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VERIFICAÇÃO ESTRUTURAL DE UMA TORRE DE TELECOMUNICAÇÕES TRELIÇADA DE AÇO COM 60 METROS DE ALTURA E SEÇÃO TRIANGULAR Felipe Rezende Rodrigues Rio de Janeiro Setembro de 2016 Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Civil da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Eduardo de Miranda Batista

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VERIFICAÇÃO ESTRUTURAL DE UMA TORRE DE

TELECOMUNICAÇÕES TRELIÇADA DE AÇO COM 60 METROS DE

ALTURA E SEÇÃO TRIANGULAR

Felipe Rezende Rodrigues

Rio de Janeiro

Setembro de 2016

Projeto de Graduação apresentado ao Curso

de Engenharia Civil da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro,

como parte dos requisitos necessários à

obtenção do título de Engenheiro.

Orientador: Eduardo de Miranda Batista

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VERIFICAÇÃO ESTRUTURAL DE UMA TORRE DE TELECOMUNICAÇÕES

TRELIÇADA DE AÇO COM 60 METROS DE ALTURA E SEÇÃO TRIANGULAR

Felipe Rezende Rodrigues

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO

DE ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS

NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL.

Examinada por:

________________________________________________

Prof. Eduardo de Miranda Batista, D.Sc. (Orientador)

________________________________________________

Profª. Silvia Corbani, D.Sc.

________________________________________________

Prof. Luiz Alberto Araujo de Seixas Leal, M.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

SETEMBRO de 2016

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Rodrigues, Felipe Rezende

Verificação Estrutural de uma Torre de

Telecomunicações Treliçada de Aço com 60 Metros de

Altura e Seção Triangular/ Felipe Rezende Rodrigues. – Rio

de Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, 2016.

X, 66 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Eduardo de Miranda Batista

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/

Curso de Engenharia Civil, 2016.

Referências Bibliográficas: p. 65-66.

1. Torre de Telecomunicações. 2. Análise Estrutural.

I. Batista, Eduardo de Miranda. II. Universidade Federal do

Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia

Civil. III. Verificação Estrutural de uma Torre de

Telecomunicações Treliçada de Aço com 60 Metros de

Altura e Seção Triangular.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais, Gilson e Marilene, por todo o carinho, educação e

dedicação.

A todos os meus familiares, pelo apoio recebido.

À minha namorada, Samara, por todo o carinho, amor e paciência.

Ao meu professor e orientador, Eduardo de Miranda Batista, pela dedicação e

pelo conhecimento transmitido.

A todos que participaram de alguma forma desta trajetória, muito obrigado.

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Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.

Verificação Estrutural de uma Torre de Telecomunicações Treliçada de Aço com 60

Metros de Altura e Seção Triangular

Felipe Rezende Rodrigues

Setembro/2016

Orientador: Eduardo de Miranda Batista

Curso: Engenharia Civil

Com o grande avanço na área de telecomunicações nos últimos anos, em especial a

ampliação da rede de telefonia celular, houve um expressivo aumento na demanda pelas

torres de telecomunicações, com o objetivo de ampliar a transmissão de sinal. Essas

torres têm como função dar sustentação às antenas, e para isso o seu projeto deve

garantir a sua segurança e durabilidade.

Este trabalho aborda a análise estrutural de uma torre de telecomunicações autoportante

de aço, considerando os principais aspectos do projeto, como o tipo de torre, os

carregamentos atuantes, os perfis utilizados, os esforços resistentes e os resultados da

análise.

A análise foi desenvolvida no programa computacional SAP2000, considerando o vento

incidindo a 0°, 30° e 60° na estrutura da torre, obtendo-se como resultados os esforços

solicitantes nas barras, as reações de apoio e os deslocamentos da estrutura. Finalmente,

foi feita a verificação da segurança e deslocamentos da torre, com o auxílio da norma

ABNT NBR 8800.

O trabalho tomou por base o projeto completo de uma torre para telefonia celular,

instalada na região de Itatiaia/RJ, e que sofreu colapso estrutural em 2010.

Palavras-chave: Estrutura de aço, Torre de Telecomunicações, Análise Estrutural, NBR

8800:2008.

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Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Engineer.

Structural Verification of a Steel Lattice Telecommunication Tower with 60 Meters

Height and Triangular Section

Felipe Rezende Rodrigues

September/2016

Advisor: Eduardo de Miranda Batista

Course: Civil Engineering

With the breakthrough in telecommunications in recent years, there was a significant

increase in demand for telecommunications towers, with the aim of increasing the signal

transmission. These towers have the function to support antennas, and so its design must

ensure their safety and durability.

This paper discusses the structural analysis of a steel freestanding telecommunications

tower, considering the main aspects of the tower project, such as the type of tower, the

active loads, the steel members used, the structural strength and the results of the

analysis.

The analysis was performed with SAP2000 computational program considering the

wind focusing the 0°, 30° and 60° in the tower structure, obtaining the results of the

internal forces, the support reactions and displacements of the structure. Finally, the

safety and displacements of the structure were checked with the help of the ABNT

Brazilian structural code.

The developed project is based on actual steel tower addressed to cell phone

transmission, including all the design plants. This tower was installed in Itatiaia/RJ, and

suffered structural collapse in 2010.

Keywords: Steel Structure, Telecommunication Tower, Structural Analysis, NBR

8800:2008.

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Sumário

1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 1

2. TIPOS DE TORRES ................................................................................................. 1

2.1 TIPOS DE TORRES AUTOPORTANTES .................................................................................. 3

2.1.1 Torres treliçadas .......................................................................................................... 3

2.1.2 Postes .......................................................................................................................... 4

2.1.3 Torres autoportantes mistas ....................................................................................... 5

3. PROCEDIMENTOS DE PROJETO ....................................................................... 6

3.1 PRINCIPAIS EXIGÊNCIAS DE PROJETO ................................................................................. 6

3.2 ESTADOS-LIMITES ............................................................................................................... 7

3.2.1 Condições relativas aos estados-limites últimos (ELU) ............................................... 7

3.2.2 Condições relativas aos estados-limites de serviço (ELS) ............................................ 7

3.2.2.1 Deflexões máximas ................................................................................................... 8

3.3 AÇÕES ................................................................................................................................. 8

3.3.1 Ações permanentes ..................................................................................................... 9

3.3.2 Ações variáveis ............................................................................................................ 9

3.3.3 Ações excepcionais .................................................................................................... 10

3.4 COMBINAÇÕES DE AÇÕES ................................................................................................ 10

3.4.1 Combinações últimas ................................................................................................ 10

3.4.2 Combinações de serviço ............................................................................................ 12

4. DESCRIÇÃO DA ESTRUTURA ANALISADA .................................................. 12

4.1 PROPRIEDADES MECÂNICAS DO AÇO .............................................................................. 16

4.2 COMBINAÇÕES DE AÇÕES ................................................................................................ 16

4.3 AÇÃO DO VENTO .............................................................................................................. 17

4.3.1 Velocidade Básica ...................................................................................................... 17

4.3.2 Fator Topográfico S1 .................................................................................................. 18

4.3.3 Fator S2 ...................................................................................................................... 18

4.3.4 Fator estatístico S3 ...................................................................................................... 20

4.3.5 Velocidade característica do vento ........................................................................... 21

4.3.6 Pressão dinâmica do vento ....................................................................................... 21

4.3.7 Coeficiente de arrasto ............................................................................................... 22

4.3.8 Força de arrasto ........................................................................................................ 23

5. RESISTÊNCIA DAS BARRAS .............................................................................. 30

5.1 TRAÇÃO AXIAL .................................................................................................................. 30

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5.1.1 Área líquida efetiva ................................................................................................... 31

5.1.2 Coeficiente de redução ............................................................................................. 31

5.1.3 Aplicação .................................................................................................................... 32

5.2 COMPRESSÃO AXIAL ......................................................................................................... 35

5.2.1 Fator de redução 𝝌 .................................................................................................... 36

5.2.2 Força axial de flambagem elástica ............................................................................ 37

5.2.2.1 Seções monossimétricas ........................................................................................ 37

5.2.2.2 Valores do coeficiente de flambagem .................................................................... 38

5.2.3 Fator de redução devido à flambagem local ............................................................. 39

5.2.3.1 Elementos comprimidos AA .................................................................................... 41

5.2.3.2 Elementos comprimidos AL .................................................................................... 41

5.2.4 Aplicação ................................................................................................................... 43

5.3 FLEXÃO ............................................................................................................................. 47

6. LIGAÇÕES ............................................................................................................... 48

6.1 FORÇA RESISTENTE DE CÁLCULO ...................................................................................... 48

6.1.1 Cisalhamento do parafuso ......................................................................................... 48

6.1.2 Pressão de contato em furos ..................................................................................... 49

7. RESULTADOS DA ANÁLISE E VERIFICAÇÃO DA SEGURANÇA ............ 51

7.1 CARREGAMENTO .............................................................................................................. 51

7.2 REAÇÕES DE APOIO .......................................................................................................... 58

7.3 DESLOCAMENTOS............................................................................................................. 59

7.4 ESFORÇOS SOLICITANTES MÁXIMOS ................................................................................ 61

8. CONCLUSÕES ........................................................................................................ 64

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 65

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Lista de Figuras

Figura 1 - Torre estaiada (www.engetorres.com.br/. Acesso em 03/09/2016) .............................. 2

Figura 2 - Torre autoportante (www.metalica.com.br/. Acesso em 03/09/2016) .......................... 3

Figura 3 - Torre treliçada (www.wolffmetalurgica.com.br/. Acesso em 03/09/2016) .................. 4

Figura 4 – Poste de aço ................................................................................................................. 5

Figura 5- Valores dos coeficientes de ponderação das ações (NBR 8800:2008) ........................ 11

Figura 6 - Valores dos coeficientes de combinação ψo e de redução ψ1 e ψ2 para as ações

variáveis (NBR 8800:2008) ........................................................................................................ 11

Figura 7 - Perfil da torre em estudo ............................................................................................. 13

Figura 8 - Modelo em 3D da torre em estudo ............................................................................. 14

Figura 9 - Seção transversal da torre a 5m de altura da base ...................................................... 15

Figura 10 - Seção transversal da torre a 15 m de altura da base ................................................. 15

Figura 11 - Isopletas da velocidade básica V0(m/s) (NBR 6123:1988) ...................................... 17

Figura 12 - Fator S2 (NBR 6123:1988) ....................................................................................... 19

Figura 13 - Valores mínimos do fator estatístico S3 (NBR 6123:1988) ...................................... 21

Figura 14 - Coeficiente de arrasto, Ca, para torres reticuladas de seção quadrada e triangular

eqüilátera, formadas por barras prismáticas de cantos vivos ou levemente arredondados (NBR

6123:1988) .................................................................................................................................. 22

Figura 15 - Componentes de força de arrasto nas faces de torres reticuladas de seção quadrada

ou triangular eqüilátera (NBR 6123:1988) .................................................................................. 23

Figura 16 - Direção do vento sobre a torre .................................................................................. 24

Figura 17 - Componentes normal e tangencial da força de arrasto nos nós da torre ................... 24

Figura 18 - Propriedades da seção do montante .......................................................................... 32

Figura 19 - Coeficiente de flambagem por flexão de elementos isolados ................................... 39

Figura 20 - Valores de (b/t)lim ...................................................................................................... 40

Figura 21 - Momento fletor solicitante ....................................................................................... 48

Figura 22 - Detalhe da ligação entre montantes .......................................................................... 49

