Administração de Suprimentos e Logística- Material 1Prof. AssisBibliografia: Ballou, 2006 e Pozo, 2010.

1 Visão Geral da Logística

A abordagem logística, segundo Pozo (2010) tem como função estudar a maneira como a administração pode otimizar os recursos de suprimentos, estoques e distribuição dos produtos e serviços com que a organização se apresenta ao mercado por meio de planejamento, organização e controle efetivo de suas atividades correlatas, flexibilizando os fluxos dos produtos.

Atualmente, as organizações empresariais enfrentam cada vez mais desafios importantes necessitando estar cada vez mais voltados para os clientes.

A concepção logística de agrupar conjuntamente as atividades relacionadas ao fluxo de produtos e serviços para administrá-las de forma coletiva é uma evolução natural do pensamento administrativo.

Dessa forma os objetivos da logística são de disponibilizar produtos ou serviços, na hora certa, no local em que são desejados, na quantidade combinada e qualidade esperada ao menor custo. Satisfazendo dessa forma as necessidades dos consumidores.

2 História e Tendência da LogísticaAtualmente, a logística é um ramo deslumbrante e em desenvolvimento, e em plena

expansão e é uma das mais importantes ferramentas para os administradores atuais. A Logística tem passado por uma contínua evolução desde os anos 70, tendo atingido uma notoriedade depois da guerra do Golfo no início dos anos 1990. Foi observado na época a importância do uso estratégico da logística e seu impacto na eficácia das operações.

Existiram alguns antigos e pioneiros estudiosos da Logística Empresarial, tais como Arch Shaw (1912) e Fred Clark (1922), que identificavam a natureza da distribuição física diretamente relacionada com o processo de suprimentos e produção para um bom atendimento do mercado. Foi a partir da segunda Guerra Mundial, que muitos dos conceitos logísticos são utilizados pelas organizações. Foi nessa época que a área de administração de marketing estava desenvolvendo-se em importância, assim como a administração mudava seu foco da produção para a conquista do consumidor. Além disso, após a Segunda Guerra Mundial, com a economia dos EUA em processo de rápido crescimento, o clima era produzir e vender. Isto gerava altos lucros, fazendo com que certa ineficiência na distribuição de produtos fosse tolerada (BALLOU, 2006).

2.1 O princípio até os anos 1950

Até os anos 1950 o transporte era encontrado frequentemente sob o comando gerencial da produção; os estoques eram responsabilidade de marketing, finanças ou produção; e o processamento de pedidos era controlado por finanças ou vendas. Resultando

para as atividades logísticas conflitos e responsabilidades, refletindo em problemas referentes a um ineficiente planejamento logístico.

Classificavam-se as atividades empresariais em três categorias: atividades de produção, que alteram a forma dos materiais; atividades de distribuição, que alteram o lugar e a propriedade das mercadorias

produzidas; atividades facilitadoras que suplementam as operações de produção e

distribuição.

A logística nessa época já era objeto de estudos.

2.2 Período de 1950 a 1975: o período de desenvolvimento

Após os anos 1950 até meados dos anos 1970, período considerado de desenvolvimento, que representou a época de decolagem para a teoria e a prática da logística empresarial. O ambiente estava propício para as novidades que surgiram no pensamento administrativo. Em 1954, Paul Converse, conhecido professor de marketing, disse que as companhias prestavam muito mais atenção na compra e venda do que na distribuição física. A distribuição física era muitas vezes subestimada e colocada de lado como algo de pouca importância.

Ballou (2006) encontrou quatro condições-chaves que mostram que as condições econômicas e tecnológicas encorajavam o desenvolvimento da logística, como:

Alterações nos padrões e atitudes da demanda dos consumidores -Com a migração da população das áreas rurais para os centros urbanos, novos hábitos de consumos foram incorporados com o surgimento de novos produtos, fazendo com que varejistas acompanhasse com novos pontos de vendas, mantendo maiores estoques de produtos.

Pressão por custos nas indústrias-Com a diversificação na quantidade de produtos que começaram a surgir nessa época, as empresas passaram a perceber a pressão que os custos logísticos representavam para as empresas; exigindo dessa forma maior formação de estoque e cuidados na sua administração.

Avanços na tecnologia de computadores –Com o desenvolvimento da tecnologia foi exigida das empresas uma maior visão sistêmica, bem como do mercado. Controlar a diversidades de produtos levou a uma complexidade, exigindo novas tecnologias que emergiram durante os anos 1950 e 1960.

