vieira, p. a. caracterização das unidades geomorfológicas
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Universidade Federal de Goiás
Instituto de Estudos Sócio-ambientais Programa de pesquisa e Pós-Graduação em Geografia
Mestrado em Geografia
Caracterização das Unidades
Geomorfológicas Geoambientais da
Planície do Bananal
Pedro Alves Vieira Orientador: Drº. Edgardo Manuel Latrubesse
Goiânia, 2002
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
(GPT/BC/UFG)
Vieira, Pedro Alves
V657c Caracterização das unidades geomorfológicas Geoambientais da Planície do Bananal / Pedro Alves Vieira. - Goiânia, 2003. 148 f. : il. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Goiás, Instituto de Estudos Sócio-Ambientais, 2003. Referências : f. 136-140 Inclui lista de figuras e de tabelas Anexos
1. Geomorfologia – Planície do Bananal 2. Fi- siografia 3. Pesquisa geomorfológica – Planície do Bananal 4. Geologia I. Universidade Federal de Goiás. Instituto de Estudos Sócio-ambientais II. Título. CDU: 551.4.032
Pedro Alves Vieira
Caracterização das Unidades Geomorfológicas
Geoambientais da Planície do Bananal
Dissertação de Mestrado apresentada
ao Programa de Pesquisa e Pós
Graduação em Geografia da
Universidade Federal de Goiás, para
a obtenção do título de mestre em
Geografia.
Área de concentração: Ambiente e
Apropriação do Espaço no Cerrado.
LINHA DE PESQUISA: Estudos
Geoambientais
Orientador: Drº. Edgardo Manuel Latrubesse
Goiânia, 2002
Aos meus pais Aluízio e Maria (in memoriam), pelo carinho e dedicação.
AGRADECIMENTOS
Ao IESA – Instituto de Estudos Sócio-Ambientais, pela possibilidade do
desenvolvimento deste trabalho.
As professoras Dra Luciana M. Lopes e Selma Simões de Castro,
participantes da banca de qualificação desta dissertação pelos importantes
comentários e valiosas sugestões, que tornaram esse momento muito
gratificante.
Ao professor Dr. Hurtado e Mirta Cabral, pela sua simplicidade e
entusiasmo com a pesquisa e por seus ensinamentos no trabalho de campo.
Ao Laboratório de Geologia e Geografia Física, na pessoa de seu
coordenador Edgardo M. Latrubesse, pela utilização das instalações do
laboratório para a elaboração desta dissertação.
Ao Laboratório de Geoprocessamento do IESA, em especial aos Professores
Laerte, Ivanilton, Vanilda, e Ana Maria pelas valiosas contribuições na
utilização dos softwares para confecção mapas produzidos neste trabalho.
Aos colegas do Laboratório de Geologia e Geografia Física.
Aos inesquecíveis colegas de turma do mestrado: Solange, Jaqueline,
Roberto, Paula, Ary, Sandro, Pedro, Ronaldo e Luís (in memorian).
As amigas Kênia e Cinttia pela colaboração na formatação da dissertação.
E, principalmente:
Ao professor Dr. Edgardo Manuel Latrubesse, pela orientação segura e
eficiente e pelo apoio em todos os momentos.
Aos meus irmãos, que mesmo distante me acompanharam e me deram força
nessa jornada.
Aos meus sobrinhos Frank e Keila pelo carinho e hospedagem.
A Bizú (minha outra metade) pelo seu apoio e entusiasmo em cada etapa
que foi sendo conquistada na minha vida acadêmica.
A UEG, unidade de Itapuranga e Goiás, pela compreensão quando de
minhas ausências neste período.
Em especial ao amigo de infância Sebastião Edson e sua esposa Iolanda,
pelo carinho entusiasmo.
Ao companheiro e amigo Maximiliano Bayer, pela afinidade e entrosamento
que conseguimos em todo trabalho de campo.
SUMÁRIO Pag´s Índice de Ilustrações 08 Lista de Gráficos 08Lista Figuras 09Lista de Tabelas 10 RESUMO 12 ABSTRACT 14 INTRODUÇÃO 15 Capítulo 1 - Procedimentos Metodológicos, Técnicas E Materiais 20 Capitulo 2 – Pressupostos Teóricos e Metodológicos 31
2.1 – Sistema Geomorfológico 322.2 – Unidades Geomorfológicas e Subunidades Geoambientais 34
Capítulo 3 - Bases Físicas Regionais 36
3.1 - localização e aspectos geográficos da área de estudo 373.2 – Solos 453.3 – Vegetação 473.4 - Uso / Ocupação 47
Capítulo 4 - Geologia Regional 48
4.1. Resultados Geológicos Da Área De Estudo 534.1.1.Gnaisse Com Espesso Saprólito 534.1.2. Quartzitos 534.1.3.Conglomerado E Coluvios Laterizados 564.1.4. Formação Araguaia 584.1.5. Formação Araguaia/ Terraço Fluvial 614.1.6 – Holoceno Aluvionar 624.1.7 – Tectônica 62
Capítulo 5 – Unidades Geomorfológicas e Subunidades Ambientais 68 5.1 - Evolução Dos Trabalhos Geomorfológicos Da Área De Pesquisa 695.2 - Unidades Geomorfológicas 76
5.2.1 - Unidade De Aplanamento Regional 775.2.1.1 - Subunidade Geoambiental Com Lagos Maiores Assentados Sobre Sedimentos Laterizados E Savana Arbóreas Densa Ou Cerradão
79
Pág´s
5.2.1.2 - Subunidade Geoambiental Com Lagos Pequenos E Geometria Arredondada Assentados Sobre Rochas Do Cristalino E Dos Sedimentos Da Formação Araguaia Com Vegetação Do Cerrado
88
5.2.1.3 - Subunidade Geoambiental De Altos Estruturais Com Forma Aguçada Sustentada Por Quartzito
91
5.2.2. Unidade Geomorfológica Planície Agradacional Ligeiramente Dissecada 935.2.2.1 – Subunidade Geoambiental Áreas de Escoamento Impedido com Campos De Murundus
94
5.2.2.1.1 - Descrição Morfológica De Um Perfil De Solo Exemplo Para Essa Unidade
96
5.2.2.2 – Subunidade Geoambiental De Planície Com Paleocanais E Áreas Inundáveis
105
5.2.2.3 -Subunidade Geoambiental De Planície Fluvial Com Vegetação De Galeria
112
5.2.3 - Unidade Geomorfológica Planície Aluvial Dos Rios Araguaia E Do Peixe 113 Capítulo 6 - Discussão Dos Dados 115
6.1- Reposicionamento Espacial De Unidades Geológicas 1166.2- Modelo Da Gênese Dos Lagos Da Unidade De Aplanamento Regional 1186.3 - Dinâmica Hidrogeomorfológica Da Planície Do Bananal 1216.4 - Planície Aluvial Do Rio Araguaia e do Peixe 124
Capítulo 7 - Considerações Finais 127
Bibliografia 135
Anexos 141 Anexo 01 – Ficha de Campo 142
Apêndice 143 Apêndice 1 – Mapa Geomorfológico 144Apêndice 2 – Perfil Geológico da Planície do Bananal 145Apêndice 3 – Dinâmica Piezométrica da Planície do Bananal 146Apêndice 4 – Localização dos Pontos de Coletas e Análises 147Apêndice 5 – Perfil Geológico Ponte Itacaíu – GO/MT 148
Índice de Ilustrações Lista de Gráficos Pág´s Gráfico 01 Distribuição anual da pluviosidade 41
Gráfico 02 Balanço Hídrico da Região de Luís Alves - GO 45
Lista de Figuras
Pág´s Figura 1 Equipamentos utilizados no trabalho de campo e laboratório 26
Figura 2 Mapa de localização 38
Figura 3 Planície do Bananal na área de estudo 40
Figura 4 Coluna estratigráfica regional (Planície do Bananal) 51
Figura 5 Coluna estratigráfica local da Planície do Bananal 52
Figura 6 Unidades geológicas da área de estudo 54
Figura 7 Quartzitos da unidade de aplanamento regional 55
Figura 8 Conglomerados da unidade de aplanamento regional em destaque direções de paleocorrentes. 57
Figura 9 Sedimento grosseiro da formação Araguaia encontrados na margem do rio Araguaia – Barreira de São Domingos 59
Figura 10 Sedimento grosseiro da Formação Araguaia, margem da calha do Rio Araguaia – Barreira de São Domingo. 60
Figura 11 Unidades da Planície Aluvial do Rio Araguaia 63
Figura 12 Roseta de fratura 65
Figura 13 Mapa Geoplógico 66
Figura 14 Paralelismo dos Rios Corixinho, Corixão e Cristalino demonstrando nítido controle tectônico. 67
Figura 15 Morfométria da Lagoa da Baia 84
Figura 16 Classes Granulométricas do Testemunho da Lagoa da Baia –Unidade de Aplanamento Regional 85
Figura 17 Morfométria da Lagoa do Brejo 86
Figura 18 Classes Granulométricas da Unidade Geomorfológica de Aplanamento Regional 87
Figura 19 Formação Araguaia 92Figura 20 A Fotos dos Campos de Murundus 97
Figura 20 B e 20 C
Classes Granulométricas do Sedimentos da Formação Araguaia 98 e 99
Figura 21 Croqui do Perfil Exemplo – RADAMBRASIL, 1983 100
Figura 22 Áreas Inundáveis da Planície do Bananal 106
Figura 23 Morfométria de Vertente 111
Figura 24 Evolução dos Lagos Tipo 01 120
Figura 25 Evolução dos Lagos Tipo 02 121
Lista de Tabelas
Pág´s Tabela 01 Síntese das Unidades Geomorfológicas 77
Tabela 02 Subunidade Geoambiental Com Lagos Maiores Assentados Sobre Rochas Lateríticas/ Cristalino – Lagoa da Bahia/ Margem Norte.
80
Tabela 03 Subunidade Geoambiental com Lagos Maiores Assentados sobre Rochas - Lagoa da Bahia/ Margem Sul. 80
Tabela 04 Subunidade Geoambiental Com Lagos Maiores Assentados Sobre Rochas Lateríticas/ Cristalino – Lagoa da Bahia/ Centro da Lagoa.
81
Tabela 05 Subunidade Geoambiental Com Lagos Maiores Assentados Sobre Rochas Lateríticas/ Cristalino – Lagoa do Brejo. 81
Tabela 06 Subunidade Geoambiental Com Lagos Maiores Assentados Sobre Lateríticas e Savanas Arbóreas Densa ou Cerradão. 82
Tabela 07 Unidade Geoambiental de Lagos Pequenos e Geometria Arredondada – Poço nº 01 – Cocalinho – MT. / Hotel Araguaia.
89
Tabela 08 Característica do Perfil Exemplo – RADAMBRASIL, 1983 101
Tabela 09 Descrição morfológica do perfil de solo – Campus de Murunduns. 101
Tabela 10 Poder Hidrogeniônico: (pH) do solo. 102
Tabela 11 Coberturas vegetais de campos de murundus, segundo a classificação de Dambros (1983). 103
Tabela 12 Unidade Geoambiental de Escoamento Impedido com Campos de Murundus – Poço nº 06- Faz. Talismã (Próximo ao Rio Corixão).
103
Tabela 13 Unidade Geoambiental de Planície Fluvial com vegetação de galeria - Ponto do Rio Corixão – Faz. Talismã. 104
Tabela 14 Unidade Geoambiental de Planície Fluvial com vegetação de galeria - Ponto do Rio Corixão – Ponte que liga Cocalinho a Serra do Calcário.
104
Tabela 15 Unidade Geoambiental de Planície Fluvial com vegetação de galeria - Sistema hidrológico de subsuperfície / hidrologia do freático – Poço nº 07- Faz. Santa Silva
104
Tabela 16 Aplanamento Regional. 123
Tabela 17 Planície Agradacional Ligeiramente Dissecada 123
Resumo
O objeto de nosso estudo a Planície do Bananal, encontra-se posicionada
entre o rio Javaés ou Braço Menor do Araguaia (a leste) e o rio das Mortes
(a oeste). Prolonga-se para norte, adentrando a Folha SC.22 Tocantins. Para
o sul, perde sua continuidade, fragmentando-se em áreas menores, onde a
mais expressiva é a que envolve o rio Corixão.Esta planície representa
aproximadamente 12% do total da superfície da bacia do rio Araguaia.
Ocupando uma superfície de mais de 90.000 Km2, esta importante unidade
geológica/geomorfológica compreende áreas de deposição fluvial
holocenica e áreas de acumulação pleistocenica, a qual encontra-se
intimamente ligada aos processos de inundação. É definida como uma das
maiores áreas de sedimentação fluvial do continente, semelhante ao
Pantanal de Mato Grosso do Sul, Pantanal de Guaporé, os Lhanos do
Orinoco e do Beni, assim como algumas partes do Chaco. Esta planície
também apresenta uma das mais importantes áreas sujeitas a inundações
sazonais, e das mais desconhecidas do ponto de vista de sua dinâmica
hídrica e evolução geomorfólogica.
Com fim de elaborar um mapa geomorfológico da área em estudo, aplicou-
se basicamente a metodologia de mapeamento geomorfológico de
Latrubesse et al (1998) e Latrubesse (1999), a qual surgiu de adaptações ao
sistema de classificação e mapeamento geomorfológico proposto para
planícies deposicionais por Iriondo (1986). Os atributos relacionados como
variáveis de estado (por exemplo, áreas sujeitas a inundações) e controle
sobre as relações das unidades geomorfológicas com as unidades
vegetacionais da região, adaptou-se um sistema de unidiades terreno ao
estilo dos Land System do ITC (1991), os quais, nesta dissertação, foram
chamados de Unidades Geoambientais. As unidades geoambientais
definidas desta forma estão organizadas num sistema de classificação
hierárquico dependente da unidade geomorfológica identificada.
Apresentamos como produto final deste trabalho o mapeamento na escala
de 1:100.000 de três unidades geomorfológicas e seis subunidades
geoambientais para a Planície do Bananal.
Abstract
Object of our study, the Bananal Plain lies between the Javaés River and a
minor branch of the Rio Araguaia River (east) and Rio das Mortes (west).
It goes to the north, coming into the Radambrasil SD 22. On the south, The
Bananal plain loses its continuity, breaking up in small areas, where the
most expressive is that than involves the Rio Corixão. This plain represents
about 12% of the total drainage area of the Araguaia River Basin.
Occupying an area of more than 90.000 km2, this important
geologic/geomorphologic unit includes areas of holocenic river deposition
and areas of Pleistocene accumulation. The Bananal plain is defined as one
of the biggest areas of river sedimentation of the continent. This plain also
represents one of the most important areas that suffer seasonal floods and
one of the most unknown under the point of view of its hydrological and
geomorphologic evolution.
With the aim of to elaborate a geomorphologic map of the area under study,
we used basically the methodology of geomorphologic mapping of
Latrubesse et al (1998) and Latrubesse (1999). This methodology resulted
from adaptations of the geomorphologic classification and mapping system
proposed for depositional plains by Iriondo (1986). The attributes listed as
state variables (for instance, area subject to flood) and control over the
relationships of the geomorphologic units with the vegetation units of the
region, we adapted a system of units of land in the way of Land System
from ITC (1991). In this dissertation, they were called of
Geoenvironmental Units. The geonvironmental units are organized in a
hierarchical classification system dependent on a identified
geomorphologic unit.
Sedimentological profiles, boreholes by mechanic auger and vibracore were
obtained for several units. Physicochemical parameters and the seasonal
oscillations of the surficial water and water table were measured.
15
Introdução
16
A planície do Bananal foi escolhida para ser objeto de nosso
trabalho por dois motivos importantes: primeiro por se tratar de uma área
que apresenta uma dinâmica de inundação sazonal e, segundo, pela sua
história tectônica e sedimentar recente. Haja vista, também, que ela é quase
que totalmente desconhecida do ponto de vista de sua dinâmica
hidrogeomorfológica. Além disso, possui um sistema hidrológico que
mantêm uma grande biodiversidade e dá suporte a um dos mais importantes
corredores ecológicos do país, que conectam dois importantes biomas: o
cerrado e o amazônico.
É uma das áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade
do cerrado e tem sido alvo de amplas discussões políticas, sociais e
científicas na Região Centro-Oeste. Essas discussões têm como ponto
central os projetos governamentais, que pretendem incentivar planos de
gestão sobre desenvolvimento regional, desenvolvimento sustentável e
expansão do ecoturismo, sem levar em consideração toda sua complexidade
e importância para um meio ambiente equilibrado.
Estudos sobre a planície do Bananal, abordando diferentes focos
de análises, estão sendo desenvolvidos por pesquisadores da geologia,
pedologia, biologia, geografia, dentre outros, com a finalidade de subsidiar
a tomada de decisões e implementação de planos de gestão na região, o que
fornece informações quanto ao tipo de manejo que pode ser feito neste
sistema natural, tais como: viabilidade de implantação da hidrovia no
principal sistema fluvial que drena essa planície, represas; sistema de
irrigação, ecologia e biodiversidade em ambientes aquáticos fluviais e
lacustres, etc.
O estudo proposto nesta dissertação, que tem como título
“Caracterização das Unidades Geomorfológicas/Geoambientais para a
Planície do Bananal”, está inserido nas pesquisas que citamos
anteriormente e enquadrado no Projeto “Morfodinâmica atual e evolução
quaternária da planície aluvial do rio Araguaia: suas implicações
ambientais”, financiados pelo Programa CNPq Centro-Oeste n.º 520812/99-
9, sob a coordenação do Prof.º Drº. Edgardo Latrubesse.
17
Tendo em vista a carência de informações sobre pesquisas
científicas sobre a planície do Bananal no que refere, principalmente, à
dinâmica hidrogeomorfológica e sua evolução sedimentar, acreditamos que
este seja um projeto de aplicabilidade imediata e que aportará fundamentos
técnico-científicos na tomada de decisões dos futuros projetos de gestão
dos recursos naturais dessa planície, a qual é estratégica para a região
Centro-oeste.
Estudos sobre o comportamento hidrogeomorfológico são
fundamentais para o planejamento e desenvolvimento dos recursos naturais,
especialmente, para um sistema naturalmente frágil, como a Planície do
Bananal, por apresentar sedimentação recente e periodicamente inundável.
Nesta dissertação, propõe-se o estudo da dinâmica
hidrogeomorfológico da planície do Bananal em um trecho que vai do
município de Barra do Garças (MT) a Luiz Alves (GO). Para alcançar este
objetivo, foram determinados os parâmetros físico-químicos de águas,
identificadas o funcionamento da dinâmica piezométrica da planície, o
comportamento do sistema fluvial e dos corpos lacustres, identificadas as
li tologias que compõem as unidades geomorfológicas e geoambientais, bem
como determinadas às inter-relações entre as variáveis geomorfológicas de
estado e de transformação que participam na construção dessa paisagem
natural.
Para que pudessemos executar com eficácia a nossa pesquisa,
elegemos um recorte da planície do Bananal, o qual é representada por uma
linha longitudinal de 200 Km, distância que une a cidade de Aruanã e Luiz
Alves ao longo do sistema fluvial mais importante da área, o rio Araguaia,
e uma faixa de 80 Km de largura ao longo do mesmo, sendo 60 Km pela
margem esquerda (estado de Mato Grosso) e 20 Km pela margem direita
(estado de Goiás), perfazendo uma área de 16.000 Km², dentre um total de
90.000 Km² de planície do Bananal conforme dados de Latrubesse et al
(1999).
A escolha desse recorte da planície justifica-se, em nossa
pesquisa, pela sua representatividade e importância; as quais foram
18
definidas após interpretação de imagens de satélite Landsat 5 com sistema
de sensor Thematic Mapper (TM), banda pancromática de 15 metros de
resolução espacial de composição RGB/543, em escala de 1/250.000,
ampliada a 1/100.000 e campanhas de campo, conjugando a isto a
possibilidade da representação cartográfica dos objetivos. A essa escolha
somou-se também a viabilidade do acesso ao campo.
