseelenocompreenderasduasverdadesqueagoraformulamos,asaber,queaalmaamaisanteriordetodasascoisasqueparticipamdagerao,equeimortalecomandatodososcorpos.Acresa-seaisto,comooafirmamosreiteradamente,quenecessrioquesecompreendatambmarazoquecomandaoqueexisteentreosastros,juntamentecomasnecessriascinciaspreliminares,devendotambmeleobservaraconexocomateoriamusical, aplicando-a harmoniosamente s instituies e normas da tica.Adicionalmente,terelequesecapacitaraapresentarumaexplicaoracionaldetudoqueadmiteaexplicaoracional(PLATO,1999,p.509).

    Fixa-se,assim,pormeiododilogo,As Leis,queaalma,sendoimortal,tambmprimeiraatodasascoisas,sendo,ento,incriada,eterna,move-seasimesma,eprincpiodemovimentoeorganizaodocosmos;sendoqueestaorganizaoseaplica,tambm,harmonianaconstituiodasleis,datica,doconvvio,enfim,daorganizaodeumacidade,instaurandodessemodo,aordemnocosmos,porconseguinte,napolis.Ultrapassandooslimitesdaantropologia,coloca-se,nateoriadePlato,comoaalmadomundo.

    7 KATHRSIS (PURIFICAO) DA PSYCH (ALMA)A psych imortaleeterna,ouseja,nocriada,enomorre,noacaba,

    no termina com o corpo, assim como estudamos anteriormente. Para ela no hcorrupo,noh tempooualteraes.Dessa forma,anecessidadedepurificaoda

    (7) Anaxgoras nasceu em Clazmenas, na Jnia, por volta do ano de 500 a.C. Desenvolveu a teoria de que tudo est em tudo, onde, por menor que seja a parcela dividida de algum objeto, nela est presente todos os elementos-qualidade do universo, que associadas do origem ao ser; chamou de Nos (esprito, pensamento, inteligncia). Para saber mais sobre Anaxgoras acesse o seguinte endereo eeltrnico: . Acesso em: 27 jan. 2011.

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    psych,d-seemduasformas:primeiropeloprocessodadialticafilosfica,pormeiodacatarse da psych,desenvolvendoasuafunoracional.Segundo,pelametempsicose8 (metempschsis),emfacedaidentidadedaalmacomaatemporalidade,querdizer,comsuaeternidade,exatamenteporviveremmuitasvidas,etrazerdecadaumadelas,suaparticipaoprviano/dointeligvel.Poressasexperinciastrazidasdasdiversasvidasnociclovividopelaalma,A Repblica,nomitodeEr,explica-nosqueissotudolevaaalmaaumavidasensorialrelativasvidasantecedidasaesta,naverdadeotipodeexperinciaqueterdepassarestaalma.Ouseja,aalmaprecisapassarpeloexercciocatrticoafimdepurificar-sedaquiloqueadistanciadocontatocomointeligvel.

    Esse exerccio catrtico da alma um trabalho doloroso e longo, o que nosreporta, imediatamente, sada do homemdas sombras da caverna luz do sol, naAlegoria da Caverna, que a personificao imagtica do encontro da alma com ailuminaodoconhecimento.

    A alma a poro divina do homem.Os pregos do sentimento e do prazerpregamnaalmaumafusocomosgostosmateriaisesensveisdocorpo,oquedenotaumcarterdecadenteelevaaalmadoena,fazendo-aestagiarlongedaquiloquepuroerealmentereal,enxergandoapenasoqueaparnciaeimitao.Poressarazofaz-senecessriooexercciocatrtico.

    Ametempsicoseensejaoamadurecimentodapsychnasvidassucessivaseseuposterioravanomoraleintelectual.

    Assim:

    [...]todoprazeretodosofrimentopossuemumaespciedecravocomoqualpregamaalmaaocorpo,fazendo,assim,comqueelasetornematerialepasseajulgardaverdadedascoisasconformeas indicaesdocorpo.Epelofatodeseconformaraalmaaocorpoemseusjuzosecomprazer-senosmesmosobjetos,necessariamentedeveproduzir-seemambos, segundopenso,umaconformidadedetendnciasassimcomotambmumaconformidadedehbitos;esuacondiotalque,emconseqncia,elajamaisatingeoHades em estado depureza,massemprecontaminadapelocorpodequesai;oresultadoquelogorecainumoutrocorpo,ondedecertaformaseplantaedeitarazes.Eporforadissoficadesprovidadetododireitoaparticipardaexistnciadoquedivinoe,portanto,puroenicoemsuaforma(PLATO,1972,p.94,83d).

