17405 algebra linear2 aulas 19a32 volume02

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  • 8/3/2019 17405 Algebra Linear2 Aulas 19a32 Volume02

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    Operadores ortogonaisMO DU LO 3 AU LA 19

    Aula 19 Operadores ortogonais

    Objetivos

    Compreender o conceito e as propriedades apresentadas sobre opera-dores ortogonais.

    Aplicar os conceitos apresentados em exemplos importantes.Pre-requisitos: Aulas 10 a 14,

    17 e 18.Voce deve se lembrar de que um operador T : Rn Rn e dito ortogonal

    se existe uma base ortonormal de Rn tal que a matriz de T na base e

    uma matriz ortogonal, isto e, se a matriz [T] e ortogonal.

    Veremos que os operadores ortogonais estao bem definidos no sentido

    de que o fato de ser um operador ortogonal nao depende da base ortonormal

    escolhida, ou seja, se a matriz [T], numa certa base ortonormal de Rn, for

    ortogonal, entao a matriz [T] tambem sera ortogonal para qualquer outra

    base ortonormal de Rn.

    Na verdade, temos o seguinte resultado:

    Teorema 1

    Sejam T : Rn Rn um operador ortogonal e e duas bases ortonor-mais de Rn. Se a matriz [T] e ortogonal, entao a matriz [T] tambem sera

    ortogonal.

    Demonstracao:

    O teorema sobre mudanca de base para operadores lineares, visto no

    curso de Algebra Linear I, nos garante que

    [T] = P1[T]P,

    onde P e a matriz mudanca de base entre as bases ortonormais e . Como e sao duas bases ortonormais de Rn, temos que P e uma matriz ortogonal

    e, pelo Teorema 1 da Aula 10, segue-se que

    P1 = Pt,

    onde Pt e a transposta da matriz P. Assim,

    [T] = Pt[T]P.

    Como [T] e uma matriz ortogonal por hipotese e como o produto de

    matrizes ortogonais e tambem uma matriz ortogonal, conclumos que [T]tambem sera uma matriz ortogonal.

    7C E D E R J

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    Operadores ortogonais

    O resultado anterior simplifica um problema crucial: para decidirmos se

    um dado operador linear T : Rn Rne ortogonal, basta considerar qualquerbase ortonormal de R

    n

    e verificar se a matriz [T] e uma matriz ortogonal.

    Exemplo 1

    Verifique que o operador linear T : R3 R3

    T(x,y,z) = (x cos y sen, x sen + y cos , z),com [0, 2), e um operador ortogonal.Solucao

    De fato, escolhendo a base canonica

    {e1, e2, e3

    }de R3, dada por

    e1 = (1, 0, 0), e2 = (0, 1, 0) e e3 = (0, 0, 1),

    obtemosT(e1) = (cos , sen, 0)

    T(e2) = (sen cos , 0)T(e3) = (0, 0, 1).

    Portanto, a matriz que representa T nesta base e dada por

    A = cos sen 0

    sen cos 00 0 1

    .

    Sabemos que A e uma matriz ortogonal de R3. Mais ainda, A e uma

    rotacao de radianos em torno do eixo-z (Exemplo 1 da Aula 17). Assim, o

    operador linear T e um operador ortogonal.

    O proximo teorema segue imediatamente do Teorema 2 da Aula 10.

    Teorema 2

    Seja T :R

    n

    R

    n

    um operador ortogonal. Entao as seguintes proprieda-des sao validas:

    1. T transforma bases ortonormais em bases ortonormais, ou seja, se

    {v1, v2, . . . , vn} e uma base ortonormal de Rn, entao {Tv1, Tv2, . . . , T vn}tambem e uma base ortonormal de Rn.

    2. T preserva o produto interno, ou seja, para todo u, v Rn vale queTu, Tv = u, v .

    3. T preserva a norma, ou seja, para todo v Rn vale que||Tv|| = ||v||.

    C E D E R J 8

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    Operadores ortogonaisMO DU LO 3 AU LA 19

    Exemplo 2

    Seja T : R2

    R

    2 um operador ortogonal, entao sua matriz na base

    canonica e da formacos sensen cos

    ou

    cos sen

    sen cos

    ,

    onde [0 , 2).

    Solucao

    De fato, sendo T : R2 R2 um operador ortogonal, sua matriz na base

    canonica deR

    2

    sera uma matriz ortogonal de ordem 2. Mas, pelos Exemplos1 e 2 da Aula 10, sabemos que toda matriz ortogonal de ordem 2 e da forma

    cos sensen cos

    ou

    cos sen

    sen cos

    .

    Sabemos tambem que a primeira matriz representa uma rotacao de

    radianos, no sentido anti-horario, em torno da origem, e a segunda matriz

    representa uma reflexao em torno da reta pela origem que forma um angulo

    de /2 radianos com o semi-eixo x positivo.

    Exemplo 3

    a) Determine a transformacao linear T : R2 R2 que leva o segmento dereta de extremidades (6, 2) e (1, 2) ao segmento de reta de extremi-dades (2, 6) e (1, 2), respectivamente (veja a Figura 19.1).

    b) Mostre que a transformacao acima e uma rotacao. Determine, tambem,

    o angulo dessa rotacao.

    -6 -1 1

    2 2

    x x

    y

    y

    6

    Figura 19.1: O operador T.9

    C E D E R J

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    Operadores ortogonais

    Solucao

    a) Queremos encontrar escalares a,b,c,d

    R tais que a matriz que repre-

    senta T na base canonica seja dada por

    [T] =

    a b

    c d

    .

    Da condicao sobre as extremidades, temos

    T(6, 2) =

    a b

    c d

    6

    2

    =

    2

    6

    e

    T(

    1 , 2) = a b

    c d 1

    2 = 1

    2 ,

    o que nos da o sistema linear

    6a + 2b = 26c + 2d = 6a + 2b = 1c + 2d = 2

    .

    E facil ver que a solucao desse sistema e dada por:

    a = 3/5; b = 4/5; c =

    4/5 e d = 3/5.

    Assim,

    [T] =

    3/5 4/5

    4/5 3/5

    .

    b) Como as colunas da matriz [T], representadas pelos vetores

    v1 = (3/5 , 4/5) e v2 = (4/5 , 3/5), formam uma base ortonormalde R2, conclumos que a matriz [T] e ortogonal e, consequentemente, o

    operador linear T e um operador ortogonal. Alem disso, det[T] = 1 e,

    assim, o operador T e uma rotacao de R2 cujo angulo e dado por

    = arccos(3/5).

    Exerccios

    1. Seja T : R3 R3 uma reflexao num plano de R3 tal que T(1, 0, 1) =(1, 0, 1). Determine a matriz que representa o operador T com res-peito a base canonica.

    2. Determine os autovalores e os autovetores associados da transformacaolinear T do exerccio anterior.

    C E D E R J 10

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    Projecoes ortogonais 1a ParteMO DU LO 3 AU LA 20

    Aula 20 Projecoes ortogonais 1a Parte

    Objetivos

    Compreender o conceito de projecao ortogonal em dimensao 2.

    Aplicar os conceitos apresentados em exemplos importantes.Pre-requisitos: Aulas 10 a 14,

    17, 18 e 19.

    Nesta e na proxima aula vamos apresentar um tipo de transformacao

    usada em areas como a Computacao Grafica e o Desenho Geometrico. Trata-

    se das projecoes ortogonais. Nesta primeira aula, trabalharemos com as

    projecoes ortogonais em R2.

    Exemplo 1

    Determine a matriz que representa a projecao ortogonal sobre o eixo-x,

    isto e, sobre a reta de equacao cartesiana y = 0.

    Solucao

    Geometricamente, essa transformacao e representada pela Figura 20.1.

    V= (x,y)

    V'= (x,0)x

    y

    Figura 20.1: A projecao ortogonal no eixo-x.

    Assim, temos a transformacao linear

    T : R2 R2

    T(x, y) = (x, 0).

    11C E D E R J

  • 8/3/2019 17405 Algebra Linear2 Aulas 19a32 Volume02

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    Projecoes ortogonais 1a Parte

    Denotando por {e1, e2} a base canonica de R2, temos que

    T(e1) = T(1, 0) = (1, 0) = 1 e1 + 0 e2

    T(e2) = T(0, 1) = (0, 0) = 0 e1 + 0 e2.

    Portanto, a matriz que representa a transformacao T na base canonica

    e dada por

    A =

    1 0

    0 0

    .

    Vemos imediatamente algumas propriedades dessa projecao ortogonal.

    1. A matriz A e, portanto, o operador T, nao e invertvel, pois det(A) = 0.

    2. Como T(e2) = 0 e2, entao 2 = 0 e um autovalor de T com autovetorassociado e2 = (0, 1). Nao e difcil ver que o auto-espaco associado

    a 2 = 0 e exatamente o eixo-y, isto e, a reta de equacao cartesiana

    x = 0.

    3. Como T(e1) = 1 e1, entao 1 = 1 e um autovalor de T com autovetorassociado e1 = (1, 0). Nao e difcil ver que o auto-espaco associado

    a 1 = 1 e exatamente o eixo-x, isto e, a reta de equacao cartesiana

    y = 0.

    4. O operador T e diagonalizavel e seu polinomio caracterstico e

    p(x) = x (x 1).

    Exemplo 2

    Determine a matriz que representa a projecao ortogonal sobre o eixo-y,

    isto e, sobre a reta de equacao cartesiana x = 0.

    Solucao

    A projecao ortogonal no o eixo-y e dada pela transformacao linear

    T : R2 R2T(x, y) = (0, y).

    Geometricamente, esta transformacao e representada pela Figura 20.2.

    C E D E R J 12

  • 8/3/2019 17405 Algebra Linear2 Aulas 19a32 Volume02

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    Projecoes ortogonais 1a ParteMO DU LO 3 AU LA 20

    (x,y)T (x,y)

    x

    y

    Figura 20.2: A projecao ortogonal no eixo-y.

    Como no Exemplo 1, temos que

    T(e1) = T(1, 0) = (0, 0) = 0 e1 + 0 e2

    T(e2) = T(0, 1) = (0, 1) = 0 e1 + 1 e2.

    Portanto, a matriz que representa a transformacao T na base canonicae dada por

    A =

    0 0

    0 1

    .

    Como antes, vemos que:

    1. A matriz A e, portanto, o operador T, nao e invertvel, pois det(A) = 0.

    2. Como T(e1) = 0

    e1, entao 1 = 0 e um autovalor de T com autovetor

    associado e1 = (1 , 0). Nao e difcil ver que o auto-espaco associado

    a 1 = 0 e exatamente o eixo-x, isto e, a reta de equacao cartesiana

    y = 0.

    3. Como T(e2) = 1 e2, entao 2 = 1 e um autovalor de T com autovetorassociado e2 = (0 , 1). Nao e difcil ver que o auto-espaco associado

    a 2 = 1 e exatamente o eixo-y, isto e, a reta de equacao cartesiana

    x = 0.

    4. O operador T e diagonalizavel com polinomio caractersticop(x) = x (x 1).

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  • 8/3/2019 17405 Algebra Linear2 Aulas 19a32 Volume02

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    Projecoes ortogonais 1a Parte

    Os exemplos 1 e 2 sao muito simples, porem sao muito importantes a sua

    compreensao e o seu significado geometrico. Especialmente, certifique-se de

    que tenha entendido os auto-espacos associados a cada autovalor. Usaremosessas ideias para apresentar a projecao ortogonal sobre uma reta L qualquer

    do R2 passando pela origem. Se voce compreendeu bem a geometria dos

    exemplos anteriores, entao nao tera dificuldade em acompanhar o caso geral

    a seguir.

    Exemplo 3

    Descreva a projecao ortogonal sobre uma reta L de R2 que passa pela

    origem.

    SolucaoSuponhamos que a reta L seja paralela a um vetor unitario u1 R2,

    como ilustra a Figura 20.3.

    u1

    L

    x

    y

    Figura 20.3: A reta L paralela ao vetor unitario u1.

    O efeito geometrico da projecao ortogonal sobre a reta L e observado

    na Figura 20.4.

    TV

    v

    L

    x

    y

    Figura 20.4: A projecao ortogonal na reta L.

    C E D E R J 14

  • 8/3/2019 17405 Algebra Linear2 Aulas 19a32 Volume02

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    Projecoes ortogonais 1a ParteMO DU LO 3 AU LA 20

    A projecao ortogonal de um vetor v na direcao do vetor u1 e dada por

    T : R2

    R

    2

    v Tv = v,u1u1,u1 u1,

    de onde vemos que T e uma transformacao linear. Para obter a formula

    acima observamos que desejamos um vetor Tv da forma Tv = ku1 de modo

    que v ku1 seja ortogonal a u1 , como indica a Figura 20.5.

