04 - alternativas economicas sustentáveis agricultura familiar - sedam.pdf
TRANSCRIPT
-
8/16/2019 04 - Alternativas Economicas Sustentáveis Agricultura Familiar - Sedam.pdf
1/21
-
8/16/2019 04 - Alternativas Economicas Sustentáveis Agricultura Familiar - Sedam.pdf
2/21
Alternativas EconômicasSustentáveis
para Agricultura Familiar
-
8/16/2019 04 - Alternativas Economicas Sustentáveis Agricultura Familiar - Sedam.pdf
3/21
ÍNDICE
Apresent a çã o 07
Diagnóstico Participativo:f er ra ment a de mobiliza çã o e orga niza çã o comunit á ria 09
Ca rlinda semeia projet os e colhe sustent a bilida de 11
In tercâ mbio – Troca de experiência s q ue f av orece a tod os 14
Recupera çã o de pa st a gens – a lt er na t iva necessá ria 16
Nova Gua rit a recupera seu fut uro 18
Apicultura : uma doce possibilida de 20
Em Vera o fogo sa i pa ra ent ra rem a s f lores 25
Viveiros e sementes: o começo da recupera çã o f lorest a 27
Clá udia – ma t a cilia r cult iv a da em v iveiro 32
Sistemas Agroflorestais:
produção de alimentos e restauração florestal 35
Água Boa : entre o novo e o t ra diciona l na f lorest a 39
Rede BR163+XinguAlternativas Econômicas Sustentáveis para Agricultura Familiar
Coordenador: Nilfo Wandscheer
Associados: Associação dos Parceleiros do Projeto de Assentamento Califórnia Associação dos Produtores rurais da Gleba Entre RiosCooperagrepa - Cooperativa de Produtores Ecológicos do Portal da AmazôniaEcoCachimbo - Instituto de Ecologia e Pesquiza do Complexo Serra do CachimboGapa - Grupo Agroflorestal e Proteção AmbientalInstituto Centro de VidaInstituto Ouro VerdeInstituto SocioambientalSindicato dos Trabalhadores Rurais de Lucas do Rio Verde
Esta Rede faz parte da Campanha Y Ikatu Xinguwww.yikatuxingu.org.br
Ficha técnica Alternativas Econômicas Sustentáveis para Agricultura Familiar
Pesquisa e redação Adriana Gomes Nascimento
Coordenação editorial Gisele Souza Neuls
Projeto gráfico e Editoração eletrônicaElenor Cecon Júnior - EGM Editora
Fotos As publicadas nas páginas 12, 14, 16, 18 e 19 foram cedidas pelo fotógrafo Rafael Castanheira. As demaisfotos utilizadas nessa publicação foram cedidas pelos associados da Rede BR163+Xingu.
Apoio
Subprograma de Projetos Demonstrativos do Ministério do Meio Ambiente
EdiçãoSindicato dos Trabalhadores Rurais de Lucas do Rio VerdeRua Girua, 1196e - Cidade NovaLucas do Rio Verde – MT – CEP 78.455-000http://[email protected] (65) 3549 1819
-
8/16/2019 04 - Alternativas Economicas Sustentáveis Agricultura Familiar - Sedam.pdf
4/21
Apr esen t ação
Um modelo de agricul tur a: inclusivo, que r espei ta o
am b i en t e e a s popu lações e ge ra r enda pa ra a s com un i dades
A Rede BR163 + Xingu tem proporcionado aos agricultores e técnicos da região oportunidad es de
experiências muito ricas visando a produção da agricultura fam iliar casada com a conscientizaçã o
e educação ambient al dessas pessoas. Tudo isso é possível graças a o traba lho de anos de
estrutur ação e fortalecimento de entidades atra vés da forma ção de representan tes e lideranças. A
art iculação dessas entidades resultou na Rede BR163+ Xingu, e a Rede também resultou em mais
art iculação.
O nome da Rede vem do debate q ue já existe há anos, entre as entida des do movimento social, sobre
a participação social nas obras de infra-estrutura que devem acompanhar a pavimentação da BR-
163 no trecho Cuiabá – Santarém. Esse envolvimento se somou à Campanha Y Ikatu Xingu,
abra çada por a gricultores familiares, indígenas, poder público, organizações sociais e fazendeiros
em direção ao objetivo comum que é a preservaçã o das águas n a bacia do Rio Xingu.
Com isso aconteceram intercâmbios de conhecimentos em manejo racional de pastagens,
apicultura e restaura ção florestal. Todos estavam v isitando experiências semelhantes às das suas
comunidades, assim, de forma indireta estavam aprendendo sobre organização social e gestão
participativa. O conhecimento, as metodologias, as técnicas foram construídas de forma
part icipativa e, esta experiência serve de modelo para vár ias comunidades da região e até do
Estado.
É importa nte que o Esta do e financiadores olhem para esta experiência com carinho e usem este
aprendizado n o momento de constr uir o modelo de desenvolvimento que q ueremos. O STR, com
esta cartilha pretende contribuir com um novo modelo de
agricultura, inclusivo, respeitando o ambiente, as populações e
gerando renda para as comunidades.
Acreditamos ter at ingido nosso objetivo, mas o traba lho continua,
há comunidades que não fora m beneficiadas e as já contempladas
serão inseridas num processo de fortalecimento da comercia-
lização solidária envolvendo m ais parceiros, setor público, terceiro
setor e comércio.
Boa lei tura !
Nilfo Wandscheer - presidente do Sindicat o dos
Traba lhadores Rurais de Lucas do Rio Verde
Alternativas Econômicaspara Agricultura Familiar
Sustentáveis07
-
8/16/2019 04 - Alternativas Economicas Sustentáveis Agricultura Familiar - Sedam.pdf
5/21
Diagnóst ico par t ic ipat ivo:
fer ra men ta de mobi l ização e organização comu ni tá r ia
oficinas
A mobilização e organização comunitária é a chave para mudar a tradição de soluções mágicas
para as dificuldades da agricultura familiar que vêm de cima pra baixo. Uma comunidade bemorganizada, que sabe o que quer e onde quer chegar, não será facilmente enganada por projetos
milagrosos que resultam e grandes elefantes brancos.
Mas como se dá esse processo? Antes de pensar em como mudar uma r ealidade é preciso conhecer a
comunidade, e mais: que a comunidad e se conheça profundam ente. Para isso, o diagnóstico parti-
cipativo é uma das primeiras ferra mentas de traba lho, tanto para técnicos quanto para as próprias
lideranças das comunidades.
Os primeiros passos são visitas e entrevistas de campo, em que no contato com cada mora dor da
comunidade abre caminho para compreender a dinâmica da comunidade. Nessas visitas é impor-
tant e apresentar a proposta de traba lho, ouvir as pessoas envolvidas, perguntar o que elas preci-
sam e o que querem mudar na sua comunidad e. O Diagnóstico Participativo, que va mos abreviar
como DP, deve envolver as pessoas da comunida de em todas a s etapas do processo, desde a elabora-
ção dos questionár ios ou roteiros de diagnósticos, até as entr evistas e aná lises dos dados. Este DP
va i p e rm i t i r s a be r
com mais fidelidade e
amplitude o que toda
o u q u a s e t o d a a
comunidade anseia ,
ou s e j a , qu a l s e u
problema em comum.
Para poderem aplicar
esse DP, os pesquisa-
dore s c om u ni t á r i o spassam por
q u e o s a j u d a m a
entender e manejar
esse recurso, abor-
dando aspectos como
Liderança Comunitá-
ria; Comunicaçã o e Técnicas de coletas de dados. Após a capacitação, os par ticipantes aponta m
quais serão a s pessoas que comporão um grupo que percorrerá a região coletando dados e proble-
mas da comunidade para que se estabeleçam prioridades e se pense em soluções coletivas.
Mudança Cul tur al : objet ivo maior dos
projetos p i lo to da Campanh a Y Ikatu Xingu
Aos nove projetos piloto da Rede BR-163 + Xingu, finan ciados pelo PDA-PADEQ, somam-se outros
tantos, apoiados por outras fontes de financiamento, distribuídos por diversos municípios da
região das ca beceiras do Rio Xingu e adjacências. Todos eles incluem componentes para a proteçãoe recuperação de nascentes e mat as ciliares, e somam esforços para a concretização dos objetivos
da Campanha Y Ikatu Xingu.
Esses projetos, por si só, são insuficientes para promover a r ecuperação de toda extensão de mat as
ciliares já degradadas na região. Porém, eles vêm desempenhando funções essenciais. Antes de
mais nada , eles estão tra zendo um aporte de mais de cinco milhões de reais, em três anos, para o
conjunto desses municípios, aos cuidados das diversas organizações locais que são suas
executoras.
Além disso, os projetos estão possibilitando a formação e fixação, na região, de técnicos
especializados, que ajudam a desenvolver t écnicas de baixo custo para resta uração florestal, qu e
permitirão aos produtores e administradores públicos interessados desenvolver tantas outras
experiências similares que sejam necessárias e possíveis. Ajudam a agrupar importantes
instituições locais em ações conjuntas, que podem compart ilhar as suas experiências e enfrentar
as suas dificuldad es comuns. Por exemplo, já vêm possibilitando a constituição de um incipiente
mercado local de sementes de espécies nativas, que eram antes consideradas inúteis, mas que
agora estão sendo va lorizadas, inclusive como um fator de geração de renda para os seus coletores.
Considerando que os projetos piloto, como é da sua essência, estão abertos à visitação e à
aprendizagem de todos os interessados, inclusive o público escolar, e que os seus resultados,
mesmo iniciais, vêm sendo divulgados e compartilhados amplamente, eles estão se
transformando num verdadeiro elemento de transformação
cultural para toda a população. E assim, a região vai encontrando
o seu caminho e o seu lugar nesses tempos em que milhões de
pessoas, em todo o mundo, buscam enfrentar os desafios que estãodiante da nossa civilização, em busca da sustent abilidade e de um
futuro melhor e mais sadio para as fut uras gerações.