    Platoinstruiu-senatradiorfico-pitagricaarespeitodametempschsis, a transmigraodasalmas.Temosessainstruoemtermosdeumaaceitaoconsensualpelamaioriadospesquisadores,emfunodaargumentaotericadafilosofiadePlato.SegundoReale,Todososestudiosos,hoje,concordamemafirmarquePitgorasaextraiudo orfismo9,seguramenteanterior(1993,p.87).

    Ametempsicose, comomencionamosanteriormente, imprescindvelparaoexerccioascticodapsych.Assim,Aalmaestsujeitaaumrenascimentoccliconumcorpo,fontedosmales,esujeitanecessidadedepurificao,Katharsis,comopreparaoparaamorte,queoretornodaalmaaoseuestadonatural(PAVIANI,2001,p.152).

    Na obra A Repblica,nolivroX,nomitodeEr,Platonarraarespeitododestinodaalma,earelaodessedestinocomaFilosofia,queaauxilianoprocessocatrticoemfunodesuaevoluonosciclosdametempsicose(PLATO,1965).Aquelasalmasqueelegerempor trsvezesseguidasomododevidada filosofia,pois, ser filsofosegundoPlato,nosomenteabastecer-sedoconhecimento,sairsruasdiscursando,masfilosofiaestilodevida,umestilodevidaascticorecebem:

    [...]asasasterceirarevoluomilenareafastam-se.Quantosoutras,umavezterminadaaprimeiravida,sosubmetidasajuzoe,depoisdejulgadas,

    (8) Metempsicose: (in. Metempsychosis; fr. Mtempsychose, ai. Metempsychose it. Metem-psicosi). Crena na transmigrao da alma de corpo em corpo. Essa crena muito antiga e de origem oriental, mas o termo s aparece nos escritores dos primrdios da era crist. (...) Plato (Tim., 49 ss.; Rep., X, 6l4 ss) (ABBAGNANO,1998, p. 668).

    VOC SABIA QUE...Pitgoras, nasceu em Samos, ilha da Grcia, por volta do ano 572 a.C., e morreu por volta de 497 a.C. em Metaponto, sul da Itlia. Fundou sua escola, denominada Escola Itlica, no sul da Itlia. Durante sua vida viajou muito, e em meio a suas viagens passou pelo Egito, Babilnia, onde provavelmente aprendeu as cincias ocultas, a religio do orfismo, geometria, astronomia, aritmtica, conhecimento musical e muito mais. O que fomentou sua curiosidade e audcia a cunhar o ttulo de philsophos para designar aquele que ama a sabedoria, e vive a procur-la. Adaptado de: . Acesso em: 28 jan. 2011.

    (9) Orfismo: [...] era uma religio de mistrio no antigo mundo grego, difundido a partir dos sculos VII e VI Antes da Era Comum. Seu fundador teria sido o poeta Orfeu, que desceu ao Hades e retornou. Os rficos tambm reverenciam Persfone (que descia ao Hades a cada inverno e voltava a cada primavera) e Dionsio ou Baco (que tambm desceu e voltou do Hades). Como os mistrios eleusinos, os mistrios rficos prometiam vantagens no alm-vida. Texto disponvel em: . Acesso em: 2 maio. 2011.

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    3umasvocumpriraspenasparalocaisdepenitnciaquejabaixodaterra,outras,absolvidaspelajustia,sobemparaumlugardocu,ondedesfrutamdeumaexistnciaqueasrecompensadavidaquelevaramenquantotiveramaformahumana[...](PLATO,2000,p.64,249a-b).

    Plato,naobraFedro,dizque[...]sosdeusesseriamcapazesdedizeroqueapsychhumanaverdadeiramente[...](PLATO,2000,p.58,246a).Demodoque,parans,falta-nosexpressoparatraduzi-la,conhec-la,poiseladivinaemsuaessncia.

    Poressemotivonecessriotraduzi-lasobaintercessodomito,ouapenasdizerqualsuasemelhana,ouchegarmo-nosproximidadedaquiloqueela.