A área de recorte posiciona-se entre os paralelos de 13°S e 15ºS e
os meridianos 50º 30’ W e 51º 30’ w. O município da cidade de Cocalinho
– MT fica eqüidistante de Aruanã e Luiz Alves, e é considerada área
representativa da planície do Bananal e do recorte aqui adotado para a
pesquisa, o que já foi feito por outros autores, entre eles Latrubesse et al
(1999). Isso nos permite, a partir deste centro urbano pela rodovia MT-
326, executar uma seção E – W (perfil no campo que nos permitirá a coleta
de dados referente aos atributos hidrológicos, li tológicos, tectônicos,
ambientais etc.) ao longo das principais unidades geomorfológicas e
subunidades geoambientais da planície.
Os objetivos no trabalho serão os seguintes: Analisar e
individualizar as fácies sedimentares da planície do Bananal; Avaliar a
dinâmica hidrogeomorfólogica atual; Elaborar o mapa de unidades
geomorfológicas e suas respectivas subunidades geoambientais que
representam a atual morfodinâmica de degradação/agradação e a dinâmica
hidrológica.
Os objetivos abordados no trabalho foram contemplados nos
capítulos que foram estruturados em seis seguidos das considerações finais.
No primeiro capítulo, Procedimentos Metodológicos, Técnicas e
Materiais discutem o referencial teórico sobre os temas abordados na
pesquisa.
O Segundo Capítulo, Pressupostos Teóricos e Metodológicos
demonstrará e citará os fundamentos que corroboraram de maneira
adequada à área estudada.
19
No desenvolvimento do terceiro capítulo, Bases Físicas
Regionais, está contida todas as bases físicas regional, descrevendo o
clima, solos, vegetação e demais componentes da área de pesquisa.
O quarto capítulo descreve a Geologia Regional, fornecendo
subsídios aos dados tabulados em perfis e descrição de barranco, estes
coletados nas campanhas durante um intervalo de dois anos, estabelecendo
assim, condições de se obter resultados mais concretos da área ainda pouco
pesquisada.
O capítulo quinto, Unidades Geomorfológicas e Subunidades
Geoambientais estabelecem as unidades geomorfológicas, as subunidades
geoambientais, descrevendo as várias subdivisões que ainda não foram
pesquisadas por outros estudiosos tendo este à responsabilidade de dar
suporte a pesquisas vindouras, visto que, este estudo está em uma escala
dentro dos padrões em geral.
No sexto capítulo, Discussão dos Dados, discute-se os dados
obtidos na pesquisa, caracterizando a gênese dos lagos, as fácies litológicas
das unidades geomorfológicas dentre outros.
No sétimo capítulo, Considerações Finais, relata-se as
considerações que foram adequadas ao trabalho como também algumas
conclusões a respeito da cartografia temática (geologia, geomorfologia).
20
Capítulo 1- Procedimentos
Metodológicos, Técnicas e Materiais
21
Para alcançar os objetivos propostos para a presente pesquisa, foi
adotada uma seqüência operacional em etapas de trabalho, o uso das
técnicas e materiais correlatos pertinentes. Passamos agora, a descrever,
dentro de cada etapa, os procedimentos, as técnicas e os materiais
utilizados.
1ª ETAPA: ESCOLHA DA ÁREA DE PESQUISA
Os critérios adotados na escolha do município da cidade de
Cocalinho – MT como área chave da pesquisa se deve ao fato de que tal
município apresenta as principais unidades geomorfológicas identificadas
para toda nossa área de trabalho através da homogeneidade de formas, de
textura litológica, da hidrologia (fluvial e lacustre), da tectônica, da
dinâmica inundacional, quando submetida a uma análise de imagens de
satélite da série LANDSAT 5 com sistemas de sensores TM.
Esta representatividade dos 90.000 Km² de área da planície do
Bananal na região de Cocalinho, é somado à facilidade de acesso no campo
a todas as unidades geomorfológicas e subunidades geoambientais
identificadas neste projeto, haja vista que a rodovia MT – 326 corta
transversalmente todas as unidades no sentido E – W.
Nesta etapa também foi feita a revisão bibliográfica dos temas da
pesquisa e áreas afins.
2ª ETAPA: ELABORAÇÃO PRELIMINAR DA DOCUMENTAÇÃO
CARTOGRÁFICA
Inicialmente, realizamos o levantamento cartográfico básico;
fizemos recobrimento de toda área adquirindo as folhas SC-22, SD-22, de
acordo com a carta Internacional do mundo na escala 1:1. 000.000. E na
escala de 1:250. 000, folhas SC-22-X-A, SC-22-X-C, SC-22-Z-A, SC-22-Z-
C, SD-22-X-A, SD-22-X-C, SD-22-Y-B, e cartas a 1:100.000 executadas
pela DSG e IBGE.
22
Depois, fizemos a Interpretação de fotografias aéreas na escala de
1:60. 000 de 1967 para o recobrimento de uma faixa ao longo do canal
fluvial do rio Araguaia para a elaboração da carta base.
Aquisição de imagens geradas pelo satélite Landsat 5 TM, órbita
ponto: 233 – 70, de composição RGB/543 de julho de 1997 para representar
o período seco e março de 2000 para o úmido, que fez o recobrimento em
formato digital do recorte de área adotado, e que representasse um período
seco e um úmido.
De posse de toda esta documentação cartográfica, foi elaborado
um mapeamento preliminar, no qual obtivemos a primeira aproximação das
unidades geomorfológicas/subunidades geoambientais, segundo critérios de
interpretação da homogeneidade visual das formas do terreno.
3ª ETAPA: TRABALHOS DE CAMPO
Foram realizadas cinco campanhas com duração de 12 dias cada.
A primeira foi para reconhecimento da área e teste dos
equipamentos;
As demais foram para coleta de dados e validação dos produtos já
existentes.
Apresentamos, a seguir, os principais equipamentos utilizados nas
campanhas:
− Trado Mecânico E M B I
− Sonda Vibracore
− Multianalizador Horiba U S – 21
− Bússola com clinômetro
− Teodolito
23
− Fichas de campo para entrevista e descrição
morfosedimentar
− GPS
− Imagens de Satélite Landsat 7, TM, ano de 1997/2001 escala
1:250.000, ampliada a 1: 100.000.
4 ª ETAPA – EQUIPAMENTOS E PRODUTOS GERADOS
A)PERFIS SEDIMENTOLÓGICOS
Foram descritos vinte perfis sedimentológicos em barrancos de
rios e ao longo de estradas. As informações levantadas para cada perfil
foram incluídas numa ficha, nomeadas ficha de campo, a qual cumpre a
função de armazenar as informações sobre dados morfosedimentares como
textura, estrutura, córtex de alteração, paisagem da região. E também,
função de tal ficha é ordenar, pelo grau de importância, os parâmetros a
serem observados e coletados (Anexo 01). Foram coletadas, em campo,
sessenta amostras de caracterização sedimentar (textura, córtex de
alteração, estruturas, espessuras) das fácies litológicas que compõe as
unidades, resultantes da descrição de barrancos;
B) DESCRIÇÃO DE PERFIS EM POÇOS DE TRADAGEM
Como a área se caracteriza pela escassez de afloramentos, foi
necessário realizar uma série de perfurações para obter informação de sub-
superfície dos sedimentos das unidades da planície do Bananal. Para isso
foi utilizado um trado mecânico EMB1, disponível no LABOGEF e foram
realizadas quatro perfurações a trado mecânico gerando quatro perfis e
quarenta e oito amostras. As amostras foram descritas macroscopicamente
(granulometria, córtex de alteração). A través da utilização de um motor,
introduz-se no terreno uma broca coletora, a qual vai rosqueada a uma
haste conectante que se liga a outra. Tal broca é acoplada ao motor e é
rotacionada quando o motor entra em funcionamento, gerando, como
24
produto, amostras deformadas de sedimentos que são coletadas a cada
0,3m. Nos furos foi indicada a profundidade do nível freático.
C) SONDAGEM A VIBRACORE
Em ambientes saturados em água, como acontece em alguns
pontos da planície do bananal, a qual é parcialmente inundada
sazonalmente, é possível obter-se testemunhos indeformados de sedimentos
sub-superficiais utilizando uma sonda vibracore. A sonda consta de um
motor com um mangote que liga o motor a tubos de alumínio de 50 mm de
diâmetro e 06m de comprimento. O mangote transmite vibração ao tubo que
liquifica os sedimentos penetrando neles.
D) AMOSTRAGEM DE SEDIMENTOS
Foram coletadas em campo sessenta amostras de sedimentos
obtidas em perfis e perfurações por trado mecânico.
E) O MULTIANALISADOR HORIBA US – 21
Parâmetros físico-químicos de águas freáticas e superficiais
foram obtidos com a utilização de um multianalisador Horiba U-S 21 do
Laboratório de Limnologia do ICB. O multianalisador Horiba U-S 21 é um
equipamento de simples operacionalidade, com leituras imediatas de pH,
TSD – Total de Sólidos Dissolvidos, OXD – Oxigênio Dissolvido,
Temperatura em ºC, CDT – Condutividade.
No total, foram controlados sete poços e seis pontos em sistemas
fluviais da região, alguns deles durante diversas campanhas.
F) POSICIONAMENTO DE PERFIS E POÇOS POR G P S.
Dados de posicionamento em coordenadas geográficas de perfis,
poços de água, perfurações e pontos de controle de campo para o
mapeamento foram obtidos utilizando o Sistema de Posicionamento por
GPS – System Position Global - por satélite. Foram utilizados os GPS
Garmin 12 e Trimble.
25
G) LEVANTAMENTO DE VERTENTES, GEOFORMAS E DE DADOS
ESTRUTURAIS
Perfis morfométricos foram levantados em vertentes, lagos e
canais fluviais com os seguintes equipamentos: bússola Brunton, teodolito
e trena. No total, foram levantados três perfis morfométricos em distintas
geoformas. Dados de fraturas e outras estruturas geológicas foram
levantadas utilizando a bússola Brunton. (Figura 1).
5ª ETAPA: TRATAMENTO DOS DADOS ADQUIRIDOS EM CAMPO
Nesta etapa, foram processadas no laboratório de sedimentologia
- LABOGEF – Laboratório de Geologia e Geografia Física - as análises
físicas (textura, grau de arredondamento e esfericidade) e mineralógicas
(composição mineral) das amostras de sedimentos coletadas em campo, bem
como, dados de fratura, geologia, e comportamento da superfície
piezométrica.
Para os testemunhos obtidos por sonda vibracore, geraram
“fotologs” descrevendo-se as fácies dos sedimentos.
Para os dados de profundidade do freático foi gerado um perfil
que traduzisse o comportamento da superfície piezométrica para a área de
estudo
Para caracterização de vertentes e geologia foram realizadas
transectos e outras representações cartográficas.
Desde o ponto de vista cartográfico, com as informações obtidas
no campo e nas cartografias existentes, elaborou-se perfil geológico
(transecto) de todas as unidades geológica/geomorflógica da região.
26
27
Com esses dados tabulados, pôde-se determinar os tipos de fácies
para a Planície do Bananal e compartimentar as unidades geomorfológicas e
subunidades geoambientais.
Foram executados em campo:
− Um perfil morfométrico com uso de teodolito;
− Três perfis morfométricos com o uso de trena e bússola;
− Controle dos poços para obter as medidas do nível do freático e
de parâmetros físico-químicos;
− Construção de um perfil geológico/geomorfológico transversal
à planície do Bananal de direção E-W, ao longo da rodovia
MT-326, um total de 110 Km;
− Um perfil geológico na região de Itacaiú com a extensão de
800m.
Do cruzamento das curvas granulométricas com dados físico-
químicos da hidrologia, medidas de atitude de planos tectônicos, perfis
morfométricos, azimutes, mergulho e o mapa de unidades geomorfológicas
e subunidade geoambiental, foi possível perceber a redefinição do contorno
das unidades e subunidades.
6ª ETAPA: MAPEAMENTO GEOMORFOLÓGICO DEFINITIVO
O mapeamento baseou-se substancialmente no sistema de
classificação geomorfológica de Latrubesse et al (1998).
O mapeamento teve várias etapas:
1ª etapa – foi feita a interpretação da imagem e de um mosaico
de fotografias aéreas, com objetivo de obter uma visão geral da
geomorfologia da área de estudo, incluindo suas relações com áreas
adjacentes. Subseqüentemente, as unidades geomorfológicas e outros dados
de variáveis de estado visíveis, na imagem, são mapeados provisoriamente.
Também se utilizou uma legenda provisória.
28
2ª etapa - consultou-se todas fontes de informações disponíveis,
tais como a literatura existente, mapas temáticos, dentre outros. O
mapeamento provisório, os tipos de informação requerida e sua visibilidade
na imagem constituíram a base para a definição da escala do trabalho.
Para caracterizar as unidades geomorfológicas e subunidades
geoambientais da planície do Bananal foram realizadas, em junho de 2000,
uma campanha com Bayer pesquisador das unidades morfológicas do rio
Araguaia, em junho de 2001, com pesquisadores das Universidades
Estaduais de Maringá, Federal de Goiás, Federal do Rio de Janeiro e
Nacional Del Litoral, Santa-Fé-Argentina. Este trabalho foi realizado nas
localidades de Aruanã e Cocalinho, sendo realizada sondagem e furos em
áreas chaves ao longo de uma secção transversal à planície do Bananal
(sentido leste-oeste) a partir da cidade Cocalinho-MT, bem como o
levantamento da dinâmica hidrológica e dos parâmetros físico-químicos da
água através de medidas feitas em poços.
3ª etapa - o mapeamento e o levantamento do terreno passou por
duas etapas. A primeira para o reconhecimento de uma área maior da
planície, região que compreende de Registro do Araguaia –MT a Luiz
Alves-GO (primeira campanha). A segunda campanha, para coleta de dados
em escala de mais detalhe em áreas chaves de cada unidade
geomorfológica, isto é a cada associação de geoforma, na região de
Cocalinho-MT. O mapa foi todo verificado em campo.
4ª etapa - uma carta topográfica foi preparada de tal forma a
incluir informação topográfica que facilitasse a localização dos fenômenos
observados em imagem no terreno, uma vez transferidos os principais
pontos da imagem de satélite para o mapa nos permitiu uma verificação da
interpretação e validação no campo. A interpretação de detalhe das imagens
(1:100.000) resultou, fundamentalmente, na delineação das unidades
geomorfológicas e de sua subdivisão em subunidades geoambientais, no
traçado das formas do relevo individual e processos usando símbolos
lineares.
29
5ª etapa - o sistema de drenagem foi mapeado com suficiência de
detalhe. O desnível vertical do terreno foi estabelecido mediante curvas de
níveis e cotas. Nesta fase do trabalho, foi indicado dado litológico
provisório mediante interpretação da imagem e dos mapas temáticos
(geológico, geomorfológico, pedológico, uso e ocupação, dentre outros).
Tão importante quanto a interpretação de imagens, e tal qual, o
levantamento de campo procedeu-se do geral para o particular.
Nesta pesquisa foram analisados dados sedimentológicos e
hidrológicos da planície do Bananal, onde foram identificada as diferentes
fácies texturais dos sedimentos e respectivamente assembléia mineral, bem
como os parâmetros físico-químicos da água e a dinâmica do freático. Isso
a partir de uma série de variáveis de sedimentologia e hidrologia.
Neste estudo, foram utilizados dados hidrológicos de sete poços;
duas lagoas - lagoa do Brejo e da Bahia -; quatro rios - o Araguaia, do
Peixe, Corixinho, Corixão e Cristalino -. Para análise morfosedimentar
util izou-se variáveis fornecidas por três furos a trado, duas sondagens e
perfis de barranco.
Em outubro de 2001 e abril de 2002, em outras campanhas, foi
redefinido o contorno das unidades geomorfológicas, foram feitas novas
medidas do freático e da hidrologia como um todo. Um perfil geológico
numa secção transversal à planície foi levantado e os contornos das
subunidades geoambiental foram redefinidos. Também foram
georeferenciados pontos de encharcamento dentre outros.
Os dados já existentes da planície do Bananal e os coletados em
campo foram processados em laboratório de sedimentologia e laboratório
de geoprocessamento. Do cruzamento dos dados, foi possível o
agrupamento de distintas variáveis para composição de unidades
geomorfológicas / subunidades geoambientais, gerando como produto final
o mapa de unidades geomorfológicas / subunidades geoambientais.
6ª etapa - a digitalização em programa SPRING do mapa de
informe final na escala 1: 100.000 foi a última fase de nosso trabalho. A
30
análise final das imagens foi uma parte essencial, assim como análises em
laboratório de sedimentologia das amostras geradas por furos e coletas nos
barrancos. Por fim, definiu-se a estrutura e hierarquia da legenda as cores e
os símbolos lineares.
7ª ETAPA: REDAÇÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO
De posse de todos os dados coletados, passamos a estruturar a
redação final da pesquisa realizada.
31
Capítulo 2 – Pressupostos Teóricos e Metodológicos
32
2.1 - SISTEMA GEOMORFOLÓGICO
Segundo Iriondo (1986), um sistema geomorfológico tem uma
estrutura interna definida, caracterizada pelas suas variáveis de estado, tais
como: litologia, pendente regional, estruturas, e outras. Estas variáveis de
estado inter-relacionam-se e modificam-se por processos climáticos,
morfológicos, geológicos, tectono-estruturais, ou seja, variáveis de
transformação. São numerosas as variáveis como a erosão, transporte,
sedimentação, intemperismo, oscilação da superfície piezométrica,
contração/expansão das águas de superfície, etc. Tais variáveis são agentes
de transformação que se interagem por aportes externos de energia e
matéria: variação térmica solar, ventos, precipitação de chuva, e outros.
A estrutura de um sistema e seus processos determinam o comportamento típico para cada tipo de sistema. A mudança de uma variável externa produz reajuste em todos os parâmetros do sistema. Em geral, os sistemas podem ser caracterizados pelo seu grau de estabilidade, o qual varia entre limites amplos... (Iriondo, 1986).
A metodologia de Iriondo (1986), baseia-se no enfoque sistêmico,
resultando na integração dos componentes geomorfológicos /
geoambientais, que envolvem o sistema natural.
Segundo o “ITC System of Geomorphologic Survey” (1991), o
propósito de um levantamento geomorfológico é proporcionar informações
concisas e sistemáticas sobre as formas do terreno, os processos
geomorfológicos e os fenômenos naturais conexos. Os mapas elaborados
não são somente documentos científicos em si mesmos, mas também
valiosas ferramentas em estudos de recursos naturais e, particularmente,
para a avaliação de riscos naturais, devido à relação entre as características
geomorfológicas do terreno e outros fatores ambientais.
Assim, é necessária uma síntese para relacionar a “expressão”
geomorfológica do terreno com as condições ambientais predominantes.
33
Isto é, a informação morfológica e morfográfica devem ser complementadas
com dados ambientais (solos, hidrologia, vegetação, etc).
A fácie litológica e os materiais superficiais são de especial
importância por sua relevância geomorfológica e sua potencial importância
econômica.
Neste trabalho, as variáveis de estado estão representadas pela
hidrologia, tectônica e a geologia. Já as variáveis de transformação estão
representadas pelos processos hidrogeomorfológicos, tais como: erosão,
sedimentação, inundação, oscilação do freático, bem como pelos processos
físico-químicos da água.
Seguindo a mesma linha de classificação de Iriondo (1986), a
metodologia aplicada no Zoneamento Ecológico e Sócio Econômico do
Estado de Rondônia e Mato Grosso (Latrubesse et al. , 1999) representa um
estágio mais avançado na tentativa de ajustar os estudos às particularidades
do meio físico regional, tais como unidades denudacionais.
Novas contribuições para aprimorar o mapeamento de unidades
deposicionais inundáveis foram dadas no Projeto Zoneamento de fronteiras
Brasil-Bolívia (Latrubesse et al. , 1999), onde, com o fim de mapear as
regiões alagadiças do vale do Guaporé e as complexas faixas fluviais dos
principais rios da região, foram criadas novas categorias de classificação.
