usos finais de Água potÁvel em edifÍcios de escritÓrios...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO TECNOLÓGICO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL Relatório de Iniciação Científica USOS FINAIS DE ÁGUA POTÁVEL EM EDIFÍCIOS DE ESCRITÓRIOS LOCALIZADOS EM FLORIANÓPOLIS Lúcio Costa Proença Orientador: Enedir Ghisi, PhD Florianópolis, Agosto de 2007

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO TECNOLÓGICO

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

Relatório de Iniciação Científica

USOS FINAIS DE ÁGUA POTÁVEL EM EDIFÍCIOS DE ESCRITÓRIOS LOCALIZADOS EM FLORIANÓPOLIS

Lúcio Costa Proença

Orientador: Enedir Ghisi, PhD

Florianópolis, Agosto de 2007

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SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS............................................................................................................................................... III LISTA DE TABELAS.............................................................................................................................................. III AGRADECIMENTOS............................................................................................................................................. IV RESUMO ....................................................................................................................................................................V 1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................................1

1.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS...................................................................................................................................1 1.2. OBJETIVOS..........................................................................................................................................................3

1.2.1. Objetivo Geral ...........................................................................................................................................3 1.2.2. Objetivos Específicos .................................................................................................................................3

1.3. ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................................................................................4 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...............................................................................................................................5

2.1. CONSUMO DE ÁGUA............................................................................................................................................5 2.2. USOS FINAIS DE ÁGUA.........................................................................................................................................8

2.2.1. Metodologias para estimar usos finais de água.........................................................................................8 2.2.2. Estudos sobre usos finais ...........................................................................................................................9

2.3. REUSO DE ÁGUA ...............................................................................................................................................17 2.4. APROVEITAMENTO DE ÁGUA PLUVIAL ..............................................................................................................19 2.5. PROGRAMAS DE USO RACIONAL DA ÁGUA (PURAS).......................................................................................24 2.6. VAZAMENTOS...................................................................................................................................................27 2.7. CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE A REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................29

3. METODOLOGIA..................................................................................................................................................30 3.1. CONSUMO REAL DOS EDIFÍCIOS.........................................................................................................................30 3.2. CRITÉRIOS DE SELEÇÃO DOS EDIFÍCIOS .............................................................................................................30 3.3. HÁBITOS DE CONSUMO .....................................................................................................................................30 3.4. VAZÕES ............................................................................................................................................................31 3.5. CONSUMOS ESPECÍFICOS...................................................................................................................................31 3.6. TAMANHO DAS AMOSTRAS ...............................................................................................................................33 3.7. MÉDIAS E DESVIO PADRÃO ...............................................................................................................................33 3.8. ANÁLISE DE SENSIBILIDADE .............................................................................................................................33 3.9. COMPARAÇÃO ENTRE USOS FINAIS ANTES E DEPOIS DA APLICAÇÃO DA ANÁLISE DE SENSIBILIDADE ................34 3.10. DETECÇÃO DE VAZAMENTOS ..........................................................................................................................34 3.11. INFLUÊNCIA DO TAMANHO DA AMOSTRA........................................................................................................34

4. RESULTADOS......................................................................................................................................................36 4.1. CARACTERIZAÇÃO DOS EDIFÍCIOS.....................................................................................................................36 4.2. CONSUMO REAL DOS EDIFÍCIOS.........................................................................................................................37 4.3. OCUPANTES DOS EDIFÍCIOS...............................................................................................................................39 4.4. HÁBITOS DE CONSUMO .....................................................................................................................................41 4.5. VAZÕES ............................................................................................................................................................43 4.6. CONSUMOS ESTIMADOS ....................................................................................................................................43 4.7. ANÁLISE DE SENSIBILIDADE..............................................................................................................................45 4.8. USOS FINAIS DE ÁGUA ......................................................................................................................................49 4.9. COMPARAÇÃO ENTRE USOS FINAIS ...................................................................................................................51 4.10. INFLUÊNCIA DO TAMANHO DA AMOSTRA........................................................................................................51

5. CONCLUSÕES .....................................................................................................................................................56 5.1. LIMITAÇÕES DO TRABALHO ..............................................................................................................................57 5.2. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS...........................................................................................................57

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................................................................59

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LISTA DE FIGURAS Figura 4. 1- Consumo mensal de água nos dez edifícios para o período de setembro de 2004 a agosto de 2006 .............................................................................................................................. 38 Figura 4. 2- Correlação entre número de ocupantes e consumo mensal de água ......................... 41 Figura 4. 3- Correlação entre número de ocupantes por escritório e consumo mensal de água por escritório ....................................................................................................................................... 41 Figura 4. 4- Análise de sensibilidade dos consumos específicos de água .................................... 46 Figura 4. 5- Usos finais de água potável....................................................................................... 49 LISTA DE TABELAS Tabela 1. 1- Usos da água no Brasil ............................................................................................... 2 Tabela 2. 1- Índices de consumo no Brasil ..................................................................................... 6 Tabela 2. 2- Consumo per capita em alguns países árabes ............................................................. 7 Tabela 2. 3- Usos finais de água nas cidades de Malvern e Mansfield ........................................ 10 Tabela 2. 4- Usos finais na Coréia e no Reino Unido................................................................... 11 Tabela 2. 5- Usos finais em apartamentos na Espanha................................................................. 11 Tabela 2. 6- Consumos específicos em residências de diferentes países...................................... 12 Tabela 2. 7- Usos finais em duas residências unifamiliares localizadas em Palhoça-SC............. 14 Tabela 2. 8- Usos finais em conjunto habitacional localizado São Paulo .................................... 15 Tabela 2. 9- Usos finais de água em prédios de escritórios nos EUA .......................................... 15 Tabela 2. 10- Usos finais de água em edifícios comerciais em Denver, EUA ............................. 16 Tabela 2. 11- Usos finais em prédios públicos localizados em Florianópolis .............................. 16 Tabela 2. 12- Potencial de economia de água em condomínio de Florianópolis.......................... 19 Tabela 2. 13- Usos finais de água em três tipologias diferentes de escolas.................................. 20 Tabela 2. 14- Usos finais de água no SENAI/Florianópolis......................................................... 21 Tabela 2. 15- Resultados do PURA da Sabesp ............................................................................. 29 Tabela 4. 1 - Início da ocupação e informações sobre escritórios dos edifícios pesquisados....... 36 Tabela 4. 2- Médias históricas de consumo.................................................................................. 39 Tabela 4. 3- População total e população sobre as quais se obtiveram os hábitos de consumo ... 40 Tabela 4. 4- Índices de consumo dos dez edifícios pesquisados .................................................. 40 Tabela 4. 5- Hábitos de consumo individuais médios para torneiras e bacias sanitárias.............. 42 Tabela 4. 6- Hábitos de consumo individuais médios para “limpeza” e “outros”........................ 42 Tabela 4. 7- Vazões médias de torneiras ...................................................................................... 43 Tabela 4. 8- Consumos individuais médios mensais de água nos edifícios.................................. 44 Tabela 4. 9- Comparação entre os consumos estimados e as médias históricas de consumo....... 45 Tabela 4. 10- Primeira correção nos hábitos de consumo médios das bacias sanitárias .............. 48 Tabela 4. 11- Segunda correção nos hábitos de consumo médios................................................ 48 Tabela 4. 12- Comparação entre os usos finais antes e após a análise de sensibilidade (em porcentagem)................................................................................................................................. 52 Tabela 4. 13- Comparação entre os usos finais antes e após a análise de sensibilidade (em m³). 53 Tabela 4. 14- Análise de influência do tamanho da amostra no edifício Aliança ........................ 54 Tabela 4. 15- Análise de influência do tamanho da amostra no edifício Ilha de Santorini .......... 54 Tabela 4. 16- Análise de influência do tamanho da amostra no edifício Manhattan.................... 55 Tabela 4. 17- Análise de influência do tamanho da amostra no edifício Via Venneto................. 55

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AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer a algumas pessoas que tornaram a realização deste trabalho

possível:

A meus pais, Rogério e Rossana e a meu irmão, Fábio, por sempre terem apoiado de

todas as formas e incentivado meus estudos.

Ao povo brasileiro, por ter financiado toda a educação formal que eu tive até a conclusão

deste trabalho.

Agradeço ao Professor Enedir Ghisi pela disposição, dedicação e seriedade na orientação

deste trabalho.

À CASAN, síndicos e ocupantes de escritórios que se dispuseram a responder às

entrevistas e questionários.

Ao Conselho Nacional de Pesquisa Científica e à Universidade Federal de Santa Catarina

pelo financiamento desta pesquisa através do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação

Científica (PIBIC).

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v

RESUMO

No Brasil, são relativamente escassos os dados sobre usos finais de água potável, tanto para o setor

residencial quanto para os setores público e comercial. Tendo em vista que o conhecimento dos usos

finais de água é essencial na elaboração de programas de racionalização do uso de água, torna-se

necessário realizar esses estudos para diferentes tipologias de edificações. O objetivo deste trabalho é

estimar os usos finais de água em dez edifícios de escritórios localizados na cidade de Florianópolis. As

estimativas foram feitas através de entrevistas com os ocupantes de cada edifício. As respostas obtidas

indicam quais são os aparelhos sanitários utilizados diariamente, bem como o tempo e freqüência de uso

dos mesmos. Através de medições, obteve-se a vazão das torneiras. Para as bacias sanitárias com válvula

de descarga, adotou-se a vazão estabelecida pela NBR 5626; para as bacias sanitárias com caixa acoplada,

mediu-se a capacidade da caixa. A partir destes dados, estimaram-se os consumos mensais de água e os

usos finais de água em cada um dos edifícios pesquisados. Os usos finais foram divididos entre bacias

sanitárias, torneiras, limpeza e “outros” (água para consumo humano, lavação de louça ou destinada a

outros aparelhos específicos). Os consumos estimados foram comparados com as médias dos consumos

reais dos dois anos anteriores ao início dos levantamentos (entre setembro de 2004 e agosto de 2006),

utilizando o histórico de consumo fornecido pela concessionária de água local (CASAN). A diferença

entre o consumo estimado e a média histórica de consumo de cada edifício foi eliminada após uma análise

de sensibilidade, quando se variaram as respostas sobre os hábitos de consumo médios para verificar qual

hábito de consumo possuía maior influência sobre a estimativa de consumo de cada edifício. Atribuiu-se,

portanto, ao consumo específico mais sensível a diferença encontrada. Verificou-se que a utilização da

bacia sanitária é a atividade que mais consome água potável em todos os edifícios pesquisados, variando

de 52% a 84% do consumo total de água. Em sete edifícios, as torneiras apresentaram o segundo maior

consumo específico (representando entre 7% e 38% do consumo total de água), enquanto os outros três

edifícios apresentaram o consumo específico “outros” como o segundo maior (variando de 3% a 35%). Os

índices de consumo encontrados para os dez edifícios variaram entre 34,9 e 101,6 litros/pessoa por dia. A

principal conclusão, com base nos dez edifícios estudados, é de que a redução no consumo de água

potável em bacias sanitárias pode ser, provavelmente, a ação de maior impacto em um programa de uso

racional de água em edifícios de escritórios. Evidencia-se também o grande potencial de diminuição do

consumo de água potável, já que, pelo menos, entre 56% e 86% da água consumida atualmente nos

edifícios pesquisados destina-se a atividades que não necessitam de água potável, que, nos casos

estudados neste trabalho, são descarga de bacias sanitárias e limpeza. A instalação de equipamentos

economizadores (com prioridade para bacias sanitárias), aproveitamento de água pluvial (em descargas de

bacia sanitária e limpeza) e reuso de água (em descargas de bacias sanitárias) são algumas das alternativas

que podem ser utilizadas para diminuir o consumo de água potável em edifícios da mesma tipologia dos

edifícios estudados neste trabalho.

Palavras-chave: uso racional de água, usos finais de água, edifício de escritórios.

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1. INTRODUÇÃO 1.1. Considerações Iniciais

A água é considerada um recurso natural e um bem econômico essencial para a

manutenção da vida e do equilíbrio dos ecossistemas do planeta. Na legislação brasileira, de

acordo com a Lei no 9.433 (1997), a água é um recurso natural limitado, considerado bem

público e dotado de valor econômico.

Segundo a UNESCO, o consumo médio per capita de água potável para uso doméstico

em um país desenvolvido varia entre 500 e 800 litros por dia (dados do ano 2000). Isto significa

um consumo quase 10 vezes maior do que o consumo médio per capita em países em

desenvolvimento (de 60 a 150 litros por dia). Entretanto, estudos sobre consumo de água em

residências para países desenvolvidos vêm mostrando consumos domésticos mais baixos, entre

100 e 300 litros/pessoa por dia (JENSEN, 1991; ACHTTIENRIBBE, 1993; SABESP, 2006;

UNESCO, 2006).

Na América Latina, o consumo médio per capita de água é de 200 litros por dia, embora a

captação de água possa ultrapassar o equivalente a 600 litros ou mais por dia por habitante,

indicando uma perda de praticamente 2/3 do total de água captada. A quantidade de água perdida

depende da qualidade da rede de captação e distribuição (OMS, 1999).

De acordo com Tucci et al. (2001), o Brasil possui 11% dos recursos hídricos superficiais

do planeta, representando 50% dos recursos da América do Sul. Considerando-se o volume total

de água que escoa a partir do Brasil, este representa 17% do total mundial. Porém, o grande

volume de água encontrado no Brasil não se distribui uniformemente pelas diferentes regiões do

País, concentrando-se sobretudo na Amazônia (71,1%) e apresentando mais limitações de

disponibilidade hídrica no Nordeste brasileiro. Para a Agência Nacional das Águas (ANA), esta

idéia de abundância gerou uma cultura de despreocupação e uso abusivo dos recursos

disponíveis. O uso desregrado aliado a problemas ambientais que afetam os mananciais de água

(principalmente a poluição) criou um desequilíbrio entre demanda e disponibilidade de água

potável no Brasil (GONDIM, 2005).

Segundo Plano Nacional de Recursos Hídricos, a maior parte da água utilizada no Brasil

destina-se à irrigação, seguida do consumo urbano e do consumo industrial. A Tabela 1.1 expõe,

de forma mais completa, a relação entre retirada de água, consumo e retorno às bacias

hidrográficas (MMA, 2006).

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Tabela 1. 1- Usos da água no Brasil

Retirada Consumo Retorno Tipo de Uso (m³/s) (%) (m³/s) (%) (m³/s) (%)

Urbano 420 26 88 10 332 44 Industrial 281 18 55 7 226 30 Rural 40 3 18 2 22 3 Animal 112 7 89 11 23 3 Irrigação 739 46 591 70 148 20 Total 1592 100 841 100 751 100 Adaptado de ANA apud MMA (2006)

Atualmente, todas as regiões hídricas brasileiras apresentam degradação da qualidade da

água e alterações no regime hídrico. Em regiões densamente povoadas, a água vem perdendo sua

característica de recurso renovável. Isso se deve principalmente ao crescimento demográfico e

conseqüente crescimento da atividade econômica, que não são suportados pela infra-estrutura de

saneamento hoje existente e que nem sempre seguem os princípios da sustentabilidade ambiental.

As utilizações da água também crescem com o desenvolvimento econômico e social sendo,

portanto, cada dia mais diversificadas. O Plano Nacional de Recursos Hídricos, instituído pelo

Governo Federal e aprovado pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos em janeiro de 2006,

destaca como um de seus objetivos “a percepção da conservação da água como valor

socioambiental relevante” (MMA, 2006).

O uso racional dos recursos hídricos é uma das formas de minimizar os problemas

provenientes da escassez de água potável, implicando em outros benefícios, como a redução da

quantidade de esgoto gerado, diminuição da quantidade de água e esgotos a serem tratados,

diminuição da quantidade de água captada de corpos hídricos (diminuição do estresse hídrico)

entre outros. No Brasil, diversos programas foram instituídos com o intuito de otimizar o uso da

água, tanto pelas esferas governamentais, como o Programa Nacional de Combate ao

Desperdício de Água (PNCDA), quanto por instituições privadas e outras organizações da

sociedade. Instituições de ensino também estão adotando medidas para utilizar a água de forma

mais racional, como é o caso dos programas PURA-USP da USP, Pro-Água da Unicamp e

Consumo Inteligente da UnB (PNCDA, 2006; SILVA; GONÇALVES, 2005; PROGRAMA,

2006; ACESSORIA, 2006).

Uma das principais ações de combate ao desperdício de água que tem sido abordada nos

programas com este intuito é a racionalização do uso da água em edificações. Pesquisas vêm

sendo realizadas em diversos países para desenvolver sistemas que diminuam a demanda de água

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potável em edificações. Da mesma forma, pesquisas vêm sendo desenvolvidas para se

estabelecer os consumos de água específicos de cada aparelho (usos finais de água) para as

diferentes tipologias de edificações existentes (ROCHA et al., 1998).

A partir do estudo dos usos finais de água é possível criar estratégias de redução de

consumo mais eficientes, pela identificação das atividades ou aparelhos que mais consomem

água potável. É de fundamental importância que se levantem dados sobre usos finais de água

potável para as diversas tipologias de edifícios existentes no Brasil, para que os programas de

uso racional de água possam ser elaborados de forma adequada à realidade do País (ROCHA et

al., 1998).

Os estudos sobre usos finais de água são relativamente recentes no Brasil, sendo que os

primeiros estudos significativos foram iniciados na década de 90. A maioria dos estudos de usos

finais no Brasil encontrada na literatura foi feita para residências e encontrou-se um estudo para

prédios públicos (KAMMERS; GHISI, 2006). Não se encontrou na literatura nenhum estudo de

usos finais de água para prédios comerciais no Brasil.

1.2. Objetivos

1.2.1. Objetivo Geral

Este trabalho tem por objetivo geral estimar os usos finais de água potável em dez

edifícios de escritórios localizados em Florianópolis-SC.

