10 dicas para melhorar o desempenho escolar do seu filho

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10 dicas para melhorar o desempenho escolar do seu filho Construir um vínculo com a escola desde cedo e traçar paralelos entre o conteúdo e a vida fora do colégio fazem muita diferença Renata Losso, especial para o iG São Paulo | 08/11/2011 07:54:52 Getty Images Cada criança tem um método de aprendizado mais eficiente e os pais devem ajudá-la a descobri-lo Além dos cadernos e boletins, os pais devem estar envolvidos com a vida escolar dos filhos desde o começo. Segundo a educadora Daniela de Rogatis, quando os pais não acompanham e valorizam o aprendizado, colocam a escola em xeque. “Se os pais não se importam com o que a criança aprende, eles desvalorizam a escola. E isso leva a criança a questionar o valor daquilo”, diz. Leia também 7 dicas para melhorar o sono do seu filho 11 truques para seu filho comer melhor Deixar a educação somente nas mãos da escola não é uma solução. Para Daniela, a participação ativa dos pais na educação e no aprendizado dos filhos, além de ser um facilitador para perceber as dificuldades e facilidades das crianças, dá mais segurança para elas avançarem e melhorarem o desempenho. A educadora Andrea Ramal lançou recentemente o livro “Depende de você – Como fazer de seu filho uma história de sucesso” (LTC Editora) pensando exatamente nisto. Segundo a autora, enquanto os pais não se aliarem às escolas, as chances do fracasso do filho na vida escolar só aumentam. Conversamos com quatro especialistas em educação e reunimos 10 dicas para ajudar as crianças a aproveitarem a escola ao máximo. 1. Não deixe para ir à escola somente quando aparece um problema Ir à escola somente quando você é convocado para resolver algum problema da criança não vai fazer tanta diferença. A psicóloga Eliana Tatit Sapienza, da Clínica Meta, especializada

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10 dicas para melhorar o desempenho escolar do

seu filho

Construir um vínculo com a escola desde cedo e traçar paralelos

entre o conteúdo e a vida fora do colégio fazem muita diferença

Renata Losso, especial para o iG São Paulo | 08/11/2011 07:54:52

Getty Images

Cada criança tem um método de aprendizado mais eficiente e os pais devem ajudá-la a descobri-lo

Além dos cadernos e boletins, os pais devem estar envolvidos com a vida escolar dos filhos desde o começo. Segundo a educadora Daniela de Rogatis, quando os pais não acompanham

e valorizam o aprendizado, colocam a escola em xeque. “Se os pais não se importam com o que a criança aprende, eles desvalorizam a escola. E isso leva a criança a questionar o valor daquilo”, diz.

Leia também

7 dicas para melhorar o sono do seu filho 11 truques para seu filho comer melhor

Deixar a educação somente nas mãos da escola não é uma solução. Para Daniela, a

participação ativa dos pais na educação e no aprendizado dos filhos, além de ser um facilitador para perceber as dificuldades e facilidades das crianças, dá mais segurança para

elas avançarem e melhorarem o desempenho.

A educadora Andrea Ramal lançou recentemente o livro “Depende de você – Como fazer de seu filho uma história de sucesso” (LTC Editora) pensando exatamente nisto. Segundo a autora, enquanto os pais não se aliarem às escolas, as chances do fracasso do filho na vida

escolar só aumentam. Conversamos com quatro especialistas em educação e reunimos 10 dicas para ajudar as crianças a aproveitarem a escola ao máximo.

1. Não deixe para ir à escola somente quando aparece um problema

Ir à escola somente quando você é convocado para resolver algum problema da criança não

vai fazer tanta diferença. A psicóloga Eliana Tatit Sapienza, da Clínica Meta, especializada

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na área educacional, indica aos pais manter uma parceria com a escola e os professores, frequentando reuniões e se informando sobre o conteúdo desenvolvido em cada matéria. As

crianças, especialmente as mais novas, se sentem mais seguras e confiantes quando percebem essa ligação entre pais e professores.

2. Crie um vínculo de comunicação

Perguntar sempre como foi o dia de aula, o que os filhos aprenderam e se passaram por

alguma dificuldade são algumas das questões iniciais para estabelecer o vínculo com as crianças sobre o assunto. “Não é para conversar na base da pressão, mas com amizade e

afeto”, diz Andrea Ramal. Esse tipo de atitude fará com a criança se sinta, desde os primeiros dias na escola, à vontade para contar o que ela fez no dia, do que gostou e do que não gostou.

Assim, se a conversa for mantida ao longo dos anos, os pais saberão se o filho é bom em português, mas tem dificuldades com a matemática, por exemplo.

3. Acompanhe os deveres de casa

Às vezes, segundo Birgit Mobus, psicopedagoga da Escola Suíço-Brasileira, em São Paulo, os pais trabalham tanto que lhes sobra pouco tempo para observar os deveres de perto, mas é

importante que um dos dois realize esta função. Acompanhar o que a criança está aprendendo na escola aumenta a motivação e relacionar aquele conhecimento a uma

lembrança real pode tornar o conteúdo ainda mais significativo – ao ver as lições sobre as vegetações típicas do país, por exemplo, vale relembrar aquela viagem feita ao cerrado ou a

excursão das férias pelas trilhas e praias da Mata Atlântica.

Leia também: não deixe a lição de casa virar um problema

4. Estabeleça uma rotina A criança deve perceber que é muito mais proveitoso estudar um pouco por dia do que deixar

para estudar na última hora, na véspera de uma prova. De acordo com Andrea Ramal, antes do sexto ano do Ensino Fundamental, estudar uma hora por dia está de bom tamanho.

Conforme o número de matérias vai avançando, a duração deste período também deve aumentar. Se a criança ainda está no primeiro ciclo do Ensino Fundamental, o brincar ainda

pode ter um espaço maior no dia a dia dela. “Os períodos de estudo devem ir crescendo a partir do segundo ciclo”, comenta Daniela de Rogatis.

Leia também: os dez mandamentos do brincar

5. Organize um espaço para os estudos

Este espaço deve ser aproveitado, de preferência, em um horário fixo e nobre do dia. A

psicóloga Eliana Tatit Sapienza recomenda um lugar tranquilo, iluminado, limpo e organizado para o momento, onde nada possa tirar a concentração da criança. Televisão, videogame ou o irmãozinho mais novo fazendo bagunça devem ficar longe. Materiais de

consulta, como livros e acesso supervisionado à internet, ficam perto.

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Leia também: acerte no canto de estudos

Getty Images

Os pais devem acompanhar a vida escolar da criança desde cedo, evitando assim os problemas na adolescência

6. Leia com prazer

Se dentro de casa a leitura é estimulada e encarada como um momento de lazer e prazer, será mais fácil para as crianças se adaptarem ao mundo dos estudos. “Os pais devem conversar

com os filhos sobre o livro, revista ou jornal que estiverem lendo, além de deixar livros ao alcance das crianças”, comenta Eliana. Deixar bilhetes e cartinhas aos pequenos também é

benéfico. Até mesmo fazer a lista de compras do supermercado ao lado do filho menor pode ser um estímulo.

7. Ajude seu filho a descobrir a fórmula ideal de estudo

Segundo Andrea Ramal, todos temos modalidades diferentes para aprender. Umas são mais produtivas do que outras. Algumas crianças são mais visuais e estudam sublinhando livros e

fazendo resumos. Outras podem ser mais auditivas e preferem repetir o conteúdo em voz alta para si mesmas. “Os pais precisam estimular todas as modalidades, para ver qual é melhor

para aquela criança, e tomar cuidado para não inibi-las”, diz. “Hoje em dia as pessoas não aprendem mais sob pressão, mas por motivação”, completa.

8. Relacione o que acontece na escola ao que acontece em família

Conectar os programas de família ao conteúdo da escola amplifica o conhecimento. Se a

criança estiver estudando sobre rios e mares, ou sobre como a energia elétrica chega à casa de cada um, viajar para Itaipu ou Foz do Iguaçu durante as férias pode ser mais produtivo do

que levá-la para a Disney. “Ela agrega e amplia os horizontes”, afirma Daniela.

Passeios e brincadeiras, de acordo com a psicóloga Eliana Tatit Sapienza, também são aliados da aprendizagem. Levar os pequenos a museus, teatros, sessões de cinema, bibliotecas, livrarias e propor jogos que incentivem a leitura, a escrita e o raciocínio são uma

mão na roda. Ao assistir um filme, Andrea Ramal recomenda aos pais pedir aos filhos para escrever outra história com aquele personagem principal. Oportunidades de conhecimento

além da escola não faltam, e o seu filho provavelmente gostará da ideia.

