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RECICLE INFORMAÇÃO: Passe este jornal para outro leitor ou indique o site Ano VIII - Edição 99 - Fevereiro 2016 Distribuição Gratuita Vale do Paraíba Paulista - Litoral Norte Paulista - Região Serrana da Mantiqueira - Região Bragantina - Região Alto do Tietê Artigos Recomendados EDITORIAL VOCÊ É PONTUAL? Página 2 ******************* NUVENS DE VENENO Página 3 ******************* MÚSICA SIMPLESMENTE Página 4 ******************* A Desigualdade de Gênero: Homem x Mulher Página 5 ******************* O capitalismo e o futuro Página 6 ******************* A INTOLERÂNCIA DA MAIORIA Página 7 ******************* CORRUPÇÃO NA EDUCAÇÃO E LEI DE LICITAÇÃO Página 9 ******************* AS MASSAS E O ESTADO EM ORTEGA Y GASSET Página 10 ******************* POVO PORTUGUÊS ELEGE PRESIDEN- TE DA RÉPUBLICA “ Às DIREITAs POR LINHAs TORTAs “ Página 16 - Boa música Brasileira - Cultura - Educação - Cidadania - Sustentabilidade Social Agora também no seu www.culturaonlinebrasil.net Baixe o aplicativo IOS www.culturaonlinebrasil.net /// CULTURAonline BRASIL /// www.culturaonlinebr.org O projeto foi idealizado e criado pensando unicamente nas pessoas com Síndrome de Down, baseando-se nas dificuldades e no apelo constante dos pais, quanto ao estilo de Alfabetização oferecido nas escolas nos dias de hoje. O compromisso que da DownBrasil é formar cidadãos conscientes, con- fiantes e capazes de se incluírem no âmbito social e acreditar num país justo e igualitário, conforme consta na Constituição Federal: “A Escola é um Direito de Todos”. Assim, a DownBrasil sentiu-se no dever de contribuir apoiando também as pessoas com SD no que diz respeito à alfabetização, com acompanha- mento sistemático, trabalhando as dificuldades encontradas e respeitando o tempo de reação de cada um deles. Venha conhecer de perto este Projeto Alfabetização na Vida das Pessoas com Síndrome de Down, entre em contato: [email protected] Escola ou linha de produção? Documento sobre os rumos da educação bra- sileira levanta polêmica. Página 8 Constituição de 1891 Características da Constituição de 1891, resumo, voto, sistema e forma de governo, direitos, con- texto histórico, história Página 11 A CONQUISTA DE MONTE CASTELO PELA FEB Reproduzimos, a seguir, o texto publicado pe- lo Noticiário do Exército - Ano LII Nº 10.552, de 21 de fevereiro de 2009. Página 12 Culturas e tradições Brasileiras Página 13 E tem mais... Confira!

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Ano VIII - Edição 99 - Fevereiro 2016 Distribuição Gratuita

Vale do Paraíba Paulista - Litoral Norte Paulista - Região Serrana da Mantiqueira - Região Bragantina - Região Alto do Tietê

Artigos Recomendados

EDITORIAL VOCÊ É PONTUAL?

Página 2 *******************

NUVENS DE VENENO Página 3

*******************

MÚSICA SIMPLESMENTE Página 4

*******************

A Desigualdade de Gênero:

Homem x Mulher

Página 5 *******************

O capitalismo e o futuro Página 6

*******************

A INTOLERÂNCIA DA MAIORIA Página 7

*******************

CORRUPÇÃO NA EDUCAÇÃO E LEI DE LICITAÇÃO

Página 9 *******************

AS MASSAS E O ESTADO EM ORTEGA Y GASSET

Página 10 *******************

POVO PORTUGUÊS ELEGE PRESIDEN-TE DA RÉPUBLICA

“ Às DIREITAs POR LINHAs TORTAs “ Página 16

- Boa música Brasileira - Cultura - Educação - Cidadania - Sustentabilidade Social

Agora também no seu

www.culturaonlinebrasil.net

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www.culturaonlinebrasil.net /// CULTURAonline BRASIL /// www.culturaonlinebr.org

O projeto foi idealizado e criado pensando unicamente nas pessoas com Síndrome de Down, baseando-se nas dificuldades e no apelo constante dos pais, quanto ao estilo de Alfabetização oferecido nas escolas nos dias de hoje.

O compromisso que da DownBrasil é formar cidadãos conscientes, con-fiantes e capazes de se incluírem no âmbito social e acreditar num país justo e igualitário, conforme consta na Constituição Federal: “A Escola é um Direito de Todos”.

Assim, a DownBrasil sentiu-se no dever de contribuir apoiando também as pessoas com SD no que diz respeito à alfabetização, com acompanha-mento sistemático, trabalhando as dificuldades

encontradas e respeitando o tempo de reação de cada um deles.

Venha conhecer de perto este Projeto Alfabetização na Vida das Pessoas com Síndrome de Down, entre em contato: [email protected]

Escola ou linha de produção?

Documento sobre os rumos da educação bra-sileira levanta polêmica.

Página 8

Constituição de 1891

Características da Constituição de 1891, resumo, voto, sistema e forma de governo, direitos, con-texto histórico, história

Página 11

A CONQUISTA DE MONTE

CASTELO PELA FEB

Reproduzimos, a seguir, o texto publicado pe-lo Noticiário do Exército - Ano LII Nº 10.552, de 21 de fevereiro de 2009.

Página 12

Culturas e tradições Brasileiras

Página 13

E tem mais... Confira!

Page 2: 099 - Fevereiro

Fevereiro 2016 Gazeta Valeparaibana Página 2

A Gazeta Valeparaibana é um jornal mensal gratuito distribuído mensalmente para download

Editor: Filipe de Sousa - FENAI 1142/09-J

Ajude-nos a manter este projeto por apenas R$ 2,00 mensal

Email: [email protected]

Gazeta Valeparaibana e

CULTURAonline BRASIL

Juntas, a serviço da Educação e da divulgação da

CULTURA Nacional

A gratidão é a maior medida do caráter de uma pessoa. U-ma pessoa grata é uma pes-soa fiel, não te abandona, es-tá sempre contigo. Nela você

sempre pode confiar. Augusto Branco

================ As pessoas felizes lembram o

passado com gratidão, ale-gram-se com o presente e

encaram o futuro sem medo. Epicuro

================ A gratidão é a virtude das al-

mas nobres. Esopo

================ Quem acolhe um benefício

com gratidão, paga a primeira prestação da sua dívida.

Sêneca ================

Aos incapazes de gratidão nunca faltam pretextos para

não a ter. Gustave Flaubert

================ A gratidão é uma dívida que

os filhos nem sempre aceitam no inventário.

Honoré de Balzac ================

A gratidão da maioria dos ho-mens não passa de um dese-jo secreto de receber maiores

favores. François La Rochefoucauld

================ A gratidão tem memória

curta. Benjamim Constant

Editorial

Rádio web CULTURAonline Brasil

NOVOS HORÁRIOS e NOVOS PROGRAMAS

Prestigie, divulgue, acesse, junte-se a nós !

A Rádio web CULTURAonline Brasil, prioriza a Educação, a boa Música Nacional e programas de interesse geral sobre sustentabilidade social, cidadania nas temáticas: Educação, Escola, Professor , Família e Socie-dade.

Uma rádio onde o professor é valorizado e tem voz e, onde a Educação se discute num debate aberto, crítico e livre. Mas com responsabilidade!

Acessível no link: www.culturaonlinebrasil.net

VOCÊ É PONTUAL?

Participo de vários grupos sociais e culturais em São Paulo, bem como estou sempre, co-mo a maioria aqui, indo às instituições resolver problemas burocráticos, consultas médicas e ou-tros.

Notei que quase todas as vezes que marco algum encontro para um café, almoço, etc, ge-

ralmente me debruço na ansiedade do esperar e esperar... Isso me fez colocar em pauta essa falta de pontualidade que notoriamente não são ape-

nas dos meus amigos e demais relacionamentos, é um problema geral do brasileiro. Evidente que nos dias de chuvas e manifestações é inevitável o atraso, mas parece que

as pessoas incorporaram isso por via de regra e como absolutamente normal. Fácil entender atrasos por situações contrárias à vontade de uma pessoa, mas, como justi-

ficar o professor que se atrasa quase todos os dias? Mesmo que chegue à escola em tempo há-bil, acaba se atrasando para entrar em sala de aula por conta do bate papo na sala dos professo-res e do cafezinho e da mesma forma, consequentemente, o fazem os alunos na cantina e nas conversas pelos corredores.

Festas, jantares, casamentos, compromissos religiosos, reuniões de executivos já é de

praxe o atraso. Que diria então dos atrasos dos ônibus, metrôs, aeroportos, correios, serviços deliverys,

obras. No entanto, as pessoas em geral atrasam em tudo mas, reclamam e se aborrecem com

todos os atrasos que ela mesma sofre com os outros sem se darem conta que ela também é pro-tagonista de diversas histórias.

Como ponderar tanta falta de compromisso para com o outro se os atrasos do dia a dia

tornaram-se apenas “pequenos” atrasos.

Bom seria lembrar que controlar o horário e fazê-lo ser cumprido exige reorganizar o tempo de acordo com as situações que se vive nas grandes cidades, muitas vezes pode ser prevenido com os antecipados anúncios de clima, manifestações, que se tem pelas redes sociais e sem esque-cer que qualquer atraso num compromisso envolve outras pessoas que merecem respeito e que o sucesso profissional, a imagem e reputação vêm agregados à pontualidade.

Uma pessoa capaz de gerenciar seu tempo sem tornar-se refém dos obstáculos,fica livre das desculpas de sempre para justificar a falta de pontualidade e será recebida de maneira mais leve e com um sorriso de quem a espera.

Lembrando que pontualidade não é favor e sim obrigação, a impontualidade não é virtude

e sim defeito, mesmo nos dias caóticos de hoje. Genha Auga – jornalista – MTB: 15.320

IMPORTANTE

Todas as matérias, reportagens, fotos e demais conteúdos são de

inteira responsabilidade dos colabo-radores que assinam as matérias, podendo seus conteúdos não cor-

responderem à opinião deste proje-to nem deste Jornal.

CULTURAonline BRASIL

Os artigos publicados são responsabilidade de seus autores, não refletindo necessariamente a opinião da Gazeta Valeparaibana

Page 3: 099 - Fevereiro

Fevereiro 2016 Gazeta Valeparaibana Página 3

Nossa saúde x Capital Nuvens de Veneno: documentário fala sobre problemática do uso de agrotóxicos

Documentário revela de que forma algumas corporações conseguem manter esses produ-tos no mercado através de decisões judiciais, contaminando lençóis freáticos, rios e solo.

O Brasil é um dos maiores produtores do mundo de milho, soja e algodão, mas também um dos maiores consumidores de agroquímicos, ou seja, fertilizantes químicos e defensi-vos agrícolas, os agrotóxicos.

Para expor as preocupações relacionadas às consequências do uso desses defensivos agrícolas no ambiente, na saúde do trabalhador e na saúde das pessoas que direta ou in-diretamente tem contato com eles, foi produzido um documentário que revela de que for-ma algumas corporações conseguem manter esses produtos no mercado através de deci-sões judiciais, contaminando lençóis freáticos, rios e solo.

Segundo o professor de Estudos em Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Diretor do documentário “Nuvens de Veneno”, Beto Novaes, o objetivo funda-mental desse projeto foi transformar as teses e os trabalhos acadêmicos em imagens, pa-ra integrar na universidade, a questão do ensino, pesquisa e extensão:

“Esse documentário, Nuvens de Veneno, foi produto de uma tese, do professor/médico do Mato Grasso, Wanderlei Pignatti, em convênio com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no qual fez uma ampla pesquisa sobre o impacto do agrotóxico na saúde coletiva e na sa-úde dos trabalhadores, além do impacto no meio ambiente. Ele mediu a contaminação de agrotóxicos nos poços artesianos, mediu a propagação pelo ar, pela deriva, mediu o pro-blema dos desmatamentos nas nascentes dos rios, além das consequências das aplica-ções dos agrotóxicos na saúde das populações ribeirinhas e populações adjacentes”.