Segundo Iriondo (1986) áreas alagáveis com sedimentação e
inundações ativas possuem, em geral, uma baixa estabilidade, já que não
absorvem com facilidade as perturbações (regulação), reagindo rapidamente
e modificando-se em função da nova situação (adaptação).
Já no trabalho do Zoneamento Ecológico e Sócio Econômico do
Estado de Rondônia, Latrubesse (1999) comenta que estes tipos de sistemas
são muito frágeis. Variando os valores de estabilidade dentro de limites
pequenos, um input abrupto, por ação de uma variável externa, produz
mudanças drásticas no sistema em tempos extremamente curtos, do ponto
de vista geológico.
34
O tempo de resposta encurta-se incrivelmente se o gerador deste
input externo, da mesma forma que os processos aceleram-se pelas
modificações produzidas nas variáveis dos sistemas. Que podem ser
afetados profundamente até por fenômenos naturais, considerados
instantâneos do ponto de vista geológico, como por exemplo, a presença de
uma temporada de seca extrema. A atividade humana pode produzir, por
sua vez, situações irreversíveis que afetam enormes porções destes sistemas
em períodos mínimos de tempo.
Com o fim de elaborar um mapa geomorfológico da área de
estudo, aplicou-se basicamente a metodologia de mapeamento
Geomorfológico de Latrubesse et al (1998) e Latrubesse (1999), as quais
surgem de adaptações ao sistema de classificação e mapeamento
geomorfológico proposto para planícies deposicionais por Iriondo (1986).
Os atributos relacionados como variáveis de estado (por exemplo, áreas
sujeitas a inundações) e controle sobre as relações das unidades
geomorfológicas com as unidades vegetacionais da região, adaptou-se um
sistema de unidades de terreno ao estilo dos Land System do ITC (1991) os
quais, nesta dissertação, foram chamados de Unidades Geoambientais. As
Unidades Geoambientais definidas desta forma estão organizadas num
sistema de classificação hierárquico dependente da unidade geomorfológica
identificada. Vejamos esta classificação: feições geomorfológicas que se
destacam (independentemente de serem ativas ou inativas), processos
morfogenéticos dominante (inundável ou não inundável, por exemplo),
assim como tipo de vegetação ou ambiente biótico dominante (murundus,
vegetação em galeria e outros).
2.2 – UNIDADES GEOMORFOLÓGICAS E SUBUNIDADES
GEOAMBIENTAIS
No estudo da área da planície do Bananal, os canais fluviais, a
geometria e o tamanho dos sistemas lacustres, os condicionamentos
tectônicos das geoformas, a dinâmica piezométrica e de inundação, os
35
parâmetros físico-químicos da hidrologia foram reunidos à medida que
apresentam, entre eles, um conjunto que reflete homogeneidade de formas e
processos, para se chegar a um primeiro nível de compartimentação das
unidades.
Considerar as unidades geomorfólogicas da planície como um
sistema com fisiologia própria embora interdependentes implicaria em dar
relevância às relações existentes entre os componentes da paisagem além da
extensão e da cronologia da modelagem desses compartimentos.
As unidades geomorfológicas seriam:
− Unidade geomorfológica de aplanamento regional;
− Unidade geomorfológica Planície agradacional l igeiramente
dissecada;
− Unidade geomorfológica Planície Aluvial do Rio Araguaia e do
Peixe.
Da inter-relação da “expressão’’ geomorfológica do terreno com
variáveis ambientais (solo, vegetação, hidrologia, dentre outros), foram
determinadas também as subunidades geoambientais”.
Esses sistemas geomorfológicos e suas subunidades
geoambientais podem ser considerados sistemas físicos abertos, nos quais
acontece contínua troca de matéria e energia.
36
Capítulo 3 - Bases Físicas Regionais
37
3.1 - LOCALIZAÇÃO E ASPECTOS GEOGRÁFICOS DA AREA
DE ESTUDO
Localizado no Centro Oeste brasileiro, interior do País, a área de
estudo compreende a Planície do Bananal e parte das unidades de relevos
dissecados do embasamento cristalino aflorantes no oeste do Estado de
Goiás.
A planície do Bananal, que é uma unidade geológica /
geomorfológica importante na região e que constitui foco desta dissertação,
encontra-se posicionada na depressão do Araguaia, precisamente no médio
Araguaia entre o rio das Mortes a Oeste e o braço menor do Araguaia, o
Javaés a Leste ao longo da direção norte-sul, entre os paralelos 8º e 16º de
latitude sul e 49º e 52º de longitude oeste, abrangendo parte dos estados de
Goiás Mato Grosso e Tocantins (Figura 2).
A planície é drenada pelo rio das Mortes e rio Araguaia. Esse
último nasce na serra do Caiapó, numa altitude acima de 850 m, na divisa
dos Estados de Goiás e Mato Grosso e corre no sentido norte-sul. Seus
principais afluentes são os rios Babilônia, Diamantino, do Peixe, Caiapó,
Claro, Vermelho, Crixás-Açu e Formoso pela margem direita e Cristalino e
o rio das Mortes, com aproximadamente 60.000Km² de área, que é o seu
mais importante tributário, pela margem esquerda.
A área está inserida na parte centro-sul da Folha SC-22-Tocantins
e central da folha SD-22-Goiás, de acordo com a carta Internacional do
mundo na escala 1:1.000.000. E na escala de 1: 250.000 folhas SC-22-X-A,
SC-22-X-C, SC-22-Z-A, SC-22-Z-C, SD-22-X-A, SD-22-X-C, SD-22-Y-B.
38
39
Essa unidade geomorfológica representa uma área de transição
climática entre as Regiões Amazônica e Centro – Oeste. Como faixa de
transição entre duas regiões morfoclimáticas distintas, os fatores
li tológicos, geomorfológicos e pedológicos desempenham um papel
importante que será refletido na biodiversidade e, conseqüentemente, na
evolução da paisagem.
Essa planície é pouco conhecida do ponto de vista de suas
potencialidades econômicas e de sua biodiversidade, embora esteja
conectada a rodovias goianas e mato-grossenses, GO - 164 e MT - 326 e,
apesar desse desconhecimento, os representantes governamentais discutem
a possibilidade de conexão dessa região a importantes portos do país por
sistemas de HIDROVIA (Araguaia-Tocantins), apesar de essa planície
apresentar um alto grau de fragilidade (áreas inundáveis com sedimentação
recente) para esse tipo de projeto.
Está distante 500 Km da capital do estado (Goiânia), 750 Km da
capital federal (Brasília), 1340 Km da cidade de São Paulo e 1750 da
cidade do Rio de Janeiro.
Inserida na bacia do rio Araguaia, a planície do Bananal possui
uma sedimentação fluvial e características de uma hidrodinâmica peculiar
de encharcamento sazonal que a qualifica como uma área úmida.
Segundo Latrubesse e Stevaux (2001), a planície do Bananal é
uma das maiores áreas de sedimentação aluvial quaternária da América do
Sul, que junto ao Pantanal de Mato Grosso do Sul, Pantanal de Guaporé, os
Lhanos do Orinoco e do Beni, assim como alguma parte do Chaco, também
apresenta uma das mais importantes áreas sujeitas a inundações sazonais, e
das mais desconhecidas do ponto de vista de sua dinâmica hídrica e
evolução geomorfológica sedimentar quaternária do continente.
Considerando a extensão da referida planície, ela representa
aproximadamente 12% do total da superfície da bacia hidrográfica do rio
Araguaia, ocupando uma superfície de mais de 90.000 Km² (Figura 3).
40
41
A área de estudo encontra-se sob o domínio climático tropical
semi-úmido, o qual é caracterizado por uma estação chuvosa (verão) e uma
estação seca (inverno), temperaturas médias anuais em torno de 25°C, com
a média do mês mais quente de 26ºC e a dos meses mais frios, junho-julho,
de 22ºC. As máximas térmicas aparecem no mês de setembro, apresentando
uma temperatura média de 38,5°C, e as mínimas em julho com uma
temperatura média de 15°C O clima é de natureza continental tropical,
devido à sua posição continental, não sofrendo o efeito direto da
confluência intertropical. Apresenta-se semi-úmido com tendência a úmido
e caracteriza-se, segundo Koppen, no tipo AW, de savanas tropicais, com
quatro a cinco meses secos.
As características climatológicas predominantes da região são:
− -Precipitação média anual: cerca de 1.600 mm;
− -Período chuvoso: de outubro a abril. Maio é o mês de
transição para o período seco, o qual vai de junho a agosto
(Gráfico 1).
Gráfico 01 - Distribuição anual da pluviosidade
42
A região média do Araguaia encontra-se sob condições
meteorológicas influenciadas pelas frentes frias que bloqueiam a expansão
da massa continental equatorial, formada na própria região amazônica, em
expansão para o sul.
Essas frentes têm origem na transição da estabilidade de inverno
para a instabilidade de verão. Elas surgem entre outubro e novembro de
cada ano e persistem até março com ocorrência máxima entre dezembro e
janeiro. Quando essas frentes se sucedem a intervalos curtos, os efeitos de
todas elas se associam sem interrupção, acarretando precipitação
generalizada e prolongada.
Além dessas precipitações características, ocorrem também as
intensas localizadas, provenientes de instabilidades convictas que ocorrem
ao longo das ondulações equatoriais e das frentes frias.
A mEa origina-se na zona de altas pressões, do anticlone do
Atlântico Sul. É constituída pelos alísios de sudeste do Atlântico, compõe –
se de duas correntes: uma inferior fresca e carregada de umidade, gerada
pela intensa evaporação do oceano; outra superior, quente e seca, de
direção idêntica. Separadas por uma inversão de temperatura, que não
permite o fluxo vertical do vapor, a mEc possui caráter estável e seu
domínio assegura, em geral, bom tempo.
A mEc forma-se na zona aquecida do Continente Sul–americano,
caracterizada pela presença de florestas e savanas, onde dominam as chuvas
e ventos fracos do regime depressionário, sobretudo no verão.
Durante o inverno - maio a setembro - é praticamente constante o
domínio dos alísios de sudeste da massa Equatorial Atlântica (Ea) com
ventos de nordeste e leste, responsáveis pelo regime de seca e estabilidade
com céu claro e dias ensolarados.
As massas polares que conseguem alcançar a área provocam
chuvas frontais e são responsáveis pelo abaixamento das temperaturas,
podendo originar mínimas de até 0°C.
43
Há domínio absoluto da Equatorial Continental (Ec) durante o
verão – novembro a março - que forma linhas de instabilidade. As chuvas
são constantes e só em ocasiões especiais é que há o retorno da alta
tropical, trazendo seca e instabilidade.
Durante cinco meses, maio a setembro, o tempo apresenta-se
seco, com totais mensais inferiores a 40mm, precipitando-se, neste período,
menos de 6% do total anual. A época chuvosa compreende os meses de
novembro a março, contribuindo, em média, com cerca de 80%, e sempre
mais que 60%, do total anual precipitado. Eventualmente, em janeiro e
fevereiro, ocorrem seqüências de vários dias sem chuva, denominados de
“veranico’’.
De forma absoluta, janeiro é o mês mais chuvoso, seguido de
novembro e dezembro. O mês de menor índice pluviométrico é julho,
seguido de agosto em condições semelhantes.
Na região em estudo, a variação de latitude não é fator de
influência sobre a configuração térmica. Somente a época do ano e a
conformação do relevo e altitude é que aparecem como fatores de
influência.
A escassez de estações climatológicas na região impede a
constituição de um referencial adequado à distribuição geográfica das
temperaturas médias. Os pontos referenciais são representados pelas
estações de Aruanã, ao sul, e projeto Rio Formoso, ao norte. A distância
entre elas é de aproximadamente 370 Km, estando Luiz Alves praticamente
eqüidistante.
A variação da temperatura média anual do ar e da água é pequena,
seja em termos espaciais ou temporais. Predominam temperaturas médias
anuais do ar ao redor dos 25°C, se verificarmos as partes mais baixas;
valores de até 26°C, podendo atingir, 22º C nas partes elevadas. De modo
geral, percebe–se uma evolução térmica, com valores crescentes no sentido
noroeste.
44
Assim, a temperatura média anual do ar varia entre 24ºC e 27°C,
enquanto da água fica em torno de 28º C, verificando pouca alteração no
decorrer do ano.
Na região em estudo, a distribuição anual da umidade relativa
apresenta valores elevados no período chuvoso, novembro a abril , com
índices médio superiores a 80%, enquanto que, no período seco, julho a
setembro, atinge seus mínimos, com valores entre 50% e 60%.
Os registros disponíveis indicam uma média de 2500 horas anuais
de insolação em Porto Nacional e Aragarças, e de 2300 em Goiás.
Estimamos uma quantidade média de 2300 horas em Luiz Alves.
O mapa de pressão, contendo as linhas isóbaras, elaboradas pela
ENGEVIX, considerando o período de 1949 a 1973, evidencia uma
regularidade da pressão: média de 1.008 m. b.
Observa–se a maior incidência dos ventos nas direções leste e
nordeste. A velocidade predominante não excede a 2 m/s e a probabilidade
de ocorrerem velocidades extremas de mais de 7 m/s é muito baixa.
Com base nos valores medidos em Aragarças, Aruanã e Projeto
Rio Formoso, têm-se totais anuais de precipitação entre 1.600 e 2000 mm.
Configura na região um balanço hidrológico com evaporação x
precipitação apresentando:
− Superávit de quatro meses do ano (novembro / dezembro /
janeiro / fevereiro.) com excesso de 162.67 mm de água ou
1626.76 m3/há e;
− Déficit de oito meses consecutivos (março / abril / maio /
junho / julho / agosto / setembro. / outubro), com um total de
862.09 mm de água ou 8620.87 m3/há (Gráfico 02).
45
Gráfico 02 - Balanço Hídrico da Região de Luís Alves – GO.
3.2 - SOLOS
Os solos existentes na área de estudo são:
• SOLOS HIDROMÓRFICOS
Compreende solos que sofrem grande influência do lençol
freático, permanente ou temporariamente, tais como:
• LATERITAS HIDROMÓRFICA
São solos hidromórficos, pouco profundos a profundos,
imperfeitamente a mal drenados, de baixa permeabilidade. O horizonte A é
do tipo fraco a moderado. O horizonte plíntico e o concrecionário são
constantes nestes solos e encontra-se numa profundidade variável de 60 a
120 cm. O relatório do projeto RADAMBRASIL (1983), descreve solos do
tipo Lateritas Hidromórfica como sustentados geologicamente pela
Cobertura Sedimentar do Bananal.
46
Tais solos estão situados numa altitude de 216 metros, relevo
plano em declividade, inferior a 1%, sujeitos à inundação, cobertos de
cerrado, cerrado parque e varjões.
Fisicamente possuem textura variável desde média (15-35% de
argila) até argilosa (35 a 60 % de argila) podendo apresentar textura
arenosa (0-15% de argila na superfície). A relação silte / argila é variável,
com predominância de números maiores do que a unidade, indicando
predominância das partículas tamanho silte (0,05-0,002 mm).
O cortéx de alteração é predominante nesses solos no matiz
10YR , com valores e cromas variados de preto, na superfície, a cinzento
claro nos sub-horizontes . Sempre ocorrem mosqueadas nos sub-horizontes
B, comuns a abundantes, pequenas médias e grandes, distintas e
proeminentes nos matizes 10YR com valores e cromas elevados, nos
matizes 7,5 YR e 2,5 YR com valores altos e cromas baixos.
• SOLOS GLEIZADOS
São solos classificados na ordem dos hidromórficos, fortemente
gleizados, pouco desenvolvidos, com grande influência do lençol freático
durante todo ano. São encontrados nas partes côncavas do relevo plano.
• LATOSSOLO AMARELO PLÍNTICO-PLINTOSSOLO
Compreende solos com horizonte B latossolico , moderadamente
drenados, desenvolvidos a partir de materiais pleistocênicos de natureza
argilo-arenosa. A seqüência de horizontes é A, B, C com espessura em
torno de 300 cm. A presença de plintita até a profundidade de 150 cm
evidencia a saturação com água de alguns sub-horizontes durante alguns
meses do ano. O relevo é plano e a vegetação dominante é o cerrado com
variação para campos de várzea.
47
3.3 - VEGETAÇÃO
A vegetação da planície do Bananal constitui-se basicamente de
formações vegetais do tipo savana, comumente denominada de cerrado.
As diferentes fisionomias vegetais da planície do Bananal serão
caracterizadas segundo as denominações adotadas pelo projeto
RADAM/IBGE (1982), os quais apresentam as seguintes formações
fitoecológicas para a planície:
− Floresta Estacional Semidecídua Aluvial com dossel
emergente-Vazantes – código – Fae;
− Savana Parque ou Campo Sujo com floresta de galeria –
Varjões com murunduns – código – Spf;
− Savana Arbórea Aberta com floresta de galeria – código – Saf;
− Savana Arbórea Densa ou Cerradão –código – Sd;
− Vegetação gramímeo-lenhosa de lagos com floresta de galeria –
código – Sgf;
− Área de atividade antrópica de pecuária – código – Ap.
3.4 - USO / OCUPAÇÃO
A região da planície do Bananal, situada entre os rios das Mortes
e o Araguaia, embora com excesso de água no período de maior
precipitação pluviométrica (outubro / março), apresenta um potencial de
exploração muito grande. No entanto, atualmente, esta planície só vem
sendo utilizada em pecuária de manejo extensivo com o aproveitamento das
espécies de capim nativo.
48
Capítulo 4- Geologia Regional
49
As unidades geológicas da planície do Bananal são constituídas
por rochas do pré-cambriano Indiferenciado, as quais constituem o
Complexo Goiano (granitos e gnaisses) aflorando a leste de Cocalinho no
estado de Goiás. As rochas do Complexo Goiano afloram também na
margem esquerda do rio Araguaia a oeste, no estado de Mato Grosso, entre
Cocalinho e Itacaíu. Rochas pré-cambrianas do Grupo Estrondo (quartzitos)
afloram em uma pequena área a oeste, posição central da área mapeada em
nosso trabalho e, ao norte. No extremo oeste, há presença de rochas
cabonaticas de idade cambriana da Formação Araras. A região conta, ainda,
com uma extensa cobertura detrítico-laterítico e depósitos aluvionares e
coluvionares pleistocênicos.
Este embasamento rochoso que aflora no setor norte da área é
considerado, como sendo do Grupo Estrondo, que teve datações
radiométricas diversas, exigindo-se revisão de considerações que, no
princípio, o colocou no Proterozóico Superior com metamorfismo ocorrido
ao final do Ciclo Brasiliano na Evolução sofrida pela Plataforma Sul
Americana no Brasil . Esta nova postura se deve em face das primeiras
datações (426 a 581 Ma) obtidas por Hassui et al, 1975.
Atualmente, conforme se verifica no Mapa Geológico do Brasil
ao milionésimo, DNPM (1987), e levando-se em conta datações
radiométricas mais recentes, o Grupo Estrondo, situado na faixa Paraguaia-
Araguaia de dobramento, é posicionado cronologicamente junto ao Grupo
Tocantins.
O relatório do projeto RADAMBRASIL descreve a unidade
geomorfológica da depressão do Araguaia, como desenvolvida sobre uma
grande variedade de rochas do Pré-Cambriano Indiferenciado.
Estas rochas constituem o Complexo Goiano (gnaisse e granitos
predominantes), rochas pré-cambrianas do Grupo Araxá (micaxistos e
quartzitos) e rochas do Grupo Tocantins (filitos com intercalações de
quartzitos sericíticos e calcários).
50
A região conta, ainda, com uma grande extensão de cobertura
detrítico-laterítico e depósitos aluvionares e coluvionares pleistocênicos.
Barbosa et al (1966), denominaram Formação Araguaia a
sedimentação terciária pliocênica observada em muitos lugares ao longo do
Tocantins e do Araguaia e na faixa intermediária entre esses dois rios.
Para Barbosa et al (1966) essa formação assemelha-se à Formação
Barreiras do nordeste brasileiro. Descreve o autor pra esses sedimentos
espessura máxima de 80 metros.