    Figura 20.5: A projecao ortogonal de v na direcao de u1

    Assim, da ortogonalidade entre v ku1 e u1 temos

    = v ku1, u1= v, u1 ku1, u1= v, u1 k u1, u1 ,

    o que nos da

    k u1, u1 = v, u1k =

    v, u1u1, u1 ,

    e, portanto,

    Tv = ku1 =v, u1u1, u1 u1.

    Observe que na formula acima o vetor u1 nao precisa ser unitario, mas,caso seja, como u1, u1 = 1, entao a formula acima se simplifica para

    Tv = v, u1 u1.

    Nosso problema agora e encontrar a matriz que represente a trans-

    formacao T. Veremos que, escolhendo uma base ortonormal adequada de

    R2, a matriz de T nessa base e muito similar a matriz do Exemplo 1, visto

    anteriormente. Lembre que o problema da escolha de uma base ortonormal

    adequada ja foi tratado quando estudamos as reflexoes de R2 com respeito auma reta qualquer passando pela origem. Veja a Aula 12.

    15C E D E R J

  • 8/3/2019 17405 Algebra Linear2 Aulas 19a32 Volume02

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    Projecoes ortogonais 1a Parte

    Seja = {u1, u2} uma base ortonormal de R2 onde u1 e um vetorunitario paralelo a reta L e u2 e um vetor unitario normal a reta L. Veja a

    Figura 20.6.

    u1

    u2

    L

    x

    y

    Figura 20.6: A base ortonormal = {u1, u2}.

    Nesse caso, como u1, u1 = 1 e pela observacao acima temos que Tv =v, u1 u1. Assim, vemos que

    Tu1 = u1, u1 u1 = u1 = 1 u1 + 0 u2Tu2 = u2, u1 u1 = 0 u1 = 0 u1 + 0 u2.

    Portanto, a matriz que representa a transformacao T na base e dada

    por

    [T] =

    1 0

    0 0

    ,

    que e exatamente da mesma forma que a matriz do Exemplo 1. Se quiser-

    mos obter a matriz que representa T na base canonica, e so fazermos umamudanca de base. Se = {e1, e2} e a base canonica de R2, entao

    [T] = P [T]P1,

    onde P e a matriz mudanca de base. Como P = [u1 u2], isto e, suas

    colunas sao vetores ortonormais, entao P e uma matriz ortogonal e, portanto,

    P1 = Pt. Como nos exemplos 1 e 2, temos as seguintes propriedades.

    1. As matrizes [T] e [T] e, portanto, o operador T, nao sao invertveis,pois det [T] = 0.

    C E D E R J 16

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    Projecoes ortogonais 1a ParteMO DU LO 3 AU LA 20

    2. Como T(u2) = 0 u2, entao 2 = 0 e um autovalor de T com autovetorassociado u2. Nao e difcil ver que o auto-espaco associado a 2 = 0 e

    exatamente a reta pela origem ortogonal a reta L.

    3. Como T(u1) = 1 u1, entao 1 = 1 e um autovalor de T com autovetorassociado u1. Nao e difcil ver que o auto-espaco associado a 1 = 1 e

    exatamente a reta L.

    4. O operador T e diagonalizavel e seu polinomio caracterstico e

    p(x) = x (x 1).

    Cabe aqui, mais uma vez, ressaltar a analogia entre este terceiro exem-

    plo e os dois primeiros. Isto se deve a escolha adequada de uma base orto-

    normal de R2.

    Exerccios

    1. Determine a matriz da projecao ortogonal sobre a reta y =

    3x com

    respeito a base canonica.

    2. Determine os autovalores e os auto-espacos associados da transformacao

    linear do exerccio 1.

    17C E D E R J

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    Projecoes ortogonais 2a ParteMO DU LO 3 AU LA 21

    Aula 21 Projecoes ortogonais 2a Parte

    Objetivos

    Compreender o conceito de projecao ortogonal em dimensao 3.

    Aplicar os conceitos apresentados em exemplos importantes.Pre-requisitos: Aulas 10 a 14,

    17 a 20.

    Nesta aula daremos continuidade ao estudo das projecoes ortogonais,

    estudando as projecoes ortogonais em R3. Apresentamos inicialmente os

    casos mais simples das projecoes ortogonais nos planos coordenados. Emseguida, trataremos do caso geral de uma projecao ortogonal sobre um plano

    passando pela origem.

    Exemplo 1

    Determine a matriz que representa a projecao ortogonal sobre o plano-xy,

    isto e, sobre o plano de equacao cartesiana z = 0.

    Solucao

    Geometricamente, essa transformacao e representada pela Figura 21.1.

    u1

    z

    V= (x,y,z)

    V'= (x,y,0)

    x y

    Figura 21.1: A projecao ortogonal no plano-xy.

    19C E D E R J

  • 8/3/2019 17405 Algebra Linear2 Aulas 19a32 Volume02

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    Projecoes ortogonais 2a Parte

    Assim, temos a transformacao linear

    T : R3

    R

    3

    T(x,y,z) = (x,y, 0).

    Denotando por {e1, e2, e3} a base canonica de R3, temos que

    T(e1) = T(1, 0, 0) = (1, 0, 0) = 1 e1 + 0 e2 + 0 e3T(e2) = T(0, 1, 0) = (0, 1, 0) = 0 e1 + 1 e2 + 0 e3T(e3) = T(0, 0, 1) = (0, 0, 0) = 0 e1 + 0 e2 + 0 e3.

    Portanto, a matriz que representa a transformacao T na base canonica

    e dada por

    A =

    1 0 00 1 0

    0 0 0

    .

    Como nos exemplos da Aula 20, vemos imediatamente algumas propri-

    edades dessa projecao ortogonal.

    1. A matriz A e, portanto, o operador T, nao sao invertveis, pois

    det(A) = 0.

    2. Como T(e3) = 0 e3, entao 2 = 0 e um autovalor de T com autovetorassociado e3. Nao e difcil ver que o auto-espaco associado a 2 = 0 e

    exatamente o eixo-z, que e o espaco gerado por e3.

    3. Como T(e1) = 1 e1 e T(e2) = 1 e2, entao 1 = 1 e um autovalor deT de multiplicidade 2 com autovetores associados e1 e e2. Nao e difcil

    ver que o auto-espaco associado a 1 = 1 e exatamente o plano-xy, que

    e o espaco gerado pelos vetores canonicos e1 e e2.

    4. O operador T e diagonalizavel com polinomio caracterstico

    p(x) = x (x 1)2.

    Mais uma vez, chamamos a atencao do aluno para que compreenda bem

    a geometria desse exemplo, pois ela sera recorrente nos exemplos seguintes.

    Vejamos outro exemplo de projecao ortogonal em um plano coordenado.

    Exemplo 2

    Determine a matriz que representa a projecao ortogonal sobre o plano-yz ,isto e, sobre o plano de equacao cartesiana x = 0.

    C E D E R J 20

  • 8/3/2019 17405 Algebra Linear2 Aulas 19a32 Volume02

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    Projecoes ortogonais 2a ParteMO DU LO 3 AU LA 21

    Solucao

    Geometricamente, essa transformacao e representada pela Figura 21.2.

    z

    (x,y,z) T(x,y,z)= (0,x,z)

    x y

    Figura 21.2: A projecao ortogonal no plano-yz .

    Assim, temos a transformacao linear

    T : R3 R3T(x,y,z) = (0, y , z).

    Se voce entendeu bem a geometria do Exemplo 1, entao vera que neste

    caso temos

    T(e1) = T(1, 0, 0) = (0, 0, 0) = 0 e1 + 0 e2 + 0 e3T(e2) = T(0, 1, 0) = (0, 1, 0) = 0 e1 + 1 e2 + 0 e3T(e3) = T(0, 0, 1) = (0, 0, 1) = 0 e1 + 0 e2 + 1 e3.

    Portanto, a matriz que representa a transformacao T na base canonica

    e dada por

    A =

    0 0 00 1 0

    0 0 1

    .

    Seguem tambem as propriedades:

    1. A matriz A e, portanto, o operador T, nao sao invertveis, pois

    det(A) = 0.

    2. Como T(e1) = 0 e1, entao 2 = 0 e um autovalor de T com autovetorassociado e1. Nao e difcil ver que o auto-espaco associado a 2 = 0 e

    exatamente o eixo-x, que e o espaco gerado por e1.

    21C E D E R J

  • 8/3/2019 17405 Algebra Linear2 Aulas 19a32 Volume02

    16/133

    Projecoes ortogonais 2a Parte

    3. Como T(e2) = 1 e2 e T(e3) = 1 e3, entao 1 = 1 e um autovalor deT de multiplicidade 2 com autovetores associados e2 e e3. Nao e difcil

    ver que o auto-espaco associado a 1 = 1 e exatamente o plano-yz , quee o espaco gerado pelos vetores canonicos e2 e e3.

    4. O operador T e diagonalizavel com polinomio caracterstico

    p(x) = x (x 1)2.

    O outro caso trivial, a projecao ortogonal sobre o plano-xz, e totalmente

    analogo aos exemplos anteriores e deixamos como exerccio para voce. Assim,

    estando bem compreendidos os dois exemplos anteriores, podemos tratar da

    projecao ortogonal sobre um plano qualquer de R3

    passando pela origem.

    Exemplo 3

    Descreva a projecao ortogonal sobre um plano de R3 que passa pela

    origem.Solucao

    Seja T : R3 R3 a projecao ortogonal sobre o plano . Geometrica-mente, essa transformacao e representada pela Figura 21.3.

    Figura 21.3: A projecao ortogonal no plano-.

    Vamos agora obter uma base ortonormal de R3 de modo que a matriz

    que representa a transformacao T nessa base seja da mesma forma que a

    matriz do Exemplo 1. Como conhecemos a equacao cartesiana de plano

    , sabemos como obter um vetor normal a esse plano. Lembre: se tem

    equacao ax + by + cz + d = 0, entao o vetor u = (a,b,c) e um vetor normal

    ao plano . Seja, entao, u3 um vetor unitario normal ao plano . Usando

    a equacao cartesiana de , como foi feito nas Aulas 17 e 18, facilmente

    determinamos vetores unitarios u1 e u2 de modo que = {u1, u2, u3} sejauma base ortonormal de R3. Observe que os vetores unitarios u1 e u2 saoortogonais e pertencem ao plano . Veja a Figura 21.4.

    C E D E R J 22

  • 8/3/2019 17405 Algebra Linear2 Aulas 19a32 Volume02

    17/133

    Projecoes ortogonais 2a ParteMO DU LO 3 AU LA 21

    Figura 21.4: A base ortonormal = {u1, u2, u3}.

    A projecao ortogonal de um vetor v sobre o plano e dada por

    T : R3 R3

    v Tv = v, u1

    u1, u1 u1 + v, u2

    u2, u2 u2,de onde vemos que T e uma transformacao linear. Para obter a formula

    acima observamos que desejamos um vetor Tv da forma Tv = k1u1 + k2u2

    de modo que v k1u1 k2u2 seja ortogonal a u1 e u2, como indica aFigura 21.5.

    Figura 21.5: A projecao ortogonal de v no plano .

    Assim, da ortogonalidade entre v k1u1 k2u2 e u1, temos0 =

    v

    k1u1

    k2u2, u1

    = v, u1 k1u1, u1 k2u2, u1= v, u1 k1 u1, u1 k2 u2, u1= v, u1 k1 u1, u1 ,

    ja que u2, u1 = 0, o que nos dak1 u1, u1 = v, u1

    k1 =v, u1u1, u1 ,

    e, portanto,

    Tv = k1u1 + k2u2 =v, u1u1, u1 u1 +

    v, u2u2, u2 u2.

    23C E D E R J

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    Projecoes ortogonais 2a Parte

    Usando o fato de u1 e u2 serem vetores unitarios, isto e,

    u1, u1 = u2, u2 = 1, obtemos

    Tv = v, u1 u1 + v, u2 u2.

    Portanto, vemos que

    Tu1 = u1, u1 u1 + u1, u2 u2 = u1 = 1 u1 + 0 u2 + 0 u3Tu2 = u2, u1 u1 + u2, u2 u2 = u2 = 0 u1 + 1 u2 + 0 u3Tu3 = u3, u1 u1 + u3, u2 u2 = 0 u1 + 0 u2 + 0 u3.

