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    Alternativas EconômicasSustentáveis

    para Agricultura Familiar

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    ÍNDICE

    Apresent a çã o 07

    Diagnóstico Participativo:f er ra ment a de mobiliza çã o e orga niza çã o comunit á ria 09

    Ca rlinda semeia projet os e colhe sustent a bilida de 11

    In tercâ mbio – Troca de experiência s q ue f av orece a tod os 14

    Recupera çã o de pa st a gens – a lt er na t iva necessá ria 16

    Nova Gua rit a recupera seu fut uro 18

    Apicultura : uma doce possibilida de 20

    Em Vera o fogo sa i pa ra ent ra rem a s f lores 25

    Viveiros e sementes: o começo da recupera çã o f lorest a 27

    Clá udia – ma t a cilia r cult iv a da em v iveiro 32

    Sistemas Agroflorestais:

    produção de alimentos e restauração florestal 35

    Água Boa : entre o novo e o t ra diciona l na f lorest a 39

    Rede BR163+XinguAlternativas Econômicas Sustentáveis para Agricultura Familiar 

    Coordenador: Nilfo Wandscheer 

     Associados: Associação dos Parceleiros do Projeto de Assentamento Califórnia Associação dos Produtores rurais da Gleba Entre RiosCooperagrepa - Cooperativa de Produtores Ecológicos do Portal da AmazôniaEcoCachimbo - Instituto de Ecologia e Pesquiza do Complexo Serra do CachimboGapa - Grupo Agroflorestal e Proteção AmbientalInstituto Centro de VidaInstituto Ouro VerdeInstituto SocioambientalSindicato dos Trabalhadores Rurais de Lucas do Rio Verde

    Esta Rede faz parte da Campanha Y Ikatu Xinguwww.yikatuxingu.org.br 

    Ficha técnica Alternativas Econômicas Sustentáveis para Agricultura Familiar 

    Pesquisa e redação Adriana Gomes Nascimento

    Coordenação editorial Gisele Souza Neuls

    Projeto gráfico e Editoração eletrônicaElenor Cecon Júnior - EGM Editora

    Fotos As publicadas nas páginas 12, 14, 16, 18 e 19 foram cedidas pelo fotógrafo Rafael Castanheira. As demaisfotos utilizadas nessa publicação foram cedidas pelos associados da Rede BR163+Xingu.

     Apoio

    Subprograma de Projetos Demonstrativos do Ministério do Meio Ambiente

    EdiçãoSindicato dos Trabalhadores Rurais de Lucas do Rio VerdeRua Girua, 1196e - Cidade NovaLucas do Rio Verde – MT – CEP 78.455-000http://[email protected] (65) 3549 1819

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    Apr esen t ação

    Um modelo de agricul tur a: inclusivo, que r espei ta o

    am b i en t e e a s popu lações e ge ra r enda pa ra a s com un i dades

    A Rede BR163 + Xingu tem proporcionado aos agricultores e técnicos da região oportunidad es de

    experiências muito ricas visando a produção da agricultura fam iliar casada com a conscientizaçã o

    e educação ambient al dessas pessoas. Tudo isso é possível graças a o traba lho de anos de

    estrutur ação e fortalecimento de entidades atra vés da forma ção de representan tes e lideranças. A

    art iculação dessas entidades resultou na Rede BR163+ Xingu, e a Rede também resultou em mais

    art iculação.

    O nome da Rede vem do debate q ue já existe há anos, entre as entida des do movimento social, sobre

    a participação social nas obras de infra-estrutura que devem acompanhar a pavimentação da BR-

    163 no trecho Cuiabá – Santarém. Esse envolvimento se somou à Campanha Y Ikatu Xingu,

    abra çada por a gricultores familiares, indígenas, poder público, organizações sociais e fazendeiros

    em direção ao objetivo comum que é a preservaçã o das águas n a bacia do Rio Xingu.

    Com isso aconteceram intercâmbios de conhecimentos em manejo racional de pastagens,

    apicultura e restaura ção florestal. Todos estavam v isitando experiências semelhantes às das suas

    comunidades, assim, de forma indireta estavam aprendendo sobre organização social e gestão

    participativa. O conhecimento, as metodologias, as técnicas foram construídas de forma

    part icipativa e, esta experiência serve de modelo para vár ias comunidades da região e até do

    Estado.

    É importa nte que o Esta do e financiadores olhem para esta experiência com carinho e usem este

    aprendizado n o momento de constr uir o modelo de desenvolvimento que q ueremos. O STR, com

    esta cartilha pretende contribuir com um novo modelo de

    agricultura, inclusivo, respeitando o ambiente, as populações e

    gerando renda para as comunidades.

    Acreditamos ter at ingido nosso objetivo, mas o traba lho continua,

    há comunidades que não fora m beneficiadas e as já contempladas

    serão inseridas num processo de fortalecimento da comercia-

    lização solidária envolvendo m ais parceiros, setor público, terceiro

    setor e comércio.

    Boa lei tura !

     

    Nilfo Wandscheer - presidente do Sindicat o dos

    Traba lhadores Rurais de Lucas do Rio Verde

    Alternativas Econômicaspara Agricultura Familiar

    Sustentáveis07 

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    Diagnóst ico par t ic ipat ivo:

    fer ra men ta de mobi l ização e organização comu ni tá r ia

    oficinas

    A mobilização e organização comunitária é a chave para mudar a tradição de soluções mágicas

    para as dificuldades da agricultura familiar que vêm de cima pra baixo. Uma comunidade bemorganizada, que sabe o que quer e onde quer chegar, não será facilmente enganada por projetos

    milagrosos que resultam e grandes elefantes brancos.

    Mas como se dá esse processo? Antes de pensar em como mudar uma r ealidade é preciso conhecer a

    comunidade, e mais: que a comunidad e se conheça profundam ente. Para isso, o diagnóstico parti-

    cipativo é uma das primeiras ferra mentas de traba lho, tanto para técnicos quanto para as próprias

    lideranças das comunidades.

    Os primeiros passos são visitas e entrevistas de campo, em que no contato com cada mora dor da

    comunidade abre caminho para compreender a dinâmica da comunidade. Nessas visitas é impor-

    tant e apresentar a proposta de traba lho, ouvir as pessoas envolvidas, perguntar o que elas preci-

    sam e o que querem mudar na sua comunidad e. O Diagnóstico Participativo, que va mos abreviar

    como DP, deve envolver as pessoas da comunida de em todas a s etapas do processo, desde a elabora-

    ção dos questionár ios ou roteiros de diagnósticos, até as entr evistas e aná lises dos dados. Este DP

    va i p e rm i t i r s a be r

    com mais fidelidade e

    amplitude o que toda

    o u q u a s e t o d a a

    comunidade anseia ,

    ou s e j a , qu a l s e u

    problema em comum.

    Para poderem aplicar

    esse DP, os pesquisa-

    dore s c om u ni t á r i o spassam por

    q u e o s a j u d a m a

    entender e manejar

    esse recurso, abor-

    dando aspectos como

    Liderança Comunitá-

    ria; Comunicaçã o e Técnicas de coletas de dados. Após a capacitação, os par ticipantes aponta m

    quais serão a s pessoas que comporão um grupo que percorrerá a região coletando dados e proble-

    mas da comunidade para que se estabeleçam prioridades e se pense em soluções coletivas.

    Mudança Cul tur al : objet ivo maior dos

    projetos p i lo to da Campanh a Y Ikatu Xingu

    Aos nove projetos piloto da Rede BR-163 + Xingu, finan ciados pelo PDA-PADEQ, somam-se outros

    tantos, apoiados por outras fontes de financiamento, distribuídos por diversos municípios da

    região das ca beceiras do Rio Xingu e adjacências. Todos eles incluem componentes para a proteçãoe recuperação de nascentes e mat as ciliares, e somam esforços para a concretização dos objetivos

    da Campanha Y Ikatu Xingu.

    Esses projetos, por si só, são insuficientes para promover a r ecuperação de toda extensão de mat as

    ciliares já degradadas na região. Porém, eles vêm desempenhando funções essenciais. Antes de

    mais nada , eles estão tra zendo um aporte de mais de cinco milhões de reais, em três anos, para o

    conjunto desses municípios, aos cuidados das diversas organizações locais que são suas

    executoras.

    Além disso, os projetos estão possibilitando a formação e fixação, na região, de técnicos

    especializados, que ajudam a desenvolver t écnicas de baixo custo para resta uração florestal, qu e

    permitirão aos produtores e administradores públicos interessados desenvolver tantas outras

    experiências similares que sejam necessárias e possíveis. Ajudam a agrupar importantes

    instituições locais em ações conjuntas, que podem compart ilhar as suas experiências e enfrentar

    as suas dificuldad es comuns. Por exemplo, já vêm possibilitando a constituição de um incipiente

    mercado local de sementes de espécies nativas, que eram antes consideradas inúteis, mas que

    agora estão sendo va lorizadas, inclusive como um fator de geração de renda para os seus coletores.

    Considerando que os projetos piloto, como é da sua essência, estão abertos à visitação e à

    aprendizagem de todos os interessados, inclusive o público escolar, e que os seus resultados,

    mesmo iniciais, vêm sendo divulgados e compartilhados amplamente, eles estão se

    transformando num verdadeiro elemento de transformação

    cultural para toda a população. E assim, a região vai encontrando

    o seu caminho e o seu lugar nesses tempos em que milhões de

    pessoas, em todo o mundo, buscam enfrentar os desafios que estãodiante da nossa civilização, em busca da sustent abilidade e de um

    futuro melhor e mais sadio para as fut uras gerações.

    Márcio Santilli - Coordenador d a Campanha Y Ikatu Xingu

    Alternativas Econômicaspara Agricultura Familiar

    SustentáveisAlternativas Econômicaspara Agricultura Familiar

    Sustentáveis08 09

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    A partir d esses dados coletados, a comunidade tra ça um mapa dos próprios problemas e começa a

    listar propostas de soluções. Nessa fase de discriminação de ta refas é importan te não esquecer a

    questã o de gênero para ga rantir q ue todos os aspectos de um mesmo problema possam ser lembra-

    dos e avaliados de forma geral.

    Com a elaboração e an álise do seu diagnóstico, a comunidade começa a ver problemas comuns e

    possibilidades de soluções coletivas – o q ue sem dúvida forta lece os laços comunitários. O objetivo

    do DP, além de funcionar como uma fotograf ia da comunidade, é forta lecer o grupo de tal formaque, a partir do conhecimento das ferramenta s de organizaçã o e diagnóstico que aprenderam, no

    futuro encont rem seus próprios meios de, em conjunto, chegar a soluções viáveis para os proble-

    mas comuns a todos.

