vinagre pirlolenhoso de eucaliptus sp. como … · 2019-01-30 · macaÍba/ rn- brasil setembro,...
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MACAÍBA/ RN- BRASIL SETEMBRO, 2018
UNVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
PROGRAMA DE PÓS- GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL
VINAGRE PIRLOLENHOSO DE Eucaliptus sp. COMO
ALTERNATIVA ANTIMICROBIANA NA DIETA DE
FRANGO DE CORTE
ISIDRO ARGENTINA CHEMANE
MACAÍBA/ RN- BRASIL SETEMBRO, 2018
ISIDRO ARGENTINA CHEMANE
VINAGRE PIRLOLENHOSO DE Eucaliptus sp. COMO
ALTERNATIVA ANTIMICROBIANA NA DIETA DE
FRANGO DE CORTE
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós- Graduação em Produção Animal
pela Universidade Federal do Rio Grande
do Norte como requisito para obtenção do
título de Mestre em Produção Animal;
Orientador (a): Elisanie Neiva Magalhães
Teixeira
Co-Orientador (a): Janete Gouveia de
Souza
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede
Chemane, Isidro Argentina.
Vinagre pirolenhoso de Eucaliptus sp. como alternativa
antimicrobiana na dieta de frango de corte / Isidro Argentina
Chemane. - 2018.
71f.
Dissertação (Mestrado)-Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, Escola Agrícola de Jundiaí, Programa de Pós Graduação de
Produção Animal, Unidade Acadêmica Especializada em Ciências
Agrárias, Campus Macaíba,RN, 2018.
Orientadora: Dra. Elisanie Neiva Magalhães Teixeira. Coorientadora: Dra. Janete Gouveia de Souza.
1. Avicultura - Dissertação. 2. Desempenho - Dissertação. 3.
Extrato pirolenhoso - Dissertação. 4. Extratos vegetais -
Dissertação. 5. Sanidade gastrintestinal - Dissertação. I.
Teixeira, Elisanie Neiva Magalhães. II. Souza, Janete Gouveia de.
III. Título.
RN/UF/BCZM CDU 636.5
2.500 anos passam desde que a sabedoria do Confúcio
foi compilada e legada à humanidade; volvidos mais de 2.300
anos desde que o Platão concebeu a sua obra, a república. Em
ambas obras, nenhuma palavra ou vírgula se perdeu; no
mesmo período, imponentes palácios, sacrossantos templos,
pirâmides, metrópoles, impérios (Persa, Egipto, Romano,
Britânico, Mongol, Chinês, Malí, Shongai, Mwenemutapa,
etc ) e distintas civilizações (inca, asteca, viking, persa,
cartaginês, bantu, etc) foram erguidos e demolidos, acabaram-
se, e, por último, perderam-se na poeira e na vastidão do
tempo. Entretanto, os conhecimentos escritos do Confúcio e
Platão sobrevivem, atravessam séculos e milênios,
desafiando o tempo, na sua eternidade, sem se perder uma
única vírgula.
Epígrafe
AGRADECIMENTOS
Na África existe um conceito, o ubuntu, um profundo e enraizado sentimento a luz
do qual nos tornamos humanos por intermédio dos outros; o que realizamos assenta no
trabalho, nas competências, na humanidade e nas realizações dos outros; sem os outros,
não existimos e pouco ou nada realizamos. Aqui, no Brasil, muito longe de África, vivi
integral e profundamente o ubuntu.
Primeiro, agradeço e manifesto a minha gratidão a Deus pela vida, o supremo
criador de todas as coisas, visíveis e invisíveis.
Manifesto minha enorme e profunda gratidão ao Banco Mundial em parceria com
o governo moçambicano (Ministério de Educação e Desenvolvimento Humano e o
Instituto de Bolsas de Estudos) por terem me proporcionado a bolsa de estudos que
tornou possível a realização do mestrado, ora concluído.
Devo imensa gratidão à minha esposa, Albertina Frederico Fernando Nhamona,
por seu amor, paciência, apoio emocional, afectivo, constantes e abnegados. Os
múltiplos sacrifícios consentidos durante a minha ausência tornaram possível a
conclusão com sucesso do mestrado. À nossa filha, Minerva Isidro Chemane, ela foi e
ainda é minha fonte de inspiração e força propulsora de todas as minhas empreitadas;
em vocês encontrava e renovava as forças para os desafios que se impuseram nesses
dois anos, obrigado por existirem. A simples lembrança vossa injetava-me entusiasmo,
ânimo e disposição transbordantes durante os dois anos que durou o curso.
Manifesto a minha gratidão aos meus pais, Samuel Naene Valoi e Argentina Joel
Chemane, meus irmãos, tios, primos, amigos e colegas; vocês foram um suporte sempre
presente, não obstante a distância, meu muito obrigado pela vossa injeção de força e
amizade.
Aos meus avos Isabel Langa e Joel Jeremias Chemane pela educação, criação,
carinho, dedicação e principalmente pelos valores que me legaram, muito obrigado
nambonga ngutu tinene.
Obrigado ao Professor Dr. José Aparecido Morreria, pelos incansáveis e
prolongados esforços para assegurar a minha vinda e inserção no Programa de Pós
Graduação de Produção Animal- UFRN & UFERSA. Agradeço também pela
hospitalidade e amizade proporcionadas pela sua família na chegada e durante o curso.
À Dra Andreza Lourenço Marinho que emprestou as suas habilidades e
competências, seu precioso tempo no experimento, nos abates, nos trabalhos de
qualificação, dissertação; e, principalmente pela amizade, fraternidade, carinho e
familiaridade manifesto a minha gratidão, obrigado. À sua mãe, Edneusa, que em alguns
momentos, foi mais minha que sua, agradeço profundamente o carinho, afetos e
momentos que juntos vivemos, proporcionados por vocês. Estes agradecimentos são
extensivos à Anísia de Sousa, sua tia, a minha amiga Pernambucana.
Às minhas orientadoras, Dra Elisanie Magalhães Neivas Teixeira e Dra Janete de
Souza Gouveia pelas competências, tempo e atenção que me legaram e meticulosamente
me orientaram nas disciplinas, no experimento, na qualificação e na dissertação, meu
muito obrigado. Ao Flávio Pereira, de modo muito especial agradeço a sua amizade,
dedicação altruísta sem paralelo durante o experimento; Flávio foi um modelo supremo
e raro de amigo, na acepção mais nobre e autêntica do termo.
À professora Naisandra Silva, aos técnicos do Laboratório de Histologia da UFRN,
Socorro Medeiros, Rudson e Sara pela disponibilidade, aprendizado, paciência e
convivência.
Ao Grupo de Estudo de Produção Avícola (GEPA) nos nomes de Emilly Alane
Lemos, Laiza Hayanne, Sónia, Geider, Leonardo, Pedro Neto, Lauriane e a turma de
Avicultura 2017.2.
Ao Admilson Canuto, um exemplo supremo de trabalhador, cuja dedicação e
senso de humor tornaram o experimento uma diversão prazerosa. Pela sua amizade e
auxílio muito obrigado Admilson.
Ao Programa da Pós Graduação em Produção Animal pela oportunidade
concedida, ao seu corpo docente, funcionários, agradeço a amizade, o aprendizado, a
fraternidade, o carinho e a força que constantemente me proporcionaram.
A todos os que conviveram comigo, aqui no Brasil, guardarei-os no meu íntimo,
com fervorosa ternura e caloroso entusiasmo a irmandade e familiaridade.
SUMÁRIO
Lista de Tabelas ................................................................................................................ix
Lista de Figuras ................................................................................................................. x
Resumo ........................................................................................................................... xii
Capítulo 1- Revisão da literatura
INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 1
2. REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................................... 2
2.1. Trato digestivo do frango de corte ............................................................................. 2
2.2. Microflora gastrintestinal ........................................................................................... 4
2.3. Antibióticos e quimioterápicos ................................................................................... 5
2.4. Impacto do uso dos antimicrobianos na avicultura e na saúde pública ...................... 6
2.5. Vinagre pirolenhoso. .................................................................................................. 8
2.6. Propriedades antimicrobianas do vinagre de pirolenhoso e o seu uso na produção .11
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 12
4. REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA ............................................................................. 13
CAPÍTULO 2 – VINAGRE PIRLOLENHOSO DE Eucaliptus sp. COMO
ALTERNATIVA ANTIMICROBIANA NA DIETA DE FRANGO DE CORTE ........ 19
Resumo ........................................................................................................................... 20
Abstract. .......................................................................................................................... 21
INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 23
MATERIAIS E MÉTODOS. .......................................................................................... 24
Instalações e manejo ........................................................................................................ 24
Processamento Histológico do fígado, duodeno, jejuno e íleo ........................................ 29
Análise qualitativa hepática ............................................................................................. 31
Análise estatística ............................................................................................................ 32
RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................... 33
Desempenho 1 a 21 dias de idade .................................................................................... 33
Desempenho de 22 a 42 dias de idade ............................................................................. 36
Peso e rendimento dos cortes e órgãos dos frangos abatidos aos 21 dias ........................ 38
Peso e rendimento dos cortes e órgãos dos frangos abatidos aos 42 dias ........................ 39
Análises morfométricas dos animais abatidos aos 21 dias de idade ................................ 43
Análises morfométricas dos animais abatidos aos 42 dias de idade ................................ 43
Avaliação qualitativa do tecido hepático ......................................................................... 45
CONCLUSÃO ................................................................................................................. 47
REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 48
LISTA DE TABELAS
Capítulo 1
REVISÃO DA LITERATURA
Tabela 1- Composição química do extrato pirolenhoso extraído de
Eucalyptus urograndis ...................................................................................... 9
Capítulo 2
CAPÍTULO 2 – VINAGRE PIRLOLENHOSO DE Eucaliptus sp. COMO
ALTERNATIVA ANTIMICROBIANA NA DIETA DE FRANGO DE CORTE
Tabela 1- Composição química do vinagre de madeira extraído E. urograndis ............. 26
Tabela 2- Composição das rações experimentais de 1-7, 8-21, 22-33, 34 -42 dias........ 27
Tabela 3- Desempenho de 1-21 dias de idade ................................................................ 33
Tabela 5- Desempenho de 22-42 dias de idade ............................................................... 36
Tabela 6- Peso dos cortes e órgãos dos frangos abatidos aos 21 dias ............................. 38
Tabela 7- Peso dos cortes e órgãos dos frangos abatidos aos 42 dias ............................ 40
Tabela 8- Avaliação histométrica dos animais abatidos aos 21 dias ............................... 43
Tabela 9- Avaliação histométrica dos animais abatidos aos 42 dias ............................... 44
Tabela 10- Características das aves abatidas aos 21 e 42 dias ........................................ 46
xi
LISTA DE FIGURAS
Capítulo 1
REVISÃO DA LITERATURA
Fig. 1. Esquema geral do trato digestório de frango .......................................................... 2
Fig 2. Esquema do processo de obtenção do vinagre de madeira destilado .................. 10
Capítulo 2
VINAGRE PIRLOLENHOSO DE Eucaliptus sp. COMO ALTERNATIVA
ANTIMICROBIANA NA DIETA DE FRANGO DE CORTE
Fig. 1: Fotomicrografia do fígado aos 42 dias de idade. Corante HE 400X .................. 29
Fig. 2: Fotomicrografia do duodeno aos 42 dias de idade. Corante HE 40X. ............... 30
Fig. 3: Fotomicrografia do duodeno aos 42 dias de idade. Corante PAS 400X ............ 31
Fig. 4: Médias de conversão alimentar ........................................................................... 34
xii
Capítulo 1
REVISÃO DE LITERATURA SEGUNDO AS NORMAS DA REVISTA
BRASILEITA DE ZOOTECNIA
xii
REVISÃO DA LITERATURA
SAÚDE INTESTINAL, E USO DE ANTIBIÓTICOS E VINAGRE
PIROLENHOSO COMO PROMOTORES DE CRESCIMENTO NA
PRODUÇÃO DE FRANGOS DE CORTE
RESUMO:
O Brasil é o segundo maior produtor mundial de carne avícola e o primeiro maior
exportador mundial, exportando para mais de 155 países. Essa produtividade avícola é
assegurada pela melhoria da genética, manejo, ambiência, tecnologia, sanidade e
nutrição. Esta última componente envolve diferentes estratégias: o uso de probióticos,
prebióticos, simbióticos, ácidos orgânicos, extratos vegetais e os antibióticos, sendo os
últimos os largamente usados em níveis subterapéuticas, como antibióticos promotores
de crescimento (APC) devido a sua rápida e pronunciada resposta. O seu mecanismo de
ação consiste na eliminação de patógenos intestinais antes destes desencadear distúrbios
clínicos manifestos, portanto no seu estágio subclínico, preservando, deste modo a
integridade do epitélio intestinal e a saúde do trato gastrintestinal, o que assegura altos
níveis de absorção nutricional e consequentemente elevado desempenho animal. A
primeira utilização dos antibióticos como promotores de crescimento remota década
1950, a partir dos anos 80, os APCs foram associados à resistência bacteriana, fato que
levou a buscas pelos seus alternativos. Em 2006, os países integrantes da União
Europeia baniram a produção e a importação de carne produzida com o uso de APCs.
