vitalidade

40
Nº1 | ANO1 | OUTUBRO 2010 | DISTRIBUIÇÃO GRATUITA | REVISTA DA JUNTA DE FREGUESIA DE BENFICA UNISBEN Entrevista Carlos Consiglieri Dietética e Prevenção Entrevista Rita Talhas Entrevista Madalena Pão Duro

Upload: luis-piteira

Post on 09-Feb-2016

217 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Esta é uma revista dedicada a quem tem o privilégio de viver uma longa vida, que pretende promover o envelhecimento activo e saudável e combater o isolamento e a exclusão social, com conselhos práticos na área da saúde e do bem-estar e propondo vários convívios e passeios

TRANSCRIPT

Page 1: Vitalidade

Nº1

| A

NO

1 | O

UTU

BRO

201

0 | D

ISTR

IBU

IÇÃ

O G

RATU

ITA

| RE

VIS

TA D

A JU

NTA

DE

FREG

UES

IA D

E BE

NFI

CA

UNISBEN

Entrevista Carlos Consiglieri

Dietética e Prevenção

Entrevista Rita Talhas

Entrevista Madalena Pão Duro

Page 2: Vitalidade

Editorial ............................................................................................3

UNISBEN...........................................................................................4

Entrevista Carlos Consiglieri.........................................................6

Para uma Vida Saudável ............................................................12

Hidroginástica...............................................................................16

Nutrição.........................................................................................17

Dietética e Prevenção ................................................................20

Retratos .........................................................................................26

Entrevista Madalena Pão Duro.................................................32

Convívio dos vizinhos do Bairro Santa Cruz ..........................38

Aniversário....................................................................................39

ÍNDICEPropriedadeJunta de Freguesia de Benfica

DirectoraInês de Drummond

Coordenação, Redacção e FotografiaDurval Lucena

Composição e Design GráficoLuís Piteira – Design e Publicidade

ImpressãoGazela- Artes Gráficas Lda.

Depósito Legal000000

Tiragem20 000 exemplares DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

JUNTA DE FREGUESIA DE BENFICAAv. Gomes Pereira, 17

1549-019 Lisboa

www.jf-benfica.pt

04

06

20

12

32

17

26

39

Page 3: Vitalidade

VitalIdade | Outubro 3

Editorial

Inês de Drummond

Presidente

CONTACTOS ÚTEIS

Junta de Freguesia de BenficaTelf: 217 123 000 (geral)

Fax: 217 123 009 (geral)

Centro de Saúde de BenficaTelf: 217 628 080

Polícia de Segurança PúblicaEsq. de Benfica – Telf: 217 108 200

Esq. do B. da Boavista – Telf: 217 606 073

Centro Clínico da Junta de Freguesia deBenficaTelf: 217 123 000

SCML – Atendimento SocialTelf: 217 123 000

STIMULI – Associação de Cultura e Artes deLisboaTelf: 217 145 364

Piscina - Junta de Freguesia de BenficaTelf: 217 123 000

Gabinete de Apoio Jurídico – Aconselha-mento JurídicoTelf: 217 123 000

Equipamento Social e Polivalente do Bairroda BoavistaTelf: 217 604 271

Associação de Reformados e Idosos doBairro da BoavistaTelf: 217 648 036

Associação de Reformados de BenficaTelf: 217 155 569

Centro de Dia do Bairro do CharquinhoTelf: 217 154 254

Centro Bem Estar de Santa CruzTelf: 217 700 036

Centro Paroquial Nossa Senhora do AmparoTelf: 217 600 362

Centro de Dia do Bairro da Boavista – SCMLTelf: 217 601 381

Igreja Paroquial Nossa Sra. do Amparo –Casa Santa AnaTelf: 217 647 023

Associação Casapiana (Apoio Domiciliário)Telf: 217 604 732

Lar Nossa Senhora do CarmoTelf: 217 712 530

Casa de Repouso A Boa Samaritana Unipes-soal, LdaTelf: 217 620 190

Lar Cristo ReiTelf: 217 604 813 ou 217 045 548

ARS – Centro de Saúde de Benfica - SEDETelf: 217 628 080

ARS – Centro de Saúde de Benfica Extensão(25)Telf: 217 125 190

CTT – Correios de PortugalTelf: 217 620 721

O dia 1 de Outubro é desde 1990 designado pela Organização dasNações Unidas como o dia Internacional do Idoso. Em Benfica deci-dimos dedicar todo o mês de Outubro à idade maior, dando priori-dade às políticas de envelhecimento activo nas suas váriasdimensões: social, saúde, bem-estar, cultura e lazer.

É no âmbito das comemorações do Mês do Idoso que nasce o pri-meiro número da revista VitalIdade.

Esta é uma revista dedicada a quem tem o privilégio de viver umalonga vida, que pretende promover o envelhecimento activo e sau-dável e combater o isolamento e a exclusão social, com conselhospráticos na área da saúde e do bem-estar e propondo vários con-vívios e passeios.

O desafio principal é impulsionar uma cultura que valorize a expe-riência e o conhecimento que acrescem com a idade. Procurámosir ao encontro de pessoas que ao longo da sua vida sempre conse-guiram encontrar tempo para apoiar quem precisa, pessoas capazesde contagiar e mobilizar quem com elas se cruza, para pôr a fun-cionar ambiciosos projectos a favor da comunidade.

É sobretudo uma revista onde pode encontrar rostos da nossa fre-guesia com histórias e exemplos de vidas passadas em Benfica ecujos testemunhos importa valorizar.

E no ano em que se comemora o centenário da República, aproveitopara felicitar os 31 cidadãos, que vivem na freguesia onde “Bemse Fica”, que tiveram a oportunidade de testemunhar esse marcohistórico que foi a implantação da República.

São as experiências de longas vidas que permitem aos idosos seragentes e intermediários entre o passado, o presente e o futuro.Sem os seus conhecimentos e a sua sabedoria jamais saberíamosde onde viemos nem, consequentemente, para onde pretendemoscaminhar.

Saber envelhecer é uma arte e uma virtude.

Aos idosos da nossa Freguesia, a minha homenagem.

Page 4: Vitalidade

4 VitalIdade | Outubro

Nós queremos partilharNossa alegria convoscoSe vós gostais de cantarCantai agora connosco

Nós alunos da UNISBENTemos bem esta noçãoQue a juventude pereneEstá dentro do coração

Sabemos acreditarQue p’ra não envelhecerÉ não deixar de sonharNem desistir de aprender

De doenças ninguém falaDe dores ninguém se queixaE a tristeza não se instalaPorque a alegria não deixa

Logo ao romper da auroraComeçamos a cantarE quando o sol se vai emboraCantamos com o luar

Cantamos com a cotoviaCom o melro e o pinta-roxoE quando termina o diaNós cantamos com o mocho

Nós alunos da UNISBENTemos bem esta noçãoQue a juventude pereneEstá dentro do coração

Sabemos acreditarQue p’ra não envelhecerÉ não deixar de sonharNem desistir de aprender

Hino da UNISBEN

Page 5: Vitalidade

VitalIdade | Outubro 5

A Unisben é uma instituição de âmbito social e educativo, não governamental e semfins lucrativos, que nasceu com o propósito de combater a solidão e proporcionar aosseniores com mais de 50 anos, momentos de aprendizagem e lazer. As disciplinas que fazem parte do programa escolar são diversificadas. Há para todosos gostos e apetências, tanto dos alunos, como dos professores. E, ao contrário do que acontece em outras instituições de ensino, uma boa parte dosprofessores faz também parte do grupo dos alunos em matérias diferentes.Actualmente conta com mais de 500 alunos e 50 professores que leccionam cercade 50 disciplinas em várias áreas pedagógicas; Línguas Estrangeiras (Francês, Inglês,Espanhol e Alemão); Saúde (Medicinas Alternativas e Cuidados de Saúde); CiênciasSociais (Antropologia, Sociologia, Direito e Direito Constitucional); Cultura (Teatro, Mú-sica e Cultura Tradicional Portuguesa) entre muitas outras.

A Unisben foi criada a partir da associação “Stimuli”, Associação de Cultura e Recreiode Benfica. Tanto professores como alunos têm de ser sócios da ”Stimuli” e pagam uma pequenamensalidade que tem um valor simbólico e serve apenas para pagar as despesas demanutenção da escola, visto que todos os professores trabalham em regime de vo-luntariado. O objectivo da Unisben é, essencialmente, proporcionar à população sénior conheci-mentos em várias áreas disciplinares e, ao mesmo tempo, dar-lhe a oportunidade departicipar paralelamente em actividades práticas tais como Danças e Cantares, Dançasde Salão, Yoga ou mesmo integrar o Coro da Tuna dos Alunos da Unisben.

