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Víctor Manuel Aréstegui Meléndez
Avaliação Experimental dos Parâmetros de Transporte
em Folhelhos
Dissertação de Mestrado
Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil do Departamento de Engenharia Civil da PUC-Rio.
Orientador: Prof. Sergio A. B. da Fontoura
Rio de Janeiro
Junho de 2010
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Víctor Manuel Aréstegui Meléndez
Avaliação Experimental dos Parâmetros de Transporte
em Folhelhos
Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da PUC-Rio. Aprovada pela Comissão Examinadora abaixo assinada.
Prof. Sergio Augusto Barreto da Fontoura Orientador
Departamento de Engenharia Civil - PUC-Rio
Prof. Alberto Sampaio Ferraz Jardim Sayão Departamento de Engenharia Civil - PUC-Rio
Dr. Rogério Schiffer de Souza CENPES/PETROBRAS
Prof. José Eugênio Leal Coordenador Setorial de Pós-Graduação
do Centro Técnico Cientifico - PUC-Rio
Rio de Janeiro, 23 de Junho de 2010
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Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem autorização da universidade, do autor e do orientador.
Víctor Manuel Aréstegui Meléndez
Graduou-se em Engenharia Civil pela Universidad Nacional de San Cristóbal de Huamanga-Ayacucho no Peru em 2006. Ingressou em 2007 no curso de mestrado em Engenharia Civil da PUC-Rio, na área de Geotecnia, e linha de pesquisa de geomecânica do petróleo.
Ficha Catalográfica
Aréstegui Meléndez, Víctor Manuel
Avaliação experimental dos parâmetros de transporte em folhelhos / Víctor Manuel Aréstegui Meléndez ; orientador: Sergio A. B. da Fontoura. – 2010.
184 f. : il. (color.) ; 30 cm
Dissertação (mestrado)–Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Departamento de Engenharia Civil, 2010.
Inclui bibliografia.
1. Engenharia civil – Teses. 2. Folhelho. 3. Transporte de massa. 4. Ensaios de difusão. 5. Fluido de Perfuração. 6. Estabilidade de poços. l. Fontoura, Sergio A. B. da. II. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Departamento de Engenharia Civil. III. Título.
CDD: 624
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Em memória de meu Pai, Víctoriano Aréstegui, exemplo de sabedoria e sinceridade.
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Agradecimentos
Agradeço em primeiro lugar a Deus que iluminou o meu caminho durante esta longa
caminhada.
A CAPES e PRONEX pelos auxílios concedidos, sem os quais este trabalho não
poderia ter sido realizado.
Ao meu orientador Sérgio A. B. da Fontoura, pelo ensinamento constante, paciência, e
confiança depositado em minha pessoa para o desenvolvimento deste trabalho.
Ao Eudes Siqueira Muniz, pela ajuda e apoio constante no transcorrer dos ensaios.
A todos os professores e funcionários do Departamento de Engenharia Civil pelos
ensinamentos e total apoio no decorrer deste trabalho.
Aos colegas do GTEP e especialmente à equipe do Laboratório de Interação Rocha-
Fluido, pela amizade e salutar convívio de gratas recordações.
A minha mãe, Elsa Meléndez, pela atenção, carinho e incentivo em todos os momentos
da minha vida, sem ela nada disso seria possível.
A minhas irmãs Ingrid, Keila e Mayte, pelo apoio incondicional brindado em todos
estes anos, pelas forças e ânimos transmitidos para alcançar as minhas metas.
Aos meus grandes amigos, Daniel Lemos e Thiago Henrique da Silva, pela amizade e
companheirismo incondicional, pelo convívio e aprendizado.
Ao Wagner Nahas e David Bogossian, pelas correções e sugestões feitas nesta
dissertação.
Aos professores que participaram da Comissão Examinadora pelas sugestões feitas.
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Resumo
Aréstegui, Víctor Manuel Meléndez; Fontoura, Sergio Augusto B. Avaliação Experimental dos Parâmetros de Transporte em Folhelhos. Rio de Janeiro, 2010. 184p. Dissertação de Mestrado - Departamento de Engenharia Civil, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
Grande parte dos problemas de instabilidade de poços de petróleo ocorre
quando rochas argilosas, como os folhelhos, são perfuradas. Tais problemas são
creditados, em geral, à interação físico-química entre os fluidos de perfuração e
as referidas rochas. Esta dissertação se foca no estudo experimental do
comportamento de folhelhos expostos a diferentes soluções salinas, que
simulam os fluidos de perfuração a base de água. O objetivo é estimar os
parâmetros de transporte de massa (permeabilidade absoluta, coeficiente de
reflexão e difusão) necessários para as análises de estabilidade de poços. São
utilizadas um conjunto de células de difusão capazes de simular as condições de
tensões in-situ e aplicar gradientes hidráulicos e químicos a corpos de prova de
folhelhos. Foram caracterizados dois tipos de folhelhos típicos de plataformas
“offshore” (BC-01) e “onshore” (Pierre01) provenientes, respectivamente, da
Bacia de Campos (Rio de Janeiro, Brasil) e de Salt Lake City (Utah, Estados
Unidos). Ensaios de porosimetria indicam que o folhelho BC-01 apresenta
maiores diâmetros de poros quando comparados com o folhelho Pierre01.
Resultados dos ensaios nas células de difusão sugerem que a direção dos planos
de acamamento presentes nos corpos de prova afetam a permeabilidade e, por
conseguinte, o coeficiente de reflexão que o folhelho possui. Os resultados
sugerem que a composição mineralógica não tem influencia nos parâmetros de
transporte de massa.
Palavras-chave
Folhelho; transporte de massa; ensaios de difusão; fluido de perfuração; estabilidade de poços.
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Abstract
Aréstegui, Víctor Manuel Melendez; Fontoura, Sergio Augusto B.(Advisor). Experimental Evaluation of Transport Parameters in Shales. Rio de Janeiro, 2010. 184p. MSc. Dissertation - Departamento de Engenharia Civil, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
The majority of the problems related to wellbore stability occur when
argillaceous rocks, such as shales, are drilled. Such problems are believed, in
general, to be caused by the physical-chemical interaction between drilling
fluids and the referred rocks. This dissertation focuses on the experimental
study of the behavior of shales exposed to different saline solutions, which
simulated water-based drilling fluids. The objective is to estimate the mass
transporting parameters (absolute permeability, reflection coefficient and
diffusion) necessary for the analysis of well stability. Groups of diffusion cells
are used, being capable of simulating in-situ stress conditions and apply
hydraulic gradients and chemicals upon shale samples. Two types of shales
were characterized; representative of offshore (BC-01) and onshore (Pierre01)
platforms derived, respectively, from Bacia de Campos (Rio de Janeiro, Brazil)
and Salt Lake City, Utah, United States. Porosimetry tests indicate that BC-01
shales present larger pore diameters when comparing with Pierre01 Shales.
Experimental results from diffusion cells suggest that the direction of foliation
planes present in the samples defines its permeability and, therefore the
coefficient of reflection that the shales possess. The results suggest that mineral
composition does not influence the mass transporting parameters.
Keywords
Shales; mass transporting; diffusion tests; drilling fluid; well stability.
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Sumário
1 Introdução 20
1.1. Motivação 20
1.2. Objetivos 22
1.2.1. Objetivo Geral 22
1.2.2. Objetivos Específicos 23
1.3. Escopo 23
2 Revisão Bibliográfica 25
2.1. Introdução 25
2.2. Definição e origem dos Folhelhos 25
2.3. Mecanismos de Transporte de Massa 27
2.4. Influência da Permeabilidade do Folhelho 34
2.5. Mecanismos de Instabilidade de Poços 36
2.6. Fluidos de Perfuração 39
2.7. Classificação dos Fluidos de Perfuração 40
3 Ensaios de Caracterização de Folhelhos 44
3.1. Introdução 44
3.2. Origem dos Folhelhos Ensaiados 44
3.3. Preparação das Amostras 45
3.4. Distribuição Granulométrica 46
3.4.1. Efeito da Cimentação (Quantidade de Carbonatos) 49
3.4.2. Comentários Gerais do Tratamento com HCL 56
3.5. Índices Físicos 57
3.6. Capacidade de Troca Catiônica (CTC) e Superfície Específica (SE) 58
3.6.1. Método do Acetato de Amônio (AA) 61
3.6.2. Metodologia Adotada na Preparação do Material 61
3.6.3. Apresentação e Discussão dos Resultados 62
3.7. Análises dos Fluidos de Poros 63
3.7.1. Procedimentos do Ensaio 64
3.7.2. Apresentação e Discussão dos Resultados 65
3.8. Composição Mineralógica 65
3.8.1. Análises Químicas 66
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3.8.2. Difração de Raios X (DRX) 67
3.8.2.1. Seleção de Material e Preparação de Lâminas 68
3.8.2.2. DRX do Folhelho BC-01 71
3.8.2.3. DRX do Folhelho Pierre01 74
3.8.2.4. Comentários Gerais da DRX 75
3.8.3. Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) 76
3.8.3.1. MEV do Folhelho BC-01 77
3.8.3.2. MEV do Folhelho Pierre01 81
3.9. Porosimetria por Injeção de Mercúrio 84
3.9.1. Equipamento Utilizado e Procedimento do Ensaio 85
3.9.2. Apresentação e Discussão dos Resultados 86
3.10. Antecedentes do Coeficiente de Reflexão em Função da Porosimetria
e da Mineralogia. 90
3.11. Conclusões da Caracterização dos Folhelhos 94
4 Descrição dos Equipamentos e da Metodologia de Ensaios 96
4.1. Introdução 96
4.2. Equipamentos e Acessórios Utilizados 97
4.3. Metodologia de Ensaios nas Células de Difusão 102
4.3.1. Considerações Gerais 103
4.3.2. Montagem do Ensaio 104
4.3.3. Fases do Ensaio nas Células de Difusão 106
4.3.3.1. Fase de Saturação do Corpo de Prova 106
4.3.3.2. Fase de Adensamento do Corpo de Prova 108
4.3.3.3. Fase de Transmissão de Pressão do Corpo de Prova 110
4.3.3.4. Fase de Difusão de Íons do Corpo de Prova 111
4.4. Ensaios de Tração Indireta (Ensaio Brasileiro) 114
4.5. Análises dos Resultados Experimentais 115
4.5.1. Obtenção do Coeficiente de Reflexão Experimental (αexp) 116
4.5.2. Retroanálise dos Resultados Experimentais: Programa FPORO. 117
5 Ensaios Realizados e Análise dos Resultados 120
5.1. Introdução 120
5.2. Ensaios em Corpos de Prova Sintéticos nas Células de Difusão 120
5.2.1. Fase de Saturação e Adensamento 121
5.2.2. Fase de Transmissão de Pressão e Difusão de Íons 121
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5.3. Ensaios em Folhelhos nas Células de Difusão 126
5.3.1. Primeira Campanha de Ensaios com o Folhelho Pierre01 127
5.3.1.1. Dados Iniciais dos Corpos de Prova 127
5.3.1.2. Fase de Saturação e Adensamento 128
5.3.1.3. Fase de Transmissão de Pressão 129
5.3.1.4. Fase de Difusão de Íons 132
5.3.1.5. Dados Finais dos Corpos de Prova 137
5.3.2. Segunda Campanha de Ensaios com o Folhelho Pierre01 137
5.3.2.1. Dados Iniciais dos Corpos de Prova 138
5.3.2.2. Fase de Saturação e Adensamento 138
5.3.2.3. Fase de Transmissão de Pressão 139
5.3.2.4. Fase de Difusão de Íons 142
5.3.2.5. Dados Finais do Corpo de Prova 145
5.3.3. Ensaios de Tração Indireta (Ensaio Brasileiro) 146
5.3.4. Primeira Campanha de Ensaios com o Folhelho BC-01 147
5.3.4.1. Dados Iniciais dos Corpos de Prova 148
5.3.4.2. Fase de Saturação e Adensamento 148
5.3.4.3. Fase de Transmissão de Pressão 149
5.3.4.4. Fase de Difusão de Íons 152
5.3.4.5. Dados Finais dos Corpos de Prova 158
5.3.5. Segunda Campanha de Ensaios com o Folhelho BC-01 158
5.3.5.1. Dados Iniciais dos Corpos de Prova 159
5.3.5.2. Fase de Saturação e Adensamento 159
5.3.5.3. Fase de Transmissão de Pressão 160
5.3.5.4. Fase de Difusão de Íons 163
5.3.5.5. Dados Finais dos Corpos de Prova 166
5.3.6. Ensaios de Tração Indireta (Ensaio brasileiro) 167
5.4. Conclusões das Campanhas de Ensaio 169
6 Conclusões e Sugestões para Trabalhos Futuros 174
6.1. Conclusões 174
6.2. Sugestões para Trabalhos Futuros 176
7 Referências Bibliográficas 178
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Lista de figuras
Figura 2.1– Amostra de folhelho com lâminas finas e paralelas esfoliáveis. 26
Figura 2.2 – Mecanismos de transporte de água através de uma membrana
semi-permeável perfeita sob condições de campo. 30
Figura 2.3 – Mecanismos de impermeabilização promovidos na interface
óleo-fluido de poros (Dusseault & Gray 1992, modificado por Duarte 2004). 31
Figura 2.4 – Distribuição de tamanho dos poros em ambas as direções da
amostra (sedimentos argilosos sobre-adensado). 36
Figura 2.5 – Exemplo típico de instabilidade de folhelhos e problemas de
poço observados no perfil caliper (van Oort, 2003). 37
Figura 2.6 – Tipos de ruptura ao redor de poços (Fjær et al., 1992). 38
Figura 2.7 – Fluido de perfuração carreando os cascalhos para a superfície
(Duarte, 2004). 40
Figura 3.1 – Detalhe dos folhelhos adquiridos para os diferentes ensaios:
a) Bloco do folhelho Pierre01 b) Testemunho do folhelho BC-01. 45
Figura 3.2 – Preparação dos corpos de prova em torno mecânico. 46
Figura 3.3 – Inclinação dos planos de acamamento do folhelho Pierre01. 46
Figura 3.4 – Ensaio de granulometria 48
Figura 3.6 – Fração #60 do folhelho Pierre01 após peneiramento da
fração fina. 50
Figura 3.7 – Fração #60 do folhelho BC-01 após peneiramento da
fração fina. 50
Figura 3.8 – Tratamento do folhelho com HCl. 51
Figura 3.9 – Imagens da lupa binocular no tratamento do folhelho BC-01
com HCl a frio e a quente para diferentes frações granulométricas. 52
Figura 3.10 – Fotos do folhelho Pierre01 ao natural e tratada com HCl
observadas em diferentes frações. 54
Figura 3.11 – Fotos do folhelho BC-01 ao natural e tratada com HCl
observada em diferentes frações. 55
Figura 3.12 – (a) Destorroamento do folhelho e peneiramento na
malha de 40# (b) Processo de centrifugação. 62
Figura 3.13 – Imagem ilustrando a lâmina da fração total preparada
utilizando o método do pó. 68
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Figura 3.14 – Seleção do material característico da dimensão argila. 69
Figura 3.15 – Preparação das lâminas por pipetagem. 70
Figura 3.16 – Processo de glicolagem das lâminas 70
Figura 3.17 – Difratograma da fração total do folhelho BC-01. 71
Figura 3.18 – Difratogramas da fração argila do folhelho BC-01 com
tratamento e sem tratamento. 72
Figura 3.19 – Difratogramas da fração argila do folhelho BC-01. Lâmina
natural e tratada a 350ºC. 73
Figura 3.20 – Difratogramas da fração argila do folhelho BC-01. Lâmina
natural e tratada com etilenoglicol a 350ºC. 74
Figura 3.21 – Difratograma da fração total do folhelho Pierre01. 75
Figura 3.22 – Difratograma da fração argila do folhelho Pierre01.
Lâmina natural, aquecida e glicolada. 75
Figura 3.23 – Fotomicrografias da amostra do folhelho BC-01: (a) Textura
homogênea, aglomerado de pirita (clara) (b) Espaço vazio na superfície da
rocha. 78
Figura 3.24 – Fotomicrografia da amostra do folhelho BC-01:
(a) Aglomerados de pirita (clara) na superfície do folhelho (b) EDS da zona
indicada (FeS2). 78
Figura 3.25 – Fotomicrografias da amostra do folhelho BC-01: (a) Estrutura
laminar cobrindo os aglomerados de pirita (b) Detalhe da estrutura laminar. 79
Figura 3.26 – Fotomicrografia da amostra do folhelho BC-01: (a) Aglomerado
de pirita bem cristalizada (b) EDS dos grãos de pirita (FeS2). 79
Figura 3.27 – Fotomicrografia da amostra do folhelho BC-01: (a) Carapaça
de foraminífero preenchida por calcita (b) EDS do fóssil encontrado (CaCO3). 80
Figura 3.28 – Fotomicrografia da amostra do folhelho BC-01: (a) Pirita
framboidal (b) EDS da zona indicada. 80
Figura 3.29 – Fotomicrografias da amostra do folhelho Pierre01: (a) Textura
homogênea e detalhe da laminação (b) Piritas (clara) e micas (escura)
disseminadas no folhelho 82
Figura 3.30 – Fotomicrografia da amostra do folhelho Pierre01: (a) Vista
geral do folhelho (b) EDS da matriz da rocha no ponto indicado. 82
Figura 3.31 – Fotomicrografias da amostra do folhelho Pierre01: (a) e (b)
Vista geral da estrutura do folhelho, presença de grãos de quartzo
espalhados na sua superfície. 83
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Figura 3.32 – Fotomicrografia da amostra do folhelho Pierre01: (a) Vista em
detalhe do folhelho, presença de micas e piritas (b) EDS total da zona
observada. 83
Figura 3.33 – Fotomicrografia da amostra do folhelho Pierre01:
(a) Aglomerados de pirita com aspecto framboidal (b) EDS do ponto indicado,
pirita (FeS2). 84
Figura 3.34 – Intrusão acumulativa de mercúrio dos folhelhos
Pierre01 e BC-01. 87
Figura 3.35 – Intrusão incremental do folhelho Pierre01. 88
Figura 3.36 – Intrusão incremental do folhelho BC-01. 88
Figura 3.37 – Intrusão acumulativa dos folhelhos B-S e B Rabe (2003) e do
folhelho B-L Muniz (2005). 91
Figura 4.1 – Esquema da célula de difusão desenvolvida por Muniz (2003). 97
Figura 4.2 – Nova célula de difusão do LIRF-GTEP para ensaios isotrópicos. 98
Figura 4.3 – Aplicador de pressão confinante GDS de 32 MPa. 99
Figura 4.4 – Transdutores de pressão na célula de difusão. 99
Figura 4.5 – Bomba “Waters”. 100
Figura 4.6 – Válvula de alívio “Swagelok”. 100
Figura 4.7 – Nova interface tipo pistão – esquema ao lado. 101
Figura 4.8 – Cabeçote superior (esquerda) e inferior (direita). 102
Figura 4.9 – Vista geral das cinco células de difusão. 102
Figura 4.10 – Válvulas da célula de difusão: a) Vista traseira
b) Vista dianteira. 104
Figura 4.11 – Etapas de montagem do ensaio. (Modificado de Muniz, 2003). 105
Figura 4.12 – Montagem utilizada para realização do Ensaio Brasileiro. 115
Figura 4.13 – Ensaio para obter a atividade química da solução
(Rabe, 2003). 117
Figura 5.1 – Corpo de prova sintético na célula de difusão. 121
Figura 5.2 – Fase de transmissão de pressão e difusão de íons do SI01. 122
Figura 5.3 – Fase de transmissão de pressão e difusão de íons do SI02. 122
Figura 5.4 – Fase de transmissão de pressão e difusão de íons do SI03. 123
Figura 5.5 – Fase de transmissão de pressão e difusão de íons do SI04. 124
Figura 5.6 – Corpo de prova de PVC maciço na célula de difusão. 124
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Figura 5.7 – Fase de transmissão de pressão com corpo de prova de
PVC (com transmissão de pressão). 125
Figura 5.8 – Fase de transmissão de pressão com corpo de prova de
PVC (sem transmissão de pressão). 126
Figura 5.9 – Fase de transmissão de pressão com água do CP04. 130
Figura 5.10 – Fase de transmissão de pressão com água do CP05. 130
Figura 5.11 – Fase de transmissão de pressão com água do CP09. 131
Figura 5.12 – Fase de transmissão de pressão com água do CP10. 131
Figura 5.13 – Fase de transmissão de pressão com água do CP11. 131
Figura 5.14 – Fase de transmissão de pressão e difusão de íons do CP09. 132
Figura 5.15 – Fase de transmissão de pressão e difusão de íons do CP10. 133
Figura 5.16 – Fase de transmissão de pressão e difusão de íons do CP11. 133
Figura 5.17 – Ajuste numérico da concentração no CP09. 136
Figura 5.18 – Ajuste numérico da concentração no CP10. 136
Figura 5.19 – Ajuste numérico da concentração no CP11. 136
Figura 5.20 – Fase de transmissão de pressão com água do CP12. 140
Figura 5.21 – Fase de transmissão de pressão com água do CP13. 140
Figura 5.22 – Fase de transmissão de pressão com água do CP14. 140
Figura 5.23 – Fase de transmissão de pressão com água do CP15. 141
Figura 5.24 – Fase de transmissão de pressão e difusão de íons do CP12. 142
Figura 5.25 – Fase de transmissão de pressão e difusão de íons do CP13. 142
Figura 5.26 – Fase de transmissão de pressão e difusão de íons do CP14. 143
Figura 5.27 – Fase de transmissão de pressão e difusão de íons do CP15. 143
Figura 5.28 – Rupturas do corpo de prova após ensaio Brasileiro – folhelho
Pierre01. 147
Figura 5.29 – Fase de transmissão de pressão com água do corpo de
prova BC01. 150
Figura 5.30 – Fase de transmissão de pressão com água do corpo de
prova BC06. 151
Figura 5.31 – Fase de transmissão de pressão com água do corpo de
prova BC07. 151
Figura 5.32 – Fase de transmissão de pressão com água do corpo de
prova BC08. 151
Figura 5.33 – Fase de transmissão de pressão e difusão de íons do BC01. 152
Figura 5.34 – Fase de transmissão de pressão e difusão de íons do BC02. 153
Figura 5.35 – Fase de transmissão de pressão e difusão de íons do BC06. 153
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Figura 5.36 – Fase de transmissão de pressão e difusão de íons do BC07. 153
Figura 5.37 – Fase de transmissão de pressão e difusão de íons do BC08. 154
Figura 5.38 – Ajuste numérico da concentração no corpo de prova BC02. 156
Figura 5.39 – Ajuste numérico da concentração no corpo de prova BC06. 157
Figura 5.40 – Ajuste numérico da concentração no corpo de prova BC07. 157
Figura 5.41 – Ajuste numérico da concentração no corpo de prova BC08. 157
Figura 5.42 – Fase de transmissão de pressão com água do corpo de
prova BC10. 161
Figura 5.43 – Fase de transmissão de pressão com água do corpo de
prova BC11. 161
Figura 5.44 – Fase de transmissão de pressão com água do corpo de
prova BC12. 161
Figura 5.45 – Fase de transmissão de pressão com água do corpo de
prova BC13. 162
Figura 5.46 – Fase de transmissão de pressão e difusão de íons do BC10. 164
Figura 5.47 – Fase de transmissão de pressão e difusão de íons do BC11. 164
Figura 5.48 – Fase de transmissão de pressão e difusão de íons do BC12. 164
Figura 5.49 – Ruptura típica do ensaio brasileiro ocorrida no BC06
(folhelho BC-01). 168
Figura 5.50 – Rupturas ocorridas no folhelho BC-01; (a) Vista frontal
inclinada BC10 (CP10) e (b) Vista do topo. 169
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Lista de tabelas
Tabela 3.1 – Resultados dos ensaios de granulometria. 48
Tabela 3.2 – Índices físicos iniciais dos folhelhos. 58
Tabela 3.3 – Valores típicos de CTC e SE de argilominerais. 59
Tabela 3.4 – Valores de CTC obtidos pelo método do acetato de
amônio (AA). 63
Tabela 3.5 – Concentração dos íons dissolvidos nos poros das
amostras (mg/l). 65
Tabela 3.6 – Análises químicas dos constituintes dos folhelhos. 67
Tabela 3.7 – Parâmetros obtidos do ensaio de porosimetria por
injeção de mercúrio. 89
Tabela 3.8 – Análises semi-quantitativa mineral dos folhelhos B, B-S
e N e minerais presentes no folhelho B-L. 92
Tabela 3.9 – Parâmetros obtidos dos ensaios de porosimetria,
dos ensaios de difusão e da CTC. 92
Tabela 5.1 – Dados e índices físicos iniciais e finais dos corpos de prova
(folhelho Pierre01). 128
Tabela 5.2 – Valores do parâmetro B de Skempton para cada corpo
de prova (folhelho Pierre01). 129
Tabela 5.3 – Valores de permeabilidade absoluta obtidos para cada
corpo de prova (folhelho Pierre01). 132
Tabela 5.4 – Valores do coeficiente de reflexão obtidos experimentalmente
(folhelho Pierre01). 134
Tabela 5.5 – Análises químicas do fluido presente no reservatório inferior
(folhelho Pierre01). 134
Tabela 5.6 – Valores obtidos numericamente (folhelho Pierre01). 135
Tabela 5.7 – Dados e índices físicos finais dos corpos de prova
(folhelho Pierre01). 137
Tabela 5.8 – Dados e índices físicos iniciais dos corpos de prova (folhelho
Pierre01) 138
Tabela 5.9 – Valores do parâmetro B de Skempton para cada corpo
de prova (folhelho Pierre01). 139
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Tabela 5.10 – Valores de permeabilidade absoluta obtidos para cada
corpo de prova (folhelho Pierre01). 141
Tabela 5.11 – Valores do coeficiente de reflexão obtidos experimentalmente
(folhelho Pierre01). 144
Tabela 5.12 – Valores do coeficiente de reflexão obtidos numericamente
(folhelho Pierre01). 145
Tabela 5.13 – Dados e índices físicos finais dos corpos de prova (folhelho
Pierre01). 146
Tabela 5.14 – Dados e índices físicos iniciais dos corpos de prova
(folhelho BC-01). 148
Tabela 5.15 – Valores do parâmetro B de Skempton para cada corpo
de prova (folhelho BC-01). 149
Tabela 5.16 – Valores de permeabilidade absoluta obtidos para cada
corpo de prova (folhelho BC-01). 152
Tabela 5.17 – Valores do coeficiente de reflexão obtidos experimentalmente
(folhelho BC-01). 155
Tabela 5.18 – Análises químicas do fluido presente no reservatório inferior . 155
Tabela 5.19 – Valores obtidos numericamente (folhelho BC-01). 156
Tabela 5.20 – Dados e índices físicos finais dos corpos de prova
(folhelho BC-01). 158
Tabela 5.21 – Dados e índices físicos iniciais dos corpos de prova
(folhelho BC-01). 159
Tabela 5.22 – Valores do parâmetro B de Skempton para cada corpo
de prova (folhelho BC-01). 160
Tabela 5.23 – Valores de permeabilidade absoluta obtidos para cada
corpo de prova (folhelho BC-01). 163
Tabela 5.24 – Valores do coeficiente de reflexão obtidos experimentalmente. 165
Tabela 5.25 – Dados e índices físicos finais dos corpos de prova
(folhelho BC-01) 167
Tabela 5.26 – Parâmetros obtidos do ensaio brasileiro no folhelho BC-01. 168
Tabela 5.27 – Resumo dos parâmetros obtidos nos ensaios do folhelho
BC-01 e do folhelho Pierre01. 171
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Lista de símbolos
a1 Atividade química da água na região de menor concentração iônica
a2 Atividade química da água na região de maior concentração iônica
Afh Atividade química do fluido dos poros do folhelho
Af Atividade química do fluido de perfuração ou da solução salina utilizada
B Parâmetro de poropressão de Skempton
CP Corpo de prova
D Diâmetro do corpo de prova
D50 Diâmetro dos poros correspondente a 50 % do volume total intrudido
Do Coeficiente de difusão molecular livre da solução
De Coeficiente de difusão efetiva
dtc Tempo de trânsito da onda compressional
dts tempo de trânsito da cisalhante
e Índice de vazios
E Módulo de elasticidade
G Densidade dos grãos
H Altura do corpo de prova
k Permeabilidade
meq Miliequivalente
n Porosidade
η Viscosidade dinâmica da solução
P Força da prensa
Pw Pressão hidráulica exercida pelo fluido de perfuração
Pc Pressão capilar
PMs Peso molecular do soluto
PMw Peso molecular do solvente
r Raio do poro
R Constante universal dos gases
S Grau de saturação
T Temperatura
w Umidade
W Peso total do corpo de prova
V Volts
V Volume do corpo de prova
Vw Volume molar parcial da água
νa Mobilidade da água
νs Mobilidade do soluto
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Vp Volume total de mercúrio injetado
α Coeficiente de reflexão ou eficiência de membrana
αexp Coeficiente de reflexão experimental
αnum Coeficiente de reflexão mumérico
αL Dispersividade longitudinal
αT Dispersividade transversal
γw Peso específico da água
θ Ângulo de contato
τ Tortuosidade
ν Coeficiente de Poisson
σHg Tensão interfacial do mercúrio
σt Resistência a tração
ρT Massa específica
∆P Incremento de pressão aplicada
∆Posm Pressão osmótica gerada experimentalmente
∆u Variação de poropressão
∆σconf Variação de pressão confinante
Π Pressão osmótica teórica
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1 Introdução
1.1. Motivação
Os folhelhos são rochas sedimentares argilosas de estrutura laminar que
apresentam baixas permeabilidades, de moderados a elevados conteúdos de
argilominerais. Tais características fazem que sejam suscetíveis a diferentes
fenômenos que causam instabilidade no processo de perfuração de poços de
petróleo e gás.
Os folhelhos são comumente encontrados durante a perfuração de poços de
óleo e gás, representando mais de 75% das formações perfuradas e sendo
responsáveis por mais de 90% dos problemas de instabilidade de poços de
petróleo (Montilva et al., 2007).
Os principais problemas associados com formações rochosas constituídas
por folhelhos são: alargamento do poço, fechamento de poço e aprisionamento de
ferramentas, torque e obstrução, perda de circulação do fluido de perfuração e a
dificuldades de revestimento e perfilagem. As resoluções desses problemas na
perfuração precisam de cronogramas e métodos não considerados previamente,
podendo ocasionar gastos excessivos na perfuração.
Fluidos de perfuração base óleo ou base óleo sintético foram usados durante
muito tempo para combater o problema de instabilidade dos folhelhos devido à
alta pressão capilar gerada no contato óleo-folhelho, que impede o ingresso de
água e íons dentro da estrutura rochosa. No entanto, o uso destes fluidos foi
restringido no mundo inteiro devido a legislações ambientais e ao custo elevado;
assim, os fluidos base óleo foram substituídos por fluidos base água que são
ambientalmente viáveis e de menor custo. Como consequência, vários problemas
de instabilidade passaram a ser mais freqüentes e formulações anteriormente
utilizadas com sucesso em fluidos base óleo não se mostraram eficientes.
Dois tipos de instabilidade podem ser distinguidos, devido ao uso de fluidos
de perfuração à base de água, os mecânicos e os físico-químicos. As instabilidades
![Page 21: Víctor Manuel Aréstegui Meléndez Avaliação …...general, to be caused by the physical-chemical interaction between drilling fluids and the referred rocks. This dissertation focuses](https://reader036.vdocuments.site/reader036/viewer/2022081612/5f6ac0c763bfb57ff679b6c9/html5/thumbnails/21.jpg)
Introdução 21
mecânicas podem ser prevenidas e controladas mediante a otimização do peso do
fluido de perfuração. Diferentes destas, as instabilidades físico-químicas são
dificilmente controláveis e mais complexas, pois, além de possuírem diversas
variáveis, dependem do tempo.
Nos últimos anos a indústria petrolífera foi incentivada a desenvolver
fluidos de perfuração base água que cumpram a função dos fluidos base óleo,
especialmente, no que se refere à estabilidade do poço. Foram testadas as eficácias
de diferentes soluções salinas, aditivos, e fluidos que preveniam o incremento de
poropressão na parede do poço. Os ensaios, basicamente, foram chamados de
“transmissão de pressão” ou “ensaios de eficiência de membrana”. Exemplos
destes métodos, dispositivos e resultados podem ser encontrados em varias
referências (Mody and Hale, 1993, van Oort et al., 1995, van Oort et al.,1996,
Ewy and Stankovich, 2000, Stowe et al., 2001, Schlemmer et al., 2003, Mody et
al., 2002, Ewy and Stankovich, 2002, Dye et al., 2006). Estes pesquisadores
avaliaram mediante estes ensaios o comportamento dos folhelhos quando
submetidos a diferentes fluidos de perfuração em um campo de tensões
estabelecido, com a finalidade de obter parâmetros que seriam diretamente usados
na mitigação dos problemas de instabilidade nos folhelhos.
Finalmente, os projetos de estabilidade de poço, onde rochas argilosas como
os folhelhos são perfuradas, requerem o conhecimento das propriedades
estruturais e composicionais desta rocha, do fluido de perfuração e as interações
que existem entre estes quando entram em contato, impondo as condições
similares às dos processos de perfuração.
![Page 22: Víctor Manuel Aréstegui Meléndez Avaliação …...general, to be caused by the physical-chemical interaction between drilling fluids and the referred rocks. This dissertation focuses](https://reader036.vdocuments.site/reader036/viewer/2022081612/5f6ac0c763bfb57ff679b6c9/html5/thumbnails/22.jpg)
Introdução 22
1.2. Objetivos
1.2.1. Objetivo Geral
Esta dissertação tem como objetivo geral a obtenção experimental dos
parâmetros de transporte relevantes aos mecanismos de interação folhelho-fluido
de perfuração, em particular aos transportes de água e íons devido a gradientes
hidráulicos e químicos.
Dois tipos de folhelhos de diferentes localizações foram estudados. Os
corpos de prova destes folhelhos foram submetidos a diferentes soluções salinas
aquosas, que simularam os fluidos de perfuração à base de água contendo
eletrólitos, os quais são utilizados normalmente na indústria de petróleo como
inibidores químicos de formações argilosas.
Os parâmetros de transporte obtidos, necessários para as análises de
estabilidade de poço considerando os efeitos físico-químicos, foram: a eficiência
de membrana ou coeficiente de reflexão (α), o coeficiente de difusão efetivo (De)
e, por último, a permeabilidade absoluta do folhelho.
Para este fim, o Grupo de Tecnologia e Engenharia de Petróleo (GTEP)
projetou a construção de quatro novas células de difusão que, junto à inicial
desenvolvida por Muniz (2003), possibilitou ensaios simultâneos e, por
conseguinte, a obtenção de maior número de parâmetros em menor tempo. A
célula de difusão permite simular as condições de tensão in situ, além de avaliar a
interação físico-química entre os fluidos de perfuração e os folhelhos mediante a
imposição de gradientes químicos e hidráulicos. Devido ao incremento de novas
células, foi necessário o desenvolvimento da metodologia para ser utilizada no
transcorrer de ensaios simultâneos, a qual foi baseada na metodologia original
desenvolvida por Muniz (2003). As fases do ensaio foram as mesmas propostas
por Muniz na célula original, que foram também utilizadas por Duarte (2004) e
Muniz (2005).
Uma campanha extensa de caracterização dos dois tipos de folhelho foi
necessária, para um melhor entendimento dos fenômenos de interação rocha-
fluido. Os resultados desta campanha de ensaios forneceram informações
![Page 23: Víctor Manuel Aréstegui Meléndez Avaliação …...general, to be caused by the physical-chemical interaction between drilling fluids and the referred rocks. This dissertation focuses](https://reader036.vdocuments.site/reader036/viewer/2022081612/5f6ac0c763bfb57ff679b6c9/html5/thumbnails/23.jpg)
Introdução 23
essenciais para inferir o possível comportamento dos folhelhos frente aos fluidos
de perfuração.
1.2.2. Objetivos Específicos
Têm-se como objetivos específicos: a) caracterizar dos dois tipos de
folhelhos; b) avaliar o funcionamento das novas células de difusão mediante
ensaios com corpos de prova sintéticos e a calibração dos transdutores de pressão;
c) desenvolver a metodologia para ser utilizada no transcorrer de ensaios
simultâneos; d) ensaiar simultaneamente as células de difusão com corpos de
prova dos folhelhos; e) obter a resistência à tração dos folhelhos mediante o
Ensaio Brasileiro.
1.3. Escopo
O Capítulo 2 apresenta uma revisão bibliográfica sobre a definição e origem
dos folhelhos, e sobre os mecanismos de transporte de massa através deste tipo de
rocha. Também são apresentados os mecanismos de instabilidade de poços e uma
breve revisão sobre fluidos de perfuração em geral e as suas classificações.
No Capítulo 3 são apresentados os ensaios de caracterização dos folhelhos
estudados, onde se inclui uma avaliação, mediante uma metodologia simples, da
quantidade de carbonatos presente. Incluem-se também, uma breve revisão
bibliográfica dos resultados obtidos da eficiência de membrana encontrados na
literatura e a conclusão do capítulo.
O Capítulo 4 é dedicado à descrição das novas células de difusão e dos
equipamentos associados com estas. Incluem-se também a metodologia utilizada
na calibração dos transdutores de pressão, a descrição das fases de ensaio, e os
procedimentos adotados no tratamento dos dados experimentais. Da mesma
forma, apresenta-se a metodologia utilizada nos ensaios de tração indireta feitos
nos corpos de prova ao final dos ensaios de difusão.
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Introdução 24
No Capítulo 5, são apresentados os resultados da calibração dos transdutores
de pressão e os ensaios em corpos de prova sintéticos; na seqüência, apresentam-
se as quatro campanhas de ensaios de difusão realizadas nos dois tipos de
folhelhos, os ensaios de tração indireta, as análises dos resultados e as conclusões
deste capítulo.
Finalmente, no Capítulo 6, apresentam-se as conclusões gerais e as
sugestões para futuros trabalhos.