Figura 23 - Distância mínima do centro de um furo-padrão à borda .......................................... 50

Figura 24 – Carregamento do peso das plataformas ................................................................... 52

Figura 25 - Carregamento do peso de manutenção ..................................................................... 53

Figura 26 - Carregamento do peso das antenas ........................................................................... 54

Figura 27 - Carregamento do vento incidindo a 0° ..................................................................... 55

Figura 28 - Carregamento do vento incidindo a 30° ................................................................... 56

Figura 29 - Carregamento do vento incidindo a 60° ................................................................... 57

Figura 30 - Posição dos nós......................................................................................................... 58

Figura 31 - Deslocamento no plano XZ para vento incidindo a 60° ........................................... 60

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Lista de Tabelas

Tabela 1 - Deflexões máximas de acordo com a denominação da torre ....................................... 8

Tabela 2 - Fator S2 para a torre em estudo .................................................................................. 21

Tabela 3 - Força de arrasto com incidência do vento a 0° .......................................................... 26

Tabela 4 - Força de arrasto com incidência do vento a 30° ........................................................ 27

Tabela 5 - Força de arrasto com incidência do vento a 60° ........................................................ 28

Tabela 6 - Força de arrasto nas faces adjacentes, com incidência do vento a 0° ........................ 29

Tabela 7 - Força de arrasto nas faces adjacentes, com incidência do vento a 30° ...................... 29

Tabela 8 - Força de arrasto nas faces adjacentes, com incidência do vento a 60° ...................... 30

Tabela 9 - Força de arrasto nas antenas ....................................................................................... 30

Tabela 10 – Força axial de tração resistente para escoamento da seção bruta ............................ 35

Tabela 11 - Força axial de tração resistente para ruptura da seção líquida ................................. 35

Tabela 12 - Força axial de tração resistente ................................................................................ 36

Tabela 13 - Planilha de cálculo da força axial de compressão resistente .................................... 47

Tabela 14 – Planilha de cálculo da força axial de compressão resistente ................................... 48

Tabela 15 – Peso das antenas ...................................................................................................... 55

Tabela 16 - Reações de apoio ...................................................................................................... 59

Tabela 17 - Reações de apoio ...................................................................................................... 60

Tabela 18 - Deslocamento no topo da torre com vento a 0° ....................................................... 60

Tabela 19 - Deslocamento no topo da torre com vento a 30° ..................................................... 60

Tabela 20 - Deslocamento no topo da torre com vento a 60° ..................................................... 61

Tabela 21 - Esforços máximos de tração..................................................................................... 62

Tabela 22 - Esforços máximos de compressão ........................................................................... 63

Tabela 23 - Novos perfis ............................................................................................................. 64

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1

1. INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, houve um avanço muito grande na área de telecomunicações,

com um crescimento expressivo principalmente no setor de telefonia móvel. Dessa

forma, com a necessidade da ampliação da transmissão de sinal, passou a haver uma

grande demanda pelas chamadas torres de telecomunicações. Estas torres possuem

como função dar sustentação às antenas, de forma que sejam seguras, econômicas e

duráveis.

A transmissão dos dados ocorre através do sistema irradiante, que utiliza um

conjunto de antenas com o objetivo de emitir, refletir e receber sinais dentro de uma

determinada frequência. O sistema emite sinais para estações repetidoras que os

refletem para locais mais distantes. Para que este sistema funcione de forma adequada, é

necessário que não haja interferências de pessoas, veículos, edificações ou vegetação.

Dessa forma, ele deve estar localizado a uma altura considerável do solo. Para isso, são

utilizadas as torres de telecomunicações.

As torres de telecomunicações são estruturas bastante esbeltas, dimensionadas

de forma a permitir a sustentação das antenas na altura e posição adequadas. De acordo

com a necessidade de cada local, as torres podem admitir diferentes configurações,

sempre buscando a eficiência, através do baixo custo e atendimento às condições de

segurança.

No passado, as estruturas mais utilizadas eram os postes de concreto. Com a

necessidade de estruturas mais duráveis e com maiores alturas, estes foram sendo

substituídos por estruturas de aço. Atualmente, as torres de telecomunicações podem ser

divididas em estaiadas, autoportantes e mistas.

2. TIPOS DE TORRES

Dentre as diversas alternativas de materiais, as torres metálicas são as mais

utilizadas. Isso se deve devido à elevada velocidade de construção e facilidade de

transporte, tendo assim grande aplicação na área de telecomunicações.

As torres estaiadas (Figura 1) são estruturas treliçadas compostas por um mastro

dividido em diversos módulos, contido lateralmente por estais em vários níveis.

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2

Geralmente, são estruturas extremamente esbeltas. A desvantagem deste tipo de torre é

a necessidade de grande área para instalação dos estais.

As torres autoportantes (Figura 2) são constituídas por um mastro, em forma de

treliça, sendo utilizadas geralmente em baixas e médias alturas. Em relação às torres

estaiadas, elas apresentam como vantagens uma área necessária menor para serem

instaladas e um menor custo de manutenção. Já como desvantagem, seu custo de

fabricação é maior.

As torres mistas são estruturas compostas por segmentos estaiados e segmentos

autoportantes. Dentre as tipologias citadas, é a menos utilizada.

Como o foco deste trabalho são as torres autoportantes, será apresentada uma

descrição dos tipos de torres autoportantes para telecomunicações.

Figura 1 - Torre estaiada (www.engetorres.com.br/. Acesso em 03/09/2016)

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3

Figura 2 - Torre autoportante (www.metalica.com.br/. Acesso em 03/09/2016)

2.1 TIPOS DE TORRES AUTOPORTANTES

As torres autoportantes possuem como principais formas de concepção estrutural

as torres treliçadas, os postes e as torres mistas. Dessas, as torres treliçadas são as mais

utilizadas. A escolha do tipo de torre a ser utilizada no projeto é de grande importância,

para que se possa ter um resultado final satisfatório.

2.1.1 Torres treliçadas

Dentre os tipos de torres citados, as torres treliçadas (Figura 3) são as mais

utilizadas. Elas são comumente formadas por uma parte em forma de tronco de

pirâmide, na porção inferior, e por uma parte reta, na porção superior, onde são fixadas

as antenas. Geralmente, a seção transversal dessas torres é triangular ou quadrada, com

a utilização de perfis cantoneira ou tubulares.

Segundo Zampiron (2008), a treliça provê baixa resistência aerodinâmica e

economia no uso de materiais, e as alturas usuais deste tipo de estrutura variam entre 30

e 120 m. Além disso, este tipo de estrutura é mais econômico para torres altas.

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4

De acordo com Haritos e Stevens (1983), as torres autoportantes em treliça

usualmente apresentam seção variável ao longo da estrutura, ao contrário das torres

estaiadas, que geralmente apresentam seção transversal constante. Essa medida gera

uma grande economia na fabricação da torre e na execução das fundações. Uma redução

de 20% na área de exposição ao vento ao longo da altura gera uma redução em torno de

14% no momento na base da torre.

Figura 3 - Torre treliçada (www.wolffmetalurgica.com.br/. Acesso em

03/09/2016)

2.1.2 Postes

Os postes (Figura 4) são constituídos por um único elemento vertical, que pode

ser de concreto armado ou formado por tubos circulares ou poligonais de aço. São

geralmente utilizados para alturas entre 20 e 60 m, possuindo como vantagem em

relação às torres treliçadas a agilidade de instalação. Enquanto uma torre demora entre

uma e duas semanas para ser montada, um poste pode ser montado em menos de três

dias. Este tipo de torre é formado por segmentos de seção variável que usualmente não

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ultrapassam seis metros de comprimento, sendo a forma de ligação mais comum por

flanges. Por não ter acesso ao interior dos tubos, esta estrutura tem maior custo de

manutenção, podendo apresentar problemas de corrosão interna. (ZAMPIRON, 2008).

Segundo Sakiyama (2005), a área necessária para a implantação de uma torre

autoportante em treliça de 60 m é de 225m² (15 m x 15 m) e de uma estaiada, 5000 m²

(80 m de diâmetro). Já o poste usa uma base com dimensão de apenas 2 ou 3 m de lado.

Figura 4 – Poste de aço

2.1.3 Torres autoportantes mistas

As torres autoportantes mistas, segundo Souza (1999), são compostas por um

trecho circular cilíndrico de concreto, uniforme na base e vazado em um trecho

intermediário, e por um trecho treliçado de aço. Para alturas acima de 80 m, apresenta

custo menor de construção em comparação com outras alternativas. Como desvantagem,

este tipo de estrutra possui um elevado tempo necessário para construção.

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6

3. PROCEDIMENTOS DE PROJETO

3.1 PRINCIPAIS EXIGÊNCIAS DE PROJETO

Dentre as principais exigências mínimas e padronizadas a serem obedecidas na

elaboração de projetos de torres metálicas autoportantes, de acordo com o documento

SDT 240-410-600 (TELEBRÁS, 1997), estão as seguintes:

- Os sistemas estruturais devem ser dimensionados e projetados para resistir a

rajadas de vento de 3 segundos, excedidas as velocidades características em média uma

vez em 50 anos, conforme a NBR 6123 (1988).

- No cálculo das estruturas devem ser consideradas as influências seguintes,

além de outras que possam ocorrer em casos especiais:

a) Cargas permanentes;

b) Cargas acidentais;

c) Temperatura;

d) Vento;

e) Deslocamento das fundações.

- As ligações entre as peças componentes da estrutura devem ser feitas somente

por meio de parafusos com diâmetro, mínimo, de 12,5 mm.

- As peças estruturais das torres e acessórios podem ser em perfis laminados ou

chapas dobradas, atendendo aos documentos normativos nacionais ou internacionais

específicos. Os perfis tubulares são permitidos desde que sejam utilizados aços de alta

resistência à corrosão e dimensionados conforme normas específicas. Não existe

limitação quanto à espessura de perfis ou chapas que compõem os elementos estruturais,

desde que sejam obedecidas as limitações de dimensionamento estabelecidas nas

Normas pertinentes.

- As torres autoportantes poderão ter seção transversal quadrada ou triangular.

- A superfície do concreto da fundação da estrutura deve ficar arrasada no

mínimo 20 cm acima do terreno, devendo ser inclinada e desempenada a fim de evitar o

acúmulo de sujeira e água na base da torre.

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3.2 ESTADOS-LIMITES

Segundo a norma NBR 8800 (2008), devem ser considerados os estados-limites

últimos (ELU) e os estados-limites de serviço (ELS). Enquanto os estados-limites

últimos se referem à segurança da estrutura sujeita às combinações mais desfavoráveis

de ações previstas em toda a vida útil, durante a construção ou quando atuar uma ação

especial ou excepcional, os estados-limites de serviço se referem ao desempenho da

estrutura sob condições normais de utilização.

De acordo com a referida Norma, o método dos estados-limites utilizado para o

dimensionamento de uma estrutura exige que nenhum estado-limite aplicável seja

excedido quando a estrutura for submetida a todas as combinações apropriadas de

ações. Se um ou mais estados-limites forem excedidos, a estrutura não atende mais aos

objetivos para os quais foi projetada.

3.2.1 Condições relativas aos estados-limites últimos (ELU)

Quando a segurança é verificada isoladamente em relação aos esforços atuantes,

as condições de segurança tomam a seguinte forma:

Rd ≥ Sd

Onde:

Sd são os valores de cálculo dos esforços atuantes, obtidos com base nas combinações

últimas de ações;

Rd são os valores de cálculo dos correspondentes esforços resistentes.