Influências do trato com a logística militar.Com influencia dos estrategistas das forças armadas americanas durante a 2ª guerra que conheciam a importância de uma atitude coordenadora integrada

das atividades logísticas, que envolviam atividades de compras e aquisições, armazenagem, especificações e codificações, transportes e distribuição, planejamento e administração global.

2.3 Entre 1970 e 1990

A partir da década de 1970, a aceitação do mercado ainda era vagarosa, uma vez que as empresas se preocupavam mais com a geração de lucros do que com o controle de custos, mesmo que os princípios básicos amplamente definidos estavam proporcionando benefícios a empresas. Assim algumas forças de mudança de ventos influenciaram cada vez mais a logística, como a competição mundial, a falta de matérias-primas, a súbita elevação de preços do petróleo, o aumento da inflação mundial (BALLOU, 2006).

Iniciou-se a flexibilidade dos sistemas de produção, com redução dos tempos de set up das máquinas, permitindo o atendimento da necessidade emergente de maior diversidade de produtos.

Na década de 1980, a explosão da tecnologia da informação, alterações estruturais surgidas nos negócios e na economia dos países emergentes, formação de blocos econômicos e fenômenos da globalização, os quais proporcionaram o revolucionário desenvolvimento da logística.

2.4 Pós 1990

A logística é entendida como a integração tanto da administração de materiais como da distribuição física. Entretanto, esta integração leva a ligações muito mais estreitas com a função de produção/operação em muitas firmas, de modo que se pode esperar no futuro que produção e logística se aproximarão muito mais em conceito e prática.

Embora o foco ainda esteja nas operações manufatureiras e comerciais, é certo que as empresas que produzem e distribuem serviços, se beneficiaram dos atuais conceitos e princípios logísticos e procuram adaptá-los às suas necessidades.

Surge o conceito de supply chain.De forma que se pode observar certo grau de interseção entre as operações

envolvidas ao longo da cadeia logística, conforme mostra a figura abaixo:

Nesta fase existe uma preocupação puramente estratégica ao se tratar da logística. Conhecida como a Era do Supply Chain.Nesta fase novos conceitos apareceram, a saber:

Postergação (postponement) Retardamento da finalização do produto até a chegada do pedido

customizado.Visa a redução dos prazos e das incertezas ao longo da cadeia de suprimento.Por meio desta, os produtos ficam armazenados nos centros de fabricação ou nos pontos de venda, na sua forma semiacabada, e só recebem o acabamento, quando solicitados para venda. O postponement permite responder de forma bastante flexível às necessidades de customização do usuário final. Grandes volumes de estoques de produtos acabados que se acumulavam nos pontos de venda, gerando custos de estoque, foram dessa forma, bastante reduzidos.

Ex. 1: A Benetton produz suas roupas na China, Coréia ou Formosa, todas na cor cinza neutro e as tinge conforme a tendência da moda,

pouco antes de distribuí-la as lojas, devido a moda ser volátil.

Ex. 2: Na distribuição de automóveis na Europa e no Japão; muitos dos acessórios são montados durante a viagem de trem desde a fabrica até o destino, como: limpadores, rádios, frisos e outros

componentes que não exigem equipamento ou mão de obras especiais.

Empresas virtuais (agile enterprises – Empresas ágeis)

São fabricantes de produtos de grande valor agregado que recebem os pedidos customizados via Internet e esses pedidos são rapidamente convertidos em encomendas internet para os fornecedores de modo que são produzidos e enviados rapidamente ao fabricante por via aérea.

Desta forma monta-se o aparelho e os envia rapidamente ao comprador. Este modelo é conhecido como fábrica sem fumaça.

Logística verde -

É a preocupação com o impacto da logística no meio ambiente. Num futuro bem próximo fala-se em uma certificação através do selo verde para operações logísticas, devido a poluição ambiental.

Logística reversa -

Trata-se do caminho inverso na cadeia de suprimento ou seja do ponto de consumo ao ponto de origem.

É crescente a preocupação com o processo de recuperação de diversos materiais, como: alumínio, papel, plástico, bateria, pilhas.

Normalmente estes materiais são reciclados e para que esta reciclagem seja possível é necessário um sistema de coleta, transporte e tratamento, para que seja economicamente viável.