    Portanto, a matriz que representa a transformacao T na base e

    dada por

    [T] =

    1 0 00 1 0

    0 0 0

    ,

    que e exatamente da mesma forma que a matriz do Exemplo 1. Se quiser-

    mos obter a matriz que representa T na base canonica, e so fazermos uma

    mudanca de base. Se = {e1, e2, e3} e a base canonica de R3, entao

    [T] = P [T]P1,

    onde P e a matriz mudanca de base. Como P = [u1 u2 u3], isto e, suascolunas sao vetores ortonormais, entao P e uma matriz ortogonal e, portanto,

    P1 = Pt. Como nos exemplos 1 e 2, temos as seguintes propriedades:

    1. As matrizes [T] e [T] e, portanto, o operador T, nao sao invertveis,

    pois det [T] = 0.

    2. Como T(u3) = 0 u3, entao 2 = 0 e um autovalor de T com autovetorassociado u3. Nao e difcil ver que o auto-espaco associado a 2 = 0 e

    exatamente a reta pela origem ortogonal a .

    3. Como T(u1) = 1 u1 e T(u2) = 1 u2, entao 1 = 1 e um autovalor de Tcom autovetores associados u1 e u2. Nao e difcil ver que o auto-espaco

    associado a 1 = 1 e exatamente o plano .

    4. O operador T e diagonalizavel com polinomio caracterstico

    p(x) = x (x 1)2.

    Cabe aqui, mais uma vez, ressaltar a analogia entre este terceiro exem-

    plo e os dois primeiros. Isso se deve a escolha adequada de uma base orto-normal de R3.

    C E D E R J 24

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    Projecoes ortogonais 2a ParteMO DU LO 3 AU LA 21

    Exerccios

    1. Determine a matriz da projecao ortogonal sobre o plano-xz com res-

    peito a base canonica.

    2. Determine a matriz da projecao ortogonal sobre o plano x z = 0 comrespeito a base canonica.

    3. Determine a matriz da projecao ortogonal sobre o plano gerado pelos

    vetores v1 = (1, 1, 0) e v2 = (1, 1, 1), com respeito a base canonica.

    25C E D E R J

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    Matrizes simetricasMO DU LO 3 AU LA 22

    Aula 22 Matrizes simetricas

    Objetivos:

    Compreender o conceito de matriz simetrica.

    Aplicar os conceitos apresentados em exemplos importantes.Pre-requisitos: Aulas 6, 7, 8,

    9, 10, 20 e 21

    Em muitas aplicacoes da Algebra Linear, as matrizes simetricas apare-

    cem com maior frequencia que qualquer outra classe de matrizes importantes.A teoria correspondente a essas matrizes e muito rica e elegante, e depende,

    de maneira especial, das teorias de diagonalizacao e ortogonalidade, vistas

    em aulas anteriores. Veremos, nesta aula, que a diagonalizacao de uma ma-

    triz simetrica e um fundamento essencial e necessario a discussao das formas

    quadraticas que estudaremos no proximo modulo.

    Lembramos que todas as matrizes e vetores considerados tem somente

    elementos e componentes reais. Antes de comecarmos a estudar a teoria

    de diagonalizacao de matrizes simetricas, convem lembrarmos de algumas

    definicoes que serao essenciais a este conteudo.

    Definicao 1

    Uma matriz A Mn(R) e simetrica se At = A, onde At representa amatriz transposta de A. Equivalentemente, a matriz A = (aij) e simetrica se

    aij = aji para todo i, j.

    Observe, primeiramente, que o conceito de matriz simetrica se aplica

    apenas a matrizes quadradas. Observe tambem que os elementos da diagonal

    principal de uma matriz simetrica A podem assumir valores arbitrarios; no

    entanto, elementos simetricos com respeito a diagonal principal tem o mesmo

    valor.

    Exemplo 1

    As duas matrizes a seguir sao simetricas:

    A = 2 1

    1 3

    e B = 4 1 01 2 3

    0 3 2 .

    27C E D E R J

  • 8/3/2019 17405 Algebra Linear2 Aulas 19a32 Volume02

    22/133

    Matrizes simetricas

    No entanto, as matrizes abaixo nao sao simetricas:

    C =

    2 1 11 3 0

    e D =

    1 4 14 2 21 2 3

    .A matriz C nao e simetrica porque ela nao e matriz quadrada, e a

    matriz D nao e simetrica porque d31 = 1 = 1 = d13.

    Vamos rever algumas propriedades das matrizes simetricas.

    Teorema 1

    Sejam A, B Mn(R) matrizes simetricas. Entao A + B e cA, onde c R,tambem sao matrizes simetricas.

    Vale observar que o produto de duas matrizes simetricas nao e necessa-

    riamente uma matriz simetrica. Por exemplo, dadas as matrizes simetricas

    A =

    1 2

    2 3

    e B =

    4 5

    5 6

    temos que a matriz produto

    AB = 1 2

    2 3 4 5

    5 6

    = 14 17

    23 28

    nao e uma matriz simetrica, pois (AB)21 = 23 = 17 = (AB)12.

    Vamos rever o processo de diagonalizacao de matrizes, descrito nas

    Aulas 6 e 7, agora aplicado a um caso particular de uma matriz simetrica.

    Exemplo 2

    Diagonalize, caso seja possvel, a matriz A =

    6 2 1

    2 6

    1

    1 1 5

    .

    Solucao

    O polinomio caracterstico da matriz A e dado por:

    p(x) = det(xI3 A)

    =

    x 6 2 12 x 6 11 1 x 5

    = (x 6) x 6 11 x 5 2 2 11 x 5 + 1 2 1x 6 1 = x3 17x2 + 90x 144 .

    C E D E R J 28

  • 8/3/2019 17405 Algebra Linear2 Aulas 19a32 Volume02

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    Matrizes simetricasMO DU LO 3 AU LA 22

    As possveis razes racionais de p(x) sao, obrigatoriamente, divisores de

    144. Por inspecao, vemos que 3 e uma raiz e, depois, completando fatoracao

    de p(x), descobrimos que 6 e 8 tambem sao razes. Assim,

    p(x) = (x 3)(x 6)(x 8).

    Assim, os autovalores da matriz A sao 1 = 3, 2 = 6 e 3 = 8. Como

    a matriz A possui 3 autovalores distintos, ja podemos concluir que ela e uma

    matriz diagonalizavel.

    Para o autovalor 1 = 3, temos que os seus autovetores associados,

    v = (x,y,z), satisfazem o sistema linear

    (3 I3 A)v = 0.

    Um calculo rotineiro, como foi visto na Aula 7, mostra que o auto-

    espaco V3 e um subespaco de dimensao 1 e e gerado pelo vetor v1 = (1, 1, 1).

    Analogamente, o auto-espaco V6, associado ao autovalor 2 = 6, e o su-

    bespaco de dimensao 1 gerado pelo vetor v2 = (1, 1, 2), e o auto-espacoV8, associado ao autovalor3 = 8, e o subespaco de dimensao 1 gerado pelo

    vetor v3 = (

    1, 1, 0). Esses tres vetores, v1, v2 e v3, formam uma base de R

    3

    e poderiam ser usados para construir uma matriz P que diagonaliza a matriz

    A. E facil ver que {v1, v2, v3} e um conjunto ortogonal de R3 e que obtere-mos uma matriz ortogonal P se usarmos uma base ortonormal {u1, u2, u3},obtida de {v1, v2, v3}, normalizando cada um dos vetores v1, v2 e v3. Comoum multiplo nao-nulo de um autovetor tambem e um autovetor, a nova base

    {u1, u2, u3} tambem seria uma base de autovetores de R3. Os vetores assimobtidos sao:

    u1 = (1/

    3, 1/

    3, 1/

    3);

    u2 = (1/

    6, 1/

    6, 2/

    6) e

    u3 = (1/2, 1/2, 0).Assim, as matrizes P e D sao dadas por:

    P =

    1

    3 16 12

    1

    3 16 121

    3 2

    6 0

    e D =

    3 0 00 6 0

    0 0 8

    .

    Sabemos, das Aulas 6 e 7, que A = P DP1. Agora, como as colunas de

    P formam vetores ortonormais, entao, pelo Teorema 2 da Aula 9, P e umamatriz ortogonal, isto e, P1 = Pt. Assim, temos tambem que A = P DPt.

    29C E D E R J

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    Matrizes simetricas

    Vimos, no Exemplo 2, que os autovetores da matriz simetrica A, asso-

    ciados a autovalores distintos, sao ortogonais. Isso e uma propriedade geral,

    como mostra o proximo teorema.

    Teorema 2

    Seja A Mn(R) uma matriz simetrica; entao qualquer conjunto de auto-vetores associados a autovalores distintos sao ortogonais.

    Demonstracao:

    Sejam v1, v2, . . . , vk autovetores da matriz A associados aos autovalores

    distintos 1, 2, . . . , k. Assim, dados i = j, e observando que Avi = ivie Avj = jvj, queremos mostrar que vi, vj = 0. Para isto, observamos que

    i vi, vj = ivi, vj= Avi, vj= (Avi)

    tvj

    = (vtiAt)vj

    = (vtiA)vj , pois A e simetrica

    = vti(Avj)

    = vi, Avj= vi, jvj= j vi, vj .

    Portanto, (ij) vi, vj = 0. Como ij = 0, segue que vi, vj =0, isto e, os vetores vi e vj sao ortogonais.

    O tipo de diagonalizacao que aparece no Exemplo 2 e muito importante

    na teoria das matrizes simetricas. Por isso, temos a seguinte definicao.

    Definicao 2

    Uma matriz A Mn(R) e dita diagonalizavel por matriz ortogonal se

    existe uma matriz ortogonal P (lembre, P1

    = P

    t

    ) e uma matriz diagonal Dtais que A = P DPt.

    Da discussao do Exemplo 2 vimos que, para diagonalizar uma matriz

    A Mn(R) utilizando uma matriz ortogonal P, foi preciso encontrar n auto-vetores linearmente independentes e ortogonais. A questao e: quando e que

    isso e possvel de ser realizado? O proximo teorema caracteriza o tipo de

    matriz que pode ser diagonalizada por matriz ortogonal.

    Teorema 3

    Uma matriz A Mn(R) e diagonalizavel por matriz ortogonal se e so-mente se A e uma matriz simetrica.

    C E D E R J 30

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    Matrizes simetricasMO DU LO 3 AU LA 22

    Demonstracao:

    Uma das direcoes e muito simples de ser feita. Suponha que A seja

    diagonalizavel por matriz ortogonal, como na Definicao 2; entao

    At = (P DPt)t = (Pt)tDtPt = P DPt = A,

    onde (Pt)t = P e Dt = D, ja que D e uma matriz diagonal. Assim, con-

    clumos que A e uma matriz simetrica.

    A recproca e muito mais complicada e sera omitida nestas notas. A

    ideia basica desta parte da demonstracao sera apresentada na proxima aula

    e envolve um dos teoremas mais importantes da Algebra Linear.

    Exemplo 3

    Determine se a matriz

    A =

    3

    2 42 6 2

    4 2 3

    e diagonalizavel por matriz ortogonal e, caso seja, determine uma matriz

    ortogonal P e uma matriz diagonal D tal que A = P DPt.

    Solucao

    Como A e uma matriz simetrica, entao, pelo Teorema 3, ela e diago-

    nalizavel por matriz ortogonal. Vamos, agora, realizar o calculo de diagona-

    lizacao de A.

    Os autovalores da matriz A sao as razes do polinomio caracterstico

    p(x) = det(xI3 A)

    =

    x 3 2 42 x

    6

    2

    4 2 x 3

    = x3 12x2 + 21x + 98 .

    Observando, por inspecao, que 1 = 2 e uma raiz de p(x), temos que

    p(x) = (x + 2) (x2 14x + 49) = (x + 2) (x 7)2.

    Assim, os autovalores da matriz A sao 1 = 2, com multiplicidadealgebrica 1, e 2 = 7, com multiplicidade algebrica 2.

    31C E D E R J

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    Matrizes simetricas

    Para o autovalor 1 = 2, temos que os autovetores associados,v = (x,y,z), satisfazem o sistema linear

    (2 I3 A)v = 0.

    Completando os calculos temos, que o auto-espaco V2 e um subespaco

    de dimensao 1 e e gerado pelo vetor v1 = (2, 1, 2).Para o autovalor 2 = 7, como ja sabemos que a matriz A e diagona-

    lizavel, o auto-espaco V7 tem dimensao igual a 2. O fato interessante e que

    podemos construir uma base ortogonal de autovetores para esse subespaco

    V7. Os autovetores v = (x,y,z) associados ao autovalor 2 = 7 satisfazem o

    sistema linear

    (7 I3 A)v = 0.