Outro problema trazido pelo documentário foi a dificuldade dos horticultores orgânicos, vi-zinhos dos grandes produtores agrícolas, consumidores de agroquímicos, de conseguirem um selo orgânico nas suas plantações, pois o vento leva uma parte dos agroquímicos apli-cados nas grandes plantações, para as suas hortas ou plantações orgânicas. De acordo com moradores locais, como duas diretoras de escolas da região, Cleusa de Marco e Loini Hermann, devido a pulverização de agrotóxicos, próximo às comunidades, os gramados e plantas locais amarelam e secam, além da contaminação dos lençóis freáticos, nascentes e poços artesianos que atendem à população local. A lavagem dos aviões que pulverizam os agrotóxicos, é feita sem controle ou filtragem da água, que cai no solo e vai infiltrando, até chegar nos lençóis freáticos.

No Brasil ainda é utilizado um agrotóxico que foi proibido na União Europeia, EUA, China e Canadá, e seu uso é preocupante, pois existem denúncias de casos de intoxicações ge-neralizadas, além de ser considerado cancerígeno, teratogênico e neurotóxico: “Essa é uma questão da sociedade, pois ela está se contaminando com o uso desses agroquími-cos. O documentário faz um mapeamento das questões ambientais, da saúde coletiva, da saúde do trabalhador e da saúde pública e como utilizar uma ação preventiva com os a-gentes de saúde, para que eles possam ter alguns parâmetros, alguma percepção desse problema que vá além de combater doenças e sim evitá-las”, alertou Beto Novaes.

ACESSE: https://www.youtube.com/watch?v=v2eUR5EyX9w

Calendário do mês

Algumas datas Comemorativas

01 - Dia do Publicitário

02 - Dia do Agente Fiscal

02 - Dia de Iemanjá

05 - Dia do Datiloscopista

07 - Dia do Gráfico

09 - Dia do Zelador

10 - Dia do Atleta Profissional

11 - Dia da Criação da Casa de Moeda

11 - Dia Mundial do Enfermo

13 - Dia Nacional do Ministério Público

14 - Dia da Amizade

16 - Dia do Repórter

19 - Dia do Desportista

21 - Dia da Conquista do Monte Castelo (1945)

23 - Dia do Rotariano

24 - Promulgação da 1ª Constituição Republ. (1891)

25 - Dia da Criação do Ministério das Comunicações

27 - Dia do Agente Fiscal da Receita Federal

27 - Dia Nacional do Livro Didático

FRASE DO MÊS

A democracia... é uma constituição

agradável, anárquica e variada, distribuidora de igualdade indiferentemente a iguais e a

desiguais.

(Platão)

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EDUCAÇÃO PARA A CIDADANIA

A educação para a cidadania significa fazer de cada pessoa um agente de

transformação social, por meio de uma práxis pedagógica e filosófica: uma reflexão/ação dos homens sobre o

mundo para transformá-lo.

Este é um dos objetivo do Jornal

Gazeta Valeparaibana

Page 4: 099 - Fevereiro

Fevereiro 2016 Gazeta Valeparaibana Página 4

Música Música simplesmente

Frequentemente amigos e conhecidos se a-proximam de mim e perguntam: Gustavo, quais são suas paixões? O que te faz te le-vantar e sorrir, chorar, se emocionar? Não são poucas as coisas que me movem, que me trazem motivação, paixão, e eu normalmente respondo: além da minha família, do sorriso de meus filhos tenho uma grande: Música! Claro que, como a maioria dos brasileiros, a-doro futebol e qualquer motivo para uma festa com amigos, mas a música é e sempre será para mim um alimento para a alma e ela me acompanha literalmente 24 horas por dia. A pergunta que se segue é inevitável: Mas que tipo de música ouves? Eu respondo: Músi-ca…, simplesmente. Sim, simplesmente música, sem rótulos, sem definições. Porém, nós humanos, que somos premiados com uma cabecinha pensante, precisamos rotular, dividir em compartimentos tudo aquilo que possuímos, que amamos, que conhece-mos, que cuidamos, que odiamos. Precisa-mos classificar. Se o fazemos com tudo que nos rodeia, não poderia ser diferente com a música. Afinal, o que é música? No dicionário encon-tramos algo assim: 1. s.f. A Arte de combinar sons agradáveis ao ouvido. Sim, música pode ser definida por isso mas, para a maioria de nós, música é muito mais do que “sons agra-dáveis ao ouvido”. Ela está presente em muito mais lugares do que a gente imagina. Muita gente hoje em dia usa um celular, por exem-plo. Quando alguém nos liga, ou uma mensa-gem chega, quando jogamos aquele joguinho, ou qualquer coisa que um smartphone faz a ação é acompanhada de sons organizados e que é uma “micro”- música. A novela, ou o fil-me, ou a série que a gente assiste tem uma trilha sonora. Na propaganda que vc assiste há música e claro, há a música que escolhe-mos para ouvir. Aquelas que estão nas can-ções que a gente curte (também no smartpho-ne), nos shows e concertos que assistimos, aquela que cantamos felizes para os azulejos do banheiro. Ouvimos e fazemos música desde os tempos ancestrais. Por desenhos rupestres sabemos que já existiam alguns instrumentos rudimen-tares e que música já era feita na época das cavernas. Há uma necessidade de expressarmos nos-sas alegrias, nossas tristezas, comemorar, acalentar o sofrimento, cuidar das dores e das alegrias da nossa alma, e a música parece fazer isso como poucas outras expressões artísticas. Acredita-se que a primeira manifestação mu-sical tenha sido com nossa própria voz. Na natureza já encontramos música nos sons

que ela produz. O vento, a chuva, a folhagem das árvores e, claro, o som dos animais, es-pecialmente daqueles pequenos músicos: as aves. Há espécies que entoam verdadeiras melodias.Talvez por essa vontade de se inte-grar à natureza o ser humano descobriu que sua voz podia se expressar além de palavras ou gritos e sussurros. Nasce assim talvez a primeira “arte de combinar sons…”. Somos animais sociais. Desde que aparece-mos aqui neste mundo, nos reunimos, seja para comemorar algo, seja para dançar, seja para chorar uma perda, ou simplesmente para passar momentos dividindo emoções e nes-sas reuniões a música sempre esteve presen-te. A música era espontânea e procurava sempre expressar os sentimentos e propósi-tos que essas reuniões proporcionavam. Com o desenrolar da História fomos nos de-senvolvendo, nossa sociedade mudando, e a música acompanhou este desenvolvimento. A música que era espontânea começou a ser encarada como um conhecimento, um ofício, e com isso apareceu um tipo de música mais elaborada. Desenvolveu-se a notação musi-cal.A música começou a sobreviver através da notação. Em vez de ser ensinada por repe-tição e tradição oral poderia ser escrita e re-petida por quem soubesse interpretar essa notação. Apareceram os compositores, que poderiam escrever a música antes dela ser tocada e por isso elaborar mais a composi-ção. Podemos dizer que neste momento nas-ceu a divisão entre música “Erudita (culta)”, que era a música elaborada e “Popular” que era a música mais espontânea. Essa é uma visão extremamente simplificada, claro, e uma classificação um pouco tosca, mas serve bem pra ilustrar o propósito desta nossa conversa. Como eu disse acima, nossa cabecinha pen-sante procura sempre organizar e classificar qualquer ideia ou invenção. Eu sou músico, mais precisamente um regen-te de orquestra, mas minha história com a música é antiga e vem bem antes de eu me tornar regente. Meu pai, Milton, era químico, mas um fanático por música, ouvia discos e rádio sempre que o tempo e a vida lhe permi-tiam. Minha mãe, Heloisa é cantora profissio-nal.Meu pai gostava de cantar e eles acaba-ram se conhecendo em um coral amador. Portanto, eu tive a sorte de crescer ouvindo todo tipo de música. Meu pai ouvia muita mú-sica erudita, óperas, concertos, e também muita música popular brasileira. Ele gostava dos sambas antigos, Noel Rosa, Ismael Silva, e também do então jovem Chico Buarque e contemporâneos, especialmente aqueles que cujas composições possuíam conteúdo políti-co. Minha mãe ouvia menos música em casa mas sempre cantou. Naquela época ela se dedicava à Geografia e Meteorologia como profissão mas sempre participou de coros a-

madores. Morávamos em Santos e ela partici-pava do Madrigal Ars Viva, um importantíssi-mo grupo vocal especializado em Música Anti-ga e Contemporânea. Eu costumava ir acom-panhá-la nos ensaios e conheci muita música boa e personalidades como Gilberto Mendes, recentemente falecido, Klaus Dieter-Wolf, Ro-berto Martins, Gil Nuno Vaz entre outras figu-ras importantes da música erudita brasileira. Obra do acaso, ou não, nos mudamos para uma casa na rua Maranhão em Santos, vizi-nhos colados a uma grande pianista santista, que por motivos particulares tinha se retirado dos palcos e passava o dia tocando em um piano de cauda, Consuêlo Martins. Aquela música me fascinava, fiz amizade com o filho dela, Rodrigo, que é da minha idade, e acabei conhecendo sua mãe que começou a me dar aulas. Vivi minha adolescência na década de 70, uma das mais férteis da música popular internacional. Ouvia Beethoven, Puccini, Rock Inglês e MPB, todos da melhor qualidade. Pronto, o bichinho da música me mordeu, e a música nunca mais me abandonou. Entrei em Física na USP, mas lá encontrei mais músi-cos. Não resisti e acabei mudando de curso. Fui para o curso de Música na Escola de Co-municação e Artes da USP. Nesse meio tempo conheci o teatro, fiz parte de uma produção de Bibi Ferreira, PIAF, na década de 80, tive uma banda de rock pro-gressivo, fiz trilhas sonoras pra teatro, e virei maestro. Sou naturalmente curioso e continuo ouvindo de tudo um pouco. Agora, com a maravilha que é a internet, temos acesso a música de qualquer lugar do mundo e é um prazer enor-me descobrir sonoridades novas, culturas muito diferentes. Minha ideia quando Filipe me convidou para escrever aqui neste espaço regularmente é dividir com vocês um pouco destas descober-tas, um pouco da minha vivência com música e com isso abrir algumas portinhas dentro da cabeça e da alma de vocês. Espero que isso seja gostoso pra todo mundo. Para terminar, acho que dá para vocês imagi-narem como fica mesmo difícil responder à-quela pergunta inicial. “Maestro, que tipo de música o senhor ouve?” Eu respondo: Música, simplesmente.

Luís Gustavo Petri é regen-te, compositor, arranjador e pia-nista. Fundador da Orquestra Sinfônica Municipal de Santos. Diretor musical da Cia. de Ópe-ra Curta criada e dirigida por Cleber Papa e Rosana Cara-maschi. É frequente convidado

a reger as mais importantes orquestras brasileiras, e em sua carreira além de concertos importantes, participações em shows, peças de teatro e musi-cais.

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Fevereiro 2016 Gazeta Valeparaibana Página 5

Ação cidadã

A Desigualdade de Gênero:

Homem x Mulher A desigualdade de gênero não é um “privilégio” do Brasil. Infelizmente ela existe desde a antiguidade e persiste até nossos dias. Mas afinal o que é gênero? Gênero po-de ter vários significados, aqui nos interessa o significado de gênero em relação ao ho-mem e a mulher. Alguns conceitos:

“Conceito que engloba todas as característi-cas básicas que possuem um determinado grupo ou classe de seres ou coisas.”

“Conjunto de seres ou objetos que possuem a mesma origem ou que se acham ligados pela similitude de uma ou mais particularida-des.”

Nossa constituição estabelece em seu artigo 5º, inc. 1º:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à pro-priedade, nos termos seguintes:

I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição ;

Temos garantida a igualdade de todos consti-tucionalmente, no entanto, esse amparo le-gal sofre diversas violações no dia-a-dia, o desrespeito a esses direitos acontece a todo o momento, expondo a fragilidade de nossas normas jurídicas perante séculos de discrimi-nação contra a mulher. A mulher precisa tra-balhar dobrado para conseguir um salário i-

gual ao do homem. Tem dupla ou tripla jorna-da de trabalho, visto que trabalha em casa também. A mulher sempre foi vista como um ser inferior e que devia submissão ao ho-mem, e, embora esse quadro venha mudan-do ao longo dos anos, através de lutas e mo-vimentos feministas, a participação feminina na política, na educação, no mercado de tra-balho continua desigual.