Márcio Santilli - Coordenador d a Campanha Y Ikatu Xingu
Alternativas Econômicaspara Agricultura Familiar
SustentáveisAlternativas Econômicaspara Agricultura Familiar
Sustentáveis08 09
-
8/16/2019 04 - Alternativas Economicas Sustentáveis Agricultura Familiar - Sedam.pdf
6/21
A partir d esses dados coletados, a comunidade tra ça um mapa dos próprios problemas e começa a
listar propostas de soluções. Nessa fase de discriminação de ta refas é importan te não esquecer a
questã o de gênero para ga rantir q ue todos os aspectos de um mesmo problema possam ser lembra-
dos e avaliados de forma geral.
Com a elaboração e an álise do seu diagnóstico, a comunidade começa a ver problemas comuns e
possibilidades de soluções coletivas – o q ue sem dúvida forta lece os laços comunitários. O objetivo
do DP, além de funcionar como uma fotograf ia da comunidade, é forta lecer o grupo de tal formaque, a partir do conhecimento das ferramenta s de organizaçã o e diagnóstico que aprenderam, no
futuro encont rem seus próprios meios de, em conjunto, chegar a soluções viáveis para os proble-
mas comuns a todos.
É comum que entidades como sindicatos e organizações não-governamentais darem a partida
nesse processo, levando para a comunidade escolhida para determinado projeto o auxílio de
técnicos e especialistas. E o papel dessas entidades deve ser fa cilitar o processo de organização e
forta lecimento das comunidades Porém, o DP é uma ferram enta simples que a própria comunida-
de pode organizar e implementar.
Organizar um gr upo gestor, um comitê que vai ser responsável por fazer o DP f uncionar. O ideal é
que esse comitê seja composto metade por homens e meta de por mulheres, incluindo jovens.
Oferecer ou buscar capacitações para a comun idade compreender o que é o DP e quais suas va nta-
gens e possibilidades de utilização.
* Montar o rot eiro do diagnóstico, com as questões que se quer identificar na comun idade
(ex.: número de fam ílias, grau de escolaridade, renda e produção f amiliar, principais dificuldades
enfrenta das etc). É importan te que esse roteiro seja monta do em uma reunião com a comunida de,
para que contenha o maior número de questões que a comunidade ache importante de serem
traba lhados.
* Escolher um grupo de pessoas da comunidad e que será encarregad o de fazer o diagnósti-
co conforme o método escolhido. Pode-se deixar questionários para as famílias responderem,
fazer entrevistas individuais, entrevistas com grupos familiares, enfim, de várias formas. A
escolha do método depende do tamanho da comun idade e sua capacidade de levar o diagnóstico
adiante .
* Depois de todas as entrevistas feitas, o próprio grupo de pesquisadores ou um grupo
maior deve se encarregar de an alisar os dados e fazer o relatório do diagnóstico, com a descrição
Passo-a-pas so do Diagnóst ico Part icipativo
dos resultados encontrados. É
i m p or t a n t e qu e o ro t e i ro
aplicado seja o mesmo para
todos, pois isso facilita
.
* De posse dessa aná-l i s e , a c om u ni da de de ve
estabelecer um cronograma
de reuniões para priorizar os
problemas que devem ser
enfrentados e debater qua is as
melhores formas de fazer isso
coletivamente.
* A cada eta pa cumprida a comun idade deve se reunir para a valiar a certos e dificuldades. A
avaliação constante e participativa permite corrigir rumos, acertar detalhes e fortalece a
iniciativa.
Por fim, é important e saber que esse não é um processo rápido e cada comunida de tem um ritmo
que deve ser respeitado. O tempo pode variar de dois meses até mesmo um a no. Devemos lembrar
que o que importa é obter resultados consistentes, além do amadurecimento e forta lecimento da
comunidade – coisas que não acont ecem do dia para a noite.
agru-
pa r a s r e spos t a s e f aze r
anál ises comparat ivas
Alternativas Econômicaspara Agricultura Familiar
Sustentáveis10
Alternativas Econômicaspara Agricultura Familiar
Sustentáveis11
-
8/16/2019 04 - Alternativas Economicas Sustentáveis Agricultura Familiar - Sedam.pdf
7/21
Comunitário de Gestão Ambiental Integrada,
local que representa fisicamente as comunida-
des. Desde sua criação o local funciona como
um concentrador de idéias e informações
ambientais e presta assessoria aos moradores
nas mais diversas dúvidas. duas outras comu-nidades foram incorporadas ao traba lho,
envolvendo assim todo um setor dentro do
município de Carlinda.
A eficiência é tanta que o Centro pode ser
considerado uma referência ambiental, tama-
nha é a procura por seus serviços. A média de
atendiment os é de 100 pessoas/mês não só do
universo de 200 famílias que com põem o
PDA/Padeq de Carl ind a ,
mas também de quem não
participa do projeto. E a
tendência de procura peloCentro é de crescimento.
Hoje, só não atendem mais
porque o número de moni-
t o re s a i nda é re du z i do
frente as atividades desen-
volvidas na região - são
quatro moni tores , sendo
dois homens e duas mulhe-
res.
““ Trabalhar em Rede é mu ito bom! Isso porque se
aprende mais com as reuniões e intercâmbios e as
idéias surgem, com m ais facilidade. Não se
fic a i sol ad o. Um en sin a o ou tro
ao mesmo tempo em que se aprende
com todos. Acho que esta é a grand e
sacada dessa experiência
Alexandre Olival,
coordenador do Instituto Ouro Verde.
12
Seis comunidades do município de Carlinda,
distant e 762 km de Cuiabá, já colhem frutos dasua forte mobilização e organizaçã o comunitá-
rias. Mas chegar ao nível em que se encontra
hoje não foi fácil. Embora estejam só começan-
do, muita coisa já mudou. As comunidades
vinham de um histórico de programas falhos
que diversas instituições e governos tentaram
implantar na região com idéias prontas que
não eram preparadas ao calor do que a comu-
nidade queria e necessitava.
Até 2004, contam os moradores, era a lei do
'cada um por si e por seus problemas' já que
estavam sem paciência para mais projetos
'milagrosos'. Segundo eles, volta e meia a pare-
ciam projetos de plantações que seriam 'a
salvaçã o da lavoura', e assim por diante. Mas o
resultado era sempre o mesmo: o fracasso,
resultado da inadequação dos projetos para a
região e da falta de estudo de mercado para
comercializar o que se produzisse.
Em 2005, quando o projeto Gestar Portal da
Amazônia chegou em Carlinda atra vés do IOV ,
em parceria com o ICV , as comunidades Monte
Sinai, Nazar é, Rio J ordão e Palestina começa-
ram um processo de mobilização e organiza ção
que se tornou referência na região. A comuni-
dade se forta leceu, percebeu que unida poderia
resolver de forma um pouco mais fácil seus
problemas em comum e hoje administra um
resfriador coletivo de leite, entre outras inicia-
tivas comunitárias. A união resultou inclusive
na a provação do projeto junto ao P DA/Padeq –
projeto escrito em conjunto pela comunidade e
IOV.
Ao todo o PDA/Padeq tem
dois anos para ser realiza-
do. No primeiro ano foram
realizadas visitas a todos
os moradores e a oferta de
e
comunicação, controle bio-
lógico, manejo de pasta-
g en s e r ec u pe r a çã o d ematas ciliares. Um grupo
da própria comunidade
elaborou o Diagnóst ico
Participativo, que identifi-
c ou os p rob l e m a s da s
comunidades e a busca de
soluções comuns como: Ma nejo de Pastagem e o
Controle Biológico da Cigarrinha . Também
hou ve a e s t ru t u ra ç ã o f í s i c a do Ce n t ro
oficinas de l iderança
Gerenciamento certo - Na discussão sobre
gerência dos recursos do projeto, o
Conselho Gestor resolveu investir em
1.400 quilos de fungo (Metarhizium
anisopliae) para o controle biológico da
cigarrinha. Das mais de 70 propriedades
que passaram a controlar a c igarrinha ,
foram selecionadas nove para monitora-mento dos resultad os. Assim, três monito-
res, que foram escolhidos pelas seis
comunidades percorrem, a cada quinze
dias, estas propriedades para verificar a
eficiência do fungo em relação à cigarri-
nha. Além disso também são visitadas
outras nove propriedades que não aplicaram o
agente biocontrolador para poder comparar os
efeitos. E os resultados não poderiam ser
melhores. O número de cigarrinhas tem dimi-
nuído até nos pastos que não foram pulveriza -
dos. Isso acontece porque as cigarrinhas
parasita das de uma propriedade levam o fungo
para outros locais, ajudando na sua dissemina-
ção.
Isso demonstra que há um ganho ambienta l
mesmo para os proprietários que ainda não
acordaram esta solução ecológica. O que dá
muita sat isfação, conforme os monitores, é ver
que, junto com o meio ambiente a mentalida de
Alternativas Econômicaspara Agricultura Familiar
SustentáveisAlternativas Econômicaspara Agricultura Familiar
Sustentáveis13
Carl inda sem eia projetos e colhe sus ten tab i l idade
““
Participar de u ma experiência
como esta, em algumas
pa lav ras , é 'sh ow de
bola'. É muito
gratificante veras coisas decolarem
Antonio Francimar,
representante da
comunidade Nazaré.
-
8/16/2019 04 - Alternativas Economicas Sustentáveis Agricultura Familiar - Sedam.pdf
8/21
Inter câmbio – Troca de exper iências que favorece a todos
os projetos da Rede. A primeira é de que juntan-
do recursos e pessoas se faz mais e melhor do
que cada iniciativa em separad o. A segunda é a
idéia de que agricultor ensina agricultor de
uma forma muito mais completa e eficiente.
Assim, ao longo do primeiro ano de at ividades
da Rede BR163+ Xingu, foram rea l izados
intercâmbios e seminários técnicos reunindo
todos os projetos para aprenderem e compart i-
lharem aq uilo que eles têm em comum, concen-
tran do os esforços e ampliando os horizontes do
aprendizado.
Há três forma s básicas de intercâmbio: aq uela
que reúne pessoas envolvidas em diferentes
projetos em um mesmo local para aprender e
trocar idéias sobre uma
técnica específica, como
manejo de pastagens e
apicultura, por exemplo;a que reúne as pessoas e
as leva para conhecerem
um projeto ou iniciativa
que está dando certo,
p a ra ve r de p e r t o a
mesma experiência em
um nível mais avançado
de desenvolvimento; e
aquela em que pessoas
BR163+ Xingu, a troca de conhecimentos e
saberes tem sido uma prática constante.