1.2.2. Objetivos Específicos

Os objetivos específicos deste trabalho são:

- Determinar o consumo diário de água potável per capita em cada edifício;

- Verificar a vazão das torneiras e caixas de descarga existentes nos edifícios;

- Estimar a porcentagem de água utilizada que não necessita ser potável em cada um dos

dez edifícios estudados;

- Calcular o consumo mensal médio de água por escritório de cada edifício, a partir do

histórico de consumo fornecido pela CASAN;

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- Comparar os usos finais estimados antes da aplicação da análise de sensibilidade e depois

da aplicação da análise de sensibilidade;

- Analisar a influência do tamanho da amostra entrevistada na estimativa dos usos finais de

água;

- Aperfeiçoar a metodologia de levantamento de usos finais de água já utilizada por outros

autores.

1.3. Estrutura do Trabalho

Este trabalho é composto por cinco capítulos. No primeiro capítulo se encontram as

considerações iniciais, uma introdução ao tema com informações preliminares e apresentam-se

as motivações e objetivos do trabalho. O segundo capítulo consiste em uma revisão bibliográfica

sobre o tema da pesquisa e assuntos relacionados. O terceiro capítulo descreve a metodologia

adotada. O quarto capítulo descreve os resultados encontrados e o quinto capítulo apresenta as

conclusões e considerações finais do estudo.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Neste capítulo será apresentada uma revisão bibliográfica sobre o tema deste trabalho

(usos finais de água) no Brasil e no mundo e temas relacionados, como aproveitamento de água

pluvial, reuso de águas cinza e programas de redução do consumo de água.

A crescente importância destinada às pesquisas sobre conservação e economia de água no

Brasil pode ser ilustrada pelo número de artigos publicados nos Encontros Nacionais de

Tecnologia do Ambiente Construído (ENTACs), que é o evento nacional que mais concentra

artigos sobre sistemas prediais hidráulicos e sanitários. Ilha et al. (2006) analisaram os artigos

publicados nos ENTACs, entre o V e o X ENTAC, abordando sistemas prediais hidráulicos,

sanitários e de gás combustível. A análise foi feita dividindo-se o tema principal da pesquisa em

5 subitens: Conservação/economia de água; Gestão da qualidade dos sistemas prediais;

Inovações tecnológicas nos sistemas prediais; Conservação/economia de energia no aquecimento

de água; e Outros. Segundo os autores, os artigos abordando o tema “conservação/economia de

água” passaram de tema menos importante (sem nenhum artigo publicado) em 1993 para o tema

mais abordado em 2004, representando 36% dos artigos publicados entre os cinco temas

pesquisados.

2.1. Consumo de água

Uma das formas mais usadas por pesquisadores nacionais e internacionais para se

comparar o consumo de água é através da determinação do índice de consumo, que representa o

consumo de água de uma pessoa por dia.

De acordo com relatório do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS)

para o ano de 2003, o índice de consumo médio no Brasil é de 141 litros/pessoa por dia. A

Tabela 2.1 mostra os índices de consumo apresentados para as cinco regiões brasileiras. Observa-

se que o Sudeste é a região que mais consome água (174,0 litros/pessoa por dia) enquanto o

Nordeste, que é a região com menor disponibilidade hídrica, possui o menor consumo de água

(107,3 litros/pessoa por dia).

Outras pesquisas realizadas no Brasil apontam diferentes índices de consumo por região e

por classe social. Dantas et al. (2006) levantaram as características de consumo de água para

residências de interesse social de Itajubá, localizada no sul de Minas Gerais. Ywashima et al.

(2006a) realizaram pesquisa semelhante para a mesma tipologia de residência em Paulínia (SP).

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Tabela 2. 1- Índices de consumo no Brasil

Regiões brasileiras Índice de consumo médio (litros/pessoa por dia)

Sudeste 174,0 Centro-Oeste 133,6 Sul 124,6 Norte 111,7 Nordeste 107,3

Brasil 141,0 Fonte: SNIS (2004)

A metodologia utilizada em ambos os trabalhos consistia em entrevistas com os

moradores para obtenção de dados sócio-econômicos, hábitos de consumo de água e outras

informações relativas ao consumo de água potável, seguida de visitas às residências (quando

autorizado) para verificação das condições de operação dos aparelhos sanitários. Dantas et al.

(2006) apontam um índice de consumo de 117 litros/pessoa por dia (variando de 80 a 133

litros/pessoa por dia), enquanto Ywashima et al. (2006a) verificaram um índice de consumo de

113 litros/pessoa por dia (variando de 46 a 309 litros/pessoa por dia).

Oliveira et al. (2006) também realizaram trabalhos caracterizando o consumo de água em

residências de interesse social. A metodologia utilizada foi a aplicação de questionários e visita

às residências, 14 no total, localizadas na cidade de Goiânia. O índice de consumo médio

determinado foi de 95 litros/pessoa por dia, sendo que os índices de consumo máximo e mínimo

não foram apresentados no trabalho consultado. Os autores também encontraram um grande

índice de vazamento em bacias sanitárias, com valor médio superior a 20%.

Ghisi e Ferreira (2007), em um trabalho que avalia o potencial de economia de água

potável para residências multifamiliares, obtiveram um índice de consumo de 151,3 litros/pessoa

por dia para um condomínio residencial de apartamentos localizado em Florianópolis. Resultados

mais completos deste trabalho serão apresentados juntos aos temas reuso de águas cinza e

aproveitamento de água pluvial.

Bradley (2004) apresenta dados de pesquisas realizadas no Reino Unido que indicavam

(na década de 80) índices de consumo variando de 140 a 95 litros/pessoa por dia, dependendo

das condições socioeconômicas (condições melhores consomem mais água). Neste mesmo

trabalho, estão presentes dados de uma pesquisa na Coréia, que também mostra uma relação

direta entre condições socioeconômicas e consumo de água: as casas mais simples possuem um

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consumo médio de 86 litros/pessoa por dia, enquanto apartamentos apresentaram consumo

médio variando de 144 (até 44m2 de área) a 332 litros/pessoa por dia (até 132m2 de área). Já

pesquisas na Malásia apontaram um índice de consumo de 254 litros/pessoa por dia, para a

capital Kuala Lumpur.

Mukhopadhyay et al. (2001) analisaram o consumo de água de 48 residências no Kuwait

durante 56 semanas, sendo que em quatro destas residências foram considerados os consumos

externos de água, para irrigação de jardins. Os jardins variavam significativamente de tamanho,

variando entre 10 e 600 m2. O consumo per capita variou de 180 a 2018 litros/dia, com uma

média de 814 litros/dia, avaliado pelos autores como um dos maiores do mundo. Não foram

apresentados no trabalho os usos finais de água das residências estudadas, que apresentou,

entretanto, dados de consumo de alguns países vizinhos do Kuwait. Os dados estão dispostos na

Tabela 2.2 e mostram consumos relativamente altos para a maioria dos países, ainda mais se

consideradas as características geoclimáticas da região.

Tabela 2. 2- Consumo per capita em alguns países árabes

País Consumo per capita (litros/dia)

Emirados Árabes Unidos 744 Barém 526 Kuweit 481 Catar 425 Arábia Saudita 358 Omã 106 Iêmen 86 Fonte: ACSAD apud Mukhopadhyay (2001)

Para o setor comercial, Tomaz (2000) apresenta dados de Syed Qasim que apontam uma

demanda média de água para edifícios de escritório de 65 litros/empregado por dia, ou 4 litros/m²

por dia. Porém, o consumo per capita para prédios públicos em Florianópolis, levantados por

Kammers e Ghisi (2006), variam de 28 a 40 litros/pessoa por dia. SABESP (2006) aponta um

consumo de 50 litros/pessoa por dia para prédios públicos e comerciais, mais próximo ao valor

encontrado por Kammers e Ghisi (2006).

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2.2. Usos finais de água

Os estudos de usos finais de água ganharam importância a partir da década de 70, quando

as metodologias para a realização deste tipo de estudo começaram a ser desenvolvidas e

aprimoradas.

2.2.1. Metodologias para estimar usos finais de água

Gibson apud Rocha et al. (1998), em 1972, realizou um monitoramento do consumo de

água através da instalação, nos pontos de consumo de água, de sensores de fluxo associados a

hidrômetros instrumentados. Estes aparelhos estavam conectados a um sistema que registrava o

início e fim das atividades consumidoras de água, bem como o volume utilizado. A aquisição de

dados se dava por intermédio de um gravador de fita magnética que enviava sinais a uma

máquina de perfuração (punch-paper), que armazenava os dados em papéis perfurados para

posterior tratamento dos dados em um computador.

Kiya apud Rocha et al. (1998), em 1979, aplicou, em edificações no Japão, uma

metodologia que se baseava no monitoramento da variação da altura da água no interior do

reservatório superior de uma edificação. Este monitoramento era feito por um transdutor de

pressão instalado no fundo do reservatório.

Holmberg & Olsson apud Rocha et al. (1998), em 1979, aplicaram uma metodologia

parecida com a de Gibson, instalando sensores de fluxo associados a hidrômetros instrumentados

nos pontos de consumo de água, porém também com sensores de pressão e temperatura em um

prédio com 20 apartamentos. A aquisição de dados era feita por um sistema que registrava as

ocorrências em um disquete. A análise dos dados em um computador permitiu a construção de

gráficos da distribuição do consumo de água nos apartamentos estudados.

Murakawa apud Rocha et al. (1998), realizou o monitoramento do consumo de água em

dois prédios de apartamentos, em 1985. Também foram utilizados sensores de fluxo e

hidrômetros instrumentados, juntamente com sensores de presença junto aos aparelhos sanitários.

O sistema também era composto por um armazenador-registrador de dados para posterior

tratamento e análise dos dados.

DeOreo et al. apud Rocha et al. (1998) aplicaram uma técnica de monitoramento de

consumo denominada “análise de traço”. Através do monitoramento da vazão, feito por um data-

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logger no hidrômetro do cavalete, pôde-se obter um gráfico da variação do volume com o tempo.

Pelo conhecimento do perfil de vazão de cada aparelho sanitário puderam-se buscar no gráfico as

vazões características de cada aparelho e, por uma média da freqüência de aparecimento destes

perfis de vazão, obtém-se o volume de água consumido.

Oliveira (2005), Kammers e Ghisi (2006) e Ghisi e Ferreira (2007) utilizaram uma

metodologia similar em seus trabalhos para estimar os usos finais em três tipologias diferentes de

edifícios. A metodologia baseia-se primeiramente na análise do histórico de consumo de água da

edificação em questão (em todos os casos obtidos junto à concessionária local). Realiza-se então

um levantamento dos aparelhos sanitários presentes e levantamento da freqüência e tempo de uso

dos mesmos. No caso de Oliveira (2005), o levantamento das freqüências e tempo de uso foi

feito pelos próprios moradores das residências pesquisadas em planilhas fixadas nos diversos

ambientes das residências. Os outros dois trabalhos fizeram este levantamento pela aplicação de

questionários. Após este levantamento, fazem-se testes para determinar a vazão dos aparelhos

consumidores de água, ou obtém-se a vazão com os fabricantes dos aparelhos. A partir destes

dados calcula-se o consumo da edificação, distribuindo-o entre os usos finais levantados. Para

ajustar o consumo calculado com o consumo medido pelo hidrômetro, faz-se uma análise de

sensibilidade, de modo a verificar quanto o erro de cada dado levantado influencia no consumo

calculado. De acordo com os resultados na análise de sensibilidade, ajusta-se o consumo

calculado para que seja igual ao consumo medido pelo hidrômetro.

2.2.2. Estudos sobre usos finais

Um dos primeiros estudos detalhados sobre usos finais de água foi realizado na década de

70 nas cidades de Malvern e Mansfield, na Inglaterra, para o setor residencial. A metodologia

utilizada baseava-se na leitura diária dos hidrômetros para controle do volume de água gasto e no

registro das diferentes atividades consumidoras de água, feito pelos usuários. A partir destes

dados, através de análise de regressão, estimaram-se os consumos específicos de água potável,

apresentados na Tabela 2.3. Tanto na cidade de Malvern quanto na cidade de Mansfield, a

descarga das bacias sanitárias é responsável por praticamente 1/3 do consumo total de água. O

item “uso básico”, responsável por 37,1% do consumo de água potável refere-se à água utilizada

em higiene pessoal (exceto no banho), cocção de alimentos e algumas outras utilizações que não

foram contempladas nas demais atividades relacionadas na Tabela 2.3.

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Uma pesquisa realizada pela AWWA (American Water Works Association) levantou o

consumo e os usos finais de água em mais de 1.100 residências dos EUA e do Canadá, durante

um período de três anos. A pesquisa diferenciou residências que utilizavam aparelhos

economizadores de água de residências com aparelhos sanitários convencionais. Percebeu-se que

mais da metade do consumo das residências pesquisadas (58% do consumo total) era usado em

atividades fora da casa. Com relação ao consumo interno, em residências com aparelhos

convencionais, o maior consumo encontrado foi nas descargas de bacias sanitárias (76,1

litros/pessoas por dia), seguido da máquina de lavar roupas (56,8 litros/pessoas por dia) e do

chuveiro (50,3 litros/pessoas por dia). Em residências com aparelhos sanitários mais econômicos,

as máquinas de lavar roupas lideraram o consumo (56,8 litros/pessoas por dia), seguido de

torneiras (41,3 litros/pessoas por dia), chuveiro (37,9 litros/pessoas por dia) e descargas de bacias

sanitárias (36,3 litros/pessoas por dia). O documento referente a este trabalho do qual se teve

acesso não apresentava os percentuais de usos finais de todas as atividades levantadas pela

pesquisa (AWWA, 1999).

Tabela 2. 3- Usos finais de água nas cidades de Malvern e Mansfield

Malvern Mansfield Consumo Tipo de uso

(litros/pessoa por dia) (%) (litros/pessoa por dia) (%) Lavagem de carro 0,4 0,4 0,5 0,5

Rega de jardim 3,8 3,9 2,1 2,1 Irrigação de gramado 0,3 0,3 0,1 0,1

Banho de banheira 14,7 15,0 14,8 15,1 Banho de chuveiro 1,6 1,6 1,1 1,1

Descarga na bacia sanitária 30,0 30,7 33,0 33,6 Triturador de lixo 0,3 0,3 - - Lavadora de roupa 7,5 7,7 9,7 9,9 Lavagem de roupa 2,7 2,8 4,0 4,1 Lavadora de louça 0,3 0,3 0,3 0,3

Uso básico 36,3 37,1 32,6 33,2 Total 97,9 100,0 98,2 100,0

Fonte: Thrackray et al. apud Rocha et al. (1998)

Bradley (2004) apresenta usos finais domésticos de água de pesquisas realizadas no

Reino Unido e na Coréia. Os usos finais estão detalhados na Tablea 2.4.

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Tabela 2. 4- Usos finais na Coréia e no Reino Unido

Distribuição do consumo Coréia Reino Unido Tipo de uso

Consumo (litros/pessoa por dia) (%) Consumo (litros/pessoa

por dia) (%)

Cozinha 23 20 36 28 Chuveiros e banhos 27 23 33 26 Descarga na bacia sanitária 52 45 44 34 Lavagem de roupas 13 11 15 12 Total 115 100 128 100 Fontes: Bradley (1985) apud Bradley (2004) Hodges apud Bradley (2004)

Gascón et al. (2004) realizaram o primeiro estudo descrevendo os usos finais de

água em residências da Espanha, medindo diretamente o consumo nas residências

pesquisadas através um aparelho que emitia pulsos marcando as variações na

vazão. Pela análise destes pulsos pode-se identificar as atividades realizadas. A pesquisa foi

realizada em 64 apartamentos residenciais distribuídos em quatro cidades da costa leste da

Espanha. Os usos finais estão descritos na Tabela 2.5, destacando-se o uso das torneiras, sendo

este o único estudo apresentado em que esta atividade representa o maior consumo de água. No

trabalho, ressalta-se o fato do perfil de consumo de água na Europa variar significativamente do

perfil de consumo de água nos EUA, devido principalmente a hábitos de consumo e aparelhos

sanitários diferentes, destacando a importância deste tipo de estudo na implementação de

políticas de gerenciamento de águas urbanas de cada região.

Tabela 2. 5- Usos finais em apartamentos na Espanha

Tipo de uso (%) Chuveiros 19,9 Torneiras 38,6 Bacia Sanitária 22,2 Vazamentos 8,9 Lavadora de Roupas 9,8 Lavadora de Louça 0,6 Total 100 Fonte: Gascón et al. (2004)

Tomaz (2000) e Sabesp (2006) apresentam os resultados de estudos de usos finais de

água potável que vários autores realizaram em diferentes países. Os percentuais de usos finais

destas pesquisas estão apresentados na Tabela 2.6. Nota-se que em todos os países contemplados

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no levantamento, os percentuais de gasto de água em atividades que não necessitam de água

potável (como descarga de bacias sanitárias) respondem por no mínimo 25% do gasto total de

uma residência, podendo chegar a mais de 50%, dependendo da qualidade de água que se deseja

para algumas atividades (a lavagem de roupas, por exemplo, não necessita de água potável, mas

é desejável que se utilize uma água com cor e turbidez desprezíveis).

Segundo Villarreal e Dixon (2005), na Suécia, 20% da água potável utilizada em

domicílios é destinada à descarga de bacias sanitárias, 15% para lavação de roupas e 10% para

lavação de carros e outros tipos de limpeza.