As aulas funcionam na maior parte dos casos de manhã. As tardes são reservadaspara passeios culturais diversos, dentro e fora de Lisboa. Todas estas ocupações ser-vem para estimular as capacidades cerebrais quer dos professores, quer dos alunos. Uns e outros são reformados e divertem-se estudando, aprendendo, ensinando, con-vivendo e comunicando entre si desde manhã até ao fim do dia.

UNISBEN Universidade Intergeracional de Benfica

Uma instituição ao serviço dos Seniores

Page 6: Vitalidade

6 VitalIdade | Outubro

CARLOS CONSIGLIERI“A minha maneira de estar na vida não mepermite ter desilusões”

Page 7: Vitalidade

VitalIdade | Outubro 7

“A minha maneira de estar na vida não me permite ter desilusões”

Licenciado em Economia e Especialização em Economia Política Avançada,pela École des Hautes Etudes de Paris. Autor de várias obras, nomeada-mente: Teófilo Braga e os Republicanos; Olivença – Reflexões sobre Usur-pação e Aculturação e Cronologia de uma Vida: Padre António Vieira, temparticipado em diversos Seminários e Congressos.

Fale-nos um pouco de si. Quem é Carlos Consiglieri?

Isso é um bocado complicado. Sempre que as pessoas falam de si, ou sãoextremamente humildes ou são profundamente vaidosas. E como tal, euacho que o percurso das pessoas deve ser mais analisado por terceiros doque por aquilo que elas possam transmitir em determinados momentos.Mas enfim, passando este problema, eu sou Carlos Consiglieri, tenho 77anos e um longo percurso de luta neste país. Luta pela Democracia pela Li-berdade e pelos valores do 25 de Abril, acontecimento que tardou. Antesdisso estive muitos anos preso e fui para Cabo Verde com residência fixa.Acabei o meu curso de Economia em França, onde passei algum tempo. Vimantes do 25 de Abril para cá. Trabalhei na área de economia num gabineteque ajudei a criar e que prevaleceu durante vários anos com uma certa im-portância na área da economia, consultadoria de empresas e serviços pú-blicos. Trabalhámos muito para apoiar Ministérios e Câmaras Municipais. Além disso sou um homem que me tenho dedicado à cultura. Tenho várioslivros publicados sobre Lisboa, História, República e Economia. Fui tambémprofessor após o 25 de Abril, na Faculdade de Direito em Lisboa e depoisna Universidade do Minho, onde estive cinco anos e também em EscolasSuperiores Particulares. A certa altura da minha vida entrei neste movi-mento das Universidades Seniores, primeiro só como professor. Quando fuiPresidente da Assembleia de Freguesia de Benfica durante dois mandatosna Coligação por Lisboa, conheci pessoas nas várias áreas políticas desde oPCP ao CDS e consegui manter uma relação bastante interessante com al-gumas delas. Dessa relação surgiu a Universidade Sénior de Benfica – UNIS-BEN.

EntrevistaCarlos Consiglieri

Page 8: Vitalidade

8 VitalIdade | Outubro

Sabemos que esteve ligado à criação da TSF. Como é queisso aconteceu?

Em 1976/77 eu e mais alguns companheiros estávamos no Jor-nal República e como não concordávamos com a solução quetinha sido dada ao jornal, criámos uma empresa chamada Edi-torial Terceiro Mundo de onde saiu o jornal Réplica. Como tam-bém estávamos ligados à Rádio Renascença, emissora que tevevários programas de grande importância na Revolução, acaboupor surgir a ideia de fazer uma estação de rádio. Uma estaçãode rádio e um grupo de jornais. Nessa altura dava apoio à Presi-dência da República. Trabalhava com o General Ramalho Eanes,pessoa por quem eu tenho uma grande estima e consideração.Trabalhava na formação de uma estrutura chamada Jornais As-sociados. E foi daí que nasceu a ideia de fazer suplementos na-cionais para serem encartados e distribuídos com os jornais degrande dimensão, este foi o início dos jornais regionais. Estavanessa altura também como colaborador do Jornal do Fundão eoutros jornais ligados à Rádio Ribatejo e ao Jornal do Ribatejo,de que fui fundador. Nessa altura tínhamos também a TSF emorganização. Fiz parte integrante do núcleo inicial até aparecerum “patrão”. Houve uma luta interna e o grupo não teve forçasuficiente para aguentar o embate. Acabámos por sair.

Na sua opinião o que é que mudou nestes 36 anos de De-mocracia e o que mais o desiludiu?

A minha maneira de estar na vida não me permite ter desilu-sões, leva-me mais a interpretar os acontecimentos como a vi-tória do que tem força sobre aquilo que não se soube impor. Énesta luta de contrários que devemos entender as coisas. Ini-cialmente tive a esperança de que esta sociedade seria enca-minhada para valores que vinham associados com a ideia dedemocracia, mais solidariedade, mais fraternidade e uma maiorredistribuição da riqueza, e apoiei diversos movimentos políticosnesse sentido. Mas, as forças políticas que tinham a intenção dedefender esses princípios democráticos, não puderam levar apalavra exacta às pessoas que era preciso cativar e como issonão aconteceu, as pessoas entraram não só em desilusão comopermitiram avanços que destruíram muitas das iniciativas de-mocráticas.

Fale-nos agora da UNISBEN.

A UNISBEN nasce da colaboração com algumas pessoas ligadasà Junta de Freguesia de Benfica. Primeiro começou por ter aforma de uma associação, a Associação de Artes e Cultura deLisboa que é a STIMULI e dessa Associação que actualmente temcerca de 300 sócios, saiu a UNISBEN, que neste momento temmais de 500 alunos.

Page 9: Vitalidade

VitalIdade | Outubro 9

A partir daí fizemos uma experiência muito interessante. Aqui a concepção de professor não tem o mesmo carácter queno ensino oficial. O professor é alguém que tem conhecimentospara transmitir e que os quer transmitir, e o aluno, que tambémpode ser professor, é aquele que quer aprender os conhecimen-tos que os outros têm para dar. Aqui há muitos professores quesão alunos e que são professores em diversas disciplinas. Estecruzamento é verdadeiramente inovador. Este movimento apa-receu em França nos anos sessenta. Aproveitando o lema quefoi lançado e reconhecido pela UNESCO, a aprendizagem aolongo da vida, pusemos em prática as metodologias que achá-mos mais convenientes para desenvolver esta ideia.

Há quantos anos existe a UNISBEN e como é que funciona?

Temos cinco anos de actividade que foram extremamente pro-veitosos e que permitiram uma grande adaptação de conheci-mentos, um melhor aprofundamento de metodologias e deexperiências em matérias novas, uma verdadeira interacção nasdiversas matérias e no relacionamento entre pessoas, tudo istoem convívio criativo. Começámos primeiro com apenas 30 dis-ciplinas e neste momento temos mais de 50 e mais de 50 pro-fessores. Aqui há a liberdade de toda a gente ensinar e aprender. Temosum Conselho Pedagógico e um Conselho Directivo. Sou o Presi-dente do Conselho Directivo e a Dra. Teresa do Santo Cristo é aPresidente do Conselho Pedagógico. O Conselho Directivo tem a preocupação de gerir os meios e osrecursos e aplicá-los o mais racionalmente possível, bem comoestar atento ao normal funcionamento da instituição. Por seulado, o Concelho Pedagógico tem como objectivo principal acoordenação e o controlo dos conteúdos das cadeiras que estãodefinidos por cada professor, relacionando e fazendo com queesses conteúdos não sejam só dados, mas que também hajauma prática de pedagogias que fique como a grande riquezadesta instituição. Depois temos também a Comissão de Alunos eleitos democra-ticamente com a qual temos uma estreita colaboração, que épresidida por um cidadão de mérito nesta freguesia Carlos Fi-gueiredo. A estes três órgãos, juntam-se três representantes daSTIMULI para formar O Conselho Geral que é o órgão supremodesta Instituição. A vida aqui é democrática. Estamos sempre disponíveis para cor-rigir, emendar erros, melhorar, desenvolver as práticas e as teo-rias. Estes processos têm levado a um espírito “novo” e de amplafraternidade entre todos.