Intercambiar conhecimento começa com o
levantamento das necessidades de uma comu-
nidade em termos de informações e técnicas,
para em seguida localizar pessoas e iniciativas
que possam contribuir com a
comunidade levando seus
conhecimentos.
Duas chaves são importan tes
para compreender as ativi-
dades de intercâmbio entre
14
Alternativas Econômicaspara Agricultura Familiar
Sustentáveis
dos proprietários também começa a mudar.
“Antes tinha um proprietário que dizia que
cigarrinha só se combatia com fogo. Agora ele é
um dos que procuram pulverizar o fungo”, diz
o monitor Antonio Francimar. Em agosto de
2007, quan do começa o segundo ano d o proje-
to, serão implantadas 20 unidades demonstra-
tivas que vão receber piquetes para o manejoecológico de past agem.
Frutos colhidos - Mas vale frisar que nada
disso aconteceria em Carlinda se o Conselho
Gestor não optasse por trabalhar desde o
princípio com contrapartidas das comunida-
des beneficiadas. Com o bom gerenciamento
dos recursos e a constribuição dos moradores
houve sobra de recursos desde o início das
atividades. Assim outros projetos extras que
não estav am prevists no P DA/Padeq pudera m
acontecer neste primeiro ano paralelamente
aos previstos. São eles: o cultivo, em pequena
escala de NIM (Azadirachta indica) – uma
planta de origemasiática utilizada como repe-
lente; a criação de Hor ta Agroecológica, cujos
recursos de venda é darão suporte à sustenta bi-lidade do Centro Comunitário de Gestão
Ambiental In tegrada e a elaboraçã o do jornal “A
Semente”, criado pelos participantes do projeto
como forma de disseminar informações às
comunidades para fomentar a part ic ipação
coletiva nesta empreitada e a recuperação de 25
nascentes consideradas prioritárias para todo o
setor.
A troca, embora seja uma das práticas mais
antiga s do ser humano, foi, com o incremento
do capitalismo, sendo esquecida. E a maior
perda não foi a da troca d e produtos conhecida
como escambo, mas a de saberes entre as
pessoas. Mas nas comunidades da Rede
envolvidas em diferentes projetos visitam-se
uns aos outros para verem o desenvolvimento
de atividades por diferentes ângulos.
As visitas de intercâmbio, visitas técnicas,
reuniões e dias de campo são as ferramentas
que oferecem a oportunidade de ver em campo
o desenvolvimento de iniciativas similares a
que se está desenvolvendo, perceber diferentes
momentos do processo de desenvolvimento dos
projetos e das comunidades, além de aprender
com as dificuldades e acertos dos outros, pois
permite observar como diferentes comunida-
des lidam com os mesmos problemas.
Alternativas Econômicaspara Agricultura Familiar
Sustentáveis15
““
A t roca de exp eri ên cia s se m elh an tes é m ui to pos it iva , re ali za da de pro jet o p ara pro jet o
de organização pra organização, de produtor pra produtor. Amplia-se a quan tidade de
informações relacionadas, bem como outras complem entares aos projetos. Em
alguns casos, é possível uma cooperação entre projetos diminu indo custos.
E a socialização das inform ações e dos resultados dos projetos
é muito enriquecedora, e permite um melhor desenvolvimento
das ações, onde podem os errar menos, ou seja aprender também com
os erros dos outros. Nestes casos sempre amplia as oportun idades
Jean Carlo C orrêa Figueira, ICV.
““
Esta é um a experiência que nunca vou esquecer. A mudan ça
é visível. O pasto está mu ito melhor. Bem d iferente d o que
quando eu usava o fogo. Se tiver condições
eu vou estar sempre atrás de n ovas
técnicas. Mas se vier um projeto que
dê continuid ade a este ou vá nesta
direção, será bem vind o
Vilmar, agricultor que participa do projeto em
Nova Guarita com seu pai, Sr. Olívio
Atividades de intercâmbiolevam agricultores paraver a aplicação deconceitos e técnicasem campo
-
8/16/2019 04 - Alternativas Economicas Sustentáveis Agricultura Familiar - Sedam.pdf
9/21
Recuper ação de pas t agens – a l t e r na t i va neces sá r ia
Mane jo Ecológico de Pastagen s
Sistema de Pastoreio
Racional Voisin
O pastoreio contínuo, sistema em que o gado fica sobre uma m esma área d e pastagem um período
prolongado de tempo ou permanentemente, é o grande inimigo da qualidade dos pastos. Issoporque o gado, man tido sem troca de pasto por um t empo indefinido, após alguns dias de perma-
nência passa a consum ir o capim antes que ele complete o seu desenvolvimento. Isso acaba impe-
dindo que as plantas refaçam sua s reservas energéticas.
Desse modo, a pastagem fica fraca , pouco nutritiv a, o que diminui progressivamente a produtivi-
dade e vigor do gado. Além disso, o pastoreio contínuo tem reflexos também na cobertura d o solo,
que fica desprotegido e, conseqüentemente, mais suscetível aos efeitos da erosão. Com a continui-
dade deste sistema, em alguns anos a pastagem se degrada. Assim, é preciso uma reforma par a que
ela recupere sua capacidade produtiva e o problema seja revertido.
A redução da produtividade das pastagens pela degradação acaba aumentando a demanda por
novas áreas de pasto. Assim, ocorrem novos desmatamentos que seriam desnecessários se os
devidos cuidados e precauções fossem tomados para ma nter os pastos saudáv eis e nutritiv os.
A pastagem ecológica, como o enge-
nheiro-agrônomo e especialista no
t e m a J u ra nd i r Me la do c ha m a a
técnica, pode ser obtida em poucos
anos, a part i r de uma pastagem
qualquer já formada. A aplicação
criteriosa do
, um sistema propos-
to pelo francês André Voisin em 1957,permite um equilíbrio positivo de três
fatores: Solo, Pasto e Gado, com cada
fator tendo um efeito positivo sobre
os outros dois.
Neste sistema, a utilização da pastagem é feita atra vés de uma rotação racional, que proporciona o
melhor aproveitamento possível das forrageiras, resultando num nível de produtividade que
chega a três vezes a alcançada pelo sistema extensivo, na mesma pastagem. Na prática, quando
mais tempo o gado leva par a volta r a um piquete, ma is o pasto tem condição de crescer e fornecer
* A Europa tem a a tual tendência de adquiri r apenas carne ras treada e produzida à pas to , não necessariamente orgânica , mas quenão contenha resíduos de anabolizantes, determinados vermífugos e antibióticos, que não utilize herbicidas, que respeite osanimais (reses, cavalos, etc.)e q ue utilize níveis decrescentes de uréia no sal.
Alternativas Econômicaspara Agricultura Familiar
Sustentáveis16
alimento de qua lidade para o gado. A técnica consiste, resumidamente, em:
- Divisão das pasta gens em piquetes. O número de piquetes e tamanho d os mesmos depende
do tama nho da propriedade e do rebanh o. O ideal é que o gado leve 30 dias para voltar
- Diversificação das pasta gens (gramíneas e leguminosas), que melhoram a alimentação do
gado;
- Arborização d as pasta gens, de preferência com espécies nat ivas – elas oferecem sombra e
conforto para o gado;
- Abandono do uso de adub os químicos, herbicidas, roçadas sistemát icas e fogo.- Orienta-se adotar a cerca elétrica para manejo dos piquetes, pois diminui os custos com
madeira e arame.
Alternativas Econômicaspara Agricultura Familiar
Sustentáveis17
-
8/16/2019 04 - Alternativas Economicas Sustentáveis Agricultura Familiar - Sedam.pdf
10/21
Quando soube do projeto que iria ser desenvol-
vido pelo ICV, Schneider resolveu fa zer par te,
mesmo que um pouco receoso. Como a intenção
principal era a m elhoria do pasto, ele começou
aumentando o número de piquetes de cinco
para 24 e implantand o a cerca elétrica. Assim,
logo no primeiro ano do projeto, conseguiu
aumentar a capacidade de produção de seu
gad o leiteiro em 20%. Com o recurso, con ta
orgulhoso, conseguiu não só aumentar a casa,
mas ta mbém ganhou conhecimento e experiên-
cias que nem sonhava que existiam.
A boa experiência e resultados positivos é o que
fazem o agricultor Schneider pensar no futuro.
Quando este projeto terminar, ele diz que não
vai esperar que outro caia em suas mãos, vai
Alternativas Econômicaspara Agricultura Familiar
Sustentáveis19
Nova Guarita, cidade localizada a 697 km de
Cuiabá, é uma das duas cidades onde o ICVdesenvolve o projeto intitulado Apoio à prá ti-
cas a l terna t ivas à agricul tura famil iar , em
p a rc e r i a c om du a s c oop e ra t i va s l oc a i s :
Coopernova e Cooperagrepa. O projeto busca
atender as necessidades de um grupo de 20
agricultores de Nova Gua rita e de Terra Nova
do Norte, associados das duas cooperativas,
com a tr oca do pastoreio contínuo pelo manejo
de pastagens através do piqueteamento e a
implantaçã o de cercas elétricas.
O coordenador d o projeto pelo ICV, J ean Car lo
Correa Figueira, conta q ue no início o cenário
encontrado era de uma comunida de de peque-
nos produtores rurais, com um bom nível de
organização, mas com pastos já muito degra-
dados, em alguns com cerca d e 20 anos de uso.
Por isso, estavam com um baixo rendimento
dos pastos, que já estavam degradados e
sentindo drast icamente o período da seca, com
18
Alternativas Econômicaspara Agricultura Familiar
Sustentáveis
pouco alimento natural para os animais.
Muitos já desmatar am ma is de 50%da proprie-dade, não tendo mais como ampliar a produção
ou melhorar a produtividade dos pastos exis-
tentes.
Dos 18 sócios da Associação dos Pequenos
Produtores da Comunidade União, de Nova
Guarita, dez estão no projeto. Isso porque a
maioria não quer mais a derrubada de f loresta e
busca caminhos sustentáveis
para permanecer na terra. Hoje
os participantes não só já pen-
sam em novos rumos como
copiam e buscam modelos de
sustentabi l idade numa c lara
demonstração de que sua visão
está mudada .
é um
dos produtores que participam.