Tabela 2. 6- Consumos específicos em residências de diferentes países

Distribuição do consumo Dinamarca EUA (1) EUA (2) Tipo de uso

Consumo (litros/pessoa por dia) (%) (%) (%) Alimentação 10 5 - - Chuveiros e banhos 40 20 28 17 Torneiras - - 13 16 Higiene Pessoal 20 10 - - Descarga na bacia sanitária 40 20 35 27 Lavagem de roupas 30 15 22 22 Lavagem de pratos 40 20 2 2 Lavagem de carros 20 10 - - Outros - - - 16 Total 200 100 100 100

Fontes: Jensen apud Tomaz (2000) Brown; Caldwell

apud Tomaz (2000)

Amy Vickers apud Tomaz (2003)

Tabela 2. 6- Consumos específicos em residências de diferentes países (continuação)

Distribuição do consumo Alemanha Holanda

Tipo de uso Consumo (litros/pessoa por

dia) (%) Consumo (litros/pessoa por dia) (%)

Alimentação 5 3,9 2,6 1,9 Chuveiros e banhos 46 36,2 47,5 35,2 Torneiras - - 3,7 2,7 Higiene Pessoal - - - - Descarga na bacia sanitária 34 26,8 42,7 31,7 Lavagem de roupas 15 11,8 25,6 19,0 Lavagem de pratos 8 6,3 9,5 7,0 Lavagem de carros - - - - Outros 19 15,0 3,3 2,4 Total 127 100 134,9 100 Fontes: The Rainwater Technology Handbook apud Tomaz (2003) Achttienribbe apud Tomaz (2000)

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Tabela 2. 6- Consumos específicos em residências de diferentes países (continuação)

Distribuição do consumo (%) Tipo de uso

Suíça Reino Unido Colômbia Alimentação 11 4 5 Chuveiros e banhos 37 37 30 Torneiras - - - Higiene Pessoal - - - Descarga na bacia sanitária 40 37 40 Lavagem de roupas 4 11 - Lavagem de pratos - 11 10 Lavagem de carros 1 - - Outros 7 15 Total 100 100 100 Fonte: De Oreo e Mayer apud Sabesp (2006)

Friedler et al. (1996) realizaram um levantamento da utilização de bacias sanitárias em

135 residências no sul da Inglaterra. Os dados foram obtidos pela aplicação de questionários aos

participantes da pesquisa, que registraram, entre outras informações, a quantidade de vezes que

utilizavam o vaso sanitário durante sete dias consecutivos. Observou-se uma maior utilização dos

vasos sanitários nos finais de semana. A média do número de descargas foi de 3,98

descargas/pessoa por dia, durante a semana e de 4,75 descargas/pessoa por dia em finais de

semana. A pesquisa abrangeu residências de um a cinco habitantes e participantes de todas as

faixas etárias. A média de usos da descarga aumentou, em geral, com o aumento da faixa etária

dos participantes, indicando que o consumo de água de um estabelecimento está diretamente

ligado com a idade das pessoas que o freqüentam. O trabalho não apresenta média de usos finais

ou a porcentagem de volume de água que as bacias sanitárias representavam no consumo das

residências estudadas.

No Brasil, ainda são poucos os estudos de usos finais de água, sendo que a tipologia mais

contemplada com este tipo de estudo tem sido a de edificações residenciais. Oliveira (2005)

estimou o consumo e os usos finais de água para duas residências unifamiliares localizadas em

Palhoça-SC. O consumo foi obtido através da leitura dos hidrômetros e comparação com o

histórico de consumo fornecido pela companhia de abastecimento de água. Os usos finais foram

estimados pelo consumo de cada morador, que registrava em uma planilha a freqüência e a

duração do uso de cada aparelho sanitário, por um período de 28 dias. Mediu-se também a vazão

de cada aparelho sanitário. Através destes dados estimou-se o consumo final das residências.

Este estudo obteve como média do consumo de água 202,2 litros/pessoa por dia para uma das

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residências e 147,9 litros/pessoa por dia para a outra residência. Os usos finais estão descritos na

Tabela 2.7, onde se observa que as descargas de bacias sanitárias e lavagem de roupas (usos não

potáveis) chegam a aproximadamente 35% do consumo total.

Tabela 2. 7- Usos finais em duas residências unifamiliares localizadas em Palhoça-SC

Residência 1 Residência 2

Tipo de uso Consumo (litros/pessoa por dia) (%) Consumo (litros/pessoa por

dia) (%)

Chuveiros e banhos 62,9 32,7 64,9 46,3 Torneiras 3,6 1,9 3,7 2,6 Descarga na bacia sanitária 58,3 30,3 36,3 25,9 Lavagem de roupas 11,9 6,2 11,7 8,3 Lavagem de pratos 53,8 28,0 19,2 13,7 Outros 1,6 0,8 4,4 3,1 Total 192,1 100 140,2 100 Fonte: Oliveira (2005)

Rocha et al. (1998) caracterizaram os consumos específicos de água de cada equipamento

em seis prédios de um conjunto habitacional localizado em São Paulo (SP). Foram feitas medidas

gerais através da leitura de hidrômetros e medidas específicas em um apartamento pela utilização

de um data-logger para a armazenagem dos dados. O data-logger recebia pulsos gerados pelos

hidrômetros (do tipo uni-jato) instalados nos pontos de consumo, que indicavam a vazão. Neste

estudo, o consumo de água de bacias sanitárias representou 5% do consumo total. O maior

consumo medido foi o de chuveiros (55%), pias (18%) e lavadoras de roupas (11%). As medidas

foram feitas em um apartamento com uma bacia sanitária com caixa acoplada de descarga de

mais de 8 litros. Apesar disso, encontrou-se um gasto médio de água com bacias sanitárias de

apenas 24 litros/dia, muito abaixo do gasto indicado por outros autores. O resultado completo

dos usos finais está representado na Tabela 2.8.

Para outras tipologias de edificações (prédios comerciais, públicos, indústrias, etc.), a

maior parte dos estudos encontrados na literatura foi feito nos EUA. Um estudo da Aquacraft,

publicado pela AWWA, levantou os usos finais de água para diversas categorias de

estabelecimentos comerciais localizados em Westminster. Foram feitos estudos de campo para

25 estabelecimentos em cinco áreas urbanas. Propôs-se um modelo de determinação de usos

finais para cinco categorias comerciais distintas: restaurantes, hotéis e motéis, supermercados,

prédios de escritórios e escolas. Para prédios de escritórios, que é o foco deste trabalho, os usos

finais encontrados estão apresentados na Tabela 2.9, conforme foram apresentados nos dados 14

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sobre o trabalho aos quais se teve acesso. Os resultados encontrados apresentam um grande

consumo de água potável para a irrigação (58%), e o consumo de banheiros como o segundo

mais significativo (29%). No trabalho de Kammers e Ghisi (2006), que fizeram levantamento de

usos finais em prédios públicos, não está explicitada a utilização de água para irrigação em

nenhum dos prédios públicos pesquisados, o que pode indicar que os prédios de escritórios no

Brasil possuem um perfil de usos finais de água significativamente diferente dos prédios

estadunidenses (Dziegielewski et al., 2000).

Tabela 2. 8- Usos finais em conjunto habitacional localizado São Paulo

Tipo de uso Consumo (litros/apto por dia) (%)

Bacia Sanitária 24 5 Chuveiro 238 55 Lavadora de roupas 48 11 Lavatório 36 8 Pia 80 18 Tanque 11 3 Total 437 100 Fonte: Rocha et al. (1998)

Tabela 2. 9- Usos finais de água em prédios de escritórios nos EUA

Tipo de uso (%) Irrigação 58 Refrigeração 6 Banheiros 29 Cozinha 1 Outros usos domésticos 6 Total 100 Fonte: Dziegielewski et al. (2000)

A AWWA também publicou uma pesquisa em 1995 apresentando os usos finais de água

em três edifícios comerciais em Denver. Os resultados apresentados demonstram que mais de

50% da água utilizada nos edifícios pesquisados é destinada a usos não potáveis. Os usos finais

estão apresentados na Tabela 2.10.

Kammers e Ghisi (2006) verificaram, através da análise dos usos finais de água potável

em dez edifícios públicos localizados em Florianópolis, que os maiores consumos de água

ocorreram em vasos sanitários e mictórios, concluindo que, em média, 77% da água utilizada nos

edifícios estudados não necessita ser potável. Este foi o único estudo encontrado na literatura

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para esta tipologia de edifícios no Brasil e a Tabela 2.11 mostra os usos finais levantados. Nos

dois prédios estudados que possuíam torre de resfriamento, fez-se levantamento dos usos finais

no inverno e no verão, para verificar o impacto desta utilização no consumo total de água.

Tabela 2. 10- Usos finais de água em edifícios comerciais em Denver, EUA

Tipo de uso (%) Consumo doméstico de água 40,4 Água para resfriamento e aquecimento 26,2 Água para rega de jardins 21,6 Perdas de água 8,7 Água para resfriamento sem reaproveitamento 1,6 Água para cozinha 1,0 Vazamentos de água 0,5 Total 100 Fonte: AWWA (1995) apud Tomaz (2000)

Tabela 2. 11- Usos finais em prédios públicos localizados em Florianópolis

Usos Finais (%) Edifícios Bacia

Sanitária Mictório Torneira Restaurante Lavação de carros

Torre de resfriamento Outros Total

Badesc 55,8 14,3 18,3 - - - 11,6 100 Celesc (verão) 28,1 29,0 8,9 7,8 2,2 18,7 5,3 100

Celesc (inverno) 34,6 35,6 11,0 9,5 2,7 - 6,6 100 Crea 23,0 47,0 24,5 - - - 5,5 100 Deter 66,6 - 31,2 - - - 2,2 100 Epagri 33,1 43,9 12,5 - - - 10,5 100

Secretaria da Agricultura

(verão) 23,0 13,5 5,5 23,0 1,8 26,6 6,6 100

Secretaria da Agricultura (inverno)

31,4 18,4 7,4 31,4 2,4 - 9,0 100

Secretaria da Educação 70,0 14,3 9,4 - - - 6,3 100

Secretaria de Segurança

Pública 78,8 - 18,4 - - - 2,8 100

Tribunal de Contas 36,4 45,9 14,0 - 0,7 - 3,0 100

Tribunal de Justiça 53,2 29,9 8,7 - - - 8,2 100

Fonte: Kammers e Ghisi (2006)

A grande maioria das pesquisas encontradas aponta o consumo de água para fins

higiênicos (especialmente as descargas de bacias sanitárias) como o maior consumo específico,

tanto em residências familiares quanto em estabelecimentos comerciais.

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2.3. Reuso de água

Nolde (2000) considera que águas de sistemas de reuso devem preencher quatro critérios

básicos: segurança higiênica, tolerância ambiental, estética e viabilidade técnica e econômica.

Em seu trabalho, Nolde (2000) descreve um sistema de tratamento de água para reuso que vem

sendo utilizado na Alemanha desde o final da década de 80. O sistema de tratamento possui um

estágio de sedimentação, tratamento biológico, clareamento e, algumas vezes, desinfecção

ultravioleta (UV). As características da água (tanto físico-químicas quanto biológicas)

provenientes deste tipo de tratamento foram avaliadas segundo os critérios estabelecidos em

1995, pelas especificações de construção da cidade de Berlim. Verificou-se que o tratamento é

suficientemente eficiente para substituir água potável em bacias sanitárias (considerando-se uma

descarga que utilize entre 15 e 55 litros/pessoa por dia) sem riscos higiênicos ou perda de

conforto. Apesar da necessidade de mais estudos sobre utilização de água de reuso para outros

fins, o autor prevê a existência de um sistema duplo de água em construções futuras, utilizando

água potável proveniente diretamente de fontes naturais e água de menor qualidade para outros

usos.

Fiori et al. (2006) estabeleceram o consumo de água de apartamentos residenciais em

Passo Fundo (RS) através da aplicação de questionários. Posteriormente, coletou-se água de

efluentes de chuveiros para análise qualitativa quanto à possibilidade de reuso. Concluiu-se que,

para utilização de águas cinza provenientes de chuveiros, se faz necessário um tratamento prévio

para redução de coliformes fecais e turbidez a níveis aceitáveis. Para a utilização de águas cinza

em bacias sanitárias, um tratamento simples de filtração e desinfecção já seria o suficiente,

segundo os autores.

Ghisi e Oliveira (2007) analisaram o potencial de economia de água em residências de

Palhoça considerando três situações distintas: aproveitamento de água pluvial (para máquinas de

lavar roupas e descargas de bacias sanitárias); reuso de águas cinza (para descargas);

aproveitamento de água pluvial (para máquinas de lavar roupas) e reuso de águas cinza (para

descargas) combinados. Fez-se também uma análise da viabilidade econômica da implementação

destas medidas, que indicaram que a situação com o menor período de retorno para o

investimento foi o reuso de águas cinza (período de 17 anos e 8 meses). Para Ghisi e Oliveira

(2006), incentivos, por parte do governo, se fazem necessários para a promoção da utilização de

águas cinza e de água pluvial no sul do Brasil. Observou-se que a economia de água não acarreta

necessariamente em benefício econômico para o usuário residencial, já que se cobra uma taxa

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mínima que impede benefícios financeiros na conta de água para consumos inferiores a 10m3 por

mês, recomendando-se revisão da legislação. Por conta disso, os períodos de retorno encontrados

nas análises feitas foram extremamente altos, variando de 17,7 (considerando o reuso de águas

cinza) a 92,7 anos (considerando aproveitamento de água pluvial e reuso de águas cinza

combinados).

Ghisi e Ferreira (2007) realizaram pesquisa semelhante para um condomínio residencial

composto por três blocos de prédios, localizado em Florianópolis. Inicialmente, os usos finais de

água foram estimados através de aplicação de questionário aos usuários, medida da vazão de

aparelhos sanitários e obtenção do consumo de água dos apartamentos junto à concessionária de

água local. Novamente, foram considerados três cenários distintos: aproveitamento de água

pluvial; reuso de águas cinza; aproveitamento de água pluvial e reuso de águas cinza

combinados. Os potenciais de economia de água encontrados foram de 39,2%, 40,1% e 42,7%

para os três blocos de apartamentos investigados (A, B e C, respectivamente). Porém,

considerando-se os três diferentes sistemas de aproveitamento de água selecionados, os

potenciais de economia de água diminuem. Os diferentes potenciais de economia e o período de

retorno do investimento estão apresentados na Tabela 2.12. Destaca-se o fato de que a

implementação de qualquer um dos sistemas não traz benefícios econômicos ao bloco C pelo

fato do consumo de água por apartamento ser inferior a 10m3 por mês. Neste caso, evidencia-se

novamente a necessidade de revisão da legislação para incentivar formas alternativas de

aproveitamento de água. Comparando-se os períodos de retorno encontrados neste trabalho com

os períodos apresentados em Ghisi e Oliveira (2007), observa-se que os períodos de retorno do

investimento em condomínios residenciais tendem a ser muito mais vantajosos (não passando de

oito anos) do que em residências unifamiliares, onde os períodos de retorno são praticamente

inviáveis (o menor período de retorno é de 17,7 anos).

Campos et al. (2006) analisaram a estrutura tarifária brasileira quanto à cobrança pelo uso

da água em 18 concessionárias de abastecimento de todo o país, responsáveis por 66% das

ligações de água no Brasil. Verificou-se que a maioria das concessionárias (15 de 18

concessionárias) adota uma taxa mínima de consumo. Destas 15, uma adota o valor de 6m³ como

consumo mínimo, enquanto o restante das empresas adota o valor de 10m³. A questão da tarifa

para consumo mínimo pode ser vista como desestímulo à conservação de água pelo fato de

existirem residências com consumo inferior ao valor estabelecido ou que passariam a ter um

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consumo inferior se adotassem medidas de conservação e água, como exemplificado em Ghisi e

Oliveira (2007).

Tabela 2. 12- Potencial de economia de água em condomínio de Florianópolis

Potencial de economia de água (%) Bloco A Bloco B Bloco C Média

Água pluvial 14,7 15,6 17,7 16,0 Período de retorno (anos) 2,4 5,0 sem retorno 3,7

Águas cinza 28,7 29,7 34,8 31,1

Período de retorno (anos) 2,1 5,0 sem retorno 3,6

Água pluvial e águas cinza 36,7 37,9 42,0 38,9 Período de retorno (anos) 3,4 8,0 sem retorno 5,7

Fonte: Ghisi e Ferreira (2007)

2.4. Aproveitamento de água pluvial O aproveitamento de água pluvial para abastecimento humano vem sendo feito há vários

séculos. Do Oriente Médio às Américas, encontram-se cisternas antigas para captação e

armazenamento de água da chuva, algumas anteriores a 3000 a.C. Esta prática, de certa forma

negligenciada pelos sistemas atuais de abastecimento de água, vem ganhando nova importância

como forma de diminuir a demanda de água potável e diminuir a carga sobre sistemas de

drenagem urbana (TOMAZ, 1998).

Ghisi (2006), fez a projeção da disponibilidade per capita de água das cinco regiões

geográficas brasileiras, do ano 2000 até o ano de 2100. Essas projeções foram feitas com base no

aumento populacional médio registrado no período de 1991 a 2000. Nas projeções feitas,

avaliou-se que, em 2050, a disponibilidade de água nas regiões Sudeste e Nordeste seria menor

do que 2000m3 per capita por ano, considerado um índice muito baixo, segundo o Programa

Ambiental das Nações Unidas (United Nations Environment Programme - UNEP). Por volta do

ano de 2100, a disponibilidade passaria a ser menor do que 1000m3 per capita por ano,

considerado um índice catastrófico pela classificação da UNEP. O autor calculou então o

potencial de economia de água considerando-se a utilização de água pluvial nas cinco regiões

brasileiras. Para este cálculo foram consideradas a área específica de telhado por pessoa e a

demanda de água potável das cinco regiões brasileiras, além do histórico dos índices

pluviométricos de cada região. Calculou-se que o volume de água pluvial captado seria o

suficiente para suprir 48% da demanda de água potável na região Sudeste e 61% na região

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Nordeste, que foram as regiões que apresentaram os menores índices de disponibilidade de água

nas projeções feitas. Considerando-se então a utilização de água pluvial nestas regiões, a

disponibilidade de água não seria menor do que 3000m3 per capita por ano, pelo menos até o ano

de 2100, evidenciando a importância da utilização desta fonte alternativa de água.