3.2.2 Condições relativas aos estados-limites de serviço (ELS)

As condições usuais referentes aos estados-limites de serviço são expressas pela

seguinte desigualdade:

Sser ≤ Slim

Onde:

Sser são os valores dos efeitos estruturais de interesse, obtidos com base nas

combinações de serviço das ações;

Slim são os valores-limites adotados para esses efeitos.

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3.2.2.1 Deflexões máximas

O documento SDT 240-410-600 (TELEBRÁS, 1997) define as deflexões

máximas, de acordo com a categoria da torre, em relação ao eixo vertical e para rotação

contida no plano horizontal, que contem o eixo da antena mais alta (Tabela 1).

Tabela 1 - Deflexões máximas de acordo com a denominação da torre

SIGLA DENOMINAÇÃO DEFLEXÃO MÁXIMA

TASP Torre Auto-Suportada Pesada 0° 30'

TASL Torre Auto-Suportada Leve 1° 40'

TASL-C Torre Auto-Suportada Leve Celular 1° 40'

TASL-R Torre Auto-Suportada Leve Rural 4° 00'

Fonte: SDT-240-410-600/1997

As torres citadas na Tabela 1 têm as seguintes definições:

- Torre Auto-Suportada Pesada (TASP): são estruturas metálicas de aço

galvanizado, para suporte de antenas na frequência de SHF (sistema de transmissão que

utiliza antenas parabólicas cheias).

- Torre Auto-Suportada Leve (TASL): estruturas metálicas de aço galvanizado,

para suporte de antenas na frequências de UHF (sistema de transmissão que utiliza

antenas helicoidais, log-periódicas, parabólicas vazadas, yagi, omnidirecionais ou

setorizadas) e/ou VHF (sistema de transmissão que utiliza antena yagi e/ou log-

periódicas).

- Torre Auto-Suportada Leve Celular (TASL-C): são estruturas metálicas de aço

galvanizado, para suporte de antenas do Sistema Móvel Celular.

- Torre Auto Suportada Leve Rural (TASL-R): são estruturas metálicas de aço

galvanizado, para suporte de antenas na frequência de VHF.

3.3 AÇÕES

De acordo com a NBR 8800, levando-se em conta os estados-limites últimos e

de serviço, deve ser considerada em uma análise estrutural a influência de todas as

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ações que possam produzir efeitos significativos para a estrutura. Essas ações

classificam-se em permanentes, variáveis e excepcionais.

3.3.1 Ações permanentes

As ações permanentes são as que ocorrem com valores praticamente constantes

durante toda a vida útil da estrutura. Também são consideradas permanentes as ações

que crescem no tempo, tendendo a um valor limite constante.

As ações permanentes podem ser classificadas em diretas e indiretas. Nas

diretas, são constituídas pelo peso próprio da estrutura e pelos pesos próprios dos

elementos construtivos fixos e das instalações permanentes. Já nas indiretas, são

constituídas por deslocamentos de apoio e imperfeições geométricas.

Para torres autoportantes de telecomunicações, o documento 240-410-600/1997,

da Telebrás, cita as seguintes cargas permanentes:

a) Peso próprio da estrutura;

b) Peso das escadas, plataformas, estrutura suporte de cabos vertical, horizontal

e antenas;

c) Peso das antenas, cabos coaxiais e/ou guias de onda;

d) Peso dos acessórios.

3.3.2 Ações variáveis

As ações variáveis são as que apresentam variações significativas durante a vida

útil da estrutura. Elas são comumente causadas pelo uso da estrutura, pela ação do vento

e pela variação da temperatura da estrutura.

Para torres autoportantes de telecomunicações, o documento 240-410-600/1997,

da Telebrás, considera, como cargas acidentais, o peso do pessoal de manutenção,

equivalente a 4 pessoas de 70 kg, e o peso de equipamentos auxiliares para instalação de

antenas, de 150kg. Em relação à temperatura, deve ser considerada uma variação

uniforme ao longo da estrutura, entre 15°C e 20°C em torno da média.

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10

3.3.3 Ações excepcionais

Segundo a NBR 8800, as ações excepcionais são as que têm duração

extremamente curta e probabilidade muito baixa de ocorrência durante a vida da

construção, mas que devem ser consideradas nos projetos de determinadas estruturas.

São ações excepcionais aquelas decorrentes de causas como explosões, choques de

veículos, incêndios, enchentes e sismos excepcionais.

Como no Brasil não há a ocorrência de sismos significativos, estes não

costumam ser considerados no projeto de torres de telecomunicações.

3.4 COMBINAÇÕES DE AÇÕES

De acordo com a NBR 8800, um carregamento é definido pela combinação das

ações que têm probabilidades não desprezíveis de atuarem simultaneamente sobre a

estrutura, durante um período pré-estabelecido. A combinação das ações deve ser feita

de forma que possam ser determinados os efeitos mais desfavoráveis para a estrutura.

Para a verificação dos estados-limites últimos e dos estados-limites de serviço, as

combinações são divididas em combinações últimas e combinações de serviço,

respectivamente.

3.4.1 Combinações últimas

As combinações últimas de ações podem ser classificadas em normal, especial,

de construção e excepcional, de acordo com a intensidade e duração das ações. Em cada

combinação devem estar incluídas as ações permanentes, a ação variável principal, com

seus valores característicos de ponderação, e as demais ações variáveis, com seus

valores reduzidos de combinação.

Para combinações últimas normais, aplica-se a seguinte expressão:

Fd = ∑ γgiFGj,k

m

i=1

+ γq[FQ1,k + ∑ ψ0jFQj,k]

n

j=2

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Onde:

FGi,k corresponde aos valores característicos das ações permanentes;

FQ1,k representa o valor característico da ação variável considerada principal para a

combinação;

FQj,k corresponde aos valores característicos das ações variáveis que podem atuar

concomitantemente com a ação variável principal.

Os valores de γg ,γq e ψ0 são obtidos através das Figuras 5 e 6:

Figura 5- Valores dos coeficientes de ponderação das ações (NBR 8800:2008)

Figura 6 - Valores dos coeficientes de combinação ψo e de redução ψ1 e ψ2 para as

ações variáveis (NBR 8800:2008)

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3.4.2 Combinações de serviço

As combinações de serviço são classificadas em quase permanentes, frequentes e

raras, de acordo com sua permanência na estrutura. Elas incluem as ações permanentes

e as ações variáveis, que podem ser consideradas com seus valores quase permanentes,

frequentes ou característicos.

Na consideração da carga variável de manutenção agindo na estrutura,

considera-se uma combinação frequente de serviço, que é dada pela seguinte expressão:

Fser = ∑ FGi,k

m

i=1

+ ψ1FQ1,k + ∑(ψ2jFQj,k)

n

j=2

Na consideração da carga variável do vento agindo na estrutura, considera-se

uma combinação rara de serviço, dada pela expressão:

Fser = ∑ FGi,k

m

i=1

+ FQ1,k + ∑(ψ1jFQj,k)

n

j=2

4. DESCRIÇÃO DA ESTRUTURA ANALISADA

A estrutura a ser analisada é uma torre de base triangular autoportante de 60

metros de altura, com abertura de base de 5,57 metros e abertura de topo de 1,50 metros,

composta por 17 módulos, como ilustram as Figuras 7 e 8. A torre é constituída por

perfis cantoneiras laminados a quente, sendo os montantes dobrados a frio com um

ângulo de 60°, para possibilitar a ligação com as demais barras da torre.

Essa torre foi projetada, fabricada e instalada na cidade de Itatiaia/RJ, e sofreu

colapso estrutural em 2010. O autor do presente trabalho teve acesso às plantas de

projeto, que permitiram desenvolver os modelos de análise estrutural.

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Figura 7 - Perfil da torre em estudo e vistas do primeiro módulo

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Figura 8 - Modelo em 3D da torre em estudo

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As Figuras 9 e 10 ilustram a seção transversal da torre a 5 m e 15 m de altura da

base, respectivamente. Nestas seções, pode-se observar as barras horizontais e os

travamentos, que impedem a torção em relação ao eixo vertical da torre.

Figura 9 - Seção transversal da torre a 5m de altura da base

Figura 10 - Seção transversal da torre a 15 m de altura da base

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4.1 PROPRIEDADES MECÂNICAS DO AÇO

O aço utilizado nas cantoneiras com bitola superior a 50 mm foi o ASTM A572

GRAU 60, com resistência ao escoamento de fy=415 MPa e resistência à ruptura de

fu=520 MPa. Já nas cantoneiras com bitola igual ou inferior a 50 mm, foi utilizado o aço

ASTM A572 GRAU 50, com resistência ao escoamento de fy=345 MPa e resistência à

ruptura de fu=450 MPa.

As seguintes propriedades do material foram utilizadas na análise da torre:

Peso específico: 7,6973x10-5 kN/cm³

Módulo de elasticidade: 200.000 MPa

Coeficiente de Poisson: 0,3

4.2 COMBINAÇÕES DE AÇÕES

Para a torre analisada, foi considerado, para combinações últimas normais, os

seguintes valores:

Coeficiente de ponderação do peso próprio: γg = 1,25

Coeficiente de ponderação da ação do vento: γq = 1,4

Coeficiente de ponderação do peso de manutenção: γg = 1,5

Fator de combinação do peso de manutenção: ψ0 = 0,7

Assim, são definidas as seguintes combinações:

Combinação 1: Peso próprio x 1,25 + Vento 0° x 1,4 + Peso manutenção x 1,5 x 0,7

Combinação 2: Peso próprio x 1,25 + Vento 30° x 1,4 + Peso manutenção x 1,5 x 0,7

Combinação 3: Peso próprio x 1,25 + Vento 60° x 1,4 + Peso manutenção x 1,5 x 0,7

Para combinações de serviço, o peso de manutenção não foi considerado, pois

não provoca deformações significativas na estrutura. Para o vento, não foi usado

nenhum fator de redução, devido à consideração de ser uma combinação rara de serviço.

Dessa forma, são definidas as seguintes combinações:

Combinação 1: Peso próprio + Vento 0°

Combinação 2: Peso próprio + Vento 30°

Combinação 3: Peso próprio + Vento 60°

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4.3 AÇÃO DO VENTO

A solicitação devida ao vento será calculada tomando como base o item 7.7 da

norma NBR 6123 (1988), que considera esta ação agindo sobre torres reticuladas de

seção quadrada ou triangular equilátera. Neste item também é abordado a consideração

da ação do vento nas demais faces adjacentes à face incidente, com suas componentes

normal e tangencial.

4.3.1 Velocidade Básica

A velocidade básica do vento é a velocidade de uma rajada de 3 segundos,

excedida em média uma vez a cada 50 anos, a 10 metros acima do terreno, em campo

plano e aberto, admitindo-se, como regra geral, que o vento básico pode soprar de

qualquer direção horizontal. A Figura 11 mostra o gráfico das isopletas da velocidade

básica no Brasil, com intervalos de 5m/s.

Figura 11 - Isopletas da velocidade básica V0(m/s) (NBR 6123:1988)

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Como a torre se localiza em Itatiaia, no estado do Rio de Janeiro, obtém-se,

como velocidade básica, Vo=35m/s.

