viver e conhecer são mecanismos vitais. conhecemos porque somos seres vivos e isso é parte dessa...
TRANSCRIPT
Humberto Maturana
Viver e conhecer são mecanismos vitais. Conhecemos porque somos
seres vivos e isso é parte dessa condição. Conhecer e condição de vida na manutenção da interação
ou acoplamentos integrativos com os outros indivíduos e com o meio.
(MATURANA, 2005b, p. 8)
Quem é?
• Chileno• Filho de Olga
Romensín e Alejandro Maturana
• 83 anos• Biólogo• Criador da teoria
da autopoiese, e da Biologia da cognição, com Francisco Varela
Percurso acadêmico• 1947 - conclui o Liceo Manuel Salas• 1947 a 1954 - cursou medicina• 1954 - segue para University College of London, com apoio
da Fundação Rockefeller, para estudar anatomia e neurofisiologia
• 1959 - doutora-se em Biologia, pela Harvard University• 1965 – fundou o Instituto de Ciências e a Faculdade de
Ciências da Universidade do Chile• 1970 – criou o conceito de Autopoiese• 1990 – recebe homenagem como Filho Ilustre da
comunidade de Ñuñoa (Santiago do Chile)• 1994 – recebe prêmio Nacional de Ciência, no Chile• É co-fundador da Escuela Matríztica de Santiago (
http://matriztica.cl)
Principais obras• (1972) - Das máquinas e seres vivos: autopoiesis: uma
teoria da organização biógica - Humberto MATURANA e Francisco VARELA
• (1984) - A árvore do conhecimento: as bases biológicas do conhecimento humano - Humberto MATURANA e Francisco VARELA
• (1998) - Emoções e linguagem na educação e na política - Humberto MATURANA
• (1997) - Ontologia da realidade - Humberto MATURANA • (2001) - Cognição, ciência e vida cotidiana - Humberto
MATURANA• (2004) - Amar e brincar: fundamentos esquecidos do
humano - Humberto MATURANA e Gerda VERDEN-ZOLLER• (2009) - Habitar no humano: em seis ensaios de biologia-
cultural – Ximena D’ávila YANEZ e Humberto MATURANA Ver outras obras em http://pt.wikipedia.org/wiki/Humberto_Maturana
Das máquinas e seres vivos: autopoiesis: la
organizacion de lo Trabalho desenvolvido junto com Varela, centra-se na noção epistemológica da organização da vida (autopoiese) e
caracterização dos sistemas vivos como máquinas autopoiéticas, que estão sempre na produção de si mesmos.
chegando a quebrar, em alguns casos, os mitos da biologia, para a compreensão da fenomenologia biológica em sua totalidade, e
também esclarecer outras áreas do conhecimento humano. A noção de autopoiese, ou a organização da vida, a caracterização
dos sistemas vivos, está plenamente em vigor hoje. Em uma abordagem mecanicista da realidade biológica, que renuncia a
qualquer explicação teleonômica, os sistemas vivos são explicados em termos das relações de produção e não as propriedades de seus componentes. Em apresentações
distintas, os autores, a partir de seus pontos de vista, rever as propostas, da peça e sua gestação, mais de duas décadas de
sua primeira edição.
1972
A árvore do conhecimento:
as bases biológicas do conhecimento humanoObra que mostra como os seres vivos conhecem o mundo, que
este é construído ao longo de nossa interação com ele. Maturana em conjunto com Varela, expõe a vida como um
processo de conhecimento e, assim apresentam constatações na própria vida dos seres vivos de como esses conhecem o mundo, fundando assim a Biologia da Cognição. Uma vez
que vivemos no mundo e fazemos parte dele e, portanto compartilhamos com eles o processo vital.
Nessa obra, apresenta seus principais conceitos, possibilitando ao leitor uma compreensão amplia de sua teoria e dos
conceitos básicos que a orienta como a vida, o humano, o conhecimento, domínio, autopoiese, observador.