    É comum que entidades como sindicatos e organizações não-governamentais darem a partida

    nesse processo, levando para a comunidade escolhida para determinado projeto o auxílio de

    técnicos e especialistas. E o papel dessas entidades deve ser fa cilitar o processo de organização e

    forta lecimento das comunidades Porém, o DP é uma ferram enta simples que a própria comunida-

    de pode organizar e implementar.

    Organizar um gr upo gestor, um comitê que vai ser responsável por fazer o DP f uncionar. O ideal é

    que esse comitê seja composto metade por homens e meta de por mulheres, incluindo jovens.

    Oferecer ou buscar capacitações para a comun idade compreender o que é o DP e quais suas va nta-

    gens e possibilidades de utilização.

    * Montar o rot eiro do diagnóstico, com as questões que se quer identificar na comun idade

    (ex.: número de fam ílias, grau de escolaridade, renda e produção f amiliar, principais dificuldades

    enfrenta das etc). É importan te que esse roteiro seja monta do em uma reunião com a comunida de,

    para que contenha o maior número de questões que a comunidade ache importante de serem

    traba lhados.

    * Escolher um grupo de pessoas da comunidad e que será encarregad o de fazer o diagnósti-

    co conforme o método escolhido. Pode-se deixar questionários para as famílias responderem,

    fazer entrevistas individuais, entrevistas com grupos familiares, enfim, de várias formas. A

    escolha do método depende do tamanho da comun idade e sua capacidade de levar o diagnóstico

    adiante .

    * Depois de todas as entrevistas feitas, o próprio grupo de pesquisadores ou um grupo

    maior deve se encarregar de an alisar os dados e fazer o relatório do diagnóstico, com a descrição

    Passo-a-pas so do Diagnóst ico Part icipativo

    dos resultados encontrados. É

    i m p or t a n t e qu e o ro t e i ro

    aplicado seja o mesmo para

    todos, pois isso facilita

    .

    * De posse dessa aná-l i s e , a c om u ni da de de ve

    estabelecer um cronograma

    de reuniões para priorizar os

    problemas que devem ser

    enfrentados e debater qua is as

    melhores formas de fazer isso

    coletivamente.

    * A cada eta pa cumprida a comun idade deve se reunir para a valiar a certos e dificuldades. A

    avaliação constante e participativa permite corrigir rumos, acertar detalhes e fortalece a

    iniciativa.

    Por fim, é important e saber que esse não é um processo rápido e cada comunida de tem um ritmo

    que deve ser respeitado. O tempo pode variar de dois meses até mesmo um a no. Devemos lembrar

    que o que importa é obter resultados consistentes, além do amadurecimento e forta lecimento da

    comunidade – coisas que não acont ecem do dia para a noite.

    agru-

    pa r a s r e spos t a s e f aze r

    anál ises comparat ivas

    Alternativas Econômicaspara Agricultura Familiar

    Sustentáveis10 

    Alternativas Econômicaspara Agricultura Familiar

    Sustentáveis11

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    Comunitário de Gestão Ambiental Integrada,

    local que representa fisicamente as comunida-

    des. Desde sua criação o local funciona como

    um concentrador de idéias e informações

    ambientais e presta assessoria aos moradores

    nas mais diversas dúvidas. duas outras comu-nidades foram incorporadas ao traba lho,

    envolvendo assim todo um setor dentro do

    município de Carlinda.

    A eficiência é tanta que o Centro pode ser

    considerado uma referência ambiental, tama-

    nha é a procura por seus serviços. A média de

    atendiment os é de 100 pessoas/mês não só do

    universo de 200 famílias que com põem o

    PDA/Padeq de Carl ind a ,

    mas também de quem não

    participa do projeto. E a

    tendência de procura peloCentro é de crescimento.

    Hoje, só não atendem mais

    porque o número de moni-

    t o re s a i nda é re du z i do

    frente as atividades desen-

    volvidas na região - são

    quatro moni tores , sendo

    dois homens e duas mulhe-

    res.

      ““  Trabalhar em Rede é mu ito bom! Isso porque se

    aprende mais com as reuniões e intercâmbios e as

    idéias surgem, com m ais facilidade. Não se

     fic a i sol ad o. Um en sin a o ou tro

    ao mesmo tempo em que se aprende

    com todos. Acho que esta é a grand e

    sacada dessa experiência

    Alexandre Olival,

    coordenador do Instituto Ouro Verde.

    12 

    Seis comunidades do município de Carlinda,

    distant e 762 km de Cuiabá, já colhem frutos dasua forte mobilização e organizaçã o comunitá-

    rias. Mas chegar ao nível em que se encontra

    hoje não foi fácil. Embora estejam só começan-

    do, muita coisa já mudou. As comunidades

    vinham de um histórico de programas falhos

    que diversas instituições e governos tentaram

    implantar na região com idéias prontas que

    não eram preparadas ao calor do que a comu-

    nidade queria e necessitava.

    Até 2004, contam os moradores, era a lei do

    'cada um por si e por seus problemas' já que

    estavam sem paciência para mais projetos

    'milagrosos'. Segundo eles, volta e meia a pare-

    ciam projetos de plantações que seriam 'a

    salvaçã o da lavoura', e assim por diante. Mas o

    resultado era sempre o mesmo: o fracasso,

    resultado da inadequação dos projetos para a

    região e da falta de estudo de mercado para

    comercializar o que se produzisse.

    Em 2005, quando o projeto Gestar Portal da

    Amazônia chegou em Carlinda atra vés do IOV ,

    em parceria com o ICV , as comunidades Monte

    Sinai, Nazar é, Rio J ordão e Palestina começa-

    ram um processo de mobilização e organiza ção

    que se tornou referência na região. A comuni-

    dade se forta leceu, percebeu que unida poderia

    resolver de forma um pouco mais fácil seus

    problemas em comum e hoje administra um

    resfriador coletivo de leite, entre outras inicia-

    tivas comunitárias. A união resultou inclusive

    na a provação do projeto junto ao P DA/Padeq –

    projeto escrito em conjunto pela comunidade e

    IOV.

    Ao todo o PDA/Padeq tem

    dois anos para ser realiza-

    do. No primeiro ano foram

    realizadas visitas a todos

    os moradores e a oferta de

    e

    comunicação, controle bio-

    lógico, manejo de pasta-

    g en s e r ec u pe r a çã o d ematas ciliares. Um grupo

    da própria comunidade

    elaborou o Diagnóst ico

    Participativo, que identifi-

    c ou os p rob l e m a s da s

    comunidades e a busca de

    soluções comuns como: Ma nejo de Pastagem e o

    Controle Biológico da Cigarrinha . Também

    hou ve a e s t ru t u ra ç ã o f í s i c a do Ce n t ro

    oficinas de l iderança

     

    Gerenciamento certo - Na discussão sobre

    gerência dos recursos do projeto, o

    Conselho Gestor resolveu investir em

    1.400 quilos de fungo (Metarhizium

    anisopliae)  para o controle biológico da

    cigarrinha. Das mais de 70 propriedades

    que passaram a controlar a c igarrinha ,

    foram selecionadas nove para monitora-mento dos resultad os. Assim, três monito-

    res, que foram escolhidos pelas seis

    comunidades percorrem, a cada quinze

    dias, estas propriedades para verificar a

    eficiência do fungo em relação à cigarri-

    nha. Além disso também são visitadas

    outras nove propriedades que não aplicaram o

    agente biocontrolador para poder comparar os

    efeitos. E os resultados não poderiam ser

    melhores. O número de cigarrinhas tem dimi-

    nuído até nos pastos que não foram pulveriza -

    dos. Isso acontece porque as cigarrinhas

    parasita das de uma propriedade levam o fungo

    para outros locais, ajudando na sua dissemina-

    ção.

    Isso demonstra que há um ganho ambienta l

    mesmo para os proprietários que ainda não

    acordaram esta solução ecológica. O que dá

    muita sat isfação, conforme os monitores, é ver

    que, junto com o meio ambiente a mentalida de

    Alternativas Econômicaspara Agricultura Familiar

    SustentáveisAlternativas Econômicaspara Agricultura Familiar

    Sustentáveis13 

    Carl inda sem eia projetos e colhe sus ten tab i l idade

      ““

    Participar de u ma experiência

    como esta, em algumas

     pa lav ras , é 'sh ow de

    bola'. É muito

    gratificante veras coisas decolarem

    Antonio Francimar,

    representante da

    comunidade Nazaré.

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    Inter câmbio – Troca de exper iências que favorece a todos

    os projetos da Rede. A primeira é de que juntan-

    do recursos e pessoas se faz mais e melhor do

    que cada iniciativa em separad o. A segunda é a

    idéia de que agricultor ensina agricultor de

    uma forma muito mais completa e eficiente.

    Assim, ao longo do primeiro ano de at ividades

    da Rede BR163+ Xingu, foram rea l izados

    intercâmbios e seminários técnicos reunindo

    todos os projetos para aprenderem e compart i-

    lharem aq uilo que eles têm em comum, concen-

    tran do os esforços e ampliando os horizontes do

    aprendizado.

    Há três forma s básicas de intercâmbio: aq uela

    que reúne pessoas envolvidas em diferentes

    projetos em um mesmo local para aprender e

    trocar idéias sobre uma

    técnica específica, como

    manejo de pastagens e

    apicultura, por exemplo;a que reúne as pessoas e

    as leva para conhecerem

    um projeto ou iniciativa

    que está dando certo,

    p a ra ve r de p e r t o a

    mesma experiência em

    um nível mais avançado

    de desenvolvimento; e

    aquela em que pessoas

    BR163+ Xingu, a troca de conhecimentos e

    saberes tem sido uma prática constante.

    Intercambiar conhecimento começa com o

    levantamento das necessidades de uma comu-

    nidade em termos de informações e técnicas,

    para em seguida localizar pessoas e iniciativas

    que possam contribuir com a

    comunidade levando seus

    conhecimentos.

    Duas chaves são importan tes

    para compreender as ativi-

    dades de intercâmbio entre

    14 

    Alternativas Econômicaspara Agricultura Familiar

    Sustentáveis

    dos proprietários também começa a mudar.

    “Antes tinha um proprietário que dizia que

    cigarrinha só se combatia com fogo. Agora ele é

    um dos que procuram pulverizar o fungo”, diz

    o monitor Antonio Francimar. Em agosto de

    2007, quan do começa o segundo ano d o proje-

    to, serão implantadas 20 unidades demonstra-

    tivas que vão receber piquetes para o manejoecológico de past agem.