Tem 26 alq ueires e sempre
pensou em recuperar a pasta-
gem, mas nunca tinha feito por
não contar com a a ssistência técnica. Ele conta
que, logo que chegou a Nova Guarita para
tomar posse de sua terra a ordem era derrubarpara ga nhar o local que tivesse 'tomado posse'.
Após a derrubada, queimou para criar seu
pasto. No entanto, hoje sabe o quanto de nutr i-
entes o solo perdeu com essa prática. Com o
tempo a terra foi mostrando cansaço e logo
começou a faltar um bom capim. Isso gerou
baixa produtiv idade no leite e pouca qualidade
na carne do gado.
Nélson Rodolfo Schneider
atrás de capacitação para expandir sempre e
dar exemplo a outros agricultores. “Com todo o
trabalho que implantamos vemos que destruir
é fácil, reconstruir é que é difícil, e leva tempo.
Mas o bom é q ue tem jeito”, disse.
Já seu , a lém
de ter implantado piquetes ,também ajuda na recuperação da
terra e, consequentemente, na
alimentação do gado e qualidade
do leite e carn e, com a plantação
em seu pasto de leguminosas,
f r u t í f e r a s e o u t r a s á r v o r e s
nativas – as duas primeiras para
a l i m e nt o e a s na t i va s p a ra
sombreamento, o que também
ajuda no aumento da produção
de leite.
Associação – O presidente da
Associação, Valmor Antônio Verdana, explica
que ainda há uma cisma de alguns produtres
que não entenderam a importância do projeto.
Por isso nem todos os associados aderiram.
Segundo ele, se por um lado, o projeto chegou
tarde, pois não se tinha mais o que preservar,
por outro, veio em boa hora para socorrer quem
já desistia da terra. “Quando a gente precisa,
acha que tudo é demorado. Mas os resultados,
mesmo que ocorrendo devagar, agradam, com
certeza, a todos”, revela Verdana , animado com
os resultados.
Olívio dos Santos
Nova Guar i t a r ecupe r a s eu f u t u r o
-
8/16/2019 04 - Alternativas Economicas Sustentáveis Agricultura Familiar - Sedam.pdf
11/21
Apicul tu ra: u ma doce poss ibi lidade
Cara cter ís t icas, cuidados e manut enção de pasto apícola
Para quem pensa nessa possibilidade de trabalho, é preciso saber que são necessários certos
cuidados na hora de produzir um bom mel. Um exemplo destas medidas é não implantar o apiáriopróximo a planta ções que usem inseticidas, pois isso comprometerá a pureza do produto fina l. E
tamb ém planejar variar seu pasto apícola (conjunto de espécies de plantas que dã o flores próximas
ao apiário para q ue as abelhas tenham ingredientes para produzir o mel) para gara ntir o produto
durante todo o ano.
Uma vantagem de se constituir um apiário é que não há restrições a ninguém para se trabalhar
com apicultura. As únicas recomendações é que não tenha medo nem alergia de abelhas, e seja
paciente no trato com elas. O trabalho, da captura à comercialização, é relativamente simples e
não exige dedicação em tempo integral.
Um ano em média, dependendo da região, é o tempo que demora para se produzir a primeira leva
de mel. A média nacional de produção é de 20 quilos de mel por ca ixa. Para um melhor planejamen-
to, no entant o, é interessante que se faça desde o princípio o mapeamento da flora da de seu pasto
apícola, ou seja, se tenha anot ado e organizad o a época em que cada espécie de planta do apiár io dá
suas flores. Dessa forma é possível identificar os meses de cada uma, o q ue facilita o manejo na
hora da previsão da produção.
Deve se r:
* Em local de reflorestamento ou de capoeira com diversidade de planta s
* Distância mínima de 500 metros da estrada e distante de cavalos, porque odores fortes
espantam as abelhas
* Longe de crianças, para q ue não ocorram acidentes
* Em local que possua certo sombreament o, mas não seja muito fechado* Direcionado para o sol nascente
* Próximo de um cur so d'água
* Localizado onde bata menos vento
* Com a caixas-isca colocadas em cima de cavaletes. Estes cavaletes devem estar prote-
gidos por metades de garraf as plásticas para evitar at aque de formigas (veja fotos)
Deve te r:
* Floradas variadas para garant ir mel durante todo o ano
* Planta s medicinais, caso a intenção seja incrementar a produçã o. Isso para que as abelhas
passem a introduz ir no mel o princípio ativo desses tipos de planta s. Esta cara cterística pode ser
um diferencial do produt o oferecido.
* Devidamente paramenta do, com a roupa adequa da (macacão com proteção de rosto, luvas
e botas) localizar a colméia, q ue pode estar pendurada ou no oco de alguma á rvore.
* Fazer fumaça com o fum egador com fogo sempre de material orgâ nico como sabugo demilho, capim limão ou serragem. A fumaça nunca pode ser produzida por materiais que irrit am ou
molestem as abelhas, como óleo de qualquer natureza, querosene, gasolina e produtos que des-
prendam odor for te ou mau cheiro. Nunca direcionada d iretamente a colméia e não muito intensa,
para que as abelhas apenas se afast em e não fujam.
* Quando a colméia está no oco é necessário abrí-la com machado. Feito isto, é preciso
capturar a rainh a – cuja cara cterística principal é ser maior do que as demais e ter sempre, atrá s de
si, um grande número de ab elhas. A rainha f ica localizada sempre no centro da colméia.
* Colocar a ab elha-rainha numa caixa-isca próxima, com melgueiras (quad ros de madeira,
que acondicionam os fav os da colméia) com cera alveolada nova (cuja característica é a cor bran-
ca), devidament e preparada com a prot eção contra an imais e insetos (ver preparação da caixa).
* Deixar a caixa n o local de captura a 1,50 m ou 2 m da colméia, e a cerca de um metro de
altura , sem mexer, por dois ou três dias, até qu e as abelhas sigam nat uralmente a ra inha e entrem
na caixa . A altura da caixa nos cavaletes (1 m) é para q ue a colméia não seja ataca da por outros
animais e insetos e facilitar a man utenção.
* Ocorrida a entrada de todas as abelhas na caixa, leva-se esta para o apiário. No início
quinzenalmente e com o tempo, mensalmente, com a roupa adequada, deve-se olhar se a rainha
colocou ovos. Isso significa que o
traba lho começou na colméia-caixa.
Com o tempo, essa inspeção periódi-
ca também serve para saber se é
p re c i s o fo rne c e r a l i m e nt o nos
períodos de carência, verificar a
conformação dos favos e a posturas
da ra inha , etc .
* Este trabalho de revisão deveser feito pelo apicultor devidamente
trajado, em dias quentes e ensolara-
dos e, preferencialmente, com a
ajuda de alguém. Neste tipo de
atividade, o uso do fumegador é
obrigatório e o trabalho deve ser
feito de forma rápida, em movimen-
tos tranqüilos, delicados, porém
decididos. Gestos ou ações bruscas
Captu ra de colméia e man ute nção do apiário :
Alternativas Econômicaspara Agricultura Familiar
SustentáveisAlternativas Econômicaspara Agricultura Familiar
Sustentáveis20 21
-
8/16/2019 04 - Alternativas Economicas Sustentáveis Agricultura Familiar - Sedam.pdf
12/21
podem provocar a irada reação das abelhas.
* Para realiza r o traba lho de inspeção ou revisão, aproxime-se sempre pelo lado de trá s da
caixa. Nunca int errompa, com o corpo, a linha de vôo das abelhas, que entra m e saem da caixa em
busca de alimentos.
* Quando o apiário estiver estabelecido a cera deve ser t rocada de t empos em tempos. O
ideal é usar um quadro de cera alveolada por mês até qu e a própria abelha produza sua cera.
* Favos escuros, retorcidos ou danificados devem ser substituídos por favos com cera nova
alveolada. Os favos, principalmente os do centro do ninho onde se desenvolve a família na col-méia, devem ser examina dos para constat ar a presença de larvas e ovos. É uma operação delicada
e que requer at enção visual, pois os ovos são pequenos. A ocorrência de fav os com pequeno núme-
ro de crias ou de ovos depositados é sinal de que a rainha está fra ca e deve ser substituída.
* Se os favos da caixa estã o todos ocupados, com crias ou com a limento - mel e pólen –, o
apicultor deve providenciar mais espaço para a f amília, ou seja, uma caixa extra. Um indício de
que a caixa está superpovoada é a for mação daq uilo que os apicultores denominam de "barba" d e
abelhas : quando nos dias quentes
um grande numero de abelhas
ficam na entrada das colméia, em
forma de cacho.
* Verificar se há presença
de larvas mortas nos favos e de
abelhas mortas no assoa lho da
caixa. Ist o é indício de ocorrência
de doença na família. Uma colméia
sadia é sempre limpa e higiênica.
* Na entressafra, ou seja,
nos períodos em que não há
florada, principalmente durante o
inverno ou nas estações de muita
chuva, verifique se a família tem
alimento suficiente. Caso contrá-
rio, você deve fornecer alimentação a rtificial à colônia (mel e não açúcar ).
* Para evita r que part e da colônia enxameie, ou seja, que aband one a colméia, verifique se a
família está for mando realeiras nos fav os. As realeiras (cápsulas destinada s à criação de rainhas),são formadas normalmente, nas extremidades dos quadros, apresentando a forma de um casulo
parecido com uma casca de amendoim. Elimine, se for o caso, estas cápsulas para não perder a
colônia.
A longevidade da colméia-caixa pode ser medida pela idade da ra inha. Mas como identificar ?
Fácil! A rainha nova tem como cara cterística colocar ovos (pontinhos de cerca de 2 mm e brancos)
um ao lado do outro. J á a rainha velha coloca ovos em qualquer lugar da colméia.
Como ident i f icar a idade da r a inha?
Equ i pam en t o necessá r i o
* Caixa
* Macacão: deve ser constituído de
uma única peça e largo, folgado o suficiente
para nã o criar resistência junto ao corpo, o que
permitiria a ferroada da abelha, de tecido
resistente para defender o corpo de ferroadas.Caso seja feito pelo próprio produtor uma dica
é o brim, que é bastante utilizado e oferece
uma boa proteção.