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2 Revisão Bibliográfica
2.1. Introdução
No presente capítulo inicialmente apresentam-se a definição e a origem dos
folhelhos. Em seguida, é apresentado um breve resumo dos mecanismos que
governam o transporte de massa no sistema folhelho-fluido de perfuração e como
estes dependem da permeabilidade destas rochas. Na sequência são apresentados
os mecanismos de instabilidade de poços; e por último, a definição e classificação
dos fluidos de perfuração utilizados pela indústria de petróleo.
2.2. Definição e origem dos Folhelhos
Folhelho é o termo utilizado para nomear algumas das rochas formadas por
sedimentos argilosos com significativa estratificação. Apresenta formato de
lâminas finas, paralelas e com tendência de esfoliável, especialmente após exposto
a alta compactação e pressões.
Os folhelhos são originados de rochas expostas ao intemperismo e erosão,
sendo formados por sedimentos detríticos depositados em áreas baixas e planas
dos continentes e oceanos. A transformação destes sedimentos em rocha ocorre
após a sua deposição, através de um conjunto de processos químicos, como a
dissolução, precipitação, cristalização, recristalização, oxidação, redução e outros.
Além destes processos químicos, podem ocorrer também os físicos, conhecidos
como diagenéticos, que ocorrem sob-baixas pressões e temperaturas. Estes
fenômenos são: a cimentação, a compactação e a autigênese.
A cimentação é a precipitação de minerais nos poros a partir de cátions e
anions dissolvidos na água. Os cimentos mais comuns são a calcita, hidróxido de
ferro (limonita), minerais silicosos (quartzo, calcedônia, etc.) e sais (gipsita,
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Revisão Bibliográfica
26
halita). A compactação é o principal processo de litificação dos sedimentos mais
finos (argilosos e siltosos). É provocada pela compressão dos sedimentos sob o
peso daqueles sobrepostos, havendo gradual diminuição da porosidade, expulsão
da água intersticial e atração iônica entre as partículas. A autigênese é a formação
de minerais in situ (denominados autígenos) durante a diagênese. Assim ocorre a
formação de glauconita e a transformação de matéria orgânica em hidrocarbonetos
(Frascá e Sartori, 1998).
Os folhelhos são rochas que possuem grãos de tamanho argila igual aos
argilitos. Diferenciam-se destes porque possuem lâminas finas estratificadas e
paralelas esfoliáveis, enquanto os argilitos apresentam-se com aspecto mais
maciço, pouco ou não estratificado. A fissilidade é uma propriedade intrínseca dos
folhelhos, que se caracteriza por apresentar a facilidade de se partir em placas
segundo planos paralelos finamente espaçados; em outras palavras, possuem a
tendência a dividir-se em “folhas”; esta característica está relacionada ao processo
de deposição sedimentar e à orientação dos minerais filossilicáticos. A Figura 2.1
apresenta uma imagem de uma amostra de folhelho com uma marcante fissilidade.
Figura 2.1– Amostra de folhelho com lâminas finas e paralelas esfoliáveis.
Segundo Williams et al. (1982), os folhelhos são constituídos por duas fases
principais: uma sólida e outra fluida. A primeira é composta pelos grãos minerais
e pelo material sólido amorfo, que tanto pode ser de origem detrítica (feldspatos
sódicos, quartzo, micas e carbonatos), quanto autigênica (sulfetos, carbonatos de
cálcio e argilominerais autigênicos). A segunda é composta pela fase líquida, que
é representada pela água conata.
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Revisão Bibliográfica
27
As composições mineralógicas das argilas variam de acordo com o tipo do
folhelho, sendo ilita, esmectita, caulinita, clorita e vermiculita os minerais mais
comuns; outros minerais acessórios podem ser encontrados, como o quartzo,
carbonatos e feldspatos.
Este tipo de rocha poderia apresentar elevadas porosidades e baixas
permeabilidades. Segundo Tan et al. (1998) estas características transformam os
folhelhos em uma rocha altamente sensível à instabilidade com o transcurso do
tempo. Segundo Lal (1999), as características distintivas dos folhelhos, de
interesse para a indústria do petróleo, são o conteúdo argiloso e a baixa
permeabilidade independente da porosidade. A baixa permeabilidade do folhelho,
segundo este autor, é devido à pobre conectividade entre seus poros estreitos com
diâmetros típicos entre 3 nm a 10 nm.
Os folhelhos têm um papel importante na exploração e produção de
petróleo, são comumente considerados como rochas selantes. Devido aos poros
reduzidos saturados de baixa conectividade, geram uma alta pressão capilar que
impede o passo dos hidrocarbonatos (Al-Bazali et al., 2009).
2.3. Mecanismos de Transporte de Massa
O transporte de massa (fluxo de água ou íons) entrando ou saindo do
folhelho pode ter uma grande influência nas poropressões, tensões, deformações e
resistência da rocha ao redor do poço. Desta forma, a compreensão dos
mecanismos que regem o transporte de massa é de fundamental importância
quando se pretende garantir a estabilidade de poços perfurados neste tipo de
rocha. Neste sentido, existem dois mecanismos controladores:
O primeiro é chamado de difusão hidráulica (ou convecção) que representa
o fluxo de fluido como resposta ao gradiente de pressão hidráulica entre a pressão
que exerce o fluido de perfuração e a pressão de poros da formação. Este tipo de
fluxo é governado pela lei de Darcy. O segundo mecanismo é a difusão química,
devido à diferença de potencial químico existente entre o fluido de perfuração e o
fluido dos poros do folhelho, existe uma migração de soluto das zonas de alta
concentração para áreas de menor concentração governado pela lei de Fick. Estes
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Revisão Bibliográfica
28
dois processos são mecanismos de fluxo direto, visto que os fluxos de fluido e
soluto estão, diretamente, relacionados aos seus gradientes respectivos.
O processo denominado osmose química é devido à diferença de potencial
químico existente entre duas regiões, caracterizado pelo fluxo de água de uma
região menos concentrada para uma região mais concentrada quando dois fluidos
de concentrações diferentes são separados por uma membrana semi-permeável
perfeita, ou seja, que permita somente a passagem de solvente e não de soluto.
Existe outro mecanismo de transporte chamado de advecção, onde o fluxo
de íons é devido a um gradiente hidráulico seguindo a lei de fluxo de Darcy. Para
rochas relativamente permeáveis (arenitos), o fluxo de soluto pode estar
controlado por este tipo de transporte, enquanto a difusão química pode dominar a
migração de soluto em rochas de permeabilidade muito baixa, como é no caso dos
folhelhos. A advecção apesar de estar contemplada nesta dissertação, pode ser
desprezível devido à baixa permeabilidade dos folhelhos.
No presente trabalho de pesquisa, do mesmo modo que nos trabalhos de
Muniz (2003), Muniz (2005) e Duarte (2004) é investigado somente o transporte
de água e íons devido a gradientes hidráulicos e químicos, desconsiderando-se os
gradientes elétricos e de temperatura.
O conceito de atividade química foi aplicado à engenharia de petróleo para
quantificar as diferenças de potencial químico entre o folhelho e o fluido de
perfuração. A atividade química possibilita comparar a energia livre parcial molar
existente entre dois meios (Hale et al., 1992), e está relacionada com a energia
livre das moléculas de água em uma solução. Soluções com alta concentração de
soluto apresentam uma baixa atividade da água e soluções com baixas
concentrações apresentam altas atividade da água.
Quando dois fluidos de concentrações diferentes são separados por uma
membrana semi-permeável perfeita (que permita somente a passagem de solvente
e não de soluto) a água presente na solução menos concentrada flui para a região
de maior concentração na tentativa de equilibrar o sistema, gerando assim um
gradiente de pressão. A pressão necessária a ser aplicada no fluido mais
concentrado para evitar o fluxo de água, é denominada de pressão osmótica e
pode ser obtida pela equação (2.1) (Katchalsky, et al., 1965, Olsen et al., 1990)
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Revisão Bibliográfica
29
2
1lna
a
V
RT
w
(2. 1)
Onde:
R = constante universal dos gases (0,082 l . atm / mol . K);
T = temperatura absoluta (K);
Vw = volume parcial molar da água (0,018 l / mol);
1a = atividade química da água na região de baixa concentração iônica;
2a = atividade química da água na região de alta concentração iônica
( 1a > 2a ).
Considerando o folhelho como uma membrana semi-permeável perfeita
(que permite o movimento de água e restringe o movimento dos íons), numa
situação de poço, a atividade química é utilizada como um parâmetro indicador da
direção do fluxo de água entre o folhelho e o fluido de perfuração, podendo-se
calcular a pressão osmótica teórica gerada, através da equação (2.2) (Mody &
Hale, 1993, van Oort, 1995, Tan et al., 2002).
fh
f
w A
A
V
RTln
(2. 2)
Onde:
Af = atividade química do fluido de perfuração;
Afh = atividade química do fluido de poros do folhelho.
Se a atividade do fluido de perfuração é maior que a atividade do folhelho
há fluxo da água do fluido de perfuração para a formação. Se ocorrer o inverso, ou
seja, se a atividade do folhelho fosse maior que a atividade do fluido de
perfuração, ocorre fluxo da água da formação para o fluido de perfuração. Quando
as atividades em cada lado da membrana são iguais, o sistema permanece em
equilíbrio, isto é, não ocorre fluxo. (Figura 2.2)
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Revisão Bibliográfica
30
Figura 2.2 – Mecanismos de transporte de água através de uma membrana semi-
permeável perfeita sob condições de campo (Hawkes & McLellan, 2000).
Desta maneira, considerando só a atividade e nenhum processo difusivo;
poderia-se inferir que a utilização de fluidos de perfuração com maior
concentração salina (baixas atividades da água) que o fluido dos poros dos
folhelhos, gera um potencial osmótico na formação que é usado para gerar fluxo
(osmótico) em direção ao poço perfurado, retirando água da formação,
provocando uma queda na poropressão, aumentando a tensão efetiva e como
consequência melhorando a resistência da formação.
Chenevert (1970) aplicou o conceito de atividade química que durante
muito tempo se demonstrou eficaz na estabilização de poços perfurados com
fluidos base óleo. Neste período, atribuía-se aos folhelhos capacidades de se
comportar como uma membrana semi-permeável perfeita, evitando que os íons
migrassem da fase aquosa do fluido de perfuração para o interior da formação.
Entretanto, van Oort (1994), argumenta que o sucesso dos fluidos base óleo, na
verdade, é função da formação de barreiras impermeáveis a moderadas pressões
diferenciais, devido à alta pressão capilar no contato óleo-fluido dos poros dos
folhelhos, em tal sentido, água e íons podem ser restritos pela própria barreira
impermeável imposta pelo folhelho, contribuindo assim, para a melhoria da
estabilidade (Figura 2.3).
Por estas razões, os fluidos de perfuração base óleo ou base óleo sintético
foram usados durante muito tempo. No entanto, esses usos foram restritos no
mundo inteiro devido a legislações ambientais e a os seus custos elevados; assim,
Af<Afh
Fluxo da água da formação para o fluido de perfuração.
Af>Afh
Fluxo da água do fluido de perfuração para a formação.
Af = Afh
Não ocorre fluxo da água.
Interface folhelho-fluido de perfuração
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Revisão Bibliográfica
31
os fluidos base óleo foram substituídos por fluidos base água que são
ambientalmente viáveis e de menor custo. Como consequência, vários problemas
de instabilidade passaram a ser mais freqüentes e formulações anteriormente
utilizadas com sucesso em fluidos base óleo não se mostraram eficientes.
Figura 2.3 – Mecanismos de impermeabilização promovidos na interface óleo-fluido de
poros (Dusseault & Gray 1992, modificado por Duarte 2004).
Em investigações da interação entre o fluido de perfuração base água e o
folhelho, pesquisadores como van Oort et al. (1995), Simpson & Dearing (2000),
Tan et al. (2002), Ewy & Stankovich (2002), argumentam que o sistema fluido
folhelho não impede a difusão de íons, ou seja, a entrada de íons na formação
devido a um gradiente químico ou hidráulico. Portanto, o folhelho não atua como
uma membrana semi-permeável perfeita.
O potencial osmótico gerado entre o folhelho e o fluido de perfuração em
favor da estabilidade, é grandemente influenciado pelo movimento de íons para
dentro ou fora dos folhelhos; este fato tem estimulado muito interesse para
quantificar o impacto do fluxo iônico no potencial osmótico, o que levou a
introduzir o concepto da “eficiência de membrana” ou “coeficiente de reflexão”
dos folhelhos.
Segundo Zhang et al. (2008), o pesquisador Staverman (1952), foi um dos
primeiros a investigar a eficiência de membrana dos folhelhos. Segundo Tare et
al. (2000), o conceito de coeficiente de reflexão foi primeiramente proposto por
Staverman (1951) e introduzido por van Oort et al. (1995) em aplicações de
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Revisão Bibliográfica
32
estabilidade de poços. Van Oort et al. (1995) definiram que o coeficiente de
reflexão do folhelho depende da mobilidade da água (a) e do soluto (s) de
acordo com a equação (2.3) a seguir:
= 1 – (s / a) (2.3)
Se o folhelho retiver completamente os íons (s = 0, a 0) e permitir
somente a passagem de água saindo da formação, é considerado uma membrana
semi-permeável perfeita, o que torna o coeficiente de reflexão igual a 1. Este
comportamento não é realmente observado com os folhelhos expostos aos fluidos
de perfuração base água, pois estes permitem em diferentes graus o ingresso de
íons dentro da sua estrutura (s 0), assim, os folhelhos são considerados
membranas semi-permeáveis imperfeitas, apresentando valores do coeficientes de
reflexão entre 0 e 1, exibindo desta maneira, certo nível de seletividade iônica.
A verdadeira pressão osmótica (Posm), gerada num sistema onde a
membrana seja o folhelho, ou seja, num sistema onde a membrana é semi-
permeável imperfeita, deve levar em conta a eficiência de membrana () do
mesmo, e pode ser obtida pela equação (2.4) (van Oort et al., 1995, Tan et al.,
2002, Ewy & Stankovich, 2002, Al-Bazali, 2005).
osmP
(2.4)
Onde:
osmP = pressão osmótica gerada experimentalmente;
= pressão osmótica teórica gerada pelo fluido de perfuração em contato
com o folhelho (Equação 2.2).
Os autores das referências acima desenvolveram equipamentos específicos
de forma a estimar a pressão osmótica gerada experimentalmente ( osmP ) nos
folhelhos quando expostos a diferentes fluidos de perfuração, para depois utilizá-
las na estimativa experimental da eficiência de membrana ou coeficiente de
reflexão () mediante a equação 2.4.
Diversos pesquisadores, entre eles van Oort (1997), Ewy & Stankovich,
(2002), Tan et al. (1996), Al-Bazali et al. (2006) e Osuji et al. (2008), estimaram
valores do coeficiente de reflexão de diversos tipos de folhelhos expostos a
soluções salinas na faixa de 0,003 (0,3%) a 0,25 (25%).
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Revisão Bibliográfica
33
O coeficiente de difusão iônica (D) através dos folhelhos é um parâmetro
que mede a facilidade ou dificuldade que os íons de um determinado fluido de
perfuração têm para se difundir dentro da estrutura do folhelho; por conseguinte,
este parâmetro de transporte influi no coeficiente de reflexão. Ao se adicionar
altas quantidades de sal no fluido de perfuração, a energia livre da água se reduz,
resultando em um nível alto de desbalanceamento entre a solução e o folhelho, o
que gera a difusão dos íons em direção ao folhelho (Rabe, 2003).
Collins et al. (1989), na avaliação dos coeficientes de difusão iônica nos
folhelhos, concluíram que estes são cem vezes menores que os correspondentes
valores dos coeficientes de difusão livres e que são menores ainda em íons ou
moléculas de maior tamanho.
Lomba (1998), em ensaios que visavam avaliar os coeficientes de difusão de
íons (cloreto e cálcio) e da água em contato com o folhelho Speeton do Mar do
Norte, estimou coeficientes de difusão da ordem de 10-12
m2/s. Os resultados
desses ensaios indicam que os processos osmóticos podem ocorrer sozinhos
inicialmente, pois a velocidade com que a água sofre difusão é muito maior que os
dos outros íons. Porém, este efeito sofre uma redução com o tempo, pois os outros
íons começam a sofrer também difusão e assim equilibrar a concentração entre
estes dois meios. Posteriormente, Muniz (2003) em ensaios mediante a célula de
difusão que ele desenvolveu, estimou coeficientes de difusão 10 vezes maiores
que os obtidos por Lomba (1998).
Além dos mecanismos apresentados acima, existe o fenômeno chamado de
difusão osmótica que é o movimento da água que rodeia os íons, na literatura é
referida como água associada. Al-Bazali et al. (2009) em investigações
experimentais que visavam avaliar a estabilidade de folhelhos, concluíram que o
movimento da água durante a interação folhelho-fluido, poderia ser maior pelos
efeitos da difusão osmótica que pelos efeitos da osmose química. Estes autores
acreditam que a difusão osmótica, igual que a osmose química, é um fenômeno de
alteração dos folhelhos que teria que se levar em conta. Mencionam que por um
longo tempo os pesquisadores tinham ignorado os efeitos da difusão osmótica na
alteração dos folhelhos, pois se acreditava que este efeito é muito pequeno em
comparação aos gerados por processos de osmose química. No entanto, Simpson
& Dearing (2000) já tinham apresentado anteriormente a chamada força de
difusão osmótica, estes autores concluíram que se a força de difusão osmótica
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Revisão Bibliográfica
34
exceder a força de osmose química, invasão de íons e água podem aumentar a
pressão de poros e a umidade na vizinhança do poço. Além disso, a invasão de
íons pode provocar reações de trocas catiônicas alterando a estrutura dos
argilominerais do folhelho.
Vale indicar que o fenômeno de difusão osmótica não está contemplado no
presente estudo.
2.4. Influência da Permeabilidade do Folhelho
O estudo dos movimentos difusivos e osmóticos se tornam complexos, pois
estes fenômenos possuem fluxos opostos, ou seja, o fluxo de água é dado em uma
direção e o fluxo de íons contrariamente a esta. Além disto, a velocidade do
transporte é função do gradiente químico imposto e das propriedades do folhelho
como a permeabilidade.
Altas permeabilidades poderiam acabar com o potencial osmótico gerado na
formação, como consequência da rápida equalização do gradiente químico entre o
folhelho e o fluido de perfuração devido à facilidade na passagem de solutos e
água para dentro da estrutura rochosa; que se traduz, em baixos valores do
coeficiente de reflexão.
Al-Bazali et al. (2006) em ensaios que visaram avaliar o coeficiente de
reflexão em corpos de prova de diferentes permeabilidade e submetidos a diversas
soluções salinas (diferentes atividades da água), concluíram que a permeabilidade
dos folhelhos influenciam na eficiência de membrana e na pressão osmótica
gerada. A tendência geral foi que a eficiência de membrana se incrementava
quando a permeabilidade do folhelho decrescia. Osuji et al. (2008), em ensaios
com o folhelho Atoka submetidos a diferentes fluidos de perfuração base água,
mostraram que a eficiência de membrana é função da permeabilidade e da
porosidade dos folhelhos, baixas permeabilidades e baixas porosidades
correlacionaram bem com altos coeficientes de reflexão.
A permeabilidade dos folhelhos é influenciada por vários fatores, entre eles
podemos citar a distribuição de tamanho dos poros, a conectividade destes, a
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Revisão Bibliográfica
35
tortuosidade dos canais de fluxo, a porosidade, e o tamanho e o arranjo dos seus
grãos.
A característica comum nos folhelhos é sua anisotropia, a origem está ligada
as condições de deposição dos sedimentos e a natural foliação das argilas, em
outras palavras à fissilidade que estas possuem. A avaliação da anisotropia da
permeabilidade é de muita importância quando se estuda fluxos de água ou íons
dentro de formações rochosas, pois poderia ser alta e não desprezível, como é no
caso das rochas sedimentares.
Schlemmer et al. (2003) em ensaios que visavam estimar a permeabilidade
do folhelho Pierre1E, reportaram valores na faixa de 0,3 a 10 µD quando
ensaiados paralelos ao plano de acamamento (ensaio horizontal). Por outro lado, a
faixa de permeabilidade quando ensaiados perpendicularmente ao acamamento
(ensaio vertical) foi entre 0,01 a 0,05µD. Claramente pode ser observado que as
permeabilidades paralelas aos planos de acamamento são elevadas em relação as
perpendiculares (anisotropia de 20 a 30). Se estas variações não são levadas em
conta, poderiam ser fontes de erro de interpretação nos coeficientes de reflexão
obtidos num mesmo tipo de folhelho.
Bolton et al. (2000) observaram com o uso de microscopia eletrônica de
varredura (MEV) que os sedimentos marinhos sobre-adensados de partículas finas
apresentam microfraturas orientadas e paralelas que causam significante
anisotropia na permeabilidade. Ensaios de porosimetria por injeção de mercúrio,
feitos por estes autores, em corpos de prova idênticos (mesma localização
litológica), indicam que fluxos substanciais são devido à microfraturas abertas
com uma favorável orientação (paralelos à fissilidade). Isto foi mostrado
claramente, pois estes autores fizeram ensaios de porosimetria direcionada
(contrários à porosimetria por injeção de mercúrio tradicional), que consistiu na
injeção de mercúrio paralela e perpendicular à fissilidade, selando os lados do
corpo de prova com resina e forçando o mercúrio ser introduzido só por uma
direção. Os resultados obtidos por estes autores são apresentados na Figura 2.4.
Pode-se observar que, quando a intrusão de mercúrio foi perpendicular a
fissilidade da amostra existe um pico único (distribuição uni-modal) definido por
o diâmetro igual a 0,4µm. Contrário a este comportamento, quando a intrusão de
mercúrio foi paralela à fissilidade, existem dois picos (distribuição bi-modal)
definidos pelos diâmetros 0,4µm e 2µm.
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Revisão Bibliográfica
36
Figura 2.4 – Distribuição de tamanho dos poros em ambas as direções da amostra
(sedimentos argilosos sobre-adensado).
2.5. Mecanismos de Instabilidade de Poços
O processo de perfurar um poço altera o estado de tensões nas formações
rochosas atravessadas pela broca. O material removido pela escavação é
substituído pelo fluido de perfuração que, entre outras funções, tenta restabelecer
o equilíbrio anterior à escavação. Contudo, isto nem sempre é atingido e, como
consequência, algum tipo de ruptura será gerado na região circunvizinha à parede
do poço.
Os poços de petróleo apresentam diversos problemas de instabilidade
quando os folhelhos são perfurados, causando graves problemas técnicos de
perfuração, perdas de tempo e custos adicionais. A mais importante variável para
manter a estabilidade do poço seria prevenir a invasão de pressões elevadas dentro
da matriz do folhelho (Stowe et al., 2001, van Oort et al., 1994, van Oort, 1997,
Tare and Mody, 2000). Um típico exemplo de problemas encontrados no processo
de perfuração, quando os folhelhos são atravessados, é esquematizado no gráfico
da Figura 2.5. O perfil Caliper é um perfil auxiliar que mede o diâmetro do poço
em qualquer profundidade e nos fornece de forma indireta, uma indicação das
condições de estabilidade do poço. Nesta figura, as linhas tracejadas indicam o
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Revisão Bibliográfica
37
diâmetro de desenho do poço e as linhas completas, os diâmetros do poço
fornecidos pelo perfil Caliper. Como pode ser observado, os problemas de
instabilidade se dão justamente nas camadas dos folhelhos apresentando
incrementos bruscos de diâmetro. Observe-se que este fato não acontece quando
os arenitos são perfurados.
Figura 2.5 – Exemplo típico de instabilidade de folhelhos e problemas de poço
observados no perfil caliper (van Oort, 2003).
Diversos pesquisadores concluíram que quando os fluidos de perfuração
base água são usados, apresentam-se dois fenômenos básicos que causam a
instabilidade dos poços. Estes são classificados em efeitos mecânicos e físico-
químicos.
Os efeitos mecânicos são processos físicos que ocorrem quando as tensões
mecânicas impostas na formação excedem a resistência do folhelho e podem ser
eficazmente manejados pela alteração do peso do fluido de perfuração (lama) para
mantê-lo dentro das faixas de resistência. Basicamente são dois tipos de rupturas
que surgem devido a este fenômeno, que ocorrem ao redor de poços. Estes são
detalhados a seguir:
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38
1. A ruptura por compressão (Figura 2.6a), chamada de colapso é
provocada por um peso insuficiente do fluido de perfuração
comparado com a resistência da rocha e as tensões ao redor do poço.
A ruptura por compressão pode se apresentar como uma diminuição
do diâmetro do poço ou com desmoronamento das paredes, de
acordo com o comportamento dúctil ou frágil das rochas perfuradas.
2. A ruptura por tração (Figura 2.6b), também chamada fraturamento, é
provocada por um peso excessivo do fluido de perfuração
comparado com a resistência à tração da rocha. A ruptura por tração
apresenta fraturas com perda de circulação parcial ou total. A
invasão do fluido de perfuração incrementa a poropressão da parede
do poço e é transmitida no tempo para a formação e dependendo das
tensões que atuam ao redor deste poderia se gerar a instabilidade e
futuro colapso.
(a) Seção vertical (b) Vista do topo
Figura 2.6 – Tipos de ruptura ao redor de poços (Fjær et al., 1992).
Os efeitos físico-químicos causam um tipo de ruptura que surge devido às
interações físico-químicas da rocha com o fluido de perfuração (Santos, 1989).
Contrários as rupturas mecânicas estes dependem do tempo. A invasão do fluido
de perfuração por gradiente hidráulico ou a difusão dos íons devido ao gradiente
químico, altera a composição do fluido de poros do folhelho resultando numa
variação da pressão de hidratação (“swelling”) e poropressão na região ao redor
do poço. Como consequência, a tensão efetiva pode ser fortemente reduzida e
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Revisão Bibliográfica
39
propiciar a ruptura por compressão ou por tração, devido à geração de tensões
radiais na formação.
2.6. Fluidos de Perfuração
Durante a perfuração de poços de petróleo, usa-se um fluído de perfuração,
cuja composição química induz a comportamentos físico-químicos desejados,
para permitir um equilíbrio entre as pressões das formações e a pressão dentro dos
poços. O fluido de perfuração deve possuir propriedades físico-químicas que
possam ser cuidadosamente controladas, para se ajustarem a uma grande
variedade de condições em sub-superfície (Darley et al., 1988).
Os fluidos de perfuração são misturas complexas de sólidos, líquidos,
produtos químicos e, por vezes, até de gases. Do ponto de vista químico, eles
podem assumir aspectos de suspensão, dispersão coloidal ou emulsão,
dependendo do estado químico dos componentes (Thomas, 2001).
Os fluidos de perfuração são, de uma maneira geral, sistemas multifásicos,
que podem conter água, material orgânico, sais dissolvidos e sólidos em
suspensão nas mais diversas proporções. Esses fluidos são indispensáveis durante
as atividades de perfuração de um poço, pois desempenham uma série de
características essenciais, destacando-se:
Estabilizar as paredes do poço, mecânica e quimicamente;
Exercer pressão hidrostática sobre a formação, de modo a evitar o
influxo de fluidos indesejáveis (“Kick”)
Carrear os cascalhos gerados durante a perfuração (Figura 2.7);
Manter os sólidos em suspensão durante a interrupção da perfuração;
Resfriar e lubrificar a broca e o tubo de perfuração para evitar a
corrosão;
Ser bombeável;
Facilitar as interpretações geológicas do material retirado do poço;
Não provocar danos à formação produtora;
Apresentar custo compatível com a operação.
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Revisão Bibliográfica
40
Assim sendo, projetar um fluido de perfuração apropriado para uma situação
específica exige a compreensão das propriedades deste fluido, em particular sua
reologia, e do seu desempenho sob condições de operação. Além disso, se faz
necessário o conhecimento de características da zona perfurada, tais como pressão
estática e propriedades permo-porosas.
Figura 2.7 – Fluido de perfuração carreando os cascalhos para a superfície (Duarte,
2004).
2.7. Classificação dos Fluidos de Perfuração
Os fluidos de perfuração são comumente classificados de acordo com o
componente principal que constitui a fase contínua ou dispersante. Esses
componentes podem ser água, óleo e gás. Quando o componente principal da fase
contínua é um líquido, o termo lama foi muito usado para a mistura formada pelos
sólidos suspenso no líquido.
Os fluidos de perfuração à base de água são comumente chamados de
“water based mud” (WBM) e os fluidos à base de óleo de “oil based mud”
(OBM). A presença de ambos os líquidos (óleo e água) juntos resulta em uma
emulsão, formada através de agitação e da presença de um emulsificante
adequado. A natureza química do agente emulsificante determina o tipo de
emulsão.
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Revisão Bibliográfica
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Nos fluidos à base de óleo ou simplesmente base óleo, a fase contínua é
constituída por óleo, que pode ser de diferentes tipos como: óleo cru, óleo mineral
(fração de hidrocarbonetos saturados de C12 a C18 contendo baixas quantidades
de aromáticos) e diesel (fração de petróleo destilado, contendo uma mistura não
específica de parafinas, olefinas e aromáticos) (Darley et al., 1988). Alguns
sólidos coloidais, de natureza inorgânica e/ou orgânica, podem compor a fase
dispersa. Devido principalmente ao alto custo inicial e grau de poluição, os fluidos
à base de óleo são empregados com menor freqüência do que os fluidos à base de
água.
Os fluidos à base de água ou simplesmente base água, são viáveis por não
poluirem o meio ambiente. A principal função da água é prover o meio de
dispersão para os materiais coloidais, principalmente argilas e polímeros. Segundo
Machado & Oliveira (1986), os fluidos base água doce ou salgada, que atuam
como um meio de dispersão, podem ser compostos por bentonitas, soda cáustica,
lignossulfatos, amidos, polímeros, eletrólitos, baritina e hematita, cada um destes
em diferentes proporções e com uma determinada função. Por exemplo, a
bentonita, atapulguita e os polímeros funcionam como viscosificantes. A soda
cáustica funciona como alcalinizante e floculante. Os amidos, dependendo do
tamanho de suas partículas, evita a penetração do fluido na formação (redução de
filtrado). Cloretos e hidróxidos à base de sódio, cálcio e potássio são utilizados
como inibidores químicos e floculantes, e finalmente, a barita e a hematita, por
possuírem elevada densidade dos grãos, são utilizadas como densificantes.
Os fluidos inibidos dentro dos fluidos base água são programados para
perfurar rochas de elevado grau de atividade na presença de água doce. Uma
rocha é dita ativa quando interage quimicamente com a água, tornando-se
expansível, plástica e dispersível, como é o caso dos folhelhos, ou até mesmo
solúvel, como é o caso das rochas evaporíticas. Nos fluidos inibidos são
adicionados produtos químicos tais como eletrólitos e/ou polímeros, que têm a
propriedade de retardar ou diminuir estes efeitos. Soluções eletrolíticas, como os
cloretos de sódio, de potássio, e de cálcio, conferem uma inibição química porque
reduzem a atividade química da água do fluido de perfuração, porém, podem
reagir com a formação, alterando-lhe a composição química.
Os fluidos base água contendo silicatos também são uma boa alternativa na
estabilização de formações rochosas como os folhelhos, foram re-introduzidos na
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Revisão Bibliográfica
42
indústria do petróleo nos anos 1990s (Ward and Williamson, 1996). Estes fluidos
têm a propriedade de se gelificar e precipitar quando expostos aos folhelhos,
criando uma fina superfície (reboco) que sela as superfícies levemente fissuradas e
fraturadas, prevenindo assim a invasão do fluido de perfuração. Estes fluidos
podem ser usados com sais que proporcionem baixas atividades da água gerando
altas eficiências de membrana, tipicamente entre 30 e 80% (van Oort, 2003).
Os fluidos à base de gás incluem aqueles nos quais o gás é a fase contínua
(gás seco), e aqueles onde o gás é a fase descontínua, como em espumas e
espumas compactas. Segundo Thomas (2001), algumas situações recomendam a
utilização destes fluidos de baixa densidade, tais como em zonas com perdas de
circulação severas e formações produtoras com pressão muito baixa ou com
grande susceptibilidade a danos. Também em formações muito duras como o
basalto ou o diabásio e em regiões com escassez de água ou regiões glaciais com
camadas espessas de gelo.
Os fluidos de base orgânica sintética (Growcock et al.,1994) podem ser
considerados como uma classe especial dos fluidos à base de óleo, onde a fase
contínua é constituída de substâncias oleosas produzidas através de reações
químicas (como por exemplo, ésteres e acetais) ou purificadas a partir de uma
fração de petróleo. Do ponto de vista do desempenho, podem ser considerados
como similares aos apresentados pelos fluidos à base de óleo, além de terem a
vantagem de causarem um menor impacto ambiental, uma vez que são menos
tóxicos e mais biodegradáveis.
Dye et al. (2005) propõem para a indústria petrolífera novos tipos de fluidos
de perfuração, utilizados posteriormente por Montilva et al. (2007), baseados no
conceito original da “total inibição”, chamando-os de fluidos de perfuração base
água de alto desempenho (“high performance water based mud”-HPWBM).
Segundo os autores, estes fluidos são projetados para desempenhar-se entre os
rendimentos dos convencionais WBM e os emulsificantes, e estão compostos por
uma micronizada química de polímeros dispersíveis em alumínio. Estes autores
concluem, depois de ensaios experimentais, que a nova HPWBM tem
desempenho com as mesmas características do OBM/SBM e atendendo as
legislações ambientais.
Finalmente, os fluidos à base de água contendo eletrólitos (soluções salinas)
são possivelmente as melhores opções para uso como fluidos de perfuração em
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Revisão Bibliográfica
43
formações como os folhelhos, pois estes, quando são projetados de uma maneira
eficiente, atuam como inibidores químicos e garantem a estabilidade da formação.
Além disso, são ambientalmente viáveis por não poluir o meio ambiente. Uma boa
análise das interações fisioquímicas e o conhecimento das propriedades estruturais
micro e macroscópicas dos folhelhos garantem a otimização do projeto do fluido
de perfuração e a estabilidade do poço no processo de perfuração.
Nesta dissertação, nas campanhas de ensaios com as células de difusão, os
folhelhos foram submetidos a diferentes soluções e concentrações salinas em um
campo de tensões estipulados. Estes ensaios permitiram simular a interação físico-
química existente entre os fluidos de perfuração base água (WBM) e os folhelhos
no processo de perfuração.
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3 Ensaios de Caracterização de Folhelhos
3.1. Introdução
A caracterização de folhelhos tem como objetivo auxiliar na previsão de
instabilidades, geradas pelas interações entre os fluidos de perfuração e a
formação argilosa, que podem ocorrer quando operações de perfuração de poços
de petróleo atravessam pacotes destas rochas.
Uma campanha extensa de caracterização foi realizada em dois tipos de
folhelhos, o folhelho BC-01 proveniente de uma profundidade variando de 2537m
a 2549m e o folhelho Pierre01 proveniente de um afloramento. A finalidade foi
compreender, a partir das características estruturais, os processos de transferência
de massa. A caracterização dos folhelhos foi feita através dos seguintes ensaios
laboratoriais: distribuição granulométrica (incluindo uma avaliação do efeito da
cimentação), índices físicos, capacidade de troca catiônica (CTC) dos minerais
constituintes dos folhelhos, análise dos fluidos dos poros, composição
mineralógica, análises da microestrutura mediante microscopia eletrônica de
varredura (MEV) e ensaios de porosimetria por injeção de mercúrio.
Nos itens seguintes descrevem-se cada um desses ensaios, os resultados
encontrados para os dois tipos de folhelhos e uma breve revisão de trabalhos
anteriores que relacionam os coeficientes de reflexão dos folhelhos com algumas
propriedades estruturais destes, que poderiam ser utilizados como comparativos
com os resultados obtidos nesta campanha de ensaios.
3.2. Origem dos Folhelhos Ensaiados
Os ensaios de caracterização foram realizados no Laboratório de Interação
Rocha-Fluido (LIRF) do Grupo de Tecnologia e Engenharia do Petróleo (GTEP)
do Departamento da Engenharia Civil da PUC-Rio. Foram ensaiados dois
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Ensaios de Caracterização de Folhelhos 45
folhelhos diferentes, um proveniente de afloramento folhelho (Pierre01) e outro da
Bacia de Campos (BC-01). Os corpos de prova do folhelho Pierre01, adquirido
junto à empresa TerraTek Inc., Salt Lake City, Utah, USA, foram extraídos de um
bloco de 39x15cm (Figura 3.1a). Este bloco foi revestido com duas finas camadas
de tinta de secagem rápida e enrolado em duas camadas de plástico de forma a
evitar a perda de umidade. Em seguida, foi colocado em uma caixa de papelão
com duas tampas de isopor em cada lado para reduzir os impactos durante o
transporte. O folhelho BC-01 foi obtido a partir de um testemunho de 12,7cm (5
polegadas) (Figura 3.1b) retirado a uma profundidade de 2540m onde a lâmina
d’água gira em torno de 600m. O testemunho foi imerso em óleo mineral e
armazenado em tubos de PVC.
O óleo mineral normalmente é utilizado para armazenar os testemunhos
deste tipo de rochas, pois evita a exposição destas ao meio ambiente, e como
consequência, evita a perda de umidade.
(a)
(b)
Figura 3.1 – Detalhe dos folhelhos adquiridos para os diferentes ensaios: a) Bloco do
folhelho Pierre01 b) Testemunho do folhelho BC-01.
3.3. Preparação das Amostras
Grande parte da seleção de material para realização dos diferentes ensaios
de caracterização foi realizada durante a preparação dos corpos de prova
destinados aos ensaios na célula de difusão que apresentam altura de
aproximadamente 15mm e diâmetro de 38,1mm. A Figura 3.2 mostra a
preparação dos corpos de prova em torno mecânico e a coleta de material para os
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Ensaios de Caracterização de Folhelhos 46
ensaios de caracterização. Os corpos de prova do folhelho BC-01 apresentam
planos de acamamento perpendiculares ao eixo dos mesmos, já o folhelho
Pierre01 apresenta um mergulho ligeiramente superior a 45º. Esta inclinação pode
ser vista na Figura 3.3 onde os planos de acamamento do folhelho Pierre 01 foram
realçados com caneta.