Werneck e Bastos (2006) estudaram a viabilidade da utilização de água pluvial nas 77

escolas do município de Barra do Piraí (RJ). Inicialmente, fez-se um estudo de caso sobre o

consumo de água em uma escola particular do município, levantando-se o orçamento da

instalação de um sistema de aproveitamento de água pluvial e de substituição de aparelhos

sanitários convencionais por aparelhos economizadores. Baseado em pesquisas sobre usos finais

de água em escolas, estimou-se que 70% da água utilizada na escola destinava-se a atividades

não potáveis e, a partir deste dado, levantou-se o orçamento considerando a utilização de um

reservatório de água pluvial de 20m³, de 50m³ e de 100m³, calculando-se ainda o impacto na

redução do consumo total da escola e no consumo do município, caso se adotassem as medidas

para todas as escolas de Barra do Piraí. Os usos finais de água adotados estão presentes no

trabalho de Ywashima (2005) e estão apresentados na Tabela 2.13.

Tabela 2. 13- Usos finais de água em três tipologias diferentes de escolas

Escolas de ensino infantil (até 4 anos)

Escolas de ensino infantil (5 e 6 anos)

Escolas de ensino fundamental Tipos de Usos

(litros) (%) (litros) (%) (litros) (%) Lavatório 195 4,35 211 6,12 - - Lavatório calha - - 114 3,30 865 6,53 Bebedouro elétrico 4 0,09 7 0,20 - - Filtro - - 27 0,78 - - Chuveiro 798 17,78 36 1,04 - - Pia 1739 38,76 682 19,77 1302 9,84 Tanque 117 2,61 11 0,32 124 0,94 Bacia sanitária c/ válvula 1243 27,70 2306 66,84 6156 46,50 Mictório tipo calha - - - - 4752 35,90 Máquina de lavar roupa 234 5,22 - - - - Torneira de lavagem 139 3,10 56 1,62 39 0,29 Torneira de hidrômetro 18 0,40 - - - - Total 4487 100 3450 100 13238 100 Fonte: YWASHIMA (2005)

Também foram calculados a economia média por ano em reais (relativa à água potável

economizada) e o período de retorno do investimento. Dentre os cenários estudados, a opção de

instalar apenas aparelhos economizadores foi a que mostrou a melhor relação custo benefício,

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gerando uma economia de água de 35% e com um período de retorno do investimento

equivalente a 10 meses. Já para os cenários em que se utilizaria os aparelhos economizadores

juntamente com o sistema de aproveitamento de água pluvial, a utilização de uma cisterna de

fibra de vidro de 20m³ foi considerada a melhor opção, por apresentar o segundo menor período

de retorno do investimento, igual a 6,33 anos.

Marinosky (2007) analisou o potencial de economia de água potável através da

implantação de um sistema de aproveitamento de água pluvial no SENAI (Serviço Nacional de

Aprendizagem Industrial) de Florianópolis. Através de entrevistas e aplicação de questionários,

foram obtidos os hábitos de consumo dos alunos e funcionários do SENAI. Os aparelhos

sanitários tiveram suas vazões estabelecidas por medições, exceto as bacias sanitárias e

mictórios, para os quais foram adotadas as vazões previstas em ABNT (1998). Com estas

informações, estabeleceram-se os usos finais de água potável, que estão apresentados na Tabela

2.14. Considerando-se que a bacia sanitária, mictório, torneiras de tanque usadas para limpeza,

irrigação de jardins e lavação de carros são atividades que não necessitam de água potável,

estimou-se que estas atividades correspondiam a 63,5% do consumo de água do

SENAI/Florianópolis. O índice de consumo encontrado no estudo é de 15 litros/pessoa por dia. A

partir dos usos finais de água estimados no trabalho, analisou-se a viabilidade econômica da

implantação de um sistema de aproveitamento de água pluvial, sendo esta água destinada a suprir

as atividades que não necessitam de água potável. Utilizando-se o programa Netuno, determinou-

se um potencial de economia de água potável de 48,5%. O período de retorno da implantação do

sistema calculado foi de 4,8 anos.

Tabela 2. 14- Usos finais de água no SENAI/Florianópolis

Consumo mensal Tipos de Usos (litros) (%)

Torneira 1644,5 18,8 Bebedouro 109,1 1,2 Bacia sanitária 3938,0 45,0 Mictório 973,3 11,1 Tanque (Laboratório) 79,9 0,9 Irrigação de jardins 41,1 0,5 Lavação de carros 172,8 2,0 Lavação de calçadas 14,4 0,2 Limpeza de vidros 0,5 0,0 Limpeza 420,0 4,8 Torneira de pia de cozinha 1329,7 15,2 Chuveiro 26,7 0,3 Total 8750,0 100,0 Fonte: Marinosky (2007)

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Hernandes e Amorim (2006) monitoraram a quantidade e a qualidade da água utilizada

em um sistema de aproveitamento de água pluvial de uma edificação residencial projetada para

seis moradores. O sistema presente na edificação tem uma capacidade de armazenamento de

11,25m3 e utiliza água pluvial na descarga das bacias sanitárias e para uso externo, na irrigação

de jardins e lavagem de pisos e veículos. Coletaram-se amostras para análise de qualidade em

quatro pontos do sistema: água precipitada, dispositivo de descarte, cisterna e ponto de consumo.

Em cada um das amostras verificaram-se os seguintes parâmetros: odor, cor, turbidez, total de

sólidos dissolvidos, coliformes totais, coliformes termotolerantes e E. coli. Os parâmetros

qualitativos das amostras foram comparados com as legislações do Brasil, Canadá e Austrália

referentes à qualidade da água para balneabilidade em águas doces, onde se permite um contato

primário. A qualidade da água mostrou-se satisfatória para a maioria dos parâmetros analisados,

destacando-se que a amostra da água precipitada apresentou alta acidez (pH médio de 5,62).

Quanto aos aspectos quantitativos, hidrômetros foram instalados em alguns pontos do sistema a

fim de avaliar o consumo de água. A água pluvial respondeu por 28,17% do consumo total de

água na edificação e o consumo de água pluvial foi de 16,55% em relação ao volume total de

água pluvial captada.

Hernandes et al. (2006) avaliaram o custo da implementação de um sistema de

aproveitamento de água pluvial para uma residência unifamiliar localizada na cidade de Ribeirão

Preto. Foram feitas uma estimativa do consumo mensal de água na residência e uma estimativa

do consumo dos aparelhos e atividades que utilizariam água pluvial. Estabeleceu-se que a água

pluvial armazenada pelo sistema se destinaria às atividades de irrigação do jardim, lavagem de

carros, lavagem de piso e descarga nas três bacias sanitárias presentes na casa. Estas atividades,

pelas estimativas dos autores, representam aproximadamente 22% do consumo total de água da

casa, ou o equivalente a 10m3. O custo total da implantação do sistema equivale a R$ 4518,86.

De acordo com os preços praticados pela concessionária local no período da pesquisa, estimou-se

que a implementação do sistema reduziria o valor da conta de água em 43%, com um período de

retorno para o investimento de 6,75 anos. Os autores procuraram avaliar, juntamente com os

custos, os benefícios da aplicação em larga escala deste sistema para a sociedade, como a

redução no consumo de água potável e alívio no sistema de drenagem urbana, com conseqüente

diminuição dos prejuízos causados por enchentes.

Marinoski et al. (2004) estimaram o aproveitamento de água pluvial em um condomínio

residencial de Florianópolis. Utilizaram-se dados de consumo fornecidos pela concessionária de

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abastecimento local, índice pluviométrico da região, área de cobertura do condomínio e

estimativas de usos finais para residências de estudos da USP. Dependendo da área de cobertura

do condomínio adotada para a captação de água, considerando-se um coeficiente de perdas de

0,2, estimou-se que é possível obter uma redução entre 18,7% e 32,4% do consumo total de água

potável.

Quando se estuda a aplicação de técnicas para diminuir o consumo de água potável e o

impacto ambiental, é de extrema importância que se analise a sustentabilidade do

empreendimento e sua viabilidade econômica. Burkhard et al. (2000) fizeram uma revisão e

análise de técnicas de gerenciamento de água considerando as sustentabilidades ambiental,

econômica e social. Analisaram-se sistemas de aproveitamento de água pluvial, tratamento de

esgoto doméstico e sistemas de reuso de água.

Em termos de eficiência, em geral as técnicas denominadas ecológicas demonstram-se tão

eficientes quanto as técnicas convencionais, embora, algumas vezes requeiram mais espaço para

sua instalação.

Analisando-se a sustentabilidade ambiental, técnicas ecológicas são geralmente

projetadas para consumir menos energia do que as convencionais e muitas vezes possuem

também um caráter social.

Quanto aos aspectos econômicos, é muitas vezes difícil de se obter os custos da aplicação

de novas técnicas. Muitas técnicas ecológicas permitem benefícios econômicos, como a

economia de água potável e energia ou utilização de subprodutos provenientes de processos de

reciclagem de resíduos (fertilizantes, por exemplo, resultantes da compostagem de resíduos

orgânicos domésticos). A implementação destas novas técnicas também estimula a geração de

novos empregos, pela necessidade de mão-de-obra na construção, manutenção, desenvolvimento

e comercialização das novas tecnologias.

Avaliaram-se também alguns aspectos do impacto social da adoção de tecnologias mais

ecológicas. Enquanto técnicas convencionais não possuem influência significativa no

comportamento dos usuários, os autores avaliam que a utilização de técnicas mais ecológicas

possui um grande impacto no comportamento dos usuários, em maior ou menor grau,

dependendo da técnica adotada. Mais pesquisas devem ser realizadas para avaliar o nível de

aceitação de novas técnicas, bem como o desenvolvimento de estratégias educacionais em todas

as esferas da sociedade para familiarizar e esclarecer a população para estas questões. O trabalho

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cita o exemplo de jardins demonstrativos, em Los Angeles, que visam demonstrar que é possível

manter jardins sem utilizar água em excesso.

Quanto aos aspectos técnicos da aplicação destes sistemas, os autores destacam que estes

não costumam ser abordados na grade curricular dos cursos de graduação em engenharia civil,

estando restritos a cursos de pós-graduação ou específicos sobre o tema, o que torna a aplicação

destes sistemas mais difícil.

Colombo e Santana (2006) realizaram uma pesquisa sobre o tema e apontam em seu

trabalho algumas das dificuldades que os cursos de graduação em engenharia civil no Brasil

enfrentam para incorporar princípios de sustentabilidade na construção em seus currículos.

2.5. Programas de Uso Racional da Água (PURAs)

Oliveira e Gonçalves (1999) apresentam uma metodologia para a implementação de

Programas de Uso Racional da Água (PURAs) baseados em ações tecnológicas, visando reduzir

o consumo de água através, principalmente, da substituição de aparelhos convencionais por

aparelhos economizadores e detecção e correção de vazamentos. São basicamente quatro ações

principais: auditoria e diagnóstico do consumo de água, elaboração do plano de intervenção e

avaliação da redução do consumo.

Na auditoria, faz-se o levantamento do histórico de consumo da edificação para os

últimos doze meses (objetivando verificar a influência da sazonalidade no consumo de água) e o

levantamento do número de usuários. No diagnóstico preliminar, obtêm-se um valor de consumo

estimado para a edificação em questão, através da comparação com valores de consumo

existentes para edifícios da mesma tipologia. Ainda na auditoria, faz-se um levantamento dos

aparelhos sanitários do edifício, detecção de vazamentos e levantamento das características (ou

perfil) de consumo dos usuários.

A partir dos dados levantados na auditoria e diagnóstico do consumo, elabora-se então

um plano de intervenção, que pode incluir uma campanha de conscientização para os usuários,

correção de vazamentos e substituição de aparelhos convencionais por aparelhos

economizadores.

Após a implementação das ações programadas no plano de intervenção, faz-se uma

avaliação da redução do consumo pelo monitoramento periódico (através de leitura do

hidrômetro) do índice de consumo do edifício.

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Diversos autores apontam os vazamentos como responsáveis por grande parte do

desperdício de água potável em edifícios. A identificação e correção de vazamentos, visíveis e

não-visíveis, é apresentada em alguns casos como a medida mais eficaz na redução do consumo

de sistemas prediais de água. Oliveira e Gonçalves (1999) apresentam resultados de aplicações

de PURAs em edifícios de diferentes tipologias. Na aplicação da metodologia no Instituto do

Coração do Complexo do Hospital das Clínicas de São Paulo, a correção de vazamentos

representou uma redução no consumo de 28,4%; na Escola Estadual de Primeiro e Segundo

Graus Fernão Dias Paes, localizada em São Paulo, a correção de vazamentos teve um impacto

ainda maior, representando uma redução no consumo de 94%.

Em 1996, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) lançou,

em parceria com a Escola Politécnica da USP (EPUSP) e com o Instituto de Pesquisas

Tecnológicas (IPT), o programa PURA, com objetivo de incentivar o uso racional de água.

Desde então, o Programa vem desenvolvendo metodologias de ação para diversas tipologias de

edificações. Da metodologia desenvolvida, fazem parte ações como: levantamento do perfil de

consumo, caracterização dos hábitos de consumo, diagnóstico das instalações hidráulicas e busca

por vazamentos. O Programa apresenta alguns estudos de caso de prédios onde esta metodologia

já foi aplicada. Um dos edifícios onde o programa foi implantado foi um condomínio comercial,

que obteve uma redução de 16% no consumo global de água com a substituição de aparelhos

convencionais por aparelhos economizadores de água, com um período de retorno do

investimento de oito meses. O Programa também foi instituído nos edifícios Sede e de

Administração da SABESP, alcançando uma redução no consumo de água de 62% e 72%,

respectivamente, ambos com retorno do investimento em menos de dois meses (SABESP, 2006).

Santos et al. (2006) classificaram, através de uma análise multicritério (método

ELECTRE III), algumas ações de economia de água em edificações residenciais levando em

consideração os critérios economia de água potável (impacto no sistema de abastecimento) e

riscos microbiológicos à saúde humana decorrentes das medidas. A medição individualizada do

consumo de água foi classificada como medida mais eficaz (segundo os critérios utilizados) para

a economia de água potável, seguida da utilização de águas cinza em bacias sanitárias, detecção e

correção de vazamentos e substituição de bacias sanitárias de 12 litros por bacias de 6 litros. Esta

análise não leva em consideração fatores econômicos da implementação destas medidas,

desconsiderando aspectos importantes para um plano de redução de consumo, como o custo-

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benefício de cada medida e as taxas mínimas de consumo adotadas pelas empresas distribuidoras

de água (em geral 10m3/mês).

Silva e Gonçalves (2005) destacam a importância, na implementação de PURAs, da

gestão contínua da demanda de água. Necessita-se de um monitoramento contínuo e permanente

da demanda de água (através, por exemplo, da medição setorizada) para que os benefícios de um

programa de redução de consumo perdurem em longo prazo. O sucesso deste tipo de programa

está também diretamente ligado a uma mudança de comportamento por parte dos usuários.

Ywashima et al. (2006b) elaboraram um método para avaliar a percepção dos usuários

para o uso racional da água em escolas. O método se baseia em um questionário a ser aplicado

em uma parcela dos usuários de água da escola sobre as diferentes formas de uso da água na

instituição. A partir do questionário, atribui-se pontos às respostas (mais pontos para as

utilizações mais racionais de água) e relacionam-se as utilizações de água com seu peso em

função da distribuição do consumo da cada ambiente. Para os banheiros, por exemplo, atribuiu-

se um peso de 39%, equivalente ao consumo deste ambiente em relação ao consumo total. Os

pesos foram estabelecidos com base em estudos anteriores sobre o uso de água para esta

tipologia e levantamentos realizados em três escolas da rede pública de Campinas. Fez-se o

levantamento de percepção dos usuários para o uso racional de água em 87 escolas e concluiu-se

que, em geral, o índice de percepção do usuário é baixo, constatando-se grande desperdício em

diversas atividades realizadas nessas instituições.

A preocupação com a gestão de água em edificações se reflete também nas metodologias

utilizadas em alguns países para avaliar a classificação ambiental das edificações, visto que

diversas construtoras hoje utilizam o desempenho ambiental como valorização do

empreendimento. Assim, métodos de avaliação como o BREEAM (Reino Unido), Green Star

Office Design (Austrália) e GBTool (consórcio internacional) contemplam em suas avaliações de

edificações a gestão do uso da água. Desta forma, uma edificação que utiliza componentes

economizadores de água, utiliza água pluvial ou possui um baixo consumo per capita de água

potável, por exemplo, melhora sua classificação de desempenho ambiental. Apesar da

consolidação destas metodologias, faz-se necessário o desenvolvimento de um sistema que seja

adequado à realidade brasileira, levando em consideração as diversidades climáticas, construtivas

e culturais do país (FOSSATI et al., 2006).

Uchida e Oliveira (2006) analisaram o desempenho de bacias sanitárias de volume de

descarga reduzido (VDR) de seis litros e dual (3 e 6 litros) em oito apartamentos residenciais.

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Obteve-se o volume de água gasto durante as descargas pela instalação de hidrômetros nas bacias

pesquisadas. Fez-se o monitoramento do consumo de água das residências por um período de

seis meses, sendo que durante o último mês fez-se a medição individualizada do volume de água

utilizado nas bacias sanitárias de VDR de seis litros. Após este primeiro período, uma das bacias

sanitárias de cada apartamento teve seu sistema de descarga substituído pelo sistema VDR dual,

monitorando-se seu desempenho durante um mês. O indicador de consumo médio para os oito

apartamentos estudados reduziu-se de 199 litros/pessoa por dia (considerado alto se comparado à

média brasileira de 141 litros/pessoa por dia) para 187 litros/pessoa por dia com a substituição do

sistema de descarga VDR de 6 litros para o sistema dual (3 e 6 litros), representando uma

redução de 6%. Estimou-se também a quantidade de água utilizada na descarga das bacias

sanitárias, em relação ao consumo total de água. Para os sistemas de descarga VDR de seis litros,

este volume representava 19% do total, passando para 14,9% após a substituição pelo sistema

dual.

Peres e Oliveira (2006) analisaram o desempenho de sistemas de medição individualizada

de água em cinco edifícios localizados na região da Grande Goiânia. Observou-se um índice de

redução de consumo que variou de 10,5% a 20,2% com a adoção da medição individualizada de

água.