4.3.2 Fator Topográfico S1

Segundo o item 5.2 da NBR 6123, o fator topográfico S1 leva em consideração

as variações do relevo do terreno e é determinado da seguinte maneira:

a) Para terrenos planos ou fracamente acidentados: S1 = 1,0

b) Para taludes e morros (situado no topo do talude ou morro):

θ ≤ 3°: S1(z) = 1,0

6°≤ θ ≤ 17°: S1(z) = 1,0 + (2,5 - (z/d)) × tg(θ - 3º) ≥ 1

θ ≥ 45°: S1(z) = 1,0 + (2,5 - (z/d)) × 0,31 ≥ 1

Onde:

z é a altura medida a partir da superfície do terreno no ponto considerado;

d é a diferença de nível entre a base e o topo do talude ou morro;

θ é a inclinação média do talude ou encosta do morro.

Para 3°< θ < 6° e 17°< θ < 45°, deve-se interpolar linearmente.

c) Para vales profundos, protegidos de ventos de qualquer direção: S1 = 0,9.

Na região da torre em estudo, em Itatiaia, tem-se um terreno fracamente

acidentado. Logo, S1=1,0.

4.3.3 Fator S2

De acordo com a NBR 6123, o fator topográfico S2 considera o efeito

combinado da rugosidade do terreno, da variação da velocidade do vento com a altura

acima do terreno e das dimensões da edificação ou parte da edificação em consideração.

A rugosidade do terreno é classificada em cinco categorias. Para a torre estudada, a

rugosidade do terreno foi classificada como de categoria II, que apresenta a seguinte

definição:

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- Categoria II: terrenos abertos em nível ou aproximadamente em nível, com poucos

obstáculos isolados, como por exemplo zonas costeiras planas, pântanos com vegetação

rala, campos de aviação, pradarias e charnecas e fazendas sem sebes ou muros. Nesta

categoria, a cota média do topo dos obstáculos deve ser inferior ou igual a 1,0 metro.

Segundo a NBR 6123, a velocidade do vento varia continuamente, e quanto

maior o intervalo de tempo usado no cálculo da velocidade média, maior é a distância

abrangida pela rajada de vento. Dessa forma, a norma apresenta 3 classes de

edificações, com intervalos de tempo para cálculo da velocidade média de 3 s, 5 s e 10

s. A estrutura em estudo foi classificada como de classe C, que apresenta a seguinte

definição:

Classe C: Toda edificação ou parte de edificação para a qual a maior dimensão

horizontal ou vertical da superfície frontal exceda 50 m.

A Figura 12 ilustra os valores do fator S2 em função da altura z acima do nível

geral do terreno, da categoria de rugosidade do terreno e da classe de dimensão da

edificação.

Figura 12 - Fator S2 (NBR 6123:1988)

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A Tabela 2 apresenta os valores do fator S2 de acordo com as alturas dos

módulos e antenas da torre, considerando categoria II e classe C:

Tabela 2 - Fator S2 para a torre em estudo

Módulo Altura(m) S2

1 5,00 0,89

2 10,00 0,95

3 15,00 0,99

4 20,00 1,02

5 25,00 1,04

6 30,00 1,06

7 34,00 1,07

8 38,00 1,08

9 e antena 1 42,00 1,10

10 45,00 1,11

11 47,80 1,11

12 49,30 1,12

13 51,37 1,12

Antena 2 53,00 1,13

14 53,45 1,13

15 55,53 1,13

Antena 3 56,50 1,13

16 57,61 1,14

17 e antena 4 60,00 1,14

Antena 5 61,80 1,14

4.3.4 Fator estatístico S3

Segundo a NBR 6123, o fator S3 é baseado em conceitos estatísticos, e considera

o grau de segurança requerido e a vida útil da edificação. A Figura 13, retirada da

referida norma, apresenta os valores mínimos do fator estatístico S3 de acordo com o

grupo correspondende à edificação:

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Figura 13 - Valores mínimos do fator estatístico S3 (NBR 6123:1988)

Considerou-se a torre como uma edificação com baixo fator de ocupação,

resultando assim em um fator S3 igual a 0,95.

4.3.5 Velocidade característica do vento

A partir da velocidade básica do vento e dos fatores S1, S2 e S3, pode-se calcular

a velocidade característica do vento, Vk, através da seguinte equação:

Vk = V0S1S2S3

Onde:

V0 é a velocidade básica do vento;

S1 é o fator topográfico;

S2 é o fator que considera a rugosidade do terreno, a altura e as dimensões da

edificação;

S3 é o fator estatístico.

4.3.6 Pressão dinâmica do vento

De acordo com a NBR 6123, a pressão dinâmica do vento é dada pela seguinte

equação:

q = 0,613Vk2

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Onde:

Vk é a velocidade característica do vento em m/s;

q é a pressão dinâmica do vento em N/m².

4.3.7 Coeficiente de arrasto

Segundo a NBR 6123, para torres reticuladas constituídas por barras prismáticas

de faces planas, com cantos vivos ou levemente arredondados, os valores do coeficiente

de arrasto, Ca, para vento incidindo perpendicularmente a uma das faces, são obtidos a

partir da Figura 14:

Figura 14 - Coeficiente de arrasto, Ca, para torres reticuladas de seção quadrada e

triangular eqüilátera, formadas por barras prismáticas de cantos vivos ou levemente

arredondados (NBR 6123:1988)

O índice de área exposta é definido pela seguinte equação:

∅ =Ae

A

Onde:

Ae é a área frontal efetiva da torre;

A é a área frontal da superfície limitada pelo contorno.

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De acordo com a NBR 6123, a área frontal efetiva é dada pela área da projeção

ortogonal da estrutura sobre um plano perpendicular à direção do vento.

4.3.8 Força de arrasto

A NBR 6123 define a força de arrasto como a componente da força global na

direção do vento, sendo a força global do vento obtida pela soma vetorial das forças do

vento atuantes. A força de arrasto é obtida através da seguinte equação:

Fa = CaqAe

Onde:

Ca é o coeficiente de arrasto;

q é a pressão dinâmica do vento;

Ae é a área frontal efetiva.

Pode-se obter as componentes da força de arrasto nas faces da torre,

multiplicando Fa pelos valores dados na Figura 15:

Figura 15 - Componentes de força de arrasto nas faces de torres reticuladas de seção

quadrada ou triangular eqüilátera (NBR 6123:1988)

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Assim, pode-se obter as componentes normal e tangencial da força de arrasto nas

faces da torre triangular equilátera, com ângulo de incidência do vento a 0°, 30° e 60°.

A Figura 16 ilustra as direções de vento consideradas na torre analisada e a numeração

das faces:

Vento a 0° Vento a 30° Vento a 60°

Figura 16 - Direção do vento sobre a torre

A Figura 17 apresenta as direções e sentidos das componentes normal e

tangencial da força de arrasto calculada para cada módulo da torre. As forças foram

aplicadas nos nós dos montantes, na parte superior de cada módulo. A face 1

corresponde à face incidente do vento e as faces 2 e 3 às faces adjacentes.

Vento a 0° Vento a 30° Vento a 60°

Figura 17 - Componentes normal e tangencial da força de arrasto nos nós da torre

A seguir, encontram-se as Tabelas 3, 4 e 5, utilizadas para cálculo da força de

arrasto na face incidente do vento, obtidos para cada módulo da torre, com ângulo de

incidência do vento de 0°, 30° e 60°, respectivamente:

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Tabela 3 - Força de arrasto com incidência do vento a 0°

Módulo Altura(m) V0(m/s) S1 S2 S3 Vk(m/s) q(N/m²) Ca Ae(m²) Fa(N) Fanormal(N) Fatangencial(N)

1 5,00 35 1 0,89 0,95 29,59 536,81 2,85 3,018 4617,30 2631,86 0

2 10,00 35 1 0,95 0,95 31,59 611,63 2,80 2,964 5076,07 2893,36 0

3 15,00 35 1 0,99 0,95 32,92 664,22 2,80 2,748 5110,80 2913,16 0

4 20,00 35 1 1,02 0,95 33,92 705,09 2,80 2,598 5129,10 2923,59 0

5 25,00 35 1 1,04 0,95 34,58 733,01 2,75 2,504 5047,51 2877,08 0

6 30,00 35 1 1,06 0,95 35,25 761,47 2,75 2,317 4851,93 2765,60 0

7 34,00 35 1 1,07 0,95 35,58 775,91 2,75 1,748 3729,80 2125,99 0

8 38,00 35 1 1,08 0,95 35,91 790,48 2,70 1,644 3508,79 2000,01 0

9 42,00 35 1 1,10 0,95 36,58 820,03 2,65 1,572 3416,08 1947,16 0

10 45,00 35 1 1,11 0,95 36,91 835,01 2,45 1,225 2506,06 1428,46 0

11 47,80 35 1 1,11 0,95 36,91 835,01 2,40 1,121 2246,50 1280,51 0

12 49,30 35 1 1,12 0,95 37,24 850,12 2,40 0,558 1138,48 648,93 0

13 51,37 35 1 1,12 0,95 37,24 850,12 2,60 0,606 1339,45 763,49 0

14 53,45 35 1 1,13 0,95 37,57 865,37 2,50 0,671 1451,65 827,44 0

15 55,53 35 1 1,13 0,95 37,57 865,37 2,60 0,606 1363,47 777,18 0

16 57,61 35 1 1,14 0,95 37,91 880,75 2,50 0,671 1477,46 842,15 0

17 60,00 35 1 1,14 0,95 37,91 880,75 2,45 0,676 1458,70 831,46 0

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Tabela 4 - Força de arrasto com incidência do vento a 30°

Módulo Altura(m) V0(m/s) S1 S2 S3 Vk(m/s) q(N/m²) Ca Ae(m²) Fa(N) Fanormal(N) Fatangencial(N)

1 5,00 35 1 0,89 0,95 29,59 536,81 2,85 3,018 4617,30 2308,65 1339,02

2 10,00 35 1 0,95 0,95 31,59 611,63 2,80 2,964 5076,07 2538,03 1472,06

3 15,00 35 1 0,99 0,95 32,92 664,22 2,80 2,748 5110,80 2555,40 1482,13

4 20,00 35 1 1,02 0,95 33,92 705,09 2,80 2,598 5129,10 2564,55 1487,44

5 25,00 35 1 1,04 0,95 34,58 733,01 2,75 2,504 5047,51 2523,76 1463,78

6 30,00 35 1 1,06 0,95 35,25 761,47 2,75 2,317 4851,93 2425,96 1407,06

7 34,00 35 1 1,07 0,95 35,58 775,91 2,75 1,748 3729,80 1864,90 1081,64

8 38,00 35 1 1,08 0,95 35,91 790,48 2,70 1,644 3508,79 1754,39 1017,55

9 42,00 35 1 1,10 0,95 36,58 820,03 2,65 1,572 3416,08 1708,04 990,66

10 45,00 35 1 1,11 0,95 36,91 835,01 2,45 1,225 2506,06 1253,03 726,76

11 47,80 35 1 1,11 0,95 36,91 835,01 2,40 1,121 2246,50 1123,25 651,49

12 49,30 35 1 1,12 0,95 37,24 850,12 2,40 0,558 1138,48 569,24 330,16

13 51,37 35 1 1,12 0,95 37,24 850,12 2,60 0,606 1339,45 669,72 388,44

14 53,45 35 1 1,13 0,95 37,57 865,37 2,50 0,671 1451,65 725,83 420,98

15 55,53 35 1 1,13 0,95 37,57 865,37 2,60 0,606 1363,47 681,74 395,41

16 57,61 35 1 1,14 0,95 37,91 880,75 2,50 0,671 1477,46 738,73 428,46

17 60,00 35 1 1,14 0,95 37,91 880,75 2,45 0,676 1458,70 729,35 423,02

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Tabela 5 - Força de arrasto com incidência do vento a 60°