    Frutos colhidos - Mas vale frisar que nada

    disso aconteceria em Carlinda se o Conselho

    Gestor não optasse por trabalhar desde o

    princípio com contrapartidas das comunida-

    des beneficiadas. Com o bom gerenciamento

    dos recursos e a constribuição dos moradores

    houve sobra de recursos desde o início das

    atividades. Assim outros projetos extras que

    não estav am prevists no P DA/Padeq pudera m

    acontecer neste primeiro ano paralelamente

    aos previstos. São eles: o cultivo, em pequena

    escala de NIM (Azadirachta indica) – uma

    planta de origemasiática utilizada como repe-

    lente; a criação de Hor ta Agroecológica, cujos

    recursos de venda é darão suporte à sustenta bi-lidade do Centro Comunitário de Gestão

    Ambiental In tegrada e a elaboraçã o do jornal “A

    Semente”, criado pelos participantes do projeto

    como forma de disseminar informações às

    comunidades para fomentar a part ic ipação

    coletiva nesta empreitada e a recuperação de 25

    nascentes consideradas prioritárias para todo o

    setor.

    A troca, embora seja uma das práticas mais

    antiga s do ser humano, foi, com o incremento

    do capitalismo, sendo esquecida. E a maior

    perda não foi a da troca d e produtos conhecida

    como escambo, mas a de saberes entre as

    pessoas. Mas nas comunidades da Rede

    envolvidas em diferentes projetos visitam-se

    uns aos outros para verem o desenvolvimento

    de atividades por diferentes ângulos.

    As visitas de intercâmbio, visitas técnicas,

    reuniões e dias de campo são as ferramentas

    que oferecem a oportunidade de ver em campo

    o desenvolvimento de iniciativas similares a

    que se está desenvolvendo, perceber diferentes

    momentos do processo de desenvolvimento dos

    projetos e das comunidades, além de aprender

    com as dificuldades e acertos dos outros, pois

    permite observar como diferentes comunida-

    des lidam com os mesmos problemas.

    Alternativas Econômicaspara Agricultura Familiar

    Sustentáveis15 

      ““

     A t roca de exp eri ên cia s se m elh an tes é m ui to pos it iva , re ali za da de pro jet o p ara pro jet o

    de organização pra organização, de produtor pra produtor. Amplia-se a quan tidade de

    informações relacionadas, bem como outras complem entares aos projetos. Em

    alguns casos, é possível uma cooperação entre projetos diminu indo custos.

    E a socialização das inform ações e dos resultados dos projetos

    é muito enriquecedora, e permite um melhor desenvolvimento

    das ações, onde podem os errar menos, ou seja aprender também com

    os erros dos outros. Nestes casos sempre amplia as oportun idades

    Jean Carlo C orrêa Figueira, ICV.

      ““

    Esta é um a experiência que nunca vou esquecer. A mudan ça

    é visível. O pasto está mu ito melhor. Bem d iferente d o que

    quando eu usava o fogo. Se tiver condições

    eu vou estar sempre atrás de n ovas

    técnicas. Mas se vier um projeto que

    dê continuid ade a este ou vá nesta

    direção, será bem vind o

    Vilmar, agricultor que participa do projeto em

    Nova Guarita com seu pai, Sr. Olívio

     Atividades de intercâmbiolevam agricultores paraver a aplicação deconceitos e técnicasem campo

  • 8/16/2019 04 - Alternativas Economicas Sustentáveis Agricultura Familiar - Sedam.pdf

    9/21

    Recuper ação de pas t agens – a l t e r na t i va neces sá r ia

    Mane jo Ecológico de Pastagen s

    Sistema de Pastoreio

    Racional Voisin

    O pastoreio contínuo, sistema em que o gado fica sobre uma m esma área d e pastagem um período

    prolongado de tempo ou permanentemente, é o grande inimigo da qualidade dos pastos. Issoporque o gado, man tido sem troca de pasto por um t empo indefinido, após alguns dias de perma-

    nência passa a consum ir o capim antes que ele complete o seu desenvolvimento. Isso acaba impe-

    dindo que as plantas refaçam sua s reservas energéticas.

    Desse modo, a pastagem fica fraca , pouco nutritiv a, o que diminui progressivamente a produtivi-

    dade e vigor do gado. Além disso, o pastoreio contínuo tem reflexos também na cobertura d o solo,

    que fica desprotegido e, conseqüentemente, mais suscetível aos efeitos da erosão. Com a continui-

    dade deste sistema, em alguns anos a pastagem se degrada. Assim, é preciso uma reforma par a que

    ela recupere sua capacidade produtiva e o problema seja revertido.

    A redução da produtividade das pastagens pela degradação acaba aumentando a demanda por

    novas áreas de pasto. Assim, ocorrem novos desmatamentos que seriam desnecessários se os

    devidos cuidados e precauções fossem tomados para ma nter os pastos saudáv eis e nutritiv os.

    A pastagem ecológica, como o enge-

    nheiro-agrônomo e especialista no

    t e m a J u ra nd i r Me la do c ha m a a

    técnica, pode ser obtida em poucos

    anos, a part i r de uma pastagem

    qualquer já formada. A aplicação

    criteriosa do

    , um sistema propos-

    to pelo francês André Voisin em 1957,permite um equilíbrio positivo de três

    fatores: Solo, Pasto e Gado, com cada

    fator tendo um efeito positivo sobre

    os outros dois.

    Neste sistema, a utilização da pastagem é feita atra vés de uma rotação racional, que proporciona o

    melhor aproveitamento possível das forrageiras, resultando num nível de produtividade que

    chega a três vezes a alcançada pelo sistema extensivo, na mesma pastagem. Na prática, quando

    mais tempo o gado leva par a volta r a um piquete, ma is o pasto tem condição de crescer e fornecer

    * A Europa tem a a tual tendência de adquiri r apenas carne ras treada e produzida à pas to , não necessariamente orgânica , mas quenão contenha resíduos de anabolizantes, determinados vermífugos e antibióticos, que não utilize herbicidas, que respeite osanimais (reses, cavalos, etc.)e q ue utilize níveis decrescentes de uréia no sal.

    Alternativas Econômicaspara Agricultura Familiar

    Sustentáveis16 

    alimento de qua lidade para o gado. A técnica consiste, resumidamente, em:

    - Divisão das pasta gens em piquetes. O número de piquetes e tamanho d os mesmos depende

    do tama nho da propriedade e do rebanh o. O ideal é que o gado leve 30 dias para voltar

    - Diversificação das pasta gens (gramíneas e leguminosas), que melhoram a alimentação do

    gado;

    - Arborização d as pasta gens, de preferência com espécies nat ivas – elas oferecem sombra e

    conforto para o gado;

    - Abandono do uso de adub os químicos, herbicidas, roçadas sistemát icas e fogo.- Orienta-se adotar a cerca elétrica para manejo dos piquetes, pois diminui os custos com

    madeira e arame.

    Alternativas Econômicaspara Agricultura Familiar

    Sustentáveis17 

  • 8/16/2019 04 - Alternativas Economicas Sustentáveis Agricultura Familiar - Sedam.pdf

    10/21

    Quando soube do projeto que iria ser desenvol-

    vido pelo ICV, Schneider resolveu fa zer par te,

    mesmo que um pouco receoso. Como a intenção

    principal era a m elhoria do pasto, ele começou

    aumentando o número de piquetes de cinco

    para 24 e implantand o a cerca elétrica. Assim,

    logo no primeiro ano do projeto, conseguiu

    aumentar a capacidade de produção de seu

    gad o leiteiro em 20%. Com o recurso, con ta

    orgulhoso, conseguiu não só aumentar a casa,

    mas ta mbém ganhou conhecimento e experiên-

    cias que nem sonhava que existiam.

    A boa experiência e resultados positivos é o que

    fazem o agricultor Schneider pensar no futuro.

    Quando este projeto terminar, ele diz que não

    vai esperar que outro caia em suas mãos, vai

    Alternativas Econômicaspara Agricultura Familiar

    Sustentáveis19 

    Nova Guarita, cidade localizada a 697 km de

    Cuiabá, é uma das duas cidades onde o ICVdesenvolve o projeto intitulado Apoio à prá ti-

    cas a l terna t ivas à agricul tura famil iar , em

    p a rc e r i a c om du a s c oop e ra t i va s l oc a i s :

    Coopernova e Cooperagrepa. O projeto busca

    atender as necessidades de um grupo de 20

    agricultores de Nova Gua rita e de Terra Nova

    do Norte, associados das duas cooperativas,

    com a tr oca do pastoreio contínuo pelo manejo

    de pastagens através do piqueteamento e a

    implantaçã o de cercas elétricas.

    O coordenador d o projeto pelo ICV, J ean Car lo

    Correa Figueira, conta q ue no início o cenário

    encontrado era de uma comunida de de peque-

    nos produtores rurais, com um bom nível de

    organização, mas com pastos já muito degra-

    dados, em alguns com cerca d e 20 anos de uso.

    Por isso, estavam com um baixo rendimento

    dos pastos, que já estavam degradados e

    sentindo drast icamente o período da seca, com

    18 

    Alternativas Econômicaspara Agricultura Familiar

    Sustentáveis

    pouco alimento natural para os animais.

    Muitos já desmatar am ma is de 50%da proprie-dade, não tendo mais como ampliar a produção

    ou melhorar a produtividade dos pastos exis-

    tentes.

    Dos 18 sócios da Associação dos Pequenos

    Produtores da Comunidade União, de Nova

    Guarita, dez estão no projeto. Isso porque a

    maioria não quer mais a derrubada de f loresta e

    busca caminhos sustentáveis

    para permanecer na terra. Hoje

    os participantes não só já pen-

    sam em novos rumos como

    copiam e buscam modelos de

    sustentabi l idade numa c lara

    demonstração de que sua visão

    está mudada .

      é um

    dos produtores que participam.

    Tem 26 alq ueires e sempre

    pensou em recuperar a pasta-

    gem, mas nunca tinha feito por

    não contar com a a ssistência técnica. Ele conta

    que, logo que chegou a Nova Guarita para

    tomar posse de sua terra a ordem era derrubarpara ga nhar o local que tivesse 'tomado posse'.

    Após a derrubada, queimou para criar seu

    pasto. No entanto, hoje sabe o quanto de nutr i-

    entes o solo perdeu com essa prática. Com o

    tempo a terra foi mostrando cansaço e logo

    começou a faltar um bom capim. Isso gerou

    baixa produtiv idade no leite e pouca qualidade

    na carne do gado.