A desigualdade de gênero fere princípios e direitos básicos do ser humano, no caso a mulher em especial. Fere o princípio da digni-dade humana É sobre a liberdade e a igual-dade que está fundamentada a dignidade da pessoa humana. Desrespeitar e desvalorizar alguém, tratar de maneira diferenciada, humi-lhando e discriminando em função de gênero, é tratar com desigualdade e ferir a dignidade do ser humano. Não é aceitável que discrimi-nações/preconceitos sejam eles de que tipo forem, invalidem e limitem direitos que são essenciais e fundamentais para a democraci-a, agindo assim com certeza estaremos forta-lecendo a desigualdade social que já existe. Há quem defenda a tese de que homens e mulheres por serem biologicamente diferen-tes teriam justificadas as desigualdades exis-tentes. É inadmissível usar as desigualdades biológicas para justificar seja lá o que for que exclua a mulher, que discrimine, que use de violência, que produza qualquer tipo de injus-tiça.

A expressão gênero foi utilizada pela primei-ra vez no Brasil na Convenção de Belém do Pará em agosto de 1996. Está incorporada nas legislações de vários países bem como nas normas internacionais. No Estatuto do Tribunal Penal Internacional (Roma 1998) es-tá incorporado o conceito de gênero: o art. 7º, item 3, “entende-se que o termo “gênero” a-brange os sexos masculino e feminino, dentro do contexto da sociedade, não lhe devendo ser atribuído qualquer outro significado”.

A ONU divulgou o relatório O Progresso das mulheres no mundo, (2015-2016),que mostra que as mulheres recebem um salário quase 30% inferior ao do homem na mesma função. Segundo a ONU, “as mulheres são responsá-veis por uma carga excessiva de trabalho do-méstico não remunerado referente aos cuida-dos com filhos, com pessoas idosas e doen-

tes e com a administração do lar.” ( Agência Brasil/Direitos Humanos).

A ONU Mulheres foi criada em 2010 para tra-tar da igualdade de gênero e empoderamento das mulheres, investindo na capacidade eco-nômica das mulheres como forma de garantir a diminuição da desigualdade existente. Se-gundo a ONU o Brasil tem trabalhado para que essas diferenças diminuam, e se desta-cou pela criação de mais trabalho para a mu-lher e por políticas de inclusão na vida econô-mica do país. Ações públicas que se propõe a diminuir as desigualdades são de extrema importância e permitem que avancemos na luta por trabalhos decentes e redução da de-sigualdade salarial entre homens e mulheres, maior participação política da mulher, e tan-tas outras medidas que podem ser tomadas e que valorizem o papel da mulher no desen-volvimento do país.

Não é fácil mudar uma história de anos de preconceito e discriminação de uma socieda-de patriarcal. As desigualdades não são ape-nas a nível cultural, mas econômicas, políti-cas, e decisórias. Apesar das mulheres supe-rarem os homens em nível de escolaridade, de representarmos mais da metade da popu-lação e do eleitorado, e sermos quase 50% da população economicamente ativa do país, o abismo entre homens e mulheres ainda é grande. Precisamos ocupar os espaços que ainda não ocupamos em função da desigual-dade acentuada, políticas de enfrentamento são bem-vindas. O que queremos é uma so-ciedade mais justa e igualitária que garanta a todos, igualdade e oportunidade, independen-te do gênero, da cor, da raça.

Mariene Hildebrando

Especialista em Direitos Humanos

Email: [email protected]

Porque precisamos fazer a Reforma Política no Brasil?

Seus impostos merecem boa administração. Bons políti-cos não vem do nada. Para que existam bons políticos

para administrar o país, toda a sociedade precisa colaborar para que eles possam nascer e terem sucesso. É preciso um sistema eleitoral moderno para melhorar a qualidade da política. Os políticos "tradicionais" tem horror à reforma política, porque ela pode mudar a situa-ção atual onde eles usam e manipulam o eleitor e são pouco cobrados !

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DESIGUALDADES

Os contrastes sociais são responsáveis por todas as desigualdades raciais, étnicas e interculturais. Mesmo em tempos pós emancipação quem tem muita melanina, na maioria das vezes, é olhado de canto, é temido. Julgado e culpado. Prostrado à marginalização e banalidade. Jogado à sorte do destino. É triste ver que muitos são obrigados a sobreviver com pouca coisa, enquanto poucos riem e fazem de tudo um

circo, vivendo bem e muito bem, "com muitas coisas"

O problema da desigualdade social não é a falta de dinheiro para muitos, e sim o excesso na mão de poucos.

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Capitalismo

O Capitalismo e o Futuro

Eu acredito que o capitalismo chegará ao seu fim. Não acredito que o capitalismo vai ser e-terno.Os modos de produção anteriores tive-ram um fim. Posso não viver o suficiente para ver como vai ser e tenho quase certeza de que não vou, mas o capitalismo vai acabar um di-a.Mas, eu não acredito que o modo de produ-ção capitalista vai acabar através de revolu-ções socialistas como a de 1917 na Rússia, e nem por eleições democráticas de partidos e líderes socialistas ou trabalhistas. E nem por atuação de sindicatos de trabalhadores.No de-correr da História, ainda vão surgir mais pes-soas como Che Guevara e Hugo Chávez, pes-soas que se rebelarão contra o poder do capi-tal sobre as nações e, o capital prevalecerá sobre elas cedo ou tarde, por ser mais forte.

Eu acredito que vai acontecer algo comparável com a queda do Império Romano* (do Ociden-te) em todo o planeta, que levará ao colapso do capitalismo. Só que, que não é desta vez, na crise de 2008 em diante, que vai colapsar o capitalismo. Acredito que a atual crise vai fazer o capitalismo mudar de forma outra vez para se adaptar as mudanças dos tempos, como já

mudou de mercantilismo para o capitalismo industrial e depois para capitalismo financeiro. Talvez o próximo ciclo do capitalismo seja o da informação. Analisando o passado da humani-dade registrado pela História oficialmente di-vulgada, o fim do capitalismo provavelmente será através de um processo que causará mui-to sofrimento à humanidade. Infelizmente, e-xiste um alto risco de o fim do capitalismo po-de coincidir com o fim da existência do ser hu-mano na Terra, e também das demais formas de vida. Assim como poderão haver sobrevi-ventes que mudarão as suas crenças, as suas convicções, os seus valores. A parcela da hu-manidade que sobreviver vai se render a ideia de que é melhor uma sociedade globalmente igualitária do que uma disputa desenfreada por poder e glória. E nessa futura nova fase, os conflitos raciais, políticos, culturais e religiosos terão cessado. As religiões na forma de institu-ição também não existirão mais, embora cren-ças espiritualistas possam continuar existindo. E a chegada do fim do capitalismo pode levar alguns poucos séculos ainda, assim como po-de acontecer ainda neste século.

João Paulo E. Barros.

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Nelson Rodrigues

A adúltera é a mais pura porque está salva do desejo que apodrecia nela.

A beleza interessa nos primeiros quinze

dias; e morre, em seguida, num insuportável tédio visual.

A dúvida é autora das insônias mais cruéis.

Ao passo que, inversamente, uma boa e sólida certeza vale como um barbitúrico

irresistível.

A grande vaia é mil vezes mais forte, mais poderosa, mais nobre do que a grande apoteose. Os admiradores corrompem. A liberdade é mais importante do que o

pão.

A maioria das pessoas imagina que o importante, no diálogo, é a palavra. Enga-

no, e repito: – o importante é a pausa. É na pausa que duas pessoas se entendem e

entram em comunhão.

A pior forma de solidão é a companhia de um paulista.

A platéia só é respeitosa quando não está

a entender nada.

A prostituta só enlouquece excepcionalmente. A mulher honesta, sim, é que, devorada pelos próprios escrúpulos,

está sempre no limite, na implacável fronteira.

A televisão matou a janela.

A verdadeira grã-fina tem a aridez de três

desertos.

Acho a velocidade um prazer de cretinos. Ainda conservo o deleite dos bondes que

não chegam nunca.

Amar é dar razão a quem não tem.

Amar é ser fiel a quem nos trai.

Antigamente, o silêncio era dos imbecis; hoje, são os melhores que emudecem.

O grito, a ênfase, o gesto, o punho cerrado, estão com os idiotas de

ambos os sexos.

Fevereiro 2016 Gazeta Valeparaibana Página 6

“Vivemos em um mundo capitalista!”

Certamente, esta frase foi dita ou ouvida pela maioria das pessoas, porém muitos ainda não sabem o que significa viver em um mundo ca-pitalista. Capitalismo é o sistema sócio-econômico em que os meios de produção (terras, fábricas, máquinas, edifícios) e o capital (dinheiro) são propriedade privada, ou seja, tem um dono. Antes do capitalismo, o sistema predominante era o Feudalismo, cuja riqueza vinha da explo-ração de terras e também do trabalho dos ser-vos. O progresso e as importantes mudanças na sociedade (novas técnicas agrícolas, urba-nização, etc) fizeram com que este sistema se rompesse. Estas mesmas mudanças que con-tribuíram para a decadência do Feudalismo, cooperaram para o surgimento do capitalismo. Os proprietários dos meios de produção (burgueses ou capitalistas) são a minoria da população e os não-proprietários (proletários ou trabalhadores – maioria) vivem dos salários pagos em troca de sua força de trabalho. Características do Capitalismo - Toda mercadoria é destinada para a venda e não para o uso pessoal - O trabalhador recebe um salário em troca do seu trabalho - Toda negociação é feita com dinheiro - O capitalista pode admitir ou demitir trabalha-dores, já que é dono de tudo (o capital e a pro-priedade) Fases do Capitalismo Capitalismo Comercial ou mercantil: consolidou-se entre os séculos XV e XVIII. É o chamado Mercantilismo. As grandes potências da época (Portugal, Espanha, Holanda, Inglaterra e França) exploravam novas terras e comerciali-zavam escravos, metais preciosos etc. com a intenção de enriquecer.

Capitalismo Industrial: Foi a época da Revo-lução Industrial. Capitalismo Financeiro: após a segunda guer-ra, algumas empresas começaram a exportar meios de produção por causa da alta concor-rência e do crescimento da indústria. O capitalismo vem sofrendo modificações des-de a Revolução Industrial até hoje. No início do século XX, algumas empresas se uniram para controlar preços e matérias-primas impedindo que outras empresas menores tenham a chan-ce de competir no mercado. Nessa época várias empresas se fundiram, dando origem as transnacionais (também co-nhecidas como multinacionais). São elas: Ex-xon, Texaco, IBM, Microsoft, Nike, etc. OBS: O nome transnacional expressa melhor a idéia de que essas empresas atuam além de seu país. O termo multinacional nos levava a concluir que a empresa tinha várias nacionali-dades. Por esta razão, o termo foi substituído. A união de grandes empresas trouxe prejuízo para as pequenas empresas que não conse-guem competir no mercado nas mesmas con-dições. Ou acabam sendo “devoradas” pelos gigantes ou conseguem apenas uma parcela muito pequena no mercado. Visando sempre o lucro e o progresso, grandes empresas passaram a valorizar seus emprega-dos oferecendo-lhes benefícios no intuito de conseguir extrair deles a vontade de trabalhar. Consequentemente, essa vontade e dedicação ao trabalho levará o empregado a desempe-nhar o serviço com mais capricho e alegria, contribuindo para o sucesso da empresa. Infelizmente, muitas empresas não investem em seus operários e muitos deles trabalham sem a menor motivação, apenas fazem o que é preciso para se manterem no emprego e as-segurar o bem-estar de sua família.

Fonte: infoescola.com

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Fevereiro 2016 Gazeta Valeparaibana Página 7

Contos, Poesias e Crônicas A INTOLERÂNCIA DA MAIORIA

Com os movimentos dos que se a-chavam minoria, o sucesso obtido, tornou-se maioria,com isso o mundo ficou bem di-ferente. “Causaram” e conquistaram a igual-dade perante a sociedade e na história o que era ofensivo e contrário, representa a-tualmente o status quo cultural e social.

Um sistema em que ideias são ex-pressas livremente deveria ser o ideal para explorar e debater novos conceitos. Se quem detinha o poder tivesse monitora-do melhor os movimentos, nossa democra-cia teria sido fortalecida e mudanças impor-tantes certamente teriam outro condão. Porém é importante saber que se não esti-vermos cientes do que nos cerca, não po-deremos nos proteger adequadamente de quem nos prejudicada, obrigando a escon-der nossas opiniões e eliminando a oportu-nidade de saber o que há verdadeiramente à nossa volta.

