varekai

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Cultura Por: Djenane Arraes | Fotos: Vitor Sá V ocê não vai saber para onde olhar. São tantas cores, formas, luzes e contorcionismos incríveis feitos pelos artistas, que se torna uma tarefa complicada fixar numa coisa só. Ainda assim, Varekai, do Cirque Du Soleil, é hipnotizante. Instalado na área externa do Park Shopping, a trupe da companhia circense do Canadá – mas que é interna- cional – fica em Brasília até 18 de março, quando levanta as tendas rumo a Recife (PE). Esta é a quarta vez que o Cirque Du Soleil faz turnê no Brasil, sendo que só na capital são três passagens. A primeira em 2007 com o espetáculo Alegria, e dois anos depois o circo foi armado para o Quidam. Varekai conta a história de Ícaro (Mark Halasi), o personagem da mitologia grega. Ele cai em um vulcão onde existe uma floresta profunda e escura habitada por criaturas fantásticas, como um vigia muito cativante interpretado por Gordon White, e um guia espiritual (Otis Cook). Ícaro perde as asas para as criaturas curiosas, em compensação, apaixona-se por uma das habitantes de Varekai, interpretada por Yula Mykhalova. Formado por artistas do mundo inteiro, o espetáculo tem a presença das trapezistas brasileiras Michele Ramos e Natalia Presser. O espetáculo corre o mundo desde abril de 2002 e já rodou 60 cidades em mais de 500 apresentações. Antes da estreia, foram dois anos de trabalho, desde a concepção da ideia até a montagem final. “Varekai significa ‘onde quer que seja’. A palavra vem da linguagem cigana. É sobre uma viagem, um destino, um vislumbre”, disse a assistente de direção Shreyl Lynne. “É uma história linear que começa com a queda de Ícaro. Ele fica extasiado com os perso- nagens e com os acrobatas que vê. O público assiste tudo através dos olhos dele e embarcam nesta viagem junto com ele. É uma concepção diferente dos outros espetáculos que trouxemos ao Brasil.” A trupe de Soleil consegue lotar um avião. De acor- do com o diretor da turnê, Robert Mackenzie, são 135 pessoas que viajam mundo afora. Ainda são contratadas cerca de 150 pessoas em cada cidade visitada. A equipe local supre a necessidade logística para a produção do site, para a venda de ingressos, merchandising, manutenção e outras funções. “É uma grande cidade com muita gente esperando a oportunidade”, disse Mackenzie. “É um de- safio encontrar pessoas qualificadas. Mas é um bom poder escolher entre centenas que desejam trabalhar e temos um bom processo de seleção.” Sobre o público, nada a reclamar. “O brasileiro é muito familiarizado com a tradição circense”, defendeu Shreyl. “Sempre há a formação de bons profissionais aqui, bons artistas. E o público consegue entender muito bem o que estamos nos propondo a passar”. As escolas de samba são exemplos pontuais sobre a capacidade criativa do brasileiro, segundo a assistente de direção. “É fantástico como se con- segue fazer coisas diferentes sobre o mesmo tema e formato. Ícaro se apaixona Cirque Du Soleil traz Varekai a Brasília. Espetáculo cheio de cores convida o público a se encantar através dos olhos do personagem mitológico

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espetáculo varekai em brasilia - revista Plano Brasilia

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Page 1: varekai

58 PLANO BRASÍLIA

CulturaPor: Djenane Arraes | Fotos: Vitor Sá

Você não vai saber para onde olhar. São tantas cores, formas, luzes e contorcionismos incríveis feitos pelos artistas, que se torna uma tarefa complicada fixar

numa coisa só. Ainda assim, Varekai, do Cirque Du Soleil, é hipnotizante. Instalado na área externa do Park Shopping, a trupe da companhia circense do Canadá – mas que é interna-cional – fica em Brasília até 18 de março, quando levanta as tendas rumo a Recife (PE). Esta é a quarta vez que o Cirque Du Soleil faz turnê no Brasil, sendo que só na capital são três passagens. A primeira em 2007 com o espetáculo Alegria, e dois anos depois o circo foi armado para o Quidam.

Varekai conta a história de Ícaro (Mark Halasi), o personagem da mitologia grega. Ele cai em um vulcão onde existe uma floresta profunda e escura habitada por criaturas fantásticas, como um vigia muito cativante interpretado por Gordon White, e um guia espiritual (Otis Cook). Ícaro perde as asas para as criaturas curiosas, em compensação, apaixona-se por uma das habitantes de Varekai, interpretada por Yula Mykhalova. Formado por artistas do mundo inteiro, o espetáculo tem a presença das trapezistas brasileiras Michele Ramos e Natalia Presser.