* Máscara: o melhor tipo é o de pano,
com visor de tela metálica, pintada com tinta
preta e fosca, que permit e melhor visibilidade.
* Luvas: devem ser finas o suficiente para que o apicultor não perca totalmente o tato –
fat or de grande importância na m anipulação das abelhas. As luvas de couro fino, brancas, são as
mais indicada s, as de plástico nem sempre são resistentes às ferroada s, além de suarem muito, o
que dificulta os trabalhos e cujo odor pode irritar a s abelhas.
* Formão (pá): ferramenta utilizada para abrir o teto da colméia, que normalmente é
soldado à caixa pelas abelhas com a própolis. Serve ta mbém para separar a desgrud ar as peças da
colméia.
* Fumegador: serv e para defender o apicultor das ferroad as. Sua fumaça d iminui a agressi-
vidade das abelhas .
* Botas: as melhores são as de borracha branca, de cano médio ou longo, sobre o qual é
a justada a ba inha do macacão.
* Espanador: empregado para remover as abelhas dos quadros da colméia sem ferí-las.
Normalment e, é feito de crina animal. Alguns apicultores utilizam penas de aves como espanad or.
* Facas e garfos desoperculadores: são instrumentos utilizad os para destam par os alvéolos
dos favos, liberando, assim, o mel arma zenado.
* Centrífuga: equipamento destinado à extração de mel que não provoca danos aos favos,
permitindo reaproveitá-los.
* Decanta dor
* Cera alveolada: com o tempo ela é feita pela própria abelha na nova casa da rainha. Noentant o, no início, para acelerar a produção de mel, a compra da cera é recomendada.
É Importante que itens que ficam em contato direto com o mel, como o formão e a centrífuga,
sejam de inox para q ue o mel não pegue cheiro de plástico.
As abelhas são sensíveis às tonalidades escuras, especialmente ao preto e ao marrom. Elas têm
verdadeira aversão a estas cores, que provocam seu ataque. Por isso, toda a indumentária do
apicultor deve ser de cor clara. As mais indicadas são o branco, o ama relo e o azul- claro.
Alternativas Econômicaspara Agricultura Familiar
SustentáveisAlternativas Econômicaspara Agricultura Familiar
Sustentáveis22 23
-
8/16/2019 04 - Alternativas Economicas Sustentáveis Agricultura Familiar - Sedam.pdf
13/21
A quantidade de caixas de cada
apiário varia de acordo com a
quant idade de f lorada e de a belhas
que se tem na propriedade. Mas um
número superior a 20 não é reco-
mendado.
* Pegar uma melgueira da
colméia
* Desopercular. Opercular é
o traba lho de vedação dos favos
pelas abelhas. As abelhas opercu-
lam, isto é, "fecham" os favos com
mel maduro ou cria (larvas) madura. Na retirada do mel quebra-se este opérculo.
* Deixar escorrer o mel na centrífuga
* Centrifugar o mel de acordo com a capacidade da má quina
* Peneirar no decanta dor* Deixar no decanta dor de 2 a 3 dias para que as impurezas suba m e o mel puro possa ser
separado para a venda .
Como fazer a re t i rada domel das caixas:
Um doce futuro é o que esperam os
agricultores do Projeto de Assentamen-to Califórnia, da cidad e de Vera, distan-
te 480 km de Cuiabá. Lá o Projeto de
apoio ao desenvolvimento de alternati-
vas econômicas e recuperação ambien-
tal, realizado pela Associação dos
Parceleiros do Projeto de Assentament o
da Fazenda Califórnia, começa a ser
construído com a implantação da
apicultura.
Ironi Antonio Zanati, secretário da
D i r e t o r i a d a A s s o c i a ç ã o d o P A
Califórnia conta que as coisas não
foram para frente em seu sítio ainda porque,
desde que foi para lá, não teve quase nenhuma
orientação de órgãos federais. Ele conta que
nasceu e se criou na roça e sabia o que o pai
sabia, ou seja, plantar e colher com técnicas
antigas. Um tempo depois foi para a zona
urbana, onde trabalhou dez anos em madeirei-
Alternativas Econômicaspara Agricultura Familiar
Sustentáveis25
““
Trabalhar em Rede é a saída.
Quem é pequeno agricultor
e está fora está
per de n do um a
oportunidade
de mercado
Nélson Ganzer,
agricultor PA Califórnia
ra. Depois conseguiu as t erras n o P.A., onde nã o
encontrou nenhuma estrutur a nem avançou. A
vantagem que vê agora com o projeto é poder
reaviva r a experiência que teve com o pai num
curso que fez em 1979. Zanati diz q ue renovou
este aprendizado com a aula prática de campo
dada pelo consultor Wemerson Ballester. Para
ele a vinda da apicultura a o local trar á grandes
benefícios, principalmente porque vem agre-
gada com a fruticultura e o interesse em
reflorestar.
“O projeto nos tra z benefícios porque pesquisa
mercado e a qua lidade do mel que será consoli-
dada com a abertura da Casa do Mel” , comenta .
A expectativa é que no final de três anos a
comunidade já esteja coletando e comerciali-
zando cinco mil q uilos de mel. Ao todo par tici-
pam 18 famílias neste projeto num tota l de 76
pessoas envolvidas.
Alternativas Econômicaspara Agricultura Familiar
Sustentáveis24
Em Vera o fogo sai para en t r arem as f lores!
Pasto Apícola no PA Califórnia
-
8/16/2019 04 - Alternativas Economicas Sustentáveis Agricultura Familiar - Sedam.pdf
14/21
O coordenador do projeto e presidente da
Associação, Argeu Medeiros, está satisfeito
com a nova empreitada. Vivendo há oito anos
no assentamento, ele plantou arroz até 2005
mas parou porque não tinha rentabilidade. Na
Associação ele conta que queria encontrar
parceria para implantar novas a l terna t ivas a o
fogo, muito utilizado na região para prepara r osolo. Encontrou esta parceira com o Sindicato
dos Traba lhadores Rurais de Lucas do Rio
Verde, com o q ual se envolveu d esde o
Projeto Proteger até chegar ao atual
projeto.
Ele também já tinha noção de apicultu-
ra , mas nunca t inha traba lhado com a
ativida de. Com o projeto de apicultura
sendo implantado, Medeiros conta que
aprendeu o que é organizaçã o para um
trabalho, a busca de parceria e, numa
ampliação de horizonte, o que são
políticas públicas e como elas podem
ser influenciadas pela sociedade.
Outro que adentra a apicultura é o
agricultor Nélson Ganzer. Natural da
região Sul ele veio para M ato G rosso em 1999
em busca de terra, mas como não conseguiu,
foi trabalhar em Lucas do Rio Verde na cons-
trução civil. Só dois anos depois foi para o
assentamento. Ganzer confessa que este é o
primeiro projeto do qual participa onde pode
ter renda. “É uma experiência nova e fá cil poistrab alhamos conforme orientações de técnicos
especializados”, diz. Com a orientação ele
aprendeu todo o manejo da abelha, captura e
alimentação e ganhou poucas ferroadas, para
sua surpresa. Depois do projeto, ele pensa na
fruticultura e no reflorestamento como ações
que vão ser aliada s e complementos da apicul-
tura q ue vai implanta r. “Tudo o que conseguir
de forma ambienta lmente correta , eu quero!
Viveiros e seme nt es : o começo da recuper ação f lores t a l
A Coleta de Sementes
Dizem que temos três obrigações ao passar pela vida : ter um filho, escrever um livro e plantar u ma
árv ore. Se reparar mos, todas estas a ções têm a intenção de fazer com que o ser humano deixe umacontribuição para o planet a. Destas três 'obrigações', talvez plant ar uma á rvore seja a que ma is é
deixada em segundo plano: parece que tem sido mais fácil cortar do que planta r.
A ocupação das terras no Brasil carac-
terizou-se pela falta de planejamento e
conseqüente destruição dos recursos
naturais, particularmente das flores-
tas . Neste panorama, as matas de beira
de rios, córregos e nascentes não
escaparam da destruição, um triste
cenário comum em toda a região da BR-
163 e Bacia do Xingu.
Mas recuperar essas área s não é difícil
nem mesmo impossível. É preciso um
bom planejamento e um pouco de orientação. Tudo pode começar com a coleta de sementes e o
planejamento de um viveiro de mudas.
O processo de degradaçã o das matas ciliares, além de desrespeitar a legislação, que torna obriga-
tória a preservação das mesmas, resulta em vários problemas ambientais. As matas ciliares
funcionam como filtros, retendo par te dos agrotóxicos, poluentes e sedimentos que seriam t rans-
portad os para os cursos d'água, afetando diretam ente a quant idade e a qualidade da água e conse-
qüentement e o número de peixes e a população humana . São importantes ta mbém como corredo-
res ecológicos, ligando fragmentos florestais e, portanto, facilitam o deslocamento da fauna e o
fluxo de espécies entre as populações animais e v egetais. Em outra s regiões não planas, exercem aproteção do solo contra a erosão – processo que precisa ser revert ido sempre. A implantaçã o de
viveiros para recuperação de ma tas ciliares é o começo dessa conversa: a lém de servir para repro-
dução de espécies nativas q ue serão usadas na resta uração da s mata s de beira de rio e nascentes,
ainda serv e para produção de mudas de valor econômico.
A escolha das sementes que serão reproduzidas para a resta uração das ma tas ciliares e nascentes
Alternativas Econômicaspara Agricultura Familiar
Sustentáveis27
Meus planos agora são evitar o fogo e plantar
flores”.
J oão Boaventur a de 55 anos traba lhou até os 15
com o pai na roça. Depois com madeireira até
2002.
Com desemprego na região e baixa nos cortes demadeira, conseguiu o sítio no Califórnia e foi
plantar ao invés de cortar árvores . P lantou
arroz e milho, mas o investiment o não rendeu e
ele quebrou. Agora quer ser a picultor, trabalho
que nunca fez, mas começou a se interessar
porque a venda é garantida e a perda é
pert o de 0%.
Para o fu turo só quer, assim como Deus prometena Bíblia, uma vida de leite e mel. Para isso tem
a intenção de buscar novos financiamentos e
orientações de outras fontes. “Sei que tenho que
tentar várias coisas porque a lavoura sem
maquinário como os grandes latifundiários,
não rende. Por isso aposto agora na abelhas e
mais tarde na fruticultura e no reflorestamen-
to, atividades que darão suporte a apicultura”,
acrescenta.