Aqui, eles sustentam que “o conhecimento não se limita ao processamento de informações oriundas de um mundo anterior à experiência do observador, o que se apropria deles para fragmentá-lo e explorá-lo” (p. 14) (grifo nosso)
1984
Emoções e linguagem na educação e na política
Obra que reúne duas conferências proferidas por Maturana em 1988, no Centro de Estudos do
Desenvolvimento (CED) do Chile. Nesta obra. o autor expõe as conseqüências da Biologia
do Conhecer (sua teoria) para as relações humanas de forma geral, relacionando-a com a necessidade humana de construir alternativas polícias e sociais das relações pessoais centradas no respeito mútuo
(público e privado), de compreender as relações entre emoções e linguagem, estabelecendo “uma
continuidade entre o biológico e o social ou cultural” (1998, p. 7) (grifo nosso), definindo o viver
e o conhecer como mecanismos vitais.
1998
Ontologia da realidade Aqui estão reunidos artigos publicados esparsamente em revista científicas de diversos países, nos quais ele explora até sua pesquisa experimental em neurofisiologia da visão
e suas investigações em bioquímica. É a partir da biologia que ele fala do amor como a emoção
básica que caracteriza o modo de vida humano, das relações humanas, da linguagem, da consciência, da ética, da liberdade, sem o reducionismo típico das ciências e sem
o recurso à transcedência que é próprio da cultura ocidental.
Nele, a afirmação da legitimidade e da diversidade de domínios de realidade são um convite para refletirmos
sobre nossas diferenças sem que isso envolva sua negação. E, mais ainda, abre tanto a ciência quanto nosso contidiano para uma criatividade responsável, e para a compreensão.
1998
Cognição, ciência e vida cotidiana
Obra é muito atual no contexto de estudos sobre a cognição em todas as áreas do conhecimento, em
especial nas ciências humanas e sociais. O autor explora seu vasto conhecimento da
biologia (sua área de formação inicial) para nos brindar com uma reflexão densa em torno do
conhecer, explorando todas as possibilidades de interpretações e descrições previstas em relação ao desenvolvimento cognitivo do homem. Nessa
perspectiva, o autor faz uma descrição da organização do conhecer, construindo a biologia do conhecimento, onde expõe sua epistemologia.
2001
Amar e brincar: fundamentos esquecidos do
humano Em essência, o livro aborda três grandes temas - a origem
da cultura patriarcal européia, as relações entre mãe e filho e os fundamentos da democracia a partir da noção
de biologia do amor. Maturana e Verden-Zöller vêem a democracia como uma
forma de convivência que só pode existir entre adultos que tenham vivido, na infância, relações de total
aceitação materna. Os autores examinam os fundamentos da condição humana que permeiam o
afetivo e o lúdico. Mostram como a cultura do patriarcado europeu nos levou à situação de
autoritarismo, dominação, competição predatória, desrespeito à diversidade biológica e cultural e
profunda ignorância do que são os direitos humanos.
2004
Fonte: www.travessa.com.br/AMAR_E_BRINCAR_FUNDAMENTOS_ESQUECIDOS_DO_HUMANO/artigo/4026d91f-1766-4d5e-9a3c-758a4aab8807.
Habitar no humano: em seis ensaios de biologia-
cultural Os seis ensaios de Habitar Humano incitam o leitor a penetrar as
diversas dimensões do viver e conviver cotidiano e, a partir de suas próprias experiências, constatar as consequências do seu entendimento a respeito de como é que somos como somos.
A obra examina a dor e o sofrimento gerados pela estrutura cultural em que estamos imersos e volta nosso olhar para a biosfera, onde os seres humanos, enquanto sistemas vivos,
operam de acordo com as coerências de sua natureza orgânica e o acoplamento com o seu ambiente, sem erro, num contínuo
presente em contínua mudança. Nesse domínio, não há competição, mas cooperação, pois a vida não existe,
coexiste.Os aspectos éticos decorrentes dessa condição apontam na direção do respeito e da legitimação de si e do outro como
parceiros na convivência.