2.6. Vazamentos

Oliveira (2002) fez o levantamento do consumo de água em cinco edifícios residenciais

multifamiliares em Goiânia através das contas de água dos edifícios no período dos 12 meses

anteriores à pesquisa. Realizou-se detecção de vazamentos nos apartamentos (453 bacias

sanitárias). Verificou-se que as bacias sanitárias com caixa de descarga são mais econômicas do

que as bacias com válvula de descarga somente se não apresentam vazamentos. Verificou-se

também que as bacias com caixa de descarga apresentam mais vazamentos, com uma perda

média de água potável de 30,7%, em comparação a uma perda média de 10,9% das bacias com

válvulas de descarga.

Fujimoto et al. (2002), fizeram um levantamento de testes, recomendados por

concessionárias de água e outras fontes, para detecção de vazamentos em bacias sanitárias. Para

três dos testes descritos, foram realizadas investigações no Laboratório de Hidráulica e Mecânica

dos Fluidos da Faculdade de Engenharia Civil da UNICAMP para verificar a eficácia dos

mesmos. Segue uma breve explicação dos testes investigados em laboratório:

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- Teste do corante: coloca-se corante (groselha, por exemplo) no poço da bacia sanitária,

retirando-se uma primeira amostra e, após um certo tempo, uma segunda amostra. As

duas amostras são então comparadas e constata-se a presença de vazamentos se houver

variação na coloração das mesmas.

- Teste do pó de giz: coloca-se uma pequena quantidade de pó de giz no poço da bacia

sanitária. Constata-se vazamento se houver arrastamento do material.

- Teste da caneta: com uma caneta com tinta solúvel em água traça-se uma linha na borda

da bacia, que deve estar seca durante a realização do procedimento. Procura-se por

interrupções na linha, indicando vazamento.

Após análise dos testes considerando-se fatores como facilidade de aplicação, tempo de

aplicação, higiene, custo e os resultados dos ensaios em laboratório, concluiu-se que o teste da

caneta possui a maior aplicabilidade e eficácia. Os autores destacam ainda a importância da

correção de vazamentos na diminuição do consumo de edifícios, apresentando estatísticas do

Programa de conservação de água da Universidade Estadual de Campinas (PRO-

AGUA/UNICAMP), onde se verificam economias significativas no consumo (entre 14% e 38%)

com a correção de vazamentos.

Cobacho et al. (2003) fizeram levantamento de usos finais em apartamentos de uma

pequena cidade na Espanha. Nestes levantamentos, verificou-se que os vazamentos

representavam em média 14% dos usos finais de água potável. Os autores ressaltam o fato de que

a correção de vazamentos deve ser sempre levada em conta na implementação de um programa

de uso mais eficiente da água, já que a água de vazamentos é um recurso completamente perdido,

não relacionado a nenhum uso.

Ilha et al. (2004) levantaram patologias dos sistemas prediais de água do Hospital das

Clínicas (HC) da Universidade Estadual de Campinas. Através de análise documental levantou-

se os aparelhos sanitários instalados e os pontos de consumo de água, que foram posteriormente

visitados para análise do estado de conservação e condições de funcionamento, bem como de

características especiais que os aparelhos possam vir a ter. Aproximadamente 20% dos aparelhos

analisados possuíam algum tipo de vazamento, considerando todos os prédios analisados (seis

blocos no total). Considerando-se apenas os vazamentos quantificáveis, foi estimada uma perda

média de 117.960 litros/mês de água. Neste estudo, também se constatou que torneiras

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economizadoras, instaladas um mês antes do início do estudo estavam mal reguladas, gerando

um desperdício de 17,9 litros/acionamento, considerando-se as 20 unidades instaladas.

O PURA realizado pela Sabesp tem obtido importantes resultados com a correção de

vazamentos. A Tabela 2.14 apresenta as reduções nos consumos de água alcançadas pela

detecção e correção de vazamentos de algumas edificações contempladas pelo Programa.

Destaca-se o caso do Edifício Sumidouro da Sabesp, que com a correção de vazamentos obteve

uma redução de 1706m³/mês no consumo e uma redução de R$ 15.354,00 na conta de água.

Tabela 2. 15- Resultados do PURA da Sabesp

Redução no consumo Edifício

(%) (m³/mês) Economia por mês

(R$) Período de retorno do

investimento

Edifício da Administração da Sabesp - ABV 72 347 3121,20 24 dias Edifício Sumidouro da Sabesp 63 1706 15354,00 8 dias

Condomínio Jardim Cidade - SP 28 415 3984,00 1 mês Escola Estadual Toufic Jouliam * 78 1220 10980,00 7 dias

* correção de vazamentos e campanha educativa Fonte: Sabesp (2006) 2.7. Considerações finais sobre a revisão bibliográfica

Embora se encontre na literatura alguns estudos sobre usos finais de água em edifícios de

escritórios, nenhum destes estudos foi feito no Brasil, apesar de pesquisadores brasileiros já

utilizarem metodologias para estimativa de usos finais em outras tipologias de edificações.

O conhecimento dos usos finais de água é imprescindível na elaboração de estratégias de

redução de consumo de qualquer tipologia de edificação. A implantação de sistemas de

utilização de água da chuva ou de reuso de água necessita de dados sobre a demanda de água

(potável e não potável) da edificação em questão, sem os quais não se pode desenvolver um

sistema eficiente e otimizado.

A grande maioria das pesquisas encontradas aponta o consumo de água para fins

higiênicos (especialmente as descargas de bacias sanitárias) como o maior consumo específico,

tanto em residências quanto em estabelecimentos comerciais.

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3. METODOLOGIA 3.1. Consumo real dos edifícios

Elaborou-se inicialmente uma lista com 35 edifícios de escritórios localizados na região

central de Florianópolis.

O histórico de consumo de água dos 35 edifícios foi solicitado à Companhia Catarinense

de Águas e Saneamento (CASAN), concessionária local de água e esgoto, que forneceu um

histórico do consumo dos dois anos anteriores ao início da pesquisa (do período entre setembro

de 2004 até agosto de 2006). Do histórico fornecido, calculou-se a média mensal de consumo dos

35 edifícios.

3.2. Critérios de seleção dos edifícios

Através de um levantamento das atividades profissionais exercidas em cada edifício,

foram excluídos da lista de edifícios aqueles que apresentavam atividades com alto consumo de

água e de difícil mensuração, como cabeleireiros e restaurantes.

Da lista de 35 edifícios, selecionaram-se dez edifícios que apresentaram condições

favoráveis à realização dos levantamentos de usos finais de água potável. Entrou-se em contato

pessoalmente com os respectivos síndicos de cada edifício, solicitando-se autorização para o

levantamento dos dados. Com a autorização dos síndicos, passou-se para a fase de visita aos

edifícios e escritórios.

3.3. Hábitos de consumo

Para a estimativa dos usos finais de água dos edifícios, fez-se necessário o conhecimento

dos hábitos de consumo dos ocupantes de cada edifício, referentes aos dias em que estes

trabalhavam nos edifícios. Para levantamento das informações gerais sobre utilização de água no

edifício, realizaram-se entrevistas com os zeladores e faxineiras dos edifícios, obtendo-se os

hábitos de consumo destes funcionários assim como a freqüência e modo de limpeza, rega de

jardins e outras atividades que utilizam água nos edifícios.

Para os hábitos de consumo dos ocupantes dos escritórios, realizaram-se inicialmente

visitas em cada escritório para a obtenção destes dados através de entrevistas com cada usuário.

Estas entrevistas consistiam em perguntas sobre a utilização dos aparelhos que utilizam água no

escritório, como o número de utilizações diárias e o tempo de uso destes aparelhos. Nos casos em

que algum usuário não estava ou não podia atender ao entrevistador, o levantamento foi feito

30

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pela aplicação de questionários (com as mesmas perguntas das entrevistas) que eram deixados

com os ocupantes dos escritórios e recolhidos posteriormente.

3.4. Vazões

As vazões das torneiras de lavatórios e pias foram medidas cronometrando-se o tempo

que a água levava para encher um recipiente de volume conhecido (0,5 litro). Mediu-se a vazão

de alguns exemplares de torneiras em andares diferentes e adotou-se a vazão média para cada

edifício. Para as bacias sanitárias adotou-se a vazão de 1,7 litros/segundo, quando equipadas com

válvula de descarga. Para as bacias com caixa acoplada, verificou-se a capacidade de

armazenamento da caixa. As vazões e volumes de caixa de descarga foram usadas no cálculo dos

consumos específicos.

3.5. Consumos específicos

A partir das respostas sobre hábitos de consumo de água foram calculados o consumo

diário de água de cada ocupante do edifício e o consumo em cada escritório.

Pelas respostas obtidas com as entrevistas e questionários, classificou-se o consumo de

água potável em quatro categorias: torneira, bacia sanitária, limpeza e outros (estes consumos são

basicamente água utilizada para lavação de louça, consumo humano e outras atividades

relacionadas à alimentação, como lavagem de frutas).

Para o cálculo do consumo de água através do uso das torneiras e de bacias sanitárias com

válvula de descarga utilizou-se a Equação 1.

C= N . T . V1 (Eq.1)

Onde:

C é o consumo de água de cada usuário através do uso da torneira (litros/dia);

N é a freqüência de utilização (vezes por dia);

T é o tempo de cada utilização (segundos por vez);

V1 é a vazão do dispositivo (litros/segundo).

31

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Para o cálculo do consumo de água através do uso das bacias sanitárias com caixa de

descarga, utilizou-se a Equação 2.

C= N . V2 (Eq.2)

Onde:

C é o consumo de água de cada usuário através do uso da bacia sanitária (litros/dia);

N é a freqüência de utilização (vezes por dia);

V2 é o volume de água armazenado na caixa de descarga (litros/descarga).

Para o consumo de água com limpeza, fez-se a seguinte distribuição: o consumo de água

devido à limpeza de cada escritório foi igualmente distribuído entre os ocupantes do escritório. O

consumo de água com limpeza e outras atividades de manutenção dos edifícios foi igualmente

distribuído entre todos os ocupantes de cada edifício. A quantidade de água utilizada na limpeza

foi medida em baldes, por ser a forma mais comum de limpeza utilizada nos edifícios

pesquisados e como forma de padronizar o gasto de água com esta atividade. Mediu-se a

quantidade de água utilizada para encher um balde e lavá-lo, após sua utilização.

Estabelecidos os consumos individuais diários de cada ocupante, esses foram somados

para a obtenção do consumo de água total nos edifícios, bem como de seus usos finais.

Excluindo-se os finais de semana e feriados nacionais e locais, há em média, na cidade de

Florianópolis, 20,75 dias úteis por mês. Os consumos mensais de água de cada ocupante (Cm)

foram calculados utilizando-se a Equação 3.

Cm= Cd . (D/5) . 20,75 (Eq.3)

Onde:

Cd é consumo individual diário de água (litros/dia);

D/5 representa os dias de trabalho do ocupante por semana divididos por cinco dias úteis por

semana.

O consumo mensal de água estimado para cada edifício foi obtido através da soma dos

consumos mensais de água de todos os seus ocupantes.

O consumo de água estimado foi então comparado à média histórica de consumo,

objetivando verificar o grau de precisão das respostas obtidas sobre os hábitos de consumo. Para 32

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algumas variáveis presentes nas Equações 1 e 2, como o tempo (T), obtiveram-se ocasionalmente

respostas em intervalos de valores (ex.: entre 10 e 15 segundos), ao invés de valores absolutos

(ex.: 12 segundos). Nestes casos, para o cálculo dos consumos, adotou-se inicialmente a média

do intervalo, posteriormente alterando o valor para o máximo ou o mínimo de cada intervalo, a

fim de ajustar o consumo de água estimado com o consumo de água real no edifício.

3.6. Tamanho das amostras

Embora se tenha procurado obter hábitos de consumo de todos os ocupantes dos edifícios,

isso não se mostrou possível. Em alguns escritórios, apenas alguns ocupantes se dispuseram a

responder às entrevistas ou questionários. Para esses casos, fez-se uma média dos hábitos de

consumo (um por escritório para homens e um para mulheres) e usou-se essa média como hábito

de consumo das pessoas que não responderam. Nos casos em que não se teve acesso ao

escritório, utilizou-se, para estes ocupantes, os hábitos de consumo médios do edifício.

3.7. Médias e desvio padrão

Das respostas obtidas para os hábitos de consumo individuais, calculou-se a média e o

desvio padrão (em litros e em porcentagem) dos consumos específicos da população de cada

edifício.

3.8. Análise de Sensibilidade

Como as estimativas de consumo e usos finais de água são feitas com base nas respostas

dos ocupantes do edifício, estas estão sujeitas a possíveis erros. Objetivando descobrir qual

resposta possuía maior influência no consumo final estimado, fez-se uma análise de

sensibilidade. A análise de sensibilidade consistiu em variar as respostas dos usuários e verificar

a influência das mesmas sobre o consumo final estimado. Variou-se, assim, o número de vezes

em que torneiras e bacias sanitárias eram utilizadas, bem como seu tempo de utilização. Variou-

se também a quantidade de água consumida na limpeza do edifício e a quantidade de água

consumida em outras atividades.

As variações, para cada atividade consumidora de água, foram realizadas sobre a média

das respostas obtidas em cada edifício. Foi aplicada a cada resposta uma variação de –20% a

+20%. Desta forma, pode-se comparar as variações e estabelecer qual resposta possuía maior

influência no consumo total estimado.

33

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3.9. Comparação entre usos finais antes e depois da aplicação da análise de sensibilidade

Os usos finais estimados antes da aplicação da análise de sensibilidade foram comparados

aos usos finais estimados após as correções nos consumos específicos mais sensíveis, apontados

pela análise de sensibilidade. Analisou-se a influência da aplicação da metodologia análise de

sensibilidade quantificando-se a diferença (percentual e em litros) nos dois usos finais estimados

(antes e após a análise de sensibilidade) para cada edifício.

3.10. Detecção de vazamentos

Durante as visitas aos escritórios, verificou-se o funcionamento dos aparelhos sanitários

bem como seu estado de conservação para verificar a existência de vazamentos visíveis.

Procurou-se também informações com os zeladores sobre a manutenção das instalações

sanitárias dos edifícios.

3.11. Influência do tamanho da amostra

Para analisar a influência do tamanho da amostra nas estimativas de usos finais de água

dos edifícios realizou-se uma análise sobre a amostra de ocupantes entrevistados nos edifícios em

que foi possível obter os hábitos de consumo de mais de 75% da população (quatro edifícios:

Aliança, Ilha de Santorini, Manhattan e Via Venneto). Esta análise foi feita estimando-se os usos

finais de diferentes frações da amostra entrevistada. Os novos usos finais foram então

comparados aos usos finais da amostra entrevistada, que, para estas análises, foram considerados

como referência.

Fez-se a estimativa de usos finais de água considerando-se frações de 10% a 90% da

amostra entrevistada (em intervalos de 10%). Fez-se uma estimativa de usos finais de água para

cada fração entre 50% e 90% da amostra. Para as frações entre 10% e 40%, foram feitas três

estimativas por fração, utilizando-se os dados de indivíduos distintos a cada nova estimativa. Em

todas as estimativas utilizaram-se dados de indivíduos pertencentes à amostra e escolhidos

aleatoriamente, respeitando-se a proporção de homens e mulheres da população entrevistada.

Estes novos usos finais estimados (de frações da amostra) foram então comparados aos

usos finais de referência (da amostra total entrevistada) e calculou-se a diferença, em módulo,

34

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entre os consumos específicos percentuais. As diferenças dos usos finais estimados, para cada

fração da amostra, foram somadas de modo a quantificar a diferença total. Adotou-se, como

aceitável, as diferenças totais inferiores a 8%.

35

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4. RESULTADOS 4.1. Caracterização dos edifícios

Os dez edifícios analisados estão todos localizados na região central de Florianópolis.

Informações sobre os escritórios e início da ocupação dos edifícios estão apresentadas na Tabela

4.1.

O número de escritórios nos dez edifícios varia entre 10 e 49 escritórios, com área média

entre 31,80m² e 121,80m². Dos dez edifícios, apenas o edifício Aliança teve sua ocupação

iniciada antes da década de 1990 (iniciou ocupação em 1975). Os escritórios possuem, em sua

maioria, dois banheiros, com uma torneira e uma bacia sanitária por banheiro. Em três edifícios,

os escritórios possuem uma copa com torneira. A grande maioria dos escritórios possui bacias

sanitárias com válvula de descarga, sendo que o edifício Ilha de Santorini é o único edifício em

que todos os banheiros estão equipados com bacias sanitárias com caixa de descarga acoplada.

Tabela 4. 1 - Início da ocupação e informações sobre escritórios dos edifícios pesquisados

Número de aparelhos sanitários por escritório Edifício Número de

escritóriosÁrea média dos escritórios (m²) bacia

sanitária torneira de lavatório

torneira de copa

Ano de início de ocupação

Aliança 21 95,18 2 2 0 1975 Ewaldo Moritz 10 114,60 2 2 1 1992

Granemann 19 31,80 1 1 0 1993 Ilha de Santorini 12 108,20 2 2 1 1999 Ilha dos Ventos 20 44,00 2 2 0 2003

Manhattan 21 87,20 2 2 0 1990 Olmiro Faraco 32 42,78 1 1 1 1993 Pedro Xavier 49 52,25 2 2 0 1995

Trajanus 16 121,80 2 2 0 1995 Via Venneto 20 50,00 1 1 0 1993

Nos edifícios Ewaldo Moritz, Ilha de Santorini, Ilha dos Ventos, Manhattan e Trajanus,

desenvolvem-se atividades semelhantes quanto ao uso da água. A maioria dos escritórios nestes

edifícios estava ocupada (no período da pesquisa) por atividades que não apresentam um uso

diversificado da água, como escritórios de advocacia, engenharia, serviços públicos e outras

atividades burocráticas.