Módulo Altura(m) V0(m/s) S1 S2 S3 Vk(m/s) q(N/m²) Ca Ae(m²) Fa(N) Fanormal(N) Fatangencial(N)

1 5,00 35 1 0,89 0,95 29,59 536,81 2,85 3,018 4617,30 646,42 1154,32

2 10,00 35 1 0,95 0,95 31,59 611,63 2,80 2,964 5076,07 710,65 1269,02

3 15,00 35 1 0,99 0,95 32,92 664,22 2,80 2,748 5110,80 715,51 1277,70

4 20,00 35 1 1,02 0,95 33,92 705,09 2,80 2,598 5129,10 718,07 1282,28

5 25,00 35 1 1,04 0,95 34,58 733,01 2,75 2,504 5047,51 706,65 1261,88

6 30,00 35 1 1,06 0,95 35,25 761,47 2,75 2,317 4851,93 679,27 1212,98

7 34,00 35 1 1,07 0,95 35,58 775,91 2,75 1,748 3729,80 522,17 932,45

8 38,00 35 1 1,08 0,95 35,91 790,48 2,70 1,644 3508,79 491,23 877,20

9 42,00 35 1 1,10 0,95 36,58 820,03 2,65 1,572 3416,08 478,25 854,02

10 45,00 35 1 1,11 0,95 36,91 835,01 2,45 1,225 2506,06 350,85 626,52

11 47,80 35 1 1,11 0,95 36,91 835,01 2,40 1,121 2246,50 314,51 561,63

12 49,30 35 1 1,12 0,95 37,24 850,12 2,40 0,558 1138,48 159,39 284,62

13 51,37 35 1 1,12 0,95 37,24 850,12 2,60 0,606 1339,45 187,52 334,86

14 53,45 35 1 1,13 0,95 37,57 865,37 2,50 0,671 1451,65 203,23 362,91

15 55,53 35 1 1,13 0,95 37,57 865,37 2,60 0,606 1363,47 190,89 340,87

16 57,61 35 1 1,14 0,95 37,91 880,75 2,50 0,671 1477,46 206,84 369,37

17 60,00 35 1 1,14 0,95 37,91 880,75 2,45 0,676 1458,70 204,22 364,68

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A seguir, encontram-se as Tabelas 6, 7 e 8, relativas à força de arrasto normal e

tangencial obtidas para as faces adjacentes à face incidente do vento, para cada módulo

da torre, com ângulo de incidência do vento de 0°, 30° e 60°, respectivamente:

Tabela 6 - Força de arrasto nas faces adjacentes, com incidência do vento a 0°

Módulo Altura(m) Fanormal(N) Fatangencial(N)

1 5,00 507,90 877,29

2 10,00 558,37 964,45

3 15,00 562,19 971,05

4 20,00 564,20 974,53

5 25,00 555,23 959,03

6 30,00 533,71 921,87

7 34,00 410,28 708,66

8 38,00 385,97 666,67

9 42,00 375,77 649,05

10 45,00 275,67 476,15

11 47,80 247,12 426,84

12 49,30 125,23 216,31

13 51,37 147,34 254,50

14 53,45 159,68 275,81

15 55,53 149,98 259,06

16 57,61 162,52 280,72

17 60,00 160,46 277,15

Tabela 7 - Força de arrasto nas faces adjacentes, com incidência do vento a 30°

Módulo Altura(m) Face 2-

Fanormal(N) Face 2-

Fatangencial(N) Face 3-

Fanormal(N) Face 3-

Fatangencial(N)

1 5,00 0 0 1708,40 969,63

2 10,00 0 0 1878,14 1065,97

3 15,00 0 0 1891,00 1073,27

4 20,00 0 0 1897,77 1077,11

5 25,00 0 0 1867,58 1059,98

6 30,00 0 0 1795,21 1018,90

7 34,00 0 0 1380,03 783,26

8 38,00 0 0 1298,25 736,85

9 42,00 0 0 1263,95 717,38

10 45,00 0 0 927,24 526,27

11 47,80 0 0 831,21 471,77

12 49,30 0 0 421,24 239,08

13 51,37 0 0 495,60 281,28

14 53,45 0 0 537,11 304,85

15 55,53 0 0 504,49 286,33

16 57,61 0 0 546,66 310,27

17 60,00 0 0 539,72 306,33

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Tabela 8 - Força de arrasto nas faces adjacentes, com incidência do vento a 60°

Módulo Altura(m) Face 2-

Fanormal(N) Face 2-

Fatangencial(N) Face 3-

Fanormal(N) Face 3-

Fatangencial(N)

1 5,00 646,42 1154,32 1985,44 0

2 10,00 710,65 1269,02 2182,71 0

3 15,00 715,51 1277,70 2197,64 0

4 20,00 718,07 1282,28 2205,51 0

5 25,00 706,65 1261,88 2170,43 0

6 30,00 679,27 1212,98 2086,33 0

7 34,00 522,17 932,45 1603,81 0

8 38,00 491,23 877,20 1508,78 0

9 42,00 478,25 854,02 1468,91 0

10 45,00 350,85 626,52 1077,61 0

11 47,80 314,51 561,63 966,00 0

12 49,30 159,39 284,62 489,55 0

13 51,37 187,52 334,86 575,96 0

14 53,45 203,23 362,91 624,21 0

15 55,53 190,89 340,87 586,29 0

16 57,61 206,84 369,37 635,31 0

17 60,00 204,22 364,68 627,24 0

Para as antenas, foi mantido o coeficiente de arrasto das antenas do projeto

original, assim como a área de exposição ao vento. A seguir apresenta-se a Tabela 9,

utilizada para o cálculo da força de arrasto devido às antenas:

Tabela 9 - Força de arrasto nas antenas

Antena Altura(m) V0(m/s) S1 S2 S3 Vk(m/s) q(N/m²) Ca Ae(m²) Fa(N)

Antena 1 42,00 35 1 1,09 0,95 36,24 805,19 1,2 0,66 637,71

Antena 2 53,00 35 1 1,13 0,95 37,57 865,37 1,2 0,50 519,22

Antena 3 56,50 35 1 1,13 0,95 37,57 865,37 1,6 0,28 387,68

Antena 4 60,00 35 1 1,14 0,95 37,91 880,75 1,2 0,50 528,45

Antena 5 61,80 35 1 1,14 0,95 37,91 880,75 1,2 0,66 697,56

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5. RESISTÊNCIA DAS BARRAS

5.1 TRAÇÃO AXIAL

De acordo a NBR 8800, para o dimensionamento de barras submetidas à força

axial de tração, deve ser atendida a seguinte condição:

Nt,Sd ≤ Nt,Rd

Onde:

Nt,Sd é a força axial de tração solicitante de cálculo;

Nt,Rd é a força axial de tração resistente de cálculo.

A força axial de tração resistente de cálculo, Nt,Rd, a ser usada no

dimensionamento, deve ser o menor dos valores obtidos nas seguintes equações, que

consideram os estados-limites últimos de escoamento da seção bruta e ruptura da seção

líquida:

- escoamento da seção bruta:

Nt,Rd =Agfy

γa1

- ruptura da seção líquida:

Nt,Rd =Aefu

γa2

Onde:

Ag é a área bruta da seção transversal da barra;

Ae é a área líquida efetiva da seção transversal da barra;

fy é a resistência ao escoamento do aço;

fu é a resistência à ruptura do aço;

𝛾𝑎1 é o coeficiente de ponderação relacionado ao escoamento, flambagem e

instabilidade;

𝛾𝑎2 é o coeficiente de ponderação relacionado à ruptura.

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5.1.1 Área líquida efetiva

Segundo a NBR 8800, a área líquida efetiva para barras prismáticas é dada por:

Ae = CtAn

Onde:

An é a área líquida da barra;

Ct é o coeficiente de redução da área líquida.

A área líquida de uma barra é a soma dos produtos da espessura pela largura

líquida de cada elemento, ou seja, a subtração da área bruta pela área dos furos contidos

na seção da peça.

Para calcular a largura líquida, deve ser considerado, para ligações parafusadas, o

diâmetro dos furos como sendo o diâmetro do parafuso acrescido de 1,5mm devido à folga

do furo padrão. Assim, o diâmetro teórico do furo padrão é calculado de acordo com o

diâmetro do parafuso db, de acordo com a seguinte equação:

df = db + 1,5mm

Além disso, deve ser adicionado 2mm ao diâmetro dos furos, devido à

ocorrência de avarias ao redor do furo durante o processo de furação.

5.1.2 Coeficiente de redução

Segundo a NBR 8800, o valor do coeficiente de redução é igual a 1,00, quando a

força de tração for transmitida diretamente para cada um dos elementos da seção

transversal da barra, por soldas ou parafusos. Para ligações compostas somente por

soldas, é dado pela seguinte equação:

Ct =Ac

Ag

Onde:

Ac é a área da seção transversal dos elementos conectados.

Ag é a área bruta da seção transversal da barra.

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32

5.1.3 Aplicação

A seguir, encontra-se, para a torre em estudo, um exemplo de aplicação da força

axial de tração resistente. Foi escolhido o montante da torre, que é constituído por um

perfil cantoneira de 60° dobrado a frio, com 127mm de largura e 12,7mm de espessura.

Mesmo sendo dobrado a frio, o cálculo para os montantes foi realizado considerando a

NBR 8800, devido à sua espessura elevada. As propriedades da seção, usadas no

cálculo da resistência à tração e compressão, foram retiradas do programa CUFSM, e

são apresentadas na figura 15:

Figura 18 - Propriedades da seção do montante

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a) Escoamento da seção bruta:

Força axial de tração resistente de cálculo:

Nt,Rd =Agfy

γa1=

32,25 × 41,5

1,1= 1217 kN

b) Ruptura da seção l íquida:

Área líquida efetiva:

Ae = CtAn

Coeficiente de redução:

Ct = 1

Área líquida:

An = Ag − 4 × t(∅paraf + 2mm + 1,5mm)

An = 32,25 − 4 × 1,27(1,59 + 0,2 + 0,15) = 22,39cm²

Força axial de tração resistente de cálculo:

Nt,Rd =Aefu

γa2=

22,39 × 52

1,35= 862 kN

Logo, como o valor encontrado foi menor levando em consideração a ruptura da

seção líquida, a força axial de tração resistente de cálculo é igual a 862 kN.