““Trabalhar em R ede é gratificante.
A ge n te se i n teg ra com
outra instituição e
aprende e repassa
o que se sabe num a
troca constan te
Argeu Medeiros, coordenador do Padeq
em Vera e presidente da Associação dos
Parceleiros do Projeto de Assentamento
da Fazenda Califórnia
26
Alternativas Econômicaspara Agricultura Familiar
Sustentáveis
-
8/16/2019 04 - Alternativas Economicas Sustentáveis Agricultura Familiar - Sedam.pdf
15/21
segue três critérios: qualidade das sementes, variedade das espécies e preferência por espécies
existentes na região.
Antes de mais nada, é important e escolher uma boa matr iz, que é a árvore-mãe da qua l se coletam
as sementes: deve ser uma planta sadia, bonita e produtiva. Logo após a coleta, as sementes devem
passar por um beneficiament o, que consiste em: limpeza, retirada da polpa, seleção e exclusão de
sementes inviáveis.
Existem diferentes tipos de espécies e sementes, e porta nto diferentes modos de coleta ta mbém.
Para sementes miúda s que caem e são difíceis de coletar no chão, uma lona em ba ixo do pé ajuda.
Outras como Ipê, que são sementes dispersadas pelo vento exigem a coleta na ár vore, subindo nela
antes de abrirem.
Para que as sementes germinem, a maior parte delas precisa ter sua dormência quebrada. Na
natur eza isso acontece quan do os animais comem as frutas e regurgitam ou defecam as sementes.
Os métodos de quebra de dor mência tentam imita r essas condições
- Raspagem: é o método mais usado nas
sementes mais duras. Consiste em raspar asemente em uma superfície áspera ou com
facão antes de plantar, mas cuide para não
atingir o miolo dela. É adequado para
sementes como jatobá e pinho cuiabano.
-Choque de t empera tura : neste caso as
sementes sofrem a alternância de tempera-
turas , de aproximadamente 20ºC, em
períodos de 8 a 12 horas. Consiste em dar
banhos em água morna e em segui da
nas sementes. O
método é bom para sement es mais sensíveis.
Fases da semen te no v iveiro
S emeadura : no caso das sementes miúdas, é usual semeá-las em berçários, isto é, grandes caixas
cheias de areia mistura da com composto orgânico. Para sement es maiores, o plantio é feito direta-
mente em saq uinhos. Mas cada espécie pode exigir um cuidado específico, valendo à pena consul-
tar alguém que já conheça o ma nejo das espécies que se deseja plantar.
Germinação: algumas espécies germinam em poucos dias, ma s outras d emoram meses. Algumas
necessitam de sombra para se desenvolver, outras de muito sol. Nem sempre todas sementes
Quebra de dormência
banhos de água fria
O Viveir o
germinam. Quando se começa é necessário realizar testes ou se informar com quem já organizou
viveiros, sobre o processo de germinação de ca da espécie.
Transfe rênc i a pa ra saqu inhos: quando as mudas chegam ao tamanho adequado para transporte
e plantio para local definitivo, são liberadas do viveiro. É legal fazer a muda passa r por um proces-
so de rustificação q uando ela estiver pronta para ir pro campo. Esse processo consiste em colocá-
las no sol e diminuir as regas, pois no cam po elas não terão m ais os cuidados do viv eiro e sofrerão
menos se forem preparadas par a essas condições.
O local do viveiro deve ser:
- Plano;
- Aberto, sem sombream ento;
- Com fácil acesso à água;
- Com boa drenagem do solo;
- Ter um quebra -vento na direção dos v entos
mais fortes ;
-De fácil acesso de pessoas e veículos.
In fra est ru tu ra:
- Um galpão, para guardar os equipam entos e
insumos, e executar tarefas como o encher
saquinhos;
- Reservat ório de água na part e mais alta do terreno (facilita as regas);
- Espaço aberto e sombreado, especial para estocar terr a, areia e fertilizant es orgânicos.
O berçário
Uma sementeira, ou berçário, é essencial para a maior parte das espécies, especialmente as de
sementes pequenas. Facilita muito o trabalho e economiza recursos, pois somente será preciso
transferir para os saquinhos as plantas que nascerem. Para a maior parte do ano, basta construir
uma sementeira (ou berçário) coberta com tela plástica ou sombrit e, para proteger contra sol forte
e do ataque de insetos. Esta proteção será desnecessária se os saquinhos ficarem sob a sombra
natura l de árvores .
Com poucos recursos- Delimitar um a área d e 10m x 1m com tábuas ou tijolos;
- Preencher o fundo da área com uma cama da de brita grossa e, sobre ela, outra de brita f ina (garan -
te boa d renagem)
- Preench er com subst rat o compost o por a reia (90%) e húmus (10%).
Canteiros
O ideal é que cada cant eiro (espaço delimitado para a brigar os saq uinhos com mudas) tenha um
metro de largura por dez metros de comprimento. Mas tudo depende da á rea que se tem disponível
para este fim. Para d elimitá-lo, coloque em cada canto uma pequena est aca de madeira e ligue estas
Alternativas Econômicaspara Agricultura Familiar
SustentáveisAlternativas Econômicaspara Agricultura Familiar
Sustentáveis28 29
-
8/16/2019 04 - Alternativas Economicas Sustentáveis Agricultura Familiar - Sedam.pdf
16/21
estacas com um barba nte, forma ndo um retângulo. Deixe sempre corredores de aproximadamen-
te um metro de largura entre os canteiros, para facilitar as atividades rotineiras. Uma dica é
construí-los no sentido leste-oeste o que garant e melhor insolação.
Como transferir do berçário para os saquinhos
Quando as muda s atingem de 10 a 12 cm, deve ocorrer a repicagem, ou seja, a t ransferência par a
saquinh os, com cuidado especial, para a raiz man ter-se reta, pois se enrolar a ponta, a planta pode
não se desenvolver.1- Preparo dos saq uinhos: escolha os de um ou d ois litros (pode-se reaproveitar sacos de leite,
desde que eles tenham sido muito b em lavad os, para q ue não haja fun gos prejudiciais), enchendo-
os até q uase a bor da com subst rato (60%de terra , 20%de esterco curtido e 20%de bagaço de cana
curtido – Preparo: Mistur ar bem e passar por uma peneira de tela grossa (vãos de 2 cm de diâme-
tro, aproximada mente) para eliminar torrões.
2 – Transferência pa ra os saq uinhos: repita o procedimento com cada mudinha, sem esquecer de
molhar bem a sementeira antes, para ficar f ácil tirá-las: no saquinho, faça com o dedo um buraco
no substrat o de mais ou menos 1 cm de diâmetro, onde a mudinha será colocada . Arra nque com
muito cuidado uma mudinha do berçário, para a raiz não quebrar. Coloque a muda no saquinho,
com a tenção para para que a ra iz entre reta .
Complete o espaço vaz io com o substrat o.
Esta cas ao s inv és de sem en tes
Para algumas espécies, como amora e pata de
vaca, é possível usar estacas em vez de semen-
tes para fazer mudas. Assim, elas podem ser
plantadas diretamente no local, sem precisar
passar pelo viveiro.
A coleta destas estacas pode ser feita de duas
formas: com uma tesoura de poda, utilizando
galhos de 20 a 25 cm de comprimento; ou com
facão, com galhos de 50 cm. As estacas d evem ser coletadas preferencialmente no início da ma nhã,
quando sua seiva está subindo (assim ela terá mais reservas e hormônios). Verifique com um
viveirista q ue tipo de ramo se transfor ma numa boa estaca , pois isso varia de espécie para espécie.Há quem recomende fazer este processo na Lua Nova, para garan tir o enraizamento e brota ção.
Para o plantio dessas muda s, coloque uma estaca por saquinho, já com o substrato. Inicialmente,
deixe os saquinhos à meia sombra (cobertos com tela plástica, ou na sombr a de uma á rvore) para
impedir o sol direto. Após a formação da raiz e brotação, os saquinhos com mudas podem ser
colocados a pleno sol, recebendo os mesmos cuidados que as outras muda s, até atingirem o tama -
nho ideal para a tra nsferência para o local definitivo.
No caso de se plantar a muda já no seu local definitivo em vez do v iveiro, o plantio da estaca deve
ser feito de forma a obter um ân gulo de uns 45º com o solo, isso permite que a seiva e os hormônios
que estimularão o enraizament o tenham uma maior superfície de contat o com a terra.
Cuidados nos canteiros
A rotina de traba lho, para que as mudas se desenvolva m adequad amente, deve ser:
- irrigar diariam ente;
- trocar os saquinhos de lugar, quando as ra ízes começam a pegar na t erra;
- proteger as mudas do sol, usan do tela ou equiva lente logo após a repicagem (até a muda f irmar),ou permanentement e para determina das espécies, como a peroba;
- trocar de saquinhos, qua ndo estes começam a rachar.
As mudas produzidas neste processo
estão prontas quando atingem 70 cm
de a l tura .
Cuidados necessários
- O local de plantio deve ser a dequado
para a planta .
- A cova pode ser feita com tamanho
entre 40 e 60 centímetros de diâmetro e
igual profundidade.
- Para preparar a terr a é preciso mistu-
rar a terra que se ret i rou ao fazer a
cova na medida de duas partes de terra
para uma pa rte de composto orgânico.
Reservar.
- Para o plantio da m uda ra sgue o saquinho onde ela está (caso contrário, a raiz n ão se desenvolve).
- Retire-a com o torrão de terra, sem quebra r o torrão.
Preparo da cova
- Coloque metade da mistura de terra e composto de volta na cova.
- Para plantar, introduza a m uda com o torrão na cova e preencha o resto do buraco com a mesmamistura. Dev e-se ter cuidado par a o tor rão nã o ficar acima no nível do solo (seca as raízes), nem
muito embaixo (pode apodrecer a base da muda).
- Para finalizar, pressione um pouco o chão do local plantado para deixa r a muda fir me, mas não
aperte muito para n ão compactar o solo. No local da cova, o terreno deve ficar uns dois centímetros
abaixo do nível do solo. Isso facilita regas. A primeira rega, já pode ocorrer logo após o plantio.