Os edifícios Aliança, Granemann, Olmiro Faraco, Pedro Xavier e Via Venneto

apresentaram um padrão de ocupação diferente dos outros edifícios, por possuírem atividades

com utilização mais diversificada de água, como consultórios odontológicos e farmácias de

36

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manipulação. Embora se tenha tentado evitar edifícios que possuíssem tais atividades, isso não

foi possível pela falta de opções de edifícios com atividades exclusivamente burocráticas, ou

com poucas atividades consumidoras de água.

4.2. Consumo real dos edifícios

O consumo real dos edifícios para o período de setembro de 2004 a agosto de 2006 foram

fornecidos pela CASAN e estão representados na Figura 4.1.

Observa-se que os consumos nos edifícios Ilha de Santorini, Pedro Xavier e Trajanus

apresentam uma leve diminuição no período analisado. Esta diminuição está provavelmente

relacionada à diminuição no número de ocupantes e de salas alugadas nos três edifícios,

conforme informado por funcionários. O edifício Ilha dos Ventos possui um consumo

relativamente constante ao longo do período analisado, excetuando-se os meses de junho e julho

de 2006, quando ocorreu um problema de vazamento, informado pelo zelador do edifício. O

edifício Manhattan apresenta um consumo acima da média nos meses de agosto e setembro de

2005, devido a ocorrências de vazamentos, conforme informação fornecida pelo síndico.

No edifício Granemann, observa-se grande variação nos consumos de mês a mês, o que

pode ser explicado provavelmente pela população flutuante no edifício, que possui grande

variação ao longo do tempo. Há também a possibilidade de existirem vazamentos neste edifício,

já que não foi possível a realização de testes para detecção de vazamentos não visíveis.

No edifício Aliança, observa-se um consumo razoavelmente estável ao longo do período

analisado, exceto pelos meses de julho e agosto de 2005. Em julho o consumo foi muito mais

alto do que a média histórica, enquanto o mês seguinte apresentou um consumo mais baixo do

que a mesma média. Embora não se tenha tido acesso a essa informação junto à CASAN, é

possível que a leitura do hidrômetro não tenha sido feita com regularidade durante estes meses,

considerando um período maior do que 30 dias em julho e menor do que 30 dias em agosto de

2005.

Nos edifícios Via Venneto, Ewaldo Moritz e Olmiro Faraco, observa-se pouca variação

do consumo ao longo do tempo.

37

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0100200300400

set/04

dez/04

mar/05

jun/05

set/05

dez/05

mar/06

jun/06

Cons

umo

men

sal d

eág

ua (m

³)

(a) Edifício Aliança

0100200300400

set/04

dez/04

mar/05

jun/05

set/05

dez/05

mar/06

jun/06

Cons

umo

men

sal d

eág

ua (m

³)

(b) Edifício Ewaldo Moritz

0100200300400

set/04

dez/04

mar/05

jun/05

set/05

dez/05

mar/06

jun/06

Cons

umo

men

sal d

eág

ua (m

³)

(c) Edifício Granemann

0100200300400

set/04

dez/04

mar/05

jun/05

set/05

dez/05

mar/06

jun/06

Cons

umo

men

sal d

eág

ua (m

³)

(d) Edifício Ilha de Santorini

0100200300400

set/04

dez/04

mar/05

jun/05

set/05

dez/05

mar/06

jun/06

Cons

umo

men

sal d

eág

ua (m

³)

(e) Edifício Ilha dos Ventos

0100200300400

set/04

dez/04

mar/05

jun/05

set/05

dez/05

mar/06

jun/06

Cons

umo

men

sal d

eág

ua (m

³)

(f) Edifício Manhattan

0100200300400

set/04

dez/04

mar/05

jun/05

set/05

dez/05

mar/06

jun/06

Cons

umo

men

sal d

eág

ua (m

³)

(g) Edifício Olmiro Faraco

0100200300400

set/04

dez/04

mar/05

jun/05

set/05

dez/05

mar/06

jun/06

Cons

umo

men

sal d

eág

ua (m

³)

(h) Edifício Pedro Xavier

0100200300400

set/04

dez/04

mar/05

jun/05

set/05

dez/05

mar/06

jun/06

Cons

umo

men

sal d

eág

ua (m

³)

(i) Edifício Trajanus

0100200300400

set/04

dez/04

mar/05

jun/05

set/05

dez/05

mar/06

jun/06

Cons

umo

men

sal d

eág

ua (m

³)

(j) Edifício Via Venneto

Figura 4. 1- Consumo mensal de água nos dez edifícios para o período de setembro de 2004 a agosto de 2006

A média histórica de consumo para cada edifício (no período de setembro de 2004 a

agosto de 2006) está apresentada na Tabela 4.2, juntamente com o consumo médio por escritório,

obtido dividindo-se o consumo mensal médio pelo número de escritórios. Observa-se que, dos

38

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dez edifícios pesquisados, apenas três apresentaram o consumo médio por escritório superior a

10m³/mês, que é o consumo mínimo cobrado pela CASAN para escritórios de edifícios

comerciais. Seis edifícios apresentaram consumo próximo ou inferior a 5 m³/mês, o que indica

que estes edifícios pagam aproximadamente o dobro da quantidade de água utilizada

mensalmente.

Tabela 4. 2- Médias históricas de consumo

Edifício Consumo médio (m³/mês)

Consumo médio por escritório (m³/mês)

Aliança 274,0 13,0 Ewaldo Moritz 130,3 13,0

Granemann 107,5 5,7 Ilha de Santorini 164,8 13,7 Ilha dos Ventos 55,1 2,8

Manhattan 113,6 5,4 Olmiro Faraco 144,1 4,5 Pedro Xavier 261,9 5,3

Trajanus 147,1 9,2 Via Venneto 85,7 4,3

4.3. Ocupantes dos edifícios

Na Tabela 4.3 estão apresentados os dados sobre o número de ocupantes do edifício,

bem como a porcentagem de homens e mulheres e o tamanho da amostra entrevistada em cada

edifício. O tamanho da amostra entrevistada variou entre 46% e 82% da população total.

A partir da média histórica de consumo, calculou-se o índice de consumo em cada edifício

(consumo per capita). Os índices de consumo variaram de 34,9 a 101,6 litros/pessoa por dia e

estão apresentados na Tabela 4.4. De modo geral, os índices calculados situam-se entre 30 e 65

litros/pessoa por dia, excetuando-se os índices dos edifícios Granemann e Aliança, que se

encontram muito acima dos outros edifícios pelo fato de possuírem atividades com grande

consumo de água (principalmente consultórios odontológicos), bem como uma população

flutuante considerável, conforme informado pelos ocupantes dos escritórios. Estes valores, de

modo geral, mostram-se acima dos índices de consumo para prédios públicos, calculados por

Kammers e Ghisi (2006), que são valores entre 28 e 40 litros/pessoa por dia. Se comparados com

o índice de consumo para prédios públicos e comerciais da SABESP (50 litros/pessoa por dia),

os índices dos edifícios pesquisados se mostram mais próximos, excetuando os edifícios

Granemann, Aliança e Ewaldo Moritz.

39

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Tabela 4. 3- População total e população sobre as quais se obtiveram os hábitos de consumo

População total

População entrevistada Edifício Sexo

Absoluta (%) Absoluta (%)

Proporção entre população entrevistada e

população total (%)

Masculino 51 32 36 28 Feminino 106 68 92 72 Aliança

Total 157 100 128 10082

Masculino 41 43 30 55 Feminino 55 57 25 45 Ewaldo Moritz

Total 96 100 55 10057

Masculino 15 29 10 27 Feminino 36 71 27 73 Granemann

Total 51 100 37 10073

Masculino 53 36 40 35 Feminino 95 64 73 65 Ilha de

Santorini Total 148 100 113 100

76

Masculino 36 47 27 49 Feminino 40 53 28 51 Ilha dos Ventos

Total 76 100 55 10072

Masculino 70 51 68 61 Feminino 68 49 43 39 Manhattan

Total 138 100 111 10080

Masculino 62 43 28 37 Feminino 81 57 48 63 Olmiro Faraco

Total 143 100 76 10053

Masculino 123 51 56 50 Feminino 120 49 56 50 Pedro Xavier

Total 243 100 112 10046

Masculino 59 46 34 44 Feminino 69 54 44 56 Trajanus

Total 128 100 78 10061

Masculino 40 40 22 29 Feminino 60 60 54 71 Via Venneto

Total 100 100 76 10076

Tabela 4. 4- Índices de consumo dos dez edifícios pesquisados

Edifício Índice de consumo (litros/pessoa por dia)

Aliança 84,1 Ewaldo Moritz 65,4

Granemann 101,6 Ilha de Santorini 53,7 Ilha dos Ventos 34,9

Manhattan 39,7 Olmiro Faraco 48,6 Pedro Xavier 51,9

Trajanus 55,4 Via Venneto 53,6

Correlacionando o número de ocupantes dos edifícios com o consumo mensal de água,

obtém-se a Figura 4.2. Ao traçar a linha de tendência, tem-se um coeficiente de determinação 40

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(R²) de 0,6424. Observa-se que, embora a tendência de aumento no consumo mensal de água

com o aumento do número de ocupantes seja clara, não há uma correlação perfeita.

Já a correlação entre o número médio de ocupantes por escritório e o consumo de água

por escritório (Figura 4.3) é melhor do que a anterior, com um coeficiente de determinação de

0,7489.

R2 = 0,6424

0,0

50,0

100,0

150,0

200,0

250,0

300,0

0 50 100 150 200 250 300

Número de ocupantes do edifício

Con

sum

o m

ensa

l de

água

(m³)

Figura 4. 2- Correlação entre número de ocupantes

e consumo mensal de água

R2 = 0,7489

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

12,0

14,0

16,0

0,0 5,0 10,0 15,0

Número médio de cupantes por escritório

Con

sum

o m

édio

de

água

por

esc

ritór

io

(m³/m

ês)

Figura 4. 3- Correlação entre número de ocupantes

por escritório e consumo mensal de água por

escritório

4.4. Hábitos de consumo

Os hábitos de consumo médios para torneiras e bacias sanitárias nos dez edifícios estão

apresentados na Tabela 4.5. A freqüência de utilização média das torneiras variou entre 3,5 e 7,9

vezes/dia, enquanto a utilização das bacias sanitárias variou entre 2,3 e 6,3 vezes/dia. O tempo de

uso médio das torneiras variou entre 7,3 e 36,3 segundos, enquanto o tempo de uso médio das

descargas de bacias sanitárias (com válvulas de descarga) variou entre 1,9 e 7,0 segundos.

Os hábitos de consumo médios quanto aos consumos “limpeza” e “outros” estão

apresentados na Tabela 4.6. O gasto individual médio de água com limpeza variou de 0,6 a 2,9

litros/dia. Já o consumo “outros” apresentou grande variação, entre 0,5 e 33,3 litros/dia. Esta

grande variação em “outros” pode ser justificada pela diversidade de atividades consumidoras de

água presentes nos edifícios Aliança, Granemann, Pedro Xavier e Via Venneto, que possuem os

maiores consumos médios em “outros”. No edifício Aliança, o consumo em “outros” é

significativamente maior do que nos outros edifícios principalmente pelo fato possuir várias salas

odontológicas, que têm o hábito de deixar a cuspideira ligada durante todo o dia, conforme

verificado durante a fase de visita aos escritórios.

41

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Tabela 4. 5- Hábitos de consumo individuais médios para torneiras e bacias sanitárias

Hábito de consumo Freqüência de uso (vezes/dia)

Tempo de uso (segundos/vez)

Edifício Aparelho sanitário

homens mulheres homens mulheres Torneira 5,8 7,9 16,6 13,7 Aliança

Bacia sanitária 4,0 6,3 4,1 2,4 Torneira 5,3 6,1 8,3 7,3 Ewaldo Moritz Bacia sanitária 3,5 4,1 6,7 5,7 Torneira 7,0 7,9 19,2 18,2 Granemann

Bacia sanitária 3,0 4,4 7,0 4,2 Torneira 5,0 6,5 13,7 17,0 Ilha de Santorini Bacia sanitária 3,3 4,8 (caixa acoplada) Torneira 4,5 4,6 11,9 9,3 Ilha dos Ventos Bacia sanitária 3,8 4,2 5,2 3,7 Torneira 4,5 4,5 10,8 11,8 Manhattan Bacia sanitária 3,4 3,4 3,5 3,2 Torneira 4,6 4,5 28,6 19,0 Olmiro Faraco Bacia sanitária 2,9 3,1 5,3 6,1 Torneira 5,2 6,1 17,9 15,6 Pedro Xavier Bacia sanitária 3,6 4,1 3,4 3,6 Torneira 4,4 4,3 36,3 33,0 Trajanus Bacia sanitária 3,8 3,7 1,9 2,1 Torneira 3,5 4,9 13,4 14,0 Via Venneto

Bacia sanitária 2,3 2,9 4,8 4,8

Tabela 4. 6- Hábitos de consumo individuais médios para “limpeza” e “outros”

Consumo (litros/dia) Limpeza Outros Edifício

homens mulheres homens mulheres Aliança 2,9 1,8 8,8 33,3

Ewaldo Moritz 0,9 1,0 1,0 6,4 Granemann 1,6 2,2 1,8 6,2

Ilha de Santorini 0,8 0,8 1,9 3,1 Ilha dos Ventos 0,8 0,7 1,9 3,1

Manhattan 1,6 1,8 1,3 2,8 Olmiro Faraco 0,7 0,9 0,5 1,0 Pedro Xavier 1,4 1,5 4,6 13,5

Trajanus 0,6 0,6 2,0 2,2 Via Venneto 1,3 1,6 12,5 12,2

Ressalta-se o fato de que alguns ocupantes que responderam aos questionários

forneceram respostas absurdas, ou não condizentes com a realidade. Estas respostas foram

desconsideradas, sendo usados para estes ocupantes os hábitos de consumo médios dos outros

ocupantes do escritório em questão.

42

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4.5. Vazões

De modo geral, em cada edifício, as bacias sanitárias e torneiras eram da mesma marca e

modelo. No edifício Ilha de Santorini, por exemplo, todas as bacias sanitárias possuíam caixa

acoplada de descarga com capacidade de 12 litros. Os outros edifícios possuíam,

predominantemente, bacias sanitárias com válvula de descarga, para as quais adotou-se a vazão

de 1,7 litros/segundo, por ser essa a vazão recomendada pela norma NBR 5626 (ABNT, 1998).

As vazões médias das torneiras dos edifícios estão apresentadas na Tabela 4.7.

Tabela 4. 7- Vazões médias de torneiras

Edifício Vazão (litros/segundo) Número de exemplares

medidos Aliança 0,07 6

Ewaldo Moritz 0,09 3 Granemann 0,12 6

Ilha de Santorini 0,10 9 Ilha dos Ventos 0,10 5

Manhattan 0,11 8 Olmiro Faraco 0,07 5 Pedro Xavier 0,11 8

Trajanus 0,09 5 Via Venneto 0,10 6

4.6. Consumos estimados

Os consumos específicos de água de cada ocupante foram estimados. Calculando-se a

média aritmética dos consumos específicos individuais (em litros), obtiveram-se os consumos

específicos médios da população total de cada edifício, bem como os respectivos desvios padrão.

A soma dos consumos específicos médios resulta em um índice de consumo mensal de cada

edifício, em litros/pessoa. Multiplicando-se este índice de consumo pela população de cada

edifício, obtém-se o consumo mensal de água para os dez edifícios. Nos edifícios Aliança,

Granemann, Olmiro Faraco, Pedro Xavier e Trajanus, por possuírem uma população flutuante

significativa, deve-se somar o consumo da população flutuante para obter-se a estimativa de

consumo mensal. O consumo de água da população flutuante foi informado pelos ocupantes dos

escritórios, que estimaram o número de vezes em que pessoas de fora do escritório utilizavam os

aparelhos sanitários do escritório. O consumo da população flutuante está apresentado na Tabela

4.8. Nas tabelas anteriores este consumo foi desconsiderado.

Os consumos estimados estão apresentados na Tabela 4.8. Observa-se que os desvios

padrão do consumo “outros” se mostraram comparativamente altos, especialmente nos edifícios

43

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com maior diversidade de utilização de água, como os edifícios Aliança e Via Venneto. Os

consumos estimados variaram de 57,4m³/mês (edifício Ilha dos Ventos) a 225,9m³/mês (edifício

Pedro Xavier).

Tabela 4. 8- Consumos individuais médios mensais de água nos edifícios

Consumo mensal médio

Torneiras Bacia sanitária Limpeza Outros Total

População e desvio padrão litros por

pessoa %

litros por

pessoa %

litros por

pessoa %

litros por

pessoa %

litros por

pessoa m³

Aliança (157 pessoas) 142,2 10,2 695,0 52,5 44,8 3,1 491,7 34,2 1373,7 225,8*Desvio padrão 86,6 509,6 51,1 754,4 - -

Ewaldo Moritz (96 pessoas) 92,8 8,9 856,0 82,3 21,5 2,1 70,0 6,7 1040,3 99,9 Desvio padrão 113,3 907,4 14,5 250,9 - -

Granemann (51 pessoas) 334,3 26,5 742,7 63,1 45,2 2,7 126,6 7,6 1248,8 84,7* Desvio padrão 266,7 374,1 27,0 168,1 - -

Ilha de Santorini (148 pessoas) 161,8 12,8 1036,4 81,7 16,6 1,3 54,2 4,3 1269,0 187,8

Desvio padrão 118,4 533,7 17,2 243,9 - - Ilha dos Ventos (76 pessoas) 97,1 12,9 618,0 81,8 15,4 2,0 25,1 3,3 755,6 57,4

Desvio padrão 58,4 360,0 8,9 27,5 - - Manhattan (138 pessoas) 119,2 18,9 435,9 69,2 35,1 5,6 39,3 6,2 629,5 86,9

Desvio padrão 104,8 210,4 19,5 69,1 - - Olmiro Faraco (143 pessoas) 171,2 20,7 608,3 73,9 18,5 2,2 26,0 3,1 824,0 118,3*

Desvio padrão 254,6 521,8 12,5 88,5 - - Pedro Xavier (243 pessoas) 207,3 22,9 472,4 52,3 29,1 3,1 200,5 21,7 909,3 225,9*

Desvio padrão 109,2 200,6 25,5 447,8 - - Trajanus (128 pessoas) 340,4 37,8 474,0 55,0 14,2 1,5 52,2 5,6 880,8 118,2*

Desvio padrão 280,0 158,1 3,6 43,9 - - Via Venneto (100 pessoas) 123,7 14,1 467,9 53,2 33,1 3,8 254,7 29,0 879,4 87,9

Desvio padrão 86,0 228,9 13,1 643,8 - - (1) Aliança: Consumo dos ocupantes (215,8m³) somado ao consumo da população flutuante (10,1m³); (2) Granemann: Consumo dos ocupantes (63,7m³) somado ao consumo da população flutuante (21m³); (3) Olmiro Faraco: Consumo dos ocupantes (117,8m³) somado ao consumo da população flutuante (0,5m³); (4) Pedro Xavier: Consumo dos ocupantes (221,9m³) somado ao consumo da população flutuante (4,0m³); (5) Trajanus: Consumo dos ocupantes (112,7m³) somado ao consumo da população flutuante (5,5m³).