    Nélson Rodolfo Schneider

    atrás de capacitação para expandir sempre e

    dar exemplo a outros agricultores. “Com todo o

    trabalho que implantamos vemos que destruir

    é fácil, reconstruir é que é difícil, e leva tempo.

    Mas o bom é q ue tem jeito”, disse.

    Já seu , a lém

    de ter implantado piquetes ,também ajuda na recuperação da

    terra e, consequentemente, na

    alimentação do gado e qualidade

    do leite e carn e, com a plantação

    em seu pasto de leguminosas,

    f r u t í f e r a s e o u t r a s á r v o r e s

    nativas – as duas primeiras para

    a l i m e nt o e a s na t i va s p a ra

    sombreamento, o que também

    ajuda no aumento da produção

    de leite.

    Associação   – O presidente da

    Associação, Valmor Antônio Verdana, explica

    que ainda há uma cisma de alguns produtres

    que não entenderam a importância do projeto.

    Por isso nem todos os associados aderiram.

    Segundo ele, se por um lado, o projeto chegou

    tarde, pois não se tinha mais o que preservar,

    por outro, veio em boa hora para socorrer quem

    já desistia da terra. “Quando a gente precisa,

    acha que tudo é demorado. Mas os resultados,

    mesmo que ocorrendo devagar, agradam, com

    certeza, a todos”, revela Verdana , animado com

    os resultados.

    Olívio dos Santos

    Nova Guar i t a r ecupe r a s eu f u t u r o

  • 8/16/2019 04 - Alternativas Economicas Sustentáveis Agricultura Familiar - Sedam.pdf

    11/21

    Apicul tu ra: u ma doce poss ibi lidade

    Cara cter ís t icas, cuidados e manut enção de pasto apícola

    Para quem pensa nessa possibilidade de trabalho, é preciso saber que são necessários certos

    cuidados na hora de produzir um bom mel. Um exemplo destas medidas é não implantar o apiáriopróximo a planta ções que usem inseticidas, pois isso comprometerá a pureza do produto fina l. E

    tamb ém planejar variar seu pasto apícola (conjunto de espécies de plantas que dã o flores próximas

    ao apiário para q ue as abelhas tenham ingredientes para produzir o mel) para gara ntir o produto

    durante todo o ano.

    Uma vantagem de se constituir um apiário é que não há restrições a ninguém para se trabalhar

    com apicultura. As únicas recomendações é que não tenha medo nem alergia de abelhas, e seja

    paciente no trato com elas. O trabalho, da captura à comercialização, é relativamente simples e

    não exige dedicação em tempo integral.

    Um ano em média, dependendo da região, é o tempo que demora para se produzir a primeira leva

    de mel. A média nacional de produção é de 20 quilos de mel por ca ixa. Para um melhor planejamen-

    to, no entant o, é interessante que se faça desde o princípio o mapeamento da flora da de seu pasto

    apícola, ou seja, se tenha anot ado e organizad o a época em que cada espécie de planta do apiár io dá

    suas flores. Dessa forma é possível identificar os meses de cada uma, o q ue facilita o manejo na

    hora da previsão da produção.

     Deve se r:

    * Em local de reflorestamento ou de capoeira com diversidade de planta s

    * Distância mínima de 500 metros da estrada e distante de cavalos, porque odores fortes

    espantam as abelhas

    * Longe de crianças, para q ue não ocorram acidentes

    * Em local que possua certo sombreament o, mas não seja muito fechado* Direcionado para o sol nascente

    * Próximo de um cur so d'água

    * Localizado onde bata menos vento

    * Com a caixas-isca colocadas em cima de cavaletes. Estes cavaletes devem estar prote-

    gidos por metades de garraf as plásticas para evitar at aque de formigas (veja fotos)

     Deve te r:

    * Floradas variadas para garant ir mel durante todo o ano

    * Planta s medicinais, caso a intenção seja incrementar a produçã o. Isso para que as abelhas

    passem a introduz ir no mel o princípio ativo desses tipos de planta s. Esta cara cterística pode ser

    um diferencial do produt o oferecido.

    * Devidamente paramenta do, com a roupa adequa da (macacão com proteção de rosto, luvas

    e botas) localizar a colméia, q ue pode estar pendurada ou no oco de alguma á rvore.

    * Fazer fumaça com o fum egador com fogo sempre de material orgâ nico como sabugo demilho, capim limão ou serragem. A fumaça nunca pode ser produzida por materiais que irrit am ou

    molestem as abelhas, como óleo de qualquer natureza, querosene, gasolina e produtos que des-

    prendam odor for te ou mau cheiro. Nunca direcionada d iretamente a colméia e não muito intensa,

    para que as abelhas apenas se afast em e não fujam.

    * Quando a colméia está no oco é necessário abrí-la com machado. Feito isto, é preciso

    capturar a rainh a – cuja cara cterística principal é ser maior do que as demais e ter sempre, atrá s de

    si, um grande número de ab elhas. A rainha f ica localizada sempre no centro da colméia.

    * Colocar a ab elha-rainha numa caixa-isca próxima, com melgueiras (quad ros de madeira,

    que acondicionam os fav os da colméia) com cera alveolada nova (cuja característica é a cor bran-

    ca), devidament e preparada com a prot eção contra an imais e insetos (ver preparação da caixa).

    * Deixar a caixa n o local de captura a 1,50 m ou 2 m da colméia, e a cerca de um metro de

    altura , sem mexer, por dois ou três dias, até qu e as abelhas sigam nat uralmente a ra inha e entrem

    na caixa . A altura da caixa nos cavaletes (1 m) é para q ue a colméia não seja ataca da por outros

    animais e insetos e facilitar a man utenção.

    * Ocorrida a entrada de todas as abelhas na caixa, leva-se esta para o apiário. No início

    quinzenalmente e com o tempo, mensalmente, com a roupa adequada, deve-se olhar se a rainha

    colocou ovos. Isso significa que o

    traba lho começou na colméia-caixa.

    Com o tempo, essa inspeção periódi-

    ca também serve para saber se é

    p re c i s o fo rne c e r a l i m e nt o nos

    períodos de carência, verificar a

    conformação dos favos e a posturas

    da ra inha , etc .

    * Este trabalho de revisão deveser feito pelo apicultor devidamente

    trajado, em dias quentes e ensolara-

    dos e, preferencialmente, com a

    ajuda de alguém. Neste tipo de

    atividade, o uso do fumegador é

    obrigatório e o trabalho deve ser

    feito de forma rápida, em movimen-

    tos tranqüilos, delicados, porém

    decididos. Gestos ou ações bruscas

    Captu ra de colméia e man ute nção do apiário :

    Alternativas Econômicaspara Agricultura Familiar

    SustentáveisAlternativas Econômicaspara Agricultura Familiar

    Sustentáveis20 21

  • 8/16/2019 04 - Alternativas Economicas Sustentáveis Agricultura Familiar - Sedam.pdf

    12/21

    podem provocar a irada reação das abelhas.

    * Para realiza r o traba lho de inspeção ou revisão, aproxime-se sempre pelo lado de trá s da

    caixa. Nunca int errompa, com o corpo, a linha de vôo das abelhas, que entra m e saem da caixa em

    busca de alimentos.

    * Quando o apiário estiver estabelecido a cera deve ser t rocada de t empos em tempos. O

    ideal é usar um quadro de cera alveolada por mês até qu e a própria abelha produza sua cera.

    * Favos escuros, retorcidos ou danificados devem ser substituídos por favos com cera nova

    alveolada. Os favos, principalmente os do centro do ninho onde se desenvolve a família na col-méia, devem ser examina dos para constat ar a presença de larvas e ovos. É uma operação delicada

    e que requer at enção visual, pois os ovos são pequenos. A ocorrência de fav os com pequeno núme-

    ro de crias ou de ovos depositados é sinal de que a rainha está fra ca e deve ser substituída.

    * Se os favos da caixa estã o todos ocupados, com crias ou com a limento - mel e pólen –, o

    apicultor deve providenciar mais espaço para a f amília, ou seja, uma caixa extra. Um indício de

    que a caixa está superpovoada é a for mação daq uilo que os apicultores denominam de "barba" d e

    abelhas : quando nos dias quentes

    um grande numero de abelhas

    ficam na entrada das colméia, em

    forma de cacho.

    * Verificar se há presença

    de larvas mortas nos favos e de

    abelhas mortas no assoa lho da

    caixa. Ist o é indício de ocorrência

    de doença na família. Uma colméia

    sadia é sempre limpa e higiênica.

    * Na entressafra, ou seja,

    nos períodos em que não há

    florada, principalmente durante o

    inverno ou nas estações de muita

    chuva, verifique se a família tem

    alimento suficiente. Caso contrá-

    rio, você deve fornecer alimentação a rtificial à colônia (mel e não açúcar ).

    * Para evita r que part e da colônia enxameie, ou seja, que aband one a colméia, verifique se a

    família está for mando realeiras nos fav os. As realeiras (cápsulas destinada s à criação de rainhas),são formadas normalmente, nas extremidades dos quadros, apresentando a forma de um casulo

    parecido com uma casca de amendoim. Elimine, se for o caso, estas cápsulas para não perder a

    colônia.

    A longevidade da colméia-caixa pode ser medida pela idade da ra inha. Mas como identificar ?

    Fácil! A rainha nova tem como cara cterística colocar ovos (pontinhos de cerca de 2 mm e brancos)

    um ao lado do outro. J á a rainha velha coloca ovos em qualquer lugar da colméia.

    Como ident i f icar a idade da r a inha?

    Equ i pam en t o necessá r i o

    * Caixa

    * Macacão: deve ser constituído de

    uma única peça e largo, folgado o suficiente

    para nã o criar resistência junto ao corpo, o que

    permitiria a ferroada da abelha, de tecido

    resistente para defender o corpo de ferroadas.Caso seja feito pelo próprio produtor uma dica

    é o brim, que é bastante utilizado e oferece

    uma boa proteção.

    * Máscara: o melhor tipo é o de pano,

    com visor de tela metálica, pintada com tinta

    preta e fosca, que permit e melhor visibilidade.

    * Luvas: devem ser finas o suficiente para que o apicultor não perca totalmente o tato –

    fat or de grande importância na m anipulação das abelhas. As luvas de couro fino, brancas, são as

    mais indicada s, as de plástico nem sempre são resistentes às ferroada s, além de suarem muito, o

    que dificulta os trabalhos e cujo odor pode irritar a s abelhas.