No Brasil os APCs com os mesmos princípios presentes em antibióticos usados na
medicina humana ou que apresentem a mesma composição molecular foram proscritos.
O Brasil é o maior produtor mundial de carvão vegetal (1/3 da produção mundial),
sendo que a emissão da fumaça decorrente desta produção polui a atmosfera, além de
agravar o aquecimento global. Esta fumaça corresponde 65-70% da biomassa não
convertida em carvão, quando recuperada e processada (30% da fumaça emitida) ela
produz um vinagre de madeira, um líquido que contém mais de 200 compostos
químicos, alguns com propriedades antibióticas. O vinagre de madeira, devido as suas
propriedades antibióticas tem sido usado na produção de suínos como melhorador de
desempenho e para reduzir a volatização de amônia, promovendo um ambiente
saudável; em frangos de corte tem sido utilizado com o pó de carvão dissolvido com o
mesmo propósito, é utilizado em poedeiras, na fase produtiva, para melhorar a
conversão alimentar. A busca pelo melhorador de desempenho alternativo aos APCs
convencionais passa pela preservação da integridade e saúde do trato gastrintestinal. O
vinagre pirolenhoso apresenta propriedades antibióticas que faz dele um potencial
candidato alternativo aos APCs convencionais.
Palavras chaves: crescimento saudável, integridade intestinal, produtividade avícola,
nutrição, resistência bacteriana.
1
1. INTRODUÇÃO
Desde 2015, o Brasil é o segundo maior produtor mundial de carne avícola, com
uma produção anual média de 12 milhões de toneladas e, o primeiro maior exportador
mundial, exportando para 155 países. Parte significativa dessa produção é assegurada
pelo uso de antibióticos potencializadores de desempenho, cuja função é preservar a
sanidade e integridade do trato gastrintestinal (ABPA, 2017).
O trato gastrintestinal do frango de corte é habitado por aproximadamente 400
espécies de microrganismos. Destes, 90% integram microrganismos benéficos como:
Lactobacillus spp. Bifidobacterium spp., Bacterioides spp., Fusobacterium spp.,
Eubacterium spp. etc). Os restantes são patogênicos, com destaque para: Escherichia
coli, Clostridium spp., Salmonella spp. compylobacter spp. Estes últimos destroem as
vilosidades intestinais, que são as estruturas responsáveis pela digestão e absorção
nutricional, afetando negativamente o desempenho animal, elevando os índices de
morbidade e mortalidade tanto como elevado os custos de produção (MATHEW et al.,
1993).
Os antimicrobianos quando usados em doses subterapéuticas, funcionam como
potencializadores de desempenho, inibindo e eliminando os microrganismos
patogênicos, promovendo assim, a saúde e integridade gastrintestinal (BOLELI &
MAIORKA, 2002), porém a sua utilização como promotor de crescimento foi banida
em muitos países com alegação de que o seu uso indiscriminado na produção animal
poderia ser responsável por induzir resistência bacteriana e, pelo efeito residual, que
poderia ocorrer nas carcaças. A resistência bacteriana e o efeito residual presume-se que
estejam na origem do surgimento de bactérias super-resistentes que anulam os efeitos de
fármacos usados na medicina humana. (HAN, 2007). Diante dessa realidade tem se
recorrido ao uso de promotores de crescimento alternativos, como os eubióticos
(probióticos, prebióticos, ácidos orgânicos, extratos vegetais).
O vinagre pirolenhoso é um líquido extraído da fumaça da queima da madeira,
com componentes antibióticas na sua composição como: o seringol, o guaiacol, fenóis,
furfural e eugenol, ácido acético (PIMENTA et al., 2018) que eliminam enteropasitas
como: coliformes (CHOI, et al, 2009), salmonella, fusarium (WATARAI & TARA,
2005), entre outros que ocorrem no trato gastrointestinal, que podem melhorar à saúde
intestinal e consequentemente o desempenho animal (; SUNG, 2006; CHOI, et al,
2009).
2
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1. Trato digestivo do frango de corte
Segundo Bobeli et al. (2002) o trato digestório das aves é constituido por: cavidade
oral, esófago, papo, proventrículo, moela, intestino delgado, cecos e colon.
O intestino delgado (constituído por duodeno, jejuno e íleo), compreende a porção
longa do trato digestivo, responde pela digestão final e absorção nutricional, asseguradas por
pregas da mucosa e vilosidades. Enquanto o intestino grosso constituído por cecos, cólon e
cloaca; os cecos são responsáveis pela absorção de aminoácidos e açúcares, sintetizados pela
microbiota que os habita; o cólon responde pela retenção de água e eletrólitos. O colon
desemboca na cloaca, estrutura com funções reprodutivas, excretoras e retenção da àgua. A
sanidade e integridade morfofuncional do trato digestivo asseguram altos níveis de digestão e
absorção nutricional, o que se manifesta pelo elevado desempenho anima (BOLELI et al.,
2002).
Para que as aves satisfaçam as necessidades da digestão, absorção de nutrientes e de
defesa precisam de um trato gastrointestinal saudável, só assim expressam todo o seu
potencial genético (PORTER-Jr, 1998). As aves recém-eclodidas têm um sistema
gastrointestinal imaturo, portanto, sofrem processos adaptativos morfológicos e fisiológicos,
buscando maior eficiência nos processos de digestão e absorção. Os processos adaptativos
morfológicos incluem: aumento do comprimento do intestino, aumento da altura e densidade
das vilosidades (que aumentam a área de superfície de digestão e absorção); aumento do
número de enterócitos e das células caliciformes. As adaptações fisiológicas incluem:
aumento da capacidade de digestão e de absorção do intestino, assegurada por aumento da
produção de enzimas digestivas (MURAROLLI, 2008).
A altura e forma das vilosidades variam, são mais longos e digitiformes no duodeno e,
lameliformes com aspecto folheáceo no jejuno e íleo. Devido as diferenças da altura dos
vilos e da espessura da túnica muscular, a parede do jejuno é mais grossa que a do duodeno
e, a do íleo mais grossa que a do jejuno (MACARI et al., 2002).
O epitélio intestinal é constituído por três tipos distintos de células que o revestem, são
as células de defesa caliciformes, células de absorção os enterócitos e célular hormonais
digestivas enteroendócrinas. As primeiras têm um formato de cálice, são secretoras de
glicoproteínas, entre elas a mucina que protege o epitélio intestinal da ação das enzimas e
efeito abrasivo da digesta e atuam como uma barreira contra patógenos intestinais (MACARI
et al., 2002). Os enterócitos tem fomato culunar, são responsáveis pela digestão final do
3
alimento, absorção e transporte transepitelial dos nutrientes a partir do lúmen até os vasos
sanguíneos. A superfície apical dos enterócitos apresentam vários microvilos cilíndricos que
proporcionam maior superfície de contato com a digesta, portanto, maior digestão e absorção
(MACARI et al., 2002). As células enteroendócrinas produzem hormônios gástricos como:
gastrina, secretina, colecistoquinona, polipeptídeo inibidor gástrico e monoaminas biogênicas
que participam na regulação da digestão, absorção e utilização dos nutrientes
(EROSCHENKO, 2008). A densidade de vilos/área diminui com a idade, o que evidencia que
a partir de uma determinada idade, o intestino apenas aumenta o tamanho das vilosidades, não
o seu número (YAMAUCHI & ISSHIKI, 1991).
O epitélio intestinal está em renovação celular constante (turnover) decorrente da
proliferação e diferenciação em resultado de mitoses de células totipotentes situadas na
cripta e nas vilosidades e; da perda de células por descamação, que ocorre no ápice das
vilosidades (UNI et al., 2003). Desse modo, o epitélio previne a senescência ou esgotamento
funcional do trato gastrintestinal pela passagem da digesta, ação das enzimas e pH. O
equilíbrio entre a renovação celular e a descamação determina a integridade do epitélio.
Maior taxa de descamação reduz as áreas de digestão e absorção, expondo o animal aos
agentes patogênicos ingeridos e, leva ao desvio de energia de crescimento para a reparação
dos danos, o que, compromete o desempenho animal (GOMIDE, 2004).
Li et al. (1991) e Nabuurs (1995) afirmam que a relação vilosidades altas e criptas
baixa, quanto mais acentuado for, mais alta é a absorção de nutrientes e, mais baixas são as
perdas energéticas decorrentes dos mecanismos absortivos intestinais. Outro fator que
influencia o aproveitamento do alimento é o comprimento do trato gastrintestinal, quanto
maior for, maior é o aproveitamento do alimento, sendo que a maior parte de absorção
nutricional ocorre no último terço (REZENDE et al., 2004).
2.2. Microflora gastrintestinal
A microbiota intestinal das aves é constituída por bactérias, fungos e protozoários, em
equilíbrio estes microrganismos proporcionam um adequado ambiente para o bom
desempenho das funções digestivas do trato gastrintestinal (NÉVOA, 2013). O trato
gastrintestinal apresenta mecanismos de proteção natural que previnem a invasão de
patógenos no organismo: o muco intestinal e a mucina. O primeiro é constituído pelas
glicoproteínas produzida pelas células caliceformes (MACARI, 2002) e a mucina
constituída por sacarídeos como acetilglucosamina, acetilgalactosamina, galactose e frutose
4
que, seletivamente promovem a proliferação de bactérias benéficas como as Lactobacillus e
Bifidobacterium (GASKINS, 2007) cujos seus metabólitos inibem o crescimento de
enteroparasitas.
O uso indiscriminado de antimicrobianos quebra o equilíbrio da flora intestinal,
levando a redução da concentração dos ácidos graxos voláteis sintetizados pela microflora
benéfica, reduzindo assim, o desempenho animal (FLEMMING, 2005). A flora intestinal
benéfica além de produzir aminoácidos e vitaminas, produz compostos bactericidas que
tornam difícil a colonização do trato gastrintestinal por enteroparasitas. Entre estes
compostos destacam-se os ácidos orgânicos, as bacteriocinas e peróxidos de
de hidrogénio. Esta flora secreta enzimas como: ß-glucoronidase e hidrolases de
sais biliares, que inibem a proliferação de enteroparasitas.
A flora intestinal benéfica produz também compostos químicos com ação
neutralizante sobre toxinas de patógenos, o que favorece a imunidade da mucosa intestinal
contra os patógenos (CRISTINI, 2008). Segundo Névoa (2013) o ataque à mucosa
intestinal desencadeia no animal aumento da taxa de renovação epitelial, o que aumenta a
espessura da parede intestinal, causando a queda na absorção, além de maior gasto
energético em mecanismos absortivos e, consequentemente, reduz o desempenho animal.
Estes fenómenos também podem ser causados por estresse (temperatura, humidade,
mudanças climáticas, calor, densidade, mudança da dieta etc).
2.3. Antibióticos e quimioterápicos
Os antibióticos são substâncias químicas sintetizadas pelo metabolismo dos fungos e
bactérias, com efeito tóxico sobre diferentes microrganismos incluindo os que colonizam o
trato gastrintestinal. Estas substâncias quando suplementadas nas rações em ínfimas
quantidades, atuam como potencializadores de desempenho, eliminam bactérias e fungos
colonizadores intestinais, proporcionando assim à saúde intestinal, elevam deste modo a
eficiência alimentar, melhoram o bem-estar animal, reduzem a mortalidade e elevam assim
a produtividade (MENTEN, 2001).
Os primeiros antibióticos foram produzidos em 1950 (FALCÃO et al., 2007).
Diferem dos quimioterápicos, por estes serem obtidos pela síntese química industrial, sem
intervenção dos microrganismos, sendo ambos, designados de antimicrobianos (MENTEN,
2001). Os antibióticos e os quimioterápicos podem ser usados conjunta ou isoladamente na
prevenção, no controlo de doenças, na melhoria de crescimento e na melhoria da eficiência
5
alimentar (BELLAVER, 2000). São classificados quanto à ação biológica de: bactericida ou
bacteriostática; quanto ao espectro de ação de: Gram positiva ou Gram negativa; quanto à
estrutura química de: derivados de aminoácidos ou de derivados de açúcares; quanto ao
mecanismo de atuação de: ação de superfície ou de biossíntese (BUTOLO, 2002).
Os efeitos dos antimicrobianos no organismo animal são agrupados em: metabólicos,
nutricionais e de controle de doenças. Os primeiros consistem na melhoria do desempenho
do animal desencadeado no seu metabolismo através de substâncias presentes no
antimicrobiano que intervém nas reações bioquímicas. O efeito nutricional do
antimicrobiano ocorre quando promovem a ação das bactérias benéficas intestinais que
sintetizam vitaminas e aminoácidos, nutrientes essenciais para o hospedeiro ou, reduzem a
espessura do seu epitélio intestinal tornando-o mais absortivo a nutrientes, reduzindo assim
a quantidade de nutrientes e energia necessários para os mecanismos de absorção
nutricional (NITSAN, 1995; UNI et al., 2002; CASTRO, 2005). O efeito de controle de
doenças ocorre por inibição antibiótica da sobrevivência ou multiplicação das bactérias
infecciosas no trato gastrintestinal (BRUGALLI, 2003).