Page 10: Vitalidade

10 VitalIdade | Outubro

Page 11: Vitalidade

VitalIdade | Outubro 11

Que género de pessoas frequenta a UNISBEN?

Isso é uma pergunta interessante. Nós desenvolvemos com algumas institui-ções públicas vários inquéritos e estudos sobre esse tema, quer com a EscolaSuperior de Educação quer com a Escola Superior de Psicologia e estamos maisou menos habilitados a responder que a grande maioria dos alunos são pro-venientes da classe média e média baixa, se bem que todos os anos o tecidosocial muda. Isto não quer dizer que não tenhamos aqui médicos, arquitectos,engenheiros e mesmo advogados como alunos o que não deixa de ser rele-vante. A maior parte vem da Freguesia de Benfica, mas já começamos a teruma abrangência que ultrapassa a cidade de Lisboa.

Que apoios é que a UNISBEN tem tido?

Praticamente nenhuns. Nós começámos esta iniciativa sem dinheiro, ou me-lhor com dinheiro que pedimos emprestado. Trabalhamos de uma formamuito desinteressada. Os professores são praticamente todos voluntários, es-tamos com um contrato de comodato com a Oficina da Criança, e portantonão pagamos renda. Pagamos as despesas de funcionamento e três trabalha-dores remunerados. Os alunos pagam 110 euros, por ano lectivo, o que cor-responde a cerca de 10 euros por mês para frequentarem seis disciplinas queescolham. Com o dinheiro das matrículas e da anuidade podemos suportarconvenientemente os nossos encargos. Portanto acho que também nós de-vemos ter o bom senso de ter a noção que não é o momento exacto de pedirnada a ninguém, é o momento exacto para trabalharmos, e para isso bastater interesse, honestidade e empenhamento.

Que objectivos para o futuro?

Para além do ensino e para além da aprendizagem ao longo da vida, deseja-mos ter aqui um outro propósito, que é a realização de conferências e debates.O ano passado realizámos cerca de trinta sobre as mais diversas matérias ecomo tivemos bastante adesão, este ano vamos continuar. Vamos iniciar umasérie de debates e conferências sobre a importância da República. Vamos terdebates sobre literatura, arte e economia. Vamos também fazer um debatesobre “O Orçamento do Estado”, não só para que as pessoas possam perce-ber melhor o que é, mas também para as consciencializar a e alertar para cer-tas opiniões muito em uso. Vamos tentar que as pessoas estejam sempredisponíveis para um certo espírito de mudança, para um certo espírito de queo passado foi importante mas que o futuro também é tão importante comoo passado, porque futuro e passado são a nossa vida. Os nossos objectivossão acompanhar de forma crítica e responsável o fluir da vida.

Page 12: Vitalidade

12 VitalIdade | Outubro

Page 13: Vitalidade

Vitalidade | Outubro 13

Envelhecer traz experiência e vivência, mas acarreta mudanças no corpoque, se não forem bem administradas, podem trazer uma série de proble-mas a curto, médio e longo prazo à saúde física e mental.

Na terceira idade, muitas mudanças acontecem e isso tem sido uma grande

preocupação para muitos especialistas e para a população em geral. Mas,

esta fase da vida pode ser vivida com muito mais tranquilidade, quando se

tem acompanhamento e um programa correcto de actividades físicas.

Ao contrário de muitos tabus que circulam pela sociedade actualmente, os

seniores também podem e devem fazer exercício físico com o objectivo de

ganhar músculos, flexibilidade, equilíbrio, boa condição física e, sobretudo

mental.

Mas a prática de exercício físico na terceira idade não só é importante para

melhorar a força física do idoso, é também um bem necessário para fugir

da depressão e conviver socialmente. Praticar actividade física é uma das

formas mais saudáveis de conservar uma sensação de bem-estar na terceira

idade.

Neste contexto o exercício físico contribui para adquirir movimentos mais

ágeis e rápidos; evitar acidentes, em resultado de uma mobilidade acrescida;

prevenir algumas doenças, principalmente as do coração e dos vasos san-

guíneos; diminuir a perda de cálcio nos ossos; manter a força e a elasticidade

dos músculos; evitar a obesidade e ganhar uma sensação geral de bem-

estar; estimular a interacção social e melhorar a auto-estima.

Aqui deixamos alguns bons exemplos para uma

prática regular de actividade física.

Para uma Vida SaudávelExercício Físico

Page 14: Vitalidade

14 VitalIdade | Outubro

Page 15: Vitalidade

VitalIdade | Outubro 15

Andar todos os dias.Aconselham-se caminhadas de 30 a 45 minutos, porém a duração e oritmo da marcha dependem do estado físico de cada pessoa. O ideal écaminhar ao ar livre sobre terrenos macios (relva, praia).Exercícios diários.De pé ou deitado, são muito úteis quando orientados por um especialista.

Nadar.Se não souber nadar, pode ficar de pé ou sentado, em água pouco pro-funda, agitando a água com os braços.

Andar de bicicleta.É uma excelente actividade física, embora exija uma certa experiência ebom equilíbrio.

Dançar.Acessível e agradável, é simultaneamente uma actividade física e lúdica.

Segundo os médicos, exercícios adequados e regulares ajudam a mantero peso ideal, regulam as funções cardio-respiratórias, fortalecem a mus-culatura e dão mais equilíbrio ao corpo. Além disso, fazem o sangue fluirmelhor e levar mais oxigénio para todas as partes do corpo, reduzindo omau colesterol, que obstrui as artérias, e elevando o nível de colesterolbom, que ajuda a proteger contra as doenças cardíacas.

Para uma Vida Saudável

Page 16: Vitalidade

16 VitalIdade | Outubro

HidroginásticaExercício Saudável

Com o intuito de fomentar o bem-estar da população sénior, melhorar as suas aptidões físicas e a suaauto-estima e promover uma ocupação dos tempos livres de maneira saudável e em convívio, a Juntade Freguesia de Benfica continua a oferecer aos mais idosos a prática do exercício saudável através dahidroginástica, actividade que está integrada no Projecto de Educação Física para a Terceira Idade.As sessões decorrem de segunda a sábado, na piscina do Complexo Desportivo da Junta de Freguesia,e contam já com a inscrição de 150 utentes. O objectivo é estimular hábitos de vida saudáveis e incentivar à prática de uma actividade regular juntoda população sénior, contribuindo para uma melhoria da sua qualidade de vida.Para se inscreverem neste projecto os utentes terão que ter mais de 55 anos, estar em situação de re-forma ou pré-reforma, e serem residentes na freguesia.As inscrições são feitas no gabinete de atendimento do PIAF, onde poderá obter toda a informação re-ferente a esta actividade.Os interessados devem apresentar o bilhete de identidade, o número de identificação fiscal, cartão deeleitor, declaração de IRS e comprovativo de liquidação do IRS.

Não fique em casa! Venha praticar exercício! Venha conviver!

HORÁRIO 2ª FEIRA 3ª FEIRA 4ª FEIRA 5ª FEIRA 6ª FEIRA SÁBADO

08:00/08:45Acção SocialHidro-Sénior

Horário 1

Acção SocialHidro-Sénior

Horário 2

Acção SocialHidro-Sénior

Horário 2

Acção SocialHidro-Sénior

Horário 6

Acção SocialHidro-Sénior

Horário 5

Acção SocialHidro-Sénior

Horário 5

Acção SocialHidro-Sénior

Horário 5

Acção SocialHidro-Sénior

Horário 3

Acção SocialHidro-Sénior

Horário 3

Acção SocialHidro-Sénior

Horário 4

Acção SocialHidro-Sénior

Horário 4

Acção SocialHidro-Sénior

Horário 1

08:45/09:30

11:45/12:30

Page 17: Vitalidade

VitalIdade | Outubro 17

NutriçãoMas se por um lado a prática de exercício físico é importante para manter o corpo e a mente sau-dáveis, uma alimentação cuidada é tão ou mais importante para garantir uma melhor forma física,mais saúde e boa disposição. Por isso para se manter saudável nesta fase da vida é fundamental que faça uma alimentaçãocompleta, equilibrada e variada.Grande parte dos seniores tem dificuldades de mastigação e de digestão, por isso, é essencial quefaça refeições saudáveis e saborosas, fáceis de mastigar, engolir e digerir, para que se sinta bem.Como as necessidades calóricas diminuem com a idade, a sua alimentação deve incluir alimentosde pouco volume e calorias concentradas, que sejam ricos em proteínas, vitaminas e minerais.Lembre-se que, durante o processo de envelhecimento, é importante que mantenha um peso es-tável e saudável, para que não haja um aumento excessivo da gordura corporal e todos os proble-mas de saúde que lhe estão associados ou, pelo contrário, carência de determinados nutrientesvitais, que o podem deixar mal nutrido.