    * Formão (pá): ferramenta utilizada para abrir o teto da colméia, que normalmente é

    soldado à caixa pelas abelhas com a própolis. Serve ta mbém para separar a desgrud ar as peças da

    colméia.

    * Fumegador: serv e para defender o apicultor das ferroad as. Sua fumaça d iminui a agressi-

    vidade das abelhas .

    * Botas: as melhores são as de borracha branca, de cano médio ou longo, sobre o qual é

    a justada a ba inha do macacão.

    * Espanador: empregado para remover as abelhas dos quadros da colméia sem ferí-las.

    Normalment e, é feito de crina animal. Alguns apicultores utilizam penas de aves como espanad or.

    * Facas e garfos desoperculadores: são instrumentos utilizad os para destam par os alvéolos

    dos favos, liberando, assim, o mel arma zenado.

    * Centrífuga: equipamento destinado à extração de mel que não provoca danos aos favos,

    permitindo reaproveitá-los.

    * Decanta dor

    * Cera alveolada: com o tempo ela é feita pela própria abelha na nova casa da rainha. Noentant o, no início, para acelerar a produção de mel, a compra da cera é recomendada.

    É Importante que itens que ficam em contato direto com o mel, como o formão e a centrífuga,

    sejam de inox para q ue o mel não pegue cheiro de plástico.

    As abelhas são sensíveis às tonalidades escuras, especialmente ao preto e ao marrom. Elas têm

    verdadeira aversão a estas cores, que provocam seu ataque. Por isso, toda a indumentária do

    apicultor deve ser de cor clara. As mais indicadas são o branco, o ama relo e o azul- claro.

    Alternativas Econômicaspara Agricultura Familiar

    SustentáveisAlternativas Econômicaspara Agricultura Familiar

    Sustentáveis22 23

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    13/21

    A quantidade de caixas de cada

    apiário varia de acordo com a

    quant idade de f lorada e de a belhas

    que se tem na propriedade. Mas um

    número superior a 20 não é reco-

    mendado.

    * Pegar uma melgueira da

    colméia

    * Desopercular. Opercular é

    o traba lho de vedação dos favos

    pelas abelhas. As abelhas opercu-

    lam, isto é, "fecham" os favos com

    mel maduro ou cria (larvas) madura. Na retirada do mel quebra-se este opérculo.

    * Deixar escorrer o mel na centrífuga

    * Centrifugar o mel de acordo com a capacidade da má quina

    * Peneirar no decanta dor* Deixar no decanta dor de 2 a 3 dias para que as impurezas suba m e o mel puro possa ser

    separado para a venda .

    Como fazer a re t i rada domel das caixas:

    Um doce futuro é o que esperam os

    agricultores do Projeto de Assentamen-to Califórnia, da cidad e de Vera, distan-

    te 480 km de Cuiabá. Lá o Projeto de

    apoio ao desenvolvimento de alternati-

    vas econômicas e recuperação ambien-

    tal, realizado pela Associação dos

    Parceleiros do Projeto de Assentament o

    da Fazenda Califórnia, começa a ser

    construído com a implantação da

    apicultura.

    Ironi Antonio Zanati, secretário da

    D i r e t o r i a d a A s s o c i a ç ã o d o P A

    Califórnia conta que as coisas não

    foram para frente em seu sítio ainda porque,

    desde que foi para lá, não teve quase nenhuma

    orientação de órgãos federais. Ele conta que

    nasceu e se criou na roça e sabia o que o pai

    sabia, ou seja, plantar e colher com técnicas

    antigas. Um tempo depois foi para a zona

    urbana, onde trabalhou dez anos em madeirei-

    Alternativas Econômicaspara Agricultura Familiar

    Sustentáveis25 

      ““

    Trabalhar em Rede é a saída.

    Quem é pequeno agricultor

    e está fora está

     per de n do um a

    oportunidade

    de mercado

    Nélson Ganzer,

    agricultor PA Califórnia

    ra. Depois conseguiu as t erras n o P.A., onde nã o

    encontrou nenhuma estrutur a nem avançou. A

    vantagem que vê agora com o projeto é poder

    reaviva r a experiência que teve com o pai num

    curso que fez em 1979. Zanati diz q ue renovou

    este aprendizado com a aula prática de campo

    dada pelo consultor Wemerson Ballester. Para

    ele a vinda da apicultura a o local trar á grandes

    benefícios, principalmente porque vem agre-

    gada com a fruticultura e o interesse em

    reflorestar.

    “O projeto nos tra z benefícios porque pesquisa

    mercado e a qua lidade do mel que será consoli-

    dada com a abertura da Casa do Mel” , comenta .

    A expectativa é que no final de três anos a

    comunidade já esteja coletando e comerciali-

    zando cinco mil q uilos de mel. Ao todo par tici-

    pam 18 famílias neste projeto num tota l de 76

    pessoas envolvidas.

    Alternativas Econômicaspara Agricultura Familiar

    Sustentáveis24 

    Em Vera o fogo sai para en t r arem as f lores!

    Pasto Apícola no PA Califórnia

  • 8/16/2019 04 - Alternativas Economicas Sustentáveis Agricultura Familiar - Sedam.pdf

    14/21

    O coordenador do projeto e presidente da

    Associação, Argeu Medeiros, está satisfeito

    com a nova empreitada. Vivendo há oito anos

    no assentamento, ele plantou arroz até 2005

    mas parou porque não tinha rentabilidade. Na

    Associação ele conta que queria encontrar

    parceria para implantar novas a l terna t ivas a o

    fogo, muito utilizado na região para prepara r osolo. Encontrou esta parceira com o Sindicato

    dos Traba lhadores Rurais de Lucas do Rio

    Verde, com o q ual se envolveu d esde o

    Projeto Proteger até chegar ao atual

    projeto.

    Ele também já tinha noção de apicultu-

    ra , mas nunca t inha traba lhado com a

    ativida de. Com o projeto de apicultura

    sendo implantado, Medeiros conta que

    aprendeu o que é organizaçã o para um

    trabalho, a busca de parceria e, numa

    ampliação de horizonte, o que são

    políticas públicas e como elas podem

    ser influenciadas pela sociedade.

    Outro que adentra a apicultura é o

    agricultor Nélson Ganzer. Natural da

    região Sul ele veio para M ato G rosso em 1999

    em busca de terra, mas como não conseguiu,

    foi trabalhar em Lucas do Rio Verde na cons-

    trução civil. Só dois anos depois foi para o

    assentamento. Ganzer confessa que este é o

    primeiro projeto do qual participa onde pode

    ter renda. “É uma experiência nova e fá cil poistrab alhamos conforme orientações de técnicos

    especializados”, diz. Com a orientação ele

    aprendeu todo o manejo da abelha, captura e

    alimentação e ganhou poucas ferroadas, para

    sua surpresa. Depois do projeto, ele pensa na

    fruticultura e no reflorestamento como ações

    que vão ser aliada s e complementos da apicul-

    tura q ue vai implanta r. “Tudo o que conseguir

    de forma ambienta lmente correta , eu quero!

    Viveiros e seme nt es : o começo da recuper ação f lores t a l

    A Coleta de Sementes

    Dizem que temos três obrigações ao passar pela vida : ter um filho, escrever um livro e plantar u ma

    árv ore. Se reparar mos, todas estas a ções têm a intenção de fazer com que o ser humano deixe umacontribuição para o planet a. Destas três 'obrigações', talvez plant ar uma á rvore seja a que ma is é

    deixada em segundo plano: parece que tem sido mais fácil cortar do que planta r.

    A ocupação das terras no Brasil carac-

    terizou-se pela falta de planejamento e

    conseqüente destruição dos recursos

    naturais, particularmente das flores-

    tas . Neste panorama, as matas de beira

    de rios, córregos e nascentes não

    escaparam da destruição, um triste

    cenário comum em toda a região da BR-

    163 e Bacia do Xingu.

    Mas recuperar essas área s não é difícil

    nem mesmo impossível. É preciso um

    bom planejamento e um pouco de orientação. Tudo pode começar com a coleta de sementes e o

    planejamento de um viveiro de mudas.

    O processo de degradaçã o das matas ciliares, além de desrespeitar a legislação, que torna obriga-

    tória a preservação das mesmas, resulta em vários problemas ambientais. As matas ciliares

    funcionam como filtros, retendo par te dos agrotóxicos, poluentes e sedimentos que seriam t rans-

    portad os para os cursos d'água, afetando diretam ente a quant idade e a qualidade da água e conse-

    qüentement e o número de peixes e a população humana . São importantes ta mbém como corredo-

    res ecológicos, ligando fragmentos florestais e, portanto, facilitam o deslocamento da fauna e o

    fluxo de espécies entre as populações animais e v egetais. Em outra s regiões não planas, exercem aproteção do solo contra a erosão – processo que precisa ser revert ido sempre. A implantaçã o de

    viveiros para recuperação de ma tas ciliares é o começo dessa conversa: a lém de servir para repro-

    dução de espécies nativas q ue serão usadas na resta uração da s mata s de beira de rio e nascentes,

    ainda serv e para produção de mudas de valor econômico.

    A escolha das sementes que serão reproduzidas para a resta uração das ma tas ciliares e nascentes

    Alternativas Econômicaspara Agricultura Familiar

    Sustentáveis27 

    Meus planos agora são evitar o fogo e plantar

    flores”.

    J oão Boaventur a de 55 anos traba lhou até os 15

    com o pai na roça. Depois com madeireira até

    2002.

    Com desemprego na região e baixa nos cortes demadeira, conseguiu o sítio no Califórnia e foi

    plantar ao invés de cortar árvores . P lantou

    arroz e milho, mas o investiment o não rendeu e

    ele quebrou. Agora quer ser a picultor, trabalho

    que nunca fez, mas começou a se interessar

    porque a venda é garantida e a perda é

    pert o de 0%.

    Para o fu turo só quer, assim como Deus prometena Bíblia, uma vida de leite e mel. Para isso tem

    a intenção de buscar novos financiamentos e

    orientações de outras fontes. “Sei que tenho que

    tentar várias coisas porque a lavoura sem

    maquinário como os grandes latifundiários,

    não rende. Por isso aposto agora na abelhas e

    mais tarde na fruticultura e no reflorestamen-

    to, atividades que darão suporte a apicultura”,

    acrescenta.

      ““Trabalhar em R ede é gratificante.