Como já explicitado no item 3.5 da metodologia, os consumos mensais estimados

foram comparados às médias históricas de consumo de cada edifício. Atribuiu-se a diferença

inicial entre os consumos estimados e as médias históricas às respostas sobre hábitos de consumo

expressas em intervalos. Como o valor adotado inicialmente foi a média do intervalo, alterou-se

esse valor para os valores mínimos ou máximos (dependendo se o consumo estimado estava

além ou aquém da média histórica), a fim de diminuir o erro. As diferenças entre os consumos

estimados e as médias históricas, em módulo, variaram de 2,6% a 23,5%. Estes erros foram

eliminados posteriormente, através da análise de sensibilidade. Os consumos estimados estão

44

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apresentados na Tabela 4.9.

Quanto à água utilizada para consumo humano, a grande maioria dos ocupantes dos dez

edifícios relatou não utilizar água do edifício para beber. Na maioria dos escritórios, constatou-se

a utilização de água mineral comprada separadamente para este fim, não fazendo parte do

consumo de água medido pela CASAN. Nos demais escritórios, utilizava-se água de filtros

purificadores, que foi incluída no consumo específico “outros”.

Tabela 4. 9- Comparação entre os consumos estimados e as médias históricas de consumo

Edifício Consumo estimado (m³/mês)

Média histórica (m³/mês) Diferença (%)

Aliança 225,8 274,0 -17,6 Ewaldo Moritz 99,9 130,3 -23,3

Granemann 84,7 107,5 -21,2 Ilha de Santorini 187,8 164,8 14,0 Ilha dos Ventos 57,4 55,1 4,2

Manhattan 86,9 113,6 -23,5 Olmiro Faraco 118,3 144,1 -17,9 Pedro Xavier 225,9 261,9 -13,7

Trajanus 118,2 147,1 -19,6 Via Venneto 87,9 85,7 2,6

4.7. Análise de sensibilidade

Como forma de ajustar a diferença entre os consumos mensais estimados e as médias

históricas de consumo, efetuou-se a análise de sensibilidade para descobrir qual resposta sobre os

hábitos de consumo possuía maior influência sobre a estimativa de consumo mensal de água de

cada edifício (Figura 4.4). Conforme explicado no item 3.8 da metodologia, variou-se o número

de vezes em que se utilizava a bacia sanitária e a torneira, e o gasto de água com as atividades de

limpeza e com os outros consumos.

Observou-se que a resposta sobre o número de utilizações da bacia sanitária possuía a

maior influência sobre a estimativa de consumo de todos os edifícios. No edifício Ilha de

Santorini, por exemplo, um aumento de 10% no número de utilizações da bacia sanitária

representou um aumento de 8% no consumo total do edifício, enquanto o mesmo aumento de

10% no número de utilizações da torneira (segundo aparelho mais sensível) representou um

aumento de apenas 1,5% no consumo total do edifício.

Dos dez edifícios, sete apresentaram a torneira como segundo aparelho mais sensível,

sendo que nos edifícios Via Venneto, Ewaldo Moritz e Aliança, o consumo “outros” foi o

segundo mais sensível, pelo fato destes edifícios possuírem alguns escritórios com atividades que

consomem muita água, como consultórios odontológicos. Atribuiu-se inicialmente, portanto, à 45

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bacia sanitária os erros das estimativas de todos os edifícios, alterando-se este consumo

específico para igualar o consumo estimado com a média histórica de consumo.

Como forma de aferição, calculou-se a diferença que cada alteração representa nos

hábitos de consumo médios de cada edifício. As alterações representaram uma diminuição de 0,6

vez na média de utilização diária das bacias sanitárias do edifício Ilha de Santorini; uma

diminuição de 0,2 vez na média do edifício Ilha dos Ventos; uma diminuição de 0,1 vez na média

do edifício Via Venneto; um aumento de 0,9 vez na média do edifício Olmiro Faraco; um

aumento de 1,2 vez na média do edifício Pedro Xavier. Os resultados de todos os edifícios estão

apresentados na Tabela 4.10. Nos edifícios Aliança, Ewaldo Moritz, Granemann, Manhattan,

Pedro Xavier e Trajanus, as alterações no consumo representaram aumentos relativamente

grandes. Por este motivo, a alteração no consumo estimado destes edifícios foi distribuída entre a

bacia sanitária e o segundo maior consumo específico.

-20

-10

0

10

20

-20 -10 0 10 20

Variação nos hábitos de consumo (%)

Var

iaçã

o no

con

sum

o to

tal

(%)

Torneiras Bacia sanitáriaLimpeza Outros

(a) Edifício Aliança

-20

-10

0

10

20

-20 -10 0 10 20

Variação nos hábitos de consumo (%)

Var

iaçã

o no

con

sum

o to

tal

(%)

Torneiras Bacia sanitáriaLimpeza Outros

(b) Edifício Ewaldo Moritz

-20

-10

0

10

20

-20 -10 0 10 20

Variação nos hábitos de consumo (%)

Var

iaçã

o no

con

sum

o to

tal

(%)

Torneiras Bacia sanitáriaLimpeza Outros

(c) Edifício Granemann

-20

-10

0

10

20

-20 -10 0 10 20

Variação nos hábitos de consumo (%)

Var

iaçã

o no

con

sum

o to

tal

(%)

Torneiras Bacia sanitáriaLimpeza Outros

(d) Edifício Ilha de Santorini

Figura 4. 4- Análise de sensibilidade dos consumos específicos de água

46

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-20

-10

0

10

20

-20 -10 0 10 20

Variação nos hábitos de consumo (%)

Var

iaçã

o no

con

sum

o to

tal

(%)

Torneiras Bacia sanitáriaLimpeza Outros

(e) Edifício Ilha dos Ventos

-20

-10

0

10

20

-20 -10 0 10 20

Variação nos hábitos de consumo (%)

Var

iaçã

o no

con

sum

o to

tal

(%)

Torneiras Bacia sanitáriaLimpeza Outros

(f) Edifício Manhattan

-20

-10

0

10

20

-20 -10 0 10 20

Variação nos hábitos de consumo (%)

Var

iaçã

o no

con

sum

o to

tal

(%)

Torneiras Bacia sanitáriaLimpeza Outros

(g) Edifício Olmiro Faraco

-20

-10

0

10

20

-20 -10 0 10 20

Variação nos hábitos de consumo (%)V

aria

ção

no c

onsu

mo

tota

l (%

)Torneiras Bacia sanitáriaLimpeza Outros

(h) Edifício Pedro Xavier

-20

-10

0

10

20

-20 -10 0 10 20

Variação nos hábitos de consumo (%)

Var

iaçã

o no

con

sum

o to

tal

(%)

Torneiras Bacia sanitáriaLimpeza Outros

(i) Edifício Trajanus

-20

-10

0

10

20

-20 -10 0 10 20

Variação nos hábitos de consumo (%)

Var

iaçã

o no

con

sum

o to

tal

(%)

Torneiras Bacia sanitáriaLimpeza Outros

(j) Edifício Via Venneto

Figura 4. 4- Análise de sensibilidade dos consumos específicos de água (continuação)

As segundas correções foram feitas nos dois consumos específicos mais sensíveis de

seis edifícios. No edifício Aliança, representaram um aumento de 1,6 vez na média de utilização

das bacias sanitárias e de 5,8 litros no consumo diário de “outros”; no edifício Ewaldo Moritz,

representaram um aumento de 1,3 vez na média de utilização das bacias sanitárias e de 1,2 litros

no consumo diário de “outros”; no edifício Granemann, as alterações representaram um aumento

47

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de 1,8 vez na utilização das bacias sanitárias e de 2,9 vezes na utilização das torneiras; no

edifício Manhattan, representaram um aumento de 1,3 vez na utilização das bacias sanitárias e de

1,6 vez na utilização das torneiras; no edifício Pedro Xavier, representaram um aumento de 0,8

na utilização das bacias sanitárias e de 2,1 litros no consumo “outros”; no edifício Trajanus,

representaram um aumento de 1,3 vez na utilização das bacias sanitárias e de 1,4 vez na

utilização das torneiras. Os resultados completos estão apresentados na Tabela 4.11.

Tabela 4. 10- Primeira correção nos hábitos de consumo médios das bacias sanitárias

Número de utilizações

Edifício Antes da análise de

sensibilidade

Depois da análise de

sensibilidade Aliança 5,6 8,0

Ewaldo Moritz 3,8 5,3 Granemann 4,8 7,4

Ilha de Santorini 4,4 3,8 Ilha dos Ventos 4,0 3,8

Manhattan 3,4 5,0 Olmiro Faraco 3,0 3,9 Pedro Xavier 3,8 5,0

Trajanus 3,8 5,9 Via Venneto 2,7 2,6

Tabela 4. 11- Segunda correção nos hábitos de consumo médios

Número de utilizações Quantidade de água (litros) Edifício Análise de

sensibilidade Torneiras Bacias

Sanitárias Outros

antes 7,2 5,6 22,1 Aliança depois 7,2 7,2 27,9 antes 5,8 3,8 4,1 Ewaldo Moritz depois 5,8 5,1 5,3 antes 7,9 4,8 5,7 Granemann depois 10,8 6,6 5,7 antes 6,2 4,4 2,6 Ilha de

Santorini depois 6,2 3,8 2,6 antes 4,5 4,0 2,6 Ilha dos

Ventos depois 4,5 3,8 2,6 antes 4,5 3,4 1,9 Manhattan depois 6,1 4,7 1,9 antes 4,6 3,0 0,8 Olmiro Faraco depois 4,6 3,9 0,8 antes 5,6 3,8 9,6 Pedro Xavier depois 5,6 4,6 11,7 antes 4,3 3,8 2,1 Trajanus depois 5,7 5,1 2,1 antes 4,5 2,7 12,3 Via Venneto depois 4,5 2,6 12,3

48

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Após a segunda correção nos seis edifícios, a diferença entre o consumo estimado e o

consumo real ficou melhor distribuída entre os consumos específicos mais sensíveis. No edifício

Ewaldo Moritz, por exemplo, a primeira correção havia resultado em um aumento de 1,5 vez na

média de utilizações das bacias sanitárias. Com a segunda correção, esta diferença foi dividida

entre bacia sanitária (aumento de 1,3 vez) e outras utilizações (aumento de 1,2 litros).

4.8. Usos Finais de água

Com o consumo estimado correspondendo ao consumo real (média histórica de consumo)

obtiveram-se os usos finais de água potável dos dez edifícios pesquisados. Os usos finais estão

apresentados na Figura 4.5.

Observa-se que, mesmo após a correção nos consumos das bacias sanitárias, torneiras e

no consumo “outros” (quando necessário), este aparelho ainda representa o maior consumo

específico em todos os edifícios pesquisados, variando de 52% (no edifício Via Venneto) a 84%

(no edifício Ewaldo Moritz). As torneiras representaram o segundo maior consumo específico

em sete edifícios, variando de 7% (no edifício Ewaldo Moritz) a 38% (no edifício Trajanus). O

consumo “outros” foi o segundo maior em dois edifícios, representando 30% do consumo total

de água no edifício Via Venneto e 35% no edifício Aliança. Em ambos os casos, o alto consumo

específico de “outros” deve-se basicamente às atividades com diversificado consumo de água

presentes no edifício, tais como consultórios odontológicos e clínicas de exames, que utilizam

muita água com equipamentos característicos destas atividades (como cuspideiras) e em lavação

de equipamentos. No edifício Ewaldo Moritz, o consumo de água nas torneiras e no consumo

específico “outros” foi praticamente o mesmo.

Limpeza2,6%Outros

35,0%

Torneiras8,4%

Bacias sanitárias

54,0%

(a) Edifício Aliança

Bacias sanitárias

84,6%

Torneiras6,8%

Outros7,0%

Limpeza1,6%

(b) Edifício Ewaldo Moritz

Figura 4. 5- Usos finais de água potável

49

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Bacias sanitárias

64,6%

Limpeza2,1%Outros

6,0%

Torneiras27,3%

(c) Edifício Granemann

Torneiras

14,5%

Limpeza1,5%Outros

4,9%

Bacias sanitárias

79,1%

(d) Edifício Ilha de Santorini

Bacias sanitárias

81,0%

Torneiras13,4% Outros

3,5%Limpeza

2,1%

(e) Edifício Ilha dos Ventos

Limpeza4,3%Outros

4,8%

Torneiras19,4%

Bacias sanitárias

71,5%

(f) Edifício Manhattan

Limpeza1,8%Outros

2,6%

Torneiras17,0%

Bacias sanitárias

78,5%

(g) Edifício Olmiro Faraco

Bacias sanitárias

54,8%

Torneiras23,8%

Outros18,7%

Limpeza2,7%

(h) Edifício Pedro Xavier

Limpeza1,2%

Outros4,5%

Torneiras 38,4%

Bacias sanitárias

55,8%

(i) Edifício Trajanus

Bacias sanitárias

52,0%

Torneiras14,4%

Outros29,7% Limpeza

3,9%

(j) Edifício Via Venneto

Figura 4. 5- Usos finais de água potável (continuação)

50

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Estes resultados apontam para o grande potencial de redução de consumo de água potável

nestes edifícios, já que em todos se constata que mais da metade da água potável (entre 56% e

86%) é hoje destinada a fins não potáveis (neste caso, bacias sanitárias e limpeza).

4.9. Comparação entre usos finais Para analisar a influência dos ajustes nos consumos efetuados após a análise de

sensibilidade (que igualaram o consumo estimado ao consumo real dos edifícios), fez-se uma

comparação entre os usos finais estimados antes da análise de sensibilidade (apresentados na

Tabela 4.8) e os usos finais estimados após as correções nos consumos específicos mais sensíveis

(Figura 4.5). As comparações estão apresentadas nas Tabelas 4.12 (comparando os usos finais

em porcentagem) e Tabela 4.13 (comparando os usos finais em m³). Observa-se que a maior

diferença encontrada correspondeu a três pontos no consumo específico “outros”, no edifício

Pedro Xavier. Essa diferença corresponde a 6,8m³/mês, ou 328 litros/dia.

De forma geral, as correções nos consumos específicos não apresentaram influência

significativa na estimativa dos usos finais de água nos edifícios estudados. Estes resultados

indicam que, para estimativa de usos finais de água em edifícios de escritórios, a aplicação da

metodologia de análise de sensibilidade pode ser dispensável.

4.10. Influência do tamanho da amostra

Estimaram-se os usos finais e o consumo mensal de água utilizando-se diferentes

frações da amostra entrevistada, conforme explicitado no item 3.10 da metodologia. Estas

estimativas foram realizadas nos edifícios Aliança, Ilha de Santorini, Manhattan e Via Venneto

(os edifícios em que a população entrevistada correspondia a mais de 75% da população total do

edifício). Os usos finais e a diferença percentual entre os consumos específicos encontrados para

as diferentes frações da amostra estão apresentados nas Tabelas 4.14 a 4.17.

As Tabelas apresentam os usos finais das diferentes frações da amostra (em

porcentagem) e a diferença (em módulo) de cada consumo específico em relação aos consumos

específicos de 100% da amostra. No edifício Aliança, por exemplo, para a fração de 70% da

população, o consumo específico “torneiras” representa 11,6% do consumo total, uma diferença

de 1,6% em relação ao mesmo consumo específico para 100% da amostra. Pelo fato das Tabelas

apresentarem apenas uma casa decimal, as diferenças calculadas podem conter erros de até 0,1%,

por terem sido arredondadas automaticamente pelo programa matemático utilizado.