Figura 3.2 – Preparação dos corpos de prova em torno mecânico.
Figura 3.3 – Inclinação dos planos de acamamento do folhelho Pierre01.
3.4. Distribuição Granulométrica
A análise granulométrica visou quantificar e classificar os constituintes
individuais dos folhelhos.
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Ensaios de Caracterização de Folhelhos 47
O material desagregado na preparação dos corpos de prova foi destorroado
mecanicamente em mão de gral seguindo a norma NBR 6457/86 adotada para
caracterização de solos. Estas análises foram realizadas por peneiramento e
sedimentação (Figura 3.4).
A metodologia utilizada para classificar os finos (silte e argila) foi a da
sedimentação; na sua execução, os dois tipos de folhelhos foram previamente
tratados com álcool etílico a 20% para a retirada dos sais precipitados solúveis
presentes nos poros. Esta técnica é utilizada para não prejudicar a ação do
dispersante (hexametafosfato de sódio) durante a sedimentação das partículas.
A classificação dos constituintes individuais baseados em critérios
granulométricos seguiu a norma NBR 6502/95.
A Tabela 3.1 apresenta as porcentagens correspondentes a cada fração
granulométrica. Observa-se que o folhelho Pierre01 apresenta uma porcentagem
maior de material fração argila e uma porcentagem consideravelmente menor de
material fração areia quando comparado com o folhelho BC-01. Segundo a
classificação proposta por Shepard (1954), baseada, essencialmente, nos
conteúdos percentuais de areia, silte e argila; o folhelho Pierre01 estaria
classificado dentro dos folhelhos silto-argilosos e o folhelho BC-01 dentro dos
denominados folhelhos areno-silto-argilosos. As curvas granulométricas obtidas
são apresentadas na Figura 3.5.
As porcentagens elevadas de areia e silte em ambos os folhelhos sugerem
que os grãos não estão totalmente desagregados, os métodos convencionais
utilizados na mecânica de solos usados na desagregação dos materiais, posterior
peneiramento e sedimentação, poderiam não ser efetivos no caso deste tipo de
rochas. Pelo mencionado, os valores obtidos neste ensaio poderiam só ser
utilizados como simples referências.
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Ensaios de Caracterização de Folhelhos 48
(a) Sedimentação
(b) Peneiramento
Figura 3.4 – Ensaio de granulometria
Tabela 3.1 – Resultados dos ensaios de granulometria.
Folhelho Fração granulométrica (%)
Areia Silte Argila
Pierre01 1,8 54,0 44,2
BC-01 39,8 34,2 26,0
410
20
40
60
100
200
100
90
80
70
60
50
Porc
enta
gem
retida
(%)
40
30
20
10
0
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0,0001 0,001 0,01 0,1 1 10 100 1000
Porc
enta
gem
que p
assa
(
%)
Diâmetro dos Grãos (mm)
BC-01
Pierre01
Figura 3.5 – Curvas granulométricas dos folhelhos BC-01 e Pierre01.
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Ensaios de Caracterização de Folhelhos 49
3.4.1. Efeito da Cimentação (Quantidade de Carbonatos)
A avaliação da distribuição granulométrica de rochas sedimentares como os
folhelhos seguindo procedimentos típicos de ensaios em solos, como apresentado
no item anterior, deve ser analisada com muita cautela. No caso das rochas
sedimentares, em função da sua gênese, estas podem apresentar uma cimentação
muito forte unindo os grãos. Dependendo do tipo de cimento, a energia utilizada
no destorroamento em mão de gral pode não ser suficiente para individualizar os
grãos da rocha. Se isto acontece, a análise granulométrica realizada pode não
representar a distribuição de partículas efetivamente existente.
Em ensaios de caracterização dos folhelhos feitos por Rabe (2003), como
parte integrante da avaliação experimental da interação folhelho-fluido, ficou
evidente a existência de carbonatos como material cimentante nos folhelhos
provenientes da Bacia de Campos. Dado que o folhelho BC-01 provem desta
mesma bacia espera-se que este também seja cimentado por este tipo de material.
De forma a investigar o grau de cimentação por carbonatos (cálcio e
magnésio) e o seu efeito na análise granulométrica nos dois tipos de folhelhos, foi
realizado um estudo que compreende tratamentos químicos com HCl e a
observação das diferentes frações granulométricas em lupa binocular antes e
depois dos tratamentos. O tratamento químico é feito com finalidade de quebrar a
cimentação existente e promover a individualização dos grãos que se encontram
aglutinados; por outro lado, uma análise de massa perdida durante o tratamento
permite uma estimativa, mesmo que expedita, da quantidade de carbonatos
presente nos folhelhos.
Como primeiro passo, decidiu-se analisar as imagens obtidas da lupa
binocular dos grãos retidos na peneira # 60 sem nenhum tratamento após o
peneiramento da fração fina. As Figuras 3.6 e 3.7 apresentam as imagens obtidas,
respectivamente, do folhelho Pierre01 e BC-01. Observa-se claramente a
existência de grãos que não foram individualizados com o destorroamento
mecânico.
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Ensaios de Caracterização de Folhelhos 50
Figura 3.6 – Fração #60 do folhelho Pierre01 após peneiramento da fração fina.
Figura 3.7 – Fração #60 do folhelho BC-01 após peneiramento da fração fina.
O aumento da energia mecânica para desagregar estes grãos não é
recomendado visto que irá promover a quebra de grãos que já se encontram
individualizados. O tratamento químico com HCl deve ser realizado com muita
cautela visto que o mesmo poderia atacar os argilominerais presentes na estrutura.
De forma a evitar este efeito, o tratamento foi realizado com controle de pH, não
permitindo que este, em qualquer etapa do processo, fosse inferior a 4.
O tratamento com HCl a frio remove todo cimento de carbonato de cálcio
(calcita) e a remoção do carbonato de magnésio (dolomita) se consegue
aquecendo a solução com o material imerso dentro dele. As Figura 3.8a e 3.8b
apresentam, respectivamente, imagens do material durante o tratamento com HCl
a frio e a quente.
a b
a b
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Ensaios de Caracterização de Folhelhos 51
(a) A frio
(b) A quente
Figura 3.8 – Tratamento do folhelho com HCl.
Para avaliar as diferenças do material tratado unicamente com HCl a frio e o
material tratado com HCl a quente após o tratamento a frio, decidiu-se observar
com a lupa binocular o material submetido a ambos os tratamentos; foram
utilizadas unicamente amostras do folhelho BC-01, para o qual foram
fotografados os grãos retidos nas peneiras #60, #100 e #200, tratadas inicialmente
com HCl e, em seguida, com HCl a quente. A Figura 3.9 apresenta as fotografias
de ambos os tratamentos nas quais se constata que os grãos do material tratado
com HCl a frio não estavam totalmente individualizados e que o tratamento com
HCl a quente individualiza os grãos de uma maneira mais eficaz. Vale mencionar
que no tratamento a quente submeteu-se o material a temperaturas próximas de
100ºC, o que pode ter comprometido a integridade dos argilominerais.
Como pode ser observado dentro da elipse da Figura 3.9e, o material retido
na peneira #200, submetido a tratamento com HCl a frio, possui uma carapaça de
foraminífero de aproximadamente 0,75mm de diâmetro, este elemento forma parte
individual da estrutura da rocha que conseguiu não se dissolver com o tratamento
a frio, já com o tratamento a quente da mesma fração granulométrica pode ser
observada a ausência destes tipos de elementos, possivelmente consumidos pelo
HCl no estado quente.
![Page 52: Víctor Manuel Aréstegui Meléndez Avaliação …...general, to be caused by the physical-chemical interaction between drilling fluids and the referred rocks. This dissertation focuses](https://reader036.vdocuments.site/reader036/viewer/2022081612/5f6ac0c763bfb57ff679b6c9/html5/thumbnails/52.jpg)
Ensaios de Caracterização de Folhelhos 52
(a) #60 a frio
(b) #60 a quente
(c) #100 a frio
(d) #100 a quente
(e) #200 a frio
(f) #200 a quente
Figura 3.9 – Imagens da lupa binocular no tratamento do folhelho BC-01 com HCl a frio e
a quente para diferentes frações granulométricas.
Mediante as imagens obtidas da lupa binocular depois do tratamento, pode-
se observar de uma forma detalhada os elementos que formam a estrutura
sedimentar dos folhelhos, e assim, reconhecer alguns minerais pela forma, cor ou
brilho. Por exemplo, na Figura 3.9d, 3.9e, e 3.9f, as setas indicam alguns minerais
quartzos (transparentes) espalhados por toda a imagem. Na Figura 3.9e, no
interior do triângulo, se observa o mineral olivina ((Mg,Fe)2SiO4) de coloração
verde, cor característica deste mineral.
![Page 53: Víctor Manuel Aréstegui Meléndez Avaliação …...general, to be caused by the physical-chemical interaction between drilling fluids and the referred rocks. This dissertation focuses](https://reader036.vdocuments.site/reader036/viewer/2022081612/5f6ac0c763bfb57ff679b6c9/html5/thumbnails/53.jpg)
Ensaios de Caracterização de Folhelhos 53
No interior dos quadrados da Figura 3.9d, no material da fração retida na
peneira #100 tratado a quente, observam-se os aglomerados de pirita, já na Figura
3.9f se apresentam os mesmos conglomerados de pirita com uma maior
desaglutinação devido ao peneiramento, a cor verde e o brilho metálico destes
minerais são característicos para o seu reconhecimento.
Na seguinte etapa, decidiu-se realizar uma campanha completa que inclui a
observação em lupa binocular do material desagregado mecanicamente e do
material tratado quimicamente (a quente após o frio) e uma análise de massa
perdida durante o tratamento (peso antes e após o tratamento).
Para a observação dos grãos desagregados mecânica e quimicamente foram
selecionadas frações retidas nas peneiras #60, #100 e #200. No tratamento com
HCl tomou-se o cuidado de monitorar o pH, evitando-se valores inferiores a 4; e
desta vez, a temperatura foi monitorada evitando-se que fossem superiores a 60ºC,
garantindo a integridade dos minerais. As Figuras 3.10 e 3.11 apresentam imagens
das diferentes frações do folhelho Pierre01 e BC-01, respectivamente. Observa-se
nestas figuras uma nítida diferença entre o material natural e o tratado com HCl.
Somente após o tratamento químico é possível realmente individualizar os grãos.
As análises de massa perdida durante o tratamento com HCl mostraram que
o folhelho Pierre01 e BC-01 apresentam, respectivamente, uma quantidade não
superior a 14% e 50% de carbonatos (calcita e dolomita). Os altos teores de
carbonatos do folhelho BC-01 indicam que este tipo de folhelho possui
cimentação por este tipo de material; no entanto, os baixos valores de carbonatos
do folhelho Pierre01 sugerem que este folhelho é pouco cimentado ou apresenta
outro tipo de cimentação além da cimentação carbonática.
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Ensaios de Caracterização de Folhelhos 54
Fração #60 natural
Fração # 60tratada com HCl
Fração #100 natural
Fração #100 tratada com HCl
Fração #200 natural
Fração #200 tratada com HCl
Figura 3.10 – Fotos do folhelho Pierre01 ao natural e tratada com HCl observadas em
diferentes frações.
a b
c d
e f
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Ensaios de Caracterização de Folhelhos 55
Fração #60 natural
Fração #60 tratada com HCl
Fração #100 natural
Fração #100 tratada com HCl
Fração #200 natural
Fração #200 tratada com HCl
Figura 3.11 – Fotos do folhelho BC-01 ao natural e tratada com HCl observada em
diferentes frações.
Depois desta campanha de ensaios, constatou-se que a desagregação
mecânica para a análise granulométrica por peneiramento não individualiza
totalmente os grãos que formam aglutinações devido à cimentação carbonática
que estes apresentam; entretanto, ao se realizar o tratamento com HCl também se
promove a dissolução de inúmeros micro-fósseis que se apresentam como grãos
individualizados (Figura 3.9e). Porém a não realização do tratamento químico
com HCl também prejudica a análise granulométrica, visto que vários agregados
estarão sendo analisados como grãos individualizados.
a b
c d
e f
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Ensaios de Caracterização de Folhelhos 56
Neste contexto, a solução do problema só será resolvida quando se
desenvolver uma metodologia mecânica eficiente para individualização das
partículas aglutinadas pelos carbonatos de cálcio e magnésio e não destruir os
fósseis presentes. Enquanto não se dispõe desta metodologia, recomenda-se
realizar a análise granulométrica via destorroamento mecânico tendo em mente
que a distribuição real apresentará granulometria menor.
Dois pontos importantes verificados com o tratamento químico devem ser
ressaltados. Primeiramente, a análise em lupa binocular do material
individualizado permite a identificação precisa dos minerais presentes nas frações
observadas. Além disso, a análise de massa perdida durante o tratamento com HCl
permite ter uma estimativa, mesmo que expedita, da quantidade de carbonatos
(cálcio e magnésio) presente nos folhelhos.
3.4.2. Comentários Gerais do Tratamento com HCL
Tipple (1975) propôs um método empírico para a estimativa do conteúdo de
carbonato de cálcio em sedimentos finos, considerando-o como uma boa
aproximação do grau de cimentação que estes possuem. Este método consiste na
avaliação de perda de massa depois do tratamento do material com 20% em
volume de HCl e seco em estufa a 105ºC. Posteriormente Hsu et al. (2002) usam o
método proposto por Tipple (1975), para estimar o conteúdo de carbonatos, como
parte da caracterização do folhelho “Eagle Ford”. As quantidades de carbonatos
estimados deste folhelho variaram de 2% a 39%; os autores concluíram a partir
desses resultados que conteúdos maiores que 20% poderiam ser devido à presença
de fragmentos de carapaças fósseis.
Na avaliação do grau de cimentação e como este influi na análise
granulométrica, além de submeter o folhelho ao tratamento com HCl a frio (como
proposto por Triple, 1975), este foi submetido ao tratamento a quente, pois nas
frações observadas com o primeiro tratamento ficou evidente a aglutinação ainda
existentes dos grãos. O autor acredita que uma avaliação da quantidade de
carbonatos, ou do grau de cimentação por este material, teria que ser baseada em
ambos os tratamentos, tanto frio como a quente, e a observação desses materiais a
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Ensaios de Caracterização de Folhelhos 57
grande escala. Na lupa binocular observam-se carapaças calcárias provenientes de
fósseis marinhos do folhelho BC-01, estes resultados confirmam os conteúdos
carbonáticos maiores que os 20% estimados pelos autores Hsu et al. (2002).
3.5. Índices Físicos
Antes de levar os corpos de prova para as células de difusão, estes foram
pesados e suas dimensões (altura (H) e diâmetro (D)) foram medidas, de forma a
obter os índices físicos iniciais. Para determinação dos valores do grau de
saturação (S), índice de vazios (e) e porosidade (n) foram utilizadas as Equações
(3.1), (3.2), (3.3) e (3.4), que são expressões clássicas da mecânica dos solos
(Lambe e Whitman, 1969).
V
WT (3.1)
e
GwS (3.2)
1)1(
T
wGwe
(3.3)
1001 e
en
(3.4)
Em que:
T = peso específico as massa total;
w = peso específico da água;
W = peso total do corpo de prova;
V = volume do corpo de prova.
A determinação do teor de umidade (w) foi obtida pela secagem da amostra
a 105ºC por um período de 24h, seguindo a norma de ensaios em solos
NBR6457/86 e como recomenda a ISRM (1981). Sendo utilizados pedaços
preservados em óleo mineral.
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Ensaios de Caracterização de Folhelhos 58
A densidade específica dos grãos da rocha (G) foi determinada através do
ensaio com o picnômetro, sendo necessários 100g de material passante na peneira
de #40, isto é, de diâmetro inferior a 0,42mm, e seco em estufa por 24 horas. Os
resultados deste ensaio indicam uma densidade dos grãos igual a 2,72 para os dois
tipos de folhelhos.
Na Tabela 3.2 são apresentadas as médias dos índices físicos iniciais dos
corpos de prova ensaiados nas células de difusão. Como pode ser observado, o
folhelho BC-01 é ligeiramente mais poroso, no entanto, este se encontra menos
saturado que o folhelho Pierre01. Pode-se observar também que o folhelho
Pierre01 se apresenta ligeiramente mais denso que o folhelho BC-01. Para fins de
comparação, reportam-se também os índices físicos do folhelho B, proveniente da
Bacia de Campos e ensaiado por Muniz (1998), apresentando-se
aproximadamente 16% mais saturado que o folhelho BC-01 e próximo à saturação
completa; por outro lado, este folhelho é mais poroso que os dois tipos de folhelho
estudados nesta dissertação.
Dentro dos fatores que influenciam a saturação das amostras pode-se
considerar a qualidade da extração dos testemunhos, a amostragem e o
armazenamento dos corpos de prova.
Tabela 3.2 – Índices físicos iniciais dos folhelhos.
Parâmetros Folhelho
BC-01
Folhelho
Pierre01
Folhelho
B*
Umidade ( w , %) 9,62 9,63 14,19
Peso especifico da massa total ( T , g/cm3) 2,27 2,31 2,22
Densidade dos grãos (G) 2,72 2,72 2,70
Índice de vazios (e) 0,31 0,29 0,39
Grau de saturação (S, %) 83,44 90,20 98,70
Porosidade (n, %) 23,87 22,50 28,22
(*)Muniz (1998)
3.6. Capacidade de Troca Catiônica (CTC) e Superfície Específica (SE)
Os argilominerais presentes em rochas e solos normalmente possuem carga
elétrica negativa na superfície basal devido a substituições isomórficas dos íons de
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Ensaios de Caracterização de Folhelhos 59
silício (Si+4
) por íons alumínio (Al+3
) e dos íons alumínio por íons magnésio
(Mg+2
) ou ferro (Fe+2
), além da quebra de ligações químicas nas arestas das
partículas. Essa deficiência de carga, que está distribuída na superfície do mineral
é balanceada por cátions atraídos do meio como Li+, Na
+, K
+, Rb
+, Mg
2+, Ca
2+,
Sr2+
, Ba2+
, Al3+
e Fe3+
, os quais ficam ligados eletrostaticamente à superfície basal
ocupando o espaço interplanar (interbasal) ou dupla camada. O valor da CTC
indica a presença desses cátions intercambiáveis (trocáveis) ligados à superfície
basal do argilomineral e é expresso em número de miliequivalentes de cátions por
100g de amostra.
A superfície específica (SE) é definida como sendo a área por unidade de
massa (m2/g). A superfície específica de um argilomineral é, portanto, a somatória
das áreas de todas as partículas que ocorrem em 1g do material.
Conseqüentemente, a diminuição do tamanho das partículas gera um aumento na
superfície total existente em 1g do material.
Como a CTC e a superfície específica são propriedades que derivam das
características estruturais dos argilominerais, a determinação destes parâmetros
são de muita importância na descrição destes, pois cada argilomineral possui
faixas de valores característicos. A Tabela 3.3 apresenta os valores típicos de CTC
e superfície específica (SE) de alguns argilominerais, podendo-se observar que os
argilominerais esmectita e vermiculita, ilita e clorita, e por último o argilomineral
caulinita, apresentam respectivamente, altos, moderados e baixos teores de CTC e
superfície específica. Os minerais com altos valores de CTC e superfícies
especificas possuem maiores capacidades de hidratação; em outras palavras,
maiores capacidades de adsorver água, por conseguinte, possuem maiores taxas de
expansão.
Tabela 3.3 – Valores típicos de CTC e SE de argilominerais.
Argilomineral Superfície Específica
(SE) (m2/g)
CTC
(meq/100g)
Caulinita 5 – 10 3 – 15
Ilita 100 – 200 10 – 40
Vermiculita 300 – 500 100 – 150
Esmectita 700 – 800 80 – 150
Clorita 50 – 150 10 – 40
Fonte: (Santos 1975)
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Ensaios de Caracterização de Folhelhos 60
Segundo Santos (1997), o teor de esmectita presente nos folhelhos é, muitas
vezes, a única propriedade do folhelho estudada para definir o tipo de fluido de
perfuração, em função do alto potencial de expansibilidade deste argilomineral.
Com isto, muitos autores associam o potencial de expansibilidade dos
argilominerais com o potencial de reatividade dos folhelhos. Assim,
argilominerais, constituintes dos folhelhos, com elevados valores de CTC
conferem a estas rochas, maior potencial reativo em contato com os fluidos de
perfuração.
Van Oort et al. (1995) em ensaios que visaram avaliar o efeito do conteúdo
de argilominerais na eficiência de membrana, submeteram a oito diferentes tipos
de folhelhos (Pierre I, Pierre II e diferentes amostras nomeadas da A a F) com
diferentes propriedades (permeabilidade, porosidade, grau de cimentação) a uma
mesma solução e concentração (mesma atividade da água). Resultados ressaltam a
influência da superfície específica e da CTC como fatores que condicionam a
eficiência de membrana. O autor chega à conclusão que uma alta eficiência de
membrana é atribuída principalmente ao incremento da superfície específica e da
CTC.
Segundo Al-Bazali et al. (2006), a CTC é uma medida de intensidade de
carga negativa que envolve as camadas argilosas e, portanto, é a habilidade dos
folhelhos atuarem como membranas semipermeáveis, baseados em exclusões
elétricas de co-íons (ânions). Os autores depois de ensaios realizados, concluíram
que a eficiência de membrana dos folhelhos se incrementa quando a CTC também
é incrementada.
Zhang et al. (2008) apresenta a combinação dos efeitos da CTC e da
permeabilidade na medida da eficiência de membrana do folhelhos. Os autores
depois de submeter a diferentes tipos de folhelhos (Pierre, Arco-China, C1 e C2) a
diversas soluções (NaCl, KCl, CaCl2 e KCOOH) e a diferentes atividades da água
(0,93 e 0,85), concluíram que a eficiência de membrana é diretamente
proporcional a razão CTC/k e que altos valores de CTC/k correlacionam bem com
altos valores de eficiência de membrana.
O ensaio para estimar a CTC dos argilominerais presentes nos folhelhos foi
realizado utilizando o método do Acetato de Amônio (AA) descrito a seguir.
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Ensaios de Caracterização de Folhelhos 61
3.6.1. Método do Acetato de Amônio (AA)
A CTC pela técnica do acetato de amônio foi determinada seguindo
metodologia proposta por Khalil (1993) e utilizada por Gaggiotti (1999), Perez
(1997) e Rabe (2003). Esta metodologia permite calcular a capacidade de troca
catiônica total, e identificar os cátions trocáveis. Consiste em deslocar os cátions
originais das superfícies do mineral argiloso pelo íon sódio (Na+) no tratamento da
amostra com solução 1N de acetato de sódio neutro. Em seguida, o íon Na+ é
deslocado pelo íon NH4+ através do tratamento com solução 1N de acetato de
amônio. Finalmente são analisadas as soluções, onde na solução tratada com
acetato de sódio neutro, determinam-se os possíveis cátions deslocados pelo sódio
e na solução tratada com acetato de amônio, a quantidade de sódio catiônico.
3.6.2. Metodologia Adotada na Preparação do Material
Para a realização do ensaio de AA foram necessários 30g de material seco e
pulverizado livre de sais precipitados (provenientes dos fluidos dos poros) e dos
vestígios de óleo mineral (utilizado para armazenar os folhelhos) que podem
mascarar o valor real da CTC dos argilominerais. Como consequência, a
metodologia adotada na preparação de material, é de muita importância. A seguir
são apresentados os procedimentos que foram adotados.
Os pedaços preservados em óleo mineral foram limpos com papel
absorvente umedecidos com uma solução de etanol 20% em volume;
seguidamente foram destorroados em almofariz e mão de gral para
depois serem peneirados na peneira # 40 (Figura 3.12a);
Aproximadamente 6 gramas deste material (passante na peneira #40)
e 35 ml de solução de etanol (20% em volume), foram colocados em
cada tubo da centrífuga, sendo centrifugados a 3000rpm por 15min
(Figura 3.12b). Acabado o processo, o sobrenadante de cada tubo foi
descartado e o procedimento repetido por três vezes;
A seguir, lavou-se o material centrifugando-o com água deionizada a
3000rpm por 15min, no intuito de limpar o etanol que poderia ficar
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Ensaios de Caracterização de Folhelhos 62
presente nas amostras, da etapa anterior. Repetiu-se este processo
por três vezes;
Levou-se o material para estufa a 60ºC por 24h e, em seguida, foi
destorroado novamente e peneirando na peneira #40.
Esta metodologia descrita nos parágrafos acima, teve como base os
trabalhos de Gaggiotti (1999) e Bertolino et al. (1999). Gaggiotti (1999) propõe a
secagem do material somente a 60ºC na tentativa de evitar qualquer dano à
estrutura dos argilominerais presentes no folhelho. Bertolino et al. (1999)
mostraram que somente após 4 lavagens de 4 gramas de folhelho usando 33ml de
solução 15% de etanol e centrifugando o mesmo a 3000rpm por 15 minutos é que
se retiram todos os sais precipitados provenientes do fluido de poros.
(a)
(b)
Figura 3.12 – (a) Destorroamento do folhelho e peneiramento na malha de 40# (b)
Processo de centrifugação.
3.6.3. Apresentação e Discussão dos Resultados
Para a determinação dos cátions trocáveis de Ca++
, Sr++
, Mg++
, K+ e Ba
+
foram realizadas as análises químicas nas soluções tratadas com acetato de sódio,
e para determinar os cátions Na+ (que representa a capacidade de troca total), nas
soluções tratadas com acetato de amônio. A análise dos cátions foi realizada por
Espectrometria de Emissão Atômica com Plasma Indutivamente Acoplado (ICP-
OES) para o Pierre01 e por Absorção Atômica por Chama (AA-C) para o folhelho
BC-01. Os resultados obtidos são apresentados na Tabela 3.4.
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Ensaios de Caracterização de Folhelhos 63
Tabela 3.4 – Valores de CTC obtidos pelo método do acetato de amônio (AA).
Folhelho CTC Total
(meq/100g)
Cátions trocáveis (meq/100g)
Na+ K
+ Mg
++ Sr
++ Ca
++ Ba
+
Pierre01 7,15 2,53 1,10 2,09 0,02 1,40 0,01
BC-01 34,95 10,68 Tr 0,60 0,16 23,43 0,08
Obteve-se uma CTC muito baixa nos argilominerais do folhelho Pierre01,
entretanto, este valor é similar ao apresentado por Al-Bazali (2005) (10,5
meq/100g). Cabe mencionar que Rabe (2003) estimou igualmente, um valor baixo
da CTC nos argilominerais do folhelho C (10,90 meq/100g), proveniente, como o
folhelho Pierre01, de bacias terrestres.
O folhelho BC-01 apresentou um valor superior e inferior, respectivamente,
aos folhelhos B (26,2 meq/100g) e B-S (38,44 meq/100g) (Rabe, 2003), ambos
provenientes da mesma bacia sedimentar deste folhelho (bacia de Campos).
Ainda da Tabela 3.4, pode-se observar que os cátions mais trocáveis Na+ e
Ca++
do folhelho BC-01 são consideravelmente superiores aos valores obtidos
para o folhelho Pierre01.
Os resultados do ensaio indicam que o folhelho BC-01 está constituído por
argilominerais com maiores capacidades hidratáveis, por conseguinte, com
maiores potenciais expansivos. Estas características fazem que este folhelho
apresente um maior potencial reativo em contato com os fluidos de perfuração
quando comparados com o folhelho Pierre01.
Segundo a bibliografia consultada (van Oort et al., 1995, Al-Bazali, et al.,
2006), baseados em exclusões elétricas, o folhelho BC-01 apresentaria uma alta
repulsão aniônica e uma maior seletividade iônica. Considerando estes postulados,
e só este parâmetro, poderia-se inferir que este folhelho por possuir elevados
valores da CTC apresentaria uma maior eficiência de membrana quando
comparado ao folhelho Pierre01.
3.7. Análises dos Fluidos de Poros
Em estudos relacionados à reatividade do folhelho, a estimativa da natureza
dos fluidos dos poros pode contribuir na determinação dos mecanismos de
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Ensaios de Caracterização de Folhelhos 64
transferência de massa entre as fases líquidas do fluido de perfuração e do
folhelho (Perez, 1997).
Hale et al. (1992), em estudos que visaram determinar a influência de
potencial químico na estabilidade de poços, chegaram à conclusão que os íons
provenientes dos fluidos de perfuração podem interatuar adversamente com os
constituintes dos folhelhos, entre eles o fluido de poros; conduzindo a uma
redução de resistência e futuro colapso do poço.
3.7.1. Procedimentos do Ensaio
A composição do fluido intersticial foi determinada utilizando-se a técnica
de extração de fluidos (fluido sobrenadante), desenvolvida por Schmidt (1973) e
descrita a seguir.
É necessário 20g de material passante na peneira #40, e seco em estufa por
24h para precipitar os sais que compõem o fluido intersticial (fluido dos poros).
Toma-se uma quantidade de cerca de 4g e coloca-se num volume de 60ml
de solução de etanol (15%) e água destilada; esta solução é para promover a
floculação dos sais durante a centrifugação. O conjunto é levado ao ultra-som
durante 1h, de modo a favorecer a lixiviação dos sais dissolvidos nos poros, em
sequência é centrifugado numa velocidade de 3000rpm, por 20min e o
sobrenadante coletado. Este processo é feito por três ou quatro vezes, de modo a
garantir que todos os sais precipitados sejam coletados. O fluido é decantado e
filtrado no papel filtro Watman Nº40, para depois ser evaporado num banho
quente com temperatura regulada até que o resíduo tenha somente água livre de
álcool e amostra. Cuidadosamente é adicionada água destilada para o envio e
posterior análise da solução (40ml).
As análises químicas foram feitas no laboratório de caracterização de águas
da PUC-Rio, determinando-se os cátions Na+, K
+, Mg
++, Ca
++, por absorção
atômica e os ânions Cl-, e SO4
-2 por cromatografia iônica, segundo as informações
do laboratório. Para fazer a média dos resultados obtidos foram enviadas para as
análises, duas amostras para cada folhelho ensaiado.
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Ensaios de Caracterização de Folhelhos 65
A partir dos índices físicos calculados, utilizando-se a porosidade de cada
tipo de folhelho, calculam-se as concentrações dos íons dissolvidos nos poros das
amostras.
3.7.2. Apresentação e Discussão dos Resultados
A Tabela 3.5 apresenta os resultados das análises químicas dos fluidos
presentes nos poros dos folhelhos BC-01 e Pierre01.
Tabela 3.5 – Concentração dos íons dissolvidos nos poros das amostras (mg/l).
Folhelho Na+
K+
Ca++
Mg++
Cl-
SO4-2
Pierre01 3 948 312 714 135 224 5 174
BC-01 14 559 338 446 13 12 510 9 521
Pode-se observar que os teores de Na+, Cl
- e SO4
-2 dos fluidos de poros do
folhelho BC-01 são consideravelmente superiores aos teores estimados desses
íons no folhelho Pierre01; no entanto, estes valores são muito parecidos aos teores
de Na+ (14385 mg/l), Cl
- (12769 mg/l) e SO4
-2 (9354 mg/l) estimados por Rabe
(2003) no folhelho A proveniente da Bacia de Campos.
O mesmo autor obteve baixos teores de Cl- (Tr), SO4
-2 (23 mg/l) e Na
+
(5342 mg/l) no fluido dos poros do folhelho C. Em função dos resultados obtidos,
os baixos teores desses íons no folhelho Pierre01 confirmam a origem sedimentar
desta rocha.
3.8. Composição Mineralógica
A avaliação da composição química dos constituintes dos folhelhos Pierre01
e BC-01 foi realizada por meio de análises químicas, utilizando a técnica de
Fluorescência de Raios-X. A identificação dos seus minerais foi realizada por
difratometria de raios-X (DRX), além do microscópio eletrônico de varredura
(MEV).
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Ensaios de Caracterização de Folhelhos 66
3.8.1. Análises Químicas
As análises químicas foram realizadas utilizando a técnica de Fluorescência
de Raios-X que permite quantificar os óxidos que compõem a amostra total. A
fusão para a determinação dos óxidos foi obtida com tetraborato de lítio, conforme
informações da Lakefield Geosol Laboratórios Ltda., onde o ensaio foi realizado.
Para a preparação de amostra, seguiu-se a metodologia usada por Rabe
(2003) empregando-se 30g de cada material. A perda ao fogo (P.F) foi realizada
por calcinação a 1000°C até alcançar constância de peso e engloba a perda de
H2O, S, CO2 e os componentes voláteis da matéria orgânica.
Na Tabela 3.6 apresentam-se os resultados das análises químicas dos
folhelhos estudados nesta dissertação. Verifica-se que os dois tipos de folhelhos
apresentam maior proporção de silicatos e aluminatos, indicando a existência de
quartzo (SiO2) e dos argilominerais como a caulinita, esmectita, ilita e
vermiculita.
Os teores de óxido de cálcio (CaO) e de oxido de magnésio (MgO) indicam,
respectivamente, a presença de calcita e dolomita em ambos folhelhos. O maior
teor de CaO do folhelho BC-01 quando comparado com o folhelho Pierre01,
confirma a presença de microfósseis de organismos marinhos (carapaças).
Verifica-se também que o folhelho Pierre01 possui maior proporção de sílica em
relação ao folhelho BC-01, esta poderia ser uma evidência que este folhelho
apresenta também uma cimentação silicosa além da carbonática.
A presença de óxido de sódio (Na2O) e óxido de potássio (K2O) no folhelho
BC-01 e Pierre01 são quase totalmente devido a micas. Por outro lado, a presença
de óxido de ferro (FeO) indica a presença de pirita e a possível presença de
ilmenita ou clorita em ambos folhelhos.
Baixas porcentagens de óxido de titânio se apresentam nestes folhelhos.
Segundo Santos (1975) a presença de óxido de titânio (TiO2) ocorre em quase
todas as argilas sedimentares, sendo rutilo, ilmenita ou anastásio os minerais
acessórios mais comuns, deste modo, segundo os resultados obtidos, se poderia ter
um desses minerais acessórios na estrutura de ambos os folhelhos.
O folhelho B (proveniente da bacia de Campos) estudado por Rabe (2003)
apresenta teores de carbonato de cálcio (15,1%) ligeiramente superiores aos
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Ensaios de Caracterização de Folhelhos 67
obtidos no folhelho BC-01 (11,3%), ambos os valores consideravelmente
superiores aos obtidos para o folhelho Pierre01 (2,7%).
Ao finalizar as análises químicas, se obtêm uma análise preliminar dos
minerais presentes na estrutura da rocha. A difratometria de raios X (DRX), assim
como o microscópio electrónico de varredura (MEV) complementaram os estudos
na identificação mineralógica destes folhelhos.
Tabela 3.6 – Análises químicas dos constituintes dos folhelhos.
Composição porcentual
Óxidos BaO SiO2 Al2O3 TiO2 Fe2O3 MnO MgO CaO Na2O K2O P2O5 P.F.
Pierre01 0,07 61,8 15,1 0,57 5,2 0,09 2,7 2,7 1,1 2,8 0,19 8,75
BC-01 0,05 48,6 15,9 0,69 5,2 0,03 1,3 11,3 1,9 2,6 0,11 13,47
3.8.2. Difração de Raios X (DRX)
A difração de raios X é um estudo qualitativo, que permite identificar os
constituintes mineralógicos de amostras cristalinas através da identificação de
suas distâncias basais nos difratogramas (pois o perfil de difração obtido é
característico para cada fase cristalina). No caso de minerais com distâncias basais
similares, tratamentos adicionais com etilenoglicol e aquecimento são realizados
para diferenciá-los.
A técnica de difração de raios X para a identificação dos argilominerais
(Carrol, 1970; Brown and Brindley, 1980) foi utilizada para reconhecer os
principais minerais constituintes dos folhelhos Pierre01 e BC-01. Para isso foi
realizada varredura no material destorroado, passante na peneira #40,
característico da fração total e no material dimensão argila para identificação dos
argilominerais. Foram realizadas leituras de 2θ variando de 3° a 80° para a fração
total e de 2° a 30° para a fração argila utilizando um difratômetro da marca
SIEMENS modelo D-5000, do Departamento de Ciência dos Materiais e
Metalurgia (DCMM) - PUC-Rio.
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Ensaios de Caracterização de Folhelhos 68
3.8.2.1. Seleção de Material e Preparação de Lâminas
Para realização do ensaio é necessário preparar lâminas orientadas com
frações características das rochas em questão. Desta forma, para a identificação
dos minerais foram realizadas varreduras em materiais característicos da fração
total, e da fração argila.
Para seleção do material característico da fração total, o folhelho foi
destorroado em mão de gral de acordo com o procedimento da norma NBR
6457/86 e peneirado na peneira #40. O material passante nesta peneira foi
utilizado para confecção das lâminas que devem ter dimensões 2,0 x 2,5cm visto
que este é o tamanho ideal para utilização no difratômetro.
A preparação do material para varredura pode ser realizada utilizando-se o
método do pó (Figura 3.13), do esfregaço ou da pipetagem. Neste trabalho para a
preparação de amostras características da fração total utilizou-se o método do pó,
cuja varredura (leitura de 2θ) deve ser realizada de 3° a 80°.
Figura 3.13 – Imagem ilustrando a lâmina da fração total preparada utilizando o método
do pó.
Para seleção do material característico da dimensão argila (<2micras)
realizou-se o seguinte procedimento utilizado comumente para a separação dessa
fração:
Foram lavados, aproximadamente 20g do folhelho destorroado e
passante na peneira #40, da mesma forma que para a preparação do
material do ensaio de CTC.
O material lavado foi levado para uma proveta de 1000ml,
completando o volume com água destilada e deionizada.
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Ensaios de Caracterização de Folhelhos 69
Após agitar a solução para que todo o material fique em suspensão
(Figura 3.14 a), deixou-se decantar por 24h.