Da mesma forma como foi realizado o cálculo para o montante da torre, foi

calculado, através do auxílio de uma planilha no programa Microsoft Excel, a força

axial de tração resistente para os demais perfis presentes na torre. Os resultados

encontram-se nas Tabelas 10 e 11:

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Tabela 10 – Força axial de tração resistente para escoamento da seção bruta

Perfil Ag(cm²) Nt,Rd(kN)

L60x4 4,64 175

L50x3,2 3,10 117

L44x3,2 2,71 102

L38x3,2 2,33 88

L127x12,7 32,25 1217

L127x9,5 24,12 910

L101x9,5 19,19 724

L101x7,9 15,96 602

L101x6,3 12,73 480

L76x6,3 9,58 361

L76x4,8 7,30 275

L65x4 5,04 190

L63x7,9 9,33 352

L50x4,8 4,57 172

Tabela 11 - Força axial de tração resistente para ruptura da seção líquida

Perfil Ae(cm²) Nt,Rd(kN)

L60x4 4,12 159

L50x3,2 2,68 103

L44x3,2 2,29 88

L38x3,2 1,91 74

L127x12,7 22,39 862

L127x9,5 16,75 645

L101x9,5 11,82 455

L101x7,9 9,83 379

L101x6,3 7,84 302

L76x6,3 8,76 337

L76x4,8 6,67 257

L65x4 4,52 174

L63x7,9 8,30 320

L50x4,8 3,94 152

Assim, foi obtido o menor valor para a força axial de tração resistente de

cálculo, considerando o escoamento da seção bruta e a ruptura da seção líquida (Tabela

12):

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Tabela 12 - Força axial de tração resistente

Perfil Nt,Rd(kN) Modo de falha preponderante

L60x4 159

Ruptura da seção líquida

L50x3,2 103

L44x3,2 88

L38x3,2 74

L127x12,7 862

L127x9,5 645

L101x9,5 455

L101x7,9 379

L101x6,3 302

L76x6,3 337

L76x4,8 257

L65x4 174

L63x7,9 320

L50x4,8 152

5.2 COMPRESSÃO AXIAL

A NBR 8800 apresenta os critérios de dimensionamento de barras prismáticas

submetidas à força axial de compressão, levando em consideração os efeitos da

flambagem. Para o dimensionamento dessas barras, deve ser satisfeita a seguinte

condição:

Nc,Sd ≤ Nc,Rd

Onde:

Nc,Sd é a força axial de compressão solicitante de cálculo;

Nc,Rd é a força axial de compressão resistente de cálculo.

A força axial de compressão resistente de cálculo é dada pela equação seguinte.

Nesta equação, já estão considerados os efeitos associados aos estados-limites últimos

de instabilidade por flexão, por torção ou flexo-torção e de flambagem local.

Nc,Rd =χQAgfy

γa1

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36

Onde:

𝜒 é o fator de redução associado à resistência à compressão;

Q é o fator de redução total associado à flambagem local;

Ag é a área bruta da seção transversal da barra;

𝑓𝑦é a resistência ao escoamento do aço;

𝛾𝑎1 é o coeficiente de ponderação relacionado ao escoamento, flambagem e

instabilidade.

5.2.1 Fator de redução 𝝌

O fator de redução 𝜒, associado à resistência à compressão, é definido em

função do índice de esbeltez reduzido, 𝜆0. O fator de redução é dado pelas seguintes

equações:

- para λ0 ≤ 1,5 :

χ = 0,658λ02

- para λ0 > 1,5 :

χ =0,877

λ02

Já o índice de esbeltez reduzido é dado pela seguinte equação:

λ0 = √QAgfy

Ne

Onde:

Ne é a força axial de flambagem elástica;

𝜆0 é o índice de esbeltez reduzido.

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37

5.2.2 Força axial de flambagem elástica

5.2.2.1 Seções monossimétricas

Segundo a NBR 8800, em seções monossimétricas, a força axial de flambagem

elástica para flexão é dada pelo menor dos seguintes valores, considerando o eixo y

como eixo de simetria:

a) para flambagem elástica por flexão em relação ao eixo central de inércia x da seção

transversal:

Nex =π2EIx

(kxLx)2

Onde:

KxLx é o comprimento de flambagem por flexão em relação ao eixo x;

Ix é o momento de inércia da seção transversal em relação ao eixo x;

E é o módulo de elasticidade do aço.

b) para flambagem elástica por flexo-torção:

Neyz =Ney + Nez

2(1 − (y0

r0⁄ )2)

[1 − √1 −4NeyNez(1 − (

y0r0

⁄ )2)

(Ney + Nez)2]

Onde:

Ney é a força axial de flambagem elástica para flambagem por flexão em relação ao eixo

y;

Nez é a força axial de flambagem elástica para flambagem por torção em relação ao eixo z;

y0 é a coordenada do centro de cisalhamento na direção do eixo central y em relação ao

centro geométrico da seção;

r0 é o raio de giração polar da seção bruta em relação ao centro de cisalhamento, dado

por:

r0 = √rx2 + ry

2 + x02 + y0

2

Onde:

rx é o raio de giração em relação ao eixo central x;

ry é o raio de giração em relação ao eixo central y;

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38

x0 é a coordenada do centro de cisalhamento na direção do eixo central x em relação ao

centro geométrico da seção;

y0 é a coordenada do centro de cisalhamento na direção do eixo central y em relação ao

centro geométrico da seção.

A força axial de flambagem elástica para flambagem por flexão em relação ao

eixo y, Ney, é dada pela seguinte equação:

Ney =π2EIy

(KyLy)2

Onde:

KyLy é o comprimento de flambagem por flexão em relação ao eixo y;

Iy é o momento de inércia da seção transversal em relação ao eixo y.

A força axial de flambagem elástica para flambagem por torção em relação ao

eixo z, Nez, é dada pela seguinte equação:

Nez =1

r0²(

π2ECw

(KzLz)2+ GJ)

Onde:

KzLz é o comprimento de flambagem por torção;

Cw é a constante de empenamento da seção transversal;

G é o módulo de elasticidade transversal do aço;

J é a constante de torção da seção transversal.

5.2.2.2 Valores do coeficiente de flambagem

Os coeficientes de flambagem por flexão Kx ou Ky são definidos conforme a

Figura 19. Segundo a NBR 8800, em elementos contraventados, o coeficiente de

flambagem por flexão deve ser igual a 1, a não ser que se demonstre que pode ser

utilizado um valor menor.

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39

Figura 19 - Coeficiente de flambagem por flexão de elementos isolados

O coeficiente de flambagem por torção, Kz, deve ser igual a 1,0 quando ambas as

extremidades da barra possuírem rotação em torno do eixo longitudinal impedida e

empenamento livre. Se uma das extremidades da barra possuir rotação em torno do eixo

longitudinal e empenamento livres e, a outra extremidade, rotação e empenamento

impedidos, Kz deve ser igual a 2,0.

5.2.3 Fator de redução devido à flambagem local

Segundo a NBR 8800, os elementos componentes das seções transversais usuais,

exceto as seções tubulares circulares, são classificadas em AA, quando possuem as duas

bordas longitudinais vinculadas, e AL, quando possuem apenas uma borda longitudinal

vinculada.

Para barras submetidas à força axial de compressão, se os elementos

componentes da seção transversal possuem relações entre largura e espessura(b/t) iguais

ou inferiores a (b/t)lim, o fator de redução total Q é igual a 1,00.

Se a relação (b/t) for superior a (b/t)lim, Q será dado pela seguinte equação:

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40

Q = Qs × Qa

Onde:

Qs é o fator de redução que leva em conta a flambagem local dos elementos AL;

Qa é o fator de redução que leva em conta a flambagem local dos elementos AA.

Caso a seção possua apenas elementos AL, Q é igual a Qs. Se possuir apenas

elementos AA, Q é igual a Qa.

A Figura 20 apresenta os grupos relacionados ao tipo de elemento, com suas

respectivas relações (b/t)lim:

Figura 20 - Valores de (b/t)lim

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41

5.2.3.1 Elementos comprimidos AA

Para elementos comprimidos AA, cuja relação entre largura e espessura

ultrapassa os valores indicados na figura anterior, o fator de redução Qa é dado por:

Qa =Aef

Ag

Onde:

Ag é a área bruta;

Aef é a área efetiva da seção transversal.

A área efetiva é dada pela seguinte equação:

Aef = Ag − (b − bef)t

Onde:

Ag é a área bruta;

b é a largura do elemento comprimido AA;

bef é a largura efetiva do elemento comprimido AA;

t é a espessura do elemento comprimido AA.

A largura efetiva dos elementos AA é igual a:

bef = 1,92t √E

σ[1 −

ca

b t⁄√

E

σ ] ≤ b

Onde:

b é a largura do elemento comprimido AA;

t é a espessura do elemento comprimido AA.

E é o módulo de elasticidade do aço;

σ é a tensão que pode atuar no elemento analisado;

ca é um coeficiente igual a 0,38 para mesas ou almas de seções tubulares retangulares, e

0,34 para todos os outros elementos.

5.2.3.2 Elementos comprimidos AL

Para elementos comprimidos AL, a NBR 8800 define os valores do fator de

redução Qs de acordo com o grupo ao qual o elemento pertence.

Para elementos do grupo 3, Qs é dado pelas seguintes equações:

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42

Qs = 1,34 − 0,76b

t√

fy

E , para 0,45√

E

fy<

b

t≤ 0,91√

E

fy

Qs =0,53E

fy (bt )

2 , para b

t> 0,91√

E

fy

Para elementos do grupo 4, Qs é dado pelas seguintes equações:

Qs = 1,415 − 0,74b

t√

fy

E , para 0,56√

E

fy<

b

t≤ 1,03√

E

fy

Qs =0,69E

fy (bt )

2 , para b

t> 1,03√

E

fy

Para elementos do grupo 5, Qs é dado pelas seguintes equações:

Qs = 1,415 − 0,65b

t√

fy

kcE , para 0,64√

E

fy kc⁄<

b

t≤ 1,17√

E

fy kc⁄

Qs =0,90Ekc

fy (bt

)2 , para

b

t> 1,17√

E

fy kc⁄

kc =4

√h tw⁄

Para elementos do grupo 6, Qs é dado pelas seguintes equações:

Qs = 1,908 − 1,22b

t√

fy

E , para 0,75√

E

fy<

b

t≤ 1,03√

E

fy

Qs =0,69E

fy (bt

)2 , para

b

t> 1,03√

E

fy

Onde:

h é a altura da alma;

tw é a espessura da alma;

b é a largura dos elemento;

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43

t é a espessura do elemento;

E é o módulo de elasticidade do aço;

𝑓𝑦 é a resistência ao escoamento do aço.