Cuidados finais
- Cobrir o solo com folhas secas, o que ajuda a manter a umida de da terra .
- Quando nã o chove, deve-se regar de uma a duas vezes ao dia , no início da manhã ou f im de tarde.
O Plant io
Alternativas Econômicaspara Agricultura Familiar
Sustentáveis30
Alternativas Econômicaspara Agricultura Familiar
Sustentáveis31
-
8/16/2019 04 - Alternativas Economicas Sustentáveis Agricultura Familiar - Sedam.pdf
17/21
Em Cláudia, a 606 km de Cuiabá, o Projeto
L ore t a : p ro t e ç ã o de m a t a s c i l i a re s naAmazônia Mato-grossense, implantado pelo
Gapa - Grupo Agrofloresta l e Proteção
Ambiental, está em fa se final de estruturaçã o,
preparando seu viveiro para produzir 50 mil
mudas, em três anos, de espécies
florestais e frut íferas. O projeto dá
continuidade ao trab alho que o Gapa já
desenvolvia na r egião com a recupera-
ção do córrego Loreta, q ue começou a
ser recuperado em 1999. A nascente
quase foi perdida com o fogo que
assolava a região e o Ga pa traba lhou
por sua
com ajuda d o poder público municipal
e a população local.
Cláudia já perdeu sete nascentes antes
do Córrego Leda ser salvo com a
reserva municipal que o protege.
recupe ração e p re se rvação
O plantio das mudas do viveiro é
um dos modos dos produtores
recuperarem a ma ta ciliar. Alem da
mata ciliar será implantado em
cada propriedade uma pequena
área de sistema agroflorestal –
SAF's. O método escolhido também
vem dando ânimo aos agricultoresnu m a fo rm a de nã o p re c i s a r
explorar ao máximo sua área a té a
beira dos rios e córregos. Com o
sistema eles podem, não só conse-
guir frutas diversificadas para seu
consumo com também para seu
sustento. O maracujá, a grav iola, o
cupuaçu e abacaxi são algumas das
alternativas dadas agora pelo projeto a quem
participa. Isso porque só gado e a lavoura não
sustentam ma is as propriedades.
A proprietária rura l Maria Salete Perinotto não
nega sua part icipação no processo de degrada-
ção e conta q ue passou pelos problemas ambi-
entais causados pela destruição da mata ciliar.
““
Acho importante trabalhar com intercambio porque assim conhecemos
outros locais, como estão indo e o que estão fazendo e os
resultados obtidos ajudam poupar tempo quand o aplicarmos métodos semelhantes em nossa região.
A t roca de con hec im en tos obt id a c om os in ter câm bios
que a Rede proporciona tem sido muito
importan te para o Projeto Loreta
Brigitte Frick, coordenadora
do Gapa para o Padeq Loreta
32
Alternativas Econômicaspara Agricultura Familiar
SustentáveisAlternativas Econômicaspara Agricultura Familiar
Sustentáveis33
Hoje tudo se desencadeia num só rit mo em prol
do bem comum. O pó de serragem tr ansfor ma-do em adubo orgânico é utilizado na produção
das mudas do viveiro para os 15 km de matas
ciliares que conservarão o córrego Loreta.
Participante do projeto, ela diz que já pode
comprovar a olhos vistos a melhoria em sua
terra. “Antes a gente sofria com as enxurr adas,
erosões e muito pó de serra se espalhando ao
longo do córrego. Toda vida f azia força para
meu marido ir à prefeitura para reclamar, mas
ninguém dava bola, só prometiam. Minha
vontade era de ir embora daqui. Quando
compramos a terra não víamos a
hora de derrubar a mata c i lia r para
o gado beber água e aí, vimos que a
qual idade não estava boa porque
nossa parte do córrego ficava entre
duas propriedades que nã o respei-
tavam a mat a c i l ia r. Fui a favor do
projeto de recuperação porq ue nos
convencemos de que estamosplantando para o futuro e teremos
árvores e água de qua l idade daqui
a cinco ou dez anos. Agora a v onta-
de de vender a terra passou”,
argumenta .
Com a orientaçã o do Gapa ela
conta q ue plantou em sua proprie-
Cláudia – mat a c i l iar cu l t ivada em vivei ro
Armin Beh mostra em franca recuperação
““
Se não fosse o trabalho em Rede eu
estava no z ero. Acredito que o assunto
'meio ambiente' é muito im portante
atualmente e interessante
que seja acessado por
quem lida com a terra, por qu e m exe r n ela ,
mexe com o clima e,
conseqüentemente,
com nosso futuro
Luiz Lazarin, agricultor
-
8/16/2019 04 - Alternativas Economicas Sustentáveis Agricultura Familiar - Sedam.pdf
18/21
dade mudas de mescla, cedro-rosa, ipê-
amarelo, ingá, maracujá, cedrinho, seringa,
jatobá, pequi e cacau. As frutas, além de
alimentarem a família, servem para os passa-
rinhos alegrarem o dia e ajudarem a reflorestar
a ár ea. Ao todo ela já plant ou 250 mudas e não
pensa em parar. Também colocou cerca em
volta do rio para q ue os bezerros não cheguemmais lá.
Sérgio Dalmaso Pereira, também proprietário
de terra onde o Loreta passa diz que a água
chegou a secar na nascente da propriedade,
forçando a famíl ia a pegar água de outro
Sis tem as Agroflores ta i s :
p r odução de a l i ment os e r e s t au r ação f lo r es t a l
Recuperar florestas pode ser tão simples quanto o processo criado pela própria natureza, sem no
entant o significar perda de renda dos agricultores e agricultoras. Uma técnica q ue permite isso é o
Sistema Agroflorestal (SAF), que nos leva a observa r como a n atureza se recupera sozinha e como
podemos dar uma ajuda neste processo incluindo espécies que nos interessam economicamente.
O método mais simples consiste em misturar a s mais diferentes sementes – de hortaliças a árv ores
– e semear direta mente no solo, numa mesma cova. Nesse processo, deve ser levado em conta os
ciclos de vida das plant as e a q uantida de de sementes por espécie a ser colocada no coquet el. As
sementes não devem ser enterrad as em profundidade e devem ser homogeneamente distribuídas.
Uma boa recomendação é que se misture terra e água no coquetel – isso torna a mistura mais
homogênea e evita que as sementes
pequenas fiquem no fundo do reci-
piente.
O método, além de simples é econômi-
co, cabendo perfeitamente no bolso do
pequeno agricultor. Isso porque a
agrofloresta reúne as culturas agríco-
las e florestais, usando a dinâm ica de
sucessão de espécies nat ivas, colocan-
do lado a lad o as espécies que agregam
benefícios para o solo e aquelas que
oferecem produtos para o agricultor.
O segredo é consorciar espécies de
d i fe re n t e s e s t á g i os da s u c e s s ã o
natura l , assim elas se complementam a judando umas as outras a té forma r uma f loresta madura .
Os SAFs são a reprodução no espaço e no tempo da sucessão ecológica verificada n atura lmente na
colonização de áreas novas ou deterioradas. Não é a reconstrução da m ata original porque inclui
plantas de interesse econômico desde as primeiras fases, permitindo colheitas sucessivas de
produtos diferentes a o longo do tempo. O plantio conjunto de espécies pode ser em linhas ou aind a
melhor, nas mesmas covas.
Há que se observar no entant o, nesta técnica, que algumas sementes nascem rápido como a do ingá
e do cacau falso. Como a mata precisa, em geral, de 20 anos para se recuperar, nesse tempo o
Alternativas Econômicaspara Agricultura Familiar
Sustentáveis35
córrego. Como providências tiraram o gado de
perto do córrego e, em dois anos, a água v oltou a
correr.
“Tinha bastante coisa que sabíamos que pode-
ríamos deixar para depois, mas vimos que
precisávamos preservar agora para não ver
mais degradação, como a nascente que deixeisecar”, lamenta. Em 1986 sua propriedade
queimou toda por causa de fogo causado por
vizinhos. Por isso ele acha importa nte trab alhar
em conjunto para juntar esforços e recursos.
Dessa forma aprende-se mais e repassa-se mais
em sua opinião.
O Luiz Laza rin e seu filho
Leomar, outros proprietá-
rios rurais participantes
do projeto, contam que
sua água e a produção
estavam prejudicadas por
causa do desmatamento.
Agora, com a preserva ção,
só melhoram a renda.
34
Alternativas Econômicaspara Agricultura Familiar
Sustentáveis
Viveiro do projeto do Gapa,em Cláudia
-
8/16/2019 04 - Alternativas Economicas Sustentáveis Agricultura Familiar - Sedam.pdf
19/21
agricultor pode aproveitar sua agrofloresta para colher fruta s para sua subsistência ou geração de
renda .
Aos poucos as planta s dão os frutos que nut rirão o agricultor. Enquant o isso, as árvores ajudam a
formar a agrofloresta .
Capina selet iva: apenas as plantas pioneiras na t ivas ou plantadas são cortadas ou arra ncadas
quan do madura s. Isso poupa as que têm uma posição mais avançad a na sucessão, ou seja, aquelas
que ainda estão crescendo. Desta forma o manejo dá dinamismo ao processo acelerando seu
desenvolvimento. Este ma nejo, sempre que possível deve ser realizado no período das chuvas. A
hora da colheita tamb ém é propícia ao ma nejo. Isso porque pode-se espalhar ma téria orgânica pelo
solo e introduzir nova s sementes onde há falhas.
Poda: importante porque concede a entrada da luz para as plantas que estão abaixo das maiores.
Para saber qual indivíduo podar, basta observar se o mesmo apresenta ataque de doenças ou
pragas, se a planta está em condições de estresse relacionadas a o solo e à luminosidade. Também
pode ser feito a pode para induzir a flora ção (como no caso do café e do abaca xi).
-O mix de sementes deve ter v egetais de três grupos: de ciclo de vida curt o, como feijão; médios,
como guandu, mand ioca e maracujá, e de ciclo longo, como as árv ores que levam anos para crescer
e dar frutos, tipo acácia negra, pau pereira, ingazeira, tamb uriu.
-Um jeito de plantar é fazer linhas na t erra, de metro em
metro, onde ficarão as covas com misturas de semente.