    Dessemodo,Platonoscontaque,

    [...]aalmapodecomparar-seanoseiqueforaactivaenaturalqueunisseumcarroaumaparelhadecavalosaladosconduzidosporumcocheiro[...]

    [...]Quandoperfeitaealada(aalma),pairanoscusegovernaouniversoe,quandoperdeasasas,precipita-senoespao,tombandoemqualquercorposlido,ondeseestabeleceeserevestecomaformadeumcorpoterrestre,oqualcomeaamover-seporcausadaforaqueaalmaqueestnele lhetransmite[...](PLATO,2000,p.57-59,245e-246a-c).

    NalinguagempoticacontadanaobraFedro(2000,245e-246a-c)aalmaperdesuasasase,caindo,encarnaemcorposhumanos;devidoaplicaodavidaascticafilosficarecebesuasasasemtempoantecipado(249a-b).

    Tamanha , pois, a funo da filosofia na vida daquele que se aplica vidapblica,filosfica,emfunodajustia,dobemedobelo.Pois,pormeiodareminiscncia,noprocessocatrtico,adialtica filosfica,vistadascoisasbelas,despertanaalmalembranasdesuaorigem.Pormeiode taisvises,suasasascrescemnovamente,e,assim,obelosensvel,imagemdobeloemsimesmo,realmentereal,despertanasalmasodesejodelevantaremvooeretornaremaoplanointeligveldondevieram.Entendemos,emmeiodeumterrenoantropofilosficoprofcuo,queaalmaseapresentacongnitaaointeligvel,sideiasperfeitasemsimesmas.

    Na obra A Repblica,Plato,emboranotenhateorizadoarespeitodo livre-arbtrio,compreendiaque,nasescolhasfeitas,haviaalgodemuitoimportanteemrelaovidadaspessoas,equehaviaumasimbioseentreaescolhaeodiscernimento.Revela-se a grande responsabilidade do homem em face ao seu futuro. Tanto nas escolhasestabelecidas pelas almas, no processo da transmigrao, na escolha da existncia, emesmonaescolhadavidaterrena,aopopelavidadafilosofia,umavidadeexcelncia,aplica-sesempreinstruo,educao,afimdechegarmoscontemplaodaessnciadasideias,doconhecimentoverdadeiro,daanmnsisdasideiaseternaseimutveis,emfacedavitriafinaldaliberdadesobreodestino(PLATO,1965).

    Porfim,apresentamos,nessamesmaobra,atricotomiadaalma,ummodelotripartidodaalmahumana,ummodelomaisabrangente,quecorrespondestrsclassesdeumacidade,queestruturavamasuavisodapolis, apenaspor citar, a classedosgovernantes(chefes),adosvigilantes(guardies)eadoscomercianteseartesos(povo).Ambasrepresentaes,almaeclassessociais,comoemorientaobiunvoca;trsclassesdacidadeemfunodostrselementosdaalma(PLATO,1965):

    Umprimeiroelemento,o logos,oracional,adimensointelectiva(tlogistikn)queonicoelementodaalmaqueindependentedocorpo,estando,pois,na incumbnciadecomandarosdemaiselementos.Regidopelavirtudedasabedoria.

    ATENO!Aconselhamos que voc leia a obra Fedro, antes da obra A Repblica, para compreender melhor a respeito dos temas relacionados origem e destino da alma, especialmente no mito citado.

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    Oirascvel(tthymoeids),oelementodossentimentos,que,semalorientado,enfraquece a dimenso racional e pode levar a alma ao desequilbrio, subverso.Regidopelavirtudedacoragem.

    O concupiscvel (t epithymetikn), que a dimenso mais arraigada svicissitudesdavidaterrena,sriquezas,ssensaesdocorpo.Avirtudealheregeramoderao,oucomonaA Repblica,atemperana.

    Oselementos logos,e irascvel,daalma,devemestar frentedos impulsosdo concupiscvel e o harmonizar, porm, o logos quem governa e dirige os limitesestabelecidosaoelementoconcupiscvel.