Quando aplicados para o tratamento de doenças específicas, em doses altas por curtos
períodos, os antimicrobianos se inserem no conceito terapêutico (aplicação clínica
/terapêutica) e são administrados via água, já que o animal doente dificilmente se alimenta,
mas ingere a água (SINGER & HOFACRE, 2006). Porém quando usados na ração em dose
inibitória mínima, tem efeito profilático, restringe ou eliminar os enteroparasitas,
melhorando assim, o desempenho animal, são designados promotores de crescimento
(potencializadores de desempenho), no que se designa de aplicação zootécnica (BUTOLO,
2002).
2.4. Impacto do uso dos antimicrobianos na avicultura e na saúde pública
No Brasil o uso de antimicrobianos é regulado pelo Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (MAPA), através das normas do Codex Alimentarius.
Antibióticos como tetraciclinas, penicilinas, clorafenicol, sulfonamidas nitrofurazona,
furazolidona, e avorpacina são proibidos (MAPA, 2018). Essa proibição se deve ao fato dos
mesmos exibirem os mesmos princípios ativos dos antibióticos usados na terapêutica
humana ou possuírem moléculas que induzem resistência aos patógenos que infectam
humanos, o que constitui um problema à saúde pública. O outro fator são os resíduos destes
6
antimicrobianos na carne que são transmitidos ao consumidor final, o que pode
proporcionar resistência à bactérias que ocorre no intestino humano (FUKAYAMA et al.,
2005). Ademais, acredita-se que o efeito residual destes antimicrobianos pode provocar
alergia e pode ser tóxico ao homem (MCMULLIN, 2004). Para evitar o efeito residual, o
MAPA estabelece que os antibióticos promotores de crescimentos devam exibir amplo
espectro de ação sobre as bactérias Gram positivas e reduzida absorção intestinal
(GONZALES et al., 2012). Diante disso os antimicrobianos permitidos pelo MAPA são:
colistina, lincomicina, tilosina, avilamicina, flavomicina, bacitracina, virginiamicina,
espiramicina e enramicina (PALERMO, 2006).
Apesar dos benefícios proporcionados pelos antibióticos na promoção do crescimento
e aumento da produtividade, eles promovem a resistência bacteriana das espécies que
ocorrem no trato gastrintestinal animal entre elas: Salmonella sp., Campylobacter spp.,
Escherichia coli e Enterococcus spp que ocorrem no trato gastrintestinal do homem ou das
aves, o que constitui uma ameaça à saúde humana (HASHEMI & DAVOODI, 2011;
CROMWELL, 1991). Barton (2000) afirma que o uso inadequado dos antibióticos pelo
homem e o seu uso prolongado na produção animal, são as principais formas de indução da
resistência bacteriana e disseminação.
Na Coréia do Sul em 25,9% das amostras de carne de frango, foram isoladas as
Salmonella spp que apresentaram resistência múltipla a diferentes antibióticos, sendo uma
das amostras de Salmonella enteritidis resistente a doze tipos diferentes de antibióticos
(EDENS, 2003)
Entre os casos reportados de resistência bacteriana no Brasil, destacam-se os de
salmoneloses, ocorridos no estado de São Paulo. Segundo Carvalho & Cortez (2005) foram
isoladas salmonelas resistentes em seguintes porcentagens: 13,3% (6 amostras de total de
45) em carcaça, 13,3% (2/15) em coxas e sobre-coxas, 25% (15/60) de carne
mecanicamente separada, 30% (6/20) em peitos, 16% (4/25) em linguiças. Hall et al. (2009)
verificaram a presença de salmonela em 8% (4/50) de carne de frango nos dados levantados
em nove estabelecimentos comerciais no estado de São Paulo. No rio de Janeiro, Borsoi et
al. (2010) isolaram da carcaça do frango 12,2% (22/180) de salmonella. Moreira et al
(2008) identificaram casos de salmoneloses em Goiás em 14,32% (52 de 363 amostras) de
sorovares de salmonella em carne de frango de corte.
Jones e Ricke (2003) ao examinarem a resistência antibacteriana da Escherichia coli
obtidos da diarreia humana e da colisepticemia aviária observaram resistência
antimicrobiana de 17,1% à tetraciclinas. As bactérias desenvolvem mecanismos de
7
resistência às drogas, assim que começam a produzir enzimas que destroem ou inativam os
antimicrobianos ou, reduzem a sua permeabilidade ou por alterarem o sítio alvo da droga
(QUINN et al 2005).
A ocorrência de enteroparasitas em frangos após o abate demonstra a sua resistência à
diferentes antimicrobianos. Esta realidade tem levado à busca de alternativos aos
antimicrobianos, de modo a se manter os altos níveis de desempenho animal, sem, no
entanto, induzir-se resistência bacteriana. Entre os compostos dos antimicrobianos, os
produtos naturais de origem vegetais como os extratos de plantas, atraem a atenção para
estudos, por estas não promoverem a resistência bacteriana e produzirem resultados
encorajadores, apresentam-se como potenciais alternativo aos antimicrobianos.
2.5. Vinagre pirolenhoso
O vinagre pirolenhoso é um líquido amarelo obtido da condensação da fumaça da
queima da madeira. Cerca de 80 a 90% deste líquido é constituído por água, e 10 a 20%
constituído por mais de 200 compostos orgânicos (tabela 1) como: ácido acético, álcoois,
cetonas, fenóis, derivados de lignina, entre outros (MAEKAWA, 2002). Durante a
pirólise da madeira a proporção média da obtenção de vinagre pirolenhoso é de 30-35%,
varia de acordo com o tipo de biomassa (bambu, eucalipto, pinheiro), temperatura, tipo
do processo e o tipo de equipamento utilizados (FERREIRA, 2000; CAMPOS, 2007).
A produção do vinagre pirolenhoso inicia com a combustão da madeira num
ambiente hermético, onde a fumaça é conduzida a um recipiente adjacente ao forno da
combustão. O primeiro composto obtido é um líquido negro viscoso, o vinagre
pirolenhoso bruto. No método artesanal, o vinagre pirolenhoso é submetido à
decantação que consiste em repousá-lo num período de 100 dias, o que leva à sua
separação em três camadas: camada superior, que integra óleos leves; camada mediana,
que é o vinagre pirolenhoso puro e; a camada inferior, constituido do alcatrão
precipitado (MIYASAKA et al., 1999). Na produção industrial ou laboratorial, o
vinagre pirolenhoso é obtido a partir de duas destilações sucessivas do vinagre
pirlonehoso bruto (Figura 1)
8
Tabela 1: Composição química do vinagre de madeira extraído de Eucalyptus urograndis Nome do composto (%) Nome do composto (%)
2-metil-2-pentanol Tetrahidro-2-furanmetanol 1,36
Ciclopentanona 1,64 1-isopropil-1-ciclopenteno 0,08
2-metil-ciclopentanone 0,25 2,3-dimetil-2-ciclopenteno-1 1,08
Tetrahidro-2,2-dimetoxi-furano 0,39 3,4,5-trimetil-2-ciclopenteno- 0,16
3-metil-ciclopentanona 0,19 2-Butanona, 1-(acetiloxi)- 0,27
2-metil-piridina 1-acetilciclohexeno 0,15
2-(metoximetil)-furano 0,48 3-metil pirrole 0,18
Tetraihidro-2,5-dimetoxi-furano 0,39 2,3-pentanediono 0,30
2- anidrido metil-propanóico * 3,4,4-trimetil-2-ciclopenteno- *
1,4-dioxeno 5-metil-2-furancarboxaldeído 4,20
N-nitrosodimetilamina 0,41 Metil-2-furoato 1,59
2,4-hexadienal * Butirolactono 0,39
3-pentanol 4- ácido hidroxi-butanóico *
1-metoxi-2-butanol 0,28 3-etil-2-ciclopenteno-1 *
4-hidroxy-3-hexanona 2-acetil-5-metilfurano 0,30
2-ciclopenteno-1-1 2,27 Metilbenzoato 0,23
3,5-dimetil-ciclohexanol 0,38 Acetofenona 0,17
2-metil-2-ciclopenteno-1-1 2,9 5-metil-2(5H)-Furanono 0,09
1-hydroxi-2-butanona 1,85 3-metil-2(5H)-furanona 0,28
2-hidroxi-metil ester-ácido butanoico 0,16 4,5-dimetil-4-hexeno-3 0,15
2-ciclohexeno-1-1 * 2(5H)-furanono 0,22
3-furaldeído 0,30 2-propilciclohexanona 0,17
1,2,3-trimetoxi-5-metil-benzeno 1,64 3-metil-4-hexeno-2 0,10
Ácido butanóico, 2- ester etilciclohexil
1,08 Furano-2-carbaldeído, (N'- nitroamidino)hidrazona
2,29
Ácido butanoico 3- metil * 3,4-dimetoxi-fenol 0,17
2,4-Dimetil-1,3-ciclopentanediono 0,51 4-propil-2-metoxi-fenol 0,37
3,4-dimetIl-2-cIclopentenO-1 0,14 2,4-dimetil-fenol (2,4-xilenol) 0,14
2,5-dihidro-3,5-dimetil-2-furanono 0,63 3-alil-6-metoxi-fenol 0,15
3-metil-1,2-ciclopentanediono 2,25 3,4-dimetil-fenol (3,4-xilenol) *
2-metoxi-fenol (guaiacol) 16,31 3-etil-fenol *
3-metil-2-metoxi-fenol 0,92 3,5-dimetil-fenol (3,5-xilenol) *
2-furanmetanol (álcool furfúriol) 0,28 Furfural 15,67
2,6-dimetil-fenol 0,19 4,5-dimetil-imidazol 0,21
2-metoxi-5-metil-fenol 0,63 2,6-dimetoxi-fenol (siringol) 8,48
4-metil-2-metoxi-fenol (creosol) 4,87 4-metil-2,6-dimetoxi-fenol 2,52
Fenol 1,43 1,2,3-trimetoxi-benzeno *
2-metil-fenol (o-cresol) 1,21 2,6-dimetoxi-4-alil-fenol 0,11
4-etil-2-metoxi-fenol 2,61 Guaiacil acetone 0,10
4-metil-fenol (p-cresol) 0,67 2-metil-5-amino-benzoxazol 0,12
2,6-dimetil-fenol (2,6-xylenol) 0,31 2-amino-1-naftol 0,17
3-metil-fenol (m-cresol) 0,49 Hidroquinona 0,10
2,5-dimetil-fenol (2,5-xylenol) 0,51 3-metil-2-ciclopenteno-1 1,23
2,4-Dimetil-1,3-ciclopentanediono 0,51 2-acetilfurano 3,12
Ácido pentanóico, 4-oxo-, ester metil * 2-acetilfurano 3,12
2-acetil-7-hidroxybenzofurano 0,16 Metil 4-hidroxibutanoato 0,36
5-metilhexahidro-4H-1,3- benzodioxino-4-1
* Maltol 0,23
3-etil-2-hidroxi-2-ciclopenteno-1 0,39
* Concentrações não quantificadas Pimenta et al (2017)
9
Figura 2. Esquema do processo de obtenção do vinagre de madeira destilado
(MIYASAKA et al. ( 1999)
O Brasil é o maior produtor mundial de carvão vegetal, sendo responsável por 1/3
da produção mundial. A fumaça decorrente desta produção é emitida para o ambiente,
poluindo-o e elevando a concentração do gás carbónico, o que tem efeitos nefastos sobre
a atmosfera (PINHEIRO et al., 2006; FERREIRA, 2000). Esta fumaça corresponde 65-
70% da biomassa não convertida em carvão, que quando recuperada e processada (30%
da fumaça emitida) é convertida em vinagre pirolenhoso, podendo ser usado na
agricultura e pecuária (FERREIRA, 2000), evitando assim, danos ao ambiente.
10
2.6. Propriedades antimicrobianas do vinagre de madeira e o seu uso na produção
agropecuária
O vinagre de madeira tem propriedades antibaterianas e antifúngicas conferidas
por diveresos compostos como: 2,6 Dimetoxifenol (seringol), 2- metoxifenol (quaiacol),
3,5 – dimetil-4- hidroxitoluene. Os fenóis, eugenóis e guaiacóis, cresóis e furfural que
tem efeitos antibióticos de grande espectro de ação (SOUZA et al., 2012; ZHAI et al.,
2015, PIMENTA et al., 2017).
Segundo Costa et al (2003) o vinagre de madeira é fungicida para Aspergillus sp e
Trichoderma sp., Nematocida para Arthobotrys musiforme (BORTOLETTO et al., 2009)
e bactericida para alguns coliformes que ocorrem no trato gastrintestinal (CHIAMENTI,
2016). Hwang et al (2005) afirmam que o vinagre de madeira é bactericida para
Ralstonia solanacearum, fungicida para Phytophthora capsici, Fusarium exysporum e
Pythium splendens. Watarai & Tara (2005) afirmam que o vinagre de madeira inibe o
crescimento de salmonela enterica e estimula o crescimento de flora benéfica
constituída por Enterococcus faecium e Bifidobacterium thermophilum.