Após 24h, com auxílio de uma mangueira, coletou-se o líquido
presente nos primeiros 20 cm da proveta (Figura 3.14 b).
O material coletado foi levado para a estufa a 60 ºC até a evaporação
da água; a seleção desta temperatura é para evitar qualquer dano à
estrutura dos argilominerais.
Foram realizadas três coletas de material garantindo que se tenha quantidade
de material suficiente para confecção das lâminas.
(a) Solução em suspensão
(b) Coleta do fluido em suspensão.
Figura 3.14 – Seleção do material característico da dimensão argila.
De posse da coleta do material e posterior secagem, preparou-se as lâminas
para o difratômetro. Foi utilizada a técnica de orientação por pipetagem para a
fração argila (Figura 3.15a e 3.15b); desta forma, preparou-se quatro lâminas: uma
para varredura natural, outra para varredura após aquecimento a 500ºC, outra para
varredura após tratamento com etilenoglicol (glicolagem) e uma quarta lâmina de
reserva para eventual substituição.
A varredura (leitura de 2θ) desta fração foi realizada de 2 a 30° somente,
visto que os principais picos dos argilominerais encontram-se nesta faixa.
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Ensaios de Caracterização de Folhelhos 70
(a)
(b)
Figura 3.15 – Preparação das lâminas por pipetagem.
O processo de aquecimento da lâmina foi realizado em mufla elevando-se a
temperatura progressivamente até se atingir 500ºC. A lâmina permaneceu nesta
temperatura por 4h. Após este tratamento, retirou-se cuidadosamente a lâmina da
mufla e foi acondicionada num dissecador até o momento da varredura.
No processo de glicolagem, se acomodou a lâmina dentro de um dissecador
(Figura 3.16a) contendo etilenoglicol e, em seguida, realizou-se um pequeno
vácuo até o momento que o etilenoglicol comece a borbulhar (Figura 3.16b). A
lâmina permaneceu neste ambiente por 24h antes da varredura, sendo retirada do
dissecador diretamente para o difratômetro.
(a) Lâminas dentro do dissecador
(b) Vácuo no dissecador
Figura 3.16 – Processo de glicolagem das lâminas
![Page 71: Víctor Manuel Aréstegui Meléndez Avaliação …...general, to be caused by the physical-chemical interaction between drilling fluids and the referred rocks. This dissertation focuses](https://reader036.vdocuments.site/reader036/viewer/2022081612/5f6ac0c763bfb57ff679b6c9/html5/thumbnails/71.jpg)
Ensaios de Caracterização de Folhelhos 71
3.8.2.2. DRX do Folhelho BC-01
A Figura 3.17 apresenta o difratograma da fração total do folhelho BC-01
onde é possível perceber de 3° a 6° picos referentes aos argilominerais
(esmectita/clorita/vermiculita) e os picos da ilita (I), caulinita (C), quartzo (Q) e
calcita (Ca).
0
30
60
90
120
150
180
210
0 10 20 30 40 50 60 70 80
2 Theta
Conta
gens (u.a
.)
Fração Total
arg
ilom
inera
is
Ilita
Caulin
ita
Quart
zo
Quart
zo
Quart
zo
Caulin
ita
Calc
ita
Calc
ita
Calc
ita
Calc
ita
Figura 3.17 – Difratograma da fração total do folhelho BC-01.
De forma a avaliar a hipótese dos carbonatos reduzirem a intensidade dos
picos referentes aos argilominerais, na fração argila, foram confeccionadas
lâminas do material natural e tratado com ácido clorídrico (HCl). A Figura 3.18
apresenta os difratogramas destas duas lâminas. Pode-se observar que os picos
referentes aos argilominerais permanecem idênticos, não sendo influenciados pela
presença do carbonato de cálcio (calcita). Observa-se também que o pico referente
ao carbonato de cálcio na fração argila tratada com HCl desaparece, mostrando a
eficiência do tratamento químico na eliminação deste mineral.
![Page 72: Víctor Manuel Aréstegui Meléndez Avaliação …...general, to be caused by the physical-chemical interaction between drilling fluids and the referred rocks. This dissertation focuses](https://reader036.vdocuments.site/reader036/viewer/2022081612/5f6ac0c763bfb57ff679b6c9/html5/thumbnails/72.jpg)
Ensaios de Caracterização de Folhelhos 72
0
50
100
150
200
250
300
350
400
0 5 10 15 20 25 30
2 Theta
Conta
gens
(u.a
.)
Fração Argila
Fração Argila Tratada
Esmectita Clorita Vermiculita
Ilita
Caulin
ita
Quart
zo
Quart
zo
Calc
ita
Ilita
Caulin
ita
Figura 3.18 – Difratogramas da fração argila do folhelho BC-01 com tratamento e sem
tratamento.
Como pode ser visto na Figura 3.18, somente com este difratograma não é
possível a identificação dos argilominerais esmectita, clorita e vermiculita, visto
que todos, nesta condição, possuem distância interplanar basal de 14Å
(angstroms), ou seja, com os picos por volta dos 6°. Desta forma, para uma
melhor identificação dos argilominerais, é necessário um tratamento prévio das
amostras com aquecimento a 350ºC e glicolagem.
Quando se faz o tratamento térmico a 350ºC eliminam-se as moléculas de
água existentes entre as camadas dos argilominerais esmectita e vermiculita
fazendo com que a distância interplanar basal destes seja reduzida para 10Å,
mesmo valor do argilomineral ilita. Isso faz com que o pico referente à ilita seja
mais intenso, como pode ser visto na Figura 3.19. Vale indicar que a clorita possui
a propriedade de não sofrer alteração com o aquecimento. Desta forma, caso se
tenha clorita no folhelho, o pico de 6°, ou distância interplanar basal de 14Å, não
se alteraria. Como pode ser observado na Figura 3.19, o pico nesta região foi
totalmente reduzido indicando a inexistência deste argilomineral.
![Page 73: Víctor Manuel Aréstegui Meléndez Avaliação …...general, to be caused by the physical-chemical interaction between drilling fluids and the referred rocks. This dissertation focuses](https://reader036.vdocuments.site/reader036/viewer/2022081612/5f6ac0c763bfb57ff679b6c9/html5/thumbnails/73.jpg)
Ensaios de Caracterização de Folhelhos 73
0
50
100
150
200
250
300
350
400
0 5 10 15 20 25 302 Theta
Conta
gens
(u.a
.)
Fração Argila
Fração Argila 350 ° C
Ilita
Caulin
ita
Quart
zo
Calc
ita
Ilita
Caulin
ita
Figura 3.19 – Difratogramas da fração argila do folhelho BC-01. Lâmina natural e tratada
a 350ºC.
Verificada a inexistência de clorita, agora fica discernir se o pico de 6°
refere-se à esmectita ou à vermiculita. Para saber qual dos dois argilominerais está
presente é necessário fazer o tratamento com etilenoglicol. Quando se coloca o
folhelho num ambiente fechado cujo vapor esteja saturado com esta substância, as
moléculas de água do argilomineral esmectita são substituídas pelo etilenoglicol.
Esta substituição provoca um aumento da distância interplanar basal de 14Å para
17Å. Este efeito não é observado caso o argilomineral seja a vermiculita. A Figura
3.20 apresenta o difratograma onde se observa o deslocamento do pico de 6°
(14Å) para aproximadamente 5° correspondente a 17Å, mostrando que é a
esmectita o argilomineral presente neste folhelho.
![Page 74: Víctor Manuel Aréstegui Meléndez Avaliação …...general, to be caused by the physical-chemical interaction between drilling fluids and the referred rocks. This dissertation focuses](https://reader036.vdocuments.site/reader036/viewer/2022081612/5f6ac0c763bfb57ff679b6c9/html5/thumbnails/74.jpg)
Ensaios de Caracterização de Folhelhos 74
0
50
100
150
200
250
300
350
400
0 5 10 15 20 25 302 Theta
Conta
gens
(u.a
.)
Fração Argila
Fração Argila Glicolada
Esmectita
Ilita
Caulin
ita
Quart
zo
Calc
ita
Ilita
Caulin
ita
Figura 3.20 – Difratogramas da fração argila do folhelho BC-01. Lâmina natural e tratada
com etilenoglicol a 350ºC.
Em resumo, pode-se concluir que os principais minerais presentes no
folhelho BC-01 observados pela técnica da difração de raios X são a calcita, o
quartzo, a caulinita, a ilita e a esmectita.
3.8.2.3. DRX do Folhelho Pierre01
Para o folhelho Pierre01, os mesmos procedimentos adotados na difração do
folhelho BC-01 foram utilizados. Como ficou evidente que os conteúdos de
carbonatos não reduzem a intensidade de pico dos argilominerais, não se fez
nenhum tratamento prévio com HCl.
As Figuras 3.21 e 3.22 apresentam os difratogramas, respectivamente, da
fração total e da fração argila do folhelho Pierre01. Na fração total ficam
característicos os picos referentes aos minerais: quartzo, ilita e caulinita. Na
avaliação da fração argila após o tratamento das lâminas por aquecimento e
glicolagem destacou-se a presença da esmectita, quartzo, ilita e caulinita.
![Page 75: Víctor Manuel Aréstegui Meléndez Avaliação …...general, to be caused by the physical-chemical interaction between drilling fluids and the referred rocks. This dissertation focuses](https://reader036.vdocuments.site/reader036/viewer/2022081612/5f6ac0c763bfb57ff679b6c9/html5/thumbnails/75.jpg)
Ensaios de Caracterização de Folhelhos 75
0
30
60
90
120
150
180
210
0 10 20 30 40 50 60 70 80
2 Theta
Conta
gens (u.a
.)
Fração Total
Ilita
Caulin
ita
Quart
zo
Quart
zo
Quart
zo
Caulin
ita Ili
ta
Quart
zo
Quart
zo
Quart
zo
Quart
zo
Figura 3.21 – Difratograma da fração total do folhelho Pierre01.
0
50
100
150
200
250
300
350
400
0 5 10 15 20 25 302 Theta
Conta
gens (u.a
.)
Fração Argila
Fração Argila Glicolada
Fração Argila 500 ºC
Esmectita
Ilita
Caulin
ita
Quart
zo
Ilita
Caulin
ita
Quart
zo
Figura 3.22 – Difratograma da fração argila do folhelho Pierre01. Lâmina natural,
aquecida e glicolada.
3.8.2.4. Comentários Gerais da DRX
Pela metodologia adotada no ensaio, que inclui a preparação de amostras,
confecção de lâminas e os tratamentos por aquecimento e glicolagem, não ficou
![Page 76: Víctor Manuel Aréstegui Meléndez Avaliação …...general, to be caused by the physical-chemical interaction between drilling fluids and the referred rocks. This dissertation focuses](https://reader036.vdocuments.site/reader036/viewer/2022081612/5f6ac0c763bfb57ff679b6c9/html5/thumbnails/76.jpg)
Ensaios de Caracterização de Folhelhos 76
evidente a presença de camadas mistas. Porém, foi descartada a presença de
clorita e vermiculita em ambas as estruturas.
Os dois tipos de folhelho, basicamente estão constituídos na fração total, por
minerais de quartzo ilita e caulinita e na fração argila por esmectita, ilita, caulinita
e quartzo além dos minerais acessórios e de estruturas amorfas não identificadas.
Pode ser observado nos difratogramas tanto da fração total e da fração
argila, que o folhelho BC-01 apresenta o mineral calcita com um pico bem
definido, por outro lado, observa-se que o folhelho Pierre01 não apresenta este
mineral em nenhuma da suas duas frações. Estes resultados confirmam as análises
de perda de massa e análises químicas feitas anteriormente, indicando que o
folhelho BC-01 apresenta na sua estrutura o mineral calcita como agente
cimentante, em quantidade consideravelmente superior à do folhelho Pierre01.
Segundo os resultados dos ensaios de capacidade de troca catiônica (CTC),
o folhelho BC-01, quando comparado com o folhelho Pierre01, apresenta na sua
estrutura, argilominerais com maiores capacidades hidratáveis e expansíveis,
como é o caso dos minerais esmectita ou vermiculita; sendo que através dos
ensaios de DRX foi descartada a possível presença de vermiculita em ambas as
estruturas, podemos inferir então, que o folhelho BC-01 possivelmente
apresentaria maiores porcentagens de esmectita em relação ao folhelho Pierre01.
3.8.3. Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)
De forma a completar a análise mineralógica dos folhelhos foram
confeccionadas lâminas delgadas e fragmentos de rocha, que posteriormente,
foram analisadas em microscópio eletrônico de varredura. A técnica de
microscopia eletrônica de varredura (MEV) permite observar as amostras com
grande aumento e resolução das imagens, possibilitando a descrição direta da
laminação, textura, orientação e superfície dos minerais. Esta técnica é possível
acoplar o analisador EDS (“Energy Disperse Spectrometry”), que identifica a
constituição química do material em pontos selecionados da amostra. A MEV e
EDS complementam grandemente os estudos de microscopia ótica e difratometria
de raios-x. As análises de MEV foram realizadas no Digital Scanning Microscope
![Page 77: Víctor Manuel Aréstegui Meléndez Avaliação …...general, to be caused by the physical-chemical interaction between drilling fluids and the referred rocks. This dissertation focuses](https://reader036.vdocuments.site/reader036/viewer/2022081612/5f6ac0c763bfb57ff679b6c9/html5/thumbnails/77.jpg)
Ensaios de Caracterização de Folhelhos 77
– Modelo DSM 960 – Marca Zeiss do Departamento de Ciência dos Materiais e
Metalurgia da PUC (DCMM-PUC).
3.8.3.1. MEV do Folhelho BC-01
Através da MEV foi possível observar que este folhelho apresenta
granulometria fina e relativamente homogênea. Foram também observadas a
presença de uma grande concentração de microfósseis de organismos marinhos,
principalmente carapaças de foraminíferos parcialmente substituídas por calcita
(CaCO3) e eventualmente, por pirita (FeS2). Estas carapaças calcárias atuam como
agentes cimentantes.
A Figura 3.23a apresenta aglomerados de pirita formando parte da estrutura
da rocha; é possível perceber a textura homogênea que a rocha apresenta, já na
Figura 3.23b pode-se observar um espaço vazio sobre a superfície da rocha,
provavelmente foi preenchido por algum tipo de aglomerado ou foi lugar de um
molde fóssil que foi removido.
A Figura 3.24a apresenta a distribuição na rocha de várias carapaças
calcárias de invertebrados, principalmente de foraminíferos, as quais estão
preenchidas parcialmente ou totalmente por calcita e por grãos bem cristalizados
de pirita (FeS2); na Figura 3.24b se apresenta a EDS, confirmando a presença de
pirita na zona indicada.
Na Figura 3.25a, observa-se a laminação muito fina desta rocha, as quais
poderiam funcionar como tetos que cobrem os grãos bem cristalizados de pirita, já
na Figura 3.25b se apresenta esta laminação com maior detalhe.
Na Figura 3.26 observa-se um aglomerado de pirita bem cristalizada
preenchendo os poros da rocha e a EDS dos seus grãos.
Na Figura 3.27a se observa uma carapaça de foraminífero preenchida por
calcita, o espaço entre este e a matriz da rocha definem macroporos da ordem de
2μm (20000Å) que aumentam consideravelmente a sua porosidade, já a Figura
3.27b apresenta o EDS realizado no fóssil encontrado.
![Page 78: Víctor Manuel Aréstegui Meléndez Avaliação …...general, to be caused by the physical-chemical interaction between drilling fluids and the referred rocks. This dissertation focuses](https://reader036.vdocuments.site/reader036/viewer/2022081612/5f6ac0c763bfb57ff679b6c9/html5/thumbnails/78.jpg)
Ensaios de Caracterização de Folhelhos 78
A figura 3.28a do lado esquerdo, apresenta os conglomerados de pirita com
aspecto framboidal, na figura 3.28b apresenta-se a EDS do ponto selecionado,
indicando os elementos base dos argilominerais (Si, Al, Fe) e a presença de cálcio.
Cabe mencionar que a calcita e a pirita contribuem para diminuição da
porosidade da rocha.
(a)
(b)
Figura 3.23 – Fotomicrografias da amostra do folhelho BC-01: (a) Textura homogênea,
aglomerado de pirita (clara) (b) Espaço vazio na superfície da rocha.
(a)
(b)
Figura 3.24 – Fotomicrografia da amostra do folhelho BC-01: (a) Aglomerados de pirita
(clara) na superfície do folhelho (b) EDS da zona indicada (FeS2).
![Page 79: Víctor Manuel Aréstegui Meléndez Avaliação …...general, to be caused by the physical-chemical interaction between drilling fluids and the referred rocks. This dissertation focuses](https://reader036.vdocuments.site/reader036/viewer/2022081612/5f6ac0c763bfb57ff679b6c9/html5/thumbnails/79.jpg)
Ensaios de Caracterização de Folhelhos 79
(a)
(b)
Figura 3.25 – Fotomicrografias da amostra do folhelho BC-01: (a) Estrutura laminar
cobrindo os aglomerados de pirita (b) Detalhe da estrutura laminar.
(a)
(b)
Figura 3.26 – Fotomicrografia da amostra do folhelho BC-01: (a) Aglomerado de pirita
bem cristalizada (b) EDS dos grãos de pirita (FeS2).
![Page 80: Víctor Manuel Aréstegui Meléndez Avaliação …...general, to be caused by the physical-chemical interaction between drilling fluids and the referred rocks. This dissertation focuses](https://reader036.vdocuments.site/reader036/viewer/2022081612/5f6ac0c763bfb57ff679b6c9/html5/thumbnails/80.jpg)
Ensaios de Caracterização de Folhelhos 80
(a)
(b)
Figura 3.27 – Fotomicrografia da amostra do folhelho BC-01: (a) Carapaça de
foraminífero preenchida por calcita (b) EDS do fóssil encontrado (CaCO3).
(a)
(b)
Figura 3.28 – Fotomicrografia da amostra do folhelho BC-01: (a) Pirita framboidal (b)
EDS da zona indicada.
Através de ensaios de microscopia eletrônica de varredura, os autores
Fontoura et al. (1999), Rabe (2003) e Muniz (2005) comprovaram
respectivamente, que os folhelhos B, B-S e B-L oriundos da Bacia de Campos
possuem grande quantidade de carbonato de cálcio, proveniente de microfósseis,
que atuam como agente cimentante. O folhelho BC-01 proveniente desta mesma
![Page 81: Víctor Manuel Aréstegui Meléndez Avaliação …...general, to be caused by the physical-chemical interaction between drilling fluids and the referred rocks. This dissertation focuses](https://reader036.vdocuments.site/reader036/viewer/2022081612/5f6ac0c763bfb57ff679b6c9/html5/thumbnails/81.jpg)
Ensaios de Caracterização de Folhelhos 81
Bacia apresenta também, como mostrado, grande quantidade de carbonatos de
cálcio provenientes de microfósseis que formam parte da sua estrutura; resultados,
entre outros, que confirmam a origem da sua formação.
3.8.3.2. MEV do Folhelho Pierre01
Segundo Crook e Yu (2002), o folhelho Pierre01 tem idade geológica do
cretáceo superior e apresenta acumulações marinhas de lama, silte e areia
depositada nas partes mais profundas do Mar Epicontinental Cretáceo antigo que
cobriu muito a região interior oeste da América do Norte.
As análises feitas em microscópio óptico indicam que o folhelho Pierre01 é
de coloração escura quase preta, apresentando granulação muito fina e
homogênea.
Através do MEV foi possível confirmar que este folhelho apresenta textura
e granulometria muito homogênea, não sendo observados microfósseis de
organismos marinhos.
Na Figura 3.29a pode-se observar que a estrutura apresenta laminação
sedimentar com uma orientação muito definida podendo ser identificada na escala
indicada; na Figura 3.29b identificam-se grãos de pirita (clara) e mica (escura)
disseminados por todo folhelho.
Na Figura 3.30b apresenta-se a EDS do ponto indicado (Figura 30a), onde
detectaram-se os elementos silício, alumínio, magnésio, ferro, cálcio, potássio e
titânio na matriz da rocha; todos estes elementos foram reconhecidos nas análises
químicas realizadas anteriormente.
As Figuras 3.31a e 3.31b apresentam uma vista geral da estrutura do
folhelho na escala indicada, podem ser observados grãos de quartzo espalhados na
superfície da rocha.
A Figura 3.32a indica em detalhe a estrutura do folhelho, verificando-se a
existência de micas e piritas em toda a superfície da rocha; a Figura 3.32b
apresenta a EDS de toda a zona observada, indicando além desses minerais a
presença dos minerais argílicos.
![Page 82: Víctor Manuel Aréstegui Meléndez Avaliação …...general, to be caused by the physical-chemical interaction between drilling fluids and the referred rocks. This dissertation focuses](https://reader036.vdocuments.site/reader036/viewer/2022081612/5f6ac0c763bfb57ff679b6c9/html5/thumbnails/82.jpg)
Ensaios de Caracterização de Folhelhos 82
A Figura 3.33a exibe dois aglomerados de pirita com aspecto framboidal; a
Figura 3.33b se exibe o EDS da zona indicada, confirmando o mineral presente.
(a)
(b)
Figura 3.29 – Fotomicrografias da amostra do folhelho Pierre01: (a) Textura homogênea
e detalhe da laminação (b) Piritas (clara) e micas (escura) disseminadas no folhelho
(a)
(b)
Figura 3.30 – Fotomicrografia da amostra do folhelho Pierre01: (a) Vista geral do folhelho
(b) EDS da matriz da rocha no ponto indicado.
1
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Ensaios de Caracterização de Folhelhos 83
(a)
(b)
Figura 3.31 – Fotomicrografias da amostra do folhelho Pierre01: (a) e (b) Vista geral da
estrutura do folhelho, presença de grãos de quartzo espalhados na sua superfície.
(a)
(b)
Figura 3.32 – Fotomicrografia da amostra do folhelho Pierre01: (a) Vista em detalhe do
folhelho, presença de micas e piritas (b) EDS total da zona observada.
1
1
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Ensaios de Caracterização de Folhelhos 84
(a)
(b)
Figura 3.33 – Fotomicrografia da amostra do folhelho Pierre01: (a) Aglomerados de pirita
com aspecto framboidal (b) EDS do ponto indicado, pirita (FeS2).
3.9. Porosimetria por Injeção de Mercúrio
A maioria dos folhelhos exibe diâmetros dos poros maiores que os
diâmetros dos íons hidratados, como consequência, os diâmetros dos poros têm
um papel importante no ingresso de íons que diminui o fluxo osmótico em favor
da estabilidade (Osuji et al., 2008).
O estudo dos espaços vazios é de grande importância para definir o
transporte de massa (íons e água) através dos folhelhos, tanto pelas dimensões dos
poros como pela superfície específica dos canais definidos por estes.
A descrição do espaço poroso dos folhelhos foi feita utilizando o método de
porosimetria por injeção de mercúrio, técnica introduzida por Ritter e Drake
(1945), utilizada para estudar a geometria dos poros interconectáveis de um
material poroso.
O raio de poros (r) é função da tensão interfacial do fluido intrudido, no
caso é o mercúrio (σHg = 484,6 ± 1,5 N/mm), do ângulo de contato (θ = 130º) e de
cada incremento de pressão aplicado (∆P), e pode ser obtida através da expressão
de Washburn (1921):
Pr
Hg
cos2
(3.5)
1
![Page 85: Víctor Manuel Aréstegui Meléndez Avaliação …...general, to be caused by the physical-chemical interaction between drilling fluids and the referred rocks. This dissertation focuses](https://reader036.vdocuments.site/reader036/viewer/2022081612/5f6ac0c763bfb57ff679b6c9/html5/thumbnails/85.jpg)
Ensaios de Caracterização de Folhelhos 85
Os resultados deste ensaio são apresentados em gráficos que relacionam o
diâmetro de poros ao volume de mercúrio intrudido (% de Vp) na forma
acumulativa e incremental. Observando a curva de distribuição acumulativa, tem-
se noção de qual é o percentual que um determinado intervalo de tamanho de
poros ocupa do volume total de poros da amostra. A curva de distribuição
incremental é formada pela envoltória de um conjunto de pontos que representam
incrementos de pressões.
A partir deste ensaio, também é possível determinar a porosidade
interconectada representada pelo somatório das áreas dos poros interconectáveis
do folhelho. Desta forma, medem-se apenas os poros que se interconectam, ou
seja, aqueles poros que são alcançados pelo mercúrio; este valor é naturalmente
menor que os obtidos através dos índices físicos que mede a porosidade total, ou
seja, considerando os poros conectados ou não.
Uma vez que a técnica de injeção de mercúrio permite obter o volume dos
poros interconectados, é possível avaliar a superfície específica dos poros
interconectados, sendo a superfície medida no contato fluido-rocha existente nos
poros do folhelho.
3.9.1. Equipamento Utilizado e Procedimento do Ensaio
O equipamento utilizado para os ensaios de porosimetria do folhelho
Pierre01 foi o porosímetro Autopore III e nos ensaios de porosimetria do folhelho
BC-01 foi utilizado o porosímetro Autopore IV, o primeiro pertencente ao Núcleo
de Catalisadores e o segundo ao laboratório de Tecnologia de Recuperação e
Análise de Reservatórios, ambos pertencentes ao Centro de Pesquisas da Petrobras
(CENPES). O porosímetro é capaz de medir o volume de mercúrio injetado nos
poros da amostra, para uma determinada pressão aplicada.
Inicialmente duas amostras estruturadas de cada folhelho foram moldadas
em formas cilíndricas de modo que pudessem ocupar um maior volume dentro da
câmara de vidro do penetrômetro e, em seguida, foram secas em estufa a 60ºC por
24h de modo a retirar a água livre. Rabe (2003) sugere tratar os corpos de prova
![Page 86: Víctor Manuel Aréstegui Meléndez Avaliação …...general, to be caused by the physical-chemical interaction between drilling fluids and the referred rocks. This dissertation focuses](https://reader036.vdocuments.site/reader036/viewer/2022081612/5f6ac0c763bfb57ff679b6c9/html5/thumbnails/86.jpg)
Ensaios de Caracterização de Folhelhos 86
quimicamente com tolueno, durante 7 dias, para a retirada do óleo mineral que
porventura tenha penetrado pelos poros nas amostras.
O procedimento de ensaio consiste em colocar a amostra no interior da
câmara de vidro do penetrômetro, onde é submetida a uma pressão de vácuo de
50 mmHg, cujo objetivo é a retirada de ar e o preenchimento do tubo capilar com
o mercúrio. Baixos níveis de pressão são aplicados de forma a envolver toda a
superfície da amostra com mercúrio. Em seguida, a amostra é submetida a
pressões crescentes que podem atingir até 414 MPa, que é a capacidade de injeção
do equipamento. A cada estágio, um período de 10s é necessário para a
estabilização da pressão aplicada.
3.9.2. Apresentação e Discussão dos Resultados
Na Figura 3.34 apresenta-se o gráfico em termos de intrusão acumulativa
dos folhelhos Pierre01 e BC-01, com a média dos resultados de duas amostras
ensaiadas para cada tipo de folhelho.
Mediante este gráfico podem-se avaliar dois parâmetros importantes: a
mediana dos diâmetros dos poros em termos de volume (D50) e a porcentagem
volumétrica de microporos. O primeiro representa o diâmetro de poros
correspondente a 50% do volume total de mercúrio intrudido e o segundo é
caracterizado por possuir diâmetros inferiores a 0,01μm (100Å).
Pode-se observar que os folhelhos Pierre01 e BC-01 apresentam,
respectivamente, um total de 15,30% e 11,43% de microporos. Na avaliação da
mediana de diâmetro dos poros se observa valores de 0,0232μm (232Å) e
0,0512μm (512Å), respectivamente para os folhelhos Pierre01 e BC-01. Observa-
se também que os dois tipos de folhelho apresentam uma distribuição quase-
uniforme.
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Ensaios de Caracterização de Folhelhos 87
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Diâmetro de poros (μm)
Intr
usão a
cum
ula
tiva (
% V
p)
Folhelho Pierre01
Folhelho BC-01
Figura 3.34 – Intrusão acumulativa de mercúrio dos folhelhos Pierre01 e BC-01.
Pode-se observar claramente no gráfico da Figura 3.34, que o folhelho BC-
01 é formado por uma maior parcela de meso e macroporos em relação ao
folhelho Pierre01; assim, 30% do total dos poros dos folhelhos BC-01 e Pierre01,
apresentam-se, com diâmetros compreendidos entre 0,147μm e 100μm, e entre
0,035μm e 20μm respectivamente; de igual modo, observa-se que 90% de poros
dos folhelhos Pierre01 e BC-01, possuem diâmetros menores que 0,060μm e
0,737μm, respectivamente.
As Figuras 3.35 e 3.36 apresentam, respectivamente, a distribuição de
diâmetro de poros em função da intrusão incremental dos folhelhos Pierre01 e
BC-01; verifica-se que estes apresentam uma distribuição bi-log-normal com dois
picos predominantes. O folhelho Pierre01 possui 16% de poros correspondentes a
diâmetros de 0,022μm (220Å) e 9% correspondentes a diâmetros de 0,015μm
(150Å); já o folhelho BC-01 possui 1,72% de poros correspondentes a diâmetros
de 0,020μm (200Å) e 1,53% correspondentes a diâmetros de 0,015μm (150Å).
Por outro lado, o valor da porosidade interconectada calculada foi 13,8% e
19,65% para os folhelhos Pierre01 e BC-01, respectivamente.
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Ensaios de Caracterização de Folhelhos 88
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0.001 0.01 0.1 1 10 100Diâmetro dos poros (μm)
Intr
usã
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nta
l (%
de
Vp
) Amostra 01
Amostra 02
Figura 3.35 – Intrusão incremental do folhelho Pierre01.
0,00
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2,00
0,001 0,01 0,1 1 10 100Diâmetro dos poros (μm)
Intr
usão incre
menta
l (%
de V
p) Amostra 01
Amostra 02
Figura 3.36 – Intrusão incremental do folhelho BC-01.
Para fins de comparação a Tabela 3.7 apresenta o resumo de todos os
parâmetros obtidos mediante os ensaios de porosimetria para os dois tipos de
folhelho estudados.
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Ensaios de Caracterização de Folhelhos 89
Tabela 3.7 – Parâmetros obtidos do ensaio de porosimetria por injeção de mercúrio.
Parâmetros Folhelhos
Pierre01 BC-01
Mediana do diâmetro dos poros (μm) 0,0232 0,0512
Porcentagem de microporos (<0,1 μm) 15,30 11,43
Porosidade interconectada (%) 13,80 19,65
Porosidade total (%) 22,63 23,86
Sup. esp. dos poros interconectados (m2/g) 14,98 14,95
Observa-se, que a mediana dos diâmetros dos poros do folhelho BC-01
apresenta-se aproximadamente 120% maior que a mediana dos diâmetros dos
poros do folhelho Pierre01.
O folhelho Pierre01 apresenta a maior porcentagem de microporos e a
menor porosidade interconectada em relação ao folhelho BC-01. Observa-se
também, que em ambos os casos os valores da porosimetria interconectada são
menores que as porosidades totais (calculadas como índices físicos).
Segundo Rabe (2003), a redução da porosidade interconectada em relação à
porosidade total se deve à forma e ao embricamento dos grãos, a presença de
minerais de granulometria fina (siltes e argilas), que ocupam os espaços
intergranulares e a presença dos materiais cimentantes, que podem preencher total
ou parcialmente os poros. O mesmo autor, conclui que o potencial reativo dos
folhelhos depende da superfície específica medida no contato fluido-rocha
existente nos poros, e não da superfície específica do argilomineral (medida nos
ensaios de CTC). Mediante estes ensaios, os resultados da superfície específica
dos poros interconectados, se mostram quase iguais para os dois tipos de folhelho;
por conseguinte, partindo da premissa anterior, ambos poderiam ter um mesmo
potencial reativo em contato com um fluido de perfuração.
Como resultado geral dos ensaios de porosimetria, observa-se que o
folhelho BC-01 possui a maior distribuição de diâmetro dos poros (apresentando a
maior mediana de diâmetro dos poros, menores porcentagens de microporos e
maiores de porosidade interconectada) quando comparados com o folhelho
Pierre01. Segundo essas características, o folhelho BC-01 apresentaria a menor
restrição no ingresso de íons e água dentro da sua estrutura, como consequência,
![Page 90: Víctor Manuel Aréstegui Meléndez Avaliação …...general, to be caused by the physical-chemical interaction between drilling fluids and the referred rocks. This dissertation focuses](https://reader036.vdocuments.site/reader036/viewer/2022081612/5f6ac0c763bfb57ff679b6c9/html5/thumbnails/90.jpg)
Ensaios de Caracterização de Folhelhos 90
apresentaria o menor coeficiente de reflexão quando comparado com o folhelho
Pierre01.
3.10. Antecedentes do Coeficiente de Reflexão em Função da Porosimetria e da Mineralogia.
Nesta seção são revisados alguns trabalhos anteriores, que visaram avaliar,
como no presente estudo, a interação entre os folhelhos e os fluidos de perfuração.
Assim finalizada a campanha de caracterização dos folhelhos podemos ter uma
idéia inicial do comportamento esperado destes dois tipos de folhelho em contato
com os fluidos de perfuração, baseados em resultados já reportados na literatura;
em outras palavras, ter uma estimativa mesma que expedita de qual dos dois tipos
de folhelho poderiam possuir maior coeficiente de reflexão (
Os folhelhos estudados como referência são o folhelho B, B-S e BL
provenientes da bacia de Campos, e o folhelho N, proveniente do Mar do Norte
(Noruega). Os ensaios realizados de porosimetria, e a avaliação das suas
mineralogias, foram pontos de partida para que os diferentes pesquisadores os
relacionem com os coeficientes de reflexão.
Na Figura 3.37 se apresentam os gráficos da porosimetria por injeção de
mercúrio em função da intrusão acumulativa dos folhelhos B e N (Rabe, 2003) e
dos folhelhos B-S e B-L (Muniz, 2005). Os parâmetros obtidos a partir desses
gráficos são apresentados em parte da Tabela 3.9.
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Diâmetro de poros (μm)
Intr
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cu
mu
lativa
(%
Vp
)
Folhelho B-S
Folhelho B
Folhelho B-L
Folhelho N
Figura 3.37 – Intrusão acumulativa dos folhelhos B-S e B Rabe (2003) e do folhelho B-L
Muniz (2005).
Desta figura, pode-se observar claramente que o folhelho B-L apresenta a
menor mediana de diâmetro dos poros, seguidos dos folhelhos B, B-S e por último
do folhelho N, que se apresenta com diâmetros dos poros consideravelmente
superiores.
Na Tabela 3.8 são apresentadas as análises semi-quantitativas da
mineralogia dos folhelhos B, B-S e N (Rabe e Fontoura 2002) e os minerais
constituintes do folhelho B-L (Muniz, 2005). Observa-se que os folhelhos N, B-S
e B estão constituídos respectivamente, por 48,1%, 61,6% e 21% de
argilominerais. Verifica-se que a porcentagem de argilominerais do folhelho B é
consideravelmente inferior aos dos folhelhos N e B-S.
No que se refere a minerais expansivos, o folhelho N é constituído por 20%
do mineral esmectita; entretanto, este mineral está presente nos folhelhos da bacia
de Campos na forma de camadas mistas.
![Page 92: Víctor Manuel Aréstegui Meléndez Avaliação …...general, to be caused by the physical-chemical interaction between drilling fluids and the referred rocks. This dissertation focuses](https://reader036.vdocuments.site/reader036/viewer/2022081612/5f6ac0c763bfb57ff679b6c9/html5/thumbnails/92.jpg)
Ensaios de Caracterização de Folhelhos 92
Tabela 3.8 – Análises semi-quantitativa mineral dos folhelhos B, B-S e N e minerais
presentes no folhelho B-L
Folhelho Minerais Principais
B Quartzo (30%), clorita (6%), pirita (5%), caulinita/ilita/esmectita (15%),
calcita (29%) e feldspato (15%).
B-S Quartzo (15%), clorita (6%), pirita (5%), ilita/esmectita (22%),
caulinita (33,6%), calcita (17,2%) e dolomita (1,2%).
N Quartzo (38,1%), esmectita (20%), clorita (6%), ilita/esmectita (13,6%),
ilita (8,5%), pirita (7,6%), calcita (3,5%) e feldspato (2,7%).
B-L Quartzo, calcita, caulinita e pirita
Na Tabela 3.9 apresentam-se os resultados dos ensaios de CTC (Rabe,
2003) e os parâmetros obtidos dos ensaios de porosimetria por injeção de
mercúrio. Igualmente, são apresentados, os resultados da permeabilidade absoluta
e do coeficiente de reflexão experimental (exp.) obtidos mediante ensaios na
célula de difusão (desenvolvida por Muniz, 2003) dos folhelhos B, B-S e N
(Duarte, 2004) e do folhelho B-L (Muniz, 2005).
Tabela 3.9 – Parâmetros obtidos dos ensaios de porosimetria, dos ensaios de difusão e
da CTC
Folhelho CTC
(meq/100g)
Med. de diâm.
dos poros
(μm)
Porcent. de
microporos
(<0,1 μm)
Permeab.
(nD) exp
(%)
N 37,17 9,814 3,20 19,25 0,86
B-S 38,44 0,079 7,00 40,50 1,41
B 26,22 0,044 13,40 0,91 12,93
B-L - 0,018 17,00 0,56 30,03
Pode-se observar que as medidas da CTC dos minerais que constituem os
folhelhos N e B-S, apresentaram-se com valores elevados como consequência dos
seus elevados conteúdos de argilominerais.