Barbosa et al (1966) descrevem essa formação como constituída
inicialmente por um conglomerado basal petromítico com seixos mal
rolados, seguidos por uma sucessão de siltes e areias siltosas mal-
estratificadas de cores variadas, expostas em forma de altos paredões
avermelhados, principalmente, ao longo do rio Araguaia. Esses sedimentos
silticos e arenosos são constituídos de sedimentos tipicamente fluviais,
apresentando até cinco níveis de seixos sub-rolados e subangulares.
Quanto à cobertura sedimentar do Bananal, Barbosa (1966)
refere-se a estes depósitos pleistocênicos como pertencentes aos rios
Tocantins e Araguaia.
São constituídos por sedimentos areno-argilosos consolidados e
inconsolidados, com colorações variadas, muitas vezes, em estágio
avançado de laterização.
As faixas de ocorrências desses sedimentos, de uma maneira
geral, recobrem em parte as rochas das unidades litoestratigráficas mais
antigas.
Estudos sísmicos feitos por Araújo & Carneiro (1977), na ilha do
Bananal, concluem que espessos sedimentos pleistocênicos desta ilha
assentam-se a uma grande profundidade sobre um substrato que estaria a
170 m a 320 m.
Julgamos importante apresentar uma síntese da geologia da região
em forma de um quadro para que se possa visualizar o conjunto da relação
entre as unidades geológicas, l i tologias e idades geológicas (Figura 4 e 5).
51
52
53
4.1 - RESULTADOS GEOLÓGICOS DA ÁREA DE ESTUDO
Como fora mencionado, no inicio desse capítulo, na área de
estudo são registradas cinco unidades litoestratigráficas: gnaisse do
Complexo Goiano, quartzitos do Grupo Estrondo, sedimentos fluviais
conglomeráticos e coluvios laterizados, sedimentos da Formação Araguaia
e sedimentos holocênicos de calha fluvial (Figura 6).
4.1.1 - GNAISSE COM ESPESSO SAPRÓLITO
Rochas do embasamento cristalino, aflorando próximo à lagoa da
Baía, sustentam, na área, altos estruturais que configuram uma geoforma
com vertente côncava/convexa. Rochas do pré-cambriano Indiferenciado do
Complexo Goiano, localmente, apresentam-se sob nítido bandeamento de
direção NE/SW. Desenvolve-se, também, na região, um sistema de
falha/fratura de direção NE/SW e uma espessa camada de saprólito
laterizados (Figura 6).
4.1.2 - QUARTZITOS
Litológias de idade Pré-cambriana, representantes do Grupo
Estrondo (Hassui et al, 1975), afloram na área de pesquisa, em sua parte
central. Essas rochas sustentam uma morfologia alongada de direção
NE/SW, que em imagem de satélite foi delimitado afloramento de 20 km de
extensão, 05 de largura e, em cartas topográficas, altitudes que alcançam
até 293 m.
Essas rochas pré-cambrianas afloram às margens da rodovia MT-
326, a 10 km de Cocalinho, local que apresenta um sistema de fraturamento
proeminente preenchido por veios de quartzo de direção NW/SE. (Figura
7).
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55
56
4.1.3 - CONGLOMERADO E COLUVIOS LATERIZADOS
A unidade litológica dominante na parte oriental da área mapeada
apresenta direções de paleocanais leste–oeste.Esses sedimentos fluviais
afloram nas margens do rio Araguaia: entre a margem esquerda do Araguaia
e o rio Corixinho, próximo a afloramentos de rochas do cristalino e entre a
margem direita e o rio do Peixe na Faz. Planície Verde. Nesse local, o
afloramento de laterita estrutura-se em forma de uma faixa estreita com
direção leste-oeste, embutida nos sedimentos quartzozos lixiviado da
Formação Araguaia.
No fundo de lagoa, foi registrada estrutura de resquício de
dissolução de laterita (esqueleto laterítico) a exemplo dos depósitos de
fundo da lagoa da Baía. Já no sopé da “Serra” de quartzitos, ocorre um
coluvio laterizado, o qual sustenta o relevo mais elevado na área.
É o caso do afloramento às margens da rodovia MT-326 a 10 e 20
km respectivamente da cidade de Cocalinho-MT. Já na Faz. Planície Verde,
margem direita do rio Araguaia, ocorre a interface Laterita / Terraço
Fluvial.
Os afloramentos de laterita na área de pesquisa revelam um
conglomerado oligomíctico que apresentam seixos angulosos de quartzo e
quartzito, diâmetro médio de 4,0 cm e diâmetro comum de 11,0 cm. Esses
seixos podem alcançar até 30 cm. Essas lateritas apresentam-se com cortéx
de alteração vermelho escuro.
As variáveis: mineralogia, diâmetro dos seixos e direção de
paleocorrentes, fornece a possibilidade de correlação entre os vários
afloramentos de laterita e coluvios laterizados da área pesquisada. Ambos
os afloramentos indicam mineralogia semelhante (quartzo e quartzito) e
mesma direção de paleocorrentes (leste-oeste) (Figura 8).
57
58
4.1.4 - FORMAÇÃO ARAGUAIA
Os sedimentos da Formação Araguaia, na área de pesquisa, são
constituído de sedimentos arenosos fracamente consolidados a
inconsolidados de provável idade pliocênica/pleistocênica, ocupa toda parte
ocidental da área mapeada a partir do rio Corixinho da Saudade e a margem
direita do rio Araguaia a leste de Cocalinho.
O produto de campanha realizada na área de estudo, onde
executamos um furo a trado mecânico e complementamos com sondagem a
Vibracore no interior dessa unidade (setor ocidental da área de estudo),
apesar da pouca profundidade atingida, permite ter um maior detalhamento
do comportamento textural desses sedimentos e determinar a posição do
freático. (vide Apêndice 3). Atingimos a profundidade de 5,90 m; sendo:
2,70 m de espessura com o trado e 3,20 m com a sondagem a Vibracore. Já
uma nova tradagem atingiu, nos primeiros 06 m da unidade, na margem
direita do Araguaia, setor oriental, sedimentos quartzosos “lavados” o que
demonstra intenso processo de lixiviação dos sedimentos de provável idade
terciária. Os sedimentos maciços desse depósito foram descritos em
afloramentos de barranco na margem do rio Araguaia na Barreira de São
Domingos, do rio Vermelho próximo a Aruanã e na margem do lago
Dumbazinho (Figura 9 e 10).
O produto dessa tradagem, somado à sondagem, como já foi
mencionado, permite a composição de um perfil com uma descrição de
detalhe do conjunto de fácies texturais. Esta descrição será apresentada na
unidade ambiental.
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61
4.1.5 - FORMAÇÃO ARAGUAIA/ TERRAÇO FLUVIAL
Depósitos fluviais afloram no setor extremo oriental da área de
pesquisa, margem direita do rio Araguaia, mapeado também por Bayer
(2002) na margem esquerda como Terraço fluvial. Essa unidade litológica
configura uma topografia altamente plana, lagos pequenos e arredondados,
campos de murundus e a uma fisionomia vegetal do tipo Savânica densa/
Savana parque.
A tradagem, no interior desses sedimentos, alcançou 06 metros de
areia altamente lixiviada, o que permitiu a descrição da textura e
mineralogia. Constitui-se de sedimentos quartzosos, homogêneos, que
apresentam alto grau de arredondamento e esfericidade, predominantemente
de fácie areia média/fina S(m, F) e córtex de alteração esbranquiçada na
composição de todo o perfil .
Esses sedimentos também foram identificados, aflorando na
margem do rio Araguaia-Barreira de São Domingo -, do rio Vermelho
próximo à cidade de Aruanã e em barranco do lago Dumbasinho. Nesses
afloramentos, identifica-se um conglomerado polimitico com os seixos
indicando a direção de paleocanal. Imbricamentos segundo direção Sul -
Norte.
Na composição do perfil , esse afloramento apresenta-se, da base
para o topo, a seguinte composição textural: um metro de areia-seixosa -
Sc , parcial a totalmente laterizada, com seixos de quartzo sub-arredondado
e diâmetro máximo de 3 cm. 0,5 metro de areia média a fina, siltosa – Sf
(m,F), homogênea, estrutura maciça com núcleos de oxidação. 0,7 metros
de uma lente conglomerática – G, quartzosa, base erosiva, contactos retos
com seqüência deposicional interna granodecrescente, depósito provável de
paleocanal. 0,5 metros de areia fina a muito fina – Sm (F, f) , com
importante quantidade de silte, seqüência interna deposicional
granodecrescente, parcialmente alterada. Termina a seqüência deposicional
com uma areia fina siltosa, com abundante participação de argila e matéria
62
orgânica, estrutura maciça, alterada pelos processos pós-deposicionais
como a bioturbação e oxidação dos materiais (Vide Figura 9 e 10).
Também, para melhor caracterização desta unidade, foi executado
um perfil geológico, resultado de uma seqüência de 20 furos com
profundidades de 30 metros cada na região de Itacaiú.
4.1.6 - HOLOCENO ALUVIONAR
Na área de estudo, os depósitos cenozóico-holocênicos são
sedimentos compostos essencialmente de fácie areia seixosa Sc (F,m, G).
Esses sedimentos estão restritos às calhas dos principais cursos de água e
do sistema hidrológico incipiente que drenam a área. Além disso, eles
correspondem aos depósitos de ambiente de canal ativo de Bayer (2002).
O Rio Araguaia é um exemplo, pois transporta a maior parte do material
como carga de fundo. Esta carga de fundo está composta principalmente de
areias e seixos de até alguns centímetros de comprimento. Esses depósitos
apresentam-se mal-selecionados, com grãos angulosos a bem arredondados.
Nos leitos dos sistemas fluviais do Corixinho da Saudade, Corixão,
Cristalino e dos paleocanais, constata-se sedimentos na fácie areia
média/fina S (m, F), com matriz siltosa (Figura 11).
4.1.7 - TECTÔNICA
Nos estudos de Mamede (2000), no trabalho em que faz uma
reavaliação dos fatos geomorfológicos apresentados nos volumes 22 e 25 da
série de Levantamentos de Recursos Naturais do Projeto RADAMBRASIL,
tece várias considerações sobre a tectônica da região. Para o rio Araguaia,
no trecho em que corta a planície do Bananal, a autora apresenta o seguinte
comportamento:
63
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O rio Araguaia está direcionado no sentido S-N, desde a bifurcação do rio Javaés ou braço menor do Araguaia até a confluência com rio Tapirapé. A partir daí, toma direção SSO-NNE até o Travessão Três Pontas a montante da cidade de Conceição do Araguaia, retomando, então, a direção S-N. Segundo a autora, essa inflexão na planície do Bananal está relacionada a um certo controle estrutural.
Na carta tectônica do Brasil, Ferreira (1971) registra evidências
tectônicas representadas por falhas cobertas e paralelas entre si, com
direcionamento norte-sul, que condicionaram as trajetórias do rio Araguaia
e Braço Menor do Araguaia ou rio Javaés.
Outros autores também explicaram, por meio da magnetometria, o
padrão estrutural dessa unidade morfotectônica. Eulálio (1980) fez uma
análise interpretativa de perfis aeromagnetométrico entre as localidades de
Bandeirantes e a serra do Roncador. Nessa análise, ele constatou uma
espessura de sedimentos em torno de 4500 m.
Posteriormente, Hales (1981) inferiu uma espessura de 5.000 m,
contudo, não fez referências ao comportamento da sedimentação durante os
ciclos. Referiu-se, apenas, a refratores rasos de 200 a 300 m que,
possivelmente, representam a espessura dos sedimentos terciário-
quaternário.
Os dados de fratura e planos de falha coletados na área de estudos
em afloramentos de cristalino ao longo do rio Araguaia, em afloramentos
na Serra de quartzitos e em gnaisses próximo a lagoa da Bahia, porção
central da área fazendo um total de total de cinqüenta medidas permitiu
estabelecer os sistemas de fraturamento para a região. Os dados indicam a
presença de dois sistemas com direcionamentos, NE/SW, e NW/SE. (Figura
12).
65
Para esses dois sistemas de fraturas, adotamos como sistema
principal o de direção NE/SW, por estar em concordância com o sistema
regional.
Esta tectônica é responsável pelo padrão do sistema hidrológico
instalado na porção oriental da área pesquisada. Esse sistema é
representado pelo sistema fluvial do rio Araguaia, que corta nossa área de
trabalho com direção NE/SW, e os sistemas lacustres de geometria
alongada a exemplo da lagoa da Baía, que apresenta seu eixo maior
concordante com o sistema tectônico secundário NW/SE e eixo menor com
o sistema principal, ou seja, sistema tectônico regional de direção NE/SW
(Figura 13).
Já a superfície ocidental da área, que tem sua morfologia
sustentada por sedimentos fracamente consolidados a inconsolidados
estruturado segundo direção sul-norte de idade cenozóica-pleistocênica-
holocênica, o paralelismo, o direcionamento NE/SW e o padrão retilíneo
dos canais fluviais representados pelos rios autóctones - Corixinho da
Saudade, Corixão e Cristalino, parece-nos evidências de que a tectônica
encoberta e impressa no substrato cristalino, é refletida pelo
comportamento hidrológico instalado nesta superfície (Figura 14).
Figura 12 - Roseta de fratura – 50 medidas – Em rochas do cristalino.
66
67
68
Capítulo 5 – Unidades
Geomorfológicas e Subunidades
Geoambientais
69
5.1 - EVOLUÇÃO DOS TRABALHOS GEOMORFOLÓGICOS DA
ÁREA DE PESQUISA
Mamede (1999), no relatório do projeto RADAMBRASIL (Folha
Goiás SD-22, 1983), transcreve uma evolução de conhecimento sobre a
planície do Bananal que vai de 1880 a 1970. Esse espaço de tempo é
dividido, pela autora mencionada, em dois períodos.
O primeiro período (1880 a 1914) é representado por observações
esparsas efetuadas por viajantes e naturalistas, e por descrições deixadas
pelos geólogos estrangeiros do séc. XIX. Observações de natureza
geográfica refletiam as tendências da época, cuja preocupação foi descrever
a paisagem e precisar a sua localização, características que predominaram
durante os séculos XVII e XVIII. Representam esse período os trabalhos de
Matos (1880), Derby (1895) e Coudreau (1895). O maior interesse dos
pesquisadores foi pela ilha do Bananal. Fonseca (1880) descreve o rio
Araguaia no que diz respeito à latitude das nascentes desse rio. Descreve,
também, todos seus afluentes. Coudreau (1897) refere-se às amplas praias e
águas tranqüilas do rio Araguaia e aos campos de Tapirapé como “constante
e completamente inundados com muito poucos arbustos”. Já Derby (1895)
documentou a existência do devoniano marinho no centro de Mato Grosso.
O segundo período, 1915 a 1969, é o que abrange maior
quantidade de observações, tanto de natureza geológica quanto
geomorfológica. O maior apoio, neste período, ao desenvolvimento do
conhecimento técnico-científico sobre a área da planície do Bananal vem
por parte das entidades governamentais, como o DNPM, o Ministério da
Agricultura, a PETROBRÁS e a Fundação Conselho Nacional de Geografia.
O extenso vale do rio Araguaia e suas adjacências formam uma
área de grande interesse nas pesquisas da região Centro Oeste. As
preocupações dos pesquisadores, nessa área, foram com sua delimitação,
gênese e datação. Teixeira (1932) a ela refere-se como uma “peneplanície
gnáissica”, tectonicamente deprimida entre o pé da escarpa da serra Negra
e Bom Jardim.
70
Toledo (1962), observando os aspectos do rio Araguaia, refere-se
a Serra do Roncador como uma “cuesta em evolução”. Além disso, atribui
sua origem a um clima mais seco no passado. Barbosa et al (1966), a
denominam “Serra do Roncador”.
Lofgren (1936) atribui ao Pliocêno a idade das areias e argilas ao
longo do rio Araguaia sem, contudo, oferecer evidências que a confirme.
Lofgren (1946) reconheceu, próximo às cidades de Araguaiana e Registro
do Araguaia-MT, a presença de gnaisses no leito do rio Araguaia.
Posteriormente, Almeida (1948) denomina a área de “peneplanície
Araguaia”.
Barbosa (1958) identifica uma superfície aplainada, que forma
largas faixas em ambos os lados do rio Araguaia. Afirma que a idade dessa
superfície é provavelmente pleistocênica.
Rego (1936) mapeou os sedimentos da ilha do Bananal como
Terciário-Quaternário da Amazônia. Barbosa e Gomes (1957) surpreendem
os estudiosos ao descobrirem a largura de 120 Km dessa unidade e atribuem
essa feição peculiar à presença de fossa tectônica (graben).
Barbosa et al (1966) reafirmam o caráter tectônico da referida
ilha, dizendo tratar de uma área de subsidência. Afirmam, ainda, que a ilha
do Bananal é a expressão mais importante do Pleistocêno no Brasil . Além
disso, observam que a sedimentação Pleistocênica está embutida no
Pliocêno, havendo assim, um degrau na passagem de uma para outra
formação.
O vale do Araguaia e a ilha do Bananal são aspectos
geomorfológicos que despertaram muitos interesses na última década
devido à grande extensão e profundidade do pacote sedimentar, aliando isso
ao possível tectonismo que os afetou. O resultado foi uma paisagem sui
generes no centro do país. Barbosa et al (1970) identificaram no
interfllúvio Mortes–Araguaia, através de fotografias aéreas, diferentes
níveis de terraços, os quais os levaram a concluir sobre a existência de três
idades de aluviões. Nos terraços mais antigos, os aluviões encontram-se
estabilizados e laterizados e a eles atribuem idade pliopleistocênica. Já
71
para os aluviões do terraço intermediário, tais autores admitem idade
pleisto-holocênica, enquanto relacionam os dos terraços mais baixos ao
período atual.
Barbosa et al (1966) denominaram de Formação Araguaia os
sedimentos terciários (Pliocênicos) observados ao longo do rio Araguaia.
Os autores descreveram uma seqüência iniciada por um conglomerado basal
petromítico, com seixos mal rolados, seguidos por uma sucessão de siltes e
areias siltosas mal estratificadas e de cores variegadas, constituindo
barrancos avermelhados ao longo do rio Araguaia.
Os mesmos autores referiram-se aos depósitos pleistocênicos dos
rios Araguaia-Tocantins, cuja maior expressão ocorreria na ilha do
Bananal, correspondendo provavelmente a uma área de subsidência
diferencial de caráter tectônico. Essa área de subsidência diferencial não
fora confirmada nos trabalhos de Araújo e Carneiro (1977), através de
estudos sísmicos efetuados na região.
Hales (1976) sugeriu considerar a ilha do Bananal como uma
bacia tectônica do tipo horst e graben .
No desenvolvimento do Projeto RADAMBRASIL definiram-se
unidades geomorfológicas de maneira a dividir o relevo em unidades que
permitissem o tratamento individual das formas e processos. Essas unidades
não têm uma dimensão prefixada e foram representadas nos mapas de
acordo com as semelhanças e relacionamento das formas do relevo e sua
posição altimétrica.
Ao concluir o relatório do projeto RADAMBRASIL, Mamede et
al (1983) sobre a unidade geomorfológica da planície do Bananal,
reconheceram várias fases na formação dessa planície, tais como:
− Fase de endorreísmo seguido de abatimento tectônico (pós-
terciário);
− Fase de colmatagem;
72
− Fase de formação de diques aluviais (rios Araguaia e das
Mortes em nível mais alto que o atual);
− Fase de reentalhamento do rio Araguaia (cortando as
concreções, diques aluviais, e depositando em suas margens e
calha materiais de idade holocênica).
Já Eiten (1985), sobre a planície do Bananal, descreve um perfil
transversal de uma vertente típica de campos de murundus a nordeste de
Santa Izabel, correlacionando a distribuição fisionômica vegetal com a
morfologia e a dinâmica hidrológica.
A partir de 1990, com a intensificação da produção econômica da
região, surgem os primeiros trabalhos que tratam do assunto de uma
maneira mais agressiva.
Com a idealização do projeto de navegação - HIDROVIA
Araguaia-Tocantins - fez-se necessária a elaboração do EIA (Estudo de
Impacto Ambiental)- e do RIMA (Relatório de Impacto do Meio Ambiental)
em cumprimento à legislação ambiental vigente.