Para além de todas as mudanças que já foram referidas, os seniores sofrem uma diminuição dealgumas capacidades sensoriais. A capacidade das pupilas gustativas tende a diminuir com a idade,o que o pode levar a preferir comidas muito doces, ingerindo uma quantidade excessiva de açúcar,ou muito salgadas, o que pode contribuir para a hipertensão. O olfacto e visão também tendem adiminuir, podendo levá-lo a preferir comidas com odores fortes ou até a perder o apetite.Tenha em atenção estas alterações que vão ocorrendo no seu corpo com o avançar da idade eprocure sempre fazer uma alimentação saborosa e ao mesmo tempo saudável. O paladar agradecee a sua saúde também.

Page 18: Vitalidade

18 VitalIdade | Outubro

Actualmente, nutricionistas em todo o mundo têm estudado a acção benéfica de determinadosalimentos na prevenção de muitas doenças. Aqui ficam algumas sugestões de alimentos que sepodem encontrar em qualquer supermercado e as suas respectivas áreas de prevenção.

ABACATE – Combate as diabetes, baixa o colesterol, previne as tromboses, controla apressão arterial, suaviza a pele

ALCACHOFRA – Ajuda na digestão, baixa o colesterol, protege o coração, estabiliza oaçúcar no sangue, protege contra as doenças do fígado

ALHO – Baixa o colesterol, controla a pressão arterial, previne o cancro, mata bactérias,combate fungos

AMEIXAS – Tarda o envelhecimento, evita a obstipação, estimula a memória, baixa ocolesterol, protege contra doença de coração

ANANÁS – Fortalece os ossos, alivia a febre, ajuda a digestão, bloqueia a diarreia

AVEIA – Baixa o colesterol, previne o cancro, combate as diabetes e suaviza a peleffffffffffffffffffffffffffffd

BANANA – Protege o coração, atenua a tosse, fortalece os ossos, controla a pressãoarterial, bloqueia a diarreia

BATATA-DOCE – Poupa a visão, levanta a disposição, combate o cancro, fortalece osossos

BETERRABA – Controla a pressão arterial, previne o cancro, ajuda a perder peso

BRÓCOLOS – Poupa a visão, previne o cancro, protege o coração

Page 19: Vitalidade

VitalIdade | Outubro 19

CEBOLA – Reduz risco de ataque cardíaco, previne o cancro, mata bactérias, combatefungos

CENOURA – Poupa a visão, protege o coração, evita a prisão de ventre, ajuda a perderpeso

CEREJA – Protege o coração, acaba com as insónias, tarda o envelhecimento

FEIJÃO – Baixa o colesterol, estabiliza o açúcar no sangue, previne o cancro

FIGO – Previne as tromboses e controla a pressão arterial

LARANJA – Fortalece o sistema imunitário, previne o cancro, protege o coração,favorece a respiração

LIMÃO – Previne o cancro, suaviza a pele, controla a pressão arterial

MANGA – estimula a memória, regula a tiróide, ajuda na digestão

MELÂNCIA – Previne o cancro na próstata, promove a perda de peso, controla apressão arterial

MORANGO – Previne o cancro, estimula a memória, acalma os nervos

TOMATE – Previne o cancro na próstata, protege o coração, baixa o colesterol

UVA – Poupa a visão, aumenta o fluxo de sangue, protege o coração

Page 20: Vitalidade

20 VitalIdade | Outubro

Page 21: Vitalidade

VitalIdade | Outubro 21

Uma alimentação equilibrada associada à prática de exercício físico adequado,promove um envelhecimento celular bem sucedido. No caso dos idosos, estesfactores são de maior importância, uma vez que estes podem sofrer de doen-ças relacionadas com o envelhecimento, tais como obesidade, diabetes, doen-ças cardiovasculares, hérnia discal, entre outras, sendo o plano nutricional, umfactor importante, quer na prevenção como no tratamento. Vários estudos in-dicam que uma dieta inadequada durante o envelhecimento pode colocar apopulação sénior em risco.Para percebermos melhor o que tudo isto implica fomos falar com a Dra. RitaTalhas, Licenciada em Dietética pela Escola Superior de Tecnologia daSaúde de Lisboa (ESTeSL), desde 1996.

Fale-nos um pouco do seu percurso profissional.Depois de terminar o curso fui dietista no Hospital de São José (HSJ) e desde2001 que estou no Hospital Cuf Descobertas (CUF Descobertas), como coor-denadora da Unidade de Nutrição. Paralelamente exerço consultas de Nutri-ção no Centro Clínico da Junta de Freguesia de Benfica, desde 2000.

O que é a Dietética?A Dietética é uma área de intervenção interdisciplinar, cujo objectivo primordialconsiste na aplicação das ciências da nutrição e da dietética, na prevenção eno tratamento de doenças e na promoção e educação da saúde, a nível indi-vidual e colectivo, assim como nas áreas da investigação, gestão e ensino…

Nesse caso um dietista é……Um profissional de saúde com o grau de licenciatura, com uma intervençãointerdisciplinar, cujo objectivo primordial consiste na aplicação das ciências danutrição no tratamento de doenças e na promoção da saúde, a nível individuale colectivo. Actualmente, o Dietista pode assumir diferentes funções na suaprática, em três grandes áreas de intervenção: Clínico, Comunitário ou deSaúde pública e Restauração Pública e Colectiva/Gestão - O Dietista Ges-tor. Na área clínica o Dietista é responsável pela avaliação nutricional, deter-minação das necessidades nutricionais, planificação e supervisão de planosalimentares, pelo aconselhamento nutricional em consulta ou durante o inter-namento; colabora em equipas multidisciplinares de saúde na definição deprotocolos e estratégias que promovam a recuperação/melhoria na saúde nu-tricional e funcional dos doentes.

Dietética e PrevençãoEntrevista com a Dra. Rita Talhas

Page 22: Vitalidade

22 VitalIdade | Outubro

Actualmente fala-se cada vez mais em Dietética para a prevenção de doençassobretudo no que se refere à população sénior. Porquê?A Dietética existe há mais de 60 anos e é um curso essencialmente vocacionado para se fazer dieto-terapia aplicada a patologias. No caso dos seniores ela é essencial, visto que são a franja da sociedademais exposta a todo o tipo de doenças relacionadas com uma alimentação deficiente ou insuficiente.

Page 23: Vitalidade

VitalIdade | Outubro 23

Como é que funciona a dietoterapia na prevenção de patologias?A abordagem nutricional deve ser planeada de modo a modificar hábitos inadequados, com estratégiasque estejam de acordo com os factores socioeconómicos dos seniores. Uma alimentação saudável, nosidosos, é aquela que aumenta a resistência face às infecções e ajuda na recuperação das doenças pró-prias da idade. Grande parte dos nossos seniores não ingere alimentos em qualidade e quantidade su-ficientes para satisfazer as suas necessidades. Por isso observa-se uma população com excesso deconsumo de gorduras e sal, e com carência de micronutrientes, tais como, vitaminas e minerais. E éneste aspecto que entra o factor prevenção que nós trabalhamos na população em geral, quer sejacriança, adulto ou idoso de modo a garantir um padrão alimentar adequado aos factores peso, idade eactividade física.

Pode-se adequar a introdução de comida tradicional portuguesa na dietoterapia?Deve-se introduzir. Nós temos uma dieta, chamada “Dieta Mediterrânica”, que é uma dieta rica emómega 3 e ómega 6, que previne essencialmente acidentes cardiovasculares. É uma dieta rica em peixe,devido principalmente à nossa situação geográfica. No entanto esses valores estão a perder-se, sobre-tudo na população jovem, que prefere uma alimentação cada vez menos saudável, do que na populaçãosénior, que está mais habituada a comer outro género de alimentos. Come muito mais feijão e grão doque actualmente as nossas crianças na escola. Portanto, há que ensinar os nossos jovens a adoptaremhábitos alimentares mais saudáveis. Eles vão ser os seniores do futuro.