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9. Se interessar ao seu filho, organize grupos de estudo

Tanto dentro como fora da escola, as atividades em grupo podem ser benéficas. Se os pais perceberem que a criança sente prazer ao estudar com um ou dois amiguinhos, é uma boa

pedida. Organizar um debate sobre um assunto específico com os amiguinhos da escola, segundo Andrea Ramal, pode ser bem interessante. Levá-la a um museu com alguns

amiguinhos e sugerir um debate sobre o assunto pode ajudá-la a atribuir sentido ao que viu e conheceu.

10. Não espere seu filho virar adolescente para participar da educação dele

Uma família que sempre participou e esteve junto com as crianças durante as lições e provas dificilmente terá um adolescente que não se esforça nos estudos. Nesta fase, os pais precisam

tomar cuidado para não pressionar os filhos ou serem invasivos. E isso só é possível se houver uma relação sólida construída. “As famílias que não levam a educação infantil e o

primeiro ciclo do ensino fundamental com a devida importância e, consequentemente, não passam com a criança pelas primeiras dificuldades, não terão jeito de opinar quando o filho fizer 15 anos, já que as dificuldades se acumularam ao longo do processo educacional”,

explica Daniela de Rogatis.

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Famílias presentes na vida escolar dos filhos garantem melhor aprendizado

Pais atentos ajudam os filhos nos momentos de dificuldade e os motivam sempre a

melhorar

Atitudes simples dos pais, como conversar com os filhos e acompanhar o dever de casa, podem influenciar substancialmente a vida escolar de meninos e meninas. Outro fator que

conta muito é conhecer os professores, a escola, os amigos e os métodos de ensino que estão sendo aplicados. Isso, muita vezes, faz com que aja um interesse maior do aluno em

aprender, já que sabe que os pais cobram boas notas e também um interesse maior da escola em estar sempre aperfeiçoando o ensino.

Para a psicóloga Fábia Lima, é de suma importância o acompanhamento do desenvolvimento

dos filhos por parte dos pais. “Esse acompanhamento é uma demonstração de amor. Pais que se interessam pelo desenvolvimento de seus filhos conseguem acompanhá-los de perto e

notar o menor sinal de dificuldade que seu pequeno possa encontrar. Pais atentos ajudam os filhos nos momentos de dificuldade e os motivam sempre a melhorar. A criança, por ter os

pais como espelho, acaba se envolvendo mais com a escola, e o ato de estudar em si.

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Crianças que sentem o interesse dos pais em sua vida escolar se esforçam mais e tendem a ter um melhor desempenho como estudante”, afirmou

Adriana Barreto Rodrigues é mãe de Iohana e Álvaro que estudam no COC. Ela não abre mão de acompanhar os filhos na escola, conhecer os professores e ajudá-los no que for

possível. “Tenho uma filha de 18 anos que está no cursinho se preparando para o vestibular e acho importante conhecer os professores dela para trocarmos idéia sobre o desempenho dela nas matérias. E meu filho de 8 anos está na terceiro ano, também conheço sua professora e

acompanho o dia a dia dele”.

Ela disse ainda que acha muito importante este acompanhamento. “Mostra que me preocupo

com a qualidade de ensino deles e desta forma contribuo para um melhor desenvolvimento de ambos, pois os professores vendo que os pais se preocupam automaticamente se motivam a dar aulas cada vez melhores e com as crianças acontece da mesma forma, se preocupam em

mostrar notas, letra melhor, porque sabem que a mãe está olhando, enfim a cobrança acaba sendo uma “ajudinha” para ambos”, esclareceu Adriana.

Além disso, Adriana esta sempre tentando ajudar seus filhos. “Ajudo nas lições de casa, do Álvaro, pois a Iohana que está se preparando para o vestibular já faz tudo sozinha e tira dúvidas com os professores. Já o Álvaro tenho que estar junto todos os dias, acho que

menino a gente acaba tendo que ficar mais em cima mesmo. Além de acompanhar, invento músiquinhas ou frases para quando ele precisar lembrar de alguma coisa. Sempre fiz isso

com a minha filha também, o bacana é que hoje ela mesma inventa, pois aprendeu essa “fórmula” desde pequena”.

Já arquiteta Valquiria Ferrazoli, tem que conciliar o trabalho com a vida de mãe. “Procuro

estar sempre presente, acompanhando o aprendizado da Julia que está no 6º ano. Converso com os professores, mesmo fora das datas de reuniões e procuro ir à escola, verificar a

qualidade de ensino e conhecer os métodos aplicados. Como eu trabalho a dia todo fica mais difícil de ajudá-la nas lições de casa. Ela já está acostumada a fazer as lições, acho ela muito

responsável nessa parte porque ela já faz tudo sozinha e eu não preciso ficar muito em cima”, afirmou.

Valquiria afirmou ainda que sua filha sabe que ela vai sempre cobrar o melhor dela, por isso

a filha procura fazer tudo certinho sempre. “Ela tem as suas responsabilidades e sabe que ela é cobrada a fazer as tarefas. Em relação a escola, os professores e diretores são os primeiros

a pedir para que a gente esteja presente. Quando estamos preocupados com o que a escola oferece, ela se preocupa mais em satisfazer as expectativas dos pais”.

Para a pedagoga e diretora do Colégio Saber, Ana Laura Nicastro, a família e a escola são

duas instituições muito importantes no desenvolvimento mental, psicomotor, social e afetivo do ser humano. “Educar não é uma tarefa solitária, uma parceria entre escola e família é de

extrema importância, pois conhecendo a rotina escolar dos filhos, os pais evitam maiores problemas e podem ajudar dando apoio e desenvolvendo a autonomia dos seus filhos”,

afirmou. “Estudos revelam que a participação da família contribui bastante para o aprendizado da criança. Quando isso acontece às notas aumentam em torno de 20%”,

esclareceu.

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A psicóloga Fábia acredita que os pais podem contribuir com o aprendizado dos filhos incentivando o estudo, a leitura. Elogiando o bom desempenho do filho e sempre o

motivando a melhorar. “Muitos pais pensam que o correto é punir quando a criança vai mal na escola e se ela vai bem, não passa de sua obrigação. Mero engano. A criança quando vai

mal na escola, a nota baixa pra ela já está sendo uma punição, cabe aos pais observar o filho e pedir ajuda á professora na investigação do que pode estar propiciando o mal desempenho

escolar. E quando o filho vai bem, nada melhor que um grande abraço, um elogio, mostrando o contentamento dos pais com a criança. Agindo desta forma os pais vão contribuir para o

aprendizado ocorrer de forma natural, sem pressão e a criança adquire gosto pelo estudo”.

A pedagoga afirma que conhecer as pessoas que trabalham direta ou indiretamente com os filhos é importante. “Fazer parte da escola estando presente em determinados momentos faz

com que a criança se sinta importante e respeitada naquilo que faz. Consequentemente fará diferença em sala de aula. Uma escola aberta, onde os pais opinam e são sempre ouvidos, faz

com que todos fiquem muito atentos para fazerem e serem sempre os melhores”, explicou Ana Laura.

Veja algumas dicas da pedagoga Ana Laura, de como os pais podem ajudar seus filhos:

v Converse com seu filho

Pergunte o que ele aprendeu no Colégio e mostre-se bastante interessado;

Pergunte se ele tem dificuldades em alguma matéria;

Converse sobre os amigos de escola, seus relacionamentos e brincadeiras.

v Cobre as obrigações do seu filho

Colabore para que seu filho seja pontual e não deixe que ele falte sem necessidade;

Ensine-o a respeitar os colegas, os professores e os funcionários;

Confira se ele anota seus compromissos na agenda e faz a lição de casa diariamente.

v Acompanhe a lição de casa

Separe um lugar da casa para fazer a lição – deve ser o mais tranquilo possível;

Combine com ele um horário para os estudos;

Ofereça sempre ajuda, mas não faça as lições por ele;

Estimule-o a pesquisar e descobrir as respostas por conta própria.

v Fique de olho no aprendizado

Verifique o que seu filho está aprendendo;

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Confira sempre suas notas e boletins:

Se forem ruins, pergunte ao professor como você pode ajudar;

Se forem boas, elogie-o para que continue assim.

v Incentive-o a ler

Dê livros de presente para seu filho;

Deixe livros ao seu alcance;

Faça da leitura um momento de prazer, pode até estourar pipoca;

Estimule atividades que usem a leitura;

Ensine-o a emprestar livros e a pedir emprestado.

v Valorize a escrita

Escreva bilhetes para seu filho. Assim ele entenderá a utilidade da escrita;

Brinque de palavras cruzadas, forca, stop, etc;

Peça ajuda para escrever a lista de compras, anotações em álbuns de fotografias;

Incentive-o a não mudar as grafias das palavras ao usar o computador.

v Usufrua da tecnologia com moderação

É bom poder proporcionar as novidades tecnológicas aos filhos, mas controle o tempo que ele fica sentado em frente ao computador ou assistindo TV.

v E o mais IMPORTANTE: dê o exemplo

Seja coerente e respeitoso: suas atitudes refletem o que você pensa;

Mostre que estudar é importante e ler é divertido. Estude e leia sempre;

Mostre que você admira e valoriza a profissão do professor;

Oriente seu filho a procurar o professor para ajudá-lo em situações difíceis;

Respeite e ouça sempre o outro para que seu filho também o faça.