O EIA e o RIMA, apresentados junto aos órgãos ambientais
competentes, classificam, as litologias pertencentes a nossa área de estudo
como cobertura cenozóica e Formação Araguaia..
Cunha et al (1981) consideram que a dinâmica fluvial e os
aspectos fisiográficos da cobertura sedimentar do Bananal são reconhecidos
por meio de dois componentes geomorfológicos: a planície fluvial
caracterizada pela presença de lagos de barragens e de meandros; meandros
colmatados e diques fluviais, e áreas de acumulação muito baixas ,
sujeitas a inundações periódicas, constituídas, em sua maior parte, por
solos argilosos relativamente compactados.
A referida cobertura é constituída por sedimentos areno-
argilosos, mal consolidados, de coloração variada, muitas vezes,
laterizados. Eles recobrem as rochas mais antigas da região, principalmente
ao longo da mesopotâmia dos rios das Mortes, Araguaia e i lha do Bananal.
73
Araújo et al (1983) referem-se à área em estudo como unidade
morfoestrutural e morfoescultural da planície do Bananal
predominantemente de acumulação e aplainada, com orientação ao longo da
direção N-S (norte e sul), posicionada entre os paralelos 8º e 16º de
latitude sul e 49º e 52º de longitude oeste ao longo de boa parte do curso
dos rios Araguaia e das Mortes. Citando Mamede et al (1981), Araújo diz
que a ilha do Bananal é constituída por depósitos aluvionares e
coluvionares areno-argilosos inconsolidados pleistocênicos. Além disso,
ela possui altitude média entre 200 e 220 metros, sendo contornada a leste
e oeste pela depressão do Araguaia com altitudes em torno de 240 metros.
Segue Mamede et al (1983) a unidade geomorfológica da planície
do Bananal distingue-se por dois compartimentos morfoesculturais: áreas
de acumulação inundáveis (Aai) , caracterizadas geralmente por baixos
interflúvios, e extensas planícies fluviais (Apf) . A primeira encontra-se
representada, sobretudo, na parte meridional da ilha do Bananal, e a
segunda distribui-se em longas faixas deposicionais contíguas ao longo dos
rios principais e caracterizadas por depósitos de sedimentos
inconsolidados.
O projeto de irrigação Luiz Alves do Araguaia, implantado em
1997 pelo governo do Estado de Goiás, gerou vários relatórios, conforme
afirmação da empreiteira ONA Engenharia S.A. Segundo eles,
geomorfologicamente, a área de Luiz Aves consta de uma planície extensa
que tem seus limites, freqüentemente, estabelecidos com a unidade
geomorfológica da depressão do Araguaia.
Essa planície contorna Luiz Alves por relevos geralmente
conservados, mas, às vezes, dissecados, correspondendo a um relevo de
planície fluvial, principalmente ao longo do baixo Araguaia. Com meandros
e marcas que se movimentam e modificam ao longo do tempo, em uma
adaptação à estrutura subjacente ou sotoposta. Salienta-se na unidade
morfológica em análise duas feições: áreas de acumulação inundáveis e
áreas de planícies fluviais.
74
O relatório da empreiteira ONA Engenharia S.A. descreve a
geologia da região de Luís Alves-GO como depósitos sedimentares que
configuram um relevo, inequivocamente, como de planície, com
declividade entre 0,017 % a 0,02 %.
Essa deposição sedimentar é representativa dos sedimentos da
Formação Bananal e está cronologicamente relacionada ao Pleistocêno.
A ilha, na sua quase totalidade, é recoberta por sedimentos mais
recentes do Holoceno, principalmente por nítidos aluviões às margens dos
rios Araguaia e Verde, nos barrancos do Lago Luís Alves e nas faixas que
contornam as vazantes que contribuem para a drenagem da área em questão.
No geral, os sedimentos Pleistocênicos apresentam-se já
consolidados, no entanto, existem alguns sedimentos inconsolidados. Além
disso, ocorre, no entorno de Luiz Alves, um hidromorfismo intenso e
conseqüente das oscilações do lençol freático.
Os sedimentos observados vão da fácie arenosa a argilo-arenosa,
passando por areno-argilosos, com entremeios de cascalho em alguns
pontos e apresenta-se com cortéx de alteração variada que vai do cinza-
claro ao mais escuro nas camadas superficiais. Mais profundamente
observa-se um tom amarelado sobre o qual estrias avermelhadas de óxido
de ferro entremeiam.
Edafologicamente, esses sedimentos são caracterizados como
horizontes Plínticos.
Em 1999, sob a coordenação do Professor Latrubesse, Goiânia-
GO sediou o International Symposium on Geomorphology of Large Rivers
(GLOCOPH-IAG).
Para Latrubesse et al (1999), os sedimentos aluviais de idade
quaternária ocupam uma área de 93,527 Km², o que corresponde a 12,00%
da área de drenagem da bacia Araguaia / Tocantins. Consideram a região de
Cocalinho-MT como área representativa da planície do Bananal e que a
região divide-se em três unidades geomorfológicas: superfície de
75
aplanamento regional , terraços e planícies aluviais do rio Araguaia e
rio dos Peixes como pertencente à Planície do Bananal .
Os grandes projetos de pesquisa executados pelas equipes do
Projeto Zoneamento Sócio Econômico do estado de Rondônia e de Mato
Grosso do Sul entre 1996-1999 propôs a utilização de uma classificação
geomorfológica genética, baseada nas relações de causa-efeito. A área da
planície do Bananal situada no estado de Mato Grosso foi mapeada segundo
esse sistema de classificação.
Em 1999, resultante de um contrato entre a HAITAR
(Administração das Hidrovias do Tocantins e Araguaia) e IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística), desenvolve-se um estudo para
análise física, biótica e uso da terra na planície do Bananal. Este estudo
elege uma área de 80,352 Km² da bacia do rio Araguaia na área entre Barra
do Garças-MT e Luís Alves-GO. Fica o estudo intitulado como Diagnóstico
Ambiental da Bacia do rio Araguaia. Disso resultou um relatório
GEOAMBIENTAL para a planície do Bananal entre Barra do Garças - MT e
Luiz Alves – GO.
Latrubesse e Stevaux (2002), descrevem a geomorfologia geral
Araguaia, apresentando para a mesma caracterização geomorfológica
regional, bem como apresentam uma descrição de suas características
hidrológicas.
Latrubesse e Stevaux (2002) compartimentam o rio Araguaia em
três unidades geomorfológicas: alto, médio e baixo Araguaia. Bem como
apresenta a descrição e rica ilustração de cada uma dessas unidades.
76
5.2 - UNIDADES GEOMORFOLÓGICAS
Foram mapeadas, em nosso trabalho, três unidades
geomorfológicas: uma recobrindo toda parte oriental da área, o que
corresponde a Unidade Geomorfológica de Aplanamento Regional que
ocupa aproximadamente 50% dos 4.000 km² mapeados; na porção ocidental,
a Unidade Geomorfológica Planície Agradacional ligeiramente dissecada
com aproximadamente 45% da área; e a terceira unidade de planície fluvial
do rio Araguaia e do Peixe com aproximadamente 5% da área.(Apêndice 1).
Como foi mencionado no Capítulo II, para elaborar um mapa
geomorfológico da área de estudo aplicou-se basicamente a metodologia de
mapeamento Geomorfológico de Latrubesse et al (1998) e Latrubesse
(1999), as quais surgem de adaptações ao sistema de classificação e
mapeamento geomorfológico proposto para planícies deposicionais por
Iriondo (1986). Para atributos relacionados como variáveis de estado (por
exemplo, áreas sujeitas a inundações) e controle sobre as relações das
unidades geomorfológicas com as unidades vegetacionais da região,
adaptou-se um sistema de unidades de terreno ao estilo dos Land System do
ITC (1991), o qual, nesta dissertação, foi chamado de Subunidades
Geoambientais. As unidades Geoambientais definidas desta forma estão
organizadas num sistema de classificação hierárquico dependente da
unidade geomorfológica identificada. Vejamos esta classificação: feições
geomorfológicas que se destacam (independentemente de serem ativas ou
inativas), processo morfogenéticos dominante (inundável ou não inundável,
por exemplo), assim como tipo de vegetação ou ambiente biótico dominante
(murundus, vegetação em galeria e outros).
Segundo os critérios e metodologia mencionados acima, foram
mapeadas as seguintes unidades geomorfológicas e subunidades
geoambientais para nossa área de trabalho: (Tabela 1)
77
Tabela 01 – Síntese das Unidades Geomorfologicas
Unidades Geomorfológicas Subunidades Geoambientais
Lagos Maiores Assentados sobre
Lateritas e Savanas Arbóreas Densa
ou Cerradão
Lagos Pequenos e Geometria
Arredondada Assentados sobre
Rochas do Cristalino e dos
Sedimentos da Formação Araguaia
Com Vegetação de Cerrado
Aplanamento Regional
Altos Estruturais com Forma
Aguçada Sustentada por Quartzito
Áreas de Escoamento Impedido com
Campos de Murundus
Planície com Paleocanais e Áreas
Inundáveis
Planície Agradacional l igeiramente
dissecada
Planície Fluvial com Vegetação de
Galeria
Planície Aluvial dos rios Araguaia e do Peixe
5.2.1 - UNIDADE DE APLANAMENTO REGIONAL
A Unidade de Aplanamento Regional é sustentada por litologias
arqueanas (gnaisses), quartzito de idade pré-cambriano do Grupo Estrondo,
as quais afloram com formas aguçadas em níveis altimétricos elevados, uma
extensa cobertura detrítica-laterítico, bem como pelos sedimentos da
Formação Araguaia. A unidade comporta um sistema hidrológico que se
apresenta sob um nítido condicionamento tectônico. É o caso do sistema
78
fluvial do rio Araguaia, do Peixe e dos sistemas lacustres a exemplo da
lagoa da Baía.
Essa unidade apresenta os níveis altimétricos mais elevados da
área mapeada, podendo atingir 293m no topo dos afloramentos do
cristalino-quartzitico pré-cambriano do Grupo Estrondo e 240 m sobre os
sedimentos e coluvios laterizados nas proximidades das margens do rio
Araguaia.
Também, no que refere à vertente, a referida unidade apresenta
formas convexas e côncavas com valores de ângulos levantados com uso de
bússola de 6º e 4°, respectivamente, como se podem ver nos perfis
levantados na lagoa da Bahia e do Brejo.
O limite desta unidade, na parte ocidental com a Unidade
Geomorfológica Planície Agradacional ligeiramente dissecada, parece estar
estabelecido pelo sistema fluvial do rio Corixinho da Saudade.
O relatório do projeto RADAMBRASIL (folha SD-22-Goiás), em
seu mapa geomorfológico na escala de 1:1.000.000, apresenta para área,
mapeada como Unidade Geomorfológica de Aplanamento Regional, as
seguintes unidades geomorfológicas: t41- relevo de topo aplanado, com
ordens de grandeza das formas de dissecação >1750 m < 3750, e
intensidade de aprofundamento de drenagem muito fraca-, a12- formas
aguçadas, Aai – e Apf - planície fluvial da unidade geomorfológica da
planície do Bananal e superfície pediplanada da Depressão do Araguaia -
Ep – .
A referida unidade geomorfológica apresenta dois sistemas de
fraturas dominantes: um principal de direcionamento nordeste / sudoeste
(NE / SW) e um secundário de direção noroeste / sudeste (NW / SE).
Esta unidade representa aproximadamente 50% da área mapeada,
ocupando toda parte oriental (Vide Figura 13). Na área de trabalho, ela
encontra-se dividida por três subunidades geoambientais menores assim
denominadas:
79
1. Subunidade Geoambiental com lagos maiores assentados sobre
Sedimentos laterizados e Savana Arbórea Densa ou Cerradão;
2. Subunidade Geoambiental com lagos pequenos e geometria
arredondada, assentada sobre rochas do cristalino e dos
Sedimentos da Formação Araguaia com vegetação de Cerrado;
3. Subunidade Geoambiental de altos estruturais com forma
aguçada e sustentada por quartzitos;
5.2.1.1 - SUBUNIDADE GEOAMBIENTAL COM LAGOS
MAIORES ASSENTADOS SOBRE SEDIMENTOS
LATERIZADOS E SAVANA ARBÓREAS DENSA OU
CERRADÃO
Esta subunidade geoambiental representa um sistema lacustre que
possui predomínio de morfologia alongada e dimensões maiores que o
padrão, assentado sobre o capeamento laterítico (Vide Apêndice 1). Esse
sistema lacustre configura o resultado de uma associação genética ligada ao
nítido condicionamento tectônico e processos de dissolução de laterita, o
que leva a coalecência entre lagos menores.
Para variável ambiental “solos”, foram utilizados os dados de
perfil de solo mapeado pelo projeto RADAMBRASIL (1983) para a
descrição dessa unidade. (Perfil de n° P 99 e coordenada 14° 16’ S e 50°
37’ W) ressalta um Latossolo Vermelho-amarelo, Álico, textura média,
profundidade de 1,80 m.
Essa subunidade geoambiental é classificada como área que não
sofre inundação e é coberta por uma Savana arbórea densa, Savana arbórea
esparsa; áreas de Savanas antropizadas com uso de capim introduzido;
A fisionomia vegetal dessa unidade segundo as denominações
adotadas pelo projeto RADAM/IBGE (1982) é:
− Savana Arbórea Densa ou Cerradão –código – Sd;
80
− Vegetação gramímeo-lenhosa de lagos com floresta de galeria –
código – Sgf;
Os parâmetros físico-químicos Temperatura (T=ºC), Potencial
hidrogeniônico (pH), Oxigênio dissolvido (OXD=mg/l), Total de Sólidos
Dissolvidos (TSD=g/l.), Condutividade (CDT=mS/m), Transparência
(TRP=m), Profundidade (PRF=m) que caracterizam o sistema hidrológico
dessa subunidade para a data de junho / 2001 e maio de 2002, estão
representados por dados de campo tabulados abaixo. Vejamos:
Tabela 02. Subunidade Geoambiental Lagos Maiores Assentados sobre
Lateritas e Savanas Arbóreas Densa ou Cerradão.
Sistema Lacustre / Hidrologia de Superfície
DATA T°C pH OXD. TSD. TRP. PRF. CDT.
01/06/01 28,5 6,8 7,10 0,02 1,60 1,60 3,50
Parâmetros
Hidrológicos 13/05/02 30,0 6,30 8,60 0,01 ----- ----- 1,0
Lagoa da Bahia / margem norte 14º 31’ 17,7 “/ 51º 06’ 53,5”
Tabela 03. Subunidade Geoambiental Lagos Maiores Assentados sobre
Lateritas e Savanas Arbóreas Densa ou Cerradão.
Sistema Lacustre / Hidrologia de Superfície
DATA T°C pH OXD. TSD. TRP. PRF. CDT.
01/06/01 28,7 6,80 8,20 0,02 1,10 1,10 2,10
Parâmetros
Hidrológicos
Lagoa da Bahia/ margem sul 14º 31’ 32,7 “/ 51º 07’ 02,5”.
81
Tabela 04. Subunidade Geoambiental Lagos Maiores Assentados sobre
Lateritas e Savanas Arbóreas Densa ou Cerradão.
Sistema Lacustre / Hidrologia de Superfície
DATA T°C pH OXD. TSD. TRP. PRF. CDT.
01/06/01 28,30 6,60 8,20 0,01 2,30 2,30 1,80
Parâmetros
Hidrológicos ---------- ----- ------ ------ ----- ----- -----
Lagoa Da Bahia / Centro Da Lagoa 14º 31’ 17,7 “/ 51º 06’ 53,5”
Tabela 05. Subunidade Geoambiental Lagos Maiores Assentados sobre
Lateritas e Savanas Arbóreas Densa ou Cerradão.
Sistema Lacustre / Hidrologia de Superfície
DATA T°C pH OXD TSD TRP PRF CDT
01/06/01 30,20 6,90 7,30 0,04 1,10 1,10 5,0
Parâmetros
Hidrológicos 13/05/02 30,0 6,8 6,90 0,03 ----- ----- 4,80
Lagoa do Brejo 14º 34’ 43,2 “/ 51º 07’ 45,6”
Para controle dos parâmetros físico-químicos coletados do
sistema lacustre dessa subunidade, procurou-se referenciá-los com dados do
freático de poço, os quais encontram-se posicionados na área sobre zonas
de interflúvios. Vejamos:
82
Tabela 06. Subunidade Geoambiental Lagos Maiores Assentados sobre
Lateritas e Savanas Arbóreas Densa ou Cerradão.
Hidrologia do Freático
DATA T°C pH OXD. TSD. TRP. SP. CDT.
01/06/01 28,30 5,60 5,70 0,05 ----- 4,10 8,20
Parâmetros
Hidrológicos 13/05/02 28,30 5,8 4,20 0,03 ----- 3,20 4,0
Faz. Água Limpa (sede da serraria) 14º 31’ 36,81 “/ 51º 07’ 05,62”
Para essa subunidade, executamos duas sondagens, uma sobre a
lagoa da Baía e a outra na lagoa do Brejo (Vide Figura 13).
A sondagem sobre a lagoa da Bahia atingiu 2,5 m. Das amostras
geradas a partir dela, quatro foram processadas:
− Para o intervalo de classe granulométrica –1 ≤ Φ ≤ 1 as
amostras apresentam tendência semelhante, com menos de 5%
de peso na classe gravosa com seixos de 3 mm de diâmetro;
− Intervalo de 1 ≤ Φ ≤ 4 com amostras na profundidade de 1,1 m
e 2,3 m apresentam tendências semelhantes com amplitudes
suavizadas com picos na classe 2 (areia média), 3 (areia fina)
e 4(areia muito fina) e percentagem em peso para ambas
amostras está na média de 28% o que caracteriza a fácie areia
média/fina a muito fina na base do perfil;
− Intervalo de 2 ≤ Φ ≤ 4, com amostras na profundidade de 0,2m
e 0,5m, tem-se picos na classe 3 (areia fina) e 4 (areia muito
fina), o que ressalta uma delgada fácie de areia muito fina na
posição de 0,5 m e fina no topo.
Já quanto à propriedade química, o pH da área, apresenta valores
de 4,5 a 5,8 para o solo e 5,8 a 6,8 para a hidrologia lacustre, a exemplo do
que apresenta a lagoa da Bahia e de 4,7 a 4,9 para o freático a exemplo de
dados do poço de nº 1 (Vide Figura 13 e Apêndice 2 ). Quanto à tectônica
83
impressa, a exemplo, da morfologia da lagoa da Baía, ela apresenta o eixo
maior condicionado ao sistema tectônico secundário de direção
noroeste/sudeste e o eixo menor condiciona-se ao sistema principal de
direção nordeste/sudoeste. Possui uma morfologia de fundo chato e registra
depósitos atuais de pequenas estruturas do tipo “esqueleto residual de
laterita” sobre o seu leito.
A presença de esqueleto de laterita no fundo das lagoas e valores
de pH de 4,7 a 4,9 para as águas do freático, sugere-se a possibilidade de
que essas formas representam uma dinâmica de dissolução por águas do
freático, águas, as quais concentra-se com maior intensidade sobre as
regiões mais afetadas pelos sistemas conjugados de fraturas, bem como em
concordância com a pendente regional que na área foco encontra-se rumo
norte. Esta relação fica bem ilustrada pela lagoa da Baía. (Vide Figura 13).
As vertentes das geoformas dessa subunidade apresentam-se sob
morfologia convexa / côncava com ângulos apresentando valores de 6° e 4º
respectivamente, os quais foram levantados, utilizando-se bússola Brunton
e fita métrica (Figuras 15 e 18)
84
85
86
87
88
5.2.1.2 - SUBUNIDADE GEOAMBIENTAL COM LAGOS
PEQUENOS E GEOMETRIA ARREDONDADA ASSENTADOS
SOBRE ROCHAS DO CRISTALINO E DOS SEDIMENTOS DA
FORMAÇÃO ARAGUAIA COM VEGETAÇÃO DO CERRADO
Esta subunidade representa a parte mais oriental da área de nosso
trabalho, sendo mapeada em quase sua totalidade no estado de Goiás.