    Usando as tecnicas usuais para a resolucao de sistemas lineares, obte-

    mos que:

    V7 = {v R3 |Av = 7v }= {v R3 |(7 I3 A)v = 0}= {(x,y,z) R3 |2x + y 2z = 0}.

    Para obter uma base ortogonal de V7, observamos facilmente quev2 = (1, 0, 1) V7. O outro vetor v3 = (a,b,c) V7 deve satisfazer2a + b 2c = 0 e ainda ser ortogonal a v2, isto e, v2, v3 = 0, ou seja,a + c = 0. Portanto, v3 = (a,b,c) deve satisfazer o sistema linear

    2a + b 2c = 0a + c = 0 .

    Completando os calculos, obtemos, por exemplo, v3 = (1, 4, 1). Ob-

    serve que, pelo Teorema 2, o autovetor v1 e ortogonal aos autovetores v2e v3, ja que eles correspondem a autovalores distintos da matriz simetrica

    A. Assim, {v1, v2, v3} e um conjunto ortogonal de autovetores da matriz A.Normalizando esses vetores, obtemos:

    u1 =v1

    ||v1|| = (2/3, 1/3, 2/3);

    u2 =v2

    ||v2|| = (1

    2, 0, 1

    2);

    u3 =

    v3

    ||v3|| = (1

    18, 4

    18, 1

    18).

    C E D E R J 32

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    Matrizes simetricasMO DU LO 3 AU LA 22

    Portanto, {u1, u2, u3} e uma base ortonormal de autovetores de A.Com esses autovetores, obtemos a matriz P e com os autovalores, obtemos a

    matriz D:

    P =

    2/3 1

    2 118

    1/3 0 4182/3 1

    2 1

    18

    ;

    D =

    2 0 00 7 0

    0 0 7

    ,

    de modo que A = P DPt.

    Exerccios

    1. Mostre que se A e uma matriz simetrica, entao A2 tambem e uma

    matriz simetrica.

    2. Mostre que se A e uma matriz diagonalizavel por matriz ortogonal

    entao A2

    tambem e.

    3. Determine uma matriz ortogonal P e uma matriz diagonal D tal que

    A = P DPt, onde a matriz A e dada por

    A =

    1 2 0 0

    2 1 0 0

    0 0 1 20 0 2 1

    .

    33C E D E R J

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    O Teorema EspectralMO DU LO 3 AU LA 23

    Aula 23 O Teorema Espectral

    Objetivos:

    Compreender o significado do Teorema Espectral. Compreender a decomposicao espectral de matrizes simetricas. Aplicar os conceitos apresentados em exemplos importantes.

    Pre-requisitos: Aulas 5 e 2 2

    Nesta aula, continuaremos estudando as matrizes simetricas e fare-

    mos uma breve discussao do chamado Teorema Espectral para Matrizes

    Simetricas, mencionado na demonstracao do Teorema 3 da aula passada. Osdetalhes da demonstracao desse importante teorema serao omitidos nestas

    notas. Uma versao simples do Teorema Espectral e apresentada a seguir.

    Teorema 1 (Teorema Espectral para Matrizes Simetricas)

    Seja A Mn(R) uma matriz simetrica (isto e, At = A). Entao vale:

    1. A matriz A possui n autovalores reais, contando suas multiplicidades.

    2. A dimensao do auto-espaco associado a cada autovalor e igual a

    multiplicidade de como raiz do polinomio caracterstico de A, isto e,

    a multiplicidade geometrica de e igual a sua multiplicidade algebrica.

    3. Os auto-espacos sao ortogonais entre si, isto e, os autovetores associados

    a autovalores distintos sao ortogonais.

    4. A matriz A e diagonalizavel por matriz ortogonal, isto e, existem uma

    matriz ortogonal P e uma matriz diagonal D tal que A = P DPt.

    Observacoes:

    1. Como ja foi observado anteriormente, o polinomio caracterstico de uma

    matriz A nao possui necessariamente apenas razes reais. Por exemplo,

    dada a matriz

    A =

    0 11 0

    ,

    seu polinomio caracterstico, dado por p(x) = x2 + 1, nao possui razes

    reais. Mas isso nao acontece se A for uma matriz simetrica. O item

    1 do Teorema Espectral afirma que o polinomio caracterstico de uma

    matriz simetrica possui apenas razes reais. A demonstracao desse fato,embora simples, e bem trabalhosa e utiliza o Teorema Fundamental

    da Algebra, que diz que todo polinomio de grau n com coeficientes

    35C E D E R J

  • 8/3/2019 17405 Algebra Linear2 Aulas 19a32 Volume02

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    O Teorema Espectral

    reais possui n razes reais ou complexas, contando suas multiplicidades.

    Na demonstracao do Teorema Espectral mostra-se que as n razes do

    polinomio caracterstico sao, de fato, razes reais.

    2. Se A e uma matriz simetrica e tem n autovalores distintos, entao pelo

    Teorema 2 da Aula 5 e pelo Teorema 2 da Aula 22, vemos que A e

    diagonalizavel por matriz ortogonal.

    3. Se A e uma matriz simetrica e tem algum autovalor com multiplicidade

    algebrica maior que 1, ainda e verdade que podemos diagonaliza-la. Na

    verdade, podemos mostrar que se A e simetrica e tem um autovalor

    de multiplicidade k, entao o auto-espaco associado tem dimensao k.

    Isto significa que o sistema linear

    ( In A)v = 0

    admite k solucoes linearmente independentes, isto e, a matriz A tem

    k autovetores linearmente independentes associados ao autovalor .

    Usando o processo de ortogonalizacao de Gram-Schmidt, podemos ob-

    ter uma base ortonormal para este auto-espaco. Obtemos assim um

    conjunto de k autovetores ortonormais associados ao autovalor . Como

    autovetores associados a autovalores distintos sao ortogonais, entao,considerando o conjunto de todos os autovalores de A, obtemos uma

    base ortonormal de autovetores para Rn. Consequentemente, A e uma

    matriz diagonalizavel, e a matriz diagonalizadora P, formada pela base

    de autovetores de A, e uma matriz ortogonal.

    Decomposicao espectral de uma matriz simetrica

    Seja A Mn(R) uma matriz simetrica e {u1, u2, . . . , un} uma baseortonormal de autovetores associados aos autovalores 1, 2, . . . , n da matriz

    A. Seja P a matriz ortogonal tendo esses autovetores como colunas e D a

    matriz diagonal tal que A = P DPt. Entao

    A = P DPt

    = [u1 u2 un]

    1 0 00 2 0...

    . . ....

    0 0 n

    [u1 u2 un]t

    = [1u1 2u2

    nun] [u1 u2

    un]t

    = 1u1ut1 + 2u2ut2 + nunutn .

    Esta representacao e chamada uma decomposicao espectral de A.

    C E D E R J 36

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    O Teorema EspectralMO DU LO 3 AU LA 23

    Exemplo 1

    Obtenha uma decomposicao espectral da matriz A = 7 22 4

    .Solucao

    Sendo A uma matriz simetrica, essa decomposicao existe. O polinomio

    caracterstico de A e dado por

    p(x) = det(xI2 A)= x2 11x + 24= (x 8)(x 3) .

    Entao os autovalores sao 1 = 8 e 2 = 3, e ainda podemos obter os

    respectivos autovetores u1 = (25, 15) e u2 = (15, 25). Assim,

    temos que

    A = P DPt7 2

    2 4

    =

    2

    5 151

    5 2

    5

    8 0

    0 3

    2

    5 1

    5

    15 25

    Denotando a matriz P = [u1 u2], temos, pela decomposicao espectral,

    que:

    A = 8u1ut1 + 3u2u

    t2.

    Para verificar essa decomposicao da matriz A, observe que:

    u1ut1 =

    2

    5

    1

    5

    2

    5 2

    5

    =

    4/5 2/5

    2/5 1/5

    u2ut2 =

    152

    5

    15 25 =

    1/5 2/5

    2/5 4/5

    e, finalmente,

    8u1ut1 + 3u2ut2 = 32/5 16/5

    16/5 8/5

    + 3/5 6/56/5 12/5 = 7 22 4 = A.

    Processo de diagonalizacao de uma matriz simetrica

    A Mn(R)1o Passo: Obtenha o polinomio caracterstico da matriz A,

    p(x) = det(xIn A).

    2o

    Passo: Encontre as razes do polinomio caracterstico de A. Elas saotodas reais e existem exatamente n delas, contando suas multiplicidades.

    37C E D E R J

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    O Teorema Espectral

    3o Passo: Para cada autovalor da matriz A, de multiplicidade algebrica

    k, determine seu auto-espaco associado

    V = {v Rn | ( In A)v = 0},

    que e um subespaco vetorial de dimensao k. Para cada V assim obtido,

    determine uma base ortonormal que consistira de k autovetores. Se desejar,

    pode utilizar o processo de ortogonalizacao de Gram-Schmidt. A reuniao

    dessas bases determina uma base ortonormal de autovetores para Rn.

    4o Passo: Seja P a matriz cujas colunas sao os n autovetores da base or-

    tonormal de Rn obtida no terceiro passo. Portanto, P e uma matriz orto-

    gonal. Seja D a matriz diagonal cuja diagonal principal e formada pelosn autovalores da matriz A, tomados na mesma ordem de seus autovetores

    correspondentes na matriz P. Temos, entao,

    A = P DPt.

    Exemplo 2

    Aplique o processo de diagonalizacao acima a matriz

    A =

    0 2 22 0 2

    2 2 0

    e obtenha sua decomposicao espectral.

    Solucao

    Observe, inicialmente, que A e uma matriz simetrica e, portanto, se

    aplica o processo de diagonalizacao acima. Nao e difcil determinar que o

    polinomio caracterstico da matriz A e dado por

    p(x) = det(xI3 A) = (x + 2)2(x 4),

    de modo que os autovalores de A sao:

    1 = 2 com multiplicidade algebrica 2, e2 = 4 com multiplicidade algebrica 1.

    O auto-espaco associado a 1 = 2 e dado por

    V2 = {v R3 | (A + 2 I3)v = 0}= {(x,y,z) R3 |x + y + z = 0}.

    C E D E R J 38

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    O Teorema EspectralMO DU LO 3 AU LA 23

    Para escolhermos uma base ortogonal de V2, podemos usar o pro-

    cesso de ortogonalizacao de Gram-Schmidt a partir de uma base qualquer de

    V2 ou podemos tentar obter diretamente dois vetores ortonormais de V2,como ja foi feito anteriormente. Faremos o calculo diretamente. Da equacao

    x + y + z = 0 podemos ver facilmente que v1 = (1, 0, 1) V2. O outrovetor, v2 = (a,b,c) V2, deve satisfazer a + b + c = 0 e ainda ser ortogonala v1, isto e, v2, v1 = 0, ou seja, a c = 0. Portanto, v2 = (a,b,c) devesatisfazer o sistema linear

    a + b + c = 0

    a c = 0 .

    Completando os calculos, obtemos, por exemplo, v2 = (1, 2, 1). Nor-malizando esses dois vetores, obtemos:

    u1 =v1

    ||v1|| = (1

    2 , 0 , 12) eu2 =

    v2

    ||v2|| = (1

    6 , 26 , 16).Assim, {u1, u2} forma uma base ortonormal do auto-espaco V2.Por outro lado, o auto-espaco associado a 2 = 4 e dado por

    V4 = {v R3 | (4 I3 A)v = 0}= {(x,y,z) R3 |x = z e y = z } .

    E facil ver que v3 = (1, 1, 1) V4. Normalizando esse vetor, obtemosque

    u3 =v3

    ||v3|| = (1

    3 , 1

    3 , 1

    3)

    representa uma base ortonormal do auto-espaco V4. Como A e matriz simetrica,

    os autovetores associados a autovalores distintos sao ortogonais e, assim, u3e ortogonal a u1 e u2. Portanto, {u1, u2, u3} e uma base ortonormal de R3formada por autovetores de A. Com esses autovetores obtemos a matriz P,

    e com os autovalores obtemos a matriz D:

    P = [u1 u2 u3] =

    1

    2 1

    6 1

    3

    0 26 1312 16 13

    ;

    D = 2 0 00 2 0

    0 0 4

    ,

    39C E D E R J

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    O Teorema Espectral

    de modo que A = P DPt. A decomposicao espectral da matriz A e dada por:

    A =

    2u1u

    t1

    2u2u

    t2 + 4u3u

    t3,

    ou ainda,

    A =2

    1/2 0 1/20 0 0

    1/2 0 1/2

    2

    1/6 2/6 1/62/6 4/6 2/6

    1/6 2/6 1/6

    + 4

    1/3 1/3 1/31/3 1/3 1/3

    1/3 1/3 1/3

    =

    1 0 10 0 0

    1 0 1

    +

    1/3 2/3 1/32/3 4/3 2/3

    1/3 2/3 1/3

    +

    4/3 4/3 4/34/3 4/3 4/3

    4/3 4/3 4/3

    = 0 2 22 0 2

    2 2 0

    .