Os ácidos orgânicos presentes no vinagre de madeira são facilmente absorvidos
pelas paredes celulares das bactérias e fungos. No meio intracelular, destroem a
estrutura do DNA causando a inibição ou morte do microrganismo. O pH do vinagre de
madeira reduz o pH intracelular do enteroparasita, forçando-o a usar a energia para
disponibilizar os prótons, o que causa exaustão (LANGHOUT, 2005). Devido essas
propriedades o vinagre de madeira é usado para o combate de pragas na agricultura
(MIYASAKA et al., 2001) pois na sua composição química há elementos tóxicos como
o ácido acético e o N-nitrosodimetilamina, este último cancerígeno.
O vinagre de madeira é usado como fertilizante orgânico de arroz, sorgo e batata
doce (TSUKUZI et al., 2000; SHIBAYAMA et al., 1998). Zulkarami et al (2011)
usaram-no como fertilizante na produção de melão, com a concentração de 30% e todas
as plantas morreram; com o uso na concentração de 20% estimulou o crescimento e
aumentou a produção. A concentração de 10% além de estimular o crescimento das
plantas e elevar a produção, elevou significativamente o peso, diâmetro e a doçura dos
frutos. Concluíndo-se que dependendo da sua concentração o vinagre de madeira
proporciona múltiplos efeitos no rendimento das plantas.
11
Na produção animal, Choi et al. (2009) alimentaram suínos infectados com
coliformes com ração suplementada com o vinagre de madeira. Os autores relataram
que a utilização do vinagre de madeira além de eliminar os parasitas elevou a
digestibilidade de energia bruta, matéria seca, proteína, melhorou a conversão alimentar
e, consequentemente melhorou o desempenho produtivo. Miyasaka (1999) afirma que o
vinagre de madeira suplementado em 1% na ração animal melhora assimilação da flora
bacteriana intestinal benéfica de suínos.
Estudos com utilização de vinagre pirolenhoso de bambu, por 30 dias com leitões
desmamados, constatou que a sua utilização em nível de 3% na ração, como aditivo,
melhorou a eficiência alimentar por assegurar a integridade das vilosidades intestinais e
reduzir os enteroparasitas (MEKBUNGWAN et al., 2008).
Em frangos de corte suplementados por vinagre pirolenhoso foram observados
dadptações histológicas ao aumentar a altura das vilosidades do intestino nos segmentos
de duodeno, jejuno e íleo, o que melhorou o desempenho produtivo (YAUMAUCHI et
al., 2010).
Zhu (2013) investigando o efeito antisséptico do extrato pirolenhoso em frangos
de corte infectados com aflatoxina B1 conclui que as suas propriedades químicas são
antissépticas às aflatoxina B1
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A sanidade e integridade morfofuncional do trato digestivo asseguram melhor
digestão e absorção nutricional, portanto, o alto desempenho animal.
A manutenção do alto nível de absorção a décadas vem sendo assegurada pelo uso
de antibióticos promotores de crescimento, porém o seu uso indiscriminado além de
quebrar o equilíbrio da flora intestinal, o que reduz a concentração dos ácidos graxos
voláteis sintetizados pela microflora benéfica, presume-se que induz a resistência
bacteriana e tem efeito residual, cujos efeitos são nocivos ao consumidor final.
O vinagre pirolenhoso possui substancias químicas como fenóis, guaicóis,
seringol, xilenol, cresóis que o tornam bactericida, fungicida e namatocida, fazendo dele
um potencial alternativo aos antimicrobianos convencionais.
A produção de vinagre pirolenhoso reduz impactos negativos ao ambiente, pois é
12
obtido pela recuperação e processamento de cerca de 30% da fumaça obtida na queima
do eucalipto.
13
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19
CAPÍTULO 2
ARTIGO CIENTÍFICO ELABORADO SEGUNDO AS NORMAS DA REVISTA
BRASILEIRA DE ZOOTECNIA
20
AVALIAÇÃO DO VINAGRE PIRLOLENHOSO DE Eucaliptus sp. COMO
ALTERNATIVA ANTIMICROBIANA PARA FRANGOS DE CORTE
CHEMANE, I.A.; TEIXEIRA, E. N.M.; SOUZA, J.
RESUMO:
O Brasil é o segundo maior produtor mundial de carne avícola desde 2015, com uma
produção anual de 12 milhões de toneladas e, o primeiro maior exportador mundial,
exportando para 155 países. Parte significativa dessa produção é assegurada pelo uso de
antibióticos promotores de crescimento (APC), banidos nos principais mercados
mundiais, por promoverem a resistência bacteriana e o seu efeito residual. Fenômenos
estes podem estar associados ao surgimento de bactérias super- resistentes, que anulam
os efeitos de fármacos usados na medicina humana, constituindo assim, uma grave
ameaça à saúde pública. Esta realidade tem estimulado a busca por APCs alternativos
aos antibióticos, sendo o objetivo deste estudo avaliar o efeito dos diferentes níveis de
utilização do vinagre de pirolenhoso (VP) como promotor de crescimento alternativo ao
uso do antibiótico convencional (enramicina). Para isso foram utilizados 504 frangos de
corte de linhagem Cobb 500 com um dia de idade, distribuídos em um delineamento
inteiramente casualizado, em sete tratamentos (0; 0,5; 1,0; 1,5; 2,0; 2,5% de EP e o 115
ppm de enramicina), com seis repetições e 12 aves por parcela. Foram avaliadas as
variáveis: ganho de peso, peso final, consumo da ração e conversão alimentar nas fases
de 1-7; 8-21 e 22-42 dias de idade. As aves foram abatidas aos 21 e 42 dias de idade
para avaliar os pesos da carcaça, peito, sobrecoxa, coxa, intestino, coração,
comprimento e morfometria do intestino, rendimento da carcaça e das partes, o peso do
fígado e a deposição de lipídeos no fígado. Os efeitos dos níveis do VP foram estimados
por meio de modelos de regressão linear e quadrática e análises de contrastes
ortogonais. Através da análise de contrastes observou-se que nas fase 1- 21 e de 1 a 42
dias o consumo de ração foi maior dos frangos recebendo ração contendo VP que
também melhorou a conversão alimentar de 1 a 42 dias em comparação a frangos
alimentados com ração com antibiótico. Houve efeito quadrático do VP sobre o
rendimento de carcaça de frangos abatidos aos 42 dias de idade onde o nível que
promoveu maior rendimento foi de 1,9% de VP. Observou-se que o peso do intestino
aos 21 e 42 dias foram maiores com a dieta CN. O VP promoveu a altura do jejuno nos
frangos aos 21 dias e a altura do duodeno e íleo nos frangos aos 42 dias. A profundidade
da cripta do duodeno aos 21 dias foi maior com a dieta CP. O VP aumenta o consumo
de ração e melhora a conversão alimentar, aumenta a altura das vilosidades do duodeno
e íleo de frangos de 1 a 42 dias de idade. Recomenda-se 1,9% de VP para maior
rendimento de carcaça.
Palavras chaves: avicultura, desempenho, extrato pirolenhoso, extratos vegetais,
sanidade gastrintestinal.
21
EVALUATION OF WOOD VINEGAR AS ANTIMICROBIAN ALTERNATIVE
FOR BROILER CHICKEN
ABSTRACT
Brazil is the second largest producer of poultry since 2015, with an annual production of
12 million tons and the first largest exporter in the world, exporting to 155 countries.
Significant part of this production is assured by the use of antibiotic growth promoters
(AGPs), banned in the main world markets, for promoting bacterial resistance and its
residual effect. These phenomena are presumed to be at the origin of the emergence of
super-resistant bacteria, which nullify the effects of drugs used in human medicine, thus
constituting a serious threat to public health. This reality has stimulated the search for
AGPs alternative to the use of antibiotics. The objective of this study was to evaluate
the effect of different levels of wood vinegar (WV) use as a growth promoter alternative
to conventional antibiotic use (enramycin). A total of 504 one-day-old Cobb 500
pedigree broilers distributed in a completely randomized design were used in seven
treatments (0, 0.5, 1.0, 1.5, 2.0, 2.5 % of WV and 115 ppm of enramycin), with six
replicates and 12 birds per plot. The following variables were evaluated: weight gain,
final weight, feed intake and feed conversion in the stages of 1-21 and 1-42 days of age.
In the analysis of orthogonal performance contrast in phase 1-21 and 1-42 days there
was difference (P <0.05) in the feed consumption between the negative control vs WV,
and the worst consumption was observed in the animals submitted to WV treatment.
The worst feed conversion was observed with WV in the 1-42 day age group. In the
other performance variables, no differences were observed in the orthogonal contrasts
nor in the polynomial regression analysis. In the weight of cuts, organs, intestine length
and carcass yield in animals slaughtered at 21 days of age there was no difference in the
analysis of orthogonal contrasts, except for breast weight and breast yield. There is no
effect of WV on polynomial regression analysis in all variables studied. The same
variables at 42 days of age showed a quadratic effect on the carcass yield in the
polynomial regression analysis, where the level 1.9 of the WV was the inflection point.
The other variables had no effect. In relation to the morphometric analysis, only the
duodenum at 21 days of age and ileum at 42 days of age showed a linear increasing
effect (P> 0.05). In view of the observed results, it is concluded that the WV promotes
better feed conversion of broiler chickens from 1 to 42 days of age. The level of 1.9% of
VP improved the carcass yield of chickens at 42 days of age.
Key words: poultry, performance, pyrolignous extract , vegetable extracts,
gastrointestinal sanit
22
INTRODUÇÃO
Desde década de 1950, que a utilização de antimicrobianos como promotores de
crescimento na avicultura proporciona ganhos na eficiência alimentar, o que se traduz no
desempenho e lucratividade da atividade avícola, através da eliminação da microbiota
intestinal patogênica (MENTEN, 2002). No entanto, o uso antimicrobianos tem sido associado
a indução de resistência bacteriana aos antibióticos usados na terapia de infecções como, as
causadas por gêneros de salmonela spp, Campylobacter spp, Escherichia coli e Enterococcus
spp (HASHEMI & DAVOODI, 2011).
Esta realidade levou alguns mercados, como os da União Europeia, em 2006, a banirem
a utilização de antimicrobianos promotores de crescimento (CASTANON, 2007). O Brasil,
através do Ministério de Agricultura Pecuária e Abastecimento já baniu alguns
antimicrobianos por apresentarem mesmos princípios ativos ou mesma composição molecular
apresentada pelos antimicrobianos usados na terapia humana, por se presumirem que
constituam uma fonte de aquisição de resistência bacteriana aos fármacos usados na medicina
humana (GONZALES, et al., 2012).
É neste contexto que se impõe a busca de produtos alternativos aos antimicrobianos
promotores de crescimento convencionais, com os seus mesmos efeitos benéficos, porém, sem
seus efeitos nocivos, nomeadamente a resistência bacteriana e efeito residual
(HUYGHEBAERT et al., 2011). Entre os produtos alternativos destacam-se os prebióticos,
probióticos, ervas, especiarias, óleos, e extratos vegetais (LEITE, et al., 2012).
O Brasil é o maior produtor mundial de carvão vegetal (1/3 da produção mundial), sendo
que a emissão da fumaça decorrente desta produção polui a atmosfera, além de agravar o
aquecimento global, devido a emissão do gás carbónico (PINHEIRO et al., 2006; FERREIRA,
2000). Esta fumaça corresponde 65-70% da biomassa não convertida em carvão, que quando
recuperada e processada (30% da fumaça emitida) origina o vinagre pirolenhoso, que vem
23
sendo usado no setor agropecuário (FERREIRA, 2000).
O vinagre pirolenhoso é um líquido extraído da fumaça da queima da madeira, com
componentes antibióticas, pois possui composição o seringol, o guaiacol, fenóis, furfural e eugenol,
ácido acético (PIMENTA et al., 2018) que eliminam enteropasitas como coliformes (CHOI, et al,
2009), salmonella, fusarium (WATARAI & TARA, 2005), entre outros que ocorrem no trato
gastrointestinal, que podem melhorar à saúde intestinal e consequentemente o desempenho animal (;
SUNG, 2006; CHOI, et al, 2009). Diante da necessidade em se buscar alernativas, tanto ao uso de
antibióticos quanto ao aproveitamento do resíduo da produção de carvao, objetivou-se neste
trabalho avaliar o vinagre pirolenhoso de eucaliptus como alternativa antimicrobiana na dieta
de frangos de corte.
MATERIAIS E MÉTODOS
Instalações e manejo
O experimento foi realizado no Laboratório de avicultura da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte, na Escola Agrícola de Jundiaí, Campus do município de Macaíba, com a
localização geográfica inserida na latitude 05° 51’ 30” ao Sul e sua longitude 35° 21’ 14” ao
Oeste de Greenwich com uma altitude média em relação ao nível do mar de 15 metros. O clima
de acordo com a classificação climática de Thornthwaite (1948) é sub-úmido seco.