Ocupa a margem direita do sistema fluvial do rio Araguaia e limita-se em
sua parte mais oriental pelo sistema fluvial do rio do Peixe (Vide Apêndice
1).
Do ponto de vista da caracterização pedológica, descrevemos,
para essa subunidade, Areias quartzosas e solos da classe dos Gley Pouco
Húmicos.
O sistema hidrológico instalado nessa subunidade comporta um
sistema lacustre caracterizado por uma grande quantidade de lagos de
pequena dimensão e morfologia arredondada, assentado sobre litologias de
interface Laterita / Formação Araguaia/Cristalino, e está geneticamente
ligado a processos incipientes de dissolução.
Temos aí representados lagos com morfologia arredondada e
diâmetro médio de 400 m para o período de seca. Esse resultado é
apresentado a partir de uma amostragem feita em imagem de satélite
LANDSAT 5 TM de 23 lagos.
Esse sistema lacustre constitui a variável hidrológica, a qual
individualiza esta subunidade. Além disso, este sistema apresenta uma
dinâmica hidrológica fora de fase para com a dinâmica dos sistemas
fluviais do rio Araguaia pela face oeste e do rio do Peixe pela face leste. A
dinâmica hidrogeomorfológica desse conjunto de pequenos lagos está
diretamente ligada à dinâmica de precipitação da região.
Para controle da dinâmica hidrogeomorfológica, procurou-se
caracterizar a dinâmica da Superfície Piezométrica (SP.) e os parâmetros
89
físico-químicos Temperatura (T=ºC), Potencial hidrogeniônico (pH),
Oxigênio dissolvido (OXD=mg/l), Total de Sólidos Dissolvidos (TSD=g/l),
Condutividade (CDT=mS/m.), Transparência (TRP=m.), Profundidade
(PRF=m.) do sistema lacustre dessa subunidade.
Referendou-se a dinâmica hidrogeomorfológica dessa subunidade
util izando, para controle dos parâmetros físico-químicos, dados da
hidrologia de poço. Para se ter uma visualização geral dos parâmetros
físico-químicos e da dinâmica da superfície piezométrica foi feita à
espacialização desses poços, sobre o perfil geológico que corta esta
subunidade. Tais poços têm seus parâmetros físico-químicos de hidrologia
descritos a seguir:
Tabela 07. Subunidade Geoambiental Lagos Pequenos e Geometria Arredondada
Assentados sobre Rochas do Cristalino e dos Sedimentos da Formação Araguaia Com
Vegetação de Cerrado.
Hidrologia do Freático
DATA T°C pH OXD TSD TRP SP CDT
02/06/01 28,7 4,90 670 0,10 ----- 4,70 15,30
Parâmetros
Hidrológicos 13/05/02 28,30 4,70 5,90 0,07 ----- 3,80 10,90
Poço n.° 01 – Cocalinho – MT. / Hotel Araguaia
Como já fora mencionado, a dinâmica do freático dessa
subunidade e do rio Araguaia mostra-se fora de fase, como podemos
observar no dado de Superfície Piezométrica – SP do poço e o nível da
água à margem esquerda do rio Araguaia na cidade de Cocalinho – MT.
Nesse local, os dados apresentam valores de quatro metros e setenta
centímetros para a piezometria de poço e três metros e cinqüenta
centímetros de nível da água no barranco do rio (SP. do poço – 4,70 m,
nível da água no barranco do rio Araguaia – 3,50 m), na data de 02/06/01.
90
Esta relação da dinâmica hidrológica entre o sistema fluvial e o
freático pode ser explicada pela condição do sistema fluvial de um rio
alóctone como o rio Araguaia, condição que faz com que o rio receba fluxo
de entrada de energia em áreas que estão fora da área mapeada. Explica-se
também essa relação devido à diferença de velocidade do fluxo da água nos
diferentes sistemas hidrológicos comparados: o fluvial e o freático. Dessa
forma a velocidade de fluxo no fluvial pode chegar a metros por segundo
(m / Seg.) e do freático a centímetros por dia (cm / d).
Para uma melhor caracterização da geologia dessa subunidade,
executamos um furo na unidade geológica da Formação Araguaia.
O furo sobre afloramentos dessa unidade, na Faz. Aricá, atinge 6
m. Do total de amostras geradas, foram processadas duas, devido ao alto
grau de homogeneidade granulométrica apresentada pelos sedimentos
(Figura 19).
Para o intervalo de classe granulométrica:
− –1 ≤ Φ ≤ 1 tem-se zero de percentagem de peso para os
sedimentos gravosos.
Para as profundidades de:
− 1m e 4,5m as amostras, apresentam classes granulométricas
com tendências semelhantes de concentração de peso, porém,
em classes diferentes.
− 1m - sendo o pico para a classe 2 (areia média) acima de 50%
de peso;
− 4,5m - pico para a classe 3 (areia fina) com peso acima de
55%. Fica determinada, assim, a fácie areia média/fina para
essa unidade.
91
5.2.1.3 - SUBUNIDADE GEOAMBIENTAL DE ALTOS
ESTRUTURAIS COM FORMA AGUÇADA SUSTENTADA POR
QUARTZITO
Esta subunidade comporta o maior afloramento do cristalino em
nossa área de estudo. São rochas quartzíticas de idade pré-cambriana do
Grupo Estrondo. Tal subunidade apresenta afloramentos com formas
aguçadas e sustenta um relevo alongado e estreito em níveis altimétricos
que chegam a alcançar 293 m em contraste com níveis altimétricos da
região, que estão entre 240 e 245 m (Vide Figura 12 e Apêndice 1).
Essa morfologia, que lembra um Horst, possui direcionamento
concordante com a tectônica regional de direção NE / SW de
aproximadamente 20 km de extensão e 05 km de largura. A referida
morfologia expõe, também, um segundo sistema tectônico de
direcionamento NW / SE, responsável por um proeminente jogo de
fraturamento.
A tectônica secundária de direção (NW / SE) é responsável pela
intensa geração de veios de quartzo, os quais irá, também, fornecer os
seixos para a extensa cobertura de coluvios laterizados que sustentam a
Unidade Geomorfológica de Aplanamento Regional (Vide Figura 11 e
Apêndice 1).
Seguindo os mesmos critérios já mencionados de classificação da
fisionomia vegetal, temos uma Savana parque, com representantes em nível
de espécie tais como:
− Anacardium sp – Anacardiaceae – Lenhosa – Cajueiro;
− Macaerium acutifolium – Leguminosae – Lenhosa – Jacarandá
do campo;
− Enterolobium contortisilicum – Leguminosae - Lenhosa –
Tamboril;
Dipteres alata - Leguminosae - Lenhosa –Baru.
92
93
5.2.2 - UNIDADE GEOMORFOLÓGICA PLANÍCIE
AGRADACIONAL LIGEIRAMENTE DISSECADA
Do ponto de vista da dinâmica hidrológica esta unidade é
extremamente importante por apresentar um intricado sistema hidrológico
de superfície e uma complexa dinâmica de inundação.
Esta unidade assenta sobre os sedimentos inconsolidados de
provável idade pleistocênica/holocênica da planície do Bananal. Na área de
trabalho, encontra-se posicionada entre níveis altimétricos de 240 a 243m.
Das inter-relações entre as variáveis de estado (sedimentos
inconsolidados) e as variáveis de transformação (dinâmica de precipitação)
configura para a unidade, geoforma plana com processos degradacionais
incipientes que vão gerar no período das cheias - máximas precipitações –
(dez. /março), a dinâmica de encharcamento de grande parte da área. Além
disso, a referida unidade comporta um sistema hidrológico autóctone
incipiente e um grande número de paleocanais.
O sistema fluvial desta área está representado pelos rios
Corixinho da Saudade, Corixão, Cristalino e paleocanais.
A cartografia do projeto RADAMBRASIL (1983) mapeia para
essa unidade áreas de acumulação inundável-Aai – e Apf - planície fluvial
da unidade geomorfológica da planície do Bananal a oeste da área estudada
a partir do rio Corixinho, superfícies pediplanadas da Depressão do
Araguaia - Ep – também a oeste entre o rio Corixão e Cristalino.
Para a descrição pedológica da área foi utilizado o perfil de solo
mapeado pelo projeto RADAMBRASIL (1983). Perfil de número P 98 e
coordenada 13° 11’ S e 51° 22’W à 51 km de Cocalinho-MT, estrada
Cocalinho rio das Mortes.
As informações fornecidas por esse perfil foram extrapoladas
para toda essa unidade. Que revela um solo da classe Laterita Hidromórfica
com argila de atividade baixa a moderado, textura arenosa / média, relevo
plano. (Vide Figura 13).
94
Foram mapeadas as tipologias vegetacionais dessa unidade
adotando o critério de comportamento hidrogeomorfológico tais como:
quando existe uma drenagem organizada com talvegues definidos, tem-se a
floresta de galeria. A floresta aparece também em manchas depressionárias
sujeitas a inundações mais longas ou então em pequenas manchas em relevo
mais alto.
Quando, entre as calhas principais, se intercalam zonas
inundáveis, observam-se tufos de vegetação sobre termiteiras extintas
compondo a paisagem de Savana Parque.
Esta unidade geomorfológica é sustentada por sedimentos
arenosos inconsolidados na fácie S (areia média/ areia fina) de idades
cenozóica-pleistocênica-holocênica, representadas por l itologias da
Formação Araguaia. Ela recobre aproximadamente 45 % da superfície de
nossa área de pesquisa e encontra-se dividida, em nosso trabalho, por três
subunidades geoambientais menores. Tais subunidades geoambientais são:
− Subunidade Geoambiental Áreas com escoamento impedido e
Campos de Murundus;
− Subunidade Geoambiental de Planície com Paleocanais e Áreas
Inundáveis;
− Subunidade Geoambiental de Planície Fluvial com Vegetação
de Galeria.
5.2.2.1 – SUBUNIDADE GEOAMBIENTAL ÁREAS COM
ESCOAMENTO IMPEDIDO E CAMPOS DE MURUNDUS
Essa subunidade distribui-se em pequenas manchas mais elevadas
no terreno por toda a superfície da Unidade Geomorfológica Planície
Agradacional l igeiramente dissecada, bem como na parte oriental da
Unidade Geomorfológica de Aplanamento Regional. É a esse conjunto de
formas circulares e elevadas no terreno, e na sua grande maioria,
95
colonizadas por termiteiros que se dá o nome de campos de murundus
(Figura 20A).
Esta subunidade geoambiental caracteriza-se por um conjunto de
morfologias circulares em níveis altimétricos mais elevados, o que não
permite que atual dinâmica de inundação promova o total encharcamento
dessas áreas. Bem como por um deficiente e intrincado sistema de
escoamento superficial o que leva a inundação das partes baixas entre os
murundus.
Esse conjunto de murundus constitui-se de morfologias circulares
e de uma geometria que apresenta diâmetro que vai de 3,0 m e altura, na
posição central de 1,0 m, até, diâmetro de 15,0 m. Para Mamede (2001),
esse conjunto de morfologias circulares está ligado a um passado mais seco
da planície e, portanto, ela está menos sujeita às inundações laminares.
Nesse período, segundo a autora, deu-se a colonização dos interflúvios por
savanas e por termiteiros. Eiten (1985) em estudo a NE de Santa Isabel
mostra em perfil a relação atual entre a dinâmica inundacional e os campos
de murundus.
Da integração de dados de tradagem mais vibracore nessa
unidade, temos 5,90 m de perfil com a seguinte descrição:
Da base para o topo tem-se a seguinte descrição:
- De 5,90 m a 5,40m , tem-se uma fácie gravosa Sc (m, g,) com a
presença de seixos de quartzo com diâmetro máximo de 1,0 cm,
altamente fraturado, boa esfericidade e angulosidade média-alta.
Essa fácie litológica apresenta um córtex de alteração laranja
claro.
− De 5,40 m a 5,05 m , em contato transicional tem-se uma matriz
na fácie areia média fina S(m, F), presença de núcleos
esféricos de argila com diâmetro de 0,5 cm e o mesmo córtex
de alteração da fácie anterior.
− De 5,05 m a 4,0 m , fácie arenosa S(F, m), com alto teor em
silte, mosqueamento plíntico e plintitas de diâmetro com
96
variância de 1,0 mm a 1,0 cm e córtex de alteração laranja
escura.
− De 4,0 m a 3,30 m , fácie areia média/fina S(m, F) , com
mosqueamento branco, cortéx laranja escuro.
− De 3,30 m a 2,70 m , S(m, F) (areia média/areia fina) com
cortéx esbranquiçado e um suave mosqueamento laranja,
estando, nesta profundidade de 2,70 m , o posicionamento do
freático para a data de 02/06/01.
− De 2,70 m até a superfície do terreno prossegue a fácie
arenosa, S(m, F) e cortéx esbranquiçado(Figura 20B e 20C).
Todos os contatos, resultado da composição desse perfil , não
mostram transição de textura brusca. Já quanto ao cortéx de alteração, essa
transição é brusca a partir de 2,70 m de profundidade. Passa de um branco
que é constante até a profundidade de 2,70 m , a um cortéx alaranjado nos
níveis abaixo.
Como já fora mencionado anteriormente, a classe de solo dessa
subunidade é classificada como Laterita Hidromórfica com argila de
‘atividade baixa a moderado, textura arenosa / média e relevo plano. O que
é descrito a seguir por um perfil de solo util izado como exemplo.
5.2.2.1.1 - DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA DE UM PERFIL DE
SOLO EXEMPLO PARA ESSA UNIDADE
Classificação – Laterita Hidromórfica álica com argila de
atividade baixa a moderado, textura arenosa / média, relevo plano.
Unidade de mapeamento – Hla5.
Localização: A 51 km de Cocalinho, estrada Cocalinho rio das Mortes. 13°
11’ S e 51° 22’ W (Figura 21).
97
98
99
100
101
Tabela 08. Situação, declive e cobertura vegetal sobre o perfil com local
plano de até 2% de declive e sob cobertura de campo graminoso.
Características do Perfil Exemplo
Altitude 243 m
Litologia Sedimentos consolidados e inconsolidados
Formação geológica Cobertura Sedimentar do Bananal
Período Quaternário
Relevo local Plano
Relevo regional Plano
Erosão Não aparente
Drenagem Imperfeitamente drenado
Vegetação primária Savana Parque
Tabela 09. Descrição morfológica do perfil de solo – Campos de Murundus
Horizonte Profundidade Descrição Morfológica
A1 0 – 25 cm bruno escuro (7,5 YR 3/2, úmido), cinzento-escuro (10 YR 4/1, seco); areia franca, grãos simples, soltos, não- plástico e não-pegajoso, transição clara.
A3 25 – 42 cm bruno-escuro (7,5 YR 4/2, úmido), bruno (7,5 YR 5/2, seco), areia franca; grãos simples soltos, não-plástico e não- pegajoso, transição gradual.
B1 42 – 56 cm bruno (7,5 YR 5/2), mosqueado comum, médio e distinto, bruno forte (7,5 YR 5/6); franco-arenoso; maciça; friável, l igeiramente plástico e ligeiramente pegajoso; transição gradual.
102
Continuação da Tabela 09
Horizonte Profundidade Descrição Morfológica
B21pl 56 – 90 cm cinzento-brunado-claro (10 YR 6/2), mosqueado abundante, grande e distinto, bruno-amarelado (10 YR 5/8) e comum, pequeno e proeminente vermelho (2,5 YR 4/6); franco-arenoso; maciça; friável; ligeiramente plástico e ligeiramente pegajoso; transição gradual.
B22pl 90 – 130 cm cinzento-brunado-claro (10 YR 6/2), mosqueado abundante, grande e distinto, bruno-amarelado (10 YR 5/8) e comum, pequeno e proeminente vermelho (2,5 YR 4/6); franco-arenoso; maciça; friável; ligeiramente plástico e ligeiramente pegajoso; transição gradual.
B23pl 130 – 170 cm coloração variegada, constituída de cinzento-brunado-claro (10YR 6/2), bruno-amarelado (10 YR 5/8), vermelho (2,5 YR 5/8), vermelho (10 YR 4/6); franco-arenoso; maciça; friável; l igeiramente plástico e ligeiramente pegajoso.
OBS. Raízes: abundantes finas no A1, comuns finas no A3, raras finas nos demais horizontes.
Tabela 10. Poder Hidrogeniônico: (pH) do solo
Horizonte Profundidade Descrição do pH
A1 O – 25 cm pH – 5,4.
A3 25 – 42 cm pH – 4,9.
B1 42 – 56 cm pH – 5,5.
B21pl 56 – 90 cm pH – 5, 6.
B22pl 90 – 130 cm pH – 5,4.
B23pl 130 – 170 cm pH – 5,7.
103
Tabela 11. Já a cobertura vegetal desses campos de murundus, descreve
segundo a classificação de Dambrós (1983).
Espécie Gênero e Família Tipo e nome
popular
Subunidade
Geomorfológica
Stryphnodendron adstringes –
Leguminosae Lenhosa – Barbatimão Campos de murunduns
Sclerolobium aureum – Leguminosae Lenhosa – Carvoeiro Campos de murunduns
Vochysia lankeana – Vochysiaceae Lenhosa – Escorrega
macaco Campos de murunduns
Platypodium elegans – Leguminosae Lenhosa – Jacarandá
canzil Campos de murunduns
Passamos, agora, a descrever os dados da hidrologia de poços
util izados para controle da dinâmica hidrogeomorfológica dessa subunidade
geoambiental. São dados referentes ao período de seca, junho de 2001 e
maio/2002 (Vide Apêndice 2).
Tabela 12. Subunidade Geoambiental de escoamento impedido com Campos
de Murundus
Sistema Hidrológico de Subsuperfície / Hidrologia Do Freático
DATA T°C pH OXD. TSD. TRP. SP. CDT.
03/06/01 28,60 5,50 8,30 0,06 ----- 2,90 7,40
Parâmetros
Hidrológicos 12/05/02 28,90 5,80 5,90 0,06 ----- 2,40 8,60
Poço de N° 06– Faz. Talismã (próximo ao rio Corixão) 14° 11’ 24,95” S / 51° 14’ 53” W
Para efeito de comparação entre o sistema hidrológico do freático
e fluvial autóctone, os quais compõem a dinâmica hidrogeomorfológica da
Unidade Geomorfológica Planície Agradacional ligeiramente dissecada da
Planície do Bananal, utilizamos a hidrologia do sistema fluvial próximo ao
104
poço citado acima (poço de n° 06) e o sistema fluvial autóctone do
Cristalino (Vide Apêndice 3).
Tabela 13. Subunidade Geoambiental de Planície Fluvial com vegetação de
Galeria
Sistema Fluvial Autóctone – Rio Corixão / Hidrologia de superfície
DATA T°C pH OXD. TSD. TRP. SP. CDT.
03/06/01 28,60 5,50 8,30 0,06 ----- ---- 7,40
Parâmetros
Hidrológicos 12/05/02 26,30 5,80 5,90 0,01 ----- ---- 0,90
Ponto Do Rio– Faz. Talismã 14° 11’ 25” S / 51° 14’ 53” W
Tabela 14. Subunidade Geoambiental de Planície Fluvial com vegetação de
Galeria
Sistema Fluvial Autóctone – Rio Cristalino / Hidrologia de superfície
DATA T°C pH OXD. TSD. TRP. SP. CDT.
03/06/01 27,60 6,10 9 30 0,02 ----- ---- 1,70 Parâmetros
Hidrológicos --------- ------ ------- ------ ----- ----- ---- ------
Ponto do Rio – Ponte que liga Cocalinho / Serra do Calcário
Tabela 15. Subunidade Geoambiental de Planície Fluvial com Vegetação de
Galeria Sistema hidrológico de subsuperfície / hidrologia do freático.
Sistema Hidrológico de Subsuperfície / Hidrologia do Freático
DATA T°C pH OXD. TSD. TRP. SP. CDT.