    Resumo

    E muito importante que voce entenda bem o significado deste Teorema

    Espectral. Lembre do que aconteceu em exemplos vistos anteriormente, em

    que a matriz considerada nao era simetrica. Estudamos exemplos de ma-

    trizes nao-simetricas com autovalores repetidos que eram diagonalizaveis e

    outros exemplos de matrizes nao-simetricas que nao eram diagonalizaveis.

    Ha algumas diferencas marcantes entre os casos simetrico e nao-simetrico

    que tentaremos resumir agora.

    Se A for uma matriz nao-simetrica, entao nem todas as razes de seu

    polinomio caracterstico precisam ser numeros reais, o que e necessario no

    caso de a matriz A ser simetrica. Se A for uma matriz nao-simetrica e todas

    as razes de seu polinomio caracterstico forem numeros reais, entao ainda e

    possvel que A nao seja diagonalizavel. E o caso em que um autovalor de

    multiplicidade algebrica k nao possui k autovetores linearmente independen-tes, isto e, quando o auto-espaco correspondente tem dimensao menor que

    k, ou ainda, quando a multiplicidade geometrica do autovalor e menor que

    sua multiplicidade algebrica. Agora, quando A e uma matriz simetrica, alem

    de todos os autovalores serem reais, sao iguais a multiplicidade algebrica e a

    multiplicidade geometrica de cada autovalor.

    E, por fim, diferente do que ocorre no caso de matriz simetrica, se a

    matriz A e nao-simetrica, entao autovetores associados a autovalores distintos

    nao precisam ser ortogonais. Estude e analise, com a ajuda de seu tutor,exemplos ja vistos em aulas anteriores em que ocorrem as diferencas descritas

    aqui.

    C E D E R J 40

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    O Teorema EspectralMO DU LO 3 AU LA 23

    Exerccios

    1. Em cada caso, aplique o processo de diagonalizacao a matriz A, deter-

    minando as matrizes ortogonal P e diagonal D tais que A = P DPt.

    a) A =

    2 2

    2 2

    b) A =

    0 1 11 0 1

    1 1 0

    c) A =

    2 2 0 0

    2 2 0 0

    0 0 2 2

    0 0 2 2

    2. Sejam A =

    3 1 11 3 1

    1 1 3

    e v =

    11

    0

    . Verifique que = 5 e um

    autovalor de A e que v e um autovetor A. Em seguida obtenha as

    matrizes ortogonal P e diagonal D tais que A = P DPt.

    41C E D E R J

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    37/133

    Operadores auto-adjuntosMO DU LO 3 AU LA 24

    Aula 24 Operadores auto-adjuntos

    Objetivos:

    Compreender o conceito de operador auto-adjunto.

    Aplicar os conceitos apresentados em exemplos importantes.Pre-requisitos: Aulas 8 e 20 a

    23

    Nesta aula vamos definir os operadores lineares T : Rn Rn associ-ados as matrizes simetricas e estudar suas propriedades. Como estaremos

    trabalhando sempre com bases ortonormais, e de suma importancia que o

    espaco vetorial Rn esteja munido de um produto interno, o qual estaremossempre supondo que seja o produto interno canonico de Rn.

    Definicao 3

    Um operador linear T : Rn Rn e denominado auto-adjunto se satisfaz

    T(u), v = u, T(v) para todo u, v Rn.

    O resultado que segue relaciona os operadores auto-adjuntos com as

    matrizes simetricas.

    Teorema 1

    Um operador linear T : Rn Rn e auto-adjunto se e somente se a matrizA, que representa T com respeito a qualquer base ortonormal de Rn, e

    uma matriz simetrica.

    Demonstracao:

    Com respeito a base ortonormal de Rn, temos que T(u) = Au para

    todo u Rn. Assim, para todo u, v Rn, temos que

    Tu, v = Au, v = (Au)tv = utAtv

    e

    u, Tv = u, Av = utAv,onde At e a transposta da matriz A. Assim,

    T e auto-adjunto T(u), v = u, T(v) para todo u, v Rn Au, v = u, Av para todo u, v Rn utAtv = utAv para todo u, v Rn At = A A e uma matriz simetrica.

    43C E D E R J

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    Operadores auto-adjuntos

    E importante salientar que nao existe uma relacao tao simples entre o

    operador linear T : Rn Rn e sua representacao matricial A = [T] quandoa base nao for ortonormal (veja a observacao ao final do Exemplo 1).

    O Teorema 1 tambem fornece um criterio pratico para determinar se

    um dado operador linear T : Rn Rn e auto-adjunto. Basta considerarqualquer base ortonormal de Rn e verificar se a matriz A = [T] e uma

    matriz simetrica.

    Exemplo 1

    Determine se o operador linear

    T : R2 R2T(x, y) = (x, 0)

    e auto-adjunto.

    Solucao

    Vimos, no Exemplo 1 da Aula 20, que T e a projecao ortogonal sobre

    o eixo-x. Considerando a base canonica = {e1, e2} de R2, vimos que amatriz que representa T nesta base e dada por

    A = [T] =

    1 00 0

    .

    Como a base canonica e ortonormal e a matriz A e simetrica, entao,

    pelo Teorema 1, o operador T e auto-adjunto.

    Vejamos o que acontece quando escolhemos um base de R2 que nao

    e ortonormal. Considere a base = {u1, u2} dada por

    u1 = (

    2

    2,

    2

    2) e u2 = (0, 1).

    Esta claro que esta base nao e ortonormal, e ainda temos que

    Tu1 = T(

    2

    2,

    2

    2) = (

    2

    2, 0) = 1 u1 + (

    2

    2) u2Tu2 = T(0, 1) = (0, 0) = 0 u1 + 0 u2.

    Da, segue que a matriz que representa T na base e dada por

    B = [T] =

    1 0

    2

    2 0

    .

    Observe que esta matriz nao e simetrica, mas tambem a base nao e orto-normal, o que nao contradiz o Teorema 1.

    C E D E R J 44

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    Operadores auto-adjuntosMO DU LO 3 AU LA 24

    Exemplo 2

    Considere os operadores lineares

    T1 : R2 R2 , T1(x, y) = (x, 2y)

    e

    T2 : R2 R2 , T2(x, y) = (y, x).

    Verifique que T1 e T2 sao operadores auto-adjuntos e verifique se a

    composicao T1 T2 tambem e operador auto-adjunto.Solucao

    Considerando a base canonica de R2, verificamos que as matrizes A1 eA2 que representam respectivamente, os operadores T1 e T2 nesta base, sao

    dadas por

    A1 =

    1 0

    0 2

    e A2 =

    0 1

    1 0

    .

    Como essas duas matrizes sao matrizes simetricas, conclumos, pelo

    Teorema 1, que T1 e T2 sao operadores auto-adjuntos. No entanto, o operador

    obtido pela composicao

    T1 T2 : R2 R2 , (T1 T2)(x, y) = (y, 2x)

    e representado, na base canonica, pela matriz

    B =

    0 2

    1 0

    ,

    que nao e uma matriz simetrica. Assim, outra vez pelo Teorema 1, a com-

    posicao T1 T2 nao e um operador auto-adjunto. Da, conclumos que a com-posicao de operadores auto-adjuntos nao e, necessariamente, auto-adjunto.

    O proximo teorema segue imediatamente dos resultados sobre matrizes

    simetricas estudados nas Aulas 22 e 23.

    Teorema 2

    Seja T : Rn Rn um operador auto-adjunto. Entao

    1. Autovetores correspondentes a autovalores distintos de T sao ortogo-

    nais, isto e, se v1, v2, . . . , vk sao k autovetores associados aos autova-

    lores distintos 1, 2, . . . , k, entao v1, v2, . . . , vk sao ortogonais.

    2. O operador T possui n autovalores reais, contando suas multiplicidades.

    45C E D E R J

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    Operadores auto-adjuntos

    3. A dimensao do auto-espaco associado a cada autovalor e igual a mul-

    tiplicidade de como raiz do polinomio caracterstico de T, isto e, a

    multiplicidade geometrica de cada autovalor e igual a sua multiplici-dade algebrica.

    4. Os auto-espacos de T sao ortogonais entre si.

    5. Existe uma base ortonormal {u1, u2, . . . , un} de Rn formada por auto-vetores de T.

    A ultima afirmacao do Teorema 2 tambem e conhecida como Teorema

    Espectral para Operadores Auto-Adjuntos Reais e diz, simplesmente, queestes operadores sao diagonalizaveis.

    Exemplo 3

    Seja T : R3 R3 dado por

    T(x,y,z) = (3x, 2y + z, y + 2z).

    a) Verifique que T e um operador auto-adjunto.

    b) Determine os autovalores e os autovetores de T e verifique que T e

    diagonalizavel.

    Solucao

    a) Considerando a base canonica {e1, e2, e3} de R3, temos que

    Te1 = T(1, 0, 0) = (3, 0, 0),

    Te2 = T(0, 1, 0) = (0, 2, 1),

    Te3 = T(0, 0, 1) = (0, 1, 2).

    Assim, a matriz que representa o operador linear T na base canonica e

    dada por

    A =

    3 0 0

    0 2 1

    0 1 2

    .

    Observando que A e uma matriz simetrica, temos, pelo Teorema 1, que T eum operador auto-adjunto.

    C E D E R J 46

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    Operadores auto-adjuntosMO DU LO 3 AU LA 24

    b) O polinomio caracterstico do operador T e dado por

    p(x) = det(xI3

    A)

    =

    x 3 0 0

    0 x 2 10 1 x 2

    = (x 3)2(x 1) .

    Assim, os autovalores de T sao 1 = 3, com multiplicidade algebrica 2,

    e 2 = 1 com multiplicidade algebrica 1. Nao e difcil obter que o auto-espaco

    V3, associado a 1 = 3, e dado por

    V3 = {v R3 |Tv = 3v}= {(x,y,z) R3 |y = z e x arbitrario} .

    Portanto, uma base ortonormal de V3 e dada por

    u1 = (1, 0, 0) e u2 = (0, 1

    2, 1

    2).

    Analogamente, o auto-espaco V1, associado a 2 = 1, e dado por

    V1 = {v R3 | Tv = v}= {(x,y,z) R3 | x = 0 e y = z} ,

    e uma base ortonormal de V1 e dada pelo vetor u3 = (0, 1

    2, 12).Consequentemente, = {u1, u2, u3} e uma base ortonormal de R3 formadapor autovetores de T e, nesta base, T e representado pela matriz diagonal

    B = [T] =

    3 0 0

    0 3 0

    0 0 1

    .

    Portanto, T e um operador diagonalizavel.

    Exemplo 4

    Determine valores de a, b R de modo que o operador T : R3 R3,definido por

    T(x,y,z) = (x + 2ay + 2z, 4x 5y bz, 2x 4y + z),

    seja auto-adjunto. Determine, tambem, uma base ortonormal de R3 formadapor autovetores de T e a matriz que representa T nesta base.

    47C E D E R J

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    Operadores auto-adjuntos

    Solucao

    Considerando a base canonica {e1, e2, e3} de R3, temos que

    Te1 = T(1, 0, 0) = (1, 4, 2) = 1 e1 + 4 e2 + 2 e3,Te2 = T(0, 1, 0) = (2a, 5, 4) = 2a e1 + (5) e2 + (4) e3,Te3 = T(0, 0, 1) = (2, b, 1) = 2 e1 + (b) e2 + 1 e3.

    Assim, a matriz que representa o operador linear T na base canonica e

    dada por

    A =

    1 2a 2

    4 5 b2 4 1

    .

    Para que T seja um operador auto-adjunto e necessario que a matriz A

    seja simetrica, isto e, que At = A. Para isso, e preciso que 2a = 4 e b = 4,ou seja, que

    a = 2 e b = 4.