O experimento foi aprovado pelo Comité de Ética de Uso de Animais da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte sob o protocolo nº 052.008/2017.
As aves foram alojadas em galpão experimental de alvenaria com cobertura de telha
francesa, cortinas, piso cimentado e muretas laterais com 40 cm de altura completada com tela
de arame até o final do pé direito de 3,10 m. O galpão foi subdividido em 48 boxes com
dimensões de 1,50m x 1,0m, separados por muretas de 0,20 m de altura e com tela de arame até
a altura de 1,0 m. Dos 48 boxes, foram utilizados 42, que constituíram as unidades
experimentais, com o piso revestido de cama de maravalha, equipada com bebedouros infantis
24
e comedouros tubular infantis. Após o sétimo dia de idade, os bebedouros infantis foram
substituídos por bebedouros pendulares automáticos adultos e, os comedouros infantis por
comedouros tubulares adultos com capacidade de 20 kg de ração.
Foram utilizados 504 frangos de corte de linhagem Cobb 500 não sexados, distribuídos
em delineamento inteiramente ao acaso, com sete tratamentos com seis repetições de 12
animais cada. Os tratamentos foram constituídos pela dieta basal com adição de 150 ppm do
antibiótico enramicina como controlo positivo; e a dieta basal sem aditivo que constituía o
controle negativo e, a adição dos níveis de vinagre de pirolenhoso de 0,5; 1,0; 1,5; 2,0; e 2,5%
na ração. As rações (Tabela 1) foram formuladas com ingredientes convencionais à base de milho e
farelo de soja de acordo com as exigências nutricionais estabelecidas por Rostagno et al (2017).
Os pintos foram adquiridos já vacinados no incubatório contra a doença de Marek e
Newcastle. No sétimo dia de idade foram vacinados contra a bronquite infecciosa via água de
bebida. Até ao décimo dia de idade, os pintos foram aquecidos por meio de lâmpadas
infravermelhas (250 watts), colocadas a uma altura de 40 centímetro do piso e com as
cortinas, evitando a entrada do ar frio. Após este período, as cortinas eram baixadas ás 7:30
horas e levantadas às 17 horas, para permitir o conforto térmico.
O programa de iluminação adotado foi de 24 horas de luz, durante todo o período
experimental, as temperaturas e umidade relativa foram aferidas diariamente, às 8 horas e 14
horas, utilizando-se o termohigrômetro digital, situado a dez centímetros acima da cama.
Durante o experimento foi adotado o regime alimentar ad libitium. Aos sete, 21 e 42 dias de
idade as aves e as sobras da ração foram pesadas para avaliação do ganho de peso, consumo de
ração e conversão alimentar.
Aos 21 e 42 dias de idade uma ave por parcela, com peso vivo de 1,013 kg ± 0,100 kg e
2,756 ± 0,275 kg, respectivamente, foi retirada, identificada e submetida ao jejum de sólidos
por oito horas, posteriormente submetido ao abate humanitário do MAPA, segundo o método
de eletronercose, seguida de exsanguinação, cada ave foi, escaldada, depenada e eviscerada.
25
Pesada para a obtenção de peso da carcaça e dos cortes (peito, coxa + sobrecoxa).
O fígado, fragmentos de duodeno, jejuno e íleo foram coletados, pesados e imerso em
solução fixadora de formal a 10% com solução de tampão fosfato pH 7,2 (PBS) em coletor
previamente identificado e encaminhados ao laboratório do Centro de Biociências do
Departamento de Morfologia para posterior análise tecidual. O tempo de abate até a
evisceração e fixação dos tecidos não excedeu 25 minutos, sendo a média de 20 minutos
Tabela 1: Composição alimentar e nutricional das dietas experimentais da ração controle
sem e com antibiótico para frangos de corte
Ingredientes 1 a 7 dias 8 a 21 dias 22 a 33 dias 34 a 45 dias
*RB *RA RB RA RB RA RB RA Milho grão 55,179 55,163 55,417 55,385 58,596 58,564 68,165 68,133
Farelo de soja 37,705 37,710 36,498 36,504 32,815 32,826 24,771 24,777 Óleo de soja 2,492 2,502 3,874 3,885 4,816 4,827 3,704 3,715
Fosfato bicálcico 1,979 1,979 1,720 1,720 1,485 1,485 1,121 1,121 Calcário 0,996 0,997 0,903 0,903 0,862 0,862 0,737 0,737
Sal 0,465 0,455 0,455 0,804 0,434 0,429 0,416 0,416 DL-Metionina 0,400 0,400 0,384 0,384 0,223 0,223 0,296 0,297 L-Lisina 0,395 0,392 0,349 0.348 0,369 0,369 0,390 0,389
Premix vit./min.1 0,385 0,384 0,400 0,400 0,400 0,400 0,400 0,400
Enramicina - 0,015 - 0,015 - 0,015 - 0,015
Total 100 100 100,0 100 100 100 100 100
Exigência Nutricional EM (Mcal/Kg) 3.100 3.100 3.100 3.100 3.200 3.200 3.250 3.250
Proteína bruta 21,93 21,93 21,93 21,93 20,45 20,45 17,67 17,67
Cálcio 0,907 0,907 0,907 0,907 0,822 0,822 0,661 0,661
Cloro 0,300 0,300 0,300 0,300 0,289 0,289 0,282 0,282
Fósforo disponível
0,432 0,432 0,432 0,432 0,384 0,384 0,309 0,309
Lisina disgestível 1,306 1,306 1,306 1,306 1,235 1,235 1,067 1,067
Met + Cist digestível
0,966 0,966 0,966 0,966 0,00 0,00 0,790 0,790
Metionina digestível
0,681 0,681 0,681 0,681 0,506 0,506 0,544 0,544
Sódio 0,221 0,221 0,221 0,221 0,211 0,211 0,201 0,201
Potássio 0,837 0,837 0,837 0,837 0,779 0,779 0,660 0,660 *RB = ração basal e RA = ração com antibiótico. 1Níveis de garantia por kg do produto: Vitamina A 40.000.000 UI, vitamina D3 10.000.000 UI, vitamina E 80.000 UI, vitamina K3 10.000,0 mg, vitamina B12 64.000,0 mg, vitamina B1 7.200,0 mg, vitamina B2 24.000,0 mg, vitamina B6 11.200,0 mg, Ácido Fólico)
4.000,0 mg, Ácido Pantotênico 48.000,0 mg, Ácido nicotínico 160.000,0 mg, Biotina 260,0 mg, Sulfato de ferro , sulfato de cobre, óxido
de zinco, Monóxido de manganês, selenito de sódio, iodeto de cálcio, veículo Q.S.P. Níveis de garantia por kg do produto: Manganês140.000 mg, Zinco 120.000 mg, Ferro 100.000 mg, Cobre 18.000 mg, Iodo 2000 mg, selênio 600 mg.
Rações calculadas com recomendações nutricionais de Rostagno et al 2017
Extração de vinagre pirolenhoso
O vinagre pirolenhoso foi extraído da combustão de tronco de eucalipto para a produção
26
de carvão, a temperatura de 450 oC. A temperatura da combustão foi aferida por termómetro
analítico em um forno concebido para a coleta do vinagre pirolenhoso (1º).
O vinagre pirolenhoso bruto (2º) coletado da combustão foi conduzido ao Laboratório de
Tecnologia da Madeira para destilação (3º), afim de de retirar as impuras, o alcatrão, entre
outras substâncias nocivas. Foi usado o balão volumétrico de fundo redondo, uma manta
aquecedora, um condensador e o tubo de erlermayer como recipiente do vinagre pirolenhoso
destilado (4º), de acordo com a metodologia descrita por Higashino et al (2005). A fim de se
obter o vinagre pirolenhoso puro, o vinagre pirolenhoso obtido da primeira destilação foi
novamente submetido a destilação (6º). Todo o processo esta ilustrado na Figura 1 e a
composição química do vinagre pirolenhoso está descrita na Tabela 2.
Figura 1: Processo de obtenção do vinagre pirolenhoso: 1º Forno; 2º Vinagre pirolenhoso do
eucapipto bruto; 3º Destilação do vinagre pirolenhoso do eucalipto; 4º Vinagre pirolenhoso do
eucalipto destilado; 5º Segunda destilação do vinagre pirolenhoso do eucalipto; 6º Vinagre
pirolenhoso do eucalipto bidistilado VITALINO (2017)
27
Tabela 2: Composição química do vinagre de madeira extraído de Eucalyptus
urograndis Nome do composto entração (%) Nome do composto entração (%)
2-metil-2-pentanol Tetrahidro-2-furanmetanol 1,36
Ciclopentanona 1,64 1-isopropil-1-ciclopenteno 0,08
2-metil-ciclopentanone 0,25 2,3-dimetil-2-ciclopenteno-1 1,08
Tetrahidro-2,2-dimetoxi-furano 0,39 3,4,5-trimetil-2-ciclopenteno- 0,16
3-metil-ciclopentanona 0,19 2-Butanona, 1-(acetiloxi)- 0,27
2-metil-piridina 1-acetilciclohexeno 0,15
2-(metoximetil)-furano 0,48 3-metil pirrole 0,18
Tetraihidro-2,5-dimetoxi-furano 0,39 2,3-pentanediono 0,30
2- anidrido metil-propanóico * 3,4,4-trimetil-2-ciclopenteno- *
1,4-dioxeno 5-metil-2-furancarboxaldeído 4,20
N-nitrosodimetilamina 0,41 Metil-2-furoato 1,59
2,4-hexadienal * Butirolactono 0,39
3-pentanol 4- ácido hidroxi-butanóico *
1-metoxi-2-butanol 0,28 3-etil-2-ciclopenteno-1 *
4-hidroxy-3-hexanona 2-acetil-5-metilfurano 0,30
2-ciclopenteno-1-1 2,27 Metilbenzoato 0,23
3,5-dimetil-ciclohexanol 0,38 Acetofenona 0,17
2-metil-2-ciclopenteno-1-1 2,9 5-metil-2(5H)-Furanono 0,09
1-hydroxi-2-butanona 1,85 3-metil-2(5H)-furanona 0,28
2-hidroxi-metil ester-ácido butanoico 0,16 4,5-dimetil-4-hexeno-3 0,15
2-ciclohexeno-1-1 * 2(5H)-furanono 0,22
3-furaldeído 0,30 2-propilciclohexanona 0,17
1,2,3-trimetoxi-5-metil-benzeno 1,64 3-metil-4-hexeno-2 0,10
Ácido butanóico, 2- ester etilciclohexil
1,08 Furano-2-carbaldeído, (N'- nitroamidino)hidrazona
2,29
Ácido butanoico 3- metil * 3,4-dimetoxi-fenol 0,17
2,4-Dimetil-1,3-ciclopentanediono 0,51 4-propil-2-metoxi-fenol 0,37
3,4-dimetIl-2-cIclopentenO-1 0,14 2,4-dimetil-fenol (2,4-xilenol) 0,14
2,5-dihidro-3,5-dimetil-2-furanono 0,63 3-alil-6-metoxi-fenol 0,15
3-metil-1,2-ciclopentanediono 2,25 3,4-dimetil-fenol (3,4-xilenol) *
2-metoxi-fenol (guaiacol) 16,31 3-etil-fenol *
3-metil-2-metoxi-fenol 0,92 3,5-dimetil-fenol (3,5-xilenol) *
2-furanmetanol (álcool furfúriol) 0,28 Furfural 15,67
2,6-dimetil-fenol 0,19 4,5-dimetil-imidazol 0,21
2-metoxi-5-metil-fenol 0,63 2,6-dimetoxi-fenol (siringol) 8,48
4-metil-2-metoxi-fenol (creosol) 4,87 4-metil-2,6-dimetoxi-fenol 2,52
Fenol 1,43 1,2,3-trimetoxi-benzeno *
2-metil-fenol (o-cresol) 1,21 2,6-dimetoxi-4-alil-fenol 0,11
4-etil-2-metoxi-fenol 2,61 Guaiacil acetone 0,10
4-metil-fenol (p-cresol) 0,67 2-metil-5-amino-benzoxazol 0,12
2,6-dimetil-fenol (2,6-xylenol) 0,31 2-amino-1-naftol 0,17
3-metil-fenol (m-cresol) 0,49 Hidroquinona 0,10
2,5-dimetil-fenol (2,5-xylenol) 0,51 3-metil-2-ciclopenteno-1 1,23
2,4-Dimetil-1,3-ciclopentanediono 0,51 2-acetilfurano 3,12
Ácido pentanóico, 4-oxo-, ester metil * 2-acetilfurano 3,12
2-acetil-7-hidroxybenzofurano 0,16 Metil 4-hidroxibutanoato 0,36
5-metilhexahidro-4H-1,3- benzodioxino-4-1
* Maltol 0,23
3-etil-2-hidroxi-2-ciclopenteno-1 0,39
* Concentrações não quantificadas Pimenta et al (2017)
Processamento Histológico do fígado, duodeno, jejuno e íleo
Após a fixação por 24h, os fragmentos dos fígados foram desidratados em séries
crescentes de álcool (70%, 80%, 90% e álcool absoluto), em seguida diafanizados com xilol
de pureza analítica (PA). Seguiu-se a impregnação dos fragmentos dos fígados em parafina
fundida à 60ºC, para a formação de blocos de parafina, que foram submetidos à microtomia.