Porque é que os seniores se alimentam mal?Os principais factores são, por um lado, problemas socioeconómicos, que têm a ver com reformas baixas,pouco acompanhamento familiar e solidão, não terem ninguém que os ajude nas compras do super-mercado ou não terem carro para trazer as compras, ou simplesmente o facto de não quererem cozinharpara uma pessoa. Por outro lado existem os problemas físicos, a falta de peças dentárias que dificultaa mastigação, dificuldade de locomoção, doenças crónicas, como a obesidade, diabetes e as doençascardiovasculares ou a alteração do paladar e a intolerância a certos alimentos.

Que problemas é que estão associados a essa má alimentação?A obesidade é um dos principais problemas após a meia-idade e em idosos a partir dos 70 anos. A acu-mulação de gordura corporal leva ao desencadear de doenças mortais. Também se regista na populaçãosénior deficiências vitamínicas, principalmente vitaminas A, C, D e ácido fólico. São vitaminas importan-tes na prevenção de doenças virais, como por exemplo a gripe. A vitamina D é importante na prevençãoda osteoporose e a A na prevenção da cegueira nocturna.

Alimentos recomendados:

Sopa, legumes, leguminosas, produtos lácteos magros (têm maior fonte proteicae são baixos em colesterol), carne magra e peixe, queijo fresco ou requeijão,fiambre magro e com baixo teor de sal, produtos integrais (pão, bolachas, ce-reais de pequeno-almoço, ricos em fibra).

Page 24: Vitalidade

24 VitalIdade | Outubro

No caso dos seniores com poucos recursos económicos que conselhos dá parauma dietoterapia?Não vale a pena estar a prescrever uma alimentação muito complexa e cara, se ele depois sai daqui epensa: “Bom! Eu não consigo comprar nem metade daquilo que ela falou!” Portanto mais vale dar su-gestões. Nós sabemos à partida quais são os alimentos mais caros, um deles é o peixe e o outro a carne, quesão produtos proteicos, e que nós tentamos substituir por outros que eles gostam, tipo lacticínios, queijo,leite, iogurtes, produtos que sejam facilmente mastigáveis tal como as leguminosas, que têm uma fonteproteica importante. Se o idoso não tem capacidade económica para adquirir carne ou peixe, tem quecompensar a parte proteica com outros alimentos, neste caso o feijão, o grão ou a soja e adaptar essesalimentos ao tipo de refeição que faz. Muitas vezes a única coisa que os nossos seniores tomam à noite é uma sopa, e se ela for enriquecidacom leguminosas, fica mais consistente e de valor nutricional mais elevado. É isso que me interessa.Costumo também adaptar a consistência da alimentação. Porque a muitos deles faltam peças dentárias,e torna-se complicado para eles mastigarem a côdea do tradicional pão mistura, por exemplo. Nestecaso temos uma série de alimentos no mercado que podem substituir o pão, flocos de cereais que éuma coisa fácil de mastigar quando diluído em leite, ou um iogurte líquido ou ainda o leite que é ricoem cálcio e que é importante para combater a osteoporose. Todas estas carências, essencialmente pro-teicas, que os nossos idosos possam ter por questões económicas, nós conseguimos substituir.

Acha que há suficiente informação sobre esta área?Não. Claro que não. Existe a Fundação Portuguesa de Cardiologia, que tem feito um bom trabalho dedivulgação sobre o que pode ser uma alimentação equilibrada e os seus benefícios. E já começamos ater empresas que fazem campanhas e se associam à divulgação de alimentos ricos e importantes parao crescimento, como é o caso da Mimosa que tem um bom programa a nível das escolas. No caso dosseniores, não. Não se vê colegas meus em centros de dia a dar apoio, a não ser que esteja enganada.Mas penso que não. Não é uma coisa que se divulgue muito. Eu acho que a sociedade se esquece muito dos nossos seniores, a começar pela própria família. Nósvimos isso a nível hospitalar. Muitas famílias abandonam os seus seniores nos hospitais quanto maisem casa. Por isso na alta hospitalar, por exemplo, uma das nossas preocupações é ensinar a família ouo cuidador que está com o idoso, porque muitas vezes o idoso não tem o apoio da família mas temuma pessoa ou um amigo que cuida dele, a comprar os produtos adequados para uma dietoterapiamais eficaz.

Neste caso deveria haver sessões de divulgação e informação para os cuidadoresou para as famílias…Exactamente. A Junta de Freguesia de Benfica através do Centro Clínico devia funcionar mais. Nós temostodas as especialidades aqui. Eu nunca vi nenhum especialista de medicina dentária ir a um centro de

Alimentos não recomendados:

Adição de sal, álcool (excepto 1 copo de vinho tinto à refeição, que é rico emantioxidantes que ajudam na prevenção das doenças cardiovasculares), gordurassaturadas, tais como enchidos, queijos gordos, fiambre gordo com sal, alimentosfritos e pré-confeccionados “tipo fast-food”, confecção com refogado, doces erefrigerantes.

Page 25: Vitalidade

VitalIdade | Outubro 25

dia falar sobre a importância da higiene oral num idoso. As pessoas esquecem-se dos cuidados a ter.São peças dentárias que existem há mais de 60 anos. Todos os dias a mastigarem. E não nos podemosesquecer que muitos alimentos, sobretudo os que são ricos em cálcio e fósforo, têm muita influêncianas peças dentárias. Muitos idosos, por exemplo, são intolerantes à lactose, que é o produto base doleite, devido a perda da lactase, uma enzima essencial para a digestão do leite. Não sabem por exemploque comer um queijo fresco ou um iogurte é muito mais saudável que beber um copo de leite. Isso sãopormenores que devem ser esclarecidos.

Que seniores é que geralmente vêm às suas consultas?Aqui na Junta de Freguesia, são principalmente seniores com patologia associada, ou com diabetes oucom colesterol. O que é um pouco mais complicado, porque não só temos que adaptar a alimentaçãoà idade e à condição física, como também temos que a adaptar à patologia. E há muitos diabéticos se-niores. A diabetes sénior é bastante complicada, porque é uma doença silenciosa que aparece e quevai degradando o nosso organismo sem provocar dor. Se doesse eles tratavam-se. Como não dói, osnossos seniores só dão por ela quando já é tarde. Ora, se nós conseguirmos prevenir isso com a ali-mentação, acho que conseguimos ter uns seniores muito mais saudáveis.

O dietista aplica os seus conhecimentos e competências profissionais em funções napromoção da saúde, terapêutica, segurança alimentar, administração e gestão dos serviçosde alimentação e dietética, nomeadamente:

1. Avaliação das necessidades nutricionais;

2. Elaboração de programas de intervenção com vista à promoção de hábitos alimentares saudáveis;

3. Integração em equipas pluridisciplinares com o objectivo de implementar uma terapêutica dietéticaadequada à situação clínica;

4. Avaliação do estado nutricional através de equipamentos e técnicas específicas, bem como atravésda análise e interpretação de parâmetros bioquímicos e imunológicos;

5. Concepção e aplicação inquéritos alimentares para caracterizar e avaliar a ingestão alimentar dapopulação e do utente saudável ou com patologia;

6. Cálculo e planificação do suporte nutricional a administrar por via oral, enteral (sonda) ou parenteral(endovenosa);

7. Monitorização do suporte nutricional instituído;

8. Definição de planos nutricionais com elaboração de regimes e ementas para diferentes gruposetários com definição e quantificação de nutrientes e alimentos e suplementos necessários à suaexecução;

9. Realização de actividades educativas que permitam a outros influenciar o comportamento alimentarde indivíduos e grupos;

10. Estabelecimento e implementação de normas e procedimentos, baseando-se nos princípios doHACCP/ SAFE, para garantir alimentos mais seguros; estabelecimento de medidas preventivas eimplementação de medidas correctivas, através da análise de riscos, identificação de pontos críticosde controlo e da aplicação sistemática de registos e procedimentos de verificação aplicando-os atodas as fases, desde produção até ao consumidor final;

11. Desenvolvimento e implementação de sistemas de gestão da qualidade com o objectivo de avaliare garantir a melhoria contínua da nutrição da população;

12. Programação e execução de auditorias higio-sanitárias e auditorias da qualidade através do examesistemático do cumprimento dos procedimentos estabelecidos;

13. Colaboração no desenvolvimento de novos produtos que respondam em simultâneo àsnecessidades nutricionais e tendências de mercado.

Page 26: Vitalidade

26 VitalIdade | Outubro

Adelaide do Carmo Rebelo de Sousa - 90 anos

Page 27: Vitalidade

VitalIdade | Outubro 27

Em 1990 a Assembleia Geral das Nações Unidas designou o dia 1 de Ou-

tubro como Dia Internacional do Idoso e em 1991 foram finalmente

aprovados os Princípios das Nações Unidas em favor dos idosos, sendo

estes princípios relativos aos direitos humanos: independência, partici-

pação, cuidados, realização pessoal e dignidade.