    Eestasduasparteseducadasdestamaneira,realmenteinstrudasnoseupapeleexercitadasparacumpri-lo,hodegovernaroelementoconcupiscvel,queocupaomaiorlugarnaalma,eque,pornatureza,aomaisaltograuvidoderiquezas;elasovigiaro,pormedodeque,saciando-sedospretensosprazeresdo corpo, ele cresa, adquira vigor e, em vez de se ocupar de sua prpriatarefa,tenteassujeit-lasegovern-las,oquenoconvmaumelementodesuaespcie,esubvertatdaavidadaalma(PLATO,1965,p.232,442b).

    Seoelementoconcupiscveldaalmaestfrentedogovernodocorpoedaalma,buscamovimentosdepreciativosedegradantesquecolocamemriscoaalmaeatornaequvocaemseutelos.Deixadealmejaracontemplaodasideaiesepregapormeiodoscravosdadoxa,dasaparnciasedossentidos.

    Assimsoaqueleshomens[...]quedespertamduranteosono,quandorepousaestapartedaalmaqueracional,doceefeitaparacomandaraoutra,equandoapartebestialeselvagem,empanzinadadecomidaoudevinho,estremece,edepoisdesacudirosono,parteembuscadesatisfaesparaosseusapetites(PLATO,1965,p.41,571b-d).

    As trs dimenses, ou elementos da alma devem estar em conformaoascticaentresi,enfrentandoestesjogosdecontrrios;umavezqueadimensoracionaldaalmasejadeorigemdivina,emaisapartadadocorpoedaquiloquemeramenteaparnciadaverdadeemundano,temporobrigaoogovernodocorpoe,portanto,asdimensesinferioresdaalma,orientando-asplenificaodoconhecimento,epistm,ultrapassandooplanodaimagem,daaparncia,atingindo,acustademuitoesforo,acompreensodasideias(Ideai).

    Pormeiodessaperspectiva,reafirmamosasuperioridadedaalmaemrelaoaocorpo.

    Noltimode seus dilogos,As Leis (1999), no livro 12, Plato acentua suaconcepodaalma,instruindo-nosdequecerteirooargumentodequeafilosofiatemdeserorientadapsych, incentivandooconhecimento,essnciadascoisas;deve,pois,afilosofiadialtica,investigaroprpriohomememsuaessncia.Oquenoslembraoconhece-teatimesmodeScrates.

    [...]aalmaplenamentesuperioraocorpoequenestaprpriavidaoquefazcomquecadaumdenssejaoquenadamaisdoqueaalma,enquantoo corpo para ns a imagem concomitante, estando certo quemdiz que ocorposemvidanosenoaimagemdomortoequeoeurealdecadaumdens,quechamamosdealmaimortalparteparaprestarcontasperanteoutrosdeuses[...](PLATO,1999,p.528).

    INFORMAO: Para se aprofundar a respeito da tripartio da alma ler a obra de Plato (1965, 433c, 436a 441a).

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    3Naperspectivateleolgica,aalmaseprojetabuscandolibertar-seemfuno

    da contemplao das ideai (ideias). Mantm-se no processo dialtico filosfico comoverdadeiraamantedasabedoria.

    OpensamentofilosficodePlato,desdeoperodoclssicoataatualidade,encontra-seemabertoeapresentadiversaspossibilidadesdepesquisa.

    AcontribuiodePlatoparaopensamentofilosficoeaconstruodeumafilosofiaantropolgicafoinotriaeumadasmaisimportantesdahistriadafilosofia.

    A Antropologia Filosfica conserva at hoje os estudos da filosofia platnicacomoumdosseusprincipaistemaseautores.

    8 CONSIDERAESVimos,nestaunidade,aelaboraodeumaimagemantropofilosficadePlato.

    O detalhamento da imagemde homemno mbito filosfico feito por esse importantepensador.

    Pudemos observar, desde as consideraes corpreas at as dimenses daalma,umentrelaamentocomplexoentretaiselementos,propiciando,noumasimplesinterpretaodoconceitodehomem,masumacontecimentoqueporsisseexplica,pormnoseesgota.

    OhomemnaGrcia,nostemposdePlato,denotaumcarterexemplar,desertomadocomoocentrodouniverso,porquemesmoaorganizaocosmolgicaencontrasuaexplicaonaalmahumana,aalmadomundo.

    Esperavatambmqueele,dizendo-mequeaterraseencontranocentrodouniverso,ajuntasseque,seassim,porquemelhorparaelaestarnocentro(PLATO,1972,p.110,97c).