03/06/01 28,70 4,90 10,05 0,13 ----- 5,80 18,50 Parâmetros
Hidrológicos
12/05/02 28,70 5,40 8,0
0,10
-----
4,20
15,90
Poço de N° 07 – Faz. Santa Silva 14° 12’ 10,85” S / 51° 17’ 22,64” W
105
5.2.2.2 – SUBUNIDADE GEOAMBIENTAL DE PLANÍCIE COM
PALEOCANAIS E ÁREAS INUNDÁVEIS
Esta subunidade caracteriza-se pelo seu total encharcamento no
período de máxima precipitação que, para a região, acontece entre os meses
de janeiro e fevereiro. O encharcamento ocupa toda essa parte mais baixa
do terreno em estudo, o qual, apresenta altitudes próximas aos 240 m.
Nesse terreno, pode-se evidenciar um intrincado sistema de
drenagem deficiente associado a uma rede de paleocanais.
Foi executado, para melhor caracterizar a geologia e determinar a
posição do freático, uma tradagem no interior dessa subunidade (Figura
22), a qual alcançou 5,9 m de profundidade. O furo revela uma fácie
arenosa em todo o perfil . E, na profundidade de 1,70 a 2,0 m, um nível de
0,30m de plintitas. O nível do freático é de 2,30 m na data de 02/06/01.
O parâmetro textura desses sedimentos foi um dos elementos
importantes nesse trabalho, pois constitui uma propriedade intrínseca a eles
e que influencia diretamente a dinâmica hidrogeomorfológica, e
conseqüentemente, segundo a metodologia desse trabalho já mencionado
anteriormente, na compartimentação das unidades geomorfológicas.
Para tanto, foi processada e analisada uma série de amostras, que
passa a ser descrito a seguir.
Para esta subunidade, executamos dois furos e uma sondagem
(Vide Figura 13) para descrever seu comportamento textural como:
106
107
Composição do perfil - Furo de trado nº 1 mais sondagem
Esta composição gera um perfil de 5,9 m (Vide Figura 20). Para
este perfil , foram processadas seis amostras que resultam no seguinte perfil
com respectivas classes texturais:
− O perfil apresenta, para os primeiros 3 m (tradagem), no
intervalo de classe granulométrica de -1 ≤ Φ ≤ 1, semelhanças
quanto a concentração de sedimentos grosseiros menos de 1%
de peso das amostras.
− No intervalo de 1≤ Φ ≤ 3, a composição apresenta
comportamento de amplitude semelhante aos picos na classe 2
(areia média) com percentagem em peso variando entre 40 e
50%, o que caracteriza uma fácie areia média.
No intervalo de classe 3 ≤ Φ ≤ 5, a composição mostra a mesma
tendência, ou seja, percentagem em peso menor que 10%, convergindo para
uma concentração em peso muito pequena para a classe 6(silte).
Para a profundidade de 3 m a 5,9 m (sondagem), no intervalo de
classe entre –1 ≤ Φ ≤ 1, mostram - se tendências semelhantes, porém,
concentrações em pesos diferentes, sendo concentração acima de 15% para
a os sedimentos de base do perfil e menos de 1% para o restante do perfil;
o que caracteriza uma fácie gravosa para a base desse perfil .
No intervalo de classe entre 1 ≤ Φ ≤ 4, têm-se picos para a classe
2, com percentagem em peso acima de 40% para a profundidade de 4,6m a
5,9m (fácie areia média) e pico para classe 3, com percentagem acima de
60% para a profundidade de 3,10m (fácie areia fina) (Vide Figura 20).
Da integração desse perfil podemos sintetizar da base para o
topo:
− 5,90 m a 5,40 m, - fácie S(m, g) (areia média/areia grossa) com
presença de grânulos de quartzo com diâmetro máximo de 1,0
cm, altamente fraturado, boa esfericidade e angulosidade
média-alta, apresentando um cortéx de alteração laranja claro.
108
− De 5,40 m a 5,05 m, - em contato transicional, tem-se uma
matriz na fácie S(m, F) (areia média / areia fina com núcleos
esféricos de argila em diâmetro de 0,5 cm com o mesmo cortéx
de alteração anterior).
− De 5,05 m a 4,0 m, - S(F, m) (areia/fina/areia média) com alto
teor em silte, mosqueamento plíntico e plintitas de diâmetro
com variância de 1,0 mm a 1,0 cm, cortéx de alteração laranja
escura.
− De 4,0 m a 3,30 m, - S(m, F) (areia média/areia fina), com
mosqueamento branco, cortéx laranja escuro.
− De 3,30 m a 2,70 m, - S(m, F) (areia média/areia fina) com
cortéx esbranquiçado e um suave mosqueamento laranja,
encontrado, nesta profundidade de 2,70 m, o posicionamento
do freático para a data de 02/06/01.
− De 2,70 m até a superfície do terreno, prossegue a fácie
arenosa, S(m, F) (areia média/areia fina) e córtex
esbranquiçado.
Composição do perfil - Furo de trado nº 2
O furo de trado nº 2 atingiu 5,5 m de profundidade, localizado na
unidade ambiental de áreas inundadas (Vide Figura 13). Tal furo deu
origem a uma série de amostras, das quais foram processadas 04 em função
da homogeneidade dos sedimentos.
O perfil apresenta, para o intervalo de classe de –1 ≤ Φ ≤ 1,
semelhanças quanto à concentração de sedimentos grosseiros.
Para o intervalo de classe entre 1 ≤ Φ ≤ 2 (areia grossa), a fácie
da base do perfil (4 m) mostra uma curva granulométrica com amplitude
maior, exibindo um comportamento suavizado, enquanto o restante das
amostras apresenta um comportamento menos suave.
109
No intervalo de 2 ≤ Φ ≤ 4, caracteriza o predomínio da fácie areia
média/fina para os sedimentos de unidade de topo da Formação Bananal.
No intervalo de 4 ≤ Φ ≤ 5, as amostras apresentam a mesma
tendência de fácie com areia muito fina, ou seja, em torno de 10% de peso.
Vale ressaltar que esta tendência converge para uma concentração muito
pequena, menos de 1% para a classe 6 (silte).
Fica determinados, pela composição textural dos sedimentos da
Unidade Geomorfológica Planície Agradacional da planície do Bananal,
duas fácies, uma com grânulos e uma outra com areia media/fina, que
imprime para essa unidade geomorfológica uma característica de intensa
movimentação de elevação e rebaixamento do nível freático. Isso torna essa
planície muito sensível quanto à variação do fluxo de água e de sedimentos
que entram no sistema.
Essa unidade assenta-se sobre um Latossolo Vermelho álico que,
devido às características de homogeneidade do terreno, interpretamos como
a classe de solo que é referendada pelo perfil de n° 98 já mencionado
acima.
No que se refere à cobertura vegetal, temos a fisionomia de uma
Savana parque com um tapete graminoso. Para representar essa fisionomia
foram identificadas as seguintes espécies de plantas:
− Curatella – Dillenaceae – Lenhosa – Lixeira;
− Americana – Cypiraceae – Graminea - -----------; .
− Alibertia sessetis – Rubiaceae – Lenhosa – Marmelada;
− Bysonima sp – Malpighiaceae – Lenhosa – Murici;
− Vochyisia tucanorum – Vochysiaceae – Lenhosa – Pau de
tucano.
A dinâmica hidrogeomorfológia dessa subunidade geoambiental é
referendada no trabalho com a caracterização feita a partir do
monitoramento da hidrologia, representada pelos sistemas fluviais
110
autóctones do Corixinho da Saudade, Corixão e Cristalino, bem como do
freático, por meio dos dados dos poços de nº 06 e 07 (Vide Figura 13).
As vertentes que configuram a geoforma dessa subunidade
caracterizam-se por serem retas e largas e por apresentarem pendente local
entre 1% e 2%. (Vide perfil levantado com teodolito) (Figura 23).
Todos os contatos entre as fácies presentes nesse perfil ,
referindo-se a textura, se dão de forma transicional. Já quanto ao cortéx de
alteração, essa transição é brusca a partir de 2,70 m de profundidade. A
transição passa de um branco, que é constante até a profundidade de 2,70
m, a um córtex alaranjado nos níveis abaixo.
Na dinâmica de inundação a que Mamede et al (1983) referem-se,
o processo dinâmico de encharcamento não fica claro. Não são constatadas
evidências de que o encharcamento dessa subunidade dá-se pela saturação
do freático pelo regime de precipitação e posterior inundação de superfície,
ou se há um transbordamento dos sistemas fluviais autóctones ou ambos os
processos. E também com relação, à dinâmica de inundação da planície,
permanece certa obscuridade quanto à influência ou não dos sistemas
fluviais autóctones nesse processo de inundação. Também, os autores não
fazem menção sobre a existência ou não de algum tipo de relação entre
essas áreas inundadas apresentadas e o sistema fluvial alóctone principal da
região, representado pelo rio Araguaia.
111
112
5.2.2.3 -SUBUNIDADE GEOAMBIENTAL DE PLANÍCIE
FLUVIAL COM VEGETAÇÃO DE GALERIA
Esta subunidade ambiental caracteriza-se por apresentar uma
seqüência de depósitos arenosos inconsolidados de idade holocênica ao
longo dos sistemas fluviais autóctones dos rios Corixinho da Saudade,
Corixão e Cristalino.
O sistema fluvial que compõe essa subunidade apresenta nítido
controle tectônico, o qual é refletido pelo padrão retilíneo e pelo
paralelismo desses três rios, segundo padrão tectônico regional impresso na
área de direção nordeste / sudoeste (NE /SW) (Vide Figura 13).
A metodologia aplicada para a análise e compreensão da dinâmica
hidrogeomorfológica dessa subunidade geoambiental é a mesma aplicada
nas demais unidades, ou seja, monitoramento do freático, por meio do
controle dos parâmetros da hidrologia de poço, bem como da hidrologia
fluvial. Isso nos permite realizar o cruzamento de dados hidrológicos do
sistema freático e do fluvial.
Do ponto de vista das adaptações pedológicas, temos: Areias
Quartzosas e Solos Gley Pouco Húmicos.
Segundo caracterizações científicas adotadas pelo projeto
RADAM/IBGE (1982), a vegetação da subunidade geoambiental da planície
fluvial com vegetação de galeria, é Floresta Estacional Semidecidual
Aluvial com dossel emergente.
113
5.2.3 - UNIDADE GEOMORFOLÓGICA PLANÍCIE ALUVIAIS
DOS RIOS ARAGUAIA E DO PEIXE
Esta unidade geomorfológica é classificada separadamente por
apresentar uma dinâmica hidrogeomorfológica independente. (Vide fig. 11.)
A unidade possui uma planície aluvial que abrange diferentes
aspectos, sendo formada por sedimentos holocênico e pleistocêno tardio.
Os sedimentos mais antigos são caracterizados pela presença de
conglomerado e depósitos arenosos altamente laterizados formando um tipo
de crosta concrecionada.
Delgadas laminações de areias finas, silte e argila caracterizam
estes depósitos localizados geralmente na parte superior dos perfis
sedimentares. Formam corpos geralmente tabulares de vários metros de
largura e espessuras inferiores a 0.5 m. Os materiais são depositados por
correntes tractivas de baixo regime e pela decantação dos elementos mais
finos nos setores do canal principal mais distantes dos fluxos principais.
Em muitos casos apresentam sua estrutura modificada por processos pós-
deposicionais como oxidação e bioturbação.
Estes depósitos forma acumulações lenticular, de material fino
(silte e argilas), maciço e de cor escura, podem se apresentar parcialmente
oxidados. A espessura destes depósitos é inferior a 0,3 m e o comprimento
máximo destas formas pode alcançar até dois metros. Geralmente
representam a decantação, nos setores deprimidos, dos materiais
transportados em suspensão por pequenos canais estabelecidos no topo dos
bancos de areia.
Depósitos formados pela acumulação de sedimentos finos com
uma alta percentagem de matéria orgânica apresenta-se, maciça,
intensamente bioturbada, podendo conter restos vegetais e núcleos de
oxidação. Esta fácies é reconhecida a partir de testemunhas de perfurações
e gerada em ambientes de baixa energia, distante dos fluxos principais,
onde prevalecem os mecanismos de decantação.
114
Os processos pedogenéticos desenvolvem, nesse setor, tendo um
solo aluvial que, devido à intensa umidade e aos depósitos de finos,
sustenta uma densa mata de galeria. Essa mata de galeria pode ser
exemplificada utilizando-se da classificação taxionômica de Gênero /
espécie e Família, representada por: Scheelia phalerata – Palmae –
Lenhosa – Bacuri. Sedimentos síltico – arenosos inconsolidados da planície
de inundação do rio Araguia; Ingá uruguense - Leguminosae - Lenhosa –
Angá. Sedimentos sílt ico – arenosos inconsolidados da planície aluvial do
rio Araguia (paleocanal).
115
Capítulo 6 - Discussão Dos Dados
116
6.1- REPOSICIONAMENTO ESPACIAL DE UNIDADES
GEOLÓGICAS
Para margem esquerda do rio Araguaia na área entre Cocalinho e
Itacaíu, os mapas geológicos do RADAMBRASIL trazem como rochas do
Complexo Goiano, do Grupo Estrondo e uma grande área de cobertura
sedimentar quaternária do Bananal. Na realidade o que o RADAMBRASIL
considera como sendo cobertura sedimentar quaternária do Bananal é
identificada como sedimentos da Formação Araguaia. Identificações feitas
através de mapeamentos realizados nas margens esquerda entre Cocalinho e
Itacaíu e direita entre os rios Araguaia e do Peixe. Assim fica
reposicionada espacialmente a cobertura sedimentar do Bananal pelos
sedimentos da Formação Araguaia.
A análise feita a partir do perfil demarcado em imagem de
satélite e executado em campanha com orientação leste-oeste e 110 Km de
extensão, totalmente referenciado com dados diretos de campo (paradas 1,
1a 1b e 1c, 2, 3, 4, 5, 6, 7, , 8, 9.), permitiu- nos fazer reconsiderações a
respeito da geologia da área de pesquisa (Vide Figura 13). As quais são
apresentadas a seguir:
− Gnaisses Arqueanos.(parada 4)
− Quartzitos de idade Pré-cambriana (parada 6);
− Conglomerados e Coluvios laterizados de provável idade
Terciario médio-superior (paradas 2, 3, 5 e 7);
− Formação Araguaia de provável idade Terciária/Quaternária
(parada 1a, 1b e 1c, 8 e 9 );
− Sedimentos quartzosos de calha fluvial, planície aluvial, e de
paleocanais de idade holocênica (parada 1);
A cartografia do nosso trabalho espacializa as seguintes unidades
geológicas:
117
Sedimentos inconsolidados a fracamente consolidados da
Formação Araguaia mapeados, com predomínio, em quase toda margem
direita do rio Araguaia a leste de Cocalinho. Aflora, também, nessa região
pequenas manchas de Laterita embutidos nos sedimentos da Formação
Araguaia.
Já na margem esquerda, entre o Araguaia e o rio Corixinho,
predominam os conglomerados fluviais e Coluvios laterizados, com
pequenos afloramentos de quartzitos e gnaisses com saprólitos.
No setor ocidental, setor oeste de Cocalinho, entre os rios
Corixinho e Cristalino, voltam a aparecer os sedimentos inconsolidados da
Formação Araguaia. Ao longo dos canais fluviais e dos paleocanais,
sedimentos quartzosos de idades holocênicas podem ser identificados (Vide
Figura 13 e Apêndice 3).
Já quanto ao arranjo espacial dessas unidades litológicas, na
Figura 8 do Capitulo 4, nota - se claramente as direções das paleocorrentes
com orientações leste-oeste, o que indica a antiga estruturação do sistema
fluvial, hoje totalmente reorganizada segundo direção sul-norte a exemplo
do rio Araguaia. Na figura citada acima, observa-se também o ressalte
topográfico entre a unidade laterizada e os sedimentos da Formação
Araguaia. O que pode ser entendido como uma interface dos sedimentos da
superfície de aplanamento regional e os sedimentos da Formação Araguaia,
ou seja, uma unidade geológica de transição entre esses sedimentos.
Os seixos grosseiros da Formação Araguaia e do conglomerado
laterizado apresentam um conjunto de dados lineares, os quais indicam as
direções de paleocorrentes para as unidades de lateritas e da Formação
Araguaia. Esses dados posicionam os sedimentos da Formação Araguaia
com orientação sul-norte, e os conglomerados e areias laterizados leste-
oeste.
Na margem direita do rio Araguaia, região de Cocalinho, os
sedimentos conglomeráticos laterizados, orientados segundo o antigo
sistema fluvial leste-oeste, hoje é cortado pelo atual rio Araguaia.
118
Do ponto de vista dos dados geológicos, foi possível identificar e
estruturar em campo estas unidades litológicas, porém, o contorno que faz
o delineamento do contato litológico entre a unidade da Formação Araguaia
e a unidade dos sedimentos fluviais laterizados, mostra-se de difícil
constatação em campo. O que reforça a tese de uma unidade geológica de
transição.
Os afloramentos dos sedimentos da Formação Araguaia na área de
pesquisa mostram-se estéreis quanto á presença de matéria orgânica, tanto
nos furos de tradagem quanto nos barrancos, o que não permitiu fazer
datações para os sedimentos pelo método de radiocarbono C1 4. Fica a
recomendação, para trabalhos posteriores, a tentativa de datação desses
sedimentos pelo método de Termoluminescência.
Para a Formação Araguaia, como já mencionado, executamos três
furos, sendo um de 5,5 m a oeste de Cocalinho, margem esquerda do
Araguaia, onde foi encontrado sedimento arenoso na fácie areia média com
predomínio de mais de 95% de quartzo. Na margem direita, a leste, de
Cocalinho, perfurou-se 6 m de uma areia lavada de fácie areia média,
também, com mais de 95% de predomínio de quartzo. Nas descrições de
barranco do Rio Araguaia, na Barreira de São Domingos, foi descrita uma
fácie gravosa na base do barranco.
Também foi feito um perfil em rede, resultado de uma seqüência
de furos com 30 m de profundidade na região de Itacaiú a sul de Cocalinho.
São furos de fundação da ponte de Itacaiú – (ponte de ligação Goiás / Mato
Grosso). Nesse perfil , esses sedimentos são sobrepostos por sedimentos
recentes da planície aluvial do Rio Araguaia. Tal trasecto atinge 800m e
mostra composto predominantemente pela fácie arenosa (Vide Apêndice 5).
6.2- MODELO DA GÊNESE DOS LAGOS DA UNIDADE DE
APLANAMENTO REGIONAL
119
Essa unidade é sustentada por litologias do cristalino, sobreposta
por uma cobertura de conglomerado com matriz arenosa e colúvios
laterizados, caracterizada por uma grande quantidade de lagos e um
evidente sistema de fraturas de direção NE/SW E NW/SE.(Vide Figura 13).
Para reforçar o que já foi citado, executou-se uma sondagem no
leito da lagoa da Baía, o qual, gera testemunho de 2,5 m. Para este
testemunho é identificado a fácie areia média/fina com mais de 95% de
quartzo. O que corrobora com a tese de que esse depósito de conglomerado
laterizado possui uma proeminente matriz arenosa.
A água do freático como já fora mencionado, nessa área,
apresenta, para o fator acidez, um pH entre 4,7 a 5,5. Para o sistema
lacustre entre 6,6 a 6.8 e, para o solo, entre 4,9 e 5,7.
Esses dados evidenciam que o sistema lacustre, por sofrer uma
entrada direta de água no sistema, seja por precipitação direta ou
escoamento superficial, apresente o pH próximo a 7.
O conjunto desses processos (precipitação e escoamento
superficial) leva o sistema lacustre, á apresentar um pH próximo ao neutro,
a exemplo de pH apresentado pela Lagoa da Bahia (6,6 a 6,8).
Já o sistema hidrológico de subsuperfície apresenta-se como uma
solução mais acidificada, provavelmente, resultado de intenso processo de
lixiviação e conseqüente acidificação do freático, com pH entre 4,7 a 5,5.