Estas duas iniciativas tiveram como fundamento o continuado processo de

transição demográfica verificada na última metade do século XX, com o de-

créscimo simultâneo das taxas de mortalidade e de natalidade, sustentando

o fenómeno de um envelhecimento populacional mundial.

Mas não chega designar um dia internacional para o idoso e evocá-lo todos

os anos, é preciso combater todas as formas de violência, descriminação e ex-

clusão, com que muitas vezes são confrontados os nossos mais velhos. Tal

como eles nos protegeram um dia também nós temos a obrigação de os tratar

com carinho e respeito.

Quem nunca encontrou nos braços dos avós queridos o local mais seguro do

mundo? Quem nunca chorou no seu colo, confessando uma travessura que

não tinha coragem de revelar aos pais? E não foi sempre no seu regaço que

encontrámos um abrigo contra os fantasmas e papões que nos atormentavam

os sonhos? Contra a intolerância dos mais crescidos, lá estavam sempre os

nossos avós para nos protegerem com toda a sua paciência e para nos acon-

selhar com toda a sua sabedoria.

Mas a idade está também ligada à memória viva das metamorfoses das cida-

des, património histórico indispensável que se transmite de geração em gera-

ção. E foi à procura dessa memória que fomos falar com três seniores que há

muito vivem em Benfica.

“Vivo em Benfica desde que nasci, há 90 anos.” Diz-nos a Adelaide do Carmo

Rebelo de Sousa. “E a minha mãe, a minha avó e a minha bisavó, também

nasceram aqui, mesmo atrás da igreja, na Vila Rita Monte que hoje é a Rua

Mês do IdosoRetratos

Page 28: Vitalidade

28 VitalIdade | OutubroAmérica Santos Marques - 83 anos

Page 29: Vitalidade

VitalIdade | Outubro 29

Ernesto da Silva. Foi uma família italiana, a família Maia, que quando vieram

morar para aqui, compraram a Quinta e fizeram aquela correnteza toda de

prédios de azulejos que há atrás da igreja onde havia um recantozinho. Foi

aí que nasceu a minha mãe.” E quanto às transformações que Benfica sofreu

a memória não a atraiçoa. “Dantes havia padeiros e leiteiros que vinham a

casa. Havia muitos pregões. Era muito familiar. Havia pessoas que iam lavar

roupa no rio. E eu ia muitas vezes passear para a Mata de Benfica. Aliás as

pessoas frequentavam muito a Mata, principalmente no Verão para fazer

piqueniques. Andei na Escola da Câmara onde é hoje a Escola Quinta de

Marrocos e conheci o meu marido também aqui em Benfica, Técnico de

Contas. Casei-me e tive 1 filho. Ficámos sempre a viver aqui em Benfica.”

Por seu lado D. América Santos Marques lembra-se de uma Benfica mais bair-

rista. “Vivo há 41 anos em Benfica. Quando vim viver para aqui, isto era

muito bonito, limpo e calmo. As pessoas conheciam-se. Agora estão muito

individualistas. Já não existe bairrismo que havia antes. Não havia buracos

e as pessoas eram muito mais asseadas. Eu tive um cão e limpava sempre

a porcaria do cão. Agora não. D. América Santos Marques foi artista de teatro

por isso acha que devia haver mais actividades culturais para os seniores par-

ticiparem. “Era um bem para os idosos terem actividades. Deixava de haver

tanta solidão. Precisamos de mais animação e alegria. Na vida andamos cá

para nos ajudarmos uns aos outros. Como gosto muito do pessoal da Junta,

venho muitas vezes para o Complexo Desportivo e para o Centro de Idosos,

sempre há mais animação. Os idosos precisam mais de ajuda e apoio

moral.” O que a D. América ainda não sabe é que Junta de Freguesia de Ben-

fica tem em curso um projecto de formação de uma Companhia de Teatro

Sénior integrado no Programa Envelhecimento Activo e Saudável.

Sr. Iwan Thémes, filho de artistas, o pai era músico e a mãe cantora de Ópera,

ele próprio também cantou no Teatro de São Carlos, veio para Benfica nos

anos 40. A irmã foi chefe das costureiras na Fábrica Simões e ele trabalhou

como chaufer no Palácio do Sr. Caldeira Ferro, um dos directores da Companhia

de Tabaco. Recorda-se que Benfica era muito diferente.

“Antigamente só havia vivendas. Agora é só prédios. Onde é agora o edi-

fício da junta era a sede do Benfica. Jogava-se hóquei em patins. Forma-

ram-se aqui muitos jogadores importantes para o nosso hóquei.” E tal como

a D. América também se lembra de existirem muitas casas de fados e um ci-

nema onde está agora o Auditório Carlos Paredes.

Page 30: Vitalidade

30 VitalIdade | Outubro

Sr. Iwan Thémes - 90 anos

Page 31: Vitalidade

VitalIdade | Outubro 31

Outra das memórias curiosas do Sr. Iwan prende-se com as Portas de Benfica

que estabeleciam uma fronteira/alfândega para entrar na cidade. “Antiga-

mente, as pessoas tinham que se esconder para entrarem em Lisboa

quando vinham vender os produtos que cultivavam lás nas hortas. E escon-

diam-se entre as palhas das carroças para poderem passar pelas Portas de

Benfica. Então vinham os Guardas-fiscais com varas e espetavam a palha

para verificarem se havia alguém ou algum produto. Eram conhecidos como

“Pica Chouriços”. (risos) Gostava muito daquela altura. Havia muita amizade

entre as pessoas. Sinto falta disso. Agora Benfica está muito confusa. Muito

trânsito, muitos prédios. Apesar de estar muito desenvolvida.”

George Washington disse um dia: “Até onde chegamos na vida depende

de sermos tolerantes com os jovens, carinhosos com os idosos, amáveis

com os esforçados e complacentes com os fracos e fortes. Porque em algum

momento da nossa vida vamos descobrir que já fomos tudo isso.”

O dia internacional da terceira idade, ou do idoso, é hoje, é agora, é sempre,

é a cada momento, a cada manhã, por isso a Junta de Freguesia de Benfica

estendeu as comemorações do Dia Internacional do Idoso por todo o mês de

Outubro.

