workshop i - moinhos. património e tradição
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II Conferência CIDAADS A EDS na Sociedade do Conhecimento
Moinhos.
Património e tradição.
Pavilhão do Conhecimento - Lisboa
Ciência Viva
Maria do Carmo Carvalho Sequeira
28, 29 e 30 de outubro de 2011
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A elevada frequência de cursos de água, resulta da
existência de valores de pluviosidade bastante eleva-
dos nas Serras da Lousã e do Açor (as quais formam
um obstáculo à passagem das massas de ar), assim
como de solos pouco espessos, de vegetação pobre
e da presença de grandes declives.
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«O homem não é só um ser social, mas também – e
essencialmente – um ser cultural; isto é, um ser
que, pela própria constituição do seu espírito,
organiza necessariamente todo o seu sistema de
vida e de relação, o seu apetrechamento material
para o trabalho e a luta pela sobrevivência, e até
mesmo grande número de dados naturais e
funções fisiológicas, segundo regras fixadas de
forma peculiar dentro do grupo.»
Ernesto Veiga de Oliveira
in «Princípios Basilares das Ciências Etnológicas»
Cadernos de Etnografia, n.º3
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“levada” sob a casa da moagem ou “sobrado”
«Quando tenho água bebo vinho, quando não tenho água bebo água.»
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mecanismo motor: rodízios montados num pequeno túnel sob a casa ou “sobrado”
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O moleiro no contexto social e económico
«O diabo encontrou Nosso Senhor e disse-lhe:
— Ó meu Divino Mestre, tens que vir ver uma obra que fiz!
E depois Nosso Senhor foi ter com o diabo:
— Olha, tu tens que te afastar daqui – disse o diabo – faço uma cruz e tão
longe é daqui a’qui como daqui a’li!
Então Ele afastou-se e o diabo ficou com o moleiro:
— Fica-te moleiro (…) trabalha que eu te ajudarei com o suor do teu rosto,
mas hás-de trabalhar muito e viver sempre pobre (…) e é verdade; hás-de
andar de porta em porta a pedir o grão, como quem anda a estender a mão à
caridade (…) não há nenhum moleiro rico; fica em paz que eu vou-me
embora.»
A origem dos moinhos
contada pela Sr.ª Hermínia, mulher do moleiro
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——— Percurso ou “volta” do moleiro
“Vem minha filha e tira a maquia;
Vem minha mulher, tira o que quer.
Vem meu criado, tira o que lhe é dado;
Venho eu, tiro o que é meu.”
«Posso mudar de moleiro, mas não mudo de ladrão!»
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Entrada da casa da moagem ou “sobrado”
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Porta de acesso ao “sobrado” com a “gateira” e a ferradura que “dá ” sorte
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Interior do “sobrado”
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“Vocês não sabem?! (...) Aquela balança
que está ali no moinho, é a minha
balança da sorte! Se não fosse aquela
balança, eu não tinha sorte nenhuma na
minha vida! (...) Não a vendia por
quinhentos contos! (...)”
“...Quando vinha da minha volta,
encontrei duas serpentes a castiçarem-se
em cima da balança.
Ai! Nossa Senhora! quem me acode?! (...)
Peguei num machado e cortei as duas ao
machado, não as deixei ir embora!!! Se
as deixasse ir embora, ia-se embora
a sorte!!!“
“D'antão p'ra cá, nunca mais me tornou
a faltar o dinheiro!!! “
Sr. Armando moleiro
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Casais de mós
“Casais de mós” porque se
trata de duas mós diferentes:
a de cima é “andadeira” e rija;
a de baixo fixa e branda.
«Duas pedras ásperas não
fazem farinha.»
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moega e pejadouro ou alavanca
(Um simples fio, faz a ligação automática do
trabalhar ou não do moinho)
O grão vai caindo gradualmente do quelho,
no olho da mó provocado pelo vibrar do cadelo.
O registo permite inclinar mais ou menos o
quelho, fazendo cair mais ou menos milho.
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peneira, pá, picão, vassoira
e pesos
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Dada a necessidade de picar as
pedras (mós), com certa
frequência, o picão torna-se
indispensável.
Bastante semelhante a um
martelo, tem um cabo de madeira,
sendo as suas extremidades
pontiagudas.
Do cabo às suas extremidades (bicos),
está aplicado um cordel; este, depois
de rodear os bicos, vai rodear o cabo,
onde é atado. Este artificio, ditado pela
experiência, evita que, ao picar a
pedra, os detritos sejam projetados
para os olhos do seu utilizador.
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O cozer do pão
a casa do forno utensílios: o rodo, a pá e o vassoiro
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2 «Nosso Senhor te acrescente
e te deite a Santíssima Virtude
qu`eu da minha parte fiz o que pude.»
4
1 3 A farinha é amassada com o
“crescente” para levedar melhor.
A massa está lêveda e a abóbada do
forno está toda clara… é o momento de
levar a broa a cozer.
Em cada gesto, em cada palavra,
está implícito um ritual:
“…é uma tradição, sei lá (…) é uma fé! “
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«Tenho o meu pão amassado
E o meu velho p’ra morrer”
Antes o meu velho morra
Qu’ó meu pão se me perder
Porque se o meu velho morre
‘inda me torno a casar
Mas se o meu pão se m’estraga
Não o posso aproveitar»
Cantado pela Sra. Hermínia
mulher do moleiro
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…o moinho de Alçaperna – ontem e hoje!
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“Esta nôte há-de chover…”
cantada pelo Sr. Armando (moleiro)