Na Unidade em estudo, temos dois sistemas lacustres bem
definidos: um conjunto de lagos pequenos e arredondados que podem estar
traduzindo uma fase incipiente de dissolução, mostrando o estágio de não
coalescência entre os lagos. A Figura 24 mostra um certo alinhamento
entre esses sistemas, resultado de possível condicionamento tectônico, bem
como um estiramento segundo o alinhamento NW/SE, o que evidencia uma
tendência a coalescência desses lagos, portanto esse sistema lacustre parece
registrar um estágio inicial na evolução do segundo sistema lacustre, ou
seja, dos lagos estirados e maiores.
120
121
Diante de tal quadro, apresentamos para os sistemas lacustres
dois processos operantes na evolução. Didaticamente serão apresentados,
nesse trabalho, como lagos do tipo 1 e tipo 2.
Os lagos do tipo1 são pequenos e arredondados. Já os lagos do
tipo 2, são maiores e alongados.
Os lagos de tipo 1 mostram uma evolução associada a processos
incipientes de dissolução das lateritas e estágio de não coalescência entre
os lagos (Vide Figura 24). Os de tipo 2 evolui pela associação de sistema
de fratura e processos de dissolução e estágio final de coalescência entre os
lagos (Figura 25).
6.3 - DINÂMICA HIDROGEOMORFOLÓGICA DA PLANÍCIE
DO BANANAL
Como já fora mencionado, a dinâmica de encharcamento constitui
atributos relacionados como variáveis de estado e um dos parâmetros de
controle sobre as relações das unidades geomorfológicas e unidades
Geoambientais. Nesse sentido, o processo morfogenético dominante
(inundável ou não inundável, por exemplo), torna-se fundamental na
caracterização das unidades geomorfológicas .
Para tanto, na tentativa de uma caracterização hidrológica das
unidades geomorfológicas, discutimos o comportamento do freático e dos
parâmetros físico-químicos tais como: Temperatura - (T=ºC), Potencial
Hidrogeniônico – (pH), Oxigênio Dissolvido – (OXD=mg/l), Totais de
Sólidos Dissolvidos – (TSD=g/l), Superfície Piezométrica – (SP=m),
Condutividade – (CD=mS/m), Transparência – (TRP=m), Profundidade –
(PF=m), dos sistemas hidrológicos por unidades geomorfológicas.
Começamos por agrupar esses dados nas tabela 16 e 17:
122
123
Tabela 16. Aplanamento Regional
Sistema hidrológico lacustre Sistema hidrológico do freático
T°C – 28,3 a 30,20 T°C – 28,30
pH – 6,30 a 6,90 PH – 4,7 a 5,8
OXD. – 6,90 a 8,60 OXD. - 4,2 a 6,7
TSD. - 0,01 a 0,04 TSD. – 0,03 a 0,1
SP. - -------------- SP. – 3,2 a 4,7
PF.- 1,10 a 2,30 PF. - --------------
TRP. – Total TRP. - -------------
CDT. – 1,0 A 4,80 CDT. – 4,0 a 15,30
Tabela 17. Planície Agradacional ligeiramente dissecada
Sistema Hidrológico Fluvial Sistema Hidrológico do freático
T°C – 26,3 a 28,6 T°C – 28,60 a 28,90
pH – 5,5 a 6,10 PH – 5,50 a 4,90
OXD. – 5,90 a 9,30 OXD. – 5,90 a 10,05
TSD. - 0,01 a 0,06 TSD. – 0,06 a 0,13
SP. - -------------- SP. – 2,40 a 5,80
PF.- --------------- PF. - --------------
TRP. – Total TRP. - -------------
CDT. – 0,9 a 7,40 CDT. – 7,40 a 18,50
124
6.4 - PLANÍCIE ALUVIAL DO RIO ARAGUAIA E DO PEIXE
Como podemos observar nas tabelas acima, os parâmetros físico-
químicos não constituem um conjunto de variáveis que nos permitem fazer
uma diferenciação das unidades, uma vez que os valores de TSD, OXD,
CDT, oscilam muito. Já a temperatura, o poder hidrogeniônico e o nível do
freático são muito semelhantes para ambas unidades. O nível do freático
oscila para pontos diferentes da superfície de Aplanamento regional, de
3,20 m a 4,70 m. O que se deve as grandes variações das pendentes locais
para as geoformas dessa unidade. Já a Planície Agradacional ligeiramente
dissecada apresenta valores da posição do freático entre 2,40 m a 5,8 m. Na
realidade, o valor de 5,8 m é isolado, pois o resultado das medidas de dois
poços e duas tradagem caracteriza uma superfície piezométrica para essa
unidade na ordem de 3,0 m pra o mês de junho (Vide Figura 11 e Apêndice
2).
Isto indica que, apesar da baixa declividade das vertentes para
quase toda unidade, declividade absoluta menor que dois por cento. O valor
de 5,80 m para o poço próximo ao rio Cristalino revela a posição de um
vale que apresenta vertentes com uma declividade que se distancia do
comportamento médio da unidade.
Como fora descrito, a dinâmica hidrológica do freático para
unidade de Planície Agradacional ligeiramente dissecada oscila no mínimo
em três metros, posição registrada para o mês de junho, princípio do
período de seca para a região e o total encharcamento nos meses de
janeiro/fevereiro.
Os sistemas fluviais dessa unidade comportam um complexo
sistema de canais e paleocanais. Este intrincado sistema nasce, desenvolve-
se e morre dentro dessa unidade a exemplo dos rios Corixão e Cristalino. Já
os paleocanais mostram um comportamento de canais ativos no período de
cheias e inativos na seca. Assim, esse complexo sistema trabalha os
próprios sedimentos dessa planície(Vide Apêndice 1).
125
Vale considerar que esta unidade é sustentada por sedimentos
arenosos da Formação Araguaia. Constitui-se de sedimentos detríticos,
homogêneos, com classe granulométrica predominante na fácie areia média
de mineralogia com mais de 95% de quartzo e provável idade pleistocênica
(Vide Figura 13).
Como já fora descrito, o freático oscila de no mínimo três metros,
diferença entre as medidas do nível (3,0 m) no mês de junho e a total
inundação. Esse comportamento hidrológico faz ressaltar três unidades
ambientais para a Planície: Unidade Inundada com Paleocanais,
Escoamento impedido com Campos de Murundus e Planície Fluvial.
É de extrema importância o entendimento de como funciona a
inter-relação entre as variáveis de estado e as de transformação para que se
tenha uma boa compreensão da dinâmica hidrológica.
Assim, a homogeneidade granulométrica apresentada pelos
sedimentos de topo da Formação Araguaia equivale à homogeneidade
textural de sedimentos classificados por Mello & Teixeira (1967), como de
permeabilidade de 0,1 cm/seg. Logo os sedimentos da Formação Araguaia
podem ser classificados como de alta permeabilidade. As condições de: alta
permeabilidade, baixa profundidade media do freático, vertente larga e
retil ínea, declividade absoluta menor qude 2% confere para a planície uma
dinâmica rápida de saturamento do freático e conseqüente encharcamento
das partes baixas dos interflúvios dessa unidade. Encharcamento que,
segundo as entrevistas feitas junto a moradores da região ocorre geralmente
a partir do mês de janeiro/fevereiro.
A partir da dinâmica de encharcamento, inicia-se na planície o
processo incipiente de degradação/agradação. Com isso inicia-se, também,
o funcionamento da intrincada rede de paleocanais.
Isto vem demonstrar que a dinâmica de encharcamento da planície
está intimamente ligada ao regime de precipitação local e que a dinâmica
de encharcamento e de subida das águas dos sistemas fluviais dessa
planície mostra estar em fase. Ou seja, a subida do freático e das águas dos
sistemas fluviais dessa unidade acontece simultaneamente.
126
As condições de alta permeabilidade dos sedimentos da planície e
rio autóctone em vales encaixados com diques marginais imprimem aos
sistemas fluviais a condição de impossibilidade de contribuir no processo
de encharcamento da planície, pois, quando há um provável
transbordamento, a planície já se encontra inundada. Quando ocorre o
transbordamento, as águas dos sistemas fluviais acabam por represar o
sistema incipiente de paleocanais que passa a funcionar, a partir de então,
como operador dos processos agradacionais.
127
Capítulo 7 - Considerações Finais
128
A região de Cocalinho pode ser usada como uma área
representativa da planície do Bananal e a rodovia MT-326 permitem ter
acesso a um transecto leste-oeste ao longo dessa principal unidade
morfológica. A bacia sedimentar do Bananal é formada por um complexo de
falhas normais com blocos elevados sobre o substrato que controla
tectonicamente a evolução sedimentar dessa bacia.
Na região de Cocalinho, identificamos três unidades
geomorfológicas:
a) Unidade de Aplanamento Regional;
b) Planície aluvial do Araguaia e do rio do Peixe;
c) Planície Agradacional ligeriramente dissecada.
A superfície de aplanamento regional estende ao longo da borda
leste da bacia. Foi desenvolvido sobre rochas do pré-cambriano
(principalmente quartzitos). No setor a oeste de Cocalinho aflora: gnaisses,
saprólitos e quartzito. A população de seixos angulosa de quartzo e
quartzito é produtos residuais de saprolitos de rochas do escudo. O
processo de laterização se desenvolveu em clima subúmido.
Sobre a superfície de aplanamento instala-se um sistema de
drenagem que começa a produzir dissecação. Os sedimentos aluviais e
coluviais são depositados nos vales com sentido leste-oeste. O que é
evidenciado pelos dados de paleocorrentes dos sedimentos dessa unidade
(Vide Figura 13 e Apendice 1).
A planície do Bananal é coberta por extensos sedimentos
quaternários. Partes desses sedimentos estão incluídos confusamente na
Formação Bananal, os quais estão incluídos nos sedimentos quaternários de
diferentes unidades e idades. A planície do Bananal é formada
principalmente por depósitos de sedimentos aluviais e esta extensa planície
é temporariamente inundada durante a estação chuvosa pela precipitação
local. A idade destes sedimentos é ainda pouco conhecida, mas nós
sugerimos como sendo do pleistoceno tardio os sedimentos que afloram na
129
área e incluímos esses sedimentos na unidade geológica da Formação
Araguaia.(vide mapa geológico e geomorfológico)
A Unidade Geomorfológica Planície Aluvial do rio Araguaia e do
Peixe possui uma complexa planície deposicional formada por sedimentos
holocênico e pleistocêno tardio?. Os sedimentos mais antigos são
caracterizados pela presença de conglomerado e depósitos arenosos
altamente laterizados formando um tipo de crosta concrecionada.
Interpretamos este episódio de sedimentação como um período árido onde
grandes quantidades de sedimentos entram no sistema fluvial pelos
processos de aplanamento regional. A presença de seixos angulosos é
indicativo de um pequeno transporte do local de origem dos sedimentos
fluviais. Um período mais árido de baixo nível das águas pode ser
interpretado como origem dos sedimentos que posteriormente serão
laterizados
Do ponto de vista da cartografia temática apresentamos algumas
reconsiderações cartográficas a respeito do trabalho do RADAMBRASIL.
Para a geologia, os dados de campo reposicionam espacialmente
as seguintes litologias:
− O que foi mapeado como Formação Bananal entre o rio
Corixinho e margem esquerda do rio Araguaia, posiciona-se
uma cobertura sedimentar conglomerática laterítica e colúvios
laterizados de provável idade Terciária.
− Já pela margem direita do Araguaia, essa formação é mapeada
como Formação Araguaia com uma interface de cobertura
laterizada, registrada em afloramentos na região da Faz.
Planície Verde, e que é classificada nesse trabalho como uma
unidade geológica de transição entre a cobertura sedimentar
detritica-laterítica e os sedimentos da Formação Araguaia.
No local onde afloram fili tos do Grupo Cuiabá, foram
identificados quartzitos, aos quais fazemos correlações com as litologias do
Grupo Estrondo de (Hassui et al, 1975).
130
Para as unidades geomorfológicas, foi reposicionada
espacialmente as áreas de superficie pediplanada entre os rios Cristalino e
Corixão, por Unidade Planície Agradacional Ligeiramente Dissecada. Entre
os rios Corixinho e margem esquerda do Araguaia as superfícies
tabuliformes, foi mapeada como Unidade de Aplanamento Regional. Entre a
margem direita do Rio Araguaia e o rio do Peixe, as superfície
pediplanadas por Unidade Geomorfológica de Aplanamento Regional.
Apresentamos nesse trabalho como produto final:
− Mapa de unidades geomorfológica e ambiental na escala de
1/100.000;
− Mapa geológico e hidrológico na 1/100.000;
− Um perfil geológico de 110 Km de extensão;
− Um perfil que reproduz o comportamento da superfície
piezométrica das unidades geomorfológicas;
− Um perfil geológico de 880m de extensão, com informações de
30 m de profundidade da Formação Araguaia para a região de
Itacaíu.
No desenvolvimento desse trabalho, estudamos a dinâmica
hidrogeomorfológica da planície do Bananal em um trecho que vai do
município de Aruanã (GO) e Luiz Alves (GO). Foram identificados
parâmetros físico-químicos de sua hidrologia, bem como o funcionamento
da dinâmica piezométrica da planície e o entendimento dos processos de
encharcamento de grande parte dela. Procurou-se o entendimento do
funcionamento dos sistemas lacustres, e a identificação das litologias que
compõe as unidades geomorfológicas e geoambientais. Por fim procuramos
compreender os processos resultantes das inter-relações entre as variáveis
de estado e de transformação que entra na construção dessa paisagem
natural a qual compõe esse importante ecossistema da planície do Bananal.
A planície do Bananal com seu complexo sistema
hidrogeomorfológico/geoambiental, no trecho que compreende a área entre
Aruanã (GO) e Luíz Alves (GO), foi pesquisada utilizando-se de um
131
cronograma de execução ou fases de trabalho, um conjunto de
equipamentos, técnicas e métodos específicos que possibilitaram o
entendimento e descrição da área encharcada. Assim, foi possível
identificar os processos desencadeados pela dinâmica hidrológica, frente as
variáveis de estado.
A partir de então, adotamos um critério de análise e descrição
morfológico – genético, estabelecendo para a planície do Bananal as
relações do tipo “causa – efeito” entre as variáveis de estado e as variáveis
de transformação na formação de sua paisagem natural.Procedendo dessa
forma, foi possível individualizar áreas da planície com características de
superfícies semelhante, o que nos permitiu a compartimentação da planície
do Bananal em três Unidades Geomorfológicas e seis Subunidades
Geoambientais:
A) – Unidade I - Unidade Geomorfológica de Aplanamento
Regional.
Subunidades geoambientais:
a - Subunidade Geoambiental Lagos Maiores Assentados
sobre Sedimentos Laterizados e Savanas Arbóreas
Densa ou Cerradão ;
b - Subunidade Geoambiental Lagos Pequenos e
Geometria Arredondada Assentados sobre Rochas do
Cristalino e dos Sedimentos da Formação Araguaia
Com Vegetação de Cerrado;
c - Subunidade Geoambiental Altos Estruturais com
Forma Aguçada Sustentada por Quartzito.
Unidade II – Unidade Geomorfológica Planície
Agradacional ligeiramente dissecada.
Subunidades geoambientais :
132
a – Subunidade Geoambiental Áreas de Escoamento
Impedido e Campos de Murunduns;
b - Subunidade Geoambiental de Planície com
Paleocanais e Áreas Inundáveis;
c – Subunidade Geoambiental de Planície Fluvial com
Vegetação de Galeria.
C) – Unidade III - Planície Aluvial do rio Araguaia e do Peixe
Como já fora discutido, os dados de campo tais como: geologia,
dados dos sistemas de fraturas e de paleocorrentes levam-nos às seguintes
considerações a respeito da formação da planície do Bananal:
1. – O sentido leste-oeste das paleocorrentes indicadas pelos
sedimentos conglomeráticos laterizados registra uma fase de
basculamento tectônico de blocos do cristalino, promovendo
uma rampa escalonada com um conseqüente e antigo sistema
fluvial estruturado segundo direção geral Leste – Oeste;
2. – Fase de instalação de uma superfície de aplanamento
regional que vai fornecer grande quantidade de sedimentos
que entra no sistema fluvial. Provavelmente esse período
registra fase de um clima mais árido, o que vai favorecer
baixos níveis das águas e intenso processo de laterização
desses sedimentos. Os quais registram seixos com diâmetro de
11cm até 30 cm e paleocorrentes com direcionamento leste-
oeste;
3. – Fase de instalação do sistema lacustre por processos de
dissolução das lateritas;
4. – Fase de um maior gradiente hidráulico do sistema fluvial do
rio Araguaia e conseqüente formação de um terraço fluvial
estruturado segundo direcionamento da tectônica regional, ou
seja, sul – Norte; deposição e estruturação dos sedimentos
133
arenosos, fácie areia média/fina S (m, F) fracamente
consolidado, estruturado segundo direção Sul – Norte da
Formação Araguaia;
5. – Fase de reentalhamento do rio Araguaia cortando o terraço
fluvial e deposição de sedimentos holocênicos, bem como de
instalação do sistema hidrológico autóctone da planície do
Bananal sobre os sedimentos da Formação Araguaia.
Como também, já fora discutido anteriormente, entendemos o
funcionamento da dinâmica hidrogeomorfológica da planície e os processos
de encharcamento de grande parte dessa área como sendo o resultado de
saturação do freático pela dinâmica atmosférica (precipitação de 1600 a
2000 mm de chuva), bem como pelo barramento dos paleocanais pelos
sistemas fluviais autóctones principais do Corixinho da Saudade, Corixão e
Cristalino.
Esse regime pluviométrico, também, é o responsável pelo intenso
estado de lixiviação em que-se encontra os sedimentos de topo do terraço
fluvial, classificados pelo RADAMBRASIL como sedimentos quartzosos
indiferenciados.
A partir do levantamento morfométrico, em campo, das formas
degradacionais/agradacionais das unidades geomorfológicas da planície, foi
possível fazer a modelagem das vertentes em: predomínio de vertentes
côncavas / convexas com respectivos ângulos 6º e 4ºpara a unidade
geomorfológica de Aplanamento Regional e vertentes largas e retas com
declividades menores que 2% para a unidade geomorfológica de
Degradação Incipiente da planície do Bananal.
Acreditamos que esse tipo de trabalho dê uma contribuição
técnica-cientifica à sociedade bem como aos nossos governantes, uma vez
que há necessidade de criar planos de gestão para essa delicada e complexa
ecorregião que tem na hidrologia a sustentação de uma das mais ricas
biodiversidades do planeta, alem de contar com o principal sistema fluvial
do Centro Oeste, o rio Araguaia. Torna-se, portanto um ecótono entre os
biomas Cerrado e Amazônia.
134
Assim, torna-se imprescindível o desenvolvimento de mais
pesquisas de detalhe para que se possa determinar, com maior precisão,
modelos de evolução morfosedimentar / morfohidrológica e a proposição de
modelos paleoambientais, paleoclimaticos e paleohidrogeomorfológico para
essa planície.
135
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141
Anexos
142
143
Apêndices
TRABALHO DE CAMPO NºLocalização: Coordenadas: Data: Codico para Associação de Fácie:
Litologia: A
de FacieFacie
ssociação SubambientePoço: ( ) Perfil: ( )
( ) m ( ) m Cor Fósseis Paleocorr
entesEst. Sed.
Dique marginal
Smao Dique Marginal
0
PântanoFmo
Pântano e zonaalagadas
1 Smo2 Smao3
PlanícieFmo Planície de
Inundação4 Smo5 Smao "crevasse"6
AbandonoSma Abandono de
Canal - LagoOxbow
7 Smo8 Smao9
Canal
Ss Canal: barra
central, barra
lateral, mega
ondulações,
barras
emergentes ...
10 SmoF S G Sm
SaoCota local: SmaHidrologia: SacVegetação: SmcaPedologia SmaoEstação
Fluviométrica
Canal (Sistema
Entrelaçado
Smc Canal: barra de cascalho,
despositos de GmDunas Eólicas
10
8
7
6
54
3
2
1
0
9
ANEXO 01 - Ficha de Campo