    PoisbemcontinuouScratesemprimeirolugar,estouconvencidodequeaterra,sendoredondaeestandocolocadanocentrodaabbadaceleste,noprecisanemdoarnemdequalqueroutramatriaparanocair.Aocontrrio,auniformidadeexistenteemcadapartedocu,dumlado,e,deoutro,oprprioequilbrio da terra so suficientes para sustent-la. Assim, pois, um objetoquesemantmemequilbrionocentrodeumcontinenteuniformenotemmotivonenhumpara inclinar-semaispara loumaisparacemantm-seefetivamenteemsuaposio, semdescairparaos lados (PLATO,1972,p.122,109a).

    Nanota75,dasnotasdotradutor,narespectivaobra(1972,p.123),explicadoque,paraPlato,assimcomoparamuitosastrnomoseestudiososdapoca,aTerraredonda,encontra-senocentrodouniverso,eaoseuredorgravitaaabbadaceleste,queumaesferaocaeseucentroseindistinguedocentrodaprpriaTerra.EstateoriadePlatoumafusodasideiasdeAnaximandroedosfilsofosdosuldaItlia,osfilsofospitagricos.

    Afilosofiatemsuaorigemaindanospr-socrticos,comtalteoriageocntrica,afirmandoseraTerraocentrodouniverso,daapromoodeumoumaiselementospresentesnaprpriaTerra,comoarchdomundo,ouprincpiogeradordavidadoksmos. Mas,emScratesePlato,aarchtomaformaecritriodoacontecerpsquico,comafunodeorganizadoradouniversoedascidades,dapolis e do homem. A psychessarazocriadoraecriativaquesemoveasimesmaeprincpiodemovimento.Aalmadomundo!

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    3UNIDADE

    Issoimpulsionaaimagemdoantrophoscomoocentrodosproblemasfilosficosecientficosdapoca.Ideiaqueperduraatosdiasdehoje.

    9 AUTOAVALIAO DA APRENDIZAGEMAproveite este momento para autoavaliar os conhecimentos adquiridos na

    Unidade3.Paratanto,procureretomaroscontedosestudados,pensando:

    Comosedapassagemdaalmadoplanosensvelaointeligvel,vistona1) Alegoria da CavernadePlato?

    Quaisospassosqueaalmasegueparaoprocessodelibertaodosgrilhesdo2)mundodasaparncias?

    Como a alma pode recobrar suas asas dentro do plano da metempsicose,3)envolvendoafilosofia?

    Dequemaneiraafilosofiapodeprepararohomemparaamorte?4)

    10 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ABBAGNANO,N.Dicionrio de Filosofia.SoPaulo:MartinsFontes,1998.

    FEITOSA,Z.M.L.Dialtica e Retrica em Plato.BoletimdoCPA,Campinas,n.4,jul./dez.1997.

    FRANAJUNIOR,O.As laranjas iguais.RiodeJaneiro:NovaFronteira,1985.

    MARCONDES,D.;JAPIASS,H.Dicionrio Bsico de Filosofia.RiodeJaneiro:JorgeZahar,2001.

    PAVIANI,J.Filosofia e mtodo em plato.PortoAlegre:Edipucrs,2001.

    PLATO.A Repblica.v.1.SoPaulo:DifusoEuropiadoLivro,1965.

    ______. A Repblica.v.2.SoPaulo:DifusoEuropiadoLivro,1965.

    ______. A Repblica.SoPaulo:Atenas,1956

    ______. As leis,incluindoEpinomis.SoPaulo:Edipro,1999.

    ______. Dilogos:obanquete, fdon,sofista,poltico.SoPaulo:AbrilCultural,1972.(ColeoOsPensadores).

    ______. Fedro.Lisboa:GuimaresEditores,2000.(ColeoFilosofiaeEnsaios).

    ______. Mnon.SoPaulo,Loyola,2001.

    REALE,G.Histria da Filosofia Antiga.SoPaulo:Loyola,1993.

    ROCHA,G.R.O argumento da anmnsis na filosofia de Plato.2007.113p.Dissertao(MestradoemFilosofia)ProgramadePs-GraduaoemFilosofia,PontifciaUniversidadeCatlicadoRioGrandedoSul.