     A ge n te se i n teg ra com

    outra instituição e

    aprende e repassa

    o que se sabe num a

    troca constan te

    Argeu Medeiros, coordenador do Padeq

    em Vera e presidente da Associação dos

    Parceleiros do Projeto de Assentamento

    da Fazenda Califórnia

    26 

    Alternativas Econômicaspara Agricultura Familiar

    Sustentáveis

  • 8/16/2019 04 - Alternativas Economicas Sustentáveis Agricultura Familiar - Sedam.pdf

    15/21

    segue três critérios: qualidade das sementes, variedade das espécies e preferência por espécies

    existentes na região.

    Antes de mais nada, é important e escolher uma boa matr iz, que é a árvore-mãe da qua l se coletam

    as sementes: deve ser uma planta sadia, bonita e produtiva. Logo após a coleta, as sementes devem

    passar por um beneficiament o, que consiste em: limpeza, retirada da polpa, seleção e exclusão de

    sementes inviáveis.

    Existem diferentes tipos de espécies e sementes, e porta nto diferentes modos de coleta ta mbém.

    Para sementes miúda s que caem e são difíceis de coletar no chão, uma lona em ba ixo do pé ajuda.

    Outras como Ipê, que são sementes dispersadas pelo vento exigem a coleta na ár vore, subindo nela

    antes de abrirem.

    Para que as sementes germinem, a maior parte delas precisa ter sua dormência quebrada. Na

    natur eza isso acontece quan do os animais comem as frutas e regurgitam ou defecam as sementes.

    Os métodos de quebra de dor mência tentam imita r essas condições

    - Raspagem:   é o método mais usado nas

    sementes mais duras. Consiste em raspar asemente em uma superfície áspera ou com

    facão antes de plantar, mas cuide para não

    atingir o miolo dela. É adequado para

    sementes como jatobá e pinho cuiabano.

    -Choque de t empera tura :   neste caso as

    sementes sofrem a alternância de tempera-

    turas , de aproximadamente 20ºC, em

    períodos de 8 a 12 horas. Consiste em dar

    banhos em água morna e em segui da

    nas sementes. O

    método é bom para sement es mais sensíveis.

    Fases da semen te no v iveiro

    S emeadura : no caso das sementes miúdas, é usual semeá-las em berçários, isto é, grandes caixas

    cheias de areia mistura da com composto orgânico. Para sement es maiores, o plantio é feito direta-

    mente em saq uinhos. Mas cada espécie pode exigir um cuidado específico, valendo à pena consul-

    tar alguém que já conheça o ma nejo das espécies que se deseja plantar.

    Germinação:  algumas espécies germinam em poucos dias, ma s outras d emoram meses. Algumas

    necessitam de sombra para se desenvolver, outras de muito sol. Nem sempre todas sementes

    Quebra de dormência

    banhos de água fria

    O Viveir o

    germinam. Quando se começa é necessário realizar testes ou se informar com quem já organizou

    viveiros, sobre o processo de germinação de ca da espécie.

    Transfe rênc i a pa ra saqu inhos: quando as mudas chegam ao tamanho adequado para transporte

    e plantio para local definitivo, são liberadas do viveiro. É legal fazer a muda passa r por um proces-

    so de rustificação q uando ela estiver pronta para ir pro campo. Esse processo consiste em colocá-

    las no sol e diminuir as regas, pois no cam po elas não terão m ais os cuidados do viv eiro e sofrerão

    menos se forem preparadas par a essas condições.

    O local do viveiro deve ser:

    - Plano;

    - Aberto, sem sombream ento;

    - Com fácil acesso à água;

    - Com boa drenagem do solo;

    - Ter um quebra -vento na direção dos v entos

    mais fortes ;

    -De fácil acesso de pessoas e veículos.

     In fra est ru tu ra:

    - Um galpão, para guardar os equipam entos e

    insumos, e executar tarefas como o encher

    saquinhos;

    - Reservat ório de água na part e mais alta do terreno (facilita as regas);

    - Espaço aberto e sombreado, especial para estocar terr a, areia e fertilizant es orgânicos.

    O berçário

    Uma sementeira, ou berçário, é essencial para a maior parte das espécies, especialmente as de

    sementes pequenas. Facilita muito o trabalho e economiza recursos, pois somente será preciso

    transferir para os saquinhos as plantas que nascerem. Para a maior parte do ano, basta construir

    uma sementeira (ou berçário) coberta com tela plástica ou sombrit e, para proteger contra sol forte

    e do ataque de insetos. Esta proteção será desnecessária se os saquinhos ficarem sob a sombra

    natura l de árvores .

    Com poucos recursos- Delimitar um a área d e 10m x 1m com tábuas ou tijolos;

    - Preencher o fundo da área com uma cama da de brita grossa e, sobre ela, outra de brita f ina (garan -

    te boa d renagem)

    - Preench er com subst rat o compost o por a reia (90%) e húmus (10%).

    Canteiros

    O ideal é que cada cant eiro (espaço delimitado para a brigar os saq uinhos com mudas) tenha um

    metro de largura por dez metros de comprimento. Mas tudo depende da á rea que se tem disponível

    para este fim. Para d elimitá-lo, coloque em cada canto uma pequena est aca de madeira e ligue estas

    Alternativas Econômicaspara Agricultura Familiar

    SustentáveisAlternativas Econômicaspara Agricultura Familiar

    Sustentáveis28 29

  • 8/16/2019 04 - Alternativas Economicas Sustentáveis Agricultura Familiar - Sedam.pdf

    16/21

    estacas com um barba nte, forma ndo um retângulo. Deixe sempre corredores de aproximadamen-

    te um metro de largura entre os canteiros, para facilitar as atividades rotineiras. Uma dica é

    construí-los no sentido leste-oeste o que garant e melhor insolação.

    Como transferir do berçário para os saquinhos

    Quando as muda s atingem de 10 a 12 cm, deve ocorrer a repicagem, ou seja, a t ransferência par a

    saquinh os, com cuidado especial, para a raiz man ter-se reta, pois se enrolar a ponta, a planta pode

    não se desenvolver.1- Preparo dos saq uinhos: escolha os de um ou d ois litros (pode-se reaproveitar sacos de leite,

    desde que eles tenham sido muito b em lavad os, para q ue não haja fun gos prejudiciais), enchendo-

    os até q uase a bor da com subst rato (60%de terra , 20%de esterco curtido e 20%de bagaço de cana

    curtido – Preparo: Mistur ar bem e passar por uma peneira de tela grossa (vãos de 2 cm de diâme-

    tro, aproximada mente) para eliminar torrões.

    2 – Transferência pa ra os saq uinhos: repita o procedimento com cada mudinha, sem esquecer de

    molhar bem a sementeira antes, para ficar f ácil tirá-las: no saquinho, faça com o dedo um buraco

    no substrat o de mais ou menos 1 cm de diâmetro, onde a mudinha será colocada . Arra nque com

    muito cuidado uma mudinha do berçário, para a raiz não quebrar. Coloque a muda no saquinho,

    com a tenção para para que a ra iz entre reta .

    Complete o espaço vaz io com o substrat o.

     Esta cas ao s inv és de sem en tes

    Para algumas espécies, como amora e pata de

    vaca, é possível usar estacas em vez de semen-

    tes para fazer mudas. Assim, elas podem ser

    plantadas diretamente no local, sem precisar

    passar pelo viveiro.

    A coleta destas estacas pode ser feita de duas

    formas: com uma tesoura de poda, utilizando

    galhos de 20 a 25 cm de comprimento; ou com

    facão, com galhos de 50 cm. As estacas d evem ser coletadas preferencialmente no início da ma nhã,

    quando sua seiva está subindo (assim ela terá mais reservas e hormônios). Verifique com um

    viveirista q ue tipo de ramo se transfor ma numa boa estaca , pois isso varia de espécie para espécie.Há quem recomende fazer este processo na Lua Nova, para garan tir o enraizamento e brota ção.

    Para o plantio dessas muda s, coloque uma estaca por saquinho, já com o substrato. Inicialmente,

    deixe os saquinhos à meia sombra (cobertos com tela plástica, ou na sombr a de uma á rvore) para

    impedir o sol direto. Após a formação da raiz e brotação, os saquinhos com mudas podem ser

    colocados a pleno sol, recebendo os mesmos cuidados que as outras muda s, até atingirem o tama -

    nho ideal para a tra nsferência para o local definitivo.

    No caso de se plantar a muda já no seu local definitivo em vez do v iveiro, o plantio da estaca deve

    ser feito de forma a obter um ân gulo de uns 45º com o solo, isso permite que a seiva e os hormônios

    que estimularão o enraizament o tenham uma maior superfície de contat o com a terra.

    Cuidados nos canteiros

    A rotina de traba lho, para que as mudas se desenvolva m adequad amente, deve ser:

    - irrigar diariam ente;

    - trocar os saquinhos de lugar, quando as ra ízes começam a pegar na t erra;

    - proteger as mudas do sol, usan do tela ou equiva lente logo após a repicagem (até a muda f irmar),ou permanentement e para determina das espécies, como a peroba;

    - trocar de saquinhos, qua ndo estes começam a rachar.

    As mudas produzidas neste processo

    estão prontas quando atingem 70 cm

    de a l tura .

    Cuidados necessários

    - O local de plantio deve ser a dequado

    para a planta .

    - A cova pode ser feita com tamanho

    entre 40 e 60 centímetros de diâmetro e

    igual profundidade.

    - Para preparar a terr a é preciso mistu-

    rar a terra que se ret i rou ao fazer a

    cova na medida de duas partes de terra

    para uma pa rte de composto orgânico.

    Reservar.

    - Para o plantio da m uda ra sgue o saquinho onde ela está (caso contrário, a raiz n ão se desenvolve).

    - Retire-a com o torrão de terra, sem quebra r o torrão.

    Preparo da cova

    - Coloque metade da mistura de terra e composto de volta na cova.

    - Para plantar, introduza a m uda com o torrão na cova e preencha o resto do buraco com a mesmamistura. Dev e-se ter cuidado par a o tor rão nã o ficar acima no nível do solo (seca as raízes), nem

    muito embaixo (pode apodrecer a base da muda).

    - Para finalizar, pressione um pouco o chão do local plantado para deixa r a muda fir me, mas não

    aperte muito para n ão compactar o solo. No local da cova, o terreno deve ficar uns dois centímetros

    abaixo do nível do solo. Isso facilita regas. A primeira rega, já pode ocorrer logo após o plantio.

    Cuidados finais

    - Cobrir o solo com folhas secas, o que ajuda a manter a umida de da terra .