5.2.4 Aplicação

A seguir, encontra-se, para a torre em estudo, um exemplo de aplicação da força

axial de compressão resistente. Assim como foi feito com a tração, foi escolhido o

montante da torre, que é uma cantoneira de 60° dobrada a frio, com 127 mm de largura

e 12,7 mm de espessura:

Relação entre largura e espessura:

(b

t)

lim= 0,45√

E

fy= 0,45√

200000

415= 9,88

(b

t) =

127

12,7= 10 > 9,88

Fator de redução devido à flambagem local dos elementos AL:

Qs = 1,34 − 0,76b

t√

fy

E

𝑄𝑠 = 1,34 − 0,76 × 10 × √415

200000= 0,99

Fator de redução total:

Q = Qs × Qa

Q = 0,99 × 1 = 0,99

Força axial de flambagem elástica para flambagem por flexão em relação ao eixo x:

Nex =π2EIx

(KxLx)2

Ix=3.251.931,49 mm4

Kx=1,0

E=200000 N/mm2

Lx=1359mm

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44

Nex =π2 × 200000 × 3251931,49

(1,0 × 1359)2= 3.475.619 N

Força axial de flambagem elástica para flambagem por flexão em relação ao eixo y:

Ney =π2EIy

(KyLy)2

Iy=4.336.096,90 mm4

Ky=1,0

E=200000 N/mm2

Ly=1359mm

Ney =π2 × 200000 × 4336096,90

(1,0 × 1359)2= 4.634.360 N

Força axial de flambagem elástica para flambagem por torção em relação ao eixo z:

Nez =1

r0²(

π2ECw

(kzlz)2+ GJ)

Cw= 0

G=76800N/mm2

J=173432,58mm3

Raio de giração em relação ao eixo central x:

rx = √Ix

A= √

3251931,49

3225= 31,75mm

Raio de giração em relação ao eixo central y:

ry = √Iy

A= √

4336096,90

3225= 36,67mm

Coordenada do centro de cisalhamento na direção do eixo central x em relação ao centro

geométrico da seção:

x0 = 0mm

Coordenada do centro de cisalhamento na direção do eixo central y em relação ao centro

geométrico da seção:

y0 = √47,62² + 27,50² = 54,99mm

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45

Raio de giração polar da seção bruta em relação ao centro de cisalhamento:

r0 = √rx2 + ry

2 + x02 + y0

2 = √31,752 + 36,672 + 54,992 = 73,33mm

Força axial de flambagem elástica para flambagem por torção em relação ao eixo z:

Nez =1

73,332× (76800 × 173432,58) = 2.477.014 N

Força axial de flambagem elástica por flexo-torção:

Neyz =Ney + Nez

2(1 − (y0

r0⁄ )2)

× [1 − √1 −4NeyNez(1 − (

y0r0

⁄ )2)

(Ney + Nez)2]

Neyz =4634360 + 2477014

2 × (1 − (54,9973,33⁄ )2)

× [1 − √1 −4 × 4634360 × 2477014 × (1 − (54,99

73,33⁄ )2)

(4634360 + 2477014)2 ]

Neyz = 1.817.531N

Logo, Ne = menor (Nex,Neyz) → Ne= 1.817.531N

Índice de esbeltez reduzido:

λ0 = √QAgfy

Ne= √

0,99 × 3225 × 415

1817531= 0,854 < 1,5

Fator de redução associado à resistência à compressão:

χ = 0,658λ02

= 0,6580,8542= 0,737

Força axial de compressão resistente de cálculo:

Nc,Rd =χQAgfy

γa1=

0,737 × 0,99 × 3225 × 415

1,1= 887.744N

Da mesma forma como foi realizado o cálculo para o montante da torre, foi

calculado, através do auxílio de uma planilha no programa Microsoft Excel, a força

axial de compressão resistente para os demais perfis presentes na torre. Os resultados

encontram-se nas Tabelas 13 e 14:

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46

Tabela 13- Planilha de cálculo da força axial de compressão resistente

Perfil b/t Q Ix(mm4) Lx(mm) Nex(N) Iy(mm4) Ly(mm) Ney(N) rx(mm) ry(mm) y0(mm) r0(mm) J(mm3)

L60x4 15,0 0,82 72000 1050 128910 288000 1050 515639 12,46 24,91 21,21 35,01 2560

L50x3,2 15,6 0,80 33333 988 67405 133333 988 269622 10,37 20,74 17,68 29,16 1092

L44x3,2 13,8 0,86 22715 974 47264 90862 974 189058 9,16 18,31 15,56 25,71 961

L38x3,2 11,9 0,93 14632 1129 22659 58530 1129 90641 7,92 15,85 13,44 22,24 830

L127x12,7 10,0 0,99 3251931 1359 3475619 4336096 1359 4634360 31,75 36,67 54,99 73,33 173432

L127x9,5 13,4 0,88 1621636 1284 1941579 6486546 1284 7766319 25,93 51,86 44,90 73,33 72591

L101x9,5 10,6 0,97 815654 1081 1377800 3262619 1081 5511207 20,62 41,23 35,71 58,31 57729

L101x7,9 12,8 0,90 678281 1063 1184881 2713125 1063 4739527 20,62 41,23 35,71 58,31 33197

L101x6,3 16,0 0,79 540908 777 1768533 2163632 777 7074131 20,61 41,23 35,71 58,31 16836

L76x6,3 12,1 0,92 230462 718 882434 921849 718 3529739 15,51 31,02 26,87 43,87 12669

L76x4,8 15,8 0,79 175590 883 444539 702361 883 1778160 15,51 31,02 26,87 43,87 5603

L65x4 16,3 0,78 91541 1234 118663 366166 1234 474657 13,48 26,95 22,98 37,90 2773

L63x7,9 8,0 1,00 164614 2939 37618 658457 2939 150473 13,28 26,57 22,27 37,13 20707

L50x4,8 10,4 0,98 50000 706 198012 200000 706 792050 10,46 20,92 17,68 29,32 3686

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47

Tabela 14 – Planilha de cálculo da força axial de compressão resistente

Perfil Nez(N) Neyz(N) Ne(N) λ0 𝜒 Nc,Rd(N)

L60x4 160383 140927 128910 1,11 0,60 86005

L50x3,2 98650 84480 67405 1,23 0,53 49361

L44x3,2 111639 85661 47264 1,43 0,42 37362

L38x3,2 128906 65706 22659 1,99 0,22 18066

L127x12,7 2477014 1817531 1875136 0,85 0,74 887744

L127x9,5 1036681 983247 983247 0,95 0,69 549297

L101x9,5 1303869 1182688 1182688 0,81 0,76 535068

L101x7,9 749847 703815 703815 0,92 0,70 379462

L101x6,3 380333 372564 372564 1,06 0,63 236603

L76x6,3 505488 477472 477472 0,88 0,73 241727

L76x4,8 223576 212731 212731 1,06 0,62 136034

L65x4 148277 130186 118663 1,17 0,56 83304

L63x7,9 1153809 143173 37618 3,21 0,09 29992

L50x4,8 329342 275782 198012 0,97 0,68 114029

Para o perfil cantoneira 63x7,9, o valor do índice de esbeltez reduzido

encontrado foi muito elevado, provocando assim uma grande redução na força axial de

compressão resistente do perfil. Dessa forma, se faz necessária a alteração do perfil por

outro menos esbelto, a fim de diminuir o valor do índice de esbeltez reduzido.

5.3 FLEXÃO

Embora sejam encontrados momentos fletores nas barras dos montantes a partir

dos resultados das análises, esses esforços foram desprezados, devido à consideração da

estrutura como um sistema do tipo treliçado. Essa aproximação deve ser verificada na

condição de Estado Limite Último, de modo a garantir a segurança da estrutura.

A figura 21 ilustra o maior momento fletor solicitante na direção do eixo de

menor inércia, em um dos montantes da torre. O valor encontrado, de 1818 Nm, pode

ser considerado muito pequeno e, certamente, muito inferior ao momento fletor

resistente do montante na direção do eixo de menor inércia.

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48

Figura 21 - Momento fletor solicitante

6. LIGAÇÕES

6.1 FORÇA RESISTENTE DE CÁLCULO

6.1.1 Cisalhamento do parafuso

Segundo a NBR 8800, para parafusos de alta resistência, quando o plano de

corte passa pela rosca e para parafusos comuns em qualquer situação, a força de

cisalhamento resistente de cálculo de um parafuso é, por plano de corte, dada por:

Fv,Rd =0,4Abfub

γa2

Onde:

Ab é a área bruta, baseada no diâmetro do parafuso;

fub é a resistência à ruptura do material do parafuso;

γa2 é o coeficiente de minoração, igual 1,35.

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A Figura 22, retirada do projeto original da torre, ilustra o detalhe de ligação

entre montantes, que é constituído por 4 parafusos em seção transversal, e 5 parafusos

longitudinalmente.

Figura 22 - Detalhe da ligação entre montantes

Assim, considerando-se as ligações entre os montantes da torre em estudo, tem-

se a seguinte força de cisalhamento resistente de cálculo:

Diâmetro dos parafusos: 16mm

Resistência à ruptura do material do parafuso: 750 Mpa

Número de parafusos: 20

Fv,Rd =20 × 0,4 × 201,1 × 750

1,35= 893778 N

Já para as demais ligações presentes na torre, que possuem apenas um parafuso

em cada extremidade das barras, tem-se a seguinte força de cisalhamento resistente de

cálculo:

Fv,Rd =0,4 × 201,1 × 750

1,35= 44689 N

6.1.2 Pressão de contato em furos

Com base no item 6.3.9 da norma NBR8800, a distância entre centros de furos

padrão não pode ser inferior a 2,7 vezes o diâmetro do parafuso. Assim, para a torre em

estudo, considerando um espaçamento 3 vezes maior que o diâmetro do parafuso, tem-

se a seguinte distância entre os centros dos furos:

d = 3 × 16 = 48mm

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50

Segundo o item 6.3.11 da NBR 8800, a distância do centro de um furo padrão a

qualquer borda de uma parte ligada não pode ser inferior ao valor indicado na Figura 23,

onde db é o diâmetro do parafuso:

Figura 23 - Distância mínima do centro de um furo-padrão à borda

Assim, para a torre analisada, a distância entre o eixo do furo e a borda da

cantoneira não deve menor que 22mm.

O item 6.3.12 da NBR 8800 também define a distância máxima de um parafuso

às bordas. A distância do centro do parafuso até a borda não pode exceder a 12 vezes a

espessura da parte ligada considerada, nem 150 mm. Assim, considerando o montante

da torre, com espessura de 12,7mm, a distância do centro do parafuso até a borda não

deve exceder 12x12,7=152,4mm, nem 150mm. Dessa forma, foi definido esta distância

como sendo igual a 30mm.

A força resistente de cálculo à pressão de contato na parede de um furo,

correspondente ao colapso por rasgamento, é dada, no caso de furos padrão, pela

seguinte equação:

Fc,Rd =1,2 lf t fu

γa2≤

2,4 db t fu

γa2

Onde:

lf é a distância, na direção da força, entre a borda do furo e a borda do furo adjacente ou

a borda livre;

db é o diâmetro do parafuso;

t é a espessura da parte ligada;

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51

fu é a resistência à ruptura do aço da parede do furo.

Assim, para o furo externo da ligação dos montantes, tem-se a seguinte força

resistente de cálculo à pressão de contato:

Fc,Rd =5 × 1,2 × 22 × 12,7 × 520

1,35= 645724 N <

5 × 2,4 × 16 × 12,7 × 520

1,35= 939236 N

Já para o furo interno, tem-se a seguinte força resistente de cálculo à pressão de

contato:

Fc,Rd =5 × 1,2 × 32 × 12,7 × 520

1,35= 939236 N =

5 × 2,4 × 16 × 12,7 × 520

1,35= 939236 N

7. RESULTADOS DA ANÁLISE E VERIFICAÇÃO DA

SEGURANÇA

O projeto original da torre foi modelado através do software SAP2000, que é um

programa de análise estrutural por elementos finitos. A partir do modelo criado, foram

aplicados os carregamentos atuantes na estrutura da torre e em seguida foi verificado os

resultados obtidos com a análise linear estática da estrutura.

7.1 CARREGAMENTO

Os carregamentos atuantes na torre foram aplicados nos nós da estrutura,

localizados nos montantes da torre. As Figuras 24, 25, 26, 27, 28 e 29 ilustram os

carregamentos correpondentes ao peso das plataformas, peso da manutenção, peso das

antenas e força de arrasto do vento incidindo a 0°, 30° e 60°, respectivamente:

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Força vertical em cada nó dos montantes: 1,41 kN

Figura 24 – Carregamento do peso das plataformas

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Força vertical em cada nó dos montantes: 1,43 kN

Figura 25 - Carregamento do peso de manutenção

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54

A Tabela 15 apresenta a força aplicada correspondente ao peso das antenas, em

função da altura em que a antena está localizada.