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Como ajudar seu filho nos estudos?

"Se toda a família participar da educação do filho de modo que todos voltem seus olhos para ele, apreciando e elogiando seu crescimento, se criará um clima positivo dentro de casa e a

criança se desenvolverá alegre e serena."

Professor Toru Kumon - criador do método Kumon

Saiba como aproveitar ao máximo o conteúdo deste guia: - Leia todas as sugestões e coloque-as em prática;

- Compartilhe as dicas com familiares e amigos que tenham filhos.

Quando você pensa em seu filho muitas alegrias e sonhos vem à sua mente, não é mesmo? Mas o que você deseja para o futuro dele? ( ) que ele consiga estudar sozinho e avançar bem nos estudos;

( ) que ele possa enfrentar e vencer os desafios da vida; ( ) que ele seja feliz.

Se você assinalou uma ou mais opções, compartilhamos do mesmo desejo para seu filho: que ele tenha sucesso na escola e na vida!

É por isso que nós, do Kumon Instituto de Educação, trabalhamos há mais de 50 anos, ao

lado de pais como você.

Elaboramos este guia com algumas dicas para ajudá-lo no acompanhamento escolar de seu filho. São sugestões simples e práticas, com base em experiências de sucesso de orientadores

do Kumon, educadores, famílias e parceiros que compartilham das mesmas aspirações de nosso Instituto. Isto porque queremos que seu filho tenha um futuro de sucesso! Afinal de

contas, ele merece! Boa Leitura!

Prepare seu filho para o sucesso na escola e na vida!

Como ajudar seu filho nos estudos?

O apoio e o envolvimento de toda a família são fundamentais para o desenvolvimento das crianças. Com base em sua experiência na formação dos alunos, o Kumon compartilha

algumas dicas úteis para ajudar vocês, pais, no acompanhamento escolar de seus filhos.

Você sabia? A participação da família faz uma grande diferença no aprendizado da criança!

Segundo pesquisas internacionais, quando os pais participam da vida escolar dos filhos, as notas na escola aumentam em médica 20%.

1 - Elogie sempre, mesmo os menores progressos. Saiba enxergar motivos para elogiar seu

filho.

2 - Estabeleça hábitos diários saudáveis para: alimentação, estudo e lazer. Faça seus filhos cumprí-los com firmeza e serenidade. Saber dizer 'não' também é uma prova de amor.

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3 - Dê exemplos. Mostre que estudar é importante e ler, divertido. Leia sempre e presenteie seu filho com gibis, revistas e livros.

4 - Enquanto seu filho faz as tarefas escolares, aproveite para ler um livro ou jornal ao seu lado. Ele sentirá apoio e participação.

5 - Estimule seu filho a pesquisar e descobrir as respostas por conta própria. Se precisar,

ofereça as dicas para ajudá-lo na realização da tarefa. Demonstre interesse, mas não faça as lições por ele!

6 - Crie um ambiente propício para o estudo. Um local iluminado, ventilado e sem ruídos

facilita o entendimento e assimilação do conteúdo estudado.

7 - Respeite o ritmo de estudo e de assimilação da matéria de seu filho. Não o compare com os colegas, outros filhos e até mesmo com você, relembrando a época em que era estudante!

Todos somos diferentes!

8 - Conheça as dificuldades de seu filho e procure soluções definitivas para elas. Buscar socorro de útilma hora somente para tirar uma boa nota na prova pode comprometer os

estudos no futuro. Prevenir é a melhor solução!

9 - Incentive seu filho a gostar de Matemática e Português inserindo atividades lúdicas com números e leitura em seu dia a dia. Por meio de jogos, desafios, enigmas, mapas; ao sair para

fazer compras, visitar livrarias e bibliotecas, por exemplo, ele vai aprender brincando!

10 - Participe das atividades, reuniões e eventos da escola de seu filho. Conheça a proposta pedagógica e converse com o professor periodicamente.

11 - Capacidade de cálculo e de leitura são as bases para um estudo eficaz. Bons conhecimentos em Matemática, Português e Idiomais garantirão um bom desempenho em

todas as outras disciplinas. Quanto antes seu filho adquirir bons conhecimentos nestas disciplinas, melhor!

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Como ajudar seu filho a não repetir de ano É fundamental a participação dos pais para o bom desempenho da criança na escola? Psicóloga: Com certeza. É importante que os pais estejam disponíveis para ajudar nas tarefas da escola

sempre que possível, assim, além de sanar as dúvidas que podem surgir, estarão mostrando à criança o quanto dão importância aos estudos e a ela. O filho poderá se sentir valorizado ao ver que os pais estão ali, ao seu lado, interessados em ajudá-lo.

Como identificar qual é a maior dificuldade da criança? Psicóloga: Independente da idade da criança, só é possível perceber quais as dificuldades apresentadas ao

acompanhá-la nos estudos. Quando os pais conseguem acompanhar com alguma freqüência estas atividades, conseguirão perceber que a criança tem, por exemplo, muita facilidade na leitura mas alguma defasagem em

matemática. É natural que a criança obtenha melhor desempenho em algumas matérias. Nestes casos, o incentivo para que ela estude as áreas que tem mais dificuldade se mostra muito mais funcional que uma critica negativa.

Também pode ser importante um contato freqüente com a escola. Sobre o comportamento na escola, ninguém melhor que as professoras que estão mais presentes, para dizer.

De que forma os pais podem dar força aos filhos para o melhor desempenho? Psicóloga: Demonstrar interesse pelo que o filho aprende na escola, fazendo perguntas sobre como foi o dia,

o que de novo ele aprendeu e do que mais gostou, por exemplo, mostram à criança o quanto os pais valorizam os estudos e se interessam por sua vida. A opinião dos pais tem uma importância enorme, portanto, o incentivo deles pode ser um grande motivador.

A ajuda nas lições de casa também é muito importante. A companhia dos pais pode ser um bom estímulo para que a criança queira estudar e aprender.

Se a criança vem apresentando dificuldade, vale investigar na escola o que está acontecendo: Como está seu relacionamento com os colegas e professores? A escola ensina de forma didática e criativa?

Criar testes e chamadas orais ajudam a fixar a matéria? Psicóloga: Ajudam, se feitos de forma lúdica e divertida. É importante cuidar para que a criança não se sinta excessivamente cobrada e criticada, pois nesse caso, pode ser mais prejudicial que benéfico.

Uma conversa com a professora é uma forma possível de pegar dicas sobre como estudar em casa? Psicóloga: A professora, por sua formação e experiência profissional, provavelmente domina técnicas de

ensino que os pais desconhecem. Pode ser, sim, muito válido buscar dicas e informações com elas.

Qual é a importância de deixar a culpa de lado e parar de descobrir o que foi feito de errado e se focar apenas na solução do problema? Psicóloga: Descobrir o que foi feito de errado é muito importante, não para achar um culpado para o problema, mas sim para evitar que ele volte a ocorrer.

Entendeu o que houve de errado? Sem culpas. Busque modificar algumas coisas, afim de uma melhora não só para a criança, mas também para os pais.

Percebeu que estava sendo muito crítico e duro com seu filho? Explique o que aconteceu, conte que estava tentando ajudar, mas que notou que talvez não estivesse agindo da melhor forma, pergunte o que a criança acha disso e busque dar mais ênfase as coisas boas, que as dificuldades da criança, por exemplo.

É necessário estabelecer horários para o estudo? Por que? Psicóloga: Sim. Poder se organizar pode ser fundamental para qualquer pessoa, independente da idade, mas

crianças precisam da ajuda de um adulto para isso. É importante que ela saiba que em dada hora terá que estudar, mas que depois poderá fazer outra atividade.

Qual é o melhor horário para estudo? Psicóloga: As crianças pequenas tendem a ser mais ativas pela manhã. Não é incomum os pais tirarem o domingo para dormir até tarde e acabam tendo seus planos mudados pelo filho que acordou as sete da

manhã, querendo brincar. Já na pré-adolescência e adolescência, diante de tantas mudanças hormonais, o

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ritmo biológico pode se modificar. Muitos jovens passam a ter sono muito tarde e sofrem na hora de sair cedo da cama para ir a escola. Por dormirem menos horas do que o necessário, podem apresentar

dificuldades no aprendizado e até mesmo de comportamento.