Podemos falar e escrever, nos mani-festar sobre o que quisermos desde que não fira ninguém e que haja reuniões com expressões pacíficas,como por exemplo: sobre liberdade financeira e moradias para os mais necessitados.Quando a maioria faz o que quer, quem está calando e perden-do? Onde está o “Moral e o Legal”? Para os libertários duas são as categorias; o mais fraco e o mais forte e isso torna o mais fra-co propenso a sofrer retaliações e passar por caluniador e com sua liberdade de ex-pressão reprimida. Isso se chama incitação e não liberdade de expressão.

A democracia nasce quando há dis-tinção entre espaço privado e público. No privado está a sua liberdade total e no pú-blico liberdade desde que com leis, normas, regras e não como tem acontecido. Devido ao crescimento vertical de interesses a mi-noria tornou-se maioria e o que se tem visto são carências e privações extremas que não consolidam os direitos de cada um.

O povo ouve e vê programas onde a preferência dos persuasores fala mais alto como se fossem referências verdadeiras, invadindo nossas vidas com seus gostos

musicais, opção sexual, leituras, política, de forma personificada e falsa, substituindo a percepção, o discernimento e direitos indivi-duais de escolhas das gerações anteriores. Não temos informações e sim propagandas sem credibilidade e como opção apenas o exemplo de vida das“celebridades” que pra-ticamente definem o comportamento das pessoas que, sem se darem conta, estão perdendo a identidade. Ter o direito de se expressar não significa denegrir ou violentar àquilo que não se gosta, mas, também, po-der demonstrar o que se quer ou não, mes-mo que seja contra a maioria das preferên-cias.

A violência tem sido uma característi-ca marcante do nosso povo, reação que se vê em toda manifestação contra o que não gostam e isso é um indicativo do modelo educacional falido que vem se arrastando há anos.

A mídia abrange todos os textos co-mo um único ponto,gerida por uma máquina que tem interesses, detendo a informação e diminuindo a capacidade do pensar.

Deveria existir liberdade de escolha... Discurso competente é saber onde e

como falar. Os verdadeiros detentores do saber é que deveriam ser os responsáveis por ensinar a quem tem muito que aprender através do pensar,mostrando o que aconte-ce sem perder os valores morais, cumprin-do deveres para que cada um possa obter, democraticamente, seus direitos e não se-rem induzidos a agir com engodo e como incapazes.

Devemos experimentar coisas para sair do restrito, mas, não numa sociedade onde o limite é a exclusão de nossa capaci-dade. A vida que merecemos é a que esco-lhemos e não a que a maioria escolhe, de-vemos encarar as diferenças com respeito, mas, hoje as pessoas não sabem o que querem porque também não sabem mais o que podem querer.

O desrespeito com exibicionismos não devem ser a arma para opiniões discor-dantes e o direito de não julgar, não pode ser quesito para que se aceite tudo que o vem pela frente. Os valores e princípios são base para se exercer a verdadeira demo-cracia e não privações para quem deseja ter sua própria postura, sem sofrer imposi-ções como se tudo o que a maioria faz é o certo.

Nem tudo pode ser como queremos e nem tão pouco como os incitadores que-rem.

Genha Auga – jornalista MTB: 15.320

Numa sociedade movida à dinheiro e hipocrisia, encontramos pessoas propensas aos mais diversos rumos incluindo-se a devassidão. Cuidado com quem andas, pois tua companhia sumariza quem és. Não tenha medo de lutar pelo que acredita, apenas seja você mesmo nos mais divergentes momentos que possam surgir. Fazendo isto, certamente afetará os que estão à tua volta que não gostam do que veem. Saberão fazer a triagem do joio e do trigo. Só tome cuidado com o lado com que ficará, pois uma escolha errada pode te afetar drasticamente. Pense no seu futuro. Sua escolha hoje, será o seu futuro amanhã. Seja feliz, haja com honestidade sempre. Mas acima de tudo, cuidado com o que te tornarás!

Filipe de Sousa

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FLORES

No jardim havia flores

Mas todas eram tristonhas

A rosa lamentava:

“Como eu gostaria de ser a violeta”

A violeta então disse:

“Que nada é bom ser a rosa, motivo de inspi-ração”,

O cravo amigo da rosa,

Decidiu acabar com a discussão e disse:

“Todas tem música que encanta o coração, todas as flores são lindas, acabem com essa

discussão”

E o Jardim ficou alegre,

Cada qual com a sua beleza,

E o cravo suspirou,

Orgulhoso de sua proeza !

GENHA AUGA E TAINÁ DIAS

DUETO MEU COM MINHA NETA AOS 08 ANOS

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Fevereiro 2016 Gazeta Valeparaibana Página 8

Nossa escola

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Escola ou linha de produção?

Documento sobre os rumos da educação brasileira levanta polêmica

“Professor, o que vai cair na prova?”, esta é uma pergunta frequente em sala de aula e que mostra que a nossa educação está muito mais pautada nas avaliações do que no ensi-no em si.

Atualmente, um documento apresentado pelo Ministério de Educação como a proposta preli-minar para discussão da Base Nacional Co-mum Curricular (BNCC) está no meio de uma polêmica sobre os rumos da educação brasi-leira. O texto está em consulta pública, ou se-ja, qualquer um pode enviar sugestões de mo-dificação, inclusão e exclusão pelo site até o dia 15 de março.

Segundo o site da BNCC, o objetivo do texto é estabelecer os conhecimentos e habilidades essenciais que todos os estudantes brasilei-ros devem obter em sua trajetória na educa-ção básica, desde a educação infantil até o ensino médio.

A assessoria de comunicação social do Minis-tério da Educação (MEC) diz que a base não constitui um currículo em si, mas os objetivos de aprendizagem que os currículos escolares de todo o país, construídos por redes de ensi-no públicas e privadas, devem cumprir. O texto relativo à disciplina de História é o que enfrenta mais críticas, tanto é que ele nem foi

divulgado junto com os das outras áreas de conhecimento, mas dias depois. O projeto é ambicioso ao romper com a cro-nologia tradicional, ou seja, os temas partem do presente para passado e enfatizam o ensi-no da História do Brasil. As críticas são mui-tas, vão desde questões ideológicas, inade-quação do conteúdo com a faixa etária dos alunos até temas que foram deixados de lado.

Na última quinta-feira, 14, o professor da Fa-culdade de Educação da Universidade Fede-ral Fluminense (UFF), Fernando Penna, deu uma palestra no Instituto de Filosofia e Ciên-cias Sociais (IFCS) sobre o assunto. Uma de suas maiores críticas foi que a BNCC sirva para legitimar as avaliações de larga escala. Como exemplo, ele mostrou uma entrevista que fez com uma professora que trabalha há 25 anos em um colégio estadual do Rio de Janeiro. Na fala da educadora, ela se mostra-va insatisfeita com um ciclo que acontecia com bastante frequência. Seus alunos pas-sam por provas estaduais, o Saerjinho e o Sa-erj. A nota dessas provas com conteúdos es-pecíficos influencia na nota do aluno na esco-la. Além disso, as escolas e, consequente-mente, seus professores ganham bonificação salarial por conta da meritocracia, ou seja, pe-los níveis de aprovação dos alunos. Logo, se os alunos não forem bem nessas provas, a escola e os professores não recebem o bô-nus. Da mesma forma que ocorre no estado, isso pode acontecer no âmbito nacional com exames como a Prova Brasil, Ideb ou Enem, por exemplo.

Se olharmos para o exemplo americano, tal-vez, tenhamos uma ideia de como avaliações de larga escala podem não ser uma boa ideia. Com a lei, chamada de No Child Left behind (NCLB), promulgada em 2002, os estudantes precisavam ser testados, e os estados usari-am estas notas para ver quais escolas esta-vam alcançando os objetivos. Aquelas que não alcançassem as metas seri-am alvos de intervenções e até sanções. Os

resultados foram tão ruins que, em 2015, o presidente Barack Obama voltou atrás, e o NCLB foi substituído por outra lei, o Every Student Succeeds Act (ESSA), que segue o princípio que toda a criança deve estudar, mas com moldes bem mais flexíveis, princi-palmente, no quesito de avaliações.

A grande questão então é: um aluno que se saiu bem numa prova é realmente aquele que aprendeu melhor? Penna citou a entrevista da ex-secretária adjunta de Educação dos Esta-dos Unidos, Diane Ravitch, ao Estado de S.Paulo, “Nota mais alta não é educação me-lhor” para responder a questão. Diane que de-fendia o sistema de avaliações de larga esca-la voltou atrás ao ver os resultados da refor-ma.

Outra crítica que o professor faz diz respeito à criação de um mercado educacional. O BNCC poderia favorecer editoras, que fariam novos livros didáticos, e fundações privadas, que po-deriam fazer consultorias.

Segundo o Plano Nacional de Educação (PNE), a BNCC deve ser entregue ao Conse-lho Nacional de Educação (CNE) até junho deste ano. E será o CNE que vai decidir o ca-lendário de adoção da base, inclusive os pra-zos para as redes de ensino reformarem seus currículos de acordo com o documento, se-gundo a assessoria do MEC.

A ideia é que a BNCC estabeleça 60% do conteúdo programático, enquanto os outros 40% sejam definidos pelos estados e municí-pios. O receio, entretanto, é que estes 40% acabem sendo a totalidade do conteúdo por conta das avaliações de larga escala. Afinal, os alunos podem ser preparados apenas para serem testados. Desta forma, talvez a escola se assemelhe a uma linha de montagem, co-mo na cena clássica de Charlie Chaplin aper-tando os parafusos em “Tempos Modernos”.

Mariana Mauro

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Fevereiro 2016 Gazeta Valeparaibana Página 9

Discutindo a Educação

CORRUPÇÃO NA EDUCAÇÃO E LEI DE LICITAÇÃO:

PROGRAMA DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR E FRAUDE NO INTERIOR DE SÃO PAULO

No dia 19/01/2016 a Policia Civil de São Paulo prendeu seis pessoas no município de Bebe-douro-SP “suspeitas” de envolvimento com esquema de fraude e uma nova máfia da me-renda, desta vez aqui, em solos paulistas.

Não é novidade que a corrupção no Brasil seja um câncer que deve ser combatido a todo cus-to. Em junho de 2015 publiquei meu site o arti-go “Corrupção na educação: um rio de dinhei-ro que nunca seca”. Neste artigo apresentei uma lista de 10 perguntas sobre a corrupção na educação com base na excelente reporta-gem do Conexão Repórter intitulada “Os Se-nhores da Fome”. Naquela oportunidade, a matéria mostrou como ocorriam as fraudes nas licitações de merenda no Estado de Ala-goas.

Breve Redação sobre corrupção

A corrupção no Brasil é um câncer que atinge toda população brasileira. As ações cometidas por essas quadrilhas são indiferentes a parti-dos políticos, credos religiosos ou concepções ideológicas. A impressão que dá é que todos estão contaminados por essa doença.

Não é objetivo deste breve excerto trazer ne-nhuma reflexão histórica sobre a corrupção neste país, porém, é preciso lembrar que ela é histórica. Um dos primeiro registros de corrup-ção por aqui datam do século XVI, ainda no período da coroa portuguesa.

De qualquer forma, atualmente e com fre-quência apontamos que o país está em crise. Os governos alegam que não há dinheiro para investimentos. As verbas da educação, saúde, segurança e infraestrutura foram cortadas. Sa-lários de servidores (servidores que trabalham, não dos políticos) são congelados, e projetos de toda ordem são adiados.

O fato é que se houvesse um combate persis-tente e eficiente à corrupção no Brasil, em to-das as suas esferas, com penas e punições devidamente aplicadas àqueles que as prati-cam (sejam corruptores ou corruptíveis), vería-mos sobrar dinheiro nos cofres públicos para os devidos investimentos.

Na prática, o que observamos é uma grande morosidade da justiça e brechas que permitem com que corruptores e corruptíveis continuem suas práticas, fazendo uso do dinheiro público em proveito próprio.

Máfia da merenda no interior de São Paulo:

A operação “Alba Branca” rendeu até o mo-mento R$ 135 mil reais em dinheiro e diversos materiais para continuarem as investigações.

A receita para a fraude na merenda é a mes-ma apresentada no artigo citado. Os contratos são forjados, são oferecidas propinas de fun-cionários públicos e repassados aos vendedo-res. Clique aqui para assistir a reportagem.