O espetáculo corre o mundo desde abril de 2002 e já rodou 60 cidades em mais de 500 apresentações. Antes da estreia, foram dois anos de trabalho, desde a concepção da ideia até a montagem final. “Varekai significa ‘onde quer que seja’. A palavra vem da linguagem cigana. É sobre uma

viagem, um destino, um vislumbre”, disse a assistente de direção Shreyl Lynne. “É uma história linear que começa com a queda de Ícaro. Ele fica extasiado com os perso-nagens e com os acrobatas que vê. O público assiste tudo através dos olhos dele e embarcam nesta viagem junto com ele. É uma concepção diferente dos outros espetáculos que trouxemos ao Brasil.”

A trupe de Soleil consegue lotar um avião. De acor-do com o diretor da turnê, Robert Mackenzie, são 135 pessoas que viajam mundo afora. Ainda são contratadas cerca de 150 pessoas em cada cidade visitada. A equipe local supre a necessidade logística para a produção do site, para a venda de ingressos, merchandising, manutenção e outras funções. “É uma grande cidade com muita gente esperando a oportunidade”, disse Mackenzie. “É um de-safio encontrar pessoas qualificadas. Mas é um bom poder escolher entre centenas que desejam trabalhar e temos um bom processo de seleção.”

Sobre o público, nada a reclamar. “O brasileiro é muito familiarizado com a tradição circense”, defendeu Shreyl. “Sempre há a formação de bons profissionais aqui, bons artistas. E o público consegue entender muito bem o que estamos nos propondo a passar”. As escolas de samba são exemplos pontuais sobre a capacidade criativa do brasileiro, segundo a assistente de direção. “É fantástico como se con-segue fazer coisas diferentes sobre o mesmo tema e formato.

Ícaro se apaixonaCirque Du Soleil traz Varekai a Brasília. Espetáculo cheio de cores convida o público a se encantar através dos olhos do personagem mitológico

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É, com certeza, uma inspiração para a nossa equipe.” A energia carnavalesca não só inspira, mas parece que inspira os artistas do mundo inteiro. “Tivemos a sorte de chegar aqui no Brasil e fazer montagens próximas à época do carnaval. A impressão que tenho é de que o público, que vem de todas as partes, traz uma energia diferente. Claro que isso acaba por modificar a performance dos artistas no sentido que eles absorvem essas boas ener-gias”, comentou Mackenzie.

Cirque Du SoleilA origem da trupe canadense

surgiu a partir da iniciativa de jovens integrantes do Clube do Salto Alto. Eram artistas que faziam malabaris-mos e cuspiam fogo no alto de pernas de pau, que invadiram a cidade de Baie-Saint-Paul, no Canadá. Lidera-dos por Gilles Ste-Croix, eles criaram um circo em Quebec e excursionaram mundo afora. Hoje, 30 anos depois, o Cirque Du Soleil é uma referência de qualidade e inovação. “Mesmo que alguém integre um show que já existe, ele vai a Montreal para ter aulas de atuação e para entender a concepção do espetáculo. Todos os artistas se submetem aos mesmos departamen-tos de arte, mesmo técnicos, assim eles podem atuar em qualquer uma das montagens”, explicou Shreyl.

Não pense que isso quer dizer que os espetáculos sejam padroni-

zados. O método é uma forma de garantir a boa qualidade. “A sepa-ração começa quando é necessário ensaiar certas técnicas acrobáticas que requerem treinos específicos e técnicos distintos. Cada equipe de criação é designada especificamente para um determinado show. Dominic Champagne, diretor e roteirista do Varekai, criou um espetáculo que tem concepção única em relação aos outros da companhia”, disse Shreyl.

O Varekai, por exemplo, é formado por 55 artistas de 18 pa-íses. Além das especificações que o espetáculo requer de cada um deles para os números, outro fator que contribui nessa diferenciação é o toque pessoal. “Ele [Varekai] tem nove anos e alguns dos artistas estão conosco durante todo este tempo. Uma das melhores coisas é que conseguimos trazer novos artis-tas para este espetáculo, que intera-gem com os mais antigos. Isso cria uma interessante inovação, porque mantemos certas tradições e ainda assim há evolução. Todos os artistas que integram trazem algo único e especial”, concluiu Shreyl.

ServiçoVarekai – Cirque Du SoleilAté 18 de março na área externa do Park ShoppingIngressos de R$ 150 a R$ 585http://www.varekai.com.br/