    Assim, obtemos a matriz simetrica

    A = 1 4 24 5 4

    2 4 1

    ,

    garantindo que o operador T e auto-adjunto. Nao e difcil verificar que o

    polinomio caracterstico de T e dado por

    p(x) = det(xI3 A)= (x + 9)(x 3)2 .

    Os auto-espacos correspondentes sao dados por

    V9 = {v R3 | Tv = 9v}= {(x,y,z) R3 | x = z e y = 2z} ,

    eV3 = {v R3 | Tv = 3v}

    = {(x,y,z) R3 | x + 2y + z = 0} .

    Uma base ortonormal de V9 e dada pelo vetor u1 = (1

    6, 2

    6,

    16), enquanto uma base ortonormal de V3 e dada pelos vetoresu2 = (1

    2, 0, 1

    2) e u3 = (1

    3, 1

    3, 1

    3). Consequentemente,

    C E D E R J 48

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    Operadores auto-adjuntosMO DU LO 3 AU LA 24

    = {u1, u2, u3} e uma base ortonormal de R3 formada por autovetoresde T e, nessa base ordenada, T e representado pela matriz diagonal

    B = [T] =

    9 0 00 3 0

    0 0 3

    .

    Observe que T e um operador diagonalizavel.

    Exemplo 5

    Dados os vetores u = (4, 4, 2), v = (4, 2, 4) e w = (1, 2, 2), sejaT : R3 R3 o operador linear dado por

    Tu = (10 , 2 , 2), Tv = (2, 10, 2) e Tw = (1, 1, 5).

    Verifique que T e um operador auto-adjunto.

    Solucao

    E facil ver que T e uma base ortogonal, pois

    u, v = 4 4 + 4 (2) + (2) 4 = 0 ;u, w = 4 1 + 4 (2) + (2) (2) = 0 ;v, w = 4 1 + (2) (2) + 4 (2) = 0 .

    Assim, os vetores normalizados

    u1 =u

    ||u|| = (2/3 , 2/3 , 1/3),u2 =

    v

    ||v||= (2/3 ,

    1/3 , 2/3) e

    u3 =w

    ||w|| = (1/3 , 2/3 , 2/3)

    formam uma base ortonormal de R3. Como ||u|| = ||v|| = 6 e ||w|| = 3,temos

    T(u1) = T

    u

    ||u||

    = T

    1

    6||u||

    =

    1

    6T(u) =

    1

    6(10, 2, 2) = (5/3, 1/3, 1/3);

    T(u2) = Tv

    ||v

    ||= T

    1

    6||v||

    =

    1

    6T(v) =

    1

    6(2, 10, 2) = (1/3, 5/3, 1/3);

    T(u3) = T

    w

    ||w||

    = T

    1

    3||w||

    =

    1

    3T(w) =

    1

    3(1, 1, 5) = (1/3, 1/3, 5/3).

    49C E D E R J

  • 8/3/2019 17405 Algebra Linear2 Aulas 19a32 Volume02

    44/133

    Operadores auto-adjuntos

    Agora, nao e difcil ver que os vetores T(u1), T(u2) e T(u3) se expressam

    em funcao da base = {u1, u2, u3} como:

    T(u1) = (5/3, 1/3, 1/3) = 1 u1 + 1 u2 + 1 u3;T(u2) = (1/3, 5/3, 1/3) = 1 u1 + (1) u2 + (1) u3;T(u3) = (1/3, 1/3, 5/3) = 1 u1 + (1) u2 + 1 u3.

    Portanto, a matriz que representa o operador T com respeito a base

    ortonormal {u1, u2, u3} e dada por

    B = [T] =

    1 1 1

    1

    1

    1

    1 1 1

    .

    Como B e uma matriz simetrica, conclumos, pelo Teorema 1, que o

    operador T e auto-adjunto. Observe que neste exemplo usamos uma base

    ortonormal que nao e a base canonica nem e uma base de autovetores.

    Auto-avaliacao:

    E de suma importancia que voce reveja e entenda muito bem a relacao

    que existe entre as matrizes simetricas, estudadas nas aulas anteriores, e os

    operadores auto-adjuntos vistos nesta aula. Compare os conceitos e estude

    os exemplos. Em caso de duvidas nao hesite em consultar o seu tutor.

    Exerccios

    1. Verifique que o operador T : R3 R3, dado por

    T(x,y,z) = (2x + y + z, x + 2y

    z, x

    y + 2z),

    e auto-adjunto.

    2. Determine uma base ortonormal de autovetores do operador T dado no

    exerccio anterior.

    C E D E R J 50

  • 8/3/2019 17405 Algebra Linear2 Aulas 19a32 Volume02

    45/133

    Formas bilinearesMO DU LO 3 AU LA 25

    Aula 25 Formas bilineares

    Objetivos:

    Compreender o conceito de forma bilinear.

    Aplicar os conceitos apresentados em casos particulares.

    Pre-requisito: Aula 22.

    Nesta aula vamos introduzir um conceito que generaliza a nocao de

    aplicacao linear num espaco vetorial. Mais especificamente, vamos desenvol-ver o conceito de forma bilinear, que da origem as formas quadraticas que

    serao estudadas na proxima aula. Veremos a definicao de formas bilineares e

    estudaremos algumas de suas propriedades, principalmente sua relacao com

    as matrizes, o que constitui o aspecto mais importante para fins praticos.

    Definicao 4

    Seja V um espaco vetorial real. Uma forma bilinear em V e uma apli-

    cacao

    B : V V R(u , v) B(u , v)

    que e linear em cada uma das duas variaveis u e v, isto e, que satisfaz:

    i) para todo u , v , w V e a R,B(u + w, v) = B(u , v) + B(w, v)

    B(a u , v) = a B(u , v);

    ii) para todo u , v , w

    V e a

    R,

    B(u , w + v) = B(u , w) + B(u , v)

    B(u , a v) = a B(u , v).

    Exemplo 1

    Seja F o produto escalar em Rn, isto e, dados u = (u1 , u2 , . . . , un),

    v = (v1 , v2 , . . . , vn) Rn, considere a aplicacaoF : V V R

    (u , v) F(u , v) = u1v1 + u2v2 + + unvn .Verifique que F e uma forma bilinear em Rn.

    51C E D E R J

  • 8/3/2019 17405 Algebra Linear2 Aulas 19a32 Volume02

    46/133

    Formas bilineares

    Solucao

    De fato, considerando outro vetor w = (w1 , w2 , . . . , wn) Rn ea R, temos que

    F(u + a w, v) = B((u1 + aw1, u2 + aw2 , . . . , un + awn) , (v1 , v2 , . . . , vn))

    = (u1 + aw1)v1 + (u2 + aw2)v2 + + (un + awn)vn= (u1v1 + u2v2 + + unvn) + a (w1v1 + w2v2 + + wnvn)= F(u , v) + a F(w, v) ,

    o que mostra que F(u , v) e uma transformacao linear na primeira variavel

    u. Um argumento analogo, deixado a cargo do aluno, mostra que F(u , v)

    tambem e uma transformacao linear na segunda variavel v. Assim, podemos

    concluir que F(u , v) e uma aplicacao bilinear de Rn.

    Exemplo 2

    Seja a matriz

    A =

    2 0 04 2 0

    0 0 3

    .

    Mostre que podemos associar a matriz A uma forma bilinear B : R3

    R3

    R dada por

    B((x1, x2, x3), (y1, y2, y3)) = (x1 x2 x3)

    2 0 04 2 0

    0 0 3

    y1y

    2

    y3

    = 2 x1y1 + 4 x2y1 + 2 x2y2 + 3 x3y3 .

    Solucao

    Observe que para todo par de vetores u , v R3

    u =

    x1x2x3

    e v = y1y2

    y3

    ,podemos reescrever

    B(u , v) = utA v,

    onde ut e a matriz transposta de u. Assim, a bilinearidade da aplicacao

    B(u, v) decorre facilmente das propriedades do produto e da soma de

    matrizes.Este exemplo e facilmente generalizado.

    C E D E R J 52

  • 8/3/2019 17405 Algebra Linear2 Aulas 19a32 Volume02

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    Formas bilinearesMO DU LO 3 AU LA 25

    Teorema 1

    Seja A = (aij) Mn(R), isto e, uma matriz de ordem n. Podemos

    associar a matriz A uma forma bilinear F : R

    n

    Rn

    R dada porF(u , v) = utA v,

    onde u , v Rn.Observe que, reescrevendo os vetores u e v na forma

    u =

    x1

    x2...xn

    e v =

    y1

    y2...yn

    ,

    entao

    F(u , v) = utA v

    = (x1 x2 xn)

    a11 a12 a1na21 a22 a2n...

    .... . .

    ...

    an1 an2

    ann

    y1

    y2

    ...

    yn

    = a11x1y1 + a12x1y2 + + annxnyn=

    ni, j=1

    aijxiyj .

    Seja V um espaco vetorial real, F : V V R uma forma bilinear em V, e = {e1, e2, . . . , en} uma base de V. Sejam u , v V com

    u = u1e1 + u2e2 + + unen

    ev = v1e1 + v2e2 + + vnen.

    Entao,

    F(u , v) = F(u1e1 + u2e2 + + unen, v1e1 + v2e2 + + vnen)= u1v1F(e1, e1) + u1v2F(e1, e2) + + unvnF(en, en)=

    ni, j=1

    uivjF(ei, ej) .

    Assim, a forma bilinear F fica completamente determinada pela n2

    valoresF(vi, vj).

    53C E D E R J

  • 8/3/2019 17405 Algebra Linear2 Aulas 19a32 Volume02

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    Formas bilineares

    Definicao 5

    A matriz A = (aij), com aij = F(ei, ej), e chamada de representacao

    matricial da forma bilinear F com relacao a base , ou, simplesmente, dematriz de F com relacao a .

    Esta matriz representa F no sentido que

    F(u , v) =n

    i, j=1

    uivjF(ei, ej) = [u]tA [v]

    para todo par de vetores u , v V. Como de costume, [u] denota o vetordas coordenadas de u com respeito a base .

    Exemplo 3Seja a forma bilinear F : R2 R2 R dada porF(u , v) = F((x1, x2), (y1, y2)) = x1y1 x1y2 + 3 x2y1 5 x2y2,

    para todo u = (x1, x2) , v = (y1, y2) R2. Considere = {e1, e2} abase canonica de R2 e = {(1 , 0) , (1 , 1)} outra base de R2. Determinea matriz de F com respeito a essas bases.

    Solucao

    Primeiramente, facamos o calculo da matriz de F com respeito abase canonica:

    F(e1, e1) = F((1 , 0), (1 , 0)) = 1

    F(e1, e2) = F((1 , 0), (0 , 1)) = 1;F(e2, e1) = F((0 , 1), (1 , 0)) = 3;

    F(e2, e2) = F((0 , 1), (0 , 1)) = 5.Portanto, temos que a matriz de F na base canonica e

    A = 1

    1

    3 5 .Para a matriz de F na base , temos

    F((1 , 0), (1 , 0)) = 1;

    F((1 , 0), (1 , 1)) = 0;

    F((1 , 1), (1 , 0)) = 4;

    F((1 , 1), (1 , 1)) = 2.Portanto, temos que a matriz de F na base = {(1 , 0) , (1 , 1)} e

    B =

    1 04 2

    .

    C E D E R J 54

  • 8/3/2019 17405 Algebra Linear2 Aulas 19a32 Volume02

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    Formas bilinearesMO DU LO 3 AU LA 25

    Um problema interessante e saber qual a relacao entre as matrizes A e

    B que representam uma mesma forma bilinear F em duas bases e ,

    respectivamente.No caso do exemplo anterior, se P representa a matriz mudanca de

    base, da base para a base , temos

    P =

    1 1

    0 1

    .

    Da,

    B =

    1 0

    4

    2

    =

    1 0

    1 1

    1 13

    5

    1 1

    0 1

    = PtA P .

    De um modo geral, temos o seguinte teorema:

    Teorema 2

    Seja F uma forma bilinear de um espaco vetorial V. Se A e a matriz

    de F numa base e B e matriz de F numa base de V, entao

    B = PtA P,

    onde P e a matriz mudanca de base, da base para a base .

    Definicao 6

    Uma forma bilinear F no espaco vetorial V e denominada simetrica se

    F(u , v) = F(v , u)

    para todo par de vetores u , v V.Teorema 3

    Seja F uma forma bilinear no espaco vetorial V e A a matriz que

    representa F numa base de V. Entao F e uma forma bilinear simetrica se

    e somente se A e uma matriz simetrica.