O esquema de propina variava entre 10% e 30% do total do contrato firmado entre a Coaf e a prefeitura. Esse valor era acrescido no pre-ço final, superfaturando os produtos negocia-dos. O serviço prestado era superfaturado pa-ra que o agente da prefeitura, o vendedor, a Coaf e o agente político pudessem ganhar. Além das prefeituras, também se articula uma possível ação entre a cooperativa e a Secreta-ria de Educação do Estado de São Paulo, sen-do que um dos possíveis articuladores do es-quema poderia ser o Deputado Estadual Fer-nando Capez.

Além da fraude nas licitações, muitos dos pro-dutos oferecidos pela Coaf não eram proveni-entes da agricultura familiar, e sim de grandes supermercados.

Presidente da Coaf, Carlos Alberto Santana da Silva e César Bertolino foram beneficiados pelo sistema de delação premiada. Ou seja, você frauda a licitação, rouba os cofres públi-cos, usufrui do dinheiro e quanto a “casa cai”, entrega todo mundo e se livra da cadeia.

De acordo com as reportagens pesquisadas, tomei a liberdade de fazer um quadro de acor-do com o partido político que administra o mu-nicípio. Obviamente que a lista abaixo não sig-nifica que realmente houve corrupção em to-das essas prefeituras. Essa e a lista divulgada pela reportagem do G1 que trouxe os municí-pios em que esta havendo a operação “Alba Branca”. Curiosamente eu apenas pesquisei o partido político que administra esses municí-pios e isso em hipótese alguma indica que o prefeito está envolvido. Obviamente que não quero iniciar uma discussão partidária. Apenas quero deixar claro que nenhum partido está acima de qualquer suspeita.

De qualquer forma, infelizmente, novamente a educação é alvo de corrupção. Justamente a educação, um dos pilares da sociedade, serve

de “mula” para lavar dinheiro. Dinheiro este que deveria estar sendo empregado na com-pra de materiais didáticos, na construção, re-forma ou ampliação de escolas, na remunera-ção do professor, enfim, deveria ser emprega-do na educação. Enquanto isso, a luta pelo aumento dos 10% do PIB continua. Vários mo-vimentos sociais empreendem essa bandeira e lutam desesperadamente na (inocente) es-perança de ver a educação neste pais da “pátria educadora” avançando. Enquanto alguns brigam por mais dinheiro na educação, nós continuamos brigando por mais fiscalização e punição sobre o mau uso do di-nheiro público e na corrupção na educação que tira o direito do seu filho de ter uma edu-cação de qualidade. Ivan Claudio Guedes Geógrafo e Pedagogo. [email protected]

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Fevereiro 2016 Gazeta Valeparaibana Página 10

Artigo opinião AS MASSAS E O ESTADO EM

ORTEGA Y GASSET O tema da “cultura de massa” e sua relação com o Es-tado foi cirurgicamente apresentado pelo filósofo espa-nhol José Ortega y Gasset na Rebelião das Massasao chamar a atenção do mundo para esse fenômeno: o surgimento do homem-massa e sua relação com o Esta-do. Transpondo esse fenômeno para o Brasil, essa re-lação está na base do maior triunfo de propaganda polí-tica demagógica republicana dos últimos tempos- o mito do Estado grátis – gerador de um paradoxo socio-antropológico que leva o brasileiro a simultaneamente detestar a classe política e amar o Estado patrimonialis-ta, uma espécie de esquizofrenia coletiva. Sobre isso, vale reproduzir algumas partes da Apresentação de Ni-valdo Cordeiro no Instituto Cervantes,Colóquio sobre Ortega y Gasset, 12 de novembro 2008, cujo título é, precisamente, o título deste artigo.

[…] Meu tema não poderia ser outro, eu que dediquei grande parte de minha atividade intelectual dos últimos tempos a estudar a obra de Ortega: o homem-massa e sua relação com o Estado na obra do filósofo celtibero […] .

O mundo hoje padece de crises e incertezas da maior envergadura, semelhantes àquelas vividas por Ortega no período em que escreveu o Espanha Invertebrada e o A Rebelião das Massas. Eu não encontraria palavras mais poéticas e mais trágicas para descrever o teor da grave crise econômica mundial instalada e a carência de um governante sensato na condução do Estado, em período tão critico.

A ideologia por excelência dos homens-massa é o soci-alismo. E a causa da crise são as medidas socialistas tomadas no passado.E, quanto mais a crise se agrava, mais medidas socialistas são pedidas pela multidão ao governante, que é seu espelho. A causação circular gera uma espiral política infernal que há um século redundou na pira em que queimou o mundo e os homens na estupidez da guerra e na busca desesperada da solução existencial – a perfeição em vida – pela ação burocrática do Estado. O apogeu dessa loucura foram os fornos crematórios e a bomba atômica, de triste memória.

O que viu Ortega? O surgimento das multidões urbanas, átomos individualizados que herdaram o melhor da tra-dição ocidental, mas quais filhos pródigos de pais ricos, nada fizeram para dispor do que receberam. E entre os muitos bens herdados dois se destacam especialmente: a técnica, originada da filosofia e da ciência empírica, que deu às multidões luxos jamais imaginados pelos ricos de outrora; e o Estado, esse portento agigantado pelos modernos administradores, poder comprimido posto nas mãos desses filhos das massas, homens no-tavelmente despreparados para seu autogoverno.

A ausência dos “melhores”

A primeira grande desgraça que Ortega viu nos novos tempos foi o que ele chamou de “a ausência dos melho-res”. Ortega entendia que há uma hierarquia natural, em que a minoria “egrégia”, em tempos sadios, é aceita co-mo a liderança espontânea, cabendo às massas copiar-lhe o exemplo vital e obedecê-la. Quem é essa elite?

Ao ler a obra orteguiana fica sempre a pergunta imperti-nente. Seria o “nobre” assemelhado ao filósofo platôni-co? É possível que possamos ver aqui esse parentesco. No entanto, precisamos qualificar o sentido, pois essa minoria egrégia não deve ser confundida, para Ortega, com uma classe letrada ou de verniz sacerdotal, “filósofa”. Ortega repetidas vezes afirmou que é nobre aquele que dá mais de si, que se sacrifica, que supera as próprias restrições pessoais, pondo-se a serviço dos seus.É aquele que sabe das virtudes e as pratica. Não há, portanto, a idéia de uma aristocracia do conheci-mento, mas do ser vital, que traz em si a história viva. Mesmo um homem simples pode ser um egrégio.

O homem nobre é o oposto do demagogo que vai à pra-ça pública pregar facilidades para se tornar governante e que empresta sua oratória para dar voz aos vícios in-saciáveis das massas.

Tampouco podemos falar de uma aristocracia de san-gue. O filósofo desdenha dessa idéia e deixa claro que nobreza não pode ser transmitida geneticamente, como diríamos hoje. Nobreza de sangue é apenas uma carica-tura jurídica da verdadeira nobreza, a repetição mecâni-ca e um reconhecimento tardio do valor de um ser nobre que viveu no passado.

Então, o que é? Penso que para ele são aquelas pes-soas que têm o sentido da história e da tradição. São aqueles que carregam o ônus das virtudes consagradas no Ocidente. São aqueles que fazem da história – mais das vezes a de tradição oral – o seu presente, fundando nela suas ações. Seu viver expressa essa atualidade do antigo. Fazem o dia a dia contemplando os milênios pre-decessores. Gente assim tinha ficado escassa no seu tempo, como escassa está atualmente. Os egrégios su-miram precisamente porque não há mais um passado vivo, mas a crença no presente eterno, que se perpetua […]

O império do Homem-massa

O homem-massa de Ortega é o oposto do ser egrégio como antes definido. É homogêneo, desprovido de pas-sado.É o senhorito satisfeito. E reside aqui nessa cons-tatação sua reprovação mais desabonadora: um ser sem passado é um ser sem história, recriado como que vindo do nada a cada geração. Junte-se a isso a confi-ança de quem domina as técnicas, capazes de grandes maravilhas, e aí teremos o personagem mais arrogante de todos os tempos.

O mundo que se apresenta a partir da segunda metade do século XIX é o das multidões, apinhadas nas gran-des cidades. O impacto dessas aglomerações não pode ser minimizado. O ser individual perde a identidade, tor-na-se uma manada indiferenciada, uma gota perdida em um oceano de gentes. Em oposição, agiganta-se o gran-de organizador dessas massas, o Estado, cujo papel muda radicalmente desde então, como veremos a se-guir. Ortega estava preocupado com a Espanha e a Europa, mas acabou por se tornar um profeta dos graves proble-mas do nosso tempo […]

O que é o Estado?

Podemos olhar o Estado de muitos ângulos e o que me-nos nos interessa aqui é vê-lo pela ótica jurídica.Alguém já disse que o Estado é uma ficção. Mas ficção não ma-

ta, mas a loucura, sim. O Estado é uma realidade ou uma ferramenta, como definiu Ortega y Gasset. Essa ferramenta é muito importante e sempre foi perigosa, porque o Estado é, antes de tudo, violência concentra-da, capacidade de matar, de tributar, de prender, de sujeitar os indivíduos.

O Estado, quando conduzido por gente moralmente infe-rior, torna-se o grande algoz da humanidade. É isso que temos visto desde então. A própria guerra, cuja natureza nobre sempre foi cultuada pelo melhores, nos tempos hodiernos muda de caráter, passando de instrumento para a recuperação do equilíbrio político e da afirmação da segurança coletiva para a ação de destruição pura e simples de comunidades diferentes. O homem-massa anseia pela homogeneidade. A guerra passou a matar à escala industrial apenas para satisfazer ideologias ce-gas, motivadas pela falsa capacidade que teria de aper-feiçoar a humanidade.A busca da igualdade irracional motiva muitos dos morticínios contemporâneos.

O Estado, enquanto ferramenta, nos tempos antigos permitiu ao homem criar uma ordem e, a partir dela, dei-xar frutificar os seus engenhos, a própria liberdade ela mesma. Sem o Estado não haveria como construir um espaço de liberdade, em que o homem em geral pudes-se construir seu próprio destino. Ao contrário do que pensam aqueles de tendências anarquistas, a alternati-va ao Estado não é haver mais liberdade, mas sim, o seu oposto, o caos, que é a escravidão da alma. Impor-ta, pois, não substituir uma ilusão por outra, ou seja, o Estado gigante (ou Total, como costumo chamar), pela sua ausência, mas sim, domesticá-lo e trazê-lo para proporções humanas. Fazer novamente o criador dispor de sua criatura.

O Estado só pode ser benigno quando conduzido pela elite egrégia, que carrega a tradição e sabe da missão e das limitações do ente estatal. A elite sabedora de que o Estado precisa, necessariamente, ser “mínimo”, como defenderam os liberais clássicos. A maior das mentiras da modernidade foi recriar o antigo mito sofista da igual-dade, sobrepondo-se à necessidade mais terrivelmente ameaçada de todos os tempos, a liberdade. O homem-massa, quando alçado ao poder – e até mesmo para ser alçado ao poder – quer tornar o Estado o instrumento para a implantação da igualdade. Esse terrível engano está na raiz dos monstruosos crimes cometidos pelos coletivistas de todos os calibres.

O resultado dessa visão errônea é a estatização pro-gressiva e inexorável da vida cotidiana. Tudo passou a depender do ente estatal. A moeda é do Estado, os re-gulamentos se multiplicam, a vida espontânea tende ao desaparecimento. Os homens são “coisificados”, trata-dos com seres incapazes de uma vida adulta e respon-sável. É o Estado-mamãe, que tudo provê, mas que não permite o menor desvio de seus regulamentos. Afinal, as leis são inexoráveis e quando se legisla sobre a ba-nalidade da vida torna-se a própria vida uma pri-são infame.

POR: Loryel Rocha Email: [email protected] Site: http://brasilan.com.br/site/

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Os artigos publicados são responsabilidade de seus autores, não refletindo necessariamente a opinião da Gazeta Valeparaibana

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Fevereiro 2016 Gazeta Valeparaibana Página 11

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Constituição de 1891 - resumo, carac-terísticas, voto, governo

Características da Constituição de 1891, resumo, voto, sistema e forma de governo, direitos, contexto histórico, história Introdução e contexto histórico A Constituição de 1891 foi a primeira da História do Brasil após a Proclamação da República. Sua elaboração começou em novembro de 1890, com a instalação da Constituinte na cidade do Rio de Janeiro. Ela foi promulgada em 24 de fevereiro de 1891. A primeira constituição republicana teve co-mo função principal estabelecer no país os princípios do regime republicano, seguindo o sistema de governo presidencialista. Com algumas características liberais, apresentou grandes avanços se comparada com a Constituição do Brasil Império de 1824. Principais características da Constitui-ção de 1891 - Implantação da república federativa, com governo central de vinte estados membros.