É importante ficar de olho no que ele está fazendo enquanto estuda? (Checar se não há distrações – como televisão, computador...) Psicóloga: Quanto mais livre de estresse e estímulos for o ambiente, maior nossa capacidade de concentração. Muitas vezes escutamos das crianças e jovens que eles são capazes de estudar com a televisão

ligada, trocando mensagens com amigos e escutando música. De fato a lição pode estar completa no final, mas provavelmente o conteúdo do estudo não ficou tão fixado quanto poderia.

Converse com seu filho sobre a importância dele reservar aquele momento apenas para os estudos. Como os irmão devem se portar diante do filho com problemas na escola? Ex: fazer atividades mais calmas, como ler, para que o estudo não vire um castigo para o filho com problema na escola, caso ele ouça seus irmãos brincando ou rindo alto. Psicóloga: Esse momento se torna mais fácil se todos os filhos tiverem o mesmo horário reservado para os estudos, assim ninguém estará brincando enquanto o outro estuda. Caso seja necessário que um dos filhos

tenha mais tempo para os estudos, é importante programar com os demais, atividades que não façam muito barulho e não atrapalhem o primeiro.

Dar exemplos pode ser eficaz? Mostrar à criança que você é organizada, gosta de ler e escrever... Que tipo de exemplos são fundamentais para crianças entre 5 e 9 anos? E entre 10 e 14 anos? Psicóloga: Muitas vezes os exemplos não precisam ser explicados. Pode ser difícil para uma criança

entender que ela precisa ser calma e organizada, quando seus pais agem de forma oposta. Muitas coisas são aprendidas a partir dos modelos, daquilo que observamos. Além disso, o fato de uma mãe gostar de ler, por

exemplo, não quer dizer que sua filha necessariamente será uma grande leitora. É importante perceber quais são os pontos fortes da criança e incentivá- los.

Jamais negociar! Por que é importante não trocar o estudo por presentes, por exemplo? É fundamental mostrar que estudar faz parte das obrigações da criança? Psicóloga: É fundamental que a criança entenda qual a importância dos estudos e o porque ela precisa

aprender aquilo. Trocar uma tarde de estudos por presentes faz a situação parecer uma troca de favores, quando na verdade, é uma das responsabilidades da criança.

Nunca comparar a criança com os irmãos. Por que esse comparativo pode agir de forma negativa? Psicóloga: As comparações, em geral, incluem um juízo de valor. Ao comparar dois filhos, automaticamente ficará entendido que um é melhor que o outro em determinado assunto. Além disso, as comparações podem

incentivar a rivalidade entre os irmãos. Pode ser mais interessante comprar a criança com ela mesma, dizendo coisas como: “Filho, lembra que

quando você estudou pra prova de português, você aprendeu bastante coisa e se saiu super bem?”. Agredir, jamais. Isso desestimula ainda mais a criança? Psicóloga: Sem dúvidas. Agredir, seja verbal ou fisicamente, não ensina ninguém sobre a importância dos

estudos. É natural que, as vezes, os pais se sintam cansados e até irritados diante dos problemas dos filhos, entretanto, nessas horas e importante se acalmar antes de qualquer atitude. Embora clichê, a máxima de

“uma boa conversa resolver tudo”, é verdadeira. Não falar mal da escola. Por que é necessário escola e professor se unirem ao invés de procurarem o culpado pelo mau desempenho da criança? Psicóloga: As crianças passam muito tempo na escola, muitas vezes, mais que na própria casa. Sendo assim, trocar informações sobre os comportamentos da crianças nos dois ambientes pode ser importante para que se

tenha uma visão mais imparcial do problema.

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No dia da prova, por que é importante criar um clima de tranquilidade dentro de casa? Psicóloga: Quando uma criança vem apresentando problemas com as notas, fazer uma prova pode ser

bastante ansiógeno, portanto, quanto mais tranqüila ela estiver se sentindo, menores as chances de ter os famosos “brancos” na hora da prova.

É necessário que a criança tenha uma boa noite de sono? Por que? Psicóloga: Sim. Uma noite mal dormida pode resultar em dificuldades de concentração, perda de memória, cansaço e sonolência excessivos. Sendo assim, armazenar a infinidade de informações passadas numa sala

de aula pode ser uma tarefa bastante difícil.

Palavras positivas podem ajudar o filho a alcançar a o desempenho necessário? Psicóloga: Certamente. É muito mais provável que uma criança se sinta valorizada e capaz depois de escutar um “Muito bem! O que você acha de tentarmos fazer essa lição agora?”, do que ouvindo uma crítica ou um

xingamento. A possibilidade de ganhar uma coisa boa incentiva, a de receber uma coisa ruim, amedronta. É necessário criar um tempo de estudo diário? Psicóloga: A realização das lições de casa já é uma boa forma de estudo, que ajuda na fixação e aprofundamento da matéria. É importante que haja uma rotina, para que a criança seja capaz de se organizar. O tempo necessário para a realização dessas atividades pode variar um pouco, de acordo com os encargos

dados pela escola e com ritmo da criança, porém, para crianças mais novas, cerca de 1 hora por dia é suficiente. A partir do oitavo ano, quando a quantidade de conteúdo ensinado aumenta, cerca de duas horas

por dia passa a ser o ideal. Os pais devem se manter presentes durante as horas de estudo do filho? De que forma? Ex: fazendo pesquisas na internet, conferindo as respostas do dever... Psicóloga: Se o filho já está bem adaptado e consegue fazer as atividades sozinho, não é necessário que os pais estejam do lado o tempo todo. Apenas perguntar ,durante os estudos, se ele tem alguma dúvida, se

mostrando disponível para ajudar, já é o suficiente. Para algumas crianças, a presença dos pais se faz mais importante e pode servir como um incentivo. Os pais podem auxiliar e tirar dúvidas, mas tomando sempre cuidado para não fazer as atividades pelos filhos.

Chamar um colega para estudar pode auxiliar a criança com problemas de aprendizado a aprender melhor a matéria? Psicóloga: Sim, se for um colega que saiba bem a matéria e esteja disponível para ajudar. Do contrário, os estudos podem acabar sendo substituídos por um momento de brincadeiras.

É importante mostrar à criança porque o estudo é importante? Psicóloga: Sim. É mais provável que realizemos uma atividade, se soubermos qual é seu objetivo. Se a criança não entende porque tem que estudar, porque o faria?

O elogio e o aumento da autoestima ajudam no desempenho da criança? Isso funciona com crianças de qualquer idade? Psicóloga: Isso funciona com crianças, adolescentes, adultos, idosos. Quem não se sente bem ao ver seu

esforço reconhecido?

Motivá-la dando exemplos de pessoas que ela admira e que venceram estudando, pode ser uma forma eficaz de melhorar seu rendimento? O que ajuda a motivar uma pessoa, muito vezes pode não ajudar outra. As necessidades das pessoas são diferente. É possível que isso sirva, sim, pra algumas pessoas, mas para outras, não.

Como agir no ano seguinte para que o mesmo problema não se repita? Psicóloga: É importante pensar sobre a questão e entender o que levou ao problema. Conversar com a

criança e com a escola pode ajudar. Identificando a questão, fica possível solucioná- la.

*O material deste site é informativo, não substitui a terapia ou psicoterapia oferecida por um psicólogo Yasmin Spaolonzi Daibs - Psicóloga - CRP 06/102878

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Como os pais podem ajudar na aprendizagem dos

filhos

"Alunos que leem mais têm desempenho melhor, importando pouco

o que leem: a correlação é observada para livros, jornais e revistas.

Alunos que tiveram pais que leram para eles na tenra infância têm

melhor desempenho"

As boas escolas ensinam, mas só quem pode educar para a vida são os pais(Photoalto/Getty

Images/VEJA)

Os pais zelosos costumam fazer grandes esforços pela educação de seus filhos. Têm razão. Há poucas áreas da vida de uma pessoa que não são direta e positivamente influenciadas pela

sua educação. Estudo aumenta a renda, reduz a criminalidade e a desigualdade de renda, tem impactos positivos sobre a saúde e diminui até o risco de vitimização pela violência urbana.

Muitos pais, porém, concentram seus esforços no lugar errado: procuram escolas caras, com instalações vistosas e tecnologicamente avançadas, e entopem seus filhos de atividades

extracurriculares. A pesquisa empírica, ainda que esteja longe de poder prescrever um mapa completo de tudo aquilo que os pais podem fazer para que seus filhos cheguem a Harvard, já

identifica uma série de fatores importantes (e outros irrelevantes) para o sucesso acadêmico das crianças.