Cada bloco de parafina foi cortado em fatias de 3 μm de espessura no micrótomo (Leica RM
2125 RT), os cortes foram colocados em banho-maria histológico com água à 45 oC;
posteriormente, colocados em lâminas histológicas; posteriormente desparafinizados,
desidratados e, finalmente corados com Hematoxilina (três minutos) e Eosina (cinco minutos).
A hematoxilina cora de azul arroxeado estruturas ácidas, os grupos fosfatos e ácidos
nucleicos, enquanto a eosina cora de rosa avermelhado as estruturas básicas como citoplasma,
proteínas (radicais amino de proteínas) e mitocôndrias (fig. 2).
Fig. 2: Fotomicrografia do fígado aos 42 dias de idade. Corante HE 400X
A coloração hematoxilina-eosina (HE), foi usada para a análise de esteatose hepática
através da visualização de vesículas citoplasmáticas brancas presentes nos hepatócitos (fig. 1).
O mesmo procedimento do processamento histológico HE foi usado para os tecidos de
duodeno, jejuno e íleo para a visualização das vilosidades e posterior medição dos mesmos
nas componentes de altura de vilosidade e profundidade da cripta (Fig. 2).
45
Fig. 3: Fotomicrografia do duodeno aos 42 dias de idade. Corante HE 40X
Além da coloração HE, os cortes dos fígados, referentes a todos os
tratamentos, foram coradas com a coloração Periodic acid Schiff (PAS). Após o
procedimento de diafanização e desidratação, similar ao usado na coloração HE, os
cortes foram expostos por 15 minutos ao ácido periódico, depois lavados em água
corrente por 10 minutos, banhados por 20 minutos em reativo de Schiff; em
seguida, lavados com água corrente, desidratados e finalmente montados em
lâminas histológicas.
O Periodic acid Schiff permite a avaliação indireta da esteatose através da não
coloração das vesículas contendo lipídeos, cora de azul o núcleo, magenta o
mucopolissacarídeo e de rosa avermelhada o glicogênio (Figura 3).
da cripta
46
Fig. 4: Fotomicrografia do fígado aos 42 dias de idade. Corante PAS 400X
Análise qualitativa hepática
A visualização das lâminas foi feita usando-se um microscópio óptico
Olympus BX-41 (Olympus U-TV 0,5xc3) com a objetiva de aumento 4x, 10x, 40x e
100x acoplado a um sistema de captura e análise imagens, denominado Nikon ACT-
1 (Nikon digital câmera DXM 1200, Versão 2).
Para avaliação do fígado, e verificação de algumas alterações hepáticas como:
Esteatose, hiperemia foram usadas as lâminas HE e PAS. Para a avaliação do
acumulo de glicogênio foram observados as lâminas PAS. Foram feitas três imagens
com objetiva de aumento 4X, seis imagens com objetiva de aumento 10X e 15
imagens com objetiva de aumento 40X. Para a medição da altura das vilosidades e
profundidade da criptas foi usado programa imageJ.
Análise estatística
O delineamento adotado foi inteiramente ao acaso, onde os 504 animais foram
distribuídos em sete tratamentos (0; 0,5; 1,0; 1,5; 2,0; 2,5% de extrato pirolenhoso e
Estateose
47
150 ppm de antibiótico), com seis repetições, 12 aves por unidade experimental.
Os dados foram submetidos à análise de contrastes ortogonais, usando-se o
teste de médias Dunnet. Também foram realizadas análises de regressão polinomial
em razão da adição de vinagre pirolenhoso à análise de variância a 5% e
posteriormente os efeitos dos níveis de pirolenhoso foram estimados por meio de
modelos de regressão, conforme o melhor ajuste obtido para cada variável,
considerando o comportamento biológico das aves. Todos os procedimentos
estatísticos foram executados no programa estatístico Project R.
Foi utilizado o seguinte modelo matemático:
Yⅈ = Β0 + β1 + Xⅈ + β2 Xⅈ2 + ⅇⅈ
em que:
Yⅈ = valor observado a variável dependente (ganho de peso, consumo da ração,
conversão alimentar, peso vivo, peso da carcaça);
Β0 = constante da regressão; β1 = coeficiente da regressão;
Xⅈ = nível da variável independente EP (0; 0,5; 1.0; 1,5; 2,0; 2,5%) β2 =
coeficiente da regressão;
Xⅈ = nível da variável independente EP elevado ao quadrado
ⅇⅈ = erro associado ao valor observado.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Desempenho 1 a 21 dias de idade
As informações referentes ao desempenho da fase de 1-12 dias estão
apresentadas na Tabela 3.
Na análise de contrastes ortogonais houve efeito apenas para variável de consumo da
ração onde o consumo foi 43,6 gramas mais elevado nos frangos alimentados com ração com
vinagre pirolenhoso como aditivo, em relação aos animais alimentados apenas com a ração
48
basal sem antibiótico. O fato de animais alimentados com enramicina e o vinagre pirolenhoso
apresentarem desempenho similar sugere que os antibióticos em ambiente de ausência de
desafio sanitário não apresentam efeito.
Tabela 3: Desempenho de 1-21 dias de idade
Dieta Peso
inicial (g)
Peso final
(g)
Ganho de
peso (g)
Consumo
de ração (g)
Conversão
alimentar (kg/kg)
Controle positivo 41,86 999,92 958,06 1330,44 1,39
Controle negativo 40,64 1016,12 975,49 1300,56 1,33
0,5 41,50 1024,64 983,14 1336,71 1,36
1,0 41,44 1010,64 969,19 1346,35 1,39
1,5 41,31 1008,04 966,74 1350,50 1,40
2,0 41,69 1008,28 966,58 1326,33 1,37
2,5 41,75 1025,72 983,97 1360,96 1,38
EPM 0,991 48,804 48,689 46,697 0,065
CV (%) 2,39 4,82 5,01 3,49 4,74
Valor de P 0,426 0,967 0,965 0,402 0,628
Contraste
CP vs CN ns ns ns ns ns
CP vs VP ns ns ns ns ns
CN vs VP ns ns ns
1300,6 vs 1344,2*
ns
Regressão ns
Linear ns ns ns ns ns
Quadrático ns ns ns ns ns
Controle positivo (CP): dieta com o antibiótico enramicina;
Controle negativo (CN): dieta sem antibiótico;
VP: vinagre pirolenhoso; EPM = erro padrão da média.
ns = não significativo.
Taghyani et. al (2011) investigando o efeito de antibiótico flavofosfolipol em frangos de
corte linhagem Ross 308, na fase inicial, não observaram diferenças nessas mesmas variáveis.
É relatado por alguns autores (MACARI et al., 2002; GULSEN et al., 2002; SALAZAR et
al.,2008) que o uso de antibióticos como promotores de crescimento tem efeito apenas quando
os animais estão expostos ao desafio sanitário, não se justificando o seu uso em ambiente livre
de patógenos. No presente experimento, os animais não foram submetidos ao desafio sanitário,
o que justifica os resultados obtidos, corroborados com os relatados na literatura citada.
49
Na análise de regressão polinomial não foi observado efeito do vinagre pirolenhoso
nessa fase. Estes resultados são similares aos observados por Sung et al (2006) trabalhando
com o vinagre pirolenhoso extraído do bambu com pó de carvão dissolvido, nos níveis de 1 e
2% comparando com antibiótico cloratetraciclina como promotor de crescimento, nos frangos
de corte de linhagem Ross, não observaram efeito nas mesmas variáveis.
Desempenho 1 a 42 dias de idade
As informações referentes ao desempenho da fase de 1-42 dias de idade estão
apresentadas na Tabela 4.
Na análise de contrastes observou-se efeito significativo para consumo de ração onde
ocorreu mesmo comportamento da fase de 1 a 21 dias, ou seja, maior consumo dos frangos
recebendo ração com vinagre pirolenhoso (299,8 gramas) em comparação aos frangos
recebendo ração basal sem antibiórico.
Também ocorreu efeito significativo dos contrastes sobre a conversão alimentar, sendo
melhor conversão (1,70) dos frangos alimentados com ração com vinagre pirolenhoso
comparado com o controle positivo, ou seja, com ração contendo antibiótico (1,73). Já quando
comparado à conversão alimentar de frangos recebendo ração com vinagre pirolenhoso versus
ração controle negativo sem antibiótico o melhor resultado foi com a dieta controle negativo
(1,70 vs 1,82). Estes resultados mostram que o vinagre pirolenhoso piorou o desempenho
nessa fase, sugerindo que a sua composição química afetou negativamente o desempenho, fato
contrário ao observado Zhu (2013) que investigou o efeito do vinagre pirolenhoso de bambu
nos níveis de 0,1; 1 e 2%, não observou diferenças sobre o desempenho. Ruttanavutt et al
(2009) ) trabalhando com patos Aigamo de 7 aos 49 dias de idade, avaliando o efeito do
vinagre pirolenhoso de bambu em níveis de 0,1 e 1% contendo pó de carvão de bambu
dissolvido obtiveram resultados contrários aos do presente experimento. Os autores observaram
50
aumento no ganho de peso de 8% em relação ao grupo testemunha e melhor conversão
alimentar com o nível de 1% de licor pirolenhoso. Segundo estes autores, o pó de carvão
estimula processos mitóticos nas vilosidades intestinais, o que eleva as suas alturas e,
consequentemente, eleva a capacidade de absorção intestinal.
Tabela 4: Desempenho de 1-42 dias de idade
Dieta Peso final
(g)
Ganho de
peso (g)
Consumo de
ração (g)
Conversão
alimentar (kg/kg)
Controle positivo 2825,15 2783,29 4793,84 1,73
Controle negativo 2786,14 2745,51 4666,62 1,70
0,5 2739,02 2697,52 4788,41 1,78
1,0 2828,33 2786,89 5002,01 1,80
1,5 2728,79 2687,48 4896,04 1,82
2,0 2727,26 2685,56 4921,64 1,84
2,5 2661,21 2619,46 4873,18 1,86
EPM 140,36 140,19 206,94 0,086
CV (%) 5,09 5,16 4,27 4,83
Valor de P 0,379 0,376 0,158 0,028*
Contraste
CP vs CN ns ns ns ns
CP vs VP ns ns ns 1,73 vs 1,70*
CN vs VP ns ns 4666,6 vs 4896,4*
1,70 vs 1,82**
Regressão
Linear ns ns ns ns
Quadrático ns ns ns ns
Controle positivo (CP): dieta com o antibiótico enramicina;
Controle negativo (CN): dieta sem antibiótico;
VP: vinagre pirolenhoso; EPM = erro padrão da média.
ns = não significativo.
MACFARLENE et al., (2011) afirmam que o vinagre pirolenhoo ao controlar a
microflora intestinal e patógenos, contribuiu para o melhor desempenho dos animais
suplementados com rações contendo 1% de vinagre pirolenhoso extraído do bambu.
Resultados similares aos do experimento foram observados por Sung et al (2006)
compararam o efeito do vinagre pirolenhoso do bambu com pó de carvão dissolvido, nos níveis
51
de 1 e 2% com antibiótico cloratetraciclina como promotor de crescimento, nos frangos de
corte de linhagem Ross, não observaram efeito no peso final, ganho do peso e consumo da
ração. Estes autores afirmam que estes resultados se deveram a ausência de desafio microbiano,
fato similar ao observado no presente experimento.
Em relação à análise da regressão polinomial não houve efeito em todas as variáveis
estudadas.
Peso dos cortes, rendimento das partes e peso dos órgãos dos abatidos aos 21 dias de
idade
As informações referentes ao rendimento da carcaça e cortes dos animais abatidos aos 21
dias de idade estão apresentadas na Tabela 5.
Apenas o peso do peito (P< 0,05) e rendimento do peito (´P<0,05) apresentaram
diferenças significativas na análise de contraste ortogonais entre controle positivo vs controle
negativo, apresentando acréscimo de 13,67 e 2,94 gramas de peso e rendimentos de peito,
respectivamente para frangos recebendo dieta sem antibiótico.