    Demonstracao:

    Por F ser uma forma bilinear em V, temos que

    F(u , v) = utA v

    = (utA v)t, pois utA v e um escalar= vtAtu .

    55C E D E R J

  • 8/3/2019 17405 Algebra Linear2 Aulas 19a32 Volume02

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    Formas bilineares

    Se, ainda, F for uma forma bilinear simetrica, entao

    vtAtu = F(u , v) = F(v , u) = vtA u

    para todo u , v V. Portanto, temos

    At = A,

    isto e, a matriz A e simetrica.

    Reciprocamente, se A e uma matriz simetrica (isto e, At = A), entao a

    forma bilinear F tambem e simetrica, pois

    F(u , v) = ut

    A v= (utA v)t, pois utA v e um escalar

    = vtAtu

    = vtA u , pois At = A

    = F(v , u)

    para todo par de vetores u , v V.

    Auto-avaliacao

    Voce deve ter compreendido que o conceito de forma bilinear e

    uma generalizacao do conceito de transformacao linear ja bastante estu-

    dado. E de extrema importancia rever todos os conceitos e tentar resolver os

    exerccios propostos. Caso surjam dificuldades, consulte as notas de aula ou

    peca a juda ao seu tutor. Os conceitos desta aula ainda serao bastante utili-

    zados. Por isso, nao deixe de fazer uma boa revisao de matrizes simetricas.

    Exerccios

    1. Seja A Mn(R). Verifique que a aplicacao F : RnRn R, definidapor F(u , v) = utA v e uma forma bilinear.

    2. Seja F : R3 R3 R, definida por F(u , v) = u , v, o produtoescalar em R3.

    (a) Determine a matriz A que representa a forma bilinear F com

    respeito a base canonica R3.

    (b) Determine a matriz B que representa a forma bilinear F comrespeito a base = {(1 , 1 , 0) , (1 , 0 , 1) , (0 , 2 , 1)}.

    C E D E R J 56

  • 8/3/2019 17405 Algebra Linear2 Aulas 19a32 Volume02

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    Formas bilinearesMO DU LO 3 AU LA 25

    3. Seja a forma bilinear F : R2 R2 R definida por

    F(u , v) = F((x1, x2), (y1, y2)) = 2 x1y1 3 x1y2 + x2y2,para todo u = (x1, x2) , v = (y1, y2) R2.

    a) Determine a matriz A que representa F com respeito a base =

    {(1 , 0) , (1 , 1)}.

    b) Determine a matriz B que representa F com respeito a base =

    {(2 , 1) , (1 , 1)}.

    c) Determine a matriz mudanca de base P, da base para a base , everifique que B = PtA P.

    57C E D E R J

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    Formas quadraticasMO DU LO 3 AU LA 26

    Aula 26 Formas quadraticas

    Objetivos:

    Compreender o conceito de forma quadratica.

    Aplicar os conceitos apresentados em casos particulares.

    Pre-requisitos: Aulas 22 e 25.

    As formas bilineares, vistas na aula anterior, dao origem as formas

    quadraticas que serao estudadas nesta aula. As formas quadraticas ocorremcom grande destaque em aplicacoes da Algebra Linear a Engenharia, como

    em criterios para projetos, em problemas de otimizacao e em processamento

    de sinais. Elas tambem ocorrem na Fsica, em descricoes de energia potencial

    e energia cinetica; em Economia, nas funcoes de utilidade; e, tambem, em

    Estatstica. Em todas essas situacoes e muito importante o conhecimento do

    sinal (positivo ou negativo) que a forma quadratica pode assumir, assim como

    o conhecimento de seus autovalores associados. Uma parte muito importante

    da base matematica para o estudo das formas quadraticas segue facilmente

    do nosso estudo previo sobre matrizes simetricas.

    Definicao 7

    Seja V um espaco vetorial real. Uma aplicacao q : V R e chamada de forma quadratica se existe uma forma bilinear simetrica F : V V R talque q(v) = F(v , v) para todo v V.

    Seja A a matriz que representa a forma bilinear F na base V.Dizemos que matriz A e a representacao matricial da forma quadratica q

    com espeito a essa mesma base

    V. Como a forma bilinear F e simetrica,

    entao, pelo Teorema 3 da Aula 25, a matriz A e uma matriz simetrica. Comrespeito a base , denotamos A = (aij) e v = (x1, x2, . . . , xn) V; entao

    q(v) = F(v , v)

    = vtA v

    = (x1 x2 xn)

    a11 a12 a1na21 a22 a2n...

    .... . .

    ...

    an1 an2

    ann

    x1

    x2...

    xn

    =n

    i, j=1

    aijxixj.

    59C E D E R J

  • 8/3/2019 17405 Algebra Linear2 Aulas 19a32 Volume02

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    Formas quadraticas

    E agora, sendo A simetrica, vale que aij = aji. Portanto,

    q(v) =

    ni, j=1

    aijxixj = a11x2

    1 + a22x2

    2 + + annx2

    n + 2

    ni

  • 8/3/2019 17405 Algebra Linear2 Aulas 19a32 Volume02

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    Formas quadraticasMO DU LO 3 AU LA 26

    Observe que q e a forma quadratica associada a forma bilinear

    F(u , v) = (x1 x2) 1 55 1 y1y2

    = x1y1 5x2y1 5x1y2 + x2y2 ,

    onde u = (x1, x2) , v = (y1, y2) R2, com respeito a base canonica.

    Exemplo 2

    Seja q : R3 R a forma quadratica dada por

    q(v) = q(x1, x2, x3) = 5 x2

    1 + 3 x2

    2 + 2 x2

    3 x1x2 + 8 x2x3 ,onde v = (x1, x2, x3) R3. Determinar a matriz A que representa a formaquadratica q com respeito a base canonica e expresse a forma quadratica na

    forma matricial q(v) = vtA v.

    Solucao

    Os coeficientes de x21, x22 e x

    23 formam a diagonal principal da matriz

    A, como indica a equacao (6). Como A e matriz simetrica, o coeficiente de

    xixj, para i = j, e a soma dos coeficientes iguais aij = aji, como indica outravez a equacao (6). Portanto,

    aij = aji =1

    2 (coeficiente de xixj).

    Assim, e facil ver que

    A =

    5 1/2 0

    1/2 3 40 4 2

    .

    E, finalmente,

    q(x1, x2, x3) = (x1 x2 x3)

    5 1/2 01/2 3 4

    0 4 2

    x1x2

    x3

    .

    Queremos agora estudar o efeito de uma mudanca de base sobre uma

    forma quadratica. Assim, sejam q : V R uma forma quadratica e e duas bases do espaco vetorial V. Seja P a matriz mudanca de base da base para a base . Se A e a matriz que representa a forma quadratica q na

    61C E D E R J

  • 8/3/2019 17405 Algebra Linear2 Aulas 19a32 Volume02

    56/133

    Formas quadraticas

    base e B e a matriz de q na base , entao, pelo Teorema 2 da Aula 25,

    sabemos que

    B = PtA P.

    Observe que, se P e a matriz ortogonal que diagonaliza a matriz A,

    entao B = PtA P = P1A P e uma matriz diagonal. Nesse caso, a ma-

    triz P tambem e chamada mudanca de variaveis. Usaremos esses fatos no

    proximo exemplo.

    Exemplo 3

    Determine uma mudanca de variavel P que transforma a forma quadratica

    q : R2 R, dada por

    q(x1, x2) = x21 8x1x2 5x22

    na base canonica, em uma forma diagonal. Obtenha, tambem, a expressao

    dessa forma diagonal.

    Solucao

    Observando os coeficientes de q, vemos que a matriz A que representa

    q na base canonica e dada por

    A =

    1 4

    4 5

    .

    Diagonalizar a forma quadratica q e equivalente a diagonalizar a matriz

    simetrica A. Usando os procedimentos ja conhecidos sobre diagonalizacao de

    matrizes simetricas, os autovalores da matriz A sao 1 = 3 e 2 = 7.A matriz P sera obtida a partir de uma base ortonormal de autovetores.

    Efetuando os calculos, que e um exerccio para voce, obtemos

    u1 =

    2

    5

    15

    , autovetor associado ao autovalor 1 = 3, e

    u2 =

    1

    5

    2

    5

    , autovetor associado ao autovalor2 = 7.

    Como {u1, u2} forma uma base ortonormal de R2, entao

    P = [u1 u2] =

    25 15

    15 25

    ,

    C E D E R J 62

  • 8/3/2019 17405 Algebra Linear2 Aulas 19a32 Volume02

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    Formas quadraticasMO DU LO 3 AU LA 26

    e a matriz diagonal correspondente sera

    D = 3 0

    0 7 ,onde D = PtA P.

    A forma diagonal de q e dada por

    q(y1, y2) = (y1 y2)

    3 0

    0 7

    y1

    y2

    = 3y21 7y22 ,

    onde

    v =

    x1

    x2

    e w =

    y1

    y2

    ,

    e

    v = Pw, ou w = Ptv

    e a mudanca de variaveis.

    Veja que

    q(v) = q(x1 , x2) = x21

    8x1x2

    5x22

    = (x1 x2)

    1 4

    4 5

    x1x2

    = vtA v

    = (Pw)tA (Pw)

    = wt(PtAP)w

    = wtD w

    = (y1 y2)

    3 0

    0 7

    y1

    y2

    = 3y21 7y22

    = q(y1, y2) = q(w) .

    63C E D E R J

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    Formas quadraticas

    Observe que a forma diagonal

    q(y1, y2) = 3y

    2

    1 7y2

    2

    nao contem o termo cruzado y1y2.

    Este exemplo anterior ilustra o teorema a seguir. A parte essencial de

    sua demonstracao foi apresentada nos calculos do Exemplo 3 e consiste na

    mudanca de variaveis efetuada.

    Teorema 1 (Teorema dos Eixos Principais)

    Seja q : V R uma forma quadratica. Entao, sempre existe umamudanca de variaveis P que transforma a forma quadratica q(v) = vtA v na

    forma diagonal q(w) = wtD w, onde v = Pw e D = PtA P.

    O nome Teorema dos Eixos Principais segue do fato de que as colunas

    de P sao chamadas eixos principais da forma quadratica q. Uma inter-

    pretacao geometrica deste teorema sera vista nas proximas aulas, mais pre-

    cisamente no estudo da classificacao de curvas conicas e na classificacao de

    superfcies quadricas.

    Exemplo 4

    Determine uma mudanca de variavel P que transforme a forma quadratica

    q : R3 R, dada por

    q(x1, x2, x3) = 3x21 + 2x

    22 + x

    23 + 4x1x2 + 4x2x3

    na base canonica, em uma forma diagonal. Obtenha tambem a expressao

    dessa forma diagonal.

    Solucao

    Observando os coeficientes de q, vemos que a matriz A que representa

    q na base canonica e dada por

    A =

    3 2 02 2 2

    0 2 1

    .

    Procedendo a diagonalizacao da matriz simetrica A, deixamos os deta-

    lhes dos calculos como um exerccio para voce, obtemos os autovalores 1 = 5,

    2 = 2 e 3 = 1. A matriz mudanca de variavel P sera obtida a partir deuma base ortonormal de autovetores. Efetuando os calculos, obtemos:

    C E D E R J 64

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    Formas quadraticasMO DU LO 3 AU LA 26

    u1 =

    2/3

    2/3

    1/3

    autovetor associado ao autovalor 1 = 5;

    u2 =

    2/31/3

    2/3

    autovetor associado ao autovalor2 = 2;

    u3 =

    1/32/3

    2/3

    autovetor associado ao autovalor3 = 1.

    Como {u1, u2, u3} forma uma base ortonormal de R3, entao

    P = [u1 u2 u3] =

    2/3 2/3 1/32/3 1/3 2/31/3 2/3 2/3

    e uma matriz ortogonal e a matriz diagonal correspondente sera

    D =

    5 0 00 2 0

    0 0 1

    ,

    onde D = P

    t

    A P.A forma diagonal de q e dada por

    q(y1, y2, y3) = (y1 y2 y3)

    5 0 00 2 0

    0 0 1

    y1y2

    y3

    = 5y21 + 2y22 y23 ,

    onde

    v =

    x1x2

    e w =

    y1y2

    ,

    e

    v = Pw, ou w = Ptv

    e a mudanca de variaveis requerida.

    Observe, mais uma vez, que a forma diagonal

    q(y1, y2, y3) = 5y21 + 2y

    22 y23

    nao contem os termos cruzados y1y2, y1y3 e y2y3, isto e, os termos yiyjcom i = j.