    - Quando nã o chove, deve-se regar de uma a duas vezes ao dia , no início da manhã ou f im de tarde.

    O Plant io

    Alternativas Econômicaspara Agricultura Familiar

    Sustentáveis30 

    Alternativas Econômicaspara Agricultura Familiar

    Sustentáveis31

  • 8/16/2019 04 - Alternativas Economicas Sustentáveis Agricultura Familiar - Sedam.pdf

    17/21

    Em Cláudia, a 606 km de Cuiabá, o Projeto

    L ore t a : p ro t e ç ã o de m a t a s c i l i a re s naAmazônia Mato-grossense, implantado pelo

    Gapa - Grupo Agrofloresta l e Proteção

    Ambiental, está em fa se final de estruturaçã o,

    preparando seu viveiro para produzir 50 mil

    mudas, em três anos, de espécies

    florestais e frut íferas. O projeto dá

    continuidade ao trab alho que o Gapa já

    desenvolvia na r egião com a recupera-

    ção do córrego Loreta, q ue começou a

    ser recuperado em 1999. A nascente

    quase foi perdida com o fogo que

    assolava a região e o Ga pa traba lhou

    por sua

    com ajuda d o poder público municipal

    e a população local.

    Cláudia já perdeu sete nascentes antes

    do Córrego Leda ser salvo com a

    reserva municipal que o protege.

    recupe ração e p re se rvação

    O plantio das mudas do viveiro é

    um dos modos dos produtores

    recuperarem a ma ta ciliar. Alem da

    mata ciliar será implantado em

    cada propriedade uma pequena

    área de sistema agroflorestal –

    SAF's. O método escolhido também

    vem dando ânimo aos agricultoresnu m a fo rm a de nã o p re c i s a r

    explorar ao máximo sua área a té a

    beira dos rios e córregos. Com o

    sistema eles podem, não só conse-

    guir frutas diversificadas para seu

    consumo com também para seu

    sustento. O maracujá, a grav iola, o

    cupuaçu e abacaxi são algumas das

    alternativas dadas agora pelo projeto a quem

    participa. Isso porque só gado e a lavoura não

    sustentam ma is as propriedades.

    A proprietária rura l Maria Salete Perinotto não

    nega sua part icipação no processo de degrada-

    ção e conta q ue passou pelos problemas ambi-

    entais causados pela destruição da mata ciliar.

      ““

      Acho importante trabalhar com intercambio porque assim conhecemos

    outros locais, como estão indo e o que estão fazendo e os

    resultados obtidos ajudam poupar tempo quand o  aplicarmos métodos semelhantes em nossa região.

     A t roca de con hec im en tos obt id a c om os in ter câm bios

    que a Rede proporciona tem sido muito

    importan te para o Projeto Loreta

    Brigitte Frick, coordenadora

    do Gapa para o Padeq Loreta

    32 

    Alternativas Econômicaspara Agricultura Familiar

    SustentáveisAlternativas Econômicaspara Agricultura Familiar

    Sustentáveis33 

    Hoje tudo se desencadeia num só rit mo em prol

    do bem comum. O pó de serragem tr ansfor ma-do em adubo orgânico é utilizado na produção

    das mudas do viveiro para os 15 km de matas

    ciliares que conservarão o córrego Loreta.

    Participante do projeto, ela diz que já pode

    comprovar a olhos vistos a melhoria em sua

    terra. “Antes a gente sofria com as enxurr adas,

    erosões e muito pó de serra se espalhando ao

    longo do córrego. Toda vida f azia força para

    meu marido ir à prefeitura para reclamar, mas

    ninguém dava bola, só prometiam. Minha

    vontade era de ir embora daqui. Quando

    compramos a terra não víamos a

    hora de derrubar a mata c i lia r para

    o gado beber água e aí, vimos que a

    qual idade não estava boa porque

    nossa parte do córrego ficava entre

    duas propriedades que nã o respei-

    tavam a mat a c i l ia r. Fui a favor do

    projeto de recuperação porq ue nos

    convencemos de que estamosplantando para o futuro e teremos

    árvores e água de qua l idade daqui

    a cinco ou dez anos. Agora a v onta-

    de de vender a terra passou”,

    argumenta .

    Com a orientaçã o do Gapa ela

    conta q ue plantou em sua proprie-

    Cláudia – mat a c i l iar cu l t ivada em vivei ro

     Armin Beh mostra em franca recuperação

      ““

      Se não fosse o trabalho em Rede eu

    estava no z ero. Acredito que o assunto

    'meio ambiente' é muito im portante

    atualmente e interessante

    que seja acessado por

    quem lida com a terra, por qu e m exe r n ela ,

    mexe com o clima e,

    conseqüentemente,

      com nosso futuro

    Luiz Lazarin, agricultor

  • 8/16/2019 04 - Alternativas Economicas Sustentáveis Agricultura Familiar - Sedam.pdf

    18/21

    dade mudas de mescla, cedro-rosa, ipê-

    amarelo, ingá, maracujá, cedrinho, seringa,

    jatobá, pequi e cacau. As frutas, além de

    alimentarem a família, servem para os passa-

    rinhos alegrarem o dia e ajudarem a reflorestar

    a ár ea. Ao todo ela já plant ou 250 mudas e não

    pensa em parar. Também colocou cerca em

    volta do rio para q ue os bezerros não cheguemmais lá.

    Sérgio Dalmaso Pereira, também proprietário

    de terra onde o Loreta passa diz que a água

    chegou a secar na nascente da propriedade,

    forçando a famíl ia a pegar água de outro

    Sis tem as Agroflores ta i s :

    p r odução de a l i ment os e r e s t au r ação f lo r es t a l

    Recuperar florestas pode ser tão simples quanto o processo criado pela própria natureza, sem no

    entant o significar perda de renda dos agricultores e agricultoras. Uma técnica q ue permite isso é o

    Sistema Agroflorestal (SAF), que nos leva a observa r como a n atureza se recupera sozinha e como

    podemos dar uma ajuda neste processo incluindo espécies que nos interessam economicamente.

    O método mais simples consiste em misturar a s mais diferentes sementes – de hortaliças a árv ores

    – e semear direta mente no solo, numa mesma cova. Nesse processo, deve ser levado em conta os

    ciclos de vida das plant as e a q uantida de de sementes por espécie a ser colocada no coquet el. As

    sementes não devem ser enterrad as em profundidade e devem ser homogeneamente distribuídas.

    Uma boa recomendação é que se misture terra e água no coquetel – isso torna a mistura mais

    homogênea e evita que as sementes

    pequenas fiquem no fundo do reci-

    piente.

    O método, além de simples é econômi-

    co, cabendo perfeitamente no bolso do

    pequeno agricultor. Isso porque a

    agrofloresta reúne as culturas agríco-

    las e florestais, usando a dinâm ica de

    sucessão de espécies nat ivas, colocan-

    do lado a lad o as espécies que agregam

    benefícios para o solo e aquelas que

    oferecem produtos para o agricultor.

    O segredo é consorciar espécies de

    d i fe re n t e s e s t á g i os da s u c e s s ã o

    natura l , assim elas se complementam a judando umas as outras a té forma r uma f loresta madura .

    Os SAFs são a reprodução no espaço e no tempo da sucessão ecológica verificada n atura lmente na

    colonização de áreas novas ou deterioradas. Não é a reconstrução da m ata original porque inclui

    plantas de interesse econômico desde as primeiras fases, permitindo colheitas sucessivas de

    produtos diferentes a o longo do tempo. O plantio conjunto de espécies pode ser em linhas ou aind a

    melhor, nas mesmas covas.

    Há que se observar no entant o, nesta técnica, que algumas sementes nascem rápido como a do ingá

    e do cacau falso. Como a mata precisa, em geral, de 20 anos para se recuperar, nesse tempo o

    Alternativas Econômicaspara Agricultura Familiar

    Sustentáveis35 

    córrego. Como providências tiraram o gado de

    perto do córrego e, em dois anos, a água v oltou a

    correr.

    “Tinha bastante coisa que sabíamos que pode-

    ríamos deixar para depois, mas vimos que

    precisávamos preservar agora para não ver

    mais degradação, como a nascente que deixeisecar”, lamenta. Em 1986 sua propriedade

    queimou toda por causa de fogo causado por

    vizinhos. Por isso ele acha importa nte trab alhar

    em conjunto para juntar esforços e recursos.

    Dessa forma aprende-se mais e repassa-se mais

    em sua opinião.

    O Luiz Laza rin e seu filho

    Leomar, outros proprietá-

    rios rurais participantes

    do projeto, contam que

    sua água e a produção

    estavam prejudicadas por

    causa do desmatamento.

    Agora, com a preserva ção,

    só melhoram a renda.

    34 

    Alternativas Econômicaspara Agricultura Familiar

    Sustentáveis

    Viveiro do projeto do Gapa,em Cláudia

  • 8/16/2019 04 - Alternativas Economicas Sustentáveis Agricultura Familiar - Sedam.pdf

    19/21

    agricultor pode aproveitar sua agrofloresta para colher fruta s para sua subsistência ou geração de

    renda .

    Aos poucos as planta s dão os frutos que nut rirão o agricultor. Enquant o isso, as árvores ajudam a

    formar a agrofloresta .

    Capina selet iva:  apenas as plantas pioneiras na t ivas ou plantadas são cortadas ou arra ncadas

    quan do madura s. Isso poupa as que têm uma posição mais avançad a na sucessão, ou seja, aquelas

    que ainda estão crescendo. Desta forma o manejo dá dinamismo ao processo acelerando seu

    desenvolvimento. Este ma nejo, sempre que possível deve ser realizado no período das chuvas. A

    hora da colheita tamb ém é propícia ao ma nejo. Isso porque pode-se espalhar ma téria orgânica pelo

    solo e introduzir nova s sementes onde há falhas.

    Poda: importante porque concede a entrada da luz para as plantas que estão abaixo das maiores.

    Para saber qual indivíduo podar, basta observar se o mesmo apresenta ataque de doenças ou

    pragas, se a planta está em condições de estresse relacionadas a o solo e à luminosidade. Também

    pode ser feito a pode para induzir a flora ção (como no caso do café e do abaca xi).

    -O mix de sementes deve ter v egetais de três grupos: de ciclo de vida curt o, como feijão; médios,

    como guandu, mand ioca e maracujá, e de ciclo longo, como as árv ores que levam anos para crescer

    e dar frutos, tipo acácia negra, pau pereira, ingazeira, tamb uriu.

    -Um jeito de plantar é fazer linhas na t erra, de metro em

    metro, onde ficarão as covas com misturas de semente.