52
Tabela 5. Valor absoluto e rendimento de carcaça e corte abatidos aos 21 dias de idade
Valor absoluto (g) Rendimentos (%)
Dieta
Peso
vivo
em
jejum
Carca
ça
Peito
Coxa e
sobrecoxa
Carcaç
a
Peito
Coxa e
sobrecoxa
Controle
positivo 919,33 691,67 209,33 212,33
75,82 30,14 30,67
Controle
negativo 997,67 743,67 246,00 223,00 74,56 33,08 30,00
0,5 966,00 720,33 227,67 207,33 74,54 31,62 28,82
1,0 964,00 737,17 234,00 212,33
75,68 31,73 28,81
1,5 966,33 705,67 220,67 213,67
73,01 31,28 30,29
2,0 968,33 710,67 217,33 212,00
73,39 30,56 29,83
2,5 1007,33 739,67 229,67 221,33
73,46 31,07 29,85
EPM 71,401 49,790 23,185 18,345 3,489 2,239 1,379
CV (%) 7,36 6,90 10,24 8,55 4,69 7,14 4,63
Valor de P 0,479 0,480 0,176 0,763 0,714 0,398 0,185
Contraste
CP vs CN ns ns 209,33
vs
223,00
ns ns 30,14
vs
33,08
ns
CP vs VP ns ns ns ns ns ns ns
CN vs VP ns ns ns ns ns ns ns
Regressão ns ns
Linear ns ns ns ns ns ns ns
Quadrático ns ns ns ns ns ns ns
Controle positivo: dieta com o antibiótico enramicina;
Controle negativo: dieta sem antibiótico;
VP: vinagre pirolenhoso;
EPM = erro padrão da média.
ns = não significativo.
Em relação à análise de regressão polinomial não houve efeito do vinagre pirolenhoso (P>
0,05) nas variáveis estudadas.
Os dados do peso e comprimento de intestino e peso de órgãos dos animais abatidos
aos 21 dias de idade estão apresentados na Tabela 6.
Avaliando os contrastes verificou-se efeito sobre peso do fígado e peso do coração comparando
as aves que receberam vinagre pirolenhoso apresentaram maiores pesos para esses órgãos comparados
53
as aves alimentadas com ração controle negativo sem antibiótico.
Tabela 6. Peso e comprimento de intestino e peso de órgãos dos animais abatidos aos 21
dias de idade
Dieta
Comprimento
de intestino
(cm)
Peso de
intestino (g)
Peso de
moela (g)
Peso de
fígado (g)
Peso de
coração (g)
Controle
positivo 1,42 42,33 19,00 19,67 3,67
Controle
negativo 1,45 41,00 18,50 19,00 4,33
0,5 1,41 41,00 18,33 21,00 4,00
1,0 1,30 40,33 17,67 19,33 4,67
1,5 1,35 46,67 18,67 21,67 5,33
2,0 1,39 51,00 19,00 22,67 4,67
2,5 1,46 46,67 18,33 22,00 5,00
EPM 6,40 0,12 2,41 2,47 0,91
CV (%) 14,51 8,56 13,01 11,89 20,01
Valor de P 0,052 0,261 0,967 0,087 0,047
Contraste
CP vs CN ns ns ns ns ns
CP vs VP ns
ns ns ns
3,67 vs 4,73
CN vs VP ns
ns ns
19,00 vs 21,33
ns
Regressão ns
Linear ns ns ns ns ns
Quadrático ns ns ns ns ns
Controle positivo: dieta com o antibiótico enramicina;
Controle negativo: dieta sem antibiótico;
VP: vinagre pirolenhoso;
EPM = erro padrão da média.
ns = não significativo.
Estes resultados, excetuando as variáveis, com diferenças significativas (fígado e coração),
são similares aos obtidos por Garcia et al. (2000) que pesquisaram o efeito da mistura dos ácidos
fórmicos + propiônico + antibiótico apramicina e Skinner et al. (1991) que estudaram o efeito do
ácido fumárico, e a pesquisa desenvolvida por Faria et al (2009) investigaram o efeito do
antibiótico avoparcina em frangos de corte. Estes autores não observaram diferenças nas mesmas
variáveis avaliadas no presente trabalho. Os resultados do
54
presente estudo e das pesquisas citadas sugerem que os ácidos orgânicos e antibióticos não geram
diferenças nas variáveis em estudo nos frangos de corte abatidos aos 21 dias de idade.
Não houve efeito siginificativo para análise de regressão polinomial em função dos níveis do
vinagre pirolenhoso (P> 0,05) nas variáveis estudadas.
Peso dos cortes, rendimento das partes e peso dos órgãos dos abatidos aos 42 dias de idade
Os resultados de rendimento da carcaça e cortes dos frangos abatidos aos 42 dias de idade
estão apresentados na Tabela 7.
Tabela 7. Valor absoluto e rendimento de carcaça e corte abatidos aos 42 dias de idade
Valor absoluto (g) Rendimentos (%)
Dieta Peso vivo
em jejum Carcaça Peito
Coxa e
sobrecoxa Carcaça Peito
Coxa e
sobrecoxa
Controle positivo
2805,0 2219,0 805,0 631,7 79,1 36,3 28,5
Controle negativo
2713,0 2143,0 764,0 596,7 79,0 35,7 27,9
0,5 2749,7 2160,0 776,3 613,7 78,6 35,9 28,4
1,0 2780,7 2210,3 783,3 648,7 79,5 35,6 29,3
1,5 2552,3 2045,0 755,3 574,3 80,1 36,9 28,1
2,0 2615,7 2089,7 742,3 579,3 80,0 35,6 27,7
2,5 2614,7 2077,7 742,7 590,0 79,5 35,7 28,4
EPM 151,73 120,68 55,54 53,23 1,39 2,10 1,75
CV (%) 5,64 5,65 7,24 8,80 1,75 5,85 6,17
Valor de P 0,046 0,119 0,429 0,171 0,47 0,91 0,75
Contraste
CP vs CN ns ns ns ns ns ns ns
CP vs VP 2805,0 vs 2662,6
ns ns ns ns ns ns
CN vs VP ns ns ns ns ns ns ns
Regressão
Linear ns ns ns ns ns ns ns
Quadrático ns ns ns ns * ns ns
Controle positivo: dieta com o antibiótico enramicina;
Controle negativo: dieta sem antibiótico;
VP: vinagre pirolenhoso;
EPM = erro padrão da média.
ns = não significativo.
Através da análise de contrastes o peso vivo em jejum foi a única variável que se
55
observou efeito significativo, onde frangos alimentados com dieta controle positivo
apresentaram maior peso comparados ao que receberam dieta com vinagre pirolenhoso
(P<0,05).
Foi observado o efeito quadrático no rendimento da carcaça (P<0,05), como ilustra a
Figura 5 (Y= 78,661 + 1,2207x – 0,3214x2, R
2= 0,61), o nível 1,9% do vinagre pirolenhoso
promoveu maior rendimento.
Ruttavut et al. (2009) pesquisando o efeito de vinagre de pirolenhoso de bambu com o pó
de carvão dissolvido nos níveis de 0,1 e 1,0%, em patos de linhagem aigamo observaram
diferenças nos animais alimentados com 1% do vinagre pirolenhoso. O pó de carvão que é
dissolvido no vinagre pirolenhoso estimulou processos mitóticos no epitélio intestinal e a
composição do vinagre pirolenhoso extraído do bambu apresenta alto teor de ácido acético, um
ácido graxo de cadeira curta facilmente assimilado pelas células intestinas, fonte de energia
para os enterócito, as células responsáveis pela absorção intestinal (ANJANEYULU et al.,
1993). Este ácido estimulou a multiplicação dessas células o que concorreu para o desempenho
elevado dos patos Aigamo (LIN & VISEK, 1991). O vinagre pirolenhoso usado neste trabalho
não continha carvão dissolvido e na sua composição química não foi identificado o ácido
acético. Nas demais variáveis, em ambas análises não foi observado diferença, fato similar ao
observado por Sung et al (2006), que investigaram o efeito do vinagre pirolenhoso extraído de
bambu com pó de carvão dissolvido, em frangos de corte linhagem Ross em níveis de 1 e 2%
não observaram diferenças.
56
Vinagre Pirolenhoso (%)
80,2
80
79,8
79,6
79,4
79,2
79
78,8
78,6
78,4
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3
Figura 5- Rendimento de carcaça aos 42 dias de idade de aves recebendo vinagre
pirolenhoso
As informações dos referentes a peso, comprimento, órgãos dos frangos abatidos
aos 42 dias de idade estão apresentados na Tabela 8.
Em relação ao comprimento do intestino observou-se através da análise de contrastes
ortogonais, que houve influência do vinagre pirolenhoso (P>0,05) onde o comprimento do
intestino das aves alimentadas com vinagre pirolenhoso, apresentou comprimento maior que
aos submetidos a ração controle negativo. O vinagre pirolenhoso proporcionou maior
comprimento do intestino, 17 cm a mais em comparação a dieta controle negativo, efeito
provavelmente associado a ação de alguns componentes que apresentam similaridade na
composição e atuação do antibiótico.
y = 78,661 + 1,2207x - 0,3214x2 R² = 0,62 C
arca
ça (
%)
57
Tabela 8 Peso e comprimento de intestino e peso de órgãos dos animais abatidos aos 42
dias de idade
Dieta
Comprimento
de intestino
(cm)
Peso de
intestino (g)
Peso de
moela (g)
Peso de
fígado (g)
Peso de
coração (g)
Controle
positivo 1,71 95,00 33,67 43,33 9,33
Controle
negativo 1,48 97,67 35,00 41,00 10,33
0,5 1,58 92,67 32,33 44,33 9,33
1,0 1,76 92,33 33,33 46,33 10,33
1,5 1,58 72,33 27,67 38,00 8,00
2,0 1,71 86,33 31,67 40,67 9,00
2,5 1,64 82,67 32,00 42,00 9,33
EPM 13,500 0,165 5,91 6,59 1,70
CV (%) 15,27 10,13 18,34 15,60 18,08
Valor de P 0,040 0,096 0,493 0,427 0,263
Contraste
CP vs CN ns 95,00
vs
97,67
ns
ns ns
CP vs VP ns ns ns ns ns
CN vs VP 1,48
vs
1,65
97,67
vs
85,26
ns ns ns
Regressão
Linear ns ns ns ns ns
Quadrático ns ns ns ns ns
Controle positivo: dieta com o antibiótico enramicina;
Controle negativo: dieta sem antibiótico;
VP: vinagre pirolenhoso;
EPM = erro padrão da média.
ns = não significativo.
Gavioli (2012) pesquisando o efeito de antibióticos, prebióticos e probióticos e Noleto
(2014) estudando o efeito de antibiótico avilamicina, óleo de copaíba e óleo de sucupira, não
observaram efeito dos melhoradores de desempenho em relação ao comprimento do intestino.
O peso do intestino, nas análises de contrastes ortogonais CP vs CN e CN vs VP
apresentou diferenças (P<0,05). Os animais submetidos a dieta controle negativo apresentaram
maior peso intestinal que os submetidos controle positivo e vinagre pirolenhoso. Segundo Lin
58
& Visek (1991) a destruição da microbiota intestinal benéfica por antimicrobianos leva a
redução da fermentação microbiana, e consequentemente, a redução da produção dos ácidos
graxos de cadeia curta, a fonte energética para o desenvolvimento e multiplicação dos
enterócitos, células responsáveis pela absorção e digestão final, como consequência ha
possibilidade de redução do peso do intestino. Costa et al. (2007) afirmam que a redução da
replicação das células do epitélio intestinal, desencadeia a redução do peso intestinal. Os
resultados desta pesquisa sugerem que o vinagre pirolenhoso e o antimicrobiano destruíram a
microbiota intestinal, o que reduziu a replicação das células do epitélio intestinal, como
consequências reduziram o peso do intestino.
No que se refere ao peso da moela não se observou efeito do vinagre pirolenhoso
(P>0,05) nas duas análises, contrastes ortogonais e regressão polinomial. Estes resultados
corroboram com os do Tinório (2015) que investigou o efeito do extrato de algas na nutrição de
frangos de corte, e os resultados do Loddi et al (2000) que pesquisaram o efeito de
antibióticos e probióticos no desempenho de frangos de corte que também não se observaram
efeito dos melhoradores de desempenho sobre o peso da moela.
O peso do fígado não apresentou efeito do vinagre pirolenhoso (P>0,05) nas duas
análises. Sung et al (2006) não observaram diferenças no peso dos fígados em estudo
envolvendo frangos de corte de linhagem Ross com o vinagre pirolenhoso utilizado nos níveis
de de 1 e 2%. Loddi et al (2000) investigando efeito de antibiótico e probiótico no desempenho
de frangos de corte, não observaram diferenças no peso de fígado. Entretanto Zhu (2013)
trabalhando com frangos de corte de linhagem avian, infectados com aflatoxinas, com níveis
de 0,5; 1,0 e 2,0% do vinagre pirolenhoso, observou acúmulo elevado de proteínas albumina
e globulinas no tecido hepático, o que se deveu aos efeitos da infecção da aflatoxina, porém o
peso de fígado não sofreu mudanças significativas.
O peso do coração não sofreu efeito (P>0,05) do vinagre pirolenhoso. Loddi et al (2000)
estudando o efeito de antibiótico e prebiótico no desempenho de frango não verificaram
59
diferença no peso do coração. Abdel-Fattah et al (2008) investigando efeito de ácido acético e
do ácido cítrico nos frangos de corte não observaram efeito no peso de coração. Estes
resultados sugerem que os antibióticos e ácidos orgânicos não tem efeito sobre o peso do
coração dos frangos de corte.