O menor valor da CTC dos minerais que constituem o folhelho B reflete o
menor conteúdo argilomineral que este folhelho possui. Por conseguinte, segundo
a bibliografia consultada, este folhelho é constituído por uma menor quantidade
de minerais com potenciais reativos e com baixas capacidades de repulsões
iônicas. Pode-se observar da Tabela 3.9, que contrariamente ao menor conteúdo
![Page 93: Víctor Manuel Aréstegui Meléndez Avaliação …...general, to be caused by the physical-chemical interaction between drilling fluids and the referred rocks. This dissertation focuses](https://reader036.vdocuments.site/reader036/viewer/2022081612/5f6ac0c763bfb57ff679b6c9/html5/thumbnails/93.jpg)
Ensaios de Caracterização de Folhelhos 93
de argilominerais do folhelho B (menor CTC), este apresenta o maior valor do
coeficiente de reflexão quando comparado com os folhelhos B-S e N. Fontoura et
al. (2007) em função desses resultados, sugere que o coeficiente de reflexão é
mais influenciado pela distribuição de tamanho dos poros que pelo conteúdo
argilomineral; pois como pode ser observado na Figura 3.39 e na Tabela 3.9
acima, o folhelho B possui a menor distribuição de tamanho dos poros em relação
ao folhelho B-S e N. Segundo este autor, esta tendência é confirmada pelo
folhelho B-L, que apresenta o maior coeficiente de reflexão com a menor
distribuição de tamanho dos poros quando comparado com os demais folhelhos.
Ainda da Tabela 3.9, observa-se que os folhelhos N, B e B-L apresentam
uma boa correlação da permeabilidade com os valores obtidos da porosimetria.
Em outras palavras, a redução de diâmetro dos poros e o incremento da
porcentagem de microporos provocam menores permeabilidades. Assim, nota-se
que o folhelho B-L que apresenta a menor mediana de diâmetro dos poros e a
maior porcentagem de microporos, possui a menor permeabilidade quando
comparados com os folhelhos B e N. No entanto, como pode ser observado, o
folhelho B-S possuindo consideravelmente menor distribuição de tamanho dos
poros em relação ao folhelho N, apresenta um valor de permeabilidade superior a
este, acredita-se que é devido às menores tensões impostas no ensaio (pressão
confinante de 3000 (kPa) em relação aos folhelhos N e B, os quais foram
ensaiados sob as mesmas tensões (pressão confinante de 6000 kPa).
Como mencionado no capítulo 2, diversos pesquisadores concluíram que o
coeficiente de reflexão ou eficiência de membrana ( é influenciada diretamente
pela permeabilidade que os folhelhos apresentam. Assim, dado que a
permeabilidade apresenta boas correlações com a distribuição de diâmetro dos
poros; os coeficientes de reflexão que estes apresentam, estão definidos pelos
tamanhos dos poros. As menores medianas de diâmetros de poros e os maiores
porcentagens de microporos fazem que o folhelho em contato com o fluido de
perfuração atue como uma barreira que restringe a entrada de íons e água dentro
da sua estrutura, o que significa maiores pressões osmóticas geradas no contato
fluido-rocha e maiores valores de coeficiente de reflexão ou eficiência de
membrana.
![Page 94: Víctor Manuel Aréstegui Meléndez Avaliação …...general, to be caused by the physical-chemical interaction between drilling fluids and the referred rocks. This dissertation focuses](https://reader036.vdocuments.site/reader036/viewer/2022081612/5f6ac0c763bfb57ff679b6c9/html5/thumbnails/94.jpg)
Ensaios de Caracterização de Folhelhos 94
3.11. Conclusões da Caracterização dos Folhelhos
No processo de preparação dos corpos de prova para os ensaios na célula de
difusão, os corpos de prova do folhelho BC-01 apresentaram planos de
acamamento perpendiculares ao eixo dos mesmos, e os do folhelho Pierre01
apresentaram um mergulho ligeiramente superior a 45º, ambas as feições
observadas macroscopicamente.
Uma primeira avaliação na distribuição granulométrica sugere o folhelho
Pierre01 apresenta uma maior porcentagem de material fração argila e uma
porcentagem consideravelmente menor de material fração areia, quando
comparado com o folhelho BC-01. Os tratamentos com HCl e as observações das
frações granulométricas em lupa binocular comprovaram a influência dos
carbonatos na análise granulométrica feita por processos convencionais da
mecânica de solos. De igual modo, foi possível o reconhecimento de alguns
minerais que formam parte da estrutura destas rochas. Uma análise de perda de
massa depois do tratamento mostrou que o folhelho BC-01 apresenta um grau de
cimentação por carbonatos consideravelmente superior ao folhelho Pierre01. O
baixo teor de carbonatos do folhelho Pierre01 e as análises químicas indicam que
possivelmente este tenha sílica como material cimentante além dos carbonatos.
As análises químicas dos constituintes dos folhelhos e os ensaios de
Difração de Raios X (DRX) mostraram que ambos os folhelhos basicamente estão
constituídos na fração total, pelos minerais quartzo, ilita e caulinita e na fração
argila, por esmectita, ilita, caulinita e quartzo, além dos minerais acessórios e de
estruturas mistas e amorfas não identificadas.
Na análises dos fluidos dos poros, foram estimados baixos teores de cloretos
e sulfetos para o folhelho Pierre01, estes valores poderiam ser indicativos da
origem sedimentar deste folhelho, pois como mencionado anteriormente, valores
similares foram encontrados em folhelhos oriundos das bacias terrestres.
Os ensaios de CTC indicaram que o folhelho BC-01 está constituído por
argilominerais com maiores capacidades hidratáveis e expansivas, o que lhe
conferem um maior potencial reativo quando comparado com folhelho Pierre01.
Mediante os ensaios de DRX foi descartada a possível presença de
vermiculita em ambas as estruturas, estes resultados e os ensaios de CTC
![Page 95: Víctor Manuel Aréstegui Meléndez Avaliação …...general, to be caused by the physical-chemical interaction between drilling fluids and the referred rocks. This dissertation focuses](https://reader036.vdocuments.site/reader036/viewer/2022081612/5f6ac0c763bfb57ff679b6c9/html5/thumbnails/95.jpg)
Ensaios de Caracterização de Folhelhos 95
indicaram que possivelmente o folhelho BC-01 poderia apresentar maiores
porcentagens de esmectita quando comparado ao folhelho Pierre01.
A metodologia na preparação das amostras nos ensaios de CTC, na
avaliação dos fluidos dos poros e nos ensaios de DRX, foram confeccionadas em
base a metodologias anteriormente reportadas, no intuito de se obter resultados
confiáveis decorrentes de uma amostra representativa.
Análises mediante MEV além da lupa binocular confirmam que a grande
quantidade de carbonato de cálcio do folhelho BC-01 provê de carapaças calcárias
de foraminíferos, que atuam como agente cimentante; estes resultados foram
observados anteriormente (Fontoura et al., 1999; Rabe, 2003 e Muniz, 2005) nos
folhelhos da Bacia de Campos. Por outro lado, contrário ao observado no folhelho
BC-01, na estrutura do folhelho Pierre01 não foram observadas microfósseis de
organismos marinhos.
Os ensaios de porosimetria por injeção de mercúrio indicaram que o
folhelho Pierre01 apresenta a menor distribuição de tamanho dos poros quando
comprado com o folhelho BC-01. Baseados em pesquisas anteriores (Fontoura et
al., 2007, Duarte, 2004), que sugerem que o coeficiente de reflexão é mais
influenciado pela distribuição de tamanho dos poros que pela mineralogia, espera-
se um maior valor do coeficiente de reflexão do folhelho Pierre01 em relação ao
folhelho BC-01.
![Page 96: Víctor Manuel Aréstegui Meléndez Avaliação …...general, to be caused by the physical-chemical interaction between drilling fluids and the referred rocks. This dissertation focuses](https://reader036.vdocuments.site/reader036/viewer/2022081612/5f6ac0c763bfb57ff679b6c9/html5/thumbnails/96.jpg)
4 Descrição dos Equipamentos e da Metodologia de Ensaios
4.1. Introdução
Muniz (2003) desenvolveu um equipamento chamado célula de difusão,
baseado no equipamento original desenvolvido por van Oort (2004). Este
equipamento é capaz de simular a interação físico-química entre rochas argilosas
(folhelhos) e os fluidos de perfuração (base água ou base óleo). No ensaio, a rocha
é submetida a gradientes químicos e hidráulicos em um campo de tensões
similares às condições in situ. Mediante esta simulação, os parâmetros de
transporte de massa como a permeabilidade, a eficiência de membrana
(coeficiente de reflexão) e o coeficiente de difusão iônica são determinados.
Os ensaios realizados nesta célula de difusão são de longa duração e o LIRF
(Laboratório de Interação Rocha-Fluido da GTEP) só contava com uma, o que
dificultava a realização de um maior número de ensaios. Desta forma, GTEP
(Grupo de Tecnologia e Engenharia do Petróleo) projetou e construiu quatro
novas células de difusão que trabalharão em paralelo com a célula de difusão
original; possibilitando, a realização de ensaios simultâneos, otimizando tempos e
resultados.
Com o implemento das novas células de difusão, aumentaram
consideravelmente o número de válvulas, e o manuseio do equipamento no
transcorrer do ensaio se tornou mais complexo. Um dos objetivos específicos
desta dissertação é desenvolver a metodologia para ser utilizada no transcorrer de
ensaios simultâneos baseados na metodologia original (Muniz, 2003).
No presente capítulo, inicialmente se descreve os principais acessórios e
equipamentos que formam parte das células de difusão. Seguidamente se
apresenta a metodologia usada na calibração dos transdutores de pressão. Na
seqüência, se descreve a metodologia e as fases de ensaio, onde se inclui breves
![Page 97: Víctor Manuel Aréstegui Meléndez Avaliação …...general, to be caused by the physical-chemical interaction between drilling fluids and the referred rocks. This dissertation focuses](https://reader036.vdocuments.site/reader036/viewer/2022081612/5f6ac0c763bfb57ff679b6c9/html5/thumbnails/97.jpg)
Descrição dos Equipamentos e da Metodologia de Ensaios 97
conceitos teóricos necessários para o entendimento de cada fase e os
procedimentos a seguir no manuseio do equipamento.
Ao final de cada ensaio nas células de difusão se optou por retirar o corpo
de prova e avaliar a sua resistência a tração indireta mediante o ensaio brasileiro,
para o qual, neste capítulo também se apresenta a metodologia seguida. No final
do presente capítulo, descreve-se a metodologia usada nas análises dos resultados
experimentais.
4.2. Equipamentos e Acessórios Utilizados
A célula de difusão desenvolvida por Muniz (2003) ensaia amostras de 3,81
ou 50,8mm de diâmetro e altura de 30,0mm e podem ser submetidas a pressões
confinantes de até 30MPa. A célula de carga usada para medir a força axial apóia-
se sobre o cabeçote superior e todo o conjunto é submetido a uma pressão
confinante. Na base da célula de difusão, encontram-se três canais que são
destinados à medição de poropressão. A Figura 4.1 apresenta o desenho
esquemático da célula de difusão desenvolvida.
Figura 4.1 – Esquema da célula de difusão desenvolvida por Muniz (2003).
As quatro novas células foram projetadas eliminando a célula de carga que
permitia a medição de força axial e a execução de ensaios anisotrópicos. Desta
forma, as novas células foram projetadas unicamente para ensaios com aplicação
![Page 98: Víctor Manuel Aréstegui Meléndez Avaliação …...general, to be caused by the physical-chemical interaction between drilling fluids and the referred rocks. This dissertation focuses](https://reader036.vdocuments.site/reader036/viewer/2022081612/5f6ac0c763bfb57ff679b6c9/html5/thumbnails/98.jpg)
Descrição dos Equipamentos e da Metodologia de Ensaios 98
de carregamento isotrópicos. Estas modificações feitas reduziram
consideravelmente o peso da tampa da célula passando dos 20kgf para 7,3kgf,
facilitando assim o manuseio pelos técnicos do laboratório.
Os corpos de prova para estas novas células apresentam altura de
aproximadamente 15mm e diâmetro de 38,1mm.
A Figura 4.2 apresenta uma foto da célula de difusão desenvolvida antes da
montagem na bancada que serve de apoio para as células. A câmara confinante foi
projetada para suportar pressões internas de até 35MPa.
Figura 4.2 – Nova célula de difusão do LIRF-GTEP para ensaios isotrópicos.
Em um ensaio simultâneo, cada uma das células pode funcionar e ser
monitorada independentemente. O projeto do equipamento e o programa
computacional elaborado em Labview permitem esta função.
A aplicação de pressão confinante é realizada por meio de um injetor de
pressão tipo GDS (Figura 4.3), com capacidade de aplicar pressão até 32MPa. A
aplicação de contrapressão no topo e base do corpo de prova nas etapas de
saturação e adensamento é feita por outro GDS, também com a mesma capacidade
de aplicar pressão até 32MPa, sendo que o fluido de injeção é água desareada.
O GDS controla a quantidade de fluido (água ou óleo) que entra e sai
mantendo fixo o nível de pressão especificada, por longos períodos de tempo.
![Page 99: Víctor Manuel Aréstegui Meléndez Avaliação …...general, to be caused by the physical-chemical interaction between drilling fluids and the referred rocks. This dissertation focuses](https://reader036.vdocuments.site/reader036/viewer/2022081612/5f6ac0c763bfb57ff679b6c9/html5/thumbnails/99.jpg)
Descrição dos Equipamentos e da Metodologia de Ensaios 99
Figura 4.3 – Aplicador de pressão confinante GDS de 32 MPa.
De forma a medir as pressões aplicadas, utilizam-se cinco transdutores de
pressão (Figura 4.4) em cada célula. Estes transdutores monitoram a pressão
confinante (P. Confinante), a pressão no reservatório que armazena os fluidos
(interface), e as pressões no reservatório inferior e superior chamadas aqui de PP.
Base e PP. Topo, respectivamente. Dois transdutores monitoram a pressão no
reservatório superior, sendo um colocado na entrada (PP. Topo Entrada) e outro
na saída da câmara. (PP. Topo Saída) com a finalidade de ter maior controle das
pressões que ingressam e saem do topo do corpo de prova. A leitura do transdutor
localizado na interface serve somente como referência para a pressurização e
despressurização da interface. Todos os transdutores podem medir as pressões até
aproximadamente 21MPa (3000psi), que é o limite de trabalho destes.
Figura 4.4 – Transdutores de pressão na célula de difusão.
O circuito de aplicação de pressão no topo é constituído basicamente pela
bomba “Waters” (Figura 4.5) e por uma válvula de alívio. Atualmente se conta
com duas bombas, uma delas aplica pressão em três células e a outra em duas. A
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Descrição dos Equipamentos e da Metodologia de Ensaios 100
bomba da marca “Waters” é uma bomba de vazão constante capaz de imprimir no
sistema vazões que variam de 0,001 a 10 ml/min, e aplicar pressões de até 42MPa
(6000psi). A pressão na linha de circulação é mantida através do uso de uma
válvula de alívio da marca “Swagelok” (Figura 4.6) cuja faixa de trabalho pode
ser alterada em função da troca de uma mola interna. Desta forma, a pressão no
topo do corpo de prova é aplicada impondo-se uma vazão constante na bomba
“Waters” e regulando-se a válvula de alívio para a pressão desejada ao longo do
ensaio.
Figura 4.5 – Bomba “Waters”.
Figura 4.6 – Válvula de alívio “Swagelok”.
A bomba “Waters” só pode trabalhar com água pura e para armazenamento
e introdução de outros tipos de fluido (salinos ou base óleo) no sistema, foram
desenvolvidas cinco interfaces (usinadas com aço inox 316L) tipo pistão para as
cinco células de difusão com capacidade de 1,3l de fluido. As interfaces foram
projetadas para suportar pressões de até 35MPa (5000psi). A separação dos
fluidos é alcançada por meio de um pistão de teflon com anel de borracha nitrílica
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Descrição dos Equipamentos e da Metodologia de Ensaios 101
(“o’ring”), de forma a impedir que os diferentes fluidos presentes nestes dois
reservatórios entrem em contato e se misturem. A Figura 4.7 apresenta uma foto
da interface desenvolvida e um esquema do seu funcionamento.
Figura 4.7 – Nova interface tipo pistão – esquema ao lado.
A Figura 4.8 apresenta uma foto com os cabeçotes inferior (à direita) e
superior (à esquerda) utilizados nos ensaios. A conexão do cabeçote superior à
base da célula de difusão é realizado por meio de dois engates rápido tipo
miniatura. O cabeçote inferior possui furos e sulcos profundos objetivando
maximizar a área de contato entre o fluido e o corpo de prova. Entretanto, esta
configuração propicia a extrusão do corpo de prova, pelo que é necessária a
utilização de um disco poroso de aço inox em cima deste cabeçote. O cabeçote
superior é maciço e foi projetado de tal forma que o fluxo no topo do corpo de
prova se dê obrigatoriamente pelo dreno constituída de tela metálica e geotêxtil
(bidim) que é instalado entre o cabeçote e o corpo de prova. Esta configuração
garante que o fluido utilizado entre em contato com toda a face superior do corpo
de prova.
Na Figura 4.9 se apresenta uma foto com as quatro novas células
desenvolvidas no LIRF-GTEP junto à célula desenvolvida por Muniz (2003).
Estas 5 células podem trabalhar simultaneamente, uma independente da outra; as
configurações das válvulas e do sistema de aquisição de dados dão essa
característica versátil aos equipamentos. Todo o sistema de aquisição de dados
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Descrição dos Equipamentos e da Metodologia de Ensaios 102
está constituído por equipamentos e “software” (Labview) da National
Instruments.
Figura 4.8 – Cabeçote superior (esquerda) e inferior (direita).
Figura 4.9 – Vista geral das cinco células de difusão.
4.3. Metodologia de Ensaios nas Células de Difusão
A metodologia a seguir foi confeccionada progressivamente a partir das
campanhas de ensaios realizados, e foi sendo aprimorada com a solução dos
problemas que surgiam no transcorrer do ensaio.
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Descrição dos Equipamentos e da Metodologia de Ensaios 103
4.3.1. Considerações Gerais
Antes de realizar uma campanha de ensaios é necessário primeiro
especificar o nível de tensões de confinamento, o tipo de fluido a ser usado
(solução salina e concentração) e os parâmetros que precisam ser obtidos em cada
célula. É importante também especificar uma temperatura do ambiente de ensaio
no ar condicionado, a qual terá que ser mantida durante todo transcorrer de ensaio.
Para a descrição da metodologia é necessário inicialmente conhecer as
válvulas principais que são manipuladas no transcorrer do ensaio. A Figura 4.10
apresenta a vista frontal e posterior da célula, indicando-se as válvulas que a
compõem, descritas a seguir:
Válvula da pressão confinante (Figura 4.10a). É de tipo esfera
simples que comunica e controla a pressão de óleo imposta pelo
GDS, ou pelo injetor de pressão manual.
Válvula de alívio (Figura 4.10b). Esta mantém a pressão na linha de
circulação, cuja faixa de trabalho pode ser alterada em função da
troca de uma mola interna.
Válvula de drenagem ou topo saída (Figura 4.10b). É uma válvula
simples tipo esfera que comunica a pressão do topo do corpo de
prova com a válvula de alívio.
Válvula da base (Figuras 4.10a e 4.10b). É de tipo esfera simples que
isola as pressões geradas na base de corpo de prova. Esta válvula é
completamente fechada nas fases de transmissão de pressão e
difusão de íons.
Válvula de topo ou topo entrada (Figura 4.10a). É de tipo esfera
com três vias que comunica as pressões impostas pelo GDS de água
ou pela bomba “Waters” com o topo do corpo de prova. Esta válvula
pode controlar a entrada de água (fase de transmissão de pressão) ou
a entrada de solução salina que vem da interface (fase de difusão de
íons);
A válvula de suspiro (Figura 4.10b) é uma válvula que comunica o
óleo da pressão confinante com o meio externo. Esta válvula deve
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Descrição dos Equipamentos e da Metodologia de Ensaios 104
estar fechada para imprimir pressão com o GDS, ou aberta para
desmontar o ensaio, obviamente depois de despressurizar a célula.
(a)
(b)
Figura 4.10 – Válvulas da célula de difusão: a) Vista traseira b) Vista dianteira.
4.3.2. Montagem do Ensaio
É recomendável limpar os circuitos de cada célula antes de começar o
ensaio circulando água pura aplicada pela bomba “Waters” (vazão de 1 a 3
ml/min) pelas linhas do cabeçote superior e reservatório inferior.
A montagem de ensaio é muito delicada e requer rapidez, pois uma
prolongada exposição do folhelho ao ar pode ocasionar excessiva perda de
saturação por evaporação além de provocar fissuramentos pelo ressecamento.
Então para se evitar este tipo de problema recomenda-se retirar o corpo de prova
do óleo mineral onde é normalmente armazenado somente após todo o sistema
estar devidamente preparado e testado. A retirada dos corpos de prova e a
montagem em cada célula precisam ser de forma progressiva. Feita a primeira
montagem completa, isto é, com a câmara confinante fechada, prossegue-se com a
retirada do seguinte corpo de prova e com a montagem na seguinte célula.
Numa campanha de ensaio, deve ser realizado o procedimento seqüencial
esquematizado na Figura 4.11. Maiores detalhes da montagem dos corpos de
prova podem ser consultados em Muniz (2003) e Duarte (2005).
Válvula de drenagem ou
topo saída
Suspiro
Válvula da base
Drenagem
Válvula da base
Válvula do topo ou
topo entrada
Válvula da confinante
Válvula de alivio
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Descrição dos Equipamentos e da Metodologia de Ensaios 105
(a)
(b)
(c)
(d)
(e) (f)
(g) (h)
Figura 4.11 – Etapas de montagem do ensaio. (Modificado de Muniz, 2003).
Disco poroso
Fixadores
Corpo de prova
Tela metálica Geotêxtil
Membrana termoretráctil
“Cap” superior
Fita de autofusão
Engate rápido
Soprador térmico
Arames fixadores Tampa da célula
Parafuso
s
“Cap” inferior
O’ ring
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Descrição dos Equipamentos e da Metodologia de Ensaios 106
4.3.3. Fases do Ensaio nas Células de Difusão
Antes dos corpos de prova selecionados serem ensaiados, são necessários os
cálculos dos índices físicos iniciais. As dimensões e massa (W) são determinadas
e a umidade natural (w) estimada, secando a amostra por um período de 24h a
105ºC.
O ensaio de difusão é constituído por 4 fases ou etapas: saturação,
adensamento, transmissão de pressão e difusão de íons. Na descrição destas fases
se incluem conceitos básicos e a metodologia a seguir no manuseio do
equipamento.
4.3.3.1. Fase de Saturação do Corpo de Prova
A completa saturação ou um alto grau de saturação da amostra é de
fundamental importância para uniformizar as propriedades medidas. Além do
emprego do princípio das tensões efetivas, a saturação total permite obter medidas
reais da variação de poro-pressão ao longo do ensaio.
Vários métodos de saturação de rochas têm sido sugeridos, tais como,
imersão em câmara de vácuo e saturação por ascensão capilar (Schmitt et al.,
1994), fluxo de água sob pressão (Forsans & Schmitt, 1994), equilíbrio em
atmosfera controlada (Steiger & Leung, 1991), câmara de rehidratação (Remvik,
1993), os quais podem ser associados aos métodos utilizados em mecânica dos
solos (Head, 1986). O método de saturação por aplicação de contrapressão é o
método mais utilizado e escolhido como parte da metodologia neste trabalho.
Neste processo a aplicação de acréscimos de pressão confinante é acompanhada
por iguais acréscimos de contrapressão, de forma que a tensão efetiva seja
constante, reduzindo a deformação do corpo de prova. Esta técnica, além de
saturar o corpo de prova, dissolve bolhas de ar que possam existir entre a amostra
e o geotextil (“bidim”) e nas linhas de contrapressão.
Para a verificação do grau de saturação do corpo de prova, utiliza-se o
parâmetro B de Skempton (1954) dado pela equação 4.1. Monitora-se o acréscimo
de poropressão devido ao aumento da pressão de confinamento sob condições não
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Descrição dos Equipamentos e da Metodologia de Ensaios 107
drenadas. Tipicamente, o valor de B é igual a 1,0 para amostras completamente
saturadas. Valores de B menores que a unidade são indicadores de saturação
parcial, ou ainda, de saturação completa, porém, de materiais muito rígidos. O
valor deste parâmetro para rochas (neste caso o folhelho), dificilmente é igual a 1,
como poderá ser visto mais adiante nos ensaios realizados.
conf
uB
(4.1)
Onde;
u = variação da poropressão sob condições não drenadas;
conf = variação da pressão confinante.
O número de estágios necessários para saturar a amostra depende do
material ensaiado e da tensão efetiva aplicada, ficando o controle destes ao critério
da sensibilidade do pesquisador encarregado do ensaio. Os acréscimos de pressão
confinante e contrapressão serão os mesmos, para garantir que a tensão efetiva
atuante no corpo de prova para cada estágio se mantenha constante.
Os passos a seguir são apresentados, lembrando que as válvulas de
drenagem estarão fechadas durante toda esta etapa.
1. Para o primeiro estágio, aplicar o valor estabelecido de pressão
confinante inicial mediante o GDS de óleo. As pressões serão
distribuídas abrindo-se seqüencialmente as válvulas da pressão
confinante para cada célula; estas válvulas ficarão abertas durante
toda esta etapa;
2. Utilizando os GDS de água, aplicar a contrapressão inicial
especificada. A pressão na interface de cada célula aumentará de
valor. Quando este valor for o indicado, abrir as válvulas da base e
topo para que as contrapressões ingressem no corpo de prova;
3. Após um período de aproximadamente 30 minutos, quando a pressão
confinante e a contrapressão aplicada estão atuando nos corpos de
prova, fechar as válvulas de topo e base;
4. Fazer a primeira leitura da pressão confinante e das pressões da base
e topo de cada uma das células, para estimativa do parâmetro B;
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Descrição dos Equipamentos e da Metodologia de Ensaios 108
5. Aplicar o acréscimo de pressão confinante e após 20min quando as
pressões já estiverem estabilizadas, fazer as leituras finais da pressão
confinante e das pressões da base e topo;
6. Tendo as leituras finais e iniciais, determina-se o valor do parâmetro
B do primeiro estágio para cada corpo de prova, utilizando a equação
4.1;
7. Depois de feitas as leituras, estando as válvulas de topo e base
fechadas, utilizando os GDS de água, aplicar o acréscimo de
contrapressão. As pressões das interfaces começarão a aumentar; no
momento que estas pressões chegam ao valor indicado,
seqüencialmente as válvulas de topo e base serão abertas para que as
pressões ingressem no corpo de prova; deixar atuar esta
contrapressão por meia hora;
8. Fechar as válvulas de base e topo de cada célula e fazer a leituras
iniciais do segundo estágio;
9. Aplicar novamente o acréscimo de pressão confinante e após 20min,
quando as pressões alcançarem o valor especificado e estiverem
estabilizadas, fazer as leituras finais de pressão confinante e da
pressão no topo e base do corpo de prova.
10. Tendo as leituras iniciais e finais, calcula-se o parâmetro B do
segundo estágio;
11. O valor do parâmetro B aumentará em cada estágio, isto significa
que o aumenta o grau de saturação do corpo de prova. Para os
próximos estágios repetir os passos 8, 9,10 e 11.
Esta fase acaba quando o valor do parâmetro B atingir um valor próximo a 1
ou quando o valor se mantiver constante em dois estágios consecutivos.
4.3.3.2. Fase de Adensamento do Corpo de Prova
Finalizada a saturação dos corpos de prova, inicia-se a fase de adensamento
que tem como objetivo dissipar todo excesso de poropressão gerado devido ao
restabelecimento das tensões sob as quais o ensaio será executado. A válvula de
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Descrição dos Equipamentos e da Metodologia de Ensaios 109
drenagem é aberta para o sistema de contrapressão, desta forma, o excesso de
poropressão se reduz gradualmente até o valor da contrapressão aplicada. A
dissipação de poropressão implica em redução de volume e aumento de tensão
efetiva, que depois do adensamento será igual à diferença entre a pressão
confinante e a contrapressão aplicada (pressão na base e no topo de corpo de
prova).
Esta fase se prolonga até que 95% do excesso de poropressão sejam
dissipados ou não existam mais deformações no corpo de prova. Muniz (2003)
nos ensaios realizados no folhelho B-S verificou-se que a etapa de adensamento
pode ser encerrada após um período de aproximadamente 18h, entretanto em
ensaios realizados com outros materiais o autor recomendou um período mínimo
de 24h para uma completa dissipação de poropressão.
As tensões sob as quais o corpo de prova irá se adensar dependem da
sensibilidade do pesquisador encarregado do ensaio. Na fase de adensamento
nesta dissertação, os corpos de prova foram submetido à pressão confinante de 14
MPa (P.Confinante) e uma contrapressão de 4 MPa (PP. Topo e PP. Base). Esta
fase transcorreu por períodos de tempo não inferiores a 20h.
Os procedimentos adotados para se executar esta fase com as válvulas de
topo e base aberta para o sistema de aplicação de contrapressão (drenagem do
excesso de poropressão) são os seguintes:
1. Fechar as válvulas da base e topo do corpo de prova.
2. Com as válvulas de pressão confinante abertas, utilizando o GDS de
óleo, aplicar gradualmente pressão em estágios de 1000kPa, até
chegar à pressão confinante especificada para o adensamento;
observar o aumento da poropressão (no topo e base do corpo de
prova). A diferença entre esta poropressão e a contrapressão
especificada, é o excesso de poropressão a ser dissipado durante a
fase de adensamento;
3. Quando a pressão confinante atingir o seu valor, enviar pelo GDS de
água uma contrapressão próxima ao valor de excesso de poropressão
gerada; a pressão na interface aumentará até esse valor.
4. Abrir as válvulas da base e topo. Enviar pelo GDS de água estágios
de contrapressão gradualmente menores até atingir a poropressão
especificada do adensamento; isto com a finalidade de não impor
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Descrição dos Equipamentos e da Metodologia de Ensaios 110
quedas bruscas de pressão no corpo de prova, o qual poderia gerar
trincamentos ou fissuramentos e como conseqüência a medição de
parâmetros não representativos nas seguintes etapas.
4.3.3.3. Fase de Transmissão de Pressão do Corpo de Prova
Com o término da etapa de adensamento, ou seja, quando as poropressões e
deformações do corpo de prova se estabilizam, dá-se início à etapa de transmissão
de pressão.
Nesta etapa, pode-se estimar o coeficiente de permeabilidade, além de
avaliar o tempo que o corpo de prova necessita para uma total transmissão de
pressão devido a um gradiente de pressão hidráulica imposto no topo e na base do
corpo de prova; em outras palavras, levando às condições de poço, simular o
tempo para que a pressão hidráulica gerada pelo fluido de perfuração seja
totalmente transmitida à parede de poço desde o momento que o maciço entre em
contato com o fluido.
Esta fase consiste em aumentar a pressão no reservatório superior (topo do
corpo de prova) e monitorar o crescimento de pressão no reservatório inferior
(base do corpo de prova). Isto acontece da seguinte maneira: ao aplicar-se uma
pressão maior no topo do corpo de prova, o reservatório da base, com uma pressão
menor, tende a se equalizar com a pressão do topo. O topo do corpo de prova,
apresentando uma pressão maior, força o reservatório inferior a gradativamente
aumentar sua pressão, pois a água sob pressão começa a migrar do topo para a
base. O tempo necessário para que a pressão na base atinja o valor da pressão do
topo depende da permeabilidade e da compressibilidade do corpo de prova.
Na campanha de ensaios realizados nesta dissertação, adotou-se como
pressão no reservatório superior (PP. Topo) o valor de 12MPa e como pressão no
reservatório inferior (PP. Base) o valor de 4MPa. Em outras palavras, as pressões
PP. Topo especificadas no adensamento foram gradualmente incrementadas até
12MPa, isto para garantir que a base do corpo de prova não experimente
mudanças bruscas de pressão, e como mencionado anteriormente prevenir a
geração de fissuras ou trincas.
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Descrição dos Equipamentos e da Metodologia de Ensaios 111
Nesta fase são adotados os seguintes procedimentos:
1. Para começar esta nova fase é necessário fechar as válvulas de topo e
base. Fechando as válvulas da base, se garante isolar a pressão do
reservatório inferior.
2. Ligar as duas bombas “Waters” e utilizando água como fluido de
circulação, enviar pressão com uma vazão de 2ml/min; o objetivo é
pressurizar as linhas provenientes das duas bombas, porém as
interfaces serão também gradualmente pressurizadas;
3. Quando as pressões da interface atingirem as contrapressões (PP.
Topo e Base) especificadas no adensamento, mudar a vazão da
bomba para 1ml/min e seguidamente, abrir as válvulas de topo
entrada de todas as células (no sentido anti-horário).
Progressivamente as pressões de topo irão se incrementando até o
valor especificado, a válvula de drenagem será aberta e a mola da
válvula de alívio calibrada para esta pressão;
4. Monitorar o incremento de pressão da base (PP. Base), ao longo do
ensaio pelo transdutor de pressão do reservatório inferior;
5. Finalizar a fase, quando a pressão da base do corpo de prova atingir
a pressão no topo do mesmo; porém, dependendo do tipo de folhelho
ou de corpo de prova, o ensaio terminará em tempos diferentes para
cada célula.
Com base na curva de crescimento de pressão da base pode-se estimar o
coeficiente de permeabilidade através do programa FPORO, especialmente
desenvolvido para este fim (Frydman & Fontoura, 1999); este procedimento será
descrito no item 4.6.2.
4.3.3.4. Fase de Difusão de Íons do Corpo de Prova
Esta fase tem como objetivo simular a interação físico-química do folhelho
em contato com os fluidos de perfuração base água, impondo condições de
pressão in-situ.
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Descrição dos Equipamentos e da Metodologia de Ensaios 112
Em ausência de uma gradiente de pressão hidráulica (final da transmissão de
pressão), o movimento de água para dentro ou fora dos folhelhos é principalmente
governado pela gradiente de concentração química existente entre o folhelho e o
fluido de perfuração. No entanto a pressão osmótica gerada entre estes é
grandemente influenciada pelo fluxo de íons para dentro ou fora do folhelho
devido à mesma diferença de concentração química. Neste contexto, parâmetros
de transporte de massa, como a eficiência de membrana e o coeficiente de difusão
dos íons contidos nos fluidos de perfuração, são indispensáveis na avaliação de
um projeto de estabilidade de poços.
No ensaio, quando a pressão do reservatório da base atingir ao do topo e se
mantiver estável (final da anterior fase), dá-se início a esta etapa. Mantêm-se as
pressões nos reservatórios e substitui-se o fluido do reservatório superior (topo do
corpo de prova) pelo fluido de interesse para o ensaio. Quando se introduz um
gradiente de concentração química, mantendo-se o gradiente de pressão hidráulica
constante, provoca-se o surgimento de um fluxo osmótico que fará com que a
água do reservatório inferior (baixa concentração) se transporte para o
reservatório superior (alta concentração), reduzindo gradualmente a pressão no
reservatório inferior. Devido ao gradiente de concentração imposto, o fenômeno
de difusão de íons também será observado no transporte dos íons do reservatório
superior para o inferior, resultando num aumento da concentração no reservatório
inferior ao longo do ensaio. Esta variação de pressão na base do corpo de prova
(PP. Base) pode ser monitorada pelo transdutor de pressão localizada no
reservatório inferior.
O início desta etapa é independente em cada célula e será em função do
término da etapa de transmissão de pressão em cada uma delas.
A seguir são apresentados os procedimentos para pressurização da interface
e início da fase de difusão de íons:
1. Isolar as células que ainda se encontram na etapa de transmissão de
pressão, isto se consegue fechando as válvulas de topo e drenagem.
As válvulas das bases continuam fechadas da fase anterior;
2. Abrir a tampa da interface e colocar o fluido de interesse, em
seguida, fechá-la para começar a pressurização.
3. A pressurização da interface e início da fase de difusão de íons será
feito seqüencialmente em cada uma das células que estão aptas para
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Descrição dos Equipamentos e da Metodologia de Ensaios 113
começarem esta fase, então se sugere isolar também as células que
ainda não serão manipuladas;
4. Enviar pela bomba Waters uma vazão de 2 a 5ml/min para iniciar a
pressurização da interface. O processo de pressurização continuará
até o transdutor da interface se aproximar ao valor da pressão do
topo, nesse momento é quando as válvulas de topo serão abertas para
interface (sentido horário). Deste modo se garante que a substituição
do fluido não provoque quedas bruscas de pressão no topo, o que
poderia acontecer se a válvula de topo estivesse aberta sem antes
pressurizar a interface;
5. No momento que se observe um ligeiro incremento de pressão no
topo do corpo de prova, abrir a válvula de drenagem, para garantir a
constante circulação da solução imprimindo uma pressão constante;
se fosse necessário, calibrar a válvula de alívio;
6. Terminado a substituição de fluido da primeira célula, isolar esta, e
começar com a seguinte interface, seguindo os passos 3, 4 e 5, até
terminar com todas as células ensaiadas;
7. Encerrar esta etapa quando a diferença entre a pressão na base (PP.
Base) e a pressão no topo (PP. Topo) se mantiver constante, em
outras palavras, quando a base do corpo de prova não experimente
quedas de pressão e se manter constante no tempo. Obviamente o
encerramento do ensaio em cada célula acontecerá em tempos
diferentes.
Ao final dos ensaios, retiram-se os corpos de prova das células, determinam-
se suas dimensões e massa, necessários para o cálculo dos índices físicos finais e,
em seguida, encaminha-se o mesmo para avaliação da sua resistência à tração por
meio do ensaio brasileiro.
O fluido presente no reservatório inferior é coletado e encaminhado para
realização de análises químicas necessárias para determinação dos íons presentes
no mesmo. A quantificação do Cl- é realizada através da titulação por nitrato de
prata no próprio LIRF. A análise dos cátions é realizada por Espectrometria de
Emissão Atômica com Plasma Indutivamente Acoplado (ICP-OES) ou Absorção
Atômica por Chama (AA-C). Esta análise destina-se a determinar a quantidade de
íons que por difusão foram transportados da solução imposta no topo do corpo de
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Descrição dos Equipamentos e da Metodologia de Ensaios 114
prova até o reservatório da base, a partir do começo desta etapa até o final do
ensaio.