Comecemos pelo início. Ou, aliás, antes dele: na escolha do(a) parceiro(a). As pesquisas

revelam que o fator mais importante para o aprendizado das crianças é o nível educacional de seus pais. A escolarização dos pais é mais importante do que a escolarização dos

professores (três vezes mais, para ser exato) e do que qualquer outra variável ligada à educação - inclusive a renda dos pais (um aumento de um ano da escolaridade dos pais tem

impacto nove vezes maior sobre a escolaridade dos filhos do que um aumento de 10% da renda). Não é que a renda dos pais não seja importante: ela é, sim, em todo o mundo. Mas a escolaridade é mais. Muito do que atribuímos ao nível de renda dos pais é, na verdade,

determinado por seu nível educacional, pois pessoas mais instruídas acabam ganhando mais dinheiro.

Nascido o filho, uma boa notícia: não há, que eu saiba, comprovação de que os métodos de aceleração de desenvolvimento cognitivo para bebês, sejam eles quais forem, tenham qualquer impacto. Alguns, como a linha de produtos Baby Einstein, por exemplo, foram

recentemente identificados como tendo inclusive uma relação negativa com o desenvolvimento vocabular. As pesquisas também vêm demonstrando que não há correlação

do QI de uma criança em idade pré-escolar com seu desempenho futuro (a relação começa a aparecer lá pelos 8 ou 9 anos), de forma que não há razão para desespero se o seu filho não

estiver fazendo cálculo infinitesimal antes de abandonar as fraldas.

Não há, igualmente, impactos positivos para os bebês que frequentam creches. Há, sim, impactos significativos e bastante relevantes para as crianças que frequentam a pré-escola.

Falaremos mais sobre ela no próximo mês, mas quem puder colocar o filho na pré-escola estará dando um importante empurrão ao desenvolvimento do filho, que perdura a vida toda.

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Finda a pré-escola, os pais que têm a sorte de poder colocar seus filhos em escolas particulares deparam com a decisão que parece ser a definitiva: em que escola matricular o

rebento? A boa notícia é que essa decisão é bem menos importante do que parece. A má é que o trabalho dos pais não termina depois da decisão de onde colocar o filho. Pelo

contrário: a pesquisa mostra que aquilo que acontece dentro de casa é mais importante do que a escolha da escola. Um estudo recente, por exemplo, decompôs a diferença de

performance entre escolas públicas e particulares no Saeb, teste educacional do MEC, e encontrou o seguinte: nos resultados brutos, a escola particular tem desempenho 50% acima

da pública. Porém, quando inserimos na equação o nível de renda dos pais dos alunos, essa diferença cai para 16%. Dois terços da diferença entre escolas públicas e privadas se devem,

portanto, não a fatores da escola, mas do alunado. (Esse estudo e todos os outros mencionados neste artigo estão disponíveis em twitter.com/gustavoioschpe.)

Isso não quer dizer que a escola não importa, obviamente. Ela importa, e muito. Mas as

diferenças mais importantes são entre sistemas escolares de países ou regiões diferentes. Dentro do mesmo sistema, em termos de aprendizagem, as diferenças são menos importantes

do que a maioria imagina. Para os pais preocupados em escolher a melhor escola possível para o sucesso acadêmico do seu filho, o Enem é um bom sinalizador. Não é uma ferramenta

definitiva, já que a participação no exame é opcional, produzindo uma amostra não aleatória, mas é um bom começo. Para escolas com resultados parecidos no Enem, usaria, como critério de "desempate", as práticas consagradas de sala de aula e os critérios de formação de

professores e gestores detalhados na trilogia publicada neste espaço nos últimos meses.

O mais importante que os pais podem fazer, porém, está dentro de casa, diuturnamente. O

acesso e o apreço a bens culturais, especialmente livros, são fundamentais. A quantidade de livros que o aluno tem em casa é apontada, em diversos estudos, como uma das mais importantes variáveis explicativas para seu desempenho. É claro que não basta ter livros: é

preciso lê-los, e viver em um ambiente em que o conhecimento é valorizado. Alunos que leem mais têm desempenho melhor, importando pouco o que leem: a correlação é observada

para livros, jornais e revistas. Alunos que tiveram pais que leram para eles na tenra infância têm melhor desempenho. Pais envolvidos com a vida escolar dos filhos e que os incentivam

a fazer o dever de casa têm impacto positivo (curiosamente, o envolvimento dos pais no ambiente escolar tem se mostrado irrelevante). Porém, pais que fazem o dever de casa com

(ou pelo) seu filho provocam piora no desempenho acadêmico, por melhores que sejam as intenções.

Morar perto da escola ajuda. Em uma resenha de oito estudos sobre o tema, os oito indicaram

relação negativa entre distância casa-escola e aprendizado dos alunos. Talvez essa relação influencie outro detrator do aprendizado: o absenteísmo. Aluno que falta à aula é, em geral,

aluno que aprende menos. Outro fator negativo é o trabalho: alunos que trabalham além de estudar aprendem menos. Infelizmente não conheço estudos sobre o impacto do trabalho nos

alunos universitários, mas aposto que parte da enorme diferença de qualidade entre as universidades brasileiras e as americanas se deve ao ambiente de dedicação exclusiva que

estas conseguem impor aos seus alunos.

Ter computador em casa também tem resultados mensuráveis sobre o aprendizado. Quem pode comprar um que o faça.

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Finalmente, falemos sobre aspectos psicológicos. Um dos grandes esforços dos pais modernos é aumentar a autoestima de seus filhos. Na educação, seu impacto é incerto: de

catorze estudos analisando o assunto, só em metade se viu relação positiva entre autoestima e aprendizado. Em outro estudo, descobriu-se que o impacto do desempenho acadêmico é três

vezes mais importante que a autoestima do jovem do ensino médio para a determinação do seu salário quando adulto.

Os fatores que têm impacto sobre o aprendizado são outros: gostar de estudar, ter maior

motivação, aspirações de futuro mais ambiciosas, persistência e consistência são todas variáveis que estão correlacionadas a melhores notas. Os pais não podem incutir em seus

filhos todas essas virtudes (e a interessante discussão sobre quanto controle os pais têm sobre o destino de seus filhos é tema para artigo futuro), mas há muito que podem fazer para criar

ambientes domésticos mais propícios ao surgimento ou fortalecimento dessas carac terísticas.

Por fim, duas ressalvas. Ser bom aluno não significa ser feliz ou bom cidadão ou quaisquer outras virtudes que são tão ou mais desejadas pelos pais que o sucesso acadêmico dos filhos.

Elas simplesmente não estão mencionadas aqui porque não constituem minha área de estudo. Segundo, talvez falte nessa lista - por ser simplesmente imensurável - aquilo que de mais

importante um pai pode dar a seu filho: amor.

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Criança precisa falar de emoções: saiba como

incentivar isso em casa

Expressar as próprias emoções já é difícil para alguns adultos, então imagina para as crianças que ainda nem conhecem cada uma delas por inteiro? Mas esse é um desafio que vale a pena

comprar: ajudar nossos filhos a entender o que está se passando por dentro e, acima de tudo, ensiná-los o que fazer com esses sentimentos, é uma forma de prepará-los para a vida. Uma

psicóloga e uma famosa mamãe da internet ensinam como iniciar esse papo em casa e sugerem algumas atividades que a gente pode fazer, confira!

Novas emoções são descobertas pela criança a cada ano É com o tempo que os nossos pequenos aprendem a falar, andar e também a sentir. Pensando em crianças e emoções, as coisas mudam muito rápido: literalmente, de um ano para o outro.

“No primeiro ano de vida de nossos bebês, apenas 3 das principais emoções são demonstradas e compreendidas por eles: alegria, medo e raiva. A partir dos 2 anos, novas e

mais complexas emoções começam a surgir, quando a criança começa a se ver como um ser real, autônomo”, conta a psicóloga Mariana Massari. Incentive a criança a falar sobre as emoções e dê nome a elas Quando as crianças começam a experimentar determinadas emoções, é normal que os pais tentem adivinhar, continuar a tendência de “interpretar” sons e movimentos, como era feito

na época em que a criança só podia chorar. Mariana Massari, porém, diz que é interessante pedir que a criança explique com sua própria língua o que está sentindo: “isso é bom para

que ela mesma comece a identificar em si o que são esses impulsos e comportamentos”, revela. Uma criança menor pode explicar seu acesso de raiva dizendo que quer o brinquedo

X, ou apenas apontar\ficar bravo com o responsável; “é nessa hora que o nome da emoção deve ser dada e apontada pelo adulto”, diz nossa especialista. Diga algo como “eu entendo

que você esteja com raiva por não querer parar de brincar, mas agora precisamos ir dormir” – essa é uma forma de identificar a emoção e dizer o que a criança deve fazer com ela.