1 de Outubro - Sesimbra – Partida da Junta às 09h00

11 de Outubro – Passeio no Tejo – Partida da Junta às 09h00

15/16/17 de Outubro – Viagem à Galiza / Santiago de Compostela

18 de Outubro – Visita à Quinta da Regaleira - Período da manhã

19 de Outubro – Variedades com o grupo “ Canto e Danço” na Junta

de Freguesia de Benfica - Período da tarde

22 de Outubro – Ida à Quinta da Escola e visita às Grutas de

Stº António – Todo o dia c/ almoço

29 de Outubro - Baile no Mercado da Ribeira – Período a definir

Page 32: Vitalidade

32 VitalIdade | Outubro

Page 33: Vitalidade

VitalIdade | Outubro 33

Uma vida de solidariedadeEntrevista com Madalena Pão Duro

Ditam as regras da boa educação que nunca se deve perguntar a idade a umasenhora, mas a Sra. Madalena Pão Duro não tem problemas com isso. Aos 62anos continua a manter uma postura e um discernimento jovem e impetuoso.Lutadora feroz contra a injustiça e o desequilíbrio social, dedicou grande parteda sua vida à solidariedade e fez do apoio aos idosos, uma das suas grandescausas. Pessoa frontal e assertiva o que faz com que qualquer conversa se transformenum ensinamento, tem muitas histórias para contar. A sua vida daria um ro-mance que não cabe nestas breves páginas. Foi com o brilho nos olhos que Madalena Pão Duro nos falou da sua dedicaçãoaos outros.“Nasci em Barrancos e vim para Lisboa com 14 anos. Hoje fala-se muitoque as crianças não devem sair de perto dos pais, mas na altura saía-se,não havia outro remédio! Vim para Lisboa trabalhar e estudar, como faziammuitos jovens que estavam no interior do país. Os meus dois irmãos maisnovos vieram também. Juntamo-nos às duas minhas irmãs que já cá mora-vam. Fizemos um percurso de vida de gente jovem, mas gente que traba-lhava. Era mais trabalho do que lazer. Fiz de tudo, baby-sitter, trabalhar num laboratório e mais tarde numa far-mácia. Fazia de tudo para tentar sobreviver”.Começou por viver com a sua madrinha que ainda hoje é viva, com 96 anos,na rua D. Filipa de Vilhena e depois mudou-se para a Rua Latino Coelho. Na al-tura do terramoto de 1969 o prédio onde vivia ruiu.“Eu já trabalhava na Farmácia Macedo. Como ficámos sem casa, tivemosque nos separar e o meu pai, que tinha apanhado um grande susto, achavaque eu tinha que ir para um local onde estivesse bem vigiada, onde elesoubesse que eu era bem tratada e que as minhas saídas eram só ao Do-mingo para ir à missa. Por isso, acabei por alugar um quarto em casa daminha chefe – a D. Maria Guilhermina. Nada melhor do que ter uma chefe a vigiar-nos dias, tardes, noites, sábadose domingos! E os meus pais ficaram contentes, sabendo que eu estava bemacompanhada.Benfica não era nada daquilo que é hoje. Era uma zona de quintas, quasedeserta. O único transporte era o eléctrico, que atravessava a estrada de Benfica eterminava onde é hoje o Centro Comercial Nevada .” Ficou a morar na Rua República da Bolívia, no nº 65 e trabalhava na farmáciano nº 69.

Page 34: Vitalidade

34 VitalIdade | Outubro

Page 35: Vitalidade

VitalIdade | Outubro 35

“Fiquei sempre aí! Desde 1968 que trabalho no mesmo prédio e nunca saí de lá. Quando casei aindaestava a morar em casa da minha chefe. Naquela altura as pessoas casavam novas e para mim eraa única solução para sair de casa dela. Fui para a Rua dos Arneiros onde fiquei alguns anos. Ali tive três filhos, rodeada de uma vizinhançaextraordinária. Eu tinha 21 anos e todos os meus vizinhos andavam na casa dos 35/40 anos paracima, hoje é tudo gente com de 70 a 80 anos. Eu estava cá sozinha, sem mãe, sem pai, sem irmãopor perto, sem ninguém que me desse a mão e vi-me a braços nos primeiros dois anos de casadacom dois filhos. Tive um atrás do outro. E foram as minhas vizinhas que ajudaram. As minhas vizinhasque eu não conhecia de parte nenhuma, mas que tiveram um grande carinho por mim. Hoje sou euque me dedico a elas no meu tempo livre. Dedico-me muito às pessoas de idade que me rodearamnaquela altura e que hoje precisam imenso de mim.”Viúva desde muito cedo, o seu maior prazer é dedicar o tempo livre inteiramente aos netos e aos idosos“ É incondicional, o prazer no trabalho de voluntariado que tenho feito ao longo destes 35 anos,

sempre com a terceira idade. Desde criança que gosto de idosos. Talvez porque uma das memóriasque ainda me marca esteja associada a um casal de idosos. Esse casal tinha um jardim e eu adoravair para ao pé deles. Tinham um jardim e uma hortinha onde eu passava tardes a escarafunchar naterra. Lembro-me muito deles, a Ti Albina e o Ti Zé. Eu era miúda, para aí com 6 anos, e atravessavauma barragem numa jangada que saía de uma berma para a outra, aquilo era extremamente peri-goso, mas eu nem pensava nisso. Queria estar com eles. Não sei se o meu amor pelos idosos nasceucomigo ou se vem da convivência que tive com esses dois idosos.” A sua primeira actividade como voluntária começou na paróquia da Nossa Senhora do Amparo.“Consegui convencer o Padre Álvaro Proença, um homem muito duro mas com um amor muitogrande pelos idosos, a deixar-me fazer um dispensário para os pobres. Na altura não havia centrosde saúde e muito menos serviço nacional de saúde. Ele deu-me uma cave e fizemos um dispensárioonde tínhamos as amostras de medicamentos que os laboratórios nos davam. Arranjei três ou qua-tro colegas amigas para fazer o atendimento aos idosos e não só, a toda gente que necessitava. Medíamos a tensão e aviávamos as receitas que os médicos passavam. Antes de irem à farmáciaos utentes passavam por lá para saber se tínhamos o medicamento e já não iam comprá-los. Depoisachei que o dispensário não tinha condições e pedi ao Sr. Padre Proença para nos deixar fazer umasala de espera, um gabinete e uma casa de banho. Levei um rotundo não. Mas disse-lhe que no diaem que ele morresse era a primeira coisa que faria.” Com a ajuda e a boa vontade do Eng.º Rui Santos e do Arq. Pratas Vieira que fizeram o projecto de graçae pedidos de apoio aqui e ali, Madalena Pão Duro levou a sua avante, desta vez com a cooperação doPrior Dr. João de Sousa e o Sr. Pisco, construtor civil.“Ficámos com um dispensário fantástico, que ainda hoje existe e funciona passado estes 30 anos.Eu ia para lá todos os dias de manhã fazer o que era preciso. Tinha imensa gente e funcionava dia-riamente, inclusive aos sábados. Havia várias colegas de trabalho que iam um dia por semana daparte da tarde, para fazer o atendimento, sempre nos nossos tempos livres e em voluntariado. Fez-se uma inauguração lindíssima. Vieram todas as pessoas importantes da freguesia. Aquilo era umaobra inédita e tinha sido uma perfeita loucura pô-la de pé. Foi uma boa surpresa para toda a gente.De tal maneira que o Presidente da Junta da altura, o Sr. Rui Pita, me pediu que fosse dar uma mão-zinha no centro dos reformados.” Madalena Pão Duro aceitou o desafio e ficou simultaneamente a prestar voluntariado com a terceiraidade na Junta de Freguesia e no dispensário da paróquia. Porém a viuvez, que surgiu demasiado cedo,estabeleceu prioridades.“Quando o meu marido morreu eu disse; meus amigos, agora o meu voluntariado é outro, vou terque trabalhar manhã, tarde e noite para acabar de formar os meus filhos e dar-lhes mais atenção.Por outro lado eu sabia que ia ter de escolher entre o voluntariado dos reformados da Junta de Fre-

Page 36: Vitalidade

36 VitalIdade | Outubro

guesia de Benfica e o dispensário da paróquia, onde haviacoisas que me desagradavam. Por isso escrevi uma carta aoPrior a informar que lhe entregava a obra feita. Assim, fiqueia trabalhar na clínica onde ainda hoje trabalho e a dar a ajudapossível aos reformados onde estive cerca de 15 anos.”Foi assim que nasceu o Grupo Recreativo de Reformados daJunta de Freguesia. “Era presidente do Grupo Recreativo dos Reformados. Eu gos-tava de ver os idosos bonitos e a fazer qualquer coisa. Sempreme fez muita confusão ver os idosos sentados no sofá a olharpara a televisão, não tenho nada contra a televisão masachava que eles tinham que ser mais activos. Por isso arran-jamos um grupo e começamos por meter os idosos, primeiroa cantar e depois a representar. E teve tanto êxito que o Fran-cisco Nicholson chegou a convidar-nos para ir representar noTeatro Maria Matos, e os convites eram mais que muitos sem-pre acompanhados pelo coreógrafo Mário Valejo. Houve umano, ainda estou para saber como é que eles tiveram conhe-cimento das nossas actividades, que nos telefonaram deBraga a pedir que fossemos lá com o Auto de Natal. Eles pa-gavam a estadia e a alimentação, nós só tínhamos que ar-ranjar transporte. Fui ter com o Sr. Fernando Saraiva, que erao presidente da Junta de Freguesia na altura, um homem fa-buloso, e disse-lhe que íamos representar o Auto de Natal aBraga. Ele prontificou-se a ajudar e fizemos o Auto de Natalem Braga que foi um verdadeiro êxito.”Depois tudo mudou. As duas intervenções cirúrgicas a que foisujeita e a mudança de presidência na Junta de Freguesia leva-ram a outra atitude. E também surgiram outras responsabilida-des.“Eu estava a trabalhar há muitos anos no Centro Clínico daRepública da Bolívia. Quando o dono do Centro Clínico morreue o Dr. António Macedo, um homem com uma alma muitogrande, chamou-me e disse-me que queria passar a direcçãodo centro para mim. Acabei por comprar a clínica onde traba-lhei toda a vida desde 1968. Como tinha ido para ali muitonova, sabia muito bem como orientar a contabilidade, as mar-cações dos pacientes ou os horários dos médicos. E, se fossepreciso, tanto estava na direcção, como estava no gabinete,ou ao lado da mulher-a-dias para limpar o chão. Penso que foiesta atitude que me deu o direito de ficar com a clínica. Hojetrabalho em conjunto com a directora clínica Dra. Maria da LuzSemedo, com quem me dou maravilhosamente, e devo-lhedizer que esta entrevista vai ser uma bomba, porque 90% daspessoas nem sequer sabe que a clínica é minha. Sempre memantive no meu lugar, como técnica de análises clínicas e res-ponsável do posto RB do Grupo Dr. Joaquim Chaves.”Mas o bichinho da solidariedade que sempre morou com Ma-dalena Pão Duro mantém-se bem vivo. Todos os dias faz umaronda pelos lares de idosos antes de entrar pontualmente às