    No meio disto, pode-se cultivar uma única varieda de que

    forneça mais biomassa (matéria orgânica) ao sistema.

    Em áreas d egradada s, podem ser usados feijão de porco,

    planta que ajuda a fixar o nitrogênio no solo. Após a

    colheita do feijão, as plantas serão cortadas, mas não

    retirada s, tornando-se matéria orgânica para enriquecer

    o solo. Para completar, de oito em oito metros, dá para

    incluir uma fila de árvores maiores, que fornecerãosombra e frut os no futuro, como é o caso do abacat e e da

    manga .

    Como começar 

    - Faz-se um dia gnóst ico da ár ea. Acidez (pH), disponibili-

    dade de fósforo e nitrogênio do solo são elementos

    fundamentais para a escolha das espécies certas para o

    local.

    - À medida em que o ecossistema va i melhorando, intro-

    Manejo do sis tem a

    Alternativas Econômicaspara Agricultura Familiar

    Sustentáveis36 

    duzir novas plantas mais exigentes,

    imitando a sucessão na tura l , que

    existe na na tureza .

     A obser va r 

    - Na mistura deve-se conhecer as

    espécies que se desenvolvem melhor

    quando plantadas juntas . É o caso domilho e feijão, que os índios já reuni-

    am em suas roças .

    - Já o café gosta de sombra. É amigo

    de árvores como a manga , tamburiu ,

    samaúma, jequi t ibá . Com a bananeira

    só conviverá b em por poucos meses.

    - Onde há ba nana l, pode-se introduzir

    o abacat e, que tem ciclo de vida mais

    longo e, no extrato mais baixo, plantar ta ioba.

    - A mandioca é um tipo de 'viveiro' natural, pois cresce mais rápido e acaba por dar sombra às

    outras espécies que estão plantadas na mesma cova e que demoram mais a brotar. Neste caso as

    raízes devem ser direcionadas para o lado oposto ao da muda.

    - O milho plantado neste sistema também é importante porque, por nascer rápido, serve como

    referencial das covas.

    - Podem ser planta das at é dez espécies na mesma cova e cabem cerca de qua tro covas em um metro

    quadrado. No entanto, não há limite de junção de sementes na mesma cova. O próprio sistema

    selecionara os indivíduos mais fort es e o agricultor deve observar e selecionar os indivíduos que

    ficarão no sistema.

    - Neste processo a nat ureza escolhe as melhores sementes, que brotam m ais vigorosas, e o agricul-

    tor pode, então, fazer sua seleção para as próximas covas.

    - Nas covas aonde tem muita s sementes de frutas (que precisam de sol e matéria orgânica para se

    desenvolver), é importante a poda nas plantas q ue fazem sombra a estas.

    - Como são muitas sementes juntas a cova deve t er entre 10 e 15 cm de profundidade. Também se

    pode fazer linhas rasas ou círculos rasos, colocar pouca terra sobre elas e completar com mais

    cobertura vegetal (folhas secas, etc).- O solo tem que ficar sempre coberto de matéria or gânica para evitar q ue o sol esquente muito e a

    chuva compact e o solo.

    Outro processo de recuperação florestal é mais tra dicional. Nele são planta das somente ár vores de

    climax (espécies que fecham a mata no final da sucessão natural) que normalmente são usadas

    para cort ar depois como a seringueira, o cedro, a itaúba , o angelim saia, a mescla e a peroba. E com

    distância de três metros para cada cova . No entan to, como essas arv ores são quase todas da mesma

    Restaur ação florest a l

    Alternativas Econômicaspara Agricultura Familiar

    Sustentáveis37 

    Crianças do PA Jaraguá sedivertem em meio às plantações

    No PA Jaraguá, o aprendizado sobreos SAF's uniu a comunidade

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    Alternativas Econômicaspara Agricultura Familiar

    Sustentáveis39 

    Em Água Boa, projeto Agricultura e

    Conservação da Mata Ci lia r t raba-lha com 30 famílias do Assenta-

    m e nt o J a ra g u á , qu e s e rã o os

    multiplicadores do processo de

    recuperação das beiras de rios,

    córregos e nascentes na região,

    numa iniciativa coordenada pelo

    ISA - Institut o Socioambiental.

    Marlene Machado Souza e Seu

    Dorly Lima dos Santos fazem parte

    desse grupo. Eles estão há oito anos

    na terra e contam q ue não t inham orientação

    nenhuma para m anejar uma área já sem muitos

    recursos naturais intocados. Para reverter a

    si tuação resolveram plantar á rvores e tenta-

    ram preserva r a nascente existente em seu lote.

    Quando o projeto chegou ao assentament o, eles

    se engajaram e aumentara m seu conhecimento

    para seguir naquilo que já estavam fazendo:

    recuperar a floresta em sua propriedade.

    “Com a experiência crescemos muito. Antes a

    gente plantava banana e a ga l inha comia tudo.

    Então resolvemos implantar a técnica do

    Ernest já com inovação própria”, disseram.

    altura, faltam as árvores no meio e em baixo desta floresta recriada. Para crescer mais rápido é

    interessante qu e sejam planta das espécies como a embaúba, qu e não serve para corte, ma s para

    mobilizar o fósforo no solo e ajudar as outr as planta s a crescerem, pois oferecem sombra. Outras

    espécies como a mangueira e a jaqueira tamb ém podem ajudar as outras ár vores com a sombra e

    nutrientes no solo.

    Além da ajuda do homem uma recuperação florestal pode ser feita somente pela natur eza quan do

    se isola uma área q ue já tem fontes de sementes e passarinhos. Se não existem estes itens naturais,

    pode-se contribuir com o processo ao jogar sementes nesta área isolada para enriquecer o lugar.

    Para atrair passarinhos – que são semeadores da natureza – podem ser construídos poleiros

    art ificiais, como tocos altos no meio do plantio.

    Numa floresta na tiva percebe-se uma mistura , de árvores maiores e menores. Nela há três gran des

    grupos: pioneiras, as secundárias e as d e clímax, que constituem o esquema de sucessão. Por isso,

    um bom projeto de reflorestamento com árvores nativ as deve misturar ár vores dos três grupos, na

    proporção correta.

    Como são:

    - Pioneiras são as que na scem primeiro. Têm como característica o rá pido crescimento, mas n ão

    vivem tanto tempo, nem ficam muito grandes. Fazem sombra, dando condições para outras

    espécies nascerem e se desenvolverem melhor.- Secundária s crescem mais lentamente, porém ficam ma iores.

    - Clímax, em gera l, crescem apenas na sombr a e levam m ais tempo para se desenvolver. A madeira

    é bem dura e o porte é maior. São as chama das ár vores de madeira de lei.

     A escolh a da s espé cies

    - Para o reflorestamento de uso sustentado (aproveitamento econômico, sem destruir a floresta

    como um todo) deve haver um planejamento de que árvores serão plantada s para a futura explora-

    ção.

    - Já para a regeneração de ecossistemas deve-se procurar espécies típicas do ecossistema a ser

    regenerado. Na recomposição de mata s ciliares (mata s que beiram e preservam os rios) - as espéci-

    es devem ser adapta das a ambientes mais úmidos.

     Re gen era ção Na tu ral :

    Atrav és da regeneração natura l, as florestas apresentam capacida de de se recuperarem de distúr-

    bios provocados pela ação do homem. A sucessão secundária depende de uma série de fatores

    como a presença de vegetação reman escente, o banco de sementes no solo, a rebrota de espécies

    arbust ivo-arbóreas, a proximidade de fontes de sementes e a intensidade e a duraçã o do distúrbio.

    Assim, cada área degradada apresentará uma dinâmica de sucessão específica. Em áreas onde a

    degradação não foi intensa, e o banco de sementes próximas, a regeneração natural pode ser

    suficiente para a resta uração floresta l. Nestes casos, torna-se imprescindível eliminar o fator de

    degradaçã o, ou seja, isolar a área e não praticar qualq uer atividade de cultivo.

    Água Boa: en t r e o novo e o t rad icional na f lores t a

    Alternativas Econômicaspara Agricultura Familiar

    Sustentáveis38 

    Quando Ricardo entrouno seu lote, não haviauma árvore sequer,ele começou a plantarassim que entrou e hoje,com o conhecimentode SAF, melhorouainda mais ariqueza de seu sítio

      ““

    Com esta experiência tenh o certeza de que,quando o projeto acabar,

    nós já crescemos

    o suficiente para

    buscar o caminho

    da sustentabilidade

    Luzia Dias, agricultora

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    Alternativas Econômicaspara Agricultura Familiar

    Sustentáveis

    Assim, rodearam as covas

    que f icam perto da casa com

    a b a c a x i s p a r a q u e a s

    g a l i n h a s n ã o c o m a m ,

    mostrando intimidade com

    as técnicas e princípios

    ensinados pelo agricultor e

    pesquisador Ernst Götsch.

    Aldenor de Souza Macha do,

    que também faz parte do

    grupo, conta que ocupou

    seu lote no assentamento

    em 1999, já completamente

    desmatado. Neste ano viu o córrego secar e

    pensou em fechar uma parte para recupera-

    ção. Ele e sua família conseguiram reverter a

    situação com a renovaçã o do córrego na época

    das chuvas, quando cercaram as ma rgens para

    recuperar a mata ciliar. Agora o volume de

    água está maior e o apoio técnico do projeto oa juda a melhorar a inda mais a inic ia t iva .

    Outro casal que comprova as benesses da

    recuperação florestal é Ricardo e Luzia Dias

    Batist a. Ele conta q ue ouve falar de refloresta-

    mento, desde que era presidente do Sindicato

    dos Trabalhadores Rura is de Água Boa. Depois

    virou agente social e ouviu reclamações de

    muitos agricul tores acerca de problemas

    ambienta is como a falta de água e a necessidade

    de reflorestar a região, mas nã o sabia nem como

    começar. Com o projeto, tudo mudou. Dias

    relata que aprendeu a recuperar as matas

    ciliares, com a orientação o projeto. Hoje,

    comemora os frutos desta empreitada: antes

    vivia só da venda da farinha produzida pelo

    casal, agora t em a opção de oferecer ao mercado

    o pequi, para o qual não tem falta do comprador.

    A intenção agora é plantar a seringa e o caju,

    com esperança de um futuro mais verde.

      “

    É a primeira vez que trabalho em Rede

    e estou achando im portante

    conhecer outras atividades

    econômicas num

    mesm o projeto

    Osvaldo Luís de Souza,

    técnico do ISA no projeto