No meio disto, pode-se cultivar uma única varieda de que
forneça mais biomassa (matéria orgânica) ao sistema.
Em áreas d egradada s, podem ser usados feijão de porco,
planta que ajuda a fixar o nitrogênio no solo. Após a
colheita do feijão, as plantas serão cortadas, mas não
retirada s, tornando-se matéria orgânica para enriquecer
o solo. Para completar, de oito em oito metros, dá para
incluir uma fila de árvores maiores, que fornecerãosombra e frut os no futuro, como é o caso do abacat e e da
manga .
Como começar
- Faz-se um dia gnóst ico da ár ea. Acidez (pH), disponibili-
dade de fósforo e nitrogênio do solo são elementos
fundamentais para a escolha das espécies certas para o
local.
- À medida em que o ecossistema va i melhorando, intro-
Manejo do sis tem a
Alternativas Econômicaspara Agricultura Familiar
Sustentáveis36
duzir novas plantas mais exigentes,
imitando a sucessão na tura l , que
existe na na tureza .
A obser va r
- Na mistura deve-se conhecer as
espécies que se desenvolvem melhor
quando plantadas juntas . É o caso domilho e feijão, que os índios já reuni-
am em suas roças .
- Já o café gosta de sombra. É amigo
de árvores como a manga , tamburiu ,
samaúma, jequi t ibá . Com a bananeira
só conviverá b em por poucos meses.
- Onde há ba nana l, pode-se introduzir
o abacat e, que tem ciclo de vida mais
longo e, no extrato mais baixo, plantar ta ioba.
- A mandioca é um tipo de 'viveiro' natural, pois cresce mais rápido e acaba por dar sombra às
outras espécies que estão plantadas na mesma cova e que demoram mais a brotar. Neste caso as
raízes devem ser direcionadas para o lado oposto ao da muda.
- O milho plantado neste sistema também é importante porque, por nascer rápido, serve como
referencial das covas.
- Podem ser planta das at é dez espécies na mesma cova e cabem cerca de qua tro covas em um metro
quadrado. No entanto, não há limite de junção de sementes na mesma cova. O próprio sistema
selecionara os indivíduos mais fort es e o agricultor deve observar e selecionar os indivíduos que
ficarão no sistema.
- Neste processo a nat ureza escolhe as melhores sementes, que brotam m ais vigorosas, e o agricul-
tor pode, então, fazer sua seleção para as próximas covas.
- Nas covas aonde tem muita s sementes de frutas (que precisam de sol e matéria orgânica para se
desenvolver), é importante a poda nas plantas q ue fazem sombra a estas.
- Como são muitas sementes juntas a cova deve t er entre 10 e 15 cm de profundidade. Também se
pode fazer linhas rasas ou círculos rasos, colocar pouca terra sobre elas e completar com mais
cobertura vegetal (folhas secas, etc).- O solo tem que ficar sempre coberto de matéria or gânica para evitar q ue o sol esquente muito e a
chuva compact e o solo.
Outro processo de recuperação florestal é mais tra dicional. Nele são planta das somente ár vores de
climax (espécies que fecham a mata no final da sucessão natural) que normalmente são usadas
para cort ar depois como a seringueira, o cedro, a itaúba , o angelim saia, a mescla e a peroba. E com
distância de três metros para cada cova . No entan to, como essas arv ores são quase todas da mesma
Restaur ação florest a l
Alternativas Econômicaspara Agricultura Familiar
Sustentáveis37
Crianças do PA Jaraguá sedivertem em meio às plantações
No PA Jaraguá, o aprendizado sobreos SAF's uniu a comunidade
-
8/16/2019 04 - Alternativas Economicas Sustentáveis Agricultura Familiar - Sedam.pdf
20/21
Alternativas Econômicaspara Agricultura Familiar
Sustentáveis39
Em Água Boa, projeto Agricultura e
Conservação da Mata Ci lia r t raba-lha com 30 famílias do Assenta-
m e nt o J a ra g u á , qu e s e rã o os
multiplicadores do processo de
recuperação das beiras de rios,
córregos e nascentes na região,
numa iniciativa coordenada pelo
ISA - Institut o Socioambiental.
Marlene Machado Souza e Seu
Dorly Lima dos Santos fazem parte
desse grupo. Eles estão há oito anos
na terra e contam q ue não t inham orientação
nenhuma para m anejar uma área já sem muitos
recursos naturais intocados. Para reverter a
si tuação resolveram plantar á rvores e tenta-
ram preserva r a nascente existente em seu lote.
Quando o projeto chegou ao assentament o, eles
se engajaram e aumentara m seu conhecimento
para seguir naquilo que já estavam fazendo:
recuperar a floresta em sua propriedade.
“Com a experiência crescemos muito. Antes a
gente plantava banana e a ga l inha comia tudo.
Então resolvemos implantar a técnica do
Ernest já com inovação própria”, disseram.
altura, faltam as árvores no meio e em baixo desta floresta recriada. Para crescer mais rápido é
interessante qu e sejam planta das espécies como a embaúba, qu e não serve para corte, ma s para
mobilizar o fósforo no solo e ajudar as outr as planta s a crescerem, pois oferecem sombra. Outras
espécies como a mangueira e a jaqueira tamb ém podem ajudar as outras ár vores com a sombra e
nutrientes no solo.
Além da ajuda do homem uma recuperação florestal pode ser feita somente pela natur eza quan do
se isola uma área q ue já tem fontes de sementes e passarinhos. Se não existem estes itens naturais,
pode-se contribuir com o processo ao jogar sementes nesta área isolada para enriquecer o lugar.
Para atrair passarinhos – que são semeadores da natureza – podem ser construídos poleiros
art ificiais, como tocos altos no meio do plantio.
Numa floresta na tiva percebe-se uma mistura , de árvores maiores e menores. Nela há três gran des
grupos: pioneiras, as secundárias e as d e clímax, que constituem o esquema de sucessão. Por isso,
um bom projeto de reflorestamento com árvores nativ as deve misturar ár vores dos três grupos, na
proporção correta.
Como são:
- Pioneiras são as que na scem primeiro. Têm como característica o rá pido crescimento, mas n ão
vivem tanto tempo, nem ficam muito grandes. Fazem sombra, dando condições para outras
espécies nascerem e se desenvolverem melhor.- Secundária s crescem mais lentamente, porém ficam ma iores.
- Clímax, em gera l, crescem apenas na sombr a e levam m ais tempo para se desenvolver. A madeira
é bem dura e o porte é maior. São as chama das ár vores de madeira de lei.
A escolh a da s espé cies
- Para o reflorestamento de uso sustentado (aproveitamento econômico, sem destruir a floresta
como um todo) deve haver um planejamento de que árvores serão plantada s para a futura explora-
ção.
- Já para a regeneração de ecossistemas deve-se procurar espécies típicas do ecossistema a ser
regenerado. Na recomposição de mata s ciliares (mata s que beiram e preservam os rios) - as espéci-
es devem ser adapta das a ambientes mais úmidos.
Re gen era ção Na tu ral :
Atrav és da regeneração natura l, as florestas apresentam capacida de de se recuperarem de distúr-
bios provocados pela ação do homem. A sucessão secundária depende de uma série de fatores
como a presença de vegetação reman escente, o banco de sementes no solo, a rebrota de espécies
arbust ivo-arbóreas, a proximidade de fontes de sementes e a intensidade e a duraçã o do distúrbio.
Assim, cada área degradada apresentará uma dinâmica de sucessão específica. Em áreas onde a
degradação não foi intensa, e o banco de sementes próximas, a regeneração natural pode ser
suficiente para a resta uração floresta l. Nestes casos, torna-se imprescindível eliminar o fator de
degradaçã o, ou seja, isolar a área e não praticar qualq uer atividade de cultivo.
Água Boa: en t r e o novo e o t rad icional na f lores t a
Alternativas Econômicaspara Agricultura Familiar
Sustentáveis38
Quando Ricardo entrouno seu lote, não haviauma árvore sequer,ele começou a plantarassim que entrou e hoje,com o conhecimentode SAF, melhorouainda mais ariqueza de seu sítio
““
Com esta experiência tenh o certeza de que,quando o projeto acabar,
nós já crescemos
o suficiente para
buscar o caminho
da sustentabilidade
Luzia Dias, agricultora
-
8/16/2019 04 - Alternativas Economicas Sustentáveis Agricultura Familiar - Sedam.pdf
21/21
40
Alternativas Econômicaspara Agricultura Familiar
Sustentáveis
Assim, rodearam as covas
que f icam perto da casa com
a b a c a x i s p a r a q u e a s
g a l i n h a s n ã o c o m a m ,
mostrando intimidade com
as técnicas e princípios
ensinados pelo agricultor e
pesquisador Ernst Götsch.
Aldenor de Souza Macha do,
que também faz parte do
grupo, conta que ocupou
seu lote no assentamento
em 1999, já completamente
desmatado. Neste ano viu o córrego secar e
pensou em fechar uma parte para recupera-
ção. Ele e sua família conseguiram reverter a
situação com a renovaçã o do córrego na época
das chuvas, quando cercaram as ma rgens para
recuperar a mata ciliar. Agora o volume de
água está maior e o apoio técnico do projeto oa juda a melhorar a inda mais a inic ia t iva .
Outro casal que comprova as benesses da
recuperação florestal é Ricardo e Luzia Dias
Batist a. Ele conta q ue ouve falar de refloresta-
mento, desde que era presidente do Sindicato
dos Trabalhadores Rura is de Água Boa. Depois
virou agente social e ouviu reclamações de
muitos agricul tores acerca de problemas
ambienta is como a falta de água e a necessidade
de reflorestar a região, mas nã o sabia nem como
começar. Com o projeto, tudo mudou. Dias
relata que aprendeu a recuperar as matas
ciliares, com a orientação o projeto. Hoje,
comemora os frutos desta empreitada: antes
vivia só da venda da farinha produzida pelo
casal, agora t em a opção de oferecer ao mercado
o pequi, para o qual não tem falta do comprador.
A intenção agora é plantar a seringa e o caju,
com esperança de um futuro mais verde.
“
“
É a primeira vez que trabalho em Rede
e estou achando im portante
conhecer outras atividades
econômicas num
mesm o projeto
Osvaldo Luís de Souza,
técnico do ISA no projeto