Tabela 15 - Peso das antenas

Altura(m) Força vertical por nó(kN)

42,0 0,55

53,0 0,41

56,5 0,31

60,0 0,96

Figura 26 - Carregamento do peso das antenas

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Figura 27 - Carregamento do vento incidindo a 0°

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Figura 28 - Carregamento do vento incidindo a 30°

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Figura 29 - Carregamento do vento incidindo a 60°

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58

7.2 REAÇÕES DE APOIO

As Tabelas 16 e 17 apresentam os valores das reações de apoio para as

combinações do Estado Limite Último, com o vento incidindo a 0°, 30° e 60°. Nas

reações de momento, M1 é o momento de torção no montante, M2 é o momento fletor na

direção do eixo de maior inércia do montante e M3 é o momento fletor na direção do

eixo de menor inércia do montante. A figura 30 ilustra a posição dos nós em função da

face incidente do vento:

Figura 30 - Posição dos nós

Tabela 16 - Reações de apoio

Nó Combinação Fx (kN) Fy (kN) Fz (kN)

1 ELU-vento 0° -0,02 -48,55 554,91

1 ELU-vento 30° 0,07 -42,07 483,04

1 ELU-vento 60° -5,74 -25,39 297,46

2 ELU-vento 0° -14,86 -15,41 -212,45

2 ELU-vento 30° -32,37 -18,52 -398,60

2 ELU-vento 60° -37,60 -21,55 -465,64

3 ELU-vento 0° 14,88 -15,46 -212,50

3 ELU-vento 30° -7,48 -7,65 45,51

3 ELU-vento 60° -25,04 7,46 298,14

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Tabela 17 - Reações de apoio

Nó Combinação M1 (kNcm) M2 (kNcm) M3 (kNcm)

1 ELU-vento 0° -3,19 3,03 -165,90

1 ELU-vento 30° -2,68 1,44 -147,29

1 ELU-vento 60° -2,98 -153,23 -97,40

2 ELU-vento 0° 0,17 -159,53 35,29

2 ELU-vento 30° 0,51 0,92 86,33

2 ELU-vento 60° 0,28 5,22 104,67

3 ELU-vento 0° 0,09 161,29 34,65

3 ELU-vento 30° 1,16 277,13 -35,78

3 ELU-vento 60° 1,15 165,07 -104,16

Comparando-se os valores das reações de apoio encontradas, conclui-se que a

maior força de reação vertical é gerada quando o ângulo de incidência do vento é de 0°.

Já a maior reação de momento ocorre quando o ângulo de incidêndia do vento é de 30°.

7.3 DESLOCAMENTOS

Foram obtidos os deslocamentos dos nós no topo da torre, considerando as

combinações do Estado Limite de Serviço, com o vento incidindo a 0°, 30° e 60°. Estes

deslocamentos são apresentados nas Tabelas 18, 19 e 20:

Tabela 18 - Deslocamento no topo da torre com vento a 0°

Nó Ux (cm) Uy (cm) Uz (cm)

1 0,004 35,56 -1,17

2 -0,001 35,57 0,27

3 0,0001 35,56 0,27

Tabela 19 - Deslocamento no topo da torre com vento a 30°

Nó Ux (cm) Uy (cm) Uz (cm)

1 17,37 30,55 -1,03

2 18,15 30,09 0,63

3 18,15 31,00 -0,22

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Tabela 20 - Deslocamento no topo da torre com vento a 60°

Nó Ux (cm) Uy (cm) Uz (cm)

1 30,68 17,61 -0,68

2 30,84 17,52 0,75

3 30,84 17,7 -0,70

Como forma de exemplificação dos deslocamentos obtidos no programa

SAP2000, a Figura 31 ilustra, com escala exagerada, a deformação da estrutura no plano

XZ, com ângulo de incidência do vento de 60°:

Figura 31 - Deslocamento no plano XZ para vento incidindo a 60°

Segundo o documento 240-410-600/1997, da Telebrás, para uma Torre Auto-

Suportada Leve Celular (TASL-C), que suporta antenas do Sistema Móvel Celular, a

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deflexão máxima deve ser de 1°40’. Assim, para deflexão máxima de 1°40’, o

deslocamento d no topo da torre em estudo deve ser de no máximo:

d = 60 × tan 1°40′ = 1,75m

Dessa forma, nota-se que a torre em estudo atende aos requisitos do referido

documento quanto à deflexão máxima, já que todos os deslocamentos obtidos através da

análise são inferiores ao deslocamento máximo calculado.

7.4 ESFORÇOS SOLICITANTES MÁXIMOS

Os esforços máximos foram determinados considerando-se as combinações do

Estado Limite Último, para os três ângulos de incidência do vento. As Tabelas 21 e 22

apresentam os esforços máximos solicitantes de tração e compressão para cada perfil

presente na torre analisada, assim como os respectivos esforços resistentes e o ângulo de

incidência do vento que provoca a solicitação máxima.

Tabela 21 - Esforços máximos de tração

Perfil Nt,Rd(kN) Esforço máximo (kN) Nt,Sd/Nt,Rd Ângulo de incidência do vento

L60x4 159 32,94 0,21 60°

L50x3,2 103 14,55 0,14 60°

L44x3,2 88 12,16 0,14 60°

L38x3,2 74 4,45 0,06 0°

L127x12,7 862 426,01 0,49 60°

L127x9,5 645 276,50 0,43 60°

L101x9,5 455 199,27 0,44 60°

L101x7,9 379 134,58 0,36 60°

L101x6,3 302 110,80 0,37 60°

L76x6,3 337 69,55 0,21 60°

L76x4,8 257 16,34 0,06 60°

L65x4 174 0,05 0,00 0°

L63x7,9 320 - - -

L50x4,8 152 0,004 0,00 30°

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Tabela 22 - Esforços máximos de compressão

Perfil Nc,Rd (kN) Esforço máximo (kN) Nc,Sd/Nc,Rd Ângulo de incidência do vento

L60x4 86,0 35,41 0,41 0°

L50x3,2 49,4 14,92 0,30 0°

L44x3,2 37,4 11,96 0,32 0°

L38x3,2 18,1 5,30 0,29 0°

L127x12,7 887,7 507,70 0,57 0°

L127x9,5 549,3 329,39 0,60 0°

L101x9,5 535,1 239,59 0,45 0°

L101x7,9 379,5 160,68 0,42 0°

L101x6,3 236,6 135,97 0,57 0°

L76x6,3 241,7 89,01 0,37 0°

L76x4,8 136,0 29,37 0,22 0°

L65x4 83,3 0,04 0,00 0°

L63x7,9 30,0 0,01 0,00 30°

L50x4,8 114,0 0,01 0,00 30°

A partir dos valores encontrados, nota-se que o maior esforço solicitante de

tração ocorre com o vento incidindo a 60° sobre a estrutura. Já o maior esforço

solicitante de compressão ocorre com um ângulo de incidência de 0°.

Como para todos os perfis o esforço solicitante máximo foi inferior ao esforço

resistente, foi elaborado uma sugestão de novos perfis para a torre, de modo a provocar

uma diminuição da diferença entre o esforço solicitante máximo e o esforço resistente.

Dessa forma, há uma economia de materiais, mantendo-se a segurança estrutural da

torre. A Tabela 23 apresenta os perfis originais e os novos perfis:

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Tabela 23 - Novos perfis

Perfil original Perfil novo

L60x4 L44x3,2

L50x3,2 L38x3,2

L44x3,2 L38x3,2

L38x3,2 L38x3,2

L127x12,7 L101x9,5

L127x9,5 L101x7,9

L101x9,5 L101x7,9

L101x7,9 L101x6,3

L101x6,3 L76x4,8

L76x6,3 L50x4,8

L76x4,8 L44x3,2

L65x4 L38x3,2

L63x7,9 L38x3,2

L50x4,8 L38x3,2

Para utilização dos novos perfis, deve ser realizada uma nova análise estrutural a

fim de verificar se os perfis atendem às condições de segurança impostas pelos esforços

solicitantes nas barras.

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8. CONCLUSÕES

Este trabalho apresentou o estudo de uma torre de telecomunicações

autoportante de aço, instalada na cidade de Itatiaia/RJ. Ao longo do trabalho, foram

apresentadas a descrição da torre, as ações a serem consideradas em sua análise, a

resistência das barras à tração axial, compressão axial e flexão, e uma verificação de

suas ligações. Com os resultados da análise feita no programa SAP2000, foi possível

fazer uma verificação da segurança da torre, além de elaborar uma sugestão de novos

perfis para a torre.

Considerando os esforços solicitantes máximos nas barras, obtidos através da

análise, nota-se que estes variam de acordo com o ângulo de incidência do vento.

Enquanto os esforços máximos de tração foram obtidos com um ângulo de incidência de

60°, os esforços máximos de compressão foram obtidos com um ângulo de 0°.

Dessa forma, pode-se concluir que a consideração do ângulo em que o vento

incide na estrutura é de fundamental importância no projeto de uma torre autoportante

de telecomunicações, já que pode interferir diretamente na segurança estrutural da torre.

Assim, deve-se dimensionar os elementos da torre considerando os esforços máximos

obtidos para os diferentes ângulos de incidência do vento analisados.

Com relação às deformações da estrutura, os resultados obtidos indicam uma

diferença de até 30 cm de deslocamento no topo da torre na direção do eixo x para os

diferentes ângulos de incidência do vento. Já na direção do eixo y a diferença é de até

18 cm. No entanto, considerando a resultante do deslocamento nas direções x e y, a

diferença é quase nula, inferior a 1 cm. Portanto, conclui-se que diferentes ângulos de

incidência do vento não provocam diferenças significativas na deformação da estrutura.

Como sugestão para trabalhos futuros, pode-se citar a inclusão do efeito da

variação de temperatura e deslocamento das fundações, a realização de análise dinâmica

das forças do vento, a análise da fundação e os efeitos provocados por mudanças na

geometria da torre.

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9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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de Aço e de Estruturas Mistas de Aço e Concreto de Edifícios. Rio de Janeiro: ABNT,

2008.

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6123 – Forças devidas ao

vento em edificações. Rio de Janeiro: ABNT, 1988.

GUANABARA, M. K. Dimensionamento de estruturas metálicas: rotina

computacional para seleção de perfis metálicos. Trabalho de conclusão de curso –

Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2010.

HARITOS, N.; STEVENS, L. K. The assessment of response of tall free-standing

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1983.

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general boundary conditions using CUFSM: conventional and constrained finite strip

methods.” Proceedings of the 20th Int;l. Spec. Conf. on Cold-Formed Steel Structures,

St. Louis, MO. November, 2010.

PINTO, E. F.; BESPALHOK, L. C.; BATISTA, R. C. Análise, modelagem e

dimensionamento de torres autoportantes de telecomunicações. Trabalho de conclusão

de curso – Universidade Federal do Paraná, 2013.

SAKIYAMA, M. Torres e postes metálicos transmitem energia e informação.

Construção Metálica, 2005.

SAP2000 versão 18- Structural Analysis Program-New York, NY, USA. 2015.

SOUZA, T. J. M. Torres mistas para telecomunicações. In: 41° Congresso Brasileiro

Concreto – IBRACON, 1999, Salvador.

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TELEBRÁS. SDT-240-410-600: Procedimentos de projeto para torres metálicas auto-

suportadas, estaiadas e postes metálicos; 1997.

ZAMPIRON, I. Avaliação das características e desempenho de estruturas para

telecomunicações visando o projeto de novo modelo de torre autoportante. Tese

(Mestrado em engenharia) - PPEC/ Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto

Alegre, 2008.