Dados histológicos de altura e profundidade do duodeno
Na análise de contrastes ortogonais em relação à altura do duodeno, de frangos abatidos
aos 42 dias, houve diferença somente no contraste controle negativo vs vinagre pirolenhoso,
sendo a maior altura observada nos animais submetidos ao vinagre pirolenhoso, sendo maior
280,2 µm comparado a altura do duodeno de frangos alimentados com dieta controle negativo.
A altura de vilo do duodeno ter sidoafetada pelo vinagre pirolenhoso, esse resultado pode
explicar melhor conversão alimentar de 1 a 42 dias de aves recebendo vinagre pirolenhoso em
comparação aos frangos recebendo ração com antibiótico (1,73 vs 1,70) pois quanto maior o
tamanho do vilo maior sera a capacidade de digestão e absorção de nutrientes em função da
maior área de contato enzimático no nível de mucosa e lúmen intestinal.
Em relação à profundidade da cripta, foi observado maior profundidade nos animais
submetidos ao controle positivo em relação aos submetidos ao controle negativo e ao vinagre
pirolenhoso, nos 21 dias de idade. Ramos et al (2011) avaliaram o efeito dos antibióticos
colistina e bacitracina nas características histomorfométricas dos três segmentos do intestino
delgados frangos de corte aos 21 dias de idade, de linhagem Ross, não observaram efeito entre
as variáveis analisadas. Os autores justificaram que os resultados observados tinham relação
com a ausência do desafio microbiano que os animais foram submetidos, mesmas condições em
que o nosso experimento decorreu, o que sugere que a similaridade dos resultados corrobora
este fato.
60
Tabela 9. Dados histológicos de altura e profundidade do duodeno
Dieta Altura (µm) Profundidade de cripta (µm)
21 dias 42 dias 21 dias 42 dias
Controle positivo 400,04 1716,54 97,34 261,45
Controle negativo 449,08 1517,75 79,49 285,84
0,5 476,32 1994,85 66,53 283,37
1,0 488,80 1954,18 81,61 270,51
1,5 423,95 1689,12 70,97 252,65
2,0 464,60 1768,12 81,13 275,96
2,5 388,96 1583,09 78,38 277,21
EPM 59,09 199,01 12,93 52,58
CV (%) 13,38 11,39 16,30 19,30
Valor de P 0,039 0,001 0,001 0,929
Contraste
CP vs CN ns ns
97,34 vs 79,49
ns
CP vs VP ns
97,34 vs 75,72
ns
CN vs VP ns
1517,7 vs 1797,9
ns ns
Regressão
Linear ns 0,001 ns ns
Quadrático ns ns ns ns
Controle positivo: dieta com o antibiótico enramicina;
Controle negativo: dieta sem antibiótico;
VP: vinagre pirolenhoso; EPM = erro padrão da média.
ns = não significativo.
Através da análise de regressão polinomial foi observado efeito linear decrescente na
variável altura da vilosidade duodenal dos animais abatidos aos 21 dias de idade, como ilustra a
Figura 6. Avaliando dentro dos níveis do vinagre pirolenhoso verificou-se redução na altura da
vilosidade duodenal à medida que a sua concentração foi aumentada na ração, reduzindo altura
da vilosidade ocorre redução da capacidade de absorção e digestão final da digesta
(NABUURS, 1995; REZENDE et al., 2004). Entretando quando se considera resultado dos
contrastes onde o vinagre pirolenhoso aumentou a altura duodenal quando comparado a dietas
controle negativo, o vinagre pode ser utilizado até um nível sem causar prejuízos na digestão e
absorção dos nutrientes.
61
2200
2000
1800
1600
1400
1200
1000 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5
vinagre pirolenhoso
Figura 6- altura da vilosidade duodenal aos 21 dias de idade em função do vinagre pirolenhoso
Dados histológicos de altura da vilosidade e profundidade do jejuno
Os dados histológicos referentes ao jejuno estão apresentados na Tabela 10, na análise de
contraste ortogonal, apenas houve diferença significativa entre dietas CP vs VP, onde o VP
apresentou maior altura da vilosidade do jejuno em 154,1 µm em relação ao CP.
Em relação a análise de regressão polinomial, não houve efeito sobre a altura e
profundidade da cripta nos animais abatidos aos 21 dias de idade.
Gutiérrez et al. (2000) verificaram que suplementação de antibióticos na dieta de coelhos
elevou a altura das vilosidades e da profundidade de cripta de jejuno, fato que se deve a ação do
antibiótico sobre a microbiota intestinal patogênica. No presente trabalho, devido a ausência do
desafio microbiano não foi observado esse efeito. Resultados similares aos observados no
experimento foram obtidos por Salazar et al (2008) em condições experimentais similares,
trabalhando com antibióticos.
y = 2100,7 - 2 1,92x R² = 0,83
Alt
ura
do d
uoden
o
62
Tabela 10. Dados histológicos de altura e profundidade do jejuno
Dieta Altura Profundidade de cripta (µm)
21 dias 42 dias 21 dias 42 dias
Controle positivo 1048,69 1483,60 159,63 235,96
Controle negativo 1102,76 1607,58 172,37 242,69
0,5 1092,51 1528,44 123,01 241,80
1,0 1276,10 1799,10 185,50 218,87
1,5 1144,96 1521,65 151,15 190,58
2,0 1320,52 1502,23 170,82 276,56
2,5 1180,10 1478,88 144,21 241,37
CV (%) 10,41 13,52 23,38 21,66
EPM 121,46 210,98 36,97 50,99
Valor de P 0,003 0,140 0,109 0,182
Contraste
CP vs CN ns ns ns ns
CP vs VP 1048,7 vs 1202,8
ns
ns ns
CN vs VP ns ns ns ns
Regressão
Linear ns ns ns ns ns
Quadrático ns ns ns ns ns
Controle positivo: dieta com o antibiótico enramicina;
Controle negativo: dieta sem antibiótico;
VP: vinagre pirolenhoso; EPM = erro padrão da média.
Dados histológicos de altura da vilosidade e profundidade do íleo
A informação alusiva a dados morfométricos do íleo estão apresentados na Tabela 11,
em relação a altura das vilosidades nos animais abatidos aos 21 dias, através da análise de
contrastes ortogonais, destacaram-se as vilosidades dos animais submetidos ao CN,
apresentaram a maior altura, 1071,3 µm, comparados aos frangos submetidos ao VP que
apresentaram a altura de 1013,2 µm. Os animais que foram submetidos ao CP apresentaram
baixa altura de vilosidades, sendo 813,9 µm. Estes dados sugerem que o uso de
antimicrobianos reduzem a altura das vilosidades do íleo de aves de 1 a 21 dias. A competição
entre bactérias e hospedeiros podem levar a formação de metabólitos depressores do
crescimento no intestino que podem ter efeitos negativos sobre a mucosa do intestino delgado
63
além de outras estruturas como camada muscular e deformação das vilosidades (PLUSKE et
al., 1997).
Já para os frangos abatidos aos 42 dias de idade, através da análise de contrastes
ortogonais houve diferença significativa onde o vinagre pirolenhoso proporcinou maior altura
da vilosidade, 1315,9 µm, com 140,2 µm mais elevada que a altura média das vilosidades dos
animais submetidos ao CN.
Em relação á profundidade da cripta observou-se efeito dos contrastes entre CP vs CN
nos animais abatidos aos 21 dias de idade, onde frangos alimentados com ração controle
negativo apresentaram maior valor de profundidade de cripta do íleo. Resultados
histomorfométricos similares foram obtidos por Gulsen et al. (2002), Michelan et al. (2002)
e Salazar et al. (2008) usando antibióticos promotores de crescimento em ambiente de
ausência de desafio sanitário.
Nolato (2014) pesquisando o efeito de antibiótico avilamicina em frangos de corte
abatidos aos 40 dias de idade não observou efeitos desses melhoradores de desempenho sobre a
altura das vilosidades e profundidade da cripta nos três segmentos intestinais. O autor afirma
que isso se deve a biosseguridade elevada e ambiente livre de patógenos, já que os
potencializadores de desempenho tem uma ação expressiva pronunciada em condições de
adversidade sanitárias, uma vez que são usadas para preservar a integridade intestinal em tais
condições, através de eliminação de enteroparasitas. Nosso experimento foi conduzido em
instalações e parte dos equipamentos utilizados eram novos, propriciando condições
prováveis de ausência de patógenos, o que sugere que a similaridade dos resultados obtidos,
com os citados na literatura, dos experimentos conduzidos em tais condições.
64
Tabela 11. Dados histológico de altura da vilosidade e profundidade da cripta do íleo
Dieta Altura (µm) Profundidade de cripta (µm)
21 dias 42 dias 21 dias 42 dias
Controle positivo 813,89 1300,55 110,14 204,87
Controle negativo 1071,26 1175,67 153,80 171,40
0,5 1015,27 1211,16 121,61 168,75
1,0 1138,53 1295,57 146,89 154,05
1,5 911,62 1328,75 126,78 184,60
2,0 987,11 1343,93 131,66 208,63
2,5 1013,38 1400,37 120,52 148,26
EPM 60,87 127,82 30,27 42,09
CV (%) 6,13 9,88 23,25 23,75
Valor de P 0,001 0,066 0,191 0,117
Contraste
CP vs CN 813,9 vs 1071,3
ns 110,1 vs 153,8
ns
CP vs VP 813,9 vs 1013,2
ns ns
ns
CN vs VP 1071,3 vs 1013,2
1175,7 vs 1315,9
ns
ns
Regressão ns
Linear ns 0,016 ns ns
Quadrático ns ns ns ns
Controle positivo: dieta com o antibiótico enramicina;
Controle negativo: dieta sem antibiótico;
VP: vinagre pirolenhoso; EPM = erro padrão da média.
Nos animais abatidos aos 42 dias de idade foi observado efeito linear crescente do
vinagre pirolenhoso sobre a altura das vilosidades do íleo, expressa pela equação y = 1187,9 +
85,356x R² = 0,94 (Figura 7). Ruttanavut et al (2009) pesquisando o efeito do vinagre
pirolenhoso extraído do bambu contendo pó de carvão de bambu dissolvido em níveis de 0,1 e
1,0% e Yamauchi et al (2010) que trabalhando com vinagre pirolenhoso extraído do bambu
contendo pó de carvão de bambu dissolvido em níveis de 0,5; 1,0 e 1,5% observaram
aumento somente da altura da vilosidade duodenal. O fato de não ter submetido os animais ao
desafio microbiano, provavelmente explique a diferença dos resultados obtidos no presente
experimento. Quando o animal está exposto ao desafio sanitário, o íleo é o segmento intestinal
mais atacado por enteropasitas, pois é o mais habitado por eles (REZENDE et al., 2004). Daí
as suas vilosidades em tais condições não apresentar altura elevada, diferentemente do
65
duodeno.
Figura 7- altura da vilosidade ileal aos 42 dias de idade em função do vinagre pirolenhoso
Aos 42 dias de idade houve maior consumo de ração, melhor convesão alimentar e maior
rendimento de carcaça de frangos recebendo vinagre pirolenhoso, através dos resultados dos
segmentos intestinais pode ser explicado as respostas de desempenho pois estes influenciam na
absorção dos nutriestes da ração. Segundo a análise de contrastes, houve maior altura de
duodeno e íleo de frangos abatidos aos 42 dias de idade que receberam ração contendo o
vinagre pirolenhoso comparados aos que não receberam nem vinagre pirolenhoso nem
antimicrobiano
Avaliação qualitativa do tecido hepático
y = 1187,9 + 85,356x R² = 0,94
1200
1250
1300
1350
1400
1450
0,5 1 1,5 2 2,5
Alt
ura
do
íleo
(µ
m)
Vinagre Pirolenhoso (%)
66
De acordo com observações microscópicas do tecido hepático a presença de vesículas
contendo lipídeos vacuolares é aleatória (Tabela 12), portanto, não será associada ao
vinagre pirolenhoso de eucalipto
Tabela 12. Características dos fígados das aves abatidas aos 21 e 42 dias de idade
Tratamentos Vesículas de lipídeos aos 21 dias Vesículas de lipídeos aos 42 dias
RA + +
0% LP - +
0.5% LP - +
1.0% LP - +
1.5% LP + +
2.0% LP - -
2.5% LP - +
+ presença de vesícula lipídica
- ausência de vesícula lipídica
A ocorrência de vesículas lipídicas deve-se as características funcionais do tecido
hepático, pois uma das funções do fígado é armazenar glicose sob forma de glicogênio na
fase adulta do animal, que é metabolizado em lipídeos como estratégia de
armazenamento de energia na forma reduzida (MAIORKA & MACARI, 2002). Portanto,
na fase adulta, a ocorrência de lipídeos no tecido hepático é coerente com a função do
fígado (metabolismo de lipídeos) e o tipo de alimentação que os animais receberam.
67
CONCLUSÃO
O vinagre pirolenhoso promove melhor conversão alimentar de frangos de corte de 1
a 42 dias de idade;
O nível de 1,9% de vinagre pirolenhoso melhora o rendimento de carcaça de frangos
aos 42 dias de idade;
O vinagre pirolenhoso aumenta a altura de vilosidades de duodeno e íleo de frangos
aos 42 dias de idade.
68
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