Segundo a psicóloga, identificar e compreender uma emoção não significa, necessariamente, permitir qualquer comportamento: “os pais devem apontar o melhor caminho, esclarecer, explicar porquês, mostrar as regras, insistir em “bons comportamentos”, conta. Mariana

Massari também diz que cabe aos pais dar o bom e velho exemplo: “se o pai tiver acessos de raiva frequentes, esse padrão pode ser repetido pelo seu filho. Manter coerência na disciplina

ajuda a fortalecer a ideia de obediência”, diz. Ensinar a se preocupar com as emoções dos outros também é importante Saber identificar e reagir às emoções não vale apenas para a criança se entender, mas também para ela compreender e ajudar as pessoas a sua volta. Nossa especialista diz que, nos

primeiros meses de vida, as crianças são extremamente autocentradas, mas que isso muda quando a socialização se inicia: “passa a ser possível começar a entender a importância do

outro. Mais uma vez as regras e disciplinas impostas pelos adultos tem fundamental consequência aqui. A criança aprende que existe fila, que ela precisa dividir, que ela precisa

respeitar os sentimentos dos outros através das ‘chamadas’ que recebem de seus pais”, explica a psicóloga.

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Além dessas ‘chamadas’ também existem exercícios, jogos e brincadeiras que podem ser feitas para fortalecer a ideia da importância do outro. Teste em casa essas duas opções

indicadas pela psicóloga Mariana Massari: – Em um jogo como o “cara-a-cara”, onde rostos desenhados representam uma emoção

característica, pode-se pedir que a criança identifique o que a pessoa está sentindo, dizendo se ela está feliz ou triste.

– Em filmes pode-se tentar identificar, junto à criança, o que o personagem estava sentindo em uma determinada cena ou quando faz uma careta específica. Nomear reações, dar

significado para o comportamento do outro é um exercício do reconhecimento e interação com o momento alheio, tornando a criança sensível a outros seres e seus sentimentos.

Milene Massucato, do blog “Diiirce”, revela como explora as emoções em casa Mamãe em tempo integral, a autora do blog “Diiirce” diz que inventa muitas brincadeiras

com os pequenos e que, uma de suas preocupações, é trabalhar a questão das emoções: “teve uma época que tínhamos na geladeira um ímã para expressar como estávamos nos sentindo.

Meu menino adorava!”, conta a blogueira, que é mãe de três pimpolhos. Milene Massucato também diz que existem opções mais simples para explorar o assunto: “a gente brinca bastante com bonecos, faz de conta, e acho que não tem coisa melhor para representar

emoções do que isso”, conta. Outro fator que ajuda bastante é que na escola do seu filho mais velho, hoje com seis anos de

idade, existe um projeto de educação emocional que sempre provoca assuntos para serem conversados em casa. “São personagens que passam por experiências comuns às crianças

como medo, insegurança, bullying, violência, separação dos pais, perdas… Durante o ano as crianças vão vivenciando as histórias, ajudando os personagens a resolver os conflitos,

encenam e brincam”, revela a mamãe, que também alerta: “é ótimo que exista isso na escola, mas é fundamental que a família também se envolva”.

Educadora infantil cria projeto com brincadeiras que trabalham as emoções A professora de educação infantil Amanda Previato, do blog “Todo mundo gosta de brincar”,

criou com seus alunos de 4 anos de idade um projeto chamado “Quando me sinto…”. São brincadeiras e atividades que ajudam a criança a se conhecer e saber identificar as emoções

do próximo. Confira algumas dessas ideias que são bem fáceis de fazer em casa: Observação no espelho Experimentar expressões no espelho é uma atividade divertida que qualquer criança vai adorar fazer. Eles podem brincar de maneira espontânea ou serem direcionados direcionados

pelos pais para fazerem a careta correspondente a cada emoção.

Desafiando o medo do escuro! Depois de ouvir dos alunos que vários deles tinham medo do escuro, a professora resolveu ouvir histórias à luz de lanternas para desafiar o medo. Depois disso, ainda à meia luz, as

crianças puderam fazer desenhos sobre coisas que espantam o medo. Fazendo o amiguinho de modelo Uma boa forma de treinar o olhar da criança para compreender as emoções alheias é colocá-la para desenhar a expressão de outro pimpolho. Sopre uma emoção no ouvido daquele que vai ser modelo e deixe que o outro desenhe baseado em suas percepções.

Mímica para descobrir os sentimentos Para deixar esse reconhecimento de emoções ainda mais divertido, basta confeccionar um

dado em que cada lado tenha colado um rostinho com uma expressão. Depois de jogar o objeto para o alto, a criança da vez deve representar a emoção para que as outras descubram.

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Mariana Massari é Psicóloga pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) com formação em Terapia Cognitivo Comportamental pela ATC-Rio

Milene Massucato é psicopedagoga, mãe de três crianças e, como ela gosta de se definir, CEO em atividades materno-domésticas. Autora do blog “diiirce.com.br”, a mamãe já

reúne mais de 20 mil fãs no Facebook. Amanda Previato é professora de Educação Infantil e Educação Especial, especialista em

Arte, Educação e Movimento.

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Hiperatividade: que podem fazer os pais?

O tema Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA) foi abordado nesta

rubrica, nos artigos "A polémica ritalina" e "Geração ritalina". A sua leitura poderá, de

alguma forma, completar o que irei referir de seguida.

A minha experiência profissional tem-me sensibilizado bastante para a difícil missão que os

pais têm de enfrentar ao conviverem diariamente com um filho permanentemente "ligado

à corrente". Uma criança hiperativa não é uma criança com temperamento difícil ou com

um comportamento mais irrequieto, mas sim um ser humano que apresenta uma

constelação de problemas relacionados com falta de atenção, hiperatividade e

impulsividade, manifestando-se estes em diferentes contextos e de uma forma prolongada

no tempo.

A intervenção junto destas crianças deve implicar a colaboração estreita entre pais,

professores, pediatra, médico de família, psicólogo e, eventualmente, neurologista. A

criança deverá também ser uma participante ativa no seu tratamento, devendo ser

informada de todo o processo que a envolve.

Os pais têm efetivamente um papel muito importante em todo o processo de tratamento,

pois crianças com esta perturbação exigem a modificação do funcionamento familiar, de

forma a poder responder às suas necessidades de acompanhamento, que são muito

particulares. Tal como todas as outras, estas crianças precisam de regras, que devem ser

simples, claras e curtas. Além do estabelecimento de regras, deve ser explicitado, de forma

muito clara, o que acontecerá como consequência do seu cumprimento ou transgressão. A

transgressão deve ser acompanhada de uma penalização, que deverá ser justa, rápida e

consistente. A recompensa é também muito importante e deverá ser atribuída

regularmente por qualquer comportamento que seja ajustado. Não nos podemos esquecer

de que estas crianças são alvo de muitas críticas negativas e, por isso, é fundamental serem

elogiadas pelas pequenas coisas que, ao longo do seu dia a dia, façam corretamente.

Mesmo que a criança seja apenas parcialmente eficaz, isso deve ser reconhecido com apoio

e elogios.

A existência de rotinas estruturadas facilita também o melhor desempenho da criança. Por

esta razão, os pais deverão fazer um registo escrito, ao qual a criança tenha acesso, com as

horas para acordar, comer, brincar, fazer os trabalhos de casa e todas as outras tarefas que

ela terá necessariamente de realizar. A modificação da rotina deverá ser comunicada à

criança com antecedência, de forma que esta se possa adaptar.

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Um aspeto que é importante sublinhar é que estas crianças necessitam de uma maior

vigilância relativamente às outras, uma vez que, devido à sua impulsividade, se colocam

muitas vezes em situações de risco. A criança deve, por isso, ser vigiada por adultos durante

todo o dia e os pais deverão certificar-se de que tal acontece.

Para mais informações sobre esta temática existem sites na Internet onde é possível obter,

para além de mais dados, ajuda e, eventualmente, entrar em contacto com pais que

estejam a viver situações familiares semelhantes. Um desses sites é: ddah.planetaclix.pt.

Para terminar, gostaria de sublinhar que, quando a criança é alvo de uma intervenção

multidisciplinar na sequência de uma identificação precoce do problema, e de um

tratamento adequado, aumentam as probabilidades de ela demonstrar as suas

potencialidades e de se tornar futuramente num adulto ajustado.