4.4. Ensaios de Tração Indireta (Ensaio Brasileiro)
Segundo Hsu et al. (2002), os ensaios brasileiros, como uma medida da
resistência a tração, são comumente avaliados em rochas duras, onde se o critério
de falha de Griffth (baseado na teoria de elasticidade) é usado. No entanto, para
rochas brandas, como os folhelhos, a teoria de uma ruptura frágil, usada para obter
a resistência à tração mediante este ensaio, pode não ser válida. Por tal razão, os
autores sugerem que os resultados têm que ser aplicados com precaução.
Os ensaios brasileiros realizados foram seguindo a norma internacional da
ASTM (D3967-05) – American Society for Testing and Materials; e as
recomendações da ISRM (1978) – International Society for Rock Mechanics.
Em razão da dificuldade de se conseguir corpos de prova de folhelhos para
realização de ensaios, estabeleceu-se como procedimento padrão a realização do
Ensaio Brasileiro em todos os corpos de prova utilizados nos ensaios de difusão.
As dimensões dos corpos de prova do ensaio de difusão são as mesmas
necessárias para realização deste ensaio.
Utiliza-se um cabeçote inferior e rótula para reduzir a distância entre a base
da prensa e a viga de reação e centralizar a força axial. Além disto, um mordente
curvo é utilizado para alocar o corpo de prova que é em forma de disco possuindo
a razão altura/diâmetro igual a 0,5. A Figura 4.12 apresenta uma foto de um corpo
de prova devidamente instalado para início do Ensaio Brasileiro. O ensaio deve
ser realizado numa velocidade tal que a ruptura primária ocorra no intervalo de
tempo entre 1 e 10min. Nos ensaios da presente dissertação, foi adotada uma
velocidade de deslocamento de 0,1mm/min. No intuito de reduzir o atrito e a
conseqüente concentração de tensões, nos contatos corpo de prova/mordentes foi
inserida uma fita adesiva inelástica.
Para realizar o ensaio, primeiramente, deve-se iniciar o programa de
aquisição de dados e controle da prensa HD40t. Nomeia-se o corpo de prova, e,
em seguida, são inseridos os dados do mesmo como diâmetro e altura (o valor da
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Descrição dos Equipamentos e da Metodologia de Ensaios 115
área é calculado diretamente pelo “software”). Feito isso, posiciona-se
corretamente o corpo de prova na base da prensa, aplica-se uma pré-carga (força
inicial Fi) e, finalmente, dá-se o implemento da força axial até a ruptura do corpo
de prova. Para calcular a resistência à tração do corpo de prova utiliza-se a
equação 4.2:
DH
PT
2 (4.2)
Em que:
σt= resistência à tração (kPa);
P = força na prensa (kN);
H = altura do corpo de prova (m);
D = diâmetro do corpo de prova (m).
Encerrado o Ensaio Brasileiro, fragmenta-se o corpo de prova para
determinação da umidade final e posterior cálculo dos índices físicos finais. Estes
resultados serão comparados com os índices físicos iniciais obtidos antes dos
corpos de prova serem ensaiados dentro da célula de difusão.
Figura 4.12 – Montagem utilizada para realização do Ensaio Brasileiro.
4.5. Análises dos Resultados Experimentais
Após o término dos ensaios na célula de difusão, os resultados obtidos
precisam ser analisados.
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Descrição dos Equipamentos e da Metodologia de Ensaios 116
A seguir é apresentada a metodologia utilizada na obtenção do coeficiente
de reflexão experimental (exp). Na sequência, apresenta-se a descrição da
metodologia utilizada na retroanálise dos resultados experimentais mediante o uso
do programa computacional FPORO. Este programa é necessário para a obtenção
do coeficiente de permeabilidade, do coeficiente de reflexão numérico (αnum), da
tortuosidade (τ) e do coeficiente de difusão efetivo (De).
4.5.1.
Obtenção do Coeficiente de Reflexão Experimental (exp)
Com o objetivo de verificar o valor do coeficiente de reflexão obtido
futuramente pela análise numérica (αnum), a metodologia proposta por van Oort et
al. (1995), Tan et al. (2002), Ewy & Stankovich (2002) e Al-Bazali (2005) para a
obtenção do coeficiente de reflexão experimental (αexp) (equação 2.4) foi
utilizada.
A pressão osmótica experimental (Posm) é obtida ao final da etapa de
difusão de íons, sendo igual à diferença da pressão do topo do corpo de prova em
relação à pressão da base quando esta permanecer constante.
Considerando a configuração do equipamento e a metodologia de ensaio
adotada que utiliza água no reservatório inferior, a Afh da equação 2.2 é
considerada como sendo a atividade química da água (Aagua=1); por conseguinte,
essa equação pode ser reformulada como apresentada na equação 4.3.
)ln( f
w
AV
RT (4.3)
Onde é apressão osmótica teórica gerada pelo fluido de perfuração, R é a
constante universal dos gases (0,082 l.atm / mol.K); T a temperatura do ensaio
(K); Vw o volume molar parcial da água (0,018 l / mol) e Af a atividade química
da solução salina utilizada.
A atividade química de uma solução é a razão entre a pressão de vapor da
água medida nesta solução e a pressão de vapor da água pura, e é numericamente
igual à umidade relativa do ar em uma câmara fechada contendo esta solução
(Chenevert, 1970, 1990). Dessa forma, Rabe (2003) sugere uma metodologia
baseada na proposta de Chenevert (1990), onde as medidas de atividade química
![Page 117: Víctor Manuel Aréstegui Meléndez Avaliação …...general, to be caused by the physical-chemical interaction between drilling fluids and the referred rocks. This dissertation focuses](https://reader036.vdocuments.site/reader036/viewer/2022081612/5f6ac0c763bfb57ff679b6c9/html5/thumbnails/117.jpg)
Descrição dos Equipamentos e da Metodologia de Ensaios 117
podem ser realizadas por meio de um termo-higrômetro. Em tal sentido, para
determinar a atividade química da solução salina utilizada, realizaram-se ensaios
onde esta é colocada em uma câmara fechada (erlenmeyer) e a umidade relativa
do ar neste ambiente é determinada por meio de um termohigrômetro (Figura
4.13). A temperatura necessária na equação 4.3 é monitorada no transcorrer deste
ensaio.
Figura 4.13 – Ensaio para obter a atividade química da solução (Rabe, 2003).
4.5.2. Retroanálise dos Resultados Experimentais: Programa FPORO.
O programa FPORO desenvolvido por Frydman e Fontoura (1999), baseia-
se no método dos elementos finitos e considera as equações básicas de fluxo de
água e íons devido a gradientes hidráulicos e químicos, chegando a uma
formulação que acopla os efeitos químicos, hidráulicos e mecânicos.
Em princípio, os testes descritos por van Oort (1994) e van Oort et al.
(1996), utilizados como base para a avaliação do FPORO comprovaram a
coerência das curvas de transmissão de pressão e difusão de íons geradas pela
modelagem com este programa (Frydman e Fontoura, 1999, 2001). Muniz (2003),
através de ensaios laboratoriais usando uma célula de difusão, destinados ao
estudo dos mecanismos de transporte de massa em folhelhos, validou também a
modelagem que o programa considera.
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Descrição dos Equipamentos e da Metodologia de Ensaios 118
O programa FPORO permite diferentes modos de análise, nos quais se
incluem a análise transiente e a análise físico-química (incluindo o transporte de
soluto).
Na etapa de transmissão de pressão, o ajuste numérico dos dados
experimentais, pode fornecer uma estimativa do coeficiente de permeabilidade
dos corpos de prova. Para isto, a análise transiente é adotada considerando-se o
material isotrópico, necessitando-se assim, somente do módulo de elasticidade (E)
e do coeficiente de Poisson (). Desta forma, executa-se o programa com
diferentes valores para o coeficiente de permeabilidade até que a curva de
crescimento de pressão na base seja similar à observada experimentalmente.
Na etapa de difusão de íons, no ajuste numérico dos dados experimentais
utiliza-se a análise físico-química; assim, fixa-se o coeficiente de permeabilidade
obtido na análise anterior, e adotam-se valores para o coeficiente de reflexão
(αnum) de forma que a curva numérica coincida com a curva de queda de pressão
da base. Seguidamente adotam-se valores da tortuosidade (τ) de forma que o valor
da concentração final estimada pelo programa coincida com o valor da
concentração obtida mediante a análise química do fluido do reservatório inferior
ao final do ensaio. O coeficiente de difusão efetivo (De) é calculado a partir da
tortuosidade (τ) e do coeficiente de difusão molecular livre da solução (Do).
Assim a equação 4.4 (Shackelford and Rowe 1997) define a De como sendo:
oe DD (4.4)
Como pode ser observado o coeficiente de difusão efetivo é diretamente
proporcional ao valor da tortuosidade. Segundo, Shackelford and Rowe (1997), o
valor da tortuosidade apresenta valores variando entre 0,1 a 0,4 para solos de
sedimentos muito finos, por conseguinte os valores do coeficiente de difusão
efetiva são menores que os valores do coeficiente de difusão molecular livre da
solução.
Para a análise físico-química, é necessário introduzir no programa
parâmetros básicos das soluções utilizadas, como por exemplo, o peso molecular
do solvente (PMw) e soluto (PMs) em Kg/mol, o coeficiente de difusão molecular
livre da solução (Do) em m2/s, a dispersividade longitudinal (αL), a dispersividade
transversal (αT) e a viscosidade dinâmica da solução salina () em Pa.s. As
dispersividades, longitudinal e transversal são adimensionais e representam o
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Descrição dos Equipamentos e da Metodologia de Ensaios 119
acréscimo do soluto se espalhando paralela e perpendicularmente ao fluxo da
solução.
Maiores informações sobre o programa FPORO podem ser obtidas em
Frydman & Fontoura (2001), Araújo (2002), Garcia (2003) e Pastor (2001).
![Page 120: Víctor Manuel Aréstegui Meléndez Avaliação …...general, to be caused by the physical-chemical interaction between drilling fluids and the referred rocks. This dissertation focuses](https://reader036.vdocuments.site/reader036/viewer/2022081612/5f6ac0c763bfb57ff679b6c9/html5/thumbnails/120.jpg)
5 Ensaios Realizados e Análise dos Resultados
5.1 Introdução
Definida a metodologia dos ensaios e o tratamento dos resultados
experimentais, procede-se a realização dos ensaios nas células de difusão. Neste
capítulo, inicialmente, será apresentada a campanha de calibração dos transdutores
de pressão das cinco células de difusão. Em seguida, apresentam-se os testes
iniciais do sistema composto por as quatro novas células de difusão utilizando
corpos de prova sintéticos. Na sequência, se apresentam as quatro campanhas de
ensaios realizados com os folhelhos, onde se incluem os ensaios de tração
indireta; as duas primeiras campanhas feitas com o folhelho Pierre01 e as duas
seguintes com o folhelho BC-01; e ao final, as conclusões deste capítulo.
5.2 Ensaios em Corpos de Prova Sintéticos nas Células de Difusão
Com o término dos ensaios de calibração dos transdutores é necessário
testar o sistema composto por transdutores e válvulas, para este fim, ensaios em
corpos de prova sintéticos foram realizados. Os testes no sistema tiveram como
objetivo obter resultados confiáveis, avaliando o real comportamento dos
folhelhos e não comportamentos influenciados por um mau funcionamento das
válvulas ou transdutores.
O corpo de prova sintético é produzido cortando-se dezenas de folhas de
papel celofane com o mesmo diâmetro do cabeçote da célula de difusão. Estas
folhas são empilhadas formando-se o corpo de prova que será ensaiado com a
altura que se desejar. A montagem dos corpos de prova e as fases de ensaio
seguem o mesmo procedimento descrito no capítulo 4. A Figura 5.1 apresenta
uma foto mostrando o corpo de prova sintético na célula de difusão.
![Page 121: Víctor Manuel Aréstegui Meléndez Avaliação …...general, to be caused by the physical-chemical interaction between drilling fluids and the referred rocks. This dissertation focuses](https://reader036.vdocuments.site/reader036/viewer/2022081612/5f6ac0c763bfb57ff679b6c9/html5/thumbnails/121.jpg)
Ensaios Realizados e Análise dos Resultados 121
Figura 5.1 – Corpo de prova sintético na célula de difusão.
5.2.1 Fase de Saturação e Adensamento
Os corpos de prova sintéticos nomeados de SI01 a SI04 foram colocados
sequencialmente nas quatro novas células de difusão e deu-se início à fase de
saturação. No processo, estes foram submetidos inicialmente a uma pressão
confinante de 1000 kPa e de 800 kPa de contrapressão (PP Topo e PP Base). Logo
em sequência, a pressão confinante e a contrapressão foram elevadas em estágios
de 500 kPa mantendo-se a tensão efetiva de 200 kPa constante, até chegar ao nível
próximo da saturação do corpo de prova (B próximo a 1).
Concluído o processo de saturação, os corpos de prova foram adensados,
submetidos a uma contrapressão (PP. Topo e PP Base) de 4000 kPa e uma pressão
confinante (P. Confinante) de 14000 kPa por 24 horas.
5.2.2 Fase de Transmissão de Pressão e Difusão de Íons
Terminada a fase de adensamento, iniciou-se a fase de transmissão de
pressão. Após a pressão da base (PP. Base) atingir à pressão do topo do corpo de
prova (PP. Topo), prosseguiu-se com a fase de difusão de íons. As soluções
salinas utilizadas foram de 200g/l de CaCl, 150g/l de NaCl, e 250g/l de KCl
respectivamente para os corpos de prova SI01, SI02 e SI03. As Figuras 5.2, 5.3 e
![Page 122: Víctor Manuel Aréstegui Meléndez Avaliação …...general, to be caused by the physical-chemical interaction between drilling fluids and the referred rocks. This dissertation focuses](https://reader036.vdocuments.site/reader036/viewer/2022081612/5f6ac0c763bfb57ff679b6c9/html5/thumbnails/122.jpg)
Ensaios Realizados e Análise dos Resultados 122
5.4 apresentam os gráficos da transmissão de pressão e difusão de íons para estes
corpos de prova.
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
0 24 48 72 96 120 144 168 192 216Tempo (h)
Pre
ssõ
es (
kP
a)
P. Confinante
PP. Base
PP. Topo
Figura 5.2 – Fase de transmissão de pressão e difusão de íons do SI01.
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
0 24 48 72 96 120 144 168 192 216
Tempo (h)
Pre
ssões (
kP
a)
P. Confinante
PP. Base
PP. Topo
Figura 5.3 – Fase de transmissão de pressão e difusão de íons do SI02.
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Ensaios Realizados e Análise dos Resultados 123
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
0 48 96 144 192 240 288Tempo (horas)
Pre
ssões (
kP
a)
P. Confinante
PP. Base
PP. Topo
Figura 5.4 – Fase de transmissão de pressão e difusão de íons do SI03.
Como podem ser observados os crescimentos de pressão das bases ocorrem
de forma lenta. Assim, o tempo necessário para uma total transmissão de pressão é
aproximadamente 150 horas para os corpos de prova SI01 e SI03 e
aproximadamente 103 horas para o SI02. A pressão osmótica experimental
(Posm) foi aproximadamente de 1600 kPa, 1700 kPa e 2300 kPa respectivamente,
para SI01, SI02 e SI03.
Os tempos prolongados para uma completa transmissão de pressão no caso
dos corpos de prova fabricados a partir de celofane são a consequência da
distribuição de tamanho dos poros que estes apresentam; os ensaios de
porosimetria feitos neste material por Muniz (2005) indicaram medianas de
diâmetros de poros muito reduzidos (0,0074 µm), menores que os valores obtidos
para os folhelhos estudados neste trabalho.
A Figura 5.5 apresenta o gráfico da fase de transmissão de pressão do SI04.
Como pode ser observado, são necessárias aproximadamente 20h para este corpo
de prova experimentar uma transmissão de pressão completa. Este tempo é muito
curto comparado com os tempos dos corpos de prova SI01, SI02 e SI03 que
apresentam um comportamento mais típico deste tipo de material.
![Page 124: Víctor Manuel Aréstegui Meléndez Avaliação …...general, to be caused by the physical-chemical interaction between drilling fluids and the referred rocks. This dissertation focuses](https://reader036.vdocuments.site/reader036/viewer/2022081612/5f6ac0c763bfb57ff679b6c9/html5/thumbnails/124.jpg)
Ensaios Realizados e Análise dos Resultados 124
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
0 12 24 36 48 60 72Tempo (h)
Pre
ssões (
kP
a)
P.Confinante
PP. Base
PP. Topo
Figura 5.5 – Fase de transmissão de pressão e difusão de íons do SI04.
As quatro células foram desmontadas e a célula que continha o corpo de
prova com comportamento atípico, foi novamente testada.
O corpo de prova desta vez usado foi fabricado de PVC cego (maciço).
Dada a imposição de uma gradiente de pressão hidráulica neste, não teria que se
experimentar algum acréscimo da pressão da base, pois a água do topo não teria
como percorrer o material maciço; este comportamento é o esperado, sempre que
o sistema funcione normalmente. A Figura 5.6 apresenta a montagem do corpo de
prova na célula de difusão a ser testada.
Este corpo de prova não precisa ser saturado nem adensado. A saturação
realizada teve a única função de saturar as linhas de pressão, o geotêxtil e a pedra
porosa.
Figura 5.6 – Corpo de prova de PVC maciço na célula de difusão.
![Page 125: Víctor Manuel Aréstegui Meléndez Avaliação …...general, to be caused by the physical-chemical interaction between drilling fluids and the referred rocks. This dissertation focuses](https://reader036.vdocuments.site/reader036/viewer/2022081612/5f6ac0c763bfb57ff679b6c9/html5/thumbnails/125.jpg)
Ensaios Realizados e Análise dos Resultados 125
Na Figura 5.7 se apresenta o gráfico de transmissão de pressão. Como se
pode observar, o transdutor localizado na base do corpo de prova experimentou
acréscimos em suas medições, a tendência desta pressão é seguir aumentando até
atingir o valor da pressão do topo. Este comportamento é anormal e confirma
algum problema com a célula de difusão, pois o esperado era não se observar
nenhum indicio de transmissão de pressão neste corpo de prova.
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
0 12 24 36 48 60 72Tempo (h)
Pre
ssões (
kP
a)
P. Confinante
PP. Base
PP. Topo
Figura 5.7 – Fase de transmissão de pressão com corpo de prova de PVC (com
transmissão de pressão).
Na tentativa de identificar o problema, o sistema de válvulas foi verificado;
pode-se reparar na Figura 4.10a que as válvulas de topo e base são comunicadas
por uniões “T”. Se a válvula da base estivesse com algum defeito, esta não isolaria
eficientemente a pressão do reservatório inferior e, como consequência, a pressão
imposta no topo (na fase de transmissão de pressão) poderia ser transmitida ao
reservatório da base. Se isto acontecer, os parâmetros avaliados nos ensaios com
folhelhos, não seriam derivados de uma transmissão de pressão real pelo corpo de
prova.
Na tentativa de resolver o problema, decidiu-se trocar a válvula da base
desta célula, e ensaiar novamente o corpo de prova sintético de PVC. A Figura 5.8
apresenta o gráfico da transmissão de pressão. Como pode ser observado, o
comportamento da pressão da base foi o esperado, não se teve acréscimos de
pressão indicando um bom funcionamento da válvula trocada.
![Page 126: Víctor Manuel Aréstegui Meléndez Avaliação …...general, to be caused by the physical-chemical interaction between drilling fluids and the referred rocks. This dissertation focuses](https://reader036.vdocuments.site/reader036/viewer/2022081612/5f6ac0c763bfb57ff679b6c9/html5/thumbnails/126.jpg)
Ensaios Realizados e Análise dos Resultados 126
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
0 4 8 12 16 20 24Tempo (h)
Pre
ssõ
es (
kP
a)
P. Confinante
PP. Base
PP. Topo
Figura 5.8 – Fase de transmissão de pressão com corpo de prova de PVC (sem
transmissão de pressão).
Ao finalizar esta campanha de ensaios, as quatro novas células de difusão,
junto com a antiga, estão aptas para os ensaios utilizando corpos de prova dos
folhelhos; os resultados serão decorrentes do real comportamento destes e não
influenciados por um mau funcionamento dos equipamentos.
5.3 Ensaios em Folhelhos nas Células de Difusão
Como mencionado anteriormente, os resultados em ensaios que visaram
avaliar o coeficiente de reflexão em folhelhos (Duarte, 2004 e Muniz, 2005)
indicaram uma boa correlação entre o coeficiente de reflexão ( e a distribuição
de tamanho dos poros. Os coeficientes de reflexão dos folhelhos testados
aumentaram com a diminuição de tamanho dos poros e com a maior porcentagem
de microporos, independentes da mineralogia e, por conseguinte da CTC que estes
apresentavam. Fontoura et al. (2007) em função desses resultados sugerem que o
coeficiente de reflexão é mais influenciado pela distribuição de tamanho dos poros
que pela mineralogia.
Espera-se que nos ensaios com os dois tipos de folhelho estudados nesta
dissertação, possa ser validado o verificado anteriormente.
No laboratório, para uma melhor identificação, os corpos de prova do
folhelho Pierre01 e do folhelho BC01 são nomeados, respectivamente, de CP e
![Page 127: Víctor Manuel Aréstegui Meléndez Avaliação …...general, to be caused by the physical-chemical interaction between drilling fluids and the referred rocks. This dissertation focuses](https://reader036.vdocuments.site/reader036/viewer/2022081612/5f6ac0c763bfb57ff679b6c9/html5/thumbnails/127.jpg)
Ensaios Realizados e Análise dos Resultados 127
BC acompanhados de um número. Vale indicar que os corpos de prova utilizados
para os ensaios de difusão não respeitaram o ordem numérico, pois alguns destes
foram descartados para este tipo de ensaios, basicamente pelo estado em que se
encontravam (fissuras, trincas, etc.).
Nas campanhas realizadas, exceto no corpo de prova BC02, os campos de
tensões impostos nas etapas de transmissão de pressão e difusão de íons foram as
mesmas, com a finalidade de avaliar as propriedades decorrentes de um mesmo
estado de tensões. Nas fases de difusão de íons, diversas soluções salinas a
diferentes concentrações foram utilizadas.
Finalizando cada campanha, os corpos de prova ensaiados foram retirados
das células de difusão e encaminhados para a avaliação da sua resistência a tração
mediante ensaios brasileiros.
Fizeram-se quatro campanhas, as duas primeiras foram realizadas com o
folhelho Pierre01 e as duas seguintes com o folhelho BC-01. Estas são descritas a
seguir.
5.3.1 Primeira Campanha de Ensaios com o Folhelho Pierre01
Cinco ensaios simultâneos foram realizados nos CP’s 04, 05, 09, 10 e 11.
Esta bateria de ensaios visou avaliar a permeabilidade absoluta de todos os corpos
de prova. Além deste parâmetro, foram estimados os coeficientes de difusão
iônica (De) das soluções utilizadas como fluido de circulação (CaCl2, NaCl e
KCl), e os coeficientes de reflexão (dos corpos de prova CP’s 09, 10 e 11.
5.3.1.1 Dados Iniciais dos Corpos de Prova
Os corpos de prova selecionados para os ensaios, inicialmente, tiveram suas
dimensões e massa (W) determinadas. A densidade dos grãos (G) e a umidade
natural (w) apresentaram valores iguais a 2,72 e 9,54%, respectivamente. A
Tabela 5.1 apresenta os dados iniciais dos corpos de prova e os índices físicos
![Page 128: Víctor Manuel Aréstegui Meléndez Avaliação …...general, to be caused by the physical-chemical interaction between drilling fluids and the referred rocks. This dissertation focuses](https://reader036.vdocuments.site/reader036/viewer/2022081612/5f6ac0c763bfb57ff679b6c9/html5/thumbnails/128.jpg)
Ensaios Realizados e Análise dos Resultados 128
obtidos. Neste conjunto de ensaios observa-se um índice de vazios inicial médio
de 0,29 e uma porosidade inicial média de 22,65 %.
Tabela 5.1 – Dados e índices físicos iniciais e finais dos corpos de prova (folhelho
Pierre01).
Parâmetros CP04 CP05 CP09 CP10 CP11
Altura (mm) 14,92 15,55 15,13 15,07 15,02
Diâmetro (mm) 38,12 37,99 37,56 37,58 37,55
Massa (W, g) 38,60 40,16 38,93 38,99 38,65
Umidade (w, %) 9,54 9,54 9,54 9,54 9,54
Volume (V, cm3) 17,03 17,63 16,76 16,72 16,63
Massa específica (g/cm3) 2,27 2,28 2,32 2,33 2,32
Densidade dos grãos 2,72 2,72 2,72 2,72 2,72
Índice de vazios (e) 0,314 0,307 0,282 0,277 0,282
Grau de saturação (S, %) 82,55 84,34 91,69 93,58 91,95
Porosidade (n, %) 23,92 23,53 22,06 21,71 22,01
5.3.1.2 Fase de Saturação e Adensamento
Foram necessários 10 estágios para a conclusão desta fase nos CP`s 04 e 05
e 16 estágios nos CP´s 09, 10 e 11.
Os CP’s 04 e 05 foram submetidos inicialmente a uma pressão confinante
(P. Confinante) de 500 kPa e a 400 kPa de contrapressão (PP. Topo e PP. Base).
Em sequência, estas foram elevadas em estágios de 500 kPa, mantendo-se 100
kPa como a tensão efetiva, até chegar próximo a completa saturação, condição
observada no valor final do parâmetro B, o qual ficou próximo à unidade.
Por outro lado, os CP’s 09, 10 e 11, foram submetidos inicialmente a uma
pressão confinante de 650 kPa e a 400 kPa de contrapressão (PP. Topo e PP.
Base). Em seguida, as pressões foram elevadas em estágios de 100 kPa mantendo-
se 250 kPa como a tensão efetiva de saturação. A Tabela 5.2 apresenta os valores
do parâmetro B calculados para cada estágio desta fase.
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Ensaios Realizados e Análise dos Resultados 129
Tabela 5.2 – Valores do parâmetro B de Skempton para cada corpo de prova (folhelho
Pierre01).
Estágios CP04 CP05 CP09 CP10 CP11
Estágio 1 0,211 0,246 0,113 0,394 0,462
Estágio 2 0,438 0,576 0,185 0,514 0,564
Estágio 3 0,653 0,738 0,277 0,545 0,645
Estágio 4 0,787 0,818 0,273 0,661 0,714
Estágio 5 0,839 0,861 0,413 0,615 0,707
Estágio 6 0,873 0,876 0,435 0,645 0,704
Estágio 7 0,884 0,902 0,447 0,754 0,810
Estágio 8 0,904 0,857 0,497 0,754 0,840
Estágio 9 0,906 0,923 0,566 0,767 0,809
Estágio 10 0,915 0,920 0,595 0,778 0,854
Estágio 11 - - 0,593 0,825 0,879
Estágio 12 - - 0,665 0,761 0,804
Estágio 13 - - 0,618 0,853 0,910
Estágio 14 - - 0,699 0,814 0,902
Estágio 15 - - 0,728 0,842 0,896
Estágio 16 - - 0,720 0,875 0,937
Finalizada a saturação, os corpos de prova foram adensados sob pressão
confinante de 14000 kPa e contrapressão de 4000 kPa. Esta fase, neste caso, foi
realizada em 21h para os cinco corpos de prova.
5.3.1.3 Fase de Transmissão de Pressão
As Figuras 5.9 a 5.13 apresentam as variações da pressão confinante (P.
Confinante), da pressão na base (PP. Base) e da pressão no topo do corpo de prova
(PP. Topo) dos CP’s ao longo desta fase, assim como o ajuste numérico aos dados
experimentais. Como descrito no capítulo anterior, os ajustes numéricos obtidos
nesta fase (mediante o programa FPORO), fornecem uma estimativa do
coeficiente de permeabilidade dos corpos de prova ensaiados. O módulo de
elasticidade (E) e o coeficiente de Poisson () adotados para o folhelho Pierre01
foram obtidos da literatura (Crook et al., 2002) e correspondem, respectivamente,
![Page 130: Víctor Manuel Aréstegui Meléndez Avaliação …...general, to be caused by the physical-chemical interaction between drilling fluids and the referred rocks. This dissertation focuses](https://reader036.vdocuments.site/reader036/viewer/2022081612/5f6ac0c763bfb57ff679b6c9/html5/thumbnails/130.jpg)
Ensaios Realizados e Análise dos Resultados 130
a 1565MPa e 0,43 para corpos de prova com planos de acamamento a 45º em
relação ao eixo que é a mesma condição dos corpos de prova deste folhelho.
No ensaio realizado no CP11, apresentado na Figura 5.13, verifica-se um
comportamento diferenciado da pressão na base do corpo de prova,
provavelmente, provocado por um erro experimental não identificado no decorrer
do ensaio. O ajuste numérico realizado seguiu a tendência inicial de transmissão
de pressão.
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
0 2 4 6 8 10 12 14 16Tempo (h)
Pre
ssã
o (
kP
a)
P. Confinante
PP. Base
PP. Topo
Numérico
Figura 5.9 – Fase de transmissão de pressão com água do CP04.
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
0 2 4 6 8 10 12 14 16Tempo (h)
Pre
ssões (
kP
a)
P. Confinante
PP. Base
PP. Topo
Numérico
Figura 5.10 – Fase de transmissão de pressão com água do CP05.
![Page 131: Víctor Manuel Aréstegui Meléndez Avaliação …...general, to be caused by the physical-chemical interaction between drilling fluids and the referred rocks. This dissertation focuses](https://reader036.vdocuments.site/reader036/viewer/2022081612/5f6ac0c763bfb57ff679b6c9/html5/thumbnails/131.jpg)
Ensaios Realizados e Análise dos Resultados 131
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
0 6 12 18 24 30 36 42Tempo (h)
Pre
ssões (
kP
a)
P. Confinante
PP. Topo
PP. Base
Numérico
Figura 5.11 – Fase de transmissão de pressão com água do CP09.
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
0 6 12 18 24 30 36 42 48Tempo (h)
Pre
ssõ
es (
kP
a)
P. Confinante
PP. Topo
PP. Base
Numérico
Figura 5.12 – Fase de transmissão de pressão com água do CP10.
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
0 12 24 36 48 60 72Tempo (h)
Pre
ssões (
kP
a)
P. Confinante
PP. Topo
PP. Base
Numérico
Figura 5.13 – Fase de transmissão de pressão com água do CP11.
![Page 132: Víctor Manuel Aréstegui Meléndez Avaliação …...general, to be caused by the physical-chemical interaction between drilling fluids and the referred rocks. This dissertation focuses](https://reader036.vdocuments.site/reader036/viewer/2022081612/5f6ac0c763bfb57ff679b6c9/html5/thumbnails/132.jpg)
Ensaios Realizados e Análise dos Resultados 132
A Tabela 5.3 apresenta os valores de permeabilidade absoluta obtidas
mediante o ajuste numérico, pode-se observar que os CP’s 04 e 05 apresentaram
maiores valores quando comparados com os CP’s 09, 10 e 11.
Tabela 5.3 – Valores de permeabilidade absoluta obtidos para cada corpo de prova
(folhelho Pierre01).
Corpos de prova CP04 CP05 CP09 CP10 CP11
Permeabilidade (m2) 7,0 . 10
-21 7,0 . 10
-21 3,0 . 10
-21 1,6 . 10
-21 1,6 . 10
-21
Permeabilidade (nD) 7,1 7,1 3,06 1,63 1,63
5.3.1.4 Fase de Difusão de Íons
A fase de difusão de íons foi realizada utilizando soluções de 350g/l CaCl2,
274g/l de NaCl e 290g/l de KCl, respectivamente, para os CP’s 09, 10 e 11. As
Figuras 5.14, 5.15 e 5.16 apresentam, respectivamente, a variação das pressões ao
longo das fases de transmissão de pressão e difusão de íons para estes CP’s.
Nestes gráficos são apresentadas também as curvas de ajuste numérico utilizando
o programa FPORO.
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
0 24 48 72 96 120 144Tempo (h)
Pre
ssões (
kP
a)
P. Confinante
PP. Topo
PP. Base
Numérico
Figura 5.14 – Fase de transmissão de pressão e difusão de íons do CP09.
![Page 133: Víctor Manuel Aréstegui Meléndez Avaliação …...general, to be caused by the physical-chemical interaction between drilling fluids and the referred rocks. This dissertation focuses](https://reader036.vdocuments.site/reader036/viewer/2022081612/5f6ac0c763bfb57ff679b6c9/html5/thumbnails/133.jpg)
Ensaios Realizados e Análise dos Resultados 133
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
0 24 48 72 96 120 144Tempo (h)
Pre
ssõ
es (
kP
a)
P. Confinante
PP. Topo
PP. Base
Numérico
Figura 5.15 – Fase de transmissão de pressão e difusão de íons do CP10.
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
0 24 48 72 96 120 144Tempo (h)
Pre
ssõ
es (
kP
a)
P. Confinante
PP. Topo
PP. Base
Numérico
Figura 5.16 – Fase de transmissão de pressão e difusão de íons do CP11.
A metodologia usada para a obtenção do coeficiente de reflexão
experimental (αexp) foi descrito no capítulo anterior. A Tabela 5.4 apresenta os
resultados da atividade química de cada solução utilizada (Af), a pressão osmótica
teórica (a pressão osmótica gerada experimentalmente (Posm) e o coeficiente
de reflexão experimental (exp) obtido para cada corpo de prova.
![Page 134: Víctor Manuel Aréstegui Meléndez Avaliação …...general, to be caused by the physical-chemical interaction between drilling fluids and the referred rocks. This dissertation focuses](https://reader036.vdocuments.site/reader036/viewer/2022081612/5f6ac0c763bfb57ff679b6c9/html5/thumbnails/134.jpg)
Ensaios Realizados e Análise dos Resultados 134
Tabela 5.4 – Valores do coeficiente de reflexão obtidos experimentalmente (folhelho
Pierre01).
Corpos de Prova CP09 CP10 CP11
Concentração 350g/l CaCl2 274g/l NaCl 290g/l KCl
Af 0,851 0,831 0,891
(kPa) 22005,7 25349,6 15691,6
Posm (kPa) 737 2129 1050
exp (%) 3,35 8,40 6,69
Pode-se inferir que os maiores coeficientes de reflexão (exp)
correspondentes aos CP’s 10 e 11 estariam relacionados às menores
permeabilidades estimadas destes CP’s em relação ao CP09.
Como descrito no capítulo anterior, para a obtenção da tortuosidade (το) e,
por conseguinte do coeficiente de difusão efetivo das soluções (De), precisa-se da
quantidade dos íons contidos no reservatório da base do corpo de prova, em tal
sentido, ao final dos ensaios, o fluido presente no reservatório inferior é coletado e
encaminhado para realização de análises químicas. A Tabela 5.5 apresenta os
resultados destas análises. As porcentagens de CaCl2, NaCl e KCl foram obtidas
por análise estequiométrica considerando que existe cloreto suficiente para a
formação destes compostos.
Tabela 5.5 – Análises químicas do fluido presente no reservatório inferior (folhelho
Pierre01).
Concentração
(mg/l)
Corpos de Prova
CP09
350g/l CaCl2
CP10
274g/l NaCl
CP11
290g/l KCl
Na+ 141,780 497,250 269,020
K+ 7,070 11,650 13,650
Ca++
12,090 234,580 1538,120
Ba++
0,051 0,198 0,385
Sr++
0,625 8,062 6,791
Mg++
0,950 86,710 2,160
Cl- 1395,77 3080,32 4524,22
CaCl2 33,50 649,60 4259,20
NaCl 360,40 1264,10 683,90
KCl 13,50 22,20 26,00
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Ensaios Realizados e Análise dos Resultados 135
De posse de estimar as concentrações finais das soluções salinas utilizadas
em cada corpo de prova (valores em negrito na Tabela 5.5), realizou-se a
retroanálise utilizando o programa FPORO, como podem ser vistos nas curvas
numéricas apresentadas nas Figuras 5.14 a 5.16 acima. Os resultados de
tortuosidade (), coeficiente de difusão efetivo (De) e coeficiente de reflexão
(num) estão apresentados na Tabela 5.6.
Tabela 5.6 – Valores obtidos numericamente (folhelho Pierre01).
Corpos de Prova CP09 CP10 CP11
Concentração 350g/l CaCl2 274g/l NaCl 290g/l KCl
0,0290 0,0590 0,0264
De (m2/s) 3,89. 10
-11 9,50. 10
-11 5,25. 10
-11
num (%) 3,70 10,0 7,0
exp (%) 3,35 8,40 6,69
Como podem ser observados, os valores do coeficiente de reflexão obtidos
experimentalmente, são muito próximos aos valores numéricos.
Observa-se também que a solução de NaCl (274g/l) exposta ao CP10
apresenta o maior coeficiente de difusão efetivo (De) em relação as soluções que
foram expostas aos CP09 e CP11; este fato é decorrente da maior concentração,
desta mesma solução, encontrada no reservatório inferior (1,264 g/cm3) do CP10.
Nas Figuras 5.17 a 5.219 são apresentados os gráficos do ajuste numérico ao
valor da concentração obtida pela análise química.
![Page 136: Víctor Manuel Aréstegui Meléndez Avaliação …...general, to be caused by the physical-chemical interaction between drilling fluids and the referred rocks. This dissertation focuses](https://reader036.vdocuments.site/reader036/viewer/2022081612/5f6ac0c763bfb57ff679b6c9/html5/thumbnails/136.jpg)
Ensaios Realizados e Análise dos Resultados 136
0.000
0.005
0.010
0.015
0.020
0.025
0.030
0.035
0.040
0 24 48 72 96 120 144Tempo (h)
Co
nce
ntr
açã
o (
g/c
m3)
Numérico
Experimental
Figura 5.17 – Ajuste numérico da concentração no CP09.
0.00
0.20
0.40
0.60
0.80
1.00
1.20
1.40
0 24 48 72 96 120 144Tempo (h)
Co
nce
ntr
açã
o (
g/c
m3)
Numérico
Experimental
Figura 5.18 – Ajuste numérico da concentração no CP10.