51

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Tabela 4. 12- Comparação entre os usos finais antes e após a análise de sensibilidade (em porcentagem)

Edifício Usos finais Torneiras Bacia sanitária Limpeza Outros

antes da análise de sensibilidade 10,2 52,5 3,1 34,2 após a análise de sensibilidade 8,4 54,0 2,6 35,0 Aliança

diferença 1,8 -1,5 0,5 -0,8 antes da análise de sensibilidade 8,9 82,3 2,1 6,7 após a análise de sensibilidade 6,8 84,6 1,6 7,0 Ewaldo Moritz

diferença 2,1 -2,3 0,5 -0,3 antes da análise de sensibilidade 26,5 63,1 2,7 7,6 após a análise de sensibilidade 27,3 64,6 2,1 6,0 Granemann

diferença -0,8 -1,5 0,6 1,6 antes da análise de sensibilidade 12,8 81,7 1,3 4,3 após a análise de sensibilidade 14,5 79,1 1,5 4,9 Ilha de Santorini

diferença -1,7 2,6 -0,2 -0,6 antes da análise de sensibilidade 12,9 81,8 2,0 3,3 após a análise de sensibilidade 13,4 81,0 2,1 3,5 Ilha dos Ventos

diferença -0,5 0,8 -0,1 -0,2 antes da análise de sensibilidade 18,9 69,2 5,6 6,2 após a análise de sensibilidade 19,4 71,5 4,3 4,8 Manhattan

diferença -0,5 -2,3 1,3 1,4 antes da análise de sensibilidade 20,7 73,9 2,2 3,1 após a análise de sensibilidade 21,0 74,6 1,8 2,6 Olmiro Faraco

diferença -0,3 -0,7 0,4 0,5 antes da análise de sensibilidade 22,9 52,3 3,1 21,7 após a análise de sensibilidade 23,8 54,8 2,7 18,7 Pedro Xavier

diferença -0,9 -2,5 0,4 3,0 antes da análise de sensibilidade 37,8 55,0 1,5 5,6 após a análise de sensibilidade 38,4 55,8 1,2 4,5 Trajanus

diferença -0,6 -0,8 0,3 1,1 antes da análise de sensibilidade 14,1 53,2 3,8 29,0 após a análise de sensibilidade 14,4 52,0 3,9 29,7 Via Venneto

diferença -0,3 1,2 -0,1 -0,7 Nas estimativas feitas para o edifício Ilha de Santorini, a ordem das atividades com

maior consumo de água manteve-se inalterada, com a bacia sanitária (atividade com maior

consumo) variando entre 76,3% e 88,5%. A limpeza (atividade com menor consumo) apresentou

variação entre 0,5% e 1,4% do consumo total. A maior diferença percentual absoluta encontrada

foi de 7,7% para o consumo específico “outros”, em 20% da amostra. Todas as diferenças

percentuais das frações de 40% a 90% da amostra foram menores do que 4%, enquanto o

somatório de todas as diferenças não ultrapassou o valor de 7%. Observa-se ainda que os valores

de referência na Tabela 4.15 diferem dos valores de usos finais apresentados na Figura 4.3. Isso

ocorre porque, como já explicado no item 3.10, os valores da Tabela 4.13 referem-se aos hábitos

de consumo da população entrevistada, enquanto os usos finais da Figura 4.3 levam em conta

toda a população de cada edifício.

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Tabela 4. 13- Comparação entre os usos finais antes e após a análise de sensibilidade (em m³)

Edifício Usos finais Torneiras Bacia sanitária Limpeza Outros

antes da análise de sensibilidade 23,0 118,6 7,0 77,2 após a análise de sensibilidade 19,0 121,9 5,9 79,0 Aliança

diferença 4,0 -3,3 1,2 -1,8 antes da análise de sensibilidade 8,9 82,2 2,1 6,7 após a análise de sensibilidade 6,8 84,5 1,6 7,0 Ewaldo Moritz

diferença 2,1 -2,3 0,5 -0,3 antes da análise de sensibilidade 22,4 53,4 2,3 6,4 após a análise de sensibilidade 23,1 54,7 1,8 5,1 Granemann

diferença -0,7 -1,3 0,5 1,4 antes da análise de sensibilidade 24,0 153,4 2,4 8,1 após a análise de sensibilidade 27,2 148,6 2,8 9,2 Ilha de Santorini

diferença -3,2 4,9 -0,4 -1,1 antes da análise de sensibilidade 7,4 47,0 1,2 1,9 após a análise de sensibilidade 7,7 46,5 1,2 2,0 Ilha dos Ventos

diferença -0,3 0,5 0,0 -0,1 antes da análise de sensibilidade 16,4 60,1 4,9 5,4 após a análise de sensibilidade 16,9 62,1 3,7 4,2 Manhattan

diferença -0,4 -2,0 1,1 1,2 antes da análise de sensibilidade 24,5 87,4 2,6 3,7 após a análise de sensibilidade 24,8 88,3 2,1 3,1 Olmiro Faraco

diferença -0,4 -0,8 0,5 0,6 antes da análise de sensibilidade 51,7 118,1 7,0 49,0 após a análise de sensibilidade 53,8 123,8 6,1 42,2 Pedro Xavier

diferença -2,0 -5,6 0,9 6,8 antes da análise de sensibilidade 44,7 65,0 1,8 6,6 após a análise de sensibilidade 45,4 66,0 1,4 5,3 Trajanus

diferença -0,7 -0,9 0,4 1,3 antes da análise de sensibilidade 12,4 46,8 3,3 25,5 após a análise de sensibilidade 12,7 45,7 3,4 26,1 Via Venneto

diferença -0,3 1,1 -0,1 -0,6

Os edifícios Ilha de Santorini e Manhattan apresentaram um somatório das diferenças

inferior a 7,5% em todas as frações da amostra superiores a 40%. Já os edifícios Via Venneto e

Aliança apresentaram somatórios das diferenças de 8,8% em 60% (edifício Via Venneto) e

12,5% em 50% (edifício Aliança). O principal responsável por estas diferenças foi o consumo

específico “outros”, que, nestes dois últimos edifícios possuía grande variação entre os diferentes

ocupantes entrevistados. No edifício Via Venneto, por exemplo, o consumo específico “outros”

representava 0% dos usos finais individuais de alguns ocupantes, enquanto para outros ocupantes

este consumo específico chegava a representar 81,4%.

Estes resultados indicam que, para edifícios onde os escritórios são ocupados por

atividades semelhantes quanto ao uso da água, pode-se fazer uma estimativa de usos finais de

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água entrevistando pequenas frações da população (mais de 40% da população). Já para edifícios

com grande diversidade de atividades consumidoras de água, faz-se necessária uma amostra mais

significativa da população (acima de 60%).

Tabela 4. 14- Análise de influência do tamanho da amostra no edifício Aliança

Usos Finais Torneiras Bacias Sanitárias Limpeza Outros Fração da Amostra

% Diferença (%) % Diferença

(%) % Diferença (%) % Diferença

(%)

Somatório das diferenças

100% (referência) 10,0 0,0 49,9 0,0 2,9 0,0 37,2 0,0 0,0 90% 10,0 0,1 51,1 1,3 3,0 0,2 35,8 1,4 2,9 80% 8,4 1,6 49,9 0,0 2,6 0,3 39,1 2,0 3,8 70% 11,6 1,5 49,9 0,1 3,0 0,2 35,4 1,7 3,4 60% 11,0 1,0 48,0 1,9 2,3 0,6 38,7 1,5 5,0 50% 10,5 0,4 53,6 3,7 3,1 0,2 32,9 8,2 12,5 40% 5,3 4,7 46,8 3,1 2,0 0,9 45,9 8,7 17,4 40% 13,2 3,2 45,6 4,3 2,3 0,6 38,9 1,7 9,8 40% 12,6 2,6 51,1 1,2 2,7 0,2 33,6 3,6 7,6 30% 12,6 2,6 47,3 2,6 3,3 0,4 36,8 0,4 6,0 30% 27,3 17,3 60,9 11,0 4,3 1,4 7,5 29,7 59,4 30% 9,1 0,9 50,0 0,1 2,9 0,1 37,9 0,7 1,8 20% 21,4 11,4 49,9 0,0 5,0 2,1 23,7 13,5 27,0 20% 33,8 23,8 52,1 2,2 4,8 1,9 9,3 27,9 55,8 20% 8,0 2,0 49,4 0,5 2,9 0,0 39,7 2,6 5,0 10% 4,6 5,4 45,4 4,5 1,6 1,3 48,4 11,2 22,4 10% 21,0 10,9 54,1 4,2 3,9 1,0 21,1 16,1 32,2 10% 26,6 16,5 62,2 12,3 6,8 4,0 4,4 32,8 65,6

Tabela 4. 15- Análise de influência do tamanho da amostra no edifício Ilha de Santorini

Consumo mensal Torneiras Bacias Sanitárias Limpeza Outros Fração da Amostra

% Diferença (%) % Diferença

(%) % Diferença (%) % Diferença

(%)

Somatório das diferenças

100% (referência) 11,2 0,0 83,0 0,0 0,9 0,0 4,9 0,0 0,0 90% 11,9 0,6 84,4 1,4 0,7 0,1 3,0 1,9 4,2 80% 12,2 0,9 81,3 1,7 1,0 0,2 5,5 0,6 3,4 70% 11,9 0,7 81,5 1,5 1,0 0,2 5,6 0,6 2,9 60% 12,6 1,4 80,4 2,6 1,2 0,3 5,8 0,9 5,1 50% 11,6 0,4 80,2 2,8 1,0 0,1 7,2 2,3 5,5 40% 9,9 1,3 85,8 2,8 0,5 0,3 3,7 1,2 5,6 40% 10,8 0,4 86,0 3,1 0,8 0,1 2,4 2,5 6,1 40% 12,0 0,8 80,0 3,0 1,1 0,3 6,8 1,9 5,9 30% 12,4 1,2 77,1 5,9 1,2 0,3 9,4 4,4 11,8 30% 10,3 0,9 86,5 3,5 0,7 0,2 2,5 2,4 7,0 30% 13,8 2,5 76,3 6,7 1,4 0,5 8,5 3,6 13,3 20% 8,9 2,4 77,5 5,5 1,0 0,1 12,6 7,7 15,7 20% 11,9 0,7 83,4 0,4 1,1 0,2 3,5 1,4 2,8 20% 7,8 3,5 88,5 5,5 0,9 0,1 2,8 2,1 11,1 10% 13,2 1,9 84,0 1,1 0,7 0,2 2,1 2,8 6,0 10% 10,1 1,2 85,1 2,1 1,2 0,3 3,7 1,2 4,8 10% 13,1 1,9 83,5 0,5 0,8 0,1 2,6 2,3 4,8

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Tabela 4. 16- Análise de influência do tamanho da amostra no edifício Manhattan

Usos Finais Torneiras Bacias Sanitárias Limpeza Outros Fração da Amostra

% Diferença (%) % Diferença

(%) % Diferença (%) % Diferença

(%)

Somatório das diferenças

100% (referência) 19,0 0,0 69,4 0,0 5,5 0,0 6,1 0,0 0,0 90% 19,1 0,1 69,8 0,4 5,3 0,2 5,8 0,3 1,0 80% 19,2 0,3 68,3 1,1 5,9 0,4 6,5 0,4 2,2 70% 18,3 0,6 67,3 2,1 6,2 0,7 8,2 2,0 5,4 60% 20,0 1,1 67,9 1,5 6,2 0,7 5,9 0,2 3,5 50% 19,3 0,3 71,9 2,5 5,3 0,2 3,5 2,6 5,7 40% 21,3 2,3 67,0 2,4 6,6 1,1 5,2 1,0 6,8 40% 18,1 0,8 68,0 1,4 4,9 0,6 9,0 2,8 5,6 40% 19,5 0,6 72,6 3,1 3,9 1,6 4,0 2,2 7,5 30% 17,9 1,1 76,3 6,9 3,4 2,1 2,5 3,6 13,7 30% 20,7 1,7 65,0 4,4 5,1 0,4 9,2 3,0 9,6 30% 20,6 1,6 67,6 1,8 5,7 0,2 6,0 0,1 3,8 20% 18,0 0,9 73,0 3,5 3,4 2,0 5,6 0,6 7,0 20% 22,8 3,8 62,7 6,8 7,6 2,2 6,9 0,8 13,6 20% 17,1 1,8 73,7 4,2 7,8 2,3 1,4 4,8 13,2 10% 28,2 9,2 61,1 8,3 5,8 0,3 4,9 1,3 19,1 10% 19,5 0,5 73,6 4,2 3,7 1,8 3,2 3,0 9,5 10% 17,6 1,3 76,3 6,9 3,6 1,9 2,5 3,6 13,7

Tabela 4. 17- Análise de influência do tamanho da amostra no edifício Via Venneto

Usos Finais Torneiras Bacias Sanitárias Limpeza Outros Fração da Amostra

% Diferença (%) % Diferença

(%) % Diferença (%) % Diferença

(%)

Somatório das diferenças

100% (referência) 13,9 0,0 53,4 0,0 3,6 0,0 29,0 0,0 0,0 90% 13,6 0,3 52,2 1,3 3,7 0,1 30,5 1,5 3,2 80% 13,7 0,2 53,7 0,2 3,5 0,2 29,1 0,1 0,8 70% 13,9 0,0 50,1 3,4 3,6 0,1 32,4 3,4 6,9 60% 16,6 2,7 55,1 1,6 3,4 0,2 24,8 4,2 8,8 50% 13,8 0,1 55,4 1,9 3,5 0,1 27,3 1,8 3,9 40% 12,4 1,5 45,3 8,2 2,9 0,7 39,4 10,4 20,8 40% 16,0 2,1 59,4 5,9 5,1 1,5 19,5 9,5 19,0 40% 10,8 3,1 43,0 10,4 2,7 0,9 43,5 14,5 28,9 30% 9,8 4,1 37,5 15,9 2,7 0,9 50,0 21,0 41,9 30% 11,4 2,5 50,4 3,1 3,1 0,5 35,1 6,1 12,2 30% 20,3 6,4 69,8 16,4 4,8 1,1 5,1 23,9 47,8 20% 10,6 3,3 44,9 8,5 2,7 0,9 41,7 12,7 25,4 20% 18,2 4,3 71,8 18,4 5,4 1,7 4,6 24,4 48,8 20% 17,5 3,5 71,6 18,1 3,5 0,1 7,5 21,6 43,4 10% 8,1 5,8 38,1 15,3 2,1 1,6 51,7 22,7 45,4 10% 25,3 11,4 67,8 14,4 4,1 0,5 2,8 26,3 52,6 10% 7,4 6,5 30,0 23,5 1,8 1,8 60,9 31,9 63,7

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5. CONCLUSÕES

Os resultados deste trabalho são as primeiras estimativas de usos finais de água para

edifícios de escritórios publicadas no Brasil. O conhecimento dos usos finais de água tem

aplicação direta tanto em programas de redução de consumo de água quanto no planejamento de

sistemas sanitários mais eficientes para esta tipologia de edificação.

Os resultados encontrados neste trabalho indicam que as atividades profissionais

realizadas nos escritórios influenciam diretamente nos usos finais de cada edifício. Nos edifícios

que possuíam atividades com uso de água diversificado, principalmente consultórios

odontológicos, o consumo específico “outros” se mostrou mais expressivo.

Os usos finais são essenciais na definição de estratégias adequadas para redução de

consumo de água. Com os resultados obtidos, verificou-se o grande potencial de redução no

consumo de água potável dos edifícios de escritórios pesquisados. Para novos edifícios de

escritórios, caso se tenha a intenção de instalar aparelhos sanitários mais econômicos, sabe-se

que a bacia sanitária é o aparelho com o maior gasto de água nesta tipologia de edifícios.

Considerando-se alternativas tais como o reuso de água ou o aproveitamento de água pluvial,

percebe-se que há um potencial de economia de água potável de mais da metade da demanda de

água dos edifícios estudados (entre 56% e 86%). Se a água utilizada nas torneiras, por exemplo,

fosse reaproveitada nas descargas das bacias sanitárias, a demanda de água potável nos edifícios

já apresentaria uma diminuição de 7% a 38%.

Os índices de consumo encontrados variaram de 34,9 a 101,6 litros/pessoa por dia, sendo

os índices mais altos encontrados em edifícios com atividades com grande consumo de água e

com população flutuante significativa. Estes valores são superiores aos índices de consumo para

prédios públicos (entre 28 e 40 litros/pessoa por dia), calculados por Kammers e Ghisi (2006), e

próximos do índice de consumo para prédios públicos e comerciais da SABESP (50 litros/pessoa

por dia).

Constatou-se também que sete dos dez edifícios pesquisados apresentaram um consumo

mensal médio por escritório inferior a 10m³/mês, sendo este o consumo mínimo cobrado pela

CASAN para escritórios de edifícios comerciais. A adoção de estratégias de redução de consumo

nestes sete edifícios não acarretaria em benefícios econômicos para os ocupantes destes

escritórios. O sistema tarifário adotado atualmente pela CASAN pode, portanto, ser considerado

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inadequado em relação ao uso racional de água, visto que não estimula a redução de consumo

por parte dos usuários na tipologia de edifícios estudada neste trabalho.

Em relação à metodologia de outros trabalhos sobre usos finais, este estudo apresentou

algumas diferenças, principalmente quanto às análises sobre a influência do tamanho da amostra

e influência da análise de sensibilidade, inexistentes em outros trabalhos. Nos edifícios

pesquisados neste estudo, a estimativa dos usos finais de água considerando até 40% da

população total apresentou resultados satisfatórios, indicando que para edifícios com padrão de

ocupação semelhante, não há necessidade de se utilizar dados sobre hábitos de consumo de toda

a população. A aplicação da metodologia de análise de sensibilidade também se mostrou

dispensável, desde que a utilização dos dados sobre usos finais não exija um grau de precisão

muito alto.

5.1. Limitações do trabalho As maiores dificuldades encontradas na execução deste trabalho ocorreram na fase de

visita aos edifícios. Apesar de todos os síndicos terem concordado com a pesquisa, em muitos

escritórios o acesso não foi permitido pelos próprios ocupantes. Mesmo quando se teve acesso

aos escritórios, verificaram-se dificuldades quanto à obtenção dos hábitos de consumo dos

ocupantes. Muitos ocupantes não responderam aos questionários deixados nos escritórios,

enquanto outros forneceram respostas não condizentes com a realidade.

A falta de equipamentos próprios para a obtenção das vazões dos aparelhos presentes nos

escritórios, especialmente das bacias sanitárias, também consiste em uma das limitações deste

trabalho.

5.2. Sugestões para trabalhos futuros Sugere-se para trabalhos futuros:

- Realização de estudos sobre usos finais de água em edifícios de escritórios de outras

regiões do Brasil;

- Realização de estudos sobre usos finais de água em outras tipologias de edificações;

- Analisar o potencial de economia de água potável pela utilização de água pluvial, reuso

de água e substituição dos aparelhos sanitários existentes por aparelhos economizadores

nos edifícios pesquisados neste trabalho;

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- Analisar a energia embutida na produção de componentes necessários para

aproveitamento de água pluvial e reuso de água, como forma de quantificar parte do custo

ambiental da adoção destas tecnologias de aproveitamento de água.

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