    HEIDEGGER,M.A caminho da linguagem.Petrpolis:Vozes,2003.

    VAZ,H.C.L.Antropologia Filosfica I.SoPaulo:Loyola,2004.

  • Claretiano BatataisCRC Antropologia Filosfica: Aprofundamento - Civilizao Micnica a Plato66

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    311 E-REFERNCIAS

    Sites pesquisados

    BRASIL ESCOLA. Anaxgoras. Disponvel em: .Acessoem:2maio.2011.

    BIOGRAFAS y VIDAS. Pitgoras. Disponvel em: .Acessoem:2maio.2011.

    HOUAISS, A. Dicionrio eletrnico houaiss da lngua portuguesa. Verso 1.0. Rio deJaneiro:Objetiva,2001.

    JOSE VALTER. Web site. Disponvel em: .Acessoem:28jan.2011.

    PORTALSO FRANCISCO.Plato. Disponvel em:.Acessoem:02maio.2011.

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    Tendocomobaseofragmento119deHerclito,thos anthrpo damon(aindividualidadeodemniodohomem),erelacionando-oaosnossosestudossobreaAntropologiaFilosficaeseusprincipaisautores,elaboreumadissertaode,nomnimo,trslaudas(pginas),fundamentando-senasorientaesaseguir.

    Bomtrabalho!

    Dicas de metodologia

    Citao

    umtrechodoartigo,copiadoliteralmenteouparcialmente.Paracitaes,devemosobedecersseguintesregras:

    Colocarentreaspastudooqueforcopiado(sempre!).1)

    Colocarsemprearefernciadafontecomonotaderodap,2)naprximafolha,ouentreparnteses,apsacitao,porex-emplo:(CHAU,2002,p.25).Nofinaldaatividade,tambmdeverconterarefernciacompletadafonte.

    Quandoacitaopossuirtrslinhasoumenos,coloque-ano3)mesmopargrafodocorpodotexto.

    Quandopossuirquatrooumaislinhas,acitaodever4)sercolocadaabaixodopargrafo,comtabulaodequatrocentmetrosefonteArialcomtamanho10.Casootrabalhosejafeitodiretonacaixadetexto,essasconfiguraesnoseropossveis,porm,acitaodeveestarentreaspasebemidentificada,conformeexplicamosanteriormente.Se,emcontrapartida,otrabalhoforfeitonoeditordetextoWord,asconfiguraesseropossveis.Observeoexemplodeumacitaocommaisdequatrolinhas:

    Oclassicismotardio(finaldosculoXVIIIeinciodosculoXIX),doqualGoetheumdosexpoentes,retomaaidiadomilagregregoporumaoutraperspectiva:onascimentodafilosofiaummilagre da Grcia porque a prpria Grcia ummilagre

    AVALIAO DO CURSO

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    Oirrepetvel e para sempre perdido, pois perdeu-se o gniohelnico. Que era gnio? Por que somente ele foi capaz decriarafilosofiaetodasasoutrasexpressesdesuacivilizao?(CHAU,2002,p.25).

    Pesquisa

    Apesquisaaleituradequalquerfontedeinformaoquesejavlidaaotemaemquesto,queexpliqueecontribuasobreoqueestamosprocurando.Contudo,apesquisadeveser feitaem fontesseguras, que apresentem informaes concretas e confiveis sobredeterminado assunto. Desse modo, quando pesquisamos, tal atodeverseguiralgunspadres:

    Pesquisa feita em fontes diversas, que devem ser lidas,1)resenhadas,fichadasourascunhadasparaafuturadissertao;ouseja,oprimeiropassodapesquisaaleitura.

    Utilizamosuma fontedepesquisae retiramosde lalgumas2)boasideiasparanossadissertao.timo!Mas,sevocutilizaralgumaideiaprpriadeumautor,como:Penso,logoexisto,dever colocar nessa pgina a referncia da fonte, comodemonstradoanteriormentenacitao;ou,ento,seapenasutilizarmosaideiadoautorparaargumentarasuadissertaoparatrazeraotextomaiscoernciaefora,semutilizarcitaonenhuma,tilcolocarnofinaldoseupargrafo,semaspas,umanotaderodap,comarefernciadafonteespecficadaobradeondevocretirouaideia,oucomomencionamos,entreparnteses,massemonmerodapgina (CHAU,2002).importante no nos esquecermos de colocar a refernciacompleta da fonte no final. Contudo, h outras informaesimportantes que no esto aqui e que complementamconcisamentetais informaes,asquaisestodisponveisnoManualdeNormasdoClaretiano.