0.000
0.005
0.010
0.015
0.020
0.025
0.030
0 24 48 72 96 120 144Tempo (h)
Co
nce
ntr
açã
o (
g/c
m3)
Numérico
Experimental
Figura 5.19 – Ajuste numérico da concentração no CP11.
![Page 137: Víctor Manuel Aréstegui Meléndez Avaliação …...general, to be caused by the physical-chemical interaction between drilling fluids and the referred rocks. This dissertation focuses](https://reader036.vdocuments.site/reader036/viewer/2022081612/5f6ac0c763bfb57ff679b6c9/html5/thumbnails/137.jpg)
Ensaios Realizados e Análise dos Resultados 137
5.3.1.5 Dados Finais dos Corpos de Prova
Na Tabela 5.7 são apresentados os dados e os cálculos dos índices físicos
finais dos CP’s 09, 10 e 11.
Tabela 5.7 – Dados e índices físicos finais dos corpos de prova (folhelho Pierre01).
Parâmetros CP09 CP10 CP11
Altura (mm) 15,34 15,29 15,18
Diâmetro (mm) 37,93 37,94 37,83
Massa (W, g) 39,23 39,25 38,85
Umidade (w, %) 9,75 10,56 9,75
Volume (V, cm3) 17,33 17,28 17,06
Massa específica (g/cm3) 2,26 2,27 2,28
Densidade dos grãos 2,72 2,72 2,72
Índice de vazios (e) 0,319 0,324 0,311
Grau de saturação (S, %) 83,15 88,55 85,27
Porosidade (n, %) 24,18 24,49 23,72
Independente do tipo e da concentração salina utilizada observa-se, em
todos os casos, valores de umidade e volume finais superiores aos iniciais,
indicando que o folhelho Pierre01 absorveu água ao longo do processo. Este
comportamento é similar ao verificado nos ensaios com os folhelhos B (Duarte,
2004) e B-L (Muniz, 2005) e o oposto do verificado no folhelho B-S (Muniz,
2003). Observam-se também na Tabela 5.7 valores de índice de vazios, e
porosidade superiores aos iniciais. Por outro lado, verifica-se que os graus de
saturação que os corpos de prova apresentaram ao final de ensaio foram menores
aos iniciais.
5.3.2 Segunda Campanha de Ensaios com o Folhelho Pierre01
Nesta última campanha, com este tipo de folhelho, foram realizados quatro
ensaios simultâneos. Desta vez, na fase de difusão de íons, foram utilizados como
fluido de circulação, soluções salinas de formiato de sódio (NaCOOH) e cloreto
de sódio (NaCl) a diferentes concentrações. O objetivo é o mesmo, estimar os
![Page 138: Víctor Manuel Aréstegui Meléndez Avaliação …...general, to be caused by the physical-chemical interaction between drilling fluids and the referred rocks. This dissertation focuses](https://reader036.vdocuments.site/reader036/viewer/2022081612/5f6ac0c763bfb57ff679b6c9/html5/thumbnails/138.jpg)
Ensaios Realizados e Análise dos Resultados 138
parâmetros de transporte de massa (permeabilidade, coeficiente de difusão e
reflexão) e assim complementar os resultados já obtidos na campanha anterior. Os
CP’s ensaiados foram nomeados como CP12, 13, 14 e 15.
5.3.2.1 Dados Iniciais dos Corpos de Prova
A Tabela 5.8 apresenta os dados iniciais dos corpos de prova e os índices
físicos obtidos. A densidade dos grãos (G) e a umidade natural (w) apresentaram
valores iguais a 2,72 e 9,71%, respectivamente. Observam-se valores iniciais
médios de índices de vazios e porosidade, respectivamente iguais a 0,29 e
22,66%. Estes valores são praticamente iguais à média dos últimos cinco ensaios
realizados na campanha anterior. Considerando os valores iniciais obtidos nesta
campanha e na campanha anterior, podemos então definir como o índice de vazios
(e) e porosidade (n) respectivamente valores de 0,29 e 22,50% para este tipo de
folhelho.
Tabela 5.8 – Dados e índices físicos iniciais dos corpos de prova (folhelho Pierre01)
Parâmetros CP12 CP13 CP14 CP15
Altura (mm) 14,93 15,12 14,93 15,18
Diâmetro (mm) 37,61 37,56 37,33 37,66
Massa (W, g) 38,52 38,59 38,29 38,94
Umidade (w, %) 9,71 9,71 9,71 9,71
Volume (V, cm3) 16,59 16,75 16,34 16,91
Massa específica (g/cm3) 2,32 2,30 2,34 2,30
Densidade dos grãos 2,72 2,72 2,72 2,72
Índice de vazios (e) 0,285 0,295 0,274 0,296
Grau de saturação (S, %) 92,59 89,37 96,53 89,33
Porosidade (n, %) 22,19 22,80 21,48 22,81
5.3.2.2 Fase de Saturação e Adensamento
Foram necessários 11 estágios para conclusão desta fase. A Tabela 5.9
apresenta os valores do parâmetro B calculados para cada estágio. Os CP’s foram
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Ensaios Realizados e Análise dos Resultados 139
submetidos inicialmente a uma pressão confinante (P. Confinante) de 500 kPa e a
400 kPa de contrapressão (PP. Topo e PP. Base). Em seguida, as pressões foram
elevadas em estágios de 500 kPa mantendo-se 100 kPa como a tensão efetiva de
saturação. No estágio 9 observa-se que todos os corpos de prova se encontram
com o maior parâmetro B, já no estágio 10 e 11 experimentaram uma leve queda.
Tabela 5.9 – Valores do parâmetro B de Skempton para cada corpo de prova (folhelho
Pierre01).
Estágios CP12 CP13 CP14 CP15
Estágio 1 0,096 0,327 0,268 0,335
Estágio 2 0,267 0,606 0,594 0,586
Estágio 3 0,494 0,750 0,753 0,723
Estágio 4 0,604 0,802 0,825 0,809
Estágio 5 0,805 0,856 0,898 0,879
Estágio 6 0,826 0,859 0,900 0,880
Estágio 7 0,860 0,850 0,899 0,883
Estágio 8 0,880 0,878 0,941 0,920
Estágio 9 0,910 0,883 0,953 0,928
Estágio 10 0,871 0,864 0,908 0,899
Estágio 11 0,871 0,863 0,906 0,905
Finalizada a saturação, os corpos de prova foram adensados sob pressão
confinante de 14000 kPa e contrapressão de 4000 kPa. Esta fase foi realizada em
23h para o CP12 e em 67h para os demais corpos de prova.
5.3.2.3 Fase de Transmissão de Pressão
As Figuras 5.20 a 5.23 apresentam as variações da pressão confinante (P.
Confinante), da pressão na base (PP. Base) e da pressão no topo do corpo de prova
(PP. Topo) ao longo desta fase, assim como o ajuste numérico aos dados
experimentais. A análise numérica foi realizada considerando os mesmos valores
de módulo de elasticidade e coeficiente de Poisson da campanha anterior que
foram respectivamente iguais a 1565 MPa e 0,43 (Crook et al., 2002).
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Ensaios Realizados e Análise dos Resultados 140
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
0 3 6 9 12 15 18 21Tempo (h)
Pre
ssões (
kP
a)
P. Confinante
PP. Base
PP. Topo
Numérico
Figura 5.20 – Fase de transmissão de pressão com água do CP12.
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
0 12 24 36 48 60
Tempo (h)
Pre
ssões (
kP
a)
P. Confinante
PP. Base
PP. Topo
Numérico
Figura 5.21 – Fase de transmissão de pressão com água do CP13.
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
0 12 24 36 48 60Tempo (h)
Pre
ssões (
kP
a)
P. Confinante
PP. Base
PP. Topo
Numérico
Figura 5.22 – Fase de transmissão de pressão com água do CP14.
![Page 141: Víctor Manuel Aréstegui Meléndez Avaliação …...general, to be caused by the physical-chemical interaction between drilling fluids and the referred rocks. This dissertation focuses](https://reader036.vdocuments.site/reader036/viewer/2022081612/5f6ac0c763bfb57ff679b6c9/html5/thumbnails/141.jpg)
Ensaios Realizados e Análise dos Resultados 141
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
0 12 24 36 48 60Tempo (h)
Pre
ssões (
kP
a)
P. Confinante
PP. Base
PP. Topo
Numérico
Figura 5.23 – Fase de transmissão de pressão com água do CP15.
A Tabela 5.10 apresenta os valores de permeabilidade absoluta estimada
para cada corpo de prova. Verifica-se um elevado valor de permeabilidade para o
CP12, decorrente do menor tempo necessário, em relação aos demais corpos de
prova, para que a pressão da base (PP. Base) atinja à pressão do topo (PP. Topo).
Tabela 5.10 – Valores de permeabilidade absoluta obtidos para cada corpo de prova
(folhelho Pierre01).
Corpos de prova CP12 CP13 CP14 CP15
Permeabilidade (m2) 1,0 . 10
-20 3,5 . 10
-21 3,0 . 10
-21 2,2 . 10
-21
Permeabilidade (nD) 10,10 3,55 3,04 2,23
Na primeira e nesta última bateria de ensaios, os CP’s forneceram valores
variando de 1,63nD a 10,10nD. Para fins de comparação, poderia-se considerar
como a permeabilidade absoluta do folhelho Pierre01 a média global dos valores
obtidos nestes CP’s; sendo assim, este apresentaria uma permeabilidade absoluta
de 4,38nD. Al-Bazali (2005) apresenta valores nesta mesma ordem de grandeza
(6,48nD) para este mesmo folhelho, entretanto, não é especificado a direção dos
planos de acamamento dos corpos de prova que no caso em estudo é de 45º em
relação ao eixo dos mesmos.
![Page 142: Víctor Manuel Aréstegui Meléndez Avaliação …...general, to be caused by the physical-chemical interaction between drilling fluids and the referred rocks. This dissertation focuses](https://reader036.vdocuments.site/reader036/viewer/2022081612/5f6ac0c763bfb57ff679b6c9/html5/thumbnails/142.jpg)
Ensaios Realizados e Análise dos Resultados 142
5.3.2.4 Fase de Difusão de Íons
A fase de difusão de íons para os corpos de prova CP12, CP13 e CP14 foi
realizada utilizando respectivamente soluções de 300, 500 e 700g/l de formiato de
sódio (NaCOOH), já no corpo de prova CP15 foi utilizada uma solução de
297,2g/l de NaCl. As Figuras 5.24 a 5.27 apresentam as variações das pressões ao
longo das fases de transmissão de pressão e difusão de íons para estes CP’s.
Nestes gráficos são apresentadas também as curvas de ajuste numérico utilizando
o programa FPORO.
.
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
0 24 48 72 96 120 144Tempo (h)
Pre
ssõ
es (
kP
a)
P. Confinante
PP. Base
PP. Topo
Numérico
Figura 5.24 – Fase de transmissão de pressão e difusão de íons do CP12.
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
0 24 48 72 96 120 144 168Tempo (h)
Pre
ssõ
es (
kP
a)
P. Confinante
PP. Base
PP. Topo
Numérico
Figura 5.25 – Fase de transmissão de pressão e difusão de íons do CP13.
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Ensaios Realizados e Análise dos Resultados 143
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
0 24 48 72 96 120 144Tempo (h)
Pre
ssõ
es (
kP
a)
P. Confinante
PP. Base
PP. Topo
Numérico
Figura 5.26 – Fase de transmissão de pressão e difusão de íons do CP14.
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
0 24 48 72 96 120 144 168Tempo (h)
Pre
ssões (
kP
a)
P. Confinante
PP. Base
PP. Topo
Numérico
Figura 5.27 – Fase de transmissão de pressão e difusão de íons do CP15.
A Tabela 5.11 apresenta os resultados da atividade química de cada
solução utilizada (Af), a pressão osmótica teórica (a pressão osmótica gerada
experimentalmente (Posm) e finalmente o coeficiente de reflexão experimental
(exp) para cada CP.
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Ensaios Realizados e Análise dos Resultados 144
Tabela 5.11 – Valores do coeficiente de reflexão obtidos experimentalmente (folhelho
Pierre01).
Corpos de Prova CP12 CP13 CP14 CP15
Concentração 300g/l
NaCOOH
500g/l
NaCOOH
700g/l
NaCOOH
297.2g/l
NaCl
Af 0,849 0,714 0,597 0,798
(kPa) 22292,0 45899,3 70372,5 30776,6
Posm (kPa) 187,4 1730,0 2315,2 1255,7
exp (%) 0,84 3,8 3,29 4,08
Verifica-se que o CP12 apresenta o menor coeficiente de reflexão
experimental (exp). Este resultado estaria relacionado à maior permeabilidade que
este apresenta quando comparado com os demais corpos de prova.
Observa-se ainda da Tabela 5.11, que a pressão osmótica experimental
(Posmse apresenta inversamente proporcional a atividade da água do fluido (Af),
em outras palavras, menores valores de atividade da água das soluções salinas
geram maiores pressões osmóticas em contato com os folhelhos. Pode-se observar
também que, não necessariamente maiores pressões osmóticas geradas
experimentalmente, significam maiores coeficientes de reflexão (, pois estes
também dependem da pressão osmótica teórica (que o fluido apresenta.
Na anterior e na presente bateria de ensaios, verificaram-se coeficientes de
reflexão obtidos experimentalmente (exp), variando de 0,84% a 8,40% para os
diferentes CP’s do folhelho Pierre01. Desses valores encontrados, para fins de
comparação, podemos considerar um valor médio global do coeficiente de
reflexão experimental para este tipo de folhelho, o qual resultou igual a 4,35%.
Este valor é superior aos obtidos por Al-Bazali (2005) no mesmo folhelho, cujos
ensaios não apresentaram valores de coeficiente de reflexão superiores a 2%.
Infelizmente, a determinação dos íons contidos no fluido do reservatório da
base dos CP’s não foi realizada devido à perda do fluido coletado por um mau
acondicionamento das amostras que iriam para as análises químicas; por tal razão,
o valor da tortuosidade e como consequência, do coeficiente de difusão efetivo
não foram estimados.
Os ajustes numéricos para o cálculo do coeficiente de reflexão (num)
forneceram os valores mostrados na Tabela 5.12; apresentam-se também os
![Page 145: Víctor Manuel Aréstegui Meléndez Avaliação …...general, to be caused by the physical-chemical interaction between drilling fluids and the referred rocks. This dissertation focuses](https://reader036.vdocuments.site/reader036/viewer/2022081612/5f6ac0c763bfb57ff679b6c9/html5/thumbnails/145.jpg)
Ensaios Realizados e Análise dos Resultados 145
coeficientes de reflexão experimentais (exp) já calculados anteriormente e as
viscosidades das soluções utilizadas, obtidas mediante o uso de um viscosímetro
de marca Fann modelo N 5000.
Tabela 5.12 – Valores do coeficiente de reflexão obtidos numericamente (folhelho
Pierre01).
Corpos de Prova CP12 CP13 CP14 CP15
Concentração 300g/l
NaCOOH
500g/l
NaCOOH
700g/l
NaCOOH
297.2g/l
NaCl
Viscosidade
(Pa.s) 0,00255 0,00554 0,01348 0,00189
num (%) 1.50 5,00 5,20 5,20
exp (%) 0,84 3,8 3,29 4,08
Observa-se que o CP12, apresenta o menor coeficiente de reflexão numérico
quando comparados aos demais corpos de prova, este comportamento também foi
observado experimentalmente.
Na anterior e presente campanha verificaram-se valores do coeficiente de
reflexão numérico variando de 1,50% a 10%, com uma média global de 5,37%;
Todos esses valores são ligeiramente superiores aos valores estimados
experimentalmente.
5.3.2.5 Dados Finais do Corpo de Prova
Na Tabela 5.13 são apresentados os dados e índices físicos finais obtidos da
presente campanha. Observam-se em todos os casos valores de umidade e volume
finais superiores aos iniciais, indicando que o folhelho absorveu água ao longo do
processo. Este comportamento é similar ao verificado na campanha anterior, neste
mesmo folhelho, e nos ensaios com os folhelhos B e B-L (Duarte, 2004 e Muniz,
2005) e o oposto do verificado no folhelho B-S (Muniz, 2003). Como observados
na campanha anterior, os graus de saturação dos corpos de prova, ao final do
ensaio, apresentaram-se menores em relação aos valores iniciais. Observam-se
também, valores de índice de vazios e porosidade superiores aos valores iniciais.
![Page 146: Víctor Manuel Aréstegui Meléndez Avaliação …...general, to be caused by the physical-chemical interaction between drilling fluids and the referred rocks. This dissertation focuses](https://reader036.vdocuments.site/reader036/viewer/2022081612/5f6ac0c763bfb57ff679b6c9/html5/thumbnails/146.jpg)
Ensaios Realizados e Análise dos Resultados 146
Tabela 5.13 – Dados e índices físicos finais dos corpos de prova (folhelho Pierre01).
Parâmetros CP12 CP13 CP14 CP15
Altura (mm) 15,07 - 15,64 15,47
Diâmetro (mm) 38,17 - 38,25 37,86
Massa (W, g) 39,20 38,59 39,90 39,23
Umidade (w, %) 11,56 10,39 11,22 10,23
Volume (V, cm3) 17,25 - 17,97 17,42
Massa específica (g/cm3) 2,27 - 2,22 2,25
Densidade dos grãos 2,72 2,72 2,72 2,72
Índice de vazios (e) 0,335 - 0,362 0,331
Grau de saturação (S, %) 93,90 - 84,17 84,06
Porosidade (n, %) 25,10 - 26,61 24,87
5.3.3 Ensaios de Tração Indireta (Ensaio Brasileiro)
São apresentados os resultados dos ensaios brasileiros realizados nas duas
campanhas anteriores nos corpos de prova utilizados do folhelho Pierre01. Estes
corpos de prova apresentaram uma resistência a tração inferior a 0,8 MPa. Nestes
ensaios não foram observadas, em nenhum caso, rupturas típicas dos ensaios de
tração indireta. Os planos de ruptura deste folhelho foram exatamente pela direção
da laminação ou acamamento do folhelho; se sabe que os corpos de prova deste
folhelho foram preparados com os planos de acamamento inclinados de
aproximadamente 45° em relação ao eixo do mesmo, estas direções atuam como
sendo planos de fraqueza com uma orientação preferencial para a ruptura. Na
Figura 5.28 apresentam-se fotos do corpo de prova do folhelho Pierre01 rompido.
![Page 147: Víctor Manuel Aréstegui Meléndez Avaliação …...general, to be caused by the physical-chemical interaction between drilling fluids and the referred rocks. This dissertation focuses](https://reader036.vdocuments.site/reader036/viewer/2022081612/5f6ac0c763bfb57ff679b6c9/html5/thumbnails/147.jpg)
Ensaios Realizados e Análise dos Resultados 147
Figura 5.28 – Rupturas do corpo de prova após ensaio Brasileiro – folhelho Pierre01.
5.3.4 Primeira Campanha de Ensaios com o Folhelho BC-01
De forma a estimar os parâmetros de transporte de massa (permeabilidade,
coeficiente de difusão e reflexão), na presente campanha foram realizados cinco
ensaios simultâneos para os seguintes corpos de prova, BC01, BC02, BC06,
BC07, BC08. Na fase de difusão de íons, soluções salinas de CaCl2, NaCl e KCl a
diferentes concentrações foram utilizadas como fluido de circulação.
5.3.4.1 Dados Iniciais dos Corpos de Prova
A densidade dos grãos (G) e a umidade natural (w) foram obtidas
apresentando valores iguais a 2,72 e 9,75%, respectivamente. A Tabela 5.14
a b
c d
![Page 148: Víctor Manuel Aréstegui Meléndez Avaliação …...general, to be caused by the physical-chemical interaction between drilling fluids and the referred rocks. This dissertation focuses](https://reader036.vdocuments.site/reader036/viewer/2022081612/5f6ac0c763bfb57ff679b6c9/html5/thumbnails/148.jpg)
Ensaios Realizados e Análise dos Resultados 148
apresenta os dados iniciais dos corpos de prova e os índices físicos obtidos.
Observa-se nesta campanha, que este folhelho apresenta respectivamente valores
médios de índices de vazios e porosidade iguais a 0,32 e 24,31%.
Tabela 5.14 – Dados e índices físicos iniciais dos corpos de prova ( folhelho BC-01).
Parâmetros BC01 BC02 BC06 BC07 BC08
Altura (mm) 14,98 15,22 14,83 15,04 14,95
Diâmetro (mm) 37,74 37,62 38,06 37,67 37,99
Massa (W, g) 37,85 38,12 38,13 37,87 38,39
Umidade (w, %) 9,75 9,75 9,75 9,75 9,75
Volume (V, cm3) 16,76 16,92 16,87 16,76 16,94
Massa específica (g/cm3) 2,26 2,25 2,25 2,26 2,26
Densidade dos grãos 2,72 2,72 2,72 2,72 2,72
Índice de vazios (e) 0,322 0,328 0,320 0,321 0,317
Grau de saturação (S, %) 82,46 81,01 82,60 82,57 83,47
Porosidade (n, %) 24,33 24,71 24,29 24,30 24,10
5.3.4.2 Fase de Saturação e Adensamento
Foram necessários 10 estágios para conclusão da fase de saturação. Os
corpos de prova foram submetidos inicialmente a uma pressão confinante (P.
Confinante) de 600 kPa e a 400 kPa de contrapressão (PP. Topo e Base). Em
seguida, as pressões foram elevadas em estágios de 500 kPa mantendo-se 200 kPa
como a tensão efetiva de saturação. A Tabela 5.15 apresenta os valores do
parâmetro B calculados para cada estágio desta fase.
![Page 149: Víctor Manuel Aréstegui Meléndez Avaliação …...general, to be caused by the physical-chemical interaction between drilling fluids and the referred rocks. This dissertation focuses](https://reader036.vdocuments.site/reader036/viewer/2022081612/5f6ac0c763bfb57ff679b6c9/html5/thumbnails/149.jpg)
Ensaios Realizados e Análise dos Resultados 149
Tabela 5.15 – Valores do parâmetro B de Skempton para cada corpo de prova (folhelho
BC-01).
Estágios BC01 BC02 BC06 BC07 BC08
Estágio 1 0,034 0,195 0,409 0,694 0,689
Estágio 2 0,165 0,418 0,629 0,886 0,893
Estágio 3 0,322 0,621 0,754 0,931 0,944
Estágio 4 0,448 0,712 0,830 0,936 0,958
Estágio 5 0,537 0,929 0,865 0,944 0,975
Estágio 6 0,668 0,989 0,885 0,964 0,979
Estágio 7 0,771 0,992 0,897 0,956 0,979
Estágio 8 0,804 0,990 0,916 0,937 0,984
Estágio 9 0,811 0,997 0,931 0,937 0,985
Estágio 10 0,816 0,996 0,930 0,913 0,984
Finalizada a saturação, os corpos de prova foram adensados sob pressão
confinante de 14000 kPa e contrapressão de 4000 kPa. Esta fase transcorreu por
períodos de tempo não inferiores a 21h.
5.3.4.3 Fase de Transmissão de Pressão
As Figuras 5.29 a 5.32 apresentam as variações da pressão confinante (P.
Confinante), da pressão na base (PP. Base) e da pressão no topo do corpo de prova
(PP. Topo) dos corpos de prova BC01, BC06, BC07 e BC08 ao longo desta fase,
assim como o ajuste numérico aos dados experimentais.
No ensaio realizado no BC02 utilizou-se uma metodologia diferente da
empregada normalmente. Esta metodologia, utilizada anteriormente por Muniz
(2003), consiste em inserir o fluido salino no topo do corpo de prova desde o
início desta fase; por outro lado, este corpo de prova foi ensaiado dentro da célula
de difusão para ensaios anisotrópicos, desenvolvida pelo LIRF, sendo basicamente
a mesma célula de difusão para ensaios isotrópicos (descrita no capítulo 4)
instalada dentro de uma prensa que imprime a força axial, o gráfico deste ensaio
no CP02 será apresentado no seguinte item.
A análise numérica foi realizada considerando o módulo de elasticidade (E)
e coeficiente de Poisson (), respectivamente, 14899 MPa e 0,28. Estes dados do
![Page 150: Víctor Manuel Aréstegui Meléndez Avaliação …...general, to be caused by the physical-chemical interaction between drilling fluids and the referred rocks. This dissertation focuses](https://reader036.vdocuments.site/reader036/viewer/2022081612/5f6ac0c763bfb57ff679b6c9/html5/thumbnails/150.jpg)
Ensaios Realizados e Análise dos Resultados 150
folhelho BC-01 foram obtidos a partir de perfis por meio de correlações existentes
no programa computacional SEST©
. O SEST©
é uma poderosa ferramenta para
projeto de estabilidade de poços; o sistema conta com módulos de cálculo que
permitem a estimativa das propriedades mecânicas, das tensões in situ, entre
outras. As equações 5.1 e 5.2 apresentam, respectivamente, as correlações
utilizadas no cálculo do coeficiente de Poisson e do módulo de Elasticidade
utilizadas pelo programa.
1)(
2)(5,0
2
2
dtcdts
dtcdts (5.1)
Onde dtc e dts são o tempo de trânsito da onda compressional e cisalhante
respectivamente (em µs/pé).
)1(2 GE (5.2)
Onde G e são o módulo de cisalhamento (em psi) dado por
G=1,34.1010
.(ρf /dts2) e o coeficiente de Poisson, respectivamente. E ainda ρf a
densidade da formação em g/cm3 e dts o tempo de trânsito da onda cisalhante (em
µs/pé).
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
0 12 24 36 48 60 72Tempo (h)
Pre
ssões (
kP
a)
P. Confinante
PP. Base
PP. Topo
Numérico
Figura 5.29 – Fase de transmissão de pressão com água do corpo de prova BC01.
![Page 151: Víctor Manuel Aréstegui Meléndez Avaliação …...general, to be caused by the physical-chemical interaction between drilling fluids and the referred rocks. This dissertation focuses](https://reader036.vdocuments.site/reader036/viewer/2022081612/5f6ac0c763bfb57ff679b6c9/html5/thumbnails/151.jpg)
Ensaios Realizados e Análise dos Resultados 151
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
0 12 24 36 48 60 72 84 96Tempo (h)
Pre
ssõ
es (
kP
a)
P. Confinante
PP. Topo
PP. Base
Numérico
Figura 5.30 – Fase de transmissão de pressão com água do corpo de prova BC06.
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
0 12 24 36 48 60 72Tempo (h)
Pre
ssõ
es (
kP
a)
P. Confinante
PP. Topo
PP. Base
Numérico
Figura 5.31 – Fase de transmissão de pressão com água do corpo de prova BC07.
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
0 12 24 36 48 60 72Tempo (h)
Pre
ssõ
es (
kP
a)
P. Confinante
PP. Topo
PP. Base
Numérico
Figura 5.32 – Fase de transmissão de pressão com água do corpo de prova BC08.
![Page 152: Víctor Manuel Aréstegui Meléndez Avaliação …...general, to be caused by the physical-chemical interaction between drilling fluids and the referred rocks. This dissertation focuses](https://reader036.vdocuments.site/reader036/viewer/2022081612/5f6ac0c763bfb57ff679b6c9/html5/thumbnails/152.jpg)
Ensaios Realizados e Análise dos Resultados 152
A Tabela 5.16 apresenta os valores de permeabilidade absoluta estimada
para cada corpo de prova. Das Figuras 5.29, 5.31 e 5.32 acima, verifica-se que os
corpos de prova BC01, BC07 e BC08 apresentam o mesmo tempo necessário para
que as pressões da base atinjam as pressões do topo (60h). Decorrentes deste fato,
as permeabilidades destes corpos de prova são as mesmas.
Tabela 5.16 – Valores de permeabilidade absoluta obtidos para cada corpo de prova
(folhelho BC-01).
Corpo de Prova BC01 BC02 BC06 BC07 BC08
Permeabilidade (m2) 9,0.10
-22 1,2.10
-21 6,0.10
-22 9,0.10
-22 9,0.10
-22
Permeabilidade (nD) 0,92 1,22 0,61 0,92 0,92
5.3.4.4 Fase de Difusão de Íons
Nesta fase, soluções 150g/l de NaCl, 170g/l de CaCl2, 260g/l de CaCl2 e
350g/l de CaCl2, foram utilizadas nos corpos de prova BC01, BC06, BC07 e
BC08, respectivamente. No ensaio do BC02 (150g/l de NaCl) as fases de
transmissão de pressão e difusão de íons foram realizadas simultaneamente. As
Figuras de 5.33 a 5.37 apresentam, a variações das pressões ao longo das fases de
transmissão de pressão e difusão de íons para estes corpos de prova. Nestes
gráficos são também apresentadas as curvas do ajuste numérico.
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
0 24 48 72 96 120 144Tempo (h)
Pre
ssões (
kP
a)
P. Confinante
PP. Topo
PP. Base
Numérico
Figura 5.33 – Fase de transmissão de pressão e difusão de íons do BC01.
![Page 153: Víctor Manuel Aréstegui Meléndez Avaliação …...general, to be caused by the physical-chemical interaction between drilling fluids and the referred rocks. This dissertation focuses](https://reader036.vdocuments.site/reader036/viewer/2022081612/5f6ac0c763bfb57ff679b6c9/html5/thumbnails/153.jpg)
Ensaios Realizados e Análise dos Resultados 153
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
0 24 48 72 96 120 144Tempo (h)
Pre
ssõ
es (
kP
a)
P. Confinante
PP. Topo
PP. Base
Numérico
P. Axial
Figura 5.34 – Fase de transmissão de pressão e difusão de íons do BC02.
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
0 24 48 72 96 120 144 168 192Tempo (h)
Pre
ssõ
es (
kP
a)
P. Confinante
PP. Topo
PP. Base
Numérico
Figura 5.35 – Fase de transmissão de pressão e difusão de íons do BC06.
0
2000
4000
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10000
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0 24 48 72 96 120 144 168 192Tempo (h)
Pre
ssõ
es (
kP
a)
P. Confinante
PP. Topo
PP. Base
Numérico
Figura 5.36 – Fase de transmissão de pressão e difusão de íons do BC07.
![Page 154: Víctor Manuel Aréstegui Meléndez Avaliação …...general, to be caused by the physical-chemical interaction between drilling fluids and the referred rocks. This dissertation focuses](https://reader036.vdocuments.site/reader036/viewer/2022081612/5f6ac0c763bfb57ff679b6c9/html5/thumbnails/154.jpg)
Ensaios Realizados e Análise dos Resultados 154
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
0 24 48 72 96 120 144 168 192Tempo (h)
Pre
ssõ
es (
kP
a)
P. Confinante
PP. Topo
PP. Base
Numérico
Figura 5.37 – Fase de transmissão de pressão e difusão de íons do BC08.
No gráfico da Figura 5.34 correspondente ao BC02, observa-se que a
pressão da base (PP. Base) não atinge a pressão do topo do corpo de prova (PP.
Topo); este comportamento, também observados por Muniz (2003) e Duarte
(2004), é devido aos gradientes químicos e hidráulicos que atuam
simultaneamente gerando um fluxo osmótico no sentido contrário ao fluxo
hidráulico, podendo-se obter num menor período de tempo a pressão osmótica
gerada por um determinado fluido.
A Tabela 5.17 apresenta os resultados das atividades químicas das soluções
utilizadas (Af), a pressão osmótica teórica (a pressão osmótica gerada
experimentalmente (Posm) e os coeficientes de reflexão (exp) para cada corpo de
prova.
Nos corpos de prova BC01 e BC02 foram circuladas a mesma solução e
concentração salina, como consequência, as mesmas atividades de água. No final
desta fase foi observado que a pressão osmótica gerada (Posm) e o coeficiente de
reflexão em ambos os corpos de provas são praticamente iguais,
independentemente do momento em que a solução entre em contato com o corpo
de prova e do seu estado de tensões (repare-se que no BC02, além de atuar as
pressões de topo, base e confinante, atua também uma pressão axial de 15000
kPa).
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Ensaios Realizados e Análise dos Resultados 155
Tabela 5.17 – Valores do coeficiente de reflexão obtidos experimentalmente (folhelho
BC-01).
Corpos de Prova BC01 BC02 BC06 BC07 BC08
Concentração 150 g/l
NaCl
150 g/l
NaCl
170 g/l
CaCl2
260 g/l
CaCl2
350 g/l
CaCl2
Af 0,943 0,943 0,944 0,894 0,841
(kPa) 8051,4 8051,4 7923,3 15339,7 23684,9
Posm (kPa) 1343,0 1348,0 757,0 1829,0 2755,0
exp (%) 16,6 16,7 9,6 11,9 11,6
Como verificados na segunda campanha com o folhelho Pierre01, a redução
das atividades da água das soluções salinas incrementam as pressões osmóticas
geradas no folhelho (Posm). Pode-se observar também que, não necessariamente
maiores pressões osmóticas geradas experimentalmente, significam maiores
coeficientes de reflexão (, pois estes também dependem da pressão osmótica
teórica (que o fluido apresenta.
A Tabela 5.18 apresenta as análises químicas realizadas do reservatório
inferior, exceto para o BC01. As porcentagens de CaCl2, NaCl e KCl foram
obtidas por análise estequiométrica considerando que existe cloreto suficiente para
a formação destes compostos.
Tabela 5.18 – Análises químicas do fluido presente no reservatório inferior .
Concentração
(mg/l)
Corpos de prova
BC02
150g/l NaCl
BC06
170g/l CaCl2
BC07
260g/l CaCl2
BC08
350g/l CaCl2
Na+ 926,000 1157,280 546,530 635,390
K+ 45,600 35,870 20,560 20,800
Ca++
16,600 4,700 17,910 1,840
Ba++
0,100 0,021 0,144 0,169
Sr++
4,000 1,286 2,0280 0,659
Mg++
0,100 0,870 2,860 1,950
Cl- --- 1877,07 1877,07 2839,67
CaCl2 45,97 13,00 49,60 5,10
NaCl 2354,00 2941,90 1389,30 1615,20
KCl 86,95 68,40 39,20 39,70
![Page 156: Víctor Manuel Aréstegui Meléndez Avaliação …...general, to be caused by the physical-chemical interaction between drilling fluids and the referred rocks. This dissertation focuses](https://reader036.vdocuments.site/reader036/viewer/2022081612/5f6ac0c763bfb57ff679b6c9/html5/thumbnails/156.jpg)
Ensaios Realizados e Análise dos Resultados 156
Com as concentrações finais das soluções salinas utilizadas (valores em
negrito na Tabela 5.18) é possível então realizar a retroanálise utilizando o
FPORO, como pode ser visto nas curvas numéricas apresentadas nas Figuras 5.33
a 5.37 acima. Os resultados da tortuosidade (), do coeficiente de difusão efetivo
(De) e do coeficiente de reflexão (num) obtidos, são apresentados na Tabela 5.19.
Tabela 5.19 – Valores obtidos numericamente (folhelho BC-01).
Corpos de Prova BC01 BC02 BC06 BC07 BC08
Concentração 150g/l
NaCl
150g/l
NaCl
170g/l
CaCl2
260g/l
CaCl2
350g/l
CaCl2
--- 0,0580 0,0272 0,0280 0,0188
De (m2/s) --- 9,34. 10
-11 3,54. 10
-11 3,60. 10
-11 2,44. 10
-11
num (%) 13,0 9,5 7,5 11,7 11,7
exp (%) 16,6 16,7 9,6 11,9 11,6
O corpo de prova BC08 foi exposto à mesma solução (mesmo coeficiente de
difusão livre da solução, Do) e concentração salina (mesma atividade da água) do
corpo de prova CP09 pertencente ao folhelho Pierre01 (primeira campanha).
Pode-se observar que o maior valor da tortuosidade do CP09 (0,0290) provocou o
maior coeficiente de difusão efetivo (3,77.10-11
m2/s) quando comparado com o
BC08 do folhelho BC-01.
Nas Figuras 5.38 a 5.41 são apresentados os gráficos do ajuste numérico ao
valor da concentração obtida pela análise química.
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
0 24 48 72 96 120 144Tempo (h)
Co
nce
ntr
açã
o (
g/c
m3)
Numérico
Experimental
Figura 5.38 – Ajuste numérico da concentração no corpo de prova BC02.
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Ensaios Realizados e Análise dos Resultados 157
0.000
0.002
0.004
0.006
0.008
0.010
0.012
0.014
0 24 48 72 96 120 144 168 192Tempo (h)
Co
nce
ntr
açã
o (
g/c
m3)
Numérico
Experimental
Figura 5.39 – Ajuste numérico da concentração no corpo de prova BC06.
0.000
0.010
0.020
0.030
0.040
0.050
0.060
0 24 48 72 96 120 144 168 192Tempo (h)
Co
nce
ntr
açã
o (
g/c
m3)
Numérico
Experimental
Figura 5.40 – Ajuste numérico da concentração no corpo de prova BC07.
0.000
0.001
0.002
0.003
0.004
0.005
0.006
0 24 48 72 96 120 144 168 192Tempo (h)
Co
nce
ntr
açã
o (
g/c
m3)
Numérico
Experimental
Figura 5.41 – Ajuste numérico da concentração no corpo de prova BC08.
![Page 158: Víctor Manuel Aréstegui Meléndez Avaliação …...general, to be caused by the physical-chemical interaction between drilling fluids and the referred rocks. This dissertation focuses](https://reader036.vdocuments.site/reader036/viewer/2022081612/5f6ac0c763bfb57ff679b6c9/html5/thumbnails/158.jpg)
Ensaios Realizados e Análise dos Resultados 158
5.3.4.5 Dados Finais dos Corpos de Prova
Na Tabela 5.20 são apresentados os dados e índices físicos finais. Observa-
se em todos os casos valores de umidade final superior aos valores iniciais,
indicando que o folhelho BC-01 absorveu água ao longo do processo. Este
comportamento é similar ao verificado nos últimos oito ensaios realizados no
folhelho Pierre01 e nos ensaios com os folhelhos B e B-L (Duarte, 2004 e Muniz,
2005) e o oposto do verificado no folhelho B-S (Muniz, 2003). Observa-se
também em todos os casos, contrários ao verificado no folhelho Pierre01, que os
graus de saturação dos corpos de prova, ao final do ensaio, apresentaram-se
maiores em relação aos valores iniciais.