- Estabelecimento de uma relativa e limita-da autonomia para os estados.

- Grande parte do poder concentrado no governo federal (poder executivo).

- Divisão dos poderes em três: executivo (presidente da república, governadores, prefeitos), legislativo (deputados federais e estaduais, senadores e vereadores) e judi-ciário (juízes, promotores, etc).

- Estabelecimento do voto universal mas-culino. Ou seja, somente os homens pode-riam votar. Além das mulheres, não podiam votar: menores de 21 anos, mendigos, pa-dres, soldados e analfabetos.

Direitos dos cidadãos e educação

No tocante aos direitos dos cidadãos, a Constituição determinava que:

- Todos eram iguais perante a lei.

- Ninguém poderia ser obrigado a fazer ou deixar de fazer algo, senão em virtude da lei.

- Liberdade de culto religioso.

- Estabelecimento do ensino leigo em esta-belecimentos públicos.

- Extinção de privilégios relacionados ao nascimento ou títulos de nobreza adquiri-dos na época da monarquia.

- Liberdade de reunião e associação, po-rém sem uso de armas.

- Garantia de liberdade de imprensa e ex-pressão de opiniões. Não estabelece cen-sura, porém cada pessoa fica responsável por abusos cometidos.

- Liberdade de exercício de qualquer profis-são industrial, moral e intelectual.

- Liberdade para entrar e sair do país com seus bens, exceto em tempos de guerras.

Da redação

“A mentira é tanto mais saborosa, quanto mais

verdadeira se afigura”

* * * “O dinheiro cala a verdade e compra a mentira”.

* * *

“Tempo de guerra, mentira por mar e por terra”.

* * * “Nada enfurece tanto o homem como a verda-

de”.

* * * “A mentira é o tempero da verdade”

* * *

“Atrás da mentira, mentira vem”

* * * “A verdade, só a diz um homem forte ou um tolo”

* * *

“A verdade amarga, a mentira é doce “

* * * “A verdade é manca, mas chega sempre a

tempo”

* * * “A mentira corre mais que a verdade”

* * *

“A mentira é como uma bola de neve; quanto mais rola, mais engrossa”

* * *

“Mente bem quem de longe vem”

* * * “A mentira não tem pés, mas anda veloz”

* * *

“A mentira dá flores, mas não frutos”

* * * “A fruta e a mentira, quanto maior, melhor”

* * *

“Quem fala a verdade não merece castigo”

* * * “Ao mentiroso convém ter boa memória”

* * *

“Só dura a mentira enquanto a verdade não chega”

24 - Promulgação da 1ª Constituição Republicana (1891)

Construção da nação brasileira No momento da chegada da corte portuguesa, em 1808, não existia unidade no Brasil. Em outras pala-vras, a população não possuía um

sentimento de nacionalidade e de patriotis-mo; e não existia unidade nem em relação às questões territoriais.

No território colonial brasileiro existiam vá-rios núcleos coloniais sem unidade política e econômica. Alguns desses núcleos se comunicavam diretamente com a metrópole em Lisboa, sem qualquer comunicação fei-ta com a sede da colônia no Rio de Janeiro.

Com a independência do Brasil, começou a surgir um tímido sentimento de nacionalida-de, a partir da unificação do território. É bom ressaltar que o sentimento de pátria e o sentimento de pertença (como o da iden-tidade nacional) ainda não existiam. Após a constituição do império, o sentimento de

nacionalidade ainda era bastante insípido.

Podemos comprovar essa afirmação com as revoltas que aconteceram principalmen-te no período regencial (1831-1840): a Sa-binada, a Cabanagem e a Farroupilha, em que prevaleceram sentimentos locais. Os revoltosos não tinham suas reivindicações voltadas para o âmbito nacional, mas, sim, para as próprias províncias, ou seja, para os interesses locais. Além disso, algumas dessas revoltas tinham um caráter separa-tista, como a revolução Farroupilha no Rio Grande do Sul, a qual reivindicava a sepa-ração do império e a criação de uma repú-blica no sul do Brasil.

A situação começou a mudar com o surgi-mento dos sentimentos de patriotismo e ci-vismo, a partir de conflitos externos, contra inimigos estrangeiros. O marco se consoli-dou com a Guerra do Paraguai (1864-1870). A partir da vitória brasileira, começa-ram a surgir símbolos que marcariam o sentimento de nacionalidade, como a ban-deira e o hino nacional.

Da redação

Page 12: 099 - Fevereiro

Fevereiro 2016 Gazeta Valeparaibana Página 12

21 - Dia da Conquista do Monte Castelo A CONQUISTA DE MONTE CASTELO

PELA FEB

Reproduzimos, a seguir, o texto publicado pe-lo Noticiário do Exército - Ano LII Nº 10.552, de 21 de fevereiro de 2009.

Longos foram os anos de convívio pacífico com as demais nações até o momento em que o soldado brasileiro entrou em cena em defesa dos valores morais e éticos da huma-nidade. O mundo em crise defrontava-se com perdas democráticas que poderiam mudar o rumo da História. A posição de neutralidade não era mais sustentável, pois o perigo ronda-va ameaçador. Nesse capítulo da história uni-versal, o Brasil entra em combate e, com ele, os nossos heróis.

A Força Expedicionária Brasileira (FEB) levou o Brasil ao teatro de operações na Itália. O primeiro contingente brasileiro embarcou em 30 de junho de 1944 rumo às terras européi-as.

Ao longo dos meses seguintes, outros quatro escalões seguiram para aquele cenário de batalha internacional. Em solo italiano, o E-xército Brasileiro preparava-se para um dos feitos mais gloriosos da FEB em sua vitoriosa campanha na 2a Guerra Mundial, qual seja, a tomada de Monte Castelo.

A região, dominada pelos alemães, represen-tava posição estratégica, já que impedia o 4º Corpo de Exército de prosseguir a marcha até

Bolonha, objetivo maior do comando das For-ças Aliadas na Itália.

Em 24 de novembro de 1944, iniciou-se a pri-meira ofensiva. Depois de se apoderarem do Monte Belvedere, ao lado do Castelo, os nos-sos combatentes sofreram uma violenta con-tra-ofensiva alemã que os obrigou a abando-nar as posições já conquistadas. No dia 29 do mesmo mês, os Aliados partiram para a se-gunda ofensiva a Monte Castelo, igualmente barrada pelos regimentos de infantaria ale-mães. Já em dezembro, os expedicionários brasileiros efetivaram o terceiro assalto ao Monte, com duração inferior a cinco horas, e o resultado, mais uma vez, foi frustrante. Mes-mo nessas circunstâncias, as vanguardas da

FEB conseguiram chegar além da metade do caminho programado.

Observa-se que foram inúmeras as dificulda-des enfrentadas pela nossa tropa e o clima de tensão e ansiedade já assolava os nossos pracinhas. As tentativas de conquista anterio-res, deflagradas por tropas americanas e bra-sileiras, não foram bem-sucedidas. O inimigo era implacável e experiente, dotado de excep-cional capacidade de combate e desdobrado em uma posição defensiva dominante. As condições meteorológicas rigorosas do inver-no europeu, as minas terrestres, lançadas nas vias de acesso, e as diversas casamatas bem localizadas e camufladas aumentavam a difi-culdade da operação. Iniciou-se a segunda quinzena de fevereiro. A defesa inimiga era primorosa e o ataque frontal poderia repre-sentar o extermínio de nossa Força. Com fé

robustecida e o destemor comuns ao soldado brasileiro, a 1ª Divisão de Infantaria Expedi-cionária cruzou a linha de partida e seguiu, resoluta, na direção do objetivo.

Depois de uma jornada de árduos combates, as forças brasileiras, estimuladas pelos senti-mentos de honra e de dignidade, silenciaram a defesa contendora. Ao cair da tarde no Monte Castelo, a Bandeira Brasileira tremula-va. Esse feito heróico representava o resgate

da dívida de sangue dos ataques fracassados que ceifaram tantas vidas.

A conquista do Monte serviu de estímulo para o prosseguimento das operações da FEB até a rendição incondicional de duas divisões ad-versárias. Foram quase oito meses de com-bate em solo italiano e, no curso desse tem-po, cerca de meia centena de vilas e cidades haviam sido libertadas. Monte Castelo figura, nesse cenário, como símbolo maior de bravu-

ra, de amor à Pátria, de fé inquebrantável, de destemor e de capacidade de superação do incansável soldado brasileiro.

Fonte: darozhistoriamilitar.blogspot.com.br/

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Grande parte da nossa sociedade letrada conhece o que o escritor proclamou, à época, à respeito deste

país soberano, rico e dadivoso.

Só nos falta um mecanismo psicológico que transforme a bandalheira política, em SERIEDADE política. No mercado da Seriedade e do Ide-alismo Pátrio estão faltando estes produtos.

Dizem os fofoqueiros que a Empresa que fabricava Seriedade e Idea-lismo, faliu por falta de clientes.

O controle social se dá pelo medo e pela subjetividade por ela provo-cada no cidadão. Mídias e religiões não são meras instituições.

Filipe de Sousa

Prestem atenção...

Não vivemos pela quantidade imediata dos acertos, mas pela capaci-dade de entendermos aonde estamos errando, transformando as fa-lhas em ajustes consistentes, feitos no tempo adequado para a ma-nutenção das direções, métodos e pessoas.

Para refletir

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Fevereiro 2016 Gazeta Valeparaibana Página 13

Culturas e tradições brasileiras

Cultura e tradições

O Brasil fascina por sua miscigenação. As raízes indígenas, europeias, asiáticas e africanas entre tantas outras se refletem não só na cultura como nos costumes do brasileiro.

A culinária, a música, o artesanato, a arquitetura e festas populares trazem consigo impressa essa identidade multicultural. Não à toa, o país conta com 17 bens culturais e naturais tombados pelo Patrimônio Mundial da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) e uma das maravilhas do mundo con-temporâneo, o Cristo Redentor.

A imigração no Brasil foi de extrema importância para a formação da cultura nacional. Característi-cas de todos os lugares do mundo foram incorpo-radas ao longo dos séculos, desde a chegada dos portugueses, em 1500. Além das contribuições de índios, negros e portugueses, a expressiva vinda de imigrantes de todas as partes da Europa, do Oriente Médio e da Ásia influenciou a formação do povo brasileiro.

Vale lembrar que, apesar de sua extensão territo-rial, fala-se o mesmo idioma em todas as regiões brasileiras. O português é a quinta língua mais falada, e a terceira entre as ocidentais, após o in-glês e o espanhol. A Constituição Brasileira asse-gura o pleno exercício dos direitos culturais e defi-ne que o estado deve apoiar, incentivar e valorizar suas manifestações, além de proteger as culturas indígenas, afro-brasileiras e de outros grupos par-ticipantes do processo civilizatório nacional.

Gastronomia Essa combinação de povos resultou em hábitos alimentares completamente distintos. Um fato inte-ressante sobre a gastronomia brasileira é que um nome de comida por ser utilizado para identificar pratos diferentes. É o caso do cuscuz que de São Paulo ao Rio Grande do Sul é uma receita a base de ovos, ervilhas, sardinha e farinha de fubá, que quando pronto tem cor laranja. Mas do Rio de Ja-neiro a região Nordeste indica um doce de cor branca.

Dentre os pratos típicos brasileiros destacam-se a feijoada, acarajé, vatapá, churrasco, tutu de feijão, pão de queijo, carne de sol, camarão na moranga, arroz e feijão, peixe na folha de bananeira, cuz-cuz, polenta, pirão, farofas, empada, pato no tucu-pi, casquinha de siri, moqueca, baião de dois, ra-bada, sarapatel, sarapatel, caruru, leitoa a pururu-ca, feijão tropeiro, virado à paulista, cural, picadi-nho, barreado, arroz carreteiro, porco no rolete, pinhão, paçoca, brigadeiro, bolo de milho, cocada, pamonha, tapioca, açaí, arroz doce e pé-de-moleque.