    65C E D E R J

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    ConicasMO DU LO 3 AU LA 27

    Aula 27 Conicas

    Objetivos:

    Compreender o conceito de conica.

    Aplicar os conceitos apresentados em casos particulares.

    Pre-requisitos: Aulas 22, 25 e 26.

    Nesta aula estudaremos algumas figuras importantes do R2, ou seja,

    determinados conjuntos de pontos do plano cujas coordenadas satisfazem

    certas propriedades. Mais precisamente, consideraremos subconjuntos de R2

    cujas coordenadas (x, y) satisfazem uma equacao do tipo

    ax2 + bxy + cy2 + dx + ey + f = 0,

    onde a, b, c, d, e e f sao constantes reais (com pelo menos um dos numeros

    a, b ou c diferente de zero). A ideia toda e simplificar e classificar equacoes

    desse tipo e, para isso, usaremos os resultados sobre diagonalizacao de formas

    quadraticas apresentados na aula anterior.

    Definicao 8Uma conica e um conjunto de pontos do R2 cujas coordenadas (x, y),

    em relacao a base canonica, satisfazem uma equacao do tipo

    ax2 + bxy + cy2 + dx + ey + f = 0, (2)

    onde os coeficientes a, b, c, d, e e f sao numeros reais e pelo menos um dos

    numeros a, b ou c e nao-nulo.

    Observe que a equacao (6) contem uma forma quadratica,

    q(x , y) = ax2 + bxy + cy2,

    uma forma linear,

    (x, y) = dx + ey,

    e o termo constante f.

    Exemplo 1

    Identifique o conjunto dos pontos (x , y)

    R2 que satisfazem a equacao

    x2 + y2 4 = 0.

    67C E D E R J

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    Conicas

    Solucao

    Comparando a equacao

    x2 + y2 4 = 0com a equacao (6), vemos que o valor dos coeficientes s ao a = c = 1, b =

    d = e = 0 e f = 4, e, portanto, representa uma conica. Reescrevendo aequacao na forma

    x2 + y2 = 4,

    identificamos os pontos (x, y) como pertencendo a circunferencia de centro

    (0, 0) e raio 2, como ilustra a Figura 27.1.

    Figura 27.1: A circunferencia x2 + y2 = 4.

    Exemplo 2

    Identifique o conjunto dos pontos (x , y) R2 que satisfazem a equacaoy2 kx = 0,

    onde k e um numero real nao-nulo.

    Solucao

    Comparando a equacao

    y2 kx = 0com a equacao (6), vemos que o valor dos coeficientes s ao c = 1, a = b =

    e = f = 0 e d = k = 0, e, portanto, representa uma conica. Reescrevendoa equacao na forma

    y2 = kx,

    identificamos os pontos (x, y) como pertencendo a uma parabola com eixocoincidindo com o eixo-y, como ilustra a Figura 27.2.

    C E D E R J 68

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    ConicasMO DU LO 3 AU LA 27

    Figura 27.2: A parabola y2 = kx.

    Exemplo 3Identifique o conjunto dos pontos (x , y) R2 que satisfazem a equacao

    x2

    a2 y

    2

    b2= 0,

    com a , b R, a , b > 0.

    Solucao

    Comparando a equacao

    x2

    a2 y

    2

    b2= 0

    com a equacao (6), vemos que ela tambem representa uma conica. Reescre-

    vendo a equacao na formay2

    b2=

    x2

    a2,

    temos

    y = ba

    x,

    o que representa um par de retas concorrentes que passa pela origem, comoilustra a Figura 27.3.

    Figura 27.3: As retas y = ba

    x.

    69C E D E R J

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    Conicas

    Os proximos exemplos mostram como procedemos para simplificar uma

    equacao de uma conica.

    Exemplo 4

    Identifique a conica representada pela equacao 5x2 4xy +8y2 36 = 0.

    Solucao

    Precisamos, inicialmente, eliminar o termo misto (4xy); para isto,realizamos diagonalizacao da forma quadratica correspondente,

    q(x , y) = 5x2 4xy + 8y2.

    Escrevemos a equacao 5x2 4xy + 8y2 36 = 0 na forma matricial

    vtA v = 36,

    com

    v =

    x

    y

    R2 e A =

    5 2

    2 8

    .

    Lembre, da Aula 26, que a matriz A e a matriz simetrica que representa

    a forma quadratica q(x , y) = 5x2 4xy + 8y2 com respeito a base canonica.Nao e difcil ver que os autovalores da matriz A sao 1 = 4 e 2 = 9, e os

    autovetores normalizados sao

    u1 =

    2

    5

    1

    5

    , autovetor associado ao autovalor 1 = 4

    e

    u2 = 1

    5

    25 , autovetor associado ao autovalor 2 = 9.

    Como {u1, u2} forma uma base ortonormal de R2, entao

    P = [u1 u2] =

    2

    5 151

    5 2

    5

    e a matriz ortogonal que diagonaliza a matriz A e a matriz diagonal corres-

    pondente sera

    D = 4 0

    0 9 .

    Temos que D = PtA P.

    C E D E R J 70

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    ConicasMO DU LO 3 AU LA 27

    A forma diagonal de q e dada por

    q(x1, y1) = (x1 y1)

    4 00 9

    x1y1

    = 4x21 + 9y21 ,

    onde

    v =

    x

    y

    e v1 =

    x1

    y1

    ,

    com

    v = Pv1, ou v1 = Ptv.

    Portanto, a equacao da conica pode ser reescrita como

    q(x1, y1) = 36,

    ou ainda,

    4x21 + 9y21 = 36,

    o que nos da a equacao

    x219

    +y214

    = 1,

    que representa uma elipse de semi-eixo maior 3 e semi-eixo menor 2, como

    ilustra a Figura 27.4.

    x

    y

    03

    2

    2

    3

    Figura 27.4: A elipse

    x21

    9 +

    y21

    4 = 1.

    71C E D E R J

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    Conicas

    Exemplo 5

    Identifique a conica representada pela equacao 2x2 +4xy +2y2 +4

    2 x+

    122 y 8 = 0.

    Solucao

    Observe que neste exemplo a forma linear (x, y) = dx + ey = 4

    2 x +

    12

    2 y e nao-nula. Reescrevendo a conica na forma matricial, obtemos

    vtA v + Bv 8 = 0, (3)

    onde

    v =

    xy

    R2,A =

    5 2

    2 8

    e

    B = (4

    2 12

    2 ).

    A matriz A e a matriz simetrica que representa a forma quadratica q(x , y) =

    2x2 +4xy +2y2 com respeito a base canonica. Nao e difcil ver (exerccio para

    o aluno) que os autovalores da matriz A sao 1 = 4 e 2 = 0, e os autovetores

    normalizados sao

    u1 =

    1

    2

    1

    2

    , autovetor associado ao autovalor 1 = 4,

    e

    u2 = 1

    2

    12 , autovetor associado ao autovalor 2 = 0.Como {u1, u2} forma uma base ortonormal de R2, entao

    P = [u1 u2] =

    1

    2 121

    2 1

    2

    ,

    e a matriz ortogonal que diagonaliza a matriz A, e a matriz diagonal corres-

    pondente sera

    D = 4 0

    0 0 .

    E, tambem, D = PtA P.

    C E D E R J 72

  • 8/3/2019 17405 Algebra Linear2 Aulas 19a32 Volume02

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    ConicasMO DU LO 3 AU LA 27

    A forma diagonal de q e dada por

    q(x1, y1) = (x1 y1) 4 0

    0 0 x1

    y1

    = 4x21 ,

    isto e,

    vtA v = 4x21,

    onde

    v =

    x

    y

    e v1 =

    x1

    y1

    ,

    com

    v = Pv1, ou v1 = Ptv.

    Como det(P) = 1, observe que v = Pv1 e uma rotacao. A forma linear

    se transforma em

    Bv = B(Pv1)

    = BPv1

    = (42 122 ) 1

    2

    12

    12 12 x1y1

    = (16 8 )

    x1

    y1

    = 16x1 + 8y1 .

    Substituindo

    vtA v = 4x21 e Bv = 16x1 + 8y1

    em (7), obtemos

    4x21 + 16x1 + 8y1 8 = 0, (4)ou, simplificando,

    x21 + 4x1 + 2y1 2 = 0.Completando o quadrado na variavel x1,

    x21 + 4x1 = (x1 + 2)2 4.

    E, substituindo em (8), obtemos

    (x1 + 2)2 4 + 2y1 2 = 0,

    73C E D E R J

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    Conicas

    ou

    (x1 + 2)2 + 2(y1 3) = 0. (5)

    Essa equacao ja e uma forma bem mais simples da conica inicial e ja se

    pode identificar a equacao de uma parabola, mas ela ainda pode ser mais

    simplificada. Realizando a mudanca de variaveis em (9) dada porx2 = x1 + 2

    y2 = y1 3 ,

    que representa uma translacao no R2, obtemos

    x22 = 2y2,

    que representa a conica inicial aos novos eixos-x2y2. Nessa forma, identifica-

    mos facilmente a equacao de uma parabola, como ilustra a Figura 27.5.

    Figura 27.5: A parabola x22 =

    2y2.

    Procedimento para simplificar a equacao de uma conica

    Seja a conica dada pela equacao

    ax2 + bxy + cy2 + dx + ey + f = 0.

    Podemos reescreve-la na forma matricial,

    vtA v + Bv + f = 0,

    C E D E R J 74

  • 8/3/2019 17405 Algebra Linear2 Aulas 19a32 Volume02

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    ConicasMO DU LO 3 AU LA 27

    onde

    q(x , y) = ax2 + bxy + cy2

    = (x y)

    a b/2

    b/2 c

    x

    y

    = vtA v ,

    e

    (x, y) = dx + ey

    = (d e)

    x

    y

    = Bv ,

    com

    A =

    a b/2

    b/2 c

    ,

    B = (d e)

    e

    v =

    x

    y

    .

    A ideia principal do procedimento a seguir consiste em realizar uma

    rotacao nos eixos-xy, de modo a eliminar o termo cruzado bxy.

    1o Passo: Encontrar uma matriz ortogonal P = [u1 u2] que diagonalize A. Lem-

    bre que as colunas de P formam uma base {u1, u2} ortogonal de au-tovetores da matriz A para o R2. Assim,

    D = PtA P com D =

    1 0

    0 2

    ,

    onde 1 e 2 sao os autovalores da matriz A associados aos autovetores

    u1 e u2, respectivamente.

    75C E D E R J

  • 8/3/2019 17405 Algebra Linear2 Aulas 19a32 Volume02

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    Conicas

    2o Passo: Permutar as colunas de P, caso seja necessario, de modo que se tenha

    det(P) = 1. Isso garante que a transformacao ortogonal

    v = Pv1, com v1 =

    x1

    y1

    ,

    seja uma rotacao no plano.

    3o Passo: Obter a equacao que representa a conica no novo sistema de eixos-

    x2y2. Para isso, observe que

    ax2 + bxy + cy2 = vtA v

    = (Pv1)tA (Pv1) ; onde v = Pv1

    = vt1(PtA P) v1

    = vt1D v1

    = (x1 y1)

    1 0

    0 2

    x1

    y1

    = 1x21 + 2y

    21 ,

    edx + ey = Bv

    = B(Pv1) ; onde v = Pv1

    = (BP) v1 ; onde BP = (d1 e1)

    = (d1 e1)

    x1

    y1

    = d1x1 + e1y1 .

    Assim, a equacao vtA v + Bv + f = 0 se transforma em

    1x21 + 2y

    21 + d1x1 + e1y1 + f = 0,

    que e uma equacao que representa a conica e nao contem termos cruzados(em xy).

    C E D E R J 76

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    ConicasMO DU LO 3 AU LA 27

    Vamos fazer uma breve analise dessa equacao.

    1. Considere o caso em que os autovalores sao nao-nulos: 1, 2 = 0. Nestecaso, podemos completar os quadrados nas variaveis x1 e y1, obtendo

    1x21 + 2y

    21 + d1x1 + e1y1 + f = (1x

    21 + d1x1) + (2y

    21 + e1y1)

    = 1x22 + 2y

    22 + F ,

    com F R2. Assim, a equacao

    1x21 + 2y

    21 + d1x1 + e1y1 + f = 0

    e transformada em

    1x22 + 2y

    22 + F = 0.

    Note que

    (a) Se 1, 2 > 0, entao a conica sera uma elipse, caso F < 0; ou

    um ponto ((x2 , y2