Tabela 5.20 – Dados e índices físicos finais dos corpos de prova (folhelho BC-01).
Parâmetros BC01 BC02 BC06 BC07 BC08
Altura (mm) 14,88 15,11 14,75 14,99 14,94
Diâmetro (mm) 37,74 37,58 38,06 37,63 37,94
Massa (W, g) 37,65 38,11 38,07 37,72 38,39
Umidade (w, %) 11,35 11,69 11,61 11,41 11,04
Volume (V, cm3) 16,65 16,76 16,78 16,67 16,89
Massa específica (g/cm3) 2,26 2,27 2,27 2,26 2,27
Densidade dos grãos 2,72 2,72 2,72 2,72 2,72
Índice de vazios (e) 0,339 0,336 0,338 0,339 0,329
Grau de saturação (S, %) 91,07 94,64 93,40 91,48 91,33
Porosidade (n, %) 25,32 25,15 25,27 25,33 24,74
5.3.5 Segunda Campanha de Ensaios com o Folhelho BC-01
De forma a complementar a primeira campanha de ensaios realizados no
folhelho BC-01, foi necessária a presente campanha com a realização de quatro
ensaios nas células de difusão. Na fase de difusão de íons, soluções salinas de
NaCl e KCl a diferentes concentrações foram utilizadas como fluido de
circulação.
![Page 159: Víctor Manuel Aréstegui Meléndez Avaliação …...general, to be caused by the physical-chemical interaction between drilling fluids and the referred rocks. This dissertation focuses](https://reader036.vdocuments.site/reader036/viewer/2022081612/5f6ac0c763bfb57ff679b6c9/html5/thumbnails/159.jpg)
Ensaios Realizados e Análise dos Resultados 159
5.3.5.1 Dados Iniciais dos Corpos de Prova
A densidade dos grãos (G) e a umidade natural (w) apresentaram valores
respectivamente iguais a 2,72 e 9,46%; valores estes, muito próximos aos obtidos
na campanha anterior para este tipo de folhelho (2,72 e 9,75%). A Tabela 5.21
apresenta os dados iniciais dos corpos de prova e os índices físicos obtidos.
Tabela 5.21 – Dados e índices físicos iniciais dos corpos de prova (folhelho BC-01).
Parâmetros BC10 BC11 BC12 BC13
Altura (mm) 16,30 15,82 15,02 14,75
Diâmetro (mm) 37,92 38,1 37,87 38,00
Massa (W, g) 41,53 40,98 39,01 37,88
Umidade (w, %) 9,46 9,46 9,46 9,46
Volume (V, cm3) 18,41 17,77 16,93 16,73
Massa específica (g/cm3) 2,26 2,31 2,31 2,26
Densidade dos grãos 2,72 2,72 2,72 2,72
Índice de vazios (e) 0,320 0,291 0,292 0,315
Grau de saturação (S, %) 80,48 88,27 88,17 81,28
Porosidade (n, %) 24,22 22,56 22,59 24,04
Nos corpos de prova BC11 e BC12 se observam maiores valores de massa
específica indicando um material mais denso, o que leva a menores valores de
índice de vazios e porosidade quando comparados aos demais corpos de prova
deste folhelho. Esta pequena variação nos valores dos índices físicos pode ser
atribuída à heterogeneidade natural da formação. Considerando estes valores e os
obtidos na campanha anterior, se verifica para o folhelho BC-01, uma média
global de 0,31 e 23,87% respectivamente, para o índice de vazios (e) e porosidade
(n).
5.3.5.2 Fase de Saturação e Adensamento
A fase de saturação foi concluída após 14 estágios. A Tabela 5.22 apresenta
os valores do parâmetro B calculados para cada estágio desta fase.
![Page 160: Víctor Manuel Aréstegui Meléndez Avaliação …...general, to be caused by the physical-chemical interaction between drilling fluids and the referred rocks. This dissertation focuses](https://reader036.vdocuments.site/reader036/viewer/2022081612/5f6ac0c763bfb57ff679b6c9/html5/thumbnails/160.jpg)
Ensaios Realizados e Análise dos Resultados 160
Tabela 5.22 – Valores do parâmetro B de Skempton para cada corpo de prova (folhelho
BC-01).
Estágios BC10 BC11 BC12 BC13
Estágio 1 0,781 0,742 0,642 0,717
Estágio 2 0,891 0,793 0,727 0,871
Estágio 3 0,898 0,832 0,786 0,920
Estágio 4 0,894 0,870 0,842 0,931
Estágio 5 0,875 0,868 0,817 0,968
Estágio 6 0,945 0,902 0,891 0,971
Estágio 7 0,922 0,904 0,898 0,971
Estágio 8 0,936 0,897 0,861 0,981
Estágio 9 0,944 0,909 0,920 0,956
Estágio 10 0,955 0,923 0,930 0,979
Estágio 11 0,942 0,908 0,893 0,979
Estágio 12 0,946 0,897 0,910 0,981
Estágio 13 0,945 0,906 0,907 0,980
Estágio 14 0,953 0,914 0,916 0,984
Finalizada a saturação, os corpos de prova foram adensados sob pressão
confinante (P. Confinante) de 14000 kPa e contrapressão (PP.Topo e PP. Base) de
4000 kPa por aproximadamente 35h.
5.3.5.3 Fase de Transmissão de Pressão
As Figuras 5.42 a 5.45 apresentam as variações da pressão confinante (P.
Confinante), da pressão na base (PP. Base) e da pressão no topo do corpo de prova
(PP. Topo) para os corpos de prova BC10, BC11, BC12 e BC13, ao longo desta
fase, assim como o ajuste numérico aos dados experimentais. A análise numérica
realizada foi considerando os mesmos valores de módulo de elasticidade e
coeficiente de Poisson da campanha anterior, sendo respectivamente igual a
14899 MPa e 0,28; lembrando que estes dados foram obtidos a partir de perfis por
meio de correlações existentes no SEST©
.
![Page 161: Víctor Manuel Aréstegui Meléndez Avaliação …...general, to be caused by the physical-chemical interaction between drilling fluids and the referred rocks. This dissertation focuses](https://reader036.vdocuments.site/reader036/viewer/2022081612/5f6ac0c763bfb57ff679b6c9/html5/thumbnails/161.jpg)
Ensaios Realizados e Análise dos Resultados 161
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
0 12 24 36 48 60 72 84Tempo (s)
Pre
ssão (
kP
a)
P. Confinante
PP. Base
PP. Topo
Numérico
Figura 5.42 – Fase de transmissão de pressão com água do corpo de prova BC10.
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
0 12 24 36 48 60 72 84
Tempo (h)
Pre
ssões (
kP
a)
P. Confinante
PP. Base
PP. Topo
Figura 5.43 – Fase de transmissão de pressão com água do corpo de prova BC11.
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
0 12 24 36 48 60 72 84 96Tempo (h)
Pre
ssõ
es (
kP
a)
P. Confinante
PP. Base
PP.Topo
Numérico
Figura 5.44 – Fase de transmissão de pressão com água do corpo de prova BC12.
![Page 162: Víctor Manuel Aréstegui Meléndez Avaliação …...general, to be caused by the physical-chemical interaction between drilling fluids and the referred rocks. This dissertation focuses](https://reader036.vdocuments.site/reader036/viewer/2022081612/5f6ac0c763bfb57ff679b6c9/html5/thumbnails/162.jpg)
Ensaios Realizados e Análise dos Resultados 162
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
0 6 12 18 24 30 36
Tempo (h)
Pre
ssõ
es (
kP
a)
P. Confinante
PP. Base
PP. Topo
Figura 5.45 – Fase de transmissão de pressão com água do corpo de prova BC13.
Observa-se no ensaio do corpo de prova BC11 (Figura 5.43) que a pressão
na base (PP. Base) não atinge a pressão do topo (PP. Topo), este comportamento é
atribuído a um vazamento de óleo confinante para o geotêxtil presente no topo do
corpo de prova, verificado ao final do ensaio. Por tal razão, observa-se a
imperiosa necessidade de um bom isolamento do corpo de prova na montagem do
ensaio como apresentado no capítulo 4 (Figura 4.11).
Muniz (2005) em ensaios com os folhelhos B-L e B-S expostos a óleo
mineral na fase de transmissão de pressão, observou que as pressões da base não
atingiram às pressões do topo do corpo de prova no transcorrer do ensaio,
chamando de pressão capilar (PC) à diferença de pressões entre o topo e a base
quando esta se mantinha estabilizada. Desta forma, o acontecido com o corpo de
prova BC11 é indiretamente o observado por este autor, o óleo mineral que ficou
no topo do corpo de prova gerou uma “lâmina” com altas tensões capilares entre o
óleo e o corpo de prova (água intersticial deste), que não permitiu a transmissão
de pressão hidráulica; a água teria que vencer essas grandes tensões capilares para
a base poder sentir o gradiente de pressão imposto.
No ensaio do corpo de prova BC13 (Figura 5.45) observa-se um
crescimento acelerado da pressão da base, foi suficiente 20h para uma total
transmissão de pressão. Este comportamento é diferente do padrão verificado nos
outros ensaios para este tipo de folhelho que precisaram entre 72 e 96h para esta
finalidade. Esta transmissão de pressão acelerada é atribuída ao estado do corpo
de prova quem apresentou leves fissuramentos perceptíveis na montagem do
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Ensaios Realizados e Análise dos Resultados 163
ensaio. Devido a este fato, não foram feitas as análises numéricas para este corpo
de prova, pois se considerou que não refletiria o real comportamento deste tipo de
folhelho. O ensaio nesta célula foi encerrado e o corpo de prova foi montando na
prensa para a realização do ensaio brasileiro.
Os ensaios nos corpos de prova BC10 e BC12 não apresentaram problemas
e foram interpretados de forma rotineira. A Tabela 5.23 apresenta os valores de
permeabilidade absoluta estimada para cada um destes.
Tabela 5.23 – Valores de permeabilidade absoluta obtidos para cada corpo de prova
(folhelho BC-01).
Corpo de Prova BC10 BC11 BC12 BC13
Permeabilidade (m2) 1,0 . 10
-21 --- 5,4 . 10
-22 ---
Permeabilidade (nD) 1,01 --- 0,55 ---
A terceira e a presente bateria de ensaios, os corpos de prova do folhelho
BC-01, forneceram valores de permeabilidade absoluta variando de 0,61nD à
1,22nD. Para fins de comparação, poderia-se considerar como a permeabilidade
absoluta do folhelho BC-01, a média global dos valores obtidos nestes corpos de
prova; sendo assim, este apresentaria uma permeabilidade absoluta de 0,88nD.
Este valor é praticamente igual ao estimado no folhelho B (0,91nD) (Duarte,
2004), consideravelmente inferior à permeabilidade do folhelho B-S (40,50 nD)
(Duarte, 2004) e superior ao folhelho B-L (0,56nD) (Muniz, 2005).
5.3.5.4 Fase de Difusão de Íons
A fase de difusão de íons foi realizada utilizando soluções de 280 e 200g/l
de cloreto de sódio (NaCl), respectivamente, para os corpos de prova BC11 e
BC12. No BC10 foi utilizada, uma solução de 257g/l de cloreto de potássio (KCl).
As Figuras 5.46 a 5.48 apresentam as variações das pressões ao longo das fases de
transmissão de pressão e difusão de íons para estes corpos de prova. Nestes
gráficos são apresentadas também as curvas do ajuste numérico.
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Ensaios Realizados e Análise dos Resultados 164
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
0 24 48 72 96 120 144 168
Tempo (h)
Pre
ssões (
kP
a)
P. Confinante
PP. Topo
PP. Base
Numérico
Figura 5.46 – Fase de transmissão de pressão e difusão de íons do BC10.
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
0 24 48 72 96 120 144 168Tempo (h)
Pre
ssões (
kP
a)
P. Confinante
PP. Base
PP. Topo
Figura 5.47 – Fase de transmissão de pressão e difusão de íons do BC11.
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
0 24 48 72 96 120 144 168Tempo (h)
Pre
ssões (
kP
a)
P. Confinante
PP. Base
PP. Topo
Numérico
Figura 5.48 – Fase de transmissão de pressão e difusão de íons do BC12.
![Page 165: Víctor Manuel Aréstegui Meléndez Avaliação …...general, to be caused by the physical-chemical interaction between drilling fluids and the referred rocks. This dissertation focuses](https://reader036.vdocuments.site/reader036/viewer/2022081612/5f6ac0c763bfb57ff679b6c9/html5/thumbnails/165.jpg)
Ensaios Realizados e Análise dos Resultados 165
Na Figura 5.47 referente ao corpo de prova BC11, observa-se a queda da
pressão da base (PP. Base) no momento do ingresso da solução salina dentro do
mesmo, que começa aproximadamente às 80h de transcorrido o ensaio, e após
130h de ensaio uma diferença entre as pressões de topo e base igual a 7314 kPa.
Entretanto, como salientado anteriormente, neste ensaio ocorreu uma
contaminação por óleo confinante no topo do corpo de prova. Fica evidente que
nestas circunstâncias qualquer tentativa de obter os parâmetros de transporte neste
corpo de prova levaria a erros de interpretação.
Na Tabela 5.24 são apresentados os valores da pressão osmótica teórica (),
da pressão osmótica experimental (Posm), do coeficiente de reflexão (exp) além
da atividade da solução (Af) que foi circulada.
Tabela 5.24 – Valores do coeficiente de reflexão obtidos experimentalmente.
Corpos de Prova BC10 BC11 BC12
Concentração 257g/l KCl 280g/l NaCl 200g/l NaCl
Af 0,915 0,822 0,898
(kPa) 12015,1 26868,2 14683,5
Posm (kPa) 1077 - 1236
exp (%) 9,0 - 8,4
num (%) 8,0 - 9,5
Como pode ser observado, os corpos de prova BC10 e BC12, apresentam
valores muito similares do coeficiente de reflexão experimental (exp). Observa-se
também o verificado anteriormente, a menor atividade da água da solução exposta
ao BC12, gera a maior pressão osmótica experimental (Posm) neste corpo de
prova; porém, este não apresenta o maior coeficiente de reflexão experimental,
quando comparado com o BC10, pois a pressão osmótica teórica da solução ()
exposta ao BC12, não se desenvolve por completo devido a taxas de invasão
iônica dentro deste corpo de prova.
Na anterior e na presente bateria de ensaios, verificaram-se coeficientes de
reflexão obtidos experimentalmente (exp), variando de 8,4% a 16,7% para os
diferentes corpos de prova do folhelho BC-01. Desses valores encontrados, para
fins de comparação, podemos considerar um valor médio global do coeficiente de
reflexão experimental para este tipo de folhelho, o qual resultou igual a 11,97%.
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Ensaios Realizados e Análise dos Resultados 166
Este valor é quase igual ao valor obtido no folhelho B (12,93%) (Duarte, 2004),
inferior ao folhelho B-L (30,03%) (Muniz, 2005) e superior ao folhelho B-S
(1,41%) (Duarte, 2004).
Ao final desta fase, não foi possível realizar as análises químicas do fluido
coletado do reservatório inferior; como salientado anteriormente, as amostras
coletadas apresentaram contaminação devido a problemas no armazenamento.
Ainda da Tabela 5.24 pode ser observado que os valores estimados do
coeficiente de reflexão numérico (num) são muito similares aos valores obtidos
experimentalmente (exp), indicando que o programa FPORO reproduz o real
comportamento experimental dos folhelhos. Além disso, nas duas campanhas
realizadas neste folhelho foram obtidos valores do coeficiente de reflexão
numérico variando de 7,5% a 13% com uma média global igual a 10,13%.
5.3.5.5 Dados Finais dos Corpos de Prova
Na Tabela 5.25 são apresentados os cálculos dos índices físicos finais da
presente campanha. Observam-se em todos os casos valores de umidade finais
superiores aos iniciais, indicando que o folhelho absorveu água ao longo do
processo. Este comportamento é similar ao verificado na anterior campanha, nos
ensaios com o folhelho Pierre01, nos ensaios com os folhelhos B e B-L (Duarte,
2004 e Muniz, 2005) e o oposto do verificado no folhelho B-S (Muniz, 2003).
Observa-se também em todos os casos, contrários ao verificado no folhelho
Pierre01, que os graus de saturação dos corpos de prova, ao final do ensaio,
apresentaram-se maiores em relação aos valores iniciais; este comportamento já
foi observado na anterior campanha com corpos de prova deste mesmo tipo de
folhelho. Observa-se de igual modo, valores de índice de vazios e porosidade
superiores aos iniciais.
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Ensaios Realizados e Análise dos Resultados 167
Tabela 5.25 – Dados e índices físicos finais dos corpos de prova (folhelho BC-01)
Parâmetros BC10 BC11 BC12 BC13
Altura (mm) 16,37 15,61 15,02 14,88
Diâmetro (mm) 37,90 38,17 37,83 38,03
Massa (W, g) 41,73 41,07 38,67 38,17
Umidade (w, %) 11,04 10,02 10,16 10,75
Volume (V, cm3) 18,47 17,87 16,88 16,90
Massa específica (g/cm3) 2,26 2,30 2,29 2,26
Densidade dos grãos 2,72 2,72 2,72 2,72
Índice de vazios (e) 0,336 0,302 0,308 0,334
Grau de saturação (S, %) 89,26 90,29 89,75 87,52
Porosidade (n, %) 25,18 23,18 23,55 25,04
5.3.6 Ensaios de Tração Indireta (Ensaio brasileiro)
São apresentados os ensaios brasileiros realizados nas duas campanhas
realizadas nos corpos de prova do folhelho BC-01.
A Tabela 5.26 apresenta os parâmetros utilizados nos ensaios e os valores de
resistência à tração obtida para cada corpo de prova. Pode-se verificar uma
resistência à tração média de 1,29 MPa. Como se pode observar, estes valores
obtidos neste tipo de folhelho são superiores aos obtidos no folhelho Pierre01
(menores que 0,8 MPa), os quais falharam somente com a imposição da pré-carga.
Estas diferenças de comportamento poderiam ser atribuídas à maior cimentação
carbonática que o folhelho BC-01 apresenta.
A Figura 5.49 apresenta um corpo de prova instalado no mordente curvo
com a fratura vertical típica deste tipo de ensaio.
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Ensaios Realizados e Análise dos Resultados 168
Tabela 5.26 – Parâmetros obtidos do ensaio brasileiro no folhelho BC-01.
Corpos de
prova
Pré-
carga
(kN)
Tempo até
fratura primária
(min:s)
Força
Máxima (kN)
Resistência à
tração (MPa)
BC01 0,19 02:00 1,04 1,18
BC06 0,23 01:01 1,59 1,81
BC07 0,44 01:11 1,28 1,45
BC08 0,42 00:48 1,71 1,91
BC10 0,66 0:00 0,66 0,67
BC11 0,68 0:23 1,01 1,07
BC12 0,55 3:26 1,02 1,12
BC13 0,62 1:13 0,98 1,10
Figura 5.49 – Ruptura típica do ensaio brasileiro ocorrida no BC06 (folhelho BC-01).
Um dos problemas enfrentados para realização dos ensaios é a baixa
resistência à tração destes folhelhos. Às vezes, como observados no folhelho
Pierre01, a ruptura do corpo de prova ocorria somente com a pré-carga imposta.
Outra observação é que muitas vezes a ruptura primária não ocorre na direção
tradicional como apresentada na Figura 5.49, mas sim na direção dos planos de
acamamento deste folhelho. A Figura 5.50a e b apresenta um exemplo deste tipo
de ruptura no folhelho BC-01, cujos planos de acamamento e ruptura são
perpendiculares ao eixo do corpo de prova. Este fenômeno já foi observado
anteriormente nos ensaios de tração indireta nos corpos de prova do folhelho
Pierre01, diferentemente do folhelho BC-01, estes apresentavam planos de
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Ensaios Realizados e Análise dos Resultados 169
acamamento e ruptura com ângulos mergulhando 45° em relação ao eixo dos
corpos de prova.
(a)
(b)
Figura 5.50 – Rupturas ocorridas no folhelho BC-01; (a) Vista frontal inclinada BC10
(CP10) e (b) Vista do topo.
5.4 Conclusões das Campanhas de Ensaio
Com a finalidade de se obter resultados confiáveis, decorrentes do bom
funcionamento do sistema, foram necessários ensaios em corpos de prova
sintéticos, testes das válvulas da base e a calibração de todos os transdutores de
pressão.
Verificou-se a importância de ensaiar corpos de prova em perfeitas
condições, pois a qualidade dos resultados depende do estado destes. Observou-se
que corpos de prova fissurados aceleram a transmissão de pressão.
É de suma importância a correta montagem do corpo de prova na célula de
difusão, que garanta a isolação do folhelho do óleo da pressão confinante,
verificou-se que a contaminação do corpo de prova por este fluido causa
comportamentos anômalos nas fases do ensaio.
Os ensaios brasileiros, além de mostrar a baixa resistência à tração dos
folhelhos, apresentaram a diferença marcante da direção de fissilidade ou
laminação dos corpos de prova, que falharam, na maioria das vezes, por estes
planos de fraqueza orientada. Os ensaios brasileiros realizados por Hsu et al.
(2002), em 23 corpos de prova do folhelho “Eagle Ford”, apresentaram valores de
resistência a tração variando de 0,72 MPa a 1,12 MPa com uma média de 0,93
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Ensaios Realizados e Análise dos Resultados 170
MPa. Os ensaios brasileiros no folhelho BC-01 e Pierre01 apresentaram valores
da mesma ordem de grandeza. No entanto, como sugeridos por este autor, esses
valores têm que ser aplicados com muita precaução e cautela.
Observou-se nas campanhas de ensaio, que as pressões osmóticas geradas
experimentalmente foram incrementadas quando a atividade da água da solução
salina, exposta ao folhelho, foi diminuída. Estes comportamentos foram
anteriormente observados por diversos pesquisadores, entre eles, van Oort (2003)
e Al-Bazali (2006).
Observou-se em ambos os folhelhos que os valores finais de umidade, de
índice de vazios e da porosidade dos corpos de prova foram superiores aos valores
iniciais. Ao final do ensaio, os graus de saturação dos corpos de prova do folhelho
BC-01, aumentaram em relação aos valores iniciais; este comportamento é
contrario ao apresentado pelos corpos de prova do folhelho Pierre01.
Os coeficientes de difusão efetivos estimados em ambos os folhelho estão
na ordem de 10-11
m2/s, estes resultados são da mesma ordem de grandeza dos
estimados por Muniz (2003) nos folhelhos B-S e N e dez vezes maiores que os
obtidos por Lomba (1998) no folhelho Speeton do Mar do Norte.
Observou-se que os corpos de prova do mesmo folhelho apresentam
heterogeneidade nas medidas dos parâmetros de transporte, porém, à tendência do
comportamento de ambos os folhelhos é marcante, assim, o folhelho BC-01
apresentou valores de permeabilidade absoluta e do coeficiente de reflexão
experimental variando de 0,61nD a 1,22nD e 8,4% a 16,7%, respectivamente. Por
outro lado, o folhelho Pierre01 apresentou valores de permeabilidade absoluta e
coeficiente de reflexão experimental variando de 1,63nD a 10,10nD e 0,84% a
8,4%, respectivamente.
Observam-se, claramente, a tendência do folhelho BC-01 em apresentar
menores valores de permeabilidade absoluta e maiores valores de coeficiente de
reflexão quando comparado com o folhelho Pierre01. Al-Bazali et. al (2006) e
Osuji et. al (2008) observaram também este comportamento em ensaios que
visavam avaliar a eficiência de membrana em folhelhos.
Para fins de comparação, a Tabela 5.27 apresenta um resumo de alguns
parâmetros obtidos na caracterização e nos ensaios nas células de difusão. Os
valores reportados dos coeficientes de reflexão e permeabilidade são as médias
globais dos resultados obtidos nos corpos de prova de cada tipo de folhelho.
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Ensaios Realizados e Análise dos Resultados 171
Tabela 5.27 – Resumo dos parâmetros obtidos nos ensaios do folhelho BC-01 e do
folhelho Pierre01
Folhelho
Direção
da
fissilidade
CTC
(meq/100g)
Mediana
de Diâm.
dos poros (μm)
Porcent. de
microporos
(<0,1 μm)
Permeab.
(nD) exp
(%)
BC-01
34,95 0,0512 11,43 0,88 11,97
Pierre01
7,15 0,0232 15,30 4,38 4,35
Como mencionado nas conclusões da campanha de caracterização dos
folhelhos, de acordo com o postulado do Fontoura et al. (2007), que sugere que o
coeficiente de reflexão (α) é mais influenciado pela distribuição de tamanho dos
poros que pela mineralogia; esperava-se o maior coeficiente de reflexão do
folhelho Pierre01 quando comparado com o folhelho BC-01. Os ensaios nas
células de difusão mostraram o contrário, pode-se observar na Tabela 5.27 que o
folhelho BC-01 apresentou mais do que o dobro do valor (exp) que o folhelho
Pierre01.
As campanhas de ensaios realizadas nos dois tipos de folhelho mostram
que as permeabilidades não apresentam uma boa correlação com a porosimetria
que estes possuem; pode-se observar claramente, na Tabela 5.27, quando ambos
os folhelhos são comparados, que o folhelho Pierre01 apresenta a maior
permeabilidade, possuindo a menor mediana de diâmetro dos poros e maior
porcentagem de microporos. Estes resultados são contrários aos observados nos
folhelho B, N B-L e, como mostrados anteriormente, estes apresentaram uma boa
correlação entre a permeabilidade e a porosimetria; em outras palavras, as
permeabilidades foram reduzidas com as menores medianas de diâmetros de poros
e as maiores porcentagens de microporos. Destes resultados, observa-se que a
relação permeabilidade e o diâmetro dos poros dos folhelhos Pierre01 e BC-01,
aparentemente, são inconsistentes.
Vale lembrar que, em rochas sedimentares, a deposição favorável de
partículas cria microfraturas alinhadas à fissilidade que induzem ao folhelho uma
significante anisotropia na permeabilidade. Por isso, um fluxo substancial existiria
![Page 172: Víctor Manuel Aréstegui Meléndez Avaliação …...general, to be caused by the physical-chemical interaction between drilling fluids and the referred rocks. This dissertation focuses](https://reader036.vdocuments.site/reader036/viewer/2022081612/5f6ac0c763bfb57ff679b6c9/html5/thumbnails/172.jpg)
Ensaios Realizados e Análise dos Resultados 172
paralelo à direção da laminação que faz que o coeficiente de permeabilidade numa
direção seja maior que na outra (perpendicular à laminação).
Na configuração das células de difusão, a água ou a solução salina é
intrudida axialmente no corpo de prova (pelo topo); por tal razão, os parâmetros
de transporte estimados são os referentes à direção vertical paralela ao eixo dos
corpos de prova, em consequência é de suma importância conhecer a facilidade ou
a dificuldade que água e os íons apresentaram no caminho que percorreram, de
acordo, com a orientação da fissilidade que os corpos de prova possuem.
Como esquematizados na Tabela 5.27 acima, os corpos de prova do folhelho
BC-01 apresentam planos de fissilidade perpendiculares ao eixo dos mesmos; já o
folhelho Pierre01 apresenta um mergulho ligeiramente superior à 45º. Esta
configuração que apresentam estes folhelhos são as propriedades que definem a
permeabilidade e, por conseguinte, o coeficiente de reflexão que o folhelho
possui. O folhelho Pierre01 apresenta um caminho preferencial para que a água e
os íons percorram axialmente do topo à base do corpo de prova; no entanto, o
folhelho BC-01, apresenta uma maior dificuldade para que estes percorram o
mesmo caminho, razão pela qual, o folhelho BC-01, apresenta menor
permeabilidade e, consequentemente, maior coeficiente de reflexão quando
comparado com o folhelho Pierre01. A menor permeabilidade do folhelho BC-01
observa-se claramente, no maior tempo que este precisa para uma completa
transmissão de pressão (60h à 94h) em relação ao folhelho Pierre01(14h à 60h).
O autor acredita que uns dos parâmetros muito importantes de se levar em
conta na caracterização dos folhelhos é a distribuição de diâmetro dos poros. No
entanto, para um bom entendimento dos processos de transporte de massa, além
de avaliar a distribuição do diâmetro dos poros, também se deve conhecer o grau e
a direção da fissilidade dos corpos de prova em relação aos seus eixos, estes
definiram a permeabilidade e, por conseguinte o coeficiente de reflexão que o
folhelho possui.
Acredita-se que a boa correlação da distribuição de diâmetro dos poros e o
coeficiente de reflexão dos folhelhos B, N (Duarte, 2004) e B-L (Muniz 2005),
seja devido à boa correlação da permeabilidade com a porosimetria, pois todos os
corpos de prova foram preparados com a mesma inclinação da fissilidade em
relação ao eixo dos mesmos (perpendiculares). Afirma-se então que, a
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Ensaios Realizados e Análise dos Resultados 173
porosimetria é quem nesse caso definiu a permeabilidade e, por conseguinte, o
coeficiente de reflexão destes.
Depois desta campanha de ensaios e verificados o postulado do Fontoura et
al. (2007) o autor acredita que na caracterização dos folhelhos é de suma
importância avaliar a distribuição de diâmetro dos poros, seguidamente, deve-se
comprovar se a permeabilidade guarda uma relação direta com esta. Sendo assim,
a porosimetria definiria o coeficiente de reflexão ou pelo contrário, só a
permeabilidade. No presente estudo, não ficou evidente o grau de influência da
mineralogia e da CTC dos argilominerais que o folhelho possui, pois o folhelho
BC-01 que possui o maior coeficiente de reflexão possui também o maior valor de
CTC dos seus argilominerais (vide na Tabela 5.27 acima). Porém, a diferença
marcante das permeabilidades no sentido vertical foi quem definiu o coeficiente
de reflexão dos dois tipos de folhelhos estudados nesta dissertação.
![Page 174: Víctor Manuel Aréstegui Meléndez Avaliação …...general, to be caused by the physical-chemical interaction between drilling fluids and the referred rocks. This dissertation focuses](https://reader036.vdocuments.site/reader036/viewer/2022081612/5f6ac0c763bfb57ff679b6c9/html5/thumbnails/174.jpg)
6 Conclusões e Sugestões para Trabalhos Futuros
6.1. Conclusões
Na presente dissertação, um grande esforço foi realizado no sentido de
caracterizar e obter os parâmetros de transporte de dois tipos de folhelho. O
folhelho BC-01foi extraído de uma profundidade, variando de 2537m a 2549 m, e
o folhelho Pierre01, foi proveniente de afloramento. Ambos os folhelhos são
característicos de regiões “offshore” e “onshore”, respectivamente.
A caracterização de ambos os folhelhos permitiu entender os fenômenos de
transferência de massa entre o fluido de perfuração e o folhelho. Os índices físicos
iniciais estimados nos corpos de prova indicaram que o folhelho BC-01 é
ligeiramente mais poroso, no entanto, este se encontra menos saturado que o
folhelho Pierre01. Mediante os tratamentos com HCl e observações em lupa
binocular se observou que o folhelho BC-01 possui maior grau de cimentação por
carbonatos em relação ao folhelho Pierre01. Os ensaios de difração de raios-x
(DRX) em ambos os folhelhos mostraram que estes, basicamente, estão
constituídos por minerais de quartzo, ilita, caulinita e esmectita. Segundo os
ensaios de capacidade de troca catiônica (CTC), o folhelho BC-01 apresenta um
maior potencial reativo em contato com os fluidos de perfuração, quando
comparado com o folhelho Pierre01. Através da microscopia eletrônica de
varredura (MEV) foi possível confirmar que ambos os folhelhos apresentam
textura e granulometria homogêneas. Observou-se uma alta concentração de
carapaças calcárias de foraminíferos no folhelho BC-01. Os estudos da
porosimetria dos folhelhos mostraram que o folhelho Pierre01 apresenta diâmetro
de poros menores que o folhelho BC-01.
O desenvolvimento da metodologia para ser utilizada no transcorrer de
ensaios simultâneos mostrou-se eficiente. O tempo necessário para a obtenção de
um maior número de parâmetros foi reduzido, pois foram ensaiados,
simultaneamente, até cinco corpos de prova submetidos a diferentes soluções.
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Conclusões e Sugestões para Trabalhos Futuros 175
Antes do primeiro funcionamento das novas células, necessitou-se testar o sistema
por completo, com ensaios em corpos de prova sintéticos para avaliar o
funcionamento das válvulas e transdutores. De igual modo, foi indispensável a
calibração de todos os transdutores, que garantiram uma adequada medição das
pressões impostas. Observou-se também a necessidade de ensaiar corpos de prova
em perfeitas condições e bem isolados do óleo que aplica a pressão confinante.
Os parâmetros obtidos nos ensaios, para diferentes soluções salinas a
diferentes concentrações, foram coerentes e estão dentro da faixa de valores
apresentados na literatura. Comportamentos já reportados, como os incrementos
da pressão osmótica com o decremento da atividade de água das soluções foram
observados.
A permeabilidade absoluta estimada verticalmente, paralela ao eixo dos
corpos de prova de ambos os folhelhos, não apresentarem uma boa correlação
com a porosimetria estimada nos ensaios de caracterização. Estes resultados foram
contrários aos obtidos em folhelhos estudados anteriormente por Duarte (2004),
Muniz (2005) e Fontoura et al. (2007).
Verificou-se a anisotropia da permeabilidade dos folhelhos. Assim, as
permeabilidades verticais estimadas dependeram da direção da fissibilidade dos
corpos de prova em relação ao eixo dos mesmos. Observou-se, claramente, a
tendência marcante do folhelho BC-01 em apresentar menores valores de
permeabilidade absoluta (0,61nD a 1,22nD) quando comparado com o folhelho
Pierre01 (1,63nD a 10,10nD). Dado que a permeabilidade define o ingresso de
água e íons, a baixa permeabilidade do folhelho BC-01 fez que este apresentasse
os maiores valores dos coeficientes de reflexão experimental (8,4% a 16,7%)
quando comparado com o folhelho Pierre01 (0,84% a 8,4%).
Para fins de comparação entre os dois folhelhos e para estudos de
estabilidade de poço, foram calculados os valores médios globais tanto da
permeabilidade como dos coeficientes de reflexão experimental e numérico.
Assim a permeabilidade, o coeficiente de reflexão experimental e o coeficiente de
reflexão numérico para o folhelho BC-01 e Pierre01, respectivamente, foram:
0,88nD, 11,97%, 10,13% e 4,38nD, 4,35% e 5,37%.
Os ensaios brasileiros, além de mostrar a baixa resistência à tração de ambos
os folhelhos, apresentaram a diferença marcante da direção de fissibilidade dos
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Conclusões e Sugestões para Trabalhos Futuros 176
corpos de prova que romperam, na maioria das vezes, por estes planos de fraqueza
orientada.
Com a completa caracterização dos folhelhos; com os testes iniciais do
conjunto de células de difusão; com o desenvolvimento da metodologia a ser
utilizada no transcorrer dos ensaios simultâneos; com os ensaios nas células de
difusão utilizando CP’s dos folhelhos; com a avaliação da resistência à tração
mediante Ensaio Brasileiro; e por último, com a obtenção dos parâmetros de
transporte de massa considerando os efeitos físico-químicos, pode-se concluir que
os objetivos da presente dissertação foram alcançados.
6.2. Sugestões para Trabalhos Futuros
Sugere-se que futuros trabalhos avaliem a funcionalidade da metodologia
proposta por Bolton et al. (2000). Assim, o mercúrio injetado seria limitado a
entrar perpendicular e paralelo à fissibilidade que os folhelhos apresentam.
Obtendo ambos os resultados, avaliar as suas diferenças e comprovar se a
distribuição de tamanho dos poros e a porosidade interconectada refletiriam os
parâmetros obtidos nas células de difusão.
Recomenda-se para futuros trabalhos, ensaiar os corpos de prova já
preparados do folhelho Pierre01 com fluidos a base de silicato e, observar, se as
criações de reboco nas superfícies perpendiculares aos planos de acamamento
geram coeficientes de reflexão superiores aos observados no folhelho BC-01.
Sugere-se também fazer uma análise de sensibilidade dos parâmetros de
transporte, ensaiando sob mesmas condições, corpos de prova (de um mesmo
folhelho) amostrados com os planos de acamamento a diferentes ângulos em
relação ao eixo dos mesmos. De igual modo, recomenda-se a nova usinagem dos
corpos de prova do folhelho Pierre01, neste caso, com os planos de acamamento
perpendiculares ao eixo dos mesmos (igual aos corpos de prova do folhelho BC-
01). Ensaios nas células de difusão, com a nova configuração destes corpos de
prova, forneceriam parâmetros de transporte que seriam comparados aos já
obtidos no folhelho BC-01.
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Conclusões e Sugestões para Trabalhos Futuros 177
Recomenda-se fazer em futuros trabalhos, uma análise semi-quantitativa
mineral dos dois tipos de folhelhos estudados nesta dissertação; comprovar, se os
valores das CTC estimados, refletem os conteúdos e tipos de argilominerais nas
estruturas de ambos os folhelhos. Vale indicar que, Al-Bazali et al. (2005)
estimou no folhelho Pierre um alto conteúdo de argilominerais (64%) em relação
ao folhelho Arcochina (31%), porém foi estimado um valor inferior da CTC (10,5
meq/100g) quando comparado com este (24,5 meq/100g).
Na construção das quatro novas células de difusão feitas no GTEP, as
sugestões do Muniz (2003) e Duarte (2004) referentes à construção de novas
células com as reduções do peso da tampa e do tamanho do reservatório inferior,
assim como a instalação do transdutor no reservatório da base, foram atendidas.
Finalmente, futuros trabalhos poderiam fazer a instalação de medidores
internos de deformação, para monitorar em tempo real, junto a um programa
computacional, reduções ou incremento do volume do corpo de prova em cada
etapa.
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