Artes Nas artes o país também não deixa de ser plural. As artes cênicas envolvem algumas das expres-

sões artísticas mais populares do país: o teatro, o circo e a dança. Os primeiros contatos do Brasil com o teatro aconteceram no século XVI, com o padre José de Anchieta, que utilizou a arte para catequizar os índios. Nos séculos seguintes, se diversificou com a introdução de peças trazidas da Espanha e Portugal e a construção de grandes teatros, até os dias atuais com grandes superpro-duções internacionais que desembarcam aqui a todo o momento.

A dança brasileira tem origens diversas e recebe influências de outros países, principalmente africa-nas, mouriscas, européias e indígenas. São dife-rentes em cada região do país e entre as mais co-nhecidas estão: o samba, o maxixe, o xaxado, o baião, o frevo e a gafieira. Existem ainda as dan-ças folclóricas e tradicionais como forró, axé entre outras.

São consideradas artes visuais pintura, desenho, gravura, fotografia e cinema, além da escultura, instalação, arquitetura, moda, decoração e paisa-gismo. Muitas delas estão impressas no artesana-to brasileiro que, em cada região possui uma ca-racterística típica. Nas regiões Sul e Sudeste, so-bretudos nos Estados de Santa Catarina e Minas Gerais, produtos feitos com folha de bananeira, assim como panelas, potes, moringas e jarras em cerâmicas são destaque. Minas Gerais também se destaca pelos tapetes e colchas feitos em tear manual, peças produzidas em estanho e pedras decorativas talhadas dos mais diversos tipos de minério.

Na região Centro-Oeste, o foco também está no bordado e nas atividades relacionadas à madeira, barro, tapeçaria e trabalhos com frutas e semen-tes. Animais de porcelana e moringas de barro são muito comuns em Goiás e no Mato Grosso. Além do artesanato relacionado ao barro e à ma-deira, o Nordeste se destaca pela famosa renda de bilro, no Ceará. Todas as técnicas de produção em fibras de algodão são herança da colonização portuguesa e são conservadas até hoje. Cabe mencionar a participação relevante dos trançados de palha, cestarias feitas com trançados de carna-úba, bambu e cipó.

Assim como nas outras regiões, o bordado tam-bém é muito popular na região Norte. Mas a influ-ência indígena faz da cerâmica uma das produ-ções mais presentes na região. Existem duas ver-tentes de inspiração para os artesãos: a marajoa-ra e a tapajônica, que são estilos genuinamente indígenas, com técnicas e formas milenares. Jóias feitas de sementes e metais preciosos também são típicas do Amazonas. As atividades relaciona-das à madeira e metal também são comuns.

Nas artes plásticas destaca-se a Semana de 22, realizada por artistas modernistas como Anita Mal-fatti e Tarsila do Amaral. Após esse período pode-se citar Di Cavalcante e Portinari, e, mais recente-mente, Romero Britto, entre os artistas de expres-sividade internacional.

Literatura A literatura brasileira foi marcada por estilos e ten-dências, que refletiam a realidade do país em dife-rentes épocas. Desde Machado de Assis a Paulo Coelho, passando por Clarice Lispector e Jorge Amado, o Brasil sempre teve espetaculares escri-tores dos mais diversos estilos. Suas obras foram traduzidas para diversos idiomas e Paulo Coelho, por exemplo, está hoje entre os mais populares do mundo, com mais de 100 milhões de livros vendi-dos em todo o planeta. A literatura se dividiu em períodos importantes como: Quinhentismo (século XVI), Barroco, Arcadismo, Realismo, Naturalismo,

Parnasianismo, Simbolismo, Pré-modernismo, e Modernismo, até os dias atuais, em que não há movimentos claramente identificados ou autode-nominados. É como se cada autor estivesse tri-lhando o seu caminho.

Música No Brasil, a música é uma das mais importantes manifestações da arte e da cultura nacional, res-peitada também internacionalmente. Merece des-taque, pois vai além do mundialmente famoso Carnaval. Com a distribuição dos imigrantes por todo o território cada região do País desenvolveu um ritmo próprio. O Rio de Janeiro é conhecido pela bossa-nova de Tom Jobim e Vinicius de Mo-raes e sambas de Noel Rosa. Pernambuco desta-ca-se pelo frevo e maracatu. A Bahia pelo ritmo chamado de Axé Music. O Sul do País, especifi-camente o Rio Grande do Sul é reconhecido pelas canções gaúchas, tocadas com violão e sanfona, instrumento também utilizado na Região Nordeste, pelos interpretes do forró, maxixe e baião, popula-rizados Luis Gonzaga.

Carlos Gomes, Heitor Villa Lobos, Chiquinha Gon-zaga, Joaquim Calado, Carmem Miranda, Noel Rosa e Ary Barroso são apenas alguns dos incon-táveis nomes e estilos que fazem parte da história da música brasileira. Os ritmos se renovam, sur-gem novas tendências, mas sempre com a criativi-dade musical característica do país.

Conheça alguns estilos musicais: Samba

De origem afro-baiana, o ritmo descende do lundu era usado nas festas dos terreiros entre umbiga-das e pernadas de capoeira. No início do século XX, foi adotado por compositores como Ernesto Nazareth, Noel Rosa, Cartola e Donga, que o reti-raram da obscuridade e o legitimaram na cultura oficial.

Bossa Nova

Movimento urbano, originado no fim dos anos 50. De início era apenas uma forma diferente de can-tar o samba, mas logo incorporou elementos do Jazz com um contorno baseado na voz e no piano ou violão. Entre os maiores nomes estão Nara Le-ão, Carlos Lyra, João Gilberto, Vinicius de Moraes e Tom Jobim.

Choro

Gênero criado a partir da mistura de elementos das danças de salão européias e da música popu-lar portuguesa, com influências africanas. Chiqui-nha Gonzaga foi a primeira pianista do gênero e, em 1897, escreveu Corta-Jaca, uma das maiores contribuições ao repertório do choro. Pixinguinha, Ernesto Nazareth e Waldir Azevedo foram outros grandes nomes do choro no Brasil.

Tropicalismo

O tropicalismo une elementos da cultura pop e da cultura de elite, além de fazer uso muitas vezes de um discurso politicamente engajado e de protesto contra a ditadura militar. Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Maria Bethânia, Os Mutantes são alguns de seus representantes musicais.

Jovem Guarda

Movimento que se ligava basicamente ao rock a-mericano e inglês, mas de uma forma mais ro-mântica. Seus maiores representantes são Rober-to Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa.

Fonte: Governo Federal do Brasil.

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Fevereiro 2016 Gazeta Valeparaibana Página 14

27 - Dia Nacional do Livro Didático

LIVRO DIDÁTICO

Além de ser um impor-tante suporte para o professor, o livro didáti-co também é uma fonte de conhecimento para os alunos, para alguns é o único livro a que têm acesso ao longo da sua escolaridade.

É o material que lhe permite descobrir como estudiosos e cientistas

explicam os fenômenos da natureza, da física, da matemática e do corpo humano; da vida social e cultural e da história dos homens e de nosso país. Com eles, podem aprender a calcular. A ler e a dominar sua língua e outros idiomas; a descobrir a literatura e diferentes olha-res sobre a realidade humana. Mas é preciso que os alunos também aprendam utilizando outros tipos de livros e suportes como enciclopé-dias, literários, jornal, revistas etc.

Por meio do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), criado em 1985 pelo Ministério da Educação (MEC), o Livro Didático já se tornou questão de política pública e é distribuído gratuitamente a todos os estudantes do ensino básico de toda a rede pública de ensino do pa-ís. Trata-se de uma conquista reconhecida nacional e internacional-mente.

Em 27 de fevereiro, comemoramos o Dia Nacional do Livro Didático, este material é uma importante fonte de conhecimento tanto para quem ensina quanto para quem aprende.

Inspirados por esta data comemorativa, incentivamos que você realize ações sobre o tema junto da sua escola parceira.

O livro didático, permite ao alunos descobrirem como estudiosos e cientistas explicam os fenômenos da natureza, da física, da matemáti-ca e do corpo humano; da vida social e cultural e da história dos ho-mens e de nosso país. Com eles, podem aprender a calcular. A ler e a dominar sua língua e outros idiomas; a descobrir a literatura e dife-rentes olhares sobre a realidade humana. Mas é preciso que os alu-nos também aprendam utilizando outros tipos de livros e suportes co-mo literatura, jornal, revistas etc.

Por meio do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), criado em 1985 pelo Ministério da Educação (MEC), o Livro Didático já se tornou questão de política pública e é distribuído gratuitamente a todos os estudantes do ensino básico de toda a rede pública de ensino do pa-ís. Trata-se de uma conquista reconhecida nacional e internacional-mente.

Veja como realizar ações para incentivar o uso do Livro Didático:

Toalha literária

Oficina para produção de toalhas para as mesas do refeitório, confec-cionadas com textos dos livros didáticos antigos, recortados e plastifi-cados. Confira o passo a passo:

1.Apresentação da proposta ao diretor da escola, mobilização de e-quipes (funcionários, pais, alunos etc.) para a produção das toalhas, apoio à realização da oficina e participação;

2.Os participantes devem recortar as páginas dos livros antigos;

3.Para confeccionar basta colar e plastificar as páginas em formato de toalha de mesa;

4.Coloque nas mesas do refeitório à partir do Dia Nacional do Livro Didático.

Um pouco mais sobre o livro didático

Um pouco de história “... o livro didático surgiu já na Grécia Antiga - Platão aconselhava o uso de livros de leitura que apresentassem uma seleção do que havia de melhor na cultura grega; a partir daí, o livro didático persistiu ao longo dos séculos, sempre presente em todas as sociedades e em todas as situações formais de ensino. Um exemplo: "Os Elementos de Geometria", de Euclides, escrito em 300 a.C., cir-culou desde então e por mais de vinte séculos como manual escolar; outros exemplos são os livros religiosos, abecedários, gramáticas, li-vros de leitura que povoaram as escolas por meio dos séculos.

Ao longo da história, o ensino sempre se vinculou indissociavelmente a um livro "escolar", fosse ele livro "utilizado" para ensinar e aprender, fosse livro propositadamente "feito" para ensinar e aprender. Profes-sores e alunos, avaliadores e críticos que, hoje, manipulam tão tran-quilamente os livros didáticos nem sempre se dão conta de que eles são o resultado de uma longa história, na verdade, da longa história da escola e do ensino”. Magda Soares, doutora em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que estuda há anos a importância do livro didático no dia-a-dia do magistério. Programa Na-cional do Livro Didático (PNLD).

O Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) tem como principal objetivo subsidiar o trabalho pedagógico dos professores por meio da distribuição de coleções de livros didáticos aos alunos da educação básica (Ensino Fundamental, anos iniciais e finais, e Médio). O PNLD também atende aos alunos que são público-alvo da educação especi-al. São distribuídas obras didáticas em Braille de língua portuguesa, matemática, ciências, história, geografia e dicionários. Após a avalia-ção das obras, o MEC publica o Guia de Livros Didáticos com rese-nhas das coleções consideradas aprovadas. O guia é encaminhado às escolas, que escolhem, entre os títulos disponíveis, aqueles que melhor atendem ao seu projeto político pedagógico.

A escolha e a distribuição são realizadas de três em três anos para cada segmento. Assim, a cada ano o MEC adquire e distribui livros para todos os alunos de um segmento. À exceção dos livros consumí-veis (dos alunos do 1º ano do Ensino Fundamental, onde podem es-crever e rabiscar), os livros distribuídos deverão ser conservados e devolvidos para utilização por outros alunos nos anos subsequentes. Ao final de três anos os livros são devolvidos ou passam a ter a guar-da definitiva pelos alunos.

Quando devolvidos à escola eles se acumulam e não são mais utiliza-dos, pois novas edições escolhidas são distribuídas, além disso, a Es-cola armazena as coleções doadas pelas editoras para o processo de escolha.

Da redação

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Fevereiro 2016 Gazeta Valeparaibana Página 15

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EUROPA hoje e ontem (artigo continuado)

Por: Michael Löwy Sociólogo, é nascido no Brasil, formado em Ciências Sociais na Universidade de São Paulo, e vive em Paris desde 1969. Diretor emérito de pesquisas do Centre National de la Recherche Scientifique

(CNRS). Homenageado, em 1994, com a medalha de prata do CNRS em Ciências

Sociais, é autor de Walter Benjamin: aviso de incêndio (2005), Lucien Goldmann ou a dialética da totalidade (2009), A teoria da

revolução no jovem Marx (2012) e organizador de Revoluções (2009) e Capitalismo como religião (2013), de

Walter Benjamin

Capitalismo e democracia na Europa

PARTE II

Mas as atuais instituições da oligarquia europeia têm pouca tolerância à democracia. Imediatamente puniram o povo grego por sua tentativa insolente de recusar a austeridade. A “catastroika” está de volta à Grécia com uma vingança, impondo um programa brutal de medidas economicamente recessivas, socialmente injustas e humanamente insustentáveis.