    Nunca devemosmisturar diversas fontes e vrias ideias em3)um nico pargrafo. Trabalhe um nico conceito em cadapargrafo.Emumpargrafo,devesertrabalhadaapenasumaideia; devemos falar da ideia em questo, procurar esgotaro entendimento e, ento, passar para outra ideia em outropargrafo,seforocaso.

    Pararesumir,sugerimostrspassosparaapesquisa:4)

    Leitura e fichamento : comas refernciasemmos, realizea leituraeaanlisedasobras,enquantorascunhae fichaasinformaescolhidas.

    Anlise e interpretao : refletir eapreenderosassuntoscentraiseperifricosdotexto.

    Dissertao :veremosaseguircommaisdetalhes.

    Gostaramosdeenfatizarque,mesmofalandosobreessespassos, no estamos estimulando que voc elabore monografiasparaasrespostasdeFrumeparaasatividades.Lembre-seque,noFrum,vocdeveapresentarumarespostacurta;damesmaforma,asatividadestmumnmerodepginaslimitado.

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    Dissertao

    Vejamosalgumasdicassobreadissertao.

    Depoisdapesquisa,dissertedemaneiraclara,comlinguagem1)clara,simpleseculta;nuncaseutilizedepalavrascoloquiais,usuais,dodiaadia,como,porexemplo,grias.

    No utilize opinies prprias! Ou seja, infundadas, sem2)orientao de um texto base (salvo se a sua opinio forpedida!).

    Nodissertenadasemestudoepesquisa;casocontrrio,isso3)seriasensocomum(ouseja,aopiniodomundodasaparnciasdePlato).

    No utilize termos como: eu acho, eu penso, segundo4)minha opinio e outras que exprimam sua opinio (salvo,novamente,sesuaopinioforpedida!).

    Da referncia de fonte de internet

    Comocolocararefernciadealgumafontedeinternet?

    Nanotaderodap,coloqueoendereoeletrnicoeadataatualemquevocacessouosite,conformeexemploaseguir:

    BRASIL ESCOLA. Anaxgoras. Disponvel em: . Acesso em: 2 maio2011.

    Formatao do TCD, ATIVIDADE

    OTCDdeverseguiralgunspadres,osquaisdescrevemosaseguir.Acompanhe.

    Configurao da pgina

    Papel:A4

    Margem:Direita:2cm;esquerda:3cm;superior:3cm;inferior:2cm.

    Formatao

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    Corpodotexto:normal.

    Utilizar itlico apenas para nomes de obras e para palavras emidiomadiferenteaoportugus.

    Pargrafo

    Alinhamento:justificado.

    Espaamento:entrelinhasde1,5eespaamentoantesde6pt.

    Colocarnumeraodepginasehouvermaisdeduaspginas.

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    ATENO!

    Casoutilizefilmes,CDs,DVDsetc.,comomaterialdeconsultabibliogrfica,verifiquenaABNT(AssociaoBrasileiradeNormasTcnicas)aformacorretade referenci-los, assim como se houver incluso de tabelas ou figuras notexto.

    Bibliografia bsica de metodologia

    LACKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Fundamentos de metodologia cientfica.5.ed.SoPaulo:Atlas,2003.

    ______. Metodologia do trabalho cientfico: procedimentosbsicos,pesquisa bibliogrfica, projeto e relatrio, publicaes e trabalhoscientficos.5.ed.SoPaulo:Atlas,2001.

    ______ . Metodologia cientfica.SoPaulo:Atlas,1983.

    ______. Tcnicas de pesquisa: planejamento e execuo depesquisas,amostragensetcnicasdepesquisa,elaborao,anliseeinterpretaodedados.4.ed.SoPaulo:Atlas,1999.

    E-referncia

    PORTALKLICKEDUCAO.Home page.Disponvelem:.Acessoem:30set.2011.

    IMPORTANTE!

    Acesse,naSaladeAulaVirtual,aferramentaListaeestabeleacontatocomseututor.Interajaesigaaprendendo!