Page 37: Vitalidade

VitalIdade | Outubro 37

7:45h no Centro Clínico da República da Bolívia para trabalhar, e não hesita meter-se em novas aventu-ras, como foi o convívio do vizinhos do Bairro de Santa Cruz.“Essa acção foi uma deliciosa loucura. O convívio dos vizinhos foi inserido no programa dos SantosPopulares. A ideia não foi minha, mas sim da presidente que nós temos agora, Dra. Inês Drummond.Pela primeira vez temos uma presidente Mulher na junta de freguesia de Benfica, que é jovem, quetem ideias novas e que acha que nós temos a idade dela. Quando li o programa eleitoral dela e vique falava sobre a solidariedade social, fiquei atenta. A solidariedade social é importante para apoiaruma população que está muito envelhecida e abandonada. Os nossos idosos estão um verdadeirocaos. Abandonados nos hospitais e nos lares. E não é por causa do governo. Nós temos a mania dedizer que o estado não dá apoio ao idoso, mas não sei com que lata o dizemos, quando são os pró-prios filhos ou familiares os primeiros a não dar apoio. Eu estou à vontade para dizer isto, porquetenho estes anos todos de voluntariado com a terceira idade, e continuo a visitar os lares e sei quemé que visita os seus idosos e quem é que os vai buscar no Natal, ou na Páscoa ou no fim-de-se-mana.”Pela sua voz passa um leve tom de irritação ao abordar este tema, mas respira fundo e continua. “Então um belíssimo dia, já não me lembro porque é que fui à Junta de Freguesia, e já não ia lá háum bom par de anos, a Dra. Inês Drummond lançou-me o desafio de organizar e montar uma espé-cie de Santos Populares no Bairro de Santa Cruz, coisa que nunca se tinha feito. Aceitei o desafio para organizar este convívio. Chamei vários vizinhos, fizemos uma reunião naminha casa e deixei bem claro que este evento teria que ter a envolvência de todos. Chegámos àconclusão que precisávamos da ajuda da Junta, mas não queríamos dinheiro. O dinheiro dos nossosimpostos não é para fazer festas é para tapar os buracos das ruas e fazer melhorias na freguesia.”E mais uma vez Madalena Pão Duro pegou em si e foi pedir apoios munida de uma carta de apresen-tação passada pela Junta. “Pedi directamente à Dra. Luísa Sereno e à Dra. Maria do Rosário Lopes que fizessem os convites euma carta de apresentação para eu ir junto do Comércio de Benfica pedir apoios. O Modelo, o PingoDoce, o Restaurante David de Benfica e as pastelarias Lua de Mel e Nilo, Padaria de Benfica, mer-cearia Girasol, o Restaurante O Lavrador e as Modas Coelho prontificaram-se logo a ajudar. A Dra.Inês Drummond achou que também devia colaborar, em nome pessoal, e arranjou-nos umas caixasde sardinhas. A junta de freguesia forneceu as cadeiras e as mesas e a Direcção do Fófó permitiuque a Marcha de Benfica viesse animar a festa. O Grupo de Idosos dos Reformados da Junta de Fre-guesia de Benfica também veio alegrar a festa. Por outro lado a Dra. Teresa do Santo Cristo propor-cionou-nos uns momentos fantásticos com a tuna, e bendita a hora que o fizeram porque deramum verdadeiro espectáculo. No fim contámos com 470 pessoas e ainda sobrou comida. Contámos também com a ajuda dos jo-vens. Havia moradores que aqui na rua nem sequer se falavam e eu tive as minhas dúvidas se viriamà festa. Não só vieram jantar como trouxeram familiares e trabalhámos todos em conjunto. Foi umafesta maravilhosa. E, no dia seguinte, não havia rastos de ter havido festa, pois estava tudo limpo.Esta festa vai ficar na memória das pessoas. E tenho de agradecer à Dra. Inês Drummond que foiquem teve a ideia da iniciativa, à Dra. Teresa do Santo Cristo, à Dra. Lourdes Menor, e a outras tantaspessoas da Câmara Municipal de Lisboa e da Junta de Freguesia de Benfica que estiveram aqui atéao fim da festa e toda a gente apreciou esse gesto. Geralmente os políticos estão um bocadinho e depois vão-se embora, mas elas estiveram aqui otempo inteiro, foram fantásticas e deram um apoio muito grande. “Tenho aceite ao longo destes anos muitos desafios, e aqui estou pronta para continuar a ajudar, jáque solidariedade é a minha forma de vida.”

Page 38: Vitalidade

38 VitalIdade | Outubro

Devolver a vivacidade e a tradição das festas populares à Freguesia de Benficafoi o objectivo do convívio dos vizinhos.Este ano o 1º Bairro a aceitar a proposta da Junta de Freguesia foi o Bairro deSanta Cruz.A população organizou-se para celebrar o Santo António num Bairro onde há jávários anos não se ouviam as cantigas das marchas populares, o “cheiro da sar-dinha assada”, o “burburinho” da vizinhança na rua com bailarico.Um grupo de moradores com muita “genica” conseguiu envolver a populaçãoe as entidades que gentilmente patrocinaram com apoio alimentar (pão, sumos,sardinhas, doces, salgados). O local foi enfeitado pelos vizinhos e pela equipa da junta que apoiou esta acçãoao nível dos recursos humanos e logísticos.Por convite da Sra. Presidente da Junta, Dra. Inês Drummond, participaram e ac-tuaram nesta FESTA a Tuna Académica da UNISBEN, o Grupo de Folclore daAssociação de Reformados de Benfica, a Marcha de Benfica e jovens dobairro que quiseram mostrar os seus dotes musicais com uma actuação no final.O sucesso da FESTA deveu-se à motivação, envolvimento e mobilização dogrupo de moradores que desde o início se disponibilizaram para reuniões deprogramação de tarefas, com a equipa do PIAF.A alegria deste convívio prolongou-se noite dentro.Para o grupo de moradores e participantes o nosso mais sincero agradecimento!

NotíciaVivacidade e Tradição

Page 39: Vitalidade

VitalIdade | Outubro 39

Cem anos de vidaMaria dos Santos Pinto e Canha

A 5 de Outubro de 1910, Lisboa acordou para outra realidade, a monarquia tinha che-gado ao fim e nascia a República Portuguesa. Treze dias depois, a 18 de Outubro domesmo ano, e bastante longe destes acontecimentos nascia na freguesia de Alpe-drinha, concelho do Fundão, Maria dos Santos Pinto e Canha. A VitalIdade foi ver como era fazer 100 anos.A casa estava tão cheia de familiares e amigos, sinónimo de uma vida plena e vividaintensamente, que mal tivemos espaço para registar a alegria nos olhos vivos e aten-tos de Maria dos Santos Canha. As suas três filhas, Manuela Canha, Teresa Canha e Madalena Canha atarefavam-senos preparativos para tão solene celebração e só tivemos uns breves segundos paraperceber o que é ter um parente que comemora cem anos de vida.“É um grande motivo de orgulho, tanto mais que é ainda uma pessoa lúcida eainda tem uma grande disponibilidade física.” Disse-nos Madalena Canha. “A minhamãe é uma pessoa que gosta de viver, embora ultimamente sinta mais o peso daidade e as dificuldades que isso acarreta. Mas está muito bem. Nós somos umafamília pequena mas com um grande sentido de afecto e acho que isso semprefoi muito importante para minha mãe.”Maria dos Santos Canha tem uma neta e dois bisnetos que de certeza se orgulhamde ter uma avó e uma bisavó centenária.Presente para dar os parabéns à aniversariante esteve a Presidente da Junta de Fre-guesia de Benfica, Dra. Inês Drummond.

Parabéns!

Page 40: Vitalidade