2009
Fonte: http://www.travessa.com.br/HABITAR_HUMANO_EM_SEIS_ENSAIOS_DE_BIOLOGIA_CULTURAL/artigo/fa5d4e92-962d-4c71-abf2-71b3d52ad565
Entremeios d
o
pensamento
de Maturana
FILOSOFIA
ANTROPOLOGIA
BIOLOGIA
PSICOLOGIA
SOCIOLOGIA
Observador
Percepção
Objetividade
Cognição
Emoção
Linguagem
INTERAÇÃO
Conhecimento
Pensamento
Muitas realidadesO
outro
Autopoiese
Conceitos basilares• Autopoiese
– Representação– Organização estrutural / Congruência estrutural
• Emoção• Linguagem• Sistemas sociais• Interação• Conhecer / conhecimento
– Pensar – agir– Domínio / espaço de preferências– Domínio cognitivo / Domínio ontológico
• Observador– Objetividade com parênteses / Objetividade sem parênteses
AutopoieseOs seres vivos são
verdadeiros redemoinhos de
produção de componentes, uma
vez que as substâncias que
retiram do meio, ou que vertem nele,
participam transitoriamente
da initerrupta renovação de
componentes que determinam seu contínio revolver
produtivo.
Autopoiesis
Congruência estrutural
Representação
Variação
Adaptação
(MATURANA, 2002, p. 197)
segue
Autopoiese
É essa condição de contínua produção
de si mesmos, através da contínua
produção e renovação de seus
componentes, o que caracteriza os seres
vivos, e o que se perde com o
fenômeno da morte. (MATURANA, 2002,
p. 197)
Estrutura
A estrutura de cada ser vivo é, em cada
instante, o resultado do caminhos das
mudanças estruturais que
seguiu a partir de sua estrutura inicial como consequência de suas interações no meio em que lhe
coube viver.
(MATURANA, 2002, p. 197)
Estrutura vs. Organização
Giuseppe Arcimboldo
Emoções Disposições corporais que especificam
domínios de ação. (2005b, p. 8) são disposições corporais dinâmicas que
especificam os domínios de ações nos quais os animais, em geral, e nós seres humanos, em particular, operamos num instante. […] todas as ações animais surgem e são realizadas em algum domínio emocional, e é a emoção que define o domínio no qual uma ação […] acontece, independentemente de se, para um observador que vê o animal num meio, ela ocorre como uma ação abstrata ou concreta, ou sem depender do que especifica aquela ação [...] como uma ação de um tipo particular. (2006, p. 129).
Amor• O amor é a emoção que
funda o social. (2005b, p. 23). (grifo nosso)
• O amor é a emoção que constitui o domínio de ações em que nossas interações recorrentes com o outro fazem do outro um legitimo outro na convivência, ampliam e estabilizam a convivência (2005b, p. 22).
Linguagem Uma operação num domínio de coordenações
consensuais de coordenações consensuais de ações que surgiu como um resultado da coexistência íntima em coordenações de ações na linhagem de primatas bípedes à qual pertencemos, e que tem que ser estabilizada novamente em cada criança durante sua co-ontogenia com os adultos com os quais ele ou ela cresce. (2006, p. 131). (grifo nosso)
A linguagem está relacionada com coordenações de ação, mas não com qualquer coordenação de ação, apenas com coordenação de ações consensuais, a linguagem é um operar em coordenações consensuais de coordenações consensuais de ações.(2005b, p. 20). (grifo nosso)
Sistemas sociais
(MATURANA, 2002, p. 199) (grifos nossos)
Cada vez que os membros de um conjunto de seres vivos
constituem, com sua conduta, uma rede de interações que
opera para eles como um meio no qual eles se realizam como seres
vivos e no qual eles, portanto, conservam sua organização e adaptação, e existem em uma
coderiva contingente com sua participação em tal rede de
interações, temos um sistema social.
Conhecimento
Matriz biológica da existência humana
Conhecimento
(MATURANA, 2006, p. 127-128) (grifos nossos)
É constitutivamente o que consideramos como ações – distinções, operações,
comportamentos, pensamentos ou reflexões – adequadas naquele domínio, avaliadas
de acordo com nosso próprio critério de aceitabilidade para o que constitui uma
ação adequada nele. [...] o conhecimento é constituído por um observador como
uma capacidade operacional que ele ou ela atribui a um sistema vivo, que pode ser ele ou ela própria, ao aceitar suas ações como
adequadas num domínio cognitivo especificado nessa atribuição.
Observador
Qualquer um de nós.
Um ser humano na linguagem. (2006, p. 126)
CogniçãoAo usar a palavra cognição na vida cotidiana em nossas coordenações de ações e relações interpessoais quando respondemos perguntas no domínio do
conhecer, o que nós observadores conotamos ou referimos com ela deve
revelar o que fazemos ou como operamos nessas coordenações de
ações e relações ao gerarmos nossas afirmações cognitivas.