O referendo grego não tinha apenas a ver com questões fundamentais econômicas e sociais, foi também e acima de tudo sobre democracia. Os 61,3% de gregos que disseram não são uma tentativa de desafiar o veto real das finanças. Esse poderia ter sido o primeiro passo em direção à transformação da Europa, de monarquia capitalista a república democrática. Mas as atuais instituições da oligarquia europeia têm pouca tolerância à democracia. Imediatamente puniram o povo grego por sua tentativa insolente de recusar a austeridade. A “catastroika” está de volta à Grécia com uma vingança, impondo um programa brutal de medidas economicamente recessivas, socialmente injustas e humanamente insustentáveis.

A direita alemã fabricou este monstro, e forçou ao povo grego com a cumplicidade de falsos “amigos” da Grécia (entre outros, o presidente francês, François Hollande, e o primeiro-ministro da Itália Matteo Renzi).

Enquanto a crise agrava-se, e o ultraje público cresce, existe uma crescente tentação, por parte de muitos governos, de distrair a atenção pública para um bode expiatório: os imigrantes. Deste modo, estrangeiros sem documentos, imigrantes de países não-europeus, muçulmanos e ciganos estão sendo apresentados como a principal ameaça aos países. Isso abre, é claro, enormes oportunidades para partidos racistas,

xenófobos, semi ou completamente fascistas, que estão crescendo, e já são, em muitos países, parte do governo — uma ameaça muito séria à democracia europeia.

A única esperança é a crescente aspiração por uma outra Europa, que vá além das políticas de competição selvagem e austeridade brutal, e das dívidas eternas a serem pagas. Outra Europa é possível — um continente democrático, ecológico e social. Mas não será alcançado sem uma luta comum das populações europeias, que ultrapasse as barreiras étnicas e os limites estreitos do Estado-nação. Em outras palavras, nossa esperança para o futuro é a indignação popular, e os movimentos sociais, que estão em ascensão, particularmente entre os jovens e mulheres, em muitos países. Para os movimentos sociais, está ficando cada vez mais óbvio que a luta pela democracia é contra o neoliberalismo e, em última análise, contra o próprio capitalismo, um sistema antidemocrático por natureza, como Max Weber já apontou, cem anos atrás.

A crise econômica e a revolta social e política na Grécia expressam a falência da união capitalista da Europa no seu elo circunstancialmente mais fraco, e a profundidade da crise capitalista mundial. As formas da revolta grega, o rotundo (61,3 %) não à “troïka” (UE, BCE, FMI) no referendum de 5 de julho de 2015, e suas consequências políticas, afundam suas raízes na história contemporânea da Grécia, e possuem uma projeção não só europeia, mas mundial. As belles âmes que propõem como solução para a “tragédia grega” um substancial desconto na sua impagável dívida, como também o faz o FMI, em nome do débito que o mundo contraiu historicamente com a filosofia e a ciência experimental da Grécia Antiga, suposta “mãe do Ocidente”, na melhor das hipóteses, e ainda na melhor das intenções, não sabem do que estão falando.

Guerras Mundiais

No século XIX, a rebelião grega pela independência do país iniciou a contagem regressiva do Império Otomano, e foi o sinal anunciador de um processo revolucionário de alcance europeu, concretizado nas revoluções de 1848. Uma onda revolucionária abalou Europa na década de 1820, repetida em 1830. Os países mais afetados foram os do sul da Europa, Espanha, Nápoles e Grécia (foi, por isso, chamado de “ciclo revolucionário mediterrâneo”). Na Grécia, em 1821, teve início o movimento pela independência do Império Otomano, obtida e proclamada em 1822, depois de violenta luta que custou, entre outras, a vida de Lorde Byron, poeta romântico e representante parlamentar inglês

(democratas de toda Europa se apresentaram como voluntários para combater pela independência grega). A grega foi a única (a última) das revoluções nacionais e democráticas do século XIX que contou com o apoio das potências europeias.

No século XX, a Grécia esteve dentro do centro nevrálgico dos dois conflitos bélicos mundiais. Entre 1912 e 1913, a “primeira guerra balcânica” foi travada entre a nascente Liga Balcânica e o fragmentado Império Otomano. O Tratado de Londres, resultante dessa guerra, encolheu o Império Otomano, com a criação do Estado independente albanês, e ampliou territorialmente a Bulgária, a Sérvia, o Montenegro e a Grécia. Quando a Bulgária atacou a Sérvia e a Grécia, em junho de 1913, aquela acabou perdendo a maior parte da Macedônia para os países atacados, e Dobruja do Sul para a Romênia, na “segunda guerra balcânica”, desestabilizando ainda mais a região. A década de 1910 viu agravar-se a situação internacional, o que concluiu na conflagração mundial deflagrada em agosto de 1914, a partir dos domínios balcânicos do Império Austro-Húngaro. Durante as guerras balcânicas (1912-1913) Grécia incorporou os territórios do Épiro, da Macedônia e as ilhas do Mar Egeu; consolidada sua posição geopolítica, na Primeira Guerra Mundial a Grécia se manteve neutra.

Deflagrada a carnificina internacional em finais de 1914, com a colaboração cúmplice da Internacional Socialista, que votou favoravelmente aos créditos de guerra solicitados pelos governos beligerantes nos principais países europeus, foi a partir dos Bálcãs que se esboçou uma reação internacionalista contra a guerra imperialista quando, em julho de 1915, “em Bucareste se realizou a conferência (convocada por Christ ian Rakovsky) dos part idos socialdemocratas da Sérvia, da Romênia, da Grécia e do partido dos tesnjaki [estreitos] búlgaros. Rakovsky liderou a conferência, fazendo votar um manifesto contra a guerra, uma posição de princípios contra ‘a colaboração de classe, o social-patriotismo, o social-imperialismo e o oportunismo’, conseguiu que a conferência enviasse a expressão de seu apoio a Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht, e aos socialistas dos países beligerantes que se mantiveram leais à Internacional. A constituição dessa Federação dos Bálcãs foi uma maneira espetacular de ‘restabelecer a Internacional’, na expressão de Rakovsky”.

CONTINUA NA PRÓXIMA EDIÇÃO

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Fevereiro 2016

Edição nº. 99 Ano VIII

Sustentabilidade Social e Ambiental - Educação - Reflorestamento - Desenvolvimento Sustentável - Cidadania

POVO PORTUGUÊS ELEGE PRESIDENTE DA RÉPUBLICA

“ Às DIREITAs PORLINHAsTORTAs “

«Agradeço a confiança que o povo de Portugal depositou em

mim ao votar para me eleger Presidente da República. O po-

vo é quem mais ordena, e desta vez o povo ordenou e acredi-

tou na abertura de um ciclo de renovação da esperança e de

proximidade. Ciclo esse que é da maior importância, ao pre-

pararmos o país para a saída da crise», sublinhou.

No passado dia 24 de Janeiro o povo portu-guês foi às urnas votar para a eleição do Pre-sidente da República, foi o terminar de uma campanha eleitoral um pouco rocambolesca, com lágrimas, aplausos, dúvidas e até com peixeirada. Ora vejamos, em determinada al-tura em pleno debate televisivo o candidato Cândido Ferreira alegando que tem a licencia-tura em Medicina e até trata por “ tu “ o Pri-meiro Ministro António Costa, acusa o seu ad-versário Sampaio da Nóvoa que não possui nenhuma licenciatura, sendo este, professor catedrático, de imediato, Sampaio ofereceu uma pasta arquivo com todas as licenciaturas e doutoramentos adquiridos no estrangeiro, o Cândido Ferreira esqueceu que bem a seu lado estava também o candidato Vitorino Silva de profissão calceteiro, mais conhecido por Tino de Rans com uma cultura geral primária e na sua dicção medíocre logo respondeu que também trata por “ tu “ a Marisa Matias.

Esta campanha eleitoral composta por dez candidatos percorreram o país de lés a lés visitando lares de terceira idade, feiras, cafés e pastelarias, comendo aqui e acolá por vezes alguns nacos de chouriço e presunto acompa-nhados com um copo de vinho da região e por fim em algumas salas utilizaram alguma peda-gogia política palestrando não mais do que demagogias as quais o povo português sabe de cor e salteado.

Mas enfim, esta campanha foi realizada com

candidatos ditos independentes dos partidos políticos, não é mais do que uma mentira polí-tica, e vejamos, o Marcelo Rebelo de Sousa é um elemento importante no PSD, Maria de Belém é um elemento importante no PS, Mari-sa Matias é um elemento importante no Bloco de Esquerda, Sampaio da Nóvoa, Henrique Neto, Jorge Sequeira, Cândido Ferreira e Vi-torino Silva são supostamente militantes ou simpatizantes do PS, somente o Edgar Silva se apresentou como candidato do PC. A es-tratégia dos partidos políticos foi levarem a eleição á segunda volta e nessa altura forma-va-se um grupo de direita e outro de esquerda com os dois candidatos Marcelo Rebelo de Sousa e Sampaio da Nòvoa, os partidos que perderiam a eleição diriam que os candidatos seriam então independentes para que a res-pectiva derrota não constasse no historial par-tidário. Aconteceu porém, que o povo portu-guês está cansado de politiquices e demago-gias e a prova é que 50% não votaram o que significa que só o centro e direita cumpriram com o seu dever democrático elegendo para Presidente da República o Marcelo Rebelo de Sousa.

É muito provável que os historiadores do futu-ro descrevam as presidenciais de 2016 como as eleições mais apáticas dos portugueses. A candidata do Bloco de Esquerda ficou em 3º lugar e o espontâneo Tino de Rans aproximou-se significativamente dos votos conseguidos pelo candidato do PCP e por uma ex-ministra do PS.

REAÇÕES APÓS O ESCRUTINIO DO

RESULTADO ELEITORAL

Anibal Cavaco Silva - PSD( atual presidente)

Desejo os maiores sucessos no exercício de funções de grande exigência e fundamental importância para o futuro dos portugueses. ( palavras de um presidente que nada fez)

Marcelo Rebelo de Sousa – PSD (eleito pre-sidente da República )

Não abdicarei de seguir o meu próprio estilo e de agir de acordo as minhas convicções, mas nunca jamais deixarei de reiterar o respeito que tenho pelo meu antecessor.

António Costa – PS (atual primeiro ministro) forte adversário do PSD

Ao presidente da República agora eleito quero reafirmar o compromisso de máxima lealdade e plena cooperação institucional, que tive a oportunidade de expressar aquando da toma-da de posse do atual governo, desde Outubro de 2015. (recordo que este governo foi eleito pela maioria parlamentar do PS,PC e Bloco de Esquerda, pelo facto de o PSD e CDS em-bora eleitos por sufrágio com a votação nas urnas não obtiveram os deputados suficientes na Assembleia da República)

Pedro Passos Coelho – presidente do PSD

O fato de o professor Rebelo de Sousa ter si-do eleito à primeira volta EMPRESTA-LHE uma autoridade política inequívoca (empresta-lhe mas não dá ??????? )

Vitorino Silva - o Tino de Rans

Pensei que ia à Liga Europa

(Este candidato a presidente da República jul-gava que seria um torneio de futebol e como tal não deixou de ficar em sexto lugar numa lista de dez candidatos)

Jerónimo de Sousa – PC

As vitórias não nos descansam e as derrotas não nos desanimam. Nada abala a nossa convicção ´, determinação e o projeto de que é possível viver melhor em Portugal. Se tives-se arranjado uma candidata bonita e bem fa-lante certamente teríamos mais votos.

TABELA ( classificativa )

Marcelo R. Sousa 51.99% Sampaio Da Nóvoa 22.9% Marisa Matias 10.13% Maria De Belém 4.24% Edgar Silva 3.95% Vitorino Silva 3.29% Paulo De Morais 2.15% Henrique Neto 0.84% Jorge Sequeira 0.30% Cândido Ferreira 0.23% Brancos 1.24% Nulos 0.93 % Abstenção 49.93 %

Por: Alberto Blanquet Ermezinde - PT

TEXTO mantido original do autor. Não observa o Acordo ortográfico

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