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PAIS E HIPERATIVIDADE

Li, outro dia, um artigo que achei extremamente importante para ser compartilhado com pais de crianças com TDAH. O autor, Patrick Kilcarr *, comenta que, de todos os artigos que escreveu, é o que tem provocado a resposta mais emocional por parte de casais, principalmente dos pais. Em suas palavras, “criar uma criança portadora de TDAH é extremamente difícil, um desafio que, às vezes, provoca um fogo no fundo do plexo solar que sentimos só será extinguido através de uma raiva purificadora. Mas, como bem sabemos, isso só faz com que a criança se sinta vazia, inadequada e diminuída.”

Muitos dos homens que comparecem a seminários sobre TDAH, para aprenderem sobre seu filhos, também são portadores. No entanto, ao contrário dos filhos, cresceram recebendo raiva e abandono da sociedade. Foram rotulados de preguiçosos, maus, desmotivados ou levados a crer que nunca conseguiriam desenvolver seu potencial. Kicarr diz a esses homens que seus filhos podem usá-los como guia. Ser esse guia exige esforço e vontade de mudar conceitos preestabelecidos sobre si próprio e sobre a criança.

Segundo ele, os olhos desses pais expressam a dor que sentem quando pensam no que os filhos têm que enfrentar. A dor é aumentada quando sabem que são a última defesa emocional da criança e, às vezes, a deixam sozinha, desprotegida e vulnerável. Também é possível testemunhar a profunda diferença que o toque compreensivo e o abraço de um pai pode fazer no sentido de reafirmar para o filho que ele é amado, exatamente como é.

Uma criança sabe instintivamente que a mãe a amará sempre - não importa o que aconteça. Os pais, no entanto, devem mostrar esse amor todos os dias para assegurar aos filhos que não serão abandonados física ou emocionalmente. Um pouquinho de amor e carinho por dia faz toda a diferença entre uma criança que acredita em suas próprias habilidades e outra que só enxerga as própria falhas.

Os pais de crianças com TDAH receberam um chamado especial: estar ao lado de seus filhos nas horas das dificuldade emocionais ou comportamentais, dar a seus filhos esperança e coragem, e propiciar oportunidades que os levem a se mostrar através de suas qualidades e não de seus defeitos. Para isso, é preciso reconhecer as experiências e as lutas que essas crianças enfrentam a cada dia e criar um ambiente familiar positivo que permita superar tais dificuldades. Criar e manter um ambiente positivo ao enfrentar o TDAH e as ocorrências concomitantes requer uma mudança consciente e consistente na maneira que um pai encara a si próprio e à sua criança.

Compreender a Frustração Mútua

Como pai, lembrar que, nas ocasiões de frustração pelo comportamento do filho, ele, provavelmente, está sentindo a mesma frustração. Nesse momento, o filho ou a filha pode estar momentaneamente congelado/a no tempo, como um animal

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paralisado por faróis de carro. O desejo natural da criança de agradar e seguir as regras é suplantado por um estado emocional muito além do seu controle. A cada ordem de "pare com isso" ou a cada indicação de que é um desapontamento para os pais, a dor aumenta e os faróis ficam mais brilhantes.

Não é fácil reverter essa espiral que puxa para baixo, é tarefa que exige mudança da parte do pai na vivência da situação. Os pais sabem que há ocasiões em que a criança perde o controle. Essa falta de controle não é proposital - está diretamente relacionada à falta de habilidade em manter o controle interno. Antecipar essa espiral possibilita identificar com tempo como se deseja reagir às bruscas mudanças emocionais. Isto exige passar conscientemente pelos passos que se deseja dar. Este exercício é especialmente importante para pais que costumam enfrentar a agressividade e a falta de controle do filho de forma semelhante. Compreender o que a criança pode e o que não pode controlar é o primeiro passo no treinamento de ignorar um comportamento impulsivo ou inadequado. Se houver reforço nos movimentos positivos em direção ao sucesso, o filho começará a se ver como um sucesso!

Criar uma Criança Auto-disciplinada

Qual é a relação entre disciplinar uma criança e a criança aprender auto-disciplina? Há uma conexão direta entre a maneira que a criança é disciplinada e o grau em que assume responsabilidade por suas próprias ações e comportamento.

Disciplinar uma criança, especialmente uma criança com TDAH, torna-se muito mais complicado pela própria reação emocional ao que consideramos mal comportamento ou outras falhas sociais. Quanto mais consumidos emocionalmente com o comportamento dos filhos, mais os pais ficam propensos a usar estratégias disciplinadoras ineficientes ou inadequadas, como bater, gritar, ameaçar, incomodar ou não demonstrar amor e atenção. Quando a emoção toma conta, o resultado é tipicamente inferior ao desejado, talvez até passível de arrependimento.

Escolher a maneira de disciplinar é um dos aspectos mais importantes ao educar uma criança com TDAH. Kicarr lembra de um pai falando sobre sua própria experiência:

"Eu costumava ser muito mais severo com meu filho. Eu o tratava de maneira normal, quer dizer, eu realmente não levava em consideração o fato dele ter dificuldade em processar informação ou seguir instruções. Ficava pegando no pé dele e tentando fazê-lo agir como qualquer outro garoto da sua idade. Aprendi que ele não é assim, que não é como a maioria dos seus amigos. Em alguns pontos, já mostra mais controle. Acho que isso se deve ao esforço que estamos fazendo em casa para ser mais consistentes e para reduzir a carga emocional relacionada com as questões problemáticas. Não é que ele não queira fazer as coisas, é só que ele nem sempre consegue fazer as coisas da maneira que os outros querem ou esperam."

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Um aspecto essencial ao aprender como disciplinar um filho de maneira eficiente é compreender o que ele é capaz de fazer e quando está mais preparado para fazê-lo. Uma criança com TDAH precisa se apoiar em seu pai nas ocasiões em que não consegue se controlar. Se ele ficar zangado, aborrecido ou fora de controle, não vai poder propiciar o tipo de apoio emocional e disciplinar necessários para resolver o problema.

Uma criança com TDAH precisa do apoio do pai da mesma maneira que uma pessoa com o pé quebrado necessita de muleta. A muleta não é permanente. No entanto, para se sentir confortável na continuação da rotina, é preciso que o pé quebrado e a muleta trabalhem juntos para minimizar o desconforto. À medida que a criança com TDAH amadurece, precisa menos do apoio do pai e mais da sua experiência e de seus recursos. Crianças portadoras de TDAH anseiam por soluções de uma maneira saudável, principalmente quando se vêem como a fonte do problema.

Exercer uma Disciplina Calma

Permanecer calmo com os filhos portadores de TDAH e estabelecer hábitos eficientes de disciplina são duas atitudes inseparáveis. Ficar calmo e disciplinar com consistência traz como resultado uma criança que compreende e assume responsabilidade por suas próprias ações e comportamento.O pai de um garoto de 9 anos traz um exemplo claro: "Acho que a maneira que trato Marty agora não é nem um pouco semelhante à que tratava antes. Costumava pensar que ele era apenas uma criança mimada, que não se controlava enquanto não conseguia o que queria. Se não conseguia, dizia coisas do tipo "Odeio você", ou murmurava coisas desagradáveis a meu respeito. Eu literalmente corria atrás dele pela casa para poder extravazar minha raiva. Depois que foi diagnosticado com TDAH e que começamos com a medicação, pensei que ele iria parar um pouco com aquele comportamento (horrível) que tanto incomodava a minha esposa e a mim. Naquela época, não entendi que uma mudança dele estava ligada à uma mudança nossa, especialmente minha, porque minha esposa era muito mais tolerante e compreensiva com seu comportamento. O fato dele estar tomando remédio e continuar fazendo o que não devia me deixava mais zangado ainda. Não sabia como fazê-lo agir da maneira certa. Apesar de minha esposa dizer que eu devia prestar atenção à maneira como reagia a Pete, isso tinha pouao influência na maneira como eu o tratava. Acredite se quiser, as coisas começaram a mudar depois que li um artigo de revista sobre como disciplinar uma criança. Ao acabar de lê-lo, fiquei chocado ao perceber que, basicamente, fazia tudo para garantir que Pete não desenvolvesse autocontrole e autodisciplina. Os gritos e punições que usava somente faziam com que ele se sentisse mais desamparado e fora de controle. Logo depois desse episódio, li outro artigo sobre TDAH. Compreendi melhor o que se passa dentro do corpo e da mente de Pete. Suponho que me tornei mais sensível ao que ele está passando. Comecei a ler mais a respeito de como ajudá-lo quando fica fora de controle.

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Hoje em dia, raramente grito. Deixo ele saber o que se espera dele e o que é preciso acontecer para conseguir o que quer. Acho que o fato de não gritar e permanecer calmo teve um efeito positivo. Vejo que ele está bem mais responsável e capaz de ouvir.