(MATURANA, 2006, p. 127)
Visão não pode nunca
ser antropocênt
rica
Percepção
Não é somente a captação de informações e nem somente a
aquisição de impressões sensíveis; é definida pelo observador por critérios estabelecidos por ele em
interação com o meio concreto. É uma capacidade subjetiva.
(MATURANA, 2006, p. 26) (grifo nosso)
Sobre ciência
(MATURANA, 2006) (grifos nossos)
A ciência é um domínio cognitivo válido para todos aqueles que aceitam o critério de
validação das explicações científicas. (p. 57).
A ciência é uma glorificação da vida cotidiana, na qual os cientistas são pessoa s que têm a
paixão de explicar e que estão, cuidadosamente, sendo impecáveis em explicar somente de uma maneira, usando um só critério de validação de
suas explicações, que tem a ver com a vida cotidiana. (p. 31).
Sobre ciênciaO discurso racional que
não seduz emocionalmente não
muda o espaço do outro. (p. 124).
(MATURANA, 2006, p. 124)
Toda concordância de comportamento que surge na submissão é instável, porque está fundada na negação de si mesmo e, portanto, na frustração e no sofrimento. (p. 122).
Sobre ciência
As explicações científicas são validadas no domínio de experiências de uma
comunidade de observadores, e se relacionam com as coordenações operacionais dos membros dessa
comunidade, em circunstâncias nas quais são membros dessa comunidade
as pessoas que aceitam e usam esse critério para validar seu explicar .
(MATURANA, 1983 apud MATURANA, 2002, p. 20) (grifo nosso)
Sobre ciênciaA ciência é um domínio cognitivo válido para todos aqueles que aceitam o critério de validação das explicações científicas. (2006, p. 57).
A ciência é uma glorificação da vida cotidiana, na qual os cientistas são pessoa s que têm a paixão de explicar e que estão, cuidadosamente, sendo
impecáveis em explicar somente de uma maneira, usando um só critério de validação de suas
explicações, que tem a ver com a vida cotidiana. (2006, p. 31).
Objetividade com parênteses
A objetividade entre parênteses não significa subjetividade,
significa apenas “assumo que não posso fazer referências a entidades independentes de
mim para construir meu explicar”.
(MATURANA, 2006, p. 35)
Educar
(MATURANA, 2005b, p. 29)
O educar constitui no processo em que a criança ou o adulto convive com o outro
e, ao conviver com o outro, se transforma espontaneamente, de maneira que seu modo de viver se faz
progressivamente mais congruente com o do outro no espaço de convivência. O educar ocorre, portanto, todo o tempo e
de maneira recíproca. (grifos nossos)
Educação
(MATURANA, 2005b, p. 29)
A educação é um processo contínuo que dura toda a vida, e que
faz da comunidade onde vivemos um
mundo espontaneamente
conservador, ao qual o educar se refere.
Observador
Percepção
Objetividade
Cognição
Emoção
Linguagem
INTERAÇÃO
Conhecimento
Pensamento
Muitas realidadesO
outro
Autopoiese
Percurso acadêmicoEscuela Matríztica de Santiago
Referências• MATURANA, Humberto; VARELA, Francisco. A árvore do
conhecimento: as bases biológicas do conhecimento humano. Tradução de Humberto Mariotti e Lia Diskin. 5. ed. São Paulo: Palas Athena, 2005a.
• MATURANA, Humberto. Cognição, ciência e vida cotidiana. MAGRO, Cristina; PAREDES, Vitor (Orgs.). 2ª reimpressão. Belo Horizonte, UFMG, 2006.
• MATURANA, Humberto. Emoções e linguagem na educação e na política. Tradução de José Fernando Campos Fortes. 4ª reimpressão. Belo Horizonte, UFMG, 2005b.
• MATURANA, Humberto. Ontologia da realidade. MAGRO, Cristina; GRACIANO, Miriam; VAZ, Nelson (Orgs.). 3ª reimpressão. Belo Horizonte, UFMG, 2002.
Ver outras obras em http://pt.wikipedia.org/wiki/Humberto_MaturanaVer também: Biblioteca Maturana -
http://escoladeredes.ning.com/group/bibliotecahumbertomaturana