SCM (supply Chain Management)

Com o significado de Gerenciamento da Cadeia de Suprimento, essa nova abordagem tem como objetivos a integração entre os processos ao longo da cadeia de suprimento que continua a ser feita em termos de fluxo de materiais, de informações e de dinheiro, mas

agora atuando de forma estratégica, buscando os melhores resultados possíveis em termos de redução de custos.

Ainda nesta quarta fase a grande façanha é a redução de custos e prazos cada vez mais reduzidos, no ciclo de um pedido. Várias empresas lançaram mão da tecnologia da informação (TI).

Por outro lado, motivadas pela globalização as empresas passaram a se concentrar nas suas atividades fins (core pertence) e passaram a terceirizar muitas de suas atividades e buscaram parcerias com fornecedores e clientes.

Esta quarta fase é caracterizada pelo intercâmbio de informações trazendo as seguintes preocupações:

Ênfase na satisfação plena do consumidor final;

Formação de parcerias entre fornecedores e clientes, ao longo da cadeia de suprimentos;

Abertura plena entre parceiros, possibilitando acesso mútuo às informações operacionais e estratégicas;

Aplicação de esforços de forma sistemática e continuada, visando agregar o máximo valor para o consumidor final e eliminar os desperdícios, reduzindo custos e aumentando a eficiência.

3 Atividades Primárias e Secundárias

A logística tem por função responder por toda a movimentação de materiais, tanto interno quanto externo da empresa. Essas atividades abrangem desde o recebimento da matéria-prima até a entrega do produto final ao cliente. Essas atividades são compostas, pelas atividades primárias e pelas atividades de apoio ou secundárias.

3.1 As atividades Primárias

Para Ballou (2006) as atividades primárias são consideradas aquelas que contribuem com a maior parte do custo total da logística e são essenciais para a coordenação e o cumprimento da tarefa logística. São divididas em Transporte, Manutenção de estoques e processamentos dos pedidos.

Transportes: Refere-se aos métodos de movimentar os produtos aos clientes: via rodoviário, ferroviário, aeroviário e aquaviários ou hidroviários. Para a maioria das empresas, o transporte é a atividade logística mais importante, simplesmente porque ela absorve, em média, de um a dois terços dos custos logísticos.

Manutenção e /ou gestão de estoques:Diz-se que é a atividade para atingir um grau razoável de atendimento a demanda de um produto, em que é necessário um nível mínimo de estoque que aja como amortecedor entre oferta e demanda; considerando o setor em que a empresa atua e da sazonalidade temporal. A administração de estoques envolve manter seus níveis

tão baixos quanto possível, ao mesmo tempo em que provê a disponibilidade desejada pelos clientes.

Processamento de pedidos:Sua importância deriva do fato de ser um elemento crítico em termos do tempo necessário para levar bens e serviços aos clientes. É também a atividade primária que inicializa a movimentação de produtos e a entrega de serviços. É esta atividade que determina o tempo necessário para a entrega de bens e serviços aos clientes.

Processamentos de pedidos

Transporte

Armazenagem

Embora o transporte, manutenção de estoques e processamento de pedidos sejam os principais elementos a contribuírem para a disponibilidade e a condição física de bens e serviços, há várias atividades adicionais que apoiam estas atividades primárias (BALLOU, 2006).

3.2 Atividades Secundárias e apoio

As atividades consideradas secundárias ou de apoio às atividades primárias para a obtenção dos níveis de bens e serviços, requisitados pelos clientes são aquelas que dão suporte para manter e criar clientes com pleno atendimento ao mercado.

As atividades de apoio são as seguintes:

Armazenagem: Envolvem as questões relativas ao espaço necessário para estocar os produtos que podem ser internamente, na fábrica, bem como em locais externos mais próximos aos clientes.São fatores como localização, dimensionamento do espaço, lay-out, equipamentos de movimentação, recuperação de estoques e ainda projetos de atracação ou localização de docas, que envolvem recursos financeiros e humanos.

Manuseio de materiais: Referem se a movimentação de produtos no local de estocagem, que podem ser estoques de matéria prima e até de produtos acabados.

CLIENTE

Considera-se a transferência de materiais para a produção e da produção para o estoque de produtos acabados. Considera-se também a movimentação de um depósito para outro.

Embalagem

Tem a finalidade de proteger os produtos com toda segurança sem danificá-los além de facilitar a movimentação de forma econômica.