Esse era o ponto principal do artigo: não ficar irritado com o que seu filho faz, ser claro a respeito do que se espera, ser claro quanto às regras da família e quanto aos limites da família em relação a determinados comportamentos e escolhas. A coisa mais contra-producente que se pode fazer é gritar ou bater em um filho. Definitivamente, isto faz a criança evitar assumir o que fez."

O Paradoxo dos Pais

Quando um pai começa a aceitar o comportamento do filho, acontece um interessante paradoxo: o comportamento problemático diminui de freqüência, intensidade e duração. Isto não significa que o comportamento inadequado é aceito. Na realidade, a criança é aceita pelo que é e pelo que pode ou não fazer em determinado momento. Também não quer dizer que o TDAH pode ser usado como desculpa para um comportamento inadequado ou desrespeitoso. Podemos e devemos responsabilizar nossos filhos pelo que fazem, mantendo uma posição de amor e apoio.

Este outro exemplo mostra como a mudança de atitude do pai para com o filho mudou a relação entre ambos: Quando Paul não está tomando remédio e suas emoções estão soltas, se digo alguma coisa que o irrita, o que não é difícil, ele imediatamente diz alguma coisa do tipo "Cala a boca" ou "Não enche". Levei um tempo para aceitar o fato que é seu lado impulsivo aparecendo. Nesse momento, ele realmente não consegue controlar o que está dizendo. Quando está tomando remédio, esse tipo de resposta é muito raro. Também reajo de maneira diferente agora, de modo que ele não fica muito tempo nos sentimento negativos. Posso sentir que ele quer dizer ou fazer algo diferente, mas surge a necessidade e ele acaba soltando o que não deve. Depois que minha atitude mudou, os impulsos mais intensamente negativos acontecem com menos freqüência.

Este outro exemplo sugere como até mesmo o mais difícil TDAH pode responder positivamente a uma estrutura familiar sólida e apoio constante.

"Tenho visto Quint usar muitas das técnicas e estratégias que minha esposa e eu usamos com ele durante os últimos anos. Se está ficando muito zangado e agressivo, sai temporariamente da situação para se acalmar, focalizar e descobrir exatamente o que está acontecendo e como ele está contribuindo para o problema. Estamos começando a ver o resultado de anos de trabalho, em que mostrávamos como fazer as coisas e o apoiávamos. Aos 4 anos, quando foi diagnosticado, ele era agressivo, agitado e difícil de controlar. Agora, aos 8 anos, ainda tem suas

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dificuldades, mas não é nada comparado ao que era antes. Vejo que Quint é um menino feliz e seguro. Teria sido fácil ficar zangado ou frustrado quando ele era uma criança difícil. Mas, com orientação, troca de experiências com outros pais e ajuda profissional, Quint está bem e vai continuar assim. Cada dia ele aprende a lidar melhor com o seu TDAH."

Ser pai conduz a um nível de responsabilidade sem paralelos em qualquer outra área da vida. Filhos são mais do que uma extensão: representam todo o potencial e as possibilidades que o mundo pode oferecer. Têm a oportunidade de ultrapassar nossas expectativas e de apresentar uma excelência nunca antes demonstrada. Enorme responsabilidade é colocada em seus ombros, para que sejam bem sucedidos, para que façam boas escolhas, vivam valores sólidos e sejam bons cidadãos. Freqüentemente, espera-se que aproveitem oportunidades perdidas pelos pais ou que construam uma escada magnífica que os leve e, por extensão, aos pais, em direção de um sucesso individual. Espera-se que curem feridas históricas. Entretanto, os pais devem, na realidade, enfrentar as mesmas batalhas que enfrentaram, sentir os mesmos desapontamentos que eles sentiram e aprender, da mesma maneira que eles aprenderam, a encontrar sentido num mundo imprevisível

Quando um filho tem o pai como guia, não precisa enfrentar o mundo sozinho. Ao mesmo tempo que os filhos podem oferecer uma oportunidade para a cura, o que realmente oferecem é a chance de viver honestamente, demonstrar integridade, dar o exemplo do perdão e da compaixão. Pais podem dar aos filhos o que não tiveram física e emocionalmente. No entanto, como muitos pais aprenderam com o tempo, é muito mais fácil proporcionar conforto físico do que o emocional que não receberam. Pais, mais do que as mães, têm que superar preconceitos sociais e de gênero para poderem oferecer a seus filhos, especialmente aos meninos com TDAH, o nível de apoio emocional que eles necessitam.

Educar uma criança resiliente

Crianças com TDAH são incrivelmente resilientes, criativas e determinadas. Mesmo tendo que lidar com pais frustrados e professores desiludidos, essas crianças tentam continuar e "fazer melhor na próxima vez". Crianças que não recebem o necessário apoio, empatia e cuidado, eventualmente sucumbem ao peso dos anos de crítica negativa e falham na tentativa de melhorar. Esta é a maneira que um pai descreve o desejo de seu filho de se integrar ao grupo e ser bem sucedido: "Sei que Brent quer se controlar e ser parte do grupo. Sei disso. Mas, assim que as coisas começam a não dar certo, ele fica cada vez mais frustrado e tudo fica mais difícil. Ele não desiste. Sei que está tentando melhorar, e ele sabe que eu o apoio por estar fazendo o melhor que pode neste momento. Às vezes, penso em mim mesmo como seu "airbag" emocional. Sei que a maneira que lido com ele o faz sentir mais seguro e mais capaz de melhorar as coisas. Quero que ele saia de um episódio ruim sabendo que está bem, e que é capaz de dominar a frustração e não ser dominado por ela."

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O texto que segue pode ser visto como uma metáfora para a resiliência pessoale a fortaleza emocional: Um dia, uma mula caiu num poço seco. Não havia jeito de se tirar a mula do poço, então o fazendeiro mandou os filhos enterrarem a mula nele. Mas a mula se recusava a ser enterrada. À medida que os meninos jogavam a terra, a mula simplesmente andava por cima dela. Logo, tanta terra foi jogada que a mula conseguiu sair do poço Aquilo que era destinado a enterrar a mula foi exatamente o instrumento que a fez subir para sair do poço. .

Esta história fala tanto da experiência de pais de crianças com TDAH como das próprias crianças. Algumas vezes, os pais sentem que estão sendo "enterrados vivos" por todos os problemas resultantes do TDAH. Não é que os filhos pretendam sufocá-los; na verdade, os sintomas do TDAH é que são sufocantes, tanto para os pais como para os filhos.

Como a mula, um número surpreendente de crianças com TDAH se recusa a ser enterrado emocionalmente por críticas negativas, desaprovação dos pais, isolamento social e dificuldades acadêmicas. De alguma maneira, essas crianças se tornam adultos levando uma contribuição significativa para suas comunidades e para a vocação que escolheram. Acredita-se que essas crianças freqüentemente tiveram pelo menos uma pessoa que acreditou incondicionalmente nelas e que apoiou o lado capaz e competente de suas personalidades. É surpreendente o que uma pessoa, especialmente um pai, pode fazer para garantir o sucesso de uma criança.

A história que segue demonstra bem esse ponto. "Antes de Chris ser diagnosticado e medicado, eu ficava maluco se ele desobedecia, respondia ou causava algum problema. Chegou no ponto que eu simplesmente perdia a cabeça. Por sua vez, isso só o fazia ficar mais desafiador. Quanto mais alto ele falava, mais eu gritava, e assim por diante. Havia um enorme stress e muita tensão na casa. Depois que aprendi um pouco mais sobre TDAH e percebi que a minha maneira anterior de lidar com Chris era, no mínimo, ineficiente, comecei a agir de maneira diferente. Se ele começa a perder o controle, reduzo a reação negativa e encaro sua intensidade com calma e razão. A mudança de comportamento diante da minha nova atitude é impressionante. Não há mais tensão na casa e, se ele faz alguma coisa inadequada, calmamente mando que vá para outro lugar para se acalmar. A noite, agora, é diferente e produtiva, principalmente quando ele se sente dominado por suas emoções."

Concluindo, Kicarr lembra que as crianças que têm deficiências, sejam emocionais ou físicas, freqüentemente podem superar enormes desvantagens se sabem que os pais acreditam nelas. Como um camaleão, que toma a cor do ambiente como forma de proteção contra o perigo, crianças com TDAH freqüentemente assumem atitudes e crenças dos pais; vêem a si próprias como são vistas pelos outros. Se percebem que são consideradas "más", "um desperdício", "sem valor" ou se sentem apenas toleradas, começam a viver esses rótulos buscando experiências negativas. Por outro lado, quando uma criança se sente amada, mesmo quando não é particularmente amável, experimenta uma sensação de redenção e esperança.

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*Doutor em Psicologia do Desenvolvimento e da Organização. O Dr. Kilcarr é

Diretor do Centro de Desenvolvimento Pessoal da Universidade Georgetown, em

Washington, USA.