SuprimentosAtividade que proporciona ao produto ficar disponível, no momento em que são necessários, para ser utilizado pelo sistema logístico.Nesta atividade avalia-se e selecionam-se as fontes de fornecimento e da definição das quantidades a serem adquiridas, através da programação de compras e da forma pela qual os materiais são comprados.

Planejamento: Refere-se da programação de necessidade de produção e seus respectivos itens da lista de materiais; bem como, onde e por quem devem ser fabricados. Serve de base para a informação detalhada sobre a produção internamente na fábrica. Permitirá o cumprimento dos prazos exigidos pelo mercado.

Sistema de informação:Seve de base de dados para o planejamento e controle da logística. É uma função essencial no sucesso das operações logísticas. São informações de custo, procedimentos, informações sobre o cliente, localização de mercadorias e informações sobre o desempenho essenciais para o correto planejamento e controle logístico. São informações necessárias das atividades primárias e de apoio.

Através da administração adequada dessas atividades que a logística empresarial vai atender ao objetivo de proporcionar ao cliente produtos e serviços que satisfaçam suas necessidades. É por meio da organização coletiva e cuidadosa dessas atividades relacionadas com o fluxo de produtos e serviços que a empresa obterá ganhos significativos, como redução de estoques, do tempo médio de entrega, produtividade.

4 A Logística como Vantagem Competitiva

Uma das maiores preocupação do sistema logístico é a busca da obtenção de vantagens competitivas. Esse conceito assegura que a fonte da vantagem competitiva é encontrada, primeiramente, na capacidade de a empresa diferenciar-se de seus concorrentes aos olhos do cliente e, em segundo lugar, pela capacidade de operar a baixo custo e, portanto, com lucro maior, focando o cliente.

Por focar no cliente, a logística chegou a um grau de importância que Kotler e Armstrong (2008) defendem que as empresas a estão valorizando cada vez mais por várias razões:

• por ser um elemento essencial no que se refere aos serviços prestados aos clientes;• por produzir consideráveis reduções de custos para a empresa e para os

consumidores;

• pela necessidade de um aprimoramento do gerenciamento da logística devido à imensa variedade de produtos, e

• pelo aprimoramento da tecnologia de informações criando oportunidade de maior eficiência na distribuição.

5 Os Ciclos Logísticos

Uma das principais ferramentas de análise da logística é o ciclo de atividades, isso porque ele fornece uma perspectiva básica da dinâmica, das interfaces e das decisões que devem ser executadas para a criação de um sistema operacional. Nesta etapa os fornecedores, a empresa e seus clientes são vinculados pelos serviços e atendimento logísticos especializados.

Estes ciclos dividem-se da seguinte maneira:

Ciclos de Atividades da distribuição física-

Abrangem basicamente o processamento de pedidos de clientes e a entrega de mercadorias, portanto torna-se claro que possui influencia direta no desempenho de marketing e das vendas, pois proporciona a disponibilidade de produtos de maneira econômica em tempo hábil.

Processamento dos pedidos

Transmissão dos pedidos

Pedido de clientes

Separação dos pedidos

Transporte dos pedidos

Entrega ao cliente

Ciclos de atividades do apoio à Manufatura-

Esta por ser considerada como localizada entre as distribuições físicas e as operações de suprimento das empresas. Tem como principal objetivo estabelecer e manter um fluxo econômico e ordenado de materiais e estoque em processo para cumprir as programações de produção.

Ciclos de atividades do suprimento-

São necessárias várias atividades ou tarefas para facilitar um fluxo ordenado de materiais, componentes ou estoque de produtos acabados para um complexo de produção ou de distribuição. São elas: seleção de fontes de suprimento; colocação de pedidos e expedição; transporte; e recebimento. Essas atividades mostradas são essenciais para completar o processo de suprimento.

Seleção de fonte de

suprimentos

Colocação e Transmissão dos pedidos

Recebimento Transporte

Fornecedor

6 Gerenciamento da Incerteza Operacional

Um objetivo importante do gerenciamento da logística é reduzir a incerteza dos ciclos de atividades, mantendo conformidade com o prazo esperado ou prazo-padrão. O dilema é que a estrutura do próprio ciclo de atividades, as condições operacionais e a qualidade das operações logísticas são combinadas de maneira aleatória, criando variância.